o jogo já começou traga-me um copo
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o jogo já começou traga-me um copo
INFORMAÇÃO AO ALCANCE DE TODOS 31 3571-3361 brumadinhoemfoco.wordpress.com facebook.com/brumadinhoemfoco Ano 03|Edição 29|Distribuição Gratuita| Maio de 2015 O JOGO JÁ COMEÇOU TRAGA-ME UM COPO Faltando menos de um ano e meio para as eleições municipais, pessoas,partidos e grupos políticos de Brumadinho começam a se constituir e a se movimentar para o pleito do ano que vem Já se foi o tempo em que os moradores de Brumadinho ouviam esse trecho da música de Gilberto Gil e imaginavam a falta de água como um problema específico do Nordeste brasileiro. - Página 11 D`ÁGUA, TENHO SEDE - Página 03 Foto: Equipe felicità SAÚDE EM FOCO Página - 07 TURISMO EM FOCO Página - 08 Edição 28 - Abril/2015 PERSONAGEM Editorial Antônio Vieira * Existem coisas que infelizmente estão se perdendo com o tempo, o que não deixa de ser uma evolução natural. A avalanche tecnológica com a constante enxurrada de informações é a principal responsável, visto que as notícias de uma hora para outra se perdem, o que é verdade absoluta em fração de segundos é esquecida por uma sobreposição de informações. Muito antigamente quem dominava os meios de comunicação e transporte detinham o poder, lembrome do telégrafo e dos trens, estamos voltando a pouco mais de 30 anos. Hoje o transporte se popularizou e não se domina mais os meios de comunicação, principalmente com o advento da internet, que se tornou uma terra de ninguém. Muita coisa mudou e a cada dia que passa a velocidade da mudança é maior ainda. Toda essa velocidade tem o lado bom e o lado ruim, o lado bom é que tudo fica exposto mais rápido e o lado ruim é que tudo é esquecido muito rápido também. 02 Nosso País se enverada por uma crise jamais vista e não se iludam nosso município não está imune. Já podemos sentir os reflexos através do desemprego na mineração e começa a afetar também o comércio e a área de serviços. O impacto da crise não é imediato, não podemos esquecer-nos das verbas rescisórias e do seguro desemprego que ajudam a manter o fôlego financeiro por uns 06 meses aproximadamente. Com emprego em baixa, empresas demitindo, arrecadação municipal em declínio, podemos nos preparar, dificilmente seremos surpreendidos positivamente, tanto no campo profissional quanto no campo político. Este resto de ano será a oportunidade de aparecerem os “salvadores” da pátria que irão se aproveitar da atual situação, e não tem como fugir disso, para ganharem a admiração popular com vistas às próximas eleições. É nesse momento que teremos que ter consciência, principalmente os que anseiam por mudanças. * Administrador e Fotógrafo EXPEDIENTE “É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato” – CF Art. 5º Inc. IV” “As matérias assinadas são de responsabilidade de seus autores/colaboradores e não expressam necessariamente, a opinião do Jornal ou de seus Editores.” DIRETOR GERAL: Antônio Vieira EQUIPE: Cleide Sandi, Talles Costa, Rodrigo Parreiras, Pedro Afonso, Leonardo Arruda. COLABORADORES: Flávia Campos, João Flávio Resende, Douglas Maciel, Glau- co Silva, Mardocheu Parreiras, Polícia Militar, Valdir de Castro, Tânia Campos, Nery Braga ,Armindo Teodósio, Thiago França e Guilherme Rodrigues. TIRAGEM: 5 mil exemplares – Impressão: Sempre Editora Endereço: Rua Governador Valadares, 83 – Sala 04 – Centro – Brumadinho/ MG – Cep: 35.460-000 - Fone: 3571-3361 Críticas, elogios, dúvidas e sugestões são bem vindas através do e-mail [email protected] , blog: http://brumadinhoemfoco. wordpress.com ou http://www.facebook.com./brumadinhoemfoco Brumadinho em Foco é uma publicação noticiosa, mensal, independente, imparcial e apartidária. Nosso personagem do mês é Clério Custódio Souza Laurindo, popularmente conhecido como Clerin. Ele é presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Brumadinho desde 2013, e é comerciante há 17 anos no mercado. Clerin concedeu uma entrevista ao Jornal Brumadinho em Foco onde falou sobre a atual situação do comércio local, projetos e segurança pública, esclarecendo assim as dúvidas de todos os compradores e vendedores da região. Qual o trabalho a CDL desenvolve para o aumento das vendas em Brumadinho? O CDL Brumadinho disponibiliza aos associados serviço de proteção ao crédito, através de consulta via acesso ao banco de dados do SPC Brasil e Serasa, permitindo ao lojista realizar vendas à crédito com a informação adequada sobre o cliente, o que evita perda da venda por desconfiança, ajudando a manter o faturamento dos associados. Também promove eventualmente, em parceria com o SEBRAE, palestras relacionadas com a questão do incremento das vendas e melhoria no atendimento, sendo a última realizada em dezembro 2014, nas dependências da Nossa Fazendinha, com presença maciça de associados. Também em parceria com o SEBRAE, foi realizado programa de capacitação de empresários com custo subsidiado, através de convênio SEBRAE e mineradora local. A atual conjuntura que o país atravessa com mobilização de vários setores, problemas políticos e econômicos, tem afetado o comércio local? Sim, tem afetado muito. Além dos problemas econômicos conjunturais que estão afetando a todos os setores a nível nacional, aqui em nossa cidade há um agravante, porque possuímos uma economia muito atrelada a um único produto, que é o minério de ferro. O mesmo tem tido, nos últimos tempos, grande desvalorização no mercado internacional, resultando localmente em drástica diminuição das atividades das empresas mineradoras e suas terceirizadas, com corte expressivo de colaboradores. Outro efeito colateral é a diminuição da arrecadação municipal, que acaba impactando nos serviços e investimentos promovidos pela Prefeitura, bem como na diminuição do quadro funcional. De que maneira a CDL tem atuado em relação à segurança pública? A CDL, diante dos problemas referentes à segurança pública que temos enfrentado, tem sistematicamente buscado junto aos órgãos responsáveis, Polícia Militar, poder público municipal, Assembleia Legislativa, soluções no que diz respeito à melhoria na prestação dos serviços de segurança pública. No momento estamos batalhando a instalação em parceria de um posto avançado em local a ser definido, na área central da cidade, para melhorar o atendimento da PM a toda a cidade, evitando atrasos pelo grande deslocamento que ocorre hoje até o batalhão para atendimento às ocorrências do dia a dia. Além disso, estamos, em conjunto com a prefeitura, tentando viabilizar a implantação de projeto nos moldes do “olho vivo” em alguns pontos da cidade, buscando parceria com a iniciativa privada. Economistas orientam consumidores a cortar gastos, mas o comércio precisa vender. Como conciliar? Não só os economistas, mas até mesmo as empresas aconselham aos clientes como proceder em épocas de crise, para evitar inadimplência e dívidas maiores. Haja vista propaganda de alguns bancos, com o lema “crédito responsável”. Ocorre que o comércio está ciente que este ano haverá uma redução da atividade econômica, porém isto não pode ser motivo para o incentivo irresponsável e desenfreado às vendas, porque se houver isto, o resultado será pior, com aumento da inadimplência. Pior que não vender, é vender e não receber. As empresas terão que rever seus custos, mudar estratégias, verificar onde poderão cortar gastos e “tocarem o barco”, trabalhando como sempre e torcendo pelo reaquecimento da economia. Existe um projeto que considera de maior relevância para o comércio do município? Não só para o comércio, mas para todas as atividades empresariais, seria de grande relevância se conseguíssemos aplicar, em âmbito municipal, a legislação que instituiu o estatuto da micro e pequena empresa, já devidamente regulamentada em nosso município através de legislação específica. Isso permitirá um incremento da atividade econômica de uma forma geral, principalmente para as pessoas físicas que exercem atividade econômica de maneira informal. Outro ponto que sempre focamos seria atrelarmos ao comércio local a vocação turística que possuímos. Hoje, muitos turistas vêm ao nosso município, mas não frequentam o comércio local, não visitam a área central da cidade porque é feio, empoeirado, com calçadas fora dos padrões e esburacado, trânsito confuso e mal sinalizado. Para isto, a revitalização da área central da cidade, prevista em legislação datada de 2006 e até hoje não executada, seria de vital importância, porque traria conforto e segurança aos clientes, moradores locais e visitantes esporádicos. De muita relevância seria também termos uma maior participação dos associados quando das reuniões e encontros, onde poderíamos somar forças e ideias em busca dos objetivos comuns. CAPA Edição 28 - Abril/2015 03 O JOGO JÁ COMEÇOU João Flávio Resende* Faltando menos de um ano e meio para as eleições municipais, pessoas,partidos e grupos políticos de Brumadinho começam a se constituir e a se movimentar para o pleito do ano que vem. E, assim, está aberta a “bolsa de apostas”. As discussões sobre quem vai disputar o cargo de prefeito no ano que vem já tomam conta das redes sociais e das rodas de conversa. O que me frustra como cidadão é que, invariavelmente, as conversas acontecem apenas em torno de nomes. Aí, vêm à tona pessoas que já concorreram, nomes de ex-prefeitos, do atual, dos seus aliados ou ex-alidados, nomes novos, nomes ligados a famílias de políticos e por aí vai.Nomes, nomes, nomes. Sei que corro o risco de pregar no deserto, mas considero muito mais importante discutir e avaliar a situação do município — não apenas da Prefeitura ou da Câmara, mas de Brumadinho como um todo, considerando vários aspectos, como potencial econômico, recursos naturais, infraestrutura e planejamento urbano, produção agropecuária, desenvolvimento social, pobreza, violência, transporte e trânsito, dentre outros. Seria fundamental levantar todos os dados já existentes e promover novos estudos para se ter em mãos um bom diagnóstico humano, histórico e econômico de Brumadinho, considerando os 76 anos de história, a situação atual e, principalmente, paraonde poderemos caminhar. Com base nisso, os grupos que têm a pretensão de administrar a Prefeitura e de eleger representantes para a Câmara Municipal poderiam fazer uma campanha eleitoral de verdade, debatendo propostas, trazendo o eleitor para o centro das discussões e chamando toda a sociedade brumadinhense para pensar o futuro de forma conjunta. E é importante pensar este futuro em um prazo mais longo — os postulantes ao cargo de prefeito têm o péssimo hábito de projetar (quando projetam) seus planos apenas dentro do mandato de quatro anos. Mas a cidade continua. E quem vem depois tem o dever de continuar os bons projetos implantados na gestão anterior, não importa se são aliados ou adversários políticos. Acompanho a realidade política local desde 1988 e o que vi em todos estes anos foi a disputa eleitoral pura e simples. Pouquíssima discussão de planos e projetos e muita briga, muito disse-quedisse, coisas que, infelizmente, são próprias do jogo eleitoral. Grupos organizados para, uma vez eleitos, transformarem a Prefeitura numa grande oportunidade de negócios, ao invés de ter como prioridade promover o bem comum. Decisões tomadas dentro de gabinetes, a portas fechadas, em vez de levar para as ruas e praças os projetos municipais para serem compartilhados e decididos junto com a população. Afinal, a Câmara e a Prefeitura são as instâncias políticas mais próximas da população, que pode e deve cobrar trabalho e boas atitudes diretamente dos representantes que elegeu. E a Constituição Federal trata os municípios como entes federados, ou seja, o município pode buscar projetos e recursos federais diretamente, sem necessariamente passar pelos governos estaduais. Os futuros candidatos poderiam, desde já (observando a lei eleitoral, obviamente), promover discussões sobre a gestão municipal, mas sem o joguinho de acusações que permeia este tipo de conversa. Fazer discussões qualificadas, pensando no coletivo... Daí podem surgir excelentes planos de governo e, assim, o povo terá elementos suficientes para tomar a decisão do voto no ano que vem. Falase muito de transparência, de informações corretas e completas para a população e tal. Pois bem, a transparência começa na campanha eleitoral. Abrir o jogo e agir honestamente com a cidade é coisa que se faz desde o início da campanha até o final do mandato. É isso que espero das eleições do ano que vem, que, na prática, já começaram. Que Brumadinho seja respeitada em todo o processo. Que não tenhamos o Fla-Flu vergonhoso e agressivo que foi a campanha de 2012. E que saibamos escolher bem quem tomará conta do que é nosso. *Jornalista joaoflavioresende@ gmail.com facebook.com/ joaoflavioresende SOCIAL INAUGURAÇÃO ATELIÊ AMANDA TORRES No dia24/04 a empresária amanda torres inaugurou em grande estilo o seu Ateliê - Amanda torres Alta Costura Durante a Segunda Guerra Mundial o exército norte-americano, desafiou os fabricantes de veículos da época a projetar um veículo leve e bastante forte para superar vários tipos de terrenos. Cada fabricante deveria apresentar um projeto do veículo em 45 dias, mas com as seguintes especificações: Tração nas 4 rodas, os chamados 4x4, ter entre 600 e 635 quilos, com motores de, no mínimo, 40 HP e que conseguisse levar de 3 a 4 soldados. Além dessas exigências, o fabricante deveria entregar 70 veículos ao exército norte-americano no prazo de 75 dias. A única fábrica que conseguiu entregar o protótipo no prazo foi a BATAM (uma das fabricantes de veículos da época). A tarefa, no entanto, não foi muito fácil. Após testes, o exército identificou Edição 29 - Maio/2015 04 ANIVERSÁRIO DE 4 ANOS BRUMADINHO OFF ROAD No dia 17/04 o Brumadinho Off Road comemorou na Churrascaria Fazenda Viganó seus 04 anos de existencia, presentes os socios, familiares e parceiros WILLYS – O VOVÔ DAS TRILHAS um erro no projeto do veículo - o protótipo pesava aproximadamente 920 kg. Mas, com o intuito de reduzir custos, o exército HP do motor, o WILLYS ainda era muito pesado. Por isso, foram necessárias muitas mudanças. No final da montagem, entretanto, o abriu as portas para outras fabricantes estudarem o MKII apresentado pela empresa. Foi então que, em 11 de novembro de 1940, surgiu o primeiro WILLYS, um sucesso que superou o MKII da BATAM. Apesar dos 60 Jeep tinha perdido apenas 200 gramas. Isso mesmo, 200 gramas! Bom, essas pequena história mostra como surgiu o Jeep WILLYS. Atualmente, o Jeep é um dos veículos mais usados nas trilhas. Peças foram modificas e adaptadas para que o Jeep não ficasse para trás, pois muitas das peças originais do motor não são mais fabricadas. Na maioria das vezes, as adaptações são feitas com os motores do Chevrolet Opala e com a caixa de marcha do Chevete (mas isso é uma das muitas adaptações). Existem também algumas modificações de semieixo, adaptadores como o chamado “Bloqueio” ou “lock”, para quem gosta bastante de aventura, nos chamados OFF ROAD. Com tanta força, resistência, e podemos dizer com tanta experiência, o JEEP WILLYS se tornou o VOVÔ DAS TRILHAS OFF ROAD. E, com satisfação, podemos afirmar que ele nunca deixará de ser atração nas trilhas de nossa tão querida Minas Gerais. SOCIAL Edição 29 - Maio/2015 STUDIO_M Confira as fotos do lançamento da coleção de outono/inverno realizada em 11/04 CASAMENTOS ROMANA E MAURO - 18/04/2015 MIRILÂNDES E ANSELMO - 04/04/2015 PATRÍCIA E LUÍZ - 18/04/2015 05 ESTAÇÃO SAUDADE Edição 29 - Maio/2015 06 INFÂNCIA I Nery Braga* As crianças, que na modernidade, vão às lojas, shoppings, veem pela TV e pesquisam na internet não poderão jamais imaginar o que eram os brinquedos e como se distraíam os vovôs e as vovós. Os avós, muitos deles, nunca tiveram um brinquedo adquirido nas vendas ou nos armazéns de secos e molhados como eram chamadas algumas casas de comércio da época, principalmente, no interior e naqueles tempos. Mas nem por isso deixaram de ser crianças e muito menos de brincar e sonhar. Um cabo de vassoura ou um pau de lenha mais liso e um pedaço de barbante mais forte para as rédeas faziam nascer o cavalo de pau. E montado neste animal-fantasia, improvisavam-se viagens extraordinárias pelo mundo do faz-de-conta e pelas longas estradas entre as árvores dos quintais. Às vezes, a galope como nos filmes de faroeste, imitando heróis do cinema norteamericano, outras vezes aboiando um gado imaginário. O cavalo de pau servia também para visitar o “compadre e a comadre”, que moravam distante numa casa imaginária, em um local imaginário e com quem teriam uma conversa também imaginária. Essa longa viagem talvez não passasse do Tejuco ou do Brumado, possivelmente os lugares mais distantes aonde eles tinham viajado. As meninas, um lenço amarrado na cabeça, brincavam de casinha. Latas de conservas vazias, (nesta época bem menos) vidros, um banquinho buscado na cozinha e escondido da mamãe, faziam parte do mobiliário. Doces e comidinhas de barro faziam parte do cardápio, isso quando a mãe não dava um pouquinho de arroz quente para animar a brincadeira. As bonecas, que podiam ser de papelão, de pano, de louça ou simplesmente um pano enrolado nos braços, recebiam todo o carinho das mãezinhas que faziam o choro e a voz de ternura para consolar as choronas. Cantigas de ninar eram entoadas e, aos poucos, as bonecas repousavam em seus bercinhos, enquanto as mães buscavam novos afazeres. Algumas meninas gostavam de ser professoras. E as aulas eram imitações das mestras sisudas que exigiam disciplina aos alunos (que raramente existiam), silêncio e muito respeito. E ai de quem desobedecesse! A vara de marmelo zunia e a autoridade da professora se fazia valer. Pelas ruas descalças e cobertas de pó vermelho do minério de uma Brumadinho que não mais existe, sempre em algum canto quicava uma bola de borracha. E atrás dela, um bando de garotos descalços, pés vermelhos, sem camisas. Reunidos no meio da rua, aguardavam os atletas dos sonhos a formação dos times, que era feita a partir do par ou ímpar. Depois da escolha dos jogadores de acordo com as boas qualidades de cada um, surgia um problema. Quem vai para o gol? Ninguém queria. Olhavam para o “mais ruim” de bola e o capitão do time sentenciava: - você pega no gol! Se o escolhido reclamasse, ficava fora do time. O goleiro, como sempre um pobre coitado, ia para o gol que poderia ter as traves feitas com pedras, sapatos, chinelos. Até camisas serviam. O tamanho dos gols era proporcional ao tamanho do campinho, mas o certo é que os goleiros se danavam com a bola de borracha. Além de quicar muito e mudar de direção a cada quique, quando batia no peito sem camisa ou no rosto, ficava a marca vermelha da bolada. Não adiantava falar para chutar devagar, porque na hora exata o que valia era fazer o gol. Os juízes eram os meninos mais fortes e decidiam o que estava certo e o que estava errado. Quando os fortes não se entendiam, o jeito era partir para os tapas e aí...fim de jogo. Bom mesmo era ser o dono da bola! Além de garantir um lugar no time, por pior que fosse a sua habilidade com a redondinha, se o aborrecessem e lhe dessem uma botinada de propósito, este pegava a bola, punha-a debaixo do braço e o jogo parava por aí. Uma das grandes proezas, que aliás terminavam sempre em castigo, era nadar no Lavrado. No rio Águas Claras, perto da Fazenda do Neca, havia uma barragem, cuja água era enviada para uma caixa d´água no alto do Santa Efigênia e distribuída para a cidade. Era ali o lugar da alegria da meninada e o desassossego dos pais. Para lá se dirigia a meninada. Um grande número ia às escondidas, para tomar banho, aprender a nadar, ignorando ou desafiando o perigo. Como a prudência aconselhasse a não chegar em casa molhado, o jeito era nadar pelado. Calças, camisas e cuecas (quando estas faziam parte do vestuário) ficavam dependuradas em arbustos e galhos mais próximos ou emboladas no chão. O alarido, os “tibuns” na represa eram ouvidos a todo instante. Não raro, porém, algum moleque sorrateiro, passar por ali e, pé ante pé, esconder as peças de roupa. Quando chegava a hora de ir para casa, batia um desespero generalizado. – Cadê minha roupa? Gritava um. - Minha roupa sumiu! Sentenciava outro. E era um tal de procurar aqui, ali e acolá. Como ir embora sem a roupa? Como passar nu pela cidade? Como chegar em casa? Quem fez isso? E aquele bando de meninos pelados, remexendo os matos, procurando nas galhas, atrás de alguma pedra, em todo lugar possível.... De repente: - Achei! Um grito ecoou sobrepondo-se ao rumor das águas. Alívio geral. Roupas vestidas. Agora, caminho de casa. O que dizer à mãe ou ao pai, mais tarde? Muitas desculpas esfarrapadas surgiriam. Mas ao pisar a soleira da porta de entrada, cinco dedos já puxavam e torciam as orelhas, pois, se as roupas estavam secas, cabelos meio molhados, arrepiados ou despenteados, revelavam travessuras em lugares proibidos. Os castigos eram aplicados imediatamente. E coitado de quem ousasse sair dos castigos, que iam desde ficar sem jogar bola ou enfrentar uma semana sem brincar na rua, exceto para fazer algum mandado ou ir à escola. Além da primeira bronca da mãe, havia o segundo tempo com o pai, quando este regressasse à tardinha. Ser criança, naquela época, significava improvisar, imaginar, criar, correr, saltar, gritar, sonhar, ir à escola, decorar a tabuada, fazer as composições, dormir cedo, não sem antes fazer as orações para que a noite passasse ligeira. Isso mesmo! Tomara que o outro dia começasse logo e que a nobre e difícil vida de criança se iniciasse devorando café com leite em uma caneca grande esmaltada de azul, pão de quilo coberto de manteiga amarelinha e gostosa da cooperativa, que o padeiro entregou na porta bem cedinho, sino da escola chamando para as aulas e, depois do almoço, se não houvesse castigo, encontrar novamente a turma e abraçar as atividades do dia. Ah! Doce infância! Como dizia o saudoso compositor mineiro, Ataulfo Alves: - “Eu era feliz e não sabia”... (Na próxima edição: Infância II) Nery Braga – Professor da Rede Estadual de Ensino para o Jornal Brumadinho em Foco É BOM SABER Edição 29 - Maio/2015 07 SAÚDE EM FOCO Flávia Campos* O cuidado com a saúde bucal deve começar nos primeiros dias de vida, com a limpeza da gengiva do bebê. Essa limpeza pode ser realizada com gaze umedecida em água potável. Coloca-se a gaze no dedo indicador e desliza-se sobe a gengiva do bebê, preferencialmente após cada mamada. Existem escovinhas chamadas “dedeiras”, de silicone, também indicadas para higiene nessa faixa etária. A mamãe pode escolher a forma que preferir. Quando aparecem os primeiros dentinhos é indicado usar creme dental para a escovação. Porém, o flúor em excesso pode causar osteofluorose (doença que provoca dor e danifica ossos e articulações) e fluorose dentária (má formação do esmalte do dente que se expressa por manchas, normalmente esbranquiçadas). A maior causa de fluorose é a fluoretação excessiva da água que ocorre em algumas regiões ou países como a Índia, por exemplo. Os dentistas alertam sobre o consumo em excesso de creme dental com flúor, pois o sabor é agradável e as crianças gostam de engolir. Por esse motivo, até os cinco anos de idade é aconselhável usar creme dental sem flúor. No entanto, estudos recentes mostraram que mesmo com creme dental com flúor, é possível realizar a higiene bucal com as crianças dormindo, ou com as crianças que ainda não sabem enxaguar a boca. De acordo com a Dra. Diana Castro, ortodontista em nossa cidade, a quantidade permitida de creme dental com flúor a ser colocada na escova, quando a boca não será enxaguada, é o equivalente a um grão de arroz cru, até duas vezes por dia. “O uso do flúor é mais interessante que o risco de fluorose, desde que a quantidade correta seja respeitada”, diz Dra. Di- ana. A escolha da escova dental adequada deve respeitar a indicação etária especificada na embalagem e deve, preferencialmente, ser macia. O uso do fio dental antes da escovação é importante e não pode ser esquecido. Passe o fio dental no mínimo duas vezes entre cada dois dentes, para deslizá-lo nas duas paredes dentárias. Por volta dos cinco anos de idade a criança deve visitar um ortodontista para avaliação da oclusão e outros problemas que podem necessitar de uso de aparelhos ortodônticos. Porém, mesmo antes dessa idade algumas alterações podem ser detectadas como respiração oral, por exemplo, em que a avaliação do otorrinolaringologista é bem vinda e o ortodontista poderá indicá-la. Crianças que chupam dedo ou fazem uso de mamadeira e chupeta, apresentam maior chance de desenvolver alterações ortodônticas. Os cuidados odontológicos são importantes em todas as idades para garan- tir boa função, saúde bucal perfeita e boa aparência. O correto alinhamento dentário contribui para melhor mastigação e, quando os dentes encontram-se sobrepostos, a higiene oral inadequada provoca o aparecimento de cáries e doença gengival. Além disso, todos sabem que um sorriso atrativo apresenta um papel importante para acentuar a autoconfiança e auxiliar na sua seleção dentro do meio social. Portanto, visite seu dentista a cada seis meses. Isso vale para adultos e crianças! Além de limpar os dentes, o dentista observará alguma possível cárie ou outra alteração para, se for o caso, tratá-la precocemente. Cuide-se, pois um sorriso bonito faz bem a você e a todos que estão a sua volta. Sorrir sempre será o melhor remédio! Fisioterapeuta do Hospital João Fernandes do Carmo e da Saúde em Movimento CREFITO 56629 A IMPORTÂNCIA DA PARCERIA ESCOLA-FAMÍLIA Tânia A.Campos Martins* Como educadora venho observando, ao longo dos anos , o relacionamento das famílias com seus filhos . Costumo brincar em minhas reuniões com pais que a dinâmica da vida escolar resumese a: quando nossos alunos estão na Educacao infantil a presença dos pais na escola é forte e freqüente. Eles se envolvem , participam , questionam , dão sugestões e fazem criticas, comportandose como verdadeiros parceiros . Durante as reuniões colocamos um certo número de cadeiras e no desenrolar do encontro elas são insuficientes, uma vez que o número de responsáveis interessados em participar é bem expressivo. Quando as crianças crescem um pouco e passam para a modalidade do ensino fundamental as famílias ainda se envolvem preocupadas com a fluência da leitura , da escrita e do raciocínio lógico matemático . Buscam a escola para apoio e orientação em diversas situações como dever , avaliações, comportamento e continuam se envolvendo com o desempenho pedagógico de seus filhos . No entanto, em nossas reuniões com os pais desta faixa etária de alunos a presença deles diminui, mas ainda é significativa, esperamos um número de pais e já nao precisamos buscar cadeiras . Quando, porém, os jovens iniciam a fase da adolescência , do sexto ao nono ano , as famílias se tornam mais ausentes e, nas reuniões, a presença dos pais é pouco significativa. Para o desespero de todos os educadores , quando chegamos na reta final , o ensino médio , a maioria das famílias desaparece da escola, à exceção do final de ano quando se assustam com o resultado de seus filhos. Nessa modalidade de ensino , costumo brincar, ficam quase só as cadeiras durante as reuniões. Sabemos que é fundamental proporcionar aos nossos estudantes autonomia e confiança, o que nao quer dizer abandono .Os adolescentes e jovens costumam dizer para seus entes queridos que já sabem decidir , já sabem o que querem e que nao precisam mais de tanto acompanhamento e orientação., mas a verdade é que eles pensam que estão seguros e que já sabem tudo quando, na verdade, percebe-se, claramente, a dependência deles em momentos de dificuldade. É importante que os pais estejam presentes e disponíveis para os filhos com amor, carinho e segurança, mantendo a responsabilidade de acompanhálos em sua vida escolar. A grande maioria de nossos jovens está frequentando a escola apenas como aluno e nao como estudante . O estudante busca desafios , se envolve no processo educacional , questiona ,participa e vence . O aluno passa pela escola sem marcar presença , sem demonstrar prazer e sem se envolver. O papel da escola , como bem disse o educador Mário Cortella, é o de escolarização, que se insere no conceito de educação. As pessoas estão constantemente passando por um processo de formação: na família, no emprego, na comunidade, no sindicato, na igreja e, um desses locais é a escola. Entretanto, o sucesso do trabalho educativo não depende exclusivamente da atuação da instituição, mas precisa de uma parceria familiar capaz de complementar o trabalho escolar. Juntos , escola e família conseguem cumprir de maneira satisfatória as necessidades educacionais de crianças e jovens! Pensem nisso ! *Diretora do Sistema de Ensino Pedagógio Semear PONTO DE VISTA Por Mardocheu Parreiras Ao iniciar este artigo preciso informar aos prezados leitores que não leram os artigos anteriores e que no escrito em março 2015, fiz alusão à morosidade do setor jurídico da Prefeitura, mas não foi somente ao Jurídico, mas todos os comandados do Sr. Prefeito que não interessam pelo bom andamento e progresso de Brumadinho e este comentário irritou profundamente o digníssimo procurador do município, que pediu direito de resposta no mesmo Jornal Brumadinho em Foco, o mais lido de Brumadinho e o mais independente e, publicou no Diário Oficial do Município, cuja finalidade não é esta de publicar política e politicagem, sua resposta nestas palavras: Meu veemente protesto, repudio e inconformidade, repulsa e indignação a este artigo. E, mais uma página inteira de frases elevadas e bonitas, mas sem objetivo e sentido. Estas palavras não me incomodaram, nem me amedrontaram, não me causaram nenhuma revolta nem temor, pois é chavão jurídico e forense, que leio desde menino, há 75 anos atrás, em contos policiais. Quando escrevi aquele artigo pensei: Estou cutucando onça com vara curta, estou chuchando em caixa de maribondo, em órgão que não aceita nem sombra de crítica, é um setor intocável e soberano que reina sobre tudo em plenitude. As partes e pessoas interessadas nas licitações que comparam o jurídico da administração passada e a atual, digo “quem acostumou com o sol não contenta com a claridade.” Penso que qualquer homem público deve trabalhar inspirado nas palavras de Santo Agostinho: “Prezo mais os que me criticam aos que me bajulam, pois aqueles apontam meus erros e posso corrigi-los.“ Mais adiante diz que o Prefeito não pode governar olhando para o próprio umbigo ou pela lei de Gerson “levar vantagem em tudo”. Ironicamente não entendi o que o ilustre advogado quis expressar, só afirmo com toda convicção, em ditado popular, que 80% da equipe da atual administração não enxerga um palmo à frente do nariz em direção ao progresso, desenvolvimento de Brumadinho e aplicação correta de seus recursos financeiros. Por que não inspiram no modo como a pequena, mas grande professora Neide dirige a Secretaria de Educação e comanda sua equipe? Aí teríamos uma administração transparente, avançada e realizadora. Em nenhum de meus artigos pensei em difamar e constranger ou prejudicar a pessoa do Sr. Antônio Brandão. É uma pessoa humilde, correta e bem intencionada. Fui seu correligionário e não me arrependo. Meu intuito é alertá-lo do que a população pensa e fala, inclusive seus eleitores, do modo que sua equipe usa o dinheiro do município e administram seus postos. Na defesa do seu douto advogado Sr. Valter José de Matosinhos, não sei por que tanta defesa, pois quando escrevi, ele já não era mais o procurador. Conheço este senhor desde garoto, desde a década de 60, quando foi meu aluno nas aulas de latim e francês no antigo ginásio São Sebastião. Naquela época, dado à sua simpatia, inteligência, altivez, liderança e aplicação nos estudos, todos nós seus professores, antevíamos que seria um competente profissional em qualquer setor que se formasse. Ele aceitou o convite do Sr. Prefeito, não pensando em emprego ou em cargo público pois já foi viceprefeito atuante, seu pensamento era ajudar a atual administração com sua capacidade, experiência e dedicação na vida pública de Brumadinho. No último parágrafo de seu desagravo, diz que na reação desfavorável que posso provocar na população, que devo ter sido manipulado e escrito ideias de terceiros. Na verdade sou porta voz desta população através deste Jornal independente (Brumadinho em Foco), já que ela não tem outro meio de expressar em conjunto e em público seu sentimento, a não ser através deste velho caduco Mardocheu. Se fosse escrever o que penso e tenho conhecimento do que ocorre nos bastidores e que a rádio pião (a voz do povo) comenta, o circo já tinha pegado fogo. Dado uma vida toda vivida em Brumadinho, trabalhando TURISMOartistas EM Nele FOCO está a Plaza Dorrego, Glauco Silva* Nessa edição, nosso destino será Buenos Aires. Terra do Tango, destacada pela arquitetura e gastronomia, e com excelentes passeios para sempre se lembrar. Com o charme da arquitetura europeia, Buenos Aires é a capital da Argentina, nossos vizinhos, é uma das cidades mais visitadas pelos brasileiros. Agrada aos mais diversos públicos; jovens, casais em lua de mel, famílias e até os que viajam sozinhos. Os shows de tango são o maior ícone da cidade, podem ser admirados em casas de shows, cafés, restaurantes e até mesmo nas ruas. Para ver o tango bem tradicional, vá ao Señor Tango, e para assistir a dança em alto estilo é a Esquina Carlos Gardel, um dos endereços mais elegantes de Buenos Aires. Além do tango, a cidade oferece inúmeros passeios e bairros inteiros a serem visitados. Pontos turísticos famosos como a Plaza de Mayo, a mais antiga de Buenos Aires, onde fica a Casa Rosada, (sede do governo argentino) e outros edifícios importantes. O Obelisco, monumento com 67,5 metros de altura, está localizado entre as principais vias, a Avenida 9 de Julho e a rua Corrientes, hoje é um dos principais símbolos da cidade. O local também se tornou palco de diversas manifestações sociais. No bairro da Recoleta, estão restaurantes elegantes, palacetes, o famoso Cemitério da Recoleta (onde está enterrada Evita Perón), o Museu Nacional de Belas Artes, a Igreja Nossa Senhora de Pilar e a grande escultura de aço em forma de flor, que abre e fecha suas pétalas dependendo da hora do dia. Em Palermo está o Bosque de Palermo, principal parque da cidade. Ah! San Telmo! O antigo bairro é uma das áreas mais preservadas da cidade. Caracterizado pelos casarios coloniais e ruas de pedra, é o bairro preferido dos área famosa pelos cafés e antiquários, shows de tango e vida boêmia. As casas coloridas dos cartões-postais estão no La Boca. As construções estão localizadas numa rua chamada El Caminito, na qual é comum encontrar bailarinos dançando tango e artistas expondo suas obras. Para os apaixonados por futebol, vale visitar o estádio La Bombonera, do Boca Juniors. Puerto Madero é o antigo porto que foi totalmente restaurado e se transformou em um badalado point. Onde também está a Puente de la Mujer (Ponte da Mulher), obra do arquiteto espanhol Santiago Calatrava. A ponte gira 90 graus para permitir a passagem dos navios. No Puerto Madero, um luxuoso barco de quatro andares abriga o Cassino Flutuante, é um dos lugares mais exóticos da cidade. No Zoo Lujan, a experiência de fotografar junto com os felinos, proporciona adrenalina ao passeio, e a visita ao Temaikén Zoo, é admirável Edição 29 - Maio/2015 08 em quase todos os setores das atividades deste município, ocupando o cardo de vereador por dois mandatos, exercendo todas as funções na Câmara e ter sido Prefeito Municipal, gozando de boa reputação junto à população e ainda protegido pelo Estatuto do Idoso, dificilmente irão calar este velho que segue e pratica o pensamento de São Paulo “Condo não Condor”, conduzo e não sou conduzido. Se quiserem provar o contrário, contratem um instituto de pesquisa como Vox Populi, Ibope e Sensus e encomendem uma pesquisa de opinião. Até a próxima Mardocheu pela sua beleza e diversidade de espécies num ambiente que integra Jardim Botânico, Zoológico, Aquário e Museu de História Natural e Antropologia. Com preços mais atrativos que o mercado brasileiro, Buenos Aires atrai muita gente a procura de compras. O destaque fica para a Calle Florida, o principal endereço de compras da capital, onde fica o shopping Galerias Pacífico, com lojas de grife. Vale também uma visita aos outlets de Palermo e nas feiras de artesanato da cidade. A gastronomia predominante é o churrasco argentino, ali chamado de Parrilla, mas passeando pela cidade, as delícias que os restaurantes e cafeterias mais tradicionais da cidade preparam não deixam a desejar. Visitar Buenos Aires é se apaixonar, se encantar, e sempre querer voltar. Matéria extraída e adaptada de materiais de divulgação do destino. *Turismólogo e Sócio Proprietário de Brumatur Turismo POLÍTICA E COTIDIANO Edição 29 - Maio/2015 09 I - VOLTA MANDI VIRA PIADA DE SALÃO Valdir de Castro Oliveira* A audiência pública realizada na comunidade de Conceição de Itaguá no dia 7 de abril passado com a Copasa, requerida pela vereadora Alessandra do Brumado (PPS) e que contou com a presença de dezenas de moradores e da maioria dos vereadores, nos deixou uma sensação de deja vu. A audiência foi convocada para discutir as possibilidades de compensação pela Copasa ao Distrito por passar por ali as tubulações que irão captar as águas do Rio Paraopeba para a represa do Rio Manso em função da crise hídrica vivida pela RMBH. Nesta audiência, mais uma vez, veio à tona, apesar da escassez hídrica, os anseios e as reivindicações da comunidade pendentes desde a implantação da barragem da Copasa na década de 1990. Como já aconteceu em audiências anteriores, os participantes colocaram a boca no trombone contra o prometido desvio de caminhões pesados trafegando no perímetro urbano com produtos químicos, os problemas do abastecimento de água tanto na sede do distrito quanto em outras localidades e contra a degradação do Rio Manso que, represado pela Copasa, se transformou em um esgoto a céu aberto atravessando a cidade e fazendo com que o esperançoso projeto “Volta Mandi”, bancado por uma ONG, se tornasse uma divertida piada de salão. Esteve presentes nesta audiência a recém empossada diretoria da Copasa que reconheceu o débito da estatal com a população do distrito de Conceição de Itágua e do restante do município prometendo mudar à sua maneira de atuar tendo em conta o novo governo que assumiu a administração do Estado. Ao município só resta mesmo exigir que as coisas sejam diferentes sem repetir o fiasco das mirabolantes promessas feitas ao município entre 2005 até 2008 quando houve a renovação do convênio com a Copasa, promessas estas afiançadas pelo deputado federal Nárcio Rodrigues (PSDB) e pelo Inhotim Museu de Arte Contemporânea e até hoje não cumpridas. A promessa era a de garantir abastecimento de água e esgotamento sanitário para 100% (cem por cento) da população de Brumadinho e dos distritos como noticiou à época o jornal Circuito (edição129, de 2005). E nós sabemos o resultado de tudo isso. O Inhotim, mansamente, saiu de cena e o deputado Nárcio Rodrigues sumiu. E o tal projeto “Brumadinho 100%” pode ser hoje renomeado como “Brumadinho 10%”. A nova administração da Copasa agora foi afiançada pela deputada estadual Marília Campos (PT), presente à audiência, que lembrou a necessidade da Copasa recuperar a confiança da população em relação à estatal em todo o município de Brumadinho. Para isso declarou que “estará junto com a comunidade no que for preciso, apoiando os anseios da população de Brumadinho junto ao Governo do Estado”. Vamos conferir! II – Regra de trânsito é atropelada e morta no centro da cidade. No Brasil é assim, tem lei que pega e tem lei que não pega. E todos se fingem de surdos e mudos diante desse fato. É o que aconteceu no trânsito da cidade quando a Prefeitura resolveu mudar as regras de mobilidade dos veículos no centro da cidade. Nas esquinas da rua Irineu Lamounier (a placa no local equivocadamente indica “Lamune”) e da rua Yaya Sampaio, perto do pontilhão da linha férrea, a proibição de conversões à esquerda de quem vem do bairro São Conrado ou da Praça da Bandeira ou de quem vem da rua Yaya Sampaio. Ali também se proíbe a travessia direta da rua do pontilhão para quem vem dos Pires para o bairro São Conrado e viceversa parece. Apesar de haver ali placas proibindo estas conversões, basta qualquer um ficar ali de atalaia por alguns minutos para constatar de como estas regras são burladas sem nenhum pudor ou constrangimento pelos motoristas. Ônibus, carretas, táxis, motocicletas, carros particulares ou oficiais da Prefeitura e da Câmara infringem com gosto estas proibições. Esta é, definitivamente, uma lei que não pegou. Se o setor de trânsito de fato quer que estas regras sejam obedecidas, além das placas proibindo as conversões, ele deveria providenciar a fiscalização no local até que os motoristas acostumem com as novas regras. Caso avalie o contrário, de que a lei não pegou mesmo pelo absurdo que impõe ao obrigar os motoristas a dar uma longa volta para chegar ou se encaminhar para o seu destino final, não seria melhor encontrar outra solução, quem sabe, autorizando as conversões controladas por um semáforo? O que não parece correto é fingir que esta regra de trânsito está sendo obedecida e nada fazer para impedir a sua desobediência. *Jornalista “NÃO SÃO OS HOMENS, MAS AS IDEIAS QUE BRIGAM” Douglas Maciel* As pessoas geralmente gostam de criticar, mas nunca aceitam bem as críticas sofridas. Não sou psicólogo para inferir qualquer razão a este comportamento, fato é que acontece desta maneira. Talvez, o campo da atividade humana em que as pessoas devessem ter menos melindres com as críticas sofridas seja a política. Na política é bom e importante ouvir críticas, ponderá-las, aceita-las (ou não) e mudar atitudes e posicionamentos. Nunca estamos certos em tudo. Todavia, o que me deixa mais perplexo na realidade de nossa cidade é como o Poder Executivo reage mal às críticas que sofre. Agora, ainda mais, está lançando mão de “notas de esclarecimento” repudiando as críticas. Cabe fazer um pequeno esclarecimento filológico: a palavra “repúdio” tem por sinônimo a palavra “desprezo” e, de forma geral, é uma rejeição a uma mentira. Portanto, é bom que tenhamos cuidado ao “repudiar” o que quer que seja, salvo se a crítica seja realmente uma mentira. Quero rememorar duas passagens que foram alvo de notas de repúdio por parte do Poder Executivo publicadas no Diário Oficial do Município (DOM). A primeira é a nota publicada no DOM 395, no dia 25 de março, onde o Procurador Geral do Município (pasmem) declarou seu “veemente protesto, repúdio e inconformada repulsa” a um artigo de opinião de autoria do Sr. Mardocheu Parreiras publicada neste Brumadinho em Foco na edição de nº 27. A nota foi assinada pelo dito Procurador e também (pasmem novamente) pelo Prefeito. Particularmente fiquei encabulado e tratei de ler novamente o artigo do Sr. Mardocheu e constatei que a nota fazia menção ao último parágrafo do artigo que dizia o seguinte: (...) “A sorte nossa é que temos um prefeito honesto e bem intencionado, porém confia muito nos seus comandados e a maioria não corresponde à confiança recebida, sobretudo o jurídico que só usa o rigor da lei para emperrar a administração” (...) Não posso identificar neste texto nada que mereça “repúdio e inconformada repulsa”. Houve apenas, e tão somente, uma crítica de nosso amigo articulista ao jurídico da Prefeitura e um descarado elogio ao Prefeito. E vejam que este último ainda assinou a nota publicada no DOM. As vezes me pergunto se o Prefeito se deu ao trabalho de ler o artigo do Sr. Mardocheu. A nota ainda diz que Procurador e Prefeito preferem “acreditar não se tratar do verdadeiro pensamento de seu autor, nem desse veículo de mídia impressa, mas de ideias que retratem o pensamento de terceiros”. Ora, tal nota insinua que o Sr. Mardocheu não escreve o que assina no jornal e pior, que os editores do Brumadinho em Foco não tem poder de decisão sobre o que o jornal publica. Nunca li algo tão estapafúrdio. Eis a segunda passagem: a Vereadora Alessandra do Brumado publicou no dia 13 de abril, em seu blog, um artigo de opinião criticando a Secretaria de Administração uma vez que a Prefeitura de Brumadinho estava na eminência de estourar o orçamento com pagamento de pessoal. Logo veio, galopante, a “nota de esclarecimento” publicada no DOM 409, do dia 15 de abril. O texto vinha manifestar “repúdio sobre as declarações infundadas da vereadora Alessandra do Brumado”. Nota-se que o texto diz que Alessandra é mentirosa por desconfiar (e provar) em seu artigo que a Prefeitura estava a ponto de ultrapassar o limite prudencial previsto em Lei de 51,3% do orçamento com pagamento de pessoal. Todavia, no dia 24 de abril durante reunião de comissões e plenária da Câmara Municipal, constatou-se que, com o aumento de 6% para o funcionalismo público, a Prefeitura conseguiu a proeza de comprometer 53,9% da folha com o pagamento de pessoal. Ou seja, muito mais do que Alessandra desconfiava e que foi considerado como “mentira” por parte da Prefeitura. Afinal, quem está mentindo? A Vereadora ainda retrucou a “nota de esclarecimento” no dia 15 de abril, “desenhando” o raciocínio inicial e se posicionando favoravelmente ao aumento (afinal, uma questão de justiça para com o servidor municipal), mas contrariamente ao caminho pelo qual o Poder Executivo pretende se embrenhar. Cabe ainda uma outra reflexão. Seria o DOM veículo apropriado para a veiculação destas notas de repúdio? Lendo atentamente a Lei que criou o DOM percebemos que o diário se destina a publicação de atos do Executivo e não a notas de repúdio de secretários e procuradores melindrados. Finalmente, já que estamos em um estado democrático – e ainda não se descobriu outro modelo melhor - temos que encarar críticas com sentimento também democrático. Ter amor pelo debate, mesmo que severo, porém respeitoso. Não colocar nossas paixões pessoais na política, mas seguir a tão célebre constatação de Tancredo Neves: “não são os homens, mas as ideias que brigam”. *Jornalista ESPORTE Talles Costa* Atlético O Atlético conseguiu mais uma classificação de virada pela Libertadores. É inevitável que a torcida, a mais sofrida – e os torcedores gostam disso - do futebol mineiro, já se acostumou com tais fatos. Viradas passaram a ser rotina no Clube Atlético Mineiro. O time não se abala com o resultado negativo. A entrega é enorme e, muitas vezes, emocionante. E cá entre nós, o país todo gosta de assistir aos jogos do Galo. Vejo no twitter a interação de pessoas de várias partes do Brasil comentando os jogos, o espírito de luta, a jogada perfeita, as divididas... Bem, a “final” contra o Colo-Colo no Horto foi espetacular. O Atlético brincou mais uma vez com o acaso e saiu rindo de tudo. Riu com o urso Pratto e riu também no golaço do Carioca. Ah, e não vale falar que houve sorte de a bola bater na bandeirinha e não sair. A sorte mesmo foi que ela bateu e voltou para Guilherme, o mais diferenciado do time. O mesmo Guilherme que comeu a bola contra o Cruzeiro na semifinal do mineiro e, mais uma vez, assistirá de fora a decisão do Campeonato Mineiro 2015 e as oitavas da Libertadores. Levir diz que o time é competitivo e não precisa de reforços. Eu discordo, mas quem sou eu para discordar? Se com o Guilherme as coisas já eram emocionantes/dramáticas, sem ele o coro entoado do “Eu Acredito” tem que vir mais forte ainda. Se o título do Mineiro vier, a empolgação para o confronto diante do Internacional fica gigantesca. Caso contrário, a pressão pode e muito atrapalhar e/ ou acabar com o primeiro semestre do time alvinegro. Aguardemos... Cruzeiro O time da Toca tem focado único e exclusivamente na Libertadores. A eliminação do Mineiro trouxe algo que não tinha na Toca: Descanso. A maratona de jogos deixou a equipe celeste meio que, digamos, cansada. Diferente do ano passado, onde o time encarava a finalíssima do Mineiro e Libertadores, a equipe somente se prepara para as oitavas da competição continental. O descanso veio em boa hora, tanto para os jogadores e comissão técnica quanto para a diretoria. Para os atletas, o entrosamento e a cura de lesões são os pontos positivos. Para o técnico Marcelo Oliveira além de poder trabalhar mais a equipe e pensar em jogadas, táticas e elenco, terá descanso psicológico. O treinador passa por certa pressão e nada melhor do que acabar com isso com um título. Já a diretoria, que tenta a contratação Edição 29 - Maio/2015 10 de um meio campista para chegar e assumir de vez a titularidade, não vê a hora de anunciar alguém. Além de ser bom para o conjunto, pode selar as pazes com a torcida. Especula-se Lucas Lima (Santos F. C.), Ronaldinho Gaúcho (QuerétanoMEX), Gedoz (Club Brugge-BEL), entre outros, mas em minha opinião o tal camisa 10 que a diretoria tanto procura está lá mesmo na toca, e se chama Gabriel Xavier. Dêem espaço e ele dará alegria à torcida. Caso Marcelo consiga montar uma equipe pouco mais dedicada, “Soy loco por TRI, América” pode passar de sonho à realidade. CIDADANIA Edição 29 - Maio/2015 11 TRAGA-ME UM COPO D`ÁGUA, TENHO SEDE... Armindo dos Santos de Souza Teodósio (Téo)* Já se foi o tempo em que os moradores de Brumadinho ouviam esse trecho da música de Gilberto Gil e imaginavam a falta de água como um problema específico do Nordeste brasileiro. O acesso à água limpa é o mais importante problema ambientalcontemporâneo. Ela se tornou o principal fator responsável pelas catástrofes contemporâneas em todo o mundo, sobretudo por causa da dificuldade das populações em vulnerabilidade social em obtê-la. O desafio é vincular o acesso à água aos direitos básicos, visto que sem ela não há vida e a Declaração Universal dos Direitos Humanos estabelece como primeiro princípio o direito à vida. Sem que se avance mais rápido e com maior vigor para uma governança compartilhada do meio ambiente, na qual ricos se solidarizem com pobres, a crise hídrica trará problemas ainda mais graves para a sociedade. As inovações tecnológicas não conseguirão resolver a crise hídrica, visto que não se trata apenas de desenvolver tecnologia, mas de torná-la acessível à maioria da população mundial. A crise hídrica no Brasil tem suas raízes tanto em questões estruturais quanto conjunturais. Na dimensão estrutural, estão as decisões ao longo da história brasileira que levaram a um descaso com a água, rios, matas ciliares, sistema sanitário e de distribuição de água. Nas questões conjunturais, estão o momento em que vivemos de aquecimento global, avanço do desmatamento da Amazônia, redução do regime de chuvas no Sudeste e dificuldade do governo, das empresas e da própria sociedade em antever essa situação e dar respostas rápidas e eficazes. Apesar da região Sudeste do Brasil abrigar os maiores PIB e IDH do país, no que tange à gestão dos recursos hídricos a precariedade é semelhante à das demais regiões brasileiras. Sob a perspectiva de que nosso país era rico em recursos naturais e que “em se plantando, tudo dá”, a água foi tratada por governos, empresas privadas e sociedade em geral como um recurso onipresente, inesgotável e para o qual não seria necessária atenção maior. Vários especialistas de governos, organismos internacionais,ONGs e até mesmo grandes empresas, já tinham consciência dos graves problemas que enfrentamos. Só agora estão dadas as condições políticas e sociais para se enfrentar de forma mais direta o problema da água no Sudeste.Para muitos, duas soluções são essenciais: o governo atuar com mais vigor nessa questão e a população brasileira ser melhor educada quanto ao uso racional da água. Tais soluções milagrosas não passam de “ouro de tolo”, pois são incapazes, por si só, de resolverem o problema da crise hídrica. Medidas governamentais são importantes, mas os problemas ambientais exigem uma governança compartilhada dos bens comuns. O patrimônio ambiental é um bem comum ou bem público, no sentido de ser de todos e não no sentido de ser de responsabilidade apenas do governo. Educação precária para o exercício da cidadania está na base não só da crise hídrica, mas da maioria absoluta dos problemas que nossas sociedades enfrentam. No entanto, devese tomar muito cuidado ao se resumir problemas complexos a questões de educação e buscar soluções simplistas baseadas na ideia de que “quando o brasileiro for educado, for cidadão, tudo se resolverá”. A educação não pode ser tomada como desculpa para a crise hídrica e acabar gerando um imobilismo social e conformismo, típicos daqueles brasileiros que se indignam facilmente com as coisas erradas (e isso é bom), mas atuam muito lentamente ou nunca fazem nada de efetivo para superar de forma coletiva nossos problemas sociais e ambientais. A aprendizagem dos habitantes do Sudeste sobre o uso racional da água ainda caminha a passos muito lentos e é muito inferior à dos moradores do Nordeste, região na qual as pessoas tiveram que aprender a “conviver com o semiárido”. Uma família do agreste rural nordestino vive em média com vinte litros de água por dia para todas as atividades (alimentação, limpeza, higiene pessoal, ...), ao passo que os mesmos vinte litros são gastos uma única vez que se aciona o vaso sanitário no Sudeste. Coleta de chuva, uso comedido da água e reutilização desse recurso são algumas das práticas que estão se incorporando muito lentamente ao dia a dia dos habitantes do Sudeste, seja nas residências, no trabalho e nas áreas públicas. Duas ações principais são urgentes no Sudeste: melhorar a distribuição de água (na maioria das cidades, por volta de 40% da água distribuída é perdida por vazamentos em uma canalização muito antiga) e avançar o tratamento de resíduos, outro ponto no qual o Brasil se aproxima dos países pobres, visto que por volta de 70% das nossas cidades não oferecem saneamento para todos. Para Brumadinho superar seus problemas de crise hídrica, precisa atuar em várias frentes: a) ter uma presença mais efetiva e melhor qualificada no comitê da Bacia do Paraopeba, desenvolvendo mais e melhores ações coordenadas com outras prefeituras da região de forma a mapear, conhecer e preservar as fontes hídricas disponíveis; b) assumir que o problema da água é grave e em breve o município enfrentará problemas semelhantes aos de São Paulo capital; c) incentivar a ecoeficiência das empresas quanto à água através de redução tributária; d) elaborar esquema de incentivo tarifário suplementar ao da COPASA àqueles que reduzirem o consumo de água e de oneração ainda mais severa para os grandes gastadores; e) realizar um “choque de saneamento básico”, sobretudo nas regiões mais pobres do município; f) fazer a manutenção e renovação dos canais de distribuição de água. Essa última ação foi a grande solução adotada por Nova Iorque, custando um quinto do valor do que seria gasto com a ampliação da captação de novos mananciais de água, ação que São Paulo está equivocadamente realizando agora. O dever de casa quanto ao uso racional da água deve ser feito de forma continuada, visto que a crise hídrica não é problema passageiro, mas que veio para ficar. Se não agirmos coletivamente agora, o copo d`água que antes era entregue gratuita e solidariamente a quem tinha sede, como imaginávamos na música que dá título a esse artigo, passará a custar muito caro. E os mais pobres sofrerão ainda mais com a sede não só de água, mas de cidadania, solidariedade e civilidade. Armindo dos Santos de Sousa Teodósio (Téo) *Professor do Programa de PósGraduação em Administração da PUC Minas Edição 29 - Maio/2015 12