Diagnóstico Socioambiental do Arranjo Produtivo de

Transcrição

Diagnóstico Socioambiental do Arranjo Produtivo de
Diagnóstico Socioambiental do
Arranjo Produtivo de Calçados
e Bolsas nos municípios da
Região Metropolitana de Belo
Horizonte
FICHA TÉCNICA
Realização:
Sistema FIEMG – Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais
BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento
SEDE-MG – Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais
SEBRAE-MG – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais
Coordenação:
IEL-MG – Instituto Euvaldo Lodi
Coordenação Geral: Simone Porto Cavalcanti
Coordenação Técnica: Márcia Siqueira Rapini
Revisão Geral: Cristina Calixto Silveira de Souza
Apoio:
Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado de Minas Gerais
Philipe Scherrer Mendes
Sindicato das Indústrias de Bolsas e Cintos no Estado de Minas Gerais
Sindicato das Indústrias de Calçados no Estado de Minas Gerais
Hélio de Paiva
Sistema FIEMG – Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais
Adriana Duarte Paes Leme
Ana Maria Nascimento Moura
Annabella de Fátima Prates
Breno Aguiar de Paula
Marisa Seoane Rio Resende
Wagner Soares Costa
Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais
Juliana Orsetti
Kênia Cardoso
Empresas Consultoras:
APEL – Apel Pesquisa e Desenvolvimento
CeMAIS – Centro Mineiro de Alianças Intersetoriais
ORIGAMI – Origami Consultoria em Gestão de Negócios Sustentáveis
Revisão Técnica e Ortográfica
Ana Luiza Amaral Cornélio
1
Diagnóstico Socioambiental do Arranjo Produtivo de Calçados e Bolsas nos
municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte – Belo Horizonte: IELMG/BID/SEDE-MG/SEBRAE-MG, 2011.
208 p.
I Diagnóstico
II Proposições de Ações Estratégicas Ancoradas na Sustentabilidade
2
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Região do Arranjo Produtivo Local de Calçados e Bolsas da RMBH: principais
municípios....................................................................................................................... 24
Figura 2: Fases do projeto .............................................................................................. 26
Figura 3: Principais destinos dos calçados brasileiros (2008) ........................................ 30
Figura 4: Principais origens dos calçados importados pelo Brasil (2008) ...................... 31
Figura 5 - Mapa de localização de Belo Horizonte ......................................................... 41
Figura 6: Cadeia produtiva da produção de calçados e bolsas* .................................... 48
Figura 9: Mapa de partes interessadas do APL de Calçados e Bolsas na RMBH ............ 56
Figura 10: Nota geral do tema ambiental ...................................................................... 84
Figura 11: Painel do tema ambiental – Conformidade Legal ......................................... 85
Figura 12: Painel do tema ambiental - Conformidade com fornecedores ..................... 85
Figura 13: Painel do tema ambiental - Energia .............................................................. 86
Figura 14: Painel do tema ambiental – Controle de Emissões ....................................... 87
Figura 15: Painel do tema ambiental – Uso de Água ..................................................... 88
Figura 16: Painel do tema ambiental – Tratamento de Efluentes ................................. 89
Figura 17: Painel do tema ambiental – Resíduos Sólidos ............................................... 90
Figura 18: Painel do tema ambiental – Gestão Ambiental Preventiva (P+L) ................. 91
Figura 19: Painel do tema ambiental – Certificações ..................................................... 92
Figura 20: Painel do Tema Ambiental – Capacitação ..................................................... 93
Figura 21: Painel do Tema Ambiental – Inovação .......................................................... 94
Figura 22: Consumo de energia ...................................................................................... 96
Figura 23: Consumo de combustível consumido ........................................................... 96
Figura 24: Consumo anual de combustíveis fósseis e valor aplicado a áreas impactadas
por derramamentos ....................................................................................................... 97
Figura 25: Percentual de água descartada que recebe tratamento .............................. 99
Figura 26: Percentual de embalagens recuperadas ..................................................... 100
Figura 27: Nota geral de direitos humanos .................................................................. 102
Figura 28: Nota geral de diversidade e inclusão .......................................................... 105
Figura 29: Painel do tema sociedade............................................................................ 109
3
Figura 30: Nota geral de saúde e segurança do trabalho ............................................ 112
Figura 31: Nota geral de práticas de trabalho .............................................................. 118
Figura 36: Níveis de Intervenção no Desenvolvimento de Base – RedeAmerica 2007.157
4
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Exportações brasileiras de calçados em mil US$ FOB (2000 - 2008) ............. 28
Gráfico 2: Exportações brasileiras de calçados em mil pares (2000-2008).................... 29
Gráfico 3: Preço médio de exportação e importação de calçados em US$ FOB (20002008) ............................................................................................................................... 29
Gráfico 4: Evolução da quantidade de países destinos de exportação dos calçados
brasileiros (2000-2008)................................................................................................... 30
Gráfico 5: Exportações de bolsas brasileiras em mil US$ FOB (2007-2009) .................. 35
Gráfico 6: Volume de exportações de bolsas brasileiras em mil unidades (2007-2009) 35
Gráfico 7: Importações de bolsas em mil US$ FOB (2007-2009) ................................... 36
Gráfico 8: Volume de importação de bolsas em mil unidades (2007-2009) .................. 36
Gráfico 9: Preço médio de exportação e importação de bolsas em US$ (2007-2009) .. 37
Gráfico 10: Saldo de balança comercial de bolsas (2007-2008)..................................... 37
Gráfico 11: Faturamento das empresas do APL de Calçados e Bolsas da RMBH (2009) 43
Gráfico 12: Taxa de homicídios nos municípios do APL de Calçados e Bolsas da RMBH
em 2000 .......................................................................................................................... 77
Gráfico 13: Porte dos produtores da amostra ............................................................... 79
Gráfico 14: Tipo de produtos do escopo ........................................................................ 80
Gráfico 15: Volume anual captado de água (em m3)..................................................... 97
Gráfico 16: Volume de água utilizada............................................................................. 98
Gráfico 17: Volume total de água descartada sem tratamento ..................................... 98
Gráfico 18: Volume anual de efluentes .......................................................................... 98
Gráfico 19: Volume em m3 anual de geração de efluentes ........................................... 99
Gráfico 20: Volume anual de resíduos sólidos gerado (ton) .......................................... 99
Gráfico 21: Total de resíduos sólidos por destinação (ton) ......................................... 100
Gráfico 22: Percentual de produtos vendidos em embalagens recicláveis ................. 100
Gráfico 23: Percentual de matéria prima proveniente de reciclagem ......................... 101
5
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Partes Interessadas – classes e atores .......................................................... 57
Quadro 2: Campo de atuação e contribuição das entidades integradas ao arranjo ..... 59
Quadro 3: Contexto da concorrência nacional............................................................... 63
Quadro 4: Pontos Fortes e fracos dos polos concorrentes ............................................ 64
Quadro 5: IDH de Belo Horizonte (1991 a 2000) ............................................................ 72
Quadro 6: IDH-M dos Municípios do APL de Calçados e Bolsas da RMBH (1991 a 2000)
........................................................................................................................................ 73
Quadro 7: Índice Mineiro de Responsabilidade Social (IMRS) 2000 e 2006 .................. 73
Quadro 8: Desempenho médio da amostra em relação aos temas ambientais –
Conformidade Legal........................................................................................................ 85
Quadro 9: Desempenho médio da amostra em relação aos temas ambientais –
Conformidade com Forncedores .................................................................................... 86
Quadro 10: Desempenho médio da amostra em relação aos temas ambientais - Energia
........................................................................................................................................ 86
Quadro 11: Desempenho médio da amostra em relação aos temas ambientais –
Controle de Emissões ..................................................................................................... 87
Quadro 12: Desempenho médio da amostra em relação aos temas ambientais – Uso de
Água ................................................................................................................................ 89
Quadro 13: Desempenho médio da amostra em relação aos temas ambientais –
Tratamento de Efluentes ................................................................................................ 89
Quadro 14: Desempenho médio da amostra em relação aos temas ambientais –
Resíduos Sólidos ............................................................................................................. 90
Quadro 15: Desempenho médio da amostra em relação aos temas ambientais –
Gestão Ambiental Preventiva (P+L) ................................................................................ 91
Quadro 16: Desempenho médio da amostra em relação aos temas ambientais –
Certificações ................................................................................................................... 93
Quadro 17: Desempenho médio da amostra em relação aos temas ambientais –
Capacitação..................................................................................................................... 94
Quadro 18: Desempenho médio da amostra em relação aos temas ambientais –
Inovação.......................................................................................................................... 94
Quadro 19: Desempenho médio da amostra em relação aos temas ambientais - outros
........................................................................................................................................ 95
6
Quadro 20: Valor aplicado em seguro, certificações e P&D .......................................... 97
Quadro 21: Desempenho médio das empresas em relação ao tema Direitos Humano
...................................................................................................................................... 103
Quadro 22: Desempenho médio das empresas em relação ao tema Diversidade e
Inclusão ......................................................................................................................... 106
Quadro 23: Desempenho médio das empresas em relação ao tema Diversidade e
Inclusão – Equidade de Gênero .................................................................................... 108
Quadro 24: Desempenho médio das empresas em relação ao tema sociedade......... 110
Quadro 25: Desempenho médio das empresas em relação ao tema saúde e segurança
do trabalho (I) ............................................................................................................... 113
Quadro 26: Desempenho médio das empresas em relação ao tema saúde e segurança
do trabalho (II) .............................................................................................................. 115
Quadro 27: Desempenho médio das empresas em relação ao tema saúde e segurança
do trabalho (III) ............................................................................................................. 116
Quadro 28: Desempenho médio das empresas em relação ao tema práticas
trabalhistas ................................................................................................................... 118
Quadro 29: Desempenho médio da amostra em relação ao tema Conformidade Legal
...................................................................................................................................... 120
Quadro 30: Matriz de macro critérios: ações em conformidade legal ambiental ....... 122
Quadro 31: Matriz de macro critérios: ações em P+L e tratamento/disposição ......... 124
Quadro 32: Quadro-síntese de ações – agenda ambiental .......................................... 132
Quadro 33: Matriz de macro critérios: ações sociais ................................................... 136
Quadro 34: Visualização esquemática de prioridade das ações propostas (por nº) ... 144
Quadro 35: Síntese das ações sociais propostas – Conformidade Legal ..................... 145
Quadro 36: Síntese de ações sociais propostas – Gestão do APL ................................ 146
Quadro 37: Síntese de ações sociais propostas – Responsabilidade Empresarial Social
...................................................................................................................................... 148
Quadro 38: Quadro de endereçamento das ações propostas ..................................... 152
Quadro 39: Matriz de Evidências em Sustentabilidade do Arranjo Produtivo Local de
Calçados e Bolsas da RMBH .......................................................................................... 199
7
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Os dez maiores produtores mundiais de calçados em milhões de pares (20002007) ............................................................................................................................... 27
Tabela 2: Principais exportadores de calçados no mundo em milhões de pares .......... 28
Tabela 3: Principais países importadores de calçados - em milhões de pares ............. 31
Tabela 4: Principais países consumidores de calçados - em milhões de pares ............. 32
Tabela 5: Principais Estados Produtores - 2009 ............................................................ 33
Tabela 6: População do APL de Calçados e Bolsas da RMBH (1996-2010) .................... 41
Tabela 7: Quantidade e porte das empresas fabricantes de calçados do APL (1996 –
2009) ............................................................................................................................... 42
Tabela 8: Quantidade e porte das empresas fabricantes de bolsas no APL (1996 a 2009)
........................................................................................................................................ 42
Tabela 9: Quantidade de empresas por tipo de produto (1996 - 2009) ........................ 44
Tabela 10: Produto Interno Bruto (PIB) do APL (1990 - 2008) ....................................... 45
Tabela 11: Exportações em milhões de dólares do APL de Calçados e Bolsas da RMBH
(2004-2008) .................................................................................................................... 46
Tabela 12: Fitofisionomias do cidade polo (2005 a 2007).............................................. 69
Tabela 13: Ocupação do Solo no município de Belo Horizonte (2005 - 2007)............... 69
Tabela 14: Desempenho no Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM no Município de
Belo Horizonte (2009)..................................................................................................... 74
Tabela 15: Número de Escolas por etapa de ensino – Rede Estadual de Belo Horizonte
(2009).............................................................................................................................. 74
Tabela 16: Número de Escolas por etapas de ensino – Rede Municipal de Belo
Horizonte (2009) ............................................................................................................. 75
Tabela 17: Qualidade de vida no município de Belo Horizonte (1991 a 2000) .............. 75
Tabela 18: Indicadores de saúde de Belo Horizonte (1991 a 2000) ............................... 76
Tabela 19: Indicadores de Saneamento básico em Belo Horizonte (1991 a 2000)........ 76
8
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABDI
Associação Brasileira de Desenvolvimento Industrial
ABIACAV
Associação Brasileira das Indústrias de Artefatos de Couro e
Acessórios de Viagem
ABICALÇADOS
Associação Brasileira das Indústrias de Calçados
ABNT
Associação Brasileira de Normas Técnicas
APA
Área de Proteção Ambiental
APACS
Associações de Proteção e Assistência aos Condenados
APEX
Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos
APL
Arranjo Produtivo Local
ASMARE
Associação dos
Reaproveitável
ASSINTECAL
Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro,
Calçados e Artefatos
BID
Banco Interamericano De Desenvolvimento
BNDES
Banco Nacional de Desenvolvimento, Econômico e Social
CBH VELHAS
Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas
CEMAIS
Centro Mineiro de Alianças Intersetoriais
CEMIG
Companhia Energética De Minas Gerais
CETEMP
Centro Tecnológico de Mecânica de Precisão
CGEE
Centro de Gestão e Estudos Estratégicos
CMD
Centro Minas Design
CONAMA
Conselho Nacional do Meio Ambiente
COPAM
Conselho Estadual de Política Ambiental
Catadores
do
Papel
Papelão
e
Material
9
COPASA-MG
Companhia de Saneamento de Minas Gerais
CREAD
Centro de Referência Estadual em Álcool e Drogas
CTCCA
Centro Tecnológico do Couro, Calçados e Afins
DOM
Diário Oficial do Município
ENEM
Exame Nacional do Ensino Médio
EPI
Equipamentos de Proteção Individual
EUA
Estados Unidos da América
EVA
Espuma Vinílica Acetinada
FATEC
Faculdade de Tecnologia
FEAM
Fundação Estadual do Meio Ambiente
FIEMG
Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais
FIMEC
Feira Internacional de Couros, Produtos Químicos, Componentes,
Máquinas e Equipamentos para Calçados e Curtumes
FINEP
Financiadora de Estudos e Projetos
FOB
Free On Board
FRANCAL
Feira Internacional da Moda em Calçados e Acessórios
FUMEC
Fundação Mineira De Educação e Cultura
GRI
Global Reporting Initiative
IBB
Instituto By Brasil
IBGE
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IDH
Índice De Desenvolvimento Humano
IDH-M
Índice De Desenvolvimento Humano Municipal
IEF
Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais
IEL
Instituto Euvaldo Lodi
10
IEMI
Instituto de Estudos e Marketing Industrial
IETS
Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade
IE-UFRJ
Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio De Janeiro
IFC
International Finance Corporation
IGAM
Instituto Mineiro de Gestão das Águas
IMRS
Índice Mineiro de Responsabilidade Social
INEP
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio
Teixeira
INMETRO
Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade
Industrial
IPEADATA
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – Banco De Dados
IPT
Instituto de Pesquisas Tecnológicas
MTE
Ministério do Trabalho e Emprego
MCT
Ministério da Ciência e Tecnologia
MDIC
Ministério Do Desenvolvimento, Indústria E Comércio Exterior
MIT
Instituto de Tecnologia de Massachusetts
MMA
Ministério do Meio Ambiente
MODATEC
Centro de Desenvolvimento Tecnológico para Vestuário
NICC
Núcleo de Inteligência Competitiva de Couro e Calçado
ONG
Organização Não Governamental
ONU
Organização das Nações Unidas
OSCIP
Organização da Sociedade Civil de Interesse Público
P+L
Produção Mais Limpa
PBH
Prefeitura Municipal de Belo Horizonte
PIB
Produto Interno Bruto
PNMA
Política Nacional do Meio Ambiente
PNUMA
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
PNUD
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
11
PUC-RJ
Pontifícia Universidade Católica do Rio De Janeiro
PUC-RS
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande Do Sul
RAIS
Relação Anual De Informações Sociais
RMBH
Região Metropolitana de Belo Horizonte
SEBRAE
Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
SEDE
Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico
SEDS
Secretaria de Estado de Defesa Social
SEEJ
Secretaria de Estado de Esportes e da Juventude
SEE
Secretaria de Estado de Educação
SEMAD
Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento
Sustentável
SENAC
Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial
SENAI
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
SESI
Serviço Social da Indústria
SINDIBOLSAS
Sindicato da Indústria de Bolsas no Estado de Minas Gerais
SINDICALÇADOS
Sindicato da Indústrias de Calçados no Estado de Minas Gerais
SINDICALÇADOS-CE
Sindicato da Indústria de Calçados no Estado do Ceará
SINDINOVA
Sindicato da Indústria do Calçado de Nova Serrana
SINDIPELES
Sindicato da Indústria de Curtimento de Couros e Peles no Estado de
Minas Gerais
SISEMA
Sistema Estadual de Meio Ambiente
SLU
Superintendência de Limpeza Urbana
SUPRAM
Superintendência Regional de Meio Ambiente e Desenvolvimento
Sustentável
UEMG
Universidade do Estado De Minas Gerais
UFMG
Universidade Federal de Minas Gerais
UNEP
United Nations Environment Programme
UNIDO
United Nations Industrial Development Organization
URCs
Câmaras Especializadas, das Unidades Regionais Colegiadas
VALETEC
Parque Tecnológico Do Vale Dos Sinos
WBCSD
World Business Council for Sustainable Development
12
Sumário
LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................. 3
LISTA DE GRÁFICOS ........................................................................................................... 5
LISTA DE QUADROS .......................................................................................................... 6
LISTA DE TABELAS ............................................................................................................. 8
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ................................................................................... 9
INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 15
METODOLOGIA ............................................................................................................... 20
I - DIAGNÓSTICO ............................................................................................................. 24
1.1.
PANORAMA DO SETOR DE CALÇADOS E BOLSAS ................................................ 25
1.2.
BREVE HISTÓRICO DO APL ................................................................................... 38
1.3.
CARACTERÍSTICAS GERAIS DO APL DE CALÇADOS E BOLSAS DA RMBH ............. 40
1.4.
CADEIA PRODUTIVA E MACRO-PROCESSOS ........................................................ 47
1.5.
GOVERNANÇA ...................................................................................................... 52
1.5.1.
A GOVERNANÇA NOS APLS .............................................................................. 53
1.5.2.
A GOVERNANÇA NO APL DE CALÇADOS E BOLSAS NA RMBH ......................... 54
1.6.
MAPEAMENTO DOS STAKEHOLDERS .................................................................. 56
1.7.
BENCHMARKS E REFERÊNCIAS ........................................................................... 62
1.8.
DELINEAMENTO PERFIL SOCIOAMBIENTAL ........................................................ 68
1.8.1.
PERFIL AMBIENTAL DO APL ............................................................................. 68
1.8.2.
PERFIL SOCIAL DO APL ..................................................................................... 71
1.9.
PESQUISA DE CAMPO: RESULTADOS E ANÁLISE ................................................. 79
1.9.1
PESQUISA DE CAMPO: ASPECTO AMBIENTAL ................................................. 81
1.9.2
PESQUISA DE CAMPO: ASPECTO SOCIAL ....................................................... 101
2.1. AGENDA AMBIENTAL ............................................................................................. 122
2.2.
AGENDA SOCIAL ................................................................................................ 135
2.3.
POSSÍVEIS CONEXÕES ENTRE AS AÇÕES PROPOSTAS ANCORADAS NA
SUSTENTABILIDADE E POLÍTICAS GOVERNAMENTAIS EXISTENTES NA REGIÃO DO APL
DE CALÇADOS E BOLSAS DA RMBH .............................................................................. 152
2.4.
AÇÕES DE GOVERNANÇA A SEREM FORTALECIDAS NO APL ............................. 157
13
2.5.
AÇÕES DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO E PRÁTICAS TRABALHISTAS A
SEREM FORTALECIDAS NO APL..................................................................................... 159
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................... 160
Referências ................................................................................................................... 163
Anexos .......................................................................................................................... 167
14
INTRODUÇÃO
O presente relatório apresenta o primeiro Diagnóstico
Socioambiental do Arranjo Produtivo de Calçados e Bolsas
nos Municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte.
“ Moda
tem a ver
com
Para a realização da pesquisa foram visitas empresas nos
municípios de Belo Horizonte, Betim, Contagem e Ribeirão
das Neves.
Trata-se de mais um resultado do Programa de Apoio à
Competitividade dos Arranjos Produtivos Locais de Minas
Gerais realizado pela Federação das Indústrias do Estado de
Minas Gerais (FIEMG), por meio do Instituto Euvaldo Lodi
(IEL), em parceria com o a Secretaria de Desenvolvimento
cultura,
folclore,
história,
hábitos...”*
Econômico do Estado de Minas Gerais (SEDE-MG), o Banco
Interamericano de Desenvolvimento (BID), a Secretaria de
Desenvolvimento Econômico do Estado de Minas Gerais
(SEDE-MG) e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e
Pequenas Empresas (SEBRAE-MG), entre outras entidades
parceiras.
No contexto atual buscar o desenvolvimento e aumento da
competitividade envolve outras premissas além da
econômica. O desenvolvimento ideal implica aspectos
econômicos, sociais e ambientais. É necessário realizar
15
programas que contemplem ações ligadas a esses três pilares e envolvam o máximo de
empresas possível.
Neste sentido, trabalhar com Arranjos Produtivos Locais (APLs) é uma forma de
potencializar os resultados uma vez que se trabalha de uma forma coletiva com várias
empresas ligadas a um setor produtivo.
Arranjos Produtivos Locais, de acordo com a definição adotada pela Secretaria de
Desenvolvimento Econômico do Estado de Minas Gerais (SEDE), são aglomerações de
empresas localizadas em um mesmo território, que apresentam especialização
produtiva e vínculo entre si, com instituições públicas e privadas, além de outros
atores sociais. Existe uma relação de cooperação e sinergia entre as partes. Um APL
não se cria; ele se transforma a partir de uma aglomeração espontânea, ou seja, o
conglomerado de empresas consolida uma série de atributos e é, então, reconhecido
pelo governo.
O Diagnóstico Socioambiental foi realizado no APL de Calçados e Bolsas nos Municípios
da Região Metropolitana de Belo Horizonte devido à importância do setor tanto no
aspecto econômico quanto no socioambiental. Para entender um pouco mais a força
do setor na economia atual é necessário voltar no tempo e conhecer a origem de tudo.
A utilização do calçado e da bolsa remonta a tempos pré-históricos de nossa
civilização. Estudos registram a existência de pinturas rupestres em cavernas da França
e da Espanha indicando a existência de calçados em idos de 10.000 a.C (antes de
Cristo). Quanto à bolsa, não se tem registros precisos quanto a sua origem, mas
estudiosos deduzem que a mesma tenha sido desenvolvida pelos povos nômades para
facilitar suas viagens.
Com registros históricos ou não, tanto o calçado
quanto a bolsa são peças que fazem parte da evolução
da humanidade e que, por meio dos mesmos, muito se
pode conhecer da história, dos costumes e riqueza de
16
uma época. No Egito Antigo apenas os nobres usavam sandálias de couro, sendo que
as peças dos faraós eram adornadas com ouro. Durante o Império Romano, os
calçados também indicavam a classe social. Os senadores utilizavam sapatos marrons e
para os magistrados a cor indicada era o branco. O calçado também indica costumes.
Na China, o culto aos pés exigia o uso de sapatos de no máximo 15 cm. Para calçá-los,
as mulheres tinham os pés praticamente amassados, enfaixados em um cilindro para
não crescerem.
Na história do Brasil, com a vinda da corte portuguesa para o país, em 1808, o sapato,
antes usado somente para proteger os pés, passou a representar a adoção de
costumes europeus e indicar a classe social. Aos escravos, por exemplo, era proibido
usar sapatos. Quando conseguiam a liberdade, compravam um par de
calçados como símbolo da nova condição social.
Os calçados e acessórios, como a bolsa, atravessaram os tempos.
Muitos foram os formatos e materiais até se chegar aos tempos
atuais, quando se transformou em um dos setores mais fortes e
competitivos do mundo. No panorama internacional a indústria
asiática, especialmente da China, consolida-se como o principal polo
produtor de calçados. Indústrias famosas e respeitadas em todo o mundo, como a
italiana, sentiram o impacto e estão se reinventando para encontrar formas de se
tornarem mais competitivas que os líderes asiáticos.
A indústria brasileira também sentiu o impacto do avanço dos países asiáticos no
mercado internacional, principalmente pelo fato de 25% da produção doméstica do
país ser destinada aos mercados internacionais. Para enfrentar um mercado cada vez
mais competitivo, as empresas brasileiras adotaram várias estratégias como
reestruturação de processos para redução de custos; incorporação de novos atributos
aos calçados por meio principalmente do design; além de encurtar o tempo de vida de
suas linhas de produtos. Desta forma, espera-se coibir a importação dos produtos
asiáticos e ganhar novos mercados.
17
Nesse panorama internacional e nacional, às questões socioambientais também
precisam ser consideradas nas estratégias empresariais. Há décadas as duas questões
estão sendo abordadas em diferentes instâncias e vem ganhando proporções cada vez
maiores. Em 1998, o Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento
Sustentável (World Business Council for Sustainable Development - WBCSD), primeiro
organismo
internacional
puramente
empresarial
com
ações
voltadas
à
sustentabilidade, definiu Responsabilidade Socioambiental como "o compromisso
permanente dos empresários de adotar um comportamento ético e contribuir para o
desenvolvimento econômico, melhorando, simultaneamente, a qualidade de vida de
seus empregados e de suas famílias, da comunidade local e da sociedade como um
todo".
Com base neste Diagnóstico será possível planejar e executar ações mais assertivas em
prol do aumento da competitividade APL alinhada à questão socioambiental. É com
essa visão estratégica que o Programa de Apoio à Competitividade dos APLs de Minas
Gerais incluiu como um dos desdobramentos deste diagnóstico a elaboração de um
Plano de Sustentabilidade Socioambiental do Arranjo Produtivo de Calçados e Bolsas
da Região Metropolitana de Belo Horizonte. O Diagnóstico abrangeu os municípios de
Belo Horizonte, Betim, Contagem e Ribeirão das Neves.
Figura 1: Região do Arranjo Produtivo Local de Calçados e Bolsas da RMBH: principais municípios
Fonte: Elaboração própria e Google Maps
18
O presente relatório está dividido em duas seções. A primeira, denominada
Diagnóstico, apresenta uma contextualização geral sobre o APL, faz um delineamento
do perfil social e ambiental. Também são apresentados os dados coletados na pesquisa
de campo realizada com empresas e stakeholders1, que foi fundamental para integrar
ao diagnóstico a visão e a voz – transformada em texto – dos principais atores do
Arranjo e retratar a realidade do APL.
Na segunda seção são apresentadas as Proposições de Ações Estratégicas ancoradas
na sustentabilidade, considerando:
Contextualização e reconhecimento do APL;
Ótica das partes interessadas ou stakeholder;
Diagnóstico socioambiental;
Externalidades;
Ações propostas ancoradas na Sustentabilidade.
Na última parte do documento estão os anexos que também trazem informações e
documentos importantes como o questionário e roteiro utilizados na pesquisa de
campo, fotos das visitas, Plano de Ação Nacional para Produção e Consumo
Sustentáveis, entre outros.
1
Stakeholders (partes interessadas) são definidos como as organizações ou indivíduos que podem ser significativamente afetados
pelas atividades, produtos e/ou serviços da organização relatora e cujas ações possam significativamente afetar a capacidade
dessa organização de implementar suas estratégias e atingir seus objetivos com sucesso. Isso inclui entidades ou indivíduos cujos
direitos, nos termos da lei ou de convenções internacionais, lhes conferem legitimidade de reivindicações perante a organização.
19
METODOLOGIA
Para execução do presente Diagnóstico Socioambiental do
Arranjo Produtivo de Calçados e Bolsas nos municípios da
Região Metropolitana de Belo Horizonte, especificamente em
Belo Horizonte, Contagem, Ribeirão das Neves e Sete Lagoas
foram definidas as seguintes etapas de trabalho mostradas na
figura abaixo:
Figura 2: Fases do projeto
FONTE: Elaboração própria
 ETAPA SET-UP
Conhecer o objeto de estudo é o primeiro passo para se executar trabalhos do tipo
Diagnóstico. A primeira fase, denominada Set-Up, foi fundamental para o
levantamento de dados e informações; para contextualização macro do setor de
Calçados e Bolsas e do APL em suas especificidades. Foi importante também para
agregar aspectos menos tangíveis, mas de igual importância, como grau de interação
20
entre as empresas e entre as instituições do APL; lideranças locais empresariais e
políticas; ambiência para ações cooperadas e grau de conhecimento e conscientização
em relação às questões sociais e ambientais. Nesta etapa foram realizadas as seguintes
atividades:
ATIVIDADE 1: Mapa de Reconhecimento
Para execução dessa atividade foi realizado um levantamento chamado de “Mapa de
reconhecimento” do APL. No mesmo constam informações iniciais do perfil do APL por
meio de fontes secundárias disponíveis e sistematizadas pela coordenação técnica do
IEL. O objetivo do mapa foi subsidiar e nivelar o conhecimento sobre as características
do Polo de Calçados e Bolsas da RMBH. Ao longo da execução do Diagnóstico, o Mapa
foi complementado, principalmente em relação ao aspecto socioambiental com as
informações obtidas por meio da pesquisa de campo.
ATIVIDADE 2: Delimitação Temas
Como o tema do trabalho tem um espectro muito amplo foi necessário fazer uma
delimitação. Nesta atividade foram definidos quais aspectos seriam abordados (legais,
sociais, ambientais, de saúde e segurança no trabalho.
ATIVIDADE 3: Amostra da Pesquisa
Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) por meioB dos dados da Relação
Anual de Informações Sociais (RAIS), 257 empresas do setor de calçados e bolsas
compunham o APL de Calçados e Bolsas da RMBH em 2009.
Dado este universo, foram selecionadas 25 empresas e um curtume com a utilização
do método de coleta amostral não aleatória com adoção de critérios qualitativos
Tamanho das empresas/porte: micro, pequenas e médias empresas.
•
Tamanho das empresas/porte: pequenas e médias empresas.
•
Localização da indústria: municípios de influência ao APL, sendo eles: Belo
Horizonte, Contagem e Ribeirão das Neves (curtume)
•
Empresários que exercem poder de liderança no APL e região.
21
•
Diferenciação por produtos e variabilidade de matérias primas: o Polo de
Calçados e Bolsas da RMBH atua em segmentos variados de fabricação, em sua
maioria, de calçados, bolsas, acessórios e artefatos de couro. Contemplando
também alguns fabricantes de brindes promocionais, de componentes para
calçados e de artigos de viagem. Dessa forma, foram destacados na amostra os
representantes de cada setor.
•
Empresa que realiza ou já realizou exportações.
•
Fornecedores que estejam posicionados na cadeia produtiva e que tenham
relevância ao APL (ex: embalagem, manutenção, terceirização).
•
A utilização de alta tecnologia: processos produtivos em larga escala.
•
Capacidade inovativa alta: empresas que investem em inovação em todo o
fluxo produtivo.
Para se ter uma amostra diversificada e adequada também foram incluídas entrevistas
com seis stakeholders, incluindo representantes das instituições sindicais, centros de
ensino e pesquisa, secretarias de estado e entidades de apoio.
A amostra buscou representatividade e pertinência para o estudo. Suas conclusões e
muitas das proposições poderão atingir desde a pequena até uma grande empresa,
contudo, estatisticamente, algumas considerações não podem ser extrapoladas para o
universo do Arranjo Produtivo Local de Calçados e Bolsas da RMBH.
Mais informações sobre a amostra da pesquisa estão disponíveis no item
DELINEAMENTO PERFIL SOCIOAMBIENTAL para obter mais informações sobre a
amostra da pesquisa.
 ETAPA 1
A coleta de dados aplicada na pesquisa de campo foi realizada de duas formas:
• Aplicação dos questionários estruturados para os empresários de caráter
qualitativo e quantitativo (Anexo 2).
• Aplicação de roteiro de stakeholder como um orientador às entrevistas – de
caráter qualitativo (Anexo 3).
Antes da estruturação e seleção das perguntas e temas pertinentes à pesquisa foi
realizado um levantamento de informações com as seguintes características:
22
• Pesquisa em fontes secundárias: estudos do setor e do APL, indicadores
públicos (IBGE, MTE, IPEADATA, entre outros)
• Pesquisa de referências internacionais, com a adequação do Global Report
Initiative (GRI) à realidade do APL, indicadores solicitados pelo BID e critérios de
reconhecimento de um APL da SEDE (Secretaria de Desenvolvimento
Econômico do Estado de Minas Gerais).
Após esta fase de alinhamento, os questionários estruturados foram validados pela
coordenação técnica do IEL.
Com o questionário estruturado e o roteiro da entrevista com os stakeholders
validados duas equipes foram a campo para a fase de coleta de informações. As
entrevistas foram agendadas pelo IEL com o apoio do SINDICALÇADOS e SINDIBOLSAS.
As reuniões eram realizadas por duplas (condutor e consolidador das informações
coletadas), com duração média de 1 hora e 30 minutos, segmentadas da seguinte
forma:
• Entrevistas com empresários: i) apresentação do projeto; ii) apresentação da
empresa; iii) realização das perguntas do questionário;
• Entrevistas com stakeholders: foram realizadas conversas livres baseadas no
roteiro pré-definido.
Todas as informações foram registradas em questionário eletrônico e sistematizadas
posteriormente por meio de “macros” programados.
A metodologia do diagnóstico/proposições tem uma abordagem híbrida entre
pesquisa qualitativa (entrevistas) e quantitativa (questionários).
 ETAPA 2
Esta etapa foi realizada com base em todas as informações, resultados e subsídios decorrentes
das etapas anteriores. A mesma consistiu na Elaboração do Diagnóstico em si e na proposição
de ações estratégicas e ações ancoradas na sustentabilidade. O documento final do
Diagnóstico está dividido em duas seções, sendo a primeira denominada “Diagnóstico” e a
segunda “Proposições de Ações Estratégicas Ancoradas na Sustentabilidade”.
23
I
- DIAGNÓSTICO
24
1.1. PANORAMA DO SETOR DE
CALÇADOS E BOLSAS
Nos últimos anos, o
panorama mundial da
cadeia de calçados e
artigos de couro tem
vivido
profundas
mudanças em relação
a
seu
fluxo
de
produção. A que mais
tem chamado atenção
é a transferência da
produção para países
em desenvolvimento, como China, Vietnã, Taiwan e Brasil, dentre outros. Tal fato
ocorre principalmente pelos menores custos de mão de obra encontrados nesses
países.
Um dos reflexos dessa mudança na dinâmica da cadeia foi a
O Brasil é o
terceiro maior
produtor de
calçados do
mundo.
retração da produção e exportação por partes dos países
desenvolvidos e a ampliação do potencial produtor dos países
citados.
Para contornar essa situação fabricantes de países
tradicionais em produção de moda, como Itália, Estados Unidos,
França e Espanha, estão cada vez mais concentrando seus
esforços na criação do design das peças e terceirizando a
produção para países ou regiões onde os custos são mais baixos.
25
Ao adotarem essa estratégia e por deterem ativos com maior capacidade de geração
de valor, como o desenvolvimento de produtos e de marcas; a coordenação e o
controle dos canais de marketing; além da diferenciação do produto pela tecnologia e
design essas indústrias continuam desempenhando importante papel no cenário
internacional.
O Brasil vem se destacando pelo novo contexto internacional citado e também por
diversas questões políticas e econômicas internas ocorridas nos últimos anos, que
elevaram o país a um dos mais promissores do mundo. Especificamente em relação ao
setor de calçados e bolsas os números comprovam o crescimento do setor no país.
Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados – ABICALÇADOS, o Brasil
consta na terceira posição entre os dez maiores produtores de calçados do mundo
com uma produção de 796 milhões de pares (dados referentes a 2007). A China vem
em primeiro lugar com 10,2 bilhões de pares e a Índia em segundo, com 980 milhões
de pares. Segundo o BNDES (2010), também em relação a 2007, a Ásia respondeu por
83,6% do total de pares de calçados produzidos no mundo. No mesmo ano, a América
do Sul respondeu por 6,6%, seguida pela Europa com 6,1%.
26
Tabela 1: Os dez maiores produtores mundiais de calçados em milhões de pares (2000-2007)
Países
2007
?%
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
China
6.442
6.628
6.950
7.800
8.800
9.000
9.600 10.209
Índia
715
740
750
780
850
909
960
980
37,1
Brasil*
580
610
642
665
755
806
796
796
37,3
Vietnã
303
320
360
417
445
525
630
665
119,5
Indonésia
499
488
509
511
564
552
560
565
13,2
Tailândia
267
273
270
268
260
264
275
268
0,4
Paquistão
241
242
245
250
250
251
247
246
2,1
Itália
390
375
335
303
281
250
244
242
-38,0
Turquia
219
211
215
218
224
170
175
172
-21,5
México
285
217
194
192
244
197
185
170
-40,3
00-07
58,5
FONTE: Adaptado BNDES, 2010
Nota: (*) Segundo a Abicalçados,no período de 2000 a 2002 os dadosforam estimados. A partir de
2003, os dados estão baseados na pesquisa doInstituto de Estudos e Marketing Industrial– IEMI.
Além de maior produtor mundial de calçados, a China destaca-se também como o
maior exportador. Em 2007, os chineses exportaram 8,175 bilhões de pares, o que
representou 72,6% do total mundial exportado. Seguidos da China vieram Vietnã e
Itália (um dos mais tradicionais produtores de calçados do mundo), com 5,5% e 2,2%
das exportações mundiais respectivamente. O Brasil é um dos grandes produtores
mundiais de calçados, mas em relação à exportação ocupa posição mais discreta, com
uma exportação de 177 milhões de pares, o que representou 1,6% do total mundial
em 2007.
27
Tabela 2: Principais exportadores de calçados no mundo em milhões de pares
Exportadores
China
Vietnã
Itália
Outros
Total
2005
Milhões/par
es
6.914,0
472,7
249,0
2.093,6
9.729,3
2006
2007
Part. %
Milhões/pares
Part. %
Milhões/pares
Part. %
71,1%
4,9%
2,6%
21,5%
100,0%
7.654,0
579,0
243,6
2.043,2
10.519,8
72,8%
5,5%
2,3%
19,4%
100,0%
8.175,0
614,6
245,3
2.225,5
11.260,4
72,6%
5,5%
2,2%
19,8%
100,0%
FONTE: Resenha Estatística ABICALÇADOS
O Brasil não configura entre os maiores exportadores mundiais, mas 25% da produção
doméstica do país são destinados aos mercados internacionais; o que represetna um
índice significativo. A meta do setor é aumentar as exportações e para isso vêm
adotando várias estratégias para diferenciar os produtos brasileiros em relação aos
asiáticos que apresentam qualidade inferior.
Gráfico 1: Exportações brasileiras de calçados em mil US$ FOB (2000 - 2008)
FONTE: MDIC/SECEX
28
Gráfico 2: Exportações brasileiras de calçados em mil pares (2000-2008)
FONTE: MDIC/SECEX
Conforme verificado nos gráficos acima, em relação ao número de pares, houve um
aumento médio anual de 3% nos valores de exportação, contra um decréscimo médio
anual de 4% no período de 2006 a 2008. Já a exportação de calçados (em US$ FOB) de
2006 a 2008 teve um valor médio anual em torno de 45% maior que o preço médio de
importação no mesmo período.
Gráfico 3: Preço médio de exportação e importação de calçados em US$ FOB (2000-2008)
FONTE: MDIC/SECEX
29
Além disso, verifica-se um crescimento gradual do preço médio de exportação, bem
como no número de países de destino das exportações nos anos de 2000 a 2008,
refletindo as estratégias das empresas calçadistas brasileiras que focaram na
diversificação de mercados e na diferenciação dos seus produtos agregando valor ao
mesmo.
Gráfico 4: Evolução da quantidade de países destinos de exportação dos calçados brasileiros (20002008)
FONTE: MDIC/SECEX
Segundo dados do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
(MDIC), o maior importador de calçados brasileiros são os Estados Unidos com 22% do
volume das exportações brasileiras, seguido do Reino Unido e Argentina.
Figura 3: Principais destinos dos calçados brasileiros (2008)
FONTE: Elaborado por SINDICALÇADOS –CE com base nos dados de MDIC/SECEX
30
Em relação às importações brasileiras de calçados, a China representa 85% do volume
do produto comprado externamente em 2008, em segundo lugar está o Vietnã e a
Indonésia em terceiro.
Figura 4: Principais origens dos calçados importados pelo Brasil (2008)
FONTE: Elaborado por SINDICALÇADOS –CE com base nos dados de MDIC/SECEX
Os dados das tabelas e gráficos apresentados demonstram que a produção concentrase nos países em desenvolvimento, mas os maiores consumidores ainda são os países
desenvolvidos. Assim, observa-se na tabela 3, a seguir, que os maiores importadores
de calçados foram Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido e França. Juntos,
assim como em 2005 e 2006, esses cinco países foram responsáveis por quase 50% de
toda a importação mundial em 2007.
Tabela 3: Principais países importadores de calçados - em milhões de pares
2005
Importadores
Milhões/
Part. %
pares
EUA
2.252,0
27,0%
Japão
556,0
6,7%
Alemanha
464,0
5,6%
Reino Unido
424,0
5,1%
França
379,3
4,5%
Outros
4.273,5
51,2%
Total
8.348,8
100,0%
Fonte: Resenha Estatística ABICALÇADOS
2006
Milhões/
Part. %
pares
2.371,2
27,3%
572,9
6,6%
443,0
443,0
438,4
5,1%
394,8
4,6%
4.454,0
51,3%
8.674,3
100,0%
2007
Milhões/
Part. %
pares
2.362,3
25,9%
594,2
6,5%
497,5
5,5%
486,0
5,3%
445,0
4,9%
4.732,8
51,9%
9.117,8
100,0%
31
Os números também demonstram outras características da cadeia produtiva mundial além
das já comentadas. Os EUA além de grandes importadores são também os maiores
consumidores de calçados do mundo, seguidos dos chineses, indianos, japoneses e
brasileiros. Aproximadamente 50% do consumo mundial são desses países. Destaca-se
também que a China, Índia e Brasil estão tanto entre os maiores produtores, como entre
os maiores consumidores; indicando a existência de um importante mercado consumidor
interno desses países. Já os Estados Unidos e o Japão têm seu mercado basicamente
abastecido por meio de importações.
Tabela 4: Principais países consumidores de calçados - em milhões de pares
2005
Consumidores Milhões/pares
2006
2007
Part. %
Milhões/
pares
Part. %
Milhões/
pares
Part. %
EUA
2.286,0
17,3%
2.403,1
17,9%
2.393,0
17,2%
China
2.097,0
15,9%
1.959,8
14,6%
2.080,1
14,9%
Índia
852,4
6,5%
880,9
6,6%
895,5
6,4%
Japão
649,6
4,9%
666,2
5,0%
706,7
5,1%
Brasil
633,1
4,8%
635,4
4,7%
648,0
4,7%
Outros
6.658,8
50,5%
6.900,9
51,3%
7.208,2
51,7%
Total
13.176,9
100,0%
13.446,3
100,0%
13.931,5
100,0%
FONTE: Resenha Estatística ABICALÇADOS
Para atender a demanda interna e conseguir expandir as exportações o setor tem se
articulado para tornar-se mais competitivo. Segundo dados do Ministério do Trabalho
e Emprego – MTE, especificamente da Relação Anual de Informações Sociais - RAIS, o
setor gerou 348.421 empregos em 2009. O Estado do Rio Grande do Sul gera 116.810,
ou seja, 33,5% deste total. O Ceará ocupa o segundo lugar com 63.619 empregos e São
Paulo em terceiro com 58.774 empregos. É interessante destacar que o estado do
Ceará gera mais empregos que São Paulo, porém com menor número de empresas
(393) enquanto São Paulo possui 3.149 empresas. Tal fato se explica pela presença de
duas grandes empresas no Ceará que concentram mais de 60% dos empregos gerados.
São Paulo, se restringir às atividades de fabricação de bolsas e artigos de viagem e de
32
fabricação de artefatos de couro, é o Estado com maior número de empresas e de
empregos.
Minas Gerais é o quinto maior produtor brasileiro, com um total de 1.822 empresas e
29.487 empregos. Entretanto, especificamente em relação à produção de artefatos de
couro e fabricação de bolsas e artigos para viagem, o Estado ocupa uma posição mais
importante, sendo, respectivamente, o terceiro e quarto maior produtor nacional
dessas atividades.
Tabela 5: Principais Estados Produtores - 2009
Estado
Região
Bolsas e Artigos para
viagem
Empresa Emprego
Rio Grande
252
2.558
do Sul
Ceará
72
927
São Paulo
263
3.841
Bahia
82
671
Minas
144
1.665
Gerais
Paraíba
15
149
Santa
56
635
Catarina
Paraná
116
1.721
Sergipe
5
21
Mato
Grosso do
10
32
Sul
Brasil
1.212
14.246
Part. %
Principais
83,7%
85,8%
Est./Br.
Fonte: RAIS/MTE – 2008-2009
Artefatos de couro
Calçados
Total
Empresa
Emprego
Empresa
Emprego
Empresa
Emprego
298
3.486
3.145
110.766
3.695
116.810
25
328
46
327
5.366
909
296
2.558
128
62.365
49.567
35.593
393
3.149
256
63.619
58.774
37.173
177
1.664
1.501
26.518
1.822
29.847
15
391
121
11.552
151
12.092
53
565
324
7.370
433
8.570
78
0
731
0
140
13
2.827
4.360
334
18
5.279
4.381
12
130
50
2.734
72
2.896
1.179
15.001
8.687
319.174
11.078
348.421
87,5%
90,5%
95,3%
98,3%
93,2%
97,4%
33
BOLSAS E ARTIGOS PARA VIAGEM
.
De acordo com o MTE/RAIS o setor de bolsas
empregou cerca de 31 mil funcionários em 2008. A
região sudeste concentra 52% destes empregos,
seguida da região sul com 31%, nordeste com 13% e
centro-oeste com 5%.
Em relação à quantidade de bolsas produzidas no
Brasil, segundo o IBGE (2008) foram produzidas 46,2
milhões de unidades em 2008, significando um
aumento de 23% em relação a 2007 (37,7 milhões de
unidades).
As pastas do tipo para documentos e para estudantes de qualquer material (exceto
couro) representaram 35% das unidades produzidas em 2008, as bolsas ou mochilas de
qualquer material (inclusive térmicas) somaram 27% do total e as malas, maletas,
bolsas ou valises para viagem, de qualquer material conquistaram 16% do volume total
produzido.
Em relação ao comércio exterior das bolsas brasileiras, as exportações ainda são
baixas, com um valor de 8,9 milhões de reais e 173 mil unidades em 2009. Nota-se,
que nos anos de 2007 a 2009, houve um decréscimo de 26% no valor das exportações,
bem como uma diminuição de 41% no volume exportado (Gráfico 5 e Gráfico 6).
34
Gráfico 5: Exportações de bolsas brasileiras em mil US$ FOB (2007-2009)
FONTE: MDIC/SECEX
Gráfico 6: Volume de exportações de bolsas brasileiras em mil unidades (2007-2009)
FONTE: MDIC/SECEX
Por outro lado, as importações de bolsas são expressivas, se compararmos as
exportações. Houve um salto de 60% no valor das importações no período de 2007 a
2009, bem como um aumento de 51% no volume do produto importado (Gráfico 7 e
Gráfico 8).
35
Gráfico 7: Importações de bolsas em mil US$ FOB (2007-2009)
FONTE: MDIC/SECEX
Gráfico 8: Volume de importação de bolsas em mil unidades (2007-2009)
FONTE: MDIC/SECEX
Curiosamente o preço médio de exportação foi maior que o preço médio das
importações no período de 2007 a 2008. Essa situação se deve ao fato de que as bolsas
exportadas brasileiras têm maior valor agregado que as importadas pelo Brasil. Nas
exportações destacam os produtos de couro e de outros materiais têxteis. No caso das
importações o maior volume é de bolsas de plástico.
36
Gráfico 9: Preço médio de exportação e importação de bolsas em US$ (2007-2009)
PM dede Exportação
PM dede Importação
FONTE: MDIC/SECEX
A balança comercial de bolsas é negativa, com um aumento de 76% desse saldo
negativo de 2009 em relação a 2007 (Gráfico 10). A Ásia (exceto Oriente Médio)
correspondeu com 95% dos valores de origem das bolsas com folhas plásticas
importadas pelo Brasil, que é o produto de maior representatividade das bolsas
importadas.
Gráfico 10: Saldo de balança comercial de bolsas (2007-2008)
FONTE: MDIC/SECEX
37
1.2. BREVE HISTÓRICO DO APL
O surgimento de um Arranjo Produtivo está relacionado a diversos
fatores e circunstâncias. No caso do Arranjo Produtivo de Calçados e
Bolsas nos Municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte dois
se destacam. Um está relacionado com a construção da própria cidade
de Belo Horizonte, que foi instituída capital do Estado de Minas Gerais
em 12 de dezembro de 1897. Imigrantes de várias partes do mundo
participaram da construção e foram assentados nos arredores do
município. Os italianos e espanhóis trouxeram com eles a experiência
de indústrias tradicionais, como a produção de calçados e artefatos de
couro.
O outro fator que influenciou não só o setor de calçados e bolsas mas a moda como
um todo foi a Feira de Arte,
Artesanato e Produtores de
Variedades. A Feira iniciou-se
em
1969,
Liberdade,
na
a
Praça
partir
da
da
integração entre críticos de
arte,
artistas
plásticos,
artesãos e alguns elementos
hippies. Posteriormente foi
transferida para a Avenida
Afonso Pena, local onde até
hoje
acontece
todos
osPraça da Liberdade em dia de feira – Feira “Hippie” - 1970 Acervo Arquivo Público da
Cidade de Belo Horizonte/APCBH – Coleção José Góes
domingos. Com o sucesso da Feira alguns expositores abriram empresas, passando a
industrializar a sua produção e não mais comercializando seus produtos na Feira.
38
Muitos ainda, especialmente as micro e pequenas, encontram na feira uma forma de
expor e vender seus produtos.
A articulação dos empresários e fundação de entidades representativas do setor
também foi muito importante para o surgimento do APL. Em 1937 foi constituído o
Sindicato das Indústrias de Calçados no Estado de Minas Gerais (SINDICALÇADOS),
reconhecido oficialmente em 1942. Já o Sindicato das Indústrias de Bolsas e Cintos do
Estado de Minas Gerais (SINDIBOLSAS) foi criado na década de 1990. Os dois
sindicatos foram criados com o objetivo de fomentar o crescimento, a capacitação e o
progresso do setor e, atuar como liderança no processo de desenvolvimento
estratégico das indústrias.
Hoje o polo compreende empresas que atuam nos mais diversos nichos de mercado,
produzindo desde produtos mais artesanais, como os comercializados na Feira de Arte,
Artesanato e Produtores de Variedades, quanto sofisticados produtos que se
diferenciam por seu design e qualidade, reconhecidos nacional e internacionalmente.
“ Minas lança
Moda!”*
*Frase de um dos entrevistados na
pesquisa de campo.
39
1.3. CARACTERÍSTICAS GERAIS DO
APL DE CALÇADOS E BOLSAS DA
RMBH
O Arranjo Produtivo de Calçados e Bolsas da Região Metropolitana
abrange empresas principalmente dos municípios de Belo Horizonte,
Betim e Contagem (97% das empresas) Para contextualização do APL e
consolidação dos dados foram consideradas as informações referentes à
cidade de Belo Horizonte, visto que é a cidade polo do APL e concentra
79 % das empresas.
A Região Metropolitana de Belo Horizonte – RMBH está localizada na
região central do estado, é composta por 34 municípios que abrigam
conjuntamente uma população de 4.640.105 habitantes, de acordo com
os dados do Censo Demográfico de 2010. Ocupa uma área de 9.459,10
km² com uma densidade populacional de 490,55 hab/km². Em termos
comparativos, a RMBH representou, em 2010, 24,2% da população total
do Estado. (GOOGLE, 2011).
40
Belo Horizonte, cidade polo do APL, é a quarta cidade mais rica do país. Está situada
em local privilegiado na região central do Estado, próximo aos principais centros
consumidores do país, a 574 km de São Paulo, a 437 km do Rio de Janeiro e a 734 km
de Brasília. A Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) faz fronteiras com as
cidades de Ouro Preto, Itaguara, Pará de Minas, Sete Lagoas e Itabira.
Figura 5 - Mapa de localização de Belo Horizonte
Fonte: http://belohorizonte.minas-gerais.net/
Segundo o IBGE, houve um aumento de 14% na população do município de Belo
Horizonte, passando de 2,1 milhões em 1996 para 2,4 milhões em 2010. Em meados
da década de 1990, ainda havia uma parcela da população, mesmo que mínima
(0,34%) que estava considerada na zona rural, contudo, a partir dos anos 2000 100%
da população do município tornou-se urbana (Tabela 6).
Tabela 6: População do APL de Calçados e Bolsas da RMBH (1996-2010)
Nome do Indicador
Evolução
1996
2000
2010
2,1 milhões
2,2 milhões
2,4 milhões
% Pop. Urbana
99,66%
100%
100%
% Pop. Rural
0,34%
0%
0%
População (cidade polo)
Fonte: IBGE e IPEADATA
41
Em relação à quantidade e porte das empresas fabricantes de calçados houve uma
redução de 4% da quantidade de empresas do setor na região do APL, com
predominância da microempresa e nota-se que ao longo do período de 1996 a 2009, a
tendência está na diminuição do porte das empresas.
Tabela 7: Quantidade e porte das empresas fabricantes de calçados do APL (1996 – 2009)
Nome do Indicador
Evolução
1996
2000
2009
142
130
136
Micro (até 19 vínculos ativos)
83,80%
83,85%
85,29%
Pequena (de 20 a 99)
11,97%
11,54%
13,24%
Média (de 100 a 499)
2,82%
4,62%
1,47%
Grande (500 ou mais)
1,41%
0,00%
0,00%
Quantidade de empresas do setor no
APL
FONTE: RAIS – tem
A quantidade das empresas fabricantes de bolsas na região do APL aumentou em 12%
no período de 1996 a 2009. Em relação ao porte destas empresas, verifica-se a
inexistência da grande empresa, concentrando-se em sua maioria (90%) em
microempresas.
Tabela 8: Quantidade e porte das empresas fabricantes de bolsas no APL (1996 a 2009)
Nome do Indicador
Evolução
1996
2000
2009
102
99
114
Micro (até 19 vínculos ativos)
92,16%
88,89%
90,35%
Pequena (de 20 a 99)
5,88%
8,08%
8,77%
Média (de 100 a 499)
1,96%
3,03%
0,88%
Grande (500 ou mais)
0,00%
0,00%
0,00%
Quantidade de empresas do setor no
APL
FONTE: RAIS – tem
42
Segundo o IEL (2010), no que diz respeito ao faturamento anual das empresas, em
2009, verificou-se que parcela significativa das indústrias (45,5%) atingiu um
faturamento de até 200 mil reais. Tal fato é condizente ao micro e pequeno porte das
empresas.
Gráfico 11: Faturamento das empresas do APL de Calçados e Bolsas da RMBH (2009)
FONTE: IEL, 2010
A tipologia das empresas do setor de calçados e bolsas segundo a RAIS é dividida em
seis classes, sendo que no APL de Calçados e Bolsa da RMBH concentra-se 40% de
empresas fabricantes de calçados de couro e 26,4% de empresas fabricantes de bolsas
em 2009
Além disso, nota-se que as empresas fabricantes de bolsas na região do APL cresceram
20% e as empresas fabricantes de sapato de couro tiveram um aumento de 11% se
compararmos 2000 em relação a 2009. Ainda existe no setor, a fabricação de outros
artefatos e fabricação de calçados de materiais não especificados concentrando
19,20% e 12% respectivamente em 2009.
43
Tabela 9: Quantidade de empresas por tipo de produto (1996 - 2009)
Nome do Indicador
CLASSE 15211-Fabricação de artigos para
viagem, bolsas e semelhantes de qualquer
material
CLASSE 15297-Fabricação de artefatos de
couro não especificados anteriormente
CLASSE 15319-Fabricação de calçados de
couro
CLASSE 15327-Fabricação de tênis de
qualquer material
CLASSE 15335-Fabricação de calçados de
material sintético
CLASSE 15394-Fabricação de calçados de
materiais não especificados anteriormente
Evolução
1996
2000
2009
19,26%
24,02%
26,40%
22,54%
19,21%
19,20%
38,93%
39,30%
40,00%
0,82%
0,44%
0,00%
0,41%
0,00%
2,40%
18,03%
17,03%
12,00%
FONTE: RAIS – MTE
Os principais fornecedores do APL de Calçados e Bolsas da RMBH estão situados no Rio
Grande do Sul e São Paulo. Os dados mostrados indicam uma predominância na
utilização do couro como matéria prima na produção de bolsas e calçados. Tal
utilização não significa que não exista a utilização de outros materiais ou uma
característica de tradicionalismo. Pelo contrário, as empresas do APL são reconhecidas
por sua capacidade inovativa, produtos com alto valor agregado diferenciados pelo
estilo, design, arte, atualidade em sintonia com a moda internacional.
44
CONTEXTO ECONÔMICO
Em relação aos aspectos econômicos, os municípios que compõem o
APL de Calçados e Bolsas da RMBH, contribuem em 22% na participação
do produto interno bruto (PIB) do Estado de Minas Gerais (IBGE, 2008),
sendo que Belo Horizonte detém cerca de 68% do PIB total dos
municípios do APL e junto com Contagem esta representatividade chega
a 92%.
Tabela 10: Produto Interno Bruto (PIB) do APL (1990 - 2008)
Nome do Indicador
Evolução
1990
2000
2008
-
21,7 bilhões
61,8 bilhões
-
22%
22%
-
15,7 bilhões
42,1 bilhões
% na participação do Estado
-
16%
15%
Arrecadação de impostos
-
3%
-
Produto Interno Bruto (PIB) dos
municípios do APL
% na participação do Estado
PIB do cidade polo
FONTE: IBGE
Em relação ao PIB, Belo Horizonte arrecadou cerca de 3% de impostos do total do
Arranjo. Nos últimos oito anos, a cidade teve um crescimento significativo, o que
refletiu no PIB que registrou crescimento de 169% dos valores em reais, passando de
R$ 15,7 bilhões para R$ 42,1 bilhões.
Segundo a RAIS (2009), o APL de Calçados e Bolsas da RMBH empregou cerca 2,4 mil
pessoas. Os destinos da produção do APL de Calçados e Bolsas da RMBH estão
distribuídos da seguinte forma:
Nacional: região sudeste, seguida pelas regiões nordeste e centro-oeste.
45
Exportação: Estados Unidos, América Latina, Europa, Oriente Médio e Ásia.
Segundo o IEL (2009), foi exportado pelas empresas do polo US$ 18,4 milhões em
2007. O que se verifica é que no período de 2005 a 2007 os valores de exportação do
polo se mantiveram constantes, com uma ligeira queda em 2006.
Tabela 11: Exportações em milhões de dólares do APL de Calçados e Bolsas da RMBH (2004-2008)
Ano
Total em US$ FOB
2005
18,5 milhões
2006
17,3 milhões
2007
18,4 milhões
FONTE: IEL, 2009
46
1.4. CADEIA PRODUTIVA E MACROPROCESSOS
Neste item é apresentada
a cadeia produtiva do
setor de calçados, bolsas e
artigos de couro de forma
resumida, focando nos
seus
principais
produtivos.
fluxos
Também
serão
repassadas
informações
sobre
principais
etapas
as
do
processo produtivo.
Conforme poderá ser verificado na figura ilustrativa, a seguir, a cadeia
envolve diversas indústrias intermediárias, que são determinantes para
o bom desenvolvimento da cadeia. Os avanços tecnológicos dos setores
de fabricação de máquinas e equipamentos, a indústria química e a
indústria
de
componentes,
influenciam
em
grande
medida
o
direcionamento de toda a cadeia. A agregação de novas tecnologias por
parte dos mesmos pode funcionar como um acelerador de tendências,
como adoção de novos materiais, o desenvolvimento de novos produtos,
maior durabilidade dos produtos já existentes, dentre outros avanços nessa
indústria.
47
Figura 6: Cadeia produtiva da produção de calçados e bolsas*
*Tecidos, metais, fôrmas e matrizes, solados e saltos, palmilhas e outros que compõem o produto em
sua concepção básica.
FONTE: Instituto Euvaldo Lodi – IEL/ Sistema FIEMG
MACRO-PROCESSOS PRODUTIVOS: CALÇADOS, BOLSAS E
ACESSÓRIOS DE COURO
O processo produtivo nos dois segmentos ocorrem em estágios bastante distintos. No
caso das bolsas e acessórios de couro há uma variação maior das operações realizadas.
De uma forma geral, as principais etapas dos dois segmentos são:
Design e Modelagem
Corte
Costura
Montagem e
Acabamento.
48
DESIGN E MODELAGEM
Esta etapas, nos dois segmentos constitui-se, talvez, a mais
importante do processo produtivo, dado que é nela que se
realiza toda a concepção do produto em si. O produto é
A aplicação de novos
materiais, inclusive
reciclados, vem
idealizado considerando aspectos como as tendências da moda,
os materiais a serem utilizados, a definição dos modelos e das
formas.
Também é necessário adequar a concepção às
condições e características do processo produtivo, inclusive no
crescendo no processo que tange a custos.
produtivo.
Os equipamentos CAD (Computer Aided Design) bi e
tridimensionais vêm sendo utilizados para criar modelos a partir
de informações estruturais digitalizadas e visualizadas no
monitor, possibilitando uma precisão e agilidade muito maior na
tarefa de modificação e criação de novos modelos.
CORTE
Na etapa de corte, a matéria prima é cortada de acordo com as
determinações definidas na modelagem.
A interface da eletrônica
No processo tradicional dos calçados o corte é realizado com
com o setor tem sido
facas e balancins. O operador, principalmente quando a
muito importante para a
matéria prima utilizada é o couro, deve observar o sentido das
modernização dos
fibras, a elasticidade e a existência de defeitos para definir as
posições do corte e minimizar o desperdício de material. Os
processos mais avançados utilizam o corte a laser ou jato de
processos e agregação
de novas
água, em geral de forma integrada com a modelagem por
funcionalidades, como a
CAD, resultando em um aproveitamento da matéria prima
incorporação de
bastante superior dado que o controle da área a ser cortada é
componentes
feito pelo computador. Deve-se ressaltar que as entre os
eletrônicos
processos tradicionais e os mais avançados é, em grande
principalmente em
parte, determinado pelo tipo de matéria prima utilizado e seu
calçados esportivos.
grau de homogeneidade/ heterogeneidade.
49
No caso das bolsas e acessórios, antes do corte o couro passa
por um processo de tingimento. O setor de estoque e
armazenagem repassa para o setor de tingimento o tamanho
do couro a ser tingido. É necessário o tingimento somente nas
laterais do couro, para que não haja diferença de tons, pois as
laterais apresentam cores diferentes.
A execução do corte ocorre de acordo com a programação
feita pelo gerente de produção, decorrente da quantidade a
ser produzida no período. O processo é executado por
máquina de corte junto com o trabalho manual da colocação
dos moldes sobre a peça do couro a ser cortada.
Padronização do
COSTURA
processo para
No caso dos calçados as peças, em sua maioria, são
atendimento dos
unidas por meio de costura ou pesponto. Existem
requisitos dos
compradores e melhoria
do produto final para o
consumidor.
máquinas de costura de controle numérico, porém de
utilização restrita para alguns poucos tipos de costura
e/ou de produto. Devido a diversidade
dos tipos de
operação de acordo com o produto final que se pretende
há o predomínio da atividade manual .
MONTAGEM
Na etapa de montagem dos calçados o cabedal é unido ao
solado. Os processos de união são bastante variados,
envolvendo costura, prensagem ou colagem. A colocação de
saltos, biqueiras e palmilhas também é realizada nesta etapa.
No caso das bolsas e acessórios, há o setor de pré-montagem.
Neste setor é preciso fazer uma análise criteriosa para que as
50
peças sejam coladas corretamente e evitar erros no final do
produto. A peça colada é encaminhada para o setor de
preparação do forro aonde chega semipronta.
ACABAMENTO
No caso do calçado o mesmo é desenformado e passa pelos
retoques
Novas estratégias:
valorização do design,
customização e
encurtamento do tempo
de vida das linhas de
produto
finais:
colocação
de
forro,
palmilha,
pintura,
enceramento, revisão de qualidade e a colocação em embalagem
individual.
Nas bolsas e acessórios após a montagem são executados os
acabamentos de acordo com o produto. Então eles são
repassados para o setor de preparação de ferragens, onde são
colocados puxadores, alças, fivelas e outras ferramentas que a
peça exigir.
Depois de realizado o acabamento final e a conclusão do
processo produtivo, as peças são levadas para o setor de
expedição e armazenagem.
51
1.5. GOVERNANÇA
O termo governança é muito utilizado quando se trata de Arranjos
Produtivos Locais- APLs. O economista americano Ronal Coase foi o
primeiro a utilizá-lo em 1937 e, desde então, o mesmo foi se adaptando
e sendo adotado por especialistas que estudam modelos de gestão de
APLs e a importância da participação ativa da comunidade local.
Governança refere-se aos padrões e estruturas mediante os quais os
atores sociais e políticos levam a cabo processos de intercâmbio,
coordenação, controle, interação e tomada de decisões conjuntas
dentro de regimes democráticos. Essas estruturas ou regras do jogo
condicionam a participação e interação dos diversos atores, cujas
capacidades já não se baseiam exclusivamente nos recursos de poder
disponíveis, mas sim na capacidade para coordenar atuações conjuntas.
Um conceito associado ao de governança é o de “capital social”, pois
integra componentes que ajudam nas aproximações, relações,
negociações e colaboração entre os inúmeros atores que constituem a
essência da governança; o capital social aumenta com seu uso e
potencializa o estabelecimento de fatores de vantagem competitiva.
A governança local se apoia em fortes interações entre a sociedade civil e as estruturas
de governo de modo que exige a disponibilidade e acumulação de capital social. É o
que alguns autores denominam de virtudes cívicas da sociedade, ou seja, normas e
valores, baseados na confiança e reciprocidade, que se retroalimentam e promovem a
participação da cidadania nos assuntos coletivos para fortalecer processos sistêmicos
de desenvolvimento (BARREIRO, 2007).
Trata-se da soma de diversas vias individuais e institucionais, públicas, privadas, que
possibilitam o planejamento e gestão dos assuntos comuns em um território ou em
uma rede de empresas. Em outras palavras, constitui um processo que permite que os
52
diferentes interesses e conflitos possam ser tratados de forma conjunta através de
cooperação. Isso inclui instituições formais, assim como acordos informais e
desenvolvimento de acordos e redes entre atores sociais, tudo que é essencial para
assegurar uma base participativa no processo de desenvolvimento territorial.
1.5.1. A GOVERNANÇA NOS APLS
Em relação aos Arranjos Produtivos uma das maiores preocupações dos
procedimentos de Governança é criar um conjunto eficiente de mecanismos, tanto de
incentivos quanto de monitoramento, a fim de assegurar que o comportamento dos
atores regionais esteja sempre alinhado com os interesses coletivos ali existentes e
ajude a melhorar as condições gerais da região e a competitividade das empresas
produtoras de bens e serviços.
É no nível territorial que é possível combinar governança, cultura e organização social,
facilitando-se os acordos entre atores e ganhando-se legitimidade e aceitação do
processo por parte da cidadania. A base do êxito está na construção de instituições
capazes de atuar no nível territorial. As comunidades que contam com um conjunto
amplo e diverso de relações sociais e de associações cívicas se encontram em melhor
situação para resolver seus problemas ou para satisfazer suas necessidades.
A questão da sustentabilidade se encaixa perfeitamente dentro da concepção de
governança e deve ser tratada não só pelas empresas individualmente, mas
principalmente no coletivo. O ideal é que o conjunto de empresas que operam no
setor e no seu território sejam capazes de compartilhar de um número de práticas nos
campos ambiental e social que façam com que seus produtos e serviços sejam
reconhecidos pelo mercado como sendo portadores de determinados atributos, que
são por ele valorizados.
Um dos grandes desafios é fazer com que os diversos participantes do APL
reconheçam o quanto têm a ganhar com práticas socioambientais nas próprias
empresas e também em relação a seus fornecedores e seus processos produtivos. É
por esta razão que questões como o grau de associativismo e a cooperação entre
poderes públicos, entidades empresariais e da sociedade civil se tornam tão
importantes.
53
Para a boa governança do APL é preciso ter clareza dos propósitos comuns,
estabelecendo uma interação institucional para seu alcance.
1.5.2. A GOVERNANÇA NO APL DE CALÇADOS E BOLSAS NA RMBH
Dentro do conceito de governança não existe uma liderança formal que define quais
ações serão realizadas. No APL de Calçados e Bolsas esta concepção é adotada, mas
incentivados pelas próprias entidades parceiras locais o SINDICALÇADOS e o
SINDIBOLSAS desempenham uma saudável coordenação de programas e ações de
interesse coletivo do Arranjo.
Fazem parte da governança do APL:
Associação Brasileira das Indústrias de Artefatos de Couro e Acessórios de
Viagem – ABIACAV
Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e
Artefatos – ASSINTECAL
Associação Brasileira das Indústrias de Calçados - ABICALÇADOS
Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos - APEX
Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais - FIEMG
Instituto Euvaldo Lodi - IEL
Instituto de Desenvolvimento Integrado de Minas Gerais - INDI
Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - SEBRAE
Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado de Minas Gerais - SEDE
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - SENAI
Serviço Social da Indústria - SESI
Esses parceiros agem cooperando entre si na composição e participação em projetos
únicos, aceitando contrapartidas de cada ator como complemento, sempre analisando
a aplicabilidade das ações, evitando duplicidades, na tentativa de somar esforços para
atender as demandas das empresas participantes sob um objetivo comum.
O Sindicato das Indústrias do Vestuário no Estado de Minas Gerais – SINDVEST, o
Sindicato das Indústrias de Joalheria, Ourivesaria, Lapidação de Pedras Preciosas e
54
Relojoaria de Minas Gerais SINDIJÓIAS - GEMAS MG e a Fundação Mineira de Educação
e Cultura- FUMEC não fazem parte diretamente da governança do APL, mas interagem
com o mesmo em alguns projetos, eventos e ações, numa relação produtiva para os
dois lados.
Em relação à capacitação, tanto dos funcionários quanto dos empresários, o SENAI e a
FUMEC desempenham papel fundamental. O SENAI, por meio do Modatec, oferece
cursos técnicos, de capacitação e aperfeiçoamento voltados para o setor. A FUMEC
oferece o curso de moda com habilitação em design que possui uma disciplina
específica voltada para a sustentabilidade.
A governança é um desafio complexo no APL de Calçados e Bolsas da RMBH porque as
organizações que compõem a dinâmica de governança não estão, em sua maioria, em
um espaço físico comum. Por se tratar de uma região altamente urbanizada, o
principal elo de governança são os sindicatos da indústria, sendo que os parceiros
públicos, tecnológicos e de conhecimento também estão dispersos espacialmente. O
associativismo é um fator importante no modelo de governança do APL. O
SINDICALÇADOS tem um índice de associativismo no polo de 39,7% das 194 empresas
locais e o SINDIBOLSAS de 20,6% das 184 empresas locais.
55
1.6. MAPEAMENTO DOS STAKEHOLDERS
Juntamente com a governança é imprescindível a existência de
stakeholders atuando no APL. Esses dois tipos de atores se
complementam e fortalecem o Arranjo. Em alguns casos uma
instituição pode ser um stakeholders e também fazer parte da
governança.
Os stakeholders participam do arranjo devido à ressonância da
missão de suas instituições com o setor produtivo. Cada um,
dentro da sua especialidade, contribui em pontos muitos
importantes como a qualificação da mão de obra,
desenvolvimento tecnológico, gestão empresarial, marketing,
certificação, entre outros. Está comprovado que as ações
realizadas de forma cooperada entre empresas e instituições são
mais produtivas e eficientes.
O APL de Calçados e Bolsas possuem as seguintes partes interessadas (stakeholders)
apresentadas a seguir:
Figura
7:
Mapa
de
partes
interessadas
do
APL
de
Calçados
e
Bolsas
na
RMBH
FONTE: Elaboração própria
56
Pode-se elencar as principais partes interessadas conforme sua classe:
Quadro 1: Partes Interessadas – classes e atores
Classe da P.I.
Atores
FIEMG – Federação das Indústrias do
Estado de Minas Gerais
ABICALÇADOS - Associação Brasileira das
Indústrias de Calçados,
ASSINTECAL – Associação Brasileira de
1. Associações e Federações
Empresas de Componentes para Couro,
Calçados e Artefatos
ABIACAV - Associação Brasileira das
Indústrias de Artefatos de Couro e Artigos
de Viagem
CMD - CENTRO MINAS DESIGN
2. Agências e órgãos reguladores
3. Institutos
APEX - Agência Brasileira de Promoção de
Exportações e Investimentos
IEL/ FIEMG – Instituto Euvaldo Lodi,
Núcleo Regional de Minas Gerais
SINDICALÇADOS MG - Sindicato da
Indústria de Calçados no Estado de Minas
Gerais
SINDIBOLSAS MG - Sindicato da Indústria
4. Sindicatos
de Bolsas e Cintos no Estado de Minas
Gerais
SINDIPELES, Sind. Ind. de Curtimento de
Couros e Peles no Estado de Minas Gerais
Sindicato dos Trabalhadores
MTE - Ministério do Trabalho e Emprego
5. Governo
MDIC - Ministério do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior
57
MMA - Ministério do Meio Ambiente
Prefeitura Municipal de cada cidade
participante do APL
Secretaria de Turismo
Governo Estadual
SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio às
Micro e Pequenas Empresas
6. Sistema S
SENAI/ FIEMG – Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial
SESI/ FIEMG – Serviço Social da Indústria
SENAI/MODATEC
UEMG - Universidade Estadual de Minas
Gerais
7. Instituições de Ensino
UFMG - Universidade Federal de Minas
Gerais
FUMEC – Fundação Mineira de Educação
e Cultura
8. Empresários
9. Concorrentes
10. Empregados
Empresas participantes do APL
Outros APLs com atividades no mesmo
setor.
Colaboradores
cada
empresa
participante do APL
11. Fornecedores
Diversos
12. Clientes
Diversos
13. Comunidade do Entorno
em
Sociedade que está nos arredores do APL
(geograficamente).
FONTE: Elaborado própria
58
O quadro a seguir demonstra o campo de atuação das entidades integradas ao APL:
Quadro 2: Campo de atuação e contribuição das entidades integradas ao arranjo
Entidades
Atuação Principal*
Promover exportações de
APEX – Agência
produtos e serviços brasileiros,
Brasileira de
contribuindo para a
Promoção de
internacionalização das
Exportações e
empresas brasileiras e atraindo
Investimentos
investimentos estrangeiros para
Contribuição para o APL*
Internacionalização do APL, de
forma a atrair clientela de países
estrangeiros e fomentar o
crescimento mercadológico do
APL.
o Brasil.
Defender os interesses
empresariais, realizar
Entidade sindical patronal com
SINDICALÇADOS
objetivo de gerar crescimento do
setor de calçados, bem como a
defesa de seus interesses.
negociações trabalhistas,
jurídicas. Apresentação em
feiras, eventos e mídia. Interagir
com as entidades de apoio,
realizar estudos e
levantamentos, além de
divulgação do setor.
Defender os interesses
empresariais, realizar
SINDIBOLSAS
Sindicato patronal que está
negociações trabalhistas,
voltado ao crescimento do setor
jurídicas. Apresentação em
de produção de bolsas,
feiras, eventos e mídia. Interagir
capacitação técnica e defesa de
com as entidades de apoio,
seus interesses.
realizar estudos e
levantamentos, além de
divulgação do setor.
FIEMG –
Representar o setor industrial e
Articulação e execução de
Federação das
fomentar o desenvolvimento
programas e projetos para o
59
Indústrias do
industrial do Estado de Minas.
desenvolvimento ao APL.
Estado de Minas
Defender os interesses do
Gerais
Arranjo e representar o setor
em âmbito estadual e nacional.
SEBRAE – Serviço
Brasileiro de
Apoio às Micro e
Pequenas
Empresas
Promove ações de apoio técnico
voltada às necessidades das
micro e pequenas empresas,
além de possibilitar auxílio
financeiro na execução de
Contribui com apoio financeiro
e ações conjuntas voltadas para
desenvolvimento das empresas.
projetos para o setor.
Representar o setor, buscar
ABICALÇADOS
Fornecer apoio institucional ao
mercados internacionais,
setor calçadista, servindo como
divulgação, fomentar o
uma liderança setorial.
desenvolvimento do setor.
Representar o setor, buscar
ASSINTECAL
Representar o setor e buscar o
desenvolvimento.
mercados internacionais,
divulgação, fomentar o
desenvolvimento do setor.
Promover a qualidade de vida do
trabalhador e de seus
Realização de programas e
SESI/ FIEMG –
dependentes, com foco em
projetos voltados para a saúde e
Serviço Social da
educação, saúde e lazer, e
bem estar dos trabalhadores,
Indústria
estimular a gestão socialmente
além de capacitação de mão de
responsável da empresa
obra.
industrial.
IEL
Promover a interação entre os
Articulação e execução de
setores industrial, governamental
programas de desenvolvimento
e educacional, buscando o
setorial, incluindo a captação de
desenvolvimento industrial.
recursos financeiros e técnicos.
60
Disponibilizar recursos
financeiros e fomentar o
GOVERNO DO
ESTADO DE
MINAS GERAIS
desenvolvimento do APL
Disponibilizar apoio institucional
também com ações
e financeiro.
relacionadas à legislação e
defesa dos interesses do setor
empresarial mineiro junto às
instâncias públicas.
Articulação de programas e
ABIACAV
Desenvolver a indústria de couros projetos para desenvolvimento
no Brasil e representá-la.
do setor.
Disponibilizar cursos técnicos e
Formar mão de obra
SENAI/MODATEC especializada no setor de
confecção de calçados e moda.
de aperfeiçoamento para
trabalhadores, elevando o nível
de qualificação do APL como um
todo.
Fonte: Elaboração própria
* O quadro apresenta informações da principal atuação da entidade e possibilidade de contribuição para o APL, pois
não seria possível, devido ao espaço, informar todas as atuações e contribuições das entidades citadas.
61
1.7. BENCHMARKS E REFERÊNCIAS
Uma
das
mais
eficientes
estratégias
atuais
na
busca
pela
competitividade é conhecer e monitorar o que os concorrentes ou
mesmo parceiros estão fazendo e como estão fazendo; buscando as
melhores práticas.
Em relação à concorrência dos polos, o APL de Calçados e Bolsas da
RMBH considera nacionalmente os Polos situados no Rio Grande do Sul,
São Paulo e Ceará. Dos quais serão estudados o APL Calçadista do Vale
do Rio Sinos – RS, APL Calçadista de Franca – SP e APL Calçadista da
Região do Cariri – CE como se verifica nos quadros seguinte.
Como referência internacional, existe o pólo produtor de calçados e bolsas de Milão,
que abriga marcas mundialmente conhecidas, sendo referência de moda Em Milão se
valoriza a marca, a qualidade e o design. Apesar dos altos custos que obrigaram muitos
fabricantes a terceirizar sua fabricação em países do leste europeu e na China, ainda
possui uma significativa produção nacional, com um alto índice de exportação de seus
calçados.
62
Quadro 3: Contexto da concorrência nacional
APL
Características Gerais
Composto por 18 cidades da região
Fabricação de calçados de couro
(predominantemente femininos)
Maior conglomerado do mundo (1,7 mil fábricas e
Vale do Rio Sinos
componentes, curtumes, instituições de ensino, etc)
(RS)
Produtos exportados para mais de 140 países
Novo Hamburgo é conhecido como a Capital
Nacional do Calçado
Em 2005, 30% da produção nacional, 70% das
exportações e 135 mil empregos diretos
Segundo maior APL calçadista do Brasil
Fabricação de calçados de couro
(predominantemente masculino)
Franca
(SP)
Franca é conhecida como Capital Nacional do
Calçado Masculino
760 indústrias de calçados
Em 2008, produziu 37 milhões de pares de calçados,
51 mil empregos diretos, representa 5% das
exportações (29 mil pares/ano)
162 empresas calçadistas
Foco em sandálias microporosas e placas de EVA
Pequenas empresas focam no mercado interno e
Região do Cariri
(CE)
grandes empresas exportam
Produção de calçados femininos (80%), masculinos e
infantis (somam 20% restantes)
Produzem também carteiras e bolsas
Produção de 8,8 milhões de pares/ano, geração de
8,8 mil empregos, 400 toneladas de EVA utilizados
FONTE: Elaboração Própria
63
O quadro abaixo explora a situação (pontos fortes e fracos) de cada um destes polos.
Quadro 4: Pontos Fortes e fracos dos polos concorrentes
Pontos Fortes
Pontos Fracos
Certificação do “Projeto
Boa arrecadação
Caminho para o Conforto”
financeira municipal, mas
Alta concentração de
que não supre as altas
centros de ensino e
demandas sociais (menor
tecnológicos: Centro
receita per capita do RS)
Tecnológico do Couro,
Tecnologia “fim de tubo”
Calçados e Afins (CTCCA),
e não incluem a variável
Vale do Rio Sinos
Centro Tecnológico de
ambiental na estratégia
(RS)
Mecânica de Precisão
(Cetemp), Polo de
Modernização Tecnológica
da Feevale, Valetec
Elevada atratividade
empresarial
Facilidade na obtenção de
matéria prima
Franca
(SP)
Criação Núcleo de
Tecnologia relativamente
Inteligência Competitiva de
atualizada (2000)
Couro e Calçado (NICC)
Ociosidade da capacidade
Proximidade com
instalada
instituições de ensino: IPT,
Comercialização e design
SENAI, SEBRAE e
(2000)
Universidades
Deficiência na
Custo baixo, o que facilita
governança local
exportação
Região do Cariri
Constituição de governança
Matéria prima (insumos)
(CE)
local
provém de outros
64
Incentivos fiscais
Estados (RS, SP, BA e PE)
Nível de cooperação
Nível educacional
Empreendedorismo
heterogêneo entre os
empresários
Baixa qualificação de mão
de obra
Baixa qualidade do
produto da pequena
empresa e baixo poder
de barganha com
fornecedores
Fonte: Elaboração Própria
As melhores práticas e referências identificadas foram:
Certificação do “Projeto Caminho para o Conforto:” que é realizado por meio
de uma parceria entre o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Rio
Grande do Sul (Sebrae/RS), Associação Brasileira das Indústrias de Calçados
(Abicalçados), Centro Tecnológico do Couro, Calçados e Afins (CTCCA) e Serviço
Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). O certificado é emitido pela
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), com reconhecimento do
Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial
(Inmetro).
Criação Núcleo de Inteligência Competitiva de Couro e Calçado (NICC): realizada
na Faculdade de Tecnologia (Fatec) de Jaú. O objetivo do NICC é tratar e
analisar informações para a tomada de decisões de empresas e instituições de
ensino e pesquisa que compõem o setor produtivo couro-calçadista e funciona
como um observatório tecnológico e mercadológico do setor.
Projeto Ecoshoes: iniciado em 2007 a ação teve como objetivo buscar soluções
inovadoras em materiais ecologicamente corretos. Na primeira etapa contou
com 16 empresas de componentes e dois atacadistas associados à Assintecal
(Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e
65
Artefatos) que foi realizado pelo Instituto by Brasil (IBB) em parceria com a
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).
O Congresso de Inovação e Tecnologia realizado pela Assintecal by Brasil com
apoio do SEBRAE, Apex Brasil e Associação New Stage em fevereiro de 2010
teve como destaque temas como: “fechando o gap entre sustentabilidade e o
resultado dos negócios”, “o comportamento de compra, a moda e a
sustentabilidade”,
“inovação
e
a
sustentabilidade”
e
“a
força
da
sustentabilidade nas tendências de consumo”.
Programa Caras do Brasil: é um programa de comercialização para pequenos
produtores de manejo sustentável, incentivando o comércio ético e solidário, a
geração de renda, o respeito ao meio ambiente e a inclusão social. Atualmente
contam com mais de 70 fornecedores espalhados pelo Brasil dentre eles:
associações, sociedade simples, microempresas ou empresas de pequeno
porte, sociedades limitadas, cooperativas e pessoas físicas.
Couromoda em alinhamento com as tendências de práticas socioambientais,
em 2007 lançou duas iniciativas para corroborar este compromisso:
o Campanha “Couromoda 35 anos – 10.000 árvores”: visa envolver os
expositores, lojistas, representantes e empresas do setor calçadista
(componentes, e matéria prima) no plantio de 10 mil mudas de árvores
em áreas degradadas.
o Prêmio Couromoda – Boas Práticas Socioambientais no setor courocalçadista: tem como objetivo difundir os conceitos da gestão
sustentável entre as empresas do setor e valorizar as ações já
existentes. As categorias do prêmio são: gestão ambiental, inovação em
produtos e responsabilidade social.
Além destas ações, a Couromodas já atuava com ações socioambientais
investindo na coleta, seleção e reaproveitamento dos resíduos gerados pela
feira. Promove uma ação de neutralização das emissões de carbono relativas à
realização da feira plantando mil árvores na bacia do Rio Tietê.
Francal 2010: além dos temas recorrentes de tendências de moda, a feira levou
o tema sustentabilidade, apresentando vários modelos que têm como
66
diferencial a preservação do meio ambiente. Além disso, há a Francal Cidadania
com coleta seletiva no pavilhão de exposições e neutralização da emissão de
CO2, com o plantio de mudas no Parque Ecológico do Tietê – SP.
67
1.8. DELINEAMENTO PERFIL
SOCIOAMBIENTAL
Para elaborar um Diagnóstico Socioambiental é imprescindível fazer um
delineamento do perfil do APL em termos ambientais e sociais. Para
isso, conforme já informado no item Metodologia, foi elaborado um
Mapa de Reconhecimento do APL com base em fontes primária e
secundárias,
além
de
pesquisa
em
referências
nacionais
e
internacionais. Também foi realizada uma pesquisa de campo com
empresas e stakeholders).
1.8.1.
PERFIL AMBIENTAL DO APL
Em relação ao perfil ambiental, Belo Horizonte se encontra na região
central do Estado de Minas Gerais, sendo sua capital desde 1897.
Cercada pela Serra do Curral e localizada na bacia do Rio São Francisco,
contempla os Ribeirões Arrudas e do Onça, afluentes do Rio das Velhas.
Ao Norte, corre o Ribeirão Pampulha, represado para formar o
reservatório de igual nome, um dos recantos de turismo e lazer da
cidade.
O clima de Belo Horizonte é tropical de altitude tendo verões agradáveis
e invernos relativamente frios. Nos períodos de 2005 a 2007, de acordo
com Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais (IEF), não houve um
avanço nas fitofisionomias da região de Belo Horizonte no período. O
que se verifica é que as florestas estacionais correspondem a 57% da
cobertura do município.
68
Tabela 12: Fitofisionomias do cidade polo (2005 a 2007)
Fitofisionomias (ha)
Evolução
2005
2007
Campo – limpo e sujo (ha)
928,53
928,53
Campo Rupreste (ha)
220,50
220,50
1.518,66
1.518,66
Floresta Estacional Semidecidual
Montana (ha)
FONTE: IEF, 2010
Sobre a ocupação do solo, o IEF (2010), no Inventário Florestal de Minas, informou que
não houve modificações no tipo de cobertura vegetal na região, a área nativa
corresponde a 8% do total de ocupação do solo do município e não existem áreas de
reflorestamento.
Tabela 13: Ocupação do Solo no município de Belo Horizonte (2005 - 2007)
Tipo de ocupação do Solo (ha)
Nativa (ha)
Reflorestamento (ha)
Outros (ha)
Evolução
2005
2007
2.667,69
2.667,69
-
-
30.442,31
30.442,31
FONTE: IEF, 2010
Na região do APL, verificou-se a presença de alguns parques e estações, como:
Estação Ecológica Estadual Cercadinho (224,89 ha)
Parque Estadual da Serra do Rola-Moça (3,9 mil ha)
Além dos parques, existem ainda áreas de proteção ambiental (APAs) identificadas:
APA Sul (165,2 mil ha)
Fazenda Capitão Eduardo (260 ha)
Vargem das Flores (12,2 mil ha)
69
O serviço de limpeza urbana no município de Belo Horizonte está sob responsabilidade
da prefeitura. Segundo o site da Prefeitura de Belo Horizonte além dos serviços
cotidianos de coleta domiciliar de lixo, varrição, capina e aterramento dos resíduos,
desde 1993, a prefeitura, por meio da SLU (Superintendência de Limpeza Urbana)
implantou a coleta seletiva e reciclagem. Essa iniciativa faz parte do Modelo de Gestão
de Resíduos Sólidos, que tem por objetivo reduzir a produção do lixo encaminhado a
aterros sanitários, diminuir o impacto ambiental e levar benefícios à população. A Lei
Orgânica do município estabelece que o material proveniente da coleta deva ser
destinado a catadores. Em relação ao tratamento da água e esgoto em Belo Horizonte,
o serviço é oferecido pela COPASA.
Em relação aos programas de educação ambiental realizadas no âmbito do APL,
destacam-se:
Diagnóstico Rio das Velhas: O Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos
Hídricos (SISEMA), órgão do Governo Estadual, em parceria com o Projeto
Manuelzão da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e o Comitê de
Bacia do Rio das Velhas (CBH Velhas) realizaram oficina temática para
apresentar e levantar informações para completar o diagnóstico que fará uma
radiografia dos problemas ambientais da área.
De modo resumido e preliminar, o que se verificou em pesquisa de campo que pela
natureza do processo produtivo (montagem, moldação, colagem e acabamento), a
questão dos resíduos sólidos não é tratada formalmente entre os empresários do APL.
Isso ocorre, pelo fato de que o couro - matéria prima principal da produção de
calçados e bolsas e grande agente poluidor da cadeia - não é tratado dentro do APL. O
mesmo já vem tratado pelos fornecedores. Adicionalmente, os empresários alegam
que os resíduos (restos de couro) são reutilizados em grande parte dos casos, pois com
os retalhos é possível fazer novos produtos e até inovar. Os retalhos restantes,
algumas empresas doam ou vendem para artesãos da feira de artesanato da região.
70
Também se verificou que, em relação à gestão ambiental, os empresários que
possuem licença estão preocupados somente com a conformidade legal, nos demais,
até o atendimento às exigências legais está em segundo plano.
Em relação às espécies em extinção, verificou-se no site do IEF a lista de espécies
ameaçadas no Estado de Minas Gerais, mas sem relação com o APL.
1.8.2.
PERFIL SOCIAL DO APL
Os dados pesquisados retratam o perfil social do APL de Calçados e
Bolsas da RMBH de acordo com as peculiaridades da região. Como a
cidade de Belo Horizonte concentra 79 % das empresas do APL houve
maior ênfase nos dados da mesma. Os indicadores apresentados no
perfil social mostram que não só o município de Belo Horizonte, mas
todos os outros municípios da região apresentam indicadores de
melhoria continuada evidenciando seu potencial de desenvolvimento.
Foram observados alguns pontos críticos e aspectos sociais que
precisam ser melhorados.
Para análise do perfil social do APL de Calçados e Bolsas da RMBH um
dos critérios utilizados foi o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH),
proposto pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
(PNUD) como indicador de desenvolvimento. Três variáveis são
empregadas na composição do IDH: a longevidade, a escolaridade e a
renda.
De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
(PNUD), o índice de desenvolvimento humano (IDH) da cidade de Belo
Horizonte foi de 0, 839 em 2000, o que demonstra um estágio de alto
71
desenvolvimento.
Atualmente, o IDH brasileiro é de 0,699 (PNUD,
2010), ou seja, de médio desenvolvimento.
Para este estudo, foi utilizado também o IDH municipal (IDH-M) que
afere o nível de desenvolvimento humano de municípios. Embora
meçam os mesmos fenômenos, os indicadores levados em conta no
IDH-M são mais adequados para avaliar as condições de núcleos sociais
menores.
Pode-se notar que o crescimento de 6% do IDH-M geral do município foi impactado
por aumentos de 7%, 6% e 4% nos índices de educação, renda e longevidade
respectivamente.
O Quadro 5 detalha a composição do IDH de Belo Horizonte e mostra a evolução do
índice:
Quadro 5: IDH de Belo Horizonte (1991 a 2000)
IDH de Belo Horizonte
Evolução
1991
2000
0,791
0,839
IDH Educação
0,866
0,929
IDH Longevidade
0,727
0,759
IDH Renda
0,791
0,839
IDH – M
FONTE: PNUD
Em relação à educação, o município de Belo Horizonte conta com um IDH educação de
0, 929. Trata-se de um índice alto, dado que um dos indicadores que compõem a
análise deste índice é o percentual de alfabetizados (15 anos ou mais), no qual o
município alcançava um percentual de 73,64% da população em 2000, com um
aumento de 22% em relação a 1991 (60,42%) (IPEADATA).
Em relação aos municípios que compõem o APL, o IDH-M de 1991 apontava resultados
uniformes, com uma média de 0,839. Porém, em 2000, houve um recuo médio no IDH72
M dos municípios integrantes do polo em torno 4%. E com essa redução, os municípios
de Contagem e Sete Lagoa) passaram para o estágio de médio desenvolvimento
Quadro 6: IDH-M dos Municípios do APL de Calçados e Bolsas da RMBH (1991 a 2000)
Município
IDHM (1991)
IDHM (2000)
BH
0,866
0,839
Contagem
0,836
0,794
Sete Lagoas
0,815
0,791
FONTE: PNUD
Outra forma de analisar o APL é pelo Índice Mineiro de Responsabilidade Social (IMRS),
cujo cálculo abrange várias dimensões como educação, saúde, segurança pública,
renda, gestão, habitação, meio ambiente, cultura, lazer, desporto e finanças
municipais. Os dados são obtidos a partir de registros administrativos, que apresentam
periodicidade curta por ser a única fonte de dados disponível com abrangência
municipal. Verificando o IMRS percebe-se que o IMRS-cultura, lazer e esporte é o
maior índice com 0,7944. Os indicadores que tiveram maior avanço no período foram
o IMRS-saúde e IMRS-meio ambiente e habitação, com um aumento de 50% e 49%
respectivamente. Em seguida, o IMRS-segurança pública tem o menor índice (0,477)
com um avanço inexpressivo no período (1%), mantendo-se ainda num patamar baixo
e representando o pior indicador do grupo.
Quadro 7: Índice Mineiro de Responsabilidade Social (IMRS) 2000 e 2006
Nome do Indicador
Evolução
2000
2006
0,632
0,717
IMRS Saúde
0,519
0,776
IMRS Educação
0,647
0,647
IMRS Renda
0,834
0,830
IMRS Segurança Pública
0,442
0,447
IMRS – Geral do cidade polo
73
IMRS Meio ambiente e Habitação
0,425
0,635
IMRS Cultura, Lazer e Esporte
0,861
0,944
IMRS Finanças Municipais
0,672
0,701
FONTE: Site Data Gerais, 2010
Tabela 14: Desempenho no Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM no Município de Belo Horizonte
(2009)
FONTE: INEP (2009)
Sobre a Rede Estadual de ensino em Belo Horizonte a quantidade de escolas não teve
crescimento visto que apenas no Ensino Fundamental ocorreu crescimento de uma
escola em dois anos, como é verificado na tabela a seguir.
Tabela 15: Número de Escolas por etapa de ensino – Rede Estadual de Belo Horizonte (2009)
FONTE: INEP (2009)
Em relação à Rede Municipal de ensino em Belo Horizonte pode ser observado um
crescimento na Educação Infantil sendo que em 2007 eram 69 escolas passando para
78 escolas em 2009. Já no Ensino Infantil houve crescimento de apenas uma escola e
no Ensino Médio houve queda nos dois anos diminuindo uma escola.
74
Tabela 16: Número de Escolas por etapas de ensino – Rede Municipal de Belo Horizonte (2009)
FONTE: INEP (2009)
Sobre os dados de qualidade de vida, destaca-se a diminuição dos indicadores de
pobreza (-25%), o aumento da transferência de renda do governo, seja por
aposentadorias ou programas como bolsa família (+43%) e ainda um aumento de
renda per capita de 34% no período de 1991 a 2000.
Tabela 17: Qualidade de vida no município de Belo Horizonte (1991 a 2000)
Nome do Indicador
Pobreza (% de pessoas com renda < R$
75,50 reais ou 1/2 salário mínimo)
Evolução
1991
2000
18,89
14,17
11,4
16,33
414,94
557,44
Transferência de renda (% de renda
proveniente de transferências
governamentais - aposentadorias, bolsafamília, etc)
Renda per capita
FONTE: IPEADATA
No tocante à saúde no município de Belo Horizonte, observa-se que o índice de
mortalidade infantil decresceu 37% no período de 1991 a 2000 e a expectativa de vida
cresceu 2,74% no mesmo período (IPEADATA),.
75
Tabela 18: Indicadores de saúde de Belo Horizonte (1991 a 2000)
Nome do indicador
Esperança de vida ao nascer
Mortalidade infantil (por mil nascidos)
Evolução
1991
2000
68,64%
70,52%
47,58
29,83
FONTE: IPEADATA
Os indicadores de saneamento básico de Belo Horizonte são altos e têm crescido ao
longo do período de 1991 a 2000, o acesso à rede de energia elétrica é de 99,83%, de
água encanada 98,04%, rede de esgoto 96,90% e a coleta de lixo que teve um aumento
de cerca de 15,18% dos domicílios atendidos.
Tabela 19: Indicadores de Saneamento básico em Belo Horizonte (1991 a 2000)
Nome do indicador
Percentual de pessoas com água
encanada
Percentual de pessoas com energia
elétrica
Percentual da população com rede de
esgoto
Percentual de pessoas com coleta de lixo
Evolução
1990
2000
94,62%
98,04%
99,62%
99,83%
92,06%
96,90%
85,42%
98,39%
FONTE: IPEADATA
Em linhas gerais, quanto ao saneamento básico da região onde se insere verificou-se
que os municípios têm certa uniformidade na abrangência destes indicadores,
contando com índices elevados, acima de 90%.
Sobre a segurança pública do município de Belo Horizonte, o número de homicídios no
período de 2000 a 2002 aumentou de 0 para 10 pessoas/ano, com taxa de homicídios
por 100 mil habitantes em 43% em 2002 (Gráfico 12). Destacando-se positivamente, a
baixa incidência de homicídios a cada 100 mil habitantes no município de Sete Lagoas
76
E negativamente, verifica-se um aumento médio de 28% da taxa de homicídios nos
municípios de Belo Horizonte e Contagem no mesmo período.
Gráfico 12: Taxa de homicídios nos municípios do APL de Calçados e Bolsas da RMBH em 2000
FONTE: IPEADATA
Em relação às ações sociais no APL, identificou-se que algumas foram empreendidas
no último ano, destacando-se as seguintes:
A Prefeitura possui um programa de oferta de bolsas de estudo para escolas da
rede privada de ensino, distribuídas por meio de sorteio (www.pbh.gov.br). As
bolsas de estudo são de 25, 50 ou 100% do valor da mensalidade do Ensino
Fundamental, graduação e sequencial nas escolas previamente cadastradas.
Favela é isso aí - A organização foi criada com o objetivo de proporcionar a
construção da cidadania a partir do apoio e divulgação das ações de arte e
cultura da periferia. Surgiu como fruto do Guia Cultural de Vilas e Favelas,
idealizado pela antropologa Clarice Libânio e publicado em 2004. Atualmente, a
ONG conta com diversos parceiros da iniciativa pública e privada (Governo de
Minas, Prefeitura de Belo Horizonte, CEMIG, VIVO, SENAC, entre outros).
77
Programa Bom Aluno - mantém atualmente 93 alunos. Tem a parceria do curso
de Inglês Mai, que cedeu suas instalações para as aulas complementares. Para
acessar o programa, os candidatos deverão atender ao perfil descrito no site do
programa (ex. alunos de escola pública, cursando a 5º série, etc), realizar a
inscrição no período pré-determinado e a partir desta inscrição os candidatos
passarão cinco fases de seleção até a análise final.
Estes são alguns dos programas que demonstram certo nível de organização social e de
potencial de articulação de parcerias no âmbito municipal de Belo Horizonte. A
distribuição de bolsas de estudo na rede privada de educação favorece a inclusão
social e a promoção da diversidade no espaço escolar.
78
1.9. PESQUISA DE CAMPO:
RESULTADOS E ANÁLISES
A pesquisa realizada foi utilizando-se o método de coleta
amostral. Foram selecionadas como amostra 25 empresas .
Foram entrevistadas 22 empresas, pois três empresas não
tiveram
disponibilidade
de
agenda.
A
seguir
algumas
informações sobre o perfil das empresas entrevistadas:
O perfil das empresas da amostra é predominantemente de pequeno porte, com 52%
das entrevistadas.
Gráfico 13: Porte dos produtores da amostra
FONTE: IEL com base nos dados do MTE/RAIS (2008)
Em relação ao tipo de produto fabricado, a amostra concentrou as empresas que
fabricam calçados de couro, sendo que 60% da amostra são empresas que fabricam
calçados e 40% fabricam bolsas. Além disso, a amostra contou com uma empresa de
curtume para melhor entendimento da cadeia.
79
Gráfico 14: Tipo de produtos do escopo
FONTE: IEL com base nos dados do MTE/RAIS (2008)
Sobre a localização das empresas da amostra, 84% das empresas entrevistadas estão
estabelecidas no município de Belo Horizonte e Contagem. O curtume visitado está
estabelecido no município de Ribeirão das Neves.
Além das empresas do setor calçadista e de bolsas na RMBH, foram selecionadas algumas partes
interessadas (stakeholders) para realizar entrevistas. Estes stakeholders são entidades que têm
ligação direta com as atividades do polo e muitas vezes têm uma posição de agente indutor de
comportamento.
Dessa forma, mapear e engajar partes interessadas faz parte de todo o processo de
legitimidade de qualquer ação socioambiental que venha se designar posteriormente.
Neste sentido, foram escolhidas seis partes interessadas para compor as informações
do presente diagnóstico. Das quais, todas foram entrevistadas.
Dentre as partes interessadas ouvidas, estão:
•
FUMEC - Fundação Mineira de Educação e Cultura
•
SEBRAE-MG – Serviços Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresa (Belo
Horizonte)
80
•
SENAI-MG – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial do Estado de Minas
Gerais
•
SEDE-MG – Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico do Estado de
Minas Gerais
•
SINDIBOLSAS - Sindicato das Indústrias de Bolsas e Cintos do Estado de Minas
Gerais
•
SINDICALÇADOS – Sindicato das Indústrias de Calçados no Estado de Minas
Gerais.
1.9.1
PESQUISA DE CAMPO: ASPECTO AMBIENTAL
A identificação dos aspectos ambientais no âmbito deste diagnóstico seguiu uma
abordagem que, em primeira instância, considerou o atendimento à conformidade
ambiental e, posteriormente, vários aspectos ligados à gestão de recursos hídricos,
resíduos sólidos e energia com ênfase à gestão ambiental preventiva consolidada na
produção mais limpa.
Tal abordagem é fundamentada na concepção de que a primeira e imprescindível
etapa de qualquer processo produtivo é o atendimento à conformidade que
regulamenta a atividade em quaisquer que sejam as esferas de fiscalização: federal,
estadual ou municipal. Com essa etapa cumprida avança-se ao entendimento das
demais instâncias da eficiência produtiva com ênfase à gestão de recursos e à gestão
ambiental preventiva baseada na produção mais limpa (P+L).
Do ponto de vista de média geral de pontuação, a internalização da variável ambiental
encontra-se em estágio inicial de implementação, não compondo ainda a pauta
prioritária no APL de Calçados e Bolsas da RMBH. Tal afirmação é baseada nos
resultados da pesquisa conduzida a campo e que considerou fatores como
atendimento à conformidade, gestão ambiental preventiva, participação em comitês
81
socioambientais
municipais
e/ou
estaduais,
capacitação
e
inovação
em
sustentabilidade e gestão de resíduos, efluentes e emissões (Média geral=3,49).
Ainda que se haja iniciativas importantes como a implementação de programas de
produção mais limpa, elas são ainda pontuais.
 Conformidade ambiental
O estabelecimento Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) por intermédio da Lei
6.938 de 1981 constituiu-se em um marco na defesa e proteção do meio ambiente no
Brasil. Além de princípios e regras inovadores para a defesa do ambiente, a PNMA
previu também vários instrumentos para efetivar seus objetivos e diretrizes. Dentre os
instrumentos o Licenciamento Ambiental destaca-se como um dos mais importantes.
O Licenciamento Ambiental é definido pela Resolução 237/97 do Conselho Nacional do
Meio Ambiente (CONAMA), como um procedimento administrativo pelo qual o órgão
competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de
empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais consideradas
efetiva ou potencialmente poluidoras, ou daquelas que, sob qualquer forma, possam
causar degradação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e
as normas aplicáveis ao caso (DEEBEIS, 1999).
Em Minas Gerais, a gestão do licenciamento ambiental no que se refere às atividades
de planejamento, execução, controle e avaliação das ações setoriais está sob a
responsabilidade de divisões do SISEMA - Sistema Estadual de Meio Ambiente,
conforme prevê a Deliberação Normativa - DN 74. A mesma estabelece critérios para a
classificação, segundo o porte e potencial poluidor de empreendimentos e atividades
modificadoras do meio ambiente passíveis de autorização ou de licenciamento
ambiental no nível estadual, determina normas para indenização dos custos de análise
de pedidos de autorização e de licenciamento ambiental, e dá outras providências.
Adicionalmente, as atribuições de Licenciamento Ambiental em Minas Gerais são
exercidas pelo: Conselho Estadual de Política Ambiental (COPAM), por intermédio das
82
Câmaras
Especializadas,
das
Unidades
Regionais
Colegiadas
(URCs),
das
Superintendências Regionais de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
(SUPRAM), da Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM), do Instituto Mineiro de
Gestão das Águas (IGAM) e do Instituto Estadual de Florestas (IEF), de acordo com o
Art. 1o do Decreto Estadual no 44.844/08 (SEMAD, 2008).
A pesquisa demonstrou que o licenciamento ambiental é um fator crítico para o APL
de Calçados e Bolsas. Apenas 2% das empresas informaram ser licenciadas. Tal
resultado parece decorrer do fato da maioria das empresas se localizarem na malha
urbana e, em alguns casos, terem iniciado suas atividades na própria residência e
foram se ampliando ao longo do tempo. Essa situação gerou em muitos casos uma
sobreposição de instrumentos: alvará e licença. Os empresários demonstraram
dificuldade em gerenciar essa questão.
 Gestão preventiva com foco em produção mais limpa
Foi verificado a existência de iniciativas de implementação de programas de produção
mais limpa (P+L), mas ainda abaixo da necessidade do APL. De um modo geral, as
iniciativas de P+L concentram-se em temas como energia (otimização no uso de luz
natural, replanejamento de distribuição de lâmpadas) e reutilização/reuso
(reaproveitamento de peças descartadas, por exemplo) e treinamento.
Alguns entrevistados apontaram a questão de escolaridade como um dos fatores
causadores da fragilidade. Mesmo as iniciativas internas de formação educacional não
encontram receptividade por parte funcionários. Este ponto apresenta terreno fértil
para ações, principalmente pelo fato da P+L ter na mudança de atitude um de seus
pilares conceituais e práticos fundamentais para a efetivação de transformações.
Alguns entrevistados demonstraram interesse em receber mais informações relativas a
ações, eventos, projetos, cursos, entre outros. Também expressaram necessidade de
apoio técnico e acompanhamento externo.
83
Também se mostra bastante relevante ser incorporado a filosofia preventiva da P+L
elementos de inovação em materiais, processos e criação. Trata-se de ações voltadas à
redução na fonte e efetivadas por intermédio de boas práticas, modificações em
produto (matérias-primas alternativas), processo e tecnologias. Adiciona-se as
questões de gerenciamento de energia, o uso da água e tratamento de efluentes,
gerenciamento de resíduos sólidos, certificações, inovação e capacitação
DADOS DA COLETA
Informações para interpretação dos gráficos em Painel:
As notas atribuídas variam entre 0 e 10
A nota, em um determinado tema, representa a média das notas de todas as
empresas avaliadas, naquele tema.
Por exemplo, todas as empresas foram avaliadas no tema meio ambiente, e se atribuiu
uma nota a cada uma. A média das notas, em meio ambiente, de todas as empresas foi
de 3,49.
Figura 8: Nota geral do tema ambiental
“Nossa vocação não
é escala, é
inovação”.*
*Frase de entrevistado.
FONTE: Elaboração Própria
A seguir, encontram-se comentados, por temas, os resultados da coleta:
84
1 – Conformidade Ambiental Legal
Figura 9: Painel do tema ambiental – Conformidade Legal
FONTE: Elaboração Própria
Quadro 8: Desempenho médio da amostra em relação aos temas ambientais – Conformidade Legal
FONTE: Elaboração Própria
2 – Conformidade com Fornecedores
Figura 10: Painel do tema ambiental - Conformidade com fornecedores
FONTE: Elaboração Própria
85
Quadro 9: Desempenho médio da amostra em relação aos temas ambientais – Conformidade com
Forncedores
FONTE: Elaboração Própria
Conforme já abordado anteriormente, foi identificado um baixo nível de atendimento
ao licenciamento ambiental, justificado em parte pela natureza e inserção dos
empreendimentos na Região Metropolitana, parte pela fiscalização confusa e falha e
em parte pela desinformação de base do setor. Adiciona-se outro elemento de
destaque que a ausência completa (score=zero) de monitoramento de conformidade
de fornecedores por parte dos empresários. Trata-se é uma informação importante
visto que a inovação, característica predominante do APL, tem na constante busca de
materiais uma de suas colunas de sustentação.
3 – Energia
Figura 11: Painel do tema ambiental - Energia
FONTE: Elaboração Própria
Quadro 10: Desempenho médio da amostra em relação aos temas ambientais - Energia
FONTE: Elaboração Própria
86
Mesmo sendo a energia, historicamente, um dos insumos que detém o maior número
de iniciativas para redução de consumo dentre diversos segmentos produtivos,
observou-se que esta prática tem uma adoção muito abaixo no APL de Calçados e
Bolsas da RMBH (score médio=2,66).
Os motivos podem ir de concorrência de prioridades, desinformação até falta de
apoio. Independentemente da causa, a gestão preventiva da energia precisa ser
priorizada nas ações P+L que se endereçarem. Em termos quantitativos vale ainda o
comentário de que nenhuma empresa respondeu fazer uso de energia a partir de
fontes renováveis como biomassa, solar ou eólica. Por outro lado, o uso de
combustíveis fósseis como produtor de energia é mínimo. Somente uma empresa
também alegou consumir 400l de óleo diesel por ano para a produção de energia
elétrica.
4 – Controle de Emissões
Figura 12: Painel do tema ambiental – Controle de Emissões
FONTE: Elaboração Própria
Quadro 11: Desempenho médio da amostra em relação aos temas ambientais – Controle de Emissões
FONTE: Elaboração Própria
Os principais poluentes atmosféricos que podem ser gerados na produção de calçados
(principalmente) e bolsas são: material particulado (como cinzas e fuligem), monóxido
de carbono, dióxido de enxofre e óxidos de nitrogênio, sendo necessário adotar
equipamentos de controle. O armazenamento inadequado de combustíveis líquidos
87
pode acarretar vazamentos, contaminação do solo e das águas subterrâneas, bem
como problemas de segurança. A produção de calçados e bolsas prevê a utilização de
diversos tipos de colas, sendo tóxicas as que empregam compostos voláteis como
solventes, como os aromáticos benzeno, tolueno, xileno, etil-benzeno entre outras
substâncias que podem fazer parte da composição das mesmas. As empresas
fornecedoras normalmente não fornecem a composição das colas.
Essas substâncias evaporam e podem ser inaladas pelos funcionários nas áreas de
colagem, quando os mesmos não usam equipamentos de proteção individuais
adequados, e/ou quando não há ventilação exaustora que remova as substâncias
voláteis das áreas de trabalho. Quando as operações de colagem não são isoladas de
outras atividades da indústria, funcionários de outros setores também podem inalar as
substâncias; esta situação foi identificada em empresas visitadas pertencentes à
amostra deste trabalho.
Comprovou-se a baixa adoção de medidas de controle de emissões gasosas (score=1)
por parte das empresas respondentes, reforçando assim a necessidade de ações que
reflitam em melhoria na gestão ambiental das empresas e, consequentemente, em
maior competitividade e melhor qualidade de vida aos funcionários.
5 – Uso de Água
Figura 13: Painel do tema ambiental – Uso de Água
FONTE: Elaboração Própria
88
Quadro 12: Desempenho médio da amostra em relação aos temas ambientais – Uso de Água
FONTE: Elaboração Própria
6 – Tratamento de efluentes
Figura 14: Painel do tema ambiental – Tratamento de Efluentes
FONTE: Elaboração Própria
Quadro 13: Desempenho médio da amostra em relação aos temas ambientais – Tratamento de
Efluentes
FONTE: Elaboração Própria
Para o caso de recursos hídricos, destaca-se o alto percentual de empresas que
responderam não tratar seus efluentes gerando uma nota geral média neste quesito
de 2,33.
É importante registrar também que os efluentes industriais não compõem percentual
majoritário dos efluentes gerados pelas empresas de Calçados e Bolsas. Em termos
quantitativos, os efluentes sanitários respondem pela maioria em uma ordem média
de grandeza de 18.000m3/ano. Todos os efluentes tem a rede concessionária de águas
como destino principal. Somente uma empresa relatou que 20% da água descartada
89
recebe tratamento. Todas as demais empresas responderam que toda a água é
descartada sem nenhum tipo de tratamento
7 – Resíduos Sólidos
Figura 15: Painel do tema ambiental – Resíduos Sólidos
FONTE: Elaboração Própria
Quadro 14: Desempenho médio da amostra em relação aos temas ambientais – Resíduos Sólidos
FONTE: Elaboração Própria
O couro é matéria prima fundamental aos calçados e bolsas produzidos no APL da
RMBH. Ainda que a maior parte do couro utilizado nas empresas do APL já seja
processado e muitas vezes já colorido pelos fornecedores a questão precisa
considerada.
Os resultados demonstraram um valor médio final no quesito de tratamento de
resíduos (score médio=2,24) que configura uma situação carente de adoção de práticas
e procedimentos preventivos e corretivos. Assim como em efluentes, são necessária
ações tanto em processo como em práticas gerenciais e estratégicas que permitam
uma melhoria estrutural e de base para o setor nesta área.
90
Além disso, é preciso considerar a destinação/reaproveitamento de outros resíduos da
produção de calçados e bolsas tais como:
Resíduos recicláveis: borracha (TR), carretel, curvim, espuma, gominha (atilho
de látex), latas (unidade), lycra, napa, nylon, papel e plástico.
Resíduos não recicláveis: aplique, borracha (EVA), cordão, couraça, estopa,
EVA, forro, forro bola (palmilha), restos de linha, lona, palmilha, papelão/EVA
(dublado), pluma, PU.
Resíduo perigoso: aparas de couro (considerado como perigoso por conter
cromo trivalente oriundo do processo de curtimento).
Por fim, os aterros sanitários constituem-se o principal destino dos resíduos gerados
pelas empresas respondentes com quantidades médias anuais na casa de 800,82 ton .
8 – Gestão Ambiental Preventiva (P+L)
Figura 16: Painel do tema ambiental – Gestão Ambiental Preventiva (P+L)
FONTE: Elaboração Própria
Quadro 15: Desempenho médio da amostra em relação aos temas ambientais – Gestão Ambiental
Preventiva (P+L)
91
FONTE: Elaboração Própria
Alguns dos resultados em temas críticos da P+L denotam uma cultura preventiva
incipiente no APL (score médio= 3,44) e, portanto, com várias ações e oportunidades a
serem efetivadas.
Não se detectou, por exemplo, nenhuma ação para se prevenir derramamentos ou
eventuais acidentes ambientais na produção. Não existiu sequer a ponderação sobre
essa possibilidade. Da mesma forma, um percentual geral muito baixo sinalizou para
ações preventivas quanto à poluição sonora. O uso racional da água seja pelo simples
combate ao desperdício assim como práticas de reuso respondeu por um baixo score
médio 0,8 e mesmo a adoção de reciclagem em embalagens é muito pouco explorada
(score= 0,6). Outro dado bastante representativo é o baixo resultado (0,7) para adoção
de coleta seletiva apontando uma vez mais para ações de capacitação básica que
tragam procedimentos mínimos de gestão preventiva para o campo da
competitividade nas empresas. Há, contudo, uma significativa melhora de adoção nas
práticas de reciclagem e reuso no processo como um todo (score parcial médio = 6,8)
sinalizando para uma potencial frente-piloto de iniciativas. Outra potencial frente de
ações é também apontada pelo fato de grande parte das empresas respondentes
(64%) não contar nenhuma iniciativa de utilização de embalagens recicláveis .
9 – Certificações
Figura 17: Painel do tema ambiental – Certificações
FONTE: Elaboração Própria
92
Quadro 16: Desempenho médio da amostra em relação aos temas ambientais – Certificações
FONTE: Elaboração Própria
Não houve respostas afirmativas (score=0) quanto à adoção de instrumentos
voluntários de certificação reconhecidos, a saber, ISO 9001, ISO 14001, OHSAS 18001 e
SA8001, por exemplo. Para um APL que pretende ter na diferenciação e inovação de
seus produtos um valor de mercado é importante também que o critério de
certificação seja considerado no rol de iniciativas a serem incorporadas com vistas ao
aumento da competitividade. Vale ressaltar, contudo, que há linha de calçados de
segurança que são certificados pelo INMETRO, sendo que uma das empresas visitadas
(a única de calçados masculinos) produz calçados desta categoria. Como referencial
quantitativo, somente duas empresas registraram ter despendido R$1000,00 em
contratações externas de serviços ambientais sem configurar propriamente uma
certificação .
10 – Capacitação
Figura 18: Painel do Tema Ambiental – Capacitação
FONTE: Elaboração Própria
93
Quadro 17: Desempenho médio da amostra em relação aos temas ambientais – Capacitação
FONTE: Elaboração Própria
11 – Inovação
Figura 19: Painel do Tema Ambiental – Inovação
FONTE: Elaboração Própria
Quadro 18: Desempenho médio da amostra em relação aos temas ambientais – Inovação
FONTE: Elaboração Própria
Nestes itens também os retornos das empresas evidenciaram a ausência de
capacitação em práticas ou tecnologias ambientais visando ao aumento do
desempenho produtivo. Face às demais evidências listadas anteriormente, ao contexto
de baixa escolaridade como perfil geral de trabalhadores e à necessidade de
capacitação para níveis mais exigentes de competitividade respondendo à vocação
inovadora do polo de produzir permanentemente tendências em design, a capacitação
mostra-se como alicerce imprescindível.
Adicionalmente, percebem-se pelo retorno das pesquisas de campo que elementos da
cultura de inovação sustentável em design, produtos, processos e serviços não estão
presentes como princípios na concepção do processo produtivo de calçados e bolsas.
94
12 – Destaques adicionais
Quadro 19: Desempenho médio da amostra em relação aos temas ambientais - outros
FONTE: Elaboração Própria
95
Dados quantitativos:
As figuras e quadros abaixo têm o objetivo de indicar níveis gerais quantitativos das
principais variáveis de gestão ambiental consideradas neste trabalho.
As mais representativas e/ou críticas foram referenciadas no texto acima.
Figura 20: Consumo de energia
FONTE: Elaboração Própria
Figura 21: Consumo de combustível consumido
FONTE: Elaboração Própria
96
Figura 22: Consumo anual de combustíveis fósseis e valor aplicado a áreas impactadas por
derramamentos
FONTE: Elaboração Própria
Quadro 20: Valor aplicado em seguro, certificações e P&D
FONTE: Elaboração Própria
Gráfico 15: Volume anual captado de água (em m3)
FONTE: Elaboração Própria
97
Gráfico 16: Volume de água utilizada
FONTE: Elaboração Própria
Gráfico 17: Volume total de água descartada sem tratamento
FONTE: Elaboração Própria
Gráfico 18: Volume anual de efluentes
FONTE: Elaboração Própria
98
Gráfico 19: Volume em m3 anual de geração de efluentes
FONTE: Elaboração Própria
Figura 23: Percentual de água descartada que recebe tratamento
FONTE: Elaboração Própria
Gráfico 20: Volume anual de resíduos sólidos gerado (ton)
FONTE: Elaboração Própria
99
Gráfico 21: Total de resíduos sólidos por destinação (ton)
FONTE: Elaboração Própria
Gráfico 22: Percentual de produtos vendidos em embalagens recicláveis
FONTE: Elaboração Própria
Figura 24: Percentual de embalagens recuperadas
FONTE: Elaboração Própria
100
Gráfico 23: Percentual de matéria prima proveniente de reciclagem
FONTE: Elaboração Própria
1.9.2
PESQUISA DE CAMPO: ASPECTO SOCIAL
Tanto no aspectos de cunho social, bem como as ações propostas para lidar com os
problemas e externalidades encontrados no APL de Calçados e Bolsas, foram utilizadas
como base conceitual as diretrizes para elaboração de relatórios de sustentabilidade
definidas pela GRI - Global Reporting Initiative, que tem a missão de oferecer uma
estrutura confiável para a elaboração de relatórios de sustentabilidade, que possa ser
usada por organizações de todos os tamanhos, setores e localidades, motivo pelo qual
se optou pelo uso desse modelo no presente relatório.
A dimensão social da sustentabilidade se refere aos impactos da organização nos
sistemas sociais nos quais opera. Os indicadores de desempenho social sugeridos pela
GRI e que foram adaptados para esse diagnóstico procuram identificar aspectos de
desempenho fundamentais referentes a Direitos Humanos, Diversidade & Inclusão;
Práticas de Trabalho; Sociedade; Saúde e Segurança no Trabalho.
O APL é formado essencialmente por pequenas empresas, cujo objetivo é produzir e
gerar negócios. A gestão socialmente responsável chega a ser desconhecida pela
maioria dos entrevistados. Os aspectos sociais concentram-se na tendência à
101
realização de doações, que seguem critérios de relacionamento pessoal ou de
disponibilidade de recursos.
O entendimento sobre a gestão de pessoas não leva em conta que a empresa pode ser
um elo de desenvolvimento que contribui muito além da geração de emprego e renda,
ou seja, é capaz de influenciar a participação consciente da sociedade para a inclusão,
a equidade, o combate à corrupção e melhoria das condições de vida no entorno. As
empresas não possuem políticas que favoreça tais aspectos. Muitas vezes a prática das
pequenas empresas, é de relacionamento quase familiar, o que pode implicar tanto
em benefícios adicionais, quanto em passivos sociais e trabalhistas.
DADOS DA COLETA
As notas atribuídas variam entre 0 e 10. A nota, em um determinado tema, representa
a média das notas de todas as empresas avaliadas, naquele tema. Abaixo dos quadros
com as perguntas e a nota de avaliação constam algumas considerações sobre os
aspectos mais relevantes.
O tema direitos humanos teve uma nota média 0,10 de respostas positivas.).
Figura 25: Nota geral de direitos humanos
FONTE: Elaboração Própria
Resultado médio das informações qualitativas coletadas do tema de direitos humanos
102
Quadro 21: Desempenho médio das empresas em relação ao tema Direitos Humano
FONTE: Elaboração Própria
A baixa nota no tema Direitos Humanos reflete não haver prática empresarial na
transferência de conhecimento nem na promoção da discussão sobre Direitos
Humanos no APL de Calçados e Bolsas da RMBH.
O diagnóstico evidenciou que as empresas de Calçados e Bolsas, em decorrência da
atual demanda no setor de moda, priorizam a diversificação de produtos e, neste APL,
não trabalham com grandes quantidades de produtos (escala). O resultado dessa falta
de escala/volume atinge diretamente o foco de atenção do empresário. Como a moda
é bastante dinâmica, com lançamento de novas coleções e participação em feiras em
ritmo frenético, temas que interferem na produtividade, mas que não estão
diretamente ligados à produção em si, não são priorizados.
A princípio, o empresário não possui conhecimento técnico para abordar assuntos
sobre Direitos Humanos com seus funcionários - muitos vindos de periferia e com
histórico de violação de direitos. Ocorre então que o empresário não aborda o
assunto.
Em relação às perguntas: nenhuma empresa relatou possuir ação de garantia ou
divulgação sobre Direitos Humanos (pergunta nº 77).
103
A única pergunta do tema que não teve nota zero foi a nº 78. Esta pergunta aborda os
direitos de liberdade de associação e negociação coletiva dos funcionários. Tendo em
vista que esses direitos são garantias legais e exercidos pelos funcionários com
naturalidade, a maior parte dos empresários do APL respondia ser neutro quanto a
esta questão. Ou seja, a liberdade de associação e negociação coletiva dos
funcionários é respeitada. Porém, quase não há ação que incentive o trabalhador a
exercer tais direitos. Na verdade, a intenção da pergunta gravitava mais ao redor da
identificação da prática de associação e negociação, buscando levantar a existência ou
não de alguma restrição e, em determinados casos, se haveria estímulo ao
associativismo do trabalhador. Percebeu-se não haver restrição e ocorrer timidamente
um estímulo empresarial para a associação dos funcionários e negociação coletiva.
Portanto, essa pergunta, apesar da nota baixa, retrata um quadro totalmente natural e
aceitável.
O não monitoramento dos fornecedores quanto à ocorrência de trabalho infantil e
escravo foi a tônica nas empresas entrevistadas, conforme se observa na pergunta nº
79. Tendo em vista a atual preocupação do mercado consumidor com as
responsabilidades na cadeia produtiva sugere-se que este ponto passe a ser tratado.
Percebeu-se que o transporte de produtos e matérias-primas no APL é realizado por
empresas terceirizadas. Ou seja, não é comum a existência de frota própria de veículos
pelas empresas, que na sua maioria são pequenas e médias. Com base nesse
entendimento é que a resposta da pergunta nº 80 foi totalmente negativa, pois a
pergunta investigava a coibição da exploração sexual e infantil nas atividades
empresariais, mas a atividade empresarial que permitiria algo do gênero neste APL
seria apenas no setor de transporte. Logo, não tendo transporte, as empresas não
possuem ações para coibir a exploração sexual em suas atividades. Todavia, assim
como na pergunta anterior, uma prática possível de ser implantada é o
monitoramento sobre o tema ‘exploração sexual’ junto às transportadoras, o que
sinaliza a responsabilidade empresarial do setor.
104
As micro e pequenas empresas, maioria no APL, geralmente encontram-se em
ambientes pequenos. Com base nessa proximidade dos funcionários é que os
empresários responderam negativamente a pergunta nº 81 quanto a possuírem
procedimentos de garantia de proteção da mulher. Outro dado que ajuda a
compreensão dessa resposta é o fato de inúmeras empresas serem antigas e contarem
com funcionários há vários anos, o que, na opinião dos empresários, gera um clima
positivo na produção. No entanto, foram relatados alguns casos de, na própria
denominação do entrevistado, “gracinhas” entre homens e mulheres na linha de
produção, mas que não são percebidos como desrespeito às mulheres.
O tema diversidade e inclusão teve uma nota média 2,29 de respostas positivas .
Figura 26: Nota geral de diversidade e inclusão
FONTE: Elaboração Própria
Resultado médio das informações qualitativas coletadas do tema de diversidade e
inclusão.
105
Quadro 22: Desempenho médio das empresas em relação ao tema Diversidade e
Inclusão
FONTE: Elaboração Própria
O objetivo de tratar o tema da diversidade nas empresas é o de propiciar um avanço
na distribuição das oportunidades. Como a desigualdade é muito presente na maioria
dos indicadores de desenvolvimento social do país, as políticas empresariais de
empregabilidade e valorização das minorias, especialmente de gênero e raça, tornamse fundamentais para o desenvolvimento sustentável.
Do diagnóstico in loco pôde-se constatar relatos sobre a inexistência de discriminação.
A ausência de registros sobre discriminação chega a ser justificada pela própria
inexistência dela. Um empresário relatou que a elaboração de um documento de não
discriminação poderia ser quase uma discriminação, visto que a realidade de
miscigenação e boa interação na fábrica não o fazem pensar na formalização de um
documento.
A região do APL é altamente urbanizada e composta por pessoas de diversas origens,
classes sociais, raças, religiões, etc, o que reafirma a realidade de miscigenação.
Na pergunta nº 94 que aborda o tema da ‘inclusão’, observa-se que não há nenhuma
política ou ação específica de inclusão, ou seja, faltam iniciativas para empregar grupos
106
de pessoas que geralmente encontram dificuldades de contratação, tais como idosos,
deficientes, ex-detentos.
Em Minas Gerais a lei nº 18.401 de 2009 autoriza o Poder Executivo a subsidiar
empresas que contratarem egressos do sistema prisional do Estado. A lei consolida a
implantação do “Projeto Regresso”, lançado em parceria com a Federação das
Indústrias de Minas Gerais - FIEMG e com o Instituto Minas pela Paz. Com essas
iniciativas, grandes, médias e pequenas empresas podem contratar ex-detentos que
cumpriram penas nas penitenciárias, presídios e Associações de Proteção e Assistência
aos Condenados - APACS. O Governo de Minas subsidia as empresas empregadoras
com repasse de dois salários mínimos para cada ex-detento durante o período de 24
meses. Poucas empresas do estado conhecem e utilizam o incentivo para a inclusão de
egressos. No APL não foi identificada nenhuma empresa que promova a inclusão por
meio dessa lei.
Não foi identificada nenhuma empresa que promova a inclusão por meio dessa lei.
A pergunta nº 95 demonstra duas realidades. Uma demonstra que as empresas do APL
conseguem comprar insumos locais, no próprio município ou no estado de Minas
Gerais. Por outro lado, observa-se que os insumos adquiridos de fornecedores locais
são fabricados em outros estados (sul do país e São Paulo). As empresas de matéria
prima possuem lojas de revenda em Minas Gerais. Assim apesar do indicador apontar
a priorização de compras locais, com média de 7,5, os insumos não são fabricados em
MG.
Por tratar-se de mão de obra operacional e de alta produtividade, não existe a prática
de contratação de estagiários e menores aprendizes no APL de Calçados e Bolsas da
região metropolitana de BH. A contratação de pessoas com necessidades especiais
cumpre a exigência legal de cota. Por esse motivo a nota média da pergunta 97 foi 1,8.
As empresas não fazem exigências quanto à matrícula dos filhos na escola, indicando
0,5 na pergunta 98. A questão revela uma dificuldade do empresário em tomar
107
iniciativas fora do escopo principal da produção. Percebe-se um bom nível de
escolaridade entre os empresários, mas menor entre os funcionários e poucas ações
no sentido de reverter esse quadro
Em termos quantitativos no tema Diversidade & Inclusão tem-se:
Quadro 23: Desempenho médio das empresas em relação ao tema Diversidade e Inclusão – Equidade
de Gênero
FONTE: Elaboração da Consultoria
O modelo GRI de indicadores utilizados neste documento segmentado por gênero e
raça, tem como base a importância da diversidade e igualdade de oportunidades,
levando-se em consideração a composição dos cargos em níveis operacionais e de
chefia nas empresas. O indicador aponta também a proporção de salário base entre
homens e mulheres, por categoria funcional.
O Quadro 23 mostra dados sobre a equidade de gênero sendo que a média aponta
para uma porcentagem de 60% de mulheres e 40% de homens, conforme pergunta nº
108
82. A questão que trata da equidade de raça, aponta uma porcentagem de 25% de
funcionários da raça negra (pergunta nº 88). Ressalta-se a subjetividade dessa
classificação, definida na entrevista pelas próprias empresas. A pergunta seguinte
revelou que apenas 6% dos negros ocupam cargos de chefia. A pergunta nº 90 sobre a
porcentagem de negros em funções operacionais aproxima com a porcentagem total
de negros. Observa-se diferença salarial entre brancos e negros (pergunta nº 91), não
sendo percebida esta diferença em cargos de chefia. Para finalizar, percebem-se mais
uma diferença remuneratória entre brancos e negros em funções operacionais
conforme pergunta 92.
Os dados apresentados nas questões demonstram que tanto o aspecto de gênero,
quanto de raça, não são fatores de registro, mas de observação e relato subjetivo por
parte das empresas. A relação de trabalho não segue políticas de inclusão e sim
disponibilidade de postos de trabalho em aberto. Os postos de trabalho são
preenchidos sem levar em conta a promoção da diversidade e a igualdade de
oportunidades.
O tema Sociedade teve uma nota média 5,22 de respostas positivas.
Figura 27: Painel do tema sociedade
FONTE: Elaboração Própria
Resultado médio das informações qualitativas coletadas do tema sociedade:
109
Quadro 24: Desempenho médio das empresas em relação ao tema sociedade
FONTE: Elaboração Própria
As questões relativas ao relacionamento com a sociedade têm como importante
referência a linha de Indicadores Ethos de responsabilidade social empresarial, que
considera e avalia a empresa por sua contribuição para a construção da Cidadania em
temas como combate à corrupção, participação comunitária e relacionamento com as
comunidades do entorno.
Sendo as empresas do APL em sua maioria micro e pequenas percebeu-se pouca
aderência da pergunta nº 72 porque, em decorrência do porte, os proprietários são os
responsáveis pelo setor de compra e venda e relatam não haver necessidade de
formalizar uma política anticorrupção ou de limitação de recebimento e oferecimento
de brinde. Todavia, a nota zero serve para indicar ao APL que ações podem ser
tomadas para o estabelecimento de uma prática compartilhada que iniba ações
desleais e corruptas. Ressalta-se que o setor ‘moda’ se relaciona com a imprensa e
divulga produtos e não raro oferece produtos a jornalistas e outros formadores de
opinião.
O risco associado ao processo produtivo no APL de Calçados e Bolsas é percebido
como praticamente inexistente para a maioria das empresas que atuam na concepção,
no design e na montagem das peças. O beneficiamento dos insumos é realizado pelos
110
fornecedores localizados, em grande maioria, em outros estados. Portanto, a nota da
pergunta nº 73 indica a pouca aderência do APL e a pouca prática de análise de riscos.
A pergunta nº 74 revela a baixa interação entre empresa e comunidade do entorno. A
nota média de 0,7 demonstra não ser uma prática compartilhada essa inserção da
empresa na comunidade do entorno. Uma peculiaridade deste APL se refere ao fato
das indústrias estarem espalhadas pela região metropolitana de Belo Horizonte e
muitas vezes em bairros residenciais. A ideia de reunir empresas em um distrito
industrial surgiu várias vezes durante as entrevistas como um fato que facilitaria a
logística, a troca de experiências, o aproveitamento de cursos para funcionários e
evitaria desconforto de estar em ambientes não industriais apesar do baixo incômodo
gerado na produção de Calçados e Bolsas.
A pergunta seguinte (nº 75) retrata pouco investimento das empresas na sociedade.
2,4 foi o indicador médio das empresas que possuem práticas de investimento social.
Ressalta que esses investimentos em sua maioria se constituem de doação de recursos
financeiros e produtos, enquanto que a participação por outras formas não foi
percebida. Observou-se que falta interação da empresa com a sociedade. A relação
ocorre apenas na busca de trabalhadores.
No que se refere às reclamações por parte da comunidade do entorno, a incidência
ocorreu exclusivamente quanto à poluição sonora e trânsito, reforçando a ideia de
criação de um distrito industrial próprio para o setor.
Em suma, a falta de interação com a sociedade reflete a mesma falta de políticas de
responsabilidade social por parte das empresas, tendo em vista que o foco de atuação
das mesmas é a garantia do sucesso econômico do negócio.
111
SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO E PRÁTICAS
TRABALHISTAS
A situação de Saúde e Segurança no Trabalho é preocupante para a maioria das
empresas do APL, que responderam negativamente para itens que procuravam avaliar
a existência de um padrão mínimo de preocupação com a saúde e segurança dos
trabalhadores.
Por exemplo, as condições ergonômicas dos trabalhadores não são avaliadas, as
condições de iluminação e temperatura do ambiente de trabalho, não estão
adequadas e não há sinalização de pontos de perigo.
DADOS DA COLETA
O tema saúde e segurança do trabalho tiveram uma nota média 4,03 de respostas
positivas.
Figura 28: Nota geral de saúde e segurança do trabalho
FONTE: Elaboração Própria
Resultado médio das informações qualitativas coletadas do tema saúde e segurança do
trabalho (Quadro 25):
112
Quadro 25: Desempenho médio das empresas em relação ao tema saúde e segurança do trabalho (I)
FONTE: Elaboração Própria
Programa de Qualidade de Vida aos funcionários
Sobre as empresas possuírem um programa de qualidade de vida em vigor acessível a
todos os funcionários, praticamente não foi notado nas visitas in-loco. Ainda não
surgiram essas preocupações dentro das empresas, o principal foco é a produção, não
existe uma ação para trabalhar o relacionamento, atividades entre os funcionários e
nem o pertencimento desses funcionários junto à empresa.
Local de descanso adequado
Com uma nota de 5,8, a maioria das empresas disponibiliza uma cozinha para que os
funcionários realizem as refeições e uma área com cadeiras para que os funcionários
possam descansar.
Programa de Monitoramento do ar
Praticamente não existe um programa para monitorar o ar e as condições respiratórias
dos funcionários. Poucos proprietários demonstraram preocupação com o tema por
acharem não haver emissão de gases. Questiona-se tal avaliação dos empresários uma
vez que os panos usados na produção geram muita poeira, além da evaporação das
substâncias voláteis nas colas usadas.
113
Serviço Médico no local de trabalho
Nenhuma empresa possui serviço médico no local de trabalho. Foi informado que em
caso de urgência se leva o funcionário para um hospital mais próximo. Os funcionários
passam por exames médicos regulamente, de acordo com exigência do Ministério do
Trabalho.
Monitoramento das Condições ergonômicas
Sobre o monitoramento das condições ergonômicas, foi possível verificar que
nenhuma empresa possui um programa para controlar, avaliar e monitorar as
condições ergonômicas e riscos de posturas dos seus funcionários. Em campo foi visto
que não é percebida a necessidade pelas empresas já que elas não tem cargos com
esse risco.
Conformidade com os padrões de ruído e vibração
Com uma nota de 8,5 praticamente todas as empresas estão em conformidade com os
padrões de ruído e vibração conforme Ministério do Trabalho.
Áreas sujeitas a temperaturas inadequadas
Algumas empresas já possuem dispositivos, sejam aberturas, exaustores, etc, para
áreas sujeitas a temperaturas inadequadas para evitar a exposição dos funcionários.
Muitas empresas ainda não fizeram as adequações necessárias.
O monitoramento das temperaturas no local de trabalho ficou com uma nota de 3,1.
Apesar de ser uma determinação do Ministério do Trabalho, poucas empresas estão se
adequando.
Programa de Monitoramento de Níveis de Iluminação
A nota pra essa pergunta foi de 4,0, o monitoramento dos níveis de iluminação
necessita de melhora. Apesar de ser uma determinação do Ministério do Trabalho as
empresas ainda não fizeram as adequações necessárias.
114
Quadro 26: Desempenho médio das empresas em relação ao tema saúde e segurança do trabalho (II)
FONTE: Elaboração Própria
Funcionários expostos ao trabalho insalubre
Em relação às determinações do Ministério do Trabalho sobre o tema, as empresas
demonstraram não estar totalmente adequadas. A rotina dessas empresas é de muitas
tarefas e muita produção e com isso é visto que os proprietários não contratam
ninguém para ficar responsável por esses assuntos. Geralmente as empresas são
pequenas e o número de funcionários é pequeno, não existem setores para cada
assunto. O que existe é a produção e o proprietário.
Refeitórios e Banheiros
Sobre os refeitórios, banheiros e facilidades em geral, bem mantidos confortáveis e
limpos, perceberam-se nas visitas que as empresas precisam melhorar ainda esse
aspecto visto que têm muito espaço para produção e pouco espaço para banheiros e
refeitórios.
Uso correto do EPI
As empresas sempre treinam os funcionários em relação ao uso correto dos EPI´s, mas
na prática trata-se de assunto complicado, pois existe muita resistência dos
funcionários para usar os equipamentos de segurança. Foram identificados durante as
115
entrevistas casos de advertência, mas que ainda assim o funcionário não deu a
devidaatenção. A nota 7,0 nesse caso não é satisfatório, pois EPI é obrigatório.
Pontos de Perigo
A identificação e sinalização dos pontos de perigo são pouco percebidas dentro das
empresas. Os equipamentos muitas vezes são separados por setor, mas não existe
uma sinalização ou uma proteção desses equipamentos. A nota para essa pergunta foi
4,7.
Planos de Evacuação e Planos de Resposta a emergência.
Não existe nas empresas um plano de evacuação com rotas demarcadas, em muitas
empresas foi visto que os funcionários já sabem o caminho da saída, então em caso de
incêndio todos conhecem a rota de saída. Porém, de acordo com a legislação e a
determinação de alguns órgãos percebe-se que existe uma preocupação no sentido de
começar a pensar nessas adequações.
Política de Gerenciamento de Riscos
Foi visto nas visitas que não existe uma política de gerenciamento de riscos para
avaliar e eliminar os riscos em suas instalações. Notou-se que o tema sequer foi
comentando pelos proprietários. A nota para essa pergunta foi de 1,9.
Quadro 27: Desempenho médio das empresas em relação ao tema saúde e segurança do trabalho (III)
FONTE: Elaboração Própria
116
Política de Segurança do Trabalho - Comitê (CIPA)
Muitas empresas ainda não possuem uma política de segurança de trabalho
estabelecida (CIPA); pois o número de funcionários é inferior ao estabelecido em lei
para formação de CIPAs.
Proteção e Sinalização das áreas de armazenagem
Sobre as áreas de armazenagem e manipulação de materiais inflamáveis serem
adequadamente protegidas e sinalizadas obteve-se uma nota de 6,0. De acordo com as
visitas de campo foi possível verificar visto que muitas empresas têm a consciência de
separar e sinalizar o local onde ficam guardados os materiais perigosos.
Recursos adequados para prevenção e combate a incêndio
Praticamente todas as empresas possuem recursos adequados para prevenção e
combate a incêndio, com uma nota de 8,4, sendo confirmada nas visitas.
Procedimentos Operacionais Padrão e Treinamento para uso
Não existem nas empresas os POPs - Procedimentos Operacionais Padrão, devido à
especificidade do APL de Calçados e Bolsas. Dentro das empresas não existem
máquinas e equipamentos de grande porte. Os serviços que precisam de
equipamentos maiores são feitos por empresas terceirizadas. Para os casos que existe
esse procedimento poucos empresas treinam os funcionários sobre o POP.
Substâncias Químicas
Sobre a pergunta se todos os funcionários que manuseiam substâncias químicas, como
colas e tintas, por exemplo, recebem treinamento apropriado, obteve-se uma nota de
5,7 visto que praticamente metade das empresas entrevistadas ainda não trata do
assunto.
117
O tema práticas trabalhistas teve uma nota média 5,08 de respostas positivas (Figura
29).
Figura 29: Nota geral de práticas de trabalho
FONTE: Elaboração Própria
Resultado médio das informações qualitativas coletadas do tema de práticas
trabalhistas (Quadro 28):
Quadro 28: Desempenho médio das empresas em relação ao tema práticas trabalhistas
FONTE: Elaboração Própria
Recolocação de funcionários desligados
Devido à falta de mão de obra para o setor não foi visto ações para recolocação de
funcionários desligados. Sobre essa pergunta tivemos uma nota de 2,0.
A maioria dos funcionários que se desliga é aproveitada em outra empresa do setor,
quando continuam atuando no mesmo ramo de atividade. Porém, boa parte dos
118
funcionários tem sido atraída por outros setores, como construção, onde a
remuneração. é superior.
Benefícios
Os benefícios oferecidos aos funcionários atendem todas as normas do Ministério do
Trabalho. Esses benefícios se estendem aos funcionários temporários, porém não se
estende aos funcionários terceirizados. Muitas vezes a terceirização é realizada por
empresas especializadas em algum tipo de serviço, não havendo conhecimento sobre
os benefícios praticados pelas contratadas.
CONFORMIDADE LEGAL
A questão de conformidade legal também foi tratada nos itens pertinentes a questão
ambiental.
Existência de novas legislações e normas a serem cumpridas, nos âmbitos federal,
estadual e internacional:
Há uma questão sobre a simbologia de identificação dos componentes utilizados nos
produtos, definida em lei, mas sem regulamentação.
Situação de conformidade legal das empresas, de acordo com a situação do
licenciamento ambiental
Durante as entrevistas com as empresas neste APL, foi identificado que, para quase a
totalidade das empresas, possuir uma Licença Ambiental, ou Autorização Ambiental de
Funcionamento, não é um ponto de preocupação. As empresas não só não possuem
Licença Ambiental, como não demonstraram intenção de obtê-la no curto ou médio
prazo.
Alguns fatores podem explicar esta negligência com o meio ambiente, como:
Pouca eficácia dos órgãos reguladores, que não exercem pressão
para que as empresas estejam em conformidade, ou pelo menos
119
que apresentem um plano para estarem em conformidade no
futuro.
Falta de articulação da comunidade local, com as autoridades locais,
para exigir seu direito de não ter seu meio ambiente degradado e
sua qualidade de vida prejudicada.
Falta de ação da sociedade civil organizada, que não exerce pressão
sobre as empresas, e não divulgam os custos ambientais que são
impostos a toda sociedade pela ganância de um conjunto de
empresas.
Falta de interesse dos consumidores, que não buscam por
informações sobre a origem e sobre a maneira como os produtos
são fabricados. Desta forma, não pressionam as empresas a adotar
boas práticas, que não causam danos ao meio ambiente.
Falta esclarecimento das empresas sobre as questões legais ligadas
ao meio ambiente.
DADOS DA COLETA
Quadro 29: Desempenho médio da amostra em relação ao tema Conformidade Legal
1. a) A empresa possui: Licença Ambiental
2,0
1. b) A empresa possui: Autorização Ambiental de Funcionamento
0,0
1.1. a) A empresa possui Licença Ambiental ou AAF com o condicionante de: Conformidade Legal
6,7
1.1. b) A empresa possui Licença Ambiental ou AAF com o condicionante de: Tecnologia
10,0
1.1. c) A empresa possui Licença Ambiental ou AAF com o condicionante de: Prazo
7,1
1.1. d) A empresa possui Licença Ambiental ou AAF com o condicionante de: Multas
10,0
FONTE: Elaboração Própria
120
II
PROPOSIÇÕES
DE AÇÕES
ESTRATÉGICAS
ANCORADAS NA
SUSTENTABILIDADE
121
2.1. AGENDA AMBIENTAL
Ações ambientais propostas ancoradas na Sustentabilidade
(A) Apoio às empresas para o atendimento da legislação ambiental e ocupacional
vigentes no país e em Minas:
As ações sugeridas para conformidade ambiental e programas de P+L são concebidas e
apresentadas sob a ótica de uma matriz que inter-relaciona três dimensões de Escopo
(E1, E2, E3) aos Níveis 1, 2 e 3 (N1, N2 e N3).
A conformidade ambiental é aqui considerada no Nível 1 (Quadro 30). Contudo,
mesmo considerando-se o foco preventivo que também norteia este trabalho algumas
ações precisam ser realizadas em relação ao tema . Estas são então tratadas no nível 4
(N4).
Quadro 30: Matriz de macro critérios: ações em conformidade legal ambiental
Dimensões
ESCOPO 1
ESCOPO 2
ESCOPO 3
NIVEL 1
(Conformidade/P+L)
NIVEL
2 (P+L)
NIVEL 3
(P+L)
NIVEL 4
(Tratamento e disposição de resíduos)
FONTE: Elaboração Própria
O Escopo 1 (E1) considera ações possíveis de serem implementadas no curto prazo
(até seis meses) que sejam mais simples e requeiram menores investimentos para
serem efetivadas.
122
O Escopo 2 (E2) considera ações possíveis de serem implementadas no médio prazo
(6m < P < 12m) e que tenham complexidade e investimentos médios (E1 < C/I < E3).
O Escopo 3 (E3) apresenta as ações de mais longo prazo (P> 12m), com maior
complexidade e que demandam investimentos mais altos.
Com base nesta lógica que permite uma análise objetiva e simples quanto à prioridade
de critérios para a tomada de decisão, abaixo se encontram identificadas as ações
propostas do Nível 1, cobrindo os escopos de E1 a E3, para apoio ao atendimento da
conformidade ambiental, considerados o contexto e as informações relacionada a
Conformidade Ambiental.
As ações estão apresentadas em uma sequência que considera primeiramente as mais
simples, menos custosas e, portanto, de aplicação mais em curto prazo (E1).
Posteriormente, avança-se a ações de maior complexidade (desde relações
institucionais a inovações tecnológicas) e maior custo (E2 e E3).
Tendo em vista que muitas das ações propostas têm grande amplitude tanto no
escopo temático quanto na participação de agentes no APL, os critérios de escopo
como nível de investimentos, complexidade e prazos foram relativizados entre os
níveis de escopo apresentados com o propósito principal de viabilizar e facilitar
comparações entre as diversas opções sugeridas.
(B) Realização de programas de produção mais limpa:
Considerou-se a mesma matriz de macro critérios adotada no item anterior. Contudo,
os níveis estão identificados em ordem decrescente de grau de prevenção.
Excepcionalmente, para este APL de Calçados e Bolsas da RMBH, dadas as
especificidades do polo, os níveis de 1 a 4 foram agrupados e interpretados conforme
abaixo:
Nível 1: atendimento à conformidade legal ambiental e abordagens de redução
na fonte considerando-se boas práticas gerenciais, modificações no produto e
123
processo não só de cunho tecnológico mas também relativas às ações de
simbioses institucionais com reflexos positivos para a produção e consumo
sustentáveis;
Nível 2: Práticas de reciclagem interna e/ou externa agrupadas neste nível;
Nível 3: Educação Ambiental/Capacitação: para refletir com maior assertividade
a uma situação crítica do polo nesta temática;
Nível 4: Tratamento e disposição de resíduos, efluentes e emissões.
Quadro 31: Matriz de macro critérios: ações em P+L e tratamento/disposição
Dimensões
NIVEL 1
( P+L: Conformidade e redução na fonte)
NIVEL 2
( P+L: Reciclagem interna e externa)
NIVEL 3
( P+L: Educação ambiental e capacitação)
NIVEL 4
(Tratamento e disposição)
ESCOPO 1
1, 2, 3
ESCOPO 2
4
ESCOPO 3
5
6
7
8
9
FONTE: Elaboração Própria
124
Ações de Nível 1: Conformidade Legal Ambiental e ações estratégicas de prevenção
(boas práticas, tecnologias para produto e processo, simbioses institucionais)
ESCOPO 1
1 – Criar um Comitê Permanente para o Desenvolvimento do APL de Calçados e
Bolsas com entidades e empresas mais representativas, ativas e proativas para
pensar e preparar o APL não só do ponto de vista socioambiental, mas também do
de vocação e de projetos de presente e de futuro
Justificativa: Apesar da longa história de existência do APL cujo início de
industrialização remonta à década de 30, foi constatada uma percepção de desunião
aliada ao “espalhamento” físico das empresas.
Esta característica foi observada tanto nas entrevistas com empresários como com
representantes das entidades de apoio do APL. Vale ressaltar que esta percepção
ganha ainda mais propriedade ao se considerar que o APL é composto por dois
produtos distintos: inseridos na mesma categoria mas com peculiaridades próprias que
demandam abordagens próprias ambientais, sociais e mercadológicas.
Dado este contexto, discutir questões conjunturais e estratégicas que atendam a tais
especificidades, mas mantenham o foco na competitividade e que preconizem as
questões da sustentabilidade mostra-se inadiável. Tal grupo deve ter legitimidade de
propor, elaborar e encaminhar ações essenciais ao polo. Sugere-se que ênfase seja
dada a quem quer aderir a um projeto de desenvolvimento e não somente a quem
precisa, de modo a se concretizar uma dinâmica conceitual intrínseca a um APL: muito
mais puxar o todo pela força de ações conjuntas do que empurrar a partir de diretrizes
impositivas. Sem se constituir em uma nova entidade, tal Comitê poderá se basear
institucional e operacionalmente nas entidades formadoras, aumentando seu poder de
representatividade e gerando mais poder de pressão.
Sob o ponto de vista ambiental, a agenda prioritária deve considerar a questão do
licenciamento ambiental (apoio à conformidade) assim como a inserção da
125
sustentabilidade de modo amplo e sistemático na pauta de trabalho de empresários,
desenhistas e modelistas.
Agentes envolvidos: IEL/FIEMG, SEBRAE, SESI/SENAI, ABICALÇADOS, ASSINTECAL,
ABIACAV, SINDICALÇADOS, SINDIBOLSAS, CMD.
Benefícios esperados: Além de permitir fortalecimento e convergência de iniciativas,
estratégias e ações de interesse para a competitividade do polo, a ação tem o mérito
de fomentar a cooperação entre empresas e agentes, trazendo as questões ambientais
e sociais para a pauta de planejamento.
2 – Promover uma campanha de divulgação e capacitação ampla e estruturada em
conformidade ambiental e gestão preventiva de recursos
Justificativa: uma vez detectado em campo que a questão da conformidade ambiental
projetada especificamente no atendimento ao licenciamento ambiental é ainda uma
etapa a ser superada, propõe-se então a promoção de campanha de divulgação
quanto à importância e necessidade deste procedimento no contexto da
competitividade. Face aos diversos estágios de maturidade de gestão encontrados no
âmbito das empresas da amostra sugere-se em um primeiro momento a elaboração de
uma “cartilha da conformidade ambiental” que pode, inclusive, trazer elementos
comuns aos setores produtivos de calçados e bolsas, contribuindo para a construção
de uma identidade comum.
Uma campanha mais abrangente, porém mais específica é também proposta a ser
feita para a gestão preventiva de recursos (P+L). Tendo em vista que o APL já conta
com iniciativas pontuais de implementação de programas de P+L, sugere-se que estes
sejam potencializados com experiências de sucesso do polo.
Trata-se de uma ação que pode não apenas demonstrar os ganhos econômicos
resultantes da racionalização do uso da água, otimização do consumo de energia,
redução na geração de resíduos e efluentes, mas também incorporar elementos e
temas como design sustentável, ciclo de vida dos produtos, inovação em matériasprimas, tecnologias e boas práticas. Tudo isso respaldado por casos existentes e novos
126
aportes de conhecimento e experiências (benchmarks). Mesmo que mais intangível,
trata-se de uma ação que visa adicionar valor à real vocação do APL de Calçados e
Bolsas da RMBH: inovação. Ao mesmo tempo, é uma maneira de se compatibilizar com
a filosofia de abordagem que precedeu e embasou as proposições deste trabalho: mais
que proteger os ativos ambientais, conferir-lhes valor, atentos às tendências de
produção e consumo sustentável.
Agentes
envolvidos:
IEL/FIEMG,
SEDE,
SEBRAE,
SESI/SENAI,
UEMG,
UFMG,
ABICALÇADOS, ASSINTECAL, ABIACAV, CMD, EMPRESAS E ENTIDADES DE APOIO,
FUMEC
Benefícios esperados: aumento no número de empresas licenciadas, fortalecimento do
cadastro de empresas associadas, aumento na produtividade com a inserção da gestão
ambiental no planejamento das empresas e aumento nível de pertencimentofacilitando a proposição e implantação de ações conjuntas. / Agregação de valor ao
produto.
3 – Criar um Termo de Comprometimento Coletivo do APL em P+L: “AP+L de Minas
Gerais”
Esta ação poderia se dar nos moldes Declaração Internacional de P+L do Programa das
Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) mas utilizando-se do Plano Nacional
de Ação para a Produção e Consumo Sustentável. Esta adesão teria como interlocutor
estadual o Fórum Mineiro de Produção mais Limpa e, como parceiro, o PNUMA
(Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente). Uma síntese conceitual e
operacional do Plano De Ação para a Produção e Consumo Sustentável encontra-se no
Anexo 5.
Justificativa: A inclusão do APL de Calçados e Bolsas no Plano Nacional de Ação para a
Produção e Consumo Sustentável permitirá alavancar a abordagem preventiva e a
competitividade trazendo elementos essenciais de ecoeficiência como o conceito do
ciclo de vida do produto (não a avaliação do ciclo de vida, propriamente), inovação no
uso de práticas produtivas, questões técnicas e legais relativas à Mudança do Clima.
Tudo isto sendo potencializado pela representatividade do APL por intermédio da
utilização de forças inerentes aos agentes do polo tais como liderança, influência e as
127
relações institucionais. Portanto, apropriada como elemento inovador e aglutinador
para o propósito do APL.
Agentes envolvidos: IEL/FIEMG, SEDE, SEBRAE, SESI/SENAI, UEMG, , ABICALÇADOS,
ASSINTECAL, ABIACAV, SINDICALÇADOS, SINDIBOLSAS, CMD, EMPRESAS E ENTIDADES
DE APOIO, FUMEC.
Benefícios esperados: a partir do comprometimento coletivo com a gestão preventiva
e do fortalecimento dos vínculos de cooperação entre os agentes do APL em torno de
um conceito reconhecido e consagrado, alavancar a competitividade pelo aumento da
ecoeficiência e pela otimização de intercâmbio internacional na transferência de
conhecimento, de experiências e tecnologia, observados os padrões e tendências
globais e locais para a produção e consumo sustentáveis.
ESCOPO 2
4 – Implementar uma dinâmica de compartilhamento de profissional em design
Justificativa: esta ação tem por objetivo conciliar o atendimento a várias constatações:
Necessidade de internalizar os conceitos de sustentabilidade em produtos e
processos, seja em função das tendências locais e globais de produção e
consumo, seja pela própria característica do APL, muito fundamentada em
inovação como principal elemento de adição de valor ;
Carência de disponibilidade e qualificação de mão de obra para esta
competência no processo;
Dificuldade das empresas em arcar de modo individual com este perfil de
profissional;
Possibilidade de ter nesse compartilhamento um canal mais monitorável de
difusão e implementação de estratégias de desenvolvimento para o APL.
Agentes envolvidos: IEL/FIEMG, SEBRAE, SESI/SENAI/MODATEC, APEX, UEMG, FUMEC ,
ABICALÇADOS,
ASSINTECAL,
ABIACAV,
SINDICALÇADOS,
SINDIBOLSAS,
CMD,
EMPRESAS E ENTIDADES DE APOIO.
Benefícios esperados: alavancagem da sustentabilidade, ganhos operacionais e
funcionais em ecoeficiência e competitividade.
128
ESCOPO 3
5 – Criar um Laboratório Compartilhado de Design Sustentável em Calçados e Bolsas
da RMBH
Justificativa: trata-se de uma evolução estrutural da ação 4. O que se pôde verificar
nas entrevistas de campo é que muitas inteligências do setor acabaram por se perder
da rota da criatividade e, por fim, do crescimento em seus negócios. Mesmo em
empresários cuja marca e história são referências até hoje na região, observou-se que
o isolamento do contexto atual do negócio, acabou por alijar muitos artistas
empreendedores do processo de criação porque não conseguiram avançar em uma
gestão profissional que trouxesse os ganhos tangíveis e intangíveis da sustentabilidade
para o centro de seus negócios. A ideia do laboratório busca, além de consolidar
diversas iniciativas que têm sido capitaneadas principalmente por SEBRAE e SENAI,
viabilizar um espaço de estímulo para a criação, para a capacitação, para a solidificação
do pertencimento e para, uma vez mais, puxar o APL para o desenvolvimento e para
competitividade ao invés de empurrar com propositivas pontuais.
Agentes envolvidos: IEL/FIEMG, SEDE, SEBRAE, SESI/SENAI, UEMG, FUMEC,
ABICALÇADOS,
ASSINTECAL,
ABIACAV,
SINDICALÇADOS,
SINDIBOLSAS,
CMD,
EMPRESAS E ENTIDADES DE APOIO.
Benefícios esperados: atração de empresas para um centro disseminador de conceitos
e práticas em gestão sustentável. Incrementar a velocidade e intensidade da
capacidade competitiva do polo. Em consonância com a ação proposta 3 que prevê a
inclusão do APL de Calçados e Bolsas no Plano de Ação Nacional para Produção e
Consumo Sustentável (PNPCS), o Laboratório Compartilhado pode se posicionar como
um centro difusor de tecnologias e práticas em design sustentável advindas de
parcerias internacionais no âmbito do PNPCS.
Ações de Nível 2: Reciclagem interna/externa
ESCOPO 1
6 – Implantar uma campanha em base ampla de divulgação de conceitos e práticas
em reciclagem.
129
Justificativa: esta é uma iniciativa que pode ser integrada à ação 5. Porém, levando-se
em consideração que a reciclagem compõe um nível específico no escopo técnico da
produção mais limpa, mandatória para este programa e que, adicionalmente, o
reaproveitamento de materiais e subprodutos constitui uma alternativa intrínseca ao
setor de calçados e bolsas, seja em função da natureza dos materiais (couro, metais,
tecidos, sintéticos, madeira), seja do perfil de inovação do polo, ela é aqui registrada
de forma específica.
Em um primeiro momento, como se detectou entre as empresas respondentes da
amostra uma discrepância muito considerável no nível de apropriação de
conhecimento quanto às possibilidades técnicas, incentivos legais, benefícios
econômicos e inclusão social da reciclagem – a divulgação de informações é proposta
como ação inicial para se buscar um nivelamento geral quanto à assimilação de
oportunidades em reciclagem e reuso de materiais.
Agentes
envolvidos:
IEL/FIEMG,
SEDE,
SEBRAE,
SESI/SENAI,
UEMG,
UFMG,
ABICALÇADOS, ASSINTECAL, EMPRESAS E ENTIDADES DE APOIO.
Benefícios esperados: melhoria do nível geral de percepção de oportunidade em
reciclagem pelas empresas e aumento do desempenho ambiental e produtividade.
Ações de Nível 3: Capacitação/ Educação Ambiental
ESCOPO 1
7 – Capacitar para Inovar: programas oriundos de parcerias institucionais com foco
na inovação, no design sustentável e em tecnologias de produção
Justificativa: existem hoje no APL de Calçados e Bolsas da RMBH vários cursos
liderados principalmente pelo SENAI. Constatou-se, todavia, que existe ainda em
relação à entidade uma percepção equivocada de que ela seja essencialmente uma
entidade de governo e que, mesmo admitida a qualidade dos cursos oferecidos, estes
têm característica reativa e mostram-se defasados em relação à reais necessidades do
setor. (e custo elevado, localização também)
130
Esta proposição objetiva então, consideradas as diretrizes estabelecidas pelo Comitê
Permanente para o Desenvolvimento (Ação 1), implementar programas de capacitação
em temas como inovação, design e tecnologias mas que tenham a sustentabilidade
como princípio.
São exemplos deste rol temático: foco nas demandas da terceira , tecnologia de
produção de calçados a partir de foto-scanner para os pés, correção de calçados de
risco, máquinas de corte a laser (diminuindo o desperdício e aumentando a
produtividade).
Agentes
envolvidos:
ABICALÇADOS,
IEL/FIEMG,
ASSINTECAL,
SEDE, SEBRAE,
ABIACAV,
SESI/SENAI,
SINDICALÇADOS,
UEMG,
SINDIBOLSAS,
UFMG,
CMD,
EMPRESAS E ENTIDADES DE APOIO, FUMEC.
Benefícios esperados: aumento do desempenho produtivo, aumento da ecoeficiência e
elevação do nível de qualificação da mão de obra.
Ações de Nível 4: Gestão Ambiental Corretiva: Tratamento e Disposição
ESCOPO 2
8 – Implantar a Bolsa de Resíduos do APL de Calçados e Bolsas
Justificativa: para o volume de resíduos que têm na destinação, tratamento ou
disposição a última opção de gerenciamento, propõe-se a implantação da Bolsa de
Resíduos. Trata-se de um instrumento eletrônico relativamente simples por meio do
qual esse estabelece a comercialização de subprodutos dos processos de maneira que
resíduos de um determinado processo podem se constituir em matéria prima para
outro. Na lógica de ações adotadas para este trabalho, a implementação da Bolsa de
Resíduos de Calçados e Bolsas mostra-se pertinente pela natureza e versatilidade dos
materiais utilizados, pela diversidade das opções de design, pela crescente valorização
de materiais alternativos recicláveis e reciclados por parte dos consumidores e com
menor uso de energia. Igualmente, esta ação pode ser conjugada à proposição 5
(Laboratório Compartilhado de Design Sustentável). Existem atualmente exemplos de
alternativas semelhantes que foram conduzidas em outras localidades do país e que
podem ser referências como benchmark.
131
Agentes envolvidos: IEL/FIEMG, SEDE, SEBRAE, SESI/SENAI, SINDICALÇADOS,
SINDIBOLSAS, EMPRESAS E ENTIDADES DE APOIO.
Benefícios esperados: otimização no gerenciamento de resíduos em toda a cadeia
produtiva de calçados e bolsas com impactos positivos na lucratividade e
competitividade das empresas.
Segue abaixo o quadro-resumo das ações sociais propostas:
Quadro 32: Quadro-síntese de ações – agenda ambiental
Escopo 1
Dimensões/
[curto prazo (6m.), menos
Variáveis
complexas, baixo
investimento]
Escopo 2
Escopo 3
[médio prazo (6-
[longo prazo (> 12m),
12m,
complexidade e
E1<complexidade e
investimentos mais
investimentos< E2]
altos]
(1) Criar um Comitê
Permanente para o
Desenvolvimento do
APL de Calçados e Bolsas
Nível 1
(Conformidade
Legal Ambiental
/Redução na
fonte: práticas,
produto e
processo)
com entidades e
empresas mais
(4) Implementar
representativas, ativas e
uma dinâmica de
proativas para pensar e
compartilhamen-
preparar o APL não só do to de um
ponto de vista
profissional em
socioambiental, mas
design.
também do de vocação e
(5) Criar um
Laboratório
Compartilhado de
Design
Sustentável em
Calçados e Bolsas
da RMBH.
de projetos de presente
e de futuro.
(2) Promover uma
campanha de divulgação
e capacitação ampla e
132
estruturada em
conformidade ambiental
e gestão preventiva de
recursos apresentando
de modo objetivo os
ganhos em eficiências a
partir de casos existentes
e de novos aportes de
experiências
(benchmarks) e
conceitos.
(3) Criar um Termo de
Comprometimento
Coletivo do APL em P+L:
“AP+L de Minas Gerais”
vinculado ao Plano de
Ação Nacional para
Produção e Consumo
Sustentável e ao
PNUMA.
Nível 2
(Reciclagem
interna/externa)
(6) Implantar uma
campanha em base
ampla de divulgação de
conceitos e práticas de
reciclagem.
Nível 3
(educação
ambiental
/capacitação)
(7) Capacitar para
Inovar: programas
oriundos de parcerias
institucionais com foco
na inovação, no design
sustentável e em
133
tecnologias de produção.
Nível 4
(Gestão Ambiental
Corretiva:
Tratamento e
Disposição)
(8) Implantar a
Bolsa de
Resíduos do APL
de Calçados e
Bolsas
FONTE: Elaboração Própria
134
2.2. AGENDA SOCIAL
Ações sociais propostas ancoradas na
Sustentabilidade
De modo a tornar mais didática a apresentação da agenda social as ações sociais
ancoradas na sustentabilidade propostas a seguir são evidenciadas sob a ótica de uma
matriz que inter-relaciona três dimensões de Escopo (E1, E2, E3) aos Níveis 1, 2 e 3
(N1, N2 e N3), exatamente como se faz no capítulo ambiental. A conformidade legal é
aqui considerada no Nível 1. A gestão do APL, requisito fundamental para o
alinhamento empresarial no compartilhamento de práticas, se encaixa no Nível 2 e,
por fim, no Nível 3 encontra-se a temática da Responsabilidade Social Empresarial.
O nível conformidade legal aborda temas como a proteção da mulher no ambiente de
trabalho, equidade salarial, práticas anticorrupção e a regularização dos terceirizados.
Sendo a conformidade legal um pré-requisito do Programa de Apoio à Competitividade
dos Arranjos Produtivos Locais de MG, elenca-se o tema como nível 1 (N1), pois é a
partir do atendimento a este conjunto de ações que o APL se habilita para desenvolver
outras frentes de progresso.
A gestão do APL compõe um grande tema com diversos desdobramentos. A
peculiaridade do APL de Calçados e Bolsas de Região Metropolitana de Belo traz
fatores facilitadores e dificultadores ao ganho de competitividade. Uma maior força
representativa pode significar maior poder. Por outro lado, a composição de interesses
entre os segmentos, que nem sempre são simultâneos em todas as empresas, gera a
necessidade maior de organização e atendimento a todos os interesses envolvidos. Por
isso a gestão do APL surge como nível 2 (N2), sendo decisiva para a maior e melhor
legitimidade, representatividade, controle e ação proativa de todo o APL. Temas como
135
a atração de fornecedores da cadeia para se instalarem na região, facilitação na
logística do setor, possível criação de um distrito industrial, a realização de capacitação
gerencial para os empresários, incentivo à participação das empresas nas deliberações
do APL, compartilhamento de agenda de parceiros e divulgação de temas úteis ao diaa-dia das empresas do arranjo são tratados neste nível.
A Responsabilidade Social Empresarial desponta no nível 3 (N3) com inúmeras
possibilidades de desenvolvimento de iniciativas com repercussão no ganho de
competitividade, tendo a sustentabilidade como foco e aliada também ao aumento da
produtividade; dentre elas: divulgação dos direitos humanos junto aos empregados,
divulgação da temática socioambiental junto aos próprios empresários, adoção de
medidas para retenção de talentos - combatendo a escassez da mão de obra, medidas
de inclusão social e geração de renda, contribuição para o aumento do nível de
escolaridade de funcionários e seus familiares, estreitamento da relação empresa e
comunidade – com estabelecimento de canais de comunicação.
Quadro 33: Matriz de macro critérios: ações sociais
DIMENSÕES
ESCOPO 1
ESCOPO 2
ESCOPO 3
NIVEL 1
(Conformidade Legal)
NIVEL 2
(Governança/Gestão do APL)
NIVEL 3
(Responsabilidade Social
Empresarial/Contribuição com o Capital
Social)
FONTE: Elaboração Própria
O Escopo 1 (E1) considera ações possíveis de serem implementadas no curto prazo
(até seis meses) e que sejam mais simples e requeiram menores investimentos para
serem efetivadas. O Escopo 2 (E2) considera ações possíveis de serem implementadas
136
no médio prazo (6m < P < 12m) e que tenham complexidade e investimentos médios
(E1 < C/I < E3). Finalmente, o Escopo 3 (E3) apresenta as ações de mais longo prazo (P>
12m), com maior complexidade e que demandam investimentos mais altos.
Com base nesta lógica que permite uma análise objetiva e simples quanto à prioridade
de critérios para a tomada de decisão, abaixo se encontram identificadas as ações
propostas do Nível 1, cobrindo os escopos de E1 a E3; ações propostas do Nível 2,
cobrindo os escopos de E1 a E3 e a mesma dinâmica para as ações propostas do Nível
3, considerados o contexto e as informações coletadas in loco.
As ações são apresentadas em uma sequência que considera primeiramente as mais
simples, menos custosas e, portanto, de aplicação em curto prazo (E1).
Posteriormente, avança-se a ações de maior complexidade e maior custo (E2 e E3).
Tendo em vista que muitas das ações propostas têm grande amplitude tanto no
escopo temático quanto na participação de agentes no APL, os critérios de escopo
como nível de investimentos, complexidade e prazos foram aqui relativizados entre os
níveis de escopo apresentados com o propósito principal de viabilizar e facilitar
comparações entre as diversas opções sugeridas. Seguem as propostas:
1 – Monitoramento de fornecedores quanto à ocorrência de trabalho infantil,
escravo e exploração sexual (N1E2)
Foi observada a ausência de controle quanto aos fornecedores. A nota do diagnóstico
quanto a esse assunto foi zero, o que significa que nenhuma empresa da amostra
monitora seus fornecedores. O mercado hoje em dia está vigilante e uma falta grave
na cadeia produtiva pode prejudicar a imagem de todo o setor. Assim, nada mais
prudente e responsável, que cada empresa passe a adotar medidas de controle e
exigência de seus fornecedores sobre os três temas acima elencados, em nível micro.
Acredita-se que com a disseminação da prática, mais adiante o APL pode ser
reconhecido em sua totalidade como sendo livres de trabalho infantil, escravo e
exploração sexual em toda a sua cadeia produtiva. Ressalta-se que a exploração sexual
137
infantil faz mais sentido no setor de transporte do APL, que é majoritariamente
realizado por empresas terceirizadas.
2 – Proteção da mulher no ambiente de trabalho (N1E2).
A nota do diagnóstico quanto a esse assunto foi zero, o que significa que nenhuma
empresa atua com essa preocupação. O assédio, seja moral, sexual ou psicológico
pode afetar funcionários (homens e mulheres no local de trabalho) desestimulando-os,
gerando medo e diminuindo a produtividade e/ou aumentando a saída de funcionários
do ambiente onde isto acontece ou pode ocorrer. Portanto, esta proposição tem o
objetivo de minimizar essa possibilidade dentro de cada empresa; podendo ser no
nível micro, dentro da empresa.
3 – Estabelecimento de ação anticorrupção (N1E2)
Nenhuma ação que iniba ou proíba o oferecimento ou recebimento de brindes acima
de determinado valor foi detectada no diagnóstico. A nota do diagnóstico quanto a
esse assunto foi zero. Portanto, forma de ação positiva seria o estabelecimento de um
compromisso para as empresas aderirem no sentido de tornar o arranjo como tendo
um padrão de confiança formalizado com seu público de interesse.
4 – Regularização dos terceirizados (N1E2)
Apesar de não terem sido foco da amostra do diagnóstico infere-se que exista um
elevado número de pessoas e empresas participando do arranjo de modo informal.
Uma ação a nível macro pode servir para legalizar esses personagens e ajudá-los a se
adequarem e estabelecerem condições de crescimento condizentes com as empresas
sindicalizadas, sustentando o crescimento setorial regional.
5 – Consolidação de não discriminação no APL/equidade salarial (N1E3)
O tema perpassa nuances subjetivas, mas fato é que ainda existe diferença salarial
entre homem, mulher, negros e brancos. Forma de eliminar isto poderia ser a
realização de um estudo que aponte a existência ou não da discriminação e identifique
ações para superação deste absurdo, que ainda persiste no século XXI. A relevância da
138
causa faz o nível desta ação ser macro, porém elenca-se a ação no nível médio, pois é a
partir da sensibilização da importância de superação desse paradigma pelos
empresários que a situação pode mudar.
Portanto, a iniciativa deve vir dos empresários. Ressalta-se que a percepção da
discriminação pode fazer diminuir a produtividade e desestimular a permanência no
emprego.
6 – Constante realização de capacitação para os empresários (N2E1).
Apesar do elevado nível escolar entre os proprietários das empresas percebeu-se
algumas dificuldades comuns em relação à gestão do negócio. Uma forma de
promover iniciativas mais ousadas e dar um salto em produtividade seria a formação
de uma parceria do APL (nível médio) com instituições de ensino de referência para
viabilização de cursos de gestão aos empresários do arranjo.
7 – Comitê Gestor do APL altamente representativo (N2E1)
O APL de Calçados e Bolsas da região metropolitana de BH reúne uma série de atores e
dois sindicatos patronais se destacam. Entretanto, empresas não sindicalizadas e
funcionários e comunidades adjacentes às fábricas também fazem parte do APL. Por
isso, sugere-se uma abertura de participação nas deliberações sobre os assuntos do
APL para participação de todos os segmentos interessados de modo a tornar a
representatividade do APL mais legítima e mais forte.
O nível médio desta ação não exclui a necessária participação governamental, que por
sua natureza já está envolvida formalmente no arranjo com as lideranças do APL. A
principal ideia que embasa essa ação é o entendimento de que apenas com uma
estrutura profissional e preparada o APL pode se desenvolver e melhor aproveitar os
potenciais que giram entorno desse reconhecimento.
8 – Agenda de parceiros compartilhada (N2E1)
139
A grande diversidade de parceiros atuantes no espaço do APL faz com que às vezes
não se tenha conhecimento das ações disponíveis às empresas. De modo a superar
essa possível dificuldade e organizar agendas para fortalecer parcerias de interesse,
sugere-se a criação de uma agenda de sustentabilidade compartilhada dos parceiros
do APL, melhor aproveitando todas as vocações/instrumentos disponíveis.
9 – Divulgação de temas aos empresários que podem fazer a diferença, exemplos
Confiança e Construção de Consenso (N2E1)
Um APL é um misto de cooperação e competição, de participação e conciliação de
interesses. Portanto, para aperfeiçoar o cotidiano do arranjo sugere-se a divulgação,
em nível médio, dos temas confiança nos negócios
e Construção de Consenso
(abordagem para aproveitar o maior número possível de stakeholders escutando todos
os interessados no negócio e legitimando ações por meio da participação e coconstrução).
10 – Atração de investidores e criação de um distrito industrial para o polo de
Calçados e Bolsas da região de BH (N2E3)
A ausência da produção de insumos na região do APL é um fato peculiar no arranjo de
calçados e bolsas. Iniciativa para reduzir custos, facilitar a logística e aproveitamento
da aglomeração de empresas seria a atração de novos fornecedores para a região
metropolitana de Belo Horizonte por meio de incentivos fiscais dos governos estadual
e municipais. Portanto, resta ao APL a organização desta demanda, o encaminhamento
ao governo e monitoramento.
Nesse sentido, o direcionamento de investimentos governamentais e privados para a
criação de um possível distrito industrial do setor de calçados e bolsas foi uma
sugestão advinda dos empresários que enxergam na concentração das empresas
facilidades para viabilizar cursos de formação e aprimoramento da mão de obra,
melhoria logística evitando deslocamentos por toda a região metropolitana. Sendo
140
uma ação que prescinde de uma aliança intersetorial, demonstra-se a iniciativa no
âmbito macro.
11 – Divulgação dos Direitos Humanos para os funcionários das empresas visto que
não há prática identificada no APL de Calçados e Bolsas nesse sentido (N3E1)
A nota do diagnóstico quanto a esse assunto foi zero, o que significa que não há em
curso iniciativa empresarial na amostra pesquisada que aborda o assunto. Caso um
funcionário tenha algum direito seu violado a repercussão pode ressoar possivelmente
em uma queda de produtividade. Tendo em vista que esta ação pode ocorrer no nível
empresarial, elenca-se a ação como sendo de nível micro, mas nada impede que haja
uma liderança ou referência no APL beneficiando um maior número de empresas e/ou
tenha a participação de organismos governamentais. Inúmeros funcionários vivem em
periferias com manifestas violações de direito e o ‘acionamento’ deste funcionário no
local de trabalho pode refletir conhecimento na sua comunidade, sendo o funcionário
um possível agente multiplicador.
12 – Divulgação do tema Sustentabilidade para os empresários e também
funcionários (N3E1)
Durante a aplicação do diagnóstico observou-se interesse dos empresários com a
temática socioambiental, porém notou-se que o entendimento do lucro vindo da
adoção de práticas sustentáveis ainda não é uma realidade. Por isso, capacitações e/ou
palestras são propostas para o aumento da competitividade por meio da difusão de
práticas sustentáveis aproveitando uma interessante rede liderada pelo setor de
Responsabilidade Social da FIEMG. Sendo a abrangência desta ação todo o APL,
identifica-se a iniciativa com o nível médio.
13 – Melhorar a baixa qualificação da mão de obra (N3E2)
Talvez uma das maiores queixas dos empresários atualmente, a escassez da mão de
obra qualificada possui inúmeras causas. Algumas podem ser minimizadas pelo próprio
empresário caso ele consiga gerar um clima de satisfação, reconhecer subjetiva
141
(parabenizando ou implantando política de qualidade e destaque do funcionário) e
objetivamente (concedendo valor financeiro diferenciado, por exemplo) o trabalhador
que seja mais produtivo, estimulando a meritocracia e consequentemente ampliando
os índices de produtividade. O aproveitamento de estagiário e menor aprendiz
também se caracteriza como uma estratégia de formação de mão de obra de
qualidade no médio e longo prazo. Além dessas ações em nível micro, dentro da
empresa, existem outras possibilidades para todo o APL como estreitamento de
relação com o SENAI de modo que a instituição consiga atender a real demanda para
formação profissional das empresas com preço diferenciado. (tanto para qualificação
quanto para formação)
14 – Inclusão social/empregabilidade. A dificuldade na qualificação de mão de obra
deve servir para alargar as possibilidades de contratação (N3E2)
Surge então a possibilidade de o APL juntamente com programas governamentais
transformar uma dificuldade de mão de obra em oportunidade e buscar funcionários
que a princípio têm dificuldades de arrumar emprego, tais como deficientes e egressos
do sistema prisional. A nota do diagnóstico quanto a ações empresariais para
empregar grupos que usualmente encontram dificuldade para se empregar, tais como
idosos, pessoas com necessidades especiais e ex-detentos foi 1,7, o que significa não
haver ação significativa nesse sentido. A parceria do APL com ONGs e entidades de
promoção da inclusão social deve minimizar a dificuldade de mão de obra e consolidar
uma ação bastante positiva do setor produtivo de Calçados e Bolsas na RMBH.
15 – Melhoria nos níveis de escolaridade de funcionários e familiares (N3E2)
O baixo rendimento profissional está associado também ao baixo nível de
escolaridade. Para reverter essa situação que atrapalha níveis de excelência em
produtividade, o esforço da educação no país deve ser abraçado por todos os setores
(governo, empresas e sociedade civil). Parcerias (entre empresas isoladas e enquanto
APL) com escolas públicas do entorno, instituições de ensino privadas; flexibilização de
horário; organização de cursos afins; interação com secretarias de educação devem ser
iniciativas tomadas para superação dessa dificuldade. De forma a contribuir para um
142
país com melhores níveis educacionais e garantir possível mão de obra futura com
qualidade as empresas podem incentivar a demonstração das matrículas e notas dos
filhos dos funcionários de modo a ser um incentivador positivo para a educação de
jovens e crianças também. O envolvimento do APL com movimentos sociais como o
Todos pela Educação e a Conspiração Mineira pela Educação podem ser suficientes
para o lançamento de iniciativas transformadoras do setor, como hoje já acontece no
setor da construção civil com aulas para funcionários dentro das próprias empresas. O
nível macro da ação mostra a complexidade do assunto e a responsabilidade de todos.
A resposta à pergunta “a empresa exige que seus funcionários mantenham seus filhos
menores de idade na escola” teve uma nota de 0,5. / parceria com o SESI.
16 – Catadores de papel e couro (N3E2)
Sugestão surgida durante as entrevistas seria um arranjo em nível médio do APL com
associações de catadores de papel e material reciclável (exemplo, ASMARE) para
promoção da inclusão social de pessoas com baixa renda por meio do recolhimento e
reaproveitamento das aparas de couro. Além de ser um possível incremento a ser
estudado e utilizado pelos artesãos, a destinação do couro na reutilização serviria
também para a preservação ambiental.
17 – Divulgação dos riscos associados ao processo produtivo (N3E2)
Esta ação em nível micro é dirigida apenas aos fornecedores do APL que apresentam
riscos ao entorno com o processo produtivo, tais como vazamento. A nota do
diagnóstico quanto a esse assunto foi zero.
*É necessário mapear os fornecedores e identificar as práticas desenvolvidas por estas
empresas.
143
18 – Criação de canais de comunicação entre empresa e comunidade (N3E2)
“A empresa possui canais de comunicação para dialogar com a comunidade do
entorno” apresentou nota média de 0,7 no diagnóstico. Este fato aponta a quase total
inexistência de canal de comunicação. Sugere-se, portanto um início de investimento
social privado e participação empresarial nas comunidades do entorno para a
superação dessa ausência de diálogo, que sustenta a distância entre o setor produtivo
e sociedade civil. Tendo em vista que as plantas industriais estão instaladas em
diversas áreas residências da região metropolitana e que não foram observados canais
de comunicação nem participação empresarial nessas comunidades, a sugestão, em
nível médio, seria o estabelecimento de um canal que seja conhecido das comunidades
e sirva de interlocução entre empresas e comunidades, até mesmo para o
aproveitamento de possível mão de obra local.
Quadro 34: Visualização esquemática de prioridade das ações propostas (por nº)
DIMENSÕES
ESCOPO 1
ESCOPO 2
ESCOPO 3
-
1, 2, 3, 4
5
6, 7, 8, 9
-
10
NIVEL 1
(Conformidade Legal)
NIVEL 2
(Governança/Gestão do APL)
NIVEL 3
(Responsabilidade Social
Empresarial/Contribuição com o Capital
11, 12
13, 14, 15,
16, 17, 18
Social)
FONTE: Elaboração Própria
Legenda de níveis para os próximos quadros:
Micro – Âmbito das organizações e empresas.
Médio – Âmbito do APL
Macro – Âmbito que envolva o governo
144
Quadro 35: Síntese das ações sociais propostas – Conformidade Legal
Quadro Síntese das Sugestões de Iniciativas Ancoradas na Sustentabilidade Dimensão Social: Sociedade
Iniciativa
Justificativa
Benefícios
Âmbito
esperados
Contribuição para
a erradicação do
trabalho infantil e
(1 ) Monitoramento de
fornecedores quanto à
ocorrência de trabalho
infantil, escravo e
exploração sexual infantil.
Ausência de
monitoramento dos
fornecedores pelas
empresas do APL.
escravo.
Contribuição para
a coibição de
Micro
práticas de
exploração sexual
infantil nos meios
de transportes.
Estabelecimento
(2) Proteger a mulher no
Assegurar ambiente
de ambiente
ambiente de trabalho
respeitoso para as
saudável e seguro
contra violência e assédio.
profissionais.
para as mulheres.
Micro
Não foi identificada
ação anticorrupção.
(3) Estabelecimento de
política que limite o
recebimento de brindes.
Possibilidade de o
APL estabelecer um
padrão de confiança
Reconhecimento
do APL em práticas
de anticorrupção.
Médio
Formalização de
Macro
com seu público de
interesse.
(4) Regularização dos
Percebidas
145
terceirizados.
empresas informais
microempresas na
na cadeia, no setor
cadeia produtiva.
de pesponto e
acabamento.
(5) Consolidação de
práticas não
discriminatórias no APL,
por meio de estudo que
Identificação de
identifique a existência e
diferença salarial
as causas e a adoção de
entre homens e
prática compartilhada
mulheres, brancos e
entre as empresas com o
negros.
Equidade salarial
na mesma função.
Médio
compromisso de combater
qualquer tipo de
discriminação.
FONTE: Elaboração Própria
Quadro 36: Síntese de ações sociais propostas – Gestão do APL
Quadro Síntese das Sugestões de Iniciativas Ancoradas na Sustentabilidade Dimensão Social: Direitos Humanos
Iniciativa
Justificativa
Benefícios
Âmbito
esperados
Registrada deficiência
(6) Realizar capacitação
gerencial com
empresários.
comum a empresas
Melhora no nível
de todos os portes
de gestão.
com a gestão do
Aumento da
negócio e acesso a
produtividade
Médio
novos mercados.
(7) Incentivo à
Percebido baixo
Ampliação dos
Médio
146
participação de
índice de
benefícios do APL
empresas não
associativismo, o que
para todas as
sindicalizadas nas
pode levar a uma
empresas do
deliberações do APL por
desigual
setor na região
meio de uma
representatividade do
metropolitana de
governança liderada
setor no APL.
BH.
pelo Comitê Gestor.
Maior
envolvimento e
melhor
(8) Estabelecimento de
agenda compartilhada
de parceiros para
fortificar parcerias no
APL.
Baixo aproveitamento
de instituições de
estudo, pesquisa e
formação profissional.
aproveitamento
das instituições
de estudo,
Médio
pesquisa e
formação
(FUMEC e SENAI,
exemplos,
UFMG).
Entendimento
por parte do
empresário do
(9) Apresentar e
divulgar temas como
Promover o
confiança e construção
engajamento das
de consenso.
partes envolvidas no
APL.
fator confiança
nos negócios.
Assimilação da
Médio
abordagem de
construção de
consenso para ser
utilizada no dia-adia do APL.
(10) Atração para
Ausência de
Redução de
Macro
147
fornecedores se
fornecedor produtor
custos. Facilidade
instalarem na região.
da cadeia produtiva
logística. Maior
Possibilidade de
na região.
integração entre
direcionar
Altos custos com
as empresas.
investimentos na
logística e transporte
Facilidade de
criação de um distrito
de insumos.
trocas e
industrial que facilite a
MDO distante.
treinamentos.
logística, a troca de
Dificuldade de acesso
experiências e
as oportunidades.
mantenha centro de
formação profissional.
FONTE: Elaboração Própria
Quadro 37: Síntese de ações sociais propostas – Responsabilidade Empresarial Social
Quadro Síntese das Sugestões de Iniciativas Ancoradas na Sustentabilidade - Dimensão
Social: Inclusão e Diversidade
Iniciativa
Justificativa
Benefícios
Âmbito
esperados
(11) Divulgação e
Ausência de
sensibilização junto aos
transferência de
funcionários sobre Direitos
conhecimento das
Funcionários
Humanos, com palestras e rua empresas aos
cidadãos
de lazer, por meio de
funcionários na
conscientes e
parcerias com ONGs e
temática Direitos
multiplicadores
entidades de classe que
Humanos.
do
promovem ações aos filiados
Baixo índice de
conhecimento.
tipo SESI e Sindicato dos
escolaridade dos
Trabalhadores.
funcionários.
(12) Divulgação e
Falta de intimidade
sensibilização junto aos
do empresário do
Maior
empresários sobre a temática
setor com o tema
entendimento
Micro
Médio
148
socioambiental e certificações socioambiental, que
das vinculações
externas (Indicadores Ethos,
ainda não é uma
entre
GRI, ISO 14001) por meio de
exigência visível no
produtividade e
parcerias com o setor de
negócio, mas que
práticas
Responsabilidade Social da
tende a ser.
sustentáveis.
FIEMG, por exemplo.
Compartilhame
nto de práticas
que podem vir a
identificar o APL
com um
diferencial
positivo.
Empresários
conscientes de
responsabilidad
es ambientais e
sociais das
empresas.
(13) Combate a escassez e
Eliminação da
baixa qualificação de mão de
maior
obra, que recebe atualmente
preocupação
uma baixa remuneração. Por
Rotatividade da mão
empresarial.
meio da adoção de iniciativas
de obra; escassez de
Minimização do
de atração do emprego e
mão de obra e MDO
problema de
formação profissional que
qualificada e
escassez de mão
atenda a demanda específica,
concorrência com
de obra, com
contratando estagiários (se
outros tipos de
captação e
formam com prática),
empregos.
retenção da
estreitando parceria com o
mão de obra.
SENAI e contratando menor
Minimização da
aprendiz.
baixa
149
qualificação da
mão de obra.
(14) Inclusão social e
profissional de pessoas com
Minimização do
dificuldades de conseguir
problema de
empregos como ex-detentos
e pessoas com necessidades
especiais, por meio de
parcerias com entidades de
Diagnóstico não
apontou práticas
inclusivas.
escassez de mão
de obra.
Empresa
Macro
responsável.
promoção da inclusão social
Sustentabilidad
(ONGs) e usando lei estadual
e econômica na
que incentiva a contratação
região.
de egressos.
(15) Aumento da escolaridade
dos funcionários e
Contribuição
estabelecimento de políticas
Não há
para a
de incentivo à educação na
acompanhamento
universalidade
família do funcionário, por
sobre matrícula dos
do ensino.
meio de parcerias com
filhos dos
Melhoria na
escolas públicas das
empregados.
qualidade da
comunidades, com as
Baixo nível de
mão de obra.
secretarias de educação e
escolaridade dos
Preparação para
com instituições de ensino
funcionários.
mão de obra
privadas e SESI.
Macro
futura.
(16) Inclusão social na cadeia
O resíduo couro é o
Contribuição
produtiva por meio do
grande desafio em
com o meio
envolvimento com
se tratando de meio
ambiente pelo
associações de catadores para ambiente. Há um
não descarte em
coleta e uso das aparas de
evidente
aterros.
couro
reaproveitamento
Contribuição
Médio
150
do material que não
com a inclusão
está consolidado no
social de
APL, com reais
catadores.
possibilidades de
Possibilidade de
integrar uma
geração de
inclusão social APL e
renda com a
geração de renda de
venda do resto
catadores.
do couro.
Verificado no
Mapeamento de
diagnóstico não
riscos dos
haver divulgação de
fornecedores e
possíveis riscos no
criação de um
processo produtivo
plano de
para a comunidade
minimização
local.
dos mesmos
(17) Divulgação pelas
empresas fornecedoras
presentes no APL do risco
associado ao processo
produtivo para comunidades
do entorno.
*Novamente, a criação de um
distrito industrial contribuiria
nesse sentido.
Micro
Não há canal de
comunicação
(18) Estabelecimento de
estabelecido entre
canais de comunicação
as indústrias de
empresa e comunidade.
Calçados e Bolsas e
Início de investimentos e
comunidades do
participação das empresas na
entorno.
vida comunitária do entorno
A participação
das fábricas.
empresarial se dá
Melhoria no
relacionamento
de vizinhança.
Aproveitamento
Médio
de mão de obra
local.
apenas com doações
e não investimentos.
FONTE: Elaboração Própria
151
2.3.
POSSÍVEIS CONEXÕES ENTRE AS AÇÕES
PROPOSTAS ANCORADAS NA
SUSTENTABILIDADE E POLÍTICAS
GOVERNAMENTAIS EXISTENTES NA REGIÃO DO
APL DE CALÇADOS E BOLSAS DA RMBH
A seguir são apresentadas possíveis conexões entre as ações propostas e as ações
governamentais. e as diretrizes e ações propostas identificadas pelo diagnóstico social.
Quadro 38: Quadro de endereçamento das ações propostas
Diretrizes e ações propostas
com base no diagnóstico do
Possíveis conexões com programas ou projetos
perfil social
PRODUÇÃO
Financiamento
(tecnologia,
equipamentos)
Falta de fornecedor
local
Falta de cooperação
entre empresas
Falta de planejamento
estratégico de médio e
longo prazo
Carência de mão de
obra especializada
Linhas de financiamento facilitadas: Proger
Urbano Empresarial do Banco do Brasil,
BDMG, Caixa Econômica Federal. Fonte:
Centro
Minas
Design.
Disponível
em:
http://www.minasdesign.mg.gov.br
Descomplicar:
projeto
estruturador
do
Governo de Minas gerenciado pela Secretaria
de Estado de Planejamento e Gestão - SEPLAG
- que visa à simplificação de processos em três
frentes, quais sejam, a relação EstadoEmpresas, Estado-Cidadãos e Estado-Estado,
buscando a construção de um ambiente
institucional
adequado
ao
bom
152
desenvolvimento
da
cidadania
e
dos
investimentos privados. Dentre os diversos
fins do programa está a simplificação das
exigências
para
obtenção
de
licenças
ambientais.
Promoção
e
Estratégicos
Atração
das
de
Cadeias
Investimentos
Produtivas
e
Empresas Âncoras: projeto estruturador do
Governo do Estado gerenciado por meio da
Secretaria de Estado de Desenvolvimento
Econômico – SEDE – com o objetivo de elevar
a competitividade das empresas mineiras por
meio
da
captação
e
promoção
de
investimentos privados e desenvolvimento de
cadeias produtivas. O programa é mais uma
alternativa para o APL rumo à maior
articulação dos produtores para angariar
novos investimentos e desenvolvimento para
a região.
Inserção Competitiva das Empresas Mineiras
no
Mercado
Internacional:
projeto
estruturador do Governo de Minas gerenciado
pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento
Econômico – SEDE – o qual prima pelo
fortalecimento
e
modernização
dos
empreendimentos existentes e o fomento à
criação de outros, visando à conquista de
clientes
diferenciados
internacional. O fomento
no
mercado
às ações
de
articulação voltadas para a exportação é uma
153
das ações do projeto
Ensino Médio Profissionalizante:
projeto
estruturador empreendido pelo Governo do
Estado e gerenciado pela Secretaria de Estado
de Educação - SEEMG -, sendo voltado para o
desenvolvimento de renovadas oportunidades
de formação profissional de nível técnico para
estudantes da rede estadual de ensino médio,
possibilitando o melhor ingresso destes nas
cadeias produtivas locais
FIMEC - Feira Internacional de componentes,
couros, químicos e Acessórios para calçados:
A feira é um evento completo e dinâmico que
atrai
a
compradores
nacionais
e
internacionais. Ideal para efetuar negócios e
consolidar parcerias com empresas nacionais
ou
estrangeiras.
diversas
Além
soluções
disso,
para
apresenta
práticas
de
sustentabilidade ambiental
SOCIAL
Programa Controle de Homicídios Fica Vivo:
programa do Governo do Estado de Minas
Gerais, coordenado pela Secretaria de Estado
Problemas de
Segurança Pública
Saúde Pública
de Defesa Social de Minas Gerais - SEDS, que
atende jovens de 12 a 24 anos expostos à
criminalidade e homicídios na comunidade
onde
moram,
marginalidade
buscando
e
resgatá-los
da
proporcionando
oportunidades por meio de cursos, oficinas
culturais e de esporte. O programa funcional
154
por meio da parceria das Policia Militar e Civil
de Minas Gerais, Policia Federal, Ministério
Publico, Prefeitura de BH e Contagem, UFMG,
SEBRAE,
Câmara
Organizações
de
dirigentes
não
lojista,
governamentais,
Movimentos sociais e comunidade local
Minas Olímpica Nova Geração: programa de
inserção social de jovens por meio do esporte,
gerenciado pela Secretaria de Estado de
Esportes e da Juventude de Minas Gerais SEEJ.
São
esportiva,
oferecidos,
atividades
além
da
prática
psicopedagógicas
e
culturais para estudantes com idades entre 10
e 15 anos, de modo que a prioridade seja o
atendimento de jovens vindos de famílias de
baixa renda ou que estejam em situação de
risco social, tornando-os menos vulneráveis,
qualificando a formação e promovendo a
saúde. As prefeituras são responsáveis pelos
locais onde são ministradas as aulas e pela
alimentação dos alunos
Prevenção e tratamento do uso de drogas: O
governo
de
Minas
desenvolve
políticas
públicas estaduais de prevenção e tratamento
do uso de drogas, sendo a meta possibilitar,
por meio do esporte e lazer, condições de
recuperação
e
reinserção
social
dos
dependentes químicos
Centro
de
Acolhimento
SOS
Drogas:
coordenado pela Subsecretaria de Políticas
Antidrogas – ligado à Secretaria de Estado de
155
Esportes e da Juventude, tem como objetivo a
orientação gratuita a educadores, familiares e
usuários de álcool e outras drogas. Quando
necessário, o centro faz o encaminhamento
para
tratamento
em
instituições
especializadas ou grupos de ajuda mútua. A
unidade fica em Belo Horizonte e atende uma
média de 3.600 pessoas por ano
Centro de Referência Estadual em Álcool e
outras
Drogas
(CREAD):
polo
de
implementação da Política Estadual sobre
Drogas, coordenando e executando cursos,
seminários, simpósios e fóruns referentes à
temática de álcool e outras drogas
Fonte: Elaboração Própria
156
2.4.
AÇÕES DE GOVERNANÇA A SEREM
FORTALECIDAS NO APL
Desenvolver as capacidades de ação coletiva e promover a construção de capital social
é condição básica para a promoção do desenvolvimento.
“As capacidades de ação coletiva e o capital social que facilita sua coordenação podem
ser promovidos no:
Nível micro por meio de relações horizontais estabelecidas dentro das
organizações, assim como pelas normas e valores vinculados a estas organizações;
no
Nível médio, pelas relações horizontais entre grupos, redes de organizações e
alianças intersetoriais; e no
Nível macro, pelas relações verticais entre organizações e as instituições
públicas, bem como pelas regras e normas institucionais que regulam a vida
pública”.
Estes níveis podem ser entendidos conforme figura abaixo:
Figura 30: Níveis de Intervenção no Desenvolvimento de Base – RedeAmerica 2007
FONTE: Caderno1 – Níveis de Intervenção no Desenvolvimento de Base – RedeAmerica
157
Nível micro – relações horizontais estabelecidas dentro das organizações
Ênfase no fortalecimento institucional das principais organizações que fazem parte do
Comitê Gestor do APL de Calçados e Bolsas da região metropolitana de BH.
Nível médio – relações horizontais entre grupos, redes de organizações e alianças
inter-setoriais
Consolidar um Comitê Gestor do APL altamente representativo. O APL de Calçados e
Bolsas da região metropolitana de BH reúne uma série de atores e dois sindicatos
patronais se destacam. Entretanto, empresas não sindicalizadas e funcionários e
comunidades adjacentes às fábricas também são o APL. Por isso, sugere-se uma
abertura de participação nas deliberações sobre os assuntos do APL para participação
de todos os segmentos interessados de modo a tornar a representatividade do APL
mais legítima e mais forte. O nível médio desta ação não exclui a necessária
participação governamental, que por sua natureza já está envolvida formalmente no
arranjo com as lideranças do APL.
Nível macro – relações verticais entre organizações e as instituições públicas
Agenda de parceiros compartilhada. A grande diversidade de parceiros atuantes no
âmbito do APL faz com que às vezes não se tenha conhecimento das ações disponíveis
às empresas. De modo a superar essa possível dificuldade e organizar agendas para
fortalecer parcerias de interesse, sugere-se a criação de uma agenda compartilhada de
sustentabilidade dos parceiros do APL, melhor aproveitando todos os parceiros.
158
2.5.
AÇÕES DE SAÚDE E SEGURANÇA DO
TRABALHO E PRÁTICAS TRABALHISTAS
A SEREM FORTALECIDAS NO APL
As empresas cumprem os requisitos legais de ruído e vibração. Os acidentes
não são comuns e quando acontecem são ferimentos pequenos. Entretanto,
essa parte deve ser melhorada, pois o costume das pessoas com as máquinas
pode fazê-las distrair. Alguns equipamentos não têm trava de segurança ou
dispositivos que impeçam acidentes.
No último ano, as empresas entrevistadas não sofreram reclamação sobre
atuação social empresarial, saúde e segurança afetadas pelas operações
industriais e poluição. A exceção foi a existência de reclamações quanto a
poluição sonora e trânsito. A ideia de criação de um distrito industrial próprio
para o setor aparece como uma das principais recomendações para o APL de
Calçados e Bolsas da RMBH, o que poderá minimizar substancialmente esses
problemas.
159
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente Diagnóstico Socioambiental do Arranjo Produtivo de Calçados e Bolsas nos
municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte indica que a questão ambiental
não é tratada adequadamente pelas empresas. Em relação ao aspecto social o APL
apresentou um contexto mais positivo, com índices sociais acima da média nacional,
mas também com pontos importantes a serem tratados.
Durante as entrevistas de campo, os empresários mostraram grande receptividade à
questão socioambiental, inclusive quanto à elaboração e execução de um plano de
sustentabilidade socioambiental do APL, que também é uma ação do Programa de
Apoio à Competitividade dos Arranjos Produtivos Locais de Minas Gerais juntamente
com este Diagnóstico.
Tal receptividade e reconhecimento da importância de se tratar as duas questões vão
se perdendo em meio à intensa rotina no dia a dia das empresas do APL e acabam
ficando em segundo plano. A realidade dos empresários do APL não foge aos que não
fazem parte de um Arranjo em questões relativas às dificuldades financeiras,
necessidade de redução de custos, problemas para identificação de mão de obra
qualificada, elevada carga tributária, acarretando inclusive a não formalização de
algumas empresas. Em contrapartida elas contam com uma infraestrutura
institucional e de apoio, inclusive financeiro, para tornarem-se mais competitivas por
meio da solução de gargalos internos de processo e gestão, além dos benefícios
coletivos existentes em um Arranjo.
Neste ponto de sentirem-se inseridas em um Arranjo Produtivo e realizarem ações
coletivas, inclusive quanto ao aprendizado por meio da troca de experiência e
compartilhamento das lições aprendidas, o diagnóstico mostrou não haver consolidada
essa sensação na grande maioria das empresas. Tal fato deve-se, em certa medida,
pela dispersão das empresas quanto à localidade, uma vez que se trata de uma região
160
urbana de grandes dimensões geográficas. Essa característica tornou-se um grande
desafio para uma efetiva interação e cooperação, necessárias para o fortalecimento do
polo de calçados e bolsas. Há a necessidade de reforçar ações no sentido de maior
integração das empresas e fortalecimento da identidade do APL.
Para solução deste ponto de fragilidade, assim como para outros, a questão da
governança do APL mostrou-se favorável. O sistema de governança do Arranjo, além
dos stakeholders, é composto por instituições, tanto públicas quanto privadas, de
posição e foco de atuação estratégicos para o desenvolvimento do Arranjo. Há uma
cooperação muito produtiva entre esses atores que fazem a governança do APL,
inclusive com uma preocupação de não fazer ações sobrepostas. As lideranças sindicais
desempenham importante papel de representatividade e, respeitada a concepção de
governança, coordenação de ações coletivas do APL.
Cabe principalmente às lideranças sindicais, tratar de uma questão que prejudica todo
o Arranjo: o elevado número de empresas informais, principalmente por parte das
terceirizadas. Este fato prejudica não só a unidade do APL, o poder de ação e
articulação, como cria a falsa consciência no empresário do Arranjo de que o mesmo
não é responsável indireto de possíveis problemas gerados pela gestão incorreta deste
parceiro terceirizado.
Essa não responsabilidade pelo modo de operação do terceiro fornecedor fica ainda
mais evidente na questão ambiental. O processo de produção das empresas
calçadistas e de acessórios e bolsas pode ser comparado – para uma visualização
didática - ao das montadoras de veículos. Isso faz com que as empresas fiquem
distantes de pressões mais intensas quanto ao tema sustentabilidade. As empresas do
APL acabam transferindo maior peso da responsabilidade socioambiental para os
primeiros elos da cadeia produtiva, que no geral, não estão localizados em MG.
Um fato recorrente em várias entrevistas foi a afirmação de que o excesso de detalhes,
acabamento e a grande diversidade da moda, principalmente em calçados, com
161
coleções novas a cada estação, ocupa grande parte do tempo do empresário. Tal fato
dificulta o desenvolvimento do tema da sustentabilidade no design, no uso de
materiais, no aproveitamento de matéria prima local e na montagem do produto
pensando no seu reaproveitamento e na inclusão social por meio da utilização das
aparas de couro, por exemplo.
Esta constatação que partiu da maior parte dos empresários leva a uma reflexão
importante quanto ao discurso recorrente entre os empresários e os stakeholders de
que o “APL de Calçados e Bolsas da Região Metropolitana de Belo Horizonte se destaca
pela inovação”. Os pontos de fragilidade identificados podem comprometer – e com
certeza já comprometem em certa medida – a manutenção dessa característica de um
Polo inovador. Um dos pontos de maior preocupação é com a falta de mão de obra
qualificada. A inovação está sobremaneira baseada no conhecimento. Neste ponto
entra um aspecto social identificado da baixa remuneração dos profissionais que tem
provocado a evasão para outras atividades produtivas.
Conclui-se que este Diagnóstico cumpriu seu objetivo de retratar o Arranjo Produtivo
de Calçados e Bolsas da Região Metropolitana sob o aspecto ambiental e social de
forma a subsidiar a elaboração de um Plano de Sustentabilidade a ser implantado do
Arranjo, além de outras diversas ações para o aumento da competitividade do APL.
Minas Gerais, mais uma vez, está a frente de uma ação pioneira tratando a questão
socioambiental de forma efetiva junto aos Arranjos Produtivos Locais. Foi fundamental
a participação dos atores do APL, que contribuíram corajosamente para identificar e
divulgar os entraves, sabendo que é imprescindível reconhecer, além dos pontos
positivos, pontos que poderão ser oportunidades de melhoria
162
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166
Anexos
Anexo 1: Grau de risco em relação a acidentes de trabalho
Grau de risco
Risco
1
Leve
2
Médio
3
Grave
FONTE: Acesso em http://sato.adm.br/guiadp/paginas/trib_inss_ac_trab_grau_de_risco.htm
167
Anexo 2: Questionário estruturado para os empresários
168
169
170
171
172
173
174
175
176
FONTE: Elaboração Própria com base no GRI, indicadores do BID e SEDE.
177
Anexo 3: Roteiro de Stakeholders
Roteiro de Visitas - Stakeholders
APL Calçados e Bolsas de RMBH
Stakeholder:
Entrevistador:
Entrevistado:
Data:
[A] Histórico do APL [Considere os fatos mais importantes/críticos]
Princípio
Últimos anos [3 a 5 anos]
[B] Pertencimento
1. Sua instituição se reconhece enquanto participante do Arranjo Produtivo Local?
______Sim
_______Não
2. Qual o grau de participação da instituição em relação às ações e movimentos do APL?
___Alto [indutores de posicionamento]
___Médio [participação em grupos de discussão sobre temas levantados pelas lideranças do
APL]
___Baixo [somente acompanha comunicações ou movimentos de outrem]
[C] Cadeia de Valor
1. A figura abaixo exemplifica com clareza a cadeia produtiva de Calçados e Bolsas?
178
Fonte: mapa de reconhecimento de Calçados e Bolsas
2. Em caso negativo, quais são as principais etapas da cadeia produtiva do APL?
3. Quais são as principais entidades que se relacionam com APL? [Listar]
Entidade
Descrição da relação
[D] Governança
1. Há algum comitê ou grupo formado por entidades do APL que se reúne periodicamente? [Por
exemplo: integrantes de empresas, instituições de ensino, poder público, organizações do
terceiro setor]
_____Sim
_____Não
Em caso positivo, cite o comitê ou grupo:________________________________________
179
2. As iniciativas/ações oriundas deste Comitê têm se concretizado em retorno prático para o
APL?
_____Sim
_____Não
Em caso positivo, comente:__________________________________________________
3. Sua instituição participa das tomadas de decisões do Comitê ou grupo citado anteriormente?
_____Sim
_____Não
Em caso positivo, qual a freqüência?
____1 vez ao ano ____2 vezes por ano
____mensalmente
____ outros: ________
[E] Relacionamento entre entidades
1. Como é o tipo de relacionamento entre a sua instituição e as demais empresas participantes
do APL?
a. Representação (Sindicatos patronais, Associações de classe, etc).
b. Parceria/cooperação em programas, projetos, financiamentos, etc (Universidades,
Centros Tecnológicos, Instituições públicas e privadas).
c.
Fiscalização/controle (órgãos ambientais, ministério público, etc).
d. Outros
Descrever:______________________________________________________________
1. Quais as principais contribuições que a sua entidade proporciona ao desenvolvimento do APL?
[Por ordem de importância]
1
2
3
4
5
[F] Motivação para Participação no APL
1. Quais são as motivações da sua instituição em participar do APL? [Por ordem de importância]
1
2
3
4
5
2. Existe algum fator que dificulta a participação de sua instituição no APL?
_____Sim
_____Não
180
Em caso positivo, cite as principais dificuldades:
1
2
3
4
5
[G] Comunicação
1. O APL conta com algum canal de comunicação específico? [Ex. jornal, site e grupo de email]
_____Sim
_____Não
Em caso positivo, cite os principais:
1
2
3
4
5
2. Há algum processo estruturado de divulgação do APL voltado para o público externo?
_____Sim
_____Não
Em caso positivo, cite os eventos ou ocorrências:_____________________________________
[H] Projeto
1. Quais são as maiores dificuldades enfrentadas pelo APL no que diz respeito às questões
socioambientais e legais? [por exemplo: relação com sindicatos de trabalhadores; exploração
de trabalho infantil; impacto ambiental; acidentes e doenças relacionadas ao trabalho;
obtenção de autorizações, licenciamento e outorgas ambientais; multas, advertências e
embargos; ações trabalhistas; reclamações da comunidade do entorno]
1
2
3
4
5
2. Quais são as grandes oportunidades para o APL com a elaboração de um plano de
sustentabilidade socioambiental?
1
2
181
3
4
5
3. Quais as ações ou frentes de atuação que você considera que devem ser fortalecidos no APL?
1
2
3
4
5
4.
Qual a legislação específica que incide sobre a atividade produtiva do APL? [por exemplo,
ABNT/CB-11 (Comitê Brasileiro do Couro, Calçados e Artefatos de Couro)]
5. Existem TACs (Termo de Ajustamento de Conduta) em cumprimento ou já cumpridos?
[I] Indicadores
1. Quais são os polos produtivos que concorrem com este APL dentro do território nacional?
2. Existe algum levantamento realizado sobre espécies em risco de extinção na área geográfica
do APL? [Perguntar apenas para órgãos públicos e/ou ambientais]
_____Sim
_____Não
Em caso positivo, cite-os:_____________________________________
3. Existem áreas contaminadas e/ou degradadas pela atuação produtiva do APL?
_____Sim
_____Não
Em caso positivo, cite-os:_____________________________________
4. Aponte aspectos críticos relacionados a utilidades de serviços públicos, tais como:
Segurança Pública:
Infra- estrutura de estradas:
182
Incentivos fiscais:
Rede de saneamento:
Educação técnica ou superior ligada à atividade produtiva:
FONTE: Elaboração Própria.
183
Anexo 4: Fotos da visita de campo da amostra – 2010
184
Fonte: Fotos tiradas em pesquisa de campo – Elaboração Própria
185
Anexo 5: Plano Nacional PCS
COMITÊ GESTOR NACIONAL DE PRODUÇÃO E CONSUMO
SUSTENTÁVEL
PLANO NACIONAL DE AÇÃO
PARA A PRODUÇÃO E CONSUMO
SUSTENTÁVEL
Fase 1 – Brasília - Outubro/07
1- Introdução/Histórico
Na década de 90, o ambiente industrial brasileiro passou a incorporar os
procedimentos de reciclagem, prevenção de poluição e outras preocupações com
passivos ambientais, dentro do modelo de comando e controle.
Entretanto, o crescimento significativo do consumo e a pressão da demanda para
aumento da produção provocaram o aumento dos resíduos. Controlar os malefícios
que estes desperdícios causam no meio ambiente tornou-se um difícil desafio.
Esses resíduos, sejam eles, sólidos, efluentes líquidos ou emissões gasosas,
significam matérias-primas desperdiçadas nas etapas de produção e que, além de
prejuízos econômicos, acarretam conseqüências desastrosas e, muitas vezes,
irreparáveis ao meio ambiente.
Hoje se tornou fundamental a mudança de paradigma na produção, pois não há
mais como ignorar os limites da capacidade de suporte do nosso planeta, já
gravemente comprometidos pelas ações humanas.
Nesse contexto, desenvolveu-se um novo comportamento produtivo, que aproveita
ao máximo as matérias-primas utilizadas no processo, evitando a geração dos
resíduos durante a produção, que se designou Produção Mais Limpa. Por meio da
P+L é possível observar a maneira como um processo de produção está sendo
realizado e detectar em quais etapas deste processo as matérias-primas estão
sendo desperdiçadas. Isso permite melhorar o seu aproveitamento e diminuir ou
impedir a geração de resíduo.
O conceito de Produção Mais Limpa foi definido pelo PNUMA, no início da década de
1990, como a aplicação contínua de uma estratégia ambiental preventiva integrada
186
aos processos, produtos e serviços com o intuito de aumentar a ecoeficiência e
reduzir os riscos ao homem e ao meio ambiente.
No decorrer dos anos, o conceito de P+L foi ampliado, devido às pressões de
ONG's, dos consumidores, da competição de mercado e de novos instrumentos de
política púbica. Passou a incorporar novas variáveis, critérios e princípios incluindo
as questões sociais que estavam relegadas em relação às ambientais.
Produção Sustentável, portanto, representa a evolução do conceito de P+L.
Entendemos seu conceito como sendo a incorporação, ao longo de todo o ciclo de
vida de bens e serviços, das melhores alternativas possíveis para minimizar custos
ambientais e sociais. Acreditamos que esta abordagem preventiva melhora a
competitividade das empresas e reduz o risco para saúde humana e meio
ambiente.
Essa nova abordagem vem sendo trabalhada em nível global, regional e nacional.
Em nível mundial, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e
o Departamento das Nações Unidas para Assuntos Econômicos e Sociais (UNDESA),
por meio da Divisão de Desenvolvimento Sustentável lideram, juntamente com
governos nacionais, agências de desenvolvimento, setor privado, sociedade civil,
entre outros atores, o Processo de Marrakech.
Esse processo, que teve início em 2003, como resposta ao Plano de Implementação
de Johannesburgo (Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável), tem como
objetivo desenvolver um Marco de Programas, no período de 10 anos, que apóie
iniciativas regionais e nacionais para transformar padrões de Produção e Consumo
Sustentáveis (PCS).
O Processo tem quatro fases:
1. Consultas Regionais para identificar prioridades e necessidades em PCS;
2. Elaboração de estratégias regionais e mecanismos de implementação;
3. Implementação de projetos concretos e programas em nível regional, nacional e
local;
4. Avaliação do progresso, intercâmbio de informação e cooperação internacional.
Para apoiar a implementação dos projetos em PCS foram criados os Grupos de
Trabalho de Marrakech com a participação de especialistas de países desenvolvidos
187
e em desenvolvimento. Estes Grupos são iniciativas voluntárias coordenadas pelos
governos que, em cooperação com outros países, se propõem a realizar um grupo
de atividades concretas em nível nacional e regional que promovam mudanças nos
padrões de PCS.
Já foram formados sete Grupos de Trabalho1. O Brasil participa do Grupo sobre
Turismo Sustentável, por meio do Ministério do Meio Ambiente (MMA), e no Grupo
de Compras Públicas Sustentáveis, é representado pelo Governo do Estado de São
Paulo.
Além desses grupos, o Brasil está em conversações com o Canadá para a
montagem de um novo Grupo de Trabalho, visando o apoio à Micro, Pequenas e
Médias Empresas.
Dentro do Processo de Marrakech o Brasil representa, neste momento, o Cone Sul
no Conselho Latino Americano de Especialistas em PCS. Ademais, está sendo
indicado, também, como representante Latino Americano no Conselho
Internacional.
No âmbito do Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai), o Projeto
Competitividade e Meio Ambiente (CyMA) contribuiu com avanços importantes no
tema de Produção Mais Limpa. Este projeto se desenvolveu dentro de uma parceria
entre o Subgrupo de Trabalho do MERCOSUL nº 6 – Meio Ambiente (SGT-6) e a
Agência de Cooperação Técnica Alemã (GTZ).
O principal objetivo do Projeto Cyma foi o desenvolvimento de cooperação entre o
setor público e privado visando o delineamento e a implementação de uma
estratégia preventiva de aumento da competitividade e melhoria do desempenho
ambiental, preferencialmente nas pequenas e média empresas.
O projeto foi desenvolvido em duas fases: a fase de orientação, entre 2002 e 2004
e a fase de implementação, entre 2004 e 2007. As atividades foram desenvolvidas
em três áreas de trabalho:
- Desenho / Implementação de políticas e estratégias regionais de Gestão
Ambiental e Produção mais Limpa;
- Divulgação de temas relevantes sobre Gestão Ambiental e Produção mais Limpa,
assim como, diálogo entre Estados Parte, setores público e privado;
188
1. 1 1.Cooperação com a África (liderado pela Alemanha); 2.Produtos Sustentáveis
(Reino Unido);
3.Estilos de Vida Sustentáveis (Suécia); 4.Compras Públicas Sustentáveis (Suíssa);
5.Turismo
Sustentável (França); 6.Edifícios e Construções Sustentáveis (Finlândia); 7.Educação
para o Consumo
Sustentável (Itália).
- Desenvolvimento e aplicação de conceitos, instrumentos, metodologias e
intercâmbio de experiências de Gestão Ambiental e Produção mais Limpa,
prioritariamente em cadeias de valor de interesse comum.
O projeto, além de apoiar o processo para o consenso sobre as estratégias
conjuntas e sua implementação em nível dos Estados Parte, também contribuiu
para diminuir as assimetrias existentes, mediante a transferência de conhecimentos
e da cooperação sul-sul. Essas ações se deram, particularmente, sobre os temas
gestão ambiental, produção mais limpa e eco-eficiência.
As lições apreendidas com o Projeto Cyma também contribuíram para a elaboração
do Plano de Ação em PCS para implementação no Mercosul. Este Plano já foi
aprovado pelo SGT-6 e servirá de base para a construção dos Planos Nacionais dos
países membros.
No Brasil, as principais metas do Projeto Cyma foram:
- Instituição e fortalecimento das instâncias de diálogo público e privado regionais,
nacionais e estaduais sobre produção e consumo sustentáveis;
- Elaboração de Política Nacional de Produção Sustentável, Produção Mais Limpa e
Ecoeficiência em consonância com a agenda internacional do Mercosul;
- Implantação da Rede Brasileira de Produção Sustentável, Produção Mais Limpa e
Ecoeficiência;
- Ampliação da disseminação de conceitos e incentivo à aplicação e ao intercâmbio
de metodologias de Produção Mais Limpa, Ecoeficiência e Produção Sustentável;
- Identificação de Impactos Ambientais em cadeias produtivas prioritárias e
desenvolvimento de metodologias para a inserção ou aprimoramento de critérios
ambientais em arranjos produtivos locais.
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As principais conquistas do projeto foram a instituição, no âmbito do Ministério do
Meio Ambiente, do Comitê Gestor de Produção Mais Limpa (Portaria nº 454, de
28/11/2003) e o estabelecimento de 9 Fóruns Estaduais de Produção Mais Limpa
(Amazonas, Bahia, Mato Grosso, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul,
Santa Catarina, São Paulo e Pernambuco).
Após a avaliação final do Projeto CyMA, o Departamento de Economia e Meio
Ambiente (DEMA), responsável pelo tema Produção e Consumo Sustentável, no
âmbito do MMA, assumiu alguns desafios, como a criação da Rede de Fóruns
Estaduais de Produção Mais Limpa, a ampliação dos Fóruns Estaduais e o
fortalecimento do Comitê Gestor de Produção Mais Limpa.
Em sua reunião do dia 31/10/07, o Comitê Gestor de Produção Mais Limpa decidiu
ampliar seu escopo de atuação, passando a denominar-se Comitê Gestor de
Produção e Consumo Sustentável. A estrutura de trabalho e as prioridades de
ação que seguem já são fruto desta nova etapa de trabalho.
2 - Estrutura de Trabalho
Este Plano Nacional de Ação conta com as seguintes estruturas para execução de
suas tarefas:
Comitê Gestor Nacional de Produção e Consumo Sustentável – O Comitê
Gestor deverá elaborar e implantar a Plano Nacional de Ação para a Produção e
Consumo Sustentável, com base na prevenção, precaução, ecoeficiência,
integração, responsabilidade continuada do produtor, direito público de informação,
cooperação, controle democrático, responsabilidade e transparência e avaliação
externa independente.
Esperar-se-á que o trabalho do Comitê Gestor promova mudanças de paradigma no
processo produtivo por meio da construção de um espaço de diálogo entre as
partes interessadas, não interferência nem coordenação das ações executadas
pelos diferentes agentes e motivação de agentes públicos e privados para adoção
das recomendações.
MMA - O Ministério do Meio Ambiente, por meio do DEMA (Departamento Economia
e Meio Ambiente) assume o papel de secretaria executiva do comitê gestor de
modo a coordenar, organizar, articular e apoiar as atividades do Comitê Gestor,
190
além de apoiar os trabalhos dos fóruns para a implantação das ações em produção
e consumo sustentável.
A Secretaria de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental- SMCQ, por meio da
Diretoria de Qualidade Ambiental na Indústria - DQAM – atuará junto aos fóruns
estaduais no desenvolvimento de trabalhos técnicos e capacitação dentro das
diretrizes deste Plano Nacional de Produção e Consumo Sustentável.
Fóruns Estaduais de Produção Mais Limpa – Os fóruns caracterizam-se por:
representação das partes interessadas nos Estados, participação democrática,
diálogo, cooperação e parceria. Os Fóruns Estaduais são entidades autônomas, com
organização própria e voluntária com os seguintes objetivos:
1. Melhorar a competitividade do setor produtivo em sua área de abrangência;
2. Consolidar e fortalecer a cooperação público-privada em Produção E Consumo
Sustentável;
3. Articular rede de diálogo entre os diversos setores da economia para
compartilhamento da informação;
4. Mobilizar os setores produtivos, governos e sociedade civil para a adoção de
práticas de gestão que resultem em processos ecoeficientes;
5. Capacitar profissionais segundo a metodologia e os conceitos da Produção e
Consumo Sustentável;
6. Favorecer a adoção de práticas de PCS em políticas públicas;
7. Desenvolver instrumentos de incentivo e promoção da Produção e Consumo
Sustentável;
8. Consolidar e expandir a Rede de Fóruns Estaduais de Produção Mais Limpa no
País;
9. Favorecer a inovação tecnológica e promover a transferência de tecnologias em
Produção e Consumo Sustentável;
10. Subsidiar os trabalhos do Comitê Gestor e contribuir na elaboração do Plano
Nacional de Ação de Produção e Consumo Sustentável.
11. Aperfeiçoar e simplificar o marco regulatório que incentive e facilite a
implantação de PCS.
Os Fóruns Estaduais sistematizarão as suas experiências, seus projetos pilotos,
191
dificuldades e desafios a fim de selecionar demandas para encaminhamento ao
Comitê Gestor Nacional por meio da Rede de Fóruns, de forma a buscar soluções
para os eventuais entraves.
Rede de Fóruns Estaduais de Produção Mais Limpa – A Rede de fóruns tem a
função de articular as experiências dos diversos Fóruns Estaduais, servindo de
facilitadora no intercâmbio de informações e instância de discussão para
fortalecimento das ações de Produção e Consumo Sustentável. Atuará de forma
cooperativa com o Comitê Gestor a fim de alcançar os objetivos do Plano Nacional
de Ação para a Produção e Consumo Sustentável.
3 – Prioridades de Ação
O eixo central deste Plano Nacional de Ação é a definição de prioridades que
viabilize o avanço das ações em Produção e Consumo Sustentável, dentro de uma
estratégia acordada com todos os atores envolvidos. É função do Comitê Gestor
Nacional assumir a condução destas prioridades, criando as condições no Brasil
para uma efetiva mudança paradigmática no processo de produção e consumo.
Estas prioridades deverão ser refletidas nos trabalhos dos Fóruns Estaduais.
Prioridade 1: Integração de Políticas Produtivas, de Consumo, Ambientais e Sociais
Atores: MMA (DEMA), MF, BNDES, MDIC, CNI
Ações:
▪ Elaborar propostas concretas para incorporar PCS em fóruns técnicos e políticos,
conselhos nacionais e outras instâncias relevantes e tomadoras de decisões;
▪ Elaborar propostas de instrumentos econômicos para facilitar a adoção de PCS
para bens e serviços;
▪ Fortalecer a articulação entre as políticas e os atores responsáveis nacionais,
regionais e internacionais e outras instâncias com relação às ações de PCS;
▪ Identificar assimetrias em normas legais e políticas vigentes que incidam
negativamente na promoção de PCS;
▪ Elaborar propostas e recomendações para a convergência entre as políticas
nacionais de desenvolvimento e os objetivos de PCS.
Prioridade 2: Promoção do Diálogo e Cooperação entre Setores Produtivos,
Governos e Sociedade Civil em Práticas de Produção e Consumo Sustentável
192
Atores: MMA (DEMA e DQAM), ABIPTI e FBOMS
Ações:
▪ Consolidação dos 9 Fóruns Estaduais de P+L;
▪ Ampliação dos Fóruns Estaduais de P+L para todos os estados da federação;
▪ Estruturação da Rede de Fóruns Estaduais de P+L;
▪ Estruturação de sistema de informações e comunicação em PCS;
▪ Impulsionar a adoção de práticas de PCS na administração pública, incluindo as
compras públicas sustentáveis;
▪ Impulsionar as compras sustentáveis no setor privado.
▪ Incentivar a participação da sociedade civil nos fóruns estaduais.
Prioridade 3: Inovação e Didusão de Tecnologias em Produção e Consumo
Sustentável
Atores: MCT e ABIPTI
Ações:
▪ Identificar oportunidades e sinergias para a inclusão de critérios de PCS em
atividades de investigação, pesquisa e desenvolvimento;
▪ Promover o “ecodesign” com forma de incorporar critérios de PCS no ciclo de vida
dos produtos;
▪ Propor a articulação de organismos nacionais de pesquisa com centros de
referência internacionais sobre o tema.
▪ Propor instrumentos de incentivo para a adoção de PCS
Prioridade 4: Desenvolvimento de Indicadores em Produção e Consumo Sustentável
Atores: CNI, SENAI, CNTL, MDIC, CEBDS e FGV
Ações:
▪ Identificar os elementos do processo de produção e consumo que sinalizem
mudanças comportamentais;
▪ Levantar dados para análise da sustentabilidade do processo de produção e
consumo;
▪ Desenvolvimento de metodologias de construção de indicadores em PCS.
Prioridade 5: Divulgação e Capacitação em Produção e Consumo Sustentável
Atores: SEBRAE, SENAI, CNTL, FGV, MMA(DQAM), FBOMS e ABIPTI
193
Ações:
▪ Difundir conceitos, ferramentas e metodologias de PCS em âmbito nacional para
setores produtivos, governos e sociedade civil;
▪ Sensibilizar organismos de educação formal e não-formal em conceitos de PCS;
▪ Elaborar guias e cursos para a formação técnica de agentes em PCS no âmbito da
empresas.
Prioridade 6: Promoção de Iniciativas Voluntárias em PCS
Atores: FGV, CNI
Ações:
▪ Desenvolver atitudes preventivas em cadeias produtivas ou setores produtivos;
▪ Sensibilizar empresas-chave com potencial de divulgação de ações de PCS.
Prioridade 7: Aplicação das Convenções Internacionais relacionadas a PCS
Atores: MMA (DQAM), FBOMS
Ações:
▪ Acompanhar a evolução das convenções internacionais;
▪ Monitorar sua implementação nos processos de produção e consumo.
4 – Fases de Implantação
As seguintes fases são previstas para a construção deste plano:
Fase 1 – Identificação das prioridades, definição das propostas de trabalho e início
das atividades. Validação das propostas de trabalho com os Fóruns Estaduais.
Prazo: Final de 2007
Fase 2 – Propostas de trabalho e atividades em estágio avançado de construção.
Revisão do processo e redação do plano. Validação com os Fóruns Estaduais.
Prazo: julho de 2008
Fase 3 – Lançamento do plano em nível nacional.
Prazo: agosto/setembro de 2008
Fase 4 – Implantação e monitoramento por indicadores.
Prazo: cronograma de implantação a ser definido.
FONTE: Ministério de Desenvolvimento Indústria e Comercio Exterior
194
Anexo 6: Matriz de Evidências
Com o intuito de conferir assertividade a estas conclusões, optamos por consolidar as
conclusões desse relatório na Matriz de Evidências em Sustentabilidade, elaborada por
ocasião do estudo Criando Valor2, que teve como objetivo ajudar homens e mulheres
de negócios a identificar oportunidades a fim de aumentar seus lucros por meio do
avanço em aspectos da sustentabilidade. O estudo procurou atender principalmente a
empresários e executivos para os quais o desenvolvimento sustentável ainda era (ou é)
um conceito novo e para todos aqueles que estejam interessados em explorar a
relação ‘custo X benefício’ de seus investimentos. O estudo também forneceu
instrumentos para auxiliar empreendedores e executivos a identificar suas próprias
oportunidades nos negócios ligados à sustentabilidade.
Como em qualquer atividade comercial, melhorar o desempenho ambiental, social ou
administrativo da empresa não fornece nenhuma garantia de sucesso. A capacidade de
identificar os riscos e capitalizar as oportunidades torna-se cada vez mais importante,
à medida que o conceito de sustentabilidade se intensifica.
As oportunidades mais significativas proporcionadas pela busca efetiva por negócios
mais sustentáveis são:
Reduzir custos pela diminuição dos impactos ambientais e pelo bom
tratamento aos funcionários;
Aumentar receitas pela melhoria do meio ambiente e pelo favorecimento da
economia local;
Reduzir riscos por meio do envolvimento com as partes interessadas;
Melhorar a imagem da empresa pelo aumento da eficiência ambiental;
Desenvolver o capital humano com uma gestão de recursos humanos mais
eficaz;
2
Criando Valor – O business case para sustentabilidadede em mercados emergentes. Estudo elaborado pela Sustainability, IFC e
Instituto Ethos que dedestacou os benefícios e riscos dede negócios resultantes dede melhorias sociais e ambientais, baseando-se
em 240 casos dede empresas da África, Ásia, América Latina, Europa Central e Europa Oriente.
195
Aumentar o acesso ao capital por meio de melhores práticas de governança
corporativa.
Para pequenas e médias empresas, a ênfase maior está na redução de custos, embora
elas também se beneficiem com receitas mais altas e maior acesso ao mercado,
especialmente por meio de produtos e serviços ecológicos.
Empresas de grande porte podem obter vantagens em várias áreas, especialmente
com a redução de custos proporcionada pelo aperfeiçoamento dos processos
ambientais. Empresas exportadoras que adotam padrões e sistemas de gestão de
sustentabilidade ampliam seu acesso aos mercados e às vezes conseguem aplicar
preços mais altos a seus produtos.
As empresas que se concentram no mercado interno são as que têm mais chance de se
beneficiar com o desenvolvimento da economia e da comunidade locais, o que
fortalece sua credibilidade e pode levar a um aumento de ganhos.
Em diversas situações, o ponto mais significativo é a ecoeficiência – redução de custos
derivada de melhor gestão ambiental, sendo que em algumas partes do mundo, as
evidências mais significativas apontam para um aumento de receitas por meio do
crescimento econômico local e do desenvolvimento comunitário, resultando em
melhor reputação.
Uma contribuição importante deste estudo foi a Matriz de Evidências, que relaciona
aspectos fundamentais da sustentabilidade a uma série de reconhecidos fatores de
sucesso nos negócios – indicando graficamente onde encontrar um ambiente de
negócios viável.
A Matriz de Evidências é um instrumento gráfico que mostra, visualmente, o potencial
de correlação que pode existir entre as ditas variáveis de sustentabilidade e os drivers
convencionais de negócio com o objetivo de evidenciar que a Sustentabilidade é a
integração de todas estas visões.
Resumindo, Matriz de Evidências foi criada pelo Sustainability (empresa de consultoria
inglesa), e adaptada para países emergentes pelo IFC (International Finance
Corporation), braço privado do banco Mundial, Sustainability e Instituto Ethos. Esta
matriz tem uma versão brasileira lançada pelos mesmos atores e com a participação
196
da Atitude, que elaborou a definição dos critérios de elaboração dos casos, ampliando
e aprofundando seu conhecimento da ferramenta e amplitude de utilização.
A Atitude, baseada em sua experiência de aplicação desta ferramenta em elaboração
de Business Cases (= oportunidades de negócio), a adaptou, criando uma matriz que
consiste de:
Oito linhas com questões convencionais de negócios:
Valorização do negócio: refere-se ao valor de mercado, quando a empresa é de
capital aberto, ou ao valor presente dos fluxos de caixa futuros;
Receita e acesso a mercado: aumento de vendas ou de market share;
Economia de custos e produtividade: reduções de custo total ou por unidade;
Acesso a capital: recursos financeiros oriundos de fontes como bancos,
aumento de capital, institutos de fomento, etc.;
Gestão de riscos: abrange riscos operacionais como perda de fornecimento de
matéria prima relevante, paradas de produção por quaisquer razões, etc.
Licença para operar: dadas por órgãos competentes ou pela própria sociedade
civil
Capital intelectual: retenção e atração de competências humanas
Credibilidade, valor da marca e reputação: questões de imagem e identidade
Dez colunas de questões de RSC e sustentabilidade:
As que expressam compromisso com o Desenvolvimento Sustentável:
o Ética, valores, princípios, missão e visão: o quanto a empresa vincula
essas questões com a sustentabilidade ambiental e social, além da
econômica
As que refletem o relacionamento com os vários stakeholders:
o Acionistas: governança corporativa
o Clientes: capacidade de ouvidoria e identificação de tendências futuras,
bem como respeito à sua saúde e bem estar integrado à saúde e bem
estar da natureza;
o Fornecedor: relacionamento respeitoso, influência no seu processo de
busca por sustentabilidade e reconhecimento do seu impacto na
sustentabilidade da empresa
197
o Funcionários: tratamento respeito e não paternalista, propensão a
diálogo aberto e participativo,
o Meio Ambiente: relacionamento com ONGs e órgãos governamentais
que representam o meio ambiente e demonstração de respeito com a
natureza em geral
o Governo: relacionamento com órgãos governamentais e influência
política
o Sociedade civil: reconhecimento do impacto da empresa nas
comunidades de entorno bem como no desenvolvimento regional e
inclusão disto na estratégia
o Outros: inclusão de quaisquer outros públicos que porventura
sofram/exerça impacto na empresa.
E as ligadas à natureza da operação:
o Produtos e processos sustentáveis: processo produtivo, design de
produto, ciclo de vida que contemple não só os impactos ambientais,
mas também questões de saúde, segurança e outras questões sociais.
Além de:
Determinar os critérios para a construção de casos concretos que comprovem
as correlações de ações de sustentabilidade e variáveis convencionais de
negócio;
Auxiliar na priorização das ações que devem ser consideradas mais
profundamente, levando-se em conta as principais preocupações estratégicas;
Contribuir com a escolha de indicadores já que indica claramente qual a
correlação da ação sustentável com uma variável de negócio específica e,
portanto evidencia qual o indicador deve ser analisado e gerenciado;
A Matriz de Evidências pode também funcionar como um “check list” das questões de
sustentabilidade que envolve o ambiente empresarial e seus desafios.
No caso específico do APL de Calçados e Bolsas da RMBH, veja a seguir a forma como
elencamos na matriz de evidências as 10 principais oportunidades de negócio para que
suas empresas aumentem seus fatores de vantagem competitiva (sem ordem de
importância):
198
Quadro 39: Matriz de Evidências em Sustentabilidade do Arranjo Produtivo Local de Calçados e Bolsas
da RMBH
FONTE: Elaboração Própria
199
(1) Fornecedor & Valorização do negócio
•
Definição da correlação: O engajamento com fornecedores pode suscitar
parcerias, programas comuns de redução de desperdício, diminuição de risco
de imagem em estar associado a um fornecedor não ético, inovações em
logística e desenvolvimento de materiais, design, etc. Tudo isso gera valor para
as empresas e quando comunicado aos clientes e mercado, permite que estes
reconheçam os benefícios em suas avaliações, o que pode aumentar o valor
dos produtos.
•
Sugestão de indicadores
o Relatórios e avaliações que evidenciam o benefício da prática como um
diferencial competitivo e que possam redundar num aumento do valor
dos produtos
o Reduções de custo de fornecedores no geral
o Identificação do benefício gerado para o fornecedor e evidência como
pesquisas de satisfação, fidelização, etc.
(2) Fornecedor & Receita e acesso a mercado
•
Definição da correlação: materiais locais, que refletem atributos de
“brasilidade” e estão atrelados à idéia de sustentabilidade ambiental, como as
fibras vegetais e a madeira, pode ser um diferencial de design e ampliar a
competitividade dos produtos nacionais. O próprio reaproveitamento de
subprodutos no processo produtivo (reciclagem, reuso) fortalece a correlação
com os princípios sustentáveis, é compatível com a natureza de insumos
utilizados (couro, tecido, metais, madeira) e se alinha ao perfil de inovação do
APL de Calçados e Bolsas da RMBH.
•
Sugestão de indicadores
o Aumento ou manutenção de volume de vendas, preço, participação de
mercado vinculados à valores;
o Por se tratar de um item com aspectos subjetivos, sugerimos a inserção
de perguntas aos clientes sobre suas motivações de compra e qual o
peso que este fator tem sobre sua decisão;
200
o Identificação do benefício gerado para o fornecedor e evidência como
pesquisas de satisfação, fidelização, motivação do fornecedor para
participar em programas da empresa, etc.
(3) Fornecedor & Economia de custos e produtividade
•
Definição da correlação: O engajamento com fornecedores pode gerar
parcerias, programas comuns de redução de desperdício, inovações em
logística e desenvolvimento de materiais, etc.; itens todos que tem como
resultado reduções de custo. A principal finalidade é substituir práticas
convencionais custosas por um processo que permita a redução dos custos de
produção, melhoria da qualidade, redução de danos ambientais e aumento da
credibilidade e confiabilidade do consumidor em relação aos produtos
brasileiros.
•
Sugestão de indicadores
o Diminuição dos custos de produtos ou processos
o Indicadores físicos e financeiros
o Indicadores de desempenho ambiental e de produtividade (Ex.: Kg
resíduo/ centena de pares de calçados produzidos)
o Aumento de produtividade
o Identificação do benefício gerado para o fornecedor e evidência como
pesquisas de satisfação, fidelização, motivação do fornecedor para
participar em programas da empresa, etc.
(4) Fornecedor & Credibilidade, valor da marca e reputação
Definição da correlação: Como parte do conjunto de stakeholders da empresa,
fornecedores tem peso na identidade e construção do valor da marca e da
credibilidade das empresas – via fornecimento de materiais locais, que
refletem atributos de IDENTIDADE e estão atrelados à idéia de sustentabilidade
ambiental. A marca “Estrada Real” de artigos de viagem (malas, mochilas,
nécessaires) é um caso emblemático de como princípios ligado à
201
sustentabilidade e à brasilidade (preservação ambiental e valorização cultural,
por exemplo) podem adicionar valor ao produto.
•
Sugestão de indicadores
o Prêmios recebidos de fornecedores; reconhecimento, por parte de
fornecedores, da importância do valor da marca da empresa
o Resultados de pesquisas mercadológicas abordando como a imagem da
empresa está vinculada com seu tratamento a fornecedores
o Estudo do valor da marca e qual a ligação deste valor com seu
compromisso com a sustentabilidade e o peso que fornecedores tem
neste item.
(5) Funcionários & Credibilidade, valor da marca e reputação
•
Definição de correlação: A inclusão de funcionários de maneira mais direta e
participativa nos processos internos de gestão que podem levar à valorização
da marca e da imagem da empresa. Um exemplo concreto é a formação de
equipes multifuncionais em P+L responsáveis por eleger e acompanhar o
cumprimento de objetivos e metas de desempenho econômico e
socioambiental.
•
Sugestão de indicadores
o Benefícios de reputação e de valor da marca dado a certificações ou
selos;
o Resultados de pesquisas mercadológicas abordando como a imagem das
empresas está vinculada a seus compromissos com a sustentabilidade;
o Estudo do valor da marca e qual a ligação deste valor com seu
compromisso com a sustentabilidade
o Prêmios e certificados reconhecendo a reputação da empresa quando
em conjunto com outras evidências
o Bônus de participação a funcionários em função dos resultados de
desempenho obtidos em suas equipes
202
(6) Governo & Valorização do negócio
•
Definição da correlação: O Grupo Design Brazil foi criado com o intuito de
promover e disseminar a imagem brasileira, de apresentar o Brasil também
como criador de calçados e acessórios de alta-moda com design original e de
fortalecer o nome dos estilistas brasileiros no mercado mundial.
O Design Brazil é apoiado pela Agência de Promoção às Exportações e
Investimentos – órgão do governo federal, em conjunto com a Associação
Brasileira de Calçados (Abicalçados), que organiza e coordena os eventos do
Brazilian Footwear.
•
Sugestão de indicadores
o Demonstração dos compromissos públicos e seu vínculo com questões
de sustentabilidade
o Participação em índices de sustentabilidade como conseqüência de sua
busca por este caminho
o Participação em rankings de polos/produtores sustentáveis
o Aumento do valor dos produtos quando a empresa adentrou alguns
destes índices.
(7) Governo & Credibilidade, valor da marca e reputação
•
Definição da correlação: idem – Grupo Design Brazil e Brazilian Footwear
•
Sugestão de indicadores
o Benefícios de reputação e de valor da marca dado a certificações
externas como ISO14000, SA8000, AA1000 e outros
o Resultados de pesquisas mercadológicas abordando como a imagem da
empresa está vinculada seu compromisso com a sustentabilidade
o Estudo do valor da marca e qual a ligação deste valor com seu
compromisso com a sustentabilidade
o Prêmios e certificados reconhecendo a reputação da empresa quando
em conjunto com outras evidências
(8) Produtos e processos sustentáveis & Valorização do negócio
203
•
Definição de correlação: A difusão e sistematização de estratégias ambientais
reconhecidas local e internacionalmente como a produção mais limpa, por
exemplo, além de fortalecer o desempenho ambiental e a produtividade
podem incorporar valor, conferir visibilidade e destacar os diferenciais de
sustentabilidade e inovação aos produtos e empresas do APL de Calçados e
Bolsas da RMBH.
•
Sugestão de indicadores
o Demonstração dos compromissos públicos e seu vínculo com questões
de sustentabilidade. A ação número 1 na temática ambiental do item 12
deste relatório endereça esta sugestão.
o Participação em índices de sustentabilidade como conseqüência de sua
busca por este caminho
o Participação em rankings de polos / produtos sustentáveis
o Aumento do valor dos produtos quando a empresa adentrou alguns
destes índices;
o Valorização dos produtos da empresa em relação a concorrentes que
não tenham esse compromisso assumido e comprovado na prática.
(9) Produtos e processos sustentáveis & Receita e acesso a mercado
•
Definição da correlação: Mesmo que menos visível aos clientes, melhorias no
processo tendo como foco o respeito ao meio ambiente podem contribuir com
aumento de receita, a começar pela imagem, que é sempre um primeiro
motivador de vendas. Adicionalmente, empresas consumidoras estão cada dia
mais conscientes de sua responsabilidade ao longo da cadeia, exigindo de seus
fornecedores comprometimento com as práticas de desenvolvimento
sustentável, incluindo seus processos produtivos. Os casos aqui devem, assim,
evidenciar a maior competitividade, o crescimento de mercado e/ou acesso a
novos mercados e nichos específicos que se desenvolveram em função de uma
melhoria ou mudança de processo com foco ambiental.
•
Sugestão de indicadores
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o Aumento ou manutenção de volume de vendas, preço, participação de
mercados vinculados à conduta ética, valores princípios, missão e visão
da empresas
o Por se tratar de um item subjetivo, sugerimos a inserção de perguntas
ao cliente sobre sua motivação de compra e qual o peso que este fator
tem sobre sua decisão
(10) Produtos e processos sustentáveis & Economia de custos e produtividade
•
Definição da correlação: Este caso deve evidenciar economia de custos ou
aumento de produtividade, alcançadas por meio de mudanças no processo
produtivo, motivadas por questões ambientais. Muitas empresas, na busca de
maior lucratividade, mudam seus processos produtivos para economizar
energia, água e outros insumos. Como a preocupação com custos é, de maneira
geral, uma das principais preocupações das empresas, ressaltamos que os casos
nesta área, além de evidenciar como as questões de melhoria de processo com
foco ambiental reduzem custos, devem mostrar os reais benefícios ambientais
alcançados.
A produção mais limpa (P+L) não só por ser um instrumento diretriz deste
programa, mas por já contar com iniciativas-piloto de implementação sendo
conduzidas em empresas do APL, apresenta-se como uma das potenciais
estratégias a consolidar a economia de custos e produtividade a partir de
práticas, processos e produtos sustentáveis.
•
Sugestão de indicadores
o Diminuição dos custos de produtos ou processos
o Indicadores físicos e financeiros
o Indicadores de desempenho ambiental e de produtividade;
o Diminuição do custo de dividas, preferencialmente de forma
comparativa com outras empresas do setor
o Aumento de produtividade
o Medida de aumento de produtividade como um resultado de
abordagens participativas
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o Todos eles vinculados ao compromisso da empresa com a
sustentabilidade.
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