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notICEas Boletim Informativo do Instituto das Comunidades Educativas Edição n.º 17 janeiro/fevereiro 2016 EDITORIAL A tradição popular diz que uma criança, depois de nascer, aos seis meses assenta, aos sete meses adenta, ao ano andou e aos dois falou. Também o notICEas atingiu os 2 anos de idade – o primeiro número saiu a 15 de Fevereiro de 2014 - mas, ao contrário da criança, desde o primeiro dia de vida que assentou, adentou, andou e falou. Os números que publicou são todos fortes dando conta, de forma viva e profunda, das várias dinâmicas que o ICE desenvolve. Um tal sucesso tem, a meu ver, duas razões fundamentais. Em primeiro lugar, o empenhamento e a entrega, dos seus dois editores - Luís Brandão e Andréa Duarte - que, a todo o momento, se debruçam sobre o que o ICE vai fazendo, estimulando a colaboração dos seus intervenientes. Em segundo lugar a aposta que, desde a primeira hora, faz na ampla participação das pessoas. Um dos factos de maior realce, que ressalta da sua leitura, é a diversidade dos colaboradores que aparecem com os seus contributos a enriquecer-nos a todos com uma reflexão desafiante. No prelo temos um novo número dos CADERNOS ICE – EDUCAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E AÇÃO LOCAL COMUNITÁRIA, organizado por Fernando Ilídio Ferreira, Germán Vargas Callejas e Orlando Freitas. Em perspectiva vários projectos em curso, prevendo-se, só este ano, três grandes encontros : • O Encontro Nacional do Ambiente; • O Seminário “A Mulher, a Criança e as Periferias nos Países de Língua Portuguesa”; • O Encontro Nacional de Intervenção Precoce numa Abordagem Centrada na Educação Pré-Escolar. Estes Projectos e Encontros são a matéria prima dos próximos números do notICEas que, não temos dúvidas, continuará a publicar-se com a frequência e regularidade que o vem marcando. Ruy d’Espiney Em destaque Workshop Orientação de Carreira e Estratégias de Procura de Trabalho na Área de Educação em Situações de Emergência e em Contextos de Desenvolvimento Já trabalhaste ou gostarias de trabalhar na área da Educação em países em desenvolvimento? A Educação em situações de Emergência está também na tua linha de interesse? Então, não podes faltar ao Workshop “Careers Orientation and Job Search Strategies for Education in Emergencies and in Development Contexts”, dinamizado pelo especialista Christopher Talbot https://fr.linkedin.com/in/christopher-talbot-86545931 O Workshop terá lugar no dia 1 de abril, das 9h às 13h, na Sala de Atos (1104) do Instituto de Educação, da Universidade do Minho! Participação Gratuita! Língua de trabalho: inglês Inscreve-te até ao dia 25 de março, através do e-mail: [email protected] (limite máximo de 25 inscrições). Esta é uma oportunidade a não perder! Contamos contigo! Workshop organizado pelo Centro de Recursos para a Cooperação e Desenvolvimento do IE-UMinho e pelo Instituto das Comunidades Educativas. Sandra Fernandes – CRCD_IE_UMinho Andréa Duarte – ICE_Braga Fotografia cedida por Christopher Talbot - Aula para refugiados da Serra Leoa, no Campo de refugiados Boreah, na Guiné-Conakry em 2001. ESTÃO TODOS CONVIDADOS PARA…. ….a apresentação pública e divulgação das experiências levadas a cabo pelos nossos voluntários para a cooperação, no âmbito da sua participação no Projeto de Voluntariado para a Cooperação “Muito Mais Mundo” em Cabo-Verde, na ilha de Santiago, município de Santa Cruz, que terá lugar no próximo dia 7 de Abril, na Sala de Atos do Instituto de Educação (IE), da Universidade do Minho, pelas 17h. Este projeto iniciado em 2015, foi promovido pelo Centro de Recursos para a Cooperação e Desenvolvimento do IE, pelo Instituto das Comunidades Educativas e pela Câmara Municipal de Santa Cruz e teve como instituições parceiras, no município de Santa Cruz, a Casa Manuela Irgher, a Escola de Música Sema Lopi, as Tendas do El-Shaddai, o Centro de Iniciativa Juvenil Katchás e a Rádio Comunitária Voz de Santa Cruz. A todas estas instituições que acolheram com tanto carinho os voluntários, o nosso muito obrigado Apareçam e tragam um amigo também! Haverá relatos, mostra fotográfica, testemunhos de lá e de cá, música e uma roda de boa conversa! Sandra Fernandes – CRCD_IE_UMinho Andréa Duarte – ICE_Braga PROGRAMA PROVISÓRIO 8 de abril | sexta-feira 11h00 – 14h30 Abertura do secretariado Receção dos participantes e convidados Credenciação e distribuição de documentação Inscrição nas Oficinas e Grupos de Trabalho Presidente da ASPEA (Joaquim Ramos Pinto) 14h30-15h00 Sessão de abertura Presidente da Câmara Municipal de Viseu (Almeida Henriques) Presidente da Escola Superior de Educação de Viseu (João Paulo Balula) 15h00 – 16h00 Conferência TRANSFORMAR EM COMUNIDADE: PROCESSOS EDUCATIVO-AMBIENTAIS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA CULTURA DA RESPONSABILIDADE GLOBAL Germán Vargas Callejas (Universidade de Santiago de Compostela) Moderadora: Ivone Ferreira (ESEV) 16h00 – 16h15 Pausa para café GT1 – Educação Ambiental, Património e Tradições Dinamizador: José Manuel Carvalho (ICE- Instituto das Comunidades Educativas) Comunicações: Educação, Ambiente e Desenvolvimento local: contributos para uma nova ruralidade | José Manuel Carvalho (ICE) Aprender a Respeitar a Biodiversidade: Um estudo com alunos do 5º ano de escolaridade | António Almeida (ESELX-IPLisboa) GT2 – Educação Ambiental e Juventude Dinamizadora: Laura Gonzalez (ASPEA) Comunicações: XXII JORNADAS PEDAGÓGICAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL 16h15 – 17h45 Grupos de Trabalho Comunicações Orais GT3 – Educação Ambiental e Participação Socio-ambiental Dinamizadores: David Ramos Silva (ASPEA) Comunicações: Educação para a Cidadania | Leonel Pires (ICE) GT4 – Educação Ambiental nas organizações e instituições Dinamizador: Mário Oliveira (ESECS – IPL / OIKOS Ambiente) Comunicações: A ASPEA – Associação Portuguesa Educação Ambiental, em parceria com a Câmara Municipal de Viseu e a Escola Superior de Educação de Viseu, vai levar a cabo a realização das XXII Jornadas Pedagógicas de Educação Ambiental nos dias 8, 9 e 10 de abril, na referida escola. O ICE – Instituto das Comunidades Educativas, através dos professores Leonel Pires e José Manuel Carvalho, vai colaborar na execução do programa, com a apresentação de comunicações de projectos e na dinamização de um Grupo de Trabalho. O CPDF – Centro de Professores para o Desenvolvimento e Formação, será parceiro de formação das Jornadas, as quais fazem parte de uma formação de 25 horas do referido centro Todas as informações em: http://aspea2016.wix.com/jornadas Contatos: [email protected] | 969 111 920 | 967 448 788 Leonel Pires GT5 – Educação Ambiental e Cooperação Dinamizadora: Brígida Rocha Brito (OBSERVARE-UAL / ASPEA) Comunicações: GT6 – Educação Ambiental e Marketing Ecológico Dinamizador: Paulo Silva (ESEV) Comunicações: 17h45 – 19h30 Oficinas 1 – MUNDO SECRETO DAS PLANTAS Dinamizador: Gabriel Silva (ASPEA) 2 – EDUCOMUNICAÇÃO: UMA PROPOSTA PARA REFORÇAR O PAPEL DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL (PARTE 1/2) Dinamizador: Paulo Lima (ONG VIRAÇÃO) 3 – MY OBSERVATORY 4 RIVERS - APP APLICADA AO PROJETO RIOS Dinamizadores: Vítor Almeida (ASPEA) 4 – EDUCAÇÃO AMBIENTAL: CONTRIBUTOS DA FILOSOFIA PARA CRIANÇAS Dinamizadora: Carla de la Cerda Gomes (ASPEA) 5 – VAMOS CUIDAR DO PLANETA: PROPOSTAS PARA A RESPONSABILIDADE E O COMPROMISSO Dinamizadoras: Delphine Astier (MONDE PLURIEL) e Cristina González (Ajuntament Sant Feliu de Llobregat) 20h30 – 22h30 Jantar Social oferecido pela Câmara Municipal de Viseu (Local a definir) Apoios 10 de abril | domingo 9 de abril | sábado 09h30 – 10h45 Painel 5 Minutos a Comunicar 10 Comunicações com projeção de poster digital 10h45 – 11h00 1 - Educação Ambiental com o Projeto Rios | Márcia Moreno (ASPEA) 2 - My Observatory R2O | Sofia Costa Lopes (ASPEA) 3 - Carta de Corresponsabilização do Jovens “Vamos Cuidar do Planeta” | Ana Sofia (ASPEA Jovem) 4 - Mundo Invisível da Água | Daniela Figueiredo (UA / ASPEA) 5 - O Clima é connosco | Fátima Almeida (ASPEA) 6 - Custódia Fluvial | Ramsés Pérez (ADEGA Galiza) 78910 – Pausa para café 6 – ABORDAGENS DA FOTOGRAFIA DE NATUREZA EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL Dinamizador: Bernardo Conde (TRILHOS DA TERRA) Ecomercado 10h00 – 18h00 Mercado de produtos da terra | Artesãos ao vivo | Exposições | Jogos Tradicionais | Animação Cultural 11h30 Inauguração do Espaço Sede do Núcleo ASPEA Viseu (Instalações CMIA) APOIOs: 7 – EDUCOMUNICAÇÃO: UMA PROPOSTA PARA REFORÇAR O PAPEL DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL (PARTE 2/2) Dinamizador: Paulo Lima (ONG VIRAÇÃO) 11h00 – 12h30 Oficinas 8 – PROJETO RIOS – SAÍDA DE CAMPO Dinamizadoras: Manuela Oliveira e Telma Fontes (ASPEA) 9 – CONHECE E VALORIZA AS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS - JOGOS DE SIMULAÇÃO Dinamizador: Maria Barba Nuñez (Grupo de Investigação SEPA / USC) 10 – A CARTA DA TERRA E EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA A INCLUSÃO Dinamizadora: Olga Santos (ESECS - IPL) 12h30 – 14h00 Almoço livre 14h00 – 15h15 Painel AS FRONTEIRAS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL Maria João Correia (ASPEA) Matia Saco (Associação DÍNAMO) Evelyn Araripe (Agência Jovem de Notícias) Moderadora: Eulália Alexandre (DGE) CICLO DE TERTÚLIAS EM EDUCAÇÃO ESTRATÉGIAS E RECURSOS EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL Sara Carvalho (ASPEA) 15h15 – 16h30 Painel Virgínia Rodrigues (ADEGA Galiza) "A EDUCAÇÃO COMO PRÁTICA DE LIBERDADE” Cristina González Torrents (Ajuntament Sant Feliu de Llobregat Barcelona) Brígida Rocha Brito (OBSERVARE-UAL / ASPEA) Jorge Sobrado (Câmara Municipal Viseu) Moderador: Germán Vargas Callejas (USC) 16h30 – 16h45 16h45 – 17h45 Conferência Pausa para café EDUCAÇÃO AMBIENTAL E JUVENTUDE PARTICIPANDO NA REDE “VAMOS CUIDAR DO PLANETA” Delphine Astier (MONDE PLURIEL) 28 de abril às 21H15 na Casa do Professor – Braga Convidados: Escola Sementes de Liberdade e O Mundo Somos Nós Moderador: Francisco Teixeira (APA) 17h45 – 18h45 Conferência Abril sabe a Liberdade! COMUNICAR AS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS: RESPOSTAS AOS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL Pablo Ángel Meira Cartea (Grupo de Investigação SEPA - USC) Moderadora: Ana Carvalho (Câmara Municipal de Viseu) 18h45 – 19h00 Propostas para a Ação 19h00 – 19h30 Sessão de Encerramento Presidente da ASPEA | Joaquim Ramos Pinto Comissão Instaladora Núcleo ASPEA Viseu (Jorge Loureiro e Carla Ferreira) Secretário de Estado do Ambiente (Carlos Martins) Direção Geral dos Estabelecimentos Escolares (António Proença) Vice-Presidente da Câmara Municipal de Viseu (Joaquim Seixas) Presidente Instituto Politécnico de Viseu (Fernando Sebastião) A Casa do Professor, em parceria com o Instituto das Comunidades Educativas trazem até si projetos educativos que a celebram todos os dias. O desenvolvimento integral do aluno, o contacto com a natureza e os afetos são alguns dos denominadores comuns. Venha conhecê-los melhor! ACONTECEU EM BRAGA… GUIMARÃES CANDIDATA-SE A «CIDADE AMIGA DAS CRIANÇAS» DA UNICEF Paula Oliveira, Vereadora da Câmara Municipal de Guimarães para os assuntos de acção social, afirmou, esta quarta-feira, que Guimarães mostrou intenção, junto da UNICEF, em se candidatar ao programa «Construir Cidades Amigas das Crianças». A Vereadora afirmou que as pessoas da UNICEF se mostraram "agradadas" com o facto de Guimarães estar interessado neste programa, mas que ainda não há data para saber se a candidatura será aceite ou não. Paula Oliveira mostra-se confiante na aceitação da candidatura e, a ser aceite, o Município, em conjunto com os seus parceiros sociais terão de elaborar um plano de intervenção para cinco anos. Esta candidatura é uma "continuação do Projecto Carta da Cidadania Infanto-juvenil" que está a ser aplicado na cidade de Guimarães. in: Sociedade, 1 de Março de 2016 O Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais, Pólo UMinho, as Edições Colibri e a Livraria 100ª Página realizaram a apresentação do livro “Sina Social Cigana. História, Comunidades, Representações e Instituições”, de Manuel Carlos Silva e colaboradores/as, no passado dia 10 de Março, pelas 18h30, na Livraria 100ª Página. O livro foi apresentado pela Doutora Rosa Cabecinhas, Professora Associada do Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho e pelo Doutor Carlos Jorge Sousa, Professor aposentado, Investigador do Centro de Estudos das Migrações e das Relações Interculturais da Universidade Aberta e Coordenador do Observatório das Comunidades Ciganas. NOVA PARCERIA – BRAGA Para celebrar a chegada de 2016 o ICE formalizou um protocolo de parceria com o Agrupamento de Escolas Dr. Francisco Sanches, uma das escolas TEIP - Território de Intervenção Prioritária de Braga na pessoa do seu Diretor, o professor Jorge Amado. Um dos trabalhos que está a ser realizado, é com a professora Manuela Vale, a professora bibliotecária da EB1/JI da Quinta da Veiga. O trabalho está a ser desenvolvido no âmbito da Literacia e da Promoção do Livro e da Leitura junto dos 4 Jardins de Infância (JI) que pertencem ao agrupamento. São eles o JI da Quinta da Fonte, a EB1/JI da Quinta da Veiga, a EB1/JI das Enguardas e a EB1/JI do Bairro da Alegria, perfazendo um total de cerca de 180 crianças entre os 2 e os 6 anos. Uma vez por semana desloco-me, juntamente com a Manuela, a uma das salas, e levo uma cesta cheia de livros. Na roda, apresento os livros que vou ler às crianças e a hora encantada começa… Depois de uma “barrigada” há tempo e espaço para as crianças usufruírem dos livros, fazerem perguntas, experimentarem livros com buracos, fantoches e texturas várias, lerem sozinhas, a pares ou em pequenos grupos, mimarem partes de histórias, fazerem diferentes vozes, recontarem, brincarem e usufruírem plenamente do prazer de ler. Aqui ficam alguns registos fotográficos das salas da Quinta da Fonte e da Quinta da Veiga, bem como o testemunho de uma das Educadoras. Desde já agradeço o carinho com que a Isabel, a Conceição, a Alzira, a Ana e as crianças me receberam nas suas salas para estas sessões de conto. JI Quinta da Fonte, sala 1 e 2 “Manuela, A atividade correu muito bem. As crianças aderiram com agrado e entusiasmo e demonstraram muito interesse e atenção. As histórias que a Andréa contou foram adequadas ao grupo, conseguindo manter a atenção e a curiosidade das crianças. Foi ainda importante, a panóplia de livros que lhes proporcionou, tendo sido explorados/manipulados com grande curiosidade e entusiasmo. Foi uma atividade enriquecedora, contribuindo para despertar na criança o gosto pela leitura. Estou recetiva a outras sessões sempre que possível! Um muito obrigada a ti e à Andréa. Ana” JI Quinta da Veiga, salas 1 e 2 Andréa Duarte, ICE_Braga A CRIANÇA E A LITERATURA: O PROJECTO “BARRIGADA DE CONTOS” Sou educadora de infância há 18 anos e desde o início que procuro despertar a criança para a descoberta do livro como um objecto capaz de a transportar para novos mundos repletos de magia e de conhecimentos. Esta nem sempre é uma tarefa fácil, muito menos nos dias de hoje em que o livro contracena com os apelativos tablets e smartphones. Se antigamente o livro era um recurso utilizado pelas famílias para manter a criança “distraída”, em casa ou enquanto esperava no consultório médico ou no restaurante, agora entrega-se-lhe um dispositivo tecnológico capaz de a manter “entretida” várias horas consecutivas. Cada vez encontramos mais crianças com dificuldades em manusear um livro e incapazes de prender a sua atenção ao desenrolar de uma história, tão curto é o seu tempo de atenção e concentração a um tempo lento, como o é o tempo requerido para o contar, para o manusear de um livro, o inverso do tempo frenético e demasiado estimulante dos novos dispositivos móveis… Os hábitos de leitura despertam e estimulam a imaginação infantil, acarinham a alma, desenvolvem a sensibilidade, estimulam conversas, permitem reflexões e incrementam o alargar de conhecimentos que as crianças vão tendo do que as rodeia e do mundo. Apesar de todos estes aspectos positivos, agrada-me sobretudo que as crianças obtenham prazer a ler e associem esta actividade a momentos felizes. Numa parceria, que nasceu em Julho de 2013, com o Instituto das Comunidades Educativas (ICE), a Andréa Duarte desloca-se à nossa instituição, semanalmente, para ler uma “barrigada de contos”. O meu novo grupo de crianças tem 3 anos e todas elas anseiam pela sua visita. Sabem que com ela vem a sua cesta de vime repleta de livros, de histórias, de magias e de descobertas, que os irão levar a novos mundos, cheios de personagens de encantar. A Andréa apresenta os livros e desperta as crianças para os mais pequenos detalhes, pois “seduz-lhes o olhar e encanta-lhes a memória”. Qualquer conto por pequeno que seja, transforma-se num jogo de cheiros, descobertas, ritmos, texturas, cores, vozes e sons. A leitura é feita expressivamente e a voz e o corpo são aqui elementos essenciais. Todas estas mudanças encantam os pequenos: temos a voz aguda e fina do coelhinho Pauli, a voz grave do monstro Grufalão, a voz doce do Sapo, apaixonado pela linda Patinha Branca, a voz dos papás zangados, a da Bruxa Mimi e do seu gato Rogério, os sons da chuva, e do vento a uivar, as diferentes vozes dos animais e os gestos associados a determinadas falas que se repetem ao longo de uma narrativa… Assim as crianças aprendem a identificar os distintos personagens: os bons e os maus; os diferentes animais; os diferentes espaços; etc. Tudo isto prende as crianças ao desenrolar da história, havendo suspense sobre o que irá acontecer na página seguinte. As crianças verificam que existem histórias com finais felizes, e outras nem tanto, e outras ainda que nos pregam sustos. Com o passar das semanas pedem cada vez mais histórias e é engraçado que existem sempre as preferidas que pedem para contar vezes sem fim, de cada vez que a Andréa vem à sala, como é o caso de “O Cuquedo”. Se o período de atenção no início do ano não era superior a 5 minutos, agora são capazes de estar interessados nas histórias mais de trinta e pedem ainda no final para as explorarem sozinhas: fazem uma roda, a Andréa tira todos os livros da cesta e abre-os pelo chão no interior da roda. Depois, todos têm tempo para explorarem os livros livremente, quer seja sozinhos, a pares ou em pequenos grupos. As crianças recorrem cada vez mais à área da biblioteca de sala e já pedem livros para levar para casa. Apesar do ter consciência de que as novas tecnologias têm atributos que são muito apelativos para as crianças e os jovens, ainda não perdi a fé que o livro poderá manter o seu papel preponderante no quotidiano destes meninos. É necessário que os hábitos de leitura sejam desenvolvidos antes da alfabetização e fazendo do livro um objecto promotor de prazer, as crianças vão continuar a recorrer aos livros como fonte insubstituível de conhecimento, de afecto e de fantasia. Obrigada ICE, nomeadamente à Andréa Duarte, por estar comigo nesta batalha que podemos considerar já ganha, de promoção da literacia, do gosto pelos livros e pela leitura. Sofia Guimarães Cunhal Coordenadora do Pré-Escolar do Patronato Nossa Senhora da Luz - Braga “A AVENTURA TERMINA MAS DEIXA SEMENTES” virmos a ter orçamento participativo em Gouveia, o que nos parece um avanço relativamente às dinâmicas despoletadas com a Aventura. A “Aventura no Mundo da Cidadania” chegou ao fim, depois de um percurso muito intenso e rico que deixa muitas sementes no concelho de Gouveia. No sentido de analisar o percurso realizado, apresentar os resultados alcançados e projetar o futuro realizou-se no dia 13 de fevereiro, entre as 15h e as 18h, na Biblioteca Municipal Vergílio Ferreira, a sétima reunião do Fórum da Cidadania. Ainda da parte da manhã houve uma reunião de representantes dos grupos de encontro que avaliaram o projeto e fizeram propostas de futuro. À tarde, foram apresentados, através de cartazes, os caminhos percorridos e os resultados alcançados por cada grupo de encontro, bem como os produtos e efeitos mais gerais do projeto. Assim, elencaram-se algumas recomendações que serão em breve aqui divulgadas e assumiram-se compromissos no sentido de dar continuidade ao Fórum da Cidadania e à dinâmica dos grupos de encontro que o sustenta. VII FÓRUM DA CIDADANIA Apesar do mau tempo, tratou-se de um momento de reflexão e avaliação bastante participado e virado para o futuro. Participaram cerca de 40 pessoas, mantendo a média de anteriores reuniões e a marca de uma participação diversificada com membros de grupos de jovens, famílias e seniores. Deste Fórum de encerramento da Aventura da Cidadania em Gouveia há a destacar afirmação da vontade e o compromisso, quer institucional quer das participantes dos grupos, de continuar a dinâmica participativa da Aventura consubstanciados na criação de uma Comissão para a preparação do próximo Fórum. Destacar ainda o facto de a Câmara ter assumido que haveria condições para Houve ainda a apresentação da Plataforma cidadaniagouveia.pt, uma ferramenta ao serviço dos grupos e das autarquias que apoiará a sustentabilidade e o alargamento das dinâmicas participativas. A tarde terminou com a adesão à iniciativa mundial “One Billion Rising” que convidou as pessoas presentes a afirmarem-se contra a violência de género através da dança. Posted on 29 Fevereiro, 2016 by gaf in http://www.cidadaniagouveia.pt/vii-forum-da-cidadania-aaventura-termina-mas-deixa-sementes/ ENCONTRO NACIONAL DE DOCENTES BREVES EM CURSO, Trabalhar em Educação, uma preocupação constante do ICE CÁ POR SETÚBAL O QUE SE ANDA PASSANDO? Desde 1992, ano da sua fundação, que o ICE vem trabalhando a Educação - Formal, Informal e Não Formal, enquanto espaço de reflexão e crescimento. • O Agrupamento de Escolas do Bocage conta com a dinamização do projeto “ Cidadania de Crianças e Jovens”, envolvendo cerca de 300 alunos, do pré-escolar e do ensino básico. Em conjunto com docentes e comunidades locais, o ICE tem detetado necessidades e apresentado propostas de caminhos a percorrer. As problemáticas são, de um modo geral, de âmbito nacional, mas em cada localidade existem recursos próprios e tem sido nesta lógica que o ICE, através do Centro de Formação Comunidades Educativas do CPDF, tem proporcionado formação a docentes de Norte a Sul do país, articulando e apoiando o local. • Maio, Mês do Diálogo Intercultural: A importância da interação e da cultura de cada país enquanto valorização de cada pessoa e das relações interculturais. Poesia de diferentes países e poesia bocagiana declamada em diferentes línguas. Questões como Cidadania, Intergeracionalidade, Interculturalidade e Ambiente, entre outras, são temas que desde sempre têm sido refletidos pelo ICE e apresentados enquanto recurso promotor de formação de cada pessoa e da comunidade em geral. No desenvolvimento das suas dinâmicas, para o próximo ano letivo, o ICE propõe-se realizar um Encontro Nacional de Docentes, apoiando-se no local e nas parcerias existentes e/ou nas que se possam vir a formar. Este Encontro Nacional de Docentes tem por principal objetivo refletir a importância de uma Educação Ambiental em Meio Escolar e, como o próprio nome indica, pretende contar com docentes vindos de todo o país, principalmente das regiões onde o ICE, atualmente, tem professores destacados e com dinâmicas próprias. No presente, e na expetativa que permaneça para o futuro, o Encontro realizar-se-á em Viseu, terá a duração de um dia e pretende-se que tenha lugar já no início do próximo ano letivo, prevendo-se que o mesmo seja complementado, e ainda no ano letivo de 2016/17, com uma ação de formação acreditada pelo CCPFC-Conselho Cientifico Pedagógico de Formação Continua, para docentes do Pré-Escolar e do Ensino Básico. • Projeto “Dar as Mãos”: conta com o apoio e a parceria do ICE no desenvolvimento de atividades seniores em informática e expressão dramática. • Intergeracionalidade: Atividades promotoras de afetos, a iniciar, com a Caritas de Setúbal. • O Jardim de Infância da Quinta Nova conta com o apoio do ICE na promoção de ações conjuntas entre docentes, crianças e familiares. • “EnvelheSeres”: Projeto conjunto entre a Câmara Municipal de Setúbal e as instituições com população sénior. No presente ano de 2016 o ICE ficou corresponsável pela sua dinamização. • Feira de Projetos Educativos da Moita, parceiro privilegiado na organização/dinamização desde o seu inicio, sendo que este ano já celebra o seu XIX aniversario. Mais novidades serão dadas no próximo “notICEas”! Manuela Correia_ICE-Setúbal PARCERIAS E SINERGIAS ENTRE ONGD E OUTROS ACTORES DO DESENVOLVIMENTO: MITOS E REALIDADES O Grupo de Trabalho de Ética da Plataforma Portuguesa das ONGD, com o apoio dos Parceiros do Mecanismo de Apoio à Elaboração de Projectos de Cooperação, organizou no passado dia 23 de Fevereiro de 2016, na Fundação Calouste Gulbenkian, a IV Oficina de Conhecimento desta vez com o tema “Parcerias e Sinergias entre O NGDe outros Actores do Desenvolvimento: Mitos e Realidades”. A Nova Agenda do Desenvolvimento 2030 não deixa margem para dúvidas: apenas o esforço dos actores do Desenvolvimento, assente em parcerias e novas dinâmicas, irá permitir a concretização de um mundo mais justo, equitativo e sustentável. Mas mais do que nunca, é fundamental analisarmos a percepção que outros actores do Desenvolvimento têm das ONGD: Como são vistas no processo de Desenvolvimento? São actores de relevo? São consideradas para parcerias nacionais e internacionais? A sessão de abertura contou com a intervenção da Directora do Programa Gulbenkian Parcerias para o Desenvolvimento, Maria Hermínia Cabral, que realçou a importância das parcerias, destacando que as Fundações são também um importante actor do desenvolvimento e que a FCG tem uma grande história de parcerias para o desenvolvimento, com parcerias com ONGD (relação tem vindo a ser aprofundada com a Plataforma Portuguesa das ONGD há vários anos), bem como com organizações locais. A Oficina contou com os contributos de Anabela Vaz Ribeiro, Partner da Pedra Base, Isabel Rodrigues, Técnica da Área da Cooperação da Câmara Municipal de Loures, Júlio Santos, Coordenador do Centro de Recursos para a Cooperação e Desenvolvimento (CRCD) e Sérgio Guimarães, Chefe de Divisão de Apoio à Sociedade Civil do Camões, Instituto da Cooperação e da Língua. A moderação ficou a cargo do Director Executivo da Plataforma Portuguesa das ONGD, Pedro Cruz. Anabela Vaz Ribeiro referiu que o papel das ONGD tem vindo a ganhar influência em Portugal e no mundo, o que veio introduzir um novo actor com quem as empresas se devem relacionar. Contudo estas parcerias não são um hábito, sendo comum que empresas trabalhem com empresas, ONGD com ONGD e Municípios com Municípios, e isto tem de mudar, é necessário um esforço de adaptação. Reforçou ainda a importância e urgência da ética, uma vez que as entidades sentem necessidade de dar a conhecer a sua estrutura, a forma como pensam, qual o modelo interno de governação. “É preciso dar a conhecer como funcionamos por dentro e não apenas os nossos projectos”, referiu Anabela Vaz Ribeiro. O desconhecimento das formas de funcionamento das entidades, alguma falta de coerência entre valores e práticas, a ausência de modelos de prestação de contas e de informação sobre fontes de financiamento, a não comunicação de valores e princípios, etc., pode levar à falta de credibilidade e de independência do sector das ONGD. Isabel Rodrigues começou por referir que nem sempre é fácil trabalhar em parceria, mesmo internamente, realçando que o trabalho em rede agrega um valor extra às actividades e garante uma maior coerência para criar projectos inovadores, potenciar capacidades organizativas existentes e resultados. PROJECTO ERASMUS+ TRODEU – TRAINING TO OPEN DOORS TO EUROPE Sérgio Guimarães realçou que as parcerias são um elemento essencial para reforçar a coerência das actividades do sector: são formas de partilhar capacidades e recursos, objectivos e resultados e são fundamentais por se regerem por interesses comuns, para se partilharem experiências boas e más praticas. Vêm reforçar a capacidade das organizações na captação de fundos nacionais e internacionais, permitindo-lhes ganharem escala. Por outro lado, evidenciam o contributo das ONGD para a prossecução de políticas públicas na área da cooperação e são ainda importantes por comprovarem a importância que a cooperação para o desenvolvimento tem junto de diversos actores: existem um conjunto de entidades para junto das quais se quer levar apoio e parcerias podem exponenciar aqueles que podem ser os ramos da ajuda. Por último, Júlio Santos focou-se nas parcerias entre a Academia e as ONGD, dizendo que vê a universidade como uma instituição de fronteira, que deve construir e colaborar para que se resolvam os problemas no Mundo, não devendo estar isolada. Considera que é preciso trazer as pessoas das ONGD para a sala de aula, para partilharem trabalho com as universidades, é preciso ensinar em conjunto o que são as ONGD e o que fazem. Afirmou ainda que o afastamento entre academia e ONGD é um mito. Já existem parcerias, existe uma área de intersecção: universidades criam conhecimento e teoria mas também está na sua missão prestar um serviço à comunidade. Do outro lado temos as ONGD interessadas em intervenção e acção no terreno. A colaboração é fundamental para que a universidade se aproxime de forma humilde ao sector das entidades sociais e de forma relevante às questões do Mundo actual. in Newsletter Plataforma Portuguesa das ONGD MAR 2016 http://www.plataformaongd.pt/noticias Se realizó en Tenerife del 28 de octubre al 1 de noviembre de 2015, la primera reunión do proyecto TRODEU. Asistieron 2 personas por cada país socio: Suecia, Portugal y Bélgica. Cada socio presentó su institución. Se reelaboró el PLAN TE TRABAJO, "PT" que se había propuesto inicialmente. Se realizó un debate sobre él y se tomaron decisiones en torno a una serie de aspectos con la finalidad de mejorar su puesta en marcha. El coordinador español presentó a los componentes de los diferentes equipos locales y se visitaron instituciones colaboradoras en el proyecto reuniéndose con sus responsables (CEP, administración educativa, Oficina de Proyectos Europeos, CEPA San Cristóbal y asociaciones). Se dio a conocer TRODEU a los diferentes medios de comunicación para publicitar información sobre el proyecto. Se propició que el grupo se conociera personalmente conviviendo y participando en actos socioculturales durante esos días. Se realizó un recorrido por el patrimonio natural y cultural de Tenerife. Se elaborará una memoria parcial y se pasará un documento para evaluar. La 2º reunión tendrá lugar en Goteborg del 13 al 17 de abril de 2016. Deberán asistir los coordinadores del proyecto de cada país y los responsables de los equipos de trabajo. La subvención dada para asistir a esta reunión es: Portugal 2 personas, Bélgica 3 personas y España 3 personas. Podrán asistir personas de los centros colaboradores si se estima oportuno, pero estas no tendrán subvención. En las sesiones de trabajo presentarán los productos elaborados en este periodo. Cada socio presentará las tareas que se les han encomendado según el "PT". Se realizará una puesta en común y se revisará el "PT" para el siguiente periodo. Se elaborará la memoria parcial y se pasará un documento para evaluar. El socio anfitrión presentará su centro y las instituciones colaboradoras en el proyecto. Se reunirá el equipo con los medios de comunicación para publicitar el proyecto. Se propiciará el conocimiento de los participantes através de actos socioculturales programados al respecto: conocer el patrimonio cultural y natural de Gotenborg. E aquí ficam alguns registos fotográficos da 1.ª Reunião de Projecto, nas Ilhas Canárias, em Santa Cruz de Tenerife Tarde de trabalho com mais uma professora canarinha e o presidente da Sociedad Canaria Elio Antonio de Nebrija, a entidade coordenadora geral do TRODEU. Centro de Tenerife Centro de Formação de Professores, onde reunimos Recepção no Ministério da Educação 1.ª manhã de trabalho com o Coordenador Geral – Jesús e os parceiros dos diferentes países - Fernando Ilídio, Roger, Com os colegas e os alunos de um dos Centros de Educação de Adultos, conhecendo o Património local Roger e Fernando Ilídio com as colegas que nos irão receber na 2.ª Reunião de Projecto, na Escola Filandesa da Suécia, em Abril – Irina e Oili, a Directora da Escola Pelos Coordenadores TRODEU de Portugal e das Canárias, Andréa Duarte (ICE_Braga) e Jesús Luis-Ravelo (Sociedad Canaria Elio Antonio de Nebrija_Canárias) Cadernos ICE CADERNO ICE N.º 10 EDUCAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E AÇÃO LOCAL COMUNITÁRIA Organizado por Fernando Ilídio Ferreira, Germán Vargas Callejas e Orlando Freitas, o presente caderno inclui textos seus e de Abílio Amiguinho, Ana Paula Marques, Daniela Gomes, Héctor Pose, Irene Santos, Joana Lúcio, João Caramelo, Júlio Gonçalves dos Santos, Laura Varela Crespo, Lídia Mota, Lucia Iglesias da Cunha, Luís Rothes, Miguel Pardellas Santiago, Paulo Delgado, Rosa Valls Carol e Sandra Girbés Peco. Esta obra é publicada no ano em que foram fixados, numa cimeira da ONU, em Nova Iorque, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável para 2015-2030. A questão do desenvolvimento – e do desenvolvimento local e comunitário, em particular – é abordada em treze capítulos, da autoria de investigadores de Portugal e Espanha. Os vários trabalhos discutem conceitos e perspetivas, apresentam estudos e projetos, sinalizam problemas e temáticas e enunciam desafios aos investigadores, às políticas públicas, às instituições, aos profissionais e aos cidadãos, de um modo geral, tratando-se de uma questão que a todos e a todas diz respeito. ÍNDICE • APRESENTAÇÃO Fernando Ilídio Ferreira, Germán Vargas Callejas e Orlando Freitas PARTE I - PERSPETIVAS TEÓRICAS E METODOLÓGICAS • PERSPETIVAS DO DESENVOLVIMENTO LOCAL E COMUNITÁRIO: DESENVOLVIMENTO ALTERNATIVO E ALTERNATIVAS AO DESENVOLVIMENTO João Caramelo e Fernando Ilídio Ferreira • EDUCAÇÃO COMUNITÁRIA, SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL E DESENVOLVIMENTO SOCIAL: REFERENTES TEÓRICOS, PERSPETIVAS DE INTERVENÇÃO Paulo Delgado, Luís Rothes e Lídia Mota • VISIONES ACTUALES DE LA ACCIÓN COMUNITARIA EN LAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE BIENESTAR: RETOS PARA LOS SERVICIOS SOCIALES EN ESPAÑA Laura Varela Crespo • EDUCAÇÃO, COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO: DESAFIAR AS FRONTEIRAS E APRENDER A ESCUTAR O SUL Júlio Gonçalves dos Santos • CONTRIBUTOS PARA PENSAR A RELAÇÃO ENTRE EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO NO MUNDO RURAL Fernando Ilídio Ferreira e João Caramelo • “SE NÃO SABE, PORQUE É QUE PERGUNTA?” Irene Santos PARTE II - ESTUDOS, PROJETOS E PROPOSTAS • EL DESARROLLO SOSTENIBLE Y LOCAL EN LAS COMUNIDADES INDÍGENAS DE LOS ANDES, UN ENFOQUE EDUCATIVO Y SOCIAL Germán Vargas Callejas • COMUNIDADES UNIVERSITARIAS EN TRANSICIÓN. EL CASO DEL PROGRAMA USC EN TRANSICIÓN Lucia Iglesias da Cunha e Miguel Pardellas Santiago • ASSOCIAÇÕES E INICIATIVAS DE DESENVOLVIMENTO LOCAL: O PROJETO “À DESCOBERTA DO MUNDO RURAL” Joana Lúcio, Orlando Freitas e Fernando Ilídio Ferreira • PATRIMONIO, EDUCACIÓN CULTURAL Y DESARROLLO LOCAL. UN PROYECTO SOCIOCULTURAL EN BUÑO, PUEBLO ALFARERO Héctor Pose • ESCOLA E INTERVENÇÃO COMUNITÁRIA: INTERGERACIONALIDADE, EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO SOCIAL LOCAL Abílio Amiguinho COMUNIDADES DE APRENDIZAJE: DE LA TRANSFORMACIÓN EDUCATIVA A LA TRANSFORMACIÓN SOCIAL Sandra Girbes Peco y Rosa Valls Carol • PROFISSIONAIS DE INTERVENÇÃO EM REDE: UM ESTUDO SOBRE TRÊS EXPERIÊNCIAS DE REDES SOCIAIS Daniela Gomes e Ana Paula Marques APRESENTAÇÃO Fernando Ilídio Ferreira1 , Germán Vargas Callejas2 e Orlando Freitas 3 O ano em que esta obra é publicada, 2015, coincide com o ano em que foram fixados numa cimeira da ONU, em Nova Iorque (EUA), de 25 a 27 de setembro, os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), em áreas de extrema importância para a humanidade e o planeta. Na sequência dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio, que haviam sido definidos para o período de 2000-2015, os atuais ODS enformam a agenda pós 2015 – “Transformando o nosso mundo: a agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável”. De um modo sintético, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável para 2015-2030 são os seguintes : 1. Erradicar a pobreza em todas as suas formas; 2. Erradicar a fome, atingir a segurança alimentar e a melhoria alimentar e promover a agricultura sustentável; 3. Assegurar vidas saudáveis e promover o bem-estar para todos, em qualquer idade; 4. Assegurar educação de qualidade, inclusiva e equitativa e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos; 5. Atingir a igualdade de género e o empoderamento de todas as mulheres e raparigas; 6. Assegurar a disponibilidade e a gestão sustentável de água e saneamento para todos; 7. Assegurar o acesso à energia fiável, sustentável, moderna e a preço acessível a todos; 8. Promover o crescimento económico sustentado, inclusivo e sustentável, o emprego pleno e produtivo e o trabalho digno para todos; 1 Departamento de Ciências Sociais da Educação e Centro de Investigação em Estudos da Criança (CIEC), Instituto de Educação, Universidade do Minho; ICE – Instituto das Comunidades Educativas. 2 Departamento de Teoría de la Educación, Historia de la Educación y Pedagogía Social, Facultad de Ciencias de la Educación, Universidad de Santiago de Compostela. 3 Centro de Investigação em Estudos da Criança (CIEC), Universidade do Minho. 4 Ver mais informação em sites como https://sustainabledevelopment.un.org/post2015/transformingourworld, http://www.instituto-camoes.pt/agenda-pos-2015/root/cooperacao/agendapos2015, consultados em 20/12/2015. 9. Construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização inclusiva e sustentável e fomentar a inovação; 10. Reduzir as desigualdades dentro e entre os países; 11. Tornar as cidades e os povoamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis; 12. Assegurar padrões sustentáveis de consumo e produção; 13. Tomar medidas urgentes no sentido de combater as alterações climáticas e seus impactos; 14. Conservar de forma sustentável os oceanos, mares e recursos marinhos; 15. Proteger, restaurar e promover a utilização sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir as florestas de forma sustentável, combater a desertificação, travar e reverter a degradação das terras e estancar a perda da biodiversidade; 16. Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, conceder o acesso à justiça para todos e criar instituições eficazes, responsáveis e inclusivas a todos os níveis; 17. Reforçar os meios de implementação e revitalizar a parceira global para o cumprimento destes objetivos. Os treze capítulos que compõem a obra aqui apresentada abordam várias questões e temáticas que integram esta agenda. Os trabalhos são da autoria de investigadores de instituições de ensino superior de Espanha e Portugal, que se debruçam sobre as questões do desenvolvimento e da sua relação com a educação. Optámos por manter os textos na língua original dos autores, de modo a garantirmos a maior fidedignidade e também porque os textos serão lidos nos dois países e a sua leitura não colocará obstáculos aos públicos a que se dirigem. Na origem desta publicação esteve o objetivo comum de produzir e divulgar um conjunto plural de estudos teóricos e práticos que pudesse ajudar, sobretudo investigadores e profissionais, a conhecer e a orientar, de uma forma reflexiva, crítica e fundamentada, processos educativos, numa perspetiva sociocomunitária. O conceito de desenvolvimento, assim como os conceitos correlacionados de desenvolvimento comunitário, desenvolvimento local, desenvolvimento endógeno, desenvolvimento sustentável, entre outros, são submetidos ao exame crítico, procurando dar conta do carácter multidimensional do conceito e da necessidade de se valorizar mais a dimensão humana do que as vertentes economicistas e produtivistas. Como a gestão e a promoção do bem-estar das comunidades se insere em processos integrados de desenvolvimento, importa não apenas conhecer a sua vertente técnica e gestionária, mas sobretudo compreender o significado político da intervenção, seja no âmbito da educação, institucional e não institucional, seja nos âmbitos da cultura, do ambiente, da economia ou do bemestar social, em geral. No que concerne à educação institucional, a obra apresenta estudos, projetos e propostas de trabalho relacionados com a escola e a universidade, formulando e respondendo a questões como: Que ações de carácter comunitário se integram nas práticas educativas? Que sentido e utilidade pedagógica tem a intervenção educativa numa ótica comunitária no âmbito escolar? Que iniciativas pedagógicas – de práticas educativas – se fundamentam no princípio comunitário? No âmbito social e económico, os trabalhos mostram que a relação entre educação e comunidade é concebida também como ação política de empowerment económico das sociedades locais, sendo as práticas e os projetos educativos orientados para esse objetivo. No âmbito cultural e artístico, a obra discute questões como: Que iniciativas culturais promovem o desenvolvimento comunitário? Que características singularizam a intervenção educativa comunitária no contexto da cultura local? Quais são as potencialidades da arte e da cultura para a dinamização da comunidade? Que políticas de carácter educativo se implementam para o fomento do desenvolvimento artístico e cultural dos territórios e das populações locais? No âmbito do ambiente, são formuladas e debatidas questões como: Que iniciativas de carácter educativo se podem promover no sentido da sustentabilidade comunitária? Como se pode trabalhar a visão da sustentabilidade social e ambiental com um enfoque comunitário nos contextos locais? Que “boas práticas” se podem conhecer e dar a conhecer em relação à educação e à construção de comunidades e sociedades mais sustentáveis? Que contributo pode dar a visão da sustentabilidade para a inovação das práticas educativas? Estas questões e temáticas são abordadas, nos diferentes capítulos, quer em termos teóricos e metodológicos, quer em termos práticos e propositivos. O primeiro capítulo – Perspetivas do desenvolvimento local e comunitário: desenvolvimento alternativo e alternativas ao desenvolvimento, de João Caramelo e Fernando Ilídio Ferreira – tem como principal objetivo problematizar o conceito de desenvolvimento, considerando as suas dimensões social e económica, mas também política, cultural e educativa que o atravessam. Num primeiro momento, os autores questionam o paradigma dominante desde o fim da II Guerra Mundial, marcado por uma visão que associa desenvolvimento e crescimento económico e, enquanto crença ocidental, pela consideração do desenvolvimento como uma progressão civilizacional linear e uniforme, ou seja, como uma sequência de estádios rumo a uma condição semelhante à dos países ocidentais industrializados. Através desse questionamento, os autores pretendem deslocar o foco da reflexão sobre a temática para outras perspetivas que, pelo menos desde meados da década de 1970, a literatura vem designando como desenvolvimento local e comunitário e, de um modo geral, como “desenvolvimento alternativo”. Num segundo momento, os autores debatem não apenas as perspetivas do desenvolvimento alternativo, como também as “alternativas ao desenvolvimento”. Nesse sentido, defendem que, enquanto o desenvolvimento estiver instrumentalmente vinculado ao crescimento económico e ao produtivismo, não é possível conceber um desenvolvimento que não conduza à exaustão das condições necessárias à vida na Terra. No segundo capítulo, intitulado “Educação comunitária, sustentabilidade ambiental e desenvolvimento social: referentes teóricos, perspetivas de intervenção”, Paulo Delgado, Luís Rothes e Lídia Mota partem do conceito de desenvolvimento e das necessidades que se lhe podem associar, face à perspetiva da sustentabilidade social e ambiental. De seguida, analisam os indicadores e as metas de desenvolvimento assumidos no discurso institucional dos organismos internacionais, que exprimem e avaliam os parâmetros de evolução ambiental, social e cultural, proporcionando uma análise comparada e denunciando disparidades no bem-estar e na qualidade de vida. Defendem o conceito de desenvolvimento comunitário enquanto processo socioeducativo de capacitação de pessoas, grupos e comunidades que, assumidas como coletivo em ação organizada, se implicam ativamente em processos de desenvolvimento e de afirmação da cidadania. Laura Varela Crespo, autora do terceiro capítulo, intitulado “Visiones actuales de la acción comunitaria en las políticas públicas de bienestar: retos para los servicios sociales en España”, defende a necessidade de “aprender a viver juntos” como um objetivo fundamental para o desenvolvimento dos nossos sistemas democráticos, especialmente no atual contexto de crise económica e social. Alertando para o cenário desolador revelado por vários indicadores sociais, considera urgente educar socialmente em valores que contribuam para uma cidadania crítica, responsável e comprometida e salienta, por um lado, o papel dos serviços e recursos sociocomunitários na dinamização dos territórios e a abertura de novas oportunidades de participação e, por outro, o importante papel que desempenha o voluntariado para ajudar as pessoas a participar em iniciativas comunitárias. Dando conta dos diversos significados que a ação comunitária tem adotado nos serviços sociais em Espanha, a autora defende que a abertura desses serviços aos contextos de proximidade em que se leva a cabo a intervenção socioeducativa exige uma importante mudança de mentalidade que situe a Educação Social e a ação comunitária no centro dos discursos e das linhas de atuação da política social. Em “Contributos para pensar a relação entre educação e desenvolvimento no mundo rural”, título do quarto capítulo, Fernando Ilídio Ferreira e João Caramelo defendem que os próprios processos de desenvolvimento são processos educativos e que esta perspetiva é fundamental para a consideração das especificidades do mundo rural. Argumentam que esses processos se caracterizam pela participação, pela cidadania, pelas sociabilidades e pelas múltiplas aprendizagens associadas às vivências e experiências das pessoas, em termos individuais e coletivos. Nesse sentido, questionam a segmentação etária que caracteriza o modelo escolar e defendem uma perspetiva intergeracional da educação. Os autores sustentam que a relação Educação-Desenvolvimento, em particular nas zonas rurais, passa por um trabalho de pesquisa e de intervenção que questione a perspetiva das “carências” – tendencialmente “diagnosticadas” em programas e projetos ditos de desenvolvimento, sobretudo em zonas rurais – e acentue mais uma perspetiva que valorize a experiência cidadã das pessoas, dos grupos e das comunidades que as habitam. No quinto capítulo, intitulado “Educação, desenvolvimento e cooperação: desafiar as fronteiras e aprender a escutar o Sul”, Júlio Gonçalves dos Santos reflete sobre a apropriação e a institucionalização de conceitos, processos e práticas na área da educação, cooperação e desenvolvimento, com base essencialmente da sua experiência pessoal. Procurando contribuir para um enquadramento teórico nesta área, não deixando de relevar algumas lições aprendidas em práticas de cooperação para o desenvolvimento e de como essas práticas podem e devem ser objeto de reflexão e de análise crítica no seio das instituições, defende que é urgente realizar um trabalho sistemático e coerente, em particular no seio das instituições do ensino superior. O autor advoga uma agenda para a investigação em cooperação que seja sensível aos contextos e dê um contributo para a cooperação de qualidade, revisitando algumas das questões iniciais e incluindo outras temáticas emergentes relacionadas com a educação, a cooperação e o desenvolvimento em situações de conflito e “fragilidade”, por exemplo, sem ignorar os desafios que se esperam que vão dominar a agenda pós-2015 nesta área O sexto e último capitulo, “Se não sabe, porque é que pergunta?”, da autoria de Irene Santos, tem como título a pergunta de uma criança, retomada por João dos Santos para o título de um livro seu de conversas com João Sousa Monteiro, editado em 1995, pela editora Almedina. O trabalho tem um carácter essencialmente metodológico, dando conta de um processo de pesquisa que teve como objetivo estudar o lugar da formação na vida da Associação Cultural Moinho da Juventude. O conhecimento do bairro e da associação, fruto do acompanhamento que fez na instituição durante quinze anos, através da pesquisa e da intervenção, mas também da amizade, permitiu-lhe evidenciar as evoluções e as possibilidades de este se constituir num espaço privilegiado para observar e debater sobre o modo como se vão tecendo tensões e soluções, entre lógicas de formação e de ação. Começando por fazer uma breve apresentação do modo como se organiza o trabalho da Associação, numa perspetiva da formação e da relação com a experiência, em sentido amplo, apresenta seguidamente o modo como foi realizada a recolha de dados, a construção do diálogo com os sujeitos e as suas produções. A segunda parte da obra é composta por sete capítulos, agrupando um conjunto de trabalhos que relatam processos e resultados de estudos empíricos, assim como projetos e propostas de ação e intervenção comunitárias. As temáticas e as questões abordadas vão desde o desenvolvimento sustentável, com enfoque educativo e social, à intervenção em rede no âmbito do trabalho social, passando pelo desenvolvimento local em contexto rural e pela relação entre a escola e a comunidade Os capítulos 7º e 8º, embora referenciados a contextos muito distintos – comunidades indígenas e comunidades universitárias em transição – abordam, em comum, a questão muito atual do desenvolvimento sustentável. Assim, no sétimo, intitulado “El desarrollo sostenible y local en las comunidades indígenas de los Andes, un enfoque educativo y social”, Germán Vargas apresenta um estudo a partir da perspetiva das populações indígenas – quéchua – dos Andes, na Bolívia, tomando como base para a análise a experiência da comunidade de Aramasí. Os argumentos e os resultados que o autor apresenta: i) destacam a comunidade local como fundamento para a teorização e a prática do desenvolvimento sustentável; ii) propõem a compreensão de aspetos próprios do desenvolvimento sustentável a partir da visão e experiência dos indígenas e iii) apresentam ideias e tendências sobre a direção que deveria tomar um desenvolvimento comunitário sustentável que propicie uma “vida boa” entre os coletivos indígenas. No oitavo capítulo, “Comunidades Universitarias en Transición. El caso del Programa USC en Transición”, Lucia Iglesias da Cunha e Miguel Pardellas Santiago dão a conhecer o programa “USC em Transição”, que inclui um plano de desenvolvimento sustentável, impulsionado pela Universidade de Santiago de Compostela desde 2011, adaptando a filosofia das comunidades em transição ao contexto universitário. De um modo geral, as iniciativas em transição têm-se multiplicado em diversos contextos – cidades, aldeias, bairros, universidades – que, através de processos auto-organizados, desenvolvem estratégias comunitárias para reduzir a dependência energética através de hortas urbanas, moedas sociais, trocas, bancos do tempo, energias renováveis e outras ações. Os autores concluem que o programa se converteu num exemplo quer de potencialidades, quer de dificuldades e desafios para por em marcha este tipo de iniciativas no contexto universitário. Os dois capítulos seguintes mantêm a tónica nas questões do desenvolvimento comunitário, com a particularidade de se referenciarem ao meio rural e de apresentarem iniciativas e projetos de desenvolvimento local, em contextos associativos e com dimensões educativas e culturais. O 9º capítulo, da autoria de Joana Lúcio, Orlando Freitas e Fernando Ilídio Ferreira, apresenta um trabalho intitulado “Associações e iniciativas de desenvolvimento local: o projeto ‘À Descoberta Do Mundo Rural”’. Analisando o processo e os resultados deste projeto, os autores mostram que o seu principal objetivo foi identificar iniciativas formais e informais de desenvolvimento local em meio rural e dar visibilidade a "boas práticas", em áreas como a cultura, as artes, a cidadania, a educação, a saúde, entre outros. Para a identificação e a análise das “boas práticas” foram definidos os seguintes critérios: a participação/envolvimento das pessoas do lugar; a valorização das memórias e histórias do lugar, numa lógica de requalificação; o pensar em conjunto as dificuldades e procurar novas formas de melhorar o lugar onde vivem; a valorização dos recursos disponíveis no território (naturais, culturais, humanos, materiais e imateriais); a democraticidade das decisões. Das várias iniciativas analisadas, os autores apresentam neste capítulo três, relacionadas mais especificamente com contextos associativos. No 10º capítulo – Patrimonio, educación cultural y desarrollo local. Un proyecto sociocultural en Buño, pueblo alfarero – Héctor Pose, partindo igualmente de uma perspetiva de desenvolvimento comunitário, dá conta da experiencia, da história e do estado atual de um projeto sociocultural em Buño, Galicia. Neste processo integrado de desenvolvimento local, o autor salienta a importância da implicação de múltiplos atores, desde os próprios cidadãos às autoridades locais, comprometidos com a conservação, potenciação e promoção dos produtos culturais locais, neste caso a olaria. Héctor Pose argumenta que a educação cultural e patrimonial, nos municípios e a partir dos municípios, é fundamental para a revalorização dos bens e da produção cultural local que, unida à intervenção sociocultural, pode constituir uma ferramenta para fazer emergir os valores comunitários e os processos participativos, motivando o desenvolvimento de consciências críticas e responsáveis. Os 11º e 12º capítulos – “Escola e intervenção comunitária: intergeracionalidade, educação e desenvolvimento social local”, de Abílio Amiguinho, e “Comunidades de Aprendizaje: de la transformación educativa a la transformación social”, de Sandra Girbés Peco e Rosa Valls Carol – têm como principal eixo temático a escola e a sua relação com a comunidade. No 11º capítulo, Abílio Amiguinho relata um percurso longo que dá conta de um património conceptual, metodológico e experiencial acumulado na participação em três projetos de educação e desenvolvimento local em meio rural: o projeto ECO – Escola-Comunidade, na década de 1980; o projeto das Escolas Rurais, na década seguinte, e o PROMETRUR, já no presente século. Dando conta de novos caminhos e possibilidades de ação social e educativa que estes projetos enunciam, o autor refere a pertinência daquele património para a discussão e compreensão das potencialidades da intervenção comunitária, em que a escola pode participar, assim como sobre o impacto para a formação dos adultos e a formação das crianças, enquanto dimensões de um mesmo processo. Entre outras, salienta as potencialidades da reposição de solidariedades intergeracionais e da reabilitação da criança que há no aluno. O 12º capítulo, “Comunidades de Aprendizaje: de la transformación educativa a la transformación social”, de Sandra Girbés Peco e Rosa Valls Carol, descreve a experiência que teve lugar nos bairros de La Estrella y La Milagrosa da periferia de Albacete, mostrando o modo como a transformação de uma escola em Comunidades de Aprendizagem se constitui como um ponto de partida para ativar a aprendizagem e a participação da comunidade no desenvolvimento local, num contexto com altos índices de degradação urbanística e social. O trabalho coletivo, empreendido com o objetivo de arrancar as pessoas dos bairros de exclusão social, implicou o compromisso de diferentes agentes, como o pessoal da administração ou das entidades sociais, e a aplicação, democrática, de uma metodologia de intervenção socioeducativa fundamentada na participação comunitária, na superação de dinâmicas burocráticas e de atitudes centradas em baixas expectativas e preconceitos em relação aos coletivos em risco de exclusão social. O 13º e último capítulo “Profissionais de intervenção em rede: um estudo sobre três experiências de Redes Sociais”, de Daniela Gomes e Ana Paula Marques, apresenta um estudo fundamentado no conceito de rede, numa tipologia de redes interorganizacionais e na análise de três experiências de Redes Sociais concelhias. O Programa Rede Social constitui uma medida de política pública, em Portugal, implementada no campo da política social com enfoque no combate à pobreza e à exclusão social e como uma tentativa de territorialização das políticas sociais. As autoras apresentam os resultados desse estudo, que teve como objetivos conhecer o papel dos profissionais de intervenção em rede no contexto das organizações, em três Redes Sociais concelhias, e captar e explorar as suas conceções sobre o Programa, quer na sua globalidade, enquanto medida de política pública centrada na promoção do desenvolvimento local e nos contributos para a coesão territorial, quer na sua especificidade, no que concerne ao envolvimento dos profissionais nas dinâmicas de intervenção em rede e nos processos de planeamento que lhe estão subjacentes. No seu conjunto, as temáticas e as abordagens que esta obra dá a conhecer, em torno do desenvolvimento local e comunitário, apontam desafios às políticas e às práticas, às instituições e aos profissionais, à investigação e à produção de conhecimento neste domínio. Um desafio que se coloca, desde logo, é de natureza conceptual. De facto, não podemos ignorar a ambiguidade e a fluidez que caracterizam o próprio conceito de comunidade. Particularmente no âmbito das reformas educativas contemporâneas, no contexto escolar, a noção de comunidade tem sido utilizada sobretudo em termos metafóricos e apologéticos e não tanto numa perspetiva de investigação que permita conceber a “comunidade” como uma realidade social e culturalmente construída, ou seja, passível de ser teorizada e estudada empiricamente (Sarmento & Ferreira, 1995). Além disso, a noção de comunidade, difundida em textos legislativos e na literatura educacional, através de qualificativos vários, como comunidade educativa, comunidade de aprendizagem, comunidade profissional, comunidade de prática, etc., tem sido pouco submetida à interrogação crítica, sendo-lhe frequentemente conferida uma bondade natural, independentemente dos múltiplos sentidos, contextos e práticas que lhe estejam associados (Ferreira & Flores, 2012). Este fenómeno é característico desta e de outras noções que, ao dispensarem a problematização teórica e a investigação empírica, tendem a transformar-se em lugares-comuns e até em slogans com fins mobilizadores, mas numa perspetiva instrumental. Como sugere Reboul (1984), para não pensarmos por slogans é necessário pensarmos os slogans. Em boa medida, foi este exercício que nos propusemos fazer quando concebemos esta obra coletiva. Como bem lembra Bauman (2006), as palavras têm significados, mas algumas produzem, também, uma “sensação”. É o caso da palavra comunidade pois, como refere este autor, ela produz uma boa sensação, seja qual for o seu significado: é bom “ter uma comunidade”, “estar em comunidade”. De um modo geral, sentimos que a comunidade é sempre algo bom: um lugar acolhedor, seguro e confortável. Bauman esclarece, porém, que há diferenças entre a “comunidade imaginada”, do sentimento cálido, e a “comunidade realmente existente”. É este sentido da “comunidade realmente existente” que nos interessa indagar, constituindo também um desafio para a realização de outros trabalhos futuros. A agenda de desenvolvimento pós-2015, que mencionámos anteriormente, vem reforçar a pertinência da intervenção e da pesquisa neste domínio, assumindo que a dimensão comunitária constitui um dos principais pilares do desenvolvimento sustentável. Referências bibliográficas • BAUMAN, Z. (2006). Comunidad. En busca de seguridad en un mundo hostil. Madrid: Siglo XXI. • FERREIRA, F. I. & FLORES, M.A. (2012). Repensar o sentido de comunidade de aprendizagem: contributos para uma concepção democrática emancipatória, in M. A. Flores & F. I. Ferreira (Orgs.). Currículo e Comunidades de Aprendizagem: desafios e perspetivas (201-248). Sto. Tirso: De Facto Editores. • REBOUL, O. (1984). Le langage de l’Éducation. Paris: PUF. • SARMENTO, M. J. & FERREIRA, F. I. (1995). A construção social das comunidades educativas, Revista Portuguesa de Educação, 8 (1), 99-116. Sugestões de Leitura DIA INTERNACIONAL DO LIVRO INFANTIL No dia 2 de abril comemora-se em todo o mundo o nascimento de Hans Christian Andersen. A partir de 1967, este dia passou a ser designado por Dia Internacional do Livro Infantil, chamando-se a atenção para a importância da leitura e para o papel fundamental dos livros para a infância. Para assinalar o Dia Internacional do Livro Infantil 2016, a 2 de abril, a DGLAB convidou o ilustrador Afonso Cruz, vencedor do Prémio Nacional de Ilustração do ano passado, para ser o autor da imagem do cartaz. Tal como tem sido habitual, o cartaz impresso é distribuído pelas Bibliotecas Municipais. in: http://www.dglb.pt/ Guia do Brincar Inclusivo Oo projeto Incluir Brincando é uma iniciativa da Vila Sésamo e do Fundo das Nações Unidas para a Infância – UNICEF que busca contribuir para a garantia do direito de brincar a todas as crianças, respeitando os ritmos e a individualidade de cada uma. Nosso sonho é um brincar inclusivo, que promova a interação de todas as crianças, valorize as diferenças, estimule a autonomia e fortaleça a autoestima. Neste guia do brincar inclusivo, você encontra sugestões de brinquedos, brincadeiras e jogos que permitem a participação de todas as crianças. você vai ver: incluir é bem mais simples do que parece e torna a brincadeira muito mais divertida! Projeto Incluir Brincando Conteúdos/Índice Realização: Sesame Workshop / UNICEF INTRODUÇÃO Coordenação: Ilaria Favero e Priscila Ramalho BRINQUEDOS Colaboração: Alexandre Amorim, Estela Caparelli e Rui Aguiar • Na cesta Textos e consultoria pedagógica: Meire Cavalcante • Caixa dos sentidos Projeto gráfico: Emiliano Cavalcante Ilustrações: Cecília Andrade Impressão: Gráfica Santa Marta 2012 Sesame Workshop é uma organização educacional sem fins lucrativos especializada na criação de conteúdo multimídia para o desenvolvimento da primeira infância. Produz o seriado de TV Vila Sésamo, assistido em mais de 140 países. Leia mais: www.sesameworkshop.org O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) contribui para a construção de um mundo onde os direitos de cada criança e de cada adolescente sejam cumpridos, respeitados e protegidos. Presente em 191 países, é referência mundial em conhecimento e ações relacionadas à infância e adolescência. Leia mais: www.unicef.org.br • Na trilha • Cores e texturas • Livro tátil • Piscina de bolinhas BRINCADEIRAS • Fui ao zoológico • Hockey macio • Fantasias • Pintando tudo • Areia no pé • Rola-bola • Soprar e soprar • Circuito divertido JOGOS • Jogo da memória • Colmeia alfabética • Boliche • Jogo da velha • Dominó • Dado de histórias • Quebra-cabeça maluco MATERIAIS QUE FACILITAM A INCLUSÃO DICAS PARA QUE TODOS BRINQUEM “Dar espaço ao local, tempo à sua afirmação, poder ao seu poder…” O ICE - Instituto das Comunidades Educativas - é uma associação de âmbito nacional, de utilidade pública sem fins lucrativos, com o estatuto de ONGD e sede em Setúbal. Morada: Rua do Moinho, nº 1 - R/C - D11, Bairro da Bela Vista, 2910-614 Setúbal Coordenadas GPS: 38.521673, -8.865575 Link para localização: http://goo.gl/maps/1ewnR Tel: 265 783 006 Correio eletrónico: [email protected] Website: http://www.iceweb.org/ Constituído a 15 de Julho de 1992, é o resultado da confluência de projetos de intervenção e do envolvimento e articulação de autarquias, instituições académicas, personalidades ligadas à cultura e educação e diferentes ONG's. Tem como finalidades a organização, gestão, animação e apoio a projetos de intervenção, investigação e desenvolvimento, no âmbito educativo, cultural, social e económico. Ao longo da sua existência tem desenvolvido projetos apoiados por programas de financiamento europeus (GRUNDVIG, SOCRATES, EQUAL, POEFDS) e nacionais (LUTA CONTRA A POBREZA, SER CRIANÇA, SIQE) a maioria dos quais como entidade interlocutora/promotora. As investigações que conduz traduzem-se já num significativo número de publicações com contributos no domínio da formação, da educação, do desenvolvimento local e da animação comunitária. Anima várias redes de parceria onde se acham implicadas autarquias, coletividades, associações, escolas, universidades e serviços públicos. Cerca de 80% do seu volume de trabalho é assegurado em regime de voluntariado. Adota como princípios e traços de especificidade: • Elege, como objeto privilegiado de intervenção, a comunidade local, na perspectiva da sua afirmação e desenvolvimento. Aos Sócios e Amigos do ICE APOIAR FINANCEIRAMENTE O ICE SEM GASTAR UM CÊNTIMO!!! Basta, para o efeito, quando da declaração de rendimentos IRS, preencher no Anexo H - Quadro 9 (Consignação de 0,5% do Imposto Liquidado) - Campo 901 -indicando o NIPC da nossa associação: 502827564 • Estrutura da sociedade civil, o ICE define como principal objetivo e razão de ser o combate contra a exclusão social, promove a cultura educativa e o desenvolvimento integrado local em Portugal combate a que se associa a solidariedade de princípio com as problemáticas do desenvolvimento e educação dos países de língua oficial portuguesa, bem como o intercâmbio e a articulação com projetos e instituições de desenvolvimento local e educativo da Europa. • Trabalha a dimensão educativa, enquanto vertente de um desenvolvimento que só pode ser integrado e sistémico. E entende como dimensão educativa os níveis de educação formal, não formal e informal, considerados na sua interdependência mas também na sua autonomia relativa. • Assume o reconhecimento e a recuperação da diferença que a diversidade implica.