Janeiro/Fevereiro/Março 2009

Transcrição

Janeiro/Fevereiro/Março 2009
Ano I
Número 2
Janeiro-Fevereiro-Março/2009
Distribuição
Gratuita
Troféus para os primeiros
colocados
Abrimos este editorial sabendo que devemos esclarecimentos aos leitores que carinhosamente recepcionaram a nossa primeira edição, em julho passado.
Como estava estabelecido, as edições seriam trimestrais. Porém, por um ótimo motivo atrasamos esta edição que agora disponibilizamos. Estávamos trabalhando no livro “Aquapaisagismo Introdução ao Aquário
Plantado” que acabou sendo lançado no dia 22 de novembro de 2008, no grande Encontro de Aquaristas de
Bauru - SP. Fase superada, direcionamos a atenção à
Revista e optamos por lançar agora para que possamos
voltar aos meses escolhidos anteriormente: janeiro,
abril, julho e outubro.
Em julho, lançamos a Revista durante o III Encontro de quaristas de Londrina e Região, um evento
de sucesso devido à grande participação dos amigos
Foto: Roberto Tino
com as fotos de todos os aquários inscritos
no concurso. Um diferencial no Brasil. Os
trabalhos foram julgados por uma qualifi- Foto: Roberto Tino
cada equipe: Luiz Carlos Galarra- Foto: Americo Guazzelli
ga, André Luiz Longarço, Erivaldo Casado e Reinaldo Uherara. Os
comentários sobre as principais
montagens podem ser visualiAquário vencedor do CPA 2008
zados no site da Aquabase. Já
podem ir se preparando que
este ano teremos novamente o
concurso.
Não há como não estar
com uma grande sensação de
euforia, com tantos eventos
importantes ocorrendo para engrandecer e desenvolver nosso
hobby. Emprestando as palaFoto: Roberto Tino
Esquerda pra direita: Mauricio-Aquamazon
vras do amigo Lorson, o André
(Patrocinador), Americo Guazzelli (Campeão
da Aquabase, o lançamento do
do CPA 2008), Rony Suzuki (Organizador) e
Jair-Aquática Brazil (Patrocinador)
livro do Rony e do Maurício é
um divisor de águas, um marco na
história do aquarismo nacional.
Quem ainda não o leu, não sabe
o prazer que o espera. Quem já
leu, com certeza voltará a ler por
muitas vezes.
Foto: Americo Guazzelli
Mauricio e Rony dando autógrafos no lançamento nacional
do livro realizado em Bauru-SP
Um abraço da Equipe Aqualon.
Foto: Roberto Tino
Foto: Roberto Tino
aquaristas de todas as regiões brasileiras.
Foi um momento para ficar em nossas memórias.
Nada como ouvir preciosas dicas de personalidades do
aquarismo, como Rony Suzuki e Vladimir Simões.
Também aproveitamos para divulgar o resultado da
primeira edição do Concurso Paranaense de Aquapaisagismo, o CPA. Contamos com 56 trabalhos inscritos
por 42 aquapaisagistas, que representam 12 cidades espalhadas por todo o Estado. Distribuímos uma revista
Revista Aqualon
Foto: Roberto Tino
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Expedição em
Santa Izabel - Pará
Texto e Fotografia de Dennis Quaresma
Localizado a uma distância de 38 Km de Belém, no Pará,
o município de Santa Izabel sempre me chegou aos ouvidos
como um lugar de numerosos e belos igarapés. Apesar de já
ter visitado vários igarapés da região, eu ainda não havia tido
a oportunidade de confirmar o que me era contado pelos amigos. Confesso que se já soubesse da beleza que me esperava
no lugar, não teria demorado tanto a planejar uma expedição
para lá.
Ao contrário da maioria dos igarapés que já visitamos na
região, que têm água barrenta e com pouca ou nenhuma visibilidade ou até águas mais claras, porém, tingidas com o Tanino
dos galhos e folhas secas submersas, Santa Izabel nos presenteou com uma água límpida, cristalina e de coloração surpreendentemente esverdeada.
O primeiro contato com a água é difícil, a temperatura oscila
entre 24 e 25 ºC, mas depois se torna um alívio ao calor do
Pará, que mesmo abrandado pela densa vegetação em torno do
igarapé ainda é bastante forte.
Depois de ter o corpo já acostumado à temperatura, chega a hora
de arriscar alguns mergulhos. Com o
auxílio de uma máscara de mergulho
pode-se ver o espetáculo submerso
que a natureza nos proporciona. O
que logo nos chama a atenção são os
grandes cardumes de Bryconops spp.
nadando rapidamente em meia água e
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não o soltar, confirmando a voracidade desse
peixe que só desistiu da já atordoada presa
quando o pegamos na mão para ser fotografado. No momento não se pode observar perfeitamente os detalhes do animal, mas depois de ver
as fotos ficamos muito
admirados com a be-
Bryconops spp.
principalmente nos trechos mais profundos
do igarapé, o que dificulta a coleta de exemplares da espécie.
Seguindo um pouco mais para as margens,
em trechos mais rasos e sombreados pelas
folhas das Ninféias se fazem mais abundantes os cardumes de Hyphessobrycon heterorhabdus. Vez ou outra alguns Apistogrammas e indivíduos solitários ou em pequenos
cardumes de outro peixe muito comum por
aqui, o Satanoperca jurupari.
O visual é de tirar o fôlego. Ver os cardumes nadando em meio às Ninféias com os
feixes de luz entrando na água é uma experiência incrível. O que dizer então de ter a
sorte de ver o momento exato de um peixe
predador caçando sua presa?
Tivemos o privilégio de ver, já fora da
água, porém, numa parte bem rasa do igarapé, uma Traíra (Hoplias cf. malabaricus)
caçar e abocanhar um Apistogramma e mesmo depois de ser capturada pela nossa rede
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Hoplias cf. brasiliensis
leza dos olhos desse peixe.
Um verde bem claro seguido
de um fino anel vermelho e
o círculo interno negro. Os
olhos mais interessantes que Copella cf. metae
eu já vi em peixes.
Hora de sair das partes
mais abertas e coletar nas partes mais fechadas e menos convidativas do Igarapé. Fazer
o quê, se é sempre lá que estão alguns dos
peixes mais interessantes?
Entramos num trecho bem estreito e com
água na altura da cintura. As Ninféias são
muito mais abundantes e por isso há uma
dificuldade maior em passar a rede. Com algum esforço e levando a rede desde o fundo
até a superfície, passando bem por baixo da
vegetação, levamos a rede para fora da água
para podermos ver o resultado. Um dos mais
numerosos foram os Sarapós (Brachyhypopomus brevirostris), peixes bem parecidos com
o Ituí Cavalo (Gymnotus albifrons), belíssimas copeínas (Copella cf. metae) com um
tom azulado bem definido e Nannostomus
beckfordi mostrando uma bela coloração
vermelha, além de Apistogrammas spp. e
alguns Killifishes.
Mas a surpresa mesmo veio com os invertebrados. Coletamos uma espécie de camarão
fantasma diferente das que usualmente encontramos e que chegam
até a 5 cm. Esta espécie
tem tamanho adulto muito
menor, aproximadamente
2 cm, o que pôde ser confirmado com a coleta de
fêmeas adultas e ovadas,
nesse tamanho. As fotos
mostradas aqui já são de
Camarão Fantasma
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alguns exemplares em aquário.
O dia vai terminando e o cansaço começa a chegar, porém, junto com ele, a
mesma sensação que vem sempre depois
de um dia de expedição: o sentimento de
que fomos mais uma vez presenteados
pela natureza com um lugar belíssimo e
com uma diversidade tão abundante que
nos proporciona uma imensa satisfação
de estar onde estamos e de poder usufruir disso tudo. Sempre com respeito à vida e tentando causar o mínimo impacto possível, para que
nossos filhos e netos possam ter novamente essa sensação, que só um
verdadeiro aquarista pode sentir.
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Imagine-se em um ambiente reconfortante
e acolhedor, após um longo dia de trabalho.
Você começa a se tornar parte desse lugar
quando sua audição se volta apenas para o
som de movimentação de água. Ao abrir os
olhos na quase penumbra o único foco que te
atrai revela magníficas criaturas aquáticas se
locomovendo de um lado a outro. Você olha
para o lado e a cena se repete, diferenciandose apenas pelos formatos e cores dos seres ali
presentes, e o sentimento de paz se torna cada
vez mais presente em sua alma.
Não, não é nenhum conto ou trecho de livro de Auto-ajuda, trata-se da sala de estar
do nosso amigo Leonardo Abreu de Almeida,
aquarista e Engenheiro Civil em Vitória-ES.
Um sonho antigo que virou um projeto que
foi ganhando forma com o tempo e hoje se
transformou em uma das grandes atrações da
Internet, para os aquaristas e
amantes da natureza. Ao ser
construído junto com a casa,
acabou se tornando parte
importante dela e proporcionando condições para adequações técnicas e aprimoramento, seguindo o imenso
bom gosto do idealizador.
O projeto inicial contava
com um lago/aquário com
aproximadamente
14000
litros, dividido para receber
três grupos de peixes.
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O primeiro com Ciclídeos, Barbus, Tetras,
Labeos, Botias, etc. Na seqüência, teria predadores como Arraias, Aruanãs, Óscares,
Pirararas e Tucunarés e, finalmente,
cairia em volta de um Bangalô com
Kinguios e Carpas.
Filtragens Dry Wet, Areia Fluidizada, UV e mecânica interna.
Foi chamado de lago/aquário por
ser externo, como um lago, e permitir, através de vidros, sua visualização pelo lado interno da casa, mais
precisamente, da sala. Foram utilizados 4 vidros de 12 mm e tamanho de 200 cm
por 70 cm. Estes foram embutidos na parede
de alvenaria onde havia cortes no reboco,
apoiados em uma estrutura de concreto, local que recebeu pintura epóxi para permitir
aderência, e colados com silicone industrial.
O reboco serviu apenas para melhorar a vedação e permitir o encaixe dos vidros. Uma
manta asfáltica foi utilizada para cobrir as
paredes.
Para que pudesse se mudar
para a nova casa
no mesmo momento que os
peixes, Leo ativou o sistema
de filtragem previamente para a
instalação
da
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colônia de bactérias nitrificantes.
Em 23 de setembro de 2005, Leonardo postou
no Forumaquario o seu projeto, visando colher
opiniões que auxiliassem seu trabalho e pesquisa, além de nos possibilitar acompanhar todo o
desenvolvimento em suas diversas fases.
A casa possui filtragem mecânica com o armazenamento da água de chuva para fins diversos, inclusive reposição no aquário/lago.
Outra atitude ecologicamente correta foi a introdução de diversas plantas, tanto no jardim,
quanto no aquário, o que acabou gerando um
ambiente apropriado para a vida aquática ali
presente. Foram utilizados no substrato terra,
húmus, cascalho fino e cascalho grosso, sendo
que as plantas maiores, como papiros e outras
que se alastram muito, foram isoladas com
plástico ou em vasos.
No dia 01 de março de 2006, Leo divulgou a
conclusão do projeto. Enfim, o sonho se reali-
zava. Os primeiros peixes já desfilavam pela
linda “passarela” concluída.
Se é que podemos chamar de problemas, os
únicos que ocorreram foi o pH alcalino, que
acabou estabilizando em 7,0/7,4, e algumas
algas que surgiram na parte dois, que recebe
mais sol, local que recebeu mais plantas de superfície para sombreamento natural. No mais,
tudo saiu como o planejado.
O filtro UV foi utilizado por três meses e
meio por causa de uma explosão inicial de algas, não sendo mais usado após este período.
Após a retirada dos filtros mecânicos, a filtragem acabou ficando com 1 bomba de 10.000l/h
ligada 24 horas por dia, movimentando a água
para passar pelos dois filtros Dry Wet de 200l
e pelo super filtro de areia fluidizada, com
aguapés. Os aguapés foram retirados porque
no momento da limpeza eles soltavam na água
a sujeira que haviam retido com o tempo. Não
foi necessário o uso de
aquecedor no início em
virtude do calor típico
da cidade, mas, após
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um bom tempo de análise, a opção foi a instalação de um aquecedor que era acionado quando
a temperatura caia para 21 ºC. Hoje o aquecimento mantém a água acima de 25 ºC devido à
inserção de alguns discos. As sifonagens eram
trimestrais na parte dois e não são mais utilizadas, a sujeira se degrada, bóia e é captada pela
superfície. As trocas são bimestrais de 25 % do
volume total, com água de chuva armazenada
e através de registros já instalados abaixo do
substrato. Com menos de dez minutos o aquário
coloca 30% do seu volume para fora. Depois é
só abrir o registro da água de chuva.
Essas trocas são feitas alguns dias após uma
boa chuva, pois a sujeira está bem decantada e
a água de ótima qualidade. Isso em época de
chuvas, pois essa manutenção pode acabar esperando por até 5 meses, dependendo da coleta
de água.
Leo acredita que seu maior acerto foi ter investido bem na filtragem biológica, gerando grande
estabilidade ao sistema. “Parece que meu substrato está vivo. Nada se acumula, é muita força
biológica. Para se ter uma idéia, meus dry wets
viraram verdadeiros minhocários. Estas se alimentam, reproduzem muito. Ainda
viram uma ótima
refeição”.
Atualmente a
fauna e flora se
encontram assim:
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Fauna da primeira parte:
Labeos (todos), Botias (Azul, Skunk e Macracantha) Discos (Selvagens, Red Turquesa
e Snake Skin), Mato grosso, Melanoteanias
(quase todas), Barbus Sumatranus, B. Arulius,
B. Conchonius, Titéia, Tetra Foguinho, Cascudos Leopardo, L-1 e outros, Comedores-dealga-chineses amarelos e marrons, Synodontis,
Acará-jóia, Kribenses, Apistogramas, Severum
Gold, Cruzeiros, Bala-shark, alguns tetras capturados, etc.
Flora:
Valisnérias, Sombrinhas-chinesas, Amazonenses, Anúbias, Microsoruns, Samambaias
que descem suas folhas para dentro da água,
entre outras não
identificadas.
Fauna da segunda parte:
Midas, Red-Flowerhorn, Papagaio, Jack
Dempsey, Pangassius comuns, Pangassius
Hi-fin, Aruanã, Arraia Motoro, Óscares (Albinos, Tigre, Red-Tiger), Geophagus Surinamense, Geophagus Brasiliense, Paratilapia
Poleni, Comedor-de-algas-chinês de quase 25
cm, Catfishes Albinos, Lepisosteus, Tambaqui 50 cm, Tamboatá, Jacundá Red-Tapajós,
Jaguar, vários Cascudos Tigres, L-1 e outros
não identificados.
Flora:
Ninféias, Papiros, Sombrinha-Chinesa, Musgo-de-java, Petecas, Valisnérias.
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Fauna da Terceira parte:
Nishikigoi, Kinguios, tartarugas Tigre
d’água, uns 10 casais de Guppys (recentemente introduzidos), Barbos Schwanefeldi
retirados da parte 2, Tamboatá, Cascudos
e milhões de Melanoteanias, que se reproduzem na parte 1 e os filhotes aparecem
na parte 3.
Flora:
Lírio-da-paz. Vários, bem grandes, somente com as folhas quase todas para fora.
Etapa concluída, Leo agora está se dedicando a um novo desafio: um aquário marinho de Anjos e Corais. 1000L com corais
SPS e LPS e peixes Imperator, Centropige
Bicolor, Centropige, Coral Beauty, e outros que virão.
Este relacionamento com a natureza que
pessoas como ele têm, sempre querendo
propiciar condições de apreciar a evolução
da vida dentro do nosso hobby, é digno de
reverência. O aquarismo agradece!
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Nome Popular: Jordanela
Família: Cyprinodontidae
Origem: América do Norte. Flórida,
Estados Unidos.
Tamanho: Aproximadamente 6 cm.
Comportamento: Nadam na parte
intermediária e fundo do aquário.
Sociabilidade: Preferem viver aos
pares ou um macho para várias fêmeas.
Agressividade: Pacífico com outras
espécies. Somente na época da reprodução torna-se um pouco agressivo.
O macho costuma formar territórios,
não deixando nenhum outro macho da
mesma espécie se aproximar.
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Manutenção: Aquário com muitas
plantas para que possam se esconder.
Temperatura: 18 a 24 °C
pH: 7 a 7,5
Alimentação: Variada, desde rações
industrializadas até alimentação viva.
Forneça alimento à base de vegetais.
Dimorfismo sexual: Os machos são
mais coloridos. A fêmea possui uma
mancha negra no final da nadadeira
dorsal.
Método de reprodução: Ovíparos.
A reprodução é fácil de ser obtida.
Desovam entre as plantas próximas
ao substrato. Após a desova, retire a
fêmea. O macho protege os ovos que
eclodem cerca de 7 a 10
dias após a desova.
Nome Popular: Dojô, Cobrinha.
Família: Cobitidae
Origem: Ásia
Tamanho: Aproximadamente 25 cm.
Comportamento: Gostam de nadar
na parte inferior do aquário, inclusive
se enterrando no substrato.
Sociabilidade: Preferem viver em
grupos, mas não formam cardumes.
Agressividade: Peixe pacífico.
Manutenção: Fácil. Ideal para iniciantes. Pelo fato de gostar de se
enterrar, não coloque cascalho que
possuem arestas retas, pois elas irão
machucar o peixe. Deixe o aquário
sempre bem tampado, pois ele tem o
péssimo hábito de pular fora do aquário.
Temperatura: 5 a 25 °C
pH: 6,6 a 7,6
Alimentação: Variada, desde rações
industrializadas até alimentação viva.
Só se alimenta no fundo.
Dimorfismo sexual: Os machos possuem nadadeiras peitorais maiores.
Método de reprodução: Difícil de
reproduzir em aquários. Na natureza
eles costumam desovar em lugares lamacentos quando o nível da água sobe
durante a época das cheias. O macho
irá se entrelaçar na fêmea, estimulando-a a liberar os ovos e ao mesmo
tempo o ele libera o esperma fecundando os ovos que ficam no substrato.
Os pais não cuidam da desova.
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Nome Popular: Many-banded shelldweller, Multie.
Família: Cichlidae
Origem: África. Endêmico do lago
Tanganika.
Tamanho: Aproximadamente 4 cm.
Comportamento: Nadam na parte
inferior do aquário. Nunca saindo de
perto das conchas.
Sociabilidade: Gostam de viver em
grandes colônias, mas cada par possui sua própria concha.
Agressividade: Pacíficos.
Manutenção: Não é aconselhado colocar juntos a espécies de grande porte. Não é necessário aquários grandes,
pois essa espécie não se aventura a ir
longe da proteção das conchas.
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Temperatura: 24 a 26 °C
pH: 8
Alimentação: Variada
Dimorfismo sexual: Difícil distinguir.
Quando adultos, os machos são maiores.
Método de reprodução: Os pais desovam no interior da concha, poucos
ovos, cerca de 6 a 9. Não será necessário separar os pais, pois eles não
comem a cria, inclusive chegam a
desovar novamente antes mesmo dos
filhotes da primeira leva se tornarem
adultos, formando uma outra geração
que vive perfeitamente em harmonia
com as demais.
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Família: Hydrocharitaceae
Origem: Ásia
Hábito: Submersa fixa
Tamanho: 10 a 30 cm de altura
Temperatura: 20 a 28 °C
Iluminação: Moderada a intensa
pH: 6 a 8
Manutenção: Médio
Crescimento: Rápido sob iluminação
moderada.
Propagação: Sua reprodução se dá através do corte e replantio do ramo.
Plantio: Parte intermediária do aquário. Como é uma planta bem volumosa,
aconselho plantá-la em ramos individuais com espaçamento de 5 cm entre
eles.
Planta muito bonita e versátil, ideal para a área de transição entre a frente e a parte de
trás do aquário, onde formam moitas espetaculares. Com uma iluminação intensa ela
tende a ficar com uma coloração acastanhada e o seu crescimento fica mais lento, já
sob uma iluminação mais moderada, seu crescimento é rápido e fica com uma coloração verde, bonita e vistosa. Quando começa a soltar a haste floral para a superfície, a
muda se enfraquece, muitas vezes pode-se perdê-la por este motivo. A haste floral só
consegue alcançar a superfície em aquários bem baixos e, mesmo assim, com muita
dificuldade. Deve-se arrancar essas hastes.
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Família: Lythraceae
Origem: Ásia
Hábito: Aquática emergente
Tamanho: 40 a 60 cm de altura
Temperatura: 18 a 30 °C
Iluminação: Moderada a intensa
pH: 5 a 8
Manutenção: Fácil
Crescimento: Rápido
Propagação: Se reproduz através do
corte e replantio do ramo.
Plantio: Planta para área intermediária
e fundo do aquário. Melhor se plantada
em molhos com 3 ramos e espaçamento
de uns 3 cm.
A Rotala rotundifolia é uma das melhores plantas para fundo. Quando bem podada, forma uma moita compacta e atraente. Também pode ser usada como planta intermediária,
para isso, bastam podas com mais freqüência. Pelo seu porte, serve para aquários de diversos tamanhos, desde os de pequeno até os de grande porte. Planta que não necessita
de cuidados especiais. Sob forte iluminação pode adquirir uma tonalidade rosada muito
atraente. Planta fácil e ideal para iniciantes.
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O layout é a materialização da proposta que
temos para todos os elementos que irão compor
o aquário plantado, a disposição física. Para
tanto, é necessário o esboço visual de um projeto que temos em mente. Isto serve para mostrar como deve ou pode ser a distribuição de
diversos itens que irão compor o produto final
do projeto. Como nosso objetivo é descobrir
a melhor maneira que poderemos alocar estes
elementos, buscando harmonia, podemos efetuar alterações a qualquer momento, evitando
maiores intervenções no projeto final. É após
a definição do layout que decidiremos qual o
tamanho do display que irá conter a montagem.
No aquapaisagismo ele pode ser esboçado atraRevista Aqualon
vés de computação gráfica, riscos em um papel ou apenas na imaginação.
Muitos acreditam que para isso é necessário
apenas a inspiração e o dom natural. É claro
que isto pode diferenciar e destacar alguns
poucos aquapaisagistas, mas a busca pelo conhecimento através de leituras e observações,
apoiada na dedicação, pode transformar qualquer aquarista num aquapaisagista de bom
nível.
Há o costume de se elogiar e admirar belas
montagens e pensar que isto seria impossível
para nós. Este conformismo impede a evolução. Devemos elogiar, admirar, mas, acima de
tudo, analisar. Por que aquela montagem é tão
bela? Quais elementos se destacam? Qual o
posicionamento das plantas? Que parte chama mais a atenção? Estas respostas nos servirão como guia para futuras montagens.
É possível analisar um plantado de 2 metros
e usá-lo como base para um cubo de 30 cm.
Isto pode parecer estranho, mas basta escolher uma determinada área do “gigante” e, a
partir dela, executar o projeto no cubo. É só
utilizar aquela parte que mais nos agradou.
Dispomos de uma infinidade de exemplos
de montagens em fotos espalhadas pela Internet, todas à espera de olhos curiosos que
possam desvendar seus segredos e técnicas
utilizadas.
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Devemos ter em mente que em concursos não
só o layout é analisado pelos juízes.
Outros itens são considerados, como a saúde
das plantas, entre outros. Por este motivo podemos encontrar um trabalho que agrade mais aos
nossos olhos, em colocação inferior a outros.
Outro caminho para chegar ao tão pretendido layout é a observação da natureza. Existem incontáveis lugares naturais que podem
ser utilizados como base ou ponto de partida
para nossos projetos. Basta observar bem. Se
não puder ser ao vivo, podemos, novamente,
nos servir das fotos disponíveis na net. Não é
da noite para o dia que faremos isso. É preciso estudar o exemplo até conseguir imaginar
os elementos que serão necessários para esta
reprodução. Por este motivo, é interessante conhecer vários tipos de plantas para facilitar a
visualização do layout.
Como é através dos nossos olhos que captamos as informações para decidir qual imagem
nos agrada, faz-se necessário conhecer uma
técnica que consiste em dispor elementos em
pontos estratégicos que são identificados por
nosso cérebro como harmoniosos. É a “Proporção Áurea” ou “Ponto de Ouro”. Esta proporção foi descoberta a partir de uma seqüência
de números criada por Fibonacci (Leonardo
Pisano, 1170-1250) e pode ser comprovada na
natureza, nos animais e até mesmo em nossas
mãos, orelhas e demais partes do corpo. É utilizada na construção de instrumentos e na pin
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tura, por exemplo.
Para aplicar em aquários, devemos vê-lo
como o retângulo que é, dividindo-o em duas
partes. Basta dividir seu comprimento por
1,618 e traçar um risco neste local. Está identificado o primeiro ponto de ouro. Nesta divisão
podemos deixar a parte maior do lado esquerdo ou do direito, dependendo do nosso projeto.
A partir deste ponto ainda podemos continuar com a proporção e determinar diversos locais que deveremos utilizar na elaboração do
em forma de “ilha”. Neste, o hardscape e as
plantas ficam centralizados, deixando um espaço livre ao seu redor, que poderá ser ocupado por plantas que formem carpetes.
layout. Podemos criar belas montagens mesmo
utilizando esquemas de layouts mais comuns.
Estes são parâmetros que seguimos no momento de distribuir os elementos pelo aquário.
Temos o layout triangular, onde dispomos as
plantas, pedras e troncos no aquário, seguindo
o desnível formado por essa figura geométrica.
Existe a montagem seguindo o formato da letra
“U”, que consiste em plantar os dois lados do
aquário, deixando um espaço vago, preferencialmente no ponto de ouro. Também podemos
elaborar nossos projetos com base no layout
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Nossas montagens serão compostas por diversos elementos, alguns imprescindíveis, outros opcionais. Temos o hardscape, softscape e
o lifescape.
Hardscape: Raízes, ramos e troncos de árvores, pedras e outros elementos que a criatividade possa buscar. As pedras deverão ser neutras
para que não interfiram nos parâmetros e qualidade da água. Buscam-se aquelas que apresentam faces irregulares e cores que melhor
integrem o layout pretendido. O tamanho delas
deverá ser proporcional ao tamanho do aquário
e a disposição se dará de forma que se crie uma
harmonia entre elas. A madeira a ser utilizada
deve ser tratada para evitar “colorir” a água do
aquário ou acidificá-la em demasia. Opta-se
por troncos de aroeira e outras que sejam bem
duras, secas e escuras. Outras opções podem
ser utilizadas, desde que não se dispense o tratamento necessário.
Softscape: Seriam as plantas que podem viver
em forma subsmersa, palustres ou verdadeira-
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mente aquáticas. Existem muitas fichas dessas
plantas que nos fornecerão todos os dados que
precisamos ter para utilizá-las. Isto é importantíssimo para a correta disposição das mesmas
no layout, visto que não devemos colocar uma
planta de fundo na frente do aquário. A seqüencia normal a ser seguida é a frente do display
ser composta por plantas baixas que formam
carpetes e que serão escolhidas considerando
o tamanho da montagem. Depois, as plantas de
meio e, por fim, as mais altas. *Em aquários
baixos podemos optar por utilizar plantas de
meio na parte traseira sem perder a harmonia,
mas corre-se o risco de um juiz de concurso de
aquapaisagismo não ter a mesma sensibilidade e criticar a utilização da planta fora da área
adequada.
Lifescape: Encontrei este termo na Internet e
achei que combinaria com os anteriores. Este
designa os habitantes do aquário plantado. Em
sua maioria, os peixes. Ao contrário do que
costumamos fazer no aquarismo, onde montamos o aquário para uma determinada espécie
de peixes que desejamos manter, no aquapaisagismo deixamos a escolha dos habitantes
para o final. Estes não deverão ser em quantidade e tamanho que possam poluir visualmente a montagem.
Trata-se de um item que também é analisado pelos juizes de concursos, onde verificam
se estão compondo o layout harmoniosamente, em tamanho, cores e características da espécie. Peixes cardumeiros são mais interessantes por viverem em grupo e conferir um
ar de naturalidade, sendo preferíveis aqueles
que nadam em school, ou seja, que nadam
agrupados. Até mesmo o ponto em que estão
localizados no momento da foto influencia
no resultado de todo o conjunto.
Com base nestas informações podemos
iniciar nosso processo criativo e liberar a
criatividade. Ainda que o primeiro projeto
não satisfaça completamente nosso objetivo,
devemos continuar seguindo este caminho,
pois será através das tentativas e erros que
chegaremos aos acertos, que serão recompensadores.
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Quem nunca viu ou ouviu falar em Killifishes e sabe um pouco de inglês logo traduz o
nome como “peixe matador” ou “matador de
peixes”, tendo uma falsa impressão de que são
peixes agressivos. Na verdade a palavra killifish vem do Holandês antigo do início da colonização dos Estados Unidos, onde os primeiros habitantes chamavam peixinhos pequenos
em geral de “peixes de poça”, ou “peixes de
riachos”, que na linguagem deles era Killifish.
Assim, a tradução correta da palavra é peixe de
poça ou de pequenos riachos.
Os killis, sem dúvida, são alguns dos mais
belos e coloridos peixes de água doce e têm
uma enorme variedade de formas.
Seu tamanho varia de três até os vinte centímetros e estão distribuídos pelas América e
África, principalmente, mas também ocorrem
na Ásia e Europa, em menor número. Até o
momento não foram descritos na Oceania.
As espécies chamadas Killifishes estão super
adaptadas aos mais variados nichos ecológicos
e a viver e se reproduzir em condições extremas onde outras espécies não sobreviveriam
nem por alguns minutos. Por essa resistência
a ambientes extremos, em alguns locais são o
único tipo de peixe existente.
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Há três tipos principais de ambientes aquáticos onde se encontram: os permanentes, os
semipermanentes e os temporários ou anuais.
Ambientes permanentes são riachos em
meio a florestas com água mole, ácida e com
matéria vegetal em decomposição que lhes dão
uma cor de chá. Nesses ambientes podemos
encontrar, na África, os Aphyosemion e Epyplatis. Nas Américas, os Rivulus.
Os peixes de riachos geralmente têm, como
os demais Killis, cores brilhantes e desovam
nas raízes ou pequenas folhas de plantas aquáticas. Normalmente a incubação leva de quinze
a vinte e cinco dias.
Ambientes semipermanentes são riachos
ou pequenos lagos que em época deseca diminuem muito o volume de suas águas, chegando
20
eventualmente a ficar apenas
com umidade no solo. Nesses
ambientes pode-se encontrar, na
África, os Fundulopanchax, que
desovam em raízes, de preferência junto ao fundo. Têm um
período de incubação de vinte
dias até cerca de quatro meses,
dependendo das condições, pois
na natureza esperaram a época
propícia para nascer e se desenvolverem.
Ambientes anuais são aqueles que anualmente passam por
um período de seca, geralmente desaparecendo toda a água.
É nessas condições adversas
que a natureza usou toda sua sabedoria para
criar formas de vida capazes de suportar tais
condições. No período das chuvas, quando
os pequenos lagos se enchem, os ovos dos
killis anuais incubados em meio ao substrato
do fundo eclodem emquestão de horas, jun-
tamente com o surgimento de pequenos organismos unicelulares que se alimentam das
plantas e outros materiais que começam a se
decompor. À medida que crescem, começam a
se alimentar das larvas de mosquitos que também desovam nessas poças, desempenhando
assim o papel de controlador natural das populações desses insetos. Têm um desenvolvimento acelerado e em quatro a seis semanas já
estão adultos e aptos à reprodução. Logo que
atingem a maturidade sexual já estão a depositar seus ovos no fundo da poça, pois logo
vem a seca e os peixes adultos morrem. No
entanto, a nova geração já está preservada no
substrato do lago, onde ficam de dois até nove
meses esperando a próxima estação chuvosa
para darem continuação a este fantástico ciclo
Revista Aqualon
da vida. Os peixes desse
grupo, além dessa fantástica estratégia de sobrevivência, são extremamente
coloridos. Na África temos
os Nothobranchius e nas
Américas as Cynolebias,
Simpsonichthys, Pterolebias, Pituna, Nematolebias, entre outros. Em algumas regiões do Brasil os
killis são conhecidos como
peixes das nuvens, pois, como eles aparecem em poças que ficaram
secas por meses a fio, a população acha que eles vêm juntos com as
gotas das chuvas.
Revista Aqualon
21
ERRATA
Por um erro de digitação, na edição
nº 1 da Revista Aqualon, citamos na página 9, no artigo O aquário plantado, “As
plantas necessitam, ainda, de luz adequada pra que, durante a fotossíntesse,
possam transformar o t em açúcares(...)”,
sendo o correto substituir o “t” por CO2.
EXPEDIENTE:
Seja um aquarista consciente:
* Não solte peixes, plantas ou qualquer outro animal aquático nos rios ou lagos. A soltura desses
animais pode causar impactos ambientais muito
sérios, prejudicando fauna e flora nativa!
* Não coloque juntas espécies de peixes de pH
diferentes. Certamente uma delas será prejudicada, podendo adquirir doenças e contaminar todo
o restante.
* Não superalimente os seus peixes, pois o ex- * Não inicie o hobby se não estiver disposto a discesso de alimento pode poluir a água do seu pensar os cuidados básicos que os peixes exigem.
aquário.
Com pouco tempo de dedicação obterá sucesso e
isto se transformará em lazer.
* Não compre rações vendidas em saquinhos
plásticos transparentes. A luz retira todas as vi- * Seja observador. É preciso conhecer o comportataminas e proteínas da ração. Estas também não mento dos habitantes de seu aquário para se antepossuem prazo de validade. Procure comprar ra- cipar aos problemas que possam surgir.
ções de boa qualidade que você notará a diferença na saúde de seus animais.
* Lembre-se: Peixes são seres vivos e não mercadorias que podem ser descartadas a qualquer mo* Não Superpovoe o aquário, pois o excesso de mento. Preserve a vida!
peixes debilitará todo o sistema de filtragem do
aquário, podendo levar seus peixes à morte.
* Finalizando, PESQUISE! Atualmente podemos
usar a internet como uma forte aliada para alcan* Não compre peixes que estejam em aquários çar um aquarismo saudável e consciente. Temos
que tenham peixes doentes ou mortos. Eles po- vários sites/fóruns que pregam a prática correta
dem transmitir doenças para todos os peixes que do aquarismo. Citaremos apenas alguns dos mais
você já possui em seu aquário.
confiáveis, em ordem alfabética:
* Não compre peixes por impulso. Pesquise antes www.aquahobby.com
a respeito da espécie. Muitas podem ser incom- www.aquaonline.com.br
patíveis com o seu aquário, seja por agressivida- www.forumaquario.com.br
de, parâmetros da água ou tamanho do aquário.
Revista Aqualon é uma publicação da Aqualon - Aquarismo em Londrina. Com distribuição gratuita, visa divulgar o aquarismo em todos os seus segmentos, desde
os aquários propriamente ditos até os aspectos ecológicos que o hobby abrange.
Editor: Rony Suzuki
Coordenação: Americo Guazzelli
Rony Suzuki
Projeto gráfico e diagramação: Evandro Romero
Rony Suzuki
Periodicidade: Trimestral
Tiragem: 2000 exemplares
Revisão: Americo Guazzelli
Fotografia: Rony Suzuki
Colaboraram nessa edição: Americo Guazzelli
Dennis Quaresma
Gleidson Magno
Leonardo Abreu
Rony Suzuki
Para anunciar na revista: [email protected]
(43) 3026 3273 - Rony Suzuki
Colaborações e sugestões: Somente através do e-mail: [email protected]
As matérias aqui publicadas são de inteira responsabilidade dos autores, não refletindo necessariamente a
opinião da Revista Aqualon. Não publicamos artigos
pagos, apenas os cedidos gratuitamente para desenvolver o aquarismo.
Permite-se a reprodução parcial ou total dos artigos e
outros materiais divulgados na revista desde que seja
solicitada sua utilização e mencionada a fonte.
A Revista Aqualon, poderá ser baixada gratuitamente
em arquivo PDF pela internet através dos sites:
www.aquahobby.com
www.aquamazon.com.br
www.aquaonline.com.br
www.forumaquario.com.br
www.xylema.net/

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