HEINRICH HARRER - SETE ANOS NO TIBETE

Transcrição

HEINRICH HARRER - SETE ANOS NO TIBETE
HEINRICH HARRER - SETE ANOS NO TIBETE
A Minha Vida na Corte do Dalai Lama
Tradução de Marina Guaspari
EDIÇÕES MELHORAMENTOS
1963
Título do original alemão: SIEBEN JAHRE IN TIBET (1953)
Todos os direitos reservados pela
Comp. Melhoramentos de São Paulo, Indústrias de Papel
Caixa Postal 8120, São Paulo
Fonte: MultiBrasil Downloads e Dicas - http://multibrasil.blogspot.com
Índice
PREFÁCIO .................................................................................................................7
CAMPO DE INTERNAÇÃO E TENTATIVA DE FUGA ......................................11
MARCHAR DE NOITE; ESCONDER-SE DE DIA................................................17
FADIGAS, PROVAÇÕES... TUDO EM VÃO ........................................................22
MASCARADA AUDACIOSA.................................................................................27
O TIBETE NÃO QUER ESTRANGEIROS.............................................................36
MAIS UMA VEZ, CLANDESTINOS ALÉM DA FRONTEIRA ...........................42
EM GARTOK, SEDE DO VICE-REI ......................................................................51
RECOMEÇA A DURA PEREGRINAÇÃO ............................................................54
UM MOSTEIRO VERMELHO, COM TELHADOS DOURADOS: TRADÜN .....59
UMA CARTA NOS INDUZ A CONTINUAR ........................................................65
KYIRONG, ALDEIA DA BEM-AVENTURANÇA ...............................................68
O NOSSO PRIMEIRO ANO-BOM NO TIBETE ....................................................71
PREOCUPAÇÕES SEM-FIM PELA PERMANÊNCIA .........................................77
PARTIDA DRAMÁTICA DE KYIRONG ..............................................................82
PELO PASSO DE TSHAKHYUNGLA, AO LAGO PELGU TSHO ......................84
UMA VISÃO INESQUECÍVEL: O MONTE EVEREST........................................88
TENTAÇÃO PERIGOSA: VER LHASA ................................................................91
ENTRE NÔMADES BONDOSOS ..........................................................................96
ENCONTRO PERIGOSO COM OS KHAMPAS LADRÕES ..............................100
FOME E FRIO... E UM INESPERADO PRESENTE DE NATAL .......................104
O SALVO-CONDUTO ABENÇOADO.................................................................112
FLÂMULAS COLORIDAS ORLAM O CAMINHO DO PEREGRINO ..............115
UM GRILHETA, COMPANHEIRO DE QUARTO ..............................................118
BRILHAM OS TELHADOS DE OURO DO POTALA ........................................122
DOIS VAGABUNDOS PEDEM CASA E COMIDA............................................124
O ASSUNTO DO DIA EM LHASA ......................................................................127
OS DOIS POBRES FORAGIDOS SÃO MIMADOS ............................................131
HOSPEDADOS NA CASA PATERNA DO DALAI LAMA................................133
O MINISTÉRIO DO EXTERIOR DO TIBETE CONCEDE-NOS LIBERDADE DE
MOVIMENTOS .....................................................................................................137
VISITAS IMPORTANTES EM LHASA ...............................................................140
A HOSPITALIDADE LIBERAL DE TSARONG .................................................145
NO TIBETE NÃO SE CONHECE A PRESSA......................................................149
AMEAÇADOS NOVAMENTE DE DEPORTAÇÃO ...........................................150
COMEÇA O ANO DO "CÃO DE FOGO" ............................................................154
UM DEUS ERGUE A MÃO, PARA ABENÇOAR...............................................157
A NOSSA PRIMEIRA EMPREITADA.................................................................161
FESTA ESPORTIVA, ÀS PORTAS DE LHASA..................................................163
A ORDEM DOS TSEDRUNGS.............................................................................171
O FILHO MAIS NOVO DA MÃE DIVINA..........................................................173
CAMARADAGEM COM LOBSANG SAMTEN .................................................175
PROCISSÃO A NORBULINGKA ........................................................................177
QUEREMOS VER O DALAI LAMA....................................................................179
ESTIAGEM E O ORÁCULO DE GADONG ........................................................186
A VIDA DE CADA DIA, EM LHASA..................................................................188
MÉDICOS, CURANDEIROS E ADIVINHOS......................................................191
O ORÁCULO OFICIAL.........................................................................................194
OUTONO ALEGRE EM LHASA..........................................................................198
A MINHA FESTA DE NATAL .............................................................................204
PERÍODO DE MUITO TRABALHO ....................................................................205
OS ESTRANGEIROS E O SEU DESTINO NO TIBETE .....................................210
AUDIÊNCIA DO DALAI LAMA..........................................................................213
VISITAMOS O POTALA ......................................................................................217
A CONSPIRAÇÃO DOS MONGES DE SERÁ ....................................................221
SOLENIDADES RELIGIOSAS, EM MEMÓRIA DE BUDA ..............................224
PRIMEIRA ENCOMENDA OFICIAL ..................................................................226
TRABALHO E FESTAS, NO JARDIM DA PEDRA PRECIOSA........................229
EM CASA PRÓPRIA — COM TODO O CONFORTO........................................231
AS VAGAS DA POLÍTICA INTERNACIONAL CHEGAM AO TIBETE..........235
A VIAGEM DO DALAI LAMA AOS CONVENTOS..........................................239
ACHADOS ARQUEOLÓGICOS DE AUFSCHNAITER.....................................245
PROBLEMAS AGRÍCOLAS DO TIBETE ...........................................................246
ESPORTE NO GELO, EM LHASA.......................................................................247
CAMERAMAN DO BUDA VIVO ........................................................................248
A CATEDRAL DE LHASA...................................................................................249
HOSPITALIDADE TIBETANA............................................................................251
REORGANIZAÇÃO DO EXÉRCITO E INTENSIFICAÇÃO DA
RELIGIOSIDADE..................................................................................................253
ESTABELECIMENTOS TIPOGRÁFICOS E LIVROS ........................................260
ASSUMO O ENCARGO DE CONSTRUIR UM CINEMA PARA O DALAI
LAMA.....................................................................................................................263
PRIMEIRA ENTREVISTA COM KUNDÜN........................................................273
"ÉS CABELUDO COMO UM MACACO, HENRIQUE!"....................................276
AMIGO E MESTRE DO DALAI LAMA ..............................................................281
OS CHINESES VERMELHOS AMEAÇAM O TIBETE......................................282
TERREMOTOS E OUTROS SINAIS AGOURENTOS ........................................285
DÊ-SE O PODER AO DALAI LAMA ..................................................................288
A DÉCIMA QUARTA ENCARNAÇÃO DE TSHENRESI ..................................291
PREPARATIVOS DA FUGA DO DALAI LAMA................................................295
DESPEÇO-ME DE LHASA ...................................................................................300
PANTSCHEN LAMA E DALAI LAMA...............................................................302
ROTEIRO DA FUGA DO REI-DEUS...................................................................303
O JOVEM SOBERANO VÊ, PELA PRIMEIRA VEZ, O SEU REINO................305
OS MEUS ÚLTIMOS DIAS, NO TIBETE............................................................309
NUVENS AMEAÇADORAS SOBRE O POTALA ..............................................311
Índice das pranchas
Dalai Lama e Heinrich Harrer ...................................................................... 10
Barco tibetano / Caravanas de iaques ........................................................... 15
Um "tschörten" ............................................................................................. 16
Peregrino mendigo ....................................................................................... 34
Edifício de granito ....................................................................................... 35
Criminosos algemados ................................................................................... 44
Acampamento de nômades / Peregrinos de Lhasa ....................................... 45
Monge policial ............................................................................................... 46
Quatro monges / Banda de música dos monges ........................................... 47
Parada histórica anual / Banda dos monges ................................................. 56
A grande liteira do Dalai Lama ................................................................... 57
Lobsang Samten .......................................................................................
75
A mãe do Dalai Lama .................................................................................. 76
Monges com turíbulos .................................................................................. 92
O Dalai Lama segura um vaso de ouro ......................................................... 93
Mosteiros na orla dos penhascos .................................................................. 110
Estátua de ouro de Buda ................................................................................ 111
O Potala / Residência da família do Dalai Lama .......................................... 129
Aufschnaiter e a irmã do Dalai Lama ........................................ .................. 130
Ministro do Exterior e secretários ................................................................ 147
Senhoras com adereços / Os três ministros principais ...............................
148
Bandeira de dimensões colossais / Casas de tufos de relva e barro ............ 165
Bandeira de Tra Yerpa ..................................... .......................................
166
Nora de ministro com filho / Jogo de dados num piquenique ....................... 183
Dança de monges bailarinos / Ministros e aristocratas ................................. 184
Dança de monges........................................................................................... 202
Jovens aristocratas ......................................................................................... 203
General Surkhang / Monte dos arredores de Lhasa ....................................... 219
O irmão de Wangdüla / Patinando no gelo .................................................... 220
Wangdüla ....................................................................................................... 237
Tambores e praças do exército ....................................................................... 238
Tiro à distância / Soldados com armaduras e capacetes muçulmanos ........... 256
Camponeses com traje popular .................... ................................................. 257
O oráculo do Estado ....................................................................................... 266
Torre sacrificial ............................................................................................. 267
O Dalai Lama e auxiliares .............................................................................. 268
Trashi-Lhünpo / Soldado khampa e o governador de Gyantse ...................... 269
Soldados do exército indiano ........................................................................
O pendão do Dalai Lama / Entrada em Gyantse...........................................
A caravana do Dalai Lama ...........................................................................
Residência provisória ...................................................................................
Roteiro da viagem de Harrer (mapa) ...........................................................
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PREFÁCIO
Todos os sonhos da vida começam na mocidade...
Já em criança, muito mais do que o saber escolar, me entusiasmavam os
feitos heróicos do nosso tempo: os homens que se propõem explorar terras
desconhecidas, ou marcam a si próprios o objetivo de medirem as suas
forças, entre fadigas e privações, em competições esportivas; os
conquistadores dos cumes do mundo... Esses eram os meus modelos; e não
tinha limites o meu desejo de imitá-los!
Faltavam-me, porém o conselho e a orientação dos mais experientes.
Decorreram assim muitos anos, antes que eu me compenetrasse da
impossibilidade de visar simultaneamente a várias metas. Experimentara-me
em quase todo gênero de esporte, sem colher resultados que me parecessem
satisfatórios. Concentrei-me afinal em dois que, pela sua estreita afinidade
com a natureza, eram os meus favoritos: esqui e alpinismo.
Eu já percorrera, em pequeno, a maior parte dos Alpes; mais tarde,
mesmo estudando, todas as minhas folgas pertenciam, no verão, a escalar
montanhas; no inverno, ao esqui.
Modestos sucessos estimularam-me, em breve, a ambição. Sujeitandome a rigoroso treino, consegui usar em 1936 as cores da equipe olímpica da
Áustria. Um ano depois, conquistei uma vitória, nas provas internacionais de
esqui.
Nesta e noutras competições, a embriaguez da velocidade e a exaltação
de ver triunfar a plenitude do esforço deram-me instantes de euforia. Não me
bastava, no entanto, sobrepujar um adversário, ser proclamado vencedor. Só
uma coisa valia aos meus olhos: medir as minhas energias com as
montanhas.
Conseqüentemente, passei longos meses entre rochas e gelo,
aclimatando-me a eles, a ponto de me parecer que já não haveria para mim
paredes rochosas inacessíveis. Mas, como nada me caía do céu, caro me
custou o aprendizado. Certa vez, caí de cinqüenta metros de altura e só por
milagre sobrevivi à queda. Acidentes menos graves se sucediam, porém, a
bem dizer a toda hora.
A volta às aulas era .naturalmente um imperativo penoso, embora eu não
me devesse queixar, porque a cidade me oferecia ensejo de compulsar farto
cabedal de literatura sobre alpinismo e viagens. À medida que eu devorava
esses livros, na teia confusa das aspirações vagas cristalizava-se, mais e
mais, o grande objetivo, o sonho de todo alpinista: tomar parte numa
expedição ao Himalaia.
Podia, acaso, um rapaz desconhecido como eu esperar sequer na
realização de sonhos tão audazes? O Himalaia! Para chegar lá, cumpria ser
muito rico, ou pertencer à nação cujos filhos tinham — naquela época — a
possibilidade de servir o seu governo na índia.
Ao homem que não era nem uma nem outra coisa, restava apenas um
meio: praticar uma ação qualquer, que lhe valesse positivamente a atenção
pública, a fim de — numa das raras oportunidades que também se oferecem
aos "do lado de fora" — não ser desalojado simplesmente do lugar que lhe
compete.
Mas que havia de ser? Não tinham sido escalados os picos, os
espinhaços, as paredes dos Alpes, não raro em ações incrivelmente
arrojadas? Não! Ainda restava uma parede, a mais alta e a mais difícil: o
paredão setentrional do Eiger.
Nenhuma corda lhe tocara o cimo, à altitude de dois mil metros. Todas
as tentativas falhavam, antes de alcançar a meta. E muitos tinham lá deixado
a vida.
Em torno do enorme paredão rochoso, criara-se uma coroa de lendas.
Finalmente o governo suíço exarara a proibição de galgar essa muralha.
Não havia dúvida: era a grande tarefa que eu procurava. Quebrar o
encanto da vertente norte do Eiger seria habilitar-se para o Himalaia.
Amadurecia lentamente em mim a resolução de tentar o que parecia quase
irrealizável. Está descrito em vários livros o modo como consegui, em 1938,
subir com os camaradas Fritz Kasparek, Anderl Heckmaier e Wiggerl Vorg,
o temido paredão.
Aproveitei, porém, o outono desse ano, para treinar mais assiduamente,
sempre tendo ante os olhos a esperança de ser convidado a participar da
expedição alemã ao Nanga-Parbat, planejada para o verão de 1939. Mas tudo
parecia destinado a ficar só na esperança, pois o inverno chegou, sem que
nada estivesse combinado. Outros nomes foram escolhidos para uma viagem
de reconhecimento aos montes fatídicos da região de Cachemira. Não me
tocou senão o magro consolo de assinar o contrato que me obrigava a
colaborar numa filmagem de esqui.
O argumento estava bem adiantado, quando me chegou um telefonema
de longa distância. Era a convocação tão ardentemente esperada, para tomar
parte na expedição ao Himalaia! Em quatro dias, devia estar tudo pronto.
Não refleti um minuto. Rescindi, sem hesitar, o contrato de filmagem, corri a
Graz, minha cidade natal; em vinte e quatro horas, terminei os meus
preparativos e, já no dia seguinte, estava a caminho de Munique, para
Antuérpia, com Peter Aufschnaiter, chefe da expedição alemã de
reconhecimento ao Nanga-Parbat em 1939, e outros dois expedicionários:
Lutz Chicken e Hans Lobenhoffer.
Até aí, haviam gorado quatro tentativas de alcançar os 8.114 metros de
altitude do Nanga-Parbat; e tinham custado muitas vítimas. Decidira-se,
portanto, experimentar outro caminho ascensional. Cabia-nos a tarefa de
explorá-lo, porque já se projetava novo assalto ao pico, em 1940.
Na viagem ao Nanga-Parbat, sucumbi definitivamente à fascinação do
Himalaia. A beleza dos seus montes ciclópicos, a amplidão desmesurada do
panorama, a gente exótica da índia, tudo agia em mim, com um poder
inexprimível.
Passaram-se, desde então, muitos anos. Eu, porém, nunca me desliguei
da Ásia. Procurarei escrever aqui tudo o que ocorreu. Mas, como não tenho
experiência de escritor, limitar-me-ei a expor nuamente os fatos.
Dois momentos: Harrer e o Dalai Lama, 1965 e 1992
Harrer e Dalai Lama: final dos anos 90.
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