GRÉCIA ANTIGA – 2 O PERÍODO CLÁSSICO A pólis grega Em fins
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GRÉCIA ANTIGA – 2 O PERÍODO CLÁSSICO A pólis grega Em fins do século VI a.C., as cidades-Estado da Grécia, passaram por importantes mudanças. Centro político e geográfico da sociedade grega, a pólis era muito mais do que a sede do governo. Ela compreendia também as terras dos arredores do espaço urbano e era o ponto de encontro da população local. Na pólis realizavam-se negócios, produzia-se artesanato, ocorriam cerimônias e ritos, discutiamse assuntos públicos e tomavam-se decisões políticas. As cidades-Estado gregas As cidades-Estado gregas variavam de tamanho e população. As mais importantes foram Atenas, Tebas, Mégara, Esparta, Corinto, Mileto, Argos e Cálcis. Veremos, a seguir, Esparta e Atenas, por terem sido as mais conhecidas entre as cidades gregas, e por apresentarem condições políticas, econômicas e culturais bem diferentes entre si. Em outras palavras, as duas cidades sintetizam o modelo do que foi a cidadeEstado da Grécia antiga. Esparta A cidade de Esparta, situada na Lacônia, Península do Peloponeso, foi fundada pelos dórios. Os invasores dominaram e escravizaram os povos vizinhos da Messênia e, para manter seus domínios, montaram uma estrutura organizada e isolada das demais cidades-Estado. Por meio de uma ação militar permanente, os governantes reduziram a entrada de estrangeiros e a saída de seus cidadãos. Cada cidadão de Esparta era um membro permanente do exército. A economia espartana baseava-se essencialmente na agricultura e no artesanato. Os espartanos não fundaram colônias fora da Grécia, e o comércio praticado por eles era mínimo se comparado ao de Atenas. Uma sociedade oligárquica A sociedade espartana era constituída de três grupos sociais. Os esparciatas, ou espartanos, cidadãos que descendiam dos antigos dórios; gozavam de todos os privilégios e viviam sob rígida disciplina militar. Os periecos, descendentes de populações dominadas pelos dórios; dedicavam-se ao artesanato e ao comércio e, embora fossem livres, não tinham direitos políticos. Os hilotas, servos do Estado que não tinham direitos e nenhuma lei que lhes oferecesse proteção; trabalhavam para os espartanos e formavam a maioria da população. Para impedir que o número de hilotas fosse muito maior do que o de esparciatas, era comum a prática de massacres periódicos da população hilota. Esses massacres eram entendidos como exercícios militares, nos quais cada jovem soldado matava um certo número de hilotas. Assim, os esparciatas controlavam o crescimento dessa população. Em Esparta, o regime de governo era oligárquico, termo que significa governo de poucos, ou seja, as decisões políticas eram tomadas somente pelo grupo minoritário dos esparciatas. A elaboração das leis, o comando do exército, e a fiscalização da vida pública e econômica dos cidadãos eram funções desempenhadas pelos órgãos de governo comandados exclusivamente por esparciatas. A valorização da guerra O objetivo da educação espartana era formar bons soldados e cidadãos leais à pólis. Por isso, os espartanos valorizavam a formação física e militar em prejuízo do desenvolvimento espiritual e intelectual, embora, como outros gregos, também tivessem desenvolvido as letras, a música, o canto e a dança. Os rapazes esparciatas viviam em casernas dos 7 aos 30 anos e sua educação incluía pesados exercícios de ginástica e atletismo. Às vezes, eles eram castigados pelos professores com a finalidade de reforçar a disciplina. As mulheres também recebiam, desde a infância, rigoroso treinamento físico e psicológico, com o objetivo de prepará-las para serem mães e esposas de guerreiros. Elas praticavam ginástica e participavam de jogos. As espartanas tinham maior liberdade do que as mulheres de outras cidades, já que podiam tanto participar de reuniões públicas como administrar o patrimônio familiar com seus maridos. Atenas A cidade de Atenas, fundada pelos jônios, situava-se no centro da planície da Ática, às margens do Mar Egeu. Como os solos pouco férteis da região não favoreciam a agricultura, os atenienses logo se voltaram para o mar e desenvolveram um ativo comércio no Mar Mediterrâneo, transformando sua terra natal em uma área aberta ao contato com outros povos. No século VIII a.C., Atenas já era uma cidade grande e poderosa, governada por membros das famílias aristocráticas, que recebiam o nome de eupátridas (os bem-nascidos). Eles controlavam o poder da pólis por meio de um conselho de nobres chamado areópago, que instituía e interpretava as leis, e de um grupo de funcionários do Estado conhecidos como arcontes. Na escala social, logo abaixo dos eupátridas, vinha o povo, formado por camponeses e pequenos proprietários. Em seguida vinham os metecos — os estrangeiros —, que se dedicavam principalmente ao comércio e ao artesanato. No último nível da sociedade estavam os escravos, em geral indivíduos capturados nas guerras ou que não conseguiam pagar suas dívidas. No período arcaico, o poder em Atenas estava concentrado nas mãos dos arcontes e do areópago. A Assembleia do povo, conhecida como Eclésia, tinha poderes reduzidos. Além disso, os estrangeiros, as mulheres e os escravos não participavam das reuniões da Assembleia. A Assembleia era uma reunião ao ar livre e dela participavam todos os cidadãos, ou seja, todos os homens nascidos em Atenas com mais de 18 anos. Eles se reuniam na ágora (praça pública) para discutir e votar, e as decisões tomadas na Assembleia eram definitivas. As Assembleias eram organizadas pela Bulé, um conselho composto de 500 pessoas sorteadas numa lista de vários nomes. A caminho da democracia A palavra democracia é de origem grega. Demos significa “povo”, e kratos, “poder”. Portanto, democracia é uma forma de organização política em que cada membro da comunidade tem o direito de decidir sobre assuntos que interessam a todos. A democracia teve origem na Grécia antiga, especificamente na cidade-Estado de Atenas. Ali foi estabelecido um sistema de governo no qual todos os cidadãos podiam eleger seus governantes e ser eleitos para tal função, por um determinado período. A implantação do sistema democrático foi resultado de um longo processo. Nele se destacou, de um lado, uma sequência de revoltas sociais das camadas mais pobres contra o domínio da aristocracia e, de outro, os legisladores, líderes políticos que instituíram algumas leis para conter a crise social em Atenas. Entre os séculos VII a.C. e VI a.C., a situação dos pequenos proprietários era muito grave. Frequentemente eles assumiam dívidas com os eupátridas e muitos deles, para saldá-las, vendiam suas terras ou se tornavam escravos dos grandes proprietários. As dificuldades enfrentadas pelos camponeses os levaram a lutar contra os aristocratas e a exigir o fim da escravidão por dívidas. Os comerciantes, por sua vez, queriam ter o direito de participar das decisões políticas. O resultado desses conflitos e reivindicações foi a fixação de várias leis que, no decorrer dos anos, reduziram o poder da aristocracia e ampliaram a participação do povo nas decisões políticas. Entre as decisões estabelecidas pelas novas leis podemos citar: aboliu-se a escravidão por dívidas e as hipotecas sobre as propriedades; limitou-se a extensão da propriedade que um cidadão podia possuir; a população foi dividida em quatro grupos, de acordo com as posses de cada indivíduo, sem levar em conta a origem aristocrática; os cidadãos pobres conquistaram o direito de ocupar os cargos administrativos mais baixos. A reforma política em Atenas durou cerca de 80 anos e levou à instauração da democracia, no governo de Clístenes, por volta do ano 510 a.C. A democracia A democracia ateniense era direta, ou seja, todos os cidadãos participavam pessoalmente do governo da pólis. Na Assembleia popular, a Eclésia, os cidadãos decidiam sobre todos os assuntos importantes da cidade: declaravam a guerra ou a paz, aumentavam ou criavam impostos, julgavam os crimes cometidos na comunidade, votavam a construção de uma obra pública. Na democracia ateniense, as mulheres, os escravos e os estrangeiros não eram considerados cidadãos, ou seja, não podiam participar das Assembleias nem exercer cargos públicos. Hoje, nos regimes democráticos, homens e mulheres têm os mesmos direitos políticos, isso ocorreu porque, ao longo da história, as mulheres de diversas sociedades lutaram para conquistar seus direitos. A educação ateniense A educação em Atenas era bastante diferente da adotada em Esparta. Os atenienses acreditavam que sua cidade-Estado seria mais forte se cada menino desenvolvesse integralmente suas melhores aptidões. O ensino não era gratuito nem obrigatório, ficando a cargo da iniciativa particular. A partir dos 6 anos, os meninos ficavam sob a supervisão de um pedagogo, em geral um escravo, com quem estudavam aritmética, literatura, música, escrita e educação física. Aos 15 anos, os garotos eram encaminhados aos ginásios, que tinham a tarefa de formá-los como cidadãos plenos. Lá os alunos praticavam exercícios físicos e estudavam leitura, escrita, cálculo, poesia e música. Também discutiam política e questões filosóficas. O uso da palavra era bastante estimulado, pois o sistema político de Atenas valorizava as pessoas que sabiam expor suas ideias com clareza. Ao contrário do que ocorria com os meninos, as meninas, em geral, não aprendiam a ler nem a escrever. A elas estavam reservadas apenas as funções domésticas. Os pais tratavam de casar logo as filhas adolescentes, as quais ficavam sob o domínio total dos maridos. Lembre-se O regime político espartano é definido como oligárquico, pois a vida pública era controlada por uma minoria privilegiada, os esparciatas. Atenas evoluiu do regime oligárquico para a democracia, em que todos os cidadãos podiam participar da vida da pólis. A educação espartana destinava-se a formar excelentes guerreiros. A de Atenas valorizava a formação física, intelectual e artística. Herdamos também o sistema de governo com participação popular, a democracia. Em homenagem a Zeus, eram realizados, a cada quatro anos, os Jogos Olímpicos, competições esportivas que originaram as Olimpíadas atuais.
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