Janeiro - Gazeta Valeparaibana

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Janeiro - Gazeta Valeparaibana
JANEIRO 2009
FALANDO NISSO
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É preciso nunca esquecer...
O inicio da noite de sexta-feira, 13 de Dezembro de 1968, mudaria a vida política e cultural
do Brasil pelos 10 anos e 18 dias seguintes,
até final do ano de 1978. Naquela data, há 40
anos, o Presidente-Militar Artur da Costa e
Silva aprovou o Ato Institucional número 5
(AI-5), depois de mais de duas horas de reunião com os 25 membros do Conselho de Segurança Nacional.
NOSSA SAÚDE
Lei Seca será aplicada também a embarcações no Litoral Norte do
Estado de São Paulo
Operação Verão usará bafômetros neste Verão de 2009, para coibir o uso de bebidas alcoólicas também
para quem dirige barcos, muito embora esta não seja uma Lei Nova. Segundo a Diretoria de Portos e Costas, 65% dos acidentes têm causa humana. Destes, 85% têm origem em violações ás Leis existentes, como
por exemplo a ingestão de álcool. Esta fiscalização deverá ser mais intensiva até ao Carnaval de 2009. Os
níveis de álcool tolerados no sangue, serão os mesmos definidos na Lei aplicada aos carros 0,3mg.
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Educar para quê?
Apenas 1,8% da população brasileira doa sangue. De acordo
com a Organização Mundial de Saúde, para manter os estoques regulares é necessário que 3 a 5% da população faça
isso regularmente. Segundo dados do Ministério da Saúde,
cerca de 49% das doações no Brasil são voluntárias.
Quer ajudar a salvar vidas? Procure um Serviço de Hematologia e Hemoterapia de sua cidade. Caso não saiba, procure
informações junto á Prefeitura do seu Município.
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05
Biografias
06
Ecossistemas
07
Três formas de terror
08
Aquecimento global
09
Terceira idade
12
Chico Mendes
16
Escola, Família e Sociedade
12
Projeto Planta Brasil
14
Projeto Educar
14
Curiosidades
15
DOAR SANGUE É AJUDAR A SALVAR UMA VIDA
RECICLE INFORMAÇÃO:
Passe este jornal para outro leitor
O MISTICISMO DAS PEDRAS
Página 11
Cristais de Quartzo
Diamante
Esmeralda
São José dos Campos já foi referência em
tratamento para doenças respiratórias. Hoje, a cidade é a
terceira mais poluída do Estado, aumentando o risco de
doenças pulmonares crônicas, além de crises de asma e
bronquite.
A Árvore
de Natal
A origem da árvore de
Natal é mais antiga
que o próprio nascimento de Jesus Cristo, ficando entre o
FEITA COM GARRAFAS PET
segundo e o terceiro
milênio A.C.. Naquela época, uma grande variedade de
povos indo-europeus que estavam se expandindo pela
Europa e Ásia consideravam as árvores uma expressão
da energia de fertilidade da Mãe Natureza, por isso lhes
rendiam culto.
O carvalho foi, em muitos casos, considerado a rainha
das árvores. No inverno, quando suas folhas caíam, os
povos antigos costumavam colocar diferentes enfeites
nele para atrair o espírito da natureza, que se pensava
que havia fugido.
A árvore de Natal moderna surgiu na Alemanha e suas
primeiras referências datam do século 16. Foi a partir do
século 19 que a tradição chegou à Inglaterra, França,
Estados Unidos, Porto Rico e depois, já no século 20,
virou tradição na Espanha e na maioria da América
Não bastasse isso, ainda a população de
São José dos Campos - SP
vê suas riquezas
naturais serem
relegadas ao abandono.
A Confissão de João Ramalho 13
Dá para acreditar que esta lagoa era piscatória, linda e
sem cheiro ruim e preservada? Hoje é uma poça de água morta, com seu ecossistema sendo deteriorado e
com mosquitos... E pior, ao lado de duas Escolas uma
Ensino Fundamental e outra uma Creche da própria
prefeitura...
Leia mais:
Página 10
O que é , e motivações deste projeto. Conheça, divulgue e participe.
Latina.
Patrocinador Oficial
www.plantabrasil.brazi.us
Gazeta Valeparaibana
JANEIRO 2009
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Falando por isso
A Comunicação e a Gazeta Valeparaibana
“A comunicação é uma questão crucial para o
futuro da humanidade. Pode levar à reconciliação
ou à destruição.
Pode trazer conhecimento, verdade e inspiração
ou espalhar desinformação, mentira e maus costumes.
A Comunicação verdadeira é tão essencial à qualidade de vida como a comida, a moradia, a saúde e a educação”.
Convenção de Manila
O Homem ainda não percebeu quanto se deve
manter próximo e amigo da árvore.
Sustentabilidade
x
Responsabilidade Social
Estas serão as temáticas que deverão estar sendo discutidas, rediscutidas e que nos irão direcionar nos
rumos, para a economia mundial, que direcionará o
Mundo para uma conduta social mais sustentável, no
respeito ao ser humano e seu habitat.
Temos que reconsiderar valores e determinar rumos,
para assim alcançarmos uma sociedade mais justa e
igualitária, com menos violência e, um habitat mais
limpo e preservado.
Filipe de Sousa
Poema da mente...
Há um Primeiro-Ministro que mente,
Mente de corpo e alma, completa/mente.
E mente de maneira tão pungente,
Que a gente acha que ele mente sincera/mente,
Mas que mente sobretudo, impune/mente...
Indecentemente.
E mente tão nacional/mente,
Que acha que mentindo história afora,
Nos vai enganar eterna/mente...
Anônimo
É preciso nunca esquecer... “ AI 5 “
O inicio da noite de sexta-feira, 13 de Dezembro de 1968, mudaria a vida política e
cultural do Brasil pelos 10 anos e 18 dias seguintes, até final do ano de 1978. Naquela data, há 40 anos, o presidente-militar Artur da Costa e Silva aprovou o Ato
Institucional nº.5 (AI-5), depois de uma reunião de mais de duas horas com os 25
membros do Conselho de Segurança Nacional.
O ato serviu como base para a cassação de
273 mandatos de parlamentares estaduais
e federais, a punição de mais de hum milhão e quinhentas mil pessoas e a censura
de milhares de obras culturais, entre filmes, livros, músicas, peças teatrais, etc.
Pessoas consideradas adversárias do regime estabelecido, foram torturadas e mortas
durante o período de regime ditatorial no
Brasil. Muitos corpos até aos dias de hoje
ainda não foram localizados.
mada a República. Foram aqueles anos,
principalmente de 1968 até meados da década de 70. Muito difícil de transmitir para
quem não viveu. Para quem não conhece o
que é uma ditadura. Por isso que eu digo: a
melhor forma de explicar uma ditadura, é
descrever o que é. Não precisa de fazer
grandes interpretações”, disse o Governador de São Paulo, José Serra, exilado à
época da decretação do Ato Institucional
nº.5 no ano de 1968.
Logo após a reunião comandada pelo presidente Costa e Silva, o AI-5 foi lido ao vivo
no programa de rádio “Voz do Brasil” e o
Congresso Nacional entrou em recesso por
dez meses. Começava ali o período no qual
as restrições de liberdade individuais foram sufocantes.
No inicio do regime militar, no ano de 1964,
Serra era Presidente da (UNE) União Nacional dos Estudantes, que foi colocada na
ilegalidade. Meses depois do golpe, Serra
seguiu para o exílio.
“ A Ditadura no Brasil se materializou na
sua plenitude a partir do AI-5. Uma repressão fortíssima para os opositores, inclusive
para as forças de esquerda, e que até dizimou muita gente, nos anos subseqüentes”,
acrescenta José Serra.
O ato deu plenos poderes a Costa e Silva
para cassar mandatos eletivos, suspender
direitos políticos, proibir reuniões e manifestações públicas de caráter político, legislar por decreto, julgar crimes políticos
em tribunais militares, entre outros. A cen- O Governador lembra que na ocasião da
sura aos veículos de comunicação ganhari- aprovação do AI-5 já estava exilado no
a também força durante esse período.
Chile. Serra só voltaria ao Brasil no ano de
1978, ano em que o AI-5 foi revogado.
“Foi um dos episódios piores que o Brasil
já viveu. Eu diria, da história republicana, Segundo Arlindo Chinaglia, ao lembrar o
talvez o pior de todos, desde que foi procla- silêncio daqueles que se opunham á dita-
dura: “O AI-5 inaugurou um dos períodos
mais tenebrosos da vida pública nacional e
que perdurou, infelizmente, por 10 anos e
18 dias. No período em que vigorou, instaurou uma cultura do medo, embora não tenha calado por completo s vozes que se
opunham à ditadura, seja na luta social,
seja na institucionalidade possível”, afirmou.
Segundo também César Brito, Presidente
da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil”
a maior lição do momento de repressão
pela qual passou o País em 1968 é o respeito à Constituição e de que os direitos não
podem ser violados. “Não se pode ferir a
democracia, interromper a vontade popular
ou rasgar a Constituição de um País, por
mais boa vontade que se tenha”, disse.
Na realidade, até em tempos de aparente
calmaria no que tange a estabilidade democrática de um País, sempre a sociedade
deve estar engajada na luta pelo respeito
ás normas estabelecidas por sua Constituição, pois, outros interesses, por vezes
escusos e sectários podem influenciar
parlamentares e por vezes até os poderes
judiciários, para que se alterem artigos
dessa Carta Magna.
Filipe de Sousa
AJUDENOS A MANTER ESTA PUBLICAÇÃO E NOSSOS PROJETOS DE EDUCAÇÃO, CULTURA E PRESERVAÇÃO AMBIENTAL
JOSÉ SARAMAGO, Nobel da Literatura no ano de 1998, doutor em
máximas, autor de diversos livros
traduzidos para as mais diversas
línguas inclusive a Persa, Saramago retornou ao Brasil, aos 86
anos e mais uma vez expressou
suas opiniões desta vez sobre a
Crise deste inicio de Século.
“Mudar a Vida exige que mude-
mos de vida”.
Este escritor Português acredita
que nada poderá fazer a economia mundial se recuperar da crise
dos mercados - salvo as pessoas.
Sobre a crise financeira, José
Saramago, também afirmou não
saber responder, se ela fará com
que a atividade humana fique
mais essencial, pois segundo ele
não sabemos em que estado ficaremos. “O que posso dizer é
que... Não sabemos em que estado ficaremos. O que eu posso
dizer é que... Estão dizendo que
vão refundar o capitalismo ! Mas,
como disse antes, não temos alternativa política. A esquerda não
tem alternativa política, não está
organizada. Os sindicatos estão
de restos. Então o que é que vamos fazer?”.
“O Mundo não se volta para coisa
nenhuma se nós não nos voltarmos. Somos nós que temos que
nos voltar. Escrevi um dia assim:
“Não mudaremos a vida... Se não
mudarmos de vida”. Para mudar
de vida é preciso que nós mudemos a vida”.
Gazeta Valeparaibana é um jornal gratuito distribuído mensalmente em mais de 80 cidades, do Cone Leste Paulista, que compõe as
Regiões: Vale do Paraíba Paulista, Serrana da Mantiqueira, Litoral Norte Paulista, Bragantina e Alto do Tietê.
Editor: João Filipe Frade de Sousa
O jornal Gazeta Valeparaibana é um joint venture
Tiragem mensal: de 10.000 exemplares, comprovada por Nota Fiscal.
do grupo Rede Vale Comunicações e está presente
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Gazeta Valeparaibana
JANEIRO 2009
Uma lenda cercada
de mistério e magia
“ Papai Noel “
Quem nunca acreditou em Papai Noel? Um velhinho com roupas
vermelhas, barba branca, cinto e
botas pretos que passa de casa em
casa para deixar presentes às famílias. De geração em geração, a lenda
do Santa Clauss ganha mais realidade no mês de dezembro, quando o
mundo celebra o nascimento de Jesus Cristo. Será que ele existe? Será
lenda? Bem, isso depende de cada
um. Mas diz a história que o bom
velhinho foi inspirado na figura de
um bispo que de fato existiu. São
Nicolau nasceu no século 3, em Patras, na Grécia. Quando seus pais
morreram, ele doou todos os seus
bens e optou pela vida religiosa.
Com apenas 19 anos, foi ordenado
sacerdote e logo tornou-se arcebispo de Mira. Dizia-se que na cidade
em que ele nasceu viviam três irmãs
que não podiam se casar por não ter
dinheiro para o dote. O pai das meninas resolveu, então, vendê-las conforme fossem atingindo a idade adulta. Quando a primeira ia ser vendida,
Nicolau soube do que estava acontecendo e, em segredo, jogou através
da janela uma bolsa cheia de moedas de ouro, que foi cair numa meia
posta para secar na chaminé. A mesma coisa aconteceu quando chegou
a vez da segunda. O pai, afim de descobrir o que estava acontecendo,
permaneceu espiando a noite toda.
Ele então reconheceu Nicolau, e pregou sua generosidade a todo o mundo. A fama de generoso do bom velhinho, que foi considerado santo
pela Igreja Católica, transcendeu sua
região, e as pessoas começaram a
atribuir a ele todo tipo de milagres e
lendas. Em meados do século 13, a
comemoração do dia de São Nicolau
passou da primavera para o dia 6 de
dezembro, e sua figura foi relacionada com as crianças, a quem deixava
presentes vestido de bispo e montado em burro. Na época da contrareforma, a Igreja católica propôs que
São Nicolau passasse a entregar os
presentes no dia 25 de dezembro, tal
como fazia o Menino Jesus, segundo
a tradição destes tempos e que ainda hoje continua em alguns pontos
da América Latina. Os holandeses,
no século 17, levaram para os Estados Unidos a tradição de presentear
as crianças usando a lenda de São
Nicolau - a quem eles chamavam
Sinter Klaas. Os verdadeiros impulsores do mito de Santa Claus - nome
que o Papai Noel recebeu nos Estados Unidos - foram dois escritores
de Nova York. O primeiro, Washington Irving, escreveu em 1809 um livro em que São Nicolau já não usava
a vestimenta de bispo, transformando-o em um personagem bonachão e
bondoso, que montava um cavalo
voador e jogava presentes pelas
chaminés. Em 1823, um poema de
um professor universitário, Clement
C. Moore, enalteceu a aura mágica
que Irving havia criado para a personagem, trocando o cavalo branco
por renas que puxavam um trenó.
Ao longo do século 19, Santa Claus
foi representado de muitas maneiras.
Ele teve diferentes tamanhos, vestimentas e expressões, desde um
gnomo jovial até um homem maduro
de aspecto severo. Em 1862, o desenhista norte-americano de origem
alemã Thomas Nast realizou a primeira ilustração de Santa Claus descendo por uma chaminé, embora
ainda tivesse o tamanho de um duende. Pouco a pouco ele começa a
ficar mais alto e barrigudo, ganhar
barba e bigode brancos e a aparecer
no Pólo Norte.
Feliz Natal
em mais de
30 idiomas
Alemanha:
Fröhliche Weihnachten
Bélgica:
Zalige Kertfeest
Brasil:
Feliz Natal
Bulgária:
Tchestito Rojdestvo Hristovon e Tchestita Koleda
Catalão:
Bon Nadal
Saiba tudo sobre a data
“Natal”
A celebração do Natal
antecede o cristianismo em
cerca de 2000 anos. Tudo começou com um antigo festival
mesopotâmico que simbolizava
a passagem de um ano para
outro, o Zagmuk. Para os mesopotâmios, o Ano Novo representava uma grande crise. Devido à chegada do inverno, eles
acreditavam que os monstros
do caos enfureciam-se e Marduk, seu principal deus, precisava derrotá-los para preservar
a continuidade da vida na Terra. O festival de Ano Novo, que
durava 12 dias, era realizado
para ajudar Marduk em sua
batalha.
A tradição dizia que o rei devia
morrer no fim do ano para, ao
lado de Marduk, ajudá-lo em
sua luta. Para poupar o rei, um
criminoso era vestido com suas roupas e tratado com todos
os privilégios do monarca, sendo morto e levando todos os
pecados do povo consigo. Assim, a ordem era restabelecida.
Um ritual semelhante era realizado pelos persas e babilônios.
Chamado de Sacae, a versão
também contava com escravos
tomando lugar de seus mestres. A Mesopotâmia inspirou a
cultura de muitos povos, como
Página 03
os gregos, que englobaram as
raízes do festival, celebrando a
luta de Zeus contra o titã Cronos. Mais tarde, através da Grécia, o costume alcançou os
romanos, sendo absorvido pelo
festival chamado Saturnalia
(em homenagem a Saturno). A
festa começava no dia 17 de
dezembro e ia até o 1º de janeiro, comemorando o solstício
do inverno. De acordo com
seus cálculos, o dia 25 era a
data em que o Sol se encontrava mais fraco, porém pronto
para recomeçar a crescer e
trazer vida às coisas da Terra.
Durante a data, que acabou
conhecida como o Dia do Nascimento do Sol Invicto, as escolas eram fechadas e ninguém
trabalhava, eram realizadas
festas nas ruas, grandes jantares eram oferecidos aos amigos e árvores verdes - ornamentadas com galhos de loureiros e iluminadas por muitas
velas - enfeitavam as salas para espantar os maus espíritos
da escuridão. Os mesmos objetos eram usados para presentear uns aos outros.
Apenas após a cristianização
do Império Romano, o 25 de
dezembro passou a ser a celebração do nascimento de Cristo. Conta a Bíblia que um anjo,
ao visitar Maria, disse que ela
daria a luz ao filho de Deus e
que seu nome seria Jesus.
Quando Maria estava prestes a
ter o bebê, o casal viajou de
Nazaré, onde viviam, para Belém a fim de realizar um alistamento solicitado pelo imperador, chegando na cidade na
noite de Natal. Como não encontraram nenhum lugar com
vagas para passar a noite, eles
tiveram de ficar no estábulo de
uma estalagem. E ali mesmo,
entre bois e cabras, Jesus nasceu, sendo enrolado com panos e deitado em uma manjedoura (objeto usado para alimentar os animais).
Pastores que estavam com
seus rebanhos próximo ao local foram avisados por um anjo
e visitaram o bebê. Três reis
magos que viajavam há dias
seguindo a estrela guia igualmente encontraram o lugar e
ofereceram presentes ao menino: ouro, mirra e incenso, voltando depois para seus reinos
e espalhando a notícia de que
havia nascido o filho de Deus.
A maior parte dos historiadores
afirma que o primeiro Natal
como conhecemos hoje foi
celebrado no ano 336 d.C.. A
troca de presentes passou a
simbolizar as ofertas feitas pelos três reis magos ao menino
Jesus, assim como outros rituais também foram adaptados.
Livraria // site
LOJA / Papelaria ou livraria
China:
Sheng Tan Kuai Loh
(mandarim) Gun Tso Sun Tan'Gung Haw
Sun (cantonês)
Coréia:
Sung Tan Chuk Ha
Croácia:
Sretan Bozic
Dinamarca:
Glaedelig Jul
Eslovênia:
Srecen Bozic
Hispano-América: Felices Pascuas e
Feliz Navidad
E.U.A:
Merry Christmas
Hebraico:
Mo'adim Lesimkha
Inglaterra:
Happy Christmas
Finlândia:
Hauskaa Joulua
França:
Joyeux Noel
País de Gales:
Nadolig Llawen
Galego (na Galícia):
Bo Nada
Grécia:
Eftihismena Christougenna
Irlanda:
Nodlig mhaith
chugnat
Itália:
Buon Natale
Nova Zelândia em Maorí: Meri Kirihimete
México:
Feliz Navidad
Holanda:
Hartelijke Kerstroeten
Noruega:
Gledelig Jul
Divulgação de site
Polônia:
Boze Narodzenie
Portugal:
Boas Festas
Romênia:
Sarbatori vesele
Rússia:
Hristos Razdajetsja
Sérvia:
Hristos se rodi
Suécia:
God Jul
Tailândia:
Sawadee Pee
mai
Turquia:
Noeliniz Ve Yeni
Yiliniz Kutlu Olsun
Ucrânia:
Srozhdestvom Kristovym
Vietnã:
Chung Mung Giang Sinh
JANEIRO 2009
Gazeta Valeparaibana
Qual a origem do
A Estrela de Belém
A Missa do Galo
presépio?
A Bíblia relata que uma estrela guiou os
três Reis Magos desde o Oriente e indicou
o lugar onde era possível encontrar o Menino Jesus. São muitas as teorias que tentam explicar este milagre, entre elas está a
que se tratava do brilhante planeta Vênus,
da passagem dos cometas Halley ou HaleBopp, uma ocultação da Lua...
Uma das hipóteses aceitas é a do astrônomo Johannes Kleper, que em 1606 afirmou
que a estrela era uma rara tripla conjugação da Terra com os planetas Júpiter e
Saturno, passando pelo Sol e ao mesmo
momento por Peixes. Esta conjugação se
apresenta aos olhos do observador terrestre como uma estrela muito brilhante. Outra suposição, esta mais recente, tem a
idéia de uma nova estrela brilhante observada próxima da estrela Theta Aquilae.
A estrela de Belém é relembrada situandoa tanto na representação do presépio como na ponta da árvore de Natal.
É com o nome de Missa do Galo que se
conhece a missa celebrada na noite de
Natal. Sua denominação provém de uma
fábula que afirma que foi esse animal o
primeiro a presenciar o nascimento de
Jesus, ficando encarregado de anunciá-lo
ao mundo. Até o começo do século 20 era
costume que a meia-noite fosse anunciada dentro do templo por um canto de galo,
real ou simulado.
Essa missa apareceu no século 5 e, a partir da Idade Média, transformou-se em uma celebração jubilosa longe do caráter
solene com que hoje a conhecemos. Até
princípios do século 20, perdurou o costume de reservar aos pastores congregados
ali o privilégio de serem os primeiros a
adorarem o Menino Jesus. Durante a adoração, as mulheres depositavam doces
caseiros, que logo trocavam por pão bento ou Pão de Natal. Era também costume
reservar um pedaço deste pão como amuleto, ao qual só se podia recorrer em caso
de doença grave. Outra tradição que perdurou é a de estrear nessa noite uma peça
de roupa com a qual se afastava o demônio.
Em algumas regiões, esta missa se
As esculturas e quadros que enfeitavam
os templos para ensinar os fiéis, além das
representações teatrais semi-litúrgicas
que aconteciam durante a missa de Natal
serviram de inspiração para que se criasse
o presépio, que hoje é uma tradição na
Itália, na Espanha, na França, no Tirol austríaco, na Alemanha, na República Checa,
na América Latina e nos Estados Unidos.
A tradição católica diz que o presépio surgiu no século 13, quando São Francisco
de Assis quis celebrar um Natal o mais
realista possível e, com a permissão do
papa, montou um presépio de palha, com
uma imagem do Menino Jesus, um boi e
um jumento vivos perto dela. Nesse cenário foi celebrada em 1223 a missa de Natal.
O sucesso dessa representação do presépio foi tanta que rapidamente se estendeu
por toda a Itália. Logo se introduziu nas
casas nobres européias e de lá foi descendo até as classes mais pobres.
Na Espanha, a tradição chegou pela mão
do monarca Carlos III, que a importou de
As bolas e estrelas que enfeitam a árvore
Nápoles no século 18.
de Natal representam as primitivas pedras,
maçãs ou outros elementos que no passaNo tempo do Rei Herodes, três reis magos do enfeitavam o carvalho precursor da
chegaram do Oriente a Jerusalém: Melchi- atual árvore de Natal. Cada um desses
or, que era um ancião, Gaspar, um jovem enfeites tem em si um significado.
branco, e Baltazar, um homem de raça Antes de que fossem substituídas por lâmnegra e barba. Em sua chegada, os reis padas elétricas coloridas, as velas eram
magos anunciaram ao povo de Jerusalém enfeites comuns nas árvores e simbolizam
que havia nascido o rei dos judeus em a purificação, com a chama sendo acesa
Belém. Ainda que todo o povo tenha se como a representação de Cristo, a luz do
alarmado, Herodes lhes deu permissão de mundo. As ferraduras são um clássico
viajar até Belém na busca do menino e amuleto que atrai a boa sorte.
pelo caminho uma estrela os guiou até o As habituais pinhas se utilizam como um
berço onde estava o bebê com sua mãe.
símbolo da imortalidade e os sininhos coOs três reis ficaram alegres ao vê-lo e ofe- mo mostra do júbilo natalino. As maçãs e
receram seus presentes: ouro, incenso e as bolas de cores, sua mais tradicional
mirra. Depois disso, regressaram a sua variante, desenvolvidas pelos sopradores
terra por outro caminho, com medo da de vidro da Boêmia do século 18, são sigreação de Herodes. Desde então, o dia 6 nos que atraem de abundância.
de janeiro é celebrado em muitos países Finalmente, as estrelas anunciam os depela chegada dos reis magos. Neste dia, é sígnios de Deus. Segundo conta a Bíblia,
considerada uma tradição dar presentes cada estrela tem um anjo que vela por ela,
às crianças que tenham se comportado e crença que suporta a antiga idéia de que
carvão aos que foram maus durante o a- cada uma das que povoa o firmamento é
no.anos se estendeu ao longo do século em si mesma um anjo. A que se põe no
19 e na França não o fez até inícios do
alto da árvore de Natal refere-se à de Beséculo 20.
lém.
Os enfeites da
Árvore de Natal
Os Reis Magos
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sos coloridos. Já a partir dessa época a
imagem de Santa Claus - com suas diversas variações ao longo das décadas - começou a ser freqüente nos cartões de Natal.os é o momento mais importante das
festas.
Panetone
O bolo recheado de frutas secas e uvas
secas é uma tradição do Natal italiano e
surgiu em Milão, mas há três versões diferentes para explicar sua origem.
A primeira versão é que o produto nasceu
no ano 900, inventado por um padeiro
chamado Tone. Por isso, o bolo teria ficado conhecido como pane-di-Tone. A segunda versão da história diz que o mestrecuca Gian Galeazzo Visconti, primeiro
duque de Milão, preparou o produto para
uma festa em 1395. E a última versão conta que um certo Ughetto resolveu se empregar numa padaria para poder ficar pertinho da sua amada Adalgisa, filha do dono. Ali ele teria inventado o panetone, entre 1300 e 1400. Feliz com a novidade, o
padeiro permitiu que Ughetto se casasse
com Adalgisa.
No Brasil, a tradição começou a se expandir depois da Segunda Guerra Mundial,
quando imigrantes italianos resolveram
celebra durante as primeiras horas fazer o mesmo panetone consumido por
do dia. Na maioria dos países da eles na Itália na época de Natal.
América de língua espanhola é tradição que toda a família assista a
ela unida.
Os Cartões de
Natal
Em 1831, um jornal de Barcelona, na Espanha, quis pôr em funcionamento a técnica da litografia, felicitando seus leitores
pelo Natal mediante uma estampa, o que
já pode ser considerado uma forma de
cartão de Natal. A confecção do primeiro
cartão de Natal, no entanto, normalmente
é atribuída ao britânico Henry Cole que,
em 1843, encomendou a uma gráfica um
cartão com a mensagem: "Feliz Natal e
Próspero Ano Novo" porque não tinha
tempo para escrever pessoalmente a cada
um de seus amigos.
Rapidamente, o costume de desejar Boas
Festas com o uso de um cartão se estendeu por toda a Europa e, a partir de 1870,
esses cartões começaram a ser impres-
FACULDADE OU ENSINO TÉCNICO
Divulgação de LOJA virtual
Peru de Natal
Cristóvão Colombo conheceu o peru
quando chegou à América. Ele acreditava
estar chegando às Índias por um novo
caminho. Por isso, o peru ficou conhecido
na Itália como gallo d'Índia (ou dindio/
dindo); na França, como coq d'Índe ou
dinde; e na Alemanha, como calecutischerhahn, numa referência a Calcutá.
Por seu excelente sabor, foi logo aceito na
Europa. De tanto sucesso, em 1549, foi
oferecido à rainha Catarina de Médicis, em
Paris. No banquete foram servidos cem
aves (70 "galinhas da Índia" e 30 "galos da
Índia"). Era tão apreciado que se tornou o
símbolo de alimento das grandes ocasiões.
Nos Estados Unidos, o peru representou o
fim da fome dos primeiros colonos ingleses que lá chegaram, e hoje é prato obrigatório no Thanksgiving, ou Festa de Ação de Graças. No Brasil a ave é apreciada desde a época colonial.
Gazeta Valeparaibana
JANEIRO 2009
Final do Debate “Educar para que?”
Igualdade aos desiguais
Continuando os debates, o estudante Sergipano Luis Carlos Pinheiro Júnior, 18 anos,
aponta a falta de recursos disponibilizados
no Nordeste. “Trabalhando com alunos de
escola pública, notei que ali quase todos
mal sabem escrever o nome corretamente. É
um absurdo que uma jovem numa sétima
série não saiba ler e escrever. O Nordeste é
muito mal favorecido”. Fernando complementa. “as verbas, para serem justas, precisam tratar diferentemente os desiguais”.
Para Madalena, “O desfavorecimento do
Nordeste, a faculdade colocada para muitas
pessoas, com grande espaço físico, não se
preocupa com a qualidade dos conteúdos.
Mas quantos conseguem se formar? Quantos conseguem aprender? Esses caras serão os professores de amanhã? Provávelmente, os educandos deles aprenderão a
metade do que eles absorveram e por ai vai.
Se não tiver investimento em formação, a
educação vai ser um caos. Na rede pública,
as aulas começam em Março; em Julho, as
crianças têm
de
A escola tem que férias
novo.
Em
ir além dos muros N o v e m b r o ,
concluíaltos que construí- está
do o Ano
mos na nossa es- Letivo - isso
quando não
cola.
tem
greve.
Ano eleitoPrecisa trazer a
ral, então, é
participação da
uma vergocomunidade, efeti- nha”.
Ian segue na
vamente.
mesma linha
e
ressalva
que “a escola, para ser inclusiva, tem que
contar com bons profissionais. Não estamos num país rico, mas subdesenvolvido.
Não temos profissionais de educação, mas
profissionais frustrados. Um que quer ser
pesquisador, mas está na sala de aula ensinando, porque foi a oportunidade que sobrou. Como se educação fosse resto. O físico, a mesma coisa. O historiador ensina
história. Quem não tem vocação para aquilo,
é o que lhe sobra no mercado de trabalho.
Falta educador com compromisso com o
que faz”.
Fernando contesta. Lembra, que na cidade
de São Paulo, existem mais de 60 mil professores na rede municipal. “Se, de um lado,
posso conhecer uma série de pessoas que
não gostariam de estar ali, que são maus
profissionais, digo que, do outro, a enorme
massa é capaz. Conhece o aluno pelo nome,
são verdadeiros heróis que não aparecem.
Devemos tomar cuidado com o educador,
porque a imensa maioria dos professores da
rede pública é digna, assim como é boa a
maioria dos alunos nas universidades. Alguns prejudicam a imagem desses muitos,
mas nós devemos tomar cuidado com essa
idéia catastrófica para não queimar ainda
mais a imagem da Educação. Esses devem
se incorporar nas massa dos bons e não o
contrário. E os bons devem denunciar e não
colocar tudo na mesma caldeira”.
Djalma salienta, porém, que apesar da boa
vontade da maioria, os professores da rede
pública estão se cansando. “Muitos alunos
estão sem perspectiva, não querem nada
com nada. Acabam se equiparando com
professores que não estão contentes com a
educação”.
Para o comerciante paulista Sérgio Tadeu
Eleutério do Nascimento, hoje trabalhando
no terceiro setor, essa situação se dá porque existe, atualmente, uma grande responsabilidade colocada nas costas do professor. “A escola é tão importante para a formação da criança, desde a pré-escola, que
hoje em dia a mãe não ensina o filho nem a
a amarrar o tênis. Ela acha que o professor
é quem tem essa obrigação. E o professor é
peça-chave em tudo isso. Precisamos de
uma retaguarda aos problemas familiares
desses profissionais, para que cuidem tranquilamente de sua vida educacional. Queremos professores ganhando bem, que tenha
responsabilidade, que leve a sério o trabalho, que tenha gosto pela coisa, para passar
isso periodicamente e chamar as crianças à
escola”.
Diante do tema, Fabiano, por meio de seu
intérprete, coloca que “a inclusão social,
não é só estar por dentro. Conceito de inclusão é mais amplo, desde a luta política, passando pela identificação das ideologias, que
tem início logo na comunicação. Muitos não
têm interesse em aprender, não têm qualquer interesse no conteúdo. Há uma relação
maior com o ensino, a criança não pode ser
pautada sempre. Os próprios alunos poderiam orientar os professores e dizerem o que
é importante para eles mesmos. Seria um
ambiente que tenha todos os tipos de gente.
Esforço de todos, para que tudo seja melhorado”.
O mediador completa: “Quando a escola
absorve qualquer cidadão diferente da maioria, ela não se empobrece. Ao contrário, se
humaniza. Por exemplo, perceber o que é
fala oral e o que é fala formal, como a escrita. É perceber que são diferentes e todas
são humanas ; isso enriquece muito mais o
professor que imaginava que só existia a
fala oral. Quando aceito e compreendo essa
diferença, só cresço. Não é um empobrecimento, mas enriquecimento da cultura e do
próprio conceito de educação”.
Segundo Marizete, lidar com as diferenças
no ambiente de aprendizagem exige do professor um único elemento: vocação. “O importante do professor é ser dedicado e ter
educação. Tem que ter vocação. Eu estava
na Câmara esses dias e um vereador veio a
mim correndo para dar um abraço. Disse:
“Se estou aqui é por parte da Senhora”. É
um reconhecimento, porque eu fazia sempre
reuniões, debates, questões eram debatidas, uns comentavam e todos debatiam.
Meus alunos, que passaram por mim, hoje
estão se projetando. Gostava dessa vida,
dou aula há 31 anos, é amor verdadeiro.
Volto à pergunta: ler e escrever para quê?
Para tudo na vida. Uma pessoa que sabe ler
bem, é fluente, tem facilidade para tudo.
Sabe cada palavra, sinônimos, sabe recorrer
ao dicionário, redigir um comentário, ofício.
Se não, vai encontrar dificuldade demais na
vida”.
Página 05
Resumo
Ema vez definida a finalidade primeira da
escola - ensinar a ler e a escrever para decodificar os elementos da sociedade e compreendê-los - , a questão da promoção da
solidariedade, considerada na primeira reunião outra atribuição da escola, foi também
desenhada por Antonio Luzia. “Infelizmente,
dentro da sala de aula, é difícil encontrar
quem trabalhe com a solidariedade. Não é
difícil encontrar professores que separam a
sala em lado dos mais fracos e dos mais
fortes. A criança até diz pertencer ao lado
fraco ou ao lado forte”. Para ele, existem
níveis diferentes de primeira à quarta série,
com capacidades diferentes. “Existem crianças que não se alfabetizam no primeiro ano
e vão bem no segundo. Mas quando se separa e se explora a competitividade, criando-se grupos de mis fracos e mais fortes, os
mais fortes não ensinam os mais fracos, e
eles não se aproximam. As formas de se
ajudar não acontecem”. António Luzia acha
que o professor não pode estimular isso,
deve entender que há facilidade para alguns
alunos e dificuldades para outros e a coordenação pedagógica das escolas não é feita
para as crianças que têm dificuldades. “Meu
trabalho é diretamente ligado com crianças
que têm muita dificuldade na escola. Somos
da unidade e vamos ás casas saber o que
está acontecendo, até com os pais. Temos o
exemplo de um garoto que briga, bate, é
bastante indisciplinado. Muitos pais diziam
para tirar o rapaz da escola, colocar em outra, mas insistimos em mantê-lo. Peguei
alguns pais que queriam que a criança fosse
expulsa e visitamos a família dela. Só assim
os pais entenderam o que se passava. Ou
seja: tínhamos proposta para ajudar a criança e a família e a questão solidária. A escola
tem que ir além dos muros altos que construímos na nossa escola. Precisa trazer a
participação da comunidade, efetivamente”.
Desenvolver a solidariedade, sem perder de
vista as especialidades de cada região. É a
idéia encampada por Adeilson em seu discurso derradeiro. “Sou voluntário de programas de educação. Programas como o Brasil
Alfabetizado não deram certo. Agora estamos dentro de um processo de educação do
campo, que é saber ler a realidade. Pegamos temas envolvendo nossa realidade,
como por exemplo, por que não tomar cocacola, por que não comer alimentos transgênicos. Além da ideologia, é uma educação
ideológica. Ler e escrever é para isso: para
entender os temas da própria realidade”.
Resumo deste debate:
Uma Escola deve ter qualidade e
ser acessível a todos. Qualidade
para poucos não é virtude; é privilégio. Mas o que é uma escola
de qualidade? Para alguns é o
lugar que permite viver em solidariedade. Para outros, é quando há a formação do espírito crítico. Outros a vêem como ambiente gerador de auto-estima e
inclusão social. Nenhuma dessas virtudes, porém, será alcançada se a escola não cumprir
sua primeira missão: ensinar a
ler e escrever. Só assim o aluno
pode descodificar sua realidade.
Colégio Ensino Médio
Colégio Ensino Técnico
Data dos debates: 27 de Agosto de 2005
Mediador de ambos:Fernando de Almeida
Participantes: Adenilson de Almeida Amaral
(BA), Alberto Kioharu Nishida (PB), Angelina Maria Vieira de Souza (SP), Antonio Luzia Dias (SP), Joana D’arc da Silva Pereira
(MG), Luis Carlos Pinheiro Jr. (SE), Márcia
Souza do Nascimento (PB), Maria Madalena
Oliveira Firmo (BA), Maria Miquelina Barreto Machado (AM), Marizete Ribeiro Viana
Teles (MG) e Tênia Regina Martins Resende
(SP).
Informática
Conheça sua regionalidade, suas tradições, suas culturas acesse: www.conelestepaulista.brazi.us
Gazeta Valeparaibana
JANEIRO 2009
Página 06
Grandes Nomes... Grandes Obras “Biografias e curiosidades”
“Aonde fores vai
com todo o teu
coração.”
“O maior dos defeitos é ter defeitos e não procurar
corrigi-los.”
“Não te suponhas
tão grande que os
outros te pareçam pequenos.”
CONTINUAÇÃO
A sua inteligência tinha um pendor científico. Ao acentuar a necessidade da maleabilidade do espírito, de
substituir o dogma pela investigação
dos fatos, de evitar conclusões definitivas, adiantou-se mais de dois mil
anos em relação á sua época. Foi ele
quem primeiro formulou a norma que
podemos considerar a regra de ouro
da ciência.
“Quando ignoramos uma coisa, reconhecer que a ignoramos é sabedoria”.
Desta forma, repudiava as crenças
supersticiosas e a subordinação do
pensamento ao desejo. Igual finalidade pretendia ao insistir na importância da sinceridade, não simplesmente
no discurso mas também no diálogo
íntimo de meditação. Para seguir o
que ele chamava “O Caminho da verdade”, devemos procurar não nos enganarmos a nós mesmos. “O caminho
da verdade”, dizia, é “largo e fácil de
descobrir. O mal está em que os homens não o procuram”.
Não se deve deduzir destas razões
que Confúcio aconselhasse a frouxidão moral ou auto-indulgência. Era
um mestre tão rigoroso como exigente. Os seus discípulos deviam ser
“rápidos na percepção, precisos no
juízo, ambiciosos nas aspirações intelectuais e possuidores de conheci-
CRISTÓVÃO
COLOMBO
Almirante do
Mar Oceano
Cristóvão Colombo foi
cardador de lã, cartógrafo, vendedor de livros, comerciante de açúcar e marinheiro. Era um homem alto, bem parecido, de nariz a-
mentos amplos que lhes servissem
para exercer a autoridade e suficientemente generosos para usarem da clemência”. Também deveriam adquirir
“dignidade, seriedade, firmeza do propósito, lealdade, bondade e atenção
reverente àquilo a que se dedicarem”.
Tal como o faria Plantão duzentos anos mais tarde, Confúcio traçou as
traves-mestras de uma república ideal, que difere consideravelmente da
sociedade que, posteriormente, o filósofo grego iria delinear. A república
imaginada por Confúcio nasce da
nostalgia de um mundo em que os
homens viviam como membros de
uma única família. Tal conceito era
utópico, particularmente na China,
nação na qual os vínculos familiares
eram mais estreitos e exigentes do
que em nenhuma outra nação. Pedir
aos Chineses que tratassem todos os
homens como seus irmãos era exigir
demais. Muito embora o soubesse,
Confúcio quis fazer com que o Mundo
se encaminhasse para este ideal. E
julgou que a única maneira de lhe dar
forma seria confiar o desempenho
dos principais cargos do governo a
homens virtuosos e sábios. Tal como
Plantão, Confúcio lutou corajosamente toda a sua vida para que um dos
principais feudais lhe confiassem um
cargo importante na administração
pública. Se bem que vários dos seus
discípulos tenham sido chamados
para exercer tais funções, não parece
que ele houvesse alguma vez chegado a alcançar posição superior à de
um sábio mestre tido em grande estima pelos funcionários públicos.
Embora Confúcio tenha viajado vários
anos pela China, acompanhado de um
reduzido grupo de discípulos, na esperança de encontrar um Monarca
que lhe oferecesse a oportunidade de
realizar as reformas com que sonhava, alguns traços de seu caráter contrariaram a sua própria ambição. Em
primeiro lugar, falava com mais franqueza do que convém a um político. A
um príncipe violento que pediu conselhos sobre a arte de governar os homens, limitou-se a responder:
“começa por aprender a governar-te a
ti mesmo.”
Além dessa sinceridade, Confúcio
acreditava na aristrocracia do sangue.
Asseverava que “por natureza todos
os homens são iguais”. Se bem que,
naquela época, não se concebesse a
democracia tal como hoje é entendida, Confúcio sustentou - porventura
pela primeira vez na história - que a
verdadeira função do governo é velar
não só pela prosperidade pública mas
também pela felicidade do povo.
Velho e cansado, pensando que a sua
pregação fora inútil, Confúcio retirouse para a sua terra natal. Ai viveu ainda alguns anos, dedicou-se ao ensino, e morreu convencido de que a sua
vida fora um fracasso.
Os discípulos choraram-no como a
um pai. E, como derradeira homenagem, e porque na China era costume
os filhos guardarem três anos de luto
pelo progenitor, os discípulos empregaram todo este tempo inventariando
e anotando as instruções do mestre.
Estas compilações converteram-se
em Bíblia do povo chinês. Mas do que
Bíblia, tornou-se o tratado de civilidade, a origem das leis e do procedimento político pelas quais aspirava a
guiar-se todo o bom príncipe.
No século III antes de Cristo, déspotas brutais prescreveram e queimaram os textos de Confúcio e condenaram à morte os seus adeptos. Esta
perseguição, porém, em vez de acabar com os discípulos da filosofia de
Confúcio, multiplicou o seu número,
tal como um temporal que em lugar
de apagar as chamas de um incêndio
as ativa e propaga. Mais tarde, reinou
um Imperador sensato que adotou o
confucionismo e lhe deu a aprovação
oficial.
Tantos livros se escreveram acerca
da sabedoria de Confúcio que a vida
inteira de um homem não seria suficiente para os ler.
A simplicidade, a pureza, a elevação
da arte de viver ensinada e praticada
pelo mestre farão que o seu pensamento resplandeça perpetuamente.
Filipe de Sousa
quilino e maçãs do rosto salientes,
olhos azuis e cabelos ruivos; tinha
um sorriso agradável, mas muito pouco sentido de humor. Bom conversador, gostava de se vangloriar das próprias proezas.
Cristóvão Colombo, cometeu um dos
maiores feitos de coragem individual
na História da Humanidade: a descoberta da América, para os Europeus.
Parte do que se diz a seu respeito é
falso; por exemplo, o mito de que era
o único homem da sua época convencido da esfericidade do Planeta Terra.
CONHEÇA TUDO SOBRE ESTE MITO
NA PRÓXIMA EDIÇÃO
Divulgação de site
Cinemas
Presentes
Loja de Departamentos
JANEIRO 2009
Gazeta Valeparaibana
Os OCEANOS estão 10 vezes mais ácidos, que se estimava.
O aumento nos níveis de
dióxido de carbono na atmosfera pode fazer os oceanos da Terra ficarem mais
ácidos com maior rapidez do
que se previa, desequilibrando ecossistemas no
processo,
afirma novo estudo.
Cientistas medem desde
2000 a acidez da água do mar em torno
da ilha Tatoosh, no litoral do Estado de
Washington. A acidez cresceu 10 vezes
mais rápido do que os modelos climáticos haviam previsto. A pesquisa também
revelou que o efeito corrosivo de oceanos ácidos pode iniciar uma mudança
dramática nas espécies costeiras e colocar em risco os estoques de frutos do
mar.
"O aumento da acidez que observamos
durante o estudo foi quase da mesma
magnitude que esperávamos para o decorrer do próximo século," disse o coautor do estudo Timothy Wootton, biólogo marinho da Universidade de Chicago.
"Isso é um alerta de que talvez os oceanos estejam mudando mais rápido do que
as pessoas pensam", disse.
O aumento das emissões de dióxido de
carbono de atividades humanas elevou
em 30% a acidez dos oceanos nos últimos 200 anos.
Quando o dióxido de carbono da atmosfera se dissolve nos oceanos, ele se
transforma em ácido carbônico, nocivo à
vida marinha. Estudos de laboratório
mostram que, conforme a acidez da água
do mar aumenta, as conchas de carbonato de cálcio e os esqueletos de muitas
espécies marinhas, como corais, ouriçosdo-mar e algas marinhas rígidas, começam a ser corroídos.
Nossos mares
Cerca de 200 mil km² de
fundo do mar estão
praticamente mortos, quase
quatro vezes mais que
há 13 anos,
segundo um relatório
apresentado hoje em Hamburgo pelo Fundo Mundial da
Natureza (WWF, na sigla em
inglês) por ocasião do Dia
Mundial dos
Oceanos, celebrado em
8 de junho.
"Estamos utilizando os oceanos como
aterro de lixo e estamos lhes tirando o ar
para respirar. As principais ameaças para
os mares são a pesca predatória, a mudança climática e a falta de oxigênio",
disse o autor do relatório, Jochen Lamp.
O mar com a maior superfície "morta" é o
Báltico, com um total de 42 mil km², e até
90 mil km nos piores momentos de crise,
mas no Golfo do México, no Mar Negro e
no Adriático também há grandes regiões
de fundo marinho asfixiado, principalmente pelos vazamentos de pesticidas.
A asfixia ocorre através das águas dos
rios, que transportam grandes quantidades de fósforo e nitratos até os oceanos.
Estes adubos impulsionam o início do
crescimento da flora marinha e das algas,
mas acabam provocando a extinção dos
organismos e a falta de oxigênio. Os peixes morrem ou acabam fugindo para outras regiões.
"Antes, o Mar Báltico era de águas claras.
Hoje, está turvo e muito fertilizado, apesar de toda tentativa para salvá-lo. A limpeza dos mares deve, portanto, se tornar
prioridade de todos os governos ribeirinhos", afirmou Lamp, que acrescentou
que o Báltico possui hoje quatro vezes
mais fósforo e nitrogênio que há 100 anos.
As conseqüências da asfixia dos mares
são dramáticas não só do ponto de vista
ecológico, mas também econômico, pois
representa o fim da pesca e, portanto, do
sustento de muitas pessoas, acrescenta
o WWF, que pediu à União Européia para
suspender os subsídios à agricultura
convencional para frear a hiperfertilização dos mares.
Página 07
Planeta Terra
Pedra Filosofal
António Gedeão
Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso
em serenos sobressaltos,
como estes pinheiros altos
que em verde e oiro se agitam,
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.
Escola Informática
Eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma, é fermento,
bichinho álacre e sedento,
de focinho pontiagudo,
que fossa através de tudo
num perpétuo movimento.
Eles não sabem que o sonho
é tela, é cor, é pincel,
base, fuste, capitel,
arco em ogiva, vitral,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa-dos-ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é Cabo da Boa Esperança,
ouro, canela, marfim,
florete de espadachim,
bastidor, passo de dança,
Colombina e Arlequim,
passarola voadora,
pára-raios, locomotiva,
barco de proa festiva,
alto-forno, geradora,
cisão do átomo, radar,
ultra-som, televisão,
desembarque em foguetão
na superfície lunar.
Colégio Supletivo
Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida.
Que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.
Queimadas
O Brasil é apontado como o 4º. Maior A fumaça liberada durante as queimapoluidor do mundo. As queimadas são das é composta por gases e fuligem,
o maior problema.
podendo ser tóxica ou cancerígena, ao
ser inalada.
As queimadas liberam também muito
gás carbônico, contribuindo assim, para agravar o aquecimento global do
planeta.
Nas estradas e rodovias, as queimadas
são também causadoras de grandes
congestionamentos e graves acidentes.
Pequenas queimadas podem-se transformar em grandes instantaneamente,
podendo fugir ao controle e assim atingir residências, fiações elétrica e telefônicas, etc.. Na área rural elas matam
animais e plantas além de empobrecerem o solo.
Provocar queimadas, queimar mato ou
podas de jardins ou chácaras é crime.
DENUNCIE:
www.abrigojoaopauloii.org.br
Escola de Línguas
Gazeta Valeparaibana
JANEIRO 2009
Três formas de terror -
Major PMSC Paulo Roberto Bomhofen
O cenário estava se
armando.
Quase
quaro meses de
chuvas. O solo estava encharcado, o
rio, o famoso Itajaí-Açu, ganhava volume e tentava fugir de sua calha. O final de semana apenas começara, era
sábado. Pela manhã fui participar da
Conferência Municipal da Cultura. Em
meio às discussões sobre a cultura, um
único assunto ganhava unanimidade, a
chuva.
Quando voltei, no período da tarde, para
o encerramento dos trabalhos, fui informado de que a conferência estava suspensa. O prefeito havia decretado estado de emergência. Voltei para casa e no
caminho pude notar que as pessoas andavam apressadas, preocupadas. Cheguei a casa e fui deitar.
O barulho da chuva, que caia de forma
torrencial, acordou-me. Fui até à cozinha e comecei a saborear uma castanha,
quando pela janela da área de serviço
notei o trânsito parado e sobre a pista
da estrada havia uma lâmina de água
barrenta vermelha. A cidade começava a
sangrar e eu não percebera. Fui até à
sala, para olhar pela sacada, quando o
trânsito parado na via que sai do Parque
Vila Germânica, chamou minha atenção.
Quando cheguei à sacada a surpresa
chocou. A rua em frente ao meu condomínio estava tomada pelas águas. Os
carros passavam de forma cuidadosa. A
água começava a tomar a entrada do
condomínio.
De súbito, corri e acordei minha esposa.
Liguei para o COPOM para saber da situação e fui informado de que o Comandante do Batalhão estava presente. Liguei para ele e ouvi a sentença: “o plano
de chamada estava sendo ativado e és o
primeiro a ser chamado”. Já havia passado por esta situação antes, em meus
24 anos de serviço policial militar, dos
quais 90% servidos em Blumenau (SC),
era a minha 5ª. Enchente.
Rapidamente preparei uma mochila, com
alguns itens básicos, como o material de
higiene, meias e cuecas. O fardamento
eu guardo no quartel. Moro perto do
Quartel do meu Batalhão e, pela experiência, sabia que não devia ir de carro. O
Quartel pega água e sempre que Blumenau sofre com uma enchente, a casa da
Polícia Militar é uma das primeiras a ser
atingida. Não conseguia encontrar caminho para o Quartel, estava tudo alagado.
Liguei novamente para o Comandante,
solicitando uma viatura.
Fui socorrido por uma de nossas viaturas do tipo camionete e no retorno ao
Quartel fomos parados por um grupo de
pessoas que pedia auxilio para uma mãe
com uma criança de 18 dias. Eram evangélicos que estavam participando de um
encontro no parque Vila Germânica, encontro este que também havia sido cancelado. Diante da situação, coloquei a
mãe com a criança nos braços, e mais
uma senhora na viatura e partimos para
a sua casa. Ela nos informou que morava
na Rua José Reuter, no Ristow. O caminho foi longo. O cenário já era preocupante. Muitos alagamentos e deslizamentos pela via davam uma pequena
mostra do que viria. A cidade não apenas sangrava, mas em alguns lugares
ela já deixava sua carne á mostra. A cidade começava a mostrar suas entranhas, mas eu não percebia, não só eu,
acho que até aquele momento ninguém
percebia.
Quando chegamos á Rua indicada, a senhora pediu-me que a deixasse antes de
sua casa, que era em um morro, pois se
parássemos em frente, ela não conseguiria sair, já que a viatura era muito
alta. Lembro que ela ainda apontou para
a sua casa e disse: - é lá que eu moro.
Hora mais tarde, aquela região foi uma
das mais castigadas da cidade, com a
destruição de inúmeras casas pelo deslizamento de terra e muita gente morreu.
Quando cheguei ao Quartel, me reuni
com o Comandante e adotamos algumas
medidas visando proteger o patrimônio.
Por volta das 22:OO horas fomos dispensados. As provisões não apontavam para
cheias. Confesso que fiquei feliz em voltar para casa. Fui a pé. As águas já haviam baixado e não encontrei nenhuma
área alagada. Era uma trégua diabólica,
apenas para transmitir uma falsa sensação de segurança. Uma pausa para o
pior.
Blumenau e todo o Vale (do Itajaí)
seriam tomados pelo terror. Silenciosamente a cidade era tomada por forças de
proporções catastróficas. A cidade que
aprendera a conviver com as seguidas
cheias do rio não estava preparada para
o que a aguardava. De forma sistemática
e cruel, a natureza iria revelar toda a
sua ira. A enchente teria companhia.
Como que em uma bizarra aventura épica, um monstro com três corpos iria atacar o Vale. A população seria acuada,
judiada, massacrada. Os morros que em
épocas passadas eram o refúgio para as
cheias, haviam se transformado em mortais armadilhas. Deslizamentos iriam
tirar a vida de mais de uma centena de
aterrorizados moradores do Vale (do
Itajaí).
Mas não no Domingo durante o dia. Novamente as águas recuaram. Nós continuamos no Quartel, havia sido chamado
novamente ás 2:00h, em plena madrugada. Podemos dizer que o Domingo foi
ameno durante o dia. Quando a noite se
aproximou, nos preparamos para ficar
ilhados no prédio do COPOM. Continuamente, as águas foram subindo. Não
como nas enchentes que a cidade já havia testemunhado. O volume de água foi
demasiado para um solo já castigado e
ensopado por quase quatro meses de
chuva. A enchente seria procedida de
alagamentos. Lugares que tradicionalmente eram atingidos com determinadas
cotas do rio, simplesmente ficaram embaixo de água, independente da cota.
É tradição que se adote determinada
medida em função das cotas. Esta tradição foi destruída, desmoralizada, não
serve mais para nada.
De agora em diante, quem se guiar pelas
quotas estará placidamente esperando a
morte chegar e não, como no passado,
estará em estado de alerta para enfrentar, e vencer como tantas vezes já ocorreu, com a bravura (a bravura que moldou a multicolorida Blumenau) indômita
dos orgulhosos blumenauenses, mais
Página 08
- Uma história vivida e real
uma enchente. Triste ilusão que cega os
sofridos bravos !
Com a chegada da noite nos instalamos
no COPOM . Os telefones de emergência
não paravam, assim como as águas do
Ribeirão da Velha, que perigosamente
passavam a míseros metros dos fundos
do aquartelamento. Sem pedir licença, e
muito menos encontrar resistências, as
águas foram tomando o Quartel. Rapidamente uma furiosa lâmina tomou conta
de todo o pátio. O Ribeirão da Velha,
ardilosamente se apoderou do nosso
quartel e lançou um braço que cortou
caminho para evitar uma curva que contorna os fundos do mesmo. Agora, tínhamos as Águas do Ribeirão, e sua astuta
correnteza, nos cercando.
Pelo telefone, a comunidade continuava
com seu grito de socorro. Á medida que
a noite avançava, o desespero aumentava, refletido nos ininterruptos chamados
ao telefone 190. A cada telefonema, uma
história de horror e desgraça nos alcançava. Pelo rádio, o que os policiais militares, homens e mulheres reportavam
não era menos estarrecedor. Desmoronamentos, alagamentos, chuva torrencial e o rio, que fazia valer a sua qualificação de “Açu”, que em Guarani significa
“grande”. O Itajaí-Açu alargava suas
margens e engolia a cidade, engolia o
Vale.
O COPOM se viu envolto em um medonho frenesi. Dividíamos o espaço com os
funcionários do SAMU, para alguns deles, a primeira experiência em catástrofes. Rapidamente a situação na cidade
se deteriorou e o caos se instalou. Os
deslizamentos não paravam. Morte e
destruição em cada telefonema. Patrimônios, sonhos e vidas eram levados
pelas avalanches de terra. Não demorou
muito para que nossas viaturas se vissem sitiadas, suas rotas estavam bloqueadas, idem para as viaturas do SAMU. O socorro não circulava mais. Não
chegava e quando chegava não saia.
Estávamos vivendo algo inédito. Nunca
antes tínhamos enfrentado situação parecida. Era uma guerra contra um inimigo astucioso, mas covarde. Batalhas eclodiam em todos os cantos da cidade na
forma de deslizamentos, que produziam
baixas e mais baixas entre os moradores. A luta era inglória. O número de vítimas ganhava corpo de forma assustadora.
Começamos a receber toda a carga da
fúria da natureza. A cidade era atacada
por todos os lados. Uma força descomunal a estava devorando, literalmente. Já
não eram mais sinais, era todo o furor
em seu esplendor máximo; a cidade estava com as suas entranhas expostas.
Entranhas famintas, que afloravam para
o banquete diabólico. A terra dos morros
se liquefazia e descia a encosta levando
anos de trabalho duro, de sonhos, de
projetos, de patrimônio duramente conquistado, de vidas, vidas e mais vidas.
Entre as solicitações de ajuda, uma veio
da Rua José Reuter, no Ristow, dando
conta de que cerca de quinze casas haviam desmoronado como que um efeito
dominó, em que as pedras do jogo são
casas, são vidas. Será que aquela mãe
com seu bebê de 18dias foram atingidos? Passados dez dias daquela noite,
Patrocinador Oficial
ainda não sei. Falta-me coragem para
retornar e saber daquelas pessoas. Acho
que prefiro não saber. Uma contabilização macabra foi desenvolvida no COPOM. Tentávamos imaginar a quantidade
de mortos, com base nas súplicas, nos
pedidos desesperados por socorro que
nos chegavam. Isso na Polícia Militar; e
no Corpo de Bombeiros ? Nem dava para
imaginar.
Já havíamos perdido a energia elétrica e
usávamos o sistema de suporte para
emergências, um conjunto de baterias
administradas por um software. Aos
poucos este sistema foi falhando. Os
computadores apagaram. Fazia horas
que estávamos á luz de velas. Apenas o
rádio e o telefone 190 funcionavam. Não
tínhamos mais como fazer os registros.
O sistema rádio, que é ligado aos computadores foi perdido junto com eles:
conseguíamos operar apenas através de
um rádio tipo HT (aqueles rádios que os
policiais usam na cintura). Todo o sistema de segurança da cidade, ligado à manutenção da ordem pública, dependia de
uma mísera bateria de HT, e quando ela
acabasse...
Em meio ao caos que assolava a cidade e
se refletia em cada policial ilhado naquela sala, um soldado se aproxima de
mim e com os olhos arregalados diz:
“Major estão morrendo lá fora e não podemos fazer nada!” Simplesmente assenti com a cabeça. No pátio do quartel,
aquela lâmina de água agora já tinha
mais de um metro de espessura e era
varrida por uma forte correnteza. Pensei
comigo: se este prédio resistir e não desabar, podemos dizer que temos sorte.
Passados alguns instantes, perdemos o
telefone 190. Todo o sistema caiu, e a
bateria do HT resistia bravamente. Aos
poucos, fomos percebendo o silêncio e
como que um alívio tomou conta do ambiente. As más notícias não paravam de
chegar, só que agora em menor número,
apenas pela comunicação com as viaturas. Fomos informados de que o Gasoduto explodira em Gaspar. Qual o tamanho
da destruição? Havia mortos? Quantos ?
Apenas especulações. Aquela noite de
terror estava longe de terminar. Pela
janela do COPOM podíamos enxergar por
detrás dos morros a claridade do incêndio do gasoduto. Diante de nós, umas
paisagem diabólica ganhou forma. A claridade do incêndio era como que um ôr
do sol ou uma lua cheia a iluminar a
morte e a destruição que se abatia sobre
a cidade, que alagada desmoronava sob
o seu próprio peso.
Terra, água e fogo estavam juntos, unidos contra os habitantes do Vale do Itajaí. Desta forma, a primeira noite foi
vencida e chegou o dia. O primeiro de
uma seqüência de dias macabros. Dias
que mostraram toda a nossa impotência
e incompetência diante da fúria grotesca
da natureza, que, sem pedir licença, foi
devorando o que encontrava pela frente.
Dias que mostraram, também, como a
nossa arrogância pode potencializar as
forças da natureza quando esta simplesmente resolve seguir o seu curso normal. Mas, ainda não tínhamos conhecido
o verdadeiro drama, o tamanho da tragédia. Era só o começo !
Paulo Roberto Bomhofen
Gazeta Valeparaibana
JANEIRO 2009
Página 09
Aquecimento Global
Desmatamento da
Mata Atlântica
pode ter
contribuído para
tragédia em
Santa Catarina.
O desmatamento da Mata
Atlântica pode ter contribuído para
a tragédia causada pelas chuvas em
Santa Catarina. É o que avalia o
professor do departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Santa Catarina, Lino Bragança Peres.
“As árvores foram substituídas por
casas e vegetação rasteira, o que
contribuiu para a erosão. Esses
deslizamentos aconteceriam mais
cedo ou mais tarde, as fortes chuvas desses dois meses aceleraram o
processo”, explica.
A floresta cobria uma área de aproximadamente 1,29 milhão de quilômetros quadrados, em 17 estados
brasileiros, incluíndo Santa Catarina. O bioma ocupava cerca de 15%
do território nacional. Atualmente ,
apenas 7% desse total permanece
intacto.
O desmatamento da Mata Atlântica
está diretamente ligado à expansão
das cidades brasileiras. E, na opinião do professor, a ocupação desordenada dos municípios pode ser
outro fator para a catástrofe no
Vale do Itajaí.
“Choveu muito acima da média,
mas isso é apenas parte do problema. O modelo de ocupação irregu-
Relatos de dor “Santa Catarina” - a
lar das cidades do Vale do Itajaí
contribuiu para que isso acontecesse. E tudo com a conivência do poder público”, explica o professor.
Segundo Peres, as primeiras residências na região surgiram durante
o século XIX, época da imigração de
europeus para o Brasil, próximas
aos rios. No século XX, as pessoas
passaram a ocupar os morros e as
encostas. “O Planejamento Municipal começou muito tarde, no Brasil,
na década de 1970, quando as cidades já haviam crescido”, conta.
A solução, na avaliação do urbanista, é o governo realocar a população dos morros e encostas para outros locais mais seguros. “O problema é que boa parte das áreas adequadas já foram ocupadas”, ressalta.
explosão
Juliano foi resgatado na tarde de Segunda-Feira, por um helicóptero do Exército Brasileiro. Tinha
escoriações nas pernas, nos braços e nas costas. Até ao fim de semana , o Morro do Baú continuava isolado do resto da cidade. Considerado um ponto turístico, a Região no entorno do morro
era dividida em três comunidades: Braço do Baú, Alto baú e Alto Braço do Baú. A casa de Juliano
foi uma das primeiras atingidas.
“Depois
da primeira explosão, a terra tremeu. Fez um clarão no Céu e a noite virou dia. Não deu
um minuto e a primeira avalanche de lama veio”, diz Marcos Rincos, de 29 anos, vizinho de Juliano.
Ilhota contava os primeiros mortos quando descobriu que as explosões descritas pelos moradores ocorreram num gasoduto que passa atrás do morro. Suspeita-se que deslizamentos de terras
provocadas pela chuva tenham arrebentado a tubulação do gasoduto e que as explosões de gás
tenham provocado e agravado os desmoronamentos, nessa noite de 22 para 23 de novembro de
2008.
Enquanto isso...
BOVESPA
exclui
PETROBRÁS
do
Índice de
Empresas Sustentáveis.
sabilidade Social , excluiu a Petrobrás neste ano. ONGs, entre elas o
Greenpeace, e secretarias estaduais do Mio Ambiente encaminharam em Outubro uma carta ao Presidente do Conselho Deliberativo
do ISE pedindo que a Petrobrás
fosse excluída da carteira “Essa
decisão mostra que não basta que
as Empresas sejam viáveis economicamente, elas precisam de uma
licença junto à sociedade para operar com responsabilidade sócio
ambiental”, diz Marcelo Furtado,
diretor executivo do Greenpeace.
A Lista de Empresas que integram o “Índice de Sustentabilidade Empresarial” (ISE), indicador
da BM&Bovespa formado por ações de companhias que apresentam alto grau de comprometimento com sustentabilidade e respon- Fonte: Ambiente Brasil
Empresa Energia
Água
Luz
www.plantabrasil.brazi.us
Uma pergunta que não
quer calar.
Por que tão poucas referências
à explosão do gasoduto da Petrobrás, lá em Gaspar, Blumenau, Santa Catarina?
Segundo relatos de alguns moradores e
outras tantas testemunhas; “mais parecia uma bomba de alto impacto ou um
terremoto, fazendo estremecer a terra”.
Este fato foi reportado justamente na
região onde se deu a maior destruição
por deslizamentos de terra, e onde ocorreram o maior número de óbitos
por soterramento.
“Eu tinha a minha filha nos braços. De
repente, quando tentei me apoiar num
galho de árvore, ela desapareceu”, diz
Juliano Schwamach, de 28 anos. Morador do Morro do Baú, um conjunto de
comunidades rurais a 20 km do centro
da cidade de Ilhota, ele é o retrato da
tragédia que devastou Santa Catarina.
Perdeu tudo: família, casa, carro, trabalho, documentos. Chovia forte havia
dois dias. Faltava energia elétrica. Juliano e Marinéia, de 23 anos, tinham acabado de se deitar. Era domingo, 23
de novembro de 2008. Passava das
21:00 horas, Larissa, de 11 meses, dormia com o casal. Um estrondo, parecido com o ronco forte de um trovão,
assustou toda a família. Juliano, Marinéia e Larissa foram lançados repentinamente para fora da casa numa espécie de vácuo. O imóvel de alvenaria, de
110 metros quadrados, desmoronou.
Uma avalanche de pedras e pedaços de
árvores carregou os três para dentro
de um córrego a cerca de 20 metros
dali. Uma seqüência de explosões clareou o céu. Presa pela terra até á cintura,
Marinéia gritava por socorro. “Me puxa, me puxa”. Foi a última vez que Juliano viu a mulher. Agarrado á filha e
quase submerso na lama, ele tentava se
equilibrar quando veio uma enxurrada
e cobriu tudo de água. “Foi muito rápido, uns dois ou três minutos. Eu consegui segurar a Larissa até fazer assim ó
“Juliano tomba o tronco para a esquerda com o braço flexionado, como se
estivesse carregando a menina.
Desvia o olhar.
Emudece.
Gazeta Valeparaibana
JANEIRO 2009
Página 10
A NATUREZA começa a mostrar sua saturação.
A natureza
começa a
mostrar seu
estado de
saturação
A maioria das cidades brasileiras, se
formaram em beira
de rios e córregos,
desordenadamente
e sem qualquer plano urbanístico. No
Cone Leste Paulista, não houve exceção. Margens de rios, córregos e riachos foram sendo ocupadas, morros e
encostas sendo desmatados e ocupados, rios assoreados de uma forma desenfreada e cruel. A natureza foi tratada como algo imensurável que para os
humanos tudo absorvia e acatava sem
reclamar. Essa mesma natureza, tudo
foi suportando e por séculos se manteve numa luta calma e silenciosa para
reproduzir o que lhe ia sendo quitado.
Hoje está saturada, não agüenta mais
repor o que lhe é tirado.
No Sul e no Sudeste do Brasil, ela está
nos mandando um recado bem preciso
de que algo não pode continuar. Mostra suas garras, sua
revolta, começa a
mostrar sua saturação. Só não vê ou
entende quem não
quer ver ou entender. Quem busca
interesses pessoais, políticos e de realização pessoal, sem se importar com o
coletivo.
As mudanças climáticas já podem ser
sentidas em todo país, Estados com
tendência á desertificação, regiões agrícolas que tendem a se mudar, inundações, desmoronamentos, excesso de
chuvas localizadas se contrapondo a
secas prolongadas.
Milhares de pessoas desalojadas de
suas residências, de suas propriedades,
especialmente a faixa da população
mais carente, centenas de mortes, famílias desmembradas.
Não bastasse tudo isso iremos assistir
aos rescaldo da tragédia, com doenças
como leptospirose, raiva, tétano e febres novas e antigas, entupindo um
Sistema Nacional de Saúde incompetente e mal aparelhado para socorrer a
população.
O Vale do Paraíba, não está fora deste
contexto.
Esta
manchete não é Qualidade do
nova, esta man- ar em São José
chete é de final do
dos Campos,
ano de 2001.
aumenta risco
Vamos rever:
Indústrias e car- de doenças coros transforma- mo enfisema,
ram São José dos
Campos em uma asma e
das cidades mais bronquite
poluídas do Estado de São Paulo.
O município, que chegou a ser centro
de tratamento para tuberculose e doenças respiratórias nos anos 30 e 40,
hoje só perde em níveis de poluição
para Cubatão, no Litoral Sul do Estado e a megametropole São Paulo. Ozônio, material particulado (carbono
combinado com outras substâncias
tóxicas, como o chumbo), dióxido de
enxofre e monóxido de carbono são os
principais poluentes, segundo o então
gerente da divisão de qualidade do ar
da CETESB, Jesuino Romano, de São
Paulo.
Os poluentes podem causar desde irritação nos olhos e garganta até crises de
asma e, com o passar dos anos, doenças pulmonares crônicas (enfisema e
bronquite crônica) e câncer.
O pneumologista Hélio Speranza Camerano Júnior, de São José dos Campos, afirma que o número de veículos
que passa pela cidade, especialmente
pela Via Dutra, é o principal responsável pela piora na qualidade do ar no
município.
“O monóxido de carbono emitido pelos
veículos fica pouco tempo no ar, mas
sua emissão é constante, por isso os
carros são mais poluentes do que as
indústrias, que nos dias de hoje, em
sua grande maioria possuem filtros “,
diz o médico.
Ozônio nocivo
O Ozônio, proteção natural da
terra, pode se tornar nocivo
para o ser humano.
A camada de ozônio é uma proteção
contra os raios ultravioletas emitidos
pelo sol. A substância porém é nociva
à saúde quando está próxima ao solo e
em altas concentrações. Segundo o
pneumologista Hélio Speranza, o ozô-
nio causa irritação nas vias respiratórias, e pode desencadear crises de asma. A exposição permanente a esse gás
causa envelhecimento precoce e reduz
a resistência contra infecções respiratórias.
O ozônio não é emitido diretamente
para a atmosfera. A substância é formada a partir de reações químicas que
ocorrem na presença da luz solar, entre poluentes emitidos por indústria e
pelos veículos automotivos. No ano
2000 o gás estava presente em São José
dos Campos, numa concentração média de 143 microgramas por metro
cúbico/dia. Na metade do ano de 2001,
mais precisamente em julho, a média
diária foi de 160 microgramas por metro cúbico. Um aumento significativo
em apenas seis meses, de 11,9 %.
Qualidade de vida
O clima de São José dos Campos nos
anos 30e 40 era considerado ideal para
o tratamento da tuberculose. Segundo
o pneumologista Helio Speranza, de
São José dos Campos, acreditava-se
que o ar puro pudesse ajudar a curar
a doença. Hoje esta doença tem cura e
seu tratamento é de seis meses á base
de antibióticos. Segundo alguns moradores antigos de São José dos Campos,
como o filho do advogado e jornalista
Altino Bondesan, cujo pai chegou em
São José dos Campos, para se tratar
da tuberculose no ano de 1935 e nunca
mais saiu da cidade, Amilcar Bondesan afirma que a qualidade o ar está
“menos estável”. Este não é o clima
dos anos 40 ou 50.
A qualidade de vida caiu muito e não
somente em São José dos Campos mas,
na grande maioria das cidades industrializadas do Eixo Rio-São Paulo.
A qualidade do ar de são José dos
Campos está muito abaixo da recomendada pelo Organização Mundial
de Saúde. Substâncias tóxicas, como
chumbo e metais pesados, liberados no
ar de São José dos Campos estão muito acima do permitido.
Também é agravante o desmatamento
e a falta de conservação das Matas remanescentes, Atlântica, de encosta e
de planalto. A falta de preocupação
com nossas nascentes, rios e riachos
também está contribuindo para a degradação ambiental.
Esta na hora de revertermos a situação. Não temos mais tempo.
www.viadanova.brazi.us
Desrespeito á natureza, falta de respeito
com um povo que está absolutamente relegado a segundo plano na categoria de cidadãos, pela prefeitura de São José dos Campos. Mato Lixo, entulho, desmoronamentos
provocados pela erosão, em virtude da falta de manutenção das ruas, nascentes e
córregos, na Zona Leste.
Nesta última foto u lago que antes era piscatório, formado por duas nascentes e um
riacho, hoje absolutamente euforizado e
abandonado, onde prolifera matéria orgânica podre e mosquitos.
A cidade tecnologia do Vale não sabe cuidar de seus mananciais.
Limpeza profissional
Ecológica
Gazeta Valeparaibana
JANEIRO 2009
Página 11
O Misticismo das pedras
CRISOPÁSIO
Esta pedra estimula a sexualidade e
portanto a procriação. É a pedra dos
órgãos sexuais e
da cura de doenças venéreas. Também ajuda na sensualidade e na falta
de interesse pelo sexo oposto. Aumenta a fertilidade em ambos os sexos.
Pedra considerada boa também para
problemas na visão e para o tratamento da miopia e depressão, aumentando
a compreensão dos problemas pessoais e a serenidade mental. Pode ser
usada no chakra básico.
cas. Aumenta o psiquismo e a faculdade
da clarividência. Uma ótima pedra, usada
para a cura de diversos males. Esta pedra
é usada também para alinhar o corpo etéreo, astral e emocional. Equilibra as emoções fortes. Pode ser usada no chakra cardíaco.
as perturbações sanguíneas e no campo psíquico melhora a auto-estima.
Aumenta o magnetismo pessoal, o
otimismo e incentiva a coragem e a
vontade. Pode ser usada no chakra
esplêndido.
FLUORITA
INDICOLITA
AZUL
Pedra
associada
aos ossos e dentes, previne cáries
Ativa a garganta,
dentárias, sintoniza
revigora
os
pula mente com o esmões, laringe e tiróipírito, facilita o contato com seres sude. Pedra muito usaperiores. Ela permite manter o espaço da para aliviar o estresse e ativar o
meditativo e concentrado nas ativida- sono tranqüilo. Pode ser usada no
des físicas. Pode ser usada no trata- chakra laríngeo.
mento de doenças mentais e problemas cerebrais. Aumenta a concentraINDICOLITA
CRISTAL ção e a inteligência. Possui qualidades
VERDE
cura semelhantes às da pedra AmeQUARTZO de
tista, ajuda no controle mental e o esA indicolita verde
Estes cristais são pertar espiritual. Pode ser usada no
equilibra todos os
chakra
frontal.
usados como um
níveis
etéreos.
Acalma
o cérebro,
amplificador pomente
e
sistema
nervoso.
Esfregando
deroso, usado pelos índios da América do
GRANADA a pedra no corpo, elimina o estresse.
Norte, especificamente os Shamans que
conheciam muito bem suas propriedades.
Pode ser usada no chakra cardíaco.
Pedra
encontrada
São usados como proteção de todos os
em muitas cores,
tipos de radiação; extremamente eficientes
JADE
exceto nas tonalidaem radiodifusão e armazenamento de fordes do azul. Revigomas de pensamento e dados.
Esta pedra tem a
ra o sistema sanguíneo e o coração.
faculdade de auDIAMANTE Estimula a imaginação, clarividência,
mentar a concentraorgulho, sucesso, autoconfiança, forção e o poder de
ça
e
vitória.
Pedra
ligada
ao
coração
e
Pode ser usado em
decisão; atrai a fortodos os Chakras, sexualidade. Pode ser usada nos chaça. Alivia problemas imunológicos,
dependendo da cor. kras básico e cardíaco.
Possui grande poder
gera o amor divino. Atrai força. Abre
de cura e é a mais
caminho para vidas passadas, especiHELIOTRÓPIO
neutra de todas as
almente as vidas no Oriente. O Jade
gemas. Extremamente poderosa para re(jaspe de sangue) serve como um lembrete da integridamover bloqueios, negatividades e disfunpara pessoas com de da mente e da alma. Pode ser usações sexuais. Elimina as substâncias tóxifraqueza
física. da no chakra do coração.
cas do corpo. Fortalece funções cerebrais,
ajuda o alinhamento dos ossos do crânio.
Também indicada
Quebra bloqueios no chakra coronário, e
para problemas de
JASPE
na personalidade. É um grande curador, bexiga, intestinos e circulação
afasta as negatividades, purifica e limpa (revigora e oxigena a corrente sanguíOutra variante do
sexualmente. Aumenta a força física e á
nea), estômago e abdômen. Atrai diquartzo, com grancoragem. O diamante intensifica a energia
nheiro
e
prosperidade.
de poder de cura. É
de outras pedras, promove a clareza do
Possui
poderosas
qualidades
curatiencontrada em vápensamento.
rias cores. Alivia a
Pode ser usado em todos os chakras, só vas, quando usada por um grande cuou em companhia de outras pedras para randeiro. Estimula o movimento da
dor, principalmente
intensificá-las.
Kundalini. Pode ser usada no chakra durante o parto. Auxilia os primeiros
Esplêndido.
meses da gravidez, geral altruísmo,
emite força vital e é recomendada para
HEMATITA
doenças debilitadoras (bexiga, olfato,
Hematita é uma pedra fígado, rins, vesícula e epilepsia). Cria
que forte poder de uma conexão forte com a terra; É bom
cura e proteção. Tem ter em casa. Acalma a tristeza, desentambém ótima influ- volve uma grande sensibilidade e proSeu nome significa “Pedra Verde”. Seu
ência na depuração move o entendimento entre os seres.
verde é único. Trabalha o chakra cardíaco
do sangue e na purifi- Equilibra, cura o campo áureo e alinha
e os corpos elétrico, astral e emocional. É
cação
dos
órgãos.
Exerce um forte a intuição. Pode ser usada no chakra
indicada para o equilíbrio mental, emocional e espiritual. Ajuda na meditação, e ele- efeito sobre o sangue. Elimina todas coração.
va a consciência e as habilidades psíqui-
www.melhoridade.brazi.us
Loja de Presentes
Ourivesarias
Loja de Artesanatos
(Produtos para)
Bijuterias e folheados
JANEIRO 2009
Gazeta Valeparaibana
Página 12
Escola, família e sociedade
A relação entre família e escola nos países
da OCDE está a mudar o seu rumo. Ambas
se encontram intimamente envolvidas na
educação das crianças, mas os aspectos
pelos quais são responsáveis e o modo
como essa responsabilidade é delineada,
varia com os tempos e as culturas, de acordo com o cenário econômico e político.
Três fatores combinam-se para tornar
mais amplamente reconhecidos os papéis
da família, a escola e a comunidade na
educação. A educação formal está a tornar-se mais importante do que nunca; os
seus métodos são mais diversificados e
os seus propósitos mais complexos; e a
idéia de que, no futuro, a maior parte das
pessoas terá de aprender continuamente
ao longo da vida é cada vez mais reconhecida. O envolvimento dos pais na educação dos filhos está agora associada à maior apreensão de conhecimentos. Essa
percepção complementa outras tendências: um movimento geral direcionado
para a descentralização e autonomia local,
com muitos governos a quererem, atualmente, 'tornar as escolas públicas mais
em conta para os seus clientes', e mais
pais a exercerem pressão sobre os políticos para uma maior variedade de escolha
no ensino. Em muito países os pais vêm o
seu envolvimento na escola como um direito democrático; em alguns, como a
França, a Alemanha e a Dinamarca, é mesmo uma norma existente há décadas. E o
conceito de contabilidade aplicado às escolas - tornando mais pública as questões
financeiras e os sucessos e falhas das
escolas individualmente consideradas - foi
acolhida com mais ou menos entusiasmo
no Reino Unido, Canadá e Estados Unidos. O objetivo desta viragem política é
fazer com que a escola dê uma resposta
mais cabal às exigências e desejos dos
pais e dos contribuintes. Os governos têm
uma série de motivos para encorajar a
participação dos pais. Há efeitos de eficiência. Na perspectiva da escolha do consumidor, os pais, enquanto consumidores,
deveriam poder escolher a escola e a forma como funcionam. Assume-se, por isso,
que se os pais pensarem enquanto consumidores terão uma idéia mais concreta
sobre o que pretendem e serão mais críticos quanto ao que lhes é oferecido - levando as escolas a responder mais efici-
Filhos x Avós
Ficar na casa dos avós geralmente é
sinônimo de diversão. É comer pipoca
e bolo de chocolate, brincar de luta no
tapete da sala, ter a comida preferida
na hora da refeição e ouvir muitas histórias. Mas não é apenas nas brincadeiras e na fuga da rotina que o papel
deles é desempenhado; os avós podem ser conselheiros, educadores e
um conforto em momentos difíceis.
A importância deles no desenvolvimento das crianças foi atestada em
uma nova pesquisa da Universidade
entemente às suas pretensões. Os governos sabem também que o envolvimento
dos pais pode constituir como que uma
alavanca para elevar parâmetros. Estudos
de grande escala levados a cabo na Austrália, Reino Unido e Estados Unidos mostram que as escolas onde os alunos são
bem sucedidos (tanto em termos de sucesso acadêmico como de atitudes positivas face à aprendizagem) são caracterizadas por boas relações casa-escola. Este
envolvimento pode igualmente atenuar
desvantagens e melhorar a equidade, sabendo- se que a prestação de uma criança
pode ser melhorada mostrando aos pais
como apoiá-la mais eficazmente em casa uma consideração particularmente importante quando existem diferenças culturais
entre os valores do sistema educativo e os
da família. Em países como o Canadá, Inglaterra, País de Gales, França e Estados
Unidos, as decisões políticos estão a procurar soluções ou ajuda das escolas para
questões como o abuso de drogas e álcool no meio juvenil, promiscuidade sexual e
gravidez de adolescentes, abuso de menores, violência e bandos juvenis. Existem
igualmente considerações de ordem financeira. Não só os pais poderão ajudar a
captar fundos extra para a escola, como
poderão ser um meio econômico de mobilizar recursos, auxiliando em visitas escolares, ajudando em atividades desportivas
ou assistindo os professores na sala.
Papelaria
Loja Informática
Palavras de sabedoria
de Oxford, na Grã-Bretanha, com 1,5
mil crianças e adolescentes de 11 a 16
anos. Os estudiosos observaram que
as crianças que tiveram os avós por
perto cresceram mais felizes. Principalmente nos dias de hoje, quando os
pais têm uma rotina atribulada, a proximidade é ainda mais benéfica - e
necessária.
De acordo com o estudo, quase um
terço das avós maternas tomam conta
dos netos regularmente na GrãBretanha. Em entrevista a BBC Bra- Quanto
sil, Eirini Flouri, do mais o
Instituto de Educação de Londres, tempo
disse que, em épo- passa mais
cas de separação
para frente
dos pais, muitos
avós
desempe- eles se
nham um papel im- acham.
portante ao trazer
conforto aos netos
e estabilidade a toda a família. A pesquisa também levantou que os avós
foram muito importantes no momento
de superar dificuldades como a implicância de colegas da escola e no planejamento do futuro, como a escolha
da faculdade.
respeite-o.
Isso é tudo, Ame !!!
A inteligência sem amor, faz-te perverso.
A justiça sem amor, faz-te implacável.
A diplomacia sem amor, faz-te hipócrita.
O êxito sem amor, faz-te arrogante.
A riqueza sem amor, faz-te avaro.
A docilidade sem amor, faz-te servil.
A pobreza sem amor, faz-te orgulhoso.
A beleza sem amor, faz-te ridículo.
A autoridade sem amor, faz-te tirano.
O trabalho sem amor, faz-te escravo.
A simplicidade sem amor, deprecia-te.
A oração sem amor, faz-te introvertido.
A Lei sem amor, escraviza-te.
A política sem amor, deixa-te egoísta.
A fé sem amor, deixa-te fanático.
A cruz sem amor converte-se em tortura.
A vida sem amor...não tem sentido.
Um sábio recebeu a visita de um homem
que dia já não amar a sua esposa, e que
pensava em separar-se.
O sábio ouviu-o.
Olhou-o nos olhos, disse apenas uma palavra, e calou-se: Ame-a
Mas eu já disse: Não sinto nada por ela !
Ame-a, disse novamente o sábio.
E percebendo o desconforto do homem,
depois de um breve silêncio, o sábio explicou:
Autor: Padre Jonas Abib
Amar é uma decisão, não um sentimento;
A mar é um verbo e o fruto dessa ação é o
amar.
O amor é um exercício de jardinagem;
arranque o que faz mal, prepare o terreno,
semeie, seja paciente, regue e cuide.
Cursos ou Palestras
Esteja preparado porque haverá pragas,
secas ou excesso de chuvas,
Mas nem por isso abandone o seu jardim.
Ame o seu par, ou seja, aceite-o, valorize-o,
www.conelestepaulista.brazi.us
Gazeta Valeparaibana
JANEIRO 2009
A Confissão de João Ramalho
São Paulo de Piratininga
Saiba Vossa Reverendíssima que, apesar da má vontade do Padre Manoel da
Nóbrega, em 1554 ajudo-o a fundar
São Paulo de Piratininga, povoação
que Tomé de Sousa mandara levantar.
Sempre esta minha mania de nadar
por entre duas águas, conciliação...
Santo André e São Paulo, duas povoações tão próximas uma da outra, mas
porquê? Um capitão, que é meu amigo, pois muito lhe facilitei a vida junto
aos tupiniquins, comete inconfidência
e mostra-me o Regimento de D. João
III para Tomé de Sousa. As instruções
são claras:
“Será grande inconveniente os gentios que se tornarem cristãos, morarem
na povoação dos outros e andarem
misturados com eles; e será muito
serviço de Deus e meu apartarem-nos
da sua conversação. Encomendo-vos
e mando que, os que forem cristãos,
morem juntos, perto das povoações
das ditas capitanias, para que conversem com os cristãos e não com os
gentios, e possam ser doutrinados e
ensinados nas coisas da Santa Fé; e
aos meninos, porque neles imprimiram melhor a doutrina, trabalhareis
por dar ordem como se façam cristãos
e que sejam ensinados e tirados da
conversação dos gentios.”
Tomé de Sousa não pensava povoar o
planalto, São Paulo, com o seu Colégio e com o seu Padre Anchieta que
tão bem aprendeu a falar tupi que até
nessa língua fez hinos e poemas, era
apenas um aldeamento para a evangelização dos índios. Já Mem de Sá, terceiro Governador-Geral do Brasil, é
um pau de dois bicos. Começa por
proibir escravizar os índios. Mas, ao
mesmo tempo, manda desimpedir as
veredas de Paranapiacaba e, em 1560
extingue a Santo André dos meus
guerreiros Tupiniquins (e de escassos
peões portugueses) e promove São
Paulo a vila. É um nebuloso convite
aos aventureiros, porém convite; su-
Página 13
(Continuação)
bam ao planalto a caçar índios ! E eles
começam a subir, ó se começam... E
são perigosos, devastadores, pois os
portugueses facilmente se adaptam a
tudo: se não há farinha de trigo pois
coma-se a de mandioca, se não há uvas pois comam-se jabuticabas, se
não há bagaço de vinho pois beba-se
aguardente de milho, se não há colchões, pois durma-se em rede, se não
há raparigas pois namorem-se as índias ! Desleixados, sem planos prévios levam tudo a eito, dispostos apenas ao trabalho de pôr os outros a trabalhar para eles, sequiosos que estão
de honrarias e riquezas... Atormentado, rolado entre duas águas, com os
meus Tupiniquins abandono a extinta
vila de Santo André e retiro-me para o
sertão.
Confederação dos Tamoios
Tantas atrocidades são cometidas que
bastam apenas dois anos para unir
todas as tribos dos Tamoios
(Tupinambás), desde Bertioga (SP) a
Cabo Frio (RJ), e até mesmo ao Vale
do Paraíba... E eis uma nação de índios congregada para arrasar São
Paulo de Piratininga, com todos os
seus moradores, homens de armas,
padres, artesãos, mercadores e senhores do engenho, o povo todo... Em
desespero de causa o Padre Manuel
da Nóbrega manda-me pedido de socorro. Atendo, é a pecha do costume,
as duas águas... Com Tibiriçá, o meu
sogro, em dois dias reúne milhares de
homens. Em 1562 há lutas, escaramuças, guerras e morticínios, mas os Tamoios (Tupinambás) não conseguem
entrar em São Paulo. Sou eu quem
comanda toda a defesa. Assim o querem os portugueses, assim o faço.
Depois os Padres Manuel da Nóbrega
e Anchieta vão à Iperoig a parlamentar
com os Tamoios. Dão razão às suas
queixas e prometem-lhes que os brancos não mais irão prear índios porque
eles, Padres, são contra a escravização. Os Tamoios acreditam que assim
vai ser. Em 1563, em Iperoig, os Padres e os Tamoios (Tupinambás) fa-
zem a paz. Coitados dos Índios...
Meditação
Em 1564 oferecem-me o cargo de vereador de São Paulo. Recuso e, com
os meus homens, retiro-me para o Vale do Paraíba. Por lá fiquei até hoje, já
lá vão 16 anos. Tive muito tempo para
meditar sobre as duas águas em que
andei e ando sempre a rolar.
Padre: o índio segue natureza, o português luta contra ela. Quando, por
causa das queimadas, se esgotam as
suas terras, o índio abandona-as, procura e desbrava outras e tantas há que
parecem não ter fim... Constrói uma
nova Taba ou Aldeamento, reconhece
o novo território de caça. Para apanhar pacas, capivaras, tamanduás,
quatis e outros bichos, coloca as armadilhas nos trilhos novos. Nos rios
que descobriu observa a que pegões
vão os lambaris e outros peixes em
cada época do ano. O índio está sempre a mudar de lugar, para ele não tem
sentido a casa de pedra e cal. Também
não tem sentido a acumulação de víveres, pois o calor apodrece-os. Conhecendo a natureza como conhece,
em cada momento, vai retirando dela o
que precisa. Já a ambição do português, habituado à penúria dos seus
Invernos Europeus, é acumular, de
tudo, o mais que possa, em tempo
curto; cereais e frutas secas, conservas em azeite, ou fumeiros, ou salgadeiras de carnes e peixes. Nem os índios conseguem entender os portugueses (aos quais chamam de loucos), nem os portugueses conseguem
entender os índios (a quem chamam
de selvagens). Padre olvidei estas diferenças, quis conciliar ou inconciliável e o resultado é o que se vê. Reparai agora que todas as tribos que falam tupi, que ocupam a faixa litorânea
desde o norte do Brasil até ao Rio da
Prata, por causa dos casamentos cruzados e alargados, são todas elas aparentadas. Só mais para o interior é que
vivem e reinam as outras tribos ou
nações tapuias, que são dezenas, se
acaso centenas não forem elas. Até
parece que Deus Nosso Senhor, ao
espalhar os tupis pela costa do Brasil,
quis preparar a entrada dos portugueses, pois a estes bastou-lhes aprender
apenas mais uma língua, para se fazerem entender de norte a sul em tamanho território.
Vossa Reverendíssima não torça o
nariz porque, embora os portugueses
sejam os novos donos do Brasil, aqui
a língua portuguesa é como o latim, na
no Reino; só poucos o falam... Aqui a
www.redefonetelemensagens.com
língua-geral é o tupi, embora corrompido pela língua portuguesa, porém
tupi ainda. E até a língua portuguesa
que algumas criancinhas aprendem no
Colégio (não nas ocas ou malocas) vai
sendo corrompida pelo tupi. Vossa
Reverendíssima, em Coimbra, falava
um português impecável. Aqui já vai
dizendo urubu em vez de abutre, mirim em vez de pequeno, saúva em vez
de formiga, capim em vez de forragem,
jabuti em vez de cágado, arapuca em
vez de armadilha, catapora em vez de
bexigas, jararaca em vez de cobra, e
tantas mais...
E eu pergunto-me se as facilidades
que os povos de língua tupi deram aos
portugueses, estão a ser devidamente
retribuídas pela forma como estes tratam aqueles. Não, Padre, não estou
apenas a falar de sujeição física, mas
também daquela outra que promoveis
com a evangelização dos índios, esse
vosso trabalho de sapa das suas antigas crenças e tradições, afinal fazendo suas referências para a vida ter
sentido e apetecer. Estou a falar dos
muitos milhares de índios que, em
conseqüência, vão perdendo a vontade de viver e de resistir à opressão
dos brancos. Bem sei que anjos, não
homens, é o que vós, jesuítas, pretendeis fabricar nos vossos aldeamentos.
Mas vejo que não haveis conseguido
nem uma coisa nem outra, apenas
mortos-vivos.
Padre: estou velho e prestes a apagarme. Português nasci e só ambiciono, n
hora da morte, ouvir falar a minha língua natal. Só por isso tornei a esta
Vila de São Paulo e Piratininga, é ainda esta minha pecha de duas águas...
Padre: se tudo o que digo vos parece
blasfêmia, pois relevai as patetices de
um velho senil que a vós chega amparado pelos seus caribocas, e trata de
encomendar-me a alma a Nosso Senhor, Deus dos brancos, que um pajé,
antes de meu retorno, já a encomendou a Tupã, Deus dos Índios.
FINAL
“O TEXTO CONFISSÃO é
um texto literário/fictício, que pode
ter sido feito para compor alguma
peça teatral. No entanto, contém
fatos reais da história do Brasil.
Fonte: vidaslusofonas.pt.
Livraria
ou
Banca de Jornal
Gazeta Valeparaibana
JANEIRO 2009
Projeto Educar
“Uma janela para o mundo”
O Projeto “Educar - Uma Janela para o
Mundo” nasceu junto com a idéia “Gazeta
Valeparaibana”. Um jornal destinado a vivenciar a cultura, história, tradições, princípios da preservação ambiental, e dirigido
ás cinco Regiões que compõem o Cone
Leste Paulista. Também sua linha de conduto é na inserção de matérias 100% educativas, na preservação de valores e de
uma sociedade ética, responsável e sobre
tudo consciente das suas obrigações cívicas, na preservação de seus patrimônios
culturais e artísticos, valorização das tradições locais e de sua história.
O Projeto “Educar - Uma Janela para o
Mundo” visualiza o momento em que se
discutem as várias alternativas de preservação ambiental, reconstrução social e
educacional de nossos jovens e não só,
como também, da sociedade como um
todo. Para isso quer absorver no seu conteúdo as opiniões de toda a sociedade
civil, incluindo-se as Diretorias de Ensino,
Oficinas Pedagógicas, Escolas, Professores, APMs, Secretaria da Educação e Secretarias Regionais do Meio Ambiente,
entre outros Órgãos e Fundações, na motivação de atividades e ações que levem os
alunos a repensar, assimilar, avaliar e visualizar oportunidades para seu futuro,
nos temas inseridos no contexto “Gazeta
Valeparaibana”. A intenção é fazer com
que, através de uma saudável competição,
os alunos sejam levados a pesquisar e a
interagir nos temas e necessidades de
cada cidade ou região, colocando-os no
papel e submetendo-os a uma competição
saudável e aberta. A finalidade é a sustentabilidade local e a busca de oportunidades sejam elas de cunho turístico regional,
ou local, tais como Hotéis Fazenda, Sítios
Históricos, Trilhas Ecológicas, ou até mesmo comércio em geral, levando a uma maior visualização de oportunidades em suas
cidades ou Regiões, para o desenvolvimento de seu futuro profissional.
Ao definirmos as metas e orientações para
este Projeto Educacional, fazemos questão
de frisar que todas as questões sempre
estarão abertas e receptivas a críticas e
sugestões, dado que o queremos um espa-
Projeto Planta Brasil
O recente relatório Roots
of Resilience: Growing the wealth of
the poor, do World Resources Institute (WRI), afirma que ¾ das pessoas
consideradas pobres – os 2,6 bilhões
que vivem com menos de U$2,00 por
dia – dependem diretamente do meio
ambiente para sua sobrevivência. Essa dependência direta expõe as camadas mais baixas da população mundial às mazelas da mudança climática e
da destruição provocadas cotidianamente pela produção e o consumo
sobre a natureza.
Por Davi Cordeiro Moreira
A grande discussão em relação às
comunidades carentes do globo que
está por trás deste relatório diz respeito ao debate da sustentabilidade econômica, pois ações culturais, ambientais e de desenvolvimento humano
devem ter como foco a criação de al-
Página 14
www.gazetavaleparaibana.com
ço aberto, democrático e permanente, não
estando nenhuma de suas etapas e, muito
menos seus pontos de vista, fechados.
A classificação dos objetivos a atingir com
este Projeto Educacional têm como referências os pressupostos evidenciados por
todas as normativas que regulamentam o
“Sistema Educacional Nacional”, sustentando-se num conjunto de valores que se
descrevem a seguir:
Celulares
1 - Principio da não exclusão, entendido
no sentido de não criar oportunidades diferentes e percursos diferenciados que
conduzam a favorecimento de alguma parte, ferindo o processo educativo do projeto, dando liberdade de ação e oportunidade, igual a todos os participantes, respeitando seus estilos cognitivos e dificuldades de aprendizagem.
2 - Principio da Cidadania e da Participação Democrática, encarando cada indivíduo da comunidade escolar e educacional
como um elemento ativo no processo e
capaz de intervir de forma responsável,
solidária e crítica, neste Projeto Educacional, para um bom termo dos objetivos que
pretende atingir.
Oftalmologistas
Para maiores informações, visite o site:
Www.gazetavaleparaibana.com
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dessa resposta é negar o conhecimento
de que as práticas de produção e consumo que o capitalismo promove estão além
de impactos locais.
Projetos direcionados às comunidades
carentes devem ao máximo primar pela
redução da dependência e aumento da
autonomia em todos os âmbitos: ambiental, econômico e, principalmente, de conhecimento. Devem-se mitigar os impactos que as sazonalidades ambientais possam ocasionar. Por isso, a importância do
fomento da capacidade de geração de riqueza monetária, visando uma nãodependência direta ou obrigatória em relação a um comprador ou receptor de mercadorias. Para tanto, há a necessidade de
criação de redes que integrem as comunidades e promovam trocas de saberes, experiências e competências que possibilitem a manutenção autônoma de sua existência.
A Sustentabilidade representa um movimento contínuo à mudança social, o qual
aguarda pacientemente que momentos de
crise o fortaleçam até que seja plenamente
Seria ideal pensar numa simples resposta difundido entre as relações que os hode não-intervenção nas comunidades, dei- mens estabelecem.
xá-las em “paz”. Infelizmente, valer-se
ternativas que promovam a autonomia
de tais comunidades. Abordagens e
projetos têm tanto que criar condições adequadas de sobrevivência e
perpetuação das tradições como possibilitar alternativas de subsistência
que estejam inseridas na lógica do
capital.
A conclusão acima está com certeza
ligada a uma ideologia humanitária de
manutenção da pobreza e redução
das perversidades criadas pelo sistema. Entretanto, abordar somente desta perspectiva é reduzir os esforços
historicamente construídos desde a
década de 70. A mobilização, principalmente por parte da sociedade civil,
para uma mudança nos modos de produção e de consumo não diz respeito
a uma mera manutenção da miséria,
pois está cotidianamente em choque
com a concentração de renda e com a
destruição do meio ambiente. A sustentabilidade, ao considerar a existência de uma relação direta entre a pobreza e a degradação ambiental, visa
um patamar ótimo para a dinâmica
das relações entre homens-homens e
homens-natureza.
www.redevalecomunicacoes.com
Exames e laboratórios
Auto-Escolas
Gazeta Valeparaibana
JANEIRO 2009
Curiosidades
LAGARTIXA
Uma lagartixa sem
cauda não é algo
que se possa ver
regularmente.
Mas, a maioria das
pessoas já ouviu
dizer que “se a
lagartixa perde o
rabo, ele cresce de
novo”. Pois é, mas o que muita gente não
sabe é que, a lagartixa pode perder a cauda, ou rabo, de propósito.
“Fauna”
dos humanos. Já para esticar os membros, as aranhas não têm musculatura.
“Para realizar a extensão as aranhas bombeiam hemolinfa ( O “sangue” delas) para
dentro das pernas”, diz Japyassú. O bombardeio é feito com a contração dos músculos que ligam a parte superior da carapaça que reveste a cabeça e o tórax à parte inferior da mesma.
“Com a contração, aumentaria a pressão
hidráulica interna à carapaça, e a hemolinfa migraria para as pernas, fazendo com
que elas se estiquem”, explica.
Ao morrer, a aranha poderia relaxar os
músculos que ligam a parte superior à
inferior da carapaça, diminuindo a pressão de hemolinfa para dentro das pernas,
o que causaria a contração das mesmas.
“Outra hipótese seria a de que elas, mortas, vão se desidratando, o que também
diminuiria o volume de hemolinfa, resultando em pressão negativa dentro da carapaça. São hipóteses a serem testadas”,
afirma o biólogo.
A lagartixa assim como a maioria dos lagartos, têm a capacidade de soltar o rabo
como mecanismo de defesa contra o ataque de seus predadores. A cauda cai e
fica se mexendo por alguns segundos
para chamar a atenção do predador. Enquanto isso, o animal tenta se salvar do
perigo, escapando para algum refúgio em
que não possa mais ser visto.
Essa capacidade é chamada de autotomia
e ocorre também com outros animais,
Camaleões
como insetos, crustáceos e répteis.
Após algum tempo, a cauda passa por um
Porque os
processo de regeneração e cresce novacamaleões
mente, mas, nunca mais ficará do tamanho original. O interior do membro não
mudam de
mais será composto por osso e terá um
cor?
outro tipo de tecido cartilaginoso.
O animal, no caso, a a lagartixa, poderá se
Répteis da ordem
utilizar deste mecanismo de defesa, mas,
dos lacertílios, a
a cada vez que isto aconteça, na regenemesma dos lagarração, também cada vez ficará menor, a
tos e lagartixas, os camaleões se alimensua cauda.
tam basicamente de insetos. Na hora da
caça, ele se movimenta lentamente para
LAGARTIXA, melhor amiga do homem. não assustar sua presa, conta o professor
Segundo alguns geólogos, apesar de ter de Biologia Sr. Daniel Pereira Rocha: “O
uma aparência estranha, a lagartixa é jus- sucesso da captura depende de sua líntamente considerada por muitos leigos gua protáctil, que pode atingir quase um
como um animal transmissor de doenças. metro na velocidade de um piscar de o“Essa espécie não transmite doença ne- lhos”, conta. Esta lentidão, porém, facilita
nhuma e é uma lenda quando dizem que o ataque de seus predadores, motivo pelo
ela passa cobreiro para as pessoas”.
qual o camaleão imita a cor do ambiente
Pelo contrário, afirmam os biólogos, a onde se encontra, processo conhecido
lagartixa se torna uma grande amiga do como camuflagem.
homem ao ser uma grande predadora dos Ser confundido com o ambiente é uma
filhotes de barata e outros insetos que estratégia de defesa e de caça. Ao assurealmente podem transmitir doenças.
mir as cores locais, onde se encontra, tais
como folhagem, um galho ou tronco de
árvore, o camaleão se camufla para capturar insetos e ao mesmo tempo não ser
visto por seus predadores, como cobras
Porque as
ou aves de rapina.
aranhas
O Biólogo Daniel Rocha explica, que, o
cérebro do animal interpreta as cores do
encolhem as
pernas quando ambiente, por meio da visão, e libera hormônios que atuarão nos cromatóforos da
morrem?
pele, as células que dão a cor ao animal,
De acordo com o
ocasionando as mudanças. O professor
biólogo Hilton Japafirma ainda que a camuflagem ocorre
yassú,
pesquisainvoluntariamente, e que cada uma das
dor do Instituto Butantã, a ciência ainda
mais de 80 espécies de camaleões possui
não tem uma resposta exata para o
uma gama de pigmentos próprios, em
“encolhimento de pernas pós-morte” das
geral nos tons amarelos, marrons ou averaranhas. Mas a estrutura corporal desses
melhados.
animais oferece algumas pistas.
Rocha acrescenta que um camaleão cego
Para contrair as pernas, as aranhas posprovávelmente não sobreviveria na floressuem musculatura nas juntas, e este mota, já que não poderia ver a caça ou o previmento ocorre de forma semelhante ao
Aranhas
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dador: “Ele morreria de fome ou seria comido rapidamente por outros animais logo após a eclosão do ovo. Se por qualquer motivo vier a ficar cego depois de
atingir a idade adulta, morrerá pelos mesmos motivos. Sem ver a luz, o cérebro
não dá comandos para imitar o ambiente”.
Faculdades
Como o Peixe Elétrico dá choque?
Não é lenda, como muitos pensam: alguns peixes têm sim a capacidade de dar
choques, alguns inclusive com altas voltagens. Os peixes elétricos existem em
todo o mundo e, no Brasil, aparecem mais
na região norte, especialmente na Bacia
Amazônica.
Faculdades
O oceanógrafo Ricardo Cardoso, do Aquário de São Paulo, explica que esses
animais tiveram uma adaptação da musculatura lateral do corpo. Essa musculatura virou uma grande bateria, que armazena a eletricidade.
Mas de onde vem essa eletricidade?
“Todo o movimento muscular se dá através de sinapses, impulsos elétricos aos
músculos. Os peixes elétricos armazenam
nos músculos laterais a corrente gerada
por essas sinapses, em vez de consumila”, diz Cardoso. E usam essa energia
para reagir a ataques, se comunicar, disputar com outros peixes determinado território e para acasalar.
“Quanto maior o animal, mais forte o choque”, diz Cardoso. Alguns, como o puraquê amazônico, chegam a dar descargas
de 600 volts. Um choque desses pode
paralisar os movimentos de um humano e
causar o afogamento. Apesar disso, o
oceanógrafo sabe apenas de um caso de
morte por “ataque” de peixe elétrico: Em
um aquário, um desses animais pulou
para fora do tanque e um funcionário agarrou-o para devolvê-lo à água. Com o
susto, o peixe liberou a descarga - mas
como o homem tinha um marca-passo, o
choque terminou por causar um ataque
cardíaco.
MAIS - NA PRÓXIMA EDIÇÃO
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Vestibulares
Cursinhos
Gazeta Valeparaibana
JANEIRO 2009
Página 16
Carta da filha de Chico Mendes a seu Pai.
Não dá para evitar a emoção todas as vezes que leio as duas mensagens. Admiro
até a caligrafia deixada por seu próprio
punho.
As suas palavras, que sempre soam tão
simples e carregadas de preocupação
com a humanidade, me dão a exata medida do quanto você era sonhador. Já sei
que a revolução com a qual sonhou começou quando você era ainda criança, nas
matas de Xapuri.
Pai, Sandino, minha mãe e eu sabemos
que desde muito pequeno você foi um
grande trabalhador. Já nos contaram muitas vezes o quanto você era dedicado e
organizado em tudo que fazia. Que desde
criança já era um seringueiro destemido,
assumindo tarefas de verdadeiro homem.
O seu exemplo continua sendo uma luz no
nosso caminho, especialmente o seu senso de responsabilidade na defesa das florestas da Amazônia.
Sei que costumava levantar bem cedo,
quando ainda estava escuro, para cortar
seringa, ou para participar de reuniões
pela organização dos seringueiros que
queriam a proteção de nossos recursos
naturais.
Às vezes fico imaginando o que com você
pensava nos momentos de profunda angústia e solidão que enfrentou nesta vida.
Você chorou em algum momento? Se chorou, meu pai, saiba que ainda existem homens e mulheres que também sonham
com uma revolução que seja capaz de
revelar a beleza necessária de um novo
homem.
O homem nasce em beleza única e você,
pai, foi único. A sua beleza foi única, marcada pela coragem e ousadia de lutar por
uma nova sociedade tão almejada. A beleza ainda existe, pai, mas a nova sociedade
não sei, sinceramente.
Pai, sei que, se dependesse de você, estaríamos hoje gozando dos benefícios de
viver numa sociedade onde cada indivíduo pudesse desenvolver o seu trabalho
de acordo com os seus talentos.
Falo de uma sociedade pela qual você
lutou, onde os elementos básicos para a
sobrevivência, como moradia, saúde, alimentação e educação, fossem garantidos
a todos e onde o avanço de cada um representasse o progresso da própria sociedade.
Infelizmente, ainda continuamos apenas
sonhando em busca de uma sociedade
melhor. Já se passaram 20 anos desde
aquela noite, quando o vi pela ultima vez,
se debatendo no chão, tentando nos dizer,
a mim e minha mãe, algo que nunca saberei exatamente o que era.
Pai, tenha a certeza de que sua luta não
foi em vão. Os seus sonhos já não são
somente seus. São também meus e de
todos os que ainda acreditam nos seus
ideais.
Você ainda é a vanguarda da esperança
da Amazônia e do nosso amado Acre.
Patrocinador Oficial
■ Elenira Mendes é formada em administração e dirige a ONG Instituto Chico Mendes
Chico Mendes - Xapuri (AC), 15 de Dezembro de 1944 - Xapuri, 22 de Dezembro de 1968
Ainda criança
começou seu
aprendizado
do ofício de
s er ingu ei ro ,
acompanhando o pai em
excursões
pela mata. Só
aprendeu
a
ler
aos 20
anos de idade, já que na
maioria
dos
seringais não havia escolas, nem os proprietários de
terras tinham intenção de criá-las em suas propriedades. Iniciou a vida de líder sindical em 1975, como secretário geral do recém-fundado Sindicato dos Trabalh ado r es
Ru rais
de
B ra sil éia.
A
pa rti r
de 1976 participou ativamente das lutas dos seringueiros para impedir o desmatamento através dos
"empates" - manifestações pacíficas em que os seringueiros protegem as árvores com seus próprios corpos. Organizava também várias ações em defesa
da posse da terra pelos habitantes nativos.
Em 1977 participou da fundação do Sindicato dos Trabalhadores
Rurais
de
Xapuri,
e
foi
eleito vereador pelo MDB local. Recebe então as primeiras
ameaças de morte, por parte dos fazendeiros, e começa a ter problemas com seu próprio partido, que não se
identificava com suas lutas.Em 1979 Chico Mendes reúne lideranças sindicais, populares e religiosas na Câmara Municipal, transformando-a em um grande foro de debates. Acusado de subversão, é submetido a duros interrogatórios. Sem apoio, não consegue
registrar a denúncia de tortura que sofrera em dezembro daquele ano. Chico Mendes foi um dos fundadores
do Partido dos Trabalhadores e um dos seus dirigentes
no Acre, tendo participado de comícios com Lula na
região. Em 1980 foi enquadrado na Lei de Segurança
Nacional a pedido de fazendeiros da região, que procu-
raram envolvê-lo no assassinato de um capataz de fazenda, possivelmente relacionado ao assassinato do
presidente
do
Sindicato
dos
Trabalhadores
de Brasiléia, Wilson Sousa Pinheiro. Em 1981 Chico
Mendes assume a direção do Sindicato de Xapuri, do
qual foi presidente até sua morte. Candidato
a deputado estadual pelo PT nas eleições de 1982, não
consegue se eleger. Acusado de incitar posseiros à
violência, foi julgado pelo Tribunal Militar de Manaus, e
absolvido por falta de provas, em 1984. Liderou o 1º.
Encontro Nacional dos Seringueiros, em outubro
de 1985, durante o qual foi criado o Conselho Nacional
dos Seringueiros (CNS), que se tornou a principal referência da categoria. Sob sua liderança a luta dos seringueiros pela preservação do seu modo de vida adquiriu
grande repercussão nacional e internacional. A proposta da "União dos Povos da Floresta" em defesa
da Floresta Amazônica busca unir os interesses
dos indígenas, seringueiros, castanheiros, pequenos
pescadores, quebradeiras de coco babaçu e populações
ribeirinhas, através da criação de reservas extrativistas. Essas reservas preservam as áreas indígenas e a
floresta,além de ser um instrumento da reforma agrária desejada pelos seringueiros. Em 1987, Chico Mendes recebeu a visita de alguns membros da ONU, em
Xapuri, que puderam ver de perto a devastação da floresta e a expulsão dos seringueiros causadas por projetos financiados por bancos internacionais. Dois meses depois leva estas denúncias ao Senado norteamericano e à reunião de um banco financiador, o BID.
Os financiamentos a esses projetos são logo suspensos. Na ocasião, Chico Mendes é acusado por fazendeiros e políticos locais de "prejudicar o progresso", o
que aparentemente não convence a opinião pública
internacional. Alguns meses depois, Mendes recebe
vários prêmios internacionais, destacando-se o Global
500, oferecido pela ONU, por sua luta em defesa
do meio ambiente. Ao longo de 1988 participa da implantação das primeiras reservas extrativistas criadas
no Estado do Acre. Ameaçado e perseguido por ações
organizadas após a instalação da UDR no Estado, Men-
www.plantabrasil.brazi.us
des percorre o Brasil, participando de seminários, palestras e congressos onde denuncia a ação predatória
contra a floresta e as violências dos fazendeiros contra
os trabalhadores da região. Após a desapropriação do
Seringal Cachoeira, em Xapuri, propriedade de Darly
Alves da Silva, agravam-se as ameaças de morte contra Chico Mendes que por várias vezes denuncia publicamente os nomes de seus prováveis responsáveis.
Deixa claro às autoridades policiais e governamentais
que corre risco de vida e que necessita de garantias.
No 3º Congresso Nacional da CUT, volta a denunciar
sua situação, similar à de vários outros líderes de trabalhadores rurais em todo o país. Atribui a responsabilidade pela violência à UDR. A tese que apresenta em
nome do Sindicato de Xapuri, Em Defesa dos Povos da
Floresta, é aprovada por aclamação pelos quase seis
mil delegados presentes. Ao término do Congresso,
Mendes é eleito suplente da direção nacional da CUT.
Assumiria também a presidência do Conselho Nacional
dos Seringueiros a partir do 2º Encontro Nacional da
categoria, marcado para março de 1989, porém não
sobreviveu até aquela data.
O assassinato de Chico Mendes
Em 22 de dezembro de 1988, exatamente uma semana
após completar 44 anos, Chico Mendes foi assassinado
na porta dos fundos de sua casa por sua intensa luta
pela preservação da Amazônia. Casado com Ilzamar
Mendes, deixou dois filhos, Sandino e Elenira, na época
com dois e quatro anos de idade, respectivamente.
A justiça brasileira condenou os fazendeiros Darly Alves da Silva e Darcy Alves da Silva, responsáveis por
sua morte, a 19 anos de prisão, em dezembro de 1990.
Darly fugiu em fevereiro de 1993 e escondeu-se num
assentamento do INCRA, no interior do Pará, chegando
mesmo a obter financiamento público do Banco da Amazônia, sob falsa identidade. Só foi recapturado em
junho de 1996. A falsidade ideológica rendeu-lhe uma
segunda condenação: mais dois anos e oito meses de
prisão.
Fonte: Wikipédia