tinos lista domina

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tinos lista domina
Economia l Negócios l Tendências
Joinville, Janeiro / Fevereiro 2015
No17 l R$ 10
A solução que vem da parceria
Entidades empresariais apostam na multiplicação de
negócios via PPP para obras de infraestrutura. Em 11
anos, modelo já soma investimentos de R$ 34 bilhões
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revista
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Visão Acij
Como era de se esperar
Carlos Rodolfo Schneider, vice-presidente da Acij e coordenador do Movimento Brasil Eficiente (MBE)
Mais uma vez, veio a conta para pagar. Conta da irresponsabilidade
fiscal, do excesso de gastos e ineficiência da gestão pública, da corrupção, do desvirtuamento da função do poder público. Para continuar prestando sofríveis serviços à sociedade, o governo serviu-se
novamente do bolso do contribuinte. Avançamos mais um pouco na
dicotomia entre carga tributária de primeiro mundo, ou até acima, e
serviços públicos de terceiro.
O pacote fiscal (MPs 664 e 665) atacou algumas distorções visíveis
dos gastos correntes, mas trouxe mais impostos e contas. A partir de
agora, por exemplo, o INSS só pagará o auxílio-doença após 30 dias de
afastamento do trabalho, contra os 15 anteriores. O pretexto é fazer as
empresas investirem em saúde e segurança no trabalho. Na realidade,
a maioria já cuida da integridade dos seus funcionários, até porque
quadros qualificados são estratégicos. E aquelas que não o fazem, ou
apresentam risco elevado, já são penalizadas pelo Fator Acidentário de
Prevenção (FAP) e pelo RAT – Riscos Ambientais do Trabalho. O governo
está mandando um recado errado: aqueles que cumprem as suas obrigações devem pagar pelos que não cumprem. No fundo, é apenas mais
uma ação arrecadatória. E mais um ingrediente do Custo Brasil.
Devemos reconhecer o esforço para corrigir as distorções do seguro-desemprego, que vinha sendo um forte estímulo à rotatividade, à não-busca de emprego e à fraude. E, mais ainda, da pensão por morte. Consumindo R$ 140 bilhões por ano, mais de 3% do Produto Interno Bruto
(PIB), esse gasto é 3,5 vezes superior à média dos países da OCDE e 4,5
vezes maior que o das nações latino-americanas. Segundo o economista
Samuel Pessôa, do IBPE/FGV, países com pirâmide etária equivalente à
nossa gastam o equivalente a 0,5% do PIB. Se conseguíssemos, eliminando privilégios e excessos, chegar a esse patamar, poderíamos mais do que
dobrar o investimento público no país. Um detalhe permitiria resgatar a
qualidade dos serviços públicos e a nossa combalida infraestrutura. São
bandeiras que o Movimento Brasil Eficiente (MBE) vem defendendo há
um bom tempo – e que finalmente merecem alguma atenção do governo. As correções, mesmo tímidas, são um bom começo. Esperamos não
serem desvirtuadas por pressões setoriais.
revista
NESTA EDIÇÃO
6 Abre Aspas
A mágica gestão
do Circo Tihany
16 Objetos do desejo
Livros de primeira
em edições de luxo
20 Briefing
Novas tecnologias
em segurança virtual
28 Em números
Abertura de vagas
diminui em Joinville
30 Especial
Escolas técnicas
ampliam estrutura
38 Performance
Empreendedores
das artes plásticas
44 Negócios
A sigla que é um pacote
de oportunidades
50 Case
Marca joinvilense
cresce pelo Brasil
54 Espaço Acij
Núcleos setoriais
fazem balanço
Publicação bimestral da Associação Empresarial de Joinville (Acij)
Conselho editorial: Ana Carolina Bruske, Carolina Winter, Débora Palermo Melo, Diogo Haron, Simone Gehrke. Jornalista
responsável: Júlio Franco (reg.prof. 7352/RS). Produção: Mercado de Comunicação. Editor: Guilherme Diefenthaeler (reg.
prof. 6207/RS). Reportagem: Letícia Caroline, Ana Ribas Diefenthaeler, Marcela Güther, Karoline Lopes, Mayara Pabst. Diagramação, ilustrações e infográficos: Fábio Abreu. Fotografia: Peninha Machado, assessorias de imprensa. Impressão: Impressora Mayer. Tiragem: 3,5 mil exemplares. Contato: [email protected]. Publicidade: César Bueno,
(47) 9967-2587 e 3801-4897. Correspondência: Av. Aluisio Pires Condeixa, 2550 - Joinville/SC. Site: www.acij.com.br. Twitter:
twitter.com/acij. Facebook: www.facebook.com/acijjoinville
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revista
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Abre aspas
A gestão vai ao circo
Diretor do Tihany
revela desafios de
administrar um
empreendimento
cultural que é
referência no setor
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Guilherme Diefenthaeler
Na missão de conduzir uma empresa em tempos de instabilidade econômica, muito executivo bem que
gostaria de alguns toques de magia. Pois o argentino Richard Massone, 63 anos, reúne os talentos de ilusionista e administrador, exercendo
as duas funções à frente do Circo
Tihany, o maior circo da América
Latina. Cabe a ele a gestão de uma
companhia com 140 funcionários
– 60 são artistas, de 25 nacionalidades – e seis décadas de história, fundada no interior de São Paulo pelo
imigrante húngaro Franz Czeisler,
que veio para o Brasil no início dos
anos 1950, fugindo do nazismo.
O Tihany, que ganhou esse nome
em homenagem à cidade-natal de
Czeisler, foi o primeiro do mundo a
não utilizar animais e a substituir o
tradicional picadeiro por um palco.
Richard Massone, em ação
como ilusionista: empresa
itinerante, com 140 funcionários
DIVULGAÇÃO
Hoje com sede em Las Vegas,
nos Estados Unidos, o circo está
para encerrar a turnê brasileira do
espetáculo intitulado “AbraKdabra”, que começou em 2010 e
alcançou público de mais de 2
milhões de pessoas, em uma iniciativa dedicada a revitalizar o circo como espaço cultural. O projeto
tem aval do Ministério da Cultura e
patrocínio da Sky, operadora de TV
por assinatura.
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revista
Na passagem da turnê por
Joinville, o diretor conversou com
a Revista 21 sobre o desafio de gerenciar um circo de renome internacional e revelou que, quando
bate o estresse de tanto lidar com
números, gosta mesmo é de subir
no palco e fazer mágica. Massone,
que responde pela companhia há
cerca de dez anos, sucedeu o próprio fundador no comando do empreendimento.
Como funciona o negócio
Tihany?
Historicamente, o Circo Tihany foi
uma empresa com estrutura piramidal. Isso até mais ou menos dez
anos atrás, quando o fundador, já
com idade avançada, decidiu se
afastar da batuta. Durante alguns
anos, ele preparou sua sucessão, intensificando um novo sistema, um
pouco mais aberto, com diferentes
áreas de comando e um líder que
dá a última palavra, orienta, para
manter as coisas amarradas e em
ordem. Tudo para que pudesse se
aposentar. A gestão deixaria de ser
piramidal, com as decisões sob a
responsabilidade do fundador. Aí
é que eu entrei em ação, após 35
anos de empresa: fui contratado
originalmente para substituir “Mr.
Tihany”, que também atuou como
mágico. Entrei na companhia co­
mo ilusionista. Como muitas vezes ele tinha que viajar, precisava
de um mágico para se apresentar
em seu lugar, porque a essência do
espetáculo, no Tihany, sempre foi o
ilusionismo. Passado algum tempo, pela minha curiosidade – sempre fui muito inquieto, ambicioso,
no bom sentido da palavra, atento
em acompanhar como funcionava o negócio, não apenas na parte
artística –, comecei a me envolver
com ele e aprendi a profissão circense, além da magia. Continua­
mos por vários anos comparti-
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lhando a coordenação até que, há
dez anos, assumi a direção executiva, que é um termo um pouco
grande, eu considero, porque real­
mente o circo está formado por
uma equipe de diretores, chefes
de área – aqui tem administrador,
gerente de operações, relações
públicas, chefe de manutenção,
mecânica, enfim. Está organizado
em setores que, de outra maneira,
seria impossível, pelo tamanho do
circo: são 140 funcionários, entre
artistas e técnicos. E, para coordenar, e garantir que tudo esteja em
seu lugar, e que as coisas funcionem 99%, temos que fazer dessa
maneira. Assim é que funciona em
termos de execução operativa.
Ele decidiu abrir mão do
comando por causa da idade?
Exatamente. Hoje, ele tem 99 anos.
Perto dos 90, quis se afastar. Não
se envolve mais com as atividades,
com o dia a dia, mas o circo continua sendo seu filho, sua vida. E
segue perguntando, pesquisando
como estão as coisas, sem se meter na parte operacional.
Foi a primeira mudança de gestão
que ocorreu?
Sim, a única. O fundador tinha descendentes, mas nenhum que tivesse o gosto e o prazer de continuar
o legado dele – algo que conseguiu
comigo. Esse circo, pelas características que tem, é complicado
para outros profissionais. Muitos
empresários circenses usam nossa estrutura e organização como
parâmetros. E, ao mesmo tempo,
somos admirados pela organização: nosso modelo é grande para
outros circos. Somos referencial no
mundo circense, falando dos circos
tradicionais. Ao lado do Cirque Du
Soleil e do Circo Buglione, da Europa, são três circos com diferentes
estilos, mas estruturalmente, em
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nível organizativo e de shows, no
mesmo patamar.
Como o sr. se sentiu ante o
desafio de suceder o fundador?
Teve que fazer muita “magia”
para encarar esse desafio?
Realmente, foi um desafio, mas
tudo se deu muito naturalmente,
porque fui pouco a pouco assumindo a função, lidando com os
problemas operacionais etc. Na
parte artística, a administração
era mais fácil de levar. O problema
é a parte estrutural, logística, que é
mais difícil mesmo, especialmente
com um circo deste tamanho, que
mexe com tantos materiais, necessita de uma superfície tão grande
e tantas pessoas na equipe. Temos
a obrigação de não só dar trabalho, mas casa para os funcionários.
A grande diferença em relação a
outras empresas é que a gente
“monta a empresa” em cada cidade, e depois tem que desmontar,
e montar de novo, tudo em um
período de tempo curto. Sempre
começando de novo. É o que faz
dessa profissão um bicho raro de
se levar para frente.
Como o sr. se divide entre as duas
atividades, de mágico e gestor?
A parte administrativa absorveu
muito da artística. Primeiro, porque está dominada pelos anos de
experiência e pela rotina – sem
desmerecer a qualidade, o profissionalismo, a arte. E a parte organizacional não é nada rotineira:
são sempre novos problemas. Para
conciliar as duas, quando estou
saturado da administração, gosto
de fazer magia, é a minha terapia.
Subo no palco, por 30, 40 minutos,
com o público – sempre a magia foi minha paixão, meu hobby,
minha profissão. Adoro mágica,
adoro o palco, mas às vezes não tenho tempo. Faço meu tempo, não
necessariamente por necessidade
histriônica, mas de saúde, porque
tenho que relaxar um pouco. A
vantagem é que a atividade artística geralmente se dá fora dos horários normais de questões administrativas. Mas isso deixa uma conta:
quando acaba uma atividade, tem
que começar a outra. É uma espécie de jornada dupla. Mas a segunda jornada não é tão estressante
quanto a primeira.
O sr. falou deste aspecto itinerante
do circo. Mas existe uma matriz da
empresa? Onde fica?
Sim, funciona em Las Vegas. O
Tihany é, hoje, uma corporação
norte-americana que viaja por toda
a América Latina. Nosso território
de negócios vai desde a América do
Norte até a América do Sul, passando pela América Central e Caribe.
Originalmente, o circo surgiu no
Brasil, foi criado em uma cidade do
Estado de São Paulo. Após 15 ou 20
anos de sucesso, começou a viajar
pela América, chegou aos Estados
Unidos e lá se instalou, com seus
escritórios, galpões para guardar
materiais. É aonde a gente vai quando termina uma turnê – que dura
de dez a quinze anos, não voltamos
muito seguidamente. No início, a
sede funcionava na Flórida, e há uns
dez anos se transferiu para Las Vegas. Essa estrutura serve também
para guardar os materiais ou preparar o show seguinte. O Tihany não
tem férias. É um dos poucos circos
que não param nenhum dia do ano.
Não quer dizer que os funcionários
não tenham férias, claro; todos têm,
escalonadas. Mas o circo, não. Isso
transforma Las Vegas em uma espécie de sede virtual. Na verdade, o
escritório viaja junto com o circo.
O circo nasceu em São Paulo...
Sim, foi em Jacareí. O fundador é
Franz Czeisler, húngaro-judeu. Nos
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revista
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O mágico-diretor, com artistas, em um dos pontos altos do espetáculo “AbraKdabra”: turnê pelo Brasil
anos 1950, ele viaja para o Uruguai
e, depois, para o Brasil, com seu
show de magia e uma pequena
companhia de três ou quatro pessoas – um cômico, uma cantora,
malabaristas. Colegas que haviam
fugido da Europa no pós-guerra,
que enfrentavam problemas com
os nazistas por ser judeus. Quando chegam a São Paulo, não encontram espaço para trabalhar.
De casualidade, Czeisler consegue
fazer seu ato de magia no famoso
Circo Garcia, por um ano, mais ou
menos. Sai de lá com intenções de
se tornar independente e montar
seu próprio espetáculo, mas também não encontra espaço. Os dias
passam, o dinheiro acaba. Ele está
em São Paulo, caminhando pelo
Parque Dom Pedro. Vê uma lona
pequena, do tamanho do lobby do
nosso circo, hoje. Era um teatro de
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marionetes. Um “palquinho” lá no
fundo, umas dez pessoas no público. Acaba convencendo o dono a
vender a “loninha”. Assina quatro
ou cinco duplicatas. Ele já tinha
cortinas e alguns elementos de
cenário. Coloca um palco maior e o
primeiro nome do circo: “Tihany, o
Rei dos Ladrões”. Grande marqueteiro. Por que “rei dos ladrões”? Ele
fazia um show de magia chamado
pick-pocket. Dos bolsos do público, tirava carteiras, tirava o cinto,
a gravata, documentos, óculos, até
as meias, em uma paródia muito
bonita. Com seu jogo, as pessoas
não percebiam. Claro que devolvia
no final. Não encontrou melhor
slogan. Um sucesso. Fica dois ou
três meses no Parque Dom Pedro.
Paga todas as duplicatas e logo
vê que o caminho era o de um espetáculo mágico dentro do circo.
Manda fazer uma lona maior, prepara um circo maior, traz bailarinas da Europa, forma uma companhia, e escolhe Jacareí para afinar
seu show. A partir dali, a história
de Tihany caminha a 300 quilômetros por hora. Sucesso atrás
de sucesso, faz-se muito grande e
importante, percorre todo o Brasil
com um show totalmente diferente dos tradicionais, sem picadeiro
e sem animais. Era uma estrutura de anfiteatro. Aí, o Brasil ficou
pequeno, começou a viajar pelos
países limítrofes, e foi quando eu o
conheci. Era 1963, ele veio à minha
cidade, Rosário. Eu era apaixonado
pela mágica e meu avô me levou
para ver o espetáculo. Quando o vi,
disse que queria ser mágico, como
ele. Meu avô me apresentou para
ele, que foi muito simpático, com
um carisma incrível. Ele é uma
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revista
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pessoa muito especial, por isso
conseguiu chegar aonde chegou.
O circo foi embora, segui crescendo e estudando. Só entrei no
Tihany nos anos 1980.
Voltando à questão empresarial,
gostaria que o sr. me explicasse
como funciona o recrutamento e
seleção de profissionais e artistas
para o circo, além da retenção
dessas pessoas.
Logicamente, onde se vão conseguir pessoas para trabalhar em
um circo senão em outros circos?
Existem festivais de circo no mundo inteiro: em Moscou, Monte Carlo, Budapeste, Espanha. Visitamos
vários deles, às vezes vejo até dois
festivais por ano. Nos festivais, vai
sempre o melhor de cada circo,
apresentam-se os melhores atores
circenses do ano. E nos abastecemos artisticamente desses lugares. Também por meio da internet,
muitos artistas postam seus currículos, vídeos de seus atos, o que
facilita muito as escolhas. Temos a
possibilidade de assistir aos números sem viajar tanto. Todos os nossos artistas são contratados em
festivais de circo – o que significa
que todos são profissionais e premiados, que já trazem uma qualificação adequada ao nosso espetáculo. Um circo internacional tem
que ir atrás de artistas internacionais. Em nível técnico, fazemos
pesquisas em outros circos e com a
oferta também, mas normalmente
vamos a outros circos e, se temos
interesse em um profissional em
especial, fazemos uma proposta. O
mesmo sucede no sentido inverso.
Mas somos o “número 1” da América Latina, somos o mais importante circo de todo o continente, fora
dos Estados Unidos, em termos de
tamanho e importância. Daí que é
raro tirarem nossos profissionais
para outros circos, porque nosso
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nível de contratação e salário é difícil de bater.
Existe alguma formalidade neste
processo, como uma entrevista de
emprego?
Sem dúvida. Tem que haver um
mútuo acordo para ser contratado ou contratar. Mas nosso circo é
um referencial, como falei. Nosso
nome é muito respeitado no meio
circense. E há uma relação de camaradagem. Jamais contratamos
alguém “por fora”, roubando o profissional. Sempre falamos primeiro
com o diretor do circo, dizendo que
precisamos de uma pessoa com
determinado perfil. Se ele alega
que não pode abrir mão daquele
profissional, não vamos em frente.
A pesquisa com o dono também
ajuda a avaliar como é o funcionário. Na etapa seguinte, falamos
com ele. Ninguém diz que não.
Todo mundo tem como ápice da
carreira trabalhar no Tihany.
E como se dá a carreira no Tihany?
Como é a expectativa de ascensão
desses profissionais?
Depende das atitudes, de cada
pessoa. Tem pessoas que entraram
como empregados de limpeza e
hoje são capatazes, montam a tenda e assumem responsabilidades.
Existem oportunidades de crescer.
Entrei como mágico e hoje sou
diretor. Tudo depende das qualidades, dos desejos de progredir de
cada um, e das atitudes, para que
se possa ir para a frente. Normalmente, na parte artística, os artistas entram com o ato que realizam.
Chegam aqui já premiados, no alto
nível de aperfeiçoamento, não há
outro degrau. É difícil que ocorram
casos como o meu: o artista leva
outro estilo de vida, é dedicado à
arte, ao seu corpo, não tem curiosidade para nada disso que envolve a
atividade administrativa.
Como fazem a escolha de um
novo local para compor uma
turnê?
Temos uma ideia inicial. Logicamente, esse tipo de espetáculo exige uma turnê organizada. Quando
decidimos vir ao Brasil, montamos
um roteiro de 18 cidades. Não é
possível respeitar os tempos ao pé
da letra, mas há uma ordem lógica da geografia, começando pelo
Norte e chegando ao Sul, ou vice-versa. Primeiro, é feito um estudo
de mercado. A preocupação inicial
é a quantidade de habitantes de
cada lugar. A segunda, o PIB, a força
laboral, qual a base econômica da
cidade, se é industrial ou um mix,
por exemplo. Escolhemos inicialmente as capitais e as maiores cidades de cada Estado, as que têm
força econômica importante. A
primeira visita a Joinville foi feita
cerca de meio ano antes da estreia.
Pesquisamos a cidade, terrenos
disponíveis. Nesse momento, ainda não se contratam as pessoas,
porque o período de nossa estadia
é variável. Depende do público, não
existe uma fórmula matemática
para isso. É o mistério do show-biz:
nunca se sabe se irá bem ou não.
Não sabemos detectar aonde realmente está o sucesso ou o fracasso.
São muitas as variáveis.
Outros paralelos do circo com
a estrutura empresarial dizem
respeito à logística e aos cuidados
com a segurança. Como isso
funciona no Tihany?
Estamos muito bem estruturados.
Somos autossuficientes em energia elétrica, contratamos segurança particular, o circo está bem cuidado, nunca há um espaço aberto:
temos 500 metros de cerca de aço
inoxidável que, perimetralmente,
demarcam um limite em termos
de segurança. Temos reservatório
de água próprio e, com um siste-
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revista
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ma hidropneumático, abastece
todos os nossos trailers, usando
cisternas de 5 mil litros cada. Geralmente, não usamos água das
cidades. Essa autonomia é importante. Também em energia elétrica, temos quatro geradores de 350
e 550 kva. Um deles opera 24 horas
por dia. Consumimos por volta de
15 mil litros de diesel por semana.
É uma logística bastante cara. No
circo, moram cerca de 70 pessoas.
Artistas e gerentes administrativos moram em hotel, ocupando
cerca de 44 apartamentos. Aqui é
como um pequeno condomínio.
As refeições são independentes.
Temos um refeitório que atende nos horários de almoço, mas é
opcional. Além da segurança particular, contratamos permanente-
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mente ambulância, paramédicos,
os bombeiros estão presentes.
Nosso circo tem instalações que
são exemplo em termos de segurança e acessibilidade. Existem
nove acessos do público que também funcionam como saídas de
emergência. Difícil encontrar um
circo com essa condição. A altura
dos degraus é de acordo com a regulamentação, rampas de acesso
sem travas, temos um espaço de
um metro a cada três fileiras. Nos
circos-teatro, em geral, há uma fileira atrás da outra. Tiramos uma
fileira a cada três, criando espaços,
o que facilita o movimento dentro
do circo. Reduzimos o espaço para
o público, de 2.500 para 1.800 pessoas, mas aumentamos o conforto
e a segurança. Tiramos mais de
600 lugares. Poderíamos trabalhar com 2.500, regulamentados,
mas preferimos reduzir. E também
a segurança para os artistas, toda
a parte mecânica, dos aparelhos,
ao ponto de que as ocorrências
de acidentes são mínimas. Pode
alguém virar um pé, por exemplo,
mas há sempre um fisioterapeuta
que dá atendimento imediato.
O circo tem benefício da Lei
Rouanet, no Brasil. Como o sr. vê o
incentivo a projetos culturais no
Brasil?
É muito válido. Mundialmente, o
circo tem apoio, porque necessita.
Mas não existem locais adequados para a instalação de circos.
Excepcionalmente, esse terreno
de Joinville está bem preparado,
mas geralmente temos que resolver até a terraplenagem. Há muitas complicações para as permissões. O circo não recebe apoio no
Brasil. Está estigmatizado, não é
visto como cultural. Com a Lei de
Incentivo, passou a se sociabilizar,
permitiu-se o acesso, ajudando o
circo. A lei garantiu maior acessibilidade do público porque ajudou
o circo nos seus custos. Mas tudo
é muito subjetivo, já que a lei não
te dá o dinheiro, e é muito difícil
buscar patrocinadores. Não há
uma cultura de apoio ao circo. Os
patrocinadores preferem um show
de um cantor famoso, por exemplo.
Nós temos apoio, porque o nosso
é um circo grande. A intenção do
Ministério da Cultura é boa, mas
terminou aí. E exige uma contra-
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revista
partida que prejudica o público.
A lei obriga a oferecer a famosa
meia-entrada. O que acontece? A
se julgar pelo número de pessoas
que usam meia-entrada, o Brasil
deve ser o país mais culto e educado do mundo, porque parece que
todo mundo estuda. Aqui vêm pais
de família, e famílias inteiras com
carteira de estudante. Essa lei facilitou a armação e os ingressos subiram, para compensar o número
excessivo de meias-entradas, que
desbalançaram qualquer projeção de custos. Assim, o justo paga
pelo pecador, o que é honesto paga
30% mais do que deveria porque
60% do público paga meia. Historicamente, quem deveria pagar
meia é a criança, como em outros
países. Às vezes, são aposentados
e crianças. Mas aqui é aposentado,
criança, bombeiro, doador, militar,
professor, estudante, idoso etc. Às
vezes, chega a 65% do público. E é
cada vez maior essa proporção. Daqui, vamos ao Uruguai. Lá, o preço
do ingresso vai cair 20% em dólar,
porque não tem meia-entrada. No
Brasil, custa um número muito
maior de ingressos para manter o
circo. A lei encareceu os espetáculos. Temos patrocínio do Cielo, teve
Correios também (mas fora da lei
de incentivo), Sky (o único que temos agora). Também há uma contrapartida de 10% da capacidade
para ingressos gratuitos, para entidades sociais. Mas isso faríamos
com ou sem lei, como uma forma
de devolver à cidadania o que temos recebido.
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Objetos do desejo
EDIÇÕES DE LUXO
NEUROMANCER
Edição comemorativa de 30 anos
William Gibson
No futuro, existe a matrix: uma alucinação coletiva virtual, na qual todos
se conectam para saber tudo sobre
tudo. Case, porém, foi banido e sobrevive nos subúrbios de Tóquio até que
um dia encontra Molly, uma samurai das ruas que o convoca para uma
missão da qual depende toda a existência da rede. O romance é o primeiro volume da “Trilogia do Sprawl”, que
ainda inclui os livros “Count Zero” e
“Mona Lisa Overdrive”.
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Editora Aleph
editoraaleph.com.br
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A edição comemorativa de 30 anos contém extras como
prefácio do autor escrito especialmente para o público
brasileiro, três contos inéditos no Brasil e ambientados
no universo “Sprawl”: “Johnny Mnemônico”, “Hotel
New Rose” e “Queimando Cromo” (os contos trazem
personagens e eventos presentes no livro) e uma
entrevista de Gibson concedida ao escritor e crítico
literário Larry McCaffery
A edição especial vem com
capa dura, selo dourado
em hot stamp e mapa/
pôster exclusivo
O livro tem 556 páginas
e ilustrações em cada
capítulo
OS GOONIES
A ORIGEM DAS ESPÉCIES
A história de “Os Goonies”, clássico filme infanto-juvenil dirigido por Steven Spielberg nos anos 80, foi
adaptada para livro por James Kahn. Crianças que, às
vésperas de ser despejadas de seus lares, seguem em
busca de um tesouro escondido, em uma fantástica
história de amizade.
Considerado como um dos mais inovadores e desafiantes tratados biológicos já escritos, “A Origem das
Espécies”, de Charlie Darwin, trata dos processos evolutivos por meio de uma abordagem diferente que,
em seu lançamento, em 1859, chocou grande parte do
mundo ocidental. A edição especial vem com ilustrações em cada capítulo e o prefácio é de Nélio Bizzo.
R$ 60
DarkSide Books
darksidebooks.com.br
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Martin Claret
martinclaret.com.br
Edição comemorativa de 30 anos
James Kahn
16
Charles Darwin
DAVID BOWIE
É o primeiro livro
produzido com acesso
irrestrito ao “The David
Bowie Archive”, o arquivo
pessoal do artista, com
letras originais, trajes de
espetáculos, materiais,
fotos e objetos
Vários autores
“David Bowie” é publicado por ocasião da exposição
homônima, montada originalmente no Victoria and
Albert Museum, em Londres, em 2013, e reapresentada no ano seguinte no Museu da Imagem e do Som,
em São Paulo. O livro traça a carreira do artista desde
a juventude, suas influências e decisões, as descobertas durante as gravações dos primeiros álbuns, até se
tornar figura mundialmente aclamada. A edição traz
textos dos curadores do Victoria and Albert Museum
sobre a influência de Bowie no mundo da moda,
além de ensaios sobre música, cinema, a questão do
gênero, entre outros aspectos.
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editora.cosacnaify.com.br
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O MASSACRE DA SERRA ELÉTRICA
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Dirigido por Tobe Hooper, o cultuado “O Massacre da Serra Elétrica”, de 1974,
marcou o inconsciente coletivo com seu serial-killer mascarado. Escrito pelo
músico e escritor Stefan Jaworzyn, um fã do assunto, o livro reúne histórias
dos bastidores dos filmes da série, perfis do diretor e do psicopata que inspirou o longa, críticas da época, além dos relatórios que recomendavam a censura do filme.
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darksidebooks.com.br
A obra é ilustrada
com fotografias
raras e inéditas da
filmagem, além de
cartazes do longa
feitos mundo afora
Neil Gaiman criou uma das séries mais revolucionárias e inovadoras dos quadrinhos contemporâneos. Mesclando mitologias
modernas e fantasia sombria,
além de acrescentar elementos
atuais, históricos e míticos, Sandman foi considerada uma das
séries mais artisticamente ambiciosas dos quadrinhos. A história
tem como um dos personagens
principais o Morfeus, responsável pelo “Mundo dos Sonhos”,
que passou diversas décadas
trancafiado, deixando os sonhadores desamparados. A série, em
quatro volumes, revela como ele
se libertou e como foi capaz de se
adaptar ao mundo após tantos
anos de ausência. Os volumes
têm formatos diferenciados (18,5
por 27,5 cm), totalmente recoloridos (com cores aprovadas pelo
próprio autor) e extras.
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Panini Comics
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DICAS PARA ESTA SEÇÃO, ESCREVA PARA [email protected]
17
revista
17
Painel
TENHO DITO
ACIJ NA MÍDIA
“O Brasil tem três grandes
tarefas: a contenção do gasto
público, o aumento nos
investimentos e o início das
reformas. Se o governo, já
no primeiro ano, se mostrar
disponível para isso, os
empresários darão seu voto
de confiança.”
Notícias do Dia, 12/12/2014
“Para o presidente da Acij, João
Martinelli, a construção de um
terminal alfandegário e logístico em Joinville permitiria que
boa parte das mercadorias produzidas na cidade fosse desembaraçada no município, ou seja,
a produção de Joinville seria exportada pela própria cidade, ao
invés de ser destinada a Itajaí e
outros portos.”
Marcelo Hack
PRESIDENTE DO PERINI BUSINESS PARK
“A velocidade e os benefícios
dessas modernidades, a curto
prazo, têm gerado perda de
valores antes inquestionáveis,
como atitudes de respeito ao
próximo, ao meio ambiente e
ao patrimônio público.”
Moacir Borgo
EMPRESÁRIO
ROBERTO STUCKERT FILHO/ PR
A Notícia, Jefferson Saavedra,
23/12/2014
“O presidente da Acij alega ainda
não entender os motivos que levaram o governo do Estado a não
escolher ninguém de Joinville
para o secretariado e só ter Cleverson Siewert no considerado primeiro escalão, logo em momento
que a cidade ‘trabalhou bastante’
pela maior representatividade.”
A Notícia, 16/12/2014
“Uma pesquisa feita pelo Núcleo
de Imobiliárias da Associação Empresarial de Joinville (Acij) e divulgada neste mês mostra o perfil
dos compradores de imóveis na
cidade. A maior parte – 82% – tem
“A educação tem grande
poder de transformação
e confere, sobretudo,
dignidade aos que a
ela têm acesso. Este é
o melhor legado que
podemos deixar às
futuras gerações.”
Glauco José Côrte
PRESIDENTE DA FIESC
18
“Gostei muito da reportagem ‘O
cardápio das franquias de alimentos’. Grato pela atenção e profissionalismo da equipe da Revista 21.”
Guilherme Batista, diretor
executivo da Takeo Pastéis
“Quero agradecer o espaço que a
Revista 21 proporcionou para divulgar a Industrial Supply South
America – Feira Internacional da
Indústria Automotiva. Convidamos a comunidade empresarial
entre 18 e 35 anos. E, deste total,
68% ainda estão procurando seu
primeiro imóvel. ”
Noticenter, 16/12/2014
“Para encerrar mais um ano de
muitas atividades, os quatro grupos do Gestão Compartilhada da
Associação Empresarial de Joinville (Acij) receberam os seus participantes e convidados para o almoço
de confraternização de encerramento de 2014 com a palestra especial de Milton Hobus que compartilhou a sua trajetória pessoal,
profissional e política.”
Notícias do Dia, 24/01/2015
“Para o presidente da Acij, os números do emprego são o reflexo
de um cenário em transformação.
Atualmente, segundo o IBGE, 55%
da economia da cidade é movimentada pelo comércio e serviços.
‘A verdade é que a própria indústria mudou o seu foco, mantendo
nos seus quadros apenas os colaboradores diretamente relacionados ao produto, no processo produtivo ou na venda, optando por
terceirizar as demais atividades’,
explica Martinelli.”
de Joinville e região a participar
da primeira edição da feira, que
ocorrerá de 15 a 17 de setembro,
na Expoville.”
Valério Regente, diretor da
Hannover Fairs Sulamérica/
Deutsche Messe
“Ser associado de uma entidade
como a Acij traz visibilidade para
a empresa no mercado, pois a associação é uma marca forte, além
de integrar variados serviços que
CURSOS & EVENTOS
23 de fevereiro
Workshop Planejamento de
Carreira
Sustentare, Joinville
(47) 3026-4950
23 a 25 de fevereiro
Curso: Técnicas e Práticas de
Vendas que Geram Resultados
Acij, Joinville
(47) 3461-3344 ou
[email protected]
24 e 25 de fevereiro
Curso: Metodologia de Solução
de Problemas – PDCA
Acij, Joinville
(47) 3461-3344 ou
[email protected]
PORTFÓLIO
A artista convidada para esta edição é Sonia Rosa. Ela apresenta a obra
“Joinville, construções antigas”, que retrata alguns símbolos da cidade: a Catedral, a Casa dos Padres, a Malharia Arp, o Hospital São José e o
Mercado Municipal. A temática presente no trabalho de Sonia remete
à infância e às brincadeiras de outras gerações. “Há 10 anos, eu pesquiso e acumulo objetos. Meu projeto mais importante é a montagem de
um Museu do Brinquedo. Tenho uma grande coleção e aceito doações
de quem quiser contribuir”, relata a artista. Para mais informações,
entre em contato pelo telefone (47) 9126-9417 ou pelo e-mail [email protected].
uma empresa sozinha não poderia
incorporar.”
Alexsandra Deonizi Siqueira,
analista financeira da Libra Rótulos
e Etiquetas
“Para a Feuser, estar associada à
Acij é, entre outras coisas, transmitir confiança aos nossos clientes,
pois aproximamos nossa marca de
uma entidade com prestígio e um
histórico importante de realizações em Joinville e região. Para nós,
19
revista
como empreendedores, demonstra
que acreditamos no associativismo
como forma de evoluir nossa empresa, nosso segmento de atuação
e a comunidade em geral. O trabalho da Acij é muito importante,
proporciona uma grande rede de
relacionamentos que gera negócios e conhecimento para todos os
envolvidos. Muito mais chances do
que fazer o trabalho todo sozinho.”
Braulio Feuser Junior, gerente
comercial da Feuser
15 de abril
4º Meeting Comex
Núcleo de Comércio Exterior
Acij, Joinville
(47) 3461-3344
16 a 20 de março
Workshop Empretec
Acij, Joinville
(47) 3461-3344 ou
[email protected]
10 a 20 de abril
Feira do Livro de Joinville
Centreventos Cau Hansen
feiradolivrojoinville.com.br
15 de maio a 12 de julho
Bienal Brasileira de Design 2015
Fiesc, Florianópolis
bienalbrasileiradedesign.
com.br/(48) 3665-4873 ou
[email protected]
19
Briefing
DIVULGAÇÃO
Antivírus e firewalls básicos não bastam para conter hackers
MUNDO VIRTUAL
Novas tecnologias auxiliam
na proteção de dados e
informações empresariais
Problema cada vez mais grave entre empresas dos mais variados portes, o
vazamento de informações confidenciais gera enormes dores de cabeça. Recentemente, um escândalo envolveu a Sony, que teve mais de 33 mil documentos hackeados – entre eles, e-mails expondo celebridades de Hollywood.
Os dados para a imagem são imensuráveis. Financeiramente, calcula-se
que a marca levou prejuízo de nada menos que US$ 100 milhões. Antivírus
e firewalls simples já não bastam para conter os “piratas da internet”. Nesse
contexto, segurança de dados e informações virou preocupação elementar.
Kent Johann Modes, especialista em Segurança da Informação na Teltec
Solutions, de Florianópolis, explica que os riscos podem ser letais para uma
empresa que não se protege. Além de perdas milionárias que vazamentos de
informações confidenciais ou vírus danosos ao banco de dados podem trazer, é preciso levar em conta a imagem da empresa perante clientes e acionistas. “A segurança da informação é obtida com sucesso por meio da combinação de pessoas, processos e equipamentos. No ambiente da internet, com
novas tecnologias surgindo a todo instante, é essencial que esse conjunto
esteja sempre atualizado”, ressalta.
Uma das principais novidades nesse campo é o “Firewall de próxima
geração”, constituído por equipamentos capazes de realizar inspeções mais
profundas, envolvendo aplicações. A primeira geração de firewalls – que
20
checam e filtram o fluxo de dados
– é restrita: bloqueia apenas portas
e protocolos. Só no protocolo TCP/IP,
que faz a comunicação entre computadores em rede, abrem-se mais
de 65 mil portas. Com os avanços da
área, são comuns vírus e malwares
(software que se infiltra de forma
ilícita no computador) que procuram as portas para se instalar e
destruir um sistema. Os firewalls de
próxima geração bloqueiam aplicações e usuários, protegendo contra
ameaças conhecidas e desconhecidas, à medida que facilitam o gerenciamento do acesso. Para Kent Modes, também é preciso ficar atento
aos dispositivos móveis. Com sua
ascensão explosiva, é possível que
em pouco tempo se tornem os principais vetores de malwares. A nova
tecnologia auxilia ao identificar
cada usuário da rede, não importa o
dispositivo que esteja usando, localização ou endereço IP.
Por ter informações públicas,
a Passebus, de Joinville, procurou
a Teltec para melhorar sua segurança. Uma falha poderia levar à
interrupção nos sistemas, o que
impactaria a população que utiliza o transporte coletivo. Com a
ferramenta Firewall WatchGuard
(Cisco), a empresa otimizou a rede,
por meio de acessos restritos e
usuários utilizando somente os recursos relacionados à sua atuação.
A maior parte das mensagens categorizadas como spam é filtrada
antes de entrar na rede e o equipamento fornece mais uma barreira
para o vírus, com o antivírus instalado nele mesmo. De acordo com o
gerente Aluísio Harger, a mudança
foi motivada pela busca de uma
gestão mais eficiente, sobretudo
do tráfego na internet. “A solução
anterior era lenta e formava gargalos. Como prestamos um serviço
público, precisamos garantir qualidade e eficácia”, destaca.
DIVULGAÇÃO
INOVAÇÃO
OpenTech
lança “jogos
sérios” para
motivar equipes
A indústria da tecnologia tem usado
cada vez mais ferramentas atreladas ao entretenimento para dinamizar a transmissão de informações e o
aprendizado. São os chamados jogos
sérios. Nessa área, a gamificação –
que consiste em usar elementos da
estrutura de jogos para algo além da
mera diversão – tem se destacado.
Segundo pesquisa divulgada pela
M2 Intelligence, a gamificação movimentou US$ 450 milhões em 2013
e deve chegar aos US$ 5,5 bilhões
em 2018. A joinvilense OpenTech se
consolida como a primeira empresa
brasileira do setor de transportes a
investir nesse ramo.
Por meio da análise comportamental do processo e da equipe, os
gestores chegaram à conclusão de
que, para aprimorar o clima organizacional e aumentar o comprometimento dos times, a gamificação
seria o caminho ideal. Assim, há
seis meses, a OpenTech mantém
sete profissionais da área de inovação dedicados exclusivamente
ao projeto. No jogo, os funcionários
são levados a explorar aptidões, ao
mesmo tempo em que despertam
a criatividade e têm acesso a mais
informações sobre os processos
internos da empresa. São previstas recompensas e bonificações de
acordo com as metas atingidas e a
realização de tarefas.
O projeto-piloto foi implantado no departamento de logística. A
meta é que até o final do primeiro
trimestre todas as áreas estejam
integradas ao novo modelo de tra-
21
revista
Tela de um dos jogos da empresa: ganho de 20% em produtividade
balho. “Nos primeiros testes, já estimamos um ganho de 20% na produtividade. Após a consolidação no
processo logístico, o projeto deverá
ser implantado no setor de gerenciamento de risco”, revela André Luiz
Bachmann, diretor de implantação e
infraestrutura de tecnologia da informação.
Para Eliezer Tarso, analista de ne-
gócio da OpenTech, além de trazer
benefícios ao ambiente corporativo,
a ferramenta qualifica o atendimento oferecido aos clientes. “Teremos
um time mais motivado e engajado,
trabalhando com mais assertividade
e comprometimento, mas os ganhos
não são apenas internos. Os reflexos
positivos serão percebidos também
pelo mercado”, comenta.
21
DIVULGAÇÃO
Gláucia abandonou a engenharia para se tornar parapsicóloga
VIDA
A profissionalização
do mercado místico
A procura pela verdade espiritual, que caracteriza o misticismo, aponta para
um mercado nada oculto, como o assunto pode parecer. Nos últimos anos,
com a popularização da internet e o surgimento de serviços, gurus e publicações especializadas no mundo místico, o campo se tornou promissor para
profissionais. “A cada ano, mais pessoas se interessam pelos estudos da física
quântica e de como a energia pode resolver questões do cotidiano”, diz o quiromante, tarólogo, terapeuta floral e reikiano Marcos Alexandre.
Na década de 80, houve uma explosão de serviços esotéricos. Passada
aquela onda, quem permaneceu atuante foram os que ganharam credibilidade a partir da constante qualificação e oferta de serviços diferenciados
– aqueles que ultrapassam as promessas de soluções imediatas, como a de
trazer o amor de volta em três dias. Em outras palavras, aqueles que se profissionalizaram. Marcos, que é formado em comércio internacional, participa constantemente de cursos e seminários, alguns via internet. Insatisfeito
com a área de formação original, buscou, como forma de autoconhecimento, a leitura de mãos (quiromancia) e terapias alternativas. Acabou que seus
próprios meios de busca viraram uma carreira. “Mais tarde, eu me formei
como tarólogo e passei a trabalhar também com consultas de leituras de
cartas. É o mesmo caso de atores e estilistas formados em medicina, artistas plásticos formados em engenharia ou professores de yoga formados
em economia: nascemos com um propósito de vida e alcançamos sucesso
22
quando passamos a trilhar nosso
verdadeiro caminho”, compara.
Marcos frisa que o aperfeiçoamento
não é fácil, pois, além da dedicação
aos estudos, exige investimento de
tempo e dinheiro.
A terapeuta holística, parapsicóloga e pesquisadora da cultura
e história egípcia Gláucia Schatzmann também se iniciou no ramo
por identificação pessoal e insatisfação com a sua primeira escolha
profissional, a engenharia civil. “Fiz
alguns estudos para entender a
minha sensibilidade e assim começou o aprimoramento das minhas
capacidades psíquicas e o aumento
do interesse em colaborar de forma
mais efetiva para a disseminação
desse conhecimento”, conta Gláucia. Na década de 90, ela chegou a
abrir, em Joinville, a Cósmica Livraria Esotérica, oferecendo produtos
místicos, cursos e consultas. O local
sofreu atos de vandalismo: segundo
a terapeuta, as pessoas, na época, tinham vergonha de entrar no estabelecimento por achar que se tratava
de um local para “macumba”.
“Havia um tabu enorme e muita desinformação. Muitos confundiam holismo com religião”, avalia. Por conta de duas gestações
seguidas, fechou a livraria, mas
continuou promovendo cursos,
consultas e encontros sobre a temática, tendo apresentado um quadro
sobre o mundo místico em emissora de rádio. Em julho, lançou o seu
segundo livro, intitulado “O Faraó
e a Pluma de Maat”, pela editora
Giostri. “O mercado místico cresceu
bastante em 25 anos e a tendência
é evoluir ainda mais. O público está
buscando alternativas para ter qualidade de vida e novos valores. Com
a internet e o acesso à informação,
pode-se notar a multiplicação de sites voltados a esses temas. A região
de Joinville tem público potencial
para o setor”, observa.
Empresários
também buscam
orientações
Marcos Alexandre costuma atender diversos públicos, inclusive empresários. Ele afirma que, por vezes,
as questões giram em torno de negócios e de contratações e promoções. “Porém, não categorizo um
perfil de clientes como ‘empresários’, pois ninguém é só uma coisa.
Um empresário também tem uma
vida”, aponta. As terapias energéticas aplicadas, de acordo com ele,
“ajudam a compreender e mudar a
energia que causou a situação”. O
misticismo, a seu ver, pode ajudar
na gestão de uma empresa quando é sinônimo de busca pelo bem,
sendo capaz de proporcionar informações para tomada de decisões
gerenciais e a cura energética de
diversas questões.
Já Gláucia Schatzmann revela
que o perfil socioeconômico habitual das pessoas que a procuram
é de classes A e B. “Empresários,
profissionais liberais de diversos
segmentos, formadores de opinião
e funcionários públicos. Todos bus-
23
revista
DIVULGAÇÃO
Marcos Alexandre: terapias ajudam a administrar problemas diversos
cam qualidade de vida, além do plano material. Muitos são excelentes gestores, mas a vida familiar e emocional foge do controle. Procuram terapias
e técnicas de curas complementares que auxiliam o tratamento médico”,
relata. Para isso, propõe cursos motivacionais, vivências junto à natureza,
meditação em grupo e viagens místicas, “tudo em prol das boas energias
e bem estar”. “Eu já organizei viagens para a Grécia, Turquia, Peru e Egito.
Vou também como facilitadora, desenvolvendo algumas atividades em locais apropriados”, informa Gláucia. “Fazer uso dessas técnicas possibilita
despertar dons, expandir o potencial de cada um, gerar sentimentos positivos e melhorar a saúde.”
23
DIVULGAÇÃO
Embora o automóvel ainda seja predominante, muitas pessoas buscam outros meios para se deslocar
PLANO DE MOBILIDADE
Soluções para melhorar seu vaivém
Abril é o prazo limite para que o Plano de Mobilidade de Joinville (planMOB) seja enviado à Câmara de
Vereadores. Mas, segundo Amanda
Carolina Máximo, coordenadora da
unidade de planejamento do Instituto de Pesquisa e Planejamento
para o Desenvolvimento Sustentável de Joinville (Ippuj), a meta é
entregar antes. O documento vai
apresentar propostas de medidas
para a melhoria do sistema viário, infraestrutura e aspectos da
gestão da mobilidade. “Inclusive
questões que não são físicas, como
programas de educação. Serão
abordados todos os aspectos que
envolvem a elaboração e implantação das ações propostas”, explica.
Realizado com participação
popular, por meio de consultas
públicas, o planMob identificou o
excesso de veículos particulares
nas ruas como um dos principais
24
problemas a ser resolvidos. “Observamos que existe a prioridade ao
transporte individual, uma importância excessiva para o carro. Em
primeiro lugar, teremos que passar
por uma mudança de comportamento. Esse é o nosso maior desafio”, aponta Amanda.
Com 550 mil habitantes, Join­
ville enfrenta situações encontradas em grandes centros urbanos:
trânsito congestionado, ônibus
lotado, falta de ciclovias etc. Para
Vanessa Naomi Yuassa Colella,
docente do curso de arquitetura e
urbanismo da Univille, essas deficiências estão diretamente ligadas
ao sistema viário e à infraestrutura aplicada: “Por muitos anos, as
cidades ficaram estagnadas. Hoje,
todos têm a possibilidade de comprar um veículo motorizado em
inúmeras prestações – seja de duas
ou de quatro rodas – e isso está im-
plicando em gargalos no sistema
viário existente”.
Entre as prioridades do plano,
destaca-se a ampliação de faixas
exclusivas de ônibus, soluções de
acessibilidade, implantação de novos bicicletários dentro dos terminais, melhorias nas estruturas dos
pontos de ônibus, criação de uma
rede de vias cicláveis (ciclovias, ciclofaixas, faixas compartilhadas)
e reestruturação administrativa.
“A sociedade, de forma geral, sabe
da necessidade de uma nova dinâmica urbana a partir da realidade
em que vivemos e espera por essas
melhorias ansiosamente. Se houver
a possibilidade de uma movimentação de maior agilidade em um
modal público, sem o estresse da
direção de um veículo automotor
privado, com certeza muitas pes­
soas optarão por esse tipo de deslocamento”, afirma Vanessa.
INTERNET
Rede social auxilia pacientes com câncer
Segundo o Ministério da Saúde,
cerca de 577 mil novos casos de câncer foram descobertos em 2014 no
Brasil. De acordo com a Associação
Brasileira de Linfoma e Leucemia
(Abrale), perto de 10% desse total
é representado por algum tipo de
câncer no sangue. Para esclarecer
dúvidas de pacientes e familiares
e desmistificar a doença, a Abrale
fundou uma rede social colaborativa, em parceria com a IBM e a
empresa de consultoria V&B Officeware. “A ‘Amar a Vida’ foi concebida para todos os interessados no
assunto que buscam um ambiente
para trocar ideias, conhecimen-
25
revista
tos, indicações, além de mostrar e
discutir soluções para as diversas
perspectivas que envolvem enfermidades graves”, afirma Merula
Steagall, presidente da Abrale.
Disponível no endereço www.
amaravida.com.br, a rede conta
com 30 comunidades sobre diversos temas: gravidez, sexualidade
e fertilidade; cuidados paliativos;
alimentação; direitos dos pacientes com câncer; testemunhos de
superação; mães e pais de pacientes; lidando com a perda; câncer e
beleza; entre outros. “Buscamos
ajudar quem tem que lidar com o
desafio de uma doença oncológica
e auxiliar na tomada de decisões. Os
pacientes poderão dividir suas histórias e ter acesso às informações
sobre o tema. Médicos e profissionais da saúde também terão espaço
para trocar conhecimentos”, ressalta Merula. Para colocar o projeto em
prática, a A IBM doou o software
Connections, uma ferramenta que
conecta pessoas, entidades e organizações em diferentes situações, e
com objetivos diversos, como parte
do programa de cidadania corporativa desenvolvido mundialmente
pela companhia. Já a V&B Officeware idealizou e configurou a plataforma para a Abrale.
25
ROGÉRIO DA SILVA
Relatório registrou quase 1,5 milhão de metros quadrados de áreas liberadas para obras em 2014
CONSTRUÇÃO
Menos burocracia, mais obras
O Projeto Legal, instituído pela
Secretaria Municipal de Meio
Ambiente (Sema) em janeiro de
2014, rendeu bons frutos, segundo relatório elaborado pelo órgão.
E provavelmente muitas obras
para a construção civil. Foram 1,42
milhão de metros quadrados de
áreas liberadas no ano passado –
quase 3 mil alvarás para construções, reformas e muros de arrimo
– e o mais significativo resultado
dos últimos quatro anos. A intenção do projeto, claro, é desburocratizar e promover maior agilidade
aos processos administrativos
para aprovação de projetos e alvarás, documentos necessários para
construções, reformas, ampliações, demolições e vistorias de edificações.
Adriana Klein, que coordena a
área de aprovação de projetos da
Sema, comemora os números e os
26
interpreta como produto de uma
mudança que incidiu sobre as rotinas do setor e que padronizou
a análise dos processos, criando
metas para a conclusão dos trabalhos. “Além de reduzir o tempo de
análise de cada projeto, diminuímos as reanálises e o prazo médio
de emissão do alvará de construção”, revela.
Hoje, a Sema demora uma média de 15 dias para aprovar um projeto, embora a liberação do alvará
dependa de fatores que envolvem
ações sob a responsabilidade do
contribuinte e do profissional que
executa o projeto. De qualquer
forma, trata-se de uma importante ajuda para o setor de construção, na hora de aprovar e legalizar
novos projetos. “O projeto representa um passo importantíssimo
no sentido da desburocratização”,
avalia Francisco Jauregui, diretor
do Sinduscon, sindicato da construção. “Esperamos que esse modelo de gestão seja levado para o
licenciamento ambiental e para a
fiscalização de posturas, fechando
um círculo virtuoso que colocará
Joinville como exemplo.”
O relatório da Sema mostrou
que a maioria das solicitações de
obras envolve construções para
residências de uma família: 1.378
registros. Prédios de apartamentos tiveram 243 alvarás liberados,
além de 190 para construções residenciais/comerciais. Para o comércio, foram 142 alvarás, mais 74
para serviços, 50 para instituições
e dois para indústrias. Os números
das consultas prévias também são
apresentados pela Sema – foram
15.927 consultas em 2014. Detalhe:
as consultas online já predominam: foram 13.006 contra apenas
2.921 em papel.
COMUNIDADE
Hospital São José recebe verba para ampliação
Uma boa notícia abriu o ano para
o Hospital São José. A prefeitura
e a Caixa Econômica Federal (CEF)
assinaram contrato de repasse
de quase R$ 5 milhões do Ministério da Saúde para a construção
do prédio de apoio à instituição.
Com 2.180 metros quadrados de
área construída, o novo bloco vai
abrigar a farmácia hospitalar,
materiais médico-hospitalares e
serviço de nutrição dietética, que
hoje funcionam em uma estrutura antiga, em dimensões que não
atendem mais a demanda de atendimento e serviços.
Além dos investimentos pú-
27
revista
blicos, a atual gestão do São José
segue apostando em parcerias
com o setor privado. “Esse trabalho de captação de recursos vem
gerando frutos para o hospital,
que passa por diversas melhorias”,
diz o diretor-presidente Carlos Alexandre da Silva. Em novembro de
2014, foram iniciadas as obras de
reforma e ampliação do ambulatório de oncologia, referência na
região – em um investimento custeado por empresário que preferiu
não ter seu nome nem os valores
divulgados. A previsão de término
da primeira etapa, que consiste na
ampliação do prédio, é para o se-
gundo semestre de 2015. Também
no ano passado foi concluída a revitalização e pintura da fachada
do hospital. Além disso, a finalização das obras do Complexo Emergencial Ulysses Guimarães 2 está
em fase de licitações. O complexo
trará 29 novos leitos de UTI, quatro
salas cirúrgicas e 12 leitos de internação. As atuais necessidades
são reformas, revitalizações e modernizações na estrutura física,
já em discussão no plano diretor,
além da modernização de equipamentos de diagnóstico e da atualização da frota de veículos, como
ambulâncias.
27
Em números
EMPREGOS EM JOINVILLE
53.844 empregos criados entre 2007 e 2014
Criação de vagas
encolhe na gestão Dilma
2007 a 2010 33.043
2011 a 2014 21.477
Saldo, ano a ano
Nos útimos oito anos, durante o segundo mandato presidencial de Lula e o primeiro de Dilma
Rousseff, Joinville criou 53.844 empregos. Mas
o desempenho da cidade sofreu forte queda
nos últimos quatro anos: 61,3% das vagas foram
abertas no segundo mandato de Lula. Além disso,
a média de vagas/mês caiu de 688, entre 2007 e
2010, para 488 nos últimos quatro anos.
Média anual
de 6.730
novas vagas
10.455
10.317
8.512
7.365
5.895
4.906
4.642
2.428
2007
2008
2009
2010
2011
Lula x Dilma, no saldo mensal acumulado
2012
2013
2014
33.043
A comparação entre o
segundo governo de
Lula (linha salmão) e o
primeiro de Dilma (linha
verde) mostra que apenas
os quatro primeiros
meses dos dois mandatos
apresentaram resultados
próximos. O segundo ano
de Lula foi bem superior ao
de sua sucessora. A crise de
2009 aproximou as linhas,
mas, se no último ano de
Lula a cidade criou 10.455
vagas (recorde nos últimos
oito anos), em 2014 vivemos
dos empregos abertos no
primeiro quadrimestre.
30.000
25.000
21.477
20.000
15.000
10.000
5.000
0
1o ano
2o ano
3o ano
4o ano
Saldo, mês a mês, entre 2007 e 2014
Dos 24 meses com saldo negativo, 15 ocorreram entre 2011 e 2014. Recorde de criação de vagas ocorreu em fev/2014
2007
1.000
0
-1.000
28
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
Indústria foi o setor mais impactado
Entre os três setores mais representativos na criação de vagas em Joinville – juntos, responsáveis por 85,8% da
criação de postos de trabalho no primeiro mandato de Dilma Rousseff –, apenas o de serviços apresentou crescimento entre os dois últimos quadriênios. O comércio foi impactado em quase 50%, e o desempenho da indústria
foi trágico: as vagas criadas entre 2011 e 2014 representam 15% do volume do segundo mandato de Lula.
Total de empregos criados em Joinville no segundo mandato de Lula e no primeiro de Dilma, por setor
Indústria
Serviços
10.819
11.562
Comércio
13.081
8.855
4.754
1.603
Lula
Dilma
Lula
Dilma
Lula
Dilma
Lula x Dilma, no saldo mensal acumulado, por setor
Indústria
Sob Lula, o setor apresentou
queda em 2009, ano de crise
internacional, mas terminou
2010 com forte recuperação. Com
Dilma, os empregos não decolaram.
Demissões de fim de ano
praticamente comeram os saldos
criados nos primeiros semestres
Serviços
Foi o setor com melhor
desempenho dos três. O
período de 2011 a 2013 rivalizou
com os três primeiros anos
de Lula, mas o desempenho
espetacular de 2014
proporcionou o saldo positivo
de Dilma Rousseff
Comércio
O setor, dentre os três estudados,
foi o que menos criou vagas nos
últimos oito anos. O primeiro ano
de Dilma ainda apresentou saldo
positivo em relação ao segundo
mandato petista, mas os anos
posteriores não acompanharam
o ritmo
13.081
11.562
10.819
8.855
4.754
1.603
1o ano
29
revista
2o ano
3o ano
4o ano
1o ano
2o ano
3o ano
4o ano
1o ano
2o ano
3o ano
4o ano
29
Especial
DIVULGAÇÃO
30
Corte e costura no Senai: escola
terá 27 cursos técnicos e 40 de
aperfeiçoamento neste ano
Nos caminhos da
profissionalização
Cursos técnicos são grande aposta de instituições
e empresas para qualificar mão de obra
Letícia Caroline e Mayara Pabst
“Gostaria de anunciar agora o novo
lema do meu governo. Ele é simples,
direto e mobilizador. Reflete com
clareza qual será a nossa grande
prioridade e sinaliza para qual setor
deve convergir o esforço de todas as
áreas do governo. Nosso lema será:
Brasil, Pátria Educadora.” Foi assim
que a presidente Dilma Rousseff
apresentou uma de suas bandeiras
durante o discurso de posse do segundo mandato, em janeiro. Dando
ênfase ao ensino técnico, afirmou
que o Programa Nacional de Acesso
ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) oferecerá 12 milhões de vagas
até 2018. A promessa bate forte em
Joinville, onde a procura por essa
modalidade sempre foi grande, devido à vocação industrial: entre 2013
e 2014, as instituições computaram
aumento significativo nas matrículas, além de explorarem cada vez
mais opções de cursos.
No Senai, foram registradas
19.483 inscrições no ano passado,
somando ensino técnico e qualificação profissional. Só nos cursos técnicos, a instituição recebeu
31
revista
3.272 matrículas, o que gerou incremento de 18% em relação às vagas
abertas em 2013. Na qualificação, a
procura foi maior, avançando 54%
sobre o ano anterior. Na Fundação
Municipal Albano Schmidt (Fundamas), as oportunidades também se
multiplicaram, passando de 3.971
vagas em 2013 para 6.135 em 2014:
um salto de aproximadamente
60%. Um dos principais motivos foi
a criação da Universidade do Trabalhador (Unit), que firma parcerias
para a promoção de cursos.
Para o primeiro semestre de
2015, o Senai se prepara com mais
de 27 turmas no técnico, divididos
em cursos abertos à comunidade
e Pronatec. Além disso, serão mais
de 40 cursos de qualificação e aperfeiçoamento profissional para segmentos das indústrias da região, nas
unidades Joinville Norte e Sul, Perini,
Araquari e São Francisco do Sul. Outras opções envolvem 40 turmas
de aprendizagem industrial – em
parceria com as indústrias –, quatro
cursos superiores e três cursos de
pós-graduação latu sensu. “Nossa
forte atuação junto às empresas e
aos sindicatos em 2014 reflete a ex-
pansão da educação profissional,
uma resposta ao compromisso do
Sistema Fiesc, por meio do movimento ‘A Indústria pela Educação’,
cujas diretrizes apontam a educação
como um dos fatores críticos para a
competitividade industrial”, ressalta
Hildegarde Schlupp, diretora do Senai em Joinville. Na instituição, o Pronatec será voltado a alunos que ainda cursam o ensino médio em escola
pública. As formações disponíveis
serão edificações, eletrotécnica, fabricação mecânica, informática, manutenção e suporte em informática,
mecânica, mecatrônica, eletrônica,
produção de moda, segurança do
trabalho, manutenção automotiva,
logística e eletromecânica.
Na Fundamas, a grande novidade são os 66 técnicos profissionalizantes e de qualificação profissional, viabilizados pelo Pronatec.
As vagas já estão disponíveis para
o primeiro semestre, por meio da
Unit. A fundação prevê a inauguração das obras do Cesita, a reabertura da Escola de Panificação
Suíça e a modernização do ônibus
itinerante. “Foi um ano intenso,
caracterizado pelo fortalecimento
31
de ações em prol da comunidade. Vamos aumentar a oferta de
cursos e qualificar cada vez mais
os joinvilenses”, projeta Gilberto
Souza Leal, presidente da Fundamas. Estabelecida em dezembro
de 2013, a Unit, com a coordenação da Fundamas, centraliza as
ações e facilita a interlocução
entre quem demanda e quem
oferta cursos. “O programa foi
idealizado para gerir de forma
adequada os recursos do Pronatec, unindo forças com os parceiros”, afirma Gilberto.
Também com tradição nessa
área, o Senac calcula que, nos últimos três anos, a oferta de vagas
evoluiu em mais de 200%, principalmente nos cursos gratuitos
oferecidos pelo Programa Senac de
Gratuidade e Pronatec. A partir do
encaminhamento da Secretaria de
Assistência Social, em 2014, foram
abertas aproximadamente 700 vagas pelo Pronatec, nas unidades do
Senai, Senac, UniSociesc, IFSC, UFSC
e Fundamas, em Joinville. Para este
ano, mais vagas foram solicitadas
e a secretaria aguarda a homologação do Ministério da Educação
(MEC), que deve ser divulgada em
março, quando terão início as inscrições para as capacitações. Na cidade, os cursos abrangem as mais
diferentes áreas de atuação, como
idiomas, informática, prestação de
serviços, administração, processos
industriais, arte e costura.
Para o diretor do Senac Join­
ville, Ronaldo Ribeiro, com a possível ampliação das vagas, Joinville e
região serão impactadas positivamente. Na unidade, pode-se optar
por cursos técnicos presenciais e a
distância. Entre as vantagens desse
modelo de ensino, as mais evidentes são a menor carga horária, em
comparação com um curso superior, e a possibilidade de rápida
colocação no mercado de trabalho.
32
“Os números demonstram um
crescimento gigantesco do ensino
a distância. Além de proporcionar
flexibilidade nos horários, evita-se
o problema de mobilidade urbana
que as grandes cidades enfrentam”, explica Ribeiro.
Os principais cursos do Senac
em Joinville são das áreas de administração, logística, informática,
recursos humanos, marketing e
saúde, setor no qual a unidade é
referência. Scheila Ramos, aluna do
Senac no técnico em enfermagem,
optou por essa modalidade para
descobrir se era real­mente a área
na qual gostaria de seguir carreira. A jovem indica o técnico como
opção para quem está indeciso na
hora de escolher uma profissão e
destaca outras vantagens, como a
união do conteúdo teórico e prático na medida certa. “Tudo o que
aprendemos em sala já me ajudou
bastante nas atividades do estágio”, conta Scheila. Antes de pegar
o diploma, ela quer estar trabalhando na área. Depois, pensa em
fazer faculdade.
O caminho da estudante é o
mesmo percorrido por milhares
de brasileiros que buscam oportunidades a partir da qualificação
profissional. Para o vice-reitor da
UniSociesc, Wesley de Abreu, esse
pode ser o percurso rumo ao sucesso – não só de cada estudante,
mas também do país. “A relação
entre formação profissional e
aumento da competitividade é
direta”, ressalta o professor, assinalando que as empresas só
conseguirão reduzir custos e
elevar a qualidade com equipes
qualificadas, “quando as pessoas
envolvidas têm boa formação e,
por consequência, realizam bem
suas atividades, com bom uso de
recursos. Uma receita simples,
praticada em muitos países de
sucesso”, observa Abreu.
Técnica que
faz a diferença
A formação técnica é, muitas vezes,
ponto de partida para uma carreira promissora. O engenheiro Klaus
Dieter Hardt, que trabalha na BMW,
em Araquari, teve o seu primeiro
embasamento nessa área ao se
diplomar – com menção honrosa –
em mecânica, na UniSociesc. Desde
pequeno aficionado pela engenharia, ele fez estágio no último ano. E
logo foi efetivado. Depois da formação inicial, começou a cursar a faculdade de engenharia mecânica.
Em agosto de 2014, foi contratado
como estagiário pela BMW. Hoje, é
efetivo, atua como analista de laboratório e planeja seguir carreira na
multinacional. Para ele, a formação
técnica foi o diferencial que alavan-
DIVULGAÇÃO
Aulas em cursos técnicos da
UniSociesc (foto maior), Senai
(ao lado) e Senac (no centro);
abaixo, o engenheiro Klaus,
que trabalha na BMW
cou sua carreira. “O curso dá uma
base para entender o panorama
de seu trabalho. A parte prática do
aprendizado foi muito bem explorada”, explica.
Formado em eletroeletrônica pelo Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), Daniel Alves
encontrou no curso técnico uma
maior segurança da carreira que
queria seguir. Junto com um colega, Daniel conquistou o Prêmio
Nacional IEL Melhores Práticas de
Estágio, na categoria médio porte.
Durante estágio na Fabio Perini, os
dois se uniram a uma equipe para
produzir a automação do sistema
de iluminação da empresa, o que
possibilitou a economia de 70% de
energia elétrica na área de aplicação e 7% na conta total de energia
elétrica da fábrica. “O projeto foi
muito importante para minha car-
33
revista
reira. Uma grande oportunidade
de aprendizado”, conta Daniel.
Há 19 anos em Joinville, o IFSC
oferta três cursos técnicos em enfermagem, eletroeletrônica e mecânica, e dois superiores de tecnologia
em gestão hospitalar e em mecatrônica industrial. Neste semestre,
dois estudantes foram selecionados para intercâmbio em Portugal.
Maurício Martins Taques, diretor-geral, informa que a unidade vai
ser ampliada neste ano, com a
construção de um novo bloco, além
da ampliação da biblioteca. Outro
objetivo é concluir os projetos pedagógicos para viabilizar novos cursos,
ao longo dos próximos cinco anos.
O Núcleo de Educação Profissional da Acij também tem trabalhado continuamente para o desenvolvimento da área na cidade.
Em 2014, entre as ações realizadas,
o destaque ficou por conta do 4º
Workshop das Profissões e Empregabilidade, em parceria com
o Núcleo de Educação Superior e
Associação Brasileira de Recursos
Humanos (ABRH).
“Junto com o 6º Feirão do Emprego, registramos a presença de
mais de 6 mil participantes. Além
disso, 35 escolas estaduais foram
contempladas com palestras, o
que abrangeu 5.200 estudantes
do ensino médio”, contabiliza Carmem Postol, presidente do núcleo.
O novo ano já começou com a capacitação de mais de 200 professores, no dia 2 de fevereiro, com a
presença de Celso Antunes, educador, mestre em ciências humanas e especialista em inteligência
e cognição.
O núcleo também se prepara
para comemorar 20 anos de fundação em uma plenária na Acij, com
homenagem para os ex-presidentes, e uma palestra com o filósofo
Mario Sergio Cortella, em junho.
“Queremos focar na Feira das Profissões, programada para setembro,
com a meta de visitar 50 escolas
públicas de ensino médio, trazendo até 10 mil alunos para visitar o
evento”, planeja Carmen
33
Práticas das empresas no estímulo à formação
Marcela Güther
Educação e qualificação profissional são demandas cada vez mais importantes – tanto por parte de quem trabalha quanto de quem contrata. Apesar de ter melhorado em 2013, a escolaridade do catarinense continuou, em
2014, abaixo do nível nacional. De acordo com o Relatório Anual das Informações Sociais, do Ministério do Trabalho e Emprego, no Brasil, 57,7% dos industriários têm ensino básico completo. Em Santa Catarina, são 55%. Nas
regiões Norte e Nordeste do Estado, em 2013, exatos 66,72% dos trabalhadores tinham, no mínimo, ensino médio completo. Melhorar esse quadro é o propósito do movimento “A Indústria pela Educação”, do Sistema Fiesc,
que estimula o empresariado a aderir à causa da educação como estratégia competitiva. A Revista 21 identificou
organizações do Norte catarinense que adotam outras políticas e programas de incentivo à capacitação e de desenvolvimento do funcionário. Nestas duas páginas, veja um pouco do que fazem a Tuper, de São Bento do Sul, a
ArcelorMittal Vega, de São Francisco do Sul, e, de Joinville, as empresas MRV, Termotécnica e Krona.
Academia do
Conhecimento
A processadora de aço Tuper, de São
Bento do Sul, tem um programa de
educação continuada intitulado
“Academia do Conhecimento”, vencedor do Prêmio Ser Humano 2014,
da ABRH-SC. Criado em 2010, oferece
cursos customizados com o objetivo
de atender às demandas específicas
de cada uma das unidades de negócios. As aulas ocorrem na própria Tuper, duas ou três vezes por semana.
Além da parte teórica, oficinas e
visitas técnicas também são realizadas – as atividades têm duração de
aproximadamente um ano e meio.
As aulas são ministradas por especialistas da própria Tuper (cerca de
70% dos professores são funcionários com amplo conhecimento na
área) e por parceiros, como professores do Senai, instituição que disponibilizou uma unidade móvel de automação para aulas na empresa. Após
a conclusão do curso, os alunos – que
frequentam as aulas no contraturno,
acumulando horas para folgas posteriores – fazem um projeto de melhoria. Uma banca avaliadora premia os dois melhores com viagem
técnica ao exterior.
Outro programa da empresa é o
“Vendedores Técnicos”. Iniciado em
34
2014, objetiva valorizar talentos internos, com a finalidade de formar
uma equipe de vendas altamente
capacitada. Os participantes são
afastados de suas funções por dois
meses, para dedicação exclusiva
ao treinamento. Um mês é destinado a temas teóricos, orientações
das áreas técnica, de engenharia,
comercial, marketing etc. No mês
seguinte, os participantes acompanham as equipes comerciais em
viagens e negociações.
Uma semana
de aprendizado
A siderúrgica multinacional ArcelorMittal Vega, de São Francisco
do Sul, promove anualmente uma
semana especial para os funcionários, a fim de reforçar as práticas de gestão do conhecimento ao
incentivá-los a buscar seu diferencial por meio do aprendizado contínuo e, assim, investir na carreira.
As atividades da Semana Mundial
do Conhecimento têm como objetivo demonstrar que o profissional pode se desenvolver a partir
de diferentes formas (capacitação
formal, experiências indivi­
duais,
interação com outras pessoas), sendo o próprio empregado o principal
responsável por seu crescimento. A
programação conta com palestras
voltadas ao tema, oficinas temáticas, seminários técnicos, feira do
livro e exibições cinematográficas.
A ArcelorMittal também oferece incentivos como bolsa-auxílio educação, programas de pós-graduação e
mestrado e aulas de idiomas.
Escola Nota 10
A MRV Engenharia libera seus trabalhadores para estudar três vezes
por semana em escola implantada
no próprio canteiro de obras. Trata-se do programa “Escola Nota 10”,
que, em três anos de existência, já
implantou 50 escolas e beneficiou
cerca de 800 funcionários, que dedicam duas horas do dia, durante o expediente, para cursos relacionados à
alfabetização, ensino básico, ensino
médio e de capacitação especializada. A MRV oferece material escolar
aos estudantes, lanche após a aula,
antes de iniciarem o turno de trabalho, e, ainda, transporte para quem
trabalha em outra obra da empresa.
A iniciativa, que tem parceria do Sesi,
Senai e sindicatos de construção
civil, é uma estratégia para elevar a
competitividade e uma forma de erradicação do analfabetismo.
DIVULGAÇÃO
De olho na liderança
O elo entre os objetivos estratégicos
da empresa e os avanços no desempenho para se alcançar os melhores
resultados é a liderança. Pensando
em desenvolver a capacidade de gerenciamento, a Termotécnica criou
o projeto Desenvolvimento de Gestores, que tem a finalidade de fortalecer o papel do gestor, de modo que
ele promova a integração e motivação da equipe. O projeto, que possui
módulo de ensino a distância, é dividido em duas ações: o Programa
de Desenvolvimento de Dirigentes
(PDD), em que, por ano, seis gestores, entre gerentes e coordenadores,
passam pelo treinamento de 96
horas para desenvolver a visão estratégica ao conhecer modelos de
gestão de várias áreas da empresa;
e o curso de Formação de Líderes,
que envolve 16 profissionais por
ano. A Termotécnica também oferece auxílio-educação e, com o Sesc,
supletivo para funcionários.
Aperfeiçoamento
profissional
No topo, funcionários da Tuper passam por aula da Academia de
Conhecimento, na Unidade de Automoção do Senai. No meio, turma de
2014 do projeto Criar Ação, desenvolvido pela Krona em parceria com
o Terra Livre Educação e Treinamento. Na última foto, participantes do
curso de Formação de Líderes, promovido pela Termotécnica
35
revista
A Krona, em parceria com o Terra Livre Educação e Treinamento,
promove o Criar Ação. Trata-se de
um treinamento que aprimora as
competências das lideranças e gera
uma cultura de desenvolvimento
organizacional entre os profissionais. Alguns líderes que finalizam
essa etapa do Criar Ação participam do processo de coaching, com
aconselhamento individual para
melhorar ainda mais os pontos positivos e desenvolver competências.
A Krona também mantém um programa de desenvolvimento de dirigentes com a Fundação Dom Cabral e oferece bolsas de estudo aos
funcionários que tiverem interesse
em capacitação técnica.
35
Vitae
Toda atenção às
causas da comunidade
Joinvilense de coração,
Moacir Thomazi dirige
o Corpo de Bombeiros
e acumula longa
experiência no
meio empresarial
DIVULGAÇÃO
Thomazi, com a esposa
Sylvia; na foto maior, em
evento dos bombeiros:
corporação presta 100 mil
horas de serviço por ano
36
Cidadão honorário de Joinville, ex-proprietário do maior jornal do
Norte catarinense, empresário de
méritos reconhecidos, presidente
do Corpo de Bombeiros Voluntários
de Joinville (CBVJ) e, há muitos anos,
trabalhando pelo associativismo, em
diferentes posições na diretoria da
Acij. Moacir Thomazi é um homem
plural. Acumula responsabilidades
e tem uma rotina sempre agitada –
herança, talvez, do sangue italiano
dos bisavós. A história de sucesso
tem origem no Norte do país com
formato de bota. “Meus antepassados vieram em 1875, fugindo da falta
de comida na Itália. Na época, usavam as árvores da região para fazer
lenha. Quando acabou a lenha, começaram a passar frio, não tinham
comida e seguiram nessa aventura
para o Brasil”, lembra Thomazi.
Em terras brasileiras, os bisavós
do empresário se estabeleceram na
região de Nova Trento. O avô materno era pedreiro, trabalhava em
Florianópolis e ajudou a construir o
mercado municipal da capital catarinense: “Iam a pé, não havia outra
maneira. Ficavam dois ou três meses e depois voltavam”. Da família
numerosa – 12 irmãos –, apenas dois
estudaram até o segundo grau. “Minha mãe virou professora e se casou
com meu pai, que era torneiro mecânico. Criaram nove filhos. Fizeram
questão que todos nós estudássemos, com um esforço enorme. Provavelmente se privaram de muita
coisa para isso”, relembra.
Natural de São João Batista, Thomazi é casado, tem dois filhos, Andréa e Rodrigo, e três netos. Chegou
a Joinville na década de 1970, período
que considera o início de sua carreira
profissional, primeiro como inspetor
regional de educação e, mais tarde,
à frente do jornal A Notícia. Fundado por Aurino Soares em 1923 e com
apenas quatro páginas, o jornal tinha periodicidade semanal.
No final dos anos 1950, descontentes com os rumos da política, os
empresários Helmuth Fallgatter,
Baltasar Buschle e Wittich Freitag
decidiram participar do processo
eleitoral joinvilense e fizeram um
projeto de médio prazo: cada um
seria prefeito uma vez. “Um iria investir em saneamento, o outro em
infraestrutura, e assim por diante”,
registra Thomazi. Para sustentar a
ideia, compraram A Notícia. Com o
passar dos anos, Baltasar foi o primeiro prefeito eleito, Falgatter foi o
segundo e Freitag só entraria mais
tarde na política.
Ao mesmo tempo, o jornal ficou
meio abandonado. Com o plano em
prática, após Thomazi se casar com
Sylvia, uma das filhas de Fallgatter,
os três sócios o convidaram para fazer um levantamento de materiais
antes de fechar as portas: “Quando
cheguei lá, acabei me empolgando
e vi que havia espaço para crescer.
Convenci os três a investir”. E assim
foi feito. Em 1978, Thomazi assumiu
a cadeira de diretor-presidente do
A Notícia, cargo que ocupou por 28
anos, até a venda para a RBS. Hoje,
ele atua nos conselhos da Sociesc e
da Águas de Joinville. Também é sócio das empresas Agroflorestal Riovillense (apoio à produção florestal),
Vip-Invest (condomínios industriais)
e Santinvest, instituição financeira
com atuação no Sul do Brasil.
O papel do
voluntariado
No comando de uma grande obra
No período em que Moacir Thomazi presidiu a Acij, entre 1999 e 2001, deu-se início à construção do atual prédio. “Passamos a guardar 10% da receita da casa mensalmente. Também contamos com o apoio dos associados.
Fui visitar pessoalmente os dez maiores. Enviamos cartas para aqueles
que desejassem contribuir com qualquer quantia. O resultado é essa estrutura atual, infinitamente melhor do que na época em que assumi a
presidência”, observa. MInucioso, ele decidiu que as obras começariam no
dia 4 de abril de 2004 (04/04/04) e terminariam em 6 de junho de 2006
(06/06/06): “E assim foi feito. Mas, quando eu escolhi essas datas, não
olhei o calendário. Dia 4 era domingo. Então nós chamamos o prefeito,
toda a diretoria e cravamos a primeira estaca num final de semana”.
Nas ações públicas, ao longo de sua carreira, Thomazi é visto como
homem atento às questões da comunidade. “Ele sempre pensou nas
boas causas”, resume o diretor de redação do jornal Notícias do Dia, Luís
Meneghim, que trabalhou com o empresário nos tempos d´A Notícia.
“Foi um grande professor, com quem aprendi a lição de enxergar o jornalismo, acima de tudo, como serviço.”
37
revista
“Um por todos e todos por um” é
o lema do Corpo de Bombeiros Voluntários de Joinville (CBVJ), presidido por Moacir Thomazi. Fundada
quando Joinville tinha apenas 18
mil habitantes, a corporação hoje
conta com mais de 1.700 homens
e mulheres que atendem a maior
cidade do Estado. Para manter as
10 unidades – oito nos principais
bairros, uma central e uma de comunicação – em funcionamento, a
entidade recebe auxílio do governo
estadual, municipal e de mais de 35
mil contribuintes. “O brasileiro ainda não se deu conta da importância
desses voluntários. Nós prestamos,
em média, 100 mil horas de serviço
por ano”, sublinha o presidente.
Thomazi também se orgulha ao falar do programa Bombeiro Mirim,
que atende 380 crianças e adolescentes. “Eles têm atividades todos
os sábados, ministradas por voluntários. O pré-requisito é frequentar
a escola e tirar boas notas. Temos
uma lista com 500 nomes de jovens
que querem fazer parte do projeto”, comemora. “Esse é o trabalho
que me toma mais tempo, mas é o
mais prazeroso de fazer”, garante.
Diretor-executivo do CBVJ, Reinaldo João Adriano destaca o perfil do
presidente: “Ele sabe como poucos
o significado de persistência e determinação. Vai fundo na busca de
soluções para os problemas que encontrar nas atividades sob sua responsabilidade. Arregaça as mangas
e abre os caminhos”.
37
Performance
DIVULGAÇÃO
A arte transformada em negócio
Artistas e empreendedores
fomentam cena joinvilense
com iniciativas no setor privado
38
Marcela Güther
Na onda da economia criativa, mutliplicam-se pelo
Brasil, fora do eixo das grandes capitais, negócios com
foco no desenvolvimento das artes. Em Joinville, novas
galerias de arte sob gestão privada foram abertas nos
últimos tempos, como a 33 e a El Clandestino. Ainda se
consolidam movimentos de incentivo e valorização da
produção artística local, como o Inconsciente Coletivo,
ao mesmo tempo em que emergem novos centros culturais, que unem diversas manifestações artísticas, e se
instituem escritórios de consultoria personalizada para
compra de obras de arte. Por fim, escolas de arte investem cada vez mais alto no setor. Um campo efervescente,
tanto para os empreendedores quanto para os artistas,
que ganham espaço para se aprimorar, apresentar produções e fomentar novos públicos.
O artista plástico Therence Mir sente que o joinvilense sempre esteve carente de eventos culturais – e não é
de hoje. “Do final da década de 80 até uns três anos atrás,
Joinville ficou em um vácuo. Não houve grandes expressões artísticas e muitos museus estavam fechados ou
interditados”, observa Mir, proprietário da Mercearia
DIVULGAÇÃO
ALANA SCHWOELK
DIVULGAÇÃO
após onze anos longe das telas para
se dedicar aos negócios.
A decisão de voltar a pintar foi
tomada ao acompanhar seu pai, o
artista plástico hispano-brasileiro
Antonio Mir, em um tratamento
pós-operatório. “Peguei meus materiais antigos e decidi pintar uma
tela que estava parada havia uns
dez anos. Fiz um touro. O quadro era
para ser item de decoração na mercearia, mas dias depois um arquiteto
visitou o restaurante e quis comprar.
Depois, comprei mais tinta, recomecei a pintar e não parei mais”, relata
Mir, que largou a carreira de 22 anos
na área de tecnologia para empreender como dono de restaurante.
A exposição “Kalimotxo”, realizada por ele na Galeria El Clandestino, em 2014, fez com que outro tipo
de público – em sua maioria, mais
jovem – passasse a se interessar
pelas obras do artista e a frequentar a mercearia. A exposição reuniu
gravuras que retratam as tradições
da Espanha. Das 100 que expôs, 88
foram vendidas na primeira semana. “A maior parte do público foi de
casais jovens, montando apartamento e procurando quadros para
decorar seus espaços”, detalha.
A parceria com a El Clandestino
nasceu antes mesmo de a galeria
surgir: Mir é amigo dos proprietários, Sarah Pinnow e João Guilherme da Costa, que dão suporte ao
artista para organizar seu trabalho, fazendo a catalogação e identificação de autenticidade. É preciso,
de acordo com Mir, que o artista
saiba administrar seu negócio ou
ter “um braço forte” ao lado.
“Esta é uma época de efervescência, um momento mágico.
Voltei a pintar não olhando para o
mercado, mas vendo a vontade de
uma cidade se expressar artisticamente”, frisa Mir.
A El Clandestino é expressão
Da esq., Therence Mir, artista plástico e proprietário
da Mercearia Sofia; instalações da Galeria 33; Instituto
Juarez Machado e seu idealizador; Sarah Pinnow e João
Guilherme da Costa, proprietários da El Clandestino
Sofia, restaurante e bar focado na
cultura e gastronomia espanhola. É
ali que ele, com seus pincéis e telas,
tem momentos de descontração e
expõe suas obras, em contato direto
com compradores. O estabelecimento não se restringe à culinária, mas
também funciona como espaço de
exposição que abarca diversas vertentes, como artes plásticas, fotografia, escultura, dança e grafite. Tanto
que seu dono já pensa em transformar o lugar em centro cultural.
O restaurante dispõe de uma
sala de artes que serve como acervo do próprio Mir. “Eu compro e crio
acervo de artistas, eles compram as
minhas obras e aumentam o acervo
deles. Fazemos essa troca. Ou seja,
não estamos só fazendo arte, mas
tendo arte”, enfatiza Mir, que voltou
a produzir artisticamente em 2011,
39
revista
39
DIVULGAÇÃO
disso. Localizada no Centro de Joinville, em meio a salas comerciais, o
espaço é tímido: o que evidencia
um ambiente artístico é a fachada
personalizada – que, a cada dois
meses (o tempo médio de cada
exposição), recebe a intervenção
de algum artista. Operando desde agosto de 2013, a galeria tinha
como ideia inicial privilegiar nomes
novos e da região. Mas os sócios
quiseram experimentar e variar as
expressões artísticas, de modo a
entender o público que se formava.
Além de Mir, a casa já foi preenchida pelo azul de Viti Grosnam, pelas
cores, volumes e densidades de Fábio Pantoni e pelas fotografias analógicas do médico joinvilense Iberê
Condeixa, entre outros artistas.
Sarah e João, antes de abrirem a
El Clandestino, já atuavam na organização do (IN)consciente Coletivo,
evento independente e itinerante
que une arte, moda, design, gastronomia e música. “O (IN)C passou
a ser uma alternativa para novos
artistas exporem e venderem seus
trabalhos”, conta Sarah. Daí nasceu a ideia da galeria. O objetivo
não é ser uma “galeria pomposa,
de elite”, e sim um espaço para fomentar a arte, oferecendo obras a
preço condizente. A ideia é, ainda,
associar as exposições com projetos paralelos, como workshops e
música ao vivo.
O casal mantém o negócio sozinho. “Somos só nós dois para selecionar os trabalhos, pensar nas exposições, montá-las, divulgar, limpar o
chão. Fazemos de tudo porque queremos, gostamos e acreditamos”,
ressalta a empreendedora. Desde o
início, o método para tocar a galeria
foi “aprender fazendo”. “Tempo de
gerenciar tudo é a única dificuldade.
Claro, dinheiro também. Mas tendo
um pouco de criatividade, falando
com parceiros e apoiadores, sempre
dá”, garante João Guilherme.
40
Alexandre e Eduardo
Feitosa, os “gêmeos
do grafite”, na
Galeria 33, com a
exposição “Futebol”
“Vamos trazer nomes de fora”
Um dos propósitos da Galeria 33, do fotógrafo Alceu Bett, é incentivar novos
artistas. Não à toa, uma de suas exposições surgiu, literalmente, das ruas.
Alexandre e Eduardo Feitosa, conhecidos como “os gêmeos do grafite”, foram
os responsáveis pela exposição “Futebol”, que trouxe, em doze telas de tinta
acrílica spray, a arte de rua aliada à principal paixão nacional. Os dois designers paulistas foram finalistas do concurso do centenário do Santos Futebol
Clube, ilustraram o livro “Blue e os Gatos”, de Paulo Kielwagen, e participaram
do mural “100 Anos de Futebol Arte”, em Santos. Além do grafite, Alexandre e
Eduardo trabalham com ilustração, quadrinhos e caricaturas. Mas o forte é o
grafite comercial, fazendo artes para decorar ambientes, com bom resultado:
a procura pelo trabalho dos dois designers nesse ramo dobrou. “Aqui há um
mercado bom para explorar, sem muita concorrência”, aponta Alexandre.
As instalações da 33 são amplas, com dois andares e sala de cinema
anexa, para 25 pessoas. O segundo piso comporta o acervo dos 25 anos
de carreira do proprietário – incluindo, principalmente, imagens que
colheu quando morou na Europa, por dez anos. São fotos do mundo da
dança e registros do cotidiano, que mostram culturas e tradições dos
países que percorreu. Aos poucos, os cliques estão sendo transformados
em mostras especiais e exposições. Além do olhar para artistas novos e
locais, a ideia da Galeria 33 é maior. “Queremos trazer gente de fora, fugir
só do regional”, explica Bett. Também pretende promover eventos paralelos, como lançamentos de livros, apresentações musicais, projeções e
performances. Em relação ao público, grande parte são empresários. “A
maioria tem de 30 a 40 anos, vindos de outros Estados, moram aqui, já
despertaram a cabeça para a arte e estão acostumados à cultura de visitar galerias”, especifica.
41
revista
DIVULGAÇÃO
Acervo e centro de promoção das artes. É com essa proposta que surgiu
o Instituto Juarez Machado, aberto
em novembro de 2014. A exposição
inaugural, “A bicicleta na vida e na
obra de Juarez Machado”, fica em
cartaz até 28 de fevereiro e traz o primeiro quadro pintado pelo artista
joinvilense – que lhe rendeu o 2º Prêmio em Pintura no Salão dos Novos
e Menção Honrosa no 13º Salão da
Primavera, em Curitiba, em 1961.
Com mais de 50 anos de carreira,
Machado é múltiplo: pintor, escultor,
desenhista, caricaturista, mímico,
designer e cenógrafo. Mantém ate­
liês em Paris, Rio de Janeiro e Join­
ville. Dividindo seu tempo criativo
entre França e Brasil, criou a sede do
instituto, com mil metros quadrados
de área construída. A obra, realizada
a partir de reforma da antiga moradia da família Machado, nos anos
60, foi viabilizada com recursos próprios e parcerias. A iniciativa, sem
fins lucrativos, vai abarcar boa parte
do acervo do artista: mais de 3 mil
quadros, 7 mil desenhos, toneladas
de fotos e quilômetros de cartas, bilhetes e textos. Mas a proposta vai
além: o local pretende ser referência
para capacitação, desenvolvimento
e disseminação das artes. “Queremos abrigar iniciativas transversais
de caráter cultural, educacional e
assistência social, que contribuam
para o desenvolvimento humano e a
inclusão cultural”, explica Machado.
Gabriela Loyola, proprietária do
escritório Picta, vê a inauguração
do instituto como um dos fatores
que garantem a identidade cultural da cidade. Seu escritório, formado em setembro de 2014, tem
como objetivo realizar consultoria
ANDRÉ KOPSCH
Novos espaços
e serviços
artísticos
No topo, Juarez Machado
em seu novo espaço cultural;
acima, Gabriela Loyola,
proprietária do escritório Picta
com atendimento personalizado para aquisição de obras – pintura, gravura, escultura, desenho, fotografia, entre outros suportes. “Quando tive a
ideia de abrir um negócio voltado às artes visuais, a decisão veio de uma
reflexão sobre mim mesma. Como uma pessoa que se interessa por arte
faz para comprar uma obra quando não tem acesso fácil a ela? Então, o
primeiro passo – definir quem eu quero servir – foi dado”, conta a empreendedora, formada em administração pela Univille, com especialização
em Art Business pela Escola São Paulo.
A proposta da Picta é fazer a curadoria de obras de arte com a finalidade de atender ao perfil de cada cliente. Após a validação da obra, realiza-se o acompanhamento de todo o processo de aquisição e instalação.
“Trabalho em parceria com empresas e profissionais especializados”,
informa. Gabriela, que tem o escritório como a primeira experiência no
mercado de artes visuais, ainda se propõe a trabalhar a inclusão das artes com crianças da rede escolar na região e a promover diversas exposições para todos os tipos de público, com o intuito de conectar a produção
artística visual à população.
41
DIVULGAÇÃO
Workshop de desenho promovido em festival
realizado pelo Conservatório Belas Artes: artes
plásticas também têm espaço na escola
42
Arte como modo de vida
“Sou a prova real de que é possível sobreviver com artes, nunca fiz outra coisa além de trabalhar com isso”,
diz Mirtes Strapazzon, diretora pedagógica do Conservatório Belas Artes. A música foi o seu “carro-chefe” –
assim como foi o da escola, que, desde 1995, ano de sua
fundação, carrega o segmento como o mais consolidado. No entanto, outros campos artísticos, como as artes
plásticas e o teatro, vieram em sequên­cia. “O nome do
Conservatório remete justamente a esta ideia: envolver todas as artes”, explica a diretora pedagógica, frisando que, atualmente, há um equilíbrio de demandas
em relação à procura pelos cursos – são mais de 30 opções na área musical, teatral e de artes visuais.
Mirtes e seu marido, Natalino Strapazzon, diretor
financeiro e administrativo, chegaram a Joinville há
21 anos, época em que tiveram o contato inicial com
o ensino de música no município. Quando os jovens
se formavam, manifestavam interesse em continuar aprendendo música e, dessa forma, surgiram os
primeiros alunos do Belas Artes. A
escola foi criada dois anos depois.
Desde lá, passou por dois endereços até chegar ao atual, na rua
Aubé. A nova sede, um prédio de
cinco andares com 40 salas, foi
inaugurada em 2014. A obra foi viabilizada com recursos próprios do
casal e financiamento do BNDES.
Um investimento de aproximadamente R$ 2,3 milhões.
Para Mirtes, qualquer ramo pode
ser bom se a empresa for bem administrada. “Isso desmistifica a ideia
de que um artista não sabe fomentar e comercializar sua arte. Para nós,
arte sempre foi um bom negócio”,
sustenta a diretora. Como qualquer
empresa, há burocracias no campo
da arte – que, neste caso, é associada
diretamente à educação. “A diferen-
43
revista
ça é que, além de empresa, somos
escola. Temos uma gestão escolar,
com o adendo da parte cultural.”
Apesar das iniciativas crescerem no
meio artístico, Mirtes continua vendo a arte como algo elitizado. “Não
dá para dizer que está acessível a
todos, porque não está. É um problema social e econômico”, frisa.
O mercado brasileiro de arte
contemporânea é jovem, dinâmico e em processo de internacionalização. É o que aponta a Pesquisa
Setorial Latitude de 2014. O estudo,
conduzido pela Associação Brasileira de Arte Contemporânea
(Abact) e pela Agência Brasileira
de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), analisou
45 galerias do setor. Delas, 66% têm
menos de 15 anos de existência e
71% já venderam fora do Brasil. Esse
traço jovem se reflete no universo
de aproximadamente 1 mil artistas
representados por galerias. Cerca
de 15% se lançaram em 2013. Ou
seja, pelo que esses números sinalizam, são grandes as expectativas
de que o nicho venha a se desenvolver cada vez mais,
No Brasil, as primeiras galerias
de arte, fundadas principalmente
no eixo Rio-São Paulo, consolidaram-se e hoje influenciam iniciativas empreendedoras espalhadas
por outras regiões. O mercado vem
crescendo em um ritmo de 20% ao
ano, com valorização das obras de
arte na ordem de 15%, média superior à inflação, e movimentando
um volume estimado em pelo menos R$ 300 milhões.
43
nonononon
Negócios
A Linha 4-Amarela do Metrô de São Paulo é a primeira linha de
metrô do Brasil operada por um regime de Parceria Público-Privada
CLÓVIS FERREIRA
O filão das PPPs
Empresas privadas
aprimoram serviços
oferecidos pelo
poder público
44
Karoline Lopes
O que a Linha 4 do Metrô de São Paulo, o Estádio Mineirão e o Sistema de
Disposição Oceânica do Jaguaribe, na Bahia, têm em comum? Todos são
exemplos de Parcerias Público-Privadas. Conhecidas pela sigla PPP, são um
contrato de concessão administrativa estabelecido entre o poder público e
a iniciativa privada, a médio e longo prazo (de cinco a 30 anos). Projetadas
para funcionar como válvula de escape para a realização de obras públicas,
até agora, nenhuma das tais parcerias foi concretizada em Santa Catarina,
onde a lei que viabiliza esse tipo de projeto foi aprovada há 11 anos. Mas, em
outros Estados, os investimentos já somam R$ 34 bilhões. Entre os segmentos
mais atendidos, lideram os de saneamento, transportes e estádios.
Ao contrário de outras licitações, nesse modelo, a responsabilidade integral da construção e gestão da obra passa a ser das empresas. Para Bruno
Pereira, coordenador do PPP Brasil, portal que tem como objetivo debater, difundir e acompanhar notícias sobre o tema, os principais riscos são dos investidores: “O pagamento é realizado conforme o indicador de desempenho
estabelecido no contrato, ou seja, quanto maior a qualidade apresentada,
menores os descontos”. Porém, o Estado também se arrisca, conforme Car-
los Sundfeld, fundador da Sociedade
Brasileira de Direito Público (SBDP) .
“Há o perigo de acumular muitas dívidas no futuro, além do que as contas públicas comportam”, aponta.
Dentre as vantagens, ambos destacam a agilidade no atendimento
às necessidades básicas públicas. “O
concessionário poderá fazer a exploração econômica, enquanto o concedente terá o serviço bem prestado
durante anos sem fazer antecipadamente todos os investimentos”,
destaca Sundfeld. Pereira complementa: “Ao utilizar a eficiência como
um dos indicadores de qualidade, é
garantida a funcionalidade dos serviços antes oferecidos pelo governo”.
Os investimentos em PPPs podem ocorrer de duas formas: por
meio do poder público, que contrata
um consultor, faz os estudos e publica a licitação, abrindo a disputa
entre as empresas, ou quando o próprio investidor desenvolve o estudo
e entrega para os órgãos competentes. Após essa etapa, o procedimento
varia e depende da entidade federativa responsável. Os projetos submetidos ao governo federal são enviados às análises do Comitê Gestor
(CGP) e Tribunal de Contas da União
(TCU). O primeiro, nos termos da Lei
n° 11.079/2004, é responsável por autorizar a abertura da licitação e aprovar o edital. O segundo aprecia os
estudos que embasarão o contrato.
De acordo com dados do PPP Brasil, existem 65 PPPs nos âmbitos federal, estaduais e municipais. Desse
total, 25% das obras são de água e esgoto, 17% de tratamentos de resíduos, 14% de equipamentos públicos e
12,5% de saúde. Depois, vêm moradias, arenas e estádios, rodovias, presídios, educação e moradia. Segundo
o Ministério do Planejamento, o governo já investiu cerca de R$ 1 bilhão
em PPPs e planeja aplicar mais R$ 5,5
bilhões em iniciativas voltadas à melhoria da mobilidade.
45
revista
PERFIL
Existem 65 PPPs nos âmbitos federal, estaduais e municipais. Segundo o Ministério do Planejamento, foram investidos cerca de R$ 1 bilhão em PPPs e mais R$ 5,5
bilhões devem ser mobilizados para melhoria da mobilidade urbana. Veja como se
configuram esses investimentos – em % de participação no total investido.
Água e esgoto
Tratamentos de resíduos Equipamentos públicos Saúde Mobilidade Arenas e estádios Rodovias Presídios Educação Moradia 25,00
17,19
14,06
12,50
10,94
9,38
4,69
3,13
1,56
1,56
O número de PPPs no Brasil ao longo dos anos
13
12
4
0
2005
2006
3
2007
4
2008
4
2009
13
10
2
2010
2011
2012
2013
2014
FONTE: PPP BRASIL
Nenhum projeto em SC
O governo de Santa Catarina instituiu a possibilidade de Parcerias Público-Privadas em 2004, quase um ano antes da lei federal que prevê essa
forma de concessão. Para incentivar o negócio no Estado, foi criada a SC-Parcerias S/A (SCPAR). Mas, apesar do amplo leque de opções de investimento – infraestrutura rodoviária, aeroportos, saúde, educação, sistemas
de transporte público, penitenciárias, centros administrativos, meio ambiente, implantação de gestão de parques tecnológicos, projetos habitacionais, centros de convenção e arenas multiuso, entre outros –, onze anos
depois, nenhum projeto foi criado. Para Mario Cezar de Aguiar, vice-presidente da Fiesc, esse modelo ainda não ganhou força no Estado por uma
questão cultural. “Não só aqui, mas em toda a Região Sul, as PPPs não se
consolidaram como deveriam. Por isso entendemos ser importante que
essa possibilidade seja mais divulgada”, diz. Glauco José Côrte Filho, diretor de planejamento e mercado da SC-Parcerias, afirma que a discussão
de mais possibilidades de contratos tem aumentado: “Muitos municípios
vêm se preparando legalmente para lançar seus projetos”.
Os empresários que desejam implantar parcerias podem fazer isso
por meio de um Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI) ou pela
Manifestação de Interesse da Iniciativa Privada (MIP). No PMI, a iniciativa parte do órgão público, que prepara um termo de referência e lança
45
FOTOS: DIVULGAÇÃO E PENINHA MACHADO
A partir da esquerda:
Bruno Ramos Pereira,
coordenador do PPP
Brasil; Carlos Ari Sundfeld,
fundador da Sociedade
Brasileira de Direito Público;
Glauco José Côrte Filho,
diretor de planejamento e
mercado da SC-Parcerias; e
Mario Cezar de Aguiar,
vice-presidente da Fiesc
um edital de convocação. Na MIP é o setor privado que apresenta as
análises do estudo inicial.
Com o objetivo de fomentar o debate sobre o tema, a Fiesc lançou a ação “PPP: Uma Alternativa para Investimento na Infraestrutura Catarinense”, em parceria com a consultoria KPMG e apoio da
SCPAR e OAB/SC. Serão feitas pesquisas para mapear o potencial do
Estado. Já foram realizados seminários regionais em Joinville e Criciúma, e há eventos programados em Blumenau, Lages, Chapecó e
Florianópolis. “Por enquanto,não há projetos, mas há PPPs em estudo, focadas na mobilidade urbana e na descentralização do atendimento ao cidadão”, revela Glauco, da SCPAR.
Para lançar uma PPP, o valor mínimo é de R$ 20 milhões. O número pode assustar, mas o vice-presidente da Fiesc garante que há potenciais investidores. Além dos benefícios para o governo e empresas,
as regiões que recebem PPPs também colhem frutos. “A PPP pode ser
um vetor de desenvolvimento. Imagine se Joinville dispusesse de um
espaço urbano livre e criassem lá um centro administrativo integrado. Isso incentivaria o surgimento de residências, lojas comerciais e
escritórios nas proximidades. Quando um projeto como esse é instalado, inaugura-se uma cadeia de profissionais e empresas em volta”, exemplifica Pereira, do PPP Brasil. Já o advogado Marcelo Harger
acredita ser difícil mensurar esse impacto, que oscila de acordo com
o valor do contrato: “O impacto estrutural também depende da espécie de concessão. Para que se tenha uma ideia, há casos de PPPs que
privatizam presídios. Paga-se um valor mensal por preso”.
46
Em Joinville
Em 2014, a Fiesc iniciou em Joinville uma
série de debates para disseminar informações sobre PPPs. Participaram do encontro representantes da entidade e da
KPMG. A consultoria é uma das responsáveis pelos projetos das arenas de Recife,
Natal e Salvador, todas entregues dentro
dos prazos contratados. “A PPP é um instrumento, adequado para projetos complexos e de longo prazo, do qual a cidade
e o Estado podem se beneficiar”, reitera
Charles Schramm, sócio da KPMG.
Além do debate, a Fiesc também realiza pesquisa com prefeitos para elaborar
um diagnóstico do potencial de implantação de projetos na modalidade PPP pelas
diversas regiões catarinenses. Estão sendo
prospectadas áreas como saneamento, infraestrutura de transportes, saúde, mobilidade urbana e segurança. As conclusões
do estudo serão apresentadas às autoridades como sugestão para aprimoramento
das políticas públicas.
Minas Arena,
em Belo Horizonte
DIVULGAÇÃO
Obras por todo o Brasil
Não há como precisar qual foi a primeira PPP estabelecida no Brasil, pois em
2006 quatro contratos foram assinados: Sistema de Disposição Oceânica do
Jaguaribe (Embasa), na Bahia, Ponte de Acesso e Sistema Viário do Destino de
Turismo e Lazer Praia do Paiva, em Pernambuco, Linha 4-Amarela do metrô de
SP e Afastamento de Esgotos da Bacia do Rio Capivari da Sanasa, SP. Dentre as
65 PPPs pelo Brasil, três podem servir de modelo para Santa Catarina.
Hospital do Subúrbio, em Salvador
Foi a primeira unidade hospitalar pública do Brasil a funcionar por meio de
PPP. A gestão, operação e aparelhamento da unidade é responsabilidade da
empresa Prodal Saúde, vencedora da licitação para concessão administrativa. Localizado no subúrbio ferroviário de Salvador, em uma área que abrange
cerca de 1 milhão de pessoas, atende casos de urgência e emergência de pacientes adultos e pediátricos. Inaugurado em setembro de 2010, o hospital
conta com 268 leitos e 1.211 funcionários (304 médicos0). A estrutura é composta por um moderno parque de medicina diagnóstica com bioimagem e
laboratório de análises clínicas. Também tem centro cirúrgico e ambulatório.
A concessionária é responsável pela prestação gratuita dos serviços de atenção à saúde aos clientes, no âmbito do SUS, pela compra e gestão de suprimentos farmacêuticos e hospitalares, mobiliário e equipamentos, além da
contratação e gestão de profissionais, entre outros itens.
47
revista
Para receber os jogos da Copa do
Mundo, o Mineirão foi reformado e
modernizado a partir de uma PPP
firmada entre o governo estadual e
a empresa Minas Arena. O complexo multiuso oferece espaços de entretenimento, cultura e lazer. Os parâmetros mais rígidos de conforto,
limpeza, acessibilidade e segurança
também são atendidos nas dependências do empreendimento. Um
dos mais tradicionais do país, o estádio é patrimônio histórico e arquitetônico. Após sua reforma, tornou-se a mais moderna arena de Minas
Gerais e apresentou um aumento
contínuo de público – resultado da
modernização das instalações, dos
serviços e do tratamento diferenciado ao torcedor-cliente.
Linha 4-Amarela do
Metrô de São Paulo
Operada pela concessionária
ViaQuatro, a Linha 4-Amarela do
metrô de São Paulo foi eleita a
melhor PPP da América Latina e
Caribe pelo Internacional Finance Corporation (IFC), entidade financeira ligada ao Banco Central.
Fabricados na Coreia, os trens são
modernos, com ar condicionado,
passagem livre entre carros e baixo
nível de ruí­do. As portas dos carros
se abrem em conjunto com as das
plataformas e param exatamente
no ponto de embarque e desembarque dos usuários, reduzindo
riscos de acidentes. É a primeira linha de metrô do Brasil operada por
um regime de PPP. O contrato entre
a ViaQuatro e o governo do Estado
de São Paulo foi assinado em 2006
e tem validade de 30 anos, prevendo investimentos de mais de US$ 2
bilhões para esse período.
47
DIVULGAÇÃO
A concessão do aeroporto de Guarulhos (SP), que tem prazo de 20 anos, foi arrematada por R$ 16,2 bilhões
A alternativa
das concessões
Além das Parcerias Público-Privadas,
existe outra modalidade de contrato
em que uma empresa privada assume responsabilidades públicas: as
concessões. “Nesses casos, o poder
público terceiriza a atividade. É o que
ocorre, por exemplo, com a coleta de
lixo. O serviço, originariamente prestado pelo Estado ou pelo município,
é delegado para um particular, por
intermédio de um contrato”, explica o advogado Marcelo Harger. O
contratado fica obrigado a prestar
o serviço de acordo com as normas
impostas pelo poder público e, como
contrapartida, tem o direito de cobrar tarifas dos usuários, a única
remuneração dos concessionários.
Já nas PPPs, a administração paga
pelos serviços, com ou sem cobrança
de tarifa dos usuários. A diferença é
a viabilidade financeira. Enquanto as
concessões recebem retorno direto
48
da população, as PPPs são destinadas a projetos que não cobram nada
(presídios, hospitais públicos) ou um
valor insuficiente para as ações (administração de rodovias ou ferrovias
de baixo movimento).
Cinco dos maiores aeroportos do
país foram concedidos à iniciativa
privada: Cumbica (Guarulhos), Viracopos (Campinas), Brasília, Galeão
(Rio) e Confins (Belo Horizonte). E o
governo ainda pretende repassar
outros três ainda em 2015. Em janeiro, o governador Raimundo Colombo
apresentou pedido para a inclusão
do Aeroporto Hercílio Luz no programa de concessões. A solicitação
se deve aos atrasos nas obras de
construção do novo terminal de passageiros, sob responsabilidade da
empresa contratada pela Infraero. A
inclusão aguarda o aval da presidente Dilma Rousseff. “Esse modelo de
parceria tem dado certo. E isso nos
anima a fazer o mesmo em Florianópolis. Hoje, nossa estrutura é acanhada e o serviço de turismo perde
qualidade”, declarou o governador.
Em Joinville, uma importante
concessão foi a da Expoville. A Construtora Viseu e a Caex Empreendimentos e Participações formam o
Consórcio Viseu-Caex. Juntas, admi­
nistram o espaço projetado para
receber eventos de diferentes formatos e tamanhos. No início do ano,
a vizinha São Francisco do Sul concedeu a gestão dos serviços de água
a uma empresa pertencente ao
Grupo Aegea Saneamento, responsável por 37 concessões de variados
portes e que atende a 3,6 milhões
de pessoas em oito Estados.
O contrato tem prazo de 35
anos, com investimentos de R$ 220
milhões. “A meta imediata é atacar o problema crônico da falta de
água nos balneários e levar água
tratada para a Praia do Ervino e a
Vila da Glória”, explica Ricardo Miranda, presidente da Águas de São
Francisco do Sul. “O compromisso
é instalar rede, coletar e tratar 52%
do esgoto até 2022, avançando gradativamente nos anos seguintes”,
aponta Miranda.
49 revista
49
Case
PENINHA MACHADO
De porta em porta, Brasil afora
Como uma das maiores
redes de produtos
de limpeza do
país construiu
sua trajetória
50
Mayara Pabst
“Alô, alô dona de casa! É o carro da Ecoville que está passando aqui na sua
rua...” Para muita gente, ouvir essa mensagem bem na frente de casa é sinônimo de solução dos problemas de limpeza doméstica. Com sete anos
no ramo, a Ecoville construiu seu nome estruturado sobre a qualidade e
eficácia dos produtos. Cada fiel consumidora conquistada assumia o papel informal de divulgadora da marca e, de porta em porta, boca a boca, o
negócio se consolidou, tornando-se a rede de lojas que soma, hoje, mais
de 100 unidades espalhadas pelo país. O sucesso é fruto de um trabalho
árduo que surgiu pela via da parceria familiar, em julho de 2007.
Edimar Castelo e seus dois filhos, Leonardo e Leandro, nasceram
em São Paulo, mas escolheram Joinville para erguer seu empreendimento. Quando chegaram, já com a intenção de montar um negócio
de fabricação e venda de produtos de limpeza, tinham o objetivo em
mente, mas poucos recursos. O comércio se iniciou de forma amadora,
só que não sem planejamento. Os três perceberam uma oportunidade
e optaram pelo município por seu potencial econômico. Nos primeiros
dois anos de funcionamento, a equipe de apenas cinco funcionários
investiu na concretização do projeto. A fabricação se restringia a atender empresas. Para superar a concorrência, era preciso fazer a diferença. Na expectativa de atender consumidores residenciais, foi adotado
um modelo de negócio que corta o canal de distribuição. Itens mais
populares passaram a ser vendidos diretamente nas casas. E logo o
nome Ecoville passou a se destacar.
O empresário Edimar Castelo (ao centro), junto com os filhos
Leandro e Leonardo, transformou o negócio familiar em uma
das maiores redes de lojas de produtos de limpeza do país
Aliadas à divulgação espontânea, estratégias de marketing alimentaram o plano dos Castelo, estimulado também pela abordagem
dos vendedores junto aos clientes.
No contato direto com o consumidor,
o representante atua quase como
um consultor, indicando o melhor
produto para cada situação específica, o que exige treinamentos intensivos sobre detalhes das linhas. Quando a necessidade imediata do cliente
não pode ser atendida, a fábrica trata logo de agregar novos produtos,
conforme a demanda. Dessa forma é
que foi criado um dos itens de maior
sucesso na empresa. “Joinville é muita úmida e os consumidores pediam
uma solução que não deixasse o ambiente ainda mais úmido. Criamos
um produto à base de álcool, com
fácil evaporação, e resolvemos o problema”, explica Leonardo.
51
revista
A credibilidade, a proximidade
com os consumidores, o feedback
eficaz e a comodidade do atendimento foram pavimentando a evolução da empresa, que, em abril de
2012, inaugurou sua primeira loja,
no bairro Costa e Silva. O conceito
de “supermercado de produtos de
limpeza”, único no país, chamou a
atenção regionalmente e, depois
de vencer um concurso da revista
Pequenas Empresas, Grandes Negócios, a rede Ecoville ganhou o
país. A marca se tornou uma das
referências no mercado joinvilense, atuando no posicionamento
em preços e brigando com as grandes. O reconhecimento na revista
de circulação nacional foi apenas o
primeiro: depois, vieram conquistas como o Prêmio Top de Marca,
o Prêmio Qualidade Brasil (por
três anos consecutivos), Prêmio
Pódium e Master Pesquisa. A rede
trabalha com produtos de limpeza
da linha automotiva, residencial e
institucional. Só em Joinville, está
em 12 lojas. A expansão “em espiral” começou por Jaraguá do Sul,
Guaratuba, São Bento do Sul e Blumenau, e se estendeu até municípios do Paraná, Rio Grande do Sul,
São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito
Santo, Minas Gerais, Goiás, Cuiabá
e Brasília.
Os novos mercados são dominados por uma eficiente equipe
de atuação externa, empenhada
em analisar o potencial de cada
região. O negócio se baseia em
lojas exclusivas – sistema parecido com o de franquias, mas com
um diferencial: sem a cobrança de
royalties ou taxa de publicidade. O
investimento inicial fica em torno
de R$ 100 mil, mais R$ 35 mil em
produtos para revenda. Segundo
Leonardo Castelo, para embarcar
no negócio, o investidor precisa
ter perfil empreendedor e vontade de crescer. “O ramo é lucrativo,
mas a rentabilidade varia muito
e depende do gestor de cada loja.
Fornecemos um suporte completo ao proprietário do estabelecimento e damos todo o apoio necessário para que leve o nome da
Eco­ville à região onde atua”, explica o empresário.
Além das lojas próprias, os produtos podem ser encontrados em
lojas multimarcas. Mas o comerciante exclusivo tem vantagens,
como o valor mais barato em produtos e o suporte da rede. Para
quem procura ainda mais envolvimento, a rede propõe o modelo
de loja “macro franqueado”, no
qual o investidor monta um centro de distribuição em sua cidade.
As unidades abastecem as lojas
da região e são responsáveis pela
abertura de novas filiais em sua
área de abrangência.
51
Atenção ao
mercado
para inovar
A meta ousada de lançar dois novos
produtos por mês é perseguida dia
a dia pelos funcionários, que trabalham por um período de seis meses na preparação e planejamento
de cada item. O investimento na
aparência é também prioridade.
Recentemente, os gestores da Ecoville estiveram na Argentina, Chile
e México, em uma pesquisa para
reformular embalagens. Além do
novo layout, o nome de cada produto também será modificado, com
a adição do prefixo “eco”. Segundo Leonardo Castelo, o prefixo não
foi incorporado por acaso. Ações
como a não-utilização de químicos que agridem o meio ambiente,
tratamento de água e o incentivo
à conscientização demonstram a
preocupação sustentável da empresa que, nos próximos meses,
ficará estampada de forma ainda
mais evidente em seus produtos.
Nas viagens ao exterior, os investidores também buscam prospectar oportunidades. Em 2015, a
Ecoville deve inaugurar lojas no Paraguai e Argentina, com produtos
adaptados ao perfil desses dois paí­
ses. Uma das metas é fechar 2015
com 200 lojas e, até 2016, alcançar
500 filiais espalhadas pelo Brasil
e países vizinhos. Com a produção
atual de mais de 1 milhão de litros
por mês, para que a Ecoville cumpra o objetivo de se tornar a maior
do segmento no país, os colaboradores participam de constantes
treinamentos e capacitações que
estimulam a busca pelo sucesso
coletivo. A atuação da empresa se
pauta pelo potencial do mercado,
que apresenta crescimento natural
de 20% ao ano.
52
A sede da Ecoville, localizada no bairro Itinga, em Joinville, que
fabrica mais de 1 milhão de litros de produtos de limpeza por mês
Expansão sem perder credibilidade
Como meta, a rede Ecoville já estuda a possibilidade de abrir novas unidades fabris, no modelo de microfábricas específicas. Existe, por exemplo, um projeto para a construção de uma unidade especializada em
produtos de limpeza para carros, além de outras duas dedicadas à fabricação de produtos em pó e cosméticos.
Os lançamentos da empresa acompanham o ritmo e tendências do
mercado. Tudo para que o negócio continue com fôlego para concorrer
com os produtos de marcas globais comercializados pelas grandes redes. Já o principal objetivo da empresa, transmitido constantemente
para cada colaborador e representante, é o conceito de atendimento de
qualidade. A Ecoville, costumam frisar seus gestores, preocupa-se em
crescer sem perder a confiabilidade dos clientes – conservando, dessa
forma, a identidade que a tornou uma das maiores redes de produtos
de limpeza do país.
53
revista
53
Espaço Acij
Destaques entre as ações dos núcleos no ano passado: lançamento do Guia das Agências (Agências de
Propaganda e Marketing), participação em feiras (Automação) e palestra com Clóvis de Barros Filho (Digital)
BALANÇO
Os braços do associativismo
Núcleos comemoram
as conquistas do ano
passado e apresentam
expectativas para 2015
54
Criados em 1991, os núcleos setoriais da Acij são resultado de uma parceria entre as associações empresariais de Joinville, Brusque e Blumenau e a
Câmara de Artes e Ofícios de Munique e Alta Baviera, na Alemanha. Inicialmente, o projeto tinha como objetivo profissionalizar a gestão das entidades
e impulsionar o desenvolvimento das empresas de menor porte. De concorrentes, os empresários passariam a se reconhecer como parceiros, que enfrentam problemas e desafios em comum.
Hoje, na Acij, são 26 núcleos, ao lado de quatro grupos de Gestão Compartilhada. “São divididos em setoriais, que atendem empresas do mesmo
ramo e buscam soluções; temáticos, que analisam temas pertinentes à cidade; multissetoriais, reunindo empresas de diversos setores que discutem
uma bandeira específica; e territoriais, os grupos de Gestão Compartilhada
situados em quatro pontos de Joinville para discutir questões como infraestrutura”, explica Marlete Tamasia, coordenadora do setor de consultoria.
Segundo Marlete, existem solicitações para a abertura de novos núcleos
em 2015: “Isso depende de estudos de viabilidade. Consideramos o número
de empresas de cada segmento em Joinville, o que representa para o município, as dificuldades encontradas, entre outros pontos”. Para ela, os grupos
materializam uma das bandeiras da Acij. “Problemas e soluções são levantados, fortalecendo a cultura do associativismo”, aponta.
A seguir, o balanço de alguns dos principais núcleos empresariais da entidade em 2014.
DIVULGAÇÃO
AGÊNCIAS DE PROPAGANDA
E MARKETING
Destaques de 2014
l Prêmio Manchester Catarinense
de Propaganda
l Prêmio Melhores Fornecedores &
Veículos
l Guia das Agências
Palavra do presidente
Gabriel Krieger
“2014 foi o ano de consolidação da
união do grupo, de novos associados (agora, somos 18 agências), de
mudança de gestão, adaptação e
continuidade das ações realizadas.
Também foi ano de apoio a ações
sociais, como a do Outubro Rosa, em
parceria com os núcleos de Mulheres Empresárias e Gestores da Saúde.
Para 2015, a prioridade será divulgar
à sociedade a importância da nossa
contribuição, por meio das ações já
consolidadas. Temos planejados novos projetos e, com certeza, buscaremos maior integração com outros
núcleos da Acij.”
55
revista
AUTOMAÇÃO
Destaques de 2014
l Feira de Eletroeletrônica, Energia
e Automação Industrial
l Circuito de palestras – “Soluções
Inovadoras para Automação
Industrial”
l Feira da Metalurgia
Palavra do presidente
Ronaldo Schwarz
“Para 2015, aguardamos a finalização do projeto do Empreender
Competitivo, com a capacitação
para a implementação da ISO
9000 e o treinamento de vendas.
Temos também a expectativa de
fortalecer a presença e a imagem
do núcleo, com a realização de seminários técnicos e a participação
em feiras.”
DIGITAL
Destaques de 2014
l Palestra com Clóvis de Barros
Filho: “Confiar para liderar novos
desafios”
l Workshops digitais – “Sua marca
no Facebook” e “Impulsionando
seu negócio com o Google”
l Joinville Digital Meeting
Palavra do presidente
Gabriel Nunes
“No ano de 2014, o núcleo focou
em eventos para o mercado digital
da região – algo que, até então, era
pouco explorado. O 2º Joinville Digital Meeting encerrou o ano com
chave de ouro. Esperamos que o de
2015 seja ainda melhor. Estamos
com alguns projetos em andamento para a realização de mais eventos e ações sociais.”
ESCOLAS DE EDUCAÇÃO
PROFISSIONAL
Destaques de 2014
l Palestra César Nunes
l 4o Workshop das Profissões e
Empregabilidade
Palavra da presidente
Carmem Lúcia Thomé Postól
55
Eventos significativos: Painel de Cases de Gestão (Gestão Empresarial), palestras promovidas para empresários
(Jurídico), visita à BMW (Meio Ambiente) e plantio de mudas no Dia da Árvore (Postos de Combustíveis)
“Para 2015, planejamos algumas
ações, entre elas o evento comemorativo dos 20 anos do núcleo,
com palestra do filósofo Mario
Sergio Cortella. Teremos, também,
mais uma Feira das Profissões, em
setembro.”
GESTÃO EMPRESARIAL
Destaques de 2014
l 3º Painel de Cases de Gestão
l Revitalização do Planejamento
Estratégico
l 50 Anos de Leitura (Projeto
de Apoio à Biblioteca Pública de
Joinville)
Palavra do presidente
Cícero Gabriel Ferreira Filho
“A grande expectativa que temos
para 2015 é a geração de parcerias
entre os nucleados. Nosso foco é o
4º Painel de Cases de Gestão Empresarial, para o que estamos empregando a máxima energia, com
a criação de um comitê responsável
pelo evento.”
56
JURÍDICO
Destaques de 2014
l Execução do Programa
Empreender Competitivo
l Apoio ao pleito da Acij em
relação à isenção do ICMS sobre
combustíveis utilizados no
transporte coletivo urbano
l Capacitação dos nucleados por
meio de palestras relacionadas
às diversas áreas de gestão dos
escritórios
Palavra do presidente
Gleidson Henrique Karnopp
“O segundo semestre de 2014, inicio da nossa gestão, foi bastante
promissor no sentido de conseguirmos viabilizar treinamentos
e debates que, de algum forma,
puderam auxiliar na atividade dos
nucleados. Para 2015, o maior desafio será a rea­lização do 6º Seminário do Núcleo Jurídico, que dará
um salto qualitativo e quantitativo.
Paralelamente ao seminário, teremos a 1ª Feira Jurídica de Joinville,
na qual expositores de todo o Brasil estarão mostrando produtos e
serviços destinados ao mercado
jurídico. Por fim, enviaremos periodicamente aos associados da Acij
uma newsletter com informações
pertinentes e assuntos jurídicos de
relevante interesse do empresariado e da comunidade joinvilense.”
MEIO AMBIENTE
Destaques de 2014
l Diagnóstico do licenciamento
ambiental em Joinville
l Workshop de licenciamento
ambiental
l Participação em fóruns
ambientais
Palavra da presidente
Letícia Panaro Lunardi
“O ano de 2014 foi intenso para o
Núcleo de Meio Ambiente. Para
2015, almejamos continuar realizando um trabalho sério e consistente, contribuindo sempre com
a Acij, e que esteja alinhado às ne-
DIVULGAÇÃO
cessidades observadas pelos técnicos participantes, que deparam
diariamente com desafios na área
ambiental – imprescindível para
o desenvolvimento da sociedade
como um todo.”
POSTOS DE COMBUSTÍVEIS
Destaques de 2014
l 3ª edição da Campanha do Dia da
Árvore
l Natal da Alegria
l Debates e discussões nas mesasredondas com autoridades
Palavra da presidente
Reigiani Souza
“Planejamos a busca pelo crescimento do núcleo, fortalecimento das
campanhas sociais (Dia da Árvore e
Natal da Alegria) e a criação do 1º Seminário, com autoridades importantes do nosso segmento.”
USINAGEM E FERRAMENTARIA
Destaques de 2014
l Promoção do desenvolvimento
57
revista
sustentável das empresas
integrantes
l Contribuição para o aumento da
competitividade, para a melhoria da
qualidade de vida dos profissionais
l Articulação de ações que possam
aprimorar o ambiente de negócios
e das empresas dos setores
ferramenteiro e de usinagem
Palavra do presidente
Edison Dalinghaus
“A melhor maneira de se integrar é
quando os objetivos estão ao alcance, sendo executados pelos participantes sem que estes prejudiquem
a atividade principal, a gestão de
suas empresas.”
GESTÃO COMPARTILHADA
VILA NOVA
Destaques de 2014
l Palestra realizada pela empresária
Dinora Nass Allage, sobre
associativismo
l Reunião com autoridades do
bairro Vila Nova para discutir sobre
segurança do bairro
l Visita técnica à BMW
Palavra da coordenadora
Carla Merkle
“No ano de 2014, buscou-se o desenvolvimento dos participantes do
Gestão Compartilhada, com a realização de palestras, visitas técnicas e
apresentação de cases relacionados
à gestão, promovendo o associativismo. Para 2015, queremos dar continuidade às etapas iniciadas junto
aos órgãos relacionados à segurança publica. Vamos envolver ainda
mais os participantes do Gestão
Compartilhada na elaboração do
nosso calendário, para poder atender a necessidade do empresariado
local com novas palestras, novas
visitas técnicas e novos cases de sucesso. Tudo isso pensando no envolvimento do empresariado, para que
tenha participação não somente
nas reu­niões, mas sim com sugestões concretas de ações.”
57
POR DENTRO
Consep abrange 21 sindicatos patronais
As entidades patronais dos segmentos metalmecânico, têxtil, alimentício, químico, plástico, construção
civil, gráfico, saúde, transporte, educação e contábil têm amplo espaço
na estrutura da Acij. O Conselho das
Entidades Patronais (Consep) é o
órgão coordenador das atividades
pertinentes aos 21 sindicatos participantes. Entre as atribuições do
Consep, destaca-se o planejamento
e acompanhamento das ações re-
lacionadas aos conveniados. Além
disso, é responsável pela promoção
de fóruns de debates e coordenação
das ações praticadas em conjunto.
Segundo o presidente Marco Antônio Corsini, a finalidade do grupo
é a troca de ideias e informações.
“Essa união converge na busca por
melhorias. E a Acij nos dá todo o
respaldo para isso. Muitos associados são ligados aos sindicatos e entidades. Essa troca resulta em um
processo de gestão aprimorado”,
afirma.
O convênio do Conselho com
a Acij inclui serviços de secretaria,
contabilidade e assessoria jurídica,
com o apoio nas negociações coletivas e na realização de processos
eleitorais. Também é responsabilidade do Consep conduzir as ações
praticadas em conjunto com a associação e reger as normas relacionadas aos sindicatos e à Acij.
Conheça as entidades patronais que participam do Consep
Metalmecânico
Sindimet – Sindicato das Indústrias
Metalúrgicas e de Material Elétrico
de Joinville
Sindirepa – Sindicato da Indústria
de Reparação de Veículos do Estado
de Santa Catarina
Sindimec – Sindicato Patronal da
Indústria Mecânica de Joinville e
Região
Sinditherme – Sindicato das
Indústrias de Refrigeração,
Aquecimento, Tratamento de
Ar, Artigos e Equipamentos
Odontológicos e MédicoHospitalares de Joinville
Sindimaq – Sindicato Nacional da
Indústria de Máquinas
Sindipeças – Sindicato Nacional
da Indústria de Componentes para
Veículos Automotores
Têxtil
Sinditextil – Sindicato da
Indústria de Fiação e Tecelagem
de Joinville
58
Sindivest – Sindicato da Indústria do
Vestuário de Joinville
Material Plástico no Estado de Santa
Catarina
Sindimalhas – Sindicato da
Indústria de Malhas e Meias de
Joinville
Construção civil
Sinduscon – Sindicato da Indústria
da Construção Civil de Joinville
Alimentação
Sindipan– Sindicato da Indústria de
Panificação e Confeitaria de Joinville
Gráfico
Sigraf – Sindicato das Indústrias
Gráficas de Joinville
Viva Bem – Sindicato de Hotéis,
Restaurantes, Bares e Similares de
Joinville
Saúde
Sindhosp – Sindicato de Hospitais,
Clínicas, Casas de Saúde da Região
Norte e Nordeste de Santa Catarina
Sindigêneros – Sindicato do
Comércio Varejista de Gêneros
Alimentícios, Carnes Frescas e
Derivados de Joinville
Químico
Sinqfesc – Sindicato das Indústrias
Químicas e Farmacêuticas do Estado
de Santa Catarina
Sindipetro – Sindicato do Comércio
Varejista de Derivados de Petróleo
de Santa Catarina
Plásticos
Simpesc – Sindicato da Indústria de
Transporte
Setracajo – Sindicato das Empresas
de Transportes de Cargas e
Operações Logísticas de Joinville
Educação
Seinvi – Sindicato das Escolas de
Idiomas do Norte Catarinense e do
Vale do Itajaí
Contábil
Sescon – Sindicato das Empresas de
Serviços Contábeis, Assessoramento,
Perícias, Informações e Pesquisas no
Estado de Santa Catarina
PONTO DE VISTA
Posições firmes em temas de impacto
A diretoria da Acij tem se manifestado com veemência sobre grandes
temas nacionais e estaduais que repercutem na vida do empresariado.
Editoriais distribuídos semanalmente à imprensa reproduzem a visão da
entidade sobre questões com grande
impacto na comunidade, em áreas
como segurança, infraestrutura e
educação. Recentemente a diretoria
lamentou a demora na instalação
das câmeras de segurança e a promessa não cumprida de aumento do
efetivo policial em Joinville. O mesmo texto pedia atenção do governo
federal às obras do campus da UFSC,
defendendo que este seja desvincu-
59
revista
lado de Florianópolis, “condição para
que se transforme em um campus
de verdade, e não apenas cursos esparramados pela cidade”.
Em fevereiro, o editorial abordou
as “impressionantes denúncias” de
corrupção que frequentam o noticiário. “São tantas que a mais nova
acaba substituindo a anterior.” O
mesmo artigo, assinado pelo presidente João Martinelli, foi claro em
reconhecer que a casa não tem expectativa favorável com o início do
segundo mandato da presidente Dilma, citando o “saco de maldades” representado pelas medidas tomadas
desde a posse.
PENINHA MACHADO
Textos enviados à imprensa
manifestam críticas da diretoria,
presidida por Martinelli
59
FEITO EM JOINVILLE
Finalista em duas categorias (serviços e inovação) do “MPE Brasil – Prêmio de Competitividade
para Micro e Pequenas Empresas”,
a Cecyn Arquitetura + Design se
destaca há nove anos por dar ênfase ao planejamento, reforçar
sua presença no mercado e buscar
referências fora de Santa Catarina. “Esse reconhecimento mostra
que estamos no rumo certo para
chegar à excelência, porém ainda
temos que caminhar muito para
garantir a satisfação de nossos
clientes. É um crescimento contínuo”, avalia Antônio Seme Cecyn,
fundador da empresa.
Presente no Norte do Estado,
no Sul do Paraná e na capital paulista, a Cecyn já contabiliza cerca
de 2 milhões de metros quadrados
projetados, 200 edifícios, além de
diversas residências e obras industriais. “Nossos projetos são criados
de forma inteligente, priorizando
60
Há 15 anos, a Cecyn é referência de arquitetura em Joinville
a racionalidade e a flexibilidade.
Um dos diferencias é favorecer
elementos como ventilação e insolação. Trabalhamos de dentro
para fora, a fim de criar espaços
confortáveis e bem aproveitados”,
sublinha o diretor
Os profissionais que formam a
equipe têm formação variada, entre arquitetos e engenheiros, além
dos estagiários e profissionais
terceirizados. “Todos participam
dos processos de criação e desenvolvimento dos projetos. Cada um
agrega valor aos produtos entregues ao cliente, o que torna o resultado dinâmico e interessante”,
DIVULGAÇÃO
Projetos com
qualidade e
inovação
afirma Cecyn. Associado à Acij há
cinco anos, ele aponta a troca de
experiências como o principal benefício da parceria: “A entidade
trabalha em prol dos empresários
de Joinville, fortalecendo a classe.
Nossa empresa tem grande oportunidade de crescimento, pois
ampliamos os contatos entre as
associadas”.
www.cecyn.com.br
Rua Padre Kolb, 1290
Bucarein – Joinville
(47) 3422-1835
[email protected]
CLÁUDIA DE JESUS
Quatenus oferece serviços de monitoramento, controle e gestão da frota
Segurança e soluções
em rastreamento
Outra empresa finalista do “MPE
Brasil – Prêmio de Competitividade para Micro e Pequenas Empresas” foi a Quatenus Rastreamento
Inteligente. “Trata-se de uma premiação importante para a credibilidade e visibilidade da marca.
Chegamos à final e celebramos o
61
revista
resultado, pois foram mais de 2 mil
empresas inscritas”, comemora
Carmem Pedroso, gestora de mar­
keting e comunicação.
Fundada em 1990, a Quatenus
faz parte do grupo europeu Sinfic que atua em Portugal, Angola,
República Democrática do Con-
go, Moçambique, Guiné – Bissau
e Gabão. No Brasil, tem sede em
Joinville e escritório em São Paulo.
Os produtos oferecidos são compostos por uma plataforma de
localização global integrada, que
processa automaticamente e fornece informações em tempo real.
“Os serviços disponíveis abrangem
pessoa física e jurídica. Para pessoa
jurídica, o foco é gestão, redução de
custos e controle de bens e equipe.
A satisfação pelo serviço é percebida logo nas primeiras semanas.
Também temos produtos para a
pessoa física que busca maior segurança do seu veículo”, afirma. A
empresa é associada à Acij desde
2011. Segundo Carmem, os resultados da adesão foram positivos:
“Compreendemos a importância
do associativismo e acreditamos
que o sucesso pode ser alcançado
de maneira sólida com a participação ativa em entidades de classe”.
www.quatenusonline.com.br
Rua Blumenau, 1321
América – Joinville
(47) 3034-8600
atendimento@quatenusonline.
com.br
61
DIVULGAÇÃO
“A Acij é uma marca forte, que enriquece a empresa. Outro ponto importante é a rede
de relacionamento estabelecida com os outros associados, pois o nosso foco são os
eventos corporativos”
Karine Mello, proprietária da Karamellos
POR QUE ACIJ
O seu espaço na Acij
Com o objetivo de promover negócios e incentivar
o compartilhamento de experiências entre associados, um espaço de 15 minutos é aberto sempre nas
reuniões semanais da Acij. Tudo para que empresas
apresentem serviços e produtos, além de falar sobre
o seu sistema de gestão e outras novidades. Os encontros ocorrem às segundas-feiras, dàs 18h30 às 20h.
Logo após, a empresa oferece um coquetel, momento
de aproximação e confraternização entre empresári-
os e executivos. Os interessados nesse espaço podem
inserir banners e distribuir materiais publicitários no
salão nobre da associação. O Salão Tigre, onde ocorrem os coquetéis, também fica disponível para showroom de produtos e outras ações.
(47) 3461-3338 ou entre em contato pelo
e-mail [email protected].
Novos associados, de novembro e dezembro
GAIA PILATES
FIT ACADEMIA
ACADEMIA REAÇÃO
ADÃO MANUTENÇÃO EM GERAL
AG CONTROLE DE PRAGAS
AGROPECUÁRIA E PETSHOP ARC
AGRO SHOP BICHO FELIZ
CASA DAS CóPIAS
AMS SISTEMAS DE MANUFATURA
AQUILINO AUTO MECÂNICA E ELÉTRICA
ARTE E FÉ INSTRUMENTOS MUSICAIS
ASAAS
62
47 30288479
47 32270095
47 34652400
47 34335507
47 34362679
47 30287470
47 34376318
47 30287355
47 34232125
47 34372257
47 34272729
47 38010919
AUTO PARTS PEÇAS AUTOMOTIVAS LTDA
AUTO POSTO FÁTIMA
AUTO POSTO PIRAÍ
BALANTEC
BEAUDIO INFORMÁTICA
BOVARY SNOOKER PUB
BRAZILIAN INTERNATIONAL BUSINES
BRIOVILLE
CACTOS AMBIENTAL
ATIG INCORPORADORA
CAP LIFT COM. E MANUTENÇÃO EM EMPILHADEIRAS
CCRM ARTEFATOS DE CONCRETOS
47 3043 0111
47 34360030
47 34229676
47 34660000
47 34660066
47 30288203
47 30230053
47 34338004
47 30273535
47 30252625
47 30286846
47 34667008
ACTEMIUM
ANGIOCLÍNICA
COMEQ
CASA DA ESTOPA
MULTVILLE
CORAÇÃO DOCE DOCERIA
AGRÍCOLA PIRABEIRABA
PERFILADOS GUANABARA
CONSE-MAQ
CONSFER
CONTRA CHAMA
ADESIARTE
DELTA CABLE TELEINFORMÁTICA COM. REPR. C
WINTER SOLUÇÕES EM INFORMÁTICA
DL ESCRITÓRIOS VIRTUAIS
DMF COMPONENTES INDUSTRIAIS
ADM IMPORTAÇÃO
AUTO PRIMER
DROGARIA NUNES - ESPINHEIROS
FARMÁCIA CORADELLI BOA VISTA
DROGARIA MACIEL
FARMÁCIA POPULAR ITINGA
MOTTIVA FILMES
ECTAS
EDELCELY RIBEIRO HAAG
MONITORES
ELETRO MW
EMPREEND IMOBILIÁRIOS AMSTERDAM
EXPRESS RESTAURANTES
EXTINVILLE COMÉRCIO DE EXTINTORES
RESTAURANTE AVENTURA RURAL
REFEIÇÃO EXECUTIVA - ALIMENTE-SE BEM!
FAMA SUL VEDAÇÕES
FARMÁCIA EDUARDA
FARMÁCIA BOTICA DO VALE
BOTICA DO VALLE
FARMÁCIA IVO CORADELLI
FURHLANETO CONSULTORIA
GALVAN ENGENHARIA
GECEL SOLUÇÕES INDUSTRIAIS
AGIE CHARMILLES
GUTIS GOURMET
GLOBALMIND
GRÁFICA E EDITORA MANCHESTER COM E IND
PRIMO EMBALAGENS
GRAMEIRA OURO VERDE
GREYLOGIX JOINVILLE
GTP GRAVAÇÕES TÉCNICAS
DECORVILLE
HELIO CARVALHO DE ARAUJO
HERE INTERNACIONAL AL
CENTER FITNESS ACADEMIA
I-GO CONTABILIDADE INTEGRADA
SÓ CAPAS
INVECAP LTDA
INVISTA SUA CASA IMÓVEIS
ISSAN CONSTR E INCORP
JG EMPRESARIAL ESCRITÓRIOS INTELIGENTES
LUX SERVIÇOS
JPF INSTALÇÃO E MANUTENÇÃO ELÉTRICA
BAR E RESTAURANTE JUAREZ
KARAMELLOS FESTAS PERSONALIZADAS
KHRONOS
LMA SOLUÇÕES
TRUFF TROFÉUS
RESTAURANTE DO ZEZINHO E EVENTOS
63
revista
11 21619791
47 34330455
47 34259010
47 34362078
47 30298402
47 99130065
47 30280280
47 30287868
47 34551066
47 30255203
47 34362068
47 99218448
47 30255797
47 30264366
47 34179050
47 34373209
47 30293792
47 34738630
47 34326188
47 30267375
47 34371478
47 34356273
47 30295556
47 30331200
47 97445185
47 30854023
47 32051590
47 99632299
54 21088250
47 34735914
47 30230170
47 32270341
47 30286220
47 34661583
47 30277597
47 34227597
47 34360016
47 30253877
47 31219855
47 30337500
47 30265529
47 30257493
47 30272678
47 32053316
47 32053316
47 34541839
47 34353608
47 34552991
47 32051500
47 34324658
47 32750192
47 30280464
47 34258791
47 34271666
47 32783352
47 34324000
47 34482082
47 40639100
47 32273259
47 96763394
47 34352637
47 38047795
48 33819999
47 30575111
47 34352001
47 34532785
LANCHONETE TROPICAL
ZERO GRAU
LASALA ASSESSORIA ADUANEIRA
LATE E MIA PET SHOP
LENA SOUZA TREINAMENTOS E EVENTOS
LIBRA ETIQUETAS
LUCIANO DOS SATNOS HIMMER - ME
ESPORTES LANCHES
MULTI COMUNICAÇÃO INTEGRADA
HOT DOG O PRENSADO
PEDRALUSA
MERCADO CAMPO SALLES
MERINA
MG EQUIPS E PRODS DE HIGIENE
ELETRÔNICA SANTOS LTDA
TURMINHA SAPECA
EXTINCHAMAS
CHURRASCARIA O FORNO
MUNDUS IDIOMAS E TREINAMENTO CULTURAL
NEOGRID SOFTWARE S.A.
OFICINA DA BELEZA
ORTHOS ODONTOLOGIA
TAVINHO TRANSPORTES
P7 CONSTRUTORA E INCORPORADORA
PANIFICADORA HELENA
ESTACAVILLE
PEREIRA DESCARTAVEIS
PERSONAL GYM
PATAS E GARRAS VETERINARIA E PETSHOP
PHILUZ ILUMINAÇÃO
PHOENIX PRODUTOS ECOLOGICOS
PHP REPRESENTACOES COMERCIAIS
PIRÂMIDE METALÚRGICA
POSTO GRACIOSA V
POSTO JARIVA
PREDTRAFO
PRIMOS SERVIÇOS DE USINAGEM
ANTONIO CONTABILIDADE
FARMÁCIA REAL
R COBRANCA
RCS INCORPORAÇÕES
PANIFICADORA AMAPALU
RESPLENDOR
RESTAURANTE DOM LUIZ
RESTAURANTE REZENDE
CASA DAS EMBALAGENS
KATH ASSESSORIA
RONALDO JOSE MOREIRA
ROTOMAQ DO BRASIL
RVLAR EMPREEND IMOBILIÁRIOS
SAO MARCOS RADIOLOGIA S/S
SATUS TECNOL.INTEGRADA DO PLÁSTICO
SGF CONSTRUTORA E INCORPORADORA
SOUTHOM DISTRIBUIDORA DE BEBIDAS
SPEEDINOX
SULINA CAMPO E JARDIM
TEAM NOGUEIRA
TEKA GRAFICA E EDITORA
TERRAMAQ COMERCIAL
LIVING FITNESS ACAD/ESCOLINHA DE FUT
TONACRIL
TRANSLIGUE
TRIPSERVICE CONSULT EM VIAGENS E EVENTOS
CASA DO GUARDA PÓ
VINCERE
VISION MOLDES
47 34320242
47 34251676
47 34442161
47 30288393
47 30342770
47 34663300
47 91880078
47 34324902
47 30261924
47 84348473
47 88188526
47 34673080
47 30271815
47 34380696
47 34322600
47 34265147
47 34340707
47 34340110
47 32786494
47 30437606
47 34255581
47 34391723
47 99997381
47 34222198
47 34660001
47 34273597
47 34340909
47 34320055
47 3434 4440
47 38013310
47 34447093
47 30282345
47 31771200
47 34360030
47 34664665
47 30284089
47 34254373
47 30266996
47 34376652
47 30348040
47 99072231
47 34361392
47 34252219
47 34675213
47 30239276
47 34331888
47 30251307
47 91450072
47 34730690
47 84055846
47 34339299
47 34257140
47 30290743
47 30257774
47 31454300
47 34220055
47 34721331
47 34550921
47 30264933
47 30288949
47 30289070
47 34381044
47 21038400
47 34335660
47 32787100
47 34261846
63
Ponto e contraponto
Por que o
planejamento é
peça vital do sucesso
nos negócios
Conjuntura não permite falhas de gerenciamento
Alexandre Santangelo
Engenheiro, sócio da CAF,
perito judicial e
consultor ambiental
Do ponto de vista da engenharia, a Gerência de Projetos é o ramo da ciência da Administração que trata
do planejamento e controle de projetos. Planejamento na gestão significa estabelecimento de metas e
objetivos, definindo as etapas a ser desenvolvidas,
sequenciando as tarefas baseadas nos recursos disponíveis e necessários. Controle na gestão representa
a medição do progresso e do desempenho através de
um sistema ordenado e preestabelecido, sendo que
as “tomadas de decisão” para ações corretivas e preventivas são baseadas nas metas estabelecidas.
O treinamento em Gerenciamento de Projetos se
torna necessário para que as empresas busquem a
eficácia na gestão (com menor custo e prazo) e não
somente ser eficientes. O software de Gerenciamento de Projetos é uma ferramenta de planejamento e
gestão eficaz com o avanço da globalização e, consequentemente, da competitividade em ambientes dinâmicos que necessitam da prática do usuário. São os
usuários: a diretoria, para obter relatórios e gráficos
64
dos projetos; a gerência, para planejar e administrar
múltiplos projetos; os coordenadores e membros do
projeto, para registrar dados do acompanhamento e
produzir relatórios de cada etapa.
Para o gerenciamento de expectativas, existe uma
fórmula de sucesso: 1º) definir expectativas realistas
do equilíbrio entre custos, cronograma e qualidade,
com todos os participantes do projeto; 2º) gerenciar
as expectativas durante o projeto com eventuais correções da linha do tempo; se o equilíbrio estabelecido
mudar, certificar-se de que todos conhecem e aceitam
o novo equilíbrio. 3º) entregar o produto prometido
dentro do prazo e do orçamento, atendendo a expectativa do cliente.
Como exemplo, o empreendedor ou gestor de Joinville tem dificuldade em planejar ações pela morosidade do sistema e pelo descumprimento dos decretos
e leis estaduais no licenciamento ambiental. A estrutura técnica dos órgãos públicos é incompatível com
a demanda de projetos. Uma “tendência” natural e
essencial para quem cumpre a lei são ações judiciais
para implantação de projetos e empreendimentos. A
conjuntura econômica (o cenário) atual não permite
falhas e atrasos no gerenciamento dos projetos. Em
um ano, muda o mercado e os empreendimentos perdem eficácia. A ineficiência do sistema afugenta investimentos da região e busca alternativas ilícitas.
ILUSTRAÇÃO: FÁBIO ABREU
Conhecimento e liderança aumentam efetividade
Wagner Giovani Silva
Sócio-gerente na Treinatec,
consultor da Pertencer Consultoria
e Treinamentos e professor
O planejamento no ambiente organizacional ainda é
deficitário quando comparado às nações com maior
eficiência nos seus modelos de planejamento. Um
ditado dos consultores de empresas faz uma comparação entre os estilos de planejamento americano e
brasileiro: “Os americanos planejam durante nove
meses e executam em um mês, e os brasileiros planejam em um mês e executam em nove”.
Ele não exagera ao abordar a falta de planejamento dos brasileiros. Desde um plano de negócios,
no qual o nível de mortalidade de novas empresas é
na faixa de 45%, segundo o Sebrae, passando pelos
processos organizacionais, percebem-se diariamente erros básicos entre o planejamento e a execução,
chegando aos grandes projetos, com vários casos de
empresas que quebraram por consequência de falhas no planejamento.
Uma empresa que é dona de marca situada entre
as mais valiosas do mundo se instalou há pouco no
Brasil. Merece destaque o invejável tempo de execu-
65
revista
ção da obra de construção da fábrica. Diversos fatores
implicam na complexidade de um projeto desse porte, mas ainda assim foram cumpridos os prazos e metas estabelecidos no início do projeto – sem atrasos,
tão comuns em projetos brasileiros.
Para atingir o máximo de efetividade em um planejamento, estão associados diversos elementos,
porém dois aspectos podem aumentar o nível de
assertividade, que são o conhecimento e a liderança.
Conhecimento para entender o potencial e características do negócio, segmento ou mercado por meio
de fontes de informações, sem deixar de atentar para
a frase do professor José Carlos Ferrante, que diz:
“Quanto mais conhecer o passado, mais será possível
prever o futuro”. Liderança deve ser levada em conta
para garantir o monitoramento constante e a execução efetiva das etapas, sempre com as devidas validações. No livro “A Arte da Guerra”, Sun Tzu diz que
bons governantes deliberam planos e bons generais
os executam.
Analisando o cenário econômico brasileiro, é comum pensar que é impossível fazer um plano para
o futuro. Mas o que dizer dos japoneses, que, após a
Segunda Guerra Mundial, encontravam-se com o país
quebrado e nenhuma expectativa econômica, e ainda assim, por meio de um planejamento consistente,
tornaram-se uma referência mundial?
65
Toda atenção ao cenário de mudanças
Alessandra Ogeda
Colunista de Economia do jornal
Notícias do Dia e professora
universitária de comunicação
O Brasil está começando a viver um período de reajustes
e mudanças de rumo. A nova equipe econômica escolhida pela presidente reeleita Dilma Rousseff promete ajustes profundos nas contas públicas, incluindo revisão nos
gastos e corte em benefícios e incentivos para diferentes
segmentos produtivos. Se até o governo, com sua histórica máquina pesada e pouco propensa a mudanças,
está procurando rever suas práticas e gastos, por que as
empresas não fariam o mesmo? Normalmente é o que
acontece. Grandes e médias empresas com boas práticas
de gestão conhecem bem a necessidade do planejamento estratégico para projetar os negócios de maneira sustentável e buscar, a médio e longo prazo, novas e melhores colocações no mercado.
O problema, muitas vezes, está com as pequenas
empresas, a maioria dos negócios no país e em Santa
Catarina, que nem sempre fazem planejamento a médio
e longo prazo de forma eficaz. Em muitos casos, falta ao
empresário um conhecimento profundo dos pontos fortes e fracos de sua empresa e do segmento em que atua.
66
Apenas com essas informações precisas e atualizadas, é
possível fazer um planejamento eficaz.
A lição de casa não termina aí. Após estabelecidas metas, planos e ações para chegar aonde se quer,
é preciso avaliar diferentes cenários e reações para
cada um deles. Especialmente no Brasil, onde nos últimos anos temos assistido a muitas mudanças nas
regras do jogo – seja no estabelecimento ou revisão
de regulamentações, seja na criação e posterior revogação de benefícios fiscais para diferentes setores
econômicos, entre outros.
Nesse cenário de regras que mudam e de instabilidade na confiança empresarial, com tantas denúncias
de corrupção, é ainda mais vital um bom planejamento
empresarial. E isso consiste não apenas em estabelecer
ações e projetos coerentes com a missão da empresa e
com o patamar que ela quer atingir em um determinado tempo, mas também nos ajustes de direção que o
negócio pode ter que tomar em diferentes cenários da
economia nacional e internacional.
Acompanhando de perto empresários de diferentes portes, segmentos e setores em Santa Catarina,
percebo que muitos têm esse difícil dever de casa feito, mas a maioria ainda precisa rever os planos que levavam em conta uma conjuntura mais favorável com
crescimento maior do PIB. Em épocas incertas ou difíceis como esta, sobram oportunidades.
67
revista
67
Cabeceira
FOTOS: PENINHA MACHADO
Naiara Larsen e Lívia Vieira,
as idealizadoras do projeto,
esperam agora realizar oficinas
com professores (esquerda).
Acima, a capa do e-book,
que está disponível online
LANÇAMENTO
Educação na
palma da mão
Jornalistas lançam e-book para auxiliar
alunos e professores no ambiente digital
“Conectando Saberes: Manual
para Gestão de Blogs Escolares.”
Esse é o nome do e-book elaborado pelas jornalistas Naiara Larsen
e Lívia Vieira. O projeto, rea­lizado
por meio de um edital do Bom Jesus/Ielusc, busca orientar alunos
e professores no desenvolvimento
de conteúdo em ambientes digitais. “A ideia surgiu de uma pesquisa para a faculdade. Percebia
que não sabiam usar os blogs para
promover a escola e as atividades.
Compartilhei minhas impressões
com a Lívia e daí surgiu a oportunidade”, revela Naiara.
Segundo a dupla, a decisão
pelo formato digital foi tomada
para facilitar o acesso. “Optamos
68
pelo e-book porque ele não existe apenas no formato impresso.
E queremos multiplicar esse material, para que qualquer pessoa
possa fazer o download. Esse tipo
de quebra de barreira é muito importante”, destaca Lívia.
Para desenvolver o livro, foram
realizadas entrevistas com professores de escolas municipais de
Joinville, público-alvo do projeto.
As jornalistas explicam que as visitas foram viabilizadas por uma
parceria com as secretarias municipais de educação e comunicação:
“Queríamos entrar nas escolas,
conhecer a realidade e, na etapa
seguinte, capacitar os professores.
A gente conseguiu entender um
pouco as dificuldades e necessidades do dia a dia”, diz Naiara.
Na próxima etapa, a intenção
é trabalhar com a capacitação
dos educadores. “Pelo que vimos,
há uma estrutura com computadores, internet e tablets, mas
uma lacuna entre a teoria e a
prática. Ainda existe uma distância na maneira com que esses
materiais são utilizados”, aponta
Naiara. O projeto é o embrião da
Casa da Cultura Digital Multiplica, iniciativa de acadêmicos
e docentes do Bom Jesus/Ielusc.
O espaço se propõe a trabalhar
a relação entre comunicação e
educação, multiplicando o conhecimento para a comunidade.
Dividido em cinco capítulos –
“Primeiros passos”, “Caminhando
pelo texto”, “Exercitando o olhar”,
“Registrando o movimento” e “Outras ferramentas úteis” –, o e-book
traz orientações técnicas e de conteúdo para fazer com que o blog
escolar seja um espaço de comunicação e aprendizado.
Os interessados podem acessar o site www.casadacultura digitalmultiplica.wordpress.com para
o download gratuito.
Resenhas
Joinvilense mergulha na
história de escultor sueco
Obras do Escultor
F. Frick na Catedral
da Sé
Wilson Gelbcke
Editora Univille
Uma história de oportunidade e
rea­lização. O fato é que a história de
Ferdinando Frick caiu no colo, e nos
ouvidos, do escritor Wilson Gelbcke
em uma visita à amiga Vera Ingrid
Frick Reu, filha do escultor sueco.
Com olhar atento de quem sabe que
as histórias pululam por aí, Gelbcke
tratou de organizar os documentos
e traçar as linhas de uma história tão
real quanto fantástica: a vinda de Frick ao Brasil e sua importante contribuição na construção da Catedral da
Sé, uma das mais suntuosas do país.
O livro nos conta que a maquete esculpida em gesso por Frick, fiel
a cada detalhe do estilo gótico, impressionou os gestores da época.
O que o levou a ser convidado para
reproduzir as estátuas dos profetas
e evangelistas que comporiam a
imensa igreja. O escultor passou a
estudar a vida e os traços de cada um
deles e os esculpiu durante anos até
que ficassem todos prontos.
Ao lado de curiosidades e fatos
que redimensionam a trajetória de
Frick, Gelbcke apresenta fotografias
de suas obras e de sua rotina, além
de recortes de jornais da época (início do século 20) e cartas que o escultor enviou a jornais da Suécia,
dando conta de uma São Paulo que
já abrigava diversas nacionalidades
e se mostrava com nuances de grande cidade europeia, como pode ser
lido no trecho a seguir: “São Paulo
é uma cidade com cerca de 400 mil
69 revista
Verbetes de
amor pelo país
Dicionário dos
Apaixonados
pelo Brasil
habitantes, de quase todas as nacionalidades. Situada numa área que
varia entre altos e baixos, ao lado do
pequeno e sujo Rio Tietê. No centro
comercial, os prédios são como nas
grandes cidades europeias”.
Em outro momento, a carta de
Frick se assemelha ao texto de Pero
Vaz de Caminha, o que nos permite
a ideia de que as terras brasileiras
continuam admiravelmente férteis
séculos depois. Vejamos: “Além do
café, também se plantam outros
produtos, principalmente arroz, fei­
jão e milho. O clima e a terra dão
um crescimento muito rápido da
vegetação. Diz-se que se você perde
um botão da calça num lugar fértil
desses, em curto tempo cresce uma
calça no lugar”.
Nem só de dados e curiosidades
é feito o livro de Gelbcke. Há muito
sentimento captado com esmero
pelo escritor, quando, por exemplo,
Ferdinando Frick, esculpe uma de
suas mais importantes obras, “Emigrantes”, uma escultura melancólica e intensa que mostra emigrantes olhando pela última vez sua
pátria, antes de partir. A obra viajou
para a Suécia e foi instalada na cidade de Gotemburgo.
O livro de Wilson Gelbcke nasceu do acaso ou da amarração do
destino, que importa? É um marco
na literatura catarinense e, por que
não dizer?, mundial. O autor documenta e faz justiça a um artista
que deixou importantes legados:
sua obra, sua história e uma bela
oportunidade, muito bem aproveitada pelo escritor joinvilense.
O olhar estrangeiro é uma das formas mais curiosas de conhecer e
relativizar nosso sentimento por
um lugar. E é o que proporciona
este livro. O autor, jornalista francês, mantém uma relação afetiva
de mais de seis décadas com o país,
uma parte das quais percorrendo
profissionalmente diversas re­
giões. A obra reúne temas, objetos
pes­soais, história e mitologia.
Diferente do que se poderia
imaginar, carnaval e caipirinha não
estão entre os verbetes com a letra
“c”, onde se encontram a cordialidade do povo (considerada um dever e
uma regra) e também a crueldade
de registrarmos um dos mais altos
índices de assassinatos do mundo.
Lapouge aborda o “jeito”, resposta ligeira a uma dificuldade, e
mostra como ele está presente na
cultura que forma as engrenagens
essenciais da sociedade e da economia. Também reverencia personagens de origem popular – como
Aleijadinho e Chica da Silva – com
o mesmo empenho com que destaca dois franceses que ajudaram a
contar nossa história: o pintor Jean-Baptiste Debret (período colonial)
e o antropólogo Claude Levi-Strauss
(século 20). A energia que os brasileiros consagram a matar a saudade é
um trecho emblemático da obra.
Jura Arruda, escritor
joinvilense
Simone Gehrke, jornalista, diretora executiva da EDM Logos
Gilles Lapouge
Editora Amarilys
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A chave é uma equipe de alta performance
Com Gente é Diferente – Inspirações
Para Quem Precisa
Fazer Gestão de
Pessoas
Eugenio Mussak
Editora Integrare
O livro foi escrito por um médico
fisiologista que dedica sua vida à
educação, principalmente educação corporativa e temas ligados ao
comportamento humano. Fiquei
apaixonada pela obra. Uma leitura
dinâmica, fácil e com estilo simples,
permitindo que o leitor viaje com
tranquilidade pelos textos.
Busquei o livro com uma expectativa de melhorar a gestão de pessoas no sentido de tentar, como líder,
motivar mais as equipes e entender
o que realmente as motiva, o que faz
um grupo de pessoas tão diferentes
andar no mesmo sentido e em busca
do mesmo ideal.
No decorrer de leitura, Eugenio
Mussak fala de equipe, de motivação
e da diferença de equipes competentes e de alta performance. A partir daí, mostra a importância de um
bom líder para se ter uma equipe
de alta performance, destacando o
comprometimento, a responsabilidade e o não comodismo.
Quando disserta sobre o que
chama de “construindo comprometimento”, Mussak cita cinco fatores
básicos e essenciais para essa construção: admiração, respeito, confiança, paixão e intimidade. E ressalta
que, existindo essas cinco condições
básicas, o comprometimento será
mera coincidência.
Com a leitura, já consegui aplicar algumas “teorias” ao cotidiano
das lojas que administro e da clínica
onde atuo. Fui lendo e tentando observar o que ocorre no dia a dia. Foi
possível, por exemplo, entender por
que algumas coisas não estavam
dando certo e, com essa perspectiva, contribuir para o aprimoramento daqueles profissionais que têm
maior potencial para dar certo. A
chave de tudo, de todo o sucesso, é
ter uma equipe de alta performance,
mas como chegar lá? Será que nossa
equipe está na direção certa? Essas
são algumas dúvidas que invadem
o pensamento e que o livro ajuda a
responder. Sei aonde quero chegar,
portanto apenas devo escolher o
melhor caminho e definir aqueles
que vão trilhar rumo ao sucesso.
Carolina Piccinini de Pinho,
formada em medicina e
proprietária da loja Capodarte
Contra o padrão inatingível que a mídia impõe
A Ditadura da Beleza
e a Revolução das
Mulheres
Augusto Cury
Editora Sextante,
2005
Este livro do psiquiatra e escritor
Augusto Cury subverte uma ordem estabelecida no “estado de
beleza” ao descrever os conflitos,
angústias e insatisfações, principalmente das mulheres, quanto
ao que ele chama de PIB – “Padrão
Inatingível de Beleza”, que seria
apregoado pela mídia em prol do
exacerbado consumismo baseado
em modismos.
O autor é implacável ao descrever a obsessão pelo corpo perfeito,
a visão distorcida das mulheres (e
70
dos homens) de que a vida só será
perfeita se o corpo for “perfeito”.
A “visão de si mesma” tratada
pelo autor demonstra o quanto
as mulheres são influenciadas
pelo mercado da moda, no qual as
modelos são magérrimas, evidenciando um mundo onde se constroem os pensamentos e são geradas a inteligência e a consciência.
Isso nos leva a discernir com rigor
sobre como podemos, mesmo na
democracia, ficar presos a um poder totalitário do mercado, propagado por uma mídia tendenciosa
e em busca de um único objetivo:
garantir o lucro.
A necessidade de resgatarmos
a autoestima – trazida de forma
complexa e impactante com o fim
de difundir um assunto tão complexo – sustenta a tese do autor,
que convence o leitor da dificuldade de viver num mundo que centraliza a beleza em passarelas e
expurga, elimina, padrões que não
sejam correlatos.
A obra relata ainda a coragem
de mulheres que iniciaram movimentos de contestação a esse modelo, do culto ao corpo magro, denominado pelo autor de “ psicose
social coletiva que assassina a autoestima e autoimagem de crianças e adultos, inclusive homens”.
Apesar das mesmas concepções aparecerem em outras obras,
diria que o livro de Augusto Cury
tem o mérito de levar o leitor a
compreender que a beleza está
nos olhos de quem vê.
Anemarie Dalchau, economista e
professora da Univille
Top 5 Filmes de educação
Sociedade dos Poetas Mortos
DRAMA, 1989
DIRIGIDO POR PETER WEIR
Em 1959, na Welton Academy, uma tradicional escola preparatória, um ex-aluno se torna o novo professor de
literatura. Porém, ele propõe métodos
de ensino que incentivam seus pupilos a pensar por si
mesmos e apresenta aos alunos a “Sociedade dos Poe­
tas Mortos”. Isso acaba criando um conflito com diretores, que pregam o método antigo e conservador.
Fazendo História
COMÉDIA, DRAMA, 2006
DIRIGIDO POR NICHOLAS HYTNER
Oito estudantes turbulentos e talentosos esperam conseguir entrar em uma
prestigiosa universidade da Inglaterra.
Ajudados por dois professores, um jovem
perspicaz e arrogante e um velho excêntrico e entusiasta, os meninos se confrontam com o verdadeiro significado da educação.
Olhos Azuis
DOCUMENTÁRIO, 1996
DIRIGIDO POR BERTRAM VERHAAG
O documentário acompanha um dos
workshops sobre racismo apresentados pela professora norte-americana
Jane Elliott. Durante duas horas e meia,
30 pessoas, entre professores, policiais e assistentes
71
revista
sociais, são submetidas a um estranho experimento:
os que têm olhos azuis são separados dos restantes e
bombardeados por um tratamento discriminatório e
ofensivo semelhante ao que os negros e outras etnias
oprimidas sofrem cotidianamente nos EUA.
Entre os Muros da Escola
DRAMA, 2009
DIRIGIDO POR LAURENT CANTET
François Marin (François Bégaudeau)
trabalha como professor de língua francesa em uma escola de ensino médio,
na periferia de Paris. Ele e seus colegas
de ensino buscam apoio mútuo na difícil tarefa de fazer
com que os alunos aprendam ao longo do ano letivo.
Ao Mestre com Carinho
DRAMA, 1967
DIRIGIDO POR JAMES CLAVELL
Mark Thackeray (Sidney Poitier) é um
engenheiro que, após ficar desempregado, resolve dar aulas em Londres. Ele
começa a ensinar alunos majoritariamente brancos em uma escola no bairro operário de
East End. Thackeray depara com adolescentes indisciplinados, determinados a destruir suas aulas. Acostumado com hostilidades, o engenheiro não se amendronta e enfrenta o desafio de ensinar uma turma de
baderneiros. Ao receber um convite para voltar a atuar
como engenheiro, ele tem que decidir se pretende seguir como mestre ou voltar ao antigo posto.
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3 perguntas
DIVULGAÇÃO
1
2
Albertina Tuma
Se ela fosse uma música, talvez seria uma expressão de
jazz. Fosse um quadro, quem sabe, algo surreal, instigante e lindo, como Salvador Dali. Fosse um filme, seria Luis Buñuel, em sua intensidade avassaladora. Mas
ela é uma mulher catarinense em todo seu esplendor.
Artista plástica que deixa os pincéis descansarem um
pouco mais para se dedicar a trazer toda a arte aos
joinvilenses e vizinhos, a produtora cultural Albertina
Tuma já quase perdeu a conta de suas façanhas. Além
de sua obra mais reconhecida – o Festival de Dança de
Joinville, criado por ela e pelo bailarino colombiano
Carlos Tafur, em 1983 –, de suas mãos partiram inúmeros e diferenciados eventos culturais. A missão prioritária, desde que se entende por gente, é fazer a arte
circular, emocionar as pessoas, traduzir-se em crescimento e em oportunidades de vida para todos – mas
muito especialmente para as crianças. Como tem feito ao longo de toda uma vida dedicada à cultura, para
2015, ela reserva mais surpresas aos joinvilenses.
72
3
O que a estimula e o que desanima no cenário
cultural joinvilense?
Estimula ver o fruto de tudo o que produzimos ao
longo de 40 anos na cidade. As plateias formadas,
que nos seguem em todos os espetáculos que
trazemos, clássicos ou populares. Empresas mais
receptivas a colaborar na troca de serviços, apoios
e patrocínios. E desestimula a falta de estrutura
em casas de espetáculos. Os preços dos aluguéis, a
necessidade de contratar tudo, pois poucas oferecem luz, som, climatização e assentos. O pequeno
envolvimento do poder público nas produções independentes: o governo precisa entender que, se
não fossem os produtores, a população não teria
acesso a shows que só vêm a Joinville porque arcamos com todos os riscos. E pagamos alto por isso.
Há anos, realizo os Concertos Internacionais, trago
músicos eruditos renomados da Europa, dos Estados Unidos e de países da América do Sul. Se não
fossem alguns empresários que colaboram, esses
artistas jamais pisariam em nossos palcos.
Qual a sua maior realização?
Sem dúvida, o Festival de Dança, que colocou
a nossa cidade no mapa da dança do Brasil e
do mundo. Vale lembrar que, antes de sair da
coordenação geral, o festival já estava internacionalizado, pois trouxemos o Ballet Lolitá da
França, o Ballet Nacional da Colômbia, do Chile,
da Suíça, entre outros. Mas a magnitude do festival não diminui a importância de espetáculos
como Os Meninos Cantores de Viena, Vienna Art
Orchestra, Trio Fado ao Centro, de Coimbra, todas as edições do italianíssimo “I Bricconcello”,
o teatro nacional com “A Noviça Mais Rebelde”
e, no ano passado, a peça “Callas”.
Quais seus principais projetos para 2015?
Há 17 anos, coordeno o projeto cultural da Ciser,
que mantém um coral- show com as vozes de
funcionários, familiares e amigos da comunidade. A surpresa que estamos preparando para
2015 é um espetáculo que vai homenagear um
dos ícones mais fortes da cidade, que ainda estamos guardando em segredo. O que posso dizer é
que essa produção será sensacional e apropriada aos dias de hoje. Será no segundo semestre
e garanto que o público vai amar. E o outro que
posso adiantar é o espetáculo de tango, Esquina
Carlos Gardel, além de outras produções com
que estamos em negociações.
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revista
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