Acesse o artigo completo aqui - II Encontro da Sociedade Brasileira

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A Invisibilidade do Ser e a Visibilidade do Prazer: A Identidade Travesti e
a Formação do Espaço Simbólico no Bairro da Glória- RJ
IVAN IGNÁCIO PIMENTEL
ANA CAROLINA SANTOS BARBOSA
INTRODUÇÃO
Enxergar o espaço urbano como um espaço fragmentado e a relação
deste com a formação da identidade e do espaço simbólico despertaram meu
interesse em analisar a população travesti que “troteia” na região, interesse que
surgiu através do contato com a interação entre direito e sociologia e a
possibilidade de fazer uma correlação interdisciplinar de uma população pouco
estudada e tida como “invisível” pela sociedade e muitas vezes pelo Estado.
O presente artigo tem como objetivo central analisar a prostituição
de travestis e os conflitos provenientes da atividade realizada no bairro da
Glória, localizado na zona sul do Rio de Janeiro, que já foi à principal artéria, a
rua de mesmo nome, cuja principal função era estabelecer um elo entre o
centro e a zona sul da cidade, suportando, portanto todo trafego. Encontravase nas imediações do mar o que justifica a muralha construída e algumas
vezes reforçada e ampliada a fim de conter a ação das ondas. Seu último
reconstrutor arremata a obra com um vistoso relógio e uma vista baluastrada.
Aos pés da balaustrada supracitada, Pereira Passos, “transformou a praia ao
pé da muralha, conhecida como novo cais da Lapa ou da Glória, numa das
quadras iniciais da Avenida Beira-Mar, e que ali, por causa dos novos aterros
passaria a se chamar Avenida Augusto Severo” (Gerson, 2000). A mudança de
funcionalidade ao longo do tempo levou-nos a fazer uma análise históricogeográfica do recorte espacial em destaque, com o objetivo de criar uma maior
aproximação entre o recorte realizado e a compreensão dos leitores.
Para DaMatta,
o espaço é demarcado quando alguém estabele
fronteiras, separando um pedaço de chão do outro. Mas nada pode ser tão
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simples assim, porque é preciso explicar de que modo as separações são
feitas e legitimadas e aceitas pela comunidade como um todo. Tanto o tempo
como o espaço são invenções sociais. Não existe medida orgânica, natural ou
fisiológica de uma categoria de pensamento e ação tão complexa quanto o
espaço, do mesmo modo que não há um órgão para medir o tempo. O fato é
que tempo e espaço constroem e, ao mesmo tempo, são construídos pela
sociedade dos homens.
No transcurso das décadas essas ruas assumem os sentidos: de fim
nelas mesmo, quando são apropriadas pelo mercado delimitando relações de
poder que configuram verdadeiros territórios dominados por diversos atores
sociais ao longo de 24 horas, onde podemos destacar o setor terciário como
ponto forte das atividades comerciais realizadas durante o período diurno e a
prostituição de travestis após o pôr do sol. Estas atividades não são
excludentes, ao contrário estas se imbricam e revelam a complexidade do
espaço fragmentado e articulado. Após a intervenção do programa Urbe
cidade, da RioUrbe, realizada em 2001, os logradouros tiveram suas calçadas
ampliadas, possibilitando, portanto a intensificação das ações dos atores
supracitados, dentre as quais destacamos o trottoir do travestis, que desfilam e
se insinuam para chamar atenção dos clientes.
A prostituição na Rua Augusto Severo pode ser vista através de uma
correlação espacial, onde se torna fundamental analisar a construção de um
espaço simbólico, interagindo com a questão da construção do “ser” social, e o
nível das relações estabelecidas com o meio. Também se torna necessário o
desenvolvimento de possíveis redes como forma de sustentabilidade das
reciprocidades estabelecidas pelos “trabalhadores” que atuam na região. O que
simboliza uma fragmentação do espaço e formação de um território voltado
para a prostituição, pois a rua passa a ser um território culturalmente
colonizado durante um certo período de tempo, a noite por travestis. Um
indivíduo ou um grupo de pessoas, ao se apoderar de um local, especifica
modos de uso de um território. Mas que esse território possa continuar a existir
como tal é necessário um esforço constante para o seu estabelecimento e
manutenção. A dinâmica existente na região levou-nos a analisar a
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flutuabilidade territorial, a formação do espaço simbólico e a territorialização
realizada pelos travestis existentes no recorte espacial em destaque.
Uma rua que atualmente é considerada por muitos como área da
degradação da moral e dos bons costumes e incitadora de diversos problemas
sociais típicos da caótica vida urbana, como a violência, as drogas e a
usurpação do espaço destinado ao exercício de atividades, consideradas
lícitas, realizadas por “cidadãos de bem”, que pagam suas devidos “quinhões”
aos cofres públicos, levando a existência de possíveis conflitos no espaço em
destaque.
Quanto à metodologia, esta investigação científica se valerá da
pesquisa de campo, com algumas idas a campo, em períodos distintos no
decorrer de 2009, conversando informalmente com os travestis e realizando
algumas entrevistas semi-estruturadas. O levantamento de dados primários,
que constituem a parte quantitativa da pesquisa, foram obtidos durante a
realização de trabalho de campo, onde foi mantida a neutralidade do
entrevistador, com a finalidade do fornecimento de alguns dados importantes
acerca das características dos travestis e dos demais agentes sociais que
vivem na região.
Portanto, trata-se de uma pesquisa quali-quantitativa, na qual as
estratégias
de
levantamento
e
análise
de
dados
irão
permitir
o
aprofundamento, a complementação e a comparação de dados, com a
finalidade de conferir maior validade ao estudo.
O desenvolvimento de pesquisa com travestis, com base em dados
quali-quantitativos, requer uma imparcialidade muito grande, para que os dados
sejam analisados de forma clara. Por isso torna-se de vital importância o
comprometimento do pesquisador em relatar a realidade do trabalho. Cabe
destacar que o tema proposto possui uma grande diversidade de opiniões,
principalmente por tratar-se de uma população “invisível”, subintegrada.
Da Freguesia ao bairro da Glória.
O bairro da Glória localizado na Zona Sul do Rio de Janeiro compõe
o cenário do presente estudo, portanto faz-se necessário contextualizar o
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recorte de forma a pontuar as influencias portuguesa e francesa, para
posteriormente destacar as funções, usos e formas que seus logradouros
assumiram no decorrer da história a fim compreender as territorialidades que
permeiam seu cotidiano.
Já em 1567, o antigo morro do Leripe, atual Outeiro da Glória figura
a história da cidade como plano de fundo para disputa travada nas águas da
baía de Guanabara entre portugueses e franceses aliados aos índios tamoios,
com conseqüente morte de Estácio de Sá e transferência do sítio para o morro
do Castelo, onde permaneceu até 1922 em virtude do desmonte do mesmo.
Dessa forma, destacamos a influência portuguesa materializada na
presença de largos, vielas e becos, que representam a cidade feita à ordem do
semeador, para citar Sérgio Buarque de Holanda, em que as ruas são
localizadas em curvas de nível, ou seja, de forma concordante com a topografia
e à ordem em que estão postas as coisas divinas e naturais, evidenciando o
aspecto religioso transposto na divisão do território em freguesias ou
paróquias.
Nesse contexto nasce em 1834 à freguesia de Nossa Senhora da
Glória, que não obedece aos limites do atual bairro de mesmo nome visto que
abarcava os bairros do Catete, Largo do Machado, Laranjeiras e Santa Tereza.
Essa pode ser caracterizada através de uma boa infra-estrutura composta por
indústrias, a exemplo da fábrica de Tecidos Alliança, hospitais dentre os quais
destacamos a Beneficência Portuguesa, Institutos de Educação incluindo o de
Surdos e Mudos e o famoso Mercado da Glória, o terceiro da cidade.
Enquanto a influência francesa tem seu auge na chamada belle
époque tropical, no contexto da reforma Passos que encontra respaldo na
campanha higienista a fim de limpar e modernizar a cidade através de aterros,
tratamento de esgotos, abertura ou alargamento de vias e investimentos em
sua iluminação através da construção de fixos inspirados no traçado clássico
europeu.
No recorte em tela elencamos a Praça Paris como símbolo deste
período urbanístico, as amplas alamedas inspiradas nas tuileries de Paris
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somadas a arbustos podados de forma a reproduzir estátuas vivas de animais
compunham a proposta de embelezamento. Ademais, a balaustrada sobre a
qual se encontra a avenida Augusto Severo e o relógio que lhe confere
arremate são excelentes exemplos da reforma.
Formas, usos e funções da rua da Glória e da avenida Augusto Severo.
O bairro da Glória durante muito tempo representou o eixo de ligação
da zona sul com o centro da cidade, portanto este encontra na função de
passagem a justificativa para identificação com elementos presentes na “dupla
personalidade” da Lapa, como chamou Brasil Gerson, oriunda de sua origem
atrelada a capelas e um seminário representante do sagrado e permeada a
partir de fins dos oitocentos pelo profano composto pela vida noturna de
malandros, cabarés e pelo trottoir de prostitutas e travestis, ou seja, o
sentimentalismo transborda seus limites geográficos.
Dessa forma, através da escala de análise da rua buscamos abordar
a dinâmica vivida no quotidiano do bairro marcado por reformas, dentre as
quais se constrói a avenida Augusto Severo, bem como elencar fixos ou
serviços que contribuam no entendimento dos múltiplos usos experimentados
pelos habitantes da cidade em diferentes períodos representados por uma
diferença de décadas ou mesmo momentos do dia.
A rua da Glória, delimitada pela rua da Lapa e do Catete, outrora
chamada Caminho da Olaria e Boqueirão da Glória deve seu aparecimento ao
Marques de Lavradio que mandou prepará-la para receber a primeira feira-livre,
a fim de normalizar o abastecimento do gênero alimentício nos arredores,
cumpre mencionar que hoje a feira ocorre aos domingos na avenida Augusto
Severo.
O logradouro representou também o local onde se abrigavam os
enjeitados acolhidos através do famoso aparelho da roda pela Santa Casa da
Misericórdia no período compreendido entre 1850 a 1860, neste local
posteriormente funcionaram os escritórios da Companhia Leopoldina.
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Lembramos que por volta de 1857 o vereador Haddock Lobo
promove uma completa remodelação no bairro, na qual destacamos a
presença de um cais no Largo da Glória com trapiche de desembarque onde
nas imediações encontramos o já citado Mercado da Glória, que assume em
virtude de sua falência as funções de abrigo de um batalhão da Guarda
Nacional e de casa de cômodo, até sua demolição realizada por Passos sendo
assim substituído pela praça Pedro Álvares Cabral.
O externato do Colégio Sacre-Couer somado a Escola Municipal
Deodoro, situada no número 64 compõe a estrutura do serviço de educação.
Esta escola pública, hoje tombada pela prefeitura da cidade do Rio de Janeiro,
foi paradoxalmente circundada, até cerca dos anos quarenta, por prostitutas
que alcançavam a rua Conde de Lages. Ressaltamos, porém que atualmente a
rua da Glória apresenta como característica, em período noturno, a presença
da prostituição de travestis, que teve na ampliação de suas calçadas, através
de obras datadas de 2001 um elemento favorável seu desenvolvimento,
ademais o número de hotéis na localidade serviu e serve de suporte para a
mesma, que tem como traço a abordagem de pedestres e passantes em seus
veículos.
Foi nesta artéria que passou o primeiro bonde da Companhia Ferro
Carril do Jardim Botânico inaugurando a concessão para a zona Sul até
alcançar o Largo do Machado. Corroborando com a importância do recorte em
tela para o sentido de passagem é no Largo da Glória que o metrô tem
inaugurada sua primeira estação, devastando o mesmo e demolindo a Taberna
da Glória, tradicional local de encontro da boemia carioca, ademais
encontramos nas páginas dos jornais de grande circulação da época o retrato
da insatisfação de comerciantes e moradores com os inconvenientes oriundos
da obra. Em 12 de setembro de 1977 o Largo e arredores são entregues a
população reurbanizados.
A Glória se distancia do mar.
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O caminho para o Catete, constituído por um trilho encostado ao
morro de Santa Teresa, em tempos nos quais o Outeiro da Glória, simbolizado
por sua igreja, concentrava e resumia as atividades a uma olaria e a plantação
de cana de açúcar, justifica a construção de uma muralha a fim de evitar
alagamentos em decorrência da proximidade do mar e da ação das ondas.
Lembramos que esta representou uma fonte distribuidora de águas, ampliada e
reforçada, a muralha encontra em seu último reconstrutor seu arremate através
da implantação de um vistoso relógio e uma vista baluastrada.
Aos pés da balaustrada supracitada, Pereira Passos, “transformou a
praia ao pé da muralha, conhecida como novo cais da Lapa ou da Glória, numa
das quadras iniciais da Avenida Beira-Mar, e que ali, por causa dos novos
aterros passaria a se chamar rua Augusto Severo” (Gerson, 2000). Dessa
forma, a antiga praia das areias de Espanha cede lugar à avenida cuja principal
função foi dividir o fluxo de automóveis, até a presente data concentrado na rua
da Glória, por ser esta a principal artéria entre o Centro da cidade e a Zona Sul,
fato que sofre transformações após a construção da Avenida Beira-Mar, que
liga Botafogo ao Centro, distanciando ainda mais o bairro da Glória do mar.
A rua que tem início na Teixeira de Freitas e termina no Largo da
Glória, fruto de uma homenagem a Augusto Severo de Albuquerque maranhão,
inventor da dirigibilidade dos balões, passa em 12 de novembro de 1924, por
meio do decreto n° 2.038 a ser a Avenida Augusto Severo. Dentre os fixos de
destaque esta abriga o Instituto Histórico Geográfico Brasileiro (IHGB), além de
bares e restaurantes que contribuem para maior afluxo de pessoas nos fina de
semana.
Atualmente a avenida possui usos diversos ao longo da semana,
abrigando uma feira-livre aos domingos, bem como apresenta territorialidade
de flanelinhas em período diurno enquanto durante a noite esta se transforma
em uma verdadeira vitrine de corpos desnudos, que compõem a atividade da
prostituição de travestis, esta permite ainda a presença de ambulantes que se
somam aos bares a fim de fornecer bebidas a um nicho específico de clientes.
Portanto, no transcurso das décadas essas ruas assumem os
sentidos: de fim nelas mesmo, quando são apropriadas pelo mercado
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delimitando relações de poder que configuram verdadeiros territórios
dominados por camelôs, guardadores de carro ou prostitutas em dias e
horários cambiáveis; de mercado vinculado a relações de troca, com
manutenção de algumas moradias, e o surgimento de bares e pequenos
restaurantes (Carlos, 2007; Ribeiro, 2009). As atividades apontadas não são
excludentes, ao contrário estas se imbricam e revelam a complexidade do
espaço fragmentado e articulado. Após a intervenção do programa Urbe
cidade, da RioUrbe, realizada em 2001, os logradouros tiveram suas calçadas
ampliadas, possibilitando, portanto a intensificação das ações dos atores
supracitados, dentre as quais destacamos o trottoir do travestis, que desfilam e
se insinuam para chamar atenção dos clientes. Para DaMatta, esses espaços
eternos e essas “zonas” problemáticas fazem parte de uma estrutura social que
necessariamente inclui espaços e temporalidades permanentes que operam
em todos os níveis da sociedade.
Cada sociedade tem uma gramática de espaços e temporalidades
para poder existir enquanto modo articulado e isso depende fundamentalmente
de atividades que se ordenem também em oposições diferenciadas, permitindo
lembranças ou memórias diferentes em qualidade, sensibilidade e forma de
organização.
O processo de transformação e a criação de uma identidade
conflituosa: “a casa e a rua”.
Ao procurar uma definição para a palavra travesti, chega-se a uma
série de significados distintos, que talvez reflita o incômodo e a perplexidade
frente a esse “algo” que parece ser impossível enquadrar. De “travestismo” a
“travestilidade”, passando por "homem que se veste de mulher ou mulher que
se veste de homem”, ocupando um lugar cativo nos Transtornos da Identidade
Sexual ou “fisiologicamente um homem, mas que se relaciona com o mundo
como mulher”, desembocando em uma complexidade não apenas semântica,
mas propriamente sociológica. Apesar da diversidade conceitual, é possível
observar que a referência ao uso de roupas atribuídas ao sexo oposto é um
elemento presente em todas as conceituações.
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Apesar de ter “amarfanhado” a estética das roupas de homens e
roupas de mulher, a propalada sacudida nos códigos de vestuário, nas
décadas de 1950 a 1970, impulsionada, dentre outros acontecimentos
histórico-culturais, pelos movimentos contra a ditadura, o movimento hippie e
movimentos musicais como a Tropicália, a Bossa Nova e a Jovem Guarda, não
foi suficiente para desmontar a idéia de que cada “veste” traduz culturalmente o
sexo biologicamente determinado. Dessa forma, a travesti continua ocupando
um lugar de incontinência social, pois continua a portar signos conflitantes.
Suas roupas veiculam a feminilidade, mas esta não corresponde ao “macho
subjacente”. Apesar do preconceito e da patologização proveniente do que se
convencionou chamar de inversão do vestuário, a utilização de roupas, gestos
e outros modos “de mulher” são fundamentais para a construção da travesti.
“Montar-se” exige sacrifícios por muitos considerados absurdos, mas
necessários para a realização do propósito travesti de alcançar a si mesmo.
Embora a questão travesti reflita certa homogeneidade, na prática
podemos dizer que a identidade construída possui fases e é bastante
diversificada, onde inicialmente destacamos o momento em que o indivíduo “se
descobre” e muitas vezes é obrigado a sair de casa, por conta do
conservadorismo familiar, onde para ( DaMatta 1987) :
“...a casa é vista como em espaço moral posto que não pode ser
definido por meio de uma fita métrica, mas – isso sim – por intermédio de
contrastes, complementariedades, oposições.
Nesse caso podemos destacar o início de uma relação conflituosa
que tem a casa como grande e principal palco, tendo em vista que o processo
de transformação é visto como um tipo de descumprimento de diversas leis
morais estabelecidas pelo lar. Em uma sociedade ultraconservadora como a
brasileira, “filho homem” não pode virar mulher, por isso o início do ritual de
transformação, ou seja, a saída do casulo e a possível transformação em
borboleta resulta em um processo de exclusão do indivíduo do convívio familiar
e sua inserção em uma nova rede de relações afetivas e emocionais.
Sem ter pra onde ir, muitas vezes se abrigando na casa de alguma
colega ou alugando um quarto de pensão. Essa saída de casa se dá por
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vontade própria ou por expulsão, sendo o último motivo mais corrente. A
reação social a essa afronta à “decência” e aos “bons costumes” pode ser
observada no relato de alguns entrevistados, onde a escola não os aceita, o
mercado de trabalho formal os discrimina e a prostituição acaba se tornando,
praticamente, a única opção de sobrevivência. Ou seja, “expulsas da vida”
acabam tendo como alternativa de sobrevivência os disputados espaços de
prostituição nas ruas.
Esse é um dos fatores que contribuem para que travestis construam
e fortifiquem os laços entre si, podendo ser compreendido como um rito de
passagem, pois “deixar o lar parece ser um momento crucial em seu processo
de construção” (Sampaio, 2008). Quando eles vão para a rua é que a
possibilidade de encontro e convívio com as “iguais” surge ou se torna mais
intenso, caso já exista. O “amadrinhamento”, que caracteriza a fase seguinte é
uma relação de proteção feita geralmente por uma travesti mais experiente,
que abriga e/ou aconselha nos mais diversos assuntos. É na convivência, que
os segredos de “montagem” são adquiridos, truque e dicas circulam ou há
simplesmente observações das mais velhas para as recém-chegadas. É
comum o processo de transformação das travestis se iniciar com a ruptura do
mundo da casa, seguido pelo necessário apego ao universo da rua, onde
encontram formas de sobrevivência e aprendem, ou potencializam, seu
processo de transformação, onde para Bourdier (1989) falar de estratégias de
reprodução não é atribuir ao cálculo racional, ou mesmo à intenção estratégica,
as práticas através das quais se afirma a tendência dos dominantes, dentro de
si mesmos, de perseverar. É lembrar somente que o número de práticas
fenomenalmente muito diferentes organizam-se objetivamente, sem ter sido
explicitamente concebidas e postas com relação a este fim, de tal modo que
essas práticas contribuem para a reprodução do capital possuído. Isto porque
essas ações têm por princípio o habitus, que tende a reproduzir as condições
de sua própria produção, gerando, nos domínios mais diferentes da prática, as
estratégias objetivamente coerentes e as características sistemáticas de um
modo de reprodução. Para DaMatta, não é preciso acentuar que na rua que
devem viver os malandros, os meliantes, os pilantras e os marginais em geral –
ainda que esses mesmos personagens em casa possam ser seres humanos
decentes e até mesmo bons pais de família. Do mesmo modo, a rua é o local
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de individualização, de luta e de malandragem. Zona onde cada um deve zelar
por si, enquanto Deus olha por todos como diz o ditado popular.
Dessa forma a construção do travesti está relacionada à questão do
espaço social, que é visto como um território onde diversas relações são
estabelecidas, pois para Marcos Benedetti (2000), os locais de prostituição de
travestis não são legitimados apenas como locais de aferição de renda, mas de
sociabilidade e de aprendizado, enquanto condição para a instituição de uma
identidade grupal, auxiliando no processo de “montagem do corpo”, período
contido entre a transformação do grupo gay andrógeno ao corpo travesti.
Uma terceira fase se dá a partir do “amadrinhamento” ocorre a
formação de redes, mecanismo central importância para as relações de
reciprocidade, por ser um forte sustentáculo das redes de relações, por
acreditar que esse mecanismo é um forte sustentáculo das redes, com
constantes trocas de objetos, favores e informações referentes aos processos
de montagem, de preservação e defesas das quais os travestis necessitam.
Através dessas relações é que os laços vão se firmando e se estabelecendo
entre os muitos travestis que trabalham na Rua Augusto Severo. Onde em
busca de si mesmas, de sua "autenticidade", vão inscrevendo seus sonhos em
seus corpos. Para isso, precisam contar com a ajuda do grupo, pois é difícil se
tornar travesti sem estar inserido em uma rede específica e, neste processo, o
"amadrinhamento" é essencial” (Pelúcio, 2005, p. 56).
No universo da prostituição a meta diária é a sobrevivência, pois a
rua caracteriza-se por ser um local cheio de incertezas e armadilhas. Durante o
campo foi possível observar que de uma forma geral os travestis são marcados
por uma enorme porção de medo e de insegurança em virtude dos riscos de
apedrejamento da “vitrine”, onde exibem seus corpos. Nesse sentido, a
aproximação entre atores que trabalham na rua pode ser considerada uma
forma de segurança e de sobrevivência às diversas intempéries, bem como de
manutenção de redes e manutenção do poder local, pois o espaço que de
longe parece ser homogêneo, na verdade é bastante heterogêneo, pois
diferentes redes são formadas, o que pode gerar uma grande instabilidade e
constantes disputas de poder.
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A Construção da Identidade: a formação do Espaço Simbólico e
a existência de conflitos nos territórios alternativos.
No universo da prostituição a meta diária é a sobrevivência, pois a
rua caracteriza-se por ser um local cheio de incertezas e armadilhas. Durante
os trabalhos de campo realizados foi possível observar que de uma forma geral
os travestis são marcados por uma enorme porção de medo e de insegurança
em virtude dos riscos de apedrejamento da “vitrine”, onde exibem seus corpos,
o que nos leva a refletir sobre a questão da identidade, de modo a observar
que a noção de sujeito social está relacionada a crescente complexidade do
mundo moderno e a consciência de que este núcleo interior do sujeito não era
autônomo, mas formado na relação com outras pessoas importantes para ele,
que mediavam para o sujeito os valores e símbolos – a cultura do mundo que
o indivíduo habita. Nesse sentido, a aproximação entre atores que trabalham
na rua pode ser considerada uma forma de segurança e de sobrevivência às
diversas intempéries, bem como de manutenção de redes e manutenção do
poder local, pois o espaço que de longe parece ser homogêneo, na verdade é
bastante heterogêneo, pois diferentes redes são formadas, o que pode gerar
uma grande instabilidade e constantes disputas de poder.
A questão da territorialidade, que para Lopes (1995) é algo
extremamente abstrato: aquilo que faz de qualquer território um território, isto é,
relações de poder espacialmente delimitadas e operando sobre um substrato
referencial. Muito presente não só para quem está de passagem pela rua, mas
para os próprios travestis que tem a rua como uma “extensão de suas casas”,
pois as diferentes redes que ocupam o mesmo espaço geram uma constante
disputa na região, o que me levou a observar a existência de territorialidades
onde as relações de poder são vividas e confrontadas diariamente.
Na discussão feita por Haesbaert (2004), o território é analisado em suas
mais diversas formas. Para o autor, este conceito é polissêmico, apresentandose em três vertentes principais: o território político – referenciado no poder, um
espaço delimitado e controlado; o território econômico – área como fonte de
recursos incorporada à relação capital – trabalho; e território cultural – como
produto de uma apropriação cultural e/ou simbólica. Para Souza (2000), o
território é constituído a partir da delimitação e apropriação do espaço, o que
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demanda uma constante manutenção, tendo em vista que este território é fruto
de relações de poder. O território surge, na tradicional Geografia Política, como
o espaço concreto em si (com seus atributos naturais e socialmente
construídos), que é apropriado, ocupado por um grupo social. A ocupação do
território é vista como algo gerador de raízes e identidade, onde Stuart Hall
(2000), diz que é possível observar que a noção de sujeito social está
relacionada à crescente complexidade do mundo moderno e à consciência de
que este núcleo interior do sujeito não era autônomo, mas formado na relação
com outras pessoas importantes para ele, que mediavam para o sujeito os
valores e símbolos – a cultura do mundo que o indivíduo habita. De acordo com
essa visão, a identidade é formada na “interação” entre o eu e a sociedade. O
sujeito ainda tem um núcleo ou essência interior que é o “eu real”, mas este é
formado e modificado num diálogo contínuo com os mundos culturais
“exteriores” e as identidades que esses mundos oferecem.
No caso específico do recorte realizado pelo autor, podemos
observar a influência da identidade travesti na questão dos conflitos urbanos,
tendo em vista que aqui o território é visto como um campo de forças, uma teia
ou rede de relações sociais que, a par de sua complexidade interna, define, ao
mesmo tempo um limite, uma alteridade: a diferença entre “nós” ( o grupo, os
membros da coletividade ou “comunidade”, os insiders )e os “outros” ( os de
fora, os estranhos, os outsiders ) ( Lopes 1995).
Diante da questão bastante relevante sobre insiders e outsiders
levantada por Lopes, observamos que recorte espacial em destaque no texto
está vinculado aos inúmeros conflitos que ocorrem no fragmentado espaço
urbano. O bairro da Glória, por ser uma região de ligação entre Centro e Zona
Sul, planejada inicialmente enquanto área residencial com um pequeno
comércio, teve ao longo do tempo a sua funcionalidade alterada devido à
“ocupação” da área no período noturno e a pratica de atividades “condenadas”
pela sociedade.
Desse modo podemos observar que a criação de uma “flutuabilidade
territorial”, resultado da dinâmica de uso do espaço urbano e a mudança da
funcionalidade da rua. Para Lopes (1995) os territórios da prostituição são
bastante “flutuantes” ou “móveis”. Os limites tendem a ser instáveis, como as
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áreas de influência deslizando sobre o espaço concreto das ruas, becos e
praças; a criação de identidade territorial é apenas relativa, digamos mais
propriamente funcional que afetiva. O que não significa, em absoluto, que
“pontos” não sejam às vezes intensamente disputados, podendo a disputa
desembocar em choques entre grupos rivais. A ocupação da Rua Augusto
Severo por travestis foi permeada por uma relação extremamente conflituosa
com travestis que ocupavam a rua, tendo em vista que áreas de mangue ou
próximas ao litoral eram utilizadas para a prostituição, como foi dito
anteriormente. Essa relação conflituosa permitiu desde a década de 1970 a
permanência dos travestis e a perpetuação da prostituição na área em
destaque. Estudar a prostituição na Rua Augusto Severo, que está ao mesmo
tempo inserido dentro do contexto da prostituição de travestis no Rio de
Janeiro, nos permite analisar a existência de aspectos peculiares inerentes
somente a esta área. Para ORNAT (2007), a memória é um elemento de
afirmação da identidade e mesmo essa memória não sendo a mesma para
todas as travestis, os elementos comuns da memórias individuais são
elementos importantes da identidade travesti do grupo específico, devido ao
fato do cruzamento de experiências passadas, que são socializadas através do
território.
Dessa forma o espaço urbano torna-se interessante devido à
importância das interrelações que vão se materializar no espaço, onde o
sistema de relações se inscreve num espaço cultural (Simmel, 1979). A
construção de um espaço pela prostituição de travestis pareceu-me bastante
relevante na medida em que esse espaço passa por um processo de
construção marginalizado, mas ao mesmo tempo tido pelos travestis como um
espaço “sagrado”, marcado por símbolos, considerado como um “espaço
vivido”, marcado por signos que refletem um sentimento de pertencimento.
Mesmo aquelas que exercem a prostituição apenas esporadicamente,
freqüentam estes lugares.
Segundo TUAN (1979) no estudo do espaço no âmbito da geografia
humanista consideram-se os sentimentos espaciais e as idéias de um grupo ou
povo sobre espaço a partir da experiência. O longo período de vivência que
muitos travestis possuem no recorte espacial em destaque, levou a construção
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de símbolos, que de uma forma geral são vistos a partir do vínculo que o grupo
possui com o espaço, ou seja, o território elaborado pelos travestis tornou-se
dotado de signos que expressam um sentimento de pertencimento que muitos
possuem com o espaço destacado.
Há algumas travestis que têm nas “zonas de batalha” o principal (e
às vezes o único) ponto de encontro e convívio social. Assim, muito mais do
que um espaço de trabalho e fonte de renda, é nestes lugares que muitas
monas (gíria para designar o travesti, provavelmente advinda de uma leitura
irônica do quadro Mona Lisa, de Da Vinci) fazem amizades, compram e
vendem roupas, objetos, materiais de montagem (termo utilizado para
denominar o ato de vestir-se com roupas de mulher), perfumes, adornos,
drogas, etc. Embora concorde com os mais diversos conceitos desenvolvidos
por Lopes sobre território, diante das minhas observações constatadas durante
a realização dos trabalhos de campo, discordo quando Lopes diz que a
questão territorial não está ligada a construção do espaço simbólico, ao meu
ver faltou a Lopes uma visão mais apurada de casos específicos como o caso
da Rua Augusto Severo, onde muitos travestis vêem a rua como uma extensão
de suas casas e ao mesmo tempo um espaço que possui diversos signos e
dizeres, não deixando de ser uma área no qual eles estabelecem um domínio,
constituindo um território.
Segundo Ornat (2007), a experiência espacial das travestis desenvolvese marcada por interdições e práticas de apropriação de determinados espaços
do urbano por um período de tempo. É nesses espaços apropriados que elas
conseguem impor condutas consensuadas no grupo e desta forma, instituem
os territórios da prostituição travesti.
A questão do território, que é bastante visível por uma parte da
população é tida como invisível por uma outra importante parcela da
sociedade, o que levou-nos a analisar outra questão bastante conflituosa e
interessante de ser analisada é a invisibilidade de parte da sociedade em
relação aos travestis que trabalham no território destacado pelo autor. A
questão dos travestis que realizam programas na Glória é bastante antiga, e a
territorialidade da Rua Augusto Severo é tido pelos travestis como algo
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tradicional, no entanto pessoas que prezam por valores “éticos e morais”
fingem não ver essa população, em outras palavras, tratam os travestis como
uma “população invisível”, tendo em vista que a atividade por eles exercida é
considerada por muitos como uma atividade “podre”, além das pessoas que
acreditam que a questão do homosexualismo é caso de saúde pública, pois de
acordo com algumas entrevistas a pedestres pude observar que a questão do
homosexualismo é tido por muitos como uma doença, e da mesma forma que
os leprosos do velho testamento, essa população tem que ser separada da
sociedade, talvez por isso optem por viver de forma marginal em meio a
escuridão.
A maior parte da população finge não ver a realidade que está bem
debaixo do seu nariz, fazendo parecer que a população de travestis seja
considerada uma “população invisível”, que para Friedman, essa população
está inserida no contexto das grandes massas que não participam nem
desfrutam minimamente da riqueza material e espiritual produzida tornam-se
seres descartáveis. O que reflete um posicionamento bastante antagônico da
sociedade, o que reflete uma imensa relação de falsidade entre a sociedade
que preza pelos bons costumes e a população segregada, pois de acordo com
as travestis entrevistadas (10 travestis) entrevistas a maior parte das pessoas
que freqüentam a rua são casados e bem sucedidos profissionalmente, ou seja
reconhecimento do ser torna-se bastante difícil pelas barreiras impostas pela
sociedade, no entanto o reconhecimento de que a população “invisível” ou
marginalizada pode proporcionar alguns momentos prazer é algo bem presente
no cotidiano de diversos pais de família da classe média carioca.
Para não Concluir
Longe de esgotar o debate sobre a temática da questão da criação
de territórios e conflitos existentes no meio urbano com populações
classificadas como invisíveis, mas ao mesmo tempo visíveis quando a questão
do prazer é destacada, observo que é necessário e importante que as vozes da
“população invisível” ou “outs”, sejam ouvidas, para os atuais meios utilizados
pelo Estado para exercício da cidadania sejam questionados, visando oferecer
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garantias de facticidade de soluções coletivas, com variadas gamas e níveis de
expectativas e práticas sociais.
A questão da identidade formada a partir da criação de redes, levounos a ressaltar a influência que a Rua Augusto Severo obteve na vida de
muitos indivíduos, o que torna passível de ser estudado a questão dos signos
existem entre os travestis e o logradouro, tendo em vista que no campo pude
observar relato de pessoas vivem a rua, que a rua é sua segunda casa e que
ali realmente conheceram o que é a vida.
Diante de tantas mudanças presentes no seio da sociedade, tornar esse
território mais legível aos olhos do leitor é apenas uma tarefa inicial. Lobato
(1995) ao usar Lefébreve (1974), reflete muito bem essa dinâmica territorial,
pois para ele, revelamos as práticas sociais dos diferentes grupos que nele
produzem, circulam, consomem, lutam, sonham, enfim, vivem e fazem a vida
caminhar...
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