SÁ, Fabiano Bento de. FATORES DE INFLUÊNCIA NO
Transcrição
SÁ, Fabiano Bento de. FATORES DE INFLUÊNCIA NO
CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA INSTITUTO DE EDUCAÇÃO CONTINUADA E PESQUISA MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO FABIANO BENTO DE SÁ O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR DE CAFÉ: um estudo no município de Belo Horizonte Belo Horizonte 2013 FABIANO BENTO DE SÁ O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR DE CAFÉ: um estudo no município de Belo Horizonte Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado Profissional em Administração do Centro Universitário UNA, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre. Área de Concentração: Inovação e Dinâmica Organizacional. Linha de pesquisa: Redes Empresariais, Inovação e Competitividade. Orientador: Prof. Dr. Ricardo Viana Carvalho de Paiva Coorientador: Prof. Dr. Gustavo Quiroga Souki Belo Horizonte 2013 S111c Sá, Fabiano Bento de O comportamento do consumidor de café: um estudo no município de Belo Horizonte. – 2013. 145f.: il. Orientador: Prof. Dr. Ricardo Viana Carvalho de Paiva Coorientador: Prof. Dr. Gustavo Quiroga Souki Dissertação (Mestrado) – Centro Universitário UNA, 2013. Programa de Mestrado Profissional em Administração. Bibliografia f. 130-141 1. Comportamento do consumidor. 2. Café. I. Paiva, Ricardo Viana Carvalho. II. Souki, Gustavo Quiroga. III. Centro Universitário UNA. IV. Título. CDU: 338.486.3 Ficha catalográfica desenvolvida pela Biblioteca UNA campus João Pinheiro Dedico este trabalho à minha querida família, que me ensinou a batalhar pelos meus sonhos e à Karina, minha amada esposa, que sempre esteve ao meu lado com amor, carinho, apoio e compreensão. AGRADECIMENTOS À Deus, pela força, sabedoria e bênçãos proporcionadas à minha vida, sobretudo, pela saúde para realização deste trabalho. Ao professor Ricardo Paiva, que com paciência, dedicação e apoio nas minhas escolhas foi fundamental para realização desta dissertação. Aos professores do Centro Universitário UNA, que contribuíram para o meu desenvolvimento acadêmico e pessoal. Ao professor Fabrício Ziviani, que, como um bom educador, instigou a busca pelo conhecimento, incentivando o meu ingresso no mestrado. Aos meus pais, João e Telma, pela compreensão dos momentos ausentes. Aos colegas de curso, pela convivência e troca de experiências, em especial, ao Ronaldo Faria, amigo e companheiro das longas conversas após as aulas. Aos colegas de trabalho que ouviram com paciência, durante anos, o meu entusiasmo com o mundo acadêmico. À Karina, esposa e colega de mestrado, que sempre esteve presente, motivando e contribuindo durante toda a jornada. A todos aqueles que de alguma forma contribuíram para realização deste trabalho. “Um homem é o que lê, como e bebe na vida. Logo, deve escolher a melhor leitura, a melhor comida e a melhor bebida, o café...” (Johann Wolfgang von Goethe) RESUMO O café é um produto importante e de destaque no Brasil desde sua chegada ao país, em meados do século XVIII, até os dias atuais. O setor da cafeicultura é um dos grandes pilares econômicos do desenvolvimento nacional e sua história confunde-se a própria história do país. O Brasil é o maior produtor e exportador mundial, sendo o estado de Minas Gerais o maior produtor nacional, com geração de aproximadamente dois milhões de empregos. Além disso, o Brasil é o segundo maior consumidor de café, com números crescentes ao longo dos anos. Diante de tal relevância, o presente trabalho foi desenvolvido com o objetivo de descrever o comportamento dos consumidores de café do munícipio de Belo Horizonte, Minas Gerais. Para tal, foi realizado um levantamento do tipo survey, de natureza descritiva, com um corte transversal e variáveis quantitativas. Foram coletados 459 questionários válidos, com a realização da técnica de amostragem bola de neve. Os resultados da pesquisa possibilitaram concluir que a maioria dos respondentes desconhecem vários dos benefícios proporcionados pelo café, reconhecendo apenas a capacidade do café em fornecer maior disposição e melhoria da memória. Como malefícios percebidos no consumo de café foram identificados os efeitos de causar dependência, dificultar o sono e acarretar azia. Identificou-se que são percebidos como significados do consumo de café a habitualidade, o fato de a bebida proporcionar bem-estar, servir como momento de pausa, relaxamento e união com a família. Os entrevistados afirmaram que o consumo da bebida está associado aos termos “levanta”, “deixa ligado”, “anima/agita”, “aumenta a concentração” e “melhora o humor”. Verificou-se que os consumidores buscam informações sobre o produto por meio das experiências anteriores, anúncios no ponto de venda, propagandas na televisão, panfletos e internet. Já os grupos de influências utilizados na compra do café são predominantemente constituídos por familiares seguidos de amigos e conhecidos. Os principais fatores encontrados como influências na decisão de compra foram: (i) a importância dos aspectos do produto, (ii) da marca e tradição, (iii) do meio ambiente e selo de qualidade, (iv) da disponibilidade e oferta e (v) da importância da embalagem. Em relação às marcas, a maioria dos consumidores listaram o café Três Corações como o primeiro a ser considerado na compra. Verificou-se ainda que as marcas consideradas pelos entrevistados foram: Três Corações, Fino Grão, Barão, Pilão, Melita, Bom Jesus, Caboclo, Nescafé e Dom Pedro. Ao abordar especificamente a compra e consumo, constatou-se que os principais produtos substitutos do café são os sucos, achocolatados, leite, chás, água e vitaminas. Os principais locais de compra do café são supermercados e hipermercados, assim como mercados de bairro, sendo que o consumo ocorre em casa, no ambiente de trabalho e na casa de parentes e amigos. Sobre a intensidade do consumo, constatou-se que os jovens consomem com menor frequência e as mulheres, funcionários públicos e profissionais liberais em maior frequência. O café torrado e moído é, normalmente, consumido no café da manhã com frequência igual ou superior a cinco vezes semanais, enquanto os demais tipos de café geralmente são consumidos sem horário e frequência definida. Finalmente, examinou-se a associação do café ao cigarro e foi identificado que a maioria dos entrevistados não utilizam a bebida em conjunto com o cigarro. Palavras-chave: Comportamento do consumidor; Café; Decisão de compra. ABSTRACT Coffee is an important and prominent commodity in Brazil since its arrival in the country in the mid-eighteenth century, to current days. The coffee sector is a major economic pillar of national development and its history is intertwined with the history of the country. Brazil is the word’s largest producer and exporter, and the state of Minas Gerais, the largest producer of Brazil, generating approximately two million jobs. In addition, Brazil is the third largest coffee consumer, with numbers increasing over the years. Faced with such relevance, the present work was developed with the aim of describing the behavior of coffee consumers in the municipality of Belo Horizonte, Minas Gerais. To this end, a survey was conducted, of descriptive nature, with cross-sectional quantitative variables. 459 valid questionnaires were collected, with the technique of snowball sampling. The survey results permit to conclude that the majority of respondents are unaware of the various benefits provided by coffee, only recognizing the ability of coffee to provide greater willingness and memory improvement. As perceived harm in coffee consumption were identified addictive effects, hamper sleep and result in heartburn. Perceived meanings identified of coffee consume are habituality in consumption, the fact that the drink provides a wellness feeling, serve as a moment of respite, relaxation and togetherness with family. Interviewees said that the consumption of the drink is associated with the terms "get up", "leave it on", "cheer / shakes", "increases the concentration" and "improve mood". It was found that consumers seek information about the product through the previous experiences, announcements at the point of sale, television advertisements, pamphlets and internet. The influence groups used to purchase coffee are predominantly comprised of Family followed by friends and acquaintances. The main factors found to influence the purchasing decision were: (i) the importance of the aspects of the product, (ii) the brand tradition, (iii) environmental and quality seal, (iv) the availability and supply and (v) the importance of the package. Regarding brands, most consumers listed coffee Três Corações as the first to be considered when purchasing. It was also found that brands considered by respondents were: Três Corações, Fino Grão, Barão, Pilão, Melita, Bom Jesus, Caboclo, Nescafé and Dom Pedro. When specifically addressing the purchase and consumption, it was found that the main substitute products to coffee are juices, chocolate milk, milk, tea, water and healthy drinks. The main places to buy the coffee are supermarkets, as well as neighborhood markets, as well as consumption occurs at home, in the workplace and the homes of relatives and friends. On the intensity of consumption, it was found that young people consume less frequently and women, civil servants and professionals more frequently. The roasted and grounded coffee is usually consumed at breakfast with frequency greater than or equal to five times weekly, while other types of coffee are usually consumed without time and frequency set. Finally, we examined the association of coffee and cigarette, and it was identified that the majority of respondents do not use the drink in conjunction with the cigarette. Keywords: Consumer behavior; Coffee; Purchase decision. ÍNDICE DE FIGURAS FIGURA 1: Evolução do consumo de café no Brasil ............................................................ 16 FIGURA 2: Organização dos modelos integrativos de comportamento do consumidor ......... 27 FIGURA 3: Modelo de Nicósia ............................................................................................ 29 FIGURA 4: Modelo de Howard - Sheth ............................................................................... 31 FIGURA 5: Modelo do processo de decisão do consumidor (EBM) ..................................... 34 FIGURA 6: Hierarquia nas Atitudes - Aprendizado, Emoção e Baixo Envolvimento ........... 54 FIGURA 7: Escolas e teorias da aprendizagem .................................................................... 57 FIGURA 8: Estágios do processo de tomada de decisão dos consumidores .......................... 60 FIGURA 9: Reconhecimento da necessidade ....................................................................... 61 FIGURA 10: Conjunto conhecido, evocado e considerado ................................................... 64 FIGURA 11: Processo de avaliação pré-compra ................................................................... 66 FIGURA 12: Fases do estágio de compra no processo decisório........................................... 70 FIGURA 13: Dimensões do Consumo.................................................................................. 72 FIGURA 14: Paradigmas para a análise da teoria social ....................................................... 77 FIGURA 15: Cálculo amostral ............................................................................................. 80 FIGURA 16: Fórmulas para calcular as estatísticas .............................................................. 89 ÍNDICE DE QUADROS QUADRO 1 - Estrutura da Dissertação ................................................................................ 21 QUADRO 2 - Evolução da escola de comportamento do consumidor .................................. 23 QUADRO 3 - Descrição dos grupos de consumidores do VALS 2 ....................................... 44 QUADRO 4 - Lista de Valores............................................................................................. 46 QUADRO 5 - Escala de envolvimento para aplicação no Brasil ........................................... 51 QUADRO 6 - Fatores que tendem a aumentar a busca de informações ................................. 65 QUADRO 7 - Classificação dos principais tipos de pesquisa ................................................ 78 QUADRO 8 - Variáveis utilizadas na concepção do instrumento de coleta de dados ............ 82 QUADRO 9 - Tipo das variáveis empregadas na pesquisa ................................................... 86 QUADRO 10 - Estatística descritiva e forma de apresentação dos resultados para cada uma das variáveis empregadas na pesquisa ........................................................................................ 90 QUADRO 11 - Critérios para adequação da solução fatorial encontrada .............................. 92 QUADRO 12 - Interpretação da intensidade do coeficiente da correlação ............................ 93 QUADRO 13 - Síntese do comportamento do consumidor de café ..................................... 127 ÍNDICE DE GRÁFICOS GRÁFICO 1 - Gênero dos entrevistados .............................................................................. 95 GRÁFICO 2 - Faixa etária dos entrevistados ........................................................................ 96 GRÁFICO 3 - Renda familiar dos entrevistados ................................................................... 96 GRÁFICO 4 - Nível de escolaridade dos entrevistados......................................................... 97 GRÁFICO 5 - Estado civil dos entrevistados........................................................................ 97 GRÁFICO 6 - Ocupação funcional dos entrevistados ........................................................... 98 GRÁFICO 7 - Regional onde os entrevistados residem ........................................................ 98 GRÁFICO 8 - Fontes de busca de informações sobre os tipos de café existentes, marcas de café disponíveis no mercado, preços etc. utilizadas pelos entrevistados ..................................... 103 GRÁFICO 9 - Grupos de influência na busca de informações sobre os tipos de café existentes, marcas de café disponíveis no mercado, preços etc. utilizadas pelos entrevistados.............. 104 GRÁFICO 10 - Marca de café comparada Top of Mind ...................................................... 108 GRÁFICO 11 - Conjunto considerado das marcas de café comparadas .............................. 109 GRÁFICO 12 - Análise descritiva da frequência de consumo do café ................................ 110 GRÁFICO 13 - Análise descritiva do momento de consumo do café .................................. 110 GRÁFICO 14 - Análise do consumo do café de diferentes tipos de café ............................. 111 GRÁFICO 15 - Bebidas citadas como substitutas do Café .................................................. 112 GRÁFICO 16 - Quantidade de cigarros que os entrevistados fumam .................................. 113 ÍNDICE DE TABELAS TABELA 1 - Tamanho médio dos conjuntos considerados ................................................... 66 TABELA 2 - Análise descritiva dos benefícios do consumo do café .................................. 100 TABELA 3 - Análise descritiva dos Malefícios do consumo do café .................................. 101 TABELA 4 - Análise descritiva dos significados do consumo do café ................................ 102 TABELA 5 - Análise descritiva das reações do indivíduo ao consumo do café ................... 102 TABELA 6 - Análise fatorial dos atributos considerados na decisão de compra de Café..... 105 TABELA 7 - Análise fatorial dos atributos considerados na decisão de compra de Café..... 106 TABELA 8 - Análise dos quartis dos fatores considerados na decisão de compra de Café .. 107 TABELA 9 - Análise descritiva da frequência de compra do Café nos seguintes locais para consumo na residência ....................................................................................................... 109 TABELA 10 - Análise descritiva da frequência de consumo do café por tipo de café ......... 111 TABELA 11 - Análise descritiva do momento de consumo do café por tipo de café ........... 112 TABELA 12 - Análise descritiva da frequência de consumo do Café nos seguintes locais .. 113 TABELA 13 - Análise descritiva da frequência de consumo do Café antes ou após o fumo do cigarro ............................................................................................................................... 114 TABELA 14 - Correlação entre a frequência de consumo geral e os benefícios do consumo do Café ................................................................................................................................... 114 TABELA 15 - Correlação entre a frequência de consumo geral e os malefícios do consumo do Café ................................................................................................................................... 115 TABELA 16 - Correlação entre a frequência de consumo geral e os significados do consumo do Café .............................................................................................................................. 115 TABELA 17 - Correlação entre a frequência de consumo geral e as reações provocadas no indivíduo pelo consumo do Café ........................................................................................ 116 TABELA 18 - Correlação entre a frequência de consumo geral e os fatores de importância na decisão de compra do Café ................................................................................................. 116 TABELA 19 - Correlação entre a frequência de consumo geral e a idade, nível de escolaridade e renda familiar .................................................................................................................. 116 TABELA 20 - Teste de diferença de Mann-Whitney U para verificar a diferença no nível de consumo geral de café de acordo com o gênero dos entrevistados ...................................... 117 TABELA 21 - Teste de diferença de Kruskal-Wallis H para verificar a diferença no nível de consumo geral de café de acordo com a ocupação funcional dos entrevistados ................... 117 TABELA 22 - Teste de diferença de Kruskal-Wallis H para verificar a diferença no nível de consumo geral de café de acordo com a regional de Belo Horizonte onde os entrevistados residem .............................................................................................................................. 118 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 15 1.1 Problema de pesquisa e justificativa ............................................................................ 17 1.2 Objetivos .................................................................................................................... 19 1.2.1 Geral .................................................................................................................... 19 1.2.2 Específicos ........................................................................................................... 20 1.3 Estrutura da Dissertação ............................................................................................. 20 2 REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................................................. 22 2.1 Comportamento do consumidor .................................................................................. 22 2.2 Visão geral dos modelos de comportamento do consumidor ....................................... 26 2.2.1 Modelo de Nicósia ............................................................................................... 28 2.2.2 Modelo de Howard-Sheth..................................................................................... 30 2.2.3 Modelo de Engel, Blackwell e Miniard................................................................. 32 2.2.3.1 Variáveis que influenciam o comportamento do consumidor .......................... 35 2.2.3.1.1 Influências ambientais ............................................................................. 35 2.2.3.1.2 Diferenças individuais ............................................................................. 42 2.3.3.1.3 Processos psicológicos ............................................................................ 55 2.3.3.2 Processos de tomada de decisão do consumidor ............................................. 60 2.3.3.2.1 Reconhecimento da necessidade .............................................................. 60 2.3.3.2.2 Busca de informações .............................................................................. 63 2.3.3.2.3 Avaliação de alternativas pré-compra ...................................................... 65 2.3.3.2.4 Compra ................................................................................................... 70 2.3.3.2.5 Consumo ................................................................................................. 71 2.3.3.2.6 Avaliação pós-consumo ........................................................................... 73 2.3.3.2.7 Descarte .................................................................................................. 74 3 METODOLOGIA ............................................................................................................. 76 3.1 Tipo de pesquisa e metodologia .................................................................................. 76 3.2 População e amostra da pesquisa ................................................................................ 79 3.3 Métodos e técnicas para coleta de dados ..................................................................... 81 3.4 Procedimentos de análise dos dados ............................................................................ 85 3.4.1 Classificação das variáveis utilizadas na pesquisa ................................................. 85 3.4.2 Técnicas de análises descritivas ............................................................................ 88 3.4.3 Análise fatorial ..................................................................................................... 91 3.4.4 Análise de correlação ........................................................................................... 93 4 APRESENTAÇÃO, TRATAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS ................................... 95 4.1 Caracterização da amostra da pesquisa ........................................................................ 95 4.2 Análise dos dados de acordo com as fases do processo de decisão do consumidor ...... 99 4.2.1 Análise da fase de reconhecimento da necessidade ............................................... 99 4.2.2 Análise da fase de busca de informações ............................................................ 103 4.2.3 Análise da fase de avaliação de alternativas pré-compra ..................................... 104 4.2.4 Análise da fase de Compra / Consumo ............................................................... 109 5 CONCLUSÕES .............................................................................................................. 119 5.1 Reconhecimento da necessidade ............................................................................... 119 5.2 Busca de informações ............................................................................................... 122 5.3 Avaliação de alternativas pré-compra ....................................................................... 123 5.4 Compra / Consumo ................................................................................................... 124 5.5 Limitações e sugestões para pesquisa futuras ............................................................ 128 REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 130 APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO DA PESQUISA .......................................................... 142 15 1 INTRODUÇÃO O estudo do comportamento do consumidor é importante para as empresas que atuam em um mercado competitivo. Wilkie (1994) define o comportamento do consumidor como o resultado das atividades físicas, mentais e emocionais, que ocorrem quando as pessoas selecionam, compram e utilizam um produto ou serviço para satisfazer necessidades ou desejos. De acordo com Granato (2009) e Swarbrooke e Horner (2002), ao entender o comportamento de compra e consumo dos clientes é possível traçar estratégias para o lançamento de novos produtos e desenvolver novas características, preços, canais e outros elementos. Mowen e Minor (2003) afirmam que a compreensão do processo de consumo e dos consumidores proporciona uma série de benefícios, dentre os quais pode-se apresentar: (i) auxílio à tomada de decisões pelos responsáveis da gestão de marketing; (ii) fornecer uma base de conhecimento dos públicos, permitindo segmentação dos mercados e fornecendo indicativos para o posicionamento das ofertas; (iii) auxiliar no desenvolvimento de políticas públicas que abrangem o desenvolvimento de leis e regulamentos que exercem impacto sobre os consumidores no mercado; (iv) auxiliar o consumidor no entendimento do seu procedimento de compra, propiciando-lhe decisões mais sábias no que tange a compras e consumo. O café é um produto importante e de destaque no Brasil desde sua chegada ao país em meados do século XVIII até os dias atuais. De acordo com informações do Ministério da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento (MAPA, 2013), a cadeia produtiva de café é responsável por gerar mais de oito milhões de empregos no Brasil. O café é um dos grandes pilares econômicos do desenvolvimento nacional, responsável pelo crescimento e pela riqueza de diversos municípios, estando sua imagem no mundo vinculada ao Brasil. A história do café confunde-se com a própria história do país (MAPA, 2013; PIRES NETO, 2008). O café chegou ao Brasil, em 1727, proveniente da Guiana Francesa, e seu cultivo, para atender o mercado interno, difundiu-se rapidamente devido às condições climáticas. Em um espaço de tempo relativamente curto, o café passou de uma posição secundária para a de produto-base da economia brasileira. No final do século XVIII o Brasil aumentou significativamente a sua produção e, embora ainda em pequena escala, passou a exportar o produto com maior regularidade. Por quase um século o café tornou-se a grande riqueza brasileira, e as divisas geradas pela economia cafeeira aceleraram o desenvolvimento do Brasil e o inseriram nas relações internacionais de comércio. Apesar da crise de 1929, a cafeicultura nacional reorganizou-se e os produtores, industriais e exportadores voltaram a se estabelecer. 16 A busca pela região ideal para a cultura do café estendeu-se por todo o país, firmando-se em regiões do Estado de São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Espírito Santo, Bahia e Rondônia. O café continua, hoje, a ser um dos produtos mais importantes para o país (ABIC, 2012). O Brasil é o maior produtor de café do mundo, responsável por mais de um terço da produção mundial (35,12%), posição que ocupa há 150 anos. O país também é o principal exportador do produto e o segundo maior consumidor da bebida, atrás dos Estados Unidos (EMBRAPA, 2012). Segundo informações do DECAF (2013) o consumo de café entre os brasileiros é crescente. No ano de 2012 o consumo estimado foi de 20,3 milhões de sacas, representando um acréscimo de 3,1% em relação ao ano de 2011, que foi de 19,7 milhões de sacas. O consumo per capita, em 2012, foi de 6,2 kg de café torrado por habitante, aproximadamente 83 litros para cada brasileiro por ano, uma evolução de 2,1% em relação ao ano anterior (ABIC, 2012). A FIG. 1 apresenta a evolução do consumo de café no Brasil a partir do ano de 1997. Kg/habitante/ano 10,0 9,5 9,0 8,5 8,0 7,5 7,0 6,5 6,0 5,5 5,0 4,5 4,0 3,5 3,0 2013* 2012 2011 2010 2009 2008 2007 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000 1999 1998 22 20,3 21,0 19,7 21 19,1 20 18,4 19 17,7 17,1 18 16,3 17 15,5 14,9 16 14,0 13,7 15 13,2 13,6 12,7 14 12,2 1311,5 12 6,2 6,4 11 6,0 6,1 5,6 5,8 10 5,3 5,5 9 5,1 5,0 4,9 4,8 Consumo interno de café 8 4,7 4,8 4,7 4,5 7 4,3 Consumo per capita 6 5 1997 Milhões de sacas FIGURA 1: Evolução do consumo de café no Brasil * Estimativa Fonte: Elaborado pelo autor a partir de dados do DECAF (2013; 2011; 2009). O consumo per capita, concretizado em 2012, superou o do ano de 1965, tornando-se o maior consumo já registrado no Brasil, 6,2 kg/hab./ano, o equivalente a aproximadamente 13 pacotes de 500 gramas de café por habitante durante um ano (ABIC, 2012; DECAF, 2013). A pesquisa de orçamentos familiares realizada pelo IBGE (2011a) também indicou que o café é o alimento mais consumido diariamente por 78% da população acima de 10 anos (ABIC, 2012). 17 A área plantada no Brasil equivale a 2,1 milhões de hectares de café, com cerca de 5,8 bilhões de pés de café, sendo mais da metade concentrados no Estado de Minas Gerais (CONAB, 2013; DECAF, 2013). O Estado de Minas Gerais é responsável pela maior produção de café no País, com mais de um milhão de hectares plantados, respondendo por aproximadamente 55,8% da safra brasileira. O café é o principal produto de exportação do agronegócio mineiro e é vendido para mais de 60 países (SEAPA, 2012; SEAPA, 2013). A partir de tais dados tem-se ideia da dimensão da importância do café para a economia do Brasil e, mais especificamente, de Minas Gerais, tornando-se o estudo do comportamento do consumidor desta bebida relevante por promover a geração de conhecimento para profissionais, consumidores, instituições e Governo. Com base no exposto, a presente pesquisa se propõe a entender o comportamento do consumidor de café no município de Belo Horizonte, no estado de Minas Gerais. Optou-se por realizar a pesquisa no Estado de Minas Gerais devido à importância da cafeicultura para a economia mineira, que gera aproximadamente dois milhões de empregos em 600 municípios do Estado (SEAPA, 2013). 1.1 Problema de pesquisa e justificativa Entender o comportamento do consumidor é importante para o sucesso do negócio. De acordo com Sheth, Mittal e Newman (2001, p. 32), conhecer o que querem os consumidores e como eles tomam suas decisões sobre a compra e a utilização de produtos é atividade importante para que as organizações tenham sucesso em seus mercados. As empresas que querem se manter competitivas devem buscar constantemente entender o perfil de seu cliente, que pode sofrer alterações ao longo do tempo. Richers (1984) e Christino (2004) salientam que o homem é capaz de aprender, e alterar, os comportamentos por meio da ampla utilização de sua experiência passada. Por isso, é crucial entender e verificar constantemente o seu comportamento de compra e consumo. É importante destacar que o comportamento dos consumidores pode diferenciar-se devido à idade, gênero, estilo de vida, e outras variáveis (EVANS; JAMAL; FOXALL, 2006; SOLOMON, 2011). Este estudo buscou identificar o comportamento de compra e consumo de café no município de Belo Horizonte, no estado de Minas Gerais. Os estudos brasileiros realizados sobre o café possuem foco nos quesitos agronômicos, com raras pesquisas que abordam a 18 percepção e os comportamentos dos consumidores (PIRES NETO, 2008). Os principais estudos brasileiros sobre o café estão disponíveis no Sistema Brasileiro de Informação do Café (SBICafé1), um repositório com o objetivo de unificar e facilitar o acesso à produção científica de instituições brasileiras, que conta com mais de 3000 estudos catalogados. Dentre os trabalhos disponíveis no SBICafé, os assuntos estão relacionados ao: (i) Controle de Pragas, (ii) Combinação de Cultivos, (iii) Agroclimatologia e Fisiologia do Cafeeiro, (iv) Aproveitamento de Resíduos do Café, (v) Café e Saúde, (vi) Cafeicultura Irrigada, (vii) Colheita e Qualidade do Café, (viii) Doenças e Nematóides do Cafeeiro, (ix) Industrialização e Qualidade do Café, (x) Manejo da Lavoura Cafeeira, (xi) Pragas do Cafeeiro, (xii) Química, (xiii) Solos e Nutrição do Cafeeiro, (xiv) Transferência e Difusão de Tecnologia e (xv) Socioeconômica, Mercados e Qualidade Total na Cadeia Agroindustrial do Café. Em pesquisa no último assunto citado, relacionado ao comportamento de compra e consumo, que possui estudos datados de 1966 a 2012, foram encontrados mais de 180 trabalhos, dos quais apenas 15 abordam diretamente o comportamento do consumidor (SBICAFÉ, 2013). Os principais trabalhos que abordam assuntos alinhados a esta pesquisa foram elaborados com a participação de Ricardo de Souza Sette e Rosemar Martins Luna, que versam sobre a análise de marcas, o consumo de café entre jovens, a origem do produto e o comportamento de consumo de forma ampla (CARVALHO et al., 2000; SETTE, 2000; LUNA; SETTE; SALAZAR, 2001; CAMPOS; LUNA; SETTE, 2001; LUNA et al., 2003; MARIO et al., 2003; FARIA; MANTOVANI; LUNA, 2005). Embora existam muitos estudos acerca do café, um número reduzido destes dedicou-se à compreensão dos comportamentos de compra e consumo. Diante do exposto, este trabalho visou abordar a lacuna existente na pesquisa acadêmica sobre café, diferenciando-se de outros estudos, que possuem o foco na qualidade, plantio, produção e estratégias na cadeia de distribuições. Além de abordar o comportamento de compra e consumo especificamente, e com viés quantitativo, este estudo buscou renovar as informações sobre a percepção dos consumidores, justificando esta contribuição devido às constantes alterações que interferem nas decisões de consumo, principalmente para um produto tão expressivo para o país e o para o estado pesquisado. Minas Gerais é responsável por mais de 50% da produção de café do Brasil e exporta o produto para mais de 60 países, demonstrando, assim, a importância deste produto para o Estado mineiro. 1 SBICafé: é o Sistema Brasileiro de Informação do Café, repositório temático da produção científica de instituições integrantes do Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café (SBICAFÉ, 2013). Disponível em: <http://www.sbicafe.ufv.br/>. Acesso em: 05 de jan. 2013. 19 Este estudo também se mostra importante por caracterizar o consumidor de café, o que se faz necessário para o desenvolvimento de estratégias futuras e para o incremento do produto no mercado interno. Pesquisa da ABIC (2010) demonstra que, embora o consumo de café se mostre crescente com o passar do tempo, 4% dos entrevistados deixaram de consumir o produto. Neste sentido, esta pesquisa irá identificar quais são os produtos substitutos do café, bem como, investigar os atributos mais valorizados pelos consumidores, para que, dessa forma, as empresas possam utilizar as informações obtidas para melhorar os produtos de maneira que não só mantenham os consumidores atuais, como conquistem novos clientes. É importante também identificar, dentre os principais tipos de cafés, qual a frequência e intensidade do consumo por parte dos entrevistados, para que se possam desenvolver estratégias de marketing coerentes com o perfil do consumidor de cada tipo de café e para que possa entender as necessidades dos consumidores e criar produtos e serviços que despertem desejos e atendam essas necessidades. É inegável que entender o comportamento do consumidor é importante para as empresas que buscam o sucesso do negócio. Também é verificável a importância que o café representa para o Brasil e principalmente para o Estado de Minas Gerais, que é o responsável por mais da metade da produção nacional. Diante do exposto, a presente dissertação propõe a seguinte pergunta: Qual o comportamento dos consumidores de café no município de Belo Horizonte, no estado de Minas Gerais? 1.2 Objetivos O presente trabalho apresentou os seguintes objetivos: 1.2.1 Geral Descrever o comportamento dos consumidores de café do município de Belo Horizonte. 20 1.2.2 Específicos Reconhecimento da necessidade: o Investigar os benefícios e malefícios percebidos com o consumo de café; o Identificar os principais significados e reações provocadas pelo consumo de café; Busca de informações: o Levantar as fontes de informação e os grupos de influência utilizados no processo de decisão de compra do café; Avaliação de alternativas pré-compra: o Verificar os atributos considerados importantes pelos consumidores na sua decisão de compra de café; o Listar as principais marcas de café compradas para consumo em casa; Compra e consumo: o Identificar os produtos substitutos ao café na percepção dos consumidores; o Verificar os principais locais em que os entrevistados compram e consomem café; o Conhecer a frequência e momento de consumo dos principais tipos de café; o Examinar a associação do consumo de café ao cigarro; 1.3 Estrutura da Dissertação Este trabalho possui a estrutura apresentada no QUADRO 1. Primeiramente, debateuse nesta introdução a contextualização, a problematização, a definição dos objetivos e as justificativas da pesquisa. Em sequência, o estudo expõe o referencial teórico, apresentando o comportamento do consumidor, uma visão geral dos modelos de comportamento do consumidor, os fatores que influenciam o comportamento do consumidor e o processo de tomada de decisão do consumidor. Na terceira etapa, são apresentadas questões referentes à descrição do tipo de pesquisa, suas delimitações, definição dos instrumentos e métodos de coleta de dados, assim como os procedimentos para análise dos dados. Na quarta etapa, os dados 21 coletados são apresentados e analisados com a aplicação dos métodos estatísticos descritos. Finalmente, na última parte, são apresentadas as conclusões deste trabalho. QUADRO 1 - Estrutura da Dissertação Capítulo 1 Introdução 2 Referencial Teórico 3 Metodologia 4 Apresentação, tratamento e análise dos dados 5 Conclusões 6 Referências Fonte: Elaborado pelo autor. Conteúdo Contextualização, problematização e justificativas da pesquisa, objetivos. 1 Comportamento do Consumidor. 2 Visão geral dos modelos de comportamento do consumidor 3 Fatores ambientais que influenciam o comportamento do consumidor 4 Processos de tomada de decisão do consumidor Descrição da metodologia utilizada. Os dados coletados são apresentados, tratados e analisados com os métodos estatísticos descritos na metodologia. Apresentação das respostas ao problema de pesquisa e aos objetivos, limitações e recomendações para pesquisas futuras. Referencial utilizado. 22 2 REFERENCIAL TEÓRICO Para a construção do referencial teórico, este trabalho apresenta a seguinte composição. Primeiramente, no item 2.1, realizou-se uma discussão sobre o Comportamento do Consumidor. Posteriormente, no item 2.2, é apresentada uma visão geral sobre os modelos de comportamento do consumidor. Dentro do item 2.2.3 são discutidos os fatores que influenciam o comportamento do consumidor. Finalmente, ainda no item 2.2.3 são abordados os processos de tomada de decisão do consumidor. 2.1 Comportamento do consumidor O objetivo do marketing é criar, comunicar, entregar e trocar ofertas que têm valor para os clientes, parceiros e sociedade em geral (GUNDLACH; WILKIE, 2009, p. 262). Para isso, faz-se necessária a compreensão sobre os comportamentos nas decisões dos consumidores. Richers (1984, p. 46) afirmou que “nenhuma faceta do marketing mereceu, até hoje, tanta atenção pela pesquisa científica quanto o comportamento do consumidor”. Esta afirmação ainda apresenta-se como significativa, uma vez que o ambiente mercadologia atual é caracterizado por alta competição entre as organizações e entender o comportamento presente e futuro dos consumidores, mesmo que parcialmente, pode colocar empresas em posição de vantagem competitiva (LOPES; SILVA, 2011). Sauerbronn e Ayrosa (2010) reforçam ainda que a ampliação das opções metodológicas disponíveis para a pesquisa acadêmica em marketing é um desafio para melhor compreensão do comportamento do consumidor. Segundo Karsaklian (2004, p. 20), o estudo de comportamentos de consumo é uma ciência aplicada, com origem nas ciências humanas e sociais, como a Sociologia, Psicologia, Economia e Antropologia. Já Jacoby, Johar e Morrin (1998) afirmam que o estudo do comportamento do consumidor tem suas origens mais especificamente na Psicologia, originando a linha de investigação da Psicologia Social. Contudo, é certo que o interesse sobre o estudo do consumidor não é algo novo, Marx teorizava sobre a essência da posse, que gerou estudos sobre a sociedade de consumo (GIGLIO, 2010). Porém, foi na década de 1950 que a escola do comportamento do consumidor desenvolveu-se, com estudos focados nos mercados consumidores e nas informações demográficas destes (MIRANDA; ARRUDA, 2004, p. 45). 23 A partir dos anos 1960, o campo foi marcado pelo desenvolvimento de modelos de hierarquia dos efeitos da propaganda nos consumidores, além disto, ocorreu a proposição memorável do modelo dos 4Ps (produtos, preço, promoção e praça) por McCarthy2 e o começo das formulações de modelos integrativos de comportamento do consumidor por Nicósia, Howard e Sheth (LOPES; SILVA, 2011). Na década de 1970, ocorreu a publicação do notável artigo de Fishbein e Ajzen (1975), “Belief, attitude, intention and behavior: an introduction to theory and research”, emergiram novas tendências de pesquisa, algumas em decorrência dos desenvolvimentos da década anterior, com destaque para o comportamento de consumo industrial (MIRANDA; ARRUDA, 2004). Nos anos 1980, segundo Blackwell, Miniard e Engel (2005), evidenciaram-se assuntos referentes a ritos e simbologia, de forma a alterar o foco de análise do comportamento do consumidor para uma perspectiva da fantasia, religião e experimentos, com ênfase nas pesquisas qualitativas. Na década de 1990, os estudos expandiram-se com o desenvolvimento do marketing de relacionamento, além disto, os softwares advindos da tecnologia tornaram-se ferramentas que fortaleceram a utilização, análise e interpretação das pesquisas quantitativas (PINTO; LARA, 2007; COSTA, 2011). A partir dos anos 2000, enfatizou-se a utilização das experiências que provocassem os sentidos emocional ou físico e levassem em consideração os fatores sociais (VILAS BOAS; SETTE; BRITO, 2006). Lopes e Silva (2011) completam que as pesquisas passaram a refletir o interesse no processamento das informações focadas em: (a) emoções como fator influenciador na atitude em relação a marcas, (b) identificação de fatores que afetam o processamento de anúncios e (c) relacionamento entre os aspectos formais da atitude em relação à marca. O QUADRO 2 apresenta a síntese da evolução da escola do comportamento do consumidor. QUADRO 2 - Evolução da escola de comportamento do consumidor DÉCADA Década de 1950 COMENTÁRIOS Nesta década, identificam-se três separadas áreas de pesquisa: o Determinantes psicológicos do comportamento do consumidor; o Determinantes sociais do comportamento do consumidor; o Tomada de decisão por parte do consumidor Continua 2 McCarthy, E. Jerome. Basic Marketing: a managerial approach. Homewood, IL: Richard D. Irwin, 1960. 24 QUADRO 2 - Evolução da escola de comportamento do consumidor (continuação) DÉCADA COMENTÁRIOS Estudiosos de diferentes áreas começaram a focar esforços para a área de comportamento do consumidor. Linhas de pesquisas: o Lealdade à marca de produtos de mercearias; Década de o Utilização do método de experimentos no campo do comportamento do consumidor; 1960 o Teoria do risco percebido em comportamento do consumidor; o Teorias compreensivas de comportamento de compra. Nessa década, foi criada a mais conhecida teoria do comportamento do consumidor que foi proposta por Howard e Sheth (1969). Nos anos da década de 1970, houve a consolidação da ACR (Association for Consumer Research) que foi fundada em 1969. Também houve a organização do JCR (Journal of Consumer Research) em 1974. Novas linhas de pesquisas foram desenvolvidas: o Comportamento de compra industrial; Década de o Estudo do comportamento de consumo de serviços públicos como cuidados da saúde, 1970 transporte, nutrição etc.; o Comportamento de compra familiar; o Relacionamento entre atitude e comportamento; o Processamento de informação Ênfase nas pesquisas sobre temas como rituais e simbolismo, comportamento de fantasia e Década de experimentação e o impacto da religião no comportamento do consumidor. Também, houve uma 1980 corrente contra a mensuração quantitativa nas pesquisas e uma maior preferência por mais pesquisas de tradição qualitativa. A partir dos anos 1990, ocorreu o desenvolvimento do marketing de relacionamento. Assim, passou-se a discutir mais tópicos como atitudes de consumidores, relações pessoais, tendências de comportamento entre outros fatores socioculturais. Os estudos passam a se preocupar também Década de com a contextualização do ambiente. Pode-se assinalar também as melhorias das avaliações 1990 quantitativas proporcionadas pelo avanço tecnológico e softwares poderosos de análise de dados. Pode-se afirmar que nessa década, houve um crescimento nesse campo do movimento conhecido como pós-modernismo - uma forma de investigação que inclui objetivos e métodos diferentes. A entrada do novo século estabelece uma perspectiva do comportamento do consumidor baseada Década de em um “marketing experiencial”, ou seja, a sensação de que os produtos e serviços proporcionam 2000 aos consumidores experiências sensoriais, afetivas, cognitivas, físicas e sociais. Assim, estes passam a ser os novos determinantes de novos estudos do comportamento do consumidor. Fonte: Sheth, Gardner e Garrett (1988), Vilas Boas, Brito e Sette (2006), Engel, Blackwell e Miniard (2000) apud Pinto e Lara (2008). De acordo com Costa (2011), ao observar a evolução da escola do comportamento do consumidor, é verificável que as pesquisas desenvolvidas são bases para o conhecimento de mercado e orientam o desenvolvimento de produtos e serviços, por meio das análises qualitativas e quantitativas das necessidades e expectativas dos clientes. A complexidade do comportamento do consumidor é tamanha que podem ser constatadas definições com diversos graus de abrangência entre os autores da área. A seguir são apresentadas as principais definições acerca do comportamento do consumidor. Howard e Sheth (1969, p. 25), ao analisarem o comportamento do consumidor, afirmaram que ele envolve a decisão quanto à escolha das marcas, repetitivamente, abrange um conjunto de motivos, marcas alternativas e os critérios de escolha pelos quais os motivos se combinam às alternativas. 25 Gade (1980, p. 2) argumentou que “o consumidor é o destinatário dos produtos que as empresas industriais e a agricultura produzem e o comércio distribui”, desta forma, a compreensão do seu comportamento é importante para entender a relação entre consumidores e produtos. Esta definição restringe o comportamento do consumidor apenas aos produtos e sua relação com o consumidor. Posteriormente, Robertson, Zielinsk e Ward (1984, p. 2) propuseram que a definição do comportamento de consumo relaciona-se ao entendimento sobre como e por que os consumidores comportam da maneira como o fazem. Assim como Robertson et al. (1984), Howard (1989, p. 6) definiu de forma mais abrangente o comportamento do consumidor, como “o estudo de como e por que os consumidores compram e consomem”. Contudo, o estudo do comportamento de consumo suplanta os limites de como e por que, uma vez que na tomada de decisão dos consumidores incluem-se os comportamentos expressos na procura, escolha e compra efetiva, na avaliação pós-compra e descarte. Neste sentido, Wilkie (1994) apresentou uma evolução em sua definição ao apresentar o comportamento do consumidor como o resultado das atividades físicas, mentais e emocionais, que ocorrem quando as pessoas selecionam, compram e utilizam um produto ou serviço para satisfazer necessidades ou desejos. Sheth et al. (2001, p. 29) definem comportamento do consumidor como o conjunto de atividades físicas e mentais realizadas por consumidores que resultam em decisões e ações, como a compra e utilização de produtos e serviços. Mowen e Minor (2003, p. 3) definiram o comportamento do consumidor como “um estudo das unidades compradoras e dos processos de troca envolvidos na aquisição, no consumo e na disposição de mercadorias, serviços, experiências e ideias”. De acordo com Solomon (2011, p. 33) e Kotler e Keller (2006, p. 172) o comportamento do consumidor é o estudo dos processos que ocorrem quando indivíduos ou grupos escolhem, compram, utilizam ou descartam produtos, serviços, ideias ou experiências para satisfazer necessidades e desejos. Para Schiffman e Kanuk (2009, p. 1) o comportamento do consumidor pode ser definido como o comportamento apresentado pelos consumidores na procura, compra, utilização, avaliação e destinação dos produtos e serviços que eles anseiam que satisfaçam às suas necessidades. Blackwell et al. (2005, p. 6-7) definem o comportamento do consumidor como o conjunto de atividades de obtenção, consumo e eliminação de bens e serviços. 26 A partir das definições apresentadas anteriormente, com suas contribuições, o presente trabalho adota como definição do comportamento do consumidor: um processo individual ou grupal que envolve atividades físicas, mentais e emocionais e resulta em decisões e ações acerca da tomada de decisão para a escolha, compra, consumo, descarte e avaliação, com o objetivo de satisfazer as necessidades e desejos. A partir do entendimento da evolução da escola do comportamento do consumidor e da sua definição, pode-se compreender que este campo de estudos é importante por diversos motivos. Conforme Mowen e Minor (2003, p. 4) “compreender os consumidores e o processo de consumo proporciona uma série de benefícios”. Dentre estes benefícios os autores destacam (i) o fornecimento de uma base de conhecimento a partir da qual os pesquisadores de marketing podem analisar os consumidores, (ii) o apoio aos legisladores e controladores na criação de leis e regulamentos referentes à compra e à venda de mercadorias e serviços, (iii) o auxílio aos gerentes em suas tomadas de decisões e o (iv) auxílio ao consumidor na tomada de melhores decisões de compra. Segundo Sheth et al. (2001, p. 32), conhecer o que querem os consumidores e como eles tomam suas decisões sobre a compra e a utilização de produtos é atividade significativa para que as organizações tenham sucesso em seus mercados. Assim como Mowen e Minor (2003), Schiffman e Kanuk (2009, p. 6) apontam que, como consumidores, nos tornamos mais sábios, ou seja, melhores consumidores, por usufruir das percepções sobre nossas próprias decisões. Os autores destacam ainda que as empresas tornam-se capazes de “predizer a probabilidade de os consumidores reagirem a vários sinais informacionais e ambientais”, de forma a possibilitar o planejamento de suas estratégias de marketing de forma mais coerente (SCHIFFMAN; KANUK, 2000, p. 6). 2.2 Visão geral dos modelos de comportamento do consumidor Berger e Luckmann (1966) afirmam que os modelos são construtos sociais criados a fim de expor a diferentes situações hipotéticas que permitam “interpretar a realidade”, visto que a mesma é inapreensível enquanto objeto, pois a realidade é uma construção social. Giglio (2010) destaca ainda que: “[...] os modelos são provisórios e que o comportamento humano não pode ser reduzido a um modelo. Entre os fatos e a teoria deve haver um diálogo constante, sem 27 a ditadura de um dos lados. Fatos não se explicam por si, e explicações sem o apoio dos fatos não se sustentam” (GIGLIO, 2010, p. 16). Desta forma, ao longo dos anos, estudiosos do comportamento do consumidor têm proposto modelos na tentativa de simplificar a realidade (LOPES; SILVA, 2011; VARGAS, 2010). Goldstein e Almeida (2000), ao estudarem os modelos integrativos do comportamento do consumidor3, classificaram estes em duas formas, (i) estímulos-reação e (ii) explicativos, conforme apresentado na FIG. 2. FIGURA 2: Organização dos modelos integrativos de comportamento do consumidor Incidência de Compra Probabilístico Estímulo Reação Estatístico Escolha da Marca Determinísticos Modelos integrativos do comportamento do consumidor Dinâmicos Nicósia Howard-Sheth Explicativos Engel-KollatBlackwell Sheth-NewmanGross Fonte: Adaptado de Goldstein e Almeida (2000, p. 15). Os modelos estímulo-reação focam no resultado e não no processo que leva ao consumo. Goldstein e Almeida (2000) criticaram os modelos deste tipo, que, apesar da boa capacidade preditiva, possui limitado esclarecimento sobre o efetivo comportamento do consumidor, uma vez que responde a perguntas específicas. Já os modelos classificados como explicativos analisam as relações entre cada etapa do processo de compra. Este trabalho apoia sua pesquisa na linha explicativa dos modelos integrativos do comportamento do consumidor. Foram muitos os modelos explicativos concebidos ao longo do desenvolvimento da escola do comportamento do consumidor. Os principais modelos com viés explicativo para o 3 Modelos integrativos do comportamento do consumidor são aqueles que possuem como objetivo modelar todo o comportamento de consumo de um indivíduo, desde o surgimento da necessidade, passando pela compra até o pós-compra (GOLDSTEIN; ALMEIDA, 2010, p. 15). 28 comportamento do consumidor foram idealizados por Howard (1963), Andreasen (1965), Nicósia (1966), Engel et al. (1986), Howard e Sheth (1969), Markin (1974), Kerby (1975), Bettman (1979), Holbrook e Hirschman (1982), Rao e Vilcassin (1985), Sheth et al. (1991) (GOLDSTEIN; ALMEIDA, 2000). Apesar das contribuições advindas dos modelos citados anteriormente, este trabalho adotará como foco a compreensão dos modelos de Nicósia (1966), de Howard e Sheth (1969) e o modelo de Engel et al. (1986). Nakagawa (2008, p. 42) realizou uma ampla pesquisa relacionada ao comportamento do consumidor e constatou que o processo decisório de compra tem passado por diversas releituras e adaptações, contudo, sem passar por mudanças importantes em sua estrutura conceitual. Minciotti4 (1987 apud Goldstein e Almeida, 2000, p. 17) corrobora com esta definição ao afirmar que “diversos autores são concordes em apontar três modelos de comportamento do consumidor como os mais complexos e abrangentes: o Modelo Howard-Sheth, o Modelo Nicósia e o Modelo Engel-Kollat-Blackwell”. Os demais modelos explicativos, além de possuírem características similares a estes três, não foram amplamente discutidos na literatura, com menor nível de críticas, discussões e testes (GOLDSTEIN; ALMEIDA, 2000, p. 12). Este trabalho irá apoiar-se inicialmente, com maior riqueza de detalhes, nos modelos de Nicósia (1966), Howard-Sheth (1969) e Engel-Kollat-Blackwell (1986). 2.2.1 Modelo de Nicósia Nicósia (1966) tratou o comportamento de compra como um dos vários componentes de um complexo processo de decisão. Um dos diferenciais do autor foi propor uma ênfase no processo decisório e não no ato de compra propriamente dito. O modelo de Nicósia foi desenvolvido na década de 1960, por Francesco Nicósia, com estrutura inspirada em um sistema de computador, valoriza o tema da propaganda e da fidelidade da marca (GIGLIO, 2010, p. 113; KARSAKLIAN, 2004, p. 173). No modelo do autor o ato de decidir do consumidor tem origem em um processo que pode ser divido em “campos de atividades” e depois de “subcampos”, conforme apresentado na FIG. 3 (HERNANDEZ; OLIVEIRA, 2004, p. 110). 4 MINCIOTTI, Silvio A. Comportamento do consumidor: o grande desafio de marketing. Revista IMES, v. 4, n. 12, p. 26-33, maio/ago. 1987. 29 FIGURA 3: Modelo de Nicósia Campo 1: Da fonte da mensagem à atitude do consumidor Subcampo 2 Mensagem Exposição Subcampo 1 Atributos da empresa Atributos do consumidor (em particular predisposições) Atitude Campo 2: Experiência Investigação Avaliação das relações instrumentais Investigação Avaliação Motivação Campo 4: Feedback Consumo Armazenamento Campo 3: Ato de Compra Decisão (ação) Comportamento de Compra Fonte: Karsaklian (2004, p. 175). Segundo Lopes e Silva (2011, p. 9) o modelo indica que o comportamento de compra tem como antecedentes a pesquisa e a avaliação de informações. Defende ainda que estas possuem como antecedentes a exposição a uma mensagem de cunho publicitário, formulada por vendedores. O modelo é composto de quatro etapas, conforme apresentado a seguir: o na primeira etapa, ocorre a constituição das atitudes5, após o sujeito receber os estímulos e analisar por meio das predisposições anteriores (GIGLIO, 2010, p. 113); 5 Atitudes são predisposições das pessoas para responder de forma consistente, favorável ou desfavorável, a um objeto. Estão associadas às avaliações de um objeto por meio das dimensões de “a favor ou contra”, “bom ou ruim”, “gostar ou não gostar”, e assim sucessivamente (AJZEN; FISHBEIN, 2000). 30 o o segundo estágio do modelo, conforme Karsaklian (2004, p. 174), é constituído pela investigação das relações instrumentais (disponibilidade de marcas, produtos, serviços e outros) e expectativas, que resultam no desenvolvimento da motivação específica e situacional (propaganda em ponto de venda, atitude dos vendedores etc.); o o terceiro estágio do modelo refere-se à transformação ou não em um ato da compra (GIGLIO, 2010, p. 113); o finalmente, a estocagem ou consumo dos produtos proporciona uma experiência para o consumidor e para a empresa e, estas, por sua vez, alteram as características iniciais (KARSAKLIAN, 2004, p. 174). O modelo de Nicósia tem um valor histórico e representa um dos primeiros esforços para integração de várias pesquisas com origem nas ciências sociais e na economia (KARSAKLIAN, 2004, p. 174). Giglio (2010, p. 113) apontou ainda que o modelo, com uma revitalização, alterando a metodologia causal para uma visão sistêmica com interações, poderia contribuir para as discussões sobre as relações entre as propagandas e os consumidores. Entretanto, algumas críticas ao modelo podem ser apontadas (MOWEN, 1993, p. 98): o não considera as experiências anteriores do consumidor com o produto; o pressupõe um consumidor racional; o não define adequadamente as variáveis, e não possui clara indicação de como elas interagem entre si; o pressupõe que o processo inicia-se apenas a partir da empresa, desconsiderando que o consumidor pode iniciar a busca por iniciativa autônoma; o não reconhece as influências dos demais fatores ambientais, além da mensagem do vendedor e das características do consumidor. 2.2.2 Modelo de Howard-Sheth O modelo de Howard-Sheth foi desenvolvido em 1969 e possui como sustentação teórica o behaviorismo, por propor a explicação de como o consumidor transforma os inputs (estímulos) em outputs (decisões de compra), por meio de estruturas de aprendizagem, assim como o modelo de Nicósia (GIGLIO, 2010, p. 113; KARSAKLIAN, 2004, p. 175). 31 Para elaborar o modelo Howard e Sheth (1969, p. 467) adotaram os pressupostos de que: o o comportamento de compra é racional; o a tentativa do modelo seria de construir uma teoria positiva e não normativa; o o comportamento de escolha é assumido como sistemático, podendo-se observar determinados padrões; o se o comportamento é sistemático, ele é oriundo de algum estímulo no comprador ou no ambiente. Desta forma, os autores, argumentaram que os estímulos seriam a entrada para o sistema e o comportamento de compra o seu resultado (HOWARD; SHETH, 1969). A estrutura do modelo é apresentada na FIG. 4. FIGURA 4: Modelo de Howard - Sheth Fonte: Karsaklian (2004, p. 176). Karsaklian (2004, p. 177), ao analisar o modelo, apontou que ele é constituído por algumas classes de variáveis: o a primeira classe são os inputs, composto por estímulos do ambiente comercial (produtos), simbólico (propagandas) e social (comunicação boca a boca); o a segunda classe é das variáveis hipotéticas, são os resultados do processamento dos inputs, 32 que podem ser subdivididos em dois tipos. No primeiro tipo estão as variáveis (i) sensibilidade à informação, (ii) vieses perceptuais e (iii) busca de informação. O segundo tipo é resultado das interações dos inputs com as variáveis perceptuais, são relacionadas ao conceito de aprendizagem: (i) motivações, (ii) “alternativas” ou marcas apresentadas no “conjunto evocado”, (iii) critérios de escolha, (iv) predisposições com relação às marcas, (v) fatores inibidores e (vi) nível de satisfação; o a terceira classe de variáveis são os outputs, que constituem as respostas observáveis do consumidor. Ela é composta pelas variáveis (i) atenção, (ii) conhecimento, (iii) atitudes, (iv) intenção e (v) comportamento de compra; o finalmente, a quarta classe é a das variáveis exógenas, aquelas externas ao processo de compra que exercem influência. Dentre estas variáveis encontram-se: (i) a importância da compra, (ii) a personalidade, (iii) a classe social, (iv) a cultura, (v) a organização, (vi) a tempo disponível e (vii) a situação financeira. Dentre os modelos desenvolvidos para as pesquisas de comportamento de compra, o modelo Howard-Sheth é tido como o mais abrangente (KARSAKLIAN, 2004, p. 175; BRITO, 2006, p. 38). Entretanto, Goldstein (1997, p. 87) afirma que, na literatura, críticas são direcionadas ao modelo por sua falta de clareza no encadeamento existente entre as variáveis. Já Hernandez e Oliveira (2004, p. 112) analisam que a complexidade e dificuldade de teste quanto aos relacionamentos propostos no modelo dificultaram sua ampliação e utilização em outros estudos. Karsaklian (2004, p. 179) afirma ainda que os testes realizados com o modelo não garantem o seu valor de previsão, objetivo a que se propõem, sendo, atualmente, mais utilizado como referência no estudo do comportamento do consumidor. 2.2.3 Modelo de Engel, Blackwell e Miniard Em 1968 os pesquisadores Engel, Kollat e Blackwell, a fim de analisar as decisões de compras de consumidores, desenvolveram um modelo inicialmente denominado EKB (BLACKWELL et al., 2005, p. 73). Posteriormente, este modelo evoluiu, recebendo contribuições dos estudos do professor Paul Miniard e, desta forma, foi renomeado para EBM. 33 O modelo proposto pelos autores tem como objetivo analisar como os indivíduos ordenam os fatos e as influências na tomada de decisão, ele apresenta características de um modelo teórico científico (KARSAKLIAN, 2004, p. 179). A autora completa ainda que o modelo de EKB é extremamente analítico, apresenta uma estrutura explicativa do comportamento de compra do consumidor e estabelece relação entre as variáveis intervenientes e sua expressão mensurável. Para Blackwell et al. (2005, p. 73) o modelo de processo de decisão do consumidor pode ser considerado um “mapa rodoviário das mentes dos consumidores para que os profissionais de marketing e gerentes utilizem na concepção dos mix de produtos, das estratégias de comunicação e de vendas”. Giglio (2010) e Karsaklian (2004) afirmam que este modelo possui quatro módulos principais, que são os (i) estímulos mercadológicos, (ii) as variáveis de influência (fatores individuais, sociais e situacionais), (iii) processamento de informação (memória e aprendizagem) e (iv) processo de decisão. Este modelo pressupõe que o processo percorrido pelo consumidor na tomada de decisão é composto por sete estágios (BLACKWELL et al., 2005, p. 73). Os estágios indicados pelos autores são: (i) reconhecimento da necessidade, (ii) busca de informações, (iii) avaliação de alternativas pré-compra, (iv) compra, (v) consumo, (vi) avaliação pós-consumo e (vii) descarte. Deve-se destacar ainda que algumas etapas do processo de compra podem ser eliminadas e outras consideradas de maior importância, em função do envolvimento do consumidor com a compra (PUTSIS; SRINIVASAN6, 1994 apud KOTLER; KELLER, 2006). A FIG. 5 apresenta o modelo do comportamento do consumidor de EBM. Giglio (2010, p. 113) resume que, neste modelo, o processo se inicia com as experiências da pessoa relativas ao seu corpo, às suas ideias, emoções, relações sociais, relações com objetos e relações com a passagem do tempo. Em sequência, as experiências formam um campo inicial das expectativas7, conduzindo à busca de informações sobre os caminhos que satisfazem as expectativas. A partir deste momento são identificadas as alternativas de produtos e a escolha de um deles. Posteriormente, ocorre o julgamento sobre o do produto escolhido. Finalmente, ocorre o consumo e a avaliação pós-compra. 6 PUTSIS, William P.; SRINIVASAN, Narasimhan. Buying or just browsing? The duration of purchase deliberation. Journal of Marketing Research, v. 31, n. 3, p. 393-402, ago. 1994. 7 Expectativas são as crenças prévias sobre o que alguma coisa vai possuir ou oferecer (SHETH et al., 2001, p. 289). Giglio define também expectativas como o futuro que as pessoas gostariam de viver ou em que gostariam de estar (GIGLIO, 2010, p. 114). 34 FIGURA 5: Modelo do processo de decisão do consumidor (EBM) Reconhecimento da necessidade Fonte: Blackwell, Miniard e Engel (2005, p. 86). Este modelo assemelha-se ao de Howard e Sheth (1969), até mesmo em suas limitações. Contudo, trabalha de forma mais adequada o processo de formação de atitudes e o desenvolvimento da intenção de compra, com foco central no processo de decisão (LOPES; SILVA, 2011). O modelo EBM será utilizado como base teórica para a condução deste estudo por compreender que ele assemelha-se aos demais modelos apresentados. Além disso, ele se fundamenta no entendimento do comportamento do consumidor como um processo em etapas, o que proporciona maior capacidade didático-pedagógica, de forma a facilitar a compreensão do comportamento dos consumidores. A seguir serão descritas as influências e etapas relativas ao modelo de Blackwell et al. (2005). 35 2.2.3.1 Variáveis que influenciam o comportamento do consumidor Alguns fatores podem afetar o comportamento do consumidor, direta ou indiretamente. Portanto, o objetivo deste item do referencial é demonstrar os principais conjuntos de influências que afetam o comportamento de compra do consumidor final. 2.2.3.1.1 Influências ambientais Este subitem irá abordar as influências ambientais. De acordo com Blackwell et al. (2005) os fatores ambientais que podem influenciar o comportamento do consumidor são: os fatores culturais, sociais, familiares, pessoais e situacionais. Cada um destes fatores será detalhado a seguir. 2.2.3.1.1.1 Fatores culturais Para Solomon (2011), o conceito de cultura é fundamental para entendimento do comportamento do consumidor e faz uma analogia, comparando-a com a personalidade de uma sociedade. Para o autor, o conceito de cultura está relacionado tanto com ideias, valores, ética, quanto com objetos materiais, como carros, vestuário, comidas, que são elementos produzidos por uma sociedade. Em resumo, o autor afirma que a cultura é um conjunto de símbolos, crenças, rituais, normas e tradições compartilhadas por membros de uma sociedade. Para o autor, é preciso compreender o contexto cultural do consumidor, pois ela é a “lente” pela qual as pessoas enxergam os produtos e serviços. Mowen e Minor (2003) afirmam que são múltiplas as definições de cultura, no entanto, eles a entendem como um modo de vida. Os autores concordam com Solomon (2011) e acreditam que a cultura inclui elementos materiais e imateriais de uma comunidade. Ainda de acordo com os autores, a cultura é aprendida com as experiências vividas e transmitida pelos membros de uma sociedade sendo passada de geração em geração. Ela também é adaptativa, pois os membros de uma sociedade podem mudar seu comportamento em detrimento de novos 36 problemas ou oportunidades vivenciados. Assim como os organismos vivos se transformam, a cultura também pode sofrer alterações, assumindo novas características. Ela assume o papel de reguladora de uma sociedade por meio de normas e valores e dita o que é considerado o modo correto ou incorreto de agir e pensar. Cada cultura apresenta seu próprio conjunto de símbolos, rituais e valores (MOWEN, MINOR, 2003). Blackwell et al. (2005) afirmam que a cultura influencia no comportamento de compra e consumo dos indivíduos, bem como, na estrutura de consumo, na tomada de decisão e na comunicação em uma sociedade. Mowen e Minor (2003) enfatizam que os profissionais de marketing podem vincular seus produtos e serviços a algum símbolo de dada cultura, com a finalidade de criar associações que sejam convenientes. Pires Neto (2008, p. 64), ao analisar a evolução dos resultados da pesquisa de tendência de consumo, realizada pela ABIC, afirmou que vários fatores podem influenciar o estado desejado ou pretensões dos consumidores, dentre estes fatores a cultura apresenta lugar de destaque. Arruda et al. (2009, p. 761) completaram que, por uma questão cultural do Brasil, o café é, tradicionalmente, consumido no café da manhã e no lanche da tarde. 2.2.3.1.1.2 Fatores sociais Conforme Mowen e Minor (2003), classes sociais são camadas de uma sociedade que se diferenciam por meio de status, riqueza, educação, posses e valores. Os autores explicam que a sociedade é dividida hierarquicamente e as pessoas são separadas por classes. Alguns fatores que distinguem essas pessoas são ocupações, estilo de vida, renda financeira, rede de amizades, forma de falar e as posses. Para Solomon (2011), a classe social em que a pessoa está inserida não determina apenas o quanto ela pode gastar, mas também a maneira como os seus recursos são utilizados. Aquelas pessoas que sempre possuíram muito dinheiro, não precisam provar isto, porém as pessoas que migraram de uma classe social para outra mais alta têm a necessidade de mostrar o quanto possuem, e desta forma acabam gastando mais recursos financeiros com o intuito de evidenciar que têm dinheiro. Assim, as maneiras como essas pessoas irão gastar os seus recursos financeiros são diferentes. Segundo Blackwell et al. (2005) as pesquisas de marketing frequentemente focam nas variáveis das classes sociais, pois estas determinam, em parte, o poder aquisitivo das pessoas e 37 como elas utilizam os seus recursos financeiros, influenciando a compra e o consumo de produtos e serviços. A estratificação em classes sociais torna-se importante para as empresas, uma vez que as pessoas de uma determinada classe social podem adquirir um produto por ele ser apreciado pelos membros da mesma classe ou de uma superior, ou podem evitar comprar o produto por acreditar que ele é de uma “classe mais baixa”. Por esta razão, muitas organizações buscam segmentar seus produtos e serviços por classes sociais. Muitos pesquisadores foram capazes de relacionar o consumo de determinados produtos e serviços com a participação em uma classe social, como é o caso do consumo de café instantâneo na Europa. Enquanto os alemães creditam que o café instantâneo é um produto para pessoas com alto poder aquisitivo, os franceses consideram o produto barato e para pessoas com poucos recursos (SCHIFFMAN; KANUK, 2009). Blackwell et al. (2005) afirmaram que analisar o segmento de mercado, com base nas classes sociais e no perfil socioeconômico, auxilia no desenvolvimento de estratégias e programas de marketing que atendam as preferências e o comportamento do público-alvo. Isso poderá incluir características do produto, estratégia de mídia criativa, canais de distribuição e preço. 2.2.3.1.1.3 Fatores familiares Para Blackwell et al. (2005), as famílias são unidades consumidoras de fundamental importância no entendimento do comportamento do consumidor, por utilizarem e adquirirem vários itens de consumo e por influenciarem nas atitudes e comportamento dos indivíduos. Segundo Schiffman e Kanuk (2009), não é fácil definir o conceito de família, pois os papéis desempenhados por seus membros estão em constante mudança. Tradicionalmente o conceito de família é entendido como duas ou mais pessoas relacionadas por laços sanguíneos, relação conjugal ou adoção e que morem em uma mesma residência. Em um sentido mais amplo, a família pode ser entendida como um grupo básico de pessoas que vivem reunidos e interagem para atender suas necessidades pessoais e mútuas. Blackwell et al. (2005) destacam três diferentes tipos de família. Os autores enfatizam que a família nuclear é constituída por pai, mãe e criança(s) vivendo na mesma residência. A família estendida é composta pelo núcleo familiar e outros membros, como avós, tios, 38 cunhados, ou sogros. A família onde o indivíduo nasceu é denominada família de orientação e a constituída pelo casamento é chamada de família de procriação. Kotler e Keller (2006) enfatizam que as famílias vêm passando por modificações, como indivíduos que vivem juntos sem serem casados, pais divorciados que compartilham a custódia dos filhos, pais e mães solteiros, e casais do mesmo sexo com ou sem filhos. De acordo com os autores, os profissionais de marketing precisam voltar sua atenção para os hábitos de compra e consumo desses novos grupos familiares e necessitam entender as influências e os papéis de cada membro da família. De acordo com Santos e Bitencourt (2005, p. 15) entre os fatores sociais que exercem forte influência sobre a decisão de compra do café a família é preponderante. São pelo menos cinco os papéis que envolvem as compras familiares e que podem ser assumidos pelos esposos, crianças, ou outros membros do lar: (1) o iniciador, ou seja, a pessoa que reúne informações para auxiliar na tomada de decisões; (2) o influenciador cujas opiniões são procuradas para ajudar quanto aos critérios de compra; (3) o decisor que é a pessoa que dispõe do recurso financeiro e que decide como e com o que o dinheiro da família será gasto; (4) o comprador que efetua a compra e; (5) o usuário que utiliza o produto. O profissional de marketing deve considerar cada um destes papéis para se comunicar com o consumidor, lembrando que eles podem ser assumidos por diferentes membros da família dependendo do momento e do produto (BLACKWELL et al., 2005). 2.2.3.1.1.4 Fatores pessoais De acordo com Blackwell et al. (2005), os indivíduos sofrem influências de pessoas e grupos, seja qual for sua nacionalidade, raça, gênero ou etnia, alterando a forma como se comportam. A vontade de “pertencer” a um grupo afeta a forma como as pessoas fazem suas escolhas e a maneira como elas adquirem produtos e serviços. A opinião advinda de pessoas com as quais se identificam e as quais querem se parecer influencia também na tomada de decisão e é um fator chave na mudança de estilo de vida ou aceitação de uma nova moda, por exemplo. Segundo Solomon (2011), os seres humanos, por serem indivíduos que precisam conviver em sociedade, sempre pertencem a vários grupos. Geralmente as pessoas procuram pertencer a algum grupo com a qual se assemelham e tomam atitudes com o intuito de conseguir 39 a aceitação do mesmo. Por este motivo são muito influenciadas pelos grupos de referência e frequentemente tomam suas decisões de compra baseadas na opinião destas pessoas. Sheth et al. (2001, p.165) destacam que os “grupos de referência são pessoas, grupos e instituições a que os indivíduos recorrem para uma orientação de seu próprio comportamento e valores, e dos quais esses indivíduos buscam aprovação”. Um grupo que é referência para uma pessoa não necessariamente será para outras, por exemplo, enquanto executivos de sucesso são referências para algumas pessoas, para outras, as celebridades é que irão influenciar na tomada de decisão de compra e consumo de determinados produtos e serviços. Blackwell et al. (2005) enfatizam que os grupos de referência podem ser formados por celebridades e atletas ou por pessoas com as quais os indivíduos se assemelham, como grupos musicais e times esportivos. Os autores também afirmam que os indivíduos podem pertencer a mais de um grupo e sofrer influência de vários deles. Solomon (2011) informa que há grupos ou indivíduos que exercem maior influência do que outros e afetam mais as decisões de compra. Os pais, por exemplo, exercem papel crucial na formação dos valores em relação a várias questões como o casamento ou qual universidade cursar. Este tipo de influência é denominado influência normativa, ou seja, o grupo de referência auxilia no estabelecimento e reforço de padrões essenciais de conduta. A influência comparativa é a que serve de parâmetro para atitudes ou comportamentos específicos, como decisões sobre marcas ou atividades. Segundo Schiffman e Kanuk (2009), os grupos normativos e os comparativos são muito importantes. Enquanto o primeiro influencia no desenvolvimento de um código básico de conduta, o segundo influencia na expressão de certas atitudes e do comportamento do consumidor. Conforme elucidado por Blackwell et al. (2005), existem vários tipos de grupos de referência. Os autores destacam os grupos primários e secundários, formais e informais, de associação formal, aspiracionais, dissociativos e virtuais. Os grupos de referência primários, geralmente, exercem maior influência e impacto nas pessoas, pois são aqueles com os quais os indivíduos interagem e cujas opiniões, crenças e comportamentos consideram importantes. Nos grupos secundários, o contato é esporádico e a influência no comportamento dos consumidores é menor. Os grupos formais são aqueles que possuem uma estrutura definida com regras e regulamentos por escrito. Os informais não possuem uma estrutura rígida e na maioria das vezes são baseadas em fatores sociais como, por exemplo, um grupo de amigos. Os grupos de associação formais são aqueles em que o indivíduo alega ser membro e é reconhecido pelo líder ou membros-chave como tal. A associação formal pode acontecer em grupos informais como a família ou formais como igrejas e associações comerciais. Os grupos aspiracionais são aqueles 40 com que os indivíduos querem se parecer e associar, enquanto os dissociativos são aqueles com que as pessoas tentam evitar parecer. Por fim, os autores destacam os grupos virtuais, criados com o advento da internet, como é o caso das salas de bate-papo. Além de entender os tipos de grupos é preciso conhecer as suas influências sobre os comportamentos, compras e estilo de vida das pessoas. São três os principais tipos de influências dos grupos: informacional, normativa e por identificação. A influência informacional ocorre quando um indivíduo procura uma pessoa para obter mais informações sobre determinado produto, por acreditar que ela conhece as características de desempenho do produto a ser adquirido. A influência normativa acontece quando a decisão de compra do indivíduo é influenciada pela vontade de atender as expectativas de outras pessoas. A influência por identificação, chamada também de influência da expressão de valor, ocorre quando o consumidor compra algo para se parecer com alguém ou grupo que admira e ao qual queira ser associado (SHETH et al., 2001; BLACKWELL et al., 2005; MOWEN; MINOR, 2003). Os líderes de opinião também exercem influência no comportamento de compra e consumo dos indivíduos por serem pessoas que conhecem sobre o produto, não representam os interesses de uma empresa e por isso são mais confiáveis, têm poder legítimo devido à sua posição social que, geralmente, é um pouco maior do que a pessoa que o procura, e muitas vezes são os primeiros a comprar o produto reduzindo o risco para aqueles que querem adquirilo. Além disso, eles compartilham tanto as experiências negativas quanto as positivas em relação a um produto. A influência de grupo pode ser transmitida aos indivíduos de várias formas, como a observação da forma como o outro se veste e se comporta. Uma das formas mais eficazes é a comunicação boca a boca que é transmitida de indivíduos para indivíduos. Por serem recomendações de pessoas que se conhece a confiança é maior do que se fosse transmitida por meios formais de marketing. A influência da opinião de outros pode ser mais poderosa do que as percepções individuais das pessoas. Por esse motivo, pode ser positiva ou prejudicial para os profissionais de marketing, já que conversas informais entre consumidores podem construir ou quebrar produtos e serviços (BLACKWELL et al., 2005; SOLOMON, 2011). 41 2.2.3.1.1.5 Fatores situacionais Segundo Blackwell et al. (2005), assim como os comportamentos, as situações mudam. Algumas vezes essas mudanças são inesperadas e imprevisíveis como uma demissão do emprego, alterando, assim, o comportamento de compra e consumo dos indivíduos. Os autores também evidenciam que os fatores situacionais afetam a cada indivíduo de forma particular e única. Solomon (2011) enfatiza que uma situação de consumo é definida não somente pelas características da pessoa ou do produto, mas por outros fatores situacionais que podem ser comportamentais (entreter os amigos) ou perceptíveis (sentir-se deprimido). O autor destaca que as pessoas adaptam suas compras a ocasiões específicas e a maneira como as pessoas se sentem altera suas formas de comprar e consumir. Por meio da identificação sistemática de importantes situações de uso, os profissionais de marketing podem segmentar os produtos e serviços de forma a satisfazer as necessidades advindas dessas situações. Para Mowen e Minor (2003), o estudo das situações é de fundamental importância para os gerentes, pois os produtos podem ser definidos pelas situações em que serão usados. De acordo com os autores são cinco os tipos de situações do consumidor: (i) o ambiente físico, (ii) o ambiente social, (iii) o tempo, (iv) a definição de tarefa e (v) os estados antecedentes. O ambiente físico é constituído pelos aspectos físicos e espaciais concretos do ambiente em que se dará o consumo. Fatores como cor, ruído, iluminação, clima, a disposição de objetos e pessoas, música ambiente, localização da loja e o layout podem influenciar o comportamento do consumidor. O ambiente social refere-se aos efeitos que outras pessoas geram sobre um consumidor durante uma situação de consumo. A ausência ou presença do fator tempo nas atividades de consumo influencia na estratégia empregada para buscar informações, selecionar e comprar o produto. A definição de tarefa pode ser compreendida como as razões que geram a necessidade para compra ou consumo de um produto ou serviço. A compra pode ser motivada por algum tipo de situação de troca de presentes como o natal, ou para satisfazer uma necessidade individual, como uma bebida para saciar a sede. Por fim, as pessoas podem efetuar compras ou consumir algo em função do seu estado de espírito temporário ou do estado fisiológico. Dependendo do estado de sono, fome, alegria ou tristeza do indivíduo, o seu comportamento de compra e consumo pode sofrer alterações. 42 2.2.3.1.2 Diferenças individuais Segundo Mowen e Minor (2003, p. 113), as variáveis relacionadas às diferenças individuais descrevem a forma como os indivíduos distinguem seus padrões de comportamento. De acordo com Blackwell et al. (2005, p. 88) são cinco as categorias de diferenças individuais que afetam o comportamento do consumidor: (i) demografia, psicografia, valores e personalidade; (ii) recursos do consumidor; (iii) motivação; (iv) conhecimento e; (v) atitudes. Cada categoria será descrita a seguir. 2.2.3.1.2.1 Demografia, psicografia, valores e personalidade A psicografia é composta pelas características dos indivíduos que as descrevem em termos de sua constituição psicológica e comportamental (SHETH et al., 2001, p. 344). Segundo Mowen e Minor (2003, p. 128) o termo psicografia refere-se à descrição das características psicológicas dos consumidores, ou seja, a investigação quantitativa do estilo de vida, personalidade e características demográficas do consumidor. A demografia é um dos fatores que caracterizam as diferenças individuais dos consumidores. A demografia pode ser definida como o tamanho, a estrutura e a distribuição da população (BLACKWELL et al., 2005, p. 196). Schiffman e Kanuk (2009, p. 37) definiram a demografia como estatísticas vitais e mensuráveis de uma população. Para Giglio (2010, p. 78) a demografia é a divisão dos grupos humanos em algumas variáveis mensuráveis como idade, sexo, estado civil, ocupação, renda, local de moradia, número de filhos, posição na família. Para Blackwell et al. (2005, p. 196), são duas as utilizações da demografia, a descrição de segmentos de mercado e a análise de tendências. Giglio (2010, p. 80) afirmou que, apesar da magnitude das variáveis demográficas, elas podem ser agrupadas em (i) características estruturais do corpo, (ii) funções do corpo, (iii) características socioeconômicas, (iv) características amplas/geográficas e (v) frequências e forma de uso. O grupo de características estruturais do corpo refere-se a dados como sexo, idade, altura, peso, cor da pele, cor dos olhos, medidas. As funções do corpo apresentam dados mais amplos, como a saúde e as doenças da população. O agrupamento de características socioeconômicas é composto pelas condições 43 financeiras e sociais das pessoas, como a renda, profissão, escolaridade, número de irmãos, posição social na família, hierarquia de gastos, religião e bens adquiridos. Já o estudo das variáveis da personalidade auxilia na previsão de tendências duradouras de adoção de tipos gerais de comportamento (MOWEN; MINOR, 2003, p. 114). Schiffman e Kanuk (2009, p. 84) definiram a personalidade como “as características psicológicas internas que determinam e refletem como uma pessoa reage a seu ambiente”. Allport (1927) definiu a personalidade como a organização dinâmica dos sistemas psicológicos determinantes do comportamento e pensamento do indivíduo. Braghirolli et al. (2002, p. 143) afirmaram que a personalidade pode ser compreendida como o “conjunto total de características próprias do indivíduo que, integradas, estabelecem a forma pela qual ele reage costumeiramente ao meio ambiente”. Karsaklian (2004, p. 46) afirmou que a personalidade é específica de cada indivíduo, estável e possibilita explicar determinadas ações. Para Carver e Connor-Smith (2010, p. 680) a personalidade é de fácil observação, porém sua definição é complexa. Schiffman e Kanuk (2009, p. 84) afirmaram que são três as principais teorias da personalidade: (i) a teoria freudiana, (ii) a teoria neofreudiana e (iii) a teoria dos traços. A teoria psicanalítica da personalidade (teoria freudiana) tem suas bases nos estudos de Sigmund Freud. Esta teoria apresenta a personalidade como uma luta ativa entre impulsos fisiológicos (como fome, sexo e agressão) e as pressões sociais para que sejam seguidas as leis, regras e códigos morais (MOWEN; MINOR, 2003, p. 115). Os autores afirmaram que Freud defendeu que as pessoas possuem consciência apenas de uma pequena parcela das forças que impulsionam o comportamento. Já na teoria neofreudiana os relacionamento sociais são colocados como fundamentais para a formação e o desenvolvimento da personalidade (SCHIFFMAN; KANUK, 2009, p. 86). Os autores apontaram que um dos principais trabalhos desenvolvidos com base na teoria neofreudiana é de Horney8, que propôs que os indivíduos fossem classificados em três grupos de personalidade: (i) submissos (aqueles que são induzidos pelos outros, que desejam ser amados, queridos e apreciados), (ii) agressivos (estão sempre contra os outros, desejam sobressair e conquistar admiração), (iii) desinteressados (aqueles que se afastam dos outros, desejam independência, autoconfiança, autossuficiência e individualismo ou ausência de obrigações). Finalmente, a teoria dos traços, diferentemente da teoria freudiana e neofreudiana, tem orientação quantitativa (SCHIFFMAN; KANUK, 2009, p. 86). Conforme Sheth et al. (2001, p. 8 HORNEY, Karen. The neurotic personality of four time. New York: Norton, 1937. 44 235) “um traço de personalidade é um modo de comportamento consistente e característico”. Esta concepção teórica possui maior preocupação em extrair dimensões úteis para a organização dos indivíduos, alguns exemplos são os traços de Guilford, Gordon, Eysen, Adorno, Taylor, Cattell e o Edwards Personality Preference Schedule (KARSAKLIAN, 2004, p. 44; SHETH et al., 2001, p. 236-237). Outra abordagem psicográfica para identificar as diferenças entre os consumidores é a avaliação do estilo de vida. O termo estilo de vida representa simplesmente o modo como o indivíduo vive (HAWKINS; BEST; CONEY, 1995). O estilo de vida pode ser definido como o conjunto de padrões nos quais as pessoas vivem, gastam o dinheiro e tempo, refletindo as atividades, os interesses e opiniões (AIOs) (ANDERSON; GOLDEN, 1984; SANDHUSEN, 2010). Kotler e Keller (2006) destacam que os indivíduos de uma mesma subcultura, classe social e ocupação podem ter estilos de vida diferentes. Para traçar os estilos de vida dos consumidores, foram desenvolvidos alguns instrumentos de avaliação. Segundo Mowen e Minor (2003, p. 129) um destes instrumentos mais utilizados é o VALS (diagrama de classificação de estilo de vida). O VALS foi constituído com base na hierarquia das necessidades de Maslow e no conceito de caráter social para, inicialmente, explicar a dinâmica das mudanças sociais (SCHIFFMAN; KANUK, 2009, p. 50). Os autores afirmam que, em 1989, o sistema VALS foi aprimorado para explicar especificamente o comportamento de compras do consumidor. Originou-se, então, o VALS 2, que divide a população em oito grupos baseados na sua autoidentidade (que pode ser orientada pelos princípios, status e ações) e em seus recursos (financeiros, materiais, físicos e psicológicos). Os oito grupos do VALS 2 são apresentados no QUADRO 3. QUADRO 3 - Descrição dos grupos de consumidores do VALS 2 Grupos de Consumidores Inovadores Pensadores Religiosos Descrição Altos recursos e foco em princípios e ação. Expressão ativa de bom gosto, independência e caráter. São líderes de mudança, são mais receptivos a novas ideias e tecnologias, são consumidores muito ativos, e suas compras refletem gostos voltados para o alto padrão. A imagem é importante para os inovadores como uma expressão do seu gosto, independência e personalidade. Possuem muitos recursos e foco em princípios, são motivados por ideais. Têm respeito moderado pelas instituições do status quo, são abertos a novas ideias e à mudança social. Apesar de a renda permitir muitas escolhas, eles são consumidores conservadores e práticos, olham para a durabilidade, valor e funcionalidade nos produtos que compram. São pessoas conservadoras, motivadas por ideais e com poucos recursos, mas suficientes para satisfazer a suas necessidades. Estes indivíduos possuem crenças concretas baseadas na tradição. São conservadores, tradicionais e moralistas, vivem um estilo de vida previsível ligado à família e à igreja e não são inovadores. Continua 45 QUADRO 3 - Descrição dos grupos de consumidores do VALS 2 (continuação) Grupos de Consumidores Descrição São pessoas motivadas pelo desejo de realização, possuem objetivos orientados para o estilo de vida e com um profundo compromisso com a carreira e a família. Estes indivíduos possuem recursos abundantes e foco em status. São bemRealizadores sucedidos, orientados pela carreira. Assumem riscos pequenos, respeitam a autoridade e o status quo. A imagem é importante para eles, que buscam produtos estabelecidos que carreguem significação de prestígio. Eles possuem poucos recursos e foco em status. Buscam motivação, autodefinição e estão preocupados com as opiniões e a aprovações dos outros. São amantes da Esforçados moda e da diversão, preferem produtos de estilo que imitam as compras das pessoas com maior riqueza material. Como consumidores, são tão impulsivos quanto suas condições financeiras permitirem. Possuem muitos recursos e foco na ação. Apreciam o que não é convencional, são pessoas jovens, ativas e impulsivas, que buscam estímulos em coisas novas, Experimentadores incomuns e arriscadas. São ávidos consumidores e gastam um volume relativamente alto da renda em moda, entretenimento e socialização. Poucos recursos e foco na ação prática. Vivem em um contexto tradicional de família, trabalho prático, e recreação física, têm pouco interesse no que está fora Executores desse contexto. Eles preferem valor ao luxo, preferem produtos que possuem um propósito prático ou funcional. São indivíduos pobres, com pouco estudo, possuem recursos reduzidos e priorizam a sobrevivência a cada momento. Suas principais preocupações referem-se à Sobreviventes segurança, representam um mercado modesto e cauteloso, entretanto são leais a suas marcas favoritas. Fonte: Mowen e Minor (2003, p. 131), Sheth, Mittal e Newman (2001, p. 353) e Schiffman e Kanuk (2009, p. 52). Outra escala utilizada em substituição ao VALS e VALS 2 é a LOV (Lista de Valores) que, apesar de não ser especificamente psicográfica, é adotada por pesquisadores em função da disponibilidade de acesso (MOWEN; MINOR, 2003, p. 130). Segundo Rokeach (1968) os valores podem ser compreendidos como crenças que direcionam ações e julgamentos por meio de objetivos e situações específicas. A LOV identifica nove segmentos de consumidores baseados nos valores que defendem, relacionando cada valor a diferenças em suas maneiras de consumidor (SOLOMON, 2011). A LOV foi utilizada por Homer e Kahle (1988), que estudaram o setor de alimentação, e identificaram três dimensões dos valores (valores externos, internos e diversão/excitação). Já Leão e Souza Neto (2003), ao estudarem diferentes setores (moda, avião e supermercados) no mercado brasileiro, identificaram duas dimensões para os valores do LOV (valores do superego e valores do id). O QUADRO 4 apresenta os valores da escala LOV distribuídos nas dimensões de Homer e Kahle (1988) e Leão e Souza Neto (2003). 46 QUADRO 4 - Lista de Valores Valores Dimensões de Homer e Kahle Dimensões de Leão e Neto Autorrespeito Interno Sentimento de realização Interno Valores do superego Segurança Externo Ser bem respeitado Externo Autorrealização Interno Relações calorosas Externo Valores do id Sentimento de pertencer Externo Diversão e prazer Diversão/Excitação Excitação Diversão/Excitação Fonte: Adaptado de Homer e Kahle (1988), Mowen e Minor (2003, p. 131) e Leão e Souza Neto (2003). 2.2.3.1.2.2 Recursos do consumidor Sheth et al. (2001, p. 352) afirmam que “os recursos referem-se à toda a gama de meios e capacidades psicológicas, físicas, demográficas e materiais”. Segundo Blackwell et al. (2005, p. 88), os indivíduos possuem três recursos primários em cada situação de tomada de decisão: (1) tempo, (2) dinheiro e (3) recepção de informação e capacidade de processamento (atenção). Desta forma, os autores argumentam que os produtos podem ser vistos como tendo preços econômicos, temporais e cognitivos que os consumidores têm de pagar durante o processo de compra. Segundo Kotler e Armstrong (2007, p. 120) a situação financeira do consumidor afeta a sua escolha por produtos. Os autores argumentam, ainda, ser necessário compreender as tendências relativas à renda pessoal, à poupança e às taxas de juros para ajustar e posicionar os produtos de forma adequada. Katona9 (1994, apud Sheth et al., 2001, p. 129) classificou as despesas domésticas em dois tipos, despesas necessárias e despesas opcionais. De acordo com o autor, as despesas necessárias estão relacionadas à compra de produtos ou serviços indispensáveis à sobrevivência mínima, enquanto as despesas opcionais referem-se às compras que tornam a vida física ou psicologicamente mais aconchegada, ou seja, o que vai além da sobrevivência. As despesas necessárias são representadas por produtos, em geral, relacionados à alimentação e vestuário, já exemplos de despesas opcionais são o consumo de bens duráveis como eletrodomésticos. Alguns estudos demonstram que, à medida que os consumidores recebem mais dinheiro, tornam-se mais ocupados e aumenta o valor do tempo (BLACKWELL 9 KATONA, George. Consumer saving pattern. Journal of Consumer Research, n. 1, v. 1, p. 1-12, jun. 1994. 47 et al., 2005, p. 156). O tempo vem tornando-se um recurso limitado, o termo vida líquida, cunhado por Bauman (2005, p. 7), reflete a limitação do tempo na sociedade líquido-moderna. De acordo com o autor, os indivíduos mudam num tempo mais curto do que aquele necessário para a consolidação dos hábitos e rotinas, das formas de agir. Giddens (2002, p. 22), entretanto, indica que todas as culturas tiveram ou têm de lidar com o tempo de alguma forma e situar-se espacialmente. Nas sociedades os indivíduos têm sentido de futuro, presente e passado, possuindo alguma espécie de marco espacial padronizado que indica a consciência especial de lugar (GIDDENS, 2002). Conforme Blackwell et al. (2005, p. 156), o tempo pode ser dividido em três blocos: (i) tempo pago, (ii) tempo obrigatório e (iii) tempo discricionário. Segundo os autores, o tempo discricionário é aquele relacionado ao lazer, em que “os indivíduos não têm obrigação ou compromisso econômico, legal, social, moral ou físico”. O tempo obrigatório, ou não discricionário, inclui as obrigações físicas (sono, cuidados pessoais e etc.), sociais e morais. Finalmente, o tempo pago, é aquele relacionado às ocupações do trabalho (VOSS10, 1967 apud Blackwell et al., 2005, p. 156). O terceiro recurso do consumidor é a recepção de informação e capacidade de processamento (atenção), ou recurso cognitivo. De acordo com Blackwell et al. (2005, p. 158), estes recursos representam “a capacidade mental disponível para tomar para si várias atividades de processamento de informação”. Para Mowen e Minor (2003, p. 52), os profissionais de marketing devem fazer com que os consumidores prestem atenção à informação. Mowen e Minor (2003, p. 52) definem a atenção como a capacidade cognitiva direcionada a um estímulo de forma consciente. Portanto, obter a atenção dos indivíduos é uma tarefa primordial para os profissionais de marketing, uma vez que os consumidores recebem diversos estímulos que competem por sua limitada capacidade (BLACKWELL et al., 2005, p. 158). 2.2.3.1.2.3 Motivação e envolvimento A palavra motivação tem origem no latim movere, que significa mover. De acordo com Bergamini (1997, p. 31), “essa origem da palavra encerra a noção de dinâmica ou de ação que é a principal tônica dessa função particular da vida psíquica”. De acordo com Hilgard, Atkinson 10 VOSS, J. The definition of leisure. Journal of Economic Issues, v. 1, n. 1, p. 91-106, jun. 1967. 48 e Atkinson11 (1975 apud Mowen e Minor, 2003, p. 90), a motivação é “um estado alterado de uma pessoa, o qual conduz a um comportamento voltado a um objeto”. Para Schiffman e Kanuk (2009, p. 79), a motivação é uma “força impulsionadora dos indivíduos que os impele à ação”, e é gerada por um estado de tensão desconfortável, resultante de uma necessidade insatisfeita. Mowen e Minor (2003, p. 90) afirmam que a motivação é constituída de necessidades, sentimentos e desejos que regem os indivíduos a esse comportamento, começa com um estímulo que impulsiona o reconhecimento da necessidade. Para Karsaklian (2004, p. 24), o estudo da motivação é essencialmente realizado sob a ótica psicanalítica. A autora cita Freud, que defende que duas energias antagônicas determinam os comportamentos humanos: os instintos de vida (Eros) relacionados à atividade sexual e os instintos de morte (Thanatos) expressos pela agressividade e a tendência à destruição. Vários pesquisadores estudaram as motivações humanas para compreender e explicar como elas orientam o comportamento humano. De acordo com Karsaklian (2004, p. 26-34), são quatro as principais teorias da motivação. A primeira teoria indicada pela autora é o Behaviorista, que propõe um estudo objetivo do homem, determinando que a única fonte do comportamento humano é o comportamento observável. O behaviorismo estuda os inputs e os outputs sem interesse pelos processos do indivíduo. A escola behaviorista conta com os estudos de Watson, Guthrie, Hull e Skinner. O ponto central da motivação é o conceito de impulso (força que impele à ação, atribuível às necessidades primárias), por meio dele, o organismo é levado à ação, e os hábitos são constituídos como forma de resposta ao esforço para reduzi-lo (KARSAKLIAN, 2004). A segunda teoria indicada pela autora é a cognitivista, que considera os processos internos do indivíduo, que preveem implicações de seu comportamento por meio de informações que adquiriu e elaborou com suas experiências. No cognitivismo, acredita-se que as opções realizadas pelas pessoas entre alternativas de ação dependem do grau relativo que têm as forças atuantes sobre o indivíduo. Alguns autores desta escola são Kurt Lewin e Festinger. Outra teoria da motivação é a Psicanalítica, que compreende que o comportamento humano é determinado basicamente pela motivação inconsciente e pelos impulsos instintivos, portanto, a tendência de comportamento mais forte não é necessariamente aquela que a pessoa decide que é a melhor para ela. Os instintos foram classificados como instintos de vida (relacionados à autoconservação como a fome e o sexo) e instinto de morte (comportamentos destrutivos como a agressão). Na escola psicanalítica, a motivação do comportamento é proveniente do inconsciente e o comportamento é resultante da interação conflituosa, ou não, dos três sistemas 11 HILGARD, Ernest; ATKINSON, Richard; ATKINSON, Rita. Introduction to psychology. 6. ed. New York: Harcourt Brace Jovanovich, 1975. 49 psíquicos (id, ego, superego). A teoria psicanalítica possui como fundador Sigmund Freud e outros autores como Ernest Dichter (KARSAKLIAN, 2004). A última teoria apontada pela autora é a Humanista, que propõe que o homem não se limita à sua fisiologia, nem é um respondente mecânico ou cognitivo a estímulos ou a batalhas para impulsos e agressões. O humanismo defende que o organismo é motivado, por meio de necessidades internas ou externas, que podem estar manifestas no nível psicológico ou fisiológico. Os principais autores do movimento humanista são Maslow e Rogers. Algumas pesquisas foram desenvolvidas com foco específico de compreender as motivações para o consumo de café. Dentre os benefícios apontados, Alves, Casal e Oliveira (2009) identificaram que o café é uma das bebidas mais apreciadas em todo mundo por suas inúmeras características percebidas pelos consumidores, assim como seus efeitos estimulantes. São muitos os autores que defendem e explicam que esta característica estimulante tem como fundamento as substâncias químicas existentes no café, que proporcionam estímulos ao sistema nervoso (TRUGO; NOGUEIRA, 2003; BRENELLI, 2003; SMITH et al., 1999). Lima (2003) indicou outros benefícios no consumo do café, afirmou que o consumo em quantidades moderadas estimula a memória, atenção e concentração, de forma a melhorar a atividade intelectual. Em testes realizados em seus estudos Smith et al. (2003), constataram que as pessoas que consumiam café tinham melhor desempenho na codificação de novas informações, apresentavam melhor memória espacial e sentiam-se mais calmos. De acordo com Mccusker, Goldberger, Cone (2003), o café é considerado a principal fonte de cafeína, e esta substância quando presente em quantidades significativas produz efeitos positivos na memória, aumentando a capacidade física, metal e o estado de alerta (SMITH ET. AL., 1999; DÓREA; COSTA, 2005; ALVES et al., 2009; LIMA, 1995; LIMA, 2000). Outros estudos, com foco na saúde, destacam benefícios motivadores do consumo desse produto. Lima (2000) destacou em estudos que o café possui substâncias que podem ajudar a prevenir a depressão12 e suas consequências, como o consumo de drogas e álcool, pois causa um bloqueio sobre a autogratificação que leva o indivíduo a esse comportamento. Para obter este benefício é indicado o consumo diário de 4 xícaras de café (LIMA, 2003; LUCAS et al., 2011). Freedman et al.13 (2012, apud Stokel, 2012, p. 56), por sua vez, realizou uma pesquisa 12 A depressão é uma doença crônica e recorrente que afeta duas vezes mais mulheres do que homens e a identificação de fatores de risco para o seu desenvolvimento de novas estratégias de prevenção é uma prioridade de saúde pública (LUCAS et al., 2011). 13 FREEDMAN, N. D.; PARK, Y.; ABNET, C. C.; HOLLENBECK, A. R.; SINHA, R. Association of coffee drinking with total and cause-specific mortality. New England Journal of Medicine, v. 366, n. 20, p. 1891-1904, maio 2012. 50 com duração de 13 anos e acompanhou 5,15 milhões de pessoas por ano, um estudo de alto poder estatístico, concluindo que existe uma forte associação entre o consumo de café e a redução de mortalidade. Stokel (2012, p. 75), explicou que o café reduz o risco de mortalidade ao prevenir doenças cardíacas e pulmonares, acidentes vasculares cerebrais, diabetes e infecções. Outros benefícios do café relacionados à saúde são o alto teor de radicais livres14, o combate aos antioxidantes15 (DÓREA; COSTA, 2005; CARLSEN et al., 2010), a prevenção do mal de Parkinson (HU et al., 2007), do câncer de próstata (STOKLE, 2012; YU et al., 2011), a prevenção de diabetes do tipo 216 (ROSENGREN et al., 2004; VAN DAM; HU, 2005, p. 103; SALAZAR-MARTINEZ et al., 2004) e do câncer de colo do útero (YU et al., 2011; TAVANI et al., 1997). Da mesma forma que se torna indispensável o entendimento dos benefícios percebidos pelos consumidores de café, faz-se importante o entendimento dos seus malefícios. Um dos principais prejuízos percebidos no consumo da bebida é que, quando administrada em doses maiores, produz excitação, ansiedade, insônia, cefaleia, irritabilidade, tremores, náuseas e diarreia (GUERRA; BERNARDO; GUITIÉRREZ, 2000; LIMA, 2000; LIMA, 2001). Felipe et al. (2005), são concordes ao afirmarem que doses elevadas de café podem causar sinais perceptíveis de indução a erros em tarefas intelectuais, ansiedade, nervosismo, tremores musculares e confusão mental. As autoras, ao citarem Juliano e Griffiths 17 (2004), indicaram ainda que a suspensão súbita da ingestão de cafeína pode causar fadiga, ansiedade, depressão, náuseas, vômitos, cefaleia e diminuição da concentração. Já Keiver et al.18 (1997 apud Froes, Pereira e Negreli, 2002) afirmaram que o uso de cafeína apresenta indícios de influência da densidade óssea, causando osteoporose. Os autores apontam que o consumo diário de mais de duas xícaras de café produz este efeito a longo prazo. Dentre outros malefícios encontram-se o aumento da pressão arterial causado pelo consumo exagerado (CAETANO et al., 2008), dependência e queimações no estômago (ALVES et al., 2009). O consumo também está relacionado ao envolvimento dos indivíduos com os produtos e marcas. Para Sheth et al. (2001, p. 343), o envolvimento é um termo utilizado para definir o 14 Os radicais livres são moléculas liberadas por meio metabolismo com elétrons instáveis e reativos, que podem levar a doenças degenerativas de envelhecimento e morte celular (SINHORINI, 2010). 15 Os antioxidantes são substâncias que ajudam a reduzir os efeitos do estresse e da falta de oxigênio, formando complexos que atenuam as reações produtoras de radicais livres (CÓRDOVA; NAVAS, 2000). 16 A diabetes tipo 2 é uma doença crônica associada a altas taxas de morbidade e mortalidade prematura (VAN DAM; HU, 2005, p. 97). 17 JULIANO, L. M.; GRIFFITHS, R. R. A critical review of caffeine withdrawal: empirical validation of symptoms and signs, incidence, severity, and associated features. Psychopharmacology, v. 176, n. 1, p. 1-29, out. 2004. 18 KEIVER, K.; ELLIS, L.; ANZARUT, A.; WEINBERG, J. Effect of prenatal ethanol exposure on fetal calcium metabolism. Alcoholism: Clinical and Experimental Research, v.21, n. 9, p.1612-1618, dez. 1997. 51 grau de importância que os indivíduos atribuem a um objeto, produto ou serviço para um cliente19. Mowen e Minor (2003, p. 45), ao estudarem especificamente o envolvimento do consumidor, afirmaram que este é definido como a importância percebida ou o interesse pessoal em relação à conquista, ao consumo e à disposição de uma mercadoria, serviço ou ideia. Segundo Sheth et al. (2001, p. 343), são dois os tipos de envolvimentos presentes na literatura, (i) envolvimento duradouro e (ii) envolvimento situacional. O primeiro tipo de envolvimento representa o interesse do cliente por um produto ou serviço em uma base regular. Já o envolvimento situacional refere-se ao interesse em uma situação específica. Para mensurar o envolvimento do consumidor no mercado brasileiro, Fonseca e Rossi (1998, p. 11), adaptaram a escala de Jain e Srinivasan (1990) por meio do método de tradução reversa. A escala resultante do trabalho de Fonseca e Rossi (1998, p. 11) é apresentada no QUADRO 5. QUADRO 5 - Escala de envolvimento para aplicação no Brasil Itens essencial - não essencial* benéfico - não benéfico* desnecessário – necessário eu não acho prazeroso - eu acho prazeroso não emocionante – emocionante divertido - não divertido* fala aos outros sobre mim (é a minha cara) - não fala aos outros sobre mim (não é a minha cara)* serve para os outros me julgarem - os outros não o usariam para me julgar* não passa uma imagem de mim para os outros - passa uma imagem de mim para os outros é realmente irritante fazer uma compra inadequada - não é irritante fazer uma compra inadequada* uma escolha ruim não seria um transtorno - uma escolha ruim seria um transtorno pouco a perder por escolher mal - muito a perder por escolher mal ao comprá-lo, estou certo (a) da minha escolha - ao comprá-lo, não estou certo(a) da minha escolha nunca sei se estou fazendo a compra certa - eu tenho certeza de estar fazendo a compra certa* eu me sinto um pouco perdido(a) ao escolher isto - eu não me sinto perdido(a) ao escolher isto* * Nota: itens dispostos inversamente. Fonte: Adaptado de Fonseca e Rossi (1998). 19 Fator Relevância Relevância Relevância Prazer Prazer Prazer Simbólico Simbólico Simbólico Importância de risco Importância de risco Importância de risco Probabilidade de risco Probabilidade de risco Probabilidade de risco Sheth, Mittal e Newman utilizam em seus textos o termo cliente em substituição a consumidor, por entenderem que desta forma ampliam o foco de análise, aplicando-se também ao mercado industrial. Com o termo cliente, os autores referem-se, ainda, aos indivíduos que compram, consumem e pagam pelo produto ou serviço, representando assim, em um único conceito, os diferentes papéis possíveis de serem desempenhados (SHETH et al., 2001). 52 2.2.3.1.2.4 Conhecimento Segundo Blackwell et al. (2005, p. 88), o conhecimento, no contexto do comportamento do consumidor, pode ser definido como o conjunto de informações guardadas na memória sobre a disponibilidade, características, onde comprar, quando comprar e como utilizar produtos e serviços. Alba e Hutchinson20 (1987 apud Mowen e Minor, 2003, p. 71) definem o conhecimento do consumidor como a posse de experiências e informações relativas a determinados produtos ou serviços. O conhecimento dos indivíduos influencia fortemente como as decisões são tomadas e pode determinar a escolha final (BLACKWELL et al., 2005, p. 270). Mowen e Minor (2003, p. 71) afirmam que, quanto maior o conhecimento do consumidor, maior será o número de dimensões e distinções na consideração entre alternativas. Segundo os autores, o aumento do conhecimento dos consumidores torna-os mais organizados, eficientes e precisos no processamento de informações sobre os produtos ou serviços conhecidos. Para Blackwell et al. (2005, p. 270), são cinco os tipos de conhecimento dos consumidores. O primeiro tipo é o da existência do produto: este conhecimento é essencial para que os consumidores possam incluir os produtos, ou marcas, na formação do conjunto de alternativas a serem avaliadas na pré-compra. O segundo tipo de conhecimento é o relativo aos atributos e associações do produto, em que os consumidores, geralmente, identificam características físicas do produto, assim como benefícios, sentimentos, símbolos e pessoas e, por meio de associações, estabelecem a imagem do produto ou marca. Outro tipo de conhecimento indicado por Blackwell et al. (2005) é o da compra que refere-se ao conhecimento do consumidor sobre o preço do produto, o momento mais adequado para a compra e onde comprar. Existe ainda o conhecimento de consumo e uso, que refere-se às informações da memória, de como um produto pode ser consumido e o que é necessário para utilizá-lo. O último tipo de conhecimento apontado pelos autores é o conhecimento da persuasão, que está relacionado à identificação, por parte do consumidor, dos objetivos e táticas utilizadas para persuadi-los. Já Mowen e Minor (2003, p. 71) classificam os conhecimentos dos consumidores em três tipos. O primeiro tipo é o objetivo, no qual a informação correta de um tipo de produto fica armazenada na memória permanente, ou seja, é o quanto os consumidores sabem do produto. 20 ALBA, Joseph W.; HUTCHINSON, J. Wesly. Dimensions of consumer expertise. The Journal of Consumer Research, v. 13, n. 4, p.411-454, mar. 1987. 53 O segundo tipo de classificação do conhecimento proposto pelos autores é o subjetivo, no qual, a percepção do consumidor sobre o seu conhecimento do produto, ou seja, é o quanto os consumidores pensam saber do produto. Por fim, os autores indicaram a existência do conhecimento sobre informações de outras pessoas, é o conhecimento sobre quais pessoas têm conhecimento do produto. 2.2.3.1.2.5 Atitudes O conceito de atitudes foi cunhado inicialmente por Allport (1935), sendo considerado um dos mais importantes no estudo do comportamento do consumidor e da psicologia social. Segundo o autor, a atitude é “um estado mental e neural de prontidão, organizado através da experiência, exercendo uma influência direta ou dinâmica da resposta do indivíduo para todos os objetos e situações que lhe são conexos” (ALLPORT, 1935, p. 784 apud KROSNICK; JUDD; WITTENBRINK, 2005, p. 22). A atitude resulta de uma experiência direta com o produto, informações adquiridas de outras pessoas ou da exposição a propagandas devido ao fato de ser uma predisposição aprendida (GIRALD; MACHADO NETO; SANTOS, 2005). Com base no pioneiro trabalho de Fishbein 21 (1963) e aprimoramentos posteriores, as atitudes são vistas como avaliações baseadas em três componentes de crenças sobre o objeto atitude (sentimentos afetivos, comportamentais e intenções) que, por sua vez, influenciam três modos de resposta, as cognitivas, as afetivas e as comportamentais (ZANNA, 1990). Sheth et al. (2001) afirmam que as crenças são a base para formação das atitudes e estão na mente das pessoas, além de serem aprendidas por meio de exposição a informações, produzindo, assim, respostas conscientes. Bennett e Kassarjian (1975, p. 103) argumentam que as atitudes são compostas por três componentes, um cognitivo, um afetivo e outro componente conativo. O primeiro componente é o cognitivo, que “consiste no conjunto de crenças do indivíduo sobre o objeto” (BENNETT; KASSARJIAN, 1975, p. 104; SOLOMON, 2011). As crenças, de acordo com Mowen e Minor (2003, p. 141) são constituídas pelo conhecimento e as conclusões do consumidor sobre os objetos, seus atributos e os benefícios que eles proporcionam. Sheth et al. (2001, p. 368) afirmam que existem três tipos de crenças: (i) as descritivas, que vinculam uma pessoa ou objeto a uma qualidade ou resultado; (ii) as avaliativas, que relacionam um objeto a 21 FISHBEIN, Martin. An investigation of the relationships between beliefs about an object and the attitude toward that object. Human Relations, v. 16, n.1, p. 233-239, 1963. 54 preferências, apreciações e percepções pessoais e; (iii) as normativas, que acarretam em juízos éticos e morais para os atos dos indivíduos. Conforme Bennett e Kassarjian (1975, p. 104), o segundo componente da atitude é o afetivo, ou componente de sentimentos, relaciona-se às emoções ligadas ao objeto (bom/mau, amor/ódio, positivo/negativo, gosta/não gosta). O afeto refere-se à forma como que o consumidor se sente em relação a um objeto (SOLOMON, 2011). Finalmente, o terceiro componente da atitude é o conativo, ou ação. Para Sheth et al. (2001, p. 369), resume-se a uma ação desejada por um indivíduo em relação a um objeto. Schiffman e Kanuk (2009, p. 173) corroboram com esta definição ao argumentarem que a conação é a probabilidade ou tendência de uma ação, ou comportamento específico, empreendido por um indivíduo em relação ao objeto da atitude. Assim como as atitudes são compostas de três componentes, existem três diferentes formas destes se relacionarem, estabelecendo assim a hierarquia nas atitudes, ou seja, a sequência de ocorrência dos componentes da atitude (SHETH et al., 2001, p. 370). A FIG. 6 apresenta as três hierarquias na atitude. FIGURA 6: Hierarquia nas Atitudes - Aprendizado, Emoção e Baixo Envolvimento I APRENDIZADO Cognição (pensamento) Afeto (sentimento) Conação (ações) II EMOÇÃO Afeto (sentimentos) Conação (ações) Cognição (pensamentos) Conação (ações) Afeto (sentimento) Cognição (pensamentos) BAIXO III ENVOLVIMENTO Fonte: Adaptado de Sheth et al. (2001, p. 370-371). No primeiro tipo de hierarquia, a de aprendizado, as cognições são o primeiro componente a ser processado, seguido do afeto e da ação. Nesta hierarquia as pessoas primeiramente pensam, posteriormente sentem e por último agem (SHETH et al., 2001, p. 370). Conforme os autores, o segundo tipo, a hierarquia emocional, tem a sequência afeto, ação e cognição, ou seja, as pessoas utilizam suas emoções para escolher ou evitar um objeto e por fim com a experiência do uso aprendem sobre ele. Finalmente, no tipo de hierarquia de baixo envolvimento, as pessoas tomam ações sobre o objeto para posteriormente sentir e pensar (SHETH et al., 2001, p. 371). 55 Para Kartz22 (1960 apud Mowen e Minor, 2003, p. 142), as atitudes podem exercer quatro funções para os consumidores: (i) função utilitária: os indivíduos expressam sentimentos para maximizar as compensações e minimizar as punições recebidas de terceiros; (ii) função de defesa do ego: protegem os indivíduos de verdades a respeito de si mesmos ou fatos desagradáveis do mundo; (iii) função de conhecimento: servem como diretrizes para simplificar a tomada de decisão; (iv) função de valor: os consumidores podem expressar seus valores centrais e o “conceito do eu” perante os outros. 2.3.3.1.3 Processos psicológicos Para um completo entendimento das influências do comportamento do consumidor deve-se ter a compreensão dos processos psicológicos que o cercam (BLACKWELL et al., 2005, p. 89). Este subitem irá abordar os processos psicológicos básicos: (i) o processamento da informação; (ii) a aprendizagem e; (iii) a mudança de comportamento e de atitude. 2.3.3.1.3.1 Processamento da Informação Segundo Blackwell et al. (2005, p. 89) os estudiosos do marketing têm interesse sobre como os indivíduos recebem, processam e fornecem sentido às comunicações mercadológicas. O processamento da informação que ocorre na mente dos indivíduos está relacionado à capacidade cognitiva e à complexidade das informações a serem processadas. Segundo Schiffman e Kanuk (2009, p. 153), os consumidores processam as informações dos produtos por meio dos atributos, comparações entre as marcas ou combinações destes fatores. McGuire (1976), ao avaliar o processamento de informação, argumentou que a divisão em etapas é relativamente arbitrária, entretanto, necessária para tornar possíveis esquemas de análises. Desta forma, o autor dividiu o processamento de informações em oito etapas. A primeira etapa é a exposição, na qual o consumidor deve receber a informação e comunicação persuasiva para ativar os sentidos (BLACKWELL et al., 2005, p. 78). Segundo McGuire (1976, 22 KARTZ, Daniel. The functional approach to attitudes. Public Opinion Quarterly, v. 24, n. 1, p. 163-204, 1960. 56 p. 303) esta etapa trata dos hábitos da pessoa, que determinam o tipo de informação a que ela será exposta. A segunda etapa é a atenção (percepção), em que, segundo Blackwell et al. (2005, p. 78), ocorre a alocação da capacidade de armazenamento e processamento da informação. A atenção atribuída a determinadas mensagens é resultado da relevância da informação para o indivíduo. Para Sheth et al. (2001, p .286) a atenção “é o processo pelo qual um indivíduo seleciona, organiza e interpreta a informação que recebe do ambiente”. A terceira etapa é a compreensão, estágio em que a mensagem é analisada com as categorias de sentido arquivadas na memória do indivíduo (MCGUIRE, 1976, p. 303; BLACKWELL et al., 2005, p. 79). O quarto estágio é a aceitação (concordância), em que as mensagens compreendidas podem provocar resultados inaceitáveis e serem descartadas, ou não, e serem aceitas. As mensagens aceitas podem gerar mudanças nas crenças ou atitudes existentes (MCGUIRE, 1976, p. 303; BLACKWELL et al., 2005, p. 79). O quinto estágio é a retenção, momento em que ocorre a persuasão e uma nova informação é aceita e guardada na memória para um acesso futuro (MCGUIRE, 1976, p. 303; BLACKWELL et al., 2005, p. 79). Na sexta etapa, a recuperação, o consumidor recupera do sistema cognitivo as informações para a decisão, no momento em que for executá-la (MCGUIRE, 1976, p. 303). O sétimo passo do processamento de informações é a tomada de decisão, que ocorre com base na informação recuperada e envolve a escolha e a integração do material recuperado (MCGUIRE, 1976, p. 303). Finalmente, o último passo é o cumprimento da decisão, neste estágio, são tomadas medidas para cumprir a decisão, presumivelmente sobre a compra (MCGUIRE, 1976, p. 303). Schiffman e Kanuk (2009, p. 153) destacam que os indivíduos diferem quanto à capacidade de formar imagens mentais, e essas diferenças influenciam a capacidade de lembrar informações. Assim, os autores indicam que a maior experiência do consumidor com uma categoria de produtos torna maior a capacidade de fazer o uso de informações sobre os produtos. 2.3.3.1.3.2 Aprendizagem O entendimento do comportamento de consumo aprendido auxilia na explicação de que gostos e preferências não podem ser considerados estáticos, assim como preconizado na teoria econômica (BENNET; KASSARJIAN, 1975, p. 43). Karsaklian (2004, p. 83) completa que a contribuição da aprendizagem reside no entendimento do como os indivíduos desenvolvem a compreensão do ambiente e a aplicam aos diversos atos de consumo. 57 O aprendizado é base do comportamento humano e envolve teorias potencialmente conflitantes, sustentando assim a dificuldade de uma definição precisa (BENNET; KASSARJIAN, 1975, p. 42). Para Bennet e Kassarjian (1975, p. 43), o aprendizado ultrapassa a fronteira dos fatos ou habilidades aprendidas, significa mais do que somente os atos abertos do indivíduo, que podem ser observados. Segundo os autores, o aprendizado inclui mudanças no comportamento verbal que podem indicar alterações mais fundamentais em atitudes, motivos ou até personalidade. Segundo Schiffman e Kanuk (2009, p. 142), a aprendizagem pode ser entendida como “o processo pelo qual os indivíduos adquirem o conhecimento e a experiência das compras e do consumo que aplicam ao comportamento futuro relacionado a isso”. De acordo com Karsaklian (2004, p. 81), pode-se entender por aprendizagem “uma definição relativamente durável do comportamento em virtude da experiência passada”. Bennet e Kassarjian (1975, p. 43) apontaram a existência de duas escolas que abordam as teorias do aprendizado de forma conflitante. As teorias da aprendizagem das duas principais escolas são apresentadas na FIG. 7. FIGURA 7: Escolas e teorias da aprendizagem Teorias da aprendizagem Escola Cognitivista Escola Behaviorista Condicionamento Clássico Condicionamento Instrumental Aprendizagem Intuitiva Aprendizagem Associativa Fonte: Karsaklian (2004, p. 83). A primeira escola, behaviorista, defende que o aprendizado é resultado dos hábitos, ou elos entre estímulos e respostas particulares (BENNET; KASSARJIAN, 1975, p. 44; SOLOMON, 2011). Suas principais teorias são o condicionamento clássico e o instrumental. A primeira teoria, o condicionamento clássico, é reconhecida pelas experiências de Ivan Pavlov, em que é realizado um condicionamento por meio de um processo de associação entre dois estímulos que permite a um deles, após repetições, adquirir a capacidade de provocar a resposta que o outro sozinho não poderia desencadear (KARSAKLIAN, 2004, p. 85). A segunda teoria do behaviorismo, o condicionamento instrumental, ocorre quando o consumidor memoriza 58 comportamentos com consequências positivas e descarta os demais (KARSAKLIAN, 2004, p. 87). Para Sheth et al. (2001, p. 301), por meio do condicionamento instrumental as pessoas aprendem a responder de maneira específica por serem compensatórias, ou seja, é obtida uma recompensa. Estes princípios do condicionamento instrumental foram elaborados inicialmente por Burrhus Frederic Skinner (KARSAKLIAN, 2004, p. 87). A segunda escola, a cognitiva, defende que os indivíduos aprendem as estruturas cognitivas (BENNET; KASSARJIAN, 1975, p. 44). Segundo Mowen e Minor (2003, p. 72) a aprendizagem cognitiva “é o processo responsável pelo modo como as pessoas estabelecem associações entre conceitos, memorizam sequências de conceitos (por exemplo, aprender o conteúdo de uma lista), resolvem problemas e têm ideias”. Karsaklian (2004, p. 90) afirmou que no cognitivismo a aprendizagem não é automática, mas um processo de criação sustentado por formulação de hipóteses e avaliação de resultados. São duas as teorias de aprendizagem cognitivista. Uma destas teorias é da aprendizagem intuitiva, em que o indivíduo descobre repentinamente, sem utilização de tentativas e erros, a solução para um problema (KARSAKLIAN, 2004, p. 91). A autora afirmou ainda que um dos primeiros trabalhos desta teoria foi de Kohler (1930) com chimpanzés que aprenderam a empilhar caixas, nas quais subiam para pegar uma banana. A outra teoria cognitivista relacionada é a aprendizagem associativa. Esta teoria tem como fundamento que os indivíduos recorrem a experiências passadas para aplicação em novas situações, resultando no “desenvolvimento de um sistema conceitual completo e generalizável, bem como o estabelecimento de uma categorização interna que possibilita a distinção das diferenças e das semelhanças” (KARSAKLIAN, 2004, p. 91). Conforme Bennet e Kassarjian (1975, p. 44), os estudiosos do comportamento devem ser ecléticos quanto à definição de posicionamento teórico, uma vez que cada escola pode ser mais adequada em situações específicas em detrimento a outras. 2.3.3.1.3.3 Mudança de comportamento e de atitude Segundo Sheth et al. (2001, p. 373), o ato de moldar uma atitude refere-se à formação de atitudes inexistentes, assim como a mudança de atitudes preexistentes. De acordo com Hawkins, Mothersbaugh e Best (2007), as modificações nas atitudes podem ocorrer de diversas formas, por meio da alteração dos seus três componentes: (i) cognitivo, (ii) afetivo e (iii) conativo. De forma complementar, deve-se ressaltar que os três 59 componentes da atitude são interdependentes e mutuamente influenciados (HAWKINS et al., 2007; SHETH et al., 2001, p. 372). Esta afirmação sustenta que a mudança em um dos componentes da atitude gera alterações em todos os demais aspectos. A mudança no componente cognitivo ocorre com uma associação do produto a uma determinada propriedade, uma vez aceita esta associação, pelo consumidor, as crenças são alteradas e, isto altera o componente cognitivo, que gera modificação nos demais componentes e por fim nas atitudes (SHETH et al., 2001, p. 373). Ajzen e Fishbein (2000) afirmam que o fato das atitudes serem formadas a partir das crenças faz com que qualquer alteração nestas gere mudanças nas atitudes. A modificação do segundo componente, o afetivo, ocorre quando é criado um vínculo emocional com o cliente no contexto do produto que está sendo promovido (SHETH et al., 2001, p. 374). Finalmente, a mudança do terceiro componente, o conativo, advém da oferta de incentivos, estruturação do ambiente físico, procedimentos de negócios, determinações governamentais e estruturação de informações, ou seja, sustenta-se na premissa de que é mais fácil que o consumidor experimente uma amostra e tenha atitude diferente, do que convencê-lo a pensar ou sentir (SHETH et al., 2001, p. 375). Já Schiffman e Kanuk (2009, p. 179) afirmam que as mudanças de atitudes são aprendidas, motivadas pela experiência pessoal, por outras fontes de informação e pela personalidade. Os autores destacaram a existência de cinco estratégias para a mudança de atitudes. A primeira, é a mudança da função motivacional básica do consumidor, que consiste na tentativa de tornar necessidades específicas mais importantes. Nesta estratégia de mudança de atitudes, as necessidades são trabalhadas segundo as funções das atitudes propostas por Kartz (1960). A segunda estratégia é a associação do produto a um grupo ou evento admirado, normalmente, as atitudes são relacionadas a determinados grupos, eventos sociais ou causas. Para Bennet e Kassarjian (1975, p. 116) os principais influenciadores da mudança de atitudes são os grupos a que o indivíduo pertence ou almeja pertencer. A terceira estratégia é a resolução de duas atitudes conflitantes, ela é utilizada para demonstrar ao consumidor que uma atitude não possui conflito com outra atitude, induzindo assim os indivíduos a atitudes positivas. A alteração dos componentes multiatributos, é a quarta estratégia de mudança de atitudes proposta por Schiffman e Kanuk (2009), ela consiste na alteração da avaliação relativa de um atributo e na alteração da classificação geral das marcas. A última estratégia proposta pelos autores é a mudança das crenças do consumidor sobre as marcas concorrentes, por meio desta estratégia, uma marca é comparada a outra, ou a uma categoria de produtos, demonstrando sua superioridade. 60 Sheth et al. (2001, p. 379) destacam ainda que as mudanças de atitudes estão relacionadas às ações dos agentes externos e, em resposta a estas, os processos internos (aprendizagem e processamento de informações) do indivíduo ocorrem para produzir a alteração da atitude. 2.3.3.2 Processos de tomada de decisão do consumidor Blackwell et al. (2005, p. 72) argumentam que, ao abordar o comportamento do consumidor, a fim de assegurar sucesso em um ambiente hipercompetitivo, as empresas, independentes de suas características, devem concentrar-se em compreender de que forma os consumidores realizam suas decisões de seleção de produtos e de compra. Conforme apresentado anteriormente, o processo que o consumidor permeia na tomada de decisão é composto de sete estágios, (i) reconhecimento da necessidade, (ii) busca de informações, (iii) avaliação de alternativas pré-compra, (iv) compra, (v) consumo, (vi) avaliação pós-consumo e (vii) descarte, conforme apresentado na FIG. 8. FIGURA 8: Estágios do processo de tomada de decisão dos consumidores Reconhecimento da necessidade Busca de Informações Descarte Avaliação de Alternativas Pré-compra Compra Avaliação Pósconsumo Consumo Fonte: Blackwell et al. (2005, p. 73). 2.3.3.2.1 Reconhecimento da necessidade A identificação do problema, reconhecimento da necessidade, ou ainda, avaliação da necessidade é o primeiro estágio do processo de decisão da compra. Nesse momento é identificado que um problema pode ser resolvido, ou uma oportunidade obtida, com a aquisição 61 de um determinado produto (MOWEN; MINOR, 2003). Sheth et al. (2001, p. 485) afirmam que o processo decisório inicia-se com o reconhecimento da necessidade. Para Blackwell et al. (2005, p. 74), Solomon (2011, p. 328) e Schiffman e Kanuk (2009, p. 382), o reconhecimento da necessidade ocorre quando é observada uma diferença ente o estado real em comparação ao estado ideal ou desejado das coisas. Sheth et al. (2001, p. 486) argumentam ainda que o problema para um cliente não é necessariamente físico, mas “qualquer estado de privação, desconforto ou falta (seja física ou psicológica) sentido por uma pessoa”. Desta forma, o reconhecimento do problema é a percepção, pelo cliente, de que precisa comprar algo para voltar ao estado normal de conforto. Mowen e Minor (2003, p. 196) acrescentam que “se a satisfação com o estado real diminui, ou se o nível de estado desejado aumenta para além de um nível considerado crítico, reconhece-se a existência de um problema que impulsiona o consumidor a agir”. A FIG. 9 ilustra o este processo de discrepância entre o estado real e o ideal. FIGURA 9: Reconhecimento da necessidade Ideal Estado Ideal Estado Real Ideal Real Real NENHUM PROBLEMA RECONHECIMENTO DA OPORTUNIDADE RECONHECIMENTO DA NECESSIDADE Fonte: Solomon (2011, p. 328). Kotler e Armstrong (2007, p. 127) afirmaram que a necessidade pode ser acionada por estímulos internos, quando é atingido um nível alto suficiente de uma das necessidades normais da pessoa (fome, sede, sexo) a ponto de tornar-se um impulso. Mowen e Minor (2003, p. 196) afirmam que o estado de espírito negativo também pode reduzir a satisfação com o estado real. Já ao abordar a alteração do estado ideal ou desejado, os autores argumentam que este pode ser afetado por influências como a cultura, subcultura, grupos de referência e tendências de estilos de vida. Pode-se também despertar a necessidade por meio de estímulos externos (KOTLER; ARMSTRONG, 2007). Desta forma, Blackwell et al. (2005, p. 76), afirmam que os profissionais de marketing não podem criar necessidades, mas podem comunicar e direcionar 62 as atenções dos consumidores para problemas não percebidos anteriormente. Sheth et al. (2001, p. 486-488) identificaram que os estímulos externos podem ser encontrados pelos clientes em três estados mentais: (i) quando já reconheceram o problema e buscam uma solução; (ii) quando o problema foi reconhecido no passado, mas não constituía uma prioridade no momento da exposição da solução e; (iii) quando a pessoa não reconheceu a necessidade no passado, entretanto a exposição ao produto ou solução a faz perceber que resolveria uma condição percebida agora como problema. O reconhecimento da necessidade pode ser despertado nos consumidores de café ao relacionarem aos significados associados ao consumo, assim como as reações provocados no consumidor. Como estímulos provocados, Sette (2000), ao analisar o consumo da bebida entre jovens, identificou o poder estimulante do café como motivação para o consumo, além de que o café é associado a um pequeno intervalo ou relaxamento. Já Quinlan, Lane e Aspinall (1997, p. 170) afirmaram que a melhoria do humor é um dos efeitos atribuídos aos bebedores de café. Dórea e Costa (2005, p. 778) legitimam as afirmações de Quinlan et al. (1997) ao discutirem os benefícios do café para a saúde, afirmaram que o consumo da bebida é utilizado para o engajamento social, lazer, melhoria do desempenho no trabalho e bem-estar. De forma semelhante, Pires Neto (2008, p. 62) ao abordar o comportamento do consumidor de café em pó, realizou análises da pesquisa de tendência de consumo da ABIC, de 2004 a 2007, e verificou que o consumo é fortemente associado pelos consumidores aos termos “Levanta”, “Anima” e “Reúne”. O autor analisou ainda que os termos “Esquenta” e “Levanta” possuem similaridade, assim como “Anima” e “Liga”. Alguns estudos discutiram o significado do consumo de café para os indivíduos, e os autores defendem que o café chega a proporcionar efeitos psicológicos (GONÇALVES, 2009, p. 49). Pires Neto (2008) afirmou que o consumo em casa, com a família, é uma das variáveis que compõem o hábito de consumo do café. Autores destacam, ainda, que o café é associado por todos os grupos ao hábito, prazer, família, amizade e trabalho (GONÇALVES, 2009, p. 49; PIRES NETO, 2008). De acordo com Sette (2000), o hábito de consumir o café, entre os jovens, é desenvolvido ao ingressar na vida profissional, tornando-se então, nas organizações, a imagem antítese do prazer e saúde frente à vida moderna e estressante. Arruda, Ferreira e Minim (2007) realizaram uma pesquisa para identificar o perfil dos consumidores de café residentes em Viçosa/MG e constataram que as principais motivações para o consumo da bebida foram relacionadas aos hábitos de consumo, prazer e sabor. O estudo verificou ainda que o café era associado à descontinuidade da rotina (pausa), tanto no trabalho quanto em casa, além do potencial de reanimar, relaxar, refletir e interagir com os amigos (ARRUDA et al., 2007; 63 ARRUDA et al., 2009; MOORI; BIDO; OLIVEIRA, 2011; FONSECA et al., 2005; SETTE, 2000). O café em algumas ocasiões é consumido devido ao forte apelo social, simbólico, cultural e místico que possuí (GONÇALVES, 2009, p. 50; SETTE, 2000). Estudos da ABIC (2010) indicam também que um dos atributos associados ao consumo de café é o fato de que os consumidores acreditam que faz sentir-se bem e proporciona um momento individual. Finalmente, Arruda et al. (2007) acrescentou que o café é indicado como o finalizador da refeição. 2.3.3.2.2 Busca de informações A busca de informações é a segunda etapa do processo decisório de compra. Após reconhecer um problema o consumidor precisa de informações adequadas para sua resolução. Esse é um processo por meio do qual o consumidor pesquisa o ambiente à procura de dados adequados para tomar uma decisão razoável (SOLOMON, 2011, p. 337). A busca “representa a ativação motivada de conhecimento armazenado na memória ou a aquisição de informação do ambiente relacionada à satisfação potencial de necessidade” (BLACKWELL et al., 2005, p. 110). Ela se inicia quando o consumidor percebe que uma necessidade pode ser atendida pela compra e consumo de um produto (SCHIFFMAN; KANUK, 2009, p. 383). Os autores afirmam que a busca de informações pode ser realizada por meio das lembranças de experiências passadas ou, quando não há experiências anteriores, o consumidor deve prover uma busca extensiva no ambiente externo para fundamentar a sua escolha. Para Blackwell et al. (2005, p. 77), variáveis como personalidade, classe social, renda, tamanho da compra, experiências passadas, percepção da marca e satisfação dos consumidores definem a extensão e a profundidade da busca de informação. Sheth et al. (2001, p. 489) afirmaram que a busca de informações, normalmente, não inclui todas as marcas existentes. Os autores argumentam ainda que os clientes realizam a consideração das marcas de acordo com alguns conjuntos: (i) conjunto conhecido; (ii) conjunto evocado e (iii) conjunto considerado. O conjunto conhecido é constituído pelas marcas que o cliente tem conhecimento. O conjunto evocado são as marcas de que o cliente se lembra no momento de tomar a decisão. Entretanto, algumas marcas podem não satisfazer às necessidades dos clientes, constituindo assim, um subconjunto de marcas eliminadas da decisão. As marcas 64 remanescentes compõem o conjunto considerado, aquelas que o cliente considerará na compra. A FIG. 10 apresenta o conjunto conhecido e seus elementos. FIGURA 10: Conjunto conhecido, evocado e considerado Conjunto conhecido (todas as marcas consideradas) Conjunto evocado (marcas lembradas) Conjunto considerado (marcas consideradas) Marcas não lembradas Marcas não consideradas Fonte: Sheth, Mittal e Newman (2001, p. 490). Blackwell et al. (2005, p. 76) destacaram que a busca de informações e soluções para satisfazer as suas necessidades pode ser interna ou externa. A busca interna é realizada através da recuperação do conhecimento na memória, já a busca externa é realizada por meio da coleta de informações entre os pares e no mercado (BLACKWELL et al., 2005, p. 76). Kotler e Armstrong (2007, p. 127) indicaram que as fontes com as quais o consumidor pode obter informações são: (i) fontes pessoais (família, amigos, vizinhos, conhecidos), (ii) fontes comerciais (propaganda, vendedores, sites, distribuidores, embalagens, vitrines), (iii) fontes públicas (mídia de massa, organizações de índice de consumo, buscas na internet) e (iv) fontes experimentais (manuseio, exame, utilização do produto). Já Blackwell et al. (2005, p. 77) categorizaram as fontes de informação entre (i) fontes dominadas pelo profissional de marketing (fabricante, varejista) e (ii) fontes dominadas por outros indivíduos (não mercadológicas). Para Kotler e Armstrong (2007, p. 127), a influência das fontes de informações varia de acordo com o produto e o comprador, contudo, as fontes mais influentes tendem a ser as pessoais ou não dominadas por profissionais de marketing. Schiffman e Kanuk (2009, p. 384) apontaram alguns fatores que tendem a aumentar a busca de informação dos consumidores. Estes fatores foram descritos no QUADRO 6. 65 QUADRO 6 - Fatores que tendem a aumentar a busca de informações Fatores Tipos Variáveis Longo tempo de compras (produto de longa duração ou pouca frequência de uso) Frequentes mudanças no estilo do produto Frequentes alterações de preço Fatores do Produto Compra de grande quantidade (grande número de unidades) Preço elevado Muitas marcas alternativas Muita variação nas características Primeira compra do produto Experiência Sem experiência prévia porque o produto é novo Fatores Experiência passada insatisfatória dentro da categoria do produto Situacionais Aceitabilidade A compra é para presente Social O produto é socialmente visível A compra é discricionária em vez de necessária Todas as alternativas têm consequências desejáveis e indesejáveis Considerações Os membros da família discordam quanto aos requisitos do produto ou quanto à Fatores avaliação das alternativas relativas ao Situacionais valor A utilização do produto diverge de importantes grupos de referência A compra envolve considerações ecológicas Muitas fontes de informações conflitantes Bem-educado Características Renda elevada demográficas Ocupação administrativa do consumidor Fatores do Menos de 35 anos de idade consumidor Pouco dogmático Percebedor de baixo risco (classificador liberal) Personalidade Outros fatores pessoais como alto envolvimento com o produto e prazer em comprar e buscar Fonte: Schiffman e Kanuk (2009, p. 384). 2.3.3.2.3 Avaliação de alternativas pré-compra Neste estágio, os consumidores comparam as opções identificadas como potencialmente adequadas para resolver o problema que iniciou o processo decisório (MOWEN; MINOR, 2003, p. 201). Os autores apontam ainda que, neste momento, os consumidores constituem crenças, atitudes e intenções consideradas sobre as alternativas em avaliação. Para Sheth et al. (2001, p. 579), nesta etapa ocorre a classificação dos fornecedores. Kotler e Armstrong (2007, p. 128) completam que o consumidor processa as informações de determinadas maneiras para chegar à escolha. A FIG. 11 apresenta um resumo da estrutura da avaliação das alternativas précompra. 66 FIGURA 11: Processo de avaliação pré-compra Formação do Conjunto de Consideração Avaliação de Alternativas Confiar em Avaliações Preexistentes Processo Categórico Contrução de Avaliações Processo Fragmentado Fonte: Blackwell et al. (2005, p. 116). Para Blackwell et al. (2005, p. 116) raramente o consumidor leva em consideração todas as alternativas no processo decisório, o que ocorre, normalmente, é a formação de um conjunto de produtos ou marcas no processo de avaliação. A TAB. 1 apresenta informações do tamanho médio do conjunto considerado de acordo com algumas categorias de produtos. TABELA 1 - Tamanho médio dos conjuntos considerados Tamanho médio dos Tamanho médio Conjuntos de Categoria de Produto dos Conjuntos de Consideração Consideração Analgésico 3,5 Pratos congelados 3,3 Antiácido 4,4 Inseticidas 2,7 Spray purificador de ar 2,2 Sabão em pó 4,8 Sabão em barra 3,7 Laxantes 2,8 Desinfetante 5,7 Pasta de amendoim 3,3 Cerveja 6,9 Lâminas de barbear 2,9 Alvejante 3,9 Xampu 6,1 Pimenta 2,6 Descongestionante nasal 3,6 Sabonete 4,8 Café 4,0 Biscoitos 4,9 Refrigerante 5,1 Desodorante 3,9 Iogurte 3,6 Fonte: Hauser e Wernerfelt23 (1990 apud Blackwell, Miniard e Engel, 2005, p. 117), grifo nosso. Categoria de Produto Grande parte do esforço realizado para uma decisão de compra está neste estágio, uma vez que diversas opções são ofertadas aos consumidores (SOLOMON, 2011). Para avaliar as alternativas e fornecer subsídios para a escolha final, o consumidor deve realizar avaliações 23 HAUSER, John R.; WERNEFELT, Birger. An evaluation cost model of consideration sets. Journal of Consumer Research, v. 16, n. 4, p. 393-408, mar. 1990. 67 acerca dos produtos e marcas disponíveis. De acordo com Blackwell et al. (2005, p. 120), para isso o consumidor pode utilizar-se de duas formas de avaliação: (i) confiar nas avaliações preexistentes do produto, armazenadas na memória ou; (ii) construir novas avaliações baseadas nas informações adquiridas pela busca interna ou externa. A primeira opção ocorre quando o consumidor possui experiências anteriores e resgata as informações na memória, podendo avaliar alternativas em curto tempo. Em outras situações, o consumidor não possui avaliações anteriores, ou possui e escolhe não utilizá-las, sendo, portanto, necessária a avaliação das alternativas disponíveis. Conforme Blackwell et al. (2005, p. 121), existem dois processos básicos para construção das avaliações. Os autores destacam que o primeiro é o processo de categorização, no qual a avaliação depende da categoria em particular do produto, conforme o produto for relacionado a uma categoria em particular, recebe uma avaliação dessa categoria. O segundo processo para construção das avaliações é denominado processo por partes, ou fragmentado. Ele utiliza partes de informações para construir uma avaliação de alterativas. Para isso, o consumidor seleciona um critério particular ou as dimensões do produto a serem utilizadas, avalia o seu grau de existência no produto e realiza os julgamentos (BLACKWELL et al., 2005, p. 121). Para o mercado de cafés alguns estudos já indicaram as principais variáveis consideradas na avaliação das alternativas de compra. Spers, Saes e Souza (2004) realizaram um estudo com o objetivo de caracterizar e definir o comportamento do consumidor de café nos mercados de Belo Horizonte e São Paulo. Como resultados encontraram que os principais atributos que levam a compra são “ter o selo de pureza da ABIC”, o “sabor”, a “marca”, a “qualidade” e o “preço”, nessa ordem de importância. No estudo foi apontado ainda que a principal variável identificada pelos consumidores e relacionada ao processo de produção do café foi ser livre de agrotóxicos. Outros autores realizaram pesquisas semelhantes e avaliaram a percepção dos consumidores sobre a importância de “promoções (descontos, brindes, degustação)”, “preço”, “qualidade”, “posicionamento na gôndola”, “marca”, “tradição da marca”, “sabor”, “aroma”, “selo de pureza”, “rendimento do pó”, “qualidade”, “cor”, “ponto de torra”, “origem”, “degustações e propagandas”, “promoções” e a “embalagem” (SANTOS; BITENCOURT, 2005; GONÇALVES, 2009, p. 38; ARRUDA et al., 2009; LUNA; SETTE; SALAZAR, 2001, p. 2148; LEME; MÁRIO; ANTONIALLI, 2006). Ao analisar a percepção dos consumidores sobre as embalagens do café, Arruda et al. (2007) não encontraram consumidores que valorizaram a embalagem e o local de compra. Já 68 Della Lucia et al. (2007), realizaram pesquisa para avaliar os fatores da embalagem de cafés orgânicos torrado e moído que interferem na intenção de compra do consumidor e constataram que mais de 55,5% dos consumidores realizam a leitura da embalagem sempre ou frequentemente e observam nos rótulos a marca, o preço, prazo de validade, informações nutricionais, informações sobre ingredientes e informações sobre aditivos. Os autores concluíram ainda que a embalagem e o rótulo influenciaram no comportamento de compra do café orgânico e podendo atingir o mesmo grau de importância que as características de qualidade durante a escolha (DELLA LUCIA et al., 2007). De acordo com Spers e Saes (2006, p. 358) os cafeicultores brasileiros têm desenvolvido estratégias para criar diferenciação de produtos por meio da criação de cafés com "origens da fazenda", "cafés orgânicos", "café com certificado de boas práticas agrícolas". Os autores identificaram ainda que os consumidores estariam dispostos a desembolsar valores superiores por cafés de qualidade. Della Lucia et al. (2007) identificaram que a existência de informações como "produto isento de agrotóxicos" e "não agredi o meio ambiente" na embalagem, aparentemente, agradou os consumidores e influencia a decisão de compra. De forma complementar aos estudos e variáveis apresentadas, Pires Neto (2008, p. 75), ao realizar pesquisa no mercado de Belo Horizonte e São Paulo, identificou três clusters de consumidores distintos em relação aos atributos considerados importantes na decisão de compra do café. O primeiro grupo encontrado considera essencialmente, para decisão, o tipo do café. O segundo cluster considera a embalagem como o mais importante. Já o terceiro agrupamento de consumidores leva em consideração a marca do produto e a embalagem. Após elencar as variáveis utilizadas no processo decisório, para realizar os julgamentos, os consumidores utilizam diferentes regras de decisão, também denominadas heurísticas, estratégias de decisão e estratégias de processamento da informação (SCHIFFMAN; KANUK, 2009, p. 387). Blackwell et al. (2005, p. 122) e Sheth et al. (2001, p. 500) afirmaram que de forma ampla estas estratégias podem ser divididas em dois grupos, as não compensatórias e as compensatórias. As estratégias de avaliação não compensatórias são aquelas em que “os atributos considerados inferiores não podem ser compensados pelos demais atributos” (BLACKWELL et al., 2005, p. 122). Schiffman e Kanuk (2009, p. 388) indicam que nas estratégias não compensatórias os atributos com avaliação negativa não podem ser compensados por outros. De acordo com Sheth et al. (2001, p. 502) são quatro os modelos não compensatórios mais comuns e úteis. O primeiro é a estratégia lexicográfica, em que é realizada a comparação das marcas a partir do atributo considerado mais importante. A marca percebida como superior é 69 selecionada, se ocorrer um empate passa-se para o próximo atributo na escala de importância e uma nova comparação é realização. Caso persista o empate, este processo continua até que não exista mais empate (BLACKWELL et al., 2005, p. 123). O segundo modelo, a estratégia de eliminação por aspecto, assemelha-se à estratégia lexográfica, entretanto o consumidor impõe um limite para o atributo, se apenas uma marca atender a tal limite será a escolhida, se mais de uma marca atender passa-se para o próximo atributo mais importante (SHETH et al., 2001, p. 505). O terceiro modelo é a estratégia conjuntiva, assim como na estratégia de eliminação por aspecto, limites mínimos são definidos para os atributos considerados importantes, entretanto, as marcas são avaliadas em todos os atributos elencados. A marca que atingir o limite em todos os atributos será escolhida. Se nenhuma marca atender os requisitos, mudanças devem ser realizadas nestes, a estratégia de avaliação deve ser alterada ou a escolha adiada (BLACKWELL et al., 2005, p. 123). O último modelo, é a estratégia disjuntiva, nela o consumidor estabelece um nível mínimo aceitável como ponto de corte para cada atributo, se uma opção atender ou exceder este corte para qualquer atributo será aceita (SCHIFFMAN; KANUK, 2009, p. 388). O segundo grupo de estratégias para a avaliação das alternativas é o das compensatórias. Segundo Sheth et al. (2001, p. 500), no modelo compensatório o cliente considera todos os atributos e compensa mentalmente os pontos fracos de alguns aspectos com pontos fortes de outros, ou seja, os consumidores não estarão necessariamente rejeitando uma opção por apresentar indicadores baixos em algum dos atributos específicos (MOWEN; MINOR, 2003, p. 204). São dois os tipos de estratégias que compõem esse grupo, a aditiva simples e aditiva proporcional. O primeiro tipo de estratégia compensatória de avaliação é o grupo da aditiva simples, nela “o consumidor simplesmente soma ou subtrai o número de vezes em que cada alternativa é julgada favorável em termos de conjunto de critérios salientes de avaliação” (BLACKWELL et al., 2005, p. 124). Desta forma, é escolhida a opção que tem o maior número de atributos positivos e o mínimo de negativos (SHEHT et al., 2005, p. 500). Nesse tipo de estratégia, pesos de importância dos atributos são igualados. No segundo tipo, estratégias aditivas proporcionais, o consumidor realiza julgamentos mais precisos sobre o desempenho das alternativas, pois estabelecem-se pesos para que cada atributo reflita a sua importância percebida (BLACKWELL et al., 2005, p. 125). Sheth et al. (2001, p. 501) completa que, para praticar esta estratégia, o decisor estima o grau em que a alternativa possui cada atributo positivo ou negativo. 70 2.3.3.2.4 Compra Posteriormente à avaliação das alternativas disponíveis, o consumidor deve realizar a escolha (SOLOMON, 2011). Nesta etapa o consumidor decide comprar ou não, quando, o que (tipo de produto e marca), onde comprar e como pagar (BLACKWELL et al., 2005, p. 133). Para compreender o processo de compra neste estágio, faz-se necessário subdividir este estágio em três fases (SHETH et al., 2001, p. 509). A FIG. 12 apresenta os três fases do estágio de compra no processo decisório. FIGURA 12: Fases do estágio de compra no processo decisório Identificação da escolha Intenção de compra Implementação da compra Fonte: Sheth et al. (2001, p. 509). A primeira fase, identificação da escolha, ocorre quando o cliente identifica a alternativa preferida, com base no processo de avaliação de alternativas. Na segunda fase, o cliente forma a intenção de compra (uma determinação de que a pessoa compraria aquele produto ou serviço). Em sequência, a compra é implementada, os termos da transação são ajustados, busca-se e obtêm-se do vendedor a transferência de direito ou título, paga-se pelo produto ou serviço e é garantida a posse do produto ou o compromisso de serviço do vendedor (SHETH et al., 2001, p. 509). Blackwell et al. (2005, p. 133) indicam que os consumidores podem também abortar o processo de comprar por diversas razões, como a alteração de motivações ou circunstâncias, novas informações ou a falta de disponibilidade do produto. Segundo Schiffman e Kanuk (2009, p. 392), são três os tipos de compras que os consumidores realizam: (i) compras de experiência: quando é a primeira vez que o consumidor compra um produto (marca), em quantidade reduzida, para realizar um teste; (ii) compras repetidas: quando o consumidor possui experiência suficiente e está disposto a comprar o 71 produto novamente e em maiores quantidades; (iii) compras de comprometimento de longo prazo: o consumidor, geralmente, parte diretamente para a compra sem oportunidade de experimentação efetiva. Já Blackwell et al. (2005, p. 133), afirmam que a decisão de compra pode conduzir a três tipos de compras: (i) a compra totalmente planejada: é aquela em que o produto e a marca são escolhidos antecipadamente; (ii) compra parcialmente planejada: existe intenção de compra para o produto, entretanto a escolha da marca é adiada até o momento da compra; (iii) compra não planejada: o produto e a marca são escolhidos no ponto de venda, no momento da compra. 2.3.3.2.5 Consumo Mowen e Minor (2003, p. 218) definiram a experiência de consumo como “o conjunto de conhecimentos e sentimentos experimentados por uma pessoa durante o uso de um produto ou serviço”. A efetivação da compra não determina o fim do processo decisório do consumidor. De acordo com Hawkins et al. (2007), para muitos produtos e a maioria dos serviços, a decisão de compra e a de consumo são realizadas simultaneamente. Entretanto, Blackwell et al. (2005, p. 83) argumentam que o consumo pode ocorrer em um momento distinto da compra. De acordo com os autores, esse entendimento é importante por revelar quanto os consumidores comprarão desse produto no futuro e quão cuidadosos são ao utilizar ou estocar o produto, dessa forma é possível identificar o tempo que ele durará até que outra compra seja necessária. Giglio (2010, p. 148) destaca que compreender as situações de utilização do produto é importante. Por meio desta compreensão torna-se possível orientar sobre o uso adequado do produto e revelam-se oportunidades a serem exploradas. Mowen e Minor (2003, p. 218) corroboram com esta afirmação ao argumentarem que a observação da maneira de consumo pode levar ao desenvolvimento de novas ofertas de mercado, assim como à prevenção de problemas oriundos do uso. Blackwell et al. (2005, p. 167) afirmam que faz-se necessário entender e caracterizar o comportamento de consumo por meio de algumas dimensões importantes. A FIG. 13 apresenta algumas destas dimensões importantes. 72 FIGURA 13: Dimensões do Consumo Toda a População Não Usuários Usuários Quando é Consumido? Onde é Consumido? Como é Consumido? Quanto é Consumido? Proximidade da Compra Hora do dia Situação A Situação B Uso 1 Uso 2 Usuário Pesados Usuários Moderados Usuários Leves Fonte: Blackwell et al. (2005, p. 168). São quatro as dimensões do consumo relacionadas por Blackwell et al. (2005). A primeira dimensão é o “quando consumir”. Os autores argumentam que é necessário compreender quando o consumo ocorre, o que, conforme indicado anteriormente, pode acontecer em momento distinto da compra (BLACKWELL et al., 2005, p. 168). Outra variável relacionada ao quando é a hora do consumo, que pode revelar comportamentos específicos dos indivíduos. A segunda dimensão, “onde consumir”, é relevante para compreensão do comportamento, uma vez que o consumo pode ocorrer dentro ou fora de casa (BLACKWELL et al., 2005, p. 170). Como o consumo ocorre é a terceira dimensão, algumas pessoas podem comprar o mesmo produto, contudo, podem consumi-lo de forma diferente. A finalidade do consumo pode condicionar à preferência por determinadas marcas (BLACKWELL et al., 2005, p. 168). Por fim, a última dimensão do consumo proposta pelos autores está relacionada à quantidade consumida, que torna-se importante a medida que as empresas possam desenvolver estratégias para o seu aumento (MOWEN; MINOR, 2003, p. 219). Segundo Blackwell et al. (2005, p. 172) este conhecimento pode, também, ser utilizado para gerar segmentações por volume de uso: (i) grandes usuários (apresentam altos níveis de consumo de produtos); (ii) usuários moderados (estão entre os grandes e pequenos usuários); (iii) pequenos usuários: (consomem pequenas quantidades de um produto). Em pesquisa realizada por Gonçalves (2009, p. 37), verificou-se que os não consumidores adotam como produtos substitutos o suco, leite, chás, refrigerante e cevada. Pires Neto (2008, p. 72), verificou uma queda no consumo de café e, em contrapartida, um aumento 73 da adoção de bebidas como achocolatados, sucos. Dados da pesquisa ABIC (2010) corroboraram com os autores, indicando com principais produtos substitutos a água, refrigerantes, leite, sucos (em pó e natural), vitaminas. Mowen e Minor (2003), ao abordarem a fase de consumo, afirmaram que são três os fatores importantes na avaliação do uso do produto. O primeiro fator, a frequência de consumo, é importante de ser observado por revelar se os produtos são usados continuamente ou de forma descontinuada. O segundo fator é a quantidade de consumo, que é refletido nas dimensões de consumo apresentadas por Blackwell et al. (2005). O último fator é o propósito do consumo, que se relaciona ao como consumir apresentado nas dimensões de consumo de Blackwell et al. (2005). Mowen e Minor (2003, p. 219) afirmam que o propósito do consumo está diretamente relacionado à ocasião de consumo do produto, ou, onde consumir. Ao abordar especificamente o consumo de café Pompei (2007, p. 53) realizou pesquisa e identificou que o principal local de consumo para o café é a casa, seguido do trabalho e rua. De forma semelhante, Gonçalves (2009, p. 49) verificou que o café é consumido nos intervalos do trabalho ou estudo, assim como em casa, com a família. Entre os principais tipos de cafés consumidos, a pesquisa de tendência de consumo da ABIC (2010), indicou o café “moído/coado/filtrado” continua sendo a preferência dos brasileiros (97% dos entrevistados), seguido pelos cafés “instantâneo/solúvel”, “expresso” e o “cappuccino”. Outra importante questão relacionada ao consumo do café a sua associação com o cigarro. Sette (2000) realizou pesquisa com jovens entre 18 e 23 anos, residentes na cidade de São Paulo, e identificou que o café é, normalmente, relacionado por esta classe ao cigarro, pois aprenderam em casa com pais e avós. Contrariamente, Arruda et al. (2007) constataram que os consumidores não reconheceram a associação do café ao cigarro. Apesar disto, dados da pesquisa ABIC (2010) apontam que 11% dos consumidores citaram que iniciaram o consumo de café para acompanhar o cigarro. 2.3.3.2.6 Avaliação pós-consumo Segundo Solomon (2011), o comportamento pós-consumo é consequência do processo de aprendizagem do consumidor no decorrer das fases anteriores do processo de compra: (i) reconhecimento da necessidade, (ii) busca de informações, (iii) a avaliação de alternativas précompra, (iv) compra e (v) consumo. 74 Blackwell et al. (2005, p. 83) afirmam que, no estágio de avaliação pós-consumo, os consumidores têm as sensações de satisfação ou insatisfação. Os autores definem a satisfação como a percepção de que o desempenho atendeu as expectativas e a insatisfação como a frustração em relação às expectativas. Mowen e Minor (2003, p 221) definem a satisfação do consumidor como “a atitude referente a um produto ou serviço após a sua compra e uso”. É importante o vendedor monitorar os fatores utilizados na avaliação do comprador para garantir o nível esperado de satisfação (KOTLER; ARMSTRONG, 2007, p. 153). Desta forma, Schiffman e Kanuk (2009, p. 393) afirmam que os consumidores avaliam o desempenho à luz das suas expectativas. Conforme os autores, nesta avaliação são três as possibilidades de resultados: (i) o desempenho real atende as expectativas, conduzindo a um sentimento neutro; (ii) o desempenho supera as expectativas e gera o sentimento de satisfação; (iii) desempenho abaixo do esperado, que leva à insatisfação. Sheth et al. (2001) indicaram que a avaliação pós-consumo, ou experiência pós-compra, é constituída por quatro passos. O primeiro passo é a confirmação da decisão, momento em que o consumidor que confirmar a sensatez da decisão tomada e evitar a dissonância cognitiva24. O segundo passo da avaliação pós-consumo é a avaliação da experiência, momento em que os consumidores tendem a avaliar o produto, entretanto, diversas vezes os clientes não possuem motivação para avaliar o produto no momento do consumo. O terceiro passo é a satisfação ou insatisfação. O último passo apontado pelos autores é a resposta futura. A resposta futura podese traduzir em três formas, o abandono (decisão de não comprar mais o produto), a reclamação (o cliente fica insatisfeito e reclama podendo dar à marca ou empresa uma nova oportunidade) ou a lealdade (atitude em relação à marca que conduz a recompra). 2.3.3.2.7 Descarte O descarte é a última etapa do processo de decisão. De acordo com Blackwell et al. (2005, p. 86) os consumidores podem realizar o descarte completo, reciclagem ou revenda do produto. 24 A dissonância cognitiva é a tensão entre dois pensamentos opostos, normalmente manifestada após o cliente realizar a compra de algo e não ter a convicção de ter realizado a escolha correta (SHETH et al., 2001, p. 769). 75 Solomon (2011) aponta que o descarte pode ocorrer por dois motivos, (i) quando o produto já cumpriu completamente sua função ou (ii) porque ele não se enquadra mais na forma com que o consumidor se vê. Larentis (2012) aponta que a preocupação com o descarte vem ganhando força nos últimos anos, isto em função do aumento da consciência ecológica, do consumo consciente, das ações de sustentabilidade que apoiam a reciclagem, do uso consciente de produtos e da logística reversa. Para Blackwell et al. (2005, p. 87), em algumas situações a reciclagem e a preocupação ambiental influenciam a forma de descarte do produto. Peattie e Charter (2005, p. 536) argumentam que um importante papel que o marketing precisará desempenhar no futuro é fornecer métodos mais sustentáveis de viver e consumir. A presente pesquisa estudou o comportamento dos consumidores de café com foco nos estágios de reconhecimento da necessidade, busca de informações, avaliação de alternativa précompra, compra e consumo. Não constituem-se como parte do estudo os estágios de avaliação pós-consumo e descarte por uma definição arbitrária: entendeu-se que esta definição fazia-se necessária com a finalidade de focar algumas questões específicas dos estágios indicados, de forma relacionada aos objetivos da pesquisa e com intuito de tornar a operacionalização da pesquisa viável, uma vez que a consideração de todas as etapas tornaria a pesquisa de campo extensa e desgastante para os entrevistados. 76 3 METODOLOGIA Este capítulo apresenta os aspectos metodológicos empregados na pesquisa com a finalidade de atender aos propósitos do estudo. São abordados o tipo de pesquisa e metodologia empregada, a determinação da população, a descrição dos procedimentos de amostragem e os procedimentos e técnicas de análise dos dados coletados. 3.1 Tipo de pesquisa e metodologia Esta pesquisa utilizou uma abordagem posicionada no funcionalismo como paradigma dominante. Kuhn (1962, p. 8 apud Collins e Hussey, 2005, p. 54), afirma que os paradigmas são “realizações científicas universalmente reconhecidas que, por um certo tempo, fornecem problemas e soluções-modelo para uma comunidade de profissionais”. Gioia e Pitre (1990) definiram o paradigma como uma perspectiva geral, ou, forma de pensar que reflete crenças e pressupostos sobre a natureza das organizações. Burrell e Morgan (1979) sintetizaram os possíveis posicionamentos paradigmáticos do campo científico por meio da sobreposição de dois eixos. O primeiro representa os pressupostos metateóricos sobre a natureza da ciência, de forma a opor a ciência “objetivista” (que busca a explicação do mundo social, por meio da identificação de regularidades e relações de causa e efeito) à ciência “subjetivista” (que não vislumbra a identificação de regularidade no mundo social, mas a interpretação ou significado dado pelo pesquisador). O segundo eixo simboliza as premissas metateóricas sobre a natureza da sociedade, contrastando uma sociologia da “regulação” (que refere-se às teorias que estão preocupadas principalmente com a explicação da sociedade em termos que enfatizam a sua unidade e coesão) a uma da “mudança radical” (que está preocupada em encontrar explicações para a mudança radical, modos de dominação e contradições estruturais e a emancipação do homem das estruturas que limitam o desenvolvimento do seu potencial). A proposição dos autores para classificação do campo cientifico é representada pela FIG. 14. 77 FIGURA 14: Paradigmas para a análise da teoria social Sociologia da mudança radical Humanista Radical Estruturalista Radical Subjetivo Objetivo Interpretativista Funcionalista Sociologia da regulação Fonte: Burrell e Morgan (1979, p. 22). Desta forma, Burrell e Morgan (1979), distribuíram o campo científico em quatro paradigmas: funcionalismo, interpretativismo, humanismo radical e estruturalismo radical. Apesar da existência de teorias sociais que aderem a cada um desses extremos, há suposições de muitos cientistas sociais que circulam entre eles, pois cada paradigma envolve uma gama de territórios intelectuais, representando posicionamentos mais extremos em termos de uma ou duas dimensões (BURRELL; MORGAN, 1979). O paradigma funcionalista, posicionamento desta pesquisa, situado nos eixos objetivista e regulador constitui um quadro dominante da sociologia acadêmica e no estudo das organizações (BURRELL; MORGAN, 1979; VERGARA; CALDAS, 2005). Para os funcionalistas as organizações são objetos tangíveis, concretos e objetivos (VERGARA; CALDAS, 2005). Burrell e Morgan (1979) completam que o funcionalismo se caracteriza pelo interesse em dar explicações do status quo, da ordem social, da integração social, da solidariedade e da necessidade de satisfação e atualização, abordando assuntos sociológicos gerais sob o ponto de vista que tende a ser realista, positivista, determinista e nomotético. 78 De acordo com Collis e Hussey (2005, p. 23), uma pesquisa pode ser classificada conforme o seu objetivo, processo, lógica e resultado. O QUADRO 7 ilustra os principais caminhos possíveis para a pesquisa em Administração. QUADRO 7 - Classificação dos principais tipos de pesquisa Tipo de Pesquisa Pesquisa exploratória, descritiva, analítica ou preditiva Pesquisa quantitativa ou qualitativa Pesquisa dedutiva ou indutiva Pesquisa aplicada ou básica Fonte: Collins e Hussey (2005, p. 23). Base de classificação Objetivo da pesquisa Processo da pesquisa Lógica da pesquisa Resultado da pesquisa Desta forma, a presente pesquisa pode ser definida como descritiva, quantitativa, dedutiva e aplicada. Quanto ao objetivo, a presente pesquisa classifica-se como descritiva, uma vez que busca delinear as características dos consumidores de café, identificando e obtendo informações a partir de dados primários (COLLINS; HUSSEY, 2005, p. 24; SAMARA; BARROS, 2007, p. 50). De acordo com Malhotra (2012, p. 61), as pesquisas descritivas buscam: (i) descrever as características de grupos relevantes; (ii) estimar a porcentagem de unidades em uma população específica; (iv) estabelecer em que grau estão associadas as variáveis de marketing; (v) fazer previsões específicas. Segundo Gil (2010): “Entre as pesquisas descritivas, salientam-se aquelas que têm por objetivo estudar as características de um grupo: sua distribuição por idade, sexo, procedência, nível de escolaridade, estado de saúde física e mental, etc. Outras pesquisas deste tipo são as que se propõem a estudar o nível de atendimento dos órgãos públicos de uma comunidade, as condições de habitação de seus habitantes, o índice de criminalidade que aí se registra, etc. São incluídas neste grupo as pesquisas que têm como objetivo levantar as opiniões, atitudes e crenças de uma população. Também são pesquisas descritivas aquelas que visam descobrir a existência de associações ente variáveis, como, por exemplo, as pesquisas eleitorais que indicam a relação entre preferência político-partidária e nível de rendimentos ou de escolaridade” (GIL, 2010, p. 42). As pesquisas descritivas podem ser concebidas de formas diversas em relação à quantidade de momentos no tempo utilizados para a coleta de dados. Para Sampieri, Collado e Lucio 25 (1991 apud Freitas et al., 2000, p. 106) a quantidade de momentos ou pontos no tempo para a coleta dos dados pode ser determinada por um corte longitudinal (coleta de dados ocorre 25 SAMPIERI, C. Roberto Hernández; COLLADO, Carlos Fernández; LUCIO, Pilar Baptista. Metodología dela investigación. Naucalpan de Juárez: McGraw-Hill, 1991. 79 ao longo do tempo em momentos ou pontos especificados para estudar a evolução, mudança ou relação entre variáveis) ou transversal (coleta de dados ocorre em somente um período no tempo, objetivando a descrição e análise do estado das variáveis em um dado momento). Esta pesquisa valeu-se da primeira concepção, o corte transversal, em sua forma simples, em que ocorre a extração de uma amostra da população-alvo e as informações são coletadas dessa amostra somente uma vez (MALHOTRA, 2012, p. 62). Quanto ao processo de pesquisa, este estudo emprega um método quantitativo. A pesquisa quantitativa busca a quantificação de dados e, geralmente, emprega análises estatísticas, para resumir as informações (MALHOTRA, 2012, p. 110; COLLINS; HUSSEY, 2005, p. 24). Em relação à lógica e resultado, a presente pesquisa caracteriza-se como dedutiva e aplicada, visto que uma estrutura conceitual e teórica foi constituída para posteriormente ser testada (COLLINS; HUSSEY, 2005, p. 27). 3.2 População e amostra da pesquisa De acordo com Aaker, Kumar e Day (2004, p. 377) e Collis e Hussey (2005, p. 62), a população pode ser definida como um conjunto de sujeitos que possuem algumas características comuns em relação ao problema de pesquisa de marketing. A população desta pesquisa foi constituída por indivíduos consumidores de café e residentes no município de Belo Horizonte, Minas Gerais. De modo geral, as pesquisa que empregam o levantamento, como é caso desta, abrangem um universo de elementos tão grande que se torna impossível considerá-los em sua totalidade. Por essa razão, frequentemente é adotado o uso de amostras. Collins e Hussey (2005, p. 62) definem amostra como parte de uma população que representa o principal interesse de um estudo (COLLINS; HUSSEY, 2005, p. 62). Samara e Barros (2007, p. 159) corroboram com esta definição ao afirmarem que a amostra é parte de um universo, ou de uma população, contendo as mesmas características destas. Para Gil (2010, p. 121), quando a amostra é rigorosamente selecionada, os resultados obtidos no levantamento tendem a aproximar-se bastante dos que seriam obtidos caso fosse possível pesquisar todos os elementos do universo e com o auxílio de procedimentos estatísticos, torna-se possível até mesmo calcular a margem de segurança dos resultados obtidos. 80 As técnicas de amostragem podem ser classificadas genericamente como probabilísticas ou não probabilísticas (MALHOTRA, 2012, p. 274). Para esta pesquisa foi utilizada uma amostragem não probabilística do tipo bola de neve, em que a seleção das unidades amostrais é deixada em grande parte a cargo do entrevistador. A amostragem bola de neve pode ser compreendida como aquela em que as pessoas são inicialmente descobertas e posteriormente indicam outras pessoas que possuam características similares, de forma similar a uma pesquisa reversa de fontes bibliográficas, acumula sujeitos à medida que avança (COOPER; SCHINDLER, 2003, p. 170). Apesar das limitações da utilização de uma amostragem não probabilística, como a impossibilidade de fazer inferências à população e estimar com precisão suas características, optou-se por esta definição metodológica devido à facilidade de acesso aos entrevistados. O cálculo amostral para a presente pesquisa foi realizado conforme demonstrado na FIG. 15. FIGURA 15: Cálculo amostral 𝜎𝑝 = √ 𝑝∙𝑞 ∙Ζ 𝑛 50 ∙ 50 5=√ ∙ 1,96 𝑛 25 = 50 ∙ 50 ∙ 3,8416 𝑛 25 𝑛 = 9.604 𝑛 = 384,16 𝑛 = 385 Onde: σp = desvio padrão da proporção p = proporção ou porcentagem dos elementos da amostra favoráveis ao atributo pesquisado q = proporção ou porcentagem dos elementos da amostra desfavoráveis ao atributo pesquisado Z = número do desvio padrão Fonte: Elaborado pelo autor a partir de Samara e Barros (2007, p. 165). Para determinação do tamanho da amostra, o presente trabalho, em relação à margem de segurança, adotou níveis usualmente utilizados em pesquisas de marketing, o valor de 95%, representado por um desvio padrão (Z) de 1,96 (SAMARA; BARROS, 2007, p. 162). A 81 margem de erro aceitável do estudo foi de 5 (cinco) pontos percentuais para mais ou para menos. Para a variabilidade da população, estimou-se 50% para os favoráveis e 50% para os desfavoráveis, prática usualmente adotada quando o universo é maior que 10.000 (dez mil) ou desconhecido (SAMARA; BARROS, 2007, p. 165). 3.3 Métodos e técnicas para coleta de dados Para atender aos objetivos deste estudo, empregou-se a utilização do método de levantamento (survey), com a finalidade de descrever o comportamento dos consumidores de café buscando identificar as situações, eventos, atitudes e opiniões que são manifestos entre grupos e subgrupos da população, de forma a realizar comparações entre estas distribuições (PINSONNEAULT; KRAEMER, 1993). A survey é uma metodologia positivista em que uma amostra é retirada a partir de uma determinada população e estudada para que sejam feitas inferências sobre esta (COLLINS; HUSSEY, 2005, p. 70; BABBIE, 1999, p. 95). De acordo com Churchill e Peter (2010), emprega-se o survey com maior frequência nas pesquisas descritivas, que são realizadas para descobrir as crenças e pensamentos dos indivíduos que são objetos de estudo. No processo de coleta de dados, este trabalho optou por um survey do tipo Drop-off (deixado), que é muito útil para pesquisas em mercados locais, característica deste estudo (MALHOTRA, 2012, p. 155). O autor completa que o método de levantamento envolve a utilização de questionários estruturados para interrogar os participantes sobre seu comportamento, intenções, atitudes, percepções, motivações e características demográficas. Assim como postulado por Malhotra (2012) foi desenvolvido um questionário (Apêndice A) aplicado por meio de autopreenchimento. Na elaboração do formulário de coleta de dados adotou-se a premissa de criar um instrumento estruturado e não-disfarçado, assim classificado quanto à sua forma e conteúdo respectivamente (SAMARA; BARROS, 2007, p. 121). Para a elaboração do instrumento de coleta de dados, foram utilizadas variáveis provenientes de outros estudos relacionados e referências no segundo capítulo deste trabalho, conforme QUADRO 8. 82 QUADRO 8 - Variáveis utilizadas na concepção do instrumento de coleta de dados Fase do comportamento de compra Grupo de Variáveis Variáveis Referência Alves et al. (2009), Trugo e Nogueira (2003), Brenelli (2003), Smith et al. (1999), Dórea e Costa (2005), Lima (2000) Lima (2003), Smith et al. (1999), B4.1.2) Melhorar a Mccusker et al. (2003), Dórea e Costa memória/concentração (2005), Alves et al. (2009), Lima (2000), Lima (1995) Lima (2000), Lima (2003), Lucas et al. B4.1.3) Prevenir a depressão (2011) B4.1.4) Auxiliar na prevenção de Stokel (2012) algumas doenças B4.1.5) Ter alto teor de antioxidantes Carlsen et al. (2010) e combater radicais livres Dórea e Costa (2005) B4.1.6) Prevenir o mal de Parkinson Hu et al. (2007) B4.1.7) Prevenir o câncer de próstata Stokel (2012), Yu et al. (2011) Stokel (2012), Rosengren et al. (2004), B4.1.8) Prevenir a diabetes do tipo 2 Van Dam e Hu (2005), Salazar-Martinez et al. (2004) B4.1.9) Prevenir o câncer de colo do Yu et al. (2011), Tavani et al. (1997) útero B4.2.1) Dificulta o sono (insônia) Guerra et al. (2000), Lima (2001) Felipe et al. (2005), Guerra et al. (2000), B4.2.2) Gera ansiedade Lima (2003) B4.2.3) Gera nervosismo Felipe et al. (2005) Felipe et al. (2005), Guerra et al. (2000), B4.2.4) Causa tremores musculares Lima (2001) B4.2.5) Causa depressão Felipe et al. (2005) B4.2.6) Causa confusão mental Felipe et al. (2005) B4.2.7) Causa osteoporose Keiver et al. (1997) B4.2.8) Aumenta a pressão arterial Caetano et al. (2008) B4.2.9) Causa queimação no Alves et al. (2009) estomago (problemas gástricos) B4.2.10) Causa dependência Alves et al. (2009) Felipe et al. (2005), Guerra et al. (2000), B4.2.11) Causa náuseas Lima (2001) Guerra et al. (2000), Lima (2001), Felipe B4.2.12) Causa enxaqueca et al. (2005) ABIC (2010), Arruda et al. (2007), Pires B4.3.1) Faz me sentir bem Neto (2008), Gonçalves (2009) Smith et al. (1999), Sette (2000), Fonseca et al. (2005), Sette (2000), Arruda et al. B4.3.2) Serve para relaxar (2007), Arruda et al. (2009), Moori et al. (2011) Pires Neto (2008), Gonçalves (2009), B4.3.3) É um hábito no meu dia a dia Arruda et al. (2007) B4.3.4) É um momento só para mim ABIC (2010) Dórea e Costa (2005), Pires Neto (2008), Gonçalves (2009), Fonseca et al. (2005), B4.3.5) É um momento de encontro Sette (2000), Arruda et al. (2007), Arruda com amigos et al. (2009), Moori et al. (2011), Sette (2000), Gonçalves (2009) B4.3.6) Completa minha refeição Arruda et al. (2007) Significado do consumo de Café Reconhecimento da necessidade Malefícios do Consumo de Café Benefícios do Consumo de Café B4.1.1) Fornecer mais disposição Continua 83 QUADRO 8 - Variáveis utilizadas na concepção do instrumento de coleta de dados (continuação) Atributos decisórios na compra Busca Reações ao consumo de Café Significado do consumo de Café Fase do Grupo de comportamento Variáveis Referência Variáveis de compra B4.3.7) É um momento de união da Pires Neto (2008), Gonçalves (2009) família Fonseca et al. (2005) B4.3.8) Serve para dar uma parada Sette (2000), Arruda et al. (2007), (“break”) Arruda et al. (2009), Moori et al. (2011), Sette (2000) Alves et al. (2009), Trugo e Nogueira (2003), Brenelli (2003), Smith et al. Reconhecimento (1999), Sette (2000), Fonseca et al. B4.4.1) Me deixa “ligado” da necessidade (2005) Sette (2000), Arruda et al. (2007), Arruda et al. (2009), Moori et al. (2011) B4.4.2) Me levanta Pires Neto (2008) B4.4.3) Melhora o meu humor Quinlan et al. (1997) B4.4.4) Aumenta a minha Lima (2003) concentração B4.4.5) Me deixa animado / agitado Pires Neto (2008) B5.1) Normalmente, onde você busca informações sobre os tipos de café Blackwell et al. (2005), Kotler e existentes, marcas de café Armstrong (2007) disponíveis no mercado, preços etc.? Busca de informações B5.2) Normalmente, com quem você busca informações sobre os tipos de Blackwell et al. (2005), Kotler e café existentes, marcas de café Armstrong (2007) disponíveis no mercado, preços etc.? Spers et al. (2004), Santos e Bitencourt B6.1.1) Ser a marca que estou (2005), Gonçalves (2009), Arruda et al. habituado a comprar (2009), Luna et al. (2001), Leme et al. (2006) B6.1.2) Ser uma marca premium Spers e Saes (2006) Spers et al. (2004), Santos e Bitencourt (2005), Gonçalves (2009), Arruda et al. B6.1.3) A tradição da marca (2009), Luna et al. (2001), Leme et al. (2006) Spers et al. (2004), Santos e Bitencourt Avaliação das (2005), Gonçalves (2009), Arruda et al. alternativas B6.1.4) Ter um preço baixo (2009), Luna et al. (2001), Leme et al. (2006) Santos e Bitencourt (2005), Gonçalves B6.1.5) Estar em oferta (2009), Arruda et al. (2009), Luna et al. (2001), Leme et al. (2006) B6.1.6) Estar disponível no local que Leme et al. (2006) eu fui fazer a compra B6.1.7) Ter as informações Della Lucia et al. (2007), Pires Neto necessárias no rótulo da embalagem (2008) Continua 84 QUADRO 8 - Variáveis utilizadas na concepção do instrumento de coleta de dados (continuação) Fase do Grupo de comportamento Variáveis Variáveis de compra Referência Della Lucia et al. (2007), Pires Neto (2008) B6.1.9) O tipo de embalagem (almofadada, a Della Lucia et al. (2007), vácuo, vidro etc.) Pires Neto (2008) Della Lucia et al. (2007), B6.1.10) Possuir uma embalagem reciclável Spers e Saes (2006) Della Lucia et al. (2007), B6.1.11) Possuir uma embalagem bonita Pires Neto (2008) Spers et al. (2004), Santos e Bitencourt (2005), Gonçalves B6.1.12) O sabor do café (mais forte/ mais (2009), Arruda et al. (2009), fraco) Luna et al. (2001), Leme et al. (2006) Atributos B6.1.13) O tipo do café (orgânico, gourmet, Pires Neto (2008) decisórios tradicional, cappuccino etc.) na compra Santos e Bitencourt (2005), Avaliação das B6.1.14) O ponto de torra do café (Tradicional, Gonçalves (2009), Arruda et alternativas extra forte etc.) al. (2009), Luna et al. (2001), Leme et al. (2006) Santos e Bitencourt (2005), Gonçalves (2009), Arruda et B6.1.15) O rendimento do pó al. (2009), Luna et al. (2001), Leme et al. (2006) Santos e Bitencourt (2005), Gonçalves (2009), Arruda et B6.1.16) Ter o selo de qualidade / pureza (Selo al. (2009), Luna et al. (2001), ABIC) Leme et al. (2006), Spers et al. (2004) B6.1.17) Ser livre de agrotóxicos Spers et al. (2004) Sheth et al. (2001), Hauser e B6.3) Qual(is) marca(s) de café você Conjunto Wernerfelt (1990), normalmente compra para consumir na sua considerado Gonçalves (2009), Pires Neto casa? (2008), ABIC (2010) B6.2) Com que frequência você normalmente Local de Blackwell et al. (2005), Sheth Compra compra café para consumo na sua casa nos Compra et al. (2001) seguintes locais de compra? Tipos de B7.1) Com qual frequência você consome os café Arruda et al. (2009) seguintes tipos de café? consumidos Arruda et al. (2007), B7.2) Quais bebidas você normalmente toma Substitutos Gonçalves (2009), Pires Neto em substituição ao café? (2008), ABIC (2010) Blackwell et al. (2005), Consumo Local de B7.3) Com que frequência você normalmente Giglio (2010), Pompei Consumo consome café nos seguintes locais? (2007), Gonçalves (2009), ABIC (2010) Associação do consumo B7.6) Com que frequência você normalmente Sette (2000), Arruda et al. de café ao consome café antes ou após fumar? (2007), ABIC (2010) cigarro Fonte: Elaborado pelo autor. B6.1.8) O tamanho da embalagem 85 Na elaboração das perguntas estruturadas, foram utilizados os três tipos existentes: (i) múltipla escolha; (ii) dicotômica e; (iii) escalas (MALHOTRA, 2012, p. 248). Inicialmente, foram criados dois blocos de perguntas (“Perguntas filtro” e “Informações pessoais”) que utilizaram questões estruturadas de múltipla escolha, dicotômicas e não estruturadas para identificar o perfil e adequação dos entrevistados aos objetivos da pesquisa. Para as variáveis indicadas nas fases do comportamento de compra relacionadas ao “Reconhecimento de necessidade”, “Avaliação de alternativas”, além das perguntas B7.3 e B7.6, apresentadas no QUADRO 8, utilizaram respostas com técnica de escalonamento não comparativas itemizadas do tipo Likert26, adaptadas para utilização de 11 graus, variando de 0 (“discordo totalmente”) a 10 (“concordo totalmente”). Para as variáveis apresentadas dentro da fase de Busca de informações, e dos grupos de variáveis “Tipos de café consumidos”, “Substitutos”, além da pergunta filtro (quantidade de cigarros consumidos) utilizada na “Associação do consumo de café ao cigarro”, foram utilizadas perguntas de múltipla escolha. Utilizou-se ainda, uma pergunta dicotômica como filtro (“Você fuma?”) para escala de “Associação do consumo de café ao cigarro”. O questionário (Apêndice A) aplicado com autopreenchimento foi distribuído por meio das referências dos respondentes iniciais, abordados em escolas, empresas e bairros no município de Belo Horizonte, dentro do período de compreendido entre 03/04/2013 e 25/04/2013. 3.4 Procedimentos de análise dos dados 3.4.1 Classificação das variáveis utilizadas na pesquisa Antes de referenciar as análises estatísticas realizadas nesta pesquisa, é importante abordar sobre as escalas que foram utilizadas. Uma escala pode ser descrita como um conjunto de símbolos ou números, arquitetado com base em um padrão definido de modo a mensurar comportamentos ou atitudes dos indivíduos. Dessa forma, a mensuração reflete a posse do 26 Escala que possui o nome em homenagem ao seu criador, Rensis Likert, muito utilizada, exige dos entrevistados a indicação do grau de concordância ou discordância com em relação a afirmações sobre objetos de estímulo. 86 indivíduo de determinado comportamento ou atitude, de acordo com a sua posição na escala. (MALHOTRA, 2012, p. 200). De acordo com Malhotra (2012, p. 201) existem quatro principais tipos de escala, que são: nominal, ordinal, intervalar e razão. No primeiro tipo, a escala nominal, os números têm a função apenas de rotular ou identificar e classificar objetos, sendo que os mesmos não são passiveis de ordenamento, uma vez que sua função é de apenas facilitar a contagem de vezes que uma determinada classe aparece. No segundo tipo, a escala ordinal, os número têm a função de classificar, refletindo uma hierarquia. Desta forma, tais números são utilizados para indicar até que ponto cada objeto possui determinada categoria. Entretanto, apesar de refletir a hierarquia de determinada característica, tal escala não é capaz de indicar a magnitude da diferença entre as categorias. Outro tipo de escala é a intervalar que reflete, tanto a hierarquia do objeto, quanto a magnitude da diferença, uma vez que as distâncias entre suas categorias (que refletem a posse da característica) são numericamente iguais. Entretanto, ela não possui um ponto zero absoluto. Finalmente, têm-se a escala do tipo razão, que agrega todas as características da escala nominal, ordinal e intervalar, além de possuir um ponto zero absoluto. Por meio da escala é possível identificar ou classificar os objetos, ordená-los e comparar intervalos ou diferenças, além de calcular razões de valores da escala. No presente estudo foram empregadas escalas dos diversos tipos citados, conforme exposto no QUADRO 9. QUADRO 9 - Tipo das variáveis empregadas na pesquisa Variáveis B2.1) Com que frequência você consome café (tradicional ou de outros tipos) por semana? B2.2) Qual horário você normalmente consome café (tradicional ou de outros tipos) num dia? B3.3) Sexo B3.4) Idade (anos) B3.5) Qual o seu nível de escolaridade B3.6) Ocupação funcional B3.7) Estado civil B3.8) Renda familiar B3.9) Em qual regional de Belo Horizonte você reside? B4.1) Benefícios do consumo do café B4.2) Malefícios do consumo do café B4.3) Significado do consumo do café Tipo de variável Ordinal / nominal (caso se considere a resposta “Sem frequência definida” Nominal Nominal Razão Ordinal Nominal Nominal Ordinal Nominal Intervalar (0 a 10, sendo os extremos Discordo totalmente / Concordo totalmente) Intervalar (0 a 10, sendo os extremos Discordo totalmente / Concordo totalmente) Intervalar (0 a 10, sendo os extremos Discordo totalmente / Concordo totalmente) Continua 87 QUADRO 9 - Tipo das variáveis empregadas na pesquisa (continuação) B4.4) Reações decorrentes do consumo do café B5.1) Onde busca informações sobre café B5.2) Com quem busca informações sobre café B6.1) Importância dos atributos do café na decisão de compra B6.2) Locais de compra do café para consumo em casa B6.3) Marcas de café que consome em casa B7.1.1) Café torrado e moído (preparado em filtro de papel ou coador) - frequência semanal B7.1.1) Café torrado e moído (preparado em filtro de papel ou coador) - frequência diária B7.1.2) Café instantâneo /solúvel - frequência semanal B7.1.2) Café instantâneo /solúvel - frequência diária B7.1.3) Café cappuccino - frequência semanal B7.1.3) Café cappuccino - frequência diária B7.1.4) Café expresso - frequência semanal B7.1.4) Café expresso - frequência diária B7.2) Quais bebidas você normalmente toma em substituição ao café? B7.3) Com que frequência você normalmente consome café nos seguintes locais? B7.4) Você fuma? B7.5) Quantos cigarros você normalmente fuma por dia? B7.6) Com que frequência você normalmente consome café antes ou após fumar? Fonte: Elaborado pelo autor. Intervalar (0 a 10, sendo os extremos Discordo totalmente / Concordo totalmente) Nominal Nominal Intervalar (0 a 10, sendo os extremos Baixa importância / Elevada importância) Intervalar (0 a 10, sendo os extremos Nunca / Sempre) Nominal Ordinal / nominal (caso se considere a resposta “Sem frequência definida” Nominal Ordinal / nominal (caso se considere a resposta “Sem frequência definida” Nominal Ordinal / nominal (caso se considere a resposta “Sem frequência definida” Nominal Ordinal / nominal (caso se considere a resposta “Sem frequência definida” Nominal Nominal Intervalar (0 a 10, sendo os extremos Nunca / Sempre) Nominal Ordinal Intervalar (0 a 10, sendo os extremos Nunca / Sempre) Como facilitador para a interpretação e compreensão adequada das estatísticas descritivas das variáveis e consequentemente de seus resultados, foram adotadas algumas diretrizes apresentadas a seguir. No caso das variáveis que utilizaram uma escala intervalar de 0 a 10, sendo que os extremos significavam discordo totalmente 0 e concordo totalmente 10, sugere-se que o seguinte padrão de interpretação seja utilizado: notas de 8 a 10 indicam uma tendência a concordar com a variável que cresce à medida que se aproxima do extremo 10. Já notas entre 5 e 7 indicam uma tendência mais neutra sobre a afirmação da variável. E notas entre 0 e 4 indicam uma tendência a discordar da mesma, sendo que quanto mais próximo de 0 maior a discordância. O mesmo padrão é sugerido para as escalas de importância e de frequência, em que de 0 a 4 indicam uma tendência a nunca realizar o comportamento explicitado ou dar baixa importância ao atributo. De 5 a 7 a tendência é de que a importância do atributo seja mediana e 88 que a frequência também seja “de vez em quando”. Já uma nota de 8 a 10 indica que o atributo possui uma importância elevada ou que o comportamento é executado com frequência (sempre). 3.4.2 Técnicas de análises descritivas A partir das escalas empregadas foram definidas as análises estatísticas utilizadas para responder aos objetivos propostos. De forma inicial foi verificada a estatística descritiva das diversas variáveis, de modo a resumir as informações e ter um entendimento geral dos dados para a amostra do estudo. Ao realizar uma análise descritiva diversos tipos de medida são utilizados, como medidas de tendência central, medidas de dispersão, além da frequência de citação das categorias, normalmente representadas por gráficos de pizza ou barras, horizontais ou verticais. Cada uma das análises foi empregada de acordo com a adequação ao tipo de escala da variável (ANDERSON, SWEENEY, WILLIAMS, 2008). Primeiramente, foi observado o número de respondentes e o número de entrevistados que não responderam cada questão, uma vez que tais observações podem ser importantes para conclusões da pesquisa. Como medidas de tendência central foram utilizadas a média, que representa a somatória de todas as respostas divididas pelo número de indivíduos que responderam à pergunta, bem como a mediana, que reflete a posição central de um conjunto de dados quando este está ordenado de forma crescente (do menor valor para o maior valor). A mediana torna-se mais adequada à medida que a dispersão dos dados é maior, ou seja, os valores mínimos e máximos são distantes. Dessa forma, ambas foram empregadas de forma a conhecer melhor as opiniões pesquisadas (ANDERSON et al., 2008). Para identificar a dispersão dos dados foram utilizadas outras duas medidas: (i) a amplitude e, (ii) o desvio padrão. A primeira reflete o maior valor menos o menor valor, também apresenta o problema de ser sensível a valores extremos. Entretanto, é útil para garantir que erros na coleta ou tabulação dos dados não ocorram, no sentido de aparecerem valores fora do extremo da escala. Já o desvio padrão foi utilizado para avaliar a variabilidade média dos dados, sendo que quanto maior o desvio padrão maior a distância dos valores em relação à média (ANDERSON et al., 2008). 89 Outra medida empregada para conhecer a distribuição dos valores foi a análise dos quartis. Para identificá-los, o conjunto de dados é dividido em quatro partes iguais, contendo cada uma 25% dos respondentes. Tem-se o primeiro quartil, em que a distância do valor mínimo até o quartil compreende 25% dos dados. O segundo quartil apresenta o mesmo resultado que a mediana, sendo o valor que divide os dados no meio. E o terceiro quartil, que representa 75% dos dados, considerando do valor mínimo até ele e, 25% dos dados de sua posição até o valor máximo (ANDERSON et al., 2008). A FIG. 16 apresenta as fórmulas utilizadas para calcular a média, mediana, desvio padrão e quartis. FIGURA 16: Fórmulas para calcular as estatísticas 𝑀é𝑑𝑖𝑎 = ∑ 𝓍1 + 𝓍2 + ⋅⋅⋅ +𝓍𝓃 𝓃 𝓃 𝑀𝑒𝑑𝑖𝑎𝑛𝑎 = ℓ𝑖𝑛𝑓 + 2 −ℱ𝑎𝑛𝑡 ℱ𝒾 ×𝒽 Onde: ℓ𝑖𝑛𝑓 = limite inferior da classe da mediana; ℱ𝑎𝑛𝑡 = frequência acumulada da classe anterior; ℱ𝒾 = frequência absoluta simples da classe mediana; 𝓃 = total de elementos; 𝒽 = amplitude da classe 𝓍𝑖 − 𝑚é𝑑𝑖𝑎 𝐷𝑒𝑣𝑖𝑜 𝑝𝑎𝑑𝑟ã𝑜 = √ 𝓃−1 Onde: 𝓍𝑖 = a amostra do subgrupo 𝓃 = o número de amostras do subgrupo 𝑄𝑢𝑎𝑟𝑡𝑖𝑙𝑘 = 𝑘 ∑ 𝑓𝑖 4 Onde: 𝑘 = 𝑜 𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑜𝑟𝑑𝑒𝑚 𝑑𝑜 𝑞𝑢𝑎𝑟𝑡𝑖𝑙; ∑ 𝑓𝑖 = 𝑎 𝑠𝑜𝑚𝑎 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑎𝑠 𝑓𝑟𝑒𝑞𝑢ê𝑛𝑐𝑖𝑎𝑠 𝑠𝑖𝑚𝑝𝑙𝑒𝑠 Fonte: Malhotra (2012, p. 363-364). Adicionalmente, para as variáveis nominais e algumas variáveis ordinais foram utilizadas a frequência simples ou conjunta. A frequência consiste em contabilizar o número de vezes que determinada categoria apareceu na amostra e dividir pelo total da amostra (MALHOTRA, 2012). O QUADRO 10 apresenta de forma resumida qual o tipo de análise descritiva empregada para cada uma das variáveis, além da forma de apresentação dos mesmos. 90 QUADRO 10 - Estatística descritiva e forma de apresentação dos resultados para cada uma das variáveis empregadas na pesquisa Variáveis B2.1) Com que frequência você consome café (tradicional ou de outros tipos) por semana? B2.2) Qual horário você normalmente consome café (tradicional ou de outros tipos) num dia? B3.3) Sexo B3.4) Idade (anos) B3.4) Idade (anos) transformada em faixa etária B3.5) Qual o seu nível de escolaridade B3.6) Ocupação funcional B3.7) Estado civil B3.8) Renda familiar B3.9) Em qual regional de Belo Horizonte você reside? B4.1) Benefícios do consumo do café B4.2) Malefícios do consumo do café B4.3) Significado do consumo do café B4.4) Reações decorrentes do consumo do café B5.1) Onde busca informações sobre café B5.2) Com quem busca informações sobre café B6.1) Importância dos atributos do café na decisão de compra B6.2) Locais de compra do café para consumo em casa B6.3) Marcas de café que consome em casa B7.1.1) Café torrado e moído (preparado em filtro de papel ou coador) - frequência semanal B7.1.1) Café torrado e moído (preparado em filtro de papel ou coador) - frequência diária B7.1.2) Café instantâneo /solúvel - frequência semanal B7.1.2) Café instantâneo /solúvel - frequência diária B7.1.3) Café cappuccino - frequência semanal B7.1.3) Café cappuccino - frequência diária B7.1.4) Café expresso - frequência semanal B7.1.4) Café expresso - frequência diária B7.2) Quais bebidas você normalmente toma em substituição ao café? B7.3) Com que frequência você normalmente consome café nos seguintes locais? B7.4) Você fuma? B7.5) Quantos cigarros você normalmente fuma por dia? B7.6) Com que frequência você normalmente consome café antes ou após fumar? Fonte: Elaborado pelo autor. Estatística descritiva utilizada Análise de frequência e quartil Forma de apresentação Tabela e gráfico Análises de frequência Gráfico Análises de frequência Mínimo, máximo, quartil, média e desvio padrão Análises de frequência Análises de frequência Análises de frequência Análises de frequência Análises de frequência Análises de frequência Mínimo, máximo, quartil, média e desvio padrão Mínimo, máximo, quartil, média e desvio padrão Mínimo, máximo, quartil, média e desvio padrão Mínimo, máximo, quartil, média e desvio padrão Análises de frequência Análises de frequência Análise fatorial e Alfa de Cronbach e Mínimo, máximo, média e desvio padrão das variáveis e fatores Mínimo, máximo, quartil, média e desvio padrão Análises de frequência da primeira e do conjunto Gráfico Análise de frequência Gráfico Análises de frequência Gráfico Análise de frequência Análises de frequência Análise de frequência Análises de frequência Análise de frequência Análises de frequência Gráfico Gráfico Gráfico Gráfico Gráfico Gráfico Análises de frequência Gráfico Mínimo, máximo, quartil, média e desvio padrão Análises de frequência Análises de frequência Mínimo, máximo, quartil, média e desvio padrão Tabela Gráfico Gráfico Gráfico Gráfico Gráfico Gráfico Tabela Tabela Tabela Tabela Gráfico Gráfico Tabela Tabela Gráfico Tabela Gráfico Gráfico Tabela 91 3.4.3 Análise fatorial Para as variáveis do bloco B6.1, também foi realizada uma Análise Fatorial Exploratória (AFE), com o objetivo de reduzir os dados e compreender quais os fatores são importantes na decisão de compra do café. Para realização da AFE foi utilizado como método de extração denominado Análise dos Componentes Principais27 (ACP) e como método de rotação dos fatores o direct oblimin28, por considerar a existência de relação entre os fatores. Para definir o número de fatores, foi utilizado num primeiro momento o critério do eigenvalue, que representa o quanto da variância do construto que é explicada por cada fator. De acordo com esse critério somente fatores com eigenvalues maiores que 1 são considerados, e foram então encontrados quatro fatores. Entretanto, verificou-se que um dos fatores misturavam dois tipos de atributos diferentes, dificultando sua validade de face. Dessa forma, optou-se por forçar a solução fatorial para encontrar cinco fatores, mas garantindo que respondessem por pelo menos 60% da variância explicada do fator (HAIR et al., 2009). Após a aplicação da AFE, forçando os cinco fatores, foi verificada sua adequação ao conjunto de dados para o qual foi aplicada, por meio da avaliação de duas medidas: (i) o KaiserMeyer-Olkin (KMO) e (ii) a significância do Teste de Esfericidade de Bartlett (TEB) (HAIR et al., 2009). O KMO representa a parte do percentual da variância dos dados que pode ser atribuída a um fator comum, e varia de 0,000 a 1,000. Para que a solução fatorial seja adequada a medida deve apresentar um valor superior a 0,500, sendo que quanto mais próximo de 1,000 mais adequada a solução será (MALHOTRA, 2012). Já o TEB verifica se a matriz de correlação da população é do tipo identidade. Isso porque aplicar a AFE a dados que se comportam como este tipo de matriz não é adequado. A adequação da AFE é atestada caso a significância do teste seja inferior a 0,01, o que significa que a matriz de correlação populacional não é identidade (MALHOTRA, 2012). Outra importante consideração a se fazer é sobre a suficiência do número de respondentes em relação ao número de variáveis utilizadas. Nesse sentido, é recomendado que a amostra tenha no mínimo 5 respondentes para cada variável utilizada na análise (HAIR et al., 27 A ACP é uma técnica estatística multivariada que permite a apresentação das variáveis originais em um número reduzido de componentes (MAROCO, 2010, p. 414). 28 O Direct oblimin é um método de extração dos fatores em que é identificado o grau de correlação entre eles (HAIR et al., 2009). 92 2009; PARSIAN, DUNNING, 2009). A amostra da pesquisa foi de 459 entrevistados e o número de variáveis do Bloco B6.1 foi de 17. Dessa forma, a amostra possui 27 respondentes para cada variável, indicando adequação na sua aplicação. Após garantir a adequação para aplicar AFE ao conjunto de dados faz-se necessário verificar a qualidade da solução fatorial encontrada. Para tanto, são avaliadas outras três medidas: (i) a variância explicada (VE), (ii) a comunalidade e (iii) a carga fatorial (CF). A primeira representa o percentual que as variáveis, juntas, são capazes de explicar da variação total do construto. Ela apresenta um valor entre 0% a 100%, e 60% é o mínimo para que a medida seja adequada (MINGOTI, 2005). Já a comunalidade reflete o quanto cada variável compartilha de significado com as outras e a carga fatorial o quanto cada variável compartilha de significado com o construto. Ambas apresentam um valor entre 0,00 e 1,00, e valores superiores a 0,400 atestam a adequação da variável. Além disso, a CF não pode apresentar um carga maior que 0,400 e com valor bem próximo em mais de um fator, pois isso fere o princípio de que os fatores mensuram aspectos diferentes do conceito. Nesse sentido, foi necessário eliminar a variável “B6.1.7) Ter as informações necessárias no rótulo da embalagem”, pois ela apresentou uma carga muito semelhante em dois fatores. A variável “B6.1.15) O rendimento do pó” foi também eliminada da análise por não ter apresentado validade de face com o fator em que carregou (HAIR et al., 2009). Após definir quais variáveis pertenciam a cada um dos cinco fatores foi então verificada a confiabilidade dos mesmos, por meio do Alfa de Cronbach (AC). Tal medida varia de 0,00 a 1,00 e representa a proporção da variância total da escala que é atribuída ao verdadeiro escore do construto latente que está sendo mensurado (NETEMEYER; BEARDEN; SHARMA, 2003). Conforme Malhotra (2012), para que um fator apresente uma confiabilidade adequada tal medida deve ser superior a 0,700. O QUADRO 11 apresenta quais medidas devem ser avaliadas (KMO, TEB, VE, Comunalidade, Carga fatorial e Alfa de Cronbach) e os valores aceitáveis de acordo com os autores pesquisados. QUADRO 11 - Critérios para adequação da solução fatorial encontrada Medida Parâmetro de aceitação Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) > 0,600 Teste de Esfericidade de Bartlett (TEB) Valor significativo inferior a 1% Variância explicada (VE) > 60% Comunalidade (h²) > 0,400 Carga fatorial (CF) > 0,400 e não pode ser semelhante em dois fatores Alfa de Cronbach >0,700 Fonte: Hair et al. (2009), Mingoti (2005) e Malhotra (2012). 93 3.4.4 Análise de correlação Foram realizados alguns testes de associação ou diferença, tendo como base a variável “B2.1) Com que frequência você consome café (tradicional ou de outros tipos) por semana?”, mas desconsiderando a categoria “Sem frequência definida”. Para verificar a existência de associação entre tal variável e as variáveis “4.1) Benefícios do consumo do café”, “B4.2) Malefícios do consumo do café”, “B4.3) Significado do consumo do café”, “B4.4) Reações decorrentes do consumo do café”, dos fatores de importância dos atributos na decisão de compra, “B3.4) Idade”, “B3.5) Escolaridade” e “B3.8) Renda familiar” foram realizadas análises de correlação, tendo como base o coeficiente de Spearman. Ele também é conhecido como coeficiente de correlação de postos e foi preferido uma vez que a variável B2.1 é ordinal, o que leva à necessidade de um teste não paramétrico, como o realizado (MALHOTRA, 2012). Tal coeficiente varia de -1 a +1, sendo que o valor 0 (zero) representa uma correlação nula. Dessa forma, a análise de correlação permite identificar se as variáveis caminham no mesmo sentido (quando há correlação positiva), se caminham em sentido contrário (correlação negativa) ou se não existe um padrão na variação, que seria a correlação igual a 0 (LEVINE; BERESON; STEPHAN, 2000). Caso sua significância seja inferior a 5% é possível considerar que existe correlação estatisticamente significativa entre as variáveis. Quanto à magnitude da relação, Shimakura (2006) apresenta um padrão para interpretação do coeficiente de correlação de Spearman exposto no QUADRO 12. Assim, adotou-se esse critério para interpretação da intensidade da correlação, quando essa é significativa. QUADRO 12 - Interpretação da intensidade do coeficiente da correlação Coeficiente da correlação 0,00 a 0,19 0,20 a 0,39 0,40 a 0,69 0,70 a 0,89 0,90 a 1,00 Fonte: Shimakura (2006). Intensidade Correlação muito fraca Correlação fraca Correlação moderada Correlação forte Correlação muito forte Para verificar se mulheres apresentam uma frequência de consumo diferente de homens (variável “B3.3) Sexo”) foi utilizado o teste de Mann-Whitney U. Tal teste é indicado para comparar dois grupos não pareados (homens x mulheres) para verificar se há evidências para 94 acreditar que valores de um grupo A são superiores aos valores do grupo B (com base na variável B2.1) e cujos requisitos para aplicação do Teste t de Student não foram cumpridos (para se aplicar o Teste t de Student a variável B2.1 deveria ser do tipo intervalar e apresentar distribuição normal). O teste utilizado verifica se a mediana dos dois grupos é igual, isto é certificado caso a significância do teste seja inferior a 0,05. (LEVINE et al., 2000). Por fim, foi verificada a diferença na frequência de consumo do café entre as diferentes ocupações funcionais e as regionais de Belo Horizonte. Nesse caso, tais variáveis possuíam mais de duas categorias e portanto foi utilizado o Teste de Kruskal-Wallis, que é considerado uma extensão do teste de Mann-Whitney para comparar três ou mais amostras. É também um teste não paramétrico e testa a hipótese alternativa de que pelo menos um par de categorias apresenta diferenças com base na variável dependente (no caso a frequência de consumo do café). Tal hipótese é aceita caso a significância do teste seja inferior a 0,05. Vale ressaltar que a diferença na quantidade de respondentes de cada categoria pode tendenciar o resultado do teste. Dessa forma, as categorias que apresentavam um n inferior a 25 entrevistados foram eliminadas da análise. 95 4 APRESENTAÇÃO, TRATAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS 4.1 Caracterização da amostra da pesquisa Neste subitem serão apresentadas as características sociodemográficas da amostra do estudo. Apesar de tal pesquisa ter sido realizada na cidade de Belo Horizonte, a adoção de uma amostra por conveniência coletada por meio da técnica denominada Bola de Neve fez com que o perfil da amostra ficasse diferente do perfil da população de Belo Horizonte, considerando os dados do CENSO 2010 realizado pelo IBGE (2011b). Não se sabe ao certo qual o perfil da população consumidora de café da cidade de Belo Horizonte, dessa forma, não é possível realizar comparações. O GRÁF. 1 apresenta o gênero dos entrevistados. Verifica-se que 63% são mulheres e 37% são homens. Masculino 37% Feminino 63% GRÁFICO 1 - Gênero dos entrevistados Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados da pesquisa O GRÁF. 2 apresenta a faixa etária dos entrevistados. Verifica-se uma maior concentração nas faixas de 18 a 24 anos (31%) e de 25 a 34 anos (28%). Além disso, o entrevistado mais novo possuía 15 anos e o mais velho possuía 87 anos. Observando os quartis verifica-se que 25% da amostra possui entre 15 e 22 anos, outros 25% possuem entre 22 e 29 anos, outros 25% possuem entre 29 e 43 anos e os outros 25% entre 43 e 87 anos. A média de idade foi de 34 anos e o desvio padrão de 15 anos. 96 De 15 a 17 anos 3% De 18 a 24 anos Idade Mínimo: 15 anos 1o quartil: 22 anos 2o quartil: 29 anos 3o quartil: 43 anos Máximo: 87 anos Média: 34 anos Desvio padrão: 15 anos 31% De 25 a 34 anos 28% De 35 a 44 anos 14% De 45 a 54 anos 11% De 55 a 64 anos 7% 65 anos ou mais 5% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% GRÁFICO 2 - Faixa etária dos entrevistados Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados da pesquisa O GRÁF. 3 exibe a renda familiar dos entrevistados. Verifica-se uma maior concentração nas três primeiras faixas (até R$ 3.000) que somam aproximadamente 46% dos entrevistados, e na faixa Acima de R$ 8.000. Até R$ 1.000 15,3% De R$ 1.001 a 2.000 14,4% De R$ 2.001 a 3.000 16,1% De R$ 3.001 a 4.000 10,5% De R$ 4.001 a 5.000 11,3% De R$ 5.001 a 6.000 7,2% De R$ 6.001 a 7.000 2,6% De R$ 7.001 a 8.000 5,4% Acima de R$ 8.000 16,3% Recusou informar 0,9% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% GRÁFICO 3 - Renda familiar dos entrevistados Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados da pesquisa Já o GRÁF. 4 apresenta a escolaridade dos entrevistados. Verificou-se que a amostra possui um nível de escolaridade mais elevado, uma vez que menos de 9% possuem até ensino fundamental e 31,6% possuem ensino médio. Os outros 59,7% ou possuem ensino superior ou mesmo já realizaram alguma pós-graduação. 97 Não possui (analfabeto) 0,2% Da 1ª a 5ª série do ensino fundamental 3,7% Da 6ª a 9ª série do ensino fundamental 4,8% Do 1º ao 3º ano do segundo grau 31,6% Ensino superior 44,4% Pós-graduação 15,3% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% GRÁFICO 4 - Nível de escolaridade dos entrevistados Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados da pesquisa O GRÁF. 5 exibe o estado civil dos entrevistados. Observa-se que a maior parte da amostra é composta de solteiros (68%), seguida de casados / união estável (25%). Solteiro 67,8% Casado / União estável 24,6% Separado / divorciado 6,1% Viúvo (a) 1,5% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% GRÁFICO 5 - Estado civil dos entrevistados Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados da pesquisa O GRÁF. 6 apresenta a ocupação funcional dos entrevistados. Verifica-se uma maior concentração nas ocupações funcionário de empresa privada (53,2%), estudante (22,7%) e autônomo / profissional liberal (8,1%). 98 Desempregado (a) 0,4% Outros 0,7% Aposentado 3,7% Estudante 22,7% Empresário (a) 1,5% Autônomo / Profissional liberal 8,1% Dona de casa 2,6% Funcionário de empresa privada 53,2% Funcionário público 7,2% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% GRÁFICO 6 - Ocupação funcional dos entrevistados Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados da pesquisa Por fim, o GRÁF. 7 exibe as regionais da cidade de Belo Horizonte onde os entrevistados residem. Observa-se que os percentuais foram diversos, sendo que a regional Nordeste foi a que apresentou o maior percentual (15,5%) e a regional de Venda Nova foi a que apresentou o menor percentual (6,3%). Barreiro 7,4% Centro Sul 15,0% Leste 14,6% Nordeste 15,5% Noroeste 11,5% Norte 6,5% Oeste 14,2% Pampulha 8,9% Venda Nova 6,3% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% GRÁFICO 7 - Regional onde os entrevistados residem Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados da pesquisa 90% 100% 99 4.2 Análise dos dados de acordo com as fases do processo de decisão do consumidor A análise dos dados foi dividida conforme as fases do processo de decisão de compra do consumidor: (i) reconhecimento da necessidade; (ii) Busca de informações; (iii) Avaliação das alternativas e; (iv) Compra / Consumo. Existe ainda uma quinta fase no processo denominada de Pós-compra / consumo, entretanto, ela não foi abordada na pesquisa por não se adequar aos objetivos, uma vez que ela é normalmente empregada para avaliar alguma marca ou empresa específica. Assim, para cada fase foram realizadas as análises pertinentes às variáveis que as compõem, e são exibidas nos tópicos abaixo. 4.2.1 Análise da fase de reconhecimento da necessidade De modo a avaliar a fase denominada reconhecimento da necessidade foram abordados quatro conceitos que estão relacionados a tal fase para o produto pesquisado, que foi o café. O primeiro conjunto de conceitos abordado foi o dos Benefícios do consumo do café. Primeiramente, foram listados os possíveis benefícios com base nas referências indicadas no QUADRO 8 (p. 80-82) e então foi verificada a percepção dos entrevistados sobre tais benefícios no consumo do produto. Observando os resultados é possível estabelecer diversas considerações. A primeira delas é com relação à quantidade de entrevistados que não responderam às afirmativas deste bloco. Da questão B4.1.3 à questão B4.1.9, que estão relacionadas à prevenção de doenças, verifica-se uma taxa de não resposta de aproximadamente 10% a 25%. Isso reflete o desconhecimento generalizado de que o consumo do café incorre em tais benefícios. Além do alto percentual de não resposta, observa-se também que a tendência é de discordar ou apresentar uma posição neutra com relação à essas afirmativas, observando que as médias ficaram abaixo de 4,00, bem como os terceiros quartis foram entre 3,00 e 6,00. Isso revela que os entrevistados ou não conhecem tais benefícios ou não concordam que eles existam. Já com relação às variáveis B4.1.1 e B4.1.2 o cenário é diferente. Praticamente todos os entrevistados responderam a ambas as questões. Além disso, a mediana da primeira variável foi 100 de 8,00, o que significa que pelo menos 50% dos entrevistados concordam que consumir café fornece mais disposição. A mediana da segunda variável foi mais baixa, mas seu terceiro quartil foi de 9, o que revela que pelo menos 25% dos entrevistados concordam que consumir café melhora a memória / concentração. A TAB. 2 apresenta, de forma detalhada, os resultados relacionados aos benefícios do consumo de café. TABELA 2 - Análise descritiva dos benefícios do consumo do café Benefícios do consumo do Não 1° 2° quartil 3° Desvio n Mínimo Máximo Média café respondeu quartil (mediana) quartil padrão B4.1.1) Fornecer mais 457 2 0,00 5,00 8,00 10,00 10,00 7,03 2,91 disposição B4.1.2) Melhorar a 453 6 0,00 4,00 6,00 9,00 10,00 5,83 3,24 memória/concentração B4.1.3) Prevenir a 412 47 0,00 0,00 2,00 5,00 10,00 2,85 3,17 depressão B4.1.4) Auxiliar na prevenção de algumas 409 50 0,00 0,00 3,00 6,00 10,00 3,46 3,30 doenças B4.1.5) Ter alto teor de antioxidantes e combater 382 77 0,00 0,00 2,00 5,00 10,00 2,90 3,12 radicais livres B4.1.6) Prevenir o mal de 359 100 0,00 0,00 0,00 4,00 10,00 1,97 2,63 Parkinson B4.1.7) Prevenir o câncer 343 116 0,00 0,00 0,00 3,00 10,00 1,59 2,40 de próstata B4.1.8) Prevenir a diabetes 348 111 0,00 0,00 0,00 3,00 10,00 1,68 2,41 do tipo 2 B4.1.9) Prevenir o câncer 342 117 0,00 0,00 0,00 3,00 10,00 1,59 2,34 de colo do útero Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados da pesquisa. O segundo conjunto de conceitos abordado foi o dos Malefícios do consumo do café. Nesse caso também, num primeiro momento foram listados os possíveis malefícios com base nos autores indicados no QUADRO 8 (p. 80-82) e então foi verificado se os entrevistados percebem tais características no consumo do produto. No caso dos Malefícios, o percentual de não respostas já foi menor do que no bloco de benefícios. A questão que apresentou o maior percentual de dados ausentes foi a B4.2.7, de 16%. No geral, a tendência foi de discordar dos malefícios, com exceção de apenas três que apresentaram um percentual mais considerável de concordância. O primeiro é a dependência causada pelo consumo do café, com que pelo menos 25% dos entrevistados concordaram, uma vez que o terceiro quartil foi de 10,00. O segundo malefício foi o “B4.2.1) Dificulta o sono (insônia)”, em que o terceiro quartil foi de 9,00, o que também equivale a dizer que pelo menos 25% dos entrevistados concordam com o mesmo. O terceiro malefício percebido pelos entrevistados foi o “B4.2.9) Causa queimação no estomago (problemas gástricos)”, que 101 apresentou um terceiro quartil de 8,00, indicando que pelo menos 25% dos entrevistados acreditam que o consumo do café esteja atrelado a tal malefício. A TAB. 3 apresenta detalhadamente os resultados referentes à percepção de malefícios no consumo de café. TABELA 3 - Análise descritiva dos malefícios do consumo do café Malefícios do consumo do Não 1° 2° quartil 3° Desvio n Mínimo Máximo Média café respondeu quartil (mediana) quartil padrão B4.2.1) Dificulta o sono 454 5 0,00 4,00 7,00 9,00 10,00 6,20 3,52 (insônia) B4.2.2) Gera ansiedade 438 21 0,00 0,00 4,50 7,00 10,00 4,22 3,54 B4.2.3) Gera nervosismo 437 22 0,00 0,00 3,00 6,00 10,00 3,54 3,42 B4.2.4) Causa tremores 421 38 0,00 0,00 0,00 4,00 10,00 2,17 3,06 musculares B4.2.5) Causa depressão 412 47 0,00 0,00 0,00 3,00 10,00 1,68 2,75 B4.2.6) Causa confusão 411 48 0,00 0,00 0,00 2,00 10,00 1,46 2,50 mental B4.2.7) Causa osteoporose 386 73 0,00 0,00 0,00 3,00 10,00 1,72 2,70 B4.2.8) Aumenta a pressão 405 54 0,00 0,00 2,00 6,00 10,00 3,10 3,37 arterial B4.2.9) Causa queimação no estomago (problemas 437 22 0,00 0,00 5,00 8,00 10,00 4,78 3,74 gástricos) B4.2.10) Causa 441 18 0,00 3,00 7,00 10,00 10,00 5,97 3,64 dependência B4.2.11) Causa náuseas 421 38 0,00 0,00 1,00 5,00 10,00 2,32 3,06 B4.2.12) Causa enxaqueca 426 33 0,00 0,00 0,00 5,00 10,00 2,37 3,17 Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados da pesquisa. A TAB. 4 apresenta a análise descritiva do significado do consumo do café. Tais significados foram retirados de estudos anteriores, conforme apresentado no QUADRO 8 (p. 80-82). Neste grupo de variáveis, praticamente todos os entrevistados responderam às questões. Três das perguntas apresentaram maior tendência à concordância, que são: a “B4.3.3) É um hábito no meu dia-a-dia”, a “B4.3.1) Faz me sentir bem” e a “B4.3.8) Serve para dar uma parada (“break”)”. Tal afirmação comprova-se pelo fato de que a mediana das mesmas foi de 9,00, ou 8,00, indicando que pelo menos 50% dos entrevistados tendem a concordar com as afirmativas. Outras duas afirmativas apresentaram um terceiro quartil da ordem de 9,00, indicando que pelos 25% dos entrevistados acreditam que consumir café significa relaxar ou usufruir de um momento de união da família. 102 TABELA 4 - Análise descritiva dos significados do consumo do café Significados do consumo Não 1° 2° quartil n Mínimo do café respondeu quartil (mediana) B4.3.1) Faz me sentir bem 457 2 0,00 5,00 8,00 B4.3.2) Serve para relaxar 458 1 0,00 2,00 6,00 B4.3.3) É um hábito no 457 2 0,00 4,50 9,00 meu dia-a-dia B4.3.4) É um momento só 455 4 0,00 0,00 4,00 para mim B4.3.5) É um momento de 454 5 0,00 0,00 4,50 encontro com amigos B4.3.6) Completa minha 456 3 0,00 0,00 4,00 refeição B4.3.7) É um momento de 456 3 0,00 0,00 5,00 união da família B4.3.8) Serve para dar 456 3 0,00 5,00 8,00 uma parada (“break”) Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados da pesquisa. 3° Desvio Máximo Média quartil padrão 10,00 10,00 6,75 3,30 9,00 10,00 5,49 3,63 10,00 10,00 6,92 3,59 7,00 10,00 4,01 3,72 7,00 10,00 4,19 3,65 7,00 10,00 4,19 3,69 9,00 10,00 5,07 3,82 10,00 10,00 6,54 3,64 Por fim, foram verificadas quais as reações dos indivíduos ao consumo do café, com base nas variáveis referenciadas no QUADRO 8 (p. 80-82). A TAB. 5 apresenta a análise descritiva das mesmas. TABELA 5 - Análise descritiva das reações do indivíduo ao consumo do café Reações do corpo ao Não 1° 2° quartil 3° Desvio n Mínimo Máximo Média consumo do café respondeu quartil (mediana) quartil padrão B4.4.1) Me deixa ligado 456 3 0,00 5,00 8,00 10,00 10,00 6,69 3,28 B4.4.2) Me levanta 457 2 0,00 5,00 8,00 10,00 10,00 6,70 3,29 B4.4.3) Melhora o meu 452 7 0,00 2,00 5,00 9,00 10,00 5,28 3,65 humor B4.4.4) Aumenta a minha 452 7 0,00 3,00 6,00 9,00 10,00 5,61 3,63 concentração B4.4.5) Me deixa animado / 457 2 0,00 3,00 6,00 9,00 10,00 5,76 3,48 agitado Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados da pesquisa. Observa-se num primeiro momento que praticamente todos os entrevistados responderam às cinco variáveis. As duas primeiras apresentaram um maior percentual de concordância, uma vez que a mediana das mesmas foi de 8,00, enquanto das outras foi de 6,00 ou de 5,00. Isso revela que pelo menos 50% dos entrevistados acreditam que consumir café os deixa mais ligados e os levanta. No caso das outras três variáveis (melhora o humor, aumenta a concentração e deixa animado/agitado), o percentual de entrevistados que tendeu a concordar foi de pelo menos 25%, uma vez que o terceiro quartil foi da ordem 9,00. 103 4.2.2 Análise da fase de busca de informações Neste tópico serão abordadas as fontes de informação e os grupos de influência na busca por informações sobre o café, tais como tipos de café existentes, marcas de café disponíveis no mercado, preços etc. No questionário, foram listadas uma série de fontes de informação e de grupos de influência, que o entrevistado deveria marcar caso a utilizasse. Além disso, foi oferecida uma opção denominada “Outros” que o entrevistado deveria marcar e explicitar essa outra fonte de informação ou grupo de influência, caso não estivesse listado. Destaca-se nos resultados que 6% afirmaram nunca buscar informações seja por mídias ou grupos de influência. Além disso, outros 29% afirmaram utilizar as experiências anteriores, o que reflete uma fonte interna do indivíduo. No que tange às fontes de informações externas, verificou-se que as mais citadas foram “Anúncios no ponto de venda” (28%), “Propagandas na televisão” (26%), “Panfletos” (17%) e “Internet” (9%). A primeira oferece uma influência bem no momento da compra, assim como o panfleto, caso seja distribuído no ponto de venda. Propagandas na televisão e panfletos distribuídos fora do ponto de venda já aparecerem com um outro tipo de influência também, como a formação da imagem do produto. Destaca-se, ainda, o “fôlego” que a internet vem ganhando frente as demais fontes de informações, uma vez que ela oferece inúmeras possibilidades, seja de informações específicas de marcas, ou mesmo de informações gerais sobre o produto. O GRÁF. 8 apresenta os resultados sobre as fontes de informações utilizadas pelos entrevistados. B5.1.1) Anúncios no ponto de venda 28% B5.1.9) Propagandas na televisão 26% B5.1.7) Panfletos 17% B5.1.3) Internet 9% B5.1.8) Propagandas no rádio 6% B5.1.5) Lojas especializadas em café 6% B5.1.4) Jornais e revistas 5% B5.1.10) Redes sociais 2% B5.1.6) Outdoors 1% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% GRÁFICO 8 - Fontes de busca de informações sobre os tipos de café existentes, marcas de café disponíveis no mercado, preços etc. utilizadas pelos entrevistados Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados da pesquisa 104 Já o GRÁF. 9 apresenta os grupos de influência consultados. Dentre os familiares, o grupo que apresentou maior percentual de citação foram os pais (44%) o que revela que, para muitos entrevistados, este pode ter sido um hábito criado na infância, no qual os pais são grandes influenciadores e portanto possuem grande credibilidade no assunto. Em seguida aparecem grupos não familiares, que são os amigos (24%) e os conhecidos (23%). Outros parentes contabilizaram 13% de citações e marido/esposa 9%. Irmão e filhos, bem como empregada e barista receberam 5% ou menos de citações. B5.2.6) Meus pais 44% B5.2.2) Amigos 24% B5.2.4) Conhecidos 23% B5.2.3) Outros parentes 13% B5.2.1) Marido / esposa 9% B5.2.8) Meus avós 5% B5.2.7) Meus irmãos 4% B5.2.5) Empregada 2% B5.2.10) Barista (s) 1% B5.2.9) Meus filhos 1% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% GRÁFICO 9 - Grupos de influência na busca de informações sobre os tipos de café existentes, marcas de café disponíveis no mercado, preços etc. utilizadas pelos entrevistados Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados da pesquisa 4.2.3 Análise da fase de avaliação de alternativas pré-compra Na TAB. 6 são apresentados os resultados da AFE para os atributos considerados na decisão de compra de Café. No subitem 3.4.3, da metodologia empregada para execução desta pesquisa, foram relatados os critérios utilizados para a realização da AFE, assim como a determinação de quais variáveis foram retiradas e como foi definido o número de fatores. Além do tamanho da amostra ser mais do que suficiente para aplicação da AFE, observa-se que o KMO foi de 0,836 (acima de 0,600) e a significância do TEB (Est. = 2.412,96; GL = 105) fo i inferior a 1%. Sua variância explicada total foi de 69,32%, superior ao mínimo indicado de 60%. As variáveis que permaneceram na análise apresentam tanto comunalidade quanto carga 105 fatorial maior do que 0,400, bem como o AC dos fatores foram superiores a 0,700, indicando confiabilidade adequada. Os cinco fatores encontrados foram denominados de: o F1 - Importância da Embalagem: compreende a beleza, tipo e tamanho da embalagem, bem como se ela é reciclável; o F2 - Importância da disponibilidade e oferta: compreende se o produto está em oferta, se possui um preço baixo e se está disponível no local de compra; o F3 - Importância dos aspectos do produto: reflete o sabor, tipo e ponto de torra do café; o F4 - Importância da marca e tradição: revela se a marca é a habitualmente comprada, se ela é uma marca premium e se ela possui tradição; o F5 - Importância do meio ambiente e selo de qualidade: revela se o produto é livre de agrotóxicos e se possui selo de qualidade/pureza. A TAB. 6 apresenta os fatores identificados na decisão de compra de café, indicando suas comunalidade, variância explicada, carga fatorial e Alfa de Cronbach. TABELA 6 - Análise fatorial dos atributos considerados na decisão de compra de Café Atributos Com.1 VE2 CF3 AC4 B6.1.11) Possuir uma embalagem bonita 0,667 0,829 B6.1.9) O tipo de embalagem (almofadada, a vácuo, 0,735 0,812 F1 - Importância da vidro etc.) 33,66% 0,831 Embalagem B6.1.8) O tamanho da embalagem 0,698 0,762 B6.1.10) Possuir uma embalagem reciclável 0,706 0,597 B6.1.5) Estar em oferta 0,812 0,897 F2 - Importância da B6.1.4) Ter um preço baixo 0,789 0,890 disponibilidade e 11,84% 0,726 B6.1.6) Estar disponível no local que eu fui fazer a oferta 0,508 0,458 compra B6.1.12) O sabor do café (mais forte/ mais fraco) 0,700 0,844 F3 - Importância B6.1.13) O tipo do café (orgânico, gourmet, tradicional, 0,588 0,727 dos aspectos do cappuccino etc.) 8,99% 0,715 produto B6.1.14) O ponto de torra do café (Tradicional, extra 0,623 0,700 forte etc.) B6.1.1) Ser a marca que estou habituado a comprar 0,669 0,824 F4 - Importância da B6.1.3) A tradição da marca 0,699 8,66% 0,818 0,731 marca e tradição B6.1.2) Ser uma marca premium 0,654 0,737 F5 - Importância do B6.1.17) Ser livre de agrotóxicos 0,793 -0,852 meio ambiente e 6,17% 0,765 B6.1.16) Ter o selo de qualidade / pureza (Selo ABIC) 0,758 -0,746 selo de qualidade Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados da pesquisa. Legenda: Com1 - Comunalidade; VE2 - Variância explicada; CF3 - Carga fatorial; AC4 - Alfa de Cronbach Fator 106 Após a AFE foi verificada a análise descritiva das variáveis e dos fatores. Os valores das médias e desvios padrão dos fatores foram obtidos por meio de uma média simples das variáveis que os compõem. A TAB. 7 apresenta o detalhamento da análise descritiva dos atributos e fatores considerados na decisão de compra do café. TABELA 7 - Análise fatorial dos atributos considerados na decisão de compra de Café Fator F1 Importância da Embalagem F2 Importância da disponibilidade e oferta F3 Importância dos aspectos do produto Atributos B6.1.11) Possuir uma embalagem bonita B6.1.9) O tipo de embalagem (almofadada, a vácuo, vidro etc.) B6.1.8) O tamanho da embalagem B6.1.10) Possuir uma embalagem reciclável B6.1.5) Estar em oferta B6.1.4) Ter um preço baixo B6.1.6) Estar disponível no local que eu fui fazer a compra B6.1.12) O sabor do café (mais forte/ mais fraco) B6.1.13) O tipo do café (orgânico, gourmet, tradicional, cappuccino etc.) B6.1.14) O ponto de torra do café (Tradicional, extra forte etc.) B6.1.1) Ser a marca que estou habituado a comprar B6.1.3) A tradição da marca B6.1.2) Ser uma marca premium B6.1.17) Ser livre de agrotóxicos 1 n Atributos Fator 3 4 5 6 NR Mín Máx Média DP Média7 DP8 2 453 6 0 10 4,66 3,72 454 5 0 10 4,58 3,66 455 4 0 10 4,81 3,60 455 4 0 10 3,96 3,47 454 455 5 4 0 0 10 10 5,69 5,64 3,32 3,29 456 3 0 10 6,90 3,04 458 1 0 10 7,87 2,68 454 5 0 10 6,75 3,46 453 6 0 10 6,86 3,40 4,50 3,61 6,08 3,22 7,16 3,18 F4 456 3 0 10 7,84 2,98 Importância da 6,85 3,22 marca e 453 6 0 10 7,18 3,12 tradição 452 7 0 10 5,54 3,55 F5 450 9 0 10 6,13 3,85 Importância do meio ambiente B6.1.16) Ter o selo de qualidade / 6,31 3,76 453 6 0 10 6,50 3,68 e selo de pureza (Selo ABIC) qualidade B6.1.7) Ter as informações Não entraram 455 4 0 10 5,33 3,64 necessárias no rótulo da embalagem na AFE B6.1.15) O rendimento do pó 455 4 0 10 6,07 3,67 Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados da pesquisa. Legenda: n1 - Número de respondentes da questão; NR2 - Número de entrevistados que não responderam à questão; Min3 - Valor mínimo citado no item; Max4 - Valor máximo citado no item; Média5 - Valor médio do item; DP6 Desvio padrão do item; Média7 - Valor médio do fator; DP8 - Desvio padrão do fator. Uma primeira observação é que o número de não respostas das variáveis foi baixo, o que não levou a nenhum tipo de problema. O fator que apresentou a maior média, e portanto, a maior importância na decisão de compra do café foi o “F3 - Importância dos aspectos do produto”. Observando suas variáveis a mais importante é o sabor do café, e depois o tipo e o ponto de torra, que apresentaram médias semelhantes. 107 O segundo fator mais importante foi o “F4 - Importância da marca e tradição”, que apresentou uma média de 6,85. Das suas variáveis, ser a marca que o entrevistado normalmente compra e ser uma marca tradicional são mais importantes do que ser uma marca premium. O terceiro fator mais importante foi o “F5 - Importância do meio ambiente”, que apresentou uma média de 6,31, sendo que suas duas variáveis apresentaram médias semelhantes. O quarto fator mais importante foi o “F2 - Importância da disponibilidade e oferta”, que apresentou uma média de 6,08. Dentre as suas variáveis, a mais importante é a disponibilidade do produto no ponto de venda, sendo que as outras duas apresentaram médias menores e próximas. O quinto e último fator mais importante foi o “F1 - Importância da Embalagem”. As variáveis apresentaram médias semelhantes, com exceção da que versava sobre a embalagem ser reciclável, que apresentou uma média menor. As outras duas variáveis, “B6.1.7) Ter as informações necessárias no rótulo da embalagem” e “B6.1.15) O rendimento do pó”, que foram excluídas da AFE, apresentaram média regular, mas com um desvio padrão elevado. No geral, o desvio padrão de todas as variáveis e fatores foi bem elevado. Dessa forma, optou-se por fazer uma análise dos quartis dos fatores de importância de modo a compreender melhor a opinião dos entrevistados. Os resultados são apresentados na TAB. 8 TABELA 8 - Análise dos quartis dos fatores considerados na decisão de compra de Café Fator n NR F1 - Importância da Embalagem 449 10 F2 - Importância da disponibilidade e oferta 452 7 F3 - Importância dos aspectos do produto 451 8 F4 - Importância da marca e tradição 451 8 F5 - Importância do meio ambiente e selo de 448 11 qualidade Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados da pesquisa. 0,00 0,00 0,00 0,00 1° quartil 2,25 4,67 5,33 5,33 2° quartil (mediana) 4,50 6,67 7,67 7,33 0,00 4,00 7,00 Mínimo 3° Máximo quartil 6,75 10,00 8,00 10,00 9,33 10,00 9,00 10,00 10,00 10,00 Verificou-se que apenas o terceiro quartil dos fatores, com exceção do primeiro fator, apresentam valor igual ou superior a 8,00. Isso revela que pelo menos 25% dos entrevistados atribuem alta importância aos mesmos. A mediana dos aspectos do produto e da marca foram superiores a 7,00, o que indica que apresentam uma maior importância que os outros fatores para um maior grupo de entrevistados. O primeiro fator apresentou uma importância secundária, comparado aos demais, o que já tinha sido observado com base nas médias. Observando seu primeiro quartil, que foi de 2,25 108 é possível afirmar que pelo menos 25% dos entrevistados não consideram a embalagem importante na decisão de compra do produto. Além de verificar os atributos importantes na escolha pelo produto e o ponto de venda em que os consumidores compram café com mais frequência, foi também verificada a marca que geralmente é comprada, sendo que cada entrevistado poderia citar até três marcas. Observou-se que 8% não citou nenhuma marca, 47% não citou a segunda marca e 69% não citou a terceira marca. Ao todo, foram citados 1.377 nomes, que correspondem a 49 marcas diferentes. Ressalta-se que foi deixado apenas um espaço em branco para que o entrevistado listasse o nome da marca, o que fez com que a resposta à pergunta fosse espontânea. Observando a marca Top of Mind, a mais citada foi a Três Corações, lembrada por 73% dos entrevistados. As outras marcas ficaram bem mais distantes, sendo que a Fino Grão apareceu em segundo lugar com 7% de citações, o que corresponde a apenas um décimo das citações da primeira. As outras apresentaram menos que 5% de citações. O GRÁF. 10, exibe as marcas de café Top of Mind. Três Corações 73% Fino Grão 7% Barão 3% Pilão 2% Melita 2% Nescafé 1% Utam 1% Outras com menos de 1% de citações 4% Não citou 8% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% GRÁFICO 10 - Marca de café comparada Top of Mind Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados da pesquisa De forma complementar, o GRÁF. 11 apresenta o conjunto considerado das marcas, que representa a frequência geral de citação nas três opções. Mais uma vez a marca Três Corações apresenta uma liderança absoluta, sendo citada por 86% dos entrevistados. A Fino Grão foi citada por 25% dos entrevistados, seguida da Barão que obteve 14% de citações e da Pilão, com 13%. As outras marcas apresentaram menos de 10% de citações. As outras 40 marcas, que apresentaram menos de 1% de citações, não foram exibidas no Gráfico. 109 Três Corações 86% Fino Grão 25% Barão 14% Pilão 13% Melita 8% Bom Jesus 5% Caboclo 4% Nescafé 4% Dom Pedro 3% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% GRÁFICO 11 - Conjunto considerado das marcas de café comparadas Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados da pesquisa 4.2.4 Análise da fase de Compra / Consumo Nesse tópico serão apresentadas as análises das variáveis relacionadas à fase de compra/consumo do café. TABELA 9 - Análise descritiva da frequência de compra do Café nos seguintes locais para consumo na residência Frequência de compra do café nos seguintes n NR Mínimo pontos de venda para consumo em casa B6.2.1) Supermercado(s) / Hipermercado(s) 459 0 0,00 B6.2.2) Padaria(s) 459 0 0,00 B6.2.3) Mercado(s) de bairro 459 0 0,00 B6.2.4) Loja(s) de conveniência 459 0 0,00 B6.2.5) Cafeteria(s) 459 0 0,00 B6.2.6) Lojas especializadas 459 0 0,00 Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados da pesquisa. 1° 2° quartil quartil (mediana) 9,00 10,00 0,00 2,00 0,00 3,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 3° quartil 10,00 5,00 8,00 2,00 5,00 2,00 Máximo Média 10,00 10,00 10,00 10,00 10,00 10,00 8,87 3,03 3,93 1,51 2,10 1,58 Desvio padrão 2,40 3,43 3,89 2,63 3,09 2,68 A TAB. 9 apresenta a análise descritiva da frequência de compra do Café em determinados locais para consumo na residência. Foram listados diversos tipos de ponto de venda onde normalmente o produto é comprado e observou-se que, destes, apenas dois apresentaram algum nível de frequência maior de compra. O primeiro local é constituído por supermercados/hipermercados, em que apresentou o primeiro quartil da ordem de 9,00. Isso 110 significa que pelo menos 75% dos entrevistados, normalmente, compram o café nesse tipo de ponto de venda. O outro local de compra é composto por mercados de bairro, que apresentou um terceiro quartil de 8,00. Isso revela que 25% normalmente compram nesse tipo de ponto de venda. O GRÁF. 12 apresenta a frequência de consumo do café relatada pelos entrevistados. Verifica-se que a maior parte consome o café todos os dias (58%), seguida da categoria 5 vezes por semana (11%). Outros 13% afirmaram consumir o café sem frequência definida. 1 vez por semana 4% 2 vezes por semana 4% 3 vezes por semana 6% 4 vezes por semana 2% 5 vezes por semana 11% 6 vezes por semana 3% Todo dia 58% Sem frequência definida 13% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% GRÁFICO 12 - Análise descritiva da frequência de consumo do café Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados da pesquisa No GRÁF. 13 é apresentado o momento do dia que o entrevistado normalmente consome o café. Verifica-se que o “café da manhã” foi o momento mais citado (56%), seguido de “intervalos do trabalho/estudo” (9%) e “lanche da tarde” (6%). Outros 27% afirmaram não terem um horário definido para consumo do produto. Sem horário definido 27% No café da manhã 56% Após o almoço 1% Intervalos do trabalho / estudo 9% Lanche da tarde 6% Após o jantar 0% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% GRÁFICO 13 - Análise descritiva do momento de consumo do café Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados da pesquisa 100% 111 O GRÁF. 14 exibe o consumo de quatro tipos de café que foram abordados na pesquisa. Observa-se que o café torrado e moído é consumido por praticamente toda a amostra (96%). Os outros tipos apresentam menor frequência de consumo, como o café cappuccino (63%), café expresso (49%) e café instantâneo/solúvel (42%). 100% 96% 80% 63% 60% 49% 42% 40% 20% 0% Café torrado e moído (preparado em filtro de papel ou coador) Café instantâneo / solúvel Café cappuccino Café expresso GRÁFICO 14 - Análise do consumo do café de diferentes tipos de café Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados da pesquisa Verificou-se também qual a frequência de consumo dos quatro tipos de café. Os resultados apresentados na TAB. 10 revelam que o café torrado e moído apresenta frequência bem semelhante ao percentual geral apresentado no GRÁF. 14. Já os outros três tipos de cafés apresentam um percentual bem maior de entrevistados que consomem sem frequência certa, seguida das opções 1 vez ou 2 vezes por semana. TABELA 10 - Análise descritiva da frequência de consumo do café por tipo de café Café torrado e moído Café instantâneo (preparado em filtro /solúvel de papel ou coador) 1 vez por semana 5% 14% 2 vezes por semana 4% 9% 3 vezes por semana 5% 3% 4 vezes por semana 2% 4% 5 vezes por semana 10% 5% 6 vezes por semana 2% 1% 7 vezes por semana 44% 8% Sem frequência certa 28% 56% Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados da pesquisa. Frequência de consumo Café cappuccino Café expresso 13% 11% 7% 2% 1% 0% 2% 63% 17% 8% 6% 3% 4% 3% 4% 56% Foi verificado também em qual momento do dia os entrevistados normalmente consomem os diversos tipos de café e os resultados são exibidos na TAB. 11. Mais uma vez o café torrado e moído apresentou percentual semelhante ao observado para o café de forma geral. 112 Os outros três tipos apresentaram um elevado percentual de pessoas que consomem sem horário definido, seguido do café da manhã. TABELA 11 - Análise descritiva do momento de consumo do café por tipo de café Café torrado e moído Café instantâneo (preparado em filtro de Café cappuccino Café expresso /solúvel papel ou coador) No café da manhã 54% 19% 13% 9% Após o almoço 1% 7% 3% 11% Intervalos do trabalho/ estudo 6% 9% 7% 11% Lanche da tarde 5% 11% 11% 8% Após o jantar 1% 3% 4% 1% Sem horário definido 32% 52% 63% 59% Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados da pesquisa. Momento de consumo Verificou-se quais as bebidas poderiam substituir o café. Foram apresentadas algumas opções que o entrevistado deveria marcar caso consumisse tal bebida em substituição ao café, bem como foi oferecida a opção outros, na qual poderia ser relatado o nome da bebida. Os resultados estão exibidos no GRÁF. 15. Observou-se, que o “suco” apresentou o maior percentual (46%), seguido de “achocolatado” (39%), de “leite” e “chá” (30%), “água” (20%) e “vitamina” (12%). As outras bebidas apresentaram menos de 10% de citações. B7.2.5) Suco B7.2.2) Achocolatado B7.2.4) Leite B7.2.3) Chá B7.2.1) Água B7.2.7) Vitamina B7.2.8) Refrigerante / Coca-cola B7.2.6) Cevada B7.2.12) Nenhuma bebida B7.2.11) Iogurte B7.2.9) Energético B7.2.10) Chimarrão 46% 39% 30% 30% 20% 12% 3% 2% 1% 1% 1% 0% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% GRÁFICO 15 - Bebidas citadas como substitutas do Café Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados da pesquisa A TAB. 12 apresenta a análise descritiva da frequência de consumo do Café em determinados locais. O consumo em casa foi o que apresentou a maior média, além disso, sua mediana foi de 10,00, o que equivale a dizer que pelo menos 50% dos entrevistados sempre consomem café em casa. Os outros dois locais que apresentaram média maior foram o local de trabalho e a casa de amigos. O primeiro apresentou um terceiro quartil de 10,00 e o segundo de 113 9,00. Isso equivale a dizer que pelo menos 25% dos entrevistados consomem café com frequência nesses dois locais. TABELA 12 - Análise descritiva da frequência de consumo do Café nos seguintes locais Locais de consumo do café n NR Mínimo 1° quartil 7,00 B7.3.1) Casa 459 0 0,00 B7.3.2) Bar(es) e 459 0 0,00 0,00 Lanchonete(s) B7.3.3) Padaria(s) 459 0 0,00 0,00 B7.3.4) Restaurante(s) 459 0 0,00 0,00 B7.3.5) Local de trabalho 456 3 0,00 0,25 B7.3.6) Casa de parente(s) e 459 0 0,00 2,00 amigo(s) B7.3.7) Loja(s) de 459 0 0,00 0,00 conveniência B7.3.8) Escola / Faculdade 455 4 0,00 0,00 Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados da pesquisa. 2° quartil (mediana) 10,00 3° Máximo Média DP quartil 10,00 10,00 8,07 2,97 3,00 5,00 10,00 3,31 3,26 2,00 0,00 6,00 5,00 5,00 10,00 10,00 10,00 10,00 3,13 2,27 5,58 3,15 3,02 3,98 5,00 9,00 10,00 5,20 3,55 0,00 2,00 10,00 1,26 2,29 0,00 4,00 10,00 2,13 3,21 Além de observar variáveis referentes ao consumo do café, verificou-se também a sua relação com o consumo de cigarros. Num primeiro momento foi então indagado se o entrevistado fumava e em caso afirmativo, quantos cigarros por dia. O GRÁF. 16 apresenta os resultados, sendo que 93% afirmaram não fumar. Identificou-se ainda que os fumantes normalmente consomem de 1 a 10 cigarros por dia. De 16 a 20 cigarros 1% De 11 a 15 cigarros 0% De 6 a 10 cigarros 3% De 1 a 5 cigarros 3% Não fuma 93% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% GRÁFICO 16 - Quantidade de cigarros que os entrevistados fumam Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados da pesquisa Já a TAB. 13 apresenta a análise descritiva da frequência de consumo do café antes ou após o fumo do cigarro. Verifica-se que existe pouca relação entre os dois hábitos para a amostra pesquisada, uma vez que o terceiro quartil foi de 2,50. Isso equivale a dizer que pelo menos 75% dos entrevistados que fumam normalmente não consomem café antes ou após fumarem. 114 TABELA 13 - Análise descritiva da frequência de consumo do Café antes ou após o fumo do cigarro 2° quartil (mediana) 34 0 0,00 0,00 0,75 Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados da pesquisa. n NR Mínimo 1° quartil 3° quartil Máximo Média DP 2,50 8,00 4,29 3,87 A TAB. 14 exibe a correlação entre a frequência de consumo geral e os benefícios do consumo do café. Vale ressaltar que, para realizar tais análises de correlação, a categoria “Sem frequência definida” foi eliminada da análise. TABELA 14 - Correlação entre a frequência de consumo geral e os benefícios do consumo do Café Benefícios do consumo do café B2.1) Frequência semanal de consumo de café B4.1.1) Fornecer mais disposição 0,141** B4.1.2) Melhorar a memória/concentração 0,111* B4.1.3) Prevenir a depressão -0,142 B4.1.4) Auxiliar na prevenção de algumas doenças -0,104** B4.1.5) Ter alto teor de antioxidantes e combater radicais livres -0,156** B4.1.6) Prevenir o mal de Parkinson -0,072 B4.1.7) Prevenir o câncer de próstata -0,104 B4.1.8) Prevenir a diabetes do tipo 2 -0,101 B4.1.9) Prevenir o câncer de colo do útero -0,073 Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados da pesquisa. Legenda: * Significativo ao nível de 0,05; ** Significativo ao nível de 0,01. Os resultados revelam que apenas quatro das nove correlações foram estatisticamente significativas (ao nível de 5% e 1%), ainda que as magnitudes revelem relação muito baixa. Além disso, no caso dos benefícios “B4.1.1) Fornecer mais disposição” e “B4.1.2) Melhorar a memória/concentração” o coeficiente foi positivo e dos benefícios “B4.1.4) Auxiliar na prevenção de algumas doenças” e “B4.1.5) Ter alto teor de antioxidantes e combater radicais livres” foram negativos, indicando relação inversa. Verificou-se também a correlação entre a frequência de consumo geral e os malefícios do consumo do café. Os resultados revelam que oito das doze correlações foram estatisticamente significativas (ao nível de 5% e 1%), ainda que as magnitudes também revelaram relação muito baixa. Além disso, todas as correlações foram negativas, indicando relação inversa, ou seja, quanto maior a frequência de consumo menor a concordância com o malefício. 115 TABELA 15 - Correlação entre a frequência de consumo geral e os malefícios do consumo do Café Malefícios do consumo do café B2.1) Frequência semanal de consumo de café B4.2.1) Dificulta o sono (insônia) -0,059 B4.2.2) Gera ansiedade -0,055 B4.2.3) Gera nervosismo -0,109* B4.2.4) Causa tremores musculares -0,189** B4.2.5) Causa depressão -0,173** B4.2.6) Causa confusão mental -0,147** B4.2.7) Causa osteoporose -0,157** B4.2.8) Aumenta a pressão arterial -0,114* B4.2.9) Causa queimação no estomago (problemas gástricos) -0,064 B4.2.10) Causa dependência 0,111* B4.2.11) Causa náuseas -0,115* B4.2.12) Causa enxaqueca -0,074 Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados da pesquisa. Legenda: * Significativo ao nível de 0,05; ** Significativo ao nível de 0,01. A TAB. 16 apresenta a correlação entre a frequência de consumo geral e os significados do consumo do Café. Todos os significados apresentaram correlação estatisticamente significativa ao nível de 1% e positivas. Além disso, a correlação com a variável “B4.3.3) É um hábito no meu dia-a-dia” foi de magnitude moderada. Com as variáveis “B4.3.1) Faz me sentir bem”, “B4.3.4) É um momento só para mim”, “B4.3.6) Completa minha refeição” e “B4.3.7) É um momento de união da família” foram de magnitude baixa. Já com as outras três variáveis a correlação pode ser considerada muito baixa. TABELA 16 - Correlação entre a frequência de consumo geral e os significados do consumo do Café Significados do consumo do café B2.1) Frequência semanal de consumo de café B4.3.1) Faz me sentir bem 0,266** B4.3.2) Serve para relaxar 0,182** B4.3.3) É um hábito no meu dia-a-dia 0,487** B4.3.4) É um momento só para mim 0,211** B4.3.5) É um momento de encontro com amigos 0,143** B4.3.6) Completa minha refeição 0,234** B4.3.7) É um momento de união da família 0,234** B4.3.8) Serve para dar uma parada ("break") 0,176** Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados da pesquisa. Legenda: * Significativo ao nível de 0,05; ** Significativo ao nível de 0,01. A TAB. 17 apresenta a correlação entre a frequência de consumo geral e as reações provocadas no corpo pelo consumo do Café. Nenhuma das reações apresentou correlação estatisticamente significativa ao nível de 1%. 116 TABELA 17 - Correlação entre a frequência de consumo geral e as reações provocadas no indivíduo pelo consumo do Café Reações provocadas no indivíduo pelo consumo do café B2.1) Frequência semanal de consumo de café B4.4.1) Me deixa ligado 0,020 B4.4.2) Me levanta 0,069 B4.4.3) Melhora o meu humor 0,066 B4.4.4) Aumenta a minha concentração 0,070 B4.4.5) Me deixa animado / agitado 0,083 Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados da pesquisa. Legenda: * Significativo ao nível de 0,05; ** Significativo ao nível de 0,01. A TAB. 18 apresenta a correlação entre a frequência de consumo geral e os fatores de importância na decisão de compra do Café. Apenas o fator F3 - Importância dos aspectos do produto apresentou correlação estatisticamente significativa ao nível de 1%. Além disso, ainda que a correlação tenha sido positiva sua magnitude foi muito baixa. TABELA 18 - Correlação entre a frequência de consumo geral e os fatores de importância na decisão de compra do Café Atributos considerados na compra do café B2.1) Frequência semanal de consumo de café F1 - Importância da Embalagem -0,071 F2 - Importância da disponibilidade e oferta -0,066 F3 - Importância dos aspectos do produto 0,162** F4 - Importância da marca e tradição 0,096 F5 - Importância do meio ambiente e selo de qualidade -0,078 Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados da pesquisa. Legenda: * Significativo ao nível de 0,05; ** Significativo ao nível de 0,01. A TAB. 19 apresenta a correlação entre a frequência de consumo geral e a idade, nível de escolaridade e renda familiar. Apenas a idade apresentou correlação estatisticamente significativa ao nível de 1%. Além disso, a correlação foi negativa, mas sua magnitude foi baixa. Isso revela que, em pequena escala, pessoas mais jovens consomem café em frequência menor. TABELA 19 - Correlação entre a frequência de consumo geral e a idade, nível de escolaridade e renda familiar Variáveis sócio demográficas B2.1) Frequência semanal de consumo de café B3.4) Idade -0,309** B3.5) Escolaridade 0,060 B3.8) Renda familiar 0,025 Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados da pesquisa. Legenda: * Significativo ao nível de 0,05; ** Significativo ao nível de 0,01. 117 A TAB. 20 apresenta os resultados para o Teste de diferença de Mann-Whitney U para verificar a diferença no nível de consumo geral de café de acordo com o gênero dos entrevistados. A significância do teste foi inferior a 5%, o que equivale dizer que homens consomem café numa frequência diferente das mulheres. Observando o ranking médio de ambos os sexos, é possível perceber que as mulheres consomem café com mais frequência do que os homens. TABELA 20 - Teste de diferença de Mann-Whitney U para verificar a diferença no nível de consumo geral de café de acordo com o gênero dos entrevistados B3.3) Sexo n Ranking médio 142 184,58 257 208,52 399 Mann-Whitney U: 16.057 Z: -2,360 Sig. 0,018 Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados da pesquisa. Soma dos rankings 26.210,00 53.590,00 Masculino Feminino Total A TAB. 21 apresenta os resultados para o Teste de diferença de Kruskal-Wallis H para verificar a diferença no nível de consumo geral de café de acordo com a ocupação funcional dos entrevistados. Vale ressaltar que as categorias dona de casa, empresário, aposentado, desempregado e outros tiveram de ser eliminadas, devido ao baixo percentual. TABELA 21 - Teste de diferença de Kruskal-Wallis H para verificar a diferença no nível de consumo geral de café de acordo com a ocupação funcional dos entrevistados B3.6) Ocupação funcional n Funcionário público 33 Funcionário de empresa privada 217 Autônomo / Profissional liberal 29 Estudante 84 Total 363 Qui-quadrado: 11,567 GL: 3 Sig. 0,009 Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados da pesquisa. Ranking médio 216,50 181,65 206,02 161,06 - A significância do teste foi inferior a 1%, o que equivale dizer que pelo menos um par das categorias funcionais consomem café numa frequência diferente. Ao observar o ranking médio verificou-se que, aparentemente, funcionários públicos e autônomos / profissionais liberais consomem café com maior frequência do que funcionários de empresas privadas e estudantes. A TAB. 22 apresenta os resultados para o Teste de diferença de Kruskal-Wallis H para verificar a diferença no nível de consumo geral de café de acordo com a regional de Belo 118 Horizonte onde os entrevistados residem. A significância do teste foi superior a 5%, o que revela que não existem diferenças na frequência de consumo entre os moradores das regionais de Belo Horizonte. TABELA 22 - Teste de diferença de Kruskal-Wallis H para verificar a diferença no nível de consumo geral de café de acordo com a regional de Belo Horizonte onde os entrevistados residem B3.9) Regional de Belo Horizonte n Noroeste 42 Barreiro 30 Venda Nova 26 Norte 27 Centro Sul 64 Leste 58 Oeste 55 Nordeste 61 Pampulha 36 Total 399 Qui-quadrado: 7,90 GL: 8 Sig. 0,443 Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados da pesquisa. Ranking médio 175,25 182,98 190,88 191,04 194,50 205,70 206,55 217,35 217,54 - 119 5 CONCLUSÕES A presente dissertação teve como principal objetivo descrever o comportamento dos consumidores de café do município de Belo Horizonte. Para responder tal objetivo, foram adotados objetivos específicos relacionados às seguintes fases do comportamento de compra dos consumidores: reconhecimento da necessidade, busca de informações, avaliação de alternativas pré-compra, compra e consumo. Todos os objetivos específicos foram atingidos. Com a finalidade de facilitar a compreensão dos achados deste estudo, optou-se pela apresentação deste capítulo desmembrado nos estágios de compra abordados e os objetivos específicos relacionados. 5.1 Reconhecimento da necessidade O presente estudo, no que se refere ao reconhecimento da necessidade, permitiu conclusões sobre os benefícios, malefícios, significados e reações associadas ao consumo de café que são percebidas pelos indivíduos. Foram propostos dois objetivos que se referem à fase de reconhecimento da necessidade: 1. Investigar os benefícios e malefícios percebidos com o consumo de café No que refere-se aos benefícios percebidos pelos consumidores de café, o presente estudo permitiu concluir que os efeitos do café relacionados à saúde são desconhecidos pela maioria dos entrevistados, apesar da existência de diversos estudos que comprovam cientificamente tais benefícios (TAVANI et al., 1997; LIMA, 2000; ROSENGREN et al., 2004; SALAZAR-MARTINEZ et al., 2004; DÓREA; COSTA, 2005; LIMA, 2001, LIMA, 2003; VAN DAM; HU, 2005; HU et al., 2007; CARLSEN et al., 2010; LUCAS et al., 2011; YU et al., 2011; STOKEL, 2012). Dados da ABIC (2010), corroboram com estes achados, uma vez que, em pesquisa realizada, menos de 13% dos entrevistados declaram reconhecer algum destes benefícios. 120 Com base na teoria estudada e nos resultados obtidos, recomenda-se que empresas do setor, cafeicultores, associações setoriais e profissionais da área de saúde reforcem os trabalhos de divulgação que estimulem um processo de aprendizagem nos consumidores. Deve-se instigar a percepção do café como um alimento funcional 29, e não apenas como uma bebida consumida por hábito. Tal recomendação não se justifica apenas pelos retornos mercadológicos que podem ser potencializados, uma vez que o Brasil é um dos maiores consumidores e maior produtor mundial (DECAF, 2013; EMBRAPA, 2012), mas também em função dos efeitos positivos sobre a saúde (respostas psicoativas, neurológicas, controle de distúrbios metabólicos e da função hepática), já que é uma bebida com ampla utilização, desde crianças a idosos (DÓREA; COSTA, 2005). Outra constatação é que os consumidores perceberam, como benefícios do consumo do café, o fato de fornecer mais disposição e melhorar a memória/concentração. Tal constatação alinha-se a demais estudos dos efeitos do café, que em quantidades moderadas faz com que o cérebro esteja mais atento e capaz de suas atividades intelectuais, estimulando a memória, atenção e concentração (SMITH et al., 1999; DÓREA; COSTA, 2005; LIMA, 1995; LIMA, 2003; ALVES et al., 2009). A pesquisa da ABIC (2010), ao avaliar a percepção dos consumidores, também constatou tais benefícios como os principais percebidos. Ao consultar os entrevistados sobre a percepção dos malefícios do café, constatou-se que a maioria das variáveis não são associadas ao consumo da bebida. Contudo, três malefícios foram indicados como significativos: a dependência, a geração de dificuldade para sono (insônia) e a queimação no estômago (problemas gástricos). No entanto, a ABIC (2010), ao avaliar junto aos não consumidores os motivos de rejeição da bebida, constatou que os três malefícios apresentados neste estudo foram citados respectivamente por 6%, 9% e 45% dos entrevistados. Gonçalves (2009) também não verificou tais malefícios ao avaliar os não consumidores. Grande parte dos estudos, ao avaliar os malefícios do café, valeu-se dos não consumidores. Este estudo diferencia-se, assim, ao apurar os danos percebidos pelos consumidores de café, que apresentam-se diferentes dos encontrados em outras pesquisas. Apurar os malefícios percebidos torna-se importante à medida que esta compreensão pode direcionar ações de retenção dos consumidores. Tais ações podem valer-se do fato que estes malefícios são verídicos do ponto de vista científico apenas para consumo em quantidades exageradas (CAETANO et al., 2008; ALVES et al., 2009). 29 O alimento funcional é aquele que demonstra poder afetar beneficamente uma ou mais funções alvo no corpo, além de possuir os adequados efeitos nutricionais, de maneira que seja tanto relevante para o bem-estar e a saúde quanto para a redução do risco de uma doença (ROBERFROID, 2002). 121 Em virtude dos aspectos que foram apresentados, por meio da percepção dos consumidores de café, pode-se concluir que os principais benefícios e malefícios identificados são: o Benefícios: (i) Fornece mais disposição e (ii) Melhora a memória/concentração; o Malefícios: (i) Causa dependência, (ii) Dificulta o sono e (iii) causa queimação (problemas gástricos). 2. Identificar os principais significados e reações provocadas pelo consumo de café; Em relação aos significados do consumo de café para os entrevistados, averiguou-se que cinco entre oito afirmativas apresentadas na pesquisa foram avaliadas com concordância de ao menos um quarto dos entrevistados. Pela observação dos dados concluiu-se que três afirmativas foram fortemente indicadas pelos consumidores: “é um hábito no meu dia-a-dia”, “faz me sentir bem” e “serve para dar uma parada (“break”)”, assim como constatado em outros estudos (PIRES NETO, 2008; GONÇALVES, 2009; ARRUDA et al., 2007). Tais significados são baseados no forte impacto simbólico, social, cultural e místico que o café carrega (COBRA, 2008; GONÇALVES, 2009; SETTE, 2000). No que se refere às reações indicadas no estudo, todas as associações foram apontadas pelos entrevistados como efeitos do consumo de café. Entretanto, “deixar ligado” e “levantar” apresentaram maior nível de concordância pelos entrevistados, sendo indicados por pelo menos metade dos entrevistados. Os achados deste estudo reforçam resultados encontrados em pesquisa realizada pela ABIC (2010). Em vista dos dados e análises apresentadas, constatou-se que os principais significados e reações percebidas pelos consumidores de café são: o Significados: (i) ser um hábito do dia a dia, (ii) fazer sentir-se bem, (iii) serve para dar uma parada (“break”), (iv) serve para relaxar e (v) ser um momento de união da família o Reações: (i) levanta, (ii) deixa ligado, (iii) anima/agita, (iv) aumenta a concentração, (v) melhora o humor. 122 5.2 Busca de informações O objetivo proposto, que refere-se à fase de busca de informações, foi: 1. Levantar as fontes de informação e os grupos de influência utilizados no processo de decisão de compra de café Em relação ao processo de busca de informações, o presente trabalho possibilitou concluir que a maioria dos entrevistados (29%) escolhe o café que comprará com base nas experiências anteriores. Desta forma, utilizam a busca interna de informação como determinante da compra, por meio da recuperação de conhecimento na memória (BLACKWELL et al., 2005). Destaca-se ainda que um volume significativo de indivíduos (6%) afirmaram não realizar nenhum tipo de busca de informação para a compra. A partir do referencial abordado e dos apontamentos da pesquisa, é permissível afirmar que esta parcela de consumidores, que se utiliza do conhecimento existente e que diz não buscar informações, valese do aprendizado ocorrido em momentos anteriores (BENNET; KASSARJIAN, 1975; SCHIFFMAN; KANUK, 2009; KARSAKLIAN, 2004), conforme o processo psicológico de aprendizagem do modelo de Blackwell et al. (2005). Já as fontes de informações externas encontradas no resultado da pesquisa foram os anúncios no ponto de venda, propagandas na televisão, panfletos e internet. Ressalta-se que o apontamento da internet como fonte de informação na compra de café não foi identificado em estudos anteriores, no Brasil, e devido à crescente penetração da ferramenta como fonte de informação este resultado torna-se relevante e passível de investigações específicas para compreender melhor sua extensão. Ao abordar os grupos de influência no processo de busca de informações, os resultados indicaram que a família é o principal influenciador no processo de compra, sendo apontada por mais de três quartos dos entrevistados, assim como afirmado por Santos e Bitencourt (2005). Observa-se ainda, entre os familiares, que os pais são os principais influenciadores, reforçando a ideia de que o consumo do café, assim como as demais escolhas associadas, são constituídas pelo hábito aprendido desde o núcleo familiar. Em face às modificações nos grupos familiares e a importância que eles representam, faz-se necessário que os profissionais de marketing voltem suas atenções para os hábitos de compra e consumo destes para uma melhor compreensão das influências e dos papéis de cada membro do núcleo familiar (BLACKWELL 123 et al.,2005; KOTLER; KELLER, 2006). Dentre os grupos de influência não familiares, amigos e conhecidos representam as principais fontes de influência. De forma sintetizada, as fontes de informação e grupos de influência levantados no presente estudo são: o Fontes de informação: (i) experiências anteriores, (ii) anúncios no ponto de venda, (iii) propagandas na televisão, (iv) panfletos e (v) internet o Grupos de influência: (i) pais, (ii) amigos, (iii) conhecidos, (iv) outros parentes, (v) marido / esposa, (vi) avós, (vii) irmãos 5.3 Avaliação de alternativas pré-compra Os objetivos propostos, que referem-se à fase de reconhecimento da necessidade, foram: 1. Verificar os atributos considerados importantes pelos consumidores na sua decisão de compra do café Ao avaliar os atributos considerados importantes pelos consumidores na sua decisão de compra, verificou-se que os atributos com maiores médias de concordância foram: o sabor do café, marca que está habituado a comprar, a tradição da marca, a disponibilidade no local de compra, o ponto de torra do café, o tipo de café, o selo de qualidade / pureza da ABIC e ser livre de agrotóxicos, nesta ordem. Realizou-se ainda a identificação dos principais fatores considerados relevantes na percepção dos consumidores. Os principais fatores identificados foram: (i) importância dos aspectos do produto, (ii) da marca e tradição, (iii) do meio ambiente e selo de qualidade, (iv) da disponibilidade e oferta e (v) da importância da embalagem. Outros estudos encontraram resultados semelhantes, que indicam uma valorização da marca, qualidade (relacionada aos aspectos do produto) e selo de pureza (GONÇALVES, 2009; MESQUITA; LARA; SOUKI, 2010). Dentre os fatores apurados, apenas os aspectos da embalagem mostram-se de menor relevância para os consumidores, contudo, outros estudos reforçaram a importância dos aspectos da embalagem na decisões da compra (PIRES NETO, 2008). Tais fatores tornam-se 124 importantes à medida que podem direcionar os esforços mercadológicos para obter maior adesão dos consumidores a determinadas marcas, tipos e qualidades de café. 2. Listar as principais marcas de café compradas para consumo em casa Outro objetivo proposto teve como finalidade identificar as principais marcas de café apontadas pelos entrevistados. Observou-se que aproximadamente metade dos consumidores indicaram, de forma espontânea, apenas uma marca como preferencial, resultado que reforça a característica do atributo decisório referente a marca e tradição, identificado no trabalho. De forma geral, a lista das marcas Top of Mind mais citadas individualmente pelos consumidores é: (i) Três Corações, (ii) Fino Grão, (iii) Barão, (iv) Pilão, (v) Melita, (vi) Nescafé e (vii) Utam. O café Três Corações foi a marca mais citada por 73% dos consumidores, reforçando a característica de lideranças municipais e regionais que são observadas em todo o estado de Minas Gerais (BASTOS, 2011). Identificou-se ainda o conjunto considerado das marcas, que foi composto por: (i) Três Corações; (ii) Fino Grão, (iii) Barão, (iv) Pilão, (v) Melita, (vi) Bom Jesus, (vii) Caboclo, (viii) Nescafé e (ix) Dom Pedro. O fato de tais marcas fazerem parte do conjunto considerado pelos consumidores é importante, pois é a partir dele que os consumidores irão realizar o processo de escolha. 5.4 Compra / Consumo Os objetivos propostos, que referem-se às fases compra e consumo, foram: 1. Identificar os produtos substitutos ao café na percepção dos consumidores Na avaliação dos produtos substitutos, o presente estudo demonstrou quais bebidas competem com o café pelos recursos do consumidor. As bebidas indicadas como substitutas foram: (i) suco, (ii) achocolatado, (iii) leite, (iv) chá, (vi) água, (vii) vitamina. Pesquisas confirmam que o café é uma bebida aparentemente de difícil substituição (ABIC, 2010). Apesar de tais constatações, o café para consumo em casa, frente à oferta de inúmeras possibilidades de bebidas, parece aquele de menor conveniência, devido ao tempo 125 dispendido em seu preparo. Em função do recurso tempo ser cada vez mais restrito, os indivíduos podem mudar rapidamente seus hábitos e rotinas de agir (BAUMAN, 2005). Neste sentido, faz-se importante que os diversos envolvidos no ciclo mercadológico do café busquem e estimulem alternativas que tragam conveniência e gerem a manutenção dos hábitos dos consumidores de café, alternativas estas que podem ser resultado de um maior estímulo para consumo de cafés instantâneos, adoções de equipamentos para preparo e outras possibilidades, sejam elas já concebidas ou não. 2. Verificar os principais locais em que os entrevistados compram e consomem café A pesquisa permitiu concluir que os consumidores compram café para consumo em casa nos seguintes locais: (i) supermercados e hipermercados e (ii) mercados de bairro. O local de compra torna-se importante à medida que direciona as estratégias mercadológicas focadas no ponto de venda. Entretanto, existe uma diversidade de lugares disponíveis para a compra do café, conforme a situação de consumo. Esta pesquisa avaliou especificamente o café adquirido para ser consumido em casa, não contemplando as possibilidades de compra da bebida pronta. Ao abordar os principais locais em que os entrevistados consomem café, conclui-se que a maior frequência ocorre: (i) em casa, (ii) no local de trabalho e (iii) na casa de parentes e amigos. Tais constatações reforçam as características do hábito do consumo associado a pausa, relaxamento e socialização. Desta forma, a partir dos resultados apresentados pela pesquisa os principais locais para compra e consumo identificados foram: o Locais de compra: (i) supermercados e hipermercados, (ii) mercados de bairro; o Locais de consumo: (i) casa, (ii) local de trabalho, (iii) casa de parentes e amigos. 3. Conhecer a frequência e momento de consumo dos principais tipos de café A presente pesquisa permitiu concluir, de forma geral, que os entrevistados têm o hábito de consumir café predominantemente no (i) café da manhã. Outra parcela representativa afirma (ii) não ter horário definido para o consumo, seguida daqueles que consomem (iii) em intervalos de trabalho / estudo e (iv) no lanche da tarde. Verificou-se também que a maioria dos indivíduos consumem café todos os dias, sendo que 72% consumem café cinco ou mais vezes por semana, reforçando o significado de hábito diário de consumo. 126 Ao abordar a frequência de consumo de forma geral e sua influência na percepção dos benefícios, malefícios, reações, significados, fatores de influência na decisão de compra, verificou-se a existência de apenas uma correlação, de intensidade moderada ou superior, associada ao hábito de consumo diário. A partir deste resultado, conclui-se que os consumidores que fazem o uso do café em maior frequência tendem a perceber com maior intensidade o significado do café como hábito de consumo diário. Verificou-se ainda, por meio dos testes realizados, que as pessoas mais jovens consomem café em menor frequência, assim como mulheres e funcionários públicos e profissionais liberais/autônomos tendem a consumir café em maior frequência. Ao verificar a frequência e momento de consumo de acordo com os tipos de café, conclui-se que o café torrado e moído é utilizado por quase todos os entrevistados, seguido dos cafés cappuccino, expresso instantâneo/solúvel. O café torrado e moído é, normalmente, consumido no café da manhã com frequência igual ou superior a cinco vezes semanais. Os demais tipos de café geralmente são consumidos sem horário e frequência definidas, seguido do consumo de uma a duas vezes semanais. 4. Examinar a associação do consumo de café ao cigarro Na presente pesquisa, apenas uma pequena parcela indicou o uso de um ou mais cigarros por dia. Dentre os fumantes, verificou-se que a maioria dos entrevistados afirmou não consumir café antes ou após fumar. Apesar dos fatos mencionados, recomenda-se a condução de estudos específicos com fumantes para validação destes achados, uma vez que o número de fumantes que participaram da pesquisa foi baixo. Contudo, pode-se concluir que, para a amostra pesquisada, não há associação entre o cigarro e o consumo de café. Com base nos resultados obtidos na presente pesquisa e no modelo de comportamento do consumidor proposto por Blackwell et al. (2005), tornou-se possível sintetizar o comportamento do consumidor de café, conforme apresentado no QUADRO 13. 127 QUADRO 13 - Síntese do comportamento do consumidor de café Fases Grupo de Variáveis Benefícios do Consumo de Café Variáveis Disposição Memória/ concentração Dependência Malefícios do Consumo Insônia de Café Problemas gástricos Hábito diário Faz sentir bem Reconhecimento da Significado do consumo Serve para dar uma parada necessidade de Café Serve para relaxar União com a família Levanta Deixa ligado Reações ao consumo de Anima/agita Café Aumenta a concentração Melhora o humor Experiências anteriores Anúncios no ponto de vendas Fontes de informação Propagandas na televisão Panfletos Internet Pais Busca de informações Amigos Conhecidos Grupos de influência Marido / esposa Avós Irmãos Outros parentes Aspectos do produto Marca e tradição Atributos decisórios na Meio ambiente e selo de qualidade compra Disponibilidade e oferta Importância da embalagem Três Corações Avaliação das alternativas Fino Grão Barão Conjunto considerado Pilão Melita Nescafé Utam Supermercado / hipermercados Compra Local de Compra Mercados de bairro Casa Local de Consumo Local de trabalho Casa de parentes e amigos Suco Achocolatado Produtos Substitutos Leite Consumo Chá Água Frequência e momento de Café torrado e moído: consumido no café manhã, ≥ 5 vezes consumo por semana / Outros cafés: sem horário e frequência definida Associação do consumo Não identificada associação de café ao cigarro Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados da pesquisa. 128 5.5 Limitações e sugestões para pesquisa futuras A primeira limitação desta dissertação refere-se à utilização de um corte transversal para a coleta de dados. Esta definição não considera as mudanças que os diversos fatores que afetam o comportamento dos consumidores de café podem sofrer ao longo do tempo. Desta forma, não permite uma visão de profundidade da situação e das mudanças ocorridas, visto que as informações são coletadas uma única vez no tempo. Em sequência, têm-se como limitação a seleção da técnica de amostragem não probabilística, do tipo bola de neve. Esta definição apresenta-se como limitação uma vez que não é possível fazer inferências ou projeções de forma geral sobre a população consumidora de café de Belo Horizonte. Outra limitação está relacionada à forma de coleta de dados, que ocorreu pelo autopreenchimento dos questionários. Considera-se esta definição uma limitação, visto que dúvidas podem ter surgido no preenchimento e não foram passíveis de esclarecimentos, o que contribui para a redução da consistência dos dados. Ainda como limitação, o presente estudo não considerou os fatores determinantes para a compra da bebida preparada. Finalmente, a presente pesquisa considerou apenas consumidores de uma região específica, o que não permite extrapolação dos resultados para outras localidades do estado de Minas Gerais e do País. Como sugestões para pesquisas futuras, recomenda-se o estudo de tipos específicos de café (orgânico, gourmet, cappuccino, expresso, instantâneo) com ênfase em variáveis sociodemográficas, além da análise de critérios psicográficos de segmentação como personalidade e estilo de vida dos consumidores, pois acredita-se que tais análises contribuiriam para melhor caracterização dos diferentes perfis de consumidores existentes. Sugere-se também a realização de outras pesquisas com ampliação da amostra, incluindo cidades de outras regiões, ou mesmo, comparar os resultados com outros estados do país, uma vez que a adoção do café possui forte apelo regional. Recomenda-se a realização da pesquisas correlatas em outros momentos históricostemporais, assim como a adoção de pesquisas com a utilização de corte transversal para a coleta de dados, visto que o comportamento dos consumidores pode alterar-se devido às influências do ambiente externo, como culturais, sociais entre outras. 129 Outra sugestão é a condução de estudos correlatos com a utilização de amostragens probabilísticas, de forma a conferir maior confiabilidade aos resultados e permitir a extrapolação dos resultados à população, não restringindo-se à amostra. A presente pesquisa fundamentou-se na utilização de variáveis provenientes de outros estudos realizados. Sugere-se a condução de estudos qualitativos com a finalidade de identificar possíveis variáveis que podem representar a percepção dos consumidores e não inclusas neste trabalho. Aconselha-se que pesquisas desta natureza sejam realizadas diretamente em supermercados, hipermercados e mercados de bairro, de forma a abordar o consumidor no momento da compra, em que os critérios utilizados para a escolha do produto estejam mais acessíveis na memória. Sugere-se ainda a realização de outros estudos com foco na fases de avaliação pósconsumo, assim como avaliar a importância e tradição da marca e a lealdade na compra do café. Finalmente, outra sugestão para estudos futuros seria o desenvolvimento de pesquisas com teste cego para comparar a percepção declarada e real dos consumidores. 130 REFERÊNCIAS AAKER, David A.; KUMAR, V.; DAY, George S. Pesquisa de marketing. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2004. 745 p. ABIC - Associação Brasileira da Indústria de Café. História. 2009. Disponível em: <http://www.abic.com.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=38#62>. Acesso em: 08 jan. 2013. ABIC - Associação Brasileira da Indústria de Café. Indicadores da indústria: O aumento do consumo em 2011. 2011. Disponível em: <http://www.abic.com.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=61>. Acesso em: 09 jan. 2013. ABIC - Associação Brasileira da Indústria de Café. Pesquisa tendências de consumo de café. 2010. 2010. Disponível em: <http://www.abic.com.br/publique/media/EST_PESQTendenciasConsumo2010.pdf>. Acesso em 09 jan. 2013. AJZEN, Icek; FISHBEIN, Martin. Attitudes and The Attitude-Behavior Relation: reasoned and automatic processes. In: STROEBE, W.; HEWSTONE, M. (Eds.). European Review of Social Psychology, John Wiley & Sons, p. 1-33, 2000. ALLPORT, Gordon W. Attitudes. In: FISHBEIN, Martin (Orgs.). Readings in Attitude Theory and Measurement. New York: John Willy Sons, 1967, p. 1-15. ALLPORT, Gordon W. Concepts of trait and personality. Psychological Bulletin, v. 24, n. 5, p. 284-293, 1927. ALVES, Rita C.; CASAL, Susana; OLIVEIRA, Beatriz. Benefícios do café na saúde: mito ou realidade? Quim Nova, v. 32, n. 8, p. 2169-2180, 2009. ANDERSON, SWEENEY e WILLIAMS. Estatística Aplicada à Administração e Economia. São Paulo: Cengage Learning, 2008. ANDERSON, Thomas W. Jr.; GOLDEN, Linda L. Lifestyle and psychographics: a critical review and recommendation. Advances in Consumer Research, v. 11, n. 1, p. 405-411, 1984. ARRUDA, Aline Cristina; FERREIRA, Marco Aurélio Marques; MINIM, Valéria Paula Rodrigues. Perfil dos consumidores de café da cidade de Viçosa/MG: um estudo exploratório. In: Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil, 5., 2007, Águas de Lindóia. Resumos Expandidos... Brasília: Embrapa Café, 2007. ARRUDA, Aline Cristina; MINIM, Valéria Paula Rodrigues; FERREIRA, Marco Aurélio Marques; MINIM, Luís Antônio; SILVA, Neuza Maria da. Justificativas e motivações do consumo e não consumo de café. Ciência e Tecnologia de Alimentos, v. 29, n. 4, p. 754-763, out./nov./dez. 2009. BABBIE, Earl. Métodos de pesquisas de survey. Belo Horizonte: UFMG, 1999. 519 p. 131 BASTOS, Fábio Petruceli Carayon. Posicionamento: um estudo comparativo de marcas rivais de café. 2011. 177 f. Dissertação (Mestrado Profissional em Administração) Programa de Mestrado Profissional em Administração, Faculdades Integradas de Pedro Leopoldo, Pedro Leopoldo, 2011. BAUMAN, Zygmunt. Identidade: entrevista a Benedetto Vecchi. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2005. 110 p. BELK, Russel W. What should ACR want to be when it grows up? Advances in Consumer Research, v. 13, n. 1, p. 423-424, 1986. BENNETT, Peter D.; KASSARJIAN, Harold H. O comportamento do consumidor. São Paulo: Atlas, 1975. 161 p. BERGAMINI, C. W. A motivação nas organizações. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1997. BERGER, Peter L.; LUCKMANN, Thomas. A treatise in the sociology of knowledge. Garden City: Double-day, 1966. 240 p. BLACKWELL, Roger D.; MINIARD, Paul W.; ENGEL, James F. Comportamento do consumidor. 9. ed. São Paulo: Pioneira Thompson Learning, 2005. 630 p. BRAGHIROLLI, Elaine Maria; BISI, Guy Paulo; RIZZON, Luiz Antônio; NICOLETTO, Ugo. Psicologia Geral. 22. ed. Petrópolis: Vozes, 2002. BRENELLI, Eugênia Cristina Souza. A extração de cafeína em bebidas estimulantes: uma nova abordagem para um experimento clássico em química orgânica. Quim Nova, v. 26, n. 1, p. 136138, 2003. BRITO, Carlos Estrela. Florianópolis e Maputo: contrastes e semelhanças iluminados pelo modelo de comportamento do consumidor internacional, que enfatiza cultura, proposto por A. Coskun Samli. 2006. 162 f. Dissertação (Mestrado em Administração) Centro Socioeconômico da Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2006. BURRELL, Gibson; MORGAN, Gareth. Sociological paradigms and organizational analysis: elements of the sociology of corporate life. London: Heinemann, 1979. CAETANO, Joselany Afio; COSTA, Andréa de Carvalho; SANTOS, Zélia Maria de Souza Araújo; SOARES, Enedina. Descrição dos fatores de risco para alterações cardiovasculares em um grupo de idosos. Texto & Contexto - Enfermagem, v. 17, n. 2, abr./maio/jun. 2008. CAMPOS, Cláudia Aparecida de; LUNA, Rosemar Martins; SETTE, Ricardo de Souza. Influência da marca, qualidade e preço do café na decisão de compra do consumidor. In: Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil, 2., 2001, Vitória. Resumos Expandidos... Brasília: Embrapa Café, p. 2253-2260, 2001. CARLSEN, Monica H; Halvorsen, Bent L.; HOLTE, Kari; BOHN, Siv K.; DRAGLAND, Steinar; SAMPSON, Laura; WILLEY, Carol; SENOO, Haruki, UMEZONO, Yuko; SANADA, Chiho; BARIKMO, Ingrid; BERHE, Nega; WILLETT, Walter C.; PHILLIPS, Katherine M.; JACOBS JR, David; BLOMHOFF, Rune. The total antioxidant content of more than 3100 132 foods, beverages, spices, herbs and supplements used worldwide. Nutrition Journal, v. 9, n. 3, p. 1-11, jan. 2010. CARVALHO, Lyanna de Souza; NAVES, Janaína Almeida; ARAÚJO, Samantha Lemos de; PAULO, Cristiane Batista de; OLIVEIRA, Karina dos R. N. G.; SETTE, Ricardo de Souza. Pesquisa mercadológica para análise de consumo e preferência de marcas de café no município de Lavras. In: Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil, 1., 2000, Poços de Caldas. Resumos Expandidos... Brasília: Embrapa Café, p. 357-359, 2000. CARVER, Charles S.; CONNOR-SMITH, Jennifer. Personality and Coping. The Annual Review of Psychology, v. 61, n. 1, p. 679-704, 2010. CHRISTINO, Juliana Maria Magalhães. Comportamento do consumidor de refrigerantes. 2004. 152 f. Dissertação (Mestrado em Administração) Núcleo de Pós-graduação e Pesquisa do Centro de Gestão Empreendedora – FEAD, Belo Horizonte, 2004. CHURCHILL JR, Gilbert A.; PETER, J. Paul. Marketing: criando valor para os clientes. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. 626 p. COBRA, Marcos. Administração de marketing no Brasil. 3 ed. São Paulo: Campus, 2008. 456 p. COLLINS, Jill; HUSSEY, Roger. Pesquisa em Administração. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2005, 349 p. CONAB - Companhia Nacional de Abastecimento. 2013. Acompanhamento da Safra Brasileira Café. Safra 2013 segunda estimativa, maio/2013. Companhia Nacional de Abastecimento. Brasília: Conab, 2013. Disponível em: <http://www.conab.gov.br/OlalaCMS/uploads/arquivos/13_05_14_09_35_12_boletim_cafe_ maio_2013.pdf >. Acesso em 02 de jun. 2013. COOPER, Donald R.; SCHINDLER, Pamela. Métodos de pesquisa em Administração. 7. ed. Porto Alegre: Bookman, 2003. 640 p. CÓRDOVA, Alfredo; NAVAS, Francisco J. Os radicais livres e o dano muscular produzido pelo exercício: papel dos antioxidantes. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v. 6, n. 5, p. 204-208, set./out. 2000. COSTA, Mauricio Leite. Análise do comportamento de compra do consumidor em postos de combustíveis automotivos. 2011. 84 f. Dissertação (Mestrado em Administração) Programa de Pós-Graduação em Administração e Turismo, Centro de Ciências Sociais da Universidade do Vale do Itajaí, Biguaçu, 2011. DECAF - Departamento do Café. Informe estatístico do café: 1927-2009, 282 anos introdução do café no Brasil. Brasília: DECAF, Secretária de produção e agroenergia - SPAE do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA, v. 10, dez. 2009. Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br/vegetal/estatisticas>. Acesso em: 08 ago. 2013. DECAF - Departamento do Café. Informe estatístico do café: 1927-2011, 284 anos introdução do café no Brasil. Brasília: DECAF, Secretária de produção e agroenergia - SPAE 133 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA, v. 12, dez. 2011. Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br/vegetal/estatisticas>. Acesso em: 08 ago. 2013. DECAF - Departamento do Café. Informe estatístico do café: 1927-2013, 286 anos introdução do café no Brasil. Brasília: DECAF, Secretária de produção e agroenergia - SPAE do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA, v. 14, jul. 2013. Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br/vegetal/estatisticas>. Acesso em: 08 ago. 2013. DELLA LUCIA, Suzana Maria; MINIM, Valéria Paula Rodrigues; SILVA, Carlos Henrique Osório; MINIM, Luís Antônio. Fatores da embalagem de café orgânico torrado e moído na intenção de compra do consumidor. Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, v. 27, n. 3, set. 2007. DÓREA, José Garofe; COSTA, Tereza Helena Macedo. Is coffee a functional food? British Journal of Nutrition, Wallingford, v. 93, n. 6, p. 773-782, dez. 2005. EMBRAPA. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. 2012. Brasil, país campeão do agronegócio café. Disponível em: <http://www.sapc.embrapa.br/index.php/ultimasnoticias/brasil-pais-campeao-do-agronegocio-cafe>. Acesso em: 04 jan. 2013. EVANS, Martins M.; FOXALL, Gordon; JAMAL, Ahmad. Consumer Behavior. 2. ed. Wiley: Chichester, 2006. FARIA, Marcela B.; MANTOVANI, Degiane M.; LUNA, Rosemar Martins. O consumo de café pelos universitários: um estudo em uma faculdade do Sul de Minas. In: Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil, 4., 2005, Porto Seguro. Resumos Expandidos... Brasília: Embrapa Café, 2005. FELIPE, Lilian; SIMÕES, Lilia Correia; GONÇALVES, Denise Utsch; MANCINI, Patrícia Cotta. Avaliação do efeito da cafeína no teste vestibular. Revista Brasileira de Otorrinolaringologia, v. 71, n. 6, p. 758-762, nov./dez. 2005. FERNANDES, Florestan. Fundamentos empíricos da explicação sociológica. 4. ed. São Paulo: T. A. Queiroz, 1980. 345 p. FISHBEIN, Martin; AJZEN, I. Belief, attitude, intention and behavior: an introduction to theory and research. Addison Wesley Publishing Company, 1975. FONSECA, Marcelo Jacques; ROSSI, Carlos Alberto Vargas. O estudo do envolvimento com o produto em comportamento do consumidor: fundamentos teóricos e proposição de uma escala para aplicação no Brasil. In: ENANPAD, 22., 1998, Foz do Iguaçu. Anais... Foz do Iguaçu: Associação Nacional de Pós-graduação em Administração, 1998. FONSECA, Marcelo Traldi; TSAI, Joana; ISHIHARA, Karina Andrea; HONNA, Priscila Emi. Vamos tomar um café? Impulso, v. 16, n. 39, p. 23-35, 2005. FREITAS, Henrique; OLIVEIRA, Mírian; SACCOL, Amarolinda Zanela; MOSCAROLA, Jean. O método de pesquisa survey. Revista de Administração, v. 35, n. 3, p. 105-112, jul./set. 2000. 134 FROES, Nívea Dulce Tedeschi Conforti; PEREIRA, Edgard dos Santos; NEGRELI, Wilson Fábio. Fatores de risco da osteoporose: prevenção e detecção através do monitoramento clínico e genético. Acta Ortopédica Brasileira, v. 10, n. 1, p.52-57, jan./mar. 2002. GADE, Christiane. Psicologia do Consumidor. São Paulo: EPU, 1980. 186 p. GIDDENS, Anthony. Modernidade e identidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2002. 233 p. GIGLIO, Ernesto Michelangelo. O comportamento do consumidor. 4. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2010. 245 p. GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010. 175 p. GIRALD, Janaina de Moura Engracia; MACHADO NETO, Alfredo José; SANTOS, Dilson Gabriel dos. Atitude de consumidores estrangeiros com relação a produtos brasileiros. Revista de Gestão, v. 12, n. 3, p. 75-90, jul./set. 2005. GIOIA, Dennis A.; PITRE, Evelyn. Multiparadigm perspectives on theory building. The Academy of Management Review, v. 15, n. 4, p. 584-602, out. 1990. GOLDSTEIN, Mauricio. Modelos integrativos de comportamento do consumidor: análise crítica e perspectivas. 1997. 151 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, 1997. GOLDSTEIN, Mauricio; ALMEIDA, Henrique Silveira de. Crítica dos modelos integrativos de comportamento do consumidor. Revista de Administração, v. 35, n. 1, p. 14-22, jan./mar. 2000. GONÇALVES, Aline Cristina Arruda. Desenvolvimento de bebida à base de café adicionada de concentrado protéico de soro: da pesquisa mercadológica à avaliação sensorial. 2009. 132 f. Tese (Doutorado em Scientiae) Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 2009. GRANATO, Lourenço Augusto Camargo. Comportamento do consumidor de refrigerantes: reflexos da mudança no mercado brasileiro. 2009. 107 f. Dissertação (Mestrado em Administração). Programa em Administração, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2009. GUERRA, Ricardo Oliveira; BERNARDO, Gerlane Coelho; GUTIÉRREZ, Carmen Villaverde. Cafeína e esporte. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v. 6, n. 2, p. 6062, mar./abr. 2000. GUNDLACH, Gregory T.; WILKIE, William L. The American Marketing Association’s new definition of marketing: perspective and commentary on the 2007 revision. Journal of Public Policy & Marketing, v. 28, n. 2, p. 259-264, 2009. 135 HAIR, J. F.; BLACK, W. C,; BABIN, B. J.; ANDERSON, R. E.; TATHAM, R. L. Análise Multivariada de Dados. Trad: Adonai Schlup Sant’Anna. Porto Alegre: Bookmam, 2009. HAWKINS, Del I.; BEST, Roger J.; CONEY, Kenneth A. Consumer behavior: implications for marketing strategy. 6. ed. Chicago: Irwin, 1995. 649 p. HAWKINS, Del I.; MOTHERSBAUGH, David L.; BEST, Roger J. Comportamento do Consumidor: construindo a estratégia de Marketing. 10. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. 508 p. HERNANDEZ, José M. C.; OLIVEIRA, Eurípedes F. JR. Medicamentos éticos: uma proposta de modelo de decisão de compra. Cadernos de Pós-Graduação, v. 3, n. 2, p. 107-122, 2004. HOMER, Pamela M.; KAHLE, Lynn R. A structural equation analysis of the Value-AttitudeBehavior Hierarchy. Journal of Personality and Social Psychology, v. 54, n. 4, p. 638-646, apr. 1988. HOWARD, John A. Consumer behavior in Marketing Strategy. New Jersey: Prentice Hall, 1989. 375 p. HOWARD, John A.; SHETH, Jagdish N. The theory of buyer behavior. New York: John Wiley Sons, 1969. HU, G.; BIDEL, S.; JOUSILAHTI, P.; ANTIKAINEN, R.; TUOMILEHTO, J. Coffee and tea consumption and the risk of Parkinson’s disease. Movement Disorders, v. 22, n. 15, p. 22422248, nov. 2007. IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demográfico 2010. Rio de Janeiro: IBGE, 2011a. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010/default.shtm>. Acesso em: 11 jul. 2013. IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa de orçamentos familiares: 2008-2009. Rio de Janeiro: IBGE, 2011b. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/pof/2008_2009_analise_ consumo/defaulttab_pdf_alimentos.shtm>. Acesso em: 08 mar. 2013. JACOBY, J.; JOHAR, G. V.; MORRIN, M. Consumer behavior: a quadrennium. Annual Review of Psychology, v. 49, n. 1, p. 319-344, 1998. JAIN, Kapil; SRINIVASAN, Narasimhan. An Empirical Assessment of Multiple Operationalizations of Involvement. Advances in Consumer Research Volume, v. 17, n. 1, p. 594-602, 1990. KARSAKLIAN, Eliane. Comportamento do consumidor. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2004. 339 p. KOTLER, Philip; ARMSTRONG, Gary. Princípios de marketing. 12. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. 600 p. 136 KOTLER, Philip; KELLER, Kevin Lane. Administração de marketing. 12. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006. 750 p. KROSNICK, Jon A.; JUDD, Charles M.; WITTENBRINK, Bernd. The measurement of attitude. In: ALBARRACÍN, Dolores; JOHNSON, Blair T.; ZANNA, Mark P. (Orgs.). The handbook of attitudes. Routledge, 2005. LARENTIS, Fabiano. Comportamento do consumidor. Curitiba: IESDE, 2012. 192 p. LEÃO, André Luiz Maranhão de Souza; SOUZA NETO, Arcanjo Ferreira de. Descobrindo os valores das marcas: aplicação da lista de valores (LOV) em diferentes setores. In: ENANPAD, 27., 2003, Atibáia. Anais... Atibáia: Associação Nacional de Pós-graduação em Administração, 2003. LEME, Paulo Henrique Montagnana Vicente; MÁRIO, Talestre Maria do Carmo; ANTONIALLI, Luiz Marcelo. Identificação de segmentos no mercado consumidor de café na cidade de São Paulo. In: Congresso da Sober, 44., 2006, Fortaleza: Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural, 2006. LEVINE, David M.; BERENSON, Mark L.; STEPHAN, David. Estatística: teoria e aplicações usando microsoft excel em português. Tradução SOUZA, Teresa Cristina Padilha de. Rio de Janeiro: LTC, 2000. 811. LIMA, Darcy Roberto Andrade. Cuidado!!! O popular café e a poderosa mulher... podem fazer bem à saúde. Petrópolis: Medikka Editoração Científica, 2001. 111 p. LIMA, Darcy Roberto Andrade. Documentos: café & saúde humana. Brasília: Embrapa Café, 2003. 64 p. LIMA, Darcy Roberto. O café pode ser bom para a saúde. In: Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil, 1., 2000, Poços de Caldas. Resumos Expandidos... Brasília: Embrapa Café, Belo Horizonte, p. 357-359, 2000. LIMA, Darcy Roberto Andrade. Q. I., café, sono e memória. Rio de Janeiro: ECN-Editora Científica Nacional, 1995. 120 p. LOPES, Evandro Luiz; SILVA, Dirceu da. Modelos integrativos do comportamento do consumidor: uma revisão teórica. Revista Brasileira de Marketing, v. 10, n. 3, p. 3-23, set./dez. 2011. LUCAS Michael; MIRZAEI Fariba; PAN, An; OKEREKE, Olivia I.; WILLETT, Walter C.; O'REILLY, Éilis J.; KOENEN, Karestan; ASCHERINO, Alberto. Coffee, caffeine, and risk of depression among women. Archives of Internal Medicine, v. 171, n. 17, p. 1571-1578, set. 2011. LUNA, Rosemar Martins; SETTE, Ricardo de Souza; MARIO, Talestre Maria do Carmo; VILAS BOAS, Luiz Henrique de Barros; ANTONIALLI, Luiz Marcelo; CAMPOS, Cláudia Aparecida de. Preferência do consumidor no processo de compra de café: pesquisa de marketing no mercado paulista. In: Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil, 3., 2003, Porto Seguro. Resumos Expandidos... Brasília: Embrapa Café, p. 384-385, 2003. 137 LUNA, Rosemar Martins; SETTE, Ricardo de Souza; SALAZAR, German Torres. Comportamento do consumidor em relação à certificação de origem do café. In: Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil, 2., 2001, Vitória. Resumos Expandidos... Brasília: Embrapa Café, p. 2145-2153, 2001. MALHOTRA, Naresh K. Pesquisa de marketing: uma orientação aplicada. 6. ed. Porto Alegre: Bookman, 2012. 736 p. MAPA - MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Café: saiba mais. 2013. Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br/vegetal/culturas/cafe/saibamais>. Acesso em: 08 jan. 2013. MARIO, Talestre Mario do Carmo; SETTE, Ricardo de Souza; ANTONIALLI, Luiz Marcelo; LUNA, Rosemar Martins; VILAS BOAS, Luiz Henrique de Barros. O comportamento dos consumidores de café: um desafio para ações mercadológicas. In: Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil, 3., 2003, Porto Seguro. Resumos Expandidos... Brasília: Embrapa Café, 2003. MCCUSKER, Rachel R.; GOLDBERGER, Bruce A.; CONE, Edward J. Caffeine content of specialty coffees. Journal of Analytical Toxicology, v. 27, n. 7, p. 520-522, out. 2003. MCGUIRE, William J. Some internal psychological factors influencing consumer choice. Journal of Consumer Research, v. 2, n. 4, p. 302-319, mar. 1976. MESQUITA, José Marcos Carvalho de; LARA, José Edson; SOUKI, Gustavo Quiroga. Impactos da estabilização monetária e da estratégia competitiva da indústria sobre o consumo de café torrado no Brasil. Organizações Rurais & Indústriais, v. 12, n. 3, p. 435-444, 2010. MINGOTI, S. Análise de Dados Através de Métodos de Estatística Multivariada: Uma Abordagem Aplicada. Editora UFMG, 2005. MIRANDA, Claudia Maria Carvalho; ARRUDA, Danielle Miranda de Oliveira. A evolução do pensamento do Marketing: uma análise do corpo doutrinário acumulado no século XX. Revista Interdisciplinar de Marketing, v. 3, n. 1, p. 40-57, jan./jun. 2004. MOORI, Roberto Giro; BIDO, Diógenes de Souza; OLIVEIRA, Luciel Henrique de. Variáveis relevantes do consumidor de café solúvel sob o enfoque da diferenciação. Organizações Rurais & Agroindustriais, v. 13, n. 1, p. 124-138, 2011. MOWEN, John C.; Consumer behavior. New York, NY: MacMillan, 1993. MOWEN, John C.; MINOR, Michael S. Comportamento do consumidor. São Paulo: Prentice Hall, 2003. NAKAGAWA, Sandra S. Yamashita. A lealdade de consumidores nos ambientes de comercio online e offline. 2008. 310 f. Tese (Doutorado em Administração) Programa de PósGraduação em Administração, Departamento de Administração, Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo, 2008 138 NETEMEYER, R. G. BEARDEN, W. O. SHARMA, S. Scaling procedures: Issues and Applications. SAGE, 2003. NICÓSIA, Francesco M. Consumer decision processes. Englewood Cliffs, New Jersey: Prentice-Hall, 1966. PARSIAN, N.; DUNNING, T. Developing and Validating a Questionnaire to Measure Spirituality: A Psychometric Process. Global Journal of Health Science, vol. 1, n. 1, abril de 2009. PEATTIE, Ken; CHARTER, Martin; Marketing verde. In: BAKER, Michael J. (Org.). Administração de Marketin: conceitos revistos e atualizados. Rio de Janeiro: Elsevier, p. 517537, 2005. PINSONNEAULT, Alain; KRAEMER, Kenneth L. Survey research in management information systems: an assessment. Journal of Management Information System, v. 10, n. 2, p. 75-106, 1993. PINTO, Marcelo de Rezende; LARA, José Edson. A Pesquisa na Área do Comportamento do Consumidor: Uma Análise da Produção Acadêmica Brasileira Entre 1997 e 2006. In: ENANPAD, 31., 2007, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: Associação Nacional de Pósgraduação em Administração, 2007. PINTO, Marcelo de Rezende; LARA, José Edson. O que se publica sobre comportamento do consumidor no Brasil, afinal? Revista de Administração da Universidade Federal de Santa Maria, v. 1, n. 1, p. 85-100, jan./abr. 2008. PIRES NETO, Guilherme Braga Abreu. Atributos utilitários que afetam a decisão de compra do café em pó: uma investigação no município do Rio de Janeiro. 2008. 96 f. Dissertação (Mestrado em Administração e Desenvolvimento Empresarial) Programa de PósGraduação em Administração e Desenvolvimento Empresarial, Universidade Estácio de Sá, Rio de Janeiro, 2008. POMPEI, Telêmaco. Você escolhe a marca, mas sabe o que está bebendo? Fatores que influenciam a compra e o consumo de café. 2007. 76 f. Dissertação (Mestrado Profissional em Administração) Programa de Mestrado Profissional em Administração, Faculdades Integradas de Pedro Leopoldo, Pedro Leopoldo, 2007. QUINLAN, Paul; LANE, Joan; ASPINALL, Laurence. Effects of hot tea, coffee and water ingestion on physiological responses and mood: the role of caffeine, water and beverage type. Psychopharmacology, v. 134, n. 2, p. 164-173, nov. 1997. RICHERS, Raimar. O enigmático mas indispensável consumidor: teoria e prática. Revista de Administração da Universidade de São Paulo, v. 19, n. 3, p. 46-56, jul./set. 1984. ROBERFROID, M. B. Functional food concept and its application to prebiotics. Digestive and Liver Disease, v. 34, n. 2, p. 105-110, set. 2002. ROBERTSON, T. S; ZIELINSKI, J.; WARD, S. Consumer Behavior. New York: Scott, Foresman and Company, 1984. 139 ROKEACH, Milton. Beliefs, attitudes and values: a theory of organization and change. San Francisco: Jossey-Bass, 1968. ROSENGREN, A.; DOTEVALL, A.; WILHELMSEN, L.; THELLE, D.; JOHANSSON, S. Coffee and incidence of diabetes in Swedish women: a prospective 18-yeae follow-up study. Journal of Internal Medicine, v. 255, n. 1, p. 89-95, jan. 2004. SALAZAR-MARTINEZ, Eduardo; WILLETT, Walter C.; ASCHERINO, Alberto; MANSON, JoAnn E.; LEITZMANN, Michael F.; STAMPFER, Meir J.; HU, Frank B. Coffe consumption and risk for type 2 diabetes mellitus. Annals of Internal Medicine, v. 140, n. 1, p. 1-9, 2004. SAMARA, Beatriz Santos; BARROS, José Carlos de. Pesquisa de marketing: conceitos e metodologia. 4. ed. São Paulo: Person Prentice Hall, 2007. 282 p. SANDHUSEN, Richard L. Marketing básico. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2010.508 p. SANTOS, Zirlene Alves da Silva; BITENCOURT, Mayra Batista. Análise do mercado de café em Belo Horizonte/MG: uma visão da percepção do consumidor. In: Congresso da Sober, 43., 2005, Ribeirão Preto: Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural, 2005. SAUERBRONN, João Felipe Rammelt; AYROSA, Eduardo André Teixeira. Sobre convergência e a prática metodológica do interacionismo interpretativo na pesquisa acadêmica de marketing. Revista de Administração Contemporânea, v. 14, n. 5, p. 854-870, set./out. 2010. SBICAFÉ - Sistema Brasileiro de Informação do Café. Bem vindo ao SBICafé. 2013. Disponível em: < http://www.sbicafe.ufv.br>. Acesso em: 02 jan. 2013. SCHIFFMAN, Leon G.; KANUK, Leslie Lazar. Comportamento do Consumidor. 9. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2009. 445 p. SEAPA - SECRETARIA DE ESTADO DE AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO DE MINAS GERAIS. Antônio Anastásia participa de abertura do maior evento mundial de café. Belo Horizonte: SEAPA, 2013. Disponível em: <http://www.agricultura.mg.gov.br/noticias/2794-antonio-anastasia-participa-de-abertura-domaior-evento-mundial-de-cafe>. Acesso em: 13 set. 2013. SEAPA - SECRETARIA DE ESTADO DE AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO DE MINAS GERAIS. Certifica Minas Café. 2012. Disponível em: <http://www.agricultura.mg.gov.br/programas-e-acoes/certifica-minas-cafe>. Acesso em: 04 de jan. 2013. SETTE, Ricardo de Souza. Estratégias de marketing para aumento do consumo de café entre os jovens. In: Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil, 1., 2000, Poços de Caldas. Resumos Expandidos... Brasília: Embrapa Café, Belo Horizonte, p. 357-359, 2000. SHETH, Jagdish N.; GARDNER, David M.; GARRETT, Dennis E. Marketing theory: evolution and evalution. New York: John Wiley & Sons, 1988. 140 SHETH, Jagdish N.; MITTAL, Banwari; NEWMAN, Bruce I. Comportamento do cliente: indo além do comportamento do consumidor. São Paulo: Atlas, 2001. 795 p. SHIMAKURA, Silvia E. Interpretação do coeficiente de correlação. Departamento de Estatística da UFPR, 2006. Disponível em: <http://leg.ufpr.br/~silvia/CE003/node74.html>. Acesso em: 23 jun. 2013. SINHORINI, José Luiz. O que são radicais livres? dicas do especialista. CEPEUSP: São Paulo, 2010. Disponível em: < http://www.cepe.usp.br/site/?q=dicas/2010/11/19>. Acesso em: 01 de jun. 2013. SMITH, Andrew P.; BRICE, Carolyn; NASH, Jon; RICH, Neil; NUTT, David J. Caffeine and central noradrenaline: effects on mood, cognitive performance, eye movements and cardiovascular function. Journal of Psychopharmacology, v. 17, n. 3, p. 283-292, set. 2003. SMITH, Andrew; CLARK, Rachel; GALLAGHER, John. Breakfast cereal and caffeinated coffee: effects on working memory, attention, mood, and cardiovascular function. Physiology & Behavior, v. 67, n. 1, p. 9-17, ago. 1999. SOLOMON, Michael R. Comportamento do Consumidor: comprando, possuindo e sendo. 9. ed. Porto Alegre: Bookman, 2011. 680 p. SPERS, Eduardo Eugênio; SAES, Maria Sylvia Macchione. Percepção do consumidor sobre os atributos de diferenciação no segmento rural: café no mercado interno. Organizações Rurais & Agroindustriais, v. 8, n. 3, p. 354-367, 2006. SPERS, Eduardo Eugênio; SAES, Maria Sylvia Macchione; SOUZA, Maria Célia Martins de. Análise das preferências do consumidor brasileiro de café: um estudo exploratório dos mercados de São Paulo e Belo Horizonte. Revista de Administração da Universidade de São Paulo, v. 39, n. 1, p. 53-61, jav./fev./mar. 2004. STOKEL, Kirk. National Institutes of Health discovers: protective effects of coffee. Life Extension, v. 18, n. 9, p. 54-63, set. 2012. SWARBROOKE, John; HORNER, Susan. O comportamento do consumidor no turismo. São Paulo: Aleph, 2002. TAVANI, A.; PREGNOLATO, A.; LA VECCHIA, C.; NEGRI, E.; TALAMINI, R.; FRANCESCHI, S. Coffee and tea intake and risk of cancers of the colon and rectum: a study of 3.530 cases and 7.057 controls. International Journal of Cancer, New York, v. 73, n. 2, p. 193-197, out. 1997. TRUGO, L. C.; NOGUEIRA, M. Distribuição de isômeros de ácido clorogênico e teores de cafeína e trigonelina em cafés solúveis brasileiros. Ciência e Tecnologia de Alimentos. v. 23, n. 2, p. 296-299, 2003. VAN DAM, Rob B.; HU, Frank B. Coffee Consumption and Risk of type 2 diabetes: a systematic review. Journal of the American Medical Association, v. 294, n. 1, p. 97-104, jul. 2005. 141 VARGAS, Allyson Rodrigues. Comportamento de compra do consumidor no varejo supermercadista: o caso de Mato Grosso. 2010. 121 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, Centro de Ciências Exatas e Tecnologia da Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2010. VERGARA, Sylvia Constant; CALDAS, Miguel Pinto. Paradigma Interpretacionista: a busca da superação do objetivismo funcionalista nos anos 1980 e 1990. Revista de Administração de Empresas, v. 45, n. 4, p. 66-72, out./dez. 2005. VILAS BOAS, Luiz Henrique de Barros; SETTE, Ricardo de Souza; BRITO, Mozar José de. Comportamento do consumidor de produtos orgânicos: uma aplicação da teoria da cadeia de meios e fins. Organizações Rurais & Agroindustriais, v. 8, n. 1, p. 25-39, 2006. WILKIE, William L. Consumer behavior. 3. ed. New York: John Wiley & Sons, 1994. 614 p. YU, Xiaofeng; BAO, Zhijun; ZOU, Jian; DONG, Jie. Coffee consumption and risk of cancers: a meta-analysis of cohort studies. Journal BMC Cancer, v. 11, n.1, p. 1-11, mar. 2011. ZANNA, Mark P. Attitude function: is it related to attitude structure? In: GOLDBERG, Marvin E.; GORN, Gerald; POLLAY, Richard W. (Orgs). Advances in Consumer Research, v. 17, n. 1, p. 98-100, 1990. 142 APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO DA PESQUISA PESQUISA DE OPINIÃO Comportamento do Consumidor de Café Questionário nº _____________ B1 – Identificação do entrevistador B1.1) Nome do entrevistador: B1.2) Bairro: B1.3) Data da entrevista: _______________________ __________________ _____/_____ Bom dia / boa tarde / boa noite! Estamos realizando uma pesquisa que tem como objetivo descrever o comportamento de compra e consumo de café. Essa pesquisa é parte de uma dissertação do curso de Mestrado Profissional em Administração do Centro Universitário UNA. Sua opinião é muito importante para o sucesso deste trabalho. Cabe ressaltar que todas as respostas individuais serão mantidas em sigilo. Pela sua colaboração especial, antecipamos nossos mais sinceros agradecimentos! Fabiano Bento de Sá, Mestrando Centro Universitário UNA – Belo Horizonte Prof. Dr. Ricardo Viana Carvalho de Paiva, Orientador Centro Universitário UNA – Belo Horizonte B2 - Pergunta filtro B2.1) Com que frequência você consome café (tradicional ou de outros tipos) por semana? Nunca consome (agradecer e encerrar entrevista) 3. 3 vezes por 5. 5 vezes por 1. 1 vez por semana 7. Todo dia semana semana 2. 2 vezes por 4. 4 vezes por 6. 6 vezes por 8. Sem frequência definida semana semana semana B2.2) Em qual horário você normalmente consome café (tradicional ou de outros tipos) num dia? 3. Intervalos do trabalho / 1. No café da manhã 5. Após o jantar estudo 2. Após o almoço 4. Lanche da tarde 6. Sem horário definido Bloco 3 – Informações pessoais B3.1) Nome do entrevistado: B3.2) Tel: ( ) 1. Masculino 2. Feminino B3.4) Idade (anos): B3.3) Sexo: B3.5) Qual o seu nível de escolaridade? 1. Não possui (analfabeto) 4. Do 1o ao 3o do segundo grau 2. Da 1a a 5a série do ensino fundamental 5. Ensino superior (graduação, licenciatura, tecnólogo) 5. Pós-graduação (especialização/MBA / mestrado / 3. Da 6a a 9a série do ensino fundamental doutorado) B3.6) Ocupação funcional 1. Funcionário público 3. Dona de Casa 5. Empresário (a) 7. Aposentado 2. Funcionário de 4. Autônomo / 8. Outros. Qual? 6. Estudante empresa privada Profissional liberal ___________________ B3.7) Estado civil 1. Solteiro 2. Casado / União estável 3. Separado / divorciado 4. Viúvo (a) B3.8) Renda familiar (incluindo todos os membros da família que moram na mesma residência) 1. Até1.000,00 4. R$ 3.001,00 a R$ 4.000,00 7. R$ 6.001,00 a 7.000,00 2. R$ 1.001,00 a 2.000,00 5. R$ 4.001,00 a 5.000,00 8. R$ 7.001,00 a 8.000,00 3. R$ 2.001,00 a 3.000,00 6. R$ 5.001,00 a 6.000,00 9. Acima de R$ 8.000,00 B3.9) Em qual bairro de Belo Horizonte você reside? __________________________________________________________________________________ 143 B4 – Reconhecimento da necessidade de consumo do café B4.1) Gostaria que você avaliasse os benefícios que você percebe no consumo do café. A escala vai de 0 a 10, sendo que 0 significa DISCORDO TOTALMENTE e 10 significa CONCORDO TOTALMENTE. Os valores intermediários indicam para níveis médios de concordância ou discordância. Item NS Discordo totalmente 0 1 2 0 1 2 0 1 2 0 1 2 0 1 2 0 1 2 Concordo totalmente 8 9 10 8 9 10 8 9 10 8 9 10 8 9 10 8 9 10 Discordo totalmente 0 1 2 0 1 2 0 1 2 0 1 2 0 1 2 0 1 2 0 1 2 0 1 2 0 1 2 0 1 2 0 1 2 0 1 2 Concordo totalmente 8 9 10 8 9 10 8 9 10 8 9 10 8 9 10 8 9 10 8 9 10 8 9 10 8 9 10 8 9 10 8 9 10 8 9 10 Discordo totalmente 0 1 2 0 1 2 0 1 2 0 1 2 0 1 2 0 1 2 0 1 2 0 1 2 Concordo totalmente 8 9 10 8 9 10 8 9 10 8 9 10 8 9 10 8 9 10 8 9 10 8 9 10 Discordo totalmente 0 1 2 0 1 2 0 1 2 0 1 2 0 1 2 Concordo totalmente 8 9 10 8 9 10 8 9 10 8 9 10 8 9 10 99 3 4 5 6 7 B4.1.1) Fornecer mais disposição 99 3 4 5 6 7 B4.1.2) Melhorar a memória/concentração 99 3 4 5 6 7 B4.1.3) Prevenir a depressão 99 3 4 5 6 7 B4.1.4) Auxiliar na prevenção de algumas doenças 99 3 4 5 6 7 B4.1.5) Ter alto teor de antioxidantes e combater radicais livres 99 3 4 5 6 7 B4.1.6) Prevenir o mal de Parkinson 99 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 B4.1.7) Prevenir o câncer de próstata 99 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 B4.1.8) Prevenir a diabetes do tipo 2 99 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 B4.1.9) Prevenir o câncer de colo do útero B4.2) Gostaria que você avaliasse os malefícios que você percebe no consumo do café. A escala vai de 0 a 10, sendo que 0 significa DISCORDO TOTALMENTE e 10 significa CONCORDO TOTALMENTE. Os valores intermediários indicam para níveis médios de concordância ou discordância. Item NS 99 3 4 5 6 7 B4.2.1) Dificulta o sono (insônia) 99 3 4 5 6 7 B4.2.2) Gera ansiedade 99 3 4 5 6 7 B4.2.3) Gera nervosismo 99 3 4 5 6 7 B4.2.4) Causa tremores musculares 99 3 4 5 6 7 B4.2.5) Causa depressão 99 3 4 5 6 7 B4.2.6) Causa confusão mental 99 3 4 5 6 7 B4.2.7) Causa osteoporose 99 3 4 5 6 7 B4.2.8) Aumenta a pressão arterial 99 3 4 5 6 7 B4.2.9) Causa queimação no estomago (problemas gástricos) 99 3 4 5 6 7 B4.2.10) Causa dependência 99 3 4 5 6 7 B4.2.11) Causa náuseas 99 3 4 5 6 7 B4.2.12) Causa enxaqueca B4.3) Gostaria que você avaliasse os significado do consumo de café para você. A escala vai de 0 a 10, sendo que 0 significa DISCORDO TOTALMENTE e 10 significa CONCORDO TOTALMENTE. Os valores intermediários indicam para níveis médios de concordância ou discordância. Item NS 99 3 4 5 6 7 B4.3.1) Faz me sentir bem 99 3 4 5 6 7 B4.3.2) Serve para relaxar 99 3 4 5 6 7 B4.3.3) É um hábito no meu dia-a-dia 99 3 4 5 6 7 B4.3.4) É um momento só para mim 99 3 4 5 6 7 B4.3.5) É um momento de encontro com amigos 99 3 4 5 6 7 B4.3.6) Completa minha refeição 99 3 4 5 6 7 B4.3.7) É um momento de união da família 99 3 4 5 6 7 B4.3.8) Serve para dar uma parada (“break”) B4.4) Gostaria que você avaliasse as reações que você sente ao beber café. A escala vai de 0 a 10, sendo que 0 significa DISCORDO TOTALMENTE e 10 significa CONCORDO TOTALMENTE. Os valores intermediários indicam para níveis médios de concordância ou discordância. Item B4.4.1) Me deixa ligado B4.4.2) Me levanta B4.4.3) Melhora o meu humor B4.4.4) Aumenta a minha concentração B4.4.5) Me deixa animado / agitado NS 99 99 99 99 99 3 3 3 3 3 4 4 4 4 4 5 5 5 5 5 6 6 6 6 6 7 7 7 7 7 144 Bloco 5 – Busca por informações B5.1) Normalmente, onde você busca informações sobre os tipos de café existentes, marcas de café disponíveis no mercado, preços etc.? B5.1.1. Anúncios no ponto B5.1.4. Jornais e B5.1.7. Panfletos B5.1.10. Redes sociais de venda revistas B5.1.5. Lojas B5.1.2. Experiências B5.1.8. Propagandas B5.1.11. Outros especializadas em anteriores no rádio café B5.1.11.1. Quais? B5.1.9. Propagandas B5.1.3. Internet B5.1.6. Outdoors ____________________ na televisão B5.2) Normalmente, com quem você busca informações sobre os tipos de café existentes, marcas de café disponíveis no mercado, preços etc.? B5.2.7. Meus B5.2.10. Outras B5.2.1. Marido/ esposa B5.2.4. Conhecidos irmãos pessoas B5.2.10.1 Quais? B5.2.2. Amigos B5.2.5. Empregada B5.2.8. Meus avós B5.2.3. Outros parentes B5.2.6. Meus pais B5.2.9. Meus filhos ____________________ B6 – Avaliação das alternativas B6.1) Em sua opinião, qual é o nível de importância dos seguintes atributos do café na sua decisão de compra? A escala vai de 0 a 10, sendo que 0 significa BAIXA IMPORTÂNCIA e 10 significa ELEVADA IMPORTÂNCIA. Os valores intermediários indicam para níveis médios de importância. Baixa N Elevada Item importânci S importância a 99 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 B6.1.1) Ser a marca que estou habituado a comprar 99 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 B6.1.2) Ser uma marca premium 99 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 B6.1.3) A tradição da marca 99 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 B6.1.4) Ter um preço baixo 99 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 B6.1.5) Estar em oferta 99 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 B6.1.6) Estar disponível no local que eu fui fazer a compra B6.1.7) Ter as informações necessárias no rótulo da embalagem 99 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 99 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 B6.1.8) O tamanho da embalagem 99 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 B6.1.9) O tipo de embalagem (almofadada, a vácuo, vidro etc.) 99 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 B6.1.10) Possuir uma embalagem reciclável 99 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 B6.1.11) Possuir uma embalagem bonita 99 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 B6.1.12) O sabor do café (mais forte/ mais fraco) B6.1.13) O tipo do café (orgânico, gourmet, tradicional, 99 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 cappuccino etc.) B6.1.14) O ponto de torra do café (Tradicional, extra forte etc.) 99 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 99 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 B6.1.15) O rendimento do pó 99 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 B6.1.16) Ter o selo de qualidade / pureza (Selo ABIC) 99 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 B6.1.17) Ser livre de agrotóxicos B6.2) Com que frequência você normalmente compra café para consumo na sua casa nos seguintes locais de compra? A escala vai de 0 a 10, sendo que 0 significa NUNCA e 10 significa SEMPRE. Os valores intermediários indicam para níveis médios de frequência. N Item Nunca Sempre S 99 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 B6.2.1) Supermercado(s) / Hipermercado(s) 99 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 B6.2.2) Padaria(s) 99 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 B6.2.3) Mercado(s) de bairro 99 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 B6.2.4) Loja(s) de conveniência 99 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 B6.2.5) Cafeteria(s) 99 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 B6.2.6) Lojas especializadas 145 B6.3) Qual(is) marcas de café você normalmente compra para consumir na sua casa? B6.3.1) ____________________ B6.3.2) ____________________ B6.3.3) _____________________ Bloco 7 – Consumo do café B7.1) Com qual frequência você consome os seguintes tipos de café Tipo de café Frequência semanal Frequência diária B7.1.1) Café torrado e moído (preparado em filtro de papel ou coador) 0. 1. 1 x por sem. 2. 2 x por sem. 0. B7.1.2) Café instantâneo /solúvel Nunca 1. 1 x por sem. 2. 2 x por sem. 0. B7.1.4) Café expresso Nunca 1. 1 x por sem. 2. 2 x por sem. 0. B7.1.3) Café cappuccino Nunca Nunca 1. 1 x por sem. 2. 2 x por sem. 3. sem. 4. sem. 5. sem. 3. sem. 4. sem. 5. sem. 3. sem. 4. sem. 5. sem. 3. sem. 4. sem. 5. sem. 3 x por 4 x por 5 x por 3 x por 4 x por 5 x por 3 x por 4 x por 5 x por 3 x por 4 x por 5 x por 6. 6 x por sem. 7. 7 x por sem. 8. Sem frequência certa 6. 6 x por sem. 7. 7 x por sem. 8. Sem frequência certa 6. 6 x por sem. 7. 7 x por sem. 8. Sem frequência certa 6. 6 x por sem. 7. 7 x por sem. 8. Sem frequência certa 1. No café da manhã. 2. Após o almoço. 3. Intervalos do trabalho / estudo 1. No café da manhã. 2. Após o almoço. 3. Intervalos do trabalho / estudo 4. Lanche da tarde 5. Após o jantar 6. Sem frequência certa 4. 5. Após o jantar 6. Sem frequência certa 1. No café da manhã. 2. Após o almoço. 3. Intervalos do trabalho / estudo 1. No café da manhã. 2. Após o almoço. 3. Intervalos do trabalho / estudo Lanche da tarde 4. Lanche da tarde 5. Após o jantar 6. Sem frequência certa 4. Lanche da tarde 5. Após o jantar 6. Sem frequência certa B7.2) Quais bebidas você normalmente toma em substituição ao café 1. Água 3. Chá 5. Suco 7. Vitamina 2. Achocolatado 4. Leite 6. Cevada 8. Outra(s). B7.2.8.1) Qual(is)? B7.3) Com que frequência você normalmente consome café nos seguintes locais? A escala vai de 0 a 10, sendo que 0 significa NUNCA e 10 significa SEMPRE. Os valores intermediários indicam para níveis médios de frequência. Item NS 99 B7.3.1) Casa 99 B7.3.2) Bar(es) e Lanchonete(s) 99 B7.3.3) Padaria(s) 99 B7.3.4) Restaurante(s) 99 B7.3.5) Local de trabalho 99 B7.3.6) Casa de parente(s) e amigo(s) 99 B7.3.7) Loja(s) de conveniência 99 B7.3.8) Escola / Faculdade B7.4) Você fuma 1. Sim B7.5) Quantos cigarros você normalmente fuma por dia? 1. De 1 a 5 cigarros 3. De 11 a 15 cigarros 2. De 6 a 10 cigarros 4. De 16 a 20 cigarros B7.6) Com que frequência você normalmente consome café antes ou NS após fuma? A escala vai de 0 a 10, sendo que 0 significa NUNCA e 10 significa SEMPRE. Os valores intermediários indicam para 99 níveis médios de frequência. Nunca 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 1 1 1 1 1 1 Sempre 2 2 2 2 2 2 2 2 3 3 3 3 3 3 3 3 4 4 4 4 4 4 4 4 5 5 5 5 5 5 5 5 6 6 6 6 6 6 6 6 7 7 7 7 7 7 7 7 8 8 8 8 8 8 8 8 2. Não 5. Mais de 20 cigarros Nunca 0 1 9 9 9 9 9 9 9 9 10 10 10 10 10 10 10 10 Sempre 2 3 4 5 6 7 8 9 10