Revista Portal Educação Física

Transcrição

Revista Portal Educação Física
Revista Portal Educação Física
Revista Portal Educação Física
Equipe Editorial – Revista Portal Educação Física
Editor Científico:
Professor MS. Eriberto Fleischmann
Editora de texto, revisão e normatização:
Josilaine Bicudo
Editor Gráfico:
Pedro Mattos Neto
Corpo Científico:
Diogo Berndt
Geovah Guilherme de Moura
Marcos Alexandre Martins Ribeiro
Thiago Camargo
Contato
[email protected]
Revista Portal Educação Física
Editorial
Portal Educação Física, Junho de 2016.
Prezados leitores,
É com imenso prazer que publicamos o primeiro volume e número da Revista
Científica On-line Portal Educação Física – PEF.
A
Revista
PEF
é
uma
publicação
exclusivamente
eletrônica,
com
periodicidade bimestral e que traz a cada edição dez artigos científicos da área da
Educação Física no Brasil. Com temas de relevância técnica, científica e pedagógica,
diretamente relacionadas com essa área de conhecimento, esperamos contribuir
especialmente para a disseminação de resultados.
A disponibilização da Revista PEF em meio digital a torna acessível a todos.
Esse é um dos princípios que consideramos durante todo o processo de produção
da revista a fim de proporcionar o acesso às publicações relevantes de maneira
aberta e livre para, assim, ser um instrumento de incentivo à leitura, debate e novas
pesquisas.
Desejamos que as produções aqui reunidas cooperem para a ampliação do
seu conhecimento e o incentivem a permanecer conosco a cada nova edição, seja
por meio da leitura ou da contribuição com trabalhos científicos.
A todos, uma ótima leitura!
Equipe Editorial – Revista Portal Educação Física
Revista Portal Educação Física
Sumário
Letramento Digital no processo de ensino aprendizagem nas aulas de Educação Física .......................................1
Geovah Guilherme de Moura, Patrícia Esther Fendrich Magri.
Educação Física escolar: contribuições para a redução do sobrepeso corporal e obesidade................................17
Marcos Alexandre Martins Ribeiro, Pedro Jorge Cortes Morales.
Educação ambiental e Educação Física: uma parceria que dá certo!.....................................................................33
Thiago Camargo, Pedro Jorge Cortes Morales.
A ginástica como ferramenta para a melhora da flexibilidade.................................................................................47
Louise Carolyn Schmitt, Márcia de Souza Pedroso Agustini.
A Interferência das mídias nas atividades físicas das crianças...............................................................................64
Rudinei Venturi, Pedro Jorge Cortes Morales .
Psicomotricidade no processo de alfabetização......................................................................................................80
Kaylamy Jards da Fonseca, Luiz Henrique Rodrigues.
O aprimoramento do lance livre por meio das aulas de basquetebol ......................................................................92
Anderson da Silva Maurilio , Jairo Anello.
LETRAMENTO DIGITAL NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM NAS
AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA
Geovah Guilherme de Moura 1
Patrícia Esther Fendrich Magri 2
Resumo: A utilização do letramento digital no processo de ensino/aprendizagem tem como
objetivo a inserção de novos procedimentos de ensino nas aulas de Educação Física, na
expectativa de despertar maior participação e interesse pela prática. As ferramentas digitais
nos trazem inúmeras informações, basta se conectar por dez minutos para você receber
notícias referentes a acontecimentos do outro lado do mundo. Os jovens estão inseridos
nessas tecnologias desde muito cedo, e neste contexto é importante que essas ferramentas
sejam utilizadas a fim de proporcionar conhecimento, não apenas para entretenimento e
interação social, mas também como ferramenta de aprendizagem. Pretende-se com este
estudo usar uma nova abordagem de ensino nas aulas a fim de ocasionar maior interesse
pela prática. A presente pesquisa foi desenvolvida com 59 alunos, de ambos os sexos, que
frequentam o 9º ano da Escola Municipal Karin Barkemeyer, da cidade de Joinville – SC.
Foram utilizadas três modalidades para execução da pesquisa: tênis de mesa, xadrez e
tênis. A intervenção nas aulas se deu com planejamentos que relacionavam aulas práticas e
teóricas com o auxilio dos tablets na execução das atividades. Foi aplicado um questionário
para a caracterização do grupo, obtendo informações de quanto os mesmos estão inseridos
às mídias e a informática. Ao fim das atividades foram elaborados pelos estudantes
relatórios, sobre a relação que observaram entre as aulas teóricas com o auxílio dos tablets
e as aulas práticas. Esse material foi utilizado como instrumento de pesquisa. Analisando os
conteúdos dos relatórios enviados pelos alunos, destacaram-se três (3) categorias de
análise: interação da tecnologia no ensino gerando novas aprendizagens; inovação
metodológica e motivação. A partir dos relatos observou-se que a inserção da ferramenta
digital possibilitou aos alunos maior compreensão das regras além de se sentiram mais
dispostos e interessados para a execução das atividades.
Palavras chave: Letramento digital, Ensino/aprendizagem, Educação Física.
Abstract: The use of digital literacy in the teaching / learning process is aimed at the inclusion
of new teaching approaches in physical education classes, enabling greater participation and
interest in the practice. Young people are part of these technologies from an early age. And
in this technological age we live in is important that these tools are used to provide
knowledge, not only for entertainment and social interaction. Aims of this study was to raise
awareness of the need for educators using new teaching approaches. This research was
conducted with 59 students, of both sexes, attending the 9th grade of the School of the
Municipal Network of the city of Joinville – SC. The intervention in the classes occurred with
plans relating theoretical and practical classes with the help of tablets in the execution of
activities. At the end of the activities were reports prepared by students on the relationship
observed between theoretical classes with the help of tablets and practical classes. This
material was used as a research tool. Analyzing the contents of the reports submitted by
students, stood out three categories of analysis: interaction of technology in teaching
generating new learning; methodological innovation and motivation.
Key words: digital literacy, education / learning, physical education.
1
2
Acadêmico Formando do Curso de Educação Física - Licenciatura
Orientador Específico – Prof. Msc. do Curso de Educação Física da UNIVILLE
1
Introdução
Vivemos hoje na época da inclusão digital, na qual a informação chega cada
vez mais rápida. E nessa nova era a informática, as mídias tecnológicas vem
ganhando cada vez mais espaço nas mãos dos jovens. Com essas mudanças na
sociedade o grande desafio dos educadores hoje, é mais que ser o mediador entre o
aluno e o conhecimento, é lidar com a modernidade é perceber a necessidade de
usar métodos e linguagens diferentes para alcançar o dialogo com seus alunos, que
estão inseridos a essa nova realidade desde cedo. Alunos esses que estão se
distanciando das escolas, por perceberem um padrão repetitivo nas aulas tornando
os estudos desinteressantes aos seus olhos (COSCARELLI; RIBEIRO, 2011).
Muitos professores deixam de usar a informática em suas aulas por não a
entender como um instrumento no auxilio no processo de ensino/aprendizagem, mas
como uma ferramenta que ira substituir seu papel nesse processo. O computador é
uma maquina com varias funções, porem que não executa nenhuma sozinho. O
educador deve entender sua função e seu papel no ato de ensinar (COSCARELLI;
RIBEIRO, 2011).
Nas aulas de Educação Física esse estigma é ainda maior, é muito difícil o
professor perceber essa relação. A Educação Física é uma área com constantes
mudanças e a inserção da informática na disciplina pode dar suporte para que os
alunos entendam essas mudanças e tenham mais interesse pela prática.
Pensando nisso o letramento digital é um conceito que permite ao aluno estar
inserido nesse processo de mudanças da sociedade. Além de contribuir para a
formação cidadã a utilização das mídias tecnológicas como instrumento de pesquisa
e de inserção social, irá contribuir para a manutenção do estudante na escola que
sentirá mais interesse nas aulas. O estudo em questão tende utilizar a inserção do
letramento digital como ferramenta no ensino/aprendizagem nas aulas de Educação
Física com o objetivo de usar uma nova abordagem de ensino nas aulas a fim de
ocasionar maior interesse pela prática.
Alfabetização e Letramento
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Para entender o que é letramento digital é preciso compreender o processo
evolutivo que ocorreu para chegar a esse termo. De acordo com Soares, (2012,
p.31) “Alfabetizar é tornar indivíduo capaz de ler e escreve r” e “letrar é conduzir a
pessoa ao domínio da leitura e escrita”. Assim a mesma autora se refere ao
letramento como estado ou condição de quem se apropria da leitura e da escrita e
de suas práticas sociais.
Ter se apropriado da escrita é diferente de ter aprendido a ler e a escrever;
aprender a ler e escrever significa adquirir uma tecnologia, a de codificar a
língua escrita e de decodificar a língua escrita, apropriar -se da escrita é
tornar a escrita própria, ou seja, é assumi-la como sua propriedade
(SOARES, 2012, p. 39).
Portando enquanto a alfabetização ocupa-se da aquisição da leitura e escrita,
o letramento focaliza os aspectos sócios culturais, ele resulta de um processo social
que considera não apenas a codificação e a decodificação, mas também o uso
social destas práticas. Nesta perspectiva o letramento sugere que informar-se
através de leitura é buscar noticias e lazer nos jornais é se orientar nas ruas por
meio de placas e sinais de transito é a interação com diferentes portais de leitura e
escrita (CHONG, s.d. apud, SOARES, 2012).
Letramento Digital
Analisando esses estudos de letramento percebemos que não se trata de
letramento e sim letramentos, pois são maneiras diversas de aquisição de
conhecimentos. Para Araujo (2015, web) o que se refere à ampliação do letramento
para o letramento digital é a interação além da interpretação, o individuo tem a
possibilidade de repercutir suas interpretações no seu convívio social, avançar nas
práticas interagindo com o texto e diferentes ferramentas.
O letramento digital é mais uma vertente do letramento e é muito mais
relevante que saber ler e escrever ou navegar na internet consiste em saber utilizar
essas ferramentas e recursos para aplica-las no dia-dia em seu beneficio. Segundo
Oliveira (2015, web), “Letramento Digital compreende-se pela capacidade que tem o
indivíduo de responder adequadamente às demandas sociais que envolvem a
utilização dos recursos tecnológicos e da escrita no meio digital”. Para isso é
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necessário que ao fazer uma busca na web, por exemplo, o sujeito saiba finalidade
dessa informação para seu cotidiano, a fim de adquirir novos conhecimentos.
O letramento digital inclui habilidades para construir sentido a partir de
textos multimodais, isto é, textos que mesclam palavras, elementos
pictóricos e sonoros numa mesma superfície. Inclui também a capacidade
para localizar, filtrar e avaliar criticamente informações disponibilizadas
eletronicamente (CARMO, s.d. apud, OLIVEIRA 2015, web).
Portanto no contexto do letramento digital o papel passa a ser substituído pela
tela de computadores, tablets e celulares, seja qual for à ferramenta a informação
chega por meio de uma tela digital. De acordo com Araujo (2015, web) Nesse
espaço a leitura flui e evolui para a navegação, essas informações são dispostas e
organizadas não por sequencia específica, ou seja, não estão dispostas por ordem
do início para o fim, estão organizadas de forma a prender a atenção do usuário.
Essas informações chegam por meio de imagens, sons, animações e textos.
Podemos citar qualquer aplicativo como ferramenta no processo de aprendizagem,
por exemplo, ao baixar um aplicativo de atletismo no momento em que o usuário for
executar o jogo ele se apropriará das informações contidas na ferramenta podendo
ser regras, histórico da modalidade etc.
Desta maneira um aplicativo que permite a troca de informações entre
usuários trabalha além da comunicação social a interação com diferentes pessoas e
assim conhecimentos de diferentes culturas, mantendo esta linha de raciocínio o
usuário precisa entender que a ferramenta digital que possuí, têm também
características pedagógicas, basta o mesmo perceber as suas múltiplas funções.
Letramento digital no processo de ensino/aprendizagem
A informática é um instrumento que possibilita o ensino por várias facetas,
são inúmeras as ferramentas tecnológicas que podem ser incorporadas na docência
para facilitar a comunicação entre aluno e professor.
O computador, por exemplo, é uma ferramenta que potencializa essa
comunicação. No entendimento de Coscarelli (2011), o computador pode ajudar os
alunos a decorarem listas, tabuadas, regras, em pesquisas e etc. Imagine a troca do
velho quadro negro por um quadro digital, no qual as informações chegam de
maneira mais rápida e de forma que consigam prender por mais tempo a atenção do
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estudante. Facilitando a interação do aluno com o conteúdo, e indo além, diminuindo
a distância que por vezes existe entre educador e educando, pois permitiria o
contado direto do estudante com a fonte do conteúdo.
Em uma realidade em que o aumento de evasão escolar está cada vez maior.
De acordo com Portal Brasil (2015, web) em 2012 “a taxa de abandono escolar
atingiu 24,3% e o índice se torna ainda mais preocupante se comparado com países
vizinhos, como Chile (2,6% de evasão), Argentina (6,2%) e Uruguai (4,8%)”.
Avaliando dados como este o simples fato do professor utilizar diferentes meios para
se comunicar com seus educandos nas aulas, pode ser o fator determinante entre
esse aluno permanecer ou sair da escola, podendo então contribuir para a
permanência desses estudantes na escola.
Outro ponto que precisa fic ar claro é que usar a informática como recurso
para auxiliar a aprendizagem não signific a que os alunos vão ficar o tempo
todo na tela do computador, ou nos laboratórios de informática. Em muitos
projetos, grande parte das atividades podem ser feitas sem o uso do
computador. A parte de planejamento, organização e delineamento dos
projetos, analise de dados, discussão dos resultados, normalmente não
carecem de comput adores para realização. Em outros momentos, o
computador é muito útil, como na busca de informações, na formatação de
dados, na apresentação dos res ultados e do produto final (COSCA RELLI;
RIBEIRO, 2011, p. 27).
Mas para isso é necessário que o professor antes de utilizar essas
ferramentas entenda a concepção de ensino aprendizagem que pretende utilizar em
suas aulas. Compreenda que a utilização da informática é mais que uma nova
comunicação entre educador e educando, precisa fazer com que o aluno se aproprie
dessas ferramentas para obter mais conhecimento. O educador pode e deve usar o
computador como ponte no processo de comunicação, e como fonte de pesquisa
para os alunos, auxiliando os em suas respostas e mais que isso contribuindo para
que construam mais questionamentos, pois é isso que norteia o processo de
ensino/aprendizagem.
Educação Física e Tecnologia
Inserir as tecnologias nas aulas de Educação Física, é uma tarefa
desafiadora. Talvez pelo fato de ser uma disciplina em que ainda se prevaleça à
prática. Balbé (2015, web) escreve que, as aulas de Educação Física ainda são
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voltadas quase que exclusivamente para treinamentos desportivos que visam
desenvolver os alunos para o esporte de alto rendimento visando obter os melhores
resultados em competições. Essas são propostas de ensinos ultrapassadas que não
suprem as necessidades da educação contemporânea e impossibilita o aluno de
desenvolver suas potencialidades. De acordo com os PCN’s 3 (1998) o papel da
Educação Física escolar é promover a valorização da iniciativa, a responsabilidade
pessoal e coletiva do aluno, além de inserir o estudante na cultura corporal do
movimento contribuindo para a formação de um cidadão crítico e ético.
As ferramentas digitais podem auxiliar nesse processo, estão cada vez mais
inseridas na vida dos jovens, que permanecem muitas horas por dia diante de
computadores, televisores, celulares e etc. O professor de Educação Física pode se
apropriar dessas ferramentas para possibilitar aos alunos maior interesse pela
prática. Para Silva (2002, p.14), "A Educação Física é um ambiente privilegiado para
aplicação das aprendizagens teóricas e práticas” é um espaço que possibilita o
professor trabalhar diferentes vertentes e com diversos materiais, cabe ao educador
relacionar tais tecnologias entre aulas práticas e teóricas.
Inclusão Digital
Outro ponto que a utilização da informática nas aulas abrange, é um tema
muito utilizado nos dias de hoje, a inclusão digital. Para Pacievitch (2015, web), a
inclusão digital é garantir a todos, acesso às tecnologias da informação e
comunicação. O objetivo é que todos tenham acesso às ferramentas tecnológicas,
seja para fazer pesquisas, mandar e-mails ou mesmo trocar informações. Com a
inclusão digital todos tendem a ganhar em qualidade de vida, na medida em que se
economiza tempo para realizar várias tarefas do dia-dia. Se refletirmos que a
inclusão só se dá porque já houve a exclusão, a inserção da informática nas aulas
tem também um contexto social, minimizando a exclusão de muitos sujeitos já
excluídos em várias outras situações.
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PCNs Parâmetros Curriculares Nacionais
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Materiais e Métodos
Os procedimentos metodológicos da pesquisa são de cunho teóricobibliográfico, de campo, qualitativa, descritiva. Pesquisa de campo segundo
Marconi; Lakatos (1999, p.85), “é aquela utilizada com o objetivo de conseguir
informações e/ou conhecimento acerca de um problema para qual se procura uma
resposta”.
A pesquisa qualitativa é aquela capaz de incorporar a questão do
significado e da intencionalidade como inerentes aos atos, às relações e às
estruturas sociais (BARDIN, 1977 apud CAVALCANTE et al. 2014). De acordo com
Gonçalves et. al. (2008, p.35), a pesquisa descritiva “observa, registra, analisa e
relaciona fatos ou fenômenos sem manipulação”.
Tendo em vista a natureza da pesquisa, optou-se pela utilização de um
questionário para caracterização da amostra e relatórios das atividades realizadas,
elaborados pelos educandos para se certificar de que o uso da ferramenta digital
ocasionou maior interesse pela prática.
O questionário foi elaborado pelo próprio pesquisador e devidamente validado
por três professores mestres da Universidade da Região de Joinville – UNIVILLE.
Foi aplicado na sala de informática por meio de uma plataforma online o Google
Forms4 e contribuiu para caracterização do grupo.
Com a aplicação do questionário obteve-se os seguintes dados:
População: alunos matriculados na Escola Municipal Karin Barkemeyer, da
cidade de Joinville - SC.
Amostra de (59) alunos sendo 59,3% masculino e 40,7% feminino de 12 à 17
anos que frequentam o 9º ano da instituição.
A escola escolhida para a aplicação do estudo é integrante do projeto Escola
Digital, da Rede Municipal de Joinville-SC, que contempla os estudantes com tablets.
O projeto deste estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com
perecer de nº CAAE 45327715.2.0000.5366, com data de 01/07/2015.
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Ferramenta integrada ao Google Docs, que permite a criação de formulários online.
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Quadro 1 - Caracterização da Amostra.
Caracterização da Amostra
Possuem acesso às mídias
Não tem acesso às mídias
Conectados às mídias mais que 4 horas
Conectados às mídias de 2 a 4 horas
Conectados às mídias menos de 1 hora
Possuem acesso a internet
Possuem acesso a internet mas não em casa
Não possuem acesso a internet
Acessam com mais frequencia Redes Sociais
Acessam com mais frequencia sites de pesquisa
Acessam com mais frequencia sites de notícias
Utilizam a mídias para estudo escolar
Não utilizam a mídias para estudo escolar
Prática atividade física 3 vezes por semana
Prática atividade física 1 vez por semana
Prática atividade física 2 vezes por semana
Não praticam atividade física fora da escola
Gostam de Educação Física
Não gostam de Educação Física
93,90%
5,10%
69,50%
23,70%
6,80%
84,70%
11,90%
3,40%
84,70%
11,90%
3,40%
55,90%
44,10%
32,20%
22,70%
22%
22%
83,10%
16,90%
Fonte: Primária (2015)
Após a aplicação do questionário, foi realizado o planejamento das aulas
que incluíram atividades teóricas e práticas com o auxilio das ferramentas digitais
tablets.
Utilizou-se três desportos, Tênis de Mesa, Xadrez e Tênis. Optou-se por
essas modalidades pela facilidade de encontra-las em aplicativos para tablets. E se
empregou três modalidades para oportunizar aos alunos diferentes situações e
experiências. A primeira modalidade inserida nas aulas foi o tênis de mesa, em
seguida o Xadrez e por fim o Tênis.
No primeiro encontro as aulas foram teóricas. Foi ministrada uma aula
expondo regras básicas e um breve histórico da modalidade. Enquanto ocorria a
aula os alunos eram estimulados a utilizar os tlablets para fazer pesquisas referentes
a perguntas realizadas pelo professor. Os questionamentos foram: Quantos
praticantes da modalidade existem no Brasil? Quantas medalhas olímpicas,
mundiais e ou pan-americanas o Brasil já conquistou? Qual o melhor atleta Brasileiro
da história?
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No mesmo momento os alunos foram incentivados a realizar perguntas para
eliminar possíveis dúvidas. Os questionamentos mais frequentes foram referentes
ao jogo prático, quantos sets tem um jogo, o peso da bolinha, peso da raquete no
caso do Tênis de mesa. Já no Xadrez as dúvidas foram referentes à movimentação
das peças. E no Tênis foram a respeito de número de sets e games e contagem da
pontuação.
Essas dúvidas foram respondidas pelos próprios alunos com o auxílio dos
tablets. Ao mesmo tempo em que os estudantes realizavam as perguntas eles eram
incumbidos a pesquisarem na ferramenta digital referente às questões levantadas.
Nesse processo foram necessárias (3) três aulas, uma aula para cada modalidade.
Posteriormente se deu as aulas práticas. As primeiras aulas foram de
conhecimento prático, ou seja, foram realizados jogos para co nhecer o nível de
experiências que os alunos possuíam. Nesta etapa houve a necessidade de três (3)
aulas, uma para Tênis de Mesa uma para o xadrez e uma para o Tênis.
Em seguida as aulas práticas foram para desenvolver os fundamentos
básicos, de cada modalidade. Nesse processo ocorreram nove (9) aulas, três (3)
para o Tênis de mesa, três (3) para o Xadrez e três (3) para o Tênis. A seguir já com
os conhecimentos básicos dos fundamentos se deu o jogo. Na aplicação dos jogos
foram realizadas nove (9) aulas, três (3) para o Tênis de mesa, três (3) para o
Xadrez e três (3) para o Tênis.
Durante todos esses processos os alunos que estavam aguardando para
jogar, praticavam nos tablets com aplicativos das respectivas modalidades. Esses
também foram encarregados a responder com o auxílio dos tablets e do professor
dúvidas dos colegas que estavam jogando na prática, até que se invertessem as
funções. As principais dúvidas no jogo de Tênis de mesa foram a respeito das regras
e ordem de saques, no xadrez, possíveis jogadas e movimentação de algumas
peças e no tênis sequencia de saques pontuações e limites da quadra.
Ao fim das aulas práticas os alunos voltaram à sala de informática e foram
instigados a fazer um relatório, considerado instrumento de pesquisa, sobre a
relação que observaram entre as aulas teóricas com o auxílio dos tablets e as aulas
práticas. O relatório foi enviado para o
e-mail do
professor/pesquisador
oportunizando os alunos a utilizarem também essa plataforma.
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Os dados e as informações dos relatórios foram analisados e interpretados de
acordo com os princípios conceituais do método qualitativo com análises de
conteúdo. A análise de conteúdo se constitui de técnicas que buscam descrever o
conteúdo emitido no processo de comunicação, por meio de falas ou textos,
proporcionando o levantamento de indicadores que permite a realização de
inferência de conhecimentos (CAVALCANTE et. al. 2015, web).
Analise e Discussão dos Resultados
Objetivou-se com o estudo, inserir o letramento digital como ferramenta no
processo de ensino/aprendizagem nas aulas de Educação Física articulando teoria e
pratica e como resultado esperado pretendeu-se conscientizar sobre a importância
das atividades físicas e incentivar professores à inserção de novas abordagens de
ensino em suas aulas.
Analisando os conteúdos dos relatórios enviados pelos alunos , destacam-se três
(3) categorias de análise: interação da tecnologia no ensino gerando novas
aprendizagens; inovação metodológica e motivação.
a) Para a categoria interação da tecnologia no ensino gerando novas
aprendizagens destacam-se os termos a seguir que foram extraídos dos relatórios:
conhecer e praticar o esporte; aprendi; regras; aprendendo mais; aprendi regras;
conhecimentos para a vida; aprendemos; experiência e aprender; aprendemos no
aplicativo; aprendi; prática; esporte aprendizado; experiências; aprender jogando;
aprendemos; aprendi; jogando aprendemos; regras; no tablete aprendemos regras;
aprendemos; auxilia muito na aprendizagem; usar corretamente; aprendemos;
aprendemos as regras; colocamos em prática; aprender; usamos o que aprendemos
nos jogos digitais em prática; aprendemos com ajuda do tablets, compreendemos
regras no tablete; aprendemos; regras; nas aulas práticas; nos ensinando; usamos
os meios digitais; usando tecnologia; aprender regras; tablete ajudou; aprender
regras; a tecnologia ajudou no conhecimento do jogo; tablete ajudou na prática;
informações adequadas; aprende-se a usar a tecnologia.
b) Para a categoria inovação metodológica destaca-se os termos a seguir
que foram extraídos dos relatórios: Prestam maior atenção; é importante a
tecnologia; aula boa e educativa; é útil; interesse; esporte está interligado com a
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tecnologia; aulas interativas; ajudou na prática; proporcionou nova maneira de jogar;
difíceis na prática simples no jogo; tecnologia com aulas práticas; outros meios de
aprendizagem; nova forma de aprendizagem; ajuda e facilita nas aulas práticas;
ferramenta útil; praticar o esporte a qualquer hora.
c) Para a categoria motivação destacam-se os termos a seguir que foram
extraídos dos relatórios: Divertido; é legal; divertindo mais legal; divertimos bastante
gostei; muito legal; divertido; conhecimento para a vida; se divertindo; divertido e
interessante; legal essa mistura; fica mais fácil; tecnologia ajuda e facilita; facilitou as
aulas de Educação Física; gostamos das aulas.
Pelos relatos acima é possível perceber que a categoria A tem o maior
número de associações, seguidos da categoria B e C.
Analisando a categoria (A) percebe-se o repetido uso dos termos aprendi ou
aprendemos relacionados às regras, e a utilização de experiências e práticas
relacionadas à tecnologia. Os estudantes fizeram uma relação das experiências
digitais com ás práticas, se apropriando das informações contidas nos aplicativos
para a assimilação das regras dos esportes.
Essas apropriações se tornam muito importantes nos dias de hoje em que a
tecnologia e a informação estão interligadas . O ato de aprender a utilizar as
ferramentas digitais não só como ferramentas de lazer, mas também como
instrumento de pesquisa e de apropriação de informações é importante para que o
aluno crie novas concepções de aprendizado. São novos meios de explorar o saber
que permitem criar oportunidades para que todos possam estar incluídos e
interagindo na sociedade. (BARBOSA, 2012)
As tecnologias como ferramentas interativas, têm propiciado inúmeras
possibilidades de desenvolvimento da mediação pedagógic a entre
professores e alunos, fortalecendo no estudante a capacidade de construir
sua aprendizagem com o apoio de suportes tecnológicos. (BARBOSA,
2012, p. 84)
Isso ocorre pelo fato do aluno associar o uso das tecnologias nas aulas, com
o seu dia-dia, pois estão constantemente inseridos em ambientes em que a
tecnologia esta presente, mesmo que não percebam. É possível observar isso no
quadro (1) um da caracterização da amostra que indica que (93,1%) dos alunos da
pesquisa possuem acesso às mídias e desses, (69,5%) estão conectados mais de
(4) quatro horas por dia a computadores, celular ou tablets.
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Na categoria (B) os termos utilizados apontam maior interesse ocasionado
pela a utilização do novo método de ensino que inseriu novas ferramentas para
aprendizagem. Os alunos relataram que as aulas ficaram mais interativas
possibilitando melhor relação entre teoria e prática. E que desta forma as aulas
prenderam com mais facilidade a atenção proporcionando melhor compreensão das
atividades propostas. Expuseram também que as novas abordagens de ensino
proporcionam aulas mais agradáveis.
Com as ferramentas digitais em mãos, crianças e adolescentes fixam a
atenção nos diferentes atrativos de aplicativos que facilmente os prendem. De
acordo com Barros apud Abruso (2015) o jovem tem um caráter exploratório em seu
comportamento. Isso facilita o novo, as novas abordagens, mas para explorar esse
potencial é preciso que o professor saia da mesmice e da superficialidade das salas
de aulas.
O acesso a informações, ideias e sons é feito por eles de uma forma sem
precedentes. Totalmente inseridos no mundo virtual, os jovens tem em suas
mãos a resposta para qualquer pergunta que possa surgir. (BA RROS, s.d.
apud ABRUSO 2015, p.71).
Durante o processo de aplicação da pesquisa observou-se que os alunos
manifestavam mais animação para as atividades quando os tablets eram utilizados
nas aulas práticas e teóricas comparados a aulas sem a utilização da ferramenta
digital. Para Catapam (2015, web) as ferramentas digitais podem ser um recurso
educacional muito mais efetivo se utilizado como mediação de aprendizagem num
processo de interação.
As considerações realizadas na categoria (C) foram a respeito das reflexões
que os alunos obtiveram. Apontaram que gostaram das aulas e com a inserção do
tablet se sentiram mais motivados para a participação nas atividades. Tornando o
ambiente mais divertido e facilitando a participação nas aulas de Educação Física.
A motivação é energia para a aprendizagem, o convívio social, os afetos,
exercício das capacidades gerais do cérebro, da superação, da
participaç ão, da conquista, da defesa, ent re outros, ou seja, a motivação
deve receber especial atenção e ser mais bem considerada pelas pessoas
que mantêm contato com crianças e adolescentes, realçando a importância
desta esfera em seu desenvolvimento (FRANCHIN; BARRETO, 2015, web).
O aluno motivado questiona mais, aprende mais e cria gosto pelo
aprendizado. Como cita Fraiman apud Abruso (2015, p.19) “a motivação não se
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conquista por decreto e sim com um ambiente interessante, com uma postura
interessada e com aulas verdadeiramente atraentes”. É necessário observar que a
falta de motivação proporcionada por aulas com métodos ultrapassados se tornam
entediantes podendo ocasionar o desinteresse e o desgosto das atividades físicas.
Observando quadro (1) um percebe-se que (16,90%) dos estudantes não
gostam das aulas de educação física, e (22%) não praticam nenhuma forma de
atividade física fora da escola. Esses dados podem estar diretamente relacionados
ao nível de motivação que os mesmo sentem para a prática da atividade física. São
jovens propícios a desenvolver patologias relacionadas à falta de atividade física
como obesidade, colesterol entre outras. (FERRAZ; MACHADO, 2015, web).
Considerações Finais
Como considerações finais reitera-se que o uso de novas ferramentas, neste
caso ferramentas digitais, nas aulas de educação física contribuiu para: Interação da
tecnologia no ensino gerando novas aprendizagens; inovação metodológica e
motivação.
As tecnologias e os jovens estão interligados e cada vez se tornará mais difícil
suprimir essa relação. Nos dias de hoje a criança já nasce inserida as tecnologias,
os pais permitem que as crianças utilizem celulares, tablets e computadores desde
muito cedo. E essas ferramentas em suas mãos se transformam em instrumento de
interação social e entretenimento, porem são ferramentas que produzem muitas
informações. Essas informações podem ser transformadas em conhecimentos, mas
para isso é necessário que os jovens sejam estimulados para fazer essa alteração.
Esse incentivo deve partir do professor, pois é o seu papel na sociedade, instigar
seus alunos para o conhecimento.
Observou se a partir dos relatos dos estudantes que essa transformação de
informação
para
conhecimento aconteceu. Percebe-se
que os
alunos
se
apropriaram das informações contidas nos aplicativos para utiliza -las durante os
jogos práticos, principalmente com o domínio das regras das modalidades. A
inserção dos tablets proporcionou aulas mais interativas e interessantes que
ocasionou maior facilidade para o entendimento das atividades, além de maior
motivação para a execução das tarefas.
13
Os alunos Entenderam que as ferramentas que utilizam diariamente e a
prática, têm relação direta, bem como possibilita extrair dali quantidade ilimitada de
conhecimento. É importante que os professores incentivem essa relação.
O quadro (1) um de caracterização da amostra aponta que (44,1%) dos
alunos não utilizam as mídias como ferramenta de estudo, e o seu maior tempo
conectados são em sites de entretenimento como as Redes Sociais apontadas por
(84,7%) dos educandos.
O aluno deve entender que recebe informações em qualquer site ou aplicativo
que utilize. No facebook, por exemplo, ao escrever uma palavra errada ela fica
grifada em vermelho, apontando o erro. Neste momento que o usuário recebe uma
nova informação é preciso que a transforme em conhecimento, para que não volte a
cometer o erro.
É claro que não devemos i ncentivar os educandos para que utilizem cada dia
mais tempo à internet, principalmente para se conectar nas redes sociais o que
podemos e devemos fazer nesse caso, é apontar um caminho, para que criem uma
relação de aprendizagem com essas ferramentas com o seu dia-dia.
De acordo com as informações geradas pelos alunos e as observações
realizadas pelo pesquisador a presente pesquisa alcançou seu objetivo. A partir da
utilização de um novo meio no processo de ensino/aprendizagem os estudantes
mostraram maior motivação para a participação nas atividades, mais interesse para
o aprendizado, e muito mais disposição para a prática dos esportes.
Sugere-se que os educadores se apropriem de novas abordagens de ensino,
no sentido de facilitar a comunicação entre aluno e professor. Demonstrando uma
nova perspectiva do uso das tecnologias no auxilio para apropriação do
conhecimento.
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16
EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: CONTRIBUIÇÕES PARA A REDUÇÃO DO
SOBREPESO CORPORAL E OBESIDADE
Marcos Alexandre Martins Ribeiro 5
Pedro Jorge Cortes Morales6
Resumo: O sobrepeso corporal e a obesidade são condições em que o peso corporal e a
gordura corporal estão acima do que é recomendável para a saúde. Este problema atinge
grande parte da população e principalmente a população infantil. O objetivo deste trabalho
foi identificar se a Educação Física escolar pode contribuir para a redução do sobrepeso e
da obesidade em crianças em idade escolar. A amostra foi composta por 52 alunos de três
turmas de oitavo ano do ensino fundamental. As três turmas participaram de uma avaliação
física composta por coleta de peso e estatura, estimando o percentual de gordura por meio
do protocolo de dobras de tríceps e panturrilha de Lohman et al. (1988) e comparando os
resultados do IMC com as tabelas de Fernandes (2003). Duas turmas tiveram intervenção
em suas aulas e uma permaneceu como grupo controle. Os resultados obtidos não
demonstraram relação entre as atividades desenvolvidas e a redução do peso corporal ou
percentual de gordura corporal (%G). Todos os alunos tiveram aumento em sua estatura
devido à fase de crescimento e consequentemente aumentaram de peso, mantendo o IMC
estável e não apresentando diminuição do %G. Diante destes resultados, conclui-se que
somente as aulas de Educação Física escolar não são capazes de mudar o quadro de
alunos com obesidade e sobrepeso na escola. A contribuição da Educação Física deve ser
oportunizar o movimento em suas aulas e estimular e orientar a prática de atividades físicas
fora da escolar, incentivando os alunos a adotarem hábitos mais saudáveis.
Palavras-Chave: Educação Física Escolar, Sobrepeso, Obesidade.
Abstract: The overweight and obesity is a condition that the body weight and body fat are
above what is recommended for health. The objective of this study is to know if the Physical
Education can contribute for the diminution of these two harmful conditions. The sample
consisted of 52 students from three classes of eighth grade of elementary school. The three
classes participated in a physical assessment consists in collect weight and height. The
percentage of body fat is estimating with the protocol of Lohman et al. (1988) and the results
of BMI with the tables of Fernandes (2003). Two groups received intervention in his classes
and one group remained as a control group. The results showed no relationship between the
activities and the reduction of body weight or percentage of body fat (% BF). All the students
had increased their height and weight. The BMI maintaining steady and don't show relation
with the % BF. This results show that only the Physical education in school is not the
sufficient for change this condition of overweight and obesity in the children’s. The
contribution of physical education should provide the opportunity for movement and to
stimulate and guide the practice of physical activities outside of school.
Keywords: Physical Education, Overweight, Obesity.
5
6
Acadêmico do 4º ano do Curso de Educação Física da UNI VILLE
Professor Doutor do Curso de Educação Física da UNIVILLE
17
Introdução
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em senso
realizado entre 2008 e 2009 sobre a “Antropometria e estado nutricional de crianças,
adolescentes e adultos no Brasil”, uma a cada três crianças está acima do peso
considerado ideal e 15% da população infantil apresenta quadro de obesidade. O
senso justifica também que tais números ocorrem devido a maior ingestão de
calorias e a pouca utilização das mesmas por meio da atividade física. Os dados
apresentados pelo senso reforçam a importância da Educação Física na escola,
disciplina responsável pelas práticas e formação corporal. Os Parâmetros
Curriculares Nacionais em Educação Física definem como um dos objetivos da
disciplina no Ensino Fundamental o conhecimento corporal e a valorização de
hábitos saudáveis na busca pela qualidade de vida. Neste contexto, este artigo
propõe apresentar os resultados alcançados em uma pesquisa que visou identificar
o quanto a Educação Física Escolar pode contribuir com a redução dos casos de
sobrepeso corporal e obesidade em crianças em idade escolar.
A Educação Física é uma disciplina integrante do currículo escolar da
educação básica e teve sua obrigatoriedade regulamentada pela Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nº 9394/96. A disciplina passou por diversas transformações ao
longo
da
história, como por exemplo, os períodos Higienista, Militarista,
Pedagogicista, Competitivista, entre outros (CHAGAS; GARCIA, 2011). Essas
transformações ajudaram a Educação Física Escolar a assumir a sua identidade
atual que é definida por Soares e Col. (1992, p. 33) como “uma prática pedagógica,
que no âmbito escolar, tematiza formas de atividades expressivas corporais como:
jogo, esporte, dança e ginástica [...]”. As atividades corporais são denominadas nos
Parâmetros Curriculares Nacionais em Educação Física como sendo a “cultura
corporal de movimento”. Pode-se afirmar então, que é por meio dos elementos da
cultura corporal de movimento que a Educação Física Escolar toma forma e é por
meio destes conteúdos que se busca o desenvolvimento da criança na escola e
neste caso, a manutenção do peso corporal evitando casos de sobrepeso corporal e
obesidade.
O sobrepeso corporal é definido como o peso corporal excedente ao
recomendável para um indivíduo de acordo com a sua estatura (QUEIROGA, 2005).
De acordo com a definição apresentada pelo autor, para identificar um quadro de
18
sobrepeso corporal é necessário levar em consideração a proporcionalidade entre o
peso corporal e a estatura, ou seja, o quando um indivíduo deveria pesar de acordo
com a sua estatura. A forma mais utilizada para avaliar essa proporcionalidade é
feita por meio do cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC), também descrito na
literatura científica como Índice de QUETELET. O cálculo é realizado pela fórmula:
PESO CORPORAL/ESTATURA². O cálculo do IMC apresenta estimativas razoáveis
da composição corporal não sendo recomendável o uso para atletas e indivíduos
com a musculatura avantajada (NAHAS, 2010). Porém, de acordo com Balaban e
Silva (2001), o IMC consiste em um dos índices mais adequados para avaliação de
crianças e adolescentes. A sua ampla utilização se deve a simplicidade do cálculo e
a um número menor de informações necessárias comparadas a outros protocolos.
Existem tabelas normativas do IMC para diferentes grupos da população e faixas
etárias, cada qual com classificações entre a faixa de peso ideal, sobrepeso e
obesidade entre outras classificações dependendo do autor consultado.
Guedes e Guedes (2006) conceituam a obesidade como elevada quantidade
generalizada ou localizada de gordura corporal. Afirma-se então, que a obesidade é
caracterizada pela gordura corporal excessiva em relação à massa magra de um
indivíduo. Para avaliar um indivíduo e identificar um quadro de obesidade existem
diferentes métodos e protocolos, os mais comuns são o IMC e a coleta de dobras
cutâneas. O método de coleta de dobras cutâneas é considerado duplamente
indireto e é realizado através da coleta de dobras cutâneas em pontos específicos
do corpo pré-determinados e equações de acordo com o perfil e faixa etária de
quem se pretende avaliar (NAHAS, 2010). A escolha do protocolo a ser adotado
depende de diferentes variáveis de quem se pretende avaliar e cada protocolo
fornece tabelas normativas que permitem a comparação dos resultados obtidos
através das coletas e equações classificando em diferentes níveis de obesidade.
Apesar do conceito de obesidade ser diferente do conceito de sobrepeso
corporal, ambos estão associados a fatores de risco a saúde humana nos aspectos
físicos e psicológicos tanto para crianças e adolescentes quanto para adultos.
Muitos malefícios e fatores de risco para corpo estão associados a uma
desproporcionalidade do peso corporal e estatura, ou elevado percentual de gordura
corporal. Para Marega e Carvalho (2012) o sobrepeso corporal e a obesidade
podem resultar em diversos problemas de origem física e psicológica nas crianças e
19
adolescentes. O sobrepeso corporal e obesidade geram modificações no corpo e a
imagem que a criança ou adolescente faz do seu próprio corpo diante dos padrões
de beleza da sociedade, podem gerar infelicidade resultando em desordens que
podem levar a problemas psicológicos. No aspecto físico os autores destacam o
aumento no risco do desenvolvime nto de uma série de doenças como problemas
cardiovasculares, diabetes e a síndrome metabólica. Pesquisas ainda apontam que
crianças com elevado percentual de gordura corporal tem uma tendência à
obesidade quando adultas (ABRAHAM; NORDSIECK, 1960; CHARNEY e t al, 1976
apud HEYWARD; STOLARCZYK, 2000) causando um elevado risco para a saúde.
O sobrepeso corporal e obesidade ocorrem, de uma maneira geral, por
associação entre um desequilíbrio entre a quantidade de calorias ingeridas na
alimentação e a quantidade gasta com atividades físicas (MAREGA e CARVALHO,
2012). A ingestão de alimentos não essencialmente nutritivos, porém muito calóricos
e hábitos de vida sedentários, principalmente em crianças, ocasionarão um aumento
significativo no peso corporal e percentual de gordura corporal (%G) podendo
resultar no sobrepeso corporal e em casos mais graves, na obesidade.
As principais ferramentas de redução do sobrepeso corporal e obesidade é a
mudança nos hábitos alimentares, geralmente para dietas hipocalóricas que li mitam
a quantidade de calorias ingeridas e através de atividades físicas regulares com o
objetivo de aumentar o gasto energético basal.
A atividade física, que na escola é realizada durante as aulas de Educação
Física, pode ser considerada como uma importante ferramenta de gasto energético
basal e consequente redução do sobrepeso corporal e obesidade em crianças e
adolescentes em idade escolar. Segundo Campos (2002, p. 34) “a atividade física
que a princípio demonstra ser menos eficiente do que as dietas hipocalóricas para a
diminuição do peso, a longo prazo assume um papel preponderante.”
A eficiência das atividades físicas na escola destaca a importância da
disciplina que está diretamente envolvida com o cuidado com a saúde e com as
atividades físicas, que é a Educação Física escolar. Para Heyward e Stolarczyk
(2000) os professores de Educação Física têm de ser capazes de interpretar os
resultados da composição corporal modificando o estilo de vida de seus alunos.
A Educação Física Escolar é, portanto, a principal ferramenta que a escola e
os professores possuem para auxiliar na redução do sobrepeso corporal e
20
obesidade em crianças que estão com o peso corporal e percentual de gordura
acima da faixa recomendável para a sua idade.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais em Educação Física definem como
conteúdos para o terceiro e quarto ciclo do ensino fundamental três blocos de
conteúdo. O primeiro bloco incluiu Esportes, jogos, lutas e ginásticas. O segundo
bloco incluí atividades rítmicas e expressivas e o terceiro bloco todos os
conhecimentos relacionados à corporeidade.
Ainda segundo os PCN's do terceiro e quarto ciclo do ensino fundamental, e
de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases, a construção pedagógica deve ser
integrada e o professor e a escola tem autonomia para adaptar os conteúdos
integrados referentes à Educação Física de acordo com a realidade e as demandas
sociais. Desse modo, o professor tem a possibilidade de trabalhar os conteúdos
necessários a Educação Física de acordo com os seus objetivos pedagógicos.
Essa possibilidade de autonomia na forma de trabalhar os conteúdos
específicos da disciplina permitem uma série de adaptações das atividades
dependendo do objetivo, que neste caso é a redução do sobrepeso corporal e
obesidade, e consequente melhoria da qualidade de vida através de atividades
físicas desenvolvidas no ambiente escolar. A proposta da presente pesquisa foi
adaptar atividades dos conteúdos da Educação Física Escolar para atividades de
maior gasto energético e oportunizar a prática de atividades físicas no ambiente
escolar em diferentes momentos. Graber e Woods (2014) afirmam que a atividade
física pode ocorrer independente ou durante a aula de Educação Física. As
atividades físicas que não ocorrem durante as aulas são as brincadeiras que não
necessariamente obedecem a uma estrutura e essas atividades normalmente
ocorrem em momentos que a criança tem liberdade de movimento, como o recreio.
As autoras ainda recomendam que as atividades da Educação Física escolar, para
que permita ao aluno o máximo de práticas corporais possíveis não deve utilizar de
brincadeiras que exclua gradativamente os alunos conforme a brincadeira avança
como, por exemplo, a ''dança das cadeiras''.
Palma e Col. (2008) caracteriza a organização curricular do quinto ao nono
ano do ensino fundamental (etapa do ensino onde a presente pesquisa foi realizada)
como a fase de aprendizado dos esportes institucionalizados e fase em que a
valorização de todos os participantes deve acontecer independente de suas
21
condições de desempenho. Com a caracterização dos conteúdos específicos do
quinto ao nono ano do ensino fundamental, a presente pesquisa utilizou-se da
adaptação das atividades propostas na escola com o objetivo de aumentar o gasto
energético durante as atividades e por fim alcançar os objetivos que é a redução do
sobrepeso corporal e da obesidade.
Para crianças e adolescentes, a redução do sobrepeso corporal e da
obesidade é tratada de maneira diferente, pois se trata de um período de
transformações. Esse período é a transição entre infância e adolescência, que
também chamado de puberdade é um período de transformações no ser humano
nos níveis físico, psicológico e social. Alguns estudos realizados indicam que a
puberdade ocorre normalmente entre os 9 e 16 anos de idade para a maioria dos
indivíduos mas pode variar de acordo com aspectos ambientais em que a criança e
adolescente é exposto (BELSKY et al, 2011 apud SANTROCK, 2013).
As mudanças no aspecto físico são de origem biológica do corpo e fazem
parte do desenvolvimento humano, porém essas alterações podem influenciar outras
dimensões para a criança e adolescente. As acelerações do crescimento, mudanças
em diversas partes do corpo e diferenças individuais de cada um no processo de
transição entre a infância e adolescência, contribuem para uma angustiada
preocupação com a aparência física, tão característica do período da adolescência
(MANNING, 2000).
As mudanças no corpo e diferenças em relação aos demais colegas da
mesma idade podem provocar no jovem uma baixa autoestima e consequente
afastamento das relações sociais. Para Van Gennep (1977 apud ROCHA; PEREIRA,
2009) a puberdade é dividida em duas: A “puberdade física” e a “puberdade social”.
A puberdade física está relacionada a todas as alterações que ocorrem no corpo
durante esse período. A puberdade social é uma construção de nossa sociedade
capitalista e está relacionada com a necessidade que o jovem tem de se identificar e
fazer parte de um grupo social. Para o autor o jovem sente necessidade de uma
identidade social e vai à procura de pessoas com identidades semelhantes. A
construção dessa identidade se dá, normalmente, através de bens de consumo.
Roupas e calçados de grife, modo de se vestir, gosto musical, são exemplos de
bens de consumo utilizados como forma de identidade social.
22
A escola é o ponto onde todas essas mudanças de ordem física, psicológica e
social confluirá, porque é o local onde diferentes identidades e grupos sociais se
encontram no período em que, segundo Estanislau e Bressan (2014, p.92), “os
jovens deixam a história construída junto a família e passam a escrever sua própria
história”.
Materiais e Métodos
O estudo foi realizado em forma de pesquisa de campo, utilizando-se do
método quantitativo para a análise dos dados obtidos. Também foram realizadas
pesquisas bibliográficas sobre o tema estudado para a construção do referencial
teórico e discussão dos resultados obtidos.
A amostra foi composta por 52 alunos com média de idades de 13 anos, de
três turmas de oitavo ano do ensino fundamental, descritas neste artigo como turma
1, turma 2 e turma 3 (T1, T2 e T3), de uma escola da rede municipal da cidade de
Joinville-SC.
O trabalho se desenvolveu ao longo dos meses de Abril e Agosto/2015 nas
aulas de Educação Física, totalizando 60 horas/aula de trabalho. Inicialmente foram
realizadas duas aulas com as turmas 1, 2 e 3 entre apresentação da pesquisa e
avaliação física (totalizando seis aulas). As turmas 1 e 2 tiveram intervenção em
duas aulas semanais (totalizando 24 aulas para cada turma), sendo q ue esta
intervenção foi a aplicação dos conteúdos previstos no planejamento do professor
de Educação Física da turma mas com ênfase em atividades aeróbias, que
poderiam aumentar o gasto energético e consequentemente auxiliar no objetivo
desta pesquisa. A turma 3 permaneceu como grupo controle e não recebeu
intervenção nas aulas, por isso teve um menor número de aulas práticas devido as
aulas teóricas realizadas em sala de aula, além de suas aulas não terem atividades
planejadas com o mesmo objetivo das turmas 1 e 2. Ao final, foram novamente
realizadas duas aulas com cada turma para refazer a avaliação física (totalizando
seis aulas).
Os instrumentos de pesquisa utilizados para a coleta de dados foram:
Plicômetro, Balança, Estadiômetro e um formulário de coleta de dados onde
constavam informações do aluno como: idade, turma, sexo e dados coletados
23
durante a etapa de coleta de dados (peso, estatura, dobras cutâneas). A avaliação
física foi composta por coleta de dobras cutâneas de tríceps e panturrilha buscando
estimar o percentual de gordura corporal (%G) por meio do protocolo de Lohman et
al. (1988) e coleta de peso corporal e estatura para calcular o Índice de Massa
Corporal (IMC) e comparar com as tabelas de IMC para crianças de Fernandes
(2003).
Análise interpretação e discussão dos Resultados
As três turmas participantes do estudo apresentaram média de idade de
aproximadamente 13 anos e com baixo desvio padrão em todas as turmas,
caracterizando a homogeneidade da amostra em relação à idade. Por se tratar de
um estudo que leva em consideração a média das turmas e as classificações destas
médias, não se separou para a apresentação dos resultados em sexo feminino e
sexo masculino. As médias e desvio padrão de estatura e peso no pré e pós-teste
estão descritos na tabela 1.
Tabela 1- Dados do Pré e Pós-teste
Pré-Teste
Pós-Teste
Turmas
Total
Estatura
Peso
Estatura
Peso
T1
19
1,57±0,061
46,89±9,046
1,58±0,060
48,72±8,518
T2
19
1,59±0,058
51,69±6,407
1,59±0,060
53,28±6,440
T3*
14
1,63±0,038
52,88±6,634
1,64±0,033
54,86±6,863
* Grupos Controle
Fonte: Primário (2015)
Analisando os dados apresentados na tabela 1, em comparação do pré e pósteste, os números que mais se destacam foi o ganho de estatura e de peso dos
grupos avaliados. Levando em consideração a média de idade, próxima dos 13 anos,
podemos associar este ganho à explicação de Bee e Boyd (2011, p.118) de que:
“[...] Todas as crianças apresentam um período de crescimento mais rápido em
algum momento entre as idades de 9 e 15 anos.”
Este considerável ganho na estatura não apresenta relação com as atividades
desenvolvidas na aplicação da pesquisa, já que os alunos estão na idade em que
pode ocorrer maior crescimento dentro da fase de crescimento. Outro indicador disto
24
é que o grupo que não recebeu intervenção acompanhou os índices das demais
turmas. Podemos relacionar o aumento significativo do peso corporal ao crescimento,
uma vez que uma maior estrutura corporal resultará em um maior peso corporal.
A tabela 2 apresenta os resultados do Índice de Massa Corporal e Percentual
de Gordura Corporal.
Tabela 2- Índice de Massa Corporal e Percentual de Gordura Corporal
Pré-Teste
Pós-Teste
Turmas
Total
IMC
%G
IMC
%G
T1
19
18,96±3,813
25,60±7,590
19,47±3,566
25,57±6,942
T2
19
20,54±2,625
26,93±7,402
21,10±2,672
26,95±6,906
T3*
14
20,01±2,777
26,73±8,326
20,54±2,693
26,36±8,043
* Grupos Controle
Fonte: Primário (2015)
O Índice de Massa Corporal (IMC) e o Percentual de Gordura Corporal (%G)
não tiveram alterações significativas de modo que pudessem comprovar a eficácia
das atividades aplicadas nas aulas de Educação Física. O IMC manteve-se
relativamente estável, o que pode ser considerado normal já que a estatura
aumentou e o peso corporal acompanhou este aumento.
O percentual de gordura corporal (%G) não variou significativamente do pré
para o pós-teste, acompanhando os demais fatores estudados durante a pesquisa.
Da mesma forma que não houve variação, também não foi perceptível nenhuma
relação entre o crescimento ou diminuição do IMC e o %G, diante das atividades
realizadas. Além da estatura que acabou desencadeando o aumento do peso
corporal, outro fator que não foi possível controlar e que esteve diretamente ligado
ao resultado é a alimentação. Nesse sentido Guedes e Guedes (2003, p. 124)
afirmam que,
Desde que o sobrepes o corporal e a obesidade surgem em consequência
de desproporções cronicamente estabelecidas entre suprimento aliment ar e
a demanda energética, o princípio fundamental dos programas de controle
do peso corporal deverá ser a disponibilização do equilíbrio energético
negativo. Logo, três maneiras de se alcançar o “déficit” calórico podem ser
identificadas: por redução da ingestão calórica, mediante orient ações
dietéticas; por elevações na demanda energética, mediante modificações
nos níveis de prática de atividade física; e pela combinação de ambas,
orientação dietética e atividade física.
25
O nível de atividade física na escolar foi um fator controlado durante a
pesquisa, os alunos realizaram atividades que aumentaram o seu gasto energético.
Porém não se sabe a ingestão calórica dos alunos neste tempo e o tempo da
pesquisa não foi suficientemente longo para fazer com que a atividade física se
tornasse o fator preponderante sobre a variável ingestão calórica. Por outro lado,
uma orientação mais a fundo sobre a alimentação e a ingestão calórica estaria além
das competências do profissional de Educação Física, neste caso, o professor.
Para uma melhor compreensão dos resultados da pesquisa é necessário
também avaliar as alterações que ocorreram nos grupos de trabalho e no grupo
controle individualmente, ou seja, identificar as alterações que ocorreram dentro das
diferentes classificações de IMC e %G. Estas alterações estão expressas nas
tabelas 3 e 4.
Tabela 3- Classificações de IMC
Pré-Teste
Pós-Teste
Acima
Normal
Abaixo
Acima
Normal
Abaixo
T1
2 (10,53%)
14 (73,68%)
3 (15,79%)
2 (10,53%)
14 (73,68%)
3 (15,79%)
T2
3 (15,79%)
16 (84,21%)
0 (00,00%)
5 (26,32%)
14 (73,68%)
0 (00,00%)
T3*
2 (14,29%)
12 (85,71%)
0 (00,00%)
2 (14,29%)
12 (85,71%)
0 (00,00%)
* Grupos Controle
Fonte: Primário (2015)
Assim como nos dados descritos anteriormente, a classificação do IMC
manteve-se relativamente igual no pré e no pós-teste. A tabela utilizada para a
classificação foi a de Fernandes (2003), que estabelece a margem normativa
considerada normal para cada faixa etária. Considerou-se então para esta
classificação que os alunos que estivessem com o IMC acima do considerado
normal seria classificado como “acima” e que os alunos que estivessem com o IMC
abaixo do normal seriam considerados “Abaixo” na classificação.
As turmas 1 e 3 mantiveram igualdade em ambos os testes, havendo
alteração na classificação apenas na turma 2 em que dois alunos mudaram da
classificação “normal” para a classificação “acima”. Este resultado indica que nestes
dois casos o ganho de peso foi desproporcional ao ganho de estatura, ou seja, o
crescimento ocorreu, mas o ganho de peso corporal foi excedente.
26
Considerando a totalidade da amostra participante da pesquisa e segundo
esta mesma classificação, temos no pré-teste: 13,46% dos alunos classificados
como “acima”, 80,77% classificados como “normal” e 5,77% classificados como
“baixo”. No pós-teste os números passaram para: 17,31% “acima”, 76,92% foram
classificados como “normal” e 5,77% estiveram novamente com o IMC abaixo na
classificação. No pós-teste a porcentagem de alunos com o IMC normal diminuiu,
aumentando o número de alunos com IMC acima do ideal, novamente afirmando os
números anteriores de que dois alunos excederam o peso corporal considerando a
proporcionalidade com a sua estatura.
Na tabela 4 encontram-se as classificações do percentual de gordura corporal
dos alunos segundo a classificação de Lohman et al. (1988, apud HEYWARD;
STOLARCZYC, 2000),
Muito Alto
T1
T2
T3*
2
10,53%
1
5,26%
4
28,57%
Tabela 4- Percentual de Gordura
Pré-Teste
Alto
Mod. Alto
Ótimo
Muito
Alto
2
8
7
2
10,53%
42,11%
36,84%
10,53%
7
6
5
1
36,84%
31,58%
26,32%
5,26%
0
5
5
4
00,00%
35,71%
35,71%
28,57%
Pós-Teste
Alto
Mod.
Alto
4
6
21,05%
31,58%
8
4
42,11%
21,05%
2
3
14,29%
21,43%
Ótimo
7
36,84%
6
31,58%
5
35,71%
OBS: Nenhum aluno foi classificado como baixo e muito baixo no percentual de gordura corporal (%G)
* Grupos Controle
Fonte: Primário (2015)
Na classificação do percentual de gordura corporal (%G), a maior parte dos
alunos esteve em níveis considerados de risco (muito alto, alto, moderadamente
alto). Na turma 1, dois alunos tiveram redução no percentual de gordura mudando
da classificação “Alto” para “Moderadamente alto”. Na turma 2, dois alunos tiveram
alteração nos níveis de classificação. Um deles passou de “Moderadamente alto”
para “Alto” e outro de “Moderadamente Alto” para “Ótimo”. A turma 3 teve duas
alterações, passando de “Moderadamente Alto” para “Alto”.
Alguns alunos tiveram aumento do percentual de gordura e outros tiveram
redução, mas nenhuma destas alterações pode ser relacionada com as atividades
desenvolvidas na pesquisa.
Considerando a totalidade da amostra, os alunos estiveram classificados em
13,46% “Muito Alto”, 17,31% “Alto”, 36,54% “Moderadamente Alto” e 32,69% “Ótimo”
27
no
pré-teste.
No
pós-teste
tivemos
13,46%,
26,92%,
25%
e
34,62%,
respectivamente.
Os dados de pré e pós-teste demonstram um grande número de alunos em
classificações de risco para a saúde. Duas aulas semanais no período de abril a
agosto não foram o suficiente para elevar o gasto energético o suficiente para ter um
resultado mais significativo na redução do percentual de gordura corporal para níveis
satisfatórios. Estes dados aqui apresentados foram informados aos alunos
participantes da pesquisa, com o objetivo de propor uma reflexão sobre os seus
hábitos de vida, seu nível de atividade física e sedentarismo. Esta proposta vai de
encontro ao que afirma Piccolo (1993, p.133) quando diz que: “O principal papel do
professor, através de suas propostas, é o de criar condições aos alunos para
tornarem-se independentes, participativos e com autonomia de pensamento e ação”.
Dessa forma, além do objetivo da pesquisa que era identificar as contribuições da
Educação Física escolar, a pesquisa cumpriu também seu papel dentro da
Educação Física que é promover o conhecimento aos alunos sobre o próprio corpo e
sobre os hábitos de vida que podem auxiliar na construção de um corpo mais
saudável e uma vida mais saudável.
A participação nas aulas de Educação Física escolar não pode ser encarada
como suficientes à prevenção ou a solução de problemas de saúde (DEVIDE, 2003).
Portanto, mais importante do que apenas propor atividades que vão contribuir com o
desenvolvimento do aluno no momento da aula, é necessário também tornar as
aulas de Educação Física na escola em um momento de incentivo a adoção de
hábitos saudáveis, um momento de conhecimento do próprio corpo e qual o papel
dele na construção de uma vida mais saudável, como também fornecer dados
relativos à composição corporal dos alunos.
Essas intervenções podem tornar-se a maior contribuição que Educação
Física escolar pode promover na tentativa de mudar o quadro de obesidade e
sobrepeso que atinge a nossa sociedade e o nosso modo de vida. A Educação
Física na escola pode não ser o maior agente transformador neste processo, mas é
com certeza, uma das mais importantes partes desse processo.
Considerações Finais
28
A pesquisa não comprovou a eficácia da estratégia utilizada para a redução
do sobrepeso corporal e da obesidade. Além das estratégias utilizadas seria
necessário também um acompanhamento dos hábitos alimentares fora da escolar
para ser possível afirmar que a ingestão calórica não comprometeu a eficácia das
atividades desenvolvidas. A fase de crescimento foi outro fator que não foi possível
controlar durante a pesquisa, os alunos estão em uma fase que é normal ter uma
variância na estatura em um curto período de tempo. O crescimento ocasionou o
ganho de peso que por sua vez não alterou o IMC e não demonstrou relação com
ganho ou diminuição do %G.
A participação dos alunos na pesquisa foi importante no sentido de que
promoveu em cada uma deles uma melhor percepção sobre o seu próprio corpo.
Para muitos o peso corporal, estatura e o percentual de gordura corporal era um
número desconhecido. Com a pesquisa eles puderam conhecer estes números que
dizem respeito ao seu próprio corpo e tem a partir de agora a possibilidade de
buscar uma melhoria na condição do seu corpo e consequentemente na condição de
sua própria saúde. Estes itens são apontados nos Parâmetros Curriculares
Nacionais como um dos objetivos para a Educação Física escolar. Pode-se afirmar
diante disso que a pesquisa esteve de acordo com tais objetivos previstos para a
disciplina.
Diante destes resultados, cabe aos professores de Educação Física buscar
estratégias que possam contribuir com a redução do crescente quadro de crianças
com sobrepeso e
obesidade nas escolas. As aulas
não se
mostraram
suficientemente eficazes apenas por si, sendo necessário também o estímulo e
orientação acerca da importância da atividade física fora da escola. É necessário
também orientações sobre a importância do consumo de alimentos saudáveis em
detrimento de outros altamente calóricos, orientações estas que podem ser
realizadas, inclusive, de maneira interdisciplinar.
A Educação Física escolar faz parte da instituição escolar, mas pode realizar
contribuições que vão além da escola, contribuindo para com o futuro dos alunos e
com a saúde de toda a sociedade.
29
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32
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E EDUCAÇÃO FÍSICA: UMA PARCERIA QUE DÁ
CERTO!
Thiago Camargo7
Pedro Jorge Cortes Morales8
Resumo: Vivemos em uma sociedade com alto índice de industrialização, desencadeando o
consumo exagerado dos recursos naturais, ocorrendo assim altas taxas de poluição. Deve
ser abordado o tema educação ambiental nas escolas com sentido de diminuir os impac tos
causados pelas atividades, não sustentáveis, ao meio ambiente, através da formação de
cidadãos conscientes. O presente trabalho buscou incentivar a preservação ambiental com
intuito de desenvolver a consciência ecológica aliada a atividade física. Trata-se de um
estudo experimental em campo. Participaram 50 alunos que frequentam do ensino
fundamental ao ensino médio em uma escola da rede municipal, uma estadual e uma escola
particular do município de Itapoá - Santa Catarina. A ação foi realizada em três etapas: a
primeira contemplou arrecadação e limpeza de garrafas pet, a segunda a confecção de uma
prancha de "stand uppaddle". A terceira etapa foi a experimentação da prancha na praia. A
confecção das pranchas ecológicas mostrou uma possibilidade de articular educação
ecológica nas aulas de Educação Física. Reforçou a importância da reutilização bem como
ensinou uma nova forma de incluí-la nas escolas como estratégia de educação ambiental e
incentivo a prática da atividade física.
Palavras Chaves: Pranchas Ecológicas, Conscientização Ambiental, Educação Física.
Abstract: We live in a society with high industrialization rate, triggering the excessive
consumption of natural resources, occurring so high pollution rates. The theme of
environmental education in schools in order to reduce the impacts of unsustainable activities
to the environment, through the formation of conscientious citizens should be addressed.
This study sought to encourage environmental preservation in order to develop
environmental awareness combined with physical activity. The study was conducted in
municipal schools, state and private. The schools involved were the Municipal School of
Basic Education Monteiro Lobato, Basic Education School Nereus Ramos and the Group of
Educational Excellence Sherwood City Itapoá - Santa Catarina. 50 students were awarded
the total, attending elementary school to high school. The action was carried out in three
stages: the first included storage and pet bottles of cleaning, the second the preparation of a
board of "stand up paddle" green with 97 plastic bottles. The finish was given by plastic fins
on the rear end and EVA sheet 04 at the front end. The third stage was the trial of the board
on the beach. The making of ecological boards showed a possibility of integrating
environmental education in physical education classes. It stressed the importance of reuse
and taught a new way to include it in schools as an environmental education strategy and
encouraging physical activity.
Key Words: Ecological Boards, Environmental Awareness, Physical Education.
7
8
Acadêmico do 4º ano do Curso de Educação Física da Univille
Professor Dr. do Curso de Educação Física da Univille
33
Introdução
O estudo realizado propôs à conscientização ecológica incorporada a atividade física,
visando incentivar a preservação ambiental de uma maneira lúdica e de benefício à
qualidade de vida.
Nas escolas a conscientização ecológica já é trabalhada por meio da reutilização de
materiais desde os primeiros anos do ensino fundamental, com a produção de brinquedos e
atividades desenvolvidas em sala. No entanto isso não tem sido suficiente para contribuir
efetivamente com a conscientização ambiental.
Estas atitudes são importantes na formação da população, pois mostra o que antes
era considerado lixo, pode ser reaproveitado em algo novo. A Proposta Curricular de Santa
Catarina (2014) preconiza que a educação ambiental nas escolas deve promover a
consciência, a reflexão sobre os atos impactantes ao meio ambiente, desencadeando nos
estudantes a importância da relação da sociedade com o meio compartilhado.
Os materiais que são depositados, dia a dia, de maneira errada podem ter uma
segunda utilidade como já ocorre em muitas cidades com as empresas de reciclagem.
Segundo Hendges (2015, web), “a produção brasileira de PET 9 em 2012 foi de 562 mil
toneladas, sendo que59% – 331 mil toneladas recicladas. Esta é uma média superior aos
EUA 10 e semelhante aos países europeus, onde a reciclagem é mais profissionalizada”.
Mesmo alta, há uma grande taxa sendo depositada de maneira errada, sendo que
reaproveitar é evitar que certos produtos se transformem em lixo, dando a eles uma nova
utilidade.
Diante disso percebe-se que o reaproveitamento de garrafas PET é muito
significativo. A produção de pranchas de surf e “stand up paddle” feitas desse material além
de contribuir para a conscientização ambiental incentivará a prática de atividade física. O
projeto das pranchas ecológicas teve inicio em 2007 quando Jairo Lumertz 11 confeccionou a
primeira prancha de garrafas PET, tendo o objetivo de incentivar o esporte, preservar a
natureza e dar oportunidade a crianças carentes.
Cabe ao profissional identificar uma metodologia que atraia os alunos facilitando a
assimilação do objetivo do trabalho. Devido à escassez de materiais didáticos sobre a
questão de resíduos sólidos (TRAJBER; MANZOCHI, 1996) o devido trabalho é uma nova
maneira de trabalhar a educação ambiental utilizando a reutilização de garrafas PET.
O estudo em questão utilizouà técnica de confecção de pranchas ecológicas com o
objetivo da conscientização ecológica aliada a atividade física. A proposta deste estudo foi
9
PET -Politereftalato de etileno
EUA - Estados Unidos da América
11
Jairo Lumertz- Criador do projeto Prancha Ecológica
10
34
baseada no interesse dos alunos pelo esporte surf somado ao fato de morar em uma cidade
litorânea.
Educação Física
A Educação Física é baseada em duas vertentes: o bacharelado que está
direcionado a formação do profissional atuante na conscientização da saúde e
qualidade de vida, trabalhando na área de esporte, lazer e recreação, planejando,
organizando, desenvolvendo e orientando atividades de educação física e esportes
em academias, clínicas, clubes, empresas e instituições para portadores de
necessidades
educativas
especiais, além de
atividades
personalizadas, a
licenciatura em Educação Física que habilita o profissional a atuar como professor
na Educação Básica, Educação Infantil, no Ensino Fundamental e Médio,
planejando, avaliando e implantando programas em Educação Física, ou seja, a
educação formal.
A Educação Física Escolaré comprometida com a formação integral do aluno,
busca fundamentar a sua prática através de teorias do desenvolvimento humano. De
acordo com os PCN’s12 é entendida como a área de conhecimento que insere e
integra o aluno na cultura corporal do movimento, com finalidades de lazer, de
expressão de sentimentos, emoções e afetos, de manutenção e melhora da saúde.
Nos PCN’s também encontramos os temas transversais com objetivo de
contribuir para a construção da cidadania, compreendendo a realidade social, dos
direitos e responsabilidades em relação à vida pessoal e coletiva. Nos temas
transversais estão destacados a questão da Ética, da Pluralidade Cultural, do Meio
Ambiente, da Saúde, da Orientação Sexual e do Trabalho e Consumo.
Nesse contexto a pesquisa busca aliar a Educação Física sendo instrumento
fundamental na criação de uma consciência ecológica.
Nesse contexto, pesquisadores e docentes da E ducação Física têm
empreendido esforços para inserir a dimensão socioambiental nessa área
de conhecimento, entendendo que para além do trabalho pedagógico com
jogos, esporte, ginástica, luta, dança - atividades rítmicas e expressivas e
conhecimentos sobre o próprio corpo, essa disciplina também objetiva a
desenvolver,
nos
sujeitos-educandos,
valores
e
atitudes
de
responsabilidade para com o meio ambient e (AB REU; CARNEIRO, 2009, p.
6).
12
PCN’s - Parâmetros Curriculares Nacionais
35
Educação Ambiental
Há muito tempo tem se abordado várias formas de como reaproveitar os resíduos
que para muitos não tem mais utilidade. Uma maneira para isso se tornar realidade é a
educação ambiental, por proporcionar a conscientização da utilização dos materiais de
forma correta, bem como o desenvolvimento de uma nova utilidade. Estes atos são
essenciais para uma reflexão crítica ocasionando a aprendizagem dos benefícios.
Entendem-se por educação ambiental os proc essos por meio dos quais o
indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos,
habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio
ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida
e
sua
sustentabilidade (P OLÍTICA
NA CIONA L
DE
EDUCAÇÃ O
AMBIENTAL – Lei nº 9795/1999, Art. 1º).
Ainda no século XXI é observada a urgência de uma transformação que resgate o
respeito pela vida, com justiça ambiental e sustentabilidade. A população está crescendo
cada vez mais, com isso percebe-se que a falta de recursos naturais está aumentando.
Alcoforado (2015, web) escreve que, “nos últimos 45 anos, a demanda pelos recursos
naturais do planeta dobrou, devido à elevação do padrão de vida nos países ricos e
emergentes e o aumento da população mundial”. Vivemos em uma sociedade em que o
consumo exagerado e a falta de reaproveitamento desses materiais estão desencadeando
um mundo com alto nível de poluição. A importância de promover ações educativas voltadas
a uma educação ambiental que conforme Lima et al., (2012, p. 1),potencializa mudanças na
sociedade auxiliando o desenvolvimento sustentável.
Os benefícios através da educação ambiental são inquestionáveis, de acordo com
Pensamento Verde (2015, web), “formam uma sociedade mais crítica, engajada e,
principalmente, mais sustentável”.
Na escola é que ocorre a formação de cidadãos, a partir disso se faz necessário a
implantação da educação ambiental no currículo das novas gerações. Na visão de Chalita
(2002, p. 34), a educação constitui-se na mais poderosa de todas as ferramentas
deintervenção no mundo para a construção de novos conceitos e consequente mudança de
hábitos.
Esta proposta de ensino é papel obrigatório dos docentes baseado na Proposta
Curricular de Santa Catarina. É necessário que o professor assuma uma postura reflexiva e
crítica, desenvolvendo práticas que articulem a educação e o meio ambiente, também é
36
preciso utilizar a criatividade fazendo com que ocorra o aumento do interesse dos alunos
pelas aulas (JACOBI, 2008).
Reutilização
A reutilização é um termo muito utilizado como alerta de preservação dos recursos
naturais e do meio ambiente. Reutilizar significa dar nova utilidade a materiais que na
maioria das vezes são considerados inúteis (SILVA et al., 2004).
Junto com o crescimento populacional eodesenvolvimento acelerado das indústrias,
aumenta também a demanda do uso dos materiais principalmente na área de embalagens,
ocorrendo um alto nível de descarte muitas vezes em locais inapropriados, agravando os
problemas ambientais. Portanto o aproveitamento desses resíduos é de grande importância
para proporcionar uma diminuição dos impactos (FORLIN; FARIA, 2002), assim reciclar e
reutilizar se torna uma atitude cada vez mais importante para a manutenção da saúde do
planeta e das pessoas.
Considerando a importância da temática ambiental e a visão integrada do
mundo, a escola deverá oferecer meios efetivos para que cada aluno
compreenda os fenômenos naturais, as ações humanas e sua
consequência para consigo, para sua própria espécie, para os out ros seres
vivos e o ambiente. É fundamental que cada aluno desenvolva as suas
potencialidades e adote posturas pessoais e comportamentos sociais
construtivos, colaborando para a construção de uma sociedade socialmente
justa, em um ambiente saudável (SOUZA et al., 2015, web).
Os alunos devem compreender que o reaproveitamento de materiais sólidos, antes
descartados de forma irregular, faz com que possamos contribuir para um mundo menos
poluído e afetado, auxiliando a manutenção dos recursos naturais que ainda nos restam. O
aproveitamento desses materiais proporciona uma utilização mais racional de recursos
naturais não renováveis e uma redução na poluição da água, do ar e do solo (MOTA et al.,
2009).
Resíduo Plástico
Os plásticos são utilizados em quase todos os setores da economia, tais como:
construção civil, agrícola, de calçados, móveis, alimentos, têxtil, lazer, telecomunicações,
eletroeletrônico, automobilísticos, médico-hospitalar e distribuição de energia. Por isso é um
37
dos componentes químicos que com mais frequência são depositados em locais
inapropriados.O plástico alcançou grande espaço nos projetos ambientais devido ao seu
material ser maleável,de fácil acesso, podendo ser trabalhado nas diversas classes sociais e
a facilidade de reutilizaçãodo material por completo (SOUSA et al.,2012).
A origem da palavra plástico vem do grego plastikós, que significa adequado à
moldagem.
Plásticos são materiais formados pela união de grandes cadeias
moleculares chamadas polímeros que, por sua vez, são formadas por
moléculas menores denominadas monômeros. São produzidos através de
um processo químico conhecido como polimerização, a união qu ímica de
monômeros que forma polímeros (ASTA QUÍMICA, 2014, web).
Com o grande uso das garrafas PET o acumulo se torna inevitável, com isso muitas
vezes encontram-se esses resíduos descartados em terrenos, rios, esgotos, mares e matas.
Esses materiais levam mais de cem anos para se decompor no meio ambiente (MANO;
BONELLI, 1994), isso pode acarretar no grande reúno de lixo somado anos e anos, sendo
que estes poderiam ser reaproveitados de uma melhor forma. Contudo, aproveitando esse
componente pelo processo de reciclagem, são transformados em fios de poliéster ou outros
produtos plásticos, como embalagem,também podem ser reaproveitados de forma criativa
criando vários objetos úteis e decorativos.
Atividade Física
A atividade física é essencial para se ter uma vida saudável, trazendo muitos
benefícios ao corpo. Porém ela não vem sendo praticada pela população mundial, muitos
estudos comprovam um elevado índice de sedentarismo em todas as faixas etárias,
variando entre 50% à 80% (MENDES et al., 2006).
Conforme o ACSM13 (2015, web) as crianças e adolescentes devem compreender a
prática esportiva como um estilo de vida realizando exercícios periodicamente para toda
vida, com objetivo de manter um condicionamento físico, assim melhorando também sua
saúde.
Nas aulas de Educação Física, há uma grande dificuldade dos professores em
trabalhar diferentes contextos que não seja os grandes jogos e incluir a reciclagem como
uma forma de praticar atividade física é muito maior.
As escolas devem propiciar aos alunos programas com intenção de mudar a
educação e o comportamento a fim de incentivar a participação em atividades fora do
13
ACSM - American College of Sports Medicine (Colégio Americano de Medicina Esportiva )
38
horário escolar. Os professores de Educação Física têm um papel muito importante neste
processo, auxiliando os estudantes nos aspectos em questão da saúde e hábitos de vida
(ACSM, 2015, web).
Sabendo que atividade física é qualquer atividade ou exercício que resulte em gasto
energético.A prática da atividade física é essencial para a melhora da saúde corporal, mas
também a saúde emocional e psíquica (BUENO, 2015).
Com este projeto, o intuito foi unir o útil ao agradável, fazendo com que os alunos
desenvolvessem uma consciência ambiental, devido ao fato de usar a reutilização como
uma forma de produzir um objeto utilizado para atividade física.
O esporte em questão é o surf que além de uma atividade f ísica intensa, proporciona
um contato direto com o meio ambiente, auxiliando na assimilação da atividade de
preservação ambiental.A busca por uma vida mais saudável através da prática esportiva e
da ligação do homem com a natureza faz com que o surf seja um dos principais esportes
que possibilitam esse elo, em que os praticantes são amantes do oceano e participantes
ativos de sua preservação (FILHO; MORENO, 2015, web).
Materiais e Métodos
Os procedimentos metodológicos da pesquisa são de cunho teóricobibliográfico, de campo, qualitativo, descritivo exploratório. Tendo em vista a
natureza da pesquisa, optou-se pela utilização da observação participante e após
uma comparação com leituras em artigos e livros especializados. Observar é algo
mais que
olhar, é
captar significados diferentes através
da
visualização
(SARMENTO, 2004 apud MENDES, 2012). A observação é instrumento afinado,
permitindo detectar informações que posteriormente são recolhidas, organizadas,
compreendidas e relatadas (MENDES, 2012). Já a observação participante segundo
Bogdan; Taylor (1975 apud CORREIA, 2009) é uma investigação por interações
sociais, entre o investigador e investigados, sendo um procedimento durante o qual
os dados são recolhidos de forma sistematizada.
Os participantes envolvidos na pesquisa foram 10 estudantes frequentando o
5º e 6º de uma escola particular; 10 estudantes do 6º ao 9º de uma escola municipal,
e 30 alunos do 2º ano do Ensino Médio de uma Escola Estadual, todas no município
de Itapoá - SC.
39
Ao início da oficina foi ministrada uma palestra por uma acadêmica de
Ciências Biológicas para o incentivo dos alunos com a preservação do meio
ambiente.As aulas para a criação das pranchas de surf e “stand uppaddle” ficaram
por parte do acadêmico de Educação Física.A atividade proposta aconteceucomo
atividade extracurricular no ensino fundamental, nos períodos vespertino e matutino,
na escola estadual o trabalho foi desenvolvido durante as aulas de Educação Física.
Primeiramente foi enviado aos pais o TCLE 14 autorizando seus filhos a
participarem da oficina, indicando o dia do teste prático das pranchas na praia.Após
a palestra de mobilização foi dada a primeira tarefa aos alunos: a arrecadação de
garrafas PET. Todas as garrafas foram limpas, algumas cortadas formando o
encaixe para as demais. Para o inicio da confecção das pranchas as garrafas já
cortadas e limpas foram encaixadas para a colagem formando as colunas das
pranchas, após a secagem foram colocadas lado a lado formando uma estrutura de
7 x 7 garrafas para o “stand up paddle” e 5 fileiras x 6 colunas de garrafas para a
prancha de surf, sendo unidas por cola de poliuretano e cano de PVC 15 para melhor
fixação. A folha de EVA 16foi utilizada para fazer o“deck” 17 das pranchas. Após o
processo de acabamento os alunos fabricaram os remos para o “stand up paddle”
com garrafas PET e cano de PVC. O projeto deste estudo foi aprovado pelo Comitê
de Ética em Pesquisa da Univille com perecer de nº CAAE 36389414.7.0000.5366
de 08/10/2014.
Análise Discussão e Interpretação dos Resultados
A pesquisa objetivou desenvolver a consciência ecológica a partir da criação
de pranchas de surf e “stand up paddle” com garrafas PET. A amostra foi composta
por 50 alunos das escolas da rede estadual, municipal e particular. Para a coleta dos
dados utilizou-se a observação participante com roteiro pré-estabelecido, e após
uma comparação com leituras em artigos e livros especializados.
14
TCLE - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
PVC - Policloreto de Vinila
16
EVA - Ethil Vinil Acetat (Etil Vinil Acetato)
17
Deck - Parte de cima da prancha onde o surfista pisa.
15
40
Durante a confecção das pranchas, os alunos foram avaliados pela
observação, com roteiro pré-estabelecido, e após a confecção foi realizada uma
intervenção de atividade física.
Na escola da rede particular percebeu-se a interação das crianças com o
projeto de forma participativa, proporcionando a integração com os demais colegas e
professor. Apresentaram boa organização na distribuição das tarefas, mantendo o
espaço limpo, entretanto, houve dificuldade motora em certas etapas da confecção.
Constatou-se a compreensão dos alunos em relação à reutilização como
instrumento de uma atividade física em um meio diferente do escolar, por
consequência o entendimento do objetivo geral foi atingido oportunizando
desenvolvimento da consciência ambiental.
Observou-se na escola da rede municipal uma realidade diferente do
ambiente da rede particular. Os alunos sentiam a importância da reutilização, pois se
deparavam com esses materiais despejados em qualquer lugar diariamente. As
crianças participaram ativamente no trabalho, fazendo amizades entre eles e com o
professor. Mostraram organização, cuidado com os materiais e o ambiente utilizado
para a construção das pranchas. Para muitos desses alunos a reutilização de
material não era novidade, porém ela sendo processo efetivo na realização de uma
atividade física fez com que eles olhassem de forma diferente para a importância da
preservação ambiental.
Os estudantes da escola estadual compreenderam desde o início o objetivo
do projeto, executando as tarefas em equipe, de forma organizada, sendo pró-ativos
no processo de construção da prancha, apenas orientados pelo professor. Notou-se
o envolvimento com a proposta, através de questionamentos em relação à
confecção e a questão ambiental, sendo assim, proporcionando uma reflexão aos
estudantes sobre seus atos.
Ao chegar à praia os alunos estavam com grandes expectativas se o material
confeccionado por eles iria funcionar. Com a utilização da prancha no mar puderam
observar a eficiência do item na prática. O teste na praia expôs que indiferentes da
faixa etária dos educandos, todos se mostraram realizados, pois testaram o próprio
objeto construído.
41
Diante do exposto percebe-se que a educação ambiental deveria ser
trabalhada de alguma maneira nas escolas observadas, mas não de forma
significativa com sua realidade.
Identifica-se que a falta de consciência ambiental dos alunos origina -se da
estrutura educ acional com métodos defas ados, sem sintonia com a
realidade, gerando cidadãos com hábitos e comportamentos prejudiciais ao
meio ambiente, não porque pret endiam ser assim, e sim, por não terem
recebido uma educação com mét odos que se adéquem a realidade (LOPES
et al.,2015, web).
Kindel (2006 apud Lopes, 2015, web) também afirma que a educação
ambiental só será eficaz, se levar os alunos a terem percepção do mundo que os
cerca, envolvendo-os de forma a despertar uma consciência crítica que busca
soluções para o problema.
Inserir atividades pensando na conscientização ambiental desde o início do
ensino fundamental é necessário para vivermos em um mundo menos poluído e
correto ecologicamente. Durante toda a nossa vida, ouve-se falar que a base escolar
é falha, assim sendo difícil conseguir ter bons resultados futuros. Deve-se investir na
educação ambiental no ensino fundamental, pois é o momento em que se
desenvolve a base de nossa aprendizagem, propiciando as criançasações de
conscientização de que se deve sim utilizar os recursos naturais, mas para suprir
nossas necessidades básicas e dispondo para as gerações futuras o direito de suprir
suas próprias necessidades (LOPES et al., 2015, web).
Nesse sentido, torna-se essencial que a educação ambiental crítica,
dialógica,faça parte da sua realidade, para que a criança possa criar e se expressar
nessas relações, ampliando sua visão de mundo (RODRIGUES, 2007 apud
MARTINS, 2015, web).
No ensino médio também se faz importante ressaltar o intuito de uma educação
ambiental, pois nessa faixa etária muitos dos alunos já estão ou estarão deixando a
escola, sendo talvez o último contato com este tema.
A Educação Ambiental contribui para a inclusão do indivíduo a partir do
moment o em que aborda as relações do homem com a sociedade e a
natureza, e leva o educando a refletir e agir, suscitando nele uma visão
crítica da realidade ambiental (SILVA, 2015, web).
Em razão da educação ambiental estar diretamente relacionada ao modo de
vida das pessoas, como vivem e convivem em sociedade, é necessário que o
42
ambiente onde se vive seja percebido em sua totalidade, suas características e seus
problemas, buscando conscientizar o educando de seu papel na sociedade,
privilegiando a solidariedade, a partilha e o respeito (MEDEIROS, 2011). Deve-se
pensar em um mundo em que todos tenham direito de desfrutar o ambiente presente
e o futuro com qualidade. Na visão de Barbosa (2008)“o desenvolvimento
sustentável é aquele que atende as necessidades do presente sem comprometer as
possibilidades de as gerações futuras atenderem suas próprias necessidades”.
A função do educador é papel principal dando sentido ao trabalho desenvolvido
para que os alunos compreendam o real objetivo do mesmo. O educador deve
procurar colocar os alunos em situações que sejam formadoras, diante de uma
agressão ambiental ou conservação ambiental, apresentando os meios de
compreensão do meio ambiente (BERNA, 2004 apud SARAIVA, 2008).
Considerações Finais
Notou-se que a reutilização é uma das atitudes efetivas que pode ser
desenvolvida nas escolas. Por contribuir com a redução do impacto ambiental em
um cenário atual de alta urbanização, industrialização e de uma sociedade
consumista. Essas atividades permitem a utilização de materiais que poderiam ser
depositados em locais inapropriados, em um objeto de uso direto para o
desenvolvimento de uma atividade física.
A pesquisa realizada comprovou a importância de uma educação ambiental no
âmbito escolar. Portanto ela deve ser inserida desde os primeiros anos de ensino
fundamental para se alcançar uma maior efetividade. Pois é nesse momento que se
desenvolve o principio de cidadão, relacionando o contexto social com o ambiental.
O professor tem papel fundamental na realização da educação ambiental na
sociedade. Em razão que é dele a função de oportunizar atividades que
desenvolvam a percepção dos alunos com a preservação ambiental. Para que no
futuro esses alunos efetivem a consciência ambiental.
Sugere-se um estudo mais aprofundado sobre a educação ambiental nas
escolas, no sentido de criar novos materiais pedagógicos que facilitem uma maior
43
compreensão da proposta. Também é necessário contemplar um maior número de
escolas possibilitando envolver a sociedade.
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46
A GINÁSTICA COMO FERRAMENTA PARA A MELHORA DA FLEXIBILIDADE
Louise Carolyn Schmitt 18
Márcia de Souza Pedroso Agustini 19
Resumo: O presente estudo teve como objetivo determinar se a Ginástica quando
desenvolvida nas aulas de Educação Física Escolar, contribui para a melhora da
flexibilidade dos alunos do Ensino Médio. A necessidade de uma flexibilidade melhor
desenvolvida, principalmente na fase da adolescência tem sua importância justificada pelos
benefícios a ela atribuída como, por exemplo: a prevenção do encurtamento muscular e
tendíneo, manutenção e reeducação da postura, o aumento da amplitude articular
resultando uma melhora na realização dos movimentos das práticas diárias. A amostra foi
composta por 89 adolescentes de ambos os sexos com idade entre 17 à 19 anos, que
frequentam as aulas de Educação Física durante a semana na Escola de Educação Básica
Professor Germano Timm, situada na rua: Orestes Guimarães, n°406 América na cidade de
Joinville/SC. O instrumento de pesquisa utilizado como pré e pós teste foi o protocolo de
avaliação o Flexiteste (Dantas, Estélio H. M. 1989) adaptado. Com base nas análises dos
resultados obtidos observou-se que houve uma melhora considerável na flexibilidade dos
alunos avaliados, mas também vários quesitos como motivação para a prática de uma
atividade física, socialização, ritmo, agilidade, coordenação e corporeidade se destacaram
entre os adolescentes após a aplicação do desenvolvimento das aulas de Ginástica.
Palavras-Chave: Ginástica, Flexibilidade, Benefícios.
Abstract: This study aimed to determine whether the gymnastics when developed in physical
education classes, contributes to the improvement of the flexibility of high school students.
The need for better developed flexibility, especially in adolescence has its importance
justified by the benefits attributed to it such as: the prevention of muscle and tendon
shortening, maintenance and rehabilitation of posture, increased range of motion resulting in
an improvement in the performance of the movements of daily practices The sample was
composed of 89 adolescents of both sexes aged 17 to 19, who attend physical education
classes during the week at the School of Basic Education Teacher Germano Timm, located
on the street: Orestes Guimarães, No. 406 America in Joinville / SC. The research
instrument used as pre and post test was the evaluation protocol Flexitest (Dantas, Estélio H.
M. 1989) adapted. Based on the analysis of the results it was observed that there was a
considerable improvement in the flexibility of the evaluated students, but also several issues
such as motivation to practice a physical activity, socialization, rhythm, agility, coordination
and corporeality stood out among teenagers after applying the development of gymnastics
classes.
Keywords: Gymnastics, Flexibility, Benefits.
18
19
Acadêmica do 4° ano do Curso de Educação Física da Univille
Professora MSc do Curso de Educação Física da Univille
47
Introdução
A Ginástica é uma modalidade multifacetada por isso é de suma importância
no currículo da Educação Física escolar, pois trabalha várias valências físicas de
modo prazeroso e abrangente. Por se permitir trabalhar com música e ritmo nas
aulas de Educação Física com exercícios e movimentações, enriquecemos os
repertórios de
movimentos explorando as amplitudes do próprio corpo e
experimentando se expressar de diversas formas com ele, como uma disciplina que
por meio de seus exercícios e atividades desenvolve a Flexibilidade. O presente
artigo visa a modalidade da Ginástica pois, durante as observações dos campos de
estágio escolar obrigatório percebeu-se a necessidade de apresentar os benefícios e
a importância de se aprimorar a Flexibilidade dos alunos durante as aulas de
Educação Física, para correção da postura, e para uma melhor qualidade de vida
dos alunos do Ensino Médio.
A Flexibilidade é uma das qualidades físicas que devem ser trabalhadas e
desenvolvidas na escola. A necessidade de uma Flexibilidade melhor desenvolvida
tem sua importância justificada pelos benefícios a ela atribuída como, por exemplo: a
prevenção do encurtamento muscular, manutenção da postura, reeducação postural,
aprimoramento das valências físicas, amplitude articular, e a melhora da amplitude
de movimentos resultando numa melhor mobilidade para realizar as atividades do
dia.
Todos nós temos um corpo, mas o que podemos fazer com ele? e como
trabalhar com ele na fase da adolescência em que os picos de hormônios e o
metabolismo acelerado trazem tantas mudanças físicas nos indivíduos? Como
trabalhar a liberdade de expressão, o conhecimento do seu corpo e de novos
movimentos? A Ginástica é um conteúdo da Educação Física e sua presença no
Ensino Médio é definida e justificada pelos Parâmetros Curriculares Nacionais para
o Ensino Médio como uma técnica de trabalho corporal que pode ser realizada entre
outros objetivos para a manutenção da saúde.
Pretendeu-se verificar com a metodologia de trabalho escolhida, se os alunos
melhorarão a sua Flexibilidade nas aulas de Educação Física, tendo como objetivo
principal proporcionar a melhora da Flexibilidade articular, muscular e tendínea dos
grupos musculares estudados, bem como melhorar consciência corporal, fortalecer
48
os músculos para uma reeducação e melhora da postura, melhora das relações
interpessoais e autoestima.
E tudo isso deve ser proporcionado no âmbito escolar. Essa construção da
postura correta, autoimagem, socialização, aceitação do próprio corpo, suas
limitações e potencialização das valências físicas já adquiridas. Que com todo esse
aprendizado e desenvolvimento físico possamos mostrar que a prática de uma
atividade física e o aumento da amplitude articular e muscular devido a
potencialidade da flexibilidade, são fatores imprescindíveis para desenvolvimento
integral para toda a vida.
Ginástica
A Ginástica hoje é um dos conteúdos da Educação Física Escolar, e sua
proposta de realização na escola está amparada nos Parâmetros Curriculares
Nacionais da área de Educação Física que definem três blocos de conteúdos para o
Ensino Fundamental e entre eles, a Ginástica.
Saba (2003) define como Ginástica uma sequencia de exercícios de mesmo
tipo realizados em um mesmo lugar. Essa sequencia de exercícios definidas pelo
autor podem variar de acordo com o objetivo principal com o qual a ginástica é
praticada entre os indivíduos. "O homem por si só já pratica a ginástica através de
seus movimentos naturais e que se tornam movimentos ginásticos quando são
utilizados didaticamente para direcionar a formação física e/ou motora" (DALLO,
2007, p.30). Na escola, a ginástica procura reaproveitar os movimentos naturais do
homem (correr, saltar etc.) e introduzir os movimentos construídos que são definidos
pelo mesmo autor como movimentos criados para o tratamento localizado do corpo
pelo grau de precisão técnica de movimento que é aplicada para alcançar efeitos
sobre as qualidades físicas (força, elasticidade muscular, mobilidade articular etc.).
Portanto a Ginástica é um conjunto de movimentos naturais do ser humano
ou construídos para se alcançar um objetivo específico, normalmente a formação
corporal. Marques (2013) informa que, muitos benefícios atribuídos a prática da
Ginástica, entre eles a melhora da mobilidade e Flexibilidade músculo articular,
melhora da postura, diminuição da tensão muscular desnecessária, redução da
sensação de fadiga, além de outros benefícios psicológicos. E por ser um conteúdo
49
das aulas de Educação Física que oportuniza a participação do maior número de
pessoas nas atividades, integrando varias possibilidades de manifestações corporais,
trabalhando a auto superação sociocultural, oportunizando o reconhecimento do
trabalho coletivo, sem deixar de valorizar a individualidade neste contexto e o
principal, mantém e desenvolve o bem estar físico, psíquico pessoal e social dos
alunos. (Confederação Brasileira de Ginástica)
Diante de todos os benefícios apresentados, a Ginástica deve estar presente
na escola por ser uma importante ferramenta de manutenção da saúde e melhoria
da Flexibilidade.
Flexibilidade
A Flexibilidade é uma das principais qualidades físicas presentes no ser
humano podendo ter influência genética ou não e que podem ser desenvolvidas
através de exercícios e atividades que a estimulem.
No entendimento de Anderson; Col (1996, p.124), "o termo Flexibilidade se
refere à amplitude de movimento de uma articulação ou de uma série de
articulações, e é influenciada pelos músculos, tendões, ligamentos, ossos e
estruturas ósseas". Ou seja, a Flexibilidade é a capacidade de uma ou mais
articulações e todos os seus componentes realizarem movimentos amplos sem
lesão ou rompimento dos tecidos. O mesmo autor apresenta dois tipos de
Flexibilidade: a Flexibilidade estática e a Flexibilidade dinâmica.
A Flexibilidade estática é a amplitude de movime nto de uma articulação que
não está em movimento. A Flexibilidade dinâmica é a amplitude máxima dessa
mesma articulação durante a realização de movimentos.
Uma Flexibilidade bem desenvolvida é importante para uma boa mobilidade
corporal. O corpo pode se mover e realizar movimentos corporais de forma mais
ampla. Weinceck (2003 apud ALBUQUERQUE; COL, 2008, p.94) afirma que,
A Flexibilidade é importante para a manutenção da capacidade geral de
rendimento, economia do trabalho muscular, profilaxia postural, facilitação
do aprendizado de movimentos, otimização da recuperação após um
esforço e manutenção da autonomia nas atividades habituais.
E de acordo com Dantas (2005, p. 58), existem quatro componentes da
Flexibilidade para se avaliar o grau de Flexibilidade de um individuo, são eles:
50
Mobilidade- no tocante ao grau de liberdade de movimento da articulação;
Elasticidade- com referência ao estirament o elástico dos componentes
musculares; Plasticidade- grau de deformação temporária que estruturas
musculares e articulações devem sofrer, para possibilitar o movimento.
Existe um grau residual de deformação que se mantém após cessada a
força aplicada, conhecida como histeresis; Maleabilidade- modificações das
tensões parciais da pele, frut o das acomodações necessárias no segmento
considerado.
Uma boa Flexibilidade é alcançada através do estimulo que pode ocorrer
normalmente com exercícios de alongamentos e outros exercícios específicos. O
desenvolvimento dessa qualidade física proporcionará inúmeros benefícios ao corpo
humano e consequentemente a manutenção de uma boa saúde.
Relação entre a Ginástica e a melhora da Flexibilidade na Adolescência
A Ginástica é uma importante ferramenta que o professor de Educação Física
tem a disposição para o desenvolvimento das qualidades físicas que necessitam de
estímulo nas aulas de Educação Física Escolar. Entre as qualidades físicas a serem
desenvolvidas pela Educação Física estão à força, resistência, agilidade,
coordenação, ritmo, equilíbrio, velocidade, flexibilidade.
Para Freitas; Vieira (2008, p.8), "a Ginástica trabalha qualidades físicas
essenciais como a Flexibilidade, entre outras, e estimula os grupamentos
musculares fundamentais para um crescimento saudável desde a mais tenra idade".
A Ginástica quando composta por exercícios analíticos contribuem para o
desenvolvimento da força, da resistência, da mobilidade articular, da Flexibilidade
corporal (DALLO, 2007).
A prática da Ginástica nas aulas de Educação Física contribuem para a
melhora da flexibilidade? Neste caso, a Ginástica mostra -se importante para o
desenvolvimento de todas as qualidades físicas e dependendo do objetivo com que
ela é utilizada, dar ênfase a uma delas através de exercícios planejados para este
fim. Portanto, a melhora da Flexibilidade está associada a realização de exercícios
dentro da Ginástica quando os mesmos são planejados para este fim.
A participação em atividades físicas declina consideravelmente com o
crescimento, especialmente da adolescência para o adulto jovem. Alguns estudos
identificam alguns fatores de risco para o sedentarismo: pais inativos fisicamente,
51
escolas sem atividades esportivas, sexo feminino, residir em área urbana, TV no
quarto da criança. Apesar de alguns estudos longitudinais indicarem fraca ou
modesta correlação entre atividade física na infância e na vida adulta, outros
apontam que crianças e adolescentes que se mantêm fisicamente ativos
apresentam probabilidade menor de se tornar adultos sedentários. (BEZERRA ALVES,
J. G. et al 2005 Web)
A Adolescência é o período de transição entre a infância e a vida adulta,
caracterizado pelos impulsos do desenvolvimento físico, mental, emocional, sexual e
social e pelos esforços do indivíduo em alcançar os objetivos relacionados às
expectativas culturais da sociedade em que vive. A adolescência se inicia com as
mudanças corporais da puberdade e termina quando o indivíduo consolida seu
crescimento e sua personalidade, obtendo progressivamente sua independência
econômica, além da integração em seu grupo social. Puberdade é o fenômeno
biológico que se refere às mudanças morfológicas e fisiológicas (forma, tamanho e
função) resultantes da reativação dos mecanismos neuro -hormonais do eixo
hipotalâmico- hipofisário-adrenal-gonadal. Estas mudanças corporais conhecidas
como os fenômenos da pubarca ou adrenarca e gonadarca são parte de um
processo contínuo e dinâmico que se inicia durante a vida fetal e termina com o
completo crescimento e fusão total das epífises ósseas, com o desenvolvimento das
características sexuais secundárias, com a completa maturação da mulher e do
homem
e
de
sua
capacidade
de
fecundação,
através
de
ovulação
e
espermatogênese, respectivamente, garantindo a perpetuação da espécie humana.
É importante observar que ocorre uma enorme variabilidade no tempo de início,
duração e progressão do desenvolvimento puberal, com marcantes diferenças entre
os sexos (EISENSTEIN, 2015, web).
Materiais e Métodos
O presente estudo foi elaborado de maneira descritiva, bibliográfica de campo
e quantitativa e os resultados foram coletados de maneira ativa, interativa e
participativa. O mesmo foi aplicado no ensino médio das turmas: 2° ano1, 2° ano 3,
3° ano 1, 3° ano 3 e 3° ano 4 com alunos entre 17 à 20 anos matriculados na escola
52
Estadual de Educação Básica Professor Germano Timm situado no bairro América
no município de Joinville, Santa Catarina.
Sabendo da importância da Ginástica para melhora da flexibilidade optou-se
pelo teste do Flexiteste (Dantas, Estélio H. M.1989) adaptado na forma de aplicação
de pré e pós teste. Para mensuração da amplitude de alongamento de três
articulações: talo crural, tronco e gleno umeral sinovial. O teste consiste sentado em
colchonete o aluno faz flexão plantar para observar a amplitude do movimento e
enquadrar na classificação do protocolo, após deita- se de decúbito ventral com as
mãos na nuca, realiza-se o movimento de hiperextensão do tronco para trás o
máximo que conseguir. Depois em pé de costas para a avaliadora realizar o
movimento de adução posterior a partir abdução do angulo de 180° graus no ombro.
Os dados obtidos entre o pré e pós-teste foram organizados em uma planilha
do Excel for Windows posteriormente tratados pela estatística descritiva e frequência
através do pacote estatístico SPSS 16.0 onde se utilizou o teste "t de Student" com
nivel de significância de p<0,05.
Análise Interpretação e Discussão dos Resultados
Para execução do pré-teste foi primeiro conversado o tema e as atividades
com a professora responsável. Depois feita uma aula de apresentação do conteúdo
do artigo explicando o que é ginástica e seus diferentes tipos, no auto rendimento
dos desportos olímpicos e no cotidiano como a ginástica de academia e a ginástica
laboral. Após foi apresentado os conteúdos trabalhados através das atividades
descritas nos planos de aula e os principais resultados que se esperava com a
aplicação do artigo. Para uma melhor explicação para as turmas foi realizada a
primeira aula com alongamento em roda, e por curiosidade das turmas com relação
ao conteúdo de circuito foi realizado a segunda aula com um circuito de seis
estações para adaptação e após isso realizado o protocolo do Flexiteste adaptado
na forma de pré teste para analise dos resultados.
Logo após foi aplicada aulas baseadas em alongamentos em roda e em
duplas, focando em exercícios estáticos para as principais articulações e exercícios
resistência, força, equilíbrio e relaxamento por meio de massagens em duplas. Foi
realizado aulas com circuitos de seis estações para trabalhar coordenação dos
53
movimentos (Ex: polichinelo lateral e frontal), agilidade (Ex: corrida alternada entre
bambolês, passagem com saltos por barreirinhas), velocidade (Ex: pular corda),
resistência (Ex: abdominais, prancha lateral e frontal), força (Ex: semi agachamento
em duplas) .
E nas aulas alongamento de membros superiores e inferiores focando nas
principais articulações em roda e em dupla foi trabalhado exercícios de equilíbrio,
força, e Flexibilidade focando nas principais articulações avaliadas e relaxamento
por meio de massagem em dupla e exercícios de respiração. Nas aulas de
atividades rítmicas foi trabalhado ritmo, coordenação, espaço temporal, lateralidade
e corporeidade.
Por meio de coreografias construídas (em fileiras intercalados ao som da
música, a professora realiza um movimento e chama o próximo da fileira, que realiza
o primeiro movimento e elabora um segundo movimento chamando o próximo que
reproduz os dois movimentos anteriores e mais o seu, assim toda vez que fechar
cinco movimentos recomeça). Em roda, as duplas realizam os comandos
caminhando. (Ex: voltou-inverte o sentido da roda, trocou-troca de parceiro com a
pessoa da frente, rolou- o aluno do lado de dentro passa pelas costas do amigo e
passa pra dentro da roda, skipping- de mãos dadas joelho alto num trote acelerado,
tá tá tá- dar quatro passos e pela marcação de palmas da professora realiza dois
contra passos pra direita dois para esquerda).
Nas aulas de ati vidades rítmicas no tablado utilizou-se alongamentos sentado
focando para abertura e alongamentos dos principais grupos musculares recrutados
nestas práticas, foi demonstrado os rolamentos para auxiliá-los com os movimentos,
equilíbrios, saltos, giros para apresentar e exemplificar para as turmas os principais
elementos das Ginásticas rítmicas e olímpica.
Ao todo foram utilizados os materiais específicos para elaboração das aulas:
bolas, colchonetes, tablados, cordas (Grande e pequena), bambolês, barreirinhas,
cones, caixa de som e pen drive. Utilizou-se o total de 62 horas/aula de aplicação
com 13 horas/aula para avaliação de pré e pós teste.
Para melhor compreensão da evolução dos alunos foi adaptado a tabela de
Conceitos do Flexiteste (DANTAS 1989) pois foi escolhido três exercícios dos
dezessete apresentados no protocolo, diminuindo portanto a soma total, como a
apresentada por Dantas. Baseando-se nesta tabela conforme a somatória das notas
54
do pré e do pós teste formulou-se conceitos para os níveis de F lexibilidade dos
alunos. Vide tabela 1:
Tabela 1- Valores da somatória do Flexiteste
Valores da Somatória
12 = Excelente
10 a 11 = Bom
7 a 9 = Médio (+)
4 a 6 = Médio (-)
1 a 3 = Fraco
0 = Deficiente
Fonte: Baseado em Dantas 1989.
Para análise dos resultados das aulas aplicadas vide gráfico na forma de pré
e pós teste com os valores totais do Flexiteste adaptado.
Gráfico 1- Flexiteste 2° ano 1
Flexiteste 2° ano 1
Pré Teste
Pós Teste
12
11
10 10
9
9
9
10
9
8
77
7
6
7
77
6
7
77
6
55
6
7
66
6
5
5
4 4
2
F40 F41 F42 F43 F44 F45 F46 F47 M33 M34 M35 M36 M37 M38 M39 M40 M41
Fonte: Primária (2015)
No gráfico 1, observa-se que os alunos F40, F45, F46, M36 e M37 da amostra
não apresentaram evolução do pré pós teste devido a falta de empenho na
execução das atividades propostas conceituando-se no Médio (+) e Médio (-),
55
segundo tabela 1. Já os alunos F41, M34, M35 e M41 apontaram resultados acima
dos esperados já no pré teste alcançando conceitos Médio (+) e Bom, devido as
praticas de atividades físicas de alta intensidade fora do âmbito escolar e observouse evolução do pré pra o pós. Dentre os outros o aluno F41 atingiu o maior conceito
pela somatório o Excelente, segundo tabela 1.
O aluno M38 foi o que obteve seu desenvolvimento mais acentuado pela
diferença do pré para o pós devido a empenho do aluno e motivação para as
atividades. Segundo tabela 1 passou do conceito Fraco com a soma total 2 para
Bom com a soma total 4.
Os dados obtidos entre pré e pós teste foram relevantes , entretanto não
apresentaram significância para p<0,05.
Gráfico 2- Flexiteste 2ª ano 3
Flexiteste 2° ano 3
Pré Teste
Pós Teste
10
9 99
66 66
6
5 5
5
4 4
3
F9
44 4
5
44 4
5 55
44 4
44
33
F10 F11 F12 F13 F14 M6 M7 M8 M9 M10 M11 M12 M13 M14 M15
Fonte: Primária (2015)
O gráfico 2 apresenta que os alunos F9, F10, F14, M6 e M8, M12, M14 e M15
da amostra não tiveram evolução do pré teste e pós teste devido a falta de interesse
pelas atividades, estabelecendo-se nos conceitos Fraco e Médio (-). Os alunos M10
e M11 apontaram resultados acima dos esperados já no pré teste devido as praticas
de atividades físicas de alta intensidade fora do âmbito escolar conceituando-se em
Médio(+) e Bom . O M10 teve uma melhora na classificação do pós teste
conceituando-se do Médio (+) para Bom segundo os conceitos da tabela 1.
56
Os dados obtidos entre pré e pós teste foram relevantes porém não
apresentaram significância para p>0,05.
Gráfico 3- Flexiteste 3° ano 1
Flexiteste 3° ano 1
Pré Teste
Pós Teste
11 1111
10
1010
1111
99
99
9
8
7
6
5
7
6 6
55
6
5
5
4
3
4
6
5
66
5
4
3
4 4
3
F29 F30 F31 F32 F33 F34 F35 F36 F37 F38 F39 M25 M26 M27 M28 M29 M30 M31 M32
Fonte: Primária (2015)
Os alunos F32, F35, M26, M28 como apresenta o gráfico 3, foram os valores
mais baixos mas conseguiram ter e volução do pré teste pra o pós, subindo do
conceito Fraco para Médio, e o M29 teve 4 na somatória total e alcançou 6 na
somatória do pós teste conceituando-se Médio, segundo tabela 1.Evolução esta
devida ao interesse pelas atividades por parte do aluno.
F31 e o M32, não evoluíram na avaliação, continuaram com os mesmos
resultados no pré e no pós teste, mantendo -se no conceito Médio (-). O F29, F37 e
F38, o M25, M27 e o M31atingiram as melhores pontuações no pré teste devido as
praticas de atividades físicas de alta intensidade fora do âmbito escolar, mantendose nos conceitos Médio(+) e Bom.
Os dados obtidos entre pré e pós teste foram relevantes, entretanto não
apresentaram significância para p<0,05.
57
Gráfico 4- Flexiteste 3° ano 3
Flexiteste 3° ano 3
Pré Teste
Pós Teste
7
7
6 6
6
5 5
5
4
4
F2
F3
F4
5
4
3
F1
7
4 4
5
F6
4
F8
6
4
3
F7
6
5
4
3
F5
6
M1
33
M2
M3
M4
M5
M6
Fonte: Primária (2015)
No gráfico 4 observa-se que o aluno M3 da amostra não teve evolução do pré
e pós teste devido a falta de empenho na execução das atividades propostas e
histórico de sedentarismo. Os alunos F3, M2 e M4 apontaram resultados acima dos
esperados já no pré teste devido as praticas de atividades físicas de alta intensidade
fora do âmbito escolar e mesmo assim conseguiram evolução do pré pra o pós.
Sem contar com o aluno M3 toda a turma teve evolução segundo a somatória dos
valores do pré teste e do pós teste.
Os dados obtidos entre pré e pós teste foram relevantes e apresentaram
significância para p<0,05.(0,0372)
58
Gráfico 5- Flexiteste 3° ano 4
Flexiteste 3° ano 4
Pré Teste
Pós Teste
10
9
99
88
9
8
7
6
5 55 5
4 44 4
88
7 7
6
6
55
5
4
99
8 8
66
55
4
5
4
4
3
3
44
3
2
F15 F16 F17 F18 F19 F20 F21 F22 F23 F24 F25 F26 F27 F28 M16 M17 M18 M19 M20 M21 M22 M23 M24
Fonte: Primária (2015)
No gráfico 5 observa-se que os alunos F16, F18, F20, F22 e F27 e os M18,
M21, M22, M23 e M24 da amostra não tiveram evolução do pré e pós teste devido a
falta desmotivação da turma, falta de empenho na execução das atividades
propostas e grande número de alunos sedentários e faltosos, mantendo-se nos
conceitos Médio (-) e Médio (+). Os alunos F15, F16, F25 e F27, e os M17, M23 e
M24 apontaram resultados se classificando nos conceitos Médio (+) à Bom, valores
acima dos esperados já no pré teste devido às praticas de atividades de alta
intensidade fora do âmbito escolar e conseguiram evolução do pré pra o pós. Sendo
que os alunos F23, F26 e o M20 apresentaram elevada evolução do pré teste para o
pós se comparado ao resto da turma classificando-se segundo tabela 1 de Fraco
para Médio (-).
Os dados obtidos entre pré e pós teste foram relevantes porém não
apresentaram significância para p<0,05.
Referente
aos
valores
obtidos
pela
tabulação
Excel
for
Windows
posteriormente tratados pela estatística descritiva e frequência através do pacote
estatístico SPSS 16.0 onde se utilizou o teste "t de Student" com nivel de
significância de p<0,05. Para uma melhor avaliação dos resultados vide Tabela 2:
Tabela 2
59
Tabela das Diferenças Relativas e Absolutas
Sujeitos
Diferença Absoluta
Diferença Relativa %
% Significância
Geral
1
16,67
0,0001
3º ano 3
1
18,92
0,0372
2º ano 3
0,4375
8,24
0,5056
3º ano 4
0,6957
11,11
0,26
3º ano 1
0,7368
10,29
0,3937
2º ano 1
0,7647
10,32
0,3044
Para melhor compreensão destes valores, segue gráfico 6 que mostra a
evolução geral e por turma segundo aos valores obtidos pela tabulação Excel for
Windows posteriormente tratados pela estatística descritiva e frequência através do
pacote estatístico SPSS 16.0 onde se utilizou o teste "t de Student" com nivel de
significância de p<0,05.
Gráfico 6.
Evolução Geral e Turmas
18,92%
16,67%
11,11%
10,29%
10,32%
8,24%
GERAL
3º ANO 3
2º ANO 3
3º ANO 4
3º ANO 1
2º ANO 1
Por se tratar de uma amostragem com ambos os gêneros e várias faixas
etárias percebe-se a diferença de visão e aceitação das atividades. Os segundos
anos se mostraram mais receptivos e interagiram mais entre si nas atividades,
principalmente as que envolviam músicas e as aulas de atividades rítmicas. Os
60
terceiros anos por sua vez de modo geral foram receptivos também nas atividades
mas, participaram mais ativamente dos circuitos e alongamentos em roda,
acontecendo uma certa resistência para as práticas com musica, por acreditarem
que tais movimentações são chatas e expõe muito o corpo. E devido as turmas
estudarem dois três anos juntos, torna-se mais difícil a interação e a socialização
pois há divisões de grupos nas salas. De modo geral se compreende a discrepância
de resultados da evolução ou não apresentados pelas turmas pelo tempo de
intervenção da Ginástica na escola, avaliando-se os resultados do artigo como
satisfatórios para ambas as partes.
Pelos gráficos tem-se uma noção da evolução e superação de cada aluno em
si e das turmas como um todo com relação à somatória do Flexiteste (DANTAS
1989) adaptado que mede a Flexibilidade das articulações em questão, e nota-se
pela avaliadora que as articulações do ombro e tronco obtiveram foram as que
melhor apresentaram resultados quanto a evolução por parte da amostra. E pelos
relatos dos próprios alunos, e colegas docentes aparenta-se melhora na postura,
bem estar dos alunos, motivação, troca de interações sociais e dedicação para as
práticas escolares.
Vale ressaltar que os alunos que apresentaram índices acima de 8 na
somatória do pré e pós testes são alunos que praticam atividade física de alta
intensidade durante a semana fora da escola, como esta exige muito alongamento
elevando ao máximo a flexibilidade no ta-se que mesmo após a intervenção da
Ginástica nas aulas de Educação Física foi pouca evolução dos mesmos pois estes
já tem sua flexibilidade levada ao extremo por parte da atividade física que praticam.
Considerações finais
Verificando os objetivos principais constatamos que os objetivos do presente
artigo foram atingidos, pois houve evolução da Flexibilidade dos alunos avaliados.
Além do aumento da Flexibilidade houve grande interesse por parte dos alunos pela
Ginástica, pelas atividades propostas e também pode-se constatar que os
adolescentes obtiveram aumento da motivação para as aulas de Educação Física,
melhora da corporeidade, auto imagem e das relações interpessoais devido a
grande interação dos alongamentos em dupla e das aulas de atividades rítmicas.
61
Na fase da aplicação das turmas de ensino médio também constatamos que
na adolescência os alunos tem dificuldades em aceitar a si mesmos e aos outros
devido as grandes mudanças físicas, psicológicas, emocionais e sociais. Obteve-se
grande experiência com o trabalho e pode-se sentir a diferença nessas interações
para assuntos que não tem grande interesse e conhecimento no meio deles, pois na
conversa de inicio todos sentiram curiosidade em como seria introduzido a Ginástica
na escola, e como seria trabalhada durante a Educação Física.
Diante disso, sugere-se a implementação contínua da ginástica, realizando
uma Educação Física onde o corpo do adolescente seja mais estruturado não
apenas na observação mas utilizando ação motora por meio da sensibili dade, por
meio das vivências destes conhecimentos, por meio das atividades que busquem
respostas para os sentidos dos movimentos, e dos por quês da pratica da Ginástica.
Portanto as vivências da ginástica e os benefícios da flexibilidade são de
suma importância na superação e auto motivação visando a pratica continua de uma
atividade física para a qualidade de vida na fase adulta.
Referências
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exercícios para homens e mulheres. São Paulo: Summus, 1996.
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nacionais: Educação física /Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília:
MEC/SEF, 1997.
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como agente de formação. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo,
2007.
DANTAS, Estélio H. M. Flexibilidade: alongamento e flexionamento. Rio de Janeiro:
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______Alongamento e Flexionamento. 5ª ed. Rio de Janeiro: Shape, 2005.
62
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variáveis da aptidão física relacionadas à saúde em crianças e adolescentes. In:
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MARQUES, Wagner Luiz. Empregabilidade. Cianorte: Livro Online, 2013.
SABA, Fabio. Mexa-se: atividade física, saúde e bem-estar. São Paulo: Takano
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Ginástica. Disponível em:
<http://www.educacaofisica.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteud
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BEZERRA ALVES, J. G. et al. Prática de esportes durante a adolescência e
atividade
física
de
lazer
na
vida
adulta.
Disponível
<http://www.scielo.br/pdf/rbme/v11n5/27591.pdf> Acessado em: 15 nov. 2015.
em:
63
A INTERFERÊNCIA DAS MÍDIAS NAS ATIVIDADES FÍSICAS DAS CRIANÇAS
Rudinei Venturi 20
Pedro Jorge Cortes Morales21
Resumo: As mídias tem se mostrado um elemento contraditório no que se refere à atividade
física, principalmente sobre crianças, jovens e adolescentes na fase escolar. Este estudo
teve como objetivo observar se as fases do desenvolvimento das crianças estão sendo
afetadas e se o grau de exercícios físicos não é condizente com a idade. A pesquisa foi
desenvolvida com 41 alunos de 9 à 16 anos, de ambos os sexos, que frequentam do 6º e 9º
ano da Escola de Educação Básica João Colin, da cidade de Joinville – SC e teve como
instrumento de pesquisa a utilização de um questionário e consequentemente as
informações obtidas foram comparadas com leituras em artigos e livros especializados. Com
esse estudo foi obtido respostas condizentes com o atual momento em que os escolares se
encontram.
Palavras-Chave: Mídias, crianças, atividades físicas.
Abstract: The media has been a contradictory element when it comes to physical activity,
especially on children, youth and adolescents in school age. This study aimed to observe the
phases of the development of children are being affected and the degree of physical exercise
is not consistent with age. The research was conducted with 41 students from 9 to 16 years,
of both sexes , attending the 6th and 9th year of the School of Basic Education John Colin,
the city of Joinville - SC and had as a research tool using a questionnaire and consequently
the information obtained were compared to readings in articles and specialized books . With
this study was obtained answers consistent with the current time when the school meet.
Keywords: Media, children, physical activity.
Introdução
Este estudo visou identificar se o uso frequente ou de forma exagerada pode
causar um déficit no desenvolvimento das crianças, sejam elas por não realizarem
atividades físicas ou então por estarem dependentes dos aparelhos celulares e das
ferramentas de mídias assim perdendo fases importantes no desenvolvimento
psicomotor. É inegável que as mídias podem auxiliar na aprendizagem, mas quando
é utilizado de maneira correta, o uso quase que obrigatório das crianças pode estar
causando a perda de uma infância sadia, em qual poderiam estar praticando
20
21
Acadêmico do Curso de Educação Física da Univille
Professor Dr. do Curso de Educação Física da Univille
64
atividades saudáveis ou ate mesmo estão perdendo o contato do dialogo e trabalho
em equipe. O mau uso não está na ferramenta, o perigo está no uso que nós,
usuários, fazemos dela (FRAIMAN, 2015, apud ABRUSIO, 2015, p. 21).
Nas escolas o uso frequente de celulares já é comum e muitos já tem acesso
a rede de internet, são raras as exceções de crianças que não possuem contas na
internet, muitos que não ha possuem já são taxadas de atrasadas no tempo ou
excluídas nos meios sociais. As nossas necessidades de comunicação, de
socialização e de não nos sentirmos isolados ou sozinhos são plenamente
satisfeitas por toda gama de redes sociais e aplicativos (NEVES, 2015, apud
ABRUSIO, 2015, p. 268). O mundo digital esta cada vez mais presente e
obrigatoriamente não pode estar ausente do cotidiano das crianças, ou seja, acabam
se tornando reféns de algo virtual.
Não só o uso incorreto de celulares, mas também o acesso a conteúdos da
internet de forma não coordenada pode ocasionar em um grave erro, que poderá
afetar as crianças, devemos orienta-las que á o lado bom da utilização correta das
ferramentas de mídia, mas para que isso ocorra deve se ter um acompanhamento
constante dos pais.
Reconheço a importância do celular em nossas vidas, porém não podemos
entregá-lo nas mãos de nossos filhos sem antes orientá -los, afinal vivemos
em um mundo que existem regras. O mau uso do celular pode trazer
seriíssimos problemas tanto educacionais e psicológicos quant o problemas
de saúde (FIGUEIREDO, 2015, web).
Uma pesquisa realizada no ano de 2014 aponta que já há mais celulares no
mundo do que pessoas, e as crianças entre 10 e 14 anos da região sul do Brasil
58,7% já utilizam o aparelho como forma de acesso as mídias, cada vez mais
precoce é a utilização destes aparelhos, o que antes as crianças pediam como
presentes, bolas ou bonecas agora esta se tornando tablets, computadores ou
celulares.
Os aparelhos podem afetar a atenção, e o uso exagerado também pode
provocar o aumento da ansiedade. Muitos pais dão o telefone para os filhos
como uma forma de monitorar onde estão e com quem andam, mas é
preciso que eles também ajudem a criança a des envolver maturidade para
lidar com tamanha liberdade na palma da mão (ZERO HORA, 2015, web).
65
Pensando nisto temos que ter soluções criativas para combater este uso
excessivo, assim trazendo as crianças do mundo virtual para o mundo real onde
tenhamos argumentos e possibilidades de tornar cada vez mais atrativa e
tecnológica as aulas, propiciando assim novas ferramentas em prol da educação.
Conforme Fraiman (2015) apud ABRUSIO (2015) Motivação não se conquista por
decreto e sim com um ambiente interessante, com uma postura interessada e com
uma aula verdadeiramente atraente.
O estudo em questão realizou um questionário com o objetivo de saber se as
crianças estão optando pelas mídias perante as atividades físicas e com o resultado
foi proposto formas de evitar o uso exagerado das mídias e direciona-las para os
conteúdos educativos que essas ferramentas de mídias oferecem, conciliando a
pratica de atividades físicas com as tecnologias.
Mídias na Escola
Os acessos aos meios de internet ou mídias são um tema relativamente novo,
o uso crescente de pessoas com acesso a rede já ultrapassa a metade da
população no Brasil e as crianças já representam uma grande parcela das quais já
têm celulares ou outros do gênero. De acordo com Jansen (2015, web) O número de
usuários da internet passou da metade da população brasileira pela primeira vez.
Em 2013, os internautas somaram exatos 51% dos cidadãos com mais de 10 anos
de idade, ou 85,9 milhões de pessoas. Com este recurso presente em quase todos
os locais, será que as escolas estão preparas para esta evolução meteórica?
Podemos dizer que em boa parte não, uma porcentagem do uso incorreto destes
aparelhos também veem dos próprios pais das crianças que ao aceitar o uso sem
consentimento podem estar atrapalhando o desenvolvimento dos seus filhos, que
antes estavam realizando atividades físicas, e agora podem passar horas plugadas
as mídias na qual muitas das vezes são conteúdos não condizentes com a idade, e
podemos dizer que estes conteúdos são cada vez menos relacionados à educação
ou estudo escolar.
Os benefícios através da utilização correta destes acessos podem ser
múltiplos tanto no aspecto físico como no psicomotor, e ainda mais destacado no
66
ganho educacional, as crianças podem utilizar estes meios, mas de forma correta e
consciente e as escolas devem estar preparadas para esta era tecnológica.
O celular, como outras tecnologias, pode favorecer o trabalho na escola,
tornando-o mais criativo, envolvente e dinâmico. Porém é necessário que se
tenha uma formação que habilite os educadores ao uso destas novas
tecnologias, pois ainda não absorvemos a cult ura da utilização das
tecnologias para o enriquecimento da prática docente, infelizmente ainda
prevalece uma resistência para a utilização das mesmas. E isto é motivo de
preocupação, pois enquanto a escola não s e adapta a utilidade das novas
tecnologias, elas invadem a escola (FIGUEIREDO, 2015, web)
Se preparar para receber estas novas ferramentas tecnológicas são
essenciais para esta retomada do campo de trabalho perdido, a atualização
constante do professor neste processo torna se essencial para a escola do futuro,
nesta escola que ainda esta distante poderá conciliar as praticas com a utilização
das ferramentas de mídia e promover a educação digital cada vez mais cedo, assim
orientando e direcionando as crianças para conteúdos que realmente podem fazer a
diferença em seu aspecto pedagógico.
Mídias
A má utilização das mídias ou o uso desta ferramenta de alcunho social,
informativo e de aprendizado, esta causando nas crianças um grande reflexo
negativo, que podemos notar no dia a dia escolar, a famosa geração “Z” já nasce
plugada principalmente nas redes sociais onde o uso já esta praticamente se
tornando obrigatório, aqueles que não estão presente ou não possuem um perfil nas
redes sociais sofrem uma espécie de exclusão digital. Os jovens da geração Z têm
como característica marcante, a presença da internet desde o seu nascimento, o
que a torna algo natural e essencial para suas vidas (BARROS, 2015, apud
ABRUSIO, 2015, p. 70). Assim já nascendo junta a era tecnológica e digital, as
crianças precisam de uma educação e processos pedagógicos condizentes com a
realidade a sua volta para que possam desempenhar o seu Maximo aprendizado
nos aplicativos que as facilmente prendem a sua atenção, mas tudo isto com
regularidade para que as ferramentas não se tornem algo viciante.
Segundo Teixeira (2015, web) o excesso de exposição à mídia faz com que
as crianças durmam menos, tenham mais dificuldade de concentração e menor
desempenho acadêmico. Algo que esta se tornando frequente nas aulas de
67
educação física, são crianças que não aderem a pratica de exercícios físicos para
poderem ficar conectados as mídias, uma grande problemática é no ensino médio já
que a educação física é uma matéria que “não reprova” muitos se apropriam deste
argumento e aderem a não participação nas aulas, e entram num ciclo que com o
passar do tempo não irão valorizar a pratica dos exercícios físicos.
Podemos realizar uma sequencia cronológica de fatos onde as mídias se
tornam cada vez mais presentes no dia a dia, enquanto crianças muitos das vezes o
uso incorreto esta sendo estimuladas pelos pais, elas tem o primeiro contato com a
mídia não como aprendizado e sim de uma forma onde não é imposto limites de
utilização destas ferramentas e é comum o conteúdo que esta sendo transmitido não
ser condizente com a idade da criança, ou seja, os maus hábitos estão entrando na
era digital onde não há filtros, colaborando para uma educação pobre de
conhecimentos.
Os estudantes representavam 32,4% (27,8 milhões) dos usuários da
Internet. Do tot al de estudantes da rede pública (28,0 milhões), 68,0% (19,1
milhões) utilizavam a Int ernet, enquant o as escolas privadas, dos 9,0
milhões de alunos, 96,3% (8,7 milhões ) acessavam a web. Embora 67,6%
(57,8 milhões) dos usuários da internet fossem não estudantes, sua
utilização mostrou relação direta com os anos de estudo.(IBGE, 2015, web).
Notasse que o contato inicial muitas das vezes é essencial para que as
ferramentas tecnológicas possam ter um bom resultado, na grande maioria das
vezes este primeiro contato se da pela família, o nde colabora para a aquisição
destas ferramentas como forma de proteção ou meio de localização de seus filhos,
mas o resultado pode ser o inverso do desejado e a utilização não é a esperada
causando assim uma grande dependência nos aparelhos de mídia tornando algo
obsessivo em que as crianças necessitem cada vez mais ficarem conectadas para
estar junto ao seu grupo social, deixando a sensação de se fazerem presentes e não
sendo excluídas do circulo de amigos.
Atividade física
Nas aulas de Educação Física, está vindo à tona os primeiros reflexos do uso
incorreto das mídias, crianças cada vez mais desinteressadas pelas praticas de
exercícios físicos, uma grande parcela deste problema esta ligada ao uso incorreto
68
das ferramentas, podemos notar também crianças cada vez mais obesas e com
grande déficit de atenção e ansiedade. Conforme Fraiman (2015) apud ABRUSIO
(2015) O mundo digital causa em muitas pessoas o agravamento de ansiedades já
existentes e aumenta a predisposição de muitos a desenvolver diversos e novos
tipos de ansiedade. Para combater isto, um grande aliado, é a atividade física que
proporciona um bem estar para o praticante e acima de tudo esta relacionada com a
saúde das crianças, conciliando os dois termos chegamos a qualidade de vida, algo
que sempre estamos a procura.
A atividade física pode também exercer efeitos no convívio social do
indivíduo, tanto no ambiente de trabalho quanto no familiar, Int eressante
notar que quant o maior o gasto de energia, em atividades físicas habituais,
maiores serão os benefícios para a saúde. Porém, as maiores diferenças na
incidência de doenças ocorrem entre os indivíduos sedentários e os pouco
ativos. (Portal Educação, 2015, web)
Sabendo que atividade física é qualquer atividade ou exercício que resulte em
gasto energético, e que a prática da atividade física é essencial para a melhora da
saúde corporal, mas também a saúde emocional e psíquica, pois permite ao
organismo desestressar se, renovar as energias, recarregar as baterias e usar toda
a força que nos sobra.
Através deste projeto, o intuito é promover o uso correto das mídias como
forma de aprendizado das crianças direcionando -as para meios corretos de
utilização, impondo limites de uso e principalmente valorizar a atividade física e o
contato com outras crianças, fazendo com que a pratica de exercícios se torne algo
corriqueiro e sinônimo de bem estar.
Materiais e Métodos
A pesquisa proposta para este estudo foi de natureza descritiva do tipo
pesquisa de campo, bibliográfica, quantitativa com características descritivas.
Pesquisa de campo no entendimento de Marconi; Lakatos (1999, p.85), “é
aquela utilizada com o objetivo de conseguir informações e/ou conhecimento acerca
de um problema para qual se procura uma resposta”.
69
Descritiva no entendimento dos autores Gonçalves et. al. (2008, p.35), “essa
pesquisa observa, registra, analisa e relaciona fatos ou fenômenos sem
manipulação.”
Pesquisa quantitativa no entendimento de Gonçalves et. al. (2008, p. 41) “são
mais adequadas para apurar opiniões e atitudes explicitas e conscientes dos
entrevistados”.
A coleta de dados foi realizada de forma ativa, interativa e participativa entre a
pesquisadora e pesquisados visando estabelecer, no decorrer do processo, uma
compreensão mais clara sobre aspectos não conscientes das relações.
Como instrumento de pesquisa foi utilizado um questionário formulado pelo
próprio pesquisador, validado por três professores Mestres da Instituição UNIVILLE.
A presente pesquisa teve como população alunos da Escola de Educação
Básica João Colin e uma amostra de quarenta e um (41) alunos do Ensino
Fundamental, enquadrados nos sextos e nono anos. E foi utilizado como critérios de
inclusão para os sujeitos da pesquisa, serem alunos regularmente matriculados no
Ensino fundamental; alunos que participam regularmente das aulas de Educação
Física e foram excluídos da pesquisa os sujeitos que não desejaram participar ou
que não contemplaram os critérios de inclusão.
Para realização do presente estudo foram utilizados, questionário, planilhas
de anotação de resultados e programa estatístico de computador para analise dos
resultados.
Os dados obtidos foram analisados pela estatística descritiva com as medidas
de tendência e dispersão, assim como foram feitas as analises de frequência de
resposta dos conteúdos obtidos.
O projeto deste estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com
parecer de n° CAAE 45356215.5.0000.5366 de 25/06/2015
Análise Interpretação e Discussão dos Resultados
O estudo objetivou pesquisar a influencia de forma exagerada das mídias nas
atividades físicas das crianças, para isso o tema de pesquisa foi desenvolvido com
uma amostra de quarenta e um (41) alunos do Ensino Médio da Escola de Educação
70
Básica João Colin. Para a coleta de dados fez se o uso de um questionário
elaborado pelo próprio pesquisador e devidamente validado.
Na tabela 1 é possível observar as características da amostra mais
detalhadamente, conforme as turmas do Ensino Fundamental. O questionário foi
respondido por alunos de idade entre 9 á 10 anos com porcentagem de 2.4%, entre
11 á 12 anos representados por 32.4%, seguidos por 45.9% de alunos de idade
entre 13 e 14 anos, e educandos entre 15 á 16 anos com 21.6% da amostra.
Tabela 1 - Características da Amostra
Idade
Quantidade de Alunos
%
1
2.4%
11 á 12 anos
14
34.1%
13 á 14 anos
17
41.5%
15 á 16 anos
9
22 %
9 á 10 anos
Fonte: Primária ( 2015).
No inicio um olhar desconfiado dos educandos, refletia a pensar que estava
acabando com as aulas de Educação Física ali presente, muitos não demonstravam
o interesse em desvendar um novo mundo esportivo, na qual a pratica de exercícios
estava aliada com as novas tecnologias, aquele com a presença das ferramentas de
mídia como arte de promover a melhora e o conhecimento das atividades físicas,
pouco a pouco, respeitando a liberdade das crianças foi se inserindo um novo
contexto educacional, a educação digital.
Com o passar do projeto a certeza que a ideia foi bem aceita, os educandos
entenderam a melhora e a maneira eficaz de se aprender fazendo uma relação das
ferramentas de mídia em prol da educação e a melhor forma de adquirir
conhecimento deste mundo digital.
O questionário referiu se á Definindo a Influência das mídias na pratica de
atividades físicas e a primeira pergunta referia se a criança teria algum acesso as
Mídias.
Estudos comprovam que as crianças brasileiras são as que mais gastam
tempo em frente a computadores e televisões. Em média, uma criança
passa 3 horas e meia assistindo TV diariamente, conforme apont a a
Eurodata TV Worldwide.(Diário Catarinense, 2015, web)
71
No gráfico 1 pode se verificar as respostas obtidas sobre o questionamento,
onde na resposta inicial 100% teve acesso á algum tipo de mídia e no final já
demonstrando maior conhecimento sobre o que era mídia, no qual muitos não
conheciam o termo, o resultado apontou que 90.2% tem acesso as ferramentas de
mídia ou ate mesmo tem em sua posse, assim demonstrando que a era tecnológica
esta com tudo entre as crianças, poucos ainda não estão plugados ou conectados
as nova era digital.
Gráfico 1 - Respostas obtidas a partir do questionamento 1.
Final
Inicial
SIM 90.2%
SIM 100%
NÃO 0%
NÃO 9.8%
Fonte: Primária (2015).
Observando a tabela 2, onde mostra detalhadamente as respostas obtidas no
gráfico 1, por turma, pode-se observar que 48.8% dos alunos utilizam o celular como
ferramenta de mídia, 41.5% o computador, 4.9% tablet, 2.4% a televisão e 2.4%
outras ferramentas como forma de acesso.
Tabela 2 - Características da Amostra
Ferramenta
Quantidade de Alunos
%
Computador
17
41.5%
Celular
20
48.8%
Tablet
1
4.9%
Televisão
1
2.4 %
Outros
1
2.4%
Fonte: Primária ( 2015).
72
A pergunta 2 refere se a quantidade do tempo conectado ou fazendo uso das
mídias, ou seja se passa muito tempo ou não conectado as mídias, Segundo
Teixeira (2015, web) Crianças e adolescentes costumam passar mais de seis horas
por dia nos diferentes tipos de mídia, mais do que o tempo em que ficam na escola.
Gráfico 2 - Respostas obtidas a partir do questionamento 2.
Inicial
Final
1 Hora por
dia 16.2%
1 hora por
dia 17.1%
De 2 a 4
horas por
dia 29.7%
De 2 a 4
horas por
dia 31.7%
Mais de 4
horas por
dia 54.1%
Mais de 4
horas por
dia 51.2%
Fonte: Primária (2015).
A quantidade de tempo que as crianças passam ao longo do dia conectados
as ferramentas de mídia estão acima do sugerido, Segundo Bem Estar (2015, web)
o ideal seria que os pequenos usassem tecnologia apenas por duas horas diárias, para
que eles pudessem usar o resto do dia para realizar outras atividades.
Comparado com o questionário inicial, no final ho uve uma considerável
melhora no quesito diminuição do tempo em qual permanecem em frente ou
conectados as mídias sem caráter educacional, mas ainda assim é preciso uma
conscientização maior para que o tempo utilizando as tecnologias possa ser
compatível com outras atividades.
No gráfico 3, apresentou o questionamento se as crianças utilizam as mídia
como forma de estudo escolar. Considerando que as ferramentas de mídias quando
utilizados de forma correta e consciente são uma grande ferramenta de estudo e
auxilio escolar, a possibilidade de desbravar novos mundos utilizando as tecnologias
é imensa basta se fazer uso de forma correta. Conforme Barros (2015) apud
73
ABRUSIO (2015) Totalmente inseridos no mundo virtual, eles têm em suas mãos a
resposta para qualquer pergunta que possa surgir.
Observa se no gráfico 3 que as respostas no questionário aplicado
inicialmente são semelhantes, com a porcentagem bastante equilibrada, 48.6%
utilizam as ferramentas de mídias para estudo escolar e 51.4% não utilizando esta
ferramenta para auxilio escolar. Resultado que em primeiro momento as crianças
mesmo tendo acesso as ferramentas de mídia, não a utilizam de forma correta.
No questionário aplicado após as atividades educativas, o final, o resultado foi
muito positivo no qual houve um considerável aumento nos alunos que utilizam as
mídias como complemento de estudo escolar, o que nos remete que quando a forma
de uso é correta as ferramentas de mídias são fundamentais para a educação.
Gráfico 3 - Respostas obtidas a partir do questionamento 3.
Inicial
Final
SIM 48.6
%
NÃO 51.4
%
SIM 65.9%
NÃO 34.1 %
Fonte: Primária (2015).
Conforme as respostas obtidas no gráfico 3, os alunos que afirmaram utilizar
as mídias como forma de estudo, foi questionado o tempo em que eles passavam
conectados para contribuir nos estudos e aprofundamento escolar, ênfase para o
resultado final, no qual o aumento foi o destaque principal, houve uma sensação que
as aulas praticadas com o auxilio das mídias foi de grande ajuda com a
comprovação dos resultados apresentados. Segundo Barros (2015) apud ABRUSIO
(2015) A internet não é um alvo a ser conquistado e é sim, um meio consolidado
para realizar diversas atividades, como estudar.
74
Tabela 2 - Características da Amostra
Inicial
Final
Menos que 1 hora por dia
75.7%
48.8%
1 hora por dia
21.6%
29.3%
2.7%
7.3%
0%
14.6%
De 2 a 4 horas por dia
Mais de 4 horas por dia
Fonte: Primária (2015).
Tendo em vista a grande utilização das ferramentas de mídias e seu uso
muitas das vezes descoordenado, surgiu a questão de numero 4, que procurou
saber se as crianças praticam algum tipo de esporte no seu dia a dia, pretendeu se
saber se as crianças estão deixando de lado o esporte e assim abandonando a
pratica de atividades físicas.
O tempo gasto com games, TV e internet, concorrem com o tempo que o
jovem poderia estar praticando uma atividade física. É fato também que se
come mais quando se está na frente da TV. Além disso, há um bombardeio
de publicidade de alimentos “calóric os” que contribui para que a mídia seja
implicada no avanço da pandemia de obesidade. (Teixeira, 2015, web)
O esporte torna se algo essencial, pois havendo o elo entre as atividades
físicas com as mídias, esta parceria, com o complemento na medida certa é a
formula do sucesso, nem todas as crianças compreendem ou estão interessadas no
modo aplicado atualmente de aula, as crianças esperam o algo novo, e neste algo
novo entram as ferramentas de tecnologia que auxiliam a educação e torna o ensino
das modalidades esportivas algo mais atrativo.
Gráfico 4 - Respostas obtidas a partir do questionamento 4.
Iinicial
Final
SIM 91.9
%
SIM 80.5
%
NÃO 8.1 %
NÃO
19.5 %
Fonte: Primária (2015).
75
As respostas obtidas mostram um grande numero de crianças que gostam ou
praticam atividades físicas, mas em contrapartida ainda a uma porcentagem
daqueles que não se interessam em realizar esportes e nestes alunos as mídias
podem servir como ferramenta de atração aos meios esportivos.
Um questionamento servindo de suporte para outro, onde a pergunta 5 se
discute quantas vezes por semana a criança pratica algum esporte fora da aula de
educação física, ou seja, no seu dia a dia.
Tabela 2 – Percentuais da pregunta 5
Pergunta
%
Não pratica nenhum esporte
18.9
1 vez por semana
13.5
De 2 a 3 vezes por semana
32.4
Mais de 3 vezes na semana
35.1
Fonte: Primária (2015).
A porcentagem de crianças que não praticam nenhum esporte é relevante no
quais muitos podem se tornar adultos que não aderem a atividade física, como estão
inseridos nas aulas de Educação Física a grande chance para poderem alterar este
panorama é as aulas se tornarem mais atrativas e também a contribuição dos
próprios alunos que tem o papel principal, o papel de querer aprender e estar
sempre dispostos a conhecer o novo, um mundo novo o mundo digital.
Considerações Finais
A presente pesquisa teve como objetivo principal Pesquisar a influência de
forma exagerada das mídias nas atividades físicas das crianças. E teve como
objetivos específicos Propor atividades de uso racional das mídias, outro objetivo
específico foi utilizar as mídias como forma de estudo direcionada e o último objetivo
traçado foi demonstrar que o uso dos aparelhos em excesso pode prejudicar o
desenvolvimento físico, os objetivos propostos foram um grande desafio, pois mudar
76
o pensamento dos alunos que muitas das vezes já estão inseridos no mundo virtual
é a grande questão.
O objetivo inicial ao ser observado as turmas, foi qual seria a proposta que
haveria de se efetuar para que pudessem realmente contribuir para o andamento do
projeto e consequentemente das aulas, os alunos teriam que estar interessados e
dispostos a realizar as atividades para que os próprios sentissem a diferença do elo
entre o mundo digital com a prática de atividades físicas, o uso racional foi
promovido quando ouve a interação da pratica dos esportes com as ferramentas de
mídias, muitos descobriram uma nova forma de compreender as atividades
propostas e na participação das aulas posteriormente obtiveram um grande avanço
na questão de compreender o esporte. O estudo direcionado se fez presente a partir
da atividade, em qual era objetivado entender as regras do esporte, em que os
alunos praticariam posteriormente nas aulas e pondo em pratica o que os mesmos
acabaram de aprender através do mundo virtual. Como objetivo final foi
demonstrado à importância da pratica das atividades físicas, conseguindo conciliar
as mídias com o meio esportivo, os alunos passaram por experiências e
redescobriram a importância de praticar exercícios , mesmo sabendo que é
necessário para o bem estar e a saúde muitos não aderem a pratica, mas
compreenderam através das aulas que o esporte precisa estar inserido em seu
cotidiano, os escolares desvendaram novas oportunidades de conhecer a
importância e a própria forma de praticar o esporte.
Com estes resultados os alunos foram oportunizados de conhecer outra forma
de pratica pedagógica, com ênfase na conciliação do mundo digital e a educação
como objetivo de compreensão ao assunto sujeitado, com esta pratica de atividades
foi lançado o ponto inicial da promoção à educação digital, algo que certamente num
futuro próximo fará ou faz parte da educação nas escolas e até mesmo fora das
salas de aula, como foi proposto no presente projeto. É necessário um estudo cada
vez maior, pois as tecnologias são algo que estão em constante evolução e
aperfeiçoamento, deixo aqui minha contribuição e considerações para futuras
pesquisas relacionadas ao tema.
77
Referências
ABRUSIO, Juliana (COOR). Educação Digital. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
BEM ESTAR. Disponível em <:www.g1.globo.com/bemestar/noticia/2013/03/passarmuito-tempo-na-internet-pode-trazer-riscos-para-saude-veja-dicas./:> Acesso em 09
Set 2015.
FIGUEIREDO, Poliana. O uso do Celular nas Escolas – a Tecnologia Pode
Transformar o Processo Educativo.
Disponível em <:www.pedagogiacomtecnologias.blogspot.com.br/:> Acesso em: 12
Abr 2015.
GONÇALVES, Mônica Lopes; et. al. . Fazendo pesquisa: do projeto à comunicação
científica. 2 ed. Joinville: Univille, 2008.
JANSEN, Thiago. Número de internautas no Brasil alcança percentual inédito,
mas acesso ainda é concentrado. Disponível em:
<:www.oglobo.globo.com/sociedade/tecnologia/numero -de-internautas-no-brasilalcanca-percentual-inedito-mas-acesso-ainda-concentrado-13027120:> Acesso em:
15 Abr 2015.
MARCONI, M. de A; LAKATOS, E. M. Técnicas de pesquisa. 4 ed. São Paulo:
Atlas S.A, 1999.
PESQUISA REVELA QUE 58,7% DAS CRIANÇAS E ADOLESCENTES ENTRE 10
E 14 ANOS DA REGIÃO SUL TEM CELULAR. Disponível em:
<www.zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/noticia/2014/10/pesquisa-revela-que-58-7-dascriancas-e-adolescentes-entre-10-e-14-anos-da-regiao-sul-tem-celular4615386.htm> Acesso em: 20 Abr 2015.
PNAD 2013: INTERNET PELO CELULAR E UTILIZADA EM MAIS DA METADE
DOS DOMICILIOS QUE ACESSAM A REDE. Disponível em:
<www.saladeimprensa.ibge.gov.br/noticias?view=noticia&id=1&idnoticia=2876:>
Acesso em: 20 Abr 2015.
QUAIS SÃO OS BENEFICIOS DA ATIVIDADE FISICA. Disponível em:
<:www.portaleducacao.com.br/educacao-fisica/artigos/3243/quais-sao-os-beneficiosda-atividade-fisica> Acesso em: 25 Abr 2015.
TEIXEIRA, Ricardo. Consciência no Dia a Dia. Disponível em:
78
<:www.consciencianodiaadia.com/category/consciencia-no-dia-a-dia/midia-saudedas-criancas/:> Acesso em: 23 Abr 2015.
TV E COMPUTADOR OCUPAM GRANDE PARTE DO TEMPO DAS CRIANÇAS.
Disponível
em
<:www.diariocatarinense.clicrbs.com.br/sc/noticia/2011/03/tv-ecomputador-ocupam-grande-parte-do-tempo-das-criancas/:> Acesso em: 09 Abr
2015.
79
PSICOMOTRICIDADE NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO.
Kaylamy Jards da Fonseca 22
Luiz Henrique Rodrigues23
Resumo: Dada a devida importância pretendemos avaliar a aplicação, import ância e didática aplicada
para o devido trabalho da psicomotricidade no processo de alfabetização das crianças da 1ª série do
ensino fundamental do Cent ro de Educação Infantil Ilha E ncantada, trabalhando atividades motoras
nas aulas de Educação Física, que contribuam para a melhora da alfabetização da criança. O objetivo
do presente estudo, é investigar e comparar o desenvolvimento motor e sua influência na
aprendizagem e na aquisição da leitura e escrita entre crianças de seis e sete anos de idade.
Palavras-Chave: Pscicomotricidade, Alfabetização.
Abstrat: Given the notion of due importance we intend to assess the application, importance and
didactic applied to the psychomot or work in the process due to children's literacy in the first grade of
elementary school children's education centre's enchanted island, working motor activities in physical
education classes, contributing to the improvement of children's literacy. The objective of the present
study is to investigate and compare the motor development and its influence on learning and the
acquisition of reading and writing between six and seven years old.
Key words: Pscicomotricidade, Literacy.
Introdução
Ao salientar que, hoje, vemos que o movimento é uma significação expressiva
e intencional, é uma manifestação vital da pessoal humana, pois é pelo movimento
que o envolvimento atinge o pensamento. É esta intenção que dá ao movimento um
conteúdo de consciência. A psicomotricidade na fase de alfabetização aqui estudada
traz no seu bojo o domínio da dependência entre pensamento e ação produzindo
desenvolvimento, e ainda, suas contribuições na educação.
De Meur & Staes (1984) assinalam que: o intelecto se constrói a partir da
atividade física. As funções motoras (movimento) não podem ser separadas do
desenvolvimento intelectual (memória, atenção, raciocínio) nem da afetividade
(emoções e sentimentos). Para que o ato de ler e escrever se processe
adequadamente, é indispensável o domínio de habilidades a ele relacionado,
considerando que essas habilidades são fundamentais manifestações psicomotoras.
22
23
Acadêmico do 4º ano do Curso de Educação Física - Licenciatura da Univille.
Professor MSc do Curso de Educação Física da Univille.
80
Molinari e Sens (2002) afirmam que: a educação psicomotora nas séries
iniciais do ensino fundamental atua como prevenção. Com ela podem ser evitados
vários problemas como a má concentração, confusão no reconhecimento de
palavras, confusão com letras e sílabas e outras dificuldades relacionadas à
alfabetização. Uma criança cujo esquema corporal é mal formado não coordena bem
os movimentos. Suas habilidades manuais tornam-se limitadas, a leitura perde a
harmonia, o gesto vem após a palavra e o ritmo de leitura não é mantido, ou então, é
paralisado no meio de uma palavra.
A educação psicomotora deve ser considerada como uma educação de base
na escola nas series iniciais. Ela condiciona o processo de alfabetização; leva a
criança a tomar consciência de seu corpo, da lateralidade, a situar-se no espaço, a
dominar seu tempo, a adquirir habitualmente a coordenação de seus gestos e
movimentos.
De acordo com LE BOULCH (1985) através do trabalho do corpo há a
possibilidade de desenvolver o sistema nervoso central que é o responsá vel por
coordenar o conjunto de sistemas que apoiam as funções mentais. Assim pode-se
perceber que quando a criança tem maior estímulo à pratica de atividades físicas e
desenvolve habilidades corporais, seu organismo fica mais preparado para
desenvolver a linguagem e alfabetização.
Rosa Neto (2002) relata que a atividade motora tem grande importância para
o desenvolvimento global da criança, pois através das habilidades motrizes e sua
exploração, a criança consegue ter uma maior noção de si mesma e do mundo que
a cerca auxiliando, assim, na sua independência.
É importante enfatizar que um bom controle da motricidade faz com que a
criança explore o seu meio exterior trazendo-lhe experiências concretas que lhes
servirão de base para a construção de seu desenvolvimento intelectual, a linguagem
e a alfabetização, por serem domínios cognitivos também estão sob esta influência.
O desenvolvimento da criança segue uma sequência ordenada de fatos
formando uma lógica de aprendizagem e são perceptíveis entre os alunos, na etapa
da alfabetização, aqueles que não conseguem dominar a linguagem padrão por
diversos fatores como: déficit de atenção, dificuldades de abstração durante o
processo de letramento, falta de coordenação motora fina, fatores emocionais e etc.
81
De acordo com Jean Piaget, citado por LipSitt e Reese (1980) o pensamento
lógico de um adulto está relacionado com uma sequência de estágios sucessivos
onde a organização e a adaptação é essencial a aprendizagem. Esses estágios de
Piaget estão relacionados ao movimento e a maturação com a interação do
indivíduo e o meio em que está inserido. São conhecidos quatro estágios do
desenvolvimento segundo Jean Piaget: sensório motor, pré-operacional, operações
concretas e operações formais, sendo que a aquisição da leitura e da escrita ocorre
entre as etapas pré- operacional e operações concretas.
Segundo Oliveira (1997), as descobertas decorrentes desses estágios só
acontecerão quando a criança for capaz de dominar o próprio corpo movimentandose conscientemente.
O processo de alfabetização tende a ter uma preocupação tão grande no lado
cognitivo pelos profissionais/professores de sala, que às vezes por descuido ou por
falta de conhecimento, esquecem-se de desenvolver o lado motor da criança. E aí
entra o papel do profissional de Educação Física, agente motivador na pratica de
atividades físicas e recreativas, e no trabalho de desenvolvimento psicomotor que
trarão benefícios nas duas áreas. Vemos a grande importância da parceria dos
professores de sala e do professor de Educação Física. Trabalhando com a
interdisciplinaridade.
Na educação infantil o professor de classe e o professor de educação física
deveriam trabalhar em uma mesma trajetória e em comum acordo, mas cada um em
sua área para o melhor desenvolvimento da criança (LAURA TISI, 2004). Dessa
forma
os
alunos
desenvolverão
a
dimensão
psicomotora
e
cognitiva
simultaneamente com uma variedade maior de atividades e um trabalho mais
diversificado. O professor de educação física poderá utilizar em suas aulas de
educação física, o mesmo conteúdo do professor alfabetizador da sala de aula, mas
através da ludicidade, para que a criança te nha mais interesse de participar das
atividades, tornando-as prazerosas e mais fáceis de ter a assimilação do conteúdo
proposto por ambos os professores, enfatizando a importância de se trabalhar em
conjunto, para atingir um mesmo objetivo, a melhora da psicomotricidade da criança.
A Educação Física tem uma função importante na educação, onde o
desenvolvimento principal do aluno é a organização das funções neuropsicológicas
82
(LAURA TISI – 2004). Sem esse desenvolvimento de maneira satisfatória a
aprendizagem e o domínio da leitura e escrita, entre outros, fica comprometido.
Na verdade a educação pelo movimento, que é o objetivo da Educação Física,
visa contribuir para que a criança tenha um desenvolvimento psicomotor hábil a fim
de que tanto a personalidade quanto o sucesso escolar ocorram (LAURA TISI, 2004).
Psicomotricidade
Psicomotricidade une o movimento e o psiquismo, pois o movimento é a
primeira forma de pensamento, condicionando o aparecimento do pensamento
abstrato. Psicomotricidade é a educação do homem pelo movimento.
É considerada uma ciência que estuda o homem, através do corpo em
movimento e nas suas relações com o mundo interno e externo (LOUREIRO, 1983
p.5), sendo indispensável à criança, pois lhe dará mais condições de assimilar
aprendizagens escolares e descobertas do mundo possibilitando maior acúmulo de
conhecimentos (AJURIAGUERRA, 1980).
Se a criança possuir um bom controle motor, poderá explorar o mundo ao seu
redor, fazer
novas
experiências, adquirir noções básicas para
o próprio
desenvolvimento, e conhecer a si mesmo. É o desenvolvimento do “comportamento
da criança”.
Salientamos que a criança percebe o mundo ao seu redor e a si mesmo,
através do corpo, e por ele se relaciona com o exterior, com as pessoas, fatos e
objetos.
Ao falar da educação psicomotriz, não podemos esquecer o mundo exterior
que nos rodeia, através disso começamos a entender como ele funciona. Para poder
educar o ser humano é preciso que ele aprenda a dominar a sua própria consciência
e corpo. A criança deve compreender desde cedo a controlar o corpo, respiração,
saber usar seus membros, aprender a se direcionar, e dominar as noções de tempo
e espaço um conteúdo motriz que precisa ser explorado de corpo inteiro.
É através do movimento que a criança integra os dados sensitivo-sensoriais,
que lhe permite adquirir a noção do seu corpo e a determinação de sua lateralidade.
O desenvolvimento psicomotor da criança gira em torno de componentes
83
fundamentais ao seu desenvolvimento como: esquema corporal, equilíbrio,
coordenação, estruturação espacial, temporal e lateralidade.
O esquema corporal diz respeito à consciência do próprio corpo, incorporando
suas partes posturais e de atitudes tanto em repouso como em movimento. É
preciso que a criança conheça e compreenda seu corpo para controlar melhores
seus movimentos. Nessa conscientização de seu próprio corpo em diferentes
posições, o domínio corporal é o primeiro elemento do comportamento, é através do
movimento dinâmico que se consegue o controle do corpo e a percepção espacial.
Fonseca (1996) destaca o caráter preventivo da psicomotricidade, afirmando
ser a exploração do corpo, em termos de seus potenciais uma "propedêutica das
aprendizagens escolares", especialmente, a alfabetização. Para o autor as
atividades desenvolvidas na escola como a escrita, a leitura, o ditado, a redação, a
cópia, o cálculo, o grafismo, e enfim, os movimentos estão ligados à evolução das
possibilidades motoras e as dificuldades escolares estão, portanto, diretamente
relacionadas aos aspectos psicomotores.
Todavia, a Psicomotricidade, não pode ser analisada fora do comportamento
e da aprendizagem, e este, para além de ser uma relação inteligível entre estímulos
e respostas, é antes do mais, uma sequência de ações, ou seja, uma sequência
espaço-temporal intencional.
Oliveira (1997) descreve que é pela motricidade e pela visão que a criança
descobre o mundo dos objetos, e é manipulando-os que ela redescobre o mundo;
porém, esta descoberta a partir dos objetos só será verdadeiramente frutífera
quando a criança for capaz de segurar e de largar, quando ela tiver adquirindo a
noção de distância entre ela e o objeto que ela manipula, quando o objeto não fizer
mais parte de sua simples atividade corporal indiferenciada.
Para Fonseca (1996:142) a primeira necessidade seria, portanto:
(...) alfabetizar a linguagem do corpo e só então caminhar para as
aprendizagens triviais que mais não são que investimentos perceptivo -motor,
ligados por coordenadas espaços-temporais e correlacionados por melodias
rítmicas de integração e resposta.
Mas qual é a importância da motricidade para desenvolver aspectos da
cognição das crianças e sanar ou evitar as dificuldades que elas têm na aq uisição
da leitura e escrita?
84
Para Wallon (1995), o movimento não está deslocado no espaço, mas é uma
relação afetiva do indivíduo com o mundo, sendo que esses movimentos expressam
o que está no intelecto.
“Através do trabalho corporal é possível desenvolver o sistema nervoso
central que coordena o conjunto de sistemas que serve de suporte às
funções mentais” (LE BOULCH, 1985 p.23).
A aquisição desse intelecto está também ligada com a interação social e seus
movimentos, portanto o nível individual de maturação deve ser respeitado e
estimulado para que a criança desenvolva sem traumas a aquisição da linguagem
escrita e falada.
As emoções da criança têm participação ativa nesse desenvolvimento e
aprendizagem, pois estão intimamente ligadas a desejos e sentimentos, emoções
estas que, para serem expressas, dependem de certa organização espaço-temporal,
pois assim a educação psicomotora assume também um papel pedagógico
(WALLON, 1925, apud FONSECA, 1988).
Portanto o movimento é essencial ao indivíduo e a Educação Física atua,
trazendo benefícios em todas as áreas. Sem o desenvolvimento eficaz dos padrões
fundamentais do desenvolvimento psicomotor, a criança terá dificuldade na escrita,
no seu papel social no seu relacionamento consigo e com os outros (LAURA TISI,
2004).
Materiais e métodos
Os tipos de pesquisa utilizados neste estudo foram: bibliográfica, de Campo, descritiva e
quantitativa. Para a coleta de dados, utilizou-se o instrumento de pesquisa empregando-se os testes
motores finos e amplos, segundo Francisco Rosa Neto (2002), com alunos do 1º ano, com idades
entre 6 e 7 anos, sendo o total de 30 alunos, 10 do sexo feminino e 20 do masculino, matriculados no
Ensino Fundamental do Centro Educacional Ilha Encantada em São Francisco do Sul/SC.
Os testes foram aplicados de acordo com a idade cronológica dos alunos sendo que os alunos
também foram testados com testes inferiores a sua idade. Os testes foram iniciados pela sequencia
de provas motoras como motricidade fina, motricidade global, equilíbrio, entre outros.
Os resultados obtidos no pré e pós testes foram registrados na Escala de
Desenvolvimento Motor do aluno (Anexo I).
85
Análise e Discussão dos Resultados
A aplicação desta pesquisa teve como objetivo investigar e comparar o
desenvolvimento motor e sua influência na aprendizagem e na aquisição da leitura e
escrita entre crianças da 1ª série do ensino fundamental. Pretendia-se que as
crianças adquirissem uma melhora na aprendizagem e na aquisição da leitura e
escrita. Para que esse objetivo fosse atingido, foram desenvolvidas atividades de
reconhecimento de formas geométricas, números, letras, reconhecimento e junção
silabas, de forma lúdica, foram utilizados materiais adaptados para as atividades que
enfatizassem principalmente desenvolver a psicomotricidade em geral.
Vygotsky (1984), apud Silva (1988) “A criança não aprende a escrita, através
de atividades mecânicas e aprendidas apenas na escola, o seu domínio resulta de
um longo processo de desenvolvimento de suas funções comportamentais
complexas”.
É importante que a família, a sociedade e meio a qual está inserida, também
participem ativamente e auxiliem nessa construção da alfabetização, e no seu
desenvolvimento, desta forma, não sendo só uma função do professor e sim, um
trabalho em conjunto entre família – sociedade – escola.
Os dados foram apresentados de maneira quantitativa, para a soma dos
pontos obtidos pelas criança, através do teste adaptado pelo pesquisador, Francisco
rosa Neto (2002) de Motricidade Fina, Motricidade Global, Organização Espacial,
Organização Temporal e Lateralidade.
No pré-testes de Motricidade Fina, Global, Organização espacial e temporal,
lateralidade, utilizando uma bateria de 1 a 10 testes para cada habilidade motora, foi
possível verificar que, apenas 3 crianças, de 30 analisadas, obtiveram o máximo da
pontuação especificados no pré -testes e 25 obtiveram resultados positivos no pósteste em anexo.
Comparando os dois testes, após as atividades utilizadas nas a ulas de
Educação Física, foi possível notar uma melhora das habilidades motoras das
crianças, principalmente na coordenação motora fina a letra tornou-se mais legível e
harmoniosa, constatando que se fosse dado uma continuidade nesse trabalho com a
participação das crianças, família – escola, trabalhando a interdisciplinaridade entre
86
professor alfabetizador e professor de Educação Física os resultados obtidos
poderiam ser melhores, pois a Educação Física escolar está sendo muito estudada e
observada pelos professores e estudiosos, com o intuito de mostrar a todos os
envolvidos com o ensino/aprendizagem que ela é muito importante para a formação
geral do individuo.
A fim de instrumentalizar os professores os professores e direcioná-los para
atividades que realmente auxiliem o individuo no seu desenvolvimento, o Ministério
da Educação e Cultura – Mec (1984 apud OLIVEIRA ET AL, 1988, p.21), entende
que, “A Educação Física e o Desporto propiciam ao indivíduo, ainda quando criança,
a oportunidade de adquirir as habilidades motoras, consideradas fundamentais para
a aquisição de conhecimentos, relações sociais e afetivas com o mundo que o
rodeio”.
A Educação física tem a função de desenvolver a criança como um todo, não
devendo ser apenas aulas de recreação.
GRAFICO I –
Resultado final do pré-teste – bateria do Manual Avaliação Motora.
Alunos
27 Alunos; 5
3 Alunos; 8
Fonte: Francisco Rosa Neto (2002), adaptado pelo pesquisador.
O gráfico I refere-se ao desempenho dos 30 alunos que participaram do pré-teste,
sendo que apenas 3 destacaram-se obtendo nota 8 na bateria de testes do Manual
de Avaliação Motora.
87
GRAFICO II –
Resultado final do desempenho no pós-teste da bateria do Manual Avaliação Motora.
Pós-Teste
22 Alunos
Aluno Destaque 1
Aluno Destaque 2
Aluno Destaque 3
5 Alunos
Fonte: Francisco Rosa Neto (2002), adaptado pelo pesquisador.
O último gráfico, refere-se ao resultado final obtido no desempenho da bateria
de testes Manual de Avaliação Motora, dos indivíduos participantes da pesquisa no
pré e pós-teste, foram comparados ambos os testes para verificar se entre estes,
houve uma melhora das suas habilidades mo toras. Sendo que o resultado foi que de
30 crianças, 22 crianças obtiveram uma melhora significativa passando de 5 para 8
pontos, 3 que já eram destaque no pré-teste, passaram de 8 para 9 pontos e 5
permaneceram com a mesma pontuação de 5 pontos.
Considerações Finais
Tomando como base a analise e interpretação dos resultados, foi possível
verificar que a Psicomotricidade na Educação Física escolar atuando em conjunto
com a escola, pais e professores alfabetizadores é muito importante para a melhora
do processo de alfabetização da criança. A Educação Física tem a função de
desenvolver a criança como um todo.
Guérios (1974) entende que a Educação Física tem objetivos essenciais
então aconselháveis como: educar o físico, educar para a saúde, estimular o
desenvolvimento intelectual, entre outros benefícios.
88
De acordo com LE BOULCH (1985) através do trabalho do corpo há a
possibilidade de desenvolver o sistema nervoso central que é o responsável por
coordenar o conjunto de sistemas que apóiam as funções mentais. Assim pode-se
perceber que quando a criança tem maior estímulo à pratica de atividades físicas e
desenvolve habilidades corporais, seu organismo fica mais preparado para
desenvolver a linguagem e alfabetização.
De acordo com os resultados, os alunos que obtiveram normalidade das
habilidades motoras de acordo com a idade delas, tiveram maiores dificuldades na
coordenação motora fina e na lateralidade. E as que se destacaram, apresentaram
um melhor desempenho no aprendizado e execução das atividades que envolviam a
motricidade fina e lateralidade, assim ajudando na sua alfabetização.
BERESFORD et AL. (2002) observaram a influência do desenvolvimento
motor e do desenvolvimento cognitivo na aquisição da aprendizagem da escrita em
crianças de 8 e 9 anos com dificuldade de aprendizagem e consideraram o problema
da dificuldades na aprendizagem da escrita decorrentes ou influenciados pelo
desempenho motor e cognitivo tendo confirmação após o estudo feito por eles de
que a influência é significativa da aprendizagem motora na a obtenção da
aprendizagem da linguagem escrita e como a leitura está intimamente ligada à
escrita, também influencia na obtenção da leitura.
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91
O APRIMORAMENTO DO LANCE LIVRE POR MEIO DAS AULAS DE
BASQUETEBOL
Anderson da Silva Maurilio 24
Jairo Anello25
Resumo: O Basquetebol é um esporte coletivo e tem sua origem nos Estados Unidos no ano
de 1890. Com o passar dos anos o esporte se popularizou e hoje é um dos esportes mais
praticados no mundo, inclusive no Brasil. O Basquete é um conteúdo a ser trabalhado na
Educação Física escolar e a sua prática pode trazer muitos benefícios ao aluno praticante.
O objetivo deste trabalho foi identificar o aprimoramento do lance livre por meio de aulas de
basquetebol na Educação Física escolar. A amostra foi composta por 103 alunos de duas
turmas de sexto ano e uma turma de sétimo ano do Ensino Fundamental. O instrumento
utilizado foi adaptado dos testes de habilidades do basquetebol de Hopikins; Shick; Plack
(1984, citado por Trischler, 2003) e os resultados anotados no pré e pós-teste. Os
resultados foram melhores no pós-teste indicando que o basquetebol quando trabalhado na
escola pode auxiliar na melhora de um fundamento específico, mostrando também a eficácia
da estratégia utilizada.
Palavras-Chave: Basquetebol, Metodologia, Ensino.
Abstract: Basketball is a team sport and has its origin in the United States in the year 1890.
Over the years the sport has become popular and is now one of the most popular sports in
the world, including Brazil. The Basketball is a content to be worked on Physical Education
and its practice can bring many benefits to the student that practicing. The objective of this
study was to identify the improvement of the free throw with basketball lessons in Physical
Education. The sample consisted of 103 students from two sixth grade classes and a class of
seventh year of elementary school. The instrument used was adapted test of basketball skills
from Hopikins; Shick; Plack (1984, cited by Trischler, 2003) and the results noted in the preand post-test. The results were better in the post-test indicating that the basketball when
working at school can help improve a specific basis, also showing the effectiveness of the
strategy used.
Keywords: Basketball, Methodology, Education.
24
25
Acadêmico do 4º ano do curso de Educação Física – Licenciatura da UNIVILLE
Professor do curso de Educação Física da UNIVILLE
92
Introdução
O Basquetebol é um esporte coletivo que é praticado por duas equipes
compostas por cinco jogadores cada em uma quadra. O objetivo do jogo é acertar o
maior número de vezes a bola dentro de uma cesta, obedecendo às regras
específicas da modalidade e o sistema de pontuação existente.
A história desta modalidade se inicia em 1890 e foi criado pelo professor de
origem canadense James Naishmith da Associação Cristã de Moços de Springfield,
Massachusetts nos Estados Unidos (YMCA). A ideia inicial era criar um jogo que
pudesse ser praticado o ano todo, inclusive no inverno, em um recinto fechado e que
trabalhasse o sentido coletivo nos alunos. O professor Naishmith solicitou duas
caixas com mais ou menos 45 cm de largura para dar inicio a esta nova modalidade.
Como não havia caixas disponíveis, forneceram-lhe dois cestos de colher pêssegos
que foram colocados a uma altura de 3,05 m. (COUTINHO, 2001).
Com a difusão do novo esporte pelo continente americano o basquetebol
passou a ter a sua prática difundida em todo o mundo e hoje é um dos esportes
mais populares, sendo inclusive o mais popular em muitos países. Em território
brasileiro o basquetebol chegou ao ano de 1896 trazido pelo professor americano
Augusto Shaw para São Paulo, lugar onde daria aula no Instituto Mackenzie e junto
com sua bagagem trouxe uma bola de basquete e o sonho de ver o esporte ser
praticado também no Brasil. (MELO JÚNIOR, 2007). Este novo esporte passou a
expandir-se e novas regras foram sendo criadas ao longo dos anos para garantir a
característica do basquetebol que é o dinamismo.
Esta pesquisa teve como objetivo principal identificar o aprimoramento do
lance livre por meio das aulas de basquetebol na Educação Física escolar. O lance
livre é um importante componente do jogo e consiste no arre messo de um local prédeterminado a cesta. Apesar da importância deste fundamento, os índices de
acertos são inferiores a 70% de aproveitamento. (CEDRO; SÉRIO, 2008).
A realização desta pesquisa justifica-se pelo fato de que o basquetebol hoje
no Brasil é praticado em todos os níveis, da prática como atividade de lazer até o
nível profissional, e por conta disto também é um conteúdo da Educação Física
93
escolar, assim amparado pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) em
Educação Física. Há a necessidade de verificar a influência do trabalho desta
modalidade na escola nos mais diversos aspectos, neste caso a pesquisa limitou-se
a um fundamento específico, por conta do tempo de aplicação.
O basquetebol assim como
muitos outros esportes, oferece muitas
possibilidades e vivências motoras e físicas quando aplicados no contexto escolar. O
ensino do basquetebol, segundo Coutinho (2001, p. 32) “deve obedecer a três fases:
fase da iniciação desportiva, fase de aperfeiçoamento e fase do treinamento”.
Nas aulas de Educação Física escolar, o objetivo do esporte inserido nas
aulas não é o alto rendimento ou alto desempenho. A finalidade é a iniciação e o
aperfeiçoamento e por isso podemos limitar o ensino da modalidade as duas
primeiras fases. O aprendizado seguirá então pela fase da coordenação rústica dos
movimentos e da coordenação fina destes mesmos movimentos. Apenas o
aprendizado dessas duas etapas com sucesso poderá garantir o desenvolvimento
das habilidades motoras o suficiente para alcançar a etapa do trei namento para
aqueles que quiserem seguir com o aprendizado e prática da modalidade fora da
escola. Essas habilidades motoras não serão apenas aproveitadas na prática ou
treinamento do basquetebol, mas também em outros esportes ou situações do
cotidiano que sejam necessárias essas habilidades motoras.
Ainda segundo o mesmo autor, existem dois métodos de ensino do
basquetebol e são eles: o método global e o método todo – parte – todo. O método
global parte do principio do ensinar jogando e corrigindo o que for necessário de
uma maneira geral, este método valoriza o jogo e parte para as correções a partir
dos erros observados. O segundo método divide o jogo em fundamentos, ou seja,
em situações que poderia ocorrer dentro da partida e a partir daí se oportuniza o
aprimoramento individual destes
fundamentos para
posteriormente
unir os
fundamentos dentro das situações de jogo.
Em um jogo de basquetebol é necessário à execução de vários fundamentos
como passar, driblar, arremessar. Esses fundamentos devem ser apri morados
durante as aulas de Educação Física, no caso da escolar, ou em treinamentos no
caso de atletas. No contexto escolar, Villas Bôas (2008, p. 21) afirma que os
fundamentos “devem ser ensinados na forma recreativa e competitiva, para uma
94
melhor assimilação e motivação por parte do aluno iniciante, facilitando e acelerando
o processo de ensino-aprendizagem”.
Villas Bôas (2008) ainda define os fundamentos presentes no basquetebol
como: Domínio de corpo ou equilíbrio corporal, domínio de bola, dribles, passes,
arremessos e rebotes. Abaixo segue a definição de cada um deles segundo o autor:
Domínio de Corpo ou Equilibro Corporal: Pode ser caracterizado pelo bom
domínio das qualidades físicas como: resistência, velocidade, coordenação,
equilíbrio, ritmo, agilidade, flexibilidade e percepção espaço-temporal. Do mesmo
modo como é necessário ter as qualidades bem desenvolvidas para a prática do
basquetebol com um bom aproveitamento, essas mesmas qualidades também são
desenvolvidas por meio da prática do basquetebol nas aulas ou em treinamento com
a utilização de exercícios específicos de acordo com o seu objetivo.
Domínio de Bola: São todas as atividades realizadas com a bola. É um
fundamento imprescindível na posterior execução dos demais.
Dribles: É um dos fundamentos mais importantes da modalidade. É com ele
que o jogador se desloca com a bola e avança na quadra de jogo mantendo o
domínio de bola. De uma maneira mais simples, é o quicar a bola enquanto se
movimento com a mesma. Existem diversos tipos de dribles, assim como fintas e
demais recursos técnicos que são aplicados em uma partida de acordo com a
necessidade. Por exemplo: O drible alto é utilizado quando quem está com a bola
está livre de marcação, o drible baixo é utilizado quando há marcação por perto.
Além desses há os recursos técnicos que podem ser utilizados como por trás do
corpo, entre as pernas, giros e fintas.
Passes: Os passes são o meio de ligação entre um jogador e outro, é o ato de
“lançar” a bola para um companheiro de equipe. Existem três tipos básicos, são eles:
passe de peito, passe de ombro, passe picado ou quicado. O primeiro consiste no
lançar a bola para o companheiro com a bola partindo da altura do peito e sendo
lançada com os braços estendidos a frente. O segundo é o passe utilizado nos
contra-ataques ou em jogadas que precisam de um lançamento longo e é feito com
uma das mãos partindo do ombro estendendo o braço na direção do passe. O
terceiro é semelhante ao passe de peito, porém é direcionado ao solo para que
quique na quadra e chegue ao destino. Além dos passes básicos, existem outros
tipos que são utilizados de acordo com a situação de jogo.
95
Arremessos: É o ato de arremessar a bola em direção à cesta. Existem três
tipos básicos de arremesso e são eles: Arremesso com as duas mãos, bandeja e
“jump”. O arremesso com as duas mãos é o mais comum, pois consiste em segurar
a bola com as duas mãos e direcioná-la para a cesta. A bandeja é o mais utilizado
na infiltração, onde é permitido dois passos em direção à cesta e faz-se o arremesso
quando salta em direção a mesma. O arremesso “jump” é utilizado por jogadores
com um nível técnico mais avançado, pois consiste em saltar e realizar o arremesso.
Rebotes: É o fundamento utilizado para a recuperação da bola após um arremesso
mal sucedido do adversário.
Melo Júnior, (2007, p. 124), afirma que o aprendizado dos fundamentos do
basquetebol é de origem “motora, na qual a ação pedagógica visa oferecer amplas
possibilidades de movimentação, por meio da variedade de experiências [...]”. Esta
concepção sobre o aprendizado dos fundamentos estarem diretamente relacionado
com o desenvolvimento motor nos incita a conhecer o conceito de desenvolvimento
motor e a sua relação com o aprendizado dos fundamentos do basquetebol.
O desenvolvimento motor é definido como o desenvolvimento progressivo das
habilidades
de
movimento.
(GALLAHUE;
OZMUN,
2001).
Portanto,
o
desenvolvimento motor, em especial o desenvolvimento dos fundamentos do
basquetebol, é a progressão das habilidades necessárias para a execução dos
movimentos a partir do ensino, aprendizado e prática durante as aulas.
O papel do professor no ensino do basquetebol, baseado nos autores acima
citados, deve ser o de promover e oportunizar condições para que os alunos possam
vivenciar o maior número de experiências motoras nas aulas de modo que possam
aprimorar as mesmas. Para acrescentar essa vivencia motora é indispensável para o
professor manter um planejamento didático pedagógico que privilegie esta estratégia
de ensino. Da mesma forma que é importante o planejamento para garantir o
aprendizado, é importante também valorizar atividades que influenciem no aspecto
motivacional dos alunos, incitando-os a realizar as atividades com um bom
aproveitamento.
No aspecto motivacional na Educação Física, não é possível desenvolver
aulas que motivem os alunos sem desenvolver atividades diferenciadas e de forma
lúdica, pois é dessa forma que os alunos terão interesse pelas aulas e vivenciarão
algo diferente. (HANAUER, 2014).
96
Um aluno sem interesse pela prática e execução dos movimentos não terá um
grande aproveitamento da aprendizagem durante a aula. Um aluno motivado pela
prática do basquetebol, ou até mesmo motivado para as aulas de Educação Física
terá a motivação necessária para errar, tentar, corrigir e por fim ap rimorar o
fundamento ou o jogo de uma maneira geral.
Utilizando-se das metodologias de ensino do basquetebol existentes no
contexto escolar, buscou-se criar situações de aprendizado e aprimoramento dos
fundamentos
visando
melhorar
o
aproveitamento
dos
lances
livres.
O
desenvolvimento das qualidades físicas por meio do basquetebol foi outro fator que
esteve intrínseco nas aulas, já que o lance livre usa o fundamento do arremesso e
um bom desenvolvimento da força é necessário para um bom aproveitamento.
O fator motivacional também esteve presente, buscando desenvolver nos
alunos o gosto por esta modalidade e o estímulo a sua prática constante, mesmo
além do ambiente escolar.
Materiais e Métodos
A pesquisa foi realizada na forma de pesquisa de campo com a abordagem
quantitativa. A amostra foi composta por 103 alunos sendo estes 56 meninos e 47
meninas matriculados três turmas, dois sextos anos e um sétimo ano de uma escola
municipal da rede de ensino da cidade de Joinville, Santa Catarina.
O instrumento
de
pesquisa
utilizado
para
avaliar
e
quantificar
o
aproveitamento dos lances livres foi uma adaptação do teste técnico de lances livres
de Hopikins; Shick; Plack (1984 citados por Tritschler, 2003). Este teste consistiu em
anotar em uma planilha o número de acerto dos alunos em três tentativas de
arremesso do lance livre. A adaptação desde teste foi necessário devido ao tamanho
da amostra, composta por 103 alunos seriam necessários 309 minutos (5 horas e 9
minutos) para a aplicação do teste, número inviável devido ao tempo das aulas de
Educação Física na escola. Os acertos foram anotados na forma de planilha
conforme o exemplo da planilha 1.
O aluno possuía três chances de converter os lances livres, Lance Livre 1
(LL1), Lance Livre 2 (LL2) e Lance Livre 3 (LL3). O LL1 tem valor de dois pontos na
pontuação, enquanto LL2 e LL3 tem valor de um ponto. Soma-se então a pontuação
97
de acordo com o número de acertos e o lance livre acertado. No exemplo da planilha
1, o aluno 1 acertou somente o lance livre 1, foram atribuídos então dois pontos. Os
alunos 2 e 3 acertaram o lance livre 2 e 3 respectivamente, sendo atribuído então 1
ponto para cada acerto.
Planilha 1 – Exemplo de anotação do teste
Aluno
Lance Livre 1
Lance Livre 2
Lance Livre 3
Pontuação
1
Acerto
Erro
Erro
2
2
Erro
Acerto
Erro
1
3
Erro
Erro
Acerto
1
4
Acerto
Acerto
Erro
3
5
Acerto
Erro
Acerto
3
6
Acerto
Acerto
Acerto
4
Fonte: Primária (2015)
O teste adaptado do teste técnico de lance livre foi aplicado por duas vezes
em todas as turmas. Uma vez no início da aplicação desta pesquisa e outra após a
intervenção realizada. Esta intervenção consistiu na aplicação de 60 horas/aula de
trabalho com o conteúdo basquetebol nas aulas de Educação Física escolar,
buscando o aprimoramento do lance livre a partir do aprendizado, prática e
aprimoramento dos fundamentos do basquetebol e demais componentes da
modalidade.
Análise Interpretação e Discussão dos Resultados
Para compreensão dos resultados obtidos, é necessário compreender a
amostra. O gráfico 1 apresenta o total da amostra (103 alunos) divididos entre sexo
masculino e feminino.
Gráfico 1 – Distribuição da amostra em relação ao gênero
98
Distribuição da amostra em relação ao gênero
Meninos
47
56
Meninas
Fonte: Primária (2015)
Percebemos no gráfico 1 que há uma pequena superioridade numérica de
meninos em comparação com o número de meninas, porém esta diferença não
influenciará os demais resultados porque os dados levaram em consideração as
médias feminina e masculina separadamente por turma.
Esta divisão da amostra por gênero foi necessária também para percebermos
os efeitos das aulas de basquetebol no aprimoramento e posteriormente
aproveitamento dos lances livres nas aulas para cada uma dos sexos. Alguns
estudos indicam que as meninas tem mais dificuldade no aprendizado do
basquetebol devido ao peso da bola, altura da cesta, necessitando de um grande
esforço para a execução dos movimentos e aproveitamento do lance livre.
Existem diferenças corporais entre meninos e meninas que são expressas
nas aulas de Educação Física, enquanto os meninos apresentam maior facilidade na
prática de atividades físicas devido suas vivências motoras, as meninas apresentam
maior dificuldade. Possivelmente porque as meninas realizam em menor grau este
tipo de atividade que inclui o correr, pular, saltar e etc. (SOUSA; PALMEIRA, 2009).
Esses fatores apresentados, como altura da cesta, peso da bola e experiências
motoras, hipoteticamente tendem a influenciar os resultados, ocasionando um menor
aproveitamento dos lances livres por parte das meninas em relação aos meninos.
O quadro 1 apresenta as médias dos indivíduos do sexo masculino e feminino
e a média geral das três turmas participantes da pesquisa no pré-teste.
Quadro 1 – Média de pontuação do pré-teste
99
Pré-Teste
Turma
Média de
Média de
Média de
Pontuação M
Pontuação F
Pontuação Geral
6º ano A
1,19
0,74
0,94
6º ano B
0,69
0,4
0,55
7º ano A
1,08
0,54
0,89
Fonte: Primária (2015)
De acordo com os resultados do pré-teste apresentados no quadro 1, a
hipótese de que as meninas teriam um aproveitamento inferior se confirmou. Com
aproveitamento inferior em todas as turmas comparados com os meninos (6º ano A:
≠0,45; 6º ano B: ≠0,29; 7º ano A: ≠0,54), podemos justificar esse resultado devido às
meninas podem apresentar maior dificuldade devido a uma carência em seu
desenvolvimento motor, além de diferenças físicas, o que pode trazer dificuldades
para um maior aproveitamento no período de aprendizado e aperfeiçoamento da
modalidade basquetebol. (SEVERINO; GONÇALVES; DARIDO, 2015).
Outro fator que contribuiu nesse ponto é que a altura da cesta onde o teste foi
realizado é a altura oficial de competições (3,05m), exigindo dos alunos o mesmo
esforço que um atleta para o aproveitamento do lance livre.
Com duas exceções (grupo M do 6º ano A e grupo M do 7º ano A) no
aproveitamento, todos os grupos tiveram aproveitamento na pontuação inferior a 1
ponto, caracterizando assim um baixo aproveitamento nos lances livres para todas
as turmas. Esperava-se também um maior aproveitamento da turma de 7º ano já
que a média de idades da turma é aproximadamente um ano maior o que
cronologicamente significa uma grande representação quando se trata de crianças
com idade entre 11 e 12 anos. Este fato não ocorreu no pré-teste conforme o quadro
1, tendo os resultados próximos com o do 6º ano A mas com média ligeiramente
inferior não estabelecendo relação entre aproveitamento e idade, mesmo variando
em apenas um ano.
O quadro 2 apresenta os resultados do teste realizado após a aplicação das
aulas de basquetebol durante a aula de Educação Física na escola.
100
Quadro 2 – Resultados do pós-teste
Pós-Teste
Turma
Média de
Média de
Média de
Pontuação M
Pontuação F
Pontuação Geral
6º ano A
1,94
1,32
1,6
6º ano B
1,19
1,0
1,19
7º ano A
1,25
0,85
1,11
Fonte: Primária (2015)
O quadro 2 representa os resultados do teste realizado ao final da intervenção
durante as aula. No pós-teste podemos perceber que a média de acertos se elevou
consideravelmente conforme o quadro 2. As diferenças (≠) entre as médias
femininas e masculinas também tive ram modificações (6º ano A: ≠0,62; 6º ano B:
≠0,19; 7º ano A: ≠0,40) em comparação com os resultados do pré -teste o 6º ano A
teve um aumento da diferença entre aproveitamento de meninos e meninas
enquanto as turmas 6º ano B e 7º ano A tiveram a redução deste mesmo número.
Desde modo não é possível concluir que um dos grupos teve maior aprendizado
durante as aulas em relação ao outro. As médias se elevaram aproximadamente na
mesma proporção para todos os grupos participantes da pesquisa.
As médias no pré-teste com duas exceções estavam todas abaixo de 1,0
pontos, inclusive as médias de pontuação geral. No pós-teste houve a melhora nas
médias, apenas um grupo permanecendo abaixo da média de 1,0 pontos. As médias
de pontuação geral todas se elevaram acima de 1, inclusive nas médias gerais que
representam a soma da média masculina mais a soma da média feminina de acordo
com cada turma.
No caso do grupo feminino do 6º ano B, o aproveitamento entre o pré e o pósteste mais do que dobrou, chegando a uma evolução na pontuação de 0,6 pontos
(de 0,4 pontos para 1,0 pontos).
O gráfico 2 apresentará uma melhor visualização da evolução do pré para o
pós teste das turmas, demonstrando a eficácia da metodologia utilizada e do
trabalho desenvolvido com as turmas. No gráfico 2 os dados estão distribuídos em
101
colunas representando os valores de pré e pós teste de cada turma dos grupos
feminino e masculino e a média geral por turma, permitindo um comparativo entre
turmas e entre a evolução após a aplicação das aulas.
Em seguida, o quadro 3 demonstrará a porcentagem de evolução no
aproveitamento dos lances livres dos grupos pesquisados.
Gráfico 2 – Evolução do pré para o pós-teste
2,5
1,94
2
1,6
1,5
Média M - Pré-teste
Média F - Pré-teste
1,32
1,19
1
1,19 1,19
1
0,94
0,74
1,11
1,08
0,89 0,85
Média G - Pré-teste
Média M - Pós-teste
Média F - Pós-teste
0,69
0,55
0,4
0,5
1,25
0,54
Média G - Pós-teste
0
6º Ano A
6º ano B
7º ano A
Fonte: Primária (2015)
Alguns resultados se destacam no gráfico acima representado. É perceptível
a evolução de um teste para o outro demonstrando que as aulas tiveram
contribuição significativa e os objetivos propostos foram alcançados. Todos os
grupos tiveram melhoria no aproveitamento da pontuação dos lances livres. No caso
de um grupo da turma do 6º ano A o aproveitamento do pré e pós-teste evoluiu
significativamente passando a média de 1,25 pontos para praticamente 2,0 pontos
(1,94 pontos), ou seja, de 39,67% de aproveitamento no pré-teste, o pós-teste
evoluiu para 64,67%.
102
O quadro 3 mostra a evolução do aproveitamento em porcentagem de um
teste para o outro.
Quadro 3 – Evolução em porcentagem do pré para o pós-teste
Turmas
Média M
Média F
Média Geral
6º ano A
25,00%
19,33%
22,00%
6º ano B
16,67%
20,00%
21,33%
7º ano A
5,67%
10,33%
7,33%
Fonte: Primária (2015)
O treinamento do arremesso nas aulas foi fundamental para esta evolução. O
arremesso é o fundamento primordial no arremesso do lance livre, um bom
aproveitamento
nos
arremessos
terá
grande
probabilidade
de
um
bom
aproveitamento nos lances livres. Paula (1990, p.44) diz que o arremesso é “[...] o
mais importante fundamento da técnica do basquetebol, é dele que uma equipe
necessita para conseguir a vitória numérica de um jogo”.
O aprimoramento técnico do arremesso foi uma constante nas aulas, pois é
um fundamento já aprendido em etapas anteriores da Educação Física escolar e o
aprimoramento deste fundamento hipoteticamente melhoraria o aproveitamento no
lance livre.
Após o aprendizado dos fundamentos, o aluno passa a possuir bagagem
motora para a realização dos movimentos específicos do basquetebol com maior
dinâmica (FERREIRA; ROSE JR., 1987).
A bagagem motora conquistada nas aulas será de grande importância para os
alunos, àqueles que quiserem continuar com o basquetebol fora da escola terão
repertório motor e habilidade para iniciar um aprimoramento ainda maior no
treinamento da modalidade ou para a sua prática de maneira recreativa.
Não houve outros testes ou protocolos para avaliar a melhora nas qualidades
físicas durante a pesquisa, porém é inegável que para um melhor aproveitamento do
lance livre outros fatores foram desenvolvidos. A prática do jogo oportuniza a
melhora no condicionamento físico dos alunos, o drible tem relação com a
coordenação motora já que é necessário quicar a bola em movimento e assim
103
exigindo uma boa coordenação de movimentos e ações. O arremesso necessita de
força de membros superiores para chegar até o alvo que é a cesta.
Os aspectos de socialização é outra possibilidade do basquetebol, já que é
um esporte coletivo e os esportes coletivos possuem este caráter integrador e social.
(BOER; PATRON, 2010).
Em suma, o basquetebol apresenta incontáveis contribuições para o
desenvolvimento de diferentes aspectos para os alunos, como o físico e o social
(EIDELWEIN; NUNES, 2010; OLIVEIRA; SILVA FILHO; ELICKER, 2014) , tornando
as aulas mais dinâmicas dependendo da estratégia utilizada e contribuindo com o
desenvolvimento físico e social dos alunos.
Considerações Finais
A pesquisa cumpriu com os seu objetivo de aprimorar e identificar este
aprimoramento do lance livre por meio das aulas de basquetebol desenvolvidas nas
aulas de Educação Física escolar.
Houve aumentos significativos no percentual de acertos de um teste em
relação ao outro realizado no final da aplicação do trabalho. Esta melhora se deu
conforme houve o aprendizado e a prática dos fundamentos do basquetebol durante
as aulas.
Pode-se afirmar também que o basquetebol como um esporte a ser
trabalhado na Educação Física escolar pode contribuir em muitos outros aspectos
da vida dos alunos. Podemos destacar a melhoria nas qualidades físicas, por
exemplo.
Outro aspecto é o social, já que é um esporte coletivo e necessita de um jogo
em equipe para alcançar os objetivos e oportuniza o jogo e trabalho em equipe. No
caso do fundamento estudado que é o lance livre que é composto por arremesso, os
números comprovaram a eficácia da estratégia utilizada e metodologia de estudo
proposta. Os alunos se destacaram e colheram os resultados do esforço e da
participação das aulas.
Em suma, o basquetebol é um esporte de grande complexidade, que
propicia contribuições dentro e fora das quadras e que dentro do ambiente escolar
104
pode ser uma importante ferramenta pedagógica de desenvolvimento físico, motor e
social dos alunos, o que representará um ganho muito além da modalidade esportiva
basquetebol.
Referências
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Crianças do 3.º ao 6º ano do Ensino Fundamental da cidade de Bagé: Processo de
Mudança de Atitude. Revista Congrega URCAMP, v. 4, p. 21, 2010.
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abordagem ddidática-pedagógica. São Paulo: EPU, 1987.
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