A Utilização de Embarcações Militares com Propulsão

Transcrição

A Utilização de Embarcações Militares com Propulsão
ESCOLA DE COMANDO E ESTADO MAIOR DO EXÉRCITO
ESCOLA MARECHAL CASTELLO BRANCO
Maj MB WILSON ANDRÉ BARREIROS RIBEIRO
A Utilização de Embarcações Militares com Propulsão
Hidrojato na Amazônia.
Rio de Janeiro
2015
Maj MB WILSON ANDRÉ BARREIROS RIBEIRO
A Utilização de Embarcações Militares com Propulsão
Hidrojato na Amazônia.
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado à Escola de Comando e
Estado-Maior do Exército, como requisito
parcial para a obtenção do título de
Especialista em Ciências Militares.
Orientador: Cel MB QEMA RAPHAEL MOREIRA DO NASCIMENTO
Rio de Janeiro
2015
R484u RIBEIRO, WILSON ANDRÉ BARREIROS
A Utilização de embarcações militares com propulsão hidrojato na
amazônia / WILSON ANDRÉ BARREIROS RIBEIRO. 2015.
35 f.: il; 27,9 cm
Trabalho de Conclusão de Curso - Escola de Comando e Estado Maior
do Exército, Rio de Janeiro, 2015.
Bibliografia: f. 33-35
1. Embarcações Militares. 2. Sistema de Propulsão Hidrojato.
3. Amazônia. I Título.
CDD 355.2
Maj MB WILSON ANDRÉ BARREIROS RIBEIRO
A Utilização de Embarcações Militares com Propulsão Hidrojato na
Amazônia.
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
à Escola de Comando e Estado-Maior do
Exército, como requisito parcial para a
obtenção do título de Especialista em Ciências
Militares.
Aprovado em ___ de _____________ de 2015.
COMISSÃO AVALIADORA
___________________________________________________
RAPHAEL MOREIRA DO NASCIMENTO - Cel MB - Presidente
Escola de Comando e Estado-Maior do Exército
______________________________________________________
SÉRGIO HENRIQUE CODELO NASCIMENTO - Cel Eng - Membro
Escola de Comando e Estado-Maior do Exército
_______________________________________________________
FERNANDO AUGUSTO VALENTINI DA SILVA - Maj Cav - Membro
Escola de Comando e Estado-Maior do Exército
Aos
meus
amores,
minha
esposa Carine e meu filho
Marco Antônio, que são as
maiores e mais verdadeiras
alegrias do meu dia a dia.
AGRADECIMENTOS
Ao
meu
Orientador,
inicialmente
o
Ten
Cel
Eng
Diderot,
meus
agradecimentos pela orientação oportuna e construtiva na realização de parte deste
trabalho.
Ao Cel MB Raphael, ex-Instrutor desta casa e atualmente aluno do CPAEx,
que prontamente atendeu meu pedido de orientação tendo em vista a transferência
do TC Diderot da ECEME para comandar o 9º B E Cmb em Aquidauana-MS; meu
muito obrigado. Aproveito para agradecer também o Cel Raphael pela maneira
camarada e distinta com que sempre tratou a mim e todos seus subordinados na
direção do PqRMnt/3 em Santa Maria-RS nos anos de 2011 e 2012.
Ao Sr Cel Eng Codelo que cordialmente aceitou meu pedido para compor a
comissão de avaliação deste trabalho, a despeito de suas inúmeras atribuições, meu
muito obrigado.
Ao Maj Cav Valentini, distinto camarada de outras épocas, que também de
pronto atendeu meu pedido para compor a comissão de avaliação deste trabalho,
meus sinceros agradecimentos.
A todos os camaradas que contribuíram com farto material de pesquisa, os
quais em função da minha não muito boa memória, não vou citar para não cometer a
indelicadeza de olvidar alguém, meus agradecimentos mais sinceros.
Finalmente, agradeço ao Exército que me deu a oportunidade de ter as
inesquecíveis, enriquecedoras e produtivas experiências de servir na Região
Amazônica, sendo subalterno e comandante da Companhia de Manutenção de
Embarcações do Centro de Embarcações do Comando Militar da Amazônia, de ser
Instrutor da Divisão de Instrução de Embarcações por dois anos, ter participado da
avaliação das embarcações CB-90 – H e da G-Boat em 2004, de ter realizado o
Curso de Operações na Selva “B” e navegar milhas de rios da nossa Amazônia,
experiências sem as quais eu nada teria para falar do assunto a que me propus no
presente trabalho.
“Justum est bellum, quibus necessarium,
et pia arma, quibus nulla nisi in rami
relinquintur spes.” [Titus Livius, Ab Urbe
Condita 9.1]
“É justa a guerra para aqueles aos
quais é necessária, e honestas as armas
para aqueles cuja esperança repousa
somente nas armas.” [Titus Livius, Da
Fundação de Roma 9.1]
RESUMO
O presente trabalho, desenvolvido no período de fevereiro de 2014 a
fevereiro de 2015, foi apresentado à Escola de Comando e Estado-Maior do Exército
(ECEME) como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em
Ciências Militares, com concentração na área Doutrina. Seu título é “Utilização de
Embarcações Militares com Propulsão Hidrojato na Amazônia”.
O Exército Brasileiro encontra-se em franca e visível transformação a qual
tem por objetivo dotar a Força Terrestre de novas competências e capacidades, de
modo a preparar suas tropas para o cumprimento de missões e tarefas na Era do
Conhecimento. A obtenção dessas competências e capacidades é fundamental para
que uma Força Terrestre possa atuar em todo o Espectro dos Conflitos, alcançando
o efeito dissuasório que devem ter as Forças Armadas de um país. Nesse contexto,
destaca a presente pesquisa sobre a utilização de embarcações militares dotadas de
propulsão do tipo hidrojato nas ações do Exército na Amazônia, estudando os meios
existentes e as novas aquisições já realizadas, previstas e em estudo. Nesse
diapasão, o ambiente operacional amazônico, com todas as peculiaridades a ele
inerentes, impõe possibilidades e limitações a estas embarcações no tocante aos
seus sistemas. No presente estudo, no ativemos especificamente ao sistema de
propulsão. Este estudo visa a desmistificação acerca do desempenho deste sistema
de propulsão em relação ao demais sistemas de propulsão mais tradicionais
utilizados nas embarcações militares operadas pelo Exército na Amazônia.
Para atingir tal intento, foram pesquisadas as embarcações existentes e as
novas aquisições feitas, previstas e em estudo/avaliação pelo Exército para a área
do Comando Militar da Amazônia (Amazônia Ocidental).
O autor pesquisou diversas fontes bibliográficas do Departamento de
Engenharia e Construção, do Comando Militar de Amazônia, Centro de
Embarcações do Comando Militar da Amazônia e demais órgãos internos e externos
ao Exército. Assim, pretende-se inferir acerca da adequabilidade do desempenho
das embarcações dotadas do sistema de propulsão hidrojato no ambiente
operacional amazônico.
Palavras-chave:
Amazônia.
Embarcações
Militares.
Sistema
de
Propulsão
Hidrojato.
RESUMEN
El presente trabajo, desarollado desde febrero de 2014 hasta febrero de 2015,
fue presentado a la Escuela de Comando y Estado Mayor del Ejército (ECEME) como
requisito parcial para la obtención del título de especialista en Ciencias Militares, bajo la
área de concentración Doctrina. Su título es "El uso de Embarcaciones Militares con
Propulsión Hidrojato en la Amazonia".
El Ejército Brasileño vive la exitosa y visible transformación cuyo objetivo es
proporcionar a las Fuerzas de Tierra nuevas habilidades y capacidades, de maneras
que sus tropas estean preparadas el cumplimiento de sus misiones y tareas en la Era
del Conocimiento. La obtención de estas habilidades y capacidades es fundamental
para una Fuerza de Tierra pueda actuar en todo el espectro de los conflictos, logrando el
efecto disuasivo que debe tener las Fuerzas Armadas de un país. En este contexto,
destaca la investigación actual sobre el uso de embarcaciones militares con propulsión
a hidrojato en las acciones del Ejército en la Amazonia, estudiando los medios
existentes y las nuevas adquisiciones ya realizadas, planificadas y las que se
encuentran bajo estudio. En esta senda, el entorno operativo amazónico, con todas sus
particularidades inherentes, impone las posibilidades y limitaciones de estas
embarcaciones no que toca a sus sistemas. En el presente estudio, nos detuvimos
específicamente en el sistema de propulsión. Este intenta aclarar acerca del rendimiento
de este sistema de propulsión en comparación a otros sistemas de propulsión más
tradicionales utilizados en embarcaciones militares operados por el Ejército en la
Amazonia.
Para lograr este propósito, fueron investigadas las embarcaciones existentes y
las nuevas adquisiciones hechas, establecidas y em estudio/evaluación por el Ejército
para empleo en la zona del Comando Militar de la Amazonia (Amazonia occidental).
El autor há investigado varias fuentes bibliograficas del Departamento de
Inginiería y Construcción, del Comando Militar de la Amazonia, del Centro de
Embarcaciones del Comando Militar de la Amazonia y otros órganos internos y externos
al Ejército. Asi, se pretende inferir acerca de la conveniencia de la actuación de las
embarcaciones equipadas con el sistema de propulsión a hidrojato en el entorno
amazónico.
Palavras-claves: Embarcaciones Militares. Sistema de Propulsión a Hidrojato.
Amazônia.
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
Bda Inf Sl
- Brigada de Infantaria de Selva
BIS
- Batalhão de Infantaria de Selva
CAEx
- Centro de Avaliação do Exército
CECMA
- Centro de Embarcações do Comando Militar da Amazônia
CMA
- Comando Militar da Amazônia
CMN
- Comando Militar do Norte
EBP
- Embarcação Base de Pelotão
EBG
- Embarcação Base de Grupo
ECEME
- Escola de Comando e Estado Maior do Exército
END
- Estratégia Nacional de Defesa
EPE
- Embarcação Patrulha de Esquadra
EPG
- Embarcação Patrulha de Grupo
EsAO
- Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais
HP
- Cavalos Vapor (Horse Power)
LPR
- Lancha Patrullera de Ríos
MD
- Ministério da Defesa
RM
- Região Militar
RPB
- Riverine Patrol Boat
SISFRON
- Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURA 1
Esquema de um sistema de propulsão mecânico do tipo motor-reversoreixo-hélice.
FIGURA 2
Motor de Popa equipando uma embarcação.
FIGURA 3
Motor acoplado a uma unidade de propulsão hidrojato.
FIGURA 4
Fluxo de água de uma unidade de propulsão hidrojato.
FIGURA 5
Comparação do calado de um sistema hidrojato e motor de popa.
FIGURA 6
Parada rápida por reversão (“frenagem”) de uma embarcação a
hidrojato.
FIGURA 7
Manobras “para o lado” e giro “em torno do próprio eixo” e manobras
em velocidade zero de uma embarcação com hidrojato.
FIGURA 8
Embarcação G-Boat em operação na Amazônia.
FIGURA 9
Embarcação CB-90 - H em operação na Amazônia.
FIGURA 10
Embarcação LPR em operação na Amazônia.
FIGURA 11
Embarcação LPR embarcada em Aeronave C-130.
FIGURA 12
Embarcação RPB em operação na Amazônia.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 12
2 CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE OPERACIONAL AMAZÔNICO ................. 18
2.1 ASPECTOS FISIOGRÁFICOS DA REGIÃO AMAZÔNICA.................................18
2.1.1 Características do Clima da Região Amazônica.........................................19
2.1.2 Características da Vegetação da Região Amazônica.................................19
2.1.3 Aspectos do Relevo da Região Amazônica..................................................20
2.1.4 Aspectos da Geologia da Região Amazônica...............................................20
2.1.5 Aspectos da Hidrografia da Região Amazônica..........................................21
2.2 ASPECTOS POLÍTICOS DA REGIÃO AMAZÔNICA..........................................23
2.3 ASPECTOS ECONÔMICOS DA REGIÃO AMAZÔNICA....................................23
2.4 ASPECTOS PSICOSOCIAIS DA REGIÃO AMAZÔNICA...................................24
2.5 ASPECTOS MILITARES DA REGIÃO AMAZÔNICA..........................................24
2.5.1 Observação e Campos de Tiro.......................................................................25
2.5.2 Cobertas e Abrigos.........................................................................................25
2.5.3 Obstáculos.......................................................................................................25
2.5.4 Acidentes Capitais..........................................................................................26
2.5.5 Vias de Acesso................................................................................................26
3 EMBARCAÇÕES MILITARES...............................................................................27
3.1 GENERALIDADES...............................................................................................27
3.2 AS EMBARCAÇÕES TÁTICAS...........................................................................27
3.3 A NOVA CONCEPÇÃO DE EMPREGO DE EMBARCAÇÕES..........................29
3.3.1 As Novas Propostas de Embarcações de Emprego Tático.........................29
3.3.2 As Novas Propostas de Embarcações de Vigilância de Fronteiras...........30
3.4 PRINCIPAIS SISTEMAS DE PROPULSÃO DAS EMBARCAÇÕES DO
EXÉRCITO BRASILEIRO...........................................................................................31
3.5 O SISTEMA DE PROPULSÃO HIDROJATO.......................................................32
3.5.1 Apresentação e Características do Sistema de Propulsão Hidrojato........33
3.6
EMBARCAÇÕES
COM
SISTEMA
DE
PROPULSÃO
HIDROJATO
JÁ
TESTADAS NA AMAZÔNIA.......................................................................................36
3.6.1 Embarcação G-Boat........................................................................................36
3.6.2 Embarcação CB-90 - H....................................................................................37
3.6.3 Embarcação LPR.............................................................................................38
3.6.4 Embarcação RPB.............................................................................................39
3.6.5 Desempenho do Sistema do Propulsão Hidrojato nas Embarcações
Militares já Testadas na Amazônia.........................................................................40
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 41
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 43
12
1 INTRODUÇÃO
A Amazônia é sem dúvida uma das regiões mais inóspitas e fascinantes do
mundo (SILVA, 2003, p.4). É notória a sua importância para a humanidade devido à
sua rica biodiversidade e demais potencialidades e riquezas. Fatalmente, tais
aspectos têm despertado a cobiça internacional e consequentemente a necessidade
de mantê-la integrada e protegida, como fator primordial para a manutenção da
integridade territorial e soberania brasileira.
Permeando este difícil caminho do desenvolvimento sustentado, integração
e defesa da Amazônia brasileira, entra em cena a presença militar na região,
incrementada a partir da década de 80 e em constante e franco crescimento, em
consonância com a Política Nacional de Defesa:
7.6. Para contrapor-se às ameaças à Amazônia, é imprescindível executar
uma série de ações estratégicas voltadas para o fortalecimento da
presença militar, a efetiva ação do Estado no desenvolvimento
sustentável (social, econômico e ambiental) e a ampliação da cooperação
com os países vizinhos, visando à defesa das riquezas naturais. (Brasil,
2012a)
Analisando o ambiente operacional em questão, verificamos a servidão
imposta às operações militares pela Selva Amazônica. “Na Amazônia, os rios
comandam a vida” (TRISCIUZZI NETO, 2001, p.151). Esta frase do livro Rios da
Amazônia, escrito pelo Capitão de Corveta Leonardo Trisciuzzi Neto, nos leva a
entender a importância que os rios tem para a Amazônia. A precária e deficiente
rede de estradas impõe servidões às operações militares, tornando os rios, muitas
vezes a única via de transporte disponível. Daí a importância das tropas da
Amazônia possuírem embarcações militares capazes de operar na região de
maneira eficiente e confiável. No entanto, o ambiente operacional amazônico possui
algumas peculiaridades que impõem limitações à confiabilidade e à eficiência das
embarcações militares atualmente utilizadas pelo Exército Brasileiro na área
amazônica.
O Comando Militar da Amazônia (CMA) possui, administrativamente, uma
Região Militar (RM) e operacionalmente 4 (quatro) Brigadas de Infantaria de Selva
13
(Bda Inf Sl), a 1ª Bda Inf Sl (Boa Vista-RR), a 2ª Bda Inf Sl (São Gabriel da
Cachoeira-AM), a 16ª Bda Inf Sl (Tefé-AM), e a 17ª Bda Inf Sl (Porto Velho-RO).
Os Batalhões de Infantaria de Selva (BIS) estão situados na margem ou
próximos à grandes rios da região amazônica. Há 15 Batalhões de Infantaria de
Selva no CMA, os quais estão sediados em localidades que dominam os grandes
rios da região amazônica, tais como os rios Amazonas, Negro, Juruá, Xingu,
Tapajós e outros. Segundo Pinheiro (2010) existem sete BIS que possuem
companhias e pelotões de fronteira, os quais bloqueiam importantes vias de acesso
fluviais que adentram o território nacional através dos rios Guaporé, Mamoré, Purus,
Abunã, Moa, Javari, Içá, Japurá, Tiquié, e Uaupés.
É no contexto acima exposto que este trabalho se propõe à realização de
um estudo das embarcações militares com propulsão hidrojato na Amazônia.
Inicialmente, levantou-se o seguinte problema:
- As embarcações militares dotadas de sistema de propulsão hidrojato
possuem desempenho adequado no ambiente operacional amazônico?
Desta feita, o objetivo geral deste trabalho monográfico é verificar a
adequabilidade e performance das embarcações militares com propulsão hidrojato
no ambiente operacional amazônico. Para o atingimento deste objetivo geral, foram
traçados os seguintes objetivos específicos:
- Apresentar o ambiente operacional amazônico e seus impactos para a
navegação fluvial;
- Apresentar as embarcações militares utilizadas na Amazônia e seus
sistemas de propulsão; e
- Descrever o sistema de propulsão hidrojato e o desempenho das
embarcações militares equipadas por ele que já foram testadas na Amazônia.
A hipótese levantada para este estudo é a seguinte:
- As embarcações militares equipadas sistema de propulsão hidrojato são
adequadas à operação no ambiente operacional amazônico.
A verificação da hipótese implicará em uma considerável quebra de
paradigmas, pois historicamente, a região amazônica não é mobiliada com
embarcações dotadas de propulsão hidrojato, quer se fale em belonaves civis ou
militares. Isto significará uma porta aberta para que esta nova tecnologia de
propulsão possa ser empregada com confiabilidade pelas embarcações militares
14
agregando desempenho e tecnologia náutica à frota fluvial do Exército Brasileiro em
operação na Amazônia, em especial no Comando Militar da Amazônia (CMA).
No escopo do trabalho, serão trabalhadas duas variáveis, que são as
circunstâncias passíveis de medição e que de alguma forma poderão influenciar na
pesquisa, a saber:
Variáveis dependentes - Embarcações militares de emprego tático e de
vigilância de fronteiras e o desempenho do sistema de propulsão hidrojato.
Variável independente - Ambiente operacional amazônico
Pela vastidão da área amazônica e pela grande variedade de embarcações
militares existentes, com variados propósitos de emprego, o delineamento da
pesquisa contemplará as embarcações militares que já foram apreciadas técnicooperacionalmente pelo Exército Brasileiro na região amazônica. Este estudo alinharse-á aos estudos e testes realizados pelo CMA a partir do ano de 2004, ano em que
ocorreram os testes com as embarcação CB-90 H (Combat Boat 90 Half Platoon)
fabricada pelo estaleiro Dockstavarvet AB da Suécia e com a embarcação G-Boat
(Group Boat) fabricada pelo estaleiro MarineAlutech Oy AB da Finlândia. Ademais, o
estudo limitar-se-á à área da Amazônia Ocidental, área de responsabilidade do
CMA, excluindo o recém criado Comando Militar do Norte, que tem como área a
Amazônia Oriental.
Por fim, serão estudadas as embarcações de emprego tático e as de
vigilância de fronteiras, excetuando-se as logísticas, classificação esta realizada por
Peres (2009, p.46).
O cerne deste trabalho será o sistema de propulsão destas embarcações,
que é do tipo hidrojato. Serão explorados aspectos deste sistema de propulsão e
suas implicações e reflexos, tais como a manobrabilidade, velocidade, calado e
manutenção.
No mesmo diapasão da Estratégia Nacional de Defesa, que enumera como
capacidades básicas das Forças Armadas, em particular do Exército Brasileiro, a
vigilância e monitoramento, a mobilidade e a presença; que funcionam como vetores
dos subsistemas de sensoriamento e de atuadores do Sistema Integrado de
Monitoramento de Fronteiras (SISFRON), surgem, dentre outros meios, as
embarcações militares para a Amazônia. Atualmente, as embarcações militares que
cumprem as missões de emprego tático e de vigilância de fronteiras, existentes na
área do CMA, são quase todas possuidoras do sistema de propulsão eixo-hélice, um
15
sistema totalmente diferente e de concepção tecnológica mais antiga e simplória que
o hidrojato.
Sob este prisma, este trabalho faz-se importante, uma vez que atualmente
existem estudos e processo de aquisição de embarcações para as tropas da região
amazônica em curso no Ministério da Defesa (MD) e Departamento de Engenharia e
Construção (DEC) para emprego no CMA. Segundo Peres (2009) foram adquiridas
pelo MD 4 (quatro) embarcações táticas de grupo Guardian 25 e 2 (duas)
embarcações de combate LPR (Lancha de Patrullera de Ríos). Há, também uma
licitação em curso no CMA de 1 (uma) embarcação de vigilância de fronteira DGS
PEAD. Houve um entendimento com a empresa estadounidense SAFE Boats
International LLC para empréstimo de uma embarcação RPB (Riverine Patrol Boat)
para testes pelo CMA em 2012 (BRASIL, 2012, p. 1-6). Estas embarcações
possuem sistema de propulsão hidrojato, com exceção da primeira e da terceira que
são propelidas por dois motores e um motor de popa, respectivamente.
Por fim, o presente estudo pretende contribuir com o Exército Brasileiro, em
particular com o CMA e quiçá com o recém criado Comando Militar do Norte (CMN),
por via reflexa, a fim de apontar as vantagens da aquisição de embarcações
militares dotadas do moderno sistema de propulsão hidrojato. Algumas avaliações
técnico-operacionais já haviam ocorrido desde 2004 com embarcações dotadas
deste sistema, nas quais se obteve resultados muito bons. Considerando-se, ainda,
os planos de aquisições de um grande número de embarcações apresentados pelo
CMA (PERES, 2009, p. 89), avulta de importância ter uma melhor visão do
desempenho das embarcações propelidas por sistema hidrojato. Desta forma,
poder-se-á ter mais subsídios para uma importante decisão para o Exército, que é a
aquisição de grande quantidade destas embarcações dispendendo vultosa soma de
recursos financeiros.
Para apresentar o tipo de pesquisa a ser desenvolvida, considerar-se-á a
taxonomia de Vergara (2009), onde serão expostos os critérios da finalidade da
pesquisa e os meios utilizados para a realização.
Quanto à finalidade e à forma de abordagem do problema, será explicativa,
tendo como principal objetivo tornar o conhecimento acerca do desempenho das
embarcações propelidas pelo sistema hidrojato inteligível, acompanhado das
justificativas. A pesquisa é também aplicada, levando-se em conta que sua
motivação é de natureza prática, visando um problema concreto, que é o
16
desempenho das referidas embarcações, particularmente de seu sistema de
propulsão.
No que toca aos meios de investigação, é, ainda, bibliográfica e documental
porque terá sua fundamentação teórico-metodológica na investigação de estudos
acerca das embarcações militares.
Também serão, por fim, estudados artigos, análises, avaliações técnico
operacionais, documentos do EB sobre as embarcações militares em uso e as em
estudo para aquisição, em especial aquelas que possuem sistema de propulsão
hidrojato. Alguns destes documentos são de acesso ao público em geral, já outros,
de circulação interna do Exército.
Conceitualmente, entende-se universo como sendo o conjunto de elementos
possuidores de características que serão objeto de estudo. Já amostra, diz respeito
a uma parte do universo, escolhida segundo algum critério de representatividade
(VERGARA, 2008). Neste estudo, por suas características muito particulares,
universo e amostra praticamente se confundem, haja vista que praticamente serão
exploradas todas as embarcações tático e de vigilância de fronteira que foram
avaliadas e adquiridas ou estejam em processo de aquisição pelo Exército para
operar na região de responsabilidade CMA e que mobiliará suas tropas. A amostra
pode ser classificada como não probabilística pelo fato de não serem utilizados
dados estatísticos na pesquisa.
No tocante à coleta de dados, serão efetuadas pesquisas bibliográficas junto
aos anais do I Simpósio de Embarcações Ribeirinhas na Amazônia, realizado no
período de 25 a 28 de outubro de 2010 e do II Simpósio, ocorrido no período de 18 a
20 de maio de 2011. Estão sendo e serão feitos contatos com militares que
participaram diretamente do processo de avaliação e aquisição de embarcações
dotadas de sistema de propulsão hidrojato, tais como a LPR e a DGS PEAD. Além
disso, será feita uma pesquisa junto às bibliotecas virtuais da Escola de Comando e
Estado Maior do Exército (ECEME) e da Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais
(EsAO). Serão, ainda, consultados documentos oficiais do Estado Maior do Exército,
do CMA e do Departamento de Engenharia e Construção (DEC).
Como resultado do tipo de pesquisa e dos meios de coleta de dados a
serem empreendidos, será feito um trabalho de interpretação e sistematização dos
dados coletados. A seguir, estes dados fruto da pesquisa bibliográfica e documental
serão interpretados e chegar-se-á a conclusões acerca do assunto.
17
Neste trabalho, primou-se pela adoção da pesquisa qualitativa, ou seja, pela
utilização de métodos e técnicas não estatísticas, que codificam os dados,
estruturando-os para a devida análise. Em essência, utilizar-se-á a Análise de
conteúdo, pois serão estudados textos e documentos acerca do tema. Será
empregada, também, o método comparativo, buscando destacar as vantagens e
desvantagens, similaridades e diferenças entre os sistemas de propulsão a serem
expostos. Assim, poder-se-á evidenciar as peculiaridades do sistema de propulsão
em destaque no presente estudo.
Após isso, será realizada a comparação da solução da análise dos dados
coletados com a suposição anteriormente apresentada, proporcionando a resposta
aos questionamentos do problema anteriormente citado.
Será empregado como método de tratamento de dados para a pesquisa o
Método Comparativo, já que os dados conseguidos podem possuir enfoques
diferentes, além de serem diferentes fontes de dados, o que exige um tratamento
mais pormenorizado no presente trabalho.
Após tudo isso, terá sido realizada a análise e interpretação dos resultados,
com o objetivo de responder aos questionamentos do problema apresentado
anteriormente.
Finalmente, deve-se ter em conta que uma das limitações de uma pesquisa
bibliográfica é a qualidade dos dados ou coletados de forma equivocada em se
tratando de fontes secundárias e assim reproduzindo ou ampliando estes erros. No
entanto, o próprio autor sugere que a redução dessa possibilidade é possível de ser
realizada por meio de se assegurar o contexto das condições em que os dados
foram obtidos e analisá-los com a imparcialidade necessária, identificando possíveis
direcionamentos ou ilações equivocadas acerca destes. Os dados devem ser
analisados de forma mais pragmática e técnica possível, a fim de se inferir sobre os
objetivos finais da pesquisa, que é verificar a adequabilidade do sistema de
propulsão hidrojato em ambiente operacional amazônico.
Mesmo com todas as limitações supracitadas e devido ao aspecto holístico
do tema, infere-se que a metodologia escolhida, ou seja, a pesquisa bibliográfica e
documental é coerente e possibilita atingir o objetivo final desejado nesta pesquisa
de forma clara, prática e objetiva.
18
2 CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE OPERACIONAL AMAZÔNICO
A Amazônia legal brasileira possui 776 municípios (IMAZON, 2014). Com
seus quase cinco milhões de quilômetros quadrados, representa aproximadamente
58% do território brasileiro, 5% da superfície terrestre, 40% da superfície da América
do Sul, 20% da água doce existente na terra, 1/3 das florestas do mundo, 2/3 do
potencial hidrelétrico do planeta. Possui ainda o maior banco genético do planeta, 3
fusos horários, 2 hemisférios, 7.000.000 de habitantes e se estende por 9
soberanias nacionais (SYLLOS et al, 2003, p. 10-12). Daí pode-se perceber sua
importância para o Brasil e para o mundo.
A região Amazônica possui características peculiares quanto aos seus
aspectos fisiográficos (particularmente sua hidrografia), políticos, econômicos e
psicossociais.
2.1 ASPECTOS FISIOGRÁFICOS DA REGIÃO AMAZÔNICA
Em nosso planeta, as áreas de Florestas Tropicais úmidas situam-se ao
longo da linha do Equador entre os Trópicos de Câncer no norte e de Capricórnio ao
sul. A Floresta Tropical Amazônica ou Floresta Equatorial é a maior do mundo,
cobrindo uma área em torno de dois terços do tamanho dos Estados Unidos da
América. A Floresta Tropical Amazônica, também chamada de Selva Amazônica
abrange partes dos territórios do Brasil, Guiana Francesa, Suriname, Guiana,
Venezuela, Colômbia, Peru, Equador, Bolívia, América Central. Em território
brasileiro, a Selva Amazônica cobre os estados do Amazonas, Pará, Acre, Amapá,
Roraima, Rondônia e Tocantins, cobrindo ainda partes dos estados do Maranhão e
Mato Grosso, ocupando uma área de aproximadamente 5 milhões de quilômetros
quadrados, representando aproximadamente 58 % da superfície do Brasil. Para
efeito de entendimento neste trabalho, pode-se considerar o termo Selva não só ao
interior da floresta, mas se estendendo principalmente a toda sua malha
hidrográfica.
A Selva Amazônia, no tocante aos seus aspectos fisiográficos, possui
características peculiares quanto ao clima, vegetação, relevo, geologia e hidrografia,
os quais condicionam as operações militares e por conseguinte, a operação das
embarcações militares.
19
2.1.1 Características do Clima da Região Amazônica
No que se refere ao clima, é caracterizado como quente e úmido. Há apenas
duas estações do ano, o “inverno”, que é a estação das chuvas, com alto índice
pluviométrico e o verão, que é a estação seca, com chuvas esporádicas e elevadas
temperaturas. A umidade relativa do ar é, via de regra, próxima dos 90%.
Com certa frequência, ocorrem violentas tempestades de curta duração, e forte
intensidade. Essas tempestades constituem-se em um perigo em potencial para a
navegação, devido aos fortes ventos que formam os chamados “banzeiros”, que
segundo Ambientebrasil (2005, p. 1) são ondas de considerável altura, perigosas à
navegação e que quebram violentamente nas margens dos rios, podendo facilmente
afundar uma embarcação atracada ou em movimento. Quando estas tempestades
ocorrem, a melhor conduta é parar a embarcação em uma das margens e aguardar
o fim dos ventos.
O clima da região influencia muito as operações militares, devido ao grande
calor e à umidade, desgastando o material e o próprio combatente. Ocorre uma
rápida oxidação dos materiais metálicos, fato que aliado ao funcionamento dos
mesmos em temperaturas elevadas, diminui consideravelmente sua vida útil. O clima
influencia ainda, com suas abundantes chuvas, no nível das águas, alagando
rapidamente grandes áreas e abrindo caminhos fluviais. Pode tornar ainda as
poucas estradas existentes intrafegáveis em questão de horas, influenciando nas
operações e tornando a via fluvial a única opção de transporte para as tropas.
2.1.2 Características da Vegetação da Região Amazônica
Quanto à vegetação, é composta de Florestas Equatoriais, a qual se
apresenta disforme ao longo das áreas. A presença da vegetação condiciona-se
muitas vezes à hidrografia. Poucas áreas não são afetadas diretamente pelas
enchentes, sendo chamadas de Terra Firme, a qual possui como características
árvores muito altas com mais de 50 metros de altura e bastante copadas, as quais
se entrelaçam umas nas outras impedindo a penetração de grande parte dos raios
solares. Nas áreas sujeitas a alagamentos, vamos encontrar segundo Brasil Nature
(2005) a Floresta de Terras Inundáveis, que ainda subdivide-se em várzea e igapó.
A primeira constitui-se de árvores de grande porte que passam alguma parte do ano
20
parcialmente encobertas pela água e já a segunda passa a maioria do tempo
parcialmente ou totalmente coberta pela água, sendo sua vegetação de menor porte.
Durante as cheias, segundo Estrela (2005) ocorre o assoreamento das
margens dos rios e são carreados pedaços de terra e vegetação, os quais seguem a
correnteza. Estes pedaços de vegetação representam um particular perigo à
navegação, principalmente noturna, podendo um tronco que desce boiando afundar
uma embarcação do tipo Regional, feita de madeira, ou em uma embarcação com
casco de metal vir a quebrar um hélice, o que é uma gravíssima avaria.
A imensa riqueza vegetal e animal da Amazônia podem, ainda, proporcionar
em situações especiais e esporádicas alimentação para pequenos efetivos militares,
porém por tempo limitado e em condições de sobrevivência.
A cobertura vegetal existente, também impede que o relevo abaixo dela seja
representado com fidedignidade nas cartas topográficas. A experiência da atuação
da tropa em região de selva demonstra, ainda, que esta cobertura vegetal prejudica
também a utilização de GPS e das comunicações no interior da floresta.
2.1.3 Características do Relevo da Região Amazônica
A chamada Planície Amazônica se estende no sentido geral leste-oeste e
possui uma baixíssima declividade. Para se ter uma ideia, de Tabatinga-AM até o
Oceano Atlântico verifica-se apenas 65m de desnível. Desta feita, pode-se inferir
que os rios amazônicos são, em geral, rios de planície e não muito correntosos. Não
existem documentos topográficos que apresentem com fidelidade o relevo do interior
da selva, porém ao nos deslocarmos por seu interior verificamos um terreno muito
movimentado com aclives e declives, formando ravinas de até 40m, conhecidas
como “socavões”, os quais desgastam a tropa que caminha a pé em seu interior. Daí
avulta de importância que os deslocamentos sejam feitos, desde que operacional e
taticamente possível e desejável, por outro meio que não o a pé; por exemplo,
fluvial.
2.1.4 Características da Geologia da Região Amazônica
Quanto à sua geologia a Amazônia caracteriza-se por apresentar terrenos
de todas as idades, o que propicia um altíssimo potencial de riquezas minerais de
21
todas as espécies, tais como ouro, cassiterita, bauxita, manganês, minerais
estratégicos e pedras preciosas, sendo comum a extração mineral e garimpos na
região. Esta imensa riqueza mineral e até mesmo seu enorme potencial de água
doce são fatores potenciais para intentos de caráter intervencionistas motivados pela
cobiça estrangeira e sob outros pretextos de caráter ecológico, proteção às
populações indígenas, combate ao narcotráfico e outros.
2.1.5 Características da Hidrografia da Região Amazônica
A hidrografia é, sem dúvida, junto com a vegetação, uma das duas
características mais marcantes dessa região geográfica e a que mais condiciona o
emprego das embarcações militares.
Segundo Hidrovias (2005), existem 24 rios principais que integram uma rede
de 14.314 Km de rios navegáveis na Amazônia. A bacia amazônica possui uma área
que ultrapassa os 6 milhões de quilômetros quadrados, dos quais 70 % encontra-se
em território nacional, permitindo a navegação de grande calado, em qualquer época
do ano, desde a foz do Amazonas até Iquitos, no Peru.
O Rio Solimões/Amazonas é o seu representante principal é reconhecido
como o maior rio do mundo em extensão e volume de água. Este rio é a artéria
principal de todo esse sistema. Tem um curso total calculado em 7.200 Km e
penetrando em território brasileiro em Tabatinga-AM, cruzando toda a Amazônia em
seu sentido oeste-leste por 3.165 Km e desaguando no Oceano Atlântico. Sua
largura média é de 4 a 5 Km, mas na foz de seus maiores afluentes chega a atingir
cerca de 20 Km. Seu ponto mais estreito é em Óbidos no Pará com,
aproximadamente 1,5 Km e sua foz mede na ordem de 400 Km. Seu nome advém
da homenagem feita por Fransisco Orellana, que o percorreu de oeste para leste,
em 1541, às presumíveis mulheres guerreiras existentes na foz do rio Nhamundá.
Segundo Estrela (2005), despeja uma média de 80.000 a 90.000 m3/s de água no
cone de dejeção, e cerca de 40 m3/s de aluvião, o que resulta da ampliação da
plataforma continental e na formação de “terraços” que obstruem a bacia de Marajó
e demais bocas. Recebendo afluentes dos hemisférios Norte e Sul com regimes de
chuvas diferentes, o volume d’água do Amazonas se mantém praticamente
inalterado durante todo o ano.
22
O segundo rio em importância é o Rio Negro, que nasce na Colômbia, na
região de Popaiã. Tem 1551 Km de curso, dos quais 50Km obstruídos por
corredeiras e saltos medíocres. Dos rios da Amazônia é o que possui o maior
aglomerado de ilhas em seu curso interior, sendo o de maior destaque o Arquipélago
Fluvial das Anavilhanas, o maior do mundo, verdadeiro labirinto onde segundo
Estrela (2005), se perdem os pilotos fluviais mais experimentados.
Os rios da bacia amazônica sofrem grande influência das chuvas
modificando completamente a paisagem do período da cheia para a seca,
ocasionando problemas à navegação. A sinuosidade dos rios, a variação da
topografia dos seus leitos, associada à inexistência de documentos hidrográficos,
impõem uma série de condicionantes à navegação nos rios amazônicos, tais como:
utilização intensiva de “práticos”; uso de barcos com casco chato, ou de pequeno
calado e restrição no comprimento das embarcações. Um outro fator hidrográfico
que determina modificações na topografia, além de ser aspecto importante na
navegação fluvial, é a mudança nos cursos dos rios amazônicos. Por serem
relativamente jovens, os rios da região ainda não possuem cursos estabilizados,
assim o que hoje é uma alça de um rio, amanhã pode estar transformado em lago,
pela retificação do curso. Muitos rios possuem em seus cursos, corredeiras e
cachoeiras que interrompem a navegação, obrigando o transbordo de embarcações,
ou muitas vezes, o transporte do meio flutuante utilizado, a braços, através desses
obstáculos.
Por força das próprias condições e características da região, o sistema
hidroviário é bastante utilizado para o abastecimento e desenvolvimento dos
principais núcleos econômicos e permite o acesso às localidades mais distantes do
interior da Amazônia, situadas, via de regra, às margens dos cursos d’água.
Contudo, a vasta rede hidroviária amazônica não propicia navegação franca durante
todo o ano para as embarcações de maior calado (distância vertical medida entre a
superfície da água e o ponto mais baixo do fundo da embarcação naquele ponto),
devido ao regime de cheias e vazantes. A rede hidrográfica da bacia amazônica
constitui-se na opção de transporte mais viável, fazendo com que o transporte fluvial
seja o mais apto a ser realizado na região. Assim, a navegação nos rios da bacia
amazônica apresenta características muito particulares e que vão invariavelmente
refletir nos planejamentos quanto ao deslocamento de tropas.
23
2.2 ASPECTOS POLÍTICOS DA REGIÃO AMAZÔNICA
Devido à grande riqueza ainda inexplorada da Amazônia e sua imensa
diversidade biológica, ela se torna um alvo da cobiça internacional. Campanhas
mundiais que tem como bandeira a preservação ambiental e proteção das “nações”
indígenas são uma constante. Estas campanhas, segundo Brasil (1997, p. 2-5),
procuram desestabilizar a soberania dos países amazônicos sobre seu território e
pregam a internacionalização da Amazônia sob a égide de organismos
internacionais.
Outro aspecto preocupante na região é a problemática indígena. Para
termos uma ideia, somente as terras indígenas Yanomâmi, onde vivem 8.000
cidadãos brasileiros de origem indígena, possuem a área equivalente à soma da
superfície de Portugal, Espanha, Bélgica e Alemanha, em um total de 180.000 Km2,
dos quais 97.000 Km2 localizados em território brasileiro e 83.000 Km2 localizados
em território venezuelano. Nos países citados anteriormente vivem ao todo
11.000.000 de pessoas (FIGUEIREDO, 2005, p. 33). As terras indígenas
representam segundo Figueiredo (2003, p. 32), 11,01% do Território Nacional.
Por fim, um aspecto bastante preocupante para a estabilidade política da
região é a narcoguerrilha e a instabilidade de alguns dos países vizinhos. Quanto ao
tráfico de drogas pode-se citar como principais rotas utilizadas a do Rio Purus e
Madeira, vindo da Bolívia e Peru e a do Negro e Solimões, vindo da Colômbia.
Quanto à guerrilha, os maiores problemas que se há verificado é com as Forças
Armadas Revolucionárias da Colômbia, as quais por vezes têm cruzado a fronteira
brasileira a fim de fugirem da perseguição do Exército Colombiano.
2.3 ASPECTOS ECONÔMICOS DA REGIÃO AMAZÔNICA
A Amazônia possui uma imensa quantidade de riquezas, muitas delas ainda
não exploradas. A par de toda riqueza animal e vegetal, merece destaque a sua
riqueza mineral. Segundo Brasil (1997, p. 2-5), grande parte destes recursos
minerais ainda permanecem intactos e são um potencial motivador de conflitos
internacionais de natureza e intensidade diversas. O extrativismo mineral teve um
expressivo crescimento nas últimas décadas, principalmente com o Projeto Carajás,
no sul do Pará, controlado pela Companhia Vale do Rio Doce.
24
A Amazônia constitui-se no maior banco genético do planeta (MANESCHY,
2000, p. 1). Apesar da enorme riqueza potencial da biodiversidade amazônica, há
pequena utilização por parte do Brasil para pesquisas e desenvolvimento
tecnológico, abrindo espaço, desta forma para a “biopirataria” na área por parte de
estrangeiros. Biopirataria é um termo novo, lançado em 1993 pela ONG RAFI, hoje
ETC-Group,
que
significa
a
apropriação
de
recursos
biogenéticos
e/ou
conhecimentos de comunidades tradicionais, por indivíduos ou por instituições que
procuram o controle exclusivo ou monopólio sobre estes recursos e conhecimentos,
sem autorização estatal ou das comunidades detentoras destes conhecimentos e
sem a repartição justa e equitativa de benefícios oriundos destes acessos e
apropriações indevidas (BIOPIRATARIA, 2005, p. 1)
2.4 ASPECTOS PSICOSOCIAIS DA REGIÃO AMAZÔNICA
A Amazônia possui grandes vazios ecumênicos (BRASIL, 1997, p. 2-7). A
sua população concentra-se basicamente nas capitais dos estados e ao longo dos
rios e de algumas poucas e precárias rodovias. Estes grandes vazios e a imensidão
da faixa de fronteira propiciam a realização de atividades ilegais, haja vista a falta de
presença do Estado e do poder público. O “homem da Amazônia” tem suas origens
na miscigenação dos nordestinos, os quais fugiram da seca e migraram para região
e fixaram-se, e dos índios, que já habitavam a região antes da chegada do homem
branco. Este homem sobrevive basicamente do extrativismo vegetal e mineral e
alimenta-se basicamente do que a selva lhe oferece. Nas operações militares,
podem ser empregados como guias, mateiros e com restrições e ressalvas como
“práticos”, que são homens que possuem grande experiência na navegação e
manobra de embarcações, bem como as particularidades locais, correntezas,
variações de cheias e vazantes, ventos dominantes, perigos das áreas de
navegação restrita e obstáculos submersos ou não, tais como bancos de areia,
pedras, praias, troncos flutuando, “canaranas” e outros (CONAPRA, 2005, p. 1).
2.5 ASPECTOS MILITARES DA REGIÃO AMAZÔNICA
Em seguida serão tecidas de forma sumária, algumas considerações sobre
os aspectos militares do terreno na Amazônia.
25
2.5.1 Observação e Campos de Tiro
A observação é um dos fatores que sofrem uma considerável restrição no
interior da selva (BRASIL, 1997, p. 2-5). Isto se deve principalmente à escassez de
pontos dominantes do terreno para a observação e ao fato de que as fotografias
aéreas não refletem a realidade do relevo sob a copa das árvores. Além disso, um
grande limitador da observação é a própria vegetação.
Pode-se entender como campo de tiro o setor batido por um armamento,
que esteja dentro de seu alcance de utilização e aproveitando o máximo das suas
possibilidades (BRASIL, 1986, p. 4-16). No interior da selva deverão ser feitos
trabalhos de melhoramento dos campos de tiro para o emprego do armamento de
tiro tenso, pois as distâncias livres são muito curtas.
2.5.2 Cobertas e Abrigos
Cobertas são todos os acidentes naturais ou artificiais que ocultam o
combatente das vistas do inimigo terrestre ou aéreo, sem, contudo, protegê-lo dos
seus fogos (BRASIL, 1986, p. 2-19). Já quanto aos abrigos, pode-se defini-los como
sendo acidentes naturais que colocam o combatente a salvo do fogo e das vistas
inimigas (BRASIL, 1986, p. 2-20).
Quanto a estes dois aspectos o terreno é extremamente favorável devido ao
entrelaçamento formado pelas copas das árvores, pelas dobras do terreno e pelos
troncos das árvores.
2.5.3 Obstáculos
Para fins militares pode-se definir como obstáculo segundo Brasil (2003a, p.
O-3), o acidente do terreno, condição de solo ou de ambiente, existente ou
resultante de fenômeno meteorológico adverso, ou qualquer objetivo, obra ou
situação criada, utilizada para canalizar, retardar ou impedir o movimento. Existe
ainda uma definição mais simples que diz serem obstáculos acidentes do terreno
que impedem ou dificultam o movimento ou progressão (BRASIL, 1986, p. 2-20).
Segundo BRASIL (1997, p. 2-6), no interior da selva existem inúmeros obstáculos
26
naturais, tais como charcos, chavascais, barrancos, igarapés e rios; os quais
dependendo das condições meteorológicas e da época do ano, tendem a se
agravar.
2.5.4 Acidentes Capitais
Pode-se definir acidente capital como sendo qualquer acidente do terreno ou
área cuja conquista, manutenção ou controle proporcione acentuada vantagem a
qualquer das forças oponentes (BRASIL, 2003a, p. A-3). Geralmente constituir-se-ão
em uma cidade, vila ou povoado. Também podem ser considerados acidentes
capitais os poucos nós rodoviários existentes, os vaus, as pontes, as clareiras, os
portos e ancoradouros e as pistas e campos de pouso. As regiões altas não são
necessariamente importantes, a menos que estejam situadas em local aberto, pois
na selva é muito remota a possibilidade de se observar ou controlar, com base em
elevações, trilhas ou vias de aproximação.
Os acidentes capitais são de suma importância para as operações na selva
e considerando-se que a maioria das localidades e obras de arte localizam-se no
eixo dos rios, pode-se dizer que as operações na selva estarão quase sempre
integradas por operações ribeirinhas.
2.5.5 Vias de Acesso
Primeiramente deve-se entender o que é um corredor de mobilidade, que é
uma faixa de terreno por meio da qual um elemento de manobra poderá se deslocar
(BRASIL, 2003a, p. C-24).
A via de acesso é a combinação de dois ou mais
corredores de mobilidade, desde que estes estejam dentro do apoio mútuo de
comando e controle disponíveis (BRASIL, 2003a, p. V-2). Na selva confundem-se
por vezes com os eixos de transporte e segundo Brasil (1997, p. 2-11), para os
efetivos até Batalhão, toda a selva poderá ser considerada como via de acesso.
27
3. AS EMBARCAÇÕES MILITARES
Inicialmente, deve-se definir o que é uma embarcação. De acordo com a
definição da disciplina Marinharia constante do ensino profissional marítimo da
Marinha do Brasil, embarcação é uma construção feita de madeira, ferro, aço ou da
combinação desses e outros materiais, que é destinada ao transporte de pessoas ou
coisas pela água (BRASIL, 2002a, p. 9). A embarcação pode ser considerada
embarcação militar quando a mesma destina-se ao emprego pelas Forças Armadas,
no nosso caso, pelo Exército Brasileiro (BRASIL, 2002a, p. 17).
O principal meio de transporte militar utilizado pelas tropas do CMA é a
embarcação militar (FIGUEIREDO, 2003, p.21).
O CMA dispõe de embarcações militares que são utilizados como meios de
locomoção e de combate, porém a situação destes meios não é a mais adequada.
Há, inicialmente, que se considerar que as tropas do Comando Militar da
Amazônia (CMA) não dispõem, atualmente, de meios de locomoção e
combate fluviais adequados ao seu emprego, valendo-se, para tal, de meios
ora improvisados, ora obsoletos, consequência da conjuntura econômica
adversa que afeta a operacionalidade do Exército naquela região, como de
resto em todo o País. (PINHEIRO, 2010, p.1)
3.1 GENERALIDADES
Como já foi dito, o principal meio de transporte militar utilizado pelas tropas
do CMA é a embarcação militar (FIGUEIREDO, 2003). Já foi dito também, que de
uma maneira geral, as embarcações são divididas, quanto à sua finalidade, em dois
grandes grupos: as táticas e as logísticas. As segundas são destinadas ao
transporte administrativo de cargas e pessoal (BRASIL, 2002, p.5), desta forma, não
serão objetos de análise do presente trabalho, de modo que, ater-nos-emos à
apresentação das características gerais das primeiras.
3.2 AS EMBARCAÇÕES TÁTICAS
Pode-se entender por embarcações militares táticas, como sendo aquelas
destinadas ao transporte de tropa, num quadro de contato iminente, e não para o
combate embarcado, como a priori, pode-se imaginar. Não se visualiza o seu
28
emprego para realizar um assalto fluvial contra posições defendidas (BRASIL, 2002,
p.3). Quando de seu emprego, as medidas táticas serão conduzidas pelo
comandante da tropa embarcada e não pela tripulação.
Atualmente o Exército possui a maioria de suas embarcações militares
(logísticas e táticas) concentradas no Centro de Embarcações do Comando Militar
da Amazônia (CECMA), em Manaus-AM. Conforme Cabral Filho (2003), as
principais embarcações táticas de maior capacidade de transporte de tropa são a
Embarcação Base de Pelotão (EBP) e a Embarcação Base de Grupo (EBG).
As embarcações táticas, ou seja, a EBP e a EBG são projetos da década de
1990 desenvolvidos pelo Exército junto à estaleiros de Manaus-AM, como o ERIN
(Estaleiro Rio Negro) e o ERAM (Estaleiro Rio Amazonas).
A EBP é destinada a servir de base a um Pelotão de Fuzileiros de Selva (Pel
Fuz Sl) e é tripulada por 6 homens. Segundo Pinheiro (2010) a EBP, como
embarcação de combate possui várias desvantagens, dentre elas: a sua baixa
velocidade de deslocamento (18 Km/h) e alto consumo de combustível. Este
consumo chega a 180 litros de Óleo Diesel (OD)/h, perfazendo uma autonomia de
133 horas e um raio de ação aproximado de 1200 Km (CABRAL FILHO, 2003, p.
15). Ainda segundo Pinheiro (2010), a silhueta alta desta embarcação dificulta sua
camuflagem e seu calado é profundo, o que limita sua penetração em rios mais
rasos; não possui proteção blindada e seus motores são muito ruidosos, o que
denuncia a sua aproximação ao longe.
Já a EBG destina-se a um Grupo de Combate de Selva (10 homens),
orgânico de um Pel Fuz Sl, que seja empregado de forma descentralizada por mais
de 72 horas (BRASIL, 2002, p.5). É tripulada por 2 homens. Possui uma velocidade
média de 32 nós (60 Km/h) e consome 60 litros de OD/h, tendo uma autonomia de
15 horas e um raio de ação aproximado de 480 Km (CABRAL FILHO, 2003, p. 2324). É uma embarcação rápida, mas possui algumas deficiências, tais como o alto
consumo de combustível e a pequena proteção blindada à tropa embarcada.
Existem, ainda, segundo Pinheiro (2010), outras embarcações de combate,
a Embarcação-Patrulha de Grupo (EPG) e a Embarcação Patrulha de Esquadra
(EPE), as quais estão distribuídas pelas outras organizações militares da área do
CMA. Estas duas últimas embarcações são conhecidas genericamente como
“voadeiras” e são muito similares àquelas utilizadas pela população ribeirinha no seu
dia a dia. São confeccionadas em alumínio e utilizam motores de 40 e 25 cavalos
29
vapor (HP), respectivamente. Estas embarcações não apresentam características
militares de emprego, não sendo, portanto, adequadas às operações militares que
demandem grandes deslocamentos (PINHEIRO, 2010, p.5).
Desta feita, verifica-se em uma cognição sumária do acima exposto que as
tropas de selva brasileiras não contam, na atualidade, com embarcações confiáveis
e que lhes propiciem relativo poder de combate, proporcionados pela autonomia de
deslocamento, proteção blindada e velocidade, para as operações militares nos rios
amazônicos.
3.3 A NOVA CONCEPÇÃO DO EMPREGO DE EMBARCAÇÕES
Segundo Peres (2009), a nova concepção de emprego de embarcações, a
qual o CMA tem baseado sua doutrina e planejamentos, prima por três vertentes de
emprego, a saber:
- Embarcações de Emprego Tático
- Embarcações de Vigilância de Fronteiras
- Embarcações de Emprego Logístico.
Esta nova divisão tem como premissa a satisfação de três capacidades
básicas elencadas na Estratégia Nacional de Defesa (END), ou seja, a Vigilância e
Monitoramento, a Mobilidade e a Presença. Alinha-se, também com o SISFRON, ao
estabelecer que os meios fluviais atuarão como Sensores e Atuadores. Para tal,
visualizou-se a existência de três vertentes de emprego das embarcações militares
supracitadas. Seguindo a delimitação do presente estudo, em um primeiro momento
tecer-se-á comentários sobre as duas primeiras vertentes de emprego.
3.3.1 As Novas Propostas de Embarcações de Emprego Tático
Segundo Peres (2009), a concepção das Embarcações de Emprego Tático
deve permitir a satisfação de algumas premissas, tais como:
- A centralização dos meios junto ao CMA;
- Atuar em reforço à unidade terrestre da área de emprego/conflito;
- Atender à capacidade de combate embarcado ou em apoio à tropa
desembarcada;
30
- Possuir alta mobilidade;
- Possuir potência de fogo compatível;
- Possuir ação de choque;
- Oferecer proteção blindada à sua tripulação e passageiros;
- Serem dotadas de comunicações amplas e flexíveis.
Em uma primeira proposta, visualizou-se a composição de uma Força de
Embarcações como possuidora de um Módulo de Combate e um Módulo de
Acompanhamento. O Módulo de Combate seria composto de uma Força de Choque
(10 Embarcações de Combate CB-90 - H ou 20 Embarcações de Combate LPR) e
de uma Força de Apoio (4 Embarcações de Combate LPR). Já o Módulo de
Acompanhamento seria composto de 2 (duas) Embarcações de Comando/Logísticas
e 8 (oito) Embarcações de Combate LPR ou G-Boat.
A Embarcação CB-90- H, a LPR e a G-Boat são equipadas com sistemas de
propulsão hidrojato, sistema este que que será explorado mais adiante em nosso
estudo.
3.3.2 As Novas Propostas de Embarcações de Vigilância de Fronteiras
Conforme Peres (2009), a concepção de emprego das Embarcações de
Vigilância de Fronteiras deve permitir a satisfação de algumas premissas, tais como:
- Serem orgânicas dos Comandos de Fronteira e dos BIS, ou seja, aquelas
unidades com encargos de vigilância em faixa de fronteira e que possuam em sua
área de responsabilidade uma ou mais penetrantes fluviais;
- Serem embarcações vocacionadas para a execução de operações tipo
polícia;
- Ação preventiva (dissuasória) e repressiva;
- Possuir armamento: Mtr 7.62 mm e/ou Mtr .50 e/ou Lç Gr 40 mm;
- Ter proteção blindada leve (placas balísticas);
- Possuírem alta mobilidade.
Em uma primeira análise, vislumbrou-se a composição de um Módulo Básico
que seria uma Seção de Vigilância de Fronteira, composta de 2 (duas) Embarcações
de Vigilância de Fronteiras (Patrulha) DGS-PEAD ou Guardian. A primeira possui
sistema de propulsão hidrojato e a segunda possui sistema de propulsão com motor
31
de popa (2 unidades de 200 HP cada). A distribuição de um tipo de embarcação ou
de outro seria condicionada ao calado dos rios nos quais fossem atuar.
3.4 PRINCIPAIS SISTEMAS DE PROPULSÃO DAS EMBARCAÇÕES DO
EXÉRCITO BRASILEIRO
De acordo com Baptista (2013), existem vários sistemas de propulsão, os
quais destinam-se a dar movimento à uma embarcação, aproveitando a energia
mecânica gerada pelo motor e/ou turbina. Praticamente todas as embarcações
existentes hoje no CMA têm seu sistema de propulsão mecânico do tipo motorreversor-eixo-hélice.
Figura 1: Esquema de um sistema de propulsão mecânico do tipo motorreversor-eixo-hélice.
Fonte: Baptista (2013, p. 52)
Além do sistema de propulsão mecânico, mais comumente chamado de
sistema eixo/hélice, existe o sistema de propulsão hidrojato, onde uma bomba
d’água de alta velocidade descarrega um caudal de água de elevada velocidade à ré
da embarcação gerando impulso (BAPTISTA, 2013, p. 40-45). Ainda segundo este
autor, seu uso é limitado a certos tipos de embarcações, tais como ferry boats de
alta velocidade, lanchas rápidas e embarcações militares.
A título de exemplo, no ano de 2004, o CMA, realizou uma apreciação
técnico-operacional, autorizada pelo Ofício 471/3ª S Ch/2.2.07 de 24 de outubro de
2003 do V Ch EME, com a embarcação sueca CB-90 H fabricada pelo estaleiro
Dockstavarvet AB e com a embarcação embarcação G-Boat (Group Boat) fabricada
pelo estaleiro MarineAlutech Oy AB da Finlândia. A primeira é utilizada pela
Amfibienkären (Força de Defesa Anfíbia Sueca) e pela Armada Real Sueca e a
32
segunda pela Marinha Real da Finlândia. As referidas embarcações mostraram
excepcionais desempenhos nos testes realizados no ambiente operacional
amazônico, de acordo com a avaliação do Centro de Avaliação do Exército (CAEx)
(PERES, 2011, p. 9-10).
Existe, ainda, o sistema motor de popa que é bastante utilizado em
“voadeiras”, como por exemplo, as EPE e EPG. Tanto este sistema, quanto o
primeiro sistema citado fogem ao objeto deste estudo.
Motor de Popa
Figura 2: Motor de Popa equipando uma embarcação
Fonte: Peres (2009, p. 30)
3.5 O SISTEMA DE PROPULSÃO HIDROJATO
O sistema de propulsão hidrojato funciona baseado na terceira lei de
Newton, ou seja, a de que "a toda força de ação, corresponde uma força de reação
de mesma intensidade e sentido contrário".
Os hidrojatos foram desenvolvidos para serem acoplados diretamente a um
motor de automotivo, sem a necessidade de caixa de câmbio, redutores,
conversores ou reversores mecânicos.
33
Figura 3: Motor acoplado a uma unidade de propulsão hidrojato
Fonte: Dockstavarvet (2010, p. 12)
3.5.1 Apresentação e Características do Sistema de Propulsão Hidrojato
O princípio de funcionamento do hidrojato, a grosso modo, é semelhante às
turbinas de avião a jato. Ele puxa a água de baixo da embarcação, pressurizando e
lançando-a para trás em alta velocidade. Isto força o barco a deslocar-se para frente,
criando o movimento por simples ação e reação de empuxo.
Figura 4:
Fluxo de água de uma unidade de propulsão hidrojato
Fonte: https://navalunivali.wordpress.com
O sistema de propulsão hidrojato, segundo Angelmarine (2014), faz tudo o
que os hélices fazem e tudo o mais que os hélices não conseguem fazer, sendo
ainda extremamente seguros e confiáveis, sem riscos de acidentes.
Atualmente, todos os grandes fabricantes de propulsões e motores de popa
já produzem as propulsões hidrojato, incorporando-as em seu portfólio de produtos.
Seu uso, no exterior, já é obrigatório em alguns segmentos da náutica que requerem
máxima eficiência e segurança.
34
Segundo Angelmarine (2014), podemos citar como vantagens do sistema de
propulsão hidrojato:
- Praticamente não há partes do sistema que fiquem abaixo da água quando
em operação permitindo a navegação em calado muito baixo (águas rasas);
Figura 5: Comparação do calado de um sistema hidrojato e motor de popa
Fonte: http://bibliotecanautica.blogspot.com.br
- Apresenta reversão imediata com uma parada rápida da embarcação;
Figura 6: Parada rápida por reversão (“frenagem”) de uma embarcação a
hidrojato
Fonte: Dockstavarvet (2010, p. 15)
- Permite manobras “para o lado” e giro “em torno do próprio eixo” e
manobras em velocidade zero;
35
Figura 7: Manobras “para o lado” e giro “em torno do próprio eixo”
e manobras em velocidade zero de umaembarcação com hidrojato
Fonte: http://www.oceanica.ufrj.br/
- Tem velocidade final superior ao motor eixo-hélice de mesma potência;
- Não transfere os “trancos” e o empuxo da aceleração e desaceleração para
o motor, como os sistemas eixo-hélice o fazem por intermédio do eixo e seu
acoplamento ao motor;
- Pouca necessidade de manutenção do sistema e do motor, pois este não
trabalha em sobrecarga, não opera na curva de torque, não sai de faixa de giro e
não aumenta sua temperatura de operação demasiadamente;
Conforme Rjet (2014), o sistema hidrojato possui outras vantagens além das
já citadas anteriormente, quando comparado com os sistemas de propulsão
tradicionais, tais como:
- Simplicidade: o sistema hidrojato substitui todo o mecanismo propulsor
tradicional: hélice, eixo, leme, caixa de engrenagens, rabeta e outras peças. Assim,
reduz o arrasto hidrodinâmico e simplifica o conjunto propulsor.
- Segurança: nenhuma parte cortante do sistema exposta, o que diminui
sobremaneira a possibilidade de acidentes graves, caso a embarcação passe perto
de pessoas na água.
- Conforto: comparado com sistemas de propulsão à hélice, os hidrojatos
reduzem consideravelmente os níveis de vibração e ruído a bordo, resultando em
um funcionamento suave e silencioso. Também elimina o odor característico do
funcionamento de motores de popa de 2 tempos, reduzindo a possibilidade de enjoo
do operador e dos que estão a bordo.
36
- Ecologicamente correto: Além de não poluir o ar e água com resíduos de
óleo, não causa danos à fauna e flora ribeirinha devido à ausência de hélice e
lemes. Também reduz consideravelmente a poluição sonora dentro e fora da água,
reduzindo a interferência no ecossistema fluvial. Reduz, ainda, o consumo de
combustível, por possuir menos perdas devido ao arrasto hidrodinâmico das partes
em contato com a água, quando comparado ao sistema eixo-hélice.
Podem-se, todavia, apresentar algumas poucas desvantagens deste
sistema, tais como:
- O sistema motor-hidrojato é mais pesado que o sistema motor-eixo-hélice;
- Seu custo de instalação é mais elevado que o dos outros sistemas;
- Embora exija pouca manutenção, caso ocorra, há necessidade de serviço
bastante especializado;
- É uma boa opção apenas quando é aplicado em embarcações que
navegarão a maior parte do tempo em velocidades superiores a 20 knots, ou seja,
37 Km/h.
3.6
EMBARCAÇÕES
COM
SISTEMA
DE
PROPULSÃO
HIDROJATO
JÁ
TESTADAS NA AMAZÔNIA
A partir do ano de 2004, começaram a ser testadas algumas embarcações
militares de origem estrangeira na Amazônia. Os primeiros testes foram realizados
pelo CMA com as embarcações sueca CB-90 H (Combat Boat 90 – Half Platoon) e
finlandesa G-Boat (Group Boat). Em 2010 foram realizados outros testes com a
embarcação colombiana LPR (Lancha Patrullera de Ríos). Por fim, em 2012, foram
realizados testes com a embarcação norte-americana RPB (Riverine Patrol Boat).
Estas são as principais embarcações testadas na Amazônia equipadas com sistema
de propulsão a hidrojato.
3.6.1 Embarcação G-Boat
A embarcação G Boat é de origem finlandesa e fabricada pelo estaleiro
MarineAlutech Oy AB daquele país nórdico. Ela é uma embarcação rápida de
assalto anfíbio, podendo transportar até 10 homens equipados, ou seja, um Grupo
37
de Combate. Existem atualmente mais de 140 unidades em operação pela Real
Marinha Sueca. Seu casco e de alumínio soldado e possui apena 0,4 m de calado.
Seu sistema de propulsão constitui-se de motor Volvo TAMD42WJ de 227
HP e uma unidade de hidrojato Rolls-Royce FF 240, que permite navegação em
águas rasas e encalhe de proa para desembarque/embarque de tropa. Por fim,
atinge a velocidade de 35 knots (aproximadamente 65 km/h) com carga total
(DOCKSTAVARVET, 2010, p. 12-14).
Figura 8: Embarcação G-Boat em operação na Amazônia
Fonte: Peres (2011, p. 24)
3.6.2 Embarcação CB-90 – H
A embarcação CB-90 - H é fabricada pelo estaleiro sueco Dockstavarvet AB,
representado no Brasil pela Quadricon Com. e Repres. Ltda. Existem cerca de 300
unidades em operação no mundo, assim distribuídas: 3 na Grécia, 17 na Malásia, 48
no México, 20 na Noruega, 200 na Suécia e 20 nos Estados Unidos. A
Amfibienkären (Força de Defesa Anfíbia Sueca) e a Armada Real Sueca têm esta
embarcação como seu principal meio anfíbio. É uma embarcação de assalto anfíbio
e de patrulhamento de alta velocidade. É uma embarcação compacta, veloz, versátil,
de alta manobrabilidade e de baixo calado. É construída em alumínio soldado, com o
fundo do casco reforçado. Apresenta rampa de desembarque rápido de tropa na
proa. A embarcação atinge velocidade máxima de 45 knots (aproximadamente
83km/h) e sua autonomia é de 330 milhas náuticas ou 610 Km.
Seu sistema de propulsão é composto de dois motores diesel Scania DSI 16
de 800 HP, cada, acoplados a duas unidades hidrojato Rolls-Royce FF Jet 410.
Transporta 20 homens equipados, daí o seu nome “H” que significa half platoon, ou
seja, meio pelotão. Transporta, além da tropa e tripulação, 5 ton de carga. Possui,
38
ainda, rampa de resgate na popa, próxima à linha d’água (DOCKSTAVARVET,
2010, p. 18-21).
Figura 9: Embarcação CB-90 - H em operação na Amazônia
Fonte: Peres (2011, p. 26)
3.6.3 Embarcação LPR
A embarcação LPR é de origem colombiana, fabricada pelo estaleiro
COTECMAR Shipyard. Está em pleno uso na Armada e no Exército colombiano e se
destina ao apoio de fogo, transporte de Grupos de Combate, operações de patrulha
fluvial em área de fronteira, operações de interdição de rios e praias, vigilância e
reconhecimento fluvial. Possui calado de apenas 0,2m e desenvolve uma velocidade
de até 30 knots, ou seja, 56 Km/h. É propulsionada por dois motores Caterpillar C12
de 500 HP cada e possui duas unidades de hidrojatos SPJ 57 RD (COTECMAR,
2010, p. 6-9)
Figura 10: Embarcação LPR em operação na Amazônia
Fonte: COTECMAR (2010, p. 6)
39
Uma característica bem interessante desta embarcação é que ela é
transportável por uma aeronave C-130 - Hércules (COTECMAR, 2010, p. 12)
Figura 11: Embarcação LPR embarcada em Aeronave C-130
Fonte: COTECMAR (2010, p. 13)
3.6.4 Embarcação RPB
A embarcação RPB (Riverine Patrol Boat) é de origem norte-americana,
fabricada pelo estaleiro SAFE Boats International LLR. Está em pleno uso no
Exército, Marinha e Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos. Possui um,
motor diesel Volvo Penta modelo D4 300 I Turbocharger Intercooler de 300 HP e
duas unidades de hidrojato, fabricante Hamilton Jet, modelo HJ 241. Pode cumprir
múltiplas missões de combate, vigilância, reconhecimento e patrulha fluvial. Possui
calado de cerca de 0,35 m e desenvolve uma velocidade de até 40 knots, ou seja,
75 Km/h. (PERES, 2011, p. 25)
Figura 12: Embarcação RPB em operação na Amazônia
Fonte: Peres (2011, p. 19)
40
3.6.5 Desempenho do Sistema de Propulsão Hidrojato das Embarcações
Militares já Testadas na Amazônia
Anteriormente apresentou-se alguns modelos de embarcações militares
propelidas por sistema hidrojato ou jatos de água. Foram elas: a embarcação
finlandesa G-Boat (Group Boat), a sueca CB-90 – H (Combat Boat 90 Half Platoon),
a colombiana LPR (Lancha Patrullera de Ríos) e a estadounidense RPB (Riverine
Patrol Boat).
Conforme análises dos testes realizados desde 2004 no CMA com a
participação de militares do Centro de Operações do CMA, CECMA, Parque
Regional de Manutenção/12, 1º BIS, CIGS e CAEx, pôde-se chegar, em às
seguintes conclusões comuns acerca das embarcações testadas, no que concerne
ao desempenho do sistema de propulsão hidrojato, conforme Brasil (2011) e Peres
(2011):
1) O sistema de propulsão hidrojato produziu baixa incidência de
manutenção corretiva;
2) O emprego de sistema de propulsão hidrojato possibilita maiores
facilidades de navegação, principalmente no que concerne no emprego em rios
de baixo calado, além de permitir uma excelente maneabilidade fluvial da
embarcação em curvas, “frenagens” e giros sobre o próprio eixo;
3) O sistema de propulsão hidrojato, por suas características, permite o
desembarque rápido de tropa através do encalhe e desencalhe da proa da
embarcação nas margens, o que nenhum outro tipo de sistema permite;
4) O sistema proporciona maior velocidade para as embarcações as quais
equipa, quando comparado com outros sistemas, quando considerada a mesma
potência de motorização. Isto se deve ao menor arrasto hidrodinâmico do
sistema hidrojato em relação aos demais, por possuir menos partes submersas e
em contato com a água;
5) Maior economia de combustível em relação aos demais sistemas de
propulsão, quando considerada a mesma potência de motorização.
41
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho se propôs, inicialmente, a apresentar o ambiente
operacional amazônico e seus impactos para a navegação fluvial; apresentar as
embarcações militares utilizadas na Amazônia e seus sistemas de propulsão e
descrever o sistema de propulsão hidrojato e o desempenho das embarcações
militares de emprego tático e de vigilância de fronteiras equipadas por ele que já
foram testadas na Amazônia.
O sistema de propulsão hidrojato foi descrito e apresentadas conclusões
acerca de algumas de suas características, especificamente quanto à
manobrabilidade, velocidade de navegação, calado para navegar e manutenção.
Pode-se concluir que as embarcações militares hoje existentes no CMA
que possuem os sistemas de propulsão eixo-hélice e motor de popa estão
sobremaneira ultrapassadas e possuem limitações quanto ao seu emprego,
manobrabilidade, calado, confiabilidade e manutenção.
A utilização de embarcações propelidas pelo sistema hidrojato representa
um salto tecnológico da navegação fluvial militar pelo Exército na Amazônia. Tal
salto exigirá toda uma mudança de concepção da navegação fluvial, no que se
refere à cadeia logística de suprimento de peças e manutenção, gestão de
recursos humanos e alocação de recursos financeiros para a aquisição de
embarcações modernas e funcionais.
Tal mudança de concepção já teve/tem lugar no Exército Brasileiro em
outras épocas/atualmente no que se refere à aviação de asa rotativa e aos
blindados. A título de comparação, uma Aeronave S 70A Black Hawk do 4º
Batalhão de Aviação do Exército custa cerca de 33 milhões de reais. Já um
blindado VBC Leopard 1A5 BR (que foi recondicionado pela empresa KMW para
venda ao EB) custa cerca de 2 milhões de reais e uma VBTP MR Guarani custa
cerca de 2,75 milhões de reais. Já uma embarcação G-Boat custa cerca de 550
mil reais, a RPB custa cerca de 2,8 milhões de reais, a CB-90 - H 4,5 milhões de
reais e uma LPR aproximadamente 4,3 milhões de reais.
Assim, entende-se, em havendo por parte do Ministério da Defesa e do
Exército Brasileiro uma visão no sentido de priorizar a aquisição de modernas
42
embarcações para dotação do CMA (suas OM), faz-se muito vantajoso o
investimento em tais materiais de emprego militar, particularmente os modelos
analisados neste trabalho, os quais já se provaram serem eficientes no emprego
naqueles países que as possuem, terem sido testados e aprovados pelo Exército
Brasileiro em operações na Amazônia e já se encontrarem em operação há muito
tempo.
Conclui-se, após todas as análises até aqui feitas, que o sistema de
propulsão hidrojato é, atualmente, a melhor opção em propulsão para as
exigências e requisitos aos quais estão submetidas as embarcações militares
que vão atuar no ambiente operacional amazônico.
_________________________________________
WILSON ANDRÉ BARREIROS RIBEIRO – Maj MB
43
REFERÊNCIAS
ANGELMARINE. Bem Vindo ao Mundo dos Hidrojatos (Jet Power), 02 abr. 2014.
Disponível em: < http://www.angelmarine.com.br/jet_show1.htm
>. Acesso em: 02 abr. 2014.
BAPTISTA, Luis Felipe. Tecnologia Marítima: sistemas de propulsão e governo.
Lisboa: Escola Superior Náutica Infante Dom Henrique, 2013.
BRASIL. Política Nacional de Defesa. Brasília: Ministério da Defesa, 2012a.
Disponível em:
<http://www.defesa.gov.br/arquivos/2012/mes07/pnd.pdf>. Acesso em: 01 abr. 2014.
______. Estratégia Nacional de Defesa. Brasília: Ministério da Defesa, 2012b.
Disponível em:
<http://www.defesa.gov.br/arquivos/2012/mes07/end.pdf>.Acesso em: 30 mar. 2014.
______. Exército. Centro de Embarcações do Comando Militar da Amazônia.
Anteprojeto da IP - MANUTENÇÃO PREVENTIVA DE EMBARCAÇÕES. 2. ed.
Manaus, 2002.
______. Exército. DEC. Propostas de Ação da A4.DEC para a Gestão Cl VIEmbarcações. In: II SIMPÓSIO SOBRE AMBARCAÇÕES RIBEIRINHAS NA
AMAZÔNIA, 2011, Manaus, AM. Anais... Manaus, AM: Comando Militar da
Amazônia, 2011. 1 CD ROM
______. Exército. Estado-Maior. C 21-74: instrução individual para o combate. 2. ed.
Brasília, DF, 1986.
______. Exército. Estado-Maior. IP 72-1: operações na selva. 1. ed. Brasília,
DF,1997.
______. Exército. Technical Assistance Agreement (TA-2626-12) Between SAFE
Boats International LLC and the Brazilian Ministry of Defense Represented by
the Brazilian Army, de 16 de julho de 2012. Regulamento da Diretoria de
Suprimento (R 130). Comando Militar da Amazônia, Manaus, AM, 2012.
______. Marinha do Brasil. Diretoria de Portos e Costas. Marinharia I. Rio de
Janeiro, RJ, 2002a.
CABRAL FILHO, Djalma Alves. A atuação do CECMA na Amazônia. In: SIMPÓSIO
DE TRANSPORTE E MOBILIZAÇÃO NA AMAZÔNIA, 1, 2003, Manaus, AM.
Anais... Manaus, AM: Centro de Embarcações do Comando Militar da Amazônia,
2003. 1 CD ROM.
CIPR – Comissão sobre Direitos de Propriedade Intelectual. O que é biopirataria?
Biopirataria, 27 jul. 2005. Disponível em: <http://www.biopirataria.org/definicao_
biopirataria.php>. Acesso em: 10 maio. 2014.
44
COTECMAR, Shipbuilding. Presentation of LPR to CMA and EME. In: SIMPÓSIO
SOBRE AMBARCAÇÕES RIBEIRINHAS NA AMAZÔNIA, 2010, Manaus, AM.
Anais... Manaus, AM: Comando Militar da Amazônia, 2010. 1 CD ROM
DOCKSTAVARVET. Presentación CB-90 H e G-Boat para CMA e 12ª RM en Brasil.
In: SIMPÓSIO SOBRE AMBARCAÇÕES RIBEIRINHAS NA AMAZÔNIA, 2010,
Manaus, AM. Anais... Manaus, AM: Comando Militar da Amazônia, 2010. 1 CD ROM
ESTRELA, Paulo Brito. Hidrografia do Amazonas – Principais Aspectos
Hidrográficos. APROVAR: o pré-vestibular da UEA, 22 jul. 2005. Disponível em:
<http://www.linguativa.com.br/aprovar/conteudo_aprovar.asp?chamada=47772&aca
o=prox...>. Acesso em: 25 mar. 2014.
FAUNA e Flora da Amazônia. Brazil Nature. 22 jul. 2005. Disponível em:
<http://www.brazilnature.com/amazônia.html>. Acesso em: 24 mar. 2014.
FIGUEIREDO, Cláudio Barbosa de. O Exército Brasileiro na Amazônia. In:
SIMPÓSIO DE TRANSPORTE E MOBILIZAÇÃO NA AMAZÔNIA, 1., 2003, Manaus,
AM. Anais... Manaus, AM: Comando Militar da Amazônia, 2003. 1 CD ROM
GLOSSÁRIO, Banzeiros. Ambientebrasil, 21 jul. 2005. Disponível em:
<http://www.ambientebrasil.com.br/index.php3?words=banzeiros>. Acesso em: 25
mar. 2014.
HIDROVIAS. Amazônia Legal, 07 ago. 2005. Disponível em:
<http://www.amazonialegal.com.br/textos/Hidrovias.htm>. Acesso em: 24 mar. 2014.
IMAZON - Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia. Área, População e
Número de Municípios da Amazônia Legal. Manaus, 2014. Disponível em:
<http://www.imazon.org.br/publicacoes/livros/copy9_of_Tabela2.PNG/view >. Acesso
em: 28 mar. 2014
LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Metodologia Científica. 5. Ed. São Paulo:
Editora Atlas, 1991.
MANESCHY, Oswaldo. Amazônia, Brasil. Cadernos do Terceiro Mundo, fev-mar.
2000. Disponível em: <http://www2.uol.com.br/cadernos/pesquisapublic/cadernos/cadernos_217 _2.htm> Acesso em: 12 maio. 2014.
PERES, Daniel Vianna. Embarcações de Combate CB-90 H e G-Boat. In:
SIMPÓSIO SOBRE AMBARCAÇÕES RIBEIRINHAS NA AMAZÔNIA, 2010, Manaus,
AM. Anais... Manaus, AM: Comando Militar da Amazônia, 2011. 1 CD ROM
PERES, Daniel Vianna. Embarcações Táticas e Logísticas para o Exército Brasileiro.
In: SIMPÓSIO DE EMBARCAÇÕES DO 9º DISTRITO NAVAL, 2009, Manaus, AM.
Anais... Manaus, AM: Comando Militar da Amazônia, 2009. 1 CD ROM
PINHEIRO, Ajax Porto. Proposta para a Criação de um Sistema de Embarcações na
Amazônia. CMM/PADECEME, Rio de Janeiro, n. 21. 1º quadrimestre. 2010.
Disponível em: <
45
http://www.eceme.ensino.eb.br/meiramattos/index.php/RMM/article/viewFile/48/72 >.
Acesso em: 29 mar. 2014.
RJET. Funcionamento e Vantagens do Hidrojato RJet, 02 abr. 2014. Disponível
em: <http://www.rjet.com.br/funcionamento.html>. Acesso em: 02 abr. 2014.
SILVA, Fernando Lourenço da. A Utilização de Dirigíveis na Amazônia: solução
ou problema? 2003. 19 f. Projeto de Pesquisa (Doutorado em Ciências Militares)Escola de Comando e Estado Maior do Exército, Rio de Janeiro, 2003
SYLLOS, J. P.; BORGES, R.; CARNEIRO, J. L. R.; ZANATA, A. R.; ALMEIDA, C.
M.;MACEDO, C.;ALVES, R. O Sistema de Transporte e Mobilização na Amazônia.
In: SIMPÓSIO DE TRANSPORTE E MOBILIZAÇÃO NA AMAZÔNIA, 1., 2003,
Manaus, AM. Anais... Manaus, AM: Comando Militar da Amazônia, 2003. 1 CD
ROM.
TRISCIUZZI NETO, Leonardo. Rios da Amazônia: coletânea de dados e pequeno
roteiro. 3. ed. Niterói: Diretoria de Hidrografia e Navegação da Marinha, 2001.
VERGARA, Sylvia Constant. Métodos de pesquisa em administração. 3. ed. São
Paulo: Atlas, 2008. 287p.

Documentos relacionados