UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES
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UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES BRUNO DE OLIVEIRA SANTOS JOSE RICARDO MARQUES LEANDRO AUGUSTO VIEIRA DO CARMO MARCELO HENRIQUE DOS SANTOS A TELEVISÃO DIGITAL INTERATIVA NO BRASIL São Paulo, SP 2008 UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES BRUNO DE OLIVEIRA SANTOS JOSÉ RICARDO MARQUES LEANDRO AUGUSTO VIEIRA DO CARMO MARCELO HENRIQUE DOS SANTOS A TELEVISÃO DIGITAL INTERATIVA NO BRASIL Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado ao curso de Bacharelado em Sistemas Universidade de de Informação, Mogi das da Cruzes, Campus Villa-Lobos, como parte dos requisitos para a conclusão do curso. Prof º Orientador (a): MSc Maria Rosilene Ferreira Lopez São Paulo, SP 2008 UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES BRUNO DE OLIVEIRA SANTOS JOSÉ RICARDO MARQUES LEANDRO AUGUSTO VIEIRA DO CARMO MARCELO HENRIQUE DOS SANTOS A TELEVISÃO DIGITAL INTERATIVA NO BRASIL Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado ao curso de Bacharelado em Sistemas Universidade de de Informação, Mogi das da Cruzes, Campus Villa-Lobos, como parte dos Aprovado em 16/12/2008 requisitos para a conclusão do curso. BANCA EXAMINADORA PROF. MAURO OHARA UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES PROF. RICARDO PASSOS UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES PROF. MSC MARIA ROSILENE FERREIRA LOPEZ UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES LISTA DE FIGURAS Figura 1. Imagem de uma transmissão de TV Digital pela rede japonesa NHK ........ 12 Figura 2. Exemplos de aplicações interativas ........................................................... 20 Figura 3. Modelo de transmissão de TV Digital Móvel .............................................. 21 Figura 4. Multiprogramação do Canal da emissora BBC .......................................... 22 Figura 5. Nesta imagem contem a Distribuição geográfica do DVB no mundo (retirado do site http://www.midiacom.uff.br/itvsoft/pdf/paes_2005a.pdf)................................. 26 Figura 6. Modelo do funcionamento do sistema europeu de transmissão digita. ...... 27 Figura 7. Modelo do funcionamento do sistema japonês de transmissão digital. ...... 30 Figura 8. Cronograma de Implantação da TV digital do Brasil. ................................. 32 Figura 9. Imagens de campanha publicitária ............................................................. 34 Figura 10. Imagem da emissora americana Fox ....................................................... 36 Figura 11. Estrutura do sistema desenvolvido........................................................... 59 Figura 12. Home do Sistema (Canal 4 – SBT) .......................................................... 60 Figura 13. Home da Seção de Filmes (Canal 4 – SBT) ............................................ 60 Figura 14. Seção de Filmes Interna (Canal 4 – SBT) ................................................ 61 Figura 15. Seção de Programação (Canal 4 – SBT) ................................................. 61 Figura 16. Seção de Programação Interna (Canal 4 – SBT) ..................................... 62 Figura 17. Seção de Notícias (Canal 4 – SBT).......................................................... 62 Figura 18 de Programação (Canal kf5 – GLOBO)..................................................... 63 Figura 19. Seção de Programação (Canal 5 – GLOBO). .......................................... 63 Figura 20. Seção de Programação (Canal 5 – GLOBO). .......................................... 64 Figura 21. Seção de vídeos mais acessados (Canal 5 – GLOBO)............................ 65 LISTA DE TABELAS Tabela 1. Dimensão do mercado de TV analogicas, que poderiam migra a transmissão digital. .................................................................................................... 23 Tabela 2. Índice de acesso a TV Analógica (por região). .......................................... 33 Tabela 3. Comparativo das Entevistas ...................................................................... 56 LISTA DE ABREVIATURAS AAC Advanced Audio Coding Anatel Agência Nacional de Telecomunicações API Application Programming Interface ARIB Association of Radio Industries and Businesses ATSC Advanced Television Systems Committee CATV Community Antenna Television CPqD Centro de pesquisa e Desenvolvimento em telecomunicações Codec Codificação e decodificação DASE Digital Television Application Software Environment DASE DVT Application Software Environment DirecTV Um dos maiores grupos de comunicação do mundo, atua no segmento de televisão por assinatura via satélite. Dolby AC-3 Dolby Digital Audio Code 3 DSM-CC Digital Storage Media – Command and Control DVB Digital Video Broadcasting DVB-C Digital Video Broadcasting Cable DVB-S Digital Video Broadcasting Satellite DVB-T Digital Video Broadcasting Terrestrial EPG Electronic Program Guide EUA Estados Unidos da América HDTV High Definition Television IP Internal Protocol IPTV Internet Protocol Television IRD Integrated Receiver Decoder ISDB Integrated Service Digital Broadcasting ISDB-T Integrated japonesa. ISDB-TB Integrated Services Digital Broadcasting – Terrestrial. Services Digital Broadcasting Terrestrial, tecnologia Kbps Kilobyte braspor Second Mbps Megabits por Second MHP Multimedia Home Platform MHz Megahertz MIT Massachussets Institute of Technolog MPEG Moving Picture Experts Group, que estabelece normas para compressão e armazenamento de vídeo. MPEG-2 Moving Picture Experts Group 2 MPEG-2 TS Moving Picture Experts Group 2 Transport Stream NHK Nippon Hōsō Kyōkai, emissora pública de televisão japonesa. NTSC National Television System Committee OCAP Open Cable Application Platform SBT Sistema Brasileiro de Televisão, emissora de televisão brasileira. SBTVD Sistema Brasileiro de TV Digital SKY Operadora latino-americana de serviços de TV por assinatura digital Tec Sat Foi uma empresa de TV por assinatura Brasileira que teve sua concessão cassada pela Anatel em 2007 por ficar mais de 48 horas sem sinal. TV Television TVD Television Digital VoD Video on Demand WGY Wireless General Electric in Schenectad SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................. 9 1.1. OBJETIVO .............................................................................................. 10 1.2. METODOLOGIA ..................................................................................... 10 1.3. ESTRUTURA DO TRABALHO ............................................................... 10 2. A TECNOLOGIA DA TV DIGITAL .................................................................. 12 2.1 COMPONENTES DA TV DIGITAL INTERATIVA ................................... 13 2.1.1 MEIOS DE TRANSMISSÃO ................................................................... 14 2.1.2 MULTIPLEXAÇÃO E MODULAÇÃO ...................................................... 15 2.1.3 CODIFICAÇÃO E COMPRESSÃO DE ÁUDIO E VÍDEO ....................... 16 2.1.4 CANAL DE INTERATIVIDADE E CANAL DE RETORNO ...................... 17 2.1.5 MIDDLEWARE ....................................................................................... 17 2.1.5 INTERATIVIDADE .................................................................................. 18 2.2 PADRÕES DE TV DIGITAL.................................................................... 23 2.2.1 PADRÃO ATSC (ADVANCED TELEVISION SYSTEM COMMITTEE) .. 24 2.2.2 PADRÃO DVB (DIGITAL VIDEO BROADCASTING) ............................. 26 2.2.3 PADRÃO ISDB (INTEGRATED SERVICE DIGITAL BROADCASTING) 28 3. SBTVD – SIST. BRASILEIRO DE TELEVISÂO DIGITAL ................................. 31 3.1. ESCOLHA DO PADRÃO DE TV DIGITAL............................................. 31 3.2. PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO NO BRASIL....................................... 32 3.3. IMPACTOS COMPORTAMENTAIS ....................................................... 35 3.4. O SBTVD E O DESAFIO DA INCLUSÃO DIGITAL ................................ 37 3.5. VANTAGENS E DESVANTAGENS DO SBTVD .................................... 37 4. ENTREVISTAS COM PROFISSIONAIS......................................................... 39 4.1 ALTAIR CARLOS PIMPÃO ................................................................ 40 4.2 DENIS HIPÓLITO DE ARAUJO ........................................................ 42 4.3 EDUARDO BICUDO ............................................................................ 44 4.4 MARCUS MANHÃES .......................................................................... 46 4.5 NANI MORENO ................................................................................... 50 4.6 RICARDO MUSSE .............................................................................. 51 4.7 CONCLUSÃO DAS ENTREVISTAS ................................................. 54 5. EXEMPLO DE UMA APLICAÇÃO INTERATIVA ............................................ 57 5.1 ESCOLHA DA FERRAMENTA E ESTRUTURA DO SISTEMA.............. 58 CONCLUSÃO............................................................................................................ 66 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 67 APENDICE ................................................................................................................ 72 9 1. INTRODUÇÃO Em 11 de maio de 1928, em Nova York, foi realizada pela empresa WGY – Wireless General Electric in Schenectady, a primeira transmissão de sinal para televisão no mundo. Nessa época os aparelhos eram muito simples e na maioria das vezes eram rádios adaptados com telas. Após alguns anos, com os avanços tecnológicos conquistados principalmente na Segunda Guerra Mundial, houve a primeira transmissão de sinal de alta definição analógica. Já na década de 1950, nos Estados Unidos, se viu o surgimento da transmissão de sinal em cores, e juntamente com ela a chegada dos primeiros televisores em cores. Ainda houve uma adaptação nesse período dos equipamentos não coloridos. O nosso país viu a sua primeira transmissão de TV, em 1948, que transmitiu uma partida de futebol em Minas Gerais. Dois anos mais tarde, em São Paulo, foi realizada, pela extinta TV Tupi, a primeira transmissão de sinal comercial no Brasil, sendo o 4º país a ter essa tecnologia, além dos Estados Unidos, França e Inglaterra. Com o passar dos anos e com a criação de outras Emissoras de Televisão no país, o sinal foi se expandindo para outras regiões. Na década de 1960, a corrida espacial contribuiu para o envio dos primeiros satélites de transmissão de sinal televisivo ao espaço. O resultado disso foi à transmissão via satélite, facilitando o acesso ao sinal, não importando a sua localização e melhorando a qualidade. Outros elementos foram surgindo, como as operadoras de transmissão viacabo que colocaram à disposição dos seus consumidores o acesso a emissoras de outros países. Até que em 2 de dezembro 2007, em São Paulo, foi realizada a primeira transmissão de sinal Digital televisivo no país. A Televisão Digital do Brasil ainda está em implantação, portanto é necessário conhecer essa tecnologia para compreender as mudanças que ocorrerão no principal meio de comunicação no país. 10 1.1. OBJETIVO O objetivo deste trabalho é apresentar a tecnologia da TV Digital Interativa em implantação no Brasil, o SBTVD – Sistema Brasileiro de TV Digital, discutir sobre as diferentes tecnologias adotadas por diversos países e desenvolver uma aplicação de software que promova a interatividade proposta por esta nova tecnologia. 1.2. METODOLOGIA A metodologia de desenvolvimento deste trabalho é composta pelas etapas descritas a seguir. Na etapa 1 foi feito um levantamento bibliográfico, utilizando artigos, livros e publicações, sobre a Tecnologia do SBTVD, que mostra a estrutura deste sistema, o motivo da escolha e o real objetivo da implantação desse sistema no Brasil. Obtendo-se como resultado informações técnicas e conceitos mais aprofundados na área de tecnologia da TV Digital. Na etapa 2 foi realizada uma série de entrevistas com profissionais que atuam na área e/ou estudam sobre a TV Digital Interativa para a realização de um paralelo entre a teoria e a prática de mercado. Obtendo-se como resultado um melhor entendimento sobre esta tecnologia de maneira prática, verificando as mudanças que estão sendo realizadas para a adequação deste novo sistema. Na etapa 3 foi desenvolvida uma aplicação que simula a TV Digital Interativa. Obtendo-se como resultado um exemplo real da usabilidade desta nova tecnologia. 1.3. ESTRUTURA DO TRABALHO O restante desse trabalho está estruturado da seguinte forma: • Capítulo 2: A tecnologia da TV DIGITAL, onde são definidas as três principais tecnologias utilizadas atualmente: Sistema Americano, Sistema Europeu, Sistema Japonês e apresentados os conceitos sobre o assunto; 11 • Capítulo 3: Sistema Brasileiro de Televisão Digital, são apresentados os motivos da escolha desta tecnologia e o porquê ela é tão importante no mundo globalizado; • Capítulo 4: Relatos dos Profissionais, apresentando uma série de entrevistas com profissionais atuantes no mercado; • Capítulo 5: Exemplo de uma aplicação Interativa, apresentando um modelo de sistema que simula a tecnologia da TV Digital Interativa do Brasil; • Capítulo 6: Conclusão, onde são apresentadas as conclusões do trabalho e propostas de continuidade do mesmo. 12 2. A TECNOLOGIA DA TV DIGITAL Cruz (2008), afirma em sua reportagem que a “[...] digitalização pode ser considerada a maior mudança tecnológica da história da televisão. Maior até do que a transição do preto e branco para as cores.” A tecnologia de TV Digital proporciona a alta definição nas transmissões, o formato da linha da imagem no Sistema Digital é widescreen1. Uma imagem em widescreen é aquela cujo aspect ratio2 possui um valor de 16:9. Já nos televisores tradicionais, o aspect ratio é de 4:3. Enquanto no sistema analógico a emissora pode enviar apenas um programa por vez, no Digital é possível enviar até seis programas simultaneamente, permitindo variar a programação ou oferecer uma experiência mais rica, como assistir a um jogo de futebol a partir de câmeras diferentes. Essa característica em coberturas esportivas nos traz a sensação de estarmos assistindo o evento no local onde ele acontece. Estes recursos são explorados pela emissora pública japonesa NHK3 - Nippon Hōsō Kyōkai, em suas transmissões de partidas de futebol, como visto na Figura 1. Figura 1. Imagem de uma transmissão de TV Digital pela rede japonesa NHK 1 A relação de aspecto da projeção de um filme (e o formato do filme no seu televisor) é expressa através da largura dividida pela altura. 2 O aspecto da tela é determinado em relação da largura de uma imagem para a sua altura. 3 Site da emissora japonesa – http://www.nhk.or.jp/ 13 A interatividade permite aos usuários diversas ações, como por exemplo, votar em pesquisas eletrônicas, consultar o guia de programação das emissoras, sem utilizar o telefone ou o computador. Apesar destas inovações tecnológicas as que mais impressionam são as transmissões de áudio e vídeo que estão sendo manipuladas de forma digital, podendo ser armazenadas e permitindo o acesso remoto e simultâneo por um número ilimitado de pessoas. Este conceito já é utilizado na implantação de bibliotecas digitais multimídia, que vêm substituindo as convencionais através da digitalização de seus acervos4. A TV digital permite a alta definição (imagem seis vezes melhor que a convencional), a multiprogramação (transmissão de vários programas ao mesmo tempo, em um só canal), a interatividade (serviços parecidos com os da Internet no aparelho) e a mobilidade (recepção de TV aberta no celular e outros dispositivos móveis). (CRUZ, 2008) Com esta tecnologia, os recursos multimídia (áudio e vídeo) estão imunes a interferências (ruídos durante a sua manipulação), pois na transmissão de informações digitais, pequenas deformações ou interferências podem ser detectadas e corrigidas automaticamente pelo aparelho receptor e conversor, conhecido no mercado como Set-Top Box5. 2.1 COMPONENTES DA TV DIGITAL INTERATIVA Segundo DTV6 (2008), a tecnologia da TV Digital “[...] transforma cada minúsculo elemento da cena e do som em um número binário formado somente por zeros (0) e uns (1); é a mesma linguagem tecnológica dos computadores”. Para o seu funcionamento essa tecnologia interativa agregou uma série de técnicas desenvolvidas ao longo dos anos até chegar ao seu estágio atual. Essas técnicas resultam tanto no modo de transmissão como na qualidade da imagem. Outro ponto importante é a questão da compressão de dados, já que muitas cenas podem conter muitos espaços em branco ocasionando a perca de sinal ou a 4 O projeto Biblioteca Digital Multimídia, disponibiliza à população um grande acervo digitalizado, democratizando o acesso, via Internet, aos bens culturais do país, podendo ser consultado no site http://www.institutoembratel.org.br/ 5 É um termo que descreve um equipamento que se conecta a um televisor e a uma fonte externa de sinal, e transforma este sinal em conteúdo no formato que possa ser apresentado em uma tela. 6 Site oficial do SBTVD, disponível no link do site http://www.dtv.org.br. 14 aparição de pixels na tela provocando interferência na exibição da imagem na televisão de alta definição. 2.1.1 MEIOS DE TRANSMISSÃO De acordo com o DTV (2008), a TV analógica é uma forma de imagem e som contínuo. Vem-se hoje imagens com contornos borrados, fantasmas, ruídos, distorções na cor da pele das pessoas, dificuldade para ler textos e números pequenos e, além disso, ouve-se um som desagradável e muitas vezes, mesmo utilizando a tecnologia de som estéreo, a qualidade não apresenta resultados agradáveis ao consumidor. A transmissão do Sinal Digital recebe o nome técnico de difusão7. Atualmente são conhecidos quatro meios pelos quais é possível realizar e, conseqüentemente, utilizar os recursos da TV Digital: via Terrestre, via Satélite, via Cabo e via Internet. A transmissão via Terrestre é realizada por ondas de rádio freqüência que necessitam de antenas e receptores apropriados para a sua recepção. Este é provavelmente o meio mais aguardado da TV Digital, segundo a opinião de Montez (2005), pois o custo de implantação para os telespectadores é baixo (se comparado com os demais meios de transmissão). Já o meio de transmissão via Satélite8 está em uso no Brasil desde 1996 através das TV's por assinatura (pode-se citar empresas como: SKY, Century e DIRECTV). Esse sistema permite que pessoas que moram em regiões distantes captem o sinal Digital e utilizem todos os recursos propostos. Tecnicamente este sistema recebe o nome de transmissão de banda C Digital. A transmissão via Cabo utiliza redes de cabo convencionais CATV – Community Antenna Television, para transmitir os sinais digitais, que chegam a casa do assinante via operadoras de TV por assinatura. Implantado aproximadamente em 2004 em grandes cidades brasileiras, como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, esse recurso de transmissão é atualmente o mais difundido em todo o mundo. 7 É o envio de conteúdo (áudio, vídeo ou dados) de um ponto provedor do serviço 15 O último meio de transmissão citado na obra de Montez (2005) é a transmissão via Internet, conhecida também como IPTV – Internet Protocol Television. Esse sistema utiliza conexões de alta velocidade (banda larga) para transmitir o sinal Digital. Uma das vantagens desta tecnologia é a utilização de recursos da Internet (web e e-mail) junto com a recepção de TV. 2.1.2 MULTIPLEXAÇÃO E MODULAÇÃO Na visão de Bernal (2005), a multiplexação é a capacidade de transmitir vários sinais, sejam de áudio, de vídeo ou de dados, compartilhando o mesmo meio físico de transporte. Essa transmissão pode realizada de duas formas: • FDM – Frequency Division Multiplexing: essa técnica, permite que um canal de freqüência, seja dividido em sub-canais, utilizando a mesma faixa de freqüências; • TDM – Time Division Multiplexing: o TDM permite que um mesmo canal seja divido em sub-canais e que eles trabalhem em faixas de tempo diferentes. Artuzi (2001) define modulação e a sua importância da seguinte forma: Um processo de modulação consiste em modificar o formato da informação elétrica com o objetivo de transmiti-la com: a menor potência possível, a menor distorção possível, facilidade de recuperação da informação original, e o menor custo possível. O processo de modulação em amplitude resulta no deslocamento do espectro do sinal que contém a informação para uma freqüência mais elevada de forma a viabilizar a transmissão do sinal resultante via ondas eletromagnéticas, pois freqüências mais elevadas permitem a construção de antenas eficientes com dimensões reduzidas. Já sobre Modulação, Montez (2005) cita que a utilização dessa técnica possui grande importância dentro da transmissão de sinal de TV Digital, por que devem ser evitadas as atenuações de sinal durante transmissão dos dados. É a técnica padrão que ele utiliza é modular o sinal de uma onda portadora, de acordo com as características de informação a ser transmitida, e onda trabalha com varias faixas de freqüências, diminuindo as interferências, distorções e atenuações, que são prejudiciais a uma transmissão de áudio e vídeo, como é no caso da TV Digital. 8 Desde 1997 há um satélite público da Embratel transmitindo sinais digitais a antenas parabólicas específicas. 16 Pode-se dividir as técnicas de modulação que são utilizadas para os sinais Digitais em: COFDM (Coded Orthogonal Frequency Division Multiplexing): utilizado pelas tecnologias de padrão europeu e de padrão Japonês, e tem como sua principal vantagem é a sua robustez contra ruídos de outro sinal de TV, transmitido pelo ar. 8-VSB (8 Level – Vetigal Side Band Modulation): utilizado pelo padrão americano, ele tem como característica a difusão do sinal transmitido por satélite ou terrestre, mas ela é menos imune a ruídos, em relação ao COFDM. Os dados de multimídia que serão transmitidos e serão receptados pelo usuário, precisam ser tratados para serem transportados, ou seja, precisam ser codificados, comprimidos e decodificados para a sua transmissão e visualização, necessária para manter a velocidade de transferência. E para isso tem-se uma série de padrões, conhecidos como MPEG. 2.1.3 CODIFICAÇÃO E COMPRESSÃO DE ÁUDIO E VÍDEO A compressão de áudio e vídeo é uma atividade essencial para a difusão de mídias digitais, sendo efetuada na etapa de codificação. Para adotar um padrão de codificação e decodificação (codec9), deve-se considerar a relação entre tempo e taxa de compressão. Segundo Montez (2005), o grande exemplo disso é a família de padrões MPEG, que são utilizados para a codificação e compressão de dados de multimídia, que são três, MPEG-1, MPEG-2 E MPEG-4: • MPEG-1 – Utilizado em codificação para padrão de vídeo VHS, possui pouca qualidade de decodificação da imagem de até 1,5 Mbps; • MPEG-2 – Baseia-se no MPEG-1, porém bem mais sofisticado e melhorado. Pode codificar vídeos com qualidade de TV, de 4 a 9 Mbps, até a qualidade HDTV, entre 15 e 100 Mbps; • MPEG-4 – Este modelo é um padrão voltado para a codificação de áudio e vídeo para aplicações de Internet com menos de 64 Kbps como, por exemplo, em uma transmissão de videoconferência. Dessa forma permite o envio de comandos 9 Codec é o acrônimo de Codificador/Decodificador, dispositivo de hardware ou software que codifica/decodifica sinais. 17 para manipular os objetos da cena como, por exemplo, mudar imagem do fundo de um vídeo. 2.1.4 CANAL DE INTERATIVIDADE E CANAL DE RETORNO Para se ter interatividade é necessário que o canal de comunicação permita o tráfego de informações nos dois sentidos, ou seja, do transmissor para o receptor e vice-versa. Na TV Digital os canais transmitem informações das emissoras ou retransmissoras para os seus usuários de duas formas: Broadcast – utiliza os canais de radiodifusão para realizar uma comunicação com vários usuários; Unicast a comunicação é feita ponto a ponto, ou seja, transmitida diretamente para um só indivíduo. Já no canal de retorno, a informação é transmitida no sentido contrário, do usuário para a emissora/ retransmissora, gerando a interatividade. 2.1.5 MIDDLEWARE Um outro conceito importante é o de Middleware. Middleware é um termo geral, normalmente utilizado para um de código de software que atua como um aglutinador, ou mediador, entre dois programas existentes e independentes. Sua função é trazer independência das aplicações com o sistema de transmissão. Permite que vários códigos de aplicações funcionem com diferentes equipamentos de recepção (IRDs). Através da criação de uma máquina virtual no receptor, os códigos das aplicações são compilados no formato adequado para cada sistema operacional. Resumidamente, podemos dizer que o middleware possibilita o funcionamento de um código para diferentes tipos de plataformas de recepção (IRDs) ou vice-versa (PAES et al., 2005-A) Conforme Paes et al. (2005-B), os Middlewares devem fornecer serviços básicos, tanto para o usuário final como para as operadoras de sinal, dentro dos Sistemas de TV Digital Interativa, como por exemplo: • Para o usuário final / STB (Set Top Box / Equipamento Conversor) o Browser: - Padrões abertos (HTML 4.0; Java Script 1.1); - Padrões Proprietários. o Gerenciamento da Plataforma: 18 - Atualização de Software; - Shut down do equipamento conversor. • Para operadoras de sinal o Translações / Reformulação de Conteúdo WEB para TV; o Proxy (controle de conteúdo); o Segurança; o Gerenciamento do assinante. A interatividade é um dos recursos mais importantes que a TV Digital pode fornecer, e esse recurso é realizado pelos Middlewares, que interagem com softwares em linguagens conhecidas, como HTML e JAVA. Com isso pode-se criar um ambiente bem próximo ao da web dentro dos sistemas de TV digital, trazendo uma familiaridade para o usuário para realizar essa interação. Existe um padrão de Middleware para sistema de transmissão de sinal digital, e no caso do Brasil que utiliza o padrão ISDB, que se utiliza o padrão ARIB (Association of Radio Industries and Business), e sua principal característica é tanto áudio, como vídeo e dados são multiplexados, ou seja, eles trafegam pela mesma infra-estrutura de transmissão. 2.1.5 INTERATIVIDADE A interatividade é a característica que um sistema possui de transmitir respostas em tempo real de acordo com as necessidades dos usuários, esse recurso na TV Digital pode ser comparado com a união da Internet com a televisão. Atualmente quase tudo é vendido como interativo; da publicidade aos fornos microondas. Há uma crescente indústria da interatividade. O adjetivo interativo é usado para qualificar qualquer coisa ou objeto cujo funcionamento permite ao seu usuário algum nível de participação, ou troca de ações (PALÁCIOS, 2000). 19 Segundo Montez (2005), a transmissão do sinal digital pode ser dividida em níveis distintos, como descrito a seguir: • O Nível 0 é o estágio em que a televisão exibe imagens em preto e branco e dispõe de um ou dois canais; • No Nível 1 a televisão ganha cores, e surge o controle remoto (antecedendo a navegação contemporânea na Web), facilitando o controle que o telespectador tem sobre o aparelho; • O Nível 2 alguns equipamentos periféricos vêm se acoplar à televisão, como o videocassete, as câmeras portáteis e os jogos eletrônicos. O telespectador ganha novas tecnologias como, por exemplo, gravar programas e vê-los ou revê-los quando quiser; • No Nível 3 aparecem sinais de interatividade de características digitais. O telespectador pode então interferir no conteúdo por meio de telefonemas, fax ou correio eletrônico. • Já o Nível 4 o estágio da chamada televisão interativa em que se pode participar do conteúdo a partir da rede em tempo real, escolhendo ângulos de câmera, diferentes encaminhamentos das informações, etc. 20 Estes Níveis podem ser observados na Figura 2 que mostra as aplicações relacionadas aos programas em relação ao canal de interatividade. Figura 2. Exemplos de aplicações interativas10 Segundo o site DTV (oficial do SBTVD), a tecnologia da TV Digital permitirá recursos como a Mobilidade e a Portabilidade. Mobilidade e Portabilidade são características que vão acabar com a angústia de chegar rapidinho em casa para não perder “Aquele Programa”. O nosso sistema de TV Digital permite que os programas possam ser vistos dentro de ônibus, carros, barcos, aviões, Laptops, em celulares com os telespectadores em movimento, nos Desk tops dos escritórios, ou até com receptores de bolso. (DTV, 2008) 10 Figura retirada do livro de Montez (2005) 21 O meio de transmissão do sinal Digital, via terrestre, envia os sinais da TV pelo ar a partir de estações da rede de televisão (transmissora). Um telefone móvel (celular) com uma antena de TV e um sintonizador de TV Digital (receptor) pode captar e traduzir estes sinais, conforme a Figura 3. Figura 3. Modelo de transmissão de TV Digital Móvel11 11 Figura retirada do site http://informatica.hsw.uol.com.br/telefones-com-tv2.htm. 22 O site DTV (2008) afirma ainda que, além dos recursos de Mobilidade e Portabilidade, um dos destaques da tecnologia de transmissão digital é a Multiprogramação, pois permite atividades como: “[...] fazer compras pela TV sem ter que usar telefone, votar em pesquisas, consultar o guia de programação das emissoras e outros serviços que vão aparecer à medida que a TV Digital for se consolidando em todo país”. Multiprogramação é uma alternativa para a Alta Definição, que permite ver programas diferentes no mesmo canal, ou ver o mesmo programa com vários ângulos/posições diferentes (muito bom para esportes em geral). Para usar esse recurso, precisa ter um aparelho para cada programa, até porque o Áudio vem embutido no vídeo do programa (DTV, 2008). Figura 4. Multiprogramação do Canal da emissora BBC12 12 Figura retirada do site www.bbc.co.uk/tv/. 23 2.2 PADRÕES DE TV DIGITAL Neste item, senão apresentadas uma descrição sobre os diferentes padrões que já foram implantados no mundo como, por exemplo: o ISDB (Integrated Services Digital Broadcasting), adotado pelo Japão; o ATSC (Advanced Television Systems Committee), adotado pelos EUA, Canadá, México e Coréia do Sul e finalmente o DVB (Digital Video Broadcast), adotado pelos demais países que já decidiram qual padrão seguir, em especial os países da Europa, Ásia, África e Oceania. Segundo a Fundação CPqD (2007), a quantidade de lares que possuem TVs analógicas têm números muito expressivos, como pode ser visto na tabela abaixo. Esses números podem ser considerados como um potencial mercado para a TV digital. Tabela 1. Dimensão do mercado de TV analogicas, que poderiam migra a transmissão digital. Países EUA, Canadá, Coréia do Sul Taiwan e Argentina. Países da União Européia, Austrália, Nova Zelândia, Singapura e Índia Japão Brasil Lares com TV (milhões) 125 15 205 45 38 24 2.2.1 PADRÃO ATSC (ADVANCED TELEVISION SYSTEM COMMITTEE) Em meados dos anos 90 os Estados Unidos tiveram seu próprio processo de transição para a televisão digital terrestre o ATSC, onde os mesmos tiveram seu próprio processo de seleção cheio de pressões políticas, pressões setoriais e criticas por parte de defensores de tecnologia que não foram escolhidas, como no Brasil. (Schoen 2006). Nos Estados Unidos a tecnologia escolhida foi a chamada de eight-level vestigial sideband modulation ou 8/VSB, este sistema é chamado de ATSC. O ATSC é um padrão aberto e publicado onde qualquer um pode implementar, o que significa que outras tecnologias podem continuar a existir no mundo do ATSC e que as pessoas podem continuar pensando em novas aplicações que ainda não haviam sido imaginadas quando da sua padronização original. Segundo Pinheiro (2006), a vantagem em ter uma tecnologia ATSC deve-se a sua melhor e ampla cobertura onde uma maior taxa de transmissão traz mais serviços de dados. Menor custo para aquisição de transmissores e menores custos operacionais, utilizando torres de transmissão já existentes e permitindo o completo uso das faixas UHF e VHF. Figura 5. Modelo do funcionamento do sistema Americano (ATSC) de transmissão digital 25 Segundo o site ADNEWS TV (2008), o padrão norte-americano promete mobilidade e portabilidade, em futuro próximo em demonstração ao Brasil: Segundo o ATSC, a transmissão usada no padrão oferece a mesma cobertura, inclusive para recepção com antena interna, com 40% da potencia de transmissão dos outros sistemas; maior capacidade de transmissão (19,4 Mbps), garantindo maiores possibilidades de transmissão de novos conteúdos de vídeo em HD ou SD e ainda de serviços de informação; menor custo de aquisição de transmissores e menor custo de operação. O ATSC tem vantagem nos aspectos sociais por conta do baixo custo dos (set top boxes) em média de U$$ 50,00. Os equipamentos levariam a uma grande parte da população a possibilidade de receber tanto sinais de alta resolução (HD), como o de resolução padrão (SD), e garantia de melhor qualidade de imagem em TVs analógicas, interatividade e disponibilidade de novos conteúdos. Moreira (2006) relata a mudança do padrão de transmissão de TV nos EUA (do analógico para o digital) por diversas razões: O ATSC padrão implantado no Canadá, Coréia do Sul, México e principalmente nos Estados Unidos, tem esta tecnologia que produz imagens em um formato de 16:9, com até 1920x1080 pixels Wide Screen com uma resolução de até 6 vezes mais que uma televisão comum com o padrão NTSC. A definição desse padrão tem a possibilidade de evolução da qualidade de som e se igualar a de home theater, com sistemas de Dolby Digital com transmissões de até 6 canais virtuais em definição padrão. 26 2.2.2 PADRÃO DVB (DIGITAL VIDEO BROADCASTING) Segundo a DVB(2008), o padrão DVB é o padrão europeu mais utilizado pelas principais operadoras privadas de TV. Foi criado para atender diversas necessidades de vários países, e por esse motivo se caracteriza por ser um padrão muito flexível com relação a modos de configuração, permitindo transmitir diversas qualidades de vídeo numa banda de 8 MHz, desde SDTV a HDTV, por esse motivo estão integrados entre 250 e 300 integrantes de 35 países dedicados a desenvolver padrões globais de entrega de TV digital e serviços associados. Figura 5. Nesta imagem contem a Distribuição geográfica do DVB no mundo (retirado do site http://www.midiacom.uff.br/itvsoft/pdf/paes_2005a.pdf). O padrão DVB é transmitido por seguintes transmissões: • DVB-C (Transmissão por cabo); • DVB-T (Transmissão por freqüência de rádio); • DVB-S (DVB-S2) (Transmissão via satélite); • DVB-H (Padrão que adapta DVB-T pra trazer tecnologia de DBV para portáteis); Segundo Moreira (2006), é conhecido por ser mais versátil, facilitando a transmissão de múltiplos canais virtuais na mesma freqüência. Opera na freqüência 27 de 8 MHz, fator que o deixa em desvantagem em relação ao japonês e ao americano, que operam em 6 MHz.. Segundo Taguspark (2006), o DVB tem como objetivo introduzir a difusão digital de televisão usando transmissão por cabo (DVB-C), por satélite (DVB-S) e por transmissão terrestre (DVB-T), fornecendo recursos como: • Acesso assimétrico e de alto débito à Internet a um baixo custo; • Transmitir imagens de definição standard (SDTV) em canais de banda estreita; • Disponibilizar uma plataforma de evolução tecnológica para sistemas interativos. Pode-se agrupar os recursos que este padrão disponibiliza aos usuários em duas linhas de pensamento: “Multiprogramação” e “Interatividade”, conforme a Figura 6. Figura 6. Modelo do funcionamento do sistema europeu de transmissão digita13. 13 Retirado do site do Anatel no endereço www.anatel.com.br 28 O Taguspark (2006), comenta ainda que além dos recursos de interatividade e multiprogramação a tecnologia é capaz de: Disponibilizar mecanismos de segurança que possam ser usados em serviços com conteúdos sensíveis e/ou pagos.; Dar resposta às exigências que hoje se colocam em matéria de proteção contra interferências. Um detalhe importante citado por Taguspark (2006), é que o DVB utiliza a norma MPEG-2, como compactação de vídeo e imagem. Um componente muito importante utilizando pelo DVB. É o Acesso Condicionado, que seria um processo onde se pode controlar e direcionar o sinal para determinados grupos de usuários. O sinal de vídeo antes de ser transmitido passa por um processo de "Scrambling" e "Encryption". Isto é, na fonte o sinal de vídeo é cifrado e misturado, por forma a que seja incompreensível a um descodificador que não conheça o segredo com que foi enviado. Existem aqui dois fatores que tornam o conteúdo ilegível a quem não possua o segredo: "Control Word" (CW), que serve para fazer o "descrambling" do sinal e uma chave para decifrar esta CW. (Taguspark, 2006) 2.2.3 PADRÃO ISDB (INTEGRATED SERVICE DIGITAL BROADCASTING) O governo japonês juntamente com o seu órgão de pesquisa foi um dos grandes responsáveis para o desenvolvimento da tecnologia ISDB-T, investindo financeiramente maior parte da verba, auxiliados pelo Canal de TV NHK. Os estudos para o desenvolvimento e implementação do modelo iniciaram-se em 1994 e só foram finalizados depois de passados aproximadamente quatro anos. Com base neste protótipo, em 1999 foi instalada na torre de transmissão de Tóquio uma antena digital para a realização de testes preliminares. Após vários testes de campo e estudos sobre a aceitação do padrão a ser implantado, o modelo foi aprovado. Os criadores da tecnologia japonesa de transmissão digital (governo japonês e a emissora NHK) utilizaram as qualidades dos sistemas anteriores, como por 29 exemplo, o DVB e criaram grandes melhorias tornando o sistema completo e robusto. Um dos diferenciais do padrão japonês em relação aos demais, segundo Souza (2007), é que o sistema integra todas as formas de serviços de broadcasting em um canal comum de dados, que pode ser transmitido por satélite, cabo, ou via terrestre. Este padrão pode ser dividido em três tipos de serviços distintos : serviços de som, serviços de áudio e serviços de dados interativos. Segundo Oliveira e Ribeiro Jr. (2006), o grande diferencial do sistema japonês é a recepção móvel e portátil, ou seja, com ele é possível receber a programação da TV Digital em aparelhos móveis. O site da emissora japonesa NHK14 (2008), também afirma que o sistema ISDB apresenta como características marcantes a capacidade de fornecer uma variedade de informações, separando-as em três níveis: vídeo, som e serviços de dados, sendo resistente a quaisquer interferências encontradas durante a recepção portátil ou móvel. Na transmissão o sistema deverá ser inteligente o suficiente para separar as informações a serem enviadas (som, vídeo e dados), sendo flexível para acomodar diferentes configurações de serviço e garantir a utilização flexível da capacidade de transmissão, além de estar disponível para as futuras necessidades serem satisfeitas e compatível com os serviços analógicos e outros serviços digitais (NHK, 2008). Sarmento e Reis (2007) comentam que o ponto mais importante do padrão ISDB é a sua versatilidade, por exemplo: a transmissão de dados pode ser recebida por um PDA ou um telefone celular ou, ainda, através da utilização de um computador ou servidor doméstico, possibilitando o acesso aos sites dos programas de televisão e ainda serviços de atualização do receptor por download. O site Medialess (2008), define como peculiaridades do sistema ISDB a flexibilidade em alterar partes do projeto original (como a escolha dos codecs de áudio e vídeo) e o suporte a sistemas móveis, permitindo que telefones celulares, notebooks e handhelds com receptores ISDB-T embutidos possam sintonizar canais de TV em movimento. 14 Link do site da emissora japonesa NHK: http://www.nhk.or.jp/strl/publica/bt/en/pa0006 .html 30 Conforme a Figura 7 pode-se verificar como o sistema japonês ISDB realiza a transmissão. Os serviços de vídeo, áudio e dados, são divididos e posteriormente passam pelo processo de Multiplexação (MPEG). Figura 7. Modelo do funcionamento do sistema japonês de transmissão digital15. Por causa destas características próprias e marcantes, em meados de 2004, 12 milhões de lares japoneses já possuíam as TVs ou decodificadores para TV Digital. E as projeções de venda até 2010 são altas, pois este sistema obteve grande sucesso. Atualmente o Japão possui aproximadamente 20 canais que estão realizando as transmissões utilizando 100% dos recursos da TV Digital, com destaque para as emissoras: NHK General, NHK Educacional, Nippon TV, TV Asahi, TBS, TV Tokyo, Fuji TV e Tokyo MX TV. 15 Retirado do site da ANATEL, diponivel no link: http://www.anatel.gov.br/Portal/exibirPortalInternet.do 31 3. SBTVD – SIST. BRASILEIRO DE TELEVISÂO DIGITAL O SBTVD é o sistema de transmissão do sinal digital terrestre utilizado em nossos pais, conhecido no mercado como ISDB-T (Integrated Services Digital Broadcasting – Terrestrial). Em 1999, a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), em conjunto com o CPqD, iniciaram o processo de avaliação das tecnologias de transmissão de sinal digital existentes no mundo, onde foram observadas questões técnicas e econômicas. Após vários estudos realizados em diversas universidades, no ano de 2005, foi apresentado, ao então Ministro das Comunicações Hélio Costa o SBTVD, que foi desenvolvido baseado no ISDB-T (sistema utilizado no Japão). Mas sua apresentação ao povo brasileiro foi no final de 2007, e ficou concentrado apenas na cidade São Paulo. 3.1. ESCOLHA DO PADRÃO DE TV DIGITAL Conforme Cruz (2008), o padrão japonês ISDB-T é o mais novo e a tecnologia que apresentou o melhor desempenho. Essa constatação já havia sido realizada em um conjunto de testes feitos pela Universidade Mackenzie em 2000, comparando a tecnologia japonesa com os padrões americanos (ATSC) e os padrões europeus (DVB-T). Cruz (2008) ainda afirma que a tecnologia americana não apresentou resultados relevantes na recepção com antena interna. A tecnologia européia, apesar de ter pontos em comum com a japonesa, não permite transmitir o sinal digital para os aparelhos celulares, exigindo canais específicos para as transmissões móveis, o que não seria viável para o nosso país. Durante o processo de escolha, os pesquisadores defenderam o padrão japonês como o melhor para o Brasil, por atender todos os requisitos que foram estabelecidos. 32 3.2. PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO NO BRASIL O processo de implantação da TV Digital no Brasil é recente e está sendo realizada da seguintes forma: Alta Definição (HDTV) com formato widescreen e a Definição Padrão (SDTV) com formato tradicional. Por esse motivo Cruz (2008), define a estréia da tecnologia de TV Digital no Brasil como “decepcionante”, pois o único recurso apresentado para os consumidores foi a alta definição em sua exibição. Das quatro novidades principais, a TV digital brasileira só ofereceu a alta definição na estréia. As emissoras comerciais não se interessaram muito pela multiprogramação, pois ela fragmenta a audiência, o que não é bom para o modelo de negócios baseado em publicidade. O software de interatividade desenvolvido no Brasil, chamado Ginga, não foi adaptado pelas fabricantes de televisores a tempo do lançamento. E não existem no mercado, celular que permitem a recepção da TV digital no formato japonês e que funcionem nas redes de telefonia móvel. (Cruz, 2008) Conforme Brain (2007), o plano para a implantação do SBTVD já se iniciou no ano de 2006, porém o processo de implantação levará aproximadamente 10 anos, pois somente em 2016 é que o sistema analógico deixará de ser transmitido pelas emissoras e retransmissoras de nosso país. Figura 8. Cronograma de Implantação da TV digital do Brasil (Brain,2007) 33 Uma das dificuldades na implantação do SBTVD nos aparelhos celulares, segundo Fuoco (2007), é a falta de estimulo por parte das operadoras de telefonia, pois com o desenvolvimento dessa tecnologia os usuários não efetuariam ligações para assistir ao seu programa preferido. O ministro das comunicações, Helio Costa, criticou as operadoras de celular do país porque, em sua opinião, é por falta de empenho delas que o Brasil ainda não tem a venda modelos de celular com recepção de TV. “Não tenho visto nenhum interesse das empresas telefônicas em cobrar a oferta de aparelhos”, disse o ministro em encontro com a imprensa. (Fuoco, 2007) Conforme a pesquisa realizada pela FUNDAÇÃO CPqD (2007), os Brasileiros apresentam um alto índice de acesso a TV analógica e a região sudeste tem a maior porcentagem: Tabela 2. Índice de acesso a TV Analógica (por região)16. Região Domicílios com TV (%) Sudeste 96 Centro Oeste 92 Sul 94 Nordeste 88 Norte 88 Com base nessas informações a redação do site da UOL (2007), afirma que a televisão é o meio de comunicação mais difundido em nosso país, atingindo aproximadamente 92% da população. A televisão é um dos eletroeletrônicos mais populares do Brasil. Aproximadamente 92% dos domicílios brasileiros têm pelo menos um aparelho de TV. Para conseguir atingir um alto índice de aceitação no mercado, um dos recursos que serão adotados pelo governo para o incentivo à implantação dos 16 Retirado do site da Fundação CPqD (2007) 34 recursos de transmissão do SBTVD é a isenção e o financiamento de conversores, para atingir a população carente. “Há a possibilidade de vender [conversores] por uma mensalidade entre sete e dez reais”, disse o ministro das comunicações – Hélio Costa. “Vamos conseguir colocar esses financiamentos para a explosão da TV digital em nosso país” (IDG NOW, 2007). Como uma das formas de promover o avanço do sinal digital e alavancar as vendas de televisores que possuem a tecnologia integrada, o governo promove campanhas publicitárias associando o novo sistema de transmissão do sinal de televisão de nosso país com a nossa bandeira nacional, conforme a figura a seguir. Figura 9. Imagens de campanha publicitária17 Em contra partida ao esforço do governo brasileiro em implantar esta tecnologia, observa-se um grande parque de televisores analógicos que estão com uma população que possui um baixo poder aquisitivo. Uma das soluções encontradas foi a construções do “Set top box” – Figura 9, que nada mais do que uma ferramenta com finalidades sociais, para baratear o custo da evolução tecnológica que estamos vivendo. 17 Retirada do site http://www.vivasemfio.com/ 35 3.3. IMPACTOS COMPORTAMENTAIS O Sistema de Televisão Digital do Brasil deverá contribuir para a convergência dos serviços de comunicações, propiciando o surgimento de serviços decorrentes da tecnologia digital e atualização tecnológica, além da abertura de mercado de trabalho para profissionais que estejam preparados para trabalhar com esta tecnologia (MOTA e TAKASHI, 2005). Cruz (2008) afirma que com o desenvolvimento do SBTVD, surgirá um mercado de trabalho que poderá ser explorado por diversos profissionais de nosso país. As empresas brasileiras de software têm potencial para exportar aplicativos de interatividade para o Japão. Para Yasutoshi Miyoshi, da Primotech21, haveria oportunidade, principalmente se o aplicativo estivesse ligado a um tema identificado com o Brasil, como o futebol. “Os japoneses iriam querer conhecer como o país do futebol interage com a televisão durante os jogos.” Moreira (2007) diz que, a publicidade e a propaganda na TV Digital também passaram por algumas transformações, e provocara um grande impacto comportamental na população brasileira, pois juntamente com o comercial tradicional que visualizamos, as redes de televisão poderão enviar aos telespectadores algumas informações adicionais sobre o produto anunciado ou sobre o anunciante, telefone de contato, endereço das lojas, entre outros dados relevantes para o potencial consumidor. Se o usuário gostar da roupa que uma atriz está usando na novela, será possível, pelo menos tecnologicamente, comprar essa roupa em um clique. “Um ícone pode aparecer no canto da tela, indicando que a aquele produto está à venda. Quem quiser saber mais clica, quem não quiser continua assistindo a novela sem interrupções” exemplifica Rodrigo Araújo, direto da EITV, desenvolvedora de software para TV digital [...] (Moreira, 2007) 36 Estes recursos podem ser observados na figura a seguir que mostra um filme que fala sobre obesidade e permite aos telespectadores visualizarem propagandas referentes a este tema como, por exemplo: Spas, Dicas de Dietas, Academias... Figura 10. Imagem da emissora americana Fox18 Segundo o site DTV (2008), a tecnologia da TV Digital causará grandes impactos comportamentais e sociais em nosso país: Economicamente, socialmente, cientificamente, politicamente, tecnologicamente, comercialmente e qualquer outro advérbio terminado em “MENTE” será afetado por essa nova forma de ver TV (DTV, 2007). Moreira (2007) comenta que as emissoras estão investindo também em maquiagens, cenários e equipamentos especiais para evitar um “choque de realidade” nos programas gravados em HD. O maquiador Guilherme Pereira, que está trabalhando nos retoques dos atores da novela da Rede Bandeirantes “Dance, Dance, Dance”, gravada em alta definição, afirma que “é preciso ser muito cuidadoso. Os produtos são especiais para HD, importados da Alemanha”, revela o especialista, que trouxe para a produção voltada à telinha a experiência adquirida no cinema (Moreira, 2007). 18 Imagem retirada do site : http://www.fox.com. 37 3.4. O SBTVD E O DESAFIO DA INCLUSÃO DIGITAL Cruz (2007) acredita que a televisão digital cria uma oportunidade de levar serviços interativos para uma parcela da população que hoje não tem acesso ao computador. Em sua reportagem afirma: Quando o canal de retorno estiver regulamentado, a televisão vai funcionar teoricamente como um computador [...] no Japão, todos os serviços bancários disponíveis na internet também podem ser acessados pelo celular e pela televisão (Cruz, 2007). Batista (2005) afirma que com o desenvolvimento e implantação do sistema SBTVD, conseguiremos reduzir a exclusão social (digital) : [...] a população de baixa renda poderá se beneficiar enormemente das mais avançadas tecnologias da televisão digital, como os grandes monitores de alta definição, aparelhos de TV portáteis, aparelhos de TV móveis e TVs com alto nível de interatividade e conexão a Internet, através do uso coletivo em escolas, bibliotecas, centros comunitários, sindicatos, postos de serviços de governo, equipamentos de transporte, etc (Batista, 2005) [...] Em contrapartida Mota (2005) não acredita que o sistema SBTVD promoverá a igualdade social (tecnológica) entre a população carente: “A desigualdade social no campo das comunicações, na sociedade moderna de consumo de massas, não se expressa somente no acesso ao bem material – rádio, telefone, televisão, Internet, mas também na capacidade do usuário de retirar, a partir de sua capacitação intelectual e profissional, o máximo proveito das potencialidades oferecidas por cada instrumento de comunicação e informação (Mota, 2005).” 3.5. VANTAGENS E DESVANTAGENS DO SBTVD Cruz (2007) acredita que uma das vantagens promovida pela tecnologia da TV Digital é a transação interativa: “[...] o Internet Banking já está atingindo a estagnação”, apontou o executivo. O centro de pesquisas trabalha em aplicações de TV digital interativa. O SBTVD oferecerá aos brasileiros diversas vantagens em relação à televisão analógica, como uma melhor qualidade de som e nitidez de imagem, otimização de cobertura, maior diversidade de programação devido ao maior número de canais disponíveis, acesso à Internet e, principalmente uma nova gama de aplicações interativas englobando texto, vídeo, áudio e os mais variados tipos de elementos gráficos (Souza e Oliveira, 2005). 38 Segundo Moreira (2007), afirma em sua reportagem que a tecnologia da TV Digital, causará um grande impacto nas emissoras de televisão de nosso país, pois o seu custo de manutenção e transmissão é muito elevado e conseqüentemente as emissoras não estarão trocando rapidamente os seus equipamentos para atender a esta tecnologia. Produzir comerciais em alta-definição também é uma possibilidade, mas envolve custos. “As produtoras e agências terão que investir em equipamentos”, aponta Alvarez, da ABP. A veiculação de anúncios em altadefinição e com conteúdos interativos também deverá ter preços diferenciados, segundo José Marcelo Amaral, vice-coordenador da área de mercado do Fórum SBTVD e diretor de tecnologia da Record. (Moreira, 2007) Moreira (2007) realiza uma entrevista com o jornalista esportivo Chico Lang que cita em tom de brincadeira uma desvantagem em se implantar o SBTVD, pois com a alta definição as rugas irão aparecer na TV. “Ninguém com mais de 40 anos vai conseguir emprego na TV”, sentencia o apresentador. “Essa já é uma tendência, que só deve se agravar com a alta definição”, ele acrescenta. 39 4. ENTREVISTAS COM PROFISSIONAIS Neste capítulo apresenta-se o resultado de uma série de entrevistas realizadas no ano de 2008 pela nossa equipe, com profissionais atuantes no mercado que estão presenciando as mudanças e evoluções que a televisão brasileira está vivendo para a realização de um paralelo entre a teoria e a prática de mercado. Obtendo-se como resultado um melhor entendimento sobre esta tecnologia de maneira prática, verificando as mudanças que estão sendo realizadas para a adequação deste novo sistema. Dentre todos os profissionais consultados e procurados para o desenvolvimento deste trabalho, selecionamos apenas algumas entrevistas que nos demonstram de forma prática o tema proposto do trabalho. • ALTAIR CARLOS PIMPÃO - dono e Diretor Geral da TV GALEGA, inserida no sistema de televisão a cabo na cidade de Blumenau – Santa Catarina; • DENIS HIPÓLITO DE ARAUJO - supervisor de Projetos na Positivo Informática S/A, atuando na área de Gerenciamento de Projetos de P&D, coordenando projetos na área de TV Digital; • EDUARDO BICUDO - já foi diretor de engenharia da TV Globo e atualmente é vice-diretor de ensino no SBET (Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão) e membro do fórum de TV Digital; • MARCUS MANHÃES - vem participando na Fundação CPqD de pesquisas e desenvolvimentos em projetos de telecomunicações wireless, passando por sistemas de rádio digital, telefonia celular e televisão digital; • NANI MORENO - é coordenadora de Marketing da Rede Massa - TV Naipi (afiliada do SBT). • RICARDO MUSSE – é professor no departamento de sociologia da Universidade de São Paulo. Doutor em filosofia pela Universidade de São 40 Paulo (1998) e mestre em filosofia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, atualmente está acompanhando as novas tendência do mercado resultante da TV Digital. 4.1 ALTAIR CARLOS PIMPÃO 19 O jornalista Altair Carlos Pimpão é dono e Diretor Geral da TV GALEGA20, inserida no sistema de televisão a cabo na cidade de Blumenau – Santa Catarina. Este empreendimento representa um vantajoso espaço para a divulgação de empresas, produtos e serviços, tendo em vista o expressivo número de telespectadores que alcança (138.000/fev-00), apenas em âmbito local, sem contar o público de outras localidades e usuários da Internet, segundo o site da emissora. I – Quais as diferenças de imagem da TV analógica com a TV digital? Na TV analógica as imagens são transmitidas com resolução de 480 linhas horizontais. Na TV digital ou de alta definição são até 1.080 linhas horizontais. A tela dos monitores digitais passa do formato 4:3 para 16:9. II – Em sua visão qual o futuro da televisão brasileira com a tecnologia que está sendo implantada atualmente? Até o ano de 2016 todas as emissoras de sinal aberto terão de mudar para o novo sistema. Além da melhor qualidade de imagem, que será nítida, não teremos mais ruídos de transmissão e alta definição, podendo-se assistir a uma distância de 3 vezes a altura da tela, quando hoje a distância recomendada é de 7 vezes a altura da tela. A interatividade vai ser outro avanço. O telespectador vai escolher programas, por exemplo. Na última vez que estive na Alemanha vi minha filha consultando - pelo televisor - se o avião que o marido vinha estava no horário. Pude saber também o nome de música de um filme, os resultados do futebol e detalhes de alguns programas. Já se sabe que a partir de 2010 será possível pagar contas bancárias, comprar no comércio virtual, contatar com o governo. O telespectador vai votar num calouro, eliminar um Big Brother, vai programar o horário para assistir ao jogo do seu 19 E-mail para contato: [email protected] 41 time do coração e comprar um produto usado na novela. Poder assistir televisão no celular é a outra grande vantagem da TV Digital. III – O que isso afeta na criação dos cenários? As emissoras de televisão estão indo cada vez mais para os cenários virtuais. O barateamento dos programas e das placas necessária para tal levará, por certo, à utilização apenas dos cenários virtuais nos programas feitos em estúdio. Afetada será a vida dos cenógrafos, marceneiros, pintores etc. IV – A Televisão Digital trará mais ou menos custos para geração de cenários? Pela minha resposta anterior você já depreende que acredito que trará menos custos, depois de pago o equipamento que já se encontra por volta de R$ 20.000,00, com gerador de caracteres e outros recursos técnicos. V – Com a imagem da TV Digital quais são as preocupações com a maquiagem, figurino e cenografia? Isto ainda não sei. Quem produz novelas é que poderá dizer com propriedade. Mas acho que em função da melhor qualidade na reprodução das cores naturais das pessoas nem será preciso carregar muito na maquiagem. O figurino continuará sendo importante e é o que destaca as novelas da Rede Globo. VI – Quais são os desafios e dificuldades que a migração do sistema analógico para o digital representa para as emissoras do país? A dificuldade inicial é o custo dos equipamentos que as emissoras terão forçosamente de adquirir. Ouvi dizer que o BRDE vai lançar uma linha de crédito a juros baratos para facilitar. Depois vem a questão dos televisores. O poder aquisitivo do nosso povo não permite a qualquer um comprar um Sony de 46” por 6 mil reais. Mas é provável que o brasileiro vá para o crediário e pague 12 mil, desde que a prazo de égua. Quem assina TV a Cabo ainda tem de adquirir o decodificador. A informação que tenho é de que o da NET custa R$ 799,00 e o da TVA R$ 399,00 parceláveis em 10 vezes. 20 O site da emissora está disponível no link: www.tvgalega.com.br 42 VII – Com a implantação da TV Digital, será possível desenvolver um software que tenha interação com o telespectador? Pelo que já se sabe a respeito da interatividade, já existem softwares para a interação. VIII – Quais as características prováveis deste novo modelo de negócios que está surgindo para as emissoras de TV? Proprietário de uma emissora local de sinal fechado, praticamente apenas uma programadora de televisão, ainda está longe a nossa transmissão em HD. Por este motivo ainda não comecei a sonhar com a possibilidade de faturamento. Acredito que o pay-per-view vai crescer muito, que as emissoras poderão faturar em cima da venda de produtos que se apresente nas novelas ou em outros programas, no merchandising que mesmo em tamanho minúsculo poderá ser visto e lido, na participação do faturamento das telefônicas em cima das ligações para dar palpites ou participar de sorteios, coisa que agora já ocorre. IX – Neste momento o senhor pode estar fazendo suas considerações finais e agradecimentos. Espero ter contribuído ainda que modestamente do êxito, que tenho certeza, que virá do trabalho de vocês, que está muito bem embasado pelo que li e aprendi. 4.2 DENIS HIPÓLITO DE ARAUJO 21 Possui graduação em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal da Paraíba (2002) e mestrado em Engenharia da Computação pela Universidade Federal da Paraíba (2003). Atualmente é Supervisor de Projetos na Positivo Informática S/A, atuando na área de Gerenciamento de Projetos de P&D, coordenando projetos na área de TV Digital. Tem experiência na área de Engenharia Elétrica, com ênfase em Sistemas Em Tempo Real, Sistemas Embarcados e Sistemas Distribuídos. 21 O currículo encontra-se disponível na web no link: http://lattes.cnpq.br/1588157250582074. 43 I – Quais as diferenças de imagem da TV analógica com a TV digital? O sinal transmitido é digital, desta forma temos sinal (100%) ou não. Diferentemente da transmissão analógica, onde a imagem apresentava chuviscos e fantasma. II – Em sua visão qual o futuro da televisão brasileira com a tecnologia que está sendo implantada atualmente? Com a TV digital teremos melhor qualidade de imagem e som. Entretanto, este apelo não é o suficiente para termos uma adesão em massa da nova tecnologia. Com a incorporação do Middleware Ginga, poderemos ter uma melhor rapidez na adoção da tecnologia pelos usuários. Entretanto, como toda nova tecnologia, a adesão não é imediata e levará certo tempo para termos um número significativo de novos usuários para a TV digital no Brasil. No futuro teremos as propagandas sendo divididas em aplicações NCL e Java e as tradicionais formas de publicidade. Também teremos a possibilidade de interagir com a programação da TV através de qualquer equipamento (STB, celular, etc). III – Quais os grandes impactos que as empresas de publicidade sofrerão com a tecnologia da TV Digital? As empresas de publicidade necessitam adquirir o conhecimento de como utilizar este novo meio de divulgação de produtos, onde o usuário pode interagir mais facilmente e opinar sobre a sua programação. Teremos também a geração de novos conteúdos pelas emissoras, com a finalidade de reter a atenção do usuário na programação. E, também, combater a divulgação da programação de vídeos e imagens pelas redes da Internet. IV – A Televisão Digital trará mais ou menos custos para geração de cenários? Inicialmente teremos que preparar a mentalidade das organizações para este novo ambiente, e treinar pessoas habilitadas a criar conteúdo e novos cenários para este novo paradigma digital. 44 V – Com a imagem da TV Digital quais são as preocupações com a maquiagem, figurino e cenografia? Como temos uma melhor definição da imagem, a preocupação com o figurino e a maquiagem aumenta, pois os pequenos detalhes serão mais facilmente percebidos do que com as transmissões analógicas. VI – Quais são os desafios e dificuldades que a migração do sistema analógico para o digital representa para as emissoras do país? A maior dificuldade é conquistar a audiência em curto espaço de tempo. Faltam políticas para esclarecer ao usuário quais os benefícios da nova mídia, e tentar atrair as pessoas para migrarem para o novo sistema. VII – Com a implantação da TV Digital, será possível desenvolver um software que tenha interação com o telespectador? O Middleware Ginga será a ferramenta para cumprir o objetivo. Entretanto, o Ginga possui problemas com direitos de uso da parte destinada as aplicações Java. A Sun em parceria com o SBTVD está desenvolvendo uma proposta para um GingaJ livre de pagamentos de direitos autorais. Enquanto isso não se torna real, discutese o lançamento de uma versão Ginga (Ginga Ready ou Ginga 1.0) somente com o suporte ao Ginga-NCL e Lua. VIII – Quais as características prováveis deste novo modelo de negócios que está surgindo para as emissoras de TV? A possibilidade de aumentar o número de anúncios com as aplicações interativas, incorporar novas informações ao usuário, dicas de usabilidade, navegabilidade, jogos, compras on-line, etc. 4.3 EDUARDO BICUDO Eduardo Bicudo já foi diretor de engenharia da TV Globo e atualmente é vice- diretor de ensino no SET (Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão) e membro do fórum de TV Digital. Foi um dos responsáveis pelos testes realizados pela ABERT/SET em conjunto com a faculdade MACKENZIE para definir o Sistema de Transmissão de TV Digital no Brasil. 45 I – Qual é a diferença do padrão japonês com o padrão brasileiro? O nosso padrão tem modificações (diversas evoluções). Se um consumidor brasileiro comprar um televisor japonês ele não funcionará aqui no Brasil, porém se um consumidor japonês adquirir um televisor brasileiro ele funcionará perfeitamente em seu país. É o mesmo problema que existe com versões de programas (...), a versão do padrão japonês é 0 e a do Brasil é 1. A versão brasileira funciona perfeitamente no Japão, porém a versão japonesa não funciona aqui no Brasil. II – Porque em determinados locais da cidade de São Paulo o sinal digital apresenta deficiência e não funciona? Podemos comparar esta tecnologia com os nossos aparelhos celulares. Em determinados locais da cidade o celular não recebe sinal e fica fora de área, da mesma forma acontece com a transmissão digital. Se acontecer alguma interferência no meio da transmissão não haverá comunicação e o televisor não funcionará [...], dentro de alguns anos não teremos esse tipo de problema. III – Por que vários consumidores atualmente estão enfrentando problemas com a instalação do sistema de TV Digital e com os conversores (set-top-box)? Pode-se dizer que a TV Digital Brasileira é uma criança. Ela nasceu e hoje está aprendendo a andar. O SBTVD está em uma fase de aprendizado e num futuro próximo não teremos problemas semelhantes ao que estamos presenciando. IV – Na TV Digital poderemos assistir a todos os canais que atualmente estão na TV-a-cabo (pagos)? Com a transmissão Digital as regras continuam as mesmas, a Norma estabelecida pelo Ministério das Comunicações obriga às empresas de comunicação a obtenção de uma autorização que denominamos concessão. A concessão se divide em dois níveis como já conhecemos: a TV aberta (que englobam canais como GLOBO, SBT, RECORD e BAND) e TV paga (que englobam canais como SPORT TV, ESPN, DISCOVERY CHANNEL). Na transmissão digital somente os canais da TV aberta estão autorizados a serem exibidos. 46 V – Qual o problema de se utilizar a “Antena Coletiva” na implantação da TV Digital em prédios e em condomínios? Por enquanto não existem regras de instalação, cada antenista realiza a instalação do sistema digital em condomínios, prédios ou associações, seguindo as suas próprias conveniências, para atender os consumidores realizando uma instalação precária. Podemos comparar este problema com o que se viu na década de 60 quando possuíamos somente o sistema de transmissão VHF. Com o surgimento da transmissão UHF nos anos 80 os televisores dos consumidores não possuíam sintonia para receber esse sinal. Os antenistas tentando contornar esta situação instalavam nos prédios e/ou condomínios conversores que recebiam o sinal UHF para VHF. Infelizmente muitos antenista estarão fazendo “essa gambiarra” convertendo o sinal digital em analógico, para atender os clientes de forma barata. VI – Resumidamente, quais são as etapas de transmissão digital no caso de antenas coletivas? Podemos definir três etapas de suma importância para a transmissão da TV Digital em condomínios e prédios: a Captação, o Processamento e a Distribuição. 4.4 MARCUS MANHÃES 22 Marcus Manhães trabalha no CPqD desde 1984; obteve o titulo de mestre em educação pela Universidade Estadual de Campinas -Unicamp em 2003. Na Fundação CPqD vem participando de pesquisas e desenvolvimentos em projetos de telecomunicações wireless, passando por sistemas de rádio digital, telefonia celular e televisão digital. Realizou inúmeros trabalhos de certificação internacional em equipamentos de telecomunicações, além de ter desenvolvido metodologias para testes de interoperabilidade, benchmarking e otimizarão em redes de telecomunicações celulares CDMA e GSM. Atualmente está envolvido no desenvolvimento do Sistema Canal de Interatividade para a Televisão Digital brasileira. 22 Email do pesquisador : ([email protected]) 47 I – Quais as diferenças de imagem da TV analógica com a TV digital? A TV analógica pode exibir sinais com ruído e interferências na imagem. A resolução da imagem e a capacidade de apresentar detalhes são apenas razoáveis, porém os telespectadores, pelos longos anos de existência do sistema, já estão acostumados à esta qualidade. A TV digital traz novidades na qualidade de recepção do sinal, que passa a ser mais robusto, sem “chuviscos” e “fantasmas”, exemplos de fenômenos aos quais as pessoas estavam acostumadas na analógica. No limite de baixa qualidade de recepção, a TV digital poderá, simplesmente, não apresentar qualquer sinal, mas é capaz de operar perfeitamente com sinais muito mais fracos ou perturbados. A capacidade de expressar imagens com maior resolução na TV digital traz o maior impacto ao espectador. Atualmente, existem receptores com telas de grandes dimensões que, praticamente, levam o cinema para dentro de casa. A riqueza de detalhes das imagens digitais de alta resolução, denominadas Full HD, são o grande atrativo da TV digital, embora a robustez seja uma evidência técnica valorizada. II – Em sua visão qual o futuro da televisão brasileira com a tecnologia que está sendo implantada atualmente? Para os radiodifusores, na adesão ao novo sistema de TV digital terrestre, ocorre de imediato a transformação nas formas de organização de conteúdos e de transmissão. Tão logo se inicie a transmissão no formato digital, qualidade e diversidade de conteúdos passam a ser requisito crucial. Neste sentido, o foco ainda está aplicado ao conteúdo, argumento para o qual já existe grande experiência no Brasil, nas grandes redes. Porém, o futuro apresenta novas possibilidades de serviços sustentados na mesma plataforma de televisão. São estes serviços, ainda vislumbrados nas mentes de técnicos, que provocarão a grande transformação na TV, dita interativa. As características da sociedade brasileira dão margem para que serviços de governo eletrônico e de inclusão social sejam fortemente explorados neste inovador veículo de comunicação e de interação que surge com a plataforma de TV digital. 48 III – O que isso afeta na criação dos cenários? A preocupação com cenário deriva da transmissão em alta definição, onde a elevada resolução de imagem permite visualizar detalhes. Assim, aquelas imperfeições do cenário, tais como paredes com retoques e emendas são passíveis de visualização pelo telespectador. Entretanto, esse raciocínio se aplica, apenas, ao composto de imagens em estúdio, onde o total da imagem apresentada incluirá o ambiente. Observe-se que uma técnica, já consolidada, denominada croma key, compõe imagens de pessoas e objetos com fundos gerados por computação gráfica, fotografias ou cenas remotas. Processamentos de imagem e técnicas complementares devem ser considerados como estratégia de composição de cenários, e estão cada vez mais acessíveis com a evolução da informática e dos softwares para estas finalidades. A digitalização traz, portanto, impacto nas formas e procedimentos aplicados à produção de conteúdos. IV – A Televisão Digital trará mais ou menos custos para geração de cenários? Os custos serão derivados da opção de apresentação. Quando técnicas de computação gráfica e composição de imagens puderem ser aplicadas, isso simplificará imensamente a constituição do cenário. Contudo, ao trazer o foco para detalhes do ambiente, certamente isso exigirá maior esforço e, conseqüentemente, mais gastos com a execução e a preservação de cenários. V – Com a imagem da TV Digital quais são as preocupações com a maquiagem, figurino e cenografia? Novamente, a alta resolução é tomada como o atributo que traz a evidência. Um raciocínio prático, para se compreender o que vem com tal atributo, é admitir que a alta resolução objetiva reproduzir a realidade, como se os objetos e as pessoas estivessem fisicamente diante de nossos olhos. Portanto, sabe-se que na situação presencial, é possível observar detalhes da pele, do figurino e tudo mais. Percebe-se, inclusive, o traço torcido na máscara do palhaço. Tais detalhes serão observáveis, também, na tela de alta definição. Naturalmente, profissionais das áreas pertinentes deverão sofisticar suas técnicas a fim de evidenciar ou ocultar os 49 detalhes que lhes interessar. Ora, isso pode significar novos atributos a serem explorados artisticamente, e tal aptidão irá destacar os bons profissionais. VI – Quais são os desafios e dificuldades que a migração do sistema analógico para o digital representa para as emissoras do país? O custo de uma plataforma de transmissão de TV digital é o primeiro obstáculo para o radiodifusor. Portanto, o aporte financeiro para as pequenas e novas emissoras é o primeiro problema a se dirimir. Os detalhes e imperfeições em cenários, que exigem grande investimento financeiro para serem superados, somente se aplicarão para a geração de programas e conteúdos em alta definição. Emissoras pequenas podem produzir em definição padrão, até que consigam desenvolver técnicas que as suportem na produção em alta definição. Este raciocínio nos encaminha para outro importante desafio: a capacitação profissional. Serão os profissionais que construirão soluções, serviços e alternativas na nova plataforma de televisão. Buscar formas de desenvolver e suportar profissionais aptos à tecnologia, em suas especialidades e entrâncias, é o grande desafio. VII – Com a implantação da TV Digital, será possível desenvolver um software que tenha interação com o telespectador? Perfeitamente. Já existem protótipos experimentais destes dispositivos. O CPqD desenvolveu experimentos com aplicações bancárias e para educação. Além dessas, o CPqD fundamentou conceitos inovadores que se voltam para usabilidade, preocupando-se, especialmente, com a inclusão de deficientes físicos e funcionais – luz à potencialidade da TV digital interativa – no binômio tecnologia-sociedade. VIII – Quais as características prováveis deste novo modelo de negócios que está surgindo para as emissoras de TV? Na atual sociedade a TV já é um ícone significativo. Com as novas possibilidades tecnológicas o modelo de negócio deverá ser progressivo e valorizar ainda mais o dispositivo. Como já é evidenciável, inicia-se com a transmissão digital, em programação correspondente ao que se observa na TV analógica. Aos poucos, 50 mobiliza-se uma transformação na forma de produção de conteúdos, cada vez mais internalizando as produções da indústria cinematográfica e, paulatinamente vai se incrementando aplicações e serviços interativos. No entanto, há que se aguardar os efeitos da massificação de receptores digitais, plenos em suas potencialidades. É provável que ocorram transformações no número e características dos atores presentes na atual cadeia de valor, surgindo, inclusive, atores que centralizem e distribuam conteúdos de terceiros. 4.5 NANI MORENO Nani Moreno é coordenadora de Marketing da Rede Massa - TV Naipi (afiliada do SBT). I – Em sua visão qual o futuro da televisão brasileira com a tecnologia que está sendo implantada atualmente? A TV estará ainda mais versátil e com qualidade, a interação com o telespectador será muito maior, além do aumento de audiência devido a portabilidade, já que está poderá ser recebida por aparelhos portáteis em qualquer lugar. A TV que já é um veiculo forte tende a ficar ainda mais importante e qualificado até porque a segmentação será maior. II – O que isso afeta na criação dos cenários? Muito. Com o formato da imagem no sistema digital (16:9) pelo o atual (4:3) a abertura é maior de visibilidade e a qualidade da imagem é muito mais especifica as emissoras terão que se adequar perante cenários, maquiagem e áudio o que os especialistas da área já estão estudando há alguns anos para que ao produzir um programa o telespectador não identifique falhas de cenário, imagem do artista etc. III – A Televisão Digital trará mais ou menos custos para geração de cenários? Os cenários deverão ser específicos, principalmente iluminação ainda estão realizando estudos em relação a isso, com o tempo os cenários melhorarão 51 conforme forem descobrindo outras saídas para garantir a qualidade e quanto mais qualidade maior o investimento. IV – Quais são os desafios e dificuldades que a migração do sistema analógico para o digital representa para as emissoras do país? A adaptação da antena que custa milhões, aparelhos de engenharia como um todo (câmeras, iluminação etc.), cenários, edições, adaptar o publico para este novo conceito isso deverá ser em longo prazo, treinamento e adaptação dos profissionais de TV para o novo método de trabalho entre outros. V – Com a implantação da TV Digital, será possível desenvolver um software que tenha interação com o telespectador? Isso já vai acontecer, a interação com o telespectador é uma das principais razoes da TV digital alem da qualidade de som e imagem. Porem ainda em fase de testes pois cada aparelho receptor (TV convencional, portátil, celular etc.) devera ter um sistema próprio para o telespectador participar e comprar produtos anunciados. VI – Quais as características prováveis deste novo modelo de negócios que está surgindo para as emissoras de TV? Com a interatividade o telespectador poderá alem da informação transmitida, receber mais conteúdo, por exemplo, ver resumo de uma novela ou comprar ingressos para seu jogo de futebol favorito. Isso vai possibilitar uma gama enorme de negócios, anúncios, porque o que uma telespectadora gostar de ver em uma apresentadora, por exemplo, ela pode clicar no controle remoto e solicitar compra. 4.6 RICARDO MUSSE É professor no departamento de sociologia da Universidade de São Paulo. Doutor em filosofia pela Universidade de São Paulo (1998) e mestre em filosofia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1992). Tem experiência em pesquisas e docência nas áreas de sociologia e de filosofia, com ênfase em teoria sociológica, 52 atuando principalmente nos temas: teoria social, sociologia histórica do marxismo, teoria crítica da sociedade, sociologia e filosofia alemã. I – As redes de televisão aberta serão as maiores beneficiárias da adoção do padrão japonês? Por quais motivos? Em princípio, o padrão japonês tende a favorecer as redes abertas de TV, pois se adapta melhor ao modelo de transmissão por meio de torres compartilhadas. Além disso, sua opção pelo formato “alta definição” tende a inibir produtores de conteúdo desprovidos de recursos ou mesmo negócios assentados em “pequenos investimentos”. II – A decisão favorável às redes de TV vai prejudicar a diversificação da produção de conteúdo que era esperada com a implantação do sistema digital? Em princípio não. A diversificação do conteúdo depende, sobretudo, da distribuição do espectro das freqüências. O formato “alta definição” tende a diminuir o espectro, mas, de qualquer modo, a redistribuição do espectro é uma decisão política, que, penso, só será definida nos próximos anos. Não vejo como a remodelação da TV por meio de sua digitalização possa ignorar, por exemplo, a demanda da sociedade por TVs educativas e comunitárias. Penso que teremos também investimentos comerciais de monta. A tendência, mesmo que no longo prazo, é de uma maior democratização da TV brasileira. III – Ao mesmo tempo, como a decisão afetará as indústrias eletrônicas e as companhias de telefonia, que defendiam a implantação do padrão europeu? Infelizmente, apesar do que apregoam os jornais, a indústria eletrônica brasileira não existe. Possuímos apenas montadoras de peças importadas, mesmo quando essas “montadoras” são nacionais, como é o caso da Gradiente. A implantação da TV digital é uma ótima oportunidade para criarmos fábricas de semicondutores e começarmos a produzir aqui os componentes da indústria eletrônica. 53 As companhias telefônicas, em princípio, continuam sem ter o que não tem, ou seja, um papel decisivo na distribuição de imagens para a TV. A grande vantagem do sistema aberto de TV é o compartilhamento da transmissão, um sistema montado no regime militar em nome da integração nacional, pela então estatal Embratel. Nós livramos do risco de ter de pagar pelo sinal de TV os valores absurdos que pagamos pelo uso da telefonia privatizada. Mas isso não significa que as companhias de telefonia não tenham um lugar no sistema. Na TV digital o canal de retorno é essencial, e esse, pelas dificuldades em “cabear” um país da dimensão do Brasil, será majoritariamente a linha telefônica. IV – Que avaliação pode ser feita das contrapartidas oferecidas pelo Japão, como a instalação de fábricas de componentes eletrônicos e transferência de tecnologia? Pouco posso afirmar sobre isso, pois esses dados ainda não foram divulgados em sua totalidade. V – O que será feita com toda a tecnologia desenvolvida no Brasil para a TV digital, em especial os adaptadores para aparelhos convencionais? Será adequada ao padrão japonês ou se converteu em um investimento inútil? A idéia de que a América Latina possuísse um padrão desenvolvido no próprio continente tornou-se inviável? A tecnologia brasileira desenvolvida será aplicada na produção dos decodificadores (ou conversores). O perfil de renda da população brasileira tende a exigir soluções próprias, isto é, criativas e menos onerosas. Além disso, ao que parece, a opção pelo padrão japonês deixa um espaço para a utilização de softwares nacionais, naquilo que os especialistas chamam de “middleware”. 54 VI – Como será a fase de transição para as emissoras? E para o público telespectador? Será uma adaptação lenta, como já se calcula? A transição para a TV digital será lenta no mundo inteiro. Por dois motivos: (a) pelo custo econômico da substituição dos aparelhos de produção, transmissão e recepção; (b) pela aceleração da inovação tecnológica nos últimos anos. Ainda não se sabe, por exemplo, que tipo de convergência teremos no futuro. Um mesmo equipamento vai funcionar como via de acesso à internet, como substituto do telefone fixo e como receptor de imagens? É isso que o consumidor quer? São decisões que só vão se consolidar no longo prazo. VII – O governo pode recuar da decisão devido às pressões de setores organizados da sociedade, numa reação semelhante à que adiou o início das obras de transposição do Rio São Francisco? Este, como todo governo democrático está sujeito às pressões da sociedade organizada e da opinião pública. Penso, no entanto, que a discussão no país ainda não adquiriu força suficiente para mobilizar em favor de uma opção determinada. Além disso, julgo que seria mais conveniente unificar as forças da sociedade organizada na questão do “modelo de negócios”, afinal nosso principal objetivo deve ser a democratização dos meios de comunicação. 4.7 CONCLUSÃO DAS ENTREVISTAS As entrevistas realizadas objetivaram a identificação e interpretação das possíveis razões que explicam o real motivo da escolha da tecnologia japonesa para ser implantada em nosso país. Cada um dos entrevistados citaram melhorias e dificuldades que enfrentaremos nesta nova fase em que estamos vivendo com as mudanças em nosso sistema de transmissão do sinal da televisão. Altair Carlos Pimpão, diretor e dono de uma rede de TV, apontou com destaque que a tecnologia que está sendo implantada em nosso país trará a portabilidade, (possibilidade de assistir televisão no celular) e a interatividade. 55 Pimpão comentou que a expectativa de mercado é que a partir de 2010 será possível pagar contas bancárias, comprar no comércio virtual, contatar com o governo. O telespectador poderá votar em um calouro, eliminar um Big Brother, programar o horário para assistir a uma partida de futebol, ou ainda comprar um produto usado na novela. Já Nani Moreno, coordenadora de Marketing da Rede Massa (afiliada do SBT), acredita que as implantações do sinal digital nas redes de transmissão fora dos grandes centros não acontecerão de imediato, pois a adaptação da antena, a compra de aparelhos de engenharia como um todo (câmeras, iluminação etc.), a construção de novos cenários, as edições dos programas, possuem um alto custo, sendo inviável a aquisição destes equipamentos neste período. Denis Hipólito de Araujo, acredita que a TV Digital somente irá apresentar interatividade com a incorporação do Middleware Ginga, pois poderemos ter uma melhor rapidez na adoção da tecnologia pelos usuários. Entretanto, como toda nova tecnologia, a adesão não é imediata e levará certo tempo para termos um número significando de novos usuários para a TV digital no Brasil. Uma das dificuldades apontadas por Eduardo Bicudo são as instalações do sistema digital em condomínios, prédios ou associações, pois não existem regras de instalação. Marcus Manhães aponta que o custo de uma plataforma de transmissão de TV digital é o primeiro obstáculo para o radiodifusor. Emissoras pequenas podem produzir em definição padrão, até que consigam desenvolver técnicas que as suportem na produção em alta definição. Este raciocínio nos encaminha para outro importante desafio: a capacitação profissional. Serão os profissionais que construirão soluções, serviços e alternativas na nova plataforma de televisão. Buscar formas de desenvolver e suportar profissionais aptos à tecnologia, em suas especialidades e entrâncias, é o grande desafio. Ricardo Musse defende o padrão japonês como sendo o melhor sistema que existe no mercado, pois esta tecnologia se adapta melhor ao modelo de transmissão por meio de torres compartilhadas. Além disso, sua opção pelo formato “alta definição” tende a inibir produtores de conteúdo desprovidos de recursos ou mesmo negócios assentados em “pequenos investimentos”. 56 Musse acredita que a tecnologia brasileira será aplicada na produção dos decodificadores (ou conversores), pois o perfil de renda da população brasileira tende a exigir soluções próprias, isto é, criativas e menos onerosas. Na Tabela 3 podemos verificar um comparativo das entrevistas realizadas com os profissionais. Tabela 3. Comparativo das Entevistas PERGUNTA ALTAIR CARLOS PIMPÃO 1 2 3 4 5 6 7 8 1 2 3 4 5 6 7 8 Alta definição Interatividade A vida dos cenógrafos, marceneiros, pintores Trará menos custos depois da compra dos equipamentos Não sabe O custo dos equipamentos Existem softwares para a interação. Ainda está longe da transmissão em HD DENIS HIPÓLITO DE ARAUJO Não apresenta chuviscos e fantasmas na imagem Propagandas sendo divididas em aplicações NCL e Java, além da interatividade As empresas de publicidade necessitam adquirir o conhecimento de como utilizar este novo meio Inicialmente teremos que preparar a mentalidade das organizações para este novo ambiente, e treinar pessoas habilitadas Os pequenos detalhes serão mais facilmente percebidos do que com as transmissões analógicas A maior dificuldade é conquistar a audiência em curto espaço de tempo O Middleware Ginga será a ferramenta para cumprir o objetivo A possibilidade de aumentar o número de anúncios com as aplicações interativas MARCUS MANHÃES 1 2 3 4 5 Riqueza de detalhes das imagens digitais de alta resolução Novas possibilidades de serviços sustentados na mesma plataforma de televisão. Processamentos de imagem e técnicas complementares devem ser considerados como estratégia de composição de cenários Isso pode significar novos atributos a serem explorados artisticamente, e tal aptidão irá destacar os bons profissionais. O custo de uma plataforma de transmissão de TV digital é o primeiro obstáculo para o radiodifusor. 57 6 7 1 2 3 4 5 6 Já existem protótipos experimentais destes dispositivos. O CPqD desenvolveu experimentos com aplicações bancárias e para educação. Na atual sociedade a TV já é um ícone significativo. NANI MORENO A TV estará ainda mais versátil e com qualidade, a interação com o telespectador será muito maior, além do aumento de audiência devido a portabilidade Com o formato da imagem no sistema digital (16:9) pelo o atual (4:3) a abertura é maior de visibilidade e a qualidade da imagem é muito mais especifica as emissoras terão que se adequar. Os cenários deverão ser específicos, principalmente iluminação ainda estão realizando estudos em relação a isso A adaptação da antena que custa milhões, aparelhos de engenharia como um todo (câmeras, iluminação etc.), cenários, edições, adaptar o publico para este novo conceito isso deverá ser em longo prazo Isso já vai acontecer, a interação com o telespectador é uma das principais razoes da TV digital alem da qualidade de som e imagem. Com a interatividade o telespectador poderá alem da informação transmitida, receber mais conteúdo, por exemplo, ver resumo de uma novela ou comprar ingressos para seu jogo de futebol favorito. Perguntas 1 - Quais as diferenças de imagem da TV analógica com a TV digital? 2 - Em sua visão qual o futuro da televisão brasileira com a tecnologia que está sendo implantada atualmente? 3 - O que isso afeta na criação dos cenários? 4 - A Televisão Digital trará mais ou menos custos para geração de cenários? 5 - Com a imagem da TV Digital quais são as preocupações com a maquiagem, figurino e cenografia? 6 - Quais são os desafios e dificuldades que a migração do sistema analógico para o digital representa para as emissoras do país? 7 - Com a implantação da TV Digital, será possível desenvolver um software que tenha interação com o telespectador? 8 - Quais as características prováveis deste novo modelo de negócios que está surgindo para as emissoras de TV? 58 5. EXEMPLO DE UMA APLICAÇÃO INTERATIVA Nesta etapa foi desenvolvida uma aplicação que simula os recursos de interatividade propostos para a implantação da TV Digital Interativa Brasileira para os próximos anos, conforme o cronograma e prazos estabelecidos pelo Ministério das Comunicações. Foram adotadas como exemplo para o desenvolvimento desta aplicação as duas principais emissoras do nosso país: TV Globo e SBT – Sistema Brasileiro de Televisão, tendo em vista a programação local e possíveis recursos de interatividade. 5.1 ESCOLHA DA FERRAMENTA E ESTRUTURA DO SISTEMA A estrutura do sistema, segue a linha de aplicações implantadas em outros países, utilizando o conceito de TV Digital Declarativa. Como ferramenta utilizou-se o Adobe Flash, com modelagem Orientada a Objetos. Segundo Guimarães et. all.(2007), o Adobe Flash possui um ambiente familiar fornecendo suporte do ponto de vista de abstração e uma noção de como os objetos serão apresentados na tela em relação a outras ferramentas que também são utilizadas no mercado para o desenvolvimento da aplicação para a TV Digital, porém uma das falhas em se utilizar esta tecnologia para o desenvolvimento de aplicações voltadas para a TV é a falta de suporte à edição ao vivo, requisito importante a ser atendido em sistemas de TV Digital Interativa, pois as animações e interações funcionam através da utilização de scripts (ActionScript). 59 A estrutura do projeto pode ser observada na tabela abaixo : Figura 11. Estrutura do sistema desenvolvido Para exemplificar a estrutura do sistema desenvolvido, segue abaixo alguns layouts das telas que foram criadas, simulando o sistema de TV Digital Brasileiro que será ainda está em implantação em nosso país. A documentação do projeto encontra-se no Apêndice do Trabalho. A Home projetada para o canal de televisão do SBT possibilita ao usuário visualizar a programação desejada, assim como detalhes sobre os programas preferidos, álbum de fotos e interatividade. 60 Figura 12. Home do Sistema (Canal 4 – SBT) A Home da Seção de Filmes permite que o canal de televisão do SBT disponibilize ao usuário visualizar o filme desejado. Figura 13. Home da Seção de Filmes (Canal 4 – SBT) 61 A Seção de Filmes Interna permite que o usuário visualize detalhes sobre o filme selecionado, bem como a sinopse, atores, diretor e suas particularidades, além de um trecho do filme que será exibido posteriormente. Figura 14. Seção de Filmes Interna (Canal 4 – SBT) A Seção de Programação permite que o canal de televisão do SBT disponibilize ao usuário visualizar a programação da semana. Figura 15. Seção de Programação (Canal 4 – SBT) 62 A Seção de Programação Interna permite que o usuário visualize a programação do dia selecionado, além de ver trecho do programa em destaque algumas fotos do programa. Figura 16. Seção de Programação Interna (Canal 4 – SBT) A Seção de Notícias disponibiliza ao usuário as notícias da última hora, atualizadas em tempo real. Figura 17. Seção de Notícias (Canal 4 – SBT) 63 A Seção de Programação permite que o canal de televisão do GLOBO disponibilize ao usuário visualizar a programação da semana. Figura 18 de Programação (Canal kf5 – GLOBO). A Seção de programação disponibiliza ao usuário os dias da semana para a escolha de uma programaçãol. Figura 19. Seção de Programação (Canal 5 – GLOBO). 64 A Seção de Programação Interna permite que o usuário visualize a programação do dia selecionado, além de ver trecho do programa em destaque algumas fotos do programa. Figura 20. Seção de Programação (Canal 5 – GLOBO). 65 A Seção de vídeos mais acessados permite que o usuário visualize os vídeos mais acessados pelos espectadores. Figura 21. Seção de vídeos mais acessados (Canal 5 – GLOBO). 66 CONCLUSÃO A TV Digital está em implantação no mundo, e aqui no Brasil não é diferente. Mas em nosso país o processo de implantação do sistema brasileiro de TV Digital está caminhando a passos lentos e o seu processo de desenvolvimento não está atingindo o nível desejado de evolução, tendo em vista a baixa procura da população pela aquisição de equipamentos que possibilitem a utilização dos recursos apresentados. Mas como essa tecnologia é tão inovadora, os impactos sociais serão de grande impacto, assim facilitando a interatividade entre a população e a sua televisão, como em canais de compras, participar de programas que utilizam a população em seus jogos de perguntas e respostas, reality show. Mas isso gera custos e não são acessíveis a todas as pessoas, por isso que a procura da TV Digital no Brasil não está sendo tão aproveitada. Com essa tecnologia ocorrerá novas mudanças no mercado de trabalho e surgiram novos empregos na área de TI. Com isso todas as emissoras de TV e o mercado de trabalho terão que investir em seu departamento de propaganda e marketing para se adaptar a esse novo mundo, assim atingindo este publico inovador. Mas tudo que a TV Digital traz para você gera custo, mas não só para as emissoras e o mercado de trabalho, também para o seu publico alvo, por ter que comprar aparelhos que serão transmitidos esses sinais utilizados pela TV Digital. Desta forma a TV Digital só tem a agregar melhorias ao nosso dia a dia, e cada vez mais facilitando a vida da população que está trabalhando o tempo todo, promovendo assim a globalização e a inclusão digital em seus lares. 67 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ADNEWS (2008), ATSC faz sua proposta ao governo Brasileiro, disponível no site http://adnewstv.com.br/tecnologia.php?id=25532, visitado em Outubro de 2008. ANATEL, Agência Nacional de Telecomunicações. Imagens disponível no link : http://www.anatel.gov.br/Portal/exibirPortalInternet.do, acessado em 28 de abril de 2008. ARTUZI, Wison (2001), Técnicas de Modulação, disponível no site HTTP://www.eletrica.ufpr.br/artuzi/cap2/pg01.html, acesso em Novembro de 2008. BATISTA, J.C. Efeitos Econômicos, Tecnológicos e Sociais da TV Digital no Brasil: alternativas para transmissão terrestre. Série Textos para Discussão 006/2005, Rio de Janeiro, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2005. 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