F OR T IS S IMO - Orquestra Filarmônica de Minas Gerais

Transcrição

F OR T IS S IMO - Orquestra Filarmônica de Minas Gerais
FORTIS SIMO
Nº 10 / 2014
novembro
Sempre nossa, onde for.
AGOSTO 2014
1
Ministério da Cultura e Governo de Minas
apresentam
S UMÁRIO
VIVACE
4 / N OV E M B R O
p.
Emmanuel Siffert, regente convidado
Ronaldo Rolim, piano
8
RAFF Dama Kobold, op. 154: Abertura
BEETHOVEN Concerto para piano nº 2 em
Si bemol maior, op. 19
LISZT Ce qu´on entend sur la montagne –
Poema Sinfônico nº 1
A LLEG RO
13 / N OV E M B R O
Marcos Arakaki, regente
Eddie Daniels, clarinete
p.
22
p.
36
BAX Tintagel
CALANDRELLI Concerto para clarinete de jazz
ZEMLINSKY A Sereia
VIVACE
25 / N OV E M B R O
Fabio Mechetti, regente
Cristian Budu, piano
MEHMARI Suíte de Danças Reais e Imaginárias
MOZART Concerto para piano nº 9 em Mi bemol maior,
2
K. 271, “Jeunehomme”
BORODIN Sinfonia nº 2 em si menor
CAROS AMIGOS E AMIGAS,
Depois de anos de ansiedade e antecipação, é com grande alegria que
anunciamos a primeira temporada da Filarmônica em sua nova casa:
a Sala Minas Gerais. No concerto de hoje, com a presença marcante
do maestro convidado Emmanuel Siffert e do jovem pianista brasileiro
Ronaldo Rolim, apresentamos uma nova realidade que passará a ser
vivida a partir do ano que vem. Convido todos a examinarem as novas
opções de assinaturas, assim como se familiarizarem com nossa nova
Sala que, esperamos, seja frequentada ativamente por todos vocês.
Neste mês salientamos ainda a presença extraordinária de Eddie Daniels,
um grande nome internacional do clarinete de jazz, amalgamando uma
linguagem nova à sonoridade clássica da orquestra sinfônica. Certamente
um momento único e inusitado para aqueles que acompanham
periodicamente nossos concertos.
Terminamos o mês de novembro com a presença de outro talento
do piano brasileiro, Cristian Budu, vencedor do último Concurso
Clara Haskil, que faz, neste concerto, sua estreia em nossos programas
de assinatura. Concluímos a noite com uma eletrizante obra do
eclético André Mehmari e com o dinamismo e vigor da Segunda Sinfonia
de Borodin.
Grandes concertos, grandes notícias, grande futuro para nossa
Filarmônica de Minas Gerais, logo, em sua própria casa.
Fabio Mechetti
DIRETOR ARTÍSTICO E REGENTE TITULAR
4
5
FOTO EUGÊNIO SÁVIO
AGOSTO 2014
FABIO
MECHE T TI
Diretor Art íst ico e R egente Titula r
Natural de São Paulo, Fabio Mechetti
é Diretor Artístico e Regente Titular
da Orquestra Filarmônica de Minas
Gerais desde sua criação, em
2008. Por esse trabalho, recebeu
o XII Prêmio Carlos Gomes/2009
na categoria Melhor Regente
brasileiro. Recentemente, foi
convidado a levar ao Oriente o seu
talento e capacidade de solidificar
orquestras, sendo nomeado Regente
Principal da Orquestra Filarmônica
da Malásia. Foi Regente Titular da
Orquestra Sinfônica de Syracuse,
Orquestra Sinfônica de Spokane
e da Orquestra Sinfônica de
Jacksonville, sendo, agora, Regente
Emérito destas últimas duas.
6
Foi regente associado de
Mstislav Rostropovich na
Orquestra Sinfônica Nacional
de Washington e com ela dirigiu
concertos no Kennedy Center e
no Capitólio norte-americano. Da
Orquestra Sinfônica de San Diego
foi Regente Residente.
Fez sua estreia no Carnegie Hall de
Nova York conduzindo a Orquestra
Sinfônica de Nova Jersey e tem
dirigido inúmeras orquestras norteamericanas, como as de Seattle,
Buffalo, Utah, Rochester, Phoenix,
Columbus, entre outras. É convidado
frequente dos festivais de verão nos
Estados Unidos, entre eles os de
Grant Park em Chicago e
Chautauqua em Nova York.
Realizou diversos concertos no
México, Espanha e Venezuela.
No Japão dirigiu as Orquestras
Sinfônicas de Tóquio, Sapporo
e Hiroshima. Regeu também a
Orquestra Sinfônica da BBC da
Escócia, a Filarmônica de Auckland,
Nova Zelândia, a Orquestra Sinfônica
de Quebec, Canadá, e a Filarmônica
de Tampere, na Finlândia.
Vencedor do Concurso Internacional
de Regência Nicolai Malko, na
Dinamarca, Mechetti dirige
regularmente na Escandinávia,
particularmente a Orquestra
da Rádio Dinamarquesa e a de
Helsingborg, Suécia. Recentemente,
estreou na Itália conduzindo a
Orquestra Sinfônica de Roma. Em
2014 voltou ao Peru, desta vez
regendo a Orquestra Nacional do
Peru. Em breve viaja à Espanha,
onde se apresenta pela primeira vez
com a Orquestra da RTV Espanhola.
No Brasil foi convidado a dirigir a
Sinfônica Brasileira, a Estadual de São
Paulo, as orquestras de Porto Alegre,
Brasília e Paraná e as municipais de
São Paulo e do Rio de Janeiro.
Trabalhou com artistas como Alicia
de Larrocha, Thomas Hampson,
Frederica von Stade, Arnaldo
Cohen, Nelson Freire, Emanuel Ax,
Gil Shaham, Midori, Evelyn Glennie,
Kathleen Battle, entre outros.
Igualmente aclamado como
regente de ópera, estreou nos
Estados Unidos dirigindo a Ópera
de Washington. No seu repertório
destacam-se produções de Tosca,
Turandot, Carmen, Don Giovanni,
Cosi fan Tutte, Bohème, Butterfly,
Barbeiro de Sevilha, La Traviata e
As Alegres Comadres de Windsor.
Fabio Mechetti recebeu títulos
de Mestrado em Regência e em
Composição pela prestigiosa
Juilliard School de Nova York.
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FOTO GUI MACHALA
AGOSTO 2014
SÉRIE VIVACE
4/
NOVEMBRO
Emmanuel Siffert, regente convidado
Ronaldo Rolim, piano
terça, 20h30
Grande Teatro do Palácio das Artes
PRO GR A M A
1
Joachim RAFF
Dama Kobold, op. 154: Abertura [7 min]
2
Ludwig van BEETHOVEN
Concerto para piano nº 2 em Si bemol maior, op. 19
[29 min]
Allegro con brio
Adagio
Rondo – Molto alegro
RONALDO ROLIM, piano
—
3
8
i n t e r va l o
—
Franz LISZT
Ce qu’on entend sur la montagne – Poema Sinfônico nº 1
[30 min]
AGOSTO 2014
EMMANUEL
SIFFERT
O regente suíço Emmanuel Siffert
foi maestro principal da Ópera
de Câmara Europeia, Londres,
da Orquestra de Câmara da Suíça,
Sinfônica de Aosta, Itália, e da
Sinfônica Nacional do Equador.
Desde 2012 é o principal regente
convidado da Orquestra de
Concertos Welsh.
10
Entre as orquestras que Emmanuel
conduziu figuram a Philharmonia,
Royal Philharmonic, Ópera Nacional
Galesa, London Mozart Players,
Sinfônica da Rádio de Saarbrücken,
Filarmônica de Bucareste George
Enescu, filarmônicas da Cidade
do México, de Joanesburgo,
da Armênia, da Eslovênia, de
Volgogrado, de Montevidéu e de
Grã Canária, Espanha. Orquestra
Operahouse Plzen, Orquestra Mozart
de Viena, Symphonieorchester
St. Gallen, Filarmônica Lutoslawski,
Polônia, Orchestra della Svizzera
Italiana, Sinfônica de Berna,
Filarmônica Rubinstein, Polônia,
Orquestra Mozarteum de Salzburgo,
Sudwestdeutsche Philharmonie
Konstanz, sinfônicas da Bulgária,
da Venezuela, do Cairo e Nacional
do Peru.
Atualmente, ele trabalha como
professor e condutor freelancer de
música para orquestra, ópera e balé.
sob John Neschling. Atuou nesta
função no Festival de Ópera de
Avenches, no Grande Teatro de
Genebra sob Armin Jordan, no
Teatro Lírico de Cagliari sob
Rafael Frühbeck de Burgos e
sob Gérard Korsten. Também foi
assistente em The Merry Widow de
Franz Lehár na Casa de Ópera de
Lyon. Outros trabalhos em óperas
incluem o Teatro Opera Valle, Itália,
a Ópera de Nuremberg e a Ópera
da Moldávia, em Chisinau. Siffert
conduziu duas temporadas do Balé
Nacional Inglês e trabalha com o
Royal Ballet de Covent Garden.
Emmanuel Siffert foi maestro
assistente na Opera St. Gallen
É professor de regência na
Europa e na América Latina e dá
Emmanuel tem uma vasta
discografia e lançou várias
gravações com a Royal
Philharmonic, a Filarmônica de
Volgogrado, Orquestra de Câmara
da Suíça e Sinfônica de Aosta.
Suas gravações em rádio incluem a
Sinfônica da Rádio de Saarbrücken,
Orchestra della Svizzera Italiana e a
Orquestra de Câmara Suíça.
aulas para cantores de ópera em
academias de verão. Atualmente
está envolvido na preparação
de peças orquestrais de raras
sinfonias italianas do século XVIII e
na gravação de obras orquestrais e
de ópera de compositores suíços,
com a gravadora VDE-GALLO.
Emmanuel ganhou o prêmio de
regência no Schweizerischen
Tonkünstlenverein em 1993 e 1995.
Estudou condução com Horst Stein,
Ralf Weikert, Joma Panula e
Carlo Maria Giulini. Estudou violino
em Salzburgo com Sandor Végh e
se apresentou como violinista com
a Camerata Salzburg Academia
de 1989 a 1994.
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FOTO SHU MAOZHI
SÉRIE VIVACE
AGOSTO 2014
RONALDO
ROLIM
12
Nascido em 1986, Ronaldo Rolim
vem se destacando como um
importante nome da nova geração
do piano brasileiro. Natural de
Votorantim, SP, iniciou seus
estudos musicais com a mãe, aos
quatro anos de idade. Estudou
com bolsa integral na Fundação
Magda Tagliaferro, São Paulo,
onde foi orientado por Zilda
Candida dos Santos e Armando
Fava Filho. Transferiu-se para
os Estados Unidos e lá estudou
com o pianista Flavio Varani na
Oakland University, Michigan.
Nesse período, realizou recitais,
apresentou-se como solista com a
Pontiac Symphony Orchestra sob
regência de Greg Cunningham e
recebeu os prêmios Outstanding
Student in Piano Performance pela
Oakland University e Outstanding
Musician pela Mu Phi Epsilon Music
Association. Aceito no prestigiado
Peabody Conservatory, em
Baltimore, na classe de Benjamin
Pasternack, concluiu bacharelado e
mestrado em Piano Performance.
Por seu desempenho artístico e
acadêmico, recebeu o Pauline Favin
Memorial Award in Piano. Ronaldo
tem participado de masterclasses
e cursos de verão com alguns
dos mais distintos músicos da
atualidade, como Leon Fleisher,
Richard Goode, Menahem Pressler,
Lilya Zilberstein e Boris Berman.
Com mais de vinte premiações
no Brasil e no exterior, foi o
grande vencedor do Bösendorfer
International Piano Competition
2011, um dos vencedores do
James Mottram International Piano
Competition 2010 e vencedor por
unanimidade do Harrison Winter
Piano Concerto Competition
2008. No Brasil, ganhou o Grande
FOTO YI WANG
SÉRIE VIVACE
Concurso Magda Tagliaferro, o
Concurso Jovens Solistas do Brasil
e o Concurso OSB Nelson Freire.
Ronaldo atua ativamente no Brasil
e no exterior, tendo se apresentado
no Carnegie Hall, Steinway Hall,
Palazzo Chigi Saracini, Théâtre de
Vevey, Friedberg Hall e nas mais
importantes salas brasileiras.
Foi solista da Orquestra Sinfônica
Brasileira, Sinfonia Cultura,
sinfônicas de Piracicaba, da USP,
de Campinas e de Sorocaba, Royal
Liverpool Philharmonic Orchestra,
Peabody Symphony Orchestra,
Peabody Camerata e estreou com
a Filarmônica de Minas Gerais
em 2011. Rolim trabalhou com os
regentes Aylton Escobar, Yeruham
Scharovsky, Ernst Mahle, Lutero
Rodrigues, Jonicler Real, Ronaldo
Bologna, Owain Arwel Hughes,
Gene Young e Hajime Teri Murai.
Na música de câmara, mantém
duo com o violoncelista Kayami
Satomi e é membro fundador do
Trio Appassionata, com a violinista
Lydia Chernicoff e a violoncelista
Andrea Casarrubios.
Ronaldo Rolim continua seus
estudos no Peabody Conservatory.
Em 2011, foi aceito no concorrido
e prestigiado Artist Diploma,
programa reservado somente a
talentos excepcionais de todas as
partes do globo.
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SÉRIE VIVACE
AGOSTO 2014
J OACHIM
Dame Kobold – tornando-se,
nos anos de 1870, um dos mais
executados compositores da
Alemanha.
R AFF
(S uí ça , 18 22 – Ale m a nh a , 18 8 2)
Dama Kobold, op. 154: Abertura (1869)
Instrumentação: 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes,
2 fagotes, 4 trompas, 2 trompetes, tímpanos, cordas.
14
Entre os anos de 1840 e 1844, Raff
optou, finalmente, pela carreira
musical. À época, ensinava numa
escola primária na Suíça – havia
cursado filologia no Ginásio
Jesuíta. Embora quando criança
tivesse aprendido violino, órgão
e canto com seu pai, sua estreia
como compositor dá-se apenas na
década de 1840. Em 1843 consulta
a opinião de Mendelssohn que,
muito elogioso em relação ao seu
trabalho, o indica para a editora
Breitkopf & Härtel, que lançaria
suas primeiras obras para piano.
Em Zurique, Raff se estabelece
como professor de piano, copista
e intérprete. No verão de 1845 é
apresentado a Franz Liszt, que o
toma logo como protegido e sugere
sua mudança para a Alemanha.
Mais que um aluno, torna-se
verdadeiro discípulo do compositor
húngaro. Fixa-se em Weimar, em
1850, como assistente de mestre
de capela. Alinha-se ativamente
ao movimento de vanguarda
encabeçado por Liszt e Wagner,
envolvendo-se em polêmicas em
defesa de ambos. Apesar do apoio
de Liszt, que não apenas promove
suas obras orquestrais como
também lhe oferece algum aporte
financeiro, Raff decide deixar
Weimar por considerar ínfimas,
nesta cidade, suas possibilidades
profissionais como compositor.
Em 1865 troca o círculo de Weimar
pela produção independente
em Wiesbaden e, pelos 21 anos
seguintes, lecionará harmonia,
piano e canto. Ali Raff compôs suas
principais obras – suas primeiras
sinfonias e a ópera cômica
Em 1851, ainda sob supervisão de
Liszt, Raff havia composto sua
primeira ópera, König Alfred. A
despeito do apoio de Liszt, a obra
provara um traumático fracasso.
No entanto, o desapontamento
com essa ópera que, por anos,
assombrara o compositor, tornouse a justificativa para a retomada
do gênero em 1865. Creditando
o fracasso de sua ópera inicial à
temática exacerbadamente séria,
Raff opta por estilo mais leve e
cômico, alinhando-se à música de
Rossini. À época, Ludwig Schnoor
von Carolsfeld – o conhecido
intérprete do Tristão de Wagner –
sugere a Raff que adapte a peça do
poeta espanhol Pedro Calderón de
la Barca, La Dama Duende. Escrita
em 1629, trata-se da narrativa
fantástica de um homem seduzido
por uma mulher invisível, ora
escondida, ora coberta por um
véu, ora imersa na mais profunda
escuridão. Raff, porém, prefere
trabalhar na ópera Die Parole,
Para ouvir
CD Joachim Raff – Symphony no. 5, “Lenore”;
Overtures; Abends – Orchestre de la Suisse
Romande – Neeme Järvi, regente – Chandos digital
– CHSA 5135 – 2014
Acesse: fil.mg/raff
Para ler
Helene Raff – Joachim Raff: Portrait of a Life –
Alan Howe, tradução inglesa – Editado por
www.raff.org – 2012
Para visitar
www.raff.org
que não chega a ser encenada.
Em 1869, finalmente, Raff acata a
sugestão de Carolsfeld e compõe
Dame Kobold: ópera cômica em três
atos. Diferentemente das anteriores,
para as quais ele mesmo escrevera
os libretos, Raff pede a Paul Reber
que faça a adaptação de acordo
com o público e o humor alemães.
A obra é estreada no Teatro da
Corte de Weimar em 9 de abril de
1870 e alcança um enorme sucesso,
garantindo-lhe certa visibilidade
como operista. Liszt, porém,
criticaria a “miscelânea de estilos”
que caracteriza a obra. Apesar
do sucesso inicial, a ópera não se
fixa no repertório, e apenas sua
abertura, publicada em 1870, virá
posteriormente a receber atenção.
igor reyner | Pianista, Mestre em Música pela UFMG, doutorando de Francês no King’s
College London e colaborador do ARIAS/Sorbonne Nouvelle Paris 3.
15
SÉRIE VIVACE
AGOSTO 2014
LUDWIG VA N
BEE THOVEN
(Ale m a nh a , 1770 – Áus t r i a , 18 27)
Concerto para piano nº 2 em Si bemol maior,
op. 19 (1790/1795, versão final 1801)
Instrumentação: flauta, 2 oboés, 2 fagotes, 2 trompas, cordas.
O período dedicado por Beethoven
à composição de concertos para
piano e orquestra se estende
de 1784 a 1811 e corresponde
à primeira parte dos cinquenta
anos que dedicaria à música. Ele
considerava seus concertos para
piano como os “cavalos de batalha”
que estabeleceriam a sua reputação
como pianista virtuose e compositor.
Uma vez seu objetivo alcançado
– principalmente em Viena, onde
vivia e onde se digladiavam outros
trezentos pianistas profissionais –,
ele pôde abandonar definitivamente
o gênero. Essa renúncia foi
presumivelmente reforçada pelo
agravamento da surdez, a qual viria
a impedi-lo de estrear, em 1811, seu
quinto e último concerto para piano,
apelidado Imperador.
16
A primeira incursão de Beethoven
no gênero foi o inacabado Concerto
para piano em mi bemol, que
não integra a lista oficialmente
reconhecida por ele e do qual
subsiste somente a parte do solista.
Prova precoce de seu formidável
talento, esse concerto foi escrito
quando Beethoven tinha treze anos
e assumira o cargo de organista da
corte de Bonn, sua cidade natal. Aos
dezoito anos, Beethoven compôs a
primeira versão do Concerto para
piano nº 2, em si bemol maior,
op. 19. Iniciado antes daquele que
viria a ser o Concerto nº 1 em dó
maior, op. 15, o Concerto em si bemol
foi finalizado depois, em 1801, tendo
sido por isso designado como
segundo. Em nenhuma outra obra
do gênero Beethoven empregou
tanto tempo (mais de duas décadas)
quanto no Concerto em si bemol,
revisando-o e recompondo-o.
Em 1793 ele revisou o terceiro
movimento, Rondo, e, após dois
anos, substituiu-o por outro, além
de compor novo movimento lento.
Em 1798, antes de executá-lo em
Praga, Beethoven novamente
reescreveu a partitura e, em 1809,
compôs uma nova e brilhante
cadenza para o primeiro movimento.
Para ouvir
“Não considero este concerto
um dos melhores que escrevi”,
disse o autor aos editores, opinião
que os críticos descuidadamente
acataram. O desmerecimento
vindo de Beethoven deve-se em
parte a uma severa autocrítica
e, em parte, à necessidade de
justificar a venda de uma obra já
estreada. Segundo ele, a música
só deveria ser lançada em público
quando o brilho do virtuose já se
tivesse dissipado: “é de boa política
musical conservar para si próprio
os melhores concertos, durante
bastante tempo”, confessou aos
editores Breitkopf & Härtel.
Para ler
Pode-se dizer que o Concerto
em si bemol foi concebido como
uma encomenda para si mesmo,
a fim de exibir-se em sua técnica
pianística. O seu brilho não é,
entretanto, mecânico e superficial.
CD Beethoven – Concertos nos. 1 & 2 (1962) –
Orquestra Filarmônica de Berlim – Wilhelm
Kempff, piano – Ferdinand Leitner, regente –
Deutsche Grammophon – 1988
Para assistir
Orquestra Filarmônica de Londres – Bernard
Haitink, regente – Vladimir Ashkenazy, piano
Acesse: fil.mg/bpiano2
Barry Cooper (org.) – Beethoven: um compêndio –
Jorge Zahar Editor – 1996
O que o difere dos concertos de
seus contemporâneos é justamente
o revigoramento que promove na
remanescente estilística clássica
de Haydn e Mozart. O espírito
beethoveniano surge ora na leveza
das fioriture, em ornamentações da
linha melódica, ora em momentos
improvisatórios mais enérgicos,
como a cadenza e a Eingang,
ou entrada em alemão – termo
criado por Mozart para designar
pequenas improvisações que
preparam o retorno do tema. A
habilidade beethoveniana, acima
de qualquer técnica de execução,
é a de comunicar a música,
propiciando a retórica dos sons
com grandeza e virtude.
marcelo corrêa | Pianista, Mestre em Piano pela Universidade Federal de Minas Gerais,
professor na Universidade do Estado de Minas Gerais
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SÉRIE VIVACE
AGOSTO 2014
FR A NZ
tido, como pano de fundo, um bom
programa literário.
LISZ T
(Hu ng r i a , 1811 – Ale m a nh a , 18 86)
Ce qu’on entend sur la montagne –
Poema Sinfônico nº 1 (1848/1849 – versão final 1854)
Instrumentação: piccolo, 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes,
clarone, 2 fagotes, 4 trompas, 3 trompetes, 3 trombones,
tímpanos, percussão, harpa, cordas.
18
Em setembro de 1847, após um
concerto em Yelisavetgrad (hoje
Kirovohrad, Ucrânia), Liszt colocou
um ponto final em uma das
carreiras de concertista mais bemsucedidas de toda a história da
música e se preparou para iniciar
uma nova etapa em sua vida. Aos
trinta e seis anos ele assumia o
cargo de Kapellmeister (Mestre
de Capela) na pacata Weimar,
cidade onde outrora tinham vivido
e morrido Goethe e Schiller. Entre
suas obrigações estava a de dirigir
a orquestra da corte nos concertos
oficiais, assim como a de dar
aulas a membros da nobreza. Em
uma cidade com fortes tradições
teatrais, reger uma orquestra com
músicos incompetentes e pouco
dispostos não era tarefa fácil. Mas
sobrava-lhe tempo para lecionar
piano e dedicar-se à composição,
apesar das dificuldades. Há anos
ele desejava pôr em prática ideias
musicais antigas que levava por
toda parte. Uma delas era a fusão
da música com a literatura. Não,
porém, no sentido de uma aliança
entre as duas, em que a música
apenas ilustrasse o universo
literário. Liszt desejava que a
música tivesse o status da poesia.
Ou seja, do texto literário ele
tomaria a essência, e a trabalharia
em linguagem puramente musical.
No final, teríamos apenas a
música, pois que nenhuma obra
musical sem qualidade artística
permaneceria viva apenas por ter
Mas quando Liszt chegou a Weimar
ainda não sabia como realizar
esse plano. Ce qu’on entend sur la
montagne (O que se escuta no alto
da montanha), também conhecido
como Bergsymphonie (Sinfonia
da montanha), o primeiro de
seus poemas sinfônicos, é uma
das inúmeras obras de Liszt que
comportam a ideia de conexão
com uma fonte extramusical. Os
primeiros esboços de Ce qu’on
entend... datam do início dos anos
1830; vários motivos (temas) foram
concebidos em 1847, e a primeira
versão ficou pronta em 1848.
Ce qu’on entend sur la montagne
foi inspirado no poema de mesmo
nome, quinto poema da coleção
Les feuilles d’automne (As folhas do
outono), de Victor Hugo, publicada
em 1831. Liszt e Hugo eram amigos
havia décadas. Nos anos 1850 Victor
Hugo lhe cunharia o carinhoso
apelido de “Orfeu de Weimar”.
No poema de Victor Hugo, o
narrador pergunta ao leitor se ele
alguma vez subiu uma montanha na
borda do oceano e se, na quietude
e no silêncio, parou para escutar
Para ouvir
CD Liszt – Les Préludes; Hungarian Fantasy;
Ce qu’on entend sur la montagne – Hungarian
National Philharmonic Orchestra – Zoltán Kocsis,
regente – Warner Classics – 2011 (gravação ao vivo)
Orquestra Filarmônica de Londres – Bernard
Haitink, regente | Acesse: fil.mg/lpoema1
Para ler
Lauro Machado Coelho – O cigano visionário: vida
e obra de Franz Liszt – Algol – 2009
o som que nos chega aos ouvidos.
Revela-nos então que, lá de cima,
se escutam duas vozes:
Uma vinha do mar; canto de glória! hino
de felicidade!
Era a voz das ondas que conversavam
entre elas.
A outra, que se elevava da terra onde
estamos, –
era triste; era o murmúrio dos homens.
E nesse grande concerto, que cantava
dia e noite,
cada onda tinha a sua voz e cada
homem, seu ruído.
..................................................................
Uma dizia: NATUREZA! e a outra:
HUMANIDADE!
A essência do poema está na
dualidade entre a voz da Natureza,
19
SÉRIE VIVACE
à medida que o tempo passa,
fica cada vez mais tempestuoso
(vozes “que cantam ao mesmo
tempo o canto universal”, “que se
mesclam”, mas que ainda somos
capazes de distinguir, como “duas
correntes que se cruzam sob a
onda”). O confronto nos leva a
lutas violentas, bem como a alguns
breves momentos meditativos.
E, ao contrário do poema de Hugo,
que possui um final pessimista,
Liszt fecha sua obra com o tema
religioso (Andante religioso),
trazendo um pouco de esperança
ao interminável conflito entre a
Humanidade e a Natureza.
Dedicado à princesa Carolyne
de Sayn-Wittgenstein (“àquela que
é a companhia de minha vida, o
firmamento de meus pensamentos, a
oração viva e o céu de minha alma”),
Ce qu’on entend sur la montagne é
o mais longo poema sinfônico de
Liszt e, provavelmente, de todo
o século XIX. A primeira versão
foi apresentada pelo compositor,
em Weimar, em 1850. Liszt ainda
apresentaria uma segunda versão
em 1853 e, a versão final, em 1857.
guilherme nascimento | Compositor, Doutor em Música pela Unicamp, professor na
20
Escola de Música da UEMG, autor dos livros Os sapatos floridos não voam e
.
FOTO NETUN LIMA
“alegre e pacífica”, e a da
Humanidade, “como a dobradiça
enferrujada de uma porta do
inferno” que o tempo todo grita
injúrias e blasfêmias. Liszt parte
dessa mesma essência para
compor seu poema sinfônico.
A música se inicia com uma longa
introdução (Poco allegro). Aos
poucos conseguimos distinguir as
vozes: primeiramente a Natureza e
depois os Homens, cantando seus
temas bem distintos. A primeira
parte termina com trombones
e tuba (seguidos das madeiras
e, posteriormente, das cordas)
executando um tema de caráter
religioso (Andante religioso) que,
em razão do adjetivo, nos faz
pensar na voz do Criador: “Como
esse grande leão que hospedou
Daniel, o oceano por momentos
abaixava sua alta voz e eu julgava
ver, no poente em chamas, sob
sua juba dourada, passar a mão
de Deus” (alusão de Hugo a Daniel
na caverna dos leões, no mesmo
poema). Inicia-se a segunda
seção (Allegro moderato – Alla
breve) e, aos poucos, chega-nos
o conflito das duas vozes que,
AGOSTO 2014
21
S É R I E SAÉLRLI EEG A
R LO L E G R O
13/
NOVEMBRO
Marcos Arakaki, regente
Eddie Daniels, clarinete
quinta, 20h30
Grande Teatro do Palácio das Artes
PRO GR A M A
1
Arnold BAX
Tintagel [15 min]
2
Jorge CALANDRELLI
Concerto para clarinete de jazz [23 min]
Allegro
Adagio
Presto
eddie daniels,
—
3
i n t e r va l o
clarinete
—
Alexander von ZEMLINKSKY
A Sereia [43 min]
Sehr maessig bewegt – Em tempo muito moderado
Sehr bewegt, rauschend – Animado, precipitado
Sehr gedehnt, mit schmerzvollem Ausdruck –
22
Muito sustentado, expressivamente doloroso
SÉRIE ALLEGRO
AGOSTO 2014
FOTO ANDRÉ FOSSATI
MARCOS
AR AK AKI
Marcos Arakaki é natural de
São Paulo. Bacharel em violino
pela Universidade Estadual Paulista
(Unesp), concluiu seu mestrado
em Regência Orquestral pela
Universidade de Massachusetts em
2004, sob a orientação do maestro
Lanfranco Marcelletti.
24
Sua trajetória artística é marcada
por prêmios como o do I Concurso
Nacional Eleazar de Carvalho para
Jovens Regentes, promovido pela
Orquestra Petrobras Sinfônica em
2001, e I Prêmio Camargo Guarnieri,
realizado pelo Festival Internacional
de Campos do Jordão, em 2009.
Arakaki vem dirigindo as principais
orquestras brasileiras, como as
sinfônicas dos estados de São
Paulo, Minas Gerais, Paraná,
Rio Grande do Norte, Paraíba, a
Petrobras Sinfônica, as sinfônicas
do Teatro Nacional Claudio Santoro
de Brasília, de Campinas, da USP,
a Orquestra de Câmara da Osesp
e a Orquestra Experimental de
Repertório. No exterior, dirigiu
orquestras nos Estados Unidos,
México, Argentina, Ucrânia e
República Tcheca.
Realizou turnês nacionais e
regionais com a Camerata Fukuda,
com a Orquestra Sinfônica
Brasileira e com a Orquestra
Filarmônica de Minas Gerais.
À frente da Orquestra Sinfônica
Brasileira, gravou em 2010 a
trilha sonora do filme Nosso Lar,
composta por Philip Glass.
Em 2005, foi o principal regente
da Orquestra Sinfônica de Ribeirão
Preto. Entre 2007 e 2010, trabalhou
como regente titular da Orquestra
Sinfônica da Paraíba e regente
assistente da Orquestra Sinfônica
Brasileira. Como regente titular,
Arakaki promoveu a reestruturação
da Orquestra Sinfônica Brasileira
Jovem entre 2008 e 2010,
recebendo grande reconhecimento
da crítica especializada e do público
na cidade do Rio de Janeiro.
Marcos Arakaki é Regente
Associado da Orquestra
Filarmonica de Minas Gerais,
regente titular da Orquestra
Sinfônica UFPB e professor
visitante da Universidade Federal
da Paraíba.
25
SÉRIE ALLEGRO
AGOSTO 2014
FOTO PAUL GITTELSON
EDDIE
DANIELS
26
Eddie Daniels chamou a atenção
do público de jazz primeiro como
saxofonista tenor, com a Orquestra
Lewis Thad Jones-Mel. Quando
Thad e Mel iniciaram a organização
de sua banda, em 1966, para se
apresentarem às segundas-feiras à
noite no Village Vanguard, em
Nova York (onde ainda se
apresentam), Eddie foi um dos
primeiros músicos que convidaram.
Mais tarde naquele ano, ele chegou
a gastar quatrocentos dólares
em um voo de ida e volta a Viena
para participar da International
Competition for Modern Jazz,
concurso organizado pelo pianista
Fredrich Gulda e patrocinado pela
cidade de Viena, ganhando ali
o primeiro prêmio no saxofone.
Daniels continuou trabalhando
com Thad e Mel ao longo dos
anos seguintes e excursionou pela
Europa extensivamente com eles.
Um único solo de clarinete
gravado com a orquestra de
Thad Jones-Mel Lewis no álbum
Live at the Village Vanguard
chamou atenção suficiente para
ele vencer o prêmio New star on
Clarinet da crítica internacional,
na DownBeat Magazine. Esta
inclinação para o clarinete não
era nova, já que Eddie começou a
praticar o instrumento aos treze
anos e recebeu seu mestrado
em Clarinete em The Juilliard
School. Detentor de vários
prêmios e indicações ao Grammy,
Eddie Daniels revolucionou a
mistura de jazz e música clássica.
Recentemente, em fevereiro de
2014, ele venceu o Grande Prêmio
da Academie Du Jazz da França
para a melhor gravação do ano,
um álbum chamado Duke at
the Roadhouse.
Eddie Daniels é claramente
um músico renascentista, um
virtuoso em jazz e música
clássica, destinatário de elogios
sem reservas de seus colegas,
dos críticos e do público. O maior
desejo de Eddie é alcançar o
maior número possível de pessoas
com a sua música, ampliando
tanto o público de jazz quanto
de música clássica e, ao mesmo
tempo, derrubando as paredes
que os separam. Nas mãos de
Eddie, a música de Mozart pode
ser tão envolvente quanto a de
Charlie Parker, e um concerto que
envolva ambos pode se tornar uma
experiência única e gratificante
para o público.
27
SÉRIE ALLEGRO
A RNOLD
AGOSTO 2014
BA X
(Ingl a ter ra , 18 83 – R ep ú bli ca d a Irl a nd a , 1953)
Tintagel (1917/1919)
Instrumentação: piccolo, 3 flautas, 2 oboés, corne inglês,
2 clarinetes, clarone, 2 fagotes, contrafagote, 4 trompas,
3 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, percussão, harpa, cordas.
Arnold Bax, nascido em uma
abastada família inglesa, nunca
frequentou escola regular e
tampouco precisou trabalhar; pôde
assim dedicar-se à leitura e à
música. Lia sistematicamente óperas
de Wagner ao piano – possuía
enorme habilidade para a leitura de
partes orquestrais à primeira vista, o
que lhe proporcionou premiações na
Royal Academy of Music, instituição
na qual ingressou em 1900 e
formou-se em 1905. Dedicou-se
também a escrever literatura e, sob
o pseudônimo de Dermot O’Byrne,
publicou poemas, pequenas histórias
e três de suas quatro peças teatrais.
28
Em 1902 Bax descobre o livro The
Wanderings of Oisin and Other Poems
de W. B. Yeats, figura de destaque do
Celtic Revival, movimento irlandês
de retomada e promoção da cultura
celta. Deslumbrado por Yeats, viaja
constantemente para a Irlanda,
onde encontra refúgio e inspiração.
Inspiram-no, também, as viagens
para a Noruega, Rússia e Ucrânia,
entre os anos de 1905 e 1912. Sua
linguagem reúne, às melodias
e coloridos celtas e nórdicos, o
romantismo de Liszt e Wagner e um
impressionismo próprio, de texturas
flutuantes bastante diferentes
daquelas de Debussy.
Com a eclosão da Primeira
Guerra Mundial, Bax isolou-se
em seu trabalho de composição.
À época vivia também um conflito
emocional: manter seu casamento
com Elsita Sobrino ou entregar-se
a sua paixão por Harriet Cohen,
eminente pianista que conhecera
em 1912. No verão de 1917, entre
agosto e setembro, Bax decide
viajar com Harriet por seis
semanas para Tintagel, costa
norte de Cornwall. A guerra, o
drama pessoal e a imagem das
ruínas do castelo de Tintagel
no alto da colina, invadindo o
Atlântico, serviram de pretexto
para a composição daquela que se
tornaria sua obra mais popular, o
poema sinfônico Tintagel, finalizado
em outubro de 1917, logo após seu
retorno a Londres.
Para ouvir
Desde 1905 Bax dedicava especial
atenção à composição de poemas
sinfônicos, com predileção por
temas marítimos, como seu
favorito The Garden of Fand,
de 1916. Apesar do impetuoso
processo de composição, Tintagel
só seria devidamente orquestrado e
finalizado em janeiro de 1919.
Sobre a obra, Bax declara: “Embora
sem detalhar um programa
específico, esta obra pretende
evocar uma imagem tonal da falésia
de Tintagel coroada por um castelo;
e particularmente da grandeza
do Atlântico, visto das falésias de
Cornwall num ensolarado – embora
por isso não menos ventoso – dia
de verão. Na seção intermediária da
peça imagina-se que o crescente
tumulto do mar faz emergir à
Arnold Bax – Dermot O’Byrne: Poems –
Thames Publishing – 1979
Bax – Orchestral Works – vol. 3 – November
Woods; The Happy Forest; The Garden of Fand;
Summer Music; Tintagel – Ulster Orchestra
– Bryden Thomson, regente – Chandos –
CHAN10156X
Para assistir
Orquestra da Rádio e Televisão Espanhola –
Adrian Leaper, regente | Acesse: fil.mg/btintagel
Para ler
Lewis Foreman – Bax: A composer and his times –
Boydell Press – 2007
Para visitar
www.musicweb-international.com/bax/index.html
memória as históricas e lendárias
referências do lugar, especialmente
as do Rei Arthur, do Rei Mark e
de Tristão e Isolda.” Estreado em
Winter Gardens, pela Bournemouth
Municipal Orchestra regida por Dan
Godfrey, em 20 de outubro de 1921,
Tintagel não é mera pintura, ou um
conjunto de impressões subjetivas,
mas uma busca pela essência da
paisagem e da história de Cornwall,
mesclada com o incômodo da
guerra e com o desconforto social
provocado pelo seu relacionamento
com Harriet Cohen, a quem a obra
é dedicada.
igor reyner | Pianista, Mestre em música pela UFMG, doutorando de Francês no
King’s College London e colaborador do ARIAS/Sorbonne Nouvelle Paris 3.
29
SÉRIE ALLEGRO
AGOSTO 2014
J ORGE
CAL ANDRELLI
(Arge nt ina , 1939)
Concerto para clarinete de jazz (1983/1984)
Instrumentação: piccolo, 3 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes,
clarone, 2 fagotes, 4 trompas, 4 trompetes, 4 trombones,
tuba, tímpanos, percussão, piano, harpa, cordas.
Trio de jazz: piano, baixo acústico e bateria.
30
Do embate estético entre a alta
e a baixa cultura nos séculos XX
e XXI, surge a dicotomia música
erudita/popular como fenômeno
mais característico. Termos
foram criados para classificar
gostos e estilos, como highbrow
e lowbrow, usados para definir
o que pertence à alta ou à baixa
cultura, respectivamente. Restrito
ao universo musical, cunhou-se
o termo crossover para designar a
fusão de estilos e gêneros musicais
– independentemente do local ou
época de sua origem –, associado
geralmente à música pop executada
por intérpretes da música erudita
e vice-versa. Renomados músicos,
como Yo-Yo Ma, Plácido Domingo e
Andrea Bocelli fazem parte desse
crescente segmento. O sucesso
desses artistas, e de centenas de
outros por todo o mundo, deve-se
em grande parte a figuras menos
conhecidas, como a do compositor
argentino Jorge Calandrelli. Desde
1978, quando se fixou nos Estados
Unidos, o “maestro Calandrelli”
– como é chamado pelas divas e
primiuomini – vem se destacando
como um dos arranjadores mais
prolíficos da atualidade. É um
artista crossover por excelência,
com versatilidade inigualável para
a música erudita, pop, jazz, latina e
suas vertentes.
Seu Concerto para clarinete de jazz
foi escrito em Nova York, durante
o inverno de 1984. Nele, os timbres
dos clarinetes de Artie Shaw e
Benny Goodman misturam-se ao
estilo do jazz orquestral de George
Gershwin e de Leonard Bernstein.
A música clássica é representada
por inflexões rítmicas ao estilo
de Béla Bartók e Igor Stravinsky
e sofisticadas harmonias de
Francis Poulenc. A sobreposição
estilística é evidente na seção
central do primeiro movimento, onde
o improviso jazzístico do clarinete é
pontilhado por acordes orquestrais
reminiscentes de A Sagração
da Primavera, de Stravinsky. A
improvisação também desempenha
um papel importante no último
movimento, um cintilante Presto,
no qual toda a orquestra improvisa
sobre notas-padrão. A passagem
é curta e o efeito é caótico e bemhumorado: o compositor também
utiliza ruídos, como o bater das
unhas no corpo dos instrumentos
e cordas tocadas com o arco
acima do cavalete. O Concerto foi
encomendado pelo compositor
Jack Elliot e pela Foundation for
New American Music para ser
especialmente executado pelo
clarinetista de jazz Eddie Daniels,
que estreou a obra em março de
1985. Existe também versão para
solista e conjunto de sopros.
Para ouvir
CD Breakthrough – Orquestra Philharmonia –
Ettore Stratta, regente – Eddie Daniels, clarinete –
GPR Records – 1990
Para assistir
Orquestra Sinfônica de Córdoba – Frederico Garcia
Vigil, regente – Dante Augusto Ottaviano, clarinete
Acesse: fil.mg/cclarinetejazz
Para ler
Michael Thomas Roeder – A History of the
Concerto – Amadeus Press – 1994
Jorge Calandrelli está inserido
na indústria do entretenimento
pop como um sólido artista.
Seu trabalho junto a nomes como
Madonna, Elton John e Julio
Iglesias pode até afugentar os
intelectualizados ouvintes
highbrow, mas, longe de se
preocupar com efeitos culturais
de massa, em que o valor estético
é medido por unidades vendidas,
Calandrelli navega habilmente por
vários nichos de mercado. Com
27 indicações e seis prêmios
Grammy, tornou-se personagem
de um novo paradigma, de um
mundo cultural aberto e de infinitos
acessos, sem discursos herméticos
e sem divisões culturais, qualificado
por um jornalista americano com
uma nova expressão: nobrow.
marcelo corrêa | Pianista, Mestre em Piano pela Universidade Federal de Minas Gerais,
professor na Universidade do Estado de Minas Gerais.
31
SÉRIE ALLEGRO
AGOSTO 2014
A LE X A NDER VON
com a colaboração de Schoenberg
na preparação da parte vocal da
ópera Sarema, com a qual ganhou o
prêmio Luitpold em 1896. Em 1900,
a segunda de suas oito óperas,
Era uma vez, estreou em Viena sob
a regência de Gustav Mahler.
ZEMLINSK Y
(Áus t r i a , 187 1 – Esta d os Uni d os, 1942)
A Sereia (1902/1903)
Instrumentação: 2 piccolos, 4 flautas, 2 oboés, corne inglês,
requinta, 3 clarinetes, clarone, 3 fagotes, 6 trompas, 3 trompetes,
4 trombones, tuba, tímpanos, percussão, 2 harpas, cordas.
Originária de Sarajevo, a mãe de
Alexander von Zemlinsky descendia
de um judeu sefardim e de uma
muçulmana da Bósnia. O pai era
filho de imigrante eslovaco e de
mãe austríaca. A família converteuse à religião judaica em 1870, pouco
antes de Alexander nascer, em
Viena. Aos quatro anos o menino
começou a demonstrar habilidade
ao piano. Em 1886, matriculouse no Conservatório de Viena
para estudar piano, harmonia,
contraponto e composição. Seus
mestres para composição foram
Johann Nepomuk Fuchs e Bruckner.
32
Em 1893, as obras de câmara
de Zemlinsky começaram a ser
executadas pela orquestra Wiener
Tonkünstlerverein. Impressionado
com o que ouvira, Johannes
Brahms recomendou o jovem autor
a seu editor. Entre 1895 e 1896,
iniciando uma carreira de regente
de grande prestígio, Zemlinsky
dirigiu a orquestra Polyhymnia,
na qual Arnold Schoenberg era
um dos violoncelistas. Em razão
dessa circunstância, e a partir
de uma relação informal entre
professor e aluno (como único
desvio na orientação autodidata
de Schoenberg, Zemlinsky
lhe deu aulas de contraponto),
os dois tornaram-se amigos.
Zemlinsky orientou Schoenberg na
composição do Quarteto de Cordas
em ré menor (1897), e Schoenberg
dedicou as Duas Canções, op. 1
(1898) ao “professor e amigo”.
Por outra parte, Zemlinsky contou
Quando, em 1901, Arnold
Schoenberg esposou Mathilde,
irmã de Zemlinsky, este estava
apaixonado por Alma Schindler.
A Sereia constitui a primeira reação
musical do compositor à rejeição
da mulher que, em 1902, viria a se
casar com Gustav Mahler.
As primeiras obras de Zemlinsky
sugerem uma espécie de acordo
entre as influências de Wagner
e Brahms. As óperas Sarema
e Era uma vez já revelavam
seu talento para a cor e para o
desenvolvimento do drama. Com
A Sereia, sua música torna-se
febril. A composição dessa fantasia
sinfônica, inspirada em Andersen,
foi iniciada em 1902 e concluída
em 1903. O autor estreou-a em
25 de janeiro de 1905, juntamente
com Pelléas et Mélisande (poema
sinfônico, op. 5), de Schoenberg.
Para ouvir
Alexander von Zemlinsky – Die Seejungfrau –
Orquestra Real do Concertgebouw – Riccardo
Chailly, regente | Acesse: fil.mg/zsereia
Para ler
Antony Beaumont – Zemlinsky – Cornell
University Press – 2000
Seguiram-se apresentações em
Praga e Berlim.
Ao fugir da perseguição nazista,
Zemlinsky asilou-se em Nova York
em 1938. Viajou para a América
abandonando o terceiro movimento
de A Sereia na Europa. Em 1984, a
partitura foi finalmente reunida e
executada pela quarta vez.
O primeiro movimento apresenta
a sereia no mar, o salvamento do
príncipe, e sua decisão de deixar o
oceano por ele. O segundo descreve
o encontro com a feiticeira, que
lhe corta a língua em troca de uma
aparência humana, para que chegue
ao palácio e aí encontre o príncipe
e noivo. O terceiro movimento
expressa o retorno ao oceano,
a transformação em espuma e a
dissolução da espuma pelo vento.
carlos palombini | Musicólogo, professor da Escola de Música da Universidade Federal
de Minas Gerais.
33
34
AGOSTO 2014
FOTO RAFAEL MOTTA
SÉRIE ALLEGRO
35
S É R I E SVÉI R
VA
I EC EV I V A C E
25/
NOVEMBRO
terça, 20h30
Grande Teatro do Palácio das Artes
Fabio Mechetti, regente
Cristian Budu, piano
PRO GR A M A
1
André MEHMARI
Suíte de Danças Reais e Imaginárias [15 min]
Prelude
Sillywalking
Maracastrava
Trégua
GigaValsa
Catala
Espera
Pavana
Finale
2
Wolfgang Amadeus MOZART
Concerto para piano nº 9 em Mi bemol maior, K. 271,
“Jeunehomme” [32 min]
Allegro
Andantino
Rondeau: Presto
cristian budu,
—
3
i n t e r va l o
piano
—
Alexander BORODIN
Sinfonia nº 2 em si menor [26 min]
Allegro
Scherzo: Prestissimo – Allegretto
Andante
36
Finale: Allegro molto vivo
SÉRIE VIVACE
AGOSTO 2014
Cristian Budu é considerado
um dos expoentes de sua
geração. Dotado de musicalidade
genuína e uma calorosa força de
comunicação, sua personalidade
artística e sensível toque ao piano
vêm sendo internacionalmente
reconhecidos. Desde os nove
anos de idade, foi laureado com
o primeiro lugar em diversos
concursos nacionais, como o
Concurso Nelson Freire 2010
e o Programa Prelúdio da
TV Cultura 2007.
38
Em 2013, tornou-se o
primeiro brasileiro a vencer o
25º Concours International de
Piano Clara Haskil, na Suíca.
Considerado um dos mais
importantes concursos da
atualidade, o Clara Haskil tem
entre seus vencedores, em
edições passadas, o alemão
Christoph Eschenbach, o norteamericano Richard Goode, a
japonesa Mitsuko Uchida e o
russo Evgeni Korolyov. Essa
conquista de Budu tem sido
considerada pela crítica no
Brasil como a mais importante
premiação a um pianista brasileiro
nos últimos vinte anos. Além do
grande prêmio, Cristian também
arrebatou o prêmio do público e
o prêmio Children’s Corner. No
mesmo ano, venceu também o
concurso Wild Card Ensemble
Honors Competition, do New
England Conservatory, em Boston.
Cristian desenvolve uma carreira
intensa como solista e camerista,
apresentando-se na América do
FOTO DIVULGAÇÃO
CRISTIAN
BUDU
Sul, Europa, Estados Unidos e
Israel, em salas como Jordan Hall,
em Boston, Ateneu de Bucareste,
Teatro Municipal de São Paulo,
Teatro Municipal do Rio de
Janeiro, Fundação Maria Luisa e
Oscar Americano, Museu da Casa
Brasileira, entre outras.
Apresentou-se com a Orchestre
de la Suisse Romande, Orquestra
Sinfônica Brasileira, Petrobras
Sinfônica, Orquestra Sinfônica de
Sergipe e em recitais no Festival
de Campos do Jordão. Fez sua
estreia com a Filarmônica de
Minas Gerais em 2013. Dividiu o
palco com os artistas Frederic
Chaslin, Sebastian Baverstam,
Roberto Minczuk, George Li, Iosif
Ion Prunner, Guilherme Mannis,
Julio Medaglia dentre outros.
Cristian Budu é formado em
Música pela USP, onde teve como
professor o renomado pianista
Eduardo Monteiro, a quem
considera seu principal mentor.
Nos Estados Unidos, Cristian
tornou-se Mestre em Performance
Pianística pelo New England
Conservatory, e cursa o Artist
Diploma sob orientação da
sul-coreana Wha Kyung Byun.
39
SÉRIE VIVACE
A NDRÉ
AGOSTO 2014
MEHMARI
(B ras il , 1977)
Suíte de Danças Reais e Imaginárias (2005)
Instrumentação: piccolo, 2 flautas, 2 oboés, corne inglês, 2 clarinetes,
clarone, 2 fagotes, contrafagote, 4 trompas, 3 trompetes, 4 trombones,
tuba, tímpanos, percussão, harpa, piano, celesta, cravo, cordas.
40
André Mehmari nasceu em Niterói
em 1977. Seu interesse pela música
foi despertado pelo piano de sua
mãe, na sala. Aos oito anos de idade
ingressou numa escola de música,
em Ribeirão Preto, para onde a
família se mudara, e descobriu o
jazz e a improvisação. Cinco anos
depois, começou a apresentarse como jazzista e a realizar
composições e arranjos. Em 1993
estudou com Roberto Sion e
Gil Jardim no Festival de Inverno de
Campos do Jordão, ao qual retornou,
no ano seguinte, para participar do
curso de arranjo de Moacir Santos.
Mehmari mudou-se para São Paulo
em 1995 e passou a estudar piano
com Amílcar Zani e a frequentar os
cursos de Willy Corrêa de Oliveira,
Olivier Toni, Régis Duprat e Lorenzo
Mammi, na ECA-USP. Sua Sinfonia
elegíaca conquistou o primeiro
lugar no Concurso Nacional
de Composição Sinfonia para
Mário Covas, em 2001.
André Mehmari tem sido premiado
tanto na área da música erudita
quanto popular. Com a composição
Omaggio a Berio, baseada em
Monteverdi, venceu o concurso de
composição Camargo Guarnieri de
2003, promovido pela Orquestra
Sinfônica da USP. Em 2010 assinou
contrato com o selo italiano Egea
para gravar cinco discos nos
próximos anos.
Sua música já foi tocada por
solistas como Maria João Pires,
Ricardo Castro e Fábio Cury, e
por grupos como Osesp, Osusp,
OSB, Petrobras Sinfônica, Banda
Sinfônica do Estado de São Paulo,
Quarteto de Cordas da Cidade de
São Paulo, Sujeito a Guincho e
Quinteto Villa-Lobos, entre outros.
A convite de seu diretor artístico,
Eduardo Marturet, em 2015
Mehmari atuará como compositor
residente junto à Sinfônica de
Miami, quando estreará seu
Concerto para dois pianos e orquestra.
A Suíte de Danças Reais e Imaginárias
foi composta sob encomenda da
Orquestra Sinfônica do Estado
de São Paulo para o Segundo
Concurso Internacional de Regência
– Prêmio Osesp, realizado na Sala
São Paulo em fevereiro de 2006.
A obra foi composta entre setembro
e novembro de 2005. Mehmari a
descreve nos seguintes termos:
Partindo de um tema do compositor
barroco inglês Henry Purcell (de
Fairy Queen), criei uma suíte de
danças bem contrastantes, mas
sempre dialogando com o tema
do prelúdio. Sillywalking foi
inspirado num quadro homônimo
do Monty Python’s Flying Circus.
Gigavalsa, como o próprio nome
diz, contém uma giga e uma valsa.
Foi criada no auge da crise do
mensalão, e o apito utilizado na
orquestração representaria a tão
esperada punição dos criminosos.
Para ouvir
André Mehmari – Suíte de Danças Reais e
Imaginárias – Osesp – John Neschling, regente –
Sala São Paulo | Acesse: fil.mg/ mdancas
Para assistir
André Mehmari – Suíte de Danças Reais e
Imaginárias – Osesp – John Neschling,
regente – Auditório Claudio Santoro – Festival
de Inverno de Campos do Jordão
Acesse: fil.mg/mdancasosesp
Para visitar
www.andremehmari.com.br
Espera, Trégua e Catala seriam as
tais danças imaginárias, inspiradas
no universo fantástico dos cronopios
e famas do escritor argentino Julio
Cortázar. Maracastrava encontra
uma ponte entre as síncopes
stravinskianas e as do maracatu
pernambucano. Neste movimento
exploro o contraste do rústico com
o polido. A Pavana é uma livre
variação sobre o tema de Purcell,
que leva à sua reexposição, no finale.
A Suíte, composta em nove partes,
foi executada pela Osesp, conduzida
por John Neschling, nos dias 6 e 7
de julho de 2006, na Sala São Paulo,
e no dia 8 de julho, no Auditório
Claudio Santoro, durante a abertura
do 37º Festival Internacional de
Inverno de Campos do Jordão.
carlos palombini | Musicólogo, professor da Escola de Música da Universidade Federal de
Minas Gerais.
41
SÉRIE VIVACE
AGOSTO 2014
WOLFG A NG A M A DEUS
MOZ ART
(Áus t r i a , 1756 – 1791)
Concerto para piano nº 9 em Mi bemol maior,
K. 271, “Jeunehomme” (1777)
Instrumentação: 2 oboés, 2 trompas, cordas.
42
Aos onze anos, preparando-se
com entusiasmo para mais uma
viagem a Viena, Wolfgang fez, para
piano e orquestra, quatro arranjos
de sonatas de diferentes autores,
juntando-as três a três para
constituírem os três movimentos
de cada “concerto”. Esses arranjos,
que ele denominou “pastiches”,
termo usado na época sem caráter
pejorativo, foram incluídos no
catálogo Köchel como “Peças de
sonatas francesas agrupadas em
‘pasticcio’ e arranjadas em quatro
concertos para cravo por Mozart”,
e figuram no catálogo como os
primeiros quatro concertos de
Mozart para piano, de uma série de
27. Para a maioria dos estudiosos,
no entanto, o primeiro que pode
ser considerado realmente de sua
autoria é o Concerto K. 175, em
Ré maior, composto em Salzburgo
em 1773. Por essa visão, o número
de concertos é 23, e o Concerto
Jeunehomme recebe o número 5.
Aos dezessete anos, Wolfgang
está em Salzburgo, submetido ao
medíocre ambiente cultural da
cidade e às funções que exerce
junto ao príncipe arcebispo
Colloredo. No entanto, ao compor
o Concerto K. 175, reage à
superficialidade do estilo galante
e apresenta nova profundidade
de emoção. Embora não deixe
de contar com o virtuosismo
do solista, destina à orquestra
um papel de fato concertante.
Com experiência em todos os
gêneros musicais e autonomia
conscientemente conquistada,
Wolfgang compõe em 1776 mais
três concertos. Ele, que adotara
sem reservas o piano de martelos
(Hammerklavier), em detrimento
do cravo, criou, em mais de um
terço dos concertos que compôs
para esse instrumento, até o
último ano de sua vida, uma das
contribuições mais notáveis de toda
a sua obra de compositor.
O ano de 1777, cheio de
acontecimentos importantes para
Wolfgang, sob todos os pontos de
vista, começou com um estímulo
inesperado. Chega a Salzburgo a
renomada pianista parisiense Mlle.
Jeunehomme, e a Mozart pedem
que escreva um concerto para a
artista. O fato é como uma rajada
de entusiasmo para o compositor,
extraordinário virtuose, que era
quase sempre o único intérprete de
suas peças para piano. Assim nasce
o Concerto em Mi bemol, K. 271.
O Allegro inicial se inicia de
maneira excepcional entre os
concertos de Mozart. O tutti
orquestral apresenta o início
do primeiro tema em uníssono,
vigoroso, mas é o piano que
imediatamente se impõe e o
termina. Este primeiro movimento,
cheio de energia e otimismo,
contém, pela primeira vez, um
verdadeiro desenvolvimento
temático. Segue-se o comovente
Para ouvir
CD Mozart – The great piano Concertos –
Orquestra da Academy of St. Martin in the Fields –
Sir Neville Marriner, regente – Alfred Brendel, piano
– Phillips – 1994
Para assistir
Orquestra Filarmônica de Viena – John Eliot
Gardiner, regente – Maria João Pires, piano
Acesse: fil.mg/mpiano9
Para ler
H. C. Robbins Landon (org.) – Mozart: um
compêndio – Zahar – 1996
Olívio Tavares de Araújo – Procurar Mozart –
Métron/Editora Síntese – 1991
Andantino, em dó menor, em
que largas frases do piano, em
recitativo, expressam emoções
íntimas, de forma pessoal mais
livre do que em obras anteriores.
O rondó final, Presto, em que
ressalta especial liberdade
formal, se inicia com um grande
trecho do solista, cheio de verve,
e transcorre com audácia e
entusiasmo até o fim dos diálogos
entre solista e orquestra.
berenice menegale | Pianista, diretora da Fundação de Educação Artística.
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SÉRIE VIVACE
AGOSTO 2014
A LE X A NDER
e à revelação de talentos
desconhecidos, dirigiu a Sinfonia
nº 2 de Borodin em Baden-Baden,
em 1880.
BORODIN
(R ú ss i a , 1833 – 18 87)
Sinfonia nº 2 em si menor (1869/1876)
Instrumentação: piccolo, 3 flautas, 2 oboés, corne inglês,
2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, 2 trompetes, 3 trombones,
tuba, tímpanos, percussão, harpa, cordas.
Impulsionado pelos ideais do
Romantismo, o movimento musical
nacionalista russo conseguiu força
decisiva por volta de 1862, com a
formação do núcleo que fez história
sob a denominação de Grupo dos
Cinco. Curiosamente, todos os
seus integrantes dedicaram-se de
maneira muito irregular à música,
mantendo, em maior ou menor grau,
outras atividades profissionais.
Alexander Borodin, músico de
inspiração requintada, sempre se
considerou químico de profissão,
ligado a célebres cientistas, como
Mendeleief. Daí o reduzido catálogo
de sua obra musical. Interessante
observar ter sido por seus feitos
científicos — e não pelos musicais
— que o governo soviético erigiu
uma estátua em sua homenagem.
44
O folclore de colorido semioriental
da região do Cáucaso marcou
profundamente a sensibilidade do
compositor que, desde criança,
demonstrara grande interesse pela
música. A amizade com Mussorgsky
(músico originalíssimo, de
inspiração intrinsecamente russa)
e o casamento com a pianista
Ekaterina Protopopova (grande
intérprete de Chopin, Schumann
e Liszt) foram fatores decisivos
para o amadurecimento de seu
estilo. Como cientista e músico,
afeito às dualidades, Borodin soube
conciliar em sua obra as tradições
musicais da antiga Rússia com
as contribuições do Romantismo
ocidental. O processo conduziu-o
a um resultado inteiramente novo.
O reconhecimento internacional
se impôs pelas mãos de Liszt,
que, sempre atento às inovações
No primeiro movimento (Allegro),
um vigoroso motivo inicial de
apenas três compassos, em
uníssono e de natureza cromática,
serve de introdução. É, na
realidade, a primeira parte do
tema principal. A segunda parte,
também de três compassos,
aparece imediatamente no registro
superior. O caráter russo desse
motivo, fragmentário e facilmente
divisível, permite que seus dois
motivos constituintes dominem
o movimento, parafraseados,
fragmentados ou desenvolvidos
em tessituras e ritmos diversos.
O segundo tema, contrastante,
apresenta melodia encantadora,
baseada em uma escala de cinco
notas. Esta frase lírica aparece
primeiramente nos violoncelos e
depois nas madeiras. Na sequência,
os dois temas se alternam e
formam um tecido sonoro de
grande efeito. O motivo inicial será
sempre o mais valorizado – no
desenvolvimento, os trombones e
a tuba o conduzem a uma espécie
de stretto sobre uma longa nota
dos metais; no final, três acordes
Para ouvir
Borodin – Symphony nº 2 – Slovak Philharmonic
Orchestra – Stephen Gunzenhauser, regente –
Naxos Historical, Alemanha – 1995
Orquestra Sinfônica da Rádio de Stuttgart –
Carlos Kleiber, regente | Acesse:
fil.mg/bsinf2a (1º e 2º movimentos)
fil.mg/bsinf2b (3º e 4º movimentos)
Para ler
Ralph Hill – Sinfonia – Editora Ulisseia – 1959
fortíssimos o anunciam mais
dilatado e prolongado.
O segundo movimento, Scherzo:
Prestissimo, inicia-se com um
acorde violento. O primeiro
tema, com desenho ascendente,
reaparece como refrão. Uma seção
em Allegretto, na tonalidade de Ré
maior, funciona como trio central: o
oboé apresenta a melodia simples
e melancólica que passará ao
clarinete e à flauta, para depois
ser amplamente proclamada pelas
madeiras e cordas. Com seu toque
oriental, essa melodia se extingue
num agradável efeito de diluição
sonora. Repete-se então o scherzo,
mas com novos desenvolvimentos
das ideias temáticas. O movimento
termina com um longo acorde de
clarinetes e trompas, que começa
em piano e termina quase inaudível.
45
O Andante seguinte, terceiro
movimento em Ré bemol maior, tem
caráter rapsódico. O clarinete cria
uma ambientação nostálgica para
a trompa, que, acompanhada pela
harpa, entoa longa melodia, bela e
irregular em sua métrica. O colorido
orquestral parece feito de mosaicos
encantadores – nova e curta
melodia se desenvolve pontilhada
por elementos do tema principal,
aos quais se acrescenta inesperado
fragmento cromático de escala. Em
súbito clímax da orquestra, a longa
melodia do início se apresenta nas
cordas. Depois do reaparecimento
de vários fragmentos temáticos,
o clarinete novamente anuncia
a trompa que, como um eco
longínquo, conclui o movimento.
No grande Allegro final, o primeiro
tema é proclamado com todo
brilho orquestral – primeiro em
luminoso solo de flauta no registro
agudo, sobre sons graves das
AGOSTO 2014
FOTO EUGÊNIO SÁVIO
SÉRIE VIVACE
cordas e timbales em pianissimo;
depois, pelo clarinete e pelo oboé.
Uma nota prolongada aparece
ameaçadora nas trompas e, durante
o desenrolar do movimento,
Borodin permanece fiel ao
processo de jogar com pequenos
blocos melódicos independentes
até construir um clímax. O segundo
tema é anunciado por um solo de
clarinete. Sua melodia cantabile é
repetida pela flauta, pelo oboé e,
finalmente, em toda a plenitude
da orquestra. A Sinfonia termina
com uma coda muito condensada,
mas notável pela síntese dos temas
principais. Toda a obra reflete o
anseio teatral do autor e oferece
numerosas semelhanças com
trechos de sua ópera O Príncipe
Igor, inspirada em lendas medievais
russas. A animação fervilhante do
quarto movimento evoca as danças
e cânticos festivos de bravos
guerreiros comemorando a vitória,
junto ao tumulto da alegre multidão.
paulo sérgio malheiros dos santos | Pianista, Doutor em Letras, professor na UEMG,
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autor dos livros Músico, doce músico e O grão perfumado – Mário de Andrade e a arte do inacabado.
47
olá, assinante
FOTO RAFAEL MOTTA
AGOSTO 2014
TEMPORADA 2015
Renovação e novas assinaturas
Agora que você já conhece a Temporada 2015, fique atento(a) ao período
de renovação da sua assinatura. Aproveite as novidades da programação
e a oportunidade de escolher o seu lugar na Sala Minas Gerais.
RENOVAÇÃO de 10 a 27 nov 2014
A partir de 1º de dezembro, é a vez dos novos assinantes . Avise aos
amigos, familiares e a todos com quem você quer compartilhar a
experiência de ser um Assinante Filarmônica.
NOVAS ASSINATURAS de 1º dez 2014 a 30 jan 2015
ASSESSORIA DE RELACIONAMENTO
[email protected]
3219-9009
48
Horário de funcionamento: de segunda a sexta, de 9h a 18h
www.filarmonica.art.br
49
ACOMPA NHE A FIL A RMÔNIC A EM
OUTR AS SÉRIES DE CONCERTOS
Concertos para a Juventude
Laboratório de Regência Atividade
Realizados em manhãs de domingo,
são concertos dedicados aos jovens e
às famílias, buscando ampliar e formar
público para a música clássica. As
apresentações têm ingressos a preços
populares e contam com a participação
de jovens solistas.
inédita no Brasil, este laboratório é uma
oportunidade para que jovens regentes
brasileiros possam praticar com uma
orquestra profissional. A cada ano,
quinze maestros, quatro efetivos e onze
ouvintes, têm aulas técnicas, teóricas e
ensaios com o regente Fabio Mechetti.
O concerto final é aberto ao público.
Clássicos na Praça Realizados em
praças da Região Metropolitana de Belo
Horizonte, os concertos proporcionam
momentos de descontração e
entretenimento, buscando democratizar
o acesso da população em geral à música
clássica.
Concertos de Câmara Realizados
Concertos Didáticos Concertos
Turnês Estaduais As turnês estaduais
destinados exclusivamente a grupos de
crianças e jovens da rede escolar, bem
como a instituições sociais, mediante
inscrição prévia. Seu formato busca
apoiar o público em seus primeiros
passos na música clássica.
levam a música de concerto a diferentes
cidades e regiões de Minas Gerais,
possibilitando que o público do interior
do Estado tenha contato direto com
música sinfônica de excelência.
para estimular músicos e público na
apreciação da música erudita para
pequenos grupos. A Filarmônica conta
com grupos de Metais, Cordas, Sopros
e Percussão.
PRÓXIMOS CONCERTOS
NOVEMBRO
DEZEMBRO
Dia 6 Concertos de Câmara
Quinteto de Sopros
quinta, 19h e 20h30,
Memorial Minas Gerais Vale
Dia 9 Série Vivace
terça, 20h30, Palácio das Artes
Dia 13 Série Allegro
quinta, 20h30, Palácio das Artes
Fabio Mechetti, regente
Asier Polo, violoncelo
Edna D’Oliveira, soprano
Leonardo Neiva, barítono
Coral Lírico de Minas Gerais
BARBER / HAYDN /
TCHAIKOVSKY / DVORÁK
Marcos Arakaki, regente
Eddie Daniels, clarinete
BAX / CALANDRELLI / ZEMLINSKY
Dia 18 Série Allegro
quinta, 20h30, Palácio das Artes
Dia 25 Série Vivace
terça, 20h30, Palácio das Artes
Fabio Mechetti, regente
Coro Infantojuvenil Palácio das Artes
TCHAIKOVSKY
ARNOLD / CALLADO / ABREU /
BANDOLIM / BLUMER
Fabio Mechetti, regente
Cristian Budu, piano
MEHMARI / MOZART / BORODIN
Turnês Nacionais e Internacionais
Festival Tinta Fresca Com o objetivo
50
de fomentar a criação musical entre
compositores brasileiros e gerar
oportunidade para que suas obras sejam
programadas e executadas em concerto,
este Festival é sempre uma aventura
musical inédita. Como prêmio, o vencedor
recebe a encomenda de outra obra
sinfônica a ser estreada pela Filarmônica
no ano seguinte, realimentando o ciclo da
produção musical nos dias de hoje.
Com essas turnês, a Orquestra
Filarmônica de Minas Gerais busca
colocar o Estado de Minas dentro do
circuito nacional e internacional da
música clássica. Em 2014, a Orquestra
volta a se apresentar no Festival de
Campos do Jordão.
51
ORQUESTR A FIL ARMÔNICA
DE MINAS GER AIS / NOVEMBRO 2014
Diretor Artístico e Regente Titular
Regente Associado
Fabio Mechetti
Marcos Arakaki
Primeiros Violinos
Anthony Flint – Spalla
Rommel Fernandes –
Spalla Associado
Ara Harutyunyan –
Spalla Assistente
Ana Zivkovic
Arthur Vieira Terto
Baptiste Rodrigues
Eliseu Martins de Barros
Hyu-Kyung Jung
Marcio Cecconello
Mateus Freire
Megumi Tokosumi
Rodrigo Bustamante
Rodrigo Monteiro Braga
Rodrigo de Oliveira
Segundos Violinos
Frank Haemmer *
Leonidas Cáceres ***
Bojana Pantovic
Dante Bertolino
Jovana Trifunovic
Leonardo Ottoni
Luka Milanovic
Marija Mihajlovic
Martha de Moura Pacífico
Radmila Bocev
Rodolfo Toffolo
Tiago Ellwanger
Valentina Gostilovitch
52
Violas
João Carlos Ferreira *
Roberto Papi ***
Flávia Motta
Gerry Varona
Gilberto Paganini
Juan Castillo
Katarzyna Druzd
Luciano Gatelli
Marcelo Nébias
Nathan Medina
Violoncelos
Elise Pittenger ****
Camila Pacífico
Camilla Ribeiro
Eduardo Swerts
Emilia Neves
Eneko Aizpurua Pablo
Lina Radovanovic
Robson Fonseca
Francisca Garcia *****
Contrabaixos
Colin Chatfield *
Nilson Bellotto ***
Brian Fountain
Hector Manuel Espinosa
Marcelo Cunha
Pablo Guiñez
William Brichetto
Valdir Claudino *****
Flautas
Cássia Lima *
Renata Xavier ***
Alexandre Braga
Elena Suchkova
Oboés
Alexandre Barros *
Ravi Shankar ***
Israel Muniz
Moisés Pena
Clarinetes
Marcus Julius Lander *
Jonatas Bueno ***
Ney Campos Franco
Alexandre Silva
Fagotes
Catherine Carignan *
Altair Venâncio ***
Andrew Huntriss
Cláudio de Freitas
Trompas
Alma Maria Liebrecht *
Evgueni Gerassimov ***
Gustavo Garcia Trindade
José Francisco dos Santos
Lucas Filho
Fabio Ogata
Percussão
Rafael Alberto *
Daniel Lemos ***
Sérgio Aluotto
Werner Silveira
Harpas
Giselle Boeters *
Ana Angélica *****
Teclados
Ayumi Shigeta *
Cliff Korman *****
gerente
Jussan Fernandes
inspetora
Karolina Lima
assistente
administrativo
Trompetes
Marlon Humphreys *
Érico Fonseca **
Daniel Leal ***
Tássio Furtado
Trombones
Mark John Mulley *
Wagner Mayer ***
Renato Lisboa
Marcos Flávio *****
Tubas
Eleilton Cruz *
Isaque Macedo *****
Débora Vieira
INSTITUTO CULTUR AL
FIL ARMÔNICA / NOVEMBRO 2014
Conselho
Administrativo
Equipe Técnica
gerente de
Equipe
Administrativa
presidente emérito
comunicação
gerente
Jacques Schwartzman
Merrina Godinho Delgado
administrativo-
presidente
gerente de produção
financeira
Roberto Mário Soares
musical
Thais Boaventura
conselheiros
Claudia da Silva
Guimarães
analistas
assessora de
programação musical
João Paulo de Oliveira
Paulo Baraldi
Carolina Debrot
analista contábil
produtores
Graziela Coelho
Geisa Andrade
Luis Otávio Rezende
Narren Felipe
analista de
analistas de
secretária executiva
comunicação
Flaviana Mendes
assistente
diretor
Andréa Mendes –
Imprensa
Marciana Toledo –
Publicidade
Mariana Garcia –
Multimídia
Renata Romeiro –
Design gráfico
Berenice Menegale
Bruno Volpini
Celina Szrvinsk
Fernando de Almeida
Ítalo Gaetani
Marco Antônio Drumond
Marco Antônio Pepino
Marcus Vinícius Salum
Mauricio Freire
Octávio Elísio
Paulo Brant
Paulo Paiva
Sérgio Pena
arquivista
administrativos
recursos humanos
Quézia Macedo Silva
administrativo
Cristiane Reis
auxiliares
Sergio Almeida
Diretoria Executiva
assistentes
diretor presidente
Ana Lúcia Kobayashi
Claudio Starlino
Jônatas Reis
Diomar Silveira
administrativo-
analista de marketing
Lizonete Prates Siqueira
supervisor de
financeiro
de relacionamento
auxiliar de
montagem
Estêvão Fiuza
Mônica Moreira
serviços gerais
Rodrigo Castro
diretora de comunicação
analista de
Ailda Conceição
montadores
Jacqueline Guimarães
Ferreira
marketing e projetos
mensageiros
novembro
Mariana Theodorica
diretora de marketing
assistente de
Jeferson Silva
Pablo Faria
ISSN 2357-7258
e projetos
comunicação
menor aprendiz
Zilka Caribé
Renata Gibson
Diego Soares
diretor de produção
assistente de
musical
marketing de
Marcos Souza
relacionamento
diretor de operações
André Rozenbaum
André Barbosa
Klênio Carvalho
Risbleiz Aguiar
Tímpanos
Patricio Hernández
Pradenas *
* principal ** principal associado *** principal assistente **** principal / assistente substituto ***** convidado
Ivar Siewers
administrativos
Pedro Almeida
Vivian Figueiredo
recepcionista
FOR TI S SIMO
Nº 10 / 2014
editora
Merrina Godinho Delgado
edição de texto
Berenice Menegale
AGOSTO 2014
PA R A A PRECIA R UM CONCERTO
Fotos e gravações
em áudio e vídeo
Pontualidade
Aparelhos celulares
Uma vez iniciado um
concerto, qualquer
movimentação perturba
a execução da obra.
Seja pontual e respeite
o fechamento das
portas após o terceiro
sinal. Se tiver que
trocar de lugar ou
sair antes do final da
apresentação, aguarde
o término de uma peça.
Confira e não se
esqueça, por favor,
de desligar o seu
celular ou qualquer
outro aparelho sonoro.
E também evite usar
o celular durante o
concerto, pois a luz
atrapalha quem está
perto de você.
Aplausos
Tosse
Crianças
Comidas e bebidas
Aplauda apenas no final
das obras, que, muitas
vezes, se compõem
de dois ou mais
movimentos. Veja no
programa o número de
movimentos e fique de
olho na atitude e gestos
Perturba a
concentração dos
músicos e da plateia.
Tente controlá-la com
a ajuda de um lenço ou
pastilha.
Caso esteja
acompanhado por
criança, escolha
assentos próximos aos
corredores. Assim,
você consegue sair
rapidamente se ela se
sentir desconfortável.
Seu consumo não é
permitido no interior da
Não são permitidas na
sala de concertos.
Conversa
A experiência do
concerto inclui o encontro
com outras pessoas.
Aproveite essa troca
antes da apresentação
e no seu intervalo, mas
nunca converse ou faça
comentários durante
a execução das obras.
Lembre-se de que o
silêncio é o espaço da
música.
sala de concerto.
do regente.
CUIDE DO SEU PROGR A M A DE CONCERTOS
O programa mensal é elaborado com a participação de diversos especialistas
e oferece uma oportunidade a mais para se conhecer música, compositores e
intérpretes. Desfrute da leitura e estudo. Em 2014, ele ganha o nome Fortissimo e
o registro do ISSN, um código que o identifica, permite a citação de seus textos
como referência intelectual e acadêmica e sua indexação nos sistemas nacional e
internacional de pesquisa. Para evitar o desperdício, traga sempre o seu programa.
Caso o esqueça, use o exemplar entregue pelas recepcionistas e, ao final,
deposite-o em uma das caixas colocadas à saída do Grande Teatro.
54
Programa disponível no site: www.filarmonica.art.br//index.php/blog/programas
55
—
em dezembro você tem um encontro especial
—
AGOSTO 2014
DIA 18
TCHAIKOVSKY
O quebra-nozes
Fabio Mechetti, regente
Coro Infantojuvenil Palácio das Artes
57
CA 0230/001/2013
PAT R O C Í N I O
A P O I O C U LT U R A L
DIVULGAÇÃO
INCENTIVO
APOIO INSTITUCIONAL
w w w. i n c o n f i d e n c i a . c o m . b r
RE ALIZ AÇÃO
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