vida devocional - Global Training Resources

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vida devocional - Global Training Resources
VIDA
DEVOCIONAL
Pr. Kenneth Eagleton
Escola Teológica Batista Livre (ETBL)
Campinas, SP
2014
1
VIDA DEVOCIONAL
1. Introdução
Atualmente fala-se muito da adoração do cristão ou sobre ser um adorador. Pouco se fala
sobre a vida devocional do cristão.
O que é vida devocional? É uma vida de “devoção”, separação e consagração a Deus. É
um relacionamento com Deus. É desenvolver uma vida de santificação, buscando ser cada
vez mais como Jesus. É pensar os pensamentos de Deus, sentir o que Ele sente, desejar a
vontade dele e fazer as escolhas que lhe agradam no decorrer do dia-a-dia.
Existe uma diferença entre vida devocional e momento devocional: nossa vida com Deus não
é feita somente de momentos isolados. Vida devocional é viver constantemente na
presença de Deus. Momento devocional é um tempo a sós com Deus. Geralmente quando
se fala no devocional do cristão (também chamado “momento a sós”), refere-se a um
período de alguns minutos reservados durante o dia para leitura bíblica, meditação e
oração. É possível haver momentos devocionais sem existir uma vida devocional. O
momento devocional é importante e útil para o cristão, mas pode facilmente se tornar
uma obrigação, um simples ritual, ou um “trabalho” que realizamos para Jesus. Da
mesma forma como alguns caem na armadilha de pensar que tudo estará bem com Deus
se forem fiéis na frequência aos cultos, pode-se também cair na armadilha de pensar que a
fidelidade ao momento devocional automaticamente nos posiciona no favor de Deus.
Quero deixar claro que não há nada de errado em participar dos cultos ou ter um
momento devocional diário sistemático; muito pelo contrário. No entanto, estas atividades
bíblicas necessárias, em si mesmas, não são sinônimas de vida devocional.
2. Posição em Cristo
Antes de entrarmos no assunto de vida devocional é importante entendermos a posição do
novo convertido em Cristo, aquele que está “em Cristo”.
2.1 Conversão – O pecador deve primeiramente reconhecer sua condição de transgressor
contra um Deus santo, de inimigo de Deus e debaixo de Sua justa condenação.
Reconhecendo este estado e se arrependendo, o ser humano deposita sua fé na obra
expiatória de Cristo Jesus na cruz e o aceita como Senhor de sua vida. Esta mudança de
direção é o que chamamos de conversão.
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2.2 Regeneração – A mudança que o Espírito Santo de Deus opera na conversão é a
regeneração, isto é, a transformação que acontece no interior do ser humano. É
também conhecida como o novo nascimento ou uma nova criação. “Portanto, se
alguém está em Cristo, é nova criação. As coisas antigas já passaram, eis que surgiram
coisas novas” (2 Co 5:17 – NVI). O cristão convertido já não possui uma inclinação
constante para o mal. Ele está liberto da escravidão do pecado. Isto não significa que
seja perfeito e que não peque mais. Significa que o cristão não está debaixo do
jugo do pecado.
2.3 União com Cristo – A Bíblia usa tanto os termos “estar em Cristo” e Cristo estar “em
nós”. O Espírito Santo é o vínculo desta união espiritual que traz comunhão e
relacionamento entre o cristão e Cristo.
2.4 Justificação – É a declaração de Deus de que aos seus olhos o pecador é agora
considerado justo por causa do sacrifício suficiente que Jesus realizou na cruz. A
justificação tira a culpa do pecado e, portanto, a consequente condenação. Já não há
mais condenação para os que estão em Cristo Jesus (Rm 8:1). O cristão passa a ser
chamado de santo (puro, separado para Deus).
2.5 Adoção – Na conversão o cristão é adotado pelo Pai e passa a fazer parte de sua
família (Ef 4:4-5). A um simples mortal é dado o privilégio de se tornar filho de Deus
(Jo 1:12). O cristão agora tem com Deus Pai um relacionamento de pai e filho.
A pessoa que se arrepende de seus pecados e coloca sua fé em Jesus Cristo
experimenta imediatamente o perdão de seus pecados, está livre da escravidão do
pecado, torna-se uma nova criatura unida com Cristo e adotada na família de Deus. É um
novo começo. No entanto, a sua vida com Cristo está apenas se iniciando. O novo
convertido recebe todas as ferramentas de que precisa para viver a vida cristã. Agora se
inicia uma caminhada de discípulo (seguidor) de Jesus Cristo, Senhor da sua vida. A
conversão não traz instantaneamente um conhecimento completo e perfeito de Cristo. Isto
acontecerá à medida que o cristão conviver com Cristo, em um processo de santificação,
que produzirá mudanças mais profundas em seu caráter e comportamento. Este processo
de aprofundamento do relacionamento é o que chamamos de vida devocional.
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Alguns fatores que retardam ou interrompem o crescimento espiritual1:
 Vergonha e culpa. Há discípulos ficam paralisados pela vergonha e culpa. Para alguns,
isto está relacionado com a sua vida antes de sua conversão, pelo seu histórico
pecaminoso vergonhoso. O reconhecimento do pecado se transforma em um pesado
fardo de culpa. Acham que Deus nunca poderia perdoar seus pecados ou, mesmo se o
fizesse, seriam cristãos defeituosos que não poderiam ser usados por Deus. Esta é
uma mentira do inimigo. O perdão que Jesus nos oferece pela sua morte na cruz é
completo e nós não devemos nada – a culpa foi apagada (Rm 8:1). O nosso pecado é
esquecido por Deus (Sl 103:12).
Outros vivem com um sentimento de vergonha e culpa por causa de pecados ou vícios
ocultos que continuam afligindo o discípulo. Para aqueles que estão “em Cristo”
existe esperança, pois a morte de Cristo nos liberta da escravidão do pecado. É
possível mudar (veja o próximo ponto).

Achar que mudanças na vida não são possíveis. Muitos acreditam na inverdade de
que nasceram deste jeito ou viveram tanto desta forma, que não há esperança de
mudanças. Alguns se justificam dizendo que faz parte de sua personalidade ou de seu
temperamento e não pode ser mudado. Outros acham que o hábito está tão
entrincheirado na vida que não tem como mudar. Muitos já usaram de força de
vontade, de tratamentos médicos, de terapia ou de muitos outros métodos para
mudar, mas sem resultado.
Não há hábito, defeito ou vício na vida de uma pessoa que não pode ser mudado pelo
poder do Espírito Santo. Uma entrega total a Deus, oração, obediência à sua Palavra e
a criação de novos hábitos no contexto de uma comunidade cristã trará libertação,
mudança e cura interior.

1
Dúvidas quanto ao amor de Deus. Duas inverdades podem causar uma pessoa a
duvidar o amor de Deus. O primeiro é a ideia de que a pessoa já cometeu tanta coisa
má na vida que Deus não poderia amá-la. Outros sim, mas ela não. A verdade é que o
amor de Deus por nós é incondicional. Não depende do que fazemos ou deixamos de
fazer. Nada do que fazemos pode fazê-lo nos amar menos e nada do que fazemos
pode aumentar o seu amor por nós. Ele nos ama com amor profundo.
Em seu livro Cristão Ateu (Editora Vida), Creg Groeschel menciona estes e outros fatores.
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A segunda inverdade diz respeito ao amor passageiro com o qual estamos
acostumados nos nossos relacionamentos humanos. Um casal se casa afirmando um
amor profundo um pelo outro; poucos anos depois se separam dizendo que não se
amam mais. O amor de Deus é eterno, assim como ele o é. O seu amor jamais acaba.

Falta de perdão. Muitos sofrem com a falta de perdão. Foram profundamente
magoados ou injustiçados, muitas vezes há muito tempo atrás, e não conseguem
liberar perdão. Às vezes o ofensor nem sabe da ofensa ou a esqueceu há muito tempo
atrás, mas a ofensa é relembrada quase que diariamente pelo ofendido que passa a
guardar e nutrir uma mágoa no coração (Hb 12:15). O ressentimento tira a alegria e a
paz do coração e impede que o discípulo possa aprofundar seu relacionamento com
Deus. Perdoar é possível e necessário (Ef 4:31-32; Cl 3:13).

Preocupações exageradas. A ansiedade e a preocupação tiram a paz de espírito e o
foco nossa fé. Ela demonstra uma necessidade de estar no controle, mesma em face
de situações que não estão sob seu controle. Isto é o oposto da confiança em Deus. A
preocupação indica que não se tem fé nas promessas de Deus ou na sua capacidade
para resolver as coisas. A ansiedade revela uma confiança inversa – a de que tudo
pode dar errado. Veja Fp 4:6; 2 Tm 1:7; Mt 6:25-34.

Apego ao dinheiro e aos bens materiais. Vivemos em um mundo que põe muita
importância no dinheiro e nos bens materiais, depositando neles toda sua confiança.
A segurança quanto ao futuro também está ligada às posses. Passam boa parte de seu
tempo acumulando ou gastando. Estão tão focados em seus desejos egoístas de
consumo, escravizados pela manutenção dos bens ou endividados, que não
conseguem olhar para além de si mesmos. Não enxergam as necessidades dos que
estão ao seu redor, muito menos dos que estão esquecidos em outros cantos do
mundo. Não têm recursos disponíveis para abençoar os outros ou contribuir com a
obra de Deus. Veja Mt 6:19-20; Lc 12:33-34; 1 Tm 6:6-11, 17-19; Lc 16:13; 1 Jo 2:15.

Disposição para buscar a felicidade a qualquer preço. É verdade que Deus deseja nos
abençoar e nos fazer o bem (veja todas as passagens onde diz “bem aventurados”).
No entanto, erramos quando achamos que o seu maior valor para nós é a felicidade.
Não devemos confundir a mão abençoadora de Deus com promessa de felicidade.
Deus não nos promete somente felicidade e ele não existe simplesmente para nos
tornar felizes. A busca da felicidade a qualquer preço nos leva por um caminho
egoísta cada vez mais longe da comunhão com Deus.
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Somos constantemente bombardeados pela nossa cultura com a mensagem de que
merecemos ser felizes ou que a busca pela felicidade justifica nossas decisões (“Eu só
queria ser feliz”). Muitos usam esta desculpa para sair de um casamento ou para
contrair dívidas. Craig Groeschel comenta que muitos acreditam inconscientemente
na fórmula: melhores bens materiais + circunstâncias pacíficas + experiências
emocionantes + o relacionamento perfeito + aparência física perfeita = felicidade.
O pecado pode ser prazeroso por algum tempo e trazer uma medida de felicidade,
mas no fim sempre trará desgosto. A felicidade não justifica o pecado. Deus não
deseja a nossa felicidade se ela nos levar a pecar ou fazer escolhas que não são sábias
(Hb 11:25).
3. Formação espiritual
A nossa posição em Cristo nos coloca em uma jornada de formação espiritual, também
chamada de “peregrinação”, “caminho estreito” e “o caminho”. As seguintes passagens nos
ajudam a entender esta formação espiritual.
“a vos despir do velho homem, do vosso procedimento anterior, que se corrompe pelos desejos
maus e enganadores, e a vos renovar no espírito da vossa mente, e a vos revestir do novo
homem, criado segundo Deus em verdadeira justiça e santidade” (Ef 4:22-24 – Sec. 21).
“e vos revestistes do novo homem, que se renova para o pleno conhecimento, segundo a
imagem daquele que o criou;” (Cl 3:10 – Sec. 21).
“Por isso mesmo, empregando todo o vosso esforço, acrescentai a virtude à vossa fé, e o
conhecimento à virtude, e o domínio próprio ao conhecimento, e a perseverança ao domínio
próprio, e a piedade à perseverança, e a fraternidade à piedade, e o amor à fraternidade” (2 Pe
1:5-8 – Sec. 21).
4. Experiências e disciplinas espirituais
Para sermos cristão saudáveis, precisamos de uma vida espiritual equilibrada: baseada na
graça, fortalecida pelo esforço, informada pela Palavra de Deus, capacitada pelo Espírito e
centrada em Cristo. Relacionamentos precisam ser construídos e mantidos. Como construir
e manter um relacionamento com Cristo? O relacionamento sadio com Cristo é feito de um
equilíbrio entre experiências e disciplinas espirituais.
4.1 Experiências espirituais do cristão (envolvimento maior das emoções e da fé).
Experiências espirituais são aqueles momentos especiais na nossa comunhão com
Deus que mexem com a nossa estrutura emocional e alimentam a nossa fé.
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4.1.1 Estas experiências incluem a adoração e o louvor, tanto pessoais (a sós com
Deus) como comunitárias (em conjunto com outros cristãos). Esta adoração e
louvor se demonstram através de atos de submissão e prostração diante de Deus
(sentido da palavra adoração), declarando a nossa lealdade e nosso amor,
exaltando e engrandecendo a pessoa dele (louvor). De acordo com Jesus, a
verdadeira adoração se faz em espírito e em verdade (Jo 4:23). Sendo espiritual, a
adoração parte do nosso íntimo e é expressa com sinceridade.
4.1.2 As experiências geram momentos de alegria, emoção, gratidão, contrição
(quebrantamento), convicção (que leva ao arrependimento), culpa, confusão e
dúvidas diante de Deus. Devemos notar que as experiências incluem tanto as
emoções ditas positivas (alegria, gratidão, etc.) como as negativas (culpa, tristeza,
quebrantamento, etc.). Na Bíblia vemos exemplos de experiências espirituais
que levaram os adoradores a dançarem, a expressarem palavras de louvor a
Deus e até mesmo comporem poesia e música de louvor e gratidão. Mas
vemos outros exemplos em que uma experiência com Deus os levou a declararem
“ai de mim!”, pois se sentiram convictos de pecado e indignos da graça de Deus.
4.1.3 As experiências espirituais também incluem momentos de paz interior,
orientação, direcionamento e chamado, tanto para os personagens dos tempos
bíblicos quanto em nossa experiência contemporânea. Estas experiências podem
ser tanto individuais como coletivas, ou seja, de toda a congregação.
4.1.4 As manifestações destas bênçãos recebidas incluem também situações
especiais como: resposta de oração, cura física ou emocional, milagres (situações
que só podem ser explicadas sobrenaturalmente), livramento e oportunidades
inesperadas.
4.1.5 Sonhos e visões? Temos que tomar muito cuidado na interpretação de sonhos
e visões. Nem todos os sonhos possuem origem espiritual. Podem ser simplesmente
fenômenos psíquicos ou mecanismos do nosso subconsciente. Se quisermos
considerar a possibilidade de um sonho ter algum sentido espiritual, este deve
sempre ser julgado pelo critério do que diz a Bíblia. Nenhum sonho que venha
de Deus será contrário ao que ensina a Bíblia, que é a Palavra de Deus. Devemos
também considerar que os sonhos podem ter origem maligna.
o Experiências espirituais com Deus nos enchem de fé e de paixão. Elas
fortalecem a nossa fé e nos dão zelo pelas coisas de Deus.
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o Experiência ou manifestação emocional sem base bíblica leva a uma
adoração equivocada. É possível sermos levados a experiências emocionais
que nada têm a ver com a adoração bíblica. A adoração aceita por Deus é
uma adoração feita em “espírito e em verdade” (João 4:23-24). A verdade é
a Palavra de Deus. Se nossa adoração não segue o padrão de Deus, ela não
é feita “em verdade” e, portanto, não é aceita por Deus. Passa a ser uma
experiência mais para uma satisfação própria do que para agradar a Deus.
o “Eu senti no meu coração que deveria fazer...” é uma expressão comum
entre cristãos. É verdade, muitas vezes temos impressões fortes sobre
alguma coisa. No entanto, só porque temos estes pressentimentos não
significa necessariamente que vêm de Deus. Pode ser que sim, pode ser
que não. É necessário muito discernimento para saber se é direção de Deus,
ou nosso próprio desejo, ou ainda outra influência qualquer. Para isto é
necessário colocar todas as impressões subjetivas diante de Deus e pedir-lhe
discernimento. Usa-se hoje em dia com muita leviandade a expressão “Deus
me falou”. Muitos a usam de forma manipulativa, pois quem poderá
contestar o que Deus falou? Deus prometeu castigo aos que falam desta
forma sem que ele tenha falado (Jr 14:14 e seguintes).
o Experiências sem disciplinas espirituais levam a uma vida espiritual instável,
de altos e baixos. Passa a ser uma vida espiritual que depende do elemento
emocional, portanto, sujeito ao nosso humor, às circunstâncias e aos
sentimentos. As emoções não são um termômetro espiritual confiável. Aliás,
as emoções podem ser muito enganosas, assim como o coração do ser
humano (Jr 17:9).
4.2 Uma vida espiritual baseada apenas em experiências exigirá experiências cada vez
mais frequentes e mais fortes (como no caso da dependência química) para manter o
cristão motivado. A sua motivação espiritual depende destes acontecimentos. Não
possui reserva espiritual interior. O culto passa a ser julgado pela presença ou não
de experiências espirituais fortes. E mais, passa a ser julgado pela quantidade e
intensidade das “manifestações”. Acaba-se pensando que culto “abençoado” é
somente aquele no qual há manifestações emocionais e/ou sobrenaturais. Chega-se
mesmo a questionar a presença de Deus (ou do Espírito Santo) se não houver
manifestação extraordinária. Quando se passa por um período de “sequidão” no que
diz respeito às experiências, existe um perigo muito grande de esfriamento da fé.
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4.3 Disciplinas espirituais (envolvimento maior da mente e da vontade).
As disciplinas espirituais são práticas espirituais que exercitam a nossa fé, reforçam a
nossa comunhão com Deus e transformam em ação os ensinamentos da Palavra de
Deus. Como no caso do atleta que necessita de um treinamento prolongado e
sistemático para fortalecer sua musculatura e desenvolver resistência física, o cristão
precisa das disciplinas espirituais em sua formação espiritual para desenvolver os
“músculos” e a resistência espirituais.
As disciplinas não devem ser encaradas como fardos a serem carregados (“a minha
cruz”) e nem como obrigações a serem desempenhadas para alcançar o favor divino.
As disciplinas devem ser vistas como meios que Deus usa em nossa formação
espiritual a fim de nos transformar e nos moldar à semelhança de Cristo. Elas nos
ajudam a purificar o coração e a remover velhos hábitos, nocivos à vida espiritual, e a
substituí-los com novos hábitos sadios que levam ao desenvolvimento de uma
pessoa íntegra. Abaixo veremos algumas das disciplinas espirituais mais
importantes:
4.3.1 A Bíblia: leitura, meditação, memorização, estudo e aplicação. A Palavra de
Deus é alimento espiritual para nossa alma e dá orientação e força para nossa
caminhada cristã. A Palavra de Deus precisa ser incorporada à nossa mente para
que ela dirija a nossa vida. Após a libertação do pecado, trazida pela regeneração
do coração, a transformação da vida começa por uma transformação da mente
(Rm 12:1-2). A presença da Palavra de Deus em nossa mente é fundamental
para esta transformação (Cl 3:16).
A Bíblia é a Palavra de Deus, Sua revelação a nós. Ela é verdadeira e infalível.
A leitura da Bíblia nos ensina quem é Deus, qual é o seu propósito e sua
vontade para nós, como podemos ser salvos e como podemos adorá-lo e
agradá-lo.
Devemos ler e estudar a Palavra de Deus (Dt 17:18-20; Js 1:8; Sl 119:130; 2 Tm
2:15; Mt 4:4). Não podemos conhecê-lo sem a leitura da sua Palavra.
A meditação e a memorização da Bíblia nos auxiliam nos momentos de dor e
sofrimento, em decisões a serem tomadas, na tentação (Sl 119:11; Mt 4:1-11) e
na evangelização (Jo 14:26).
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A Bíblia é o principal meio através do qual Deus fala a seus filhos. Quem não lê a
Palavra fica sem saber o que Deus quer nos comunicar.
O objetivo da leitura, da meditação, do estudo e memorização da Palavra de Deus
é a obediência. Esta Palavra deve ser integrada ao nosso viver diário,
desenvolvendo novos hábitos sadios de pensamentos, atitudes, ações e
relacionamentos.
Muitos evangélicos têm abandonado a leitura e o estudo da Bíblia (ou nunca
começaram!). Isto tem deixado a Igreja superficial e sem conhecimento bíblico e
teológico. A consequência disto é o desvio doutrinário e a vulnerabilidade aos
ensinos dos falsos profetas. A igreja evangélica precisa recuperar o amor e o zelo
pela Palavra de Deus.
Sugestões práticas:
a. Use uma tradução da Bíblia que você entende bem.
b. Faça sua leitura de forma sistemática: todos os dias, de preferência no
mesmo horário, seguindo uma sequência.
c. Comece com a leitura do Novo Testamento antes de partir para o
Antigo.
d. Use um caderno para fazer anotações de dúvidas sobre o texto, versículos
marcantes ou coisas que você precisa colocar em prática.
e. Procure um local sem distrações.
f. Após a leitura, medite no que você leu.
g. Se surgirem dúvidas ou curiosidades, procure estudar mais detalhadamente.
h. Memorize versículos de significado especial para você.
4.3.2 Oração: Em sua definição mais simples: orar é se comunicar com Deus.
Enquanto o estudo da Palavra é Deus falando conosco, a oração é quando nós
nos comunicamos com Deus. Evágrio Pôntico (345-399 d.C.) disse que “oração é
ter comunhão com Deus no íntimo do nosso coração”. Somente quando oramos
com o coração é que obtemos intimidade com Deus. “O coração é a fonte da
vida de onde flui nossos valores, ações, emoções, intelecto, hábitos e vontade”2.
Deus está em todos os lugares ao mesmo tempo (onipresente) e, portanto, pode
ouvir a oração de todos ao mesmo tempo (Salmo 65:2). Deus se comove com as
2
Teague, David. Godly Servants: Discipleship and Spiritual Formation for Missionaries (Mission Imprints) 2012, loc.
662.
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nossas orações, pois fazem parte de um relacionamento que temos com ele.
Mesmo quando não vemos os resultados práticos das nossas orações, podemos
sentir a presença e a comunhão com ele. Quando oramos, como quando realmente
nos comunicamos com outras pessoas, devemos ser honestos com ele,
comunicando nossas dúvidas, medos, ira, ansiedade, etc.. Deus não se ofende com
a nossa comunicação genuína. A nossa oração deve ser constante (1 Ts 5:17-18).
Quando estamos em oração, devemos ficar atentos à comunicação de Deus
conosco. Quando oramos, devemos esperar que ele responda. Alguns afirmam já o
ouviram audivelmente; para a maioria ele fala ao nosso espírito, através das
circunstâncias, da natureza ou através de sua Palavra escrita.
A oração inclui:
 adoração (submissão a Deus),
 louvor (bendizer, ou seja, falar bem de Deus, elogiá-lo),
 agradecimento (por bênçãos recebidas e respostas de oração),
 confissão de pecados,
 compartilhar nosso coração (frustrações, dúvidas, batalhas),
 intercessão (oração em favor de outros) e
 pedidos pessoais.
Nossas orações precisam de um equilíbrio entre estes diferentes aspectos e não
devem ser simplesmente listas de pedidos.
Tipos de oração:
 Regular e disciplinada. Aqui se inclui a oração que se faz durante o
momento devocional, como também a oração espontânea que
acompanha a comunhão íntima diária que desenvolvemos com o Pai.
 Relâmpago (oração feita rapidamente, em poucas palavras, em situações
inesperadas).
 Clamor (pedidos feitos com intensidade, com urgência, em casos
especiais).
Cada tipo de oração tem o seu momento apropriado. A oração pode ser pessoal (só
você e Deus), com parceiros ou congregacional (um orando em favor de todos os
cristãos reunidos). A oração feita em público deve ser ordenada, porque Deus não é
de confusão e sim de paz (1 Co 14:33a).
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Deus responde às nossas petições, apesar de as respostas nem sempre serem as
que esperamos. Deus é sensível à nossa prece, mas não é manipulado por ela.
Ele continuará a fazer aquilo que é melhor para nós e dentro da sua vontade.
A oração não é uma formula mágica. As respostas de oração podem ser: [1] sim,
[2] não ou [3] espere. Muitas vezes oramos pelo alívio da dor e do sofrimento ou
pedimos alguma coisa que desejamos de imediato, mas às vezes Deus nos faz
esperar, pois sabe que a perseverança no sofrimento ou a paciência são lições
importantes que precisamos aprender.
Algumas razões pelas quais Deus não responde nossas orações:
A Bíblia nos ensina que há alguns fatores que importam e que podem afetar as
nossas orações.

Os nossos relacionamentos. Quando temos relacionamentos rompidos, isto
pode afetar a eficácia das nossas orações (Mc 11:24-25)

A nossa motivação. Deus nega nossos pedidos quando oramos de forma
egoísta e fora de sua vontade (Tg 4:2-3). Muitas vezes somos tentados a
achar que se a resposta à nossa oração nos deixar felizes, então deve ser
uma boa oração, mas Deus conhece a motivação do nosso coração (Pv
16:2).

O nosso comportamento. O pecado cria uma barreira que interrompe a
nossa comunicação com Deus (Is 59:2; Tg 5:16; Sl 34:15).

A nossa fé (Tg 1:6-7). Esta fé não é fé em fé, mas fé em Deus.

A vontade de Deus (1 Jo 5:14-15). A vontade de Deus é frequentemente
diferente da minha (2 Co 12:9).
4.3.3 Jejum e/ou abstenção de coisas que nos dão prazer. O jejum é geralmente a
abstenção da alimentação, acompanhado ou não da abstenção de líquidos. Além
do jejum, pode-se também usar a abstenção de outras coisas que nos dão prazer
com o mesmo objetivo do jejum de alimentos. Alguns exemplos: abstenção de
assistir à televisão, jogar videogames, uso da internet, sexo (para casados, veja
1 Co 7:5-6), esporte, passeios, etc.
a. Em nenhum lugar encontramos que o jejum é obrigatório para o cristão.
Vemos exemplos de homens e mulheres piedosos que jejuaram, mas não
por obrigatoriedade. O jejum também não é proibido.
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b. Geralmente o jejum não era praticado de maneira regular (com algumas
exceções). Era excepcional, geralmente por causa de circunstâncias
difíceis (sofrimento, luto, arrependimento), aflições (nacionais ou
pessoais) ou para buscar a direção ou proteção de Deus.
c. O jejum era uma maneira de se humilhar diante de Deus, tinha quase
sempre um objetivo específico e era praticado em associação com a
oração. O período de abstinência cria o ambiente para se passar mais
tempo em oração.
d. No Novo Testamento o jejum é quase sempre uma prática individual.
e. O jejum nunca deve ser considerado um sacrifício que fazemos, obrigando
Deus a nos recompensar, mas é uma atitude de entrega buscando maior
comunhão com Deus. O jejum não é instrumento de barganha ou
manipulação de Deus. É um ato de renúncia voluntária.
4.3.4 Períodos de silêncio e retiro: São períodos para estar a sós com Deus, sem
programa específico, ouvindo a sua voz. É deixar a alma se acalmar – Lc 5:15-16.
Uma das coisas que atrapalham nosso crescimento espiritual é o barulho, a
agitação. A disciplina do silêncio pode dispersar o barulho do mundo,
fazendo-nos deixar de lado as questões mundanas e nos concentrar nas
espirituais. Nossa alma floresce no silêncio. Nossa alma se enriquece com o
silêncio; ela se deleita e floresce na quietude. O silêncio é contemplativo. O
silêncio nos ensina. O silêncio é a hora em que nos descartamos do lixo. Na
quietude, confessamos nossos pecados a Deus (Pv 28:13). O silêncio
acalenta a meditação na Palavra e essa meditação é o que faz nossa alma
crescer (Mt 4:4)3.
Praticar o silêncio e a quietude torna-se mais e mais difícil em nossos dias.
Vivemos uma época de agitação, tanto no âmbito secular como na vida
espiritual. As atividades da igreja mantêm os cristãos em um estado constante
de agitação. Estas atividades são muitas vezes confundidas com comunhão com
Deus. Muitos ficam incomodados com o silêncio e a meditação, achando até
mesmo que isto signifique a ausência de Deus através do seu Espírito Santo. Com
isto, deixamos muitas vezes de ouvir a voz de Deus.
3
KANG, Joshua Choonmin. O Caminho da Transformação, (São Paulo: Edições Vida Nova), 2008, p. 108-109.
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Veja o encontro de Elias com Deus em 1 Reis 19:11-13. No versículo 11 o
Senhor ordena que Elias fique no monte, na presença do Senhor, pois Ele iria
passar por ali. Em seguida, três fenômenos naturais extremos são descritos: um
vento fortíssimo, um terremoto e fogo. Todos os três são barulhentos,
desconcertantes e incríveis, mas Deus não se encontrava nestes fenômenos.
Depois do terceiro veio o murmúrio de uma brisa tranquila e suave. Elias
percebeu que este era o ambiente em que Deus apareceria para ele. Então,
envolveu o rosto em um manto e conversou com Deus. É este sussurro calmo de
Deus que muitas vezes não percebemos por causa de toda nossa agitação.
4.3.5 Simplificar a vida. Outra disciplina espiritual é a de simplificarmos nossa vida,
priorizando o que é mais importante, tirando as coisas que nos distraem, nos
atrapalham, nos prendem, escravizam ou que nos fazem perder muito tempo. A
simplificação pode ocorrer na organização do nosso tempo, na quantidade de
responsabilidades e em nossas posses.
1. Tempo. Muitas vezes nossas vidas são tão repletas de atividades que
vivemos com a agenda totalmente preenchida. Não temos tempo para as
interrupções que Deus envia em nosso caminho, tais como pessoas
precisando ser ouvidas ou precisando de ajuda. Nós as vemos como
interrupções em nossa agenda apertada. Deus as vê como oportunidades.
Não temos tempo para contemplar o belo ou para desenvolver
relacionamentos. Para que tenhamos tempo para relacionamentos, para
necessidades inesperadas das pessoas e para contemplar o belo, é
necessário simplificar nossa agenda, priorizando o que é realmente
importante e eliminando o que é supérfluo.
2. Responsabilidades. Quando temos muitas responsabilidades, o peso delas
pode nos sobrecarregar, nos cansar e tirar a alegria e o prazer. Nesse
caso precisamos simplificar nossa vida, passando algumas de nossas
responsabilidades para outras pessoas.
3. Bens materiais. Será que possuímos os bens materiais ou eles nos
possuem? Às vezes, o excesso de bens materiais pode exigir muito do
nosso tempo com manutenção e limpeza. A preocupação quanto à
segurança destes bens também pode roubar nossa paz. O acúmulo de
bens que não usamos torna-se uma atitude egoísta quando levamos em
consideração àqueles que não os têm e que poderiam usá-los. Uma regra
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simples que pode ser aplicada é desfazer-se de tudo que não foi usado
nos últimos 12 meses.
4.3.6 Ofertar. O cristão deve aprender a ser generoso com Deus e com o próximo.
Devemos ter o alvo de viver abaixo de nossas possibilidades financeiras (o
contrário de como muitos vivem: acima de suas possibilidades financeiras). A
disciplina de ofertar exige primeiro que se tenha aplicado os princípios bíblicos
que nos permitem atingir a liberdade financeira, nos libertando da dívida e do
desperdício. Deve-se aprender a praticar o sacrifício: ofertando ocasionalmente à
igreja, missões ou ao próximo, algo que nos faça falta, algo acima do que
normalmente fazemos.
 Ofertamos a Deus (tudo que ofertamos é para Deus).
 Ofertamos aos pobres (Mt 25:35-40; Rm 15:26; Gl 2:10).
 Ofertamos para o sustento da obra de Deus (1 Tm 5:17-18; 1 Co 9:13-14).
4.3.7 Serviço. Aprender a servir aos outros com humildade, assim como fez Jesus.
Veja Mt 25:35-46: deve-se alimentar os famintos, dar água potável aos que tem
sede, acolher os estrangeiros, desabrigados e refugiados, vestir os que não
possuem vestimentas, cuidar dos enfermos e visitar os presos. Este serviço deve
ser tanto para os irmãos da fé como para a comunidade secular.
“Cada um exerça o dom que recebeu para servir aos outros, administrando
fielmente a graça de Deus em suas múltiplas formas” (1 Pedro 4:10 - NVI).
Primeiramente, os dons divinos não nos foram dados para nosso
engrandecimento, mas para servir aos outros. O serviço é dever de todo
discípulo de Jesus. Em segundo lugar, quando usamos os dons, estamos
administrando a graça de Deus de muitas maneiras diferentes. O serviço faz parte
integrante da vida espiritual.
Entre os doze discípulos de Jesus havia uma disputa para obter os melhores
lugares no reino que Jesus havia prometido instalar. Jesus disse que no mundo é
normal os que lideram dominarem e exercerem poder sobre os que são liderados.
O princípio para seus discípulos seria diferente: “Não será assim entre vocês. Ao
contrário, quem quiser tornar-se importante entre vocês deverá ser servo, e
quem quiser ser o primeiro deverá ser escravo; como o Filho do homem, que não
veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos” (Mt
20:26-28 – NVI). O líder espiritual tem que ser um líder servo. O cristão
espiritualmente maduro tem que ser um discípulo-servo.
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4.3.8 Tomar decisões baseadas em princípios bíblicos. O cristão deve desenvolver a
disciplina de tomar decisões baseadas nos princípios da Palavra de Deus. Estas
decisões incluem (mas não se limitam a) decisões quanto aos estudos, quanto à
profissão ou ocupação (inclusive a formação de sociedades econômicas), quanto
ao uso do nosso dinheiro, quanto à pessoa com quem vamos nos casar, quanto
à educação dos filhos e quanto ao próprio comportamento, entre outros. Como
discípulos de Jesus, e ele como Senhor de nossa vida, é necessário consultá-lo
para ver o que ele tem a dizer sobre tudo que fazemos. A Bíblia é a revelação da
sua vontade para nós.
4.3.9 Desenvolvimento do caráter cristão e do fruto do Espírito. O cristão deve se
disciplinar ao desenvolvimento de valores cristãos que formam o seu caráter (2 Pe
1:3-10). Ele deve também permitir que o Espírito Santo de Deus produza o fruto
do Espírito em sua vida (Gl 5:22-23).
4.3.10 Domínio próprio4. O domínio próprio (parte do fruto do Espírito) é o topo da
disciplina espiritual. Uma coisa é vencer outra pessoa, outra coisa, porém,
muito mais difícil, é vencer a si mesmo. Só quando estivermos diante de Deus
saberemos quem realmente somos. A Palavra reflete nossa imagem como um
espelho. De onde vem o poder de domínio próprio? Primeiramente, ele vem
através do Espírito Santo. Em segundo lugar, o domínio próprio se desenvolve por
meio da prática de todas as disciplinas espirituais.
o Disciplinas espirituais nos fortalecem, dão maturidade e crescimento espiritual.
o O exercício racional desprovido de um envolvimento emocional do nosso
coração levará a uma adoração estéril sem um compromisso pessoal.
o Disciplinas espirituais precisam ser aprendidas e mantidas regularmente,
independentemente dos nossos sentimentos. Pela vontade e convicção
mantemos a disciplina, mesmo quando temos preguiça, ou não nos
sentimos animados, ou quando estamos tristes.
O nosso relacionamento com Deus precisa ter o equilíbrio de experiências espirituais
significativas que mexem com o nosso coração, mas que são pautadas pela meditação e
reflexão na Palavra de Deus e que resultam em transformação intencional de vida. Portanto,
4
KANG, p. 152-153.
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o equilíbrio espiritual saudável incluirá a mente, as emoções e a nossa vontade, através
das experiências e das disciplinas espirituais. Encontramos este equilíbrio no Salmo 119.
97
Como eu amo a tua lei! [envolvimento emocional] Medito nela o dia inteiro [envolvimento
racional].
98
Os teus mandamentos me tornam mais sábio que os meus inimigos, porquanto estão
sempre comigo [envolvimento racional].
99
Tenho mais discernimento que todos os meus mestres, pois medito nos teus testemunhos
[envolvimento racional].
100
Tenho mais entendimento que os anciãos [envolvimento racional], pois obedeço aos teus
preceitos [envolvimento da vontade].
101
Afasto os pés de todo caminho mau para obedecer à tua palavra [envolvimento da vontade].
102
Não me afasto das tuas ordenanças [envolvimento da vontade], pois tu mesmo me ensinas
[envolvimento racional].
103
Como são doces para o meu paladar as tuas palavras! Mais que o mel para a minha
boca! [envolvimento emocional]
104
Ganho entendimento por meio dos teus preceitos [envolvimento racional]; por isso odeio
todo caminho de falsidade [envolvimento emocional].
5. Esvaziamento e quebrantamento
“O crescimento espiritual começa quando esvaziamos nossa vida, pois esse é um processo
que não começa com a plenitude, mas sim com o vazio. Nisso seguimos o exemplo de Jesus
que”5 “a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de
homens” (Fp 2:7). Precisamos nos esvaziar de todo nosso ego, orgulho, prepotência,
autossuficiência e desejo de ser senhor da nossa própria vida. “Foi dessa mesma forma
que grandes líderes se tornaram servos de Deus. Eles esvaziaram a si mesmos,
abandonaram-se completamente, enchendo seu coração com nada mais do que Deus”6.
Quando os discípulos ouviram o chamado de Jesus “Vinde após mim e eu vos farei
pescadores de homens” (Mt 4:19), eles deixaram tudo (seus barcos, profissão e família) para
seguir a Jesus. Jesus também disse: “Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia
a dia tome a sua cruz e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; quem perder
a vida por minha causa, esse a salvará” (Lucas 9:23-24). Jim Elliot, missionário no Equador,
que perdeu sua vida ao tentar alcançar uma tribo indígena, disse [tradução livre]: “Aquele
que entrega o que não pode guardar para ganhar o que não pode perder é sábio”.
5
6
KANG, p. 23.
KANG, p. 25.
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O esvaziamento de nós mesmos exige um processo de quebrantamento diante de Deus.
O quebrantamento é reconhecermos com profunda humildade que em nós mesmos não há
poder, sabedoria ou capacidade para vivermos uma vida espiritual que agrade a Deus.
Alguns exemplos de quebrantamento de líderes bíblicos: Isaías (Is 6:5); Davi (Sl 51:1-4) e
Pedro (Mt 26:75).
6. A plenitude do Espírito Santo
Ao nos esvaziarmos de nós mesmos temos que nos encher do Espírito Santo, ou melhor,
deixar que ele nos encha (preencha): isso é estar cheio do Espírito (Ef 5:18). Ser cheio do
Espírito não significa ter mais do Espírito, mas ao contrário, que o Espírito tenha mais de nós
e que estejamos inteiramente à sua disposição.
O Espírito ocupa toda parte de nosso ser que entregamos a ele. Para ilustrar, podemos
imaginar o Espírito como sendo água. Quando derramamos água dentro de um
recipiente, ela ocupa todo o espaço vazio que não esteja bloqueado. O Espírito faz a
mesma coisa em nossa vida. Jesus Cristo compara o Espírito a uma fonte que jorra em
nosso coração, ocupa-o todo e transborda em rios de água viva. Mas o Espírito não pode
encher as partes de nossa vida que bloqueamos. Podemos impedir que o Espírito controle
certas áreas e ele não agirá contra a nossa vontade.
A plenitude do Espírito não é necessariamente para sempre e nem uma vez por todas.
É possível entristecer o Espírito que nos habita. O Espírito não deixa o cristão, mas pode ter
sua atividade limitada. O Espírito deve encher o cristão cada dia mais.
Todo cristão pode ser cheio do Espírito. Deus quer nos encher com seu Espírito. Seu desejo
é que seu Espírito ocupe inteiramente o nosso ser para que ele possa nos transformar à
sua imagem e nos santificar. Jesus avisou com antecedência que o Espírito traria
plenitude ao cristão, isto é, uma vida abundante e plena (Jo 4:14; 6:35; 7:37b-39a).
O Novo Testamento nos oferece vários exemplos de cristãos cheios do Espírito Santo:
Pedro (Atos 4:8), os diáconos (Atos 6:3), Estêvão (Atos 7:55), Barnabé (Atos 11:24) e Paulo
(Atos 13:9).
7. Cuidando da Vida Interior7
A verdadeira força é aquela que brota de uma vida interior consistente – Ef 3:14-19. Esta
vida interior começa de joelhos (v. 14), fortalecendo o nosso homem interior com
poder pelo Espírito Santo (v. 16) e, assim, Cristo habita em nosso coração pela fé (v. 17).
7
KANG, p. 42-44.
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Esta presença de Cristo nos deixa alicerçados no amor (v. 17), nos capacitando a conhecer o
amor de Cristo em toda sua largura, comprimento, altura e profundidade (v. 18-19). Assim,
seremos tomados de toda a plenitude de Deus (v. 19).
O crescimento espiritual não é uma questão de mudança exterior (isto virá depois); ele
é decorrência de uma transformação que acontece na vida interior. O Espírito Santo
habita o cristão para que o homem interior possa ser transformado. “O Senhor, contudo,
disse a Samuel: ‘Não considere sua aparência nem a sua altura, pois eu o rejeitei. O
Senhor não vê como o homem: o homem vê a aparência, mas o Senhor vê o coração” (1
Sm 16:7 - NVI). “Meus filhos, novamente estou sofrendo dores de parto por sua causa, até
que Cristo seja formado em vocês” (Gl 4:19 - NVI).
Crescimento e disciplina espirituais significam cultivar o coração: “Acima de tudo, guarde o
seu coração, pois dele depende toda a sua vida” (Pv 4:23 – NVI). Sem isso, não
podemos nos apresentar a Deus com um coração puro.
“Por que é tão importante guardá-lo (o coração)? Porque as palavras que falamos vêm do
coração, que, por sinal, também dita nossas ações. De fato, tanto palavras quanto atitudes são
governadas pelo coração (Lc 6:45). Medite e ore, plante a Palavra, e colherá bons e belos
frutos. Que frutos? O fruto do Espírito! Gl 5:22-23. O que acontece se ervas daninhas crescerem
8
no jardim do nosso coração? Como nos livrarmos delas? Arrependimento é a resposta” .
Um exame regular e cuidadoso do coração é essencial para mantermos longe essas
ervas daninhas. O coração humano pode ser comparado a um campo cultivável, como o fez
Jesus em uma de suas parábolas. O campo mais frutífero será aquele que é trabalhado:
arado, adubado e limpo de ervas daninhas. O coração que frutifica com frutos espirituais é
aquele que é mantido quebrantado, enriquecido pela Palavra e mantido limpo de pecado
(santificação). O que é que tenho permitido aos meus olhos de observarem? O que é
que tenho permitido que meus ouvidos ouçam? Em quê minha mente tem pensando
ultimamente? Quais são as minhas motivações? Que atitudes tenho me permitido? Minhas
palavras têm sido saudáveis e encorajadoras?
8. É no Deserto que Deus nos Transforma em Servos
“Onde Deus prepara um servo para o trabalho? No deserto”9. Moisés foi um exemplo
desta preparação desértica. Ele passou 40 anos no palácio do Faraó do Egito onde recebeu o
melhor treinamento do mundo disponível na época. Foi educado na sabedoria e treinado
na arte da guerra (At 7:22). Mas apesar disto, não estava preparado para liderar o povo
de Deus. Foi necessário passar mais 40 anos como fugitivo no deserto de Midiã, onde
8
9
KANG, p. 110-111.
KANG, p. 75.
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Deus trabalhou em seu caráter.
“Um homem ou uma mulher de Deus não se faz em palácios, em confortáveis salas de
aula ou em dormitórios silenciosos. [...] Não se engane: o deserto é um lugar solitário e
perigoso, uma terra seca, fervilhante de cobras e escorpiões (Dt 8:15). [...] Por que Deus
conduz seu povo ao deserto? Porque Ele quer treiná-lo, formando ministros que
possam estar bem equipados e preparados para qualquer emergência”10.
“No deserto, os que confiavam apenas em si mesmos e nos outros aprendem a depositar sua
fé em Deus. A Palavra de Deus e o Espírito são os mestres... O currículo está voltado ao
sofrimento”11. Deus nos molda e nos forja através do sofrimento. No Antigo
Testamento vemos o sofrimento pelo qual passaram grandes homens e mulheres de Deus
(além de Moisés, temos José, Jó, Noemi, Jeremias, Daniel e muitos outros profetas). No
Novo Testamento, além de Jesus, temos João Batista, Pedro, os outros discípulos, Paulo,
os cristãos de Jerusalém, e muitos outros. O ensino bíblico é que o sofrimento é algo que se
deve esperar na vida cristã.
“Se o mundo os odeia, tenham em mente que antes me odiou. Se vocês pertencessem
ao mundo, ele os amaria como se fossem dele. Todavia, vocês não são do mundo, mas
eu os escolhi, tirando-os do mundo; por isso o mundo os odeia. Lembrem-se das palavras
que eu lhes disse: Nenhum escravo é maior do que o seu senhor. Se me perseguiram,
também perseguirão vocês. Se obedeceram à minha palavra, também obedecerão à de
vocês” (Jo 15:18-20).
“Pois, que vantagem há em suportar açoites recebidos por terem cometido o mal? Mas se
vocês suportam o sofrimento por terem feito o bem, isso é louvável diante de Deus. Para
isso vocês foram chamados, pois também Cristo sofreu no lugar de vocês, deixando-lhes
exemplo, para que sigam os seus passos” (1 Pe 2:20-21).
“Mas alegrem-se à medida que participam dos sofrimentos de Cristo, para que também,
quando a sua glória for revelada, vocês exultem com grande alegria” (1 Pe 4:13).
“Estejam alertas e vigiem. O Diabo, o inimigo de vocês, anda ao redor como leão, rugindo
e procurando a quem possa devorar. Resistam-lhe, permanecendo firmes na fé, sabendo
que os irmãos que vocês têm em todo o mundo estão passando pelos mesmos sofrimentos”
(1 Pe 5:8- 9).
“Portanto, não se envergonhe de testemunhar do Senhor, nem de mim, que sou prisioneiro
dele, mas suporte comigo os meus sofrimentos pelo evangelho, segundo o poder de Deus” (2
10
11
KANG, p. 76.
KANG, p. 76.
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20
Tm 1:8).
“Suporte comigo os meus sofrimentos, como bom soldado de Cristo Jesus” (2 Tm 2:3).
“De fato, todos os que desejam viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos” (2
Tm 3:12).
“pois a vocês foi dado o privilégio de não apenas crer em Cristo, mas também de sofrer por
ele”
(Fp 1:29).
“Considero que os nossos sofrimentos atuais não podem ser comparados com a glória que
em nós será revelada” (Rm 8:18).
O sofrimento não deve ser encarado como algo negativo que deve ser evitado a todo custo
ou como sinal de que se está vivendo em pecado ou desobediência. As experiências de
deserto devem ser encaradas como oportunidades para aprender lições espirituais.
“Quando o Espírito Santo chega ao deserto, sua presença transforma o ambiente num
lugar de bênção. [...] O deserto é um lugar onde Deus abençoa e treina seu povo (Dt 8:16).
A dureza da vida no deserto tem o propósito de nos levar a uma atitude de ações de graça e
gratidão”12.
“A escola do deserto, cujo proprietário e diretor é o Espírito Santo, nunca foi um lugar
muito confortável. Nela, todos nós enfrentamos sofrimento, confusão, quebrantamento,
fracasso e renúncia. Mas é lá que os servos de Deus são formados, sofrem transformações e
se descobrem como pessoas de oração, da Palavra e do Espírito Santo”13. Charles
Colson, ex-assessor do presidente norte-americano Nixon, converteu-se em uma cela de
prisão enquanto cumpria pena pelos atos que cometera enquanto estava no poder. Em seu
livro, Loving God, ele diz: “As vitórias vêm por meio de derrotas; a cura, por meio de
quebrantamento; o encontro de si mesmo, por meio da perda de si mesmo”.
Mesmo quando a vida nos parece não ser justa, podemos confiar que Deus está conosco.
Jesus sabe a dor e o sofrimento pelo qual passamos, pois ele mesmo passou por isto: “fixando
os olhos em Jesus, o Autor e Consumador da nossa fé, o qual, por causa da alegria que lhe
estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da vergonha que sofreu, e está assentado
à direita do trono de Deus. Assim, considerai aquele que suportou tal oposição dos pecadores
contra si mesmo, para que não vos canseis e fiqueis desanimados” (Hb 12:2-3 – Sec. 21).
12
13
KANG, p. 99.
KANG, p. 100.
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9. Satisfação no Espírito14
Qual é a característica que distingue os servos de Deus maduros? Eles se contentam com o
que têm. Davi disse: “o meu cálice transborda” (Sl 23.5). Ele serviu ao Senhor como
pastor e experimentou esse generoso transbordamento. Sua satisfação não vinha do fato de
ser rei, ter grande riqueza ou vencer uma batalha; vinha do próprio Deus”.
“Paulo também estava satisfeito com o que tinha:
“Não digo isso por causa de alguma necessidade, pois já aprendi a estar satisfeito em
todas as circunstâncias em que me encontre. Sei passar necessidade e sei também
ter muito; tenho experiência diante de qualquer circunstância e em todas as coisas,
tanto na fartura como na fome; tendo muito ou enfrentando escassez” (Fp 4.11-12).
Somente depois de conhecer Jesus é que Paulo aprendeu o segredo do contentamento”.
Os que nasceram no pecado original nunca estão contentes com sua situação. A cobiça
humana não tem limites. O que Adão e Eva desejavam ardentemente no Jardim do Éden?
Desejavam a única coisa que Deus lhes havia proibido comer: o fruto da árvore do
conhecimento do bem e do mal.
Nós também queremos ser como deuses. A cobiça humana é ilimitada; não importa
quanto tenhamos, nunca ficamos satisfeitos. Provérbios, escrito há tantos séculos, registra
nosso desejo insaciável: “A Sepultura e a Destruição nunca se fartam, e os olhos do homem
nunca se satisfazem” (Pv 27.20). Ainda em Provérbios:
A sanguessuga tem duas filhas: Dá! Dá! Há três coisas que nunca se fartam;
sim, quatro que nunca dizem: Basta!: a sepultura, o ventre estéril, a terra que
nunca se farta de água, e o fogo que nunca diz: Basta! (Pv 30.15-16).
Se andarmos insatisfeitos com os que nos rodeiam, isso significa que a nossa vida não
está cheia até a borda. A verdadeira satisfação só é possível quando enchemos nossa vida,
não de coisas terrenas, mas do precioso Senhor. Quando o Senhor, que é maior que o
mundo, entra no nosso coração, o contentamento toma conta de nós. “Porque foi da
vontade de Deus que nele habitasse toda a plenitude” (Cl 1.19).
Jesus é aquele que enche o mundo inteiro (Ef 1.23). Por essa razão, os que foram tomados
pelo amor de Jesus permanecem contentes com o que têm.
14
KANG, p. 157-159.
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A Bíblia menciona duas coisas que não têm fim: o apetite dos seres humanos e o amor de
Deus. Existem meios de lidar com essa nossa cobiça insaciável. O primeiro deles é
experimentar o ilimitado amor de Deus. Só então, os seres humanos aprenderão sobre
contentamento.
Muitos cristãos, entretanto, não estão felizes com sua vida porque procuram satisfação fora
de Jesus. Estão extasiados com as coisas do mundo. John Oppenheim, citado por Zig
Ziglar em Passos para Chegar ao Topo [em tradução livre], disse certa vez: “O homem
tolo procura a felicidade longe de si; o homem sábio a cultiva sob os pés”.
Os crentes não precisam procurar a felicidade; eles a encontram em Jesus, que faz sua
morada junto de nós. Mantenhamos os olhos fixos nele, a fonte de toda a satisfação.
Vamos evitar situações difíceis, relacionamentos humanos complicados e ansiedades
mundanas – coisas que tentam acabar com a nossa satisfação. Vamos viver contentes com
Jesus.
A nossa satisfação (realização) não deve vir das bênçãos de Deus, mas do próprio Deus.
As bênçãos de Deus podem ser passageiras e se nos apoiamos nelas perderemos a nossa
satisfação.
10. O caminho da transformação
“Atingir a maturidade espiritual não é fácil. [...] Esse preparo requer sacrifício: é preciso
desprezar o pecado, ter paixão pela santidade e equilibrar seu trabalho com uma vida
madura. [...] A espiritualidade madura não substitui o ministério”15.
“Então, qual é a receita para manter uma espiritualidade excepcional?”16.
Primeiro, precisamos aprender a andar no caminho reto. “Somente seja forte e
muito corajoso! Tenha o cuidado de obedecer a toda a lei que o meu servo Moisés lhe
ordenou; não se desvie dela, nem para a direita nem para a esquerda, para que
você seja bem- sucedido por onde quer que andar” (Js 1:7). Ouça, meu filho, e seja
sábio; guie o seu coração pelo bom caminho” (Pv 23:19). Este caminho nem sempre
é largo, espaçoso e fácil, mas geralmente estreito e difícil. “Então eu lhes direi
claramente: Nunca os conheci. Afastem-se de mim vocês, que praticam o mal!
Portanto, quem ouve estas minhas palavras e as pratica é como um homem
prudente que construiu a sua casa sobre a rocha” (Mt 7:23-24).
15
16
KANG, p. 167.
KANG, p. 168-170.
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Segundo, precisamos permanecer em Jesus, sempre. “Eu sou a videira; vocês são
os ramos. Se alguém permanecer em mim; e eu nele; este dará muito fruto; pois sem
mim vocês não podem fazer coisa alguma” (Jo 15:5). “Tendo os olhos fitos em Jesus,
autor e consumador da nossa fé. Ele, pela alegria que lhe fora proposta, suportou a
cruz, desprezando a vergonha, e assentou-se à direita de Deus” (Hb 12:2).
Terceiro, precisamos viver uma vida cheia do Espírito. “Não se embriaguem com
vinho, que leva à libertinagem, mas deixem-se encher pelo Espírito” (Ef 5:18). A vida
cheia do Espírito também é uma vida cheia da Palavra. A Palavra de Jesus é
Espírito e vida. “O Espírito dá vida; a carne não produz nada que se aproveite. As
palavras que eu lhe disse são espírito e vida” (Jo 6:63).
Quarto, precisamos exercitar a autonegação diariamente para seguirmos a Jesus.
“Jesus dizia a todos: ‘Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo,
tome diariamente a sua cruz e siga-me’” (Lc 9:23).
Todos os dias enfrento a morte, irmãos; isso digo pelo orgulho que tenho de vocês
em Cristo Jesus, nosso Senhor” (1 Co 15:31).
Quinto, precisamos estar sempre alertas e vigilantes a fim de combater Satanás.
“Estejam alertas e vigiem. O diabo, o inimigo de você, anda ao redor como leão,
rugindo e procurando a quem possa devorar” (1 Pe 5:8). Veja também Ef 6:10-17.
Sexto, precisamos servir aos outros (Mt 22:37-40). Um dos sinais de ser discípulo
de Cristo é demonstrar amor. “Um novo mandamento lhes dou: Amem-se uns aos
outros. Como eu os amei, vocês devem amar-se uns aos outros. Com isso todos
saberão que vocês são meus discípulos, se vocês se amarem uns aos outros” (Jo 13:3435).
Sétimo, precisamos ter um equilíbrio entre espiritualidade e Palavra. É necessário
esvaziar a natureza pecaminosa para ser cheio da poderosa Palavra de Deus, que
também precisa ser propagada à medida que nos alimentamos dela. O equilíbrio é
o elemento mais importante para se manter uma espiritualidade madura.
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