Folheto Semanal Descubra o Mais Elevado Ser O Verdadeiro

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Folheto Semanal Descubra o Mais Elevado Ser O Verdadeiro
Folheto Semanal
Satsang Semanal, Semana n° 2
O Verdadeiro Propósito da Vida
Descubra o Mais Elevado Ser
Sant Rajinder Singh Ji Maharaj
A vida é um eterno corre-corre. A maioria de nós usa o tempo para ganhar dinheiro
para alimento, veste e abrigo. Com 65 anos nos aposentamos e usamos o dinheiro
economizado para pagar contas médicas e nos manter. Para os que vivem unicamente com a
atenção voltada para o corpo físico, o que restará quando chegar o seu fim? Precisamos pensar
no motivo de estarmos na Terra. É somente para sobreviver fisicamente ou há outro motivo?
Muitas pessoas dedicam suas vidas a outros propósitos. Alguns tentam ganhar nome e
fama. Outros tentam melhorar a qualidade de vida inventando coisas, descobrindo novas
formas de comunicação, transporte etc. Outros ainda se interessam por medicina e educação
para melhorar a vida das pessoas. Existem muitas profissões que ajudam. Isso tudo é muito
bom e nobre. Mas vamos analisar à luz de nosso próprio desenvolvimento. Ligado a isso, há
uma história sobre o verdadeiro amigo dos prisioneiros.
Certo homem visitou uma prisão e viu suas terríveis condições, então se ofereceu para
fornecer aos presos uma comida melhor. Os prisioneiros gostaram disso, mas disseram:
“Você ainda não nos ajudou porque ainda somos prisioneiros”. Depois veio outro homem e
se ofereceu para lhes dar roupas melhores. Eles gostaram, mas lhe disseram que ele não os
havia ajudado muito porque eles continuavam presos. Então veio outro homem e ofereceulhes quartos e camas melhores. Eles gostaram, mas lhe disseram que ainda eram
prisioneiros. Finalmente veio um homem com a chave e os deixou sair. Eles disseram-lhe que
ele era seu verdadeiro amigo, porque lhes havia dado a liberdade. Da mesma forma,
podemos fazer o bem no mundo e fazer dele o melhor lugar, mas ainda somos prisioneiros.
Estamos presos no ciclo da vida e da morte. Ao mesmo tempo em que ajudamos os outros no
mundo, devemos também procurar um caminho que nos livre do sofrimento.
Muitas pessoas podem querer saber por que alguém quereria escapar do ciclo da vida.
Quando não somos confrontados com as dificuldades da vida poucos questionam a
necessidade de escapar. Quando a vida está indo bem para nós, estamos felizes. Mas no
momento em que enfrentamos dores, doenças, perda de entes queridos, pobreza, desonra ou
aproximação da morte, de repente, queremos resolver o mistério da vida e escapar desses
sofrimentos. Se a vida fosse um paraíso poucos quereriam encontrar uma forma de escapar.
Mas a vida neste planeta é regida pela inexorável lei do carma, a lei de ação e reação.
Devemos ser punidos ou recompensados por todos nossos pensamentos, palavras e ações. Não
podemos escapar das conseqüências de nossas ações. Por isso Buddha disse: “Toda forma de
vida sofre”. Se olharmos a nossa volta, veremos que o mundo está cheio de crimes, doenças,
pobreza, guerra, fome, destruição e desastres naturais. Temos apenas de olhar para nossas
próprias vidas para vermos até onde nós ou nossos familiares escapamos da dor, e da tristeza.
A história de Buddha e a Semente de mostarda ilustra este ponto. Uma mulher cujo filho tinha
morrido procurou Buddha, e chorando pediu-lhe que trouxesse seu filho de volta à vida.
Buddha disse que o faria se ela encontrasse e lhe trouxesse uma semente de mostarda da casa
de uma família na qual ninguém tivesse morrido. Ela procurou por toda a parte e todas as
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famílias com as quais esteve disseram que era tolice pensar que houvesse alguma família que
nunca tivesse perdido alguém. Ela voltou ao Buddha muito mais sábia; compreendeu que
ninguém escapa da morte.
Então qual é a solução? Aqui podemos seguir os conselhos dos santos, místicos e
profetas que resolveram o mistério e encontraram o caminho para fugir da dor. Eles nos dizem
para nos elevarmos acima da ilusão do mundo, vermos a Realidade e descobrirmos nosso
mais elevado ser. Se pudéssemos nos elevar acima deste mundo, encontraríamos as respostas
para os mistérios da vida. Agora estamos presos numa grande ilusão. Pensamos que somos o
corpo. Mas pesquisas sobre as experiências de quase morte (EQM), revelaram que milhões de
pessoas experimentaram ter uma consciência e uma existência após a morte de seus corpos
físicos. Numa EQM pessoas experimentam a morte clínica de seus corpos. Mas descobrem
que continuam vivendo numa forma etérea. Veem seus corpos mortos, e ainda, podem ver,
ouvir e pensar. Eles são transportados para um mundo de Luz e amor. Compreendem que não
são meramente um corpo, mas um ser mais elevado ao qual muitos chamam de alma.
***
Santos e místicos descrevem a elevação a um plano de existência além da mente e do
intelecto, um estado no qual experimentaram pura alma e espírito — um estado no qual eles
conheceram tudo que havia para ser conhecido além de suas mentes. É como a diferença entre
sonho e vigília. Quando acordamos do sonho do mundo, descobrimos o verdadeiro despertar.
Compreendemos que o mundo que acreditávamos ser real é apenas um sonho.
Precisamos olhar além e encontrar nosso verdadeiro ser, além da ilusão. Isto pode ser
feito quando separamos nossa alma do corpo. Místicos e santos descobriram que o caminho
para isso é por meio da meditação. Meditação envolve concentração no terceiro olho ou olho
único, localizado entre e atrás das sobrancelhas. Pela retirada de nossas correntes sensoriais
chegamos ao assento da alma no corpo, ao olho único. Podemos testemunhar a Luz interior e
ouvir a Música Celestial interior que é chamada Naam ou Verbo. Referências a este princípio
de Luz e Som são feitas por diferentes religiões. A alma se funde na Corrente e viaja nela de
volta a sua Fonte. A alma faz uma viagem através dos planos internos, tais como o astral, o
causal e o supracausal e finalmente funde-se no plano espiritual de total consciência.
Elevando-nos vemos que o mundo não é mais que uma pequena partícula no cosmo
inteiro. É como a história da rã do poço. A rã pensava que o mundo inteiro consistia no poço
até que chegou outra rã vindo de fora. A segunda rã tentava descrever o vasto mundo e ficou
frustrada porque a rã do poço estava convencida de que tudo era uma invenção. Somos iguais
à rã do poço, convencidos de que toda a existência consiste neste mundo e das galáxias que
vemos através dos telescópios. Contudo existem várias regiões de Luz e consciência mais
elevada além deste mundo. Vemos regiões cada vez mais belas e luminosas. Fundimos-nos de
volta às regiões de todo espírito, Luz, amor e consciência total. Compreendemos nosso
verdadeiro propósito na vida — conhecer a nós mesmos como alma e conhecer Deus. §
(Fonte: Sat Sandesh junho 1996)
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O Pesquisador
Sant Kirpal Singh Ji Maharaj
Culto ou não, rico ou pobre, saudável ou doente, todos têm de morrer. Não há exceção
para esta regra; mesmo reis, filósofos e santos têm de deixar o corpo. Também nós devemos
deixá-lo... Estas perguntas: “Quem somos, de onde viemos e para onde iremos?” Tomaram
posse de minha mente.
Tinha alguma consciência, alguma idéia sobre Deus desde criança. Tinha também
vidência e podia ver o passado e o futuro. Tinha apenas de pensar em Delhi ou Calcutá e
podia ver o que estava acontecendo ali. Orava: “Ó Deus suplico que esta “doença” possa ser
eliminada para que eu seja como as outras pessoas. Afaste-a para eu me comportar como um
homem comum”.
Nasci em uma família sikh — como o homem é um ser social, deverá viver em algum
meio social, portanto ele nasce em uma ou outra família. Meu pai chamava-se Sardar Hukam
Singh; e minha mãe, Gulab Devi. Os membros de minha família eram carnívoros. Quando
criança, eu não participava disso. Meu pai dizia: “Pal, (este era meu apelido), por que você
não come carne? Fará bem a você”. Eu respondia: “Quer que eu transforme meu corpo num
cemitério?”
Quando era jovem costumava ler as Escrituras sikh, o Guru Granth Saihb, que é um
livro volumoso. A beleza dele é que os ensinamentos de muitos Mestres (Deus-homens) estão
reunidos nele. É um banquete de espiritualidade contendo centenas de hinos. Gostava de ler
cuidadosamente apenas um hino e depois o escrevia considerando como a lição dada para o
dia. O dia todo eu gostava de pensar sobre o hino e procurava descobrir seu significado.
Uma vez que o desejo para resolver o mistério da vida entrou em meu coração, ele não
me deixou. Esta questão levou-me a uma intensa busca em livros. Li as escrituras de várias
religiões. As antigas escrituras hindus dizem: “Quando a alma deixa o corpo na hora da morte
a pessoa sente tanta dor que parece estar sendo picada por mil escorpiões — foi descrita uma
terrível dor!
Desde que estive numa escola de missionários, familiarizei-me com os ensinamentos
cristãos, onde encontrei: “Aquele que não nascer de novo não pode entrar no reino de Deus”,
e “Aprenda a morrer para que possa aprender a viver”. Estes ensinamentos estão em todas as
escrituras, mas a pergunta que permanece é: “Como fazer isso?”
Gostava de ler as escrituras toda noite e meu coração desejava aqueles conhecimentos
mencionados. Costumava estudar a noite inteira, mas me levantava sem ter descoberto o
caminho.
***
Depois de terminar minha educação tinha de decidir o que fazer com minha vida. Era
um leitor voraz e necessitava de grandes bibliotecas. Mas tinha de decidir ou me dedicar ao
mundo ou buscar Deus. Em 1912 dediquei cinco ou seis horas diariamente, por sete ou oito
dias, a sós, decidindo minha meta na vida. Decidi: “Deus primeiro e o mundo depois”. Sabia
que nunca poderia encontrar o Senhor sem um Mestre vivo ou um Guru. Então decidi
procurar um Mestre que pudesse transmitir-me a Verdade. Agora a questão era onde um
Mestre perfeito poderia ser encontrado. Quando olhei em volta havia muitos Mestres. Qual
deveria procurar? Lendo as escrituras de todas as religiões aprendi que os Mestres podiam
nascer no Oriente ou no Ocidente em qualquer parte do mundo, em uma família de classe alta
ou baixa. Isso não importa. Mas uma coisa era certa — se ele próprio era um homem que
tinha conhecido Deus, somente então, poder-se-ia esperar dele uma experiência interior de
Deus.
***
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Estava tão ansioso por encontrar Deus que chorava de manhã até à noite. Mesmo
enquanto trabalhava em meu escritório lágrimas fluíam involuntariamente de meus olhos e
meus papéis eram danificados pelas lágrimas. Não podia dormir à noite. Eu queria saber: “Ó
Deus, o que está acontecendo?” Em casa minha família não entendia o que estava se passando
— recentemente eu havia sido transferido da cidade de meus pais e todos pensavam que as
lágrimas fossem devido a isto. O que uma pessoa pode saber da condição do coração de
alguém? Uma vez que o enigma do mistério da vida entra no coração, a pessoa não sente paz
até que o tenha resolvido. A pergunta se mantém: “O que é a vida? Quem sou eu?” Somente o
Amado pode entender a imensa dor no coração do amante. Deus conhece todos os corações e
Ele sabe melhor quem está desejando ardentemente por Ele.
Mesmo quando jovem costumava atender aos doentes. Quando meu pai adoeceu e
perdeu a memória ele voltou a ser como uma criança, não sabia como andar ou falar. Eu tinha
de ensinar-lhe as coisas de novo. Eu costumava dizer: “Isto é uma colher, isto é um prato”.
Lentamente recuperou a memória. Quando meu pai se recuperou, ele disse: “Estou
extremamente agradecido a você. Peça qualquer coisa que quiser — riqueza, filhos, fama e
mais o que quiser — e se uma bênção de pai tem algum efeito, certamente você terá o que
deseja”. Respondi: “Não quero coisas terrenas, desejo somente encontrar Deus nesta vida”.
Meu pai disse: “Não vejo Deus, mas se Deus existe, você certamente o encontrará!”
Em maio de 1917 Deus apareceu em minha meditação na forma de um santo que
acreditei ser o Guru Nanak. Ele falou comigo e guiou-me nos mais elevados planos.
Como poeta, escrevi muitos poemas em urdu e pumjabi em seu louvor. Compus um
poema no qual descrevi o belo semblante do divino Ser que me guiou-nos diferentes planos,
dia após dia por cerca de sete anos.
Sempre gostei dos rios e em qualquer cidade que estivesse gostava de encontrar o rio
mais próximo e passava muitas horas lá, principalmente à noite. Enquanto vivia em Lahore
uma vez tive vontade de visitar o rio Beas. Então num domingo de manhã saí de casa e
cheguei à estação de Beas. Quando desci do trem, me aproximei do chefe da estação e pedi
que me indicasse como chegar ao rio. Ele respondeu: “Veio para ver o santo de Beas?”
Respondi: “Aqui também vive um santo?” Ele disse “Sim, à margem do rio”. Disse-lhe que
gostaria de ver o santo e o rio também, e tomei o meu caminho para Dera, onde o santo vivia.
Naqueles dias não havia nenhuma restrição para aqueles que quisessem ver o Mestre, então eu
fui diretamente para lá. Hazur estava se alimentando. Depois de um tempo ele saiu. Fiquei
maravilhado por encontrar a mesma figura que tinha visto em visões por muitos anos. Eu
estava atônito e lhe perguntei: “Maharaj por que esta demora em encontrar-te?” Ele disse:
“Este é o tempo mais oportuno”.
***
Foi assim que encontrei fisicamente meu Mestre Hazur Baba Sawan Singh no mês de
fevereiro, no dia do Basant Panchmi, uma festa religiosa que ocorre quando os campos
alcançam seu total florescimento.
***
Por que estou relatando isto a vocês? Se vocês estão realmente buscando Deus, Deus
faz alguns preparativos para pô-los em contato com alguém que possa colocá-los no caminho
de volta para Deus. E o mistério da vida e da morte é então resolvido.
***
Alguém certa vez me perguntou: “O que fez você aceitável aos olhos de seu Mestre, e
como obter Dele todas as instruções que você está seguindo?” As únicas palavras que pude
dizer foram: “Foi amor — amor que Ele me deu por Ele mesmo. E isto me ensinou todas as
coisas”. §
(Fonte: Portait of Perfection: A Picturial - Biography of Kirpal Singh)
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Cumpra o Propósito da Existência
Sant Darshan Singh Ji Maharaj
Sant Kirpal Singh Ji Maharaj referiu-se a Sant Kabir como um pioneiro da
espiritualidade e como o pai de Sant Mat. Foi com seu advento que a mensagem de Sant Mat
começou a ser largamente divulgada. A bela composição que temos diante de nós hoje, tem
um caráter de advertência:
Desperta, ó amado!
Por que continua dormindo?
Por que ficar para trás para depois lamentar-se
por que o dia passou?
Que maneira especial e persuasiva de expressar-se têm os santos como Kabir! Mesmo
se tentarmos dizer para nós mesmos que o tempo está passando e que devemos meditar com
regularidade, nossas palavras não viriam do fundo de nosso ser, e teriam pouco efeito. Aqui
Kabir Sahib começa dizendo-nos que o dia amanheceu. No tempo deste grande santo, os
viajantes costumavam iniciar suas jornadas nas primeiras horas da manhã, parando ao
anoitecer para descansar e proverem-se de alimento e bebida. Se seguíssemos nossa viagem
interior com o mesmo cuidado e propósito tudo iria bem. O problema é que um dia
meditamos, e por uma ou outra razão, passamos dias sem meditar, ou porque tivemos uma
indisposição passageira ou porque chegou uma visita, ou por qualquer outra causa. É que,
ainda não decidimos nossas prioridades na vida, nem determinamos qual é a mais importante
de todas as metas.
***
Neste hino, Kabir Sahib está nos lembrando da meta distante que todos temos de
alcançar. Devemos nos mover constantemente em direção a ela. Por que demorarmos? Como
Ele disse: “Desperta, Ó amado! Por que dormes? Por que protelas e perdes o dia? Os que
despertaram alcançam o propósito da vida humana. Mas, Ó meu tolo! Estás perdendo tudo
com teu sono!”
Na verdade, o tempo é inestimável. A alma finalmente deve unir-se a Deus. Se a vida
humana é estimada sobre todas as outras formas de vida, e é considerada como a única na
qual se pode conhecer Deus, é porque os seres humanos têm mais capacidade de consciência.
Em nós existe mais do elemento espiritual. Kabir Sahib está nos apressando, para tirarmos o
melhor proveito da oportunidade que temos de haver encontrado a orientação de um Ser
realizado, para podermos prosseguir em direção ao Lar Eterno tão rápido quanto possível.
Temos de alcançar a meta da união, que está cheia de bem-aventurança e êxtase. Nesta vida,
só ocasionalmente, captamos a idéia dessa alegria.
O poeta Bahadu Shah Zafar disse: “Orando por uma longa vida, vim a este mundo por
apenas quatro dias. Dois destes foram gastos implorando ao Amado e os dois restantes
esperando”. O Amado Mestre Kirpal Singh dizia: “O tempo e a maré não esperam por
ninguém.” E Robert Browning disse: “Quem sabe, o mundo acabará esta noite.” Kabir está
nos dizendo para buscar a salvação através de um ser liberado, de um Mestre. Está nos
exortando a não nos demorar. O Gurbani diz, referindo-se à condição infeliz da alma, que ela
e o Amado estão compartilhando o mesmo leito e, no entanto nunca se viram. Sim, o Mestre
vem por nós. Mas às vezes O perdemos porque nos excedemos, e outras vezes porque não
fazemos o suficiente. O Grande Mestre Hazur Baba Sawan Singh dizia que ele saía pelo
mundo às três da manhã, para abençoar seus devotos com o parshad interior (dádiva).
Infelizmente, tinha de voltar sem ter podido distribuir seus tesouros, porque todos estavam
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dormindo profundamente. Nossa vida está se indo; o tempo está passando. Devemos fazer um
inventário de nossas vidas antes que seja tarde demais. Se antes falhamos em dedicar tempo a
nossas meditações, não seria correto dedicarmos tempo a elas agora? Nada mais nos ajudará.
O Caminho espiritual está cheio de paradoxos. O que a nós não nos parece correto,
pode na verdade ser a única coisa correta. Somente considerem que este é um caminho de
expansão e contração. Em uma das obras de Maulana Rumi, Deus disse: “Ambos os mundos
não podem conter-me; no entanto, eu moro no coração do devoto.”
Quando vamos aos pés de um Mestre Perfeito, Ele nos liberta do ego, e nos ensina a
amar a todos, na verdade a toda criação. Aprendemos a nos elevar sobre nossos pequenos
egos. Nosso amor se expande até abranger nossa família, nossos parentes e amigos, nossa
comunidade, nossa nação, e finalmente o cosmo. Nosso ângulo de visão aumenta
infinitamente, até que alcancemos o estado que expressei neste verso:
Que importa se me chamam homem,
Na verdade sou a própria alma do amor;
O mundo inteiro é meu lar e o Universo meu país.
***
Há duas tarefas diante de nós. Precisamos tornar nossa vida limpa e virtuosa.
Precisamos, também, meditar diariamente, de acordo com as instruções do Mestre. Devemos
nos concentrar no terceiro olho ou olho único, que está detrás e entre as sobrancelhas, e
repetir as palavras sagradas com as quais o Mestre nos abençoou. Ao praticar o Simran, não
devemos fazê-lo pronunciando as palavras verbalmente, porque a mente pode trazer muitos
pensamentos enquanto estamos recitando as palavras sagradas ou algum verso ou trecho das
escrituras. Quando fazemos isso, nossa atenção se volta algumas vezes para algum problema
doméstico, ou um problema do trabalho, ou se abstrai construindo ou destruindo castelos no
ar. Nossa mente não para de se movimentar e falhamos em alcançar a atenção não dividida
que se requer para ter êxito na meditação. Isto não é o que significa o verdadeiro Simran ou
lembrança. Os santos e os “Deus-Homens” nos dizem para focalizarmos a atenção no terceiro
olho ou olho único, e que enquanto fazemos isso, repitamos os nomes sagrados mentalmente
“com a língua do pensamento”. Nesses momentos devemos nos sentar em completa
lembrança de Deus, esquecendo de nós e do mundo. Se praticarmos isto diariamente, lenta,
mas firmemente, aprenderemos a nos elevar acima da consciência física e entraremos nos
reinos interiores. Transcenderemos o corpo astral e o corpo causal, e estaremos prontos para
nos unir com o Mestre. Depois alcançaremos nosso verdadeiro Lar. Para alcançarmos esta
meta é essencial que nossas vidas sejam puras e éticas. Na verdade, temos de substituir os
cinco inimigos: a luxúria, a ira, o apego, a cobiça e o ego pelas virtudes divinas.
É dito no Gurbani, que o mundo inteiro está dormindo. Nossos pais estão dormindo,
nossos professores estão dormindo e nossos amigos estão dormindo. Se há alguém que
verdadeiramente está desperto, é o Mestre vivo da época. Por que não buscar a proteção de
um ser assim? Ele está desperto e pode despertar-nos também. O Mestre nos ajudará a
inculcar em nós os valores mais elevados da vida e nos abençoará com as águas vivificantes
que fluem interiormente.
***
Muitas pessoas me perguntam qual o propósito deste Ashram e desta Missão. Há dois
princípios básicos nos quais acreditamos. Primeiro devemos tornar nossas vidas puras,
amáveis e corretas. Segundo, devemos praticar a meditação diariamente. Por meio do diário
podemos aprender a estar conscientes de nossas faltas e a erradicá-las sistematicamente.
Nosso divino Amado está nos esperando interiormente. Se vamos nos encontrar com nosso
amado no mundo, nos preparamos cuidadosamente, nos limpamos procurando tirar as
manchas de nosso rosto. Visto que no caminho espiritual é o Amado divino que estamos
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procurando, precisamos desenvolver um nível de pureza, amor e limpeza interior
completamente novo e superior. E, como o Amado só pode ser encontrado interiormente,
devemos nos levantar cedo, de preferência nas primeiras horas da madrugada e ocupar-nos
com as práticas de meditação. As horas do amanhecer são momentos sagrados e benditos. O
mundo inteiro está descansando. Há silêncio, o telefone não toca e ninguém bate à porta. Se
vamos meditar, com plena contemplação, veremos pessoalmente as manifestações interiores
da presença divina: as estrelas, a lua, o sol e mais adiante a forma radiante de nosso próprio
Mestre. Uma vez que O tenhamos alcançado interiormente, ele será nosso companheiro
constante que nos levará aos mundos superiores.
É assim, pela graça do Mestre que nossa vida externa é purificada e nossa alma
regressa a seu Lar Eterno. Aí, se alcança a meta acalentada desde o princípio dos tempos: a
união com o Criador. Kabir está nos exortando a não demorar. Devemos desenvolver uma
forma correta de vida e meditar diariamente. Esta é a única maneira de podermos cumprir
com o propósito de nossa existência. §
(Fonte: Sat Sandesh - julho 1989)

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