Alteração na reação química do solo promovida por

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Alteração na reação química do solo promovida por
Bento Gonçalves – RS, Brasil, 25 a 27 de Abril de 2012
Alteração na reação química do solo promovida por resíduos da canade-açúcar.
1
Gisele Silva de Aquino1, Cristiane de Conti Medina2
Universidade Estadual de Londrina ([email protected])
2
Universidade Estadual de Londrina ([email protected])
Resumo
A vinhaça aplicada sem critérios no solo pode ocasionar desequilíbrio de bases, salinização,
tornando-o infértil, além da lixiviação dos seus constituintes para águas subterrâneas,
causando poluição ambiental. A aplicação sob palhada pode causar alterações nos efeitos já
conhecidos da vinhaça. Avaliou-se a influência da aplicação de palha de cana-de-açúcar e
vinhaça nos teores de potássio, cálcio e magnésio em Nitossolo Vermelho distroférrico de alta
saturação de bases. Em 64 colunas de PVC de 0,036 x 0,30 m (diâmetro x altura) foram
reproduzidos perfis do solo coletados nas profundidades 0-0,05; 0,05-0,10; 0,10-0,20; 0,200,30 m, em área de cultivo. Os solos foram tratados com vinhaça, em doses equivalentes a 0,
125, 250 e 500 m3 ha-1 e 0, 3, 6 e 9 t. ha-1 de palha de cana-de-açúcar e submetidos à
incubação por 60 dias. Os resultados foram submetidos à análise de regressão. Com a
aplicação de vinhaça, houve elevação nos teores de cálcio, magnésio, potássio e do pH, com
distribuição em todo perfil. Observou-se desequilíbrio de bases nas camadas superficiais
devido à alta saturação de potássio. A palha de cana-de-açúcar potencializou o efeito da
vinhaça em todas as profundidades analisadas e não foi suficiente para aumentar o pH.
Melhores resultados foram obtidos com as doses de 300 m3 ha-1 de vinhaça e 6 t. ha-1 de palha
de cana-de-açúcar.
Palavras-chave: Saccharum sp. Cátions. Resíduo agrícola.
Área Temática: Resíduos sólidos
Abstract
The vinasse applied without criteria in soil can unbalance its bases and salinize it, turning it
infertile, and its constituents can leach to groundwater, causing environmental pollution. The
application under straw can cause already known changes in the vinasse. The influence of the
application of sugar cane straw and vinasse in the levels of potassium, calcium and
magnesium in Kandiudalf Typic of high base saturation was evaluated. In 64 PVC columns of
0.036 x 0.30 meters (diameter x height) were replicated soil profiles collected at depths 00.05, 0.05-0.10, 0.10-0.20 0.20-0.30 meters in area of cultivation. The soils were treated with
vinasse, in doses equivalent to 0, 125, 250 and 500 m3 ha-1 and 0, 3, 6 and 9 t ha-1 of sugar
cane straw and submitted to incubation for 60 days. The results were submitted to regression
analysis. With the application of vinasse, there was an increase in calcium, magnesium,
potassium and pH, with distribution across the profile. It was observed the imbalance of
bases in the superficial layers due to high saturation of potassium. The sugar cane straw
potentiated the effect of vinasse at all depths analyzed and it was not enough to raise the pH.
Best results were obtained with doses of 300 m3 ha-1 of vinasse and 6 t ha-1 of sugar cane
straw.
Key words: Saccharum sp. Cations. Agricultural waste
Theme Area: Solid Waste.
Bento Gonçalves – RS, Brasil, 25 a 27 de Abril de 2012
1 Introdução
A recente tendência de adoção de práticas agrícolas que levem à maior
sustentabilidade do sistema pressiona a agroindústria sucroalcooleira a rever seus processos,
incluindo a colheita da cana sem queima prévia ou sem despalha a fogo. Assim, tanto nas
áreas atuais como de expansão, esta tende a ser totalmente mecanizada, deixando a
semimecanizada para locais de grande declive (BRAUNBECK e MAGALHÃES, 2010).
Nesse novo sistema de colheita, sem despalha a fogo, as folhas, bainhas e ponteiro são
cortados, triturados e lançados sobre a superfície do solo, formando uma espessa camada de
palhada que varia de 10 a 30 Mg ha-1. A deposição e a manutenção dessa palha sobre a
superfície do solo ocasionam mudanças nas condições químicas, físicas e biológicas do
ambiente agrícola (OLIVEIRA et al., 2003).
Segundo Braunbeck; Magalhães (2010), a palha de cana-de-açúcar, além de ser
produzida em grande quantidade, apresenta-se como uma matéria-prima barata e prontamente
disponível como fonte de biomassa lignocelulósica renovável. Grande esforço para a
conversão do material lignocelulósico a etanol tem sido desenvolvido. Neste contexto, a
implantação de tecnologia para a utilização da palha para produção de etanol parece ser
irreversível.
Somada à palha, a vinhaça é o principal resíduo líquido da indústria sucroalcooleira.
Segundo informações da União da Indústria de Cana-de-açúcar (ÚNICA, 2011), a safra de
2011/2012 produziu no Brasil cerca de 255 bilhões de litros de vinhaça a partir dos 21 bilhões
de litros de etanol produzidos. A aplicação desse resíduo na lavoura de cana-de-açúcar como
fertirrigação é prática adotada pela maioria das unidades produtoras de açúcar e álcool, devido
ao grande volume gerado. Porém, quando aplicada sem critérios, pode causar desequilíbrio de
nutrientes e da CTC, além de induzir a saturação do solo, ocasionando problemas de
lixiviação de seus constituintes para águas subterrâneas.
Trabalhos pioneiros sobre utilização de vinhaça erram ao recomendar a aplicação de
quantidades excessivas no solo, chegando a doses entre 500 a 1.000 m3 ha-1 de vinhaça
(FREIRE e CORTEZ, 2000). Assim, grande desequilíbrio catiônico é observado no solo,
prejudicando também a absorção de alguns nutrientes essenciais pelas plantas. Medina et al.
(2002) verificaram que a aplicação de doses acima de 300 m3 ha-1 de vinhaça causou
diminuição da produtividade de cana-de-açúcar.
A compreensão da dinâmica de alguns nutrientes liberados da palhada e suas
interações com outros resíduos na química do solo é necessária dentro desse novo sistema de
produção. A determinação da quantidade de resíduo que proporcione o máximo
aproveitamento agronômico permite que se tomem decisões assertivas e coerentes, quanto à
aplicação desses subprodutos, gerando aproveitamento, juntamente com o equilíbrio químico
do solo. Permite ainda, sua utilização em outros setores, maximizando a geração de energia
obtida a partir da cana-de-açúcar.
O objetivo deste trabalho foi avaliar a influência da aplicação de palhada de cana-deaçúcar e vinhaça nos teores de potássio, cálcio, magnésio e pH em Nitossolo Vermelho
distroférrico de alta saturação de bases.
2 Material e Métodos
O ensaio foi conduzido no Laboratório de solos do Departamento de Agronomia, da
Universidade Estadual de Londrina, sendo as unidades experimentais constituídas por colunas
de PVC, de 0,036 m de diâmetro interno por 0,30 m de altura, preenchidos com 0,305 kg de
solo (T.F.S.A – Terra Fina Seca ao Ar) e com densidade do solo de 1,2 kg dm-3. Para evitar
perda de solo, foi utilizada uma espuma inerte na parte inferior dos tubos (Figura 1).
Bento Gonçalves – RS, Brasil, 25 a 27 de Abril de 2012
O solo utilizado, classificado como Nitossolo Vermelho distroférrico, foi coletado em
área pertencente à Usina de Açúcar e Álcool COROL, localizada na cidade de Rolândia (PR).
Foram abertas trincheiras de 1,00 x 0,70 m e as amostras foram coletadas nas seguintes
profundidades através de trincheiras nas profundidades 0 – 0,05; 0,05 – 0,10; 0,10 – 0,20 e
0,20 – 0,30 m. Sub-amostras de cada camada foram retiradas e encaminhadas à análise
química de solo.
As colunas foram então preenchidas de acordo com as camadas coletadas no campo,
ou seja: 0 – 0,05; 0,05 – 0,10; 0,10 – 0,20 e 0,20 – 0,30 m. As duas primeiras camadas
receberam 0,508 kg de solo e as demais 0,1017 kg. (Figura1).
A palha proveniente da cana-de-açúcar da variedade RB 83-5054, foi coletada ao
acaso, em área submetida à colheita manual. Após ser limpa e seca em estufa à temperatura de
65 °C até peso constante foi pesada, moída e peneirada em malha de 1,0 mm (Pavan et al,
1992), sendo, então, armazenada em caixas de papelão.
A vinhaça, coletada na usina, foi encaminhada para análises químicas. As doses
aplicadas na proporção 0; 125; 250 e 500 m3, foram determinadas com base na quantidade
usualmente empregada pelas usinas, que é de 250 m3 ha-1.
O resultado da análise química da vinhaça foi: Nitrogênio 490,28 (mg N/L); Matéria
orgânica 13.062,50 (mg/L); Fósforo 36,36 (mg P/L); Potássio 1.450,00 (mg K/L); Cálcio
658,50 (mg Ca/L); Magnésio 155,80 (mg Mg/L); Enxofre 522,70 (mg S/L).
Figura 1. Detalhe da coluna com as referidas camadas, imitando o perfil do solo
PALHA
PALHA
0 – 0,05 m
0 - 0,05 m
0,05 – 0,10 m
0,05 - 0,10 m
0,10 – 0,20 m
0,10 - 0,20 m
0,20 – 0,30 m
0,20 - 0,30 m
A palha foi então adicionada na superfície do solo de cada coluna, nas doses
correspondentes a: 0,0; 3,0; 6,0 e 9,0 t ha-1.
Em seguida, adicionaram-se as doses de vinhaça e água destilada com o auxilio de um
equipo de soro a uma taxa de 0,5 mL min-1, de forma que todos os tratamentos
correspondessem a 1 volume de poro (105 mL/coluna).
Após a aplicação dos tratamentos, o tubo foi isolado com filme plástico e vedado para
evitar perda de água por evaporação. O material permaneceu em repouso por 60 dias para
estabilização e posteriores análises química.
O solo das colunas foi então retirado e fatiado nas camadas de 0 – 0,05; 0,05 – 0,10;
0,10 - 0,20; 0,20 – 0,30 m, colocado em placas de Petri para secar ao ar livre e destorroado
para a realização das análises químicas.
O delineamento experimental foi em esquema fatorial inteiramente casualizado com
quatro repetições. Os dados foram submetidos à análise de variância com desdobramento dos
graus de liberdade em polinômios ortogonais.
3 Resultados e discussão
A palhada da cana-de-açúcar promoveu a elevação da saturação do potássio no
complexo de troca até 0,10 m de profundidade, quando aplicado com 500 m3 ha-1 de vinhaça.
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Nas demais camadas e doses de vinhaça, não se verificaram efeito significativo
estatisticamente (Figura 2), corroborando com os resultados obtidos por Oliveira et al (2003).
Figura 2. Efeito da palha aplicada sob diferentes doses de vinhaça, no teor de potássio nas profundidades 0 –
0,05 m (A) e 0,05 – 0,10 m (B).
%K
25
%K
25
A.
B.
20
20
15
500 M3/HA
R² = 0,968
15
500 M3/HA R² = 0,998
10
10
5
5
0
0
0
3
6
DOSE DE PALHA (T/HA)
0
9
3
6
DOSES DE PALHA (T/HA)
9
A baixa contribuição da palhada no teor de potássio pode ser devido ao tempo
relativamente curto (60 dias) de incubação do material vegetal, aliado ao fato de que em
laboratório, a atividade microbiana não é favorecida, devido a fatores controlados como
temperatura e irrigação que são menores que à campo, não proporcionando assim a total
liberação desse composto.
Houve efeito significativo e crescente para o teor de cálcio com a aplicação da palhada
até 6 t ha-1 em todas as camadas, sendo que, a partir dessa dose, verificou-se queda na
concentração desse elemento, devido ao deslocamento do mesmo. A palhada apresentou
resultado potencializado quando aplicada juntamente com a vinhaça. A dose de 250 m 3 ha-1
apresentou melhores efeitos (Figura 3).
O teor de magnésio diminuiu significativamente até 0,20 m, apresentando acúmulo na
camada 0,20 a 0,30 m, com a aplicação das doses de palhada (Figura 4).
Figura 3. Efeito da palha aplicada sob diferentes doses de vinhaça, no teor de cálcio nas profundidades 0 – 0,05
m (A.), 0,05 – 0,10 m (B.), 0,10 – 0,20 m (C), 0,20 – 0,30 m (D).
Ca (Cmolc/dm3)
13
Ca (Cmolc/dm3)
14
A.
B.
12
0 M3/HA
10
125 M3/HA R² = 0,934
12
125 M3/HA R² = 0,5501
11
250M3/HA
R² = 1
8
10
500 M3/HA
R² = 0,543
6
250 M3/HA
R² = 0,630
R² = 0,794
4
9
2
0
8
0
Ca (Cmolc/dm3)
14
3
6
DOSES DE PALHA (T/Ha)
0
9
C.
3
6
DOSES DE PALHA (T/HA)
Ca (Cmolc/dm3)
14
13
125 M3/HA
R² = 0,546
9
D.
12
0 M3/HA
10
12
250 M3/HA
R² = 0,982
125 M3/HA R² = 0,952
R² = 0,999
8
11
500 M3/HA
10
R² = 0,996
250 M3/HA R² = 0,992
6
4
9
2
0
8
0
3
6
DOSES DE PALHA (T/HA)
9
0
3
6
DOSES DE PALHA (T/HA)
9
Bento Gonçalves – RS, Brasil, 25 a 27 de Abril de 2012
Figura 4. Efeito da palha aplicada sob diferentes doses de vinhaça, no teor de magnésio, nas
profundidades 0 – 0,05 m (A.), 0,05 – 0,10 (B.), 0,10 – 0,20 (C) e 0,20 – 0,30 (D).
Mg (Cmolc/dm 3 )
8
Mg (Cmolc/dm3)
A.
B.
0 M3/HA
R² = 0,586
8
R² = 0,9983
7
0 M3/HA
R² = 0,500
125 M3/HA
R² = 0,9535
6
125 M3/HA
R² = 0,866
250 M3/HA
500 M3/HA
R² = 0,6917
7
6
5
5
250 M3/HA
R² = 0,948
4
4
500 M3/HA
R² = 0,842
3
3
2
2
1
1
0
0
0
3
6
DOSE DE PALHA (T/HA)
Mg (Cmolc/dm3)
9
0
C.
3
6
DOSE DE PALHA (T/HA)
Mg (Cmolc/dm3)
8
9
D.
8
7
6
5
4
0 M3/HA
R² = 0,642
7
125 M3/HA
R² = 0,968
6
250 M3/HA
R² = 0,944
500 M3/HA
R² = 0,888
5
4
3
3
2
2
0 M3/HA
R² = 0,838
125 M3/HA
R² = 0,994
250 M3/HA
R² = 0,672
500 M3/HA
R² = 0,958
1
1
0
0
0
3
6
DOSES DE PALHA (T/HA)
9
0
3
6
DOSES DE PALHA (T/HA)
9
A presença do cálcio e magnésio em profundidade pode ser explicada, pelo fato que,
em sistemas com alto aporte de resíduos orgânicos, ocorre a complexação por ligantes
orgânicos, onde esses cátions teriam suas cargas liquidas alteradas favorecendo sua lixiviação.
Esses resultados vêm demonstrar a importância do manejo da palha da cana-de-açúcar
após a colheita, pois os compostos hidrossolúveis podem possibilitar a movimentação do
cálcio para a subsuperfície. Vale ressaltar que a falta desse cátion em profundidade pode
representar limitações severas para o desenvolvimento sustentável da cultura da cana-deaçúcar, pela limitação à permeabilidade celular das raízes.
A palha não apresentou resultado significativo no pH em nenhuma quantidade testada.
A vinhaça proporcionou elevação e distribuição do potássio em todo o perfil do solo
(Figura 5), com maior média percentual para a dose de 500 m3 ha-1, indicando a ocorrência de
lixiviação até 0,30 m. Observou-se a elevação da saturação do K% no complexo de troca a
valores altamente significativos de até 18% nas camadas 0 – 0,05 e 0,05 – 0,10 m (Figura 5A
e 5B), favorecendo um desequilíbrio de bases. Nas profundidades 0,10 – 0,20 e 0,20 – 0,30 m
(Figura 5C e 5D) os valores mais altos foram de 3,80 e 3,33% respectivamente.
A aplicação de palha da cana-de-açúcar juntamente com a vinhaça, colaborou para o
aumento do teor de potássio em todas as profundidades, obtendo-se as maiores concentrações,
quando comparado com a ausência de palha, com a dose de 9 t ha-1, à exceção da primeira
camada (Figura 5).A presença do potássio em profundidade é favorecida pela não formação
de composto orgânico com outros elementos; assim, estando o complexo de troca saturado, a
percolação deste cátion para as demais camadas é facilitada.
Esses resultados nos indicam que as dosagens devem ser mensuradas de acordo com
as características de cada solo, uma vez que este possui quantidades desbalanceadas de
elementos minerais e orgânicos, podendo ocorrer lixiviação de vários desses íons, sobretudo
do nitrato e do potássio (SILVA et al., 2007) ocasionando também prejuízo ambiental.
Em relação ao cálcio, melhores resultados foram obtidos com a dose 300 m3 ha-1 de
vinhaça, atingindo valores de 10,98; 11,00; 10,95 e 12,30 Cmolc/dm3, nas camadas 0 - 0,05;
0,05 – 0,10; 0,10 – 0,20 e 0,20 – 0,30 m respectivamente, sendo que a presença de palhada
contribuiu para a presença em profundidade deste elemento (Figura 6).
Bento Gonçalves – RS, Brasil, 25 a 27 de Abril de 2012
Figura 5. Efeito da vinhaça aplicada sobre diferentes quantidades de palha, no teor de potássio nas profundidades
0 – 0,05 m (A.), 0,05 – 0,10 (B.), 0,10 – 0,20 (C) e 0,20 – 0,30 (D).
%K
20
%K
20
A.
18
16
14
12
0 T/ha
R² = 0,914
3 T/Ha
R² = 0,977
6 T/Ha
R² = 0,966
B.
18
14
12
10
10
9 T/Ha
8
0 T/Ha
R² = 0,933
3 T/Ha
R² = 0,9807
6 T/Ha
R² = 0,969
9 T/ Ha
R² = 0,951
16
R² = 0,977
8
6
6
4
4
2
2
0
0
0
%K
20
100
200
300
400
DOSE DE VINHAÇ A (M 3/Ha)
0
500
%K
20
C.
18
16
14
0 T/Ha
R² = 0,852
18
3 T/Ha
R² = 0,999
16
6 T/Ha
R² = 0,985
12
9 T/Ha
R² = 0,955
10
100
200
300
400
DOSE DE VINHAÇA (M 3/Ha)
500
D.
14
12
10
8
0T/HA
R² = 0,897
3T/HA
R² = 0,966
6T/HA
R² = 0,935
9T/HA
R² = 0,976
8
6
6
4
4
2
2
0
0
0
100
200
300
400
500
0
100
DOSE DE VINHAÇA (M 3/HA)
200
300
400
DOSE DE VINHAÇA (M 3/HA)
500
Figura 6. Efeito da vinhaça aplicada sobre diferentes quantidades de palha, no teor de cálcio nas
profundidades 0 – 0,05 m (A.), 0,05 – 0,10 (B.), 0,10 – 0,20 (C) e 0,20 – 0,30 (D).
Ca (Cmolc/dm3)
14
A.
0 T/Ha R² = 0,7928
Ca (Cmolc/dm3)
14
3 T/Ha
13
B.
0 T/Ha
R² = 1
3 T/Ha
R² = 0,790
12
6 T/Ha
R² = 0,963
11
11
9 T/Ha
R² = 0,818
10
10
9
9
8
8
0 T/HA
R² = 0,960
3 T/HA
R² = 0,940
6 T/HA
R² = 0,994
9 T/HA
R² = 0,972
13
6 T/Ha
12
9 T/Ha
R² = 0,7233
R² = 1
R² = 0,9649
7
7
0
100
200
300
400
DOSE DE VINHAÇA (M 3/HA)
3
Ca (Cmolc/dm )
C.
14
0
500
100
Ca (Cmolc/dm3)
13
12
R² = 0,961
3 T/HA
R² = 0,753
13
6 T/HA
R² = 0,973
12
R² = 0,840
500
D.
14
0 T/HA
9 T/HA
11
200
300
400
DOSE DE VINHAÇA (M 3/HA)
11
10
10
9
9
8
8
7
7
0
100
200
300
400
DOSE DE VINHAÇA (M3/HA)
500
0
100
200
300
400
DOSE DE VINHAÇA (M 3/HA)
500
A aplicação da maior dose de vinhaça (500 m3 ha-1) favoreceu a elevação do teor de
magnésio a 6,78; 4,63; 3,88 e 2,65 (Cmolc/dm3), nas camadas 0 - 0,05; 0,05 – 0,10; 0,10 –
0,20 e 0,20 – 0,30 m respectivamente (Figura 7). Observou-se, ainda, que, quanto maior a
quantidade de palhada adicionada, maior o deslocamento para as camadas seguintes,
principalmente na camada 0 – 0,05 m, com acúmulo na camada 0,10 – 0,20 m, fazendo com
que os teores nas doses 6 e 9 t ha-1 apresentassem pouca variação na camada 0,20 – 0,30 m.
Bento Gonçalves – RS, Brasil, 25 a 27 de Abril de 2012
A vinhaça não apresentou efeito significativo no pH, na camada 0 – 0,05 m. Nas
demais camadas, teve efeito crescente conforme o aumento da dose, observando-se maiores
resultados com 500 m3 ha-1 (Figura 8). A adição de palha teve efeito semelhante, aumentando
o pH em todas as doses aplicadas.
Figura 7. Efeito da vinhaça aplicada sobre diferentes quantidades de palha, no teor de magnésio nas
profundidades 0 – 0,05 m (A.), 0,05 – 0,10 (B.), 0,10 – 0,20 (C) e 0,20 – 0,30 (D).
Mg (Cmolc/dm3)
8
Mg (Cmolc/dm3)
8
A.
B.
0 T/HA R² = 0,9299
6
6
3 T/HA R² = 0,824
6 T/HA
4
9 T/HA
R² = 0,9771
4
R² = 0,787
0 T/HA
R² = 0,867
3 T/HA
R² = 0,782
6 T/HA
R² = 0,989
9 T/HA
R² = 0,967
2
2
0
0
100
200
300
400
DOSE DE VINHAÇA (M3/HA)
Mg (Cmolc/dm3)
8
0
500
0
100
200
300
400
DOSE DE VINHAÇA (M3/HA)
Mg (Cmolc/dm3)
8
C.
500
D.
0 T/HA R² = 0,970
3 T/HA R² = 0,869
6
6
6 T/HA R² = 0,819
9 T/HA R² = 0,985
4
4
0 T/HA
R² = 0,934
3 T/HA
R² = 0,984
6 T/HA
R² = 0,955
9 T/HA
R² = 0,806
2
2
0
0
0
100
200
300
400
DOSE DE VINHAÇA (M 3/HA)
0
500
100
200
300
400
DOSE DE VINHAÇA (M 3/HA)
500
Figura 8. Efeito da vinhaça aplicada sobre diferentes quantidades de palha, no pH nas profundidades 0 –
0,05 m (A.), 0,05 – 0,10 (B.), 0,10 – 0,20 (C) e 0,20 – 0,30 (D).
pH
pH
A.
6,0
B.
6
3 T/HA R² = 0,7701
5,8
5,8
9 T/HA R² = 0,5009
5,6
5,6
5,4
5,4
5,2
5,2
5,0
0 T/HA
R² = 0,952
3 T/HA
R² = 0,979
6 T/HA
R² = 0,980
9 T/HA
R² = 0,943
0 T/HA
R² = 0,978
3 T/HA
R² = 0,926
6 T/HA
R² = 0,908
9 T/HA
R² = 1
5
0
pH
100
200
300
400
DOSE DE VINHAÇA (M 3/HA)
500
0
pH
C.
6
0 T/HA
R² = 0,974
6
5,8
5,8
3 T/HA
R² = 0,970
5,6
6 T/HA
R² = 0,910
9 T/HA
200
300
400
DOSE DE VINHAÇA (M 3/HA)
500
D.
5,6
R² = 0,971
5,4
5,4
5,2
5,2
5
100
5
0
100
200
300
400
DOSE DE VINHAÇA (M 3/HA)
500
0
100
200
300
400
DOSE DE VINHAÇA (M3/HA)
500
Bento Gonçalves – RS, Brasil, 25 a 27 de Abril de 2012
Segundo Silva et al., (2007), no momento em que a matéria orgânica contida na
vinhaça é incorporada ao solo, ela é colonizada por fungos, os quais a transformam em
húmus, neutralizando a acidez do meio, elevando assim, o pH no solo.
Embora tenha permanecido abaixo da faixa adequada para o desenvolvimento
radicular, que é de 6,5, (MEDINA, 1993), a elevação do pH observada na camada de maior
concentração de raízes (0 – 0,25 m) é de grande benefício para o desenvolvimento da planta,
podendo refletir na produtividade final.
4. Conclusões
1. A palha de cana-de-açúcar aumentou os teores de potássio, cálcio e magnésio até
0,30m e não foi suficiente para elevar o pH em nenhuma profundidade.
2. Em Nitossolo Vermelho distroférrico de alta saturação de bases, a aplicação da
vinhaça e palha de cana-de-açúcar promoveram melhorias na fertilidade do solo, uma vez que
aumentaram o teor de cálcio, magnésio, potássio, além do pH. Porém, em solo com alta
saturação de potássio pode ocorrer desequilíbrio catiônico, principalmente nas camadas
superficiais.
3. A palha de cana-de-açúcar potencializou o efeito da vinhaça em relação aos teores
de cálcio, magnésio, potássio e pH em todas as profundidades analisadas.
4. Melhores resultados foram obtidos com as doses de 300 m3 ha-1 de vinhaça e 6 t
ha-1 de palha de cana-de-açúcar.
Referências
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cana-de-açúcar. In: CORTEZ, L. A. B. Bioetanol de cana-de-açúcar. 1 ed. São Paulo:
Blucher, 2010. p. 451-475.
FREIRE, W. J.; CORTEZ, L. A. B Vinhaça de cana-de-açúcar. Guaíra: Livraria
Agropecuária, 2000.GAVA, G.J.C.; TRIVELIN, P.C.O.; VITTI, A.C.; OLIVEIRA, M.W.
Recuperação do nitrogênio (15N) da uréia e da palhada por soqueira de cana-de-açúcar
(saccharum spp.), Revista Brasileira de Ciência de Solo, v.27, p.621-630, 2003.
MEDINA, C. C. Estudo da aplicação de gesso, calcário e vinhaça na produção e enraizamento
da cana-de-açúcar (Saccharum spp). 1993. 175 p. Tese (Doutorado em Agronomia) Botucatu:
UNESP,1993.
MEDINA, C. C. et al. Crescimento radicular e produtividade de cana-de-açúcar em função de
doses de vinhaça em fertirrigação. Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v. 23, n. 2, p. 179184, jul./dez. 2002.
OLIVEIRA, M. W. Matéria seca e nutriente na palhada de dez variedades de cana-de-açúcar.
Sociedade dos Técnicos Açucareiros e Alcooleiros do Brasil, Piracicaba, v.21, n.3, p.30-31,
2003.
SILVA, M. A. S.; GRIEBELER, N. P.; BORGES, L. C. Uso de vinhaça e impactos nas
propriedades do solo e lençol freático. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e
Ambiental, Campina Grande, v.11, n.1, p.108-114, 2007.
UNICA. Qual a expansão prevista para o cultivo da cana-de-açúcar no Brasil nos próximos
anos? Disponível em: http://www.unica.com.br/FAQ/. Acesso em: 15 out. 2011.

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