View - PBMC
Transcrição
View - PBMC
DRAFT I para elaboração do Capítulo 8 no Primeiro Relatório de Avaliação Nacional do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas, no âmbito do Grupo de Trabalho 1 – Base Científica das Mudanças Climáticas Forçantes radiativas naturais e antropogênicas Coordenadores do GT1: Tércio Ambrizzi Moacyr Araujo Autores Principais: Alexandre L. Correia Marcia A. Yamasoe Autores Colaboradores: Henrique M. J. Barbosa Simone S. Costa Luiz Augusto T. Machado Aline S. Procópio Rita Y. Ynoue Autores Revisores: Juan C. Ceballos Marcelo P. Corrêa Maria Assunção F. Silva Dias Fernando Martins Março/2011 Descrição do capítulo Este capítulo combina estudos dos efeitos radiativos das alterações na composição da atmosfera, no albedo da superfície, na frequência de ocorrência e cobertura de nuvens e outros efeitos na forçante radiativa regional sobre o Brasil. Forçantes naturais e antropogênicas serão estudadas em paralelo. Resultados de medidas in situ, avaliações baseadas em sensoriamento remoto, e exercícios de modelamento são considerados neste capítulo. Draft I – Primeiro Relatório de Avaliação Nacional – Capítulo 8 Capítulo 8: Forçante radiativa natural e antropogênica Conteúdo: Capítulo 8. Forçante radiativa natural e antropogênica Sumário Executivo...............................................................................................................................2 8.1 Introdução.......................................................................................................................................2 8.1.1 Objetivos e estrutura do capítulo.................................................................................................2 8.1.2 O conceito de forçante radiativa..................................................................................................4 8.2 Forçante radiativa natural...............................................................................................................5 8.2.1 Efeitos climáticos orbitais...........................................................................................................6 8.2.2 Efeitos climáticos de variações da atividade solar......................................................................7 8.2.3 Evidências do aporte de aerossol mineral da África para o Brasil..............................................8 8.2.4 O efeito radiativo de nuvens........................................................................................................9 8.3 Forçante radiativa antropogênica..................................................................................................11 8.3.1 Forçante radiativa direta do aerossol antropogênico.................................................................13 8.3.2 Forçante radiativa indireta do aerossol antropogênico..............................................................14 8.4 Efeitos da química atmosférica na composição e distribuição de gases de efeito estufa e aerossóis.............................................................................................................................................30 8.5 Expressões espaciais e temporais da forçante radiativa...............................................................32 8.6 Métricas e medidas do efeito de gases de efeito estufa................................................................32 8.7 Observações finais e recomendações...........................................................................................41 Referências.........................................................................................................................................42 Sumário Executivo O conceito de forçante radiativa permite a comparação da intensidade relativa entre diversos agentes climáticos naturais e antrópicos. [Esta seção deve ser escrita após as demais] 8.1 Introdução 8.1.1 Objetivos e estrutura do capítulo Este capítulo discute estimativas dos efeitos de forçante radiativa sobre a atmosfera e a superfície causados por agentes naturais e antrópicos sobre o Brasil. Resultados de medições in situ, inferências obtidas com sensoriamento remoto, e esforços de modelagem são considerados. As discussões deste capítulo abarcam estimativas de forçante radiativa e de efeitos radiativos para condições presentes. Observações climáticas sobre o passado são discutidas no capítulo 5 e cenários futuros de impacto climático são abordadas no capítulo 9. O capítulo inicia com a definição do conceito de forçante radiativa, explicando as sutilezas envolvendo essa definição e o tipo de qualificação que necessita ser considerada quando se comparam diferentes estimativas da forçante radiativa para um agente climático. O capítulo então aborda a importância da forçante radiativa devido a variações climáticas naturais, tais como a intensidade da atividade solar e o impacto de erupções vulcânicas, assim como a forçante de gases e aerossóis emitidos naturalmente por florestas, oceanos e a superfície terrestre. Outros efeitos radiativos tais como aqueles devido a variações orbitais e o efeito radiativo de nuvens também são discutidos. Pág. 1/46 21 Mar 2011 Draft I – Primeiro Relatório de Avaliação Nacional – Capítulo 8 A forçante radiativa antropogênica de agentes climáticos recebe ênfase destacada, uma vez que muito da literatura disponível cobre esse tópico. Mudanças no uso da terra são o principal responsável pela emissão antropogênica de CO2 no Brasil, fazendo com que o país seja atualmente o quarto maior emissor mundial desse gás (Cerri et al., 2009). Represas e barragens construídas para a geração de energia hidroelétrica contribuem com a emissão de CH 4 devido à decomposição de matéria orgânica em vastas áreas alagadas. A quantificação e o monitoramento da forçante antrópica positiva (i.e. aquela que favorece um aumento das temperaturas na superfície do planeta) originada da emissão de gases de efeito estufa (GEE) é portanto relevante para o país mas também devido ao potencial impacto de grande escala dessas emissões. Mudanças do uso do solo na Bacia Amazônica também causam uma forçante radiativa devido à mudança do albedo de superfície, em geral partindo-se de uma condição de floresta representada por baixo albedo, que é transformada em uma pastagem ou plantação com albedo mais elevado que o original. Mudanças de temperatura, umidade, e fluxos de calor latente e sensível são também consequências de atividades de mudança do uso do solo, mas não podem ser definidos como agentes de forçante radiativa uma vez que essas modificações são consideradas parte da resposta climática (cf. definição de forçante radiativa na seção 8.1.2 ). Aerossóis emitidos em atividades de queima de biomassa na Amazônia são transportados até grandes distâncias das localidades originárias dos focos de incêndio. A fumaça cobre milhões de km2 todos os anos, por cerca de 3-4 meses durante a estação seca (Agosto a Novembro). Aerossóis de queimadas interagem diretamente com a radiação solar por absorverem e espalharem luz do sol (efeitos radiativos diretos de aerossóis). Dependendo de características físicas e químicas das partículas de aerossóis e das propriedades de refletância da superfície o efeito direto dos aerossóis pode exercer uma forçante radiativa significativa no topo da atmosfera, em geral representando um efeito líquido de resfriamento sobre o Brasil que se opõe parcialmente ao aquecimento induzido por emissões de GEE, embora as escalas temporais e espaciais de vida média de aerossóis e gases sejam muito diferentes. Aerossóis também interagem indiretamente com a radiação solar, causando a modificação de propriedades de nuvens que, por sua vez, exercem efeitos radiativos sobre o clima (efeitos radiativos indiretos de aerossóis). O efeito de albedo de nuvens, também conhecido como efeito Twomey ou primeiro efeito indireto de aerossóis, refere-se à influência exercida por uma população aumentada de partículas de aerossóis que causa a redução do raio efetivo de gotas de nuvens, sob a condição de manter-se fixo o conteúdo de água líquida em uma nuvem. Gotas de nuvens menores devido a essa poluição resultam em nuvens mais brilhantes quando observadas do espaço, quando comparadas a nuvens não perturbadas, resultando assim num aumento líquido do albedo de nuvens que corresponde a uma forçante radiativa negativa ou um efeito de resfriamento sobre o clima, já que uma maior fração da radiação solar é espalhada de volta ao espaço. O efeito de aumento do tempo de vida médio de nuvens (efeito Albrecht ou segundo efeito indireto de aerossóis) postula que nuvens poluídas com gotas menores são menos eficientes na produção de precipitação, resultando numa extensão do tempo de vida médio de nuvens que contribui com um efeito de resfriamento sobre o clima uma vez que mais radiação é espalhada de volta ao espaço devido ao maior período em que a nuvem está presente. O efeito semi-direto de aerossóis indica que a absorção e o espalhamento de radiação solar por aerossóis pode modificar o perfil de temperatura atmosférica e de umidade, além de propriedades de superfície como temperatura e fluxos de umidade, calor sensível e latente. As características alteradas da atmosfera e da superfície acarretariam então em modificações em escala micro e macrofísica de propriedades de nuvens, que por sua vez induziriam efeitos climáticos. Ambos o efeito sobre a vida média de nuvens e o efeito semi-direto não podem ser considerados agentes de forçante radiativa, uma vez que implicam modificações de características atmosféricas e de superfície que tem impacto sobre o ciclo hidrológico, levando inevitavelmente a processos de retroalimentação (cf. seção 8.1.2 ). Esses Pág. 2/46 21 Mar 2011 Draft I – Primeiro Relatório de Avaliação Nacional – Capítulo 8 efeitos são, no entanto, discutidos neste capítulo uma vez que esforços buscando sua quantificação são relevantes para estudos climáticos sobre o Brasil. Este capítulo também discute a quantificação de efeitos da química atmosférica sobre a concentração e a distribuição espacial de aerossóis e GEE, que constituem os mais relevantes agentes antrópicos de forçante climática sobre o Brasil. Modelos numéricos regionais como o CATT-BRAMS (Coupled Aerosol and Tracer Transport model to the Brazilian developments on the Regional Atmospheric Modeling System) tem sido desenvolvidos particularmente ao longo da última década para a incorporação de processos físicos e químicos específicos para o país, procurando reproduzir as complexas trocas de energia, matéria e momento através do sistema acoplado superfície-atmosfera no Brasil. O modelo trata a advecção, fontes e sumidouros de aerossóis e GEE, levando em consideração padrões de uso da terra e modelos de emissão devido à combustão de biomassa, a maior fonte de aerossóis antropogênicos e GEE no país. Esses esforços tornam possíveis investigações de padrões espaciais e temporais da forçante radiativa devido a essas duas classes de agentes climáticos, permitindo um melhor conhecimento de seu impacto em escalas regionais. O capítulo trata da quantificação de métricas de emissão para GEE no Brasil. Essas métricas permitem definir um arcabouço numérico comum contra o qual o impacto de diferentes emissões de GEE podem ser avaliados e apoiar a definição de políticas climáticas por tomadores de decisões. O potencial de aquecimento global (GWP, da sigla em inglês) é uma métrica de emissão que mede quanto um dado volume de um GEE contribui fisicamente para o aquecimento global. Essa métrica é uma medida relativa que compara o potencial de aquecimento de um gás ao devido a um mesmo volume de um gás de referência, tipicamente o CO2. Um intervalo de tempo (e.g. 100 anos) deve ser definido quando se calcula o GWP. O potencial de temperatura global (GTP, da sigla em inglês) indica como a emissão de um dado GEE pode modificar a temperatura da superfície global, também usando um gás específico para comparação, usualmente tomando o CO 2 como referência (Shine et al., 2005). O capítulo conclui com observações finais e considerações, resumindo os principais resultados para a pesquisa recente sobre a forçante climática natural e antropogênica, e efeitos climáticos sobre o Brasil. Recomendações de tópicos que necessitam de maior cobertura e considerações para próximos passos em pesquisas são abordados, procurando reduzir-se as incertezas que são mais relevantes para estudos climáticos no Brasil. 8.1.2 O conceito de forçante radiativa O Quarto Relatório de Avaliação do IPCC (IPCC AR4) define o conceito de forçante radiativa (FR) como a diferença em irradiância líquida na tropopausa em unidades de Wm -2, entre um estado de referência e um estado perturbado, devido à ação de um agente forçante enquanto a temperatura de superfície e da troposfera são mantidas fixas, mas permitindo-se que a estratosfera atinja o equilíbrio radiativo (Forster et al., 2007). O relaxamento da temperatura estratosférica é importante em processos que modificam o perfil de temperatura nessa região da atmosfera (e.g. FR devido à redução de ozônio estratosférico) (Haywood and Boucher, 2000). Por exemplo, uma forçante negativa indica um maior fluxo de energia deixando o Sistema Terrestre na tropopausa para o estado perturbado devido a um agente climático, comparado ao estado de referência. Com isso tal agente representaria um efeito líquido de resfriamento sobre o clima, enquanto um agente com FR positiva indica um efeito de aquecimento climático. A escolha de um estado de referência pode ser subjetiva, sendo que alguns autores definem a era pré-industrial ou então o ano de 1750 como tal estado (e.g. Pág. 3/46 21 Mar 2011 Draft I – Primeiro Relatório de Avaliação Nacional – Capítulo 8 IPCC AR4). Uma caracterização climática da era pré-industrial depende, no entanto, de um conjunto de hipóteses e considerações para seu modelamento, e assim necessariamente essa escolha carrega um certo grau de arbitrariedade. Outra opção é considerar a completa ausência do agente forçante como estado de referência (e.g. atmosfera sem aerossóis quando se avalia a FR de aerossóis), ou ainda alguma definição de um nível “natural” ou não perturbado para o agente forçante. Avaliações da FR feitas com definições diferentes sobre o estado de referência resultam em valores diversos para a mesma forçante, portanto qualquer comparação entre estimativas da FR deve esclarecer se a mesma referência foi utilizada. A definição da FR delineada acima proíbe de forma decisiva a inclusão de processos de retroalimentação em estimativas de forçante, uma vez que esses processos envolvem mudanças (i.e. respostas do sistema) em propriedades atmosféricas ou de superfície, que levam a modificações no agente em si. A distinção entre o quê exatamente constitui um agente forçante do clima, e o que são as respostas climáticas ou processos de retroalimentação pode estar sujeita a debate na comunidade científica (Forster et al., 2007). Respostas do sistema climático e sua retroalimentação exercem um papel fundamental e precisam ser levados em consideração quando se pretende avaliar cenários climáticos completos e seus padrões espaciais e temporais, mas não são considerados agentes de FR neste capítulo assim como não o são no IPCC AR4. Pode-se discutir o efeito radiativo devido à uma resposta climática iniciada por um agente climático, mas é importante distinguir esse termo do conceito de FR (Haywood and Boucher, 2000). Neste capítulo os termos efeito radiativo e forçante radiativa são empregados rigorosamente seguindo a definição acima, em acordo com o utilizado pelo IPCC AR4. A utilidade do conceito de FR vem da ideia de linearidade entre a resposta climática e a forçante. Neste modelo simplificado uma mudança na temperatura da superfície média global pode ser calculada pela multiplicação de um coeficiente linear (o parâmetro de sensibilidade climática) pela FR devido a um dado agente, e assim em princípio a eficácia de diferentes agentes pode ser comparada. Entretanto, em geral as comparações não são diretas, uma vez que os padrões espaciais e temporais da FR global podem diferir significativamente entre agentes. O conceito de FR tem a limitação de não descrever a resposta climática completa devido a um certo agente, mas por outro lado os modelos climáticos necessários para se avaliar tal resposta climática ainda tem grandes divergências, então ultimamente o conceito de FR, mais simples que a resposta climática, representa na verdade uma ferramenta mais confiável para se medir e comparar os efeitos de agentes de FR. Outras considerações devem ser levadas em conta quando se comparam diferentes avaliações da FR de um agente climático. Em geral a FR depende do comprimento de onda da radiação, assim uma distinção sobre o regime radiativo de ondas curtas, ondas longas ou um intervalo específico de comprimento de onda deve ser discutido. É possível definir ainda a forçante à superfície ou um perfil atmosférico da forçante para um agente, mas apesar dessas definições serem úteis para a quantificação de saldos de energia na interface superfície-atmosfera, elas não podem ser diretamente comparadas aos valores de FR que se referem estritamente à região da tropopausa (Forster et al., 2007). A FR de um agente pode ainda ser avaliada instantaneamente, ou em médias temporais diárias, mensais, ou considerando outros intervalos de tempo. A variabilidade espacial da FR pode ser avaliada para uma região específica, ou uma estimativa global da FR pode ser estimada. É portanto necessário destacar possíveis divergências na metodologia usada para o cálculo de médias temporais e espaciais quando se comparam diferentes avaliações da FR. 8.2 Forçante radiativa natural Pág. 4/46 21 Mar 2011 Draft I – Primeiro Relatório de Avaliação Nacional – Capítulo 8 O clima do Sistema Terrestre é controlado por diversos agentes e processos naturais envolvendo relações complexas entre subsistemas e efeitos de retroalimentação. Alguns agentes climáticos naturais atuam modificando a irradiância líquida na tropopausa, e assim é possível definir para tais agentes uma FR natural sobre o Sistema Terrestre, para os quais o estado de referência em geral é considerado como a ausência do agente em questão, ou uma estimativa de sua condição na era préindustrial. A importância relativa entre as várias FR naturais depende da escala de tempo considerada. Em escalas de milhões a milhares de anos o principal agente climático natural são as variações orbitais, que contribuem com uma FR pela modificação da irradiância descendente na tropopausa em razão de mudanças da geometria orbital. Mudanças internas solares (e.g. ciclo de 11 anos do vento solar) contribuem também modificando a irradiância descendente na tropopausa e representam assim uma FR importante em escalas de dezenas a centenas de anos. Na ausência de perturbações antrópicas a influência de emissões de gases e aerossóis por florestas, solos (aerossóis minerais) e pela superfície oceânica traduz-se em uma FR natural pela interação desses aerossóis e gases com a radiação solar. Em regiões da floresta amazônica foram identificadas partículas de aerossol natural provenientes de áreas desérticas na África (REF), o que pode ter influências na biogeoquímica da região amazônica, mas também pode apresentar um impacto radiativo importante, apesar de não haverem quantificações dessa FR. Emissões vulcânicas de gases e aerossóis exercem uma FR natural devido à absorção e espalhamento de radiação solar, podendo modificar o equilíbrio radiativo da atmosfera regionalmente e mesmo globalmente após grandes erupções (Khan et al., 2009), com efeitos que podem durar por meses até anos, no entanto não foram encontrados trabalhos mostrando estimativas dessa FR natural sobre o Brasil. Na realidade, os estudos efetuados no Brasil, até a presente data, não buscaram estimar a forçante radiativa natural, mas inferir sua influência sobre o clima brasileiro. Alguns estudos, por exemplo, tentaram relacionar variabilidades observadas na quantidade de precipitação (Echer et al., 2008, Cruz et al., 2009) e na espessura de anéis de crescimento de árvores (Nerdemann et al., 2005, Rigozo et al., 2007 e Rigozo et al., 2008), considerando distintas escalas temporais, conforme a amostra analisada. Esses trabalhos avaliaram principalmente a influência de variações na irradiância solar através da análise de manchas solares sobre as variáveis estudadas. A influência das partículas de aerossóis sobre o clima acontece tanto do ponto de vista radiativo quanto por afetar o ciclo biogeoquímico de alguns elementos essenciais ao ecossistema terrestre. Do ponto de vista de ciclos biogeoquímicos, estudou-se o aporte de minerais a partir do transporte de poeira do deserto do Saara para a região amazônica (Ansmann et al., 2009, Huang et a., 2010, Ben-Ami, et al., 2010). Neste sub-tópico, um resumo dos principais resultados obtidos nessas pesquisas é apresentado. 8.2.1 Efeitos climáticos orbitais O trabalho de Cruz e colaboradores (2009) avaliou espeleotemas (estalagmites) coletados na região Nordeste do Brasil para reconstruir a precipitação que ocorreu nos últimos 26 mil anos sobre a região. Para tanto, analisaram registros de isótopos de oxigênio presentes nos espeleotemas coletados em cavernas, localizadas no estado do Rio Grande do Norte. De acordo com os autores, a composição isotópica da chuva nos sítios onde foram coletadas as amostras é majoritariamente influenciada pela quantidade de precipitação. Ocorre um decréscimo de δ18O com o aumento da quantidade total de precipitação, em escalas interanuais e sazonais. A idade cronológica das estalagmites se baseou em 48 subamostras submetidas à espectroscopia de massa por plasma Pág. 5/46 21 Mar 2011 Draft I – Primeiro Relatório de Avaliação Nacional – Capítulo 8 induzido acoplado (ICP-MS, da sigla em inglês). A variabilidade de δ18O no tempo observada nos espeleotemas analisados e os resultados de um modelo computacional de circulação geral, que inclui um módulo de análise isotópica, mostraram que as variações da precipitação na região tropical da América do Sul apresentam defasagem entre escalas de tempo hemisféricas e orbitais. A defasagem é decorrente da intensidade alternada de radiação solar incidente sobre os dois hemisférios que afeta a intensidade do regime de monções e a posição da circulação meridional atmosférica das células de Hadley. Durante o Holoceno, foi identificada uma defasagem de precipitação similar, porém orientada zonalmente no mesmo hemisfério, na qual a região Nordeste do Brasil apresentou condições úmidas durante períodos de baixa insolação no verão e condições secas quando a quantidade de radiação solar era alta, ao passo que as demais regiões tropicais mais ao sul da América do Sul apresentaram características opostas. Além disso, o aquecimento radiativo sobre a América do Sul tropical e os ajustes associados à subsidência de larga escala sobre o Nordeste do Brasil provocaram uma forçante remota sobre as monções da América do Sul, que determinaram grande parte da variabilidade da precipitação sobre a região em escalas temporais orbitais. 8.2.2 Efeitos climáticos de variações da atividade solar Echer et al. (2008) analisaram totais anuais de precipitação em uma escala temporal menor, de cem anos, a partir de medidas realizadas na região de Pelotas, Rio Grande do Sul, e utilizaram as técnicas espectral clássica, de ondeletas e de potência cruzada de ondeletas. A potência cruzada indica a escala de alta covariância entre duas séries temporais. A série temporal de precipitação cobriu os anos de 1895 a 1994 e as forçantes naturais analisadas foram o El Niño, a partir do índice de oscilação sul, oscilação quasi-bienal e atividade solar, esta, a partir da série temporal de manchas solares (Rz, com ciclo característico de aproximadamente 11 anos e Rz22, ciclo de aproximadamente 22 anos, também denominado ciclo duplo de manchas solares). A análise clássica mostrou que a precipitação, durante o período coberto pela análise, apresentou vários ciclos de períodos curtos, entre 2,2 e 5,6 anos e períodos de 8,9 a 11,7 anos. A análise de ondeletas identificou um ciclo intermitente com período de aproximadamente 2 a 8 anos. A análise de potência cruzada mostrou que a precipitação e a oscilação quasi-bienal apresentaram correlação em períodos de 2 a 3 anos de forma contínua ao longo do intervalo temporal analisado. A precipitação e o índice de oscilação sul apresentou potências cruzadas maiores a redor de 4 a 8 anos, de forma esporádica. O número de manchas solares (Rz) e a precipitação apresentaram alta potência cruzada ao redor do período de 11 anos do ciclo solar, embora de forma esporádica, isto é, a potência cruzada apresentou-se alta e baixa. Finalmente, com Rz22 (ciclo duplo de manchas solares), a potência cruzada com a precipitação observada mostrou-se alta ao redor de 20 a 22 anos, com duração mais persistente quando comparada ao ciclo de 11 anos. Os autores concluíram que a principal forçante natural a influenciar a variabilidade da precipitação observada em Pelotas é o El Niño, com aumento da quantidade de precipitação na região durante eventos de El Niño. A dependência multi-linear simples entre a atividade solar, El Niño e oscilação quasi- bienal explicaram apenas 30% da variabilidade observada. Os 70% restantes podem estar associados a acoplamentos não lineares entre a atividade solar, El Niño, oscilação quasi-bienal, e outros fatores ainda passíveis de investigação. A influência de forçantes naturais sobre a espessura de anéis de crescimento de árvores também se baseou em análise espectral e de ondeletas. As amostras analisadas foram coletadas no Brasil e no Chile (Nordemann et al., 2005 e Rigozo et al., 2007) e apenas no Brasil (Rigozo et al., 2008). No estudo de Nordemann e colaboradores, as árvores analisadas tinham 200 anos (brasileira) e 2500 Pág. 6/46 21 Mar 2011 Draft I – Primeiro Relatório de Avaliação Nacional – Capítulo 8 anos (chilena). No trabalho de Rigozo et al. (2007) as árvores analisadas tanto brasileiras quanto chilenas correspondiam ao período entre 1837 e 1994. Finalmente, as árvores analisadas no trabalho de Rigozo et al. (2008) representaram o período entre 1741 e 2004). As árvores brasileiras foram coletadas em localidades do sul do país, mais especificamente dos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. As forçantes naturais avaliadas foram a atividade solar, através do número de manchas solares e o El Niño, a partir do índice de oscilação sul. Os resultados mostraram que as árvores sofreram influência tanto da atividade solar quanto de efeitos mais locais, como o El Niño, sendo que as árvores brasileiras são mais sensíveis à variação na atividade solar, ao passo que as espécies chilenas apresentaram maior variabilidade associada aos períodos característicos do El Niño. Vale ressaltar que a influência do número de manchas solares sobre o crescimento das árvores ainda não é bem compreendida. A variabilidade na irradiância solar total em princípio é desprezível no que diz respeito à atividade fotossintética e, por esse motivo, alguns autores discutem a possibilidade de que variações na atividade solar causem alterações no padrão de precipitação ou do perfil vertical de temperatura, afetando indiretamente o crescimento das árvores. 8.2.3 Evidências do aporte de aerossol mineral da África para o Brasil Desde a década de 1980, vários autores discutiram o transporte de poeira do deserto do Saara para a região amazônica (Prospero et al., 1981, Artaxo et al., 1990, Swap et al., 1992, entre outros), a partir de medidas in situ ou a bordo de aeronaves. Neste capítulo, serão discutidos os principais resultados de dois trabalhos que analisaram imagens de satélites para estudar esse transporte. O artigo de Huang e colaboradores (2010) analisaram imagens de profundidade óptica do aerossol a partir de medições realizadas pelo sensor MODIS (Moderate Resolution Imaging Spectroradiometer) a bordo do satélite Aqua e de perfis verticais de poeira obtidos com o CALIPSO (Cloud-Aerosol Lidar and Infrared Pathfinder Satellite Observation). As imagens analisadas foram obtidas durante os anos de 2003 a 2007. Os autores observaram que a pluma de poeira viaja a uma velocidade média de 1000 km por dia e atinge a América do Sul em média uma semana após sua emissão. Os eventos que atingem a América do Sul são mais frequentes nos períodos de inverno e primavera do Hemisfério Norte (entre dezembro e fevereiro e entre março a maio, respectivamente), e estão relacionados ao movimento sazonal da ZCIT (Zona de Convergência Intertropical). Ben-Ami e colaboradores (2010) analisaram um evento de transporte de poeira para a Amazônia, entre os dias 11 e 27 de fevereiro de 2008. Nesse estudo, analisaram imagens dos satélites Terra, Aqua e CALIPSO e concentração elementar a partir de amostras coletadas em filtros durante o experimento AMAZE-08 (Amazonian Aerosol Characterization Experiment), realizado entre 7 de fevereiro e 14 de março de 2008, em um sítio experimental localizado a 60 km a NNO de Manaus, em floresta tropical primária. A partir da emissão, detectada a partir de imagens de satélite, acompanharam a pluma durante o deslocamento sobre o oceano Atlântico, incluindo informações sobre a profundidade óptica do aerossol obtida, ainda sobre o continente africano, em Ilorin, Nigéria, a partir de um fotômetro da rede AERONET (Aerosol Robotic Network). Após a chegada da pluma sobre a Amazônia, a análise elementar dos filtros permitiu a observação do aumento das concentrações de metais traçadores de poeira, como Al, Si, Ti, Fe e Mn, em aproximadamente uma ordem de magnitude. Finalmente análise de trajetórias obtidas com o modelo HYSPLIT (HYbrid SingleParticle Lagrangian Integrated Trajectory) confirmaram o trabalho de Koren et al. (2006) que indicaram a origem das massas de ar sobre a depressão de Bodélé, uma das mais ativas fontes de poeira, cuja emissão é máxima durante os meses de inverno do Hemisfério Norte. Cabe ressaltar que, durante os meses de inverno do Hemisfério Norte, a região do Sahel produz grandes quantidades de aerossol devido à queima de biomassa e, portanto, grande parte do transporte de poeira chega à América do Sul misturada com a fumaça das queimadas. Em alguns casos, a Pág. 7/46 21 Mar 2011 Draft I – Primeiro Relatório de Avaliação Nacional – Capítulo 8 contribuição de partículas oriundas das queimadas pode ser maior que a de poeira, conforme Ansmann et al., (2009). Esses autores estudaram o transporte de partículas de aerossol de poeira e de queimadas utilizando dois instrumentos Raman Lidar, um instalado em Praia, Cabo Verde, e o segundo em Manaus, Brasil, também durante o mês de fevereiro de 2008. Na região de Cabo Verde, a pluma de aerossóis consiste de várias camadas, atingindo altitudes de até 5,5 km. Com a chegada de tais plumas, a profundidade óptica do aerossol, na região Amazônica, pode chegar a 0,3, no canal de 550 nm, de forma mais uniforme e com altura máxima de 3,5 km. Novamente, conforme mencionado no início desta discussão, não há trabalhos que efetivamente estimaram a forçante radiativa natural sobre o Brasil. É evidente a dificuldade em atribuir a variabilidade observada sobre a precipitação com forçantes naturais, em escalas de tempo que caracterizam o clima de uma determinada região. Como discutido pelos autores (Echer et al., 2008), particularmente para a região de Pelotas, isso pode ser devido a dependências não lineares entre as forçantes naturais avaliadas (atividade solar, El Niño e oscilação quasi-bienal). Entretanto, a influência de forçantes antrópicas não foi investigada. O mesmo se pode dizer com relação à análise do crescimento de anéis de árvores e particularmente do transporte de poeira do deserto do Saara. Como visto, o aporte de poeira pode conter contaminação importante de fumaça devido à ação humana com a queima de biomassa na África. Essa mistura mostra que, mesmo neste caso, a obtenção de uma estimativa da forçante radiativa direta sobre a região amazônica, devido ao transporte de poeira, é dificultada pela presença da fumaça de queimadas. 8.2.4 O efeito radiativo de nuvens Formalmente os efeitos radiativos de nuvens não se encaixarem na definição de FR segundo a definição apresentada na seção 8.1.2 devido à incidência de processos de retroalimentação climática. No entanto, esses efeitos radiativos naturais são fundamentais para o clima em escalas de tempo de décadas a séculos, sendo um dos tópicos que mais necessitam de estudos e avanços conceituais em modelos climáticos. As nuvens constituem um dos principais componentes do sistema climático para a determinação da quantidade de energia solar absorvida pela superfície terrestre, a radiação telúrica perdida para o espaço e os processos de retroalimentação do sistema climático. Enquanto as nuvens controlam a energia do sistema climático, elas são extremamente dependentes da superfície e das condições atmosféricas que originam diferentes tipos de nuvens, com diferentes propriedades radiativas. A convecção na região tropical é o principal mecanismo para exportar o excesso de energia para as regiões com déficit de energia. Neelin e Held (1987) argumentam que a divergência do fluxo de energia no topo da atmosfera é positiva se os fluxos na superfície (latente e sensível) são maiores que o resfriamento radiativo da troposfera. Os fluxos na superfície são as principais fontes de energia estática úmida na camada abaixo da nuvem para gerar movimentos ascendentes e formar nuvens, e assim mudar os processos de resfriamento e aquecimento radiativo da atmosfera. Esse complexo sistema radiativo é acoplado ao sistema dinâmico e termodinâmico que determinam a dinâmica das nuvens. O conhecimento dos processos de interação das nuvens com a radiação e vice-versa é fundamental para simular com precisão os diferentes cenários de mudanças climáticas. Os processos de retroalimentação das nuvens e radiação dependem do conhecimento das nuvens, da interação com os aerossóis naturais e antropogênicos (cf. seção 8.3.2 ) e os processos de formação dos diferentes hidrometeoros. O aquecimento global pode gerar uma mudança no comportamento e na distribuição das nuvens e de suas propriedades, mudanças essas que podem ser significativas através de uma retroalimentação Pág. 8/46 21 Mar 2011 Draft I – Primeiro Relatório de Avaliação Nacional – Capítulo 8 positiva ou negativa, favorecendo ainda mais o aquecimento, ou agindo como um termostato, resfriando a temperatura do planeta compensando parcialmente o aumento devido os gases do efeito estufa. Para a análise específica do efeito de retroalimentação das nuvens foram concebidos vários sensores orbitais, como o ERBE (Earth Radiation Budget Experiment, cf. Barkstrom (1984) para uma descrição detalhada). Os radiômetros desenvolvidos para esse fim medem basicamente a radiação emergente no topo da atmosfera na banda das ondas curtas (a radiação solar refletida pelo sistema terrestre) e no infravermelho (a radiação emitida pelo sistema terrestre). Atualmente o radiômetro orbital que é a referência para esse tipo de estudo é o CERES (Clouds and the Earth's Radiant Energy System) (Smith et al., 1994). Esse sensor está instalado nos satélites polares Terra, Aqua e no satélite equatorial TRMM atualmente em órbita, e está previsto também para a próxima geração de satélites NPP (National Polar-orbiting Operational Environmental Satellite System (NPOESS) Preparatory Project). O GERG (Geostationary Earth Radiation Budget), (Harries et al., 2005) é outro sensor do mesmo tipo, a bordo do satélite MSG (Meteosat Second Generation), sendo o primeiro radiômetro para avaliação do balanço de radiação em um satélite geoestacionário, portanto com medidas de uma grande resolução temporal comparadas a medidas efetuadas em satélites polares. Além da questão da resolução temporal, que é muito importante no estudo do balanço radiativo do planeta dado que o tempo de vida médio de nuvens varia entre minutos e horas. Com base nas medidas disponíveis diversos grupos se esforçaram para compilar resultados globais buscando avaliar o balanço de radiação do planeta e compreender os possíveis efeitos de retroalimentação das nuvens. Dois conjuntos de dados podem ser considerados como os mais importantes à disposição, o ISCCP (International Satellite Cloud Climatology Project) (Rossow e Schiffer, 1983) e o ERBE (Wilicki e Green, 1989). O efeito radiativo das nuvens pode ser analisado através da observação por satélites ou através da combinação de propriedades médias das nuvens e da atmosfera e o uso de modelos radiativos. Esses modelos permitem simular o balanço de radiação e estudar em detalhes o efeito de cada tipo de nuvem e seus mecanismos de retroalimentação. Modelos de circulação geral da atmosfera (CGA) descrevem as propriedades físicas da atmosfera e modelos radiativos acoplados aos modelos CGAs permitem avaliar o efeito no clima devido mudanças antropogênicas ou naturais. Embora tenha havido um significativo aumento no conhecimento que permita desenvolver tais modelos, ainda existem muitas incógnitas para descrever com precisão os processos que controlam a interação da radiação solar e telúrica com a superfície da terra, atmosfera e nuvens. Existem incoerências entre observações e as simulações utilizando esses modelos radiativos. As nuvens são as principais fontes de incertezas desses modelos principalmente na quantificação dos processos de gelo (cristais de gelo com diferentes formatos e diferentes densidades) e na camada mista água-gelo, i.e. ainda há divergências significativas na determinação e na parametrização dessa camada no interior de nuvens. Além disso, os efeitos tridimensionais dos processos de espalhamento radiativo das nuvens e sua interação com os outros campos de nuvens precisa ser ainda muito aprimorado (Cahalan et al., 2005). Em menor efeito, mas também importante no balanço radiativo, mesmo a radiação de céu claro no infravermelho, que apresenta significativo avanço em modelos radiativos (Turner et al. 2004), ainda apresenta discrepâncias devido ao complexo espectro de absorção do vapor d’água (Patashnik et al. , 2004). Para a região tropical Machado e Rossow (1993) apresentaram um estudo discutindo o efeito dos sistemas convectivos nos mecanismos de retroalimentação das nuvens, levando em conta não somente o efeito no topo da atmosfera como é comumente analisado, mas os efeitos do aquecimento na coluna atmosférica que pode estabilizar ou instabilizar a coluna inibindo ou auxiliando o desenvolvimento da convecção. Esses estudos concluem que o efeito radiativo médio diário das nuvens no topo da atmosfera devido os sistemas convectivos são relativamente pequenos: a parcela composta por nuvens cirrus contribui com um efeito radiativo positivo, mas nuvens convectivas e Pág. 9/46 21 Mar 2011 Draft I – Primeiro Relatório de Avaliação Nacional – Capítulo 8 estratiformes apresentam efeitos negativos, resfriando o sistema terrestre. Essa ação média quase nula é resultado de um ajuste de efeitos que aquecem e resfriam em diferentes níveis da atmosfera. O efeito médio geral das nuvens de resfriarem a superfície e aquecerem a atmosfera contribui para a estabilização da atmosfera e pode favorecer o decréscimo da incidência de nuvens rasas e assim gerar um importante efeito de retroalimentação com o resfriamento do planeta. Os perfis verticais de aquecimento e resfriamento radiativo podem ser importantes para sistemas convectivos de longa duração. Por exemplo, o ciclo diurno da convecção nos oceanos, com máximo no período da noite, pode ser explicado pelo efeito de aquecimento da coluna atmosfera e resfriamento do topo da atmosfera gerando uma circulação direta (Gray e Jacobson, 1977). Chen e Cotton (1982) mostraram que o efeito radiativo das nuvens pode ser importante para dinâmica dos sistemas de mesoescala e consequentemente para a circulação geral do planeta. O efeito radiativo do anvil (que corresponde à maior área do sistema convectivo) age para instabilizar as camadas médias da atmosfera que reforça a circulação em mesoescala, que por sua vez sustenta uma maior intensidade de convecção. Embora mencionado que o efeito radiativo líquido do sistema convectivo no topo da atmosfera é praticamente nulo (um pequeno resfriamento), esses resultados foram obtidos considerando as propriedades médias de nuvens e as mantendo durante todo o dia. Contudo, esse efeito deve ser considerado regionalmente e em função do ciclo de vida do sistema convectivo e do ciclo diurno. Sistemas noturnos tendem a ter um efeito radiativo líquido positivo, enquanto nuvens diurnas tendem a apresentar efeitos radiativos negativos. Miller et al. (2011) estimaram o efeito radiativo de diferentes tipos nuvens em diferentes regiões. Na região amazônica os cálculos mostram que as nuvens contribuem com -76 Wm -2 para o balanço radiativo à superfície, +26 Wm -2 nas camadas atmosféricas médias e com +78 Wm-2 no topo da atmosfera. 8.3 Forçante radiativa antropogênica Definições de forçantes radiativas antropogênicas. Forçantes devido a: gases de efeito estufa: CO2, CH4, N2O, Halocarbonos, CFCs ozônio troposférico e estratosférico mudança de uso da terra (albedo) – queimadas de florestas e cana de açúcar aerossóis de black carbon sobre os Andes [impacto de albedo, relevante devido a hidrologia ?] efeitos diretos de aerossóis (absorção/espalhamento) efeito direto de aerossóis (produção de radiação difusa: fotossíntese) efeito de aerossóis sobre o albedo de nuvens [Twomey ou primeiro efeito indireto] aviação [trilhas de condensação persistentes (albedo); injeção de vapor na estratosfera] [O 4o. Relatório do IPCC não trata de forçantes devido a outros efeitos de aerossóis em nuvens, como por exemplo a extensão do tempo de vida médio de nuvens (efeito Albrecht) ou o efeito semi-direto, no qual o aquecimento de parcelas de ar devido a absorção de radiação por aerossóis causa um efeito estabilizador que impede a formação de nuvens. A justificativa do 4o. Relatório é que há muitas incertezas associadas a esses processos, então não seria possível quantificar objetivamente essas forçantes. No entanto, esses efeitos são discutidos no relatório, numa seção que discute interações ou acoplamentos. No 1o. RAN não haverá uma seção sobre Pág. 10/46 21 Mar 2011 Draft I – Primeiro Relatório de Avaliação Nacional – Capítulo 8 interações.] Introdução FORCANTE AEROSSOIS A emissão de partículas de aerossóis de origem antropogênica, principalmente sulfatados e “carbonaceous”, aumentou significativamente os níveis de concentração dos aerossóis na atmosfera desde os níveis pré-industriais até hoje. Aerossóis podem afetar o sistema climático de três diferentes maneiras. Primeiro, eles espalham e podem absorver radiação solar. Segundo, eles podem espalhar, absorver e emitir radiação infravermelha. Estes dois mecanismos são conhecidos como efeitos diretos. Aerossóis também funcionam como núcleos de condensação de nuvens (CCN 1) e de gelo (IN2) e podem alterar as propriedades microfísicas das nuvens e assim a interação destas com o campo de radiação. Este terceiro mecanismo é chamado de efeito indireto, e é geralmente divididos em duas componentes. No chamado primeiro efeito indireto, um aumento na concentração de aerossóis leva a um aumento na concentração e redução do tamanho das gotas de nuvens (Twomey, 1974). Este é também chamado de efeito sobre o albedo das nuvens ou efeito Twomey. No segundo efeito indireto, a redução no tamanho das gotas afeta a eficiência de precipitação, aumentando o conteúdo de água líquida e o tempo de vida (Albrecht, 1989), e aumentando também a espessura óptica da nuvem (Pincus e Barker, 1994). Este é também chamado de efeito sobre o tempo de vida das nuvens. Existe ainda o efeito semi-direto, quando o aerossol intersticial, tipicamente “black carbon”, absorve radiação, esquentando a nuvem e provocando a evaporação das gotículas e redução do tempo de vida ou até mesmo inibição de formação da nuvem. Como pode-se notar, vários dos efeitos dos aerossóis no clima estão ligados a sua interação com as nuvens. As nuvens são um dos mais importantes componentes do balanço de radiação do sistema terrestre. Elas cobrem em torno de 60% da superfície e refletem 48Wm-2 de radiação solar de volta para o espaço. Esta perda de energia é compensada parcialmente pelo aprisionamento de 30Wm-2 de radiação infravermelha que escaparia do sistema climático se não fosse interceptado pela cobertura de nuvens. Ainda assim, o efeito resultante é de esfriamento, a partir do topo, o sistema climático terrestre. Desta forma, entender a interação aerossóis-nuvens-clima é fundamental. De fato, Collins et al. (1994) mostraram, com dados do “Earth Radiation Budget Experiment” (ERBE), que pequenas mudanças nas propriedades macroscópicas (cobertura e distribuição espacial) e/ou microscópicas (distribuição de tamanho e fase termodinâmica) têm efeitos importantes no clima. Por exemplo, Ramaswamy et al. (2001) estimaram que o resfriamento devido a um aumento de 5% na forçante de onda curta das nuvens seria o suficiente para compensar o aumento de temperatura devido ao aumento de gases de efeito estufa. Apesar do interesse crescente na última década no clima e nas mudanças climáticas, o entendimento 1 Do inglês Cloud Condensation Nuclei 2 Do inglês Ice Nuclei Pág. 11/46 21 Mar 2011 Draft I – Primeiro Relatório de Avaliação Nacional – Capítulo 8 dos possíveis impactos das forçantes climáticas nas nuvens, principalmente no que diz respeito aos mecanismos de retroalimentação ligados aos aerossóis, permanecem como as maiores incertezas nos modelos climáticos (Cess et al., 1990; Houghton et al., 1996). A maioria dos modelos climáticos, usados para prever o clima futuro, incluem o esfriamento radiativo devido ao efeito direto dos aerossóis, mas muitos ainda ignoram totalmente os efeitos indiretos ou consideram apenas o efeito Twomey (Roeckner et al, 1999; Boer et al., 2000). 8.3.1 Forçante radiativa direta do aerossol antropogênico Os efeitos climáticos diretos dos aerossóis são os mecanismos que afetam diretamente a radiação solar através do espalhamento e da absorção desta, podendo levar tanto ao aquecimento quanto ao resfriamento da superfície terrestre e da atmosfera, dependendo das propriedades ópticas destes aerossóis. A forçante negativa dos aerossóis indica um aumento na saída de irradiância solar da atmosfera terrestre quando comparado a um estado de referência, enquanto a forçante positiva indica uma diminuição desta saída de irradiação. O estado de referência é um valor que pode variar entre trabalhos distintos, dificultando a comparação entre eles. Os autores adotam diferentes cenários, que variam desde uma comparação com uma atmosfera sem a presença de aerossóis a uma atmosfera com concentração de fundo de aerossóis. Esta concentração de fundo é subjetiva, pois pode ser a concentração da era pré-industrial (referência assumida no IPCC), que por sua vez depende de várias considerações assumidas em modelos, ou pode ser a concentração natural dos aerossóis na atmosfera, antes da perturbação imposta pela atividade antrópica em questão. Observações por satélite com o uso de múltiplos sensores (MODIS, MISR e CERES, a bordo da plataforma Terra) sobre a Região Amazônica foram utilizadas para a estimativa das médias diurnas das forçantes radiativas diretas dos aerossóis no topo da atmosfera para dias sem nuvens (Patadia et al., 2008). As forçantes foram encontradas pela diferença entre as irradiâncias obtidas pelo CERES na ausência e na presença de aerossóis. Estes valores não podem ser obtidos simultaneamente para um mesmo pixel, portanto foi utilizada uma aproximação para a irradiância quando a espessura óptica dos aerossóis fosse zero, através da intercepção da linha de regressão entre as espessuras ópticas e a irradiância solar na presença de aerossóis, obtidas, respectivamente, pelo MIRS e pelo CERES. Foram analisadas observações de cinco anos entre 2000 a 2005 (com exceção de 2004) e as forçantes radiativa dos aerossóis encontradas variaram entre -5,2 Wm-2 a - 9,4 Wm-2, com média no período de -7,6 Wm-2. As espessuras ópticas dos aerossóis (560 nm) correspondentes variaram de 0,15 a 0,36, sendo a média dos cinco anos para os meses de agosto e setembro igual a 0,24. Simulações com o modelo climático regional RegCM3 estimaram a distribuição espacial da forçante radiativa direta dos aerossóis na Região Amazônica (Zhang et al., 2008). O sensor MODIS e o modelo GOCART forneceram dados de entrada da distribuição espacial da espessura óptica dos aerossóis (550 nm), do fator de assimetria e do albedo simples de espalhamento na Região Amazônica para o período estudado, em setembro de 2002. As forçantes foram calculadas assumindo-se a pluma de fumaça distribuída homogeneamente em uma camada de 3 km de altitude, assumindo-se como estado de referência a ausência de aerossóis atmosféricos. Os resultados apontam valores da forçante radiativa direta dos aerossóis sem a presença de nuvens variando entre -4 a -8 Wm-2, no topo da atmosfera, e entre -15 a -35 Wm -2 na superfície. As eficiências dessas forçantes radiativas diretas sem nuvens, definidas como as forçantes normalizadas pela espessura óptica dos aerossóis (τ), foram de aproximadamente -10 a -15 Wm-2 τ-1 no topo da atmosfera, e de -70 a -80 Wm-2 τ-1 na superfície. Pág. 12/46 21 Mar 2011 Draft I – Primeiro Relatório de Avaliação Nacional – Capítulo 8 Cálculos realizados através do modelo climático regional acoplado ao modelo de transferência radiativa na coluna atmosférica (ambos do NCAR), considerando como estado de referência a espessura óptica dos aerossóis igual a zero, permitiram estimativas das forçantes radiativas dos aerossóis sem a presença de nuvens e com a presença de nuvens para os meses de agosto e setembro de 1995 na Região Amazônica (Liu, 2005). A forçante radiativa regional média no topo da atmosfera para o caso sem a presença de nuvens foi de -16,5Wm -2, enquanto com a presença de nuvens e considerando o feedback atmosférico foi de -9,8Wm-2. Nas simulações a pluma de fumaça foi distribuída homogeneamente em uma camada de 2,5 km de altitude e a espessura óptica dos aerossóis foi considerada constante e igual a 0,75 (no visível médio). Um albedo simples de espalhamento de 0,88 (550 nm) foi assumido e a dependência espectral das propriedades ópticas dos aerossóis foi determinada com base em polinômios de quarta ordem. Medidas de sensoriamento remoto obtidas através da AERONET e do sensor MODIS (plataforma Terra) possibilitaram análises temporais e espaciais das forçantes radiativas dos aerossóis na Região Amazônica (Procopio et al., 2004). Foi apresentada uma análise de sete anos (de 1993 a 1995 e de 1999 a 2002) das médias diárias das forçantes radiativas dos aerossóis sem a presença de nuvens para dois locais impactados pelas partículas de queimadas. As forçantes diárias foram calculadas com o modelo de transferência radiativa (SBDART), assumindo-se a condição de referência de espessura óptica de 0,11 (500 nm), valor médio dos períodos de estação úmida obtido através da AERONET, e com a pluma de fumaça distribuída homogeneamente em uma camada de 1,6 km de altitude. As forçantes foram parametrizadas em função da espessura óptica dos aerossóis, assumindo-se nos cálculos a dinâmica espectral das propriedades ópticas dos aerossóis. As médias calculadas das forçantes dos aerossóis durante as estações seca (de agosto a outubro) variaram entre -5,3 e -12,0 Wm-2, no topo da atmosfera, e entre -21,5 e -73,6 Wm -2, na superfície, para espessuras ópticas médias observadas pela AERONET entre 0,52 e 1,83 (500 nm). A distribuição espacial das forçantes derivadas das espessuras ópticas obtidas pelo MODIS sobre a Amazônia mostrou que a área afetada é de 1,2 a 2,6 milhões de quilômetros quadrados. Há poucos trabalhos que avaliam as forçantes radiativas diretas dos aerossóis sobre o Brasil. Ainda assim, as discrepâncias observadas entre os valores estimados, que ocorrem principalmente em função das diferentes metodologias assumidas nos estudos, ilustra a complexidade da determinação deste impacto. Contudo, torna-se claro que na Região Amazônica a queima da biomassa afeta significativamente o balanço regional de radiação solar, sendo importante que se dê continuidade às pesquisas para possibilitar um melhor entendimento do funcionamento do ecossistema sob as influências antropogênicas. 8.3.2 Forçante radiativa indireta do aerossol antropogênico As incertezas na forçante radiativa pelos aerossóis e nuvens, devido aos efeitos indiretos estimados por modelos climáticos é tão grande que os níveis de confiança dessas estimativas foram notadas por serem extremamente baixas (IPCC, 1996; Hansen et al., 2000). Pág. 13/46 21 Mar 2011 Draft I – Primeiro Relatório de Avaliação Nacional – Capítulo 8 Aerossóis funcionam como núcleos de condensação de nuvens (CCN3) e de gelo (IN4) e assim um aumento na concentração ou propriedades dos aerossóis pode modificar as propriedades microfísicas e radiativas das nuvens, bem como a eficiência de precipitação e portanto o tempo de vida da nuvem. Estes mecanismos são chamados coletivamente de efeito indireto, que é geralmente divididos em duas componentes. No chamado primeiro efeito indireto, um aumento na concentração de aerossóis leva a um aumento na concentração e redução do tamanho das gotas de nuvens (Twomey, 1974). Este é também chamado de efeito sobre o albedo das nuvens ou efeito Twomey. No segundo efeito indireto, a redução no tamanho das gotas afeta a eficiência de precipitação, aumentando o conteúdo de água líquida e o tempo de vida (Albrecht, 1989), e aumentando também a espessura óptica da nuvem (Pincus e Barker, 1994). Este é também chamado de efeito sobre o tempo de vida das nuvens. Existe ainda um terceiro efeito, onde a absorção de radiação pelos aerossóis leva a um aumento da temperatura que pode levar a evaporação das gotas. Este efeito é conhecido como efeito semi-direto (Garβl, 1979; Hansen et al., 1997). Tanto o segundo efeito indireto quando o semi-direto envolvem mecanismos de retroalimentação com o ciclo hidrológico, pois afetam o tempo de vida, o conteúdo de água líquida e a eficiência de precipitação. Portanto, não falamos de forçante radiativa para estes efeitos, mas de uma perturbação no campo de radiação ou um efeito radiativo para estas forçantes. Nesta seção tratamos apenas da forçante radiativa dos efeitos indiretos dos aerossóis no clima, tendo por base quatro trabalhos de revisão que cobrem a literatura científica pertinente dos últimos 20 anos: Schwarttz e Slingo (1995), Haywood e Boucher (2000), Lohmann e Feichter (2005) e (XXX Precisamos de um review de 2010!). Efeitos sobre o balanço de energia na superfície, sobre a estabilidade da atmosfera e sobre a precipitação são tratados no capítulo XXX sobre os efeitos dos aerossóis na microfísica das nuvens. Na seção k mostramos as evidências observacionais dos efeitos indiretos dos aerossóis no clima. A seção k+1 discute a metodologia usada para estimar, a partir de simulações com modelos climáticos, qual a perturbação no campo de radiação devido aos efeitos indiretos. As seções k+2, k+3 e k+4 tratam respectivamente do primeiro e segundo efeito indireto e do efeito semi-direto para nuvens quentes. Os efeitos dos aerossóis nas nuvens mistas e de gelo são tratados nas seções k+5 e k+6, respectivamente. Estimativas do efeito indireto por sensoriamento remoto e os efeitos dos aerossóis no ciclo hidrológico são discutidos nas seções k+7e k+8. A seção k+9 faz uma revisão do estado da arte dos modelos climáticos no que diz respeito a modelagem dos aerossóis e as estimativas do efeito indireto. As conclusões são apresentadas na última seção. 2.3.1 – EVIDÊNCIAS OBSERVACIONAIS O efeito indireto dos aerossóis antropogênicos no albedo e tempo de vida das nuvens quentes foi estimado a partir diferentes fontes de dados experimentais. Por exemplo, Schwarttz e Slingo (1995) discutem diversas evidência experimentais e teóricas dos efeitos indiretos do aerossóis. Estas evidência incluem, por exemplo, medidas da influência antrópica na concentração de CCN (Hegg et al., 1993), correlações entre medidas simultâneas das concentrações de aerossóis e gotículas de 3 Do inglês Cloud Condensation Nuclei 4 Do inglês Ice Nuclei Pág. 14/46 21 Mar 2011 Draft I – Primeiro Relatório de Avaliação Nacional – Capítulo 8 nuvens (Leaitch et al., 1992; Martin et al., 1994; Novakov et al., 1994) e estudos que mostraram que as emissões de navios perturbam o campo de nuvens stratus (Coakley et al., 1987; Radke et al., 1989), inclusive na costa da Califórnia (e.g. Ferek et al., 1998). Brenguier et al (ACE2, 2000) e Schwartz et al. (2002) compararam nuvens formadas sobre massas de ar de origem continental (poluído) e marítima (limpo) e encontraram uma concentração de gotículas significativamente maior com tamanhos significativamente menores no caso poluído. Entretanto, ambos os trabalhos também mostraram que as nuvens poluídas eram mais finas, o que reduz o albedo e compensaria parcialmente o efeito da redução de tamanho. Posteriormente, o mesmo também foi observado sobre regiões continentais (Feingold et al, 2003; Penner et al., 2004). Esta compensação torna mais difícil detectar os efeitos indiretos dos aerossóis. De fato, estas diferenças sistemáticas nas propriedades macroscópicas das nuvens poluídas e limpas afeta também a correlação entre profundidade óptica e raio efetivo (Brenguier et al, 2003). Como sugerido por Twomey (1977) está relação é negativa apenas se o conteúdo de água líquida em função da altura permanece inalterado. Na atmosfera, entretanto, estes efeitos não acontecem isoladamente e resultados de Brenguier et al. (2003) e Peng et al. (2002) mostram uma correlação positiva para nuvens poluídas. Feingold et al. (2003) estudaram o efeito indireto com sensoriamento remoto no sítio do Atmospheric Radiation Measurement (ARM) em Oklahoma. Eles definiram a métrica para avaliar o efeito indireto dos aerossóis como derivada parcial do logaritmo do raio efetivo pelo logaritmo do coeficiente de extinção (medido com um Raman lidar em 355nm): IE = -frac{\partial ln r_e}{\partial ln \alpha} Os valores experimentais ficaram entre 0.07 e 0.11 para nuvens com LWP entre 100 e 130g m-2 sobre o sítio de Oklahoma. No caso de nuvens homogêneas e supondo constante o conteúdo de água líquida, a profundidade óptica da nuvem depende apenas de Nd^1/3 e isto limita os valores de IE ao intervalo 0 a 0.33 (Feingold et al., 2003). Esta derivação pode ser usada para validar os modelos, como feito por Lohmann e Lesins (2003), que encontraram valores maiores para a inclinação que a esperada, sugerindo um superestimativa do efeito indireto. Penner et al (2004) também usaram dados do ARM mas compararam Oklahoma com o Alaska, concluíndo que há um efeito radiativo devido ao efeito indireto dos aerossóis antropogênicos. Outros trabalhos usaram dados de satélite sobre a Europa e a China e encontraram evidências para o efeito semi-direto, i.e., redução do albedo devido a absorção de radiação pelos aerossóis e consequente evaporação das gotas e redução da cobertura de nuvens. Kruger e Graβl (2002; 2004) e Kuger et al. (2004) alegam que a maior quantidade de “soot” durante o inverno provoca uma redução do albedo, enquanto a maior emissão de aerossóis sulfatados durante o verão provoca um aumento (i.e. Efeito Twomey é mais importante). Pág. 15/46 21 Mar 2011 Draft I – Primeiro Relatório de Avaliação Nacional – Capítulo 8 Entretanto, até o ano 2000 não haviam observações convincentes de que um aumento na concentração de aerossóis aumente o albedo das nuvens em uma escala que pudesse alterar o balanço de radiação (Haywood e Boucher, 2000). Apesar de um maior interesse científico no tema, em 2005 a situação ainda não havia mudado. Lohmann e Feichter (2005) avaliaram que ainda nenhuma das técnicas observacionais utilizadas até então permitiam estimar uma média global para o efeito indireto dos aerossóis antropogênicos, sendo todas as estimativas globais dependentes das simulações com modelos climáticos. 2.3.1.1 - LIMIARES Alguns trabalhos estimaram os limites esperados para a forçante indireta dos aerossóis. Crutzen e Ramanathan (2003) mostraram, assumindo que a variabilidade natural durante o antropoceno se cancela, que o efeito total dos aerossóis pode ser deduzido do conhecimento da forçante dos gases de efeito estufa e do aumento observado da temperatura e do calor armazenado pelo oceano. Eles estimaram um efeito de esfriamento entre -0.7 e -1.7Wm-2. Sekiguchi et al. (2002) usaram correlações entre o campo de aerossóis e parâmetros das nuvens derivados de observações por satélite para estimar a amplitude do efeito indireto. Eles assumiram que a concentração observada hoje seria 30% maior que as concentrações pré-industriais e assim estimaram um efeito indireto sobre as nuvens quentes de -0.6 a -1.2Wm-2. 2.3.2 – OS MODELOS CLIMÁTICOS Dos dois efeitos indiretos, apenas o efeito sobre o albedo das nuvens pode ser calculado de maneira diagnóstica pelos modelos e, por tanto, ser comparada estritamente às estimativas de forçantes de outros agentes (e.g. gases de efeito estufa). O segundo efeito indireto, por sua vez, requer que duas simulações independentes sejam feitas: uma com a carga de aerossóis pré-industriais, i.e., onde se assume nula a componente antropogênica, e outra com a carga atual de aerossóis. Alguns autores então usam a diferença na forçante radiativa das nuvens entre as duas simulações como um indicativo da forçante do segundo efeito indireto. Obviamente que as simulações devem ser longas o suficiente (pelo menos 5 anos) para que se possa assumir que a variabilidade natural está sendo cancelada. Isso não evita, entretanto, que todas estas estimativas incluam em alguma medida efeitos de retroalimentação, por exemplo, com mudanças no campo de nuvens devido a alterações nos perfis de temperatura e umidade. Não existe até hoje um estudo que mostre de maneira inequívoca os efeitos radiativos do segundo efeito indireto, calculados de uma maneira em que possam ser interpretados a luz da definição da forçante radiativa feita pelo IPCC. Nas estimativas dos dois efeitos, a concentração em massa ou número dos aerossóis é relacionada a concentração de gotas de nuvem de maneira empírica (Boucher e Lohmann, 1995; Menon et al., 2002a) ou obtida usando uma parametrização física (Abdul-Razzak e Ghan, 2002; Nenes e Seinfeld, 2003). Nuvens quentes formam as gotas de chuva pelo processo de colisão e coalescência e nos GCMs, que possuem uma microfísica simplificada, estes processos são divididos em coleção e autoconversão, que é representada como uma função apenas do conteúdo de água líquida (Sundqvist, 1978 CITAR ESQUEMA DO GLOBAL) ou também do tamanho e concentração da gotículas (Khairoutdinov e Kogan, 2000; Liu et al., 2004). Neste segundo caso, apesar da Pág. 16/46 21 Mar 2011 Draft I – Primeiro Relatório de Avaliação Nacional – Capítulo 8 parametrização ser mais robusta, o vínculo entre a taxa de autoconversão e o tamanho ou número de gotículas significa que o primeiro e segundo efeitos indiretos não podem ser calculados de maneira independente. Para estimar o efeito indireto, estes trabalhos têm então que usar de um artifício. Alguns fixam a concentração de gotas (Lohmann et al., 2000), enquanto outros calculam a concentração três vezes: uma para o efeito combinado, que é usada para a evolução temporal do modelo, e as outras duas com as eficiências de precipitação atual e pré-industrial. 2.3.3 – PRIMEIRO EFEITO INDIRETO Desde o IPCC (1996) a forçante radiativa devido ao efeito indireto dos aerossóis sulfatados recebeu bastante atenção. O efeito Twomey, o primeiro a ser estudado, se refere ao aumento da reflexão da radiação solar devido ao aumento do número e redução de tamanho das gotas em uma nuvem que mantem constante o conteúdo de água líquida (Twomey, 1959). Enquanto o IPCC de 2001 estimou uma forçante radiativa de 0 a -2Wm-2, compatível o valor de -0.3 a -1.8Wm-2 levantado na revisão de Haywood e Boucher (2000), trabalhos posteriores a 2001 indicam valores mais restritos, entre -0.5 e -1.9Wm-2 (Lohmann e Feichter, 2005). Já no IPCC 2007 …. Haywood e Boucher (2000) revisaram os estudos realizados entre 1994 e 2000, todos baseados em modelos gerais de circulação da atmosfera (GCM5), e encontraram estimativas da forçante radiativa para o primeiro efeito indireto que variavam de -0.3 a -1.8 Wm-2. Não foi observada nenhuma relação entre a complexidade dos modelos e a magnitude da forçante. Lohmann e Feichter (2005) analisaram os trabalhos com estimativas das forçantes indiretas publicados após o IPCC 2001, encontrando uma forçante radiativa média de -1.2+-0.3Wm-2. Em ambos os casos, i.e., em mais de 15 anos de estudos científicos, encontra-se a mesma situação: o intervalo de variação encontrado para as forçantes é praticamente o mesmo independente do método utilizado. Aparte dos diferentes GCMs utilizados, os diversos estudos discutidos por Haywood e Boucher (2000) também usam diferentes métodos para calcular a concentração de gotículas a partir da concentração dos aerossóis sulfatados. Alguns autores usaram relações empíricas entre a massa de sulfato e a concentração numérica de gotículas (Boucher e Lohmann, 1995), enquanto outros, relações empíricas entre a concentração numérica de partículas e gotículas (Jones et al., 1994). Neste caso, é preciso assumir uma distribuição de tamanhos e calcular a concentração em número a partir do prognóstico de massa feito pelo modelo atmosférico ou químico, o que possivelmente leva a uma maior incerteza. A partir do começo da década foram desenvolvidas parametrizações do processo de nucleação, chamadas de mecanicistas, que ao considerar a variação do fluxo de massa vertical, evitam usar uma relação única entre a massa de aerossóis e o número de gotas (Lohmann et al, 2000; Ghan et al., 2001). Haywood e Boucher (2000) entretanto, ressaltam que apesar de mais realista, esta abordagem mecanicista de um processo pouco conhecido introduz uma grau de complexidade a mais nos modelos numéricos. Os resultados dos diversos modelos analisados por Haywood e Boucher (2000) discordam não apenas na intensidade da média global da forçante como também na distribuição espacial. Uma medida disto é a razão entre as forçantes médias para o hemisfério norte e sul (NH:SH) cujas 5 Do inglês General Circulation Model Pág. 17/46 21 Mar 2011 Draft I – Primeiro Relatório de Avaliação Nacional – Capítulo 8 estimativas variam entre 1.4 a 4. Esta razão é maior do que 1 devido a maior concentração das fontes de material particulado e de áreas continentais no hemisfério norte. Já a razão entre a forçante sobre o oceano e sobre o continente é em geral menor do que um (e.g. Boucher e Lohmann, 1995; Jones e Slingo, 1997; Kiehl et al, 2000), mas alguns trabalhos encontraram valores muito maiores, como 1.6 (Chuang et al, 1997) e 5.0 (Jones e Slingo, 1997). A partir da virada do século houve uma tendência de se usar métodos interativos nestes experimentos de modelagem, i.e., acoplando o calculo da forçante diretamente ao modelo químico e usando concentrações prognósticas ao invés de prescritas. Estudos feitos por Feichter et al. (1997) e Jones et al. (1999) indicam que as primeiras estimativas do efeito indireto estavam superestimadas em 20 a 60% por usarem médias mensais ou sazonais para as concentrações de aerossóis sulfatados. Estimativas do efeito twomey em escala global feitas a partir de 2001 indicam uma forçante radiativa de -0.5+-0.7Wm-2 no hemisfério sul e -1.7+-0.2Wm-2 no hemisfério norte, o que significa uma razão SH:NH de 0.35+-0.20. A interpretação e comparação destes resultados deve ser feita criteriosamente. Por exemplo, a razão NH:SH é maior nos trabalhos que consideram apenas o aerosol sulfatado (e.g. Quaas et al., 2004) porque as emissões de queimada, predominantes no hemisfério sul, são pobres em sulfato e ricas em carbono (Lohmann e Feichter, 2005). Além disso, alguns trabalhos definem o efeito Twomey como a mudança no balanço de onda curta no topo da atmosfera (Chuang et al., 2002; Rotstayn and Liu, 2003; Quaas et al., 2004), enquanto outros usam a forçante radiativa das nuvens (Menon et al., 2002a). Os autores alegam que estas abordagens dão resultados parecidos por dois motivos: primeiro, apenas uma fração muito pequena do efeito Twomey se deve a radiação de onda longa; e segundo, se não há mudanças na temperatura e no albedo da superfície, a fluxo de radiação de céu claro será constante. Entretanto, como ressaltado por Lohmann e Feichter (2005), o segundo argumento não é válido quando processos de retroalimentação são incluídos. Lohmann e Feichter (2005) também indicam um efeito indireto dos aerossóis ligeiramente maior sobre as regiões continentais, -1.8+-1.2Wm-2, do que sobre as regiões oceânicas, -1.4+-0.7Wm-2. Apenas Rotstayn e Penner (2001) encontraram valores menores, que é explicado pela parametrização utilizada para a concentração de gotículas em função da massa de sulfatos. Entretanto, este comportamento médio dos modelos é oposto a idéia geral de que as nuvens continentais são menos suscetíveis a um aumento de CCN antropogênico porque há mais CCNs naturais. A maioria das estimativas globais da forçante dos aerossóis discutidas até aqui são baseadas em modelagem (Lohmann e Feichter, 2005; Haywood e Boucher, 2000). Mesmo as estimativas globais da forçante direta envolvem um certo grau de hipóteses baseadas em modelos (Bellouin et al., 2005; Kaufman et al., 2005a) ou estimam a forçante total, i.e. natural mais antropogênica (Christopher and Zhang, 2004; Loeb and Manalo-Smith, 2005; Yu et al., 2006). Alguns estudos estimaram a forçante indireta a partir de propriedades microfísicas derivadas de medidas com satélites, mas incluem códigos de transferência radiativa (e.g., Kaufman and Fraser, 1997; Krüger and Graßl, 2002; Sekiguchi et al., 2003; Matsui and Pielke, 2006). Quaas et al. (2008) fizeram a primeira estimativa global dos efeitos dos aerossóis com uma metodologia inteiramente observacional usando 5 anos de dados do CERES e do MODIS em Pág. 18/46 21 Mar 2011 Draft I – Primeiro Relatório de Avaliação Nacional – Capítulo 8 resolução de 20 x 20km. Inicialmente foi derivado uma expressão teórica para o albedo planetário (\alpha) em função da fração de cobertura (f) e albedo das nuvens, profundidade óptica dos aerossóis (\tau_a), conteúdo de água líquida (L) e concentração de gotículas (N_d). A partir dos dados de satélite, foram então calculadas as relações \del ln f / \del ln \tau_a, \del ln L / \del ln \tau_a, \del ln N_d / \del ln \tau_a de maneira estatística, semelhante a trabalhos anteriores (e.g., Feingold et al., 2003; Quaas and Boucher, 2005), para 14 diferentes regiões do globo e 4 estações do ano. O trabalho estimou uma forçante indireta global (60N-60S) de -0.2+-0.1Wm-2 para o efeito Twomey, mais forte sobre o oceano (-0.2Wm-2) que sobre o continente (-0.1Wm-2), mesmo estando as fontes de aerossóis antropogênicos localizadas principalmente sobre os continentes. A forçante indireta também é mais forte sobre o hemisfério Norte (-0.3Wm-2) que sobre o Sul (0.1Wm-2). Estes valores são muito menores que as estimativas baseadas em modelagem, entretanto são coerentes com os resultados mais recentes de modelagem onde se forçam os modelos com o registro observado de mudanças climáticas (Anderson et al., 2003a) ou com dados de satélite (Lohmann e Lesins, 2002; Quaas e Boucher, 2005). 2.3.3.1 – Efeitos regionais: Brasil, América do Sul e Oceanos adjacentes Em escala regional, os efeitos dos aerossóis podem ser muito maiores. Kaufman et al. (2005) estudaram os efeitos dos aerossóis nas nuvens rasas sobre o oceano Atlântico usando dados de cobertura de nuvens e de aerossóis do MODIS entre junho e agosto de 2002. Análises do NCEPNCAR e uma regressão multi-variada foram utilizadas para separar a influência da meteorologia e isolar o efeito dos aerossóis, e mostraram um aumento da cobertura de nuvens rasas associado ao aumento de aerossóis. O efeito radiativo no topo da atmosfera devido ao efeito dos aerossóis nas nuvens rasas e na absorção de radiação foi de -11+-2Wm-2, média sobre o oceano Atlântico durante os três meses de dados, sendo 2/3 devido ao efeito indireto e 1/3 devido ao efeito direto. Na região entre o Brasil e a Africa (20S-5N), que sofre grande influência de aerossóis de queimadas, Kaufman et al. (2005) encontraram um aumento de 0.30+-0.07 na cobertura de nuvens rasas ao comparar os casos poluídos e não poluídos. A forçante radiativa devido apenas ao primeiro efeito indireto foi estimada em -1.5Wm-2. Incluindo-se também o aumento do conteúdo de água líquida e a mudança na cobertura de nuvens rasas, o efeito indireto total chega a -9.5Wm-2 nesta região. Este esfriamento é apenas parcialmente compensado pela absorção de 2.9Wm-2 devido ao efeito direto. Um efeito semelhante pode ser esperado para regiões do Pacífico leste e da costa sudeste do Brasil que sofrem influência das queimadas na Amazônia. Zhang et al. (2008) estudaram o impacto da queimadas sobre as interações biosfera-atmosfera na Amazônia. Eles realizaram dois conjuntos de simulações com o RegCM3 (Pal et al., 2007) para o período da campanha LBA-SMOCC 2002, uma considerando os aerossóis de queimada e outra excluindo-os. A diferença entre as simulações com e sem aerossóis para o fluxo resultante no topo da atmosfera varia entre -8 e 0Wm2 correlacionado com distribuição espacial da profundidade óptica de aerossóis. Os valores negativos indicam um esfriamento pelo efeito direto dos aerossóis. Já para céu com nuvens, a diferença fica entre +5 a +15Wm-2 na parte sul do arco do desmatamento, mostrando uma dominância do efeito das nuvens. A diferença entre os dois resultados, i.e., a diferença na forçante radiativa das nuvens entre simulações com e sem aerossóis, que os autores interpretam como o efeito indireto dos aerossóis, varia entre 5 a 25Wm-2 na região e período estudados. Pág. 19/46 21 Mar 2011 Draft I – Primeiro Relatório de Avaliação Nacional – Capítulo 8 Hoeve et al. (2010) usaram dados de profundidade óptica de aerossóis (AOD), nuvens, vapor de água e temperatura do MODIS para examinar o impacto dos aerossóis nas nuvens durante a estação de queimada na Amazônia (ago-set-out 2004 a 2007). Os resultados foram analisados separadamente para diferentes conteúdos de água na coluna atmosférica para isolar o efeito dos aerossóis do efeito meteorológico. Eles encontraram que a profundidade óptica das nuvens aumenta com o AOD até AOD~0.25, devido ao primeiro efeito indireto. Acima deste limiar, a profundidade óptica das nuvens diminui, devido a inibição de formação de gotas pelo efeito semi-direto. Os autores, entretanto, não estimam a forçante radiativa. No estudo de Quaas et al. (2008), onde foi feita a primeira estimativa global dos efeitos indiretos dos aerossóis com uma metodologia inteiramente observacional, o globo foi divido em 14 regiões e 4 estações do ano foram analisadas. De particular interesse para o Brasil, foram: Pacífico tropical (20S-20N), América do Sul, Atlântico tropical (20S-20N). A média anual da forçante direta sobre estas regiões varia entre -5 a -0.02Wm-2 (Pacífico), -1 a -0.2 Wm-2 (América do Sul) e -5 a -0.2Wm-2 (Atlântico). Já para o efeito Twomey, os intervalos são -0.5 a -0.01Wm-2 (Pacífico), -0.1 a -0.01 (América do Sul) e -5 a -0.05Wm-2 (Atlântico). O resultado é bastante diferente do obtido por Zhang et al. (2008). Isso acontece em parte porque a média é anual e sobre toda a América do sul, e não apenas sobre a estação de queimada da Amazônia; e em parte porque o modelo de Zhang et al. Apresenta as mesmas limitações de outros modelos discutidos na seção anterior. 2.3.3.2 – EFEITO DE DISPERSÃO Liu e Daum (2002) estimaram que a magnitude do efeito Twomey pode ser reduzida de 10 a 80% quando se considera que o aumento do número e redução de tamanho das gotículas afeta a forma da distribuição de tamanhos (efeito de dispersão), e não apenas o valor médio. Quando se inclui este efeito nos modelos climáticos, a redução é menor, 15 a 35%, mas ainda considerável (Peng e Lohmann, 2003; Rotstayn e Liu, 2003). De fator, o efeito de dispersão também deve reduzir o efeito de aumento do tempo de vida das nuvens, mas ainda não há estimativas 2.3.4 – SEGUNDO EFEITO INDIRETO A redução no tamanho das gotas provoca uma redução na eficiência de precipitação e, portanto, aumentam o tempo de vida e a refletividade média (temporal). Este é o segundo efeito indireto ou efeito sobre o tempo de vida das nuvens (Albrecht, 1989), que tem uma estimativa ainda mais incerta que a do efeito Twomey. As primeira estimativas do segundo efeito indireto são de Jones et al. (1999) e Rotstayn (1999), que encontraram -0.53 a -2.29Wm-2 e -0.4 a -1.0Wm-2 respectivamente. Para a combinação do primeiro e segundo efeitos, suas melhores estimativas são de -1.18 e -2.1Wm-2 respectivamente, enquanto Lohmann et al. (2000) e Ghan et al. (2001) encontraram -0.4 e -1.7Wm-2. Estes últimos Pág. 20/46 21 Mar 2011 Draft I – Primeiro Relatório de Avaliação Nacional – Capítulo 8 trabalhos usaram parametrizações mecanicistas, sendo a primeira com a distribuição de tamanhos prescrita, e a segunda, prognóstica. É interessante notar que no trabalho de Rotstayn (1999) a forçante devida aos dois efeitos considerados em conjunto é maior que a soma das forçantes quando os efeitos são simulados separadamente. Já em Jones et al. (1999) a forçante combinada (-1.18Wm2) é menor que a soma (-1.57Wm-2). Estes resultados mostram que existem diferentes mecanismos de retroalimentação entre os dois efeitos indiretos, e que estes mecanismos são diferentes nos diferentes modelos. Isto também acontece em trabalhos mais recentes, por exemplo, enquanto Kristjánsson (2002) e Williams et al. (2001) concluem que o segundo efeito indireto é 4 vezes menor que o efeito Twomey, Lohmann et al. (2000), Ghan et al. (2001) e Quass et al. (2004) concluem que ele é 10 a 30% maior. Em média, estes trabalhos simularam um efeito radiativo para o segundo efeito indireto de -0.7+-0.4Wm-2, o que corresponde há apenas (70+-40)% do valor atribuído ao primeiro efeito indireto. Lohmann e Feichter (2005) mostraram que o efeito indireto combinado simulado por estes trabalhos é menor em termos absolutos para os trabalhos que incluem uma maior variedade de aerossóis antropogênicos. Outra diferença entre os trabalhos é o tratamento dos aerossóis de “background”. Testes de sensibilidade feitos por Lohmann et al. (2000) mostraram que ao reduzir a concentração de gotículas (i.e. do background de aerossóis) de 40cm-3 para 10cm-3 aumentava a estimativa do efeito indireto de -1.1Wm-2 para -1.9Wm-2. Uma terceira razão para a discrepância entre os resultados é a sensibilidade do efeito indireto à parametrização de microfísica, em particular a taxa de autoconversão (Lohmann and Feichter, 1997; Jones et al., 2001; Menon et al., 2003). Fica claro que calcular a forçante indireta como a diferença entre simulações independentes e/ou comparar modelos baseados em diferentes hipóteses resulta em uma representação bastante imperfeita do segundo efeito indireto. 2.3.5 – EFEITO SEMI-DIRETO A absorção de radiação pelos aerossóis leva a um aumento da temperatura que pode levar a evaporação das gotas. Este efeito é conhecido como efeito semi-direto (Garβl, 1979; Hansen et al., 1997) e tanto pode ser positivo quanto negativo, dependendo da localização do “black carbon” em relação a nuvem. O efeito semi-direto é ainda pouco estudado. Lohmann e Feichter (2001), Kristjánsson (2002) e Penner et al. (2003) concluíram que o efeito tem pouca importância para o balanço de radiação no topo da atmosfera, enquanto o estudo de Jacobson (2002) mostrou que o efeito do BC é importante e positivo. Lohmann e Feichter (2005) ressaltam que o efeito do BC é dominado pela absorção da radiação solar na troposfera, o que leve a uma grande forçante negativa na superfície. 2.3.6 – NUVENS MISTAS 2.3.6.1 – NUVENS DE GRANDE ESCALA Pág. 21/46 21 Mar 2011 Draft I – Primeiro Relatório de Avaliação Nacional – Capítulo 8 O congelamento homogêneo de gotículas em nuvens super esfriadas só ocorre abaixo de -35oC. Acima deste limiar, é preciso a superfície de um aerossol para iniciar a fase de gelo e a precipitação, ou seja, partículas de aerossóis podem modificar a formação de núcleos de gelo (IN). Este mecanismo ainda é pouco compreendido devido a grande variedade de modos de nucleação de cristais de gelo, contudo, sabemos que aerossóis podem servir de IN. Por exemplo, ao entrar em contato com uma gota super esfriada e provocar o congelamento por contato. Maiores detalhes sobre os efeitos dos aerossóis na microfísica das nuvens é dado na capítulo XX. Em uma nuvem super esfriada, se algumas gotículas congelarem haverá um crescimento dos cristais de gelo e evaporação das gotículas, pois a pressão de saturação é menor sobre o gelo que sobre a água (efeito Bergeron-Findeisen). Isto levará a uma rápida glaciação da nuvem e, como a precipitação pela fase gelada é mais eficiente que pela fase líquida, levará a uma redução no tempo de vida (Rogers e Yau, 1989). Lohmann (2002a) mostrou, ao considerar parte dos “soot” aerossóis como IN entre 0 e -35oC, que um aumento na concentração de aerossóis antropogênicos implicaria em um novo efeito indireto, o efeito de glaciação. Com mais IN na atmosfera, a frequência de glaciação de nuvens super esfriadas será maior e a quantidade de precipitação pela fase de gelo irá aumentar. Isto reduziria o tempo de vida, a cobertura de nuvens e a profundidade óptica de nuvens médias em latitudes médias e altas, e aumentaria a absorção de radiação no sistema climático. Existem evidências de “soot” hidrofóbico agindo como IN em laboratório (Gorbunov et al., 2001) e em campanhas de campo (DeMott et al., 2003). Também já foi observada a glaciação de nuvens parcialmente super esfriadas, -5 a -9oC, associadas a intrusão de poeira do Saara. Entretanto, ainda não há uma quantificação, regional ou global do efeito sobre o balanço de radiação devido a este novo mecanismo. 2.3.6.2 – NUVENS CONVECTIVAS Durante o experimento TOGA-COARE, foi observado uma redução de até 2um no raio efetivo e um aumento de 5 a 20m-3 na concentração de gotículas associado a um aumento na carga de aerossóis sulfatados (Andronache et al., 1999). A diferença no balanço de radiação de onda curta logo acima das nuvens foi estimado em -1.5Wm-2 com uma grande variação temporal e espacial. Já para onda longa, apenas o balanço a baixo das nuvens foi afetado, de -10 a +10Wm-2 para variações de 10 a 20% no conteúdo de água líquida. A partir de medidas in-situ e de sensoriamento remoto, Rosenfeld (1999) e Rosenfeld e Woodley (2000) sugeriram que aerossóis antropogênicos poderiam suprimir a precipitação pela redução no tamanho das gotículas. Khain et al. (2001) confirmaram esta hipótese através de um estudo de modelagem. Eles mostraram que só era possível reproduzir a quantidade de água super esfriada nestas nuvens convectivas profundas se houvesse um grande número de pequenas gotículas, i.e. assumindo uma nuvem poluída. Nober et al. (2003) incluíram estes efeitos em um modelo de circulação globa, através de uma microfísica simplificada para a fase quente. Eles encontraram que uma maior quantidade de aerossóis reduzia a fase quente da precipitação, mas as mudanças no total Pág. 22/46 21 Mar 2011 Draft I – Primeiro Relatório de Avaliação Nacional – Capítulo 8 acumulado na superfície dependia de outros mecanismos de retroalimentação e por isso não estimaram uma forçante indireta para as nuvens convectivas. Também usando simulações, Khain et al. (2004) mostrou que gotículas menores levam a uma redução na formação de garoa (drizzle drops). Estas gotas então permanecem na nuvem e atingem o nível de congelamento, liberando calor latente e tornando a convecção mais vigorosa e aumentando a precipitação. O efeito oposto acontece em nuvens limpas. Zhang et al. (2005) e Seifert e Beheng (2005) também encontraram um aumento da precipitação em nuvens convectivas profundas em diferentes simulações. Ao mesmo tempo, simulações usando CRMs (cloud resolving models) para representar nuvens rasas de fase mista mostraram uma redução da eficiência de precipitação com o aumento das concentrações de CCN devido a predominância de chuva quente neste tipo de nuvem (Phyllips et al., 2002). Sherwood (2002) observou que a emissão de aerossóis de queimadas na região tropical leva a uma redução no tamanho dos cristais de gelo em nuvens convectivas profundas. Estes cristais de gelo menores e mais abundantes espalham a radiação de maneira mais efetiva, promovendo um efeito Twomey como para as nuvens quentes. Ele não estimou uma forçante associada a este efeito, mas usou os resultados para explicar o aumento do vapor de água estratosférico, que provocaria uma forçante radiativa positiva. Estes resultados mostram o quão complexo são as interações entre as diversas forçantes que precisam ser entendidas e quantificadas, e as dificuldades em separã-las dos mecanismos de retroalimentação. 2.3.7 – NUVENS DE GELO Trilhas de condensação (contrails) são formadas quando ar quente e úmido sai das turbinas dos aviões e se mistura a ar ambiente com baixa pressão de saturação e baixa temperatura. Contrails são como nuvens cirrus, só podendo ser distinguidas enquanto mantem sua forma linear. O relatório do IPCC sobre aviação (Pener et al., 1999) identificou os efeitos da aviação em nuvens cirrus como um potencialmente importante forçante climático. Um aspecto desta interação pode ser considerado como um efeito direto, pela formação de “contrails”, e outro como indireto, com um aumento no núcleos de gelo em altos níveis devido a emissão de material particulado pelos aviões, afetando a formação de nuvens cirrus naturais. “Contrails” são nuvens de gelo parecidas com cirrus que se formam em alguns condições termodinâmicas quando uma aeronave passa na alta troposfera. O formato linear destas nuvens pode ser identificado em dados de satélite e alguns estudos (Bakan et al., 1994; Mannstein et al., 1999) indicam uma cobertura de 0.5 a 2% em algumas regiões da Europa e da costa leste americana. Pág. 23/46 21 Mar 2011 Draft I – Primeiro Relatório de Avaliação Nacional – Capítulo 8 Usando estas estimativas e informações do tráfego aéreo, Sausen et al. (1998) estimou uma cobertura média global de contrails em 0.1%. Segundo Minnis et al. (1999) está cobertura representa uma forçante radiativa de 0.005 a 0.08Wm-2, devido a grande incerteza nas estimativas envolvidas. Outros efeitos antropogênicos relacionados aos contrails são o aumento da ocorrência e cobertura de nuvens cirrus em regiões de alto tráfego aéreo (Boucher, 1999; Fahey et al., 1999), e o surgimento de cirrus sub-visíveis remanescentes de contrails, invisíveis mas que absorvem a radiação de onda longa (Smith et al, 1998). Fahey et al. (1999), analisando 25 anos de tendências na cobertura de cirrus, estimou entre 0 e 0.04Wm-2 a forçante indireta devido a nuvens cirrus induzidas pelo tráfego aéreo. Além disso, o tráfego aéreo também modifica as propriedades microfísicas das nuvens cirrus que existem naturalmente. Medidas feitas por Strom e Ohlsson (1998) mostraram um número duas vezes maior de cristais de gelo em regiões afetadas por emissões de aviação. Wyser e Strom (1998) estimaram esta forçante em 0.3Wm-2 assumindo que o tamanho dos cristais seria reduzido em 20%. Contudo, ainda não há uma estimativa global desta forçante. Por fim, a emissão antropogênica de ICN pode alterar a formação da fase de gelo tanto em nuvens convectivas (Carrió et al., 2006) quanto em nuvens cirrus (Jensen e Toon, 1997; Laaksonen et al, 1997). Não há ainda estimativas do efeito radiativo destes mecanismos. 2.3.7.1 – CONTRAILS Minnis et al. (2004) usou 25 anos de dados e confirmou um aumento da cobertura de cirrus sobre os oceanos do hemisfério norte e sobre os Estados Unidos. Zerefos et al. (2003), usando dados do Internationa Satellite Cloud Climatology Projetct (ISCCP), encontraram um aumento estatisticamente significativo de 2% por década na cobertura de cirrus durante o verão sobre o oceano Atlântico norte e sobre a América do Norte durante o inverno. O mesmo aumento de 2% por década foi encontrado em um estudo de Sordal et al. (2004) com dados do ISCCP sobre a Europa. Lohmann e Kärcher (2002) parametrizaram o congelamento homogêneo de aerossóis super esfriados e sugerem que os efeitos das emissões de aerossóis sulfatados na propriedades dos cirrus é desprezível. Hendricks et al. (2004) fizeram um estudo semelhante, mas consideraram a emissão de BC e também encontraram que o impacto é pequeno, em massa, mas considerável, em número, inclusive para material particulado heterogêneo que pode funcionar como núcleos de gelo. 2.3.7.2 – CIRRUS Um aumento no número de cristais de gelo em nuvens cirrus deveria exercer o mesmo efeito Twomey das nuvens quentes. Além disso, uma modificação no conteúdo de água líquida produziria um efeito radiativo no infravermelho. A magnitude destes efeitos em um escala global ainda não é Pág. 24/46 21 Mar 2011 Draft I – Primeiro Relatório de Avaliação Nacional – Capítulo 8 bem conhecida, mas Lohman e Kärcher (2002) concluíram que o efeito deveria ser pequeno nas latitudes médias e altas. Já nas regiões tropicais, onde o número de cristais de gelo é limitado pelo número de núcleos de gelo, o efeito poderia ser importante. Este é um argumento fraco, entretanto, pois há poucas, ou quase nenhuma, medidas da fase de gelo nas regiões tropicais. 2.3.8 – SENSORIAMENTO REMOTO DO EFEITO INDIRETO Devido a sua cobertura global, observações por satélite podem dar ajudar na identificação e quantificação dos efeitos indiretos dos aerossóis. Han et al. (1994) usaram as radiâncias do AVHRR para recuperar o raio da gotas de nuvens baixas. Eles encontraram uma importante diferença entre os hemisférios norte e sul, tanto sobre regiões continentais quanto oceânicas. Boucher (1995) mostrou que se esta diferença for totalmente devida aos aerossóis antropogênicos então existe uma diferença de 1Wm-2 na forçante indireta entre os dois hemisférios. Assumindo ainda uma razão NH:SH de 2:1, como sugerida pelos estudos de modelagem e pelas medidas das concentrações de aerossóis, isto se traduziria em uma forçante média de -1.5Wm-2. Outros resultados observacionais como Bréon e Goloub (1998) e Bréon et al. (1999) também mediram menores tamanhos de gotas no hemisfério norte em relação ao sul e nas regiões vento abaixo das regiões fonte de aerossóis antropogênicos. Já Rosenfeld (1999, 2000) usaram uma combinação de AVHRR e TRMM (“Tropical Rainfall Measuring Mission”) para investigar o efeito dos aerossóis na precipitação. Ele mostrou evidências da supressão da precipitação em nuvens fortemente afetadas por altos níveis de poluição, seja ele de queimada ou industrial. Outros resultados, entretanto, mostram um cenário mais complexo. Um estudo de Han et al. (1998a) com dados do “International Satellite Cloud Climatology Programme” (ISCCP) mostrou que o albedo das nuvens aumenta com a redução do tamanho das gotas para as nuvens continentais ou com grande espessura óptica, mas diminui para nuvens finas sobre o oceano. Kaufman e Nakajima (1993) já haviam encontrado efeito semelhante em nuvens quentes durante a estação de queimadas no Brasil. Eles observaram que tanto o tamanho das gotas quanto a refletividade das nuvens diminuíam com o aumento da profundidade óptica da pluma de queimada, mas atribuíram o efeito a absorção de radiação pelo “black carbon” intersticial dentro da nuvem. Em contra partida, Kaufman e Fraser (1997) também usaram dados AVHRR e mostraram que a fumaça proveniente das queimadas reduz o tamanho das gotas e aumenta o albedo das nuvens se a profundidade óptica da fumaça é menor que 0.8. Eles estimaram uma média para a forçante radiativa indireta da fumaça de queimada na região amazônica de -2Wm-2 durante os 3 meses da estação de queimadas. Os poucos trabalhos na área mostram a dificuldade em se quantificar o efeito dos aerossóis no tempo de vida das nuvens através de medidas com satélites em uma escala global. 2.3.9 – EFEITOS SOBRE O CICLO HIDROLÓGICO A emissão antropogênica de aerossóis causa uma redução no fluxo de radiação de onda curta na superfície (“solar dimming”) estimada em -1.8 a -4Wm-2 (Ramanathan et al., 2001a; Lohmann e Feichter, 2001; Liepert et al., 2004). Esta redução foi observada em regiões industriais do hemisfério norte (Gilgen et al., 1998; Stanhill and Cohen, 2001; Wild et al., 2004a) e segundo Liepert (2002) correspondeu a 1.3% por década entre 1961 e 1990. De acordo com as simulações de Pág. 25/46 21 Mar 2011 Draft I – Primeiro Relatório de Avaliação Nacional – Capítulo 8 Liepert et al. (2004) e Feichter et al. (2004) esta redução no fluxo de radiação na superfície devido aos efeitos diretos e indiretos dos aerossóis antrópicos é mais importante no controle do balanço de radiação da superfície do que o aumento de temperatura devido ao aumento dos gases de efeito estufa. Pelo princípio de conservação da energia, os fluxos de calor sensível e latente são conseqüentemente reduzidos. Em uma escala global, como a evaporação deve igualar a precipitação, esta redução no fluxo de calor latente leva a uma redução na precipitação. Outro argumento para a redução da precipitação global é o aumento da absorção da radiação na atmosfera pelo efeito direto dos aerossóis, que reduz o aquecimento em baixos níveis e aumenta em níveis médios, levando a uma maior estabilidade da atmosfera (Hu, 1996; Feichter et al., 2004; Barbosa et al., 2008). Vale ressaltar que após 1990 o controle das emissões nos países desenvolvidos reverteu o cenário de declínio na radiação solar (Wild et al., 2004b). Assim, o aumento dos gases de efeito estufa deixou de ser mascarado pelo esfriamento dos aerossóis levando a um aquecimento acelerado no década de 90 (Lohmann e Feichter, 2005). Regionalmente, observou-se que queimadas de cana de açúcar e florestas reduzem o tamanho das gotas de nuvem e tendem a inibir a precipitação (Warner and Twomey, 1967; Warner, 1968; Eagan et al., 1974). Grandes plumas de queimada sobre a Amazônia também mostraram o mesmo efeito: aumento da concentração e diminuição do tamanho das gotas de nuvem (Reid et al., 1999; Andreae et al., 2004). Andreae et al. (2004) sugerem que isso atrasa o início da precipitação de 1.5km acima da base da nuvens, típica da precipitação quente Amazônica, para 5km em nuvens poluídas e para mais de 7km em pirocumulus. A liberação de calor latente em níveis mais altos tornaria a convecção mais vigorosa provocando tempestades de raio e formação de granizo. Rosenfeld (2000) observou, com dados de satélite, menores tamanhos de gotas e supressão de precipitação em áreas atingidas por plumas de poluição de áreas urbanas. Entretanto, quando se observa nuvens sobre o oceano sobre a influência de um nível similar de contaminação, o efeito sobre a precipitação é muito menor. Feingold et al. (1999) e Rosenfeld et al. (2002) sugerem que partículas de sal marinho podem funcionar como CCN gigantes, conta balançando o efeito dos aerossóis. Koren et al. (2004) usou dados do MODIS e encontrou uma forte correlação negativa entre a cobertura de nuvens e a profundidade óptica dos aerossóis sobre a Amazônia, sugerindo que os aerossóis de queimada são responsáveis pela evaporação de gotas e supressão da precipitação. Os efeitos dos aerossóis na precipitação dependem, de uma maneira não linear (Carrió e Cotton, 2011), da concentração de aerossóis, e também das forçantes macroscópicas como topografia, presença ou não de brisa, grau de instabilidade. Os autores mostram ainda que uma convecção mais vigorosa com o aumento de poluição acontece até um certo nível de poluição, em algumas células individuais, mas que a mudança na média de toda a área é pequena ou desprezível. Acima deste nível começa a haver uma supressão da precipitação. 2.3.10 – INCERTEZAS NOS MODELOS CLIMÁTICOS 2.3.10.1. REPRESENTAÇÃO DOS AEROSSÓIS Pág. 26/46 21 Mar 2011 Draft I – Primeiro Relatório de Avaliação Nacional – Capítulo 8 Os primeiros trabalhos de modelagem da química e dos aerossóis na atmosfera (Langner e Rodhe, 1991) usavam médias climatológicas dos campo meteorológicos e modelos de transporte químico de baixa resolução. Houve uma grande evolução com o acoplamento dos modelos de emissão, formação e dinâmica de aerossóis e químico, ao modelo de transporte, i.e. o modelo atmosférico (Schulz et al., 1998; Adams e Seinfeld, 2002; Longo et al., 2010). Atualmente é possível prognosticar não apenas a massa, mas também o número de partículas de aerossóis. O tratamento da dinâmica dos aerossóis pode ser feito com o esquema modal, onde prognostica-se momentos da distribuição de tamanhos (e.g. Walko et al., 1995), ou com método bin (Tzivion et al., 1987), onde a distribuição de tamanhos é discretizada e as equações resolvidas em cada intervalo. Estas abordagens já foram utilizadas para poeira mineral (e.g. Schulz et al., 1998; Tegen e Fung, 1994), sulfatos (e.g. Wilson et al, 2001; Spracklen et al., 2005), “soot” (e.g. Ghan et al., 2001) e sal marinho (e.g. Vignati et al., 2004). Já nos modelos climáticos, a maioria dos estudos iniciais dos efeitos dos aerossóis no clima usaram aerossóis sulfatados para representar todos os aerossóis antropogênicos (e.g. Jones et al., 1994). Atualmente, a maioria dos modelos incluem também sal marinho, “soot”, “black carbon” e algum tipo de aerossol orgânico. Um dos principais problemas, neste caso, é a falta de inventários de emissão confiáveis (Bond et al., 2004). Recentemente houve uma melhora na representação (Hoelzmann et al., 2004, 2007) dos inventários de queimada, principalmente sobre a América do Sul, mas ainda é uma grande fonte de incertezas. Outro problema é a crescente evidência de que partículas de aerossóis são compostos principalmente de aglomerados de diferentes substâncias químicas misturadas (Murphy e Thompson, 1997; Kojima et al., 2004). Apesar disso, a maioria dos modelos ainda considerar a distribuição de aerossóis atmosféricos como uma mistura heterogênea de aerossóis homogêneos (i.e. aerossóis misturados externamente), ao invés de uma mistura homogênea de aerossóis heterogêneos (i.e. aerossóis misturados internamente). Este estado de mistura é crucial na determinação e suas propriedades ópticas (Haywood e Shine, 1995; Lesins et al., 2002) e na sua habilidade de funcionar como um CCN (Lohmann et al., 2004). Alguns poucos modelos climáticos e mesmo regionais incluem corretamente o grau de mistura dos aerossóis (Ghan et al., 2001; Easter et al., 2004; Longo et al., 2010; Freitas et al., 2010), algo que precisa ser feito por todos os modelos para melhorar a descrição da interação aerossol-radiação e aerossol-nuvens. Além disso, nos modelos que usam o método dos momentos, é fundamental prognosticar não apenas a massa, como também o número de partículas de aerossol (Ghan et al, 2001; Stier et al., 2004). 2.3.10.2. FORMAÇÃO DE GOTAS DE NUVEM Nas estimativas da forçante indireta, o link mais fraco é provavelmente a relação entre a concentração de aerossóis e o número de gotas de nuvem. Para tratar a formação de gotas de nuvem de maneira apropriada, é necessário conhecer a concentração numérica e a composição química do aerossol, além da velocidade vertical na escala da nuvem, e não na escala da resolução espacial dos modelo climáticos globais. Pág. 27/46 21 Mar 2011 Draft I – Primeiro Relatório de Avaliação Nacional – Capítulo 8 AbdulRazzak e Ghan (2000) desenvolveram uma parametrização que descreve a formação de gotas para um aerosol multi-modal. Esta abordagem foi estendida por Nenes e Seinfeld (2003) para incluir efeitos cinéticos, e por Abdul-Razzak e Ghan (2004) para incluir aerossóis orgânicos com superfície ativa. Para aplicar este tipo de parametrização, a velocidade de “updraft” precisa ser conhecida. Enquanto alguns modelos assumem uma distribuição gaussiana (e.g. Chuang et al., 1997), outros usam a energia cinética turbulenta (Lohmann et al, 1999), mas a maioria dos modelos usa simplesmente uma relação empírica entre a massa ou número de aerossóis e o número de gotas. Os métodos paramétricos não são piores que os métodos mecanicistas, pelo menos para as simulações do clima atual (Menon et al, 2003). Contudo, devido a generalidade dos métodos com base física e pensando em simulações do clima futuro, onde as correlações existentes hoje podem não se manter, estas devem ser preferidas pelos modelos climáticos. 2.3.10.3. TRATAMENTO DE NUVENS Desde os primeiros relatórios do IPCC, grandes avanços na descrição microfísica de nuvens de grande escala foram conseguidos. Enquanto os primeiros estudos diagnosticavam apenas a fração de cobertura com base na umidade relativa e velocidade vertical, os modelos climáticos mais recentes fazem o prognóstico do material condensado. O grau de sofisticação varia desde a previsão da soma do total de água e gelo (Rasch e Kristjánsson, 1998) até a previsão separada para água, gelo, neve e chuva (Fowler et al., 1996). Como o primeiro efeito indireto é baseado na concentração em número, alguns modelos climáticos também predizem a concentração numérica além da concentração em massa (Lohmann et al., 1999). Para nuvens mistas e de gelo, seria preciso predizer também o número de cristais de gelo (Ghan et al., 1997b). Métodos de dois-momentos conseguem representar adequadamente os processos em nuvens mistas (Carrió e Nicolini, 1999), mas são inferiores a métodos que resolvem toda a distribuição de tamanhos (modelos tipo “bin”). Entretanto, hoje em dia apenas modelos de um momento são computacionalmente viáveis para simulações multi-seculares com modelos climáticos globais. Há hoje uma grande diferença entre a sofisticação do tratamento dado as nuvens de grande escala e a falta de sofisticação do tratamento das nuvens convectivas, ainda dependente das parametrizações de fluxo de massa da década de 1970 (Arakawa e Schubert, 1974), ainda que esta tenham sido refinadas (Grell e Dévényi, 2002). Existem evidências experimentais que mostram que a queima de biomassa afeta a convecção profunda (Rosenfeld, 1999; Roberts et al., 2003) o que requer um aperfeiçoamento das parametrizações de convecção. (Freitas et al., 2006) incluíram a formação de pirocumulus, um efeito sub-grade, introduzindo um modelo de pluma forçado pelo calor produzido na queima de biomassa. Apenas com a inclusão deste efeito foi possível injetar aerossóis no nível correto na atmosfera e obter valores comparáveis entre as observações de profundidade ópticas do MODIS e aquelas preditas pelo modelo CATT-BRAMS (Longo et al., 2010). Nober et al. (2003) incluíram o efeito indireto dos aerossóis na parametrização de convecção alterando a eficiência de precipitação em função da concentração de gotículas. Zhang et al. (2005) incluíram ainda processos como autoconversão, congelamento e agregação, que já eram Pág. 28/46 21 Mar 2011 Draft I – Primeiro Relatório de Avaliação Nacional – Capítulo 8 considerados para as nuvens de grande escala, nas nuvens convectivas. Uma alternativa para tratar a convecção profunda de maneria realista é utilizar um modelo de alta resolução, inserido em cada coluna atmosférica de um modelo climático global, para resolver as nuvens e representar a pequena escala, a chamada super parametrização (Grabowski, 2004). Todas estas alternativas, entretanto, estão apenas começando a ser viáveis para simulações multisseculares com modelos climáticos globais. Além disso, apenas alguns dos modelos incluem este tipo de refinamento. 8.4 Efeitos da química atmosférica na composição e distribuição de gases de efeito estufa e aerossóis Os poluentes atmosféricos (gases ou material particulado) costumam ser divididos em duas categorias: poluentes primários ou poluentes secundários. Poluentes primários são aqueles diretamente emitidos por uma fonte. O “Black carbon” e o monóxido de carbono (CO), por exemplo, são poluentes primários, ambos resultantes diretos de processos de combustão de matéria orgânica. Já os poluentes secundários são aqueles formados na atmosfera através de reações químicas entre poluentes primários e/ou componentes naturais da atmosfera. O ozônio, um importante gás de efeito estufa, é um dos principais poluentes secundários, resultante de reações químicas que envolvem óxidos de nitrogênio (NOx) e compostos orgânicos voláteis (COVs) na presença de luz solar. Material particulado secundário também pode ser formado na atmosfera a partir reações químicas que envolvem gases como dióxido de enxofre (SO2), NOx e COVs. A concentração dos poluentes dependerá, portanto, de vários fatores: emissões, química das fases gasosa e aquosa, conversão gás-partícula, crescimento do aerossol por condensação ou dissolução, nucleação homogênea e heterogênea, coagulação, transportes advectivo, convectivo e turbulento e remoções seca e úmida. No Brasil, esses processos físico-químicos da atmosfera têm sido estudados tanto através de modelos numéricos de dispersão e qualidade do ar quanto em campanhas experimentais. As campanhas experimentais focam em diferentes ambientes: região amazônica (Chen et al., 2010; Gatti et al., 2010; Carmo et al., 2006; Artaxo et al., 2005 ... ), área urbana (Albuquerque et al., 2011; Andrade et al., 2010; Miranda et al., 2010; Sanchez-Ccoyllo et al., 2008, Martins et al., 2008; Paulino et al., 2010), região industrial (Quiterio et al., 2004), áreas de cultivo de cana-de-açúcar (Lara et al., 2005), cerrado (Metay et al., 2007), entre outras. Nestas campanhas, monitoram-se gases traço (CO, NOx, O3, COVs, SO2, CO2, CH4, N2O) e/ou o material particulado é coletado e submetido a diferentes análises físico-químicas. Em geral, são campanhas de relativamente curta duração, com objetivo de caracterizar os gases traço e partículas de aerossóis locais. Os modelos numéricos, por sua vez, permitem uma visão mais ampla da evolução dos poluentes, i.e., maior cobertura tanto no espaço quanto no tempo. Esta evolução é realizada através da solução numérica da equação da continuidade; na qual a concentração de uma espécie química é função da sua dispersão pelo vento, sua produção (ou consumo), emissão e remoção. Atualmente, os modelos numéricos de dispersão e/ou qualidade do ar têm sido divididos em modelos acoplados (on-line) ou não acoplados (off-line). Normalmente, nos modelos não acoplados, o campo de vento e outras propriedades que descrevem a atmosfera são fornecidos por um modelo numérico meteorológico “externo”. O modelo de dispersão e/ou qualidade do ar resolve, então, numericamente a equação da continuidade, Pág. 29/46 21 Mar 2011 Draft I – Primeiro Relatório de Avaliação Nacional – Capítulo 8 considerando emissões, dispersão, reações químicas (para os modelos de qualidade do ar) e processos de remoção. Os primeiros estudos numéricos de qualidade do ar para a Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) foram realizados no final da década de 90 com o modelo fotoquímico (não acoplado) CIT (desenvolvido na Califórnia Institute of Technology) apenas para os poluentes gasosos. No estudo de Martins (2006), o modelo CIT, alimentado com as saídas meteorológicas dos modelos RAMS (Regional Atmospheric Modelling System, http://rams.atmos.colostate.edu/) e BRAMS ((Brazilian developments on the Regional Atmospheric Modelling System, http://brams.cptec.inpe.br/), foi utilizado para avaliar a sensibilidade da formação do ozônio troposférico às emissões veiculares de COVs e NOx na RMSP. O modelo CMAQ (Community Multiscale Air Quality, http://www.cmaq-model.org/) é o modelo de qualidade do ar atualmente recomendado pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos para a descrição da formação de partículas e ozônio troposférico. O CMAQ é um modelo não acoplado que utiliza as saídas meteorológicas do modelo WRF (Weather Research and Forecasting Model, http://wrf-model.org) e as emissões geradas pelo modelo SMOKE (Sparse Matrix Operator Kernel Emissions, http://smoke-model.org). Sua estrutura é composta de um modelo de transporte químico (CMAQ Chemical Transport Model – CCTM), responsável pela simulação dos processos químicos, de transporte e deposição envolvidos na modelagem da qualidade do ar. São considerados: as reações químicas na fase gasosa; influência de nuvens no transporte, química da fase aquosa e remoção úmida dos gases e aerossóis, modelagem do aerossol (nucleação, condensação, coagulação, distribuição de tamanho, composição química, deposição seca e úmida). Albuquerque (2010) utilizou este modelo para avaliar a sensibilidade da formação dos aerossóis inorgânicos finos na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) ao controle da emissão de seus precursores, os gases SO2, NOx e NH3. Os modelos não acoplados são ferramentas importantes no estudo de reatividade atmosférica, considerando principalmente uma escala espacial mais regional e uma escala de tempo da ordem de dias. Entretanto, nestes modelos, o efeito da variação das concentrações dos gases e dos aerossóis não é incorporado à simulação meteorológica. O modelo SPM-BRAMS (Simple Photochemical Module, FREITAS et al., 2005) é um modelo on-line que realiza as reações químicas na fase gasosa simultaneamente aos processos atmosféricos. Balbino (2008) fez um estudo do impacto de intensa atividade convectiva ou períodos secos nas concentrações simuladas e Carvalho (2010) aplicou-o às Regiões Metropolitanas de São Paulo e Rio de Janeiro. O CATT-BRAMS (Coupled Aerosol and Tracer Transport model to the Brazilian developments on the Regional Atmospheric Modelling System, http://meioambiente.cptec.inpe.br/modelo_cattbrams.php?lang=pt) é um modelo de transporte 3D acoplado com um modelo de emissões. As emissões de Material Particulado Fino (PM2,5) e de CO oriundas de queimadas são alocadas conforme os focos de queimadas obtidos por imagens de satélite. Como a temperatura das queimadas pode chegar a 1800 K, um esquema especial de levantamento de plumas foi desenvolvido para considerar este alto empuxo (Freitas et al., 2006). Um estudo sobre o impacto dos aerossóis na precipitação (efeito direto dos aerossóis) utilizando o CATT-BRAMS é apresentado por Freitas et al. (2009). Neste mesmo trabalho, são apresentados resultados obtidos com um mecanismo químico da fase gasosa, mostrando a formação de ozônio a partir dos precursores emitidos tanto em queimadas quanto em regiões urbanas. Finalmente, o WRF-CHEM é o modelo meteorológico WRF acoplado à química (http://www.acd.ucar.edu/wrf-chem/). O modelo simula a emissão, transporte, mistura e transformações químicas de gases traço e aerossóis simultaneamente à meteorologia, desde escala de nuvens a escala regional. Silva Júnior (2009) utilizou o WRF-CHEM para avaliar o impacto na simulação dos poluentes fotoquímicos do uso de diferentes parametrizações da Camada Limite Planetária na RMSP. Este modelo também pode ser utilizado para o estudo de processos importantes para as mudanças climáticas globais, incluindo as forçantes direta e indireta dos Pág. 30/46 21 Mar 2011 Draft I – Primeiro Relatório de Avaliação Nacional – Capítulo 8 aerossóis, entretanto o custo computacional para isto ainda é alto. É interessante notar que o esquema de levantamento de plumas desenvolvido por Freitas et al. (2006) foi incluído no modelo WRF-CHEM para as simulações de queimadas. Até o momento, os trabalhos têm se limitado à aplicação dos modelos em regiões delimitadas (CATT-BRAMS para a América do Sul e Oceano Atlântico, SPM-BRAMS e WRF-CHEM para regiões Sul e Sudeste do Brasil) e simulações da ordem de dias. Como se tratam de modelos de qualidade do ar, focam-se as espécies que têm algum impacto à saúde humana como os poluentes O3, CO, NOx, SOx, COV´s e aerossóis. Os gases de efeito estufa, com exceção do ozônio, são considerados pouco reativos (daí sua longevidade na atmosfera e maior impacto no clima), desta forma, sua dispersão seria o principal processo ao qual seria submetido. Além disso, o domínio vertical dos modelos normalmente se restringe à troposfera, sendo poucos os estudos numéricos realizados com relação à interação com a estratosfera/camada de ozônio, outro fator determinante no clima. Os principais problemas apontados pelos estudos realizados no Brasil são: a falta de um inventário de emissões com alta resolução espacial e temporal para as várias espécies químicas (gases de efeito estufa, especiação dos compostos de carbono orgânico voláteis, caracterização química dos aerossóis, em especial sua composição orgânica; produtos dos vários processos de combustão, especiação das emissões biogênicas); alto custo computacional dos módulos responsáveis pelas reações químicas, módulo aerossol e interação do aerossol com a radiação; observações para validar os resultados dos modelos com maior abrangência espacial e temporal. 8.5 Expressões espaciais e temporais da forçante radiativa Cálculos da forçante radiativa sobre o Brasil, regionalização; [Identificar regiões bem estudadas e ainda pouco estudadas] [No 4o. Relatório do IPCC uma seção sobre cálculos regionais da forçante era necessária porque todas as análises anteriores referiam-se a médias globais. No nosso caso já estaremos nos concentrando sobre o Brasil, então cabe repensar se precisamos dessa sub-seção. Por outro lado, os agentes causadores das forçantes (aerossóis, gases, mudança do uso do solo, vulcões, etc) têm padrões de variabilidade temporal e espacial bem diferentes, então uma possibilidade seria usar esse espaço para classificar as forçantes desses agentes de acordo com sua intensidade em escalas regionais de tempo e espaço.] 8.6 Métricas e medidas do efeito de gases de efeito estufa Métricas de emissão [Global Warming Potential – GWP; Global Temperature Change Potential – GTP] [Efeito do metano emitido em represas associadas a hidrelétricas, aterros sanitários] Pág. 31/46 21 Mar 2011 Draft I – Primeiro Relatório de Avaliação Nacional – Capítulo 8 [Quantificação de emissões de GEE – inventário Brasileiro] O impacto de gases de efeito estufa (GEE) no sistema climático pode ser expresso em termos de métricas de emissões, as quais avaliam simultaneamente a quantidade de gás emitido e seu potencial impacto climático global. Estimativa do volume emitido de cada GEE é apenas um indicativo quantitativo da presença de gases na atmosfera, e a contribuição efetiva de cada gás na atmosfera deve ser ponderada pelo peso molecular, tempo médio de permanência na atmosfera e efeito de aquecimento acumulativo de cada gás. As métricas de emissão permitem comparar o efeito potencial da emissão de vários gases de efeito estufa e auxiliam nas formulações de políticas públicas em relação às mudanças do clima. Diferentes formulações de métricas de emissão são apresentadas na literatura (Kandlikar, 1996; Manne e Richels, 2001, Shine et al., 2005), e aquelas utilizadas em inventários e relatórios oficias brasileiros são apresentada no Box 1. Estas métricas contabilizam as emissões dos GEE, e expressam os seus valores em indicadores comuns no sentido de facilitar comparações internacionais. Há um grande esforço nacional de estimar a emissão de GEE no território brasileiro. O Brasil como signatário da convenção-quatro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas tem como suas principais obrigações à elaboração e atualização periódica do Inventário Nacional de Emissões e Remoção Antropogênica de Gases de Efeito Estufa. O primeiro inventário brasileiro de GEE foi publicado em 2004 (Brasil, 2004), e incluía dados de emissão e sequestro de GEE para o período entre 1990 e 1994. Dados recentes sobre emissões e sequestro de GEE estão sendo compilados 6 e farão parte do Segundo Inventário Nacional. O inventário em fase de compilação tem como o ano base de 2000, e apresenta valores referentes aos anos de 1990 e 2005. O inventário considera a metodologia do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) e da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC). Os gases de efeito estufa incluídos neste inventário são aqueles internacionalmente reconhecidos pelo Protocolo de Kyoto: dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), óxido nitroso (N2O), hexafluoreto de enxofre (SF6), hidrofluorcarbonos (HFCs) e perfluorcarbonos (PFCs).7 A Figura 1 apresenta os dados preliminares do inventário de emissões de GEE em termos dos setores socioeconômicos. Referente ao ano base de 2005, os dados mostram que o setor mudança que mais contribui para o lançamento de gases de efeito estufa no Brasil foi o uso da terra e floresta (58% das emissões totais do país). O segundo setor é a agricultura (22% do total), seguido pelos setores energético (16%), tratamento de resíduos (2%) e industriais (2%). Outro esforço nacional para contabilizar a emissão de GEE é o Programa Brasileiro GHG Protocol, implementado em 2008. Este programa, uma iniciativa do Centro de Estudos em Sustentabilidade, da Fundação Getulio Vargas, e do World Resources Institute (WRI) 8, em parceria com o Ministério do Meio Ambiente, o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável e o World Business Council for Sustainable Development, tem o objetivo de promover, por meio de engajamento e capacitação técnica e institucional, uma cultura corporativa de caráter voluntário para a identificação, o cálculo e a elaboração de inventários de emissões de GEE (ref). 6 A conclusão prevista é 31 de Março de 2011, data legal em que o inventario deverá ser submetido à Segunda Comunicação Nacional à Convenção do Clima. Sendo assim, os resultados apresentados neste estudo em relação são preliminares e estão sujeitos a complementação. 7 Os gases que possuem influência nas reações químicas que ocorrem na atmosfera, como monóxido de carbono (CO), óxidos de nitrogênio (NOx) e outros compostos orgânicos voláteis não metânicos (NMVOC), também serão incluídos no inventário brasileiro quando disponíveis. 8 O WRI é referência internacional para elaboração de inventários corporativos de gases de efeito estufa. Os inventários corporativos têm como principal relator as indústrias (privadas ou publicas) de diversos setores econômicos. Pág. 32/46 21 Mar 2011 Draft I – Primeiro Relatório de Avaliação Nacional – Capítulo 8 Associado ao desenvolvimento metodológico (Brasil et al., 2007; Brasil et al. 2008, Carvalho et al., 2007), elaboração e atualização de inventários para estimar a quantidade de emissão e remoção de GEE (MCT, 2000), existe um grande esforço da comunidade cientifica brasileira de identificar e estudar o perfil das fontes de emissão dos GEE. Neste documento são apresentados alguns destes trabalhos. As fontes de emissões de GEE Os resultados comunicados pelos inventários de emissões de GEE indicam que o Brasil é um dos maiores emissores de gases de efeito estufa no mundo. As fontes de emissões advêm principalmente de reservatórios hidrelétricos, mudança e uso de cobertura do solo. NO contexto geral, a emissão total de GEE em equivalente em CO2 aumentou em 17% durante o período de 1994-2005 (Cerri et al., 2009), sendo o CO2 responsável por 72,3% do total. De acordo com os autores houve uma pequena diminuição em relação aos outros GEE, uma vez que em 1994 sua participação foi de 74,1%. O aumento de todas as fontes dos GEE, excluída mudança do uso da terra e reflorestamento, foi de 41,3% durante o período de 1994-2005. Climate Analysis Indicators Tool (CAIT) - World Resources Institute (WRI) estimaram um crescimento maior que o inventario de 48,9% das emissões em 2009, classificando o Brasil na 69a posição no ranking mundial de emissores (WRI, 2009). O total de emissão e de 1005 Mt CO2-eq, incluindo as emissões de CH4 e N2O, mas excluindo LUCF (desflorestamento). [Sintetizar nas próximas seções, os estudos realizados no âmbito das principais fontes de emissão no Brasil, sendo que as principais fontes são identificadas na tabela 1] Reservatórios hidrelétricos Reservatórios de hidroelétricas são sistemas aquáticos artificiais, que têm sido identificados como emissores de quantidades significativas de gases de efeito estufa (Rudd et al. 1993; St Louis et al. 2000, Novo e Tundisi, 1994; Lima et al., 2000; St. Louis et al., 2000; Fearnside, 2002.; Santos et al., 2005), principalmente o dióxido de carbono (CO2) e metano (CH4). O dióxido de carbono é produzido nos reservatórios devido à decomposição aeróbica de biomassa de floresta morta, e o metano é produzido principalmente por bactérias que participam do ciclo de decomposição subaquática do carbono existente na matéria orgânica remanescente da época da formação da represa ou levada, na forma de sedimentos, pelos rios que deságuam no reservatório (Giles 2006; Rosa et al., 2004). O metano permanece dissolvido na água, principalmente nas camadas mais profundas do lago, e escapa para a atmosfera quando passa pelas turbinas e pelos vertedouros de usinas hidrelétricas. As estimativas oficiais brasileiras apenas consideram as emissões que ocorrem na área superficial da represa, a qual representa é relativamente pequena do impacto total do gás (Fearnside et al., 2004). Rosa (2000) apresenta uma metodologia para contabilizar as emissões de GEE derivadas de diferentes reservatórios hidrelétricos brasileiros e extrapolar os valores para o parque hidrelétrico do país. As estimativas das taxas de emissão foram baseadas em dados observacionais experimentais realizados em sete hidrelétricas brasileiras com características distintas. O estudo mostrou que a fonte de emissão advinda de hidrelétricas varia de acordo com o Pág. 33/46 21 Mar 2011 Draft I – Primeiro Relatório de Avaliação Nacional – Capítulo 8 tipo de ecossistema inundado pré- existente (ex. floresta, cerrado, caatinga etc), idade do logo (anos), potencia (MW) e densidade de potencia de funcionamento (W/m2). A metodologia usada foi por amostragem em diversos pontos da represa e extrapolada para toda represa. Diversos estudos têm concentrado particularmente na emissão de gases de efeito estufa nos afluentes do Rio Amazonas (Junk et al., 1985, Devol et al., 1988, Richey et al, 1982 and 2002, Rosa et al., 1996). Devol et al. (1988) mediu fluxos de CH4 em áreas de alongamento pelo Rio Amazonas durante o inicio do período chuvoso. A emissão média encontrada foi de 75 kg C/km2/dia em área de floresta alagada, 90 kg C/km2/dia em lagos e 590 kg C/km2/dia em áreas de plantas flutuantes. Muitas questões foram levantadas durante as campanhas experimentais, entre estas destacam-se as seguintes questões: a extrapolação de um dado para outra área do reservatório e de um reservatório para outro, o comportamento das emissões no tempo, as emissões liquidas versus emissões brutas, a origem da matéria orgânica (autoctone ou aloctone), dentre outras. Santos et al.(2008) examinaram o comportamento dinâmica das emissões de CH4 e CO2 e avaliaram as emissões naturais anteriores à construção da barragem para que estes pudessem ser reduzidos das emissões futuras atribuídas ao reservatório (emissões liquidas). [Adicionar mais detalhes de acordo do paper de Santos et AL. (2008)] Mudanças no uso e cobertura do Solo A maior parcela de emissões de CO2 no Brasil é devido a mudanças no uso e cobertura do solo (76 % das emissões totais de CO2), em particular associada à conversão da floresta em agropecuária (MCT, 2004 e 2009). O desmatamento é causado pelo processo de derrubamento de arvores e por incêndios florestais. Incêndios florestais por queimadas antrópicas do bioma da Amazônia têm provocado a emissão de grandes quantidades de gases do efeito estufa para a atmosfera. Barbosa e Fearnside (1999) mostraram que aproximadamente 18 x 106 toneladas de carbono em unidade de Co2 equivalente foi liberado em um grande incêndio florestal em ??? Roraima. Comentários Finais Os estudos e dados obtidos pela comunidade cientifica têm contribuído para o conhecimento dos perfil das fontes de emissão e também para a elaboração do inventário nacional de emissões de GEE, coordenado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia. O conhecimento do perfil de emissões de GEE ajuda a estabelecer estratégias, metas e planos para redução e gestão das emissões. A metodologia adotada para contabilizar as emissões de GEE são baseadas em observações experimentais locais/regionais durante alguns dias do ano, e são extrapolados para todo o país. Estas restrições não permitem uma análise temporal do comportamento das emissões. Adicionalmente, Pág. 34/46 21 Mar 2011 Draft I – Primeiro Relatório de Avaliação Nacional – Capítulo 8 observou-se que os inventários não apresentam as incertezas associadas às emissões. Os dados de emissão e suas incertezas são importantes para identificar e avaliar o perfil das fontes de emissões e também para projetar as futuras emissões e ou reduções das concentrações de GEE. As estimativas das emissões irão contribuir na análise da escolha de medidas mitigadoras (escolha de tecnologia de controle, avaliação de custo de abatimento, ponderação da participação de cada fonte e de cada país nas emissões globais etc.) (OECD, 1991). As incertezas associadas às emissões são informações importantes para aperfeiçoar e aumentar a confiabilidade das projeções climáticas futuras e também para mitigar o efeito das emissões futuras. A elaboração de inventários periódicos associada ao monitoramento continuo das taxas de emissões são essenciais para que o perfil e comportamento das emissões sejam melhor caracterizados. • VER http://www.mct.gov.br/index.php/content/view/20233.html (OECD, 1991) O inventario nacional de GEE, elaborado e coordenado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, é o resultado da contribuição de diversas empresas e instituições nacionais. A ELETROBRAS, através do Departamento de Engenharia e Meio Ambiente, coordenou o trabalho emissões de dióxido de carbono e metano pelos reservatórios hidrelétricos brasileiros (Rosa, 2000). Pág. 35/46 21 Mar 2011 Draft I – Primeiro Relatório de Avaliação Nacional – Capítulo 8 Box 1 - Métricas de Emissão: Definições e Formulações Na literatura diferentes formulações de métricas de emissão são encontradas. As adotadas pelo IPCC são apresentadas abaixo. Potencial de Aquecimento Global (em inglês, Global Warming Potential, geralmente identificado como GWP) é uma métrica de emissão que estima o quanto um determinado volume de gás de efeito estufa contribui fisicamente para o aquecimento global. Esta métrica representa uma medida relativa que compara o potencial de aquecimento de um gás em questão à mesma quantidade de um gás de referência, geralmente CO2, cujo GWP é definido como 1. [incluir a fórmula do GWP] O Potencial de Aquecimento Global é calculado sobre um intervalo de tempo específico, o qual deve ser declarado juntamente com o valor de GWP. A tabela abaixo apresenta os GPM dos principais gases de efeito estufa para diferente intervalo de tempo. Como pode ser observar o potencial de aquecimento global do gás metano em 100 anos é 21 vezes maior do que o potencial do CO2, o que significa que 1 tonelada de metano absorve 21 vezes mais radiação do que 1 tonelada de CO 2. Interessante observar que o GWP do óxido nitroso (N2O) é 310. [incluir a tabela com os GPM dos diferentes gases] Potencial de temperatura global (em inglês, Global Temperature Potential, GTP) indica o potencial de emissão de um determinado gás em termos de mudança de temperatura da superfície global tendo como referencia a emissão de outro gás, como exemplo CO2 (Shine et al., 2005). [incluir a fórmula do GTP] Dióxido de carbono equivalente (em inglês, Carbon Dioxide Equivalent CO2-e) é uma métrica obtida através da multiplicação das toneladas emitidas de GEE por seu potencial de aquecimento global. Está métrica é utilizada para comparar as emissões de vários gases de Pág. 36/46 21 Mar 2011 Draft I – Primeiro Relatório de Avaliação Nacional – Capítulo 8 efeito estufa baseado no potencial de aquecimento global de cada gás em um horizonte de tempo determinado. Figura 1 indica dados preliminares do MCT das emissões brasileiras de gases de efeito estufa em CO2 equivalente. Pág. 37/46 21 Mar 2011 Draft I – Primeiro Relatório de Avaliação Nacional – Capítulo 8 Tabela 1 - Gases responsáveis pelo efeito estufa no Brasil e suas respectivas fontes de emissão. Fontes de Emissão Gases de Efeito Estufa CO2 Mudança no uso da Terra e Florestas Queima de Combustíveis Fósseis (uso de combustíveis fosseis principalmente pelos setores enérgico, industrial, e de transportes) Emissões Fugitivas (mineração de carvão, extração e transporte de petróleo e gás natural) Processos industriais (produção de cimento, cal, amônia, alumínio) CH4 Mudança Uso da Terra e Florestas Queima de Combustíveis Fósseis (uso de combustíveis fosseis principalmente pelos setores energético, industrial e de transportes) Agropecuária (fermentação entérica, manejo de dejetos de animais, cultura de arroz, queima de Resíduos Agrícolas) Tratamento de Resíduos (Lixo e esgoto industrial e doméstico) Emissões Fugitivas (mineração de carvão, extração e transporte de petróleo e gás natural) Processos Indústrias (Indústria Química) N2O Mudança Uso da Terra e Florestas Queima de Combustíveis Fósseis (uso de combustíveis fósseis principalmente nos setor Industrial) Processos Indústrias (indústria química - produção de Ácido Nítrico e Adípico) Agropecuária (principalmente associado ao manejo de dejetos de animais, solos agrícolas, queima de resíduos agrícolas) Tratamento de Resíduos (Esgoto doméstico) HFC, PFC e SF6 Estes gases não existem originalmente na natureza, sendo produzidos em processos industriais, principalmente no consumo em equipamentos de refrigeração e elétricos, e na produção de alumínio. Gases de Efeito Estufa Indireto9 CO 9 Gases de efeito estufa indireto são aqueles que influenciam as reações químicas na troposfera, e que indiretamente exercem aquecimento da atmosfera. Pág. 38/46 21 Mar 2011 Draft I – Primeiro Relatório de Avaliação Nacional – Capítulo 8 Queima de Combustíveis Fósseis (uso combustíveis fósseis principalmente pelos setores energético, industrial, de transporte e residencial) Processos Industriais (indústria química, Indústria de Alumínio e papel e celulose) Agropecuária (cana de açúcar e algodão) Mudança Uso da Terra e Florestas NOx Queima de Combustíveis Fósseis (uso energético de combustíveis fósseis principalmente nos setores energético, Industrial, Transporte e residencial) Processos Industriais Agropecuária (queima de resíduos de cana de açúcar e algodão) Mudança Uso da Terra e Florestas NMVOC Queima de Combustíveis Fósseis (uso energético de combustíveis fósseis principalmente nos setores energético, industrial, de transporte e residencial ) Processos Industriais (indústria química, de Alumínio, papel e celulose e de alimentos e bebidas) Uso de Solventes • Porcentagem das Emissões de Gases de Efeito Estufa em CO2 equivalente Pág. 39/46 21 Mar 2011 Draft I – Primeiro Relatório de Avaliação Nacional – Capítulo 8 Figura - Dados preliminares do Ministério da Ciência e Tecnologia das emissões de gases de efeito estufa em CO2 equivalente. (Fonte: MCT, 2009) 8.7 Observações finais e recomendações [É necessário interagir bastante com o cap. 7 – Aerossóis atmosféricos e nuvens para evitar duplicações e manter o texto coerente] [Ao final do capítulo deve haver uma conclusão ponderando as informações compiladas sobre as forçantes no Brasil] [Identificar questões pouco abordadas na literatura] [Identificar itens que não foram cobertos neste draft] Pág. 40/46 21 Mar 2011 Draft I – Primeiro Relatório de Avaliação Nacional – Capítulo 8 Referências Forster, P., V. Ramaswamy, P. Artaxo, T. Berntsen, R. Betts, D.W. Fahey, J. Haywood, J. Lean, D.C. Lowe, G. Myhre, J. Nganga, R. Prinn, G. Raga, M. Schulz and R. Van Dorland, 2007: Changes in Atmospheric Constituents and in Radiative Forcing. In: Climate Change 2007: The Physical Science Basis. Contribution of Working Group I to the Fourth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change [Solomon, S., D. Qin, M. Manning, Z. Chen, M. Marquis, K.B. Averyt, M.Tignor and H.L. Miller (eds.)]. Cambridge University Press, Cambridge, United Kingdom and New York, NY, USA. Natural radiative forcing: Orbitally driven east-west antiphasing of South American precipitation, Francisco W. Cruz, Mathias Vuille, Stephen J. Burns, Xianfeng Wang, Hai Cheng, Martin Werner, R. Lawrence Edwards, Ivo Karmann, Augusto S. Auler, Hanh Nguyen, Nature Geoscience, vol 2, march 2009, p.210-214. Wavelet analysis of a centennial (1895–1994) southern Brazil rainfall series (Pelotas, 31°46′19′′S 52°20′ 33′ ′W). M. P. Souza Echer & E. Echer & D. J. Nordemann & N. R. Rigozo & A. Prestes, Climatic Change (2008) 87:489–497, DOI 10.1007/s10584007-9296-6 Ronny Engelmann, Theotonio Pauliquevis And Paulo Artaxo. Geophysical Research Letters, Vol. 36, L11802, Doi:10.1029/2009gl037923, 2009. Mahowald, N., M. Yoshioka, W. Collins, A. Conley, D. Fillmore, D. Coleman, Climate response and radiative forcing from mineral aerosols during the glacial maximum, pre-industrial, current and doubled-carbon dioxide climates, GRL, 33,L20705, doi:10.1029/2006GL026126, 2006. Nordeman, D. J. R., Rigozo, N. R. e de Faria, H. H. Solar activity and El-Niño signals observed in Brasil and Chile tree ring records. Advances in Space Research 35(5), 891-896, 2005. Anthropogenic radiative forcing: A regional climate model study of how biomass burning aerosol impacts land-atmosphere interactions over the Amazon. Yan Zhang, Rong Fu, Hongbin Yu, Robert E. Dickinson, Robinson Negron Juarez, Mian Chin, and Hui Wang, Journal of Geophysical Research, Vol. 113, D14S15, doi:10.1029/2007JD009449, 2008. LIU, Y., Atmospheric response and feedback to radiative forcing from biomass burning in tropical South America. Agricultural and Forest Meteorology, vol. 133, 40-53, 2005. Long-term variation in Amazon forest dynamics, Laurance, Susan G. W., Laurance, William F, Nascimento, Henrique E. M., Andrade, Ana, Fearnside, Phillip M., Rebello, Expedito R. G. & Condit, Richard, Journal of Vegetation Science 20: 323–333, 2009. PATADIA, F. et al. A Multisensor satellite-based assessment of biomass burning aerosol radiative impact over Amazonia, Journal of Geophysical Research, vol. 113, D12214. Journal of Geophysical Research, vol. 113, D12214, 14 PP., 2008 doi:10.1029/2007JD009486, 2008. Solar and climate imprint differences in tree ring width from Brazil and Chile. Nivaor Rodolfo Rigozo, Daniel Jean Roger Nordemann, Ezequiel Echer, Heitor Evangelista da Silva, Mariza Pereira de Souza Echer, Alan Prestes, Journal of Atmospheric and Solar-Terrestrial Physics 69 (2007) 449–458. PROCOPIO, A. S. et al. Multiyear analysis of amazonian biomass burning smoke radiative forcing of climate, Geophysical Research Letters, vol. 31, L03108, doi:10.1029/2003GL018646, 2004. Solar maximum epoch imprints in tree-ring width from Passo Fundo, Brazil (1741–2004) N.R. Rigozo, A. Prestes, D.J.R. Nordemann, H.E. da Silva, M.P. Souza Echer, E. Echer, Journal of Atmospheric and Solar-Terrestrial Physics 70 (2008) 1025–1033. ZHANG, Y. et al. A regional climate model study of how biomass burning aerosol impacts landatmosphere interactions over the Amazon. Journal of Geophysical Research, vol. 113, D14S15, doi:10.1029/2007JD009449, 2008. Transport of North African dust from the Bodele depression to the Amazon Basin: a case study Y. Ben-Ami, I. Koren, Y. Rudich, P. Artaxo, S. T. Martin, and M. O. Andreae, Atmos. Chem. Phys., 10, 7533–7544, 2010. A review of measurement-based assessments of the aerosol direct radiative effect and forcing. H. Yu, Y. J. Kaufman, M. Chin, G. Feingold, L. A. Remer, T. L. Anderson, Y. Balkanski, N. Bellouin, O. Boucher, S. Christopher, P. DeCola, R. Kahn, D. Koch, N. Loeb, M. S. Reddy, M. Schulz, T. Takemura, and M. Zhou, Atmos. Chem. Phys., 6, 613–666, 2006. Dust and smoke transport from Africa to South America: lidar profiling over cape verde and the Amazon rainforest. Albert Ansmann, Holger Baars, Matthias Tesche, Detlef Muller, Dietrich Althausen, Global view of aerosol vertical distributions from CALIPSO lidar measurements and GOCART simulations: Regional and seasonal variations, Hongbin Yu, Mian Chin, David M. Winker, Ali H. Pág. 41/46 21 Mar 2011 Draft I – Primeiro Relatório de Avaliação Nacional – Capítulo 8 Omar, Zhaoyan Liu, Chieko Kittaka, and Thomas Diehl, Journal of Geophysical Research, Vol. 115, D00H30, doi:10.1029/2009JD013364, 2010 Effect of aerosol on warm convective clouds: Aerosolcloud-surface flux feedbacks in a new coupled large eddy model, Hongli Jiang, Graham Feingold, Journal of Geophysical Research, Vol. 111, D01202, doi:10.1029/2005JD006138, 2006 A. S. Procopio, P. Artaxo, Y. J. Kaufman, L. A. Remer, J. S. Schafer, B. N. Holben. Multiyear analysis of amazonian biomass burning smoke radiative forcing of climate, GEOPHYSICAL RESEARCH LETTERS, VOL. 31, L03108, doi:10.1029/2003GL018646, 2004 Costa, Alexandre Araújo and Pauliquevis, Theotonio Aerossóis, nuvens e clima: resultados do experimento LBA para o estudo de aerossóis e microfísica de nuvens. Rev. bras. meteorol., Jun 2009, vol.24, no.2, p.234-253. ISSN 0102-7786 Aerosol effects on the lifetime of shallow cumulus, Hongli Jiang, Huiwen Xue, Amit Teller, Graham Feingold, and Zev Levin, GEOPHYSICAL RESEARCH LETTERS, VOL. 33, L14806, doi:10.1029/2006GL026024, 2006 Smoke and Pollution Aerosol Effect on Cloud Cover, Yoram J. Kaufman and Ilan Koren, Science, v313, 04AUG2006, 655-658. Smoke aerosols altering South American monsoon, Liu, Y. Q, R. Fu, and R. E. Dickinson, 2005: Bull. Amer. Meteor. Sci., August 2005, 1062-1063. Direct measurements of the effect of biomass burning over the Amazon on the atmospheric temperature profile. A. Davidi, I. Koren, and L. Remer Atmos. Chem. Phys., , 2009, v9, 8211–8221 Fire in the Earth System David M. J. S. Bowman, Jennifer K. Balch, Paulo Artaxo, William J. Bond, Jean M. Carlson, Mark A. Cochrane, Carla M. D’Antonio, Ruth S. DeFries, John C. Doyle, Sandy P. Harrison, Fay H. Johnston, Jon E. Keeley, Meg A. Krawchuk, Christian A. Kull, J. Brad Marston, Max A. Moritz, I. Colin Prentice, Christopher I. Roos, Andrew C. Scott, Thomas W. Swetnam, Guido R. van der Werf, Stephen J. Pyne, Science, v.324, 24APR2009, 481-484. Air pollution, greenhouse gases and climate change: Global and regional perspectives , V. Ramanathan, Y. Feng, Atmospheric Environment 43 (2009) 37–50 MODELING THE RELATION BETWEEN CCN AND THE VERTICAL EVOLUTION OF CLOUD DROP SIZE DISTRIBUTION IN CONVECTIVE CLOUDS WITH PARCEL MODEL, GÉRSON PAIVA ALMEIDA & RÔMULO RODRIGUES DOS SANTOS, Revista Brasileira de Meteorologia, Pág. 42/46 v.22, n.3, 313-321, 2007 Aerosol–cloud–precipitation interactions. Part 1. The nature and sources of cloud-active aerosols M.O. Andreae, D. Rosenfeld, Earth-Science Reviews 89 (2008) 13–41 A case study of the direct radiative effect of biomass burning aerosols on precipitation in the Eastern Amazon E.P. Vendrasco, P.L. Silva Dias, E.D. Freitas, Atmospheric Research 94 (2009) 409–421 The effect of smoke, dust, and pollution aerosol on shallow cloud development over the Atlantic Ocean. Yoram J. Kaufman, Ilan Koren, Lorraine A. Remer, Daniel Rosenfeld, and Yinon Rudich. PNAS, August 9, 2005, vol. 102, no. 32, 11207–11212 Smoke Invigoration Versus Inhibition of Clouds over the Amazon. Ilan Koren, J. Vanderlei Martins, Lorraine A. Remer, Hila Afargan. Science 321, 946 (2008), doi: 10.1126/science.1159185. Black carbon absorption effects on cloud cover, review and synthesis, D. Koch, A. Del Genio, Atmos. Chem. Phys. Discuss., 10, 7323–7346, 2010 On smoke suppression of clouds in Amazonia, Graham Feingold, Hongli Jiang, and Jerry Y. Harrington, GEOPHYSICAL RESEARCH LETTERS, VOL. 32, L02804, doi:10.1029/2004GL021369, 2005 Impact of changes in diffuse radiation on the global land carbon sink. Lina M. Mercado, Nicolas Bellouin, Stephen Sitch, Olivier Boucher, Chris Huntingford, Martin Wild & Peter M. Cox. Nature, Vol 458 (2009) doi:10.1038/nature07949 Atmos. Chem. Phys. Discuss., 5, 9325–9353, 2005 Sensitivity studies on the photolysis rates calculation in Amazonian atmospheric chemistry – Part I: The impact of the direct radiative effect of biomass burning aerosol particles L. M. M. Albuquerque1,2, K. M. Longo1, S. R. Freitas1, T. Tarasova1, A. Plana Fattori3, C. Nobre1, and L. V. Gatti4 Patadia, F., Gupta, P., Christopher, S.A., et al. (2008). A Multisensor satellite-based assessment of biomass burning aerosol radiative impact over Amazonia. Journal of Geophysical Research-Atmospheres, 113 (D12): D12214. Journal of Geophysical Research, Vol. 113, D12214, 14 PP., 2008 doi:10.1029/2007JD009486 A regional climate model study of how biomass burning aerosol impacts land-atmosphere interactions over the Amazon Yan Zhang,1 Rong Fu,1 Hongbin Yu,2,3 Robert E. Dickinson,1 Robinson Negron Juarez,4 Mian Chin,3 and Hui Wang5 Atmospheric response and feedback to radiative forcing from biomass burning in tropical South America, Yongqiang Liu, Agricultural and Forest Meteorology 21 Mar 2011 Draft I – Primeiro Relatório de Avaliação Nacional – Capítulo 8 Volume 133, Issues 1-4, 10 November 2005, Pages 40-53 Local and Remote Impacts of Aerosol Climate Forcing on Tropical Precipitation. CHIA CHOU, J. DAVID NEELIN, ULRIKE LOHMANN, JOHANN FEICHTER JOURNAL OF CLIMATE VOLUME 18 4622-4636, 2005 Cement replacement by sugar cane bagasse ash: CO2 emissions reduction and potential for carbon credits Fairbairn, EMR, Americano, BB, Cordeiro, GC, Paula, TP, Toledo, RD, Silvoso, MM. JOURNAL OF ENVIRONMENTAL MANAGEMENT VL 91 IS 9, 1864-1871, 2010, DOI 10.1016/j.jenvman.2010.04.008 Contribution of sugar-cane harvesting season to atmospheric contamination by polycyclic aromatic hydrocarbons (PAHs) in Araraquara city, Southeast Brazil, de Andrade, SJ, Cristale, J, Silva, FS, Zocolo, GJ, Marchi, MRR. ATMOSPHERIC ENVIRONMENT VL 44 IS 24, 2913-2919, 2010, DOI 10.1016/j.atmosenv.2010.04.026 Sources of particulate matter: emission profile of biomass burning, Pozza, SA, Bruno, RL, Tazinassi, MG, Goncalves, JAS, do Nascimento, VF, Barrozo, MAS, Coury, JR. INTERNATIONAL JOURNAL OF ENVIRONMENT AND POLLUTION VL 36 IS 1-3, 276-286, 2009 Historical carbon budget of the brazilian ethanol program, Pacca, S, Moreira, JR. ENERGY POLICY VL 37, IS 11, 4863-4873, 2009, DOI 10.1016/j.enpol.2009.06.072 Biofuel contribution to mitigate fossil fuel CO2 emissions: Comparing sugar cane ethanol in Brazil with corn ethanol and discussing land use for food production and deforestation. Rosa, LP, de Campos, CP, de Araujo, MSM. JOURNAL OF RENEWABLE AND SUSTAINABLE ENERGY VL 1 IS 3, 2009, DOI 10.1063/1.3139803 Atmospheric emission of reactive nitrogen during biofuel ethanol production, Machado, CMD, Cardoso, AA, Allen, AG. ENVIRONMENTAL SCIENCE & TECHNOLOGY VL 42 IS 2, 381-385, 2008, DOI 10.1021/es070384u The tropical forest and fire emissions experiment: laboratory fire measurements and synthesis of campaign data, Yokelson, RJ, Christian, TJ, Karl, TG, Guenther, A. ATMOSPHERIC CHEMISTRY AND PHYSICS VL 8 IS 13, 3509-3527, 2008 Short-term soil CO2 emission after conventional and reduced tillage of a no-till sugar cane area in southern Brazil,La Scala, N, Bolonhezi, D, Pereira, GT, SOIL & TILLAGE RESEARCH VL 91 IS 1-2, 244-248, 2006, DOI 10.1016/j.still.2005.11.012 Pág. 43/46 Studies on the aerobic methane oxidation at three sanitary landfills covers in Brazil, Teixeira, CE, Torves, JC, Finotti, AR, Fedrizzi, F, Marinho, FAM, Teixeira, PF. ENGENHARIA SANITARIA E AMBIENTAL VL 14 IS 1, 99-108, 2009 Freitas, Saulo R. et al. Emissões de queimadas em ecossistemas da América do Sul. Estud. Av., Abr 2005, vol.19, no.53, p.167-185. ISSN 0103-4014. Hoelzemann, Judith J., Martin G. Schultz , Guy P. Brasseur, Claire Granier, and Muriel Simon: Global Wildland Fire Emission Model (GWEM): Evaluating the use of global area burnt satellite data, J. Geophys. Res., Atmos., Vol. 109, D14S04, doi: 10.1029/2003JD003666, 2004 Hoelzemann, Judith J.: Global Wildland Fires – Impact on Atmospheric Chemistry, publisher: VDM-Verlag Dr. Müller, ISBN 978-3-8364-1193-6, 2007. Longo, K., S. R Freitas, A. Setzer, E. Prins, P. Artaxo, and M. Andreae:. The Coupled Aerosol and Tracer Transport model to the Brazilian developments on the Regional Atmospheric Modeling System (CATTBRAMS) – Part 2: Model sensitivity to the biomass burning inventories. Atmos. Chem. Phys., 10, p. 111, doi:10.5194/acp-10-1-2010, 2010. Freitas, S. R., Longo, K. M., Alonso, M. F., Pirre, M., Marecal, V., Grell, G., Stockler, R., Mello, R. F., and Sánchez Gácita, M.: A pre-processor of trace gases and aerosols emission fields for regional and global atmospheric chemistry models, Geosci. Model Dev. Discuss., 3, 855-888, doi:10.5194/gmdd-3-8552010, 2010. Atmospheric chemistry effects over the composition and distribution of aerosols and GHGs: The Coupled Aerosol and Tracer Transport model to the Brazilian developments on the Regional Atmospheric Modeling System (CATT-BRAMS) – Part 1: Model description and evaluation, S. R. Freitas , K. M. Longo, M. A. F. Silva Dias, R. Chatfield, P. Silva Dias, P. Artaxo, M. O. Andreae, G. Grell, L. F. Rodrigues, A. Fazenda, and J. Panetta, Atmos. Chem. Phys., 9, 2843–2861, 2009 Freitas, Saulo R., Longo, Karla M. and Rodrigues, Luiz F. Modelagem numérica da composição química da atmosfera e seus impactos no tempo, clima e qualidade do ar. Rev. bras. meteorol., Jun 2009, vol.24, no.2, p.188-207. ISSN 0102-7786 Artaxo, Paulo et al. Química atmosférica na Amazônia: a floresta e as emissões de queimadas controlando a composição da atmosfera amazônica. Acta Amaz., Jun 2005, vol.35, no.2, p.185-196. ISSN 0044-5967 Including the sub-grid scale plume rise of vegetation fires in low resolution atmospheric transport models, S. R. Freitas, K. M. Longo, R. Chatfield, D. Latham, 21 Mar 2011 Draft I – Primeiro Relatório de Avaliação Nacional – Capítulo 8 M. A. F. Silva Dias, M. O. Andreae, E. Prins, J. C. Santos, R. Gielow, and J. A. Carvalho Jr., Atmos. Chem. Phys. Discuss., 6, 11521–11559, 2006 Albuquerque, T.T.A., Andrade, M.F., Ynoue, R.Y. Characterization of the Atmospheric Aerosol in São Paulo, Brazil: comparisons between polluted and non-polluted periods. Environmental Monitoring and Assessment, in press. Albuquerque, T. T. A. Formação e Transporte das Partículas Finas Inorgânicas em uma Atmosfera Urbana: o exemplo de São Paulo. 2010. 200 f. Tese (Doutorado) – Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010. ANDRADE, M. F. ; FORNARO, Adalgiza ; MIRANDA, Regina Maura de ; KERR, Américo ; OYAMA, B. ; ANDRE, P. A. ; SALDIVA, P. . Vehicle emissions and PM2.5 mass concentrations in six Brazilian cities. Air Quality, Atmosphere and Health, v. 4, p. 108, 2010. Artaxo, Paulo et al. Química atmosférica na Amazônia: a floresta e as emissões de queimadas controlando a composição da atmosfera amazônica. Acta Amaz., Jun 2005, vol.35, no.2, p.185-196. ISSN 0044-5967. Balbino, H.T. Avaliação de modelos fotoquímicos de qualidade do ar e estudo das circulações atmosféricas nos processos de dispersão de poluentes. 2008. Dissertação (Mestrado em Meteorologia) - Instituto de Astronomia Geofísica e Ciências Atmosférica – USP. São Paulo, 2008. Carmo, J. B., M. Keller, J. D. Dias, P. B. Camargo, and P. Crill (2006), A source of methane from upland forests in the Brazilian Amazon, Geophys. Res. Lett., 33, L04809, doi:10.1029/2005GL025436. Carvalho, V.S.B. O impacto das megacidades sobre a qualidade do ar: os casos das regiões metropolitanas de São Paulo e do Rio de Janeiro. Tese de Doutoramento. IAG-USP, São Paulo, 2010. Chen, H., Winderlich, J., Gerbig, C., Hoefer, A., Rella, C. W., Crosson, E. R., Van Pelt, A. D., Steinbach, J., Kolle, O., Beck, V., Daube, B. C., Gottlieb, E. W., Chow, V. Y., Santoni, G. W., 20 and Wofsy, S. C.: High-accuracy continuous airborne measurements of greenhouse gases (CO2 and CH4) using the cavity ring-down spectroscopy (CRDS) technique, Atmos. Meas. Tech., 3, 375–386, doi:10.5194/amt-3-3752010, 2010. 2981. FREITAS, E. D.; MARTINS, L. D.; SILVA DIAS, P. L.; ANDRADE, M. F., 2005: A simple photochemical module implemented in RAMS for tropospheric ozone concentration forecast in the Metropolitan Area of São Paulo – Brazil: Coupling and Validation. Atmos. Environ. 39(34), 6352-6361. Pág. 44/46 Freitas, S.R., K. M. Longo, M. A. F. Silva Dias, R. Chatfield, P. Silva Dias, P. Artaxo, M. O. Andreae, G. Grell, L. F. Rodrigues, A. Fazenda, and J. Panetta The Coupled Aerosol and Tracer Transport model to the Brazilian developments on the Regional Atmospheric Modeling System (CATT-BRAMS) – Part 1: Model description and evaluation, Atmos. Chem. Phys., 9, 2843–2861, 2009. Freitas, Saulo R., Longo, Karla M. and Rodrigues, Luiz F. Modelagem numérica da composição química da atmosfera e seus impactos no tempo, clima e qualidade do ar. Rev. bras. meteorol., Jun 2009, vol.24, no.2, p.188-207. ISSN 0102-7786. Freitas,S.R., K. M. Longo, R. Chatfield, D. Latham, M. A. F. Silva Dias, M. O. Andreae, E. Prins, J. C. Santos, R. Gielow, and J. A. Carvalho Jr.. Including the sub-grid scale plume rise of vegetation fires in low resolution atmospheric transport models, Atmos. Chem. Phys. Discuss., 6, 11521–11559, 2006. Gatti, L. V., J.B. Miller, M.T.S. D’Amelio, E. Gloor, A. Martinewski, L. S. Basso, M.E. Gloor, S. Wofsy, P. Tans (2010), Vertical profiles of CO2 above eastern Amazonia suggest a net carbon flux to the atmosphere and balanced biosphere between 2000 and 2009, Tellus, 62B, 581-594. MARTINS, Leila D; ANDRADE, M. F. ;YNOUE, Rita Yuri; Albuquerque E. L.;Tomaz E.;VASCONCELLOS, Pérola. AMBIENTAL VOLATILE ORGANIC COMPOUNDS IN THE MEGACITY OF SÃO PAULO. Química Nova, v. 1, p. 1-1, 2008. Martins, L.D. Sensibilidade da formação de ozônio troposférico às emissões veiculares na Região Metropolitana de São Paulo. Tese de Doutoramento, IAG-USP, São Paulo, 2006. Metay,A., Robert Oliver, Eric Scopel, Jean-Marie Douzet, Jose Aloisio Alves Moreira, Florent Maraux, Brigitte J. Feigl, Christian Feller, N2O and CH4 emissions from soils under conventional and no-till management practices in Goiania (Cerrados, Brazil), Geoderma, Volume 141, Issues 1-2, 15 September 2007, Pages 78-88, ISSN 0016-7061, DOI: 10.1016/j.geoderma.2007.05.010. MIRANDA, Regina Maura de ; ANDRADE, M. F. ; FORNARO, Adalgiza ; ASTOLFO, R. ; ANDRE, P. A. ; SALDIVA, P. . Urban air pollution: a representative survey of PM2.5 mass concentrations in six Brazilian cities. Air Quality, Atmosphere & Health, v. 4, p. 100, 2010. Paulino, S.; Quiterio, S.; Escaleira, V.; Arbilla, G. Evolution of Particulate Matter and Associated Metal Levels in the Urban Area of Rio de Janeiro, Brazil. Bulletin of Environmental Contamination and Toxicology, v. 84; 315-318, 2010. 21 Mar 2011 Draft I – Primeiro Relatório de Avaliação Nacional – Capítulo 8 Quiterio, S.L., Celia Regina Sousa da Silva, Graciela Arbilla, Viviane Escaleira, Metals in airborne particulate matter in the industrial district of Santa Cruz, Rio de Janeiro, in an annual period, Atmospheric Environment, Volume 38, Issue 2, January 2004, Pages 321-331, ISSN 1352-2310, DOI: 10.1016/j.atmosenv.2003.09.017. Aurelio dos Santos, Luiz Pinguelli Rosa, Bohdan Sikar, Elizabeth Sikar, Ednaldo Oliveira dos Santos, Energy Policy 34 (2006) 481–488 Historical CO2 emission and concentrations due to land use change of croplands and pastures by country. Christiano Pires de Campos, Maria Silvia Muylaert, Luiz Pinguelli Rosa, Science of the Total Environment 346 (2005) 149 – 155. SANCHEZ-CCOYLLO, Odon Roman ; YNOUE, Rita Yuri ; MARTINS, Leila D ; ASTOLFO, R. ; MIRANDA, Regina Maura de ; FREITAS, E. ;Richey, J.E., Melack, J.M., Aufdenkampe, A.K., BORGES, A. S. ; FORNARO, Adalgiza ; Freitas, Ballester, V.M., Hess, L.L., 2002. Outgassing from H. ; MOREIRA, A. ; ANDRADE, M. F. .Amazonian rivers and wetlands as a large tropical VEHICULAR PARTICULATE MATTERsource of atmospheric CO2. Nature 416, 617–620. EMISSIONS IN ROAD TUNNELS IN SAO PAULO, BRAZIL. Environmental Monitoring and Assessment, v. 1, p. 1, 2008. Rosa, L.P., Schaeffer, R., Santos, M.A., 1996. Are Silva Júnior, R.S.: Sensibilidade na estimative dahydroelectric dams in the Brazilian Amazon concentração de poluentes fotoquímicos com a significant sources of greenhouse gases? aplicação de diferentes parametrizações de CamadaEnvironmental Conservation 23 (1), 2–6. Limite Planetária utilizando o modelo de Qualidade do Ar WRF/CHEM. Tese de Doutoramento, IAGUSP, São Paulo, 2009. Richey, J.E., 1982. . In: Degens, E.T. (Ed.), The Amazon River System: A Biogeochemical Model in Emission metrics and measurements of GHGs Transport of Carbon and Mineral in Major World Rivers. University of Hamburg, UNEP, p. 365. effects: +REFERENCIAS WRF-CHEM, CMAQ (RITA) Programa Brasileiro do Greenhouse Gas Protocol: http://www.fgv.br/ces/ghg/ http://www.ghgprotocolbrasil.com.br/cms/arquivos/g Junk,W.J., hgespec.pdf or source 1985. The Amazon floodplain—a sink for organic carbon? University of BRAZILIAN GREENHOUSE GAS EMISSIONS: THEHamburg, Scope/UNEP, Heft 58. IMPORTANCE OF AGRICULTURE AND LIVESTOCK, Carlos Clemente Cerri; Stoecio Malta Ferreira Maia; Marcelo Valadares Galdos; Carlos Devol, A.H., Richey, J.R., Clark, W.A., King, Eduardo Pellegrino Cerri; Brigitte Josefine Feigl; S.L., Martinelli, A., 1988. Methane emissions to Martial Bernoux, Sci. Agric. (Piracicaba, Braz.), the troposphere from the Amazon floodplain. v.66, n.6, p.831-843, November/December 2009. Journal of Geophysical Research 93, 1583–1592. EMISSÕES DE GASES DE EFEITO ESTUFA POR RESERVATÓRIOS DE HIDRELÉTRICAS, Marco Aurélio dos Santos, Luiz Pinguelli Rosa, Bohdan Matvienko, Ednaldo Oliveira dos Santos, CarlosBRASIL G. H.; DE SOUZA JR., P. A.; Henrique Eça D Almeida ́ Rocha, Elizabeth Sikar,CARVALHO JR., J. A. Incertezas em Inventários Marcelo Bento Silva & Ayr Manoel P. B. Junior, Corporativos de Gases de Efeito Estufa, XXXIX Oecol. Bras., 12 (1): 116-129, 2008 SBPO: A Pesquisa Operacional e o Estimating trace gas and aerosol emissions over South America: Relationship between fire radiative energy Desenvolvimento Sustentável, 28 a 31 de Agosto released and aerosol optical depth observations. de 2007, Fortaleza, CE, Brasil, Gabriel Pereira, Saulo R. Freita, Elisabete Caria Moraes, Nelson Jesus Ferreira, Yosio Edemir Anais. São Paulo: Sociedade Brasileira de Pesquisa Shimabukuro, Vadlamudi Brahmananda Rao, Karla Operacional, p. 867-77, 2007. M. Longo, Atmospheric Environment 43 (2009) 6388–6397 Gross greenhouse gas fluxes from hydro-powerBrasil, Souza Jr. & Carvalho Jr. - Inventários reservoir compared to thermo-power plants, Marcocorporativos de gases de efeito estufa: métodos e usos SISTEMAS & GESTÃO, v.3, n. 1, p.15-26, janeiro a Pág. 45/46 21 Mar 2011 Draft I – Primeiro Relatório de Avaliação Nacional – Capítulo 8 abril de 2008 Carbon Dioxide and Methane Emissions from Hydroeletric Reservoirs in Brazil. In: Seminar on Greenhouse Fluxes From Hydro Reservoir And Carvalho Jr, J. A.; Brasil, G. H.; De Souza, P. A., Workshop On Modeling Greenhouse Gas Emissions Methodology for Determination of Greenhouse GasFrom Reservoir At Watershed Level, 2005, Rio De Emission Rates from a Combustion System:Janeiro. Poceedings…: Rio de Janeiro: Eletrobras, Accounting for CO, UHC, PM, and Fugitive Gases, Coppe/UFRJ. Proceedings. 4th European Congress Economics and Management of Energy in Industry, Porto, Portugal, 30 November, 2007. St Louis, V.L.; Kelly, C. A.; Duchemin, E.; Rudd, J. W. M.; Rosenberg, D. M. Reservoirs surfaces as sources of greenhouse gases to MCT – Ministério da Ciência e Tecnologia. atmosphere: A global estimate. BioScience, Inventário brasileiro das emissões e remoções v. 50, n. 9, p. 766-755, 2000. antrópicas de gases de efeito estufa. Informações gerais e valores preliminares, 24 de Novembro de 2009. [References to check:] MCT - Ministério da Ciência e Tecnologia. Primeiro Inventário Brasileiro de Emissões Antrópicas de Gases de Efeito Estufa não controladas pelo Protocolo de Montreal: Comunicação Inicial do Brasil, parte II. 2004. Barbosa, R.I. & P.M. Fearnside. 1999. Incêndios na Amazônia brasileira: estimativa da emissão de gases do efeito estufa pela queima de diferentes ecossistemas de Roraima na passagem do evento “El Niño” (1997/98). Acta Amazonica 29: 513-534. Mayal, Elga Miranda et al. Hydrology, plankton, and corals of the Maracajaú reefs (Northeastern Brazil): an ecosystem under severe thermal stress. Braz. arch. Biol. technol., June 2009, vol.52, no.3, p.665678. ISSN 1516-8913 Souza, Enio Pereira de, Lopes, Zilurdes Fonseca and Araujo, Taciana Lima Estudo numérico da interação entre convecção rasa e radiação com ênfase no ciclo diurno do balanço de energia à superfície na Amazônia. Rev. bras. meteorol., Jun 2009, vol.24, no.2, p.158-167. ISSN 0102-7786 Santos, M. A.; Matvienko. B.; Rosa, L. P.; Sikar, E. Pág. 46/46 21 Mar 2011
Documentos relacionados
View - PBMC
Brasileiro de Mudanças Climáticas, no âmbito do Grupo de Trabalho 1 – Base Científica das Mudanças Climáticas
Leia maisForçante radiativa natural e antrópica - plutao:80
Autores Colaboradores Henrique M. J. Barbosa - USP; Simone S. Costa - INPE; Luiz Augusto T. Machado - INPE; Aline S. Procópio - UFJF; Rita Y. Ynoue – USP.
Leia mais