Edição 135

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Edição 135
Revista Brasileira do Aço
Ano 20 - Edição 135 - Outubro 2011
DESINDUSTRIALIZAÇÃO
NACIONAL É REALIDADE
O Diretor-presidente da Gerdau, André B. Gerdau Johannpeter, conversou com a Revista
Brasileira do Aço e destacou a preocupação com a desindustrialização do País, falou sobre a
distribuição de aço e atentou sobre os desafios que o setor tem pela frente
Divulgado em setembro, o estudo coordenado pela Funcex – Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior –, chamado “Desempenho da cadeia de valor metal-mecânica latino
americana”, apontou que a indústria brasileira está perdendo
participação na economia. A pesquisa também envolveu a Colômbia, Argentina e México, e foi realizada a pedido do Ilafa –
Instituto Latino Americano de Ferro e Aço.
Em 2004, a indústria manufatureira no Brasil apontava
19,2% no valor agregado, e no ano passado, registrou 15,8%.
As importações acusam crescimento sistemático em praticamente todos os setores da indústria metal-mecânica. E a primarização das exportações fica evidenciada na comparação
da participação dos manufaturados, que caiu de 55%, em
2005, para 39%, em 2010.
As exportações brasileiras para a China é, em sua maioria, de matéria prima, enquanto o Brasil importa dos chineses, mais de 60% de manufaturados da cadeia metal-mecânica. As importações também avançam para as grandes
indústrias, como por exemplo, no consumo de máquinas e
equipamentos, que chegaram a 26,4% no ano passado, e nas
automobilísticas, a 18,3%.
Os números levam a um preocupante processo de desindustrialização no País, e dentre as causas estão: câmbio, assimetrias
tributárias – destaque para os incentivos estaduais e regimes especiais –, carga tributária nos investimentos e nas exportações,
elevados encargos trabalhistas e altos custos de energia.
Dentro deste cenário, o Diretor-presidente (CEO) da Gerdau,
André B. Gerdau Johannpeter, traçou para a Revista Brasileira do
Aço um importante panorama que envolve toda a cadeia do aço.
Análise do setor
Em todo o mundo, cada país está vivendo realidades econômicas distintas. De um lado, estão os emergentes, como
China, Brasil e Índia, que demonstram bons patamares de
crescimento econômico. De outro, estão Estados Unidos, Europa e Japão, cujas economias apresentam uma recuperação
mais lenta e gradual.
No Brasil, assim como em outros países da América Latina,
observa-se a preocupação com o processo de desindustrialização da cadeia do aço. Por aqui, os impactos têm sido fortemente sentidos no mercado interno em razão da perda de competitividade, gerada, principalmente pela valorização do real, juros
altos e excesso de tributação.
As medidas recentemente anunciadas pelo Governo
Federal, denominadas “Plano Brasil Maior”, que visam –
dentre outras iniciativas - a desonerações tributárias (que
alcançam R$ 24,5 bilhões para alguns setores industriais),
desoneração de exportações e fortalecimento da defesa
comercial, são ações iniciais importantes para enfrentar os
desafios do setor produtivo.
A World Steel Association prevê para 2011, o avanço de 6%
no consumo mundial de aço, em relação a 2010, e divulgou
dados que mostram certa instabilidade em alguns mercados,
como o Japão e a Espanha, que em julho deste ano, recuaram
na produção de aço, com índices de -1,2% e -1,9%, respectivamente, em comparação com o mesmo período de 2010. No
entanto, o CEO da Gerdau afirmou que, até o momento, a empresa não sentiu nenhuma alteração na demanda por aço nos
mercados em que atua.
Rede de distribuição
A rede de distribuição de aço no mercado brasileiro está
bem preparada, buscando sempre os melhores indicadores
internacionais de produtividade e intervenções logísticas
para as operações. O mercado nacional é muito exigente em
relação a serviços e atendimento diferenciados, que ofereçam soluções e produtos de maior valor agregado, com novos serviços e tecnologias.
O Brasil prepara-se para receber dois grandes eventos mundiais: a Copa do Mundo em 2014 e as Olimpíadas em 2016. Para
isso, é primordial os distribuidores ter um portfólio de produtos
apropriado às novas demandas, além de manter custo competitivo e um nível de serviço adequado – os quais também são
fundamentais para capturar com eficiência as oportunidades
de negócios que tais eventos esportivos trarão.
Desafios
No País, a gestão de competitividade tem como desafios
questões referentes a capacitação e qualificação de mão de
obra, inovação e sustentabilidade. Esta última é a base da
gestão competitiva, uma vez que agrega o desenvolvimento
conjunto de empresas, fornecedores, clientes, colaboradores, comunidades e poder público em prol de um Estado sustentável. É preciso estimular ações de empreendedorismo e
aumentar a qualidade da gestão e da produtividade em toda
a cadeia de negócios.
Na área de capacitação, já é possível identificar carências
em pessoal especializado. Com um mercado cada vez mais internacionalizado e dinâmico, o perfil dos nossos profissionais
precisa se adequar às exigências, e uma forma de se atingir isso
é investindo na formação técnico-profissional, com o envolvimento da gestão pública e privada.
No que se refere à inovação, buscar maior integração entre as empresas, instituições de pesquisa, universidades e Governo, é outro fator de destaque para o desenvolvimento do
Estado – encerrou André Gerdau.
Ponto de vista | 02
Divulgação
Ponto de vista
Philippe Ormancey – CEO ArcelorMittal Distribution Solutions South America (AMDS):
ArcelorMittal Manchester, ArcelorMittal Gonvarri e ArcelorMittal Perfilor
“A atual conjuntura dos distribuidores de aço não é fácil, pois em
2010, tivemos uma grande mudança no mercado nacional com
o crescimento das importações,
o que prejudicou os ganhos do
setor. Em 2011, a indústria siderúrgica nacional enfrenta um cenário de aumento sucessivo
de preços nas principais matérias-primas, câmbio desfavorável e incentivo fiscal concedido à importação de produtos
siderúrgicos por alguns estados brasileiros. Penso que até
2012, a conjuntura será difícil.
Tomando como base o segmento de distribuição, precisamos de uma melhor gestão dos níveis de estoque nas distribuidoras independentes e nas coligadas das grandes usinas brasileiras. É necessário reduzir os estoques a um patamar de dois
meses, como acontece nas distribuidoras Europeias de aço.
Já na questão do mercado internacional, sob os aspectos atuais, o Brasil precisa abaixar o custo de produção do aço. Apenas desta maneira, ganharemos em
produtividade e competitividade em ambos os setores:
produção e distribuição.
Para a economia brasileira, não existe risco de demanda, como há nas economias maduras (EUA e Europa). Embora a previsão de crescimento para os próximos anos seja
menor em relação aos anos anteriores (até mesmo devido
à queda do PIB chinês, que interfere diretamente no Brasil),
ela existe e continuará alta.
O ponto fraco é que estamos vivendo um momento
de mudanças significativas no modelo de negócios da indústria brasileira, por falta de competitividade e de excesso de oferta de produtos manufaturados no mundo. Isso
afetará diretamente a siderurgia brasileira e a distribuição
de aço, nos próximos anos.”
Nova associada
A Marcegaglia do Brasil é a mais nova integrante do Inda.
Instalada em Garuva, SC, a empresa foi inaugurada em 26 de
outubro de 2000, e produz componentes para as indústrias
de eletrodomésticos, tubos de aço para refrigeração, tubos
de aço carbono e inoxidável.
Ocupa uma área de 220.000 m2, e conta com 615 colaboradores entre engenheiros, técnicos e operadores de máquinas. Para mais informações, acesse www.marcegaglia.com
Aço Sincron
Em 2010, a Usiminas adquiriu a tecnologia de resfriamento acelerado de chapas grossas, chamada CLC, que foi
instalada na linha da produção da usina de Ipatinga, MG.
O equipamento possibilita o fornecimento de uma nova
família de aços com alto valor agregado, chamada Sincron.
Desenvolvido pela Nippon Steel, o CLC (Continuous on-Line
Control) tem capacidade de produção de 500 mil toneladas
anuais de chapas grossas.
Concluída a fase de homologação da linha de produtos junto aos clientes e entidades reguladoras nacionais e
internacionais, começou neste segundo semestre de 2011,
as vendas do aço específico para gasodutos/óleodutos e
mercado naval. Novas especificações de aço continuarão a
ser desenvolvidas na linha até 2012, quando a mesma terá
Expediente
capacidade de gerar até 19 produtos diferentes.
O CLC produzirá chapas grossas de alta resistência mecânica sem perder as características de soldabilidade. Em
processos siderúrgicos normais, as duas grandezas são inversamente proporcionais. Por ser mais fácil de soldar que
as chapas grossas convencionais, o Sincron proporciona
ganhos de produtividade.
A facilidade e confiabilidade da solda são requisitos essenciais para os mercados de óleo e gás e naval, nos quais
os produtos finais (cascos de navios, oleodutos, plataformas
etc.) normalmente resultam da solda de chapas grossas em
tubos ou grandes estruturas. A linha Sincron também poderá atender a outros mercados, como construção civil e máquinas e equipamentos.
Diretoria Executiva
Presidente Carlos Jorge Loureiro
Vice-presidente José Eustáquio de Lima
Diretor administrativo e financeiro Miguel Jorge Locatelli
Diretor para assuntos extraordinários Heuler de Almeida
Conselho Diretor Alberto Piñera Graña, Carlos Henrique Stella
Rotella, Philippe Jean Marie Ormancey, Ronei Kilzer Gomes,
Newton Roberto Longo
Superintendente Gilson Santos Bertozzo
Conselheiro Editorial Oberdan Neves Oliveira
Revista Brasileira do Aço 11 2272-2121 [email protected]
Editora Isis Moretti (Mtb 36.471) [email protected]
Projeto gráfico, diagramação e editoração www.criatura.com.br
Impressão Neoband
Distribuição exclusiva para Associados ao Inda. Os artigos e
opiniões publicados não refletem necessariamente a opinião da
revista Brasileira do Aço e são de inteira responsabilidade de
seus autores.
Estatísticas | 03
Vendas de agosto superam expectativas
Por Oberdan Neves Oliveira
Em agosto, as vendas registraram alta de 15,2% em relação a julho, com volume total de 387,1 mil toneladas. No
acumulado do ano, tiveram alta de 9,2% comparado ao mesmo período de 2010.
As compras também voltaram a subir em agosto, apontando um aumento de 6,2% em relação ao mês anterior, com
volume de 317,2 mil toneladas. No acumulado de 2011, queda de 10,6% diante do mesmo período de 2010.
As importações de agosto sofreram queda de 5,8%
frente ao mês anterior, com 213,9 mil toneladas.
Com isso, os estoques caíram 5,9% em relação a julho, totalizando 1.106,3 mil toneladas, reduzindo o giro
para 2,9 meses.
Para setembro, a expectativa da rede associada é que as
compras e as vendas mantenham-se estáveis, com volumes
muito próximos aos do mês anterior.
Panorâmica do Aço
Unid:1000 ton.
PRODUÇÃO MUNDIAL
PRODUÇÃO AMÉRICA LATINA
PRODUÇÃO BRASIL
JULHO
JULHO
JULHO
2011
2010
Var.%
2011
2010
Var.%
2011
2010
Var.%
127.477
114.372
11,5%
6.100
5.298
15,1%
2.960
2.920
1,4%
Desempenho dos Associados
Unid:1000 ton.
ESTOQUE¹
COMPRAS²
VENDAS¹
AGOSTO
AGOSTO
AGOSTO
2011
2010
Var.%
2011
2010
Var.%
2011
2010
Var.%
1.106,3
1.255,5
-11,9%
317,2
320,0
-0,9%
387,1
319,8
21,0%
1 Incluem importações informadas pelos associados - 2 Incluem os embarques das usinas para outros setores via distribuição - 3 Produtos: LCG, BQ, BF, CZ, CPP, CAZ e EGV.
Atualidade | 04
De olho na crise;
agir com inteligência
O Brasil vive um momento de muitas incertezas! O mercado financeiro observa atentamente à fragilidade da economia
americana e a dívida soberana na União Europeia – fatos que têm gerado pânico por aqui
O mundo vive uma enorme volatilidade devido aos
acontecimentos na política
e economia Europeia, que
inevitavelmente, interfere na
economia dos demais países
do mundo. “Mas 2011 não
é 2008” , chamou a atenção,
a economista da Lerosa Investimentos, Alexandra Almawi. “Há três anos, houve
uma sucessão de quebra de
Alexandra Almawi bancos, o crédito congelou
e ninguém conseguia pegar
empréstimo. A crise que vivemos agora é de países submersos em um nível de endividamento muito grande, e que por
isso, não conseguem impulsionar suas economias. Assistimos
com preocupação a incapacidade dos líderes da Zona do Euro
de chegarem a um consenso político, que possa impor limites
fiscais a todas as nações”, explicou Alexandra.
Em termos globais, a interligação das economias mundiais é fato consolidado. Apesar do mercado brasileiro se
mostrar fortalecido e apresentar um crescimento sustentável, a crise na Zona do Euro e nos EUA afeta direta e indiretamente o nosso mercado, por serem grandes consumidores.
No entanto, o momento pede apenas cautela. “A atual queda da Bolsa de Valores é mais um problema de liquidez internacional. Devido a este cenário, os investidores estrangeiros estão
vendendo ações para remeter recursos para o exterior, e
nossas empresas sofrem com
esta situação, que gera um
certo terrorismo. O conselho
é aguardar maiores definições da extensão desta crise”,
orientou Hugo Rodrigues, Private bank do Banco BVA.
É o que também aconselha Alexandra, quando diz
que o pânico faz com que
Hugo Rodrigues as decisões sejam pautadas
pela emoção e, como em um
efeito manada, ao tentarem solucionar o “problema”, muitos investidores acabam realizando as perdas, resultando
em um processo de retroalimentação – quanto mais cai,
mais aumenta o medo, ocasionando novas vendas e assim
por diante. “A palavra de ordem é calma. Nestas horas, é
importante lembrar que Bolsa de Valores é um investimento de longo prazo, que requer planejamento. Aqueles que
estiverem com capital disponível para pelo menos cinco
anos, podem estar diante de uma grande oportunidade
frente a toda esta volatilidade”, declarou a economista.
Ambos os analistas acreditam que o Brasil está bem preparado para enfrentar uma crise. A percepção estrangeira
sobre o País melhorou em relação à Zona do Euro e aos EUA.
Desta forma, obtém-se um nível de aceitação mais elevado
em relação aos investimentos estrangeiros.
O Brasil não pode parar
Ninguém arrisca dizer quando esse cenário mudará, e
caso dure mais tempo que a crise de 2008, esteja preparado.
A certeza é de que os investimentos não podem parar. Ações
ligadas à construção civil e infra-estrutura, por exemplo, tendem a apresentar um bom desempenho no médio e longo
prazo, acompanhando o crescimento do Brasil.
“Aqueles que refletem o mercado interno, como logística também tem potencial. Vale lembrar que seremos
anfitriões da Copa do Mundo de 2014 e Jogos Olímpicos,
em 2016, e por este motivo, muitos setores crescerão naturalmente, além da expansão da demanda interna”, explicou
Alexandra. A economista acredita que a baixa é passageira,
e este é o melhor momento para agir com racionalidade e
investir, caminhando contra fluxo. No longo prazo, pode-se
ganhar muito, caso saiba se trabalhar com a crise.
“O Brasil decola”, é o que apontou Rodrigues. “Ao longo
dos últimos anos, fizemos inúmeros avanços nas áreas política, fiscal e social, e marcos reguladores que geram as pré-condições para um crescimento sustentável. Criamos mecanismos para receber investimentos em infraestrutura e indústria de base”, declarou. Quem pisar no freio e parar de investir,
perderá competitividade, pois quando a retomada do País
acontecer, a demanda tende a
aumentar e os despreparados
perderão espaço no mercado.
O economista Celso Leite,
da CL Consultoria, faz uma alusão com uma antiga canção:
“Faça como o velho marinho
que, durante o nevoeiro, leva o
barco devagar” . Mas continua
levando, avançando. “Portanto,
é hora de controlar muito bem
os custos, aumentar eficiência,
Celso Leite
reduzir desperdícios (refugo e
retrabalho) e buscar novos segmentos do mercado.
Informações de Sondagem Industrial, divulgada pela
CNI – Confederação Nacional da Indústria –, revelou que em
agosto, o crescimento da atividade industrial está abaixo do
Atualidade | 05
normal para o período. Diante de julho, registrou-se 54,9
pontos. A utilização da capacidade instalada efetiva em relação ao usual, registrou 47,5 ponto no mês passado.
A indústria operou em média, com 76% da capacidade
instalada em agosto, ante 75% em julho. Segundo a pesquisa, mesmo com a tendência de elevação da atividade industrial em agosto (por causa dos preparativos para a demanda
do fim do ano) o crescimento na produção não foi suficiente
para trazer o nível normal do período.
Mas, mesmo que os números não atinjam as expectativas, o Brasil não está parando de produzir! A indústria continua operando, mesmo diante de um quadro tão tenso como
o vivido nos EUA e Europa. Temos mercado interno saudável
para superar a crise e tomar fôlego com ela.
Crescimento e investimentos
Dados do Ministério da Fazenda apontam que o PIB –
Produto Interno Bruto – cresceu 1,2% no primeiro trimestre
e 0,8% no segundo. A demanda doméstica continua o principal condutor da expansão econômica.
Os investimentos desempenham papel importante na
manutenção deste crescimento, em níveis sustentáveis. A
estimativa é que em 2011, a Formação Bruta do Capital Fixo
alcance 19,5% do PIB, puxado pelas oportunidades presentes na economia brasileira e medidas de incentivo ao investimento de longo prazo.
Imprescindíveis para o desenvolvimento econômico,
os investimentos anuais em infraestrutura passaram de
R$ 59,9 bilhões em 2003, para R$ 146,5 bilhões em 2010,
e para este ano, estima-se cerca de R$ 160 bilhões.
Os serviços públicos, contribuíram significativamente
para o crescimento da oferta no País. No acumulado de 12
meses até junho, a taxa de investimento do Governo Federal
atingiu 3,03% do PIB.
Produção do aço cresceu em agosto
A produção brasileira de aço bruto em agosto foi de
3,0 milhões de toneladas, representando aumento de 1,4%,
quando comparada com o mesmo mês em 2010. Os laminados, com produção de 2,1 milhões de toneladas, apresentaram crescimento de 3,5%. Com esses resultados, o
acumulado totalizou 23,9 milhões de toneladas em aço
bruto e 17 milhões de toneladas em laminados, significando aumento de 7,8% e queda de 3,1%, respectivamente,
sobre o mesmo período de 2010.
Quanto às vendas internas, em agosto contabilizou-se
1,8 milhões de toneladas de produtos, aumento de 4,0% sobre o mesmo mês do ano passado. As vendas acumuladas de
14,5 milhões de toneladas mostraram crescimento de 0,6%
frente ao mesmo período do ano anterior.
As exportações de produtos siderúrgicos atingiram
1.042 mil de toneladas no valor de 833 milhões de dólares.
Com esse saldo, as exportações em 2011 totalizaram 7,6 milhões de toneladas – 5,8 bilhões de dólares, registrando alta
de 40,4% em volume e de 73,8% em valor, quando compara-
do ao mesmo intervalo de 2010.
No que se refere às importações, em agosto, o volume
marcou 367 mil toneladas (US$ 450 milhões), somando 2,5
milhões de toneladas em produtos siderúrgicos importados
no ano, 34,8% abaixo do mesmo período do ano anterior.
O consumo aparente nacional de produtos siderúrgicos em agosto foi de 2,1 milhões de toneladas, atingindo
16,9 milhões de toneladas em 2011. Esses valores marcaram queda de 6,3% e 5,9%, respectivamente, em relação à
igual período de 2010.
Na opinião do CEO da ArcelorMittal Distribution Solutions para a América do Sul, Philippe Ormancey, de fato
o momento não é para pânico. Nos últimos dias, a valorização do dólar (em torno de R$ 1,80 a R$ 1,90) é positiva
para a siderurgia nacional, pois inibe a importação e fortalece a competitividade da indústria nacional. “O Brasil
será afetado com a crise financeira internacional, mas em
proporções bem menores, se comparada com os EUA e
Europa. A economia do País não continuará tão pujante
como em 2010, porém, deverá registrar um pequeno crescimento. Não acredito que haja uma recessão por aqui”,
concluiu otimista Ormancey.
Oportunidades de mercado | 06
Poucos fornecedores,
grandes oportunidades
A malha ferroviária brasileira ficou esquecida por muitos e muitos anos. Um estudo do Ipea – Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada – mostrou que houve um encolhimento de 1960 até os dias de hoje. Investimentos federais prometem
trazer melhorias ao setor
Em 40 anos, a extensão dos trilhos passou de aproximadamente 40 mil quilômetros para 29 mil quilômetros,
porém, apenas um terço está em condições de uso. Uma
grande controvérsia, sendo que para viagens acima de 500
quilômetros, a opção mais barata é a ferrovia.
Após um estudo realizado pelo Ipea, concluiu-se
que serão necessárias 141 obras de infra-estrutura para
tornar o sistema eficiente, com o custo aproximado de
R$ 77,88 bilhões, dos quais:
▪ R$ 49,50 bilhões seriam gastos com a construção de
novas linhas;
▪ R$ 21,30 bilhões com a recuperação das linhas existentes;
▪ R$ 6,14 bilhões com a ampliação de trechos já utilizados;
▪ R$ 970 milhões com a eliminação de outros gargalos
típicos do setor.
A segunda fase do PAC – Programa de Aceleração do Crescimento – prevê investimentos da ordem de R$ 43,9 bilhões
em ferrovias, entre 2011 e 2014, voltados para a construção de
4,5 mil quilômetros, e construção de ferrovias de bitola larga
(cifras que não atingem o valor estimado pelo Ipea). Outro planejamento realizado pelo Ministério dos Transportes aponta o
uso de R$ 202 bilhões até 2034, no sistema ferroviário, para o
alcance de 15 mil quilômetros até 2020.
O setor ferroviário está carente até mesmo de fornecedores, já que anteriormente, este não era um segmento interessante para as empresas atuarem (o retorno era
praticamente nulo).
TIPO DE PRODUTO
Até 2019, segundo a ABIFER – Associação Brasileira da
Indústria Ferroviária – a perspectiva de produção é:
▪ Vagões: 40 mil
▪ Locomotivas: 2.100 mil
▪ Carros de passageiros: 4 mil
E não pára por aí. Basta pensar que, fazem parte deste
processo de melhorias, a construção de pontes, pontilhões,
viadutos, pátios, que requerem placas de sinalização, corrimões, assentos, suportes para assentos e janelas, assoalhos, escadas etc.
Exemplos do que você pode
oferecer ao setor ferroviário:
Arruelas de pressão
Arruelas duplas FE-06
Molas para truck ferroviário
Molas para locomotivas
Fixadores Ferroviário
Retensor
Conjunto de Fixadores
Componentes Isolantes (placas, buchas, palmilhas, calços)
Grampos de fixação
Bitolas e perfis (fornecidas em bobinas e barras)
MERCADO 2011/2012
PERSPECTIVA 2013/2020
Molas Aço
Geral
Molas Aço
Geral
Grampos Ferroviários
6.000 ton
30.000 ton
4.000 ton
155.000 ton
Molas para Trucks Ferroviários
4.000 ton
9.000 ton
30.000 ton
65.000 ton
A informatização de tributos
O Brasil caminha para obter um controle tributário como jamais teve. Sistemas de arrecadação de informações estão
sendo implantados nas empresas e a maioria tem data definida para entrar em vigor
A tecnologia da informação ocupa
Arrecadação
cada vez mais espaço dentro da arrecada
A tendência é que a arrecadação aução de impostos do País. Depois da nota
mente de uma maneira saudável – não pelo
fiscal eletrônica (NF-e), o sistema público
aumento dos impostos, mas por aqueles que
de escrituração digital (Sped) está com
não eram contribuintes e que, no entanto,
prazos predeterminados para a entrega
passarão a ser. Com certeza, as organizações
do arquivo Pis/Confins: quinto dia útil de
que não se adequarem ao controle fiscal e à
fevereiro de 2012, referente ao fato gecompetitividade de seu negócio, tendem a
rador dos meses de abril a dezembro de
perder devido às novas exigências.
Crédito Divulgação/Unione
2011. A partir daí, a declaração deverá ser
De acordo com a Receita Federal, a arrerealizada sempre no quinto dia útil do segundo mês sub- cadação do Pis/Cofins 2010 teve aumento de quase 15%,
sequente ao fato gerador. Exemplo, o mês de janeiro de comparado ao ano anterior. O novo aplicativo para essa
2012, será apresentado no quinto dia útil de março, e as- obrigação deve atingir 10 mil organizações com lucro real
sim por diante.
até junho de 2011, lucro presumido até setembro de 2011 e
A adoção da CCE (Carta de Correção Eletrônica) será lucro arbitrado até janeiro de 2012.
obrigatória em São Paulo a partir de janeiro do próximo Todavia, com a implantação do sistema digital, ainda
ano. Nos demais estados, o prazo ainda está em discussão. não é possível estimar o aumento da arrecadação do GoDe acordo com o gerente de projeto da Unione, Enio Cia- verno, pois isso implica na identificação do tamanho da
ppa, também existem outras obrigações em andamento, sonegação no Brasil. “É melhor aguardar que todo o procomo o SPED Fiscal e SPED Contábil, que substituirão os jeto SPED esteja em vigor para dar início às comparações
livros ficais, entrada/saída/invetários, sintegra etc. “A em- entre os períodos pré e pós-SPED, descontando, é claro, o
presa deverá consultar o site da Receita Federal para iden- aumento da arrecadação motivado pelo crescimento ecotificar se está enquadrada nestas obrigatoriedades de en- nômico”, disse Ciappa.
trega”, orientou Ciappa.
Controle total
Com toda a informatização tributária, o Brasil terá um
controle que jamais teve, e identificará problemas de todas
as espécies por meio do cruzamento de dados e agir com
presteza no combate à sonegação. Os sistemas de solução
fiscal disponíveis no mercado estão cada vez mais eficientes para atender a todas as obrigações, e o processo tende
a ser menos custoso.
As empresas habituadas em burlar o fisco, enfrentarão maiores dificuldades em efetuar tal manobra, fazendo com que o custo tributário para todas seja o mesmo.
“A concorrência se tornará mais equalizada e justa. Quem
tiver melhor organização e maior competência, será mais
competitivo e não perderá com a competitividade desleal”,
analisou o gerente, explicando que o controle de impostos
pelas próprias firmas também se mostra mais eficaz. “Aperfeiçoa inclusive a inteligência fiscal e oferece um controle
sobre os processos”, completou.
De acordo com Ciappa, ainda estão em fase inicial os
projetos dos seguintes sistemas:
● Central de Balanços: para captação de dados contábeis
e financeiros (notadamente as demonstrações contábeis), a agregação dessas informações e a disponibilização à sociedade em meio magnético (dos dados originais e agregados);
● Brasil ID: efetuará uma identificação por radiofrequência em produtos e documentos fiscais em circulação
pelo País.
A contrapartida
Que os cofres estaduais e federais ficarão “mais
cheios”, disso não há dúvida. Mas será que este dinheiro
será, de fato, revertido para os propósitos necessários? Se
o País foi e continua sendo capaz de desenvolver um sistema tão eficiente para a arrecadação de impostos, terão
os nossos governantes a mesma capacidade para gastar
estes recursos no desenvolvimento e, principalmente, na
efetiva implementação de melhorias na gestão da saúde
e educação? Em obras de infraestrutura para melhorar os
meios de transporte, reurbanização das cidades, cultura e
lazer, que levem qualidade de vida à população?
Está na hora dos governos mostrarem aos cidadãos,
a mesma eficiência como contrapartida aos impostos que
pagamos, através da prestação de serviços com qualidade,
agilidade e com ampla abrangência.
Obrigatoriedade
A utilização dos sistemas digitais é obrigatória e, independente da cifra que a mudança demandar, existe a
questão legal, sob pena de sofrerem sanções que acabam,
em alguns casos, superando o investimento.
Além disso, da mesma maneira que as grandes corporações exigiram que os fornecedores se modernizassem, adotando sistema de gestão de negócios (ERP), o
mesmo processo “top-down” deve ocorrer novamente.
Quem quiser permanecer no mercado não poderá se dar
ao luxo de ser um “fora da lei”.
Realidade | 08
Construção sustentável
Consagrado nos EUA, o sistema Light Steel Framing tem registrado crescimento no Brasil. É caracterizado pela
eficiência, pois reduz o desperdício da mão de obra, materiais e tempo. Além disso, pode ser um grande aliado no
combate ao déficit habitacional do País
Existem dois conceitos básicos relativos ao sistema dutividade, principalmente na construção residencial, e
Light Steel Framing (LSF): Frame é o esqueleto estrutural o Steel Framing atende a esse requisito. Observa-se na
projetado para dar forma e suportar a edificação, compos- construção em Steel Framing que a produtividade é três
to por elementos leves – os perfis formados a frio (PFF). E vezes maior (12 Hh/m2) do que na construção convenFraming é o processo pelo qual se unem e vinculam esses cional (35 Hh/m2).
elementos. Assim, encontram-se na bibliografia interna- Em relação a construção tradicional, a construção
cional os termos Light Steel
seca é mais rápida e proporO mercado busca soluções que gerem
Frame Housing, na Europa, e
ciona menor impacto ao canResidential Cold-Formed Steel maior produtividade, principalmente na teiro de obra, pois pode sair
Framing, nos Estados Unidos, construção residencial, e o Steel Framing de fábrica semipronta. A rareferindo-se às residências
pidez no processo de montaatende a esse requisito
construídas por paineis estrugem e na execução da obra diturados com perfis de aços revestidos formados a frio.
minui os prazos de entrega. Mais leves, as estruturas em aço
O uso do Light Steel Framing se ampliou significativa- podem reduzir em até 30% o custo das fundações e ainda
mente na última década, e passou a ser utilizado em resi- tornar viável o uso de solos com baixa capacidade de carga.
dências, prédios de cinco andares, comerciais e fechamento Como ampliar a participação do Light Steel Framing no
de edifícios. Quando chegou ao Brasil, muitos dos compo- momento em que todas as apostas recaem sobre a construnentes eram importados, mas hoje, todos são fabricados por ção civil? Este é o principal desafio lançado a construtores,
aqui, com exceção da barreira antivapor.
profissionais e empresas que vislumbram nesta alternativa,
O mercado busca soluções que gerem maior pro- construir um modelo ideal para o País.
Características:
▪ Estrutura leve, favorece as fundações e pode viabilizar
terrenos de baixa capacidade de carregamento.
▪ Agilidade de execução e facilidade de montagem, instalação e manutenção dos sistemas prediais. Por ser aberto,
aceita vários tipos de acabamentos.
▪ Ótimo desempenho termo-acústico.
▪ O principal entrave está relacionado aos fatores culturais. Trata-se de uma casa leve (parede formada de paineis
e cobertura leves), confrontando com os tradicionais elementos pesados utilizados no mercado, sendo que a leveza
dos materiais não traz nenhuma desvantagem em relação
à segurança ou conforto.