Padronização e desenvolvimento farmacotécnico - PPGCF

Transcrição

Padronização e desenvolvimento farmacotécnico - PPGCF
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS
PADRONIZAÇÃO E DESENVOLVIMENTO FARMACOTÉCNICO DE
CÁPSULAS E COMPRIMIDOS CONTENDO EXTRATO
HIDROETANÓLICO DE Calendula officinalis L.
NÁDIA MARIA BARBOSA CUNHA
BELÉM/PA
2013
NÁDIA MARIA BARBOSA CUNHA
PADRONIZAÇÃO E DESENVOLVIMENTO FARMACOTÉCNICO DE
CÁPSULAS E COMPRIMIDOS CONTENDO EXTRATO
HIDROETANÓLICO DE Calendula officinalis L.
Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de
Pós-Graduação
em
Ciências
Farmacêuticas
da
Universidade Federal do Pará para obtenção do título de
Mestre em Ciências Farmacêuticas.
Área de concentração: Fármacos e medicamentos
Orientador: Prof. Dr. José Carlos Tavares Carvalho
BELÉM-PA
2013
FICHA CATALOGRÁFICA
NÁDIA MARIA BARBOSA CUNHA
PADRONIZAÇÃO E DESENVOLVIMENTO FARMACOTÉCNICO DE CÁPSULAS E
COMPRIMIDOS CONTENDO EXTRATO HIDROETANÓLICO DE Calendula
officinalis L.
Dissertação apresentada ao Programa de Pós graduação em Ciências Farmacêuticas
da Universidade Federal do Pará para obtenção do título de Mestre em Ciências
Farmacêuticas.
Trabalho defendido e aprovado em:
Banca examinadora
_________________________________________
Prof. Dra Elizabeth Viana Moraes da Costa
Instituição: Universidade Federal do Amapá
_________________________________________
Prof. Dr. José Otávio Carréra Silva Júnior
Instituição: Universidade Federal do Pará
_________________________________________
Prof.Dr. José Carlos Tavares Carvalho
Instituição: Universidade Federal do Amapá
BELÉM/PA
2013
DEDICATÓRIA
A minha família, Rafael e Maria Júlia, por serem a verdadeira razão do meu viver.
Aos meus pais, Maria da Penha e Célio, pelo amor, dedicação e apoio dispensado em
todos os momentos de minha vida.
AGRADECIMENTOS
À Deus, acima de tudo por ser presença constante em minha vida.
Ao professor Dr.José Carlos Tavares Carvalho por ter me concedido a oportunidade
de desenvolver este trabalho, em sua orientação, e por ser exemplo profissional.
Ao professor Caio Pinho Fernandes pelos ensinamentos e contribuições científicas
durante a realização deste trabalho.
Ao professor Hugo Favacho pelo auxílio no aprendizado da técnica de granulação por
via úmida.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelo
auxílio financeiro na forma de bolsa.
À Universidade Federal do Pará (UFPA) e ao Programa de Pós-graduação em
Ciências Farmacêuticas, pela oportunidade de aprendizado.
À Universidade Federal do Amapá (UNIFAP) por ter me recebido para que eu
cumprisse todas as etapas de desenvolvimento deste trabalho, nos laboratórios de
Fármacos e Medicamentos, Farmacotécnica e Tecnologia Farmacêutica, e Controle
de Qualidade da Universidade Federal do Amapá.
Aos amigos que ganhei no Laboratório de Fármacos e Medicamentos da UNIFAP, em
especial, Adriana Maciel, Jéssica, Gisele e Jhonatan, obrigada pelo auxílio no
desenvolvimento deste trabalho e pela amizade.
Aos meus pais, irmãos e familiares, que mesmo estando distantes me apoiaram e
incentivaram para o cumprimento desta etapa.
Ao meu esposo Rafael Amaral, pelo profundo incentivo e apoio incondicional, e a
minha filha Maria Júlia, por ser o grande estímulo para a conclusão de mais esta etapa.
A todos aqueles que direta ou indiretamente, auxiliaram para que este trabalho fosse
realizado, os meus profundos sentimentos de gratidão e respeito.
“A maravilhosa disposição e harmonia do universo
só pode ter sido origem segundo o plano de um Ser
que tudo sabe e tudo pode. Isto fica sendo a minha
última e mais elevada descoberta.”
Isaac Newton
RESUMO
Dentre as diversas plantas medicinais mais utilizadas na fitoterapia, encontra-se a
Calendula officinalis L., uma herbácea anual pertencente à família Asteraceae,
utilizada na medicina tradicional pelos seus efeitos anti-inflamatório, antisséptico e
cicatrizante. Devido a importância dessa espécie vegetal como planta medicinal
utilizada extensivamente na medicina tradicional e oficial em todo o mundo, não só
por via tópica, mas também por via oral, o presente estudo teve por objetivo padronizar
e desenvolver formas farmacêuticas sólidas (cápsulas e comprimidos) a partir do
extrato hidroetanólico a 70% das inflorescências de Calendula officinalis L. e traçar o
perfil de dissolução e liberação do marcador fitoquímico-farmacológico, já que este
teste constitui um dos instrumentos essenciais para a avaliação das propriedades
biofarmacotécnicas das formulações, utilizado tanto no controle de qualidade quanto
nos primeiros estágios do desenvolvimento farmacotécnico. O granulado contendo
extrato hidroetanólico de Calendula officinalis L. obtido por granulação por via úmida
apresentou características satisfatória como forma intermediária para a produção de
cápsulas e comprimidos de calêndula, comprovado pelo controle de qualidade físicoquímico realizado para essas formas farmacêuticas, apresentando aprovação dos
resultados obtidos em peso médio, teste de desintegração, dureza e espessura
(apenas para comprimidos), de acordo com especificações da Farmacopeia Brasileira.
No teste de dissolução in vitro obteve-se informações úteis ao desenvolvimento
farmacotécnico das cápsulas e comprimidos de Calendula officinalis L., pois de acordo
com o resultado obtido houve dissolução das formas farmacêuticas, provando que não
ocorreu interferência dos excipientes da formulação neste processo. Os perfis de
dissolução das cápsulas e comprimidos apresentaram-se eficazes nos meios de
dissolução tanto em tampão de ácido clorídrico como em água destilada, sendo este
último, o meio em que as formas farmacêuticas apresentaram as maiores
porcentagens de dissolução e liberação do marcador fitoquímico-farmacológico, com
7,64% (0,0013 mg/mL) para os comprimidos, ressaltando que até os 40 min., o
comportamento das cápsulas e comprimidos de Calendula officinalis L. foi
semelhante, com liberação de 5,8% (0,0010 mg/mL) do marcador. Portanto, concluise que os métodos empregados para obtenção do extrato hidroetanólico de Calendula
officinalis e granulação, com posterior obtenção de capsulas e comprimidos foram
eficazes para garantir um perfil de dissolução e liberação do marcador fitoquimicofarmacológico adequado, e um possível efeito farmacológico padrão em termos de
eficácia e reprodutibilidade.
Palavras chave: Calendula officinalis, extrato hidroetanólico, granulado, comprimido,
capsula, dissolução.
ABSTRACT
Among the various medicinal plants commonly used in the phytotherapie, is the
Calendula officinalis L., an herbaceous annual belonging to the family Asteraceae ,
used in traditional medicine for its anti -inflammatory, antiseptic and healing. Due to
the importance of this plant species as a medicinal plant used extensively in traditional
medicine and official worldwide, not only topically, but orally, this study aimed to
standardize and develop solid dosage forms ( tablets and capsules ) from the
hydroethanolic extract of Calendula officinalis L. and profile of dissolution and release
of marker phytochemical - pharmacological, since this test is one of the key instruments
for the assessment of the properties of the biopharmacotechniques formulations, used
both in quality control and in the early stages of development pharmaceutics. The
granules containing hydroethanolic extract of Calendula officinalis L. obtained by wet
granulation characteristics presented as a form satisfactory intermediate for the
production of tablets and capsules Calendula, evidenced by physicochemical quality
control performed for these dosage forms, with approval of the results obtained in
average weight, disintegration test , hardness and thickness (for tablets) , according to
Brazilian Pharmacopoeia specifications. In vitro dissolution testing gave useful
information for development of pharmaceutics capsules and tablets Calendula
officinalis L., as according to the result obtained was the dissolution of dosage forms,
proving that there was no interference of formulation excipients in this process. The
dissolution profiles of the capsules and tablets showed to be effective in the dissolution
medium in buffer much as hydrochloric acid in distilled water, the latter being the
medium in which dosage forms had higher percentages of dissolution and release of
marker - phytochemical pharmacological , with 7.64 % ( 0.0013 mg / mL ) for tablets,
noting that even 40 min., the behavior of capsules and tablets from Calendula officinalis
L. was similar with the release of 5.8 % (0.0010 mg/mL ) of the marker. Therefore, it
is concluded that the methods employed for obtaining the hydroethanolic extract of
Calendula officinalis and granulation with subsequent taking of tablets and capsules
were effective in ensuring a dissolution profile and release of phytochemicalpharmacological marker appropriate and a possible standard pharmacological effect
in terms of accuracy and reproducibility.
Keywords: Calendula officinalis hydroethanolic extract, tablet, capsule, dissolution.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1- Calendula officinalis L.
24
Figura 2- Estrutura química da rutina
26
Figura 3 – Preparação do granulado
29
Figura 4 - Espectro na região do infravermelho, correspondente ao
extrato liofilizado das flores de Calêndula officinalis L. sobreposto ao
espectro do padrão de Rutina.
51
Figura 3 - Espectro na região do infravermelho, correspondente ao
extrato liofilizado das flores de Calêndula officinalis L.
52
Figura 4 – Massa umectada do extrato hidroetanólico de Calendula
officinalis L. e os adjuvantes da formulação.
54
Figura 5 – Obtenção do granulado ao passar a massa umectada do
extrato mole de Calendula officinalis L. com os excipientes da
formulação.
55
Figura 6 – Aspecto macroscópico do granulado de Calendula
officinalis L.
56
Figura 7- Fotografia do granulado de Calendula officnalis L. em
estereomicrocópio
56
Figura 8 -Cápsulas de Calendula officinalis L.
57
Figura 9 - Comprimidos de Calendula officinalis L.
58
Figura 10 -Perfil de dissolução de comprimidos de Calendula
officinalis L. em água destilada e em tampão ácido (pH 1.2)
62
Figura 11- Perfil de dissolução de cápsulas de Calendula officinalis
L. em água destilada e tampão ácido (pH 1.2)
63
Figura 12 - Comparação dos perfis de dissolução de comprimidos e
cápsulas em água destilada e em tampão ácido (pH 1.2)
63
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Condições utilizadas para avaliar o perfil de dissolução
de cápsulas e comprimidos de Calendula officinalis L.
46
Tabela 2 - Resíduo seco, densidade relativa e pH do extrato
hidroetanólico de Calendula officinalis L.
50
Tabela 3 - Bandas de absorção na região do infravermelho,
correspondente ao extrato liofilizado das flores de Calendula
officinalis L.
52
Tabela 4 – Porcentagem e massa da composição do granulado de
Calendula officinalis L.
54
Tabela 5 – Determinação do peso médio e desvio padrão das
cápsulas e comprimidos de Calendula officinalis L.
59
Tabela 6 – Determinação da dureza e espessura dos comprimidos
de Calendula officinalis L.
59
Tabela 7 – Tempo de desintegração (min) de cápsulas e
comprimidos de Calendula officinalis L. em diferentes meios de
desintegração (n=6).
60
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ANVISA
Agência Nacional de Vigilância Sanitária
FT-IR
Espectroscopia na região do infravermelho transformado em
Fourier
IV
Infravermelho
OMS
Organização Mundial de Saúde
PNPIC
Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares
PNPMF
Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos
RDC
Resolução de Diretoria Colegiada
SUS
Sistema Único de Saúde
EHECo
Extrato Hidroetanólico de Calendula officinalis
UV
Ultravioleta
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................18
2 REVISÃO BIBLIOGRAFICA.......................................................................................................20
2.1 Plantas medicinais e fitoterápicos ............................................................... 20
2.2 Controle de qualidade e padronização de fitoterápicos ............................. 21
2.3 Calendula officinalis L. .................................................................................. 23
2.3.1 Histórico do uso tradicional e popular .........................................................................23
2.3.2 Aspectos botânicos .......................................................................................................23
2.3.3 Características morfológicas........................................................................................24
2.3.4 Composição química ....................................................................................................25
2.3.5 Estudos farmacológicos ...............................................................................................26
2.4 Desenvolvimento de formulações fitoterápicas .......................................... 27
2.5 Obtenção de granulados ............................................................................... 28
2.6 Adjuvantes farmacêuticos............................................................................. 30
2.7 Formas farmacêuticas sólidas ...................................................................... 31
2.8 Controle de qualidade na produção de cápsulas e comprimidos ............. 33
2.9 Dissolução e absorção de fármacos ............................................................ 34
3 OBJETIVOS ................................................................................................................................36
3.1 Objetivo geral ................................................................................................. 36
3.2 Objetivos específicos .................................................................................... 36
4 MATERIAL E MÉTODOS ...........................................................................................................37
4.1 Material............................................................................................................ 37
4.1.1 Material vegetal .............................................................................................................37
4.1.2 Equipamentos ...............................................................................................................39
4.1.3 Reagentes e soluções ..................................................................................................39
4.1.4 Adjuvantes farmacêuticos ............................................................................................40
4.1.5 Substância de referência (padrão) ..............................................................................40
4.2 Métodos .......................................................................................................... 40
4.2.1 Obtenção do extrato hidroetanólico de Calendula officinalis L. (EHECo) ...............40
4.2.2 Padronização físico-química do extrato hidroetanólico de Calendula officinalis L.
(EHECo) ..................................................................................................................................41
4.2.2.1 Determinação do pH..................................................................................................41
4.2.2.2 Determinação da densidade relativa do extrato hidroetanólico de Calendula
officinalis L. (EHECo) .............................................................................................................41
4.2.2.3 Determinação do resíduo seco do extrato hidroetanólico de Calendula officinalis
L. (EHECo) ..............................................................................................................................41
4.2.2.4 Espectroscopia na região do infravermelho transformado em Fourier (FT-IR) do
extrato hidroetanólico de Calendula officinalis L. (EHECo) ................................................42
4.2.2.5 Doseamento de flavonoides totais do extrato hidroetanólico de Calendula
officinalis L. (EHECo) .............................................................................................................42
4.2.3 Concentração da solução extrativa de Calendula officinalis L. ................................42
4.2.4 Obtenção do granulado do extrato hidroetanólico de Calendula officinalis L.
(EHECo) ..................................................................................................................................42
4.2.5 Avaliação das características macroscópicas do granulado do extrato
hidroetanólico de Calendula officinalis L. (EHECo).............................................................43
4.2.6 Obtenção das cápsulas a partir do granulado do extrato hidroetanólico de
Calendula officinalis L. (EHECo) ...........................................................................................43
4.2.7 Obtenção dos comprimidos a partir do granulado do extrato hidroetanólico de
Calendula officinalis L. (EHECo) ...........................................................................................44
4.2.8 Determinação do teor de extrato hidroetanólico de Calendula officinalis L.
(EHECo) contido nas formas farmacêuticas (cápsulas e comprimidos). ..........................44
4.2.9 Controle de qualidade físico-químico das cápsulas contendo extrato hidroetanólico
de Calendula officinalis L. (EHECo)......................................................................................45
4.2.9.1 Peso médio ................................................................................................................45
4.2.9.2 Teste de desintegração .............................................................................................45
4.2.9.3 Teste de dissolução ...................................................................................................45
4.2.9.4 Perfil de dissolução e liberação ................................................................................46
4.2.10 Controle de qualidade físico-químico dos comprimidos contendo extrato
hidroetanólico de Calendula officinalis L. (EHECo).............................................................47
4.2.10.1 Peso médio ..............................................................................................................47
4.2.10.2 Espessura ................................................................................................................47
4.2.10.3 Dureza ......................................................................................................................47
4.2.10.4 Teste de desintegração ...........................................................................................47
4.2.10.5 Teste de dissolução.................................................................................................48
4.2.10.6 Perfil de dissolução e liberação ..............................................................................48
4.2.11 Análise estatística .......................................................................................................48
5 RESULTADOS ...................................................................................................................50
5.1 Padronização físico-química do extrato hidroetanólico de Calendula
officinalis L. (EHECo) ........................................................................................... 50
5.1.1 Determinação do resíduo seco, densidade relativa e pH do extrato hidroetanólico
de Calendula officinalis L. (EHECo)......................................................................................50
5.1.2
Espectroscopia na região do infravermelho transformado em Fourier (FT-IR) do
extrato hidroetanólico de Calendula officinalis L. (EHECo) ................................................50
5.1.3 Doseamento de flavonoides totais do extrato hidroetanólico de Calendula
officinalis L. (EHECo) .............................................................................................................53
5.2 Obtenção do granulado do extrato hidroetanólico de Calendula officinalis
L. (EHECo) ............................................................................................................ 53
5.2.1 Avaliação das características macroscópicas do granulado do extrato
hidroetanólico de Calendula officinalis L. (EHECO) ............................................................55
5.3 Obtenção das cápsulas e comprimidos a partir do granulado do extrato
hidroetanólico de Calendula officinalis L. (EHECo) .......................................... 57
5.3.1 Obtenção das cápsulas a partir do granulado do extrato hidroetanólico de
Calendula officinalis L. (EHECo) ...........................................................................................57
5.3.2 Obtenção dos comprimidos a partir do granulado do extrato hidroetanólico de
Calendula officinalis L. (EHECo) ...........................................................................................58
5.4 Controle de qualidade físico-químico das capsulas e dos comprimidos contendo
extrato hidroetanólico de Calendula officinalis L. (EHECo) ................................................58
5.4.1 Determinação do peso médio das cápsulas e comprimidos contendo extrato
hidroetanólico de Calendula officinalis L. (EHECo).............................................................58
5.4.2 Determinação da dureza e espessura dos comprimidos contendo extrato
hidroetanólico de Calendula officinalis L. (EHECo).............................................................59
5.4.3 Teste de desintegração das cápsulas e comprimidos contendo extrato
hidroetanólico de Calendula officinalis L. (EHECo).............................................................60
5.4.4 Determinação do perfil de dissolução das cápsulas e comprimidos contendo
extrato hidroetanólico de Calendula officinalis L. (EHECo) ................................................61
6 DISCUSSÃO ...............................................................................................................................64
7 CONCLUSÃO..............................................................................................................................70
REFERÊNCIAS ..............................................................................................................................72
18
1 INTRODUÇÃO
O uso de plantas e produtos naturais como recursos terapêuticos pela medicina
tradicional e popular é uma prática milenar que antecede a química moderna, sendo
que, foi a partir da experimentação e utilização de plantas medicinais na prevenção e
no tratamento de doenças, que foram descobertos os primeiros compostos químicos
dotados de propriedades biológicas (YUNES, et al; 2001).
Diante deste contexto surge a necessidade de aliar o conhecimento empírico
do uso de plantas medicinais à pesquisa científica fundamentada em estudos
botânicos, fitoquímicos, farmacológicos e toxicológicos de espécies vegetais ao
desenvolvimento de medicamentos fitoterápicos (NUNES,2009).
Rojas (2011), relata a necessidade de buscar novas alternativas para o
tratamento de inúmeras enfermidades o qual contribui significativamente para o
crescimento do uso de produtos derivados de plantas (fitoterápicos) e o
desenvolvimento de suas formas farmacêuticas.
A OMS (Organização Mundial de Saúde) tem trabalhado para desenvolver e
implantar normas, pautas e metodologias que permitam garantir a eficácia, segurança
e qualidade dos medicamentos fitoterápicos, já que estes estão sendo inseridos em
sistemas de saúde de países em desenvolvimento, aumentando a porcentagem da
população que utiliza medicamentos de origem vegetal (ROJAS, 2011).
A partir da elaboração da Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) 48/04 pela
ANVISA, que dispõe sobre o registro de medicamentos fitoterápicos, observa-se o
estabelecimento de uma série de resoluções específicas para garantir a qualidade e
a validação de medicamentos derivados de plantas medicinais. Em 2006, o Brasil
avançou enormemente na consolidação da fitoterapia como prática complementar de
atenção à saúde com a aprovação da Política Nacional de Plantas Medicinais e
Fitoterápicos, a qual reconhece o potencial dos recursos naturais como fonte de
medicamentos e a importância do seu uso racional no Sistema único de Saúde (SUS),
tornando as iniciativas para o desenvolvimento da cadeia produtiva e da indústria
nacional relevantes para o país (BRASIL,2006).
19
Dentre as diversas plantas medicinais mais utilizadas na fitoterapia, encontrase a Calendula officinalis L., uma herbácea anual pertencente à família Asteraceae,
utilizada na medicina tradicional pelos seus efeitos anti-inflamatório, antisséptico e
cicatrizante (PARENTE et al., 2002; NITZ et al., 2006).
Em virtude da importância dessa espécie vegetal como planta medicinal
utilizada extensivamente na medicina tradicional e oficial em todo o mundo, não só
por via tópica, mas também por via oral, o presente estudo teve por objetivo padronizar
e desenvolver formas farmacêuticas sólidas (cápsulas e comprimidos) a partir do
extrato hidroetanólico de Calendula officinalis L. e traçar o perfil de dissolução e
liberação do marcador fitoquímico-farmacológico, já que este teste constitui um dos
instrumentos essenciais para a avaliação das propriedades biofarmacotécnicas das
formulações, utilizado tanto no controle de qualidade quanto nos primeiros estágios
do desenvolvimento farmacotécnico (MALESUIK et al, 2006).
20
2 REVISÃO BIBLIOGRAFICA
2.1 Plantas medicinais e fitoterápicos
Plantas medicinais são todos os vegetais que têm emprego com fins
terapêuticos, alicerçados no conhecimento popular ou no conhecimento científico.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) planta medicinal é definida por ser
“todo e qualquer vegetal que possui em um ou mais órgãos, substâncias que podem
ser utilizadas com fins terapêuticos ou que sejam precursores de fármacos
semissintéticos” (VOLPATO, 2005).
A utilização de plantas medicinais para a prevenção, tratamento e cura de
doenças é uma das mais antigas formas de prática medicinal da humanidade,
antecedendo em muitos anos os estudos científicos para a comprovação da sua
eficácia terapêutica. Diferentemente dos testes clínicos sobre as pesquisas
farmacológicas, os efeitos das plantas medicinais são testados de forma empírica e
primeiramente no homem, para que então estudos posteriores sejam realizados em
modelos animais (PARENTE, 2008).
A diferença entre planta medicinal e fitoterápico reside na escolha da planta
para uma formulação específica, o que caracteriza um fitoterápico. De acordo com a
definição da Secretaria da Vigilância Sanitária (ANVISA), publicado pela portaria n°6
de 31 de janeiro de 1995, fitoterápico é “todo medicamento tecnicamente obtido e
elaborado empregando-se exclusivamente matérias-primas vegetais com finalidade
profilática, curativa ou para fins diagnóstico, com benefício para o usuário. É
caracterizado pelo conhecimento da eficácia e dos riscos do seu uso, assim como
pela reprodutibilidade e constância de sua qualidade. É o produto final acabado,
embalado e rotulado. Na sua preparação podem ser utilizados adjuvantes
farmacêuticos permitidos na legislação vigente, não podem ser incluídas substâncias
ativas de outras origens, ainda que de origem vegetal”.
O Brasil detém cerca de 23% do total das espécies vegetais existentes no
planeta. Dessa forma, a grande variedade de espécies de plantas, animais e
microrganismos existentes no ecossistema brasileiro representa um importante
diferencial para o desenvolvimento de medicamentos naturais (SIMÕES et al., 2007).
21
O desenvolvimento de fitoterápicos é um processo bastante complexo, que
envolve várias áreas de conhecimento, como a botânica, agronomia, ecologia,
química, fitoquímica, farmacologia, toxicologia, biotecnologia, química orgânica,
tecnologia farmacêutica, dentre outras (TOLEDO et al., 2003), e resultam das etapas
do processamento da matéria-prima vegetal, sendo que a qualidade do medicamento
é o resultado da qualidade de cada etapa a começar pela origem da planta e cuidados
pós-colheita até a sua transformação em matéria-prima farmacêutica, que por sua vez,
depende da aceitação de critérios de qualidade bem estabelecidos (SOUZA et al.,
2010)
Diante desse contexto o Brasil aprovou documentos de suma importância que
norteiam aspectos de toda cadeia produtiva dos fitoterápicos, bem como seu uso
como terapêutica oficial, dentre os quais destacam-se: a Política Nacional de Práticas
Integrativas e Complementares (PNPIC) e a Política Nacional de Plantas Medicinais
e Fitoterápicos (PNPMF), que visa garantir a qualidade dos medicamentos
fitoterápicos, protegendo e garantindo a saúde da população.
2.2 Controle de qualidade e padronização de fitoterápicos
De acordo com a Farmacopeia Brasileira (2010), controle de qualidade é o
conjunto de medidas destinadas a garantir, a qualquer momento, a produção de lotes
de medicamentos e demais produtos, que satisfaçam às normas de identidade,
atividade, teor, pureza, eficácia e inocuidade.
O uso de produtos fitoterápicos tem um lugar assegurado na terapia e sua
importância tem crescido nos últimos anos. A utilização de vegetais in natura tem dado
lugar a drogas processadas. No entanto, a tendência atual é de exigir dos fitoterápicos
o atendimento aos critérios de qualidade inerentes a todos os medicamentos
(SONAGLIO et al, 2007), para que isto ocorra, os compostos vegetais devem estar
em formas padronizadas com a caracterização qualitativa e quantitativa dos seus
princípios ativos, fornecendo os requisitos de qualidade, efetividade e segurança
exigidos em uma preparação farmacêutica moderna (BRASIL, 2004a).
22
Sabendo-se que a produção de fitoterápicos envolve várias etapas
tecnológicas, tendo início na qualificação da matéria-prima vegetal, passando pelas
operações de transformação até a obtenção da forma farmacêutica final. Durante
todas essas etapas, os procedimentos de preparação e os parâmetros de qualidade
devem ser bem definidos, tendo em vista a complexidade da composição da matériaprima vegetal, diante disto deve-se utilizar metodologias adequadas, descritas em
formulários oficiais reconhecidos pela ANVISA, ou validar a metodologia analítica no
controle de qualidade obedecendo aos parâmetros especificados para a validação de
métodos analíticos apresentados na RE 899/03 – ANVISA, com a finalidade de avaliar
as
características
químicas,
ou
físico-químicas,
físicas,
organolépticas,
microbiológicas, biológicas e tecnológicas (PETROVICK et al, 2000).
Os fitoterápicos resultam das etapas do processamento da matéria-prima
vegetal, sendo que a qualidade do medicamento é o resultado da qualidade de cada
etapa a começar pela origem da planta e cuidados pós-colheita até a sua
transformação em matéria-prima farmacêutica (COUTO et al, 2001). Diversos fatores
como: cultivo, coleta, secagem, determinam a presença e estabilidade dos
constituintes químicos (SIMÕES et al., 2007).
Na obtenção de formas farmacêuticas derivadas de matéria-prima vegetal além
da necessidade de um planejamento inicial com a finalidade de planejar o manejo da
matéria-prima vegetal, está a padronização do medicamento fitoterápico, que é a
condição em que a eficácia do produto é garantida através da constância no teor de
princípios ativos, através da aplicação de métodos analíticos adequados para a
detecção e quantificação dos marcadores químicos (CARVALHO et al., 2008), com a
finalidade de se obter um material apropriado para consumo, garantindo a constância
de sua ação biológica e a segurança de sua utilização.
23
2.3 Calendula officinalis L.
2.3.1 Histórico do uso tradicional e popular
Cultivada pelos egípcios, gregos, hindus e árabes, a calêndula cresceu nos
jardins europeus e tem sido usada medicinalmente desde o século XII. Seu nome tem
origem na palavra latina calends, que quer dizer o primeiro dia de todo mês, por causa
de seu longo período de florescimento. Porque as flores acompanham o sol, por isso
foi relacionada como signo astrológico do verão, e para o tratamento do coração e
condições causadas pelo calor. Tradicionalmente, calêndula era usada internamente
para tratar febres, e controlar menstruações e tratamento de icterícia, além de
pequenas inflamações da pele. O mais interessante é que as flores passaram a ser
utilizadas na forma de extratos, tinturas e pomadas e aplicadas diretamente sobre a
pele para ajudar na cura de ferimentos e para aliviar a pele inflamada e danificada
(KEMPER, 1999).
Popularmente conhecida no Brasil, como “maravilha”, “bem-me-quer”, “
margarida dourada” e calêndula. Os extratos das flores são tradicionalmente utilizados
em preparações de uso tópico para tratamento de eritemas solares, queimaduras e
dermatoses secas, como anti-inflamatório e cicatrizante, cujas propriedades tem sido
comprovadas experimentalmente e atribuídas em grande parte aos flavonoides
(SOUZA et al., 2010).
2.3.2 Aspectos botânicos
A calêndula é uma herbácea anual pertencente à família Asteraceae, espécie
descrita pelo botânico sueco Carl Von Linné, a qual responde pelo binômio Calendula
officinalis L. Seus nomes comuns ou populares são: calêndula, maravilha calêndula
do campo, calêndula do jardim, maravilhas do campo, calêndula de panela e Pot
Marigold (em inglês). Originária da Europa Central e Mediterrâneo domesticada e
adaptada ao Brasil, cresce naturalmente em localizações ensolaradas ao longo da
América do Norte e Europa. O florescimento acontece de maio até outubro, cresce
mais ou menos 30 cm e com galhos múltiplos. As flores são as partes utilizadas
medicinalmente (KEMPER, 1999; CARVALHO, 2004).
24
2.3.3 Características morfológicas
A droga vegetal consiste de flores liguladas inteiras ou trituradas
acompanhadas de escassas flores tubulosas.
Suas flores são dispostas em capítulos de 3 a 7 cm, envolvidas por um invólucro
de 2 séries de brácteas. As flores da periferia são liguladas, pistiladas, de 1,5 a 3,0
cm de comprimento e 0,5 a 0,7 cm de largura na porção mediana da lígula. Corolas
amareladas ou alaranjadas, com o limbo tridentado, apresentando 4 ou 5 nervuras e
tubo curto coberto de tricomas, ocasionalmente acompanhadas de um estilete filiforme
e um estigma bífido. As flores do centro são escassas, tubulosas, pequenas, curtas,
de aproximadamente 0,5 cm de comprimento, hermafroditas, amarelas ou
alaranjadas, raro quase avermelhadas, com corola quinquedentada, anteras
sagitadas e estilete indiviso. Papus ausente (FARMACOPEIA BRASILEIRA, 2010).
Figura 1 – Calendula officinalis L.
25
2.3.4 Composição química
Flores de Calendula officinalis apresentam como principais componentes
químicos: óleos essenciais, ácido salicílico, carotenoides, flavonoides, taninos e
saponinas triterpênicas. Os flavonoides são os compostos do metabolismo secundário
utilizados para identificação dessa espécie vegetal (PARENTE, 2008).
Os flavonoides representam um dos grupos fenólicos mais importantes e
diversificados entre os produtos de origem natural. Essa classe de compostos é
amplamente distribuída no reino vegetal, são conhecidos mais de 4.200 flavonóides
diferentes (ZUANAZZI et al., 2007).
Todos flavonóides apresentam em comum a origem biossintética, isto é, o
processo de biossíntese. Assim, sob o ponto de vista químico, são compostos
formados por um núcleo comum fundamental benzopirano ou cromano unido a anel
aromático caracterizado pelo esqueleto de carbono C6-C3-C6. São subdivididos,
sucintamente, como segue: flavonol, flavona, catequina, flavana, flavanona,
antocianidina e isoflavonóide (COSTA, 1987; GUARDIA et al., 2001; NISHIKAWA et
al., 2007).
Entre os flavonóides encontrados nas flores de Calendula officinalis destaca-se
o heterosídeo flavonoídico muito comum 3-rutinosídeo quercetina ou rutina (figura 1)
(ZUANAZZI et al., 2007). A rutina é um flavonóide da classe dos flavonóis que possui
ampla gama de propriedades biológicas, tais como, promoção de efeitos benéficos
em doenças, as quais estão envolvidas com a peroxidação lipídica descontrolada,
capacidade de interagir com proteínas fosforilantes, eliminar radicais livres como
antioxidante; é empregada na prevenção ou tratamento da insuficiência venosa ou
linfática e da fragilidade ou permeabilidade capilar, além de outras atividades
farmacológicas relatadas, como seu efeito sobre o sistema imunológico, células
inflamatórias e até mesmo efeito anticarcinogênico (VELASCO, 2008)
26
Figura 2 - Estrutura química da Rutina (CHOQUENET et al., 2008).
2.3.5 Estudos farmacológicos
De maneira geral os extratos aquosos de Calendula officinalis apresentam
propriedades
farmacológicas,
cicatrizante,
anti-inflamatória,
antibacteriana
e
tranquilizante. Os estudos farmacológicos realizados com o extrato aquoso e frações
a partir de calêndula têm comprovado as mesmas propriedades informadas na
medicina tradicional (VOLPATO, 2005).
No Brasil o uso da calêndula está regulamentado pela RE n°89 de 16 de março
de 2004 da ANVISA como anti-inflamatório e cicatrizante de uso tópico em doses
diárias de 8,8 a 17,6 mg de flavonoides (BRASIL, 2004).
Segundo os pesquisadores, estas atividades farmacológicas atribuídas à
Calendula officinalis estão relacionadas com a presença de flavonoides e saponinas.
Estudos com o extrato hidroalcoólico de Calendula officinalis demonstraram
diferentes atividades anti-inflamatórias, sendo a capacidade antioxidante desta
espécie um possível mecanismo de ação para tais propriedades. Cordova et al. (2002)
investigaram o extrato butanólico de Calendula officinalis contra a peroxidação lipídica
de microssomas de fígado de rato e ação scavenger de radicais livres. Os resultados
obtidos sugerem que a fração butanólica possui ação scavenger e atividade
antioxidante significativa.
Em estudo realizado por Martins e colaboradores (2003), foram comparados os
efeitos de fitoterápicos derivados da C. officinalis L., do Symphytum officinale e do
Stryphnodendron barbatiman na cicatrização de pele por segunda intenção em
27
eqüinos, e a partir dos resultados obtidos observou-se que, na fase inflamatória do
processo de cicatrização, as feridas tratadas com calêndula apresentaram bordas
menos edemaciadas e crostas. Concluiu-se assim que a C. officinalis L. apresentou
vantagem na fase inflamatória do processo de cicatrização.
Assim como demonstrado no estudo clínico de Jorge Neto e colaboradores,
que a tintura e o gel de Calendula officinalis 10 e 2%, respectivamente, são úteis para
tratamento de queimaduras do sol e do fogo, além de lesões rebeldes, como úlcera
varicosa de evolução crônica.
Mise e colaboradores (2009), desenvolveram um estudo que comprovou a
atividade protetora da Calendula officinalis; nesse estudo foi comprovou-se a
neutralização da ação miotóxica do envenenamento experimental induzido pelo
veneno da jararaca-do-rabo-branco Bothrops leucurus pelo uso da Calendula
officinalis. Nesse experimento, foram injetados venenos de B. leucurus in vivo nos
soros de camundongos por via intramuscular e tratados com extrato aquoso de C.
officinalis, e injetados com o veneno incubado com o extrato.
2.4 Desenvolvimento de formulações fitoterápicas
Forma farmacêutica é definida como o estado final de apresentação que os
princípios ativos farmacêuticos possuem após uma ou mais operações farmacêuticas
executadas com ou sem a adição de excipientes apropriados, a fim de facilitar a sua
utilização e obter o efeito terapêutico desejado, com características apropriadas a
determinada via de administração (BRASIL, 2006).
Nesse sentido, a obtenção de formas farmacêuticas derivadas de matériaprima vegetal necessita de um planejamento inicial, com a finalidade e de planejar o
manejo adequado da matéria-prima vegetal e demais adjuvantes de acordo com as
especificações dos mesmos, além da determinação sequencial das ações de
transformação tecnológica e monitoramento dos pontos e metodologias de controle
de qualidade mais apropriadas segundo as legislações e normatizações vigentes para
o desenvolvimento de fitoterápicos (TOLEDO et al., 2003).
No desenvolvimento tecnológico de um produto fitoterápico se fazem
necessários estudos prévios relativos a aspectos botânicos, agronômicos,
fitoquímicos, farmacológicos, toxicológicos, de desenvolvimento de metodologias
28
analíticas e tecnológicas. Com isso evidencia-se o caráter interdisciplinar e
multidisciplinar da cadeia produtiva de fitoterápicos (PETROVICK et al., 1997;
TOLEDO et al., 2003; SONAGLIO, et al., 2007).
A transformação do material vegetal para um produto tecnicamente elaborado,
que pode ser intermediário ou acabado, implica a utilização de operações de
transformação tecnológica. A complexidade do processo e o número de operações
envolvidas estão determinados pelo grau de transformação tecnológica requerido, que
pode ser mínimo, como é no caso de pós; ou bem maior, quando o objetivo é obter
frações purificadas ou formas sólidas revestidas. Para cada uma das etapas do
processo tecnológico, a escolha de uma operação específica é determinada pelas
características físicas e físico-químicas do produto a ser obtido, pela natureza da
matéria-prima a ser transformada e pelo volume de produção exigido (TOLEDO et al.,
2003).
Para a escolha apropriada da forma farmacêutica e da via de administração, no
desenvolvimento de um fitoterápico, é necessário considerar a eficácia e segurança
do marcador químico ativo presente na planta medicinal, de modo que durante a
transformação do material vegetal em um produto tecnicamente elaborado, a
qualidade seja assegurada pela preservação da integridade química e farmacológica
do(s) marcador(es) químico (s) da planta (TOLEDO et al., 2003; OLIVEIRA et al.,
2007).
2.5 Obtenção de granulados
Granulados são preparações farmacêuticas constituídos por grânulos sólidos e
secos formados por aglomerados de partículas de pó de resistência suficiente para
permitir diversas manipulações. (ROCHA et al., 2009). Podem ser utilizados como
forma intermediária na produção de comprimidos, como material de enchimento de
cápsulas e na obtenção de aglomerados revestidos, ou, ainda, como forma
farmacêutica final (COUTO et al., 2000).
Os objetivos principais da granulação são voltados à melhoria das propriedades
de fluxo e das características de compressibilidade de uma mistura de pós, assim
como, também, à prevenção da segregação dos constituintes, ao manejo da
29
densidade e da distribuição granulométrica, da forma e das estruturas internas e
superficiais. Também, em geral, a granulação pode ser utilizada com a finalidade de
produzir um aglomerado com propriedades específicas de velocidade de
desintegração e de dureza, assim como adequar a velocidade de liberação de
fármacos (AULTON, 2005).
O granulado ideal deve apresentar forma e cor as mais regulares possíveis,
estreito grau de distribuição granulométrica, menos que 10% de partículas primárias
livres ou aglomerados de baixa granulometria, boa fluidez, suficiente resistência
mecânica, determinado grau de umidade, não inferior a 3%, e solubilidade em água
ou fluidos biológicos. Estas características, assim como a forma e textura da superfície
e a porosidade, são influenciados pelos constituintes da formulação e pelas
metodologias e equipamentos empregados.
Os processos de granulação podem ser classificados quanto ao agente de
formação de grânulos, seja pela presença de um líquido ou pelo exercício de pressão
(compactação), respectivamente por via úmida e seca; e também podem ser
diferenciados quanto ao princípio de aglomeração, como granulados formados através
da agregação direta ou por desagregação após obtenção de conglomerados maiores
(COUTO et al., 2000).
Os granulados são obtidos por meio do emprego de aglutinantes, adjuvantes
primários tecnológicos que tem como objetivo manter a coesão entre as partículas
primárias.
Na preparação a úmido do granulado, segundo Rocha e colaboradores (2009),
como na figura 3, há o envolvimento de quatro fases:
Figura 3 – Preparação do granulado
30

Umedecimento dos pós: componentes sólidos do granulado são misturados e
umedecidos com líquidos apropriados, como água, éter ou álcool, com
soluções aglutinantes, etc.

Granulação da massa: a massa obtida é granulada por uma peneira de
abertura de malha adequada, de acordo com o tamanho do grânulo que se quer
obter. A granulação pode ser feita através de peneiras de aço inoxidável, nylon,
ferro estanhado ou de discos perfurados. Quando se trabalha em pequena
escala a granulação pode ser feita manualmente fazendo com que a massa
passe pela rede da peneira com pressão firme, e o grão obtido pode ser mais
ou menos comprimido dependendo da força empregada.

Secagem: em casos raros pode-se proceder à secagem ao ar livre, mas o
melhor e recomendado é que se faça por estufas com circulação de ar com
temperaturas entre 30 – 50 °C. O mais importante nessa operação é a
temperatura, pois alguns compostos podem sofrer alterações. Em regra, não
se ultrapassa os 40 °C, obtendo-se uma umidade residual de 1 a 3 %.

Calibração do granulado: depois de seco o granulado é passado através de
uma peneira de malhas mais largas das que foram utilizadas na granulação.
Esta fase tem a finalidade de fragmentar alguns grãos que se aglomeraram.
Deve proceder a calibração livremente, sem que obrigue o granulado a passar
por compressão pela malha da peneira, apenas por simples agitação.
2.6 Adjuvantes farmacêuticos
Adjuvantes farmacêuticos constituem substâncias auxiliares de destaque e
estão diretamente envolvidas na composição das diversas formulações farmacêuticas
(CAVALCANTI, 2002). São adicionados à formulação com o intuito de facilitar a
preparação e a aceitabilidade por parte do paciente, de modo a facilitar sua
administração, promover uma liberação consistente, protege-la da degradação e
garantir a biodisponibilidade da droga, historicamente os adjuvantes tenham sido
considerados inertes, já que não exercem uma ação terapêutica ou biológica ou de
modificar a ação biológica do fármaco incorporado na forma farmacêutica, hoje são
31
vistos como capazes de influenciar a velocidade e/ou a extensão da absorção de um
fármaco (AULTON, 2005).
Em contraposto ao conceito antigo de adjuvante, como substância inerte, sabese que estes possuem uma energia termodinâmica própria, atribuindo certa
reatividade, provocando variações nas propriedades físico-químicas do componente
ativo e sendo gatilho de algumas reações. Os adjuvantes adicionados à formulação
devem favorecer a estabilidade, não prejudicando a forma farmacêutica final (COSTA,
2012).
Para cada forma farmacêutica, os adjuvantes farmacêuticos estabelecem as
características principais do produto e contribuem para a forma física, a textura, a
estabilidade, o sabor e a aparência global. Na preparação de soluções um ou mais
solventes são usados para dissolver o fármaco; flavorizantes e edulcorantes são
usados para tornar o produto mais agradável ao paladar; corantes são adicionados
para melhorar a aparência; conservantes podem ser adicionados para prevenir
crescimento microbiano; e estabilizantes, assim como antioxidantes e agentes
quelantes, podem ser empregados para prevenir a decomposição. Na preparação de
comprimidos, diluentes são comumente adicionados para aumentar o volume da
formulação; aglutinantes para produzir a adesão dos pós do fármaco, lubrificantes
para auxiliar na formação de comprimidos mais lisos, desintegrantes para promover a
desagregação do comprimido após a administração (ANSEL, 2000).
2.7 Formas farmacêuticas sólidas
A administração de agentes terapêuticos necessita da sua incorporação em
uma forma farmacêutica, caracterizada normalmente pelo estado físico de
apresentação, constituída de componentes farmacologicamente ativos e de
adjuvantes farmacêuticos. A escolha da forma farmacêutica mais apropriada para um
produto fitoterápico deve considerar a eficácia e a segurança do componente ativo e
assegurar sua qualidade; facilitar a aplicação do medicamento, por meio da via de
administração mais apropriada; permitir a administração de dose efetiva do
componente ativo, com precisão adequada ao seu emprego seguro e sua adequação
32
a casos específicos; contornar problemas de estabilidade, por meio da adição de
adjuvantes
primários
conservadores,
como
conservantes,
antioxidantes,
tamponantes, etc.; adequar as propriedades da forma farmacêutica às necessidades
fisiológicas da via de administração; direcionar a cedência dos componentes ativos,
seja quanto ao local mais apropriado de absorção ou quanto ao perfil de liberação e
aumentar o nível de aderência ao tratamento, tais como os adequadores
organolépticos, que conferem características sensoriais (gustativas, olfativas e
visuais) aceitáveis ao produto (TOLEDO et al, 2003).
Dentre as necessidades de adequar-se a forma farmacêutica à via de
administração com vistas à mais efetiva biodisponibilidade, tem-se as formas sólidas,
onde se destacam os pós destinados a preparações extemporâneas, constituídos por
drogas vegetais pulverizadas. Os granulados que são obtidos pela aglomeração de
matérias-primas em forma de pó e de outros adjuvantes farmacêuticos por meio de
emprego de aglutinantes, são destinados a preparações extemporâneas, tais como
soluções e suspensões, preparadas a quente ou a frio, ou utilizados como
preparações intermediárias para obtenção de comprimidos (TOLEDO et al, 2003).
A administração de medicamentos via oral é favorecida por diversos fatores
como a facilidade de administração, comodidade e segurança. Contudo a via oral
apresenta como desvantagens o início relativamente lento do efeito, as possibilidades
de absorção irregular e a degradação de certos fármacos pelas enzimas digestivas.
Há diversas formas farmacêuticas que podem ser empregadas para a veiculação de
fármacos por via oral, dentre elas destacam-se os comprimidos, as cápsulas,
suspensões, soluções e emulsões. Estima-se que mais de 70 % estão sob a forma
farmacêutica sólida, como cápsulas e comprimidos (ANSEL, 2000).
Em suma, comprimidos são formas farmacêuticas sólidas, preparadas por
compressão ou moldagem, que contêm substâncias ativas com ou sem diluentes,
desintegrantes,
materiais
de
revestimento,
corantes
e
outros
adjuvantes
farmacêuticos; cápsulas são formas farmacêuticas sólidas em que a substância ativa
e os adjuvantes apropriados, tais como diluentes, são encerrados em um invólucro
duro ou mole, geralmente composto de gelatina. Elas variam no tamanho,
dependendo da quantidade de fármaco a ser administrada, e possuem formas e cores
distintas quando produzidas comercialmente (ANSEL, 2000).
33
2.8 Controle de qualidade na produção de cápsulas e comprimidos
Além das características aparentes, cápsulas e comprimidos, devem satisfazer
outras especificações físicas
e padrões de qualidade. Estes incluem critérios
quanto a peso, variação do peso, espessura e dureza (critérios avaliados apenas para
comprimidos), tempo de desintegração e velocidade de dissolução.
A espessura de um comprimido é determinada pelo diâmetro da matriz, pela
quantidade de material particulado que a preenche, pelas características de
compactação dos pós ou grânulos e pela força aplicada durante a compressão. Para
obter comprimidos de espessura uniforme durante a produção, devem ser tomados
cuidados para que sejam usados os mesmos critérios relacionados ao material de
enchimento, matriz e força de compressão. A intensidade da pressão aplicada afeta
não somente a espessura, mas também a dureza, sendo este critério muito
importante, poia afeta a desintegração e a dissolução do comprimido. Assim, para a
obtenção de comprimidos de espessura e dureza uniformes, é duplamente importante
controlar a força de compressão (ANSEL, 2000).
O teste de dureza se aplica, principalmente, a comprimidos não revestidos e
permite determinar a resistência do comprimido ao esmagamento ou à ruptura sob
pressão radial; sendo a dureza de um comprimido diretamente proporcional à força
de compressão e inversamente proporcional à sua porosidade (FARMACOPEIA
BRASILEIRA, 2010).
Determinados comprimidos, como as pastilhas e os comprimidos bucais, que
devem se dissolver lentamente na boca, são mais duros de propósito; outros
comprimidos, como aqueles para liberação imediata de fármacos, são produzidos
mais macios. Em geral os comprimidos devem ser suficientemente duros para resistir
à ruptura durante o manuseio e frágeis o bastante para se desintegrar após a ingestão
(ANSEL, 2000).
Para que a substância ativa contida num comprimido se torne completamente
disponível para absorção, este deve primeiro desintegrar-se e disponibilizar o fármaco
aos fluidos biológicos para dissolução.
34
De acordo com a Farmacopeia Brasileira (2010) o teste de desintegração
permite verificar se comprimidos e cápsulas se desintegram dentro do limite de tempo
especificado, quando seis unidades do lote são submetidas à ação de aparelhagem
específica.
O aparelho consiste em um conjunto de seis tubos cilíndricos transparentes e
abertos na parte superior, mantidos na posição vertical sobre uma grade de aço
inoxidável. Durante o teste, um comprimido é colocado em cada um dos seis tubos e,
por meio de um dispositivo mecânico, a cesta é levantada e abaixada em um líquido
de imersão.
A desintegração é definida como o estado no qual nenhum resíduo das
unidades testadas (cápsulas ou comprimidos) permanece na tela metálica do aparelho
de desintegração, salvo fragmentos insolúveis de revestimento de comprimidos ou
invólucros de cápsulas (FARMACOPEIA BRASILEIRA, 2010).
2.9 Dissolução e absorção de fármacos
Dissolução pode ser definida de forma simplificada como o processo pelo qual
um fármaco é liberado de sua forma farmacêutica e se torna disponível para ser
absorvido pelo organismo (MARCOLONGO, 2003).
Alguns fatores que podem alterar a liberação e a dissolução do fármaco a partir
da forma farmacêutica, com o comprometimento da biodisponibilidade, são: o
processo de obtenção do fármaco (polimorfismo), propriedades físico-químicas
(tamanho das partículas, higroscopicidade e solubilidade), natureza dos excipientes
que compõem a formulação e tecnologia de fabricação (STORPIRTIS et al., 2004).
Segundo, Storpirtis (1994), os componentes da formulação e os processos de
fabricação podem afetar o comportamento do medicamento no organismo, dando
origem a casos de eficácia e de intoxicações. Sendo assim, os estudos de dissolução
in vitro constituem um dos instrumentos essenciais para avaliação das propriedades
biofarmacotécnicas das formulações, tanto que o teste de dissolução é considerado
requisito fundamental na indústria farmacêutica para o desenvolvimento e controle de
35
qualidade de formas farmacêuticas sólidas de uso oral, recomendado pro compêndios
oficiais (farmacopeias) (PINHO e STORPIRTIS, 2001).
Os estudos de dissolução in vitro constituem-se em instrumentos essenciais
para avaliação das propriedades biofarmacêuticas das formas farmacêuticas sólidas
de uso oral, fornecendo informações úteis tanto para pesquisa e desenvolvimento
quanto para a produção e controle de qualidade.
No desenvolvimento farmacotécnico permite avaliar novas formulações e
estabelecer correlação com os dados obtidos in vivo, através da cinética de
dissolução. Durante a fase de produção e controle de qualidade permite detectar
desvios de fabricação, uniformidade do produto e reprodutibilidade lote a lote
(CARDOSO et al, 2008).
36
3 OBJETIVOS
3.1 Objetivo geral
Padronizar e desenvolver cápsulas e comprimidos a partir do extrato
hidroetanólico de Calendula officinalis L.
3.2 Objetivos específicos
Obter e padronizar o extrato hidroetanólico a 70% (v/v) a partir de
inflorescências de Calendula officinalis L. (EHECo);
Obter o granulado a partir do EHECo pelo método de via úmida;
Produzir formas farmacêuticas sólidas (cápsulas e comprimidos) a partir do
granulado do EHECo;
Padronizar métodos de controle de qualidade físico-químico para o EHECo e
as formas farmacêuticas derivadas (cápsulas e comprimidos);
Desenvolver e avaliar o perfil de dissolução e liberação in vitro de flavonoide
rutina das formas farmacêuticas solidas derivadas do EHECo (cápsulas e
comprimidos);
Comparar os perfis de dissolução e liberação in vitro das cápsulas e
comprimido do EHECo.
37
4 MATERIAL E MÉTODOS
4.1 Material
4.1.1 Material vegetal
Para o estudo foram utilizadas flores secas de Calendula officinalis L.
adquiridas da empresa Florien, situada na cidade de Piracicaba-SP. Os dados
descritos a seguir são resultados da análise do controle de qualidade conforme laudo
emitido pela empresa:
Informações gerais
Lote: 046062
Nomenclatura: Calêndula
Nome científico: Calendula officinalis L.
Origem: Egito
Parte utilizada: flor
Esterilização: houve
Manufatura: 02/2013
Lote de origem: SFS026
Validade do lote: 02/2015
Método de secagem: estufa
Aspecto macroscópico: Pétalas alternas e sem espítulas. A inflorescência é em
capítulos solitários, terminais, apresentando na base das corolas longos.
Aspecto microscópico: apresenta pêlos tectores.
Características organolépticas:
cor: amarelo alaranjado
odor: característico
sabor: característico
38
Características físico-químicas
Aspecto
Elementos estranhos
Umidade
Cinzas totais
Cinzas insolúveis
Metais pesados
Especificação
N.A
Máximo 2 %
de 3 A 14 %
de 1 A 12%
de 0,1 A 4 %
N.A
Resultado
de acordo
de acordo
8,2%
9,2763%
1,0197%
N.A
Teste de identificação: positivo para flavonoides.
1. Identificação por colorimetria
2. Espectrometria na região ultravioleta
3. Cromatografia por camada delgada
4. Outros
Características microbiológicas
Contagem padrão em placas
Bolores e leveduras
Contagem de enterobactérias
Escherichia coli (coliformes)
Staphylococcus aureus
Pseudomonas aeruginosas
Salmonella sp.
Conclusão da análise
Aprovado
Data da análise
20/02/2013
< 10 ufc/g
< 10 ufc/g
< 10 ufc/g
ausente
ausente
ausente
ausente
Máx. 10000 ufc/g
Máx. 100 ufc/g ou mL
Máx 100 ufc/g ou mL
ausência
ausência
ausência
ausência
39
4.1.2 Equipamentos
Balança analítica modelo FA – 2104N (BioPrecisa)
Balança semi-analítica modelo BG 2000 (Gehaka)
Centrifuga Clínica 80-2B (Daiki)
Compressor de pressão (Shimadzu)
Desintegrador modelo 301/3AC (Nova Ética)
Dissolutor modelo 299 (Nova Ética)
Durômetro (Nova Ética)
Estufa (Nova Ética)
Encapsuladora manual
Espectrômetro de massa modelo FTIR – 84005 (Shimadzu)
Espectrofotômetro modelo UV-mini-1240 (Shimadzu)
Evaporador rotativo modelo Q.218.2(Quimis)
Paquímetro (Zaas Precision)
Percolador modelo LM20 (Lemaq)
pHmetro modelo mPA -210
Estereomicrocópio (Lupa- Bel Photonics STM)
4.1.3 Reagentes e soluções
Água destilada
Acetato de etila (P.A)
Ácido acético glacial (P.A)
Ácido clorídrico (P.A)
Ácido fórmico (P.A)
Cloreto de Alumínio (P.A)
Cloreto de sódio (P.A)
Etanol a 70%
Fosfato de potássio monobásico (P.A)
Hidróxido de sódio (P.A)
Metanol
40
4.1.4 Adjuvantes farmacêuticos
Amido
Celulose microcristalina
Estearato de magnésio
D-lactose monohidratada
4.1.5 Substância de referência (padrão)
Rutina (Merk,Lote N: MM2-7021- Brasil)
4.2 Métodos
Todas as análises descritas foram realizadas nos Laboratórios de Pesquisa em
Fármacos e Medicamentos, Farmacotécnica e Tecnologia Farmacêutica, e Controle
de Qualidade da Universidade Federal do Amapá (UNIFAP).
4.2.1 Obtenção do extrato hidroetanólico de Calendula officinalis L. (EHECo)
Para obtenção do extrato hidroetanólico de Calendula officinalis L. utilizou-se o
método de extração por maceração realizada em sistema de percolador aquecido a
40 – 60°C. Assim 2 kg das flores secas de Calendula officinalis L. permaneceram em
maceração durante 07 (sete) dias em 16 (dezesseis) litros de solução hidroetanólica
a 70% em percolador hermeticamente fechado ao abrigo da luz. A solução foi agitada
frequentemente, e após o término da extração, efetuou-se a filtração do macerado.
41
4.2.2 Padronização físico-química do extrato hidroetanólico de Calendula
officinalis L. (EHECo)
4.2.2.1 Determinação do pH
A determinação do pH foi realizada em potenciômetro previamente calibrado
com soluções tampão pH 4,0 e 7,0. O resultado foi calculado pela média de três
determinações independentes (FARMACOPEIA BRASILEIRA V, 2010).
4.2.2.2 Determinação da densidade relativa do extrato hidroetanólico de
Calendula officinalis L. (EHECo)
A determinação da densidade relativa foi realizada com a utilização de
picnômetro limpo e seco com a capacidade de 50 mL previamente calibrado. A
calibração consistiu na determinação da massa do picnômetro vazio e da massa de
seu conteúdo com água destilada. Em seguida a amostra foi transferida para o
picnômetro, o peso da amostra foi obtido através da diferença de massa do picnômetro
cheio e vazio. A densidade foi calculada determinando a razão entre a massa da
amostra líquida e a massa da água (FARMACOPEIA BRASILEIRA V, 2010).
4.2.2.3 Determinação do resíduo seco do extrato hidroetanólico de Calendula
officinalis L. (EHECo)
Em placas de Petri, previamente taradas, foram pesadas 2 g do extrato de
Calendula officinalis L. foram evaporados à secura em banho-maria, e levadas à
estufa a 105 °C, para a sua dessecação até peso constante. Os resultados foram
calculados através da média de três determinações (FARMACOPEIA BRASILEIRA,
2010).
42
4.2.2.4 Espectroscopia na região do infravermelho transformado em Fourier
(FT-IR) do extrato hidroetanólico de Calendula officinalis L. (EHECo)
Os espectros de Infravermelho transformados em Fourier (FT-IR) foram
obtidos em espectrômetro de marca Shimadzu, modelo FTIR-8400S, operando em
transformador de Fourier. Os espectros foram obtidos na região de 4.500 a 500 cm-1
4.2.2.5 Doseamento de flavonoides totais do extrato hidroetanólico de Calendula
officinalis L. (EHECo)
O
doseamento
de
flavonoides
foi
realizado
através
do
ensaio
espectrofotométrico baseado em reação com cloreto de alumínio (AlCl 3) a 2%,
conforme preconiza a Farmacopeia Brasileira (2010). A absorbância foi medida a 425
nm. O teste foi realizado em triplicata.
4.2.3 Concentração da solução extrativa de Calendula officinalis L.
O extrato hidroetanólico de Calendula officinalis L. foi previamente
concentrado a baixa pressão em evaporador rotativo para retirada do solvente
utilizado na extração, a temperatura de 37°C.
4.2.4 Obtenção do granulado do extrato hidroetanólico de Calendula officinalis
L. (EHECo)
O granulado do extrato hidroetanólico de Calendula officinalis L. (EHECo) foi
obtido a partir da mistura manual em gral e pistilo do extrato concentrado e excipientes
na seguinte proporção: 31,92% de extrato mole de Calendula officinalis L., 33,35% de
D-lactose monohidratada Vetec® (Vetec Química Fina Ltda, Rio de Janeiro, Brasil),
21,80% de celulose Avicel ® (Sigma - Aldrich Co.,St. Louis, USA), 9,06 % de amido
43
Duryea, 3,87% de estearato de magnésio Riedelde Haen® (Sigma - Aldrich Co.,St.
Louis, USA) até formarem uma massa homogênea.
A massa obtida foi granulada em tamis n°25 com abertura de malha 0,71 mm,
nesse processo para passar a massa umectada pelo tamis foi necessário exercer
pressão firme, contra a rede da peneira. Os grânulos obtidos foram levados a secagem
em estufas na temperatura a 35°C. Após a secagem o granulado foi passado
novamente pela peneira, através de uma simples agitação, procedendo a calibração,
com a finalidade de se fragmentar alguns grãos que se aglomeraram (ROCHA, et al.
2009).
4.2.5 Avaliação das características macroscópicas do granulado do extrato
hidroetanólico de Calendula officinalis L. (EHECo)
As características foram avaliadas pela observação da cor e aspecto geral do
granulado de Calendula officinalis L.
4.2.6 Obtenção das cápsulas a partir do granulado do extrato hidroetanólico de
Calendula officinalis L. (EHECo)
Após a caracterização do granulado de Calendula officinalis L. foram
efetuados cálculos para determinar o tamanho das cápsulas a serem utilizadas,
adotando-se a tabela de capacidade média das cápsulas a qual relaciona a densidade
e o volume ocupado pelos pós, em função do tamanho e capacidade volumétrica dos
invólucros. Foram produzidas 80 cápsulas de gelatina dura, tamanho 00 com
capacidade para 0,95 mL. Após a determinação do tamanho da cápsula o granulado
de Calendula officinalis L. foi pesado para ser encapsulado manualmente. As cápsulas
obtidas foram acondicionadas em frasco âmbar para maior preservação da
formulação.
44
4.2.7 Obtenção dos comprimidos a partir do granulado do extrato hidroetanólico
de Calendula officinalis L. (EHECo)
Após o preparo do granulado foram manipulados 80 comprimidos do extrato
hidroetanólico de Calendula officinalis L. (EHECo), em compressor de pressão
(Shimadzu). A massa utilizada para a manipulação dos comprimidos foi pesada
individualmente, assim como a compressão de cada comprimido, utilizando a força de
compressão de 20 KN em 4 minutos.
4.2.8 Determinação do teor de extrato hidroetanólico de Calendula officinalis L.
(EHECo) contido nas formas farmacêuticas (cápsulas e comprimidos).
A quantidade de extrato contido em cada cápsula e comprimido de Calendula
officinalis L. foi determinada a partir da obtenção dos seus respectivos pesos médios,
utilizando a seguinte equação:
Onde: Tec: extrato contido nas formas farmacêuticas; Mmc: peso médio das cápsulas
ou comprimidos (g); Meg: massa do extrato no granulado (g); Mtg: massa total do
granulado (g) (CARVALHO et al, 2013).
45
4.2.9 Controle de qualidade físico-químico das cápsulas contendo extrato
hidroetanólico de Calendula officinalis L. (EHECo)
4.2.9.1 Peso médio
Foram pesadas individualmente 20 cápsulas cheias, a seguir, as mesmas
foram esvaziadas, pesando-se seu conteúdo. A partir dos resultados da diferença
entre as cápsulas cheias e vazias calculou-se o peso médio, utilizando uma faixa de
tolerância de ± 7,5% de acordo com as especificações farmacopeicas, tolerando-se
não mais que duas unidades fora do limite especificado (FARMACOPEIA
BRASILEIRA, 2010).
4.2.9.2 Teste de desintegração
O teste de desintegração foi realizado em um aparelho de desintegração
modelo 301/3AC (Nova Ética, Ltda. São Paulo, Brasil), contendo 3 (três) cestas.
Foram utilizadas 06 (seis) cápsulas no teste, colocando-as em cada um dos seis tubos
da cesta, empregando como meio de imersão, água destilada, tampão de ácido
clorídrico (pH 1,2) e tampão fosfato (pH 6,8) em temperatura de 37 ± 1°C. O tempo
especificado pela Farmacopeia Brasileira (2010) para cápsulas duras estarem
completamente desintegradas é de 45 minutos.
4.2.9.3 Teste de dissolução
O teste de dissolução foi realizado conforme condições descritas na
Farmacopeia Brasileira (2010), para o teste utilizou-se um equipamento de dissolução
com seis cubas, modelo 299 (Nova Ética, Ltda. São Paulo, Brazil) empregando-se
como meio de dissolução, 900 mL de tampão ácido clorídrico (pH 1,2); tampão de
fosfato (pH 6,8); e água destilada. Todas as cubas foram mantidas com o meio a 37,0
46
± 1 °C. O teste foi realizado com seis unidades para cada meio de dissolução (Tabela
1).
4.2.9.4 Perfil de dissolução e liberação
O perfil de dissolução foi determinado com base na quantificação de rutina
das cápsulas dissolvidas nas cestas de dissolução a 5, 10, 15, 25, 40 e 60 min.
Alíquotas de 5 mL foram centrifugadas por 2 minutos a velocidade de 3200 rpm, 3 mL
do sobrenadante foi utilizado para determinar a concentração de rutina por
espectrometria na região do ultravioleta, em um espectrofotômetro modelo UV-mini
1240 (Shimadzu Corporation, kyoto, Japan), a um comprimento de onda de 425 nm,
onde foram determinados os valores de absorbâncias das amostras e do padrão
(Tabela 1).
Tabela 1 – Condições utilizadas para avaliar o perfil de dissolução de cápsulas e
comprimidos contendo extrato hidroetanólico de Calendula officinalis L. (EHECo).
PARÂMETROS
Meios
Tampão de ácido
clorídrico (pH 1,2)
Tampão fosfato (pH
6,8)
Água destilada
Volume
900 ml
Aparato
Pá (comprimidos) e cesta
(cápsulas)
Velocidade de rotação
70 rpm
Volume coletado
5 ml
Tempos de coletas
5,10,15,25,40 e 60 min
Temperatura
37,0 ± 0,5 °C
47
4.2.10 Controle de qualidade físico-químico dos comprimidos contendo extrato
hidroetanólico de Calendula officinalis L. (EHECo)
4.2.10.1 Peso médio
Foram pesados, individualmente, 20 comprimidos e determinado o peso
médio, tolerando-se não mais que duas unidades fora do limite de variação de ± 5,0%
(FARMACOPEIA BRASILEIRA, 2010).
4.2.10.2 Espessura
Para este ensaio, utilizou-se o paquímetro digital (Zaas Precision), para
determinar a espessura de 10 comprimidos. O resultado foi expresso como a média
dos valores obtidos nas determinações.
4.2.10.3 Dureza
Para o teste de dureza, utilizou-se durômetro (Nova Ética) e 10 comprimidos
foram submetidos a uma força necessária para esmagamento ou ruptura sob pressão
radial. A força foi medida em Newton (N), e o resultado foi expresso como a média
dos valores obtidos nas determinações (FARMACOPEIA BRASILEIRA, 2010).
4.2.10.4 Teste de desintegração
O teste foi realizado em um aparelho de desintegração modelo 301/3AC
(Nova Ética, Ltda. São Paulo, Brasil), contendo 3 (três) cestas. Foram utilizadas 06
(seis) comprimidos no teste, colocando-os em cada um dos seis tubos da cesta,
empregando como meio de imersão, água destilada, tampão de ácido clorídrico (pH
1,2) e tampão fosfato (pH 6,8) em temperatura de 37 ± 1 °C. O tempo especificado
48
pela Farmacopeia Brasileira (2010) para os comprimidos estarem completamente
desintegrados é de 30 minutos (FARMACOPEIA BRASILEIRA, 2010).
4.2.10.5 Teste de dissolução
O teste de dissolução foi realizado conforme condições descritas na
Farmacopeia Brasileira (2010), para o teste utilizou-se um equipamento de dissolução
com seis cubas, modelo 299 (Nova Ética, Ltda. São Paulo, Brazil) empregando-se
como meio de dissolução, 900 mL de tampão ácido clorídrico (pH 1,2); tampão de
fosfato (pH 6,8); e água destilada. Todas as cubas foram mantidas com o meio a 37,0
± 1 °C. O teste foi realizado com seis unidades para cada meio de dissolução (Tabela
1).
4.2.10.6 Perfil de dissolução e liberação
O perfil de dissolução foi determinado com base na quantificação de rutina a
partir da dissolução e liberação dos comprimidos contidos nas cestas de dissolução a
5, 10, 15, 25, 40 e 60 min. Alíquotas de 5 mL foram centrifugadas por 2 minutos a uma
velocidade de 3200 rpm, 3 mL do sobrenadante foi utilizado para determinar a
concentração de rutina por espectrometria na região do ultravioleta, em um
espectrofotômetro modelo UV-mini 1240 (Shimadzu Corporation, kyoto, Japan)
(Tabela 1).
4.2.11 Análise estatística
Com a finalidade de saber, se os comprimidos e as cápsulas diferiam em meio
ácido e água destilada utilizou-se o test t de Student. Os pressupostos de
homocedásticidade e normalidade dos dados foram avaliados pelos testes F (razão
de variância) e Shapiro Wilk (Zar, 2010), respectivamente.
49
A Análise de Variância (ANOVA) foi utilizada para avaliar os dois tipos de
cápsulas e os dois tipos de comprimidos. Posteriormente utilizou-se o teste “a
posteriori” SNK (Student-Newman-Keuls).
50
5 RESULTADOS
5.1 Padronização físico-química do extrato hidroetanólico de Calendula
officinalis L. (EHECo)
5.1.1 Determinação do resíduo seco, densidade relativa e pH do extrato
hidroetanólico de Calendula officinalis L. (EHECo)
Os resultados obtidos para resíduo seco, densidade relativa e pH do extrato
hidroetanólico de Calendula officinalis L. estão descritos na Tabela 2.
Tabela 2 - Resíduo seco, densidade relativa e pH do extrato hidroetanólico de
Calendula officinalis L.
Testes
Resíduo seco
n
Determinações
3
1,7 g
3
0,89067 g/mL
3
5,8
Densidade relativa
pH
5.1.2 Espectroscopia na região do infravermelho transformado em Fourier (FTIR) do extrato hidroetanólico de Calendula officinalis L. (EHECo)
O espectro de absorção do marcador químico rutina ilustrado na Figura 2
apresentou bandas de absorção características dos grupos funcionais de sua
estrutura química (fig.2, pag.26). Uma banda de absorção larga em 3361 cm-1 foi
atribuída ao estiramento da hidroxila fenólica, e a banda de absorção em
51
aproximadamente 2937 cm-1 pode ser relacionada à deformação axial da ligação C−H
de aromáticos. Segundo Jin e colaboradores (2007), a banda de absorção em 1654
cm-1, apresentada no espectro da rutina, é atribuída ao estiramento da carbonila
(C=O); absorções em 1654 cm-1, 1508 cm-1 e 1458 cm-1 são referentes a estiramentos
do anel fenil (C=C). A banda de absorção em torno de 1296 cm-1 foi atribuída ao
estiramento C=C−O−C. Já a banda de absorção em 1203 cm-1 pode ser relacionada
à deformação angular no plano da ligação C−H do anel aromático (SILVERSTEIN, et
al., 2006).
Figura 4 - Espectro na região do infravermelho, correspondente ao extrato
hidroetanólico liofilizado das flores de Calêndula officinalis L. sobreposto ao espectro
do padrão de Rutina.
52
Figura 5 - Espectro na região do infravermelho, correspondente ao extrato
hidroetanólico liofilizado das flores de Calêndula officinalis L.
Tabela 3 - Bandas de absorção na região do infravermelho, correspondente ao extrato
liofilizado das flores de Calendula officinalis L.
Bandas de absorção (cm-1)
Vibrações características
3373
O−H
2927
C−H
1616
C=O
1458
C=C
1400
C=C
1056
(C – O – C)
A figura 5 apresenta o espectro na região do infravermelho do extrato
liofilizado das flores de Calendula officinalis L. As absorções em 3373 - 2927 cm-1 e
com forte intensidade originam-se da deformação axial assimétrica (νas OH) da ligação
e simétricos (νs CH2). A absorção intensa em 1616 cm-1 refere-se ao grupo
carbonila (C=O). O sinal em 1458 cm-1 pode ser atribuído à deformação angular
simétrica no plano do grupo metileno. Em 1400 cm-1 aparece com intensidade
53
média é referente à deformação angular simétrica C-H do grupo metila (CH3). Em
1056 cm-1 aparece um sinal largo e relativamente intenso, característico da
deformação axial do grupo funcional (C – O – C) (SILVERSTEIN, et al., 2006).
5.1.3 Doseamento de flavonoides totais do extrato hidroetanólico de Calendula
officinalis L. (EHECo)
O teor de flavonoides totais expressos em rutina para o extrato hidroetanólico
de Calendula officinalis L. foi de 1,36 %.
5.2 Obtenção do granulado do extrato hidroetanólico de Calendula officinalis L.
(EHECo)
O granulado de Calendula officinalis L. foi obtido a partir da mistura, em gral e
pstilo, do extrato hidroetanólico mole com os seguintes adjuvantes: celulose
microcristalina, estearato de magnésio, d-lactose monohidratada e amido, como
mostra a figura 7 (p. 55) As seguintes porcentagens dos adjuvantes da formulação e
do extrato hidroetanólico de Calendula officinalis L. estão apresentados na tabela 4,
assim como suas respectivas massas em g.
54
Figura 6 – Massa umectada do extrato hidroetanólico de Calendula officinalis L. e os
adjuvantes da formulação.
Tabela 4 – Porcentagem e massa da composição do granulado contendo extrato
hidroetanólico de Calendula officinalis L. (EHECo)
Granulado
Massa (g)
Porcentagem
Celulose Microcristalina
36,12
21,8 %
Estearato de magnésio
6,39
3,87 %
D-lactose monohidratada
55,26
33,35 %
15
9,06 %
52,80
31,92 %
165,57
100%
Amido
Extrato hidroetanólico
mole
Total
Após a formação da massa úmida o granulado foi passado em um tamis de
malha 0,71 (figura), e os grânulos obtidos foram acomodados em placas de petri e
levados a secagem em estufa com temperatura a 35°C, para finalmente passarem
pelo processo de calibração, onde o granulado seco foi novamente passado pelo
tamis, fragmentando alguns grãos que se aglomeraram. Ao final desse processo o
55
granulado foi pesado em balança semi-analítica obtendo-se uma massa de 107g de
granulado final.
Figura 7 – Obtenção do granulado ao passar a massa umectada do extrato
hidroetanólico de Calendula officinalis L. com os excipientes da formulação.
5.2.1 Avaliação das características macroscópicas do granulado do extrato
hidroetanólico de Calendula officinalis L. (EHECO)
O granulado de Calendula offcinalis L. apresentou coloração amarela e odor
característico do extrato (Figura 8 e 9).
56
Figura 8 – Aspecto macroscópico do granulado contendo extrato hidroetanólico de
Calendula officinalis L. (EHECo)
Figura 9 – Fotografia do granulado contendo extrato hidroetanólico de Calendula
officinalis L. (EHECo) em estereomicrocópio (1,2x) (Lupa- Bel Photonics STM).
57
5.3 Obtenção das cápsulas e comprimidos a partir do granulado do extrato
hidroetanólico de Calendula officinalis L. (EHECo)
5.3.1 Obtenção das cápsulas a partir do granulado do extrato hidroetanólico de
Calendula officinalis L. (EHECo)
Foram manipuladas a partir do granulado de Calendula officinalis L. uma
amostragem de 80 cápsulas, sendo utilizadas cápsulas duras de gelatina tamanho 00,
conforme mostra a figura 10. Os grânulos foram encapsulados em encapsuladora
manual.
Figura 10 – Cápsulas contendo granulado de extrato hidroetanólico de Calendula
officinalis L. (EHECo)
A quantidade de extrato de Calendula officinalis L. contido em cada cápsula foi
de 0,149 g.
58
5.3.2 Obtenção dos comprimidos a partir do granulado do extrato hidroetanólico
de Calendula officinalis L. (EHECo)
Foram manipulados uma amostragem de 80 comprimidos de Calendula
officinalis L., conforme mostra a figura 11. Contendo em cada comprimido 0,149 g de
extrato de Calendula officinalis L.
Figura 11 – Comprimidos do granulado contendo extrato hidroetanólico de Calendula
officinalis L. (EHECo)
5.4 Controle de qualidade físico-químico das capsulas e dos comprimidos
contendo extrato hidroetanólico de Calendula officinalis L. (EHECo)
5.4.1 Determinação do peso médio das cápsulas e comprimidos contendo
extrato hidroetanólico de Calendula officinalis L. (EHECo)
De acordo com as especificações da Farmacopeia Brasileira (2010) o peso
médio para cápsulas com 300 mg ou mais tem limite de variação aceitável de ± 7,5,
podendo tolerar não mais que duas unidades fora dos limites especificados. As
59
cápsulas de Calendula officinalis L. apresentaram peso médio de 0,549 g, com desvio
padrão de 4,47%, dentro de uma amostragem de 20 cápsulas (tabela 5).
Para comprimidos a Farmacopeia Brasileira (2010) preconiza que para peso
médio de 250 ou mais o limite de variação aceitável é de ± 5,0, podendo tolerar não
mais que duas unidade fora dos limites especificados. Os comprimidos de Calendula
officinalis L. apresentaram peso médio de 0,551 g com desvio padrão de (tabela 3).
Tabela 5 – Determinação do peso médio e desvio padrão das cápsulas e comprimidos
do granulado contendo extrato hidroetanólico de Calendula officinalis L. (EHECo)
Forma
Peso médio (g)
farmacêutica
Maior peso
Menor peso
DPR
encontrado (g)
encontrado (g)
(%)
Cápsulas
0,549
0,557
0,543
4,47%
Comprimidos
0,551
0,557
0,544
4,18%
5.4.2 Determinação da dureza e espessura dos comprimidos contendo extrato
hidroetanólico de Calendula officinalis L. (EHECo)
O valor da dureza em (N) obtida para os comprimidos de Calendula officinalis
L. foi de 34,3 N e para espessura de 3,00 mm, estes dois parâmetros foram obtidos a
partir da média de 10 determinações, conforme mostra a tabela 6.
Tabela 6 – Determinação da dureza e espessura dos comprimidos do granulado
contendo extrato hidroetanólico de Calendula officinalis L. (EHECo)
Teste
n
Determinação
Dureza (N)
10
34,3 N
Espessura (mm)
10
3,00 mm
60
5.4.3 Teste de desintegração das cápsulas e comprimidos contendo extrato
hidroetanólico de Calendula officinalis L. (EHECo)
De acordo com as especificações da Farmacopeia Brasileira (2010) o teste de
desintegração permite verificar se comprimidos e cápsulas se desintegram dentro do
limite de tempo especificado. Para comprimidos não revestidos o limite de tempo
estabelecido é de 30 minutos e para cápsulas duras é de 45 minutos. Foram utilizados
3 meios de dissolução diferentes para desintegração das cápsulas e comprimidos,
sendo estes água destilada, tampão de ácido clorídrico (pH 1,2) e tampão fosfato (pH
6,8), as cápsulas obtiveram um tempo menor de desintegração em relação aos
comprimidos, desintegrando em um tempo menor de 4 minutos em tampão de ácido
clorídrico, apresentando um tempo maior de desintegração em água destilada com 11
minutos. Os comprimidos desintegraram-se em um tempo menor de 12 minutos em
tampão fosfato e em tampão de ácido clorídrico desintegraram em um tempo de 14
minutos, sendo este o maior tempo observado de desintegração para os comprimidos
(tabela 7), considerando que foram utilizadas 6 unidades para cada meio, e que a
desintegração foi definida no momento em que nenhum resíduo das unidades
testadas (cápsulas e comprimidos) permaneceram na tela metálica do aparelho de
desintegração.
Tabela 7 – Tempo de desintegração (min) de cápsulas e comprimidos do granulado
contendo extrato hidroetanólico de Calendula officinalis L. (EHECo) em diferentes
meios de desintegração (n=6).
Meio de dissolução
Tempo de desintegração
Tempo de desintegração
dos comprimidos (min)
das cápsulas (min)
Água destilada
13
11
Tampão de ácido
14
4
12
8
clorídrico (pH 1,2)
Tampão fosfato (pH 6,8)
61
5.4.4 Determinação do perfil de dissolução das cápsulas e comprimidos
contendo extrato hidroetanólico de Calendula officinalis L. (EHECo)
O perfil de dissolução para cápsulas e comprimidos foi realizado em três
diferentes meios de imersão, sendo estes, água destilada, tampão de ácido clorídrico
(pH 1.2) e tampão fosfato (pH 6.8), neste último não foi possível avaliar o
comportamento da liberação de flavonóides das formas farmacêuticas sólidas, pois
antes da leitura das absorbância em espectrofotômetro, as amostras foram
submetidas a reação com AlCl 3 a 2% em ácido acético 5% em metanol, para serem
analisadas após 30 min, em espectrofotômetro a 425 nm. Nessa reação foi observada,
apenas nas coletas realizadas em tampão fosfato (pH 6.8), a formação de um
complexo, o qual mascarou a leitura real das absorbâncias no espectrofotômetro,
invalidando o teste na utilização deste tampão.
O teste de dissolução para os comprimidos, apresentou melhor desempenho
em água destilada, em 15 min apresentou uma liberação de 5,2 % (0,00089 mg/mL)
de flavonóides, a qual foi aumentando em função do tempo, ao final do ensaio de
dissolução, em 60 min a liberação de flavonóides foi de 7,64 % (0,0013 mg/mL). Em
tampão de ácido clorídrico a liberação de flavonóides foi reduzida em relação ao meio
água destilada, em 15 min a liberação de flavonóides foi de 2,29 % (0,00039 mg/mL),
mantendo este perfil até o final do teste de dissolução (Figura 12).
O teste de dissolução para as cápsulas, também apresentou melhor
desempenho em meio de água destilada, a concentração de flavonóides dissolvido no
meio foi aumentando gradativamente em função do tempo, o maior perfil de liberação
foi em 60 min com 5,8 % de flavonóides (0,0010 mg/mL), em tampão de ácido
clorídrico, o perfil de liberação apresentou um comportamento semelhante ao do meio
em água destilada, pois houve aumento gradativo da concentração de flavonóides no
meio, em função do tempo, a liberação ao final do ensaio de dissolução foi de 4,7 %
(0,0008 mg/mL) de flavonóides (Figura 13).
O perfil de dissolução das cápsulas e comprimidos em meio água destilada
foram semelhantes, em 40 min apresentaram a liberação de 5,8 % de flavonóides
(0,0010 mg/mL), as cápsulas mantiveram esse perfil até o final do teste de dissolução,
porém para os comprimidos na última coleta, em 60 min, a liberação de flavonóides
62
foi de 7,64 % (0,0013 mg/mL), caracterizando a maior porcentagem de flavonóide
dissolvido no estudo em questão (Figura 14). Em meio de solução tampão de ácido
clorídrico
as
formas
farmacêuticas
também
apresentaram
comportamento
semelhantes, em relação a concentração de flavonóides dissolvidos no meio (HCl pH
1.2), porém para as cápsulas foram obtidos os menores valores de concentração.
Em 15 min a porcentagem de flavonóide dissolvido foi de 2,94 % (0,0005
mg/mL) para as cápsulas e 2,29% (0,00039 mg/mL) para os comprimidos, ao final dos
testes de dissolução, as liberações máximas atingidas de flavonóides, em meio ácido,
foi de 4,94 % (0,00084 mg/mL), para as cápsulas e 3,05 % (0,00052 mg/mL) para os
comprimidos (Figura 12).
Figura 12 – Perfil de dissolução de comprimidos do granulado contendo extrato
hidroetanólico de Calendula officinalis L. (EHECo) em água destilada e em tampão
ácido (pH 1.2). (t = -7,0538; GL = 67,496; p > 0,001).
63
Figura 13 – Perfil de dissolução de cápsulas do granulado contendo extrato
hidroetanólico de Calendula officinalis L. (EHECo) em água destilada e tampão ácido
(pH 1.2). (t = -3,7478, gl = 67,838, p > 0,001).
A- Água destilada
(Comprimido)
B- Água destilada (Capsula)
C- Ácido (Cápsula)
D- Ácido (Comprimido)
Figura 14 - Comparação dos perfis de dissolução de comprimidos e cápsulas do
granulado contendo extrato hidroetanólico de Calendula officinalis L. (EHECo) em
água destilada e em tampão ácido (pH 1.2). (F[3, 136]=20.084, p>0,001)
64
6 DISCUSSÃO
O extrato hidroetanólico de Calendula officinalis L. apresentou pH 5,8, sendo
considerado um extrato ácido. O pH de uma solução extrativa fornece informações
referentes à estabilidade e ao caráter das moléculas presentes na preparação.
O resíduo seco e a densidade são parâmetros importantes para o controle do
processo extrativo de plantas medicinais, servindo de base para cálculo de rendimento
extrativo. Em geral, os valores para resíduo e densidade para tinturas variam entre 1
– 6% e 0,87 - 0,98g/mL, respectivamente, podendo esses valores variar de acordo
com a espécie vegetal (PRISTA et al., 1996). A solução extrativa de Calendula
officinalis L. apresentou valores compatíveis com a normalidade.
A determinação do resíduo seco é um parâmetro fundamental e preliminar
quando se objetiva alcançar a eficácia de uma formulação fitoterápica, pois implica na
quantificação das substâncias extraídas da planta através da eliminação do solvente
extrator (OLIVEIRA e BERRETTA, 2007).
O resíduo seco obtido para a solução extrativa de Calendula officinalis L. foi de
1,7% e os cálculos desenvolvidos para se chegar a massa de extrato mole de
calêndula para ser utilizada na formulação foi a partir desse resultado.
Os extratos com menor teor alcóolico apresentam maior resíduo, uma vez que
a água é capaz de extrair compostos polares presentes na planta, como os
glicosídeos, mostrando uma relação diretamente proporcional entre a quantidade de
água e as substâncias extraídas. Embora os extratos produzidos com etanol absoluto
possam ser concentrados, a pouca solubilidade das moléculas, de caráter apolar, se
tornariam um ponto crítico no desenvolvimento de formulações farmacêuticas,
sobretudo para uso oral (FONSECA, 2009).
Para a identificação do marcador químico da Calendula officinlais L., a rutina,
foi utilizada a técnica de espectroscopia na região do infravermelho, que tem por
objetivo a identificação ou mesmo a determinação de grupos funcionais característicos
dos compostos orgânicos analisados, propiciando um estudo preliminar de sua
estrutura química (MACIEL, et al., 2002)
65
No desenvolvimento do granulado de Calendula officinalis L. foram utilizados
os seguintes excipientes: celulose microcristalina e lactose monohidratada, como
diluentes da formulação, utilizados como material de enchimento inerte, para produzir
volume, propriedades de fluxo e características de compressão desejáveis; estearato
de magnésio, que é um lubrificante e reduz a fricção de comprimidos durante o
processo de compressão e o amido, que além de função agregante, atua como
desintegrante, promovendo a desintegração da forma sólida em partículas menores,
mais facilmente dispersíveis ou dissolúveis.
A partir dessa formulação obteve-se um granulado com coloração amarela,
odor característico da espécie vegetal e uma morfologia irregular; o qual foi utilizado
como forma intermediária na produção de comprimidos e como material de
enchimento de cápsulas, com a finalidade de se obter uma forma farmacêutica final.
As cápsulas e comprimidos manipulados foram submetidos a testes de controle
de qualidade, sendo estes o peso médio, dureza e espessura (para os comprimidos),
desintegração e dissolução, que consiste em um conjunto de operações com o
objetivo de verificar se o produto está em conformidade com as especificações
farmacopéicas, estando de acordo, garante ao produto farmacêutico qualidade,
segurança e eficácia terapêutica (PEIXOTO, 2005).
Segundo Ansel e colaboradores (2000) comprimidos devem apresentar
estabilidade física e química, desintegrar-se no tempo previsto, ser pouco friáveis,
apresentar integridade e superfície lisa, brilhante e destituída de defeitos como
fissuras, falhas e contaminações. Podem ainda sofrer variações entre si, em relação
à espessura, diâmetro, tamanho, peso, forma, dureza, características de
desintegração, dependendo do método de fabricação e da finalidade da sua utilização.
Os comprimidos de Calendula officinalis L. apresentaram espessura de 3,00
mm e dureza de 34,3 N. A Farmacopeia Brasielira (2010) especifica como dureza
mínima aceitável para comprimidos, 30 N, portanto, os comprimidos analisados
apresentaram uma resistência adequada às abrasões e aos choques mecânicos.
A determinação de peso médio informa a homogeneidade por unidade do lote
e estabelece uma ferramenta essencial para o controle de qualidade, podendo indicar
ineficiência no processo de produção (BRUM et al., 2012). Segundo a Farmacopeia
66
Brasileira (2010) a variação de peso aceitável para cada comprimido com peso médio
acima de 250 mg é de ± 5,0 %, não sendo permitidas mais do que duas unidades fora
dos limites especificados. Dentro de uma amostragem de 80 comprimidos de
Calendula officnalis L. foram utilizados o peso individual de 20 para determinar o peso
médio de 551 mg para os comprimidos de Calendula officinalis L., nenhum comprimido
analisado ficou fora dos limites especificados (Tabela 5).
De acordo com Peixoto e colaboradores (2005), a determinação e os ajustes
dos pesos dos comprimidos, ao longo do processo de compressão, são
procedimentos importantes, uma vez que as fórmulas estão baseadas no peso das
formas farmacêuticas, o qual poderá influenciar também na concentração de
princípios ativos em cada unidade.
O peso médio para as cápsulas de Calendula officinalis L. foi de 549 mg, para
esta forma farmacêutica a Farmacopeia Brasielira (2010) preconiza que para cada
cápsula com peso médio acima de 300 mg o limite de variação é de ± 7,5 %, não
sendo permitidas mais do que duas unidades fora dos limites especificados; neste
teste todas as cápsulas analisadas apresentaram resultados satisfatórios dentro dos
limites superiores e inferiores (tabela 5); podendo ser indicativo de que o processo de
encapsulação foi realizado corretamente.
A desintegração de cápsulas e comprimidos afeta diretamente a absorção, a
biodisponibilidade e a ação terapêutica do fármaco. Dessa forma, para que o princípio
ativo fique disponível para ser absorvido e exerça a sua ação farmacológica, é
necessário que ocorra a desintegração da forma farmacêutica sólida em pequenas
partículas, aumentando-se a superfície de contato com o meio de dissolução,
favorecendo, portanto sua absorção e biodisponibilidade no organismo (PEIXOTO et
al., 2005).
O ensaio de desintegração permite verificar se comprimidos e cápsulas
desintegram dentro do limite de tempo especificado por compêndios oficiais, a
Farmacopeia Brasileira (2010) preconiza que após 30 minutos comprimidos nãorevestidos devem estar desintegrados e para cápsulas duras especifica um limite de
até 45 minutos. As cápsulas de Calendula officinalis L. desintegraram-se em um
tempo menor em relação aos comprimidos, o tempo máximo de desintegração para
as cápsulas foi de 11 minutos em água destilada e em tampão ácido (pH 1,2)
67
desintegrou-se em apenas 4 minutos; já os comprimidos desintegraram-se em um
tempo menor em tampão fosfato (pH 6,8), com 12 minutos; e 14 minutos em água
destilada, caracterizando este o maior tempo de desintegração para os comprimidos
(tabela 7).
Os comprimidos de Calendula officnalis L. foram preparados a partir da
compressão do granulado dessa espécie vegetal, já as cápsulas é resultado do
encapsulamento do granulado, dessa forma assim que o invólucro da cápsula se
desfaz no meio de dissolução, libera o granulado que imediatamente começa a se
solubilizar nos meios de dissolução, já os comprimidos por serem submetidos a uma
força de compressão, mantém os grânulos coesos, que levaram um tempo maior para
se desintegrar. Tanto as cápsulas quanto os comprimidos se desintegraram dentro
dos limites especificados pela Farmacopeia Brasileira (2010).
Com o desenvolvimento da tecnologia e das pesquisas envolvendo a liberação
de fármacos, o teste de dissolução surgiu como indicativo para avaliação da qualidade
das formas farmacêuticas sólidas de uso oral, sendo utilizado tanto para o controle de
qualidade dos medicamentos, como guia no desenvolvimento de novas formulações
e principalmente em estudos preliminares de biodisponibilidade.
A absorção de fármacos a partir de formas farmacêuticas sólidas depende da
liberação dos mesmos da sua forma farmacêutica, da sua dissolução ou solubilização
sob condições fisiológicas e de sua permeabilidade através do trato gastrointestinal.
Dessa forma, os modelos que permitem prever a absorção dos fármacos a partir dos
estudos de dissolução estão limitados pela complexidade de fenômenos que ocorrem
no TGI (MALESUIK et al, 2006). Assim, para que os ensaios de dissolução permitam
prever o comportamento in vivo têm que ser utilizados meios de dissolução que se
assemelham às condições fisiológicas (CARDOSO et al, 2007). Sendo assim, o
estudo da dissolução das cápsulas e comprimidos de Calendula officinalis L. utilizouse como meios de dissolução a água e soluções tampões (ácida e fosfato, com
respectivos pH de 1,2 e 6,8).
A dissolução das formas farmacêuticas (cápsulas e comprimidos) de Calendula
officnalis L. está relacionada com a biodisponibilidade do seu marcador químico
(rutina) no organismo. Diante disto é imprescindível que as formas farmacêuticas
sólidas de calêndula sejam dissolvidas, liberando uma determinada porcentagem de
68
flavonoides (rutina) para o meio de dissolução, com o propósito de se tornar disponível
para exercer sua ação terapêutica.
O teste de dissolução para as cápsulas mostrou que a concentração de
flavonóides dissolvido tanto em meio de água destilada, quanto em tampão de ácido
clorídrico foi aumentando em função do tempo, em 60 min, ao final do ensaio de
dissolução foi liberado 5,8 % de flavonóides (0,0010 mg/mL) em água destilada e em
ácido a liberação foi menor com 4,7 % (0,0008 mg/mL) de flavonóides.
O teste de dissolução para os comprimidos, assim como para as cápsulas
também apresentou melhor desempenho em água destilada, em 15 min apresentava
uma liberação de 5,2% (0,00089 mg/mL) de flavonóides, que foi aumentando e obteve
em 60 min a liberação máxima de 7,64% (0,0013 mg/mL) de flavonóides. Em tampão
de ácido clorídrico a liberação de flavonóides foi menor, com maior desempenho em
15 min com 2,29% (0,00039 mg/mL) de flavonóides, mantendo este perfil até o final
do teste de dissolução.
As cápsulas e comprimidos apresentaram perfis de liberação semelhantes em
água destilada, em 40 min apresentaram 5,8% (0,0010 mg/mL) de liberação de
flavonóides, diferindo apenas no final do teste de dissolução, pois em 60 min a
liberação de flavonóides nos comprimidos de Calendula officinalis L. foi de 7,64 %
(0,0013 mg/mL), caracterizando este como o maior desempenho apresentado no teste
de dissolução.
O meio em água destilada foi o que apresentou o melhor perfil de dissolução,
tanto para cápsulas como para os comprimidos de Calendula officinalis L., segundo
Zuanazzi e Montanha (2002), os heterosídeos são geralmente solúveis em água e em
álcoos diluídos, sendo esta característica vantajosa para o teste de dissolução de
Calendula officinalis L.
Em meio de tampão de ácido clorídrico tanto as cápsulas quanto os
comprimidos apresentaram uma porcentagem de flavonóides liberada, mas em
relação a água destilada, a liberação foi menor, para as cápsulas a porcentagem de
flavonóides liberada em 15 min foi de 2,94 % (0,0005 mg/mL) e para os comprimidos
a liberação em 15 min a liberação foi de 2,29 % (0,00039 mg/mL), ao final do teste de
69
dissolução (60 min) em tampão de ácido clorídrico as respectivas porcentagens de
flavonóides dissolvidos foram de 4,94 % (0,00084 mg/mL) e 3,05% (0,00052 mg/mL).
O perfil de dissolução das cápsulas e comprimidos tanto em tampão de ácido
clorídrico quanto em água destilada apresentaram porcentagens de dissolução
eficazes, resultados que podem estar relacionados com a sua performance in vivo.
70
7 CONCLUSÃO
As formas farmacêuticas sólidas administradas por via oral são favorecidas por
diversos fatores como a facilidade de administração, comodidade e segurança. Em se
tratando de produtos farmacêuticos de origem vegetal, devido sua complexidade
química, o profissional farmacêutico busca pela manipulação de produtos contendo
extratos padronizados e de qualidade, uma vez que somente desta forma pode-se
estar seguro da concentração das substâncias ativas e da disponibilidade dessas no
organismo.
Através da caracterização físico-química do extrato hidroetanólico de
Calendula officinalis L. foi possível obter especificações farmacognósticas dentro do
estabelecido, para critérios de qualidade descritos na Farmacopeia Brasileira (2010)
e por literatura oficial. Sendo assim, a partir dos resultados obtidos nesse estudo podese sugerir as seguintes conclusões:
a) O granulado contendo extrato hidroetanólico de Calendula officinalis L.
obtido por granulação por via úmida apresentou características satisfatória
como forma intermediária para a produção de cápsulas e comprimidos de
calêndula, como provou o controle de qualidade físico-químico realizado
para essas formas farmacêuticas, apresentando aprovação dos resultados
obtidos em peso médio, teste de desintegração, dureza e espessura
(apenas para comprimidos), de acordo com especificações da Farmacopeia
Brasileira (2010);
b) O teste de dissolução in vitro que constitui um dos instrumentos essenciais
para avaliar as propriedades biofarmacotécnicas das formulações, forneceu
informações úteis
ao desenvolvimento farmacotécnico das cápsulas e
comprimidos de Calendula officinalis L., pois de acordo com o resultado
obtido houve dissolução das formas farmacêuticas, provando que não
houve interferência dos excipientes da formulação neste processo;
c) Os ensaios de dissolução permitem prever o comportamento de uma
determinada formulação in vivo, os perfis de dissolução das cápsulas e
comprimidos apresentaram-se eficazes nos meios de dissolução tanto em
71
tampão de ácido clorídrico como em água destilada, sendo este último, o
meio em que as formas farmacêuticas apresentaram as maiores
porcentagens de dissolução e liberação do marcador fitoquímicofarmacológico, com 7,64% (0,0013 mg/mL) para os comprimidos,
ressaltando que até os 40 min., o comportamento das cápsulas e
comprimidos de Calendula officinalis L. foi semelhante, com liberação de
5,8% (0,0010 mg/mL) do marcador.
Portanto, conclui-se que os métodos empregados para obtenção do extrato
hidroetanólico de Calendula officinalis e granulação, com posterior obtenção de
capsulas e comprimidos foram eficazes para garantir um perfil de dissolução e
liberação do marcador fitoquimico-farmacológico adequado, e um possível efeito
farmacológico padrão em termos de eficácia e reprodutibilidade.
72
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