Se o G - Fundamentos
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Se o G - Fundamentos
Seção G ESCATOLOGIA G1: As Últimas Coisas G1.1- Os Últimos Dias ......................................................................... 1071 G2: Adoção G2.1- Adoção e Filiação ....................................................................... 1079 G Escreva abaixo as suas anotações pessoais: AS ÚLTIMAS COISAS SEÇÃO G1 / 1071 SEÇÃO G1 AS ÚLTIMAS COISAS Ralph Mahoney Capítulo 1 Os Últimos Dias Introdução OBSERVAÇÃO: Para mais ensinamentos sobre os Últimos Dias e a Vinda do Senhor, veja o Capitulo 6, A Festa das Trombetas, na Seção C10. Há vários pontos de vista conflitantes dentre os cristãos com relação à maneira de se interpretar as afirmações bíblicas sobre o final da Era da Igreja e os eventos subseqüentes. O estudo disto é chamado de “Escatologia” e provém da palavra grega “eschatos”, que é traduzida por “último(s) dia(s)”, ou “tempo final” em nossas Bíblias. Cinco vezes no Evangelho de João Jesus usa esta palavra com relação à ressurreição dos justos mortos: “... Eu levantarei no último dia” (Jó 6:39,40,44,54; 11:24). Neste contexto, “eschatos” seria uma referência à época da Sua Segunda Vinda à terra, “...na última trombeta... os mortos serão ressuscitados incorruptíveis, e seremos transformados” (1 Co 15:52). “Pois o Próprio Senhor descerá do Céu... e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro” (1 Ts 4:16). Um texto bem útil é Atos 2:16,17 na Bíblia Amplificada: “Isto é o início daquilo que foi falado pelo profeta Joel... E acontecera nos últimos dias, diz Deus, que derramarei do Meu Espírito sobre toda carne...” Pedro disse que as profecias de Joel com relação ao “eschatos” estavam começando a se cumprir quando o Espírito foi derramado no Cenáculo cinqüenta dias após a crucificação de Jesus. No contexto mais amplo, então, os “últimos dias” começaram no Pentecostes, no ano 33 D.C. A maioria das pessoas acreditam que os “últimos dias” terminam quando Jesus voltar novamente à terra. A. NOVE EVENTOS ASSOCIADOS COM OS ÚLTIMOS DIAS Os seguintes versículos englobam a maioria (nove) dos eventos associados com os últimos dias. A proeminência do som “da trombeta” deveria ser observada. O último festival celebrado por Israel, a cada, ano no final da sua estação de colheita (O Festival dos Tabernáculos) começava com o tocar das trombetas (Lv 23:24; Nm 29:1). Este festival era um quadro-vivo profético que retratava os últimos dias da Era da Igreja. Eis algumas das coisas que acontecerão: 1. A Volta de Cristo “Porque o Próprio Senhor descerá do Céu com um grito, com a voz do arcanjo, e com a trombeta de Deus: e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro” (1 Ts 4:15, 16). “Eis que vos mostro um mistério: Nem todos morreremos, mas todos seremos transformados, “Num momento, num piscar de olhos, 1072 / SEÇÃO G1 na última trombeta: pois a trombeta tocará e ... 2. Os Mortos Ressuscitarão “... os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e... 3. Os Vivos Serão Transformados “... seremos transformados” (1 Co 15: 51,52). “E o sétimo anjo tocou a sua trombeta e houve grandes vozes no Céu, dizendo... 4. Cristo Reina “Os reinos deste mundo tornaram-se os reinos de nosso Senhor e do Seu Cristo, e Ele reinará para todo o sempre” (Ap 11:15). 5. Nações Iradas “E iraram-se as Nações, e... 6. A Ira de Deus “... veio a Tua ira, e... 7. Os Mortos Julgados “... o tempo dos mortos, para que sejam julgados, e... 8. Galardões Dados “... a fim de dares o galardão aos Tens servos, os profetas, e os santos, e os que temem o Teu nome , pequenos e grandes, e... 9. Os Pecadores Destruídos “... para destruíres os que destroem a terra” (Ap 11:18). Estas nove coisas são os eventos principais que acompanham a consumação da Era da Igreja e a vinda da Era Milenarista ou do Reino. B. UM BREVE EXAME DA ESCATOLOGIA 1. Não Fique Demasiadamente Absorto Há várias Bíblias inglesas que dedicam G1.1 – Os Últimos Dias uma grande parte das suas anotações a interpretações escatológicas (Scofield e Dakes, citando apenas duas delas). Ao estudarmos o Novo Testamento, percebemos a curiosidade dos discípulos de Jesus com relação aos tempos finais. “E, estando Ele assentado no Monte das Oliveiras, chegaram-se a Ele os Seus discípulos, em particular, dizendo: Dize-nos quando serão essas coisas, e que sinal haverá da Tua vinda e do fim do mundo” (Mt 24:3). A parte mais importante da resposta de Jesus a esta indagação encontra-se em Mateus 24:14: “E este Evangelho do Reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as nações; e aí então virá o fim.” A palavra grega traduzida por “Nações” e ethnos – que significa os grupos étnicos nao-judaicos (os gentios). Os tradutores ingleses usaram todas as seguintes palavras para traduzirem ethnos: gentios, pagãos, nação, nações, povos. Nas nações ocidentais, os missiologistas agora citam ethnos como sendo “grupos étnicos”. Poucos comentaristas enfatizam que o final da era depende de o Evangelho ser pregado a todos os grupos étnicos. Jesus era consistente em tentar desviar o interesse dos Seus discípulos do “doce porvir” para o “carente presente”. Em Atos 1 lemos sobre a tentativa de Jesus de preparar os apóstolos para a tarefa à frente deles (a evangelização do mundo). Ele lhes deu instruções sobre o recebimento do poder do Espírito. Qual foi a resposta deles? Exatamente como a maioria dos líderes de igreja, eles tiveram uma pergunta escatológica e estavam pouco interessados nas responsabilidades do presente. Observe em Atos 1:6-8: “Quando, portanto, se reuniram, perguntaram-Lhe, dizendo: Senhor, restaurarás neste tempo o reino a Israel? “E Ele lhes disse: Não vos pertence saber os tempos ou as estações, que o Pai estabeleceu em Seu Próprio poder. AS ÚLTIMAS COISAS “Mas recebereis poder depois que o Espírito Santo vier sobre vós: E sereis testemunhas para Mim, tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia, e Samaria, e até os confins da terra.” A Sua resposta foi uma repreensão branda pela curiosidade carnal deles com relação ao futuro e a apatia deles com relação ao atual programa de Deus para a Era da Igreja. “...Não vos pertence saber os tempos ou as estações...” Um assunto sério estava diante deles. Eles deveriam ser “... testemunhas [no grego = “mártires”] a Ele até os confins da terra.” É óbvio que Jesus tinha muito mais interesse na salvação atual dos perdidos do que no estímulo da curiosidade carnal com relação ao futuro (escatologia). Jesus não quer que o líder de igreja desenvolva uma ênfase e interesse indevidos ao tentar delinear os detalhes dos últimos dias. É bem melhor que você esteja “... tratando dos negócios do Seu Pai” (Lc 2:49), esforçando-se para “... pregar o Evangelho onde Cristo ainda não foi anunciado” (Rm 15:20). 2. As Opiniões Escatológicas se Diferem a. “Daquela História”. Há várias opiniões conflitantes. A opinião imediatista ou “daquela história” refere-se às profecias do Livro do Apocalipse, por exemplo, como que totalmente relacionadas com a própria época de João, o Revelador. Os que mantêm esta posição acreditam que o que João viu e registrou no Apocalipse já foi cumprido, e, portanto, não é algo para a nossa preocupação contemporânea. Os estudiosos “liberais” (a maioria dos quais não crê nos milagres registrados na Bíblia) amplamente apóiam esta opinião. b. “Toda a História”. A opinião histórica ou “de toda a história” considera as visões do Livro do Apocalipse como sendo uma pré-estréia da história da época de João até o final da Era da Igreja. A maioria SEÇÃO G1 / 1073 dos reformadores protestantes apoiavam esta opinião. Dentre estes, alguns acreditavam que cada uma das sete igrejas de Apocalipse 2 e 3 representava uma previsão progressiva de sete períodos que se desenrolariam desde a época de João até o final da Era da Igreja. Por exemplo, o que lemos sobre a primeira das sete igrejas (Éfeso) revelaria como a Igreja seria nos últimos anos da vida de João, no fim do primeiro século. O que foi escrito sobre a última das sete igrejas (Laodicéia) revelaria como seria a Igreja na última parte da Era da Igreja, pouco antes de Jesus voltar à terra. As outras representariam os períodos entre Éfeso (a primeira) e Laodicéia (a última). O seguinte é um exemplo da explanação de um escritor sobre esta opinião: “As sete cartas foram escritas a assembléias de crentes históricas e verdadeiras que existiam no final do primeiro século na província da Ásia – oeste da Turquia de hoje. “As cartas foram entregues às sete igrejas. Eram cidades verdadeiras e igrejas verdadeiras. “Havia, obviamente, naquela época, muitas outras igrejas cristãs em cidades como Roma, Corinto, Colossos e assim por diante. “Estas sete, na providência de Deus, nos fornece um microcosmo (modelo em miniatura) de todas as igrejas de todas as épocas, e, portanto, são representativas. Semelhantemente, os problemas que estas sete igrejas enfrentaram são hoje enfrentados pelas igrejas em níveis diversificados. Através dessas cartas podemos aprender quais são as qualidades que desagradam a Deus e o que Cristo advoga para remediar essas situações. “Alguns também viram nessas igrejas uma qualidade profética, isto é, que neste livro de profecias elas prefiguram as sete características dominantes de toda a Igreja 1074 / SEÇÃO G1 na terra através das várias eras até que o Senhor volte. Estas eras sugeridas, retrocedendo-se do presente, são as seguintes: • Éfeso – Igreja Apostólica • (30-100 D.C.) • Smirna – Igreja Perseguida • (100-313 D.C.) • Pérgamo – Igreja Estatal • (313-590 D.C.) • Tiatira – Igreja Papal • (590-1517 D.C.) • Sardo – Igreja da Reforma • (1517-1730 D.C.) • Filadélfia – Igreja Evangelística • (1730 D.C. até o Arrebatamento) • Laodicéia – Igreja Apostata • (1900 D.C. até a Segunda Vinda) “Cristo escreveu às sete igrejas locais porque cada uma dessas congregações era um corpo com governo próprio. Uma igreja local pode ser afiliada a uma comunidade, a uma denominação, ou a uma sociedade corporativa mais ampla, mas Deus considera a liderança responsável pelos ensinamentos da sua congregação.” O segredo do estudo de cada carta é reconhecermos o problema principal de cada igreja, da maneira identificada pelo Senhor, e aí então considerarmos como todos os detalhes da carta – a aparência de Cristo, Suas admoestações e promessas de galardões – se relacionam com esse problema. c. “Acima da História”. A opinião poética ou “acima da historia” vê o profeta descrevendo de uma maneira dramática o triunfo certo de Deus sobre todos os poderes malignos. Ela tem pouco ou nada a ver com o futuro, ou com a história. Ela representa um “drama” do triunfo final do bem sobre o mal. 3. As Visões Milenaristas Diferem A palavra “milênio” significa “um período de mil anos”. Este período de 1000 anos é, citado seis vezes em Apocalipse 20. G1.1 – Os Últimos Dias São as opiniões milenaristas que geralmente causam a maioria dos conflitos quando falamos das últimas coisas ou últimas dias. Elas se centralizam na interpretação do reinado de 1000 anos de Cristo, o Milênio (Ap 20). Será que Cristo voltará antes do Milênio (Opinião Premilenarista)? Após o Milênio (Opinião Posmilenarista)? Ou será que o Milênio é basicamente figurativo – não literal (Opinião Amilenarista)? Os intérpretes conservadores estão divididos em quatro categorias: • Posmilenarista; • Amilenarista; • Premilenarista Dispensacional; e • Premilenarista Histórico. Todos estes quatro grupos são literalistas se podemos definir a palavra “literal”como sendo a “interpretação das palavras em suas designações normais e apropriadas”. Há até mesmo uma divisão dentre os intérpretes conservadores entre os literalistas rígidos e os moderados. a. Pós-Milenarismo. Uma opinião popular na primeira parte do Século Vinte é chamada de Pós-Milenarismo. Este grupo está convencido do crescimento da Igreja Cristã pelo poder do Espírito até que ela traga a condição milenarista sobre a terra. b. Amilenarismo. Uma outra opinião adotada por muitos devotos estudiosos da Bíblia é chamada de Amilenarismo. Este grupo acredita que as profecias feitas a Israel são cumpridas na Igreja. Se estas profecias são cumpridas desta maneira, então nenhum milênio na terra é necessário. c. Premilenarismo. Há diferentes opiniões premilenaristas. 1) O Premilenarismo Dispensacional especifica uma interpretação literal exata, especialmente com o que tem a ver com Israel, a Igreja e o futuro. De acordo com esta opinião, Israel e a Igreja são dois povos separados, que não devem ser misturados nem confundidos, já AS ÚLTIMAS COISAS que Deus tem dois programas: um para Israel e um para a Igreja. O programa teocrático de Deus com Israel foi interrompido quando Israel rejeitou a Cristo. Portanto, Deus voltou-Se para a Igreja para realizar o Seu propósito redentor. Isto será cumprido (completado) no Milênio. Aí então Deus retomará o Seu programa teocrático com Israel, sendo que a própria nação de Israel governará sobre as nações da terra com uma Monarquia Davídica restaurada na Palestina. Haverá um trono literal, uma restauração literal do Templo, uma restauração literal da ordem sacerdotal da época do Antigo Testamento, e um reinício literal do sistema de sacrifícios. Todas as promessas do Antigo Testamento serão literalmente cumpridas. Esta opinião divide as Escrituras de acordo com as classes de pessoas (Israel ou a Igreja). Ela insiste que nenhuma passagem bíblica isolada pode ter uma aplicação básica a duas dispensações ao mesmo tempo. O Arrebatamento Pré-Tribulacional é proveniente do conceito deles sobre a Igreja – ela não pode encontrar-se na terra quando os propósitos terrenos de Deus começarem novamente a restaurar o literal reinado terreno de Cristo de acordo com a opinião deles sobre as Alianças Abraâmica e Davídica. 2) A opinião que adota o Arrebatamento Pré-Tribulacional é dispensacional, arraigada no principio de interpretação que separa a Igreja do plano redentor total de Deus. A Igreja precisa ser “arrebatada” (removida) do mundo antes da “Grande Tribulação” porque ela não faz parte do Reino. O Reino encontrar-se-á em seu estágio inicial de restauração através do remanescente de Israel que sobreviver à tribulação. A Igreja é removida da terra no Arrebatamento. O período de tribulação de sete anos que se segue é dividido em dois períodos, com cada um deles durando três anos e meio. SEÇÃO G1 / 1075 Durante o primeiro período, Israel entra numa aliança com o Anticristo, que a quebra no final. O segundo período começa quando Satanás capacita o Anticristo, e “o tempo da aflição de Jacó” é derramado sobre o mundo. Durante estes sete anos de tribulação, o Evangelho do Reino (que os proponentes desta teoria distinguem do Evangelho da Graça) é pregado. Um remanescente eleito de Israel, totalizando 144.000, sobrevive à tribulação para tornar-se o Reino, para o qual Cristo volta após os sete anos. O reinado milenarista é inegavelmente judaico: a consumação do plano de Deus para Israel; o cumprimento literal das profecias do Antigo Testamento; Cristo estará num trono físico; e todas as nações serão subservientes a Israel. Alguns dizem que a Igreja voltará para a terra no início destes mil anos e viverá sobre a terra durante este período. Outros, no entanto, dizem que a Igreja permanecerá na Cidade Santa, a qual estará pairando (como um satélite) sobre a terra. O Templo deve ser reconstruído, e os sacrifícios devem ser reinstituídos. A relação deste sistema sacrificial com a morte de Cristo é “comemorativa”, e não “antecipatória”. A “abençoada esperança” para os dispensacionalistas, aparentemente, é que Cristo arrebatará a “Igreja parentética” a fim de poder reinar através de Israel, e não da Igreja. (A Igreja é citada como sendo “parentética” porque, de acordo com esta opinião, a Igreja é um fenômeno temporário, existindo somente entre o Dia de Pentecostes e o Milênio). De acordo com esta opinião, a Igreja organizada sobre a terra é apóstata. Os dispensacionalistas logo fizeram distinção entre a “verdadeira Igreja” e a “cristandade – a igreja organizada”. A “verdadeira Igreja” era composta somente das pessoas nascidas de novo e salvas. Somente alguns dentre mui- 1076 / SEÇÃO G1 tos cristãos professos estão incluídos. Assim sendo, a “verdadeira Igreja” poderia ser descrita somente em termos do relacionamento do crente com Cristo, e não em termos da estrutura organizada. 3) O Premilenarismo Histórico é uma opinião entre o Amilenarismo e o Dispensacionalismo. Esta opinião tenta combinar os aspectos futuros e presentes do Livro do Apocalipse. A besta de Apocalipse 13 é refletida primeiramente no imperador romano, mas é finalmente apresentada como um Anticristo pessoal no fim dos tempos. Apocalipse 19 descreve, em termos simbólicos apocalípticos, a Segunda Vinda de Cristo para destruir o mal satânico personalizado em Roma e no Anticristo. Isto é retratado como uma batalha sangrenta, mas a única arma é a palavra procedente da boca do Messias vencedor (Ap 19:15). O Milênio é um intervalo de tempo na realização do domínio redentor de Deus (o Reino de Deus). 4. Conceitos Fundamentais Para se Estudar Alguns conceitos fundamentais a serem considerados no estudo das últimas coisas são os seguintes: A Segunda Vinda de Cristo, O Milênio, O Arrebatamento, A Tribulação, O Julgamento do Grande Trono Branco. Esta não é uma ilustração completa de todas as opiniões diversificadas. Tampouco temos o propósito de decidirmos pelo estudante da Bíblia. Seria melhor se isto fosse feito através do estudo, da oração, e do Espírito Santo. Pelo fato de existir esta enorme variedade de sínteses (combinações de pontos de vista), quase todo estudioso da Bíblia adota alguma opinião escatológica distinta. No entanto, uma coisa a história provou: muito raramente esteve correto alguém que tivesse feito predições com relação aos eventos do “final dos tempos” ou o que a G1.1 – Os Últimos Dias Bíblia quer dizer ao descrever os “últimos dias”. 5. Três Coisas Certas As três coisas das quais podemos estar certos são as seguintes: a. A Fidelidade Traz o Galardão. Se nos ocuparmos com o que Ele nos disse para fazermos durante a Era da Igreja, receberemos o elogio final: “... Muito bem, bom e fiel servo. Foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei. Entra no gozo do teu Senhor” (Mt 25:23). b. Os que o Esperam Verão. Se (continuarmos “esperando” por Ele, nós O veremos. “... Aos que O aguardam, Ele aparecerá pela segunda vez, não para lidar com o pecado desta vez, mas para levar a uma plena salvação aos que O aguardam avidamente” (Hb 9:28). NÃO espere pelo Anticristo, e sim por Jesus! c. O Tempo de Deus e Não o Nosso. Deus vai realizar a obra toda de acordo com a Sua Própria vontade e propósito, e em Seu Próprio tempo. Ele não vai consultar os nossos “quadros proféticos” quando estiver pronto para fazer o que a Bíblia fala em Apocalipse sobre os últimos dias. 6. A Consumação A consumação começará quando o anjo anunciar: “Não haver a mais demora!” (Ap 10:6). “E tocou o sétimo anjo a sua trombeta e houve no Céu uma grande voz que dizia: Os reinos deste mundo passaram a ser os reinos do nosso Senhor e do Seu Cristo; e Ele reinará para todo o sempre. “E iraram-se as nações, e veio a Tua ira, e o tempo dos mortos para que sejam julgados, e o tempo de dares o galardão aos Teus servos, os profetas, e aos santos, e aos que temem o Teu nome, pequenos e grandes, e o tempo de destruíres os que destroem a terra’’ (Ap 11:15,18). “Regozijemo-nos e alegremo-nos... Porque vindas são as bodas do Cordeiro, e a AS ÚLTIMAS COISAS Sua Esposa já se aprontou... Bem-aventurados os que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro...” (Ap 19:7,9). C. OPINIÃO PREMILENARISTA DISPENSACIONAL REFUTADA A opinião “Premilenarista Dispensacional” – que substitui a Igreja por Israel e restaura um templo judaico, o sacerdócio levítico, e o sacrifício de animais – é especialmente problemática. 1. Jesus Mudou o Sacerdócio Deus fez um juramento de que Jesus mudaria o sacerdócio de Levi para Melquisedeque – PARA SEMPRE. “Porque, mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz mudança da lei” (Hb 7:12). “Porque o Senhor jurou [com relação a Cristo]: Tu és um sacerdote para sempre segundo a ordem de Melquisedeque” (Hb 7:17; Sl 110:4). “Mas este Homem [Jesus], porque permanece eternamente, tendo um sacerdócio imutável” (Hb 7:24). “Portanto, Ele pode também salvar perfeitamente os que por Ele se chegam a Deus, já que Ele vive para sempre para fazer intercessão por eles” (Hb 7:25). 2. O Sacrifício de Jesus Foi Para Todas as Épocas Não foi algo para ser substituído por sacrifícios de animais “comemorativos”. “Pois Ele nunca necessita do sangue diário dos sacrifícios de animais, como aqueles sumo-sacerdotes [do Antigo Testamento], para primeiramente cobrirem os seus próprios pecados, e, em seguida, os pecados do povo; pois Ele terminou todos os sacrifícios, de uma vez por todas, quando Se ofereceu a Si Próprio” (Hb 7:27). 3. A Nova Aliança Substituiu a Antiga A Nova Aliança substituiu a Antiga Alian- SEÇÃO G1 / 1077 ça com promessas melhores, um sacerdócio melhor e um sacrifício melhor. “Porque Deus fala de ‘uma nova aliança’, Ele envelheceu a primeira. Pois a antiga está desatualizada agora e foi colocada de lado para sempre” (Hb 8:13). “... Ele remove a primeira para poder estabelecer a segunda” (Hb 10:9). Estes versículos parecem refutar claramente algumas das idéias adotadas por alguns “Premilenaristas Dispensacionais’’. Parece muito improvável que jamais venhamos a ver um dia um templo judaico novamente, com sacrifícios de animais. Jesus predisse o fim do Templo e a sua destruição (Lc 21:6). Qual seria o propósito de um Templo restaurado? “... O Altíssimo não habita em templos feitos com mãos...” (At 7:48; 17:24). 4. Os Reis e Sacerdotes Reinam com Cristo “Se sofrermos, também haveremos de reinar com Ele...” (2 Tm 2:12). “... Com o Teu sangue compraste homens para Deus de toda tribo, e língua, e povo, e nação. Tu os fizeste reis e sacerdotes para servirem ao nosso Deus, e reinarão sobre a terra” (Ap 5:9,10). Os que reinam com Cristo são chamados de reis e sacerdotes. Estes reis e sacerdotes são os que estão dispostos a sofrerem por Cristo, provenientes de todas as tribos, línguas e nações (no grego = ethnos, que significa um grupo étnico gentio). Os doze apóstolos do Cordeiro possuem um relacionamento especial com as doze tribos de Israel. “... Quando o Filho do Homem Se assentar no Trono da Sua glória, também vos assentareis sobre doze tronos, julgando as doze tribos de Israel” (Mt 19:28). Contudo, no que se refere às nações gentias, o privilégio de se reinar e do sacerdócio é compartilhado pelos indivíduos de todas as Nações que se qualificarem. 1078 / SEÇÃO G1 “Ao que vencer Lhe concederei que se assente Comigo em Meu Trono, assim como Eu venci e Me assentei com o Meu Pai no Seu Trono” (Ap.3:21). O versículo acima foi escrito à Igreja de Laodicéia “... Envia-o às sete igrejas que estão na Ásia... a Laodicéia’’ (Ap 1:11). Esta igreja era principalmente constituída de gentios asiáticos. Contudo, se ven- G1.1 – Os Últimos Dias cessem, tinham a promessa de que receberiam um lugar com Cristo em Seu Trono. Isto colocaria em duvida a idéia de que um grupo geopolítico chamado Israel governaria o mundo. Os judeus e gentios que estiverem numa união correta com Cristo compartilharão do Seu Trono. Eles serão reis e sacerdotes (exatamente como Melquisedeque). ADOÇÃO SEÇÃO G2 / 1079 SEÇÃO G2 ADOÇÃO Ralph Mahoney Capítulo 1 Adoção e Filiação Introdução O que é afinal este negócio de “adoção” e “filiação”? O que o Apóstolo Paulo quis dizer ao escrever: “... recebestes o Espírito de ADOÇÃO...” “ADOÇÃO... também gememos em nós mesmos, esperando pela ADOÇÃO” (Rm 8:15,23); “... Deus enviou o Seu Filho para que pudéssemos receber a ADOÇÃO...” (Ef 1:5)? Será que o Apóstolo Paulo tinha uma revelação sobre alguma coisa da qual nada ou pouco sabemos hoje em dia? O fato de eu ter ministrado nas terras bíblicas com um irmão nascido em Israel me ajudou a compreender um pouco sobre a mentalidade e os costumes dados por certo pelo Apóstolo Paulo quando ele escreveu sobre a adoção. Os povos orientais não tem problema algum com as coisas que há muito tempo tem atarantado os ocidentais, porque eles compreendem as metáforas e a linguagem. Foi devido ao fato de os ocidentais não conhecerem as tradições e os costumes das terras bíblicas que temos perdido as poderosas verdades expressas nesta única palavra: ADOÇÃO. A palavra traduzida como “adoção” é uma palavra grega, huiothesia, que significa “colocar como um filho”. Ela não se refere absolutamente a um órfão ou a adultos benevolentes que talvez queiram “adotar”um órfão. Esta palavra, huiothesia, é aplicada aos rapazes que atingiram a idade adulta, “os de maturidade... os quais... devido ao uso, possuem os seus sentidos exercitados para discernirem tanto o bem como o mal” (Hb 5:14). A. COLOCADO COMO UM FILHO Quando um rapaz cresce e atinge a maturidade nas terras bíblicas e demonstra a sua capacidade de ser responsável, chega o dia em que o seu pai, numa cerimônia pública, “o coloca como um filho”. Os vizinhos, amigos e anciãos do povoado são chamados para testemunhar este evento, pois isto é algo muito significativo na vida de um rapaz. Tudo muda para ele após a sua cerimônia de ADOÇÃO. O garoto sempre foi o descendente natural de seu pai, desde o dia em que foi concebido no útero. Mas, ao atingir a maturidade, a estatura completa, na época em que o seu pai o considera pronto, o rapaz com maturidade é “colocado como um filho!” No ocidente, quando um bebê nasce, o pai entra na maternidade e diz orgulhosamente: “Este é o meu filho!” 1. Três Palavras Usadas Para “Filho” É um problema semântico – ou seja, um problema de linguagem. Em português temos apenas uma palavra que se refere a “filho”. No grego, no entanto, ha três palavras que são usadas: a. Teknion se refere a um filho ainda bebê. b. Teknon se refere a um filho que está amadurecendo, mas que ainda não está pronto para assumir responsabilidades. Em português, nos o chamaríamos de uma “criança”. c. Huios se refere a um filho que já está 1080 / SEÇÃO G2 pronto para assumir responsabilidades – alguém que tenha passado pela cerimônia da “adoção”. Assim sendo, poderíamos sumarizar este conceito da seguinte forma: A primeira palavra – teknion – significa um bebê ou uma criancinha. A segunda – teknon – significa um filho adolescente. A terceira – huios – significa um filho (alguém colocado como um filho através da adoção). Nas terras bíblicas, um bebê não seria chamado de “filho” (huios). O termo “filho” geralmente é usado após a ADOÇÃO. Paulo cita (menciona) isto ao escrever aos gálatas: “O herdeiro, enquanto for criança, não difere nada do servo, muito embora ele seja [destinado para ser] senhor de tudo; mas [a criança] se encontra sob tutores até o tempo determinado pelo pai [isto se refere a adoção]” (Gl 4:1,2). Este é o quadro do cristão, o qual, semelhantemente, também precisa passar pelo processo de crescimento antes de ser colocado em sua posição como um filho de Deus. B. O DIREITO DE NOS “TORNARMOS” A justificação é apenas o início da nossa grande salvação. “Mas a todos os que O receberam, a estes deu-lhes poder [autoridade, o direito, o privilégio] de se tornarem filhos de Deus...” (Jo 1:12). A palavra “poder” é uma palavra importante neste versículo. Ela deveria ser traduzida por “autoridade”, já que é a palavra grega exousia. Esta palavra significa um “privilégio, direito, ou permissão”. Quando o semáforo fica verde, você tem a exousia (direito, permissão, ou privilégio) de seguir adiante. Se acabar a gasolina da sua motocicleta e ela “morrer” neste instante, você não terá o PODER de prosseguir, muito embora você tenha a autoridade (direito, permissão) de prosseguir. Assim sendo, quando recebemos a Cris- G2.1 – Adoção e Filiação to, recebemos o direito, a permissão, ou a autoridade de nos tornarmos filhos de Deus. No entanto, recebemos a seguinte admoestação: “Temamos, portanto, para que não suceda, com uma promessa sendo deixada para nós... que algum de vós pareça ter falhado” (Hb 4:1). Os cristãos hebreus da época de Paulo foram repreendidos por não se tornarem aquilo para o qual tinham o direito de se tornarem. “Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar... e vos tornastes semelhantes aos que necessitam de leite, e não de alimento solido. Pois todo aquele que se alimenta de leite... é um bebê. Mas o alimento sólido pertence aos que possuem maturidade...” (Hb 5:12-14). Da mesma forma, os filhos de Israel tinham a autoridade (direito, permissão, privilégio) de entrarem em Canaã e possuírem a Terra Prometida, mas pereceram no deserto, com incredulidade. A incredulidade os matou (como está matando muitos espiritualmente hoje em dia). Eles tinham a autoridade e o direito dos “... que, através da fé e da paciência, herdam as promessas” (Hb 6:12). Eles não se tornaram aquilo para o qual tinham autoridade de se tornarem. O mesmo poderia ser dito com relação aos cristãos de Corinto, a quem Paulo disse: “E eu, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, mas como a... bebês em Cristo. E vos alimentei com leite, e não com alimento sólido, pois até agora não pudestes suportá-lo, nem tampouco podeis agora” (1 Co 3:1,2). Isto é algo um tanto sério quando percebemos que a Igreja de Corinto possuía todos os Dons do Espírito (1 Co 1:7) e muitas outras qualidades elogiáveis. No entanto, não haviam se tornado aquilo para o qual tinham o direito de se tornarem – cristãos maduros, preparados para a responsabilidade de filhos. ADOÇÃO Graças a Deus que temos a promessa de recebermos o poder (exousia ou direito) de nos tornarmos filhos de Deus (Jo 1:12). C. TRÊS ESTÁGIOS DE CRESCIMENTO Mencionamos as três palavras gregas que são usadas para se denotar o crescimento de um bebê até se tornar um filho. A primeira é “teknion”, que significa um bebê ou uma criancinha. A segunda e “teknon” que significa um adolescente. A terceira é “huios”, que significa um filho (alguém colocado como filho através da adoção). O Apóstolo João confirma este conceito ao dizer: “Escrevo-vos, filhinhos... Escrevo-vos rapazes... Escrevo-vos pais...” (1 Jo 2:12, 13). Três estágios de crescimento estão implícitos aqui. Vemos estes três estágios de crescimento belamente ilustrados na vida de Jesus. O primeiro vislumbre que a Bíblia nos dá com relação a Cristo é o de um BEBÊ na manjedoura (Lc 2:7). Pouco é dito sobre Jesus após a Sua infância, até os Seus anos de adolescência, quando, ainda como um garoto de doze anos de idade, Ele é visto no Templo “...assentado no meio dos doutores” (Lc 2:46). Novamente, passa o período chamado de “anos silenciosos”, e temos poucos registros da vida de Jesus até que, subitamente, aos trinta anos de idade (Lc 3:23), Ele aparece no Rio Jordão para ser batizado por João. Estes três estágios de crescimento estão claramente registrados na vida de Jesus: o bebê (teknion) na manjedoura; o adolescente (teknon) no Templo; e os eventos aos trinta anos de idade, quando ocorreu a Sua adoção. A Sua adoção foi confirmada durante o Seu batismo na água por João Batista. Mais tarde, o Espírito Santo desceu sobre Ele na forma de uma pomba. Em seguida, uma voz do Céu disse: “Este é o MEU FILHO SEÇÃO G2 / 1081 AMADO” (Mt 3:17; Mc 1:11; Lc 3:22). Ele foi, portanto, colocado como um filho (huios). Os eventos que ocorreram após a adoção de Jesus são uma maravilhosa revelação daquilo a que fomos predestinados a nos tornarmos. O crescimento e desenvolvimento de Jesus foi o padrão para o nosso próprio processo de amadurecimento e filiação final. “...tendo-nos predestinado para a adoção...” (Ef 1:5). D. A ADOÇÃO DE JESUS: O NOSSO EXEMPLO Quando o “Próprio Jesus começou a ter cerca de trinta anos de idade... ao ser batizado saiu logo da água; e eis que se Lhe abriram os Céus... “E o Espírito de Deus, descendo como uma pomba, pousou sobre Ele. E eis que uma voz do Céu disse: ‘Este é o Meu Filho amado...’” (Lc 3:23; Mt 3:16,17). Ah! Neste ponto, o sublime mistério da FILIAÇÃO é penetrantemente de repente enfocado. Então, com “os olhos do nosso entendimento sendo iluminados” (Ef 1:18), subitamente vemos a Jesus, o FILHO de Deus, “...o Primogênito dentre muitos irmãos...” (Rm 8:29). A experiência do Rio Jordão foi claramente a Sua adoção. Seguindo a tradição das terras bíblicas, o Pai Celestial traz o Seu Filho diante dos amigos, vizinhos e anciãos de Israel (no batismo de João) e fala claramente do Céu, para que todos saibam: “Este é o Meu FILHO amado.” 1. A Sua Vida Mudou Quando Jesus saiu das águas do Jordão, Ele saiu totalmente diferente no que tange ao Seu relacionamento e privilégios. Ele acabou de ser “colocado como um Filho” pelo Pai. De agora em diante, tudo é diferente na vida de Jesus. Não vemos nenhum milagre antes desta ocasião. Aliás, Ele era simplesmente conhecido como “... o carpinteiro, o filho de Ma- 1082 / SEÇÃO G2 ria... sem honra... em Sua Própria terra, e entre os Seus Próprios parentes, e na Sua Própria casa” (Mc 6:3,4). Não havia nenhuma auréola ao redor da Sua cabeça, pois “... em todas as coisas Lhe convinha ser feito semelhante aos Seus irmãos [você e eu]...” (Hb 2:17). O profeta disse o seguinte com relação a Ele: “... Ele não tinha parecer nem formosura... não havia nenhuma beleza para que O desejássemos... não O valorizamos...” (Is 53:2,3). Paulo disse que Ele “... foi feito à semelhança dos homens... encontrado na forma de homem...” (Fp 2:7,8). Antes da Sua adoção, havia pouco que O distinguisse de qualquer outro carpinteiro ou trabalhador de Nazaré. A ADOÇÃO, no entanto, mudou tudo isto para Jesus. A adoção trouxe privilégios. A adoção realizou transformações quase que grandiosas demais de serem concebidas. 2. Os Céus se Abriram Ele saiu das águas com os Céus abertos! Glória a Deus! Céus que durante séculos haviam estado fechados pela lógica, pela religiosidade, pela dureza legalística e apostasia da humanidade. Céus que haviam sido semelhantes ao bronze – à medida que gerações viviam e morriam, aguardando este grandioso momento. Céus que haviam borbulhado pelo calor, chamuscados pelo sol, e crivados pelo granizo, tempestades de areia, e chuvas. Agora, na adoção de Jesus, “os Céus se Lhe abriram’’ ( Mt 3:16). Eles se abriram para liberar a cura para os coxos, a visão para os cegos, a restauração para os caídos, o perdão para o pecador, a esperança para os desesperados, a vida pela morte, a beleza pelas cinzas, o óleo da alegria pelo luto. O Sol da Justiça agora Se levantaria, com cura em Suas asas, e dos Céus abertos cho- G2.1 – Adoção e Filiação veriam a retidão, e a bênção, em vez da maldição e a destruição. ALELUIA! 3. Privilégios da Filiação Antes de entrarmos em mais detalhes sobre o significado dos “céus abertos”, façamos uma pausa para considerarmos brevemente os três privilégios básicos que passam a pertencer ao rapaz das terras bíblicas que foi “colocado como um filho” (adotado). Após a adoção, o filho tem estes três benefícios: • A procuração legal (uso do nome do seu pai). • O recebimento da sua herança (uso das riquezas de seu pai). • Igualdade com o pai ao permanecer em união com ele (uso da autoridade e poder de seu pai). Será que Jesus demonstrou possuir isto tudo após a Sua adoção? No Evangelho de João, encontramos a maioria das respostas à pergunta acima. João apresenta Cristo como sendo o FILHO DE DEUS; assim sendo, a maioria dos fatos importantes com relação à filiação encontram-se em João. a. Uso do Nome. Quando você tem uma procuração legal, você tem o direito de fazer contratos, assinar cheques, comprar ou vender – tudo no nome da pessoa que Lhe outorgou este poder. Quando você assina o nome da pessoa que Lhe deu esta autorização, isto é tão válido quanto a própria assinatura dela. A sua ordem é como um decreto dela. Jesus disse: “Eu vim em nome do Meu Pai...” (Jo 5:43). “Pois assim como o Pai tem... assim também Ele permitiu que o Filho tivesse... autoridade para executar julgamento...” (Jo 5:26,27). Uma autoridade deste tipo não é possível sem um relacionamento com o Pai. Os sete filhos de Sceva tentaram competir com Paulo, expulsando demônios em Nome de “Jesus a Quem Paulo prega” (Veja ADOÇÃO Atos 19:13). Os demônios ficaram tão indignados com esta pseudo-autoridade que aquele endemoninhado “... saltou sobre os sete filhos de Sceva e os sobrepujou... de tal maneira que fugiram daquela casa nus e feridos.” Não é o fato de dizermos as palavras: “Em Nome de Jesus, te ordeno...” que faz com que os demônios fujam. Mas se houver uma união com o Pai, se houver um relacionamento correto com o Pai, então a autoridade estará presente. A adoção faz a diferença e ela é dada somente aos de estatura espiritual completa, aos adultos. Não é de admirar que Paulo exortasse aos efésios para que eles “... não mais fossem bebês... mas... que crescessem em todas as coisas n‘Ele, o Qual é a Cabeça, Cristo” (Ef 4:14,15). b. Uso das Riquezas. Afirmamos anteriormente: “O segundo privilégio da filiação era o recebimento da sua herança (o uso das riquezas do pai).” Isto é ilustrado na Parábola do Filho Pródigo (Lc 15:1132). Tanto o pródigo quanto o irmão mais velho haviam sido colocados como filhos na casa do pai. O pródigo desperdiçou a sua herança através de uma vida dissoluta. Após o arrependimento e restauração, o pai fez uma alegre celebração porque o pródigo havia voltado. O irmão mais velho reclamou: “Nunca me deste um cabrito para que pudesse me alegrar com os meus amigos.” O pai docemente respondeu: “Filho, tu sempre estás comigo, e TUDO que eu tenho é TEU. “ Este é o glorioso privilégio da adoção, da filiação: tudo o que o Pai tem encontra-se à disposição do Filho. “Tudo o que tenho é teu” (Lc 15:31). Estou sempre dizendo o seguinte: “Após a adoção de Jesus no Rio Jordão, Ele simplesmente saiu por aí distribuindo o Céu.” Por que faço esta afirmação? A Bíblia diz: “... os Céus se Lhe abriram.” Na qualidade SEÇÃO G2 / 1083 de Filho, Jesus entrou em Sua herança (uso das riquezas do Pai). O armazém do Pai de generosidade, bênção e glória foi escancarado para Jesus por ocasião da Sua adoção. “Os Céus se Lhe abriram.” 1) Céu na Terra. Fiquei pasmo alguns anos atrás ao ler o seguinte versículo: “E ninguém subiu ao Céu, senão O que desceu do Céu, o Filho do Homem, o Qual está no Céu” (Jo 3:13). Jesus Se encontrava na terra ao dizer isto. Como Ele poderia estar “no Céu” – estando aqui na terra? Fico imaginando muitas vezes que o Céu era semelhante a uma nuvem invisível que vinha descendo e circundando a Jesus por todos os lados de forma que Ele pudesse estar “no Céu”. Ele não somente estava no Céu, mas o Céu estava n’Ele. Ele falava do Céu, ministrava do Céu aos necessitados, curava do Céu os enfermos, pois Ele Se encontrava no Céu – muito embora Se encontrasse na terra. Ele havia Se tornado, em toda a sua resplendente glória, “o Tabernáculo [habitação] de Deus com o homem” (Ap 21:3). Isto prefigura, prenuncia e tipifica a nossa “... grande salvação, reservada no Céu para nós, pronto para ser revelada nos últimos dias” (1 Pe 1:4,5) quando nós, também, haveremos de ser “... moldados à imagem do Seu Filho” (Rm 8:29). E, naquele dia, acontecerá o cumprimento maior, no Corpo de Cristo, daquilo que vimos em Jesus, ao ouvirmos “... a voz do Céu dizendo: Eis o Tabernáculo de Deus com os homens, e Ele habitará NELES...” (Ap 21:3). Glória a Deus! Vocês estão vendo agora? “...Deus enviou o Seu Filho...para que NÓS pudéssemos receber a ADOÇÃO... nós... gememos dentro de nós, esperando pela NOSSA ADOÇÃO...” (Gl 4:4,5; Rm 8:23). Em nossa adoção, nós também teremos a bênção de trazermos o Céu à terra e de compartilharmos o Céu com a terra. 1084 / SEÇÃO G2 2) A Escada de Jacó. Jacó “teve um sonho, e havia uma escada colocada na terra, e o seu topo alcançava o Céu, e eis que os anjos de Deus subiam e desciam sobre ela... E ele disse: ‘...este não é outro lugar senão a Casa de Deus... a Porta do Céu’” (Gn 28:12,17). Você já se perguntou qual seria a interpretação do sonho de Jacó (“Esta é a Casa de Deus, a Porta do Céu”)? Foi isto exatamente o que Jacó viu. Você, no entanto, precisa compreender a metáfora, o símbolo espiritual expresso através do sonho. O que isto tem a ver com os “Céus abertos”? Observe João 1:51. “E Jesus Lhe disse: Na verdade, na verdade vos digo que daqui em diante vereis o Céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo SOBRE O Filho do Homem.” Jesus pegou o sonho de Jacó e o amplificou e o esclareceu, mostrando-nos que a escada que Jacó viu era um símbolo de Si Próprio como o Filho de Deus, operando e movendo-Se na terra – e, contudo, também no Céu (Jo 3:13). A escada alcançava e penetrava os Céus abertos, e unindo o Céu com a terra – os dois foram unidos e se tornaram um só. Isto Jesus experimentou durante o Seu ministério de três anos e meio como Filho de Deus. Ele trouxe o Céu a terra e a terra ao Céu – exatamente como a escada de Jacó – com os anjos subindo e descendo do Céu. 3) A Casa de Deus. Há, no entanto, uma outra grande verdade aqui que não foi totalmente cumprida em Jesus. Jacó disse: “Este não é outro lugar senão a CASA DE DEUS. “ O que ou quem é a “Casa de Deus”? Será que a “Casa de Deus” é constituída pelos prédios feitos de pedras, cimentos e 390, erroneamente designados como “igreja”? Não! Mil vezes não! “Não sabeis que sois o Templo de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós?” (1 Co 3:16). O povo de Deus constitui a “Casa de Deus”. G2.1 – Adoção e Filiação Neste versículo, a forma plural “vós” é usada. Assim sendo, na verdade, Paulo estava dizendo: “Não sabeis que TODOS VÓS em Corinto, corporativamente, constituís o Templo de Deus?” Sozinho, eu não sou o Templo (Casa) de Deus. Como pedras vivas, nós (corporativamente) somos edificados numa casa espiritual. “No Qual vós [corporativamente] sois edificados juntamente para uma habitação [casa] de Deus através do Espírito” (1 Pe 2:5; Ef 2:22). Assim sendo, a Igreja, que é o Seu Corpo (os crentes), constitui a Casa de Deus, o lugar onde Deus mora. Lembre-se que Jesus disse: “Onde dois ou três estiverem reunidos em Meu nome, lá estarei [onde?] no meio de vós” [isto é, Ele habita na união corporativa de crentes, como um todo]. A Casa de Deus, a Igreja, é um corpo constituído por muitos membros. Esta visão de Jacó foi uma visão da Casa de Deus. O que, então, isto significa para nós? Simplesmente o seguinte: Exatamente como a visão tinha aspectos proféticos cumpridos em Cristo quando Ele Se encontrava na terra, assim também ela tem aspectos proféticos a serem cumpridos na Igreja enquanto ela ainda estiver sobre a terra. 4) Ministério do Final dos Tempos. Exatamente como o ministério de três anos e meio de Jesus foi o cumprimento do que Jacó viu; exatamente como Jesus Se tornou a Porta por onde o Céu pôde passar e chegar aos homens; exatamente como, através de Jesus, os homens puderam ver o Céu sendo manifesto na terra – DESTA MESMA MANEIRA os santos que atingirem a estatura completa; que atingirem a maturidade plena; que atingirem a glória da adoção – terão um grandioso ministério de final dos tempos (também, provavelmente, de três anos e meio). Os santos se tornam o cumprimento da escada que Jacó viu, com os seus pés sobre ADOÇÃO a terra e o seu topo atingindo o Céu, trazendo o Céu aos homens, e levando-os ao Céu através do ministério e da palavra da reconciliação que foram confiados à Igreja (2 Co 5:18,19). Esta escada de Jacó sob “Céus abertos, com anjos subindo e descendo” é um quadro da Casa de Deus – “cuja Casa somos nós, se retivermos firmes a confiança e o regozijo da esperança até o fim” (Hb 3:6). A adoção traz este abençoado benefício: as riquezas do Pai tornam-se nossas, para que também possamos compartilhá-las com os outros. Os Céus abertos tornam-se a nossa porção, e toda a glória é colocada à disposição do Filho, para abençoar e elevar até o Céu o homem amaldiçoado pelo pecado. Isto faz parte da glória da Sua herança nos santos que Paulo cita em Efésios 1:18. c. Igualdade com o Pai. “E eis que uma voz do Céu disse: Este é o Meu Filho amado” (Mt 3:17). As pessoas ouviram esta proclamação e ficaram chocadas e estupefatas! “O FILHO DE DEUS?”, ponderaram. O espanto, a surpresa e a hostilidade devem ter irrompido simultaneamente, à medida que aumentava a intensidade das conversações. Estas palavras, indubitavelmente, chegaram aos ouvidos dos fariseus e líderes dos judeus, os quais aguardavam uma ocasião para apedrejá-lo. “Os judeus responderamLhe, dizendo: Não Te apedrejamos por alguma obra boa, mas por blasfêmia; ...por que Tu, sendo homem, Te fazes semelhante a Deus. “Respondeu-lhes Jesus... D’Aquele a Quem o Pai santificou e enviou ao mundo, vós dizeis: Blasfemas, porque disse: Sou Filho de Deus?” (Jo 10:33,34,36). “Portanto, os judeus ainda mais procuravam matá-Lo, porque Ele não somente havia quebrado o Sábado, mas também havia dito que Deus era o Seu [Próprio] Pai, fazendoSe igual a Deus” (Jo 5:18). 1) O Filho de Deus. Muito embora SEÇÃO G2 / 1085 os teólogos liberais de hoje em dia ainda se equivoquem com relação às Suas alegações e contestem a Sua divindade, Jesus sabia Quem Ele era: o Filho de Deus – igual ao Pai. Não é de admirar que Paulo pudesse exclamar alegremente: “Pois n‘Ele toda a plenitude da divindade teve o prazer de habitar” (Cl 1:19). “Pois n’Ele habita corporalmente toda a plenitude da divindade” (Cl 2:9). “Mas ao FILHO Ele diz: O Teu Trono, ó Deus, é para todo o sempre” (Hb 1:8). Nesta passagem, a palavra é claramente dirigida ao Filho como sendo DEUS. Sim, Jesus era Deus revestido de carne. Ele Se tornou o que nós somos para que pudéssemos nos tornar o que Ele era – Filho de Deus. 2) Filhos de Deus. “Vede quão grande amor nos tem concedido o Pai: que fôssemos chamados filhos de Deus... e, porque sois filhos, Deus enviou aos vossos corações o Espírito do Seu Filho, que clama: Aba, Pai. “Portanto, já não és mais servo, mas filho; e, se és filho, és também um HERDEIRO DE DEUS através de Cristo’’ (1 Jo 3:1; Gl 4:6,7). “Pois recebestes o Espírito de adoção, ...recebestes o Espírito de filiação, pelo Qual clamamos Aba, Pai. “O Próprio Espírito testifica com o nosso Espírito que somos filhos de Deus. “E, se somos filhos, então somos herdeiros – herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo, se de fato compartilharmos dos Seus sofrimentos a fim de podermos compartilhar da Sua glória. “Considero que os nossos sofrimentos presentes não podem ser comparados com a glória que será revelada em nós. “A Criação aguarda com uma ardente expectativa a revelação dos filhos de Deus. “... nós próprios, que temos as primícias do Espírito, gememos internamente ao aguardarmos avidamente a nossa adoção como filhos, a redenção dos nossos corpos. 1086 / SEÇÃO G2 G2.1 – Adoção e Filiação “Pois nesta esperança somos salvos” (Rm 8:15-24). Não podemos nos colocar como filhos. Isto é da alçada e da responsabilidade do Pai. Podemos “prosseguir para o alvo, pelo prêmio do sublime chamado de Deus em Cristo Jesus. Pelo que, todos quantos já somos perfeitos [maduros] sintamos isto mesmo: e, se sentis alguma coisa doutra maneira, também Deus vo-lo revelará” (Fp 3:14,15). Não é de admirar que o tempo da volta de Jesus à terra seja chamado de “abençoada esperança” (Tt 2:13). “... e Ele virá novamente, mas não para lidar uma vez mais com os nossos pecados. Desta vez Ele virá para levar a uma salvação plena todos os que ávida e pacientemente O aguardam” (Hb 9:28 versão amplificada). Creio que esta “salvação plena” que Ele trará será a nossa adoção. Ó, como eu quero vê-Lo! Você não quer? “O Espírito e a Noiva dizem: ‘Vem!’ Que cada um que os ouvir diga a mesma coisa: ‘Vem!’ Que venha o sedento – qualquer um que quiser; que venha e beba de graça da Água da Vida. “Aquele que disse todas estas coisas declara: Sim, estou vindo logo! Amém! Vem, Senhor Jesus!” (Ap 22:17,20). Escreva abaixo as suas anotações pessoais: Escreva abaixo as suas anotações pessoais: Escreva abaixo as suas anotações pessoais: