Informativo São Vicente – Setembro a Outubro de 2011
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Informativo São Vicente – Setembro a Outubro de 2011
INFORMATIVO SÃO VICENTE Boletim de circulação interna da Província Brasileira da Congregação da Missão Ano XLIV - No 287 “Colher os frutos do Jubileu”. Que as diferentes Associações partilhem os frutos de sua reflexão, de tal modo que, no dia em que celebramos a festa de São Vicente de Paulo, possam oferecer, na Celebração Eucarística, o fruto dessa reflexão e, assim, expressar, de alguma forma, os compromissos assumidos. O objetivo é celebrar e aprofundar o significado dos frutos do Jubileu, procurando ver como o Espírito do Senhor nos convida, como Família, a aprofundar nossas raízes neste carisma e a descobrir como fazer para que o desafio “Caridade-Missão” continue e cresça sempre mais entre nós, para o bem dos Pobres (Pe. Gregory Gay, C. M.). Setembro Outubro de 2011 Rua Cosme Velho, 241 22241-125 Rio de Janeiro - RJ Telefone: (21) 3235 2900 Fax: (21) 2556 1055 _______________________ E-mail: [email protected] [email protected] www.pbcm.com.br Equipe responsável pelo Informativo São Vicente - Pe. Vinícius Augusto R. Teixeira - Pe. Paulo Eustáquio Venuto - Pe. Gentil José Soares da Silva Revisão: - Pe. Lauro Palú Formatação e Impressão: - Cristina Vellaco - Equipe de Mecanografia do Colégio São Vicente de Paulo 245 Sumário Editorial .............................................................................................. Voz da Igreja ....................................................................................... Superior Geral .................................................................................... Palavra do Visitador ........................................................................... 247 249 253 280 Vida Eclesial Papel dos ex-seminaristas na Igreja ......................... Pe. João Batista Libânio, S.J. 282 Espiritualidade É hora de alargar o espaço da própria tenda ........... Pe. Eli Chaves dos Santos, C. M. 284 Herança Vicentina A relação entre oração e perseverança na vocação vicentina .................................................................. Tiago de França da Silva 289 294 CLAPVI Encontro de Misssionários da Congregação da Missão na América Latina e no Caribe ........................... Pe. Agnaldo Aparecido de Paula, C. M. 301 Vida da Província Crônicas da XIV Assembleia Ordinária da CLAPVI .... Pe. José Jair Vélez, C. M. SAVV Retiro Provincial – 2011 ........................................... 305 Caminhada do SAVV na PBCM ................................. Pe. Alexandre Nahass Franco, C. M. 315 Bendita aquela que vem em nome do Senhor ........ Pe. Francisco Ermelindo Gomes, C. M. 317 Formação Permanente Filhas da Caridade Família Vicentina Conjuntura 319 Manhã de oração da Família Vicentina – B.H .......... Reflexões Rede de apoio e solidariedade abraça Comunidade Dandara ................................................................... Maria do Rosário de Oliveira Carneiro 321 324 Idas e vindas do anúncio – II .................................... Pe. Alex Sandro Reis, C. M. Notícias ......................................................................................................... 246 326 Editorial Colher os frutos do Jubileu A celebração do Dia de Oração da Família Vicentina – na Solenidade de São Vicente de Paulo, neste ano de 2011, teve como tema: “Colher os frutos do Jubileu”. Trata-se de uma convocação para que recolhamos, no depositário de nossa memória e na pujança de nossa criatividade, as vivências, ressonâncias e apelos da celebração dos 350 anos da morte de São Vicente de Paulo e de Santa Luísa de Marillac, encontrando aí um vigoroso impulso para avançar na itinerância da Caridade e da Missão. Talvez ainda não estejam suficientemente maduros os frutos que esperamos colher da proveitosa celebração do Ano Jubilar. O que temos são nossas mãos repletas de promissoras sementes. E, como toda semente traz em si a potência dos frutos, somos desafiados a encontrar formas criativas e audaciosas de cultivo daquelas que nos foram confiadas, sem jamais perder tempo antes de lançá-las nos terrenos férteis da espiritualidade, da formação e do serviço aos Pobres. Por meio de celebrações, encontros, retiros, publicações, subsídios e outras iniciativas, muito foi feito em vista do aprofundamento, da revitalização e da difusão da espiritualidade vicentina, entendida como um estilo de vida centrado na pessoa de Jesus Cristo, evangelizador e servidor dos Pobres. Nesta forma específica de viver o Evangelho, suscitada pelo Espírito em São Vicente e Santa Luísa, descobrimos um belo e comprometedor caminho de santidade, cujos percursos nos conduzem irrevogavelmente aos Pobres do mundo. A jubilosa gratidão pelo dom recebido não nos permite ficar parados diante da urgência de explorar a riqueza da tradição de que somos herdeiros, nem nos autoriza a reter em benefício próprio a alegria proveniente da vocação a que fomos chamados: 247 “Nos caminhos de Deus, não avançar é retroceder” (SV II, 129). Por isso, num ritmo crescente, vamos firmando a convicção de que precisamos “beber em nosso próprio poço”, entrando ou perseverando num qualificado processo de formação permanente e atraindo para ele todos os que manifestam o propósito de palmilhar as mesmas sendas, a fim de encontrar na tessitura do legado vicentino o princípio dinamizador da Caridade e a intuição que fundamenta e anima a Missão. Ainda temos um longo caminho a percorrer. Disso, ninguém duvida. De fato, urge aperfeiçoar e desenvolver projetos formativos de revigoramento espiritual e missionário de nossas bases, possibilitando aos pequenos grupos o acesso à fonte abundante e cristalina da qual depende o florescimento de nosso carisma na Igreja e no mundo. Para isso, há que se aprimorar e ampliar o serviço de assessoria à Família Vicentina, a) assegurando nossa íntima vinculação com os Pobres, por meio do contato direto com seus dramas e esperanças, de modo que falemos do que conhecemos e assumimos; b) superando a tríplice tentação da superficialidade no cultivo da espiritualidade, da mediocridade no aprofundamento de nossa herança e da acomodação diante dos deveres a cumprir; c) exercitando-nos na disponibilidade e na gratuidade diante das solicitações que nos chegam para contribuir na formação dos leigos e leigas, com especial atenção para os grupos de menor visibilidade; d) estimulando a capacitação de novos assessores que, mediante seu efetivo compromisso com os Pobres, se disponham a transmitir, com simplicidade e competência, o frescor místico e a contundência profética de nossa espiritualidade. É assim que nos será dado colher os frutos maduros do Jubileu e suscitar a mesma paixão por Cristo e pelos Pobres que movia São Vicente, Santa Luísa e todos aqueles que nos precederam na Caridade e na Missão e que, do Céu, nos inspiram com seu exemplo e nos acompanham com sua intercessão. Pe. Vinícius Augusto Ribeiro Teixeira, C. M. 248 Voz da Igreja Mensagem de Bento XVI para o 85º Dia Mundial das Missões 23 de outubro de 2011 "Como o Pai me enviou, também Eu vos envio" (Jo 20,21) Por ocasião do Jubileu do Ano 2000, o Venerável Papa João Paulo II, no início de um novo milênio da era cristã, reiterou com força a necessidade de renovar o compromisso de levar a todos o anúncio do Evangelho, com "o mesmo entusiasmo dos cristãos da primeira hora" (Carta Apostólica Novo Millennio Ineunte, n. 58). É o serviço mais precioso que a Igreja pode prestar à humanidade e a cada pessoa individualmente em busca das profundas razões para viver a própria existência em plenitude. Por isto, aquele mesmo convite ressoa cada ano na celebração do Dia Mundial das Missões. Com efeito, o anúncio incessante do Evangelho vivifica também a Igreja, o seu fervor e o seu espírito apostólico, renova os seus métodos pastorais, para que sejam cada vez mais apropriados às novas situações - inclusive as que exigem uma nova evangelização - e animados pelo impulso missionário: "A Missão renova a Igreja, revigora a sua fé e identidade, dá a ela novo entusiasmo e novas motivações. É doando a fé, que ela se fortalece! A nova evangelização dos povos cristãos também encontrará inspiração e apoio no empenho pela Missão universal" (João Paulo II, Carta Encíclica Redemptoris Missio, 2). 249 Ide e anunciai Esta finalidade é continuamente renovada pela celebração da liturgia, de maneira especial da Eucaristia, que se conclui sempre fazendo ressoar o mandato de Jesus ressuscitado aos Apóstolos: "Ide..." (Mt 28, 19). A liturgia é sempre um chamamento "do mundo" e um novo envio "ao mundo", para dar testemunho daquilo que se experimenta: o poder salvífico da Palavra de Deus, o poder salvífico do Mistério Pascal de Cristo. Todos aqueles que encontraram o Senhor ressuscitado sentiram a necessidade de o anunciar aos outros, como fizeram os dois discípulos de Emaús. Depois de terem reconhecido o Senhor na fração do pão, eles "partiram sem hesitação e voltaram para Jerusalém. Aí encontraram reunidos os Onze, e contaram o que lhes tinha acontecido ao longo do caminho” (Lc 24, 33-35). O Papa João Paulo II exortava a sermos "vigilantes e prontos para reconhecer o seu rosto e correr a levar aos nossos irmãos o grande anúncio: "Vimos o Senhor!”(Carta Apostólica Novo Millennio Ineunte, 59). A todos Os destinatários do anúncio do Evangelho são todos os povos. A Igreja, "é, por sua natureza, missionária, visto que tem a sua origem, segundo o desígnio de Deus-Pai, na Missão do Filho e do Espírito Santo" (Concílio Ecumênico Vaticano II, Decreto Ad Gentes, 2). Esta é "a graça e a vocação própria da Igreja... Ela existe para evangelizar" (Paulo VI, Exortação Apostólica Evangelii Nuntiandi, 14). Consequentemente, ela nunca pode fechar-se em si mesma. Ela se enraíza em determinados locais, para ir além. A sua obra, em adesão à Palavra de Cristo e sob o influxo da Sua graça e da Sua caridade, faz-se plena e atualmente presente a todos os homens e a todos os povos, para conduzi-los à fé em Cristo (cf. Ad Gentes, 51). Esta tarefa não perdeu a sua urgência. Pelo contrário, "a Missão do Cristo-Redentor, confiada à Igreja, está ainda bem longe do seu pleno cumprimento... Uma visão geral da humanidade mostra que tal Missão está ainda no começo, e que devemos empenhar-nos com todas as forças no seu serviço" (João Paulo II, Carta Encíclica Redemptoris Missio, 1). Não podemos 250 permanecer tranquilos, pensando que, depois de dois mil anos, ainda existem povos que não conhecem Cristo e ainda não ouviram a sua mensagem de Salvação. Não só, mas aumenta o número daqueles que, embora tenham recebido o anúncio do Evangelho, já o esqueceram e abandonaram, já não se reconhecem na Igreja; e muitos ambientes, também em sociedades tradicionalmente cristãs, são hoje resistentes a abrir-se à Palavra da Fé. Está em curso uma mudança cultural, alimentada também pela globalização, por movimentos de pensamento e pelo relativismo imperante, uma mudança que leva a uma mentalidade e a um estilo de vida que prescindem da mensagem do Evangelho, como se Deus não existisse, e que exaltam a busca do bem-estar, do lucro fácil, da carreira e do sucesso como finalidade da vida, mesmo em detrimento dos valores morais. Corresponsabilidade de todos A Missão universal empenha a todos, tudo e sempre. O Evangelho não é um bem exclusivo de quem o recebeu, mas constitui uma dádiva a compartilhar, uma boa-notícia a comunicar. E este dom-compromisso é confiado não apenas a alguns, mas sim a todos os batizados, que são "a gente escolhida... a nação santa, o povo que ele adquiriu" (1Pd 2,9), para que proclame as suas obras maravilhosas. Estão também envolvidas todas as suas atividades. A atenção e a cooperação para a obra evangelizadora da Igreja no mundo não podem ser limitadas a alguns momentos e ocasiões particulares, nem sequer podem ser consideradas como uma das numerosas atividades pastorais: a dimensão missionária da Igreja é essencial e, portanto, deve ser sempre considerada. É importante que tanto os indivíduos batizados como as comunidades eclesiais estejam interessados, não de modo esporádico e irregular na Missão, mas de maneira constante, como forma de vida cristã. O próprio Dia Mundial das Missões não constitui um momento isolado no curso do ano, mas é uma ocasião preciosa para nos determos e meditarmos se e como respondemos à vocação missionária: uma resposta essencial para a vida da Igreja. 251 Evangelização global A evangelização é um processo complexo e compreende vários elementos. Entre eles, uma peculiar atenção por parte da animação missionária foi sempre prestada à solidariedade. Esta é também uma das finalidades do Dia Mundial das Missões, que, por meio das Pontifícias Obras Missionárias, solicita ajuda para o cumprimento das tarefas de evangelização nos territórios de Missão. Trata-se de apoiar instituições necessárias para estabelecer e consolidar a Igreja por meio dos catequistas, dos seminários e dos sacerdotes, e também de oferecer a própria contribuição para o melhoramento das condições de vida das pessoas em países onde são mais graves os fenômenos de pobreza, subalimentação - sobretudo infantil -, doenças, carência de serviços médicos e para a educação. Também isto faz parte da Missão da Igreja. Anunciando o Evangelho, ela toma a peito a vida humana em pleno sentido. Não é aceitável, reiterava o Servo de Deus Papa Paulo VI, que na evangelização se descuidem os temas relativos à promoção humana, à justiça, à libertação de todas as formas de opressão, obviamente no respeito pela autonomia da esfera política. Desinteressar-se dos problemas temporais da humanidade significaria "ignorar a doutrina do Evangelho sobre o amor ao próximo que sofre ou que se encontra em necessidade" (Exortação Apostólica Evangelii Nuntiandi, 31.34). Não estaria em sintonia com o comportamento de Jesus, que percorria "todas as cidades e povoados, ensinando em suas sinagogas, pregando a Boa-Nova do Reino e curando todo tipo de doença e enfermidade" (Mt 9, 35). Assim, por meio da participação corresponsável da Missão da Igreja, o cristão torna-se construtor da comunhão, da paz, da solidariedade que Cristo nos concedeu e colabora para a realização do plano salvífico de Deus para toda a humanidade. Os desafios que ela encontra chamam os cristãos a caminhar juntamente com os outros e a Missão faz parte integrante deste caminho com todos. Nela, nós trazemos, ainda que seja em vasos de barro, a nossa vocação cristã, o tesouro inestimável do Evangelho, o testemunho vivo de Jesus morto e ressuscitado, encontrado e acreditado na Igreja. O Dia Mundial das Missões reavive em cada um o desejo e a alegria de "ir" ao encontro da humanidade levando Cristo a todos. No seu nome, concedo-vos de coração a Bênção Apostólica, em particular aos que mais se afadigam e sofrem por causa do Evangelho. Vaticano, 6 de janeiro de 2011 Solenidade da Epifania do Senhor 252 Superior Geral CONGREGAZIONE DELLA MISSIONE CURIA GENERALIZIA Via dei Capasso, 30 00164 Roma – Itália Tel. (39) 06 661 3061 Fax (39) 06 666 3831 e-mail:[email protected] Apelo para a Missão Outubro de 2011 A todos os Membros da Congregação da Missão Queridos Missionários Que a graça e a paz de Nosso Senhor Jesus Cristo cumulem seus corações agora e sempre! Meus irmãos, mais uma vez nos encontramos no mês de outubro, ocasião em que, tradicionalmente, o Superior Geral faz um chamado aos Missionários de todo o mundo para que respondam às necessidades de nossas próprias missões internacionais, aos pedidos provenientes de Províncias particulares ou de bispos. Gostaria de começar esta carta de Apelo para a Missão com uma experiência que tive em setembro. Convidaram-me para participar do 100º aniversário da Província de 253 Madagascar. Acompanhado pelo Assistente Geral, Pe. Zaracristos, participei de muitas celebrações para festejar este tempo memorável na história da Província. Como todos sabemos, a missão de Madagascar foi muito amada pelo próprio São Vicente que, inclusive em sua idade avançada, manifestava o desejo de ir para lá, ainda que reconhecendo sua impossibilidade. É um lugar para o qual o próprio São Vicente enviou mais de 30 Missionários, tanto Padres quanto Irmãos; nenhum deles sobreviveu à experiência, dando a vida pela missão, um gesto admirável por parte desses Missionários. Madagascar, uma vez mais, voltou à vida, depois daquela primeira experiência de Missionários, como uma Província que, agora, é formada por Coirmãos de várias nações e culturas, assim como por nascidos malgaxes. Um dos efeitos de ser uma Província durante 100 anos é um número suficiente de Missionários para enviar a outras Províncias necessitadas. No dia 25 de setembro, na Catedral de São Vicente de Paulo, de Talagnaro, celebramos a Missa de envio de quatro Missionários. Roch Alexandre Ramiligaona vai para a missão internacional do Tchad, onde a Província de Madagascar, com outros membros da Conferência de Visitadores da África e de Madagascar (COVIAM), trabalhará em colaboração com as Filhas da Caridade e os cristãos do local. Um Missionário de Camarões e outro da Nigéria já começaram a missão nessa área. Sedy Rabarijaona respondeu minha última carta de Apelo para a Missão, na qual a Província de Porto Rico pedia Missionários para as necessidades urgentes dos haitianos, especialmente os haitianos em diáspora. Sedy irá para a República Dominicana, a fim de trabalhar com os haitianos, juntamente com os Missionários da Província de Porto Rico. Pe. Calvin Tsimangovy e o Irmão Joseph Razafindrabe iniciarão uma missão em na ilha Reunião (região administrativa da França) uma missão conjunta das Províncias de Paris e de Madagascar. Na história de Madagascar, enviavam-se Vicentinos para Réunion com a esperança de que voltassem a Madagascar, algum dia, depois de tê-la deixado. Atualmente, não há presença da Congregação da Missão em Réunion. Estou admirado de ver que, como na tradição da Congregação, um Irmão se une aos esforços missionários. Sem dúvida, Madagascar é, em si mesmo, um país de missão. Sou muito grato pelo magnífico trabalho que os Missionários da Polônia, Espanha, Itália, França e Eslovênia têm realizado desde o princípio e continuam realizando juntamente com nossos Missionários malgaxes. 254 Contudo, a ação missionária em outros países é para mim um sinal da maturidade da Província de Madagascar, cujos Missionários são conscientes de que, embora tenham sido formados em Madagascar, são Missionários para a Congregação da Missão e, por isso, estão disponíveis para ir aonde possam ser chamados e onde quer que haja uma necessidade. Consciente disso, agradeço à Província de Madagascar pelo exemplo que dá a todos na Congregação da Missão. Animo a todos vocês para que reflitam seriamente sobre os conteúdos da Carta de Apelo para a Missão que dá informações atualizadas sobre nossas missões, assim como sobre os novos convites que recebemos e destaca algumas missões especiais. No final da carta, está o procedimento que devem seguir, quando houver o desejo de oferecer-se como Missionário para além dos limites de sua própria Província. Sempre existe a possibilidade, meus irmãos, de responder às petições do Superior Geral, bem como às petições de diferentes Províncias para fortalecer nossa colaboração em toda a Congregação. O documento de nossa Assembléia Geral nos pede que respondamos com enorme criatividade à Missão e à Caridade. Gostaria de ressaltar três de nossas Linhas de Ação, que nos chamam a: Promover a disponibilidade e a mobilidade pessoal; Participar em novos e desafiadores projetos missionários, assumir novos trabalhos de evangelização em áreas de novas culturas emergentes, no diálogo ecumênico e religioso; Ir às missões ad gentes mais distantes. Nossa Assembleia Geral convidou-nos a realizar essas ações e, ao enviar-lhes este Apelo Missionário de 2011, espero que sejamos capazes de responder. MISSÕES INTERNACIONAIS 1. Começo com uma atualização de nossas missões internacionais já existentes, para as quais sempre há oportunidade de oferecer-se como voluntário, caso alguém se sinta chamado a isso. Em El Alto, Bolívia, neste último ano, temos um novo Missionário, Pe. Emilio Torres, da Província do Peru, que se uniu a outros três Missionários. Recordo os 255 nomes dos outros Missionários e peço-lhes que orem para que conduzam com êxito a missão: Cyril de Nanteuil, de Paris; Diego de Plá, de Madri; e Aidan Rooney, superior da missão, da Província Leste dos Estados Unidos. Como vocês poderão recordar, iniciamos uma nova missão em Cochabamba, no ano passado, com os Missionários Joel Vásquez, da Colômbia; David Paniagua e Jorge Manríquez Castro, da Província do Chile. Estes dois últimos Missionários são provenientes da Bolívia. A língua falada em El Alto e em Cochabamba é o espanhol, além da língua nativa do povo. 2. A missão nas Ilhas Salomão está se expandindo. Agora, sob nossa responsabilidade, não está apenas o Seminário para as três dioceses das Ilhas Salomão, que compreende Filosofia e Teologia, mas também uma paróquia. Além disso, os Missionários se estenderam a outra paróquia, numa das dioceses vizinhas, onde o bispo nos convidou a trabalhar. Dentro do grupo de Coirmãos que trabalham nas Ilhas Salomão, está Victor Bieler, nosso ex-Assistente Geral, que é um exemplo para nós, porque continua tendo este espírito missionário aos 82 anos de idade. Os que acabam de chegar à missão são: Raul Castro, da Argentina; Tewolde Negussie Teclemicael, da Província de São Justino de Jacobis; Augustinus Marsup, que voltou da Indonésia; Yohanes Agus Styeno, da Indonésia; e Joachim Nwaorgu Udochukwu, da Nigéria. Ivica Gregurec, da Eslovênia, continua na missão. Já sabemos que a missão das Ilhas Salomão está sob a responsabilidade da Cúria Geral, com a ajuda especial da Conferência dos Visitadores da Ásia e do Pacífico (APVC). A missão é coordenada pelos serviços de seu superior, Greg Walsh, da Austrália. Quero agradecer também a Flaviano Caintic, das Filipinas, por seu serviço tão generoso durante estes três últimos anos nas Ilhas Salomão. 3. Em Papua-Nova Guiné (PNG), a missão caminha com força neste momento, com 4 Missionários: o recém chegado, Emmanuel La Paz, das Filipinas, que se uniu a Justino Eke, da Nigéria, e Wlodzimierz Molota, da Polônia. São coordenados pelos serviços gerais de Homero Marín, da Colômbia. Felizmente, antes que o ano termine ou no princípio do ano que vem, Georges Maylaa, da Província do Oriente se unirá à missão em PNG, assim como Jude Leme, da Província da Nigéria. As línguas de ambos os países, Ilhas Salomão e Papua Nova Guiné, são inglês e inglês Pidgin. 256 NOVAS MISSÕES 1. Recebemos, nos últimos tempos, uma carta do novo bispo da Diocese de Alotau Sideia, em Papua-Nova Guiné, nosso Coirmão Rolly Santos, anteriormente e durante muito tempo missionário em Papua Nova Guiné, além de um ano de serviço como Visitador da Província das Filipinas. Rolly escreve para perguntar se podemos incluir esta diocese na presente Carta de Apelo para a Missão. Diz que, provavelmente, sua diocese é uma das maiores dioceses do mundo em termos de extensão territorial e muitas paróquias estão separadas por grandes espaços oceânicos. Algumas estão tão distantes que se gasta dois dias até chegar lá, por meio de um barco motorizado. Atualmente, a diocese sofre uma grande necessidade de sacerdotes. Conta com 21 sacerdotes que servem a 17 paróquias, mas 5 desses sacerdotes têm 75 anos de idade e até mais. Algumas paróquias têm 20 capelas ou comunidades. Ele gostaria, concretamente, de poder contar com dois Padres Vicentinos e um Irmão, se possível, para que fossem a Kiriwina, nas ilhas Trobrand. Há, neste lugar, duas paróquias grandes, com uma população ativa de umas 2.500 pessoas. Cada uma das paróquias tem seis capelas e três escolas católicas de ensino primário e fundamental. Informa que é preferível que os Missionários estejam fisicamente em plena forma e sejam capazes de viajar pelo mar, quando as circunstâncias o exijam. Finalmente, diz em sua petição que os Missionários que forem destinados devem saber como viver de modo simples, adaptando-se às condições do lugar, dado que não há eletricidade e, por isso mesmo, nem televisão nem centros comerciais. Esta é uma de nossas novas petições para apoiar uma área do mundo onde já temos uma presença significativa e onde vocações estão surgindo. As línguas são o inglês e a língua do povo. 2. Outro projeto da Cúria para as missões internacionais está no Tchad, em estreita colaboração com os Visitadores da África e Madagascar (COVIAM). Atualmente, há três Coirmãos na missão: Albert Aching Kitikil, da Província de Paris, proveniente de Camarões; Onyeachi Sunday Ugwu, da Província da Nigéria; e Rock Alexandre Ramiligaona, de Madagascar. Visitei os Coirmãos nesta missão. Eles se associaram a um grupo de Filhas da Caridade da Província de San Sebastián. As Irmãs estão trabalhando nessa região afastada há mais de dez anos. É uma missão simples e difícil. Não está limitada, necessariamente, aos Missionários de COVIAM, de modo que qualquer um é convidado a considerá-la como uma possibilidade. A língua oficial é o francês, mas, logicamente, as pessoas também falam a língua local. 257 3. Para mim, é uma alegria muito grande anunciar-lhes que, no dia 1 de setembro, chegaram ao seu destino dois Missionários enviados a Túnis: Pe. Firmin Mola Mbalo, da Província de Tolosa, originário do Congo, e o Irmão Henry Escurel, das Filipinas. 4. Outra missão que iniciamos, pelo menos dando os primeiros passos, tentando encontrar o lugar adequado para servir, é Angola. A fundação desta missão foi assumida, até o momento, pelo Pe. José María Nieto, exAssistente Geral, e pelo Pe. José Martínez Ramírez, da Província do México. Recebi um comunicado das Filhas da Caridade que trabalham em Angola, bem como dos ramos da Família Vicentina, expressando como estão contentes pelo fato de que, finalmente, fomos capazes de estabelecer nossa presença entre a Família Vicentina e o povo deste pobre país de língua portuguesa. Alimentamos a esperança de que aos dois se juntará um terceiro Missionário, até que o Conselho Geral decida o lugar do centro da missão. Pe. Nieto e Pe. Pepe estudarão três pedidos que recebemos de Angola. São as dioceses de Malanje, Sumbre e Mbanza Congo. 5. Recebemos outras duas solicitações, uma que nos chega da diocese de Mbaiki, República Centro-Africana. O bispo desta diocese escreveu em nome de toda a Conferência Episcopal do país. Os bispos dizem que este é um momento de muito sofrimento, como consequência da crise que todos conhecemos nos últimos dois anos. Esta diocese foi erigida em 1995 e tem somente 10 paróquias na região de Lobaye. O que mais necessitam neste momento são sacerdotes exemplares. A consequência da falta de formação espiritual nos anos passados fez com que uma situação de debilidade emergisse entre os atuais sacerdotes no país. O bispo conhece nosso carisma: uma congregação que tem dedicado sua vida ao serviço do clero, como se fazia nos tempos de São Vicente, quando os clérigos viviam um momento de debilidade. Gostaria de poder responder a esta solicitação. O idioma é o francês. Temos uma presença no país. Há três Missionários da Província de Paris que, a partir da missão de Camarões, estabeleceram sua própria missão em Bangui. 6. Por meio das Irmãs da Medalha Milagrosa, uma congregação com raízes na Eslovênia e uma missão em nossa Vice-Província de São Cirilo e São Metódio, recebemos uma petição não somente da Madre Geral, mas também do Bispo de N´Dali, Benin, para que Missionários da Congregação da Missão possam se estabelecer naquele lugar. A diocese tem 800 mil pessoas, 4 sacerdotes nativos, dos quais somente 1 está servindo na diocese, 16 seminaristas e um reduzido número de sacerdotes da 258 Espanha, Itália e África. É necessária uma ajuda para a evangelização nesta região, já que o Islamismo prospera, apesar do duro trabalho dos Missionários. 7. Do bispo da recentemente erigida diocese de Bunda, Tanzânia: há 16 sacerdotes trabalhando em 14 paróquias e outras instituições diocesanas e a população católica está crescendo. Por parte da diocese, a missão consiste em algumas ilhas e no Lago Victoria que a diocese não é capaz de evangelizar por falta de sacerdotes. O bispo convida a Congregação a trabalhar na diocese recentemente formada. 8. Na Carta de Apelo para a Missão do ano passado, recebi também uma petição do bispo de Kaolak, no Senegal, que diz “com confiança solicito a presença de sua Congregação para as obras de evangelização na diocese de Kaolac”. Infelizmente, não houve resposta para esta petição, apesar do grande desejo que se tinha de reforçar a presença missionária na diocese. A língua é o francês. 9. O Bispo de Punta Arenas pede sacerdotes para sua diocese no sul do Chile, onde há uma extensa área sem sacerdotes. Esta falta tem sido suprida por alguns diáconos e há um pároco de 82 anos de idade. Há duas Comunidades de Filhas da Caridade atendidas por sacerdotes locais e, uma vez ao ano, por dois dias, pelo Visitador do Chile. A presença da Congregação da Missão seria uma bênção para as Filhas da Caridade e para a Família Vicentina naquela terra de missão. O clima tem desanimado a muitos pelo frio intenso do inverno e pelos fortes ventos. Há também grandes distâncias, mas pode-se apreciar a solidão da imensa Patagônia. MISSÕES PROVINCIAIS 1. Estou muito contente em anunciar-lhes que a Vice-Província de São Cirilo e São Metódio foi reforçada com dois Missionários: Anthony Ekpunobi, da Província da Nigéria, e Thomas Enchackal, um Missionário de Índia-Sul. Estão servindo às necessidades das pessoas em seus próprios países, enquanto se integram nesta Vice-Província de São Cirilo e São Metódio. As necessidades desta Província são urgentes. Pude visitar Ucrânia, Bielorússia e o Oeste da Sibéria, Niznij Tagil. Os Missionários estão fazendo um trabalho fantástico, mas há sempre necessidade de novos Missionários que os apoiem. O idioma é 259 difícil, mas somos chamados a ser Missionários e, por isso, aprendemos idiomas difíceis. 2. Uma vez mais, faço um chamado em favor da Província da China. A língua é o chinês. Muitos dos Missionários vêm de todas as partes do mundo e sempre permanece viva nossa esperança de reforçar concretamente a missão da China continental. Permito-me anunciar-lhes que tem existido uma grande colaboração por parte do laicato vicentino no que concerne à China continental e, felizmente, poderemos confirmar essa constatação com o começo de uma comunidade de MISEVI. Isso é uma esperança para o futuro, o qual é promissor. 3. A Vice-Província de Moçambique é uma missão que continua dependendo principalmente dos Missionários de fora. Os Missionários de longa duração procedem de Portugal e, agora, procedem também do Brasil, México, Nigéria, Eritréia, Argentina e Congo. A língua é o português. A Vice-Província assumiu, recentemente, a responsabilidade que tinha a Província de Salamanca em Nacala. 4. Também faço um chamado a todos os Missionários para que continuem ajudando-nos a apoiar a Província de Cuba. A missão de Cuba foi reforçada, nos dois últimos anos, com Missionários: Ángel Garrido, da Província de Madri, proveniente de Madagascar, e Nicolás Salazar, da Província da Colômbia. Continuamos rezando para que o Senhor nos abençoe com vocações nesta missão. 5. Peço Missionários para nossa Província da Hungria. O número continua sendo pequeno e, mesmo assim, a missão está viva, com Missionários jovens que desejam servir com o espírito São Vicente de Paulo. O idioma é o húngaro. 6. Sempre existe necessidade de Missionários para reforçar a Vice-Província da Costa Rica, particularmente sua missão em São Tiago Apóstolo, Amubri, Talamanca, uma zona muito montanhosa, de onde os Missionários desta pequena Vice-Província da Congregação têm vindo reiterar a solicitação do Superior Geral durante os últimos anos e que ainda temos que completar, embora tenham ajuda e presença do pessoal procedente da Província da Colômbia na área da formação. O idioma é o espanhol e as línguas nativas. 260 7. Continuo incluindo na lista um chamado aos Missionários de todo o mundo para nossa missão em Honduras, particularmente na zona que está sob a responsabilidade da Província de Barcelona. Com alegria, anuncio-lhes que a Província da Eslováquia tem uma missão em andamento na diocese do Coirmão Bispo, Luis Solé. Atualmente, há dois Missionários trabalhando lá. O idioma é o espanhol e o misquito. Para aqueles que possam estar interessados em continuar apoiando a Província de Barcelona, este é um magnífico esforço missionário. 8. Como é de costume, gostaria de fazer um apelo em favor de algumas missões provinciais que temos. Uma vez mais, o Visitador de Porto Rico pergunta se temos condições de enviar Missionários para a Região do Haiti para que os Missionários de lá tenham a oportunidade de investir em outros estudos e amadurecer no espírito vicentino. As línguas são o francês e o crioulo. Concluo com algumas missões especiais. Aproveito esta oportunidade para dizer-lhes que temos um missionário que veio do Congo e que está trabalhando em uma missão especial no Haiti. Pe. Jean-Pierre Mangulu está na missão sob a responsabilidade da Cúria, trabalhando na animação da Família Vicentina, particularmente em relação à criação de projetos para o Projeto Zafèn da Família Vicentina Internacional. No ano passado, não somente foi confiada esta responsabilidade ao Pe. Jean-Pierre, mas também foi-lhe pedido que fosse o Diretor das Filhas da Caridade no Haiti. Este é um projeto muito necessário e significativo da Congregação. Também quero mencionar o espírito missionário que manifestou o Pe. Dan Borlik, nomeado Diretor Assistente de nosso programa do CIF, para ajudar a animar os Missionários no carisma de Vicente de Paulo. Dan começa seu período de transição neste mês. Substituirá o Pe. José Carlos Fonsatti, que realizou um enorme trabalho, levando a cabo os projetos do programa do CIF nestes últimos cinco anos, juntamente com o Pe. Marcello Manimtim. Outra missão especial que desejo mencionar é a do Pe. Joseph Agostino, que foi nomeado pela Comissão de Liderança da Família Vicentina para coordenar a Comissão com uma equipe e criar um programa para Líderes da Família Vicentina. O Pe. Joe Agostino vem da Província Oriental dos Estados Unidos e tem trabalhado em diferentes 261 atividades relacionadas com o planejamento, tanto para sua própria Província como para outras. Agradeço ao Pe. Joe pelo espírito missionário, desejando partilhar seus talentos para além dos limites de sua própria Província. Finalmente, uma alusão especial à nova missão de nosso ex-delegado da Família Vicentina, Manuel Ginete. Pe. Ginete, em diálogo comigo e com a aprovação de seu Visitador, está assumindo uma missão no Sul do Sudão, uma missão que foi iniciada pela União dos Superiores Gerais de Congregações Masculinas e Femininas. Trata-se de uma missão intercongregacional, onde 20 Missionários, 15 mulheres e 5 homens, de diferentes Congregações estão reforçando ministérios relacionados à saúde, educação e atividades pastorais. Não estão ali para levar a cabo essas responsabilidades por si mesmos, mas para preparar outros a fim de que possam ser os novos responsáveis emergentes para este novo país do Sul do Sudão. Agradeço ao Pe. Ginete por ter avançado nesta tarefa e peço as bênçãos e a saúde de que ele necessita para responder fielmente ao chamado que recebeu. A oração que recitamos diariamente pede ao Senhor que envie operários para sua vinha. Esta é minha oração para que haja uma resposta generosa ao clamor dos que são pobres: Exspectatio Israel, Salvator eius in tempore tribulationis, propitious de caelo respice, vide et visita vineam istam, rivos eius inebria, multiplica genimina eius et perfice quam plantavit dextera tua. Messis quidem multa, operarii autem pauci. Rogamus ergo te, Dominum messis, ut mittas operarios in messem tuam. Multiplica gentem et mmagnifica laetitiam, ut aedificentur muri Jerusalem. Domus tua haec, Domine Deus; domus tua haec: non sit in ea, quaesumus, lapis quem manus tua sanctissima non posuerit. Quos autem vocasti, serva eos in nomine tuo et santifica eos in veritate. Amen. Seu irmão em São Vicente, G. Gregory Gay, C. M., Superior Geral 262 Informações e critérios para os que escreverão 1. Depois de um período de sério discernimento, caso se sinta tocado para apresentar-se como voluntário, por favor, envie sua carta ou e-mail a Roma, no mais tardar até 27 de novembro de 2011 ou, novamente, no dia 27 de fevereiro de 2012, para que possamos analisar as petições nos encontros de nossos tempos fortes de dezembro e março. 2. Certamente, conhecer previamente o idioma é uma ajuda, mas não é absolutamente necessário. Proporcionar-se-á aos Missionários um período de preparação cultural e linguística. 3. Ainda que tenhamos decidido que não se deve estabelecer um limite automático de idade, é, sem dúvida, necessário que os Missionários tenham uma saúde razoavelmente boa e a necessária flexibilidade para a inculturação. 4. Os Missionários que se oferecerem como voluntários devem informar ao Visitador que assim o fizeram. Eu conversarei com o Visitador sobre o assunto. 5. Sua carta deverá proporcionar-nos alguma informação sobre sua pessoa, sua experiência ministerial, seus idiomas e sua formação. Deve expressar também qualquer interesse pessoal que você tenha, como, por exemplo, a missão na qual deseja participar. 6. Mesmo que você já tenha escrito antes, por favor, ponha-se em contato comigo novamente. A experiência tem demonstrado que Missionários que não estão disponíveis em um determinado momento podem estar disponíveis em outro momento. 7. Se você não pode ir às missões, talvez sua contribuição financeira possa representar seu zelo pela missão. Cada ano, aproximadamente 15 Províncias consideradas necessitadas de ajuda para realizar sua missão buscam a doação de um microprojeto de 5.000 dólares ou mesmo do Fundo de Solidariedade Vicentina. Essas doações podem ser feitas pela Central de Solidariedade Vicentina (VSO) (através da Cúria), de forma rápida e com um mínimo de burocracia. A VSO informa sobre os frutos magníficos dessas doações em seu boletim quadrimestral (disponível em www.famvian.org/vso). O poço para a concessão de doações para microprojetos está ficando seco. Doações ao 263 Fundo de Solidariedade Vicentina são as únicas fontes para financiar as concessões para microprojetos. FUNDO DE SOLIDARIEDADE VICENTINA: PARA UMA COLABORAÇÃO Contribuições provinciais, de uma Casa ou individuais: 1. Cheques nominais a: Congregazione della Missione e com “Solo Deposito” escrito no verso. Isso deve ser enviado a: Ecônomo Geral Via dei Capasso, 30 00164 Roma, Itália 2. Outras possibilidades podem ser tratadas com o Ecônomo Geral através de transferências bancárias. 3. Indiquem claramente que os fundos são para o Fundo de Solidariedade Vicentina (VSO). Em todo caso: 1. Todo donativo será notificado (se não houver notificação do recebimento de sua contribuição em um tempo razoável, faça o favor de entrar em contato conosco para que possamos esclarecer). 2. Faça o favor de informar-nos se fez ou pensa fazer uma doação, segundo orientamos anteriormente. 264 CONGREGAZIONE DELLA MISSIONE CURIA GENERALIZIA Via dei Capasso, 30 00164 Roma – Itália Tel. (39) 06 661 3061 Fax (39) 06 666 3831 e-mail:[email protected] Aos membros da Congregação da Missão Circular Tempo Forte (3-7 de outubro) Meus queridos irmãos da Congregação da Missão, Que a graça e a paz de Nosso Senhor Jesus Cristo cumulem seus corações agora e sempre! Começamos nosso encontro de tempo forte com uma sessão de formação permanente, por parte de um dos membros da Comunidade de Santo Egídio. 1. Cúria General Nossos assuntos regulares começaram com um diálogo sobre o Encontro de Novos Visitadores, que se realizará de 3 a 11 de janeiro de 2012. Os membros da Cúria Geral partilharão um diálogo sobre o Guia Prático para os Visitadores. Os assistentes convidados serão o Diretor da Central de Solidariedade Vicentina, Pe. Miles Heinen; nosso representante junto às Nações Unidas, Pe. Joseph Foley, através de uma videoconferência; e o encarregado da página Web, Pe. John Freund. Outros Coirmãos convidados serão: Pe. Alberto Vernaschi, que tratará de assuntos jurídicos, e Pe. Joe Agostino, que se centrará no Planejamento em diferentes âmbitos da Província. Dois membros da Cúria, Pe. Juventino Castillero e Pe. John Maher, partilharão conosco assuntos concernentes às comunicações, Vincentiana, Secretariado Internacional de Estudos Vicentinos (SIEV) e Família Vicentina. Esperamos uns 15 novos Visitadores para este Encontro. Pe. Javier Álvarez partilhou conosco as atas do encontro da Comissão para o Centro de Estudos Histórico-Vicentinos, que teve lugar em Paris. A missão do Centro é servir à Família Vicentina Internacional, apoiando 265 a pesquisa e concedendo bolsas em história vicentina, ressaltando especialmente a importância das fontes históricas da Casa Mãe da Congregação da Missão. A Comissão tem três prioridades: animar, apoiar e acolher estudantes que venham a Paris para pesquisar; estabelecer um centro de acolhida para peregrinos vicentinos na Casa Mãe de Paris; e oferecer reuniões periódicas e/ou simpósios sobre diversos aspectos da história vicentina, tanto para estudantes quanto para membros da Família Vicentina em geral. Tratamos do trabalho em andamento para elaborar um Guia Prático para as Paróquias. No momento, estamos concluindo uma carta que será enviada a todos os Visitadores e Conselhos para ser debatida no âmbito local e, depois, em nosso encontro de Visitadores de 2013. Dialogamos sobre o Encontro de Visitadores, que acontecerá durante o mês de julho de 2013. Fizemos o levantamento de alguns países que possam ter interesse em acolher-nos. Formou-se a Comissão Preparatória com membros representativos dos quatro continentes: de América Latina, Silviano Calderón, Visitador da Província do México; da África, Dominique Iyolo, ex-Visitador da Província do Congo; de ÁsiaPacífico, Simon Kaipuram, de Índia-Norte; da Europa, Josef Lucyszyn, ex-Visitador de Hungria; e Joseph Agostino, dos Estados Unidos. Abordou-se o tema dos novos Estatutos da Congregação da Missão. O Superior Geral fez o Decreto de Promulgação dos Estatutos em cinco línguas. Em breve, o material estará nas mãos de todos os Missionários, através dos serviços de Vincentiana. Serão incluídos todos os Estatutos da Congregação da Missão: os que não foram reelaborados, os que sofreram alguma mudança e os recentemente elaborados. Serão documentos oficiais, juntamente com as Constituições. Qualquer Província que queira reimprimir as Constituições e Estatutos terá os textos à disposição. Também observamos que muitos membros da Congregação da Missão continuam perguntando a respeito do Catálogo. Como todos sabem, iniciamos um processo para por o catálogo on-line. É um processo longo, mas esperamos que, a longo prazo, facilite o trabalho do secretariado. Pedimos a todos um pouco de paciência, já que o 266 processo está em sua etapa final. Será publicado on-line de forma segura. Será possível baixar, se as Províncias desejarem publicá-lo, para os que não têm acesso à internet. Debatemos a questão dos membros da Cúria Geral. Como vocês já sabem, os Padres Luís Moleres e Julio Suescun, da Província de Zaragoza, terminaram suas respectivas responsabilidades na Cúria Geral. Pe. John Maher, dos Estados Unidos, substituiu Pe. Suescun em seu papel como Diretor de Comunicações. Estamos formando uma nova equipe de tradutores: Pe. Félix Álvarez, de Madri, que será membro da Comunidade da Cúria Geral durante pelo menos um ano e Pe. Charlie Plock, da Província Este, que trabalha de seu escritório nos Estados Unidos. Na segunda quinzena de setembro, o Irmão Joseph Luu Xuan Minh terminou seu compromisso na Cúria Geral e voltou ao Vietnã. Somos muito agradecidos pelo serviço que nos prestou. Ele será substituído por um Missionário da Província Índia-Sul, da missão da Tanzânia, Irmão Leopold Myamba. Chegará à Cúria assim que sua documentação estiver pronta. Em relação ao Secretariado, tenho o pesar de comunicar-lhes que Irmã Mary Hale, secretária de língua inglesa, terminará seus serviços no começo de dezembro. Sou muito agradecido pelos serviços que a Irmã nos proporcionou durante os últimos quatro anos. Infelizmente, ela não será substituída por nenhuma outra Filha da Caridade, porque não há pessoal disponível. Assumirão suas responsabilidades, ao menos de forma experimental, Pe. John Maher e um dos membros da equipe da Cúria. Dialogamos sobre o tema da Formação Permanente para o Conselho Geral. Em março de 2012, teremos a oportunidade de participar de um curso que versará sobre assembleias provinciais e gerais: sua preparação, espírito de colegialidade, eleições e outros. O Superior Geral e Pe. Zaracristos participarão de uma sessão formativa com o tema Transmissão da Fé, Autoridade, Formação e Evangelização. Para preparar este encontro, o Conselho Geral respondeu a uma série de perguntas que foram apresentadas pela União de Superiores Gerais. 267 Padres Zaracristos e Thottamkara informaram sobre um encontro, de que participaram com o Visitador e outros membros da Província da Holanda, sobre o presente e o futuro dessa Província missionária da Congregação da Missão. 2. Informou-se acerca do projeto SIEV de Diálogo Interreligioso sobre o Islam, celebrado na Indonésia, de 7 a 17 de agosto. A Comissão que trabalhou nesse projeto entregou uma proposta para formar uma comissão permanente, incluindo outros membros da Família Vicentina. Felicitamos os organizadores pelo êxito obtido. O Comitê do SIEV pediu que as conferências e intervenções do evento sejam publicadas em Vincentiana. Antes de nosso tempo forte, os membros do SIEV se reuniram na Cúria Geral. Estavam presentes Eugene Curran, Alexander Jernej e José Carlos Fonsatti; o novo Diretor Executivo, John Maher; e o representante do Superior General, Javier Álvarez. Nesse encontro, foram tomadas algumas decisões. Os membros do Comitê serão Eugene Curran, Alexander Jernej e Elie Deplace. SIEV programou dois seminários que haverá em Dublin. O primeiro será sobre espiritualidade vicentina e estudo acadêmico e histórico da espiritualidade, de 6 a 10 de fevereiro de 2012. Mais à frente, serão enviadas informações sobre como participar. O segundo seminário se centrará na Pesquisa Histórica Vicentina e terá lugar de 3 de junho a 8 de julho de 2012. Este será para pesquisadores atuais e emergentes em Vicentinismo, tanto na Congregação da Missão quanto na Família Vicentina. Nossa esperança é de que sirva como um laboratório que ajude a formar pesquisadores vicentinos. 3. Recebemos informes do Procurador Geral, Pe. Alberto Vernaschi, e do Postulador Geral, Pe. Luigi Mezzadri, assim como um informe de nosso Arquivista, Pe. Alfredo Becerra. 4. Recebemos também um informe do Diretor da Central de Solidariedade Vicentina (VSO), Pe. Miles Heinen. Discutimos os diferentes projetos da VSO, assim como o desenvolvimento do projeto 268 de fundo patrimonial. Para promover o apoio a nossas Províncias em via de desenvolvimento, através do projeto de fundo patrimonial, um grupo seleto de Missionários receberá um convite pessoal do Superior Geral para solicitar apoio e indicação de pessoas que possam ajudar. A VSO tomou uma iniciativa para desenvolver nossas relações com ex-seminaristas nos Estados Unidos. Nossa esperança é de que tais relações possam estender-se a toda a Congregação, já que os que foram seminaristas e continuam partilhando o carisma de S. Vicente de Paulo podem desejar apoiar os projetos que temos em favor dos Pobres. Além disso, há um plano para o Dia de Solidariedade Vicentina, sugerido por uma das Províncias. Recomendo que todos os Missionários se mantenham atualizados em relação à Central de Solidariedade Vicentina, lendo o Boletim que poderão encontrar na página web www.cmglobal,org/vso. Ao mesmo tempo, na Carta de Apelo Missionário, peço que, se não for possível oferecer-se a si mesmo como missionário para um lugar necessitado, ao menos apoiem, com suas generosas doações, algum projeto para os pobres, por meio da Central de Solidariedade Vicentina. 5. Tivemos um informe do Ecônomo Geral, que se propõe reformular de novo nosso Comitê de Inversão, já aceito pelo Conselho Geral. Estudamos o informe financeiro do semestre e demos uma olhada geral no orçamento do próximo ano. Também chegamos a uma decisão, continuando uma proposta do Ecônomo Geral, de separar fundos a longo e a curto prazo para torná-los mais úteis em nossa distribuição de recursos. 6. Missões Internacionais Revisamos pedidos que chegaram de diferentes lugares do mundo. Foram incluídos na Carta de Apelo Missionário do mês de outubro. Dialogamos sobre os informes das diferentes missões internacionais da Congregação, começando por El Alto e Cochabamba, na Bolívia. 269 Para as missões internacionais de Papua Nova Guiné e Ilhas Salomão, revisamos um informe entregue pelo Pe. Varghese Thottamkara, com base em sua visita, por ocasião de sua participação na ordenação de nosso novo bispo, Rolly Santos, em Papua-Nova Guiné. O superior da missão das Ilhas Salomão está participando atualmente do programa de formação permanente do CIF, em Paris. Pe. Marsup Augustinus foi confirmado pelos bispos das Ilhas Salomão como novo Reitor do Seminário e Pe. Raúl Castro foi nomeado pelo Superior Geral e seu Conselho, depois de consultar a Conferência de Visitadores da Ásia e do Pacífico (APVC) e aos Missionários das Ilhas Salomão, Diretor de Formação de nossos candidatos. Discutimos vários informes que chegaram da missão de Papua-Nova Guiné e aprovamos renovar o contrato por outros três anos com Pe. Vladimir Malota, da Província da Polônia, que trabalha na missão de Woitape. Ele espera a chegada de um companheiro, Pe. Georges Maylaa, Província do Oriente. Espera também a chegada do Pe. Jude Lemeh, um missionário da Província da Nigéria. Pe. Manny LaPaz, das Filipinas, já chegou. A resposta à missão em Papua-Nova Guiné foi boa. A missão está se expandindo até incluir o território de Rolly Santos, que pediu Missionários. Sobre isso, informa a Carta de Apelo Missionário. Recebemos e debatemos os e-mails do Pe. José María Nieto, juntamente com Pe. José Ramírez, referentes a possíveis novas missões em Angola. Discutimos a informação recebida dos Missionários de nossa missão internacional de Túnis, Pe. Firmin Mola Mbalo e o Irmão Henri Escurel. A missão está sob a responsabilidade da Cúria Geral que, por sua vez, elaborou um contrato muito sólido com o bispo de Túnis. 7. Família Vicentina Pe. Eli Chaves, assistente responsável pela Família Vicentina, partilhou conosco os programas e as diferentes fases de preparação para o encontro do Comitê Executivo da Família Vicentina, a se realizar nos 270 dias 12 e 13 de janeiro de 2012, antes da sessão de formação permanente para todos os líderes da Família Vicentina, que se celebrará na Via Ezio, Roma, de 13 a 15 de janeiro. O Superior Geral partilhou com o Conselho Geral as atas e as propostas da recentemente formada Comissão de Liderança da Família Vicentina, que se reuniu há pouco em Roma. Os membros procedem dos diferentes ramos da Família Vicentina: Pe. Manny Ginete, Congregação da Missão; Mark McGreevy, DePaul Internacional; Irmã Denise LaRock, Filhas da Caridade; Denise Khoury, Juventude Marial Vicentina; Yasmine Cajuste, Presidente Internacional da Juventude Marial Vicentina; Natalie Monteza, Secretária Executiva da AIC; e Eduardo Marques Almeida, da Sociedade de São Vicente de Paulo. O Superior Geral participou do Encontro. A Comissão fez uma proposta com o fim de desenvolver um programa para formar líderes para a Família Vicentina. É possível encontrar mais informações sobre esta Comissão de Liderança da Família Vicentina na página web da Família Vicentina. Revisamos um informe do representante da Congregação da Missão para a Família Vicentina em Haiti. Nosso Coirmão do Congo, JeanPierre Mangulu, informa que a Família Vicentina se reuniu para celebrar a festa de São Vicente de Paulo e para falar sobre os frutos do Ano Jubilar. Animo a todos os membros da Congregação da Missão para que conheçam o bom trabalho que nós como Zafèn estamos fazendo para aliviar a situação de sofrimento em Haiti. 8. Discutimos um informe que recebemos da Comissão para a Mudança de Estruturas. O Superior Geral pediu à Congregação da Missão que seja capaz de pôr em andamento doações para a mudança de estruturas. Os Visitadores receberão cartas do Superior Geral pedindo que entreguem projetos à Cúria. 271 9. Tivemos videoconferência com o responsável pela página web, Pe. John Freund, que partilhou conosco algumas de suas ideias para atualizar “cmglobal” e torná-la mais útil à Congregação da Missão, como já se mencionou na carta que escrevi sobre comunicação. Quero animar a todos os Missionários a visitar cmglobal com mais frequência, porque são vocês a principal audiência. Haverá quatro páginas que trarão informações e notícias sobre acontecimentos recentes, assim como uma biblioteca. Também será disponibilizado o desenvolvimento de nosso Plano Estratégico ou as Linhas de Ação, tal como as discutimos em nossa Assembleia Geral, bem como modos ou formas para continuar a colaboração on-line. Mas, conscientes de que temos também uma audiência secundária, a Família Vicentina muito mais ampla, haverá uma seção mais extensa sobre a Congregação da Missão para que as pessoas possam entender com maior clareza nossa vocação e missão. 10. Revisamos o informe de nosso representante junto às Nações Unidas, Pe. Joseph Foley. Ele nos informou sobre os seguintes assuntos. Antes de tudo, a situação no Chifre da África (nordeste do Continente). Além da busca da paz no Oriente Médio, as Nações Unidas estão preocupadas com a fome no Chifre da África. Dez milhões de flagelados em toda a extensão do Chifre da África, acossados por anos de conflito, deparamse agora com a maior ameaça de todas. Pe. Foley informou também sobre a sessão 66 da Assembleia Geral das Nações Unidas, que se centrou em: Prevenção de conflitos através da mediação; Necessidade absoluta de reformar o Conselho de Segurança; Melhora da prevenção de desastres; Desenvolvimento sustentável. A crise econômica global continua sacudindo negócios, governos e famílias em todo o mundo. O desemprego cresce, as desigualdades sociais aumentam, muitas pessoas vivem com medo. Por isso, precisamos decidirnos em favor do desenvolvimento sustentável, salvando nosso planeta, tirando as pessoas da pobreza e impulsionando o crescimento econômico. 272 Pe. Foley informou ainda sobre a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, popularmente chamada Rio+20, que terá lugar em junho de 2012. Os debates oficiais se centram sobre dois temas principais: como construir uma economia verde para conseguir o desenvolvimento sustentável e como melhorar a coordenação internacional para o desenvolvimento sustentável. Pe. Foley aludiu também a seu papel na Mudança de Estruturas. Gostaria de citar suas palavras: “As Filhas da Caridade de Halifax aceitam o desafio evangélico de ser uma congregação profética: ‘somos impulsionados pela dor do mundo e pela energia de nosso carisma. Dedicamo-nos à oração e ao diálogo, à colaboração e à ação para promover mudanças estruturais e cooperar na transformação a que isso nos chama’”. Certamente, esse é o coração da mudança de estruturas, na qual esperamos avançar em toda a Família Vicentina. Pe. Foley mencionou que a Sociedade de São Vicente de Paulo tem credibilidade como ONG. Falou com o Presidente internacional, Michael Thio, sobre meios com os quais a Família Vicentina pode colaborar. 11. Estudamos um informe de Marcelo Manimtim, Diretor do Programa do CIF, que celebrou uma sessão sobre liderança neste verão. Disse que estão muito contentes de ter Dan Borlik como novo membro da equipe. Dan substituirá Pe. José Carlos Fonsatti que nos deu alguns anos de excelente serviço como Diretor Assistente. Muito obrigado a José Carlos. Atualmente, está acontecendo uma sessão de que participam 15 indivíduos, incluídos dois Irmãos CMM (Fratres da Misericórdia). Estarei presente no encerramento da sessão. 12. Revisamos diferentes assuntos das Conferências de Visitadores e/ou Províncias. Gostaria de mencionar que, durante alguns anos, Pe. Sy Peterka, da Província Este dos Estados Unidos, ajudou o Superior Geral e o Conselho em assuntos relacionados à formação para Conferência de Visitadores da África e Madagascar (COVIAM), em particular no que diz respeito a seu programa de formação para formadores, e visitou as diferentes províncias para evitar descuidos nos programas de formação. Pe. Sy já terminou seu compromisso e agradeço-lhe por tão generosos serviços. Ele deixa recomendações finais para COVIAM em assuntos que 273 são importantes para todos nós, em toda a Congregação da Missão, isto é, continuar o desenvolvimento da formação de formadores com um sentido maior de estabilidade, para que haja mais colaboração entre formadores e Provinciais, compreender a importância de aprender diferentes idiomas, pesquisar meios para levar a cabo a formação comum e especialmente encaminhar a formação de candidatos à vocação de Irmãos. 13. Discutimos nosso calendário até dezembro. Informarei aqui sobre o ofício do Superior Geral. De 7 a 9 de outubro, o Conselho Geral, juntamente com o Superior Geral, reúne-se fora de Roma para debater três temas: evangelização e mudança de estruturas, solidariedade econômica e uma proposta concreta de formar um ONLUS, particularmente para solicitar fundos na Europa. Formou-se uma Comissão para estudar o assunto, composta pelos Padres Giuseppe Turati, Giuseppe Carulli e Alfredo Becerra. Em relação ao debate sobre evangelização e mudança de estruturas, o Conselho Geral aceitou um convite da Comissão para a Mudança de Estruturas para ter um encontro em março de 2012, em Roma. Outras visitas do Superior Geral incluem uma conferência para a Família Vicentina em Londres, dias 16 e 17 de outubro; uma visita à Província do Chile, de meados de outubro ao começo de novembro; encerramento da sessão do CIF, em Paris, nos dias 3 e 4 de novembro; um encontro do Conselho Internacional da Associação da Medalha Milagrosa, em Madri, dias 12 e 13 de novembro; um encontro dos Presidentes de Universidade dos Estados Unidos, de 15 a 19 de novembro. Depois, voltarei a Roma para participar das atividades das Sociedades de Vida Apostólica e da União de Superiores Gerais, de 22 a 25 de novembro. Depois do próximo tempo forte, viajarei para visitar as missões das Filhas da Caridade em Gana e Burkina Fasso. Seu irmão em São Vicente, G. Gregory Gay, C. M., Superior Geral 274 CONGREGAZIONE DELLA MISSIONE CURIA GENERALIZIA Via dei Capasso, 30 00164 Roma – Itália Tel. (39) 06 661 3061 Fax (39) 06 666 3831 e-mail: [email protected] Roma, outubro de 2011 Aos Visitadores, Vice-Visitadores e seus Conselhos, aos Presidentes das Conferências Continentais e a todos os Coirmãos da Congregação da Missão Prezados Coirmãos, A graça e a paz de Cristo Jesus estejam sempre conosco! A Assembleia Geral de 2010 aprovou um postulado endereçado ao Superior Geral, solicitando-lhe um estudo sobre nosso trabalho vicentino nas paróquias e a possibilidade de elaboração de um Diretório sobre elas. Juntamente com o Conselho Geral, encaminhei a todas as Províncias um questionário para, a partir de nossa realidade, estudar a questão e a possibilidade de elaboração do Diretório solicitado sobre as Paróquias. Apenas 23 Províncias me enviaram suas respostas; a elas muito agradeço esta preciosa e generosa colaboração. Estudei, juntamente com o Conselho Geral, todo o material recebido e aqui apresento-lhes algumas reflexões importantes contidas nas respostas recebidas e também as decisões e propostas a que chegamos: 1. Os relatórios recebidos atestam que paróquias são uma realidade marcante em nosso atual trabalho vicentino na Congregação da Missão. É uma realidade complexa, numericamente significativa em quase todas as Províncias, envolve muitos Coirmãos e que apresenta uma compreensão muito variada de acordo com a realidade sociopastoral de cada continente, país e Província. Não há um consenso na compreensão do que seja “Paróquia convencional” e “Paróquia Missionária”, embora haja uma inquietação e interesse por adequar esta realidade pastoral com a 275 especificidade de nossa vocação missionária vicentina. Há mesmo quem propõe abandonar esta terminologia, por julgá-la teológica e pastoralmente imprecisa e imprópria. 2. As respostas enviadas, apesar de seu número reduzido e dentro da diversidade de experiências, apresentam uma grande variedade de elementos que revelam a complexidade da questão e a necessidade de aprofundar, discernir e avaliar o nosso trabalho vicentino em paróquias: a) Nos relatórios, em geral, se constata uma consciência comum de nossa índole missionária, de nossa missão junto aos Pobres, de nosso compromisso com a formação de clérigos e leigos, da necessidade de um trabalho desenvolvido dentro do espírito vicentino e da promoção dos ministérios vicentinos e práticas pastorais mais de acordo com o nosso carisma. No entanto, esta consciência comum é compreendida e concretizada de forma bastante variada, com uma tal diversidade que pode gerar o risco de justificar e legitimar todas as paróquias, diluindo e esvaziando assim nossa identidade vicentina. b) Alguns relatórios, dentro da consciência ampla da natureza da Igreja toda missionária, apresentam experiências, características e exigências específicas para dar uma identidade vicentina própria ao nosso trabalho em paróquias. São elementos relevantes que podem trazernos critérios, luzes e indicações para a nossa reflexão e para o nosso trabalho: - A paróquia missionária vicentina deve estar situada entre os Pobres, preferencialmente entre os mais Pobres, e/ou estar fundamentalmente orientada para o serviço dos Pobres, atendendo às novas situações de pobreza e às necessidades da formação de clérigos e leigos em vista da evangelização dos Pobres. Os Pobres, em suas necessidades de uma evangelização integral, são o lugar geográfico, social e pastoral da paróquia missionária vicentina. - A Paróquia missionária vicentina, em fidelidade ao espírito de São Vicente, deve ser uma “Casa de Missão”: Não consiste simplesmente em manter e desenvolver a fé dos fiéis cristãos dentro de estruturas e 276 situações eclesiásticas já estabelecidas e organizadas; antes de tudo, deve estar situada e comprometida com as situações onde os apelos dos Pobres e da Igreja são mais urgentes e carentes de clero e de agentes pastorais; deve estar em contínuo estado de missão e ir ao encontro dos Pobres mais distantes e abandonados... - A paróquia missionária deve se caracterizar por uma ação pastoral de acordo com o espírito vicentino, que esteja presente e inspire todas as atividades; que não se limite a uma ação pastoral paroquial convencional; se esforce em promover uma renovação contínua em atenção aos sinais dos tempos e aos apelos mais urgentes dos Pobres e da Igreja; seu trabalho deve ser assumido, planejado e realizado em comunidade, em sintonia com as orientações da Igreja local, sem descuidar-se do especificamente vicentino. A vida e o trabalho devem realizar-se em conformidade com as 5 virtudes missionárias vicentinas. O compromisso deve estar limitado por um espaço de tempo... - Na paróquia missionária deve se realizar um intenso e prioritário desenvolvimento dos ministérios vicentinos e de propostas pastorais mais conformes ao espírito, por exemplo: evangelização integral, unindo o serviço da Palavra com o serviço da Caridade; promoção, formação e participação dos leigos na ação pastoral, dentro de uma Igreja participativa e ministerial; desenvolvimento da dimensão sóciocaritativa em favor dos Pobres; desenvolvimento de uma pastoral profética e atenção às novas formas de pobreza, às minorias excluídas e aos mais afastados (missões inter gentes); na ação social, aplicação da metodologia da mudança de estruturas e da doutrina social da Igreja; apoio às Missões e realização de Missões populares; apoio aos grupos da Família Vicentina, colaboração e ação conjunta com eles; apoio e colaboração com os sacerdotes diocesanos; desenvolvimento do espírito comunitário, tornando a paróquia uma rede de comunidades; promoção, colaboração e apoio às pastorais sociais e movimentos populares... c) A existência e a manutenção de muitas paróquias nas províncias aparecem ligadas a diversos fatores históricos e conjunturais da realidade social, eclesial e provincial e aos múltiplos desafios 277 apresentados pela evangelização hoje. A compreensão contextualizada de nossas paróquias aponta para outras questões ligadas a este tema e que precisam ser estudadas e aprofundadas, por exemplo, o envelhecimento dos Coirmãos e seu engajamento missionário, a manutenção financeira das províncias, a presença vicentina dentro do atual cenário eclesial de cada país ou continente, a formação para novas formas de ação missionária hoje, etc. d) Em algumas Províncias há esforços em realizar mecanismos e iniciativas provinciais e locais para animar, cultivar e desenvolver a identidade vicentina no trabalho missionário em paróquias, por exemplo: Encontros de Coirmãos que atuam em Paróquias; criação de Comissão Provincial das Paróquias; revisão de obras, com entrega de paróquias e abertura de obras de maior significado vicentino; elaboração de Plano Pastoral Provincial para as paróquias; elaboração de contratos com as Dioceses, estabelecendo o compromisso limitado por um espaço de tempo; capacitação específica de Coirmãos para o ministério paroquial; elaboração e revisão de planos pastorais locais, etc. Estas iniciativas são úteis e necessárias para dinamizar, de modo vicentino, toda pastoral paroquial. 3. Os diversos elementos apresentados nos relatórios recebidos apresentam muitas interrogações, experiências e caminhos que precisam ser refletidos profundamente e ser bem amadurecidos. Dada a complexidade do tema e ao pequeno número de respostas ao questionário, entendo ser mais oportuno e prudente não elaborar no momento um Diretório para as Paróquias. Proponho a realização de um amplo processo de reflexão sobre nossas paróquias em todos os níveis da Congregação. Concretamente, proponho: a) Que todas as Conferências Continentais procurem promover o estudo deste tema, apresentando elementos de compreensão e de avaliação deste ministério, à luz de nosso carisma missionário vicentino. b) Que todos os Visitadores com seus Conselhos promovam, em suas respectivas Províncias, um sério estudo sobre o trabalho vicentino em paróquias, em vista de uma sincera avaliação das paróquias assumidas pela província e de uma corajosa revisão de obras. 278 c) Será organizado um número especial de Vincentiana, com estudos sobre as paróquias, para animar e iluminar a reflexão sobre este tema. d) Este tema será estudado e aprofundado no Encontro dos Visitadores, em 2013, esperando ali colher os resultados da reflexão feita, com a esperança de elaborar propostas de ação apropriadas, eficazes e assumidas por todos. 4. Entendo que esta questão é de fundamental importância para o nosso crescimento na fidelidade criativa para a Missão. Trata-se de uma questão, muitas vezes levantada em diversos momentos e ocasiões, mas que necessita um maior discernimento e estudo. Neste momento, quando toda a Congregação se empenha em assimilar e colocar em prática as conclusões da Assembléia Geral/2010, penso ser oportuno estudar este ministério, com toda a coragem, seriedade e responsabilidade que requer. a) Animo a todos os Coirmãos para que, em atitude de conversão e de fidelidade vicentina, se esforcem no aprofundamento e discernimento deste importante desafio. Peço especialmente aos Visitadores, Vice-Visitadores e seus Conselhos que façam todo o esforço necessário para promover esta reflexão em suas Províncias e encaminhar, com serenidade e coragem, as decisões julgadas necessárias para que nossa ação seja realmente missionária. b) Peço que me enviem, antes de 31 de agosto de 2012, todos os resultados das reflexões e decisões tomadas sobre este tema, para que, juntamente com o Conselho Geral, possamos também estudar e aprofundar este tema. Com meu abraço fraterno, despeço-me, pedindo a Deus, por intercessão de São Vicente de Paulo, as luzes e forças de seu Espírito, para que possamos avançar sempre com fidelidade, alegria, união e compromisso no amor missionário aos Pobres. Seu irmão em São Vicente, Pe. G. Gregory Gay, C. M., Superior Geral 279 Palavra do Visitador Mística Missionária Para que a lembrança das missões se estenda para além do mês de outubro, em poucas palavras, oferecemos, a seguir, uma grande mensagem: Lendo Mc 1, 9s, vemos que, após os trinta anos de vida oculta, Jesus inaugura novo modo de ser missionário. A partir de seu batismo, no Rio Jordão, ocorrem com ele algumas mudanças muito significativas, tais como: - de sedentário, em Nazaré, converte-se em missionário itinerante; - de trabalhador braçal, transforma-se em profeta e pregador; - de cidadão comum, apresenta-se como mestre e formador de discípulos; - de judeu observante da Lei, passa a ser o centro da Nova Aliança; - o filho de carpinteiro, revela-se Filho de Deus. Toma o caminho apostólico da humildade, da pobreza, da misericórdia, do serviço fraterno. Chama discípulos e os capacita para a missão de anunciar por palavras e obras a Boa Nova do Reino. Havia chegado um tempo novo e um jeito novo de ser missionário. Vendo Mc 3, 13-19, notamos que a experiência do discípulo pode ser considerada em três momentos progressivos: 1º) Admiração: interesse pela figura de Jesus e pelo seu ensinamento. O convite é: “Vem e vê”. 2º) Amizade: experimenta-se Cristo com o coração. Ele se torna experiência de vida e não só mestre da verdade. O convite é: “Vem e segue-me”. 280 3º) Compromisso: nessa etapa, prevalece a motivação de fé. Os desafios do caminho entram como pressupostos inevitáveis do discipulado. A ordem é: “Vai e anuncia”. O seguimento nesta terceira etapa pressupõe consciência mais clara quanto às exigências da missão. Jesus diz sem rodeios: “Felizes os que são perseguidos por causa da justiça...” (Mt 5, 10); “Eis que envio vocês como ovelhas no meio de lobos...” (Mt 10, 16); “... Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga” (Mt 16, 24). O início do discipulado pode não ser tão difícil. Nas etapas da admiração e da amizade, não se exige tanto do discípulo. Contudo, a fécompromisso atrai cruzes. Sem a virtude da fortaleza e sem mística, ninguém persevera. “Neste mundo, vocês terão aflições, mas tenham coragem: eu venci o mundo!” (Jo 16, 33). Mística vem de ‘mistério’. Algo escondido, porém verdadeiro. É um conjunto de motivações fortes que dão sentido às opções de vida e ao compromisso do discípulo fiel. É como água na terra boa. Mesmo não sendo vista, faz germinar e crescer as plantas. Nas missões, a realização de tarefas apostólicas tem muita importância. Mas nem por isso é garantia da autenticidade missionária. Toda missão deve estar sustentada por uma mística, cuja fonte é aquele que nos envia: “Portanto, vão e façam com que todos os povos se tornem meus discípulos... Eis que estarei com vocês todos os dias, até o fim do mundo” (Mt 28, 19-20). Pe. Geraldo Ferreira Barbosa, C. M. 281 Vida Eclesial Papel dos ex-seminaristas na Igreja Pe. João Batista Libânio, SJ As experiências passadas desempenham papel extremamente ambivalente na vida das pessoas. Umas servem de alento, de força vital, de incentivo para caminhar, crescer, abrir-se ao mundo. Outras paralisam, bloqueiam, inferiorizam as pessoas. É difícil entender por onde passa o divisor de águas. Tal constatação vale para os ex-seminaristas. Entre eles existem desde ateus e revoltados contra a Igreja, carregando escuras manchas do tempo de seminário, até pessoas que se comovem às lágrimas quando pensam nos idos da vida clerical. Esse numeroso contingente de homens, hoje espalhado pelo país e fora dele, por profissões e atividades bem diversas, merece atenção pastoral especial. Além das habilidades que adquiriram depois da saída do seminário, muitos conservam excelente formação religiosa e teológica que prestaria valiosa contribuição para a comunidade eclesial. Não temos a mínima ideia da riqueza humana e religiosa que os exseminaristas significam. Um primeiro passo para tomar pé nesse enorme oceano humano consiste em levantar-lhes os nomes e dados mínimos sobre a dupla experiência do tempo de seminário e depois dela. Acrescentar-se-ia a esse primeiro levantamento uma coluna de sugestões e de disponibilidade pastoral que oferecem. Que tal se alguma cúria ou secretariado de pastoral criasse um site de ex-seminaristas e então se conversasse com a finalidade de agrupá-los, pô-los em relação entre si e com alguém que os coordenasse? Quanta proposta maravilhosa surgiria! Certas pessoas dispõem de potencial incalculável, que, entretanto, não rende frutos por falta de ocasião ou de algum empurrãozinho inicial. Talvez nem lhes tenha ocorrido que, com a formação recebida no seminário 282 diocesano ou religioso, contribuiriam altamente para o enriquecimento da vida da Igreja. A catequese, a pastoral da juventude, o ministério da escuta, a ajuda em campos específicos – psicológicos, jurídicos, técnicos e outros – encontrariam inúmeras pessoas disponíveis que, além dos talentos profissionais, trazem experiências espirituais de valor. Os seminários e a vida religiosa já viram passar por seus muros multidões inumeráveis de jovens que guardam recordações positivas e gratidão pelo que receberam. Falta acordar sua memória e impulsionar-lhes o desejo de pôr em prática sonhos um dia acalentados. Mesmo em relação aos que sofreram traumas ou saíram marcados negativamente, há espaço para a reconciliação. Os antigos já nos semearam a memória com ditos segundo os quais o tempo é ótimo juiz das coisas, cura as feridas, lapida as pedras, abranda o ódio, muda a si e a nós com ele. Apostando no futuro, fazse possível a dupla pastoral com os ex-seminaristas: de valorização de seu cabedal de riqueza espiritual, intelectual e humana e de “purificação da memória”. 283 Espiritualidade De 5 a 9 de setembro de 2011, na Fazendo do Engenho (Caraça), realizou-se o retiro anual da Província Brasileira da Congregação da Missão, orientado pelo Pe. Eli Chaves dos Santos, Assistente Geral, que nos ofereceu significativa oportunidade de refletir e rezar sobre as Conclusões da Assembleia Geral de 2010, tendo como lema inspirador: “Aumenta o espaço da tua tenda...” (Is 54, 2-5). Pela profundidade e densidade das colocações e pela atualidade e pertinência dos temas abordados, o Informativo São Vicente publicará, em suas próximas edições, os textos das meditações do retiro. Com isso, queremos também externar nosso reconhecimento e gratidão ao Pe. Eli por ternos enriquecido e desafiado, à luz da Palavra de Deus e da experiência de São Vicente, a avançar na linha de uma fidelidade criativa e audaciosa à Caridade e à Missão. Laus Deo! É hora de alargar o espaço da própria tenda Pe. Eli Chaves dos Santos, C. M., Assistente Geral (Roma) Estamos para começar o retiro. Sinto-me honrado e feliz por estar aqui com vocês. Sinto a grande responsabilidade desta tarefa de orientar o retiro (sinto mesmo um friozinho na barriga!). Com a ajuda de todos e com as luzes de Deus, possamos ter um bom retiro! Escolhi para iluminar e orientar toda a nossa reflexão e oração este texto de Isaías, lido na primeira leitura (Is 54, 1-5). Entre tantos textos possíveis, escolhi este para servir de pano de fundo, de gancho para nossa reflexão e oração. Naturalmente, toda escolha tem seus motivos e sua marca de subjetividade. Confesso que este texto tem feito parte de minha caminhada recente, no meu trabalho e na minha vida em Moçambique e em Roma. Confesso que este texto tem-me ajudado e pensei 284 que talvez possa ajudar-nos agora neste retiro. Este texto é retirado do chamado Segundo Isaías (que compreende os Cap. 40 a 55, escrito por ocasião das primeiras vitórias do Rei Ciro, entendido como libertador, que levanta a esperança de uma libertação de Israel, de surgimento de um novo êxodo e da restauração de Sião). O profeta descreve a Jerusalém restaurada: a libertação faz surgir a esperança de uma nova era. Deus compassivo tira Jerusalém da humilhação, da vergonha, da viuvez, das dificuldades da vida presente e restaura-lhe a confiança, a juventude, a fecundidade da esposa amada. Anima-a a sair do medo, da humilhação, pois Javé a tornará uma cidade esplendorosa. Alarga do espaço da sua tenda, fixa bem as estacas da fé no Deus da Aliança, estica as cordas dos mandamentos, pois Javé a tornará uma cidade fecunda. A imagem da cidade perfeita, esplendorosa, é a utopia que incentiva e orienta o povo de Deus na busca de realização do projeto de Deus, de construção de uma sociedade perfeita. Jerusalém, esplendorosa, livre, de tendas alargadas, se tornará luz das nações. Este mesmo texto de Isaías podemos, através de uma transposição analógica, aplicá-lo a nossa vida: Deus nos chama a sair da rotina, das mediocridades, assumir os desafios, fortalecer a fé, solidificar as convicções e servir, ampliar nossos horizontes, amar e produzir frutos de vida nova. Este mesmo texto de Isaías podemos, através de uma transposição analógica, aplicá-los a nós Missionários Vicentinos, à Província e à Congregação da Missão. Neste período de reflexão e recepção das conclusões da Assembleia Geral, somos chamados a revitalizar o carisma e viver a paixão por Jesus Cristo, indo aos Pobres com audácia, compaixão e criatividade. Este mesmo apelo se renova agora quando somos convidados fortalecer a nossa vocação vicentina e crescer na fidelidade criativa. Eu os convido a fazer este retiro dentro deste apelo: Alargue o espaço de sua tenda! Alargue o espaço de sua vivência da vocação vicentina com fidelidade criativa! Na experiência do povo de Israel, a tenda é o lugar de sua morada, de sua vida peregrina na busca da terra prometida, a tenda é também o lugar que abriga as Tábuas da Lei, é a morada de Deus que peregrina com seu povo. Uma significativa imagem para caracterizar nossa vida no peregrinar ao longo da história, para caracterizar a Congregação da Missão como nossa tenda, nosso lugar de morada e trabalho no conjunto de tendas que existem dentro do Povo de Deus, a Igreja. Alargar a tenda é alargar nossa vida, alargar nosso peregrinar, alargar o espaço de nossa vida 285 para Deus morar em nós. Aumentar a tenda é desinstalar-se, ampliar o horizonte de vida em conformidade com o horizonte de Deus, o horizonte do Reino. Alargar a tenda é viver com fidelidade criativa nossa vocação vicentina. Neste sentido, a Assembleia de 2010 é para nós um grande convite para alargar nossa tenda vicentina. E hoje, mais do que nunca, é preciso alargar nossa tenda, pois vivemos num mundo de encolhimento, de encurtamento da tenda da morada de Deus em nós. Cito rapidamente alguns exemplos deste encurtamento: - No plano pessoal, uma das características mais marcantes do mundo atual é o individualismo. Diante das mudanças e dos novos problemas que exigem atitudes e formas novas de vida, existe a forte tendência de as pessoas se fecharem em si mesmas, em caírem no “ensimesmamento”, na busca exclusiva dos interesses próprios. Cada vez mais se estreita o espaço da própria tenda e se entra num processo de alienação. A alienação, em suas muitas expressões, torna a pessoa fechada, distante de si e ausente de Deus: alienação física = fechar-se nos limites da própria tenda, perder a mobilidade; alienação intelectual = refugiar-se nas teorias, contentar-se com aquilo que já aprendemos ou com uma visão ingênua da realidade, não buscar novos horizontes e capacitações; alienação psicológica = fixar-se nos interesses e problemas pessoais, construindo uma redoma de proteção; alienação social = ignorar o mundo ao nosso redor, indiferente aos seus problemas e mudanças; alienação religiosa = deixar-se levar por certo tipo de fé e piedade descomprometidas e espiritualistas. - No plano sócio-econômico, a realidade ampla e complexa da globalização, com suas múltiplas faces e inúmeras consequências positivas e negativas, intensifica a injustiça social, cria exclusão, compromete a preservação do meio ambiente, provoca o surgimento de novas pobrezas, assiste ao surgimento de novos conflitos de terrorismo internacional, se desenvolve, por um lado, dentro de um fechamento ao sentido religioso e, por outro lado, com o surgimento de fundamentalismos agressivos e sectários. O grande desenvolvimento técnico-científico e as grandes descobertas se mostram insuficientes para gerar um ambiente de vida mais humana e solidária. - No âmbito da Vida Consagrada, fala-se, há muitos anos, de uma crise profunda. A globalização cria possibilidades novas de crescimento e desenvolvimento do ser humano. Mas também torna o mundo fragmentado; 286 fragmenta-se a vida, fragmenta-se uma proposta de vida. O momento atual é desestruturalizante; os carismas e espiritualidades são abalados pela onda avassaladora da cultura globalizada de massa, que prega fortemente o individualismo, o consumismo, o subjetivismo e a busca da autossatisfação aqui e agora. Hoje, a onda neoliberal esvazia a opção pelos Pobres e alimenta uma enorme ilusão de uma sociedade do bem-estar, do prazer, da felicidade. Tais fatores afetam profundamente as congregações: diminuem as vocações, envelhecem os quadros (em alguns lugares, já se fala em morte: na Holanda, os religiosos se propõem refletir sobre a ars moriendi), e criam novos desafios para a missão e o testemunho cristão dos consagrados. - No interior da Congregação da Missão, registra-se também algum encolhimento, uma redução. Segundo estatísticas apresentadas durante a Assembleia Geral, a CM teve, no período de 2004-2009, uma redução de 136 membros. A diminuição se deve menos aos falecimentos, que às saídas de Coirmãos da Congregação (148); este problema é hoje uma das grandes preocupações; em Províncias sobretudo da Europa, quase não há vocações e é grande o envelhecimento do pessoal. São 209 os Coirmãos ausentes da Congregação (seria a 2ª maior Província da Congregação). Grande parte do pessoal em paróquias, enquanto, nos ministérios especificamente vicentinos, os números não aumentam e parecem-nos insatisfatórios os esforços feitos para atender aos novos apelos dos Pobres. Em meio a este cenário desafiante de encolhimento, alargar a tenda é um convite para desinstalar-se, abrir-se e viver o “princípio-realidade”, conhecer e analisar crítica e evangelicamente a realidade, ver o que deve ser mudado e ser rejeitado e o que é apelo de Deus a assumir para dinamizar a vida. Só assim, não se torna insignificativo, caduco e desatualizado o projeto de vida cristã, de vida consagrada. São Vicente de Paulo é para nós um modelo significativo de quem superou as alienações, os fechamentos pessoais e alargou a tenda de sua vida, para viver em Deus e caminhar segundo seus desígnios. Neste testemunho, a Congregação afirma claramente, na sua última Assembleia, que não quer se fechar, mas quer buscar ler a realidade e discernir os desafios e caminhos para nós hoje. Seja este retiro um tempo forte de conversão e renovação! Tempo para refletir e rezar a realidade de nossa vida, alargando-a, dinamizando-a dentro dos apelos da fidelidade criativa para nossa vocação. 287 A tenda se alarga na caminhada pelo deserto. “O deserto ocupa um lugar especial no Antigo e no Novo Testamento. É um lugar onde se pode andar errante e um lugar de purificação, lugar de prova e tentação, de aridez e morte. É também como uma escola móvel onde o povo de Deus aprende a viver na solidão, a meditar, a compreender o que é essencial na vida, a depender de Deus” (Pe. R. Maloney). Numa imagem de muita ternura, Oséias vê o deserto como o lugar do namoro, onde se realiza a relação contínua, às vezes tumultuosa, de Deus com seu povo predileto: “Eis que vou, eu mesmo, seduzi-la, conduzi-la ao deserto e falar-lhe ao coração” (2, 16). Deserto é lugar de purificação, de privação, de caminhada difícil, mas é lugar de busca e de encontro do projeto de Deus. O deserto é também um lugar de demônios. Ali, Jesus encontra, em formas simbólicas, as tentações do prazer, do poder e da fama. Lugar de discernimento e de opção por Deus. A tenda se alarga e se solidifica na fé e confiança no Deus da Aliança, que chama o povo a caminhar, a discernir caminhos, aprofundar as próprias convicções, a revitalizar o primeiro amor, a produzir frutos. Seja este retiro um tempo kairológico, um tempo forte de oração, de purificação, de silêncio, de oração e encontro com Deus em nosso caminhar de fidelidade criativa na vocação vicentina! Alargue a sua tenda – alargue, aprofunde a vocação vicentina, em espírito de fidelidade criativa, tal como nos pede a Assembleia Geral. Que a Santíssima Virgem e São Vicente peçam a Deus as luzes e forças para que todos possamos ter um abençoado e fecundo retiro! 288 Herança Vicentina A relação entre oração e perseverança na vocação vicentina Tiago de França da Silva Seminário Interno Interprovincial “Demo-nos todos a esta prática da oração, pois é por ela que nos vêm todos os bens. Se perseveramos na vocação, é graças à oração; se vamos bem em nossos trabalhos, é graças à oração; se não caímos no pecado, é graças à oração; se perseveramos na caridade, se nos salvamos, tudo isso é graças a Deus e à oração. Como Deus não recusa nada a quem reza, assim também não concede quase nada sem oração” (SV XI, 407). A oração é um dos temas mais importantes da espiritualidade cristã. Não há cristão sem oração. A experiência espiritual de São Vicente de Paulo afirma a mesma coisa: não se pode servir os Pobres sem oração. Não há seguimento de Jesus evangelizador dos Pobres sem oração. É sobre estas afirmações que queremos discorrer no presente texto. Não se trata de apresentar respostas aos desafios atuais, mas de apresentar algumas provocações a respeito desta prática tão importante na missão. Por que rezar? Somos, em Cristo, filhos de Deus. Esta condição de filhos exige diálogo e comunhão com o Pai. Os filhos conversam com seus pais, são amigos, partilham a vida. A oração é este diálogo com Deus, uma conversa franca e construtiva. Nessa conversa, estreita-se a relação filial, aumenta-se a confiança, vence-se o medo. Pela oração, Deus deixa de ser considerado e/ou visto como um Ser distante e incompreensível tornando-se próximo e, portanto, acessível. 289 Essa conversa franca e construtiva é uma experiência que permite o encontro consigo mesmo. Na oração, encontra-se Deus quando a pessoa se permite encontrar a si mesma. Assim, a oração verdadeira é aquela que brota da sinceridade do coração: a pessoa mergulha no mais profundo de si e lá encontra a verdade de si mesma. No encontro com a própria verdade, começa o processo de libertação pessoal. No mais profundo de si, a pessoa descobre que está se encontrando com aquele que é a plena verdade e liberdade do ser humano. As pessoas que rezam nesta perspectiva nunca deixam de rezar, pois tal prática confere vida e liberdade. Comumente, quem se recusa a rezar desta forma pode até gostar de rezar, mas sua oração não gera frutos, é infértil. Oração como prática infértil não leva à conversão de vida. São características de uma prática de oração infértil: o excesso de palavras e pensamentos, desconcentração, emotividade desregrada, pressa, o tornar Deus fonte de satisfação de desejos, etc. Essas coisas tornam a oração uma experiência frustrante e alienante. A oração é uma experiência de liberdade que visa à libertação do crente orante. Eis o motivo fundamental que faz compreender a necessidade da oração. Não há bem maior do que encontrar-se com Deus na oração. Trata-se de um encontro revelador que transforma plenamente a vida da pessoa. Neste sentido, rezar é antes de tudo uma decisão: decidir-se pela vida e pela liberdade, decidir-se pelo encontro com aquele que vem ao encontro, que chama, que está aberto, que quer a vida plena. A oração na vida de Jesus de Nazaré Os evangelistas são unânimes em acentuar a oração na vida de Jesus de Nazaré. Todos falam que Jesus costumava procurar um lugar deserto para rezar. Através da oração, Jesus conversava com o Pai. A missão do Filho exigia uma profunda comunhão com o Pai na oração. Esta, para o Nazareno, era um momento privilegiado de intimidade amorosa com aquele que o enviou. Esta intimidade lhe conferia a certeza de que jamais seria abandonado em sua difícil peregrinação. Na Carta aos Hebreus, encontramos um versículo muito significativo que fala da experiência orante do Mestre de Nazaré: “Durante a sua vida na terra, Cristo fez orações e súplicas a Deus, em alta voz e com lágrimas, ao 290 Deus que o podia salvar da morte. E Deus o escutou, porque ele foi submisso” (Hb 5, 7). Jesus de Nazaré é o modelo por excelência de oração. Nesta, ele ensina a escuta de Deus, escuta que se traduz na obediência à vontade do Pai; obediência consciente e ativa em função da inauguração do Reino do Pai. O conteúdo da oração de Jesus de Nazaré era a vontade do Pai. Nada estava devidamente pré-estabelecido na vida dele. Assim, na oração, o Pai o orientava na missão. O Filho aprendeu a fazer a vontade de seu Pai através da oração. Esta é, portanto, um dos lugares de encontro com Deus e da revelação de sua vontade. Todas as palavras pronunciadas por Jesus de Nazaré em sua oração vocal ao Pai estavam em função do cumprimento da vontade divina e esta vontade consistia na inauguração do Reino. Os evangelistas também mostram que Jesus de Nazaré não era chegado ao Templo. Neste, é encontrado com chicote nas mãos, expulsando os exploradores do povo de Deus. Segundo ele, o Templo tinha deixado de ser casa de oração, lugar de adoração ao Pai. Ele recomenda à samaritana que se adore o Pai em espírito e verdade. Este é o novo culto, santo e agradável a Deus. É preciso recordar sempre que, na oração de Jesus o essencial é o cumprimento da vontade do Pai. Ele ensinou que não se pode rezar com outra intenção que não seja esta: é preciso obedecer antes a Deus do que aos homens. Portanto, deve-se rezar para que o próprio Deus revele ao coração humano a sua vontade. Jesus de Nazaré aprendeu, submeteu-se e foi fiel até as últimas consequências. A oração na vida de São Vicente de Paulo Nas famosas conferências proferidas por São Vicente, nas Regras Comuns, nas cartas e recomendações, percebe-se que o santo fundador era, a exemplo de Cristo, um homem de oração. De forma profética e audaciosa, afirmou São Vicente: “Dai-me um homem de oração e ele será capaz de tudo” (SV XI, 83). A Congregação não cansa de repetir esta sentença vicentina, mas, infelizmente, são poucos aqueles que param para pensar no seu verdadeiro significado. Um homem sem oração não é capaz de ser missionário! Esta é a afirmação no seu sentido oposto. Por que será que ainda há pessoas que se 291 assustam com missionários que não são capazes de quase nada...? Segundo São Vicente, é impossível que um homem de oração permaneça estático na vida. Ele aprendeu que Jesus de Nazaré subia ao monte para rezar, mas lá não permanecia. A permanência de Jesus de Nazaré era no meio dos Pobres. Isto não quer dizer que ele passava somente algumas horas com o Pai nos momentos de oração, mas o Pai estava nele e ele no Pai. São Vicente exortou seus missionários a serem fiéis seguidores de Jesus evangelizador dos Pobres. Isso implica rezar como Jesus rezou. Trata-se de rezar como evangelizadores dos Pobres. Assim, os Pobres faziam parte da oração cotidiana de São Vicente, eram seu conteúdo, conteúdo inspirador e provocador. Na oração, São Vicente aprendeu a amar os Pobres através das cinco virtudes que assimilou na leitura e meditação evangélicas. Ele irradiava o amor de Deus nas palavras e nos gestos. Estar perto dele era viver uma experiência de Deus. A comunhão com Deus através da oração e da caridade para com os Pobres levou São Vicente à santidade. Ele foi se santificando naturalmente, sem pressa, na contemplação da realidade e na escuta da Palavra que o questionava profundamente. Interior e exteriormente, São Vicente foi descobrindo a vontade divina e resolveu aceitá-la para o bem dos Pobres. Há uma diferença entre descobrir e aceitar a vontade de Deus. É um processo ascético que implica conversão, reorientação da própria vida. São Vicente se esforçou em fazer a mesma experiência de Jesus de Nazaré, uma vez que o Filho de Deus sempre esteve no centro de sua espiritualidade. Por isso, sempre orientou seus Missionários a buscarem, na vida e na prática orante, fazer a vontade de Deus. Para ele, a vontade divina estava na evangelização dos Pobres. E, como evangelizar os Pobres não é tarefa fácil, os Missionários precisam ser homens de oração para nesta encontrar força, motivação, horizonte de sentido, disposição e criatividade para servir os Pobres. A oração, o apostolado e a perseverança na vocação “Não tenho tempo para rezar, a minha oração é a Missa que celebro”, disse-me, certa vez, um missionário lazarista. Se o encontrasse, o que lhe diria São Vicente? Certamente, diria que o mesmo não iria muito longe na vocação. A maioria dos que desistem da vocação missionária vicentina é 292 formada por gente que não assimilou a importância da oração. Essa é um dos meios mais eficazes na superação das dificuldades inerentes à vocação. A escuta dos Pobres é um dom de Deus que se alcança por meio da oração. Geralmente, quem não escuta a Deus na oração não é capaz de escutar os Pobres na ação. Para o serviço dos Pobres, o dom de escutá-los com atenção é de fundamental importância. Há missionários que tentam se justificar diante da Comunidade dizendo que graças ao intenso apostolado não têm tempo para rezar. Quem assim procede, torna-se, num curto período de tempo, um missionário superficial, sem muita profundidade naquilo que diz e faz; tudo se torna seco e, consequentemente, insuportável. Nas Comunidades onde não há oração comunitária, a convivência entre os Coirmãos não é edificante, pois, onde as pessoas não rezam, os problemas e os conflitos tornam-se insolúveis. E quem não tem tempo para a oração comunitária, geralmente, não tem para a oração pessoal: são duas formas interligadas de oração, uma encaminha para a outra. Segundo as Constituições da Congregação, deve haver uma íntima união entre oração e apostolado, através da qual o missionário torna-se contemplativo na ação e apóstolo na contemplação (CC 42). Neste sentido, o apostolado deve ser precedido da oração, porque não há trabalho missionário fecundo sem Coirmãos dados à prática da oração pessoal e comunitária. Para que esta última não se torne mecânica e, consequentemente, monótona e cansativa, a Comunidade é chamada a participar espontaneamente. O momento de partilha é espaço privilegiado de participação na oração. Espero que estas reflexões tenham ajudado o leitor a compreender a importância da oração na vida do missionário lazarista. Sem oração, não há convivência fraterna, mas pessoas que, sobrevivendo numa casa, tentam se suportar mutuamente. É daí que surgem as desmotivações e a consequente desistência de muitos. Por outro lado, somente quem está unido a Deus através da prática permanente da oração é capaz de seguir Jesus evangelizador dos Pobres na liberdade e na gratuidade da missão. 293 Formação Permanente Encontro de Missionários da Congregação da Missão na América Latina e Caribe Pe. Agnaldo Aparecido de Paula, C. M. A Conferência Latino-Americana de Províncias Vicentinas da Congregação da Missão (CLAPVI) realizou, conforme programação para o Plano Trienal 2009-2011, o Encontro para Coirmãos missiólogos e para os demais Coirmãos envolvidos diretamente em trabalhos missionários. Este encontro, o sexto promovido pela CLAPVI tendo como temática “A MISSÃO”, aconteceu nos dias de 19 a 23 de setembro, na cidade de Fortaleza, Brasil. O tema, diga-se de passagem, muito ambicioso para ser tratado em apenas cinco dias, foi “A essência missionária da Congregação da Missão frente às experiências, desafios e perspectivas da missão na América Latina e no Caribe” e o lema “O Senhor enviou-me para evangelizar os Pobres” (Lc 4, 16). Estiveram presentes ao encontro 23 coirmãos das seguintes Províncias: Argentina (1), Colômbia (4), Fortaleza (7), Rio de Janeiro (2), Curitiba (2), Peru (2), América Central (3), Panamá (1) e Venezuela (1). Pela importância da temática para uma Congregação que carrega na própria identificação o nome “DA MISSÃO”, acredito que poderíamos ter contado com um número maior de participantes. Fiéis a São Vicente de Paulo e ao espírito da Congregação da Missão os objetivos propostos para o encontro foram: 1) Partilhar nossas experiências missionárias, procurando abrir novos caminhos e buscando novos métodos para responder às exigências da missão e do mundo atual; 2) Fortalecer nossa vocação missionária através do encontro, do estudo e da reflexão para maior comprometimento, uma vez que o ministério das Missões é para nós o primeiro e o principal dentre os trabalhos; 3) Aprofundar-nos na essência missionária da Igreja e da Congregação da Missão, mediante uma autêntica 294 formação permanente que nos permita ter as missões em grande estima, de tal maneira que “estejamos preparados para ir a elas quando nos chamar a isso a obediência”; 4) Dar novo impulso à nossa preparação e formação missionária, através dos documentos da Igreja e da Congregação da Missão, para oferecer um melhor serviço missionário e entregarmo-nos a Deus agradavelmente exercendo bem e com convicção o trabalho que realizamos; 5) Renovar nosso espírito missionário, atendendo ao Evangelho e aos sinais dos tempos para que o fim da Congregação da Missão permaneça em estado de renovação contínua. Pessoalmente, avalio que apenas pequena parte dos objetivos foi atingida, existindo um longo caminho a ser percorrido. Entre as propostas conclusivas, apenas três, podemos encontrar caminhos para que os mesmos objetivos propostos para este encontro continuem sendo meta a ser percorrida e luz a iluminar nossos ideais, nossas Missões e nossas vidas, passando-se da mera aspiração para a realidade concreta. Pe. Daniel Arturo Vásquez Ordoñes, presidente da CLAPVI, lembrou que “o tema das Missões está presente no coração da CLAPVI”. De fato, o tema já foi tratado de maneira específica em cinco encontros: 1) Chile (1984); 2) Colômbia (1987): “Projeto de manual para as Missões Populares Vicentinas”; 3) Panamá (1990): “A nova evangelização e as Missões Populares Vicentinas”; 4) México (1994): “A Missão Popular Vicentina na América Latina” e 5) Honduras (2003): “Ratio Missionum”. Apresento a seguir algumas anotações das reflexões apresentadas pelos assessores e pelos encontristas. O material produzido pelos assessores Pe. Paulo Suess, Pe. Andrés Román María Motto, C. M. (Província da Argentina) e o Pe. Alexandre Fonseca de Paula, C. M. (Província de Fortaleza) 295 será publicado para a informação e formação de todos no próximo número da Revista CLAPVI. As primeiras sessões de trabalho foram dedicadas aos Coirmãos participantes que apresentaram um pouco de suas experiências e/ou do trabalho realizado por suas Províncias, especialmente na área das missões. Pe. Paulo Suess em sua assessoria abordou de maneira bastante livre e com a competência que lhe é própria o tema: “A missão da Igreja na América Latina e no Caribe (cenário)”. Iniciou sua reflexão apresentando alguns dos muitos e complexos desafios apresentados à Missão nos dias atuais, destacando: a migração que afeta a vivência dos valores; a “concorrência religiosa”; a abertura para o trabalho de descolonização; a ausência de sujeitos sociais que, no momento atual, aspirem e sejam capazes de assumir a transformação mais profunda das estruturas; o mundo plural, onde o mercado é o que se apresenta como a mais sagrada das realidades e os desafios para se pensar a possibilidade de outra realidade, outra estrutura, cujo horizonte para o missionário é o Reino de Deus. Diante desta realidade que se impõe, o assessor apresentou como ponto de partida para a missão o Projeto de Vida, centrado no testemunho/anúncio do “Núcleo do Kerigma”, por ele entendido como sendo: 1) A Filiação Divina, que estabelece o alicerce sobre o qual se entende e se constrói a Igualdade e a Dignidade fundamental de todos os seres humanos, chamados a viver a Fraternidade num profundo e sincero reconhecimento do outro (alteridade) e na distribuição dos bens; 2) A Ressurreição, apresentada como fundamento da prática da Justiça associada à prática da Verdade. Paulo Suess afirmou que são três as posturas diante da realidade: 1) Inculturação como ingênua assimilação, adaptação (“ser como o mundo”); 2) Proteger-se do mundo através da construção dos muros, da proteção da identidade e do legalismo; 3) Ir ao Mundo sem ser do mundo. Esta é a tarefa mais difícil, pois exige proximidade e, ao mesmo tempo, distância. É preciso recordar que não possuímos o Evangelho (a Boa Notícia) em “estado puro”, mas codificado em elementos de determinada cultura, por sua vez condicionada pelos elementos históricos do tempo e do espaço. Todas as culturas estão repletas de elementos que constituem positivamente a vida do povo, mas também estão atravessadas por estruturas de pecado. Inseridos no mundo atual, onde as informações e as imagens são superadas numa velocidade surpreendente, torna-se necessário relativizar as imagens bíblicas e históricas de Deus (códigos disponíveis) e devemos enfocar mais a imagem do 296 mistério divino. É importante lembrar que Jesus de Nazaré, quando fala do Reino de Deus, o faz em parábolas. Quando falamos de Deus, nós o fazemos por analogia e não como se fosse uma equação. É preciso priorizar novas relações. Como anunciar com a vida, a vida toda e em todo lugar o querigma, se não o conseguimos viver no reduzido espaço de nossa casa? É preciso deixar de agir como funcionários que tratam os outros como clientes. Finalizando a assessoria, Paulo Suess apresentou dez imperativos do Concílio Vaticano II que muito contribuíram com a Igreja e continuam atuais para a Missão: 1) Natureza missionária de todas as instâncias e atividades eclesiais; 2) Centralidade da Palavra de Deus; 3) Centralidade do Reino de Deus; 4) Compreensão da Igreja como Povo de Deus; 5) Opção pelos Pobres e pelos outros; 6) Inculturação e libertação; 7) Compreensão da Salvação como realidade Universal, no sentido de que quem não recebeu o Evangelho também pertence ao Povo de Deus e da Salvação, sem a necessidade do conhecimento do Evangelho (LG 16); 8) Sinais de Justiça / Imagens de Esperança, convite a evitar o ativismo e a estabelecer prioridades no trabalho missionário; 9) Liberdade Religiosa; 10) Ecumenismo e Diálogo Religioso. Pe. Andrés Motto, Província da Argentina, abordou o tema: “A missão da Congregação da Missão na América Latina e no Caribe”, desenvolvendo sua reflexão em três momentos: 1) O pensamento missionário de São Vicente; 2) A Missão Vicentina na América Latina; 3) A contribuição de Aparecida no que se refere à Vocação Missionária. Partindo das experiências de Vicente de Paulo nas Paróquias de Clichy e Châtillon-les-Dombes e como capelão da Família dos Gondi, o assessor assinalou como essas mesmas experiências ajudaram a formar o estilo missionário do fundador da Congregação da Missão. “Com base em suas experiências pastorais, São Vicente constata que o povo pobre ignora as verdades fundamentais do dogma e da ética católica e se encontra carente dos bens materiais e de dignidade. Descobre, com todo o peso da palavra, que os Pobres estão abandonados”. Entre outros elementos, Pe. Andrés destacou três fundamentos da Missão em Vicente de Paulo: 1) Bíblico: a evangelização dos Pobres é sinal de que o Reino de Deus chegou à terra, sendo tarefa congregacional o seguimento de Jesus Cristo missionário e a continuação da sua missão. 2) Eclesial: toda a Igreja deve estar com os Pobres, em especial os sacerdotes e particularmente os Padres e Irmãos da CM. 3) Pedagógica: não se pode evangelizar sem que antes o Missionário 297 entregue ao Pobre o seu coração; para tanto, nas missões se deverão exercer as cinco virtudes missionária e uma singular caridade; a correta aprendizagem da língua, procurando evitar os equívocos e a capacidade de deixar-se evangelizar pelos pobres. Vicente de Paulo, devedor da teologia do seu tempo, investe na formação para o conhecimento das verdades fundamentais da fé e no “fazer bem a confissão”. Entretanto, não se limita a isso, orientando-se para o compromisso claro com os mais pobres e no atendimento integral dos mesmos, em suas palavras: espiritual e corporalmente. A missão entre os Pobres assume duas grandes frentes: as Missões Populares e as Missões ad gentes. Em relação às paróquias, sempre houve grandes restrições e reservas. Pe. Andrés Motto disse que é preciso reconhecer que a Missão Vicentina na América Latina surge pelo impulso missionário do Pe. João Batista Etienne, superior geral da Congregação da Missão de 1843 a 1874. Além de reorganizar as missões no Brasil e Estados Unidos, servindo-se de Missionários, em sua grande maioria de origem francesa e espanhola, abre missões em vários países: México (1844), Chile (1853), Peru (1858), Argentina (1859), Guatemala (1862), Cuba (1853), Equador e Colômbia (1870), Porto Rico (1873). Sobressai nos Missionários Vicentinos uma sólida formação clássica e um estilo de vida comunitário baseado na uniformidade, levada ao extremo por Etienne. Pe. Andrés destacou dois importantes elementos para o incremento da formação e o fortalecimento do espírito missionário: em nível de toda a Congregação, o empenho dos últimos superiores gerais, em especial os padres Robert Maloney e Gregorio Gay, e, na América Latina, a criação da Conferência Latino Americana de Províncias Vicentinas (CLAPVI). Segundo o Pe. Andrés Motto “quando um Vicentino lê o Documento de Aparecida, sempre o lerá unido ao tema da opção pelos Pobres. Tarefa não tão difícil já que o mesmo Documento tem muito presente estes dois aspectos: vocação missionária e opção pelos Pobres”. A eclesiologia de Aparecida é missionária, um convite a ir às periferias e aos afastados, a acompanhar e fazer-se solidária com a vida e as lutas do povo pobre, oprimido e excluído, um apelo à transformação das atuais estruturas sedentárias e estáticas em instrumentos itinerantes, leves e dinâmicos. “A missão põe à prova a sinceridade da opção pelos Pobres. A missão é uma forma eminente de expressar a proximidade maternal da Igreja para com seus filhos afastados e abandonados”. Aparecida propõe: o testemunho de gente apaixonada por Cristo crucificado e ressuscitado; aproximar-se dos batizados para que redescubram a Igreja como sua casa; o diálogo e a cooperação ecumênica, a conversão pastoral; a trabalhar por comunidades 298 mais adultas e fraternas; voltar à pastoral kerigmática, que anuncia e prolonga o encontro com Cristo vivo; ir ao encontro dos novos migrantes, promovendo a cidadania universal na sociedade e a hospitalidade afetiva e efetiva de uma igreja sem fronteiras; renovar, recriar as missões populares em colaboração com as congregações, os leigos e os jovens em sintonia e comunhão com a pastoral de conjunto da Igreja Local. Muitos são os desafios, maiores são os motivos de esperança: 1) A Congregação vem reforçando sua vocação missionária em torno das missões populares e ad gentes; 2) As associações jovens vicentinas têm assumido com grande entusiasmo a tarefa missionária; 3) As Províncias vicentinas na América Latina assumem estilos mais evangélicos de missão; 4) Ainda que com diversos tempos e intensidades, vem crescendo uma evangelização inculturada. Finalizando sua reflexão Pe. Andrés Motto disse que a vida missionária cristã se sustenta a partir de Cristo pobre, evangelizador dos Pobres. Afirmou, também, que a vida vicentina continua sendo uma vida para os Pobres e apresentou os seguintes acentos que uma missão vicentina deve apresentar: 1) Menos sacramentalista, mais evangelizadora e construtora de comunidades cristãs renovadas; 2) Missões profundamente cristológicas, onde os Pobres se encontrem cada vez mais com Jesus Cristo; 3) Missões com forte base bíblica, que leve o povo ao encontro direto com a Palavra de Deus; 4) Espaço para a proclamação dos valores do Reino de Deus, tais como a paz, a democracia, os direitos humanos, a ecologia, etc. Espaço para a reconquista do humano; 5) Missões criativas, com particular atenção ao aspecto da linguagem (simples e profundo); 6) Missionário(a)s que sejam verdadeiras pessoas de oração. A terceira parte do Encontro foi dedicada ao tema “Missão e carisma vicentino em nossa formação, em nossa vida e obra: nosso agir vicentino na América Latina e Caribe”. Pe. Alexandre Fonseca iniciou sua exposição apresentando o relato de três experiências (quedas) que foram sinais fortes em sua vida e que muito o auxiliaram no processo de conversão à verdadeira prática e vida missionáriovicentina. Em seguida, tomando por base a perícope de Êxodo 3, 7-10, apresentou o que chamou de “passos eternos da missão”: 1) Olhar: “Eu vi, eu vi a miséria do meu povo que está no Egito”. Para ver, é necessário aproximação em todos os aspectos e não apenas geográfico. Para o missionário vicentino, ir ao encontro do Pobre e do outro é aproximar-se de Cristo. 2) Ouvir: “Eu ouvi o seu clamor por causa de seus opressores”. 299 Tarefa que exige calar, mas não apenas a boca, também os conceitos e preconceitos. Exige a experiência de kenose, esvaziamento (cf. Fl 2, 6-8) Ouvir o Outro, o Pobre, o Espírito e os Sinais dos Tempos e do Reino é deixar-me moldar, mudar, converter, acolher, modificar-me. Nunca uma atitude passiva. Ouvir é serviço que se presta ao outro, na ressignificação e reinterpretação da sua situação, contribuindo assim para que possa recobrar sua dignidade, suas forças e sua esperança. 3) Conhecer: “Eu conheço as suas angústias”. Para conhecer, é preciso experimentar. Deus conhece porque participa dos sofrimentos, das angústias, das humilhações, das alegrias e das esperanças do seu povo. Conhecer é “nascer com”. No caso do missionário vicentino, conhecer é nascer com o Pobre e o outro, deixar-se co-formar pelo sofrimento do Pobre e do outro. Aproximar-se do Pobre e do outro é uma atitude exigente e dura. Sofrimento que se assemelha ao de Jesus de Nazaré que faz do sofrimento na cruz o caminho da glória. Pe. Alexandre Fonseca apresentou três dentre os muitos e urgentes desafios que na América Latina se apresentam às Províncias da Congregação da Missão: os povos indígenas, a urbanização acelerada e o pluralismo religioso. Frisou que “somos uma só Congregação da Missão (...). As Províncias não dividem a Congregação da Missão. Por que tanta dificuldade em agirmos, em desafios continentais, como uma única Congregação?” Apresentou três propostas que foram assumidas pelos presentes e que deverão ser encaminhadas à Assembleia da CLAPVI, em outubro deste ano, na Guatemala. Eis as propostas: 1) Organizar uma Escola de Formação para Missionários Vicentinos, em nível continental nos moldes das Escolas já existentes de Espiritualidade Vicentina e Formação de Formadores; 2) Continuar estimulando a criação de Equipes Missionárias Interprovinciais na América Latina e Caribe; 3) Iniciar um sério processo de reflexão sobre a Reconfiguração da Congregação da Missão em toda a América Latina e Caribe, começando pela reconfiguração de nossas Províncias, tendo-se sempre em mente, como objetivo central, maior fidelidade à vocação, ao carisma e missão vicentina. 300 CLAPVI Crônicas da XIV Assembleia Ordinária da CLAPVI Guatemala, 16 a 20 de outubro 1º DIA: 16 de outubro, domingo A Assembleia se iniciou com a Lectio Divina do evangelho de Mateus 22, 15-21, dirigida pelo Pe. Daniel Vásquez, presidente da CLAPVI. Na sessão plenária, moderada pelo Pe. Silviano Calderón, Visitador da Província do México, após as saudações de costume por parte da Conferência e da Província anfitriã, a palavra foi dada ao Pe. Eli Chaves dos Santos, Assistente Geral. Além de ler a saudação enviada pelo Superior Geral, Pe. Eli comentou a importância da CLAPVI para toda a Congregação e ainda apresentou algumas preocupações do Conselho Geral, que devem ser preocupações de toda a Comunidade, como o desenvolvimento do espírito missionário, as paróquias, os Coirmãos em dificuldade, a formação inicial e permanente, a reconfiguração em vista da fidelidade criativa à missão, a colaboração interprovincial, a internacionalidade da Congregação e a colaboração com a Família Vicentina. Em seguida, procedeu-se às apresentações dos Visitadores, versando sobre a realidade de cada Província, Coirmãos e Obras, especialmente sobre a vida missionária da Congregação em seus mais distintos ministérios. 2º DIA: 17 de outubro, segunda-feira 301 Após a celebração eucarística, presidida pelo Pe. Geraldo Ferreira Barbosa, Visitador da Província do Rio de Janeiro, continuaram as apresentações dos Visitadores. Depois, houve um passeio até a Antiga Guatemala, que é patrimônio cultural da UNESCO. Entre as muitas riquezas culturais desse lugar, os Coirmãos visitaram o templo de São Francisco, a Igreja das Mercês e a Catedral, que foi atingida por um terremoto em 1778. 3º DIA: 18 de outubro, terça-feira Após a Missa, presidida pelo Pe. Manuel Botet Caridad, da Província de Barcelona, missionário em Honduras, os trabalhos se iniciaram com a conferência de Dom Mario Fiandri, bispo do Vicariato Apostólico de Petén. A temática abordada foi a missão e a formação no Documento de Aparecida. Segundo o Documento, a formação tem dois eixos centrais: a espiritualidade e o encontro com Jesus Cristo. Neste sentido, o bispo foi categórico ao afirmar que formação é viver no Espírito e respirar no Espírito. Disse também que a experiência formativa em nossas comunidades deve estar baseada nas dimensões comunitária e missionária, como questão prioritária e fundamental no processo de formação, pois não existe verdadeira formação se não prepara e leva à missão. Nesta conferência, também se falou sobre o discipulado, concebido como ministério central de Jesus. Ser discípulo significa estar com ele e viver com ele, fazer dele a vocação existencial da vida e começar um processo de “cristificação”, a partir do qual a pessoa vai morrendo para ir crescendo em Cristo. Sobre a formação missionária, afirmou que não há vida cristã nem presença de Igreja sem missão. Recordou o caráter missionário da Igreja, fazendo alusão à realidade de que todo cristão, se está vivo, é chamado a ser missionário. Finalmente, fez um chamado para que, como membros da 302 Congregação da Missão, sejamos pioneiros e contagiemos a outros neste compromisso missionário. Na parte da tarde, houve a apresentação dos relatórios da CLAPVI e dos compromissos assumidos pela Conferência na Assembleia Geral de 2010. 4º DIA: 19 de outubro, quarta-feira Já que, durante estes últimos anos, se vem insistindo sobre a “fidelidade criativa para a Missão” e sobre a necessidade de impulsionar um “ecossistema da vida comunitária”, os participantes do Encontro realizaram uma viagem até o território de Iximche, que é uma antiga cidade maia kaqchikel, localizada no município de Tecpán, no departamento de Chimaltenango. O altiplano kaqchikel é uma das planícies mais extensas e de maior densidade populacional das terras altas dos maias. É um território conhecido desde os primeiros colonizadores como zona de florestas. Na verdade, o nome kaqchikel Iximche vem de ixim que significa árvore de milho e designa uma árvore da família dos carvalhos. Ao final da turnê, passaram em Tecpán, sede do Conselho Municipal, onde se reuniram com as Filhas da Caridade. 5º DIA: 20 de outubro, quinta-feira Após a celebração eucarística, presidida pelo Pe. Rubén Pedro Borda, Visitador do Peru, o Pe. Túlio Cordero apresentou o informe da experiência do Seminário Interno da região CLAPVI – NORTE. Sua apresentação foi dividida em três partes: o impulso, os começos e o futuro. Em seguida, foi apresentada a experiência do Seminário Interno do CONE SUL, pelo Padre Rubén Pedro Borda. Desde o início, esta experiência foi assumida pelas Províncias do Peru, Argentina, Chile e, ultimamente, também por Equador. Também nos falou sobre a missão interprovincial empreendida pelo CONE SUL, realizada, de forma ininterrupta, já há quinze anos. Em seguida, o moderador Pe. Juan Carlos Gatti convidou a Assembleia para uma leitura atenta dos Estatutos de CLAPVI, antes de proceder às eleições. A Assembleia acolheu a proposta de que, para presidente, se deve votar somente naqueles que se encontram em exercício e podem ser reeleitos para os seus cargos e considerou-se prudente não votar naqueles que estão terminando seus mandatos e não podem ser reeleitos. Como sucedeu na Assembleia de 2008, ficou determinado que se promova a revisão dos Estatutos para a próxima Assembleia. 303 E assim foram eleitos: Presidente: Pe. Daniel Vásquez, Colômbia; VicePresidente: Pe. Fabiano Spisla, Curitiba (Brasil); Primeiro Vocal: Pe. Juan Carlos Gatti, Argentina; Segundo Vocal: Pe. Túlio E. Cordero, Porto Rico; Secretário: Pe. José Jair Vélez, Colômbia À tarde, após a apresentação do Pe. Oscar Mata, de Costa Rica, o Pe. Jair Vélez, secretário, introduziu o assunto referente à Escola de Espiritualidade Vicentina e o Curso de Formação de Formadores. Oferecido tempo para ressonância do que foi exposto, fez-se a leitura da carta enviada pelos participantes do Encontro de Missões realizado em Fortaleza (Brasil). Como gesto de fraternidade para conosco, tivemos a grata visita do Conselho Nacional da Família Vicentina da Guatemala. E, logo em seguida, para concluir o trabalho, formaram-se grupos por regiões para uma leitura atenta do Plano Trienal 2009-2011 e apresentação de propostas para o novo Plano Trienal 2012-2014, que orientará o trabalho a ser feito de agora em diante. À noite, houve confraternização com música, jantar e um pouco de folclore da América Central. 6º DIA: 21 de outubro, sexta-feira No último dia da Assembleia, além da avaliação e da celebração eucarística de encerramento, houve a retomada das propostas para o próximo triênio e a marcação das atividades e das respectivas Províncias anfitriãs. Voltando a suas Províncias, cabe agora aos Visitadores transmitir a todos os Coirmãos as decisões e encaminhamentos do encontro para que toda a Comunidade cresça na fidelidade criativa para a Missão, especialmente em nossas terras latino-americanas, tão precisadas do carisma vicentino. (Resumo das Crônicas do Pe. José Jair Velez, C. M.) 304 Vida da Província Retiro Provincial – 2011 “Alarga o espaço de tua tenda, estende a tua lona — nada de economia — estica a corda, finca a estaca!” (Is 54, 2) Aconteceu na Fazenda do Engenho, à sombra do Santuário do Caraça, entre o dia 5 e 9 de setembro, o retiro da Província Brasileira da Congregação da Missão, orientado pelo Padre Eli Chaves dos Santos, C. M., que atualmente está em Roma, Itália, trabalhando como Assistente Geral da Congregação. Iluminados pelo texto do Profeta Isaías (54, 1-5), o retiro possibilitou aos participantes uma fecunda experiência de Deus, que continua convocando seu povo e o atraindo para si. Eram pouco mais de 40 Coirmãos, vindos de quase todas as Comunidades da Província. Certamente, a experiência deste retiro levará a todas as Casas e Obras, e àqueles que por um motivo ou outro não puderam participar, as mais ricas graças e bênçãos de Deus. Abrindo o retiro com a Celebração Eucarística, no dia 5, o pregador já deu as primeiras coordenadas da oração, meditando sobre o texto proposto de Isaías. Insistiu para que fôssemos capazes de estender os espaços de nossa tenda, abrigando o próprio Deus em nós, dando espaço, no tumulto do mundo, para a presença e a graça divinas. Disse que, em tempos de encurtamento das tendas, expressão usada para ilustrar os reducionismos, as divergências e os paradoxos do mundo atual, é preciso mais do que nunca esticar os espaços de nossa tenda, dilatando nosso 305 coração em direção a Deus, aos irmãos e às grandes causas do Evangelho do Reino. Na manhã do segundo dia, 6, a meditação apontou para a importância de se estender a lona da espiritualidade vicentina sobre nossa própria vida, quer dizer, acolher com fecundidade o dom que Deus nos deu como missão que é o carisma de São Vicente de Paulo. Apoiado na leitura do evangelho de Lucas (6,19; 8,43-48), a cena da mulher com hemorragia há dozes anos, o pregador comentou que Jesus era um carismático, sobre o qual estava permanentemente a tenda do Espírito de Deus. Assim como São Vicente, outro carismático que fez opção para ficar sob a tenda do Espírito, também nós assim devemos agir, colocando-nos sob a ação do Espírito de Deus e deixando que, a partir de nós, também saia para o mundo uma força transformadora e curativa. Pela tarde, o tema foi “fixar a estaca da formação”, a partir do qual Padre Eli propôs a formação permanente como um caminho mais que fundamental para ser trilhado. Partindo do evangelho de Mateus (9, 35-38), que retrata a cena em que Jesus sente compaixão da multidão, o pregador apresentou esta compaixão missionária como necessidade para todos nós. Se queremos ser missionários vicentinos de verdade é preciso adquirir, pela graça de Deus, esta compaixão, que nos invada e incomode, levando-nos a um compromisso mais decisivo com os Pobres. Comentou também sobre a expressão do documento final da Assembleia Geral de 2010 que diz que somos “bens dos Pobres”. Dos Pobres são nossos bens, nossas propriedades, nossa missão e o horizonte de nosso carisma. Especialmente, nós somos dos Pobres. E exatamente por causa disso, a formação permanente é uma urgência. É um dever dos consagrados e um direito da Igreja, do povo e dos Pobres, que merecem missionários “santos e sábios”, verdadeiros discípulos e missionários audazes. Na manhã do terceiro dia, 7, a partir do evangelho de João (17, 1033), Padre Eli apresentou-nos a “estaca da comunidade”. Relembrando a todos a importância de construirmos comunidades sadias e felizes, baseadas no amor e na corresponsabilidade, o pregador 306 salientou a necessidade de transformarmos nossas comunidades em oásis de humanidade, para que todos possam crescer e se desenvolver humana e espiritualmente. É preciso reforçar a cada dia e a todo instante o amor que constrói o humano pela mediação da comunidade. Nessa mesma linha, tanto o encontro com Deus quanto a missão são mediados pela comunidade. E isso é fundamental para se garantir os valores evangélicos e para que ninguém se perca na defesa de conveniências subjetivas e interesses particulares. Na parte da tarde, a partir do evangelho de Marcos (6, 34-44), sobre a compaixão de Jesus pelas multidões e a partilha do pão para alimentar as multidões, Padre Eli nos convidou a “fixar a estaca da criatividade ministerial”, afirmando que o futuro da Congregação da Missão está ligado à abertura aos novos desafios dos Pobres. Para tanto, convidou-nos a sermos parceiros dos Pobres, em suas lutas e vitórias, desafios e dramas. Na manhã do dia 8, sob a proteção de Nossa Senhora, cuja Natividade celebramos, fomos convidados pelo pregador a “esticar as cordas da reconfiguração e da mudança de estruturas”. A partir do evangelho de Marcos (2, 18-22), que trata dos odres e dos vinhos, dos tecidos e dos remendos, Padre Eli afirmou a urgência da reconfiguração na vida da Congregação, mas não só no que se refere a Províncias, mas a obras, práticas, atitudes e convicções. A inflexibilidade diante das obras e das próprias atitudes é um desserviço à Missão. Ao contrário, a abertura aos novos desafios e às novas perspectivas garante a existência da Congregação e sua atualidade e importância no cenário mundial e eclesial. Na parte da tarde, a partir do evangelho de Mateus (8, 18-27), que mostra Jesus chamando alguns que não aceitaram de imediato seu chamado e, em seguida, atravessa o mar sobre as águas, Padre Eli nos conclamou a “esticar as cordas da colaboração congregacional e com a Família Vicentina”. Jesus chama a Congregação para, rompendo com as seguranças próprias e desejadas da vida, ser capaz de avançar para águas mais profundas, ultrapassando fronteiras e assumindo novos desafios. Apresentando as novas experiências interprovinciais e mundiais da Congregação e comentando sobre as Missões Internacionais, o pregador nos motivou a sermos capazes de romper com o sossego de nossa vida e obra para aprofundarmos nosso espírito missionário e nossa itinerância apostólica. No que tange à Família Vicentina, apontou quatro campos de atuação: a formação; a parceria; a partilha do carisma com os leigos, especialmente os jovens; e as ações conjuntas. No último dia do retiro, 9, sob a proteção do Bem-Aventurado Antônio Frederico Ozanam, cuja memória celebramos, Padre Eli nos convidou a 307 “estender-se na fecundidade de uma vida no Espírito de fidelidade criativa para a missão”. A partir do evangelho de Mateus (28, 6-11), que trata da ressurreição, o pregador comentou que a voltar à Galileia é retomar o caminho de Jesus, longe do vazio espiritual da velha e elitizada Jerusalém. A partir dos sonhos que a Assembleia Geral apontou para a Congregação, Padre Eli foi comentando a importância da recepção criativa do documento final da Assembleia. Finalmente, para encerrar nosso retiro, houve a Celebração Eucarística e a homenagem aos Coirmãos jubilandos de 2011. Presidida pelo Padre Geraldo Ferreira Barbosa, C. M., Visitador Provincial, a Missa cantou louvores a Deus pela vida, vocação e consagração de nossos irmãos. Para maior agradecimento pela vida dos Coirmãos jubilandos, durante a homilia, Padre Marcus Alexandre Mendes de Andrade, C. M., fez a saudação em nome de toda a Província. A todos estes Coirmãos, nossa gratidão e homenagem por tudo o que representam para nós e para a Igreja, especialmente os mais pobres. HOMILIA E SAUDAÇÃO LAUDATÓRIA AOS JUBILANDOS DE 2011 9 de Setembro de 2011 Padre Marcus Alexandre Mendes de Andrade, C. M. Estimado P. Eli, nosso Coirmão de Província e hoje Assistente Geral da Congregação, Estimado P. Geraldo, nosso querido Visitador Provincial, que me confiou esta missão de saudar nossos jubilandos, Estimados Coirmãos aqui presentes, Mui estimados Coirmãos Jubilandos, a quem especialmente me dirijo neste momento Celebramos no dia de hoje, com toda a Família Vicentina, a memória do Bem-Aventurado Antônio Frederico Ozanam. Sua vida, curta em comparação à de muitos Coirmãos hoje homenageados, como o P. José Guido Branta, meu companheiro nas distantes terras de Campina Verde, que completa este ano 70 anos de vocação, foi e é para todos nós um chamado à fidelidade evangélica no serviço aos Pobres, ou, para usar as expressões que nos ressoam de nossa última Assembleia Geral, a vida de Frederico Ozanam é para nós um chamado e uma provocação à nossa fidelidade criativa para a missão. 308 Frederico Ozanam nasceu em 1813 e faleceu em 1853. Foram apenas 40 anos. Menos do que qualquer um dos jubilandos deste ano. No entanto, sua vida foi plena de Deus; seu testemunho eloquente de serviço aos Pobres e de luta por um mundo novo deixaram marcas indeléveis na história da Igreja e da humanidade. Como ouvimos na primeira leitura de nossa Missa, tirada do livro do Eclesiástico, Ozanam em nenhum momento “recusou o dom de sua vida ao necessitado”, ao irmão que lhe estendia a mão. E, neste sentido, falando em dom que não se recusa, ao contrário, que é vida ofertada, precisamos prestar nossa homenagem aos jubilandos de idade: com 50 anos, P. Juarez e P. Neider; com 60 anos, P. Calixto, P. Onésio e P. Paulo Venuto; com 80 anos, P. Célio e P. Luiz de Oliveira Campos. Obrigado porque vocês também, como Frederico Ozanam, não nos recusaram o dom de suas vidas. Seus pais, em seu amor, geraram vida para o mundo. E vocês... vocês tomaram esta vida e a ofereceram. E como é bom para nós, seus Coirmãos, fazer parte da vida de vocês e tê-los como parte de nossas vidas! Nesta tentativa de não recusar a oferta de sua própria existência como dom, alguns de vocês foram ainda crianças para o Caraça. Outros entraram no seminário com um pouco mais de idade. Alguns entraram na Comunidade muito novos; outros, por suavez, entraram crescidos e já chegando à maturidade. No entanto, o como entraram não nos importa. Para nós o que vale, e é este o motivo de nosso louvor, é por que ficaram e como ficaram. E a resposta que nos vem ao coração não poderia ser outra a não ser: para fazer de suas vidas um dom de amor para o mundo. Vocês receberam esta dádiva preciosa de Deus e não a guardaram para si. Fizeram dela dom de amor. E ao longo da vida, foram renovando esta entrega, esta oferta de amor a Deus e aos irmãos, especialmente os mais pobres. Vocês passaram por muitos lugares. Foram missionários nos campos, no sertão e nas praias, nas cidades do interior e nas capitais. Alguns de vocês 309 prestaram à Comunidade e à Família Vicentina serviços importantes que serão sempre e historicamente reconhecidos: foram Visitadores, Conselheiros da Província, Diretores das Filhas da Caridade... Muitos foram formadores do clero diocesano, nos mais célebres seminários que o Brasil conheceu, ou formadores dos nossos. Inclusive, muitos de vocês olham hoje para nossa Província, tão jovial e renovada em idade, e devem recordar os momentos que passaram em nossas casas de formação, juntos com esta nova geração de lazaristas, formada pelo árduo labor de quase todos vocês. Neste tempo de formação, que podemos tranquilamente e com orgulho chamar “nosso”, foram muitos os momentos alegres que celebramos: noites culturais, confraternizações, passeios, formatura, votos, ordenações, vitórias na vida, na pastoral, no vestibular, na faculdade. Muitas também, e calorosas!, foram as discussões que travamos, as disputas por este ou por aquele motivo. De fato, neste tempo que chamamos “nosso”, não havia discussões desnecessárias. Os temas eram palpitantes e o interesse e a vivacidade brilhavam em nossos olhos ainda juvenis. Como não lembrar também as muitas risadas que demos em torno da mesa, como também as partilhas – às vezes longas e cansativas – na oração comunitária... Momentos felizes e às vezes tensos, mas momentos intensos, que não deixamos passar despercebidos. Para prestar-lhes nossa mais sincera homenagem, faço uso de uma expressão de Exupéry, o mestre do “Pequeno Príncipe”: “Minha vida é monótona. Mas, se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros...” Tenham certeza: nossa vida e a vida de nossa Província perderam sua monotonia quando topamos com vocês nos caminhos da Missão. Suas vidas, hoje celebradas solenemente, nos encheram de luz, nos encheram de sol. E isso porque não nos recusaram o dom de seu amor. Assim como na primeira leitura desta Missa, que nos recomendou: “Faze com que a comunidade te ame”, podemos assegurar-lhes: nós os amamos! E reconhecemos que, muito além das diferenças, conflitos e crises que existem entre nós, nós reconhecemos e valorizamos, publicamente, o dom de suas vidas. SÓ COM AMOR SE MOVE A VIDA/ Ô... Ô... COM MUITO AMOR/ NÃO DEIXEM A LUZ ESCONDIDA!/ Ô... Ô... DIZ O SENHOR. Vem! Vamo-nos vestir de Vicente/ Porque lá fora nossa gente/ Vive a incerteza do amanhã./ Vem! Vamo-nos fazer de menino/ Porque lá fora os pequeninos/ Querem um lugar ao sol./ Sonhar! Como é bom poder sonhar!/ 310 É divino ensinar como o Mestre ensinou./ Plantar, plantar! Como é bom poder plantar/ Mil sementes de emoção, explodindo no coração. Vestir-se de Vicente! A vida, nascida do amor e feita dom de amor para o mundo, foi plenificada de graça pela doação livre, alegre e generosa, feita a Deus para o serviço dos mais pobres. Isto é vestir-se de Vicente. Porque lá fora a nossa gente, o nosso povo sofrido e desamparado, quer um lugar ao sol, quer uma luz para se iluminar, quer um baluarte para manter firme sua vida, quer uma esperança para dar sentido e horizonte para sua existência. E como é bom poder contemplar e celebrar o jubileu de tantos Coirmãos que fizeram de sua vida, naturalmente um dom divino, um dom especialíssimo, pois doada livremente e consagrada a Deus e aos Pobres na sinceridade e na alegria da vocação vicentina! Neste ano de 2011, celebramos, além do jubileu de idade, o jubileu de 25 anos de vocação do P. Juarez e do P. Neider e o jubileu de 60 anos do P. Célio. Os outros jubilandos de vocação são: P. Paulo Faria, P. Gomes e P. Wilson Belloni, completando 60 anos, e o Ir. Thomaz, que completa 70 anos de consagração. Faz tempo que vocês se vestiram de Vicente. A maioria de vocês entrou para a Comunidade no grande Seminário de Petrópolis, espaço mais que célebre da formação da Congregação no Brasil. Lá, sob o silêncio quase monástico do Petit-Saint-Lazare e a batuta firme e humanística do saudoso P. José Luís Saraiva, que nós da nova geração conhecemos já idoso, mas sem nunca perder a serenidade que toda a vida o caracterizou, e com o mesmo pigarro do tempo em que era Diretor de vocês, vocês e seus contemporâneos puderam experienciar a riqueza da vocação e da missão vicentina. Entre exercícios espirituais, estudos e conferências, foram sendo moldados como lazaristas para o serviço da Igreja. Tanto vocês que passaram por Petrópolis como os outros dois Coirmãos que, há 25 anos, num outro tempo e ad experimentum fizeram seu Seminário Interno em outra modalidade, todos puderam fazer a experiência de vestir-se de Vicente. Ou melhor, para sermos mais fiéis à teologia da graça, puderam fazer a experiência do ser vestido de Vicente por força e graça do Senhor de toda vocação. Para situar este momento tão rico e fecundo da vida de vocês, pelo qual todos nós outros já passamos, nos mais variados tempos, lugares e modalidades, cabe aqui retomar um versículo da primeira leitura da Missa de hoje, da memória de Frederico Ozanam: “Inclina teu ouvido ao pobre e responde-lhe a saudação com afabilidade”. Foi para 311 isso que vocês se fizeram lazaristas. Foi para isso que há 25, 60 ou 70 anos vocês foram admitidos à nossa Comunidade, em vista da consagração total de suas vidas a Deus no serviço dos Pobres. O beato Ozanam, em uma de suas cartas, afirma que, diante do Pobre, nós devemos nos inclinar, reconhecendo a presença de Jesus sofredor nele. E este ato – diz ele – equivale à prostração feita diante do Santíssimo Sacramento, não só pela presença real e palpável de Deus nos Pobres, tanto quanto na Eucaristia, mas principalmente por sua dignidade e seu valor, destruídos pelas situações de dor, miséria e exclusão. Parece até uma homilia sobre o Evangelho de nossa Missa, que nos mostra aquele viajante samaritano, apesar de toda a ocupação de sua viagem, prostrado diante do homem ferido pelos bandidos. Assim como ensina o livro do Eclesiástico, que diz: “Não rejeites o pedinte oprimido, não desvies teu rosto do pobre. Do que pede, não desvies teu olhar”, também o samaritano faz sua a compaixão do próprio Deus e, abandonando todo tipo de distância geográfica e de consciência em relação ao Pobre, inclina-se para ouvir o seu clamor, o seu pedido por misericórdia. Hoje podemos recordar: quantas foram as pessoas para as quais vocês inclinaram seu ouvido e responderam com afabilidade! A lista seria imensa, devido à intensidade e a vitalidade com que assumiram sua vocação. Só temos que lhes agradecer. Em nome dos Pobres, nossos mestres e senhores, só podemos render a vocês nosso ato de gratidão e de reconhecimento. Saibam que não foi em vão a consagração que fizeram de suas vidas! Vestiram-se mesmo do samaritano Vicente e, abandonando as velhas montarias e os projetos pessoais, não titubearam diante do grito dos sofredores. SÓ COM AMOR SE MOVE A VIDA/ Ô... Ô... COM MUITO AMOR/ NÃO DEIXEM A LUZ ESCONDIDA!/ Ô... Ô... DIZ O SENHOR. 312 Vem! Vamos levar fé e calor,/ Muita esperança, paz e amor:/ Somos caminho e a fonte./ Vem! Vamos formar um batalhão/ E em toda nossa inspiração/ Adicionar este ideal:/ Somar, para poder dividir;/Não partir sem repartir,/ Deixando alguém feliz, feliz./ Ninguém tem tanto que nada falte;/ Nem tão pouco, que não tenha/ Um pouquinho pra doar. Por fim, cabe-nos prestar homenagem aos jubilandos de votos e ordenação. Celebrando jubileu de prata de ordenação presbiteral, temos o nosso Excelentíssimo Senhor Prefeito, sempre tão amigo de todos e, apesar da distância amazônica e das muitas ocupações ora assumidas, sempre tão presente no seio provincial, P. Edimir. Com 25 anos de votos, temos o P. Hélio e o P. Agnaldo, que também é jubilando de idade. Com 50 anos, celebrando o jubileu áureo de seus votos, temos o P. Sebastião Carvalho e com 70 anos o P. Guido. Quando vocês emitiram seus votos e foram ordenados, como diz a música que entoamos há pouco, vocês decidiram adicionar à sua vida um ideal: “Somar, para poder dividir; não partir sem repartir, deixando alguém feliz”. De fato, os santos votos e a ordenação presbiteral são uma manifestação da bondade de Deus para conosco, do Deus que nos convida a somar forças na obra do seu Reino. Nada merecido de nossa parte, o dom da vocação é para nós um presente que nos faz missionários. Um dom que se faz missão! Adentrando a Pequena Companhia de São Vicente, vocês decidiram somar com gerações e gerações que os antecederam. Receberam de graça um patrimônio imenso: espiritualidade, carisma, história congregacional, tradição, bens e Coirmãos. Mantendo-se 313 firmes e fiéis, renovaram sua decisão de somar com as gerações contemporâneas e futuras. Viveram e conviveram com uma infinidade de Coirmãos, dos mais velhos aos mais jovens; partilharam e ainda partilham a vida e a riqueza da vocação; sonharam e ainda sonham com uma Comunidade cada vez mais fiel ao Evangelho, lido, interpretado e vivido por São Vicente de Paulo. Há grandeza em cada gesto de vocês. Há grandeza na consagração perpétua e no acolhimento do dom de sua vocação presbiteral. O mesmo Exupéry, citado há pouco, em sua obra “Terra dos Homens”, afirma: “A grandeza de uma profissão é, talvez, antes de tudo, unir os homens. Só há um luxo verdadeiro: o das relações humanas. A experiência mostra que amar não é olhar um para o outro, mas olhar juntos na mesma direção”. Isso podemos perceber na vida de cada um de vocês, hoje aqui solenemente celebrada. A grandeza da existência e da vocação de cada um está exatamente no dom de se ofertarem livremente a Deus e aos irmãos. Obrigado porque não perderam tempo olhando um para o outro, se adulando ou se provocando; não perderam tempo, especialmente, olhando para si mesmos. Obrigado por olharem, juntos, na mesma direção: o Reino de Deus, que começa no meio dos Pobres e, a partir deles, alcançará todo o mundo. Olhando juntos na mesma direção, conosco, a querida Província Brasileira da Congregação da Missão, não tenham medo de prosseguir. Façam de suas vidas uma casa de acolhida para todos, especialmente para aqueles que estão jogados pelas estradas e abandonados pelo sistema excludente. Derramem sobre o mundo, tão carente e frágil, apesar de sua roupagem de força e de poder, derramem sobre as feridas do mundo o óleo da bondade, qual bálsamo santificador, e o vinho eucarístico da redenção, buscando a salvação de todos pela graça de Deus. E quando vocês voltarem a esta evangélica pensão do cuidado, onde deixaram, em liberdade, os Pobres e o mundo sofredor, saibam que não será o dono da hospedaria, mas os próprios Pobres, socorridos e libertos de sua dor pela sua solidariedade e compaixão, serão eles, juntos de Jesus, o Pobre e, ao mesmo tempo, o Samaritano da humanidade, serão eles que abrirão a vocês as portas, brindando com todos nós o dom de suas vidas! Felicidades! Ad multos annos! 314 SAVV Caminhada do SAVV na PBCM Pe. Alexandre Nahass Franco, C. M. Nos meses de setembro e outubro, a Equipe Ampliada do SAVV teve a oportunidade de se reunir duas vezes para vários encaminhamentos no trabalho vocacional da PBCM. Conseguimos concluir o Projeto do SAVV para 2011-2016, aprovado pela Direção Provincial na última reunião do Conselho, dia 3 de outubro de 2011. Em breve, nossas Comunidades receberão esse Projeto. Numa atitude de reflexão, partilha e colaboração, buscamos rever também a metodologia, organização e conteúdos dos nossos Encontros Vocacionais para os próximos anos. Desta forma, poderemos fortalecer a tão sonhada “cultura vocacional” em nossa Província e dividir as responsabilidades no serviço tão importante da Animação Vocacional. Aproveitamos para agradecer a todos os Coirmãos que vem colaborando com o Serviço de Animação Vocacional Vicentina da PBCM, lembrando um elemento muito importante que estabelecem as Normas Provinciais, no artigo 44 “Para suscitar candidatos à Missão Vicentina, em nossas Casas e nas Obras a nós confiadas, haja empenho em se realizar, cada ano, pelo menos um movimento vocacional específico, a ser previsto no Planejamento da Comunidade e comunicado ao Promotor Vocacional Provincial até o mês de abril”. Gostaríamos de apresentar as prioridades que estão em nosso Projeto Provincial 2011-2016, assumidas com as demais Províncias da Congregação da Missão e das Filhas da Caridade, no VI Encontro Interprovincial do Serviço de Animação Vocacional Vicentino, realizado em Belo Horizonte-MG, em maio de 2011. A partir das prioridades, linhas de ação e estratégias estabelecidas em nível nacional, definimos nossa meta de trabalho e nos propomos as seguintes atividades: 315 PRIORIDADE LINHAS DE AÇÃO JUVENTUDE Ser presença atuante junto à juventude, proporcionan do-lhe... ESTRATÉGIAS ATIVIDADES -Experiências de oração; -Encontros de formação; -Proximidade com os Pobres; -Subsídios e acompanhamento. -Reconfiguração e promoção de encontros vocacionais; -Visita aos vocacionados; -Visita dos vocacionados a nossas Casas e Obras; -Renovação do material de divulgação e criação de novos subsídios. FORMAÇÃO -Novas formas de encantar a juventude; Intensificar a -Aprofundamento e formação dos fidelidade criativa ao animadores carisma; vocacionais, -Aprimoramento do buscando... serviço missionário; -Revisão da metodologia pastoral. CORRESPONSABILIDADE -Atividades que criam cultura vocacional nas Vocacionaliza Províncias; r a -Inserção de conteúComunidade dos ligados ao SAVV Provincial, no programa de forpromovendo. mação; .. -Encontros de animação vocacional para todos os membros da Província; -Parceria com a Família Vicentina e outros grupos afins. 316 -Estudo dos documentos da Igreja sobre juventude e o SAVV; -Reconfiguração da Equipe Provincial, dos animadores regionais e das equipes do SAVV; -Atualização permanente do site da PBCM; -Aprofundamento dos critérios de admissão ao Seminário e formas de acompanhamento. -Dinamizar a prática da oração pelas vocações; -Redimensionamento das visitas aos vocacionados pelos membros do SAVV; -Encontro Provincial sobre o SAVV; -Estreitamento da cooperação com as Filhas da Caridade e presença nas atividades da Família Vicentina, particularmente dos ramos mais ligados à juventude. Filhas da Caridade Bendita aquela que vem em nome do Senhor Terminava o dia 9 de outubro de 2011 e estávamos no hall de entrada da Casa Provincial João XXIII, em Belo Horizonte. Entre ensaios, conversas e cochilos, aguardávamos o momento tão esperado da chegada da 55ª sucessora de Santa Luisa de Marillac, Irmã Evelyne Franc. Nos primeiros minutos do dia 10, vimos parar em frente à Casa Provincial o carro que conduzia a Superiora Geral das Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo. Dele, sai uma Irmã sorridente, leve como pluma solta ao vento, boa disposição e grande simplicidade para acolher a todos com fraternal abraço. Acompanhando-a veio a Ir. Marlene Terezinha Rosa, Conselheira Geral para a Língua Portuguesa, mulher forte, determinada e zelosa pelo bem estar da Superiora Geral e facilitadora do encontro desta com todas as Irmãs. Pessoa encantadora! Após as saudações e acolhidas mútuas, nós nos dirigimos à Capela. Lá, Ir. Maria Rozaria da Silva, com seu violão afinado, ajudou-nos a entoar, entre outros, o tradicional Magnificat e o “Ó Marie conçue sans péché...”. Ao amanhecer do dia 10, na capela da Casa Provincial, celebramos, toda a comunidade e funcionários, a Eucaristia de abertura da visita de Ir. Evelyne Franc à Província de Belo Horizonte. “Bela liturgia, magnífica!” Assim ela resumiu seu encantamento pela liturgia do Brasil. Ao longo dos quase oito dias da Visita, muitos foram os trabalhos realizados. Intensa programação! A todos, acolheu com disponibilidade e atenção. Com ela, visitamos algumas Obras da Província. Estivemos na Vila São José Bento Cottolengo, Trindade (GO). Este encontro foi marcado por fortes emoções. Ali, as Filhas da Caridade, em parceria com os Redentoristas, trabalham na promoção da vida e da dignidade da pessoa com deficiência física, mental e em situação de vulnerabilidade social. Fomos a Curvelo (MG), ao encontro das Servas dos Pobres e, no dizer da Ir. Evelyne Franc, “tesouros da Companhia”, as Irmãs Idosas e enfermas. Impressionante a alegria, o entusiasmo, a vivacidade que aquela visita provocou na Comunidade! O encontro foi marcado por grandes emoções. A cada uma, abraçou e disse uma palavra de ânimo, de encorajamento e 317 gratidão. Entre cantos e ofertas de presentes, estes confeccionados pelas próprias Irmãs, foi feita a saudação, discurso proferido pela Ir. Sebastiana Cirilo, com seus 98 anos de idade. Ela mesma produziu o texto. Esta mesma sensibilidade pelos “tesouros da Companhia” a levou igualmente à Casa Catarina Labouré e à Comunidade Irmã Dutra, em Belo Horizonte (BH). A mesma vivacidade, o mesmo amor e alegria das Irmãs Idosas e enfermas pela sucessora de Santa Luisa. Que belo “espírito de fé!” Finalmente, nossa última viagem foi a Mariana, a primeira Casa das Filhas da Caridade no Brasil. Ali, enfrentando enormes desafios, sobretudo da inculturação, chegaram as primeiras Irmãs missionárias, vindas da França, chegando a 4 de abril de 1849, a pedido do Bispo de Mariana, Dom Antônio Ferreira Viçoso, C. M. Tudo com muito requinte e beleza, merecidos pela Ir. Evelyne Franc e que bem caracterizam nossas cidades históricas. A visita teve seu início com a bênção do Santíssimo Sacramento dada pelo Exmo. Sr. Arcebispo de Mariana, Dom Geraldo Lírio Rocha. Uma agradável garoa nos acompanhou por quase todo o dia. Eram bênçãos caindo do céu para fecundar o histórico momento que ali vivíamos. Embora não tenha sido uma Visita Regular, Ir. Evelyne Franc pode se encontrar com todas as Irmãs da Província, pois os encontros foram realizados por regionais. No Educandário e Creche Menino Jesus, em Belo Horizonte, aconteceram os encontros com as Pré-Postulantes, Postulantes, Irmãs Jovens (do Seminário e até dez anos de vocação), com a Família Vicentina e as Irmãs Serventes. Sempre a mesma postura de acolhida e atenção. Impressionante! De sua atenta e acurada percepção, nada escapava. Quando fizemos a síntese final de sua visita, pudemos perceber claramente tudo isso, a partir de suas observações e das orientações que ela nos deixou como prova de seu imenso amor pela Companhia das Filhas da Caridade, a qual lhe cabe animar, encorajar e exortar à fidelidade criativa ao carisma. “Bendita aquela que vem em nome do Senhor”. Essa foi a saudação, repetidas vezes dirigida a Irmã Evelyne. De fato, veio e, em nome dele, trouxe tudo aquilo que se espera de quem se torna sua porta-voz. Por tudo, por todos e todas, pela semeadura do amor-caridade na humildade e simplicidade destas “terras” férteis da Província de Belo Horizonte, Te Deumlaudamus! Pe. Francisco Ermelindo Gomes, C. M., Diretor Provincial das Filhas da Caridade de Belo Horizonte 318 Família Vicentina Manhã de Oração da Família Vicentina – BH No dia 25 de setembro de 2011, na paróquia São José do Calafate, realizouse a Manhã de Oração da Família Vicentina, antecipando a celebração da Solenidade de São Vicente de Paulo. Todos os nove Ramos que compõem o Regional de Belo Horizonte estiveram significativamente representados, constituindo uma numerosa assembleia de, mais ou menos, 900 pessoas. Em atenção à proposta de nossos dirigentes internacionais, procuramos colher os frutos do Jubileu dos 350 anos da morte de São Vicente e Santa Luísa, centrando nossa atenção no tema do Encontro Nacional da Família Vicentina, realizado em Goiânia (GO), em junho de 2011: Família Vicentina, pelos pobres do mundo, no mundo dos pobres. Ao longo dos anos, a Manhã de Oração tem se apresentado como uma oportunidade ímpar de revitalização do sentido de pertença à Família Vicentina, aprofundamento de nossa espiritualidade, revitalização do nosso compromisso caritativo-missionário e estreitamento dos laços de fraternidade e cooperação que nos unem em torno do mesmo carisma. Em 2011, mais uma vez, procuramos tomar consciência de que somos uma grande família espiritual e apostólica, que encontra em Vicente de Paulo sua fonte de inspiração na vivência dos valores cristãos, particularmente na caridade para com os Pobres, uma caridade que nos leva a integrar evangelização e promoção humana em tudo o que fazemos. Reafirmamos o 319 nosso propósito de ouvir os Pobres e torná-los protagonistas na caridade, estimulando sua promoção humana e social, e na missão, evangelizando-os e deixando-nos evangelizar por eles. Assim, esperamos encontrar caminhos novos na tarefa de transformar as estruturas que mantêm os Pobres em situações de carência e abandono. A programação constou de oração de abertura, dinâmica de acolhimento e apresentação dos Ramos, encenação da vida de São Vicente e, como coroamento, a celebração da Santa Missa, presidida por Dom José Maria Pires, arcebispo emérito da Paraíba. Todos os momentos da Manhã de Oração foram preparados e dinamizados pelos próprios Ramos, cada vez mais comprometidos com o aprimoramento dos projetos desenvolvidos em parceria. Logo no início da Manhã de Oração, acolhemos a relíquia de São Vicente trazida ao altar pelos dois jovens que representaram a Sociedade de São Vicente de Paulo – Conselho Metropolitano de Belo Horizonte (CMBH) na Jornada Mundial da Juventude, em Madri (Espanha). Ao final da Eucaristia, foi avisado que, a partir daquele dia, teria início a peregrinação do relicário pelos Ramos do Regional e, a partir de janeiro de 2012, por entre cada um dos 15 Conselhos Centrais do CMBH. Fazemos votos de que a peregrinação da relíquia de São Vicente seja útil à revitalização de nossas bases, por meio do aprofundamento de nossa herança espiritual e do fortalecimento da adesão convicta e laboriosa de todos os membros da Família Vicentina às mais diversas iniciativas de solidariedade e serviço aos Pobres, a fim de que, juntos, cheguemos a “amar o que São Vicente amou e praticar o que ele ensinou” (Oração da Missa de São Vicente de Paulo). 320 Conjuntura Rede de apoio e solidariedade abraça Comunidade Dandara “A gente tem muita fé e coragem. A gente não está só. Quanto mais eles nos ignoram, mais aparece gente para nos apoiar”. Maria do Rosário de Oliveira Carneiro Advogada popular Desde que a Comunidade Dandara, no bairro Céu Azul, em Belo Horizonte (MG), recebeu a notícia de que seria expedido o mandado de despejo no processo de reintegração de posse que tramita na 20ª vara Cível da Comarca de Belo Horizonte, tem sido impressionante o grande número de manifestações de apoio e solidariedade à Comunidade, no sentido de discordância com a decisão judicial e com a forma como o poder público do Estado de Minas tem tratado as 1.000 famílias que, há 2 anos e 6 meses, vivem na Dandara. Pela internet, estão sendo realizadas diversas campanhas de apoio a Dandara, inclusive internacional. De diversos cantos do mundo, grupos e pessoas têm encaminhado à Comunidade Dandara recados de apoio à 321 Comunidade e contrários ao despejo. Na Comunidade, tem sido grande o número de visitantes, diariamente, apoiando às famílias. Um grupo de jovens apoiadores, desde que soube da notícia do despejo, veio acampar e morar com as famílias de Dandara. No último 12 de outubro, dia das crianças, durante todo o dia, houve festa na Comunidade, com a presença de dezenas de apoiadores que, de muitas maneiras, contribuíram e se solidarizaram com as crianças que são centenas. Foi um dia de muita festa e de muito gesto solidário. “Aqui na Dandara, somos felizes. Brincamos, vamos à escola, participamos da comunidade e lutamos. Estamos aprendendo a lutar também com os semterrinhas do MST”, dizem muitas crianças dandarenses. Dia 16 de outubro, centenas de pessoas de diversos cantos de Minas Gerais, do Brasil e do mundo, vieram abraçar a Comunidade Dandara. O dia começou animado, com as famílias dandarenses enfeitando a comunidade e se preparando para receber as visitas. Foi uma verdadeira primavera de solidariedade. Às 13h, as pessoas foram chegando, trazendo faixas de apoio e muito calor humano. Foram diversas entidades, movimentos sociais e populares, religiosos/as, faculdades e universidades, sindicatos, professores, padres, igrejas diversas, estudantes, comunidades vizinhas, artistas e famílias. Também se fizeram presentes diversas instituições através de telefonemas e e-mails, justificando a ausência física, mas afirmando o apoio à luta das famílias. A Comunidade Dandara, com bandeiras vermelhas estendidas sobre todas as casas, sinalizava a resistência, o sangue aguerrido de sua gente que insiste em dizer que sua luta é justa, legítima, urgente e necessária. Insiste ainda em dizer, sobretudo, que as famílias não podem sair de Dandara, porque não têm para onde ir, porque o lugar chamado Dandara é uma conquista, tem sido libertação, tornou-se um projeto de vida para milhares de pessoas, sobretudo para centenas de crianças. O sonho de Dandara não pode ser abortado! Após a morte de duas crianças na Dandara – Beatriz e Estefânia – que morreram carbonizadas em um barraco de 4 metros quadrados, volta e meia o arco-íris vem visitar a Comunidade, acordando em todos a certeza de que o Deus da vida vibra de alegria com a luta de Dandara. Com músicas, falas dos apoiadores e muita animação, o grande abraço aconteceu, inclusive com Ato Ecumênico para pedir a bênção divina e a sua 322 proteção. Quinhentas crianças do MST, os sem-terrinha, marcaram presença. Recitaram poesia para Dandara, cantaram músicas e deram gritos de luta, solidários com as crianças e as famílias da Comunidade. “Mexeu com Dandara, mexeu com os sem-terrinhas e com o MST”, gritavam todos. Uma onda de energia revolucionária contagiava a todos. De maneira organizada e em marcha, nove moradores de Dandara, cada um com uma grande bandeira vermelha, foram seguindo para um determinado ponto dentro da comunidade, acompanhados de centenas de apoiadores e moradores. Em seguida, ao som de foguetes, com gritos e hinos, o povo foi se espalhando, dando as mãos e abraçando a Comunidade Dandara. Um helicóptero de amigos parceiros sobrevoou a Comunidade durante o ABRAÇO A DANDARA e registrou a beleza profética e política do que estava acontecendo. A comunidade Dandara possui um território de 330 mil metros quadrados (33 hectares). Ao redor de toda a Comunidade, estavam cerca de 3 mil pessoas de mãos dadas, simbólica e concretamente, dizendo às autoridades, que não concordam com a decisão que decretou o despejo das 1.000 famílias e que esta decisão não pode ser cumprida. Este abraço veio confirmar a força que tem o povo de Dandara. Força visível na luta de cada dia, na organização interna, na convicção de seus direitos e no imenso apoio que a Comunidade tem da sociedade. Apoio em Belo Horizonte, em Minas Gerais, no Brasil e no mundo. Tem razão quando diz Dona Maria, moradora de Dandara: “A gente tem muita fé e coragem. A gente não está só. Quanto mais eles nos ignoram, mais aparece gente para nos apoiar”. Parabéns, Comunidade Dandara! Vocês estão construindo história verdadeira, construindo outro mundo possível, com ternura e resistência. 323 Reflexões Idas e Vindas do Anúncio – II Pe. Alex Sandro Reis, C. M. “Ide e fazei que todas as nações se tornem discípulos, batizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo e ensinando-as a observar tudo quanto vos ordenei” (Mt 28, 19-20). Se a realidade em que vivemos é dinâmica e complexa, dando-nos certa impressão de fracasso, plantar o Anúncio em tal realidade, torna-se um enorme desafio. Olhar para o mandato missionário de Jesus pelo lado de fora ou com um mínimo de comprometimento com a realidade torna-se, aparentemente, algo simples. O anúncio poderá se envergar pela via doutrinária, correndo o risco de ser sinal de camisa de força e não uma Palavra que liberta, um peso e não uma leveza que gera esperança. Poderá também enveredar pela via do ‘universalismo’, onde produzirão belas palavras, porém rasas, incapazes de interpelar e provocar mudanças. Comprometer-se com a realidade e tornar-se instrumento para que o Anúncio seja anunciado se torna um grande desafio. Afinal, a Palavra deve agradar ou deve se impor? Se o Anúncio vier colado com a necessidade de agradar às diversas realidades, ele poderá correr sérios riscos. Se a Palavra for anunciada, puramente conforme cada situação e as características regionais, talvez gere certa ambiguidade, de modo que tenha uma cara para cada realidade. O Anúncio deverá se interpor, colocar-se ao lado de cada um e da caminhada dos povos. Ao mesmo tempo em que ele é segurança, amparo; é 324 também farol que ilumina o percurso, clareia os rumos. Por este ângulo, certamente, ela encontrará boa acolhida, pois quem não busca algo que seja escora e indicativo de uma boa direção? Mas o Anúncio deverá ser interpelativo. Ele tem que levar o ser humano à consciência de seu ser, do seu sentir e do agir. Deverá levá-lo à reformulação de vida, do fechamento à abertura. Ao mesmo tempo em que o Anúncio é paz e força, amparo e luz, é também revisão de vida. Talvez, para alguns, neste quesito, o Anúncio sofra duras rejeições, pois nem sempre as pessoas estarão dispostas a reverem suas vidas e se abrirem aos outros, menos ainda aos diferentes dos seus grupos. Olharão para o Anúncio com desconfiança, com sentimentos de invasão, intuirão que a liberdade fora ameaçada. O Anúncio deverá ser provocativo. Deverá levar o ser humano a olhar para si, não como uma obra-prima, ilhada de todo o universo, mas como ser ainda em construção, onde tal construção se concretiza no encontro com o outro. O encontro do Ser humano com a Mensagem o levará a perceber que os abismos entre pessoas devem ser diminuídas. Que pontes devem ser construídas, amizades restauradas e a vida celebrada. Que as diferenças culturais, sociais, econômicas... devem ser superadas pela força que produz o Anúncio quando toca no coração. 325 Notícias I – Notícias do Visitador e do Conselho 1. Aprovado o Planejamento Provincial do Serviço de Animação Vocacional Vicentina (SAVV). O texto deverá chegar a todas as Casas até o final de novembro deste ano. 2. Próximas Ordenações Presbiterais na PBCM: * Diác. Odinei de Paiva Magalhães, dia 12 de novembro, às 18 horas, na igreja matriz de Senhora de Oliveira (MG), pela imposição das mãos de Dom Getúlio Teixeira Guimarães, SVD, bispo diocesano de Cornélio Procópio (PR). * Diác. Vanderlei Alves dos Reis, dia 3 de dezembro, às 10 horas, no Santuário Bom Jesus do Matosinhos, Conceição do Mato Dentro (MG), pela imposição das mãos de Dom José Maria Pires, arcebispo emérito da Paraíba. Todos somos convidados a rezar por esses nossos Coirmãos, pedindo ao Senhor torná-los fecundos na vivência do ministério que vão abraçar como Missionários Vicentinos. 3. Concluída a elaboração do Planejamento Provincial 2011-2013. Chegará às nossas Casas o mais breve possível. 4. A Província adquiriu um imóvel rural de 84 alqueires, no município de Gurinhatã (MG), tendo em vista a ampliação das Fazendas Reunidas e o atendimento de suas demandas atuais. 5. Através da Cúria Generalícia, fizemos a doação de uma quantia à ViceProvíncia de Moçambique, em vista da aquisição de um veículo para o atendimento das comunidades eclesiais acompanhadas pelos Coirmãos numa das missões. Assim, procuramos firmar nosso compromisso de cooperação missionária com aquela porção da Congregação em terras africanas. 326 II – Assembleia Nacional de MISEVI Entre os dias 2 e 4 de setembro de 2011, no Centro Social Padre Raimundo Gonçalves (Belo Horizonte-MG), teve lugar a Assembleia Nacional da Associação dos Missionários Leigos Vicentinos (MISEVI). Na noite do dia 2, sexta-feira, depois da palavra de abertura da Presidente Nacional e de significativo momento orante, deu-se a apresentação da caminhada dos Núcleos, enriquecida pela partilha de interessantes experiências de evangelização e serviço aos Pobres e de participação em iniciativas pastorais das paróquias em que os Missionários estão inseridos. Constatou-se a necessidade de revitalização das bases da Associação e de ampliar a compreensão da vocação missionária para não a limitar a momentos específicos de maior intensidade apostólica e visibilidade eclesial, como, por exemplo, as Santas Missões Populares Vicentinas. Os membros de MISEVI devem assumir sua vocação missionária vicentina dentro das mais variadas circunstâncias, desde o interior da família, passando pelo mundo do trabalho, pelas comunidades eclesiais, pelos projetos comuns da Família Vicentina, chegando até à Missão ad gentes. No sábado, os participantes da assembleia tiveram a grata alegria de receber a visita do Pe. Eli Chaves dos Santos, assistente geral da Congregação da Missão, que trouxe a todos a saudação do Diretor Geral da Associação, celebrou a Eucaristia e fez uma conferência sobre os desdobramentos do Ano Jubilar, oferecendo valiosas indicações para a redescoberta da espiritualidade vicentina e a aplicação prática do binômio Caridade-Missão. Em seguida, os participantes se debruçaram sobre o tema do XII Encontro Nacional da Família Vicentina, realizado em Goiânia (GO), em junho deste ano: Família Vicentina, pelos Pobres do mundo, no mundo dos Pobres. A tarde foi dedicada ao exigente trabalho de revisão dos Estatutos Nacionais, em vista de sua adequação aos Novos Estatutos Internacionais. Pe. Alexandre Nahass 327 Franco foi quem conduziu o grupo, elucidando princípios e sinalizando novas perspectivas. No domingo, dia 4, o grupo saiu em peregrinação à Serra da Piedade, “magnífica arquitetura divina”, onde foi possível celebrar a Eucaristia de encerramento, consagrar o empenho missionário dos Núcleos à Mãe de Jesus, avaliar os trabalhos da Assembleia, definir metas para o processo de revitalização das bases da Associação e festejar a comunhão fraterna ao redor de farta mesa. III – Encontro de Assessores Espirituais da SSVP Promovido pelo Conselho Nacional do Brasil (CNB), realizou-se em Belo Horizonte, na Casa Santíssima Trindade, o Encontro Nacional de Assessores Espirituais da Sociedade de São Vicente de Paulo (SSVP), reunindo padres e diáconos de várias dioceses e Congregações, bem como Filhas da Caridade, Irmãos e leigos empenhados no mesmo serviço de assessoria. O evento se constituiu numa oportunidade privilegiada de redescoberta do sentido e do alcance desse ministério para a animação espiritual e apostólica da SSVP e para o aprimoramento do serviço caritativo desenvolvido por seus membros nos mais distantes rincões do país. Depois das palavras de acolhida da Direção Nacional e dos esclarecimentos do Assessor Nacional e principal articulador do Encontro, Pe. Alexandre Nahass Franco, C. M., a palavra foi dada ao Assessor Internacional da SSVP, Pe. Audace Manirambona, C. M., que transmitiu a todos a jubilosa saudação do Conselho Geral pela bela e promissora caminhada da Sociedade no Brasil e pela feliz iniciativa do evento. O Encontro se desenvolveu em torno de três eixos temáticos: Vocação e 328 missão dos leigos, apresentado de forma clara, provocadora e envolvente pelo Pe. Agnaldo Aparecido de Paula, C. M.; Fundamentos da Espiritualidade Vicentina, tendo em vista a explicitação da experiência espiritual de São Vicente e da herança que ele transmitiu a toda a Família Vicentina; Perfil do Assessor Espiritual da SSVP, reflexão ampla e esclarecedora, que suscitou vivo interesse em todos os participantes, ainda mais por ter sido feita por leigos de reconhecido compromisso vicentino: Carlos Henrique Davi (Kaíke) e Ada Ferreira, Presidente Nacional. A riqueza dos momentos orantes e das celebrações diárias, a pertinência dos temas abordados e o ambiente de fraternidade e alegria foram avaliados com justiça pelos assessores presentes, todos à espera do próximo Encontro. IV – Solenidade de São Vicente No dia 27 de setembro, os Padres, Irmãos e Seminaristas residentes em Belo Horizonte e Contagem estiveram reunidos para a celebração da Solenidade de São Vicente de Paulo, na Casa Dom Viçoso. A profundidade e a beleza próprias da Celebração Eucarística foram evidenciadas pelo esmero empregado em sua preparação e pela piedade com que foi vivida pelos presentes e presidida pelo Pe. João Saraiva, C.M. À celebração acorreram pessoas ligadas às nossas Casas e membros de vários outros ramos da Família Vicentina. “Ao nosso Deus, glória e louvor eternamente, ao Deus de São Vicente. Glória e louvor, glória e amor, por nos ter concedido fundador tão querido”. V – Seminário São Justino de Jacobis Do cotidiano de nossa Comunidade, partilhamos com os leitores do Informativo São Vicente as atividades que deixaram marcas mais significativas: Dia 5 de setembro: Hospeda-se em nossa Casa o Pe. Audade Manirambona, C. M., nascido em Burundi, pertencente à Província de Paris e, atualmente, Assessor Internacional do Conselho Geral da SSVP. Sua passagem pelo Brasil teve como finalidade a participação no Encontro Nacional de Assessores. 329 Dia 7 de setembro: A Comunidade tomou parte no Grito dos Excluídos, unindo-se ao clamor dos Pobres da Terra e da Terra dos Pobres: “Vida em primeiro lugar! Pela vida, grita a Terra… Por direitos, todos nós!”. Dia 12 de setembro: As Casas de Formação estiveram reunidas para celebrar a memória litúrgica de nosso mártir São João Gabriel Perboyre, patrono do Teologado. A celebração, presidida pelo Pe. Luís Carlos do Vale Fundão, contou com a participação de representantes do Núcleo de MISEVI que também tem Perboyre como seu patrono. Dia 13 de setembro: Recebemos a visita do Pe. Manoel Bonfim, C. M., de passagem por Belo Horizonte, que aceitou o nosso convite para celebrar a Santa Missa e partilhar do nosso convívio fraterno. Volte sempre! Dia 14 de setembro: Inicia-se a preparação dos 4 candidatos ao Seminário Interno em 2012. Dia 21 de setembro: Encontro mensal de formação, desta vez sobre a Dimensão Vicentina: São Vicente de Paulo e a opção pelos Pobres. Como assessor um expert no assunto: Pe. Getúlio Grossi, C. M., a quem externamos nossos mais sinceros agradecimentos. Dia 25 de setembro: Manhã de Oração da Família Vicentina, com o envolvimento dos membros da Comunidade na preparação e organização da liturgia. De 25 de setembro a 3 de outubro: Visita da relíquia de São Vicente de Paulo à nossa Casa. Nas orações e celebrações diárias, com reverência e gratidão, procuramos pôr em relevo o significado espiritual da conservação dos despojos de nosso santo fundador, ressaltando o desafio de conservar e transmitir a riqueza e a atualidade do carisma missionário que ele nos legou. Dia 27 de setembro: Missa da Solenidade de São Vicente, com a participação dos Coirmãos das Casas de Belo Horizonte e Contagem. Aplaudimos o extraordinário zelo com que a Missa foi preparada pelos Nossos e vivida por todos os presentes. Dia 1 de outubro: Visita ao Assentamento Dandara, para o qual foi destinado o fruto do jejum quaresmal de nossa Comunidade. Lamentamos a situação em que se encontram as famílias ameaçadas de despejo pelos interesses espúrios dos órgãos públicos e de seus dirigentes. Estamos acompanhando e apoiando as manifestações de resistência. Dia 6 de outubro: Fomos agraciados com a visita de 4 Filhas da Caridade da Casa Catarina Labouré: Irmãs Inês, Joaninha, Matildes e Zélia. Celebraram 330 conosco a Santa Missa e aceitaram participar de nossa ceia fraterna, edificando-nos com o testemunho de suas vidas e a serena alegria que nos transmitiram. Gratos, Irmãs! Dia 12 de outubro: Participamos de um breve colóquio da Família Vicentina com a Superiora Geral das Filhas da Caridade, em visita à Província de Belo Horizonte. De 14 a 16 de outubro: Passeio Intercomunitário das Casas de Formação. Dia 20 de outubro: Participação na manifestação de apoio às famílias da Comunidade Dandara, no centro de Belo Horizonte. Dia 25 de outubro: Encontro mensal de formação sobre Espiritualidade da Liturgia das Horas. Tivemos a feliz oportunidade de ouvir um perito no assunto, Frater Henrique Cristiano José Matos, CMM, a quem muito agradecemos por nos ter proporcionado verdadeiro mergulho na tradição orante da Igreja, impulso para centrarmos nossa vida espiritual no louvor de Deus e na santificação do tempo. O ano vai chegando ao fim... Podemos ouvir, então, como se dirigidas a nós, as palavras de São Vicente: “Mas que faremos nós? Faremos o que Nosso Senhor quer, isto é, que nos mantenhamos sempre na dependência de sua Providência, pois assim é do seu agrado, ele que vê o que é melhor para nós” (SV II, 469). Comunidade do SSJJ VI – Pe. Onésio: 60 anos Com imensa alegria, a Comunidade do Calafate celebrou o natalício de seu pároco, em 24 de setembro de 2011. Missa festiva e muito bem preparada e participada, às 11 horas, seguida de almoço. Pe. De Rossi foi muito brilhante na homilia, ressaltando a figura do Pe. Onésio. Alegramo-nos todos: Coirmãos, familiares e os representantes da comunidade paroquial. Parabéns. Ad multos annos! Pe. Célio Maria Dell’Amore, C. M. 331 VII – Novo pároco de Campina Verde Enriquecendo a programação da Semana de Oração da Família Vicentina, na Paróquia Nossa Senhora da Medalha Milagrosa, em Campina Verde (MG), Pe. Marcus Alexandre Mendes de Andrade, C. M., assumiu o serviço de pároco no dia 29 de setembro. A celebração eucarística, presidida por Monsenhor João Gilberto e concelebrada pelos Padres Calixto Emanoel Ardisson, José Gonzaga de Morais, Alexandre Nahass Franco e Agnaldo Aparecido de Paula, contou com a presença de significativo número de fiéis. A Semana de Oração Vicentina ainda foi enriquecida com: Encontro de Jovens (25/9), Vigília Vicentina (26/9), Inauguração da Capela em honra de São Vicente de Paulo (27/9), Oficina de Santidade (28/9) e Recrutamento de Jovens promovido pela SSVP (1-2/10). Pe. Agnaldo Aparecido de Paula, C. M. VIII – Capela São Vicente: marco do serviço aos Pobres em Campina Verde Foi inaugurada, durante a Solenidade de São Vicente de Paulo, a nova capela da Paróquia de Campina Verde: Capela São Vicente de Paulo - um tributo àqueles e àquelas que, ontem e hoje, consagram sua vida ao serviço dos Pobres em fidelidade ao Evangelho de Jesus. A Missa, com grande presença de fiéis, foi presidida pelo Pe. Agnaldo Aparecido de Paula, contando com a presença de todos os Padres da Casa e do Pe. Alexandre Nahass Franco, que, como filho da terra, fez a aspersão da água benta na Capela. Nesta Capela, organizada como um Santuário da Santidade Vicentina, além das imagens de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa, de São Vicente e Santa Luísa, foram colocados 26 quadros, com todos os nossos bemaventurados e santos da Família Vicentina. Assim, procuramos prestar a justa homenagem àqueles que nos precederam no seguimento de Jesus, na trilha do serviço aos Pobres, e ainda desejamos estimular os irmãos e irmãs 332 de hoje a também assumirem, por causa de sua fé, a causa dos mais sofridos e desamparados, os prediletos do Senhor. Construída no Bairro Risoleta Neves, em intensa expansão, a capela já "nasceu" pequena, devido ao grande número de fiéis que têm acorrido para as missas que são celebradas aos domingos, às 18h. Que esta Capela, nos rincões de Campina Verde, onde secularmente o Evangelho é pregado e testemunhado sob a inspiração de São Vicente de Paulo, traga ao nosso povo ainda mais ardor missionário e entusiasmo para o sempre mais exigente serviço aos Pobres. Pe. Marcus Alexandre Mendes de Andrade, C. M. IX – Homenagem ao Pe. Lauro Palú Pe. Lauro Palú foi eleito Personalidade Educacional 2011, em votação promovida pela Associação Brasileira de Educação (ABE) e pela Associação Brasileira de Imprensa (ABI), em parceria com o jornal Folha Dirigida. É uma homenagem aos educadores e às Instituições que se destacam na sociedade em prol da educação e da cultura. Os eleitos foram escolhidos por meio de 10,9 mil votos de representantes de diversos setores da área de educação, como reitores, professores e pesquisadores, profissionais da imprensa, entre outros. A solenidade de homenagem aconteceu na sede social do Jockey Club Brasileiro, no Centro da cidade do Rio de Janeiro, no dia 20 de outubro do corrente ano. Pe. Eduardo Santos, C. M. 333 334 As Palavras do Pe. Lauro Palú Agradeço à Folha Dirigida, à Associação Brasileira de Educação e à Associação Brasileira de Imprensa esta homenagem, que me pôs na companhia prestigiosa de pessoas e instituições altamente qualificadas. A todos esses nada acrescento e isso me dá uma liberdade enorme neste momento. Felicito e saúdo os homenageados, Domício, Gaudêncio, João Ricardo, José Carlos, D. Malvina, D. Marlene, D. Miriam, Padre Pedro e Stavros, e o Colégio Militar, o Sagrado Coração de Maria e a FAETEC, representados pelo Bruno, pela Maria José e pelo Celso. Dedico este título e o que simboliza aos meus Pais. Minha Mãe, Olívia, foi professora até se casar e depois nos educou, sem fazer teorias como Piaget, mas aplicando a nós quatro o que aprendera para os 30 e com eles. Quando comecei a andar, muito cedo, ela contou a meu Pai, que chegava do serviço: “O piá andou hoje”. Meu Pai disse: “Ô louco! Não pode!” E ela dizia que eu, nos meus oito meses e vinte e dois dias, me levantei e andei para meu Pai. Quase cinquenta anos depois, Mamãe me escreveu, num aniversário, com uma rosa do seu jardim: “E você não parou mais de andar!” Quanto devo a quem me deu firmeza em meus passos, me amparou quando vacilei, me levantou, me ajudou a ter confiança em mim e nos outros! Meu Pai era contador, foi gerente de uma grande madeireira. E me abriu um mundo que ainda exploro, quando, num piquenique à beira de um rio, me mostrou como era a estrutura de uma planta, com as folhas duas deste lado, duas do outro, diferente daquela cujas folhas nasciam em espiral, quando a planta ia crescendo. Ensinou-me a ver o mundo com encantamento, alegria, curiosidade e muitas perguntas. Dedico este título a meus Professores. Aprendi a ler numa escolinha no mato, no sul do Paraná. Usava a lousa de ardósia e um colega me deu um estilete de nó de pinheiro, que escrevia tão bem quanto os de pedra e durava mais. Esse colega me deu o gosto de escrever, me fez descobrir o prazer físico de escrever palavras e de desenhar. Gosto muito de escrever a 335 lápis, talvez porque posso apagar. Hoje, ficou fácil compor no computador. Escreve, guarda, apaga, junta, permite ver em conjunto as alternativas de um texto. Já na cidade, a inspetora foi ver como escrevíamos. Mostrei minha linha de letras bonitas. Ela perguntou que letra era aquela; eu disse que era um eme. Ela disse que o eme só tem três pernas e o meu tinha quatro. Respondi o que penso ainda hoje: “Mas assim é mais bonito”. E esta é a única lembrança que tenho de todo o meu curso primário. Fui aluno dos Irmãos Maristas em Curitiba e deles aprendi o gosto pelos sinônimos, descobri com eles as riquezas do espírito humano, a infinita gradação entre as palavras, o nome próprio de cada sentimento, a possibilidade de nomear o indizível, que torturou e realizou Clarice Lispector. No Seminário do Caraça, o professor de latim me estimulou a criar meu próprio poema, na língua de Ovídio, Horácio e Virgílio. Outro me mostrou que eu poderia estar entre os melhores, se me aplicasse ao exercício. Por isso gosto da primavera, de verão, outono e inverno, com seus pássaros e suas luzes, meus convidados e hóspedes de minha adolescência. Nos cursos de Filosofia e Teologia, um professor de altíssimo valor intelectual, quando eu perguntava, não me respondia, mas me indicava uma bibliografia, para eu fazer um “trabalhinho” para meus colegas sobre aquilo que perguntara. Além de me ajudar a ter confiança em mim, ensinou-me o gosto de partilhar, ajudou-me a ser professor. Já vou terminar minha página e não pude falar dos poetas, dos profetas, dos cientistas, dos pesquisadores. Não falei dos meus anos de professor, do meu gosto de ler os autores nas suas línguas, das minhas viagens, a grande universidade que tive. Preferi dedicar conscientemente estes minutos regimentais a mostrar a quem devo o estar aqui, neste momento. O bom é que não vim sozinho. Aqui estão o Artur, meu irmão caçula, e a Helena e o Artur Neto, meu sobrinho, representando meu Pai e minha Mãe. Aqui estão meus irmãos de Congregação, representando o Caraça e minha Província. Aqui estão os do Colégio São Vicente de Paulo, Coordenadores, Professores, Funcionários, Alunos dos Grêmios e a Associação de Pais e Mestres de nossa grande Comunidade Educativa, que represento com justificada satisfação e alegria. Todos me ensinam a ser Educador e Formador. Partilho com todos este título, sendo justo e agradecido, totalmente transparente como quis ser, neste momento. Muitíssimo obrigado, de coração. Padre Lauro Palú, C. M. 336