O que é Mindfulness Funcional?

Transcrição

O que é Mindfulness Funcional?
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UMA REVOLUÇÃO
CHAMADA
mindfulness funcional
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V
FOTO: CORBIS/LATINSTOCK
ocê anda angustiada
com a vida. Vive
estagnada no
passado ou ansiosa com o futuro.
Não para em trabalho nenhum.
Está cansada de faltar na academia.
Não sabe se casa ou se compra uma
bicicleta. Agora seria a hora de a
gente entrar com um pirotécnico
“seus problemas acabaram!” – e te
apresentar uma solução mágica pra
questão! Olha, a mágica vamos ficar
devendo... Mas o que temos pra te
contar é, sim, revolucionário, uma
comprovada maneira de fazer você
mudar de comportamento: trata-se
do mindfulness funcional (ou
mindfulness interativo), versão
brasileira da meditação científica
superbadalada nos Estados Unidos.
Por aqui, a técnica adquiriu contornos
práticos and objetivos e uma
pegada de coaching. Em resumo?
O mindfulness funcional é uma
meditação pra gente como a gente,
que ajuda, no dia a dia, sem nirvana
e de olhos abertos, a resolver o que
mais te incomoda aqui, hoje, agora.
MAS O QUE É MINDFULNESS MESMO?
Antes de entrar nos pormenores do
método brasileiro, vamos ao conceito
de mindfulness. Numa tradução ao
pé da letra, mindfulness = atenção
plena, uma prática que ensina a ter
consciência no momento presente,
sem julgar os próprios pensamentos.
“A técnica consiste em evocar um
modo observador. É um convite pra
que a pessoa se coloque como um
espectador de seus pensamentos,
emoções, sensações e memórias
sem ‘entrar no jogo da mente’ ou
fazer algum juízo de valor”, explica
G // ESPECIAL
a psicóloga Mônica Valentim, que
trabalha com terapia comportamental
baseada em mindfulness.
Parece meio estranho, mas
não tem nada de místico. Aliás,
o conceito surgiu dentro de uma
universidade, mais especificamente
na de Massachusetts. Foi lá que, no
início dos anos 80, um pesquisador
descobriu que a meditação clássica
podia ser desprovida de qualquer viés
transcendental e que trazia benefícios
mensuráveis cientificamente. Ou
seja, ele viu que a meditação era uma
superferramenta de bem-estar.
Desde então, a técnica tem atraído
adeptos sem nenhuma vocação pra
monge: estrelas de Hollywood (a
Goldie Hawn ama!), megacorporações
e até o exército americano. E uma
série de estudos comprovou que a
atenção plena não “apenas” combatia
estresse, insônia e ansiedade como
também aumentava a rede de
neurônios. E não é só isso! (vale voz
de locutora aqui) Esses resultados
apareciam em 8 a 12 semanas. Deu pra
sentir que não é blá-blá-blá, certo?
ATENÇÃO PLENA NO DIA A DIA
Claro que pros resultados
aparecerem com essa rapidez toda
é preciso regularidade na prática e
acompanhamento profissional. Por
isso a ideia do mindfulness funcional
ou interativo dá tanto samba – ela se
propõe a atuar sobre um incômodo
específico da pessoa por meio de
coaching e exercícios cotidianos.
“A grande diferença aqui é a busca
pelo estado de atenção plena mesmo
quando você abre os olhos, enquanto
faz qualquer coisa, daí a qualidade que
isso traz pro dia a dia”, salienta Alan
Pogrebinschi, economista de formação
que, após estudar mindfulness por
muitos anos, desenvolveu a técnica
funcional. Ou seja, sua proposta não
funciona só com olhos cerrados e
silêncio absoluto – isso é um elixir pra
mente, mas não é o foco. O mindfulness
funcional te ensina a ficar mais
consciente e focada enquanto toca sua
vida produtivamente, em todo lugar.
QUAL A MECÂNICA DA COISA?
Deu pra sentir daqui a pulga atrás
da sua orelha, a curiosidade do
tipo “tá, mas qual a mecânica da
coisa?”. Foi por isso que fomos até
o Alan vivenciar a primeira sessão
de mindfulness funcional. Funciona
assim: você senta numa sala de frente
pra ele e bate um papo sobre o que te
incomoda no momento (os problemas
que citamos no início, por exemplo).
Aí começam juntos a fazer exercícios
de respiração e relaxamento, com
olhos fechados e com olhos abertos.
Isto é uma sessão. O ideal é fazer
pelo menos 12, uma vez por semana,
pra sentir de fato uma mudança. A
pessoa começa convivendo melhor
com as emoções, se entendendo e
se aceitando até que, num passo
mais adiante, consegue mudar os
comportamentos que fazem mal.
O mindfulness
funcional é
uma meditação
pra gente como
a gente, que
ajuda a resolver
o que mais te
incomoda aqui,
hoje, agora
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G // ESPECIAL
TEM SESSÃO, MAS NÃO É TERAPIA
Se você achou tudo parecido com
terapia cognitiva, alto lá! O expert
em mindfulness pode ter várias
formações – não precisa ser psicólogo,
embora haja psicólogos que trabalhem
com isso. Fora que o mindfulness,
diferentemente da terapia cognitiva,
não tenta reprogramar a mente. “A
base da terapia cognitiva é que não
temos como dominar as emoções, mas
temos como dominar os pensamentos,
que são geradores de emoção. A
terapia observa o pensamento e então
sugere outro mais positivo”, detalha a
terapeuta cognitiva Mariela Silveira,
diretora médica do spa Kurotel
e estudiosa de outras técnicas de
meditação, baseadas em compaixão.
Já o mindfulness propõe treinar
a pessoa pra observar não só seus
pensamentos como também suas
emoções e sensações – mas atenção:
não pra substituí-las por outras, e sim
pra aprender a conviver com elas de
forma saudável e harmoniosa. O fato
de trazê-las pra consciência plena é o 1º
passo pra mudança positiva, captou?
Pesquisadores
descobriram que
a meditação
desprovida de
qualquer viés
transcendental
trazia benefícios
mensuráveis
cientificamente
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Você sabe
o que é mind eating?
Pois mastigamos pra você: é a aplicação do mindfullness na
alimentação, ótima pra quem quer comer saudável e emagrecer.
Se é o seu caso, siga as dicas do expert Marcelo Csermak,
consultor de técnicas de mindfulness e pesquisador da Unifesp
ATENÇÃO AO MOMENTO
A regra #1 é estar consciente no
momento da refeição, sem
julgamento nem críticas ao que
sente ou pensa, apenas atenta.
VARIE O QUE COME
Muita gente come a mesma coisa
quase todo dia. Bocejos... Mude os
hábitos, varie os sabores, tenha
novas experiências alimentares.
NÃO PIRE NA HORA DE COMER
Pensamentos negativos liberam
substâncias que prejudicam a digestão
e não ajudam em nada. Crie uma
atmosfera positiva, evite discussões,
fuja de conflitos ali. Ah, e não é a hora
de falar em perder peso ou avaliar o
plano alimentar.
DESOCUPE-SE NESSA HORA
Não dá pra fazer várias coisas
enquanto come e prestar atenção no
que coloca no prato. Pare e faça uma
pausa – mesmo. Evite ver TV, trabalhar,
olhar o celular. Quando você come,
apenas coma!
FAÇA UM CHECK LIST
Pergunte-se: como está a minha fome
numa escala de 0 a 10?; devo comer
agora?; devo comer isso ou é só um
desejo bobo? já estou saciada?. Tudo
pra ficar mais consciente.
MASTIGUE MAIS, SABOREIE
Leve todos os seus sentidos pras
refeições. Atente pra textura dos
alimentos, mastigue mais que de
costume... É pra saborear pra valer.
Apps cuca-fresca
Não são o ideal, mas bem que dão uma forcinha
Calm
Vinculado ao
calm.com, oferece
sons e imagens
relaxantes. Com
esse app, você
medita de 5 a
20 min.
Stop, breathe &
think
Com design
foférrimo, é um
guia pra ensinar a
meditar enquanto
faz qualquer
coisa.
Mindfulness
training
Ótimo pra
curiosos, tem
lições e
técnicas dos
pioneiros do
mindfulness.
G // ESPECIAL
Faça mindfulness na sua casa
Alan Pogrebinschi montou esse bê-á-bá da prática funcional pra que eu, você e todo mundo possa exercitar a tal
da atenção plena. Aqui vão cinco ideias – eu testei todas e, ó, elas fazem um bem danado!
PRATIQUE A CONSCIÊNCIA
DA RESPIRAÇÃO
É o básicão do mindfulness! Dura de 10 a
15 min e é pra ser feito todo dia. Encontre
um lugar onde possa ficar sossegada e
sente-se numa posição confortável.
Feche os olhos. Foque a atenção
na respiração, mas não tente mudá-la:
procure só observar o ar entrando e saindo.
Pode ser mais fácil observar o fluxo da
respiração pelo movimento do abdome, ok?
Se você se distrair com um pensamento ou
ruído, sem problema. Tome nota mental
disso e volte a focar na respiração.
4
DESCONECTE-SE POR 5 MINUTOS
Experimente ficar sem TV, internet ou
celular (o que for mais difícil) por 5
minutos. Mas não tente se distrair...
“Pesquise” suas sensações e a vontade
de voltar à tecnologia. Não sufoque o
que sente ou pensa. Depois retorne à TV
ou à internet tentando manter essa
consciência do presente.
5
FALE NA CARA
Pense em alguém que fez ou faz parte da
sua vida, uma pessoa a quem você nunca
disse o quanto ela é importante. Imagine-se
dizendo isso a ela – se imaginar isso é
difícil, trava ou dá frio na barriga, então essa
é a pessoa certa! A prática tem duas fases.
Na 1ª, você fala olhando pra foto da pessoa
e se deixa levar pelo que sente, sem tentar
suprimir nem mudar nada. Quando já tiver
treinado bastante (por alguns dias), vá pra
2ª fase, que é falar o que sente cara a cara.
Procure se expressar com calma, olhando
nos olhos e sem prender a respiração.
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FAÇA UM EXERCÍCIO
“OLHO NO OLHO”
SAIA DO
PILOTO AUTOMÁTICO
Pra fazer a dois, em 10 minutos. Escolha
alguém com quem você sinta que pode se
abrir e use um timer/alarme pra marcar as
fases. Vamos lá! Sentem-se frente a frente,
em cadeiras ou no chão. Na 1ª fase, por 3
min, cada um mantém os olhos fechados,
focando na respiração. Na 2ª, também de 3
min, é hora do olho no olho. Vocês se
olham e cada um observa o que sente,
pensa... Se ficar desconfortável, continue
(mas pare se ficar demais, não é pra ser
sofrido). Se der vontade de rir, ok também.
Na 3ª fase, cada um volta a fechar os olhos
e a focar na respiração, notando as
sensações. Depois que o exercício terminar,
vale um abraço ;-).
Escolha uma atividade do seu cotidiano
que você geralmente faz de
forma automática, como lavar louça ou
caminhar pro trabalho. Esteja
totalmente presente enquanto faz isso,
percebendo as sensações e os
movimentos do corpo.
Caso se toque que se distraiu, não se
culpe: só o fato de notar isso já
significa que voltou a estar
no aqui-agora.
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FOTO: CORBIS/LATINSTOCK
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