a importância da psicomotricidade na educação infantil

Transcrição

a importância da psicomotricidade na educação infantil
A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Ana Claudia Silva
6º semestre de pedagogia na Finan
Danila Aparecida ferreira Souza
6º semestre de pedagogia na Finan
1. Apresentação
O
desenvolvimento
da
criança
é
um
aspecto
que
deve
ser
constantemente observado pelos professores. Dessa maneira, é de extrema
relevância as pesquisas que discorram sobre a prática pedagógica e suas
implicações para o desenvolvimento pleno da criança. Nesse sentido, a
Psicomotricidade representa uma importante contribuição para o processo de
ensino-aprendizagem, pois se dá por meio de ações educativas de movimentos
espontâneos e atitudes corporais da criança, proporcionando-lhe uma imagem do
corpo, contribuindo para a formação de sua personalidade.
2. Introdução
De acordo com Alves (2007, p. 15), a Psicomotricidade envolve tudo que
é realizado pelo ser humano. A integração psiquismo-motricidade e as ações do ser
humano e possibilitam a relação das pessoas.
Segundo a Sociedade de Psicomotricidade Brasileira, (apud Alves, 2007,
p. 15), a psicomotricidade pode ser entendida como “uma ciência que tem por objeto
o estudo do homem através do seu corpo em movimento nas suas relações com seu
mundo interno e externo". A Psicomotricidade reflete um estado da vontade, que
corresponde à execução de movimentos voluntários ou involuntários.
Sendo assim, a Psicomotricidade vem sendo desenvolvida na prática
pedagógica com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento integral da criança
no processo ensino aprendizagem.
Nesse sentido, a Psicomotricidade se dá através de ações educativas dos
movimentos espontâneos e atitudes corporais da criança, proporcionando-lhe uma
imagem do corpo e contribuindo para a formação de sua personalidade.
Por isso, algumas crianças não aprendem certos conteúdos porque o
desenvolvimento das habilidades psicomotoras não foi adequado. Exige-se então,
uma análise minuciosa das características dessa criança, por parte dos profissionais
especializados.
Portanto, a não aprendizagem está diretamente relacionada com o
trabalho psicomotor no início escolar, trazendo, então, prejuízos na aprendizagem
futura.
A metodologia da presente pesquisa é um estudo dos teóricos que
abordam a questão da Psicomotricidade.
3. Conceito de Psicomotricidade
O dicionário brasileiro da Língua Portuguesa - Mirador (1976, p. 1416)
define Psicomotricidade como "autocontrole muscular". Já o dicionário Houaiss da
Língua Portuguesa (2001, p. 2326) define Psicomotricidade como "integração das
funções motoras e psíquicas em conseqüência da maturidade do sistema nervoso".
Chazaud (apud Alves, 2007, p. 15) postula que "a Psicomotricidade
consiste na unidade dinâmica das atividades, dos gestos, das atitudes e postura,
enquanto sistema expressivo, realizador e representativo do "ser-em-ação" e da
"coexistência" com outrem". Ainda afirma que "É uma ciência que tem por objeto o
estudo do homem através do seu corpo em movimento nas suas relações com seu
mundo interno e externo". (SPB, 1984, apud Alves, 2007, p. 15).
Portanto, os conceitos acima sobre Psicomotricidade deixam claro que a
integração psiquismo-motricidade e as ações do ser humano, representam suas
necessidades e possibilitam sua relação com outras pessoas. A motricidade é uma
resposta a um estímulo sensorial, resultante de uma ação do sistema nervoso sobre
a musculatura e o psiquismo, um conjunto de sensações, percepções, imagens,
pensamentos, afeto, etc. (ALVES, 2007).
Nesse sentido, Fonseca (1995, p.12) postula que a Psicomotricidade
traduz a solidariedade profunda e original entre a atividade psíquica e a atividade
motora. O movimento é equacionado como parte integrante do comportamento. A
Psicomotricidade é hoje concebida como a integração superior da motricidade,
produto de uma relação inteligível entre a criança e o meio, e instrumento
privilegiado através do qual a consciência se forma e materializa-se.
Para Oliveira (1997, p. 15) existem alunos que, devido a um atraso na
maturação, o desenvolvimento das funções neuropsicológicas é lento e isso pode
interferir em seu aprendizado. A autora ainda afirma que deve "levar os recursos da
Psicomotricidade para serem desenvolvidos em classe, tanto no âmbito da
educação quanto da reeducação dos alunos."
De acordo com os vários autores, trabalhando com a Psicomotricidade,
na prática pedagógica concomitantemente com os conteúdos, o desenvolvimento
integral do aluno acontece de forma natural.
Lourenço Filho (apud Oliveira, 1997, p. 20) declara que a maturidade é
um fator essencial para esse desenvolvimento. Segundo o autor:
A aprendizagem supõe um mínimo de maturidade de onde possa partir
qualquer que seja o comportamento considerado. Para que o exercício de
uma atividade complexa como a leitura possa integrar-se, exigir-se-á a
priori, determinado nível de maturidade anterior. Sem ele, será inútil iniciar
a aprendizagem.
Fonseca (1995, p. 6) coloca que a psiconeurologia estuda as relações
entre o comportamento humano e as funções do seu sistema nervoso, ramo de
conhecimento fundamental para o desenvolvimento não só da Psicomotricidade,
mas da aprendizagem e da educação. A Psiconeurologia vai estudar, portanto, as
"disfunções de comportamento e de aprendizagem que têm uma base neurológica,
isto é, desordens, dificuldades ou desvios de comportamento que encerram um
problema de aprendizagem, como diagnosia, dispraxias, dislexia etc."
4. Etapas do Desenvolvimento Psicomotor
De acordo com Oliveira (2002, p.101) o desenvolvimento psicomotor
acontece do nascimento e progride lentamente ao longo da vida. Para a autora o ser
humano passa por três etapas em seu desenvolvimento. São elas: o corpo vivido
(até 3 anos de idade); corpo percebido (de 3 a 7 anos de idade) e o corpo
representado (de 7 a 12 anos). Como o foco é a Educação Infantil o trabalho
destaca apenas as duas primeiras etapas.
A etapa referente ao corpo vivido vai do nascimento até os três anos de
idade. Essa fase é marcada pela inteligência sensório-motora, cuja atividade é
incessante e espontânea. Segundo Oliveira (2002, p.102), a criança aprende a
manipular objetos e a andar. Ela se movimenta, mas não percebe esse movimento,
utilizando a imitação para se mover no seu meio.
Já a segunda etapa, conforme Oliveira (2002., p.102) corresponde-se ao
corpo percebido ou descoberto. Nessa fase a criança passa a ter um maior domínio
sobre seu corpo, desenvolvendo uma percepção mais centrada, denominado as
partes de seu corpo, associando-os os objetos de sua vida cotidiana. Essas etapas
do desenvolvimento, de acordo com Oliveira (2002, p.107), podem ser percebidas
conforme o quadro:
]
Quadro 1: Principais conhecimentos e habilidades psicomotoras
Habilidades
Até 3 anos
Até 4 anos
Até 5 anos
Coordenação e
Esquema
Equilíbrio
A criança sobe e
desce escadas,
alternando os
pés. Ela é capaz
de parar um
gesto rápido.
Consegue andar
por obstáculos.
corporal
Conhecimento
das partes do
corpo: mãos,
pés, nariz,
cabelos, orelhas,
olhos, boca,
língua, pernas,
cabeça, barriga.
A criança
representa seu
corpo por Le
bonhome
rudimentar.
Dentes, ombros,
costas, joelhos,
unhas, umbigo,
pescoço. 4 anos
e meio começa a
aparecer um
corpo mais
correto.
A criança pode
ficar sobre um
pé só durante
alguns
segundos.
Pode saltar a
uma distância
de 2m e uma
altura de 10cm
com o pé
dominante.
A criança tem
condições de
executar
exercícios
simples de
dissociação de
movimentos.
Os exercícios de
coordenação
global vão poder
ser realizados
por imitação de
forma mais ou
menos correta.
Lábios, queixos,
peito, bochecha,
testa. 5 anos e
meio: desenho
dinâmico,
começam os
detalhes das
roupas.
Lateralidade Estruturação Estruturação
Não se pode
ainda falar
em
dominância:
a criança se
utiliza ora da
mão ou pé
direito ora do
esquerdo.
Dominância
ocular fixa.
espacial
temporal
Frente, atrás, Agora,
sobre, sob,
depressa,
dentro, fora,
rápido,
grande,
lentamente,
pequeno, no
hoje,
alto, embaixo amanhã,
(em relação
pára, espera.
a si mesmo)
Continua a
experienciação
dos dois lados
do corpo.
Ao lado,
longe, em
torno de,
perto, em
redor de,
médio, deitar,
de pé,
redondo,
quadrado,po
uco, muito,
progressão
de tamanho.
Instabilidade
no domínio
manual.
Em frente,
em toda
parte, direito,
inteiro,
retângulo,
entrar, sair,
voltar.
Noite, dia,
mais velho,
antes,
depois,
maior,
manhã,
tarde, sua
idade,
reprodução
de estrutura
rítmicas de 2
ou 3
movimentos.
Estações do
ano,
sequência
lógica do
tempo, num
nível mais
elementar,
noções de 1º
e último,
noções de
ordem e
sucessão.
Ainda sobre as fases do desenvolvimento psicomotor, Alves (2007, p. 31)
destaca que "não devem ser consideradas apenas segundo um quadro de
maturação neurológica, mas como resultado de um processo reacional e relacional
complexo”. Ou seja, ao enfocarmos o desenvolvimento psicomotor, levamos em
conta as reações do ser no ambiente que o cerca e as relações com os demais.
Alves
(2007,
p.
17)
considera
que,
para
que
haja
um
bom
desenvolvimento físico, intelectual e emocional da criança é necessário que se faça
movimentos e exercícios, pois estimula a respiração, a circulação e os músculos e
os ossos são fortalecidos. Através de movimentos as crianças exploram o mundo
exterior e têm grandes experiências que contribuirão no seu desenvolvimento
intelectual.
Segundo Alves (2007, p.87) o desenvolvimento da criança é um
"processo ordenado, regular e contínuo que envolve todas as áreas do organismo e
da personalidade". A criança se desenvolve desde o seu primeiro dia de vida e suas
capacidades futuras podem ser prejudicadas, caso não se perceba a dificuldade a
tempo de ser tratada, podendo ainda, afetar a aprendizagem da leitura e da escrita.
Por isso é de suma importância se atentar para o desenvolvimento psicomotor, nos
primeiros anos de vida.
Dessa forma, Le Boulch (1982, p. 37) pontua que o recém-nascido
desenvolve o seu comportamento como uma unidade e suas reações são
organizadas em torno de um conjunto de ações. A unidade do ser recém-nascido
depende da evolução harmônica das principais funções.
Le Boulch também apresenta sua teoria sobre a evolução psicomotora
até os 3 anos de idade e dos 3 aos 6 anos: na etapa da vida intra-uterina: O primeiro
modo de expressão do embrião é traduzido pela função muscular. Sem necessitar
de um estímulo sensorial, o sistema motor pode manter sua atividade e o tono
caracteriza o dinamismo do organismo.
Assim, durante a vida fetal, as necessidades do organismo da criança é
garantido pelo organismo da mãe. A partir do momento em que nasce, a criança tem
a sensação de perda, pois ela se separa da circulação materna. Assim o recémnascido oscila entre um estado de necessidade, que é transmitido através da
elevação do tono e de gritos.
Durante as primeiras semanas (até os 7 meses): estágio pré-objetal em
que o comportamento se organiza sob a influência de estímulos sensoriais. É de
suma importância os estímulos externos para a organização do equilíbrio tônicoemocional da criança, uma vez que na vida uterina o feto vivia todas as sensações
cutâneas, sonoras e proprioceptivas e ao nascer sente a carência desse estímulo.
Estágio objetal (8° mês): importante etapa na evolução do "eu". Antes
desse período, a criança só tem da mãe um conhecimento vivido, adquirido através
do "diálogo tônico". E neste estágio que ela vai adquirir uma verdadeira identificação
da figura materna, a criança sentirá o prazer da presença da mãe e sua ausência
provoca uma frustração que explica "a angústia do 8° mês".
A organização do eu, a partir do 2° ano: vai girar em torno da relação da
criança com o objeto material, ou seja, os interesses da criança que recaíam apenas
nas pessoas, vão agora incidir sobre as coisas. Com a ação sobre o objeto, a
criança experimentar o peso e a resistência do real. O adulto deverá contribuir com
essa situação e valorizar os êxitos da criança.
Nesse sentido, para Le Bouch:
Na medida em que o meio ajuda a criança a afirmar-se como uma unidade
afetiva e expressiva, favorece o equilíbrio entre o espontâneo e o
controlado, sua motricidade global coordenada e rítmica traduz o bom
desenvolvimento de sua função de ajustamento. (1982, p. 85)
Conforme Le Boulch (1982), dos 3 aos 6 anos a criança entra no estágio
da personalidade que tem como característica, a busca da independência e do
enriquecimento de seu Ego. O estágio dos 3 aos 6 anos é um período transitório
tanto na estruturação espaço temporal quanto na estruturação do esquema corporal.
Nessa fase a educação psicomotora é importante, pois a criança, com a emergência
da função de interiorização para conhecer o seu próprio "eu", passa a perceber o
seu corpo e suas características corporais, começa a importante etapa na evolução
da imagem do corpo, a estruturação do esquema corporal, sendo este o instrumento
de inserção na realidade.
Alves (2007, p. 35) afirma que um sujeito passa a ser confiante em si
mesmo, quando conhece bem o funcionamento do seu corpo e sabe se expressar
através dele. Esse conhecimento corporal se dá através de suas vivências, a
harmonia do seu corpo com o seu meio será traduzida na sua expressão corporal.
Para se trabalhar com a Psicomotricidade, é de fundamental importância
que se conheça sobre o esquema corporal. "O esquema corporal não é um conceito
inicial ou uma entidade biológica ou física, mas o resultado e a condição da justa
relação entre o indivíduo e o próprio ambiente." (Wallon, apud Alves, 2007, p. 47)
Já para Le Boulch (apud Alves, 2007, p. 48),
o esquema corporal pode ser considerado como uma intuição de conjunto
ou um conhecimento imediato que temos do nosso próprio corpo, seja em
posição estática ou em movimento, em relação às diversas partes entre si
e, sobretudo, nas relações com o espaço e os objetos que o circundam.
A partir do momento que o indivíduo descobre, utiliza e controla o seu
corpo, o esquema corporal é estruturado e passa a ter consciência dele e suas
possibilidades, na relação com o meio ambiente em que vive.
Para Alves, 2007, p.48, o corpo expressa emoções e possuem
significados que são adquiridos pela criança através do seu contato com o meio em
que vive, portanto o corpo não é somente biológico e orgânico. Através do corpo a
criança descobre o mundo, se interage com ele. Como se pode perceber, as etapas
de desenvolvimento são de extrema importância para que o educador trabalhe
adequadamente os aspectos relacionados à Psicomotricidade.
5. A Psicomotricidade e o trabalho pedagógico
Quanto ao trabalho pedagógico, Alves (2007, p. 18) afirma que a
educação deve ser pensada em função da criança, preocupando-se com sua idade,
necessidades e interesses. A determinação do estágio de desenvolvimento da
criança implicará na adaptação da mesma ao meio em que vive, pois se
estabelecerá as condutas educativas que poderão favorecer os diversos aspectos
de desenvolvimento e conhecimento.
Para a autora, é importante a função do professor da Educação Infantil,
pois ele vai lidar com o processo inicial de desenvolvimento da criança e nessa fase,
a sua personalidade está em formação, além dos aspectos inerentes à
Psicomotricidade.
O RCNEI (1998, p. 25) destaca que "a aquisição da consciência dos
limites do próprio corpo é um aspecto importante do processo de diferenciação do
eu e do outro e da construção da identidade”. Por meio do contato físico com outras
pessoas e ao observar o outro, a criança irá aprender sobre o mundo e sobre si
mesma, colocando em prática a comunicação através da linguagem corporal.
Portanto, é necessário que o professor proporcione aos alunos atividades
de interação, respeitando as diferenças e em espaços adequados, pois, a atividade
é uma das formas de ajudar a criança a desenvolver sua capacidade de se
relacionar com o outro.
Segundo o RCNEI (1998, p. 27-28) deve-se oferecer à criança uma
diversidade de atividades, tanto de brincadeiras quanto de aprendizagens. "Toda
brincadeira é uma imitação transformada, no plano das emoções e das idéias, de
uma realidade anteriormente vivenciada”. Ao brincar, a criança cria sua
independência, quando se deixa que ela escolha seus companheiros de brincadeira
e os papéis que cada um irá desempenhar. Através da brincadeira a criança
experimenta o mundo, passa a compreender melhor o outro, seus próprios
sentimentos e amplia seus conhecimentos.
Nesse sentido, conforme o RCNEI:
O brincar apresenta-se por meio de várias categorias de experiências que
são diferenciadas pelo uso do material ou dos recursos
predominantemente implicados. Essas categorias incluem: o movimento e
as mudanças da percepção resultantes essencialmente da mobilidade
física das crianças; a relação com os objetos e suas propriedades físicas
assim como a combinação e associação entre eles; a linguagem oral e
gestual que oferecem vários níveis de organização a serem utilizados para
brincar; os conteúdos sociais, como papéis, situações, valores e atitudes
que se referem à forma como o universo social se constrói; e, finalmente,
os limites definidos pelas regras, constituindo-se em um recurso
fundamental para brincar. (1998, p.63)
Ainda de acordo com o RCNEI (1998, p. 28) os professores têm a
possibilidade de observar o processo de desenvolvimento de cada criança ou de um
grupo de crianças, por meio das brincadeiras, verificando, assim, suas capacidades
de uso das linguagens, capacidades sociais e os recursos dos quais elas se
dispõem, como o afetivo e o emocional. A brincadeira é uma atividade espontânea e
imaginativa, nela as crianças recriam e estabilizam o que sabem sobre os mais
diversos assuntos.
Nesse contexto, Alves (2007, p. 127-128) destaca: "A Psicomotricidade
existe nos menores gestos e em todas as atividades que desenvolve a motricidade
da criança, visando ao conhecimento e ao domínio do seu próprio corpo”.
A mesma autora postula que, por esse motivo é dito que a
Psicomotricidade é indispensável para o desenvolvimento da criança. A educação
psicomotora é a base para o processo de desenvolvimento intelectual da criança e
também para que ocorra a aprendizagem. Se a criança apresenta problemas na
base de desenvolvimento psicomotor, é bem provável que esta apresentará
dificuldades de aprendizagem, como por exemplo, na escrita, na leitura, na direção
gráfica, na distinção de letras (Ex.: b/d), na ordenação de sílabas, na abstração
(matemática), na análise gramatical, entre outras.
Nesse sentido, Le Boulch (1982, p. 13) postula que:
A educação psicomotora concerne uma formação de base
indispensável a toda criança que seja normal ou com problemas.
Responde a uma dupla finalidade: assegurar o desenvolvimento
funcional tendo em conta possibilidades da criança e ajudar sua
afetividade a expandir-se e a equilibrar-se através do intercâmbio
com o ambiente humano.
Para Loureiro (apud Alves, 2007, p. 129) a psicomotricidade não é vista
usada isoladamente, mas dentro de uma rede interdisciplinar, com estudos de outras
áreas, juntamente com profissionais da educação.
A autora considera que ainda existem escolas com o caráter mecanicista
na Educação Infantil. Muitos alunos apresentam dificuldades e são taxados como
portadores de distúrbios de aprendizagem, porém isso poderia ser facilmente
resolvido se a escola não desprezasse a Psicomotricidade nas séries iniciais do
Ensino Fundamental e trabalhasse com atividades enriquecedoras.
Na Educação Infantil, a prioridade deve ser ajudar a criança a ter uma
percepção adequada de si mesma, compreendendo suas possibilidades e limitações
reais e ao mesmo tempo, auxiliá-la a se expressar corporalmente com maior
liberdade, conquistando e aperfeiçoando novas competências motoras. (ALVES,
2007, p. 131).
Então, Alves (2007, p. 132) defende que o trabalho, fora de sala de aula,
envolvendo atividades corporais, proporciona aos alunos experiências que resultam
no desenvolvimento da motricidade. Essas atividades auxiliam os alunos de ritmo
normal e os de aprendizagem lenta a vencer melhor, os desafios da leitura e da
escrita. O objetivo da educação psicomotora é um desenvolvimento adequado do
indivíduo nas várias etapas de crescimento. "O ideal seria que todos os educadores
tivessem como respaldo para as suas atividades a Psicomotricidade, pois fariam
com que nossas crianças realizassem experiência com o corpo, sendo indispensável
no desenvolvimento das funções mentais e sociais”.
Conforme Alves (2007, p. 136), no trabalho do professor com a
Psicomotricidade ele deve assumir o papel de facilitador do desenvolvimento da
capacidade de aprender e não somente transmitir conhecimentos já existentes. É
necessário que o professor permita que a criança faça suas próprias descobertas,
estimulando-os e utilizando atividades em que se trabalhe plenamente, com todo o
corpo. O material de trabalho do professor é o aluno, ele nunca poderá se esquecer
disso, portanto, não se deve preocupar em preparar apenas o ambiente escolar,
mas também a si mesmo. É necessário que ele conheça seu aluno.
Para a mesma autora, a Psicomotricidade é uma grande ferramenta que
pode ser utilizada em todas as áreas de estudo sobre a organização afetiva, motora,
social e intelectual do aluno, considerando que ele é um ser ativo que pode se
conhecer cada dia mais e se adaptar a situações e ambientes. Valoriza o toque
como forma de aproximação das pessoas e auxilia para que a criança conheça o
seu corpo em diferentes situações, com diferentes sensações.
Assim, quando o professor conscientizar-se de que a educação pelo
movimento é uma peça mestra da área pedagógica, que permite à criança resolver,
mais facilmente os problemas atuais de sua escolaridade e a prepara, por outro
lado, para a sua existência futura de adulto, essa atividade não ficará mais para
segundo plano, sobretudo porque o professor constatará que esse material
educativo não verbal, constituído pelo movimento é, por vezes, um meio
insubstituível para afirmar certas percepções, desenvolver formas de atenção, pondo
em jogo certos aspectos da inteligência.
Portanto, o pedagogo tem a função de orientar o professor da importância
da utilidade da Psicomotricidade na escola, motivando-o e despertando o interesse
do mesmo, para que ajudem aos que estão no processo ensino-aprendizagem a
alcançar o sucesso. Essa conscientização não serve apenas para o pedagogo, mas
também para o sistema do qual ele participa, pois o pedagogo precisa desejar o
trabalho e o sistema deixar que ele o faça.
6. Considerações finais
Ao empreender um estudo acerca da importância da Psicomotricidade
percebe-se que preocupação com a individualidade dos alunos, preocupa-se
principalmente com a formação de sujeitos autônomos. Nesse sentido, é importante
trabalhar, na maioria das vezes através de brincadeiras e situações de
aprendizagens prazerosas, diversas atividades psicomotoras que englobam desde o
esquema corporal, cuja a lateralidade, a proprioceptividade e o conhecimento do
corpo se aliam às formas de organização e de expressão, até à motricidade,
percepção sensorial, figura de fundo, entre outras.
Dessa maneira, conclui-se que a Psicomotricidade é de grande
importância no trabalho com a Educação Infantil, pois, a partir do estudo do próprio
corpo, a criança se situa em relação ao mundo em que vive, orienta-se e, aos
poucos, vai conhecendo-se para desenvolver sua própria personalidade.
Pode-se afirmar que a Psicomotricidade tem realmente grande relevância
no âmbito da Educação Infantil, devendo, porém, ser discutida em outras
dimensões.
Contudo, conforme a pesquisa realizada pode-se constatar a importância
da Psicomotricidade para o desenvolvimento cognitivo e todos os outros aspectos. O
resultado dessa investigação aponta que os educadores infantis têm conhecimento
sobre a importância da Psicomotricidade para o trabalho pedagógico. Mas, os
educadores, ainda estão reticentes quanto ao trabalho consistente e diário com os
alunos na faixa etária de 4 meses a 5 anos.
Espera-se
que
esta
pesquisa
colabore
na
conscientização
dos
educadores infantis sobre a Psicomotricidade para o desenvolvimento integral do
aluno.
7. Referências
ALVES, Fátima. Psicomotricidade: corpo, ação e emoção. 38 ed. Rio de Janeiro:
Wak Editora, 2007. 164 p.
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação
Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil. Brasília:
MEC/SEF, 1998.
FONSECA, Vítor da. Manual de observação psicomotora: significação
psiconeurológica dos fatores psicomotores. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.
HOUAISS, Antônio. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro.
Editora Objetiva, 2001. 2925 p.
LE BOULCH, Jean. O desenvolvimento psicomotor: do nascimento aos 6 anos.
78 ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1982. 220 p.
OLIVEIRA, Gislene de Campos. Psicomotricidade: educação e reeducação num
enfoque psicopedagógico. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 1997.
__________________________. Avaliação psicomotora à luz da psicologia e da
psicopedagogia. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2003.
PSICOMOTRICIDADE In: Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa - Mirador
Internacional. 28 ed. São Paulo: Companhia Melhoramentos de São Paulo, 1976.
SÁNCHEZ, Pilar Amaiz; MARTINEZ, Marta Rabadán; PENAL VER, Iolanda Vives. A
psicomotricidade na educação infantil: uma prática preventiva e educativa,
Porto Alegre: Artmed, 2003. 128 p.

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