MONTEZUMA /MG – MARÇO DE 2011
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MONTEZUMA /MG – MARÇO DE 2011
OFICINA “DIÁLOGOS E CONVERGÊNCIAS” DO TERRITÓRIO NORTE DE MINAS MONTEZUMA /MG – MARÇO DE 2011 APRESENTAÇÃO As reflexões e debates ocorridos nos dias 15, 16 e 17 de Março de 2011, em Montezuma, norte de Minas Gerais, durante a oficina “diálogos e convergências” do território norte de Minas, contou com uma diversidade de organizações e pessoas, falas de diversos lugares que se dedicaram durante o período a pensar sobre a conjuntura atual, problemas e perspectivas, assim como repensar práticas e reorganização de redes e organizações no contexto atual, com vistas a preparação para o Encontro Nacional de Diálogo e Convergência. A metodologia de preparação do encontro nacional com previsão de acontecer na cidade de salvador em Junho de 2011 programou três oficinas territoriais, cujos objetivos são a constituição de estudos de caso para exercitar os diferentes olhares sobre o território e evidenciar as disputas existentes. A terceira e última oficina realizada foi a do norte de Minas. A 1ª foi a oficina do território da Borborema realizada em 14 e 15 de Outubro, em Lagoa Seca-PB e a 2ª a do território Serra Catarinense realizada em 17 e 18 de Novembro de 2010, em Lages – SC. A Oficina Territorial de Diálogo e Convergência Norte de Minas iniciou por visitas às experiências localizadas buscando identificar quais os desafios para a sustentabilidade e em que estas experiência poderiam contribuir para o enfrentamento dos desafios regionais, nacionais em termos da agroecologia, justiça ambiental, saúde ambiental e coletiva, soberania e segurança alimentar e nutricional, economia solidária, feminismo, temas focais do encontro nacional diálogos e convergências. Assim como, buscou identificar o que essas experiências apontam de caminhos que aproximem as lutas das diferentes regiões, temas e organizações, caminhos de convergência e diálogo que fortaleçam as organizações e movimentos sociais no enfrentamento de conflitos gerados pelos diversos processos de expansão capitalista via projetos desenvolvimentistas. A organização da oficina esteve a cargo do Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas (CAA/NM) e da Secretaria Executiva da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA) As organizações participantes foram: A lista de participantes encontra-se anexo. No primeiro dia de encontro, na parte da manhã todo o grupo saiu junto para as visitas de campo, um dia atípico de céu nublado na região. Partimos aproximadamente 9 horas para o município de Grão Mogol em visita ao Assentamento Agroextrativista de “Americana”. Posteriormente seguimos para visita à comunidade de Vereda Funda no município de Rio Pardo de Minas, e depois Montezuma, município onde se realizou o encontro. Chegamos a noite em Montezuma , distante 280 km de Montes Claros, que tem sua fundação no século XVIII com nome de Santana da Água quente e tem seu nome mudado na década de 1940 em homenagem ao Visconde de Montezuma, “um afro-descendente, filho de pai Português e mãe escrava que recusou-se a usar o nome de origem portuguesa e adotou o nome de Francisco Gê Acaiaba de Montezuma. Segundo ele, essa era um demonstração de nacionalismo, trocar os sobrenomes lusitanos por outros tipicamente brasileiros; onde Gê, representava as tribos do Brasil Central (a qual ele acreditava ser a raça-mãe dos povos sul-americanos); Acaiaba, da bela lenda diamantinense da árvore sagrada e; Montezuma, uma homenagem ao imperador asteca.” À noite, fizemos nossas refeições e pudemos desfrutar das águas quentes de Montezuma com temperatura de aproximadamente 40ºC. No segundo e terceiro dia demos prosseguimento ao evento conforme consta na programação em anexo. Foto do local da oficina Fonte: http://www.montezuma.mg.gov.br/v1/?pg=eventos O TERRITÓRIO DO NORTE DE MINAS E AS EXPERIÊNCIAS VISITADAS O Norte de Minas tem como uma de suas marcas a transição ecogeográfica: do sudeste para o nordeste brasileiro, do clima sub-úmido para o semi-árido, do cerrado para a caatinga, constituindo-se como um território singular no âmbito dos ecossistemas brasileiros. Região com relevo diversificado – serras, planaltos e planícies; topos de serra, chapadões, encostas amorradas e vazantes; espigões que brotam no meio das planícies ou dos planaltos, e uma rica vegetação, produzindo um mosaico de formações ainda mais diversas nestas zonas de contato e de transição climática: veredas, pindaibais, brejos, matas de galeria, macaubais e matas secas. É nesta diversidade de paisagens que encontra-se uma rica biodiversidade natural. Nas partes mais baixas do relevo, conformadas pelo clima semi-árido, se desenvolvem as formações vegetais sob o “domínio das caatingas”. Nas extensas chapadas, nas porções mais elevadas da Serra Geral, em contato com os “domínios dos cerrados”, existem áreas de transição ecossistêmica, que apresentam uma maior expressão da biodiversidade e interações intraespecíficas. Ao caracterizar os domínios de paisagens do Norte de Minas, COSTA (2005), traz à luz da antropologia, uma contribuição para a compreensão da visão de mundo da população tradicional do Norte de Minas. Chama a atenção para o fato de existir uma totalidade ambiental e diz que “a forma como a sociedade vê o ambiente é a forma como a sociedade vê a si mesma e se representa, indissociável”. E com base neste princípio afirma “a diversidade é a marca indelével na vida social e cultural norte-mineira” donde se apreende que populações e ambientes se correlacionam nesta construção, e que as identidades se constroem a partir do contraste, sendo a diversidade a principal característica dos modos de vida aqui encontrados. Na oficina diálogos e convergências ficou clara a sociobiodiversidade regional com a participação de geraizeiros, caatingueiros, ribeirinhos, vazanteiros, quilombolas, índios (Xacryabás). Dia 15/03/2011 Antes da saída em Montes Claros foi distribuído aos participantes dois resumos da história das duas experiências a serem visitadas, além de uma breve explanação sobre o contexto regional e a paisagem que seria percorrida durante a viagem. Partimos.... Assentamento Americana – Agroextrativismo em Assentamentos Rurais de Reforma Agrária no Cerrado a) Resumo1 Uma nova concepção de assentamento rural pode ser desenvolvida nas regiões do cerrado brasileiro com o aproveitamento do seu potencial extrativista. Em Grão Mogol (MG), o Grupo Extrativista do Cerrado vem demonstrando esta prática associando a produção de sistemas agroflorestais e silvipastoris com a criação de animais e coleta e beneficiamento de espécies nativas do cerrado. b) Contexto: Os Cerrados brasileiros ocupam um quarto do território nacional. A potencialidade da sua biodiversidade é pouco conhecida e, em grande medida, inexplorada. Desconhecimento que leva a sociedade repassar uma imagem do Cerrado como ecossistema inferior e desprovido de identidades culturais e riqueza ambiental. Neste cenário, as políticas desenvolvimentistas para as regiões de Cerrado na perspectiva da economia globalizada apontam para insustentabilidade dos processos econômicos, sociais, culturais e ambientais em curso neste bioma. Entretanto, as populações que nele vivem desenvolvem estratégias de manejo dos seus recursos biológicos, fruto de uma trajetória longa de evolução entre o ambiente e o saber das comunidades. Os projetos de assentamentos de reforma agrária promovidos pelo INCRA em regiões de cerrado em sua maioria não considera os potenciais ecossistêmicos deste bioma. O parcelamento não considera as formas históricas de apropriação destes ambientes pelas comunidades que vivem no seu entorno, onde os seus solos são vistos apenas como suporte para implantação de pastagens e lavouras. Foi neste contexto que se desenvolveu uma proposta de reposicionamento do cerrado em um projeto de assentamento rural, considerando os seus potenciais e o conhecimento da população que nele vive como insumo para a promoção econômica das famílias, conciliando a produção com a preservação ambiental. Para viabilizar o desenvolvimento desta proposta, dois passos fundamentais foram trilhados: 1º Elaboração do PDA (apoio do CAA NM); 2º Implantação do Assentamento (apoio do Grupo Extrativista do Cerrado e da Cooperativa Agroextrativista Grande Sertão). 1ª Etapa: Elaboração do PDA do Assentamento Americana Um primeiro parecer do INCRA sobre a viabilidade de um assentamento nesta área foi negativo. Por indicação das organizações dos agricultores, o CAA/NM foi convidado a contribuir na elaboração de um laudo, o que foi realizado indicando a necessidade de incorporação de condicionantes ambientais e agroecológicos, ressaltando que a exploração do assentamento deveria ter como a linha mestra o agroextrativismo junto com o manejo do cerrado. A proposta baseou-se nas 1 Mesmo resumo distribuído aos participantes antes da visita. estratégias tradicionais desenvolvidas pela população local no uso e manejo dos gerais – conhecidos como geraizeiros. O PDA foi elaborado considerando o envolvimento e a participação dos assentados em todas as etapas do processo. Foram utilizados princípios do DRPA – Diagnóstico Rápido Participativo de Agroecossistemas - pertinentes ao estudo do ambiente e das relações homem-natureza, associado com técnicas e análises sugeridas pelo método DSA – Diagnóstico de Sistemas Agrários, que permite estudar a articulação entre sistemas e cadeias produtivas, identificar as interfaces e dinâmicas econômicas existentes no entorno, além de localizar arenas de negociação no campo político e sócio-econômico. A partir dos indicativos existentes no entorno do assentamento, pela trajetória, habilidades e saberes das famílias acerca dos usos e manejo dos ambientes, e os potenciais e limites de cada unidade da paisagem é que foram construídas as bases para a proposta de um assentamento agroextrativista. Incorporado e organizados em objetivos programáticos do PDA, finalizando com uma apresentação pública do Plano para pactuação de compromissos institucionais (internos e externos). 2ª Etapa: Implantação do assentamento e a constituição do Grupo Extrativista do Cerrado A elaboração do Plano, embora um momento importante em que reflete as possibilidades futuras do assentamento e de suas famílias, não é suficiente se concomitante ações concretas aconteçam para viabilizar a sua implantação. Embora as famílias tenham entrado na terra no ano de 2000, o PDA tenha sido elaborado em 2002, demoraram quase seis anos para que o INCRA começasse efetivamente a implantar ações que deveriam ter sido imediatas – fomento, habitação e acesso à água. Foi um tempo em que as famílias passaram a se organizar por grupos de interesse, e entre estes, um grupo foi se firmando no sentido de implantar o projeto agroextrativista desenhado no Plano. Foi quando articularam a constituição de uma organização social própria – Grupo Extrativista do Cerrado – com o envolvimento de 17 famílias. Desde então vem organizando ações conjuntas, com a gestão familiar e comunitária de seus espaços de produção, articulando projetos específicos, principalmente orientados para um melhor aproveitamento das potencialidades do cerrado, incluindo investimentos no beneficiamento e comercialização dos produtos. d) Resultados alcançados: Foi possível, em uma área de 18.803 há, destinar 33% da área como parcelas familiares e o restante, 67%, ser destinado como área de manejo extrativista (42%) e de reserva legal (25%), beneficiando diretamente 76 famílias e garantindo a preservação, pelo manejo sustentável, da maior parte da área do assentamento. Através de ações articuladas pelo Grupo Extrativista do Cerrado vem sendo possível o aproveitamento sustentável da agrobiodiversidade do Assentamento Americana por meio do beneficiamento de produtos, com a comercialização dos mesmos em escala local e regional, e, a geração de renda para os agricultores de acordo com as normas legais e em sintonia com a cultura local. Encontra-se em fase de qualificação a capacidade de beneficiamento de produtos com a oferta de doces, geléias, remédios naturais de matéria prima da própria agrobiodiversidade do Assentamento, destinado estes produtos ao autoconsumo e a comercialização. e) Impactos ambientais positivos: A ocupação humana tradicional nas regiões de cerrado garantiu a preservação deste importante bioma até um período bem recente. O agroextrativismo tem origem nesta tradição, conciliando as atividades agrícolas, com a criação de animais e o extrativismo. Assentamentos rurais em áreas de cerrado orientados ao agroextrativismo podem fortalecer a produção de alimentos e ao mesmo tempo contribuir com a preservação deste importante ecossistema brasileiro. Visita ao Grupo Agroextrativista do Cerrado – Assentamento Americana (76 famílias área de 18.000 há) – Terça-feira, 11:00 hs. Os participantes, em número de 41 pessoas, foram recebidos inicialmente na residência da família dos agricultores Aparecido e Eley, juntamente pelos agricultores e agricultoras vizinhas e membros da OSCIP Grupo Extrativista do Cerrado (12 famílias), os irmãos João Altino, Cristovino e Sebastião, Ana, Lacezar e Lúcio, presidente do STRs de Grão Mogol. Ana e Maria Elei estavam envolvidas com a produção do almoço. Por fim, no trânsito da rotina escolar, os filhos de Cido e Eley, Mariana e Elias. A filha mais velha acabara de entrar para a faculdade de Agronomia da Universidade Federal de Minas Gerais e se encontrava em Montes Claros. Apresentação da região: geografia, biodiversidade, disputas com o desmatamento, eucalipto e as carvoarias, ação de manejo sustentável para manter o cerrado; uso das plantas medicinais; valorização da cultura; parceria com CAA; segurança alimentar de quem não depende de trabalho externo e de dinheiro para comer; luta para conseguir o assentamento Após apresentação de todos os participantes, Cido, com recurso de um mapa de uso e ocupação do solo, apresentou a história de constituição do Assentamento Americana, o contexto e situação atual do Assentamento e famílias. As informações foram complementadas pelos outros agricultores. Por fim fizemos, depois do delicioso almoço, caminhada pela propriedade com produção agroecológica e visita à unidade de multiprocessamento, que encontra-se em fase de construção Questões levantadas no Assentamento Americana: 1. Processo de assentamento das famílias, a baixa apropriação do conceito agroextrativista e agroecológico do projeto de assentamento pela maioria das famílias (aproximadamente 55 famílias) que insistem nas práticas de desmatamento e carvoejamento, implantação de pastagens e/ou integração com os complexos florestais indústrias para produção de madeira de eucalipto na região. 2. O desafio de estabelecer estratégias de ampliação das experiências agroecológicas no assentamento e região. 3. As relações de gênero e a necessidade de oportunizar a participação da mulher nos espaços de discussão e decisões. Discussão sobre o papel da mulher. 4. A qualidade de vida, de alimentação, entre outras, do modo deprodução agroextrativista e as potencialidades de inserção de produtos em diversos espaços de mercado (frutos do cerrado, óleos, derivados do leite, doces, farinha, açúcar, entre outros). 5. Dificuldades: acesso e infra-estrutura (estradas); de acesso a mercados (também para acessar o PAA) e para o beneficiamento. A enorme dificuldade na logística de transporte dos produtos e a experiência de comercialização através da Cooperativa Grande Sertão. Também foi discutido sobre a Merenda escolar (PNAE), o programa de aquisição de alimentos (PAA) e o preço mínimo, onde foi ressaltado a baixa inserção dos produtos da agricultura familiar nestes programas em seus municípios. 6. A inoperância do INCRA e demais órgãos de governo (EMATER, IEF) nos processos de desenvolvimento e consolidação do assentamento. 7. Na visita à unidade de multiprocessamento, que encontra-se em fase de construção, foi debatida a questão dos limites impostos pela vigilância sanitária para a construção de unidades de beneficiamento e a grande dificuldade das organizações de agricultores e agricultoras em registrar os empreendimentos junto aos órgãos reguladores brasileiro. 8. No caminho para a unidade de beneficiamento, Cido e demais agricultores locais apresentaram ao grupo o sistema de produção agroextativista, diversificado, com sementes próprias e adaptadas à região, associadas à vegetação de Cerrado e que vem sendo incrementado no decorrer dos anos. Também vimos a secagem da semente de rufão para produção de óleo e o potencial ainda não utilizado da produção nativa existente no assentamento, sobretudo nas áreas de reserva e de uso comum. A pauta agroalimentar também esteve presente, no tipo e na qualidade de alimento utilizado e disponível para as famílias do assentamento e região. 9. Em construção um espaço multiuso, querem ser espaço referência para expressão das lutas. 10. Certificação: com o IBD (Instituto Biodinâmico) e fair trade, mas ainda precisam clarear o processo de certificação participativa. Comunidade de Vereda Funda – Reapropriação Territorial e Reconversão Agroextrativista no Cerrado. c) Resumo2 Muitas comunidades tradicionais do norte de minas têm acumulado no decorrer dos séculos um vasto conhecimento sobre o Cerrado, suas características, seu manejo e potencial. O modo de vida nessas comunidades foi fortemente formatado a partir da relação com Cerrado, assim como essas comunidades deixaram sua marca no Cerrado norte Mineiro. Todo esse conhecimento foi ignorado, assim como toda importância do Cerrado como ecossistema para a biodiversidade e para manutenção do regime hídrico da região e de todo o país. Na década de 1970, parte do Cerrado norte-mineiro foi devastado para a implantação de extensas áreas de monocultura de eucalipto. Comunidades seculares da região foram atingidas pelo projeto monocultor que quase inviabilizou a reprodução social e material da maioria dessas comunidades. A comunidade de Vereda Funda no município de Rio Pardo de Minas foi uma das muitas comunidades atingidas pelo projeto monocultor e permaneceu por mais de 25 anos ameaçada pela monocultura de eucalipto e pelas estruturas de poder e produção que subjulgavam os moradores tradicionais e destruía o Cerrado, as águas e seus diversos ambientes. A comunidade insubordinou-se contra o modelo monocultor e contra as estruturas de poder que o garantiam e iniciou um processo de recuperação do território que outrora pertencera à comunidade, propondo uma nova forma de ocupação da área, associando os conhecimentos tradicionais à outras modalidades de conhecimento como a agroecologia, etnoecologia, etnopedologia, entre outros. d) Contexto: A região Norte do estado de Minas Gerais, é considerada como Região Mineira do Nordeste (RMNE)3 e apresenta claramente os efeitos socioambientais do projeto desenvolvimentista - monocultor, produtivista, concentrador de terra e renda e perdulário de água e energia, pois em áreas de posse dos agricultores tradicionais foram implantadas grandes áreas de monocultura de eucalipto atingindo inclusive matas ciliares e nascentes. Processos de resistência e ações de recuperação de território são verificados, ao longo da década de 2000, em localidades desta meso-região. A comunidade de Vereda Funda é pioneira no reconhecimento do direito à retomada de seu territórios. Desde o final da década de 1990 e do início dos anos 2000 há uma movimentação das comunidades devido a conflitos com as empresas de eucalipto, mesma época do término de alguns contratos de arrendamento4. Essa movimentação toma forma no encontro realizado na comunidade de Brejinho em 2003, “1ª Assembléia das comunidades atingidas pela monocultura do eucalipto de Rio Pardo de Minas”, com a participação de 26 comunidades de vários municípios do alto Rio Pardo. 2 3 4 Mesmo resumo distribuído aos participantes antes da visita. Para fins de planejamento e alocação de recursos públicos, pois foi integrada à SUDENE, faz parte da região mineira da SUDENE. Nas décadas de 1970/80 o estado de Minas arrendou aproximadamente 100.000 ha. de terras, consideradas pelo Estado como públicas, para as empresas de eucalipto e conglomerados siderúrgicos. Nessas terras viviam as comunidades geraizeiras. A comunidade de Vereda Funda em 2004, ao ocupar e reivindicar a posse da área que pertencia à comunidade antes da entrada do eucalipto, inicia a luta pelo reconhecimento oficial de seu território, o que veio a ocorrer em dezembro de 2009 com a aprovação pela Assembléia Legislativa do estado de Minas Gerais, pelo início da recuperação da degradação deixada pela empresa eucaliptocultora e implementação de projetos produtivos. c) Projeto de Reconversão Agroextrativista Uma das diretrizes da reapropriação territorial por comunidades atingidas pela monocultura de eucalipto é a reconversão agroextrativista. Projeto que visa o ordenamento territorial das terras pleiteadas. A comunidade que está em estágio mais avançado na implantação do projeto sócio-produtivo é a comunidade Vereda Funda, a partir das diretrizes gerais do projeto pensado coletivamente no encontro de Brejinho em 2004. A Área reapropriada e reconhecida pelo Estado é de 4.906 ha. É administrada pela associação comunitária de Vereda Funda que planejou um ordenamento territorial com base em estudos e mapeamento dos solos, vegetação, recursos hídricos, além de um intenso processo de mobilização e participação comunitária. Assim como com a colaboração e assessoria de uma rede de colaboradores, CAA, CPT, Universidades e da atuação sistemática do sindicato de trabalhadores rurais de Rio Pardo de Minas. Conforme consta no plano de uso do território da comunidade de Vereda Funda, o direito à terra é garantido à membros da comunidade, porém, não será emitido título individual de terra. A regularização fundiária se dará de forma coletiva, através de Contrato de Direito Real de Uso, firmado entre o Incra e a Associação dos Moradores de Vereda Funda. Assim, a venda e a compra de terras, sem a permissão da Associação dos Moradores e do Incra, é expressamente proibida. Conforme fragmento do estatuto que regulamenta as formas de uso do território, a área e sua gestão contemplam: 1. Parcela Familiar – que devem representar até no máximo 40% do projeto, com lotes de tamanho máximo de 10 hectares por família. Nestas parcelas os moradores terão autorização para alterar o uso do solo, mas seguindo a legislação ambiental e o Plano de Utilização do PAE-Vereda Funda. 2. Parcela de Produção Agroextrativista – essas parcelas serão de uso comunitário, regido por um regulamento interno e o manejo previsto deve estar de acordo com o Plano de Utilização do PAE. 3. Parcela de Infra-estrutura comunitária – são parcelas de uso comunitário destinadas à instalação de infra-estrutura para o beneficiamento da produção, viveiro de mudas, escolas, casas de saúde, áreas de lazer, entre outros. 4. Parcela de Preservação Ambiental – são áreas de reserva legal, proteção permanente, e uso restrito, tem por objetivo a proteção e conservação das cabeceiras de nascentes e córregos e áreas que porventura ainda contenham remanescentes da vegetação nativa. Objetiva também garantir os ciclos ecológicos e a perpetuação de espécies da fauna e flora. Com critérios e sob diferentes níveis, a parcela de uso restrito pode-se constituir como área de uso direto através de plano de manejo sustentável e de acordo com a legislação em vigor, viabilizando a coleta de frutos, plantas medicinais, apicultura, etc. Nesta áreas fica proibida a solta de gado bovino. (Pano de Uso do território de Vereda Funda) O plano está em execução desde 2008, bem antes da área ser reconhecida oficialmente. Já apresenta alguns resultados principalmente no que tange a recuperação de nascentes, com a construção de 300 bacias de contenção de água de chuva, e a repovoação florestal de algumas nascentes. A construção de algumas infra-estruturas comunitárias, entre outros projetos e ações desenvolvidos pela comunidade que vem enfrentando o desafio de produzir e ao mesmo tempo recuperar a degradação deixada pela monocultura de eucalipto. Na atualidade são desenvolvidos vários projetos na comunidade com assessoria do CAA e do STR de Rio Pardo de Minas, tais como: beneficiamento da produção, implantação de centro de formação, produção e manejo de madeira, recuperação ambiental e conservação dos recursos hídricos. Está em curso também um projeto com várias outras comunidades da região que visa a reativação e potencialização das chacras de café, uma forma tradicional de produção de café sombreado e agroecológico, desenvolvida secularmente pelas famílias da região. Visita à comunidade de Vereda Funda – terça-feira, 16:30 hs. Na comunidade de Vereda Funda fomos recebidos na unidade de processamento de frutos da comunidade, pelo grupo de mulheres envolvidas no beneficiamento da produção, pelos diretores da Cooperativa de Vereda Funda, da Associação dos moradores de Vereda Funda e do STRs de Rio Pardo de Minas. Após breve apresentação dos participantes, os moradores locais apresentaram um histórico da comunidade, o processo de retomada do território frente às empresas de plantio de monoculturas do eucalipto e a fase atual de reconversão agroextrativista, uso e ocupação do solo. Questões levantadas: 1. O impacto da monocultura do eucalipto, a utilização de agrotóxicos e possível contaminações dos cursos dágua. Foi relatado que nos últimos anos surgiram muitos casos de câncer do estômago, porém, a comunidade não sabe se existe alguma relação com a contaminação dos agrotóxicos. Atualmente as iscas formicidas utilizadas nos reflorestamentos são a base de sulfaramida. Mas no passado eram a base de organofosforado de alta persistência. Atualmente é muito utilizado nas monoculturas de eucalipto a capina química, através da utilização de glifosato, entre outros produtos químicos. 2. O impacto das monoculturas de eucalipto no rebaixamento do lençol freático e diminuição dos recursos hídricos superficiais disponíveis para as famílias da comunidade. 3. A recuperação de nascentes e o ressurgimento de águas superficiais após a paralização dos plantios de monoculturas de eucalipto, o estabelecimento de cinturões de reserva de vegetação nativa e construção de 300 bacias de contenção de água de chuva e enxurrada de águas da chuva. 4. Apresentação da região: área reapropriada pela comunidade depois de muita luta e enfrentamento com a empresa produtora de eucalipto (que fez inúmeros boicotes a organização local, com uso de força policial); comunidade antiga na região; festas tradicionais e folias de reis; plantação do eucalipto gerou seca por muitos anos, com o fim da plantação a água voltou a brotar. 5. Comunidade identificou o problema e suas causas; se organizou; fez a demarcação da sua terra e o enfrentamento, ocupando a área; utilizando também da disputa jurídica porque a empresa tinha seu contrato vencido. 6. A luta pela terra resgatou a prática agroecológica, que já existia, mas sem este nome. 7. Desafios: até hoje a terra não está legalizada; faltam muitos investimentos; estão trabalhando para venda do café sombreado agroecológico e ainda falta melhor organização; comunidade ainda depende de recursos externos e não gera renda suficiente da produção local; sonho de ter ali uma escola da família agrícola. Após a visita seguimos para Montezuma onde pernoitamos e realizamos os outros dois dias da oficina territorial norte de minas diálogos e convergências: agroecologia, saúde e justiça ambiental, soberania alimentar e economia solidária. Segundo dia - 16/03/2011 – quarta-feira O segundo dia oficina iniciou com as boas vindas aos participantes, o que foi feito pelo secretario de agricultura e meio ambiente de Montezuma, Douglas Neri, e pelo presidente do STRs de Montezuma, Edson, pessoas que contribuíram com a logística de organização para a realização da oficina no município de Montezuma. Em seguida foi feita uma apresentação dos participantes, uma vez que novas pessoas integraram o grupo a partir do segundo dia. Em seguida Marcelo Firpo e Daniel Tygel apresentaram o objetivo do encontro, contextualizando com o atual momento das lutas no nosso país. Este momento é marcado pelo arrefecimento das lutas sociais e está muito difícil de fazer a crítica ao modelo de desenvolvimento e apresentar alternativas. Temos que mudar nossas estratégias, nossa forma de fazer política. Descobrir meios diferentes de fazer a luta. A proposta é unir duas coisas: 1 º Fazer com que a luta parta do nosso território e não da teoria, da tendência do partido, a base da nossa luta tem que ser o endereço da luta. 2º Fazer uma união de três coisas: denúncia; (ex. Vereda funda deixa claro a todos que o eucalipto secou o brejo); resistência (segurar nosso território, garantir a preservação do nosso local) e a alternativa (Nós estamos construindo alternativas na área da agroecologia, da economia solidária). • • • • Sinergia nas lutas que cada rede tem realizado, uma maior aproximação apartir das experiencias nos territorios e lutas concretas, contra este atual modelo de desenvolvimento Construção de estrátegias de aproximação das redes, de lutas locais e plataformas amplas Trazer a experiência de três territórios: Norte de MG, Planalto SC, Lagoa Seca PB; enquanto preparação para o Encontro Nacional. Ligação entre as bandeiras dos movimentos e o que ocorre nestes territórios Usar o Intermapas enquanto ferramenta para visibilizar as lutas e resistências nos territórios Desafios: • A própria organização do Encontro entre muitas redes nacionais • A dificuldade de fazer a critica e apresentar alternativas ao atual modelo • Mudar o jeito de fazer a luta, sair das caixinhas e do rótulos • Nossa ação em três frentes articuladas: denúncia, resistência e a alternativa. • Entender o olhar da luta do outro e perceber as aproximações • Ter uma agenda comum dos movimentos existentes no Norte de Minas No momento seguinte foi feita uma contextualização da região norte de Minas pelo Carlos Dayrell, Eliseu Oliveira e Oscarino Aguiar. As informações apresentadas foram complementadas com a utilização do intermapas, pelo Daniel Tygel. Mapa Norte de Minas/ Identificando o território • • • Divisa com a Bahia, perto de Januária, São João das Missões, São Francisco, Pirapora do Buritizeiro. Serra do Espinhaço; Rio São Francisco Trajetória de visitas desde ontem: Montes Claros – Grão Mogol - Rio Pardo – Montezuma Característica da região: há diversidade ambiental grande de ecossistemas, cerrado, gerais e veredas na área do Rio São Francisco; região de caatinga e mata seca; faixas de transição da Mata Atlântica. Ocupação antiga da região, em qualquer lugar tem inscrições e pinturas • • • • rupestres de 12 mil anos atrás; com presença de 12 nações que viviam na região. A cultura enquanto povo e tradição está no campones e fica visível, apesar da extinção da maioria dos povos indígenas que existiam e da visão histórica ser contada pela elite branca. Forte tradição indígena e negra: os vazanteiros que vivem da dinâmica dos rios, os geraizeiros, os catingueiros Estes povos estão com maior visibilidade, mas vivem sob forte tensão e sofrimento no embate com o modelo dominante, que quer sua subordinação, principalmente o agronegócio. Estes povos desenvolveram circuitos economicos poderosos, conseguem produzir e escoar produção de queijo, cachaça, etc. Maciça presença da agricultura familiar, a visiblidade das práticas agroecológicas que já eram praticadas historicamente pelos agricultores, além do extrativismo, caça, rebanho. Modelo de desenvolvimento do eucalipto afetou profundamente a região, tirando o espaço da então economia existente (gado, produção agrícola, extrativismo), e o povo dependendo dos salários fornecidos pela produção do eucalipto. População teve resistência e apoio de entidades (CAA, sindicatos) para enfrentar essa pressão, mas o avanço do capital e a tensão continuam, com o crescimento da exploração mineral, grandes projetos de irrigação, pecuária e barragens. Resistência de Verede Funda é exemplo para outras comunidades, como a Raiz e Santana. Apresentação Intermapas No mapa estão identificados: BNDES, Injustiça Ambiental, Experiências agroecológicas e de Empreendimentos de Economia Solidária. Proposta é de fortalecer os movimentos, perceber ameaças e oportunidades para que os movimentos possam se fortalecer. Apresentação das experiências • • • Vídeo TV Alterosa: maior floresta de eucalipto em Rio Pardo, que prometia empregos e desenvolvimento: extinção das nascentes, erosão, assoreamento, exploração dos trabalhadores, expulsão das famílias para áreas urbanas, desemprego, terras públicas ocupadas pelas empresas. Resistência com a renvindicação das terras devolutas, ocupação das terras e produção agrícola. Território quilombola Brejo dos Criolos: trabalho sob regime escravo, reinvindicação das terras, descaso do governo, acordos com fazendeiros. Vazanteiros: comunidade Pau Preto expulsa de sua terra, organização em associação e união para negociar, reinvidicação pelo direito a continuar a usar o rio, no embate com a criação de um parque (tocado pelo governo para compensar um projeto de irrigação que explorou o rio São Francisco). Lideranças perseguidas pelos latifundiários, violência dos fazendeiros e policiais, ameaças. Experiência de Economia Solidária Norte de Minas. FÓRUM REGIONAL DE ECONOMIA SOLIDARIA NORTE 2. Deivisson (Acadêmico de C.S de Unimontes): São 281 empreendimentos da economia solidária no norte do estado (Dados de 2007, do mapeamento de economia solidária) e a incubadora da universidade acompanha 15 projetos. Problemas: Desarticulação dos gestores públicos. Mudam as pessoas de secretarias no e de áreas. A participação ainda é pequena e isso inviabiliza diversos projetos. Em Montes Claros existe um conselho municipal de economia solidária, mas o conselho ainda não desenvolveu nenhuma ação, até por conta do problema da prefeitura não participar. Existe uma lei de economia solidária, mas não há uma participação ativa do poder público. Problema de legalização de produtos, o que dificulta ou mesmo inviabiliza a venda em eventos da região. O capital de giro é um problema também. Proposta de realização de feiras itinerantes. Realizam uma feira de economia solidária por ano. Deivisson anunciou que , neste ano a feira de economia solidária será em Pirapora, nos dias 2 a 5 de junho. QUILOMBO DE BREJO DOS CRIOULOS: O quilombo brejo dos crioulos possui 17 mil hectares, mas atualmente cerca de 600 famílias ocupam somente 3500 hectares. Conseguiram manter , ou em seus termos “segurar”uma área e no fim do ano passado (2010) fizeram uma ocupação em uma área de 3000 hectares . A área já está sob o “comando” da comunidade e o processo está na casa civil. “Nós não desistimos e através da nossa permanência conseguimos segurar 4 áreas. Na primeira área 300 sacas de feijão foram colhidas nesta primeira área. ”. João, quilombola de Brejo dos Crioulos, aconselhou aos companheiros presentes no evento para não desistirem da luta, ela é cansativa mas ao longo da luta vamos caminhando para o lado da verdadenfrentam sérios problemas de ameaças . São constantemente ameaçados por pistoleiros quando caminham pelo território. Existem importantes parceiros que os ajudam na denuncia da violência. QUILOMBO DE URUTUBA: A história do brejo é semelhante ao Quilombo de Urutuba. São lutas parecidas e estão sempre em intercâmbio. “Para que façamos uma boa luta é preciso nos unir. Sozinhos não somos nada, juntos somos fortes”. Existem 1000 famílias no quilombo e atualmente um hectare de terra abriga 5 famílias. Isso não garante sequer a subsistência. O CAA contribuiu para articulação, pois a comunidade era bastante desorganizada. Hoje estão no estágio de notificação. São 45 mil hectares que objetivam conseguir. Muitas pessoas foram para Belo Horizonte. A situação é complicada, e eles sofrem muitas ameaças , “saíamos de casa e não sabemos se voltamos vivo. Mas sabemos que temos que lutar.” Álvaro atentou para o fato de que muitas comunidades quilombolas desconhecem seu direito ao território. VEREDA FUNDA Seu Arcilo, ao comentar a situação da comunidade de Vereda Funda, dissenos que a situação está mais avançada que os relatos dos quilombos. Estão em um momento de pensar o que vão fazer com as terras. O sindicato peleja demais para defender o agricultor, só que os agricultores não estão trazendo as demandas para serem discutidos. Enquanto os empresários tem todo poder de articulação. Nas comunidades é que tem que nascer as demandas. “Na vereda funda só conseguiu porque a comunidade resistiu. O povo tem que querer. O sindicato dá uma acessoria...” POVOS XACRIABÁ: “Nossos irmãos quilombolas tem a mesma luta que a nossa que é garantir nosso território”. Os Xacriabás, cerca de 4 mil, reivindicam uma área que vai de Manga e São João das Missões até a beira do rio São Francisco, que antes era, em sua totalidade, uma aldeia indígena. “Nossos antepassados existiam neste lugar, e é por ele que nós estamos lutando”. Trabalham pela demarcação do território e já estiveram em vários conflitos, e já realizaram três retomadas. Realizam diversas atividades na comunidade , como por exemplo pensam estratégias para conseguir a demarcação. O cacique Xacriabá afirmou que estes espaços são muito importantes para divulgar luta dos Xacriabá. “Queria dizer ara os quilombolas, que o povo xacriabá tem um contato muito forte com o quilombola. A gente se mistura, veja a minha cor, o meu cabelo”. LUTA PELA RESEX AREIÃO VALE DO GUARÁ “A luta é a mesma , contra a monocultura de eucalipto para ver se a gente consegue a retomada do território”. Falam da necessidade de reconquistar o território para a subsistência e moradia. Mais de cem famílias que não possuem terras para construir a sua casa e com a RESEX , eles teriam local para viver. Muitos fazendeiros estão dentro desta área pleiteada para ser RESEX e eles não tem documentação das terras pois são terras devolutas. Nossa comunidade está com uma dificuldade grande que tem muitas famílias que não tem mais espaço para viver. E aí muitos migram, vão para o sul de minas etc. Essa saída do povo para fora, as pessoas vão mudando o comportamento. Frutos nativos: pequi, mangaba. Mostra para todos que ali tem sustentabilidade. Queremos montar uma cooperativa , uns acreditam e outros não, outros preferem acreditar na empresa. Principal ameaça são os projetos de mineração. Faz um apelo as instituições e os órgãos dar mais forças a essa luta. Quando a firma quis plantar eucalipto, uniu-se o CAA, sindicato. Estamos encurralados de eucalipto e a água sempre falta, então queremos mobilizar para que não plantem mais eucalipto. Precisando de pressão política, o relatório econômico e fundiário está pronto. Só falta as audiências públicas. Está na pauta do ICM-BIO. 47 mil hectares , abrange dez municipios. Já estão fazendo plantios de mudas, romarias, movimento cultural e religioso, ocupações. 1900 hectares já estão com proposta de uso. Os criadores de gado queimam as áreas. Chapada de 4 mil hectares e ficou em pé, sem ser desmatada, e em volta plantaram eucalipto. Esta chapada ainda tem nascentes as outras não. CONSELHO ESTADUAL DE SAÚDE: É preciso que haja um controle social nos conselhos municipais de saúde , pois que eles tem poder deliberativo. Todas as questões de saúde devem passar por ele. Entretanto existem vários conselhos que são criados mas não saem do papel. Todo conselho tem um assento do STR e é importante que os sindicatos indiquem alguém que possa realmente fiscalizar os recursos do SUS. Todo serviço de alto complexidade do SUS é realizado em Montes Claros. Assume também boa parte do sul da Bahia. Entretanto, a realidade do norte de minas não é a mesma de Montes Claros. Algumas doenças são típicas do norte de minas, como por exemplo a doença de chagas. Cerca de 100 mil casas no norte de minas iam ser reformadas pelo SUS, mas ainda não saiu o recurso devido a “politicagem”. Muitas pessoas estão morrendo de Leishmaniose, outra doença comum no norte do Estado, mas não são diagnósticadas. É preciso que haja um maior controle do ministério da saúde no repasse para as prefeituras. Conclama os companheiros a se informar sobre o SUS e lutar pela saúde pública. ASA- REDE DE COMUNICADORES POPULARES DO SEMI-ÁRIDO MINEIRO. Disputa de projeto de desenvolvimento e do modelo de comunicação. A comunicação como um instrumento de mobilização social para e com os agricultores – boletins de sistematização de experiência - são instrumentos de troca de informações - e programas de rádio. A Rede fez o cadastramento de 29 rádios comunitárias e de pessoas que se sensibilizam com a causa. É preciso oferecer outra visão sobre o semi-árido e dar publicidade às lutas populares, a partir da ótica dos povos. Prioridades: Levar a bandeira do direito humano a comunicação. Comunicar é um direito de todos; reforma agrária na terra e no ar; ampliar o acesso a instrumentalização e concessão de rádios comunitárias e centros de inclusão digital; continuar processos de formação de comunicadores. Desafios: Apropriação das redes sociais e ampliação da inclusão digital no campo, aprimoramento da circulação de informação de toda a rede; pautar os meios de comunicação de massa. São concessões públicas então temos que lutar por esse espaço, e pensar em estratégias de como fazê-lo. É necessário que se reforce a identidade do semi-árido, dos povos que aqui existem. Que comunique as lutas locais sem perder e contado com as lutas nacionais. COLETIVO DE MULHERES DO NORTE DE MINAS: Foi formado em 2007 por companheiras do CAA. É composto por várias mulheres de vários municípios e de diversas organizações. A proposta, conforme afirmou a Sonia da Cáritas, é constituir uma associação do coletivo de mulheres do norte de minas. Apontou para a falta de participação de mulheres do CAA no coletivo. Nizinha enfatizou a importância da valorização e respeito pelas mulheres. Gt Mulheres da ANA Estabelecido como espaço de articulação das mulheres, é fato que existe desigualdade entre homens e mulheres, sempre ouvimos muito mais o que os homens tem a falar sobre a agroecologia. Desde 2007 fazem um olhar do debate a partir da sistematização de experiências protagonizadas por mulheres. Estão terminando de fazer isso no sul e na Amazonia. Percebemos pelas experiências apresentadas ontem na visita a invisibilidade das mulheres, o que é um retrato das mulheres no campo (soma das funções na casa, família e geração de renda); mas elas tem um papel fundamental, mas pouco foi visto, esse é o máximo da discriminação, uma questão que não ocorre só aqui, mas em todo local que vamos. A maioria dos EES são de mulheres, isso foi mostrado pelo mapeamento de economia solidária. Além disso, o impacto da vigilância sanitária acaba penalizando novamente as mulheres MAPA DE CONFLITOS AMBIENTAIS DO NORTE DE MINAS: Este projeto contou com a participação da UFMG, a Unimontes e a universidade federal de São João Del Rei. A proposta foi realizar uma cartografia social dos conflitos ambientais. Este projeto foi financiado pelo CNPQ e FAPEMIG. Em um primeiro momento foi realizado uma pesquisa documental , ex. nas atas do copam e através do contato com as autoridades do ministério público. Em um segundo momento foram realizados oficinas com os movimentos sociais, através de visitas de campo. O estado de minas gerais foi dividido em 12 mesoregiões e foram realizadas oficinas em todas essas regiões. A equipe encontrou dificuldades em diversas promotorias do estado. Em alguns casos tiveram que abandonar algumas comarcas devido a dificuldade encontrada na promotoria pública. Movimento organizando disputando o território com outros atores, notadamente o Estado, o agronegócio as mineradoras. Foram 500 casos selecionados e no norte de Minas foram 80 casos. Nos mapas será possível consultar um resumo do conflito , fotos e artigos sobre o caso. Já mantém um contato com a experiência do mapa da injustiça ambiental da FIOCRUZ. A devolução do trabalho será feito, possivelmente, em oficinas. A equipe ainda está procurando formas financiamento para organizar essas oficinas. As oficinas com os movimentos sociais mostraram a relevância de disputar o conhecimento na universidade, colocar o debate sobre a injustiça ambiental no debate acadêmico. Isabel apontou a importância dos movimentos sociais de investigar o destino dos recursos pelos quais os movimentos sociais vêm lutando. Ex. Muitas vezes recursos voltados para reforma agrária acabam nas mãos de acadêmicos que não estão comprometidos com a luta. ARTICULAÇÃO NACIONAL DE AGROECOLOGIA: A Ana surge a partir da articulação de diversas experiências de base, que estavam isoladas, que não eram conhecidas. A articulação entre elas seria capaz de aumentar a capacidade de influencia política , não só de políticas públicas mas de mobilizar outros movimentos sociais. O avanço da agroecologia é uma questão essencialmente política. Fundamental a promoção do diálogo e as convergências, repensar as formas de resistência, denuncia e as propostas alternativas. Isso porque estamos num momento difícil com o avanço da apropriação pelos sistemas do capital intensivo e certo desencantamento das alternativas e propostas. ANA sempre se orientou pela valorização das experiências concretas desenvolvidas pelas comunidades, um princípio político e pedagógico que dá força para esta articulação nacional. O momento político que a ANA vive hoje é a busca por diálogos e convergência. essa iniciativa que a ANA tomou de convidar outras redes se deu a partir de uma leitura da conjuntura políticas. Crescente hegemonia do agronegócio e do grande capital no campo, é diferente do contexto em que surgiu a ANA em 2002. Vivemos hoje em um momento de rearticulação, reorganização e reterritorialização do grande capital no campo. A ofensiva é pesada, no campo econômico, político e ideológico. Visibilizar o modelo alternativo de agricultura. Fragmentação e dispersão dos movimentos sociais, um certo desencantamento com a luta política institucional. Essa iniciativa da oficina busca iniciar a reversão desta fragmentação e pensar novas formas de articulação política. Desafios: Aumentar a expressão pública da agroecologia. Mostrar a sua capacidade produtiva. Para fazer frente a este modelo. E para isso é necessário abri o campo ANA. Dialogar com outras redes. Investimento na comunicação com a sociedade. Comunicar melhor as experiências agroecológicas. Reflexões para o debate estratégico mais geral: 1- Associação direta entre a disputa pelos territórios e agroecologia, não existe agroecologia se não houver disputa no território. Ao mesmo tempo que não existe disputa pelo território sem agroecologia. Sob pena de copiar o modelo do agronegócio e perder o território. Estão entrelaçadas, e precisam ser trabalhadas em conjunto. 2- A luta contra a invisibilidade. Fundamental dar visibilidades estratégias de resistência para fortalecer a agroecologioa. E isso tem a ver com a disputa na comunicação. 3- Construção de redes , alianças políticas. Povos diferentes entre si, mas que se fortalecem mutuamente nos conflitos. ARTICULAÇÃO MINEIRA DE AGROECOLOGIA Formada em 2003. Sem formalização- não é uma pessoa jurídica. Utilização de metodologias participativas. Diversidade de iniciativas agroecológica. O objetivo é articular essa diversidade de arranjos agroecológicas. Atualmente estão com apenas três projetos. Proposta de aproximação entre a ASA e a AMA. Projeto ATER PNAE (CAA proponente e entidades da Ama partícipe) foi um ganho ter conseguido este projeto. Realização de 80 diagnósticos e planos de negócio de 40 entidades que compõe a AMA e elaboração de projetos da alimentação escolar. A AMA trabalha também com agricultura nas cidades. REDE BRASILEIRA DE JUSTIÇA AMBIENTAL Lançada em 2002. Atualmente congrega 96 organizações. Articulação em diferentes territórios. Pautas e agendas em níveis globais.Seu objetivo é mostrar que os impactos ambientais não são igualmente distribuídos. 1- Criação de instrumentos de luta em torno de conflitos e injustiças ambientais: Mapa de injustiças e saúde no Brasil; Relatorias da plataforma DHESCA. Missões anuais ex. Caetité, para verificar proposta de realizar uma missão na região do norte de minas; Avaliação de Equidade ambiental 3-Grupos de discussão e ações em torno de grandes temas e críticas ao modelo de desenvolvimento. Constituição do GT e ações estratégicas de combate ao agronegócio e defesa da agroecologia; GT Articulação mineração e siderurgia ( Articulação com Justiça nos trilhos); Ações em processos relacionados ao GT de combate ao Racismo Ambiental. (comunidades quilombolas , indígenas etc.); extração de urânio; grandes barragens; Discussão da Justiça climática.Pode ser uma importante contribuição para o cerrado. 3-Articulação política em torno de eventos estratégicos: Diálogos e Convergência e discussão sobre a participação da RBJA na construção de uma articulação de entidades para incidir de forma crítica na Rio + 20. FIAN (REDE DE INFORMAÇÃO E AÇÃO PELO DIREITO A SE ALIMENTAR.) Status consultivo nas nações unidas. Acompanhamento de casos de violação: acesso a recursos naturais , renda e nutrição etc. Garantia e proteção do direito a alimentação o qual pressupõe o acesso físico e econômico aos recursos produtivos, a água, terra, território e renda. Casos de violação que a FIAN acompanha no norte de minas, demandados pela CPT e pelo CAA: 1-Brejo dos crioulos- comunidade quilombola 2-Varzanteiros pau de légua , pau preto e quilombo da painha Causas: Morosidade no processo de reconhecimento dos territórios, ausência de políticas públicas adequadas, leis ambientais inadequadas (criação de Ucs, no caso dos vazanteiros) , ação violenta e discriminatória da polícia militar, falta de conhecimento do ministério público sobre a especificidade dos direitos das comunidades tradicionais, incapacidade do INCRA. Não é possível ter segurança alimentar se o direito ao território não for garantido. Realizam ações de informação e formação sobre o PNAE – conforme o CONSEA apenas 28% dos municípios atendem ao mínimo de 30% da compra da agricultura familiar. Terceiro dia - 17/03 – Quinta-feira. Iniciamos o dia com a proposta de reflexão sobre o que chamou atenção até o momento. Pontos levantados: • Proximidade das estratégias de luta. Semelhança com experiência de resistência no Ceará • Parece que a resistência é algo simples, mas ele exige que se pense no território, quanto mais diversos formos mais difíceis será a convergência, porque implica muitos territórios e confrontos. E nós estamos perdendo o confronto, o eucalipto avança rapidamente com apoio do PT, de ampliação de consumo das classes médias. O modelo se aprofunda e avança, embora temos experiências a mostrar, mas somos muito poucos se somar todos os movimentos no campo. • Importância para o fortalecimento: importância da difusão das injustiças, possibilidades e viabilidades. • Se articular é abrir mão do jeito de ser, se arriscar em outros experimentos. • Nosso caminho não é tão claro como na década de 80, as crises são muitas. Temos que pensar com seriedade se a convergência é possível, não conseguiremos estar todos em todos os conflitos. Foi levantado o dilema diversidade e convergência, sendo apontado como o caminho de superação deste dilema o diálogo. • Convergir é mais difícil, dialogar é mais fácil. • Norte de MG tem possibilidade da convergência, e ela já está em curso: deserto verde e justiça ambiental, agroecologia e justiça ambiental. • Todas as organizações dependem do governo, e o governo não avançou em questões centrais para os povos, como a regularização de territórios, ficou na maioria dando mínguas, cestas básicas. Temos que ser mais ousados, tem formação para o agronegócio em todo canto. • Fazer a convergência também na área da educação • Na base temos forte ainda o desafio da sustentação das experiências; precisamos potencializar as experiências que já temos. • Podemos fazer também o mapa das convergências dos inimigos, talvez isso nos ajude a pensar. • Nos locais fica claro que as famílias estão com dificuldade de produzir e se alimentarem. • Temos vantagens do ponto de vista simbólico e cultural, não podemos desconsiderar nossa potência neste campo, as cargas simbólicas do ser feliz, do que é desenvolvimento. Temos uma eficiência economica muito grande, recebemos muito pouco de incentivos e conseguimos ter a nossa expressão, ao contrário dos investimentos nas grandes iniciativas. Fazemos o futuro do modo de produção Retornamos com a apresentação das redes, iniciado no dia anterior. ABRASCO Estratégia de trabalhar com a iniciação científica num momento de ditadura e de reacensão das lutas de massa, que no campo da saúde garantiu que o tema não fosse completamente privatizado, que se garantisse a saúde pública. Irão tornar-se uma associação brasileira de saúde coletiva, conceito este criado no Brasil, pela luta de um outro projeto de país. Nosso conceito de saúde é ampliado, não é apenas a ausência de doença, é o direito a educação, transporte, trabalho, o que congrega com o tema deste evento. Tem Também o debate científico, a ciência que ajuda a transformar o que queremos. Enfrentamento do modelo; outra forma de produção com a agroecologia. Possui um Grupo de trabalho de saúde e meio ambiente. Fizeram várias consultas a movimentos sociais.As questões da saúde são pouco discutidas no âmbito do debate sobre desenvolvimento. Muitas vezes pensamos apenas em um posto de saúde na comunidade, mas o conceito de saúde coletiva é diferente. Saúde é ter direito a cultura, ao emprego, a justiça e não apenas não estar doente. É necessário discutir também a questão da ciência, a quem e a que serve. Oportunidade de apresentar nossas propostas no congresso da SBPC, em Goiânia: Cerrado: Fonte de alimento, água e energia . Em julho de 2011 (propôs que ao final do evento listemos os eventos , encontros que acontecerão este ano). 1 convergência: enfrentamento do modelo; 2 agroecologia: opção para o desenvolvimento. FÓRUM BRASILEIRO DE ECONOMIA SOLIDÁRIA: Criado em 2003, está presente em 27 estados do brasil. A proposta é que tudo o que consumimos possa ser produzido pela economia solidária. 41% dos empreendimentos solidários são Agropecuários, de extrativismo e de pesca. Principais bandeiras: Formação (assistência técnica, rede formadores); Sistema nacional de finanças solidárias (PRONADES, banco comunitário de moedas sociais, fundos rotativos solidários); Produção, comercialização e consumo solidários; Marco legal (lei cooperativismo, tributária, sanitária). ASA-MINAS GERAIS Oscarino: Nosso semi-árido é chuvoso , diferente de outras regiões e sabendo trabalhar é muito rico. Reúne cerca de 750 entidades. Articularam o norte de minas e o vale do Jequitinhonha. REDE CERRADO Braulino (CAA): A rede começou a se articular em 1992. O grande desafio para a Rede era a multiplicidade de povos do cerrado. Trabalham com a defesa do cerrado e da caatinga. Existe um grupo da Rede cerrado que trabalha mais com unidades de conservação- “preservação sem gente”, outro grupo trabalha mais com questão do extrativismo. Através da rede cerrado foram feitas várias denuncias no exterior sobre os impactos da monocultura. Muitas empresas poderiam estar com selos de meio ambiente e não estão por causa da mobilização da rede. Desafio: unificação de lutas com as outras redes. “A luta é a mesma”. Preciso mobilizar para a questão da comissão de populações tradicionais . REDE ALERTA DESERTO VERDE: A rede se constitui como uma grande frente de denúncia e tem seu foco no território. É uma articulação entre movimentos do campo e da cidade com grande diversidade de atores e movimentos. Faz uma discussão política da questão ambiental, diferentemente do ambientalismo vigente. Começaram Espírito Santo e Bahia, depois foi se estendendo, Rio de Janeiro e Minas Gerais e Rio Grande do Sul. A rede não é homogênea e em cada estado tem a sua especificidade na forma de se organizar. Forma totalmente horizontalizada. O que nos articulavam, o que nos convergiam eram as demandas de luta. A luta indígena conseguiu convergir diversos movimentos muito diversos. Lutas locais e intenacionalização da luta. A partir da afirmação dos modos de vida dos povos indígenas e quilombolas, apresentávamos alternativas, pois ao expressar a denúncia apresentávamos também as afirmações. As lutas concretas trouxeram parcerias importantes, no Brasil e fora do país. Ex. World rainforest movement. Enfrentamento das ações empresariais, notadamente da Stora Enso e Aracruz (Fibria). Levou o caso ao tribunal dos povos. Caso atual: 1500 mulheres ocuparam uma área de 8 mil hectares da Veracel Celulose, na Bahia. Ivonete disse para termos cuidado com a colocação: “ lutar por outro modelo de desenvolvimento”, pois dizer isso seria admitir que somos subdesenvolvidos e nós não somos. REDE CERRADO Luta para que o bioma do cerrado seja patrimônio, e não fronteira agrícola. Através dessa luta já fizeram várias denúncias, inclusive no exterior. Hoje temos a central do Cerrado que agrega para a comercialização. Temos hoje várias linhas de trabalho. A unificação de lutas para o cerrado e caatinga é importante. AGENCIA PULSAR Agencias de noticia que tem objetivo de contribuir com rádios comunitárias, é parte da rede mundial das rádios comunitárias. Objetivam produzir e divulgar conteúdos dos movimentos populares. Desafio da agencia do contato com o público e as rádios comunitárias; e no nível local, das pessoas fazer uma comunicação permanente, porque a comunicação é uma estratégia para promover o diálogo e a convergência. Exercitando as convergências: Após a apresentação das redes a coordenação propôs para a plenária uma rápida reflexão em grupo para o levantamento dos principais temas que provocam convergência: “Encontrar 3 ou 4 grandes questões que provocam convergência”. A luz do território, quais são as grandes convergências? Os inúmeros temas listados foram sintetizados nas seguintes questões: 1) Luta e reapropriação do território 2) Luta ecológica e enfrentamento ao agronegócio e mineração 3) Visibilidade, comunicação, construção e diálogo de conhecimento 4) Ampliação e fortalecimento de alternativas econômica, agroecológica, solidária, saudável e sustentável Questão para grupos trabalharem os temas • Como podemos avançar nas convergências aqui no território? • Desafios e potencialidades de convergências nos temas levantados • Como fazer? Grupo 1: Lutas e reapropriação dos territórios Algumas comunidades se contentam com pequenos projetos e não vão à luta para garantir o direito ao território. Fomento florestal: forma de cooptação de agricultores para expansão da monocultura. Ficar alerta nas estratégias do agronegócio. Retirada do pessoal do campo e colocação em pequenas vilas. Conceito de território do estado é diferente do conceito de território dos povos e comunidades tradicionais. Para alguns movimentos a discussão é dos lotes (MST, MPA, etc.) e para outros é o território. Com a falta da terra a juventude sai e quando volta traz os vícios e a insegurança no campo. INCRA: Negligência e discriminação na educação: Ex.: na escola vazanteira existe uma professora que trabalhava e ajudava na organização da comunidade é transferida para outra região distante. Dificuldade na legislação para funcionamento de escola diferenciada: ex. Tapera. Necessidade de apoio para criação da Faculdade de Agroecologia. Como: Feira livre como ponto de comercialização, divulgação e comunicação junto à cidade. Comunicação dos novos modos de vida. Articular as escalas local, nacional e global. A articulação campo cidade nas feiras tem que acontecer no âmbito local, estadual, nacional e internacional. As grandes empresas articulam bem estas diferentes escalas e isto dá poder. Grupo 2: Luta ecológica e enfrentamento ao agronegócio e a mineração Desafio: vencer as disputas organizacionais e de poder entre as entidades; governo efetivar políticas; como fazer; usar a comunicação para denunciar a situação no campo e desmascara o desenvolvimento ilusório dos grandes projetos; ter alternativas mais amplas para a questão do eucalipto e da mineração (mais pesquisa para isso); código florestal (agricultor também tem direito de usar a biodiversidade); sensibilizar a sociedade e romper o isolamento. Não reproduzir a estrutura de poder. Estabelecer outras lógicas de relação. Garantir a implementação das políticas públicas favoráveis. Exemplo: PAA, PNAE, onde os agricultores não conseguem fornecer. Falta processo continuado e multiplicador da educação e sobretudo da pesquisa. Muitos gargalos existem por falta de pesquisa.Código florestal Potencial: agregar-se a outras lutas; sensibilizar o meio urbano; já temos domínio no campo da cultura popular, da produção agroecológica, há vitórias no enfrentamento aqui na região e auto organização local orgânica; luta ecológica pode agregar outras lutas Como: fazer acordos entre entidades, gerando confiança; fazer pequenas oficinas como esta nas comunidades; sitematizar nosso números; ter processo continuado e transversal da educação para respostas duradoras e multiplicadoras; chamar mais organizações para o diálogo (CPT, MST, etc); ocupar e dos apropriar dos espaços de disputa (conselhos, promotorias); usar a comunicação como estratégia de mobilização social Articulações que já existem, fóruns, etc. Comunicação: muitos sindicatos e organizações possuem site. O saber dos agricultores. A luta ecológica que pode agregar outras lutas. . Como fazer: 1. Trabalhar o diálogo e convergência a partir das ações concretas no território. 2. Chamar as organizações que faltaram, CPT, MST, MPA, redes de educação. 3. Identificar a comunicação como a questão estratégica no caso das lutas. 4. Fortalecer o debate sobre educação do campo. 5. Fazer mais oficinas locais na região, ampliando a participação de outros membros no norte de Minas. Mini oficinas de diálogo no norte de Minas. Grupo 3: Visibilidade, comunicação, construção e diálogo de conhecimento Desafio: Construção do discurso. Como elaborar um discurso comum que comunique à sociedade esta nova forma de vida e sociedade que queremos. Como comunicar? As universidades devem devolver para as comunidades os estudos realizados junto à elas. Fazer resgate do que é comum nas comunidades. Como: Usar linguagem popular (panfletos); Os mapas são grandes instrumentos de comunicação e banco de dados; Ter um jornal que apresente a luta de todos e todos sintam sintonizados; Além disto, outras redes, regiões e estados podem ser informados sobre o que acontece aqui no NM; Dar visibilidade a estes encontros. Exemplo: não comunicamos este evento para a sociedade de modo geral Grupo 4: Ampliação e fortalecimento de agroecológica, solidária, saudável e sustentável alternativas econômica, Desafios: Convencimento sobre a eficiência das propostas, os mercados, a identidade. Garantir a SAN. O convencimento de outras pessoas que não estão engajadas. Convencimento sobre agroecologia, identidade e redes de economia solidária. Criação e desenvolvimento de mercados. Manter o cerrado em pé. Garantia de água. Legislação sanitária e tributária elevada e desfavorável para as cooperativas. Potencialidades: O extativismo e o agroextrativismo. PAA e PNAE e outros mercados. Existência de redes antigas e sindicatos combativos. A diversidade de povos com o mesmo objetivo. O cerrado ainda existe. O desejo das pessoas se alimentarem adequadamente. Como? agroextrativismo, lei da merenda escolar, PAA, as redes existentes; compra de alimentos, comunicação que deixe claro as propostas, o que é SAN; Criar estratégias que possam mostrar que dá para viver da agricultura e extrativismo comparado com empregos na eucaliptocultura e carvoaria. Após apresentação dos relatos dos grupos, buscou-se levantar duas questões que propiciariam maior convergência e formas de trabalhá-las nos diferentes espaços e organizações: 1. Alimentação saudável: 2. Água Como trabalhá-las: 1. Processos de convencimento: utilizar experiências concretas sobre a qualidade de vida. 2. Articulação com a área urbana, sobretudo escolas, compra de alimentos, educação alimentar. Nas escolas tem os multiplicadores. 3. Comunicação estratégica e continuada, que deixa claro o que é SAN. 4. Campanha contra o agrotóximo. 5. Viabilizar as condições de trabalho e sensibilização das bases, outros agricultores. 6. Dar mais visibilidade às experiências. 7. Água mobiliza campo e cidade e está ligado a todos os desafios elencados. ENCAMINHAMENTOS: 1. Como vamos nos preparar para apresentar a oficina NM no encontro nacional? A partir do relatório do encontro, fazer uma convocatória de um grupo, um encontro para apresentar o relatório e para pensar os passos seguintes. Também para discutir os desdobramentos da oficina no NM. Sugestão de temas para ser levado: autodemarcação, educação xakriabá, rede de educadores. Realizar uma reunião com os participantes desta oficina com as finalidades: Relatoria apresenta a sistematização da oficina para os participantes verificar se o retrato está correto. A partir daí, o que o NM vai falar para Salvador. Tirar uma agenda de diálogo e convergência para o NM. Qual o recado do NM para as redes? Exemplo: vamos para de dividir. Prazo: até primeira quinzena de abril para o encontro. Avaliação do encontro: • Encontro proveitoso, apesar de que algumas pessoas demoraram para entender o que significa “Encontro de Diálogos e Convergências”, é uma expressão difícil • Cada um tem que ver como pode contribuir com esta caminhada, com as mãos, com a teoria • As experiências visitadas foram muito ricas, falas com muita sabedoria e diversidade que alimenta a alma • A expressão do encontro não foi do Sudeste, há realidades parecidas e faltou presença de outras comunidades, exemplo os tupiniquins, pescadores • As redes aqui presentes são muito parecidas: na fala, no corpo, no pensamento e proposta • A luta é geracional • Tivemos novos conhecimentos e conhecemos outras pessoas e outras lutas • Ótima acolhida, dormida, comida! • Já fazíamos a convergência, mesmo que no incosciente, mas agora faremos mais e melhor • Um grande desafio é “como convergir” • A convergência ocorre num campo e não em um ponto específico • Metodologia acertada, feito ao caminhar, a partir da experiência e com coerência, discussão após a visista, deu lições para o Encontro Nacional. • Possibilitou o resgate das utopias, encontro ousado, utópico e pedagógico. Dá força para a luta do dia-a-dia. • Foram boas as discussões sobre a comunicação, temos que seguir regando esta semente. • Estamos com uma proposta de intercâmbio e unificação, afinando para lutas maiores e não apenas para um grande encontro em Salvador; os desafios e as responsabilidades são local e nacional. Temos que andar com este processo, dar as consequências desta oficina aqui • Nesta oficina começamos a “ficar”, a nos conhecer; para depois podermos namorar mesmo. • Estamos conseguindo desencadear um novo momento dos movimentos sociais: território, denúncias e alternativas • Basta ter coragem e acreditar, não precisa ter diploma 2. Propostas • Que as redes envolvidas façam uma preparação melhor antes do Encontro • Trazer mais as experiências dos outros estados, exemplo do Sapê do Norte/ ES • Ampliar para outras redes, convidar mais pesssoas, como o Grupo Graal, Redes Nacionais de Educação • Convidar poder público • Para uma próxima reunião do Norte de Minas o Sindicato de Porteirinha se disponibiliza a sediar o encontro • Que haja a distribuição desta discussão, como feito aqui, para outros municípios e comunidades. Ampliar a discussão para todo país • Ter mais conhecimento sobre os números do extrativismo, mais noção econômica, para servir de argumentos e defesa • Massificar as informações que tiramos desta oficina, gerar cartilhas, começar pelo Arcilo (?) • Temos que ocupar espaços no governo, para que o avanço seja mais rápido Fontes: http://pratoslimpos.org.br http://www.montezuma.mg.gov.br/v1/?pg=eventos BRITO, Isabel Cristina. o ecologismo popular e a reforma agrária socioambiental dos atingidos pela monocultura de eucalipto no norte de minas gerais. Anais V Encontro Nacional da Anppas. Florianópolis, 2010. CAA /MMA.PROJETO DE GESTÃO AMBIENTAL RURAL SERRA GERAL/MG, 2006