peeling químico

Transcrição

peeling químico
1
FACULDADE DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS DE ALEGRE
CURSO DE FARMÁCIA
MAGNO BELONE DA CUNHA
PEELING QUÍMICO: PREPARAÇÕES FARMACÊUTICAS
PARA A RENOVAÇÃO CELULAR
ALEGRE
2014
2
MAGNO BELONE DA CUNHA
PEELING QUÍMICO: PREPARAÇÕES FARMACÊUTICAS
PARA A RENOVAÇÃO CELULAR
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado a Faculdade de Filosofia,
Ciências e Letras de Alegre, como
requisito parcial para obtenção do título de
bacharel em Farmácia.
Orientador: Professor: Gilberto Aparecido
Saldanha
ALEGRE
2014
3
FACULDADE DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS DE ALEGRE.
AUTARQUIA MUNICIPAL
Rua Belo Amorim, 100 - Centro – Alegre/ES – CEP: 29500-000 – Telefax: (028) 3552-1412
CURSO DE GRADUAÇÃO EM FARMÁCIA
MAGNO BELONE DA CUNHA
PEELING QUÍMICO: PREPARAÇÕES FARMACÊUTICAS
PARA RENOVAÇÃO CELULAR
Monografia apresentada ao Curso de Farmácia da Faculdade Filosofia, Ciências e
Letras de Alegre, como requisito básico para obtenção do título de Bacharel em
Farmácia.
Área de concentração: Farmacologia.
Aprovada em _______de ________________de 2014
COMISSÃO EXAMINADORA
_______________________________________________
Prof. Esp. Gilberto Aparecido Saldanha
(Orientador)
_______________________________________________
Profª. Esp. Ludmilla Garcia de Oliveira
( Examinadora)
_______________________________________________
Prof. Ms. Renata Abdalla Pires da Rocha
(Examinadora)
4
AGRADECIMENTO
Á Deus que sempre mostrou o caminho certo para seguir meus sonhos e concretizar
meus ideais, me dando força e sabedoria para seguir neste caminho.
Aos meus pais que me criou e que me acompanhou nesta caminhada,
transformando meus sonhos em realidade, me dando condições de caminhar por si
só em busca de novas realizações, sempre me apoiando, mesmo de longe, torcendo
para que minha caminhada tivesse sucesso.
Aos meus coordenadores, professores, mestres e doutores, pelos momentos de
dedicação, força, incentivos e disponibilidade de tempo com o intuito ampliar meus
conhecimentos, além da compreensão pelas minhas limitações.
5
RESUMO
O envelhecimento da pele é um processo pelo qual todas as pessoas passam
durante a vida, e que preocupa muitos indivíduos, que buscam a ajuda especializada
do médico para minimizar seus sinais, existe um maior ou menor grau de
envelhecimento para cada indivíduo, sendo este diferenciado pelo estilo de vida de
cada um.
Um dos principais recursos utilizados para deter o envelhecimento da pele ou
melhorar a qualidade da pele são os tratamentos utilizados pelos médicos e
definidos por peeling químicos, onde se usam produtos químicos como ácido
glicólico, retinóico, tricloroacético e o fenol, entre outros que proporcionam a
esfoliação cutânea e posterior renovação celular. Dependendo da concentração e do
valor de pH em que são empregados nas formulações, desencadeiam o peeling
superficial, médio e profundo.
O emprego desses produtos resulta no processo de renovação celular intenso,
normalizando a pigmentação da pele, atenuando marcas e minimizando as rugas,
logo, essas formulações devem se utilizadas cuidadosamente e seguindo as
técnicas recomendadas, bem como o paciente monitorado que se obtenha a máxima
eficácia do peeling, sem grandes efeitos colaterais. O conhecimento das vantagens
e desvantagens dos peelings, faz com que sejam utilizados de maneira segura e
criteriosa, com acompanhamento médico devido, evitando suas toxicidades e
possíveis complicações pós-peeling, assim, os benefícios dos peelings serão
apreciados e sentidos pelos pacientes.
Este trabalho tem como objetivo demonstrar como age o Peeling Químico na pele
humana, enfocando seu mecanismo de ação, bem como enfatizando quais são os
princípios ativos e os veículos utilizados nas formulações farmacêuticas dos
peelings.
Palavras-chave: abrasão química; envelhecimento da pele; renovação celular;
peeling químico; fenol.
6
ABSTRACT
Skin aging is a process by which all people are in life, and that worries many , who
seek the aid of a specialized physician to minimize its signs , there is a greater or
lesser degree of aging for each individual, which is different the lifestyle of each.
One of the key features used to stop the aging of the skin or improving skin quality
are used for medical treatments and defined by chemical peeling, chemicals which
are used as glycolic acid, retinoic acid, trichloroacetic and phenol, among others
which provide skin exfoliation and cell renewal later . Depending on the concentration
and pH value they are used in the formulations , peelings may be superficial , middle
and deep .
The use of such substances results in high cell renewal process , normalizing the
skin pigmentation marks and alleviating wrinkles while minimizing thus such
formulations must be carefully and used following the recommended practices and
the patient monitored to obtain maximum efficiency the peeling, no major side
effects. Knowing the advantages and disadvantages of the peelings , causes them to
be used safely and judiciously , with due medical care, avoiding their toxicity and
possible post-peeling complications , so the benefits of peels will be appreciated and
felt by patients.
This paper aims to demonstrate how the acts Chemical Peel in human skin , focusing
on its mechanism of action , as well as emphasizing what are the active ingredients
and the vehicles used in the pharmaceutical formulations of the peelings .
Keywords: chemical etching ; skin aging ; cell renewal ; chemical peel ; phenol.
7
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO ............................................................................
9
1.1
JUSTIFICATIVA ...........................................................................
11
2
PELE: PROTEÇÃO DO ORGANISMO, AGRESSÕES E
ENVELHECIMENTO ...................................................................
12
2.1
CITOLOGIA E HISTOLOGIA DA PELE ......................................
12
2.2
AS CARACTERÍSTICAS GERAIS DA PELE ..............................
14
2.4
O ENVELHECIMENTO CUTÂNEO ............................................
16
3
METODOLOGIA .......................................................................... 19
4
PEELING
QUÍMICO:
RESURFACING
QUÍMICO,
QUIMIOESFOLIAÇÃO OU QUIMIOCIRURGIA..........................
4.1
HISTÓRIA E AÇÃO DOS PEELINGS QUÍMICOS ......................
20
20
4.1.1
Mecanismo de Ação dos Peelings Químicos .......................... 20
5
PEELING QUÍMICO: UMA VISÃO GERAL ................................
5.1
O QUE É O PEELING QUÍMICO? ............................................... 22
5.2
COMO AGEM OS PEELINGS QUÍMICOS ..................................
5.3
QUAIS OS TIPOS DE PELE QUE MELHOR RESPONDEM
22
22
AOS PEELINGS QUÍMICOS? .....................................................
23
5.4
COMO SÃO CLASSIFICADOS OS PEELINGS QUÍMICOS? .....
24
5.4.1
Peeling Superficial .....................................................................
24
5.4.2
Peeling Médio .............................................................................
24
5.4.3
Peeling Profundo .......................................................................
25
5.5
QUAIS SÃO AS INDICAÇÕES DOS PEELINGS QUÍMICOS? ...
26
5.6
QUAIS SÃO AS CONTRA-INDICAÇÕES DOS PEELINGS
QUÍMICOS
E
QUAIS
COMPLICAÇÕES
ELES
PODEM
OCASIONAR? .............................................................................
26
5.6.1
Contra-Indicações .....................................................................
27
5.6.2
Complicações ............................................................................
27
5.7
QUAL A FINALIDADE DE SE REALIZAR UM PREPARO DA
5.7.1
PELE OU PRÉ – PEELING? .......................................................
27
Desengorduramento da pele ....................................................
28
8
5.7.2
Escolha do Agente Esfoliante .................................................
28
5.7.2.1
Tretinoína .....................................................................................
28
5.7.2.2
Ácido Salicílico ............................................................................. 29
5.7.2.3
Alfa-HIdroxiácido .........................................................................
5.8
VEÍCULOS
ATUALMENTE
UTILIZADOS
29
NAS
PREPARAÇÕES DOS PEELINGS QUÍMICOS ..........................
29
5.8.1
Gel ...............................................................................................
30
5.8.2
Gel – Creme ................................................................................
30
5.8.3
Creme ou Loção Cremosa ........................................................
31
5.8.4
Sabonete Gel Transparente ou Cremoso ................................
31
QUAIS
SÃO
SEGUNDO
OS
A
PRINCÍPIOS
CLASSIFICAÇÃO
ATIVOS
UTILIZADOS
DOS
PEELINGS
5.9
QUÍMICOS?.................................................................................
32
5.9.1
Peeling Superficial ....................................................................
32
5.9.2
Peeling Médio ............................................................................
32
5.9.3
Peeling Profundo ......................................................................
32
5.9.4
Peeling Muito Profundo ............................................................
33
6
OS DIFERENTES TIPOS DE PEELINGS QUÍMICOS ...............
33
6.1
PEELING QUÍMICO DE ALFA-HIDROXIÁCIDO .........................
34
6.1.1
Peeling Químico de Ácido Glicólico ........................................
35
6.2
PEELING QUÍMICO DE ÁCIDO TRICLOROACÉTICO (TCA) ....
36
6.3
PEELING QUÍMICO DE ÁCIDO SALICÍLICO .............................
36
6.4
PEELING QUÍMICO DE RESORCINA ........................................
36
6.5
PEELING QUÍMICO DE ÁCIDO RETINÓICO .............................
37
6.6
PEELING QUÍMICO DE FENOL .................................................
37
7
CONCLUSÃO ..............................................................................
40
REFERÊNCIAS ...........................................................................
41
9
1 INTRODUÇÃO
Todo fármaco é definido como um agente que será utilizado no diagnóstico,
mitigação, tratamento, cura e prevenção de algumas doenças humanas, bem como
para fins estéticos. Segundo, Ansel, Popovich e Allen (2000), uma das qualidades
mais importantes dos fármacos é a diversidade de ações e efeitos sobre o
organismo.
Assim, a busca pela saúde e estética sempre foi o grande objetivo do homem desde
a antigüidade na Grécia Antiga, sempre associando o nome saúde a higiene, uma
vez que a palavra higiene deriva de Higieria, a Deusa da saúde (GARCIA et al.,
2006).
Desta forma, este novo hábito de saúde foi se disseminado pelas culturas, passando
pela era Imperial, Idade Média, Revolução Francesa, chegando até a Revolução
Industrial, gerando um crescente progresso na indústria farmacêutica e cosmética,
levando ao desenvolvimento de uma série de ativos destinados a higiene, saúde,
bem estar e beleza da pele.
O aspecto da pele é cada vez mais importante para um maior número de pessoas,
uma vez que sua função principal é a proteção do organismo contra ameaças físicas
externas, pois se trata do maior órgão do corpo humano. Juntamente com a
melhoria das condições de saúde, a população vem buscando um aumento na
expectativa de vida, culminando com o envelhecimento populacional, o que passou
a exigir maiores cuidados para atenuar e prevenir alguns dos processos de
envelhecimento da pele, motivando desta forma as indústrias farmacêuticas a
investigarem e desenvolverem produtos voltados a melhoria da qualidade da pele,
bem como para amenizar os efeitos da idade, devido excessivas exposições solares,
traumas e doenças (GARCIA et al., 2006).
Devido à pele estar em constante contato com o meio externo, esta sujeita a
variados tipos de agressões físicas e químicas conhecida como manchas, que
normalmente gera deformidades a mesma, logo, são alterações na coloração da
pele que podem aparecer em qualquer idade a apresentar diferentes tonalidades.
10
Essas manchas podem ser causadas por diversos fatores como alterações na
produção da pigmentação da pele, infecções, distúrbios hormonais, alterações
vasculares, tumores, exposição ao sol, marcas de acne, entre outras (NOGUEIRA, A
PELE, 2008).
O rejuvenescimento da pele, segundo O que é o peeling (2008), é um processo que
preocupa muitas pessoas. As técnicas de rejuvenescimento vêm a cada dia sendo
aperfeiçoadas, não apenas pelos avanços tecnológicos, mas também pela
preocupação da população com sua saúde, aparência física e longevidade. As
modificações que ocorrem na pele devido ao envelhecimento intrínseco, levam ao
ressecamento, rugas e diminuição da espessura da pele, devido à redução da
velocidade da renovação celular.
Um dos recursos utilizados para melhorar a qualidade da pele são os peelings
químicos, também chamados de
resurfacing químico, quimioesfoliação ou
quimiocirúrgia, que consiste na aplicação de agentes cáusticos a pele, produzindo a
destruição controlada da epiderme ou reepitalização. Dependendo da concentração
e valor do pH desses agentes cáusticos quando empregados nas formulações,
podem desencadear funções de peeling superficial, médio ou profundo. Os peelings
são capazes de corrigir marcas, manchas, alterações de envelhecimento, bem como
outras alterações da pele (BORGES, F, S.O QUE É O PEELING, 2008).
11
1.1 JUSTIFICATIVA
O presente trabalho irá abordar sucintamente a evolução dos peelings químicos,
descrevendo sua função nos tratamentos de doenças da pele, bem como seu uso
para fins estéticos, enfatizando os mecanismos de ação e as formas farmacêuticas
empregadas para sua aplicação, bem como, os veículos utilizados para os peelings.
Buscando
desta
maneira,
conhecer
de
forma
abrangente,
o
que
é
o
rejuvenescimento da pele e a sua ajuda para quem quer minimizar os efeitos do
tempo sobre a pele.
12
2 PELE: PROTEÇÃO DO ORGANISMO, AGRESSÕES E ENVELHECIMENTO
2.1 CITOLOGIA E HISTOLOGIA DA PELE
A pele, segundo Sampaio e Rivitti (2000), juntamente com as estruturas anexas, tais
como os pêlos, as unhas e as glândulas, formam o sistema tegumentar que reveste
todo o organismo, sendo por isso familiar a todas as pessoas. Assiste se a uma
crescente preocupação com os cuidados a ter com a pele, por questões estéticas.
A pele tem a função principal de atuar como barreira
protetora do organismo contra as agressões do meio
externo; além de possuir também importante papel na
auto-estima, nas relações sociais e na qualidade de
vida do ser humano. Possuindo uma aparência jovial,
saudável e bonita, nos sentimos mais confiantes e
seguros para enfrentar a vida cotidiana e também
sermos melhor aceitos por toda a sociedade
(SCOTTI,2003 p8).
Não obstante, de acordo com Spencer (1991), o Sistema Tegumentar assume uma
importância vital para o organismo, na medida em que interfere em numerosos
processos orgânicos. A pele é considerada o maior órgão do corpo humano,
constituindo a sua estrutura de revestimento, cuja principal função é a proteção
contra vários fatores nocivos ao organismo. A sua perda, mesmo que parcial, pode
representar incompatibilidade coma vida.
Dangelo (1988) elucida que a pele humana é formada por três camadas, a
epiderme, a derme e a hipoderme onde se encontra o tecido adiposo. É o órgão
mais pesado de todo o organismo humano, com peso de aproximadamente 4,5 kg e
também o mais extenso, podendo atingir mais de 2m em uma pessoa adulta. Sua
espessura varia de ½ a 3 mm. Sendo mais espessa nas superfícies dorsais e
extensoras do corpo do que nas ventrais e flexoras. È mais delgada na infância e na
velhice.
13
Figura 01 - Esquema de um Corte da Pele (
NOGUEIRA, A PELE 2008).
Vivier et al. (2000), esclarece que a epiderme é uma camada com profundidade
diferente conforme a região do corpo. É constituída por um epitélio estratificado
pavimentoso (células escamosas em várias camadas). A célula principal é o
queratinócito (ou ceratinócito) que produz a queratina. Existem também ninhos de
melanócitos (produtores de melanina, um pigmento castanho que absorve os raios
ultravioletas), e células imunitárias, principalmente células de Langerhans, gigantes
e com prolongamentos membranares. A epiderme apresenta várias camadas. A
origem da multiplicação celular é a camada basal. Todas as outras são constituídas
com células cada vez mais diferenciadas que com o crescimento basal vão ficando
cada vez mais periféricas, acabando por descamar e cair. A junção entre a epiderme
e a derme tem forma de papilas, que dão maior superfície de contato com a derme e
maior resistência ao atrito.
De acordo com Spence (1991), a derme é um tecido conjuntivo de sustentação da
epiderme.
É constituído por (fibrilas de colágeno e elastina com numerosos fibrócitos que
fabricam estas proteínas e sustentam o tecido). Tem duas camadas, a camada
papilar de contato com a epiderme e a camada reticular mais densa. É na derme
que se localizam os vasos sanguíneos e linfáticos que vascularizam a epiderme e
também os nervos e os órgãos sensoriais a eles associados.
Spencer (1991) elucida que a pele é um órgão muito mais complexo do que
aparenta. A sua função principal é a proteção do organismo das ameaças externas
14
físicas. No entanto ela tem também funções imunitárias, é o principal órgão da
regulação do calor. Tem também funções nervosas, constituindo o sentido do tato e
metabólicas, como a produção de vitamina D.
De acordo com Kede e Sabatovich (2003), são muitas as funções da pele e dentre
elas pode-se destacar a base dos receptores sensoriais, localização do sentido do
tato; fonte organizadora e processadora de informações; mediadora de sensações;
barreira entre o organismo e o meio ambiente; fonte imunológica de hormônios para
a diferenciação de células protetoras; proteção contra os efeitos da radiação,
traumas mecânicos e elétricos; barreira contra materiais tóxicos e organismos
estranhos; regulação da pressão e do fluxo sanguíneo e linfático e, regulação da
temperatura.
2.2 AS CARACTERÍSTICAS GERAIS DA PELE
Segundo Kede e Sabatovich (2003), a pele é praticamente idêntica em todos os
Grupos étnicos humanos. Nos indivíduos de pele escura, os melanócitos produzem
mais melanina que naqueles de pele clara, mas o seu número é semelhante.
Tabela 01 - Diferenças entre a pele negra e a pele branca
Pigmentação
DEME(dose
eritematógena mínima)
Destruição do sistema
imune por radiação UV
Distribuição de
glândulas sudoríparas
Incidência de acne
grave
Resposta à irritação
Espessura do estrato
córneo
Camadas do estrato
córneo
Permeação cutânea
Propriedades de
PELE NEGRA
Melanossomas
individualmente
dispersos
13-15 min. (alterações
insignificantes na
epiderme e na derme)
Susceptível
PELE BRANCA
Melanossomas em
grupo
Mais glândulas mistas
apócrino-exócrinas
Menor
Menos glândulas mistas
apócrino-exócrinas
Maior
Predomínio de
hiperpigmentação
6,5 micra
Predomínio de eritema
22
17
Depende do produto
Menores
Depende do produto
Maiores
2-3 min. (alterações
significativas na
epiderme e na derme)
Susceptível
7,2 micra
15
impermeabilidade à
água
Reatividade dos vasos Menor
sanguíneos
Susceptibilidade a
Possivelmente menor
ardência e prurido
Fonte: KEDE; SABATOVICH, 2003.
Maior
Maior
De acordo com Franco (2002), a cor da pele é determinada pela presença de alguns
pigmentos, dos quais o mais importante é a melanina, pigmento escuro produzido
pelos melanócitos, que migram na epiderme e transferem o pigmento às células da
camada germinativa. O outro pigmento, o caroteno ou pró-vitamina A, é encontrado
em grande quantidade na cenoura. Não há grande diferença no número de
melanócitos encontrados na pele das várias raças humanas. A pigmentação da pele
é a proteção principal do organismo contra a ação da radiação ultravioleta, decorre
de um estímulo nos melanócitos que produzem a melanina.
Segundo Mauad Jr et al. (2001), o papel da melanina na determinação da cor da
pele pode ser observado de acordo com a facilidade ou dificuldade de visualização
de estruturas mais profundas, como as veias.
Franco (2002) elucida que os indivíduos de pele escura têm apreciável quantidade
de melanina em todas as camadas da epiderme (o acúmulo de melanina escurece a
pele filtrando os raios ultravioletas). O escurecimento da pele por exposição à luz
solar ocorre inicialmente devido ao fenômeno biofísico que leva a um escurecimento
rápido de parte de melanina preexistente; numa segunda etapa, pela aceleração dos
processos de biossíntese da melanina.
Segundo Kede e Sabatovich (2003), a aparência da pele, depende de uma série de
fatores: idade, sexo, clima, alimentação e estado de saúde do indivíduo. A
classificação em pele seca, gordurosa, mista e outras se fazem de acordo com o tipo
e a quantidade das secreções encontradas em sua superfície. Dá-se o nome de
endérmica à pele cuja superfície se apresenta fina, lisa, flexível, lubrificada e
suficientemente umedecida, devido ao equilíbrio de suas secreções. É encontrada
principalmente nas crianças. Já a pele com predomínio de secreção gordurosa
apresenta um aspecto de untuosidade e brilho característicos, a chamada pele
gordurosa. A pele seca existe quando há acentuada insuficiência de secreção
sebácea. Às vezes, a pele torna-se seca em virtude de mudanças qualitativas da
secreção gordurosa, com concentração alterada de lipídeos hidrófilos. Ao invés de
16
ser lisa e lustrosa, a pele torna-se opaca, áspera e com fina descamação, comum
em ruivos e brancos. Pele desidratada é outro tipo de pele seca. Caso a secreção
sebácea seja adequada, a secura da pele se deve a um grau de embebimento
aquoso inferior ao normal. Quando há um aumento relativo de embebimento aquoso,
tem-se a pele hidratada.
Ainda de acordo com mesmos autores, em situações patológicas com o
hipertireoidismo, o hiperfuncionamento das supra-renais, geralmente ocorrem
estados de hidratação excessiva da pele. A coexistência de seborréia na parte
central do rosto (testa, nariz e queixo), e de cor escura nas partes laterais, dá origem
à chamada pele mista.
Por ser o órgão mais evidente do organismo, a pele é frequentemente
o sinalizador primário do envelhecimento. A aparência da pele pode
determinar conclusões a respeito da idade cronológica e refletir a
saúde de um indivíduo. Condições, mesmo subclínicas, que
determinem prejuízo à saúde, irão comprometer de forma direta a
saúde da pele e acelerar o envelhecimento (KEDE, SABATOVICH,
2003p12).
A pele é, portanto, o mais sensível dos órgãos do corpo humano. È o primeiro meio
de comunicação e o mais eficiente protetor, sendo aí localizada a primeira e última
linha de defesa. Scotti (2003) esclarece que a exposição ao sol é um agente
desencadeador do envelhecimento, principalmente na pele exposta.
2.4 O ENVELHECIMENTO CUTÂNEO
Envelhecer é um processo natural que ocorre desde que nascemos, porém fica mais
evidente após a terceira idade. A “qualidade do envelhecimento está relacionada
diretamente com o ritmo de vida à qual o organismo foi submetido” (GUIRRO et al,
2002).
No envelhecimento extrínseco [...] os raios ultravioleta (UVA,
UVB e UVC) provocam danos estruturais à pele, alterando a
pigmentação cutânea, provocando enrugamento, causando
envelhecimento precoce e também formandos radicais livres
reativos. Até o momento, os raios UVA e UVB são os mais
preocupantes em cuidados cosmetológicos, devido à sua
incidência na superfície terrestre (SCOTTI, 2003, pg 11).
17
No processo do envelhecimento, podemos encontrar tanto causas genéticas,
hormonais e de estilo de vida, entrando neste conjunto fatores ambientais, tais como
luz do sol, patologias dermatológicas, dietas alimentares, vícios de bebida e tabaco,
entre outros, contribuindo desta forma para uma modificação desfavorável da pele,
dando a ela um aspecto de envelhecimento, com ressecamento, flacidez, rugas e
afinamento de espessura (CORRÊA, 2010).
De acordo com Kede e Sabatovich (2003), o envelhecimento constitui o conjunto de
modificações fisiológicas irreversíveis e inevitáveis acompanhadas de uma mudança
do nível de homeostasia. Podem-se considerar dois tipos de envelhecimento
distintos: o envelhecimento intrínseco, verdadeiro ou cronológico, que é o que
ocorrem naturalmente com o passar do tempo de vida e, o envelhecimento
extrínseco ou fotoenvelhecimento que surge nas áreas expostas ao sol, devido ao
efeito repetitivo da ação dos raios ultravioleta, as modificações surgem a longo prazo
e se superpõe ao envelhecimento intrínseco, a pele mostra-se precocemente
alterada. O envelhecimento intrínseco pode ser distinguido do envelhecimento
extrínseco de acordo com o conjunto de características apresentadas pelo tecido
cutâneo envelhecido. As principais diferenças entre o envelhecimento intrínseco e
extrínseco estão demonstradas na Tabela 02.
Tabela 02 - Comparação entre o envelhecimento intrínseco e o extrínseco.
CARACTERÍSTICAS
Aparência
INTRÍNSECO
EXTRÍNSECO
Fina, pálida, perda de
Nodular, duro,
elasticidade e firmeza.
manchado, enrugado
profundamente.
Superfície
Manutenção global de
Notadamente alterada e
padrões geométricos
alterada pigmentação.
normais.
Epiderme viável
Mais fina que o normal.
Hipertrofia no começo,
atrofia em fase final.
Densidades
Abaixo do normal.
Maior que o normal.
Taxa proliferativa
Modesta.
Marcada.
Queratinócitos basais
Irregularidade celular
Heterogenicidade.
18
Queratinização
Inalterada
Inadequada
Extrato córneo
Densidade normal.
Compacto.
Junção dermo-
Lâmina basal média.
Lâmina basal extensa.
Elastogenese por elastose
Elastogenese, seguido
epidérmica
Elastina da derme
por acumulativas
degenerações densas
em fibras.
Lexema
Colágeno
Pequena participação nas
Aumento de participação
fibras elásticas
nas fibras elásticas.
Pequena mudança em
Mudança maior no
tamanho e organização
tamanho das fibras
das fibras
Microvasculatura
Normal
Anormal
Células inflamatórias
Nenhuma evidência
Perivenular e infiltração
de linfócitos
Fonte: SCOTTI, 2003.
As modificações da pele que ocorrem pelo envelhecimento intrínseco levam ao
ressecamento, flacidez, alterações vasculares, rugas e diminuição da espessura da
pele, já o extrínseco se dá devido a exposição ao sol, ou “fotoenvelhecimento”, este
por sua vez conduz a degeneração das fibras elásticas e colágenas, leva o
aparecimento de manchas pigmentadas e a ocorrência de lesões pré-malignas ou
malignas. A radiação UV propicia a formação dos radicais livres, com isso, eleva o
número de lesões oxidativas não reparadas, alterando assim o metabolismo, e se
tornando
responsáveis
pelo
envelhecimento
precoce,
elevando
assim
o
aparecimento de câncer cutâneo (VELASCO, 2004).
O envelhecimento cutâneo pode ser dividido em dois tipos, o natural que traz
alterações como diminuição da espessura da pele, perda da elasticidade,
aparecimento de rugas, atrofia óssea, perda do tônus muscular, flacidez,
aparecimento de verrugas, e o envelhecimento actínico que causa a formação de
19
melasma, degeneração acentuada das fibras elásticas e colágeno, deixando a pele
com aspecto de laranja (CUCÉ, 2001).
3 METODOLOGIA
Parar o desenvolvimento deste trabalho foi realizado um levantamento bibliográfico
em livros, artigos científicos, apostilas e sites eletrônicos, que contenham
informações atualizadas sobre o tema peeling químico, utilizando referência
eletrônica de sites de entidades sérias e reconhecidas que falam sobre o assunto
aqui abordado, entre outros que irão auxiliar no entendimento do tema exposto.
20
4 PEELING QUÍMICO: RESURFACING QUÍMICO, QUIMIOESFOLIAÇÃO OU
QUIMIOCIRURGIA
4.1 HISTÓRIA E AÇÃO DOS PEELINGS QUÍMICOS
Segundo, Garcia et al. (2006), os primeiros relatos de substâncias químicas
empregadas no tratamento de cicatrizes, foram realizados no ano de 1903, por dois
cientistas, Machee e Kerp, porém, somente no ano de 1941, é que se deu a primeira
documentação dessas substâncias destinadas a promover a descamação da pele,
por Eller e Wolf. Assim, no ano de 1961 Bacher e Gordon deram início a chamada
“era dos peelings químicos”, a partir de então, novas substâncias foram pesquisadas
e utilizadas com essa finalidade,bem como o desenvolvimento de técnicas físicas de
abrasão cutânea como os lixamentos manuais (lixas de água) chegando até os
peelings de cristal de alumínio da década de 1990, culminando com a abrasão
cutânea a laser (“resurfacing”).
O peeling químico também chamado de resurfacing químico, quimioesfoliação ou
quimiocirurgia, consiste na aplicação de um ou mais agentes cáusticos na pele,
promovendo a destruição controlada da epiderme e sua reepitelialização, visando
acelerar o processo de esfoliação cutânea, promovendo a renovação celular. Desta
forma propicia o melhoramento da aparência da pele danificada por fatores
intrínsecos e extrínsecos e também por cicatrizes, dando a ele uma aparência jovial
e renovada (VELASCO, 2004).
4.1.1 Mecanismo de Ação dos Peelings Químicos
Assim como já pré-estabelecido, a função do peeling químico é promover a
esfoliação ou remoção das camadas da pele, dependendo do seu objetivo, sempre
de modo controlado, a fim de promover uma regeneração dos tecidos epidérmicos e
21
dérmicos, promovendo uma melhoria clínica da pele manchada ou envelhecida
(GARCIA, 2006).
Desta forma, como explica Cucé (2001), o peeling promove alterações na pele por
estimulação do crescimento epidérmico, induzido pela remoção do estrato córneo;
destruição de camadas específicas da pele danificada, cuja reparação produz um
novo tecido e, por fim, por indução de reação inflamatória tecidual profunda, quando
os agentes utilizados produzem necrose. A ativação dos mediadores inflamatórios
são capazes de estimular a produção de colágeno.
Desta maneira, Preparações Cosméticas... (2000), nos diz que, baseando-se nos
três princípios citados anteriormente, para que os ativos farmacológicos possam
realizar suas ações, deve-se levar em conta que os mesmos tratando-se de
produtos químicos, podem sofrer influências que ajudem ou prejudiquem o produto
final do peeling. Seguem abaixo essas influências:
Influência da Solubilidade: quanto maior a solubilidade do princípio ativo em água,
maior será a sua atividade, e conseqüentemente maior a probabilidade de causar
irritação na pele;
Influência da Concentração: quanto maior a concentração do princípio ativo na
formulação, mais profundo será o seu efeito sobre a pele, da mesma forma, que em
menores concentrações exercerá efeitos superficiais sobre a pele;
Influência do pH: é a constante que mais influência sobre a atividade dos peeling,
pois, quanto mais neutro for o peeling (pH 7,0), menor será sua atividade esfoliante.
Para que se obtenha uma ação desejada, deve-se manter os pHs dos produtos
entre 3,0 e 4,0;
Influência do Veículo: o veículo escolhido possui a capacidade de comprometer a
preparação, no sentido de que pode diminuir a irritabilidade sobre a pele, melhorar a
absorção do produto e controlar o tempo de liberação do ativo;
22
5 PEELING QUÍMICO: UMA VISÃO GERAL
5.1 O QUE É O PEELING QUÍMICO?
O termo peeling é originado do verbo inglês “to peel”, que significa descamar,
esfolar, desprender. Também é conhecido como quimioesfoliação, quimiocirurgia ou
dermopeeling. Seu objetivo principal é promover a esfoliação ou remoção das
camadas da pele, sempre de modo controlado, com a finalidade de obter uma
renovação dos tecidos epidérmicos e dérmicos e uma neossíntese das fibras
colágenas e elásticas. São procedimentos capazes de corrigir as marcas, manchas,
alterações causadas pelo envelhecimento cutâneo, melhorando a aparência e a
qualidade da pele, através da destruição química das células epidérmicas. O peeling
cutâneo proporciona uma melhora formidável da pele, utilizando para isso, vários
agentes químicos diferentes em variadas concentrações e veículos, podendo utilizarse de uma ou mais substâncias químicas numa mesma formulação (GARCIA et al.,
2006).
5.2 COMO AGEM OS PEELINGS QUÍMICOS?
Partindo-se da estrutura física da pele, a mesma é formada por duas camadas
principais, a epiderme e a derme. A epiderme é subdividida em cinco camadas mais
finas, extratos corneum, lucidum, granulosum, spinosum e basal, e a derme em duas
camadas mais espessas a papilar e reticular. Separando estas cinco camadas,
temos o que chamamos de membrana basal, que é responsável pela regeneração
da pele, (BORGES, F, S.O QUE É O PEELING 2008). A membrana basal se
continua com os anexos da pele, e é responsável pela regeneração da pele após
uma seção de peeling. Desta forma, o peeling químico age remove algumas
camadas da pele, e ao mesmo tempo, promovendo a regeneração celular através da
ativação da membrana basal.
23
Figura 02 - Epiderme e derme separadas pela membrana basal (BORGES,F.S.O QUE É O PEELING
2008).
5.3 QUAIS OS TIPOS DE PELE QUE MELHOR RESPONDEM AOS PEELINGS
QUÍMICOS?
Segundo ..... As diferentes formas de Peeling podem beneficiar quase todos os
tipos de pele, mas o seguinte guia pode ajudar:
Tipo I - Sem rugas, tipicamente com menos de 35 anos, necessita pouca
maquiagem.
Tipo II - Rugas apenas aparecem quando há movimentação na face (por exemplo,
ao sorrir), tipicamente entre 25/35 anos, cor amarelada e com sinais de dano solar
precoce.
Tipo III - Rugas mesmo com a face em repouso, especialmente ao redor dos olhos,
boca e testa, com idade entre 30/65 anos, descoloração, e aparecimento de
pequenos vasos sangüíneos.
Tipo IV - Severo envelhecimento, com muitas e profundas rugas.
Os pacientes com peles tipo II e III são os que mais se beneficiam dos Peelings
médio e superficial, (TEIXEIRA, C, M. PEELING QUÍMICO 2008).
24
5.4 COMO SÃO CLASSIFICADOS OS PEELINGS QUÍMICOS?
Os peelings podem ser classificados de acordo com a região da pele a qual atingir, e
pela concentração de ácido que penetra na mesma.
5.4.1 Peeling Superficial
Age em nível de epiderme, corrigindo alterações superficiais da pele, como acne,
envelhecimento leve, melasma e rugas finas, utiliza-se como substância ativa os
alfa-hidroxiácidos (AHAs), beta-hidroxiácidos (ácido salicílico), ácido tricloroacético
(TCA), resorcinol, ácido azelaico, solução de Jessner, dióxido de carbono sólido e
tretinoína (CUCÉ, 2001).
Segundo, DEFFERARI, R.Peeling (2008), as descamações devem ser repetidas,
para que alcancem melhores resultados. Essas descamações superficiais das
camadas da pele ativam os mecanismos biológicos que estimulam a renovação e
crescimento celular, o que deixará a aparência da pele mais saudável e bonita.
Dependendo da concentração e tempo de permanência do ativo na pele, acarretará
no aumento da espessura da epiderme e no aumento da produção das fibras
colágenas. Este peeling é indicado para o tratamento de manchas superficiais, poros
dilatados, rugas superficiais, textura áspera, hiperpigmentação mais claras, melasma
epidérmica, acne vulgar e rosácea.
5.4.2 Peeling Médio
Apresenta uma ação mais profunda, junto à derme, retirando lesões um pouco mais
profundas. Sendo indicado para rugas, hiperpigmentação (manchas escuras, mais
acentuadas), pele fotoenvelhecida (com excesso de exposição solar) e cicatrizes,
(PEELING..., 2008).
Utiliza como substâncias ativas combinações de TCA com dióxido de carbono, TCA
com solução de Jessner, TCA com ácido glicólico ou TCA e resorcina (CUCÉ, 2001).
25
5.4.3 Peeling Profundo
Sua ação se da nas camadas mais profundas da derme, a derma reticular, agindo
sobre as lesões mais profundas como rugas, flacidez, manchas, cicatrizes,
discromias actínicas, melasmas, lentigos, bem como atenuação de sulcos. É
definido, como sendo o peeling mais profundo o qual já se consegue atingir. Utilizase como substâncias ativas o TCA a 50% e Fenol.
É estabelecido como um peeling extremamente agressivo, sendo indicado para as
peles que necessitam de renovação celular da camada mais profunda da derme,
como as peles muito envelhecidas. Neste peeling, se ocorrer lesões na camada
basal, devido sua ação, podem ocorre cicatrizes, (DEFERRARI, R. PEELING 2008).
Figura 03 - Ação do peeling profundo (BORGES, F, S.O QUE É O PEELING 2008).
Tabela 3 - Níveis dos Peelings, camadas dérmicas atingidas e problemas tratáveis.
Nível do Peeling
Nível 1
Peeling Muito Superficial
Camadas atingidas
Camadas Superiores da
Epiderme
Problemas
Tratáveis
manchas muito
superficiais,
aspereza, pele sem
brilho, pele
descamativa , pele
26
Nível 2
Epiderme
Peeling Superficial
Nível 3
Peeling Médio
Nível 4
Epiderme , Derme papilar e
camada superficial da derme
reticular
Epiderme , Derme reticular
Peeling Profundo
"seca", peles
"cansadas" e
"maltratadas"
manchas
superficiais,
aspereza,
rugosidades finas,
acne ativa,
Rugas, manchas,
cicatrizes de acne ,
sulcos,
Envelhecimento
total da pele,
cicatrizes de Acne
muito profundas
(BORGES, F.S.O QUE É O PEELING 2008).
5.5 QUAIS SÃO AS INDICAÇÕES DOS PEELINGS QUÍMICOS?
São indicados para fotoenvelhecimento cutâneo em peles apresentando rugas finas
leves e moderadas; ceratoses seborréicas, acnéicas e liquenóides; discromias,
efélides;
lentiligos;
melasmas
epidérmicos
e
dérmicos;
pigmentação
pós-
inflamatórias. Também é indicado para cicatrizes superficiais como em pós-traumas,
pós-cirurgias e pós-acne. Por fim, adjuvante no tratamento da acne vulgar e de
Rosácea (GARCIA et al., 2006).
5.6 QUAIS SÃO AS CONTRA-INDICAÇÕES DOS PEELINGS QUÍMICOS E QUAIS
COMPLICAÇÕES ELES PODEM OCASIONAR?
27
5.6.1 Contra-Indicações
Os peelings químicos são contra-indicados nos casos de gravidez, devido falta de
estudos quanto à segurança. Antecedentes de cicatrizes hipertróficas e queloides
deve-se evitar peelings médios e profundos. Pacientes em uso de isotretinoína
devem aguardar ao menos um ano após o término da medicação, já que esta causa
reepitelização
da
pele.
Radioterapia
promove
redução
da
reepitelização.
Procedimento cirúrgicos prévios aguardar no mínimo três meses para realização do
peeling (laser e eletrólise). Pessoas com lesões ativas de acne, herpes, processos
inflamatórios ativos, verrugas planas, dermatite seborréica e atópica, rosácea,
doenças imunossupressoras não devem ser submetidos à essa modalidade de
peeling (GARCIA et al., 2006).
5.6.2 Complicações
Alteração de pigmentação, alteração de cicatrização, alteração de textura são
algumas das complicações geradas pelos peelings químicos, podendo ocorrer
infecção, choque tóxico, edema de laringe, mília, eritema persistente, atrofia
cutânea, hipersensibilidade ao frio, arritmias cardíacas e, por fim, alterações
hepáticas (GARCIA et al., 2006).
5.7 QUAL A FINALIDADE DE SE REALIZAR UM PREPARO DA PELE OU PRÉPEELING?
A finalidade do preparo da pele antes de cada peeling químico, ressaltando o
peeling superficial, é obter uma absorção uniforme do principio ativo utilizado em
cada preparação, e com isso reduzir os riscos de hiperpigmentação da mesma, bem
como estimular sua recuperação mais rápida, (GARCIA et al., 2006).
28
Segundo, O que é o Peeling..., (2008), a pele dependerá de um preparo proporcional
a profundidade da agressão que irá sofrer, para isso utiliza-se cremes ou outras
formas farmacêuticas que gerem um acondicionamento da pele para que esta não
apresente manchas no pós-peeling, e para que cicatrize com mais facilidade. Esta
fase de preparo varia de 4 (quatro) a 8 (oito) semanas, dependendo da profundidade
de ação de cada peeling.
5.7.1 Desengorduramento da Pele
A limpeza da pele é fundamental para a remoção das suas impurezas, como sebo,
resíduos de maquiagem e detritos celulares, e também auxiliar na absorção
homogênea dos ácidos pela mesma. Assim, segundo Garcia et al. (2006). Pode ser
limpa com sabão e água, álcool a 70%, ácido salicílico a 10%, solução de Jessner
(resorcina a 14%, ácido salicílico a 14%, ácido lático a 14% em etanol 100ml), licor
Hoffmam (água e álcool em partes) e também acetona.
5.7.2 Escolha do Agente Esfoliante
5.7.2.1 Tretinoína
É usada no pré e pós-peelings, iniciada em concentrações que variam de 1%
progredindo até 8%. Apresenta uma coloração amarelada que deverá ficar em
contato com a pele de 4 (quatro) a 6 (seis) horas, e então removida com água
corrente. Sua descamação ocorrerá entre 2 a 3 dias, podendo permanecer ate o 7º
dia. Apresentam vantagens devido sua ausência de sensações de ardência e
uniformidade de aplicação, devido sua coloração ser facilmente notada na pele
(GARCIA et al., 2006).
29
5.7.2.2 Ácido Salicílico
É um betahidroxiácido, utilizado em concentrações que variam de 20 a 35%,
ocasionando uma esfoliação que ocorrerá entre 3 a 5 dias aos a aplicação. As
aplicações devem ocorrer semanalmente em pequenas áreas, apresentando leve
ardor e um branqueamento na área, devido a cristalização do ácido (GARCIA et al.,
2006).
5.7.2.3 Alfa-Hidroxiácido
Segundo Garcia et al. (2006), os alfa-hidroxiácidos são ácidos carboxílicos
encontrados em alguns alimentos, naturais ou sintetizados. Entre eles temos:
- Ácido Glicólico 30-70%;
- Ácido Lático;
- Ácido Cítrico;
- Ácido Málico;
- Ácido Mandélico 30-50%;
- Ácido Pirúvico.
5.8
VEÍCULOS
ATUALMENTE
PEELINGS QUÍMICOS
UTILIZADOS
NAS
PREPARAÇÕES
DOS
30
5.8.1 Gel
Segundo, Ansel, Popovich e Allen (2000), os géis ou magmas, são definidos como
um sistema sólido, que é constituído por dispersões de pequenas partículas
inorgânicas ou por grandes moléculas orgânicas envolvidas por um líquido,
responsável por formar um excipiente transparente ou translúcido. São veículos
indicados para tratamentos farmacológicos e/ou cosméticos em peles oleosas e
acnéicas.
Os géis são utilizados como veículo de preparações para renovação celular, pois
este atende alguns requisitos. Primeiro, é adequado para incorporação de soluções
líquidas, não deixando que a preparação escorra para áreas indesejadas. Segundo,
a compatibilidade dos agentes gelificantes com os diferentes ativos, depende de
fatores como: carga iônica, pH ácidos extremos, meio oxidante e redutor, fazendo
com que o espessante mude para cada ativo. Assim, os géis que possuem os
polímeros
derivados
da
celulose,
são
considerados
os
mais
versáteis,
(PREPARAÇÕES COSMÉTICAS..., 2000, p9).
5.8.2 Gel – Creme
Segundo, Ferreira (2000), os géis-creme são considerados emulsões, que
apresentam uma alta porcentagem de água na sua composição, e uma baixa
concentração de óleo. Possuem um agente estabilizador coloidal hidrófilo e um
agente doador de consistência.
O gel-creme pode ser obtido, pela mistura, em proporções adequadas, de um gel e
uma emulsão tradicional. Com o objetivo de obter uma preparação que não
apresente as propriedades indesejadas de um gel, e garantir ao mesmo tempo a
redução da sensação oleosa de uma emulsão, sempre avaliando a compatibilidade
deste veículo como o ativo empregado, uma vez que este sistema gel-creme
31
apresenta uma menor estabilidade do que o sistema gel ou creme em separado,
(PREPARAÇÕES COSMÉTICAS 2000).
5.8.3 Creme ou Loção Cremosa
O creme ou loção cremosa é definido como loções líquidas ou semi-sólidas do tipo
óleo em água ou água em óleo. São considerados veículos cosméticosfarmacêuticos, extremamente apreciados para incorporação de vários tipos de
ativos. Em sua prática, os médicos e pacientes preferem os cremes as pomadas,
devido sua facilidade de aplicação, e nos casos dos cremes tipo emulsão óleo em
água, por sua praticidade de remoção da pele (ANSEL, POPOVICH e ALLEN,
2000).
Devido sua característica particular de possuir uma maior penetração nos tecidos da
pele, atingindo camadas mais profundas, os cremes ou loções líquidas são
altamente utilizados para a incorporação de ativos com ação esfoliante e
despigmentante, usados na renovação celular e esfoliamento da pele, garantindo
desta forma, que esses ativos atinjam camadas mais profundas da epiderme,
(PREPARAÇÕES COSMÉTICAS 2000).
5.8.4 Sabonete Gel Transparente ou Cremoso
Segundo, Preparações Cosméticas (2000), os sabonetes gel transparente ou
cremoso, são considerados uns dos veículos mais adequados para a incorporação e
agentes esfoliantes, permitindo de forma combinada com os tensoativos, uma ação
de limpeza mais profunda. Sua principal característica deve ser a suavidade, de
modo a não irritar a pele que esta sobre ação de um agente abrasivo.
32
5.9
QUAIS
SÃO
OS
PRINCÍPIOS
ATIVOS
UTILIZADOS
SEGUNDO
A
CLASSIFICAÇÃO DOS PEELING QUÍMICOS
5.9.1 Peeling Superficial
- Ácidos glicólicos ou lácticos 40-50% (1 a 2 minutos);
- Ácido retinóico 2-5%;
- Ácido tricloroacético 10-25% (1 camada);
- Resorcina 20-30% (5 a 10 minutos);
- Solução de Jessner (1 a 2 camadas) (PREPARAÇÕES COSMÉTICAS...,
2000).
5.9.2 Peeling Médio
- Ácidos glicólicos ou lácticos 40-70% (2 a 20 minutos);
- Ácido tricloroacético 10-30% (1 camada);
- Resorcina 40-50% (30 a 60 minutos);
- Solução de Jessner (4 a 10 camadas) (PREPARAÇÕES COSMÉTICAS...,
2000).
5.9.3 Peeling Profundo
- Ácidos glicólicos ou lácticos 70% (3 a 30 minutos);
33
- Ácido tricloroacético 30-50%;
- Ácido tricloroacético 35% + Solução de Jessner;
- Ácido Pirúvico;
- Solução de Jessner + Ácido glicólico 40-70%;
- Fenol 88% sem oclusão (PREPARAÇÕES COSMÉTICAS 2000).
5.9.4 Peeling Muito Profundo
- Fenol 88% com oclusão;
- Solução de Baker-Gordon (PREPARAÇÕES COSMÉTICAS 2000).
6 OS DIFERENTES TIPOS DE PEELINGS QUÍMICOS
No mercado cosmético de hoje, existem variados tipos de peelings, estes serão
utilizados conforme o tipo de pele, sua oleosidade, grau de envelhecimento, foto
tipo, resultado esperado, entre outros (TEIXEIRA, C.M.PEELING QUÍMICO 2008).
Assim, uma ampla gama de substâncias químicas são atualmente utilizadas nas
formulações dos peelings químicos. Entre elas podemos citar os alfa-hidroxiácidos
(Ácido Glicólico), beta-hidroxiácidos, derivados fenólicos e retinóides, bem como o
ácido salicílico, resorcinol e ácido láctico, todas são substâncias empregadas em
formulações esfoliantes para a execução de peeling químico com o objetivo principal
de se obter uma lesão controlada na pele (RAMOS et al., 2005).
34
6.1 PEELING QUÍMICO DE ALFA-HIDROXIÁCIDO
O termo alfa-hidroxiácido foi introduzido no mercado dermatológico no ano de 1974,
sendo utilizado para o tratamento tópico de ictiose. Atualmente, muitos produtos
tópicos que estão no mercado contêm um ou mais alfa-hidroxiácidos como
componentes primários da formulação. Os alfa-hidroxiácidos, são ácidos de
natureza, logo, quando utilizados nas formulações, as mesmas necessitam ser
neutralizadas para que alcancem uma faixa de pH entre 3 e 5, com objetivo de se
aproximar ao pH da superfície da pele que varia de 4,2 a 5,6 pois, acredita-se que a
eficácia tópica da formulação esta diretamente relacionada ao seu pH desejado,
(YU; SCOTT, 1996).
A eficácia tópica de uma formulação que contém um alfa-hidroxiácido, depende de
dois fatores principais: a concentração biodisponível, que é a fração da droga não
alterada que chega a circulação sistêmica, e o veículo utilizado. O veículo é muito
importante na eficácia tópica de um alfa-hidroxiácido, tanto para uso cosmético
como para indicações dermatológicas. Alguns alfa-hidroxiácidos como: ácido
glicólico, ácido lático, ácido tartárico, ácido málico e ácido cítrico, são altamente
solúveis em água, cremes e ou loções feitos de emulsões óleo-em-água, outros são
mais solúveis em lipídios, que é o caso do ácido mandélico e ácido benzílico, que
são altamente solúveis em ungüentos ou em emulsões tipo água-em-óleo (YU;
SCOTT, 1996).
Os alfa-hidroxiácidos são responsáveis pela retenção de água da epiderme,
acelerando desta forma o processo de renovação celular, para que isso ocorra, o pH
da formulação deve estabilizar-se em torno de 3,8 e utilizar concentrações de 10%.
Pertencem a este grupo o ácido glicólico, ácido cítrico, ácido lático, ácido mandélico
e ácido tartárico. Desta forma, temos que:
- Ácido Málico: extraído da maça;
- Ácido Tartárico: extraído da uva;
- Ácido Lático: extraído do leite azedo, por meio de fermentação bacteriana,
responsável por promover a hidratação da pele. Em altas concentrações promove a
35
esfoliação e renovação da pele, sempre mantendo seu pH de estabilidade de 3,5 a
4,5 com máxima concentração de 10%;
- Ácido mandélico: obtido pela hidrólise do extrato de amêndoas amargas. Segundo
estudos, o ácido mandélico é útil para tratar acne inflamatória não-cística e
rejuvenescer e pele foto envelhecida, além de utilizada no pré peeling e na
prevenção de infecções por bactérias no pós peeling.
6.1.1 Peeling Químico de Ácido Glicólico
O Ácido Glicólico é um alfa-hidroxiácido encontrado em alimentos naturais, como a
cana-de-açúcar, apresenta boa absorção em diferentes camadas da pele, além de
agir como um solvente para a matriz intercorneócita reduzindo a excessiva
queratinização. É um peeling suave que atua promovendo o afinamento do extrato
córneo, que é útil na renovação da epiderme e redução visível das linhas faciais.
Deve ser aplicado localmente para estimular a renovação celular, e também atuar
como clareador hidrofílico, que aumenta a hidratação e elasticidade da pele. O
aumento da elasticidade da pele se deve a estimulação direta na produção de
colágeno, elastina e mucopolissacarídeos nas camadas mais profundas da pele. O
peeling de ácido glicólico é utilizado no tratamento da pele facial lesada por acne,
ictiose, melasma, verrugas, entre outros problemas (HENRIQUES et al.,2007).
Segundo, Peeling Químico..., (2008), o ácido glicólico nos permite a realização de
peelings superficiais, médios e profundos, dependendo apenas da sua concentração
e tempo de exposição do agente a pele. O peeling superficial é realizado com o
correspondente de 30 a 50% da quantidade final da formulação, o peeling médio
utiliza o correspondente de 50 a 70%, e o peeling profundo utiliza-se concentrações
maiores que 70% da formulação. É extraído da cana de açúcar, apresentando
concentração em torno de 5 a 10%, e seu pH varia de 3,8 onde realiza uma leve
esfoliação, a pH 6,0 promove uma excelente hidratação, assim, quanto maior o ph,
menor é a capacidade de renovação celular.
36
6.2 PEELING QUÍMICO DE ÁCIDO TRICLOROACÉTICO (TCA)
Segundo, Ferreira (2000), o ácido tricloroacético é um pó cristalino, altamente
solúvel em água. Quando utilizado para fins de rejuvenescimento são excelente no
tratamento de pele acnéicas danificadas, bem como para cicatrizações e rugas
profundas. É um ativo amplamente utilizado para peeling químicos de profundidade
superficial e média, com concentrações variando de 10 a 75% em soluções
aquosas.
É um peeling amplamente utilizado pelos médicos, devido sua ausência de
toxicidade sistêmica, sendo solicitados nas formulações cuja concentração varia
entre 10 a 80% (GASTON-MARICOURT, 1997).
6.3 PEELING QUÍMICO DE ÁCIDO SALICÍLICO
O ácido salicílico é um beta-hidroxiácido, que foi sintetizado quimicamente em 1860
e tem sido utilizado extensamente no tratamento dermatológico como agente
ceratolítico, para tratamento de acne. Trata-se de um pó branco solúvel em álcool, e
levemente solúvel em água. Sua ação ceratolítica se da pela sua capacidade de
solubilização das proteínas da superfície celular, resultando na descamação dos
resíduos ceratolíticos da pele. Deve ser utilizado em concentrações de 3,0 a 6,0%,
pois acima desta concentração pode ser destrutivo para a pele (GARCIA et al,
2006).
6.4 PEELING QUÍMICO DE RESORCINA
É um agente cáustico do grupo dos fenóis, utilizado como agente esfoliante na forma
de pasta em concentrações que variam de 10 a 70%, ou associados a outras
substâncias como na solução de Jessner. É indicada para tratamento da acne,
alteração de coloração da pele (discromias) e peles rugosas, hiperpigmentação pós-
37
inflamatória, pode ser utilizada em peles mais escuras, com tendência a
hiperpigmentação (TEXEIRA, C.MPEELINGS QUÍMICOS 2008).
6.5 PEELING QUÍMICO DE ÁCIDO RETINÓICO
Também denominado de Vitamina A ácida, seu uso é justificado por promover a
compactação da camada córnea, espessamento epidérmico e aumentar a síntese
do colágeno. Responsável por estimula os queratinócitos, por melhorar a distribuição
dos melanócitos e por produzir uma normalização epidérmica; elimina os
queratinócitos atípicos e impede a formação de queratoses, sendo indicado para o
tratamento
do
fotoenvelhecimento,
portanto
atua
em
patologias
onde
há
hiperqueratinização e é também associado a agentes despigmentantes nos
tratamentos de hipertrofias,também é muito utilizado no tratamento da acne por ter
ação comedolítica e esfoliante. É largamente utilizado no pré peeling químico e a
laser,
como
preventivo
da
hiperpigmentação
pós-inflamatória
(TEIXEIRA,C.M.PEELINGS QUÍMICOS 2008).
O ácido retinóico pode ser utilizado no rosto, mãos, colo, pescoço, dorso e braços,
além de está disponível em várias concentrações 0,01% a 0,1% em cremes ou gel
para uso pelo próprio paciente e em concentrações mais elevadas (1 a 5%) para uso
em consultório, sob supervisão médica.
6.6 PEELING QUÍMICO DE FENOL
O Fenol ou Ácido Carbólico é derivado do coaltar, apresenta-se fisicamente como
cristais em forma de agulhas, variando de incolor a rosado, com um odor
característico. Quando aquecido torna-se líquido e quando exposto ao ar e a luz
apresenta uma coloração escura. O Fenol é um agente químico que produz efeitos
bacteriostáticos quando esta em apresentações com concentrações mínimas de 1%,
e acima desta concentração apresenta ação bactericida. Atua como anestésico local
38
nas terminações nervosas e produz a coagulação das proteínas. Como composto
químico, é solúvel em óleos e gorduras, podendo ser removido facilmente da pele
através do uso de glicerina, óleos vegetais ou álcool etílico a 50% (VELASCO et al.,
2004).
Segundo Velasco et al. (2004), o Fenol na concentração de 88% penetra a derme
reticular superior e é queratocoagulante, impedindo sua penetração nas camadas
mais profundas. Desta forma, quanto mais concentrado o fenol estiver, maior a
coagulação da queratina, menor sua penetração e menor sua toxicidade. Sua
aplicação a pele induz uma ação de queimadura química, que ao longo do tempo
resulta no rejuvenescimento da pele, se aplicada por um período de tempo maior
ocasiona a penetração na derme superior, resultando na formação de uma camada
de colágeno estratificado. A regeneração da pele inicia-se 48 horas após a
aplicação. Ressalta-se que o peeling de fenol é utilizado para os seguintes casos:
clareamento da pele, rugas, hiperpigmentação ou pigmentação heterogênea,
tratamento de acne, cicatrizes, lentigos actínicos e queratoses solares e seborréicas.
Assim, a formulação mais conhecida e utilizada que possui em sua composição o
fenol é a de Baker-Gordon (1962), onde o fenol utilizado é diluído em concentrações
que variam de 45 a 55%.
Tabela 4 Fórmula de Baker-Gordon
Componentes
% P/P
Fenol a 88%
3
Água desmineralizada
2
Óleo de cróton
3
Sabão líquido
8
Fonte: VELASCO, 2004.
Segundo Velasco (2004), o óleo de cróton, na fórmula é o componente que eleva a
capacidade do fenol de coagular a queratina da pele, atuando como promotor da
39
penetração cutânea elevando a vascularização do local. É altamente tóxico à pele,
causando edema e eritema.
Na formulação, o sabão líquido, devido à presença do tensoativo (detergente), atua
como veículo reduzindo a tensão superficial da gordura presente na pele
removendo-a, desta forma, facilita a penetração do fenol na pele ajudando a
promover um peeling mais homogêneo (Corrêa, 2010). A água é o veículo utilizado
para alcançar a concentração desejada do fenol na formulação, sem ela à
concentração descontrolada do fenol poderiam causar reações indesejadas à pele,
proporcionais a sua concentração.
O fenol na concentração de 88% tem a capacidade de penetrar na derme reticular
superior e é queratocoagulante, o que impede sua penetração a níveis mais
profundos. Assim, o fenol diluído na formulação atua como agente queratolítico,
rompendo as pontes de enxofre da queratina e penetrando mais profundamente.
Assim, quanto mais concentrado o fenol na formulação, maior a coagulação da
queratina e menor a sua penetração (VELASCO, 2004).
Quando aplicado à pele, segundo Corrêa (2010), o fenol induz uma queimadura
química, que ao longo do tempo resulta no rejuvenescimento da pele. Sua aplicação
por um período maior ocasiona a penetração na derme superior, resultando na
formação de uma nova camada de colágeno, a regeneração inicia–se 48 horas após
a aplicação da formulação e se completa no intervalo de 10 dias.
O peeling de Fenol é recomendado nos seguintes casos: clareamento da pele,
rugas, hiperpigmentação ou pigmentação heterogênea, tratamento de acne,
cicatrizes, lentigos actínicos, queratoses solares e seborréicas.
40
7 CONCLUSÃO
O aspecto da pele é cada vez mais importante para um maior número de pessoas, e
a indústria farmacêutica se concentra bastante nisso, trazendo ao mercado todos os
dias produtos e tratamentos cosméticos cada vez mais avançados voltados para a
melhoria e rejuvenescimento da pele.
Baseado no fato da população estar mais preocupada com a saúde da pele os
peelings se tornaram um tratamento muito bem aceito, desde que aplicados com
profissionais aptos para tal.
Desta forma, peelings nada mais são do que preparações utilizadas para esfoliar e
descamar a pele. Tem como objetivo a remoção das camadas da pele de modo
controlado com finalidade de obter uma renovação dos tecidos epidérmicos e
dérmicos, sendo que para cada peeling existe um tipo de indicação.
Assim, o peeling de fenol em especial resulta no rejuvenescimento intenso, devido à
ação do fármaco veiculado na fórmula que penetra e permeia profundamente a pele,
o que leva a um dano mais profundo seguido de um processo de regeneração com
características peculiares e de longa duração.
Desta forma, apesar das vantagens de todos os peelings químicos conhecidos, eles
devem ser utilizados de maneira segura e criteriosa com acompanhamento médico
devido suas toxicidades e possíveis complicações pós-peeling, assim, os benefícios
dos peelings serão apreciados e sentidos pelos pacientes, sendo métodos eficazes
utilizados no combate ao envelhecimento.
41
REFERÊNCIAS
1 NOGUEIRA.A PELE. – Boa Saúde. 20 de Julho de 2006.
http://www.boasaude.uol.br>. Acesso em: 19 de Abril de 2014.
Disponível em:<
2 VIEIRA.ANATOMIA DA PELE – Med Students. 31 de Maio de 2008. Disponível
em:
<
http://www.med.students.com.br/content/resumo_medstudents20060531_01.doc>.
Acesso em: 20 de Abril de 2014.
3 ANSEL, H. C.; POPOVICH, N. C.; ALLEN, L. V. Formas Farmacêuticas Sistemas
de Liberação de Fármacos. Farmacotécnica. 6.ed . São Paulo: Premier, 2000.
4 CUCÉ, L. C.; NETO, C. F. Manual de Dermatologia. 2. Ed. São Paulo: Atheneu.
2001
5 CORREA, D. L. Rejuvenescimento por Peeling de Fenol. Curitiba – PR .2010.
6 DANGELO, J. F. Anatomia humana sistêmica e segmentar. 2. ed. Rio de
Janeiro: Atheneu. 1988.
7 Discromias Pigmentares: Etiologia, Ativos Farmacêuticos, Cosméticos,
Formulações e Fotoproteção Preventiva. RACINE. Atualização Técnica em
Farmácia. São Paulo. 11ª Semana Racine. p. 01-137, 19 a 22 de Jul. 2001.
8 FERREIRA, A. O. Guia Prático de Farmácia Magistral. Juiz de Fora. 2000.
9 FRANCO, T. et al. Princípios em cirurgia plástica. São Paulo: Atheneu, 2002.
10 GARCIA, B. G. B. C. et al. Manual Dermatológico Farmacêutico. Cosmiatria.
1.ed. Paraná: Guarapuava, 2006.
11 GASTON-MARICOURT, J. T. H. “Peeling de Ácido Tricloroacético: Manipulação
em Farmácias. ANFARMAG. n.15, p. 4-6. 1997.
12 GUIRRO, E. et al. Fisioterapia Dermato funcional. São Paulo: Manole, 2002.
42
13 HENRIQUES, B. G. et al. Desenvolvimento a Validação de Metodologia Analítica
para a Determinação do Teor de Ácido Glicólico na Matéria-prima e em Formulações
Dermocosméticas. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas. São Paulo. V.
43, n. 1, Jan/Mar.2007.
14 KEDE, M. P. V.; SABATOVIC, O. Dermatologia estética. São Paulo: Atheneu,
2003.
15 LIMA,PRESSI.MANCHAS NA PELE - Saúde Total. 1997-2006. Disponível em: <
http://www.saudetotal.com/artigos/dermatologia/tvescola_manchaspele.asp>.
Acesso em: 19 de Abril de 2014.
16 MAUAD, R. Estética e cirurgia plástica: tratamento no pré e pós-operatório.
São Paulo: SENAC,2001.
17 BORGES,F.S.O QUE É O PEELING? – Naturale. 2008. Disponível em: <
http://www.naturale.med.br/peelings3.htm>. Acesso em: 01 de Maio de 2014.
18 DEFFERARI, R.PEELING – Corpo Saudável. 2008. Disponível em: <
http://www.corposaudavel.com.br>. Acesso em: 19 de Abril de 2014.
19 TEIXEIRA,C.M.PEELING QUÍMICO – Bio Modulação Corporal. 2008.
Disponível em: < http://www.biomodulcaocorporal.com.br/peeling_quimico.htm>.
Acesso em: 19 de Abril de 2014.
20 Preparações Cosméticas e Farmacêuticas para Renovação Celular e Peeling.
CONSULCON – Consultoria de Cosméticos. Manipulação Farmacêutica
Avançada. Espírito Santo. 11-12 Nov. 2000.
21 RAMOS, T. R. et al. Validação de um Método Analítico para Determinação de
Substâncias Ativas em Formulações Farmacêuticas empregadas em “peelings”
químicos. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas. São Paulo. V.41, n. 2,
Abr/Jun. 2005.
22 SAMPAIO, S. A. P; RIVITTI, E. A. Dermatologia. 2.ed.. São Paulo: Artes
Médicas, 2000.
23 SCOTTI, L. Envelhecimento cutâneo à luz da cosmetologia: estudo do
envelhecimento cutâneo e da eficiência das substâncias ativas empregadas na
prevenção. São Paulo: Tecnopress, 2003.
43
24 SPENCE, A. P. Anatomia humana básica. 2. Ed..São Paulo: Manole, 1991.
25 VELASCO, M. R. Rejuvenescimento da Pele por Peeling Químico: Enfoque no
peeling de Fenol. Anais Brasileiros de Dermatologia. Rio de Janeiro. V. 79, n. 1,
Jan/Feb. 2004.
26 VIVIER, A. D. Atlas de dermatologia clínica. 2.ed..São Paulo: Manole, 2000.
27 YU, R. J.; SCOTT, E. J. V. Biodisponibilidade de Alfa-Hidroxiácidos em
Formulações Tópicas. Cosméticos On Line. São Paulo. n. 24, p. 38-44, Jun. 1996.

Documentos relacionados

NA CABINE DA ESTETICISTA

NA CABINE DA ESTETICISTA o procedimento, uma vez que os ácidos deixam a epiderme mais fina e sensível aos danos solares, A esteticista Maria de Fátima esclarece que o sol potencializa a ação dos ácidos, provoca manchas e i...

Leia mais