PANOS - PALCOS NOVOS PALAVRAS NOVAS
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PANOS - PALCOS NOVOS PALAVRAS NOVAS
SERVIÇO EDUCATIVO Outubro > Dezembro Jornal do Serviço Educativo Numero 9 | Ano 2008 Publicação Trimestral Coordenação Fátima Alçada Edição Elisabete Paiva Produção Gráfica Paulo Covas Comunicação Marta Ferreira Design Martino&Jaña Redacção Francisco Frazão Grupo Dinamizador da Biblioteca da EB23 Egas Moniz Marta Pinto Teresa Saiz Vera Santos Distribuição Andreia Abreu Andreia Novais Hugo Dias Pedro Silva Sofia Leite [email protected] ISSN 1646-5652 Tiragem 3000 exemplares “A vida está em todas e cada uma das coisas. Basta abrir a porta e deixar que se revele.” MARÍA PARRATO *LURA = PORTA, JANELA, ABERTURA, PASSAGEM A MONTANTE PANOS - PALCOS NOVOS PALAVRAS NOVAS Francisco Frazão pág. 04 PISTAS AUSÊNCIA (memória descritiva) Vera Santos pág. 02 TRILHOS Nas pisadas de Leonardo da Vinci Teresa Saiz pág. 06 “Escudos Humanos” de Patrícia Portela pelo grupo PANOS 2007/2008 do Teatro Viriato - Direitos Reservados | LURA PISTAS CAMINHOS PARA FAZER JUNTOS PISTAS AUSÊNCIA (memória descritiva) A prática da dança exige um treino que não é só físico, é também de perspicácia e de imaginação, capacidades que todos temos e precisamos de exercitar porque qualquer pessoa precisa destas ferramentas para o dia a dia. A minha avó Deolinda tinha 80 anos quando tive a ideia de fazer um trabalho coreográfico a partir das histórias que me contava repetidamente. Fixeime nos gestos que fazia para descrever pessoas, lugares e situações mas também no movimento que as suas palavras imprimiam à narrativa. O resultado foi o dueto “…asmas” com ela, pela primeira vez em palco, movimentando-se no espaço cénico, contando as suas histórias com a sua gestualidade enquanto eu personificava as personagens da sua memória que, para mim que não as conhecera, Fotografia Sérgio Bessa eram fantasmas. O público assistia a tudo isto ao som da música composta a partir dos ambientes das histórias que não eram audíveis. “Ausência (memória descritiva)” surgiu desta experiência, 6 anos depois, trata-se de um “dueto com o espaço”, desenvolvendo o trabalho iniciado com a minha avó (agora ausente) e são alguns gestos dela, provenientes dos movimentos que já não fazia mas que via desenharem-se nitidamente dentro da sua cabeça (memória descritiva) que eu coloco novamente no espaço. O resultado é o espectáculo que apresento, mas também todo um processo de reconhecimento do legado imaterial que consistem o gesto e a maneira de fazer, que integram o nosso quotidiano desde que percepcionamos o movimento. Foi um regresso a todo aquele espólio que sentia necessidade de estudar para compreender melhor e daí a ideia de fazer workshops com pessoas mais velhas. A dança, na sua formulação primária, consiste num corpo em movimento no tempo e no espaço e a partir daqui pode haver dança no voo que os pássa- Fotografia Eva Ângelo Todos os corpos têm memória que não quer dizer lembrar-se deste ou daquele facto, quer dizer ser portador de um património de experiência inscrita na forma do seu corpo e na sua mobilidade única. ros desenham no céu, no saco plástico que o vento leva pela rua ou nas mãos que movemos ao falar, mas é preciso praticar. A prática da dança exige um treino que não é só físico, é também de perspicácia e de imaginação, capacidades que todos temos e precisamos de exercitar porque qualquer pessoa precisa destas ferramentas para o dia a dia, em qualquer idade, em descanso ou em qualquer actividade – motoristas do autocarro, estudantes, donas de casa, médicos, professores, operários, políticos ou artesãos... Todos fomos ensinados a caminhar, todos aprendemos a vestir, a comer, a correr, a andar de bicicleta, a tomar banho… isto é uma quantidade infinita de gestos que fazemos automaticamente. Tal como as letras do alfabeto podem ser usadas para um telegrama, um recado ou para um poema, uma letra de canção, ou simplesmente um desenho só com as letras, sem palavras que se percebam também os gestos podem ter expressões diferentes, dependendo do uso que lhes damos. A experiência de trabalhar com pessoas que nunca dançaram ou que não estão habituadas a fazê-lo tem-me demonstrado a possibilidade que todos os corpos têm de dançar, porque todos os corpos têm memória, que não quer dizer lembrar-se deste ou daquele facto, quer dizer ser portador de um património de experiência inscrita na forma do seu corpo e na sua mobilidade única. Vera Santos Bailarina e coreógrafa LURA | PISTAS CAMINHOS PARA FAZER JUNTOS EDITORIAL O Outono prepara-nos para o recolhimento da Natureza, das suas cores e da sua força, que o Sol do Verão adormeceu. É tempo de colheitas e de cheiros intensos, de voltar à escola e ao trabalho e também de uma certa melancolia. É neste recolhimento adocicado, que o Inverno tornará menos brando, que se reúne a energia para as estações mais activas. Muitas espécies hibernam, os Homens enchem os celeiros; alguns aproveitam para abrir antigos baús, resgatar ou organizar memórias dispersas. Nós, aproveitámos para desenhar um caminho curvo sobre folhas crepitantes, passando por diferentes estações e iguarias: Como Vera Santos resgata das memórias compartilhadas com a sua avó um espectáculo de rara sensibilidade, reclamando a dança para todos os corpos. Como a Culturgest tem implementado um projecto tão pertinente para a criação teatral e para o público jovem como o PANOS. Como despontam cumplicidades com pais e professores que nos lêem e nos escrevem. PISTAS Títeres de María Parrato A Compañía de Títeres María Parrato é uma das mais interessantes companhias de teatro de marionetas de Espanha. As suas origens, inicialmente com o nome de Kiriki, remontam a 1984, a Cabezuelo, uma aldeia perto de Segóvia. Lançandose à criação teatral com uma motivação essencialmente inovadora, a companhia foi ganhando reconhecimento pelo rigor na experimentação, pela capacidade de diversificar os tipos de marionetas utilizadas e pela riqueza dramatúrgica das suas propostas. Para ler entre chás, casacos de malha, castanhas, compotas e conversas tardias. PISTAS Mini Big Band antecipa Guimarães Jazz Antecipando o Guimarães Jazz, o Serviço Educativo promove uma experiência especial pensada para músicos muito jovens: a criação de uma Mini Big Band * para menores de 18 anos. Procurando sensibilizar os participantes para o jazz, esta iniciativa pretende antes de mais proporcionar aos inscritos uma experiência de grande prazer, aliando o rigor técnico à experimentação e improvisação, individualmente e em conjunto, promovendo a escuta e o sentido de grupo e dando-lhes a oportunidade de experimentar e tocar com profissionais experientes. A Mini Big Band, que se apresentará em concerto no dia 08 de Novembro, resultará de uma oficina de uma semana com Marco Franco e Rui Caetano, respectivamente conhecidos como baterista e pianista, ambos músicos multifacetados e capazes de fazer desta semana um momento único de partilha e experimentação. Os dois orientarão o grupo através do mundo do jazz, das suas referências, da sua linguagem e da sua natureza inventiva, apresentando-se por fim em concerto juntamente com os jovens participantes. Os principais requisitos para inscrição são uma grande motivação para conhecer e explorar a linguagem jazz e um nível intermédio de formação de instrumento, que garanta as ferramentas básicas para a improvisação. Kiriki passa a Títeres María Parrato em 1997, ano da morte da mítica marionetista espanhola, com quem o grupo teve o privilégio de conviver no último ano da sua vida, ano em que regressou a Espanha ao fim de muitos anos de exílio voluntário. María Parrato, de local e data de nascimento incertos, já antes da Guerra Civil Espanhola gozava de grande admiração por parte dos intelectuais da época, pela forma singular como construía e manipulava, dando vida, a bonecos e outros objectos inanimados. Uma mulher singular também pela sua conduta, ao tomar conhecimento da morte de Federico García Lorca *, em 1936, não hesitou em destruir todo o seu trabalho e renunciar à actividade teatral, acabando por deixar Espanha para regressar apenas em 1996. Da companhia a que Parrato dá o nome poderemos assistir a Ping, espectáculo de teatro pluridisciplinar para bebés, em que a busca de si próprio, dos seus sonhos e do seu caminho é o tema central. | LURA A MONTANTE AS NOSSAS REFERÊNCIAS PANOS Palcos novos Palavras novas PANOS - palcos novos palavras novas é um projecto da Culturgest que junta a nova dramaturgia ao teatro escolar ou juvenil. Inspira-se numa iniciativa semelhante do National Theatre de Londres, onde já tem uma experiência de mais de dez anos e se chama Connections. Lá, todos os anos são encomendadas dez peças novas a dramaturgos reconhecidos. Os textos têm de obedecer apenas a duas regras: serem escritos para serem representados por jovens entre os 12 e os 18 anos e preverem um tempo de espectáculo não superior a uma hora. Vários dos mais interessantes dramaturgos britânicos (e não só, o Connections já tem convidado escritores de outras paragens) colaboraram com o projecto. E em cada edição há duzentos grupos de teatro de todo o país que se inscrevem para participar. Para além de Portugal, há descendentes do Connections em Itália (Florença e Milão), na Noruega e no Brasil (São Paulo). O festival não é a final de um concurso: é um momento de visibilidade do projecto, onde o público habitual de teatro tem a hipótese de ver o que foi feito e os participantes assistem ao trabalho uns dos outros. Costumam vir também os críticos, há notícias na imprensa e às vezes na televisão (este ano os PANOS até ganharam uma Menção Especial dos Prémios da Associação Portuguesa de Críticos de Teatro). Mas o objectivo principal terá em princípio sido atingido umas semanas antes, quando a peça estreou no espaço do grupo que a escolheu e encenou, para o seu público, com os nervos habituais de um espectáculo e mais alguns por se tratar de uma estreia absoluta (para os textos portugueses) ou nacional (para os estrangeiros). É esse momento, em que culmina todo o trabalho de um ano, que é importante – um fim em si, uma experiência de vida. Os PANOS não querem formar futuros actores (ou encenadores, ou autores…), nem públicos para encherem os nossos teatros daqui a uns anos: o futuro deve permanecer um território selvagem. Como disse Auguste Blanqui, “Ocupemo-nos com o hoje. O amanhã não nos pertence, não temos nada a ver com ele. O nosso único dever é preparar-lhe bons materiais para o seu trabalho de organização. O resto não é da nossa competência.” Promovemos um encontro entre autores e actores, que têm de se encontrar a meio caminho: uns procurando palavras para oferecer, outros tentando fazê-las suas com a voz e o corpo. É um projecto de risco, nem sempre tudo correrá bem desde que o escritor liga o computador até ao último aplauso, mas a nossa aposta é que valerá a pena. E será inesquecível. Os PANOS começaram no ano lectivo 2005/2006. Encomendámos duas peças a dois dramaturgos portugueses, Hélia Correia e Jacinto Lucas Pires, que escreveram respectivamente “O Segredo de Chantel” e “Octávio no Mundo”, e traduzimos um texto do Connections: “Cidadania” de Mark Ravenhill. Nesse primeiro ano, que serviu de laboratório, convidámos sete grupos a participar. Na segunda edição, tal como na terceira, que decorreu este ano, já eram vinte e cinco os grupos participantes, com inscrições recebidas de todo o país. Prosseguindo a ideia de juntar textos portugueses acabados de escrever com peças já experimentadas no Connections, fizeram-se “Auto do Branco de Neve” de Armando Silva Carvalho, “Copo Meio Vazio” de Alexandre “Fim de Linha” de Letícia Russo pela Turma de Iniciação Teatral do Teatro Oficina – Direitos Reservados Andrade, “Justamente” de Ali Smith (em 2006/2007), “Escudos Humanos” de Patrícia Portela, “A Vida em Vénus” de Luísa Costa Gomes, “Ácido DesoxirriboNucleico” de Dennis Kelly e “Fim de Linha” de Letizia Russo (em 2007/2008). Depois de recebidas as candidaturas dos grupos e com os textos prontos, cada peça foi trabalhada no início do ano lectivo, durante um fim-de-semana alargado, num workshop que reuniu o autor do texto, um encenador-orientador convidado e os responsáveis dos grupos que entretanto tinham escolhido montar aquele texto com os seus actores. Neste momento fundamental dos PANOS, analisa-se a peça, identificam-se problemas, responde-se a dúvidas e experimentam-se soluções para algumas cenas; mas mais importante do que isso estabelece-se uma sintonia entre todos aqueles que, durante um ano, vão passar horas a tentar transformar aquelas páginas num espectáculo – e se cada grupo produzirá um objecto radicalmente diferente, é também Os PANOS não querem formar futuros actores (ou encenadores, ou autores…), nem públicos para encherem os nossos teatros daqui a uns anos: o futuro deve permanecer um território selvagem. importante perceber que há que respeitar a integridade do texto, já que é a primeira vez que será levado à cena. Depois desse fim-de-semana os grupos ensaiam nos seus espaços, com as condições que tiverem (e que não são o principal). Finalmente os espectáculos estreiam – no auditório municipal, no ginásio da escola, numa sala de aula transformada… – e alguns deles são escolhidos como exemplos do trabalho produzido nesse ano para serem apresentados na Culturgest, num festival de encerramento que costuma ter lugar em Maio. Este ano houve ainda mais dois festivais: no Teatro Viriato em Viseu e no Centro Cultural Vila Flor em Guimarães. Por essa altura é ainda publicado um volume com todas as peças dessa edição. Francisco Frazão Programador de Teatro da Culturgest Mais informações: www.culturgest.pt LURA | TRILHOS MARCAS QUE FICARAM E QUEREMOS PARTILHAR Oficina de clown/ malabarismo Jul 08 – Direitos Reservados É nestes períodos, em que a curiosidade e a motivação pessoais são os motores da nossa actividade que algumas das experiências mais significativas de aprendizagem se realizam. Tempo para descobrir, Tempo para o prazer de aprender Uma das vocações essenciais de um Serviço Educativo é ser contexto de educação não formal, valorizando a educação contínua e criando oportunidades de acesso a actividades qualificadas de tempos livres. É nestes períodos, em que a curiosidade e a motivação pessoais são os motores da nossa actividade e o prazer se torna um aliado precioso, que algumas das experiências mais significativas de aprendizagem se realizam. Por isso, quer no âmbito específico das práticas artísticas quer no âmbito mais alargado da actividade cultural, temos procurado garantir alternativas aliciantes para a ocupação dos tempos livres de crianças e jovens em tempo de férias. No passado mês de Julho decorreram quatro oficinas, para crianças entre os 6 e os 12 anos: uma de ciência criativa, duas de teatro e uma de clown e malabarismo, que foram frequentadas por 40 crianças. Convidámos uma das mães a escrever sobre estas actividades, não sobre as realizadas por nós em particular, mas partilhando da sua visão pessoal sobre o que pode ser este tempo de “ócio útil”, que combina a necessidade de os pais manterem os seus filhos acompanhados e ocupados e a necessidade evidente que as crianças têm de brincar e agir espontaneamente e sem calendário predefinido, face à cada vez maior organização do seu tempo por terceiros, ocupando-o com actividades múltiplas que respondem a novos conceitos sociais, educacionais e de realização pessoal. | LURA É com a riqueza do nosso quotidiano que conseguimos ir desenvolvendo o nosso sentido crítico; e assim, perante tanta informação e “desinformação” será mais fácil que consigamos fazer as escolhas que melhor entendermos. TRILHOS MARCAS QUE FICARAM E QUEREMOS PARTILHAR Nas Pisadas de Leonardo da Vinci Sou mãe de dois participantes de algumas das actividades educativas levadas a cabo pelo Serviço Educativo do CCVF. O Centro Cultural Vila Flor é uma referência a nível local e nacional em relação ao trabalho extraordinário que está a realizar no âmbito cultural. O que de melhor se faz nesta área, no país e por esse mundo fora, tem tido lugar de destaque no CCVF. Mas também o seu Serviço Educativo está de parabéns, pelas iniciativas tomadas em relação a um público-alvo (as nossas crianças e jovens) que absorve com a maior das capacidades e naturalidades iniciativas de qualidade. Cabe a nós, pais, formadores e encarregados de educação, estarmos atentos a este tipo de actividades, que as instituições culturais, como o CCVF, elaboram com tanta dedicação e profissionalismo. Não é fácil ser encarregado de educação, aliás, nunca o foi, mas nos dias de hoje, também não. As nossas crianças e jovens estão à distância de um “click” de muitos recursos. É só carregar na televisão, no computador…, e com excessiva frequência os conteúdos que consomem são os que primeiro aparecem, seja na TV, Internet, etc. Não fazem uma cuidada selecção dos conteúdos, ou porque não querem, ou porque não sabem. Temos que ser nós, encarregados de educação, a sensibilizá-los para outro tipo de conteúdos, com uma carga cultural maior, que lhes será sempre uma mais-valia tanto no presente como no futuro. Compreendo também que, para os adultos, e com a vida agitada que levamos hoje em dia, nem sempre temos disponibilidade para obter este tipo de informações. Para facilitar a Oficina de ciência criativa Jul 08 – Direitos Reservados Gostaria que o meu pequeno contributo servisse para sensibilizar um pouco mais para a interligação de todas as áreas do conhecimento humano. tarefa aconselho a estarmos atentos às actividades dos centros culturais do distrito. Dar uma voltinha pelos seus sites de vez em quando ou subscrever as suas newsletters facilita muito. Umas semaninhas antes do Natal, Páscoa, férias de verão, são boas alturas para consultar os programas das actividades para oferecer às nossas crianças e jovens programas diferentes. Bem, mas ainda não expliquei o “porquê” do título que escolhi para o meu pequeno contributo: “Nas pisadas de Leonardo da Vinci”. É muito simples. Hoje, no séc. XXI, encontramos novos paradigmas culturais, académicos, sociais, científicos, etc., e tudo a uma grande velocidade: o seu desenvolvimento, a sua produção, o seu consumo…, o que também nos obriga a desenvolver ferramentas pessoais para nos defender dessa rápida velocidade em que se desenvolvem os novos paradigmas. Eu acredito, embora não seja nenhuma especialista, que uma dessas ferramentas pessoais é (e deve ser) um desenvolvido sentido crítico. Mas ninguém consegue desenvolver esse sentido (em maior ou menor grau) sem informação e formação variada. É por este motivo que eu apelo a que os serviços educativos integrem a ciência com a arte e a arte com a ciência. Leonardo da Vinci foi cientista e artista (grande, muito grande) e ele, como ninguém, soube integrar estas duas áreas do conhecimento humano. Os meus dois filhos participaram na oficina de Verão de Ciência Criativa no CCVF, o que achei uma ideia genial, dentro de um contexto cultural. É verdade que cada instituição sabe qual é a sua missão e os seus objectivos gerais e específicos, e natural que o serviço educativo do CCVF entenda privilegiar cursinhos mais orientados para outro tipo de actividades ligadas à arte, música, etc. Mas gostaria que o meu pequeno contributo servisse para sensibilizar um pouco mais para a interligação de todas as áreas do conhecimento humano. Actualmente também assistimos a essa interligação em muitos fenómenos e situações, tanto no nosso ambiente local como na “aldeia global”. Sem dúvida que é com a riqueza do nosso quotidiano que conseguimos, dia após dia, ir desenvolvendo o nosso sentido crítico; e assim, perante tanta informação e “desinformação” a que somos submetidos todos os dias (tanto nós, como as nossas crianças e jovens), será mais fácil que consigamos fazer as escolhas que melhor entendermos. Teresa Saiz Mãe e estudante LURA | NA LURA ESPAÇO DE TODOS E PARA TODOS Aprender com os Serviços Educativos na Internet ternet permitem-nos ter acesso aos registos das actividades desenvolvidas pelas crianças e jovens nesses espaços. Outros preparam especificamente para o visitante actividades a serem realizadas na Internet ou fora da Internet, de forma individual ou colectiva. Actividades baseadas em trabalhos de artistas ou temas e conceitos que envolvem o mundo da arte. Ilustração de Mário Velez Vamos navegar na Internet por alguns desses espaços e actividades. A Internet faz parte da vida de um número cada vez maior de pessoas e instituições. Sabias que muitas instituições e espaços de cultura, para além de terem a sua página na Internet, têm também nessa página um Serviço Educativo? Alguns desses Serviços Educativos na In- Comecemos por um espaço Português, a Fundação Ellipse, situada em Alcoitão, constituída em 2004 com o objectivo de apoiar artistas contemporâneos através de diversas iniciativas. Na sua página na Internet http://www.ellipsefoundation. com encontra-se uma parte do Serviço Educativo na secção “Educação, Ateliers para Crianças”: podes encontrar um conjunto de publicações parte de um programa “Kidz Around Ellipse”, destinadas a crianças com idades entre os 7 e os 11 anos, desenvolvidas com base nos ateliers de exposições decorridas no centro de arte da fundação. As publicações exploram temas como a escultura, a paisagem, a imaginação, ou ajudamnos a explorar obras de artistas como por exemplo Julião Sarmento. Podes abri-las directamente e até guardá-las no teu computador para consultares. Vamos agora conhecer “Tate Kids” http://kids.tate.org.uk/ um Serviço Educativo on-line da Tate Gallery, uma galeria situada no Reino Unido, na cidade de Londres. Este espaço destinado às crianças inclui uma galeria de trabalhos de artistas e de crianças, propõe um conjunto de actividades que te desafiam a fazer fora da Internet e na secção de jogos podes por exemplo criar uma estória em torno de uma obra de arte, assim como ficar a saber mais sobre a obra que seleccionas. E por fim, o Centre Pompidou, centro de artes e cultura francês, Clube de Contadores de Histórias Criado na Biblioteca da EB23 Egas Moniz em 2006/2007, o Clube de Contadores de Histórias destina-se a desenvolver nos alunos a capacidade, o gosto e a técnica de contar histórias, conhecendo-as, trabalhando-as e recontando-as de diversas formas. A orientação é da professora Filomena Bento. No ano lectivo que findou participaram 12 alunos de várias turmas de 5° e 6° ano que reuniam às segundas-feiras à tarde, entre as 14:20 e as 16:00 horas. Realizou-se uma primeira intervenção no Dia dos Namorados, com a recitação colectiva do “Romance do Conde Nino” – poema popular recolhido no “Romanceiro” *, de Almeida Garrett. Esta apresentação/animação teve lugar no “intervalo grande” da manhã, usando os varandins do átrio principal da escola, nos quais foi pendurado o poema, em formato gigante e com ilustrações, para poder ser lido e, eventualmente, recitado por quem o desejasse. Juntamente com exercícios de leitura, movimento e projecção de voz, o clube foi trabalhando um outro conto dos Irmãos Grimm, “O Príncipe Sapo”, fazendo uma apropriação-reconto-recriação-dramatização do mesmo. Para acompanhar o trabalho do Clube de Contadores de Histórias consulte http://www.biblegas.blogspot. Grupo Dinamizador da Biblioteca da EB 23 Egas Moniz Aceitam-se colaborações, sugestões, ideias e outras coisas...para publicação neste jornal …Até 27 de Outubro! disponibiliza na sua página o resultado dos ateliers da série “Jovens Talentos” organizada em Setembro de 2004, baseados no trabalho de artistas. Partilho o endereço do atelier baseado no trabalho de dobragem do papel da artista “Schoko” http://www.centrepompidou. fr/education/reportages/voyageau-pays-de-papier/index.html que convidou as crianças a seguirem-na até ao país do papel. Divertir e aprender com base nas actividades propostas na Internet pelos diferentes serviços educativos de museus, galerias e espaços de cultura pode enriquecer e diversificar as experiências de aprendizagem. Aproximando assim a arte de cada navegador pelo mundo virtual, esteja o museu aberto ou fechado, perto ou longe. DICA: Quando as páginas de Internet não estiverem escritas na Língua Portuguesa, utiliza o tradutor automático do Google http://translate.google.com/translate_t para as conseguires ler. Marta Pinto de Carvalho Professora de Educação Visual e Tecnológica GLOSSÁRIO GLOSSÁRIO * PARA PARA NOS NOS ENTENDERMOS ENTENDERMOS CADA CADA VEZ VEZ MELHOR MELHOR Big Band = Designa um grupo instrumental de jazz de grande dimensão e foi um tipo de formação especialmente popular entre os anos 20 e os anos 50. Consiste num grupo de 12 a 25 músicos e contém instrumentos dos vários tipos: sopros, guitarra, bateria, baixo e piano. Também se utilizam os termos banda de jazz ou orquestra de jazz. Federico García Lorca (1898-1936) = Nasceu na Andaluzia e ingressou na Faculdade de Direito de Granada, transferindo-se depois para Madrid, onde se tornou amigo de Luís Buñuel e Salvador Dali e publicou os seus primeiros poemas. A sua escrita identifica-se fortemente com a Andaluzia e enveredou progressivamente pela linguagem surrealista. Viajou por Cuba e pelos Estados Unidos e quando regressou a Espanha fundou o grupo de teatro La Barraca; além de poeta foi dramaturgo, e ainda músico e pintor de grande qualidade. Porque não ocultava as suas ideias socialistas e tendências homossexuais, Lorca foi perseguido pelos nacionalistas até à brutal execução, em 1936. O célebre argumento para a sua condenação: “mais perigoso com a caneta do que outros com o revólver”, faz, apesar da violência da sua origem, justiça à grandeza da sua obra, reconhecida mundialmente. Romanceiro = Colecção dos romances, poesias e canções populares de um país ou de uma região. Os romanceiros começaram a ser valorizados e compilados a partir de meados do século XVIII, quando as orientações estéticas românticas julgaram ver na poesia popular o indício maior da identidade nacional. Em Portugal, a organização do primeiro romanceiro deve-se a Almeida Garrett (1943), pesquisa mais tarde continuada por Teófilo Braga e Carolina Michaëlis de Vasconcelos. O romanceiro português e o espanhol são indissociáveis, já que há mais de seis séculos que os dois países têm colaborado na recompilação dos seus romances populares, contandose entre os testemunhos mais característicos desta tradição «A Nau Catrineta» e «Santa Iria». MAPA DE BOLSO A nossa agenda do trimestre ARTES PLÁSTICAS ESPECTÁCULOS FORMAÇÃO 27 de Setembro a 31 de Dezembro Teatro para bebés 18 de Outubro | 10h30 e 12h00 Dança 27 de Outubro Exposição Gabriela Albergaria + Visitas Guiadas diárias Oficinas semanais Ping ** Workshop da Memória ** Títeres Maria Parrato Público-alvo De 1 a 3 anos Dança 28 de Outubro | 15h00 Ausência (memória descritiva) ** 26 de Setembro | 17h00- 19h00 Encontro para professores com a artista Vera Santos Público-alvo Maiores de 6 anos Jazz 08 de Novembro | 17h00 Mini Big Band * Apresentação pública Público-alvo Maiores de 6 anos Música 21 de Dezembro | 16h00 Concerto de Natal ** Coro Infantil da Universidade de Lisboa Público-alvo Maiores de 4 anos OBSERVATÓRIO 14h30-17h30 No âmbito do espectáculo Ausência (memória descritiva) Vera Santos Público-alvo Seniores Jazz 03 a 08 de Novembro Mini Big Band + Marco Franco e Rui Caetano Público-alvo Menores de 18 anos Preços * Entrada gartuita ** 2€ + consultar condições específicas em www.ccvf.pt Informações e reservas Tel 253424700 Fax 253424710 [email protected] QUEM VEM LÁ Esta secção destina-se à divulgação da actividade de outros Serviços Educativos. Agradecemos a colaboração das nossas estruturas congéneres através do envio de informações sobre a sua programação para o período de Janeiro a Março de 2009, até ao próximo dia 27 de Outubro. Esta colaboração é fundamental para a existência desta rubrica. Histórias com Movimento Guimarães ANITA VAI A NADA / SUPERNOVA Teatro Viriato | 23 e 24 de Outubro Aveiro Teatro Aveirense | Aos Domingos Continuam no Teatro Aveirense as “Histórias com Movimento”, oficinas de movimento criativo que se realizam um Domingo por mês e propõem ser um espaço de descoberta partilhado por pais e filhos. Estas oficinas partem sempre de um livro infantil e da linguagem do movimento, associando-lhes uma outra área criativa. As próximas são “O Pau de Giz”, dia 19 de Outubro, “Se eu fosse muito pequenino”, a 16 de Novembro, e “A Magia do Toque”, a 14 de Dezembro. Informações: Serviço Educativo do Teatro Aveirense / 234 400 920 [email protected] www.teatroaveirense.pt Viseu Anita vai a Nada / Supernova, em estreia absoluta no Teatro Viriato, resulta de um novo ciclo de parcerias entre criadores Praga e criadores convidados, mas desta vez com um a priori: a criação de um espectáculo orientado para a infância e/ou juventude. Do imaginário de Cláudia Jardim e Patrícia Portela nasce um objecto artístico onde as pontes que se estabelecem com as gerações mais novas questionarão um universo feminino a partir do modelo proposto por Anita. Já Supernova é um espectáculo de cinema e teatro, onde se põe em cena (ou tela) o questionamento sobre o papel do cinema na história da construção de indivíduos e sociedades comuns, a falsificação da realidade e a realização do falso. Informações: Teatro Viriato / 232 480 119 www.teatroviriato.com Centro Cultural Vila Flor Av.D. Afonso Henriques, 701 4810 431 Guimarães Tel_Fax 253 424 700 | 10 [email protected] www.ccvf.pt