Colégio da Polícia Militar de Goiás

Transcrição

Colégio da Polícia Militar de Goiás
Colégio da Polícia Militar de Goiás - NAS
SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA/SECRETARIA DE EDUCAÇÃO
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS
COMANDO DE ENSINO POLICIAL MILITAR
COLÉGIO DA POLÍCIA MILITAR NADER ALVES DOS SANTOS
SÉRIE/ANO: 8°
TURMA(S):
DATA:
____ / ____ / 2015
DISCIPLINA: Literatura
PROFESSOR (A): Glayce Kelly C. Pires Rodrigues
ALUNO (A):_____________________________________________________________________________ Nº_______
Lista de exercícios
Texto I O Homem Nu - Fernando Sabino
pensava que já era o sujeito da televisão. Bateu
com o nó dos dedos:
Ao acordar, disse para a mulher:
— Maria! Abre aí, Maria. Sou eu — chamou,
em voz baixa.
— Escuta, minha filha: hoje é dia de pagar a
prestação da televisão, vem aí o sujeito com a
conta, na certa. Mas acontece que ontem eu não
trouxe dinheiro da cidade, estou a nenhum.
— Explique isso ao homem — ponderou a
mulher.
— Não gosto dessas coisas. Dá um ar de
vigarice, gosto de cumprir rigorosamente as
minhas obrigações. Escuta: quando ele vier a
gente fica quieto aqui dentro, não faz barulho,
para ele pensar que não tem ninguém. Deixa
ele bater até cansar — amanhã eu pago.
Pouco depois, tendo despido o pijama, dirigiu-se
ao banheiro para tomar um banho, mas a mulher
já se trancara lá dentro. Enquanto esperava,
resolveu fazer um café. Pôs a água a ferver e
abriu a porta de serviço para apanhar o pão.
Como estivesse completamente nu, olhou com
cautela para um lado e para outro antes de
arriscar-se a dar dois passos até o embrulhinho
deixado pelo padeiro sobre o mármore do
parapeito. Ainda era muito cedo, não poderia
aparecer ninguém. Mal seus dedos, porém,
tocavam o pão, a porta atrás de si fechou-se com
estrondo, impulsionada pelo vento.
Aterrorizado, precipitou-se até a campainha e,
depois de tocá-la, ficou à espera, olhando
ansiosamente ao redor. Ouviu lá dentro o ruído
da água do chuveiro interromper-se de súbito,
mas ninguém veio abrir. Na certa a mulher
Quanto mais batia, mais silêncio fazia lá dentro.
Enquanto isso, ouvia lá embaixo a porta do
elevador fechar-se, viu o ponteiro subir
lentamente os andares... Desta vez, era o
homem da televisão!
Não era. Refugiado no lanço da escada entre os
andares, esperou que o elevador passasse, e
voltou para a porta de seu apartamento, sempre
a segurar nas mãos nervosas o embrulho de pão:
— Maria, por favor! Sou eu!
Desta vez não teve tempo de insistir: ouviu
passos na escada, lentos, regulares, vindos lá de
baixo... Tomado de pânico, olhou ao redor,
fazendo uma pirueta, e assim despido, embrulho
na mão, parecia executar um ballet grotesco e
mal ensaiado. Os passos na escada se
aproximavam, e ele sem onde se esconder.
Correu para o elevador, apertou o botão. Foi o
tempo de abrir a porta e entrar, e a empregada
passava, vagarosa, encetando a subida de mais
um lanço de escada. Ele respirou aliviado,
enxugando o suor da testa com o embrulho do
pão.
Mas eis que a porta interna do elevador se fecha
e ele começa a descer.
— Ah, isso é que não! — fez o homem nu,
sobressaltado.
Colégio da Polícia Militar de Goiás - NAS
E agora? Alguém lá embaixo abriria a porta do
elevador e daria com ele ali, em pêlo, podia
mesmo ser algum vizinho conhecido...
Percebeu, desorientado, que estava sendo levado
cada vez para mais longe de seu apartamento,
começava a viver um verdadeiro pesadelo de
Kafka, instaurava-se naquele momento o mais
autêntico e desvairado Regime do Terror!
— Isso é que não — repetiu, furioso.
Agarrou-se à porta do elevador e abriu-a com
força entre os andares, obrigando-o a parar.
Respirou fundo, fechando os olhos, para ter a
momentânea ilusão de que sonhava. Depois
experimentou apertar o botão do seu andar. Lá
embaixo continuavam a chamar o elevador.
Antes de mais nada: "Emergência: parar". Muito
bem. E agora? Iria subir ou descer? Com
cautela desligou a parada de emergência, largou
a porta, enquanto insistia em fazer o elevador
subir. O elevador subiu.
— Maria! Abre esta porta! — gritava, desta vez
esmurrando a porta, já sem nenhuma cautela.
Ouviu que outra porta se abria atrás de si.
Voltou-se, acuado, apoiando o traseiro no
batente e tentando inutilmente cobrir-se com o
embrulho de pão. Era a velha do apartamento
vizinho:
01) Os textos do gênero crônica, como O homem
nu, estão diretamente vinculados ao
jornalismo, ou seja, à atividade discursiva da
comunicação de fatos de natureza
predominantemente não ficcional. Assinale a
alternativa que indique o fato gerador de
conflito na narrativa que por sua vez se
assemelha a um acontecimento real.
a)( ) O personagem vivia um verdadeiro
pesadelo de Kafka.
b)( )O personagem ligou para polícia.
c)( )O personagem se embaraçou ao tentar
fugir do cobrador.
d)( )Maria tomou banho pela manhã.
e)( )A correria dos vizinhos ao ouvir a
gritaria.
— Bom dia, minha senhora — disse ele,
confuso. — Imagine que eu...
A velha, estarrecida, atirou os braços para cima,
soltou um grito:
— Valha-me Deus! O padeiro está nu!
E correu ao telefone para chamar a
radiopatrulha:
— Tem um homem pelado aqui na porta!
Outros vizinhos, ouvindo a gritaria, vieram ver o
que se passava:
— É um tarado!
— Olha, que horror!
— Não olha não! Já pra dentro, minha filha!
Maria, a esposa do infeliz, abriu finalmente a
porta para ver o que era. Ele entrou como um
foguete e vestiu-se precipitadamente, sem nem
se lembrar do banho. Poucos minutos depois,
restabelecida a calma lá fora, bateram na porta.
— Deve ser a polícia — disse ele, ainda
ofegante, indo abrir.
Não era: era o cobrador da televisão.
02)A linguagem de uma crônica combina
elementos literários, como o uso de linguagem
figurada, com elementos de linguagem
jornalística, como objetividade e clareza de
informações. Assinale a alternativa que
corresponda o uso de linguagem figurada.
a)( ) “Maria, por favor, sou eu”
b)( ) “Valha-me Deus! O padeiro está nu”
c)( ) “Ele entrou como um foguete”
d) ( ) “E correu ao telefone para chamar a
radiopatrulha”
e) ( ) “Bateu com o nó dos dedos”
03)Apesar da crônica ter como base um
acontecimento real, fator que caracteriza os
textos jornalísticos, a finalidade da crônica se
Colégio da Polícia Militar de Goiás - NAS
difere da finalidade das notícias. A crônica “O
homem nu” de Fernando Sabino tem por
finalidade,
a) ( ) Informar um fato.
b) ( )Argumentar sobre a importância de
pagar as contas em dia.
c) ( )criticar os devedores.
d)(
)Provocar uma reflexão acerca do
consumo consciente.
e) ( )Provocar o humor.
04) Considere: “gritava, desta vez esmurrando a
porta, já sem nenhuma cautela. O termo
sublinhado pode ser substituído por,
a) ( ) honestidade
b) ( ) valentia
c) ( ) cuidado
d) ( ) esforço
e) ( ) conhecimento
05) O narrador representa um ser fictício do
qual o autor se utiliza para nos repassar sua
invenção. A maneira como o enunciador vê os
fatos e os transforma em texto chama-se ponto
de vista. Assinale a alternativa que corresponda
ao foco narrativo da crônica de Fernando
Sabino.
a) ( ) Narrador-personagem
b) ( ) Narrador-observador
c) ( ) Narrador-intimista
d) ( ) Narrador-onisciente
e) ( ) Narrador-intruso
06) Considere: “Escuta: quando ele vier a gente
fica quieto aqui dentro”. O termo sublinhado
corresponde a qual variação de linguagem?
a) ( ) Linguagem coloquial
b) ( ) Linguagem formal
c) ( ) Linguagem padrão
d) ( ) Linguagem científica
e) ( ) Linguagem acadêmica
Texto II
Eros e Psique
Não havia criatura humana ou divina
que fosse mais bela que Psique. No entanto,
ela era uma simples mortal.
Certo dia, ao descer do Olimpo, Eros se
apaixonou por Psique e quis se casar com
ela. Ordenou a Zéfiro, o vento, que a
transportasse para os ares e a instalasse num
palácio magnífico. Psique foi levada,
conforme as ordens de Eros, e ficou
extasiada com o esplendor de sua nova
morada.
Quando a noite caiu, a moça ouviu uma
voz misteriosa e doce:
— Não se assuste, Psique, sou o dono
deste palácio. Ofereço-o a você como
presente de nosso casamento, pois quero ser
seu esposo. Tudo o que você está vendo lhe
pertence. Se tiver algum desejo, bastará
pronunciá-lo para que seja realizado. Zéfiro
estará às suas ordens, ele fará tudo o que
você ordenar. Em troca de minha afeição, só
lhe faço uma exigência: não tente me ver. Só
sob essa condição poderemos viver juntos e
ser felizes.
A aurora se aproximou e o ser
misterioso desapareceu, sem mostrar o rosto
a Psique.
Mas, à medida que as noites iam
passando, a moça ia ficando mais curiosa
para ver seu companheiro. Morria de vontade
de saber quem era ele. Certa noite, assim que
o sol se pôs, ela pegou uma lamparina,
escondeu-a entre as flores e ficou à espera. O
marido não demorou a chegar. Falou-lhe
com sua voz suave, enquanto ela aguardava
ansiosa a hora de dormir. Logo Eros se
deitou e adormeceu. Psique ergueu a
lamparina para enxergar melhor e viu um
belo jovem, de faces coradas e cabelos
loiros. Com uma respiração regular e
tranquila, ele exalava um hálito doce e
perfumado. Psique não conseguia tirar os
olhos do belo quadro. Sua mão tremeu de
emoção, a lamparina balançou e uma gota de
óleo caiu no braço do rapaz, que acordou
assustado. Ao ver Psique, ele desapareceu. O
encanto se rompeu. Foi-se o belo palácio,
acabaram-se os jardins mágicos, as flores
perfumadas. Não havia mais nada nem
ninguém! Psique viu-se caminhando num
lugar pedregoso e selvagem, corroída pelo
Colégio da Polícia Militar de Goiás - NAS
arrependimento
e
maldizendo
sua
curiosidade.
Desolado, Eros voltou para o Olimpo e
suplicou a Zeus que lhe devolvesse a esposa
amada. O senhor dos deuses respondeu:
— O deus do amor não pode se unir a
uma mortal.
Mas Eros protestou. Será que Zeus, que
tinha tanto poder, não podia tornar Psique
imortal?
O deus dos deuses sorriu, lisonjeado.
Além do mais, como poderia deixar de
atender a um pedido de Eros, que lhe trazia
lembranças tão boas? O deus do amor o tinha
ajudado muitas vezes, e talvez algum dia
Zeus precisasse recorrer de novo a seus
favores. Seria mais prudente não o contrariar.
Dessa vez, Hermes substituiu Zéfiro.
Zeus ordenou que o mensageiro fosse buscar
Psique e a trouxesse para o reino celeste. Lá
ele lhe oferecerá ambrosia e néctar,
tornando-a imortal.
Nada mais se opôs aos amores de Eros
e Psique. Seu casamento foi celebrado com
muito néctar, na presença de todos os deuses.
As Musas e as Graças aclamaram a nova
deusa em meio a danças e cantos. (GENEST,
Émile; FÉRON, José; DESMURGER, Marguerite. As mais
belas lendas da mitologia. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
p. 203-206.)
07) As mitologias de diferentes povos
constituem um dos mais ricos e empolgantes
legados culturais da humanidade. Na
Antiguidade, os mitos eram transmitidos
oralmente. Só muito tempo depois que esses
mitos foram publicados em livros. A partir das
informações fornecidas pela leitura, marque a
divindade correspondente ao deus do amor, ao
deus dos deuses, e ao deus mensageiro,
respectivamente.
a) ( ) Zeus, Eros e as musas.
b) ( )Zeus, Zéfiro e Afrodite.
c) ( )Eros, Zeus e Hermes.
d) ( )Eros, Psique e Zéfiro.
e) ( )Zéfiro, Psique e Hermes.
08) As expressões temporais situam as ações
narradas num momento indefinido do tempo, ou
seja, não é possível “datar” essas noções nem
localizá-las precisamente em relação ao hoje.
Assinale a alternativa que corresponda à
expressão indicativa de tempo da narrativa
“Eros e Psique”.
a) (
b) (
c) (
d) (
e) (
)Certo dia
)Não havia
)No entanto
)A moça ouviu
)Psique foi levada
09) Os indicadores de lugar nas narrativas
míticas referem-se de maneira vaga ao local. Os
acontecimentos narrados situam-se apenas em
relação a esse lugar. Sendo assim, é possível
afirmar que o espaço principal da narrativa
acima é
a) ( ) O Hades.
b) ( ) A terra
c) ( ) O Olimpo
d) ( ) A mansão
e) ( ) O palácio
10) No geral, as narrativas míticas tem um
fundo bastante simbólico, ou seja, as
personagens e as situações representadas
simbolizam forças da natureza, aspectos gerais
da condição humana, realidades que o homem
não consegue explicar, e que estão ligadas às
divindades. Logo, é possível afirmar que a união
entre Eros e Psique simboliza, quanto à
condição humana,
a) ( ) o equilíbrio entre o lado físico e o lado
espiritual do amor.
b) ( ) as frustações amorosas.
c) ( ) a condição plenamente espiritual do
amor.
d) ( )a condição plenamente carnal do amor.
e) ( )a impossibilidade de realização total
do amor.
Colégio da Polícia Militar de Goiás - NAS
11) Pôster do filme Percy Jackson e o ladrão de
raios, de Chris Columbus, 2010, inspirado na
obra literária de Rick Riordan, que se serviu ao
universo da mitologia grega para criar sua
história. O ator Sean Bean, que está na foto,
interpreta Zeus,
a) ( ) o deus do amor e da sabedoria.
b) (
) o deus mais poderoso de toda a
mitologia grega, o qual comanda o amor.
c) (
)o deus mais poderoso de toda a
mitologia grega, o qual comanda a luz e os
raios.
d) ( ) o deus mais poderoso de toda a mitologia
grega, o qual comanda o Hades e o Olimpo.
e) (
)o deus mais poderoso de toda a
mitologia grega, o qual comanda o mar.
Texto III
Era uma vez Dom Quixote – Miguel de
Cervantes tradução de Marina Colasanti
Pediram à vendeira umas peças de roupa
para os disfarces. O padre vestiu uma saia e um
capuz de princesa, e o barbeiro tapou metade do
rosto com uma barba postiça que lhe chegava até a
cintura. Porém, quando o padre se viu vestido de
mulher, começou a reclamar:
—Isso é ridículo! Onde já se viu um
sacerdote vestindo de princesa? Nisso, ouviu-se
uma voz dulcíssima que dizia:
—Se quiserem, posso ajudar...
Quem falava era uma dama que se
hospedava na venda. Chamava-se Doroteia e era tão
bonita que os homens ficaram bobos ao vê-la. Tinha
cabelos louros como ouro, lábios vermelhos como
cerejas e uma pele mais branca que a neve, e falava
com voz tão harmoniosa que parecia um anjo.
—Eu posso fazer o papel da princesa —
disse — porque li muitos livros de cavalaria e sei
muito bem como se deve falar com cavaleiros
andantes.
Vendo que havia encontrado a princesa
perfeita, o padre deu um sorriso de orelha a orelha e
disse:
—Deus te abençoe, minha filha!
E pouco faltou para que lhe beijasse os pés.
[...]
—Então não há dúvida — disse Doroteia,
— E, posto que o senhor é o autêntico Dom
Quixote, quero pedir-lhe que me acompanhe a
Micomicón e mate o gigante Pandafilando dos
Olhos Vesgos, que é mais mau que um demônio e
quer roubar meu reino. Eu lhe prometo que, se sair
vitorioso, casarei contigo para torna-lo rei , e assim
poderá nomear o seu escudeiro conde de
Duplapança ou marquês de Tripasanchas.
Ouvindo isso, Sancho ficou tão contente
que começou a pular que nem um esquilo[...]
12) O texto III é um excerto do romance de
Miguel de Cervantes. É comum associarmos a
palavra romance a uma história de amor,
entretanto trata-se de uma narrativa composta
por
a) ( ) poucos personagens e espaço limitado.
b)( )vários personagens, espaços
diversificados, enredo, tempo e narrador.
c)( ) uma história de amor de vários
personagens.
d) ( ) ações e gravuras.
e) ( )vários personagens, espaços
diversificados sempre associados a um caso
amoroso.
13) No geral, os romances são estruturados
pelos momentos que se sucedem no tempo e no
espaço. Marque a alternativa que apresente
todos esses momentos.
a) ( ) Situação inicial, clímax e desfecho.
b)( ) Situação inicial, clímax, desfecho e
final.
Colégio da Polícia Militar de Goiás - NAS
c)( ) Situação inicial, conflito, clímax do
conflito e desfecho.
d) ( ) Situação inicial e clímax.
e) ( ) Situação inicial e desfecho
Kelli Carolina Bassani
14 ) A personagem Doroteia era uma dama que
se hospedava na venda. Muito bonita, Doroteia
ofereceu-se para ser esposa de Dom Quixote,
mas ele recusou , pois
a)(
) Doroteia
era uma mulher
compromissada.
b) ( ) sua esposa, Dulcineia, o aguardava.
c) ( ) seu coração pertencia à Dulcineia,
fruto de sua imaginação.
d) ( ) não queria se envolver com ninguém.
e) ( )cavaleiros andantes não poderiam se
casar.
15 ) Considere: “O padre vestiu uma saia e
um capuz de princesa, e o barbeiro tapou
metade do rosto com uma barba postiça que
lhe chegava até a cintura.” Por qual motivo o
padre e o barbeiro se vestiam assim?
Já foram escritas muitas histórias da época
em que os meninos engraxates eram engolidos pelo
valetão da Rua Sete de Setembro. Mas nenhuma
delas conta esta ou outras histórias de Pajé. Guardoas dentro do peito, como boas lembranças da rua
onde vivi e que teimam em se misturar com a
história da cidade.
Nascemos juntos: eu, a rua e essas
histórias. Somos uma coisa só, mas nós não estamos
nos livros. Estamos na contramão, por isso me
atrapalho com as palavras. Às vezes falta ar, outras
o ar é demais, então o meu coração acelera, o nó na
garganta avisa: o menino Pajé vai acordar!
Hoje, quem não conhece a Rua Sete de
Setembro é porque não conhece minha cidade Toledo. Apertada entre outras no extremo oeste
paranaense, bem pertinho do Paraguai, surgiu de
uma clareira no meio da mata.
Naquele tempo, uma clareira; hoje, Rua
Sete de Setembro. Essa rua foi crescendo e
acolhendo o progresso que tenta esconder e
aprisionar as histórias de Pajé. Elas estão
descansando embaixo do calçamento, dos asfaltos,
dos prédios, das casas. Basta um sinal que elas
voltam.
Cheiro de terra molhada - esse era o sinal.
E, ainda hoje, sinto esse cheiro entrando no meu
cérebro e mexendo com o meu coração. Naquele
tempo bastava sentir o cheiro de terra molhada para
que nós, os meninos engraxates, escondêssemos
nossas engraxadeiras - caixa de madeira em que se
guardava o material necessário para engraxar
sapatos - no porão dos fundos da bodega do Pizetta
e, como garotos matreiros, saíssemos de mansinho,
sem despertar curiosidade. Corríamos lá embaixo,
no começo da rua que embicava no meio da mata,
pois o mistério ia começar!
A chuva caía e formava muita enxurrada
que, com sua força, trazia a terra misturada. Parecia
uma cascata de chocolate que despencava no
valetão - buraco muito profundo provocado pelas
enxurradas, erosão. A água fresquinha que caía do
céu misturava com a terra quente e provocava o
mistério. Nós éramos puxados para dentro daquele
enorme buraco por uma força estranha sem dó.
Mesmo os que não queriam não conseguiam resistir,
porque a magia era muito forte e, em poucos
segundos, estávamos lá dentro, na garganta do
valetão, onde brincávamos durante horas. Nessas
horas o trabalho era esquecido.
a)( ) Por conta de uma peça de teatro.
b) ( ) Para enganar Sancho Pança.
c) ( ) Para enganar a mulher Doroteia.
d) ( ) Para trazer Alonso Quijano de volta à
sua casa.
e) ( )Para levar alegria ao povoado.
16 ) Considere: “Dulcineia é uma mulher
bela e delicada que costura com fios de ouro
e cheira a rosas" Em relação a esta
personagem podemos afirmar que,
a)( ) é a personagem principal do romance.
b) ( ) é uma personagem imaginária, pois
só existe na idealização de Dom Quixote.
c) ( ) é uma personagem com destaque, pois
ajuda Dom Quixote em suas batalhas.
d) ( ) é uma personagem imaginária, pois só
existe na idealização de Sancho Pança.
e) ( ) não é considerada uma personagem .
Texto IV
O valetão que engolia meninos e outras histórias de
Pajé
Aluna finalista da 3ª edição do Prêmio Escrevendo o Futuro
2006
E.M.E.I.E.F. Walter Fontana
Toledo - PR
Colégio da Polícia Militar de Goiás - NAS
Quando eu era menino, trabalhava muito.
Todos os dias de manhã ia à escola e, ao retornar,
mal acabava de almoçar, pegava a engraxadeira,
colocava nas costas para a rua, quer dizer, para o
trabalho. A engraxadeira era muito grande e pesada
para meu tamanho - eu era apenas um garoto! Mas
era a única forma de ajudar minha mãe no sustento
da família.
Sentia como se estivesse carregando o
mundo sozinho.
Hoje sou adulto e sei que aquela magia era
fruto de nossa fantástica imaginação. Como
qualquer outro menino, o engraxate também tinha
direito de brincar. Uma das poucas vezes em que
podíamos fazer isso era quando chovia. Mesmo que
depois nos custasse castigos e surras.
Atualmente, as brincadeiras, comparadas
com as de meu tempo, são muito diferentes. Hoje,
os heróis são Superman, Batman, Homem-Aranha.
Antes tínhamos heróis indígenas, com suas histórias
cheias de mistérios das florestas.
Naquele tempo, quando chovia, o valetão
da Rua Sete de Setembro era nosso mundo
fantástico. Além das divertidas brincadeiras no
lamaçal que escorria da rua, fazíamos cabanas no
paredão da erosão, guerrilhas com bodoque, usando
sementes de árvores como cinamomo e mamona.
Quando não chovia, sobrava tempo para
brincar só aos domingos. Então, eu - Pajé - e minha
turma nos reuníamos na mata, que se misturava com
o terreiro das casas.
Nele, construíamos cabanas, arcos, flechas,
tacapes. Pintávamos o corpo todo com barro e
frutinhas da mata. Assim, sentindo-nos como heróis,
brincávamos de índios guerreiros, até o sol se
esconder.
Nossa vida se enchia dos poderes que
vinham da mata e seguia solta, como passarinho. O
fim da história? Não sei não, porque eu ainda vivo.
E enquanto eu viver as lembranças nunca vão
terminar.
17 ) O texto acima é um exemplo do gênero
memórias literárias porque
a)(
) é feita uma reflexão sobre a
importância das histórias.
b) ( ) há ocorrência de relatos míticos.
c) ( ) é feita uma contínua comparação entre
o passado e o presente.
d) ( ) há a ocorrência do humor a fim de
entreter o leitor.
e) ( ) há o relato pessoal.
18) Na narrativa acima foi apresentada a história
de um “valetão que engolia meninos”. Para
moradores de zona urbana, provavelmente, seja
complicado imaginar o que seria valetão, mas o
narrador explica que valetão é
a)( ) uma caixa dos engraxates.
b) ( ) uma grande mochila.
c) ( ) uma caixa de papelão.
d) ( ) uma história de pajé.
e) ( ) um buraco provocado pela enxurrada.
19) Memórias literárias geralmente são
textos produzidos por escritores que, ao
rememorar o passado, integram ao vivido o
imaginado.
Relacione
o
imaginado
corresponde ao seguinte fato vivido: “A
chuva caía e formava muita enxurrada”.
a)( ) “A água fresquinha que caía do céu
misturava com a terra”
b) ( ) “buraco muito profundo provocado
pelas enxurradas”
c) ( ) “Mesmo os que não queriam não
conseguiam resistir, porque a magia era
muito forte”
d) ( ) “onde brincávamos durante horas”
e) ( ) “Quando eu era menino, trabalhava
muito”
20) Geralmente, o texto de memórias
proporciona, ao leitor jovem, a oportunidade
de aproximar-se dos ausentes e compreender
o que se passou, além de ser possível
conhecer outras vivências. A partir do texto
memorialístico acima, é possível observar,
no que diz respeito a um fato do passado,
a)( ) a realidade de várias crianças que
trabalhavam para ajudar no sustento da
família.
b) ( ) que a imaginação das crianças são
esquecidas com o tempo.
c) ( ) o modo como a fantasia faz parte de
um contexto infantil recente.
d) ( ) a possibilidade de brincar em dias de
chuva.
e) (
) como as memórias infantis são
desnecessárias.
Colégio da Polícia Militar de Goiás - NAS
Texto V
Trem de Ferro – Manuel Bandeira
Café com pão
Café com pão
Café com pão
Virge maria que foi isso maquinista?
Agora sim
Café com pão
Agora sim
Voa, fumaça
Corre, cerca
Ai seu foguista
Bota fogo
Na fornalha
Que eu preciso
Muita força
Muita força
Muita força
Oô...
Menina bonita
Do vestido verde
Me dá tua boca
Pra matá minha sede
Oô...
Vou mimbora
Vou mimbora
Não gosto daqui
Nasci no sertão
Sou de Ouricuri
Oô...
Vou depressa
Vou correndo
Vou na toda
Que só levo
Pouca gente
Pouca gente
Pouca gente...
21 ) A linguagem poética é chamada de linguagem
figurada porque faz uso de figuras de linguagem. As
figuras de linguagens são recursos que os poetas
usam para criar efeitos de expressividade, ou seja,
para emocionar o leitor. A figura de linguagem que
predomina no texto é a
a)( ) Aliteração, pois há a repetição de
consoantes.
b) ( ) Personificação, pois há atribuição de
características humanas a seres não humanos.
c) ( ) Hipérbole, pois há um exagero na
afirmação.
d) ( ) Onomatopeia, pois há a reprodução de
palavras associadas a um som.
e) (
) Assonância, pois há repetição de
vogais.
22 ) Indique o verso que corresponda ao apito do
trem.
a)( ) “Café com pão”
b)( ) “Virgem aria que foi isso maquinista?”
c) ( ) “Oô”
d) ( ) “Voa, fumaça”
e) ( ) “Muita força”
23 ) O poema de Manuel Bandeira é um exemplo de
a)( ) acróstico, pois as letras iniciais podem ser
lidas no sentido vertical.
b)( ) soneto, pois é composto por dois quartetos
e dois tercetos.
c)( ) soneto, composto por rimas emparelhadas
d) ( ) verso livre, caracterizado pela ausência de
métrica e rima.
e) ( ) poema haicai de origem japonesa
24 ) Considere: “Vou mimbora” é um exemplo da
variedade
a)( ) formal da língua portuguesa.
b)( ) coloquial da língua inglesa.
c)( ) científica da língua portuguesa
d) ( ) acadêmica da língua portuguesa
e) ( ) coloquial da língua portuguesa.
25 ) No poema “Trem de ferro” o poeta cria, com as
palavras, um som e uma cena que corresponde
a)( ) a um trem de ferro que se movimenta e
viaja por uma paisagem campestre.
b)( ) a um trem de ferro parado na estação.
c)( ) a um trem de ferro que se movimenta e
viaja por uma paisagem metropolitana.
d) ( ) a um trem de ferro que se movimenta
juntamente com outros automóveis
e) ( ) a um trem de ferro com sérios problemas
mecânicos.
Colégio da Polícia Militar de Goiás - NAS
GABARITO
1- C
2- C
3- E
4- C
5- B
6- A
7- C
8- A
9- C
10- A
11- C
12- B
13- C
14- C
15- D
16- B
17- C
18- E
19- C
20- A
21- D
22- C
23- D
24- E
25- A

Documentos relacionados