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D O M U IT O A L T O , P O D E R O S O , E F ID E L ISSIM O
REY
DE P O R T U G A L
D. JO A Ö V.
CELEBRADAS PELA V E N E R A V E L
ORDEM TERCEIRA
DA P E N I T E N C I A ,
N a Igreja do Real Convento de Saó Francifco da Cidade
de Lìbboa em 2. de Setembro do anno de
D IS S E , E O FFERECE
A ELREY
NOSSO
SENHOR
D. JOSEPH 1.
O P. Fr. A N T O N I O D A G R A g A ,
Ommijfurio f^tßiador d i mefma Ventravel Ordern Terceir4t
D a d a á lu z pe la M e f a d a m e f m a Ord ern .
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NaOflic. dosHird. df A N T O N I O P E D R Q Z Q GAL!<AM.
A nno de m dcc l ,
L m loäas as lictn^as mceffarias.
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SENHOR.
A S offeregO a
Vojfa Mageßade neße-pa­
pel huma KeiagaÖ de todas
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,
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,
as Virtudes cjiie refplandecerao em E/Rey NoJ'o Se­
nsor (/ue Santa gloria haj a f orque f e nao póde redu­
cir a termo o infinito. Aprefento fó as diias em que
mais f e efnerou^ que forao^
as da Piedade, e Religiao :
efta^ que attende á honra^ e
gloria de Deosj aquella^ que
refpeita aobem^ e'cmjervaçao dosV afallos. N e f
tas duas Virtudes f e firmao
osReynos, e eflaheleeém as
Monarquías'^ e como em V .
Magejiade as efiamos já
admi-
,
,
admirando praticadas em
grao tad heroico as mefmas nos eftao tambem cer­
tificando o quanto ha de
Jer perduravel o governo e
Imperio de VoJ[a Mageftade e agradavel a D éos
e aos homenf. Guarde Déos
a Real P efo a de V . Ma-^
gejlade para tao gl ori ojos
fins.
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,
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Pr, ^A’ntonio da^ra^a,
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LICENÇAS
DO SANTO OFFICIO.
Âppvovaçad do Multo Reverendo Piidre Aìeftre Frey Jofeph Malachias , Reìigiofo da
Efclarecida Ordern dos Prégadoresy e Q m ìtficador do Santo Officio, & c .
E M .^ ^
P
E
S E N H O R .
O r ordern de Voila Eminencia vi a
Oraçaô Funebre , que nas Exequias
do Multo Aleo , P o d e ro fo , e Fideliilimo R e y de Portugal D . Joao V . recitou
o Multo Reverendo Padre Frey Antonio da
Graça 3 da Sagiada Ordern de Sao FrancifCO5 Digniffimo Commiflario , e Vifitador
da fca Vencravel Ordern Terceira ; e nao
achey nella couia , que encontre a noíTa Fé,
e bons coftumes 5 ames muito que lou var,
c admirar ; pelo que me parece digna de i'e
dar ao prélo. VoiTa Eminencia mandará , o
que for fervido. Sao Domingos de L i ^ o a ,
aos 1 4 de Setembro de 1750 .
Fr. Jofipb Malachias,
Vifta
V
lfta a informabas , póde imprimirfe a
Ora^aó Funebre, de que ie trata , e
depois voltarà conferida para (e dar lic
qiie corra , fem a qnal nao correrà. Lisboa,
1 4 de Setembro de 1750,
ir. R . de Alancaftre*
Abreu,
Irigofo»
DO
DO O R D I N A R I O .
Approvagao do M . R. P, M . Fr. ]ojephPerei~
ra de Santa A n n a, Reìigiofo da Ordtm de
Nofja Senhora do Cartno, Jubihdo na Sagrada Theoìogia , e na mefma Faculdodè
Doutor pela Unixerfidade de Ccimbr¿f t
Qualificodor do Santo Officio 5 Ex~Provin*
d a l , € Chronifla Gerat da fua Ordern nef-tes Utynos, e feus Dominios.
EX. “° S E N H O R .
Í0
I , corno VofTa Excellencia foi
fervido mandarme j a Ora^ao Fu­
nebre , que nas Exequias do noiA ko ,P o d e r o f o , e Fideliifimo R e y Dom
Joao V . 3 recitou o Multo R everend o Pa­
dre Fr. Antonio da Gra^a, Commiflario Vifiiador da Veneravel Ordern Terceira do Pa^
uiarca Saò Francifco , em cuja Igreja do feu
Reai Convento da C idade deo a meima
Venejavel Ordern huma publica demonítra^ao do feu p ezar, e do (eu agradecimento. Lenibrada dos repetidos beneficios, que
Ihe tez eñe piiffimo, e fempre memoravel
Monarca, à vifta do fumptuoío M auíoléo,
il
que
V
que mandou erigir de cxq lilita , e prîmorofa arquîtcéÎüjra , percendeo exprimir nas
v o tes a vehemencia da fuá inconíolavel faudade. Para eíTe firn nao podia achar mais
proporcionado Orador , que o feu mefnio
dignííDmo Commiílario ; que pois , pelo
feu merecimcnto > vive nos coraçoens de
todos os T e r c e ir o s , filhos da fuá doutrina,
que compoem o myftico C orpo de ta6 illuftre Congregaçao >melhor do que nenhum
outro podia publicar o vivo feotimenco, que
l e v e na alma. C om cfFcito íatisfez o Ora­
dor ao empenho daquclla Veneravel Ordem j
porque com a boa formalidade , vafta erud îçaô , e outras nobres circunñancías j com
que em íemelhantes acçoens authoriza o feu
talento, difcorreo fobre a Piedade., e R e ligiao do noífo AuguftiíTimo R e y taÔ alta­
mente , que a todos enterneceo , e admirou. E para que os feus ays chegucm a ouvir-fe ñas partes mais remotas do m ando,
pertendem o Miniftro j e mais Mefarios
da mefma O r d e m , que a Oraçaô íe impri­
ma. Parece-me que de jaftiça fe Ihes de­
ve conceder eftalicença ; porque a Oraçaô
he digniífima do mayor ap re ço , e nada temj
que offenda a noíla Santa F é , e bons coftumcs*
turnes. VoíTa Excellencia mandará o que
for fervido. R e a l Convento do Carm o de
L iib o a , i 6 de Setembro dé i
^*
75
Doutor Fr. Jofeph Percira de Santa Anna*
Ifta a iaforma^ao, póde-fe imprimir o
Serma6 , de que íe trata , e dcpois
torne para íe dar licenja para correr, Lis­
boa 5 i 6 de Setembro de 1750.
V
D . J . A* de L.
DO
D o
P A g o.
SEN
H
OR.
Approvä^ad dñ /W. Reverendo Padre Pedro
Correa ) da Congregagaö äo Oratorio ^Confultor da Bulla da Santa Cruz^ada »
O r mandado de VofTa M ageßade vi
a Ora^ao Funebre » que recitou , nao
íem admira^aÖ dos ouvintes, o Mul­
to Keverendo Padre Frey Antonio d aG
§ a , C om m ilfario, e Vifitador da Veneravei Ordern Terceira 5 nas Exequias, que a
mefma Veneravel Ordern em demonftrajao
do feu agradecimento fez ao Muico A lt o , e
Fideliffimo R e y o Senhor D o m Joao V . de
fempre faudofa memoria. E íendo efta fu­
neral ac^aö huma lembran§a do muito, que
deviaö OS Irmaos Terceiros ao (eu Monar­
ca ) querem agora com muita raza6 deixala permanente por meyo da eftampa aos
vindouros, que lerem eile tao bem ajuftado ^ dilcreto, piedofo , e erudito Sermao.
Todas eftas circunftancias nelle fe a c h a o ,
alem das Efcricuras mais genuinas , das pondeia^oens mai:» bem advertidas i e das ra<
zoens
P
7Ses para o fentîmento maïs forçofàs. N a ç
falla 0 Prégador no magnifico appiarato, ifa
grandeza , e na pompa y com que aquella
funebre acçaô fe fez patente aos olhos de
todos } mas he V-porque nmguem *.haverà'i
que a na6 fupponha em tudo g r a n d e , huí
ma vez que era em obfequio de hum tao
grande Monarca , e ordenada por hum Miniftro, e h u m a M e i a j que nas rccafiÔes de
agradecida , e pertenCentes ao D ivin o C u l­
to , nao fabc coartar a fua grandeza , nem
perdoar as mayores defpezas. N a o ha neíte Sermao couía, que fe opponba aos Reaes
Decretos , nem ao bem da República ; razao, porque o julgo merecedor da licença,
que fe pede para fer imprello. H e o mea
parecer ^ Voíla Mageftade ordenará o que
for fervido, Lisboa » CongregaçaÔ do Ora­
torio, i 8 de Setembro de 1750 ,
Pedro Corream
Que
Q
U e poíFa Imprimlrfe, viftas as lic è n z a »
do Santo Officio, e Ordinario, c de­
pois de impreiTo tornará à Mefa para
iè conferir, tax ar, e dar licenza, para que
poiTa correr, fem a qual nao correrá. Lis­
boa , 1 9 de Sctembro de 17 5 0 .
Marquezj PCaftro.
Ataiàt,
Alrnsida»
Doutor Quintella.
O
R
A
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Cecidít ccrona capitts m jlr i : V x m bis,
T h ren . capi5 ÿ . i 6 .
C A B O U fi n a lm e n t e a q u e l l e M o ­
narca , q u e p e la s lúas g l o r i o f a s a c ­
ç o e n s fe f e z d i g n o da i m m o r t a l i dade. ( M u ito A i t o , e Poderofo
R e y , e S e n h o r noíTo ; q u e fu p p o ft o d e f s n i m a d o neíTe S e p u l c h r o , ain da íen ho r e a n d o os c o r a ç o e n s d o s Vaí Tallo s; í u p p o f t o t y ra n n a m e n te ro u b a d o aos noflos o l h o s , afFe£luof a m e n t e v i v o nos noíTos c o r a ç o e n s \ f u p p o f t o
d e f u n t o neíTe m o n u m e n t o , j u n t a m e n t e renafc i d o na nofla l e m b ra n ç a ; ne lla p e r f e v e r a r á o Tem­
p re v i v a s para a m a g o a , e para o r e f p e i t o , as
h e r o i c a s v i r t u d e s , e r e l e v a n t e s pre nd a s d e V .
M a g e í l a d e ; para qu e aílim c o n h e ç a ô os fec uI0S3 a d m ir e m os t e m p o s , e vej a o r n a n d o , qu e
a m e fm a M a g e í l a d e , qu e nelTe t u m u l o nos te m
t a o b a r b a ra m e n te e í c o n d i d a a cruel Parca , he
nelTe m e í m o t u m u l o p e la noíla m a g o a e t e r n a ­
m e n t e fe nti da , e p e l o n o í i o r e f p e i t o e t e r n a ­
m e n te v e n e r a d a . )
A
A c a b o u fina lm en te a q u e l l e M o n a r c a , q u e
p el a s fuas g l o r i c f a s a c ç ô e s íe f e z d i g n o da imm o rt a li d a d e . R e n d e o - f e ao p o d e r o f o b r a ç o da
m o r t e p a g a n d o - l h e , d c p o i s de h um t a o pornado c o m b a te , o inevitavel tributo de nafci'
a
do,
d o , a q u e l l e i n c o m p a r a v e i H e r ó e , a q u e m refp c i t a n d o , e t e m e n d o a m e fm a m o r t e , ta nta s
v e z e s a v i m o s re ti ra d a d o c a m p o d e fc o n fi a d a
i.^AdCor.15, d a v i a t o r i a : Akforpta eß mors in v i 6íoria. M a s fe
b e m e n x u g î n d o e n t a o as la g r im a s , qu e nos mot i v a v a o os fuftos e m t a ô f o r t e s , e r e p e t i d o s affa lt o s , Ihe p o d í a m o s vant^loriofos p e r g u n t a r ;
übiiupuv.yj,
e O a v a ô os feus tr i u n fo s : Ubi efl mors vi~
Û oria t u a i A g o r a , qu e l a f t i m o f a m e n t e a vernos
v e n c e d o r a , e triunfante , e cabida já por ter­
ra a q u e l l a G o r o a , c o m o d e f p o j o d a fuá cru eld a d e : C éú á it corona capuis no/in ; qu e outra c o u ­
fa nos r é í t a , mais qu e a b ri r as p o r ta s ás l a g r i ­
mas 5 e d e f a f o g a n d o nas fuas c o r r e n t e s a d o r ,
c o m q u e fe a c h a o t a o o p p r i m i d o s o s c o r a ç ô e s ,
r o m p e r n a q u e l l e m e f m o a y , e m q u e na m o r ­
te de o u t r o R e y rom peo o m agoado Jeremias :
V a nohís ; ay d e nos , q u e p e r d e m o s , o qu e nun­
c a f a b e r e m o s , nem p e d e r e m o s b e m fe nt ir ! Q u e
p e r d e m o s ao f e m p r e G r a n d e , f e m p r e M e m o r a v e l 5 e f e m p r e D e f e j a d o D . J o a o V . no i ïo S e ­
n h o r , c u j o A u g u f t o n o m e g r a v a d o no t e m p l o
da M e m o r i a , ferá o o b je d to d e hu m a c o n t i n u a
a d m i r a ç a ô , e o m o t i v o d e h u m a p e r p e t u a laudade.
V e j o p o r é m , q u e fe n d o h um f ó o a y , e
h u m fó o qu e o p r o f é r é :
; os m a g o a d o s , e
fe n t i d o s e r a o m u i t o s : Nobis» E q u e m f e r ia ó eftes m u i t o s , a q u e m , na c o n f i d e r a ç a o de J e r e ­
m i a s , a i c a n ^ a v a ô , e f e r i a ö os m o t i v o s d a q u el ie
l e ay :
nohis ? D i g o , qu e os m u i t o s e r a o
to d o s ; p o r q u e a t o d o s d e v i a c h e g a r , e f erir
a to do s a p e r d a de h um tal R e y , c o m o Josias í
a to d o s d i g o , d e v i a f e r i r , e m a g o a r o v e r c a ­
bida p o r terra h u m a C o r o a , e f e p u l t a d o n e l ­
la hum R e y 5 d o n d e Ihes p r o c e d e r a Ó ta nta s fe­
l i c id a d e s , e tant as d i t a s , quantas e x p e r i m e n ta ra ó em t o d o o t e m p o d o feu f e l i z r e y n a d o :
Cecidit corona capitis no¡tr ‘t : V a nohis. E m Jos ias ,
e e m F l H e y n o l Í o S e n h o r f o r a o as ac^oens tajit o as m e lm a s , q u e os e m p e n h o s de h um f o r a ó
o s d o o u t r o . E r a J o s ia s hum P r i n c i p e d o t a d o
d e taes q u a l i d a d e s , q u e t o d a s as v i r t u d e s fe
e m p e n h a r a ó e m o c o n ft it u ir p e r f e i t o ; p o r é m
as em qu e mais fe e f m e r o u o feu v i r t u o í o anif o r a o , c o m o o d í z o E c c l e í i a f t i c o , as da
R e l i g i a o , e P i e d a d e : T u lit abomina.tioms m p ie- Eccití.4>. j 4»
ta tis, éf' w dítbus peccatorum corroboTAvit pietatem\
c h c g a n d o neftas duas a h um g r a o ta o e m i n e n ­
te , qu e nem antes , nem d e p o is o c c u p o u o
T h r o n o d e j u d á R e y f e m e l h a n t e a e l l e : Similis 4 Rcg.i3.¥.
tlUnon fu it ante eum R ex ^ ñeque peft eum fu rrextt
J m iiis Hit.
C o m o e f m a l t e t a m b e m d e t o d a s as v i r t u ­
des f o y a d o r n a d o E l R e y n o í l o S e n h o r ; e qu e
nas mefmas d u a s , nas da P i e d a d e d i g o , e cul^ D i v i n o nao t i v e í i e a té a g o r a o T h r o n o d e
A o r t u g a i a i g u n i , qu e l o g r a l f e c o m e l l e í e m e Jnanija ; Átrntlis illt non fu it ante eum R ex , iíTo
com a experiencia o d eixo u bem moftrado o
a li
tem po;
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t e m p o ; e fe o v i r a a t e r d e p o i s , o m o f t r a r i
t a m b e m o m e f m o t e m p o , c o m o j á v a y moft r a n d o e m feu A u g u f t o F i l h o , e g l o r i o f o Suc*^
ceiTor, em quem admirando já a fem elhança ^
c o m os f o c c o r r o s ' d a D i v i n a G r a ç a , c h e g a r e m o s t a m b e m a v e r o exceiTo ; l o g o fe a p e r d a
h e a m e fm a ; fe na m o r t e d i g o , e f a l t a d o noff o R e y p e r d e m o s o m e f m o , q u e a q u e l le s perd e r a ô na d o feu J o s î a s , q u e o u t r a c o u f a d e v e m o s f a z e r , fe n a ô tir ar , e paiTar d a b o c a d e
J ere mi as para as noiTas a q u e l l e m e f m o a y , c o m
q u e e l l e na C o r t e d e J e r u f a l e m l a m e n t o u a qu el ­
l a p e r d a , e d e v e m o s nos na d e L i s b o a fe n ti r a
noiTa ? A f l î m o f a z e m o s j á , e o f a r e y eu prim e ito 5 c o m o Jeremias , em nome de t o d o s :
V æ nobis , a y d e nos / D i z e m o s t o d o s m a g o a d o s ,
e f e n t i d o s , e o d i r e m o s f e m p r e \ p o r q u e fem p r e par a o f e n t i m e n t o , e p a r a a m a g o a f e con f e r v a r a v i v a nos noiTos c o r a ç o e n s a d ô r d e h u ­
m a t a l pe rd a. A y d e n ó s , q u e na falt a d e noff o R e y perdemos tudo! Perdemos o Exem p lar
d e t o d a s as v i r t u d e s : M o r a e s , P o l í t i c a s , e
C h r if t a a s . P e r d e m o s o S e g u r o d o noíTo d e fc a nf o , a C o n f o l a ç a ô d e t o d o s o s a ff l i i í t o s , e o R e ­
m e d i o d e t o d o s os ne ceí fi tad os.
Perdemos o
m a y o r D e f e n f o r da I g r e j a , e das fuas im muni d ad e s^ e o mais O b e d i e n t e ás fuas d e t e r m í '
n a ço ens . P e r d e m o s o E f j u d o mai s f ò r t e d a F é ,
e a C o l u m n a mai s fírme da R e l i g i a o . E m firn
p e r d e m o s o R e y mai s b e n i g n o , e p i e d o f o , e
o mais
ó mais e m p e n h a d o , e z e l o f o d o c u l t o D i v i n o ;
e á vifta d e tal p e r d a , mai s q u e r a z a ô te m o s ,
para p e r p e t u a r o s f e n t i m e n t o s , e e t e r n i z a r os
ays :
nobis.
A efta tao g r a n d e , c o n i o g e r a l p e r d a , a c o m pa nh ar a o Ì e m pr e as noiTas l a g r i m a s c o m o t eftemu nhas da.noíTa d ô r , e t r i b u t o da noíTa faudade. M a s p o r q u e no b r e v e e f p a ç o d e h u m a h o ­
ra n a o p o d e ca be r a l a r g a n a r r a ç a ô , e p o n d e r a ç a ô de tant as v i r t u d e s , ‘ q u a n t a s , fe n d o em.
o u t r o t e m p o a o r i g e m das noíÍas d i t a s , e con t e n t a m e n t o s , fa ó a g o r a o m o t i v o d o s noíFos
ays : FéC nohts ; as d u a s , em qu e mai s f e e f m e r o u , e e m q u e , c o m o j o s í a s , naÓ t e v e a t é a g o ­
ra f e m e lh a n t e ; S m ilts tlli non f u i t ante eur» Rex^
q u e f o r a o fe m d u v i d a , as d a fuá g r a n d e P i e d a d e , e z e lo do culto D iv in o , faraó to d o o
a r g u m e n t o da O r a ç a ô F u n e b r e , q u e efta V e n e r a v e l O r d e m T e r c e i r a , ju n t a m e n t e c o m ef­
f e t a ô trifte , c o m o m e l a n c ó l i c o a p p a r a t o , c o n f a g r a hoje em final d o feu a m o r á fenti dif lí ina m e m o r ia de h um tal F ü h o , q u e c o m a fuá
au fencia para i e m p r e a d e i x o u , mai s q u e a
t o d o s , m a g o a d a j e p o r mai s fe r id a da d o r
ro m p e n d o , mais qu e t o d o s f e n t i d a , n a q u e l l e
a y : Cecidít corona capitis m firi ;
nobis, C o m e c em os .
PRI-
P R I M E I R O
Q
P O N T O .
U e u n i v e r fa l he a l e y , e e f t a t u t o da m o r ­
te
Q u e im placavel a i r a , e f u r o r , com
q u e efta m a y o r i n i m i g a d e t o d o s o s viventes a todos bufca , a todos a com ette , e
d e t o d o s tri unf a • N e m as fo b e ra n i a s Jhe defp o n t a o as fe tt a s ; ne m as v a l e n t i a s Ihe d o b r a o
o a r c o ; nem as M a g e f t a d e s I h e q u e b r a ó a fouc e ; ne m f i n a lm e n te as E m i n e n c i a s Ihe c ó r t a ó
as a zas ; e afllm ar ma d a , e v o a n d o a r r e b a t a ­
d a m e n t e c o n t r a t o d o s , e m t o d o s la f t i m o f a m e n t e e m p r e g a o s t i r o s , e d e f c a r r e g a os g o l p e s .
E m fim , t u d o a m o r t e avaíí'alla , t u d o arruina,
e t u d o a c a b a ; p o r q u e fem e n c o n t r a r refiílenc ias , q u e Ihe diíH cu lte m os t r i u n fo s , d e s f a z
ü s T h r o n o s , d ef pe da^ a o s S ó l i o s , r a i g a as Pur ­
pu ra s , q u é b r a o s S c e p t r o s , e p o e m p o r terra
as C o r o a s : C éa d it corona. A h c r u e l P a r c a , e
c o m o he v i o l e n t o o te u d o m i n i o , e d i l a t a d o
o teu i m p e r i o ! B e m o t e m o s aífim f e n t i d o
á c u íl a d e ta o l a A i m o f a s e x p e r i e n c i a s ; p o i s
b a r b a r a m e n t e i n v e j o f a das noíTas f e l i c i d a d e s ,
d a s noílas d it a s , e d o s noíTos g o f i o s , fe nao
pafla día , h o ra , ne m inOiante, q u e os n a o ef*
te ja s m u d a n d o em p e z a r e s , t r o c a n d o e m lu­
t o s , e c o n v e r t e n d o em l a g r i m a s ; p o r é m f e n ­
d o , c o m o es , em t u d o tyr ann a , e c ru e l e m
t u d o , nunca o fo ít e t a n t o c o m o n e í l e g o l p e ,
p a ra
para 0 qual r e c o n h e c e n d o t e n a o ba fta va a tua
curva f o u c e , t e v a le f t e das a z a s ; Ecce fa ix v«- Zach $.1. Ex
iansj r e c o n h e c e n d o d i g o , q u e c o m a f o u c e nao
pedias c h e g a r , fe na ó ao q u e Ihe fíca va d e b a i x o
d o f e r r o , mas nao ao q u e Ihe e f ta v a f u p e r i o r ,
te va le ft e das a z a s , c o m q u e v o a n d o ao mai s
a lt o d o T h r o n o , là foftes a t r e v i d a m e n t e fe rir
aqu el la R e a l v i d a , q u e r e v e r t i d a , e a rm a d a c o m
tantas v i r t u d e s , r e p u t a v a m o s l i v r e , e f e g u r a
da tua c r u e l d a d e . H u m f ô f o y o g o l p e ; mas
ta o g é r a i o e f t r a g o , q u e c o r t a n d o h u m a f ô v i ­
da , fe ri fte tantas , quantas m a g o a d a s d a dôr,
r o m p e m fe ntidas n a q u e ll e a y :
nobts. O h
fe eu , á v i i l a d o q u e p e r d e m o s n a q u e l l a v i d a ,
p u d e r a , e fo u b e ra d i g n a m e n t e p r o p o r , e p o n ­
d era r os m o t i v o s , e r a z o e n s , q u e nos aífiftem
para a m a g o a , e para o p r a n t o , c o m o fe ri a ô
aqui íígora t u d o a y s , t u d o f u f p i r o s , e t u d o l a ­
g r i m a s / P o r ê m f u fp e n d e n d o -a s p o r hum p o u c o , d e m o s já l u g a r ao d i í c u r f o , nao para mit i g a r , e d im in u i r nos noíFos c o r a ç o e n s a d ô r ,
mas para Ihes a v i v a r , e a c r e f c e n t a r ñas po n u e ra ç o e n s o f e n ti m e n to ,
F o y E l R e y noíTo S e n h o r , cuja m e m o r i a
t
fe m p r e da nofla fa u d ad e , do*
ad o de to das a qu el la s p r e n d a s , e o r n a d o d e
o das aquellas v i r t u d e s , q u e i n t e i r a m e n t e c o n f ituem , e fa z e m h um P r i n c i p e p e r f e i t o ; po *
re m as em qu e mais fe e m p e n h o u , e e f m e r o u
o leu em t u d o R e a l a n i m o , f o r a o , c o m o j á
' *
diífe^
d il Te , as d a R e l i g i a o , e P i e d a d e , em qu e n o
T h r o n o de P o r t u g a l na 6 t e v e a té a g o r a f e m e ­
l h a n t e , b e m c o m o Josîas o n a ô t e v e t a m b e m
n o d e J u d à .* Similis iih m n f u i t ante eum R ix ,
T u iit abominatîones impietaiis , ô diebus pecca~
torum corroboravit pietàtem. O r a p r i n c i p i e m o s
p o r efta feg u nd a a e x p o r , o q u a n t o p e r d e m o s
na fua f a l t a , para aílim c o n h e c e r m o s m e l h o r as
r a z o e n s , que t e m o s pa ra o s fe n t i m e n t o s , e
para os ays ; F^e nobis.
Vcrdadeiramcnte S e n h o r e s , q u e h a v e n d o
eu a g o r a de d if c o r r e r p o r a q u e l l a g r a n d e p i e ­
d a d e , de q u e f o y d o t a d o E I R e y noíTo Sen horj
c de qu e e f t e v e í e m p r e a c o m p a n h a d o o feu R e a l
c o r a ç a ô ; h a v e n d o , d i g o , d e d i f c o r r e r p o r a q u e l­
la p a c i e n c i a , e f o f r i m e n t o , c o m que d a v a au­
dienc ia a t o d o s os íeus VaíTallos ; p o r a q u e l l a
a íF a b i li d a d e , e t e r n u r a , c o m q u e o s o u v i a , e
atten dia ; e p o r a q u e l l a b e n i g n i d a d e , e c o m p a i x a ó , c o m que os f a v o r e c í a , e c o n f o l a v a ,
a m e fm a r a z a o a d m ir a d a r o m p e nefte g l o r i o f o
e l o g i o . F o y E I R e y D* J o a o V . no ífo S e n h o r ,
hu m R e y , a q u e m a M a g e f t a d e da Purptira , e
f o b e r a n i a d o T h r o n o naÓ p u d e r a o ti rar da e s ­
fera de h o m e m ! P a r e c e , qu e d i z p o u c o ; mas
e x p o e m t u d o , q u a n t o fe p ó d e d i z e r , e i m a g i ­
e r de g r a n d e z a , a p p l a u f o , e l o u v o r d e h u m
M o n a r c a infigne. O fer b e n i g n o , a f f a v e l , tern o , e c o m p a f i i v o fa o ef feitos d e hum a n i m o
v e r a a a e i r a m e n t e p i e d o f o j e v i r t u d e s a nn ex as
ao
ao fer d e h u m a n o , ou p r o p r i e d a d e s , em q u e
os h o m e n s fe difFerençaÔ das o ut ra s c r e a t u r a s ;
c fe f e c o n f e r v a na e sfe ra d o fe u fe r, o q u e e m
todas as fo r t u n a s m o í l r a eftas p r o p r i e d a d e s ,
pe lo c o n t r a r i o , paiTa d o fer d e h u m a n o a o u t r o
f e r , o q u e as p e r d e c o m as m u d a n ç a s da f o r ­
tuna
D u a s foraÔ as q u e t e v e E I R e y noiTo S e n h o r .
N a f c e o P r i n c i p e , e pa il o u a f e r R e y .
Sendo
P r i n c i p e , era b e n i g n o , a f f a v c l , t e r n o , e c o m paifivo; e o m efm o fo y fendo R e y . M udou de
f o r t u n a , mas nunca m u d o u d e a n i m o , f e n a ô
p a r a e x e c u t a r a v o n t a d e , qu e t i n h a d e f a z e r
b e m . A f l i m o d i z i a PJinio c o m m a is ü f o n j a ,
c me nos v e r d a d e , d o E m p e r a d o r V e f p a f i a n o ;
quicquam in te m u tsv it fo rtu n a amplitudo ni- pììd-'nPineg;
f i ut prod^ÿe poÿes , u tvelles. S u b i o ao mais a l t o
d e g r â o da M a g e f t a d e ; mas nunca d e i x o u , an­
tes c o n f e r v o u f e m p r e o f e r d e h u m a n o
E ft e
he f em du id^a o c l a r i m ma is f o n ó r o da fuá f a ­
m a , o b r a z a o mais il lu ft re d o feu n o m e , e o
t i m b r e ma is g l o r i o f o d a fuá g r a n d e z a , p o r fer
^ m a f i n g u l a r i d a d e , q u e ad mi ra . C h e g a r a f e r
M o n a r c a , f em p e r d e r as p r o p r i e d a d e s d e hom e ni ! S u b i r S o b e r a n o , e ficar c o m p a f l i v o / E l e ­
var- fe P o d e r o f o , e c o n f e r v a r - fe af fa ve l ! E x a l ­
tar-fe A u g u f t o , e m o ft r a r - fe b e n i g n o ! M a i *
b r e v e m e n t e o d e c l a r o ; f e r R e y , e fer h o m e m ,
grande adom bro I
A r a z a ô , e m qu e e l l e fe f u n d a , h e t a ô nob
to ri a .
t o r i a , c o m o o f a o os efFeitos d a M a g e í l a d e ;
e f e os qu e re is p e r c e b e r c o m c l a r e z a , h i d e dif*
p o n d o as a tt e n ç o e n s c o m a q u e l la c e l e b r e para*
bo la , qu e J o a t h a o re fe ri ó aos S i c h i m i t a s . A j u n t a ra o - fe as ar vo re s para e l e g e r e m R e y , q u e as
g o v e r n a í l e , e p e d i n d o á O Ü v e i r a > q u e a c e i ta ffe o S c e p t r o , re f p o n d e o e l l a ; N um quid poffum
deftrere pinguedinem marn i P o r v e n t u r a perfua*
d is-vos , qu e poíTo eu d e i x a r a m i n h a f e r t i l i d a d e ? C o m efte d e f e n g a n o bufca raÓ l o g o a F i g u e ir a ^ a qual da m e f m a f o r t e i he s r e f p o n d e o :
q u e nao queria pe rd er a d o ç u r a , e f u a v i d a d e
d o s feus frudtos : N um quid poßum deftrere äulce^dinem mtam , fruBusque fuavijfim os ^ U l t i m a m e n ­
t e b u fc a r a o a V i d e , a qua l Ihes r e f p o n d e o t a m ­
b e m p e lo s pr opr io s t e r m o s : N u w q u id poffum de-*
ferere vinutn m eum f D e f o r t e , q u e to d as eftas
a r v o r e s fe e f c u z a r a o c o m o r e c e y o , e t e m o r de
p e r d e r e m o s fcus fru£tos , o u as fuas v i r t u d e s
naturaes. M a s fe as e l e i t o r a s , e e m p e n h a d a s
em da r-lhe s o S c e p t r o , Iho ofFereciao f e m o u ­
tra a l g u m a c o n d i ç a ô , mais q u e a de ferem R e y s ,
qu e m o t i v o t e r i s o para t c m e r e m , e r e c e a r e m
aqu el la p e r d a : N um quid poßum dfßrere ptf}gueài~
w w meam ? Dttlcedintm meam ? ^fnum meum ? A
r a z a Ö , a m e u v e r , eftá tao man ifeft a , q u e j á eftä d»da nas fuas me fm as r e p o d a s , e f o y , j u l g a r e m to d as e lla s , q u e o m e f m o feria paíTarem
d e arvor es a R e y s , que pe r d e r e m as fuas na­
turaes v i r t u d e s , e d e i x a r e m o fer , qu e ti n h a o ,
p o r o u t r o fer,
£fte
E í l e r e c e y o , e t e m o r das a r v o r e s m e t r o u x e a g o ra á l e m b r a n ç a a q u e l l e g r a n d e c u i d a d o ,
com q u e F ü i p p e R e y d e M a c e d o n i a p r e v e n i a
a feus f e r v o s , q u e t o d o s os dias Ihe a d v e r t i f f e m , q u e era h o m e m . O m e f m o fa z ia o F i l o f o f o S i m o n i d e s a Pa uf an ias R e y d o s L a c e d e m o n i o s ; e P l u t a r c o p o r e f c r i t o ao E m p e r a d o r
T rajano ; e de femelhantes d ilig e n c ia s , c o n ­
f r o n t a d a s c o m as re p o ft a s das a r v o r e s , infiro
eu , qu e a M a g e f t a d e R e a l de tal f ò r t e trans­
f ó r m a o s á n i m o s , q u e á m a y o r p a r t e , d o s qu e
c o m e ll a fe achaÓ r e v e f t i d o s , f a z nao f ó p a ­
r e c e r , mas e n t e n d e r , q u e fa o D i v i n d a d e s , O h
q u a n to s , e q u a n t o s t e ra o f e i t o , e e ít a r a ó faz e n d o efta fígura m o n ft r u o f a no t h e a t r o d o mu n­
d o ! M a s o l h a n d o a g o r a fó para o p a í í a d o , diz e y - m e ; q u e o u t r a c o u f a f o y o paíTar A l e x a n ­
d re M a g n o hum D e c r e t o , para q u e o contaf*
le m no n u m e r o dos D e o f e s , f e n a ó hum tc.tal
e f q u e c i m e n t o d o p r o p r i o fer , e e n t e n d e r qu e
era D i v i n o Ì Q u e o u tr a c o u ia fo y , f e n a o ifto Curtiib i.
m e f m o , o fa b ri c a r N a b u c o d o n o f o r huraa eftatua d e o u r o , e m a n d a r c o m pe na d e m o r t e ,
que t o d o s ne lla o a d or a lf e m ^ E qu e o u t r a f o y
t a m b e m , fenao o m t f n i o , o r e c o m e n d a r o o u ­
tro N a b u co a H olofern es , que exterminaíÍe
t o d o s os Í d o l o s , para q u e fó a e l l e r e c o n h e c e f Jem os h o m e n s p o r D é o s : y id tU c ft^ u t tpfi folus j«dhh.
dícertíur Detís ? L n t r e os Perfas , A í f i r i o s , e M é d o s nao d u v i d a r a o os V a f i a l l o s d e a d o r a r c o m o
b ii
a D i-
a D i v i n o s aos feus R e y s ; p o r q u e elle s p o r D e o fc s fe t i n h a o , e fe j u l g a v a ô . E n t r e os R o m a ­
nos ( de q u e m fe naÔ d e v i a e fp e r a r efta i g n o ­
rancia ; fe v i o , e notou o m e i m o na peÎToa d e
A u g u f t o C e f a r , com tanto efq u ecim en to , e
v a i d a d e pr o pr ia , qu e fe n d o c o n h e c i d a de V i r virjiii.Ec’og.T. g i l i o , c h e g o u efte a d i z e r para o a g ra d a r
mihi femper D eus , qu e o te ri a f e m p r e p o r feu
Deos.
O s R e y s da M é d i a c o m f e m e l h a n t e p r e f u m p çaÔ naô a p p a r e c i a ô ao feu p o v o , ien a ô pa ra
da r m o r t e , aos qu e os v i i l e m ; p o r q u e t o d o s ,
o s q u e os v i a ô , t i n h a o pena d e m or re . O s d a
P e r ii a , p e l o m e f m o eftklo , f a l l a v a ô p o r de*
t r a z d e h u m a c o rt in a ; e fe c h e g a v a ô a c o n c e ­
d e r a fua p r e fe n ç a a a l g u m a p e ll o a p r i n c i p a l ,
era c o m tanta , e ta ô e x t r e m ó l a f e v e r i d a d e , q u e
t o t a l m e n t e fe p e r t u r b a v a o m e f m o , qu e a pert e n d i a , c o m o f u c c e d e o á R a i n h a E f t h e r , qu e
ifthcM5-io. c o m a vift a d e AiFuero c a h i o d e f m a y a d a .
E
c o m taes p e n fa m e n to s . e p r e f u m p ç o e n s d e D i ­
v i n o s , c o m o t r a ia r i a q u a l q u e r d e f t e s R t y s a o s
feus V a i l a l l o s ? O u c o m o pod eriaÔ e f t t s a c h a r
ne lle s p r o p r i e d a d e s de hu m an o s , fe nd o t a 6 el evadiÌTitTìamcnte f o b e rb o s ? C o m o p o d c r i a ô a c h a t
b e n i g n i d a d e , t e r n u r a , e c o m p a i x a ô , em q u e m
t a n t o fe efqucGia d o p r o p r i o fer , d a p r o p r i a
n a t u r e z a , e d a p r o p r i a h u m a n id a d e ?
D i z e n d o S. P a u lo , qu e a p p a r e c e r a no m u n ­
d o a h u m a n i J a d e d e D e o s , a d v e r t e , qu e ju n -
tamen*
tame nte fe vir a a fua b e n i g n i d a d e : A p pa ruit
henignitas , & humanitas Salvaiorts nojiri D ei. V i ra 5 -o b e n i g n o , t a n t o qu e o v i r a ó h u m a n o ; B tfitgmtas , S ' humanitas. A n t e s q u e D é o s veftiíTc
a na tu re za de h o m e m , t in ha p e na d e m o r t e
a q u e l le , q u e v i d e a D e o s ; N on vtdebtt me ho^
p^o ^ é - v iv e t. A n t e s q u e f e h u m a n a í T e , f;iilava
p o r d e t r a z da c o r t i n a d o ò'anBa SanBorum A n ­
tes qu e fe h u m a n a f í e , d a v a as co ftas aos m e f m o s
a m i g o s , q u e p e r t e n d i a o a fua f a c e ; l^tdebts fo
Jìiìio ra mea : facùm dutcm meam videre non poteits . A n t e s q ue fe h u m a n a i i e , m o f t r a v a g r a n d e
f e v e r i d a d e , f a z e n d o t r e m e r , e ainda c a h i r p o r
t e r r a aos m e i m o s , q t e o a m a v a o , e v i a Ó , c o ­
m o de fi c o n t a D a n i e l ; N on remanfit in me fo rtttudo : ju c e b im confiernatus Juper factem «ìì4W :
S te ii tremem. M a s t a n t o q u e a p p a r e c e o hu m an o , j u n t a m e n f e fé o f t e n t o u b e n i g n o : Benigni»
tas y O- humúnitas. T a n t o q u e fe h u m a n o u , l o ­
g o d e t o d o s f o y v i f t o ; Vidimus gloriam ejus,
T a n t o que fe hu m an ou , l o g o fe c o m p a d e c e o :
Miferto) fuper turham. T a n t o q u e fe h u m a n o u ,
l o g o fe f a c i l i t o u , h u m i l h o u , e e n t e r n e c e o ,
t r a t a n d o aos m e f m o s V a í T a i l o s , na 6 c o m o ferv o s , mas c o m o a m i g o s : Fos amici m ù eñis :
Jam non dicam vos fetv o s ; e fe defta f ò r t e fe m o ftrou D e o s b e n i g n o ; p o r q u e fe f e z h u m a n o ;
que b e n i g n i d a d e , ternura , e c o m p a i x a Ó p o d e ­
r l o moftrar aos feus V a f l a l l o s a q u el le s R e y s ,
que efquecidos d o fer hum ano , fe prefum cm
D ivinos f
Xao
3.4;
Ewd. u.»o,
Exod. j j . ij .
joam. t. 14.'
Marc.s.i.
joan.iM4-if.
T a ô longe çftiveraô fempre daquella Mag e i l a d e , q u e c h o r a m o s d ef unt a , os f u m o s d e
ta e s p r e f u m p ç ô e s , e ta ô l o n g e d e fe c e g a r c o m
e l l e s , qu e antes t r a z e n d o c o n t i n u a m e n t e d ia n ­
t e dos o l h o s da co n fi d e ra ça o a le m b r a n ç a , de
qu e era h o m e m , e por c o n f e q u e n c i a , a de q u e
er a m o r t a l , e c a d u c o , c o m o t o d o s o s m a i s ,
c o m t o d o s fe h u m a n a v a , e t r a t a v a c o m to d o s;
m o f t r a n d o poriíTo m e f m o nas m a y o r e s a d or a ç oen s a m a y o r a í F a b i li d a d e , e e n tr e os m a y o ­
res a pp la uf o s a b e n i g n i d a d e m a y o r . N e f t a c o n i îd e ra ç a ô m e l e m b r a , q u e q u a n d o S a o J o a o no
feu A p o c a l y p f e q u i z re nd er a d o r a ç o e n s a h u m ,
qu e na M a g e f t a d e Ihe p a r e c í a D i v i n o , Ih e fu f»
pendeo eile efpirito a re fo lu ç a ô , d izen d o -lh e:
Afocii.i9. lo.
ne feceris : confervus tuus fum , & fra tru m
tuerum hábentium ttfi'imonium J efu , Deum adora,
N a ô m e a d o r e s , a d o ra a D e o s , q u e f u p p o f t o
m e c o n t e m p l e s t a o f o b e r a n o , naô fou D i v i n o ;
p o r q u e fo u hu m f e r v o c o m o tu es , e f o u Irm a ô te u , e de t o d o s o s que profeíTais a L e y
d e C h r i f t o . P a r e c e - m e q u e eftou v e n d o nefte
A n j o o e x e m p l a r , e e f p e l h o , po r o n d e o noifo
M o n a r c a d i r i g i a , e c o m p u n h a as fuas acçÔes.
C h e g a v a o V a Î T a lio , e principalmente o Sacer
d o t e , ou o R e l i g i o f o a fua p r e f e n ç a , e ao te m
p o , que hia p o n d o o j o c l h o em te rr a , o m e f
m o b r a ç o R e a l a c c e l e r a d a m c n t e o fu fp e n d i a
e l e v a n t a v a , d i z e n d o - l h e c o m as v o z e s da pro
p r i a a c ç a ô : P'idcy m fe u r is : conjervus tuus fu m
& fra
& jrâ tru m tuorum hahentium teftimonium JeJu,
Deum adora A d o r a a D e o s , e naô a m i m , q u e
fou h o m e m c o m o tu es ; n a 6 a m i m , q u e f o u
fervo d e J e f u s , c o m o o s mai s C h r i i l â o s ; n a ô
a mi m , q u e f o u I r m a ô t e u , e t e n h o a tua m e f ­
ma n a tu re za , f r a g i ! , c a d u c a , e m c r t a l : Videt
ne feceris,
D e f t a g r a n d e a f f a b i l i d a d e , e te rn ur a , c o m
que a t o d o s r e c e b i a , e t r a t a v a , n a f c id a d o p r o ­
p r i o c o n h e c i m e n t o , r e f u l t a v a aos V a f l a l l o s
a q u e l l a f a c i l i d a d e , e co nf ia nç a , c o m qu e ent r a v a ô á fua p re fe n ç a ; que ainda fe n d o , c o m o
era , t a ô m a g e f t o fa , a t o d o s , p e l o q u e t i n h a
d e a g r a d a v e l , a ttr a hi a , e i n f u n d ía a n i m o p a ­
ra c h e g a r e m a ella ; a g r a n d e s , e a p e q u e ñ o s ,
a ricos, e a pobres, a efcravos, e a livres, a
n a t u r a e s , e a e ft ra n ge ir o s. M a s p o r q u e aos p e ­
q u e ñ o s , e d e i v a l i d o s nun ca falt a , q u e m Ihes
difficulté as e n t r a d a s , q u e aos g r a n d e s , e p c d e ro fo s fe f a c i l i t a ô , p r e v e n i a , e r e c o m e n d a v a aos feus a i l i i l e n t e s , q u e a n e n h u m fe pr o hi bi ile m , nem fe Ihes fechaÎFem as p o r t a s ; quer e n d o , qu e para t o d o s eftiveiTem p a t e n t e s as
d a fua C a f a , afììm c o m o as da fua P i e d a d e eft a v a o i e m p r e abert as pa ra t o d o s , c o m o s q u a e s ,
a o c h e g a re m a e ll a s , fe m o f t r a v a t o d o B e n i ­
g n o , todo A f f a v e l , to d o Brando , e Compafiìv o t o d o ; prend as e f t a s , e ci rc u n ft a n c i a s as m a is
3 p p e te c id a s , e e f t i m a v e i s e m hu m P r i n c e p e ,
c o m o teftificao os P a n e g y r i f t a s d o s E m p e r a d o ­
res.
res, Adriano , S e v e ro , e T ra ja n o , q u e a o lo u v a l l a s neftes M o n a r c a s , fa z e m d el la s p a rr i c u l a r
e i l i i n a ç a ô ; p o ré m nao as p r a t i c a v a o n o í lb , feg u i n d o o s paíÍos deftes E m p e r a d o r e s G e n t i o s ;
mas t e n d o f ó p o r idèa , e e s e m p l a r a d o u t r i n a
d o S u m m o R e y , e M e ftr e d o s R e y s C h r i f t a o s ,
Mire, io, 14,
S im tt párvulos venire ad me y & ne prohíbutritis eos. D a y lu g a r , d i z i a G h r i f t o S e n h o r
no í lo aos feus D i f c i p u l o s , q u e e ra o os feus afÍÍftentes ; d a y l u g a r , a qu e o s p e q u e ñ o s c h e g u e m á mi nha p r e f e n ç a , e nao Ihes p r o h i b a i s
a e nt ra da ; e para qu e a pudcíTem t e r t o d o s ,
e c h e g a r t o d o s a e l l e , e l l e m e f m o os c o n v i d a a»h. i i. t s . va j e c h a m a v a : Venite ad me omnis j v i n d e , e
c h e g a y t o d o s a m im . E q u e m fe r ia o eíl:es , a
q u e m o S e n h o r c h a m a v a , e c o n v i d a v a : Veni­
te ad me f O m e f m o T e x t o o d e cl ar a : Omnesy
quf laboratis y & onerati eftis'^ e ra o t o d o s os qu e
t i n h a o t r a b a l h o s , e v i v i a o c o m o p pr e íT o e ns ;
e r a o d i g o , os p e q u e ñ o s , e d e f v a l i io s , q u e or­
d i n a r i a m e n t e , e íl es fa o os o p p r i m i d o s , e o s
q u e padtícem os tra ba lh o s. E para q u e os cha*
maj’ia ? M a s para q u e os h av ia d e c h a m a r ? Senao para Ihes dar a l i v i o , c o n f o l a ç a ô , e d e f c a n vos Ifto f a z i a , e p r a t i c a v a
o R e y d o s R e y s G h r i f t o J e f u s ; e if to m e f m o
p u nh a p o r o br a . e d e f e m p e n h a v a o noíTo R e y ,
c o m o ta o G h r i f t a o , e I m i t a d o r da fua d o u t r i ­
na. V i n h a ó , e c h c g a v a ó t o d o s a e l l e . t o d o s
os q u e v i v i a o o p p r i m i d o s , e p a d e c i a o tr a b a ­
lhos,
Ihos , e l o g o q u e c h e g a v a ô , t i n h a o d e f c a n f o ,
e a l i v i o ; l o g o qu e c h e g a v a ô , t i n h a o c o n f o l a ç a ô , e r e m e d i o ; p o r q u e l o g o fe a c h a v a ô li ­
vres das v e x a ç o e n s , e v i o l e n c i a s , qu e ïhe s faz i a ô o s p o d e r o f o s ; l o g o fe Ihes a b b r e v i a v a ô ,
e tinhaÔ t e r m o o s p l e i t o s , q u e Ihes e t é r n iz a v a ô o s M i n i f t r o s ; l o g o fi na lm e nt e fe v i a ô f e m
t r a b a l h c s , fem m o le ft i a s , f e m o p p r e f l o e n s ; e
e n x u g a n d o as l a g r i m a s , v o l t a v a ô g o f t c f o s , e
a le g re s : f^enite ad m e , & ego teficiam vos,
P o r ê m a m u i t o ma is c h e g a r a ô ainda os
l anc es da fua P i e d a d e ; p o r q u e n a o fó a e ñ e s
r e c e b i a , e c o n f o ï a v a b e n i g n o ; mas c o m a m e f ­
ma benignidade recebia tambem , e tratava
a q u el le s m e f m o s , qu e e m l u g a r d e o a c h a r e m
b e n e v o l o , o deviaÔ e x p e r i m e n t a r r i g o r o f o . Sa­
bía E I R e y noiTo S e n h o r , e ti nha n o ti c i a c e r ­
ta da l i b e r d a d e , c o m qu e a l g u n s , fe m re fp e ito 1 nem r e v e r e n d a a o f a g r s d o da Ma g' ef t a de,
ti nh ao f a l l a d o da fua PeiToa ; e f u c c e d e n d o ,
c o m o f u c c e d e o m u i ta s v e z e s , qu e a l g u m d e f ­
i es no dia f e g u in t e Ihe foiTe a fa ll a r em a u d ie n ­
cia , o m e f m o S e n h o r o r e c e b i a c o m e f p e c i a l
^ r a d o , e o u v i a c o m p a r t i c u l a r a t t e n ç a Ô , de. rindo l o g o ao l ’e u r e q u e r i m e n t o , f c a m a te ­
ria d elle era d e g r a ç a ; e fe era de j u f t iç a , faCiiitando-Ihe para o d e f p a c h o t o d o s os m e y o s .
^ <îue Outra c o u l a era ifto n a q u e l l e R e a l aniem t u d o v e r d a d e i r a m e n t e p i e d o f o , fe n a ô
t a z e r das m e fm a s r a z o e n s d o a g g r a v o mate ria
c
pa ra
AUp.htc.
p a r a os b e ne fic io s ? Q u e o u tr a c o u f a era , fe­
n a ô v e n c e r , a i m p u lf o s da m e fm a P i e d a d e , as
v e h e m e n t e s p a i x o e n s da n a t u r e z a , e m o ftr ar fe S e n h o r , e d o m i n a d o r d o p r o p r i o p o d e r , pa ­
ra d e it e m o d o g o v e r n a r , c o m o D e o s que r q u e
os R e y s g o v e r n e m , e g o v e r n a t a m b e m o m e f ­
mo Deos ?
Tu antem D m in a îo r v irtu tis tum tranquilUta^
te judtcas , é" cum magnt reverentia âifponis nos^
V o s , d iz i a S a l a m a ô f a l l a n d o c o m o S u p r e m a
E x e m p l a r de t o d o s os R e y s , v o s D o m i n a d o r
do proprio poder julgais com tra n q u illid a d e,
e nos d i f p o n d e s c o m g r a n d e r e v e r e n c i a . T a n ­
tas faô as cla uf ul as , c o m o as e x c e l l e n c i a s d o
governo de Deos. Cham a-lhe D om in ador do
p r o p r i o p o d e r : Dominator v irtu tis \ e e ft a he
a mais fingular p r e r o g a t i v a de h um R e y , e
qu e o c o n i i i t u e f u b l i m e f o b r e t o d o o l o u v o r ,
moftr ar , qu e fe ve nc e - a fi m e f m o , q u e he D o ­
m i n a d o r , e S e n h o r d o feu p o d e r , d a fua i r a ,
das fuas p a i x o e n s , e de t o d o s os i m p u l f j s d a
p r o p r i a v o n t a d e . D i z - l h e , qu e j u l g a c o m tranq u i l ü d a d e ; Cum tranqmllitate judìca s \ e e f t e h e
o
f e g u n d o e l o g i o , j u l g a r c o m f e re n i d
ufa ndo l o g o de t o d o o r i g o r d a j u f t i ç a ; mas
t e m p e r a n d o a m e f m a ju f t i ç a c o m as d o ç u r a s ,
^ blandu ra s da P i e d a d e : N on prortgore ju¡iiti¿e:
clementíá temperas. E f c r e v e o aquí o
A l a p i d e , D i z - l h e fina lm en te , q u e nos d i f p o e m
c o m g r a n d e re v e r e n c i a : E t cum magna reveren~
ita
ita di/ponis m s\ e e i l e he o u l t i m o e l o g i o , difpor c o m g r a n d e r e v e r e n c i a , ii to h e , c o m g r a n ­
de m o d e r a ç a ô :
magna rtvtrentia ^ U (ft y
€um magna ntodiratione ; a c o m p a n h a n d o - f e o g o ­
ve rn o d a P i e d a d e para o p e r d a o da c u l p a , e
da pena .* F a tc m d i jtu d io gubevnas nos fa tcm s cui- ibi.
p a , ¿ f fœ na,
E ft e he o g o v e r n o d e D e o s ; e efte f o y o
d o nofio R e y . P o d i a ufar d o feu R e a i p o d e r ,
c o m o , e d a f ò r t e q u e q u i z e f l e , e n a o u fa v a ;
p o r q u e e fta va m u i t o S e n h o r d e l l e : Domtnator
virtu tis. P o d i a c a f t i g a r , a q u e m 0 m e r e c i a , e
aín da a qu em o naô m e r e c e f l e , e naô fó n a ô
c a f t i g a v a ; mas p e r d o a n d o a m u i t o s c u l p a , e
pena ; ta n e n s culpa ^ & pœna , Ihes f a a i a f o b r e
i l i o beneficios. A tal e x t r e m o de P i e d a d e , e
c o m p a i x a o c h e g o u o n o d o M o n a r c a ; mas nifto
nieTmo fe c o n f t it u ìo mais g l o r i o f o , e d a q u i
mermo Ihe r t f u l t a r a ò o s m a y o r e s e l o g i o s ; por«
qu e os R e y s , f u p p o f t o configaÔ g r a n d e s ap pl au íbs p e l o qu e obraÔ , o s a d q u i i e m m u i t o m a ­
yo r e s , p e l o que d c ix a Ó de obrar. Si m he ver*
dade , que cada hum d o s h y m e n s g r a n g e a t o ­
da a lúa e f t i m a ç a ô , p e l o q u e f a z , e naÓ p e l o
que naô f a z , p o r e m os M o n a r c a s , q u e fao de
o u tr a esféra f u p e r i o r , p e l o f e n h o r i o , e p o d e r ,
tem huma fi n g u la r id a d e , q u e naô l o g r a ô os
outros h o m e n s , e v e m a f e r , q u e fe m e r e c e m
g r a n d es l o u v o r e s p e l o q u e f a z e m , faÓ i n c o m p a r a v e l m e n t e m a y o r e s , os q u e Ih e sf a Ó d e v i d o s
c ii
pelo
p e l o qu e d e i x a o d e faz er. O u ç a m o s ao E f p i r i t o S a n t o j l o u v a n i o a hum h o m e m admira»
v e l.
Rcii.ji.v.*.
§l^is ìft hic y ò ‘ ìaudabimus tu rn i Fecit emm
mirabilia in v ita fua. Q u e m h e efte , e o l o u v a r e m o s , p o r q u e f e z coufas m a r a v i i h o f a s na fu a
v i d a ? E quem feria efte h o m e m ; §luis fji hk*>
M a s que m h a v ia de fer ? E r a h u m R e y i p o r q u e
era h u m h o m e m , que todas aqu el la s m a r a v i A p A U p . h ic . Ihas o b r o u no feu p o v o : Fecit mirabilia in v ita
jita : In populo fuo , l è o T e x t o G r e g o . E ra hu m
R e y , q u e p o d c n d o l i v r e m e n t e , e f e m q u e alg u e m Ihe foD'e i m a o , nem pediiTe c o n t a , a tr o ­
p e l l a r as le ys , as naô a tr o p e ll o u . Era h um R e y ,
q u e p o d e n d o f a z e r t a n t o s m a l e s , q ua nt o s quizeiTe 5 e Ihe pediiTe a p r o p r i a v o n t a d e , neiiii.T.io.
n h u m m a l f e z : G^i potuit tra^ifgredi^ & non tfl
tranfgreffus \ facete mala ^ C> non fecit. D e f o r t e ,
que Ihe m o dà o E f p i r i t o S a n t o aqu elle s l o u ■vores : fectt m trabiha, p e l o qu e f e z ; mas pe­
l o qu e nao f e z ; E t m n f e d i , O qu e f e z , f o i
b o m ; e o que naô f e z , era mào; e e m na 5 fa­
z e r ma^es p o d e n J o f a z e l l o s , fe c o n ft it u ìo mai s
g l o r i o f o , qu e nos be ns qu e f e z . A í f i m o n o ffo M o n a r c a i fe pe lo s m u i t o s bens , qu e f e z ,
e nos f e z em t o d o o t e m p o d o feu g o v e r n o ,
e f e li z re y n a d o , fe c o n ft it u ìo b o m R e y , p e lo s
m a l e s , qu e d e i x o u d e f a z e r , ficou f e n d o , e
f t r a fe m pr e mais g l o r i o i o , e mais a d m i r a v e l :
te c it enm mirabilia in populo fuo^
Oh
O h fe eu a g o r a , para dar m a i s luftres a
efta v e r d a d e , e mai s a l m a a efta c o n l î d e r a ç a ô ,
ine record ar a d a q u e ll a s c r u e l d a d e s , e ty ra n n i a s , qu e p r a t i c a r a ò m u i t o s M o n a r c a s , c o m o
realçaria á vi ft a d e ü a s a i n i m i t a v e l p i e d a d e
d o noíTo , e nos d e i x a r i a m o s p e n e t r a r mai s a l ­
ta m e n te d o f e n t i m e n t o , para affim c h o r a r m o s
c o m l a g r i m a s e ter n as a fua fa lt a / Se eu a g o ­
ra m e r e c o r d a r a d e hum R e y D i o n y í i o o tyr an110 m a n d a n d o m a t a r á M a r f i a s , p o r fo nh a r hu­
r a n o it e q u e Marfias o cf te nd ia ! D e h u m T a m ­
b u r l a n o R e y d o s S c y t h a s , f a z e n d o ab rir a
li um V a í f a U o p e l o p e i t o , par a Ihe t i ra r d o
e f t o m a g o hum p o u c o d e le i t e , qu e fui t a r a ! D e
h u m Julio C a f a r o r d e n a n d o , q u e as fuas p a l a vras fofle m le y s , e fe o b f e r v a f l e m c o m pe na
d e m o rte / E d e hum D i o m é d e s t a o deshu ma*
Î10 , qu e aos feus V a l l a l l o s m a n d a v a t i r a r a v i ­
da , para r e g a l a r c o m o fa n g u e d e l l e s os feus
c a y a l l o s ! N o t a v e i s c r u e l d a d e s , e ty r a n n ia s !
D iün yfio matando por huma afronta fonhada!
T a m b u r l a n o a b r i n d o o p e i t o d e h u m Va íF all o
po r cou fa de t a ó p o u c o v a l o r ! C e f a r e x e c u ta nd o a pena de m o r t e p e la tr a n f g r e i l a o d e hup a la v ra , qu e p o r v e n tu r a feria o p p o f t a á
í'azao , e c o n tr a ri a á j u f t i ç a ! D i o m e d e s d e r r a ­
mando o fa n g u e h u m a n o para r e g a l o dos bru• Si m ; p o r q u e t i n h a ó t o d o s eftes m o n f t r o s
«a cr uel dad e p a i x o e n s d e h o m e n s , e p o d e r e s
a e Reys.
Di zey-
D i z e v - m e a g o r a , f e z po r ve nt ur a a ì g u m a
d eftas c o u fa s o noiTo M o n a r c a ? N a o p o r cert o ; f e z iìra o c o n tr a ri o . T a Ò l o n g e e f t e v e d e
i m i t a r a D i o n y f i o m a t a n d o , a q u e m fó o o ft e n d ia p o r f o n h o s , qu e antes p e r d o o u nume rofos crimes direttam ente oppoftos i Sobera­
ní a d a M a g e f t a d e . T a ô l o n g e d e f e g u i r o e x e m p lo de T a m b u r l a n o , abrindo por coufa tao
l i m i t a d a o p e i f o a h u m h o m e m , q u e a n t e s difÌìmulou g r a n d es r o u b o s da p r o p r i a f a z e n d a ,
q u e r e n d o antes p e r d e i i a , q u e f a z e r p u b l i c a ,
c ma ni fef t a a affronta d o s c o m p l i c e s . T a Ô lo n ­
g e d e p r a t i c a r as f o b e r b a s r e i b l u ç o e n s d e J u ­
l i o C e f a r , c a f t i g a n d o c o m pena d e m o r t e a tranfgreÌTao d e q u a l q u e r p a l a v r a , qu e antes fe o s
íeu s D e c r e t o s c o n t i n h a o a l g u m i n c o n v e n i e n t e ,
e s f u f p e n d i a l o g o , e r e v o g a v a . E m fim , t a ô
l o n g e d e a p p r o v a r a in a u d i t a b a r b a r i d a d e d e
D i o m é d e s , d e r r a m a n d o o f a n g u e d o s feus V a f f a ll o s pa ra f u f t e n t o d o s b r u t o s , qu e antes e m ­
p e n h a d o fe m p r e na c o n f e r v a ç a o d o f^u R e y n o ,
e d o s feu s V a f f a l l o s , c u i d o u , e e x c o g i t o u to d o s os m e y o s d e Ihes nao ti rar o f a n g u e , e d e
Ihes fu fte nt ar as vi da s.
D e d o us m o d o s co n f id e r ò eu , q u e p ó d e m
o s R e y s ti rar o f a n g u e : o p r i m e i r o , fe n d o i m ­
p í o s , e cr uei s nas e x e c u ç ô e s ; o f e g u n d o , fen­
d o de m af ia d o s , e e x c e í f iv o s nos t r i b u t o s j p o r ­
q u e d^ huma , e o u tr a f ò r t e f u f t e n t a ô , e c o n f e r v a ô o feu e f t a d o , e g r a n d e z a c o m a vid a y
e fan-
€ fangue d o s feus VaíTailos.
O ra confideray
b e m , e d i z e y - m e , fe p o r a l g u m d e fi e s m o d o s
vos tirón RI R e y n o flb S e n h o r o f a n g u e f S e
vo lo tirou p o r e x e c u ç ô e s d e ty ra nn ias , f e p o r
dcmafias d e t r i b u t o s ? C e r t o h e , q u e n e m p o r
h u m , nem p o r o u t r o m o d o o ti ro u . N a ó p o r
m e y o d e ty r a n n ia s ; p o r q u e n e n h u m , a in da q u e
mais c u l p a d o foíFe , Ihe c h e g o u a m o r r e r nas
maos. N a o p o r m e y o d e t r i b u t o s ; p o r q u e a
firn d e v o s naó tirar a f a z e n d a , era e l l e o mefn o . qu e d e r r a m a b a o fa n g u e na l i b e r a l i d a d e ,
c o m qu e d i f p e n d i a os p r o p r i o s t h e f o u r o s : lo­
g o o q u e fó n e ll e e x p e r i m e n t a l e s , f o y f a z e r v o s m u i t o s bens , p o d e n d o f a z e r - v o s m u i to s
m a l e s ; mas por iíTo m e í m o nos m a l e s , qu e naíS
f e z , p o d e n d o f a z e l o s : F otuit facere mala ^ &
m n fectt , fe f u b l i m o u ma is g l o r i o f o , e fícou
fe nd o mais a d m i r a v e l : F e d i mirabilia in fopulo
E qu e fe f e g u e d a q u i ? Par a o c o n h e c e r nios m e i h o r , o u ç a m o s a h u m R e y f a l l a n d o c o m
ou t r o. T e n d o Sa u l b u f c a d o a D a v i d para o m a ­
tar , Ihe diiTe e f i e m o ft r a n d o - I h e d e l o n g e hu m
r e t ai ho da fua P u r p u r a : Vtdé , & cognofce oram i.Rc«.
chUmyais tuæ in manu mea \ quoniam aum prafcm *
àerem fummitatem chlam jdis tu£^ nolui extendere ma»«w meam in te, O I h a S a u l , r e p a r a , e v è na
nimha m a o hum p e d a ç o d o te u v e f t i d o ; e adverte,
p o d s n d o e u , m u i t o a me u f a l v o ,
d a r -t e a m o r t e , q u a n d o o c o r t e y na g r u t a ,
aonde
14.
a o n d e e n t r a f t c , t e naô q u i z f a z e r eiTe ma l :
N o lu i extendere m'inum meam in te, E c o m o Aca­
c i a S a u l , v e n d o , e ouvindo a D a v id ? Attend e y b e m ao q u e Ihe diiTe .* N um qm d v o x hac
tua efiy fili mi D a v id î E t leva vit Saul vocem fuam^
Ó* f it v i t . I nf la m a d o j á n o a m o r de D a v i d , lev a n t o u a v o z , e c h o r o u : L e v a v it vocem fuam^
& f le v it , A d m i r a v e l transformaçaÔ / M a s q u e
h e ¡ i l o Sa u l ì Q u e m u d a nç a f o y eila ta o r e p e n ­
tina i* A i n d a a g o r a hum o d i o ta o v e h e m e n t e ,
e j á h u m a m o r t a o c o r d e a i ? A é aquì i n c e n ­
d io s c o l é r i c o s , e ] i la g r i m a s compaiTivas f Q u e
he i i l o Sa u l ? E f i e D a v i d , de q u e m te c o m ­
p a d e c e s a m o r o f o : Fili mi j e l l e D a v i d e p o r
q u e m c h o ra s m a g o a d o : F l e v t t naô h e o m e f ­
m o , a q u e m bu fc a v a s a té a g o r a e n f u r e c i d o ?
Q u e m o p ó d e d u v i d a r ; po is c o m o fe c o n v e r t ê r a ô t a ô d e p re í í a os o d i o s em affe¿los d e a m o r ,
as iras em la g r im a s d e t e r n u r a s ? B e m e v i d e n ­
t e e íl á o m o t i v o . Se eu v e j o , d ir i a S a ú l , q u e
f o y D a v i d ta ô b e n i g n o , e m i f e r i c o r d i o f o . q u e
m e nao f e z mal a lg u m , p o d e n d o f a z e r - m e t o ­
d o , q u a n t o m a l quizeíTe ; fe eu e x p e r i m e n t o ,
q u e f o y t a ô p i e d o f o , e compaíTivo , qu e m e
n a o m a t o u , p o d e n d o m a ta r- m e ; fe eu final­
m e n t e a d v i r t o , q ue t e n d o D a v i d v o n t a d e , e
p a i x o e s , c o m o o s o ut ro s h o m e n s , as d o m i n o l i
d e t a l f ò r t e , qu e p o d e n d o v i n g a r - f e d e m i m ,
f e nao q u i z v i n g a r .* N olui extendere manum meaní
tu te y c o m o nao h e y d e amar a D a v i d : E l i mi
David}
D a v id ? C o m o nao hey de c h o r a r , e fentir os
ftus incommodos, e trabalhos: L e v a v it v o c m
fitam , à - fitv it ?
C h o r a Sa ú l p o r D a v i d , v e n d o , e c o n f í d e rando a D a v i d v i v o , e q u e fizera p o r e l l e , fe
j u n t a m e n t e o c o n t e m p l a r a f e p u l t a d o ? Q u e dem o n i l r a ç o e n s de f e n t i m e n t o f e r i a ó as f u a s , v e n ­
do defunto aquelie m efm o , que o deixara v i­
v o , p c d e n d o p o r f a ti s fa ç a o da íua ira , deix a l o m o r t o ? O h P o r t u g a l , a t i , e ao te u co n h e c i m e n t o fe e n c a m i n h a o eítas m in has coníld e ra ç o e n s ! S e hu m i n i m i g o c h o r a p o r hum R e y ,
q u e ainda o naí 5 era no e x e r c i c i o , f ó p e l o refp e i t o , de q u e p o d e n d o f a z e r - l h e mal , o na6
fizera , q u e d e m o n i l r a ç o e n s fe d e v e m e fp e ra r
d o s fídel i ííi mos á n i m o s P o r t u g u e z e s , v e n d o d e ­
f u n t o a o feu R e y 5 e tal R e y , que naÓ f ó o s
g o v e r n o u c o m ta nta s f e l i c i d a d e s ; mas q u e p o ­
de ndo a t r o p e l l a r as le y s , as nao a t r o p e l l o u .*
Q u i fo u n t uanfgreái , & non eft iranfgHffus ; e
qu e p c d e n d o faz er- Ihe s m u i t o s ma le s , n e n h u m
mal Ihes f e z : fa cete mala ^ é t non fe c iti C e r t o
h e , que o ut ra s i n c o m p a r a v e l m e n t e m a y o r e s ,
que as d e Saú l para c o m D a v i d , d e v e m fer as
nofias ; e p o r ü l o , f u p p o f t o efteja f e n d o t o d o
efte re fp e it o fo f il e n c io , e t o d a efta p r o f u n d a
trifteza hum e l o q u e n t e i n t e r p r e t e da noíla ma^ h um fiel d e m o n f t r a d o r da noíJa pena ,
nao fe d e f e m p e n h a o c a b a l m e n t e f ó c o m if t o as
r a z o e n s , q y g nos a c o m p a n h a o pa ra o f e n ti m e n d
to ;
t o ; m u l t o mais ain da he neceíTarío ; p o r g u e na
c o n i î d e r a ç a o de h u m a t a l perd a fe f a z p r e c if o , qu e o tíoíT ofen cim e nt o feja e t e r n o , a noffa m a g o a fe m l i m i t e , os noÍTos g e m i d o s f em
n u m e r o , os nolTos fufpi ros fe m c o n t a , a noffa d o r fe m m e d id a , as noíTas la g r i m a s f e m t e r ­
m o , e os n o T o s ays fem fim. S ó d e f te m o d o
c o r r e f p o n d e m o s b e m á fal ta d e h u m M o n a r c a ,
q u e p e l o e f p a ç o d e q u a r e n t a , e tre s a n n o s , fet e m e z e s , e v i n t e e d o us dias nos d i r i g i ó , e g o v e r n o u c o m tanta p i e d a d e , e fe a u fe n to u pa ra
f e m p r e da notfa vif ta ; Céndit corona capiiis
J lr t : V a nohis^
P o r é m o em q u e mai s re a l ço u , e f e d e u
m e l h o r a c o n h e c e r a fua g r a n d e P i e d a d e , f o i
n o z e l o d o c u l t o D i v i n o ; e t e m o s c h c g a d o ao
S e g u n d o P o n t o , a o n d e , p e la m a t e r ia , d e v i a fer
o d i f c u r f o mais d i l a t a d o ; p o r é m c o m o a d v i r ­
t o , o q u a n t o t e r e y j á c a n f a d a a v o í f a pa c ie n c i a ,
p o r n a ô d e f m e r e c e r a voft'a a t t e n ç a ô , a b b r e ­
v i a r c i d e tal f ò r t e , o q u e réfta por d i z e r , q u e
n e m f a i t e , ao qu e p r o m e t t i m o ft r a r ; nem tam^
b e m á b r e v i d a d e , qu e p r o m e t t o . A t t e n d e y .
S E G U N D O
P O N T O .
Oi
E I R e y noftb S e n h o r t a ô z e l o f o d o c u
. _ t o D i v i n o , e e m p e n h o u c o m t a l ancia to< O S O S e s f o r ç o s da fua R e a i P i e d a d e na obfer»
v a n c i a defta v i r t u d e , q u e p o r m e y o d e ll a v e y o
a
con<
a c c n f e g u i r no T h r c n o de P o r t u g a l a qu el la mef nia g l o r i a , q u e J o s î a s l o g r o u no de Judâ. N o
de Judâ f o i t a n t a , e taÔ e f t r t m a d a a g l o r i a de
Jos ias , q u e o d i f t i n g u i o , e f i n g u la r iz o u e ntr e
t o d o s , de tal f ò r t e , q u e nem antes d e l l e , ne m
d e p o i s h c u v e aJgum f e m e l h a n t e a e l l e ; p o r q u e
nem D a v i d c c r o a d o d e ta n to s tr i u n fo s , n e m
S a ia m aó no a u g e d e ta nta s g r a n d e z a s , p o d e
c o m p e t i r , o u c o m p a r a r - f e c o m J o s ía s : Sitnilis
tlii non f u i t ante eum R e x , ñeque pojl eum [ u r u x it
J m ilis illi ; e fe p r o c u r a r m o s f a b e r , qua l foíTe
o n a e r ec im e nt o , p o r q u e e ñ e R e y fe fín gu lariz o u t a n t o en tr e t a n t o s , e fe f e z t a o g r a n d e
e n t r e os m a y o r e s , q u e o c c u p a r a o o feu m e f ­
m o T h r o n o , e e m p u n h a r a ó o feu m e f m o S c e p ­
tr o , h a v e m o s de a c h a r , q u e t o d o e l l e coníÍft i o n a q u e ll e z e l o , c o m qu e a i m p u l f o s da fua
g r - n d e P i c d s d e , e x t i n g u i ó , e e l i m i n o u da fua
C o r t e , e R e y n o , a i d o l a t r i a , qu e n e l l e fe perm i t r i o , e c o n f e r v o u po r m t i t o s t e m p o s : Í uIíí
übontindtíones m p ie tá tis, ó “ dielus peccatorutn corroboravtt fietatem ; na q u e ll a ancia d i g o , e ar, c o m qu e z e l a n d o a ho nr a , e g l o r i a de
D e o s , d e r r u b o u , e a n n i q u il o u as e f c a n d a l o f a s
eftatuas dos Í d o lo s , d e m o I i o T e m p l o s , arraz o u A l t a r e s , e f o b r e e ll e s m a n d o u q u e i m a r ,
e re duz ir a c in za s o s oíTos dos f a ll o s S a c e r d o ­
tes , e os de t o d o s os pa íT ad os, que d e p o i s de
tantos anncs d e í e p u i t u r a , f e z d e í e n t e r r a r , p a ­
ra o s c o n d t m n a r as m e fm a s c h a m m a s , e redu*
d ii
zir
z i r ás mefitias cin zas. D e f o r t e , q u e na qu e lle s t e m p o s t a ô c a l . i m i t o f o s , q u a n d o d o a i i n a n d o a i m p i e d a d e , tinha t o d p o i m p e r i o , e g o ­
v e r n o a i d o l a t r i a , e p ro fa n a ç a ô d o D i v i n o cuU
Hus.cariin t o : E t ïn àubus ptccaîorum ^ td ejl ^ e f c r e v e o a
EcciirV.4.
cm 1.
penna de H u g o C a r d e a l , id eft y iniempore y quo
gobernahat peccûtorum idololatria , & violatio cultâs
D it ; ent aô e in p en ha nd o J o s îa s os m a y o r e s es*
f o r ç o s da fua P i e d a d e , o r d e n o u , e co n ft it u ìo ,
q u e firm em ent e fe obfervaii'e , e délFe a D e o s
a q u e l le c u l t o , q u e , c o m o a S u p r e m o S e n h o r ,
ih e h e d i v i d o : C o n ohoravtt pieiatef?i y id eft y cultum firm n tr Qb[t. vandum infiituit \ c e l e b r a n d o e lJe m e f m o , e f a z e n d o t a m b s m c e l e b r a r a t o d o
o feu p o v o a fefta d a P a f c o a c o m t a l p o m p a ,
e f o le m n i d a d e , c o m o d e f J e o t e m p o dos Jui*
z e s , e de t o d o s os R e y s d e I f r a e l , e J u d à , até
a q u e l le , fe nao tinha c e l e b r a d o ; r e f t it u i n d o ao
feu p r i m i t i v o eftado t o d o s o s oificios , e m p r e g o s , e minifterios dos S a c e r d o t e s , e L e v i t a s ;
e f a z e n J o prat ica r c o m a m a y o r d e c e n c i a , e
p e r f e i ç a ô to das as c e r e m o n i a s , e r it os fa g ra dos.
Eft e fo i j o s î a s , P r i n c e p e f em f e m e l h a n t e
da R e l i g i a ô , e o m e f m o fo i t a m b e m
E I R e y noiTo S e n h o r nos e m p e n h o s da m e fm a
v i r t u d e . S i m he ve r d a d e , qu e naô d e r r u b o u
f.
® a n n iq u ilo u I d o l o s , qu e naô d e m o Iio T e m p l o s , e a r r a z o u A l t a r e s d e f ti na d o s p a ­
ra a id o la t ri a ; p o r fer o R e y n o , q u e D e o S Ihe
entre-
e nt re gou , o m a is p u r o na F é , e o mais fir­
me na R e l i g i a o , naô r e c o n h e c e n d o o u tra , m a i s
que a C a t h o l i c a , d e f d e q u e Ihe a m a n h e c e r a ô
as primeiras lu z e s d a v e r d a d e . M a s ain da af*
Îim , c o m o nunca f a l t a r a ô , nem faltaÔ i ni m igos no m u n J o , qu e n o m e y o d o t r i g o c u i d e m
cm fo b r e f e m e a r c iz a n i a s de p e r n i c i o f o s e r r o s ;
fc al g u m a s, r e b u ça d a s c o m cap a de z e l o , e appa re nc ias de v i r t u d e ^ c h e g a r a o a b r o t a r no feu
t e m p o , antes q u e arreigaiTem , e c r e f c e f l e m ,
ss f e z arrancar l o g o d e raiz. S i m he v e r d a d e ,
q u e naô q u e i m o u fa lfo s S a c e r d o t e s ; p o r q u e os
n? 6 havia no feu R e y n o , qu e a h a v e l o s , e xp e r im e n t a r i a ô no feu z e l o o m e i m o a r d o r d e
J o s î a s , para os c o n d e m n a r ao f o g o ; mas fe
n o feu t e m p o h o u v e a l g u m , c o m o na v e r d a d e
^iguns h o u r e , qu e a p o f t a t a n d o da noiTa S a n t a
T é , e R e l i g i a ô C a t h o l i c a , perfiftiraÔ c o n t u m az es nos feus e r r o s , naô d e f c a n ç a v a o feu
c o i a ç a o , em q u a n to os naô v i a , ou v e r d a d e i ra m e nt e a r r e p e n d i d o s , e r e c o n c i l i a d o s , o u p e ­
la fua p e r t i n a c i a , a r d e n d o nas c h a m m a s , e r e d u z id o s a cinzas. A p r o v a mais e v i d e n t e defta v e r d a d e era a qu el la f e r v o r o f a a n c i a , c o m
que t o d o o t e m p o da fua t a ô p r e c i o f a , e ne^^^3ria v i d a aififtia em p u b l i c o a t o d o s os
A c t o s da F é , f e r v i n d o a fua m e f m a ail iil en cia
“ C edificaçaô a t o d o o feu p o v o , d e c o n f u f a ô
a todos os r é o s , e d e h o r r o r a t o d o o inferno.
A t é aqui t e m o s o no í fo M o n a r c a i g u a l a
J o s îa s
J o s ía s n o z e l o da R e l i g i a o , fem fe m e lh a n te s
h u m , e o u t r o , e f ó a fi m e fm o s f e m e l h a n t e s ; mas
na p o m p a , g r a n d e z a , a í l e y o , e p e r f e ig a ó d o c u l ­
t o D i v i n o , a t o j a s as l u z e s e x c e d e n Jo-o. B e m
h e v e r d a d e , qu e Josias c o m a m a y o r c o n íl a n e ia d e a n i m o , e c o m o mais f e r v o r o f o e f p i r i t o de z e l o reftaurou o c u l t o D i v i n o , e o f e z
p ra ti c a r em t o d o o feu R e y n o c o m tal f o l e m n i d a d e , e d e c e n c i a , c o m o a té a q u e l le t e m p o
fe nao tinha v i Ü o ; mas qu e t e m qu e a d m ir a r
t u d o , o que Josías f e z , c o m o q ue onoíTo M o ­
narca o b r o u ? V e r d a d e i r a m e n t e , q u e para D e o s
fe v e r t a ó g l o r i o f a m e n t e e x a l t a d o p o r m e y o
de íta v i r t u d e , c o m m u n i c o u a E l R e y n o flb Se ­
nh or a q u e l l e m e f m o z e l o , q u e d e p o fi to u n o
ieech. 13. ij. P ro fè t a E z e c h i e l .* Ponam zelum meum m te ; p o i s
c o m p a f m o , e a í l o m b r o v i m o s , e o naó aca­
b a m o s aín da de a d m ir a r , qu e em t o d o o feu
R e y n o , e p r i n c i p a l m e n t e na fua C o r t e , f e z
f u b i r , e c h e g a r o c u l t o D i v i n o a h um t a l a u ­
g e de g r a n d e z a , e a hum tal e x t r e m o de pe rfei^aó , q u e fe n e l l e pudeíl'e h a v e r d e f e i t o p o r
excelTo , f ó n o feu t e m p o fe n ot ar la ; a va nt e j a n d o - fe p o r e ft e m o d o , naó fó a t o d o s feu s
g l o r i o f o s predeceíTores ; mas t a m b e m a J o s ía s ,
e p r i v a n d o - o d a q u e l l a g l o r i a , c o m que no T h r o ­
n o de Judá o e l o g i a o S a g r a d o T e x t o de uni­
c o , e fe m f e m e l h a n t e : Simtlis Hit n&njuit ante
tum R ex , nt^ut poft eum furrexií Jimtlis illi,
N a ó m e d i l a t o e m r e f e r i r , e e x p o r as ra­
zoens
z o e r s def te e x c e i T o , aflìm p o r q u e a t o d o s f o ­
r a o , e ef ta ó f e n d o ainda e v i d e n t e s , c o m o p o r
me falc ar para iiTo o t e m p o ; fi^ue-o p o r é m diz e n d o p o r m i m a q u e l la f e r v o r o f a a n c i a , c o m
que i n f l a m m a d o E I R e y nolTo S e n h o r nefte ze^
lo d o c u l t o D i v i n o , para t o d as as I g r e j a s d o s
f e u s R e y n o s , e D o m i n i o s , fa z ia r e m e t t e r c o m
im m e n fa s d e f p e z a s d o s feu s t h e f o u r o s as m a is
p r e c i o f a s a l f a y a s ; t a n t o d e o r n a m e n t o s riquifi ìm o s , c o m o d e cuftofiflimas pe^as , e v a f o s
f a g r a d o s ; a fim t u d o , d e qu e fe c e l e b r a l l e m
OS O f f i c i o s D i v i n o s c o m a m a y o r d e c e n c i a , e
perfeit^aó , e refultaiTe a D e o s m a y o r g l o r i a .
S e m f a h i r d e c a fa , t e n h o eu d e n t r o d e l l a , p a ra
p r o v a s d c f t a v e r d a d e , o s mai s g l o r i o f o s m o n u ­
m e n to s. F a l l e m j á , e d i g a o , qu a l f o y o z e l o
d e E I R e y noiTo S e n h o r nefta v i r t u d e , o s L u ­
gares Sa n to s d a P a l e f t i n a , S a g r a d o P a t r i m o n i o ,
com q u e t a n t o fe e n r i q u e f f e , e a u t h o r i z a t o d a
3 R e l i g i a ó S e r a f i c a , para o n d e na fua m e n o r i dade , e f e n d o P r i n c i p e , m a n d o u n o anno d e
niil f e i s c e n t o s n o v e n t a e c i n c o , q u a n d o a in d a
naó c o n t a v a mais q u e feis d e i d a d e , h u m a E f t re lla d e o u r o , f e l i z p r o n o f t i c o de q u a n t o ha­
vi a de a ju d a r , e f a v o r e c e r a q u e l l e s Sa n to s L u ­
ga r es , qu e f o r a o o t h e a t r o da noiìa R e d e m p 9^6 ; e d o q u a n t o t a m b e m h a v i a d e a m p a r a r ,
^ eftimar a m e f m a R e l i g i a o , q u e os poft’ue.
F a l i e m , e d ig a fi , q u e p r e c i o f i d a d e s Ihes n a o
enviou, quando R e y , excedendo no p r i m o r , e
valor
v a l o r a t o d a s , q ua nt a s para os m e i m o s L u g a ­
res fi zer aô t a m b e m re raetrer o u t r e s M o n a r c a s ,
e P r i n c e p e s da E u r o p a ; fe nd o t u d o , o q u e era
fe u , d e tal c u í l o , qu e f ó para h u m o r n a m e n ­
t o , c o m qu e f e c o b r e em a lg u m a s f o l e m n i d a des o SantiíTimo S e p u l c h r o d e C h r i f t o , f e z a
d e f p e z a de v i n t e e d o us m i l c ru z ad o s.
D i g a o t a m b e m , e fe ja o e te rn os p r e g o e i ros, d o q u a n t o f o i a r d e n t e o feu z e l o nefta virt u d e , ta nto s C o n v e n t o s , q ua nt o s d e n tr o d a
m e f m a R e l i g i a o Serafica fe e r i g i r a o no feu t e m ­
p o , para cujas fu n d a ç o en s c o n c o r r e o , nao f ó
c o m o feu R e a l b e n e p l a c i t o ; mas t a m b e m c o m
g r a n d e p a rt e das d e f p e z a s , f ó a fim , d e q u e
fe m u l t i p l i c a f l e m as G a f a s de D e o s , e d o s feus
S e r v o s , e fe Ihe déftem em t o d a a parte os d e ­
v i d o s c u lt o s. D i g a - o e f t e , q u e d e p o i s d a q u e l ­
la t o t a l ruina , em qu e fó as c i n z a s , a qu e o
r e d u z i o o f o g o , ficárao f e n d o as te ft im u n h a s
d o íeu e f t r a g o , fe v é a g o ra l e v a n t a d o á g r a n ­
d e z a , q u e nunca t e v e ; d e v e n d o á fua h e r o i c a
c a r i d a d e t o d o o a u g m e n t o ; e Ihe d e v e r i a t a m ­
b e m a u l t i m a p e r f e i ç a ô , fe a fua v i d a f e e f t e n d efle a té o n d e c h e g a v a ô os f e u s , e os noíTos
d e f e i o s , e os nao atalhaffe a m o r t e ; a fim tanib e m , de qu e fo íí e m a y o r o n u m e r o dos R e l i g i o f o s , qu e o h a b i t a í í e m , e fe praticaífe n e l­
l e , c o m o eftá p r a t i c a n d o , c o m m a y o r d e c e n ­
c ia , e g r a v i d a d e o c u l t o D i v i n o . D i g a - o eíTe
de M a f r a , qu e e n t r e as fe te m a r a v i l h a s -, q u e
reco«.
re c o n h e c e o m u n d o , p o d i a , e p d d e te r o l u g a r
p r i m e ir o , no q u a l f u p p o f t o ainda o feu R e a l
animo na 5 e f c r e v e í l ' e , c o m o H e r c u l e s nas fuas
columnas, o nen p/«í
dasíuasproezas; por­
que m u i t o a d ia n te paíTaraÓ ; c o m t u d o , 3 ref­
p e i to da R e l i g i a o Serafica , a q u e m o en t re g o u , Ihe d e i x o u n e l l e a maye r e ntr e t o d a s as
fuas g r a n d e y a s , e p a r a c o m a m e fm a R e l i g i a o
o pa dr ao mai s fírme , e p e r d u r a v e l d o feu amo r;
o r d e n a d o t u d o ao m e f m o fim d o D i v i n o c u l t o ,
e de fe f a z e r e m n e l l e , c o m o na v e r d a d e f a z e m ,
o s O ff i c i o s D i v i n o s c o m tal d e c e n c i a , e p e r fe i^a 6 , q u e a t o d o s p u d e fi e f e r v i r de e x e m p l a r ,
D i g a - o fina lm en te eífa S a c r o f a n t a B a fil ic a
P a t r i a r c a l , q u e c o m p a f m o s , e inve jas d e t o ­
das as N a g o e n s e r i g i ó , e e f t a b e l e c e o , c o m t a l
p o m p a , e m a g n i f ic e n c ia , qu e na fua C o r t e nos
deu a v e r t u d o , o q u e fe ad mira na d e R o ­
ma ; f e n d o o fim u n i c o d e tanta m a g e f t a d e , e
g r a n d e z a o m e í m o c u l t o D i v i n o , qu e n e lla fe
p r a ti c a c o m taí a f i e y o , e p r i m o r , qu e e x c e d e
os ú l t i m o s e x t r e m o s , e e f m é r o s da perfei^ao.
A c a b c - o u l t i m a m e n t e d e d i z e r eífa SolemnifTima ProciíTao d o C o r p o d e D e o s , q u e d a n d o
b r a d o em t o d o o m u n d o C h r i f t a ó , f e z tal a b a l­
l o em t o d o s , q u e m u i t o s , f e m a t t e n d e r e m a
d i f t a n c i a s , n e m f a z e r e m re p a ro a d e f p e z a s , fe
refoIv era 6 a v j r e x a m i n a r c o m o s o l h o s , o q u e
Ihes d iz i a a fa m a aos o u v i d o s ; r e c o n h e c e n d o
entao^ o q u a n t o tinha fi do efta d i m i n u t a , quane
do
d o a t t o n i t o s c o m a e v i d e n c i a , c o n f e íT a v a 6 , e
p u b l i c a v a ô , q u e naô p o d i a e ll a i n t e i r a m e n t e
c o n t a r - I h e s , o qu e n e m as me fm as a d m i r a ç o e s
p o d i a ô d i z e r ; mas q u e m u i to / Se fe nd o o D i v i n i i ï ï m o S a c r a m e n t o , que nella era l e v a d o e m
t r i u n fo , o p r i n c i p a l o b j e d o da d e v o ç a o d o
n o í lo M o n a r c a , e l l e f e e m p e n h a v a em lh¿ d a r
ta e s c u l t o s , e g l o r i a na t e r r a , qu e fó no G e o
a pudeíTe ter m a y o r, Eftes f o r a o os e m p e n h o s
d e E I R e y noíTo S e n h o r no z e l o d o c u l t o D i v i ­
n o , em q u e f e z c o n h e c i d o e x c e í Í o a t o d o s , o s
q u e a té a g o ra o c c u p a r a o o T h r o n o de P o r t u ­
g a l , c o f e z t a m b e m a J o s î a s , qu e no d e Judá , ne m a n t e s , n e m d e p o is t e v e femelhante.*
Sim ilis illi non fu it ante eum R ex , ntque poft eum
J u rrexít ftm ilis illi. A í íi m f o i , e afíim d e v ia fer;
p o r q u e ne m ainda t u d o ifto ba f t a v a pa ra fatisf a ç a o d a q u e l l e a t e a d o i n c e n d i o , qu e Ihe ardia
no coraçaô.
P o r b o c a d e D a v i d diíTe G h r i f t o S e n h o r
n o í T o , q u e o z e l o da G a f a de feu E t e r n o P a y
o c o m i a ; ifto he , que o c o m í a o z e l o da fua
ho nr a , e da fua g l o r i a : Z d u s d o m h tu a corngm
d it me. N a p a l a v r a comedti Ihe e n c a r e c e o D a v i J
a g r a n d e z a ; p o r q u e fe n d o c e r t o , c o m o h e ,
q u e o c o m i d o fe c o n v e r t e na fubftancia d o q u e
o c o m e , affirmar qu e o c o m i a o z e l o : Z elus
comedit » í í! ;, q u e o ut ra c o u fa fo i , f e n a o d i z e r n o s , q u e e fta va no m e f m o z e l o c o n v e r t i d o ? O
q u e d e G h r i f t o afErmou D a v i d , d i g o eu d e
EIRey
E I R e y noiTo S e n h o r ; q u e o z e l o da C a f a d e
D e o s 5 o z e l o d o feu D i v i n o c u l t o , da fua h o n ­
ra , e da fua g l o r i a o c o m i a , e co r ne o d e for ­
te y que o d e i x o u c o n v e r t i d o em h um p u r o zeJo ; Z elu s àomàs iv a come d it me. E fe c o n i o p o n ­
dera o D o u t o L a b a t a , h e o z e l o da n u tu r e z a iab.Tcrb.Z/‘
d o f o g o : Zelus naturam redolet ignis ^ e t u d o para o f o g o h e p o u c o ; p o r q u e o f o g o nunca d i z
ba^a : Ignìs nuhquam d ic if. fa tis ; nada b a ft a v a
a E I R e y no i lo S e n h o r para f a ti s fa ç a o d a q u e l l e
z e l o , ou d a q u e l l e f o g o ^ q u e Ihe ardia no cor a ç a ô ; N unquam faits. H u m e m p e n h o o m c ti a
e m o u t r o e m p e n h o , e nunca fati&fcito : N u n ­
quam fa its, H u m excéiTo o l e v a v a a o u t r o ex*
c é i l o , e i e m p r e p o u c o : N unquam fa iis.
M a s c o m o na c baftaria t u d o ifto pa ra c h e ­
gar a v e r , e a g o za r daquelle D e o s , a quem
d e d i c a v a os c u l t o s , e de qu e m , c o m tantas
a n c ia s , e c u i d a d o s , f e l i c i t a v a a m a y o r g l o r i a
na terra , fe j u n t a m e n t e , c o m o Jos îas , naô g o ­
v e r n a l e . e d i r i g i n e para e l l e o feu c o r a ç a ô :
7 ulit abomínañones impieiaîis ^ & gubernavit^ coti- Ecdcf.4 t4.
tiiîûa o noftb T e x t o : ad D om im m cor ipfius E t
direxit 5 l ê o G r e g o ; a g o ra p o r u l t i m o a d m i- ^
t a r e m o s , o c o m o E I R e y noiTo S e n h o r , ao m e f ­
m o t e m p o , q u e a D e o s eftav a f a z e n d o ta nt o s,
e ta ô g r a t o s fa c ri fi c io s , Ihe f a z i a t a m b e m o
mais agrr.da vel en tre t o d o s , q ua i he o d o c o r a ç a o , o f f c r e c e n d o - l h e o feu em a m o r o f o h o l o c a u f t o , qu a n d o para o m e f m o D e o s o g o e ii
vernava,
v e r n a v a , c d i r i g í a : D ir e x iî ad Dominum cor if*
Jìus. Cor [m m , E x p l i c o u o A l a p i d e , F a ll a v a E l ­
R e y nolTo S e n h o r p o r e i l e s ú lt i m o s annos ta o
e n f e r m o , que a fua v i d a mais pa re cía m i l a g r o fa , q u e natural. S u í t e n t a v a ainda a fua R e a l
C a b e ç a o p e z o da C o r e a , ajudada fem d u v i d a das mui tas O r a ç o e n s d o s S e r v o s d e D e o s ,
qu e n e ll a ta n to le e n te re fl a v a o , e das c o n t i ­
nuas la g r i m a s d o s p o b re s , qu e t a n t o d e p e n d i a o d a fua c o n f e r v a ç a ô î e c o m o á d i g n i d a d e
d a C o r o a a nJ a o a n n e x a s , e v i n c u la d a s as obrig a ç o e n s d o g o v e r n o , r e p a r t í a d e tal f ò r t e o
t e m p o , e as horas , qu e tirada s d o m e f m o t e m ­
p o as n e c e l l a r i a s , e pre cifas par a o d e f p a c h o ,
t o d a s a s m a i s d i f p e n d i a , e g a f t a v a , no q u e d i ­
z i a r e f p e i t o á fua fa lv a ç a ô .
H u m a s deftas horas l e v a v a na T r i b u n a e m
p a r t i c u l a r e s O r a ç ô e s d ia n te d o DiviniíTimo S a ­
c r a m e n t o , rezada s c o m tal d e v o ç a ô , e e fp e c i f i c a ç a ô d e p a l a v r a s , qu e b e m c l a r a m e n t e d a ­
v a a e n te n d er ti nha d ia n te d o s o l h o s d a confid e r a ç a o os m e f m o s , c o m q u e m eftav a fal la ndo^, e d e qu e m c o m a mais p ro fu n d a fu bm if fao , e reverencia im p lo r a v a , e folicitava to ­
d a a ajuda , e p r o t e c ç a o , para e v i t a r os p e r i g o s
d a v i d a , e a c a u t e la r os da m o r t e . O u t r a s paff a y a na m e fm a T r i b u n a alTiftindo aos O íf ic io s
D i v i n o s , e o u v i n d o a D i v i n a p a l a v r a , de qu e
f a z i a o mais p a rt i cu l a r g o f t o » e r e c e b i a a fua
a lm a a m a y o r c o n f o l a ç a ô . O u t r a s c m o u v i r p o n ­
tos
tos de m e d i c a ç a ô , e e m m e d i t a r , e c o n t e m ­
plar f o b r e e l l e s , c o m ta i m o ç a o d o feu e fp irito , qu e p a r e c e fe a rr e b a ta v a . O u t r a s e m ouvir lêr V i d a s d e S a n to s , e o u tr o s L i v r o s E f p i rituaes , c o m t a l a t t e n ç a o , e a d v e r t e n c i a , q u e
fe no L e i t o r h a v i a a l g u m e r r o , o u d e f c u i d o ,
o a d v e r t í a l o g o , e e m e n d a v a ; e c o m o efta liç a o era t a ô f r e q u e n t e , qu e fe c o n t i n u a v a ain­
da n o t e m p o , e m qu e h a v i a d e d e f c a n ç a r , fe
t a m b e m ncfte h a v i a , q u e e m e n d a r , e a d v e r ­
tir , o fazia l o g o ; porque fuppofto d orm iffe,
o feu c o r a ç a ô , c o m o o d a E f p o f a , v i g i a v a :
Ego àortnio , & cor mtum vigdat. O u t r a s final- Cant. $;ii
n i e n t e e m fe d i f p o r para as fuas C o n f i i T o e n s ,
q u e f a z i a e m t o d a s as f e f t i v i d a d e s m a y o r e s d a
I g r e j a , fo b re o ut ra s m u i t a s , q u e t a m b e m fa ­
z i a em dias pa r ti c u l a r e s da fua d e v o ç a o ; e e f ­
t a s , e n tr e t o d a s , e r a ô as h o r a s , q u e Ihe l e v a v a ô o s m a y o r e s c u i d a d o s , o q u e l o g o fe d a v a
b e m a c o n h e c e r ; p o r q u e na c o n f id e r a ç a ô d e
c h e g a r a efte S a c r a m e n t o , e d e e x a m i n a r para
i í l o a fua c o n f c i e n c i a , era j á n e ll e m u i t o s dias
antes tal a an c la ^ e de faí Toc eg o , qu e Ihe n a o
p e r m i t t i a r e p o u f o ; p e d i n d o a t o d a s as peíToas
E í p i r i t u a e s , ( e t a m b e m a m i m , qu e o nao e r a ,
n e m fo u J rogaíTem a D e o s o ajudaíTe a f a z e r
aquella C o n f i l f a o , q u e fe f e g u i a , c o m m e n o s
i ïïi p crf ci ço e ns , e a r c c e b e r c o m a p u r e z a d e v i d a o feu C o r p o S a c r a m e n t a d o .
E fte e ra o t h e o r d e v i d a , q u e E I R e y n o f fo
f o S e n h o r p r a t i c a v a , a q ue ajuntava ou tras m u i ­
ta s d e v o ç o e n s , qu e m e naô p o d e j á c a b e r no
t e m p o o referilas, A fua c o n f o r m i d a d e c o m a
v o n t a d e de D e o s e m to d a s as fuas g ra n d es mol e ft i a s era a ma is r a r a , d i z e n d o f e m p r e , c o ­
rno ta n ta s v e z e s Ih o o u vi d i z e r , q u e era h u m
m i f e r a v e l p e c c a d o r , e qu e t u d o o q u e p a d e c í a
e ra p o u c o , ou nada , pa ra o qu e me re cí a . A
fu a c a r i d a d e para c o m t o d o s o s e n fe rm o s , e
n e c e í fi ta d o s , era d e f ò r t e , qu e n a o h av ia ter­
m o s , ne m l i m i t e s , em qu e p u d e i ì e caber. E ra
v e r d a d e i r a m e n t e c o m o hum m ar , que trasbo r­
d a , e i n u n d a , q u a n d o d e n t r o d a s fuas c i r c u n ­
f e r e n c i a s n a ô pod e c o n t e r a v a f t i d a o Im m e n fa
das fuas a g o a s ; firn e r a ; p o i s nao b a i l a n d o pa­
ra a c o m p r e h e n d e r t o d o s os á m b i t o s dos fcuS
R e y n o s , e D o m i n i o s , e n e m ainda os d o mun»
d o t o d o , t r a s b o r d a v a , e f a h i a fó ra d e l l e s , di­
l a t a n d o - f e a té o P u r g a t o r i o , a o n d e c h e g a v a c o m
h u m a i n u n d a ç a ô de M i ll a s , e SufFragio.s a e x ­
t i n g u i r , e a p a g ar as atead as c h a m m a s , q u e
n e l l e a r d e m , e a dar r e f r i g e r i o , e a l i v i o ás A l m a s ,
q u e nell as fe e f t a v a o a b r a z a n d o . A v e n e r a ç a ô a
t o d a s as R e l i g i o e n s Sa g ra d a s , e a feus P at ria r­
cas Santi fli mos era fem e x e m p l o . A q u e t r i b u ­
t a v a ao no lí o , e ao feu H a b i t o , era t a l . qu e a
n e n h u m d o s feus fílhos f a l l a v a , fe m Ihes t o m a r
p r i m e i r o a b e n ç a ô , e nao f a t i s f e l t o c o m i íl o ,
o punha t a m b e m f o b r e a c a b eç a , c o m o tantas
v e z e s Iho v i f a z e r j c h e g a n d o a cal e x t r e m o a
fut
fua d e v o ç a ô , q u e v e f t i d o c o m o m e f n ^ o H a b i ­
t o , qu e t a n t o ven e ra ra n a v i J a , q u i z qu e foffe l e v a d o o feu c o r p o i f e p u lt u r a . E m f i m , a
e f t i m a ç a ô , e a m o r á fua V e n e r a v e l O r d e m T e r ce irà , d e q u e era F i l h o , em ne nhu m .is e x preiToens p o d e ca ber . D i g a - o a q u e l l e dia f e ti m o d e D e z e m b r o aflÎg nal ad o p o r V e f p e r a d a
I m m a c u l a d a C o n c e i ç a ô d e noifa S e n h o r a , q u e
e l e g e o para f a z e r a fua ProfíííaÓ î q u a n d o ao
e n t r a r à fua R e a l pre fe nfa , m e p e d i o o quiyeiTe a d m i t t i r a e ll a , e a ju d a r a f a z e r hu m A c ­
t o d e C o n t r i ç a ô , na 6 o b f t a n t e , q u e a q u e l l a
m e f m a hora a c a b a v a d e c o m m u n g a r , n o q ua i
f o r a ô as l a g r i m a s t a n t a s , q u e f u p p r i m i n d o - l h e
as p a la v r a s , fe fufFocava c o m ellas, D i g a 6 - o
as m e fm a s la g r i m a s , q u e e m t o d o a q u e l l e ac­
t o , f o r a ô as li n g o a s qu e f a l l a r a o ; p o r q u e d e
t o d o e m m u d e c e r a ô as v o z e s . D i g a ô - o a q u e l la s
r e c o m e n d a ç o e n s , q u e e n t a ô m e f e z ; q u e pu*
b l i c a m e n t e em feu n o m e Ihe pediiTe p e r d a ô a
t o d a a O r d e m d e t o d o s os feus d e f e i t o s , c n e ­
g lig en cia s , e de to d o o e f c a n d a lo , e mao ex­
e m p l e , q u e Ihe h o u v e i f e d a d o . F a t a l i m p u l fo ! M a s aiFim f u c c e d e o , e naÔ fa lt a ra ô tefte^ u n h a s , qu e o p r e f e n c i a r a ô . D i g a - o a q u e l l a
d e v o ç a ô , e f e r v o r , c o m qu e d a l l i ao d i a n t e
cm to d o s os annos , q u e v i v e o , ficou ratifican­
d o a ProhMaÔ no m e f m o d ia , e r d c e b e n d o to»
nas as A b f o l v i ç o e n s , e B e n ç a o s Pa p a e s , a q u e
preccdiaô f¿inpre os m efm os A i l o s de C o n t r ir
ç a d.
ç a o . Diga-t> fin al me nte a q u e i ’ a a n c i a , e c u i­
d a d o , c o m que d e f e j a n d o a t o d o s F i l h o s defta
O ï d e m , m e p e r g u n t a v a tantas v e z e s fe o e r a o
j á to d as as Pe iîo as R e a e s , nao d e f c a n ç a n d o
. c o m a r e p o f t a , e m q u a nt o c o m t o d a a diftinç a ô , e c l a r e z a Ihe naô m o f t r e y p o r pap e! ( c o ­
m o m o o r d e n o u ) o a n n o , e dia , e m q u e hav i a ô e n t r a d o nella , e ProfeiTado ; q u e r e n d o ,
q u e t o d o s fe aliftaiTem d e b a i x o d a B a n d e i r a d o
A l f e r e s M ô r de J E S U C h r i f t o F r a n c i f c o ; e
a d v e r t i n d o para iiTo a t o d o s os feus D o m e f t i c o s , qu e fe ainda o naô t i n h a ô f e i t o , o fizef-fem logo.
A í f i m ef tim ava E l R e y n o í l o S e n h o r e f t a
V e n e r a v e l O r d e m T e r c e i r a ; mas que m u i t o ,
f e c o m tal e x t r e m o a m a v a a o P a y , q ue c o m o s
F i l h o s da Pr im ei ra no dia q u a t r o d e O u t u b r o
d a iua S o l e m n i d a d e , n a ô f ó fe fe n t a v a , e co­
m í a no R e f e i t o r i o , e m q u a n t o Iho n a ô i m p e ­
d i o a m o i s f t i a ; mas os c h e g o u t a m b e m a fer»
v i r na m e fm a m ef a • E x c é i l o tal d e a m o r fo i ef­
t e para c o m t o d a a R e l i g i a o Serafica , que nao
c a b e nos c u rt o s r a f g o s da minha penna o defc r e v e l o . N o s feus A n n a e s o t fc re v e rá c o m pen¿
nas d e o u r o a m e f m a R e l i g i a o para a p fteri-*
d a d e , eferá fempre l i d o , e ouvido com adm ir a ç o e n s ; n e m d a q u i ha paíTar a mais , ne m e u
o in t e n t o . D i g o í o , que c h e g a d o a q u e l le tem-p o , e m qu e D e o s ti n h a d e t e r m i n a d o d a r a E I­
R e y noiFo S e n h o r o p r e m i o m e r e c i d o pelas fuaa
virtù»
v ir tu d e s , o prevenio p or m eyo de huma nova
e nferm idade, deixando-lhe livre , e defembaraça do o uf o de t o d a s as p o t e n c i a s , e f e n t i d o s ,
para q u e affim fe difpuzeíTe m e l h o r pa ra a m o r ­
te. C o n h e c e o - a E l R e y , e t e m e o - a c o m o h o i nem ; p e l o qu e r e v e f t i d o d e a n i m o , e co nftancia , fe a r m o u , e f o r t a l e c e o para o c o m b a t e
c o m o D i v i n i í I i m o S a c r a m e n t o , qu e Commun-^
g o u no feu O r a t o r i o , d o q u a l p a í l a n d o á T r i b u n a a re nd er ao m e f m o S e n h o r as g r a ç a s , d e l ­
ia fe d e f p e d i o , e v o i t o u á fua C a m a r a p a r a
morrer. C r e fc e o a doença , e crefceo com el­
la o c u i d a d o , p e l o q u e , na c o n f i d e r a ç a ô d o
p e r i g o , fo ra o t u d o recu rfo s ao C e o . T u d o o
<]ue em t o d o s , e em t o d a a p a r t e fe v i a , e ou*
v i a , e ra ô P r e c e s , t u d o D e p r e c a ç ô e s , t u d o la­
g rim a s , tudo g e m id o s , tudo O r a ç o e n s , tudo
Sac rific ios , t u d o p e n i t e n c i n s , t u d o v o t o s , t u ­
do P r o c if i b e n s ; e m fim , t u d o c l a m o r e s a D e o s ,
para q u e f e c o m p a d ec e íF e d a fua n e c e í l i d a d e ,
da fua a f f l i c ç a ô , e d o feu d e f a m p a ro . M a s p o r ­
q u e o m e f m o D e o s , qu e em o u t r e s f e m e l h a n ­
tes a p e r t o s , a t t e n d e n d o ás nofl'as f u p p l i c a s , e
a dar a Sua M a g e í l a d e mai s p r e c i o f a C o r o a ,
Ihe continuíira e n t a ó a v i d a , n o p r e f e n t e Iha
queria c o m m u t a r c o m a e t e rn a , p e r m i t t i o , q u e
a d oen ça chegaíTe a t a l e í l a d o , q u e d e t o d o fe
perdeíTem as ef pe ra n ça s d a m e lh o r a . N e í l e , a
q u e E lR e y noíTo S e n h o r f e a c h a v a r e d u c i d o ,
í c Ihe a p p l i c a r a ó os ú l t i m o s , e mats v i o l e n t o s
f
re m e -
r e m e d i o s , q u e fofFrco c o m h e r o ic a p a c i e n c i a ;
e i n f e r i n d o d o p o u c o , ou nada que Ihe a p r o v e i t a v a o , q u e D e o s Ihe e i l a v a b a t e n d o a's p o r ­
t a s d o c o r a ç a ô , e o c h a m a v a para fi , lhas a b r io
para o receber , c o m o recebeo , por V ia tico ;
f a z e n d o p r i m e i r o c o m g ra n d e e d i f i c a ç a ô dos
c ir c u n f t a n t e s t o d o s os a d o s d e C h r i i l a ô , e
r e p e t i n d o a m o r o f a s J a c u la t o r i a s ao D i v i n o Efp o f o d a fua aim a , qu e t in ha pr e fe nt e.
E m fim a d v e r t i n d o , e c o n h e c e n d o , qu e
e ra c h e g a d o aos ú lt i m o s paÎTos da fua v i d a » rec e b e o a A b f o l v i ç a ô pleniifima da fua O r d e m
T e r c e i r a , d i z e n d o - m e , qu e a pe d ia , e q u e r i a ,
e f a z e n d o p r i m e ir o c o m i g o oís A £ l o s d e Fé^
E fp e r a n ç a , e Garidade , e de A tr iç a ô , e Con*
t r i ç a ô . R e c e b e o d e p o is a I n d u l g e n c i a P l e n a ­
r i a , e B e n ç a ô A p o i l o U c a , a p p l i c a d a p e l o Ex«
c e l l e n t i i l i m o S e n h o r N u n c i o d o s feus R e y n o s ;
e u l t i m a m e n t e o Sa cramcm:o d a E x t r e m a - U n ç a c ,
adm iniftrado pelo Eminentiifimo Senhor C a r ­
d e a l P a t r i a r c a , para o qu e , f e z ainda c o m g r a n ­
d e e s f o r ç o , a confiffaô g e r a l . Afl im f o i E I R e y
c o n t i n u a n d o , r e fig na d o t o d o na v o n t a d e d e
D e o s , e f a z e n d o - l h e r e p e t id o s a f t o s de A m o r ,
e d e E f p e r a n ç a , a t é q ue c h e g a d o a q u el la hòra
t r e m e n d a , e u l t i m o inftante , e m q ue á m o r­
t e fe d e i x á p o r d e f p o j o s a v i d a , e fe pafl'a d o
t e m p o r a l ao e t e r n o , c o m o s o l h o s e m h u m a
J m a g e r a d e C h r i f t o C r u c i f i c a d o f u a v e m e n t e entréjgou a alma nas maos d o feu C r e a d o r pe la s
fet®
fete h o r a s , e a lg u n s m i n u t o s da ta rd e d o d i a
trinta e h um d e j u l h o , m e m o r a v e l f e m p r e p a ­
ra P o r t u g a l , E f t a l a r a ô d e d ô r o s c o r a ç é e s , reb e n t a r ao p e lo s o l h o s as l a g r i m a s , afFogaraô-fe
c o m e ll a s as v o z e s , e o s Î u f p i r o s , e f o n o s foluç os p o d e t e r a l g u m d e f a f o g o a m a g o a . E f ­
tas , c o m o eu p r e f e n c i e y , f o r a ô as p r i m e ir a s
E x e q u i a s , c o m q u e f e l a m e n t o u a fua m o r t e ,
e f e n t i o a fua p e rd a . D i v u ! g o u - f e a n o t i c i a , e
e m t o d o s os feu s VaíTallos fo i g é r a i , e fe m c o n f o l a ç a ô o f e n t i m e n t o . T o d o s fentiraÔ m u i t o ;
aifim c o m o t i n h a i id o t a m b e m m u i t o , o q u e
p e r d e r a ô ; mas f e q u e m m^is p e r d e , mai s f e n­
t e , a m a i s f e n t i d a e ntr e t o d o s , h e e i l a O r d e m ;
p o rq u e perdeo mais que todos. T o d o s he v e r ­
dade perderaô muito ; porque perderaô hum
t a l R e y ; p o r ê m efta O r d e m p e r d e o m a i s ; p o r ­
que f o b r e p e r d e r o m e f m o R e y , p e r d e o n e l l e
hum F i l h o , q u e t a n t o a h o n r a v a , e e f t i m a v a ,
e t a n t o a e n g r a n d e c i a ; h um F ü h o , e m qu er a
ti nha t u d o , o q u e q u e r i a , e p o d i a d e f e j a r : e
q u e m aflim p e r d e , f e n t e m a i s ; p o r q u e p e r d e
mais q u e t o d o s . H u m a m a y f e n t i d a e m f e m e ­
lh a n t e s c i r c u n f t a n c i a s , nos dará a id è a de ft e fenr
timento,
C h o r a v a A n n a M a y d e T o b i a s m o ç o na c o n fideraçaô da m o r t e , e p e rd a def te f i l h o , e d i z
o T e x t o , que chorava co m lagrim as irremed i a v e i s : R é a t igitur mater ejus irremedidbihhus ia~ T«b,
(rymis, N o t a v e i s l a g r i m a s p o r c e r t o , e ta ô n o f ii
taveis,
44
ïW.T.ji.
iW. T. 3.
Oraçao
t a v e i s 5 qu e fe naÔ a c har âô outras f e m e lh a n t e s
em toda a E f c r i t u r a Lagrim as fem rem edio :
Irremediabilthus lacrymts ! E qual ferla o m o t i v o ?
O m e f m o T e x t o o d ecl ara
Omnia fîm u l m te
ftno habentes. C h o r a v a efta M à y , e era o o b j e c t o , e o r i g e m das fuas l a g r i m a s a fa lt a d e h u m
f i lh o , e m quena tinha t u d o a m e f m a M a y : O w nia tn A t uno habentts ; e a g o r a na p e r d a d e l l e fe
c onf ide ra va falta de t u d o ; e p o r q u e femelhan«
tes fa lta s e x c e d e m t o d as as pe rd as , e t o d o s os
f e n t i m e n t o s , c h o r a v a efta M a y a fa lt a d e h u m
t a l filho c o m la g r im a s fem r e m e d i o : Mehat ir-,
remediabtlibus lacrymis. T u d o tinha t a m b e m efta
p e n a li z a d a M a y a O r d e m T e r c e i r a no F i l h o
p o r q u e c h o r a : Omnia fimul in te uno habentes, e
t u d o v e y o a p e r d e r na fua falta : L o g o p o r q u e
a t o d o s e x c e d e t a m b e m na p e r d a , ef en tim en -;
t o , c h o ra c o m as m e fm a s l a g r i m a s h u m a t a l
falt a ; I r r m td iM ib u s lacrymis. S i m c h o r a , e fe
re fle¿tirmos no T e x t o , Ihe ju f t if i c a r e m o s ain da
m a i s a r a z a ô , ao v e r qu e aifim c h o r a v a a q u e l­
la M a y , fô na co n fi d e ra ça ô d e naô v i r o fil ho
no dia aiTignalado ; E o quod die ftatuto minime
verter etur filtus. C h o r a v a hu m a au fencia , qu e
p o d i a ter , e t e v e r e m e d i o c o m a c h e g a d a d e
T o b i a s ; e fe ain da aifim a c h o r o u c o m lagri*
m a s i r re m e d ia v e i s : flebat irtemedtabdibus laciy^
m is , c o m qu e la g r im a s fe d e v e c h o r a r hu m a
a ufe nci a , que nao te m r e m e d i o , p o i s he au­
fe n c ia , q u e f e z a m o r t e ì C e r t o h e , que pou-.
çaS|
c a s , e infufficientes fa o t o d a s as l a g r i m a s , ou
c o m r e m e d i o , o u fem e l l e , para c h o r a r h u m a
a u fe nc ia , q u e j á n a ô t e m , n e m p ó d e ter r e ­
m edio.
C h o r a po is , o h m a g o a d a O r d e m T e r c e i ­
r a , e c h o r a f e m p r e , v i f t o q u e p e r d e tt e t u d o ,
n o F i l h o qu e p e r d e t t e : O m nis jÌm u l in te uno ha^
bentes. E t e r n i z a o p r a n t o , q u e a o n d e fa ò irrcm e d i a v e i s as l a g r i m a s : Irrem ed iM tb u s ìacrymisy
n a ô d e v e h a v e r t e r m o , n e m fim nas fuas c o r ­
r e n t e s . P o r ê m f u fp e nd e - as p o r hu m p o u c o , q u e
a l g u m a l i v i o f e d e f c o b r e á tua m a g o a . C o n f i ­
d e r à , q u e fe te fa lt a effe F i l h o , e te fa lt a n e l ­
le t u d o , t u d o tens n o F i l h o , q u e te d e i x o u ,
a d o r n a d o das m e f m a s v i r t u d e s , e r e v e f t i d o p a ­
ra c o n t i g o d o m e f m o a m o r , q u e te e f t im a r à
t a n t o , c o m o o m e f m o p o r q u e cho ra s. A f l i m
f e r á , e naó te faltaÒ j á r a z o e n s , e f u n d a m e n ­
tos pa ra o efp e r ar e s affim ; p o i s de p r e fu m i r he,
q u e q u e m tantas ho nr a s te f e z , q u a n d o Pr in ­
c i p e , tas farà ain da m a y o r e s , q u a n d o R e y . M a s
ainda aflim co n t in ú a o teu p ra n t o p e l a a u f e nc ia
fe m r e m e d i o , d o qu e p e r d e t t e ; c h o r a , e c h o r e m o s t o d o s a fa lt a d o noffo R e y ; e ao v e r c a ­
b i d a da fua R e a i C a b e r a a q u e l l a C o r o a , r o m ­
p a m o s e m fe n t i d i f li m o s a y s ; Cesidit corona capi~
U S n ojín :
nobis. A f li m o f a z e m o s j á , o h M o ­
narca i n f i g n e , e o fa r e m o s f e m p r e ; po is e m
q u a n t o h o u v e r no m u n d o m e m o r i a , refidirá a
N a ç a ô P o r t u g u e z a unida p o r a m o r a elFe R e a l
nionu*
m o n u m e n t o , fufpirando fa u d o fa , g e m en d o trift e , e c h o r a n d o m a g o a d a huma t a ô g r a n d e perd a , e f e h o u v e r de a d m it t i r a l g u m l e n i t i v o ,
ferá f ó m e n t e o da c o n f i d e r a ç a ô , d e q u e o S u ­
p r e m o R e m u n e r a d o r d e to das as v i r t u d e s co ro aría as de V o í f a M a g e f t a d e c o m o e t e r n o dia»
dema da Gloria.
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