II Seminário Brasileiro Livro e História Editorial

Transcrição

II Seminário Brasileiro Livro e História Editorial
II Seminário Brasileiro Livro e História Editorial
A Encyclopédie como Imaginário de uma Biblioteca Universal
Maria de Fatima Almeida Braga*
Universidade Federal do Maranhão
Ariane P. Ewald**
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Resumo
Este trabalho tem por finalidade discutir a história da Encyclopédie de Diderot e
D’Alembert nos seus primórdios, tomando-a como a encarnação do “livro dos livros” e da
Biblioteca Universal. O trabalho tem como ponto de partida o “Discurso preliminar e outros
textos”, que é parte integrante e introdutória da Encyclopédie ou Dicionário raciocinado das
ciências, das artes e dos ofícios por uma sociedade de letrados. O texto faz uma trajetória
sobre a concepção da Encyclopédie de Diderot no século XVIII, tornando o projeto do
Iluminismo uma realidade construtora de valores políticos e ideológicos muito claros.
Projetada por livres pensadores, a Encyclopédie pretendia modificar a sociedade no sentido
da liberdade política e da tolerância religiosa, constituindo-se como um paradigma da
ciência útil e também meio pedagógico da reconstrução da memória e da ordem do mundo.
A concepção da Encyclopédie encarnava o espírito do livro dos livros, por tornar
disponível, em um único lugar, a totalidade dos saberes.
Palavras-chave: História do Livro. Encyclopédie. Iluminismo. Século XVIII.
1 Introdução
Qualquer trabalho que pretenda engajar-se na tarefa de relatar a história do livro
deve considerar algumas premissas básicas. Uma delas é que se está diante de um tema que
é ao mesmo tempo sedutor, mas de complexa realização, visto que há um leque de abertura
tão vasto que a própria possibilidade de exploração sobre as questões da pesquisa histórica
*
Professora do Departamento de Biblioteconomia da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).
Doutoranda em Psicologia Social pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ (UFMA))..
[email protected].
**
Professora do Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social do Instituto de Psicologia da UERJ.
toma contornos de grande abrangência, uma vez que os livros desde os seus primórdios já
movimentavam uma grande variedade de atividades humanas, como permitir desde “[...]
apanhar trapos a transmitir a palavra de Deus. Eram produtos de trabalho artesanal, objetos
de troca econômica, veículo de idéias e elementos de conflitos políticos e religiosos.”1.
Nos desafios para tentar compreender as transformações da sociedade temos o livro
como um aliado indispensável, pois ele carrega em si mesmo o registro e a força da
história. Assim, por mais paradoxal que pareça, sua história em muitos aspectos apresenta
obstáculos quase intransponíveis para o seu entendimento, sendo o maior deles:
inadequação das fontes, não há como saber por onde já circularam e se eles representam
hábitos de leitura do passado, fato mais difícil ainda, quando pretendemos estudar a obra
suprema do Iluminismo, a Encyclopédie, que abalou o século XVIII e permanece no
imaginário de uma sociedade dominada pelo otimismo, que conduziu os povos a um maior
bem-estar e a um melhor pensar. O historiador Robert Darnton, quando em suas pesquisas
sobre a Encyclopédie revela que “[...] pouco se pode descobrir sobre a produção e
divulgação da [sua] primeira edição [...]”2. Portanto, é preciso entrar em cena para se
conhecer a história e vencer o desconhecido, pois como bem assinala Sousa “[...] Temos
medo quando não sabemos. Portanto, o saber vem por vezes legitimar a reclusão que nos
impomos diante do desconhecido.”3
A história do impresso anda de braços dados com os avanços das técnicas
relacionadas à informação que, a cada dia, nos surpreende e impressiona, pois “A técnica
[...] automatiza o tempo e legisla sobre o devir [...]”4. E o livro, inserido no rol de produtos
da informação tem seu progresso tecnológico de acordo com as sociedades a que pertenceu.
Ao se apresentar sob forma de rolo (volumen), esses primeiros registros escritos exigiam o
uso das duas mãos para ser lido, cedendo lugar ao códex, cuja estrutura mais flexível
abreviava o tempo de leitura, portanto oferecia ao leitor maior liberdade às mãos,
permitindo mais vasta circulação do livro.
Em meados do século XV o livro adquire uma nova face com o surgimento dos
caracteres móveis e a imprensa. Por conseqüência, essa primeira revolução do livro, muda a
1
DARNTON, Robert. Introdução: biografia de uma obra. In: ____. O iluminismo como negócio: história da
publicação da “Enciclopédia” 1775-1800. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. p. 13.
2
Ibid., p. 19.
3
SOUSA, Edson Luiz André. Uma invenção da utopia. São Paulo: Lumme, 2007. p. 17.
4
Ibid., p. 38
história que passa a ser escrita, a partir daí, num cunho material diferente de tudo que
existia antes. A imprensa, sem dúvida, pôs fim à singularidade da cópia manuscrita que, até
então, se constituía no único recurso disponível para assegurar a multiplicação e a
circulação de textos5.
As transformações relacionadas à época atual conferem àquela o que podemos
atribuir como a “revolução das revoluções”. Num esforço de imaginação, pode se pensar
que o livro eletrônico, em séculos anteriores, talvez fizesse parte como enredo fantástico de
algum ficcionista, principalmente os que se dedicavam à ficção científica.
No nosso século e, portanto, dentro do nosso campo da realidade, o jornal O Globo,
do dia 16 de outubro de 2008, trazia uma reportagem sobre a Feira de Livro de Frankfurt,
na Alemanha, destacando que os e-books e os livros eletrônicos estão no centro das
atenções na maior feira do mundo, e que pela primeira vez, em 60 anos, equiparam-se aos
livros impressos nela expostos. Os livros eletrônicos, amplamente oferecidos na feira
tiveram boa repercussão. Novos modelos de e-books como o Readius, Iliad e E-Reader
foram apresentados naquela feira e prometem mais conforto e preços mais acessíveis. Os ebooks têm uma tela fina de cristal líquido, e os textos podem ser baixados via internet. A
digitalização de textos foi também um dos principais temas discutidos na feira, o que
permitirá a oferta de livros que já não são mais editados ou que só tem um pequeno grupo
de leitores no formato digital6.
Isso está presente neste século XXI, tornando realidade o sonho de reunir o
conhecimento em um só lugar para encontrar a informação quando necessário - a
“recuperação da informação”, idéia essa que acompanha o homem desde a antiguidade.
Depois da invenção da imprensa, os livros tornaram muitos aspectos da informação mais
fáceis de localizar e, reunir o conhecimento, assumiu novas formas que, num certo sentido,
simplificou o problema. Porém, com o crescimento da produção livresca, a partir de 1500,
encontrar o livro certo passou a exigir uma procura mais trabalhosa, e dentre as várias
tentativas de solução que foram surgindo, uma era a resenha de livros. Enquanto que no
período moderno, especialmente no século XVIII, surgiu a invenção da obra de referência
5
CHARTIER, Roger. A ordem dos livros: leitores, autores e bibliotecas na Europa entre os séculos XIV e
XVIII. Brasília, DF: Ed. UNB, 1994.
6
E-BOOKS são estrelas na feira de livro de Frankfurt. O Globo Online, Rio de Janeiro, 16 out. 2008.
Disponível em: <http://oglobo.globo.com/>. Acesso em: 16 out. 2008.
que podia ser: enciclopédia, dicionários, atlas, bibliografias, dentre outras7. Alguns editores
com visão comercial de longo prazo se voltaram para esses novos meios de produção e a
compilação de enciclopédias se tornou, portanto, um ofício especializado. Sobre uma delas,
a Encyclopédie, de Diderot e d’Alembert se concentra o tema deste trabalho.
O objeto de estudo tem como ponto de partida o Discurso preliminar dos editores,
edição bilíngüe publicada pela Editora UNESP, parte integrante da Encyclopédie ou
dicionário raciocinado das ciências, das artes e dos ofícios por uma sociedade de letrados,
de Diderot e d’Alembert8. Tal é o lugar incomparável ocupado na história do movimento
enciclopedista que em geral é designada pelo simples título de Encyclopédie, designação
abreviada que adotamos no decorrer deste trabalho.
2 A gênese do projeto da Encyclopédie
O período moderno se fez representar principalmente por figuras como Gutenberg século XV e Diderot – século XVIII. Cada qual, a seu tempo, assegurou de modo especial
um legado histórico. Um, com a invenção de tipos móveis de impressão; o outro, de modo
especial, inventa um prospecto que entra para a história. Como nos diz Ewald:
[...] não é simplesmente voltar ao passado, ou perder-se nele, como muitos
acreditam. Na verdade, como a própria história da ciência nos mostra, não
voltamos ao passado, nós o retomamos de uma determinada perspectiva para,
agora, tentar compreender por um outro ângulo, o que foi vivido naquele período
[...]9.
No século XVIII, Diderot torna o projeto da Encyclopédie uma realidade, ao
apresentá-lo impresso, visto que já contava com dados materiais bastante positivos, e com
um crescimento vertiginoso, jornais e revistas proliferaram em número cada vez maior. À
expansão quantitativa das novidades, correspondia o rápido retrocesso da língua clássica
dominante - o latim, em favor do triunfo da língua vernácula. Nesse cenário, o texto
impresso se sobrepõe à oralidade, pelo caráter efêmero, diante dos riscos da palavra incerta
7
BURKE, Peter. Uma história social do conhecimento: de Gutenberg a Diderot. Rio de Janeiro: Zahar,
2003. p. 153.
8
DIDEROT; D’ALEMBERT.Enciclopédia ou dicionário raciocinado das ciências, das artes e dos ofícios
por uma sociedade de letrados. São Paulo: UNESP, 1989.
9
EWALD, Ariane. Por uma razão não corrompida: pedagogia do Iluminismo e construção da ciência. Revista
da SBHC, n. 16, p. 4, 1996. Disponível em: <http://www.mast.br/arquivos_sbhc.pdf>. Acesso em: 13 out.
2008.
e flutuante, constantemente ameaçados de esquecimento e perda. Por outro lado, a censura,
incentivada pela religião, tratou de demonizar o poder libertador do livro que passou a ser
visto, apesar de necessário, como algo que atenta à liberdade e tem poderes perigosos.
Mas esse poder que o homem do século XXI desfruta ao conviver com modernas
tecnologias e a Internet, dando-lhe uma sensação de que todo o conhecimento encontra-se
reunido em um único lugar e, portanto, pode ser acessível a todo o momento, já existia nos
idos do século XVIII. Esquecido, portanto, de que no passado remoto Diderot e d’Alembert
desenvolveram um projeto ousado, a Encyclopédie, cuja perspectiva futurista da análise de
Ewald “[...] parecia algo impossível para a época. Objetivava reunir os conhecimentos
dispersos para que, ao tornar os homens mais instruídos, também se fizessem mais
virtuosos e felizes [...]”10.
No século XVIII, a proliferação do livro incentivou construções ficcionais e atitudes
intelectuais que despertaram ainda mais a implacável ira da censura e da Inquisição,
gerando medos que fazem parte da história e não foram esquecidos. Porém, novos medos se
exprimem.
[...] Através da conservação de livros que se multiplicam ao infinito, manifestase a angústia surda do tempo que passa e destrói, o medo de perder-se nessa
enchente de letras e palavras, a obsessão da enumeração, também e enfim, a
fragilidade paradoxal dessa acumulação, sempre ameaçada pela ignorância, pela
violência, pela história, pelo tempo e pela barbárie dos homens. Assim, entre os
produtores e guardiães do livro, a lembrança de Alexandria e de seus ecos não
morreu. Menos como modelo de uma acumulação que de uma perda
irremediável11.
Entendemos que esses medos da perda fizeram com que a Encyclopédie fosse
pensada como a “obra do século” muito mais por ter-se constituído num ato livresco
radicalmente novo, de tomada de posse do mundo, do que pela expressão triunfal dos
avanços do saber. Desse modo, ela é, no mais secreto de si mesma, imaginada como uma
tentativa de salvamento, no caso de um cataclismo desconhecido, esperado e temido,
ameaçar de destruição sociedades e técnicas, como se depreende da inquietude de
d’Alembert, em seu discurso preliminar:
[...] Façamos pois, para os séculos futuros, o que lamentamos que os séculos
10
Ibid., p. 5.
GOULEMOT, Jean-Marie. Bibliotecas, enciclopedismo e angústias da perda: a exaustividade ambígua das
luzes. In: BARATIN, Marc; JACOB, Christian (Dir.). O poder das bibliotecas: a memória dos livros no
ocidente. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2000. p. 261.
11
passados não tenham feito para o nosso. Ousamos dizer que, se os Antigos
tivessem executado uma Enciclopédia como executaram tantas grandes coisas, e
se esse manuscrito fosse o único a ter escapado da famosa biblioteca de
Alexandria, ele teria sido capaz de consolar-nos da perda dos outros12.
E assim projetaram inscrever nos volumes da Encyclopédie todos os saberes, com os
problemas de transcrição e pedagogia que se podem imaginar, possibilitando uma
reconstrução do mundo para os hipotéticos sobreviventes da humanidade. Vemos, portanto,
esboçar-se, nas margens do projeto enciclopédico, uma ameaça e um recurso: a obsessão da
destruição, da perda, e os caminhos da salvação13.
“Um livro clama inesperadamente por outro, criando alianças entre séculos e
culturas diferentes [...]”14. Mais de quinze séculos depois da catástrofe de Alexandria, com
o Iluminismo incentivando as especulações dos empreendimentos dos editores, o livreiro e
tipógrafo parisiense Adré-François Le Breton, tentou obter os direitos de tradução, para o
francês, da abrangente Cyclopedia, publicada em 1728, pelo erudito inglês Ephraim
Chambers, que inspirou várias outras obras do gênero. Em 1745, contratou os serviços de
Diderot para realização do projeto, que vai progressivamente incorporando novas ambições
e objetivos, nomeadamente, a decisão de se reforçar e atualizar a componente científica da
enciclopédia inglesa – tarefa para a qual D'Alembert é convidado, conforme explicita
Darnton15.
Entretanto, a idéia de tradução de Chambers foi abandonada em favor da elaboração
de uma nova e grandiosa enciclopédia. Sob o argumento de que a Cyclopedia era um
contrabando de bom número de textos originalmente em francês, Diderot considerou que
traduzir a obra seria um exercício absurdo; coligir materiais novos e oferecer aos leitores
um panorama abrangente e atualizado das artes e ciências de tempos recentes era melhor
negócio16. Assim, a Cyclopedia, referência ainda hoje do movimento enciclopedista, está na
origem direta da Encyclopédie – monumento capital de toda a história do enciclopedismo.
Um pensamento utópico provoca a imaginação e abre outros caminhos possíveis ao
12
DIDEROT; D’ALEMBERT. Discurso preliminar dos editores. In: _____. Enciclopédia ou dicionário
raciocinado das ciências, das artes e dos ofícios por uma sociedade de letrados. São Paulo: UNESP,
1989a. p. 97.
13
GOULEMOT, op. cit.
14
MANGUEL, Alberto. A biblioteca à noite. São Paulo: Companhia das Letras, 2006. p. 20.
15
DARNTON, op. cit.
16
Ibid.
pensamento para que não fiquemos paralisados na obscuridade do instante17. Assim, a
Cyclopedia inspirou Diderot para a criação da Encyclopédie, dando-lhe um caráter inovador
até então nunca concebido ou, pelo menos, ninguém a tinha executado. Pretendia ser um
“dicionário raisonné das ciências, das artes e dos ofícios”, fixando novos limites para o
mundo do conhecimento determinados exclusivamente pela razão.
Em seu discurso preliminar, Diderot e d’Alembert descrevem a Encyclopédie como
relato sistemático da ordem e o encadeamento do conhecimento humano. Diferentemente
do enciclopedismo anterior - de autoria única, trata-se de um trabalho coletivo realizado por
uma república de colaboradores – ‘société de gens de lettres’ - que os editores sabiamente
congregaram à sua volta, dela fazendo parte as melhores inteligências da época: juristas,
geógrafos, economistas, gramáticos, eclesiásticos, artistas, artesãos etc., todos altamente
reconhecidos ou dignos de sê-lo, que deram a cada verbete um toque especial e particular18.
No latim, pensar vem de pesar, logo é necessário saber pensar para poder pesar as
palavras e, desse modo, pensar é saber transpor limites para efetivamente captar o novo
“[...] como algo mediado pelo existente em movimento, ainda que, para ser trazido à luz,
exija ao extremo a vontade que se dirige para ela [...]. O futuro contém o temido ou o
esperado, e estando de acordo com a intenção humana [...] contém somente o esperado
[...]”19. Assim, a Encyclopédie não pretendia ser apenas mais um dicionário, ou compêndio
de informações arranjado em ordem alfabética. A palavra enciclopédia, concebida por
Diderot, proveniente do termo grego que corresponde a círculo e para cujo trabalho
significa concatenação das ciências, que em sentido figurado na perspectiva de Darnton
“[...] expressava a noção de um mundo do conhecimento, que os enciclopedistas podiam
circunavegar e mapear [...]”20. Ao explicar a diferença entre uma enciclopédia e um
dicionário, d’Alembert descreveu a Encyclopédie como:
[...] uma espécie de Mapa-múndi, que deve mostrar os principais países, sua
posição e sua dependência mútua, o caminho em linha reta que há entre um e
outro, caminho frequentemente cortado por mil obstáculos, que em cada país
somente podem ser conhecidos pelos habitantes ou pelos viajantes e que
somente poderiam ser mostrados em mapas muito pormenorizados. Tais mapas
17
SOUSA, op. cit.
DIDEROT; D’ALEMBERT,1989a.
19
BLOCH, Ernest. Prefácio. In: _____. O princípio da esperança. Rio de Janeiro: Eduerj, 2005. p. 14.
20
DARNTON, Robert. Os filósofos podam a árvore do conhecimento: a estratégia epistemológica da
Encyclopédie. In: ____.O grande massacre dos gatos: e outros episódios da história cultural francesa. 2.
ed. Rio de Janeiro: Graal, 1986. p. 250.
18
particulares serão os diferentes verbetes de nossa Enciclopédia e a árvore, ou
sistema figurado, será seu Mapa-múndi21.
Diderot e d’Alembert conceberam a Encyclopédie como uma biblioteca interativa,
em que a universalidade da informação estaria reunida num só livro, não sendo necessário
ler muitos outros (livros) para percorrer os vastos caminhos do conhecimento. Em seu
prospecto, Diderot diz que, na composição dos verbetes, os autores são citados
[...] trazendo seu próprio texto quando necessário, comparando por toda a parte
as opiniões, pesando as razões, propondo meios de duvidar ou de resolver a
dúvida, decidindo mesmo, algumas vezes, destruindo, tanto quanto estivesse ao
nosso alcance, os erros e os preconceitos, e procurando sobretudo não
multiplicá-los e absolutamente não perpetuá-los, ao proteger sem exame
sentimentos rejeitados ou ao proscrever sem razão opiniões aceitas. Não tivemos
receio de nos estender, quando o interesse da verdade e a importância da matéria
o pediam, sacrificando o prazer todas as vezes que ele não pôde conciliar-se com
a instrução22.
Diderot e d’Alembert recorriam às metáforas na descrição de seu trabalho e uma das
mais importantes é a que fala da árvore do conhecimento, cuja idéia original é a de que,
como uma seiva, o conhecimento crescia num todo orgânico, apesar da diversidade de seus
ramos. A árvore do conhecimento da Encyclopédie foi baseada naquela idealizada por
Bacon, sugerindo que as artes e as ciências desenvolviam-se a partir das faculdades da
mente23. O modelo de Bacon foi acompanhado de perto pelos editores da Encyclopédie,
porém, devido aos progressos das Ciências, se desviaram dele em vários pontos
significativos, como enfatizam no Prospecto e no Discurso preliminar.
A Encyclopédie, concebida como biblioteca tinha seu poder interativo e como no
imaginário de Borges a biblioteca é “interminável”24, nela estaria armazenado todo assunto
para atender as necessidades informacionais de qualquer profissional, mesmo fora da sua
área de conhecimento. Embora organizada em ordem alfabética, os verbetes apresentavamse não como textos independentes, cada qual ocupando sozinho o campo de um dado
assunto. O sistema de remissão adotado por Diderot e d’Alembert tornavam os verbetes
como se fosse uma trama de assuntos que muitas vezes ocupariam a mesma estante. A
21
DIDEROT; D’ALEMBERT,1989a, op. cit., p. 49.
Id. Prospecto. In: _____. Enciclopédia ou dicionário raciocinado das ciências, das artes e dos ofícios por
uma sociedade de letrados. São Paulo: UNESP, 1989b. p. 145.
23
DARNTON, 1986, op. cit.
24
BORGES, Jorge Luis. A biblioteca de babel. In: _____. Obras completas: 1923-1949. São Paulo: Globo,
1999. p. 517.
22
Encyclopédie, filosofa Manguel, foi imaginada como um aposento em que diversos livros
estavam reunidos num mesmo espaço. Assim,
Uma apresentação do CALVINISMO, que isolada, logo atrairia a atenção da
censura eclesiástica, consta do verbete GENEBRA; há uma crítica tácita dos
sacramentos da Igreja numa remissão como ‘ANTROPOFAGIA: ver
EUCARISTIA, COMUNHÃO, ALTAR etc.’ Por vezes, Diderot citava um
personagem estrangeiro (um sábio chinês, um turco) para fazer a crítica de um
dogma religioso, incluindo, do mesmo golpe, uma descrição de outras culturas
ou filosofias; outras vezes, tomava um termo em sua acepção mais geral, de tal
modo que, no verbere ADORAÇÃO, comentava a um só tempo o culto a Deus e
a uma bela mulher, associando-os com ousadia.25.
Diderot definiu sua grandiosa obra em 28 tomos in-fólio, (dezessete de textos e onze
de ilustrações), 71.818 artigos, 2.885 ilustrações, sob os quais se encontrava uma “[...]
mudança epistemológica que transformou a topografia de tudo que o homem conhece
[...]”26. Tinha como objetivo reunir o conhecimento disperso pela superfície do globo e
expor seu sistema geral aos homens que virão depois de nós, de modo que os trabalhos dos
séculos passados não tenham sido em vão “[...] Que a Enciclopédia se torne um santuário
em que os conhecimentos dos homens estejam ao abrigo dos tempos e das revoluções
[...]”27. Assim vemos que a Encyclopédie ao tentar representar claramente o “espírito do
esclarecimento”, revela o fascínio que o homem adquire ao se dar conta do poder que
exerce sobre si e sobre as coisas.
Como empreendimento, ela superou as expectativas, tanto que quando o primeiro
volume da Encyclopédie foi lançado, esgotou-se rapidamente, apesar do preço alto.
Entretanto, as autoridades francesas consideraram a Encyclopédie um livro perigoso e
muitas tentativas de confisco foram feitas, desde a publicação do primeiro volume,
publicado em 1752. Conta-nos Manguel que os jesuítas consideraram o fato como uma
blasfêmia e ficaram tão enfurecidos que instaram Luís XV a decretar sua proibição. Para
tanto, diante da doença de uma das filhas de Luís XV, seu confessor convenceu-o de que
Deus a salvaria se o rei, como prova de piedade, suprimisse a Encyclopédie. Luís obedeceu,
e ordenou a proibição comercial do impresso, mas a Encyclopédie reiniciou seus trabalhos
no ano seguinte, graças aos esforços de Lamoignon de Malesherbes, Diretor Real de
25
MANGUEL, op. cit., p. 79.
DARNTON, Robert. L’Encyclopédie: um best-seller do século XVIII. [199?]. Extraído do livro: The
Business of Enlightenment: a publishing history of the Enyclopédie, 1775-1890. p. 28.
27
DIDEROT; D’ALEMBERT,1989b, op. cit., p. 147.
26
Publicações (uma espécie de Ministro das Comunicações), que sugeriu a Diderot que
escondesse os manuscritos dos volumes futuros na casa do próprio Malesherbes, até que a
turbulência cessasse28.
Em 1783, onze anos após a conclusão da obra, como nos lembra Manguel, a idéia
de uma enciclopédia como santuário despertou o imaginário do escritor Guilhaume Grivel
que, na sua utopia, aparece como pedra basilar de uma sociedade futura, tendo que se
reconstruir de suas próprias ruínas. No primeiro volume do romance, o autor narrava as
aventuras de um grupo de náufragos que vivem à maneira de Robinson Crusoé, numa ilha
desconhecida, graças à Encyclopédie que salvaram do desastre chegam sem excessivo
esforço, a reconstruir em sua ilha o mundo social, político e, sobretudo técnico, do qual
estão separados.29
3 A Encyclopédie, Livro dos Livros, no tempo e no espaço
A esperança de vencer o tempo e o espaço leva o homem a projetos inimagináveis.
Um exemplo disso pode ser encontrado em Gênesis (11, 5-7) que narra a história da Torre
de Babel quando, depois do Dilúvio, os povos da terra rumaram para o leste em busca da
terra de Senaar. Ali, decidiram construir uma cidade e, na tentativa de vencer o espaço,
começaram a erigir uma Torre, monumento este que os possibilitariam atingir os céus
inacessíveis, mas o desejo foi punido com a pluralidade de línguas, tornando-se assim uma
verdadeira Babel, por estabelecer barreiras diárias às tentativas de comunicação uns com os
outros. Diz a lenda, segundo Manguel: “[...] Deus [...] inventou a pluralidade das línguas
para impedir que trabalhássemos em concerto, de modo que não multiplicássemos nossos
poderes.”30
Essa questão do espaço não é explicitamente mencionada por Diderot no seu
prospecto, mas suas palavras nos fazem supor a noção de que o conhecimento ocupa espaço
físico. Para Diderot, reunir conhecimento disperso significa assentá-lo numa página, e esta
entre as capas de um livro, e este nas estantes de uma biblioteca. Daí podemos inferir que,
além de muitas outras coisas, para ele, uma enciclopédia pode ser um dispositivo de
28
MANGUEL, op. cit.
Ibid.
30
Ibid., p. 25.
29
economia de espaço, visto que uma biblioteca, infinitamente dividida em livros, exige uma
sede em expansão contínua, capaz de assumir proporções de pesadelo. E aqui podemos
fazer uma analogia com a lenda de Sarah Winchester. Viúva do famoso armeiro cujo rifle
“conquistou o oeste” ouviu de um médium que, enquanto continuassem os trabalhos em sua
casa na Califórnia, os fantasmas dos índios mortos pelo rifle de seu marido ficariam à
distância. A casa cresceu como num sonho, até que seus 160 cômodos ocupassem seis acres
de terreno; ainda hoje se pode ver o monstro, no coração do Vale Silício. Ao longo de sua
história, as bibliotecas, por todos os séculos vêm sofrendo desse impulso de crescer para
tranquilizar nossos fantasmas literários que se erguem dos livros para falar conosco, de se
ramificar e se inchar, até conseguir, num dia derradeiro e inconcebível, incluir todo volume
jamais escrito sobre todo assunto imaginável31.
Essa ambição é quase uma realidade neste século XXI, quando todo o conhecimento
do mundo parece estar ao nosso alcance, atrás da tela sedutora do computador. No século
passado, Jorge Luís Borges, em seus devaneios, já imaginava uma biblioteca infinita32 com
todos os livros possíveis. E foi mais além, criou um personagem com a função de compilar
uma enciclopédia universal33 tão completa que nenhum conhecimento do mundo ficaria de
fora. Felizmente, o personagem desiste do projeto ao perceber que ele era simplesmente
redundante, pois a enciclopédia do mundo, a biblioteca universal, já existe – é o próprio
mundo.
Ainda segundo Borges, “[...] a biblioteca é ilimitada e periódica, e se um eterno
viajante a atravessasse em qualquer direção, comprovaria, ao fim dos séculos, que os
mesmos volumes se repetem na mesma desordem [...]”34. Mas o homem tenta também
vencer o tempo e, às vezes, com uma certa ordem, como aconteceu no século III a.C.
Alexandre, rei da Macedônia fundou uma cidade – Alexandria, que se tornaria o epicentro
do pensamento grego e romano dos 900 anos seguintes. Na mesma proporção, como
indicam os autores Luciano Cânfora35, Vrettos Theodore36 e Adie Flaer Terek37, seu
31
Ibid.
BORGES, Jorge Luís. A biblioteca de babel. In: _____. Obras completas I. São Paulo: Globo, 1998.
33
BORGES, Jorge Luís. O Congresso. In: _______. O livro de areia (1975). São Paulo: Companhia das
Letras, 2009.
34
BORGES, 1998, op. cit. p. 523.
35
CÂNFORA, Luciano. A biblioteca desaparecida: histórias da Biblioteca de Alexandria. São Paulo:
Companhia da Letras, 1989.
36
THEODORE, Vrettos. Alexandra: a cidade do pensamento ocidental. São Paulo: Odysseus, 2005.
32
sucessor imediato, Ptolomeu I, aconselhado por Demétrio Falereu, não hesitou em criar um
centro de cultura e pesquisa que rivalizaria com os de Atenas, Pérgamo e Cirene, e
transformaria a cidade no epicentro da erudição. Como resultado, tivemos a primeira
grande biblioteca e centro de pesquisa internacional, construída para reunir, de todas as
partes do mundo, o que cada uma das línguas pôde registrar.
Essa nova concepção de biblioteca superou todas as demais bibliotecas existentes no
mundo antigo em âmbito e ambição. Somente a biblioteca de Pérgamo concorreu com a de
Alexandria, porém ela jamais atingiu a magnificência desta. A biblioteca de Alexandria era
vista como uma multidão de bibliotecas
[...] um lugar onde a memória era mantida vida, onde cada pensamento escrito
encontrava seu nicho, onde cada leitor podia descobrir o próprio itinerário
traçado, linha após linha, e livros talvez ainda por abrir, onde o próprio universo
encontrava seu reflexo em palavras [...]38.
Em vista desse paradigma, todo livro que chegava ao porto de Alexandria era
apreendido para que fosse copiado e depois devolvido o original, entretanto, muitas vezes o
exemplar devolvido era a cópia, razão pela qual, os livros reunidos na Biblioteca passaram
a ser conhecidos pelo nome de “a coleção de navios”.
Reunir e preservar o conhecimento infinitamente, imortalizar! A Biblioteca de
Alexandria foi criada para ir mais além.
Deveria registrar tudo o que já existira e pudesse ser registrado, e esses registros
deveriam gerar novos registros, numa seqüência infinita de leituras e
comentários que por sua vez engendrariam novos comentários e novas leituras.
Deveria ser uma oficina de leitores, e não apenas um lugar onde os livros fossem
preservados infinitamente. Para assegurar que fosse usada, os ptolemaicos
convidaram os estudiosos mais aclamados de muitos países – como Euclides e
Arquimedes – a fixar residência em Alexandria, pagando-lhes bons honorários,
sem exigir nada em troca, exceto que utilizassem os tesouros da Biblioteca. [...]
Eles leriam e resumiriam o que lessem e produziriam compêndios críticos para
as gerações futuras, que por sua vez condensariam essas leituras em novos
compêndios.39
E, no entanto, a Biblioteca de Alexandria desapareceu num incêndio lendário, cujas
chamas só não conseguiram consumir o simbolismo, mantido até o tempo presente. Mas,
sem os Alexandres e Ptolomeus, provavelmente, nunca teria existido, e tampouco
37
TEREK, Adie Flawer. Biblioteca de Alexandria: as histórias da maior biblioteca da Antiguidade. São
Paulo: Nova Alexandria, 2002.
38
MANGUEL, op. cit. p. 27.
39
Ibid. p. 33.
assistiríamos, recentemente em 2002, o seu renascimento multimilionário.
Vistos com os olhos da atenção e sensibilidade, decerto encontraremos no projeto
enciclopédico, diversos tipos de relações com o tempo e a duração. De um lado, reúne a
consciência de um avanço cumulativo dos saberes e das técnicas, que torna urgente sua
disposição em obra única, atuando como uma espécie de suma, que evitará a dispersão e
estabelecerá, inclusive, as relações com o espírito científico de Bacon e de Newton
tornando-os, portanto possíveis. De outro, persiste o sentimento agudo de um perigo,
ressurgência ou continuação das representações catastróficas da história, que ameaça as
civilizações com uma destruição sem retorno. Vale dizer que essa história dos progressos
do espírito humano, como se diz então, que se exalta sem cessar, é percebida na realidade
como uma história frágil, hesitante, permanentemente ameaçada de regressão40.
4 Considerações finais
Concebida com a finalidade de atender não somente uma necessidade do presente,
mas que perdurasse por todos os séculos futuros, a Encyclopédie foi uma verdadeira
“máquina de guerra”, construída com valores políticos e ideológicos muito claros. Foi uma
obra projetada por livres pensadores que queriam modificar a sociedade no sentido da
liberdade política e da tolerância religiosa
Ficou evidente que a concepção da Encyclopédie era arrojada, pois sua finalidade
encarnava o espírito do livro dos livros, tal qual uma biblioteca universal, capaz de tornar
disponível, em um único lugar, a totalidade dos saberes, comparando-a a uma biblioteca
universal. Prova disso são suas pranchas que ilustram as artes e as técnicas, constituindo-se
como um paradigma da ciência útil e também meio pedagógico da reconstrução da
memória e da ordem do mundo.
Provocadora, como só a competência intelectual de seus autores seria capaz de
conceber, por vários séculos, ela foi vista como um relicário que preserva seu fascínio, mas
também liberta conceitos essenciais ou elementares de uma cultura que conduz a uma autoindependência, posto que, em seu propósito original, havia a idéia de promover um resgate
de certas condições degradantes da humanidade. A partir daí pode-se pensar a
40
GOULEMOT, op. cit.
Encyclopédie, sobre outros aspectos, como sendo, de fato, a prefiguração de ideal de
biblioteca: utilizável, prática, ao alcance da mão, e capaz de salvar de desastres uma cultura
e uma tecnologia.
Porém, neste século XXI, o livro-biblioteca e a própria biblioteca começam a se
constituir lugares de memória, por não se caracterizarem mais como baluartes de um
mundo a ser reconstruído. Cada vez mais seus espaços estão sendo circunscritos,
delimitados, ordenados em função da utilidade e da modernidade dos saberes, presentes nas
bibliotecas eletrônicas e virtuais que delas fazem parte os e-books.
A contribuição e o significado que a tecnologia têm na contemporaneidade é
incontestável, visto que proporciona a todos uma resolução rápida para um mundo cada vez
mais cheio de conteúdo em tempo real, o que implica num excesso de racionalização e
pragmatismo. No entanto, talvez devêssemos nos deter um pouco mais sobre aspectos como
o exagero da padronização de comportamentos e buscar mais a compactação essencial das
coisas.
Nessas considerações finais não há uma pretensão em defenestrar os avanços
tecnológicos, tampouco está inserido aí, um estilo saudosista que não leva a lugar algum;
pelo contrário, o que tentamos fazer foi um breve cotejo entre o ontem e o hoje. Somente.
Referências:
BLOCH, Ernest. Prefácio. In: _____. O princípio da esperança. Rio de Janeiro: Eduerj,
2005. p. 13-28.
BORGES, Jorge Luis. A biblioteca de babel. In: _____. Obras completas: 1923-1949. São
Paulo: Globo, 1999.
BORGES, Jorge Luis. O congresso. In: _____. O livro de areia (1975). Tradução Davi
Arrigucci Jr. São Paulo: Cmpanhia das Letras, 2009.
BURKE, Peter. Uma história social do conhecimento: de Gutenberg a Diderot. Rio de
Janeiro: Zahar, 2003.
CÂNFORA, Luciano. A biblioteca desaparecida: histórias da Biblioteca de Alexandria.
São Paulo: Companhia da Letras, 1989.
CHARTIER, Roger. A ordem dos livros: leitores, autores e bibliotecas na Europa entre os
séculos XIV e XVIII. Brasília, DF: Ed. UNB, 1994.
DARNTON, Robert. Introdução: biografia de uma obra. In: ____. O iluminismo como
negócio: história da publicação da “Enciclopédia” 1775-1800. São Paulo: Companhia das
Letras, 1996. p. 13-39.
DARNTON, Robert. L’Encyclopédie: um best-seller do século XVIII. [199?]. Extraído do
livro: The Business of Enlightenment: a publishing history of the Enyclopédie, 1775-1890.
Traduzido por Francisco José P. N. Vieira.
DARNTON, Robert. Os filósofos podam a árvore do conhecimento: a estratégia
epistemológica da Encyclopédie. In: ____.O grande massacre dos gatos: e outros
episódios da história cultural francesa. 2. ed. Rio de Janeiro: Graal, 1986. p. 247-275.
DIDEROT; D’ALEMBERT. Discurso preliminar dos editores. In: _____. Enciclopédia ou
dicionário raciocinado das ciências, das artes e dos ofícios por uma sociedade de
letrados. Tradutora Fúlvia Maria Luiza Morreto. São Paulo: UNESP, 1989a. 19-135.
DIDEROT; D’ALEMBERT. Prospecto. In: _____. Enciclopédia ou dicionário
raciocinado das ciências, das artes e dos ofícios por uma sociedade de letrados.
Tradutora Fúlvia Maria Luiza Morreto. São Paulo: UNESP, 1989b. p. 137-152.
E-BOOKS são estrelas na feira de livro de Frankfurt. O Globo Online, Rio de Janeiro, 16
out. 2008. Disponível em: <http://oglobo.globo.com/>. Acesso em: 16 out. 2008.
EWALD, Ariane. Por uma razão não corrompida: pedagogia do Iluminismo e construção
da ciência. Revista da SBHC, n. 16, p. 3-20, 1996. Disponível em:
<http://www.mast.br/arquivos_sbhc.pdf>. Acesso em: 13 out. 2008.
GOULEMOT, Jean-Marie. Bibliotecas, enciclopedismo e angústias da perda: a
exaustividade ambígua das luzes. In: BARATIN, Marc; JACOB, Christian (Dir.). O poder
das bibliotecas: a memória dos livros no ocidente. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2000. p.
257-270.
MANGUEL, Alberto. A biblioteca à noite. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.
SOUSA, Edson Luiz André. Uma invenção da utopia. São Paulo: Lumme, 2007.
TEREK, Adie Flawer. Biblioteca de Alexandria: as histórias da maior biblioteca da
Antiguidade. São Paulo: Nova Alexandria, 2002.
THEODORE, Vrettos. Alexandria: a cidade do pensamento ocidental. Tradução Briggite
Klein. São Paulo: Odysseus, 2005.