PANOS - PALCOS NOVOS PALAVRAS NOVAS

Transcrição

PANOS - PALCOS NOVOS PALAVRAS NOVAS
SERVIÇO EDUCATIVO
Outubro > Dezembro
Jornal do Serviço Educativo
Numero 9 | Ano 2008
Publicação Trimestral
Coordenação
Fátima Alçada
Edição
Elisabete Paiva
Produção Gráfica
Paulo Covas
Comunicação
Marta Ferreira
Design
Martino&Jaña
Redacção
Francisco Frazão
Grupo Dinamizador
da Biblioteca da EB23
Egas Moniz
Marta Pinto
Teresa Saiz
Vera Santos
Distribuição
Andreia Abreu
Andreia Novais
Hugo Dias
Pedro Silva
Sofia Leite
[email protected]
ISSN 1646-5652
Tiragem 3000 exemplares
“A vida está em todas e cada uma das coisas.
Basta abrir a porta e deixar que se revele.”
MARÍA PARRATO
*LURA = PORTA, JANELA, ABERTURA, PASSAGEM
A MONTANTE
PANOS - PALCOS
NOVOS PALAVRAS
NOVAS
Francisco Frazão
pág. 04
PISTAS
AUSÊNCIA
(memória
descritiva)
Vera Santos
pág. 02
TRILHOS
Nas pisadas
de Leonardo
da Vinci
Teresa Saiz
pág. 06
“Escudos Humanos” de Patrícia Portela pelo grupo PANOS 2007/2008 do Teatro Viriato - Direitos Reservados
| LURA
PISTAS CAMINHOS PARA FAZER JUNTOS
PISTAS
AUSÊNCIA
(memória
descritiva)
A prática da dança exige um treino que não é só físico, é
também de perspicácia e de imaginação, capacidades que
todos temos e precisamos de exercitar porque qualquer pessoa
precisa destas ferramentas para o dia a dia.
A minha avó Deolinda tinha 80 anos
quando tive a ideia de fazer um trabalho coreográfico a partir das histórias
que me contava repetidamente. Fixeime nos gestos que fazia para descrever pessoas, lugares e situações mas
também no movimento que as suas
palavras imprimiam à narrativa.
O resultado foi o dueto “…asmas”
com ela, pela primeira vez em palco,
movimentando-se no espaço cénico,
contando as suas histórias com a sua
gestualidade enquanto eu personificava as personagens da sua memória
que, para mim que não as conhecera,
Fotografia Sérgio Bessa
eram fantasmas. O público assistia a
tudo isto ao som da música composta
a partir dos ambientes das histórias
que não eram audíveis.
“Ausência (memória descritiva)” surgiu
desta experiência, 6 anos depois,
trata-se de um “dueto com o espaço”,
desenvolvendo o trabalho iniciado
com a minha avó (agora ausente) e são
alguns gestos dela, provenientes dos
movimentos que já não fazia mas que
via desenharem-se nitidamente dentro
da sua cabeça (memória descritiva)
que eu coloco novamente no espaço.
O resultado é o espectáculo que
apresento, mas também todo um
processo de reconhecimento do legado
imaterial que consistem o gesto e a
maneira de fazer, que integram o nosso
quotidiano desde que percepcionamos
o movimento. Foi um regresso a todo
aquele espólio que sentia necessidade
de estudar para compreender melhor
e daí a ideia de fazer workshops com
pessoas mais velhas.
A dança, na sua formulação primária,
consiste num corpo em movimento no
tempo e no espaço e a partir daqui
pode haver dança no voo que os pássa-
Fotografia Eva Ângelo
Todos os corpos têm
memória que não
quer dizer lembrar-se deste ou daquele
facto, quer dizer
ser portador de
um património de
experiência inscrita
na forma do seu
corpo e na sua
mobilidade única.
ros desenham no céu, no saco plástico
que o vento leva pela rua ou nas mãos
que movemos ao falar, mas é preciso
praticar. A prática da dança exige um
treino que não é só físico, é também de
perspicácia e de imaginação, capacidades que todos temos e precisamos
de exercitar porque qualquer pessoa
precisa destas ferramentas para o dia
a dia, em qualquer idade, em descanso
ou em qualquer actividade – motoristas do autocarro, estudantes, donas de
casa, médicos, professores, operários,
políticos ou artesãos...
Todos fomos ensinados a caminhar,
todos aprendemos a vestir, a comer, a
correr, a andar de bicicleta, a tomar banho… isto é uma quantidade infinita de
gestos que fazemos automaticamente.
Tal como as letras do alfabeto podem
ser usadas para um telegrama, um recado ou para um poema, uma letra de
canção, ou simplesmente um desenho
só com as letras, sem palavras que se
percebam também os gestos podem
ter expressões diferentes, dependendo do uso que lhes damos.
A experiência de trabalhar com
pessoas que nunca dançaram ou que
não estão habituadas a fazê-lo tem-me demonstrado a possibilidade que
todos os corpos têm de dançar, porque
todos os corpos têm memória, que
não quer dizer lembrar-se deste ou
daquele facto, quer dizer ser portador
de um património de experiência
inscrita na forma do seu corpo e na sua
mobilidade única.
Vera Santos Bailarina e coreógrafa
LURA | PISTAS CAMINHOS PARA FAZER JUNTOS
EDITORIAL
O Outono prepara-nos para o
recolhimento da Natureza, das
suas cores e da sua força, que o
Sol do Verão adormeceu. É tempo
de colheitas e de cheiros intensos,
de voltar à escola e ao trabalho e
também de uma certa melancolia.
É neste recolhimento adocicado,
que o Inverno tornará menos
brando, que se reúne a energia
para as estações mais activas.
Muitas espécies hibernam, os
Homens enchem os celeiros; alguns
aproveitam para abrir antigos
baús, resgatar ou organizar
memórias dispersas.
Nós, aproveitámos para desenhar
um caminho curvo sobre folhas
crepitantes, passando por
diferentes estações e iguarias:
Como Vera Santos resgata das
memórias compartilhadas com a
sua avó um espectáculo de rara
sensibilidade, reclamando a dança
para todos os corpos. Como a
Culturgest tem implementado
um projecto tão pertinente para
a criação teatral e para o público
jovem como o PANOS. Como
despontam cumplicidades com
pais e professores que nos lêem e
nos escrevem.
PISTAS
Títeres de
María Parrato
A Compañía de Títeres María
Parrato é uma das mais
interessantes companhias de
teatro de marionetas de Espanha.
As suas origens, inicialmente
com o nome de Kiriki, remontam
a 1984, a Cabezuelo, uma aldeia
perto de Segóvia. Lançandose à criação teatral com uma
motivação essencialmente
inovadora, a companhia foi
ganhando reconhecimento pelo
rigor na experimentação, pela
capacidade de diversificar os tipos
de marionetas utilizadas e pela
riqueza dramatúrgica das suas
propostas.
Para ler entre chás, casacos de
malha, castanhas, compotas e
conversas tardias.
PISTAS
Mini Big Band
antecipa
Guimarães Jazz
Antecipando o Guimarães Jazz, o
Serviço Educativo promove uma
experiência especial pensada para
músicos muito jovens: a criação
de uma Mini Big Band * para
menores de 18 anos. Procurando
sensibilizar os participantes para
o jazz, esta iniciativa pretende
antes de mais proporcionar aos
inscritos uma experiência de grande
prazer, aliando o rigor técnico à
experimentação e improvisação,
individualmente e em conjunto,
promovendo a escuta e o sentido de
grupo e dando-lhes a oportunidade
de experimentar e tocar com
profissionais experientes.
A Mini Big Band, que se
apresentará em concerto no dia
08 de Novembro, resultará de
uma oficina de uma semana com
Marco Franco e Rui Caetano,
respectivamente conhecidos como
baterista e pianista, ambos músicos
multifacetados e capazes de fazer
desta semana um momento único
de partilha e experimentação. Os
dois orientarão o grupo através do
mundo do jazz, das suas referências,
da sua linguagem e da sua natureza
inventiva, apresentando-se por fim
em concerto juntamente com os
jovens participantes.
Os principais requisitos para
inscrição são uma grande
motivação para conhecer e
explorar a linguagem jazz e um
nível intermédio de formação
de instrumento, que garanta
as ferramentas básicas para a
improvisação.
Kiriki passa a Títeres María Parrato
em 1997, ano da morte da mítica
marionetista espanhola, com quem
o grupo teve o privilégio de conviver
no último ano da sua vida, ano em
que regressou a Espanha ao fim de
muitos anos de exílio voluntário.
María Parrato, de local e data de
nascimento incertos, já antes da
Guerra Civil Espanhola gozava
de grande admiração por parte
dos intelectuais da época, pela
forma singular como construía e
manipulava, dando vida, a bonecos
e outros objectos inanimados. Uma
mulher singular também pela sua
conduta, ao tomar conhecimento
da morte de Federico García Lorca
*, em 1936, não hesitou em destruir
todo o seu trabalho e renunciar à
actividade teatral, acabando por
deixar Espanha para regressar
apenas em 1996.
Da companhia a que Parrato
dá o nome poderemos assistir
a Ping, espectáculo de teatro
pluridisciplinar para bebés, em
que a busca de si próprio, dos seus
sonhos e do seu caminho é o tema
central.
| LURA
A MONTANTE AS NOSSAS REFERÊNCIAS
PANOS
Palcos novos
Palavras novas
PANOS - palcos novos palavras novas é um projecto da Culturgest que
junta a nova dramaturgia ao teatro
escolar ou juvenil. Inspira-se numa
iniciativa semelhante do National
Theatre de Londres, onde já tem uma
experiência de mais de dez anos e
se chama Connections. Lá, todos os
anos são encomendadas dez peças
novas a dramaturgos reconhecidos.
Os textos têm de obedecer apenas
a duas regras: serem escritos para
serem representados por jovens entre os 12 e os 18 anos e preverem um
tempo de espectáculo não superior
a uma hora. Vários dos mais interessantes dramaturgos britânicos (e não
só, o Connections já tem convidado
escritores de outras paragens) colaboraram com o projecto. E em cada
edição há duzentos grupos de teatro
de todo o país que se inscrevem para
participar. Para além de Portugal,
há descendentes do Connections em
Itália (Florença e Milão), na Noruega
e no Brasil (São Paulo).
O festival não é a final de um concurso: é um momento de visibilidade do
projecto, onde o público habitual de
teatro tem a hipótese de ver o que
foi feito e os participantes assistem
ao trabalho uns dos outros. Costumam vir também os críticos, há
notícias na imprensa e às vezes na
televisão (este ano os PANOS até
ganharam uma Menção Especial dos
Prémios da Associação Portuguesa
de Críticos de Teatro). Mas o objectivo principal terá em princípio sido
atingido umas semanas antes, quando a peça estreou no espaço do grupo que a escolheu e encenou, para o
seu público, com os nervos habituais
de um espectáculo e mais alguns por
se tratar de uma estreia absoluta
(para os textos portugueses) ou nacional (para os estrangeiros). É esse
momento, em que culmina todo o
trabalho de um ano, que é importante – um fim em si, uma experiência
de vida.
Os PANOS não querem formar
futuros actores (ou encenadores,
ou autores…), nem públicos para
encherem os nossos teatros daqui a
uns anos: o futuro deve permanecer
um território selvagem. Como disse
Auguste Blanqui, “Ocupemo-nos com
o hoje. O amanhã não nos pertence,
não temos nada a ver com ele. O nosso único dever é preparar-lhe bons
materiais para o seu trabalho de
organização. O resto não é da nossa
competência.” Promovemos um encontro entre autores e actores, que
têm de se encontrar a meio caminho:
uns procurando palavras para oferecer, outros tentando fazê-las suas
com a voz e o corpo. É um projecto de
risco, nem sempre tudo correrá bem
desde que o escritor liga o computador até ao último aplauso, mas a
nossa aposta é que valerá a pena. E
será inesquecível.
Os PANOS começaram no ano lectivo
2005/2006. Encomendámos duas peças a dois dramaturgos portugueses,
Hélia Correia e Jacinto Lucas Pires,
que escreveram respectivamente “O
Segredo de Chantel” e “Octávio no
Mundo”, e traduzimos um texto do
Connections: “Cidadania” de Mark
Ravenhill. Nesse primeiro ano, que
serviu de laboratório, convidámos
sete grupos a participar. Na segunda edição, tal como na terceira, que
decorreu este ano, já eram vinte e
cinco os grupos participantes, com
inscrições recebidas de todo o país.
Prosseguindo a ideia de juntar textos
portugueses acabados de escrever
com peças já experimentadas no Connections, fizeram-se “Auto do Branco
de Neve” de Armando Silva Carvalho,
“Copo Meio Vazio” de Alexandre
“Fim de Linha” de Letícia Russo pela Turma de Iniciação Teatral do Teatro Oficina – Direitos Reservados
Andrade, “Justamente” de Ali Smith
(em 2006/2007), “Escudos Humanos”
de Patrícia Portela, “A Vida em Vénus” de Luísa Costa Gomes, “Ácido
DesoxirriboNucleico” de Dennis
Kelly e “Fim de Linha” de Letizia
Russo (em 2007/2008).
Depois de recebidas as candidaturas dos grupos e com os textos
prontos, cada peça foi trabalhada
no início do ano lectivo, durante
um fim-de-semana alargado, num
workshop que reuniu o autor do
texto, um encenador-orientador convidado e os responsáveis dos grupos
que entretanto tinham escolhido
montar aquele texto com os seus
actores. Neste momento fundamental dos PANOS, analisa-se a peça,
identificam-se problemas, responde-se a dúvidas e experimentam-se
soluções para algumas cenas; mas
mais importante do que isso estabelece-se uma sintonia entre todos
aqueles que, durante um ano, vão
passar horas a tentar transformar
aquelas páginas num espectáculo – e
se cada grupo produzirá um objecto
radicalmente diferente, é também
Os PANOS não querem
formar futuros actores
(ou encenadores,
ou autores…), nem
públicos para
encherem os nossos
teatros daqui a uns
anos: o futuro deve
permanecer um
território selvagem.
importante perceber que há que
respeitar a integridade do texto, já
que é a primeira vez que será levado
à cena. Depois desse fim-de-semana
os grupos ensaiam nos seus espaços,
com as condições que tiverem (e que
não são o principal). Finalmente os
espectáculos estreiam – no auditório municipal, no ginásio da escola,
numa sala de aula transformada…
– e alguns deles são escolhidos como
exemplos do trabalho produzido
nesse ano para serem apresentados na Culturgest, num festival de
encerramento que costuma ter lugar
em Maio. Este ano houve ainda mais
dois festivais: no Teatro Viriato em
Viseu e no Centro Cultural Vila Flor
em Guimarães. Por essa altura é ainda publicado um volume com todas
as peças dessa edição.
Francisco Frazão
Programador de Teatro
da Culturgest
Mais informações:
www.culturgest.pt
LURA | TRILHOS MARCAS QUE FICARAM E QUEREMOS PARTILHAR
Oficina de clown/ malabarismo Jul 08 – Direitos Reservados
É nestes períodos, em que a curiosidade e a motivação pessoais
são os motores da nossa actividade que algumas das experiências
mais significativas de aprendizagem se realizam.
Tempo para
descobrir,
Tempo para o
prazer de aprender
Uma das vocações essenciais de um
Serviço Educativo é ser contexto de
educação não formal, valorizando a
educação contínua e criando oportunidades de acesso a actividades
qualificadas de tempos livres. É nestes períodos, em que a curiosidade e
a motivação pessoais são os motores
da nossa actividade e o prazer se torna um aliado precioso, que algumas
das experiências mais significativas
de aprendizagem se realizam.
Por isso, quer no âmbito específico das práticas artísticas quer no
âmbito mais alargado da actividade
cultural, temos procurado garantir
alternativas aliciantes para a ocupação dos tempos livres de crianças e
jovens em tempo de férias. No passado mês de Julho decorreram quatro
oficinas, para crianças entre os 6 e
os 12 anos: uma de ciência criativa,
duas de teatro e uma de clown e malabarismo, que foram frequentadas
por 40 crianças.
Convidámos uma das mães a escrever sobre estas actividades, não
sobre as realizadas por nós em particular, mas partilhando da sua visão
pessoal sobre o que pode ser este
tempo de “ócio útil”, que combina a
necessidade de os pais manterem os
seus filhos acompanhados e ocupados e a necessidade evidente que
as crianças têm de brincar e agir
espontaneamente e sem calendário
predefinido, face à cada vez maior
organização do seu tempo por terceiros, ocupando-o com actividades
múltiplas que respondem a novos
conceitos sociais, educacionais e de
realização pessoal.
| LURA
É com a riqueza do
nosso quotidiano
que conseguimos
ir desenvolvendo o
nosso sentido crítico;
e assim, perante
tanta informação
e “desinformação”
será mais fácil que
consigamos fazer as
escolhas que melhor
entendermos.
TRILHOS MARCAS QUE FICARAM E QUEREMOS PARTILHAR
Nas Pisadas de
Leonardo da Vinci
Sou mãe de dois participantes de
algumas das actividades educativas
levadas a cabo pelo Serviço Educativo do CCVF.
O Centro Cultural Vila Flor é uma
referência a nível local e nacional em
relação ao trabalho extraordinário
que está a realizar no âmbito cultural. O que de melhor se faz nesta
área, no país e por esse mundo fora,
tem tido lugar de destaque no CCVF.
Mas também o seu Serviço
Educativo está de parabéns, pelas
iniciativas tomadas em relação a
um público-alvo (as nossas crianças
e jovens) que absorve com a maior
das capacidades e naturalidades
iniciativas de qualidade.
Cabe a nós, pais, formadores e
encarregados de educação, estarmos
atentos a este tipo de actividades,
que as instituições culturais, como o
CCVF, elaboram com tanta dedicação
e profissionalismo.
Não é fácil ser encarregado de
educação, aliás, nunca o foi, mas
nos dias de hoje, também não. As
nossas crianças e jovens estão à
distância de um “click” de muitos
recursos. É só carregar na televisão,
no computador…, e com excessiva
frequência os conteúdos que
consomem são os que primeiro
aparecem, seja na TV, Internet, etc.
Não fazem uma cuidada selecção dos
conteúdos, ou porque não querem,
ou porque não sabem.
Temos que ser nós, encarregados
de educação, a sensibilizá-los para
outro tipo de conteúdos, com uma
carga cultural maior, que lhes será
sempre uma mais-valia tanto no
presente como no futuro.
Compreendo também que, para os
adultos, e com a vida agitada que
levamos hoje em dia, nem sempre temos disponibilidade para obter este
tipo de informações. Para facilitar a
Oficina de ciência criativa Jul 08 – Direitos Reservados
Gostaria que o meu pequeno contributo
servisse para sensibilizar um pouco mais
para a interligação de todas as áreas do
conhecimento humano.
tarefa aconselho a estarmos atentos
às actividades dos centros culturais
do distrito. Dar uma voltinha pelos
seus sites de vez em quando ou
subscrever as suas newsletters facilita muito. Umas semaninhas antes
do Natal, Páscoa, férias de verão,
são boas alturas para consultar os
programas das actividades para
oferecer às nossas crianças e jovens
programas diferentes.
Bem, mas ainda não expliquei o
“porquê” do título que escolhi para
o meu pequeno contributo: “Nas
pisadas de Leonardo da Vinci”.
É muito simples. Hoje, no séc. XXI,
encontramos novos paradigmas
culturais, académicos, sociais,
científicos, etc., e tudo a uma grande
velocidade: o seu desenvolvimento,
a sua produção, o seu consumo…,
o que também nos obriga a
desenvolver ferramentas pessoais
para nos defender dessa rápida
velocidade em que se desenvolvem
os novos paradigmas. Eu acredito,
embora não seja nenhuma
especialista, que uma dessas
ferramentas pessoais é (e deve ser)
um desenvolvido sentido crítico.
Mas ninguém consegue desenvolver
esse sentido (em maior ou menor
grau) sem informação e formação
variada. É por este motivo que eu
apelo a que os serviços educativos
integrem a ciência com a arte e a
arte com a ciência. Leonardo da
Vinci foi cientista e artista (grande,
muito grande) e ele, como ninguém,
soube integrar estas duas áreas do
conhecimento humano.
Os meus dois filhos participaram
na oficina de Verão de Ciência
Criativa no CCVF, o que achei uma
ideia genial, dentro de um contexto
cultural.
É verdade que cada instituição
sabe qual é a sua missão e os seus
objectivos gerais e específicos, e
natural que o serviço educativo do
CCVF entenda privilegiar cursinhos
mais orientados para outro tipo de
actividades ligadas à arte, música,
etc. Mas gostaria que o meu pequeno
contributo servisse para sensibilizar
um pouco mais para a interligação
de todas as áreas do conhecimento
humano. Actualmente também
assistimos a essa interligação em
muitos fenómenos e situações, tanto
no nosso ambiente local como na
“aldeia global”.
Sem dúvida que é com a riqueza do
nosso quotidiano que conseguimos,
dia após dia, ir desenvolvendo
o nosso sentido crítico; e assim,
perante tanta informação e
“desinformação” a que somos
submetidos todos os dias (tanto nós,
como as nossas crianças e jovens),
será mais fácil que consigamos
fazer as escolhas que melhor
entendermos.
Teresa Saiz Mãe e estudante
LURA | NA LURA ESPAÇO DE TODOS E PARA TODOS
Aprender com os
Serviços Educativos
na Internet
ternet permitem-nos ter acesso aos
registos das actividades desenvolvidas pelas crianças e jovens nesses
espaços. Outros preparam especificamente para o visitante actividades a serem realizadas na Internet
ou fora da Internet, de forma
individual ou colectiva. Actividades
baseadas em trabalhos de artistas
ou temas e conceitos que envolvem
o mundo da arte.
Ilustração de Mário Velez
Vamos navegar na Internet por alguns desses espaços e actividades.
A Internet faz parte da vida de um
número cada vez maior de pessoas
e instituições. Sabias que muitas
instituições e espaços de cultura,
para além de terem a sua página na
Internet, têm também nessa página
um Serviço Educativo? Alguns
desses Serviços Educativos na In-
Comecemos por um espaço Português, a Fundação Ellipse, situada
em Alcoitão, constituída em 2004
com o objectivo de apoiar artistas
contemporâneos através de diversas
iniciativas. Na sua página na Internet http://www.ellipsefoundation.
com encontra-se uma parte do Serviço Educativo na secção “Educação,
Ateliers para Crianças”: podes encontrar um conjunto de publicações
parte de um programa “Kidz Around
Ellipse”, destinadas a crianças
com idades entre os 7 e os 11 anos,
desenvolvidas com base nos ateliers
de exposições decorridas no centro
de arte da fundação. As publicações
exploram temas como a escultura, a
paisagem, a imaginação, ou ajudamnos a explorar obras de artistas
como por exemplo Julião Sarmento.
Podes abri-las directamente e até
guardá-las no teu computador para
consultares.
Vamos agora conhecer “Tate Kids”
http://kids.tate.org.uk/ um Serviço Educativo on-line da Tate
Gallery, uma galeria situada no
Reino Unido, na cidade de Londres.
Este espaço destinado às crianças
inclui uma galeria de trabalhos
de artistas e de crianças, propõe
um conjunto de actividades que te
desafiam a fazer fora da Internet
e na secção de jogos podes por
exemplo criar uma estória em torno
de uma obra de arte, assim como
ficar a saber mais sobre a obra que
seleccionas.
E por fim, o Centre Pompidou,
centro de artes e cultura francês,
Clube de
Contadores de
Histórias
Criado na Biblioteca da EB23 Egas
Moniz em 2006/2007, o Clube de
Contadores de Histórias destina-se a
desenvolver nos alunos a capacidade,
o gosto e a técnica de contar histórias,
conhecendo-as, trabalhando-as e recontando-as de diversas formas.
A orientação é da professora Filomena Bento. No ano lectivo que findou
participaram 12 alunos de várias
turmas de 5° e 6° ano que reuniam
às segundas-feiras à tarde, entre as
14:20 e as 16:00 horas.
Realizou-se uma primeira intervenção
no Dia dos Namorados, com a recitação
colectiva do “Romance do Conde
Nino” – poema popular recolhido no
“Romanceiro” *, de Almeida Garrett.
Esta apresentação/animação teve
lugar no “intervalo grande” da manhã,
usando os varandins do átrio principal
da escola, nos quais foi pendurado
o poema, em formato gigante e com
ilustrações, para poder ser lido e,
eventualmente, recitado por quem
o desejasse.
Juntamente com exercícios de leitura,
movimento e projecção de voz, o clube
foi trabalhando um outro conto dos
Irmãos Grimm, “O Príncipe Sapo”,
fazendo uma apropriação-reconto-recriação-dramatização do mesmo.
Para acompanhar o trabalho do Clube
de Contadores de Histórias consulte
http://www.biblegas.blogspot.
Grupo Dinamizador da Biblioteca da EB 23 Egas Moniz
Aceitam-se colaborações,
sugestões, ideias e outras
coisas...para publicação
neste jornal
…Até 27 de Outubro!
disponibiliza na sua página o resultado dos ateliers da série “Jovens
Talentos” organizada em Setembro
de 2004, baseados no trabalho de
artistas. Partilho o endereço do atelier baseado no trabalho de dobragem do papel da artista “Schoko”
http://www.centrepompidou.
fr/education/reportages/voyageau-pays-de-papier/index.html que
convidou as crianças a seguirem-na
até ao país do papel.
Divertir e aprender com base nas
actividades propostas na Internet
pelos diferentes serviços educativos
de museus, galerias e espaços de
cultura pode enriquecer e diversificar as experiências de aprendizagem. Aproximando assim a arte de
cada navegador pelo mundo virtual,
esteja o museu aberto ou fechado,
perto ou longe.
DICA: Quando as páginas de Internet não estiverem
escritas na Língua Portuguesa, utiliza o tradutor automático
do Google http://translate.google.com/translate_t para as
conseguires ler.
Marta Pinto de Carvalho
Professora de Educação Visual e Tecnológica
GLOSSÁRIO
GLOSSÁRIO *
PARA
PARA NOS
NOS ENTENDERMOS
ENTENDERMOS
CADA
CADA VEZ
VEZ MELHOR
MELHOR
Big Band = Designa um grupo
instrumental de jazz de grande
dimensão e foi um tipo de formação
especialmente popular entre os
anos 20 e os anos 50. Consiste
num grupo de 12 a 25 músicos e
contém instrumentos dos vários
tipos: sopros, guitarra, bateria, baixo
e piano. Também se utilizam os
termos banda de jazz ou orquestra
de jazz.
Federico García Lorca (1898-1936)
= Nasceu na Andaluzia e ingressou
na Faculdade de Direito de Granada,
transferindo-se depois para Madrid,
onde se tornou amigo de Luís
Buñuel e Salvador Dali e publicou
os seus primeiros poemas. A sua
escrita identifica-se fortemente
com a Andaluzia e enveredou
progressivamente pela linguagem
surrealista. Viajou por Cuba e pelos
Estados Unidos e quando regressou
a Espanha fundou o grupo de
teatro La Barraca; além de poeta foi
dramaturgo, e ainda músico e pintor
de grande qualidade. Porque não
ocultava as suas ideias socialistas e
tendências homossexuais, Lorca foi
perseguido pelos nacionalistas até à
brutal execução, em 1936. O célebre
argumento para a sua condenação:
“mais perigoso com a caneta do que
outros com o revólver”, faz, apesar
da violência da sua origem, justiça à
grandeza da sua obra, reconhecida
mundialmente.
Romanceiro = Colecção dos
romances, poesias e canções
populares de um país ou de uma
região. Os romanceiros começaram
a ser valorizados e compilados a
partir de meados do século XVIII,
quando as orientações estéticas
românticas julgaram ver na
poesia popular o indício maior da
identidade nacional. Em Portugal, a
organização do primeiro romanceiro
deve-se a Almeida Garrett (1943),
pesquisa mais tarde continuada por
Teófilo Braga e Carolina Michaëlis
de Vasconcelos. O romanceiro
português e o espanhol são
indissociáveis, já que há mais de
seis séculos que os dois países têm
colaborado na recompilação dos
seus romances populares, contandose entre os testemunhos mais
característicos desta tradição «A
Nau Catrineta» e «Santa Iria».
MAPA DE BOLSO
A nossa agenda do trimestre
ARTES PLÁSTICAS
ESPECTÁCULOS
FORMAÇÃO
27 de Setembro a 31 de Dezembro
Teatro para bebés
18 de Outubro | 10h30 e 12h00
Dança 27 de Outubro
Exposição Gabriela
Albergaria +
Visitas Guiadas diárias
Oficinas semanais
Ping **
Workshop da
Memória **
Títeres Maria Parrato
Público-alvo De 1 a 3 anos
Dança 28 de Outubro | 15h00
Ausência (memória
descritiva) **
26 de Setembro | 17h00- 19h00
Encontro para
professores com
a artista
Vera Santos
Público-alvo Maiores de 6 anos
Jazz 08 de Novembro | 17h00
Mini Big Band *
Apresentação pública
Público-alvo Maiores de 6 anos
Música 21 de Dezembro | 16h00
Concerto de Natal **
Coro Infantil da Universidade
de Lisboa
Público-alvo Maiores de 4 anos
OBSERVATÓRIO
14h30-17h30
No âmbito do espectáculo Ausência
(memória descritiva)
Vera Santos
Público-alvo Seniores
Jazz 03 a 08 de Novembro
Mini Big Band +
Marco Franco e Rui Caetano
Público-alvo Menores de 18 anos
Preços
* Entrada gartuita
** 2€
+ consultar condições específicas
em www.ccvf.pt
Informações e reservas
Tel 253424700
Fax 253424710
[email protected]
QUEM VEM LÁ
Esta secção destina-se à divulgação da
actividade de outros Serviços Educativos. Agradecemos a colaboração das
nossas estruturas congéneres através
do envio de informações sobre a sua
programação para o período de Janeiro a
Março de 2009, até ao próximo dia 27 de
Outubro.
Esta colaboração é fundamental para a
existência desta rubrica.
Histórias com Movimento
Guimarães
ANITA VAI A NADA /
SUPERNOVA
Teatro Viriato | 23 e 24 de Outubro
Aveiro
Teatro Aveirense | Aos Domingos
Continuam no Teatro Aveirense as “Histórias com
Movimento”, oficinas de movimento criativo que se realizam um Domingo por mês e propõem ser um espaço de
descoberta partilhado por pais e filhos. Estas oficinas
partem sempre de um livro infantil e da linguagem do
movimento, associando-lhes uma outra área criativa. As
próximas são “O Pau de Giz”, dia 19 de Outubro, “Se eu
fosse muito pequenino”, a 16 de Novembro, e “A Magia
do Toque”, a 14 de Dezembro.
Informações:
Serviço Educativo do Teatro Aveirense / 234 400 920
[email protected]
www.teatroaveirense.pt
Viseu
Anita vai a Nada / Supernova, em estreia
absoluta no Teatro Viriato, resulta de
um novo ciclo de parcerias entre criadores Praga e criadores convidados, mas
desta vez com um a priori: a criação de
um espectáculo orientado para a infância e/ou juventude. Do imaginário de
Cláudia Jardim e Patrícia Portela nasce
um objecto artístico onde as pontes que
se estabelecem com as gerações mais
novas questionarão um universo feminino a partir do modelo proposto por
Anita. Já Supernova é um espectáculo
de cinema e teatro, onde se põe em cena
(ou tela) o questionamento sobre o papel do cinema na história da construção
de indivíduos e sociedades comuns, a
falsificação da realidade e a realização
do falso.
Informações:
Teatro Viriato / 232 480 119
www.teatroviriato.com
Centro Cultural Vila Flor
Av.D. Afonso Henriques, 701
4810 431 Guimarães
Tel_Fax 253 424 700 | 10
[email protected]
www.ccvf.pt

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editorial SERVIÇO EDUCATIVO Julho> Setembro Jornal do Serviço Educativo Numero 11 | Ano 2009 Publicação Trimestral

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