Lições e textos de Latim

Transcrição

Lições e textos de Latim
MANUAL DE LÍNGUA LATINA
LATIM INSTRUMENTAL
José Pereira da Silva
Milton Affonso da Silva
Nataniel dos Santos Gomes
Fernanda Mara de Almeida Azevedo
SÃO GONÇALO - RJ
2 semestre de 1997
MANUAL DE LATIM INSTRUMENTAL
2
SUMÁRIO
PREFÁCIO
PRONÚNCIA LATINA
LIÇÃO I PUELLA CANTAT
1. Em latim não há artigo
2. O sujeito e o predicado
LIÇÃO II
MAGISTRA ET DISCÍPULA
3. O predicativo do sujeito
4. Presente do indicativo do verbo ESSE "ser" ou "estar"
5. Flexão de caso
LIÇÃO III DÔMINA ET SERVAE
6. Os casos
7. O nominativo e o acusativo
LIÇÃO IV
SCHOLA SEMPRÔNIAE
8. O genitivo
9. Primeira conjugação
LIÇÃO V
DISCÍPULAE SÉDULAE ET PIGRAE
10. O dativo
LIÇÃO VI
DUAE AMICAE
11. O ablativo
12. Segunda conjugação
LIÇÃO VII MAGISTRA MONET DISCÍPULAS
13. O vocativo
14. Imperativo presente
15. Quadro sinóptico dos casos e respectivas funções
LIÇÃO VIII MAGISTRA SENTÊNTIAS LEGIT PUELLIS
16. Terceira conjugação
17. Como distinguir os casos que têm a mesma desinência?
LIÇÃO IX
VITA AGRICOLARUM
18. Quarta conjugação
19. A voz passiva dos verbos
20. As declinações
21. Primeira declinação
LIÇÃO X
DE ARÂNEA ET MUSCA
22. Como se reconhece a declinação de um substantivo?
23. Os gêneros
24. As preposições
LIÇÃO XI
DE DÔMINIS ET SERVIS
25. Segunda declinação: nomes terminados em -us
26. O gênero das palavras da segunda declinação em -us
27. Deus
28. O pretérito imperfeito do indicativo
LIÇÃO XII DE SCHOLA ORBÍLII PUPILLI
29. Segunda declinação: nomes terminados em -er e em ir
30. Agente da passiva
LIÇÃO XIII VERBA VOLANT, SCRIPTA MANENT
31. Segunda declinação: nomes terminados em -um
32. Declinação dos neutros
José Pereira, Milton Affonso, Fernanda Mara e Nataniel dos Santos
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MANUAL DE LATIM INSTRUMENTAL
LIÇÃO XIV PÚERI IN HORTO RUFI
33. A primeira classe de adjetivos
34. Concordância do adjetivo com o substantivo
LIÇÃO XV
PÚERI IN FORO
35. O futuro imperfeito do indicativo
LIÇÃO XVI DE SALUTE ET MORBO
36. Vocativo irregular dos nomes em -us
37. Terceira declinação (grupo A)
LIÇÃO XVII DE ÁRTIBUS
38. Terceira declinação (grupo B)
LIÇÃO XVIII DE LUDIS CIRCÊNSIBUS
39. A segunda classe de adjetivos
LIÇÃO XIX DE AETATE ÁUREA
40. Quarta declinação
41. Dativo e ablativo plural em -ubus
42. Declinação de domus e o caso locativo.
LIÇÃO XX
IN SCHOLA ORBÍLII PUPILLI
43. Quinta declinação
44. Palavras variáveis e invariáveis
LIÇÃO XXI CONSÍLIA UTÍLIA PATRIS AD FÍLIUM
45. O presente do subjuntivo
46. Os adjetivos possessivos
LIÇÃO XXII DE DILÚVIO
47. O pretérito imperfeito do subjuntivo
LIÇÃO XXIII DE DEUCALIONE ET PYRRHA
48. O pretérito perfeito do indicativo
LIÇÃO XXIV DE NOVIS HOMÍNIBUS
49. O pretérito mais-que-perfeito do indicativo
LIÇÃO XXV DE AMICÍTIA
50. O futuro perfeito do indicativo
LIÇÃO XXVI ARS BENE VIVENDI
51. O pretérito perfeito do subjuntivo
LIÇÃO XXVII DE ARTE DAEDALI
52. O pretérito mais-que-perfeito do subjuntivo
LIÇÃO XXVIII SALSE DICTA
53. O supino
54. O gerúndio
LIÇÃO XXIX MÔNITA DAEDALI AD FÍLIUM
55. O futuro do imperativo
56. O infinitivo perfeito
LIÇÃO XXX DE MORTE ÍCARI
57. O particípio presente
58. O particípio futuro
59. O infinitivo futuro
APÊNDICES
VOCABULÁRIO LATINO-PORTUGUÊS
VOCABULÁRIO PORTUGUÊS-LATINO
BIBLIOGRAFIA
EXERCÍCIOS
José Pereira, Milton Affonso, Fernanda Mara e Nataniel dos Santos
3
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MANUAL DE LATIM INSTRUMENTAL
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PREFÁCIO
Este manual pretende ser uma ferramenta didática para o uso direto nos cursos em que a Língua Latina é apresentada como língua instrumental, principalmente nos cursos de Letras. Não equivale a um curso completo de latim, nem pretende esgotar qualquer dos itens de que trata, mas
apenas um manual prático de iniciação.
Quem aprender o que se pretende ensinar neste manual poderá continuar seus estudos de
Língua Latina sem grandes dificuldades, visto que "não é para ser falado que o latim deve ser estudado", como afirma Napoleão Mendes de Almeida na Gramática Latina, 25ª ed., p. 9; mas é "para
aguçar seu intelecto, para tornar-se mais observador, para aperfeiçoar-se no poder de concentração
de espírito,(...) que o aluno estuda este idioma."
Como língua instrumental, o latim é utilizado nos cursos de Letras como base indispensável
para os estudos de Filologia Românica, de Lingüística Românica, de Língua Portuguesa (principalmente Gramática Histórica da Língua Portuguesa, História da Língua Portuguesa, Lexicografia,
Lexicologia etc.) e de quase todas as línguas e literaturas ocidentais modernas. Não se podendo
esquecer da relação ―genealógica‖ entre português e latim, também devemos nos lembrar de que o
latim deu origem a todas as línguas neolatinas e contribuiu enormemente na formação do léxico de
quase todas as línguas ocidentais modernas (80% do léxico da língua inglesa são provenientes do
latim).
Na maior parte dos países ditos "civilizados", o latim é estudado em nível de primeiro e segundo graus, como já o fora no Brasil até a primeira metade deste século. Mas, com a política de
"facilitação da aprendizagem", as disciplinas que exigem ou desenvolvem o raciocínio, como o Latim, o Grego, a Filosofia e a Lógica foram banidas da escola e não há perspectivas de voltarem tão
cedo.
Tanto que a base para a elaboração deste manual foi o Gradus Primus de Paulo Rónai, escrito para adolescentes de 5ª série do 1º grau (1ª série ginasial), ao qual acrescentamos, extraímos e
alteramos o que nos pareceu necessário para os nossos objetivos e clientela.
Acrescentamos algumas inovações, sobre as quais pretendemos convencer a todos que foram
feitas para eliminar dificuldades previsíveis dos alunos, porque não visamos a uma competência ativa da língua latina.
Os professores Fernanda Mara de Almeida Azevedo (ex-monitora de Língua Latina) e Nataniel dos Santos Gomes (ex-bolsista de Iniciação Científica) tiveram uma participação decisiva
na sua elaboração, analisando cada conceito e cada exercício, inclusive apresentando sugestões de
toda ordem e colaborando na revisão do texto. O Prof. Milton Affonso da Silva, do Instituto de
Letras, foi responsável pela elaboração do texto Paulae in Villa que aparece nos Apêndices e pela
seleção de dois outros, além de ter acrescentado utilíssimas observações teóricas.
Aguardamos com todo carinho todas as críticas e sugestões para a melhoria deste manual,
sabendo-se que se destina a um curso de aproximadamente 120 horas.
São Gonçalo, março de 1997.
José Pereira da Silva
José Pereira, Milton Affonso, Fernanda Mara e Nataniel dos Santos
MANUAL DE LATIM INSTRUMENTAL
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PRONÚNCIA LATINA
Acentuação Latina
Lembramos, preliminarmente, que na grafia latina não existem acentos gráficos. Só utilizaremos acentos gráficos nos textos apresentados aqui para facilitar a leitura aos alunos.
A maior parte das palavras latinas é constituída de paroxítonas, como em português. As palavras de mais de duas sílabas ainda podem ser proparoxítonas. Palavras oxítonas praticamente
não existem.
Na verdade, no período clássico da língua latina, os acentos mais importantes eram os acentos de quantidade, que indicavam se a sílaba era longa ou breve, sendo que a sílaba longa equivalia, em duração, a duas sílabas breves. Os acentos de intensidade não tinham a importância que passaram a ter posteriormente e que são os principais nas línguas românicas.
A Pronúncia Tradicional do Latim
Além da pronúncia reconstituída (estabelecida pelo método histórico-comparativo da Lingüística) e da pronúncia eclesiástica, que equivale à pronúncia tradicional do latim de Roma, existem as pronúncias tradicionais, que equivalem, de modo geral, à pronúncia da língua oficial de
cada povo que o utiliza. Assim, a pronúncia tradicional do latim no Brasil tem a pronúncia da língua portuguesa falada no Brasil, assim como a pronúncia tradicional do latim em Portugal tem a
pronúncia da língua portuguesa falada em Portugal.
Apesar disso, há sempre alguns casos divergentes, que destacaremos abaixo, de acordo com
o que ensina o Prof. Napoleão M. de Almeida em sua Gramática Latina, p. 29-30:
1 - O x tem sempre o som de ks: máximus, excellens, nox, rex, lex, Alexander são palavras
que se pronunciam: máksimus, eksélens, nóks, réks, léks, Aleksânder.
2 - O t, quando seguido de um ditongo crescente começado pela vogal i, tem quase sempre o
som de c: justítia, Helvétia, avarítia, patiêntia, palavras que se pronunciam justícia, Helvécia, avarícia, paciência. (Não trataremos aqui de casos excepcionais).
3 - O dígrafo ch tem sempre som de k: pulcher, charisma, etc., que se pronunciam como
púlquer, carisma, etc.
4 - O s impuro (s inicial seguido de consoante que não seja c) deve ser pronunciado de tal
forma que não se ouça a vogal e; palavras como statum, spes pronunciam-se sstátum, sspes e não
estátum, espés.
5 - O u dos grupos qu e gu é sempre pronunciado em latim. Exemplos: quóqüe, qüi, qua,
quod, qüid, qüem, équus, aeqüitas, ármaqüe, qüíndecim; ángüis, contíguus (com os dois uu pronunciados e acento tônico no i) etc. O u dessas palavras não pode ser separado graficamente da
vogal seguinte, com a qual é pronunciado na forma de um ditongo crescente.
6 - Os grupos vocálicos ae e oe pronunciam-se como é: caecus, coelum, haereo pronunciamse cécus, célum, héreo. Por isto, fugae, muscae e formas semelhantes devem ser pronunciadas, à
portuguesa, como fuge, musce e não fúgue, músque. Numas poucas palavras como poëta e aër, as
duas vogais são pronunciadas distintamente.
7. Notemos que todas as consoantes em latim são muito bem pronunciadas: factus pronuncia-se fáctus e não fátus. O m e o n finais devem ser pronunciados como consoantes e não como índices de nasalização.
8 - As letras dobradas (ll, tt, nn etc.) devem ter som reforçado: uma coisa é áger, outra é
ágger; cana, Canna; coma, comma; vanus, vannus etc.
9 - As sílabas finais latinas devem ser muito bem pronunciadas: em português escreve-se
tarde e se pronuncia tárdi, escreve-se Pedro e se pronuncia Pêdru, mas em latim as vogais devem
ser bem pronunciadas, para que se evitem confusões desastrosas, principalmente porque nesta língua é bem grande o número de desinências.
José Pereira, Milton Affonso, Fernanda Mara e Nataniel dos Santos
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LIÇÃO I:
6
PUELLA CANTAT
Puella cantat. Magistra éducat. Áqüila volat. Discípula laborat.
Puellae cantant. Magistrae éducant. Áqüilae volant. Discípulae laborant.
Discípula saltat. Poëta récitat. Agrícola laborat. Alumna âmbulat.
Ranae natant. Reginae regnant. Nautae návigant. Alumnae âmbulant.
VOCABULÁRIO
agrícola
discípula
laborat
nautae
puella
reginae
volat
agricultor
discípula
trabalha
marinheiros
menina
rainhas
voa
áqüila
divina
magistra
návigant
ranae
regnant
alumnae
águia
divina
mestra
navegam
rãs
reinam
alunas
cantat
éducat
natant
poëta
récitat
saltat
âmbulat
canta
educa
nadam
poeta
recita
salta, pula
anda, caminha
1. Em latim não há artigo.
Traduzamos a primeira frase com o auxílio do vocabulário. Puella cantat: "A menina canta".
A frase latina é mais breve do que a portuguesa porque em latim não há artigo.
Por isso, em latim, a palavra puella pode igualmente significar "menina", ou "a menina", ou
ainda "uma menina".
2. O sujeito e o predicado.
Vamos ver o que vem a ser sujeito de uma oração. Sabemos que o predicado indica o que se
diz do sujeito: uma ação, um estado, um fenômeno da natureza, etc.
Ora, sabemos que é impossível uma ação sem causa. Se uma xícara aparece quebrada, alguém deverá ter praticado a ação de quebrar. Quando o verbo está na voz ativa, o sujeito é o ser
que pratica a ação. Se é um verbo de ligação, o predicado será centralizado no predicativo do sujeito e, por isto, o sujeito não praticará qualquer ação.
Analisemos a primeira frase. É, logo se vê, um período simples. Sujeito: puella; predicado:
cantat.
Podem ser analisadas do mesmo modo a segunda e a terceira frases.
Nas frases do segundo parágrafo encontramos os mesmos sujeitos e os mesmos predicados,
mas desta vez no plural.
Todos os substantivos desta leitura terminam em -a no singular e em -ae no plural (pronunciar é).
Todos os verbos da leitura terminam em -at na 3ª pessoa do singular e em -ant na 3ª pessoa
do plural.
Logo, se conclui que o verbo concorda em número e pessoa com o sujeito.
José Pereira, Milton Affonso, Fernanda Mara e Nataniel dos Santos
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LIÇÃO II:
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MAGISTRA ET DISCÍPULAE
Semprônia est magistra. Lívia est discípula. Discípulae sédulae sunt. Iúlia et Sílvia quoque
discípulae sunt. Discípula bona semper sédula est. Magistra éducat, puellae laborant: Lívia cantat, Iúlia récitat, Sílvia saltat. Discípulae malae non laborant. Magistra severa est. Justítia severa
est. Sapiêntia divina est. Lusitana terra est. História pulchra est. Lucrétia ímperat. Anna, Drusilla
et Lucilla obtêmperant. Lucrétia dômina est. Anna, Drusilla et Lucilla servae sunt.
Collóqüium
Semprônia: — Es sédula, Lívia?
Lívia:
— Sum.
Semprônia: — Estis sédulae, puellae?
Discípulae: — Sumus.
3. O predicativo do sujeito
Analisemos a primeira frase da leitura.
Semprônia: sujeito; est magistra: predicado.
Nesta oração, o predicado se compõe de duas palavras: est, verbo, e magistra, predicativo do
sujeito. Os predicados da segunda e da terceira frases são igualmente compostos. Na terceira frase, o predicativo do sujeito sédulae está no plural, porque o sujeito, discípulae, também está no
plural.
Nas frases onde aparece o verbo esse, geralmente há predicativo. Isto é, todas as vezes que
ele é verbo de ligação. Este predicativo concorda com o sujeito em gênero, número e caso, quando for adjetivo. Mas, se o predicativo for constituído de substantivo, ele só concordará com o sujeito em caso.
4. Presente do indicativo do verbo esse "ser" ou "estar".
SINGULAR
PLURAL
1ª pessoa sum "eu sou"
sumus "nós somos"
2ª pessoa es
"tu és"
estis
"vós sois"
3ª pessoa est "ele ou ela é"
sunt
"eles ou elas são"
Na tradução portuguesa das diversas pessoas do verbo, colocamos o pronome pessoal para
maior clareza; mas fique observado que, mesmo em português, o pronome sujeito é geralmente
subentendido.
5. Flexão de caso
Em latim, há uma flexão que não é conhecida em português: a flexão de caso. A flexão de
gênero e a de número indicam idéias gramaticais que conhecemos. A flexão de caso indica a função sintática da palavra na frase: o sujeito e o predicativo do sujeito são representados pelo nominativo; o vocativo pelo vocativo; objeto direto pelo caso acusativo, o adjunto adnominal restritivo
é representado pelo genitivo, o objeto indireto pelo dativo e o adjunto adverbial pelo ablativo.
José Pereira, Milton Affonso, Fernanda Mara e Nataniel dos Santos
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LIÇÃO III:
8
DÔMINA ET SERVAE
Servae amant dôminam. Hódie Lucrétia convivas exspectat. Ídeo servae sédulae sunt. Anna
cenam parat, Lucilla mensam ornat, Drusilla portam servat. Poëtae linguam latinam amant. Luna
terram illustrat. Serva dominam servat. Aqua ínsulas circumdat. Dômina amat servas.
6. Os casos.
Traduzamos a primeira frase.
Servae amant dôminam: "As escravas estimam a senhora".
Traduzamos agora a última frase da leitura.
Dômina amat servas: "A senhora estima as escravas".
Verificamos que à palavra portuguesa "senhora" correspondem em latim duas formas diferentes: dôminam na primeira das frases citadas, dômina na segunda. A análise das duas frases há
de explicar essa diferença.
Na frase "As escravas estimam a senhora" a palavra "senhora" é objeto direto. Na frase "A
senhora estima as escravas" a palavra "senhora" é sujeito. Ora, em latim, o mesmo nome tem formas diferentes, segundo a função que desempenha na oração; estas formas chamam-se casos.
7. O nominativo e o acusativo.
O caso do sujeito é o nominativo. Por isso todas as palavras que concordarem com o sujeito
irão também para o nominativo, como é o caso do predicativo do sujeito, por exemplo, ou um aposto ao sujeito.
Exemplos: Maria, magistra nostra, discipularum amica est. Brasília, pátria mea, est pulchérrima. (Os termos negritados são, respectivamente, nos dois exemplos, aposto e predicativo
dos sujeitos, que estão sublinhados.)
Desinências: -a no singular; -ae (pronunciar é) no plural.
O caso do objeto direto é o acusativo. O mesmo que foi dito para o nominativo vale para o
acusativo, ou seja, que também vão para o mesmo caso os adjetivos e demais palavras que com ele
concordam, como é o caso do aposto e do predicativo do objeto.
Ex.: Márcia et Lúcia latinam línguam amant. Cláudia scholam felicem facit. Nerus Romam, civitatem divinam, gubernat. (Os termos negritados são, respectivamente, adjunto adnominal, predicativo e aposto dos objetos diretos, que estão sublinhados.)
Desinências: -am no singular; -as no plural.
O acusativo pode ser regido de preposição, formando locuções adverbiais.
José Pereira, Milton Affonso, Fernanda Mara e Nataniel dos Santos
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LIÇÃO IV:
9
SCHOLA SEMPRÔNIAE
Schola Semprôniae clara est. Discípulae Semprôniae amant magistram. Puellae sédulae diligenter frequentant scholam. Magistra saepe fábulas narrat. Fábulae poëtarum delectant discípulas.
Collóqüium
Lucrétia: — Sílvia, amas scholam Semprôniae?
Sílvia: — Amo valde.
Lucrétia: — Et vos, puellae, amatis magistram?
Lívia: — Nos quoque amamus et magistram et scholam.
Lucrétia: — Non est severa magistra?
Iúlia: — Est severa, sed iusta.
8. O genitivo.
Adjunto adnominal restritivo é o complemento que restringe um nome. Suponhamos a expressão "casa de Pedro". A casa poderia ser de Paulo, de João, de Antônio etc., mas dizendo "casa
de Pedro" nós restringimos a palavra casa. Portanto, de Pedro, ao mesmo tempo que completa o
sentido da palavra casa, está restringindo e especificando esta palavra.
Outros exemplos:
A vaca do Paraíso comeu o gramado.
O Palácio de Cristal é lindo.
Adriana toma sorvete de chocolate.
O adjunto adnominal restritivo vem normalmente acompanhado da preposição "de", em português. Nem sempre a preposição "de" indica adjunto adnominal restritivo, mas o adjunto adnominal restritivo pode vir sempre antecedido da preposição "de", formando uma locução adjetiva.
Naturalmente, podemos substituir algumas dessas locuções pelos adjetivos equivalentes.
No texto acima, surge um "caso" novo, como a análise da frase há de mostrar.
Schola: sujeito; Semprôniae: adjunto restritivo (traduz-se por locução adjetiva); clara est:
predicado.
Tradução da frase: "A escola de Semprônia é famosa".
Assim, na última frase, poëtarum "dos poetas" desempenha também a função de adjunto adnominal restritivo (que se traduz por locução adjetiva).
O genitivo é o caso do adjunto adnominal restritivo, assim como complemento de certos
verbos que indicam operação do espírito (mémini ―lembrar-se‖, oblivíscor “esquecer‖), sentimento (miséreor ―apiedar-se‖), os impessoais (míseret ―ter pena‖, paenitet ―não ter bastante, arrepender-se‖, pudet ―envergonhar-se‖, piget ―estar pesaroso‖), os que significam ―encher‖, ―faltar‖,
―ter falta de‖ (implere, égere, indigere) etc.
Desinências: -ae (pronunciar é) no singular; -arum no plural.
9. Primeira conjugação.
Nos dicionários de língua portuguesa, o verbo aparece no infinitivo. Em latim, aparece
na 1ª pessoa do singular do presente do indicativo, seguido da 2ª pessoa do mesmo tempo, do
infinitivo presente, da 1ª pessoa do pretérito perfeito do indicativo e do supino, que são os
tempos primitivos do verbo.
José Pereira, Milton Affonso, Fernanda Mara e Nataniel dos Santos
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PRESENTE DO INDICATIVO
Modelo: am-a-re "amar"
am-o "eu amo"
am-a-s "tu amas"
am-a-t "ele" ou "ela ama"
10
am-a-mus "nós amamos"
am-a-tis "vós amais"
am-a-nt "eles" ou "elas amam"
Os verbos da 1ª conjugação têm o infinitivo presente (equivalente ao infinitivo do português) em -are e conjugam-se como am-a-re. Por exemplo, os verbos cant-a-re, vol-a-re, nata-re, etc.
José Pereira, Milton Affonso, Fernanda Mara e Nataniel dos Santos
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LIÇÃO V:
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DISCÍPULAE SÉDULAE ET PIGRAE
Magistra sentêntias poëtarum dictat puellis. Póstea discípulae sédulae sentêntias récitant magistrae. Discípulae pigrae sentêntias ignorant. Magistra sédulas laudat, pigras castigat. Semprônia pupam dat Sílviae, qüia diligenter laborat. Discípulae Semprôniam cômiter
salutant.
10. O dativo.
O verbo transitivo exige complemento. O transitivo indireto exige o objeto indireto, que
é normalmente precedido de preposição, em português, principalmente "a" ou "para".
Exemplos: Eu te obedeço. Márcia lhe pediu um caderno. Francisco obedeceu ao diretor. Lúcia deu um presente ao namorado. A aluna ofereceu um lápis ao mestre.
Na primeira frase desta leitura há outro "caso", que ainda não conhecemos. Analisemos
a frase: Magistra sentêntias poëtarum dictat puellis
Magistra: sujeito; sentêntias: objeto direto; poëtarum: adjunto restritivo; sentêntias
poëtarum dictat puellis: predicado; puellis: objeto indireto.
Tradução: "A professora dita as sentenças dos poetas às (para as) meninas".
Na frase seguinte há também objeto indireto, mas desta vez no singular: magistrae, "à (para a) professora".
O objeto indireto é representado pelo dativo.
Desinências: -ae (pronunciar é) no singular; -is no plural.
Vejamos outros exemplos: Regina nautis pecúniam dat ―A rainha dá dinheiro aos marinheiros‖. Reginis laetítiam damus ―Damos alegria às rainhas‖. Regína laetítiam, ancillis pecúniam do ―Dou dinheiro às servas e alegria à rainha‖. Áqua ínsulis vitam dat ―A água dá vida às ilhas‖. Servorum fíliis et filiabus Deus prudêntiam et patiêntiam dat ―Deus dá paciência e prudência aos filhos e às filhas dos escravos‖.
O dativo de interesse é um complemento do predicativo, que pode corresponder ora a
complemento nominal, ora a adjunto adnominal, já que não dispomos desta nomenclatura em
nossas gramáticas normativas. Ele indica algo em interesse ou em prejuízo do ser a que se refere.
Exemplos: Ele é favorável a mim. Isto não é bom para o povo.
José Pereira, Milton Affonso, Fernanda Mara e Nataniel dos Santos
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LIÇÃO VI:
12
DUAE AMICAE
Sílvia est amica Iúliae. Amicae semper una laborant, cantant, rident, pila ludunt. Iúlia
valde amat amicam: Sílvia vehementer gaudet amicítia Iúliae. Hódie amicae aras dearum rosis ornant.
11. O ablativo
Nas expressões pila ludunt "brincam com a bola", gaudet amicítia Iúliae " alegra-se
com a amizade de Júlia", rosis ornant "ornam com rosas", as palavras pila, amicítia e rosis
desempenham o papel de adjunto (ou complemento) circunstancial.
A noção de adjunto (ou complemento) circunstancial em latim é um pouco mais ampla
do que a noção que temos de adjunto adverbial, como é o caso do complemento circunstancial de causa eficiente, que corresponde ao nosso agente da passiva.
Adjunto circunstancial ou adjunto adverbial é um termo acessório; por isto, não é exigido para completar o sentido de outro termo. Complemento é um termo integrante, de natureza semelhante à dos complementos verbais e do complemento nominal.
Exemplos: Viajei com meus pais. (adjunto adverbial de companhia). Estou na sala.
(complemento circunstancial de lugar)
Algumas vezes, o ablativo é regido de preposição, formando uma locução adverbial (ou
circunstancial).
Vejamos alguns exemplos: Agrícola in casa est ―O agricultor está na choupana‖. Puellae cum fámulis âmbulant ―As moças passeiam com as empregadas‖. Sum in Itália ―Estou na Itália‖. Magistra alumnam negligêntia non laudat ―A professora não louva a aluna
por causa de sua negligência‖. Columba a discípula vulnerata est ―A pomba foi ferida pela
discípula‖.
O adjunto circunstancial é representado pelo ablativo, que é o resultado da fusão de três
antigos casos latinos: o instrumental, o locativo e o ablativo propriamente dito.
Desinências do ablativo: -a no singular (a longo!); -is no plural.
Em português o adjunto adverbial é expresso normalmente por meio de preposição mais
nome (locução adverbial), por advérbio ou por orações adverbiais.
12. Segunda conjugação. Modelo: vid-e-re "ver"
PRESENTE DO INDICATIVO
víd-e-o "eu vejo"
vid-e-mus ―nós vemos‖
vid-e-s ―tu vês‖
vid-e-tis ―vós vedes‖
vid-e-t ―ele ou ela vê‖ vid-e-nt ―eles ou elas vêem‖
Todos os verbos da 2ª conjugação têm o infinitivo presente em -e-re (com e longo!) e se
conjugam no presente do indicativo como vídeo. Por exemplo: gaud-e-re ―alegrar-se‖, tac-ere ―calar-se‖, par-e-re ―obedecer‖, hab-e-re ―ter‖, ―haver‖, ―possuir‖ etc.
José Pereira, Milton Affonso, Fernanda Mara e Nataniel dos Santos
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LIÇÃO VII:
13
MAGISTRA MONET DISCÍPULAS
Lívia, tace! Puellae, plantas aqua rigate! Sílvia, es bona et sédula! Discípulae, scholam diligenter freqüentate, este sédulae, parete magistris! Date mihi tabellas! Recitate fábulam! Poëtas amate, históriam pátriae cogitate!
13. O vocativo.
Analisemos a primeira frase dita pela professora: Lívia, tace! ―Lívia, cala-te!‖. Predicado: tace. Sujeito oculto: tu. Que é, então, a palavra Lívia? É um chamamento ou interpelação. Nas quatro frases seguintes também há chamamentos ou interpelações: Puellae, Iúlia,
Sílvia, discípulae.
O caso que indica chamamento, apelo ou interpelação é o vocativo.
Cuidado para não confundir sujeito com vocativo!
O vocativo vem normalmente separado por vírgulas, podendo aparecer no início, no
meio ou no fim da frase. Além disso, é bom ter atenção para as frases em que o verbo está
no imperativo, pois é muito freqüente a ocorrência de vocativos nelas.
Exemplos: Puellae, aqua rigate! Rigate, puellae, aqua! Rigate aqua, puellae!
Desinências: -a no singular; -ae (pronunciar é) no plural.
14. Imperativo presente.
esse
am-a-re
sing. e-s ―sê‖
am-a
―ama‖
plur. es-te ―sede‖ ama-te ―amai‖
vid-e-re
vide
―vê‖
vide-te
―vede‖
Não se esqueçam de refazer seus estudos sobre o imperativo em português, pois isto é
fundamental para que se possa entender e/ou traduzir corretamente o texto latino.
O imperativo presente latino tem desinência zero no singular e desinência -te no plural.
É óbvio que só se pode dar ordem ou pedir alguma coisa ao ser com quem se fala.
15. Quadro sinóptico dos casos e respectivas funções
NOMINATIVO
- sujeito
VOCATIVO
- vocativo
ACUSATIVO
- objeto direto - SEM PREPOSIÇÃO
GENITIVO
- adjunto adnominal restritivo - DE
DATIVO
- objeto indireto - A ou PARA
ABLATIVO
- adjunto adverbial, em geral - POR
José Pereira, Milton Affonso, Fernanda Mara e Nataniel dos Santos
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LIÇÃO VIII:
14
MAGISTRA SENTÊNTIAS LEGIT PUELLIS
Semprônia pulchras sentêntias poëtarum legit discípulis. Puellae sentêntias describunt
et discunt. Ecce sentêntiae:
I. Non scholae, sed vitae díscimus.
II. História est magistra vitae.
III. Áqüila non captat muscas.
IV. Mélius est iniúriam accípere quam fácere.
Sentêntiae poëtarum placent puellis.
16. Terceira conjugação.
Os verbos da terceira conjugação têm o infinitivo presente em -e-re (com e átono!).
Alguns deles são atemáticos (isto é, são desprovidos de vogais temáticas) e têm 1ª pessoa do
singular do presente do indicativo terminada em -o, conjugando-se como lég-e-re (leg-o, legi-s, lég-e-re, leg-i, lect-um ―ler‖, ―escolher‖). Exemplos: descríb-e-re e dísc-e-re. Outros
são temáticos (têm vogais temáticas em todas as suas formas) e têm a 1ª pessoa do singular
terminada em -i-o, conjugado-se como fác-e-re (fác-i-o, fác-i-s, fác-e-re, fec-i, fact-um ―fazer‖). Exemplos: accíp-e-re ―aceitar‖, ―receber‖, refíc-e-re ―refazer‖.
PRESENTE DO INDICATIVO
a) Modelo: lég-e-re ―ler‖
leg-o ―eu leio‖
lég-imus ―nós lemos‖
leg-is ―tu lês‖
lég-itis
―vós ledes‖
leg-it ―ele lê‖
leg-unt
―eles lêem‖
b) Modelo: fác-e-re ―fazer‖
fác-i-o ―eu faço‖
fác-i-mus ―nós fazemos‖
fac-i-s ―tu fazes‖
fác-i-tis
―vós fazeis‖
fac-i-t ―ele faz‖
fác-i-unt ―eles fazem‖
IMPERATIVO PRESENTE
lege
lég-i-te
―lê‖
―lede‖
face
fác-i-te
―faze‖
―fazei‖
17. Como distinguir os casos que têm a mesma desinência?
Entre os casos até agora explicados há vários com a mesma desinência. Assim, -ae pode
ser desinência do genitivo ou do dativo no singular, do nominativo ou do vocativo no plural.
Igualmente, -a pode ser desinência do nominativo, vocativo ou ablativo no singular. (É verdade que a vogal final do nominativo e do vocativo é breve, enquanto a do ablativo é longa;
mas nos textos latinos — exceto os destinados a principiantes — geralmente não é marcada a
quantidade da vogal.) A desinência -is pode ser do dativo ou do ablativo plural.
A análise geralmente resolve a dúvida. Veja-se a última frase da leitura. Pela desinência, a palavra sentêntiae poderia estar em quatro casos diferentes: genitivo e dativo singular
ou nominativo e vocativo plural.
Analisemos a frase, começando pelo verbo placent. Estando o verbo no plural, o sujeito deve estar no plural. Ora, a frase não contém senão uma palavra que possa ser um nominativo plural, e essa é justamente sentêntiae. Portanto, essa palavra não pode ser genitivo, nem
dativo singular, nem vocativo plural.
N.B.: A análise da frase latina deve começar sempre pelo verbo porque isto facilitará o
encontro das demais funções sintáticas dos nomes.
José Pereira, Milton Affonso, Fernanda Mara e Nataniel dos Santos
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LIÇÃO IX:
15
VITA AGRICOLARUM
Agrícolae semper sub divo vivunt. Parum dórmiunt, mature surgunt. Terram arant,
plantas aqua rigant. Avículas áudiunt, umbra silvarum gaudent. Diligêntia agricolarum pátriam nutrit. Poëtae laudant vitam agricolarum.
18. Quarta conjugação - Modelo: aud-i-re “ouvir”
PRESENTE DO INDICATIVO
IMPERATIVO PRESENTE
áud-i-o ―eu ouço‖ aud-i-mus ―nós ouvimos‖ aud-i
―ouve‖
aud-i-s ―tu ouves‖ aud-i-tis ―vós ouvis‖
aud-i-te
―ouvi‖
aud-i-t ―ele ouve‖ áud-i-unt ―eles ouvem‖
Os verbos da quarta conjugação têm o infinitivo presente em -i-re. Conjugam-se como
aud-i-re (áud-i-o, áud-i-s, aud-i-re, audiv-i, audit-um ―ouvir‖). Assim: dórmio ―dormir‖ e
nútrio ―nutrir‖, ―alimentar‖.
19. A voz passiva dos verbos
Os verbos latinos têm uma forma especial para indicar a voz passiva dos tempos derivados do presente do indicativo. Nesses tempos, a voz passiva é indicada com a substituição
das desinências número-pessoais da voz ativa pelas desinências da voz passiva, que são: -r, ris, -tur, -mur, -mini e -ntur, respectivamente, sendo que no presente do indicativo, o -r da
voz passiva é simplesmente acrescentado à forma da voz passiva. Ex.: amor, amaris, amatur,
amamur, amâmini, amantur.
20. As declinações.
Encontramos até agora os casos seguintes: nominativo, vocativo, acusativo, genitivo,
dativo, ablativo. O conjunto dos casos chama-se declinação. Declinar um nome significa dizer este nome em todos os seus casos no singular e no plural, ou, em outras palavras, enunciar
as diversas formas que o nome reveste conforme as funções que desempenha na frase.
Em latim, declinam-se os substantivos, os adjetivos e os pronomes. A declinação de
todas estas palavras não é, porém, idêntica. Existem cinco maneiras diferentes de declinar os
substantivos, isto é, cinco declinações.
Descobre-se a parte fixa de um nome a partir do genitivo singular, do qual se extrai a
desinência. Exemplos: ros-ae, magistr-ae, etc.
21. Primeira Declinação. Nomes terminados em -A
Modelo: rosa,-ae ―rosa‖.
|CASO |FUNÇÃO |SINGULAR | TRADUÇÃO
|PLURAL
|Nom. |sujeito
|ros-a
|a rosa
|ros-ae
|Voc. |vocativo
|ros-a
|ó rosa!
|ros-ae
|Ac.
|obj. dir.
|ros-am
|a rosa
|ros-as
|Gen. |adj. restrit. |ros-ae
|da rosa
|ros-arum
|Dat.
|obj. indir. |ros-ae
|à (para a) rosa
|ros-is
|Abl.
|adj. adv.
|ros-a
|com a (pela) rosa
|ros-is
José Pereira, Milton Affonso, Fernanda Mara e Nataniel dos Santos
|TRADUÇÃO
|as rosas
|ó rosas!
|as rosas
|das rosas
|às (para as) rosas
|(com as) pelas rosas
|
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LIÇÃO X:
16
DE ARÂNEA ET MUSCA
Arânea supra fenestram habitat. Telam texit et cenam exspectat.
E via musca parva per fenestram ádvolat. Dum pulchram texturam consíderat, súbito
in telam íncidit.
Arânea accurrit, bestíolam curiosam córripit.
Propter imprudêntiam musca vitam amittit.
22. Como se reconhece a declinação de um substantivo?
Pelo genitivo singular. Como veremos, esse caso tem desinência diferente em cada
uma das cinco declinações: -ae na primeira, -i na segunda, -is na terceira, -us na quarta e -ei
na quinta.
23. Os gêneros.
Em latim, como em português, há gêneros gramaticais. Marcaremos no vocabulário o
gênero de cada substantivo por meio de abreviaturas. Por exemplo: arânea,-ae f.; poëta,-ae
m.
Os substantivos da primeira declinação são femininos, com exceção daqueles que designam homens, como poëta, agrícola, nauta, ou nomes de alguns rios como Garumna,-ae m.
Estes naturalmente são de gênero masculino.
24. As preposições.
Muitas vezes, o adjunto adverbial não se exprime por meio do simples ablativo, mas
por meio de nomes precedidos de preposições.
a) Certas preposições regem o acusativo (ad, ante, apud, cis, erga, extra, inter, per,
post, propter, supra, trans etc.). Ex.: Ad Genavam pervênio ―Chego às proximidades de
Genebra‖. Ante oppidum considerate ―Tomai posição diante da cidadela‖. Inter Séquanos
et Hevécios sumus ―Estamos entre os séquanos e os helvécios‖.
b) Outras regem o ablativo (a ou ab, cum, de, e ou ex, pro, sine etc.). Exemplos:
Paulus a magistratu Aeduorum accusaretur ―Paulo seria acusado por um magistrado dos éduos‖. A decumana porta sedebam ―Eu estava sentado do lado da porta decumana‖. Reginae cum ancillis âmbulant. ―As rainhas passeiam com as criadas‖. Milites sine regibus
pugnabant. ‖Os soldados lutavam sem os reis‖.
c) O agente da passiva é regido pela preposição a ou ab; por isto, fica sempre no ablativo, mesmo quando esta preposição for omitida. Ex.: Reginae a poëtis celebrantur “As rainhas são celebradas pelos poetas‖. Agrícolae ab amicis laudantur ―Os agricultores são elogiados pelos amigos‖.
d) A preposição in pode reger acusativo ou ablativo: rege o acusativo quando empregada com verbos de movimentos; o in, neste caso, se traduz por a, para, contra (ex.: Eo in Romam. ―Vou para Roma‖; incédere in nautas. ―Avançar contra os marinheiros‖. Mas rege o
ablativo quando empregada com verbos que indicam permanência ou movimento circunscrito; o in, neste caso, se traduz por em. Ex.: Sum in silva ―Estou na floresta‖. Âmbulo in terra mea ―Passeio em (= na área circunscrita de) minha terra‖. Bis in die stúdeo ―Estudo duas
vezes por dia‖.
Nenhuma preposição rege nominativo, vocativo, genitivo ou dativo.
José Pereira, Milton Affonso, Fernanda Mara e Nataniel dos Santos
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LIÇÃO XI
17
DE DÔMINIS ET SERVIS
Romani opulenti multos servos habebant. Rufus quoque dôminus multorum servorum
erat. Servi Rufi amabant dôminum, qüia bonus erat: servis sédulis pecúniam dabat, ne malos
qüidem verberabat, sicut multi. Servi dominorum severorum vitam mísere trahebant, saepe
vapulabant et esuriebant. Raro servi dôminis, dômini servis contenti erant.
25. Segunda declinação. Nomes terminados em -US.
Modelo: dôminus , -i ‖senhor‖.
Os substantivos e adjetivos cujo nominativo singular termina em -us, e genitivo singular em -i, pertencem à II declinação. Declinam-se como a palavra lupus,-i. Assim se declinam também discípulus ―aluno‖, hortus ―jardim‖, óculus ―olho‖, os adjetivos bonus, malus,
sédulus, severus, etc., conforme se pode ver nos quadros do Apêndice.
26. O gênero das palavras da segunda declinação em -US.
Os substantivos em -us da II declinação são quase todos masculinos.
Os nomes de árvores são, porém, de gênero feminino. Assim: pirus,-i f. ―pereira‖, malus,-i f. ―macieira‖, qüercus,-i f. ―carvalho‖, cedrus,-i f. ―cedro‖, ficus,-i f. ―figueira‖; alguns nomes de ilhas; países (Aegyptus, -i f.) ou cidades (Saguntus, -i f.) e algumas palavras
de origem grega (períodus, -i f.; méthodus, -i f.; dialectus, -i f.) e alguns nomes isolados
como humus,-i f. ―terra‖, colus,-i f. ―roca‖ etc.
Há ainda três nomes da segunda declinação terminados em -us que são usados no gênero neutro: virus,-i n. ―veneno‖, pélagus,-i n. ―mar‖ e vulgus,-i n. ou volgus,-i n. ―povo‖.
27. Deus
A palavra Deus, -i tem vocativo igual ao nominativo e possui diversas variantes no
plural.1
|CASO| SINGULAR| PLURAL
|
|Nom. | Deu-s
| De-i (Di, Di-i)
|
|Voc. | Deu-s
| De-i (Di, Di-i)
|
|Ac. | De-um
| De-os
|
|Gen. | De-i
| De-orum (De-um) |
|Dat. | De-o
| De-is (Dis, Di-is) |
|Abl. | De-o
| De-is (Dis, Di-is) |
28. O Pretérito Imperfeito do Indicativo.
Forma-se do tema2 do presente do indicativo com as desinências -bam, -bas, -bat, bamus, -batis, -bant (I e II conjugações) ou -ebam, -ebas, -ebat, -ebamus, -ebatis, -ebant (III
e IV conjugações). Vide quadro das conjugações nos Apêndices.
O imperfeito de esse é: e-ra-m, e-ra-s, e-ra-t, e-ra-mus, e-ra-tis, e-ra-nt.
1
Não se preocupe em memorizar todas essas variantes do plural. Elas são apresentadas aqui como um registro
para consultas, visto que é uma palavra muito freqüente. O que deve ficar bem gravado é sua forma de vocativo
singular, diferente da maioria das palavras da 2ª declinação terminadas em -us no nominativo singular.
2
É importante lembrar que tema é o conjunto formado pela soma de radical + vogal temática. Entretanto, nas
gramáticas latinas, é muito freqüente o uso indiscriminado e preferencial de tema por radical.
José Pereira, Milton Affonso, Fernanda Mara e Nataniel dos Santos
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LIÇÃO XII
18
DE SCHOLA ORBÍLII PUPILLI
Scholam Orbílii Pupilli multi discípuli freqüentabant. Sextus, Aulus et Lúcius discípuli
Orbílii erant. Orbílius quotídie docebat púeros. Magister vir severus erat. Saepe púeris dicebat:
— Non scholae, sed vitae díscimus, púeri.
Magister discípulos malos non diligebat et freqüenter eos castigabat. Ídeo púeri pigri
magistrum "Orbílium Plagosum" vocabant.
29. Segunda declinação. Nomes terminados em -ER e em -IR
Modelos: puer,-i ―menino‖, ―rapaz‖ e magister,-tri ―professor‖, ―mestre‖.
Outro grupo de nomes pertencentes à segunda declinação é formado pelos que terminam em -er no nominativo e em -i no genitivo singular. Uns, como puer, conservam em todos os casos o e do nominativo e do vocativo; outros, como magister, perdem-no.
Na verdade, isto não cria nenhuma dificuldade para se memorizarem as formas de declinação, pois o genitivo singular é sempre indicado no vocabulário com a alteração que tiver
ocorrido. Ou seja, ninguém precisará decorar uma lista de palavras que perdem e outra das
palavras que mantêm o -e-. A palavra magister, por exemplo, já vem no vocabulário com a
desinência do genitivo singular, que é -i, precedida de -tr-; ou seja: magister,-tri, enquanto
que a palavra puer vem seguida simplesmente da desinência -i do genitivo, ou seja: puer,-i.
Para evitar qualquer dúvida, vide quadro das declinações nos Apêndices.
Gener,-i "genro"; socer,-i "sogro" e os adjetivos liber,-a,-um "livre"; miser,-a,-um
"miserável", etc. seguem o modelo de puer,-i.
Seguem o modelo de magister,-tri os substantivos liber,-bri "livro"; ager,-gri "campo" e os adjetivos pulcher,-chra,-chrum "belo"; piger,-gra,-grum "preguiçoso", etc.
Os substantivos em -er da segunda declinação são masculinos.
Faz também parte da segunda declinação um único substantivo em -ir, que é a palavra
vir, viri “homem, varão‖.
30. Agente da Passiva
O agente da passiva é uma espécie de complemento do verbo transitivo, quando este está na voz passiva. Ele equivale ao sujeito da voz ativa, mas fica sempre no caso ablativo e
não no nominativo.
Quando o agente da passiva representa um ser inanimado, basta ir para o ablativo, mas
quando é pessoa ou um ser animado, além de ir para o ablativo, virá regido pela preposição a
ou ab. Virá regido pela preposição a quando o agente da passiva for escrito com consoante
inicial e pela preposição ab, quando o agente da passiva for escrito por vogal ou h inicial.
Exemplos: Mundus luna illustratur ―O mundo é iluminado pela lua‖. Libris laetitia
púeris paratur ―A alegria é proporcionada pelos livros aos meninos‖. Auxílium a viro rogabatur ―Foi pedido um auxílio ao varão‖. Viri boni ab amicis semper laudabantur ―Os bons
varões eram sempre louvados pelos amigos‖.
Nom.
Voc.
Ac.
Gen.
Dat.
Abl.
púer
púer
púer-um
púer-i
púer-o
púer-o
Exemplo da declinação de puer,-i e de liber,-bri:
púer-i
liber
libr-i
púer-i
liber
libr-i
púer-os
líbr-um
líbr-os
puer-orum
líbr-i
libr-orum
púer-is
líbr-o
líbr-is
púer-is
líbr-o
líbr-is
José Pereira, Milton Affonso, Fernanda Mara e Nataniel dos Santos
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LIÇÃO XIII
19
VERBA VOLANT, SCRIPTA MANENT
Qüintus Horátius Flaccus scholam Orbílii freqüentat. Puer parvus praecepta magistri
observat, semper diligenter discit. Qüintus collegis exemplo est1. Magister bono discípulo librum dono dat2. Flaccus olim magnus poëta erit.
Orbílius saepe pulchra provérbia dictat discípulis. Púeri provérbia describunt, qüia
"verba volant, scripta manent". Ecce primum provérbium: "Avarum irritat, non sátiat pecúnia".
31. Segunda declinação. Nomes terminados em -UM.
Além do masculino e do feminino, existe em latim um terceiro gênero gramatical, o
neutro, a que pertencem, por exemplo, os nomes terminados em -um. Os nomes neutros indicam sempre seres inanimados. Devemos estar atentos para o fato de que nem todos os seres
inanimados sejam representados por nomes neutros.
Os nomes com nominativo singular em -um e genitivo singular em -i fazem ainda parte
da II declinação. Há três nomes neutros da segunda declinação que não terminam em -um no
nominativo singular. São eles: vulgus,-i ―vulgo‖, virus,-i ―veneno‖, pélagus,-i ―pélago,
mar, oceano‖.
|CASO |SINGULAR |PLURAL |
|Nom. |verb-um
|verb-a
|
|Voc. |verb-um
|verb-a
|
|Ac.
|verb-um
|verb-a
|
|Gen. |verb-i
|verb-orum |
|Dat.
|verb-o
|verb-is
|
|Abl.
|verb-o
|verb-is
|
Assim se declinam substantivos como exemplum, donum, provérbium e collóqüium e
adjetivos como pulchrum, bonum, malum, etc.
32. Declinação dos neutros.
Todos os nomes neutros (não só os da segunda, como também os da terceira e os da
quarta declinação) têm três casos iguais: o nominativo, o vocativo e o acusativo. Estes três
casos, no plural, terminam sempre em -a.
Observem bem: os substantivos da segunda declinação que terminam em um no nominativo singular são de gênero neutro, assim como todos os adjetivos que seguem este modelo
de declinação. Isto não quer dizer que todos os neutros terminam em -um nesses casos, nem
mesmo na 2ª declinação, assim como nas demais.
1
2
exemplo est: "serve de exemplo".
dono dat: "dá de presente".
José Pereira, Milton Affonso, Fernanda Mara e Nataniel dos Santos
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LIÇÃO XIV
20
PÚERI IN HORTO RUFI
Púeri cum magistro hortum Rufi vísitant. Quam pulcher est hortus! Ubiqüe rosae rubrae rédolent, narcissi flavi rident, lília alba óculos delectant. Púeri laeti saltant, cantant, pila
ludunt, currunt, státuam dei hortorum coronis ornant.
33. A primeira classe de adjetivos.
Em nossas leituras encontramos até aqui adjetivos femininos com o nominativo em -a,
masculinos com o nominativo em -us e -er, e neutros com o nominativo em -um. Vimos o
mesmo adjetivo com três desinências diferentes no nominativo singular: bonus, bona, bonum.
Em latim o adjetivo concorda com o substantivo em gênero, número e caso; pois, havendo em latim três gêneros, o adjetivo possui, além de formas masculinas e femininas, formas neutras também.
A primeira classe de adjetivos é formada por aqueles cujo nominativo singular termina
em -us ou em -er no masculino, em -a no feminino e em -um no neutro.
O masculino bonus e liber, seguem a segunda declinação, declinando-se como o substantivo lupus,-i e magister,-tri; o feminino bona e libera seguem a primeira declinação, declinando-se como ala,-ae e magistra,-ae e o neutro bonum e líberum segue o modelo da segunda
declinação verbum,-i. Vide quadro de declinações, nos Apêndices.
34. Concordância do adjetivo com o substantivo.
O adjetivo concorda com o substantivo ao qual se refere, não somente em número e gênero, como também em caso. Exemplos: As alunas amam a boa professora. Alumnae magistram bonam amant. Tenho um livro novo de língua latina. Librum novum linguae latinae
habeo. O livro dos grandes poetas comove os alunos. Liber poëtarum magnorum discípulos
movet.
CUIDADO! Concordância não significa necessariamente desinência idêntica. Assim
os substantivos masculinos da primeira declinação, como poëta, são acompanhados de adjetivo terminado em -us ou -er: poëta bonus et pulcher; os substantivos femininos da segunda
declinação, como pirus, são acompanhados de adjetivos terminados em -a.
José Pereira, Milton Affonso, Fernanda Mara e Nataniel dos Santos
MANUAL DE LATIM INSTRUMENTAL
LIÇÃO XV
21
PÚERI IN FORO
— Si séduli éritis1, púeri, — ait Orbílius — cras Forum visitábimus. Ibi templa pulchra magnorum deorum vidébitis. Cúriam, ubi patres considunt, étiam ostendam vobis. In
foro causídicos audietis.
Nunc sentêntiam hodiernam vobis dictabo:
"Hódie mihi, cras tibi."
Aule, cras recitabis sentêntiam; tu autem, Sexte, explicabis.
35. O futuro imperfeito do indicativo.
Forma-se do tema do presente do indicativo, acrescentando as desinências -bo, -bis, bit, bimus, bitis, -bunt na I e na II conjugações e -am, -es, -et, -emus, -etis, -ent na III e na IV
conjugações, como se pode ver nos Apêndices.
O futuro imperfeito do indicativo costuma ser traduzido pelo futuro do presente do indicativo em português, podendo também ser traduzido pelo futuro do pretérito.
O futuro imperfeito do indicativo do verbo esse é o seguinte:
e-ro, e-ri-s, e-ri-t, é-ri-mus, é-ri-tis, e-ru-nt " eu serei", etc.
1
éritis: traduzir pelo futuro do subjuntivo.
José Pereira, Milton Affonso, Fernanda Mara e Nataniel dos Santos
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LIÇÃO XVI
22
DE SALUTE ET MORBO
Lúcius, fílius Rufi et Lucrétiae, aegrotat. Morbus fílii matrem valde movet. Pater médicum vocat. Médicus aegro remédium ádhibet et dicit:
— Macte, Luci! Si remédium sumes, cras valebis.
Pater quoque confirmat fílium.
— Nihil est, mi fili! — ait Rufus. — "Dolor ânimi grávior est quam córporis dolor."
Verba patris valde confirmant Lúcium.
36. Vocativo irregular dos nomes em -us.
As palavras Deus,-i, agnus,-i ―cordeiro‖ e chorus,-i ―coro‖ têm vocativo igual ao nominativo, diferenciando-se das demais palavras que têm nominativo em -us.
A palavra fílius, fílii ―filho‖, assim como os nomes próprios terminados em -ius (com i
átono, como Cláudius,-i, Mártius,-i, Virgílius,-i etc.) têm desinência zero no vocativo.
Exemplos: Fílius (voc. fili), Lúcius (voc. Luci), Martius (voc. Marci). Neste caso, observe que a palavra Darius (com i tônico), tem vocativo -e, como as demais palavras da segunda declinação com nominativo em -us.
O possessivo meus, mea, meum tem o vocativo mi na forma de masculino. Nas demais
formas, segue o modelo de adjetivo de primeira classe.
37. Terceira declinação.
Os nomes da terceira declinação caracterizam-se pela desinência -is no genitivo singular. No nominativo são várias terminações e, por isto, não é vantajoso para nós a análise dessa declinação a partir de seus nominativos.
Os substantivos da terceira declinação podem ser divididos em dois grupos, a que chamaremos grupo A ( Atemáticos) e grupo B (Temáticos). Cada um deles abrange substantivos masculinos, femininos e neutros.
Nesta lição, trataremos apenas do grupo A.
Daremos como modelos do grupo A os substantivos dolor, doloris m. ―dor‖, veritas,
veritatis f. ―verdade‖ e corpus, córporis n. ―corpo‖.( Vide quadro nos Apêndices).
Outros nomes masculinos do grupo A: pater, patris ―pai‖; frater,-tris ―irmão‖; pastor,oris ―pastor‖; véstifex,-f'ìcis ―alfaiate‖;
femininos: mater,-tris ―mãe‖; salus, salutis ―saúde‖; aetas,-atis ―idade‖;
neutros: vulnus,-eris ―ferida‖; tempus,-oris ―tempo‖; cor, cordis ―coração‖.
Devendo-se declinar uma palavra masculina ou feminina deste grupo, por exemplo, pater, patris, procede-se da seguinte maneira: o nominativo singular indica ao mesmo tempo o
vocativo pater. Todos os outros casos formam-se com o auxílio do genitivo singular. Retira-se deste último a desinência -is; o que fica é a forma fixa (geralmente é o radical). A este
acrescentam-se as desinências dos outros casos. Assim: ac. patr-em; dat. patr-i; abl. patr-e;
no plural, nom., voc. e ac. patr-es; gen. patr-um; dat. e abl. pátr-ibus.
Devendo-se declinar uma palavra neutra, como por exemplo tempus, têmporis, o nominativo singular indicará ao mesmo tempo o vocativo e o acusativo singular: tempus. Para o
restante, procede-se como no caso de pater, servindo-se do genitivo singular têmpor-is; assim: dat. têmpor-i, abl. têmpor-e; no plural, nom., voc. e ac. têmpor-a; gen. têmpor-um; dat. e
abl. tempór-ibus (como nas demais declinações).
José Pereira, Milton Affonso, Fernanda Mara e Nataniel dos Santos
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LIÇÃO XVII
23
DE ÁRTIBUS
In urbe Roma multas artes invênimus.
Pistor panem facit, véstifex vestes, sutor cálceos. Magistri docent púeros, médici aegros curant, nautae mária percurrunt, mílites pugnant.
Návita de ventis, de tauris narrat arator.
Enúmerat miles vúlnera, pastor oves.
38. Terceira declinação. GRUPO B (dos nomes temáticos):
Os nomes deste grupo têm as desinências do grupo A, exceto:
1) no genitivo plural, que termina em -ium;
2) no ablativo singular das palavras neutras, que terminam em -i;
3) no nominativo, vocativo e acusativo plural das palavras neutras, terminados em -ia.
Fazem parte do grupo B:
1) os substantivos neutros cujo nominativo singular termina em -ar, -e, -al, (AREAL).
Exemplos: exemplar, exemplar-is ―exemplar‖; mare, mar-is “mar” (aqui se incluirá a maioria
dos adjetivos de segunda classe, conforme veremos da próxima lição) ánimal, animal-is ―animal‖.
2) os substantivos parissílabos terminados no nominativo singular em -es ou -is. Exemplos: civis, civ-is m. ―cidadão‖, nubes, nub-is f. ―nuvem‖ piscis, pisc-is; ovis, ov-is; avis, avis; amnis, amn-is ―rio‖; auris, aur-is ―ouvido‖. Os parissílabos têm o mesmo número de sílabas no nominativo e no genitivo singular.
3) os substantivos imparissílabos nos quais a desinência -is do genitivo singular é precedida por mais de uma consoante. Exemplo, ars, art-is f. ―arte‖; nox, noct-is f. ―noite‖; urbs,
urb-is; gens, gent-is; mors, mort-is; frons, front-is. Os imparissílabos têm número diferente
de sílabas no nominativo e no genitivo singular.
4) a maioria dos adjetivos da segunda classe, de que trataremosna próxima lição.
Os nomes neutros do grupo B têm a vogal temática presente em todos os casos do plural. Confira o quadro dessa declinação nos Apêndices, onde daremos como modelos: civis,
civis m. ―cidadão‖; ars, artis f. ―arte‖ e mare, maris n. ―mar‖.
José Pereira, Milton Affonso, Fernanda Mara e Nataniel dos Santos
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LIÇÃO XVIII
24
DE LUDIS CIRCÊNSIBUS
Vetus pópulus Romae semper "panem et circenses" poscebat. Aediles pópulo saepe ludos faciebant. Pópulum crudelem atroces pugnae gladiatorum in circo vehementer delectabant.
Acres viri, cum in arenam descendebant, Caesarem sic salutabant:
"Ave, Caesar, morituri te salutant." Spectatores de morte victorum póllice verso decernebant.
39. A segunda classe de adjetivos.
A segunda classe de adjetivos é formada pelos adjetivos da terceira declinação.
No nominativo singular alguns têm três formas diferentes para os três gêneros (triformes); outros, uma forma para o masculino e o feminino, e outra para o neutro (biformes); outros, afinal, uma única forma para os três gêneros (uniformes). Daremos nos Apêndices um
modelo de cada um destes tipos: acer,acris,acre ―violento‖; fortis,forte ―forte‖ e atrox ― atroz‖.
Seguem o paradigma do grupo B (temáticos) todos os adjetivos biformes e triformes
cujo neutro termina em -e, no nominativo singular. Exemplos: álacer,-cris,-cre ―esperto,
pronto, veloz‖; terrester,-tris,-tre ―terrestre‖; débilis,-e ―débil‖; omnis,-e ―todo‖, que constituem a maioria absoluta.
Seguem também o paradigma do grupo B os adjetivos imparissílabos uniformes cujo
radical termina em mais de uma consoante ou na consoante c, como nos exemplos seguintes:
Felix,-icis ―feliz‖; simplex,-icis ―simples‖; amans,-atis ―amante‖; florens,-ntis ―florescente‖; sapiens, -ntis ―sábio‖.
Esse paradigma só é modificado no ablativo singular, que é feito sempre em -i, como
acontece com os substantivos neutros do mesmo grupo. Vide quadros nos Apêndices.
Declinam-se como acer: céleber,-bris,-bre ―célebre‖; celer,-eris,-ere ―veloz‖, etc.
Declinam-se como fortis: omnis,-e ―todo‖; crudelis,-e ―cruel‖, etc.
Como atrox: audax,-cis ―audacioso‖; felix,-cis ―feliz‖; prudens,-ntis ―prudente‖, etc.
Menos numerosos são os adjetivos que seguem a declinação do grupo A de substantivos. Entre eles podemos encontrar os adjetivos terminados em -ius no neutro (como é o caso
do grau comparativo), além dos adjetivos que não se enquadram nas regras acima. Modelo:
vetus,-teris ―antigo‖ (cf. Apêndices).
Declinam-se como vetus, véter-is: pauper, páuper-is ―pobre‖; lócuples, locuplet-is ―rico‖; felíc-ior, felíc-ius ―mais feliz‖; facíl-ior, facíl-ius ―mais fácil‖, simíl-ior, simíl-ius ―mais
parecido‖ etc.
José Pereira, Milton Affonso, Fernanda Mara e Nataniel dos Santos
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LIÇÃO XIX
25
DE AETATE ÁUREA
Prima erat in terris aetas áurea. Tum hômines rectum sine légibus colebant, bella, exércitus, enses, córnua ignorabant, sine mílitum usu vivebant. Poena metusqüe1 áberant.2 Ver
aeternum erat.
40. Quarta declinação
Os substantivos da quarta declinação caracterizam-se pela desinência -us do genitivo
singular. O nominativo termina em -us ou em -u.
Quase todos os substantivos terminados em -us desta declinação são masculinos, como
por exemplo: exércitus ―exército‖, usus ―experiência, uso‖, metus ―medo‖, êxitus ―resultado‖,
casus ―acaso‖, fructus ―fruto‖, réditus ―volta‖. São poucos os femininos, como manus, nurus ―nora‖, socrus ―sogra‖, acus ―agulha‖, qüercus ―carvalho‖, tribus ―tribo‖. Os substantivos terminados em -u são neutros, como genu, cornu, petu, gelu.
Modelos: cantus, cantus m. ―canto‖ e genu, genus n. ―joelho‖ (Vide Apêndices).
41 Dativo e ablativo plural em -ubus
Certos nomes da quarta declinação têm o dativo e ablativo do plural em -ubus para evitar que esses casos fiquem iguais aos nomes da terceira declinação. Para que não se confunda
pártibus (dat. e abl. pl. de partus,-us ―parto‖) com pártibus (dat. e abl. pl. de pars,-rtis ―parte‖), o primeiro tem esses casos em -ubus.
N.B. Não confundir a declinação de palavras como dôminus,-i, corpus,-oris e cantus,us. O genitivo singular esclarece-nos sempre a respeito da declinação.
42. Declinação de DOMUS e o caso do locativo.
A declinação do substantivo domus f. segue as regras ora da segunda, ora da quarta declinação, formando um quadro especial.
|Caso
| Singular
| Plural
|
|Nom.
| dom-us
| dom-us
|
|Voc.
| dom-us
| dom-us
|
|Ac.
| dom-um
| dom-os
|
|Gen.
| dom-us (dom-i)
| dôm-uum ou dom-orum |
|Dat.
| dôm-ui
| dôm-ibus
|
|Abl.
| dom-o (dom-u)
dôm-ibus
|
N.B. Na declinação desta palavra sobrevive um antigo caso, o locativo, desaparecido da
declinação de quase todos os outros nomes. O locativo singular domi desempenha a função de
adjunto adverbial de lugar onde e se traduz por "em casa".
O caso locativo tem forma idêntica à do genitivo. No caso de domus, equivale ao genitivo da segunda declinação. Somente as palavras que indicam nomes de cidades e pequenos
lugares costumam ter o caso locativo, que equivale sempre à forma do genitivo singular.
Por exemplo, na 1ª declinação: Romae ―em Roma‖, Apellae ―em Apela‖, Thessalonicae
―em Tessalônica‖. Na 2ª declinação: Dyrrachii ―em Dirráquio‖.
1
A conjunção -qüe está sempre grudada à última palavra da série coordenada. Por exemplo: poena metusqüe
quer dizer ―o castigo e o medo‖.
2
O verbo abesse conjuga-se como esse, do qual é derivado.
José Pereira, Milton Affonso, Fernanda Mara e Nataniel dos Santos
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LIÇÃO XX
26
IN SCHOLA ORBÍLII PUPILLI
Magister: — Heri de aetate áurea légimus. Nunc rem novam docebo. Quotídie díscitis
áliqüid; ut ille Apelles dicebat: "Nulla dies sine línea." Descríbite ergo sentêntiam poëtae Publílii Syri: "Magister usus ômnium est rerum óptimus." Aule, lege et éxplica sentêntiam.
Aulus, qüi cum Sexto ludebat, tacet.
Magister: — Cave, Aule! Si ludes in schola, te castigabo. Óptime dicit sápiens: "Caeci sunt óculi, si ânimus álteras res agit."
43. Quinta declinação.
Pertencem à quinta declinação os substantivos cujo nominativo singular termina em -es
e genitivo singular em -ei. Todos são femininos; única exceção é dies, que pode ser masculino quando significar período de 24 horas. No plural, a palavra dies é de gênero masculino.
Modelo: res,rei f. "coisa". (Cf. quadro das declinações nos Apêndices).
Declinam-se como res: dies,díei f. ou m. "dia"; spes,spei f. "esperança"; fides,-ei f.;
spécies,-ei f. "espécie", facies,-ei ―face‖; pernicies,-ei ―ruína‖; materies,-ei ―matéria‖; barbaries,-ei ―barbarie‖; series,-ei ―série‖, lembrando-se, no entanto, de que apenas as palavras
res e dies são usados no plural.
O tema de um nome é reconhecido a partir do genitivo plural, do qual se extrai a desinência -rum (na 1 a , na 2 a e na 5 a) ou -um (nas outras declinações). Ex.: rosa-rum, magistrorum, puero-rum, patr-um, nocti-um, métu-um, die-rum.
44. Palavras variáveis e invariáveis.
Uma parte das palavras latinas encontradas em nossas leituras são variáveis, outras,
não. Entre as variáveis, umas se conjugam: os VERBOS; outras se declinam: os SUBSTANTIVOS, ADJETIVOS e PRONOMES. As invariáveis podem também ser divididas, por sua
vez, em 4 grupos: ADVÉRBIOS (hódie, cras, ibi, nunc, semper, etc.), PREPOSIÇÕES (in,
propter, sub, super, ab, ad, sine, cum, inter, etc.), CONJUNÇÕES (et, sed, cum, etc.) e INTERJEIÇÕES (vae, macte, o, etc.). Toda palavra latina pode ser incluída numa dessas oito
classes.
José Pereira, Milton Affonso, Fernanda Mara e Nataniel dos Santos
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LIÇÃO XXI:
27
CONSÍLIA UTÍLIA PATRIS AD FÍLIUM
Deo súpplica. Parentes ama. Pro pátria pugna. Cum bonis âmbula, ut ipse bonus sis.
Saluta libenter, ut te quoqüe libenter salutent. Rem tuam custodi. Disce, ut scias. Áleam fuge, ut vir probus mâneas. Cógita semper provérbium:
"Edo, ut vivam, non vivo, ut edam."
45. O presente do subjuntivo
As desinências modo-temporais do presente do subjuntivo são idênticas às do português: -e- para a primeira conjugação e -a- para as demais. As desinências número-pessoais
são as comuns (m, s, t, mus, tis, nt) que já conhecemos.
Forma-se desta maneira, conforme se verá nos quadros dos Apêndices.
CUIDADO! Não confundir, na III e na IV conjugação, o presente do subjuntivo com o
futuro do indicativo. Esses dois tempos têm somente uma forma homônima, que é a primeira
pessoa do singular.
O presente do subjuntivo de esse é: si-m,-s,-t,-mus,-tis,-nt "eu seja", etc.
46. Os adjetivos possessivos.
Os adjetivos possessivos declinam-se como qualquer adjetivo de primeira classe, com a
exceção já lembrada do vocativo de meus, que é mi.
SINGULAR
1ª pessoa
me-us
me-a
me-um
"meu, minha"
2ª pessoa
tu-us
tu-a
tu-um
"teu, tua"
3ª pessoa
su-us
su-a
su-um
"seu, sua"
1ª pessoa
2ª pessoa
3ª pessoa
nost-er
vest-er
su-us
PLURAL
nostr-a
nostr-um
vestr-a
vestr-um
su-a
su-um
"nosso, nossa"
"vosso, vossa"
"seu, sua"
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LIÇÃO XXII:
28
DE DILÚVIO
Scélera gêneris humani irritabant Iovem. Frustra petebant hômines ut ignósceret; terris
dilúvium misit. Flúmina per apertos campos ruebant, domos destruebant. Undae tam altae erant ut mare et terra nullum discrimen haberent1.
47. O imperfeito do subjuntivo.
A desinência modo-temporal do imperfeito do subjuntivo é idêntica à do infinitivo presente, em todas as conjugações, ao qual se acrescentam as desinências número-pessoais: -m, s, -t, -mus, -tis, -nt. (Cf. quadro das conjugações nos Apêndices).
O imperfeito do subjuntivo de esse é o seguinte: esse-m, esse-s, esse-t, esse-mus, esse-tis,
esse-nt, "eu fosse", etc.
1
O imperfeito do subjuntivo não se traduz sempre pela mesma forma em português. Assim, nesta leitura, haberent deve ser traduzido pelo
imperfeito do indicativo. Por outro lado, na frase Sine amicítia vita tristis esset, na XXV leitura, esset é traduzido pelo futuro do pretérito.
José Pereira, Milton Affonso, Fernanda Mara e Nataniel dos Santos
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LIÇÃO XXIII:
29
DE DEUCALIONE ET PYRRHA
Dilúvium ômnia1 vastavit.
Cum aquae decreverunt, de tot homínibus terrae unus vir, Deucálion, et una fêmina, Pyrrha, supérerant, ambo vetérrimi. Deucálion, pópulos terrae renovaturus, oráculum Thêmidis consúluit. Dea hoc responsum dedit:
"Ossa magnae parentis iactate post tergum."
48. O pretérito perfeito do indicativo.
As desinências do pretérito perfeito: -i, -isti, -it, -imus, -istis, erunt (ou -ere) são acrescentadas a um radical especial que geralmente difere do radical do presente. Assim, em
nossos cinco paradigmas temos (cf. também o quadro nos Apêndices):
I
amav-i
amav-i-sti
amav-i-t
amáv-i-mus
amav-i-stis
amav-eru-nt
amav-e-re
"eu amei", etc.
II
vid-i
vid-i-sti
vid-i-t
víd-i-mus
vid-i-stis
vid-eru-nt
vid-e-re
"eu vi", etc.
III-A
leg-i
leg-i-sti
leg-i-t
lég-i-mus
leg-i-stis
leg-eru-nt
leg-e-re
"eu li", etc.
III-B
fec-i
fe-i-sti
fec-i-t
féc-i-mus
fec-i-stis
fec-eru-nt
fec-e-re
"eu fiz", etc.
IV
audiv-i
audiv-i-sti
audiv-i-t
audív-i-mus
audiv-i-stis
audiv-eru-nt
audiv-e-re
"eu ouvi", etc.
Como vemos, em todos estes verbos o tema do perfeito difere do tema do presente:
mesmo em víd-e-re e lég-e-re, onde a vogal temática se alonga: vid-i, leg-i.
Nos verbos da primeira conjugação, o tema do perfeito acaba geralmente em av-; nas
três outras, há temas de terminações muito diferentes. O conhecimento deste tema é muito
importante porque dele se formam, além do pretérito perfeito do indicativo, o mais-queperfeito e o futuro perfeito do indicativo, o perfeito e o mais-que-perfeito do subjuntivo e o
infinitivo perfeito, tempos que aprenderemos em seguida. Eis porque os dicionários, ao registrarem um verbo, dão a 1ª e a 2ª pessoa do presente do indicativo, o infinitivo presente e a 1ª
pessoa do pretérito perfeito, assim: leg-o, leg-i-s, lég-e-re, leg-i, lect-um ou áud-io, áud-i-s,
aud-i-re, audiv-i, audit-um, etc.
O pretérito perfeito de esse é o seguinte: fu-i, fu-i-sti, fu-i-t, fú-i-mus, fu-i-stis, fu-e-runt
ou fu-e-re "eu fui", etc.
1
O neutro dos adjetivos é usado freqüentemente como substantivo: bonum "o bem", malum "o mal", etc. Estes adjetivos
substantivados estão muitas vezes no plural, quando em português se emprega o singular. Assim, ômnia deve ser traduzido
por "tudo".
José Pereira, Milton Affonso, Fernanda Mara e Nataniel dos Santos
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LIÇÃO XXIV:
30
DE NOVIS HOMÍNIBUS
Deucálion et Pyrrha, qüi oráculum non intelléxerant, diu in ânimo volvebant. Tandem
maritus dixit Pyrrhae:
— Nunc intellexi oráculum. Magna parens terra est. Ossa parentis ergo lápides sunt.
Tum maritus et uxor lápides post terga iactaverunt. Saxa statim humanam formam duxerunt.
49. O pretérito mais-que-perfeito do indicativo
Cortando a desinência -i da 1ª pessoa do singular do pretérito perfeito, obtém-se o radical do perfeito. Para se formar o pretérito mais-que-perfeito do indicativo, acrescentam-se a
esse radical as desinências seguintes: -eram, -eras, -erat, -eramus, -eratis, -erant , que são a
soma da desinência modo-temporal ―era‖ (parecida com a do português) e as desinência número-pessoais que já conhecíamos.
Assim teremos:
I
amáv-era-m
amáv-era-s
amáv-era-t
amav-era-mus
amav-era-tis
amáv-era-nt
"eu amara" ou
"tinha amado"
II
víd-era-m
víd-era-s
víd-era-t
vid-era-mus
vid-era-tis
víd-era-nt
"eu vira" ou
"tinha visto"
III-A
lég-era-m
lég-era-s
lég-era-t
leg-era-mus
leg-era-tis
lég-era-nt
"eu lera" ou
"tinha lido"
III-B
féc-era-m
féc-era-s
féc-era-t
fec-era-mus
fec-era-tis
féc-era-nt
"eu fizera" ou
"tinha feito"
V
audív-era-m
audív-era-s
audív-era-t
audiv-era-mus
audiv-era-tis
audív-era-nt
"eu ouvira" ou
"tinha ouvido"
O pretérito mais-que-perfeito do indicativo de esse é o seguinte:
fú-era-m,-eras,-erat,-eramus,-eratis,-erant, "eu fora" ou "tinha sido", etc.
José Pereira, Milton Affonso, Fernanda Mara e Nataniel dos Santos
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LIÇÃO XXV:
31
DE AMICÍTIA
— Parate vobis amicos — dicebat Orbílius discípulis. — Sine amicítia vita tristis esset1.
Si amicos bene elegéritis2, sócios malorum habébitis. Diserte enim Publílius Syrus scripsit:
"Secundae amicos res parant, tristes probant."3
Discípuli Orbílii verba Publílii cogitabant. At vos sentêntiam poëtae Ovídii Nasonis
semper cogitate:
Donec eris felix, multos numerabis amicos;
Têmpora si fúerint núbila, solus eris4.
50. O futuro perfeito do indicativo.
As desinências deste tempo são: -ero, -eris, -erit, -érimus, -éritis, -erint que se acrescentam ao radical do perfeito. Ou seja, a desinência modo-temporal ―eri‖ (e sua variante de
primeira pessoa do singular ) e desinências número-pessoais já conhecidas.
O futuro perfeito do indicativo se traduz em português, geralmente, pelo futuro do presente ou pelo futuro do pretérito composto, visto não termos tempo simples equivalente em
nossa língua. Assim obteremos:
I
amáv-er-o
amáv-eri-s
amáv-eri-t
amav-éri-mus
amav-éri-tis
amáv-eri-nt
"eu terei
amado", etc.
II
víd-er-o
víd-eri-s
víd-eri-t
vid-éri-mus
vid-éri-tis
víd-eri-nt
"eu terei
visto", etc.
III-A
lég-er-o
lég-eri-s
lég-eri-t
leg-éri-mus
leg-éri-tis
lég-eri-nt
"eu terei
lido", etc.
III-B
féc-er-o
féc-eri-s
féc-eri-t
fec-éri-mus
fec-éri-tis
féc-eri-nt
"eu terei
feito", etc.
IV
audív-er-o
audív-eri-s
audív-eri-t
audiv-éri-mus
audiv-éri-tis
audív-eri-nt
"eu terei
ouvido", etc.
O futuro perfeito do indicativo de esse é:
fú-er-o,-eris,-erit,-érimus,-éritis,-erint, "eu terei sido", etc.
1
esset — Ver a observação da nota 1 da lição XXII.
elegéritis — Ver nota 4 abaixo.
3
"Secundae amicos res parant, tristes probant." = Secundae res parant, tristes res probant amicos. (As situações favoráveis
fazem os amigos, as tristes provam-nos).
4
Não havendo em latim futuro do subjuntivo, o papel desse tempo é também desempenhado pelo futuro perfeito do indicativo. Portanto donec eris felix traduz-se por "enquanto fores feliz", e si amicos bene elegéritis por "se tiverdes escolhido bem
os amigos".
2
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LIÇÃO XXVI:
32
ARS BENE VIVENDI
Orbílius ad discípulos: — Cupitisne1 bene vívere? Haec praecepta Pupílii Syri ne neglexéritis, púeri.
Primum: "Secreto amicos ádmone, lauda palam."
Secundum: "Pacem cum homínibus, bellum cum vítiis habe."
Tértium: "Néminem nec accusáveris, nec laudáveris cito."2
51. O pretérito perfeito do subjuntivo.
O pretérito perfeito do subjuntivo se forma com as desinências: -erim, -eris, -erit, érimus, -éritis, -erint acrescentadas ao radical do perfeito; ou seja, a desinência modotemporal ―eri‖ mais as desinências número pessoais. Daí as quatro conjugações:
I
amáv-eri-m
amáv-eri-s
amáv-eri-t
amav-éri-mus
amav-éri-tis
amáv-eri-nt
"eu tenha
amado", etc.
II
víd-eri-m
víd-eri-s
víd-eri-t
vid-éri-mus
vid-érit-is
víd-eri-nt
"eu tenha
visto", etc.
III-A
lég-eri-m
lég-eri-s
lég-eri-t
leg-éri-mus
leg-éri-tis
lég-eri-nt
"eu tenha
lido", etc
III-B
féc-eri-m
féc-eri-s
féc-eri-t
fec-éri-mus
fec-éri-tis
féc-eri-nt
"eu tenha
feito", etc.
IV
audív-eri-m
audív-eri-s
audív-eri-t
audiv-éri-mus
audiv-éri-tis
audív-eri-nt
"eu tenha
ouvido", etc
O pretérito perfeito do subjuntivo de esse é o seguinte:
fú-eri-m, fú-eri-s, fú-eri-t, fu-éri-mus, fu-éri-tis, fú-eri-nt, "eu tenha sido", etc.
Como se vê, exceto a primeira pessoa do singular, todas as formas do pretérito perfeito
do subjuntivo são iguais às do futuro perfeito do indicativo, o que deve levar-nos ao maior
cuidado possível nas traduções dessas formas verbais para o português
1
Aqui temos um verbo cupitis seguido de uma partícula interrogativa ne. Esta partícula é usada encliticamente e indica que
não se sabe se a resposta será positiva ou negativa.
2
O pretérito perfeito do subjuntivo, é usado freqüentemente em ordens proibitivas, depois dos advérbios ne e nec, em substituição ao imperativo. Nec accusáveris, nec laudáveris traduz-se por nem acuses, nem louves.
José Pereira, Milton Affonso, Fernanda Mara e Nataniel dos Santos
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LIÇÃO XXVII:
33
DE ARTE DAEDALI
Rex Minos Daedalum cum fílio Ícaro in ínsula Creta inclúserat. Si Daedalus artem miram non invenisset, semper in servitute mansisset1. At ártifex pennas in órdine pósuit alarum
modo et cera ligavit.
52. O pretérito mais-que-perfeito do subjuntivo
O pretérito mais-que-perfeito do subjuntivo se forma com as seguintes desinências: issem, -isses, -isset, -issemus, -issetis, -issent acrescentadas ao radical do perfeito (desinência
modo-temporal ―isse‖ mais desinências número-pessoais). Assim:
I
amav-isse-m
amav-isse-s
amav-isse-t
amav-isse-mus
amav-isse-tis
amav-isse-nt
"eu tivesse
amado", etc.
II
vid-isse-m
vid-isse-s
vid-isse-t
vid-isse-mus
vid-isse-tis
vid-isse-nt
"eu tivesse
visto", etc.
III-A
leg-isse-m
leg-isse-s
leg-isse-t
leg-isse-mus
leg-isse-tis
leg-isse-nt
"eu tivesse
lido", etc.
III-B
fec-isse-m
fec-isse-s
fec-isse-t
fec-isse-mus
fec-isse-tis
fec-isse-nt
"eu tivesse
feito", etc.
IV
audiv-isse-m
audiv-isse-s
audiv-isse-t
audiv-isse-mus
audiv-isse-tis
audiv-isse-nt
"eu tivesse
ouvido", etc.
O pretérito mais-que-perfeito do subjuntivo de esse é o seguinte:
fu-isse-m, fu-isse-s, fu-isse-t, fu-isse-mus, fu-isse-tis, fu-isse-nt, "tivesse sido", etc.
1
Este tempo substitui, muitas vezes, o futuro do pretérito composto, que falta em latim. Semper in servitute mansisset traduz-se por "teria ficado sempre na escravidão". Mas a sua tradução mais corrente em português é feita em forma composta
do pretérito mais-que-perfeito do subjuntivo, porque não temos esse tempo em forma simples.
Talvez fosse esse o momento para fazermos uma revisão dos tempos compostas dos verbos de nossa língua, visto que
nem sempre se estudam essas formas no segundo grau.
José Pereira, Milton Affonso, Fernanda Mara e Nataniel dos Santos
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LIÇÃO XXVIII:
34
SALSE DICTA
Orbílius ad discípulos: — Novas sentêntias Publílii nunc vobis dictabo, acutas omnes et
pulchras.
"Iniuriarum remédium est oblívio.
Vita et fama hôminis âmbulant pari passu.
Dies quod donat tímeas: cito raptum venit.
Deliberando saepe perit occásio."
53. Supino.
Supino é uma forma especial do infinitivo para indicar finalidade.
Ex.: Amatum ―para amar‖; deletum ―para destruir‖; auditum ―para ouvir‖; res fácilis
dictu ―coisa fácil de ser dita‖; res jucunda auditu ―coisa agradável de ser ouvida‖.
Depois dos verbos que exprimem movimento, o supino funciona como o nosso infinitivo. Assim, em vez de venit rápere "vem roubar", diz-se venit raptum. Note-se que o supino
só equivale ao infinitivo em locuções com um verbo que indica movimento.
A desinência -um ou -u do supino acrescenta-se a um radical especial, chamado radical de supino com o qual se formam o supino, o infinitivo futuro e o particípio futuro.
A forma em -um é empregada quando o supino depende de verbos que indicam movimento. Ex.: Vênio postulatum auxílium ―venho para pedir auxílio‖.
A forma em -u tem significado passivo, indicando também finalidade, sendo empregado
com certos adjetivos como fácilis, iucunda, mirábilis, nefas etc. Ex.: Res fácilis dictu ―coisa
fácil para ser dita (fácil de dizer)‖; res iucunda auditu ―coisa agradável de ouvir (ou de ser
ouvida)‖; res fácilis factu ―coisa fácil de fazer (de ser feita)‖; res mirábilis visu ―coisa admirável de ver (de ser vista)‖; nefas dictu ―coisa ilícita de dizer (de ser dita)‖.
O acusativo do gerúndio, regido de ad, geralmente substitui o supino em -u.
Nos vocabulários, indicamos também o supino ao lado das outras formas principais dos
verbos. Por exemplo: ráp-i-o, rap-i-s, ráp-ere, rápu-i, rapt-um, como faz a maior parte dos
dicionários de latim. A essas formas, que nos auxiliam a construir qualquer outra forma do
verbo, dá-se o nome de tempos primitivos.
O verbo esse e seus compostos não têm supino.
54. O gerúndio.
Em latim, o infinitivo só pode desempenhar as funções de sujeito, objeto direto, predicativo do sujeito e predicativo do objeto.
a) sujeito: Discere est bonum ―Aprender é bom‖; Alumnos injuste castigare perniciosum est ―Castigar injustamente os alunos é prejudicial‖; Fácile est opprimere innocentem
―Oprimir um inocente é fácil‖.
b) objeto direto: Credo Deum esse ―Creio que Deus existe‖.
c) predicativo: Vívere pugnare est. ―Viver é lutar‖.
Nas outras funções é substituído pelo gerúndio, um substantivo verbal, cujas desinências (-ndum, -ndi e -ndo) se acrescentam ao tema do presente.
Assim : ac. (ad) am-a-nd-um "para amar" dat. am-a-nd-o "a amar"
gen. am-a-nd-i "de amar"
abl. am-a-nd-o "por amar" ou "amando"
Os paradigmas das outras conjugações têm o gerúndio seguinte: (ad) vid-e-nd-um, etc.;
(ad) leg-e-nd-um, etc.; (ad) capi-e-nd-um, etc.; (ad) audi-e-nd-um, etc.
Exemplos: ars bene vivendi, "a arte de bem viver"; deliberando saepe perit occásio,
"deliberando [enquanto se delibera] desaparece muitas vezes a ocasião", etc.
O verbo esse e seus compostos não têm gerúndio.
José Pereira, Milton Affonso, Fernanda Mara e Nataniel dos Santos
MANUAL DE LATIM INSTRUMENTAL
LIÇÃO XXIX:
35
MÔNITA DAEDALI AD FÍLIUM
Daedalus alas sibi et fílio accommodavit. Tum fílium verbis severis mônuit, ne alte volaret.
– Mi Ícare, ait, cautus esto! Vicíniam solis vitato!
At Ícarus, volandi cúpidus, mônita patris non exaudivit. Sed deinde paenítuit púerum
mônita neglexisse et patri non paruisse.
55. O imperativo futuro
O imperativo futuro serve para exprimir uma ordem que deverá ser cumprida futuramente. Este tempo, de uso bastante raro, só tem forma de 2ª e 3ª pessoa. Em português, traduz-se pelas formas comuns do imperativo.
sing.
sing.
pl.
pl.
2ª pessoa
3ª pessoa
2ª pessoa
3ª pessoa
I
am-a-to "ama"
am-a-to "ame"
am-a-to-te "amai"
am-a-nto "amem"
sing.
sing.
pl.
pl.
2ª pessoa
3ª pessoa
2ª pessoa
3ª pessoa
III-A
lég-i-to "lê"
lég-i-to "leia"
leg-i-to-te "lede"
leg-unto "leiam"
II
vid-e-to "vê"
vid-e-to "veja"
vid-e-to-te "vede"
vid-e-nto "vejam"
III-B
fác-i-to "faz"
fác-i-to "faça"
fac-i-to-te "fazei"
fac-i-unto "façam"
IV
aud-i-to "ouve"
aud-i-to "ouça"
aud-i-to-te "ouvi"
aud-i-unto "ouçam"
O imperativo futuro de esse é o seguinte:
esto
"sê"
estote "sede"
esto
"seja"
sunto "sejam"
56. O infinitivo perfeito
O infinitivo perfeito se forma do radical do perfeito com a desinência -isse. Equivale ao
nosso infinitivo composto.
amav-isse
vid-isse
leg-isse
cep-isse
audiv-isse
"ter amado"
―ter visto"
"ter lido"
"ter prendido" "ter ouvido"
O infinitivo perfeito de esse é fu-isse, "ter sido".
José Pereira, Milton Affonso, Fernanda Mara e Nataniel dos Santos
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LIÇÃO XXX:
36
DE MORTE ÍCARI
Omnes, qüi cursum hôminum volântium videbant, obstupuerunt. Sed puer, audaci volatu gaudens, tam alte egit iter, ut rádii solis ceram mollirent.1 Ícarus in mare cécidit. Patrem
paenítuit artem volandi invenisse.
Sic périit puer audax; at scimus memóriam Ícari nunquam perituram esse.
57. O particípio presente.
O particípio presente é um adjetivo da 2ª classe. O seu nominativo se forma do tema do
presente, ao qual se acrescenta a desinência -ns (gen. -ntis) na primeira e segunda conjugação,
e -ens (gen. -entis) na terceira e na quarta, da maneira seguinte:
I
am-a-ns
am-a-ns
am-a-nt-em
am-a-nt-is
am-a-nt-i
am-a-nt-e(i)
II
vid-e-ns
vid-e-ns
vid-e-nt-em
vid-e-nt-is
vid-e-nt-i
vid-e-nt-e(i)
III-A
leg-e-ns
leg-e-ns
leg-e-nt-em
leg-e-nt-is
leg-e-nt-i
leg-e-nt-e(i)
III-B
fac-i-e-ns
fac-i-e-ns
fac-i-e-nt-em
fac-i-e-nt-is
fac-i-e-nt-i
fac-i-e-nt-e(i)
IV
aud-i-e-ns
aud-i-e-ns
aud-i-e-nt-em
aud-i-e-nt-is
aud-i-e-nt-i
aud-i-e-nt-e(i)
am-a-nt-es
am-a-nt-es
am-a-nt-es
am-a-nt-ium
am-a-nt-ibus
am-a-nt-ibus
vid-e-nt-es
vid-e-nt-es
vid-e-nt-es
vid-e-nt-ium
vid-e-nt-ibus
vid-e-nt-ibus
leg-e-nt-es
leg-e-nt-es
leg-e-nt-es
leg-e-nt-ium
leg-e-nt-ibus
leg-e-nt-ibus
fac-i-e-nt-es
fac-i-e-nt-es
fac-i-e-nt-es
fac-i-e-nt-ium
fac-i-e-nt-ibus
fac-i-e-nt-ibus
aud-i-e-nt-es
aud-i-e-nt-es
aud-i-e-nt-es
aud-i-e-nt-ium
aud-i-e-nt-ibus
aud-i-e-nt-ibus
"que ama(m)",
"amando"
"que vê(em)",
"vendo"
"que lê(em)",
"lendo"
"que faz(em)",
"fazendo"
"que ouve(m)",
"ouvindo"
O particípio presente se traduz ora por meio de oração subordinada adjetiva: cursus
hôminum volântium "a viagem dos homens que voam", ora por meio de adjetivo verbal: cursus hôminum volântium "a viagem dos homens voadores", ora por meio de gerúndio: puer
audaci volatu gaudens "o menino, alegrando-se com o vôo audacioso". O particípio presente
concordará sempre com o substantivo a que se refere, já que é um adjetivo.
O verbo esse e seus compostos não têm particípio presente.
1
mollirent. Traduzir pelo indicativo. Vide nota 1 da lição XXII.
José Pereira, Milton Affonso, Fernanda Mara e Nataniel dos Santos
MANUAL DE LATIM INSTRUMENTAL
37
58. O particípio futuro
O particípio futuro é um adjetivo de 1ª classe, que se declina em todos os casos e flexiona em gênero para concordar com o nome a que se refere. Forma-se com as desinências urus, -ura, -urum acrescentadas ao radical do supino, assim:
I
II
III-A
amaturus,-a,-um
visurus,-a,-um
lecturus,-a,-um
"disposto a amar"
"disposto a ver"
"disposto a ler"
"que deverá amar"
"que deverá ver"
"que deverá ler"
III-B
facturus,-a,-um
"disposto a fazer"
"que deverá fazer‖
IV
auditurus,-a,-um
"disposto a ouvir"
"que deverá ouvir"
Exemplos de emprego de particípio futuro: Ave Caesar, morituri te salutant "Salve,
César, saúdam-te os que deverão morrer"; Deucálion, pópulos terrae renovaturus "Deucalião,
disposto a renovar os povos da terra".
59. O infinitivo futuro
O infinitivo futuro se forma com o acusativo do particípio futuro e o infinitivo presente
do verbo esse. Assim:
I
II
III-A
m.sing. amat-ur-um esse
vis-ur-um esse
lect-ur-um esse
f.sing.
amat-ur-am esse
vis-ur-am esse
lect-ur-am esse
n.sing. amat-ur-um esse
vis-ur-um esse
lect-ur-um esse
m.pl.
f.pl.
n.pl.
m.sing.
f.sing.
n.sing.
m.pl.
f.pl.
n.pl.
amat-ur-os esse
amat-ur-as esse
amat-ur-a esse
"haver(em) de amar"
vis-ur-os esse
vis-ur-as esse
vis-ur-a esse
"haver(em) de ver"
lect-ur-os esse
lect-ur-as esse
lect-ur-a esse
―haver(em) de ler"
III-B
fact-ur-um esse
fact-ur-am esse
fact-ur-um esse
IV
audit-ur-um esse
audit-ur-am esse
audit-ur-um esse
ESSE
fut-ur-um esse
fut-ur-am esse
fut-ur-um esse
fact-ur-os esse
fact-ur-as esse
fact-ur-a esse
"haver(em) de prender"
audit-ur-os esse
audit-ur-as esse
audit-ur-a esse
"haver(em) de ouvir"
fut-ur-os esse
fut-ur-as esse
fut-ur-a esse
―haver(em) de ser ou estar
Exemplo: Scimus memóriam Ícari nunquam perituram esse, "Sabemos a memória de
Ícaro nunca haver de perecer", ou, em melhor português, "Sabemos que a memória de Ícaro
nunca há de perecer".
José Pereira, Milton Affonso, Fernanda Mara e Nataniel dos Santos

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