Análise Exploratória da Prática do Turismo na

Transcrição

Análise Exploratória da Prática do Turismo na
CAMILA REIS COUTINHO
CÍNTIA VASCONCELOS SOUSA CAMPOS
ANÁLISE EXPLORATÓRIA DA PRÁTICA
DO TURISMO NA RPPN FELICIANO MIGUEL
ABDALA E O INTERACIONISMO COM A
COMUNIDADE LOCAL – CARATINGA / MG
BACHARELADO EM TURISMO
DOCTUM / MG
2005
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CAMILA REIS COUTINHO
CÍNTIA VASCONCELOS SOUSA CAMPOS
ANÁLISE EXPLORATÓRIA DA PRÁTICA
DO TURISMO NA RPPN FELICIANO MIGUEL
ABDALA E O INTERACIONISMO COM A
COMUNIDADE LOCAL – CARATINGA / MG
Monografia apresentada à banca examinadora da
Faculdade de Turismo, Instituto Doctum, como
exigência parcial para obtenção do grau de
bacharel em Turismo, sob a orientação da
professora especialista Luciana Lustosa Ferreira.
DOCTUM / CARATINGA
2005
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4
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por permitir a realização deste trabalho, por me manter em paz em
meio às dificuldades e por me ensinar a crer ainda que tudo parecesse contrário.
Agradeço a minha mãe Ruth, ao meu irmão-pai Júnior, ao Rafael por estarem ao meu
lado, pelas orações e por não me deixarem desistir ao longo destes 4 anos. Agradecimento
este extensivo a Tia Zulmira, Tio Waldir e Tia Neném.
Muito obrigada, professora Luciana Lustosa, por me ensinar muitas coisas e por me
orientar tão bem nesta etapa final da graduação.
Obrigada amigos e colegas de graduação, vocês não têm noção do quanto cresci e
aprendi no relacionamento com cada um de vocês.
Aos professores que compartilhando seus conhecimentos, de uma forma muito
especial, acrescentaram muito em minha vida pessoal e profissional, obrigada por
possibilitarem a abertura de novos caminhos e horizontes, hoje concluindo esta graduação,
vejo que grande parte devo a vocês.
Camila Reis Coutinho
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RESUMO
A Reserva Particular do Patrimônio Natural Feliciano Miguel Abdala – RPPN-FMA,
existe para a preservação da fauna e flora que compõe o bioma Mata Atlântica e tem sido
utilizada até o presente momento para fins de pesquisa científica e visitação em pequena
escala de turistas nacionais e estrangeiros. Como possuidora de um grande potencial turístico,
em função dos seus atrativos naturais, está em andamento a melhoria da estrutura da RPPNFMA para que esta se torne um produto turístico com infra-estrutura básica receptiva,
colocando a disposição dos visitantes a possibilidade de realizarem passeios com guias locais
treinados, se hospedar e alimentar com qualidade, conforto e segurança no distrito. Entendeuse que toda esta estruturação exercerá impactos diretos nos aspectos sociais, culturais,
ambientais e econômicos da população residente tanto na zona urbana como na zona rural do
distrito de Santo Antônio do Manhuaçu. O presente trabalho, propôs a análise por meio de
estudo ‘in loco’, sobre a interferência resultante da atividade turística na vida desta
comunidade, buscando perceber também se esta população está receptiva e participando de
todo o processo de implantação da atividade, bem como favorável a utilização do espaço
natural da região, que é rico em atrativos naturais e culturais, buscando como resultado um
turismo sustentável e participativo, onde os moradores locais sejam beneficiados nos aspectos
econômico, social, histórico-cultural, em conseqüência de sua participação direta na
organização do espaço a ser explorado turisticamente.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...................................................................................................................7
1. TURISMO: HISTÓRIA E ATUALIDADE....................................................................10
1.1. DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DO TURISMO..........................................................10
1.2. DESENVOLVIMENTO DO TURISMO NO BRASIL...........................................................13
2. UNIDADES DE CONSERVAÇÃO ................................................................................15
2.1. O QUE É RPPN............................................................................................................15
2.2. RISCOS E BENEFÍCIOS DO TURISMO EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO....................17
3. IMPACTOS DO TURISMO............................................................................................19
3.1. IMPACTOS SOCIAIS E CULTURAIS...............................................................................19
3.2. IMPACTO ECONÔMICO................................................................................................26
3.3. IMPACTO AMBIENTAL.................................................................................................26
4. TURISMO E QUALIDADE DE VIDA...........................................................................28
4.1. O QUE É QUALIDADE DE VIDA......................................................................................28
4.2. TURISMO PROPORCIONANDO QUALIDADE DE VIDA....................................................28
5. RESERVA PARTICULAR PATRIMÔNIO NATURAL FELICIANO MIGUEL
ABDALA............................................................................................................................30
5.1. HISTÓRICO...................................................................................................................30
5.2. PERFIL E FLUXO DOS VISITANTES...............................................................................31
5.3. PROJETO TURÍSTICO...................................................................................................32
5.4. COMUNIDADE
DO
DISTRITO
DE
SANTO ANTÔNIO
DO
MANHUAÇU
E
ENTORNO
DA
RPPN...........................................................................................................................32
6. ANÁLISE DOS DADOS E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS..................................34
7. PROPOSTAS PARA APROVEITAMENTO DO POTENCIAL TURÍSTICO DA
RPPN FMA E COMUNIDADE DO ENTORNO...........................................................44
8. CONSIDERAÇÕES CONCLUSIVAS............................................................................45
9. BIBLIOGRAFIA ..............................................................................................................46
10. ANEXOS............................................................................................................................48
7
INTRODUÇÃO
A atividade turística realizada em áreas de preservação deve ser implantada de forma
sustentável buscando a integração e envolvimento das comunidades locais para que estas
sejam também beneficiadas pela prática do turismo.
A RPPN-FMA situa-se na região sudeste do Brasil, no estado de Minas Gerais, no
município de Caratinga ficando distante deste 55 Km, no distrito de Santo Antônio do
Manhuaçu.
A Estação é ligada a uma organização não-governamental, a Fundação Biodiversitas,
de Belo Horizonte e tem como finalidade básica a preservação de um ecossistema da Mata
Atlântica de Minas Gerais para gerações futuras, bem como a facilitação de trabalhos nas
áreas de História Natural, uma vez que o objetivo principal é o fomento a pesquisa científica.
Possui como foco a promoção de conceitos preservacionistas visando a integridade do
ecossistema, mas tem buscado a inclusão do turismo e da educação ambiental. “O Turismo e
a Educação Ambiental são também objetivos da EBC, porém não devem prejudicar as
pesquisas”. (Veado, 1990, p. 02).
Assim, está em andamento a implantação de uma infra-estrutura receptiva no interior
da reserva e a oferta de cursos para a comunidade local sobre guia, turismo e turismo rural. É
necessário o envolvimento de toda esta comunidade uma vez que a cultura, a história local e o
comportamento destes, poderão também vir a ser atrativos diferenciais na busca e consumo
por parte dos turistas.
Para Krippendorf (2000), o desenvolvimento do turismo não pode ter um propósito em
si mesmo, ele deve ser um meio para realizar objetivos superiores de ordem econômica,
social, cultural, entre outros. Portanto, ao buscar estratégias para o desenvolvimento do
turismo, independente de sua tipologia o objetivo primordial deverá ser a busca pelo
envolvimento das esferas que compõe a sociedade bem como sua preservação, por
compreender que o patrimônio quer seja natural ou cultural, é um elemento determinante na
caracterização de uma comunidade. Tornando assim, a sustentabilidade como condição prévia
para o turismo no âmbito econômico, ambiental e sociocultural.
A atividade turística deverá servir como um meio que promova a incorporação da
comunidade local no processo de transformações e adaptações para a prática do turismo de
modo mais democrático.
8
A comunidade local que está inserida no entorno da RPPN FMA pode ser identificada
como os residentes na zona urbana e rural do Distrito de Santo Antônio do Manhuaçu.
É de fundamental importância o desenvolvimento de trabalhos que envolvam esta
comunidade no planejamento deste ambiente, para que estes não fiquem alienados e para que
não haja uma descaracterização cultural em função dos futuros visitantes que irão consumir os
serviços e produtos ofertados.
A atividade turística deve ser implantada de modo que seja possível a sobrevivência, o
resgate e o desenvolvimento de produções culturais e artesanais tradicionais para que não
acarrete uma padronização ou descaracterização dos mesmos.
Swarbrooke entende que população local “... normalmente consistem em diferentes
grupos de interesse, alguns dos quais podem estar em conflitos entre si”. (Swarbrooke, 2000,
vol. 2, p. 70). A proposta deste trabalho foi verificar o estágio de desenvolvimento do turismo
na região e a forma como ele interfere na vida da comunidade local por meio dos seguintes
questionamentos:
O turismo incipiente na região acarretou modificações no modo de vida da
comunidade?
É possível surgir conflitos entre a população local no seu relacionamento com os
turistas?
A RPPN-FMA é uma localidade viável para a implantação da atividade turística de
modo sustentável?
A comunidade local é receptiva a RPPN-FMA e à sua utilização também para fins
turísticos?
A prática do turismo promove melhorias na qualidade de vida dos moradores que
compõe o entorno da RPPN-FMA?
Buscou-se neste estudo coletar dados que identificasse se a prática do turismo na
RPPN-FMA tem causado interferência na vida da comunidade local; como também o perfil
dos visitantes, sua procedência e freqüência a RPPN-FMA; averiguar as possibilidades de
crescimento da atividade turística na RPPN-FMA e em seu entorno; confirmar a importância
da reserva em âmbitos sociais, ambientais, educacionais, econômicos para a comunidade do
entorno; analisar a maneira como a comunidade local percebe a existência de uma RPPN e
como se posiciona frente às medidas necessárias para sua preservação; apresentar
levantamento de dados qualitativo sobre a comunidade local; apresentar sugestões para evitar
que o turismo acarrete modificações negativas no modo de vida da comunidade local.
9
A pesquisa realizou-se tendo como base a coleta de dados secundários sobre a RPPNFMA, sua história, características climáticas, ambientais, extensão territorial, identificação do
perfil dos visitantes atuais e conhecimento da infra-estrutura turística receptiva.
Utilizou-se ainda como complemento para análise, uma pesquisa de campo com
aplicação de questionários à população que compõe o entorno para identificar a forma como
esta percebe o turismo e sua disposição em participar do processo de implantação da atividade
turística na RPPN-FMA.
O tamanho da amostra foi definido conforme o método estatístico citado por VIEIRA
(1999, p.85), a mesma foi retirada ao acaso da população, para que todos tivessem igual
probabilidade de ser amostrado, adotando, portanto, o método de amostragem aleatória
simples.
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1. TURISMO: HISTÓRIA E ATUALIDADE
A palavra Turismo provém do latim, tornare que quer dizer “dar uma volta”, voltar ao
ponto inicial, é também derivada da palavra francesa tour que tem o mesmo significado, daí
formou-se o termo Grand Tour, usado pela primeira vez por Richard Lassels no ano de 1970
em seu livro “Voyage of Italy” (CAMARGO, 2000).
1.1. DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DO TURISMO
Para LINCKORISH (2000, p. 21) ''o desenvolvimento do turismo pode ser dividido
em quatro estágios distintos [...] altamente influenciados pelas mudanças no transporte, já que
o transporte é o principal serviço na atividade que consiste em sair de casa para um novo
destino''.
Para este autor, o turismo teve início na era medieval e até o início do século XVII ele
denomina turismo pré-histórico, sendo este o primeiro estágio. O segundo compreende a era
onde houve grande desenvolvimento no setor de transportes. O terceiro estágio de 1918 a
1939 corresponde ao período entre as guerras e o último estágio do turismo para este autor se
deu a partir de 1945.
Para IGNARRA, (1999, p. 15) ''o turismo em termos históricos se iniciou quando o
homem deixou de ser sedentário e passou a viajar, principalmente motivado pela necessidade
de comércio com outros povos''.
Para OLIVEIRA (2000, p. 15) ''o turismo é mais antigo do que a própria expressão. Os
primeiros Jogos Olímpicos ocorreram em 776 a.C., na Grécia antiga, quando foram
promovidas as primeiras viagens que, tempos depois, intensificaram-se com a descoberta das
propriedades de cura das águas minerais''.
Como cita BARRETTO, (1995, p.44)
a proto-história do turismo pode situar-se na antiga Grécia, entre os fenícios, na
antiga Roma, ou até milhões de anos atrás... e é muito provável que, se fosse
realizada uma pesquisa em tempos anteriores, e em outras culturas, além da grecoromana, encontrar-se-iam antecedentes ainda mais remotos, chegando-se a supor que
o ser humano sempre viajou, seja definitivamente (migrando) ou temporariamente
(retornando).
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A efetivação de uma visita a um local que não seja o de residência de um indivíduo
está relacionado a viagens que por sua vez poderá estar intimamente ligada ao turismo.
Para compreender o processo histórico do turismo é indispensável analisar a diferença
entre o conceito de viagem e o conceito de turismo, viagem está relacionado ao deslocamento,
já no turismo além do deslocamento há a necessidade de toda uma estrutura receptiva.
Historicamente o turismo passou a existir quando o homem deixou de ser sedentário e
iniciou o período de viagens movido pela necessidade de comércio com outros povos. O ato
de viajar implica em voltar, e quando ainda sedentário o homem permanecia no local de
destino enquanto este lhe garantisse sustento.
Eram por motivos econômicos que se realizavam grandes viagens exploratórias dos
povos antigos que tinham como finalidade conhecer novas terras e ocupá-las para posterior
exploração. Outros fatores motivacionais são percebidos na Idade Média como o religioso que
através das cruzadas, uma maneira organizada de recuperar o Santo Sepulcro, inseriu muitos
viajantes nos caminhos da Europa, o que propiciou a transformação das pousadas caridosas
em atividades lucrativas.
Percebe-se que o ato de viajar independente da motivação é um fenômeno antigo na
história da humanidade, segundo MCINTOSH, 1993. apud IGNARRA, 2000, p. 15., o
turismo deve ter surgido com os babilônios por volta de 4.000 a.C.
El invento del dinero por los sumerios (babilonios) e el auge del comercio que se
inició aproximadamente en el ano 4.000 a. C., tal vez sinale el comienzo de la
era moderna de las viajes. Los sumerios fueron los primeiros en concebir la idea
del dinero, y em aplicarla a sus transaciones comerciales. (También inventaron la
iscritura e la rueda, por lo que se les podria considerar como los fundadores de
los viajes.) El hombre podia pagar por el transporte e el alojamiento ya fueraz
con dinero o por trueque de bienes. 1
O Egito já podia ser considerado uma Meca a três mil anos antes de Cristo, em função
dos visitantes que para lá se dirigiam nesta época para contemplar as pirâmides e outros
monumentos. “Esses visitantes viajavam pelo rio Nilo em embarcações com cabines bem
confortáveis ou por terra em carruagem." (IGNARRA, 2000, p. 16)
1
O dinheiro foi inventado pelos sumérios (babilônios) e o auge do comércio que se iniciou aproximadamente no
ano 4.000 a. C, talvez assinala o início da era moderna das viagens. Os sumérios foram os primeiros a conceber
a idéia do dinheiro e aplicá-la em suas transações comerciais. (Também inventaram a escrita, a roda, podendo
considerá-los também como fundadores das viagens.) O homem podia pagar pelo transporte e alojamento com
dinheiro ou peloa troca de bens.
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É possível considerar que os fenícios foram os povos que possibilitaram o maior
desenvolvimento do conceito de viagens em seu período devido ao seu território que não
favorecia a agricultura, estes se viram necessitados de desenvolver o comércio internacional
como meio para sobrevivência.
Na Grécia antiga, o hábito de viajar também era comum e foi Heródoto, um dos
primeiros historiadores da humanidade o exemplo, este viajou pela Feníncia, Egito, Grécia, e
mar Morto. Há também na Grécia registros de viagens organizadas para participação nos
jogos olímpicos.
No período do Império Romano as viagens eram motivadas por um sistema de rodovia
administrado pelo Estado e guardado pelo exército. De Roma saíam quantidade considerada
de pessoas para o campo, o mar, as águas termais, os templos e festivais.
Com o fim do Império Romano as viagens sofreram um declínio. As sociedades se
organizaram em feudos e se sustentavam, viajar passou a ser uma aventura devido aos perigos
que a época apresentava, assaltos realizado por grupos de bandidos nas estradas.
Após o ano 1.000 as viagens passaram a ofertar maior segurança, surgiram as grandes
estradas, no percurso por estas estradas os viajantes de nível social mais elevado eram
hospedados nos castelos ou em casas particulares, os demais utilizavam barracas ou
hospedarias.
Os séculos XV e XVI foram marcados pelas grandes navegações com viagens que
atravessavam os oceanos, levando centenas de pessoas e duravam vários meses.
O turismo moderno teve início no século XIX, após o advento da Revolução Industrial
(século XVIII) onde ocorreu as primeiras viagens organizadas. Teve início em 1830 a era das
ferrovias que foi determinante no desenvolvimento do turismo.
Em 1841 surge o primeiro agente de viagem profissional Thomas Cook, que organizou
viagem com 570 pessoas, comprou e revendeu os bilhetes, configurando assim a primeira
viagem agenciada. Em 1846, organizou viagem similar a Londres, utilizando-se de guias de
turismo, caracterizando como o início do turismo coletivo. (BARRETO, 1991, p. 53).
O turismo contemporâneo, período de 1945 a 1990,
foi marcado pelo avanço
tecnológico no meio do transporte aéreo e estruturação dos serviços prestados, a hotelaria
passou por modificações e melhorias. Em 1970 teve início a preocupação dos países do
primeiro mundo com o meio ambiente e a necessidade de preservá-lo para gerações futuras.
13
1.2. DESENVOLVIMENTO DO TURISMO NO BRASIL
No Brasil o turismo teve início com o seu descobrimento, as primeiras expedições que
aqui chegaram não deixavam de estar fazendo turismo de aventura. (IGNARRA, 1999, p. 19)
Com o início das capitanias Hereditárias e do Governo Geral, criou-se o turismo de
negócios entre a metrópole e a colônia. Houve também as viagens de intercâmbio cultural
onde jovens abastados eram enviados para Portugal para estudar.
Até então parte receptiva do Brasil era precária, mas no início do século XIX, quando
a corte portuguesa se transferiu para o Brasil houve um grande desenvolvimento urbano,
notadamente no Rio de Janeiro. Aumentou a demanda por hospedagens devido as visitas
realizadas pelos diplomatas e comerciantes, e assim teve início a hotelaria brasileira.
Na metade do século XIX desenvolveu-se os transportes movidos a vapor, esta
evolução no segmento de transportes possibilitou deslocamentos do e para o Rio de Janeiro.
Em 1885 inaugurou-se o trem para subir o Corcovado, sendo este o primeiro atrativo a
receber infra-estrutura no Brasil, nesta época o Rio de Janeiro contava com uma média de 200
estabelecimentos entre hotéis, hospedarias e restaurantes.
Em 18de novembro de 1966, foi pela primeira vez no Brasil definida a política de
turismo, pelo decreto-lei nº55, trazendo a existência o CNTUR - Conselho Nacional de
Turismo e a EMBRATUR - Empresa Brasileira de Turismo.
A partir do ano 1968 teve início o levantamento estatístico dos turistas que entravam
no país. O Rio de Janeiro e São Paulo já possuíam secretarias de turismo. Havia ainda uma
carência nos meios de transportes que interferia diretamente no estímulo do turismo interno.
Era dado pouca importância ao setor até o final da década de 1970, o que resultou na
falta de preservação ambiental e pratrimônio histórico-cultural, na deficiência dos serviços
prestados e mão-de-obra não qualificada.
A atividade foi impulsionada no país a partir da década de 1980 onde houve a
existência de uma significativa classe média, a mulher passou a fazer parte do mercado de
trabalho aumentando assim a renda familiar, houve também melhorias nos meios de
comunicação e transportes.
O turismo passou a ser visto como um estilo de vida, como um meio de fugir da rotina
e aliviar o estresse. (CAMPOS, 2001, p. 26)
14
Em 1992 foi lançado o PLANTUR – Plano Nacional de Turismo, tinha como objetivo
reorganizar o turismo no setor público e privado, buscava também a diversificação na oferta
de produtos turísticos.
Em 1994 foi criado o PNMT - Programa Nacional de Municipalização do Turismo,
que adotando a metodologia da OMT - Organização Mundial do Turismo apresentava como
objetivo, implementar um novo modelo de gestão da atividade turística, simplificada para os
Estados e Municípios, buscando maior eficiência e eficácia na administração da atividade
turística e o desenvolvimento do turismo de modo sustentável nos municípios de forma
participativa.
A Política Nacional de Turismo estabelecida para o período de 1996-1999, no período
de governo de Fernando Henrique Cardoso tinha por finalidade “o desenvolvimento do
turismo e seu equacionamento como fonte de renda nacional.” (final do artigo 1º do decretolei 60.224/67). Num balanço realizado no início de 2000, o governo considerou encerrado o
ciclo de desenvolvimento do turismo, que havia sido iniciado a partir do estabelecimento da
Política Nacional do Turismo.
A posse do novo Presidente da República em 1º de janeiro de 2003 trouxe como
novidade a criação de um Ministério exclusivo para o Turismo. Foi criado pela medida
provisória nº103, de 1º de janeiro de 2003. Sua estrutura é composta pelos seguintes órgãos:
Secretaria de Políticas de Turismo; Secretaria de Programas de Desenvolvimento do Turismo;
e o InstitutoBrasileiro de Turismo (EMBRATUR).
Em 29 de abril de 2003, foi divulgado pelo governo o PNT - Plano Nacional de
Turismo, tendo como proposta consolidar o Ministério do Turismo como articulador do
processo de integração dos diversos segmentos do setor turístico. A promoção, marketing e
apoio a comercialização do produto brasileiro no mundo ficou enfocado pela Embratur. O
PNT preocupa-se também com a descentralização da gestão do turismo, ou seja, os
municípios passaram ser responsáveis pela gestão deste setor a nível local.
15
2. UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
As Unidades de Conservação (UC), são áreas naturais protegidas do território
nacional, de domínio público ou privado, podem ser criadas em nível municipal, estadual e
federal, por meio de decreto ou lei, mas sua extinção é feita somente por meio de lei.
(COSTA, 2002).
Podem ser vinculadas a diferentes órgãos administrativos, em função de sua natureza,
seu objetivo e seu estatuto. Se subdivide em dois grupos que possuem características
específicas, sendo estes Unidades de Preservação Integral e Unidades de Uso Sustentável.
As Unidades de Preservação Integral tem por finalidade preservar a natureza, a
utilização de seus recursos naturais só são possíveis de forma indireta. Fazem parte desta
categoria de Unidade de Conservação: Estação Biológica; Reserva Biológica; Parque
Nacional; Monumento Natural; Refúgio da Vida Silvestre.
As Unidades de Uso Sustentável possuem como objetivo promover paralelamente a
conservação da natureza e a sua utilização de modo sustentável de parte de seus recursos
naturais. Esta categoria de Unidade de Conservação é composta por: Área de Proteção
Ambiental; Área de Relevante Interesse Ecológico; Floresta Nacional; Reserva Extrativista;
Reserva da Fauna; Reserva de Desenvolvimento Sustentável e Reserva Particular do
Patrimônio Natural. (COSTA, 2002)
2.1. O QUE É RPPN
A Reserva Particular do Patrimônio Natural deve ser entendida como uma área
particular, que tem por finalidade a preservação e conservação da diversidade biológica
característica desta área. De acordo com MESQUITA,
As RPPNs são unidades de conservação de domínio privado, criadas por iniciativa
do proprietário da área, mediante ato de órgão governamental (IBAMA ou órgão
estadual de meio ambiente, quando houver regulamentação no estado), desde que
constatado o interesse público. Pelo SNUC, as RPPNs devem ter como objetivo
principal a conservação da diversidade biológica. 2
2
MESQUITA, Carlos Alberto Bernardo. RPPN – Reservas particulares do patrimônio natural da mata atlântica
– São Paulo : Conselho Nacional da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, 2004. 96 p. – (Caderno da Reserva
da Biosfera da Mata Atlântica : série conservação e áreas protegidas, 28)
16
O programa de RPPNs existe no Brasil desde 1990, quando surgiu o Decreto nº 98.914
regulamentando esse tipo de iniciativa e em 1996, foi substituído pelo Decreto nº 1.922, sendo
que, em 2000, com a nova lei do Sistema Nacional de Unidade de Conservação (SNUC), as
RPPNs passaram a ser consideradas unidades de conservação, integrante do grupo de uso
sustentável.
Uma área poderá tornar-se RPPN por iniciativa de seu proprietário a partir do
reconhecimento do Poder Público a nível federal, sendo que esta área deverá ser considerada
de grande importância devido sua biodiversidade, suas características paisagísticas ou
ambientais que justifique a iniciativa de recuperação.
Ao tornar-se RPPN uma área natural, o proprietário faz com que a natureza daquela
localidade permaneça preservada perpetuamente. “Com a legalização da área como RPPN, o
proprietário não pode mais se desfazer dessa propriedade, que com seu falecimento apenas
passará a seus herdeiros, que também não poderão negociá-la.” 3
Parte alguma que compõe a área natural intocada ou em recuperação poderá sofrer
alteração, restringindo portanto a utilização da terra a partir da criação da Reserva Particular
do Patrimônio Natural. Há muitas possibilidades de utilização das RPPNs, inclusive com fins
lucrativos. Pode-se realizar desde pesquisa científica, levantamentos de flora e de fauna,
estudos sobre o meio ambiente, atividades de educação ambiental, práticas esportivas pouco
impactantes. Nas RPPNs é possível também desenvolver atividades econômicas,
especialmente no campo do ecoturismo.
Tais atividades, no entanto, deverão ser autorizadas ou licenciadas pelo órgão
responsável pelo reconhecimento da RPPN e executadas de modo a não comprometer o
equilíbrio ecológico ou colocar em perigo a sobrevivência das populações das espécies ali
existentes. Deve-se observar, portanto, a capacidade de suporte da área, ou seja, o quanto de
uma atividade pode ser desenvolvida num local sem prejudicar seu meio ambiente.
Atualmente existe no estado de Minas Gerais um total de 81 Rppns que corresponde a
uma área de 20.116,73 hectares de área preservada. MESQUITA (2004, p. 86)
3
COSTA, Patrícia Côrtes. Unidades de Conservação. São Paulo: Aleph, 2002. (Série Turismo)
17
2.2. RISCOS E BENEFÍCIOS DO TURISMO EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
A atividade recreativa tem sido percebida como um dos melhores meios para
conservar áreas naturais degradadas, como também uma alternativa potencial para atingir os
objetivos de desenvolvimento e conservação de uma determinada região. Mas se analisar uma
área natural utilizada para este fim sem planejamento, onde o interesse de divulgação por
parte dos meios de comunicação se sobrepõe a análise das consequências negativas verá que é
algo preocupante.
Uma vez que as unidades de conservação existem para preservar tudo que está inserido
em sua extensão territorial, como fauna, flora, patrimônio cultural, paisagens, entre outros, a
prática do turismo neste ambiente resultará em custos e benefícios que deverão ser
trabalhados paralelamente. Todo proceso de desarollo conlleva una série de ventajas y de
inconvenientes o de “beneficios” y “costes” que hay que calibrar para validar la bondad
global de los resultados que se esperan obtener a través de una iniciativa. (CONDURAS,
2004, p. 393). 4
A degradação do ambiente natural é um dos problemas resultante da inserção do
turismo em unidades de conservação. Em algumas situações pode se perceber visivelmente os
impactos negativos causados pela ação do homem seja para estruturar a área para receber
turistas, seja pelo fluxo de turistas em busca do consumo desta localidade.
A tabela a baixo mostra os benefícios que podem advir da realização do turismo em
unidades de conservação.
Tabela 1: Benefícios Potenciais do Turismo em Unidades de Conservação
Aumento de oportunidades econômicas
Proteção do patrtimônio natural e cultural
• Estimula novas empresas e diversifica a • Protege os processos ecológicos.
economia local.
• Conserva a biodiversidade.
Melhoria na qualidade de vida
• Promove
os
valores
estéticos,
espirituais e de bem-estar.
• Aumenta a oferta de empregos para a • Melhora as facilidades de transporte e • Apóia a educação ambiental para
comunidade
• Aumento de renda.
• Estimula a manufatura de bens locais.
• Melhora o padrão de vida.
• Capacita os funcionários às novas
atividades.
comunicação.
visitantes e comunidade local.
• Auxilia a desenvolver mecanismos de • Estimula o desenvolvimento da cultura,
financiamento para as unidades.
artes e artesanato.
• Cria valores econômicos e protege • Aumenta
recursos que não seriam percebidos pela
comunidade local de outrta forma.
• Aumenta o fundo para a proteção da • Transmite valores de conservação por
o
nível
educacional
da
comunidade local.
• Estimula a comunidade a valorizar sua
cultura e ambiente regional.
4 Todo processo de desenvolvimento leva a uma série de vantagens e de incovenientes o de “benefícios” e
“custos”, deve se equilibrar para validar a bondade global dos resultados que se esperam obter através de uma
iniciativa. (CONDURAS, 2004, p. 393).
18
unidade e comunidade local.
meio da educação e interpretação.
• Apóia as pesquisas e desenvolvimeto de
um sistema de manejo.
• Estimula as pessoas a aprenderem as
línguas
e
culturas
dos
turistas
estrangeiros.
Fonte: adaptado de Eagles e colaboradores (2002) apud Takahashi (2004).
E muito dos efeitos negativos resultante da visitação ou das inúmeras modificações
advindas do desenvolvimento do turismo na localidade, pode e deve ser manejado ou
minimizado com o apoio da comunidade local.
19
3. IMPACTOS DO TURISMO
Os impactos causados pela prática do turismo podem ser resultantes das mudanças
necessárias para estruturar a atividade. Podem também ser conseqüência do processo de
interação entre turistas, comunidade e meios receptores. É possível que tipos de turismo
parecidos possam causar diferentes impactos.
Ao mesmo tempo em que o turismo pode ajudar a reconhecer e promover culturas
distintas, ele pode alterar ou distorcer padrões culturais.
3.1. IMPACTOS SOCIAIS E CULTURAIS
Os efeitos sociais e culturais do turismo relacionam-se com a maneira pela qual as
viagens e o turismo afetam as pessoas e suas comunidades.
DIAS (2003, p. 126), entende que o impacto em uma determinada comunidade é
resultante,
de um tipo particular de relações sociais que ocorrem entre turistas e residentes
como decorrência do estabelecimento do contato e que provocam mudanças sociais
e culturais na sociedade visitada – sistema de valores, comportamento individual,
estrutura familiar, estilos de vida, manifestações artísticas, cerimônias tradicionais e
organização social.
Para RUSCHMANN, (1997, p. 34),
Os impactos do turismo referem-se à gama de modificações ou à seqüência de
eventos provocados pelo processo de desenvolvimento turístico nas localidades
receptoras. As variáveis que provocam os impactos têm natureza, intensidade,
direções e magnitude diversas; porém, os resultados interagem e são geralmente
irreversíveis quando ocorrem no meio ambiente natural.
Percebe-se, portanto que sempre ocorrerão mudanças devido aos contatos
interculturais, e é necessário o desenvolvimento de ações que visem a minimização dos
impactos resultantes destes contatos.
20
Impactos Sociais
Para a identificação dos impactos predominantemente sociais o autor Dias, (2003, p.
130-142), os agrupou em oito categorias:
1. Ressentimento resultante do choque de culturas;
2. Transformação da estrutura de trabalho;
3. Saturação de infra-estrutura, que afeta instalações e equipamentos;
4. Transformação de valores e condutas morais;
5. Modificações nos padrões de consumo;
6. Problemas de saúde;
7. Etnocentrismo;
8. Excesso de padronização.
1. Ressentimento resultante do choque de culturas
O turismo promove relações sociais entre indivíduos que representam culturas
diferentes, o que pode acarretar choques advindos desta diferenciação cultural.
Podendo levar os residentes das localidades turísticas a adotarem determinados
comportamentos em relação aos turistas, este comportamento vai depender do estágio em que
se encontra o turismo na localidade, “podendo variar de estados de euforia, quando os
visitantes são bem-vindos, até de antagonismo potencial, quando atitudes antituristas
começam a crescer entre a população local”. (DIAS, 2003, p. 130).
Segundo DOXEY (1972), apud DIAS (2003, p. 130), as atitudes dos visitantes podem
assumir quatro estágios diferentes, dependendo do grau de inserção do turismo na
comunidade: euforia, apatia, contrariedade e antagonismo.
Já MATHIESON e WELL, apud RUSCHMANN (1997, p. 47) identificam cinco
estágios da crescente desilusão de uma população receptora com o turismo, no caso dos
impactos sociais:
1°- Euforia - quando as pessoas vibram com o desenvolvimento do turismo. Recebem bem os
turistas; registram-se sentimentos de satisfação mútua. Oportunidades de emprego, negócios e
lucro são abundantes e aumentam com o crescimento do fluxo de turistas.
2°- Apatia - na medida em que a atividade cresce e se consolida, a população receptora
considera a rentabilidade do setor como garantia, e o turista é considerado o meio para a
21
obtenção de lucro fácil, acarretando contatos humanos mais formais do que no estágio
anterior.
3°- Irritação - se manifesta na medida em que o turismo começa a atingir níveis de saturação
ou o local já não consegue atender às exigências da demanda.
4°- Antagonismo – ocorre quando os moradores não mais disfarçam sua irritação e
responsabilizam os turistas por seus males e pelos problemas existentes na localidade. O
respeito mútuo e a polidez desaparecem, e os turistas que no primeiro momento foram tão
bem recebidos passam a ser hostilizado pela população receptora.
5°- Arrependimento - ocorre quando a população se conscientiza de que, na ânsia de obter
vantagens do turismo, não considerou as mudanças que estavam acontecendo e nem pensou
em ações para minimizá-las ou impedi-las. Conviverá com o fato de que seu ecossistema
nunca será o mesmo que era antes do advento do turismo.
Além destes estágios, registram-se outros benefícios e prejuízos causados pelo turismo
à sociedade que são apresentados na tabela 1.
TABELA 1 - Impactos sociais do turismo: benefícios e prejuízos
BENEFÍCIOS
• Diminuição do índice de desemprego
• Melhoria e Desenvolvimento da Infra Estrutura
• Capacitação da mão – de – obra
• Aumento da mão – de - obra especializada
• Melhoria da Qualidade de Vida
• Conscientização e Educação da Comunidade
• Auto–Estima na Comunidade pela Participação
Direta
• Desenvolvimento da Estrutura Urbana
• Aumento de Atividades de Lazer
• Incremento da Qualidade de Prestação de
Serviços
• Divulgação do Município
• Integração e Desenvolvimento Regional
• Contribuição para a Paz entre os Povos
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
PREJUÍZOS
Imigração Desordenada
Aumento da Prostituição
Tráfico de Drogas
Acúmulo de Lixo Urbano e Rural
Aumento da Poluição, Congestionamento, e
Tráfego Urbano.
Exploração do Turista
Crescimento Desordenado e Desequilíbrio
Aumento da Criminalidade e do Vandalismo
Desconforto da População Local
Evasão da População Local
Rejeição do Turista pelos Residentes
Desagregação Familiar
Doenças
Aumento da População Sazonal
Problemas de Infra - Estrutura Básica
Fonte: EMBRATUR (1996).
Os choques culturais podem aumentar em razão da desigualdade econômica entre
visitante e visitado, do comportamento dos turistas e de problemas oriundos da ocupação de
postos de trabalho.
22
2. Transformação da estrutura de trabalho
O turismo possibilita o surgimento de novas oportunidades de trabalho, e faz com que
pessoas se desloquem em direção as novas áreas turísticas em busca de oportunidades de
trabalho e aumento na renda.
Embora este aspecto seja positivo, em grande parte os postos de trabalho
disponibilizados em função do turismo são sazonais, podendo ocorrer somente nas altas
temporadas; outra modificação que pode ocorrer na estrutura de trabalho de uma localidade é
a questão do trabalho artesanal que muitas vezes devido à crescente demanda, determinados
produtos passam a ser industrializados, modificando assim algo que era típico do local.
3. Saturação de infra-estrutura, que afeta instalações e equipamentos.
Segundo DIAS (2003:134), a saturação do destino ocorre, em geral, quando um ritmo
rápido de desenvolvimento ou sazonalidade do mercado provoca a coexistência num mesmo
espaço de um grande número de turistas comparado com a população local.
Levando ao surgimento de vários problemas como a supervalorização das terras,
empregos que dependem da sazonalidade, congestionamentos devido a alto número de
veículos e a própria localidade que passa a disputar com os turistas os locais que ‘pertencem’
a eles.
4. Transformação de valores e condutas morais
A existência de turistas em determinadas localidades pode provocar mudanças nos
valores sociais da destinação levando-os a adotarem novos comportamentos e em sua maioria
comportamentos negativos como a prostituição, o jogo e a criminalidade, em função do
aumento de número de pessoas na localidade e da circulação de dinheiro.
5. Modificações nos padrões de consumo
Os padrões de consumo sofrem modificações a partir do contato entre residentes e
turistas, estes é percebido por aqueles como pessoas ricas e bem-sucedidas, e esta percepção
leva muitas vezes os residentes a desejarem adotar o mesmo comportamento e consumo,
alterando assim a economia local.
23
6. Problemas de saúde
Os problemas podem surgir devido à movimentação de diversos turistas por diversas
localidades, podendo estes espalhar doenças como Aids, cólera, entre outras doenças
infectocontagiosas na localidade receptora. Isto se deve ao uso excessivo da infra-estrutura
local pelos turistas e a comunidade local, podendo ocasionar a falta de água potável, como
também dificultar a absorção dos dejetos na rede de esgoto e o recolhimento do lixo urbano.
7. Manifestações de etnocentrismo
O contato direto entre turistas e visitantes pode acarretar uma intensificação das
diferenças étnicas e raciais entre ambos, em virtude do fato de ser o visitante geralmente
advindo de centros urbanos onde há o predomínio de tecnologias e facilidades de consumo,
diferentemente, muitas vezes, da localidade receptora. Podendo muitas vezes passar uma
conotação diferente do sentido de prestação de serviços por parte da comunidade local,
passando esta a ser vista como servos dos que a visitam.
8. Excesso de padronização
Corre-se o risco de padronizar o destino turístico visando somente à satisfação dos
visitantes, levando a uma possível perda de identidade da comunidade receptora, com
facilidades que muitas vezes faz com que o destino deixe de possuir diferenciais e
atratividade.
Impactos Culturais
RUSCHMANN (1997) ressalta que é impossível desconsiderar a cultura de um povo
como uma das mais importantes motivações das viagens turísticas. SINGER, citado por
RUSCHMANN (1997, p.50), conceitua cultura de um povo como,
[...] os padrões explícitos ou implícitos do comportamento, adquiridos ou
transmitidos por símbolos, que constituem o patrimônio de grupos humanos,
inclusive sua materialização em artefatos. O aspecto mais importante de uma cultura
reside nas idéias tradicionais - de origem e seleção histórica - e, principalmente, no
de significado.
24
Existem muitas culturas diferentes, que passam a ser elemento de atratividade de
regiões específicas dentro de um mesmo país.
Impactos Culturais Favoráveis
•
Valorização do artesanato
•
Valorização da herança cultural
•
Orgulho étnico
•
Valorização e preservação do patrimônio histórico
Impactos Culturais Desfavoráveis
•
Descaracterização do artesanato - A produção de artesanato, quando voltada
unicamente para o consumo dos turistas - como souvenires – leva a descaracterização
de sua função original, transformando muitas vezes os objetos em itens de decoração.
•
Vulgarização das manifestações tradicionais - As ações mercadológicas do turismo
geralmente apresentam aos turistas dos países desenvolvidos cenas e manifestações
culturais dos países em desenvolvimento de forma inexata e romantizada, contribuindo
para a criação de uma imagem simplista e estereotipada.
•
Arrogância cultural – O folclore e outras manifestações culturais dos povos visitados
são geralmente apresentados aos turistas em salões especiais, com ar-condicionado e
poltronas confortáveis, para evitar o contato direto do turista com os nativos,
transformando-os em objetos de observação.
•
Destruição do patrimônio histórico - O acesso de turistas em massa pode
comprometer as estruturas de bens históricos, devido à circulação excessiva de
veículos e das ações depredatórias dos próprios turistas, nem sempre controláveis.
DIAS (2003, p. 143), propõe a divisão da cultura em elementos materiais e não
materiais, subdividindo os elementos não materiais entre hábitos e costumes e formas de arte
não materiais.
25
Impactos na cultura material
A cultura material, partindo da visão do turismo, aponta o artesanato e a arquitetura
como as formas mais importantes. Os turistas procuram como suvenires artefatos com
significado cultural ou religioso, levando muitas vezes à produção em massa. Podendo devido
a isto, perder o significado cultural original transformando os artefatos em apenas produtos
comercializáveis.
Outro impacto causado é na arquitetura, pois as construções turísticas muitas vezes
não acompanham as características da localidade, fazendo com que a médio prazo a
localidade perca sua originalidade.
Impactos na cultura não material
A cultura não material entendida como danças e manifestações religiosas sofre
semelhante impacto ao da cultura material, pois a excessiva comercialização das expressões
culturais pode acarretar a perda de seu real significado para a comunidade receptora.
Mas também pode acarretar o resgate de antigas formas de arte e o fortalecimento da
identidade local. LAGE & MILONE (2001, p. 166), diz que:
com relação a artes e artesanatos, há de se ter o consenso de que o turismo tem
ajudado na redescoberta e manutenção das artes e regiões de setores artísticos e de
artesanatos, resultando em ambos, a preservação e diversificação nos bens e serviços
produzidos.
Identificando assim, por meio do turismo, aspectos positivos diretos na vida da
comunidade local.
Impactos nos hábitos e costumes
Nos hábitos e costumes o impacto acarretado pela diversidade turística poderá se
desenvolver de duas formas, a primeira por meio da aculturação, na qual os nativos assimilam
o comportamento dos visitantes, mas mantém preservado seu modo de vida e sua identidade.
26
Mas poderá também ocorrer uma modificação completa no modo de vida local, onde a
comunidade receptora absorva completamente os hábitos e costumes da população visitante.
3.2. IMPACTO ECONÔMICO
O turismo pode influenciar na economia, gerando benefícios e prejuízos, tais como os
arrolados nesta tabela.
TABELA 2 - Impactos econômicos do turismo: benefícios e prejuízos
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
BENEFÍCIOS
Geração de Empregos
Geração de Rendas
Aumento de Divisas em Moeda Estrangeira
Aumento da Arrecadação de Impostos
Criação e Desenvolvimento de Empresas
Descentralização de Riquezas
Diversificação da Economia
Maior Distribuição e Circulação de Renda
Aumento da Renda "Per Capita”
Expansão das Oportunidades Locais
Atração de Investimentos diversificados
•
•
•
•
•
PREJUÍZOS
Especulação Imobiliária
Aumento da Economia Informal
Aumento do Custo de Vida
Inflação
Privilégio de Benefícios Econômicos
Fonte: EMBRATUR (1996).
A prática do turismo resulta no aumento da demanda por serviços e facilidades, em
função do número de visitantes, o custo de vida passa ser elevado, e conseqüentemente a
comunidade local é prejudicada devido ao seu baixo rendimento financeiro.
3.3. IMPACTO AMBIENTAL
Os impactos ambientais advindos do turismo se dão devido as modificações e
transformações que essa atividade ocasiona no meio natural, são resultados de um processo de
interação complexo entre os turistas, as comunidades e os meios receptores e não de uma
causa específica. São diversas as causas desses impactos, variando em tipo, intensidade,
expressão; porém essas causas se interagem, provocando danos muitas vezes irreversíveis aos
ambientes onde vem se desenvolvendo a atividade. RUSCHMANN (1997)
RUSCHMANN (1997, p. 56) registra que nem todas as intervenções do turismo sobre
o meio ambiente se traduzem em degradação ou agressão. Qualquer mudança social ou
27
econômica pode provocar mutações na relação do homem com seu espaço. Os impactos do
turismo sobre o meio ambiente podem ser:
Positivos
•
Recuperação psicofísica dos indivíduos;
•
Utilização mais racional dos espaços e valorização do convívio direto com a natureza;
•
Criação de planos e programas de conservação e preservação de áreas naturais, de
sítios arqueológicos e, ainda, de monumentos históricos;
•
Empreendedores turísticos investem em iniciativas preservacionistas, para manter a
qualidade e conseqüente atratividade dos recursos naturais e socioculturais.
•
Promove-se a descoberta e a acessibilidade de certos aspectos naturais em regiões não
valorizadas, a fim de desenvolver o seu conhecimento por meio de programas
especiais (ecoturismo).
•
A renda dessa atividade, tanto indireta (impostos) quanto direta (taxas, ingressos),
proporciona as condições financeiras necessárias para a implantação de equipamentos
e outras medidas preservacionistas.
Negativos
•
O turismo implica na ocupação e na destruição de áreas naturais que se tornam
urbanizadas e poluídas pela presença e pelo tráfego intenso de turistas;
•
Poluição visual provocada pela construção de equipamentos turísticos modifica o
meio, descaracterizando a paisagem;
•
Poluição do ar, provocada pelos motores, produção e consumo de energia;
•
Poluição da água provocada por: descarga de águas servidas in natura, falta ou mau
funcionamento dos sistemas de tratamento; descargas de esgotos de iates de recreio,
gases emitidos por barcos a motor;
•
Poluição sonora;
•
Destruição da fauna e da flora; etc.
28
4. TURISMO E QUALIDADE DE VIDA
4.1. O QUE É QUALIDADE DE VIDA
A expressão qualidade de vida foi empregada pela primeira vez pelo presidente dos
Estados Unidos, Lyndon Johnson em 1964 ao declarar que "os objetivos não podem ser
medidos através do balanço dos bancos. Eles só podem ser medidos através da qualidade de
vida que proporcionam às pessoas". 5
O interesse em conceitos como "padrão de vida" e "qualidade de vida" foi inicialmente
partilhado por cientistas sociais, filósofos e políticos.
A Organização Mundial da Saúde (OMS), através do The Whoqol Group Instrumento de avaliação de qualidade de vida - (1995), definiu qualidade de vida como a
percepção do indivíduo da sua posição na vida, no contexto do sistema cultural e de valores
vivenciados, e em relação a seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações.
Para Selva Maria Guimarães Barreto, qualidade de vida é definida,
como a condição humana resultante de um conjunto de parâmetros individuais e
sócio-ambientais (modificáveis ou não) que caracterizam as condições em que vive
o ser humano. Para se definir como boa qualidade de vida, deve-se levar em
consideração a satisfação das necessidades básicas de sobrevivência: alimentação,
vestuário, trabalho, moradia e relações sociais e afetivas (as quais, no mundo
capitalista de hoje, sempre se subordinam à outra: a econômica). 6
4.2. TURISMO PROPORCIONANDO QUALIDADE DE VIDA
O turismo promove melhorias na qualidade de vida quando este envolve a comunidade
local no processo de planejamento e implantação e execução da atividade. Sabe-se que o
turismo gera empregos diretos e indiretos que resulta no aumento da renda, aumentando a
movimentação financeira e arrecadação de impostos, criando novas empresas para satisfazer
as necessidades dos turistas, aumentando com isso a distribuição e circulação de renda.
5
6
QUALIDADE DE VIDA. Disponível em: http://www.ufrgs.br/psiq/whoqol1.html. Acessado em: 21/09/05
BARRETO, Selva Maria Guimarães. Esporte e saúde. Revista eletrônica de ciências, nº22. Disponível em:
www.cdcc.sc.usp.br/ciencia/artigos/art_22/esportesaude.html. Acessado em 12/08/05
29
Segundo (DIAS, 2003, p.149) a presença dos turistas pode levar ao desenvolvimento
de diversos serviços úteis em uma localidade receptora, e conseqüentemente beneficiar a vida
da população local, que se não fosse por esta atividade, possivelmente, não estariam
disponíveis para a comunidade receptora.
Portanto, pode-se dizer que o turismo pode acarretar uma significativa melhoria na
qualidade de vida das comunidades com ele envolvidas.
Para tanto, faz-se necessário seu planejamento adequado e orientação, a fim de que
este não venha causar prejuízos a comunidade.
30
5. Reserva Particular Patrimônio Natural Feliciano Miguel Abdala
Localizada no Distrito de Santo Antônio do Manhuaçu a 55km a leste de Caratinga –
MG, distante de Belo Horizonte 391km existe hoje graças à iniciativa de seu proprietário que
em meados da década de 70 decidiu preservar a mata existente em sua propriedade
entendendo que era algo primordial para as gerações futuras, sendo este o Sr. Feliciano
Miguel Abdala, já falecido no ano de 2001. E, graças a ele, nos é possível hoje contemplar
parte de uma área da Mata Atlântica com uma riqueza indescritível em sua fauna e flora,
como também realizar estudos científicos, sendo estes responsáveis por um fluxo de cientistas
estrangeiros de diversas partes do mundo.
5.1. HISTÓRICO
No dia 3 de setembro de 2001, uma área da Fazenda Montes Claros foi transformada
pelo Ibama em Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN - Feliciano Miguel Abdala).
A criação desta RPPN recebeu apoio técnico e financeiro da CI-Brasil - Conservation
International do Brasil por se tratar de uma área de remanescentes da Mata Atlântica.
Com área total de 957 hectares e a 391 km de distância de Belo Horizonte, a RPPN
Feliciano Miguel Abdala resultou do ideal de seu fundador, que desde 1976 vinha usando sua
fazenda como laboratório natural para a preservação de diversas espécies.
Durante varias décadas, Abdala foi questionado por seus vizinhos – estes diziam que o
uso da fazenda para a pesquisa científica e a proteção de espécies nada mais era do que um
desperdício de terra boa para o cultivo.
A região é hoje um dos últimos refúgios do macaco muriqui ou mono-carvoeiro
(Brachyteles hypoxanthus), o maior primata das Américas. Em razão da caça indiscriminada,
a espécie estava reduzida a aproximadamente 10 indivíduos na floresta da fazenda, mas,
graças a Abdala e às pesquisas realizadas em suas terras, a população de muriquis foi
estabilizada – o número de mortes já não ultrapassa o de nascimentos – e conta atualmente
com mais 150 animais, ou seja, 50% da população total da espécie.
A Estação Biológica de Caratinga foi criada em meados da década de 80 para colocar
aquele pedaço importante de Mata Atlântica à disposição da comunidade científica.
Nos últimos 25 anos, a mata da fazenda transformou-se em uma das áreas mais bem
estudadas do Brasil. A parceria entre a Fundação Biodiversitas e a Associação Pró-Estação
31
Biológica de Caratinga possibilitou mais de 50 estudos e projetos, e a aquisição de
conhecimentos sobre a Mata Atlântica e a ecologia de primatas ameaçados de extinção.
A variedade da fauna local inclui 217 espécies de aves, 77 de mamíferos e 30 de
anfíbios. A flora é igualmente rica e a mata está cheia de jacarandás, ipês, imbaúbas,
jequitibás, sapucaias e palmeiras, além de bromélias, uma particularidade desse bioma.
Em 1992 foi inaugurado nas dependências da Estação o “Centro de Visitantes Célio
Valle” (CVCV), que tem sido o centro das atenções do programa de educação ambiental da
EBC. Projetado para atender ao crescente fluxo de visitantes na EBC, o CVCV é o centro de
dispersão de informações sobre todos os aspectos que envolvem a reserva: sua história, sua
fauna e flora, suas pesquisas, personagens, além de servir como local para apresentação de
mostras interpretativas, de palestras, cursos, etc. (VEADO,2002)
5.2. PERFIL E FLUXO DOS VISITANTES
A RPPN Feliciano Miguel Abdala, recebe alunos e visitantes do Brasil e do exterior,
além de grupos de observadores de aves, para conhecer a grande biodiversidade de sua fauna
e flora e especialmente o macaco-muriqui, o primata mais ameaçado de extinção das
Américas e símbolo da Reserva.
No período que compreende o ano de 1988 a 2004, com exceção dos anos 1994-1996,
houve uma média de 63,57 visitantes / ano estrangeiros na RPPN, para passeios e estudos
científicos. Os visitantes estrangeiros são advindos em sua maioria de países como: Estados
Unidos, Holanda, Alemanha, Inglaterra, Suécia, Canadá e Áustria.
Neste mesmo período houve uma média de 666,07 visitantes / ano residentes no
Brasil. Em números precisos houve neste período 890 visitantes estrangeiros e 9.325
brasileiros, conforme mostram os gráficos abaixo.
Visitantes estrangeiros
114
120
Número total de visitantes
ao longo dos anos
1400
1245
1200
100
94
94
91
1000
890
67
63
61
53
60
36
40
64
800
34
400
26
825
705
662
605
600
36
693
658
57
908
876 850
80
579
455
264
200
20
#0
#0
88
89
90
91
92
93
97
98
Gráfico 1
99
00
01
02
03
04
88
89
90
91
92
93
97
Gráfico 2
98
99
00
01
02
03
04
32
5.3. PROJETO TURÍSTICO
A Sociedade Preserve o Muriqui, fundada em 2001, tem desenvolvido na área da
reserva ações visando à implantação de infra-estrutura receptiva para as pessoas que visitam a
região, seja para fins de pesquisa e/ou turismo.
Já foram iniciadas obras como a construção de uma portaria na entrada da reserva para
que o fluxo de visitantes seja controlado, visando minimizar os impactos advindos do turismo
no interior da reserva, um mirante localizado em uma área no interior da reserva,
possibilitando ao visitante visualizar grande parte da mata e sua fauna, uma sala para palestras
e um local para comercialização dos produtos artesanais da região de Santo Antônio.
Esta Associação busca também o envolvimento da comunidade do entorno, assim,
produtores rurais que possuem terras próximas à Estação Biológica de Caratinga, estão sendo
incentivados a adotar práticas agrícolas que permitam a formação de novas áreas de mata, sem
prejuízo econômico.
A iniciativa integra o projeto Muriqui Conservação, desenvolvido em Caratinga há
quatro anos. O objetivo é recuperar áreas degradadas no interior e no entorno da Reserva, o
projeto é desenvolvido em parceria com proprietários rurais.
Em parceria com o Sindicato dos Produtores Rurais de Ipanema, a organização não
governamental Sociedade Preserve o Muriqui e a Prefeitura de Caratinga, o SENAR MINAS
iniciou módulos de capacitação em turismo rural nas comunidades vizinhas à Reserva.
Buscou o envolvimento de 36 produtores e trabalhadores rurais da região, nos cursos, foram
difundidos os conceitos de turismo rural e ecoturismo.
5.4. COMUNIDADE
DO
DISTRITO
DE
SANTO ANTÔNIO
DO
MANHUAÇU
E
ENTORNO DA RPPN
A comunidade que compõe o distrito de Santo Antônio do Manhuaçu se subdivide em
815 habitantes da zona urbana e 2.304 habitantes da zona rural.
Sua economia se baseia na produção agropecuária, na zona urbana há também grande
parte de funcionários públicos e o comércio local interfere de forma positiva na economia
local.
O entorno da “RPPN FMA” é formado por cerca de 27 propriedades rurais. Trinta e
33
três por cento (33 %) destas propriedades possuem área menor do que 50 ha e 19% possuem
área superior a 300 ha. A agricultura não é a atividade predominante no entorno da RPPN
FMA. Somente 1/3 dos vizinhos se dedica ao cultivo com finalidades comerciais.
Grande parte das áreas das fazendas é destinada a pastagens, sendo o milho cultivado
em quase todas as propriedades, porém em pequenas áreas. As lavouras cultivadas (milho,
feijão, arroz, café, cana-de-açúcar) são limitadas na maioria das vezes, à mão-de-obra
familiar, por isso o tamanho delas é pequeno e a erosão causada no todo não é significativa.
O café representa a cultura com maior área de cultivo, apesar de serem cafezais
antigos e estarem em declínio produtivo e muitas plantações terem sido eliminadas. Os tratos
culturais se resumem à capina e em alguns casos à colocação de cobertura morta. O
rendimento das culturas é baixo.
Cerca de 20 produtores de café da região de São João do Jacutinga, incluindo o
entorno da RPPN, participantes do projeto “Sistema de Produção de Café em Bases
Agroecológicas no Entorno da Estação Biológica de Caratinga”, estão conseguindo produzir
um café do tipo orgânico e alcançando a certificação ambiental para o seu produto.
(VEADO,2002).
34
6. ANÁLISE DOS DADOS E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
A pesquisa foi realizada entre os dias 26 a 29 de outubro de 2005, o questionário foi
aplicado a 07 pessoas residentes no distrito de Santo Antônio do Manhuaçu e 20 pessoas
residentes nas propriedades rurais que fazem divisa territorial com a RPPN-FMA e que
também pertence ao distrito de Santo Antônio do Manhuaçu.
Ide ntificação
74,07
80,00
70,00
60,00
50,00
40,00
25,93
30,00
20,00
10,00
0,00
Distrito
Fazendas do
entorno
Gráfico 3
Idade
Se xo
70,00
60,00
51,85
59,26
60,00
50,00
50,00
40,00
40,74
40,00
30,00
30,00
20,00
20,00
10,00
10,00
25,93
14,81
7,41
0,00
0,00
Feminino
Masculino
Gráfico 4
18 a 25 26 a 35 36 a 50 acima de
50
Gráfico 5
Do total de 27 entrevistados, 11 pertence ao sexo feminino e 16 ao masculino. Destes
02 pessoas tem idade entre 18 e 25 anos, 07 tem entre 26 e 35 anos, 14 tem entre 36 e 50 e 04
pessoas tem idade acima de 50 anos.
35
Grau de Escolaridade
Re nda Me nsal
55,56
60,00
50,00
40,00
29,63
Su
pe
r
io
r
7,41
éd
io
m
en
ta
l
io
Fu
nd
a
acima de
R$3.000,00
7,41
10,00
0,00
Pr
im
ár
0,00
En
s.
3,70
deR$1.500,00
a R$3.000,00
de R$300,00
a R$1.500,00
Até
R$300,00
30,00
20,00
M
37,04
En
s.
59,26
En
s.
70,00
60,00
50,00
40,00
30,00
20,00
10,00
0,00
Gráfico 6
Gráfico 7
Do total de entrevistados, 59,26% possui uma renda mensal de até R$ 300,00 e
55,56% possui o ensino primário.
Já ouviu falar sobre turismo?
O Sr(a) é a favor do turismo na
RPPN?
120,00
120,00
100,00
100,00
100,00
80,00
96,30
80,00
60,00
60,00
40,00
40,00
20,00
20,00
3,70
0,00
0,00
0,00
Sim
Gráfico 8
Não
Sim
Não
Gráfico 9
Todas as pessoas entrevistadas afirmaram positivamente quando foram questionadas a
respeito do turismo, 100% destes disseram que já ouviram alguma coisa sobre o turismo.
96,30% dos entrevistados concordam com a prática do turismo na área da RPPN, 3,70%
disseram que não concordam com o turismo no interior da reserva.
36
Por quê?
É importante e xistir aqui na re gião
uma RPPN?
40,68
45,00
40,00
35,00
30,00
25,00
20,00
15,00
10,00
5,00
0,00
3,39
0,00
0,00
Não
Gráfico 10
0,00
Aum ento de
em pregos
20,00
Sim
8,47
Desenvolvim ento
de pesquisas
40,00
8,47
Atrai turistas
60,00
Local para
Passeio
80,00
Preservação da
Flora
100,00
100,00
38,98
Preservação dos
anim ais
120,00
Gráfico 11
De igual modo todos consideram importante existir na região que habitam uma RPPN,
pois assim há a preservação dos animais (40,68%), a preservação da flora (38,98%), é um
local para passeio e conseqüentemente atrai turistas (8,47% / 8,47%) e é um local propício ao
desenvolvimento de pesquisas científicas (3,39%), nenhum dos entrevistados vê a RPPN
importante por gerar aumento de emprego da mão de obra local até o presente momento.
Já visitou a RPPN?
54,55
60,00
81,48
80,00
50,00
70,00
40,00
60,00
30,00
50,00
18,18
20,00
40,00
13,64
13,64
10,00
Gráfico 12
Não
m
en
di
ca
lm
en
en
te
Es
po
ra
Sim
en
sa
lm
D
ia
0,00
an
a
ria
10,00
te
0,00
m
en
te
20,00
M
18,52
te
30,00
Se
m
90,00
Com qual fre quê ncia?
Gráfico 13
Das pessoas questionadas 81,48% disseram que já visitaram a RPPN, deste total
13,64% freqüentam diariamente a RPPN, 18,18% freqüentam semanalmente, 13,64%
37
mensalmente e 54,55% esporadicamente, o restante 18,52% disseram que nunca visitaram a
RPPN.
É possíve l de se nvolve r o turismo
aqui na re gião?
120,00
100,00
96,30
80,00
60,00
40,00
20,00
3,70
0,00
Sim
Não
Gráfico 14
Quando questionados sobre a possibilidade de desenvolver o turismo na região do
distrito de Santo Antônio do Manhuaçu, 96,30% disseram que acreditam que é possível e
3,70% disseram que não vêem possibilidade de desenvolver esta atividade nesta localidade.
O turismo trouxe algum be ne fício?
53,00
51,85
52,00
51,00
50,00
49,00
48,15
48,00
47,00
46,00
Sim
Não
Gráfico 15
Dos entrevistados 51,85% acreditam que o turismo já gerou benefícios positivos para a
região e 48,15 entendem que ainda a prática do turismo não os beneficiou como comunidade
local.
38
O turista causa incômodo?
O que o Sr(a) Acha do
comportame nto dos turistas?
120,00
55,56
60,00
100,00
100,00
50,00
80,00
40,00
25,93
30,00
18,52
60,00
20,00
40,00
10,00
0,00
0,00
0,00
le
nt
e
Bo
m
0,00
Ex
ce
ul
ar
Re
g
Ru
i
m
20,00
Sim
Gráfico 16
Não
Gráfico 17
A maioria dos entrevistados 55,56% considera como bom o comportamento dos
turistas que visitam a região, 25,93% considera regular e 18,52% disseram que é excelente o
comportamento dos turistas. E num total de 100,00% dos entrevistados afirmaram que a
presença dos turistas não causa nenhum incômodo aos residentes do distrito.
A comunidade e stá participando
da implantação do turismo?
100,00
88,89
90,00
80,00
70,00
60,00
50,00
40,00
30,00
20,00
11,11
10,00
0,00
Sim
Não
Gráfico 18
Grande parte dos questionados 88,89% considerou que a comunidade está
participando do processo de implantação da atividade turística na região, e 11,11% disseram
que a comunidade não está participando deste processo.
39
Em quais áreas?
O turismo causa inte rfe rê ncia na
vida da comunidade local?
40,00
88,89
80,00
30,00
70,00
25,00
60,00
50,00
20,00
40,00
10,00
30,00
5,00
15,00
25,00
14,29
10,71
3,57
3,57
Econômico
10,00
0,00
Não
Gráfico 19
Aumento
de renda
0,00
11,11
Sim
8,93
Social
20,00
33,93
35,00
90,00
Geração de
empregos
100,00
Gráfico 20
Do total entrevistado 33,93% disseram que o turismo interfere na vida da comunidade
local gerando empregos, 25,00% vê o turismo como possibilidade de aumentar a renda,
14,29% como meio para melhorar a qualidade de vida.
Há a valoriz ação da cultura e
história local?
90,00
80,00
77,78
70,00
60,00
50,00
40,00
30,00
22,22
20,00
10,00
0,00
Sim
Não
Gráfico 21
Do total de entrevistados 77,78% confirmaram que há na localidade a valorização da
história e cultura do povo contra 22,22% que disseram que não haver a valorização histórica
cultural.
40
O que o distrito possui para re ce be r turistas?
55,56
60,00
50,00
44,44
40,00
30,00
20,00
10,00
0,00
0,00
Apenas
hospedagem
Hospedagem e
alimentação
Não está
preparado ara
receber
Gráfico 22
Santo Antônio do Manhuaçu não está preparado em relação à infra-estrutura
necessária receptiva para turistas na visão de 55,56% dos entrevistados e 44,44% disseram
que a localidade possui hoje para receber turista somente hospedagem e alimentação.
O Sr(a) é bene ficiado com o
turismo?
66,67
70,00
60,00
50,00
40,00
33,33
30,00
20,00
10,00
0,00
Sim
Não
Gráfico 23
Quando questionados sobre o benefício que o turismo gera diretamente aos
entrevistados 66,67% disseram que não são beneficiados pela prática do turismo e 33,33%
disseram que o turismo gera a estes benefícios diretos.
41
Gostaria de trabalhar com o
turismo?
80,00
70,37
70,00
60,00
50,00
40,00
29,63
30,00
20,00
10,00
0,00
Sim
Não
Gráfico 24
Dos entrevistados 70,37% manifestaram desejo em desenvolver algum trabalho
relacionado ao turismo em Santo Antônio do Manhuaçu, já 29,63% disseram que não tem
interesse em trabalhar neste tipo de atividade.
Em qual áre a?
40,00
36,36
35,00
30,00
25,00
22,73
18,18
20,00
13,64
15,00
9,09
10,00
5,00
0,00
Hospedagem
Alimentação
Artesanato
Guia local
T odas as
opções acima
Gráfico 25
Do total de 70,37% que disseram que desejam trabalhar no ramo do turismo, 29,63%
disse querer desenvolver trabalhos na área do artesanato, 18,52% na área de hospedagem,
14,81% com alimentação, 11,11% como guia local e 7,41% disseram desejar trabalhar com
todas as áreas apresentadas.
A partir da coleta e análise dos dados obtidos por meio da aplicação dos questionários
à comunidade, verificamos que a prática do turismo mesmo que ainda incipiente tem causado
interferência na vida da comunidade local como apontam os gráficos 19 e 20 em que 88,89%
42
dos entrevistados afirmaram que o turismo causa interferência na vida da comunidade local. A
principal área destacada pelos entrevistados foi a geração de emprego 33,93%. Sendo esta a
resposta obtida a partir do problema de pesquisa apresentado, alcançando assim o objetivo
proposto do estudo e confirmando as idéias dos autores analisados como referencial teórico.
Estes afirmam que o turismo causa impactos sociais, culturais, econômicos e
ambientais positivos ou negativos na localidade onde a atividade é implantada.
Percebe-se que até o momento a comunidade vê o turismo como um impacto positivo
na economia local, entende-se que a renda gerada do setor irá conseqüentemente alimentar
outras atividades, e parte dos produtos gerados para satisfação dos turistas acabam
desenvolvendo outros setores na localidade.
No aspecto cultural, considera-se positivo também devido ao surgimento da
valorização de suas produções artesanais, de sua história, de seu patrimônio histórico, por
parte dos gestores do turismo na localidade. Não foi percebido por aqueles ainda, impactos
ambientais e culturais.
DIAS (2003, p. 144), relata sobre a tendência de descentralizar a administração da
atividade turística, colocando-a a nível municipal, por entender que isso fortalece o
desenvolvimento do turismo, pois os recursos turísticos são encontrados a nível local. Assim,
a comunidade passa a ter autonomia de discutir entre si a maneira como deverão ser
explorados os atrativos da localidade, resultando em um planejamento participativo.
Esta tendência proposta pelo autor é confirmada no distrito de Santo Antônio do
Manhuaçu, no gráfico 18, onde a comunidade em um total de 88,89% afirma participar do
processo de implantação do turismo, este dado explica o gráfico 8, no qual 100% das pessoas
já disseram que ouviram falar algo sobre turismo.
Os autores trabalhados, RUSCHMANN (1997) e DIAS (2003), dizem em suas obras
que o turismo acarreta modificações na vida da comunidade receptora a partir do contato
direto com turistas, pois é estabelecido entre estes relações sociais, em que um interage com o
outro e isso resulta em uma troca de culturas, comportamentos, estilos de vida muitas vezes
diferentes. Apresentam também os estágios pelo qual passa a atividade turística desde sua
implantação até o esgotamento dos recursos da localidade.
No gráfico 17, percebe-se que 100% dos entrevistados disseram que o turista não
causa nenhum incômodo, mas é necessário esclarecer que o turismo está em uma fase de
implantação na região, ou seja, os moradores estão no estágio de euforia em relação a
atividade, e grande parte dos turistas que visitam hoje a região se dirigem para o interior da
reserva, na maioria das vezes, para realizar pesquisas científicas, não estabelecendo nenhum
43
tipo de contato com a comunidade do entorno da reserva, o que explica também o por que de
66,67% dos entrevistados terem afirmado que não são beneficiados diretamente com o
turismo.
É possível que surja no futuro conflito entre comunidade e turistas quando o turismo
estiver mais solidificado na região, quando o fluxo de visitantes e sua freqüência for maior e
estes estabelecerem contatos mais diretos com a comunidade local. O turismo resulta da troca
de culturas, um indivíduo se desloca de seu lugar de residência para conhecer um novo lugar,
mas este não se anula em relação ao outro, ele continua tendo seu comportamento e estilo de
vida, o que por sua vez poderá se diferenciar da comunidade receptora que poderá ficar
irritada, ou sentir-se inferior àqueles.
O gráfico 16, aponta o comportamento dos visitantes como bom, esta é a percepção
por parte dos moradores locais, mas ressaltamos que nem sempre o turista que se dirige a
RPPN-FMA estabelece contato por exemplo com os residentes da zona urbana do distrito.
Todos consideram importante existir na região uma reserva natural por entender que é
um local que possibilita a preservação da fauna e flora, e é visto como mais um lugar para
passeio. O turismo é uma das atividades possíveis em áreas de preservação, segundo material
consultado, agrega valor à área e introduz novos tipos de renda, e no distrito a pesquisa
confirmou que 96,30% da população apóia a utilização da reserva para fins turísticos.
44
7. PROPOSTAS
PARA
APROVEITAMENTO
DO
POTENCIAL
TURÍSTICO DA RPPN FMA E COMUNIDADE DO ENTORNO
Como resultado do estudo realizado e reconhecendo que algo já tem sido feito em
relação à prática do turismo de modo sustentável no distrito, propõe-se algumas ações que
poderão somar ao desenvolvimento do turismo de modo a beneficiar na prática a comunidade
local gerando melhorias na qualidade de vida da mesma.
1. Identificar por meio de cadastro as pessoas realmente interessadas em trabalhar
com a atividade turística e as áreas em que desejam atuar.
2. Realizar palestras para a comunidade onde sejam esclarecidos os termos específicos
do segmento turístico.
3. Divulgar na localidade as potencialidades das zonas urbana e rural, desenvolvendo
paralelamente a conscientização ambiental e a valorização da cultura local.
4. Realizar cursos específicos nas áreas de hospedagem, alimentação e guias
turísticos.
5. Realizar cursos na área de artesanato com materiais encontrados na região.
6. Realização de palestras na comunidade que esclareçam assuntos como
financiamento de recursos para investimento no setor de hospedagem e
alimentação.
7. Trabalhar a cadeia produtiva do turismo com a comunidade para que todos se
beneficiem do mesmo.
8. Primar pela valorização da cultura local, desenvolver trabalhos educativos com as
crianças da comunidade.
9. Promover a Educação Ambiental.
10. Trabalhar a valorização e auto-estima das pessoas da localidade para que elas não
sejam desrespeitadas, desvalorizadas ou venham sofrer interferências negativas dos
visitantes nacionais e internacionais, que poderá acarretar descaracterização da
comunidade.
45
8. CONSIDERAÇÕES CONCLUSIVAS
A partir da pesquisa realizada no distrito de Santo Antônio do Manhuaçu e da
interação com os residentes locais neste período de estudo, confirmou-se que o distrito é
dotado de atrativos naturais e de uma produção artesanal que possibilita a introdução da
prática do turismo na região, iniciativa esta que já está em andamento através de parcerias
entre RPPN, comunidade, Prefeitura Municipal de Caratinga e outros órgãos não
governamentais.
A comunidade apóia a prática do turismo no interior da RPPN, e demonstrou interesse
em participar do processo de desenvolvimento turístico da região. Entendem que o turismo
poderá trazer benefícios à vida econômica da região, que hoje se baseia de certo modo na
agricultura familiar somente, como também benefícios na área social e cultural.
Confirmou-se que a comunidade local já se considera envolvida com o turismo que
tem sido realizado de modo ainda precário, e que esta atividade já tem gerado benefícios
positivos na comunidade aumentando a geração de renda, e criando expectativas de futuros
locais de trabalho para a comunidade em vários setores, alimentação, hospedagem, artesanato,
guia local.
A interação entre turistas e residentes tem sido até o momento positivo, os visitantes
não tem causado transtornos na vida da comunidade, e tem despertado o interesse dos
moradores locais em investir em alguma área relacionada ao turismo, visando benefício
financeiro, melhorando a renda e a qualidade de vida.
Percebeu-se portanto ao longo do estudo a necessidade de pesquisar de modo mais
aprofundado e detalhado a relação existente entre turista e comunidade local, até que ponto
este realmente se interage com aquele, se realmente trocam experiências, acrescentam valores
um na vida do outro.
Pode-se concluir portanto que o turismo deve ser explorado de forma planejada e
controlada na RPPN-FMA, já que a maior parte da população residente no entorno da mesma,
apóia o desenvolvimento do turismo na região e se dizem interessadas em trabalhar com o
turismo.
Entende-se portanto, que a prática do turismo devidamente planejado tende a gerar
muitos benefícios para a população envolvida, principalmente, no que se refere a melhoria na
qualidade de vida da mesma.
46
9. BIBLIOGRAFIA
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Acessado em 12/08/05
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BARBOZA, Luiz Gustavo Medeiros. Gestão em Turismo e Hotelaria: experiências
públicas e privadas. São Paulo: Aleph, 2004.
8. COSTA, Patrícia Côrtes. Unidades de Conservação. São Paulo: Aleph, 2002. (Série
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9. DIAS, Reinaldo. Sociologia do turismo. São Paulo: Editora Atlas, 2003.
10. ____________. Planejamento do Turismo: política e desenvolvimento do turismo no
Brasil. São Paulo: Editora Atlas, 2003.
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12. IGNARRA, Luiz Renato. Fundamentos do turismo. São Paulo: Pioneira, 1999.
13. KRIPPENDORF, Jost. Sociologia do turismo: para uma nova compreensão do lazer e das
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14. LAGE, Beatriz Helena Gelas; MILONE, Paulo Cesar. Economia do Turismo. 7. ed. São
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15. LINCKORISH, Leonard; JEKINS, Carson L. Introdução ao turismo. Rio de Janeiro:
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47
16. MESQUITA, Carlos Alberto Bernardo. RPPN – Reservas particulares do patrimônio
natural da mata atlântica. São Paulo : Conselho Nacional da Reserva da Biosfera da Mata
Atlântica, 2004, 96 p. (Caderno da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica : série
conservação e áreas protegidas, 28). Disponível em: www.rbma.sectma.pb.gov.br/comites
/rbma/pdf/cad28.pdf. Acessado em: 28/08/05
17. NÓBREGA, Wilker Ricardo de Mendonça. Relação com a comunidade local: uma
reflexão sobre o eco parque de UNA – BA. In: Revista Caminhos da Geografia. vol 15,
ano 06. 2005. Disponível em: www.ig.ufu.br/revista/volume15/artigo2/vol15.pdf.
Acessado em 23/08/05.
18. OLIVEIRA, Antônio Pereira. Turismo e desenvolvimento: planejamento e organização. 2.
ed. rev. ampl. São Paulo: Atlas, 2000.
19. QUALIDADE DE VIDA. Disponível em: http://www.ufrgs.br/psiq/whoqol1.html.
Acessado em: 21/09/05.
20. RESERVA PARTICULAR DO PATRIÔNIO NATURAL. Disponível em:
http://www.ibama.gov.br/siucweb/guiadechefe/guia/c-3corpo.htm. Acessado em: 10/09/05
21. RPPN
FELICIANO
MIGUEL
ABDALA.
Disponível
http://www.conservation.org.br/onde/mata_atlantica/index.php?id=65. Acessado
05/10/05.
em:
em:
22. RUSCHMANN, Doris van de Meene. Turismo e Planejamento Sustentável: A proteção
do meio ambiente. 5. ed. Campinas: Papirus, 1997.
23. SILVA, José Maria Cardoso da. Orientações para criação de novas unidades de
conservação. Disponível em: http://www.ibama.gov.br/siucweb/guiadechefe/guia/anexos/
anexo8/texto.htm. Acessado em 23/08/05.
24. SIMIÃO, Marina Pacheco. Reservas Particulares de Patrimônio Natural - Parque Natural
do Caraça. Disponível em: www.revistaturismo.cidadeinternet.com.br/artigos/caraça.html
Acessado em 25/08/05.
25. SWARBROOKE, Jhon. Turismo sustentável:meio ambiente e economia. vol, 2. São
Paulo: Aleph, 2000.
26. TAKAHASHI, L. Y. Cadernos de conservação. Fundação o Boticário. Ano 2, nº 02,
2004.
27. VEADO, Eduardo Marcelino Ventura. Caracterização da RPPN Feliciano Miguel
Abdala. Caratinga, 2002.
28. _________________________________. Estação biológica de Caratinga: fauna, flora e
fama. Caratinga, 1999.
29. VIEIRA, Sonia. Estatística para a qualidade: como avaliar com precisão a qualidade em
produtos e serviços. Rio de Janeiro: Campinas, 1999.
48
10. ANEXO
49
Anexo I
Questionário para Análise Exploratória da Prática do Turismo na RPPN –FMA
e o Interacionismo com a Comunidade Local / Caratinga – 2005
FATUR – Faculdade de Turismo de Caratinga
Aplicado pelas alunas: Camila Reis Coutinho e Cíntia Vasconcelos Sousa Campos, sob a
orientação da professora Luciana Lustosa
1. Sexo: a. ( )fem b. ( )masc
2. Idade: a. ( )18 a 25 b. ( )26 a 35 c. ( )36 a 50 d. ( )acima de 50
3.
a.
b.
c.
d.
Renda média mensal:
( )até um salário mínimo (300,00)
( )de 1 a 5 salários mínimos (de 300,00 a 1.500,00)
( )de 5 a 10 salários mínimos (de 1.500,00 a 3.000,00)
( )acima de 10 salários mínimos (3.000,00)
4. Qual o seu grau de escolaridade?
a. ( )Primário
b. ( )Ensino Fundamental
c. ( )Ensino Médio
d. ( )Ensino Superior
5. Identificação: a. ( )Distrito de Santo Antônio do Manhuaçu b. ( )Fazendas do entorno
6. O Sr(a) já ouviu falar sobre turismo?
a. ( )sim b. ( )não
7. Em sua opinião, é importante existir aqui na região uma RPPN?
a. ( )sim b. ( )não
8. Qual a importância da RPPN para o Sr(a)?
a.( )preservação dos animais b.( )preservação da flora c.( )local para passeio
d.( )atrai turistas e.( )desenvolvimento de pesquisas f.( )aumento de empregos
9. O Sr(a) já visitou a RPPN?
a. ( )sim b. ( )não
10. Se afirmativo com qual freqüência?
a.( )diariamente b.( )semanalmente c.( )mensalmente
d.( )esporadicamente
11. O Sr(a) acredita que é possível desenvolver o turismo aqui na região?
a. ( )sim b. ( )não
12. O Sr(a) é a favor a prática do turismo na RPPN - FMA?
a. ( )sim b. ( )não
13. O que o Sr(a) acha do comportamento dos turistas que visitam a região?
a. ( ) ruim
b.( ) regular c.( ) bom d.( ) excelente
50
14. O turismo trouxe algum benefício para região?
a. ( )sim b. ( )não
15. O Sr(a) considera que a comunidade local está participando do processo de implantação
do turismo na região?
a. ( )sim b. ( )não
16. O turismo acarreta interferência na vida da comunidade local? Qual(is)
a.( )econômico b. ( )resgate da cultura c.( )geração de empregos
d.( )melhoria na qualidade de vida e.( )social f.( )resgate da história g.( )aumento de renda
17. Há nesta localidade a valorização da história e cultura do povo?
a. ( )sim b. ( )não
18. Em sua visão, o que o Distrito de Santo Antônio do Manhuaçu possui para receber
turistas?
a. ( )apenas hospedagem b. ( )hospedagem e alimentação
c. ( )não está preparado para receber
19. A presença dos turistas em sua opinião incomoda?
a. ( )sim b. ( )não
20. O Sr(a) é beneficiado diretamente com o turismo?
a. ( )sim b. ( )não
21. O Sr(a) gostaria de desenvolver algum trabalho na área do turismo em Santo Antônio do
Manhuaçu?
a. ( )sim b. ( )não
22. Em qual área?
a.( ) hospedagem
b.( ) alimentação
c.( ) artesanato
d.( )guia local
e.( )todas as opções acima
Data __/__/05.
51
ANEXO II