segundas residências e turismo residencial: um
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segundas residências e turismo residencial: um
SEGUNDAS RESIDÊNCIAS E TURISMO RESIDENCIAL: UM ENQUADRAMENTO TEÓRICO-METODOLÓGICO José Oliveira Maria de Nazaré Oliveira-Roca Zoran Roca CONTEXTUALIZAÇÃO GERAL A virtualidade real que atualmente vivemos, entre a globalização e a preservação dos valores identitários, parafraseando Castells, e tendo como principais agentes a geração babyboomer (MacWaters, 2008), não deixa de ser o resultado de inúmeras contradições que no ciclo de uma vida abriram caminho, nos países economicamente mais desenvolvidos, para a profunda transformação dos valores sociais tradicionais. PROPRIEDADE FAMÍLIA ESTADO RESIDÊNCIA Desmaterialização da riqueza (valores financeiros a substituírem os valores imobiliários). Reconfiguração da família (controlo da natalidade, monoparentalidade, recomposição familiar e novos núcleos com controlo absoluto sobre a fecundidade ou não baseados no sexo) Passagem de um Capitalismo Monopolista de Estado para um Estado Social (Liberal) Multiplicação dos locais e das actividades. O CONCEITO DE SEGUNDA RESIDÊNCIA Qualquer investigação sobre segundas residências, defronta-se com a falta de consenso sobre a sua definição. “the dynamic character of the second home, particularly the changing relationship between the first and second home… makes identification and measurement difficult”. Coppock (1977) Multiplicidade de termos na literatura, tais como “second homes‟, „vacation homes‟, „seasonal homes‟, „weekend homes‟, „cottages‟, „recreational homes‟, “huts”, etc. Para o Instituto Nacional de Estatística: “alojamento sazonal ou secundário é o alojamento familiar ocupado que é utilizado periodicamente e onde ninguém tem a sua residência habitual” 1º PROBLEMA METODOLÓGICO Mas... Qual a prática adotada pelo INE? Inquiridor levanta os dados sobre o edifício De seguida processa cada um dos alojamentos Alojament o está ocupado? SIM Recolhe dados sobre o alojamento. NÃO Está para venda ou aluguer ...? NÃO Residência de uso secundário ou sazonal! SIM 2º PROBLEMA METODOLÓGICO O estudo da expansão das segundas residências levanta novos problemas que as atuais estatísticas não permitem descortinar: (i) o tipo de residentes – nacionais, emigrantes ou estrangeiros; (ii) o estatuto jurídico da propriedade: proprietário ou arrendatário; (iii) o tempo de permanência – fim-de-semana, sazonal ou sazonal alargado ou em mudança alternada com a primeira residência; (iv) a localização – áreas rurais ou peri-urbanas ou “resorts” de veraneio; (v) os objetivos – recreação e lazer, negócios ou trabalho; (vi) a origem – primeiras residências que se tornaram secundárias, ou vice versa, construídas para esse propósito; (vii) o tipo de construções – novas habitações ou velhas construções recuperadas para esse fim (Roca & Leitão, 2006). NÚMERO DE SEGUNDAS RESIDÊNCIAS EM 1991 EM 2001 Legend Legend caop_conc caop_conc SEG_RES91 SEG_RES01 100 100 500 500 1.000 1.000 5.000 5.000 10.000 10.000 VARIABILIDADE DA DISTRIBUIÇÃO DAS SEGUNDAS RESIDÊNCIAS EM 1991 EM 2001 Legend caop_conc Legend SEG_RES91 caop_conc < -1 Std. Dev. SEG_RES01 -1 - 1 Std. Dev. < -1 Std. Dev. 1 - 2 Std. Dev. -1 - 1 Std. Dev. 2 - 3 Std. Dev. 1 - 2 Std. Dev. > 3 Std. Dev. > 2 Std. Dev. TAXA DE VARIAÇÃO DAS SEGUNDAS RESIDÊNCIAS, DE 1991 PARA 2001 O que aumenta efetivamente? Nº de Segundas residências País Continente -20 - 26 27 - 40 41 - 60 61 - 174 659172 634904 Var. %, 1991-2001 40,2 41,3 A residência secundária, sendo sempre o resultado de uma operação urbanística, mesmo que à escala micro e de contornos informais (a casa herdada na aldeia e que era dos pais ou dos avós), pode apresentar diferentes tipos de utilização, desde a alternância residência primária/secundária sem qualquer tipo de diferenciação em termos do dispêndio do tempo arbitrário, até ao uso exclusivo para atividades de lazer e recreio. Segunda Residência Casa do emigrante Dimensão Tempo de Utilização Dimensão Recreio e Lazer Dimensão Turismo Sazonal Esporádica Psicocentrismo Topophilia/Terraphilia Outros Usos Longa perman. Turismo de segunda residência PORQUÊ E COMO SE DESENVOLVE O FENÓMENO Oferta Procura Produção e gestão do espaço urbano Mercado imobiliário; Variação do preço do solo; Níveis de infraestruturação (papel do Estado); Variação da distância/ tempo e custo; Padrão de expansão urbana; Urbanização em meio rural; Mecanismos de gestão e controlo do uso do solo (papel do Estado); Evolução das técnicas construtivas; (…) Mudança económica e social Geografia Economia (...) Variação dos rendimentos; Constituição de uma nova classe social (“ostentação” vs. “regresso às origens”); Padrão de investimento (especulação vs. Segurança – o investimento no imobiliário em contextos de incerteza económica ou de inexistência de alternativas rendíveis); (…) PORQUÊ E COMO SE DESENVOLVE O FENÓMENO Oferta Procura Comportamento do consumidor em turismo Recursos turísticos primários Amenidades ambientais (meio natural, social e cultural); Património edificado e imaterial; Em suma, todos os factores que intervêm directamente no processo de atracção de visitantes. Geografia Economia (...) Processo de decisão; Estilo de vida; Ciclo de vida; Factores racionais e irracionais (motivações pessoais); (…) PORQUÊ E COMO SE DESENVOLVE O FENÓMENO Oferta Procura Interacção espacial e temporal Recursos turísticos secundários Todos os factores que intervêm indirectamente no processo de atracção de visitantes, isto é, que se constituem como um “valor acrescentado” no processo de fruição do território. Geografia Economia (...) Padrões de deslocação; Padrões de Utilização do tempo e do espaço; (…) PORQUÊ E COMO SE DESENVOLVE O FENÓMENO Oferta Procura Mudança demográfica Mudança demográfica Geografia Despovoamento e constituição de stocks imobiliários; (…) Economia (...) Herança / emigração, e “retorno à terra”; (…) QUE EFEITOS TEM O FENÓMENO SOBRE O DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL ? Oferta Procura Papel do Estado Sistema fiscal; Estratégias de investimento material; Estratégias de investimento imaterial; Estratégias de desenvolvimento territorial. Padrões de utilização Geografia Economia (...) Características dos utilizadores; Motivações; Sazonalidade; Actividades desenvolvidas (tempo total e arbitrário dentro de casa); (…) QUE EFEITOS TEM O FENÓMENO SOBRE O DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL ? Oferta Papel dos privados Estratégias globais de investimento; Papel dos promotores imobiliários; Adequação da oferta às necessidades da procura; (…) Procura Padrões de interação económica e cultural e efeitos sobre as alterações da identidade territorial Geografia Economia (...) Características da comunidade acolhedora; Padrões de aquisição de bens e serviços (onde consome, o quê e quanto gasta); Atividade desenvolvidas (tempo total e arbitrário fora de casa); Relacionamento social; (…) COMO ENCARAR A OPÇÃO ESTRATÉGICA PELO TURISMO RESIDENCIAL (O QUAL PREFERIMOS DESIGNAR POR TURISMO DE 2ª RESIDÊNCIA)? Desde 1969 que existe a figura do “conjunto turístico”, o qual equivale a “resort”. Para além disso, no âmbito dos aldeamentos turísticos, também se admitia a pluralidade de propriedade. Logo, desde há muitas décadas que se comercializam segundas residências no contexto da atividade turística. As segundas residências, estejam ou não integradas em empreendimentos turísticos, são geradoras de efeitos positivos e negativos. (Fotografias de Aledo Tur, 2009) Mas, será este o conceito de turismo residencial previsto no PENT? Ao nos depararmos com o exemplo espanhol, sobretudo Valenciano, não podemos deixar de ficar renitentes sobre o eventual crescimento descontrolado deste tipo de imobiliário turístico. E deixamos uma última questão para reflexão: É mais grave termos um stock (no Continente) de quase 900.000 alojamentos sobre os quais nada sabemos, ou os estimados 74 novos resorts, cujo licenciamento é devidamente escrutinado pelos poderes e opinião públicos ? Bibliografia: ALEDO, A. and MAZÓN T., 2004, Impact of residential tourism and the destination life cycle theory. 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