Brasília - MInsane
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c C-1 CMYK CULTURA CORREIO BRAZILIENSE Brasília,quinta-feira,24 de abril de 2008 Editora: Clara Arreguy //[email protected] Subeditores: Mariana Ceratti,Natal Eustáquio, Sérgio Maggio,Teresa Albuquerque e Teresa Mello [email protected] 3214 1178 • 3214 1179 ARTHUR H. HERDY ESPECIAL PARA O CORREIO história virou lenda: no fim de 1983, pouco depois de lançar o primeiro álbum, Madonna subiu ao palco em um programa de tevê norte-americano. Após a performance do hino Holiday, o apresentador, Dick Clark, perguntou o que ela desejava, não somente para o ano seguinte, mas para o resto da vida. Sem titubear, a diva respondeu: “Quero conquistar o mundo”. Quase 25 anos se passaram e o veredito é claro: ela conseguiu. Em 2008, Madonna comemora jubileu de prata da carreira e 50 anos de idade (16 de agosto) com Hard candy — o 11º álbum de músicas inéditas, com lançamento previsto para segunda-feira, dia 28. “Escolha o sabor que você quer e eu o tenho para você”, anuncia a diva em Candy shop, faixa de abertura do disco. Como prometido, Madonna oferece um variado cardápio musical para os fãs. Seguindo a fórmula de álbuns anteriores, ela norteia o trabalho a partir de um estilo predominante. Em Ray of light (1998), deu os primeiros passos no então desconhecido terreno da música eletrônica. Mais tarde, explorou a nostalgia da discoteca em Confessions on a dancefloor (2005). Em Hard candy (traduzido literalmente como doce duro), Madonna finalmente se rende ao rentável filão da música black. Ao lado dos produtores Timbaland (sempre ele), Justin Timberlake, Danja e The Neptunes, a cantora volta a investir nos ritmos dançantes, desta vez com pegada ancorada no funk, soul e hip hop, sem, entretanto, deixar o pop e o eletrônico de lado. O caldeirão da musa ferve nas 12 faixas e soma quase uma hora de duração. O namoro de Madonna com a black music começou em 1992, em Erotica. No CD, execrado pela mídia, a faixa Waiting já possuía um discreto e envolvente tempero negro. No sucessor, Bedtime stories (1994), a cantora recrutou Babyface, parceiro constante de Mariah Carey e Whitney Houston, entre outras, na produção. Após pausas para a maternidade e passeios por diferentes vertentes musicais nos três álbuns seguintes, ela prova não dar ponto sem nó e explora um universo até então inédito na discografia. Conhecida pelo perfeccionismo aguçado e um quê de vanguarda, Madonna não podia prever que estaria em risco com a ascensão do gangsta rap e hip hop, no início dos anos 2000. Determinada a conquistar os fãs mais jovens e adoçar os já trintões e quarentões, fiéis seguidores desde o início da carreira, Hard candy atinge os objetivos. A dureza, explicitada no título reflete-se no visual da cantora, na capa da bolacha vestida como boxeadora. Porém, o álbum é doce e sem mistérios, facilmente assimilado. A Arquivo/CB ANOS 1980 Após temporada em bandas de garagem, a ainda desconhecida Madonna Louise Ciccone lançou-se como cantora solo. Em pouco tempo, virou um fenômeno sem precedentes na história do pop. Like a virgin (1984), o segundo álbum, vendeu mais de 10 milhões de cópias nos EUA naquele ano.A musa enveredou pelo cinema colecionando sucessos e fracassos. Casou-se com o ator Sean Penn em 1986, protagonizando uma das uniões mais conturbadas da música. Em 1989, lançou Like a prayer, obra-prima musical que ficou famosa pela controvérsia de seu clipe que mostrava cruzes pegando fogo. Fechando a década, lançou a compilação The immaculate collection (1990). Mais uma vez, causou polêmica com o vídeo de Justify my love, censurado na MTV. Mário Testino /Divulgação 4/2/98 ANOS 1990 Em 1992, Madonna mexeu com os brios da sociedade norteamericana ao falar abertamente sobre sexo no disco Erotica, no filme Corpo em evidência e no livro Sex – censura, boicotes e polêmica. Em 1993, lotou o Maracanã, no Rio e o Pacaembu, em São Paulo, nas únicas apresentações no Brasil da turnê The girlie show. Em 1996, conseguiu reconhecimento no cinema pelo papel de Evita no musical homônimo, de Alan Parker. Nesse mesmo ano, anunciou estar grávida de seu personal trainer, Carlos León. Lourdes Maria nasceu em outubro do mesmo ano.Ao voltar, em 1998, assumiu a persona espiritualizada pela cabala, no elogiadíssimo álbum Ray of light.A paixão pela música eletrônica tem continuidade com Music (2000). Ela casou-se com o cineasta Guy Richie, deu à luz o segundo filho, Rocco, e mudou-se para a Inglaterra. Steven K lein/Div ulgação ANOS 2000 Em 2001, sete anos após a última turnê, Madonna volta a pôr o pé na estrada com a Drowned world tour. Em 2003, a cantora continua a polemizar no álbum American life, lançado em março daquele ano, às vésperas da invasão dos EUA ao Iraque.A faixa-título criticava o estilo de vida norte-americano. No clipe, Madonna encarnava uma general em meio a um desfile de moda que trazia soldados e crianças mutiladas. O álbum alcançou as piores colocações nas paradas em toda a carreira da cantora. Para amenizar a situação, ela resgatou sucessos antigos em Re-invention tour (2004), que rendeu o documentário I’m going to tell you a secret. Em 2005, Madonna incorporou uma diva das discotecas no álbum Confessions on a dancefloor. Em 2006, percorreu o mundo mais uma vez, tornando-se a artista feminina mais bem paga da história por uma turnê. Nesse mesmo ano, adotou David Banda, em Malauí na África. Ano recheado Madonna possui ainda outras razões para comemorar. Ela foi uma das homenageadas no Rock ’n’ Roll Hall of Fame, em março. A diva também demarcou nova etapa na carreira: a mudança de gravadora. Mais de duas décadas de sucesso na Warner não foram suficientes para segurar Madonna. A musa assinou contrato com a Live Nation, pela bagatela de U$$ 120 milhões e direito a uma parcela na sociedade. Se no campo musical as palavras “Madonna” e “sucesso” caminham juntas por um quarto de século, “Madonna” e “cinema” resultam em fracasso. No currículo da diva, os êxitos foram poucos – Procura-se Susan desesperadamente (1985) e Quem é essa garota? (1987) são exceções à regra. Exorcizando um fantasma, ela resolveu mudar de lugar. Primeiro, atacou de produtora no documentário I am because we are, dirigido por Nathan Rissman, um registro da devastadora situação do Malauí, país africano onde adotou o filho David Banda, em 2006. Como diretora, estreou no Festival de Cinema de Berlim, no início do ano, com Filth e wisdom (Sujeira e sabedoria). A crítica, embora dividida, reconheceu que a direção da popstar não se compara ao projeto de atriz de Surpresa em Shangai (1986) e Destino insólito (2002), por exemplo. O enredo da película é simples: um cantor da Ucrânia faz de tudo para alcançar notoriedade em Londres. A saga do protagonista em muito lembra a da própria Madonna. Quem diria que a aspirante a freira na cidadezinha de Bay City, Michigan, iria sobreviver por 25 anos no topo do sucesso? O que poderia ser um “vale a pena ver de novo” biográfico e enfadonho ganha roupagem nova. Afinal, reinventar-se é com ela mesmo. E o mundo é testemunha. ANOS LEIA A CRÍTICA DO CD NA PÁGINA 2 Arte: Sever/CB e Pablo Alejandro/Especial para o CB sobre foto Warner Music/Divulgação CMYK LINHA DO TEMPO C-1 ELA QUERIA SER FREIRA E TORNOU-SE A RAINHA DO POP. MADONNA LANÇA ÚLTIMO DISCO PELA WARNER, FECHA CONTRATO DE US$ 120 MILHÕES E COMEMORA 25 ANOS DE CARREIRA