Revista Portal Educação Física
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Revista Portal Educação Física Revista Portal Educação Física Equipe Editorial – Revista Portal Educação Física Editor Científico: Professor MS. Eriberto Fleischmann Editora de texto, revisão e normatização: Josilaine Bicudo Editor Gráfico: Pedro Mattos Neto Corpo Científico: Diogo Berndt Geovah Guilherme de Moura Marcos Alexandre Martins Ribeiro Thiago Camargo Contato [email protected] Revista Portal Educação Física Editorial Portal Educação Física, Junho de 2016. Prezados leitores, É com imenso prazer que publicamos o primeiro volume e número da Revista Científica On-line Portal Educação Física – PEF. A Revista PEF é uma publicação exclusivamente eletrônica, com periodicidade bimestral e que traz a cada edição dez artigos científicos da área da Educação Física no Brasil. Com temas de relevância técnica, científica e pedagógica, diretamente relacionadas com essa área de conhecimento, esperamos contribuir especialmente para a disseminação de resultados. A disponibilização da Revista PEF em meio digital a torna acessível a todos. Esse é um dos princípios que consideramos durante todo o processo de produção da revista a fim de proporcionar o acesso às publicações relevantes de maneira aberta e livre para, assim, ser um instrumento de incentivo à leitura, debate e novas pesquisas. Desejamos que as produções aqui reunidas cooperem para a ampliação do seu conhecimento e o incentivem a permanecer conosco a cada nova edição, seja por meio da leitura ou da contribuição com trabalhos científicos. A todos, uma ótima leitura! Equipe Editorial – Revista Portal Educação Física Revista Portal Educação Física Sumário Letramento Digital no processo de ensino aprendizagem nas aulas de Educação Física .......................................1 Geovah Guilherme de Moura, Patrícia Esther Fendrich Magri. Educação Física escolar: contribuições para a redução do sobrepeso corporal e obesidade................................17 Marcos Alexandre Martins Ribeiro, Pedro Jorge Cortes Morales. Educação ambiental e Educação Física: uma parceria que dá certo!.....................................................................33 Thiago Camargo, Pedro Jorge Cortes Morales. A ginástica como ferramenta para a melhora da flexibilidade.................................................................................47 Louise Carolyn Schmitt, Márcia de Souza Pedroso Agustini. A Interferência das mídias nas atividades físicas das crianças...............................................................................64 Rudinei Venturi, Pedro Jorge Cortes Morales . Psicomotricidade no processo de alfabetização......................................................................................................80 Kaylamy Jards da Fonseca, Luiz Henrique Rodrigues. O aprimoramento do lance livre por meio das aulas de basquetebol ......................................................................92 Anderson da Silva Maurilio , Jairo Anello. LETRAMENTO DIGITAL NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA Geovah Guilherme de Moura 1 Patrícia Esther Fendrich Magri 2 Resumo: A utilização do letramento digital no processo de ensino/aprendizagem tem como objetivo a inserção de novos procedimentos de ensino nas aulas de Educação Física, na expectativa de despertar maior participação e interesse pela prática. As ferramentas digitais nos trazem inúmeras informações, basta se conectar por dez minutos para você receber notícias referentes a acontecimentos do outro lado do mundo. Os jovens estão inseridos nessas tecnologias desde muito cedo, e neste contexto é importante que essas ferramentas sejam utilizadas a fim de proporcionar conhecimento, não apenas para entretenimento e interação social, mas também como ferramenta de aprendizagem. Pretende-se com este estudo usar uma nova abordagem de ensino nas aulas a fim de ocasionar maior interesse pela prática. A presente pesquisa foi desenvolvida com 59 alunos, de ambos os sexos, que frequentam o 9º ano da Escola Municipal Karin Barkemeyer, da cidade de Joinville – SC. Foram utilizadas três modalidades para execução da pesquisa: tênis de mesa, xadrez e tênis. A intervenção nas aulas se deu com planejamentos que relacionavam aulas práticas e teóricas com o auxilio dos tablets na execução das atividades. Foi aplicado um questionário para a caracterização do grupo, obtendo informações de quanto os mesmos estão inseridos às mídias e a informática. Ao fim das atividades foram elaborados pelos estudantes relatórios, sobre a relação que observaram entre as aulas teóricas com o auxílio dos tablets e as aulas práticas. Esse material foi utilizado como instrumento de pesquisa. Analisando os conteúdos dos relatórios enviados pelos alunos, destacaram-se três (3) categorias de análise: interação da tecnologia no ensino gerando novas aprendizagens; inovação metodológica e motivação. A partir dos relatos observou-se que a inserção da ferramenta digital possibilitou aos alunos maior compreensão das regras além de se sentiram mais dispostos e interessados para a execução das atividades. Palavras chave: Letramento digital, Ensino/aprendizagem, Educação Física. Abstract: The use of digital literacy in the teaching / learning process is aimed at the inclusion of new teaching approaches in physical education classes, enabling greater participation and interest in the practice. Young people are part of these technologies from an early age. And in this technological age we live in is important that these tools are used to provide knowledge, not only for entertainment and social interaction. Aims of this study was to raise awareness of the need for educators using new teaching approaches. This research was conducted with 59 students, of both sexes, attending the 9th grade of the School of the Municipal Network of the city of Joinville – SC. The intervention in the classes occurred with plans relating theoretical and practical classes with the help of tablets in the execution of activities. At the end of the activities were reports prepared by students on the relationship observed between theoretical classes with the help of tablets and practical classes. This material was used as a research tool. Analyzing the contents of the reports submitted by students, stood out three categories of analysis: interaction of technology in teaching generating new learning; methodological innovation and motivation. Key words: digital literacy, education / learning, physical education. 1 2 Acadêmico Formando do Curso de Educação Física - Licenciatura Orientador Específico – Prof. Msc. do Curso de Educação Física da UNIVILLE 1 Introdução Vivemos hoje na época da inclusão digital, na qual a informação chega cada vez mais rápida. E nessa nova era a informática, as mídias tecnológicas vem ganhando cada vez mais espaço nas mãos dos jovens. Com essas mudanças na sociedade o grande desafio dos educadores hoje, é mais que ser o mediador entre o aluno e o conhecimento, é lidar com a modernidade é perceber a necessidade de usar métodos e linguagens diferentes para alcançar o dialogo com seus alunos, que estão inseridos a essa nova realidade desde cedo. Alunos esses que estão se distanciando das escolas, por perceberem um padrão repetitivo nas aulas tornando os estudos desinteressantes aos seus olhos (COSCARELLI; RIBEIRO, 2011). Muitos professores deixam de usar a informática em suas aulas por não a entender como um instrumento no auxilio no processo de ensino/aprendizagem, mas como uma ferramenta que ira substituir seu papel nesse processo. O computador é uma maquina com varias funções, porem que não executa nenhuma sozinho. O educador deve entender sua função e seu papel no ato de ensinar (COSCARELLI; RIBEIRO, 2011). Nas aulas de Educação Física esse estigma é ainda maior, é muito difícil o professor perceber essa relação. A Educação Física é uma área com constantes mudanças e a inserção da informática na disciplina pode dar suporte para que os alunos entendam essas mudanças e tenham mais interesse pela prática. Pensando nisso o letramento digital é um conceito que permite ao aluno estar inserido nesse processo de mudanças da sociedade. Além de contribuir para a formação cidadã a utilização das mídias tecnológicas como instrumento de pesquisa e de inserção social, irá contribuir para a manutenção do estudante na escola que sentirá mais interesse nas aulas. O estudo em questão tende utilizar a inserção do letramento digital como ferramenta no ensino/aprendizagem nas aulas de Educação Física com o objetivo de usar uma nova abordagem de ensino nas aulas a fim de ocasionar maior interesse pela prática. Alfabetização e Letramento 2 Para entender o que é letramento digital é preciso compreender o processo evolutivo que ocorreu para chegar a esse termo. De acordo com Soares, (2012, p.31) “Alfabetizar é tornar indivíduo capaz de ler e escreve r” e “letrar é conduzir a pessoa ao domínio da leitura e escrita”. Assim a mesma autora se refere ao letramento como estado ou condição de quem se apropria da leitura e da escrita e de suas práticas sociais. Ter se apropriado da escrita é diferente de ter aprendido a ler e a escrever; aprender a ler e escrever significa adquirir uma tecnologia, a de codificar a língua escrita e de decodificar a língua escrita, apropriar -se da escrita é tornar a escrita própria, ou seja, é assumi-la como sua propriedade (SOARES, 2012, p. 39). Portando enquanto a alfabetização ocupa-se da aquisição da leitura e escrita, o letramento focaliza os aspectos sócios culturais, ele resulta de um processo social que considera não apenas a codificação e a decodificação, mas também o uso social destas práticas. Nesta perspectiva o letramento sugere que informar-se através de leitura é buscar noticias e lazer nos jornais é se orientar nas ruas por meio de placas e sinais de transito é a interação com diferentes portais de leitura e escrita (CHONG, s.d. apud, SOARES, 2012). Letramento Digital Analisando esses estudos de letramento percebemos que não se trata de letramento e sim letramentos, pois são maneiras diversas de aquisição de conhecimentos. Para Araujo (2015, web) o que se refere à ampliação do letramento para o letramento digital é a interação além da interpretação, o individuo tem a possibilidade de repercutir suas interpretações no seu convívio social, avançar nas práticas interagindo com o texto e diferentes ferramentas. O letramento digital é mais uma vertente do letramento e é muito mais relevante que saber ler e escrever ou navegar na internet consiste em saber utilizar essas ferramentas e recursos para aplica-las no dia-dia em seu beneficio. Segundo Oliveira (2015, web), “Letramento Digital compreende-se pela capacidade que tem o indivíduo de responder adequadamente às demandas sociais que envolvem a utilização dos recursos tecnológicos e da escrita no meio digital”. Para isso é 3 necessário que ao fazer uma busca na web, por exemplo, o sujeito saiba finalidade dessa informação para seu cotidiano, a fim de adquirir novos conhecimentos. O letramento digital inclui habilidades para construir sentido a partir de textos multimodais, isto é, textos que mesclam palavras, elementos pictóricos e sonoros numa mesma superfície. Inclui também a capacidade para localizar, filtrar e avaliar criticamente informações disponibilizadas eletronicamente (CARMO, s.d. apud, OLIVEIRA 2015, web). Portanto no contexto do letramento digital o papel passa a ser substituído pela tela de computadores, tablets e celulares, seja qual for à ferramenta a informação chega por meio de uma tela digital. De acordo com Araujo (2015, web) Nesse espaço a leitura flui e evolui para a navegação, essas informações são dispostas e organizadas não por sequencia específica, ou seja, não estão dispostas por ordem do início para o fim, estão organizadas de forma a prender a atenção do usuário. Essas informações chegam por meio de imagens, sons, animações e textos. Podemos citar qualquer aplicativo como ferramenta no processo de aprendizagem, por exemplo, ao baixar um aplicativo de atletismo no momento em que o usuário for executar o jogo ele se apropriará das informações contidas na ferramenta podendo ser regras, histórico da modalidade etc. Desta maneira um aplicativo que permite a troca de informações entre usuários trabalha além da comunicação social a interação com diferentes pessoas e assim conhecimentos de diferentes culturas, mantendo esta linha de raciocínio o usuário precisa entender que a ferramenta digital que possuí, têm também características pedagógicas, basta o mesmo perceber as suas múltiplas funções. Letramento digital no processo de ensino/aprendizagem A informática é um instrumento que possibilita o ensino por várias facetas, são inúmeras as ferramentas tecnológicas que podem ser incorporadas na docência para facilitar a comunicação entre aluno e professor. O computador, por exemplo, é uma ferramenta que potencializa essa comunicação. No entendimento de Coscarelli (2011), o computador pode ajudar os alunos a decorarem listas, tabuadas, regras, em pesquisas e etc. Imagine a troca do velho quadro negro por um quadro digital, no qual as informações chegam de maneira mais rápida e de forma que consigam prender por mais tempo a atenção do 4 estudante. Facilitando a interação do aluno com o conteúdo, e indo além, diminuindo a distância que por vezes existe entre educador e educando, pois permitiria o contado direto do estudante com a fonte do conteúdo. Em uma realidade em que o aumento de evasão escolar está cada vez maior. De acordo com Portal Brasil (2015, web) em 2012 “a taxa de abandono escolar atingiu 24,3% e o índice se torna ainda mais preocupante se comparado com países vizinhos, como Chile (2,6% de evasão), Argentina (6,2%) e Uruguai (4,8%)”. Avaliando dados como este o simples fato do professor utilizar diferentes meios para se comunicar com seus educandos nas aulas, pode ser o fator determinante entre esse aluno permanecer ou sair da escola, podendo então contribuir para a permanência desses estudantes na escola. Outro ponto que precisa fic ar claro é que usar a informática como recurso para auxiliar a aprendizagem não signific a que os alunos vão ficar o tempo todo na tela do computador, ou nos laboratórios de informática. Em muitos projetos, grande parte das atividades podem ser feitas sem o uso do computador. A parte de planejamento, organização e delineamento dos projetos, analise de dados, discussão dos resultados, normalmente não carecem de comput adores para realização. Em outros momentos, o computador é muito útil, como na busca de informações, na formatação de dados, na apresentação dos res ultados e do produto final (COSCA RELLI; RIBEIRO, 2011, p. 27). Mas para isso é necessário que o professor antes de utilizar essas ferramentas entenda a concepção de ensino aprendizagem que pretende utilizar em suas aulas. Compreenda que a utilização da informática é mais que uma nova comunicação entre educador e educando, precisa fazer com que o aluno se aproprie dessas ferramentas para obter mais conhecimento. O educador pode e deve usar o computador como ponte no processo de comunicação, e como fonte de pesquisa para os alunos, auxiliando os em suas respostas e mais que isso contribuindo para que construam mais questionamentos, pois é isso que norteia o processo de ensino/aprendizagem. Educação Física e Tecnologia Inserir as tecnologias nas aulas de Educação Física, é uma tarefa desafiadora. Talvez pelo fato de ser uma disciplina em que ainda se prevaleça à prática. Balbé (2015, web) escreve que, as aulas de Educação Física ainda são 5 voltadas quase que exclusivamente para treinamentos desportivos que visam desenvolver os alunos para o esporte de alto rendimento visando obter os melhores resultados em competições. Essas são propostas de ensinos ultrapassadas que não suprem as necessidades da educação contemporânea e impossibilita o aluno de desenvolver suas potencialidades. De acordo com os PCN’s 3 (1998) o papel da Educação Física escolar é promover a valorização da iniciativa, a responsabilidade pessoal e coletiva do aluno, além de inserir o estudante na cultura corporal do movimento contribuindo para a formação de um cidadão crítico e ético. As ferramentas digitais podem auxiliar nesse processo, estão cada vez mais inseridas na vida dos jovens, que permanecem muitas horas por dia diante de computadores, televisores, celulares e etc. O professor de Educação Física pode se apropriar dessas ferramentas para possibilitar aos alunos maior interesse pela prática. Para Silva (2002, p.14), "A Educação Física é um ambiente privilegiado para aplicação das aprendizagens teóricas e práticas” é um espaço que possibilita o professor trabalhar diferentes vertentes e com diversos materiais, cabe ao educador relacionar tais tecnologias entre aulas práticas e teóricas. Inclusão Digital Outro ponto que a utilização da informática nas aulas abrange, é um tema muito utilizado nos dias de hoje, a inclusão digital. Para Pacievitch (2015, web), a inclusão digital é garantir a todos, acesso às tecnologias da informação e comunicação. O objetivo é que todos tenham acesso às ferramentas tecnológicas, seja para fazer pesquisas, mandar e-mails ou mesmo trocar informações. Com a inclusão digital todos tendem a ganhar em qualidade de vida, na medida em que se economiza tempo para realizar várias tarefas do dia-dia. Se refletirmos que a inclusão só se dá porque já houve a exclusão, a inserção da informática nas aulas tem também um contexto social, minimizando a exclusão de muitos sujeitos já excluídos em várias outras situações. 3 PCNs Parâmetros Curriculares Nacionais 6 Materiais e Métodos Os procedimentos metodológicos da pesquisa são de cunho teóricobibliográfico, de campo, qualitativa, descritiva. Pesquisa de campo segundo Marconi; Lakatos (1999, p.85), “é aquela utilizada com o objetivo de conseguir informações e/ou conhecimento acerca de um problema para qual se procura uma resposta”. A pesquisa qualitativa é aquela capaz de incorporar a questão do significado e da intencionalidade como inerentes aos atos, às relações e às estruturas sociais (BARDIN, 1977 apud CAVALCANTE et al. 2014). De acordo com Gonçalves et. al. (2008, p.35), a pesquisa descritiva “observa, registra, analisa e relaciona fatos ou fenômenos sem manipulação”. Tendo em vista a natureza da pesquisa, optou-se pela utilização de um questionário para caracterização da amostra e relatórios das atividades realizadas, elaborados pelos educandos para se certificar de que o uso da ferramenta digital ocasionou maior interesse pela prática. O questionário foi elaborado pelo próprio pesquisador e devidamente validado por três professores mestres da Universidade da Região de Joinville – UNIVILLE. Foi aplicado na sala de informática por meio de uma plataforma online o Google Forms4 e contribuiu para caracterização do grupo. Com a aplicação do questionário obteve-se os seguintes dados: População: alunos matriculados na Escola Municipal Karin Barkemeyer, da cidade de Joinville - SC. Amostra de (59) alunos sendo 59,3% masculino e 40,7% feminino de 12 à 17 anos que frequentam o 9º ano da instituição. A escola escolhida para a aplicação do estudo é integrante do projeto Escola Digital, da Rede Municipal de Joinville-SC, que contempla os estudantes com tablets. O projeto deste estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com perecer de nº CAAE 45327715.2.0000.5366, com data de 01/07/2015. 4 Ferramenta integrada ao Google Docs, que permite a criação de formulários online. 7 Quadro 1 - Caracterização da Amostra. Caracterização da Amostra Possuem acesso às mídias Não tem acesso às mídias Conectados às mídias mais que 4 horas Conectados às mídias de 2 a 4 horas Conectados às mídias menos de 1 hora Possuem acesso a internet Possuem acesso a internet mas não em casa Não possuem acesso a internet Acessam com mais frequencia Redes Sociais Acessam com mais frequencia sites de pesquisa Acessam com mais frequencia sites de notícias Utilizam a mídias para estudo escolar Não utilizam a mídias para estudo escolar Prática atividade física 3 vezes por semana Prática atividade física 1 vez por semana Prática atividade física 2 vezes por semana Não praticam atividade física fora da escola Gostam de Educação Física Não gostam de Educação Física 93,90% 5,10% 69,50% 23,70% 6,80% 84,70% 11,90% 3,40% 84,70% 11,90% 3,40% 55,90% 44,10% 32,20% 22,70% 22% 22% 83,10% 16,90% Fonte: Primária (2015) Após a aplicação do questionário, foi realizado o planejamento das aulas que incluíram atividades teóricas e práticas com o auxilio das ferramentas digitais tablets. Utilizou-se três desportos, Tênis de Mesa, Xadrez e Tênis. Optou-se por essas modalidades pela facilidade de encontra-las em aplicativos para tablets. E se empregou três modalidades para oportunizar aos alunos diferentes situações e experiências. A primeira modalidade inserida nas aulas foi o tênis de mesa, em seguida o Xadrez e por fim o Tênis. No primeiro encontro as aulas foram teóricas. Foi ministrada uma aula expondo regras básicas e um breve histórico da modalidade. Enquanto ocorria a aula os alunos eram estimulados a utilizar os tlablets para fazer pesquisas referentes a perguntas realizadas pelo professor. Os questionamentos foram: Quantos praticantes da modalidade existem no Brasil? Quantas medalhas olímpicas, mundiais e ou pan-americanas o Brasil já conquistou? Qual o melhor atleta Brasileiro da história? 8 No mesmo momento os alunos foram incentivados a realizar perguntas para eliminar possíveis dúvidas. Os questionamentos mais frequentes foram referentes ao jogo prático, quantos sets tem um jogo, o peso da bolinha, peso da raquete no caso do Tênis de mesa. Já no Xadrez as dúvidas foram referentes à movimentação das peças. E no Tênis foram a respeito de número de sets e games e contagem da pontuação. Essas dúvidas foram respondidas pelos próprios alunos com o auxílio dos tablets. Ao mesmo tempo em que os estudantes realizavam as perguntas eles eram incumbidos a pesquisarem na ferramenta digital referente às questões levantadas. Nesse processo foram necessárias (3) três aulas, uma aula para cada modalidade. Posteriormente se deu as aulas práticas. As primeiras aulas foram de conhecimento prático, ou seja, foram realizados jogos para co nhecer o nível de experiências que os alunos possuíam. Nesta etapa houve a necessidade de três (3) aulas, uma para Tênis de Mesa uma para o xadrez e uma para o Tênis. Em seguida as aulas práticas foram para desenvolver os fundamentos básicos, de cada modalidade. Nesse processo ocorreram nove (9) aulas, três (3) para o Tênis de mesa, três (3) para o Xadrez e três (3) para o Tênis. A seguir já com os conhecimentos básicos dos fundamentos se deu o jogo. Na aplicação dos jogos foram realizadas nove (9) aulas, três (3) para o Tênis de mesa, três (3) para o Xadrez e três (3) para o Tênis. Durante todos esses processos os alunos que estavam aguardando para jogar, praticavam nos tablets com aplicativos das respectivas modalidades. Esses também foram encarregados a responder com o auxílio dos tablets e do professor dúvidas dos colegas que estavam jogando na prática, até que se invertessem as funções. As principais dúvidas no jogo de Tênis de mesa foram a respeito das regras e ordem de saques, no xadrez, possíveis jogadas e movimentação de algumas peças e no tênis sequencia de saques pontuações e limites da quadra. Ao fim das aulas práticas os alunos voltaram à sala de informática e foram instigados a fazer um relatório, considerado instrumento de pesquisa, sobre a relação que observaram entre as aulas teóricas com o auxílio dos tablets e as aulas práticas. O relatório foi enviado para o e-mail do professor/pesquisador oportunizando os alunos a utilizarem também essa plataforma. 9 Os dados e as informações dos relatórios foram analisados e interpretados de acordo com os princípios conceituais do método qualitativo com análises de conteúdo. A análise de conteúdo se constitui de técnicas que buscam descrever o conteúdo emitido no processo de comunicação, por meio de falas ou textos, proporcionando o levantamento de indicadores que permite a realização de inferência de conhecimentos (CAVALCANTE et. al. 2015, web). Analise e Discussão dos Resultados Objetivou-se com o estudo, inserir o letramento digital como ferramenta no processo de ensino/aprendizagem nas aulas de Educação Física articulando teoria e pratica e como resultado esperado pretendeu-se conscientizar sobre a importância das atividades físicas e incentivar professores à inserção de novas abordagens de ensino em suas aulas. Analisando os conteúdos dos relatórios enviados pelos alunos , destacam-se três (3) categorias de análise: interação da tecnologia no ensino gerando novas aprendizagens; inovação metodológica e motivação. a) Para a categoria interação da tecnologia no ensino gerando novas aprendizagens destacam-se os termos a seguir que foram extraídos dos relatórios: conhecer e praticar o esporte; aprendi; regras; aprendendo mais; aprendi regras; conhecimentos para a vida; aprendemos; experiência e aprender; aprendemos no aplicativo; aprendi; prática; esporte aprendizado; experiências; aprender jogando; aprendemos; aprendi; jogando aprendemos; regras; no tablete aprendemos regras; aprendemos; auxilia muito na aprendizagem; usar corretamente; aprendemos; aprendemos as regras; colocamos em prática; aprender; usamos o que aprendemos nos jogos digitais em prática; aprendemos com ajuda do tablets, compreendemos regras no tablete; aprendemos; regras; nas aulas práticas; nos ensinando; usamos os meios digitais; usando tecnologia; aprender regras; tablete ajudou; aprender regras; a tecnologia ajudou no conhecimento do jogo; tablete ajudou na prática; informações adequadas; aprende-se a usar a tecnologia. b) Para a categoria inovação metodológica destaca-se os termos a seguir que foram extraídos dos relatórios: Prestam maior atenção; é importante a tecnologia; aula boa e educativa; é útil; interesse; esporte está interligado com a 10 tecnologia; aulas interativas; ajudou na prática; proporcionou nova maneira de jogar; difíceis na prática simples no jogo; tecnologia com aulas práticas; outros meios de aprendizagem; nova forma de aprendizagem; ajuda e facilita nas aulas práticas; ferramenta útil; praticar o esporte a qualquer hora. c) Para a categoria motivação destacam-se os termos a seguir que foram extraídos dos relatórios: Divertido; é legal; divertindo mais legal; divertimos bastante gostei; muito legal; divertido; conhecimento para a vida; se divertindo; divertido e interessante; legal essa mistura; fica mais fácil; tecnologia ajuda e facilita; facilitou as aulas de Educação Física; gostamos das aulas. Pelos relatos acima é possível perceber que a categoria A tem o maior número de associações, seguidos da categoria B e C. Analisando a categoria (A) percebe-se o repetido uso dos termos aprendi ou aprendemos relacionados às regras, e a utilização de experiências e práticas relacionadas à tecnologia. Os estudantes fizeram uma relação das experiências digitais com ás práticas, se apropriando das informações contidas nos aplicativos para a assimilação das regras dos esportes. Essas apropriações se tornam muito importantes nos dias de hoje em que a tecnologia e a informação estão interligadas . O ato de aprender a utilizar as ferramentas digitais não só como ferramentas de lazer, mas também como instrumento de pesquisa e de apropriação de informações é importante para que o aluno crie novas concepções de aprendizado. São novos meios de explorar o saber que permitem criar oportunidades para que todos possam estar incluídos e interagindo na sociedade. (BARBOSA, 2012) As tecnologias como ferramentas interativas, têm propiciado inúmeras possibilidades de desenvolvimento da mediação pedagógic a entre professores e alunos, fortalecendo no estudante a capacidade de construir sua aprendizagem com o apoio de suportes tecnológicos. (BARBOSA, 2012, p. 84) Isso ocorre pelo fato do aluno associar o uso das tecnologias nas aulas, com o seu dia-dia, pois estão constantemente inseridos em ambientes em que a tecnologia esta presente, mesmo que não percebam. É possível observar isso no quadro (1) um da caracterização da amostra que indica que (93,1%) dos alunos da pesquisa possuem acesso às mídias e desses, (69,5%) estão conectados mais de (4) quatro horas por dia a computadores, celular ou tablets. 11 Na categoria (B) os termos utilizados apontam maior interesse ocasionado pela a utilização do novo método de ensino que inseriu novas ferramentas para aprendizagem. Os alunos relataram que as aulas ficaram mais interativas possibilitando melhor relação entre teoria e prática. E que desta forma as aulas prenderam com mais facilidade a atenção proporcionando melhor compreensão das atividades propostas. Expuseram também que as novas abordagens de ensino proporcionam aulas mais agradáveis. Com as ferramentas digitais em mãos, crianças e adolescentes fixam a atenção nos diferentes atrativos de aplicativos que facilmente os prendem. De acordo com Barros apud Abruso (2015) o jovem tem um caráter exploratório em seu comportamento. Isso facilita o novo, as novas abordagens, mas para explorar esse potencial é preciso que o professor saia da mesmice e da superficialidade das salas de aulas. O acesso a informações, ideias e sons é feito por eles de uma forma sem precedentes. Totalmente inseridos no mundo virtual, os jovens tem em suas mãos a resposta para qualquer pergunta que possa surgir. (BA RROS, s.d. apud ABRUSO 2015, p.71). Durante o processo de aplicação da pesquisa observou-se que os alunos manifestavam mais animação para as atividades quando os tablets eram utilizados nas aulas práticas e teóricas comparados a aulas sem a utilização da ferramenta digital. Para Catapam (2015, web) as ferramentas digitais podem ser um recurso educacional muito mais efetivo se utilizado como mediação de aprendizagem num processo de interação. As considerações realizadas na categoria (C) foram a respeito das reflexões que os alunos obtiveram. Apontaram que gostaram das aulas e com a inserção do tablet se sentiram mais motivados para a participação nas atividades. Tornando o ambiente mais divertido e facilitando a participação nas aulas de Educação Física. A motivação é energia para a aprendizagem, o convívio social, os afetos, exercício das capacidades gerais do cérebro, da superação, da participaç ão, da conquista, da defesa, ent re outros, ou seja, a motivação deve receber especial atenção e ser mais bem considerada pelas pessoas que mantêm contato com crianças e adolescentes, realçando a importância desta esfera em seu desenvolvimento (FRANCHIN; BARRETO, 2015, web). O aluno motivado questiona mais, aprende mais e cria gosto pelo aprendizado. Como cita Fraiman apud Abruso (2015, p.19) “a motivação não se 12 conquista por decreto e sim com um ambiente interessante, com uma postura interessada e com aulas verdadeiramente atraentes”. É necessário observar que a falta de motivação proporcionada por aulas com métodos ultrapassados se tornam entediantes podendo ocasionar o desinteresse e o desgosto das atividades físicas. Observando quadro (1) um percebe-se que (16,90%) dos estudantes não gostam das aulas de educação física, e (22%) não praticam nenhuma forma de atividade física fora da escola. Esses dados podem estar diretamente relacionados ao nível de motivação que os mesmo sentem para a prática da atividade física. São jovens propícios a desenvolver patologias relacionadas à falta de atividade física como obesidade, colesterol entre outras. (FERRAZ; MACHADO, 2015, web). Considerações Finais Como considerações finais reitera-se que o uso de novas ferramentas, neste caso ferramentas digitais, nas aulas de educação física contribuiu para: Interação da tecnologia no ensino gerando novas aprendizagens; inovação metodológica e motivação. As tecnologias e os jovens estão interligados e cada vez se tornará mais difícil suprimir essa relação. Nos dias de hoje a criança já nasce inserida as tecnologias, os pais permitem que as crianças utilizem celulares, tablets e computadores desde muito cedo. E essas ferramentas em suas mãos se transformam em instrumento de interação social e entretenimento, porem são ferramentas que produzem muitas informações. Essas informações podem ser transformadas em conhecimentos, mas para isso é necessário que os jovens sejam estimulados para fazer essa alteração. Esse incentivo deve partir do professor, pois é o seu papel na sociedade, instigar seus alunos para o conhecimento. Observou se a partir dos relatos dos estudantes que essa transformação de informação para conhecimento aconteceu. Percebe-se que os alunos se apropriaram das informações contidas nos aplicativos para utiliza -las durante os jogos práticos, principalmente com o domínio das regras das modalidades. A inserção dos tablets proporcionou aulas mais interativas e interessantes que ocasionou maior facilidade para o entendimento das atividades, além de maior motivação para a execução das tarefas. 13 Os alunos Entenderam que as ferramentas que utilizam diariamente e a prática, têm relação direta, bem como possibilita extrair dali quantidade ilimitada de conhecimento. É importante que os professores incentivem essa relação. O quadro (1) um de caracterização da amostra aponta que (44,1%) dos alunos não utilizam as mídias como ferramenta de estudo, e o seu maior tempo conectados são em sites de entretenimento como as Redes Sociais apontadas por (84,7%) dos educandos. O aluno deve entender que recebe informações em qualquer site ou aplicativo que utilize. No facebook, por exemplo, ao escrever uma palavra errada ela fica grifada em vermelho, apontando o erro. Neste momento que o usuário recebe uma nova informação é preciso que a transforme em conhecimento, para que não volte a cometer o erro. É claro que não devemos i ncentivar os educandos para que utilizem cada dia mais tempo à internet, principalmente para se conectar nas redes sociais o que podemos e devemos fazer nesse caso, é apontar um caminho, para que criem uma relação de aprendizagem com essas ferramentas com o seu dia-dia. De acordo com as informações geradas pelos alunos e as observações realizadas pelo pesquisador a presente pesquisa alcançou seu objetivo. A partir da utilização de um novo meio no processo de ensino/aprendizagem os estudantes mostraram maior motivação para a participação nas atividades, mais interesse para o aprendizado, e muito mais disposição para a prática dos esportes. Sugere-se que os educadores se apropriem de novas abordagens de ensino, no sentido de facilitar a comunicação entre aluno e professor. 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As três turmas participaram de uma avaliação física composta por coleta de peso e estatura, estimando o percentual de gordura por meio do protocolo de dobras de tríceps e panturrilha de Lohman et al. (1988) e comparando os resultados do IMC com as tabelas de Fernandes (2003). Duas turmas tiveram intervenção em suas aulas e uma permaneceu como grupo controle. Os resultados obtidos não demonstraram relação entre as atividades desenvolvidas e a redução do peso corporal ou percentual de gordura corporal (%G). Todos os alunos tiveram aumento em sua estatura devido à fase de crescimento e consequentemente aumentaram de peso, mantendo o IMC estável e não apresentando diminuição do %G. Diante destes resultados, conclui-se que somente as aulas de Educação Física escolar não são capazes de mudar o quadro de alunos com obesidade e sobrepeso na escola. A contribuição da Educação Física deve ser oportunizar o movimento em suas aulas e estimular e orientar a prática de atividades físicas fora da escolar, incentivando os alunos a adotarem hábitos mais saudáveis. Palavras-Chave: Educação Física Escolar, Sobrepeso, Obesidade. Abstract: The overweight and obesity is a condition that the body weight and body fat are above what is recommended for health. The objective of this study is to know if the Physical Education can contribute for the diminution of these two harmful conditions. The sample consisted of 52 students from three classes of eighth grade of elementary school. The three classes participated in a physical assessment consists in collect weight and height. The percentage of body fat is estimating with the protocol of Lohman et al. (1988) and the results of BMI with the tables of Fernandes (2003). Two groups received intervention in his classes and one group remained as a control group. The results showed no relationship between the activities and the reduction of body weight or percentage of body fat (% BF). All the students had increased their height and weight. The BMI maintaining steady and don't show relation with the % BF. This results show that only the Physical education in school is not the sufficient for change this condition of overweight and obesity in the children’s. The contribution of physical education should provide the opportunity for movement and to stimulate and guide the practice of physical activities outside of school. Keywords: Physical Education, Overweight, Obesity. 5 6 Acadêmico do 4º ano do Curso de Educação Física da UNI VILLE Professor Doutor do Curso de Educação Física da UNIVILLE 17 Introdução Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em senso realizado entre 2008 e 2009 sobre a “Antropometria e estado nutricional de crianças, adolescentes e adultos no Brasil”, uma a cada três crianças está acima do peso considerado ideal e 15% da população infantil apresenta quadro de obesidade. O senso justifica também que tais números ocorrem devido a maior ingestão de calorias e a pouca utilização das mesmas por meio da atividade física. Os dados apresentados pelo senso reforçam a importância da Educação Física na escola, disciplina responsável pelas práticas e formação corporal. Os Parâmetros Curriculares Nacionais em Educação Física definem como um dos objetivos da disciplina no Ensino Fundamental o conhecimento corporal e a valorização de hábitos saudáveis na busca pela qualidade de vida. Neste contexto, este artigo propõe apresentar os resultados alcançados em uma pesquisa que visou identificar o quanto a Educação Física Escolar pode contribuir com a redução dos casos de sobrepeso corporal e obesidade em crianças em idade escolar. A Educação Física é uma disciplina integrante do currículo escolar da educação básica e teve sua obrigatoriedade regulamentada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nº 9394/96. A disciplina passou por diversas transformações ao longo da história, como por exemplo, os períodos Higienista, Militarista, Pedagogicista, Competitivista, entre outros (CHAGAS; GARCIA, 2011). Essas transformações ajudaram a Educação Física Escolar a assumir a sua identidade atual que é definida por Soares e Col. (1992, p. 33) como “uma prática pedagógica, que no âmbito escolar, tematiza formas de atividades expressivas corporais como: jogo, esporte, dança e ginástica [...]”. As atividades corporais são denominadas nos Parâmetros Curriculares Nacionais em Educação Física como sendo a “cultura corporal de movimento”. Pode-se afirmar então, que é por meio dos elementos da cultura corporal de movimento que a Educação Física Escolar toma forma e é por meio destes conteúdos que se busca o desenvolvimento da criança na escola e neste caso, a manutenção do peso corporal evitando casos de sobrepeso corporal e obesidade. O sobrepeso corporal é definido como o peso corporal excedente ao recomendável para um indivíduo de acordo com a sua estatura (QUEIROGA, 2005). De acordo com a definição apresentada pelo autor, para identificar um quadro de 18 sobrepeso corporal é necessário levar em consideração a proporcionalidade entre o peso corporal e a estatura, ou seja, o quando um indivíduo deveria pesar de acordo com a sua estatura. A forma mais utilizada para avaliar essa proporcionalidade é feita por meio do cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC), também descrito na literatura científica como Índice de QUETELET. O cálculo é realizado pela fórmula: PESO CORPORAL/ESTATURA². O cálculo do IMC apresenta estimativas razoáveis da composição corporal não sendo recomendável o uso para atletas e indivíduos com a musculatura avantajada (NAHAS, 2010). Porém, de acordo com Balaban e Silva (2001), o IMC consiste em um dos índices mais adequados para avaliação de crianças e adolescentes. A sua ampla utilização se deve a simplicidade do cálculo e a um número menor de informações necessárias comparadas a outros protocolos. Existem tabelas normativas do IMC para diferentes grupos da população e faixas etárias, cada qual com classificações entre a faixa de peso ideal, sobrepeso e obesidade entre outras classificações dependendo do autor consultado. Guedes e Guedes (2006) conceituam a obesidade como elevada quantidade generalizada ou localizada de gordura corporal. Afirma-se então, que a obesidade é caracterizada pela gordura corporal excessiva em relação à massa magra de um indivíduo. Para avaliar um indivíduo e identificar um quadro de obesidade existem diferentes métodos e protocolos, os mais comuns são o IMC e a coleta de dobras cutâneas. O método de coleta de dobras cutâneas é considerado duplamente indireto e é realizado através da coleta de dobras cutâneas em pontos específicos do corpo pré-determinados e equações de acordo com o perfil e faixa etária de quem se pretende avaliar (NAHAS, 2010). A escolha do protocolo a ser adotado depende de diferentes variáveis de quem se pretende avaliar e cada protocolo fornece tabelas normativas que permitem a comparação dos resultados obtidos através das coletas e equações classificando em diferentes níveis de obesidade. Apesar do conceito de obesidade ser diferente do conceito de sobrepeso corporal, ambos estão associados a fatores de risco a saúde humana nos aspectos físicos e psicológicos tanto para crianças e adolescentes quanto para adultos. Muitos malefícios e fatores de risco para corpo estão associados a uma desproporcionalidade do peso corporal e estatura, ou elevado percentual de gordura corporal. Para Marega e Carvalho (2012) o sobrepeso corporal e a obesidade podem resultar em diversos problemas de origem física e psicológica nas crianças e 19 adolescentes. O sobrepeso corporal e obesidade geram modificações no corpo e a imagem que a criança ou adolescente faz do seu próprio corpo diante dos padrões de beleza da sociedade, podem gerar infelicidade resultando em desordens que podem levar a problemas psicológicos. No aspecto físico os autores destacam o aumento no risco do desenvolvime nto de uma série de doenças como problemas cardiovasculares, diabetes e a síndrome metabólica. Pesquisas ainda apontam que crianças com elevado percentual de gordura corporal tem uma tendência à obesidade quando adultas (ABRAHAM; NORDSIECK, 1960; CHARNEY e t al, 1976 apud HEYWARD; STOLARCZYK, 2000) causando um elevado risco para a saúde. O sobrepeso corporal e obesidade ocorrem, de uma maneira geral, por associação entre um desequilíbrio entre a quantidade de calorias ingeridas na alimentação e a quantidade gasta com atividades físicas (MAREGA e CARVALHO, 2012). A ingestão de alimentos não essencialmente nutritivos, porém muito calóricos e hábitos de vida sedentários, principalmente em crianças, ocasionarão um aumento significativo no peso corporal e percentual de gordura corporal (%G) podendo resultar no sobrepeso corporal e em casos mais graves, na obesidade. As principais ferramentas de redução do sobrepeso corporal e obesidade é a mudança nos hábitos alimentares, geralmente para dietas hipocalóricas que li mitam a quantidade de calorias ingeridas e através de atividades físicas regulares com o objetivo de aumentar o gasto energético basal. A atividade física, que na escola é realizada durante as aulas de Educação Física, pode ser considerada como uma importante ferramenta de gasto energético basal e consequente redução do sobrepeso corporal e obesidade em crianças e adolescentes em idade escolar. Segundo Campos (2002, p. 34) “a atividade física que a princípio demonstra ser menos eficiente do que as dietas hipocalóricas para a diminuição do peso, a longo prazo assume um papel preponderante.” A eficiência das atividades físicas na escola destaca a importância da disciplina que está diretamente envolvida com o cuidado com a saúde e com as atividades físicas, que é a Educação Física escolar. Para Heyward e Stolarczyk (2000) os professores de Educação Física têm de ser capazes de interpretar os resultados da composição corporal modificando o estilo de vida de seus alunos. A Educação Física Escolar é, portanto, a principal ferramenta que a escola e os professores possuem para auxiliar na redução do sobrepeso corporal e 20 obesidade em crianças que estão com o peso corporal e percentual de gordura acima da faixa recomendável para a sua idade. Os Parâmetros Curriculares Nacionais em Educação Física definem como conteúdos para o terceiro e quarto ciclo do ensino fundamental três blocos de conteúdo. O primeiro bloco incluiu Esportes, jogos, lutas e ginásticas. O segundo bloco incluí atividades rítmicas e expressivas e o terceiro bloco todos os conhecimentos relacionados à corporeidade. Ainda segundo os PCN's do terceiro e quarto ciclo do ensino fundamental, e de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases, a construção pedagógica deve ser integrada e o professor e a escola tem autonomia para adaptar os conteúdos integrados referentes à Educação Física de acordo com a realidade e as demandas sociais. Desse modo, o professor tem a possibilidade de trabalhar os conteúdos necessários a Educação Física de acordo com os seus objetivos pedagógicos. Essa possibilidade de autonomia na forma de trabalhar os conteúdos específicos da disciplina permitem uma série de adaptações das atividades dependendo do objetivo, que neste caso é a redução do sobrepeso corporal e obesidade, e consequente melhoria da qualidade de vida através de atividades físicas desenvolvidas no ambiente escolar. A proposta da presente pesquisa foi adaptar atividades dos conteúdos da Educação Física Escolar para atividades de maior gasto energético e oportunizar a prática de atividades físicas no ambiente escolar em diferentes momentos. Graber e Woods (2014) afirmam que a atividade física pode ocorrer independente ou durante a aula de Educação Física. As atividades físicas que não ocorrem durante as aulas são as brincadeiras que não necessariamente obedecem a uma estrutura e essas atividades normalmente ocorrem em momentos que a criança tem liberdade de movimento, como o recreio. As autoras ainda recomendam que as atividades da Educação Física escolar, para que permita ao aluno o máximo de práticas corporais possíveis não deve utilizar de brincadeiras que exclua gradativamente os alunos conforme a brincadeira avança como, por exemplo, a ''dança das cadeiras''. Palma e Col. (2008) caracteriza a organização curricular do quinto ao nono ano do ensino fundamental (etapa do ensino onde a presente pesquisa foi realizada) como a fase de aprendizado dos esportes institucionalizados e fase em que a valorização de todos os participantes deve acontecer independente de suas 21 condições de desempenho. Com a caracterização dos conteúdos específicos do quinto ao nono ano do ensino fundamental, a presente pesquisa utilizou-se da adaptação das atividades propostas na escola com o objetivo de aumentar o gasto energético durante as atividades e por fim alcançar os objetivos que é a redução do sobrepeso corporal e da obesidade. Para crianças e adolescentes, a redução do sobrepeso corporal e da obesidade é tratada de maneira diferente, pois se trata de um período de transformações. Esse período é a transição entre infância e adolescência, que também chamado de puberdade é um período de transformações no ser humano nos níveis físico, psicológico e social. Alguns estudos realizados indicam que a puberdade ocorre normalmente entre os 9 e 16 anos de idade para a maioria dos indivíduos mas pode variar de acordo com aspectos ambientais em que a criança e adolescente é exposto (BELSKY et al, 2011 apud SANTROCK, 2013). As mudanças no aspecto físico são de origem biológica do corpo e fazem parte do desenvolvimento humano, porém essas alterações podem influenciar outras dimensões para a criança e adolescente. As acelerações do crescimento, mudanças em diversas partes do corpo e diferenças individuais de cada um no processo de transição entre a infância e adolescência, contribuem para uma angustiada preocupação com a aparência física, tão característica do período da adolescência (MANNING, 2000). As mudanças no corpo e diferenças em relação aos demais colegas da mesma idade podem provocar no jovem uma baixa autoestima e consequente afastamento das relações sociais. Para Van Gennep (1977 apud ROCHA; PEREIRA, 2009) a puberdade é dividida em duas: A “puberdade física” e a “puberdade social”. A puberdade física está relacionada a todas as alterações que ocorrem no corpo durante esse período. A puberdade social é uma construção de nossa sociedade capitalista e está relacionada com a necessidade que o jovem tem de se identificar e fazer parte de um grupo social. Para o autor o jovem sente necessidade de uma identidade social e vai à procura de pessoas com identidades semelhantes. A construção dessa identidade se dá, normalmente, através de bens de consumo. Roupas e calçados de grife, modo de se vestir, gosto musical, são exemplos de bens de consumo utilizados como forma de identidade social. 22 A escola é o ponto onde todas essas mudanças de ordem física, psicológica e social confluirá, porque é o local onde diferentes identidades e grupos sociais se encontram no período em que, segundo Estanislau e Bressan (2014, p.92), “os jovens deixam a história construída junto a família e passam a escrever sua própria história”. Materiais e Métodos O estudo foi realizado em forma de pesquisa de campo, utilizando-se do método quantitativo para a análise dos dados obtidos. Também foram realizadas pesquisas bibliográficas sobre o tema estudado para a construção do referencial teórico e discussão dos resultados obtidos. A amostra foi composta por 52 alunos com média de idades de 13 anos, de três turmas de oitavo ano do ensino fundamental, descritas neste artigo como turma 1, turma 2 e turma 3 (T1, T2 e T3), de uma escola da rede municipal da cidade de Joinville-SC. O trabalho se desenvolveu ao longo dos meses de Abril e Agosto/2015 nas aulas de Educação Física, totalizando 60 horas/aula de trabalho. Inicialmente foram realizadas duas aulas com as turmas 1, 2 e 3 entre apresentação da pesquisa e avaliação física (totalizando seis aulas). As turmas 1 e 2 tiveram intervenção em duas aulas semanais (totalizando 24 aulas para cada turma), sendo q ue esta intervenção foi a aplicação dos conteúdos previstos no planejamento do professor de Educação Física da turma mas com ênfase em atividades aeróbias, que poderiam aumentar o gasto energético e consequentemente auxiliar no objetivo desta pesquisa. A turma 3 permaneceu como grupo controle e não recebeu intervenção nas aulas, por isso teve um menor número de aulas práticas devido as aulas teóricas realizadas em sala de aula, além de suas aulas não terem atividades planejadas com o mesmo objetivo das turmas 1 e 2. Ao final, foram novamente realizadas duas aulas com cada turma para refazer a avaliação física (totalizando seis aulas). Os instrumentos de pesquisa utilizados para a coleta de dados foram: Plicômetro, Balança, Estadiômetro e um formulário de coleta de dados onde constavam informações do aluno como: idade, turma, sexo e dados coletados 23 durante a etapa de coleta de dados (peso, estatura, dobras cutâneas). A avaliação física foi composta por coleta de dobras cutâneas de tríceps e panturrilha buscando estimar o percentual de gordura corporal (%G) por meio do protocolo de Lohman et al. (1988) e coleta de peso corporal e estatura para calcular o Índice de Massa Corporal (IMC) e comparar com as tabelas de IMC para crianças de Fernandes (2003). Análise interpretação e discussão dos Resultados As três turmas participantes do estudo apresentaram média de idade de aproximadamente 13 anos e com baixo desvio padrão em todas as turmas, caracterizando a homogeneidade da amostra em relação à idade. Por se tratar de um estudo que leva em consideração a média das turmas e as classificações destas médias, não se separou para a apresentação dos resultados em sexo feminino e sexo masculino. As médias e desvio padrão de estatura e peso no pré e pós-teste estão descritos na tabela 1. Tabela 1- Dados do Pré e Pós-teste Pré-Teste Pós-Teste Turmas Total Estatura Peso Estatura Peso T1 19 1,57±0,061 46,89±9,046 1,58±0,060 48,72±8,518 T2 19 1,59±0,058 51,69±6,407 1,59±0,060 53,28±6,440 T3* 14 1,63±0,038 52,88±6,634 1,64±0,033 54,86±6,863 * Grupos Controle Fonte: Primário (2015) Analisando os dados apresentados na tabela 1, em comparação do pré e pósteste, os números que mais se destacam foi o ganho de estatura e de peso dos grupos avaliados. Levando em consideração a média de idade, próxima dos 13 anos, podemos associar este ganho à explicação de Bee e Boyd (2011, p.118) de que: “[...] Todas as crianças apresentam um período de crescimento mais rápido em algum momento entre as idades de 9 e 15 anos.” Este considerável ganho na estatura não apresenta relação com as atividades desenvolvidas na aplicação da pesquisa, já que os alunos estão na idade em que pode ocorrer maior crescimento dentro da fase de crescimento. Outro indicador disto 24 é que o grupo que não recebeu intervenção acompanhou os índices das demais turmas. Podemos relacionar o aumento significativo do peso corporal ao crescimento, uma vez que uma maior estrutura corporal resultará em um maior peso corporal. A tabela 2 apresenta os resultados do Índice de Massa Corporal e Percentual de Gordura Corporal. Tabela 2- Índice de Massa Corporal e Percentual de Gordura Corporal Pré-Teste Pós-Teste Turmas Total IMC %G IMC %G T1 19 18,96±3,813 25,60±7,590 19,47±3,566 25,57±6,942 T2 19 20,54±2,625 26,93±7,402 21,10±2,672 26,95±6,906 T3* 14 20,01±2,777 26,73±8,326 20,54±2,693 26,36±8,043 * Grupos Controle Fonte: Primário (2015) O Índice de Massa Corporal (IMC) e o Percentual de Gordura Corporal (%G) não tiveram alterações significativas de modo que pudessem comprovar a eficácia das atividades aplicadas nas aulas de Educação Física. O IMC manteve-se relativamente estável, o que pode ser considerado normal já que a estatura aumentou e o peso corporal acompanhou este aumento. O percentual de gordura corporal (%G) não variou significativamente do pré para o pós-teste, acompanhando os demais fatores estudados durante a pesquisa. Da mesma forma que não houve variação, também não foi perceptível nenhuma relação entre o crescimento ou diminuição do IMC e o %G, diante das atividades realizadas. Além da estatura que acabou desencadeando o aumento do peso corporal, outro fator que não foi possível controlar e que esteve diretamente ligado ao resultado é a alimentação. Nesse sentido Guedes e Guedes (2003, p. 124) afirmam que, Desde que o sobrepes o corporal e a obesidade surgem em consequência de desproporções cronicamente estabelecidas entre suprimento aliment ar e a demanda energética, o princípio fundamental dos programas de controle do peso corporal deverá ser a disponibilização do equilíbrio energético negativo. Logo, três maneiras de se alcançar o “déficit” calórico podem ser identificadas: por redução da ingestão calórica, mediante orient ações dietéticas; por elevações na demanda energética, mediante modificações nos níveis de prática de atividade física; e pela combinação de ambas, orientação dietética e atividade física. 25 O nível de atividade física na escolar foi um fator controlado durante a pesquisa, os alunos realizaram atividades que aumentaram o seu gasto energético. Porém não se sabe a ingestão calórica dos alunos neste tempo e o tempo da pesquisa não foi suficientemente longo para fazer com que a atividade física se tornasse o fator preponderante sobre a variável ingestão calórica. Por outro lado, uma orientação mais a fundo sobre a alimentação e a ingestão calórica estaria além das competências do profissional de Educação Física, neste caso, o professor. Para uma melhor compreensão dos resultados da pesquisa é necessário também avaliar as alterações que ocorreram nos grupos de trabalho e no grupo controle individualmente, ou seja, identificar as alterações que ocorreram dentro das diferentes classificações de IMC e %G. Estas alterações estão expressas nas tabelas 3 e 4. Tabela 3- Classificações de IMC Pré-Teste Pós-Teste Acima Normal Abaixo Acima Normal Abaixo T1 2 (10,53%) 14 (73,68%) 3 (15,79%) 2 (10,53%) 14 (73,68%) 3 (15,79%) T2 3 (15,79%) 16 (84,21%) 0 (00,00%) 5 (26,32%) 14 (73,68%) 0 (00,00%) T3* 2 (14,29%) 12 (85,71%) 0 (00,00%) 2 (14,29%) 12 (85,71%) 0 (00,00%) * Grupos Controle Fonte: Primário (2015) Assim como nos dados descritos anteriormente, a classificação do IMC manteve-se relativamente igual no pré e no pós-teste. A tabela utilizada para a classificação foi a de Fernandes (2003), que estabelece a margem normativa considerada normal para cada faixa etária. Considerou-se então para esta classificação que os alunos que estivessem com o IMC acima do considerado normal seria classificado como “acima” e que os alunos que estivessem com o IMC abaixo do normal seriam considerados “Abaixo” na classificação. As turmas 1 e 3 mantiveram igualdade em ambos os testes, havendo alteração na classificação apenas na turma 2 em que dois alunos mudaram da classificação “normal” para a classificação “acima”. Este resultado indica que nestes dois casos o ganho de peso foi desproporcional ao ganho de estatura, ou seja, o crescimento ocorreu, mas o ganho de peso corporal foi excedente. 26 Considerando a totalidade da amostra participante da pesquisa e segundo esta mesma classificação, temos no pré-teste: 13,46% dos alunos classificados como “acima”, 80,77% classificados como “normal” e 5,77% classificados como “baixo”. No pós-teste os números passaram para: 17,31% “acima”, 76,92% foram classificados como “normal” e 5,77% estiveram novamente com o IMC abaixo na classificação. No pós-teste a porcentagem de alunos com o IMC normal diminuiu, aumentando o número de alunos com IMC acima do ideal, novamente afirmando os números anteriores de que dois alunos excederam o peso corporal considerando a proporcionalidade com a sua estatura. Na tabela 4 encontram-se as classificações do percentual de gordura corporal dos alunos segundo a classificação de Lohman et al. (1988, apud HEYWARD; STOLARCZYC, 2000), Muito Alto T1 T2 T3* 2 10,53% 1 5,26% 4 28,57% Tabela 4- Percentual de Gordura Pré-Teste Alto Mod. Alto Ótimo Muito Alto 2 8 7 2 10,53% 42,11% 36,84% 10,53% 7 6 5 1 36,84% 31,58% 26,32% 5,26% 0 5 5 4 00,00% 35,71% 35,71% 28,57% Pós-Teste Alto Mod. Alto 4 6 21,05% 31,58% 8 4 42,11% 21,05% 2 3 14,29% 21,43% Ótimo 7 36,84% 6 31,58% 5 35,71% OBS: Nenhum aluno foi classificado como baixo e muito baixo no percentual de gordura corporal (%G) * Grupos Controle Fonte: Primário (2015) Na classificação do percentual de gordura corporal (%G), a maior parte dos alunos esteve em níveis considerados de risco (muito alto, alto, moderadamente alto). Na turma 1, dois alunos tiveram redução no percentual de gordura mudando da classificação “Alto” para “Moderadamente alto”. Na turma 2, dois alunos tiveram alteração nos níveis de classificação. Um deles passou de “Moderadamente alto” para “Alto” e outro de “Moderadamente Alto” para “Ótimo”. A turma 3 teve duas alterações, passando de “Moderadamente Alto” para “Alto”. Alguns alunos tiveram aumento do percentual de gordura e outros tiveram redução, mas nenhuma destas alterações pode ser relacionada com as atividades desenvolvidas na pesquisa. Considerando a totalidade da amostra, os alunos estiveram classificados em 13,46% “Muito Alto”, 17,31% “Alto”, 36,54% “Moderadamente Alto” e 32,69% “Ótimo” 27 no pré-teste. No pós-teste tivemos 13,46%, 26,92%, 25% e 34,62%, respectivamente. Os dados de pré e pós-teste demonstram um grande número de alunos em classificações de risco para a saúde. Duas aulas semanais no período de abril a agosto não foram o suficiente para elevar o gasto energético o suficiente para ter um resultado mais significativo na redução do percentual de gordura corporal para níveis satisfatórios. Estes dados aqui apresentados foram informados aos alunos participantes da pesquisa, com o objetivo de propor uma reflexão sobre os seus hábitos de vida, seu nível de atividade física e sedentarismo. Esta proposta vai de encontro ao que afirma Piccolo (1993, p.133) quando diz que: “O principal papel do professor, através de suas propostas, é o de criar condições aos alunos para tornarem-se independentes, participativos e com autonomia de pensamento e ação”. Dessa forma, além do objetivo da pesquisa que era identificar as contribuições da Educação Física escolar, a pesquisa cumpriu também seu papel dentro da Educação Física que é promover o conhecimento aos alunos sobre o próprio corpo e sobre os hábitos de vida que podem auxiliar na construção de um corpo mais saudável e uma vida mais saudável. A participação nas aulas de Educação Física escolar não pode ser encarada como suficientes à prevenção ou a solução de problemas de saúde (DEVIDE, 2003). Portanto, mais importante do que apenas propor atividades que vão contribuir com o desenvolvimento do aluno no momento da aula, é necessário também tornar as aulas de Educação Física na escola em um momento de incentivo a adoção de hábitos saudáveis, um momento de conhecimento do próprio corpo e qual o papel dele na construção de uma vida mais saudável, como também fornecer dados relativos à composição corporal dos alunos. Essas intervenções podem tornar-se a maior contribuição que Educação Física escolar pode promover na tentativa de mudar o quadro de obesidade e sobrepeso que atinge a nossa sociedade e o nosso modo de vida. A Educação Física na escola pode não ser o maior agente transformador neste processo, mas é com certeza, uma das mais importantes partes desse processo. Considerações Finais 28 A pesquisa não comprovou a eficácia da estratégia utilizada para a redução do sobrepeso corporal e da obesidade. Além das estratégias utilizadas seria necessário também um acompanhamento dos hábitos alimentares fora da escolar para ser possível afirmar que a ingestão calórica não comprometeu a eficácia das atividades desenvolvidas. A fase de crescimento foi outro fator que não foi possível controlar durante a pesquisa, os alunos estão em uma fase que é normal ter uma variância na estatura em um curto período de tempo. O crescimento ocasionou o ganho de peso que por sua vez não alterou o IMC e não demonstrou relação com ganho ou diminuição do %G. A participação dos alunos na pesquisa foi importante no sentido de que promoveu em cada uma deles uma melhor percepção sobre o seu próprio corpo. Para muitos o peso corporal, estatura e o percentual de gordura corporal era um número desconhecido. Com a pesquisa eles puderam conhecer estes números que dizem respeito ao seu próprio corpo e tem a partir de agora a possibilidade de buscar uma melhoria na condição do seu corpo e consequentemente na condição de sua própria saúde. Estes itens são apontados nos Parâmetros Curriculares Nacionais como um dos objetivos para a Educação Física escolar. Pode-se afirmar diante disso que a pesquisa esteve de acordo com tais objetivos previstos para a disciplina. Diante destes resultados, cabe aos professores de Educação Física buscar estratégias que possam contribuir com a redução do crescente quadro de crianças com sobrepeso e obesidade nas escolas. As aulas não se mostraram suficientemente eficazes apenas por si, sendo necessário também o estímulo e orientação acerca da importância da atividade física fora da escola. É necessário também orientações sobre a importância do consumo de alimentos saudáveis em detrimento de outros altamente calóricos, orientações estas que podem ser realizadas, inclusive, de maneira interdisciplinar. A Educação Física escolar faz parte da instituição escolar, mas pode realizar contribuições que vão além da escola, contribuindo para com o futuro dos alunos e com a saúde de toda a sociedade. 29 Referências BALABAN, Geni; SILVA, Giséria A.P da. Prevalência de sobrepeso e obesidade em crianças e adolescentes de uma escola da rede privada de Recife. J. Pediatr. (Rio J.), vol.77, no. 2,Porto Alegre, maio/Abril,2001. BEE, Hellen; BOYD, Denise. A criança em desenvolvimento. 12ª ed. São Paulo: Artmed, 2011. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: educação física /Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 1997. BRASIL. Senado Federal. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: nº 9394/96. Brasília: 1996. 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Participaram 50 alunos que frequentam do ensino fundamental ao ensino médio em uma escola da rede municipal, uma estadual e uma escola particular do município de Itapoá - Santa Catarina. A ação foi realizada em três etapas: a primeira contemplou arrecadação e limpeza de garrafas pet, a segunda a confecção de uma prancha de "stand uppaddle". A terceira etapa foi a experimentação da prancha na praia. A confecção das pranchas ecológicas mostrou uma possibilidade de articular educação ecológica nas aulas de Educação Física. Reforçou a importância da reutilização bem como ensinou uma nova forma de incluí-la nas escolas como estratégia de educação ambiental e incentivo a prática da atividade física. Palavras Chaves: Pranchas Ecológicas, Conscientização Ambiental, Educação Física. Abstract: We live in a society with high industrialization rate, triggering the excessive consumption of natural resources, occurring so high pollution rates. The theme of environmental education in schools in order to reduce the impacts of unsustainable activities to the environment, through the formation of conscientious citizens should be addressed. This study sought to encourage environmental preservation in order to develop environmental awareness combined with physical activity. The study was conducted in municipal schools, state and private. The schools involved were the Municipal School of Basic Education Monteiro Lobato, Basic Education School Nereus Ramos and the Group of Educational Excellence Sherwood City Itapoá - Santa Catarina. 50 students were awarded the total, attending elementary school to high school. The action was carried out in three stages: the first included storage and pet bottles of cleaning, the second the preparation of a board of "stand up paddle" green with 97 plastic bottles. The finish was given by plastic fins on the rear end and EVA sheet 04 at the front end. The third stage was the trial of the board on the beach. The making of ecological boards showed a possibility of integrating environmental education in physical education classes. It stressed the importance of reuse and taught a new way to include it in schools as an environmental education strategy and encouraging physical activity. Key Words: Ecological Boards, Environmental Awareness, Physical Education. 7 8 Acadêmico do 4º ano do Curso de Educação Física da Univille Professor Dr. do Curso de Educação Física da Univille 33 Introdução O estudo realizado propôs à conscientização ecológica incorporada a atividade física, visando incentivar a preservação ambiental de uma maneira lúdica e de benefício à qualidade de vida. Nas escolas a conscientização ecológica já é trabalhada por meio da reutilização de materiais desde os primeiros anos do ensino fundamental, com a produção de brinquedos e atividades desenvolvidas em sala. No entanto isso não tem sido suficiente para contribuir efetivamente com a conscientização ambiental. Estas atitudes são importantes na formação da população, pois mostra o que antes era considerado lixo, pode ser reaproveitado em algo novo. A Proposta Curricular de Santa Catarina (2014) preconiza que a educação ambiental nas escolas deve promover a consciência, a reflexão sobre os atos impactantes ao meio ambiente, desencadeando nos estudantes a importância da relação da sociedade com o meio compartilhado. Os materiais que são depositados, dia a dia, de maneira errada podem ter uma segunda utilidade como já ocorre em muitas cidades com as empresas de reciclagem. Segundo Hendges (2015, web), “a produção brasileira de PET 9 em 2012 foi de 562 mil toneladas, sendo que59% – 331 mil toneladas recicladas. Esta é uma média superior aos EUA 10 e semelhante aos países europeus, onde a reciclagem é mais profissionalizada”. Mesmo alta, há uma grande taxa sendo depositada de maneira errada, sendo que reaproveitar é evitar que certos produtos se transformem em lixo, dando a eles uma nova utilidade. Diante disso percebe-se que o reaproveitamento de garrafas PET é muito significativo. A produção de pranchas de surf e “stand up paddle” feitas desse material além de contribuir para a conscientização ambiental incentivará a prática de atividade física. O projeto das pranchas ecológicas teve inicio em 2007 quando Jairo Lumertz 11 confeccionou a primeira prancha de garrafas PET, tendo o objetivo de incentivar o esporte, preservar a natureza e dar oportunidade a crianças carentes. Cabe ao profissional identificar uma metodologia que atraia os alunos facilitando a assimilação do objetivo do trabalho. Devido à escassez de materiais didáticos sobre a questão de resíduos sólidos (TRAJBER; MANZOCHI, 1996) o devido trabalho é uma nova maneira de trabalhar a educação ambiental utilizando a reutilização de garrafas PET. O estudo em questão utilizouà técnica de confecção de pranchas ecológicas com o objetivo da conscientização ecológica aliada a atividade física. A proposta deste estudo foi 9 PET -Politereftalato de etileno EUA - Estados Unidos da América 11 Jairo Lumertz- Criador do projeto Prancha Ecológica 10 34 baseada no interesse dos alunos pelo esporte surf somado ao fato de morar em uma cidade litorânea. Educação Física A Educação Física é baseada em duas vertentes: o bacharelado que está direcionado a formação do profissional atuante na conscientização da saúde e qualidade de vida, trabalhando na área de esporte, lazer e recreação, planejando, organizando, desenvolvendo e orientando atividades de educação física e esportes em academias, clínicas, clubes, empresas e instituições para portadores de necessidades educativas especiais, além de atividades personalizadas, a licenciatura em Educação Física que habilita o profissional a atuar como professor na Educação Básica, Educação Infantil, no Ensino Fundamental e Médio, planejando, avaliando e implantando programas em Educação Física, ou seja, a educação formal. A Educação Física Escolaré comprometida com a formação integral do aluno, busca fundamentar a sua prática através de teorias do desenvolvimento humano. De acordo com os PCN’s12 é entendida como a área de conhecimento que insere e integra o aluno na cultura corporal do movimento, com finalidades de lazer, de expressão de sentimentos, emoções e afetos, de manutenção e melhora da saúde. Nos PCN’s também encontramos os temas transversais com objetivo de contribuir para a construção da cidadania, compreendendo a realidade social, dos direitos e responsabilidades em relação à vida pessoal e coletiva. Nos temas transversais estão destacados a questão da Ética, da Pluralidade Cultural, do Meio Ambiente, da Saúde, da Orientação Sexual e do Trabalho e Consumo. Nesse contexto a pesquisa busca aliar a Educação Física sendo instrumento fundamental na criação de uma consciência ecológica. Nesse contexto, pesquisadores e docentes da E ducação Física têm empreendido esforços para inserir a dimensão socioambiental nessa área de conhecimento, entendendo que para além do trabalho pedagógico com jogos, esporte, ginástica, luta, dança - atividades rítmicas e expressivas e conhecimentos sobre o próprio corpo, essa disciplina também objetiva a desenvolver, nos sujeitos-educandos, valores e atitudes de responsabilidade para com o meio ambient e (AB REU; CARNEIRO, 2009, p. 6). 12 PCN’s - Parâmetros Curriculares Nacionais 35 Educação Ambiental Há muito tempo tem se abordado várias formas de como reaproveitar os resíduos que para muitos não tem mais utilidade. Uma maneira para isso se tornar realidade é a educação ambiental, por proporcionar a conscientização da utilização dos materiais de forma correta, bem como o desenvolvimento de uma nova utilidade. Estes atos são essenciais para uma reflexão crítica ocasionando a aprendizagem dos benefícios. Entendem-se por educação ambiental os proc essos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade (P OLÍTICA NA CIONA L DE EDUCAÇÃ O AMBIENTAL – Lei nº 9795/1999, Art. 1º). Ainda no século XXI é observada a urgência de uma transformação que resgate o respeito pela vida, com justiça ambiental e sustentabilidade. A população está crescendo cada vez mais, com isso percebe-se que a falta de recursos naturais está aumentando. Alcoforado (2015, web) escreve que, “nos últimos 45 anos, a demanda pelos recursos naturais do planeta dobrou, devido à elevação do padrão de vida nos países ricos e emergentes e o aumento da população mundial”. Vivemos em uma sociedade em que o consumo exagerado e a falta de reaproveitamento desses materiais estão desencadeando um mundo com alto nível de poluição. A importância de promover ações educativas voltadas a uma educação ambiental que conforme Lima et al., (2012, p. 1),potencializa mudanças na sociedade auxiliando o desenvolvimento sustentável. Os benefícios através da educação ambiental são inquestionáveis, de acordo com Pensamento Verde (2015, web), “formam uma sociedade mais crítica, engajada e, principalmente, mais sustentável”. Na escola é que ocorre a formação de cidadãos, a partir disso se faz necessário a implantação da educação ambiental no currículo das novas gerações. Na visão de Chalita (2002, p. 34), a educação constitui-se na mais poderosa de todas as ferramentas deintervenção no mundo para a construção de novos conceitos e consequente mudança de hábitos. Esta proposta de ensino é papel obrigatório dos docentes baseado na Proposta Curricular de Santa Catarina. É necessário que o professor assuma uma postura reflexiva e crítica, desenvolvendo práticas que articulem a educação e o meio ambiente, também é 36 preciso utilizar a criatividade fazendo com que ocorra o aumento do interesse dos alunos pelas aulas (JACOBI, 2008). Reutilização A reutilização é um termo muito utilizado como alerta de preservação dos recursos naturais e do meio ambiente. Reutilizar significa dar nova utilidade a materiais que na maioria das vezes são considerados inúteis (SILVA et al., 2004). Junto com o crescimento populacional eodesenvolvimento acelerado das indústrias, aumenta também a demanda do uso dos materiais principalmente na área de embalagens, ocorrendo um alto nível de descarte muitas vezes em locais inapropriados, agravando os problemas ambientais. Portanto o aproveitamento desses resíduos é de grande importância para proporcionar uma diminuição dos impactos (FORLIN; FARIA, 2002), assim reciclar e reutilizar se torna uma atitude cada vez mais importante para a manutenção da saúde do planeta e das pessoas. Considerando a importância da temática ambiental e a visão integrada do mundo, a escola deverá oferecer meios efetivos para que cada aluno compreenda os fenômenos naturais, as ações humanas e sua consequência para consigo, para sua própria espécie, para os out ros seres vivos e o ambiente. É fundamental que cada aluno desenvolva as suas potencialidades e adote posturas pessoais e comportamentos sociais construtivos, colaborando para a construção de uma sociedade socialmente justa, em um ambiente saudável (SOUZA et al., 2015, web). Os alunos devem compreender que o reaproveitamento de materiais sólidos, antes descartados de forma irregular, faz com que possamos contribuir para um mundo menos poluído e afetado, auxiliando a manutenção dos recursos naturais que ainda nos restam. O aproveitamento desses materiais proporciona uma utilização mais racional de recursos naturais não renováveis e uma redução na poluição da água, do ar e do solo (MOTA et al., 2009). Resíduo Plástico Os plásticos são utilizados em quase todos os setores da economia, tais como: construção civil, agrícola, de calçados, móveis, alimentos, têxtil, lazer, telecomunicações, eletroeletrônico, automobilísticos, médico-hospitalar e distribuição de energia. Por isso é um 37 dos componentes químicos que com mais frequência são depositados em locais inapropriados.O plástico alcançou grande espaço nos projetos ambientais devido ao seu material ser maleável,de fácil acesso, podendo ser trabalhado nas diversas classes sociais e a facilidade de reutilizaçãodo material por completo (SOUSA et al.,2012). A origem da palavra plástico vem do grego plastikós, que significa adequado à moldagem. Plásticos são materiais formados pela união de grandes cadeias moleculares chamadas polímeros que, por sua vez, são formadas por moléculas menores denominadas monômeros. São produzidos através de um processo químico conhecido como polimerização, a união qu ímica de monômeros que forma polímeros (ASTA QUÍMICA, 2014, web). Com o grande uso das garrafas PET o acumulo se torna inevitável, com isso muitas vezes encontram-se esses resíduos descartados em terrenos, rios, esgotos, mares e matas. Esses materiais levam mais de cem anos para se decompor no meio ambiente (MANO; BONELLI, 1994), isso pode acarretar no grande reúno de lixo somado anos e anos, sendo que estes poderiam ser reaproveitados de uma melhor forma. Contudo, aproveitando esse componente pelo processo de reciclagem, são transformados em fios de poliéster ou outros produtos plásticos, como embalagem,também podem ser reaproveitados de forma criativa criando vários objetos úteis e decorativos. Atividade Física A atividade física é essencial para se ter uma vida saudável, trazendo muitos benefícios ao corpo. Porém ela não vem sendo praticada pela população mundial, muitos estudos comprovam um elevado índice de sedentarismo em todas as faixas etárias, variando entre 50% à 80% (MENDES et al., 2006). Conforme o ACSM13 (2015, web) as crianças e adolescentes devem compreender a prática esportiva como um estilo de vida realizando exercícios periodicamente para toda vida, com objetivo de manter um condicionamento físico, assim melhorando também sua saúde. Nas aulas de Educação Física, há uma grande dificuldade dos professores em trabalhar diferentes contextos que não seja os grandes jogos e incluir a reciclagem como uma forma de praticar atividade física é muito maior. As escolas devem propiciar aos alunos programas com intenção de mudar a educação e o comportamento a fim de incentivar a participação em atividades fora do 13 ACSM - American College of Sports Medicine (Colégio Americano de Medicina Esportiva ) 38 horário escolar. Os professores de Educação Física têm um papel muito importante neste processo, auxiliando os estudantes nos aspectos em questão da saúde e hábitos de vida (ACSM, 2015, web). Sabendo que atividade física é qualquer atividade ou exercício que resulte em gasto energético.A prática da atividade física é essencial para a melhora da saúde corporal, mas também a saúde emocional e psíquica (BUENO, 2015). Com este projeto, o intuito foi unir o útil ao agradável, fazendo com que os alunos desenvolvessem uma consciência ambiental, devido ao fato de usar a reutilização como uma forma de produzir um objeto utilizado para atividade física. O esporte em questão é o surf que além de uma atividade f ísica intensa, proporciona um contato direto com o meio ambiente, auxiliando na assimilação da atividade de preservação ambiental.A busca por uma vida mais saudável através da prática esportiva e da ligação do homem com a natureza faz com que o surf seja um dos principais esportes que possibilitam esse elo, em que os praticantes são amantes do oceano e participantes ativos de sua preservação (FILHO; MORENO, 2015, web). Materiais e Métodos Os procedimentos metodológicos da pesquisa são de cunho teóricobibliográfico, de campo, qualitativo, descritivo exploratório. Tendo em vista a natureza da pesquisa, optou-se pela utilização da observação participante e após uma comparação com leituras em artigos e livros especializados. Observar é algo mais que olhar, é captar significados diferentes através da visualização (SARMENTO, 2004 apud MENDES, 2012). A observação é instrumento afinado, permitindo detectar informações que posteriormente são recolhidas, organizadas, compreendidas e relatadas (MENDES, 2012). Já a observação participante segundo Bogdan; Taylor (1975 apud CORREIA, 2009) é uma investigação por interações sociais, entre o investigador e investigados, sendo um procedimento durante o qual os dados são recolhidos de forma sistematizada. Os participantes envolvidos na pesquisa foram 10 estudantes frequentando o 5º e 6º de uma escola particular; 10 estudantes do 6º ao 9º de uma escola municipal, e 30 alunos do 2º ano do Ensino Médio de uma Escola Estadual, todas no município de Itapoá - SC. 39 Ao início da oficina foi ministrada uma palestra por uma acadêmica de Ciências Biológicas para o incentivo dos alunos com a preservação do meio ambiente.As aulas para a criação das pranchas de surf e “stand uppaddle” ficaram por parte do acadêmico de Educação Física.A atividade proposta aconteceucomo atividade extracurricular no ensino fundamental, nos períodos vespertino e matutino, na escola estadual o trabalho foi desenvolvido durante as aulas de Educação Física. Primeiramente foi enviado aos pais o TCLE 14 autorizando seus filhos a participarem da oficina, indicando o dia do teste prático das pranchas na praia.Após a palestra de mobilização foi dada a primeira tarefa aos alunos: a arrecadação de garrafas PET. Todas as garrafas foram limpas, algumas cortadas formando o encaixe para as demais. Para o inicio da confecção das pranchas as garrafas já cortadas e limpas foram encaixadas para a colagem formando as colunas das pranchas, após a secagem foram colocadas lado a lado formando uma estrutura de 7 x 7 garrafas para o “stand up paddle” e 5 fileiras x 6 colunas de garrafas para a prancha de surf, sendo unidas por cola de poliuretano e cano de PVC 15 para melhor fixação. A folha de EVA 16foi utilizada para fazer o“deck” 17 das pranchas. Após o processo de acabamento os alunos fabricaram os remos para o “stand up paddle” com garrafas PET e cano de PVC. O projeto deste estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Univille com perecer de nº CAAE 36389414.7.0000.5366 de 08/10/2014. Análise Discussão e Interpretação dos Resultados A pesquisa objetivou desenvolver a consciência ecológica a partir da criação de pranchas de surf e “stand up paddle” com garrafas PET. A amostra foi composta por 50 alunos das escolas da rede estadual, municipal e particular. Para a coleta dos dados utilizou-se a observação participante com roteiro pré-estabelecido, e após uma comparação com leituras em artigos e livros especializados. 14 TCLE - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. PVC - Policloreto de Vinila 16 EVA - Ethil Vinil Acetat (Etil Vinil Acetato) 17 Deck - Parte de cima da prancha onde o surfista pisa. 15 40 Durante a confecção das pranchas, os alunos foram avaliados pela observação, com roteiro pré-estabelecido, e após a confecção foi realizada uma intervenção de atividade física. Na escola da rede particular percebeu-se a interação das crianças com o projeto de forma participativa, proporcionando a integração com os demais colegas e professor. Apresentaram boa organização na distribuição das tarefas, mantendo o espaço limpo, entretanto, houve dificuldade motora em certas etapas da confecção. Constatou-se a compreensão dos alunos em relação à reutilização como instrumento de uma atividade física em um meio diferente do escolar, por consequência o entendimento do objetivo geral foi atingido oportunizando desenvolvimento da consciência ambiental. Observou-se na escola da rede municipal uma realidade diferente do ambiente da rede particular. Os alunos sentiam a importância da reutilização, pois se deparavam com esses materiais despejados em qualquer lugar diariamente. As crianças participaram ativamente no trabalho, fazendo amizades entre eles e com o professor. Mostraram organização, cuidado com os materiais e o ambiente utilizado para a construção das pranchas. Para muitos desses alunos a reutilização de material não era novidade, porém ela sendo processo efetivo na realização de uma atividade física fez com que eles olhassem de forma diferente para a importância da preservação ambiental. Os estudantes da escola estadual compreenderam desde o início o objetivo do projeto, executando as tarefas em equipe, de forma organizada, sendo pró-ativos no processo de construção da prancha, apenas orientados pelo professor. Notou-se o envolvimento com a proposta, através de questionamentos em relação à confecção e a questão ambiental, sendo assim, proporcionando uma reflexão aos estudantes sobre seus atos. Ao chegar à praia os alunos estavam com grandes expectativas se o material confeccionado por eles iria funcionar. Com a utilização da prancha no mar puderam observar a eficiência do item na prática. O teste na praia expôs que indiferentes da faixa etária dos educandos, todos se mostraram realizados, pois testaram o próprio objeto construído. 41 Diante do exposto percebe-se que a educação ambiental deveria ser trabalhada de alguma maneira nas escolas observadas, mas não de forma significativa com sua realidade. Identifica-se que a falta de consciência ambiental dos alunos origina -se da estrutura educ acional com métodos defas ados, sem sintonia com a realidade, gerando cidadãos com hábitos e comportamentos prejudiciais ao meio ambiente, não porque pret endiam ser assim, e sim, por não terem recebido uma educação com mét odos que se adéquem a realidade (LOPES et al.,2015, web). Kindel (2006 apud Lopes, 2015, web) também afirma que a educação ambiental só será eficaz, se levar os alunos a terem percepção do mundo que os cerca, envolvendo-os de forma a despertar uma consciência crítica que busca soluções para o problema. Inserir atividades pensando na conscientização ambiental desde o início do ensino fundamental é necessário para vivermos em um mundo menos poluído e correto ecologicamente. Durante toda a nossa vida, ouve-se falar que a base escolar é falha, assim sendo difícil conseguir ter bons resultados futuros. Deve-se investir na educação ambiental no ensino fundamental, pois é o momento em que se desenvolve a base de nossa aprendizagem, propiciando as criançasações de conscientização de que se deve sim utilizar os recursos naturais, mas para suprir nossas necessidades básicas e dispondo para as gerações futuras o direito de suprir suas próprias necessidades (LOPES et al., 2015, web). Nesse sentido, torna-se essencial que a educação ambiental crítica, dialógica,faça parte da sua realidade, para que a criança possa criar e se expressar nessas relações, ampliando sua visão de mundo (RODRIGUES, 2007 apud MARTINS, 2015, web). No ensino médio também se faz importante ressaltar o intuito de uma educação ambiental, pois nessa faixa etária muitos dos alunos já estão ou estarão deixando a escola, sendo talvez o último contato com este tema. A Educação Ambiental contribui para a inclusão do indivíduo a partir do moment o em que aborda as relações do homem com a sociedade e a natureza, e leva o educando a refletir e agir, suscitando nele uma visão crítica da realidade ambiental (SILVA, 2015, web). Em razão da educação ambiental estar diretamente relacionada ao modo de vida das pessoas, como vivem e convivem em sociedade, é necessário que o 42 ambiente onde se vive seja percebido em sua totalidade, suas características e seus problemas, buscando conscientizar o educando de seu papel na sociedade, privilegiando a solidariedade, a partilha e o respeito (MEDEIROS, 2011). Deve-se pensar em um mundo em que todos tenham direito de desfrutar o ambiente presente e o futuro com qualidade. Na visão de Barbosa (2008)“o desenvolvimento sustentável é aquele que atende as necessidades do presente sem comprometer as possibilidades de as gerações futuras atenderem suas próprias necessidades”. A função do educador é papel principal dando sentido ao trabalho desenvolvido para que os alunos compreendam o real objetivo do mesmo. O educador deve procurar colocar os alunos em situações que sejam formadoras, diante de uma agressão ambiental ou conservação ambiental, apresentando os meios de compreensão do meio ambiente (BERNA, 2004 apud SARAIVA, 2008). Considerações Finais Notou-se que a reutilização é uma das atitudes efetivas que pode ser desenvolvida nas escolas. Por contribuir com a redução do impacto ambiental em um cenário atual de alta urbanização, industrialização e de uma sociedade consumista. Essas atividades permitem a utilização de materiais que poderiam ser depositados em locais inapropriados, em um objeto de uso direto para o desenvolvimento de uma atividade física. A pesquisa realizada comprovou a importância de uma educação ambiental no âmbito escolar. Portanto ela deve ser inserida desde os primeiros anos de ensino fundamental para se alcançar uma maior efetividade. Pois é nesse momento que se desenvolve o principio de cidadão, relacionando o contexto social com o ambiental. O professor tem papel fundamental na realização da educação ambiental na sociedade. Em razão que é dele a função de oportunizar atividades que desenvolvam a percepção dos alunos com a preservação ambiental. Para que no futuro esses alunos efetivem a consciência ambiental. Sugere-se um estudo mais aprofundado sobre a educação ambiental nas escolas, no sentido de criar novos materiais pedagógicos que facilitem uma maior 43 compreensão da proposta. Também é necessário contemplar um maior número de escolas possibilitando envolver a sociedade. Referências ABREU, M. J. M.; CARNEIRO, S.M. M. A Relação entre a Educação Física e a Educação Ambiental – um estudo na rede municipal de ensino de Curitiba. In: Congresso Nacional de Educação, 9., 2009, Curitiba. Anais... 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A necessidade de uma flexibilidade melhor desenvolvida, principalmente na fase da adolescência tem sua importância justificada pelos benefícios a ela atribuída como, por exemplo: a prevenção do encurtamento muscular e tendíneo, manutenção e reeducação da postura, o aumento da amplitude articular resultando uma melhora na realização dos movimentos das práticas diárias. A amostra foi composta por 89 adolescentes de ambos os sexos com idade entre 17 à 19 anos, que frequentam as aulas de Educação Física durante a semana na Escola de Educação Básica Professor Germano Timm, situada na rua: Orestes Guimarães, n°406 América na cidade de Joinville/SC. O instrumento de pesquisa utilizado como pré e pós teste foi o protocolo de avaliação o Flexiteste (Dantas, Estélio H. M. 1989) adaptado. Com base nas análises dos resultados obtidos observou-se que houve uma melhora considerável na flexibilidade dos alunos avaliados, mas também vários quesitos como motivação para a prática de uma atividade física, socialização, ritmo, agilidade, coordenação e corporeidade se destacaram entre os adolescentes após a aplicação do desenvolvimento das aulas de Ginástica. Palavras-Chave: Ginástica, Flexibilidade, Benefícios. Abstract: This study aimed to determine whether the gymnastics when developed in physical education classes, contributes to the improvement of the flexibility of high school students. The need for better developed flexibility, especially in adolescence has its importance justified by the benefits attributed to it such as: the prevention of muscle and tendon shortening, maintenance and rehabilitation of posture, increased range of motion resulting in an improvement in the performance of the movements of daily practices The sample was composed of 89 adolescents of both sexes aged 17 to 19, who attend physical education classes during the week at the School of Basic Education Teacher Germano Timm, located on the street: Orestes Guimarães, No. 406 America in Joinville / SC. The research instrument used as pre and post test was the evaluation protocol Flexitest (Dantas, Estélio H. M. 1989) adapted. Based on the analysis of the results it was observed that there was a considerable improvement in the flexibility of the evaluated students, but also several issues such as motivation to practice a physical activity, socialization, rhythm, agility, coordination and corporeality stood out among teenagers after applying the development of gymnastics classes. Keywords: Gymnastics, Flexibility, Benefits. 18 19 Acadêmica do 4° ano do Curso de Educação Física da Univille Professora MSc do Curso de Educação Física da Univille 47 Introdução A Ginástica é uma modalidade multifacetada por isso é de suma importância no currículo da Educação Física escolar, pois trabalha várias valências físicas de modo prazeroso e abrangente. Por se permitir trabalhar com música e ritmo nas aulas de Educação Física com exercícios e movimentações, enriquecemos os repertórios de movimentos explorando as amplitudes do próprio corpo e experimentando se expressar de diversas formas com ele, como uma disciplina que por meio de seus exercícios e atividades desenvolve a Flexibilidade. O presente artigo visa a modalidade da Ginástica pois, durante as observações dos campos de estágio escolar obrigatório percebeu-se a necessidade de apresentar os benefícios e a importância de se aprimorar a Flexibilidade dos alunos durante as aulas de Educação Física, para correção da postura, e para uma melhor qualidade de vida dos alunos do Ensino Médio. A Flexibilidade é uma das qualidades físicas que devem ser trabalhadas e desenvolvidas na escola. A necessidade de uma Flexibilidade melhor desenvolvida tem sua importância justificada pelos benefícios a ela atribuída como, por exemplo: a prevenção do encurtamento muscular, manutenção da postura, reeducação postural, aprimoramento das valências físicas, amplitude articular, e a melhora da amplitude de movimentos resultando numa melhor mobilidade para realizar as atividades do dia. Todos nós temos um corpo, mas o que podemos fazer com ele? e como trabalhar com ele na fase da adolescência em que os picos de hormônios e o metabolismo acelerado trazem tantas mudanças físicas nos indivíduos? Como trabalhar a liberdade de expressão, o conhecimento do seu corpo e de novos movimentos? A Ginástica é um conteúdo da Educação Física e sua presença no Ensino Médio é definida e justificada pelos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio como uma técnica de trabalho corporal que pode ser realizada entre outros objetivos para a manutenção da saúde. Pretendeu-se verificar com a metodologia de trabalho escolhida, se os alunos melhorarão a sua Flexibilidade nas aulas de Educação Física, tendo como objetivo principal proporcionar a melhora da Flexibilidade articular, muscular e tendínea dos grupos musculares estudados, bem como melhorar consciência corporal, fortalecer 48 os músculos para uma reeducação e melhora da postura, melhora das relações interpessoais e autoestima. E tudo isso deve ser proporcionado no âmbito escolar. Essa construção da postura correta, autoimagem, socialização, aceitação do próprio corpo, suas limitações e potencialização das valências físicas já adquiridas. Que com todo esse aprendizado e desenvolvimento físico possamos mostrar que a prática de uma atividade física e o aumento da amplitude articular e muscular devido a potencialidade da flexibilidade, são fatores imprescindíveis para desenvolvimento integral para toda a vida. Ginástica A Ginástica hoje é um dos conteúdos da Educação Física Escolar, e sua proposta de realização na escola está amparada nos Parâmetros Curriculares Nacionais da área de Educação Física que definem três blocos de conteúdos para o Ensino Fundamental e entre eles, a Ginástica. Saba (2003) define como Ginástica uma sequencia de exercícios de mesmo tipo realizados em um mesmo lugar. Essa sequencia de exercícios definidas pelo autor podem variar de acordo com o objetivo principal com o qual a ginástica é praticada entre os indivíduos. "O homem por si só já pratica a ginástica através de seus movimentos naturais e que se tornam movimentos ginásticos quando são utilizados didaticamente para direcionar a formação física e/ou motora" (DALLO, 2007, p.30). Na escola, a ginástica procura reaproveitar os movimentos naturais do homem (correr, saltar etc.) e introduzir os movimentos construídos que são definidos pelo mesmo autor como movimentos criados para o tratamento localizado do corpo pelo grau de precisão técnica de movimento que é aplicada para alcançar efeitos sobre as qualidades físicas (força, elasticidade muscular, mobilidade articular etc.). Portanto a Ginástica é um conjunto de movimentos naturais do ser humano ou construídos para se alcançar um objetivo específico, normalmente a formação corporal. Marques (2013) informa que, muitos benefícios atribuídos a prática da Ginástica, entre eles a melhora da mobilidade e Flexibilidade músculo articular, melhora da postura, diminuição da tensão muscular desnecessária, redução da sensação de fadiga, além de outros benefícios psicológicos. E por ser um conteúdo 49 das aulas de Educação Física que oportuniza a participação do maior número de pessoas nas atividades, integrando varias possibilidades de manifestações corporais, trabalhando a auto superação sociocultural, oportunizando o reconhecimento do trabalho coletivo, sem deixar de valorizar a individualidade neste contexto e o principal, mantém e desenvolve o bem estar físico, psíquico pessoal e social dos alunos. (Confederação Brasileira de Ginástica) Diante de todos os benefícios apresentados, a Ginástica deve estar presente na escola por ser uma importante ferramenta de manutenção da saúde e melhoria da Flexibilidade. Flexibilidade A Flexibilidade é uma das principais qualidades físicas presentes no ser humano podendo ter influência genética ou não e que podem ser desenvolvidas através de exercícios e atividades que a estimulem. No entendimento de Anderson; Col (1996, p.124), "o termo Flexibilidade se refere à amplitude de movimento de uma articulação ou de uma série de articulações, e é influenciada pelos músculos, tendões, ligamentos, ossos e estruturas ósseas". Ou seja, a Flexibilidade é a capacidade de uma ou mais articulações e todos os seus componentes realizarem movimentos amplos sem lesão ou rompimento dos tecidos. O mesmo autor apresenta dois tipos de Flexibilidade: a Flexibilidade estática e a Flexibilidade dinâmica. A Flexibilidade estática é a amplitude de movime nto de uma articulação que não está em movimento. A Flexibilidade dinâmica é a amplitude máxima dessa mesma articulação durante a realização de movimentos. Uma Flexibilidade bem desenvolvida é importante para uma boa mobilidade corporal. O corpo pode se mover e realizar movimentos corporais de forma mais ampla. Weinceck (2003 apud ALBUQUERQUE; COL, 2008, p.94) afirma que, A Flexibilidade é importante para a manutenção da capacidade geral de rendimento, economia do trabalho muscular, profilaxia postural, facilitação do aprendizado de movimentos, otimização da recuperação após um esforço e manutenção da autonomia nas atividades habituais. E de acordo com Dantas (2005, p. 58), existem quatro componentes da Flexibilidade para se avaliar o grau de Flexibilidade de um individuo, são eles: 50 Mobilidade- no tocante ao grau de liberdade de movimento da articulação; Elasticidade- com referência ao estirament o elástico dos componentes musculares; Plasticidade- grau de deformação temporária que estruturas musculares e articulações devem sofrer, para possibilitar o movimento. Existe um grau residual de deformação que se mantém após cessada a força aplicada, conhecida como histeresis; Maleabilidade- modificações das tensões parciais da pele, frut o das acomodações necessárias no segmento considerado. Uma boa Flexibilidade é alcançada através do estimulo que pode ocorrer normalmente com exercícios de alongamentos e outros exercícios específicos. O desenvolvimento dessa qualidade física proporcionará inúmeros benefícios ao corpo humano e consequentemente a manutenção de uma boa saúde. Relação entre a Ginástica e a melhora da Flexibilidade na Adolescência A Ginástica é uma importante ferramenta que o professor de Educação Física tem a disposição para o desenvolvimento das qualidades físicas que necessitam de estímulo nas aulas de Educação Física Escolar. Entre as qualidades físicas a serem desenvolvidas pela Educação Física estão à força, resistência, agilidade, coordenação, ritmo, equilíbrio, velocidade, flexibilidade. Para Freitas; Vieira (2008, p.8), "a Ginástica trabalha qualidades físicas essenciais como a Flexibilidade, entre outras, e estimula os grupamentos musculares fundamentais para um crescimento saudável desde a mais tenra idade". A Ginástica quando composta por exercícios analíticos contribuem para o desenvolvimento da força, da resistência, da mobilidade articular, da Flexibilidade corporal (DALLO, 2007). A prática da Ginástica nas aulas de Educação Física contribuem para a melhora da flexibilidade? Neste caso, a Ginástica mostra -se importante para o desenvolvimento de todas as qualidades físicas e dependendo do objetivo com que ela é utilizada, dar ênfase a uma delas através de exercícios planejados para este fim. Portanto, a melhora da Flexibilidade está associada a realização de exercícios dentro da Ginástica quando os mesmos são planejados para este fim. A participação em atividades físicas declina consideravelmente com o crescimento, especialmente da adolescência para o adulto jovem. Alguns estudos identificam alguns fatores de risco para o sedentarismo: pais inativos fisicamente, 51 escolas sem atividades esportivas, sexo feminino, residir em área urbana, TV no quarto da criança. Apesar de alguns estudos longitudinais indicarem fraca ou modesta correlação entre atividade física na infância e na vida adulta, outros apontam que crianças e adolescentes que se mantêm fisicamente ativos apresentam probabilidade menor de se tornar adultos sedentários. (BEZERRA ALVES, J. G. et al 2005 Web) A Adolescência é o período de transição entre a infância e a vida adulta, caracterizado pelos impulsos do desenvolvimento físico, mental, emocional, sexual e social e pelos esforços do indivíduo em alcançar os objetivos relacionados às expectativas culturais da sociedade em que vive. A adolescência se inicia com as mudanças corporais da puberdade e termina quando o indivíduo consolida seu crescimento e sua personalidade, obtendo progressivamente sua independência econômica, além da integração em seu grupo social. Puberdade é o fenômeno biológico que se refere às mudanças morfológicas e fisiológicas (forma, tamanho e função) resultantes da reativação dos mecanismos neuro -hormonais do eixo hipotalâmico- hipofisário-adrenal-gonadal. Estas mudanças corporais conhecidas como os fenômenos da pubarca ou adrenarca e gonadarca são parte de um processo contínuo e dinâmico que se inicia durante a vida fetal e termina com o completo crescimento e fusão total das epífises ósseas, com o desenvolvimento das características sexuais secundárias, com a completa maturação da mulher e do homem e de sua capacidade de fecundação, através de ovulação e espermatogênese, respectivamente, garantindo a perpetuação da espécie humana. É importante observar que ocorre uma enorme variabilidade no tempo de início, duração e progressão do desenvolvimento puberal, com marcantes diferenças entre os sexos (EISENSTEIN, 2015, web). Materiais e Métodos O presente estudo foi elaborado de maneira descritiva, bibliográfica de campo e quantitativa e os resultados foram coletados de maneira ativa, interativa e participativa. O mesmo foi aplicado no ensino médio das turmas: 2° ano1, 2° ano 3, 3° ano 1, 3° ano 3 e 3° ano 4 com alunos entre 17 à 20 anos matriculados na escola 52 Estadual de Educação Básica Professor Germano Timm situado no bairro América no município de Joinville, Santa Catarina. Sabendo da importância da Ginástica para melhora da flexibilidade optou-se pelo teste do Flexiteste (Dantas, Estélio H. M.1989) adaptado na forma de aplicação de pré e pós teste. Para mensuração da amplitude de alongamento de três articulações: talo crural, tronco e gleno umeral sinovial. O teste consiste sentado em colchonete o aluno faz flexão plantar para observar a amplitude do movimento e enquadrar na classificação do protocolo, após deita- se de decúbito ventral com as mãos na nuca, realiza-se o movimento de hiperextensão do tronco para trás o máximo que conseguir. Depois em pé de costas para a avaliadora realizar o movimento de adução posterior a partir abdução do angulo de 180° graus no ombro. Os dados obtidos entre o pré e pós-teste foram organizados em uma planilha do Excel for Windows posteriormente tratados pela estatística descritiva e frequência através do pacote estatístico SPSS 16.0 onde se utilizou o teste "t de Student" com nivel de significância de p<0,05. Análise Interpretação e Discussão dos Resultados Para execução do pré-teste foi primeiro conversado o tema e as atividades com a professora responsável. Depois feita uma aula de apresentação do conteúdo do artigo explicando o que é ginástica e seus diferentes tipos, no auto rendimento dos desportos olímpicos e no cotidiano como a ginástica de academia e a ginástica laboral. Após foi apresentado os conteúdos trabalhados através das atividades descritas nos planos de aula e os principais resultados que se esperava com a aplicação do artigo. Para uma melhor explicação para as turmas foi realizada a primeira aula com alongamento em roda, e por curiosidade das turmas com relação ao conteúdo de circuito foi realizado a segunda aula com um circuito de seis estações para adaptação e após isso realizado o protocolo do Flexiteste adaptado na forma de pré teste para analise dos resultados. Logo após foi aplicada aulas baseadas em alongamentos em roda e em duplas, focando em exercícios estáticos para as principais articulações e exercícios resistência, força, equilíbrio e relaxamento por meio de massagens em duplas. Foi realizado aulas com circuitos de seis estações para trabalhar coordenação dos 53 movimentos (Ex: polichinelo lateral e frontal), agilidade (Ex: corrida alternada entre bambolês, passagem com saltos por barreirinhas), velocidade (Ex: pular corda), resistência (Ex: abdominais, prancha lateral e frontal), força (Ex: semi agachamento em duplas) . E nas aulas alongamento de membros superiores e inferiores focando nas principais articulações em roda e em dupla foi trabalhado exercícios de equilíbrio, força, e Flexibilidade focando nas principais articulações avaliadas e relaxamento por meio de massagem em dupla e exercícios de respiração. Nas aulas de atividades rítmicas foi trabalhado ritmo, coordenação, espaço temporal, lateralidade e corporeidade. Por meio de coreografias construídas (em fileiras intercalados ao som da música, a professora realiza um movimento e chama o próximo da fileira, que realiza o primeiro movimento e elabora um segundo movimento chamando o próximo que reproduz os dois movimentos anteriores e mais o seu, assim toda vez que fechar cinco movimentos recomeça). Em roda, as duplas realizam os comandos caminhando. (Ex: voltou-inverte o sentido da roda, trocou-troca de parceiro com a pessoa da frente, rolou- o aluno do lado de dentro passa pelas costas do amigo e passa pra dentro da roda, skipping- de mãos dadas joelho alto num trote acelerado, tá tá tá- dar quatro passos e pela marcação de palmas da professora realiza dois contra passos pra direita dois para esquerda). Nas aulas de ati vidades rítmicas no tablado utilizou-se alongamentos sentado focando para abertura e alongamentos dos principais grupos musculares recrutados nestas práticas, foi demonstrado os rolamentos para auxiliá-los com os movimentos, equilíbrios, saltos, giros para apresentar e exemplificar para as turmas os principais elementos das Ginásticas rítmicas e olímpica. Ao todo foram utilizados os materiais específicos para elaboração das aulas: bolas, colchonetes, tablados, cordas (Grande e pequena), bambolês, barreirinhas, cones, caixa de som e pen drive. Utilizou-se o total de 62 horas/aula de aplicação com 13 horas/aula para avaliação de pré e pós teste. Para melhor compreensão da evolução dos alunos foi adaptado a tabela de Conceitos do Flexiteste (DANTAS 1989) pois foi escolhido três exercícios dos dezessete apresentados no protocolo, diminuindo portanto a soma total, como a apresentada por Dantas. Baseando-se nesta tabela conforme a somatória das notas 54 do pré e do pós teste formulou-se conceitos para os níveis de F lexibilidade dos alunos. Vide tabela 1: Tabela 1- Valores da somatória do Flexiteste Valores da Somatória 12 = Excelente 10 a 11 = Bom 7 a 9 = Médio (+) 4 a 6 = Médio (-) 1 a 3 = Fraco 0 = Deficiente Fonte: Baseado em Dantas 1989. Para análise dos resultados das aulas aplicadas vide gráfico na forma de pré e pós teste com os valores totais do Flexiteste adaptado. Gráfico 1- Flexiteste 2° ano 1 Flexiteste 2° ano 1 Pré Teste Pós Teste 12 11 10 10 9 9 9 10 9 8 77 7 6 7 77 6 7 77 6 55 6 7 66 6 5 5 4 4 2 F40 F41 F42 F43 F44 F45 F46 F47 M33 M34 M35 M36 M37 M38 M39 M40 M41 Fonte: Primária (2015) No gráfico 1, observa-se que os alunos F40, F45, F46, M36 e M37 da amostra não apresentaram evolução do pré pós teste devido a falta de empenho na execução das atividades propostas conceituando-se no Médio (+) e Médio (-), 55 segundo tabela 1. Já os alunos F41, M34, M35 e M41 apontaram resultados acima dos esperados já no pré teste alcançando conceitos Médio (+) e Bom, devido as praticas de atividades físicas de alta intensidade fora do âmbito escolar e observouse evolução do pré pra o pós. Dentre os outros o aluno F41 atingiu o maior conceito pela somatório o Excelente, segundo tabela 1. O aluno M38 foi o que obteve seu desenvolvimento mais acentuado pela diferença do pré para o pós devido a empenho do aluno e motivação para as atividades. Segundo tabela 1 passou do conceito Fraco com a soma total 2 para Bom com a soma total 4. Os dados obtidos entre pré e pós teste foram relevantes , entretanto não apresentaram significância para p<0,05. Gráfico 2- Flexiteste 2ª ano 3 Flexiteste 2° ano 3 Pré Teste Pós Teste 10 9 99 66 66 6 5 5 5 4 4 3 F9 44 4 5 44 4 5 55 44 4 44 33 F10 F11 F12 F13 F14 M6 M7 M8 M9 M10 M11 M12 M13 M14 M15 Fonte: Primária (2015) O gráfico 2 apresenta que os alunos F9, F10, F14, M6 e M8, M12, M14 e M15 da amostra não tiveram evolução do pré teste e pós teste devido a falta de interesse pelas atividades, estabelecendo-se nos conceitos Fraco e Médio (-). Os alunos M10 e M11 apontaram resultados acima dos esperados já no pré teste devido as praticas de atividades físicas de alta intensidade fora do âmbito escolar conceituando-se em Médio(+) e Bom . O M10 teve uma melhora na classificação do pós teste conceituando-se do Médio (+) para Bom segundo os conceitos da tabela 1. 56 Os dados obtidos entre pré e pós teste foram relevantes porém não apresentaram significância para p>0,05. Gráfico 3- Flexiteste 3° ano 1 Flexiteste 3° ano 1 Pré Teste Pós Teste 11 1111 10 1010 1111 99 99 9 8 7 6 5 7 6 6 55 6 5 5 4 3 4 6 5 66 5 4 3 4 4 3 F29 F30 F31 F32 F33 F34 F35 F36 F37 F38 F39 M25 M26 M27 M28 M29 M30 M31 M32 Fonte: Primária (2015) Os alunos F32, F35, M26, M28 como apresenta o gráfico 3, foram os valores mais baixos mas conseguiram ter e volução do pré teste pra o pós, subindo do conceito Fraco para Médio, e o M29 teve 4 na somatória total e alcançou 6 na somatória do pós teste conceituando-se Médio, segundo tabela 1.Evolução esta devida ao interesse pelas atividades por parte do aluno. F31 e o M32, não evoluíram na avaliação, continuaram com os mesmos resultados no pré e no pós teste, mantendo -se no conceito Médio (-). O F29, F37 e F38, o M25, M27 e o M31atingiram as melhores pontuações no pré teste devido as praticas de atividades físicas de alta intensidade fora do âmbito escolar, mantendose nos conceitos Médio(+) e Bom. Os dados obtidos entre pré e pós teste foram relevantes, entretanto não apresentaram significância para p<0,05. 57 Gráfico 4- Flexiteste 3° ano 3 Flexiteste 3° ano 3 Pré Teste Pós Teste 7 7 6 6 6 5 5 5 4 4 F2 F3 F4 5 4 3 F1 7 4 4 5 F6 4 F8 6 4 3 F7 6 5 4 3 F5 6 M1 33 M2 M3 M4 M5 M6 Fonte: Primária (2015) No gráfico 4 observa-se que o aluno M3 da amostra não teve evolução do pré e pós teste devido a falta de empenho na execução das atividades propostas e histórico de sedentarismo. Os alunos F3, M2 e M4 apontaram resultados acima dos esperados já no pré teste devido as praticas de atividades físicas de alta intensidade fora do âmbito escolar e mesmo assim conseguiram evolução do pré pra o pós. Sem contar com o aluno M3 toda a turma teve evolução segundo a somatória dos valores do pré teste e do pós teste. Os dados obtidos entre pré e pós teste foram relevantes e apresentaram significância para p<0,05.(0,0372) 58 Gráfico 5- Flexiteste 3° ano 4 Flexiteste 3° ano 4 Pré Teste Pós Teste 10 9 99 88 9 8 7 6 5 55 5 4 44 4 88 7 7 6 6 55 5 4 99 8 8 66 55 4 5 4 4 3 3 44 3 2 F15 F16 F17 F18 F19 F20 F21 F22 F23 F24 F25 F26 F27 F28 M16 M17 M18 M19 M20 M21 M22 M23 M24 Fonte: Primária (2015) No gráfico 5 observa-se que os alunos F16, F18, F20, F22 e F27 e os M18, M21, M22, M23 e M24 da amostra não tiveram evolução do pré e pós teste devido a falta desmotivação da turma, falta de empenho na execução das atividades propostas e grande número de alunos sedentários e faltosos, mantendo-se nos conceitos Médio (-) e Médio (+). Os alunos F15, F16, F25 e F27, e os M17, M23 e M24 apontaram resultados se classificando nos conceitos Médio (+) à Bom, valores acima dos esperados já no pré teste devido às praticas de atividades de alta intensidade fora do âmbito escolar e conseguiram evolução do pré pra o pós. Sendo que os alunos F23, F26 e o M20 apresentaram elevada evolução do pré teste para o pós se comparado ao resto da turma classificando-se segundo tabela 1 de Fraco para Médio (-). Os dados obtidos entre pré e pós teste foram relevantes porém não apresentaram significância para p<0,05. Referente aos valores obtidos pela tabulação Excel for Windows posteriormente tratados pela estatística descritiva e frequência através do pacote estatístico SPSS 16.0 onde se utilizou o teste "t de Student" com nivel de significância de p<0,05. Para uma melhor avaliação dos resultados vide Tabela 2: Tabela 2 59 Tabela das Diferenças Relativas e Absolutas Sujeitos Diferença Absoluta Diferença Relativa % % Significância Geral 1 16,67 0,0001 3º ano 3 1 18,92 0,0372 2º ano 3 0,4375 8,24 0,5056 3º ano 4 0,6957 11,11 0,26 3º ano 1 0,7368 10,29 0,3937 2º ano 1 0,7647 10,32 0,3044 Para melhor compreensão destes valores, segue gráfico 6 que mostra a evolução geral e por turma segundo aos valores obtidos pela tabulação Excel for Windows posteriormente tratados pela estatística descritiva e frequência através do pacote estatístico SPSS 16.0 onde se utilizou o teste "t de Student" com nivel de significância de p<0,05. Gráfico 6. Evolução Geral e Turmas 18,92% 16,67% 11,11% 10,29% 10,32% 8,24% GERAL 3º ANO 3 2º ANO 3 3º ANO 4 3º ANO 1 2º ANO 1 Por se tratar de uma amostragem com ambos os gêneros e várias faixas etárias percebe-se a diferença de visão e aceitação das atividades. Os segundos anos se mostraram mais receptivos e interagiram mais entre si nas atividades, principalmente as que envolviam músicas e as aulas de atividades rítmicas. Os 60 terceiros anos por sua vez de modo geral foram receptivos também nas atividades mas, participaram mais ativamente dos circuitos e alongamentos em roda, acontecendo uma certa resistência para as práticas com musica, por acreditarem que tais movimentações são chatas e expõe muito o corpo. E devido as turmas estudarem dois três anos juntos, torna-se mais difícil a interação e a socialização pois há divisões de grupos nas salas. De modo geral se compreende a discrepância de resultados da evolução ou não apresentados pelas turmas pelo tempo de intervenção da Ginástica na escola, avaliando-se os resultados do artigo como satisfatórios para ambas as partes. Pelos gráficos tem-se uma noção da evolução e superação de cada aluno em si e das turmas como um todo com relação à somatória do Flexiteste (DANTAS 1989) adaptado que mede a Flexibilidade das articulações em questão, e nota-se pela avaliadora que as articulações do ombro e tronco obtiveram foram as que melhor apresentaram resultados quanto a evolução por parte da amostra. E pelos relatos dos próprios alunos, e colegas docentes aparenta-se melhora na postura, bem estar dos alunos, motivação, troca de interações sociais e dedicação para as práticas escolares. Vale ressaltar que os alunos que apresentaram índices acima de 8 na somatória do pré e pós testes são alunos que praticam atividade física de alta intensidade durante a semana fora da escola, como esta exige muito alongamento elevando ao máximo a flexibilidade no ta-se que mesmo após a intervenção da Ginástica nas aulas de Educação Física foi pouca evolução dos mesmos pois estes já tem sua flexibilidade levada ao extremo por parte da atividade física que praticam. Considerações finais Verificando os objetivos principais constatamos que os objetivos do presente artigo foram atingidos, pois houve evolução da Flexibilidade dos alunos avaliados. Além do aumento da Flexibilidade houve grande interesse por parte dos alunos pela Ginástica, pelas atividades propostas e também pode-se constatar que os adolescentes obtiveram aumento da motivação para as aulas de Educação Física, melhora da corporeidade, auto imagem e das relações interpessoais devido a grande interação dos alongamentos em dupla e das aulas de atividades rítmicas. 61 Na fase da aplicação das turmas de ensino médio também constatamos que na adolescência os alunos tem dificuldades em aceitar a si mesmos e aos outros devido as grandes mudanças físicas, psicológicas, emocionais e sociais. Obteve-se grande experiência com o trabalho e pode-se sentir a diferença nessas interações para assuntos que não tem grande interesse e conhecimento no meio deles, pois na conversa de inicio todos sentiram curiosidade em como seria introduzido a Ginástica na escola, e como seria trabalhada durante a Educação Física. Diante disso, sugere-se a implementação contínua da ginástica, realizando uma Educação Física onde o corpo do adolescente seja mais estruturado não apenas na observação mas utilizando ação motora por meio da sensibili dade, por meio das vivências destes conhecimentos, por meio das atividades que busquem respostas para os sentidos dos movimentos, e dos por quês da pratica da Ginástica. Portanto as vivências da ginástica e os benefícios da flexibilidade são de suma importância na superação e auto motivação visando a pratica continua de uma atividade física para a qualidade de vida na fase adulta. Referências ANDERSON, Bob; BURKE, Ed; PEARL, Bill. Entrando em forma: programa de exercícios para homens e mulheres. São Paulo: Summus, 1996. BRASIL. Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Médio – PARTE II. MEC, 2000. ______ . Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: Educação física /Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 1997. DALLO, Alberto R. A ginástica como ferramenta pedagógica: O movimento como agente de formação. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2007. DANTAS, Estélio H. M. Flexibilidade: alongamento e flexionamento. Rio de Janeiro: SHAPE, 1989. ______Alongamento e Flexionamento. 5ª ed. Rio de Janeiro: Shape, 2005. 62 EISENSTEIN, Evelyn. Adolescência: definições, conceitos e critérios. Disponível em: <http://www.adolescenciaesaude.com/detalhe_artigo.asp?id=167>. Acesso em: 07 out. 2015. FREITAS, Armando; VIEIRA, Silvia. O que é Ginástica Artística. Rio de Janeiro: Editora Casa das Palavras, 2008. GERALDES, A. A. R. ; SOARES, RM. Aptidão física e saúde: treinabilidade das variáveis da aptidão física relacionadas à saúde em crianças e adolescentes. In: ALBUQUERQUE A; SANTIAGO LV; FUMMES Neiza de LF. (Org.). Educação física desporto e lazer: perspectivas luso-brasileiras. Porto: Edições ISMAI/EDUFAL,2008. MARQUES, Wagner Luiz. Empregabilidade. Cianorte: Livro Online, 2013. SABA, Fabio. Mexa-se: atividade física, saúde e bem-estar. São Paulo: Takano Editora, 2003. Ginástica para todos, características e origem. Confederação Brasileira de Ginástica. Disponível em: <http://www.educacaofisica.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteud o=13. Acesso em: 15 nov. 2015. BEZERRA ALVES, J. G. et al. Prática de esportes durante a adolescência e atividade física de lazer na vida adulta. Disponível <http://www.scielo.br/pdf/rbme/v11n5/27591.pdf> Acessado em: 15 nov. 2015. em: 63 A INTERFERÊNCIA DAS MÍDIAS NAS ATIVIDADES FÍSICAS DAS CRIANÇAS Rudinei Venturi 20 Pedro Jorge Cortes Morales21 Resumo: As mídias tem se mostrado um elemento contraditório no que se refere à atividade física, principalmente sobre crianças, jovens e adolescentes na fase escolar. Este estudo teve como objetivo observar se as fases do desenvolvimento das crianças estão sendo afetadas e se o grau de exercícios físicos não é condizente com a idade. A pesquisa foi desenvolvida com 41 alunos de 9 à 16 anos, de ambos os sexos, que frequentam do 6º e 9º ano da Escola de Educação Básica João Colin, da cidade de Joinville – SC e teve como instrumento de pesquisa a utilização de um questionário e consequentemente as informações obtidas foram comparadas com leituras em artigos e livros especializados. Com esse estudo foi obtido respostas condizentes com o atual momento em que os escolares se encontram. Palavras-Chave: Mídias, crianças, atividades físicas. Abstract: The media has been a contradictory element when it comes to physical activity, especially on children, youth and adolescents in school age. This study aimed to observe the phases of the development of children are being affected and the degree of physical exercise is not consistent with age. The research was conducted with 41 students from 9 to 16 years, of both sexes , attending the 6th and 9th year of the School of Basic Education John Colin, the city of Joinville - SC and had as a research tool using a questionnaire and consequently the information obtained were compared to readings in articles and specialized books . With this study was obtained answers consistent with the current time when the school meet. Keywords: Media, children, physical activity. Introdução Este estudo visou identificar se o uso frequente ou de forma exagerada pode causar um déficit no desenvolvimento das crianças, sejam elas por não realizarem atividades físicas ou então por estarem dependentes dos aparelhos celulares e das ferramentas de mídias assim perdendo fases importantes no desenvolvimento psicomotor. É inegável que as mídias podem auxiliar na aprendizagem, mas quando é utilizado de maneira correta, o uso quase que obrigatório das crianças pode estar causando a perda de uma infância sadia, em qual poderiam estar praticando 20 21 Acadêmico do Curso de Educação Física da Univille Professor Dr. do Curso de Educação Física da Univille 64 atividades saudáveis ou ate mesmo estão perdendo o contato do dialogo e trabalho em equipe. O mau uso não está na ferramenta, o perigo está no uso que nós, usuários, fazemos dela (FRAIMAN, 2015, apud ABRUSIO, 2015, p. 21). Nas escolas o uso frequente de celulares já é comum e muitos já tem acesso a rede de internet, são raras as exceções de crianças que não possuem contas na internet, muitos que não ha possuem já são taxadas de atrasadas no tempo ou excluídas nos meios sociais. As nossas necessidades de comunicação, de socialização e de não nos sentirmos isolados ou sozinhos são plenamente satisfeitas por toda gama de redes sociais e aplicativos (NEVES, 2015, apud ABRUSIO, 2015, p. 268). O mundo digital esta cada vez mais presente e obrigatoriamente não pode estar ausente do cotidiano das crianças, ou seja, acabam se tornando reféns de algo virtual. Não só o uso incorreto de celulares, mas também o acesso a conteúdos da internet de forma não coordenada pode ocasionar em um grave erro, que poderá afetar as crianças, devemos orienta-las que á o lado bom da utilização correta das ferramentas de mídia, mas para que isso ocorra deve se ter um acompanhamento constante dos pais. Reconheço a importância do celular em nossas vidas, porém não podemos entregá-lo nas mãos de nossos filhos sem antes orientá -los, afinal vivemos em um mundo que existem regras. O mau uso do celular pode trazer seriíssimos problemas tanto educacionais e psicológicos quant o problemas de saúde (FIGUEIREDO, 2015, web). Uma pesquisa realizada no ano de 2014 aponta que já há mais celulares no mundo do que pessoas, e as crianças entre 10 e 14 anos da região sul do Brasil 58,7% já utilizam o aparelho como forma de acesso as mídias, cada vez mais precoce é a utilização destes aparelhos, o que antes as crianças pediam como presentes, bolas ou bonecas agora esta se tornando tablets, computadores ou celulares. Os aparelhos podem afetar a atenção, e o uso exagerado também pode provocar o aumento da ansiedade. Muitos pais dão o telefone para os filhos como uma forma de monitorar onde estão e com quem andam, mas é preciso que eles também ajudem a criança a des envolver maturidade para lidar com tamanha liberdade na palma da mão (ZERO HORA, 2015, web). 65 Pensando nisto temos que ter soluções criativas para combater este uso excessivo, assim trazendo as crianças do mundo virtual para o mundo real onde tenhamos argumentos e possibilidades de tornar cada vez mais atrativa e tecnológica as aulas, propiciando assim novas ferramentas em prol da educação. Conforme Fraiman (2015) apud ABRUSIO (2015) Motivação não se conquista por decreto e sim com um ambiente interessante, com uma postura interessada e com uma aula verdadeiramente atraente. O estudo em questão realizou um questionário com o objetivo de saber se as crianças estão optando pelas mídias perante as atividades físicas e com o resultado foi proposto formas de evitar o uso exagerado das mídias e direciona-las para os conteúdos educativos que essas ferramentas de mídias oferecem, conciliando a pratica de atividades físicas com as tecnologias. Mídias na Escola Os acessos aos meios de internet ou mídias são um tema relativamente novo, o uso crescente de pessoas com acesso a rede já ultrapassa a metade da população no Brasil e as crianças já representam uma grande parcela das quais já têm celulares ou outros do gênero. De acordo com Jansen (2015, web) O número de usuários da internet passou da metade da população brasileira pela primeira vez. Em 2013, os internautas somaram exatos 51% dos cidadãos com mais de 10 anos de idade, ou 85,9 milhões de pessoas. Com este recurso presente em quase todos os locais, será que as escolas estão preparas para esta evolução meteórica? Podemos dizer que em boa parte não, uma porcentagem do uso incorreto destes aparelhos também veem dos próprios pais das crianças que ao aceitar o uso sem consentimento podem estar atrapalhando o desenvolvimento dos seus filhos, que antes estavam realizando atividades físicas, e agora podem passar horas plugadas as mídias na qual muitas das vezes são conteúdos não condizentes com a idade, e podemos dizer que estes conteúdos são cada vez menos relacionados à educação ou estudo escolar. Os benefícios através da utilização correta destes acessos podem ser múltiplos tanto no aspecto físico como no psicomotor, e ainda mais destacado no 66 ganho educacional, as crianças podem utilizar estes meios, mas de forma correta e consciente e as escolas devem estar preparadas para esta era tecnológica. O celular, como outras tecnologias, pode favorecer o trabalho na escola, tornando-o mais criativo, envolvente e dinâmico. Porém é necessário que se tenha uma formação que habilite os educadores ao uso destas novas tecnologias, pois ainda não absorvemos a cult ura da utilização das tecnologias para o enriquecimento da prática docente, infelizmente ainda prevalece uma resistência para a utilização das mesmas. E isto é motivo de preocupação, pois enquanto a escola não s e adapta a utilidade das novas tecnologias, elas invadem a escola (FIGUEIREDO, 2015, web) Se preparar para receber estas novas ferramentas tecnológicas são essenciais para esta retomada do campo de trabalho perdido, a atualização constante do professor neste processo torna se essencial para a escola do futuro, nesta escola que ainda esta distante poderá conciliar as praticas com a utilização das ferramentas de mídia e promover a educação digital cada vez mais cedo, assim orientando e direcionando as crianças para conteúdos que realmente podem fazer a diferença em seu aspecto pedagógico. Mídias A má utilização das mídias ou o uso desta ferramenta de alcunho social, informativo e de aprendizado, esta causando nas crianças um grande reflexo negativo, que podemos notar no dia a dia escolar, a famosa geração “Z” já nasce plugada principalmente nas redes sociais onde o uso já esta praticamente se tornando obrigatório, aqueles que não estão presente ou não possuem um perfil nas redes sociais sofrem uma espécie de exclusão digital. Os jovens da geração Z têm como característica marcante, a presença da internet desde o seu nascimento, o que a torna algo natural e essencial para suas vidas (BARROS, 2015, apud ABRUSIO, 2015, p. 70). Assim já nascendo junta a era tecnológica e digital, as crianças precisam de uma educação e processos pedagógicos condizentes com a realidade a sua volta para que possam desempenhar o seu Maximo aprendizado nos aplicativos que as facilmente prendem a sua atenção, mas tudo isto com regularidade para que as ferramentas não se tornem algo viciante. Segundo Teixeira (2015, web) o excesso de exposição à mídia faz com que as crianças durmam menos, tenham mais dificuldade de concentração e menor desempenho acadêmico. Algo que esta se tornando frequente nas aulas de 67 educação física, são crianças que não aderem a pratica de exercícios físicos para poderem ficar conectados as mídias, uma grande problemática é no ensino médio já que a educação física é uma matéria que “não reprova” muitos se apropriam deste argumento e aderem a não participação nas aulas, e entram num ciclo que com o passar do tempo não irão valorizar a pratica dos exercícios físicos. Podemos realizar uma sequencia cronológica de fatos onde as mídias se tornam cada vez mais presentes no dia a dia, enquanto crianças muitos das vezes o uso incorreto esta sendo estimuladas pelos pais, elas tem o primeiro contato com a mídia não como aprendizado e sim de uma forma onde não é imposto limites de utilização destas ferramentas e é comum o conteúdo que esta sendo transmitido não ser condizente com a idade da criança, ou seja, os maus hábitos estão entrando na era digital onde não há filtros, colaborando para uma educação pobre de conhecimentos. Os estudantes representavam 32,4% (27,8 milhões) dos usuários da Internet. Do tot al de estudantes da rede pública (28,0 milhões), 68,0% (19,1 milhões) utilizavam a Int ernet, enquant o as escolas privadas, dos 9,0 milhões de alunos, 96,3% (8,7 milhões ) acessavam a web. Embora 67,6% (57,8 milhões) dos usuários da internet fossem não estudantes, sua utilização mostrou relação direta com os anos de estudo.(IBGE, 2015, web). Notasse que o contato inicial muitas das vezes é essencial para que as ferramentas tecnológicas possam ter um bom resultado, na grande maioria das vezes este primeiro contato se da pela família, o nde colabora para a aquisição destas ferramentas como forma de proteção ou meio de localização de seus filhos, mas o resultado pode ser o inverso do desejado e a utilização não é a esperada causando assim uma grande dependência nos aparelhos de mídia tornando algo obsessivo em que as crianças necessitem cada vez mais ficarem conectadas para estar junto ao seu grupo social, deixando a sensação de se fazerem presentes e não sendo excluídas do circulo de amigos. Atividade física Nas aulas de Educação Física, está vindo à tona os primeiros reflexos do uso incorreto das mídias, crianças cada vez mais desinteressadas pelas praticas de exercícios físicos, uma grande parcela deste problema esta ligada ao uso incorreto 68 das ferramentas, podemos notar também crianças cada vez mais obesas e com grande déficit de atenção e ansiedade. Conforme Fraiman (2015) apud ABRUSIO (2015) O mundo digital causa em muitas pessoas o agravamento de ansiedades já existentes e aumenta a predisposição de muitos a desenvolver diversos e novos tipos de ansiedade. Para combater isto, um grande aliado, é a atividade física que proporciona um bem estar para o praticante e acima de tudo esta relacionada com a saúde das crianças, conciliando os dois termos chegamos a qualidade de vida, algo que sempre estamos a procura. A atividade física pode também exercer efeitos no convívio social do indivíduo, tanto no ambiente de trabalho quanto no familiar, Int eressante notar que quant o maior o gasto de energia, em atividades físicas habituais, maiores serão os benefícios para a saúde. Porém, as maiores diferenças na incidência de doenças ocorrem entre os indivíduos sedentários e os pouco ativos. (Portal Educação, 2015, web) Sabendo que atividade física é qualquer atividade ou exercício que resulte em gasto energético, e que a prática da atividade física é essencial para a melhora da saúde corporal, mas também a saúde emocional e psíquica, pois permite ao organismo desestressar se, renovar as energias, recarregar as baterias e usar toda a força que nos sobra. Através deste projeto, o intuito é promover o uso correto das mídias como forma de aprendizado das crianças direcionando -as para meios corretos de utilização, impondo limites de uso e principalmente valorizar a atividade física e o contato com outras crianças, fazendo com que a pratica de exercícios se torne algo corriqueiro e sinônimo de bem estar. Materiais e Métodos A pesquisa proposta para este estudo foi de natureza descritiva do tipo pesquisa de campo, bibliográfica, quantitativa com características descritivas. Pesquisa de campo no entendimento de Marconi; Lakatos (1999, p.85), “é aquela utilizada com o objetivo de conseguir informações e/ou conhecimento acerca de um problema para qual se procura uma resposta”. 69 Descritiva no entendimento dos autores Gonçalves et. al. (2008, p.35), “essa pesquisa observa, registra, analisa e relaciona fatos ou fenômenos sem manipulação.” Pesquisa quantitativa no entendimento de Gonçalves et. al. (2008, p. 41) “são mais adequadas para apurar opiniões e atitudes explicitas e conscientes dos entrevistados”. A coleta de dados foi realizada de forma ativa, interativa e participativa entre a pesquisadora e pesquisados visando estabelecer, no decorrer do processo, uma compreensão mais clara sobre aspectos não conscientes das relações. Como instrumento de pesquisa foi utilizado um questionário formulado pelo próprio pesquisador, validado por três professores Mestres da Instituição UNIVILLE. A presente pesquisa teve como população alunos da Escola de Educação Básica João Colin e uma amostra de quarenta e um (41) alunos do Ensino Fundamental, enquadrados nos sextos e nono anos. E foi utilizado como critérios de inclusão para os sujeitos da pesquisa, serem alunos regularmente matriculados no Ensino fundamental; alunos que participam regularmente das aulas de Educação Física e foram excluídos da pesquisa os sujeitos que não desejaram participar ou que não contemplaram os critérios de inclusão. Para realização do presente estudo foram utilizados, questionário, planilhas de anotação de resultados e programa estatístico de computador para analise dos resultados. Os dados obtidos foram analisados pela estatística descritiva com as medidas de tendência e dispersão, assim como foram feitas as analises de frequência de resposta dos conteúdos obtidos. O projeto deste estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com parecer de n° CAAE 45356215.5.0000.5366 de 25/06/2015 Análise Interpretação e Discussão dos Resultados O estudo objetivou pesquisar a influencia de forma exagerada das mídias nas atividades físicas das crianças, para isso o tema de pesquisa foi desenvolvido com uma amostra de quarenta e um (41) alunos do Ensino Médio da Escola de Educação 70 Básica João Colin. Para a coleta de dados fez se o uso de um questionário elaborado pelo próprio pesquisador e devidamente validado. Na tabela 1 é possível observar as características da amostra mais detalhadamente, conforme as turmas do Ensino Fundamental. O questionário foi respondido por alunos de idade entre 9 á 10 anos com porcentagem de 2.4%, entre 11 á 12 anos representados por 32.4%, seguidos por 45.9% de alunos de idade entre 13 e 14 anos, e educandos entre 15 á 16 anos com 21.6% da amostra. Tabela 1 - Características da Amostra Idade Quantidade de Alunos % 1 2.4% 11 á 12 anos 14 34.1% 13 á 14 anos 17 41.5% 15 á 16 anos 9 22 % 9 á 10 anos Fonte: Primária ( 2015). No inicio um olhar desconfiado dos educandos, refletia a pensar que estava acabando com as aulas de Educação Física ali presente, muitos não demonstravam o interesse em desvendar um novo mundo esportivo, na qual a pratica de exercícios estava aliada com as novas tecnologias, aquele com a presença das ferramentas de mídia como arte de promover a melhora e o conhecimento das atividades físicas, pouco a pouco, respeitando a liberdade das crianças foi se inserindo um novo contexto educacional, a educação digital. Com o passar do projeto a certeza que a ideia foi bem aceita, os educandos entenderam a melhora e a maneira eficaz de se aprender fazendo uma relação das ferramentas de mídia em prol da educação e a melhor forma de adquirir conhecimento deste mundo digital. O questionário referiu se á Definindo a Influência das mídias na pratica de atividades físicas e a primeira pergunta referia se a criança teria algum acesso as Mídias. Estudos comprovam que as crianças brasileiras são as que mais gastam tempo em frente a computadores e televisões. Em média, uma criança passa 3 horas e meia assistindo TV diariamente, conforme apont a a Eurodata TV Worldwide.(Diário Catarinense, 2015, web) 71 No gráfico 1 pode se verificar as respostas obtidas sobre o questionamento, onde na resposta inicial 100% teve acesso á algum tipo de mídia e no final já demonstrando maior conhecimento sobre o que era mídia, no qual muitos não conheciam o termo, o resultado apontou que 90.2% tem acesso as ferramentas de mídia ou ate mesmo tem em sua posse, assim demonstrando que a era tecnológica esta com tudo entre as crianças, poucos ainda não estão plugados ou conectados as nova era digital. Gráfico 1 - Respostas obtidas a partir do questionamento 1. Final Inicial SIM 90.2% SIM 100% NÃO 0% NÃO 9.8% Fonte: Primária (2015). Observando a tabela 2, onde mostra detalhadamente as respostas obtidas no gráfico 1, por turma, pode-se observar que 48.8% dos alunos utilizam o celular como ferramenta de mídia, 41.5% o computador, 4.9% tablet, 2.4% a televisão e 2.4% outras ferramentas como forma de acesso. Tabela 2 - Características da Amostra Ferramenta Quantidade de Alunos % Computador 17 41.5% Celular 20 48.8% Tablet 1 4.9% Televisão 1 2.4 % Outros 1 2.4% Fonte: Primária ( 2015). 72 A pergunta 2 refere se a quantidade do tempo conectado ou fazendo uso das mídias, ou seja se passa muito tempo ou não conectado as mídias, Segundo Teixeira (2015, web) Crianças e adolescentes costumam passar mais de seis horas por dia nos diferentes tipos de mídia, mais do que o tempo em que ficam na escola. Gráfico 2 - Respostas obtidas a partir do questionamento 2. Inicial Final 1 Hora por dia 16.2% 1 hora por dia 17.1% De 2 a 4 horas por dia 29.7% De 2 a 4 horas por dia 31.7% Mais de 4 horas por dia 54.1% Mais de 4 horas por dia 51.2% Fonte: Primária (2015). A quantidade de tempo que as crianças passam ao longo do dia conectados as ferramentas de mídia estão acima do sugerido, Segundo Bem Estar (2015, web) o ideal seria que os pequenos usassem tecnologia apenas por duas horas diárias, para que eles pudessem usar o resto do dia para realizar outras atividades. Comparado com o questionário inicial, no final ho uve uma considerável melhora no quesito diminuição do tempo em qual permanecem em frente ou conectados as mídias sem caráter educacional, mas ainda assim é preciso uma conscientização maior para que o tempo utilizando as tecnologias possa ser compatível com outras atividades. No gráfico 3, apresentou o questionamento se as crianças utilizam as mídia como forma de estudo escolar. Considerando que as ferramentas de mídias quando utilizados de forma correta e consciente são uma grande ferramenta de estudo e auxilio escolar, a possibilidade de desbravar novos mundos utilizando as tecnologias é imensa basta se fazer uso de forma correta. Conforme Barros (2015) apud 73 ABRUSIO (2015) Totalmente inseridos no mundo virtual, eles têm em suas mãos a resposta para qualquer pergunta que possa surgir. Observa se no gráfico 3 que as respostas no questionário aplicado inicialmente são semelhantes, com a porcentagem bastante equilibrada, 48.6% utilizam as ferramentas de mídias para estudo escolar e 51.4% não utilizando esta ferramenta para auxilio escolar. Resultado que em primeiro momento as crianças mesmo tendo acesso as ferramentas de mídia, não a utilizam de forma correta. No questionário aplicado após as atividades educativas, o final, o resultado foi muito positivo no qual houve um considerável aumento nos alunos que utilizam as mídias como complemento de estudo escolar, o que nos remete que quando a forma de uso é correta as ferramentas de mídias são fundamentais para a educação. Gráfico 3 - Respostas obtidas a partir do questionamento 3. Inicial Final SIM 48.6 % NÃO 51.4 % SIM 65.9% NÃO 34.1 % Fonte: Primária (2015). Conforme as respostas obtidas no gráfico 3, os alunos que afirmaram utilizar as mídias como forma de estudo, foi questionado o tempo em que eles passavam conectados para contribuir nos estudos e aprofundamento escolar, ênfase para o resultado final, no qual o aumento foi o destaque principal, houve uma sensação que as aulas praticadas com o auxilio das mídias foi de grande ajuda com a comprovação dos resultados apresentados. Segundo Barros (2015) apud ABRUSIO (2015) A internet não é um alvo a ser conquistado e é sim, um meio consolidado para realizar diversas atividades, como estudar. 74 Tabela 2 - Características da Amostra Inicial Final Menos que 1 hora por dia 75.7% 48.8% 1 hora por dia 21.6% 29.3% 2.7% 7.3% 0% 14.6% De 2 a 4 horas por dia Mais de 4 horas por dia Fonte: Primária (2015). Tendo em vista a grande utilização das ferramentas de mídias e seu uso muitas das vezes descoordenado, surgiu a questão de numero 4, que procurou saber se as crianças praticam algum tipo de esporte no seu dia a dia, pretendeu se saber se as crianças estão deixando de lado o esporte e assim abandonando a pratica de atividades físicas. O tempo gasto com games, TV e internet, concorrem com o tempo que o jovem poderia estar praticando uma atividade física. É fato também que se come mais quando se está na frente da TV. Além disso, há um bombardeio de publicidade de alimentos “calóric os” que contribui para que a mídia seja implicada no avanço da pandemia de obesidade. (Teixeira, 2015, web) O esporte torna se algo essencial, pois havendo o elo entre as atividades físicas com as mídias, esta parceria, com o complemento na medida certa é a formula do sucesso, nem todas as crianças compreendem ou estão interessadas no modo aplicado atualmente de aula, as crianças esperam o algo novo, e neste algo novo entram as ferramentas de tecnologia que auxiliam a educação e torna o ensino das modalidades esportivas algo mais atrativo. Gráfico 4 - Respostas obtidas a partir do questionamento 4. Iinicial Final SIM 91.9 % SIM 80.5 % NÃO 8.1 % NÃO 19.5 % Fonte: Primária (2015). 75 As respostas obtidas mostram um grande numero de crianças que gostam ou praticam atividades físicas, mas em contrapartida ainda a uma porcentagem daqueles que não se interessam em realizar esportes e nestes alunos as mídias podem servir como ferramenta de atração aos meios esportivos. Um questionamento servindo de suporte para outro, onde a pergunta 5 se discute quantas vezes por semana a criança pratica algum esporte fora da aula de educação física, ou seja, no seu dia a dia. Tabela 2 – Percentuais da pregunta 5 Pergunta % Não pratica nenhum esporte 18.9 1 vez por semana 13.5 De 2 a 3 vezes por semana 32.4 Mais de 3 vezes na semana 35.1 Fonte: Primária (2015). A porcentagem de crianças que não praticam nenhum esporte é relevante no quais muitos podem se tornar adultos que não aderem a atividade física, como estão inseridos nas aulas de Educação Física a grande chance para poderem alterar este panorama é as aulas se tornarem mais atrativas e também a contribuição dos próprios alunos que tem o papel principal, o papel de querer aprender e estar sempre dispostos a conhecer o novo, um mundo novo o mundo digital. Considerações Finais A presente pesquisa teve como objetivo principal Pesquisar a influência de forma exagerada das mídias nas atividades físicas das crianças. E teve como objetivos específicos Propor atividades de uso racional das mídias, outro objetivo específico foi utilizar as mídias como forma de estudo direcionada e o último objetivo traçado foi demonstrar que o uso dos aparelhos em excesso pode prejudicar o desenvolvimento físico, os objetivos propostos foram um grande desafio, pois mudar 76 o pensamento dos alunos que muitas das vezes já estão inseridos no mundo virtual é a grande questão. O objetivo inicial ao ser observado as turmas, foi qual seria a proposta que haveria de se efetuar para que pudessem realmente contribuir para o andamento do projeto e consequentemente das aulas, os alunos teriam que estar interessados e dispostos a realizar as atividades para que os próprios sentissem a diferença do elo entre o mundo digital com a prática de atividades físicas, o uso racional foi promovido quando ouve a interação da pratica dos esportes com as ferramentas de mídias, muitos descobriram uma nova forma de compreender as atividades propostas e na participação das aulas posteriormente obtiveram um grande avanço na questão de compreender o esporte. O estudo direcionado se fez presente a partir da atividade, em qual era objetivado entender as regras do esporte, em que os alunos praticariam posteriormente nas aulas e pondo em pratica o que os mesmos acabaram de aprender através do mundo virtual. Como objetivo final foi demonstrado à importância da pratica das atividades físicas, conseguindo conciliar as mídias com o meio esportivo, os alunos passaram por experiências e redescobriram a importância de praticar exercícios , mesmo sabendo que é necessário para o bem estar e a saúde muitos não aderem a pratica, mas compreenderam através das aulas que o esporte precisa estar inserido em seu cotidiano, os escolares desvendaram novas oportunidades de conhecer a importância e a própria forma de praticar o esporte. Com estes resultados os alunos foram oportunizados de conhecer outra forma de pratica pedagógica, com ênfase na conciliação do mundo digital e a educação como objetivo de compreensão ao assunto sujeitado, com esta pratica de atividades foi lançado o ponto inicial da promoção à educação digital, algo que certamente num futuro próximo fará ou faz parte da educação nas escolas e até mesmo fora das salas de aula, como foi proposto no presente projeto. É necessário um estudo cada vez maior, pois as tecnologias são algo que estão em constante evolução e aperfeiçoamento, deixo aqui minha contribuição e considerações para futuras pesquisas relacionadas ao tema. 77 Referências ABRUSIO, Juliana (COOR). Educação Digital. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015. BEM ESTAR. Disponível em <:www.g1.globo.com/bemestar/noticia/2013/03/passarmuito-tempo-na-internet-pode-trazer-riscos-para-saude-veja-dicas./:> Acesso em 09 Set 2015. FIGUEIREDO, Poliana. O uso do Celular nas Escolas – a Tecnologia Pode Transformar o Processo Educativo. Disponível em <:www.pedagogiacomtecnologias.blogspot.com.br/:> Acesso em: 12 Abr 2015. GONÇALVES, Mônica Lopes; et. al. . Fazendo pesquisa: do projeto à comunicação científica. 2 ed. Joinville: Univille, 2008. JANSEN, Thiago. Número de internautas no Brasil alcança percentual inédito, mas acesso ainda é concentrado. 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O objetivo do presente estudo, é investigar e comparar o desenvolvimento motor e sua influência na aprendizagem e na aquisição da leitura e escrita entre crianças de seis e sete anos de idade. Palavras-Chave: Pscicomotricidade, Alfabetização. Abstrat: Given the notion of due importance we intend to assess the application, importance and didactic applied to the psychomot or work in the process due to children's literacy in the first grade of elementary school children's education centre's enchanted island, working motor activities in physical education classes, contributing to the improvement of children's literacy. The objective of the present study is to investigate and compare the motor development and its influence on learning and the acquisition of reading and writing between six and seven years old. Key words: Pscicomotricidade, Literacy. Introdução Ao salientar que, hoje, vemos que o movimento é uma significação expressiva e intencional, é uma manifestação vital da pessoal humana, pois é pelo movimento que o envolvimento atinge o pensamento. É esta intenção que dá ao movimento um conteúdo de consciência. A psicomotricidade na fase de alfabetização aqui estudada traz no seu bojo o domínio da dependência entre pensamento e ação produzindo desenvolvimento, e ainda, suas contribuições na educação. De Meur & Staes (1984) assinalam que: o intelecto se constrói a partir da atividade física. As funções motoras (movimento) não podem ser separadas do desenvolvimento intelectual (memória, atenção, raciocínio) nem da afetividade (emoções e sentimentos). Para que o ato de ler e escrever se processe adequadamente, é indispensável o domínio de habilidades a ele relacionado, considerando que essas habilidades são fundamentais manifestações psicomotoras. 22 23 Acadêmico do 4º ano do Curso de Educação Física - Licenciatura da Univille. Professor MSc do Curso de Educação Física da Univille. 80 Molinari e Sens (2002) afirmam que: a educação psicomotora nas séries iniciais do ensino fundamental atua como prevenção. Com ela podem ser evitados vários problemas como a má concentração, confusão no reconhecimento de palavras, confusão com letras e sílabas e outras dificuldades relacionadas à alfabetização. Uma criança cujo esquema corporal é mal formado não coordena bem os movimentos. Suas habilidades manuais tornam-se limitadas, a leitura perde a harmonia, o gesto vem após a palavra e o ritmo de leitura não é mantido, ou então, é paralisado no meio de uma palavra. A educação psicomotora deve ser considerada como uma educação de base na escola nas series iniciais. Ela condiciona o processo de alfabetização; leva a criança a tomar consciência de seu corpo, da lateralidade, a situar-se no espaço, a dominar seu tempo, a adquirir habitualmente a coordenação de seus gestos e movimentos. De acordo com LE BOULCH (1985) através do trabalho do corpo há a possibilidade de desenvolver o sistema nervoso central que é o responsá vel por coordenar o conjunto de sistemas que apoiam as funções mentais. Assim pode-se perceber que quando a criança tem maior estímulo à pratica de atividades físicas e desenvolve habilidades corporais, seu organismo fica mais preparado para desenvolver a linguagem e alfabetização. Rosa Neto (2002) relata que a atividade motora tem grande importância para o desenvolvimento global da criança, pois através das habilidades motrizes e sua exploração, a criança consegue ter uma maior noção de si mesma e do mundo que a cerca auxiliando, assim, na sua independência. É importante enfatizar que um bom controle da motricidade faz com que a criança explore o seu meio exterior trazendo-lhe experiências concretas que lhes servirão de base para a construção de seu desenvolvimento intelectual, a linguagem e a alfabetização, por serem domínios cognitivos também estão sob esta influência. O desenvolvimento da criança segue uma sequência ordenada de fatos formando uma lógica de aprendizagem e são perceptíveis entre os alunos, na etapa da alfabetização, aqueles que não conseguem dominar a linguagem padrão por diversos fatores como: déficit de atenção, dificuldades de abstração durante o processo de letramento, falta de coordenação motora fina, fatores emocionais e etc. 81 De acordo com Jean Piaget, citado por LipSitt e Reese (1980) o pensamento lógico de um adulto está relacionado com uma sequência de estágios sucessivos onde a organização e a adaptação é essencial a aprendizagem. Esses estágios de Piaget estão relacionados ao movimento e a maturação com a interação do indivíduo e o meio em que está inserido. São conhecidos quatro estágios do desenvolvimento segundo Jean Piaget: sensório motor, pré-operacional, operações concretas e operações formais, sendo que a aquisição da leitura e da escrita ocorre entre as etapas pré- operacional e operações concretas. Segundo Oliveira (1997), as descobertas decorrentes desses estágios só acontecerão quando a criança for capaz de dominar o próprio corpo movimentandose conscientemente. O processo de alfabetização tende a ter uma preocupação tão grande no lado cognitivo pelos profissionais/professores de sala, que às vezes por descuido ou por falta de conhecimento, esquecem-se de desenvolver o lado motor da criança. E aí entra o papel do profissional de Educação Física, agente motivador na pratica de atividades físicas e recreativas, e no trabalho de desenvolvimento psicomotor que trarão benefícios nas duas áreas. Vemos a grande importância da parceria dos professores de sala e do professor de Educação Física. Trabalhando com a interdisciplinaridade. Na educação infantil o professor de classe e o professor de educação física deveriam trabalhar em uma mesma trajetória e em comum acordo, mas cada um em sua área para o melhor desenvolvimento da criança (LAURA TISI, 2004). Dessa forma os alunos desenvolverão a dimensão psicomotora e cognitiva simultaneamente com uma variedade maior de atividades e um trabalho mais diversificado. O professor de educação física poderá utilizar em suas aulas de educação física, o mesmo conteúdo do professor alfabetizador da sala de aula, mas através da ludicidade, para que a criança te nha mais interesse de participar das atividades, tornando-as prazerosas e mais fáceis de ter a assimilação do conteúdo proposto por ambos os professores, enfatizando a importância de se trabalhar em conjunto, para atingir um mesmo objetivo, a melhora da psicomotricidade da criança. A Educação Física tem uma função importante na educação, onde o desenvolvimento principal do aluno é a organização das funções neuropsicológicas 82 (LAURA TISI – 2004). Sem esse desenvolvimento de maneira satisfatória a aprendizagem e o domínio da leitura e escrita, entre outros, fica comprometido. Na verdade a educação pelo movimento, que é o objetivo da Educação Física, visa contribuir para que a criança tenha um desenvolvimento psicomotor hábil a fim de que tanto a personalidade quanto o sucesso escolar ocorram (LAURA TISI, 2004). Psicomotricidade Psicomotricidade une o movimento e o psiquismo, pois o movimento é a primeira forma de pensamento, condicionando o aparecimento do pensamento abstrato. Psicomotricidade é a educação do homem pelo movimento. É considerada uma ciência que estuda o homem, através do corpo em movimento e nas suas relações com o mundo interno e externo (LOUREIRO, 1983 p.5), sendo indispensável à criança, pois lhe dará mais condições de assimilar aprendizagens escolares e descobertas do mundo possibilitando maior acúmulo de conhecimentos (AJURIAGUERRA, 1980). Se a criança possuir um bom controle motor, poderá explorar o mundo ao seu redor, fazer novas experiências, adquirir noções básicas para o próprio desenvolvimento, e conhecer a si mesmo. É o desenvolvimento do “comportamento da criança”. Salientamos que a criança percebe o mundo ao seu redor e a si mesmo, através do corpo, e por ele se relaciona com o exterior, com as pessoas, fatos e objetos. Ao falar da educação psicomotriz, não podemos esquecer o mundo exterior que nos rodeia, através disso começamos a entender como ele funciona. Para poder educar o ser humano é preciso que ele aprenda a dominar a sua própria consciência e corpo. A criança deve compreender desde cedo a controlar o corpo, respiração, saber usar seus membros, aprender a se direcionar, e dominar as noções de tempo e espaço um conteúdo motriz que precisa ser explorado de corpo inteiro. É através do movimento que a criança integra os dados sensitivo-sensoriais, que lhe permite adquirir a noção do seu corpo e a determinação de sua lateralidade. O desenvolvimento psicomotor da criança gira em torno de componentes 83 fundamentais ao seu desenvolvimento como: esquema corporal, equilíbrio, coordenação, estruturação espacial, temporal e lateralidade. O esquema corporal diz respeito à consciência do próprio corpo, incorporando suas partes posturais e de atitudes tanto em repouso como em movimento. É preciso que a criança conheça e compreenda seu corpo para controlar melhores seus movimentos. Nessa conscientização de seu próprio corpo em diferentes posições, o domínio corporal é o primeiro elemento do comportamento, é através do movimento dinâmico que se consegue o controle do corpo e a percepção espacial. Fonseca (1996) destaca o caráter preventivo da psicomotricidade, afirmando ser a exploração do corpo, em termos de seus potenciais uma "propedêutica das aprendizagens escolares", especialmente, a alfabetização. Para o autor as atividades desenvolvidas na escola como a escrita, a leitura, o ditado, a redação, a cópia, o cálculo, o grafismo, e enfim, os movimentos estão ligados à evolução das possibilidades motoras e as dificuldades escolares estão, portanto, diretamente relacionadas aos aspectos psicomotores. Todavia, a Psicomotricidade, não pode ser analisada fora do comportamento e da aprendizagem, e este, para além de ser uma relação inteligível entre estímulos e respostas, é antes do mais, uma sequência de ações, ou seja, uma sequência espaço-temporal intencional. Oliveira (1997) descreve que é pela motricidade e pela visão que a criança descobre o mundo dos objetos, e é manipulando-os que ela redescobre o mundo; porém, esta descoberta a partir dos objetos só será verdadeiramente frutífera quando a criança for capaz de segurar e de largar, quando ela tiver adquirindo a noção de distância entre ela e o objeto que ela manipula, quando o objeto não fizer mais parte de sua simples atividade corporal indiferenciada. Para Fonseca (1996:142) a primeira necessidade seria, portanto: (...) alfabetizar a linguagem do corpo e só então caminhar para as aprendizagens triviais que mais não são que investimentos perceptivo -motor, ligados por coordenadas espaços-temporais e correlacionados por melodias rítmicas de integração e resposta. Mas qual é a importância da motricidade para desenvolver aspectos da cognição das crianças e sanar ou evitar as dificuldades que elas têm na aq uisição da leitura e escrita? 84 Para Wallon (1995), o movimento não está deslocado no espaço, mas é uma relação afetiva do indivíduo com o mundo, sendo que esses movimentos expressam o que está no intelecto. “Através do trabalho corporal é possível desenvolver o sistema nervoso central que coordena o conjunto de sistemas que serve de suporte às funções mentais” (LE BOULCH, 1985 p.23). A aquisição desse intelecto está também ligada com a interação social e seus movimentos, portanto o nível individual de maturação deve ser respeitado e estimulado para que a criança desenvolva sem traumas a aquisição da linguagem escrita e falada. As emoções da criança têm participação ativa nesse desenvolvimento e aprendizagem, pois estão intimamente ligadas a desejos e sentimentos, emoções estas que, para serem expressas, dependem de certa organização espaço-temporal, pois assim a educação psicomotora assume também um papel pedagógico (WALLON, 1925, apud FONSECA, 1988). Portanto o movimento é essencial ao indivíduo e a Educação Física atua, trazendo benefícios em todas as áreas. Sem o desenvolvimento eficaz dos padrões fundamentais do desenvolvimento psicomotor, a criança terá dificuldade na escrita, no seu papel social no seu relacionamento consigo e com os outros (LAURA TISI, 2004). Materiais e métodos Os tipos de pesquisa utilizados neste estudo foram: bibliográfica, de Campo, descritiva e quantitativa. Para a coleta de dados, utilizou-se o instrumento de pesquisa empregando-se os testes motores finos e amplos, segundo Francisco Rosa Neto (2002), com alunos do 1º ano, com idades entre 6 e 7 anos, sendo o total de 30 alunos, 10 do sexo feminino e 20 do masculino, matriculados no Ensino Fundamental do Centro Educacional Ilha Encantada em São Francisco do Sul/SC. Os testes foram aplicados de acordo com a idade cronológica dos alunos sendo que os alunos também foram testados com testes inferiores a sua idade. Os testes foram iniciados pela sequencia de provas motoras como motricidade fina, motricidade global, equilíbrio, entre outros. Os resultados obtidos no pré e pós testes foram registrados na Escala de Desenvolvimento Motor do aluno (Anexo I). 85 Análise e Discussão dos Resultados A aplicação desta pesquisa teve como objetivo investigar e comparar o desenvolvimento motor e sua influência na aprendizagem e na aquisição da leitura e escrita entre crianças da 1ª série do ensino fundamental. Pretendia-se que as crianças adquirissem uma melhora na aprendizagem e na aquisição da leitura e escrita. Para que esse objetivo fosse atingido, foram desenvolvidas atividades de reconhecimento de formas geométricas, números, letras, reconhecimento e junção silabas, de forma lúdica, foram utilizados materiais adaptados para as atividades que enfatizassem principalmente desenvolver a psicomotricidade em geral. Vygotsky (1984), apud Silva (1988) “A criança não aprende a escrita, através de atividades mecânicas e aprendidas apenas na escola, o seu domínio resulta de um longo processo de desenvolvimento de suas funções comportamentais complexas”. É importante que a família, a sociedade e meio a qual está inserida, também participem ativamente e auxiliem nessa construção da alfabetização, e no seu desenvolvimento, desta forma, não sendo só uma função do professor e sim, um trabalho em conjunto entre família – sociedade – escola. Os dados foram apresentados de maneira quantitativa, para a soma dos pontos obtidos pelas criança, através do teste adaptado pelo pesquisador, Francisco rosa Neto (2002) de Motricidade Fina, Motricidade Global, Organização Espacial, Organização Temporal e Lateralidade. No pré-testes de Motricidade Fina, Global, Organização espacial e temporal, lateralidade, utilizando uma bateria de 1 a 10 testes para cada habilidade motora, foi possível verificar que, apenas 3 crianças, de 30 analisadas, obtiveram o máximo da pontuação especificados no pré -testes e 25 obtiveram resultados positivos no pósteste em anexo. Comparando os dois testes, após as atividades utilizadas nas a ulas de Educação Física, foi possível notar uma melhora das habilidades motoras das crianças, principalmente na coordenação motora fina a letra tornou-se mais legível e harmoniosa, constatando que se fosse dado uma continuidade nesse trabalho com a participação das crianças, família – escola, trabalhando a interdisciplinaridade entre 86 professor alfabetizador e professor de Educação Física os resultados obtidos poderiam ser melhores, pois a Educação Física escolar está sendo muito estudada e observada pelos professores e estudiosos, com o intuito de mostrar a todos os envolvidos com o ensino/aprendizagem que ela é muito importante para a formação geral do individuo. A fim de instrumentalizar os professores os professores e direcioná-los para atividades que realmente auxiliem o individuo no seu desenvolvimento, o Ministério da Educação e Cultura – Mec (1984 apud OLIVEIRA ET AL, 1988, p.21), entende que, “A Educação Física e o Desporto propiciam ao indivíduo, ainda quando criança, a oportunidade de adquirir as habilidades motoras, consideradas fundamentais para a aquisição de conhecimentos, relações sociais e afetivas com o mundo que o rodeio”. A Educação física tem a função de desenvolver a criança como um todo, não devendo ser apenas aulas de recreação. GRAFICO I – Resultado final do pré-teste – bateria do Manual Avaliação Motora. Alunos 27 Alunos; 5 3 Alunos; 8 Fonte: Francisco Rosa Neto (2002), adaptado pelo pesquisador. O gráfico I refere-se ao desempenho dos 30 alunos que participaram do pré-teste, sendo que apenas 3 destacaram-se obtendo nota 8 na bateria de testes do Manual de Avaliação Motora. 87 GRAFICO II – Resultado final do desempenho no pós-teste da bateria do Manual Avaliação Motora. Pós-Teste 22 Alunos Aluno Destaque 1 Aluno Destaque 2 Aluno Destaque 3 5 Alunos Fonte: Francisco Rosa Neto (2002), adaptado pelo pesquisador. O último gráfico, refere-se ao resultado final obtido no desempenho da bateria de testes Manual de Avaliação Motora, dos indivíduos participantes da pesquisa no pré e pós-teste, foram comparados ambos os testes para verificar se entre estes, houve uma melhora das suas habilidades mo toras. Sendo que o resultado foi que de 30 crianças, 22 crianças obtiveram uma melhora significativa passando de 5 para 8 pontos, 3 que já eram destaque no pré-teste, passaram de 8 para 9 pontos e 5 permaneceram com a mesma pontuação de 5 pontos. Considerações Finais Tomando como base a analise e interpretação dos resultados, foi possível verificar que a Psicomotricidade na Educação Física escolar atuando em conjunto com a escola, pais e professores alfabetizadores é muito importante para a melhora do processo de alfabetização da criança. A Educação Física tem a função de desenvolver a criança como um todo. Guérios (1974) entende que a Educação Física tem objetivos essenciais então aconselháveis como: educar o físico, educar para a saúde, estimular o desenvolvimento intelectual, entre outros benefícios. 88 De acordo com LE BOULCH (1985) através do trabalho do corpo há a possibilidade de desenvolver o sistema nervoso central que é o responsável por coordenar o conjunto de sistemas que apóiam as funções mentais. Assim pode-se perceber que quando a criança tem maior estímulo à pratica de atividades físicas e desenvolve habilidades corporais, seu organismo fica mais preparado para desenvolver a linguagem e alfabetização. De acordo com os resultados, os alunos que obtiveram normalidade das habilidades motoras de acordo com a idade delas, tiveram maiores dificuldades na coordenação motora fina e na lateralidade. E as que se destacaram, apresentaram um melhor desempenho no aprendizado e execução das atividades que envolviam a motricidade fina e lateralidade, assim ajudando na sua alfabetização. BERESFORD et AL. (2002) observaram a influência do desenvolvimento motor e do desenvolvimento cognitivo na aquisição da aprendizagem da escrita em crianças de 8 e 9 anos com dificuldade de aprendizagem e consideraram o problema da dificuldades na aprendizagem da escrita decorrentes ou influenciados pelo desempenho motor e cognitivo tendo confirmação após o estudo feito por eles de que a influência é significativa da aprendizagem motora na a obtenção da aprendizagem da linguagem escrita e como a leitura está intimamente ligada à escrita, também influencia na obtenção da leitura. Referências AJURIAGUERRA, J. 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São Paulo: Nova Alexandria, 1995. 91 O APRIMORAMENTO DO LANCE LIVRE POR MEIO DAS AULAS DE BASQUETEBOL Anderson da Silva Maurilio 24 Jairo Anello25 Resumo: O Basquetebol é um esporte coletivo e tem sua origem nos Estados Unidos no ano de 1890. Com o passar dos anos o esporte se popularizou e hoje é um dos esportes mais praticados no mundo, inclusive no Brasil. O Basquete é um conteúdo a ser trabalhado na Educação Física escolar e a sua prática pode trazer muitos benefícios ao aluno praticante. O objetivo deste trabalho foi identificar o aprimoramento do lance livre por meio de aulas de basquetebol na Educação Física escolar. A amostra foi composta por 103 alunos de duas turmas de sexto ano e uma turma de sétimo ano do Ensino Fundamental. O instrumento utilizado foi adaptado dos testes de habilidades do basquetebol de Hopikins; Shick; Plack (1984, citado por Trischler, 2003) e os resultados anotados no pré e pós-teste. Os resultados foram melhores no pós-teste indicando que o basquetebol quando trabalhado na escola pode auxiliar na melhora de um fundamento específico, mostrando também a eficácia da estratégia utilizada. Palavras-Chave: Basquetebol, Metodologia, Ensino. Abstract: Basketball is a team sport and has its origin in the United States in the year 1890. Over the years the sport has become popular and is now one of the most popular sports in the world, including Brazil. The Basketball is a content to be worked on Physical Education and its practice can bring many benefits to the student that practicing. The objective of this study was to identify the improvement of the free throw with basketball lessons in Physical Education. The sample consisted of 103 students from two sixth grade classes and a class of seventh year of elementary school. The instrument used was adapted test of basketball skills from Hopikins; Shick; Plack (1984, cited by Trischler, 2003) and the results noted in the preand post-test. The results were better in the post-test indicating that the basketball when working at school can help improve a specific basis, also showing the effectiveness of the strategy used. Keywords: Basketball, Methodology, Education. 24 25 Acadêmico do 4º ano do curso de Educação Física – Licenciatura da UNIVILLE Professor do curso de Educação Física da UNIVILLE 92 Introdução O Basquetebol é um esporte coletivo que é praticado por duas equipes compostas por cinco jogadores cada em uma quadra. O objetivo do jogo é acertar o maior número de vezes a bola dentro de uma cesta, obedecendo às regras específicas da modalidade e o sistema de pontuação existente. A história desta modalidade se inicia em 1890 e foi criado pelo professor de origem canadense James Naishmith da Associação Cristã de Moços de Springfield, Massachusetts nos Estados Unidos (YMCA). A ideia inicial era criar um jogo que pudesse ser praticado o ano todo, inclusive no inverno, em um recinto fechado e que trabalhasse o sentido coletivo nos alunos. O professor Naishmith solicitou duas caixas com mais ou menos 45 cm de largura para dar inicio a esta nova modalidade. Como não havia caixas disponíveis, forneceram-lhe dois cestos de colher pêssegos que foram colocados a uma altura de 3,05 m. (COUTINHO, 2001). Com a difusão do novo esporte pelo continente americano o basquetebol passou a ter a sua prática difundida em todo o mundo e hoje é um dos esportes mais populares, sendo inclusive o mais popular em muitos países. Em território brasileiro o basquetebol chegou ao ano de 1896 trazido pelo professor americano Augusto Shaw para São Paulo, lugar onde daria aula no Instituto Mackenzie e junto com sua bagagem trouxe uma bola de basquete e o sonho de ver o esporte ser praticado também no Brasil. (MELO JÚNIOR, 2007). Este novo esporte passou a expandir-se e novas regras foram sendo criadas ao longo dos anos para garantir a característica do basquetebol que é o dinamismo. Esta pesquisa teve como objetivo principal identificar o aprimoramento do lance livre por meio das aulas de basquetebol na Educação Física escolar. O lance livre é um importante componente do jogo e consiste no arre messo de um local prédeterminado a cesta. Apesar da importância deste fundamento, os índices de acertos são inferiores a 70% de aproveitamento. (CEDRO; SÉRIO, 2008). A realização desta pesquisa justifica-se pelo fato de que o basquetebol hoje no Brasil é praticado em todos os níveis, da prática como atividade de lazer até o nível profissional, e por conta disto também é um conteúdo da Educação Física 93 escolar, assim amparado pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) em Educação Física. Há a necessidade de verificar a influência do trabalho desta modalidade na escola nos mais diversos aspectos, neste caso a pesquisa limitou-se a um fundamento específico, por conta do tempo de aplicação. O basquetebol assim como muitos outros esportes, oferece muitas possibilidades e vivências motoras e físicas quando aplicados no contexto escolar. O ensino do basquetebol, segundo Coutinho (2001, p. 32) “deve obedecer a três fases: fase da iniciação desportiva, fase de aperfeiçoamento e fase do treinamento”. Nas aulas de Educação Física escolar, o objetivo do esporte inserido nas aulas não é o alto rendimento ou alto desempenho. A finalidade é a iniciação e o aperfeiçoamento e por isso podemos limitar o ensino da modalidade as duas primeiras fases. O aprendizado seguirá então pela fase da coordenação rústica dos movimentos e da coordenação fina destes mesmos movimentos. Apenas o aprendizado dessas duas etapas com sucesso poderá garantir o desenvolvimento das habilidades motoras o suficiente para alcançar a etapa do trei namento para aqueles que quiserem seguir com o aprendizado e prática da modalidade fora da escola. Essas habilidades motoras não serão apenas aproveitadas na prática ou treinamento do basquetebol, mas também em outros esportes ou situações do cotidiano que sejam necessárias essas habilidades motoras. Ainda segundo o mesmo autor, existem dois métodos de ensino do basquetebol e são eles: o método global e o método todo – parte – todo. O método global parte do principio do ensinar jogando e corrigindo o que for necessário de uma maneira geral, este método valoriza o jogo e parte para as correções a partir dos erros observados. O segundo método divide o jogo em fundamentos, ou seja, em situações que poderia ocorrer dentro da partida e a partir daí se oportuniza o aprimoramento individual destes fundamentos para posteriormente unir os fundamentos dentro das situações de jogo. Em um jogo de basquetebol é necessário à execução de vários fundamentos como passar, driblar, arremessar. Esses fundamentos devem ser apri morados durante as aulas de Educação Física, no caso da escolar, ou em treinamentos no caso de atletas. No contexto escolar, Villas Bôas (2008, p. 21) afirma que os fundamentos “devem ser ensinados na forma recreativa e competitiva, para uma 94 melhor assimilação e motivação por parte do aluno iniciante, facilitando e acelerando o processo de ensino-aprendizagem”. Villas Bôas (2008) ainda define os fundamentos presentes no basquetebol como: Domínio de corpo ou equilíbrio corporal, domínio de bola, dribles, passes, arremessos e rebotes. Abaixo segue a definição de cada um deles segundo o autor: Domínio de Corpo ou Equilibro Corporal: Pode ser caracterizado pelo bom domínio das qualidades físicas como: resistência, velocidade, coordenação, equilíbrio, ritmo, agilidade, flexibilidade e percepção espaço-temporal. Do mesmo modo como é necessário ter as qualidades bem desenvolvidas para a prática do basquetebol com um bom aproveitamento, essas mesmas qualidades também são desenvolvidas por meio da prática do basquetebol nas aulas ou em treinamento com a utilização de exercícios específicos de acordo com o seu objetivo. Domínio de Bola: São todas as atividades realizadas com a bola. É um fundamento imprescindível na posterior execução dos demais. Dribles: É um dos fundamentos mais importantes da modalidade. É com ele que o jogador se desloca com a bola e avança na quadra de jogo mantendo o domínio de bola. De uma maneira mais simples, é o quicar a bola enquanto se movimento com a mesma. Existem diversos tipos de dribles, assim como fintas e demais recursos técnicos que são aplicados em uma partida de acordo com a necessidade. Por exemplo: O drible alto é utilizado quando quem está com a bola está livre de marcação, o drible baixo é utilizado quando há marcação por perto. Além desses há os recursos técnicos que podem ser utilizados como por trás do corpo, entre as pernas, giros e fintas. Passes: Os passes são o meio de ligação entre um jogador e outro, é o ato de “lançar” a bola para um companheiro de equipe. Existem três tipos básicos, são eles: passe de peito, passe de ombro, passe picado ou quicado. O primeiro consiste no lançar a bola para o companheiro com a bola partindo da altura do peito e sendo lançada com os braços estendidos a frente. O segundo é o passe utilizado nos contra-ataques ou em jogadas que precisam de um lançamento longo e é feito com uma das mãos partindo do ombro estendendo o braço na direção do passe. O terceiro é semelhante ao passe de peito, porém é direcionado ao solo para que quique na quadra e chegue ao destino. Além dos passes básicos, existem outros tipos que são utilizados de acordo com a situação de jogo. 95 Arremessos: É o ato de arremessar a bola em direção à cesta. Existem três tipos básicos de arremesso e são eles: Arremesso com as duas mãos, bandeja e “jump”. O arremesso com as duas mãos é o mais comum, pois consiste em segurar a bola com as duas mãos e direcioná-la para a cesta. A bandeja é o mais utilizado na infiltração, onde é permitido dois passos em direção à cesta e faz-se o arremesso quando salta em direção a mesma. O arremesso “jump” é utilizado por jogadores com um nível técnico mais avançado, pois consiste em saltar e realizar o arremesso. Rebotes: É o fundamento utilizado para a recuperação da bola após um arremesso mal sucedido do adversário. Melo Júnior, (2007, p. 124), afirma que o aprendizado dos fundamentos do basquetebol é de origem “motora, na qual a ação pedagógica visa oferecer amplas possibilidades de movimentação, por meio da variedade de experiências [...]”. Esta concepção sobre o aprendizado dos fundamentos estarem diretamente relacionado com o desenvolvimento motor nos incita a conhecer o conceito de desenvolvimento motor e a sua relação com o aprendizado dos fundamentos do basquetebol. O desenvolvimento motor é definido como o desenvolvimento progressivo das habilidades de movimento. (GALLAHUE; OZMUN, 2001). Portanto, o desenvolvimento motor, em especial o desenvolvimento dos fundamentos do basquetebol, é a progressão das habilidades necessárias para a execução dos movimentos a partir do ensino, aprendizado e prática durante as aulas. O papel do professor no ensino do basquetebol, baseado nos autores acima citados, deve ser o de promover e oportunizar condições para que os alunos possam vivenciar o maior número de experiências motoras nas aulas de modo que possam aprimorar as mesmas. Para acrescentar essa vivencia motora é indispensável para o professor manter um planejamento didático pedagógico que privilegie esta estratégia de ensino. Da mesma forma que é importante o planejamento para garantir o aprendizado, é importante também valorizar atividades que influenciem no aspecto motivacional dos alunos, incitando-os a realizar as atividades com um bom aproveitamento. No aspecto motivacional na Educação Física, não é possível desenvolver aulas que motivem os alunos sem desenvolver atividades diferenciadas e de forma lúdica, pois é dessa forma que os alunos terão interesse pelas aulas e vivenciarão algo diferente. (HANAUER, 2014). 96 Um aluno sem interesse pela prática e execução dos movimentos não terá um grande aproveitamento da aprendizagem durante a aula. Um aluno motivado pela prática do basquetebol, ou até mesmo motivado para as aulas de Educação Física terá a motivação necessária para errar, tentar, corrigir e por fim ap rimorar o fundamento ou o jogo de uma maneira geral. Utilizando-se das metodologias de ensino do basquetebol existentes no contexto escolar, buscou-se criar situações de aprendizado e aprimoramento dos fundamentos visando melhorar o aproveitamento dos lances livres. O desenvolvimento das qualidades físicas por meio do basquetebol foi outro fator que esteve intrínseco nas aulas, já que o lance livre usa o fundamento do arremesso e um bom desenvolvimento da força é necessário para um bom aproveitamento. O fator motivacional também esteve presente, buscando desenvolver nos alunos o gosto por esta modalidade e o estímulo a sua prática constante, mesmo além do ambiente escolar. Materiais e Métodos A pesquisa foi realizada na forma de pesquisa de campo com a abordagem quantitativa. A amostra foi composta por 103 alunos sendo estes 56 meninos e 47 meninas matriculados três turmas, dois sextos anos e um sétimo ano de uma escola municipal da rede de ensino da cidade de Joinville, Santa Catarina. O instrumento de pesquisa utilizado para avaliar e quantificar o aproveitamento dos lances livres foi uma adaptação do teste técnico de lances livres de Hopikins; Shick; Plack (1984 citados por Tritschler, 2003). Este teste consistiu em anotar em uma planilha o número de acerto dos alunos em três tentativas de arremesso do lance livre. A adaptação desde teste foi necessário devido ao tamanho da amostra, composta por 103 alunos seriam necessários 309 minutos (5 horas e 9 minutos) para a aplicação do teste, número inviável devido ao tempo das aulas de Educação Física na escola. Os acertos foram anotados na forma de planilha conforme o exemplo da planilha 1. O aluno possuía três chances de converter os lances livres, Lance Livre 1 (LL1), Lance Livre 2 (LL2) e Lance Livre 3 (LL3). O LL1 tem valor de dois pontos na pontuação, enquanto LL2 e LL3 tem valor de um ponto. Soma-se então a pontuação 97 de acordo com o número de acertos e o lance livre acertado. No exemplo da planilha 1, o aluno 1 acertou somente o lance livre 1, foram atribuídos então dois pontos. Os alunos 2 e 3 acertaram o lance livre 2 e 3 respectivamente, sendo atribuído então 1 ponto para cada acerto. Planilha 1 – Exemplo de anotação do teste Aluno Lance Livre 1 Lance Livre 2 Lance Livre 3 Pontuação 1 Acerto Erro Erro 2 2 Erro Acerto Erro 1 3 Erro Erro Acerto 1 4 Acerto Acerto Erro 3 5 Acerto Erro Acerto 3 6 Acerto Acerto Acerto 4 Fonte: Primária (2015) O teste adaptado do teste técnico de lance livre foi aplicado por duas vezes em todas as turmas. Uma vez no início da aplicação desta pesquisa e outra após a intervenção realizada. Esta intervenção consistiu na aplicação de 60 horas/aula de trabalho com o conteúdo basquetebol nas aulas de Educação Física escolar, buscando o aprimoramento do lance livre a partir do aprendizado, prática e aprimoramento dos fundamentos do basquetebol e demais componentes da modalidade. Análise Interpretação e Discussão dos Resultados Para compreensão dos resultados obtidos, é necessário compreender a amostra. O gráfico 1 apresenta o total da amostra (103 alunos) divididos entre sexo masculino e feminino. Gráfico 1 – Distribuição da amostra em relação ao gênero 98 Distribuição da amostra em relação ao gênero Meninos 47 56 Meninas Fonte: Primária (2015) Percebemos no gráfico 1 que há uma pequena superioridade numérica de meninos em comparação com o número de meninas, porém esta diferença não influenciará os demais resultados porque os dados levaram em consideração as médias feminina e masculina separadamente por turma. Esta divisão da amostra por gênero foi necessária também para percebermos os efeitos das aulas de basquetebol no aprimoramento e posteriormente aproveitamento dos lances livres nas aulas para cada uma dos sexos. Alguns estudos indicam que as meninas tem mais dificuldade no aprendizado do basquetebol devido ao peso da bola, altura da cesta, necessitando de um grande esforço para a execução dos movimentos e aproveitamento do lance livre. Existem diferenças corporais entre meninos e meninas que são expressas nas aulas de Educação Física, enquanto os meninos apresentam maior facilidade na prática de atividades físicas devido suas vivências motoras, as meninas apresentam maior dificuldade. Possivelmente porque as meninas realizam em menor grau este tipo de atividade que inclui o correr, pular, saltar e etc. (SOUSA; PALMEIRA, 2009). Esses fatores apresentados, como altura da cesta, peso da bola e experiências motoras, hipoteticamente tendem a influenciar os resultados, ocasionando um menor aproveitamento dos lances livres por parte das meninas em relação aos meninos. O quadro 1 apresenta as médias dos indivíduos do sexo masculino e feminino e a média geral das três turmas participantes da pesquisa no pré-teste. Quadro 1 – Média de pontuação do pré-teste 99 Pré-Teste Turma Média de Média de Média de Pontuação M Pontuação F Pontuação Geral 6º ano A 1,19 0,74 0,94 6º ano B 0,69 0,4 0,55 7º ano A 1,08 0,54 0,89 Fonte: Primária (2015) De acordo com os resultados do pré-teste apresentados no quadro 1, a hipótese de que as meninas teriam um aproveitamento inferior se confirmou. Com aproveitamento inferior em todas as turmas comparados com os meninos (6º ano A: ≠0,45; 6º ano B: ≠0,29; 7º ano A: ≠0,54), podemos justificar esse resultado devido às meninas podem apresentar maior dificuldade devido a uma carência em seu desenvolvimento motor, além de diferenças físicas, o que pode trazer dificuldades para um maior aproveitamento no período de aprendizado e aperfeiçoamento da modalidade basquetebol. (SEVERINO; GONÇALVES; DARIDO, 2015). Outro fator que contribuiu nesse ponto é que a altura da cesta onde o teste foi realizado é a altura oficial de competições (3,05m), exigindo dos alunos o mesmo esforço que um atleta para o aproveitamento do lance livre. Com duas exceções (grupo M do 6º ano A e grupo M do 7º ano A) no aproveitamento, todos os grupos tiveram aproveitamento na pontuação inferior a 1 ponto, caracterizando assim um baixo aproveitamento nos lances livres para todas as turmas. Esperava-se também um maior aproveitamento da turma de 7º ano já que a média de idades da turma é aproximadamente um ano maior o que cronologicamente significa uma grande representação quando se trata de crianças com idade entre 11 e 12 anos. Este fato não ocorreu no pré-teste conforme o quadro 1, tendo os resultados próximos com o do 6º ano A mas com média ligeiramente inferior não estabelecendo relação entre aproveitamento e idade, mesmo variando em apenas um ano. O quadro 2 apresenta os resultados do teste realizado após a aplicação das aulas de basquetebol durante a aula de Educação Física na escola. 100 Quadro 2 – Resultados do pós-teste Pós-Teste Turma Média de Média de Média de Pontuação M Pontuação F Pontuação Geral 6º ano A 1,94 1,32 1,6 6º ano B 1,19 1,0 1,19 7º ano A 1,25 0,85 1,11 Fonte: Primária (2015) O quadro 2 representa os resultados do teste realizado ao final da intervenção durante as aula. No pós-teste podemos perceber que a média de acertos se elevou consideravelmente conforme o quadro 2. As diferenças (≠) entre as médias femininas e masculinas também tive ram modificações (6º ano A: ≠0,62; 6º ano B: ≠0,19; 7º ano A: ≠0,40) em comparação com os resultados do pré -teste o 6º ano A teve um aumento da diferença entre aproveitamento de meninos e meninas enquanto as turmas 6º ano B e 7º ano A tiveram a redução deste mesmo número. Desde modo não é possível concluir que um dos grupos teve maior aprendizado durante as aulas em relação ao outro. As médias se elevaram aproximadamente na mesma proporção para todos os grupos participantes da pesquisa. As médias no pré-teste com duas exceções estavam todas abaixo de 1,0 pontos, inclusive as médias de pontuação geral. No pós-teste houve a melhora nas médias, apenas um grupo permanecendo abaixo da média de 1,0 pontos. As médias de pontuação geral todas se elevaram acima de 1, inclusive nas médias gerais que representam a soma da média masculina mais a soma da média feminina de acordo com cada turma. No caso do grupo feminino do 6º ano B, o aproveitamento entre o pré e o pósteste mais do que dobrou, chegando a uma evolução na pontuação de 0,6 pontos (de 0,4 pontos para 1,0 pontos). O gráfico 2 apresentará uma melhor visualização da evolução do pré para o pós teste das turmas, demonstrando a eficácia da metodologia utilizada e do trabalho desenvolvido com as turmas. No gráfico 2 os dados estão distribuídos em 101 colunas representando os valores de pré e pós teste de cada turma dos grupos feminino e masculino e a média geral por turma, permitindo um comparativo entre turmas e entre a evolução após a aplicação das aulas. Em seguida, o quadro 3 demonstrará a porcentagem de evolução no aproveitamento dos lances livres dos grupos pesquisados. Gráfico 2 – Evolução do pré para o pós-teste 2,5 1,94 2 1,6 1,5 Média M - Pré-teste Média F - Pré-teste 1,32 1,19 1 1,19 1,19 1 0,94 0,74 1,11 1,08 0,89 0,85 Média G - Pré-teste Média M - Pós-teste Média F - Pós-teste 0,69 0,55 0,4 0,5 1,25 0,54 Média G - Pós-teste 0 6º Ano A 6º ano B 7º ano A Fonte: Primária (2015) Alguns resultados se destacam no gráfico acima representado. É perceptível a evolução de um teste para o outro demonstrando que as aulas tiveram contribuição significativa e os objetivos propostos foram alcançados. Todos os grupos tiveram melhoria no aproveitamento da pontuação dos lances livres. No caso de um grupo da turma do 6º ano A o aproveitamento do pré e pós-teste evoluiu significativamente passando a média de 1,25 pontos para praticamente 2,0 pontos (1,94 pontos), ou seja, de 39,67% de aproveitamento no pré-teste, o pós-teste evoluiu para 64,67%. 102 O quadro 3 mostra a evolução do aproveitamento em porcentagem de um teste para o outro. Quadro 3 – Evolução em porcentagem do pré para o pós-teste Turmas Média M Média F Média Geral 6º ano A 25,00% 19,33% 22,00% 6º ano B 16,67% 20,00% 21,33% 7º ano A 5,67% 10,33% 7,33% Fonte: Primária (2015) O treinamento do arremesso nas aulas foi fundamental para esta evolução. O arremesso é o fundamento primordial no arremesso do lance livre, um bom aproveitamento nos arremessos terá grande probabilidade de um bom aproveitamento nos lances livres. Paula (1990, p.44) diz que o arremesso é “[...] o mais importante fundamento da técnica do basquetebol, é dele que uma equipe necessita para conseguir a vitória numérica de um jogo”. O aprimoramento técnico do arremesso foi uma constante nas aulas, pois é um fundamento já aprendido em etapas anteriores da Educação Física escolar e o aprimoramento deste fundamento hipoteticamente melhoraria o aproveitamento no lance livre. Após o aprendizado dos fundamentos, o aluno passa a possuir bagagem motora para a realização dos movimentos específicos do basquetebol com maior dinâmica (FERREIRA; ROSE JR., 1987). A bagagem motora conquistada nas aulas será de grande importância para os alunos, àqueles que quiserem continuar com o basquetebol fora da escola terão repertório motor e habilidade para iniciar um aprimoramento ainda maior no treinamento da modalidade ou para a sua prática de maneira recreativa. Não houve outros testes ou protocolos para avaliar a melhora nas qualidades físicas durante a pesquisa, porém é inegável que para um melhor aproveitamento do lance livre outros fatores foram desenvolvidos. A prática do jogo oportuniza a melhora no condicionamento físico dos alunos, o drible tem relação com a coordenação motora já que é necessário quicar a bola em movimento e assim 103 exigindo uma boa coordenação de movimentos e ações. O arremesso necessita de força de membros superiores para chegar até o alvo que é a cesta. Os aspectos de socialização é outra possibilidade do basquetebol, já que é um esporte coletivo e os esportes coletivos possuem este caráter integrador e social. (BOER; PATRON, 2010). Em suma, o basquetebol apresenta incontáveis contribuições para o desenvolvimento de diferentes aspectos para os alunos, como o físico e o social (EIDELWEIN; NUNES, 2010; OLIVEIRA; SILVA FILHO; ELICKER, 2014) , tornando as aulas mais dinâmicas dependendo da estratégia utilizada e contribuindo com o desenvolvimento físico e social dos alunos. Considerações Finais A pesquisa cumpriu com os seu objetivo de aprimorar e identificar este aprimoramento do lance livre por meio das aulas de basquetebol desenvolvidas nas aulas de Educação Física escolar. Houve aumentos significativos no percentual de acertos de um teste em relação ao outro realizado no final da aplicação do trabalho. Esta melhora se deu conforme houve o aprendizado e a prática dos fundamentos do basquetebol durante as aulas. Pode-se afirmar também que o basquetebol como um esporte a ser trabalhado na Educação Física escolar pode contribuir em muitos outros aspectos da vida dos alunos. Podemos destacar a melhoria nas qualidades físicas, por exemplo. Outro aspecto é o social, já que é um esporte coletivo e necessita de um jogo em equipe para alcançar os objetivos e oportuniza o jogo e trabalho em equipe. No caso do fundamento estudado que é o lance livre que é composto por arremesso, os números comprovaram a eficácia da estratégia utilizada e metodologia de estudo proposta. Os alunos se destacaram e colheram os resultados do esforço e da participação das aulas. Em suma, o basquetebol é um esporte de grande complexidade, que propicia contribuições dentro e fora das quadras e que dentro do ambiente escolar 104 pode ser uma importante ferramenta pedagógica de desenvolvimento físico, motor e social dos alunos, o que representará um ganho muito além da modalidade esportiva basquetebol. Referências BOER, A. V.; PATRON, M. C.. A Importância do Esporte Escolar na Socialização de Crianças do 3.º ao 6º ano do Ensino Fundamental da cidade de Bagé: Processo de Mudança de Atitude. Revista Congrega URCAMP, v. 4, p. 21, 2010. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: Educação física /Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 1997. CEDRA, C. 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