o jogo já começou traga-me um copo

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o jogo já começou traga-me um copo
INFORMAÇÃO AO ALCANCE DE TODOS
31 3571-3361
brumadinhoemfoco.wordpress.com
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Ano 03|Edição 29|Distribuição Gratuita| Maio de 2015
O JOGO JÁ
COMEÇOU
TRAGA-ME UM COPO
Faltando menos de um ano e meio para as eleições municipais,
pessoas,partidos e grupos políticos de Brumadinho começam a se
constituir e a se movimentar para o pleito do ano que vem
Já se foi o tempo em que os moradores de Brumadinho ouviam esse
trecho da música de Gilberto Gil e imaginavam a falta de água como
um problema específico do Nordeste brasileiro. - Página 11
D`ÁGUA, TENHO SEDE
- Página 03
Foto: Equipe felicità
SAÚDE EM FOCO
Página - 07
TURISMO EM FOCO
Página - 08
Edição 28 - Abril/2015
PERSONAGEM
Editorial
Antônio Vieira *
Existem
coisas
que
infelizmente
estão
se
perdendo com o tempo, o
que não deixa de ser uma
evolução natural. A avalanche
tecnológica com a constante
enxurrada de informações é
a principal responsável, visto
que as notícias de uma hora
para outra se perdem, o que é
verdade absoluta em fração de
segundos é esquecida por uma
sobreposição de informações.
Muito
antigamente
quem dominava os meios de
comunicação e transporte
detinham o poder, lembrome do telégrafo e dos trens,
estamos voltando a pouco
mais de 30 anos. Hoje o
transporte se popularizou e
não se domina mais os meios de
comunicação, principalmente
com o advento da internet,
que se tornou uma terra
de ninguém. Muita coisa
mudou e a cada dia que passa
a velocidade da mudança é
maior ainda.
Toda essa velocidade
tem o lado bom e o lado ruim,
o lado bom é que tudo fica
exposto mais rápido e o lado
ruim é que tudo é esquecido
muito rápido também.
02
Nosso País se enverada
por uma crise jamais vista
e não se iludam nosso
município não está imune. Já
podemos sentir os reflexos
através do desemprego na
mineração e começa a afetar
também o comércio e a área
de serviços. O impacto da
crise não é imediato, não
podemos esquecer-nos das
verbas rescisórias e do
seguro
desemprego
que
ajudam a manter o fôlego
financeiro por uns 06 meses
aproximadamente.
Com
emprego em baixa, empresas
demitindo,
arrecadação
municipal
em
declínio,
podemos
nos
preparar,
dificilmente
seremos
surpreendidos positivamente,
tanto no campo profissional
quanto no campo político.
Este resto de ano será a
oportunidade de aparecerem
os “salvadores” da pátria que
irão se aproveitar da atual
situação, e não tem como
fugir disso, para ganharem a
admiração popular com vistas
às próximas eleições. É nesse
momento que teremos que ter
consciência, principalmente
os que anseiam por mudanças.
* Administrador e
Fotógrafo
EXPEDIENTE
“É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato” – CF Art. 5º Inc. IV”
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Brumadinho em Foco é uma publicação noticiosa, mensal, independente,
imparcial e apartidária.
Nosso personagem do mês
é Clério Custódio Souza Laurindo,
popularmente conhecido como Clerin.
Ele é presidente da Câmara dos
Dirigentes Lojistas de Brumadinho
desde 2013, e é comerciante há 17
anos no mercado. Clerin concedeu
uma entrevista ao Jornal Brumadinho
em Foco onde falou sobre a atual
situação do comércio local, projetos e
segurança pública, esclarecendo assim
as dúvidas de todos os compradores e
vendedores da região.
Qual o trabalho a CDL
desenvolve para o aumento das
vendas em Brumadinho?
O
CDL
Brumadinho
disponibiliza aos associados serviço
de proteção ao crédito, através de
consulta via acesso ao banco de dados
do SPC Brasil e Serasa, permitindo
ao lojista realizar vendas à crédito
com a informação adequada sobre o
cliente, o que evita perda da venda
por desconfiança, ajudando a manter
o faturamento dos associados.
Também promove eventualmente, em
parceria com o SEBRAE, palestras
relacionadas com a questão do
incremento das vendas e melhoria no
atendimento, sendo a última realizada
em dezembro 2014, nas dependências
da Nossa Fazendinha, com presença
maciça de associados. Também
em parceria com o SEBRAE, foi
realizado programa de capacitação
de empresários com custo subsidiado,
através de convênio SEBRAE e
mineradora local.
A atual conjuntura que o
país atravessa com mobilização de
vários setores, problemas políticos
e econômicos, tem afetado o
comércio local?
Sim, tem afetado muito.
Além dos problemas econômicos
conjunturais que estão afetando a
todos os setores a nível nacional, aqui
em nossa cidade há um agravante,
porque possuímos uma economia
muito atrelada a um único produto,
que é o minério de ferro. O mesmo
tem tido, nos últimos tempos,
grande desvalorização no mercado
internacional, resultando localmente
em drástica diminuição das atividades
das empresas mineradoras e suas
terceirizadas, com corte expressivo de
colaboradores. Outro efeito colateral
é a diminuição da arrecadação
municipal, que acaba impactando nos
serviços e investimentos promovidos
pela Prefeitura, bem como na
diminuição do quadro funcional.
De que maneira a CDL tem
atuado em relação à segurança
pública?
A CDL, diante dos problemas
referentes à segurança pública
que
temos
enfrentado,
tem
sistematicamente buscado junto aos
órgãos responsáveis, Polícia Militar,
poder público municipal, Assembleia
Legislativa, soluções no que diz
respeito à melhoria na prestação
dos serviços de segurança pública.
No momento estamos batalhando a
instalação em parceria de um posto
avançado em local a ser definido,
na área central da cidade, para
melhorar o atendimento da PM a
toda a cidade, evitando atrasos pelo
grande deslocamento que ocorre
hoje até o batalhão para atendimento
às ocorrências do dia a dia. Além
disso, estamos, em conjunto com
a prefeitura, tentando viabilizar a
implantação de projeto nos moldes
do “olho vivo” em alguns pontos
da cidade, buscando parceria com a
iniciativa privada.
Economistas
orientam
consumidores a cortar gastos, mas
o comércio precisa vender. Como
conciliar?
Não só os economistas, mas
até mesmo as empresas aconselham
aos clientes como proceder em épocas
de crise, para evitar inadimplência
e dívidas maiores. Haja vista
propaganda de alguns bancos, com
o lema “crédito responsável”. Ocorre
que o comércio está ciente que este
ano haverá uma redução da atividade
econômica, porém isto não pode ser
motivo para o incentivo irresponsável
e desenfreado às vendas, porque se
houver isto, o resultado será pior, com
aumento da inadimplência. Pior que
não vender, é vender e não receber. As
empresas terão que rever seus custos,
mudar estratégias, verificar onde
poderão cortar gastos e “tocarem o
barco”, trabalhando como sempre
e torcendo pelo reaquecimento da
economia.
Existe um projeto que
considera de maior relevância para
o comércio do município?
Não só para o comércio,
mas para todas as atividades
empresariais, seria de grande
relevância se conseguíssemos aplicar,
em âmbito municipal, a legislação
que instituiu o estatuto da micro e
pequena empresa, já devidamente
regulamentada em nosso município
através de legislação específica. Isso
permitirá um incremento da atividade
econômica de uma forma geral,
principalmente para as pessoas físicas
que exercem atividade econômica de
maneira informal. Outro ponto que
sempre focamos seria atrelarmos ao
comércio local a vocação turística
que possuímos. Hoje, muitos turistas
vêm ao nosso município, mas não
frequentam o comércio local, não
visitam a área central da cidade porque
é feio, empoeirado, com calçadas fora
dos padrões e esburacado, trânsito
confuso e mal sinalizado. Para isto, a
revitalização da área central da cidade,
prevista em legislação datada de 2006
e até hoje não executada, seria de vital
importância, porque traria conforto e
segurança aos clientes, moradores
locais e visitantes esporádicos. De
muita relevância seria também termos
uma maior participação dos associados
quando das reuniões e encontros, onde
poderíamos somar forças e ideias em
busca dos objetivos comuns.
CAPA
Edição 28 - Abril/2015
03
O JOGO JÁ COMEÇOU
João Flávio Resende*
Faltando menos de um
ano e meio para as eleições
municipais, pessoas,partidos e
grupos políticos de Brumadinho
começam a se constituir e a se
movimentar para o pleito do ano
que vem. E, assim, está aberta a
“bolsa de apostas”. As discussões
sobre quem vai disputar o cargo
de prefeito no ano que vem já
tomam conta das redes sociais
e das rodas de conversa. O que
me frustra como cidadão é que,
invariavelmente, as conversas
acontecem apenas em torno de
nomes. Aí, vêm à tona pessoas
que já concorreram, nomes de
ex-prefeitos, do atual, dos seus
aliados ou ex-alidados, nomes
novos, nomes ligados a famílias
de políticos e por aí vai.Nomes,
nomes, nomes.
Sei que corro o risco de
pregar no deserto, mas considero
muito mais importante discutir e
avaliar a situação do município
— não apenas da Prefeitura ou
da Câmara, mas de Brumadinho
como um todo, considerando
vários aspectos, como potencial
econômico, recursos naturais,
infraestrutura e planejamento
urbano, produção agropecuária,
desenvolvimento
social,
pobreza, violência, transporte
e trânsito, dentre outros. Seria
fundamental levantar todos os
dados já existentes e promover
novos estudos para se ter em
mãos um bom diagnóstico
humano, histórico e econômico
de Brumadinho, considerando
os 76 anos de história, a situação
atual e, principalmente, paraonde
poderemos caminhar.
Com base nisso, os
grupos que têm a pretensão de
administrar a Prefeitura e de
eleger representantes para a
Câmara Municipal poderiam
fazer uma campanha eleitoral de
verdade, debatendo propostas,
trazendo o eleitor para o centro
das discussões e chamando toda
a sociedade brumadinhense
para pensar o futuro de forma
conjunta. E é importante pensar
este futuro em um prazo mais
longo — os postulantes ao cargo
de prefeito têm o péssimo hábito
de projetar (quando projetam)
seus planos apenas dentro do
mandato de quatro anos. Mas
a cidade continua. E quem vem
depois tem o dever de continuar
os bons projetos implantados
na gestão anterior, não importa
se são aliados ou adversários
políticos.
Acompanho
a
realidade política local desde
1988 e o que vi em todos estes
anos foi a disputa eleitoral
pura e simples. Pouquíssima
discussão de planos e projetos
e muita briga, muito disse-quedisse, coisas que, infelizmente,
são próprias do jogo eleitoral.
Grupos organizados para, uma
vez
eleitos,
transformarem
a Prefeitura numa grande
oportunidade de negócios, ao
invés de ter como prioridade
promover o bem comum. Decisões
tomadas dentro de gabinetes,
a portas fechadas, em vez de
levar para as ruas e praças os
projetos municipais para serem
compartilhados e decididos junto
com a população. Afinal, a Câmara
e a Prefeitura são as instâncias
políticas mais próximas da
população, que pode e deve
cobrar trabalho e boas atitudes
diretamente dos representantes
que elegeu. E a Constituição
Federal trata os municípios
como entes federados, ou seja, o
município pode buscar projetos
e recursos federais diretamente,
sem necessariamente passar
pelos governos estaduais. Os
futuros candidatos poderiam,
desde já (observando a lei
eleitoral, obviamente), promover
discussões sobre a gestão
municipal, mas sem o joguinho de
acusações que permeia este tipo
de conversa. Fazer discussões
qualificadas,
pensando
no
coletivo... Daí podem surgir
excelentes planos de governo
e, assim, o povo terá elementos
suficientes para tomar a decisão
do voto no ano que vem. Falase muito de transparência, de
informações corretas e completas
para a população e tal.
Pois bem, a transparência
começa na campanha eleitoral.
Abrir o jogo e agir
honestamente com a cidade é
coisa que se faz desde o início da
campanha até o final do mandato.
É isso que espero das
eleições do ano que vem, que,
na prática, já começaram. Que
Brumadinho seja respeitada
em todo o processo. Que não
tenhamos o Fla-Flu vergonhoso
e agressivo que foi a campanha
de 2012. E que saibamos escolher
bem quem tomará conta do que é
nosso.
*Jornalista
joaoflavioresende@
gmail.com facebook.com/
joaoflavioresende
SOCIAL
INAUGURAÇÃO
ATELIÊ AMANDA TORRES
No dia24/04 a empresária amanda torres inaugurou em
grande estilo o seu Ateliê - Amanda torres Alta Costura
Durante a Segunda
Guerra Mundial o exército
norte-americano, desafiou
os fabricantes de veículos
da época a projetar um
veículo leve e bastante forte
para superar vários tipos de
terrenos. Cada fabricante
deveria
apresentar
um
projeto do veículo em 45
dias, mas com as seguintes
especificações: Tração nas 4
rodas, os chamados 4x4, ter
entre 600 e 635 quilos, com
motores de, no mínimo, 40
HP e que conseguisse levar
de 3 a 4 soldados.
Além dessas exigências,
o fabricante deveria entregar
70 veículos ao exército
norte-americano no prazo
de 75 dias. A única fábrica
que conseguiu entregar
o
protótipo
no
prazo
foi a BATAM (uma das
fabricantes de veículos da
época). A tarefa, no entanto,
não foi muito fácil. Após
testes, o exército identificou
Edição 29 - Maio/2015
04
ANIVERSÁRIO DE 4 ANOS
BRUMADINHO OFF ROAD
No dia 17/04 o Brumadinho Off Road comemorou na Churrascaria Fazenda Viganó seus 04 anos de existencia, presentes
os socios, familiares e parceiros
WILLYS – O VOVÔ DAS TRILHAS
um erro no projeto do
veículo - o protótipo pesava
aproximadamente
920
kg. Mas, com o intuito de
reduzir custos, o exército
HP do motor, o WILLYS
ainda era muito pesado.
Por isso, foram necessárias
muitas mudanças. No final
da montagem, entretanto, o
abriu as portas para outras
fabricantes estudarem o
MKII
apresentado
pela
empresa.
Foi então que, em 11 de
novembro de 1940, surgiu
o primeiro WILLYS, um
sucesso que superou o MKII
da BATAM. Apesar dos 60
Jeep tinha perdido apenas
200 gramas. Isso mesmo,
200 gramas!
Bom, essas pequena
história mostra como surgiu
o Jeep WILLYS. Atualmente,
o Jeep é um dos veículos mais
usados nas trilhas. Peças
foram modificas e adaptadas
para que o Jeep não ficasse
para trás, pois muitas das
peças originais do motor
não são mais fabricadas.
Na maioria das vezes, as
adaptações são feitas com os
motores do Chevrolet Opala
e com a caixa de marcha do
Chevete (mas isso é uma das
muitas adaptações).
Existem
também
algumas modificações de
semieixo, adaptadores como
o chamado “Bloqueio” ou
“lock”, para quem gosta
bastante de aventura, nos
chamados OFF ROAD. Com
tanta força, resistência,
e podemos dizer com
tanta experiência, o JEEP
WILLYS se tornou o VOVÔ
DAS TRILHAS OFF ROAD.
E, com satisfação, podemos
afirmar que ele nunca
deixará de ser atração nas
trilhas de nossa tão querida
Minas Gerais.
SOCIAL
Edição 29 - Maio/2015
STUDIO_M
Confira as fotos do lançamento da coleção de outono/inverno
realizada em 11/04
CASAMENTOS
ROMANA E MAURO - 18/04/2015
MIRILÂNDES E ANSELMO - 04/04/2015
PATRÍCIA E LUÍZ - 18/04/2015
05
ESTAÇÃO SAUDADE
Edição 29 - Maio/2015
06
INFÂNCIA I
Nery Braga*
As crianças, que na modernidade,
vão às lojas, shoppings, veem pela
TV e pesquisam na internet não
poderão jamais imaginar o que eram
os brinquedos e como se distraíam os
vovôs e as vovós.
Os avós, muitos deles, nunca tiveram
um brinquedo adquirido nas vendas
ou nos armazéns de secos e molhados
como eram chamadas algumas casas
de comércio da época, principalmente,
no interior e naqueles tempos.
Mas nem por isso deixaram de ser
crianças e muito menos de brincar e
sonhar.
Um cabo de vassoura ou um pau de
lenha mais liso e um pedaço de barbante
mais forte para as rédeas faziam nascer
o cavalo de pau. E montado neste
animal-fantasia,
improvisavam-se
viagens extraordinárias pelo mundo
do faz-de-conta e pelas longas estradas
entre as árvores dos quintais. Às vezes,
a galope como nos filmes de faroeste,
imitando heróis do cinema norteamericano, outras vezes aboiando um
gado imaginário. O cavalo de pau servia
também para visitar o “compadre e
a comadre”, que moravam distante
numa casa imaginária, em um local
imaginário e com quem teriam uma
conversa também imaginária. Essa
longa viagem talvez não passasse do
Tejuco ou do Brumado, possivelmente
os lugares mais distantes aonde eles
tinham viajado.
As meninas, um lenço amarrado na
cabeça, brincavam de casinha. Latas
de conservas vazias, (nesta época bem
menos) vidros, um banquinho buscado
na cozinha e escondido da mamãe,
faziam parte do mobiliário. Doces e
comidinhas de barro faziam parte do
cardápio, isso quando a mãe não dava
um pouquinho de arroz quente para
animar a brincadeira. As bonecas, que
podiam ser de papelão, de pano, de louça
ou simplesmente um pano enrolado
nos braços, recebiam todo o carinho das
mãezinhas que faziam o choro e a voz
de ternura para consolar as choronas.
Cantigas de ninar eram entoadas e,
aos poucos, as bonecas repousavam
em seus bercinhos, enquanto as mães
buscavam novos afazeres.
Algumas meninas gostavam de
ser professoras. E as aulas eram
imitações das mestras sisudas
que exigiam disciplina aos alunos
(que raramente existiam), silêncio
e muito respeito. E ai de quem
desobedecesse! A vara de marmelo
zunia e a autoridade da professora
se fazia valer.
Pelas ruas descalças e cobertas de
pó vermelho do minério de uma
Brumadinho que não mais existe,
sempre em algum canto quicava
uma bola de borracha. E atrás dela,
um bando de garotos descalços, pés
vermelhos, sem camisas. Reunidos
no meio da rua, aguardavam os
atletas dos sonhos a formação dos
times, que era feita a partir do par
ou ímpar. Depois da escolha dos
jogadores de acordo com as boas
qualidades de cada um, surgia um
problema. Quem vai para o gol?
Ninguém queria. Olhavam para
o “mais ruim” de bola e o capitão
do time sentenciava: - você pega
no gol! Se o escolhido reclamasse,
ficava fora do time. O goleiro, como
sempre um pobre coitado, ia para o
gol que poderia ter as traves feitas
com pedras, sapatos, chinelos. Até
camisas serviam. O tamanho dos
gols era proporcional ao tamanho
do campinho, mas o certo é que
os goleiros se danavam com a
bola de borracha. Além de quicar
muito e mudar de direção a cada
quique, quando batia no peito sem
camisa ou no rosto, ficava a marca
vermelha da bolada. Não adiantava
falar para chutar devagar, porque
na hora exata o que valia era fazer
o gol. Os juízes eram os meninos
mais fortes e decidiam o que estava
certo e o que estava errado. Quando
os fortes não se entendiam, o jeito
era partir para os tapas e aí...fim de
jogo. Bom mesmo era ser o dono
da bola! Além de garantir um lugar
no time, por pior que fosse a sua
habilidade com a redondinha, se
o aborrecessem e lhe dessem uma
botinada de propósito, este pegava
a bola, punha-a debaixo do braço e
o jogo parava por aí.
Uma das grandes proezas, que
aliás terminavam sempre em
castigo, era nadar no Lavrado. No
rio Águas Claras, perto da Fazenda
do Neca, havia uma barragem, cuja
água era enviada para uma caixa
d´água no alto do Santa Efigênia
e distribuída para a cidade. Era ali
o lugar da alegria da meninada e
o desassossego dos pais. Para lá
se dirigia a meninada. Um grande
número ia às escondidas, para
tomar banho, aprender a nadar,
ignorando ou desafiando o perigo.
Como a prudência aconselhasse
a não chegar em casa molhado,
o jeito era nadar pelado. Calças,
camisas e cuecas (quando estas
faziam parte do vestuário) ficavam
dependuradas em arbustos e galhos
mais próximos ou emboladas
no chão. O alarido, os “tibuns”
na represa eram ouvidos a todo
instante. Não raro, porém, algum
moleque sorrateiro, passar por ali
e, pé ante pé, esconder as peças de
roupa. Quando chegava a hora de
ir para casa, batia um desespero
generalizado. – Cadê minha roupa?
Gritava um. - Minha roupa sumiu!
Sentenciava outro. E era um tal de
procurar aqui, ali e acolá. Como
ir embora sem a roupa? Como
passar nu pela cidade? Como
chegar em casa? Quem fez isso? E
aquele bando de meninos pelados,
remexendo os matos, procurando
nas galhas, atrás de alguma pedra,
em todo lugar possível.... De
repente: - Achei! Um grito ecoou
sobrepondo-se ao rumor das águas.
Alívio geral. Roupas vestidas.
Agora, caminho de casa. O que
dizer à mãe ou ao pai, mais tarde?
Muitas desculpas esfarrapadas
surgiriam. Mas ao pisar a soleira
da porta de entrada, cinco dedos
já puxavam e torciam as orelhas,
pois, se as roupas estavam secas,
cabelos meio molhados, arrepiados
ou
despenteados,
revelavam
travessuras em lugares proibidos.
Os castigos eram aplicados
imediatamente. E coitado de quem
ousasse sair dos castigos, que
iam desde ficar sem jogar bola ou
enfrentar uma semana sem brincar
na rua, exceto para fazer algum
mandado ou ir à escola. Além da
primeira bronca da mãe, havia o
segundo tempo com o pai, quando
este regressasse à tardinha.
Ser criança, naquela época,
significava improvisar, imaginar,
criar, correr, saltar, gritar, sonhar,
ir à escola, decorar a tabuada, fazer
as composições, dormir cedo, não
sem antes fazer as orações para
que a noite passasse ligeira. Isso
mesmo! Tomara que o outro dia
começasse logo e que a nobre e
difícil vida de criança se iniciasse
devorando café com leite em
uma caneca grande esmaltada
de azul, pão de quilo coberto de
manteiga amarelinha e gostosa
da cooperativa, que o padeiro
entregou na porta bem cedinho,
sino da escola chamando para
as aulas e, depois do almoço, se
não houvesse castigo, encontrar
novamente a turma e abraçar as
atividades do dia.
Ah! Doce infância! Como dizia
o saudoso compositor mineiro,
Ataulfo Alves:
- “Eu era feliz e não sabia”...
(Na próxima edição: Infância II)
Nery Braga – Professor da Rede
Estadual de Ensino para o Jornal
Brumadinho em Foco
É BOM SABER
Edição 29 - Maio/2015
07
SAÚDE EM FOCO
Flávia Campos*
O cuidado com a saúde bucal
deve começar nos primeiros
dias de vida, com a limpeza da
gengiva do bebê. Essa limpeza pode ser realizada com gaze
umedecida em água potável.
Coloca-se a gaze no dedo indicador e desliza-se sobe a gengiva do bebê, preferencialmente
após cada mamada. Existem escovinhas chamadas “dedeiras”,
de silicone, também indicadas
para higiene nessa faixa etária.
A mamãe pode escolher a forma
que preferir. Quando aparecem
os primeiros dentinhos é indicado usar creme dental para a
escovação. Porém, o flúor em
excesso pode causar osteofluorose (doença que provoca
dor e danifica ossos e articulações) e fluorose dentária (má
formação do esmalte do dente
que se expressa por manchas,
normalmente esbranquiçadas).
A maior causa de fluorose é a
fluoretação excessiva da água
que ocorre em algumas regiões
ou países como a Índia, por exemplo. Os dentistas alertam sobre o consumo em excesso de
creme dental com flúor, pois o
sabor é agradável e as crianças
gostam de engolir. Por esse motivo, até os cinco anos de idade é
aconselhável usar creme dental
sem flúor. No entanto, estudos
recentes mostraram que mesmo
com creme dental com flúor, é
possível realizar a higiene bucal com as crianças dormindo,
ou com as crianças que ainda
não sabem enxaguar a boca.
De acordo com a Dra. Diana
Castro, ortodontista em nossa
cidade, a quantidade permitida de creme dental com flúor a
ser colocada na escova, quando
a boca não será enxaguada, é o
equivalente a um grão de arroz cru, até duas vezes por dia.
“O uso do flúor é mais interessante que o risco de fluorose,
desde que a quantidade correta
seja respeitada”, diz Dra. Di-
ana. A escolha da escova dental adequada deve respeitar a
indicação etária especificada na
embalagem e deve, preferencialmente, ser macia. O uso do
fio dental antes da escovação é
importante e não pode ser esquecido. Passe o fio dental no
mínimo duas vezes entre cada
dois dentes, para deslizá-lo nas
duas paredes dentárias. Por volta dos cinco anos de idade a criança deve visitar um ortodontista para avaliação da oclusão
e outros problemas que podem
necessitar de uso de aparelhos
ortodônticos. Porém, mesmo
antes dessa idade algumas alterações podem ser detectadas
como respiração oral, por exemplo, em que a avaliação do
otorrinolaringologista é bem
vinda e o ortodontista poderá
indicá-la. Crianças que chupam
dedo ou fazem uso de mamadeira e chupeta, apresentam maior
chance de desenvolver alterações ortodônticas. Os cuidados
odontológicos são importantes
em todas as idades para garan-
tir boa função, saúde bucal perfeita e boa aparência. O correto
alinhamento dentário contribui
para melhor mastigação e, quando os dentes encontram-se sobrepostos, a higiene oral inadequada provoca o aparecimento
de cáries e doença gengival.
Além disso, todos sabem que
um sorriso atrativo apresenta
um papel importante para acentuar a autoconfiança e auxiliar
na sua seleção dentro do meio
social. Portanto, visite seu dentista a cada seis meses. Isso vale
para adultos e crianças! Além
de limpar os dentes, o dentista
observará alguma possível cárie
ou outra alteração para, se for
o caso, tratá-la precocemente.
Cuide-se, pois um sorriso bonito faz bem a você e a todos que
estão a sua volta. Sorrir sempre
será o melhor remédio!
Fisioterapeuta do Hospital
João Fernandes do Carmo
e da Saúde em Movimento
CREFITO 56629
A IMPORTÂNCIA DA PARCERIA ESCOLA-FAMÍLIA
Tânia A.Campos Martins*
Como educadora venho
observando, ao longo dos anos , o
relacionamento das famílias com
seus filhos . Costumo brincar em
minhas reuniões com pais que a
dinâmica da vida escolar resumese a: quando nossos alunos estão na
Educacao infantil a presença dos
pais na escola é forte e freqüente.
Eles se envolvem , participam
, questionam , dão sugestões e
fazem criticas, comportandose como verdadeiros parceiros .
Durante as reuniões colocamos
um certo número de cadeiras
e no desenrolar do encontro
elas são insuficientes, uma vez
que o número de responsáveis
interessados em participar é bem
expressivo.
Quando as
crianças
crescem um pouco e passam para a
modalidade do ensino fundamental
as famílias ainda se envolvem
preocupadas com a fluência da
leitura , da escrita e do raciocínio
lógico matemático . Buscam a
escola para apoio e orientação em
diversas situações como dever
, avaliações, comportamento e
continuam se envolvendo com o
desempenho pedagógico de seus
filhos .
No entanto, em nossas reuniões
com os pais desta faixa etária de
alunos a presença deles diminui,
mas ainda é
significativa,
esperamos um número de pais e
já nao precisamos buscar cadeiras .
Quando, porém, os jovens iniciam
a fase da adolescência , do sexto ao
nono ano , as famílias se tornam
mais ausentes e, nas reuniões,
a presença dos pais é pouco
significativa.
Para o desespero de todos os
educadores , quando chegamos
na reta final , o ensino médio , a
maioria das famílias desaparece
da escola, à exceção do final de
ano quando se assustam com o
resultado de seus filhos. Nessa
modalidade de ensino , costumo
brincar, ficam quase só as cadeiras
durante as reuniões.
Sabemos que é fundamental
proporcionar
aos
nossos
estudantes autonomia e confiança,
o que nao quer dizer abandono .Os
adolescentes e jovens costumam
dizer para seus entes queridos
que já sabem decidir , já sabem o
que querem e que nao precisam
mais de tanto acompanhamento e
orientação., mas a verdade é que
eles pensam que estão seguros
e que já sabem tudo quando, na
verdade, percebe-se, claramente, a
dependência deles em momentos
de dificuldade.
É importante que os pais
estejam presentes e disponíveis
para os filhos com amor, carinho
e
segurança,
mantendo
a
responsabilidade de acompanhálos em sua vida escolar.
A grande maioria de nossos jovens
está frequentando a escola apenas
como aluno e nao como estudante
. O estudante busca desafios , se
envolve no processo educacional
, questiona ,participa e vence . O
aluno passa pela escola sem marcar
presença , sem demonstrar prazer
e sem se envolver.
O papel da escola , como
bem disse o educador Mário
Cortella, é o de escolarização,
que se insere no conceito de
educação. As pessoas estão
constantemente passando por um
processo de formação: na família,
no emprego, na comunidade, no
sindicato, na igreja e, um desses
locais é a escola. Entretanto, o
sucesso do trabalho educativo
não depende exclusivamente da
atuação da instituição, mas precisa
de uma parceria familiar capaz de
complementar o trabalho escolar.
Juntos , escola e família conseguem
cumprir de maneira satisfatória
as necessidades educacionais de
crianças e jovens!
Pensem nisso !
*Diretora do Sistema de
Ensino Pedagógio Semear
PONTO DE VISTA
Por Mardocheu Parreiras
Ao iniciar este artigo preciso
informar aos prezados leitores que
não leram os artigos anteriores e que
no escrito em março 2015, fiz alusão
à morosidade do setor jurídico da
Prefeitura, mas não foi somente ao
Jurídico, mas todos os comandados
do Sr. Prefeito que não interessam
pelo bom andamento e progresso
de Brumadinho e este comentário
irritou profundamente o digníssimo
procurador do município, que pediu
direito de resposta no mesmo Jornal
Brumadinho em Foco, o mais lido de
Brumadinho e o mais independente
e, publicou no Diário Oficial do
Município, cuja finalidade não é esta
de publicar política e politicagem,
sua resposta nestas palavras: Meu
veemente protesto, repudio e
inconformidade, repulsa e indignação
a este artigo. E, mais uma página
inteira de frases elevadas e bonitas,
mas sem objetivo e sentido.
Estas palavras não me
incomodaram, nem me amedrontaram,
não me causaram nenhuma revolta
nem temor, pois é chavão jurídico e
forense, que leio desde menino, há 75
anos atrás, em contos policiais.
Quando escrevi aquele artigo
pensei: Estou cutucando onça com
vara curta, estou chuchando em caixa
de maribondo, em órgão que não
aceita nem sombra de crítica, é um
setor intocável e soberano que reina
sobre tudo em plenitude.
As partes e pessoas interessadas
nas licitações que comparam o
jurídico da administração passada e
a atual, digo “quem acostumou com o
sol não contenta com a claridade.”
Penso que qualquer homem
público deve trabalhar inspirado nas
palavras de Santo Agostinho: “Prezo
mais os que me criticam aos que me
bajulam, pois aqueles apontam meus
erros e posso corrigi-los.“
Mais adiante diz que o Prefeito
não pode governar olhando para
o próprio umbigo ou pela lei de
Gerson “levar vantagem em tudo”.
Ironicamente não entendi o que o
ilustre advogado quis expressar,
só afirmo com toda convicção, em
ditado popular, que 80% da equipe da
atual administração não enxerga um
palmo à frente do nariz em direção
ao progresso, desenvolvimento de
Brumadinho e aplicação correta de
seus recursos financeiros.
Por que não inspiram no
modo como a pequena, mas grande
professora Neide dirige a Secretaria
de Educação e comanda sua equipe?
Aí teríamos uma administração
transparente, avançada e realizadora.
Em nenhum de meus artigos
pensei em difamar e constranger ou
prejudicar a pessoa do Sr. Antônio
Brandão. É uma pessoa humilde,
correta e bem intencionada. Fui seu
correligionário e não me arrependo.
Meu intuito é alertá-lo do que a
população pensa e fala, inclusive
seus eleitores, do modo que sua
equipe usa o dinheiro do município e
administram seus postos.
Na defesa do seu douto
advogado Sr. Valter José de
Matosinhos, não sei por que tanta
defesa, pois quando escrevi, ele já não
era mais o procurador.
Conheço este senhor desde
garoto, desde a década de 60,
quando foi meu aluno nas aulas de
latim e francês no antigo ginásio
São Sebastião. Naquela época,
dado à sua simpatia, inteligência,
altivez, liderança e aplicação nos
estudos, todos nós seus professores,
antevíamos que seria um competente
profissional em qualquer setor que se
formasse. Ele aceitou o convite do Sr.
Prefeito, não pensando em emprego
ou em cargo público pois já foi viceprefeito atuante, seu pensamento era
ajudar a atual administração com sua
capacidade, experiência e dedicação
na vida pública de Brumadinho.
No último parágrafo de
seu desagravo, diz que na reação
desfavorável que posso provocar
na população, que devo ter sido
manipulado e escrito ideias de
terceiros. Na verdade sou porta voz
desta população através deste Jornal
independente (Brumadinho em Foco),
já que ela não tem outro meio de
expressar em conjunto e em público
seu sentimento, a não ser através
deste velho caduco Mardocheu.
Se fosse escrever o que penso
e tenho conhecimento do que ocorre
nos bastidores e que a rádio pião (a
voz do povo) comenta, o circo já tinha
pegado fogo. Dado uma vida toda
vivida em Brumadinho, trabalhando
TURISMOartistas
EM Nele
FOCO
está a Plaza Dorrego,
Glauco Silva*
Nessa edição, nosso destino
será Buenos Aires. Terra do
Tango, destacada pela arquitetura
e gastronomia, e com excelentes
passeios para sempre se lembrar.
Com o charme da arquitetura
europeia, Buenos Aires é a capital
da Argentina, nossos vizinhos, é
uma das cidades mais visitadas pelos
brasileiros. Agrada aos mais diversos
públicos; jovens, casais em lua de mel,
famílias e até os que viajam sozinhos.
Os shows de tango são o maior
ícone da cidade, podem ser admirados
em casas de shows, cafés, restaurantes
e até mesmo nas ruas. Para ver o
tango bem tradicional, vá ao Señor
Tango, e para assistir a dança em
alto estilo é a Esquina Carlos Gardel,
um dos endereços mais elegantes de
Buenos Aires.
Além do tango, a cidade
oferece inúmeros passeios e bairros
inteiros a serem visitados. Pontos
turísticos famosos como a Plaza
de Mayo, a mais antiga de Buenos
Aires, onde fica a Casa Rosada, (sede
do governo argentino) e outros
edifícios importantes. O Obelisco,
monumento com 67,5 metros de
altura, está localizado entre as
principais vias, a Avenida 9 de Julho e
a rua Corrientes, hoje é um dos
principais símbolos da cidade. O local
também se tornou palco de diversas
manifestações sociais.
No bairro da Recoleta, estão
restaurantes elegantes, palacetes, o
famoso Cemitério da Recoleta (onde
está enterrada Evita Perón), o Museu
Nacional de Belas Artes, a Igreja
Nossa Senhora de Pilar e a grande
escultura de aço em forma de flor, que
abre e fecha suas pétalas dependendo
da hora do dia. Em Palermo está
o Bosque de Palermo, principal
parque da cidade. Ah! San Telmo! O
antigo bairro é uma das áreas mais
preservadas da cidade. Caracterizado
pelos casarios coloniais e ruas de
pedra, é o bairro preferido dos
área famosa pelos cafés e antiquários,
shows de tango e vida boêmia. As casas
coloridas dos cartões-postais estão
no La Boca. As construções estão
localizadas numa rua chamada El
Caminito, na qual é comum encontrar
bailarinos dançando tango e artistas
expondo suas obras.
Para os apaixonados por
futebol, vale visitar o estádio La
Bombonera, do Boca Juniors.
Puerto Madero é o antigo
porto que foi totalmente restaurado
e se transformou em um badalado
point. Onde também está a Puente
de la Mujer (Ponte da Mulher),
obra do arquiteto espanhol Santiago
Calatrava. A ponte gira 90 graus para
permitir a passagem dos navios. No
Puerto Madero, um luxuoso barco
de quatro andares abriga o Cassino
Flutuante, é um dos lugares mais
exóticos da cidade.
No Zoo Lujan, a experiência
de fotografar junto com os felinos,
proporciona adrenalina ao passeio, e
a visita ao Temaikén Zoo, é admirável
Edição 29 - Maio/2015
08
em quase todos os setores das
atividades
deste
município,
ocupando o cardo de vereador por
dois mandatos, exercendo todas as
funções na Câmara e ter sido Prefeito
Municipal, gozando de boa reputação
junto à população e ainda protegido
pelo Estatuto do Idoso, dificilmente
irão calar este velho que segue e
pratica o pensamento de São Paulo
“Condo não Condor”, conduzo e não
sou conduzido.
Se quiserem provar o contrário,
contratem um instituto de pesquisa
como Vox Populi, Ibope e Sensus
e encomendem uma pesquisa de
opinião.
Até a próxima Mardocheu
pela sua beleza e diversidade de
espécies num ambiente que integra
Jardim Botânico, Zoológico, Aquário
e Museu de História Natural e
Antropologia.
Com preços mais atrativos
que o mercado brasileiro, Buenos
Aires atrai muita gente a procura
de compras. O destaque fica para
a Calle Florida, o principal endereço
de compras da capital, onde fica o
shopping Galerias Pacífico, com lojas
de grife. Vale também uma visita aos
outlets de Palermo e nas feiras de
artesanato da cidade. A gastronomia
predominante
é
o
churrasco
argentino, ali chamado de Parrilla,
mas passeando pela cidade, as delícias
que os restaurantes e cafeterias mais
tradicionais da cidade preparam não
deixam a desejar.
Visitar Buenos Aires é se
apaixonar, se encantar, e sempre
querer voltar.
Matéria extraída e adaptada de
materiais de divulgação do destino.
*Turismólogo e Sócio
Proprietário de Brumatur Turismo
POLÍTICA E COTIDIANO
Edição 29 - Maio/2015
09
I - VOLTA MANDI VIRA PIADA DE SALÃO
Valdir de Castro Oliveira*
A audiência pública realizada
na comunidade de Conceição de
Itaguá no dia 7 de abril passado com
a Copasa, requerida pela vereadora
Alessandra do Brumado (PPS) e que
contou com a presença de dezenas
de moradores e da maioria dos
vereadores, nos deixou uma sensação
de deja vu. A audiência foi convocada
para discutir as possibilidades de
compensação pela Copasa ao Distrito
por passar por ali as tubulações que
irão captar as águas do Rio Paraopeba
para a represa do Rio Manso em
função da crise hídrica vivida pela
RMBH. Nesta audiência, mais uma
vez, veio à tona, apesar da escassez
hídrica, os anseios e as reivindicações
da comunidade pendentes desde a
implantação da barragem da Copasa
na década de 1990.
Como já aconteceu em
audiências anteriores, os participantes
colocaram a boca no trombone contra
o prometido desvio de caminhões
pesados trafegando no perímetro
urbano com produtos químicos,
os problemas do abastecimento
de água tanto na sede do distrito
quanto em outras localidades e
contra a degradação do Rio Manso
que, represado pela Copasa, se
transformou em um esgoto a céu
aberto atravessando a cidade e
fazendo com que o esperançoso
projeto “Volta Mandi”, bancado por
uma ONG, se tornasse uma divertida
piada de salão.
Esteve
presentes
nesta
audiência a recém empossada
diretoria da Copasa que reconheceu
o débito da estatal com a população
do distrito de Conceição de Itágua e
do restante do município prometendo
mudar à sua maneira de atuar tendo
em conta o novo governo que assumiu
a administração do Estado.
Ao município só resta mesmo
exigir que as coisas sejam diferentes
sem repetir o fiasco das mirabolantes
promessas feitas ao município entre
2005 até 2008 quando houve a
renovação do convênio com a Copasa,
promessas estas afiançadas pelo
deputado federal Nárcio Rodrigues
(PSDB) e pelo Inhotim Museu de
Arte Contemporânea e até hoje não
cumpridas. A promessa era a de
garantir abastecimento de água e
esgotamento sanitário para 100%
(cem por cento) da população de
Brumadinho e dos distritos como
noticiou à época o jornal Circuito
(edição129, de 2005).
E nós sabemos o resultado de
tudo isso. O Inhotim, mansamente,
saiu de cena e o deputado Nárcio
Rodrigues sumiu. E o tal projeto
“Brumadinho 100%” pode ser hoje
renomeado como “Brumadinho 10%”.
A nova administração da
Copasa agora foi afiançada pela
deputada estadual
Marília
Campos
(PT),
presente à audiência, que lembrou a
necessidade da Copasa recuperar a
confiança da população em relação
à estatal em todo o município de
Brumadinho. Para isso declarou que
“estará junto com a comunidade
no que for preciso, apoiando os
anseios da população de Brumadinho
junto ao Governo do Estado”.
Vamos conferir!
II – Regra de trânsito é
atropelada e morta no centro da cidade.
No Brasil é assim, tem lei que
pega e tem lei que não pega. E todos se
fingem de surdos e mudos diante desse
fato. É o que aconteceu no trânsito da
cidade quando a Prefeitura resolveu
mudar as regras de mobilidade dos
veículos no centro da cidade. Nas
esquinas da rua Irineu Lamounier (a
placa no local equivocadamente indica
“Lamune”) e da rua Yaya Sampaio,
perto do pontilhão da linha férrea, a
proibição de conversões à esquerda
de quem vem do bairro São Conrado
ou da Praça da Bandeira ou de quem
vem da rua Yaya Sampaio. Ali também
se proíbe a travessia direta da rua do
pontilhão para quem vem dos Pires
para o bairro São Conrado e viceversa parece. Apesar de haver ali
placas proibindo estas conversões,
basta qualquer um ficar ali de atalaia
por alguns minutos para constatar de
como estas regras são burladas sem
nenhum pudor ou constrangimento
pelos motoristas.
Ônibus,
carretas,
táxis,
motocicletas, carros particulares ou
oficiais da Prefeitura e da Câmara
infringem com gosto estas proibições.
Esta é, definitivamente, uma lei
que não pegou.
Se o setor de trânsito de
fato quer que estas regras sejam
obedecidas, além das placas proibindo
as conversões, ele deveria providenciar
a fiscalização no local até que os
motoristas acostumem com as novas
regras.
Caso avalie o contrário, de que
a lei não pegou mesmo pelo absurdo
que impõe ao obrigar os motoristas
a dar uma longa volta para chegar
ou se encaminhar para o seu destino
final, não seria melhor encontrar
outra solução, quem sabe, autorizando
as conversões controladas por um
semáforo?
O que não parece correto é
fingir que esta regra de trânsito está
sendo obedecida e nada fazer para
impedir a sua desobediência.
*Jornalista
“NÃO SÃO OS HOMENS, MAS AS IDEIAS QUE BRIGAM”
Douglas Maciel*
As pessoas geralmente gostam de
criticar, mas nunca aceitam bem as críticas
sofridas. Não sou psicólogo para inferir
qualquer razão a este comportamento,
fato é que acontece desta maneira.
Talvez, o campo da atividade
humana em que as pessoas devessem
ter menos melindres com as críticas
sofridas seja a política. Na política é bom
e importante ouvir críticas, ponderá-las,
aceita-las (ou não) e mudar atitudes e
posicionamentos. Nunca estamos certos
em tudo.
Todavia, o que me deixa mais
perplexo na realidade de nossa cidade
é como o Poder Executivo reage mal
às críticas que sofre. Agora, ainda
mais, está lançando mão de “notas de
esclarecimento” repudiando as críticas.
Cabe fazer um pequeno
esclarecimento filológico: a palavra
“repúdio” tem por sinônimo a palavra
“desprezo” e, de forma geral, é uma
rejeição a uma mentira. Portanto, é bom
que tenhamos cuidado ao “repudiar” o
que quer que seja, salvo se a crítica seja
realmente uma mentira.
Quero rememorar duas passagens
que foram alvo de notas de repúdio por
parte do Poder Executivo publicadas no
Diário Oficial do Município (DOM).
A primeira é a nota publicada
no DOM 395, no dia 25 de março,
onde o Procurador Geral do Município
(pasmem) declarou seu “veemente
protesto, repúdio e inconformada
repulsa” a um artigo de opinião de
autoria do Sr. Mardocheu Parreiras
publicada neste Brumadinho em Foco na
edição de nº 27. A nota foi assinada pelo
dito Procurador e também (pasmem
novamente) pelo Prefeito.
Particularmente
fiquei
encabulado e tratei de ler novamente o
artigo do Sr. Mardocheu e constatei que
a nota fazia menção ao último parágrafo
do artigo que dizia o seguinte: (...) “A sorte
nossa é que temos um prefeito honesto e
bem intencionado, porém confia muito
nos seus comandados e a maioria não
corresponde à confiança recebida,
sobretudo o jurídico que só usa o rigor
da lei para emperrar a administração” (...)
Não posso identificar neste
texto nada que mereça “repúdio e
inconformada repulsa”. Houve apenas, e
tão somente, uma crítica de nosso amigo
articulista ao jurídico da Prefeitura e
um descarado elogio ao Prefeito. E
vejam que este último ainda assinou a
nota publicada no DOM. As vezes me
pergunto se o Prefeito se deu ao trabalho
de ler o artigo do Sr. Mardocheu.
A nota ainda diz que Procurador
e Prefeito preferem “acreditar não se
tratar do verdadeiro pensamento de
seu autor, nem desse veículo de mídia
impressa, mas de ideias que retratem o
pensamento de terceiros”. Ora, tal nota
insinua que o Sr. Mardocheu não escreve
o que assina no jornal e pior, que os
editores do Brumadinho em Foco não
tem poder de decisão sobre o que o jornal
publica. Nunca li algo tão estapafúrdio.
Eis a segunda passagem: a
Vereadora Alessandra do Brumado
publicou no dia 13 de abril, em seu
blog, um artigo de opinião criticando a
Secretaria de Administração uma vez
que a Prefeitura de Brumadinho estava
na eminência de estourar o orçamento
com pagamento de pessoal.
Logo veio, galopante, a “nota de
esclarecimento” publicada no DOM
409, do dia 15 de abril. O texto vinha
manifestar “repúdio sobre as declarações
infundadas da vereadora Alessandra do
Brumado”. Nota-se que o texto diz que
Alessandra é mentirosa por desconfiar
(e provar) em seu artigo que a Prefeitura
estava a ponto de ultrapassar o limite
prudencial previsto em Lei de 51,3% do
orçamento com pagamento de pessoal.
Todavia, no dia 24 de abril
durante reunião de comissões e plenária
da Câmara Municipal, constatou-se
que, com o aumento de 6% para o
funcionalismo público, a Prefeitura
conseguiu a proeza de comprometer
53,9% da folha com o pagamento
de pessoal. Ou seja, muito mais do
que Alessandra desconfiava e que foi
considerado como “mentira” por parte da
Prefeitura. Afinal, quem está mentindo?
A Vereadora ainda retrucou a
“nota de esclarecimento” no dia 15 de
abril, “desenhando” o raciocínio inicial
e se posicionando favoravelmente ao
aumento (afinal, uma questão de justiça
para com o servidor municipal), mas
contrariamente ao caminho pelo qual o
Poder Executivo pretende se embrenhar.
Cabe ainda uma outra reflexão.
Seria o DOM veículo apropriado para
a veiculação destas notas de repúdio?
Lendo atentamente a Lei que criou
o DOM percebemos que o diário se
destina a publicação de atos do Executivo
e não a notas de repúdio de secretários e
procuradores melindrados.
Finalmente, já que estamos em
um estado democrático – e ainda não se
descobriu outro modelo melhor - temos
que encarar críticas com sentimento
também democrático. Ter amor pelo
debate, mesmo que severo, porém
respeitoso. Não colocar nossas paixões
pessoais na política, mas seguir a tão
célebre constatação de Tancredo Neves:
“não são os homens, mas as ideias que
brigam”.
*Jornalista
ESPORTE
Talles Costa*
Atlético
O Atlético conseguiu mais
uma classificação de virada pela
Libertadores. É inevitável que
a torcida, a mais sofrida – e os
torcedores gostam disso - do futebol
mineiro, já se acostumou com tais
fatos. Viradas passaram a ser rotina
no Clube Atlético Mineiro. O time
não se abala com o resultado negativo.
A entrega é enorme e, muitas vezes,
emocionante. E cá entre nós, o país
todo gosta de assistir aos jogos do
Galo. Vejo no twitter a interação de
pessoas de várias partes do Brasil
comentando os jogos, o espírito de
luta, a jogada perfeita, as divididas...
Bem, a “final” contra o Colo-Colo
no Horto foi espetacular. O Atlético
brincou mais uma vez com o acaso e
saiu rindo de tudo. Riu com o urso
Pratto e riu também no golaço do
Carioca. Ah, e não vale falar que houve
sorte de a bola bater na bandeirinha
e não sair. A sorte mesmo foi que ela
bateu e voltou para Guilherme, o
mais diferenciado do time. O mesmo
Guilherme que comeu a bola contra
o Cruzeiro na semifinal do mineiro
e, mais uma vez, assistirá de fora a
decisão do Campeonato Mineiro
2015 e as oitavas da Libertadores.
Levir diz que o time é competitivo e
não precisa de reforços. Eu discordo,
mas quem sou eu para discordar? Se
com o Guilherme as coisas já eram
emocionantes/dramáticas, sem ele o
coro entoado do “Eu Acredito” tem
que vir mais forte ainda. Se o título
do Mineiro vier, a empolgação para
o confronto diante do Internacional
fica gigantesca. Caso contrário, a
pressão pode e muito atrapalhar e/
ou acabar com o primeiro semestre
do time alvinegro. Aguardemos...
Cruzeiro
O time da Toca tem
focado único e exclusivamente
na Libertadores. A eliminação do
Mineiro trouxe algo que não tinha
na Toca: Descanso. A maratona de
jogos deixou a equipe celeste meio
que, digamos, cansada. Diferente do
ano passado, onde o time encarava a
finalíssima do Mineiro e Libertadores,
a equipe somente se prepara para as
oitavas da competição continental.
O descanso veio em boa hora, tanto
para os jogadores e comissão técnica
quanto para a diretoria. Para os
atletas, o entrosamento e a cura de
lesões são os pontos positivos. Para
o técnico Marcelo Oliveira além
de poder trabalhar mais a equipe e
pensar em jogadas, táticas e elenco,
terá descanso psicológico. O treinador
passa por certa pressão e nada melhor
do que acabar com isso com um título.
Já a diretoria, que tenta a contratação
Edição 29 - Maio/2015
10
de um meio campista para chegar
e assumir de vez a titularidade,
não vê a hora de anunciar alguém.
Além de ser bom para o conjunto,
pode selar as pazes com a torcida.
Especula-se Lucas Lima (Santos F.
C.), Ronaldinho Gaúcho (QuerétanoMEX), Gedoz (Club Brugge-BEL),
entre outros, mas em minha opinião
o tal camisa 10 que a diretoria tanto
procura está lá mesmo na toca, e se
chama Gabriel Xavier. Dêem espaço
e ele dará alegria à torcida. Caso
Marcelo consiga montar uma equipe
pouco mais dedicada, “Soy loco por
TRI, América” pode passar de sonho
à realidade.
CIDADANIA
Edição 29 - Maio/2015
11
TRAGA-ME UM COPO D`ÁGUA, TENHO SEDE...
Armindo dos Santos de
Souza Teodósio (Téo)*
Já se foi o tempo em que os
moradores de Brumadinho ouviam
esse trecho da música de Gilberto
Gil e imaginavam a falta de água
como um problema específico do
Nordeste brasileiro. O acesso à água
limpa é o mais importante problema
ambientalcontemporâneo.
Ela
se
tornou o principal fator responsável
pelas catástrofes contemporâneas em
todo o mundo, sobretudo por causa
da dificuldade das populações em
vulnerabilidade social em obtê-la. O
desafio é vincular o acesso à água aos
direitos básicos, visto que sem ela não
há vida e a Declaração Universal dos
Direitos Humanos estabelece como
primeiro princípio o direito à vida.
Sem que se avance mais rápido e com
maior vigor para uma governança
compartilhada do meio ambiente, na
qual ricos se solidarizem com pobres, a
crise hídrica trará problemas ainda mais
graves para a sociedade. As inovações
tecnológicas não conseguirão resolver
a crise hídrica, visto que não se trata
apenas de desenvolver tecnologia,
mas de torná-la acessível à maioria da
população mundial.
A crise hídrica no Brasil tem suas
raízes tanto em questões estruturais
quanto conjunturais. Na dimensão
estrutural, estão as decisões ao longo
da história brasileira que levaram a um
descaso com a água, rios, matas ciliares,
sistema sanitário e de distribuição
de água. Nas questões conjunturais,
estão o momento em que vivemos
de aquecimento global, avanço do
desmatamento da Amazônia, redução
do regime de chuvas no Sudeste e
dificuldade do governo, das empresas
e da própria sociedade em antever
essa situação e dar respostas rápidas e
eficazes.
Apesar da região Sudeste do
Brasil abrigar os maiores PIB e IDH do
país, no que tange à gestão dos recursos
hídricos a precariedade é semelhante
à das demais regiões brasileiras. Sob
a perspectiva de que nosso país era
rico em recursos naturais e que “em se
plantando, tudo dá”, a água foi tratada
por governos, empresas privadas e
sociedade em geral como um recurso
onipresente, inesgotável e para o qual não
seria necessária atenção maior. Vários
especialistas de governos, organismos
internacionais,ONGs e até mesmo
grandes empresas, já tinham consciência
dos graves problemas que enfrentamos.
Só agora estão dadas as condições
políticas e sociais para se enfrentar de
forma mais direta o problema da água
no Sudeste.Para muitos, duas soluções
são essenciais: o governo atuar com
mais vigor nessa questão e a população
brasileira ser melhor educada quanto ao
uso racional da água.
Tais soluções milagrosas
não passam de “ouro de tolo”, pois são
incapazes, por si só, de resolverem o
problema da crise hídrica.
Medidas
governamentais
são importantes, mas os problemas
ambientais exigem uma governança
compartilhada dos bens comuns. O
patrimônio ambiental é um bem
comum ou bem público, no sentido de
ser de todos e não no sentido de ser de
responsabilidade apenas do governo.
Educação precária para o
exercício da cidadania está na base
não só da crise hídrica, mas da maioria
absoluta dos problemas que nossas
sociedades enfrentam. No entanto, devese tomar muito cuidado ao se resumir
problemas complexos a questões de
educação e buscar soluções simplistas
baseadas na ideia de que “quando o
brasileiro for educado, for cidadão, tudo
se resolverá”. A educação não pode ser
tomada como desculpa para a crise
hídrica e acabar gerando um imobilismo
social e conformismo, típicos daqueles
brasileiros que se indignam facilmente
com as coisas erradas (e isso é bom),
mas atuam muito lentamente ou nunca
fazem nada de efetivo para superar de
forma coletiva nossos problemas sociais
e ambientais.
A aprendizagem dos habitantes
do Sudeste sobre o uso racional da água
ainda caminha a passos muito lentos
e é muito inferior à dos moradores do
Nordeste, região na qual as pessoas
tiveram que aprender a “conviver com
o semiárido”. Uma família do agreste
rural nordestino vive em média com
vinte litros de água por dia para todas
as atividades (alimentação, limpeza,
higiene pessoal, ...), ao passo que os
mesmos vinte litros são gastos uma
única vez que se aciona o vaso sanitário
no Sudeste. Coleta de chuva, uso
comedido da água e reutilização desse
recurso são algumas das práticas que
estão se incorporando muito lentamente
ao dia a dia dos habitantes do Sudeste,
seja nas residências, no trabalho e nas
áreas públicas.
Duas ações principais são urgentes
no Sudeste: melhorar a distribuição de
água (na maioria das cidades, por volta
de 40% da água distribuída é perdida
por vazamentos em uma canalização
muito antiga) e avançar o tratamento de
resíduos, outro ponto no qual o Brasil se
aproxima dos países pobres, visto que
por volta de 70% das nossas cidades não
oferecem saneamento para todos.
Para Brumadinho superar seus
problemas de crise hídrica, precisa atuar
em várias frentes: a) ter uma presença
mais efetiva e melhor qualificada
no comitê da Bacia do Paraopeba,
desenvolvendo mais e melhores ações
coordenadas com outras prefeituras da
região de forma a mapear, conhecer e
preservar as fontes hídricas disponíveis;
b) assumir que o problema da água é
grave e em breve o município enfrentará
problemas semelhantes aos de São Paulo
capital; c) incentivar a ecoeficiência das
empresas quanto à água através de
redução tributária; d) elaborar esquema
de incentivo tarifário suplementar ao
da COPASA àqueles que reduzirem o
consumo de água e de oneração ainda
mais severa para os grandes gastadores;
e) realizar um “choque de saneamento
básico”, sobretudo nas regiões
mais pobres do município; f) fazer a
manutenção e renovação dos canais de
distribuição de água. Essa última ação
foi a grande solução adotada por Nova
Iorque, custando um quinto do valor
do que seria gasto com a ampliação
da captação de novos mananciais
de água, ação que São Paulo está
equivocadamente realizando agora. O
dever de casa quanto ao uso racional da
água deve ser feito de forma continuada,
visto que a crise hídrica não é problema
passageiro, mas que veio para ficar.
Se não agirmos coletivamente
agora, o copo d`água que antes era
entregue gratuita e solidariamente a
quem tinha sede, como imaginávamos
na música que dá título a esse artigo,
passará a custar muito caro. E os mais
pobres sofrerão ainda mais com a sede
não só de água, mas de cidadania,
solidariedade e civilidade. Armindo dos
Santos de Sousa Teodósio (Téo)
*Professor do Programa de PósGraduação em Administração da PUC
Minas
Edição 29 - Maio/2015
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