O que é Mindfulness Funcional?
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O que é Mindfulness Funcional?
r de x i te m e o a d ç o r e p e h u e q g n i u h c n c o a e q l a u a q ci r n Co e ê i v l c o o, s ã ç e r a it ar r d i v e m m se ra a d u aj mudar a ema , l runa b or B o P r p Fioreti em n a j n mo a n i t o UMA REVOLUÇÃO CHAMADA mindfulness funcional 114 V FOTO: CORBIS/LATINSTOCK ocê anda angustiada com a vida. Vive estagnada no passado ou ansiosa com o futuro. Não para em trabalho nenhum. Está cansada de faltar na academia. Não sabe se casa ou se compra uma bicicleta. Agora seria a hora de a gente entrar com um pirotécnico “seus problemas acabaram!” – e te apresentar uma solução mágica pra questão! Olha, a mágica vamos ficar devendo... Mas o que temos pra te contar é, sim, revolucionário, uma comprovada maneira de fazer você mudar de comportamento: trata-se do mindfulness funcional (ou mindfulness interativo), versão brasileira da meditação científica superbadalada nos Estados Unidos. Por aqui, a técnica adquiriu contornos práticos and objetivos e uma pegada de coaching. Em resumo? O mindfulness funcional é uma meditação pra gente como a gente, que ajuda, no dia a dia, sem nirvana e de olhos abertos, a resolver o que mais te incomoda aqui, hoje, agora. MAS O QUE É MINDFULNESS MESMO? Antes de entrar nos pormenores do método brasileiro, vamos ao conceito de mindfulness. Numa tradução ao pé da letra, mindfulness = atenção plena, uma prática que ensina a ter consciência no momento presente, sem julgar os próprios pensamentos. “A técnica consiste em evocar um modo observador. É um convite pra que a pessoa se coloque como um espectador de seus pensamentos, emoções, sensações e memórias sem ‘entrar no jogo da mente’ ou fazer algum juízo de valor”, explica G // ESPECIAL a psicóloga Mônica Valentim, que trabalha com terapia comportamental baseada em mindfulness. Parece meio estranho, mas não tem nada de místico. Aliás, o conceito surgiu dentro de uma universidade, mais especificamente na de Massachusetts. Foi lá que, no início dos anos 80, um pesquisador descobriu que a meditação clássica podia ser desprovida de qualquer viés transcendental e que trazia benefícios mensuráveis cientificamente. Ou seja, ele viu que a meditação era uma superferramenta de bem-estar. Desde então, a técnica tem atraído adeptos sem nenhuma vocação pra monge: estrelas de Hollywood (a Goldie Hawn ama!), megacorporações e até o exército americano. E uma série de estudos comprovou que a atenção plena não “apenas” combatia estresse, insônia e ansiedade como também aumentava a rede de neurônios. E não é só isso! (vale voz de locutora aqui) Esses resultados apareciam em 8 a 12 semanas. Deu pra sentir que não é blá-blá-blá, certo? ATENÇÃO PLENA NO DIA A DIA Claro que pros resultados aparecerem com essa rapidez toda é preciso regularidade na prática e acompanhamento profissional. Por isso a ideia do mindfulness funcional ou interativo dá tanto samba – ela se propõe a atuar sobre um incômodo específico da pessoa por meio de coaching e exercícios cotidianos. “A grande diferença aqui é a busca pelo estado de atenção plena mesmo quando você abre os olhos, enquanto faz qualquer coisa, daí a qualidade que isso traz pro dia a dia”, salienta Alan Pogrebinschi, economista de formação que, após estudar mindfulness por muitos anos, desenvolveu a técnica funcional. Ou seja, sua proposta não funciona só com olhos cerrados e silêncio absoluto – isso é um elixir pra mente, mas não é o foco. O mindfulness funcional te ensina a ficar mais consciente e focada enquanto toca sua vida produtivamente, em todo lugar. QUAL A MECÂNICA DA COISA? Deu pra sentir daqui a pulga atrás da sua orelha, a curiosidade do tipo “tá, mas qual a mecânica da coisa?”. Foi por isso que fomos até o Alan vivenciar a primeira sessão de mindfulness funcional. Funciona assim: você senta numa sala de frente pra ele e bate um papo sobre o que te incomoda no momento (os problemas que citamos no início, por exemplo). Aí começam juntos a fazer exercícios de respiração e relaxamento, com olhos fechados e com olhos abertos. Isto é uma sessão. O ideal é fazer pelo menos 12, uma vez por semana, pra sentir de fato uma mudança. A pessoa começa convivendo melhor com as emoções, se entendendo e se aceitando até que, num passo mais adiante, consegue mudar os comportamentos que fazem mal. O mindfulness funcional é uma meditação pra gente como a gente, que ajuda a resolver o que mais te incomoda aqui, hoje, agora 115 G // ESPECIAL TEM SESSÃO, MAS NÃO É TERAPIA Se você achou tudo parecido com terapia cognitiva, alto lá! O expert em mindfulness pode ter várias formações – não precisa ser psicólogo, embora haja psicólogos que trabalhem com isso. Fora que o mindfulness, diferentemente da terapia cognitiva, não tenta reprogramar a mente. “A base da terapia cognitiva é que não temos como dominar as emoções, mas temos como dominar os pensamentos, que são geradores de emoção. A terapia observa o pensamento e então sugere outro mais positivo”, detalha a terapeuta cognitiva Mariela Silveira, diretora médica do spa Kurotel e estudiosa de outras técnicas de meditação, baseadas em compaixão. Já o mindfulness propõe treinar a pessoa pra observar não só seus pensamentos como também suas emoções e sensações – mas atenção: não pra substituí-las por outras, e sim pra aprender a conviver com elas de forma saudável e harmoniosa. O fato de trazê-las pra consciência plena é o 1º passo pra mudança positiva, captou? Pesquisadores descobriram que a meditação desprovida de qualquer viés transcendental trazia benefícios mensuráveis cientificamente 116 Você sabe o que é mind eating? Pois mastigamos pra você: é a aplicação do mindfullness na alimentação, ótima pra quem quer comer saudável e emagrecer. Se é o seu caso, siga as dicas do expert Marcelo Csermak, consultor de técnicas de mindfulness e pesquisador da Unifesp ATENÇÃO AO MOMENTO A regra #1 é estar consciente no momento da refeição, sem julgamento nem críticas ao que sente ou pensa, apenas atenta. VARIE O QUE COME Muita gente come a mesma coisa quase todo dia. Bocejos... Mude os hábitos, varie os sabores, tenha novas experiências alimentares. NÃO PIRE NA HORA DE COMER Pensamentos negativos liberam substâncias que prejudicam a digestão e não ajudam em nada. Crie uma atmosfera positiva, evite discussões, fuja de conflitos ali. Ah, e não é a hora de falar em perder peso ou avaliar o plano alimentar. DESOCUPE-SE NESSA HORA Não dá pra fazer várias coisas enquanto come e prestar atenção no que coloca no prato. Pare e faça uma pausa – mesmo. Evite ver TV, trabalhar, olhar o celular. Quando você come, apenas coma! FAÇA UM CHECK LIST Pergunte-se: como está a minha fome numa escala de 0 a 10?; devo comer agora?; devo comer isso ou é só um desejo bobo? já estou saciada?. Tudo pra ficar mais consciente. MASTIGUE MAIS, SABOREIE Leve todos os seus sentidos pras refeições. Atente pra textura dos alimentos, mastigue mais que de costume... É pra saborear pra valer. Apps cuca-fresca Não são o ideal, mas bem que dão uma forcinha Calm Vinculado ao calm.com, oferece sons e imagens relaxantes. Com esse app, você medita de 5 a 20 min. Stop, breathe & think Com design foférrimo, é um guia pra ensinar a meditar enquanto faz qualquer coisa. Mindfulness training Ótimo pra curiosos, tem lições e técnicas dos pioneiros do mindfulness. G // ESPECIAL Faça mindfulness na sua casa Alan Pogrebinschi montou esse bê-á-bá da prática funcional pra que eu, você e todo mundo possa exercitar a tal da atenção plena. Aqui vão cinco ideias – eu testei todas e, ó, elas fazem um bem danado! PRATIQUE A CONSCIÊNCIA DA RESPIRAÇÃO É o básicão do mindfulness! Dura de 10 a 15 min e é pra ser feito todo dia. Encontre um lugar onde possa ficar sossegada e sente-se numa posição confortável. Feche os olhos. Foque a atenção na respiração, mas não tente mudá-la: procure só observar o ar entrando e saindo. Pode ser mais fácil observar o fluxo da respiração pelo movimento do abdome, ok? Se você se distrair com um pensamento ou ruído, sem problema. Tome nota mental disso e volte a focar na respiração. 4 DESCONECTE-SE POR 5 MINUTOS Experimente ficar sem TV, internet ou celular (o que for mais difícil) por 5 minutos. Mas não tente se distrair... “Pesquise” suas sensações e a vontade de voltar à tecnologia. Não sufoque o que sente ou pensa. Depois retorne à TV ou à internet tentando manter essa consciência do presente. 5 FALE NA CARA Pense em alguém que fez ou faz parte da sua vida, uma pessoa a quem você nunca disse o quanto ela é importante. Imagine-se dizendo isso a ela – se imaginar isso é difícil, trava ou dá frio na barriga, então essa é a pessoa certa! A prática tem duas fases. Na 1ª, você fala olhando pra foto da pessoa e se deixa levar pelo que sente, sem tentar suprimir nem mudar nada. Quando já tiver treinado bastante (por alguns dias), vá pra 2ª fase, que é falar o que sente cara a cara. Procure se expressar com calma, olhando nos olhos e sem prender a respiração. 118 2 3 FAÇA UM EXERCÍCIO “OLHO NO OLHO” SAIA DO PILOTO AUTOMÁTICO Pra fazer a dois, em 10 minutos. Escolha alguém com quem você sinta que pode se abrir e use um timer/alarme pra marcar as fases. Vamos lá! Sentem-se frente a frente, em cadeiras ou no chão. Na 1ª fase, por 3 min, cada um mantém os olhos fechados, focando na respiração. Na 2ª, também de 3 min, é hora do olho no olho. Vocês se olham e cada um observa o que sente, pensa... Se ficar desconfortável, continue (mas pare se ficar demais, não é pra ser sofrido). Se der vontade de rir, ok também. Na 3ª fase, cada um volta a fechar os olhos e a focar na respiração, notando as sensações. Depois que o exercício terminar, vale um abraço ;-). Escolha uma atividade do seu cotidiano que você geralmente faz de forma automática, como lavar louça ou caminhar pro trabalho. Esteja totalmente presente enquanto faz isso, percebendo as sensações e os movimentos do corpo. Caso se toque que se distraiu, não se culpe: só o fato de notar isso já significa que voltou a estar no aqui-agora. o d a e n t a c é a l is b a a m n o O i c n u f lness u f reinar pra ind t m atingir a consciência plena mes mo de o lhos abe rtos FOTO: CORBIS/LATINSTOCK 1