Correio Braziliense - CIA libera arquivos secretos

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CORREIO BRAZILIENSE • Brasília, sábado, 23 de junho de 2007 • 23
MUNDO
ESTADOS UNIDOS
Agência de espionagem abre para consulta pública documentos que detalham operações encobertas,
muitas vezes ilegais, realizadas nos anos 1950-70. Entre elas, tentativas de assassinar o inimigo Fidel Castro
CIA libera arquivos secretos
Jason Reed/Reuters - 3/3/05
O ex-diretor da CIA James
Schlesinger ordenou a compilação dos arquivos da agência em
1973, e parte do conteúdo foi revelada a comissões do Congresso e à Casa Branca, depois que o
jornal The New York Times publicou trechos dos documentos. O
então diretor da agência pediu
para ser informado sobre todas
as atividades ilegais realizadas
entre 1950 e 1970.
DA REDAÇÃO
Agência Central de Inteligência (CIA), o célebre
serviço de espionagem
norte-americano, abre
para o público, a partir da próxima semana, uma coleção de documentos sobre operações encobertas realizadas entre as décadas de 1950 e 1970, tanto nos Estados Unidos quanto em outros
países. As atividades ilegais incluem tentativas de assassinar o
presidente cubano, Fidel Castro,
a espionagem de jornalistas americanos que divulgaram segredos
de Estado e a infiltração de agentes entre grupos pacifistas contrários à Guerra do Vietnã. Várias
das ações mais notórias da CIA
ao longo dessas duas décadas de
Guerra Fria estão detalhadas em
cerca de 700 páginas de documentos, que ficaram conhecidos
como as “jóias da família”.
“Alguns trechos já foram publicados na imprensa, e muitos
não são agradáveis, mas essa é a
história da CIA. Contaremos ao
povo norte-americano o que nós
fizemos em nome dele”, afirmou
o diretor da agência, Michael
Hayden. Ele anunciou a decisão
de abrir os arquivos durante discurso para a Sociedade de Historiadores de Relações Internacionais. “Os documentos oferecem
uma imagem de tempos muito
diferentes, e de uma agência muito diferente”, completou Hayden.
No entanto, George Little, portavoz da CIA, destacou que “alguns
documentos ainda terão palavras
cobertas com tarjas”.
A
Revelações
O ESCUDO DA CIA BRILHA NO PISO DO HALL DE ENTRADA DA SEDE DA AGÊNCIA, NOS SUBÚRBIOS DE WASHINGTON: NOVOS TEMPOS DE ABERTURA AO PÚBLICO
Muitos dos incidentes já são
conhecidos, mas a expectativa é
que a liberação dos documentos permita o acesso a detalhes
das ações. Um dos arquivos revela a espionagem contra jorna-
listas como Seymour Hersh, da
revista New Yorker, que publicou denúncias sobre a infiltração da CIA entre os pacifistas.
Outros documentos confirmam
que correspondências proce-
dentes da China e da União Soviética, no período, eram interceptadas. Uma das revelações
mais surpreendentes é sobre a
realização de testes com drogas
em civis norte-americanos que
não haviam sido advertidos sobre o procedimento. O objetivo
dessas experiências, financiadas pela agência, era comprovar
a “modificação comportamental” das pessoas.
O Arquivo Nacional de Segurança da Universidade George Washington antecipou, na última
quinta-feira, passagens dos documentos da CIA em um resumo de seis páginas. A síntese
detalha 18 atividades da agência que “apresentam questionamentos legais” e que foram discutidas em reuniões por altos
funcionários do governo e pelo
então presidente Gerald Ford,
em 1975. Em uma reunião com
Ford, o diretor da CIA, William
Colby, confirmou que a agência
“dirigiu operações para assassinar líderes estrangeiros, mas
sem sucesso”.
A transcrição da conversa cita
alvos como “Fidel Castro e o ditador dominicano Rafael Trujillo”.
Outros incidentes incluíram escutas telefônicas de dois jornalistas, Robert Allen e Paul Scott.
Na década de 1960, eles publicaram informações vazadas dos órgãos de segurança. Além disso,
comenta-se o caso de um desertor soviético que passou “dois
anos em confinamento físico” na
mesma época.
PARA SABER MAIS
Filhote da
Guerra Fria
confronto com a União Soviética
comunista, aliada até dois anos
antes contra a Alemanha nazista,na Segunda Guerra Mundial.
Ao longo de quatro décadas,a
CIA duelou no submundo da espionagem com a rival KGB.
Agentes americanos e soviéticos
dedicaram-se a roubar ou comprar segredos militares e econômicos do inimigo, mas também
ajudaram a desestabilizar e derrubar governos estrangeiros con-
A Agência Central de Inteligência (CIA), com sua sigla conhecida mundialmente, é cria
legítima da Guerra Fria,instituída pelo Congresso em 1947. Nasceu sob o governo de Harry Truman, que comandou os Estados
Unidos nos primeiros passos do
siderados hostis — ou a manter
no poder os governantes amigos.
Encerrado o conflito ideológico que dominou o século 20, o
terrorismo emergiu como o grande desafio para a CIA depois do
11 de setembro de 2001.Mas métodos da Guerra Fria continuam
no jogo, como mostra o recente
escândalo das prisões clandestinas mantidas pela agência em
países europeus, para os prisioneiros da guerra ao terror.
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Um ataque aéreo das forças da
Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) contra rebeldes
talibãs matou pelo menos 25 civis
no sul do Afeganistão, na madrugada de ontem. A ofensiva levou
líderes políticos e organizações
humanitárias a questionar a presença militar ocidental no país.
De acordo com a agência afegã
Acbar, as forças internacionais e
as tropas leais ao governo são responsáveis pela morte de 230 civis
desde o início de 2007. Cifras da
organização Human Rights Watch (HRW) mostram que o mesmo número de civis foi morto durante todo o ano de 2006.
A ofensiva, iniciada em retaliação a ataques dos rebeldes islamistas, matou 20 talibãs, além dos
25 civis. Entre esses havia nove
mulheres e três crianças, segundo
dados da polícia. Os combates começaram depois que os extremistas atacaram um comboio da Otan
em Kunjak, como parte de uma
ofensiva que se intensifica nas
províncias do sul e sudeste do
país. A Isaf, força internacional liderada pela Otan, afirmou que
um “pequeno número de civis”
morreu em uma casa onde “se es-
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VIATURA DA POLÍCIA AFEGÃ DESTRUÍDA PELOS TALIBÃS: OFENSIVA NO SUL
condiam rebeldes”. O secretáriogeral da Otan, Jaap de Hoop Scheffer, pediu uma investigação sobre
o bombardeio.
A Isaf acusou os rebeldes de
“colocar civis deliberadamente
em perigo”. Falando pela HRW,
Brad Adams lembrou, no entanto,
que a presença das forças internacionais também ameaça a segurança da população. “Essas forças deveriam agir com mais cuidado, falta profissionalismo”, opinou, em entrevista por telefone
ao Correio. Anteontem, o presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, pediu aos militares estrangeiros que parassem de matar civis.
Caso contrário, afirmou o governante, os afegãos podem se voltar
contra os países que têm tropas
na força multinacional. Karzai
acrescentou que os talibãs “não
representam uma ameaça de longo prazo à estabilidade do país”.
GUANTÁNAMO
EM DISCUSSÃO
A Casa Branca reconheceu
ontem que estuda o futuro da
prisão mantida na base naval
de Guantánamo, em Cuba,
para estrangeiros capturados
na guerra ao terror, mas
insiste que não há data
prevista para fechá-la. O
anúncio foi feito depois que
alguns meios de comunicação
revelaram, na última quintafeira, informações sobre o
fechamento iminente do
centro de detenção,
iniciativa reclamada até
pelas Nações Unidas. A Casa
Branca informou que
nenhuma decisão será
tomada em breve.
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Ataque da
Otan mata
25 civis
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AFEGANISTÃO
Kamal Sadat/Reuters - 20/6/07
E BÔNUS DE
FEIRÃO