Manual_Modulo_Seguranca_Atividades

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Manual_Modulo_Seguranca_Atividades
Módulo Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
União dos Escoteiros do Brasil
Diretoria de Métodos Educativos
Equipe Nacional de Gestão de Adultos
MÓDULO TÉCNICO DE SEGURANÇA EM
ATIVIDADES ESCOTEIRAS
Revisão: Abril/2016
Módulo Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
MÓDULO TÉCNICO DE SEGURANÇA EM ATIVIDADES (MT-SEG)
1. OBJETIVO:
Proporcionar aos Escotistas e Dirigentes Institucionais conhecimentos que
lhes permitam conduzir atividades escoteiras com maior segurança e trazer
aos jovens a mentalidade de proteção individual e coletiva. Diferencia-se
das Unidades Didáticas apresentadas nos cursos do Esquema da Insígnia de
Madeira por ter enfoque predominantemente prático, orientado para
situações do dia-a-dia dos Grupos Escoteiros e Seções dos diversos Ramos.
Os temas das Unidades Didáticas (UD) do MT-SEG focam as principais
demandas dos quadros adultos do Movimento Escoteiro ao executarem
atividades dentro e fora de sede com os jovens.
2. PROBLEMA:
O POR-2013, em seu capítulo 14, constituído pela regra 140, trata de
maneira bastante abrangente sobre a segurança em atividades escoteiras;
no seu capítulo 15, aborda, ainda, a política de proteção a crianças e jovens
em atividades escoteiras. A operacionalização, entretanto, fica aberta à
discricionariedade dos condutores das atividades. Não poderia ser muito
diferente, já que a norma refere-se ao amplo universo nacional, com
realidades as mais diversas e práticas as mais variadas. Fica, portanto, a
cargo das direções regionais e locais o levantamento de necessidades e a
capacitação das pessoas para o provimento da segurança nas atividades
escoteiras, sem que haja, todavia, alguma espécie de material padrão.
3. DADOS DISPONÍVEIS:
O
Brasil,
por
sua
diversidade
de
terrenos,
propicia
numerosas
possibilidades para atividades com os jovens, tanto no campo quanto
urbanas, dentro e fora de sede.
a. Atividades em sede: jogos e capacitação técnica.
b. Atividades urbanas: prática de boas ações e serviços à comunidade;
gincanas,
orientação;
cartas-prego
atividades
e
de
grandes
pesquisa;
jogos;excursões;
escalada
práticas
indoor;
de
natação;
aeromodelismo; e outras.
c. Atividades de campo: jornadas; acampamentos; acantonamentos;
bivaques; excursões ciclísticas; montanhismo; canionismo; canoísmo;
espeleologia; rapel; práticas de orientação; percurso de trilhas a pé;
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atividades
aquáticas;
observação
da
natureza;
levantamentos
ambientais; e outras.
4. CONTEÚDO DO CURSO:
Para além da visão geral dos cursos do Esquema da Insígnia de Madeira,
são as seguintes as Unidade Didáticas propostas para o Módulo Técnico de
Segurança em Atividades (MT-SEG):
UD 1: Preparação: contato com autoridades/entidades locais, para
respaldo
e
apoio
(autorizações,
telefones,
pessoas
responsáveis);
reconhecimento dos locais, com levantamento de suas possibilidades e
riscos, acessibilidade, resgate, operação de comunicações (telefonia celular
e
fixa,
rádios,
meios
acústicos
e
visuais).
Visitas
ao
campo
(sim/não/quem/quando/como). Autorização do Grupo Escoteiro/Região.
Autorização/ciência expressa e por escrito dos responsáveis legais pelos
jovens; informações sobre estado médico-sanitário dos participantes;
qualificação técnica para a atividade; equipamentos adequados; definição e
ciência dos meios e horários de transporte, locais de início e término da
atividade;
meios
de
contato
com
o
responsável
pela
atividade,
horários/locais de contato com a sede; definição de material mínimo dos
participantes; plano de contingência (90 min).
UD
2:
Equipamento
individual
e
coletivo:
vestimenta
e
carga
individual; equipamento de segurança, de socorro e de sinalização –
seleção, disponibilidade, transporte e emprego (60 min).
UD 3: Ocupação de campo: acessos e rotas de escape; informação e
contra-informação; vigilância referente a animais e humanos (incluindo
rondas noturnas); condições fisiográficas (clima, hidrografia e morfologia
do terreno); riscos de fauna e flora; distribuição do material e instalações;
tipos de pouso; sanitarismo; uso, manutenção e guarda de ferramentas
(faca, facão, machado, machadinha, cavadeira, etc); fogos e combustíveis;
distribuição de horários com previsão de repouso e de hidratação (90 min).
UD 4: Condutas de segurança: o que pode matar/o que pode salvar;
sistema
de
duplas/pequenos
grupos;
vigilância
mútua;
disciplina;
sinalização e posicionamento; tarefas em caso de acidente; segurança em
deslocamentos (75 min).
UD 5: Segurança alimentar e sanitária: montagem de cardápios;
seleção e conservação de alimentos; higiene no preparo e após o consumo;
medicamentos e material higiênico; sanitarismo em campo (75 min).
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UD 6: Comunicações: meios, pessoas e horários/locais de contato, em
ordem de prioridade; lista telefônica para emergência; possibilidades e
limitações na operação de meios de comunicações; procedimentos padrão,
sinais convencionais de operação dos meios de comunicações e mensagens
preestabelecidas; meios ópticos e acústicos (semáfora e Morse); sinalização
para aeronaves; plano de emprego de comunicações; alfabeto fonético e
código Q (75 min).
UD
7:
Resposta
institucional
a
crises:
contato
com
Grupo
Escoteiro/Distrito/Região/Direção Nacional; transmissão de informações e
acompanhamento dos responsáveis legais pelos jovens; acesso ao local de
ocorrência e aos envolvidos (sim/não/quem/quando/como); preservação do
jovem, dos seus familiares diretos e dos responsáveis pela atividade;
responsabilidade solidária do Diretor-Presidente do Grupo; não emitir préjulgamentos, nem condenações, nem adjetivos; trabalhar com fatos;
combater rumores e especulações; atenção às armadilhas sensacionalistas
de repórteres; ressaltar as ações de solução do problema; ressaltar a
condução responsável e legal do procedimento investigativo; ressaltar a
imagem positiva do Movimento (75 min).
UD
8:
Atividades
em
altura/altitude
ou
de
transposição
de
obstáculos: objetivos pedagógicos das atividades em altura ou de
transposição
de
obstáculos;
recursos
de
transposição vertical e pontes; técnica –
sustentação,
meios
de
montagem/desmontagem
(seleção de local e rota, ancoragens e acessos) e operação (abordagem,
transposição e saída); segurança; resgate e socorro, incluindo imobilização
e
transporte em
Prancha
de Resgate
e rapel
com
vítima;
riscos
fisiográficos, fisiológicos e operacionais em atividades em altitude (90 min).
UD 9: Atividades aquáticas: transposição; atividades náuticas com
embarcações
prontas
ou
construídas
industrialmente
e
usando
embarcações improvisadas; práticas natatórias e de flutuação; mergulho;
técnica (montagem e operação), segurança, resgate e socorro (90 min).
UD 10: Atividades noturnas: exploração; jogos; cerimônias; acuidade
visual e auditiva; vigilância (45 min).
UD 11: Pronto-socorrismo: a proposta é focar-se nos eventos mais
comuns, em lugar de situações hipotéticas de difícil aplicação ou para as
quais o adulto/jovem não é credenciado ou não terá aceitação para
proceder, e orientar para a atuação preventiva, de modo a reduzir as
possibilidades ou danos em um acidente; enfatiza a especificidade da
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formação do socorrista, que não pode ser tratada de maneira leviana.
Prontidão;
disponibilidade
de
material;
medicação;
acidentes
de
normalidade; farpas, fragmentos e espinhos e plantas venenosas ou
alergênicas; insetos e bichos peçonhentos; engasgos, indigestões e
acidentes alimentares; enjoos, tonturas, desmaios; desidratação e efeitos
do calor e radiação; efeitos do frio e da umidade; vestimentas, calçados e
acessórios; esgotamento; kit de primeiros socorros; recursos alternativos;
conduta da equipe de socorristas (60 min).
UD 12: Jogos para a segurança em atividades: simulações, dinâmicas,
estudos de caso e exercícios de planejamento para desenvolver a prática da
segurança em atividades (60 min).
UD 13: Responsabilidade civil e criminal do adulto: tendo como fontes
principais de consulta o Código Penal Brasileiro e o Estatuto da Criança e do
Adolescente, liga essa legislação às possibilidades de acidentes/incidentes
em atividades escoteiras (60 min).
Construindo a mentalidade de segurança: efeitos objetivos e papel
pedagógico, recomendável conduzir sob a forma de discussão dirigida, à luz
da tarefa pré-curso. A tarefa pré-curso é cada Patrulha/Equipe de cursantes
elaborar uma lista de verificação de segurança para uma atividade de
Seção em campo, num fim de semana, estipulando o tipo de atividade e
condições de execução (45 min).
CARGA HORÁRIA TOTAL: 990 min ou 16,5 h/a
5. LEGISLAÇÃO PERTINENTE:
POR – Princípios, Organização e Regras, Ed.2013 – UEB.
Código Penal Brasileiro
Estatuto da Criança e do Adolescente
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QUADRO-HORÁRIO DO MÓDULO TÉCNICO DE SEGURANÇA EM
ATIVIDADES (MT-SEG)
DIA
01
HORA
DURAÇÃO
ASSUNTO
(MINUTOS)
0800
45
0845
90
Abertura – Apresentação –
Ambientação do curso –
Montagem das Patrulhas – Jogo
quebra-gelo
UD 1: Preparação
1015
1030
15
90
Intervalo
UD 3: Ocupação de campo
1200
1330
90
60
Almoço
UD 11: Pronto-socorrismo
1430
1445
1600
1615
15
75
15
90
1745
120
1945
60
Intervalo
UD 4: Condutas de segurança
Intervalo
UD 8: Atividades em altura ou de
transposição de obstáculos
Bandeira (equipe Sv) – Banho –
Jantar
UD 2: Equipamento individual e
coletivo
2045
45
UD 10: Atividades noturnas
2130
2145
15
45
Intervalo
Fogo de Conselho
2230
Silêncio
OBS
Distribuição do
material (apostilas
e equipamentos)
Palestra;
demonstração;
modelos de
documentos
Palestra;
demonstração
Material de
primeiros socorros
Demonstração
Equipamento
Demonstração.
Sugestão de
atividade: dado
equipamento de
vários tipos, cada
Patrulha, deve
montar um kit
para um tipo de
atividade.
Espaço para jogo;
material para
acuidade visual e
auditiva.
Tema: segurança
em atividades
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02
0800
0815
15
75
Abertura
UD 6: Comunicações
0930
1000
30
90
Intervalo
UD 9: Atividades aquáticas
1130
90
Almoço
1300
75
1415
1430
1545
1600
15
75
15
60
1700
60
UD 5: Segurança alimentar e
sanitária
Intervalo
UD 7: Resposta institucional a crises
Intervalo
UD 12: Jogos para a segurança em
atividades
UD 13: Responsabilidade civil e
criminal do adulto
Intervalo
1800
15
1815
45
1900
1930
30
30
Construindo a mentalidade de
segurança (discussão dirigida)
Avaliação da atividade formativa
Encerramento
Palestra; exercício
entre Patrulhas
Prep para piscina
Recomendável
existência de
piscina utilizável
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OBRAS CONSULTADAS
ALLUÉ, Josep M. O grande livro dos jogos. Belo Horizonte: Leitura,
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ALMEIDA, Paulo Nunes de. Educação lúdica: técnicas e jogos
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BLOCH, Arthur. A completa Lei de Murphy, 5.ed. Rio de Janeiro:
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CAMARGO, Fernando Antônio Lucas; MORAES, Miguel Augusto Najar de.
Jogando para a segurança: jogos para treinamento em segurança do
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Módulo Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
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KNIBEL, Marcela Paranhos; ASSIS, Dora Cardoso de. Nutrição
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MACEDO, Lino de; PETTY, Ana Lúcia Sicoli; PASSOS, Norimar Christe.
Aprender com jogos e situações-problema. Porto Alegre: Artes
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MACHADO,
José
Antonio
Pinheiro.
100
receitas
com
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MACHADO, Maria de Lourdes Vernet. Cozinhando no camping. Porto
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MAMEDE, Leonor Aparecida Sabbado. Vida mateira. Edição da autora,
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Módulo Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
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SOALHEIRO, Bárbara. Como fazíamos sem... São Paulo: Panda Books,
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SOLER, Reinaldo. Brincando e aprendendo com os jogos
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TAVARES, José (org.). Resiliência e educação. São Paulo: Cortez,
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Revista MARA RECEITAS: Farofas, ano 1, nº 3. Bauru: Alto Astral, 2008.
Revista PURO SABOR: Farofas, ano 7, nº 65. Bauru: Alto Astral, 2009.
Revista RECEITA MINUTO, ANO 5, Nº 55. Cotia: Lua, 2009.
Revista SUPER PRÁTICA – RECEITAS: Comida caipira, ano 3, nº 12.
Bauru: Alto Astral, 2009.
Revista COLEÇÃO ARTE NA CULINÁRIA MINI: Aproveitamento de
alimentos, ano 3, nº 35. São Paulo: Minuano, 2010.
Revista RECEITAS MIL: Receitas saudáveis, Ed. 17. São Paulo: Case
Editorial, 2010.
Revista VIDA NATURAL & EQUILÍBRIO: Alimentos poderosos e seus
efeitos curativos, edição especial nº 11. São Paulo: Escala, 2011.
Na internet:
www.escoteiros.org
www.mochileiros.com
www.soaventura.com.br
www.trilhaseaventuras.com.br
www.campingselvagem.com.br
www.revistavidanatural.com.br
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Unidade Didática 1
SEGURANÇA NA
PREPARAÇÃO PARA
ATIVIDADES EXTRA-SEDE
Módulo Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
SEGURANÇA NA PREPARAÇÃO PARA
ATIVIDADES EXTRA-SEDE
Ch IM Fernando Antônio Lucas Camargo – RMG
Material de apoio de unidade didática do Módulo de Aperfeiçoamento de Segurança em Atividades
Abril, 2016.
O Escotismo, ao propor atividades nas quais os jovens convivam
com outros em situações diferentes das do ambiente doméstico e
escolar, fazendo frente a desafios que lhes podem trazer certa condição
de risco, assume uma grande responsabilidade quanto à preservação da
integridade física, psíquica e moral dos jovens.
O ar livre é um dos elementos de programa mais característicos
do Escotismo. A vida mateira, conforme pretendia Baden-Powell, é um
meio para atingir diversos objetivos educacionais que, com pequenas
variações histórico-geográficas, mantêm sua importância, nas diversas
áreas de desenvolvimento (física, intelectual, de caráter, afetiva, social
e espiritual).
As atividades ao ar livre trazem para o jovem a aventura e o
desafio; exigem que ele aplique conhecimentos e habilidades e,
principalmente, que assuma atitudes que lhe permitam superar, mais
que um problema, suas próprias limitações. O desafio para o adulto que
lhe proporciona tais oportunidades é oferecer uma atividade na qual o
jovem tenha de usar iniciativa, coragem, determinação, espírito de
equipe e mesmo vigor físico, resistência e resiliência (o jovem não é
feito de louça) sem que o adulto fique passível de um processo criminal
por periclitação da vida alheia.
Na prevenção de acidentes, devemos ter em mente que um
acidente, geralmente, decorre de uma cadeia de eventos, e quanto mais
cedo interrompermos essa cadeia, menor o dano potencial. Essa cadeia
de eventos contém um ou vários momentos de risco, nos quais o
indivíduo se expõe a algum perigo.
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Existem os perigos objetivos e os subjetivos, os quais se ligam a
causas materiais e humanas. Os perigos objetivos são mais comumente
ligados às causas objetivas ou materiais dos acidentes: queda de galhos
ou de pedras, correnteza forte, galhos no fundo d’água, rompimento de
uma corda, avaria numa máquina, uma tromba d’água repentina, e
tantos outros. Mas a grande maioria dos acidentes tem causas
humanas, conexas a perigos subjetivos: conduta imperita, imprudente
ou negligente, excesso de paúra ou de confiança, desatenção, escolha
indevida de equipamento ou de alimentação, mau dimensionamento do
risco ou da capacidade da via (ou do meio de transporte), falta de
coesão grupal, má instalação/mau uso do equipamento, são muitas
possibilidades a enumerar, pois sempre se pode achar uma forma
diferente de fazer besteira. Conforme a Lei de Murphy, por mais
completo que seja o aparato de proteção montado, sempre haverá um
“iluminado” capaz de burlar toda a segurança e se acidentar.
Conduzir uma atividade com segurança, além de evitar danos à
integridade física dos participantes, contribui para a construção da
autoconfiança, do caráter e do espírito de grupo; fomenta no jovem a
construção de um ideário de cuidado próprio e mútuo, materializado nas
práticas de proteção; fortalece o moral individual e coletivo; e reforça a
credibilidade da instituição escoteira perante as famílias dos jovens e a
sociedade mais ampla.
Por isso, desde o início do planejamento de uma atividade, já se
deve
cuidar
do
provimento
da
segurança
dos
participantes,
considerando diversas práticas a serem adotadas pelos encarregados da
atividade e pelos dirigentes do Grupo (civil e criminalmente, a
responsabilidade é solidária).
1)
Contato
com
autoridades/entidades
locais,
para
respaldo e apoio (autorizações, telefones, pessoas responsáveis).
Se
a
atividade
será
numa
propriedade
rural,
obviamente
necessita-se autorização do proprietário (convém avisar os vizinhos: do
contrário, há o risco de o jogo noturno ser interrompido por tiros de
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espingarda ou pela chegada de viatura policial); se num parque, reserva
ou área de preservação, é preciso que a entrada e permanência sejam
de acordo com as normas do parque (informação prévia, taxas,
limitações de efetivo...); se numa instalação fabril, instituição cultural,
órgão público, sítio histórico/arqueológico, museu, área militar, centro
de treinamento ou área de atividade ecoturística/de aventura, atentar
para as normas de uso/visitação. Identificar/negociar onde se pode ir, o
que se pode/deve usar, o que se pode/deve fazer. Quem são os
contatos para apoio e, se necessário, para socorro e resgate. Telefone e
contato com a polícia (se possível, incluir o campo e seus acessos no
itinerário de patrulhamento), com o hospital e com o resgate. Que tipo
de serviço se pode prestar como contrapartida ou em benefício do
anfitrião.
2) Reconhecimento dos locais.
A visita prévia ao local deve contemplar o levantamento de suas:

possibilidades e riscos (por exemplo, numa cachoeira ou
calha de rio, o risco de uma cheia repentina devido a
chuvas nas cabeceiras);

acessibilidade (um dos condicionantes do equipamento a
levar);

possibilidades de resgate;

operação de comunicações (telefonia celular e fixa, rádios,
meios acústicos e visuais);

condições climáticas (frio, chuvas, hipotermia, insolação,
desidratação, acaloramento);

recursos disponíveis (água potável, sanitarismo, material
para fazer fogo/cozinhar, material para pioneirias, se for o
caso); etc.
Tudo isso com vistas a antecipar os procedimentos de ocupação
de campo. Identificar trajetos e locais para possíveis atividades
noturnas de exploração, de mística ou jogos. Deve-se buscar, ainda,
saber sobre outros freqüentadores do local e áreas próximas (drogados,
criminosos...), ocorrência de furtos ou outras ocorrências criminais,
incidência de doenças ou acidentes com animais e ocorrências de
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parasitas
(carrapatos,
barbeiros
etc.).
Pode
ser
útil,
ainda,
o
conhecimento de agências/postos de atendimento bancário, farmácias
ou postos de saúde próximos.
3) Visitas ao campo (sim/não/quem/quando/como).
Deve-se tomar em conta a proteção da privacidade dos jovens, a
interferência na atividade e a segurança das pessoas e materiais no
campo. Se o campo for visitado por autoridades ou imprensa, por
exemplo, haverá interferência marcante, pois o visitante quererá falar
com
os
jovens,
visitar
instalações,
assistir
a
demonstrações
(fotografar/filmar), e precisará de alguém para acompanhá-lo (isso,
sem contar com a possibilidade de ter trazido uma comitiva consigo). Se
os pais visitarem o campo, seus filhos podem ficar inibidos ou ter a
atenção desviada por sua presença. Não temos nada a ocultar,
portanto, o campo deve ser passível de visitas. Entretanto, deve-se
regular as condições de maneira a que a visita cause o mínimo de
interferência na atividade ou de modo a não comprometer a segurança
(horário, equipamentos, condição de cansaço etc.). Importante, ao
estabelecer as condições de visita, é também determinar quem pode
visitar o campo e quando. Afinal, nunca se sabe se alguém malintencionado está fazendo uma sondagem prévia para voltar depois.
4) Autorização por escrito do Grupo Escoteiro/Região.
Se a atividade é feita em nome do Grupo Escoteiro, é de se
esperar
que
a
reconhecimento,
instituição
nas
pessoas
condicione
que
o
seu
coordenarão
a
beneplácito
ao
atividade,
da
capacidade para conduzi-la preservando a integridade dos jovens. Quer
o
Grupo
dê
a
autorização
formal,
quer
não,
continua
a
ser
solidariamente responsável, já que ao nomear os adultos credencia-os a
agir em seu nome na condução de atividades com os jovens. No caso de
atividade em outra Região que não a do Grupo, ou no caso de atividade
que extrapole a esfera distrital, deve haver autorização também da
Região Escoteira.
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5)
Autorização/ciência
dos
responsáveis
legais
pelos
jovens (por escrito).
No Ramo Pioneiro, como os jovens são legalmente capazes
(maiores
de
18
pais/responsáveis
anos),
legais;
estão
mas
isentos
por
da
serem
autorização
membros
dos
juvenis,
é
obrigatório que se dê ciência aos pais/responsáveis legais. No caso dos
membros
menores
de
18
anos,
a
autorização
expressa
dos
pais/responsáveis legais é obrigatória – e o Chefe tem de ter a firmeza
de vetar a ida de jovens sem documento de autorização à atividade. De
acordo com a Lei de Murphy (“Se alguma coisa pode dar errado, dará”),
o que der errado acontecerá justamente com o jovem que foi sem
autorização, e haverá pouca probabilidade de combinações verbais
serem lembradas ipsis verbis – podendo ter, inclusive, tantas variações
quantas forem as eventuais testemunhas do ato. Ou, noutra hipótese
“terrorista”, o Chefe é passível de ser acusado de subtração de incapaz
(é como se pode chamar o ato de levar um menor para longe dos seus
responsáveis legais sem expresso consentimento destes). É importante,
desde o início da vida escoteira do jovem, que os pais estejam
acostumados
a
um
determinado
procedimento
padrão
para
as
atividades escoteiras – formulário do Grupo Escoteiro, explicitação dos
dados da atividade, indicação do responsável pela mesma, etc., de
modo a reduzir o risco de jovens irem a qualquer lugar, com qualquer
pessoa, sob a alegação de ser uma atividade escoteira sem que o seja.
Pode ser necessário, ainda, obter autorização do Juizado de Menores –
segundo
o
Estatuto
da
Criança
e
do
Adolescente,
quando
o
deslocamento for para fora da comarca essa autorização é necessária.
6)
Informações
sobre
o
estado
médico-sanitário
dos
participantes.
Tais informações são necessárias para que se possa avaliar a
condição física dos candidatos à atividade – por exemplo, não é
recomendável levar alguém obeso ou com afecção cardíaca para subir o
Pico da Bandeira, ou uma pessoa alérgica para uma área cheia de
aroeiras, ou um jovem convalescente de pneumonia para uma jornada
com bivaque no inverno em Maria da Fé (MG – 1200 m de altitude,
Módulo Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
temperaturas negativas no inverno). A ficha médica é uma fonte
fundamental de subsídios sobre este tópico, mas deve haver também
uma informação atualizada, já que podem ocorrer alterações ocasionais
na higidez dos participantes, tais como uma gripe ou inflamação na
garganta, passageiras mas que podem ser agravadas pela exposição às
condições da atividade. Esta informação, compreendendo as eventuais
restrições, deve ter um espaço a ela destinado no formulário de
autorização.
7) Qualificação técnica dos Chefes/membros da equipe
adulta para a atividade e eventual treinamento prévio dos
jovens.
É temerário ir-se para uma atividade em montanha sem que haja
participantes qualificados nas técnicas de escalada e de segurança, ou
para uma atividade aquática sem nadadores aptos para atuar como
salva-vidas, ou para um percurso que ninguém do grupo jamais tenha
percorrido. Assim sendo, devemos prever um efetivo de pessoas
qualificadas para aquele tipo de atividade compatível com a quantidade
de participantes, de equipamento e de oficinas que serão desenvolvidas.
Do mesmo modo, deve-se sempre prever a presença na atividade de
pessoas
qualificadas
para
aplicar
os
primeiros
socorros
(com
equipamento compatível), principalmente para o tipo de acidente mais
passível de ocorrer naquele tipo de prática.
Pode-se lembrar, ainda, atividades envolvendo instalações ou
equipamentos que exigem procedimentos peculiares. É o caso, por
exemplo, de um local em que haja aeronaves que funcionem: distâncias
e posicionamento em relação a elas, forma de abordar ou de sair,
(especialmente com motores em funcionamento)... Ou de embarcações:
como embarcar ou desembarcar, onde ficar e como... Ou um estande de
tiro, ou de arqueirismo, e tantas outras possibilidades.
8) Equipamentos adequados à atividade, em quantidade e
condição suficientes para uso pelos participantes.
A começar pelo vestuário e passando pelos equipamentos de
primeiros socorros, escalada, flutuação, resgate e/ou sinalização. Deve-
Módulo Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
se planejar de tal maneira que todos os participantes estejam em
condição de segurança na atividade. Por exemplo, havendo um
deslocamento em barco, todos devem estar com coletes salva-vidas.
Numa atividade que envolva trabalho em altura, todos devem usar o
boldrié ou assento, e os que estiverem em área de possível exposição
ao vazio (ou seja, passível de queda) devem estar presos a alguma
ancoragem segura.
9) Qualificação técnica dos participantes para o uso dos
equipamentos e para as atividades.
Muitas ferramentas usadas em campo têm potencial para causar
ferimentos, e muitos equipamentos de segurança, se mal empregados,
podem fazer o oposto daquilo que deles se espera. Deve-se atentar para
que os usuários das ferramentas tenham conhecimento de seu
manuseio seguro. Facas, facões, machados, machadinhas, serras,
cavadeiras, cordas, fogo, muitos são os meios que, bem usados, podem
produzir conforto e, mal usados, causar danos. Do mesmo modo com os
equipamentos de segurança. Definitivamente, não é interessante que a
mão de alguém passe por dentro do freio em 8 numa descida em rapel
ou que encha as via aéreas de água pelo mau uso do snorkel...
Convém
lembrar,
ainda,
que
quando
estamos
“muito
acostumados” a executar certa atividade sem a percepção do risco de
produzir machucados ou danos, assumimos um excesso de confiança
que nos leva a agir com imprudência ou negligenciando ações de
proteção. É mais ou menos como tratar de segurança em atividades
com natação: não podemos apavorar o não-nadador, pois isso firmaria
nele bloqueios quanto a entrar n’água e nadar; por outro lado, é
principalmente com o considerado bom nadador que o assunto deve ser
abordado, para que ele não se deixe tomar pelo excesso de confiança,
que o levaria a ir além do que aguenta.
10) Definição e ciência dos meios e horários de transporte,
locais de início e término da atividade, alternativas (para o caso,
por exemplo, de se perder um ônibus).
Módulo Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
No caso de transporte fretado, deve-se elaborar o manifesto de
embarque
com
participantes
todos
(que,
os
nomes
obviamente,
e
números
deverão
de
portar
identidade dos
seus
respectivos
documentos de identificação); este documento deve ter uma cópia em
poder do motorista. Os locais e horários de reunião e liberação devem
ser explicitados já quando da emissão da folha de autorização para os
responsáveis legais pelos jovens. As previsões dos horários e locais de
apanha do transporte (caso de se usar ônibus de carreira ou outro
transporte de linha regular) devem estar de posse do contato em sede,
bem como os dados dos horários próximos (para o caso de um retorno
mais cedo ou mais tarde que o previsto). Sendo o caso, adquirir
previamente as passagens permitirá manter todos mais ou menos
juntos, e evitará que alguém fique para trás por já haver lotado o
transporte (além de ser uma proteção em caso de overbooking, pois a
passagem com data de aquisição mais antiga tem a preferência).
Na eventualidade de se usar ônibus de linha, com conexão na
estrada e, por algum motivo, não se ter chegado a tempo de apanhar o
último ônibus, deve-se ter um plano para esse tipo de contingência:
seguir até a cidade mais próxima, ou pelo menos o posto de apoio mais
próximo, se não for muito distante, ou preparar um local para pernoite;
de todo modo, o telefone celular permite fazer contato com a “base” e
manter os interessados informados e, sendo o caso, coordenar ações.
11) Meios de contato com o responsável pela atividade;
horários/locais de contato deste com o encarregado na sede.
É importante ter bem definido quem é o contato em campo e
quem o é na “base”, de modo a haver uma fonte bem definida das
informações. Telefones prioritários e alternativos; telefone do local ou
da instituição apoiadora, se for o caso. Estabelecimento de horárioslimite para desencadear procedimentos de socorro no caso de não ser
feito contato do pessoal em campo com a sede. Meios de contato
alternativos, além do telefone fixo e celular, tais como estações de
radioamador ou rádio cidadão, são um reforço às possibilidades de
manutenção das ligações.
Módulo Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
12) Definição de material mínimo a ser conduzido pelos
participantes.
Por óbvio que possa parecer, há pessoas que não se lembram de
portar consigo (devidamente protegidos) documento de identidade,
carteirinha
do
convênio
de
saúde,
carteirinha
da
UEB,
reservatório de água, agasalho/impermeável, caneco, apito
(este, ao alcance imediato)... Assim, cabe ao responsável pela atividade
fazer uma lista de verificação do material necessário – os anteriormente
citados devem estar em todas as listas (3AD – Água, Agasalho,
Apito, Documentos) – e difundi-la entre os participantes. Uma boa
dica é colocá-la na folha informativa/autorização da atividade.
Pode parecer óbvio, mas cada atividade tem suas peculiaridades,
condicionantes do material a ser conduzido. Se o previsto é sair de
manhã para retornar à noitinha no mesmo dia, as demandas de
equipamento poderão ser menores que para um pernoite. Quanto ao
pernoite, conforme seja um acantonamento, um acampamento ou um
bivaque, e de acordo com a forma de deslocamento, o material variará.
Sempre se deve tomar em conta o peso e volume a transportar e a
adequada hidratação, alimentação e abrigo dos participantes.
13) Plano de contingência.
Quando se trata de programação de atividade, é recomendável
fazer-se o “Plano B”, ou seja, mudanças nas atividades para adequar-se
a situações como mau tempo, atrasos, efetivo maior ou menor que o
previsto, mudança do local disponível para o adestramento ou jogo,
instalação que seria visitada indisponível, etc.
No que tange à segurança em atividades, o plano de contingência
deriva muito mais do wargaming que se deve fazer na etapa de
planejamento (papel do “advogado do diabo”: e se...?). Contempla
eventualidades mais ligadas à criação de condições inseguras ou à
própria ocorrência de acidente, devendo-se prever alternativas. Pode-se
citar
algumas:
equipamento
insuficiente
ou
danificado,
condição
climática ou horário que inviabilize a atividade (exemplo: em pedra
molhada não se faz escalada), ataque de paúra, falta de guia, bloqueio
de
algum
acesso,
presenças
indesejáveis
no
local,
correnteza
Módulo Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
excessivamente
forte,
defeito
no
veículo,
perda
do
horário
do
transporte, etc.
Segurança pode ser entendida como uma filosofia de vida:
quando se assume uma mentalidade de proteção à vida, as medidas de
prevenção tornam-se um hábito; é claro, sem que se precise exacerbar
isso ao ponto da neurose, colocando pessoas numa redoma ou
colocando tantos amortecedores que parece serem elas feitas de louça.
Assim como a criança não pode viver num ambiente asséptico, sob pena
de não desenvolver seu sistema imunológico, não pode deixar de
enfrentar algum risco e incerteza, sob pena de deixar de desenvolver
autoconfiança, destreza e autonomia. Agir com segurança tem como
ponto de partida o instinto de sobrevivência – normalmente, evitamos
aquilo que pode nos machucar.
Pode-se perceber, assim, que, ao preparar atividades extra-sede,
não basta fazer apenas uma programação atraente e com um adequado
espectro de objetivos educacionais. As conseqüências da desatenção
para com a segurança refletem-se, além do dano físico e eventualmente
psíquico do acidentado, no moral coletivo e na imagem institucional. O
esmero ao planejar a segurança, por parte do Chefe, tem também
elevado valor educativo para o jovem, que vê o exemplo do Chefe ao
cuidar do bem-estar de todos os participantes, e nele pode espelhar-se
em suas condutas futuras.
Módulo Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
ANEXO 1
GRUPO ESCOTEIRO SELVA DE PEDRA – 999º/MG
FORMULÁRIO DE AUTORIZAÇÃO PARA ATIVIDADE
(RESPONSÁVEIS LEGAIS PELO MEMBRO JUVENIL)
ATIVIDADE:
LOCAL:
SEÇÃO ENVOLVIDA:
MEIO DE TRANSPORTE:
DATA PARTIDA:
DATA RETORNO:
RESPONSÁVEIS:
TELEFONE RESPONSÁVEL
NA ATIVIDADE:
RESPONSÁVEL CONTATO
NA SEDE:
HORA:
HORA:
LOCAL:
LOCAL:
1)
2)
3)
TELEFONE:
Eu, ______________________________________________________,
RG________________________, CPF _____________________________, na
qualidade
de
responsável
legal
pelo(a)
menor
_______________________________________________________________
______________________________________, autorizo a participação do(a)
mesmo(a) na atividade acima caracterizada, a ser conduzida pelos nominados,
credenciados
pela
Entidade
Escoteira
em
que
estamos
devidamente
registrados. Tenho ciência e concordo com que os responsáveis pela atividade
têm autoridade para fazer cumprir quaisquer determinações concernentes ao
bom andamento da mesma e à preservação da integridade física, psíquica e
moral de todos os participantes. Declaro, ainda, que tomei ciência das
necessidades informadas quanto a equipamento e vestuário necessários para a
atividade.
Informo, ainda, que o(a) menor apresenta a(s) seguintes condições
restritivas (afecção, limitação física, alergia, uso de medicamento, etc.).
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
______________________________________________________________.
Belo Horizonte – MG, _________ de __________________ de _________.
___________________________________
Assinatura do responsável
Módulo Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
MATERIAL A CONDUZIR PARA A ATIVIDADE
(OS ITENS GRIFADOS SÃO INDIVIDUAIS E OBRIGATÓRIOS)
QUANT
ITEM
01
01
01
01
01
01
QUANT
ITEM
Doc identidade
01
Isolante térmico
Carteirinha UEB
01
Carteirinha do
convênio saúde
Reservatório
para água
Caneco
Agasalho/
Impermeável
S/N
01
01
Camisetas
01
03
Cuecas/Calcinhas
01
04
Meias (par)
01
Calçado fechado
(par)
Conjunto de
higiene pessoal
Shorts
03
01
borracha (par)
02
01
completo
Chinelo de
Pijama
Apito
Uniforme
Cobertor
01
01
01
Saco de dormir/
01
01
Sunga de banho/
Maiô/Biquíni
Toalha
Conjunto de
costura
Lanterna
Material de
anotação
Conjunto talheres
e prato
S/N
Módulo Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
ANEXO 2
GRUPO ESCOTEIRO SELVA DE PEDRA – 999º/MG
FORMULÁRIO DE AUTORIZAÇÃO PARA ATIVIDADE
(GRUPO ESCOTEIRO)
ATIVIDADE:
LOCAL:
SEÇÃO ENVOLVIDA:
MEIO DE TRANSPORTE:
DATA PARTIDA:
DATA RETORNO:
RESPONSÁVEIS:
TELEFONE RESPONSÁVEL
NA ATIVIDADE:
RESPONSÁVEL CONTATO
NA SEDE:
HORA:
HORA:
LOCAL:
LOCAL:
1)
2)
3)
TELEFONE:
Eu, ______________________________________________________,
RG________________________, CPF _____________________________, na
qualidade de Diretor ___________________ do Grupo Escoteiro, autorizo a
execução da atividade acima caracterizada, a ser conduzida pelos nominados,
credenciados pela Entidade Escoteira em que estão devidamente registrados.
Os ditos responsáveis pela atividade têm autoridade para fazer cumprir
quaisquer determinações concernentes ao bom andamento da mesma e à
preservação da integridade física, psíquica e moral de todos os participantes.
Declaro, ainda, que tomei ciência de que há informações disponíveis para os
responsáveis legais pelos menores participantes quanto às necessidades de
equipamento e vestuário para a atividade, bem como quanto às condições de
realização da mesma.
Belo Horizonte – MG, _________ de __________________ de _________.
___________________________________
Assinatura do Dirigente do Grupo Escoteiro
Módulo Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
VERIFICAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE SEGURANÇA (OS ITENS GRIFADOS SÃO OBRIGATÓRIOS PARA QUALQUER ATIVIDADE)
Local
Equipamentos e insumos
1
1
Treinamento p/ uso do equipamento
1
No mínimo dois chefes
2
Manutenção recente
2
Chefes adestrados e nomeados
3
Evitar extravio
3
Visão completa da atividade
4
Caixa de 1os. socorros completa e atual
4
Socorrista ou equipe de segurança
5
Uso da caixa de primeiros socorros
5
Monitores adestrados para emergência
6
Remédio individual cadastrado
6
Curso de técnica de 1º. Socorros
2
3
4
5
6
Inspeção do local / pente fino
Croqui/Mapas
Sinalização de locais perigosos (campo/água)
Animais
Demarcação de área de jogos
Água potável
Chefia e membros juvenis
7
Instalações sanitárias
7
Quem dará o remédio individual
7
Adulto acompanhando na cidade
8
Limpeza prévia
8
Carro para emergências
8
Contatos com adultos do GE
9
Caseiros e guias
9
Cardápio: adequação
9
Conferir se o grupo está completo
10
Desconhecidos
10
Higiene e conservação dos alimentos
10
Crachás de identificação
11
Posto policial informado
11
Cópia do cardápio p/ todos
11
Acompanhante visitas/porta-voz
12
Materiais inflamáveis
12
Iluminação de áreas escuras
13
Animais/insetos
13
Fogo de conselho seguro
1
Transporte
Passagens compradas antecipadamente
14
Mapa do local p/ pais
14
Conjunto de talheres e prato
2
Excesso de lotação
15
Local de apoio p/ chuva
15
Agasalhos/Impermeáveis
3
Órgãos de fiscalização avisados
16
Local sob chuva/condição adversa
16
Apito
4
Transportes fechados
17
17
Reservatório para água e caneco (individual)
5
Horários de ida e volta do transporte/Conexões
18
Ponto de encontro
Disponibilidade de lenha e bambu
18
Bússola/GPS
6
Opções de itinerário
19
Acessos e rotas de escape
19
Repelente p/ pernilongos
7
Espaço em veículos dos pais
20
Percurso conhecido
20
Embarcações seguras
8
Alternativas para faltas inesperadas
21
Ocorrências criminosas
21
Necessidade/disponibilidade de soro antiofídico
9
Quem está indo com quem?
22
Balneabilidade
22
Lanterna abastecida e pilhas reserva
10
Mapa
23
Vigilância/turnos de ronda
23
Máquina fotográfica
11
Andar em caravanas
24
Atendimento médico
24
Celulares ou telefone público próximo
25
Instalações elétricas
25
Material de higiene pessoal
1
Condições locais p/ programa
26
Equipamento de radiocomunicação
2
Regras explicadas claramente/Procedimentos seguros
1
Documentação
Carteira de identidade e da UEB
27
Equipamentos de segurança
3
Início e término na hora programada
2
Autorização dos responsáveis legais
 Fósforos protegidos da umidade
4
Atividades de tempo livre
3
Autorização do proprietário/responsável pelo local
 Pá
5
Características de cada jovem
4
Juizado de menores
Combustível
6
Horários alheios/normas locais respeitados
5
Autorização da Entidade Escoteira
 Sinalizador de emergência, espelho, material sinalização
7
Características de cada jovem
6
Documentação impermeabilizada
 Canivete multifunções
8
Exposição prolongada ao sol
7
Autorização do DER/Manifesto de embarque
 Tabela Morse, semáfora, sinais de pista
9
Programação em caso de mau tempo/adversidade
8
Carteirinha do convênio de saúde
 Cabos solteiros/cordas de escalada/retinidas
10
Atividades na água: duplas e nadador/salva-vidas
 Remos reserva
11
Banho de água doce após o mar
 coletes de flutuação, boias
12
Atividades alternativas
Programa
Curso Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
Unidade Didática 2
EQUIPAMENTO INDIVIDUAL E
COLETIVO PARA SEGURANÇA
EM ATIVIDADES ESCOTEIRAS
Curso Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
EQUIPAMENTO INDIVIDUAL E COLETIVO PARA SEGURANÇA EM
ATIVIDADES ESCOTEIRAS
Ch IM Fernando Antônio Lucas Camargo – RMG
Ch IM Paulo Eugênio de Oliveira – RMG
Material de apoio de unidade didática do Módulo de Aperfeiçoamento de Segurança em Atividades
Abril, 2016.
Cada atividade tem, por suas características, suas próprias demandas de
equipamento de segurança, de socorro e de sinalização, condicionando sua
seleção e emprego. Também são condicionantes a quantidade disponível, o
estado de conservação e a possibilidade de transporte.
No que concerne a equipamento, o primeiro que devemos tomar em
consideração é a vestimenta.
VESTIMENTA E CARGA INDIVIDUAL
A escolha da indumentária deve atender a diversas necessidades:
preservar ou dissipar calor, proteger da umidade, permitir liberdade de
movimentos, etc. A liberdade de movimentos sem que a roupa se enganche
em alguma coisa ou fique pendente para contato com fogo, água ou comida
(caso de ponchos, às vezes lenços, ou mesmo – pensando em eventos de
caráter mais formal – gravatas) faz parte dos requisitos de segurança. Roupas
com pontas sobrantes (mangas muito largas, ponchos, lenços, etc.) podem têlas apanhadas por engrenagens.
Roupas
que
protejam
da
umidade,
como
anoraks
e
ponchos
impermeáveis, ajudam a prevenir o encharcamento por chuva ou orvalho,
contribuintes para a hipotermia; entretanto, demandam cuidado quando
próximo ao fogo, pois seu material é inflamável. Cobertores e sacos de dormir,
blusões, jaquetas, meias de lã, cachecóis e ceroulas são alguns exemplos de
Curso Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
roupas/acessórios que se destinam à manutenção do calor corporal; é
interessante que se use camadas sobrepostas para que, à medida que a
temperatura ambiente suba, possam ser tiradas como o descascamento de
uma cebola; isso evita o choque térmico quando o corpo está encalorado e
suado e o exterior está mais frio. Ou, por outro lado, roupas que permitam a
troca de calor quando o clima está quente, como camisetas de algodão ou
tecidos sintéticos que permitam a transpiração, evitam o acaloramento.
Pode parecer óbvio, mas, além do tipo, a quantidade de roupa a levar
deve ser parte do planejamento: suficiente para o número de dias em campo e
para o tipo de atividade. Por exemplo, se for dado um jogo noturno, no qual se
possa molhar ou enlamear a roupa, convém prever a muda para dormir/passar
o restante da noite.
Mesmo no verão, deve-se levar um impermeável e/ou algum tipo de
agasalho, pois à noite a temperatura cai e a umidade do ar aumenta; ainda,
durante o dia é possível que haja chuva e, eventualmente, vento (uma
inversão térmica é uma real possibilidade); são fatores contribuintes para um
resfriado ou, em casos mais graves, uma hipotermia.
Cuidado especial deve ser tomado com ponchos e mantas, quando se
esteja próximo ao fogo, pois quando feitos em acrílico (e são os mais usados)
são inflamáveis, e um inadvertido contato com labaredas ou brasas pode levar
o cobertor a pegar fogo.
Calçados são itens que merecem particular atenção, pois são os pés que,
ao fim e ao cabo, nos levam a todos os lugares. Portanto, devemos cuidar bem
dos pés para que eles não nos deixem na mão. Pode haver alguma variação no
tipo de calçado dependendo de onde se vai andar. Uma sandália do tipo papete
pode ser muito útil ao vadear um rio, mas não será aconselhável na marcha
pelo meio da vegetação. Uma jump boot, toda em couro e reforçada para
resistir a impactos, com todo o élan dos seus usuários paraquedistas, pode não
Curso Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
ser o melhor calçado para uma jornada de 40 km, especialmente com
vadeamento de rios. Os calçados devem ser confortáveis, resistentes e
proporcionar boa proteção aos pés; portanto, salvo em situações em que será
mais problemático ter o calçado molhado ou pesado pelo acúmulo de água,
devemos usar calçados fechados.
Chapéus devem ser selecionados de maneira a protegerem a cabeça da
radiação direta, de bichinhos e galhinhos, a proporcionarem sombra e proteção
mecânica para os olhos e, dependendo do caso, proteger as orelhas e a nuca.
Bonés convencionais de tecido, bonés tipo “legionário” – com cobre-nuca – ou
chapéus com abas largas (especialmente de tecido) estão entre as coberturas
mais recomendáveis. Toucas de lã ou de fleece são recomendáveis para baixas
temperaturas, mas não para uso no pino do dia; além de serem quentes, não
têm pala para proteger os olhos. A boina, funcionalmente, não é lá muito
vantajosa: afora o fato de compor o uniforme escoteiro da Modalidade do Ar (e
ser opção no da Básica) e de ter o apelo simbólico associado a “tropas de elite”
militares e o fato de ser transformada num rolinho para guardar, tem
características que depõem contra ela: não tem pala; esquenta a cabeça;
aperta; quando molhada custa a secar e encolhe; e, com o uso, deforma-se de
tal modo que fica parecendo uma carapuça de saci.
Outro
aspecto
a
ser
tomado
em
conta
quando
pensamos
na
indumentária é a cor. Não por questões de moda, mas sim de visibilidade.
Trajes camuflados, de forma geral, não nos convêm, sendo inclusive vedado o
seu uso por regra do POR. Primeiro, por serem característicos de corporações
militares (o que o Escotismo não é). Segundo, porque a finalidade de forças
armadas adotarem roupas camufladas é dificultar a localização visual do seu
usuário, misturando-o ao terreno em torno; ser facilmente enxergado, para o
soldado em operações, significa ser facilmente alvejado. No nosso caso, o
objetivo é ser visto em caso de precisão. Precisamos harmonizar visibilidade e
discrição. Como assim? As cores de mais fácil visualização são tons de
amarelo, laranja, vermelho, rosa, aqueles que dificilmente se encontra no meio
Curso Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
natural; se é para ser visto, quanto mais gritante, melhor. Entretanto, no
campo, precisamos também não ser tão discrepantes do nosso entorno que
afugentemos a fauna que poderíamos observar – imagine a reação do animal
ao ver aquele ser em amarelo-limão ou azul-turquesa quase fosforescente,
além do característico odor humano supondo que a criatura foi bisonha o
suficiente para ficar a barlavento do bicho. Não é sem motivo que os uniformes
escoteiros, lá quando o Movimento nasceu, foram constituídos com cores mais
discretas, em sua maioria com tons de marrom, cáqui ou verde – além da
variedade de cores de tecido não ser tão grande quanto a da segunda metade
do século XX, havia a considerar as peculiaridades das atividades em campo.
Portanto, é melhor nos abstermos dos extremos, recomendando, nos trajes de
campo, cores vivas, mas que não cheguem ao extremo de serem berrantes. Se
o uniforme é cáqui, por exemplo, a camiseta, ou o agasalho, ou a barraca pode
ter alguma cor como amarelo, vermelho, branco, azul ou mesmo laranja.
A mochila e os itens de carga individuais devem ser selecionados de tal
maneira que: a) se adaptem confortavelmente ao corpo do usuário; b)
possibilitem distribuir equitativamente o peso; c) sejam compatíveis com a
carga exigida para a atividade; d) permitam acesso fácil aos itens de mais
pronta necessidade; e) sejam resistentes e duráveis; f) deixem o mínimo de
projeções e elementos balouçantes em qualquer direção (projeções podem
tornar-se espetantes e engarrancháveis, e balouçantes podem tornar-se
massas contundentes).
Convém lembrar, ainda, que a carga a ser transportada individualmente
não deve ultrapassar 15% do peso da pessoa (em situações especiais, 30%),
especialmente em se tratando de crianças e jovens.
Ditas estas palavras sobre vestimenta e carga individual, vejamos outros
tipos de hardware de segurança.
Curso Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
Para atividades em sede, mas principalmente em atividades externas,
devemos identificar o equipamento individual e coletivo necessário ao
provimento da segurança.
EQUIPAMENTO INDIVIDUAL
O equipamento individual é aquele usado em proveito da própria pessoa
que
o
emprega.
transportados
Além
junto
ao
daqueles
corpo,
itens
como
que
devem
documento
de
ser
sempre
identidade,
carteirinha do convênio de saúde, carteirinha da UEB, apito, caneco,
reservatório de água e um dinheiro para comida/transporte (3AD –
Água, Agasalho, Apito, Documentos), listamos abaixo alguns exemplos de
equipamento individual:
MOSQUETÕES
Usado para prender à cadeirinha de escalada, ligação da corda de escalada às
ancoragens e meios de segurança e ligações diversas, o mosquetão é um
dispositivo de segurança de alta resistência com capacidade para suportar
solicitações mecânicas de 22kN no mínimo. Tem a função de prover elos e
também funciona como uma polia com atrito. Para contar com a máxima
resistência do equipamento, deve-se dar atenção ao uso e a manutenção. A
resistência do mosquetão varia com o sentido de tração, sendo mais resistente
pelas extremidades do que pelas laterais. Não deve sofrer torções, por isso
deve ser instalado corretamente, prevendo-se a forma como será solicitado
sob tensão ou dentro de um sistema que deterá uma queda.
Cuidados e conservação:
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
O mosquetão deve ser armazenado em local seco, à sombra, sem
contato com piso de cimento, fontes de calor, produtos químicos,
abrasivos ou cortantes.

Nenhum dos componentes metálicos no mosquetão pode apresentar
ferrugem, amassados, rebites frouxos, peças gastas, tortas ou algum
dano prejudicial à sua estrutura.

O mosquetão deve ser inspecionado antes e depois de cada utilização
para se verificar a existência de anormalidades que possam prejudicar a
segurança do usuário e se for verificada qualquer dúvida com relação a
sua integridade, o equipamento deve ser substituído.

Evitar
submeter o
mosquetão a pancadas,
especialmente contra
superfícies duras; isso pode produzir microfissuras, que comprometem a
estrutura do material.

Os mosquetões devem ser substituídos quando apresentarem defeito ou
enfraquecimento do conjunto “mola e trava”, ou quando apresentarem
qualquer outro tipo de defeito que possa prejudicar a segurança do
usuário.
FREIOS DE ESCALADA EM “8”
São dispositivos tradicionais, usados como freio para atividades verticais, feitos
com acabamento anodizado e polido, e 35KN de resistência. Não apresenta
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poder de frenagem suficiente para dar segurança para um guia de cordada,
por isso é usado apenas para top rope e rapel. Para dar segurança para o guia,
seria necessário no mínimo usar luva. Tem a desvantagem de torcer mais a
corda do que outros mecanismos, por isso vem sendo progressivamente
abandonado.
Alguns escaladores usando o "8" com a chamada "passada esportiva", na qual
a corda passa pelo olhal maior do "8" e depois pelo mosquetão, e não pelo
pescocinho do "8" como o normal. O uso dessa passada para dar segurança,
mesmo em top-rope1, é inaceitável.
Essa configuração "rápida", como o próprio nome faz intuir, provê bem menos
atrito que a passada tradicional. Além do mais essa passada "rápida"
possibilita que, quando não carregado, o "8" monte sobre o gatilho do
mosquetão, e então, quando subitamente carregado por uma queda, o "8"
pode criar solicitações de torção e flexão sobre o gatilho do mosquetão,
esforços para os quais ele não foi projetado, podendo assim romper com
cargas muito inferiores à sua carga de ruptura nominal. Mesmo para o rapel,
essa passada, muito usada por canyonistas, que devido ao peso da corda
molhada desejam menos atrito no freio, é desaconselhável. Outro ponto contra
o "8" é que ele torce demasiadamente a corda. Como cada uma das curvas
feitas pela corda passando pelo "8" se dá em um plano diferente, o "8" acaba
torcendo a corda, o que reduz sua vida útil e piora a sua maneabilidade.
NÓ MEIO FIEL (MEIO-PORCO), OU NÓ UIAA OU NÓ MUNTER HITCH
Este não é um equipamento, é um nó que, em situação de emergência, pode
suprir
uma
necessidade.
É
uma
alternativa
prática
para
substituir
equipamentos de freio, tanto na segurança dinâmica da escalada como na
descida em rapel. Este nó usado como dispositivo de segurança tem sua
1
Top-rope: Processo de escalada em que a corda que dá segurança ao escalador é presa acima
do usuário. A outra ponta da corda (que não está presa ao escalador) é em geral utilizada pelo
escalador que dá segurança.
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invenção clamada pelo escalador suíço chamado Werner Munter e é aprovado
pela UIAA como freio de escalada. No caso de uma queda, ele tem um poder
de frenagem bastante alto, sendo quase auto blocante. Ele exige o uso de um
mosquetão tipo HMS de grandes proporções, que permita que o nó vire
livremente de quando passamos de estar dando corda para retesamento e
vice-versa.
Mas cuidado! Uma vez que o nó passa de um lado para o outro dentro do
mosquetão, ele pode, sem que o escalador perceba, desrosquear e abrir a
trava do mosquetão. Olho vivo! Apesar de bastante eficiente, e de não pesar
nada, este nó torce bastante a corda (mais que o "8"), além de usar o atrito da
corda consigo mesma para produzir a frenagem (portanto, desgastando-a mais
que na passagem pelo aparelho de freio). Trata-se de uma alternativa
importante que todo escalador deve saber fazer e usar, pois é um excelente
substituto para quando se perde ou deixa cair o equipo de freio em uso na
escalada. Mas não deve ser usado cotidianamente.
FREIO TIPO TUBO OU PIRÂMIDE
Este tipo de freio é chamado no Brasil genericamente de ATC. Entretanto, esse
é um caso parecido com o da lâmina de barbear e da Gilette. ATC é o nome do
modelo de freio pirâmide do fabricante americano Black Diamond, que foi o
primeiro desse tipo a aportar aqui no Brasil após a liberação das importações.
Assim, todos freios tubo ou pirâmide passaram a ser chamados de ATC, sendo
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que existem diversos modelos de diferentes equipamentos de diversos
fabricantes disponíveis no Brasil atualmente.
FREIOS AUTOMÁTICOS
Os dispositivos de freio automáticos também são chamados de "estáticos".
Trata-se de uma força de expressão, pois é difícil imaginar algo estático, uma
vez que ele é preso à cadeirinha e qualquer queda ou solicitação fará que o
segurança se desloque ao menos alguns centímetros. O "estático" se refere ao
fato deles praticamente não permitirem a passagem da corda por eles uma vez
que essa é tracionada. O termo automático também não quer dizer que ele
funcione sem o manuseio de uma pessoa.
Basicamente,
se a
corda
for repentinamente tracionada,
o dispositivo
automaticamente morde e trava a corda. No entanto, todos os modelos
existentes possuem longas instruções de uso e é fundamental praticar e pegar
prática antes de usar esses aparatos.
BAUDRIER, BOLDRIÉ OU CADEIRINHA DE ESCALADA
É o elemento que faz a ligação da corda ao nosso corpo. Deve ser escolhido
criteriosamente tendo em conta o modelo e tamanho adequados. São
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utilizados modelos reguláveis (adequam-se a vários tamanhos) com sistemas
de fecho muito seguros.
Cuidados e conservação:

Antes de cada uso, o usuário deve certificar se todas as fitas de náilon e
costuras estão em perfeitas condições, sem cortes, furos, rupturas,
partes queimadas, desfilamentos, mesmo que parciais.

Todos os componentes metálicos devem estar livres de ferrugem,
amassados ou algum dano prejudicial à sua estrutura.

Verificar se não há suspeita de contaminação por produtos químicos
para não enfraquecer o cinturão.

O cinturão deve ser utilizado juntamente com todos os acessórios que o
compõe de forma a garantir total segurança.

O usuário não deverá fumar quando estiver vestido com o cinturão, a
fim de evitar que brasa caia sobre o EPI e provoque danos.

A colocação do cinturão deve ser feita de forma a se ajustar
confortavelmente ao tamanho de cada usuário.

O cinturão não deverá ser utilizado quando houver constatação de
qualquer problema na inspeção.

Devem ser guardados em sacolas apropriadas (bolsa de lona) em local
arejado e escuro evitando sofrer qualquer tipo de tensão mecânica.

Quando estiver muito sujo, deve-se lavar o cinturão com água morna e
sabão neutro e colocar para secar a sombra em local ventilado.

Teoricamente, a vida útil do cinturão não pode ser preestabelecida,
dependendo muito da freqüência e cuidados durante o uso, grau de
exposição a produtos químicos, elementos abrasivos e luz solar. Desta
forma é importante cuidar do cinturão de forma a garantir longa vida útil
e qualidade do equipamento.

O cinturão deve ser inspecionado antes e depois de cada utilização.

Armazenar em local seco, à sombra, sem contato com piso de cimento,
fontes de calor, produtos químicos, abrasivos ou cortantes.
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
Quando apresentar defeito ou enfraquecimento do conjunto “mola e
trava” dos mosquetões, devem-se substituir os componentes em
questão e não todo o cinturão.
Como variações sobre este tema, pode-se citar os cinturões de segurança
(usados, por exemplo, em instalação/manutenção de linhas em postes – têm
uma correia que envolve o poste e é presa por um mosquetão ao cinto) e os
boldriés integrais, que prendem também a parte superior do corpo. Esses
materiais devem ser substituídos sempre que fitas ou costuras estiverem
danificadas e desgastadas (felpudas), depois de entrar em contato com
substâncias químicas,
particularmente substâncias ácidas,
caso
existam
sujeiras que não possam ser removidas (betume, graxa, óleo), depois de um
impacto severo (queda), após estresse por temperaturas extremas através de
fricção ou contato em que possam ser identificados sinais de derretimentos.
CAPACETES
O capacete previne acidentes sérios, protegendo a cabeça do escalador, de
objetos (por exemplo, pedras) que desabem, de batidas (num galho ou num
teto/saliência de rocha) ou de uma eventual queda. Os capacetes de escalada
são leves, ajustáveis à cabeça e forrados com espuma. Podem ser colocadas
fontes de luz frontais nos mesmos, mas não se deve colocar nenhum objeto
entre a suspensão e o casco ou entre a suspensão e a cabeça do usuário
(exceto ao se utilizar o capuz para proteção solar e resistente a chama). Há
capacetes para ciclismo, esgrima, motociclismo e outras atividades, variando o
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formato, peso, presença ou não de aberturas de ventilação, dependendo do
tipo de impacto previsto para suportar.
Cuidados e Conservação:

Evitar
quedas
acidentais
para
não
deformar
sua
estrutura
e
comprometer suas características de proteção. O capacete foi feito para
absorver impactos eventuais, não para ser batido.

Todos os componentes (casco, suspensão, jugular) deverão sofrer
inspeção visual, antes do seu uso. Uma presilha aberta na carneira
(suspensão) pode se transformar num suplício medieval ao ficar em
contato prolongado com seu couro cabeludo. Do mesmo modo, o ajuste
à cabeça deve ser feito e experimentado antes da atividade; a pressão
de uma carneira muito apertada (prendendo a circulação) ou o capacete
dançando na cabeça são fatores de risco.

Qualquer capacete de segurança que requeira substituição total ou
parcial ou de qualquer parte gasta, danificada ou defeituosa, deverá ser
removido do serviço até que a condição de uso seja restituída.

Não usar tintas, solventes, produtos químicos, gasolina ou substâncias
similares para limpar o capacete. Estas substâncias podem destruir a
resistência
ao
impacto
e
outras
propriedades
mecânicas
do
equipamento.

O material deve ser lavado em água contendo detergente ou sabão
neutro e secar à sombra (a excessiva exposição à radiação solar pode
produzir ressecamentos e alterar as propriedades do equipamento).

Deverá ser substituído sempre que apresentar trincas, perfuração,
deformação ou outra danificação resultante de impacto ou desgaste que
possa reduzir o grau de segurança original
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COLETE SALVA-VIDAS
)
Utilizado para proteção do indivíduo contra submersão. Importante que seja
em cores vivas, para facilitar a localização do usuário. Existem coletes
camuflados, mas seu uso destina-se a militares em operações, situação na
qual a dificuldade em ser observado e identificado no ambiente faz parte do
provimento da segurança.
Conservação:

Lavar em água corrente com sabão neutro, esfregando com espuma
macia.

Armazenar em local ventilado, livre da ação dos raios solares ou
quaisquer outras fontes de calor;

Evitar contato com produtos químicos.
SNORKEL
É um tubo de aproximadamente trinta centímetros que contém um bocal e
permite ao mergulhador respirar o ar do ambiente pela boca, sem levantar a
cabeça da água. Os mais atuais possuem uma válvula (válvula de purga) que
permite a respiração e aspiração em diferentes estágios. Possuem também um
dispositivo "quebra-onda" na extremidade que auxilia nas atividades em águas
marítimas, não deixando a água inundar o tubo. Bastante útil nas atividades
natatórias com observação subaquática, sem mergulho.
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LANTERNA
Usada tanto para iluminação próxima quanto para sinalização visual noturna;
aqueles “holofotes de mão”, de forma geral, são pouco úteis em atividades
escoteiras, pois são volumosos, pesados e demandam local para recarregar as
baterias. Deve-se levar pilhas reservas e recarregáveis, atentando para sua
carga. Há lanternas de dínamo, autorrecarregáveis, que também podem ser
interessantes por não dependerem da logística de levar e recarregar pilhas.
APITO
O apito deve ser obrigatório em qualquer situação e levado junto ao
corpo, seja por meio de um mosquetão, seja preso a um cordão. Serve para
chamar a atenção em situações de perigo, ou transmitir mensagens usando o
código Morse.
O som vai mais longe do que o dos gritos e não deixará a
pessoa afônica. É útil combinar o significado dos sons do apito, diferindo
daqueles usados em formações escoteiras. Obviamente, ao selecioná-lo,
devemos optar por um cujo barulho possa ser ouvido de longe sem esforço
excessivo de sopro pelo usuário. Aqueles do tipo “juiz de futebol” são
preferíveis aos do tipo “guarda de trânsito”. Os fininhos, semelhantes a flautas,
também têm um som que atinge distâncias consideráveis. Quanto a serem de
metal ou plástico, vai do gosto do freguês – os de metal, conquanto mais
caros, são mais duráveis.
ESPELHINHO/REFLETOR DE BOLSO
É usado para sinalização visual usando Morse, como um mini-heliógrafo. Pode
ser usado qualquer material que seja capaz de refletir a luz (plaquinha
metálica tipo dog-tag, por exemplo, ou uma fivela de cinto bem polida).
Demanda um certo traquejo para emitir os sinais refletidos da forma desejada.
TABELA COM O CÓDIGO MORSE
Tanto para uso com apito, quanto com lanterna ou espelho, é bastante útil
levar uma tabelinha com o código Morse e os sinais convencionais, plastificada,
especialmente quando não se tem familiaridade com o código; esta deve ser
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levada em lugar de fácil acesso (um bolso, por exemplo). É bom lembrar que o
tempo de um traço é igual ao de três pontos, e que o intervalo entre
caracteres é o tempo de um traço. O intervalo entre palavras é o tempo de
três traços. A transmissão deve ser lenta e regular, para que o operador do
outro lado consiga identificar os caracteres.
SEMÁFORA E OUTROS CÓDIGOS VISUAIS
A semáfora pode ser útil em situações nas quais haja contato visual entre os
operadores, mas, por algum motivo, o Morse seja pouco viável. Para outras
situações, principalmente envolvendo embarcações e aeronaves, existem
códigos internacionalmente padronizados para atividades de socorro e resgate,
usando painéis coloridos (com uma face azul e outra laranja) ou outros
recursos de sinalização, como roupas, pedaços do veículo ou mesmo gente.
Convém dar uma pesquisada.
CABOS, CABOS SOLTEIROS E RETINIDAS
Podem ser usados para fazer um assento (cadeirinha de escalada), uma
atadura de peito, um cordão umbilical, uma amarração de transporte de
acidentado, entre outras aplicações; deve ser utilizado apenas para aplicações
de emergência. No caso de atividades em altura programadas, deverão ser
utilizados os equipamentos construídos para esse fim, como o boldrié, freios
e/ou roldanas. Em outras palavras: não programe a atividade para usar
material improvisado.
A retinida ou cordelete é uma corda mais fina que pode ser usada para fazer a
autossegurança ou ser usada para fins auxiliares, tais como segurança do
material, içamento de pequenas cargas, etc.
EQUIPAMENTO COLETIVO
O equipamento coletivo é aquele usado em proveito de um grupo de
pessoas. Seguem-se exemplos de equipamento coletivo.
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CABOS, CABOS SOLTEIROS E RETINIDAS
Podem ser usados para fazer um estropo (ponto de ancoragem envolvido por
corda), ou para unir os cabos de uma ponte, entre outras aplicações; cabos
mais longos podem ser usados como cordas de escalada (apesar de não ser
recomendável, pela pouca elasticidade) ou de resgate, ou de rapel, ou como
ponte, entre outras aplicações. As retinidas podem ser usadas em funções
auxiliares, como o içamento de pequenas cargas, ou presas a uma bóia circular
ou outro meio de resgate lançável, ou para puxar uma pessoa que esteja sem
condições de transpor uma ponte de corda por seus próprios meios. Abaixo,
algumas medidas de conservação das cordas.

Marcar o meio da corda com fita adesiva.

Teoricamente, a vida útil da corda não pode ser preestabelecida,
dependendo muito da freqüência e cuidados durante o uso, grau de
exposição a produtos químicos, elementos abrasivos e luz solar. Desta
forma é importante cuidar da corda de forma a garantir longa vida útil e
qualidade do equipamento.

A corda, após o seu uso, deve ser mantida em sua sacola própria. No
acondicionamento, não se deve enrolar a corda e sim apenas introduzila dentro da sacola, retirando o excesso de sujeira, desmanchando
qualquer nódulo e verificando falhas em sua malha.

Antes de cada uso, o usuário deve certificar se a corda está em perfeitas
condições,
sem
cortes,
furos,
rupturas,
partes
queimadas,
desfilamentos, mesmo que parciais.

Verificar se não há suspeita de contaminação por produtos químicos na
corda para não enfraquecer a mesma.

O usuário não deverá fumar quando estiver usando a corda, a fim de
evitar que cinzas caiam sobre o EPI e provoquem danos.

As cordas devem ser inspecionadas antes e depois de cada utilização
para se verificar a existência de anormalidades que possam prejudicar a
segurança do usuário e se for verificada qualquer dúvida com relação a
sua integridade, o equipamento deve ser substituído.
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
Importante: a corda não deverá ser utilizada quando houver constatação
de qualquer problema na inspeção
Periodicidade de troca:
As cordas devem ser substituídas sempre que estiverem danificadas e
desgastadas (felpudas), depois de entrar em contato com substâncias
químicas, particularmente substâncias ácidas, depois de um impacto severo
(queda), caso existam sujeiras que não possam ser removidas (betume, graxa,
óleo), após estresse por temperaturas extremas através de fricção ou contato
em que possam ser identificados derretimentos ou sinais de derretimento,
quando o responsável pela área considerar necessário.
Estropo: cabo muito curto entrançado pelas pontas, formando uma espécie de
anel ou argola, e destinado a servir de ligação entre o cabo e o apoio, para
levantar cargas ou em escaladas.
MOSQUETÕES
Já apresentados na seção de equipamento individual. Usados para ligação da
corda de escalada às ancoragens e meios de segurança e ligações diversas.
MEIOS DE FIXAÇÃO À PEDRA
Pitons, grampos, excêntricos, cunhas, bongs e outros recursos usados em
escaladas, ao serem inseridos em fendas da pedra, consituindo ancoragens de
segurança em cada lanço.
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MEIOS DE ANCORAGEM TERRESTRE E AQUÁTICA
Âncoras, conjuntos de estacas ou recursos diversos que servem para impedir
que uma embarcação vá à deriva, ou para fixar uma corda de escalada, ou
como estai para alguma construção.
FREIOS PARA CARGA
Equipamentos destinados à descida de pessoas e materiais, têm dispositivos
de travamento que permitem controlar a descida com maior isolamento da
corda em relação à carga que desce. Mais usualmente, são os freios estáticos
mencionados no equipamento individual.
ROLDANAS
A roldana não é usada no rapel, mas pode ser muito importante no caso de se
fazer um resgate, ou se precisarmos erguer uma grande quantidade de peso,
pois com roldanas podemos construir aparelhos de força, capazes de reduzir
nosso esforço ao mover cargas. É essencial para se fazer a tirolesa, pois
devido ao pequeno atrito que a roldana faz com as cordas, podemos deslizar a
grandes velocidades.
Cuidados e conservação:
Os mesmos do mosquetão.
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ASCENSOR
Dispositivo para escalada por meio de cordas verticais fixas que, quando
engatado na corda, permite que ela deslize através dele apenas em uma
direção. Serve para deslocamento em corda fixa, para içamento de cargas e
para auto-segurança. Para a subida, o escalador usa dois ascensores, um
preso ao assento/boldrié, e o outro preso à retinida em que apóia os pés, e
movimenta-os alternadamente: sobe o dos pés, apóia-se nele, sobe o do
assento; seguro pelo assento, sobe o dos pés, e assim segue. Existe uma
forma improvisada, usando duas retinidas com o nó prússico, mas é menos
recomendável pelo seu caráter de improvisação e maior esforço físico
demandado do escalador.
BÓIAS PARA ATIVIDADES AQUÁTICAS
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As bóias circulares salva-vidas são confeccionadas com polietileno de baixa
densidade, possuem revestimento externo estrutural com elevada resistência,
na espessura de 4,0 mm, na cor vermelha-alaranjada. São preenchidas com
espuma de poliuretano expandido de células fechadas com densidade de 32,0
Kg/m3 , o que garante flutuabilidade mesmo que sua carcaça estrutural esteja
danificada.
BOTES E OUTRAS EMBARCAÇÕES
Botes infláveis, de madeira, metálicos, caiaques, escaleres, “voadeiras”,
veleiros, jangadas, balsas, esquifes, canoas, etc. Devem ser de capacidade
compatível com o efetivo e material a transportar e adequados para o tipo de
água (lago, rio, mar) e de atividade.
Cuidados e conservação de botes infláveis:

Com auxílio do fole, infle inicialmente todos os flutuadores, sem
completar o ar, e posteriormente complete o ar das laterais e depois o
flutuador da proa. Isto evita danos aos separadores internos.

Seu barco inflável necessita de determinada pressão em libras de acordo
com o manual do mesmo; consulte o manual e não exceda a pressão
recomendada, assim como não a deixe abaixo do desejável.

Não arraste seu barco inflável acoplado ao motor pelas alças.

Após o uso em água do mar, limpe o barco com água doce e sabão
neutro, sem usar produtos químicos para lavá-lo.

Para guardar seu barco inflável por longo período escolha um local seco
e arejado.

Mantenha seu barco livre de areia em seu interior, a areia é um abrasivo
que pode danificar seu barco.

Após limpo e seco, aplique pequenas camadas de silicone líquido nos
flutuadores.

Nunca exceda a potência máxima recomendada para seu modelo de
embarcação.
Este
dado
identificação de seu barco.
é
facilmente
encontrado
na
placa
de
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
Para retirar a água interna navegando com o barco, puxe a tampa do
bujão da popa e aumente a velocidade, a fim de escoar toda a água.
Não esqueça de recolocar a tampa ao fim deste procedimento.

No caso de outras embarcações, inspecionar o casco para identificar
eventuais pontos frágeis, furos, rupturas ou rachaduras e providenciar a
devida calafetação.
MEIOS DE SINALIZAÇÃO VISUAL E ACÚSTICA
Painéis coloridos, heliógrafos, sirenes, etc. É importante saber ao menos os
sinais básicos de código com tais recursos, pois há sinais internacionalmente
convencionados que podem facilitar a ação da equipe de socorro ao identificar
as necessidades previamente ao desembarque no local da ação.
TALHAS
São sistemas de roldanas usadas para emprego de aparelhos de força no
tracionamento de vias de transposição ou içamento de cargas.
CABOS DE AÇO
Caso haja rupturas, observar se estão distribuídas uniformemente ou se estão
concentradas em uma ou duas pernas apenas. Arames gastos por abrasão,
mesmo que não cheguem a se romper, o seu desgaste reduz a resistência,
tornando seu uso muito perigoso.
Deformações decorrentes do mau uso:
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
Ondulação: ocorre quando o eixo de um cabo assume a forma de uma
hélice determina desgaste prematuro e arames partidos.

Amassamentos: ocasionados pelo enrolamento desordenado no tambor.
Nas situações em que o enrolamento desordenado não pode ser evitado,
deve-se optar pelo uso de cabos com alma de aço.

Gaiola de passarinho: Quando o cabo é submetido a
alívio de tensões repentinamente. esta deformidade é crítica impedindo
desta forma a continuidade do uso do cabo de aço.

Alma
saltada:
também
causada
pelo
alívio
repentino de tensão no cabo e provoca um desequilíbrio de tensão entre
as pernas do cabo.

Dobra
ou
nó:
é
caracterizada
por
uma
descontinuidade no sentido longitudinal do cabo que em casos extremos
diminui a resistência à tração do cabo.

JAMAIS DÊ UM NÓ EM UM CABO DE AÇO!
Não hesite em substituir o cabo de aço por um novo se:

os arames rompidos visíveis atingirem 6 fios em um passo ou 3 fios em
uma perna;

se aparecer corrosão acentuada no cabo; se os arames externos se
desgastarem mais do que 1/3 de seu diâmetro original;

se o diâmetro do cabo diminuir mais do que 5% em relação ao seu
diâmetro nominal;

se houver danos por alta temperatura ou qualquer outra distorção no
cabo (como dobra, amassamento ou "gaiola de passarinho")
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EQUIPAMENTOS COMPLEMENTARES

Kit de primeiros socorros

Fósforos protegidos da umidade

Pá

Fita amarela/zebrada

Sinalizador de emergência

Canivete multi-funções

Bússola, GPS

Remos reserva

Combustível

Bonés coloridos

Máquina fotográfica com pilhas carregadas
Outros pontos importantes a considerar na seleção do equipamento são
o peso, o volume e a ergonomia. Um fogareiro de 30 cm X 30 cm X 6 cm com
uma botija de gás de 1 kg, numa jornada a pé, é francamente desvantajoso
em relação a uma espiriteira de 8 cm X 8 cm X 4 cm, com 4 bolachas de álcool
sólido, num peso total de cerca de 300 g. Podemos pensar, ainda, no volume
de um colchonete, enrolado e amarrado à parte de fora da mochila e pronto a
enganchar-se em quanto galho houver (isso se não estiver solto, carregado na
mão pelo usuário). Ou em uma caixa de Patrulha, com seu formato de
paralelepípedo, sem alças ou braços para pegar, constituindo um volume
grande, pesado e desajeitado pronto para escorregar da mão e cair sobre o pé
de alguém (exemplificando classicamente o conceito de “mala sem alça”). Se o
item de equipamento for de transporte muito enrolativo, constituirá risco não
apenas pela sua possibilidade de machucar alguém, mas também por fazer do
cuidado com seu transporte/manuseio um dispersor da atenção que deveria
estar focada na atividade/no deslocamento, além de produzir desgaste
adicional pela adoção de posturas forçadas no seu manuseio.
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A existência de equipamentos em quantidade e condições adequadas
para a atividade que se propõe é fator determinante para a sua realização.
Entretanto, devemos ter em mente que, mais do que a sofisticação do
material, o que pode prover a segurança e o sucesso em uma atividade
escoteira é o domínio da utilização correta dos equipamentos e a existência de
uma atitude orientada para a proteção individual e coletiva.
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Unidade Didática 3
SEGURANÇA NA OCUPAÇÃO
DE CAMPO
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SEGURANÇA NA OCUPAÇÃO DE CAMPO
Ch IM Fernando Antônio Lucas Camargo – RMG
Ch IM Carlos Magno Torres – RMG
Material de apoio de unidade didática do Módulo de Aperfeiçoamento de Segurança em Atividades
Abril, 2016.
Quando, numa atividade escoteira, levamos os jovens ao campo, a
ocupação do local, para atender às necessidades de segurança, deve
considerar elementos que vão além do que preconiza a técnica de campismo. A
observância dos padrões de acampamento ajuda consideravelmente no
provimento da segurança, pois eles abrangem os aspectos sanitários e
funcionais da instalação no campo.
Para que a atividade ao ar livre atinja os objetivos propostos, após as
providências preparatórias teremos diversos elementos a observar ao nos
instalarmos e durante nossa permanência em campo.
1) Acessos e rotas de escape.
Os participantes devem conhecer os acessos ao campo, os quais podem
ser pontos críticos para a vigilância. Claro, são, basicamente, os caminhos por
onde se deixará o local ao término da atividade, ou, ainda, os caminhos por
onde se deve guiar elementos de apoio/socorro. As rotas de escape referem-se
a situações emergenciais, nas quais os acessos comuns podem estar, por
quaisquer motivos, impedidos (não necessariamente por estarem bloqueados,
mas
por
terem
locais
que
para
aquela
situação
oferecem
proteção
insuficiente). Podem não levar, necessariamente, para fora do campo no
caminho de casa, mas conduzem a lugares que, na contingência, sejam mais
seguros e que serão os pontos de reunião. Por exemplo, um abrigo em terreno
elevado em situação de ameaça de inundação pode estar mais afastado dos
acessos,
mas
evitará
que
os
acampadores
sejam
involuntariamente
transportados pela correnteza. Convém que, no mínimo, os monitores sejam
ambientados quanto às rotas de escape e os marcos críticos de indicação de
problemas (por exemplo, indicadores de elevação do nível da água em um rio).
Curso Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
Pode-se, mesmo, inserir um jogo de identificação de rotas de escape e de
locais de reunião de emergência para os jovens, com e sem condições de
visibilidade (pensando em chuva forte, neblina ou à noite). Havendo mais de
um local de escape/reunião, prever formas e meios de comunicação entre os
pontos de reunião.
2) Informação e contra-informação.
Pode ser resumida em “QUEM TEM DE SABER O QUÊ”. Tem a ver com
a eventualidade de o campo receber visitas. Toma em conta a proteção da
privacidade e da integridade dos acampadores, principalmente os membros
juvenis. Toda pessoa estranha à atividade que chegue ao campo deve ser
encaminhada ao responsável. Informações sobre número de acampadores,
grau de experiência, postos e procedimentos de vigilância, acessos, meios de
alarme e de proteção devem ser mantidas sob conhecimento apenas dos
acampadores, de ordem a reduzir o risco de “visitas” mal-intencionadas ao
campo. Deve-se estabelecer previamente, tanto quanto possível, a condição
das visitas ao campo (sim/não/quem/quando/como).
3) Vigilância referente a animais e humanos.
Este tema refere-se, principalmente, aos horários noturnos, quando os
acampadores se recolhem para repousar. Entretanto, se o local não oferece
recursos de segurança, é de muito bom alvitre estabelecer-se o sistema de
ronda noturna. Preferencialmente dispõe-se o pessoal em duplas ou trios,
juntando um elemento mais experiente com um menos (nunca deixar um
turno só com novatos), em quartos de hora que não ultrapassem 2 horas de
duração. Essa vigilância permite impedir a entrada de animais no campo e,
caso seja detectada, afugentá-los. Visa, ainda, à prevenção da entrada de
pessoas estranhas no campo (normalmente, não se faz visitas – especialmente
em áreas isoladas no campo – em horários tardios e sem a ciência do
encarregado da atividade). O sistema de duplas ou trios permite que os
guardas se mantenham despertos e é, também, uma oportunidade para que se
conheçam melhor mutuamente, já que podem conversar entre si sem a
Curso Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
interferência de outras atividades; permite, ainda, que dêem coragem uns aos
outros, já que nessas condições o rondante não enfrentará a “visita” ou os
ruídos noturnos sozinho. Os reflexos educativos manifestam-se no apoio
mútuo, na disciplina necessária para manter-se acordado e alerta em horário
de sono, na superação dos “fantasmas da escuridão” e na responsabilidade
pela proteção do acampamento.
4) Condições fisiográficas.
As condições fisiográficas da área de atividade podem trazer alguns
perigos,
que devem
ser
considerados desde a
preparação.
Os riscos
fisiográficos podem agrupar-se em três categorias:
a) Clima: possibilidades de agravos fisiológicos decorrentes do calor e
da radiação (acaloramento, insolação, desidratação, desmaios), ou
do frio e da umidade, aqui compreendida a chuva (hipotermia,
encharcamento), ou dos ventos (ciclones, vendavais ou, em escala
menor, como contribuinte para a hipotermia).
b) Hidrografia: conformação do curso d’água (curvas e remansos,
cachoeiras, poços, correntezas, fundo, presença de ramaria, etc.),
qualidade
da
água
(sujeira,
contaminação
por
bactérias
e
protozoários).
c) Morfologia do terreno: declividade, exposição ao vazio, dimensão das
vias, divisores/coletores de água, cobertura vegetal, tipo de solo.
5) Riscos de fauna e flora.
Formas de vida presentes na área de atividade podem representar fator
de risco. Podemos centrar nossa análise, basicamente, em quatro categorias:
a) Flora: plantas espinhentas, emaranhados, plantas venenosas ou
provocadoras de reações alérgicas.
b) Animais aquáticos e anfíbios: riscos de envenenamento (rãs),
mordidas (piranha, cação e peixes carnívoros, sanguessugas) e
espetadas com ou sem envenenamento (candiru, arraia, ouriço).
Curso Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
c) Insetos: ferroadas com maior ou menor grau de toxina (escorpiões,
abelhas, marimbondos), mordidas (aranhas, formigas), hematófagos
e vetores de doenças (carrapato, barbeiro, pernilongo, piolho, bichode-pé).
d) Animais terrestres e aéreos: aves e animais agressivos, domésticos
ou não (cães, gatos-do-mato, gado, gaviões, serpentes e outros
répteis).
6) Distribuição do material e instalações.
A observância dos padrões de acampamento na distribuição dos
equipamentos e instalações em campo ajuda a proporcionar segurança, pois
reduz o risco de acidentes envolvendo lampiões e fogões, de materiais pelo
caminho, de materiais caindo sobre ou dentro de barracas, de tropeções, de
lançamentos involuntários de projéteis (tais como lascas de madeira ou
fagulhas). Melhora a condição de circulação e permite melhor controle do
campo pelos próprios acampadores, identificando os locais onde se pode estar,
trafegar e trabalhar no campo. A instalação e o material destinados aos
primeiros socorros (enfermaria de campo) devem estar em local conhecido e
ser facilmente acessíveis aos participantes, e deve haver no mínimo um
socorrista capacitado. Não é desejável que haja obstáculos entre as instalações
– por exemplo, uma ravina dividindo o campo, dificultando a reunião ou sendo
um eventual coletor de águas. Isto se refere também à seleção do espaço para
atividades noturnas – explorações, jogos ou cerimônias.
7) Tipos de pouso.
A forma como nos instalaremos em campo tem suas peculiaridades, e ao
programarmos a atividade devemos tomar em conta os bônus e os ônus de
cada
instalação,
sempre
tendo
em
vista
os
objetivos
da
atividade.
Basicamente, temos três tipos de pouso: o acantonamento, quando usamos
edificações; o acampamento, quando nos alojamos em barracas; e o bivaque,
quando nos valemos de abrigos improvisados, construídos pelo próprio
usuário. Dependendo da complexidade do que se pretende construir no campo,
Curso Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
em conformidade com a proposta da atividade, o tempo de montagem de
pouso pode demandar parcela considerável da programação – por exemplo,
num acampamento ou bivaque em que se construam pioneirias.
O acantonamento costuma ser a forma mais confortável e que
demanda menos preparação técnica do viajante. Paredes (ou apenas estrutura,
tratando-se de um galpão aberto) e teto sólidos, podendo ter um piso
revestido. Havendo camas, o único trabalho é estender sobre elas a roupa de
cama ou saco de dormir. Sem camas prontas, estender no chão ou outra
superfície capaz de bem nos acomodar o colchonete/isolante térmico e o saco
de dormir. É importante que os responsáveis pela atividade se posicionem em
local junto à entrada/saída do alojamento. Devem verificar o local quanto ao
acesso de bichos (insetos, gambás, ratos, morcegos etc.) e quanto a eventuais
condições de insalubridade (dejetos, mofo no caso dos alérgicos, etc.). É a
opção que permite maior tempo para os treinamentos, excursões e jogos.
O acampamento, mais usualmente associado aos escoteiros, oferece
uma condição razoável de conforto e segurança (considerando a barraca toda
fechada, com mosquiteiro e sobreteto, com um bom isolamento por baixo),
permitindo abrigar pessoas e materiais. Deve-se atentar para a manutenção
das barracas fechadas, quando não estiverem em uso, para prevenir a entrada
de bichos ou de água e evitar perdas de material. A disposição deve ser tal que
os responsáveis pela atividade tenham controle sobre todo o campo, com fácil
acesso de e para qualquer das suas instalações.
O bivaque é a instalação mais rudimentar, e por isso mesmo a que
mais
demanda
em
capacitação
técnica,
criatividade
e
rusticidade dos
acampadores. Dependendo dos meios disponíveis, pode-se dormir no chão,
fazendo uma tenda improvisada (com poncho, lona ou material vegetal), um
sanduíche (lona e isolante por baixo, cobertor/lona por cima) ou um charuto
(envelopando-se no poncho/lona sobre o isolante); ou então acima do solo,
num jirau (obra de pioneiria) ou numa rede, com ou sem teto (dois pontos de
amarração, com distância e altura adequada, bastam). No bivaque, há o risco
de ocorrer maior dispersão devido à busca por pontos de amarração ou locais
que permitam deitar-se/construir o abrigo. Nesse caso, convém buscar a maior
Curso Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
concentração possível do pessoal, colocando os mais experientes no perímetro
externo, proteger o material e fazer operante o sistema de vigilância.
Os tipos de pouso se interpenetram, como, por exemplo, no caso de se
colocar barracas ou usar redes/charutos num galpão aberto. Ao selecionar os
locais, deve-se tomar informações sobre o uso da área por bichos (pasto, por
exemplo). De todo modo, as características do pouso orientam as medidas de
segurança
a
adotar,
das
presumivelmente
mais
brandas
no
caso
do
acantonamento até as mais abrangentes, no caso do bivaque.
8) Sanitarismo.
Uma vez mais, os padrões de acampamento são um valioso orientador
para a instalação adequada de fossas e latrinas, caso se faça necessário usálas.
Se não houver maneira de dispor dos resíduos alimentares, as fossas
devem ser construídas sempre com tampa e a sotavento da cozinha (o vento
passa pela cozinha antes de passar na fossa), a de líquidos com filtro de areia
e pedras e a de sólidos (se houver) dando condições de misturar os resíduos
orgânicos à terra – plásticos, latas e similares devem ser trazidos de volta.
Se for o caso de construir latrinas – ou seja, se realmente o lugar não
tiver sanitários usáveis e se o tempo de parada/número de acampadores
demandar (a base de cálculo é uma latrina para cada 10 pessoas por 2 dias) –,
deve-se tomar em conta:

os ventos reinantes – elas devem receber o vento das barracas e
cozinhas;

a possibilidade de tampá-las para evitar bichos e mau cheiro;

o uso de filtros para prevenir a impermeabilização do solo;

o uso de cal para secar os detritos, reduzindo a fermentação e emissão
de fedores e acelerando a mescla com o solo; e

a localização em relação a cursos d’água (distantes pelo menos 50
metros) de modo a evitar a sua contaminação pelos dejetos.
Curso Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
Além disso, convém lembrar a necessidade de evitar que o cheiro dos
alimentos ou dos detritos atraia animais para a área de acampamento, e de
guardar os alimentos em local que não seja de fácil acesso para bichos e
insetos.
9) Uso, conservação e guarda de ferramentas.
Muitas ferramentas usadas em campo têm potencial para causar
ferimentos. Deve-se atentar para que os usuários das ferramentas e
equipamentos estejam qualificados para seu manuseio seguro. Tal qualificação
compreende, também, as técnicas de conservação de tais materiais e a sua
guarda adequada no cepo, na capa, na caixa de Patrulha. Uma faca ou
machadinha embotada, por exemplo, oferece muito mais risco que uma afiada,
pois exigirá uma força adicional do operador que poderá desviá-la daquilo que
se pretende cortar e levá-la a atingir algo que não deveria.
10) Fogos e combustíveis.
O cuidado com os fogos refere-se ao trato com lampiões, fogareiros,
fogões e fornos de campo e fogueiras (de abrigo ou de Fogo de Conselho),
bem como com o uso de material combustível. O material combustível pode
ser vegetação seca (capim ou folhas de pinheiro, que são bons iniciadores),
algum derivado de petróleo, álcool ou combustível para fogareiro (gás,
querosene ou álcool líquido/gel/sólido). No caso dos líquidos, que emanam
vapores (que são o que pega fogo), deve-se aplicar antes de se iniciar o fogo,
e jamais lançá-los sobre fogo ou brasas, pois a labareda retornará até o
recipiente de onde se lançou o líquido inflamável, fazendo um verdadeiro
lança-chamas suicida. Convém lembrar: não se usa velas, lampiões e
fogareiros dentro de barraca. Roupas de tecido sintético têm muita facilidade
em pegar fogo, e vestimentas com partes soltas, como ponchos e mantas,
podem ser alcançadas por labaredas. Quando se fizer fogo, atenção deve ser
dada para: a limpeza do terreno em torno; os meios de extinção do fogo; o
vento, de modo a não levar fumaça e fagulhas para as barracas ou para
material inflamável; o acondicionamento e trabalho com lenha; a necessidade
Curso Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
e a finalidade do fogo que se pretende fazer (não se faz fogo porque se está
em campo; faz-se fogo se for preciso, para cozinha ou abrigo).
11) Distribuição de horários com previsões de repouso e de
hidratação.
O grande objetivo de uma atividade de campo não é “cansar os jovens”.
Para fazer isso, não se precisa tirar os jovens da cidade, nem ser educador,
menos ainda Chefe Escoteiro. Um recreador experiente dará muito bem conta
desse tipo de tarefa, e ainda por cima sendo pago por isso. Numa atividade
escoteira, existem objetivos peculiares (principalmente técnicos, psicomotores
e cognitivos) e gerais (pedagógicos), para cujo atendimento deve ser dado
tempo de modo que o jovem possa “digerir” os trabalhos a eles ligados. Além
disso, o desgaste físico e mental da execução das atividades tem de ser
recuperado e a água eliminada, reposta. A alocação de tempo de repouso e
bebida
de água/chá/refrescos assegura a
manutenção
da
higidez dos
acampadores, pelo afastamento dos riscos de exaustão e de desidratação. É
preciso comer bem, beber bem e dormir bem. Uma pessoa cansada terá
menos atenção para fazer as coisas, e isso pode contribuir para algum
acidente.
Após as atividades preparatórias, como se pode notar, existem várias
tarefas a serem cumpridas quando da chegada e permanência com os jovens
no campo. Elas ajudam o jovem a preparar e cuidar do “local onde vai ficar”, e
essas práticas em campo tendem a refletir-se em casa. Fazem parte de um
todo articulado, que permite sejam os trabalhos conduzidos de forma a manter
o foco nos objetivos da atividade e criando, pela prática, hábitos de proteção e
cuidado mútuo. Tais hábitos têm efeito fortemente positivo sobre o moral
coletivo, a coesão do grupo e a imagem institucional.
Curso Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
Unidade Didática 4
CONDUTAS DE SEGURANÇA
EM ATIVIDADES ESCOTEIRAS
Curso Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
CONDUTAS DE SEGURANÇA EM ATIVIDADES
ESCOTEIRAS
Ch IM Fernando Antônio Lucas Camargo – RMG
Ch IM Renato Sanzon Ramalho – RMG
Material de apoio de unidade didática do Módulo de Aperfeiçoamento de Segurança em Atividades
Julho, 2015.
Conduzir uma atividade com segurança, além de evitar danos à
integridade
física
dos
participantes,
contribui
para
a
construção
da
autoconfiança, do caráter e do espírito de grupo; fortalece o moral individual e
coletivo; reforça a credibilidade institucional perante as famílias dos jovens e a
sociedade mais ampla.
Para atingir esse desideratum, existem várias condutas de segurança
que permitem aos jovens a prática da responsabilidade e do apoio mútuo, e
ajudam o adulto a dividir um pouco da sua carga de tarefas. Apresentamos
algumas delas.
1) O que pode matar/o que pode salvar.
Fundamentalmente, três elementos podem produzir agravos à nossa
saúde: CLIMA, ÁGUA e COMIDA. Como agravos devidos ao clima, temos
aqueles decorrentes do calor e da radiação (desidratação, acaloramento,
insolação) e aqueles decorrentes do frio e da umidade (encharcamento,
hipotermia). Como agravos ligados à água temos a desidratação e a
contaminação. Finalmente, como agravos ligados à comida temos as carências
nutricionais e a contaminação/deterioração. Por isso, em todo treinamento de
sobrevivência enfatiza-se que as três necessidades que primeiro devem ser
atendidas são os três As: ÁGUA, ALIMENTO e ABRIGO. Sem querer
significar que toda atividade escoteira será um teste de sobrevivência,
devemos ter em mente esses três elementos ao pensar na reidratação e
recuperação do desgaste dos jovens; na seleção e conservação dos alimentos;
nos abrigos previstos e alternativos; nas rotas de chegada e saída. Depois dos
três
As,
tomamos
em
consideração
animais
e
pessoas
estranhas,
Curso Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
características
do
relevo
(inundações/desmoronamentos/quedas),
possibilidades de comunicação, transporte e outros elementos de logística.
2) Sistema de duplas/pequenos grupos.
É básico, ao pensarmos em segurança em campo, que o indivíduo não
deve ir sozinho para uma atividade, especialmente se ela envolve alguma
espécie de risco. Assim, a menor equipe que podemos ter em campo deve ser
constituída por dois elementos. Em atividades de natação, o sistema de duplas
funciona com um nadando/banhando-se e o outro provendo sua segurança,
alternando-se nessas condições; o mesmo ocorre em montanha, com um
escalando/desescalando e o(s) outro(s) como assegurador(es). O que provê a
segurança, obviamente, deve estar ele próprio em segurança, em condições de
retirar seu companheiro da situação de perigo e auxiliá-lo a recuperar-se – do
contrário, eles serão solidários como vítimas do acidente. Mesmo para a ida à
latrina, é melhor que a pessoa vá acompanhada; ela ocupa e usa a instalação
sozinha, mas o acompanhante fica nas imediações. A situação de a pessoa
aventurar-se sozinha no lugar isolado ou tenebroso só ocorre em filmes de
terror. A tendência normal humana – em local desconhecido, situação de
perigo real ou potencial, ou na escuridão – não é de ficar só. A linha de ação
mais comum é: “Vamos lá comigo?”
3) Vigilância mútua.
Expansão do procedimento do sistema de duplas/pequenos grupos para
as mais variadas situações no campo e na cidade. Um (ou grupo) deve estar
sempre de olho no outro, de modo a saber seu paradeiro, sua condição de
saúde, seu estado de ânimo. No caso de deslocamentos em pequenos grupos
separados, fazer os contatos ou verificar a passagem nos pontos de controle.
Verificar se não se está esquecendo/abandonando material ou se alguém não
está se desgarrando ou ficando no local. Verificar se o outro está passando mal
ou com algum sintoma ou atitude estranha. Verificar se o outro está sendo
abordado por estranhos. Verificar se alguém não está cometendo conduta
atentatória à segurança.
Curso Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
4) Disciplina.
Cumprimento das normas escoteiras e das diretrizes peculiares à
atividade. Cumprimento das normas de uso do local. Acatamento às
autoridades. Condução de material autorizado. Permanência nos locais e áreas
determinados.
Restrição/impedimento
do
uso
de
álcool
por
alterar
a
percepção, o raciocínio e os reflexos. Prevenção a incidentes de natureza
sexual na atividade (a conscientização é o melhor recurso). Cumprimento dos
turnos de vigilância, especialmente durante a noite. Disciplina de fogos, luzes e
ruídos, principalmente durante a noite. Disciplina dos detritos, de modo a não
atraírem animais, nem degradarem águas e solos, nem denunciarem nossa
passagem pelo emporcalhamento do local.
5) Sinalização e posicionamento.
Muitas vezes, pode ser necessário balizar os caminhos para acesso ao
local onde se faz uma atividade, seja para reduzir riscos de queda, seja para
facilitar
a
abordagem,
seja
para
evitar
o
atingimento
por
projéteis.
Dependendo da situação, podem ser usados os discretos sinais de pista ou algo
mais explícito e que chame a atenção. O posicionamento tem a ver com o
transporte de detritos, fagulhas ou outros materiais, com a visibilidade e a
proteção. Por exemplo, é básico nos padrões de acampamento que, tomando
como referência a cozinha, a barraca fique a barlavento (o vento passa por ela
antes) e que as fossas líquida e sólida fiquem a sotavento (o vento passa por
elas depois de passar pelas barracas e pela cozinha). O posicionamento das
instalações no campo deve permitir deslocamentos, ligação e vigilância. A
Chefia deve ter acesso a qualquer instalação no campo.
6) Tarefas em caso de acidente.
É importante definir, grosso modo, atribuições no caso de um acidente.
Quem presta socorro, quem transporta, quem telefona, quem baliza o
itinerário, quem recolhe/toma conta do material... Dessa maneira, todos
podem contribuir para reduzir os efeitos danosos do acidente e, por estarem
Curso Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
ocupados, terão pouco tempo para se chocarem com o evento. Após o
saneamento da ocorrência, poderão ter, inclusive, sua identidade grupal
fortalecida por terem superado juntos a adversidade.
7) Segurança em deslocamentos.
Aqui podemos considerar tanto o deslocamento para o local de atividade
quanto uma atividade volante. A diferença é que no primeiro caso o
deslocamento é acessório à atividade e no segundo, é a (ou faz parte dos
objetivos da) atividade principal.
a) Deslocamento motorizado para o local da atividade: identificação dos
pontos de referência nas rotas; identificação visual dos veículos, para que cada
um embarque no veículo que levará sua Seção; manifesto de embarque à
mão; uso do cinto de segurança e deslocamento do veículo em cumprimento
às regras de circulação; marcação ou mapeamento das trilhas/estradas;
distribuição da carga e sua compatibilidade com o local de acondicionamento e
capacidade do veículo; conferência periódica do efetivo, por contagem ou pelo
pronto de cada pequeno grupo, especialmente nos reembarques das paradas
de descanso.
b) Deslocamento não-motorizado para o local da atividade: identificação
dos pontos de referência nas rotas; identificação visual nos extremos (testa e
cauda da coluna de marcha), com meios visuais (colete refletivo, lanternas –
branca à testa, vermelha à retaguarda); deslocamento preferencialmente pelo
contrafluxo dos veículos; marcação ou mapeamento das trilhas/estradas;
distribuição da carga e sua compatibilidade com o caminho (por exemplo, se a
caixa de Patrulha pode ser transportada na trilha); conferência periódica do
efetivo, por contagem ou pelo pronto de cada pequeno grupo.
c) Atividade volante (jornada, escalada, aventura ciclística etc.):
identificação dos pontos de referência nas rotas; intercalar elementos
experientes na coluna de marcha, sendo que o guia e o cerra-fila sempre
devem
ser
dos
mais
experientes;
marcação
ou
mapeamento
das
trilhas/estradas; distribuição da carga e sua compatibilidade com o caminho
(por exemplo, se algum item não terá possibilidade de entalar ou enganchar-
Curso Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
se); conferência periódica do efetivo, por contagem ou pelo pronto de cada
pequeno grupo; conferência do material individual ao partir de cada altohorário;
abrigos,
alimentação,
hidratação
e
prevenção
da
hipotermia;
checkpoints para tempo/distância de deslocamento e contatos com a base.
Salvo se estiver previsto nos objetivos e programação, os elementos que
se deslocam devem manter contato visual entre si. Não é admissível a hipótese
de um elemento isolado desembestar com a bicicleta até 1 km adiante, por
não se acomodar ao deslocamento em dupla ou grupo. Disciplina de
deslocamento
faz
parte
do
processo
educativo.
Se
for
para
lançar
balizadores/precursores, que seja no mínimo uma dupla (se algo errado
acontecer com um, o outro pode socorrer ou buscar socorro) – e os próprios
adultos devem procurar dar o exemplo dessa conduta.
O mapeamento das rotas, quer seja entregue pronto aos participantes
para que o sigam, quer seja uma tarefa a eles atribuída considerando o
aproveitamento por outros, além do próprio atendimento à necessidade de
segurança,
tem
desenvolvimento
um
da
importante
espacialidade
papel
e
da
educativo,
estimulando
capacidade
de
o
observação
/identificação de pontos de referência para a navegação terrestre. Essa prática
é muito positiva na construção da autonomia do indivíduo, que se torna mais
confiante em sua percepção e menos dependente do aparato tecnológico –
convém lembrar que nem sempre um GPS está disponível, com a bateria
carregada, com sinal do satélite ou com a informação correta.
É grandemente favorável à boa execução de deslocamentos em que haja
uma coluna de marcha (a pé ou em bicicleta) a existência do regulador de
marcha. Quem é essa figura? Justamente alguém cuja andadura não é tão
rápida que deixe a tropa esbodegada (o objetivo não é fazer o trajeto no
menor tempo, mas sim chegar ao destino em condições de executar as
atividades), nem tão lenta que deixe os mais lépidos exasperados. Convém,
ainda, disseminar os elementos mais experientes e de andadura média (se não
Curso Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
quebrar a unidade da Patrulha) pela coluna de marcha, para que ajudem no
controle e na manutenção da formação (em ruas e estradas, coluna por um
pelo acostamento/passeio, no contrafluxo dos veículos). Uma das piores coisas
nos deslocamentos de grupos a pé é a diferença de andadura entre a
vanguarda e a retaguarda. Quando não se dá atenção a essa regulação,
acontece de a vanguarda fazer o alto-horário, descansar, beber água, e
quando a retaguarda, cansada da etapa, consegue juntar-se ao grupamento, a
vanguarda já está equipada e pronta a partir.
Outro elemento indispensável é o cerra-fila. Sua função é garantir que
ninguém fique para trás e se desgarre do grupo, e que não se largue material
para trás. Pela importância de sua função, é imperativo que seja um dos mais
experientes, capacitados e disciplinados, pois, por mais lento que seja o
pessoal que ficou para a retaguarda, o cerra-fila tem de ser sempre o último
a passar pelos pontos.
Condutas de segurança são uma necessidade em qualquer situação. Só
desenvolveremos uma atitude orientada para a proteção das pessoas pela
reiterada prática de procedimentos de prevenção de acidentes, de modo a
serem ações como que espontâneas em situações potencialmente arriscadas.
Curso Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
Unidade Didática 5
SEGURANÇA ALIMENTAR E
SANITÁRIA
Curso Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
SEGURANÇA ALIMENTAR E SANITARISMO
Ch IM Fernando Antônio Lucas Camargo – RMG
Ch Camila Eleto Torres – RMG
Material de apoio de unidade didática do Módulo de Aperfeiçoamento de Segurança em Atividades
Julho, 2015.
Ao planejar uma atividade extra-sede, devemos ter em conta que a
alimentação e a hidratação são fatores críticos para o êxito, pois atendem a
demandas de sobrevivência, e a condição sanitária em campo é fator de
prevenção de várias doenças.
A alimentação numa atividade escoteira não só provê o “combustível”
para o corpo, como também se reveste de importante papel educativo, pois
atende ao desenvolvimento de diversas habilidades, conhecimentos e atitudes,
tais
como:
economia,
frugalidade
alimentar,
rusticidade,
“onivorismo”,
criatividade, coordenação motora, companheirismo, cuidado uns com os
outros, desenvolvimento sensorial (tato, olfato e paladar são os principais
medidores do “ponto” do que se cozinha)... Além daqueles aspectos práticos
mais diretamente ligados ao acondicionamento, conservação, preparo e
consumo de alimentos. Os participantes, mais do que meramente alimentar-se
para atender à necessidade biológica da nutrição, devem comer, ou seja, ter o
momento social de apreciar a apresentação e o sabor da comida na companhia
dos amigos – pois partilhar a refeição é um ato que não se pratica com
desafetos.
Águas de má qualidade, contaminadas, ou alimentos deteriorados ou
contaminados podem trazer sérias conseqüências, até mesmo fatais. E tal
situação pode decorrer de coisas prosaicas como um furinho na embalagem
decorrente de mau acondicionamento. Combinações inadequadas de gêneros
alimentícios também podem trazer resultados indesejáveis, ainda que mais
brandos. Se o alimento apresentar cor ou cheiro estranho, se tiver se
misturado com alguma outra coisa que o altere (detergente ou combustível,
por exemplo), se alguma coisa der sinais de que ele não está nas melhores
Curso Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
condições de consumo, é melhor descartá-lo; mais vale dividir entre os
participantes um comestível em condições confiáveis do que arriscar-se a ter
problemas numa faixa que vai da má digestão ao óbito por causa da comida
deteriorada/adulterada. E esse descarte, se não houver lugar próprio para
fazê-lo no local da atividade ou próximo, significa trazer os detritos (incluindo
os alimentos eventualmente inservíveis) de volta para casa, de forma a darlhes o destino devido. Quanto à água, se houver alguma dúvida quanto à sua
potabilidade, deve-se fervê-la por uns cinco minutos.
Para atender às necessidades de segurança alimentar, vários quesitos
têm de ser verificados, e a aprendizagem a eles concernente, por parte dos
jovens, vai dar-lhes uma bagagem de conhecimentos úteis para as mais
variadas situações na vida. Vejamos, então, alguns desses quesitos.
1) Montagem de cardápios.
Ao montar um cardápio, devemos: ter em vista o tipo de atividade com
suas demandas nutricionais; verificar o adequado balanceamento entre
macronutrientes (a proporção usual é 50% glicídios, 35% lipídios e 15%
protídios); verificar eventuais casos de intolerância alimentar (por exemplo,
alergia à lactose, à caseína ou ao glúten – no caso da caseína, a ingestão de
leite/ derivados pode causar até mesmo um edema de glote); verificar a
adequação do cardápio à disponibilidade de água e de recursos de conservação
de gêneros; considerar o aproveitamento dos ingredientes e a geração de
resíduos; conformar a quantidade de gêneros ao efetivo a alimentar; verificar
o custo do material a adquirir; conformar a complexidade do preparo ao tempo
e recursos disponíveis e ao grau de habilidade do cozinheiro. O cardápio para
uma
escalada/marcha
em
montanha,
por
exemplo,
exige,
além
dos
carboidratos como combustível para queimar, sais para compensar a baixa de
pressão pelo ar rarefeito, diferentemente do que se preverá para uma jornada
de bicicleta ou para um acantonamento. O peso, volume e condições de
conservação e preparo também são fatores cuja valoração variará; o consumo
de água no preparo ou na lavagem de material é condicionante na seleção,
Curso Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
podendo tirar, por exemplo, o arroz piemontês do cardápio de uma escalada
ao Pico da Bandeira.
2) Seleção e conservação de alimentos.
A seleção dos alimentos, já considerado o atendimento às demandas
nutricionais
na
montagem
do
cardápio,
refere-se
mais
aos
aspectos
quantitativo (tamanho adequado às porções) e qualitativo (variedade, condição
de consumo) dos gêneros. Deve ter em conta, entre outros fatores: condição
de acondicionamento (se é amassável, quebrável, sujeito a vazamentos, ou se
tomará um precioso volume), durabilidade (por exemplo, laticínios frescos ou
peixe fora de geladeira), geração e destinação de resíduos (sementes, cascas
ou embalagens), possibilidades de conservação conforme as condições
ambientais de calor e umidade. Quanto à embalagem, contentores de vidro
devem ser maximamente evitados. Apesar de serem menos propícios à
impregnação pelo conteúdo, são volumosos, pesados e, principalmente,
quebráveis, produzindo cacos cortantes, espetantes e que podem misturar-se
ao alimento. Deve-se considerar, para guarda dos gêneros, a proteção contra
animais e as intempéries (chuva, vento, calor, radiação solar). Os gêneros de
Curso Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
mortalidade mais rápida (como carne fresca, laticínios frescos, verduras)
devem ser usados mais cedo, e se o gênero contido numa embalagem dá para
mais de uma refeição, convém prever seu emprego em duas que sejam
próximas, para reduzir seu tempo de exposição à deterioração. Alimentos
secos, cozidos (desde que não sejam baseados no amido, como o arroz e as
batatas), defumados e em conserva têm maior durabilidade, podendo ser
previstos para refeições em dias mais avançados da atividade. Simplificar o
cardápio, aproveitando ingredientes em mais de uma refeição, ou mesmo
usando o mesmo tipo de comida em mais de uma refeição (o famigerado já-tevi) não significa preguiça nem monotonia alimentar, mas simplifica a logística e
reduz a quantidade de variáveis de deterioração de gêneros e de sobras. Esta
simplificação
é
particularmente
importante
em
atividades
volantes/de
aventura, quando cada um tem de levar “sua casa nas costas” e cada grama
faz diferença, além de não se contar com recursos de refrigeração. Não é
pecado, numa atividade volante, prever duas ou três refeições de paçoca de
carne-seca. Aliás, nas navegações e nas expedições pelo sertão, a pé e em
tropas de muares, a alimentação não tinha grande variedade nos elementos
básicos, que tinham de ser duráveis – farinha, feijão, carne-seca, rapadura,
peixe salgado ou seco, bolachas.
3) Higiene no preparo e após o consumo dos alimentos.
As condições em campo estão muito distantes daquelas ideais de uma
pia de granito ou inox lisinha, com água corrente quente e fria, paredes
azulejadas, produtos de desinfecção e um triturador para detritos. A
embalagem ou a casca (no caso de vegetais in natura) são ótimas para manter
o alimento limpo até o momento de sua utilização; no caso das cascas, podem
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também ser contempladas com receitas próprias (cascas de batata fritas, ou
um refogado/farofa de talos, por exemplo). A fervura ou exposição a altas
temperaturas mata grande parte dos agentes patogênicos que podem estar
presentes nos alimentos. No caso de vegetais crus, após lavar bem com água
corrente, deixá-los por meia hora de molho em água com uma colher de sopa
de vinagre é bastante eficaz. É importante que os recipientes usados para
preparar e servir comida estejam limpos de resíduos alimentares e substâncias
estranhas, de modo a não contaminar o que neles será feito. Para prevenir
essa presença de culturas bacterianas improvisadas é que se deve lavar muito
bem os meios usados na confecção de alimentos. Um cuidado adicional deve
residir na seleção das panelas/meios de confecção, para que seu interior não
seja propício à aderência de resíduos ou para que não passem componentes
estranhos para os alimentos. Para o preparo, ainda, deve-se selecionar o local
de modo a não permitir que a panela tombe ou receba de cima “orégano
crocante” – folhas, galhinhos, terra, insetos...
4) Medicamentos e material higiênico.
A seleção
de medicamentos
deve levar
em
conta
os
tipos de
necessidades mais comuns e a possibilidade ou não de se os ministrar aos
acampadores (evite, quanto possível, a automedicação ou a medicação
improvisada do “achismo” – nada de distribuir ácido acetilsalicílico, dipirona ou
paracetamol a torto e a direito). Medicação voltará a ser abordada na unidade
didática de Pronto-socorrismo. A seleção e acondicionamento devem tomar em
consideração as condições de execução da atividade. Por exemplo, uma maleta
não é o contentor mais adequado para uma escalada ou uma jornada a pé; se
for o caso, deve-se parcelar o material em pacotes menores (pochetes ou
bolsinhas que podem ser presas à mochila ou ao cinto) e, conforme a
necessidade, dividi-los entre os participantes. Os participantes que forem
usuários constantes de medicação devem ser orientados de modo a mantê-la
facilmente acessível para a hora do consumo.
O material higiênico deve, obviamente, ser mantido em condições que
preservem, tanto quanto possível, sua assepsia: seringas, curativos, ataduras,
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absorventes,
desinfetantes
e
antissépticos,
colírios,
meios
de
corte/perfuração/extração, etc. Deve-se atentar, também, para a data de
validade.
Recursos de reidratação, como os ingredientes para soro caseiro, devem
ser levados, se possível, loteados em dosagens individuais para preparação
imediata, bastando misturá-los a um caneco com água. Chás digestivos (ervadoce, camomila) ou de efeitos reguladores (carqueja, tansagem) são também
bem-vindos.
6) Sanitarismo em campo.
Sanitarismo vem do latim sanitas, saúde, e compreende justamente
medidas que visem à preservação da higidez dos acampadores. São aí
compreendidos vários procedimentos:

purificação de água por meios químicos (iodo, cloro ou pastilhas)
ou físicos (decantação/filtração e fervura);

construção de fossas e latrinas, de modo a evitar a contaminação
de águas com resíduos de cozinha e dejetos, bem como evitar que
os restos alimentares atraiam animais – isso, caso realmente não
haja instalações sanitárias ou coletores de lixo disponíveis e caso
não seja possível transportar o lixo orgânico de volta;

uso de descartáveis (caso de produtos de mortalidade mais rápida
ou se necessário – pois geram maior volume de lixo) e recicláveis
– é bom lembrar que esse lixo, tanto dos descartáveis quanto dos
recicláveis, será transportado de volta, constituindo volume e
peso a serem tomados em conta.

descarte de alimentos que estejam inservíveis ou suspeitos pelos
mais variados motivos – má conservação ou acondicionamento,
contaminação; se suspeitar, não use; devem ser isolados dos
outros alimentos e trazidos como o restante do lixo.
Aqui se insere também a preocupação com o provimento da higiene dos
acampadores, com a já mencionada lavagem do material de cozinha, a limpeza
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das roupas e o asseio corporal. A previsão de tempo e local para banho é parte
importante no planejamento de uma atividade. O banho, além de seu papel
higiênico, tem efeitos notáveis sobre o moral (ânimo) das pessoas. A sensação
de limpeza empresta nova disposição para encarar as tarefas e desafios e dá
maior conforto na hora de recolher-se.
Outra providência
de higiene
importante é a disponibilidade de um lavatório próximo à latrina, trazendo a
imediata lembrança de lavar as mãos após atender às necessidades da
natureza.
Como dizia Napoleão Bonaparte, “os exércitos marcham sobre seus
estômagos”. Assim como descansar adequadamente, alimentar-se bem tem
reflexos não apenas no sustento do corpo, mas também no moral individual e
coletivo. A prática da cozinha, aliada à do sanitarismo, além da preservação da
higidez na atividade, pode ser um elemento de elevado valor educativo para o
jovem, não apenas pelas habilidades e aprimoramento sensorial (táctil, visual,
gustativo, olfativo), como pelo desenvolvimento do senso de economia, da
assunção de atitudes de cuidado mútuo e de higiene, que se refletem
imediatamente em seu cotidiano doméstico.
Curso Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
Unidade Didática 6
COMUNICAÇÕES PARA
SEGURANÇA EM ATIVIDADES
EXTRA-SEDE
Curso Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
COMUNICAÇÕES PARA SEGURANÇA EM
ATIVIDADES EXTRA-SEDE
Ch IM Fernando Antônio Lucas Camargo – RMG
Material de apoio de unidade didática do Módulo de Aperfeiçoamento de Segurança em Atividades
Julho, 2015.
Ao planejar uma atividade extra-sede, o responsável pela mesma deve
tomar em conta a necessidade de coordenação entre os elementos envolvidos
e as possibilidades de contato em situações diversas (inclusive adversas). Para
tal, ele deve contar com uma rede de comunicações eficaz, com meios
diversos, de modo a dispor de alternativas no caso de algum não funcionar.
O que é crucial ao construir o sistema de comunicações entre o “campo”
e a “base” é assegurar que as informações cheguem com oportunidade, clareza
e precisão. Para tal, algumas diretrizes devem ser estabelecidas.
1)
Meios
de
contato
com
o
responsável
pela
atividade:
horários/locais de contato do responsável pela atividade no campo com o
encarregado na sede. Telefones prioritários e alternativos; telefone do local ou
da instituição apoiadora, se for o caso.
2) Horários e locais de contato: a equipe que está em campo
dificilmente terá condições de alocar uma pessoa exclusivamente para fazer
contato com a base, além de ser desnecessário manter conversação contínua
entre campo e base. Ademais, em campo, usualmente não temos à disposição
uma fonte de alimentação perene para meios elétricos de comunicações, o que
torna pouco viável manter o equipamento continuamente ligado. Baterias
descarregam-se e podem não existir reservas ou meios de recarga à mão.
Pode-se estipular, por exemplo, que os contatos sejam feitos nas horas cheias
pares (oito, dez, meio-dia, duas da tarde, e assim por diante). Mas a escuta na
base
deve
ser
permanente,
seja
mantendo
um
mesmo
equipamento
continuamente ligado, seja fazendo rodízios (no caso de telefone, sempre o
Curso Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
mesmo número; se for celular, devido à possibilidade de a bateria arriar, ter
uns dois números alternativos).
3)
Possibilidades
e
limitações
na
operação
de
meios
de
comunicações (telefonia celular e fixa, rádios, meios acústicos e visuais): a
telefonia celular depende da existência de torres aptas a captar e retransmitir
o sinal do aparelho disponível. No caso de emprego de equipamentos rádio,
pode-se ir desde hand-talks em VHF-FM de alcance relativamente curto, até
conjuntos rádio móveis/portáteis que operam na Faixa do Cidadão (em torno
de 26 MHz, em AM/SSB), ou mesmo equipamentos de radioamador, com maior
alcance e variedade de freqüências de operação. Os hand-talks têm a seu favor
o baixo custo, a facilidade de operação, o tamanho e peso reduzidos e a
clareza do sinal de áudio, e contra si as limitações de alcance, pois sendo VHFFM, exige-se que “uma antena enxergue a outra”, o que os afeta fortemente
em terreno acidentado ou com densa cobertura vegetal. Os equipamentos
aptos a operar na Faixa do Cidadão têm custo relativamente baixo (apesar de
maior que o dos hand-talks), podendo ser fixos ou móveis e com potência de
até 7W, exigindo-se que os operadores sejam registrados junto à ANATEL
(Agência Nacional de Telecomunicações). E o radioamadorismo, que permite
operar tanto com equipamentos fixos quanto com móveis, exige provas de
qualificação junto à LABRE (Liga de Amadores Brasileiros de Radioemissão) de
modo a facultar o acesso a faixas de freqüência e potências de transmissão
acordes com o nível para o qual o operador se habilitou e se registrou junto à
ANATEL.
4) Procedimentos padrão e sinais convencionais de operação dos
meios de comunicações: um facilitador (conquanto se restrinja aos
operadores do Grupo) é dispor de um código básico de mensagens préestabelecidas. Este código é, em conceito, semelhante ao código Q usado no
radioamadorismo, no qual pequenos grupos de letras resumem uma expressão
de uso freqüente (por exemplo, QTH = localização da estação). De modo
similar, algumas expressões que constituem uma fraseologia estereotípica (seu
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uso é muito freqüente) podem ser codificadas para outras mais curtas – por
exemplo, “ACAMPAMENTO” tem 11 caracteres; se substituído por uma
expressão em código como “ACP”, com três caracteres, seu tempo de
transmissão em Morse, que é letra a letra, se reduz em 60 a 70%.
5)
Qualificação
técnica
dos
participantes
para
o
uso
dos
equipamento e para transmissão/recepção de mensagens em Morse
e/ou semáfora. Particularmente no emprego de meios acústicos e visuais,
mostra-se de grande utilidade o conhecimento de Morse e semáfora, pois são
conjuntos de sinais internacionalmente padronizados. Por se tratar de
processos em que a transmissão se dá caractere por caractere, pode ser
bastante útil convencionar um código de mensagens pré-estabelecidas (já
mencionado acima). Por “jurássicos” que possam parecer tais processos, são
eles que podem nos salvar, ao assegurar a continuidade das ligações quando
os meios elétricos (rádio, telefonia celular e fixa) são insuficientes – sem
cobertura de sinal ou sem fonte de alimentação ou, no caso do rádio,
funcionando mas com muita interferência, prejudicando o contato em fonia.
6)
Qualificação
técnica
dos
participantes
para
o
uso
dos
equipamentos e para transmissão/recepção de mensagens terra-ar.
Existem sinais visuais padronizados para ligação terra-ar, e é conveniente
conhecer os principais (por exemplo, o “T” para orientar o pouso, ou
“precisamos de médico/mecânico/alimento”), que podem ser feitos com o que
houver à mão: roupas, gente, troncos, arrancamento de capim... No caso do
uso dos meios elétricos (rádio, telefone fixo e celular), devemos ter em mente
(e isso vale para todos os participantes) que nosso tempo de transmissão
deve ser apenas o necessário. O primeiro motivo é a necessidade de manter
livre o canal de comunicação, pois, se ele não for exclusivo para a atividade (e
em 99,9% dos casos não será), poderá prejudicar uma chamada prioritária
enquanto os operadores “enrolam” com uma de rotina. Especialmente no uso
do rádio, é preciso atentar para essa conduta, pois são vários usuários num
mesmo canal. O segundo é pela economia da bateria – gasta-se muito mais ao
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transmitir, tanto no rádio como no celular. No telefone fixo e celular, haverá,
ainda, reflexos no bolso. No caso do rádio, é conveniente, também, que o
tempo de transmissão (apertando o PTT) seja breve – até uns 10 segundos por
emissão. Isso serve para o operador transmitir falando com clareza, em voz
mais pausada; permite dar brecha a alguma chamada emergencial (cujo
operador pedirá um break); e serve, ainda, para poupar o módulo de saída do
seu conjunto rádio, que pode ficar sobrecarregado por uma transmissão
prolongada.
As
comunicações
constituem
um
recurso
indispensável
para
o
provimento de segurança nas atividades escoteiras. Quer seja operando na
“rede interna” do campo, quer seja na manutenção do contato com a sede,
provêem informações imediatas e seguras sobre “o que acontece”, permitindo
que decisões sejam tomadas com maior acerto e oportunidade, e que
eventuais providências sejam mais céleres para atender às necessidades.
Observação: A tabela com o código Morse presente no Anexo 2 desta UD
está em um tamanho compatível com a sua impressão para compor um cartão
dupla-face, que, plastificado, pode ser levado num bolso de roupa.
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ANEXO 1
SUGESTÃO DE CÓDIGO DE MENSAGENS PRÉ-ESTABELECIDAS
CÓDIGO
EXPRESSÃO
EQUIVALENTE
CÓDIGO
EXPRESSÃO
EQUIVALENTE
Hora de contato (seguida
ACB
Campo-base
AHC
ACP
Acampamento
ATP
Transporte
ACT
Acantonamento
ACD
Acidente, acidentado
ASP
Seguiremos para, siga
para
AEC
de algarismos)
Local de encontro (se foi
previamente estipulado)
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ANEXO 2
ALFABETOS MORSE E SEMAFÓRICO
CÓDIGO MORSE/ALFABETO FONÉTICO INTERNACIONAL
Alfa
.NoVEMber
-.
Uno
BRAvo
-...
ÓScar
--Dois
-.CHARlie
PaPA
.--.
Três
.
DELta
-..
QueBEC
--.Quatro
Echo
.
ROmeo
.-.
Cinco
(Écou)
FOXtrot
..-.
SiERra
...
Meia
Golf
--.
TANgo
Sete
HoTEL
....
Uniform
..Oito
INdia
..
VICtor
...Nove
.-JUliett
WHISkey
.-Zero
Kilo
- . - X-ray (ÉKS-rei) - . . Ponto
LIma
.-..
YANkee
-.-Vírgula
Mike
Interrogaçã
-ZUlu
--..
(MAIque)
o
.---..--...-.........
-....
--...
---..
----.
----.-.-.--..-..--..
SINAIS CONVENCIONAIS MORSE E MEMORIZAÇÃO DE LETRAS
Sinal
Significado
Tipo
Caracteres
CQ
Chamada Geral
Só pontos
E–I–S–H
K
Transmita
Só traços
T–M–O
Q
Espere
Pontos-traço
A–U–V
T
Recebido
Ponto-traços
W–J
Fim de Msg ou de
AR
Traços-ponto
N–C–G–Z
frase
Msg Recebida
R
Traço-pontos
D–B
(resposta a AR)
Sanduíche
EEEEEEEE
Erro
R–K
simples
Repita (última
Sanduíche
RPT
P–X
palavra)
duplo
1 traço = 3
Intervalo entre
Misturados
F–L–Q–Y
pontos
caracteres = 1 traço
CÓDIGO DE SEMÁFORA
A1
B2
C3
D4
E5
F6
G7
H8
I9
J
K0
L
M
N
O
P
Q
R
S
T
U
V
W
X
Y
alfa
Z
numeral anulação
erro
fim de
atenção palavra
http://www.cneescutismo.pt/recursos/cscodigoscifras/homografo.htm
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ANEXO 3
PLANO DE EMPREGO DE MEIOS DE COMUNICAÇÕES
ATIVIDADE:
LOCAL:
DATA PARTIDA:
DATA RETORNO:
RESPONSÁVEIS:
TELEFONE RESPONSÁVEL
NA ATIVIDADE:
RESPONSÁVEL CONTATO
NA SEDE:
PESSOA DE CONTATO DO
LOCAL DA ATIVIDADE
(INSTITUCIONAL/APOIO):
RESGATE: PESSOA
HORÁRIOS DE CONTATO
COM O CAMPO:
LOCAIS DE CHAMADA
(CHECKPOINTS):
RÁDIO:
FAIXA:
CANAL PRIORITÁRIO:
CANAIS ALTERNATIVOS:
SINALEIRO MORSE:
HORA:
HORA:
LOCAL:
LOCAL:
1)
2)
3)
TELEFONE:
MEIO DE
CONTATO:
MEIO DE
CONTATO:
1)
2)
3)
( ) SIM
( )
RADIOAMADOR
( ) FAIXA
CIDADÃO
( ) NÃO
INDICATIVO
CAMPO:
INDICATIVO
CAMPO:
INDICATIVO
SEDE:
INDICATIVO
SEDE:
1)
2)
3)
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ANEXO 4
EXTRATO DO CÓDIGO CIVIL INTERNACIONAL Q
CÓDIGO
EXPRESSÃO
EQUIVALENTE
CÓDIGO
EXPRESSÃO
EQUIVALENTE
Condição
QAM
meteorológica no local
QSL
Recebido
da estação
QAP
Na escuta
QSM
QRA
Nome do operador
QSO
Distância de uma
QRB
estação em relação à
QSP
outra
Hora prevista para
QRE
chegar a determinado
QSZ
local
Hora prevista para
QRF
retornar à base de
QTA
partida
QRM
QRS
QRT
Interferência
Transmita mais
devagar
Posto cessa a
transmissão
QTC
QTE
QTH
Repita sua última
transmissão
Contato direto com
alguém
Peço fazer retransmissão
(ponte)
Transmita pausadamente
ou por palavras dobradas
Desconsidere a última
transmissão
Mensagem, notícia
Posição de uma estação
em relação à outra
Localização da estação
Sua transmissão tem
QSD
problemas (sinais
entrecortados ou com
muita distorção)
QTV
Horário previsto para nova
chamada
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Unidade Didática 7
RESPOSTA INSTITUCIONAL
A CRISES
Curso Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
RESPOSTA INSTITUCIONAL A CRISES
Ch IM Fernando Antônio Lucas Camargo – RMG
Material de apoio de unidade didática do Módulo de Aperfeiçoamento de Segurança em Atividades
Abril, 2016.
O Escotismo é portador de imagem positiva pelo tipo de
“produto” que fornece à sociedade – a saber, pessoas que, em geral,
pautam-se consistentemente por elevados princípios morais, zelam por
sua saúde física e psíquica, convivem positivamente com as demais,
são solidárias e buscam o autoaperfeiçoamento, entre outros atributos.
Não obstante, é grandemente vulnerável a crises de imagem pelo
próprio tipo de atividades e ambiente no qual os jovens se educam:
fora do ambiente doméstico e escolar, em alojamentos comuns, com
adultos que não são seus pais e que não são remunerados pela
atividade, e fazendo frente a desafios que lhes podem trazer certa
condição de risco. São, portanto, situações com alto potencial para
fornecerem combustível a quem, por profissão ou prazer, está de olho
na desgraça alheia.
Nosso trabalho voluntário pode ser alvo de ilações as mais
perniciosas, quando alguma coisa acontece desagradavelmente fora do
previsto. E como há uma tendência sádica latente no ser humano,
podemos estar certos de que não faltará gente pronta a jogar-nos aos
leões ou, no mínimo, ver o circo pegar fogo. Atividades bem-sucedidas
não chamam a atenção para o noticiário. Quando alguma coisa der
errado (alguém se feriu, desapareceu ou morreu), profetas do
pretérito e engenheiros de obra feita levantar-se-ão de arbustos que
antes sequer farfalhavam; lança-chamas e metralhadoras abrirão fogo
de casamatas até então ignoradas. Nesses casos, não apenas a pessoa
do adulto envolvido na atividade, mas a instituição local, nacional e
mundial sob cuja égide ela se dava enfrentará, no mínimo, uma crise
de imagem. Ao público, a mensagem que chega não é “Fulano de Tal
desobedeceu orientações de segurança e se feriu”; a manchete é
“Escoteiro ferido em acidente”, com o lead “O jovem sofreu fratura no
tornozelo durante atividade conduzida por Beltrano de Algo”; assim, o
Curso Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
Chefe Beltrano será considerado culpado pela dramática situação
ocorrida (de fato, ele tem responsabilidade, mesmo que o jovem
Fulano tenha desobedecido às orientações de segurança – mas não
necessariamente culpabilidade) e apresentado à execração pública, e o
Escotismo será exposto como instituição que deixa “qualquer um”
levar jovens para atividades de risco. E no caso de tais imputações se
mostrarem improcedentes, podemos estar certos de que a nota
corretiva (se chegar a ser feita) não receberá o mesmo destaque da
acusatória (quiçá umas duas ou três linhas no canto inferior direito
duma página par interna).
Obviamente, o tipo de contato que o Grupo e, especialmente, o
Chefe de Seção mantém com os pais do jovem tem função da mais
alta relevância na administração de situações de crise. Se o Chefe
construiu uma relação de confiança com os pais do jovem (ou com os
pais dos jovens da Seção – quantidade expressiva de pessoas que
pode, sendo o caso, testemunhar em defesa do Chefe), poderá ser
menor a propensão ao “catastrofismo” na interpretação da ocorrência,
bem como a tendência a condenar o responsável pela atividade.
Quando acontece uma situação de crise, algumas condutas
aconselháveis são apresentadas a seguir.
1) Contato com a Unidade Escoteira Local, Distrito,
Região,
Direção
Nacional
e
acompanhamento
dos
parentes/responsáveis diretos pelo(s) jovem(ns).
A Unidade Escoteira Local tem de ser das primeiras avisadas em
caso de ocorrência adversa, de ordem a fazer institucionalmente os
contatos necessários com pais/autoridades/entidades locais, para
respaldo e apoio. Transmitir o máximo de dados, inclusive quanto ao
cumprimento das normas locais. Informar quem são os contatos para
apoio e, se necessário, para socorro e resgate, com os respectivos
números, e se já foram contatados. Manter os pais o mais próximos
possível do Grupo, destacando membro(s) adulto(s) para prover aos
parentes diretos apoio e informações e para preservá-los do assédio de
Curso Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
quem não esteja diretamente conexo ao processo de resolução do
problema. Se for preciso, prover assistência religiosa/psicológica aos
familiares. Proceder com discrição para não fazer do acidente um
espetáculo. Em tempos em que a informação é tratada como
entretenimento,
o
risco
de
uma
situação
desagradável
ser
transformada em show é alto, e isso é grandemente prejudicial aos
envolvidos e suas famílias.
2) Transmissão de informações.
É importante que a transmissão de informações tenha a máxima
consistência e coerência possível; para tal, deve ser reduzido o número
de transmissores – uma fonte única permite melhor articulação dos
conteúdos informados, além de reduzir o número de estações de
“telefone sem fio”, com suas possibilidades de distorção da mensagem.
De modo similar, convém à Unidade Escoteira instituir um porta-voz,
capaz de transmitir as informações recebidas com oportunidade,
fidedignidade e clareza, preservando ao mesmo tempo a imagem
institucional e as pessoas envolvidas. Deve-se mostrar transparência,
deixando claro que não temos nada a ocultar, mas que buscamos
preservar as pessoas de uma exposição desnecessária.
3) Acesso ao local e aos envolvidos (sim, não, quem,
quando, como).
Deve-se tomar em conta a proteção da privacidade dos jovens e
a facilitação do trabalho das equipes de resgate (ou mesmo policiais).
Excesso de tráfego pelo local da ocorrência pode piorar os acessos,
tornando-os inseguros (por exemplo, o uso intenso pode desgastar os
praticáveis em um barranco ou, em caso de lama, os caminhos podem
ficar mais escorregadios ou atoladiços). No caso de envolvimento
policial, muita gente circulando pode dificultar o trabalho da perícia ao
alterar a condição do lugar. Pode acontecer, ainda, de alguém querer
aproveitar a confusão para subtrair coisas ou até mesmo gente
(criando-se uma nova situação de crise). E o óbvio: mais gente no
local significa mais gente para sair do local, demandando mais tempo e
recursos ou, mesmo, comprometendo a segurança – caso surja uma
Curso Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
nova situação-problema, pode aumentar o número de vítimas. Daí se
percebe a importância de limitar os acessos ao local no caso de uma
crise. Deve-se fazer claro, e com firmeza, que só devem estar no local
aquelas pessoas que forem imprescindíveis à condução dos trabalhos.
Não por termos algo a ocultar, mas, muito pelo contrário, para facilitar
as ações de saneamento do problema e para, em caso de oferecimento
de risco, reduzir as chances de mais gente se colocar em condição
insegura.
4) Preservação dos jovens, dos seus familiares diretos e
dos adultos responsáveis pela atividade.
Uma situação de crise pode ser suficiente traumática para os
jovens e seus familiares, sem precisar ser agravada pelo estresse de
alguém assediando-os com perguntas muitas vezes tendenciosas,
visando expor algum bode expiatório à execração pública. Deve-se
maximamente preservar da exposição os jovens e adultos envolvidos
na
atividade.
Muitas
vezes,
a
busca
pela
“exclusividade”
ou
“pioneirismo” em dar notícias, com dados imprecisos, pode se revelar
profundamente irresponsável, sem consideração pelos efeitos que se
pode provocar. Os “15 segundos de fama” ou de “pico de audiência”
podem ter graves conseqüências, tanto objetivas no grupo social
quanto sobre a condição psíquica dos envolvidos. Por isso, os dados
dos envolvidos devem permanecer no círculo Escotismo-pais. No caso
de haver repercussão midiática, preservar informações como nomes,
endereços e meios de contato dos envolvidos. Se preciso, fazer claro
ao solicitante que a instituição está cumprindo obrigação legal de
preservar a privacidade dos seus membros.
5) Responsabilidade solidária do Diretor-Presidente do
Grupo.
Não adianta o Diretor-Presidente do Grupo tentar tirar o corpo
fora. Se a atividade foi feita usando o nome do Grupo Escoteiro ou a
“marca” Escoteiro, a instituição está envolvida, e ele é juridicamente o
responsável pela Unidade Escoteira Local. Cabe-lhe, sim, posicionar-se
em defesa da instituição e de seus membros e cuidar, no mais curto
Curso Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
prazo, da apuração dos fatos e responsabilidades, com a transparência
necessária. Sua responsabilidade é solidária por ser ele quem nomeia
os Escotistas das Seções e, ao autorizar a atividade, quem deu fé da
competência do responsável pela atividade para conduzi-la. “Eu falei
que poderia dar errado” não exime ninguém da responsabilidade: se
foi constatado que se criaria uma condição de alto risco, a atividade
deveria ter sido vetada. A lealdade da instituição para com seus
quadros não é só para quando tudo vai bem; ela é posta à prova
justamente nas situações de crise.
6) Não emitir pré-julgamentos, nem condenações, nem
adjetivos.
Adjetivos expressam opiniões, não traduzem fatos. Fatos são
traduzidos por substantivos e verbos. Não se pode emitir préjulgamentos,
menos ainda
condenações,
sem
que se apure a
veracidade dos fatos. Um pré-julgamento pronunciado em segundos
pode comprometer o bom nome de uma pessoa pelo resto da vida.
7)
Trabalhar
com
fatos
e
documentos.
Informações
oportunas, verdadeiras e transparentes.
“Eu acho” não é fato, portanto, não é informação consistente. As
informações devem ser transmitidas conforme a situação evolua. Se a
fonte oficial traz os dados com oportunidade e veracidade, desestimula
os buscadores de notícias a abordarem outras fontes, muitas vezes
espúrias (por exemplo, um familiar que não acompanha de perto as
atividades do Grupo, ou alguém que não tem ligação nenhuma com a
atividade), ou a construírem suas “matérias” a partir de suas próprias
especulações. Fatos: desenvolvia-se uma atividade de jornada em
montanha; havia pessoas qualificadas e experientes na equipe; as
normas e procedimentos de segurança foram difundidos entre todos;
um dos jovens torceu o tornozelo, com suspeita de fratura; o grupo
retraiu para o campo-base com o acidentado a fim de providenciar seu
transporte para o hospital. “Achismo”: o Chefe deve ter-se distraído e
deixado o jovem pisar no lugar errado; o jovem deve ter saído da rota;
alguém pode ter feito uma brincadeira de mau gosto; parece que eles
Curso Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
não estavam preparados para esse tipo de atividade; parece que a
condição de visibilidade não era lá muito boa; o Chefe às vezes dá
uma impressão de muita afoiteza na montagem e desenvolvimento de
atividades de aventura.
8) Não permitir rumores e especulações.
Garanta aos que buscam informações (especialmente da mídia)
que as informações mais seguras são as fornecidas pelas autoridades e
pelo Escotismo. Se o jornalista não tem informações, há o risco de ele
preencher os dados que lhe faltam por sua própria conta, por vezes
até contradizendo as da entidade Escoteira. É fundamental que os
responsáveis legais pelo jovem tenham sempre as informações mais
atualizadas e confiáveis, pois alguns profissionais menos escrupulosos
hão de assediá-los e buscarão capitalizar o abalo emocional da
incerteza ou do pesar, podendo até insuflar desconfianças com relação
ao Chefe/ao Grupo/ao Escotismo, para eliciar em sua audiência a
compaixão/sadismo.
9) Atenção às armadilhas sensacionalistas e à deturpação
de declarações.
A busca por “15 segundos de fama” ou por “vender tantos
milhares de jornais a mais” ou “alcançar pico de audiência/de acessos”
pode tentar pessoas a adotarem condutas antiéticas, exacerbando
fatos de menor monta, tirando dados de seu contexto ou deturpando
informações de modo a emprestar cores mais fortes de tragédia à
ocorrência. Sempre que possível, grave ou escreva as declarações,
mantendo uma cópia em seu poder. Dessa forma, haverá como provar
eventuais deturpações – por edições no texto, som e/ou imagem – do
que foi apresentado, responsabilizando quem de direito.
10) Ressaltar as ações de resolução do problema.
De uma forma geral, o interesse dos veículos de comunicação,
dos familiares dos envolvidos e demais pessoas com os mais variados
ânimos que estejam acompanhando a crise focará nos problemas, e
muitas vezes se buscará uma cabeça para colocar no cepo (a plateia
Curso Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
precisa de bodes expiatórios). Nossa postura deve ser de enfatizar as
ações desencadeadas para resolver o problema.
11) Ressaltar a condução responsável e legal do processo
investigativo.
Há muito tempo voluntariado deixou de ser associável a
amadorismo. O fato de se fazer alguma coisa sem remuneração e com
bons intentos não garante perdão à prática imperita, imprudente ou
negligente.
A
credibilidade
da
instituição
é
dada
pela
forma
responsável, consistente e legal com que ela se conduz em diversas
situações. Nessa legalidade se inclui o devido processo, garantindo o
contraditório
e a ampla defesa, bem como a preservação de
informações
que
possam
expor
os
envolvidos
a
quaisquer
constrangimentos.
12) Ressaltar a imagem positiva do Movimento.
No caso de uma crise de imagem, não devemos colocar-nos na
defensiva com declarações do tipo “estamos fazendo isso de graça e
com boa vontade, enfrentando limitações de recursos materiais e
humanos”; a postura de “coitadinho” não provocará piedade em
ninguém. Quem tiver pedra para jogar jogará. Pelo contrário, nosso
pronunciamento deve ser proativo e destacar o “produto” que o
Escotismo fornece à sociedade, a qualificação de seus recursos adultos
e a condução responsável das atividades. Somos uma instituição
voluntária, que se dedica ao propósito de ajudar os jovens a se
desenvolverem, especialmente no caráter, num ambiente de sadia
convivência no qual os adultos se portam de maneira a servirem de
modelo positivo para os jovens, conduzindo-se com responsabilidade e
zelando pela integridade de todos. Jogos, atividades extra-sede e
aventuras
são
ferramentas educativas para
ajudar
o
jovem
a
desenvolver autoconfiança, resistência, criatividade, cooperação e
espírito de grupo, entre outros atributos positivos.
Acidentes podem
ocorrer em qualquer campo de atividades e a qualquer momento, pois
quem
empreende
qualquer
coisa
incorre
em
risco.
Devido
à
consciência do risco, medidas de prevenção são exigidas e aplicadas, e
Curso Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
se não evitam, ao menos tendem a minorar os efeitos de uma
ocorrência adversa.
A qualquer momento estamos sujeitos a encarar crises de
imagem, e existe um público ávido por “sangue”, e veículos de
comunicação sequiosos de dar a esse público drama e tragédia para
assistir e, se possível, um bode expiatório.
A técnica do avestruz de enfiar a cabeça na areia convencendose de que “isto não está acontecendo”, a do sarigüê de fingir-se de
morto até a ameaça passar, a de ocultar ou falsear informações ou a
de desviar a atenção não funcionam. Perante uma crise institucional, a
melhor defesa é o ataque. Não no sentido de dizer mal deste ou
daquele, mas sim no de antecipar-se aos golpes adversos por meio de:
oportunidade,
transparência
e
veracidade
nas
informações;
preservação dos envolvidos; e ênfase nas ações positivas que se
desenvolve no sentido de aclarar fatos e solucionar problemas.
Curso Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
Unidade Didática 8
SEGURANÇA EM
ATIVIDADES EM
ALTURA/ALTITUDE E DE
TRANSPOSIÇÃO DE
OBSTÁCULOS
Curso Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
SEGURANÇA EM ATIVIDADES EM
ALTURA/ALTITUDE E DE TRANSPOSIÇÃO
DE OBSTÁCULOS
Ch IM Fernando Antônio Lucas Camargo – RMG
Ch IM Miguel Augusto Najar de Moraes – RMG
Ch IM Alisson João da Silva – RMG
Ch IM Carlos Magno Torres – RMG
Material de apoio de unidade didática do Módulo de Aperfeiçoamento de Segurança em Atividades
Julho, 2015.
Atividades em altura/altitude e de transposição de obstáculos,
por sua própria natureza, encerram um forte componente de risco. Se
numa queda no mesmo nível (por exemplo, por um tropeção)
podemos sofrer variados graus de avaria, por que não estaríamos
sujeitos a acidentes de maior gravidade, na hipótese de uma queda de
lugar mais alto (mesmo que seja de uma banqueta) ou ao transpor um
ponto de passagem que exige mais atenção, coragem e destreza do
que o tranquilo passeio numa alameda?
A construção e uso de meios de transposição de obstáculos e a
prática de atividades que envolvem exposição ao vazio ou a condições
peculiares
de
clima
e
terreno
exigem
percepção
dos
riscos,
conhecimento das condições do local (por exemplo, condição de
abordagem e resistência de um possível ponto de ancoragem),
conhecimento do material, engenhosidade, vigor físico, coragem,
determinação, zelo por si e pelos demais.
A evitação da condição de risco consiste em colocar a pessoa
que transpõe o obstáculo numa situação tal que ela sempre esteja
ligada a algum ponto de apoio capaz de sustentá-la, seja no terreno
(pedra, árvore) ou no meio de transposição. O assento (cadeirinha de
cordas
ou boldrié),
vestido, deve ter clipado pelo
menos um
mosquetão, que será a ligação com o meio de segurança. Presa ao
assento deve vir a autossegurança, constituída por uma retinida
(cordelete) com uma ou duas extremidades livres, a cada uma das
quais
se
prende
um
mosquetão.
O
tamanho
da
retinida
da
Curso Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
autossegurança deve ser tal que o mosquetão seja alcançável e
manejável pela pessoa que o utilizará – pouco adianta ter a
autossegurança (linha da vida, como alguns a chamam) impedindo a
pessoa
de
cair,
mas deixando-a
pendurada
como
um
móbile,
impotente para sair da situação e, com o tempo, passível de sofrer
estrangulamentos do assento/boldrié nos locais de pressão.
ATIVIDADES DE TRANSPOSIÇÃO DE OBSTÁCULOS
Este tipo de atividades envolve a construção de meios e uso de
técnicas de transposição. Basicamente, os meios empregados serão
recursos de sustentação, pontes e meios de transposição vertical. Em
todos os casos, é fundamental que os meios tenham ancoragens
seguras, capazes de suportar com folga o esforço a que serão
submetidas.
Como recursos de sustentação, podemos citar:
1) Passa-mão vertical e corda fixa: usados em escaladas nas
quais, mesmo que não se exija o uso das mãos em agarras da parede,
um ponto de apoio adicional empresta maior segurança; não apenas
em paredões de pedra, mas também em pendentes de terra frouxa ou
com
vegetação
agarrável
rala
ou
pouco
firme,
ou
ainda
em
pirambeiras na qual a trilha é estreita. A corda fixa consiste em vários
trechos (tramos) com mudanças de direção, enquanto o passa-mão
vertical tem uma direção única. Usualmente a pessoa une-se ao passamão vertical por um nó prússico feito na ponta da sua autossegurança,
e vai correndo-o
pela
corda
com
a mão, acompanhando
seu
deslocamento. Já na corda fixa, mais usualmente empregam-se dois
mosquetões presos a retinidas, um dos quais vai clipado ao tramo que
se percorre; ao chegar a uma mudança de direção (ancoragem
intermediária), o segundo mosquetão é preso ao novo tramo e depois
o primeiro é solto do tramo superado. Esta troca de mosquetões é
usada também ao se usar escadas de tarugos/corda.
2) Cabo-guia: usado na transposição de cursos d’água, ao
vadear a correnteza; fica acima do nível da água, ligando uma margem
Curso Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
à outra, mas numa altura alcançável para a pessoa em pé. Pode-se,
ainda, pendurar nele as mochilas (por meio de mosquetões ou
roldanas) para que elas atravessem de um lado para o outro. Quem
faz a travessia deve estar de frente para rio acima, de modo a
enxergar o que a correnteza pode carregar em sua direção, e
mantendo o mosquetão da “linha de vida” entre as mãos na corda.
3) Cabo de retenção: outro meio de vadear uma correnteza,
seja com a pessoa que atravessa presa a uma ponta da corda, seja
com ela se conduzindo no vértice de um “V” no qual as pontas estão
numa das margens da correnteza, presas aos companheiros de
jornada. Esta técnica costuma ser usada quando a pessoa que
atravessa é a primeira e fará a ancoragem da corda de transposição na
outra margem, transformando o meio de transposição num cabo-guia.
4) Cabo submerso: ligando uma margem da correnteza à outra,
por dentro d’água, é transposto com a pessoa deitada sobre ele e
puxando o corpo com os braços.
Para segurança em algum destes meios, deve-se instalar uma
corda que não seja componente do mesmo e que o acompanhe, de tal
modo que a pessoa que transpõe prenda a ela o mosquetão da sua
autossegurança. Outra possibilidade é de a autossegurança ser presa à
corda de transposição, como, por exemplo, no cabo-guia. Obviamente,
se for usado o cabo submerso, a corda à qual se prenderá a
autossegurança jamais poderá ser a mesma de transposição.
Como meios de transposição vertical, podemos citar:
1) Meios de içamento e aparelhos de força: trípode, bipé
(cábrea) ou pau de carga, geralmente valendo-se de roldanas e
ganchos (ou mosquetões) aos quais se prende a carga (pessoas ou
materiais) para içar ou descer.
2) Lepar: semelhante à corda fixa, consiste numa corda única
presa a um ponto de ancoragem no alto, pela qual se sobe usando a
força dos braços e apoiando os pés na parede.
3) Ascensor: recurso pelo qual se pode subir por uma corda
vertical esticada e presa nas duas extremidades. Pode ser improvisado
Curso Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
com um nó autobloqueante (o prússico é o mais usual) ou usar o
adequado equipamento de escalada, que “morde” a corda quando
pressionado para baixo e libera-se quando tracionado para cima. O uso
do nó prússico como ascensor (também apelidado pruscendeur) exige
do escalador um esforço maior, pois enquanto no ascensor apenas se
libera uma alavanca, no pruscendeur é preciso folgar o nó, subi-lo e
reapertá-lo a cada movimento.
4) Rapéis: meios de descida que se valem de uma corda presa a
um ponto de ancoragem no alto, pela qual se desce. Podem ser feitos
com ou sem equipamentos. Os rapéis de corpo (sem equipamento)
mais usuais são o rapel em “S” e o rapel crucifixo; podem ser usados
em situações de emergência ou em descidas curtas; não convém fazêlos sem roupas de tecido grosso, que protejam a pele da fricção, nem
em trechos muito longos ou muito escarpados (estrangulamento pelo
rapel em “S” ou soltura do rapel crucifixo). Os rapéis com equipamento
valem-se do uso de assentos ou boldriés, com a corda passando por
mosquetões
ou
freios.
Oferecem
maior
segurança,
incluindo
a
possibilidade de descidas em negativas (quando não há contato dos
pés com a parede). A corda do rapel deve ter comprimento pelo menos
1/3 maior do que a extensão do obstáculo. Deve-se usar luvas grossas
para não queimar as mãos pela fricção (as de couro, do tipo usado por
pedreiros, atendem muito bem).
5) Escadas, torres e redes de abordagem: neste tipo de meios
de transposição, assim como entre os tramos de uma corda fixa, a
autossegurança deve ter duas pontas, com um mosquetão em cada,
de modo a acompanhar o movimento da pessoa que transpõe. Um
mosquetão fica preso a cada degrau ou tramo, e na movimentação
vai-se alternando sua clipagem, de modo que o escalador nunca deixe
de estar preso a alguma coisa.
Curso Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
Nos meios de transposição vertical, a segurança pode ser
provida na própria corda de descida (caso do rapel com equipamento)
por uma pessoa situada embaixo, ou por uma corda adicional,
geralmente presa ao assento ou envolvendo o corpo da pessoa que
transpõe e vindo da parte de cima do obstáculo (top rope); nesse
caso, o assegurador pode estar na parte de cima ou na de baixo do
obstáculo (neste caso, a corda passa por um outro meio, geralmente
um mosquetão numa ancoragem na parte de cima). Obviamente, o
assegurador deve estar em condição de segurança antes de provê-la
para o escalador.
Como pontes, podemos citar:
1) Pontes de corda simples: os processos de transposição mais
usuais são a preguiça, na qual a pessoa progride pendurada sob a
corda, e o commando crawl (crawl = rastejo, commando = tropas de
operações especiais, nas quais essa técnica foi desenvolvida), no qual
a pessoa rasteja em equilíbrio sobre a corda, tracionando-se pelos
braços e empurrada por uma das pernas. A outra perna deve ficar
caída, servindo como pêndulo para dar equilíbrio. Recomenda-se o uso
de roupas grossas para proteger a pele da queima por fricção, e que
essas roupas sejam “de briga”, para que a fricção da corda não
estrague uma peça que seria usada em eventos sociais.
Curso Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
2) Pontes de duas cordas: se as duas cordas são paralelas
horizontalmente, sem travessas, a técnica de transposição pode ser o
commando crawl duplo; se tiverem travessas ou um tablado (piso – a
denominada
ponte
malaia),
a
pessoa
engatinhará
ou
caminhará/correrá sobre essas travessas ou piso. Se as duas cordas
são paralelas verticalmente, a técnica de transposição será a falsabaiana, com as mãos apoiando-se na corda superior e os pés
deslizando lateralmente sobre a inferior.
3) Pontes de três ou mais cordas: a ponte de três cordas,
também conhecida como ponte-de-macaco, consiste em três cordas
horizontais em “V”, unidas por uma trama de uma outra corda ou por
cabos solteiros ligando a corda de baixo (piso) às duas de cima
(corrimãos).
Pontes
com
quatro
cordas
(ou
mais)
usualmente
empregam duas ou mais cordas sobre as quais se apóia o piso
(travessas ou tablado), e outras duas como corrimãos. No arvorismo,
usam-se pontes com várias cordas e pisos, como tábuas e tarugos,
longitudinal ou transversalmente dispostos.
4) Cabo aéreo ou tirolesa: espécie de ponte de uma corda na
qual a carga desliza de um extremo ao outro por meio de uma roldana.
Curso Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
Pode ser usado para descer ou subir cargas ou para transposição
horizontal.
Nos meios de transposição horizontal, deve-se instalar uma
corda que não seja componente da ponte e que a acompanhe, de tal
modo que a pessoa que transpõe prenda a ela o mosquetão da sua
autossegurança. Outra possibilidade é de a segurança ser presa à
corda de transposição (caso, por exemplo, do commando crawl). Pode,
ainda, ser presa à pessoa uma retinida ou cordelete (corda mais fina),
de modo a permitir puxá-la a partir de uma das margens, caso fique
impossibilitada de mover-se por seus próprios meios (esgotou-se,
passou mal, deu paúra).
Usualmente, as cordas usadas na construção dos meios de
transposição serão de grande resistência à tração e pouca elasticidade,
especialmente no caso das pontes, que precisam ser tensionadas para
oferecer maior segurança. No caso dos rapéis e ascensores, elas
devem, ainda, ter maior flexibilidade que as das pontes, para poderem
passar pelos aparelhos de freio.
ATIVIDADES EM ALTURA E EM ALTITUDE
As atividades em altura e em altitude podem compreender
escaladas,
tanto
indoor
(muro
de
escalada)
quanto
outdoor
(abrangendo também o canyoning e a exploração de cavernas) ou
operações em topos de árvores ou de edificações. O risco de queda
nestas situações tem a possibilidade de causar lesões mais graves,
graças à aceleração da gravidade a contribuir para a força do impacto
do corpo contra a superfície. Conforme mencionado anteriormente, as
Curso Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
principais formas de prevenção são a construção dos meios de
segurança e o uso adequado da técnica.
Na escalada, é muito comum usar-se o procedimento de
cordada: geralmente de duas a quatro pessoas ligadas entre si por
uma corda de escalada. Os escaladores mais experientes vão nas
pontas, os menos experientes no meio. Apenas um escalador se move
em cada lanço, permanecendo os demais parados, assegurados e em
condições de prover-lhe a segurança, evitando ou reduzindo os efeitos
de uma queda. Pode acontecer de o local de repouso de cada lanço
não permitir mais do que dois escaladores. Nesse caso (supondo uma
cordada de 3), o guia (nº 1) executa o próximo lanço, o nº 2 faz sua
segurança e, uma vez que o guia tenha concluído o lanço e se
assegurado, o nº 2 fará a segurança para que o nº 3 o alcance.
A corda de escalada tem características diferentes daquelas
usadas em meios de transposição com ancoragens. Estas, como dito
anteriormente, destinam-se a suportar tração contínua, permanecendo
na instalação; são as cordas estáticas. A corda de escalada (dinâmica)
destina-se a absorver o impacto forte e repentino de uma eventual
queda; por isso, tem de ter elasticidade (se for inelástica como as
cordas de ancoragem, pode lesar o escalador ou mesmo parti-lo ao
meio) para, cedendo, reduzir gradativamente a velocidade de queda.
Não se presta, portanto, para rapéis e pontes.
Convém lembrar que usualmente a descida é tão ou mais difícil
que a subida, pois não apenas o escalador vai sustentar seu corpo e
mantê-lo em condição de equilíbrio, mas vai também frear, de modo
que fará esforço em duas direções.
Curso Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
Nas atividades envolvendo cordas, todos os participantes têm de
saber, no mínimo, os nós básicos para o provimento da segurança. Na
construção das ancoragens, além de identificar os vetores das forças
mais significativas para montar o sistema de tracionamento/divisão de
forças, é preciso fazer os nós mais adequados para um estropo, uma
ancoragem direta ou um sistema de fixação por estacas (como
exemplos, o nó direito, o boca-de-lobo, a volta da ribeira e a volta
redonda com cotes). Para a progressão e para a clipagem aos meios
de transposição/segurança, nós como o prússico, o lais de guia (feito
no próprio corpo), os assentos e as passadas de corda nos freios (8,
ATC ou mosquetão com UIAA) são saberes imprescindíveis.
Sempre que se for puxar alguém pela mão, deve-se usar a
pegada correta, que é pelos pulsos do puxado e do puxador. Pegar
como no aperto de mão comum fará as mãos escorregarem, e tentar
pegar como gancho vai além da resistência dos dedos.
RISCOS FISIOGRÁFICOS, FISIOLÓGICOS E OPERACIONAIS EM
ATIVIDADES EM ALTITUDE
Hipotermia: o mais insidioso e nefasto inimigo de quem vai ao
campo.
Seja
por
insuficiência
de
agasalho
ante
quedas
de
temperatura, seja pela submissão do corpo molhado a temperaturas
mais baixas, consiste na progressiva perda de calor pelo indivíduo, que
vai queimando suas reservas de energia até o colapso. Para preveni-la,
há várias medidas que devem ser adotadas, a começar pela presença
de um agasalho/corta-vento/impermeável sempre à mão; meias
secas; se possível, roupas secas; adequado suprimento calórico.
Esgotamento: decorre do sobre-esforço a que o organismo é
submetido, sem o adequado tempo e recursos para recuperação e
reposição nutritiva. Pode evoluir para quadros de hipotermia ou de
taquicardia.
Curso Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
Mal-de-altitude
(la
puña,
zoroche):
queda
de
pressão
decorrente do ar rarefeito, em altitudes acima de 2500 m, caracterizase por tonturas e eventualmente náuseas. Pode associar-se ao
esgotamento, aumentando a condição de risco.
Cãibras: contrações musculares dolorosas, sanáveis com o
alongamento da musculatura afetada. Podem ser prevenidas com a
ingestão de potássio, presente na banana – não é que o potássio seja
o preventivo total. A melhor prevenção, mesmo, é a musculatura estar
acostumada ao trabalho, pois as cãibras, na maior parte dos casos,
decorrem de preparação muscular mal feita para o esforço ou, mesmo,
de um sobre-esforço.
Desidratação: decorrente da ingestão insuficiente ou perda
(por vômitos ou diarréias geralmente, ou pela transpiração) de líquido
pelo organismo. Deve ser prevenida pela reidratação freqüente, e
combatida pela administração de soro (água, sal e açúcar) ao afetado.
Muitas vezes, a ingestão insuficiente ocorre por não se perceber a
perda de água (no frio e no seco, não se nota a transpiração).
Insolação: exposição prolongada à radiação solar.
Raios: quando há tempestades elétricas em local de maior
altitude, corremos o risco de ser “coisas que se destacam acima do
terreno”, servindo como para-raios, especialmente se tivermos alguma
ponta
metálica
saliente
(armação
da
mochila
ou
bastão
de
caminhada).
Chuva: não apenas pelas possibilidades da enxurrada e do
encharcamento (que pode contribuir para a hipotermia), mas também
por tornar os pisos e agarras escorregadios ou lamacentos, tornando
insegura a escalada.
Seres vivos: animais peçonhentos ou insetos: abelhas e
marimbondos que podem fazer seus enxus nas fendas da rocha,
aranhas, escorpiões que buscam a umidade sob as pedras, cobras.
Um elemento de planejamento que pode contribuir para a
ocorrência de acidentes em atividades em montanha é o mau
dimensionamento do tempo ou das dificuldades da rota, orientando
uma seleção inadequada do material e alimentação e dos períodos de
Curso Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
marcha e descanso. Pode, na execução, criar condições para que se
chegue ao esgotamento, à insolação, desidratação ou hipotermia, ou
gerar uma condição insegura na escalada/desescalada.
A construção e uso de meios de transposição de obstáculos e a
prática de atividades em altura e em montanha são ferramentas
educativas que facultam ao jovem exercitar o planejamento, a
criatividade, a destreza, a coragem, a determinação, o vigor físico, o
conhecimento técnico, o companheirismo e o cuidado mútuo pelo
provimento dos meios de segurança.
Curso Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
Unidade Didática 9
SEGURANÇA EM
ATIVIDADES AQUÁTICAS
Curso Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
SEGURANÇA EM ATIVIDADES AQUÁTICAS
Ch IM Fernando Antônio Lucas Camargo – RMG
Ch IM Miguel Augusto Najar de Moraes – RMG
Ch IM Paulo Eugênio de Oliveira – RMG
Material de apoio de unidade didática do Módulo de Aperfeiçoamento de Segurança em Atividades
Abril, 2016.
Nas
atividades
escoteiras
envolvendo
água,
seja
para
transposição, seja usando-a como meio, é imprescindível que se
tomem medidas de proteção. Como os humanos não têm recursos
naturais
para
respirar
dentro
d’água,
precisam
ter
suprimento
garantido de ar ou meios de flutuação que lhes permitam respirar
normalmente; outro cuidado, no caso de atividades de mergulho, é o
que se deve tomar quanto a diferenças de pressão que ocorrem em
profundidades maiores, e que podem ocasionar problemas.
Já na preparação, deve-se consultar a população local (ou os
guarda-parques) quanto aos maiores ou mais frequentes riscos no
lugar, os lugares seguros, as “armadilhas (buracos, redemoinhos,
fundos emaranháveis)”. Deve-se procurar demarcar a área a ser
usada, os itinerários e os pontos de entrada/saída da água, desde
jogos simples até práticas de navegação com embarcações.
Para demarcar os locais de atividades na água, podem ser
usados recursos tão simples quanto garrafas PET ou balões de gás
(estes, com a vantagem do pequeno volume e peso, só enchendo na
hora de usar, e com a desvantagem da facilidade em furar/estourar)
presos a algum peso ou ponto de amarração; o importante é que
sejam facilmente visíveis (portanto, com cores vivas no caso dos
balões ou pintura nas garrafas PET) e que todos saibam que o limite
da área a usar é DENTRO da linha de boias – a linha de boias sempre
deve ser considerada como estando além do perímetro autorizado.
Cada tipo de água tem suas demandas peculiares, sejam rios,
lagos, lagoas, represas, braços de mar ou mar aberto. Conforme o
Curso Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
caso, devem-se considerar ventos, profundidade, marés, fundo,
condições de atracação/fundeio, correnteza, remansos, vertedouros,
sumidouros, pedras, recifes, fauna, possibilidade de mau tempo.
Ventos, marés, correntes e condições meteorológicas têm de ser
identificados,
avaliados
e
administrados.
Ajuda
bastante
ter
conhecimento dos dados da meteorologia para o período no local da
atividade.
Da
mesma
forma
as
condições
de
abicagem,
desembarque/embarque, fundeio e atracação. Cada tipo de água tem
características próprias e demanda ações e equipamentos adequados.
A temperatura da água e tempo de permanência também devem ser
considerados,
devido
ao
risco
de
hipotermia
ou
de
fadiga
muscular/cãibras.
Pode parecer desnecessário lembrar, mas os participantes de
atividades aquáticas devem estar em condição tal que lhes permita
chegar à superfície e alcançar algum ponto de apoio; nada de pearlhes braços ou pernas, nem colocar peso extra ou qualquer outro
entrave à natação. Escotismo não é curso de commandos (commando
= tropas de operações especiais). Neste tipo de atividades, é essencial
o sistema de controle mútuo por duplas de pessoas (natação livre ou
bóia individual, ou dentro duma mesma embarcação conduzindo a
Patrulha)
e
por
duplas
de
embarcações
(duas
embarcações
monitoram-se mutuamente).
Se a atividade é natatória, ou em espaço aquático limitado, o
responsável pela sua condução e/ou o salva-vidas tem de permanecer
em condição tal que lhe permita enxergar o que acontece na atividade
e intervir de imediato, se necessário. Por isso é que essa pessoa
geralmente fica fora da água, em local tendo comandamento
sobre os banhistas. Estes devem ser orientados e habituados, tanto
quanto possível, a procedimentos básicos de busca de flutuação e de
evitação do pânico. Particularmente os considerados bons nadadores
devem receber responsabilidade sobre os demais; com essa ocupação
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pode-se prevenir que eventualmente se tornem afoitos e cometam
alguma ação imprudente que contribua para o acidente.
Semelhantemente às atividades de escalada, nas atividades
aquáticas há diversos nós e equipamentos que podem fazer a
diferença no provimento da segurança do indivíduo e da equipe. O lais
de guia feito no corpo, a volta do fiel para atracação, o nó de fateixa,
nós de ancoragem ou nós para reboque são alguns exemplos, para não
falar dos nós empregados em marinharia (por exemplo, para manobra
de velas). A bola da retinida é um outro nó bastante útil, em que o
próprio cabo tem sua ponta enrolada de modo a formar um peso para
poder ser arremessado.
Seguem-se algumas possíveis atividades envolvendo água e
aspectos a serem considerados.
1) Transposição de águas (rios, lagos, lagoas, represas,
braços de mar).
Todos devem usar coletes de flutuação e apitos; deve haver
cabos para servirem como guias ou de retenção, clipando-se a eles a
pessoa ou o meio de flutuação (caso de bote, bóia ou balsa); salvavidas
habilitados;
identificação
das
características
do
fundo
(pedregoso, lamacento, com ramagens ou folhagens onde se possa
emaranhar)
e
das
margens
(pontos
de
entrada
e
saída
–
escorregadios, pedregosos, com galhos para emaranhar ou espinhos,
pontas ou faces afiadas); pontos de ancoragem nas margens ou no
fundo d’água; correnteza, buracos, redemoinhos, remansos; animais
peçonhentos (arraias, ouriços, baiacus) ou capazes de produzir dano
(sucuri, jacaré, piranha, cação, moréia); instrução sobre emprego de
meios de flutuação. No caso de se usarem pontes, adotar os
procedimentos de segurança próprios a cada tipo. No caso de se
vadear ou fazer parte do percurso caminhando dentro d’água, atenção
especial às características do fundo e orientações quanto à proteção do
equipamento contra a água (mochila com material molhado pesa mais
e o material fica inservível para uso imediato). No caso de rios,
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verificar o risco de chuva nas cabeceiras e estabelecer marcos do nível
da água (se eles começarem a ficar cobertos, já é mais que hora de
sair da calha e buscar terreno seguro).
2) Atividades náuticas usando embarcações já prontas ou
construídas com recursos industriais (lanchas, botes, canoas,
caiaques, veleiros; rafting, bóia-cross e similares).
Todos
devem
usar
coletes
de
flutuação;
obedecer
às
peculiaridades de cada embarcação: capacidade de pessoas e carga,
calado, equipamentos que podem ser usados, forma de manobrar,
atracação/desatracação, embarque/desembarque, abicagem, fundeio;
itinerário e balizamento, correnteza, fundo, vegetação; sinalização;
condições da embarcação quanto à calafetagem e integridade do
costado.
3) Náuticas usando embarcações improvisadas (coletes,
jangadas e balsas).
Todos devem usar coletes de flutuação; atentar ao equilíbrio e
flutuabilidade da embarcação; estimar para baixo a capacidade de
pessoas e carga; observação especial quanto à qualidade das junções
(amarras,
parafusos,
tiras
de
borracha,
etc.);
medidas
de
compensação em caso de desequilíbrio; equipamentos que podem ser
usados,
forma
de
manobrar,
atracação/desatracação,
Curso Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
embarque/desembarque, abicagem, fundeio; itinerário e balizamento,
correnteza, fundo, vegetação; sinalização. A qualidade dos materiais
de confecção (bambu, câmaras de ar, tambores, garrafas PET)
também deve ser avaliada, e identificada a melhor forma de prendêlos.
4) Práticas natatórias e de flutuação.
A natação pode ser aplicada de várias formas: uma simples
“corrida” na piscina, ou uma pista de transposição de obstáculos, ou a
apanha/transporte de pequenos objetos. Para a flutuação, pode-se
usar boias, ou praticar o snorkeling (flutuação usando snorkel para
observar dentro d’água), usando o colete de flutuação. Atenção a
meios de sinalização, correnteza, características do fundo (pedras,
galhos, espinhos, folhagens, emaranhados), obstáculos, distâncias,
nadadores com dificuldades, presença e prontidão de salva-vidas.
5) Mergulho.
Esta
prática
credenciadas,
com
só
pode
ser
equipamento
executada
que
atenda
com
às
pessoas
normas
de
Curso Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
segurança. É importante aprender os principais sinais de comunicação
subaquática.
Deve-se
cumprir
rigorosamente
o
que
for
determinado pelo mergulhador qualificado. Deve-se estar atento para
não bulir com a fauna, nem causar dano aos recifes. Sinalizar de
imediato qualquer situação anormal que ocorra.
Os ambientes que não são o habitat dos humanos, como o ar e
a água, despertam grande interesse, por representarem um desafio.
Superar desafios como o de entrar num meio diferente, nele cumprir
uma tarefa e dele sair melhor do que se entrou tem fortes efeitos
educativos na edificação do caráter, na construção da autoconfiança,
na consolidação do espírito de equipe, da solidariedade e do cuidado
mútuo, e no aprimoramento físico, intelectual e espiritual.
Curso Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
Unidade Didática 10
ATIVIDADES NOTURNAS
Curso Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
ATIVIDADES NOTURNAS
Ch IM Fernando Antônio Lucas Camargo – RMG
Material de apoio de unidade didática do Módulo de Aperfeiçoamento de Segurança em Atividades
Abril, 2016.
Desde tempos imemoriais, o ser humano é acostumado a temer
o escuro. O escuro é uma situação na qual o sentido de apreensão que
mais privilegiamos, a visão, fica limitado, o que reduz nossa
capacidade
de
controlar
o
ambiente
ao
redor
e
nos
causa
intranquilidade por não podermos ver as eventuais ameaças. Daí
termos expressões negativas associadas ao escuro: se tudo está claro,
foi bem percebido e entendido; o “lado escuro da Força” é o seu lado
negativo; a idade das trevas, do obscurantismo, das sombras, é aquela
em que o mal impera, a ignorância e a intolerância predominam. À
noite, ao escuro e ao desconhecido eram associados os diversos tipos
de seres fantásticos: duendes, leprechauns, saci, boitatá, mula sem
cabeça, curupira, bicho-papão...
E, no entanto, o escuro, ou a semi-escuridão, propicia a
interiorização, a reflexão, a meditação, justamente por não haver
tantos estímulos visíveis a dispersar nossa concentração.
Além disso, a escuridão é uma situação pela qual qualquer de
nós pode passar: um apagão na rede de energia elétrica, estar num
lugar sem energia elétrica na zona rural... Uma das atitudes que o
Escotismo pode ajudar a desenvolver é justamente a de ver a
escuridão como algo presente em nossa vida e com que podemos lidar
com tranquilidade, graças aos conhecimentos e habilidades adquiridos
com o adestramento dos sentidos.
Quando há um ou mais pernoites em campo, pode ser o caso de
se inserir na programação algumas atividades noturnas. O Fogo de
Conselho/Lamparada é uma tradição nas atividades com pernoite, e
por vezes o intervalo entre o jantar e esta cerimônia pode permitir a
prática de uma exploração ou de um jogo. Por vezes, pode ocorrer,
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particularmente nos Ramos mais avançados (Sênior e Pioneiro),
alguma cerimônia típica da mística do Ramo: acolhida, confirmação ou
mesmo despedida do jovem, que tem no momento noturno uma
oportunidade de se tornar mais intimista e reflexiva. Muitas vezes, o
deslocamento e a ocupação do local de cerimônia já demandam um
exercício de acuidade sensorial noturna. Além destas situações, a
vigilância do campo tem uma finalidade objetiva que é o provimento
da
segurança aos acampadores,
e é instrumental também
na
superação do “medo do escuro”.
1)
Exploração:
Deslocamentos,
observação
astronômica,
observação da natureza. Sem a iluminação artificial, podemos apreciar
melhor o que existe ao nosso redor. A melhor situação para observar
estrelas é com mínima ou nenhuma iluminação artificial e nas noites
de lua nova; a lua cheia, conquanto linda de se ver, ofusca e atrapalha
a visão das constelações; pode ser muito boa para explorações do
terreno e caminhadas/escaladas noturnas.
2) Jogos: Jogos de stalking (tocaia), prática de orientação ou
de técnicas escoteiras, jogos de adestramento dos sentidos. A
orientação noturna pode ser feita valendo-se da bússola, percorrendose trechos balizados por azimutes. Os jogos de adestramento dos
sentidos
visam
justamente
aprimorar
nossa
capacidade
visual,
auditiva, tátil ou olfativa, nossa espacialidade e equilíbrio. Os jogos de
stalking
permitem
não
apenas
aprimorar
nossas
capacidades
sensoriais, como também superar o temor e a insegurança inspirados
pela noite, e ainda aplicar técnicas escoteiras.
Curso Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
3) Cerimônias (mística): Fogo de Conselho, Lamparada, Flor
Vermelha, investidura no Ramo Sênior ou Pioneiro. A escuridão ajuda a
colocar os participantes num clima mais introspectivo, próprio às
cerimônias.
4) Acuidade visual e auditiva: Adestramento dos sentidos
para percepção de aproximação e identificação de seres vivos (visão
de
silhueta,
ruído
ou
cheiro)
ou
de
alterações
na
natureza
(principalmente ruídos e cheiros).
5) Vigilância: Segurança do campo, aplicando a acuidade visual
e auditiva.
Curso Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
6) Uso de artifícios de iluminação: lanterna, vela, lampião ou
lamparina. Se, por um lado, permitem enxergar o que esteja dentro de
sua potência de iluminação, por outro, especialmente os aparatos de
maior
potência,
reduzem
nossa
acuidade
visual
noturna
pelo
ofuscamento. Há, ainda, o ofuscamento causado pelo impacto direto
do foco de luz sobre os olhos do observador (a velha “guerra de
lanternas” dos acantonamentos de Lobinhos). A prevenção deste tipo
de conduta se dá pelo treinamento para evitar dirigir o foco de luz
frontalmente para onde se quer olhar; a forma correta é apontá-lo um
pouco para baixo, de modo que aquilo que pretendemos observar seja
inicialmente definido por uma iluminação mais suave, permitindo-nos
avaliar se é o caso ou não de focar diretamente. O ofuscamento é uma
das grandes causas de acidentes rodoviários – a chamada “guerra do
farol alto”. Convém lembrar: quanto mais potente o foco de luz que
usamos, mais demorada é a recuperação da visão noturna quando o
retiramos. Isso é particularmente importante no que se refere a
lanternas e faróis de LED: sua radiação luminosa é muito mais
penetrante, gerando um ofuscamento mais intenso e podendo, no
extremo, causar dano à retina.
Em todos os casos acima mencionados, o provimento da
segurança começa com a identificação, à luz do dia (por quem está
responsável pela atividade), dos locais e trajetos a serem usados e
percorridos, os eventuais riscos de desvios ou de acidentes (buracos,
barrancos, galhos, espinhos, águas, lama, sujeiras), os acessos a
serem vigiados e as eventuais rotas de fuga e locais de encontro.
Devidamente conhecidos esses lugares e rotas, torna-se mais fácil
balizá-los (se for o caso) e monitorá-los, antepondo-se, assim, à
possibilidade de alguém perder-se ou machucar-se.
Deve-se mostrar aos jovens e adultos que a escuridão não é
algo a ser temido, mas sim uma condição a que estamos sujeitos e da
qual podemos fazer nossa amiga.
Curso Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
Unidade Didática 11
PRONTO-SOCORRISMO
Curso Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
PRONTO-SOCORRISMO
Ch IM Fernando Antônio Lucas Camargo – RMG
Ch IM Alisson João da Silva – RMG
Ch IM Edson Renato de Souza – RMG
Ch Ulisses Nonato da Cunha – RMG
Material de apoio de módulo do Curso Técnico de Segurança em Atividades
Julho, 2015.
Da correta aplicação do socorro imediato pode depender a
sobrevivência de uma pessoa. Entretanto, são muitos os tipos de
acidentes,
e
a
formação
do
socorrista
demanda
cursos
específicos, credenciados junto às autoridades da educação e da
saúde.
Nosso escopo nesta atividade de formação, portanto, não é o de
qualificar um socorrista. É desejável que o quadro adulto do Escotismo
se capacite como socorrista? Sim, pela coerência com os valores que
se propôs adotar, de serviço ao próximo, de preservar a vida, de
prover o cuidado a si mesmo e aos que o rodeiam. Mas desejável não
é sinônimo de obrigatório (nem todos temos tanta aptidão ou
habilidade para essas práticas), e mesmo o socorrista qualificado tem
uma série de limitações ao quanto realmente possa intervir sobre um
acidentado. Não obstante, um educador pode qualificar-se para
medidas que previnam a ocorrência de acidentes ou ações primárias
de saneamento que facilitem o trabalho dos socorristas.
1) Prontidão
A primeira arma contra acidentes é nossa atitude. Jamais
conseguiremos prever todos os tipos de acidentes, nem prover todos
os meios para evitá-los; do contrário, para um simples passeio ao
museu precisaríamos levar um caminhão de equipamento, ambulância
e equipe de paramédicos, e ainda assim alguém daria um jeito de se
acidentar, e de um jeito que burlasse os recursos disponíveis (Lei de
Murphy). Portanto, o Escotista deve, na preparação da atividade, fazer
o wargaming, de modo a prontificar-se para o tipo de ocorrência mais
passível
de
acontecer,
e
nessa
direção
orientar
os
demais
Curso Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
participantes, fazendo-os co-responsáveis pelo cuidado. Os jovens não
são feitos de louça, mas não convém buscar os acidentes. Alguns itens
que levamos normalmente para nossas pequenas emergências ou
comodidade podem vir a calhar para ajudar um irmão. Estar atento ao
que ocorre para colocar-se em condições de prestar informações claras
aos socorristas – se algo foi ingerido ou injetado, se a pessoa caiu de
algum lugar ou sobre alguma coisa, se apresentou alguma queixa
anterior – pode orientar seu atendimento à emergência com maior
precisão, aproximando o tratamento da real situação-problema e não
de um sintoma muitas vezes enganador. Não se trata de fazer o
diagnóstico, mas de informar o que se sabe sobre a forma como
ocorreu o evento.
2) Disponibilidade de material.
O primeiro recurso de prevenção e socorro chama-se higiene;
assim, uma barrinha de sabão neutro servirá para limpeza de material
e de gente, seja previamente ao preparo/consumo de alimentos e
líquidos, seja no manuseio de ferimentos. Assim também com o pano
ou atadura com que se vai estancar a hemorragia e/ou proteger o
ferimento. Água e componentes de soro para reidratação e material
para aquecimento (manta, poncho ou cobertor espacial) são itens que
cada um já deve levar para seu próprio provimento, e muito úteis em
caso de socorro. Conhecer os diversos usos do lenço e outros recursos
de improviso para proteção de ferimentos ou imobilização de membros
é de grande valia.
3) Medicação.
Peter Kellemen, em seu excelente Brasil para principiantes, fala
do “País de 60 milhões de médicos” – nossa população à época
(década de 1940-50), contando que todo mundo se propõe dar algum
remédio a algum mal que aflige o outro, recomendando algo que usou
ou de que ouviu falar, chegando algumas pessoas a terem consigo
uma cartelinha de medicamento como se fosse de pastilhas. A
automedicação
(conquanto
“auto”
se
refira
à
própria
pessoa,
consideremos também no caso do próximo), aplicada com base no
Curso Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
“achismo”, sem exame e prescrição de profissional especializado, pode
causar sérios problemas – um choque anafilático pode ser fatal. Quem
usualmente toma remédios deve levá-los consigo, com a devida
prescrição, e informar isso na ficha de autorização da atividade. Não
podemos sair por aí distribuindo ácido acetilsalicílico, dipirona ou
paracetamol a qualquer caso de dor de cabeça: a pessoa pode ter
reação adversa ao remédio ou a causa do problema ser outra.
4) Acidentes de normalidade.
Pode ser contraditório usar uma expressão como essa, já que
acidente geralmente é um acontecimento anormal. Na verdade,
referimo-nos a eventos que, para o momento específico, não estavam
previstos, mas que são de se esperar. O exemplo mais direto é quando
a menstruação de uma jovem vem durante a atividade. É inevitável, e
cabe ao adulto assegurar a ela a tranqüilidade para informar alterações
dessa natureza com a certeza de ser tratada com discrição e respeito
(além de ter à mão um pacotinho de absorventes). Outra situação
possível é termos entre os participantes uma pessoa asmática,
epiléptica ou diabética e que, em algum momento no decorrer da
atividade, seja acometida por uma crise.
5) Farpas, fragmentos e espinhos, plantas venenosas ou
alergênicas.
O adequado manuseio das ferramentas e do material com que
se lida é conduta que, aprendida, reduz as oportunidades de entrada
de tais corpos estranhos e de ferimentos que possam produzir. Se a
probabilidade de produção desses elementos é grande, podemos
pensar até no uso de equipamentos de proteção como luvas e óculos.
No caso de entrada de algum desses materiais, deve-se providenciar
sua remoção tão rapidamente quanto possível (dependendo do caso,
não por nós no campo, mas num hospital, por gente qualificada para
isso), para evitar que se aprofundem sob a pele e/ou produzam
inflamação. Conhecer os tipos de plantas predominantes na região e se
elas têm potencial para produzir alguma reação alérgica ou de
envenenamento pode ajudar a evitar problemas que vão da leve
Curso Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
urticária à sufocação por edema de glote – é o caso, por exemplo, da
aroeira, de algumas espécies de coqueiro com espinhos, ou de alguns
tipos de capim, ou da ação do veneno de insetos (picada de abelha,
queimadura de taturana).
6) Insetos e bichos peçonhentos.
Evitar os locais usuais de abrigo de bichos peçonhentos (cobras,
escorpiões, aranhas) e ficar atento aos enxus (ninhos de abelhas,
vespas ou marimbondos) para que ninguém bula neles. Verificar
calçados, barracas e sacos de dormir para não ser surpreendido por
algum hóspede não convidado. Evitar deixar alimentos em situação de
atrair esses bichos ou os que lhes servem de alimento.
7) Engasgos, indigestões e acidentes alimentares.
A prevenção do engasgo apóia-se na atenção ao que se enfia na
boca, ao tamanho dos bocados de comida, caroços de frutas, à
conduta
de
falar/rir
adequadamente
a
de
boca
técnica
necessário.
Indigestões
geralmente
decorrem
de
e
de
cheia.
É
preciso
desengasgamento,
acidentes
seleção
alimentares
inadequada,
saber
caso
como
usar
se
faça
diarréias
mau preparo
do
alimento ou falta de higiene. Outra possibilidade de acidente alimentar
é a reação adversa do organismo que tem intolerância a certos tipos
de alimentos – lactose, trigo, glúten, açúcares. Portanto, a conduta
preventiva
repousa
sobre
a
montagem
do
cardápio
e
a
verificação/preservação da qualidade dos ingredientes, bem como na
higienização dos meios de preparo e consumo, conforme foi visto na
Unidade Didática sobre Segurança Alimentar e Sanitarismo.
8) Enjoos, tonturas, desmaios.
Os enjoos podem decorrer de sensibilidade ao movimento
(estrada cheia de curvas ou de solavancos, turbulências em voo ou
balanço na água) ou a algum outro fator sensorial (cheiros, imagens);
as tonturas, de algum distúrbio de equilíbrio, ou de fome, insolação ou
algum fator de movimento (giros) ou sensorial (principalmente cheiros,
caso em que pode indicar vazamento de gás). Os desmaios podem ter
Curso Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
causas variadas: hipoglicemia, queda de pressão, insolação, fome,
cansaço...
Atuando
preventivamente
sobre
essas
possibilidades,
reduzimos a chance desse tipo de ocorrência. Sobre o enjoo, por
exemplo, o cheiro do limão ou a ingestão de maçã ajuda no seu
combate.
9) Desidratação e efeitos do calor e radiação.
A desidratação refere-se à perda de água e de sais nela diluídos
pelo organismo. Pode ocorrer não apenas por efeito do calor, mas
também devido a esforço continuado, pela transpiração e pela
respiração. Nos climas secos como o deserto e o semiárido, assim
como no frio, não se percebe a transpiração, e de repente o indivíduo
se desidrata. Sua prevenção apóia-se na existência de suprimento de
água
nos reservatórios
individuais,
com
o
adequado
consumo,
somando-se à ingestão de outros componentes (sais e açúcares) via
alimentos. No caso de a situação ser propícia à desidratação, convém
manter à mão soro caseiro (ou seus ingredientes) para ministrar aos
participantes da atividade. Ainda, como efeitos do calor e da radiação,
temos o acaloramento e a insolação, que podem ser prevenidos com
reidratação, pausas à sombra, umidificação da pele (pano molhado) e
das vias aéreas, uso de chapéu/boné e protetor solar.
10) Efeitos do frio e da umidade.
A
exposição
ao
frio
pode
conduzir
ao
congelamento
de
extremidades, ou a afecções principalmente do trato respiratório, ou à
hipotermia. O congelamento de extremidades pode dever-se à falta de
agasalho adequado ou à falta de circulação sanguínea nas áreas
afetadas, caracterizando-se pela cianose. A hipotermia consiste na
perda generalizada de calor corporal, com o organismo consumindo
suas reservas de energia para tentar manter-se operante, e pode levar
ao óbito; em geral, o organismo prolongadamente submetido à
umidade em calçados ou roupas e ao vento perde calor mais
rapidamente do que consegue repor, apresentando sintomas como
calafrios, descoordenação motora e cansaço. Deve-se prevenir a
hipotermia
pelo
bom
agasalho,
alimentação
compatível
com
a
Curso Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
necessidade e esforço dentro dos limites do corpo.
contribuir
para
agravamento
dos
problemas
A umidade pode
do
frio,
para
o
amaciamento da pele provocando bolhas (principalmente nos pés
dentro de calçados), ou para a criação de fungos na pele ou no
material/comida.
11) Vestimentas, calçados e acessórios.
O vestuário e o equipamento devem permitir circulação do ar,
liberdade de movimentos, as camisas/agasalhos com golas folgadas,
punhos e alças que evitem garroteamento, calçados macios e
confortáveis (para evitar bolhas e calos).
12) Esgotamento.
A adequada dosagem do esforço evitará que o coração trabalhe
além de sua capacidade e fique sujeito a sofrer uma síncope. O
esgotamento pode contribuir para a perda de calor corporal e aliar-se à
hipotermia.
13) Kit de primeiros socorros.
Já passou o tempo em que o kit de primeiros socorros continha
vários remédios, seringa e medicação injetável. Basicamente, ele
conterá
meios
para
estancar
hemorragias,
limpar
e
proteger
ferimentos, examinar e sacar corpos estranhos (pinça, isqueiro, agulha
estéril, bisturi estéril), ataduras, eventualmente algum recurso para
imobilização, ingredientes de soro caseiro. Poderá conter algum
material peculiar ao tipo de acidente passível de ocorrer na atividade.
Mas sem cabeças e mãos aptas a usar os meios, não será mais que um
acréscimo em peso e volume ao equipamento transportado.
14) Recursos alternativos.
Para casos de pequena monta, podem ser adotados alguns
procedimentos que, placebo ou não, muitas vezes resolvem o
problema. É o caso, por exemplo, de ter à mão algum chá digestivo ou
regulador como camomila, erva-doce/funcho, boldo, carqueja ou
capim-limão, a ser aplicado em doses controladas (grandes doses
Curso Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
podem trazer efeitos danosos); para isso, é importante saber
identificar plantas das quais se pode fazer infusão. É interessante
também
conhecer alguns procedimentos básicos
de massagem,
alongamentos (muito úteis contra cãibras) ou pressão localizada dos
dedos, também conhecida como do-in (que pode trazer alívio a
incômodos como azia, dor de cabeça, vertigens).
15) Conduta da equipe de socorristas.
Ações de serviço ou de socorro são, fundamentalmente, o que o
nome diz, e seus objetivos primordiais são os de melhora de um certo
estado
(serviço)
ou
os
de
preservação
da
higidez
(socorro).
Particularmente nas ações de socorro, o foco é a retirada da vítima da
condição mórbida/de risco. Assim, a equipe de socorristas deve
pautar-se pela ação eficaz (na medida de suas possibilidades) e pela
discrição. Seus integrantes e localização devem ser identificáveis pelos
participantes da atividade, mas não chamar a atenção nem pelo visual
nem pelo ruído – desviar a atenção dos acampadores pode contribuir
para novos acidentes, tanto por despertar a curiosidade para “o que
está ocorrendo” quanto pelo potencial de causar pânico. Tal como na
prontidão, no atendimento os socorristas devem ser discretos. A visão
de uma vítima em condição mórbida ou de risco, ou da ambulância
saindo do campo fazendo o maior escândalo com a sirene pode
produzir abalos no moral dos demais participantes da atividade ou do
público externo. Não se trata de sonegar informações, mas sim de não
atrair curiosidades que em nada ajudarão na eficácia da ação de
socorro. É bom guardar a seguinte idéia-força: quando se está em
operação real, a produção publicitária audiovisual não é prioritária.
Considerações finais
Quando os médicos e enfermeiros eram raros e os meios de
comunicações e transporte, precários, qualquer um que usasse
qualquer medida que acabasse dando certo poderia ser considerado
socorrista, e era esperado do Escoteiro que não apenas conhecesse
medidas de socorro, mas que tivesse iniciativa e as empregasse de
imediato quando necessário. Hoje, entretanto, uma pessoa que assim
Curso Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
proceda, mesmo carregada do melhor intento, que é o de salvar,
torna-se passível de um processo criminal por diversas interpretações:
exercício não credenciado da prática médica; imperícia; lesão corporal
ou homicídio culposo decorrente da imperícia; ou omissão de socorro,
fora o estresse de, no caso de conseguir acionar o socorro, ter de ficar
esperando sem poder agir. Agrava-se, ainda, no caso do membro
juvenil do Escotismo, que o fato de ser “uma criança/adolescente”
pode comprometer a aceitação de sua capacitação como socorrista
pelos adultos, impedindo-o de ter acesso à vítima e prestar o
atendimento.
Procedimentos simples de pronto-socorrismo podem evitar
grandes males. Mesmo que não tenhamos uma formação de socorrista
ou paramédico, devemos ser capazes de identificar sinais apresentados
por
um
acidentado:
consciência,
lucidez,
dor,
hemorragia,
deslocamento de membros, sensibilidade nos membros e capacidade
de
movimentação,
vazamento
de
líquidos,
situação
do
objeto
perfurante ou trajeto do meio cortante ou contundente, bem como
descrever o acidente. Sempre devemos agir de forma a prestar a
informação mais completa e correta ao socorrista, que dessa maneira
poderá selecionar a melhor linha de ação. Não obstante, precisamos
sempre ter em mente que: A MELHOR FORMA DE CUIDAR DE UM
ACIDENTE É PREVENI-LO.
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Unidade Didática 12
JOGOS PARA A
SEGURANÇA EM
ATIVIDADES
Curso Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
JOGOS PARA A SEGURANÇA EM
ATIVIDADES
Ch IM Fernando Antônio Lucas Camargo
Material de apoio de módulo do Curso Técnico de Segurança em Atividades
Abril, 2016.
Quando, numa atividade escoteira, levamos os jovens ao campo,
precisamos atender a diversos tipos de necessidades de segurança,
envolvendo não apenas materiais, mas principalmente capacitação e a
existência de uma mentalidade orientada para a segurança.
E uma ferramenta de que o Escotismo se vale muito eficazmente
para ajudar o jovem a desenvolver habilidades, adquirir conhecimentos
e construir atitudes é o jogo. Dificilmente se encontrará uma situação
mais propícia para construir/consolidar saberes do que uma prática
dentro do contexto de uma situação-problema (fundo de cena),
possibilitando fazer analogia no caso de um momento de real
necessidade. O jogo permite, ainda, variações que aumentem o nível
do desafio sempre com a segurança da condição de simulação, na qual
é possível voltar atrás ou refazer sem os resultados danosos de uma
situação real; é possível, ainda, mudar de papel de modo a dar ao
participante
a
percepção
da
conduta
necessária
em
diferentes
situações.
A diferença fundamental do jogo para a realidade é o seu
efeito; a simulação permite exigir do treinando ações e reações
como se fossem as da situação real, mas com a possibilidade de
o eventual erro servir como meio de aprendizagem em lugar de
conduzir a danos pessoais ou materiais. Além disso, sua
limitação no tempo e no espaço (ou seja, há um tempo e local
previstos para início e término da atividade) permite ao
treinando sair de situação para fazer sua revisão pós-ação,
identificando acertos e erros, bem como reduz a incerteza
quanto à duração do estressor a que é submetido. Essa
segurança dada pela reversibilidade da simulação permite
também ao treinando fazer repetições, trocas de papel, pausas
Curso Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
e experimentos com formas diferentes de resolver os problemas
(BROUGÈRE, 1998, p.190-191), pois, na medida em que ele
domina aqueles saberes e fazeres, pode, valendo-se de sua
particular combinação de inteligências, construir associações
cognitivas inovadoras, livrando-se da conduta estereotipada. E
permite, ainda, desenvolver a resiliência, que é a capacidade de
retornar à condição “normal” após um impacto – necessária
quando as “evoluções de situação” são tão rápidas e profundas
e a instabilidade no universo do trabalho é uma realidade
(CAMARGO; MORAES, 2010, p. 91-92).
Há diversas possibilidades de construir a proficiência na análise,
elaboração e prática de procedimentos de segurança por meio de
jogos, em sua maioria simulações.
1) Construção do checklist.
Os participantes devem conhecer os dados essenciais da
atividade, época e local de realização. A partir daí, deve ser-lhes dado
um tempo (até 15 min) para fazer o checklist dos materiais a levar,
das pessoas de contato, das rotas possíveis de aproximação e
escape... Pode ser feito como uma competição entre Patrulhas (ganha
mais pontos aquela cujo checklist estiver mais completo e coerente
com a atividade), ou como um grande trabalho cooperativo, com cada
Patrulha fazendo o checklist referente a uma área: materiais, contatos,
transporte, rotas, pessoal qualificado, alimentação, etc.
2) Análise do campo.
Por uma simulação usando um mapa/desenho ou caixão de
areia, a Patrulha deve indicar os locais de ocupação do campo, os
acessos, as rotas de escape e os locais de reagrupamento. Outra
possibilidade é fazê-lo no próprio terreno (o Chefe já deve ter feito a
sua análise ainda na fase preparatória, claro).
3) Simulação.
Treinamento pela simulação dos procedimentos de segurança,
preventivos e corretivos, para diversas situações. Individualmente ou
Curso Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
em equipe, todos devem fazer o drill de proteção, de modo a tornar o
procedimento algo praticamente instintivo, pois o tempo de reação
pode fazer toda a diferença. Pode ser feito, dependendo do caso,
também no escuro ou de olhos vendados (simulando a condição
noturna ou de espaço sem luz).
4) Wargaming (jogo de guerra).
Apresentados os dados essenciais da atividade, as Patrulhas
terão um tempo estipulado para apresentar “o que pode dar errado”,
como “advogados do diabo” ou “amigos da onça”, e propor medidas
preventivas/corretivas. É um “jogo de guerra” no qual o “inimigo” são
os fatores que podem intervir para chegar à situação de potencial
acidente.
5) Estudo de caso.
Apresentado um caso (ocorrido ou fictício), os participantes
devem
analisar
“o
que deu
errado”,
identificando
as
medidas
preventivas/corretivas cabíveis. Conquanto possa parecer um exercício
de “profecia do pretérito”, ajuda a compreender os eventos que
compõem uma cadeia que leva ao acidente, e identificar os pontos da
cadeia sobre os quais se pode atuar, de modo a não repetir os erros.
A ferramenta do jogo, como em tantas outras situações, permite
assimilar pela prática, hábitos de proteção e cuidado mútuo. A
simulação permite tornar o drill algo praticamente instintivo, e o
trabalho intelectual ajuda a desenvolver métodos de planejamento,
análise de riscos e tomada de decisões, indo, portanto, muito além do
seu escopo imediato de prover proteção numa atividade e tendo
reflexos em todas as esferas da vida cotidiana.
Curso Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
Unidade Didática 13
RESPONSABILIDADE CIVIL
E CRIMINAL DO ADULTO
EM ATIVIDADES
ESCOTEIRAS
Curso Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
RESPONSABILIDADE CIVIL E CRIMINAL DO
ADULTO EM ATIVIDADES ESCOTEIRAS
Ch IM Fernando Antônio Lucas Camargo – RMG
Ch IM Luiz André de Sá – RMG
Ch IM Lívia Gendorf Romualdo da Silva – RMG
Material de apoio de unidade didática do Módulo de Aperfeiçoamento de Segurança em Atividades
Julho, 2015.
OBJETIVO:
Reconhecer
as
implicações
legais
relacionadas
à
segurança nas atividades escoteiras.
Conteúdos a serem abordados:
• Responsabilidades do adulto por atos inseguros;
• Legislação Brasileira (Código Penal, Civil e Estatuto da Criança e do
Adolescente).
“...A UEB, AO RECEBER O MEMBRO JUVENIL EM SEUS
QUADROS,
ASSUME
PRESERVAÇÃO
DE
O
COMPROMISSO
SUA
INTEGRIDADE
DE
ZELAR
FÍSICA,
PELA
DEVENDO
EMPREGAR TODOS OS MEIOS NECESSÁRIOS AO INTEGRAL
DESEMPENHO DESSE ENCARGO, SOB PENA DE INCIDIR EM
RESPONSABILIDADE CIVIL PELOS DANOS CAUSADOS A SEUS
INTEGRANTES OU A TERCEIROS, INDEPENDENTEMENTE DA
IDADE DE QUEM
SOFREU A
LESÃO...” –
RESOLUÇÃO Nº
004/2000 – CAN
Conquanto o texto em epígrafe seja de uma resolução revogada
pela
003/2008,
continua
a
ser
um
forte
lembrete
da
nossa
responsabilidade pelas pessoas que levamos às nossas atividades.
O Escotismo propõe atividades nas quais os jovens convivam
com outros em situações diferentes das do ambiente doméstico e
escolar, fazendo frente a desafios que lhes podem trazer certa
condição de risco. Ao fazer isso, assume uma grande responsabilidade
quanto à preservação da integridade física, psíquica e moral dos
jovens. O risco é sempre iminente, e a responsabilidade do adulto
encarregado da atividade é grande, com reflexos civis e criminais,
Curso Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
tendo como co-responsáveis aqueles que o credenciaram para conduzir
a atividade.
Para nós, adultos voluntários do Escotismo, não há nada melhor
que ao final de uma atividade, seja ela em sede ou externa, poder
perceber nos jovens, no brilho em seus olhos ou nos comentários que
se seguem, que aquela determinada atividade atingiu o objetivo
imaginado: as experiências nela vividas proporcionaram satisfação e
crescimento pessoal.
Para
atingirmos
este
nível
de
satisfação,
é
fundamental
observarmos a questão da Segurança (dicionário: ato ou efeito de
segurar; estado ou condição de seguro; condição daquele ou daquilo
em que se pode confiar). As ações de segurança podem evitar a
ocorrência de um Acidente (dicionário: acontecimento casual, fortuito,
imprevisto)
ou
Incidente
(dicionário:
circunstância
acidental,
episódio, aventura, peripécia), com conseqüências indesejáveis, como
o trauma físico ou psíquico que poderá ser causado sobre a criança ou
adolescente, e a atribuição de responsabilidade civil e penal pelo
mesmo, daí a necessidade da ação preventiva do adulto.
O uso da plena segurança não implica necessariamente esquecer
o Método Escoteiro (Vida ao ar livre; Aceitação da Promessa e Lei
Escoteira; Atividades progressivas, atraentes e variadas; Aprender
fazendo), mas sim se cercar de toda a prevenção necessária com o fim
de evitar a ocorrência de acidentes/incidentes.
Fatalidades ocorrem, e estas devem ser esperadas no sentido de
que
devam
haver
condições
de
atenuá-las
e/ou
minimizá-las,
remediando-se e procurando-se socorro profissional em tempo hábil.
Para
tanto,
é
necessário
que
saibamos
em
que
tipo
de
responsabilidade incorrem os escotistas e dirigentes, assim como os
direitos que envolvem a criança e o adolescente, e, por fim, as
medidas preventivas e atenuantes em atividades escoteiras, tanto de
ordem
prática
e
técnica
(conhecimento
do
local,
socorristas,
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equipamento adequado, etc.), como de ordem legal (autorizações
necessárias, registro dos membros da UEB, ciência dos pais, etc.).
DEFINIÇÕES
Antes de continuarmos, é importante conhecermos alguns conceitos:
RESPONSABILIDADE:
Qualidade
ou
condição
de
Responsável;
capacidade de entendimento ético-jurídico e determinação volitiva
adequada, que constitui pressuposto penal necessário da punibilidade.
(Novo Dicionário Aurélio)
RESPONSABILIDADE MORAL: Situação de um agente consciente
com relação aos atos que ele pratica voluntariamente. (Código Civil)
RESPONSABILIDADE CIVIL: É a que impõe a obrigação de reparar
dano (material ou moral), pode provir da Lei (responsabilidade legal),
do Ato Ilícito (responsabilidade por ato ilícito), e da inexecução de
Contrato (responsabilidade contratual).
Art. 186 - Aquele que, por ação ou omissão voluntária,
negligência ou imprudência,violar direito e causar dano a
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 927 - Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar
dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único - Haverá obrigação de reparar o dano,
independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou
quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do
dano implicar, por sua natureza, risco p/os direitos de outrem.
(Código Civil)
RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA:
É a
que resulta
da
infringência de norma administrativa estabelecida em lei – que, em
sentido
geral,
encargos,
compreende
contratos
etc.
também
Aqui
se
regulamentos,
inclui
o
cadernos
de
enquadramento
administrativo-disciplinar na UEB.
(Direito Administrativo Brasileiro)
RESPONSABILIDADE PENAL: É a que resulta do cometimento de
Crimes definidos em Lei Federal (Código Penal e Código Civil).
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1.
Responsabilidade,
em
princípio,
atribuída
aos
Escotistas responsáveis e à Diretoria do Grupo Escoteiro:
durante uma atividade escoteira de um membro juvenil, desde a sua
saída até a chegada em casa, a responsabilidade dos dirigentes e
escotistas é solidária com a dos pais, quando estes autorizam
expressamente e por escrito a
participação do filho na atividade. É
importante salientar aqui que não existiria, em tese, juridicamente
falando, nenhum tipo de responsabilidade por parte da Diretoria do
Grupo ou do escotista responsável pela atividade, quanto a algum
possível
acidente/incidente
que
o
membro
juvenil
sofresse
no
deslocamento antes do início da atividade e após a liberação quando
do encerramento da mesma. No entanto, nada impede que os
escotistas organizadores da atividade se previnam quanto à ocorrência
destes possíveis acidentes. Por Exemplo: Por que marcar o início e/ou
término
das
atividades
para
locais
onde
o
membro
juvenil
(Escoteiro/Sênior) tenha que sair muito cedo de casa ou chegar muito
tarde e, no deslocamento, passar por locais ermos ou vias de trânsito
com grande fluxo de veículos?
2.
Responsabilidade
dos
Pais/Responsáveis,
quando
houver a autorização expressa e por escrito da atividade
determinada e especificada na autorização: é imprescindível a
autorização expressa e por escrito dos pais do membro juvenil. Sem
tal
documento,
por
mais
cruel
que
possa
ser
com
a
criança/adolescente, esta deverá ser mandada de volta para casa,
pois ao escotista/dirigente cabe a tarefa de conduzir à atividade
somente aqueles menores que são autorizados por seus pais,
que detêm o legítimo poder familiar (antes chamado pátrio poder) de
decidir as atividades dos filhos. É importante lembrarmos que esta
ficha de autorização para atividades, nada mais é que uma informação
para que os Pais/Responsáveis saibam para onde, como, quando e
com quem seus filhos vão, uma vez que ao entrarem no Grupo os Pais
e/ou Responsáveis ao assinarem a ficha de inscrição do membro
juvenil, autorizam-no a participar de todas as atividades Escoteiras.
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Assim, é preciso que os escotistas responsáveis pela atividade criem o
hábito de quando receberem as fichas de autorização para aquela
determinada atividade, conferirem mesmo que de maneira bem
rudimentar, se a assinatura da ficha é a mesma da ficha de inscrição
preenchida quando da entrada do membro juvenil no Grupo Escoteiro.
Ainda neste aspecto, no caso de pais separados, é de fundamental
importância, sob o aspecto legal, ter bem definido quem é a
pessoa designada pelo Juiz responsável pelos filhos, pois cabe
a ela assinar esta ficha de autorização de atividades. Neste caso
torna-se necessária a atualização da ficha de inscrição do membro
juvenil constando estes dados atuais, e uma forma de se obter estas
informações sem constranger ou ofender o membro juvenil, seria a
correta utilização da etapa da “Avaliação da Progressão Pessoal” do
Programa de Jovens, na qual, em conversa informal com o jovem, o
escotista obteria todos estes dados. No caso da guarda compartilhada,
é
preciso
conversar
com
os
pais
para
definir
com
eles,
consensualmente, as condições para autorizar a participação do filho
numa atividade (pois é muito desgastante para o Grupo quando o
jovem recebe a autorização de um dos pais e o outro diz que não
autorizou).
3. Conhecimento prévio do local: o conhecimento prévio do
local é condição sem a qual não é possível a realização de atividades.
NOTA: Nenhum dirigente deve permitir a realização de qualquer
atividade sem que o escotista responsável por ela conheça do
local, e saiba como desenvolvê-la. E isso inclui o desenvolvimento
da atividade no local, segurança em trechos perigosos, maneira de
prestar socorro e transporte rápido ao pronto socorro, comunicação e
condições para que ninguém se perca.
4. Estabelecimento de regras de segurança preventivas e
para ocorrência de outras fatalidades inevitáveis: estabelecer
regras preventivas de segurança é questão que não se discute em
atividades, e tais devem ser seguidas sempre que se desenvolver uma
atividade escoteira. Tais regras incluem a utilização de recursos
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materiais, humanos e técnicos. Por exemplo, o uso de cabos/recursos
de flutuação na travessia de cursos d’água; a disposição de pessoas
habilitadas em primeiros socorros e salvamento; o conhecimento
amplo e absoluto do local; material de primeiros socorros; ponderação
e bom senso na aplicação de atividades (cabe lembrar que “bom
senso” todo mundo diz que tem, especialmente quando se analisa um
fato em retrospectiva...). Muitas vezes o escotista não possui
condições de cuidar da atividade, da tropa e da manutenção da
segurança ao mesmo tempo, e por tais razões deve fazer uso de ajuda
de pessoas habilitadas, de outros escotistas ou mesmo dos próprios
pais, quando esta for a alternativa.
5. Proibição de práticas violentas, sejam físicas, psíquicas
ou morais: vivemos em um País continental, isto significa dizer que
em nosso País, podemos ter diversas definições para o que seria
violento ou afrontoso: o que seria na Região Sudeste uma prática
violenta, na Região Norte pode não ser considerada como tal. Assim é
que, para podermos caracterizar uma prática violenta física, tornase
necessário
um
conhecimento
mais
profundo
da
Legislação
Brasileira. No entanto, para nós, poderíamos resumir como prática
violenta o conjunto de atitudes ou procedimentos que visem
provocar
mal
contra
a
integridade
física
do
jovem
e,
principalmente, em que fique clara a intenção (dolo) da pessoa
em praticar tais atitudes ou procedimentos. Para as práticas
violentas morais, segue-se a mesma linha de raciocínio, ou seja, não
existe definição legal para se dizer o que é moral ou imoral, para nós
poderíamos resumir como sendo agir contra um conjunto de padrões
de
comportamentos
fazemos
parte
definidos
visando
facilitar
pela
a
comunidade
convivência
da
qual
pacífica
e
harmoniosa entre todos em forma de sociedade. Quanto ao
aspecto psíquico, dependendo da gravidade da prática, poderia o
autor até ser enquadrado na Lei 9.455, de 07 de Abril de 1997, que
define os crimes de tortura no País:
Art 1º. Constitui crime de tortura:
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I - constranger alguém com emprego de violência ou grave
ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:
II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade,
com
emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento
físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou
medida de caráter preventivo.
Como vimos, apesar de não podermos, em tese, definir e
tipificar as práticas violentas, estas podem provocar traumas no
membro juvenil, motivar a evasão nos Grupos Escoteiros e denegrir o
Movimento
Escoteiro.
Eventualmente,
poderão
acarretar
responsabilidades para escotista e dirigente (e também ao próprio
Grupo Escoteiro). Tais práticas devem ser evitadas. É preciso ter em
mente qual é a nossa razão de estarmos no Movimento Escoteiro:
ajudar o jovem a construir sua autonomia e a conviver sadiamente
com as outras pessoas.
6. Cumprimento e aplicação das regras de segurança: o
cumprimento de regras básicas de segurança garante ao escotista e ao
dirigente a boa aplicação da atividade. E mesmo que ocorram
fatalidades inevitáveis, a observância destas regras garante ao
escotista e ao dirigente (assim como ao próprio Grupo Escoteiro) a
possibilidade de boa defesa e chama os próprios pais também à
responsabilidade, quando cientes de toda a aplicação de atividade
(incluindo a segurança). Seguindo o que expressa o P.O.R. e as
prescrições de segurança aplicáveis ao caso, podemos ter certeza de
realizar a boa e saudável prática de uma atividade escoteira sem que
possamos nos deparar com acidentes indesejáveis e nem tampouco
precisemos
nos
preocupar
com
as
atividades
que
não
sejam
progressivas, atraentes e variadas.
Ao observarmos os casos mais freqüentes de acidentes que se
dão em nossas atividades, podemos perceber que na maior parte das
vezes eles ocorreram por falha humana, de maneira culposa (sem
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intenção de causar dano) por causa de um ou mais dos seguintes
pressupostos:
Imperícia
Incapacidade, falta de conhecimentos técnicos no exercício da arte ou
profissão, não tomando o agente em consideração o que sabe ou deve
saber.
Negligência
Inércia psíquica, a indiferença do agente que, podendo tomar as
cautelas exigíveis, não o faz por displicência ou preguiça mental,
deixando de prever o que deveria ser previsto e prover os meios
necessários à condução segura.
Imprudência
Atitude em que o agente atua com precipitação, com afoiteza, sem
cautelas, não usando de seus poderes inibidores.
Assim, no momento em que se leva um grupo de membros
juvenis (como, por exemplo, uma Tropa Sênior) para praticar uma
atividade de rapel em uma determinada rocha, é necessário que se
leve em conta uma série de procedimentos de segurança, posto que a
falta deles poderá ocasionar um acidente que, se verificado que
ocorreu por falta de segurança, será considerado ato ilícito, e o Grupo
Escoteiro
responsabilizado
civilmente,
sem
prejuízo
da
responsabilidade penal do escotista.
Outro ponto de extrema importância está no fato de que, pelo
fato de estarmos lidando com pessoas abaixo de 18 (dezoito) anos, em
sua maioria, nestas atividades, o escotista deve estar sempre atento
nas atitudes que estão sendo tomadas pelos próprios jovens, posto
que qualquer acidente provocado pela falta de atenção de um deles
(como, por exemplo, um jovem que, por conta própria, ande pela
costa marítima e, por distração venha a cair e se machucar) poderá
resultar na responsabilidade do escotista por falta de vigilância sobre o
membro juvenil, juridicamente chamado de “culpa in vigilando”, que
é a culpa por falta de atenção sobre quem deveria estar atento. Desta
maneira, há que se relevar que, quando é praticada uma atividade
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escoteira que possa produzir riscos à integridade física do jovem, a
ocorrência de um acidente certamente poderá responsabilizar o
escotista de Tropa e o Grupo Escoteiro, conforme o caso. É a chamada
Teoria do Risco: o simples fato de expor o jovem a uma situação de
risco pode responsabilizar a quem o expôs, se acaso houver um
acidente. Logicamente, excetuam-se as situações de caso fortuito ou
força maior, ou seja, pela ocorrência de um fato necessário e
imprevisível, cujos efeitos não seja possível evitar ou impedir.
Somente a análise do caso concreto permite distinguir as situações de
caso fortuito e força maior, assim como a verificação de culpa, seja ela
qual for, e a responsabilidade.
Mas, genericamente, a responsabilidade civil poderá recair sobre
o escotista de Tropa e o Grupo Escoteiro vinculado, em casos de
acidente decorrente de atividade escoteira, sem que houvesse a
observância das regras de segurança. E ainda que haja observado as
regras de segurança, é necessário entender que caberá ao responsável
pela atividade provar que todas as medidas de segurança foram
aplicadas e que o acidente não tenha passado de uma fatalidade
inevitável.
Assim
também
como
na
responsabilidade do
Grupo
Escoteiro sobre os danos que os jovens, em atividade escoteira,
causarem a terceiros.
No caso do dano, pode haver o enquadramento nos artigos 163, 165
ou 166 do Código Penal:
Crime de Dano:
Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia.
Ex.: Destruir ou danificar o local utilizado para a atividade ou o ônibus
utilizado na atividade.
Art. 165 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa tombada pela autoridade
competente em virtude de valor artístico, arqueológico ou histórico.
Ex.: Quando em visita, acampamento ou acantonamento em locais tombados,
danificá-los.
Art. 166 - Alterar, sem licença da autoridade competente, o aspecto de local
especialmente protegido por lei.
Ex.: Os Grupos Escoteiros que funcionam em Parques, cujos membros
venham a danificar a flora ou a fauna.
Curso Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
Previamente a este, se ocorrer a entrada não autorizada em
alguma propriedade particular, pode-se incorrer no crime de violação
de domicílio ou invasão de propriedade alheia, artigo 150 do Código
Penal.
Quanto à necessária ciência dos responsáveis legais, deve-se
ressaltar que os dirigentes do Grupo Escoteiro não podem permitir que
o escotista leve consigo, em atividades escoteiras, membro juvenil não
registrado na UEB e que não entregue autorização expressa e escrita
dos pais, os quais devem estar sabendo como é a atividade e onde ela
ocorre.É FUNDAMENTAL QUE OS PAIS E/OU RESPONSÁVEIS LEGAIS
AUTORIZEM EXPRESSAMENTE E POR ESCRITO A PARTICIPAÇÃO DO
JOVEM NA ATIVIDADE ESPECIFICADA NA AUTORIZAÇÃO. Do contrário,
o adulto pode ser enquadrado no crime de subtração de incapaz,
conforme o Código Penal:
Art. 249 - Subtrair menor de dezoito anos ou interdito ao
poder de quem o tem sob sua guarda em virtude de lei ou de
ordem judicial:
Pena - detenção, de dois meses a dois anos, se o fato não
constitui elemento de outro crime.
Geralmente, quando vamos a uma atividade externa, valemo-nos
do
serviço
de
terceiros,
principalmente
para
o
transporte
(eventualmente, para alimentação ou outras tarefas de apoio). É
importante que quando for utilizado o serviço de terceiros, se
comunique
aos
pais
ou
responsáveis
o
uso
destes
serviços,
especificando a empresa e o serviço que prestará. A maioria das
empresas já possui seguros próprios para o caso de acidentes, mas se
não possuir, a autorização dos pais e/ou responsáveis legais acaba por
desviar a responsabilidade do escotista e Grupo Escoteiro para a
empresa prestadora do serviço, visto que a ela é que se atribui a
responsabilidade, independente da comprovação de culpa. A falta do
conhecimento
comprovado
dos
pais/responsáveis,
expresso
na
autorização, poderá acarretar responsabilização civil do escotista e do
Curso Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
Grupo Escoteiro, visto que aqueles não tinham conhecimento da
contratação de serviços de terceiros, e portanto não o autorizaram.
Também é interessante, a título de sugestão, que, ao se contratar os
serviços de terceiros, e possa haver risco na prática deste serviço, se
faça o contrato por escrito, de maneira simples a expressar no mesmo
a responsabilidade da empresa por qualquer acidente, dano ou
prejuízo
causado
em
decorrência
deste serviço.
A ciência
aos
pais/responsáveis deste contrato também é interessante.
A RESPONSABILIDADE PENAL
A responsabilidade penal do escotista e do dirigente poderá ser
decorrente do mau uso, ou do não uso, das regras de segurança, o
que consequentemente, acarretará abertura de processo criminal e
eventual condenação.
Portanto, é necessário que o escotista e o dirigente estejam
precavidos da ocorrência de acidentes ou, em caso de fatalidades
inevitáveis e/ou imprevisíveis, possam defender-se.
Aplicar atividade perigosa sem qualquer tipo de segurança, tendo
consciência dos riscos de vida ou saúde é expor a perigo a vida ou
saúde alheia. O Código Penal, em seu artigo 132, diz sobre a
periclitação da vida ou saúde de outrem:
Art. 132. Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e
iminente:
Pena - detenção de 3 (três) meses a 1 (um) ano, se o fato não
constituir crime mais grave.
Isso quer dizer que, como reflexo da conduta do escotista, a
vítima
(membro
juvenil)
fica
submetida
a
situação
efetiva
de
probabilidade de dano direto e iminente. Portanto, a não aplicação das
regras e dispositivos de segurança tornam o escotista passível de
enquadramento criminal.
Curso Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
Na nefasta hipótese de ocorrer o acidente, dependendo do
resultado, pode-se ingressar no prescrito no artigo 121 (homicídio) ou
129 (lesão corporal) do Código Penal,cujos parágrafos descrevem as
diversas possíveis formas de lesão e consequências.
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de
outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
Se
no
exercício
da
atividade
ocorrer
de
se
determinar
uma
criança/adolescente a praticar uma determinada atividade contra a sua
vontade, há o risco de sermos enquadrados no artigo 146 do Código
Penal.
Constrangimento ilegal
Art. 146. Constranger alguém, mediante violência ou grave
ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro
meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei
permite, ou a fazer o que ela não manda.
Não podemos nos esquecer que o jovem deve participar das
atividades porque ele quer, e não porque o escotista quer, ou mesmo
porque os outros o fazem. A atividade deve atrair, e não forçar. A
vontade individual somente cede lugar à necessidade de provimento
da segurança do próprio indivíduo ou da coletividade. Isto significa
que, somente se a não execução da atividade por aquela pessoa puser
em risco a ela mesma ou alguma outra, o imperativo da proteção se
fará valer.
Outra preocupação refere-se ao caso de ocorrer um acidente,
sendo a vítima ou não membro do Escotismo. Noutros tempos, até
mesmo o jovem detentor da especialidade de Socorrista prestaria o
primeiro atendimento. Hoje, porém, mesmo para o adulto credenciado
como socorrista por treinamento em organização reconhecida (Cruz
Vermelha, por exemplo) há uma série de restrições quanto ao que
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pode fazer em socorro de um acidentado. Se não fizer nada, há o risco
de ser enquadrado no artigo 135 do Código Penal:
Omissão de socorro
Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo
sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa
inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não
pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão
resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte.
E se fizer e alguma coisa der errado, arrisca-se a entrar no
artigo 121 ou 129 do Código Penal. Portanto, deve acionar o serviço de
assistência médica de urgência e somente adotar as medidas básicas
de suporte vital, além de colher o máximo de informações úteis para
passar ao paramédico ou médico. Se houver acidente com jovem e o
escotista sair do local, corre o risco de ser enquadrado no artigo 133
do Código Penal (abandono de incapaz).
Abandono de incapaz
Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda,
vigilância ou autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se
dos riscos resultantes do abandono:
Pena - detenção, de seis meses a três anos.
A SEGURANÇA FRENTE AO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO
ADOLESCENTE
O Estatuto da Criança e do Adolescente acabou por tutelar de
forma mais prioritária (e com razão) os direitos do membro juvenil.
Isto por tratar-se de jovens vivazes, em etapa de formação de seu
discernimento e com muita coisa a aprender. Portanto, novamente
ressalta-se a questão da segurança, pois ela está incutida nos direitos
do membro juvenil. Ir a uma atividade escoteira sem a mínima
segurança é a mesma coisa que lesar o jovem em seu direito à
proteção de sua vida, saúde, intelecto e moral. Seguem-se alguns
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trechos do Estatuto, tratando de garantias asseguradas ao menor e de
condutas que são enquadráveis como crime.
Art. 5º - Nenhuma criança ou adolescente será objeto de
qualquer forma de negligência, discriminação, exploração,
violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei
qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos
fundamentais.
Art. 17 - O direito ao respeito consiste na inviolabilidade
da integridade física, psíquica e moral da criança e do
adolescente, (...)
Art. 18 - É dever de todos velar pela dignidade da
criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer
tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou
constrangedor.
Art.232 - Submeter criança ou adolescente sob sua
autoridade,
guarda
ou
vigilância
a
vexame
ou
a
constrangimento:
Pena: detenção de seis meses a dois anos.
Art.244 – (...) fornecer ainda que gratuitamente ou
entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente fogos de
estampido ou de artifício (...)
Pena - detenção de seis meses a dois anos, e
multa.
Como se vê, não é somente nas atividades propriamente ditas
que devem ser utilizadas as regras de segurança. Devem ser utilizadas
para evitar também os conhecidos “trotes”, castigos físicos, prática de
atos violentos físicos, psíquicos ou morais, entre outros.
A criança/adolescente está no Movimento Escoteiro porque gosta
e se diverte, e o escotista e dirigente está no M.E. para ajudar na
formação do caráter do jovem tendo essa diversão como ferramenta
pedagógica. Portanto, a segurança não deve ser substituída pela
omissão, e nem tampouco pela excessiva paranóia, mas sim pela
sensata e boa prática da atividade.
Curso Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
RESPONSABILIDADE À LUZ DAS NORMAS DA UEB.
Além do que já vimos, prescrito nas leis brasileiras, temos a
Resolução 003/2008 do Conselho de Administração Nacional, que trata
do
Regime
Disciplinar
da
UEB.
Nesta
esfera,
temos
nossos
procedimentos na esfera administrativa, podendo ter como corolário a
aplicação de sanções como advertência, suspensão ou exclusão dos
quadros da UEB.
No
mencionado
documento
normativo,
ressalta-se
a
responsabilidade em todos os níveis, mais notadamente o local (Grupo
Escoteiro – se estiver além da sua capacidade, Região Escoteira) de
conduzir a apuração dos fatos, garantindo o contraditório e a ampla
defesa (em conformidade com a Constituição Federal), reunindo todos
os dados possíveis aptos a indicar, de maneira clara, as circunstâncias
em que o fato se tenha dado e qual o papel de cada pessoa envolvida
no mesmo, por ação ou omissão e, se necessário, aplicar as medidas
disciplinares que forem cabíveis. Isso indica, externa e internamente,
que a instituição não comunga com propostas de práticas que ponham
em risco a vida ou a integridade física, moral ou psíquica de seus
membros, e que se propõe obter o máximo de subsídios para,
aprendendo com as experiências, evitar a repetição de erros.
CONCLUSÃO
Cabe à Diretoria do Grupo, que nomeia os escotistas, rigorosa seleção,
formação e acompanhamento de seus adultos. Cabe também a
fiscalização da programação, dos equipamentos e dos locais onde as
atividades serão realizadas. RESPONSABILIDADE é a palavra de
ordem em todas as ações a serem planejadas e executadas dentro de
toda a estrutura da União dos Escoteiros do Brasil.
Curso Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
Discussão Dirigida
CONSTRUINDO A
MENTALIDADE DE
SEGURANÇA
Curso Técnico de Segurança em Atividades – UEB/RMG
CONSTRUINDO A MENTALIDADE DE
SEGURANÇA
Ch IM Fernando Antônio Lucas Camargo – RMG
Material de apoio de unidade didática do Módulo de Aperfeiçoamento de Segurança em Atividades
Abril, 2016.
O ar livre é um dos elementos de programa mais característicos
do Escotismo. A vida mateira, conforme pretendia Baden-Powell, é um
poderoso atrativo para o jovem, por trazer-lhe a aventura e o desafio,
por apresentar oportunidades para que ele perceba por si próprio sua
capacidade de superar os problemas, não apenas de uma dada
situação, mas que a vida lhe há de apresentar. No Escotismo para
rapazes, B-P cita o ex-presidente dos EUA, Theodore Roosevelt, que
dizia que o jovem não deveria ser mantido envolto em algodão como
se fosse feito de louça, considerando que algumas contusões e
escoriações como parte dos jogos seriam contribuintes para fortalecer
o caráter do jovem, tornando-o resistente à adversidade. Como
educador que aplica o Método Escoteiro, cabe ao adulto oferecer
atividades nas quais o jovem tenha de usar iniciativa, coragem,
determinação, espírito de equipe e mesmo vigor físico, resistência e
resiliência, sem que a sua integridade seja posta em perigo.
Atividades de campo e jogos ativos são ocasiões de risco
inerente, nas quais a possibilidade de sofrer alguma avaria é mais ou
menos a mesma que num jogo de futebol na escola – e isso deve ser
bem entendido, para que não se associe somente ao Escotismo o risco
de o jovem machucar-se. Não obstante, como um acidente geralmente
resulta de uma cadeia de eventos, a melhor forma de reduzir o seu
dano potencial é atuar na etapa mais inicial possível da cadeia de
eventos. Para tal, devemos atuar sobre as possíveis causas objetivas
dos acidentes (materiais, fenômenos naturais, terreno, flora e fauna)
mas, principalmente, sobre as suas causas humanas, mediante a
construção de uma ATITUDE DE PROTEÇÃO, ou mentalidade orientada
para a segurança. O plano de segurança, ou lista de verificação de
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segurança, deve refletir a percepção dos diversos elementos da cadeia
de eventos, com a sua necessária ação preventiva ou corretiva.
Alguns pontos fundamentais podem ser lembrados.
1) Conduta imperita, negligente ou imprudente.
Qualificação dos envolvidos para aplicar e praticar a atividade e
conhecimento das possibilidades e limitações. As bobagens feitas
anteriormente e que, por sorte, não resultaram em acidente, não são
indicativo de que nunca acontecerá acidente.
2) Excesso de medo X Excesso de confiança.
O excesso de confiança produz a conduta imprudente ou
negligente. O excesso de medo pode ser associado à imperícia ou à
própria falta de confiança, seja nos meios ou pessoas, seja em si
próprio;
pode
acarretar
desde
um
procedimento
inseguro
por
incompletude de força ou movimento, até um “travamento”, mais
usualmente numa condição crítica.
3) Atenção.
A atenção deve estar presente tanto no que se refere às suas
próprias ações e materiais, quanto no que concerne aos outros
participantes; o cuidado mútuo em atividades se reflete numa atitude
cotidiana de cuidado nas diversas esferas das relações interpessoais.
Reflete um treinamento do olhar, mais do que para o que é possível
fazer, para “o que pode dar errado se for feito”. Manifesta a
consciência de que “acidente não acontece só com os outros, sempre
há chance de acontecer comigo”.
4)
Logística
(equipamento,
alimentação,
alojamento,
transporte).
A
insuficiência
logística
ou
inadequação
dos
meios
pode
comprometer mais do que o simples “bom andamento” da atividade.
Aquilo que tiver a finalidade pedagógica de incentivar a adaptabilidade
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e a resiliência não deve ser confundido com a privação de recursos
para a preservação da higidez dos participantes.
5) Dimensionamento da via ou dos meios.
Verificar a compatibilidade, de modo a não ultrapassar a
capacidade de carga ou de passagem; não podemos nos dar ao luxo
de “deixar alguém para trás” ou de permitir que um acidente seja
causado por se ter excedido a capacidade da rota ou do recurso.
6) Análise de riscos.
No planejamento, pode-se fazer uma lista de verificação na qual
se apresentem os potenciais riscos para os vários eventos. Por
exemplo, numa trilha: quedas, espinhos, quedas de galhos ou pedras,
enxurradas... suas causas prováveis, quais as medidas de prevenção
cabíveis, quais as medidas de reação cabíveis...
7) Adequação aos participantes.
Crianças, adolescentes, jovens, adultos, idosos, portadores de
necessidades especiais...
8) Coesão grupal.
Atenção, cuidado mútuo, cooperação, sentido de pertencimento,
fortalecimento do moral individual e coletivo.
9) Informações e comunicações.
Assegurar-se de que “quem tem de saber” saiba, e estabelecer e
manter canais de comunicação pelos quais a informação flua com
oportunidade, clareza e acerto.
10) Plano de contingência.
Wargaming (jogo-de-guerra, construção de cenário adverso) na
etapa de planejamento, prevendo alternativas para atender a possíveis
situações para as quais o plano original se mostre inadequado:
equipamento insuficiente ou danificado, condição climática ou horário
que inviabilize a atividade, falta de guia, bloqueio de algum acesso,
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presenças indesejáveis no local, correnteza excessivamente forte,
atrasos ou problema no transporte, efetivo maior ou menor que o
previsto, mudança do local disponível para o adestramento ou jogo,
etc.
Segurança pode ser entendida como uma filosofia de vida:
quando se assume uma mentalidade de proteção à vida, as medidas
de prevenção tornam-se um hábito. Assim como a criança não pode
viver num ambiente asséptico, sob pena de não desenvolver seu
sistema imunológico, não pode deixar de enfrentar algum risco e
incerteza, sob pena de deixar de desenvolver autoconfiança, destreza
e autonomia. Cabe aos responsáveis pela atividade e, solidariamente,
às entidades escoteiras, a construção de estratégias de segurança para
as atividades, fazendo disso uma ação permanente e adequando a
operacionalização
dessas
estratégias
às
peculiaridades
de
cada
atividade.
A prática de condutas orientadas para a segurança tem como
resultado objetivo a proteção da integridade física, psíquica e moral da
pessoa. Do ponto de vista educacional, ela se reflete, além do moral
coletivo e da credibilidade institucional, no próprio cotidiano da pessoa,
permitindo a criação de hábitos que se mostram salutares: conferir
equipamento (chave, documento, dinheiro), verificar itinerário (rota
mais segura e rápida, alternativas), planejar horários (deslocamento,
acesso aos meios de transporte e chegada oportuna ao evento), meios
de contato... O esmero ao planejar a segurança, por parte do Chefe,
tem elevado valor educativo para o jovem, que, vendo o exemplo de
cuidar, nele pode espelhar-se em suas condutas futuras.

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