Veículos Pesquisados
Transcrição
Veículos Pesquisados
Edição número 1838 segunda-feira, 06 de junho de 2011 Fechamento: 09h00 Veículos Pesquisados: Clipping CUT é um trabalho diário de captação de notícias realizado pela equipe da Secretaria Nacional de Comunicação da CUT. Críticas e sugestões com Leonardo Severo ([email protected]) Isaías Dalle ([email protected]) Paula Brandão ([email protected]) Luiz Carvalho ([email protected]) William Pedreira ([email protected]) Secretária de Comunicação: Rosane Bertotti ([email protected]) Estadão _____________________________________________________________________ Pará faz da região Norte a nova campeã de homicídios (Política) No começo de fevereiro, o delegado Alberto Teixeira, superintendente da Polícia Civil em Marabá, no Pará, decidiu colocar todo o efetivo nas ruas. À noite, liderou um comboio de cerca de 20 carros pela cidade. No jargão local, é o que se chama de "patrulhão". A ideia era fazer uma blitz nos pontos mais notórios de tráfico de drogas. Não demorou para que o patrulhão se desmantelasse. Relatos de assassinatos cometidos por duplas em motocicletas começaram a pipocar em diferentes pontos da cidade, cortada em três setores distintos pelos Rios Tocantins e Itacaiúnas. "Foi um cartão de boas-vindas mandado pelo tráfico", disse Teixeira, especialista em combate ao crime organizado. "Em 19 anos de polícia, nunca tinha visto nada parecido", acrescentou o delegado, que há pouco mais de quatro meses trocou Belém pelo principal município do "Polígono da Violência" - região no sudeste do Pará que concentra 14 cidades com altas taxas de assassinatos. Graças principalmente à espiral de violência nessa área, a Região Norte ultrapassou o Nordeste e é, pela primeira vez, a campeã de homicídios no País. Teve quase 34 mortos por 100 mil habitantes em 2009. Cinco anos antes, com taxa de 23/100 mil, estava em quarto lugar, à frente apenas da Região Sul, segundo o Sistema de Informações de Mortalidade, do Ministério da Saúde. Marabá, que reivindica o posto de capital do futuro Estado de Carajás, caso o desmembramento do Pará seja aprovado em plebiscito, está em primeiro lugar no ranking da matança - teve, entre 2007 e 2009, uma média anual de 114 homicídios por 100 mil habitantes. A cidade tem pouco mais de 200 mil moradores, o mesmo que o distrito paulistano de Cidade Dutra, onde 30 pessoas foram mortas em 2009 - em Marabá, a título de comparação, foram 271. Na vizinha Nova Ipixuna, onde foram mortos os líderes extrativistas José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo, a taxa é de 78 assassinatos por 100 mil habitantes. Na média dos 14 municípios que formam o Polígono da Violência, o índice chega a 91/100 mil - superior ao de Honduras, o país mais violento do mundo, com cerca de 60/100 mil. _____________________________________________________________________ Oposição insistirá em convocação e CPI no caso Palocci Eugênia Lopes e Rosa Costa (Política) Insatisfeita com as explicações dadas por Antonio Palocci sobre a multiplicação de seu patrimônio em 20 vezes nos últimos quatro anos, os partidos de oposição vão insistir na convocação do ministro-chefe da Casa Civil na Câmara e no Senado. Só em 2010 ele faturou R$ 20 milhões com a empresa de consultoria, a Projeto. Ao mesmo tempo, a oposição tenta obter as assinaturas para a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o ministro. A avaliação da oposição e da base é que a situação de Palocci se agravou ainda mais com a denúncia publicada pela revista Veja de que o apartamento de 640 metros quadrados que o ministro aluga, em São Paulo, seria de empresa dirigida por laranjas um deles de 23 anos e o outro de 17. "Isso complicou a situação dele", admitiu o senador Eunício Oliveira (PMDB-CE). "Cada hora ele tem de dar uma explicação", completou. Presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Eunício disse que vai pôr em votação na quarta-feira os dois requerimentos de convocação de Palocci. "Não vou ficar mal com os meus colegas porque o governo não põe gente lá na CCJ", afirmou. Eunício defendeu que o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, decida logo sobre a abertura ou não de inquérito para investigar o ministro. Além da convocação, a oposição trabalha com a hipótese de obter assinaturas para a criação da CPI. O otimismo é maior no Senado, onde já foram obtidas 19 adesões à comissão - são necessárias 27 assinaturas de senadores. "Como a entrevista do ministro foi deplorável, e agora com essa história do apartamento, a nossa esperança é que vários senadores assinem o pedido de CPI", disse o líder do PSDB, senador Alvaro Dias (PR). _____________________________________________________________________ Emprego cresce rápido, menos na indústria Mercado de trabalho segue aquecido com os setores comercial e o de serviços sustentando os índices, já que na indústria o emprego anda de lado Marcelo Rehder (Economia) O mercado de trabalho continua vigoroso, constituindo uma fonte de sustentação do consumo e dificultando a tarefa do Banco Central (BC) de reduzir as pressões de demanda sobre a inflação. Contudo, o emprego ainda anda de lado na indústria. Quem está puxando as contratações são os setores de serviços, comércio e construção civil, que foram impulsionados pela ampliação da massa de rendimentos, sem sofrerem concorrência de importados, ao contrário do setor industrial. Até o mês de abril, os serviços responderam por mais da metade dos 3,295 milhões de postos de trabalho com carteira assinada que foram abertos em todo o Brasil depois do impacto da crise mundial, em outubro de 2008. Nesse período, a indústria abriu 376 mil vagas, contra 1,705 milhão de novos postos nos serviços, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho. No comércio, onde os produtos importados podem representar preços menores ou lucros maiores, a oferta de emprego superou a indústria em 158%. O setor abriu 971 mil vagas, enquanto a construção civil garantiu outros 425 mil empregos formais. Os especialistas dizem que a indústria tende a ficar ainda mais para trás na criação de empregos Entre os segmentos do comércio que hoje mais oferecem vagas estão os supermercados. O Grupo Pão de Açúcar, por exemplo, iniciou na semana passada seleção para preenchimento de mil vagas em diversas funções para lojas da rede só na capital paulista. Para o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, os serviços e o comércio têm sido a plataforma segura do crescimento do emprego nos últimos anos, enquanto a indústria tem sido o fator volátil. "Em anos bons, a indústria cresce muito e em anos ruins, cai bastante, como parece que será o caso agora", diz o economista. "Para 2011, esperamos novamente isso, a indústria crescendo muito pouco e contribuindo menos para a geração de emprego." Competição. A produção não consegue competir em preços com os produtos importados, que ficam cada vez mais baratos graças à valorização do real em relação ao dólar. Assim, cresce o número de empresas que deixam de produzir aqui e passam a importar produtos acabados. Por outro lado, muitos fabricantes se veem obrigados a ajustar a produção à nova realidade de mercado. Um exemplo claro disso é a Whirpool Latin American, dona das marcas Brastemp e Consul, uma das poucas empresas que ainda fabricam condicionadores de ar modelo split no País. Nos últimos 30 dias, a Whirpool demitiu ao menos 290 funcionários de sua fábrica de fornos de micro-ondas, lava-louças e condicionadores de ar em Manaus. "Esse foi o número de trabalhadores que tinha mais de um ano no emprego e cuja homologação foi feita no sindicato", conta Valdemir Santana, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas. "Eles podem ter demitido empregados com menos de um ano de casa e que não precisam passar pelo sindicato", observa o sindicalista. A unidade de Manaus, segundo ele, empregava cerca de 1,9 mil pessoas. A Whirpool informou, por meio de nota, que as demissões foram necessárias para adequar o volume de produção à demanda do mercado. Segundo a empresa, o aumento das importações de condicionadores de ar modelo split tem provocado a queda no volume de produção nacional. A empresa não divulgou o número das demissões em Manaus. Além do avanço das importações, que transfere empregos da indústria para o comércio ou para fora do País, o presidente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), José Ricardo Roriz Coelho, cita que as medidas do governo para restringir o crédito ao consumido começam a surtir efeito. " A desaceleração está aí e pode piorar, até porque a gente não viu nem metade do que os chineses vão fazer aqui no Brasil." _____________________________________________________________________ Obras em rodovias não saem do papel Concessionárias de sete rodovias federais privatizadas em 2007 só investiram 55% do que estava previsto nos editais para os primeiros três anos Renée Pereira (Economia) As grandes obras previstas nos contratos de concessão das sete rodovias federais, leiloadas em outubro de 2007 pelo governo Lula, continuam no papel. Levantamento feito pelo ‗Estado‘, com base nos editais de licitação e nos investimentos informados pelas concessionárias, mostra que só 55% do valor definido para os três primeiros anos de concessão foram aplicados nas estradas: R$ 2,05 bilhões dos R$ 3,6 bilhões determinados. Os atrasos envolvem obras nas rodovias administradas pelas espanholas OHL e Acciona e a brasileira BRVias, do empresário Antonio Beldi e da família Constantino, dona da Gol. Em 2007, essas empresas causaram frisson no mercado ao arrematarem rodovias como Régis Bittencourt e Fernão dias, oferecendo pedágios que variavam de R$ 0,997 a R$ 2,94 - valores bem abaixo dos praticados no primeiro leilão de rodovias federais e nos leilões paulistas. Pelas regras do edital, as vencedoras se comprometiam a investir cerca de R$ 5 bilhões nos primeiros cinco anos de concessão. As condições animaram a população. Afinal, o brasileiro ia pagar menos pelo pedágio e ter uma qualidade melhor. Os investimentos incluíam os trabalhos iniciais (preparar a rodovia com pavimentação e sinalização para iniciar a cobrança do pedágio), obras de melhoria e ampliações, edificações e equipamentos. Mas os planos ficaram no meio do caminho e os cronogramas foram alterados, afetando diretamente a vida da população que depende das rodovias. Projetos que deveriam ser entregues no ano que vem, por exemplo, foram prorrogados para 2015. Outros ainda nem têm previsão de início ou término das obras. A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), responsável pela fiscalização das rodovias, atribui boa parte dos atrasos à dificuldade para obter o licenciamento ambiental dos empreendimentos e a complexidade dos projetos. "Nossa legislação é muito complicada e dá brechas para questionamentos judiciais", afirma o superintendente de Exploração de Infraestrutura Rodoviária da ANTT, Mário Mondolfo. Ele diz que as obras das rodovias federais estão praticamente paradas por falta de licenças ou impasses relacionados a desapropriação. Mas há situações em que as empresas nem terminaram os estudos para dar entrada no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Um dos casos mais emblemáticos é a duplicação da Serra do Cafezal, na Régis Bittencourt, em São Paulo, que deve ficar pronta em 2015. O trecho de cerca de 30 quilômetros, de pista simples, tem elevado índice de acidentes por causa do fluxo de veículos pesados. A OHL, controladora da Autopista Regis Bittencourt, conseguiu licença apenas para o pé e o topo da serra, onde os trabalhos já foram iniciados. Mas os 19 km mais complicados, que englobam o centro da serra, ainda estão em estudos. _____________________________________________________________________ Pedágio aumenta, mesmo sem obras Atraso nos investimentos é um dos itens no processo de reajuste de tarifas, mas isso não impediu o aumento de até 39% desde 2007 Renée Pereira (Economia) O atraso nos investimentos é um dos itens analisados no processo anual de reajuste das tarifas de pedágios. Todos os valores previstos para o ano e não aplicados são descontados do fluxo de caixa da concessionária. Ou seja, são deduzidos da tarifa. Apesar disso, desde a concessão das rodovias federais, em 2007, o preço do pedágio subiu entre 22% e 39%. No período, considerando que os aumentos ocorrem em datas diferentes (dezembro, fevereiro e março), a inflação subiu entre 19% e 22%. A Rodovia do Aço (BR-393), da espanhola Acciona, teve o maior reajuste do período. O preço do pedágio subiu 39,45%, de R$ 2,94 para R$ 4,10. De todas as sete concessões, a empresa foi a que conseguiu executar maior volume de investimentos: 87% do valor previsto no edital. Mas vale ressaltar que era a rodovia com menor volume de investimentos a realizar nos primeiros três anos. O segundo maior reajuste, de 36,18%, ocorreu na Autopista Litoral Sul, que apresentou o menor volume de investimento no período. Ao todo, a concessionária investiu 41% do previsto. Em seguida vêm os aumentos da Régis, de 24,63%; Fernão Dias, 30,39%; Autopista Fluminense, 24%; Planalto Sul, 22,05%; e Transbrasiliana, 22,45%. No ano de 2009, Régis e Fernão Dias não tiveram aumento por causa dos atrasos nos investimentos. Mas, em 2010, os reajustes foram de 13,33% e 18,88%, respectivamente. A inflação do período ficou em torno de 6%. Multa. Se a lentidão dos investimentos for decorrente de fatores que extrapolam ao controle das concessionárias, a única penalidade é compensar no pedágio. Mas, se for constatado que os projetos não foram realizados por problemas da companhia, além da dedução no valor da tarifa, ela é multada, afirma o superintendente de Exploração de Infraestrutura Rodoviária da ANTT, Mário Mondolfo. Ele conta que, embora a maioria dos atrasos sejam decorrentes de licenciamento e problemas de desapropriação, há casos de atraso em investimentos por problemas da própria empresa. São obras menores, como a construção de uma passarela, de acessos e trevos. Há ainda multas por serviços inadequados. De acordo com o relatório da ANTT, de 2009 (último publicado), a Régis Bittencourt teve dez autos de infração no ano por causa de sinalização inadequada, buracos na pista e depressão na pista, entre outros. Na Fernão Dias, foram 15 autos de infração; na Fluminense, 1; Transbrasiliana, 1; Rodovia do Aço, 9; Litoral Sul, 2; e Planalto Sul, 4. Na avaliação do professor da Fundação Dom Cabral, Paulo Resende, o modelo das concessões rodoviárias no Brasil está errada. Ele suspeita que o atraso nos investimentos seja decorrente das tarifas baixas ofertadas pelas concessionárias no leilão de 2007. "Foi quase uma tarifa social." Para ele, uma tarifa muito baixa é tão maléfica para a sociedade quanto uma tarifa muito alta. "As construções que precisam ser feitas são caras, exigem elevadas quantias de dinheiros." A OHL, detentora de cinco das sete rodovias federais leiloadas em 2007, diz que tem dinheiro em caixa para fazer todos os projetos. O problema é o licenciamento ambiental e as desapropriações. Folha de S.Paulo _____________________________________________________________________ Medo de desgaste amplia pressão para afastar Palocci (Poder) Deputados pedem que Dilma defina futuro de ministro logo para encerrar crise Esforço para anular convocação para depor na Câmara teria custo político muito alto para aliados da presidente Aliados da presidente Dilma Rousseff expressaram preocupação no fim de semana com o desgaste político que ela poderá sofrer se mantiver por muito tempo indefinido o futuro do ministro da Casa Civil, Antonio Palocci. Os principais ministros consideram a permanência de Palocci perto do insustentável. Ele perdeu apoio na cúpula do PT e entre os dirigentes de partidos aliados ao Planalto. As relações do governo com o Congresso estão sem comando. Amanhã haverá mais uma operação com potencial de alto risco político para o Planalto. Os deputados da base governista terão de sustentar em público a derrubada de uma convocação de Palocci para depor na Comissão de Agricultura da Câmara. O Planalto dispõe de energia para derrubar essa convocação, mas será inútil se Palocci depois acabar sendo demitido. Deputados têm pressionado o Planalto nos bastidores para que se evite prolongar o desgaste provocado pela crise, que já dura mais de três semanas. Apesar da escalada da crise, Dilma passou o dia ontem sem se manifestar sobre sua decisão. Alguns ministros e assessores da presidente dizem que é uma questão de tempo apenas para que ela dispense Palocci, mas ninguém se atrevia a fazer essa afirmação em público. A presidente tem avaliado sobre se deve demitir seu principal auxiliar ou se espera a manifestação da Procuradoria-Geral da República a respeito do caso. Ela pretendia discutir o tema ontem à noite com o ex-presidente Lula num jantar em Brasília. Conforme antecipou ontem a Folha, Dilma tomará a decisão final sobre a permanência de Palocci junto com Lula. A presidente tem ouvido argumentos de Palocci e de alguns poucos petistas que julgam mais prudente aguardar a resposta do procurador-geral, Roberto Gurgel, que já recebeu explicações do ministro. Se Gurgel optar por não abrir uma investigação, o ministro ganharia uma sobrevida. O problema é que não se sabe quando o procurador-geral vai se pronunciar e a lei não impõe prazo para a manifestação. A Folha revelou em 15 de maio que Palocci multiplicou seu patrimônio 20 vezes nos últimos quatro anos. Em 2010, ele faturou R$ 20 milhões com uma empresa de consultoria, a Projeto. Na sexta-feira Palocci deu entrevistas, mas não revelou quem foram seus clientes nem o que ofereceu como serviços a essas empresas. Esta é a primeira crise política enfrentada por Dilma, que não demitiu nenhum ministro desde o início de seu governo. Por essa razão, vários assessores da presidente não sabiam dizer com exatidão como ela agirá se resolver dispensar Palocci -se vai mandar algum emissário falar com ele ou se vai preferir chamá-lo para comunicar o que foi decidido. O desgaste político já é real. O governo teve acesso a pesquisas que mostram dano na imagem de Dilma após o caso Palocci. Um estudo já concluído em São Paulo -e apresentado ao Planalto por um interlocutor do governo- aponta uma queda de 15 pontos percentuais na avaliação positiva de Dilma na capital. _____________________________________________________________________ Caso Palocci torna governo mais dependente do PMDB Partido colhe dividendos da crise e alerta Dilma que "não se ganha no tranco" Josias de Souza (Poder) A crise que rói o prestígio de Antonio Palocci produziu um deslocamento do eixo político do governo Dilma. Depreciado na composição do ministério e submetido a um conta-gotas no rateio do segundo escalão, o PMDB ganha proeminência. Mais dependente do partido do que gostaria, Dilma viu-se compelida a mandar desengavetar pedidos de nomeação do PMDB. Transferiu de Palocci para o ministro Luiz Sérgio (Relações Institucionais) a triagem de nomes. Uma semana após mandar Palocci ameaçar o vice-presidente Michel Temer com a demissão de ministros peemedebistas, Dilma se reaproximou dele. Disse a interlocutores que planeja valer-se da experiência de Temer, ex-deputado por cinco mandatos, três vezes presidente da Câmara. Na sexta-feira, dois senadores governistas testemunharam uma cena que dá ideia dos novos ares. Estavam na sala de um auxiliar de Dilma. Soou o telefone. Era um petista informando que a Executiva do PT não apoiaria Palocci. "Vocês estão empurrando o governo para o colo do PMDB", reagiu o operador de Dilma. No mesmo dia, com seu peculiar pragmatismo, o PMDB apressou-se em franquear o colo a Palocci. Líder do partido na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN) disse que não há hipótese de um de seus 79 liderados assinar o requerimento de CPI. "Se estão pensando que damos apoio a Palocci por conta de cargos, digo: o governo pode congelar as legítimas pretensões que o partido ainda pode ter". E acrescentou: "Essa não é a hora de exigir, mas de oferecer". Renan Calheiros (AL), líder do PMDB no Senado, ecoou o gesto: "O PMDB não vai participar de nenhuma conspiração para fragilizar o ministro Palocci nem para expor o governo Dilma". Nas entrelinhas, a mensagem: mediante as compensações de praxe, o PMDB se dispõe até a proteger Dilma da infidelidade do PT. CONSTRANGIMENTOS Nos primeiros meses, como que decidida a diferenciar-se de Lula, Dilma submetera o PMDB a constrangimentos. Entregou à legenda menos ministérios do que os requeridos. A pasta da Integração Nacional foi para o PSB. A da Saúde, para o PT. Iniciado o governo, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) trocou ofensas com petistas. Brigavam por cargos de Furnas, de onde Cunha devia ser desalojado, por ordem de Dilma. Temer teve de conter o temperamento mercurial do deputado, seu amigo. Na semana passada, Cunha pegava em lanças por Palocci no plenário. Há um PMDB diferente na praça. Na era tucana, o partido vivia em guerrilha interna. Sob Lula, dividiu-se em dois: o do Senado e o da Câmara. Com Dilma, exibe uma coesão que parecia inatingível. "Essa unidade é a nossa força, impõe respeito", jactase Henrique Eduardo Alves. A pujança revelou-se em duas votações na Câmara. Na do salário mínimo de R$ 545, a bancada do PMDB deu 100% de seus votos ao governo. Na do Código Florestal, impôs a Dilma sua primeira grande derrota legislativa. A presidente esboçou o pior tipo de reação. Dirigiu a Temer uma ameaça que, descumprida, só a fragilizou. "O PMDB não é mais aquele", proclama Henrique Eduardo Alves. "Espero que todos tenham entendido. Não se ganha no tranco." Na montagem do governo, o PMDB inaugurou uma tática que um expoente do grupo de Temer batizara de "política do cá te espero". Para desassossego de Dilma, a revelação de que Palocci multiplicou seu patrimônio por 20 encurtou a espera do PMDB. Ainda que contorne a crise, a presidente se deu conta de que terá de lidar com o partido do modo convencional. Henrique Eduardo Alves realça outra diferença: "O Michel Temer não foi nomeado. Ele foi eleito. Não somos aliados do governo. Somos governo". Não é pouco, informa a história republicana. Desde 1889, 7 dos 40 presidentes brasileiros eram vices. Chegaram lá por renúncia, morte ou impeachment do titular. _____________________________________________________________________ Divisão do Pará beneficiaria PT e PMDB Estudo aponta que líderes regionais governistas teriam mais votos em novos Felipe Luchete (Poder) Se o eleitor paraense votar "sim" no plebiscito sobre a criação dos Estados de Tapajós e Carajás, dividindo em três o território do Pará, o cenário político desses novos eleitorados beneficiará principalmente partidos da base aliada do governo federal, como PT, PMDB e PDT. Nas cidades cotadas para serem capitais dos eventuais novos Estados, lideranças regionais desses partidos, com boas votações para a Câmara dos Deputados e para prefeituras, tendem a concentrar maior número de votos. É o caso de Maria do Carmo Lima (PT), reeleita em 2008 prefeita de Santarém (oeste do Pará), cotada para ser a capital de Tapajós. Ela ficou em primeiro lugar na região quando se candidatou a governadora, em 2002. Perdeu, no entanto, para Simão Jatene (PSDB). Na mesma área, o deputado federal e ex-prefeito Lira Maia (DEM), separatista, se elegeu para a Câmara com quase 50% dos votos válidos da cidade em 2006 -cerca de 65 mil. Em Belém, teve 1.600. Em Marabá, eventual capital de Carajás (sul do Pará), o secretário estadual de Pesca e Aquicultura, Asdrúbal Bentes (PMDB), pode fazer valer sua boa votação nas eleições para a Câmara para firmar-se líder no novo Estado. O levantamento foi encomendado em 2010 ao cientista político Roberto Corrêa, da UFPA (Universidade Federal do Pará), pela campanha que tentou reeleger, sem sucesso, a governadora Ana Júlia (PT). O veterano Jader Barbalho (PMDB) seria privilegiado, segundo Corrêa, com potencial para ser eleito e puxar votos nos três novos Estados. Para o deputado federal Chico Alencar (PSOL-RJ), "a discussão [sobre o Pará] não é só técnica ou administrativa, é político-eleitoral". Como exemplo, ele aponta articulações do deputado federal Giovanni Queiroz (PDT), separatista, para disputar o governo do hipotético Estado de Carajás, sede de grandes empreendimentos e reservas de minérios da Vale. Queiroz nega. _____________________________________________________________________ Brasil é o país mais atraente para varejistas Perspectiva de crescimento do PIB e da renda são chamariz, diz estudo sobre emergentes Felipe Vanini (Mercado) O Brasil é o mercado mais atraente para empresas varejistas que buscam oportunidades em países emergentes. A informação consta do relatório elaborado pela consultoria ATKearney, que analisou as condições econômicas em 30 países emergentes, entre eles o Brasil. "Com isso, o Brasil entra com maior força no radar de internacionais", diz Markus Stricker, sócio da ATKearney no país. grupos varejistas O estudo leva em consideração os riscos econômicos e políticos, a atratividade e a saturação do mercado e a diferença entre o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) e o do varejo. De acordo com Stricker, as oportunidades se concentram nas redes varejistas de alimentos, vestuário e eletroeletrônicos. "As perspectivas de crescimento para o futuro e a continuidade do aumento de renda das famílias facilitam os investimentos de médio e longo prazos no Brasil. Outro ponto importante são as melhorias na infraestrutura brasileira, o que indica horizonte positivo." A lista conta ainda com mais três países sul-americanos: Uruguai, Chile e Peru. De acordo com Stricker, isso é resultado da expressiva melhora no desenvolvimento da região. "Cada vez mais, os consumidores desses mercados passam a adquirir produtos de maior valor", afirma. A China, que liderou a edição anterior, caiu para a sexta posição. Segundo Stricker, a queda de atratividade do país asiático se deve à entrada de grupos estrangeiros, o que acabou acirrando a competitividade e saturando o mercado local. Valor Econômico __________________________________________________________________ Metalúrgico recebe 40% a mais de PLR João Villaverde As montadoras estão pagando uma Participação sobre Lucros e Resultados (PLR) até 40% maior que os valores - já elevados - pagos no passado. Para os 3,2 mil metalúrgicos do chão de fábrica da montadora Volvo, em Curitiba (PR), o benefício, este ano, representou o equivalente a 7,5 salários - a montadora pagará, ao todo, R$ 15 mil aos operários. O teto pago em PLR no ano passado - os R$ 10,8 mil concedidos pela Mercedes-Benz em São Bernardo do Campo (SP) - pode virar piso em 2011. A inflação mais elevada tem dificultado o trabalho dos sindicatos nas negociações salariais tradicionais, mas, ao menos nas categorias mais organizadas, a Participação sobre Lucros e Resultados (PLR) tem surgido como uma válvula de escape. Os valores altos, contudo, são quase uma exclusividade desse grupo particular de operários. Levantamento do Valor junto a 16 escritórios regionais do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) não encontrou outras categorias com negociações expressivas de PLR. Foram raros, inclusive, os acordos já negociados este ano. Quando foi criada, em 1994, a PLR era vista pelos sindicatos como "arma de cooptação" dos trabalhadores, que recebiam o bônus condicionado ao cumprimento de metas de produção. Na Volvo, por exemplo, os R$ 8 mil referentes à segunda parcela da PLR (a primeira, de R$ 7 mil foi paga em maio) está condicionada ao cumprimento de 100% da meta de produção da fábrica para o ano - o valor final pode aumentar caso as metas sejam superadas. "Trata-se de uma política de salários muito interessante para as empresas", diz Christian Mattos, consultor sênior da Towers Watson, entidade especializada em consultoria corporativa. "Na indústria, principalmente, onde a folha de pagamentos costuma representar 8% dos custos totais de produção, uma PLR elevada não onera o caixa, e ainda amplia a produtividade da companhia", afirma Mattos. Segundo ele, a PLR era majoritariamente praticada por multinacionais com operação no Brasil, mas, "cada vez mais, todas as empresas estão adotando". Segundo José Silvestre, coordenador de relações sindicais do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a PLR deixou de ser vista como "tabu" pelos sindicatos, e já foi incorporada nas negociações com as empresas. "Os próprios trabalhadores acabam pressionando seu sindicato a negociar a PLR", afirma o representante do Dieese. A negociação por um bônus mais elevado é uma das razões que tem mantido a fábrica da Volkswagen, em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, parada há mais de 30 dias. O sindicato reivindica R$ 12 mil de PLR para os 3,1 mil metalúrgicos, mesmo valor acordado com a Renault. Os 2,3 mil operários da mina Casa de Pedra (MG), que pertence à CSN, fizeram cinco dias de greve por uma PLR equivalente a 5,4 salários, mas a paralisação terminou na sexta-feira com um reajuste nominal de salários de 8,3%, um abono de R$ 300 e a decisão de discutir a participação nos lucros e resultados fora da data-base da categoria. Mesmo sindicatos de esquerda mais radical, como o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, ligado ao PSTU, negociam PLR condicionada a metas. O valor acertado no mês passado com a General Motors (GM), de R$ 10,8 mil, está condicionado a produção conjunta de 410 mil veículos nas duas fábricas da GM, em São José e em São Caetano do Sul (SP). No ano passado, as unidades produziram, ao todo, 414 mil veículos. Caso, no entanto, a produção atinja o máximo instalado - cerca de 450 mil veículos -, a PLR total pode ultrapassar R$ 13 mil. Enquanto cada vez mais sindicatos negociam e declaram greve por conta da PLR, a discussão sobre o seu pagamento ainda existe em algumas entidades. Segundo Jair dos Santos, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas, a campanha pela PLR deve se concentrar em duplo convencimento: no dos trabalhadores, para mostrar que a PLR "é um bônus que não é incorporado ao salário", e nas empresas, que devem pagar PLR sem condicionantes. Em maio, o presidente do sindicato de Campinas conduziu a negociação com a AmstedMaxion, que produz trens de carga, e aceitou pagar R$ 6,5 mil aos 1,9 mil operários do chão de fábrica sem exigir o cumprimento de metas em troca. "Essa é uma negociação modelo", diz Santos, "porque os trabalhadores já cumprem uma jornada abusiva". O caso dos metalúrgicos e da AmstedMaxion, ao menos por enquanto, é exceção. Em consulta às regionais do Dieese, o Valor apurou que a maioria das categorias que recebe PLR - como urbanitários, comerciários e eletricitários - ainda está na fase de negociação, e as discussões estão concentradas nas metas exigidas, já que grande parte das empresas envolvidas não aceita debater valores. ______________________________________________________________ Participação nos resultados amplia peso na remuneração João Villaverde As montadoras estão pagando Participação nos Lucros e Resultados (PLR) até 40% superior aos já elevados valores do passado. O teto pago em PLR em 2010 - R$ 10,8 mil concedidos pela Mercedes-Benz em São Bernardo do Campo (SP) - pode virar piso em 2011. Para os 3,2 mil metalúrgicos da Volvo, em Curitiba (PR), o benefício este ano foi igual a 7,5 salários (R$ 15 mil). Benefícios relevantes como esse, entretanto, se restringem a poucas categorias, como a dos metalúrgicos, uma das mais especializadas. Quando foi criada, em 1994, a PLR era vista pelos sindicatos como "arma de cooptação" dos trabalhadores, que recebiam o bônus condicionado ao cumprimento de metas de produção. "Trata-se de uma política de salários muito interessante para as empresas", diz Christian Mattos, consultor sênior da Towers Watson. "Na indústria, principalmente, onde a folha de pagamentos costuma representar 8% dos custos totais de produção, uma PLR elevada não onera o caixa e amplia a produtividade". A negociação de bônus é a causa da paralisação de um mês da Volkswagen em São José dos Pinhais (PR), onde o sindicato reivindica o pagamento de R$ 12 mil de PLR a 3,1 mil metalúrgicos, mesmo valor acertado com a Renault. Os 2,3 mil operários da mina Casa de Pedra (MG), da CSN, fizeram greve para tentar que a PLR passe do equivalente a 1,8 salário pago em 2010 para 5,4 salários - uma média superior a R$ 10 mil. A paralisação terminou sexta-feira com reajuste nominal de salários de 8,3%, abono de R$ 300 e a decisão de negociar a PLR fora da database, com a criação de uma comissão para o assunto. A maioria das categorias que recebem PLR - urbanitários, comerciários e eletricitários concentra as discussões em como tornar as metas exigidas menos abusivas, já que grande parte das empresas envolvidas não aceita debater valores. _____________________________________________________________________ PIB supera investimento pelo 2º trimestre seguido Denise Neumann O produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre desenhado pelos analistas de mercado era "melhor" do que o que efetivamente aconteceu na economia brasileira no primeiro trimestre de 2011, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na sexta-feira. Com base nos dados de produção, importação e exportação de bens de capital dos primeiros três meses do ano, os economistas projetavam um aumento de até 3,5% na Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), o indicador que mede o investimento dentro do PIB, na comparação com os últimos três meses de 2010, descontados efeitos sazonais. O crescimento, no entanto, foi bem menor do que o projetado - ficou em 1,2%. Por um lado esse resultado foi bem melhor do que o do consumo das famílias dentro do PIB, que cresceu 0,6% na mesma comparação. A relação entre investimento e consumo das famílias, reverteu, portanto, o mix ruim do último trimestre de 2010, quando o consumo cresceu quase cinco vezes acima do investimento (2,3% ante 0,4% na comparação com o terceiro trimestre de 2010, também na série com ajuste sazonal). Do outro lado, o investimento apenas acompanhou a alta de 1,3% do PIB neste começo de 2011. Aliás, pelo segundo trimestre consecutivo o investimento evoluiu abaixo do conjunto da economia. Assim como os dados da economia referentes a abril e maio mostram que o PIB dos primeiros três meses do ano é uma fotografia do passado e a economia não está mais acelerando, os indicadores de investimento não trazem conforto e criam dúvidas sobre o impacto das medidas de contenção de demanda nas intenções de ampliação de capacidade produtiva. Dados divulgados semana passada pelo Banco Central mostram que a maior desaceleração no crescimento das operações de crédito ocorreu no segmento direcionado às pessoas jurídicas, justamente a fatia que concentra as operações do BNDES. Nesse segmento, o crescimento, que acumulava alta de 40% em meados do ano passado (variação em 12 meses), está claramente em declínio e registrava, em abril, apenas 23% de alta. O menor fôlego do investimento também fica sugerido na produção de bens de capital: pela pesquisa industrial do IBGE, ela recuou 2,9% em abril na comparação com março na série livre de influências sazonais. A importação também "andou de lado": pela média diária, mas sem ajuste sazonal, o valor importado de bens de capital em maio caiu 2,6% sobre abril, quando havia crescido, na mesma comparação, 6,2% sobre março. O menor apetite empresarial para investir (se for confirmado) não decorre, apenas, das recentes medidas adotadas pelo Banco Central. A competitividade arranhada pela atual taxa de câmbio - e manifesta na explosão das importações de manufaturados com certeza ajuda na explicação. ______________________________________________________________ Palocci aposta em divisão no governo e nos partidos da base Raymundo Costa Depois de passar o fim de semana em São Paulo, o ministro Antonio Palocci volta hoje a Brasília com compromissos marcados na agenda até o fim da semana, inclusive um com senadores, para tratar do Código Florestal. Embora procure aparentar tranquilidade, Palocci sabe que está fragilizado no cargo e conta com a divisão existente no governo e nos partidos da base aliada para se manter na Casa Civil. A presidente da República, Dilma Rousseff, também tem dúvidas sobre a demissão de seu ministro, cuja evolução patrimonial está sob suspeição: foi multiplicada por 20 em apenas quatro anos, entre 2006 e 2010, período em que Palocci era deputado federal e chefiou a vitoriosa campanha eleitoral de Dilma. O argumento é que não é possível condenar alguém sem provas, com base apenas em indícios. Essa é a mesma opinião manifestada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a líderes do PT, na volta de uma viagem que fez a Cuba. Em princípio chegou a ser noticiado que Lula iria ontem a Brasília discutir a situação de Palocci com Dilma. A viagem não se confirmou. Na avaliação de petistas, a interferência aberta de Lula somente agravaria as suspeitas de tutela levantadas quando o ex-presidente esteve em Brasília, há duas semanas, no pico da crise política, provocada pelas acusações a Palocci e a derrota sofrida pelo governo na votação do Código Florestal. Lula tem o mesmo ponto de vista de Dilma em relação a provas e tem repetido aos petistas que não se deve "abandonar" um companheiro. Nesse aspecto será fundamental o pronunciamento do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, o que Palocci espera que aconteça até o fim da semana. Gurgel pediu novas informações ao ministro mas não marcou data para apresentar seu parecer sobre as suspeitas de prática do crime de tráfico de influência. Palocci só sairá espontaneamente, afirmam seus assessores, se o parecer lhe for desfavorável. Do contrário, deixará para a presidente a decisão de demiti-lo. Mas tanto Dilma quanto o ex-presidente avaliam a extensão da crise em função da governabilidade. Ao manter intacta sua agenda para esta semana, Palocci aposta numa das soluções em análise: ele ficaria menor politicamente na Casa Civil, voltado mais para dentro do governo, como aconteceu em 2004 quando o então ministro da Casa Civil, José Dirceu, foi atingido por denúncias de que um auxiliar direto, Waldomiro Diniz, pedira propina a um bicheiro. Na ocasião foi criado o que corresponde hoje ao Ministério das Relações Institucionais. Mas para que essa nova modelagem funcione o governo precisa efetivamente dar "caneta" (poder para liberar emendas e nomear) para o ministro Luiz Sérgio. Palocci conversou com Dilma após a entrevista que concedeu na sexta-feira ao "Jornal Nacional", uma exigência de setores do PT e do próprio governo. Segundo os aliados do chefe da Casa Civil, a presidente disse que gostara da manifestação pública de Palocci, especialmente quando ele ressaltou que não há uma crise de governo, mas um problema pessoal dele, ministro Antonio Palocci. Mas uma grande parte dos líderes da base aliada do governo considera falso esse argumento, segundo apurou o Valor: se a crise é pessoal, o problema é de todo o governo (que se desgastou e se fragilizou no Congresso). Antes de afastar Palocci, se fizer essa opção, a presidente também quer se assegurar de que resolverá o problema da sustentação política do governo, um dos problemas da crise. A cúpula do PT se manifesta favorável à permanência do ministro. O presidente do partido, Rui Falcão, disse ontem que estava "sinceramente convencido" de que Palocci não cometera crime algum. Mas pelo menos duas correntes da sigla querem a cabeça do ministro: Mensagem e Tendência. A suposta substituição de Palocci pela diretora da Petrobras Maria das Graças Foster teria levado o grupo do ex-ministro José Dirceu a avaliar que, ruim com Palocci, pior será com um estranho. A cúpula do PMDB também tem se pronunciado a favor da manutenção de Palocci, mas defende a mudança do modelo de coordenação política, na qual quer ter mais peso e influência. Na entrevista ao "Jornal Nacional", Palocci insistiu que não fez tráfico de influência por meio da empresa de consultoria que manteve paralelamente ao seu mandato como deputado federal. "Minha empresa jamais atuou junto a órgãos públicos, ou diretamente prestando consultoria para órgãos públicos ou representando empresas privadas nos órgãos públicos", frisou. "O que eu fazia era uma consultoria para empresas privadas". O ministro também negou que as contas de sua empresa pudessem estar misturadas a doações eleitorais. "Não existe nenhum centavo que se refira a política", afirmou ele, categoricamente. Palocci procurou dar um tom político às denúncias quanto ao seu patrimônio e enfatizou que se trata de uma questão dirigida a ele, "com forte intensidade, com forte conteúdo político". Por estar sob pressão política, Palocci disse não achar correto revelar quem eram seus clientes. "Acho que não tenho o direito de fazer a divulgação de terceiros". Ele se limitou a citar setores de atuação desses clientes: vários segmentos de indústria, serviços financeiros, mercado de capitais, bancos e empresas, fundos de mercado de capitais e serviços em geral. "É um conjunto de empresas que pouco tem a ver, por exemplo, com obras públicas, com investimentos públicos. São empresas que vivem da iniciativa privada e que consideraram útil o fato de eu ter sido Ministro da Fazenda, de ter acumulado uma experiência na área econômica, de conhecer a área econômica". Palocci não forneceu números exatos sobre o faturamento de sua consultoria. Para explicar quantias publicadas pela "Folha de S.Paulo" (a receita teria sido de R$ 20 milhões em 2010, sendo R$ 10 milhões só em novembro e dezembro), o ministro lembrou que encerrou as atividades da empresa antes de assumir o ministério. Por isso, afirmou, pagamentos relativos a serviços prestados anteriormente teriam se concentrado nos dois últimos meses de 2010. _____________________________________________________________________ Senadores tentam embate radicalizado do Código Raquel Ulhôa e Mauro Zanatta Para evitar a radicalização entre ruralistas e ambientalistas que dominou a discussão do projeto do Código Florestal na Câmara, e levou a uma derrota do governo, senadores ligados aos dois setores avançaram em um acordo político que também envolve o Palácio do Planalto. Os senadores negociam para levar ao plenário da Casa um parecer único das três comissões técnicas. O desafio, entretanto, é manter o clima de entendimento até a votação. O relator na Câmara, deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), já foi procurado para participar das negociações do Senado. Todos concordam que haverá mudanças no texto, forçando a realização de nova votação na Câmara. "Ele foi responsável pelo relatório, teve maciço apoio na Câmara [410 votos] e não temos o direito de rasgar tudo e começar do zero", afirma o senador Blairo Maggi (PR-MT), integrante do grupo que busca o acordo. Pelo calendário discutido entre os presidentes das comissões de Meio Ambiente (CMA), Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), e de Agricultura e Reforma Agrária (CRA), Acir Gurgacz (PDT-RO), a meta é votar o Código até 120 dias no plenário. "Vamos fixar uma data e perseguir esse objetivo. Estou muito confiante na possibilidade de acordo", diz Gurgacz. O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), levará à presidente Dilma Rousseff, na próxima semana, um pedido de prorrogação do decreto que suspende multas a produtores rurais que descumpriram a legislação ambiental, que expira em 11 de junho. A sugestão dos senadores é que a prorrogação seja por mais seis meses. Isso porque se houver mudanças do texto no Senado, o projeto terá que retornar para nova votação na Câmara. Amanhã, haverá reunião para estabelecer um cronograma conjunto, mas a primeira audiência pública das duas comissões já está marcada: será quinta-feira, com a ministra Izabella Teixeira (Meio Ambiente). Aldo Rebelo deverá ser ouvido na reunião seguinte. Ruralistas admitem que, para manter a maior parte dos ganhos no projeto da Câmara, terão de negociar alguns pontos. Os dois relatores - os ex-governadores Jorge Viana (PT-AC) e Luiz Henrique (PMDBSC) - pretendem elaborar um parecer único, com os pontos de consenso entre ambientalistas, ruralistas e governo. Se houver pontos divergentes, a ideia é levá-los diretamente ao plenário, evitando votações conflitantes nas comissões temáticas, como ocorreu na comissão especial do Código na Câmara. "Aqui, vamos fazer um debate mais sereno", avalia Waldemir Moka (PMDB-MS), o senador que esteve mais envolvido nas discussões da Câmara desde 2009, quando ainda era deputado. Ligado ao setor ruralista, Moka considera Viana - aliado da exsenadora Marina Silva (PV-AC) na questão ambiental - "equilibrado e tranquilo". Ele acredita em um entendimento, sem muita alteração no texto originário da Câmara. Izabella Teixeira encaminhou à liderança do bloco governista no Senado um documento com os pontos do texto da Câmara dos quais o governo discorda. O mais polêmico - e ponto de partida para os entendimentos - é a chamada Emenda 164, que substituiu o artigo 8º do parecer original de Aldo Rebelo. O dispositivo consolida desmatamentos em Área de Preservação Permanente (APP) de beiras de rios e autoriza a manutenção de lavouras e criações até 22 de julho de 2008. A emenda mistura as autorizações em casos de utilidade pública, interesse social e baixo impacto ambiental com a permissão a atividades "agrossilvopastoris", ecoturismo e turismo rural. A emenda também concede mais poderes ambientais aos Estados para legislar na área. "Um bom começo de acordo poderia ser voltar a discutir o texto do Aldo, que é muito melhor do que a 164", diz Rollemberg. O dispositivo aprovado autoriza exceções de uso em APPs, levando em conta o impacto ambiental, utilidade pública e interesse social, com autorização do órgão ambiental local e a partir de regras definida pelo Executivo. _____________________________________________________________________ Votação da Emenda 29 ameaça governo Caio Junqueira Os mesmos componentes políticos que levaram o governo da presidente Dilma Rousseff à derrota na votação do Código Florestal ameaçam novamente o Palácio do Planalto, agora, com o projeto de regulamentação da Emenda Constitucional 29, de financiamento dos gastos da saúde. Como o Código, esse não é um tema de divisão óbvia do Parlamento entre partidos governistas, de um lado, e oposicionistas, de outro. O PMDB, onde é grande a bancada de médicos e hospitais, lidera a base aliada para votar a emenda; no DEM e PSDB os parlamentares concordam que o assunto entre em pauta, mas um grupo teme que o governo emplaque a cobrança de mais impostos por intermédio desse projeto. O PT está dividido e o governo não tem posição clara, embora veja na Emenda 29 a oportunidade de recriar a CPMF (o imposto sobre o cheque derrubado pelo Congresso). Aprovada em 2000, a emenda foi regulamentada em 2008. Ela estabelece os critérios mínimos de financiamento da saúde, por meio dos quais os Estados devem aplicar 12% da arrecadação no setor e os municípios 15%. Faltou, porém, definir a vinculação da União. O texto aprovado prevê uma vinculação de acordo com a variação do PIB nominal. O governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, contudo, apostava no ressurgimento da CPMF, agora rebatizada de Contribuição Social para a Saúde (CSS), incluída no projeto da Câmara. Ocorre que, para concluir a votação, falta votar uma emenda do DEM que exclui a alíquota de 0,1% da contribuição, a CSS/CPMF, da emenda. Esta é a questão que provoca o impasse. Da forma como foi aprovada, a União conseguirá R$ 19 bilhões via CSS. No entanto, nem a base nem a oposição desejam aprovar como está, justamente por causa da nova contribuição. Querem, ao contrário, regulamentar a emenda de modo que valha apenas a variação do PIB nominal. As bancadas que apoiam a emenda querem votar sem mais protelações. A um ano das eleições municipais, querem atender a uma reivindicação dos prefeitos que clamam por mais recursos para a saúde. Isso porque sem a definição clara da participação federal, o ônus tem recaído principalmente sobre os municípios, que têm de se desdobrar para atender à população. "A saúde está como está porque a regulamentação da emenda não é aprovada pelos parlamentares. Os municípios estão gastando até 23% de sua receita, enquanto a maioria dos Estados não cumpre o percentual mínimo e a União sequer tem vinculação definida", diz Paulo Ziulkoski, presidente da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), instituição que faz lobby no Congresso pela emenda sem preocupar-se com o novo imposto. Na semana passada, na reunião do colégio de líderes da Câmara, o líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN), propôs que o projeto fosse colocado em pauta. Depois, o do PSDB, Duarte Nogueira (SP), e do DEM, ACM Neto (BA), foram na mesma linha, como o deputado Dr. Paulo César (PR-RJ), ligado ao setor da saúde, e a líder do PSB, Ana Arraes (PE). Na contramão, o líder do PT, Paulo Teixeira (SP), desconversou, e o do governo, Cândido Vaccarezza (SP), disse que o tema "está sendo tratado pelo governo". Na verdade, Dilma e seu partido gostariam de aprovar o novo tributo, apesar do custo político do descumprimento de promessa de campanha, mas não mais vinculação de verbas orçamentárias da União. Essa vinculação seria possível, também, por intermédio da ressurreição de uma medida aprovada em 2007, pelo Senado, igualmente em momento de pressão dos prefeitos da Confederação, depois derrubada na Câmara. Na ocasião, foi aprovado projeto do senador Tião Viana (PT-AC) que vinculou à saúde 10% da receita corrente líquida, o que daria hoje R$ 32,5 bilhões -71% a mais do que os R$ 19 bilhões da CSS/CPMF. Com a diferença de que tira do contribuinte o peso de mais um tributo e joga para a União a responsabilidade de encontrar uma fonte de recursos ou fazer corte de gastos. É tudo o que o Palácio não quer, tanto que à época promoveu a retirada da vinculação na Câmara. Hoje, os governistas ligados ao assunto quebram a cabeça em busca de uma solução. "O Senado aprovou um aumento de despesas mas não disse a fonte de recursos. Por outro lado não está no horizonte retornar a criação da CSS, que é o que traria de fato mais recursos para a saúde. Uma alternativa séria ao debate não está na mesa hoje", disse ao Valor o deputado Pepe Vargas (PT-RS), relator do projeto aprovado na Câmara. No seu partido, porém, há quem defenda explicitamente a retomada do tributo. Caso do deputado Amauri Teixeira (PT-BA), ex-subsecretário de Saúde da Bahia, que em abril apresentou um projeto de lei complementar que cria uma CSS "diferenciada": cobrada das camadas mais ricas da população e podendo ser abatida do imposto de renda. Já o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, disfarça a expectativa do governo com a volta da CPMF e abusa das generalidades, dizendo sempre que primeiro quer "melhorar a gestão" para depois "discutir com a sociedade" a "necessidade de mais recursos". "Há um desejo da Casa em votar a regulamentação, se possível ainda neste mês, e sem a CSS", disse o líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN), que controla 79 deputados na Casa. O líder do bloco do PR, Lincoln Portela (MG), com 64 deputados, vai na mesma linha. "Temos que resolver isso, mas é complicado neste momento político colocar algo mais polêmico para ser votado." Segundo o presidente da Frente Parlamentar da Saúde, Darcísio Perondi (PMDB-RS), o maior mérito do texto é especificar o que são ações e serviços de saúde. A seu ver, isso já inibe desvios, corrupção, e principalmente gastos com recursos da saúde para outras finalidades. Não há garantias, porém, que uma vez em votação, forças de pressão consigam seu propósito de instituir o novo imposto. O Globo _____________________________________________________________________ Mortes no campo: entidades se reúnem com Gilberto Carvalho, apresentam mapa da grilagem e pedem que reforma agrária seja feita Catarina Alencastro A violência no campo na região amazônica foi tema de mais uma reunião no Palácio do Planalto, nesta sexta-feira. O ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, recebeu representantes da CUT, da Contag, da Fetraf e do MST, além de lideranças rurais do Pará, do Amazonas, do Amapá e de Tocantins, que levaram novas denúncias e cobranças ao governo. Eles apresentaram um mapa da grilagem na Amazônia e reivindicaram ações para combater a impunidade. Segundo as entidades, novas ameaças foram feitas a trabalhadores rurais nos últimos dias. No Ceará, um assentado que denunciou crimes ambientais foi ameaçado de morte. Em Mato Grosso, dois agentes da Pastoral da Terra correm risco de vida. Além disso, três lideranças estão desaparecidas desde o ano passado em Tocantins. O grupo reconheceu as providências que o governo anunciou para estancar a onda de assassinatos no Norte, mas quer mais. Os trabalhadores rurais exigiram que o governo se dedique a fazer a reforma agrária no país. Eles reclamaram que o governo só começa a agir em resposta a levantes de violência e que ações urgentes têm que ser tomadas para acabar com a impunidade dos criminosos. - O governo infelizmente toma as medidas a partir desses fatos que aconteceram. É preciso uma ação mais forte do Estado. O mapa da grilagem que apresentamos é uma demonstração de que o Estado precisa tomar medidas enérgicas para combater a impunidade no campo. Precisa investigar, caçar os matadores. Esse estado de impunidade motiva ainda mais a impunidade - alertou Carlos Augusto Santos Silva, presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetagri) do estado do Pará. Ele também cobrou a proteção dos que estão ameaçados e das demais lideranças contra o que chamou de "defensores do latifúndio": - Além de defender os marcados para morrer, o Estado tem a obrigação de dar proteção a esses brasileiros da Amazônia e a esses lutadores do Brasil. Entre os trabalhadores rurais recebidos no Planalto estava Maria Joel da Costa, líder sindical em Rondon (PA). Ela teve seu marido, Dezinho, assassinado no ano 2000 e, tanto os assassinos, quanto o mandante do crime estão soltos. Joelma, como é conhecida, permanece sob proteção policial desde então. - Não tem como não ter medo. Já teve caso de gente que estava sob proteção e nem por isso os criminosos deixaram de matar. Não tem condição de homens e mulheres serem assassinados e ficar por isso mesmo. O caso do Dezinho continua impune. O matador dele foi julgado, condenado, mas está foragido. O mandante todo mundo sabem quem é, é um grande fazendeiro do Pará. Continua na impunidade, enriquecendo - disse Maria. Ministro da Justiça irá até a região do conflito Segundo o presidente da Contag, Alberto Broch, o ministro Gilberto Carvalho ouviu atentamente os relatos dos trabalhadores e prometeu levar tudo à presidente Dilma Rousseff. Ele confirmou que na próxima semana uma comitiva do governo liderada pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, irá à região do conflito. Diário Catarinense ______________________________________________________________ Duas reuniões decisivas hoje Governo deve anunciar pela manhã se aceita contraproposta. À tarde, reúne-se com o Sinte A decisão do governo do Estado sobre a contraproposta apresentada na sexta-feira pelos professores da rede estadual – que completam hoje 20 dias de greve – deve ser anunciada na manhã desta segunda-feira. O Sindicado dos Trabalhadores da Educação em SC (Sinte) pediu a manutenção da regência de classe de 25% ou 40% sobre o salário base. Após passar o fim de semana com a área técnica fazendo simulações sobre o impacto do aumento nas contas do governo, o secretário-adjunto da Educação, Eduardo Deschamps, irá entregar um relatório ao governador Raimundo Colombo e ao secretário Marco Tebaldi, que farão o anúncio. – Sabemos da aflição de todos – disse Deschamps, que, até o fim da noite de ontem, não adiantou a provável decisão. Os professores estaduais entraram em greve no último dia 18 pedindo o pagamento do piso nacional do magistério. O diálogo foi retomado na última semana quando o governo apresentou nova proposta, rebatida pelo Sinte. Uma nova reunião entre as partes deve acontecer hoje. Segundo a coordenadora do Sinte, Alvete Bedin, após a reunião vão acontecer assembleias regionais na terça e um grande encontro estadual na quinta para decidir sobre a greve. Retrospectiva - Em 18 de maio, professores entraram em greve pedindo o pagamento do piso nacional do magistério, aprovado em 2008, e julgado procedente pelo Supremo Tribunal Federal, em abril deste ano. - Em 23 de maio, professores rejeitam proposta do governo, que concorda em pagar o piso, porém não respeitava a progressão de carreira do magistério, - No dia 2 de junho, diálogo é retomado com nova proposta do governo. Agora há a garantia do aumento para todos os professores. Mas reduz o percentual da regência de classe para 15%. - No dia 3 de junho, última sexta-feira, Sinte apresentou contraproposta pedindo a manutenção da regência de classe de 25% ou 40% sobre o salário Agência Brasil _____________________________________________________________________ Trabalho infantil será erradicado no Brasil antes de 2015, prevê diretor do MTE Brasília – Apesar de alguns estados, como a Bahia, o Piauí e o Maranhão ainda apresentarem um número alto de crianças no trabalho - a cada 100 crianças cerca de 17 trabalham, segundo dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT) -, o diretor do Departamento de Fiscalização do Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Leonardo Soares de Oliveira, prevê que antes de 2015 o trabalho infantil será erradicado no país. ―Se considerarmos o número de crianças e adolescentes encontrados em situação de relação de emprego pela auditoria trabalhista, notamos que o número vem caindo, em consonância com o que os números da Pnad demonstram‖, disse. "A erradicação deve acontecer antes de 2015. Não é por acaso que o nosso país foi escolhido, de forma unânime, como a sede da 3ª Conferência Mundial sobre o Trabalho Infantil, a ser realizada em 2013‖, completou. Para ajudar no combate à exploração infantil, de acordo com o MTE, os auditores fiscais do trabalho fazem ações de inspeção constantemente. Quando um auditor fiscal visita um estabelecimento e detecta a presença de crianças e adolescentes com idades entre 5 anos e 14 anos, preenche uma ficha com dados da criança, notificando o empregador para afastá-lo do trabalho ilegal. Além disso, elabora relatório à chefia de fiscalização, com cópias dos autos de infração lavrados e dos termos emitidos, para remessa aos órgãos de proteção à criança e ao adolescente. ―Muito mais significativo do que o número de afastamentos é o número de ações fiscais, que vem crescendo a cada ano, mostrando que a fiscalização está se mantendo vigilante, fazendo também um trabalho de prevenção", disse Oliveira. O Dia Mundial de Combate ao Trabalho Infantil, em 12 de junho, será comemorado, no Brasil, com atividades em vários estados. Em Minas Gerais, elas serão organizadas pelo Fórum de Erradicação e Combate ao Trabalho Infantil e Proteção aos Adolescentes (Fectipa-MG), com o apoio de organizações cristãs. Serão realizadas atividades lúdicas, culturais e seminários. ____________________________________________________________________ Agricultura familiar pode ajudar no combate à inflação Danilo Macedo e Ivanir José Bortot Brasília - Em um cenário de restrições ao crédito e aumento de inflação e de juros, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Afonso Florence, acredita que a manutenção do volume de R$ 16 bilhões para financiamento da agricultura familiar na safra 2011/2012 é um estímulo à produção e à economia do país. O crédito para os agricultores familiares, destaca ele, teve redução nas taxas de juros, que serão de 1% ao ano para empréstimos até R$ 10 mil e 2% acima disso. ―Queremos aumentar a produção de alimentos em um cenário de inflação sem que as pessoas precisem abandonar a área rural para ir morar nas cidades. É a segurança alimentar dos produtores, das classes populares e um rebate na inflação‖, afirmou Florence à Agência Brasil. O ministro disse que a presidenta Dilma Rousseff garantiu que não faltarão recursos para financiamento da agricultura familiar caso a demanda aumente na safra 2011/2012. Segundo ele, a expectativa é que o volume de crédito cresça com a simplificação de algumas operações e chegue, no mínimo, a R$ 12 bilhões. Na próxima safra, a principal política para o setor será a de garantia de preços mínimos específica para o setor familiar, com aquisição direta dos produtos pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), quando necessário. Com isso, destaca o ministro, o agricultor que não conseguir vender sua produção no mercado pelo preço mínimo, poderá recorrer à política de garantia de preço. Além de ajudar no combate à inflação, a agricultura familiar representa hoje um importante setor da economia brasileira, reunindo cerca de 4,3 milhões de famílias que respondem por 10% do Produto Interno Bruto (PIB) e têm 84% dos estabelecimentos rurais. ―A agricultura familiar é um pilar para a produção de alimentos e o desenvolvimento do país." _____________________________________________________________________ Em disputa apertada, Humala vence e é o novo presidente do Peru Renata Giraldi Brasília – Pelos dados do Instituto Nacional de Processos Eleitorais (Onpe) do Peru, o presidente eleito do país é Ollanta Humala, que venceu a disputal eleitoral com Keiko Fujimori, filha do ex-presidente Alberto Fujimori. A vitória, pelos números preliminares, foi apertada. De acordo com os votos apurados, Humala obteve 50,9%, enquanto Keiko ficou com 49,9%. Porém, Humala foi ontem (5) à noite à Praça 2 de Maio, a principal de Lima, para discursar como chefe de Estado. As informações são do Onpe e da rede multiestatal de televisão, Telesur, com sede em Caracas, na Venezuela. No discurso, Humala afirmou que vai concentrar suas atenções no estímulo ao crescimento econômico com inclusão social. "Hoje, quero renovar meu compromisso com o povo peruano para o crescimento econômico com inclusão social. Começarei a trabalhar em 28 de julho [data da posse do novo presidente]", disse Humala. Segundo o presidente eleito, o objetivo é consolidar um ―governo de concertação‖. Ele disse que, ao assumir o governo, vai promover a integração latino-americana. "Vamos executar as políticas reais que resolverem os problemas do Peru nas áreas de saúde, educação, infraestrutura e segurança, sem dar espaço aos corruptos", acrescentou. Humala afirmou ainda que pretende formar uma equipe de governo integrada pelos melhores quadros técnicos e intelectuais. ―Sem que ninguém se sinta excluído‖, disse. De acordo com ele, sua gestão será baseada em uma economia aberta e de mercado visando ao fortalecimento interno. "Vamos fazer uma transformação da agricultura e da indústria para gerar mais empregos, para que tenha mais dinheiro no país", afirmou Humala. Keiko também fez discurso para os simpatizantes, reconhecendo a derrota. Ela acompanhou a contagem de votos em casa. O presidente do Chile, Sebastián Piñera, e o ex-presidente peruano Alejandro Toledo, além do escritor Mario Vargas Llosa, parabenizaram Humala pela vitória. As votações começaram ontem (5) às 8h e acabaram às 16h, no Peru. Cerca de 20 milhões de eleitores foram às urnas. O sistema de votação no país não é eletrônico – a primeira experiencia foi testada no distrito de Pacarán. As eleições no Peru foram acompanhadas por 235 observadores internacionais e jornalistas credenciados. O eleitorado do Peru tem uma pequena maioria de mulheres (50,19%). Há 3,8 % de eleitores vivendo no exterior, a maioria nos Estados Unidos. R7 _____________________________________________________________________ Agências podem aumentar câmeras de segurança para combater “saidinha de banco” Reunião de federação e sindicatos abordou temas de segurança para a área Representantes dos bancos e dos sindicatos ligados à área se reuniram nesta quintafeira (2) maneiras de combater crimes nos bancos, segundo informou a Febraban (Federação Brasileira dos Bancos). De acordo com a federação, durante o evento (Terceira Reunião da Mesa Temática de Segurança Bancária) foram levantados assuntos como golpes das saidinhas, assaltos a caixas eletrônicos e outros tema da área de segurança. Uma das medidas que está sendo analisada é o aumento do número de câmeras de vídeos como forma de combater estes crimes. Segundo o diretor da Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro), Ademir Wiederkehr, tal medida atenderia a uma das reivindicações dos bancários. - Outras iniciativas são necessárias, especialmente para impedir a visualização dos saques por olheiros e evitar que clientes continuem sendo vítimas. Entre outros pedidos, a categoria também defende a instalação de biombos ou tapumes entre a fila de espera e a bateria de caixas, bem como de divisórias entre os caixas, inclusive os eletrônicos. Segundo eles, impediria o acesso visual e garantiria o sigilo e a privacidade das operações. Explosivos O uso de explosivos para atacar caixas eletrônicos já se tornou a maior arma usada pelos bandidos para roubar dinheiro desse tipo de equipamento em São Paulo. Durante o ano, foram mais de 50 ataques a caixas eletrônicos com objetivo de furtar cédulas, sendo que em mais da metade dos casos houve explosão. Crescimento do crime Vanderlei Reis, gerente de tecnologia da TecBan, empresa que trabalha com segurança bancária, conta que explosões a caixas eletrônicos são um tipo de crime recente no país e que vem crescendo a cada dia. - Vai fazer um ano [em junho] que o Brasil começou a sofrer esse tipo de ataque, é novo. Essa modalidade já ocorre há alguns anos em outros países, como Bélgica, França e Suíça. Para combater [nestes países], eles desenvolveram dispositivos inteligentes que inutilizam as cédulas e o crime foi a zero. Tomando como exemplo a estratégia internacional, há um ano começou a ser instalado no país um dispositivo que solta uma tinta avermelhada e mancha as notas na hora do ataque aos caixas. O aparelho está instalado, hoje, em aproximadamente 12 mil caixas no Brasil e em pelo menos 5.000 em SP, de acordo com Reis. Agência Diap _____________________________________________________________________ Terceirização: trabalhos comissão se reúne para definir roteiro dos A Comissão Especial sobre o Trabalho Terceirizado, instalada na última terça-feira (2), realiza reunião para elaboração do roteiro de trabalho, eleição de vice-presidentes e votação de requerimentos. O encontro vai acontecer no plenário 15, às 14h30. Na semana passada, a Comissão de Trabalho só não votou parecer favorável ao PL 4.330/04, do deputado Sandro Mabel (PR-GO) porque houve pedido de vista. Nesta semana, a CCJ pautou o PL 4.302/98, cujo parecer favorável foi apresentado pelo petista João Paulo Lima (PE). O movimento sindical precisa pressionar a Câmara para que estes projetos sejam sobrestados, a fim de que a comissão especial possa construir alternativa a estes projetos que são nefastos aos interesses da classe trabalhadora. Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania Terceirização: projeto de FHC na pauta da CCJ Está na pauta da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania da Câmara dos Deputados o substitutivo do Senado ao PL 4.302/98, que altera dispositivos da Lei 6.019, de 3 de janeiro de 1974, que dispõe sobre o trabalho temporário nas empresas urbanas. A matéria dispõe sobre as relações de trabalho na empresa de prestação de serviços a terceiros. O relator, deputado João Paulo Lima (PT-PE) ofereceu parecer é pela constitucionalidade, juridicidade e técnica legislativa ao substitutivo do Senado. Caso seja aprovado, o projeto vai à sanção presidencial. Redações finais na CCJ Profissionais diplomados O PL 2.827/08, do deputado Vicentinho (PT-SP), altera a ementa e os artigos 1º e 4º da Lei 4.950-A, de 22 de abril de 1966, que dispõe sobre a remuneração de profissionais diplomados em Escolas de Engenharia, Química, Arquitetura, Agronomia e Veterinária. Repouso semanal remunerado Outro projeto que está na agenda do colegiado para ser apreciado redação final é o PL 3.898/08, do deputado Arnaldo Jardim (PPS-SP), que altera a redação do artigo 12 da Lei 605, de 5 de janeiro de 1949, que dispõe sobre o repouso semanal remunerado e o pagamento de salário nos dias feriados civis e religiosos, para atualizar o valor da multa administrativa devida pelas infrações àquela Lei. A comissão se reúne, nesta terça-feira (7), às 14h30 no plenário 1. Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público Práticas contra sindicatos Nesta terça-feira (7), às 14h30, as comissões de Trabalho; e de Direitos Humanos e Minorias realizam mesa-redonda sobre práticas contra sindicatos em desacordo com a Convenção da Organização Internacional do Trabalho (OIT). A reunião acontece no plenário 12. Saúde do trabalhador A Comissão de Trabalho pode votar Requerimento 47/11, do deputado Assis Melo (PCdoB-RS), para realização de audiência pública, com objetivo de debater as políticas públicas adotadas nos Centros de Referência em Saúde do Trabalhador. Outro requerimento em pauta é o de número 48/11, da deputada Flávia Morais (PDTGO), para realização de audiência pública sobre a desoneração da folha de pagamento das empresas. Gorjeta O colegiado pode votar PL 7.443/10, do Senado Federal, (no Senado PLS 471/2009), que acrescenta parágrafos 4º a 6º ao artigo 457 CLT, para tipificar a apropriação indébita de gorjeta. A matéria tem como relator o deputado Filipe Pereira (PSC-RJ), cujo parecer é pela aprovação da matéria. Contribuição sindical A Comissão pode votar ainda o PL 6.688/09, do Senado Federal (no Senado, PLS 281/2008), que altera dispositivos da CLT para fixar prazo para recolhimento da contribuição sindical. O relator da matéria, deputado Augusto Coutinho (DEM-PE) ofereceu parecer pela aprovação da iniciativa. De acordo com o projeto, fica o dia 5 de abril de cada ano como data para o recolhimento da contribuição sindical dos empregados e trabalhadores avulsos. A comissão se reúne às 10h, desta quarta-feira (8) no plenário 12. Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio Cooperativas dos profissionais de Saúde A Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio pode votar o PL 318/11, do deputado Bernardo Santana de Vasconcellos (PR-MG), que regulamenta o exercício da atividade das Cooperativas de Profissionais da Saúde. O relator, deputado Giacobo (PR-PR) ofereceu parecer pela aprovação da matéria. A Comissão se reúne, nesta quarta-feira (8), às 9h no plenário 5. Comissão de Seguridade Social e Família Saúde dos trabalhadores ferroviários A Comissão de Seguridade Social e Família realiza audiência pública sobre a situação do Serviço Social das Estradas de Ferro e o plano de saúde dos ferroviários. Foram convidados o diretor-executivo do Serviço Social das Estradas de Ferro, Jorge Moura; o diretor da Federação Nacional dos Trabalhadores Ferroviários, João Morais; os presidentes da Federação Nacional Independente dos Trabalhadores sobre Trilhos, Jerônimo Neto; e da Associação Mútua Auxiliadora dos Empregados da Estrada de Ferro Leopoldina, Raimundo de Araújo. A reunião vai ser, nesta terça-feira (7), às 14h30, no plenário 7. Braskem: segurança dos trabalhadores Está na pauta da Comissão de Seguridade Social e Família Requerimento 50/11 para realização de audiência pública para avaliar a segurança dos trabalhadores da empresa Braskem, e as condições do vazamento de cloro que vitimou 130 pessoas. Perícia médica Outro requerimento em pauta é o 51/11, para realização de audiência pública, em data a ser oportunamente marcada, com o objetivo de discutir o modelo de realização de perícia médica, adotado atualmente pelo Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), para fins de concessão do Benefício de Prestação Continuada da Assistência Social (BPC). O colegiado se reúne, nesta quarta-feira (8), às 9h30, no plenário 7. Comissão Especial Reforma política A Comissão Especial sobre a Reforma Política realiza, nesta terça-feira (7), debates a respeito de domicílio eleitoral, tempo de filiação partidária e fidelidade partidária. A reunião vai ser no plenário 11, às 14h. Carta Maior ______________________________________________________________ Direita consegue maioria absoluta na eleição em Portugal O Partido Social-Democrata (PSD, de centro-direita) obteve 38,6 por cento dos votos nas eleições legislativas deste domingo, elegendo 105 deputados. Graças aos 11,7 por cento de votos do aliado CDS - Partido Popular (direita), que elegeram 24 deputados, o PSD terá maioria parlamentar. O resultado acaba com o período de seis anos do Partido Socialista (centro-esquerda) no poder. Os socialistas devem ficar com 28,1% dos votos. O CDU (comunistas e verdes) teve 7,9% e o Bloco de Esquerda conseguiu 5,2% dos votos. Dessa forma, o PSD ficou com 105 deputados; o PS 73; o CDS-PP 24; o CDU 16 e o Bloco de Esquerda 8. Ainda há 4 cadeiras a serem definidas. Dos 5.554.002 votos computados, 1,4% foram nulos e 2,7% brancos -- a abstenção chegou a 41,1%. Os sociais-democratas conseguiram uma vantagem de mais de dez pontos sobre o PS, bem acima da distância que as várias sondagens durante a campanha indicavam. Pedro Passos Coelho, principal vitorioso da eleição e último dos líderes dos cinco principais partidos a falar esta noite, frisou a "vontade de mudança" que acabou por se traduzir no voto no PSD. "É uma vontade inequívoca de abrir uma janela de esperança e de confiança para o futuro", afirmou. Passos Coelho garantiu, no seu discurso de vitória, que fará todos os esforços para assegurar que ―os portugueses terão um Governo de maioria liderado pelo PSD‖. O líder do PSD disse acreditar que o entendimento com o CDS-PP é possível, até pelo que já ouviu de Paulo Portas. ―Esta noite quem ganhou foi Portugal‖, afirmou Passos Coelho, que se mostrou satisfeito com o resultado, mas salientou que, devido à crise em que o país vive "este não é o momento para triunfalismos". Passos prometeu ―trabalho absoluto‖ e ―transparência total‖ no que respeita aos sacrifícios pedidos aos portugueses e acrescentou que vai ser necessária muita coragem. ―Os anos que nos esperam vão exigir de todo o nosso Portugal muita coragem. Sabemos as dificuldades que enfrentamos. Precisamos de muita coragem para vencer as enormes dificuldades, precisamos também de alguma paciência, porque nós sabemos que esses resultados não aparecerão em dois dias‖, afirmou. "Vai ser difícil, mas vai valer a pena. Eu sei que vai valer a pena", acrescentou. O líder do PSD reiterou a sua indisponibilidade de ‗abrir‘ o Governo ao PS, mas garantiu disponibilidade para dialogar com os socialistas e fez votos para que o PS respeite aquilo que negociou com a 'troika'. ―Julgo que o país não perceberia que eu dissesse na noite das eleições o contrário‖, frisou. O PS ficou-se pelos 28,1 por cento de votos (73 deputados) – é o pior resultado socialista nos últimos 20 anos. As eleições de 1991, quando Cavaco Silva foi eleito primeiro-ministro pela terceira vez, tinham sido as últimas em que o PS tinha obtido menos de 30 por cento. O resultado levou José Sócrates a assumir a derrota e a demitir-se do cargo de secretário-geral, num discurso ainda antes de o escrutínio ter terminado. ―Regresso à condição de militante de base. Deixarei a primeira linha da actividade política e não pretendo ocupar qualquer cargo político‖, esclareceu Sócrates. Já o CDS consegue nestas legislativas mais três deputados do que nas anteriores eleições. ―Com menos cidadãos a votar, convencemos mais cidadãos a votar em nós‖, observou esta noite Paulo Portas, que se mostrou preocupado com o número de pessoas que não foram às urnas. A abstenção foi de 41,1 por cento, a mais elevada numas legislativas desde 1976. O Bloco de Esquerda foi um dos derrotados da noite. O partido reduziu para metade o número de assentos na Assembleia da República, tendo obtido pouco mais de cinco por cento dos votos, muito longe dos quase dez por cento das últimas legislativas. O Bloco desce assim de 16 para oito deputados. ―O BE não atingiu os seus resultados, eu sou o primeiro dos responsáveis de não termos conseguido os resultados que queríamos‖, disse Francisco Louçã, em conferência na sede do BE. A coligação PCP e Os Verdes manteve praticamente inalterada a votação de 2009 (teve 7,9 por cento dos votos), mas elegeu mais um deputado. Ao todo, a CDU conseguiu 16 mandatos. ―A CDU, com grande empenhamento, fez a sua parte‖, declarou o líder comunista, Jerónimo de Sousa, que prometeu "luta" face à vitória da direita. _____________________________________________________________________ Direito à comunicação: o "Fórum" e a "Ciranda" Seria difícil imaginar dois eventos com a participação de pessoas de status sociais tão distintos e de visões tão diferentes em torno, basicamente, do mesmo tema: o direito à comunicação. Um deles teve ampla cobertura da imprensa; o outro, foi completamente ignorado. Venício Lima No mesmo dia 27 de maio em que acontecia o ―Fórum Internacional Liberdade de Imprensa e Poder Judiciário‖, no suntuoso prédio do Supremo Tribunal Federal (STF), na Praça dos Três Poderes, em Brasília, cerca de 50 quilômetros dali, no modesto Centro de Formação Vicente Cañas, distrito Jardim Ingá, na periferia de Luziânia, GO, também se realizava a ―IVª Ciranda de Educação Popular‖. Seria difícil imaginar dois eventos com a participação de pessoas de status sociais tão distintos e de visões tão diferentes em torno, basicamente, do mesmo tema: o direito à comunicação. O Fórum Realizado no STF e promovido pela Associação Nacional de Jornais (ANJ), pela Sociedad Interamericana de Prensa (SIP), e com o apoio da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), o Fórum teve a participação de ―ministros, juristas, jornalistas, publishers, executivos, advogados e estudantes, além de membros de organizações internacionais que representam a imprensa‖. O mote principal do encontro foi dado logo na abertura dos trabalhos pela presidente da ANJ que afirmou: ―A liberdade de expressão está sob ameaça em alguns países da América Latina. Eu cito aqui o caso da Venezuela, o caso mais antigo de Cuba e o caso da Argentina, que era um país com tradição democrática e que, nos últimos tempos, tem vivido processo preocupante de reversão‖ [cf. programação do Fórum em http://www.anj.org.br/sala-de-imprensa/noticias/stf-recebe-forum-internacionalsobre-liberdade-de-imprensa/]. Repete-se a equação da liberdade de expressão com a liberdade de imprensa e desloca-se, ainda uma vez mais, do cidadão para as empresas, o sujeito das liberdades e dos direitos. No Fórum, o jornal ―El Clarin‖ recebeu o ―Prêmio ANJ de Liberdade de Imprensa‖ pelo reconhecimento da ―luta pela liberdade de informação travada na Argentina‖. Na verdade, o maior grupo empresarial de mídia argentino tem feito o enfrentamento à ―Ley de Medios‖ elaborada com base no Sistema Internacional de Direitos Humanos, no Sistema Interamericano de Direitos Humanos e de declarações conjuntas de organismos internacionais como a OEA e as Nações Unidas, com o apoio de mais de 73% dos jornalistas argentinos e aprovada pelo Congresso Nacional em 2009. A lei argentina criou um marco regulatório que promove a diversidade e a pluralidade de idéias e opiniões e combate os oligopólios midiáticos. Exatamente aquilo que os grandes grupos de mídia tentam, com sucesso, há décadas, impedir que ocorra no Brasil [cf. ―Cristina fez o que Lula não fez‖]. O Fórum recebeu cobertura da grande mídia, inclusive longa matéria no Jornal Nacional da Rede Globo. A Ciranda O local de realização da Ciranda foi o ―Centro de Formação Vicente Cañas‖ da Pastoral Indigenista, vinculada ao Conselho Indigenista Missionário (CIMI), órgão da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). O nome do Centro é uma homenagem ao missionário Jesuíta Vicente Cañas, que nasceu na Espanha, em 1939, e foi assassinado durante o processo que levaria à demarcação da terra dos índios Enawenê-Nawê, ao norte do Estado de Mato Grosso, em 1986. A Ciranda foi promovida pela Rede de Educação Cidadã (RECID), vinculada à Secretaria de Direitos Humanos que se define como ―uma articulação de diversos atores sociais, entidades e movimentos populares do Brasil que assumem solidariamente a missão de realizar um processo sistemático de sensibilização, mobilização e educação popular da população brasileira e principalmente de grupos vulneráveis econômica e socialmente (indígenas, negros, jovens, LGBT, mulheres, etc), promovendo o diálogo e a participação ativa na superação da miséria, afirmando um Projeto Popular, democrático e soberano de Nação‖ [cf. http://www.recid.org.br/ ]. Participaram da Ciranda duas centenas de educadores populares dos mais variados pontos do país. Os temas de discussão foram, dentre outros, as políticas públicas de comunicação, o modelo brasileiro de comunicação e o papel que a internet desempenha nos processos de democratização política. Além disso, foram realizadas oficinas sobre blog e Hip-Hop; ferramentas para criação de sítios na internet; vídeo popular; comunicoteca e cineclubismo; cordel; teatro do oprimido e fotografia. Estiveram presentes, dentre outros, representantes do Ministério das Comunicações e de entidades como o Intervozes, a Associação Brasileira de Rádios Comunitárias, o Centro de Mídia Independente e o Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação. A IV Ciranda, por óbvio, não recebeu qualquer cobertura da grande mídia. O direito à comunicação As diferenças entre o Fórum e a Ciranda são emblemáticas e, na verdade, expressam o abismo que ainda prevalece entre boa parte da população brasileira e, não só a grande mídia, mas algumas instituições políticas e elites no poder. Para os participantes do Fórum, os grandes grupos de mídia são os representantes do interesse coletivo e da opinião pública, ou como diria a presidente da ANJ, eles ―fazem a nação falar consigo mesmo‖. Já os participantes da Ciranda se vêm como os infans identificados pelo Padre Antonio Vieira – outro jesuíta – como aqueles aos quais ―se tolheu a voz‖. Eles constituem a significativa parcela da população que está deixando de viver na ―cultura do silêncio‖ e, através da organização popular e dos recursos que as TICs colocam à sua disposição, começa a criar formas alternativas de participar do debate público e de fazer ouvir a sua voz. O que de fato está em jogo no Fórum e na Ciranda são visões opostas do direito à comunicação, um direito social tão fundamental e importante como os direitos à saúde e à educação e contra o qual, no entanto, existem resistências históricas por parte daqueles que se habituaram a excluir a voz da maioria em nome de direitos dos quais se consideram os únicos sujeitos. Professor Titular de Ciência Política e Comunicação da UnB (aposentado) e autor, dentre outros, de Regulação das Comunicações – História, poder e direitos, Editora Paulus, 2011. _____________________________________________________________________ A Educação e a prova dos nove Apesar de inúmeros avanços nos últimos anos, estamos apenas caminhando em uma área na qual o País precisaria estar voando. O que impera é não só o dissenso, fustigado pelo obscurantismo, como uma disputa sobre o papel do sistema público, seu peso no orçamento do Estado e sua relação com o mercado da educação, um dos mais rentáveis do País. Antonio Lassance Ao contrário do que parece, não existe e nunca existiu no Brasil o propalado consenso sobre a importância da educação. O que impera é não só o dissenso, fustigado pelo obscurantismo, como um disputa sobre o papel do sistema público, seu peso no orçamento do Estado e sua relação com o mercado da educação, um dos mais rentáveis do País. É curioso, mas dificilmente fruto de uma mera coincidência, que o fogo cruzado contra o ministro da Educação, Fernando Haddad, tenha se intensificado justamente quando o debate sobre o Plano Nacional de Educação e sobre o futuro de suas políticas no País deveria ser o mais relevante a ser travado neste momento. Apesar de inúmeros e significativos avanços nos últimos anos, estamos apenas caminhando em uma área na qual o País precisaria estar voando. O principal obstáculo decorre do fato de que a educação sofreu um profundo processo de fragmentação, confusão gerencial, subfinanciamento, desmonte de suas estruturas e desarticulação dos setores defensores do sistema público. A Constituição de 1988 promoveu uma positiva institucionalização da autonomia dos sistemas estaduais, municipais e da universidade. Promoveu a descentralização e a expansão da oferta de vagas, rumo à quase universalização do ensino fundamental. Todavia, sobretudo a partir dos anos 1990, o federalismo brasileiro passou por um processo de grave distorção. A falência econômica de muitos Estados, por conta de gestões irresponsáveis ao longo dos anos 1980, e suas políticas de terra arrasada (torrar recursos e deixar a casa destruída para governos seguintes) levaram a um contexto favorável ao ajuste fiscal rígido. Estados e Municípios foram obrigados a reduzir custos, e a educação foi um dos setores prioritários da operação-desmonte. Salários dos professores foram achatados e proliferaram os contratos temporários. Muitos se tornaram ―concurseiros‖, policiais, funcionários de bancos, analistas de carreiras vinculadas à gestão da máquina do Estado (tributação, orçamento, administração) e tudo o que, com salários bem mais elevados, demonstrava que a educação não era prioridade. Ao mesmo tempo, escolas desmoronavam sobre a cabeça de alunos e professores. O ensino técnico havia sido abandonado. O ensino médio, excluído do Fundef, foi deixado à míngua. A maioria dos governadores, na prática, abandonou por completo seu compromisso com a educação, preferindo redirecionar a missão essencial dos Estados às políticas de desenvolvimento econômico, com estímulo à guerra fiscal e obsessão por atrair empresas e e empreendimentos que guardariam relação direta com o financimento de campanhas políticas. A educação chegou ao fundo do poço, e é por isso que ainda é tão difícil esperar que ela dê saltos. Cada tentativa tem o provável resultado de bater com a cabeça na parede. A fragmentação é tal que há diferenças muito pronunciadas de desempenho entre Estados vizinhos, em uma mesma região, e mesmo de escolas vizinhas, em um mesmo município. A depender do governador, do prefeito e até do diretor, a cada quatro anos tudo pode ser perdido, e a educação passar do vinho ao vinagre. Avanços de uma gestão podem ser revertidos pelas gestões seguintes. O governo Lula patrocinou grandes conquistas, sob o comando do ministro Haddad. Elevou o gasto com educação e transformou o Fundef em Fundeb, finalmente abrangendo o Ensino Médio. Lula também tomou a decisão crucial de suspender a Desvinculação das Receitas da União (a famigerada DRU), que diminuía o valor dos recursos a serem repassados para a educação. Desde 2003, foram construídos 214 centros de formação profissional e tecnológica, mais do que os 140 erigidos desde 1909. Há 14 novas universidades, além de mais de 30 novos campi ligados às universidades já existentes. O Judiciário brasileiro também deu uma contribuição importante, recentemente, derrotando cinco governadores que haviam pedido a decretação da inconstitucionalidade do piso salarial dos professores estabelecido nacionalmente. Reverteu-se a absurda situação anterior, na qual, em nome da ―responsabilidade‖ fiscal, o Governo Federal se desincumbia de cumprir sua responsabilidade com a educação. O fato de o Brasil ocupar, segundo a Unesco, o 88º lugar, entre 127 países, e o 53º, entre 65 países pesquisados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), tem muito a ver com o fato de a educação ser, igualmente, não a primeira, mas a 53ª ou a 88ª prioridade de muitos governos estaduais e municipais. É fácil jogar toda a culpa, ou a maior parte dela, sobre o Ministério da Educação (MEC), e mais especificamente, sobre os ombros do ministro Fernando Haddad. Fácil, mas simplista. Certamente, o MEC cometeu vários erros. O ministério não se empenhou por consolidar a coalizão de defesa do sistema público para além de suas reuniões com outros governos. Demorou muito para fazer a Conferência Nacional de Educação e está longe de ter uma boa relação com as organizações nacionais de professores. Não priorizou o tema da gestão democrática, verdadeira pedra de toque da autonomia do ensino, mas que precisa de parâmetros claros para que não seja mais um ingrediente de desagregação do sistema. Também não conseguiu estabelecer uma nova estratégia de relacionamento com Estados, Municípios e DF. Hoje, a política do Governo Federal para a educação não é uma política de educação nacional. O que existe são diferentes políticas educacionais espalhadas pelo país, e o esforço do MEC no sentido de harmonizá-las por estratégias de apoio e cooperação. Mas os ataques que Haddad tem sofrido ultimamente vêm de quem nunca o aplaudiu, quando de seus acertos. A coalizão que mira no MEC quer acertar na testa destes avanços proporcionados em menos de uma década. Quem conhece um pouco da história da educação no Brasil sabe que inúmeras tentativas de transformá-la mais profundamente são estigmatizadas com pesadelos e fantasmas. Por exemplo, nos anos 1930, o prefeito do Distrito Federal, Pedro Ernesto, chamou para conduzir seu projeto de reforma do ensino ninguém menos do que o honorável Anísio Teixeira, velho batalhador da educação pública, laica e inovadora. Ambos criaram, como modelo, a Universidade do Distrito Federal. Entre em seus quadros, estavam nomes que reinventaram as ideias sobre o Brasil, como Sérgio Buarque de Holanda, Cândido Portinari, Heitor Villa Lobos, Cecília Meirelles, Álvaro Vieira Pinto, Josué de Castro, Gilberto Freyre e Mário de Andrade. Portanto, gente de todos os matizes. O que isso rendeu a Pedro Ernesto? A acusação, feita pelos conservadores, de abrigar comunistas, de ser um ateu, contrário ao ensino da palavra de Deus. Anísio Teixeira demitiu-se. O prefeito foi exonerado e preso, acusado de simpatia com comunistas. A UDF foi absorvida, no Estado Novo, pela Universidade do Brasil (atual UFRJ) e seus professores passaram a ser contratados com crivo sobre suas convicções ideológicas e religiosas, sob a lupa de Alceu Amoroso Lima e do Cardeal Leme. O projeto de Anísio Teixeira retornou revigorado, décadas depois, em Brasília, no projeto de Escola Parque, de tempo integral, e com Darcy Ribeiro, com a Universidade de Brasília. Nova ditadura, a de 1964, interrompeu o experimento. A educação no Brasil, sucessivamente golpeada pelo autoritarismo, em períodos democráticos é bloqueada quando pretende avançar. É por isso que ela se arrasta vagarosamente. A primeira Lei de Diretrizes e Bases só foi promulgada em 1961, sendo que estava prevista desde a Constituição de 1934 (na forma de um Plano Nacional de Educação). Foram 13 anos de tramitação, desde o envio de seu projeto, em 1948. A segunda LDB, estabelecida pela Constituição de 1988, só chegaria à sua redação final em 1996. A institucionalização das regras nacionais para a educação é sempre muito lenta. Isso nada tem a ver com democracia e tempo de debate. Pelo contrário. Esses projetos são deliberadamente entregues a uma tramitação modorrenta, com parlamentares que se esmeram por mantê-los em total monotonia, enquanto agridem a compreensão pública com polêmicas disparatadas. Atiram para todos os lados em questões pontuais, enquanto agem solenemente em prol do silêncio de cemitério, trilha sonora mais comum do debate sobre os rumos da educação. Enquanto esperamos que o MEC seja rápido para corrigir seus erros e evitar que eles se repitam (como no caso do 10-7=4), é preciso ter clareza dos grandes desafios que se tem pela frente. O importante já não é apenas superá-los, evitando retrocessos, mas fazê-lo ainda mais rapidamente. O atraso histórico amargado pelo sistema público de educação é de tal monta que mesmo alguns resultados exuberantes colecionados nos últimos anos deixam a sensação de uma vitória de Pirro para professores e estudantes. Mais do que dar continuidade ao que foi feito, seria hora de uma guinada. Antonio Lassance é pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e professor de Ciência Política. Rede Brasil Atual _____________________________________________________________________ Sem propostas do governo sobre fator previdenciário, presidente da CUT mostra frustração Alternativa apresentada pela central é a fórmula 85/95, que reduziria tempo necessário para aposentadoria com 100% do benefício e valores maiores São Paulo – Na opinião do presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique, a falta de proposta do governo sobre o fator previdenciário na reunião de quinta-feira (2) com as centrais sindicais e com o ministro da Previdência Social, Garibaldi Alves, foi "frustrante". O fim do fator previdenciário foi o tema em debate na mesa de negociação, que não avançou por conta de impasses entre os representantes das centrais pelo reinício da discussão. Em nota em seu blogue, o sindicalista criticou a postura do governo, que não apresentou propostas para o assunto, alegando esperar haver consenso entre as centrais para se posicionar. "Enquanto isso, do lado de fora, milhões de trabalhadores e trabalhadoras esperavam pelo resultado da reunião. Lembrei isso ao ministro", escreveu. "Por outro lado, parte dos sindicalistas ali presentes insistia na tese de que o fator previdenciário precisa acabar." Artur cobrou postura objetiva das demais centrais, propondo a elaboração de uma nova alternativa. "Só haveria uma maneira de simplesmente acabar com o fator, que o Congresso derrubasse o veto do ex-presidente Lula ao fim do fator", declarou o sindicalista, cético em relação à possibilidade. A CUT defendeu a substituição do fator previdenciário pela fórmula 85/95, elaborada em 2009, que prevê o congelamento da tábua de expectativa da vida para todos que atingirem tempo mínimo de contribuição (35 anos homens, 30 mulheres), sem necessariamente ter os requisitos para aposentadoria. A soma do tempo de contribuição e idade, caso seja 95 para homens e 85 para mulheres, garantiria aposentadoria integral. Garibaldi declarou que, para o governo, a alternativa mais provável é a fórmula 85/95, mas não há proposta formal consolidada. ―Mesmo essa proposta não se tornou consensual. Tudo voltou a um ponto inercial, a um ponto de partida. Já estivemos mais perto de um acordo, hoje ficamos mais longe‖, avaliou o ministro após o encontro. A proposta do governo deverá ser definida pelos ministérios da Fazenda, do Planejamento e da Previdência, junto com a Secretaria-Geral da Presidência, mas não há previsão para apresentação de um texto, nem para nova rodada de negociação com as centrais sindicais. _____________________________________________________________________ Grana admite pré-candidatura a prefeito de Santo André Anselmo Massad São Paulo – Em entrevista publicada nesta sexta-feira (3) pelo ABCD Maior, o deputado estadual Carlos Grana (PT) colocou-se como pré-candidato à prefeitura de Santo André. Seu nome é citado ao lado de outros expoentes do PT na cidade. Em 2012, Aidan Ravin (PTB) deve disputar a reeleição. Há pelo menos outros quatro nomes do partido e dois de outras legendas para a disputa. Do PT, a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, o ex-prefeito João Avamileno, o ex-deputado estadual Vanderlei Siraque e a ex-vice-prefeita Ivete Garcia também são cogitados para o posto. Até 2008, Avamileno esteve à frente da cidade. Ele era vice de Celso Daniel em 2002, quando o então prefeito de Santo André foi assassinado. Depois de manter o cargo em 2004, o PT sofreu revés nas últimas eleições. De 1997 a 2008 a legenda teve a prefeitura da cidade. "Acho que posso contribuir", declarou Grana ao jornal. "O que é fundamental é que a gente construa nossa chapa de prefeito, vice e vereadores paor meio de um consenso entre militantes e lideranças do partido, porque vai ser uma eleição difícil", completou. Grana foi eleito deputado estadual em 2010. Antes, foi presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM-CUT) e secretário-geral da Central Única dos Trabalhadores (CUT). Grana ainda fez críticas à gestão atual do município. "Vejo que Santo André perdeu a liderança de desenvolver projetos que sempre foram uma referência nacional", disse. "O atual governo sofre, em nossa opinião, um desgaste grande, principalmente, na política local. Não tem um perfil de diálogo com a sociedade." Além de Aidan, o PT deve enfrentar Raimundo Salles (ex-DEM, rumo ao PDT) e Paulinho Serra (PSDB). Com tantos nomes, a disputa deve ser definida apenas em segundo turno. Grana considera que o cenário torna ainda mais necessária a unidade do partido na cidade. Para ele, cada turno da disputa terá a conotação de uma eleição diferente, o que demanda um bom desempenho na primeira fase da disputa para garantir a capacidade de firmar alianças. Na região do ABCD paulista, São Bernardo, Diadema e Mauá são comandadas pelo PT, com Luiz Marinho, Mario Reali e Oswaldo Dias, respectivamente. Em São Caetano, José Auricchio Júnior (PTB) exerce seu segundo mandato. Jconline.com.br (Pernambuco) _____________________________________________________________________ Conselho de Desenvolvimento Econômico volta a se reunir em julho Governador Eduardo Campos explica que falta consolidar dados de seminários populares para convocar conselheiros O Conselho Estadual de Desenvolvimento Econômico e Social (Cedes) volta a se reunir em julho, prevê o governador Eduardo Campos. O órgão consultivo, que sugere a direção das políticas públicas, não convoca seus 61 conselheiros desde 5 de agosto passado. Neste domingo (5), no JC, alguns membros, como o presidentes da Central Única dos Trabalhadores no Estado (CUT), Sérgio Goiana, criticaram a inatividade. Mas, segundo o governador, a demora ocorreu devido ao início do seu segundo mandato. ―Vivemos um ciclo de planejamento nas 12 microrregiões do Estado (neste semestre). Se fazemos a discussão do conselho antes, negamos um fundamento do nosso governo, que é a participação popular. Então não havia como fazer reunião antes. A partir da consolidação da ausculta, isso vai acontecer.‖ Redebomdia.com.br (Sorocaba-SP) _____________________________________________________________________ Mais uma polêmica no Sindtran Demissão de quatro dirigentes do sindicato causa revolta em grupo de oposição As discussões envolvendo a diretoria do Sindtran (Sindicato dos Condutores de Veículos Rodoviários) parecem não ter fim. Depois de acusações de fraudes e confusão dentro da diretoria, uma nova polêmica foi criada graças a demissão de quatro dirigentes do sindicato, opositores ao presidente do Sindtran, José Rodrigues. ―É um absurdo que um membro do sindicato não tenha garantias para continuar em seu trabalho‖, critica o vice-presidente do Sindtran e líder dos opositores, Valter Dutra A legislação brasileira prevê garantias para que membros de sindicatos tenham direito a estabilidade em seus empregos para que possam desenvolver seus trabalhos no sindicato sem qualquer tipo de ônus. Com base nisso, o grupo de oposição do Sindtran entrou com uma representação no Ministério Público do Trabalho para que os dirigentes recuperem seus empregos. O BOM DIA procurou o presidente José Rodrigues para o esclacimento do problema. No entanto, ele estava em uma viagem para Campinas e não foi localizado até o fechamento desta edição. A justificativa para o impasse, feita por membros aliados a José Rodrigues, é que a demissão dos funcionários não tem ligação com o Sindtran – foi uma decisão única e exclusiva da empresa onde os dirigentes demitidos trabalhavam. Anonimato para proteger contra possíveis retaliações Os trabalhadores pediram para não terem seus nomes e nem o nome da empresa onde trabalham identificados para não atrapalhar no processo que corre na Justiça. CUT considera caso „um absurdo‟ A entidade se mostrou solidária aos dirigentes do Sindtran demitidos e afirmou que vai dar apoio total aos trabalhadores. A CUT tratou o caso ―como um absurdo‖ e entrou com uma procuração na Justiça. Giro pelos blogs Arturcut.wordpress.com _____________________________________________________________________ A entrevista do Palocci no Jornal Nacional parecia coisa dos anos 1970 A entrevista do ministro-chefe da Casa Civil ao Jornal Nacional teve algo dos anos 1970. Parecia que os novos recursos de edição digital não existiam. O som direto da entrevista era péssimo. Dava impressão de um depoimento às escuras. A montagem – a palavra é essa, muito mais apropriada do que edição – foi (falsamente) tosca. O Jornal Nacional, nada inábil tecnicamente, foi muito astuto no quesito montagem, porque deu a impressão de que o combinado não foi caro. Os cortes foram ríspidos. A única sutileza da montagem se deu no momento em que o ministro quis beber água e não o fez. Palocci flertou com o copo – copo não, taça – e não chegou a sorver o conteúdo. Palocci teve desempenho regulamentar durante a entrevista. Segundo ele, não cometeu crime, emitiu nota fiscal de tudo que fez, e é um homem probo. Em 2005, Palocci teve desempenho semelhante. Deu uma entrevista coletiva na qual se portou como um elemento estranho ao governo que era vítima de canhonaços e que se tornou, após a saída do mesmo Palocci, o governo mais amado da história do Brasil. O sem-número de cortes da montagem que o Jornal Nacional fez da entrevista nos faz pensar naquilo que foi discutido nos bastidores. Na janela que a câmera registrava atrás do ministro, os trabalhadores e trabalhadoras continuavam vivendo a vida, nos ônibus e nos automóveis. Só faltaram pedestres, mas isso é Brasília. Advivo.com.br/luisnassif ______________________________________________________________ Marcha das Vadias invade a Paulista Marcha das Vadias denuncia violência contra mulher e repudia CQC Com apoio de mais de 6 mil pessoas na página do Facebook, a Marcha das Vadias levou cerca de mil pessoas, na tarde deste sábado (4), para a Praça do Ciclista, entre a Avenida Paulista e a Rua da Consolação, em São Paulo. Versão brasileira do "Slut Walk" (movimento mundial que denuncia a violência às mulheres), a manifestação terminou com um protesto contra CQCs em frente ao Comedians — o clube de comédia onde se apresentam Rafinha Bastos e Danilo Gentili, integrantes do programa da Band. Na porta do clube, mulheres se manifestavam contra uma piada de péssimo gosto em que Rafinha associa a prática estupro a mulheres feias. A piada foi feita pelo integrante do CQC no seu solo de "stand-up" e virou alvo de protestos sobretudo nas redes sociais, como o Twitter e o Facebook. A organizadora do evento, Madô Lopez, diz em seu blog que já foi insultada pelas roupas que usava, em cantadas e gracinhas feitas por homens. "Chega de sermos recriminadas e discriminadas nas ruas porque usamos saias, leggings, regatas, vestidos justos. Chega de sermos reprimidas e intimidadas porque somos mulheres, porque somos femininas e porque queremos nos sentir sensuais. Bora pras ruas, mulherada! Não é porque uso saia que sou puta!", escreve ela. Além de São Paulo, o "Slut Walk" já foi realizado em várias cidades dos Estados Unidos, do Canadá e da Austrália. Nesta sábado, a marcha estava prevista também em Copenhague (Dinamarca), Amsterdã (Holanda) e Estocolmo (Suécia). A manifestação será realizada, ainda, em Belo Horizonte (MG), no dia 18, à partir das 13 horas, saindo da Praça da Rodoviária. O evento foi criado após um representante da polícia do Canadá ter declarado que as mulheres deveriam evitar se vestir como prostitutas para não serem vítimas de estupro. As declarações causaram revolta e geraram um grande movimento organizado na internet, que começou no início de abril com o protesto de Toronto e já aconteceu até agora em mais de 20 cidades norte-americanas e australianas. "Não é culpa dos nossos vestidos, salto alto, regatas, saias e afins que todos os dias mulheres são desrespeitadas e agredidas sexualmente. Isso é culpa do machismo ainda muito presente na nossa sociedade. As mulheres do mundo estão se unindo", diz a apresentação do evento no site Slut Walk Toronto. Segundo o site oficial do ―Slut Walk‖, o termo slut (puta, vagabunda ou vadia, em português) tem, historicamente, conotação negativa e se tornou ferramenta de acusação grave de caráter. "Estamos cansadas de sermos oprimidas pela palavra 'vagabunda'; de sermos julgadas por nossa sexualidade e de nos sentirmos inseguras como resultado disso‖, assinalam as integrantes do movimento. ―Ter o controle das nossas vidas sexuais não significa que estamos abertas à violência e ao abuso, mesmo que façamos sexo por prazer ou trabalho‖, acrescentam elas, na página oficial. ―Ninguém deveria comparar gostar de sexo com atrair abuso sexual." Da Redação, com informações da Folha.com Blog do Emir Sader _____________________________________________________________________ Aprender com as crises, para sair mais fortes Lula viveu uma crise similar a esta – mesmo se de proporções muito menores – em 2005. Do fantasma do impeachment e das pressões para renunciar a um segundo mandato, saiu para cima e se tornou o presidente mais popular da história brasileira. Lula se deu conta de que de um labirinto – aceitar as denúncias ou denunciar a intencionalidade da oposição – se sai por cima, rompendo com os círculos viciosos. Naquele momento também o mesmo personagem central desta – um dos centrais daquela – não queria sair, Lula teve que promover sua saída e substituiu-o não por um seguidor dele, mas por alguém que, junto a outros – entre eles centralmente Dilma – recompôs sua equipe, apoiou-se na solidariedade popular e saiu da crise muito mais forte. Aprender com a crise é condição para não repeti-la e para sair mais fortes. O governo Dilma tem essa oportunidade. Recebeu e aprimora o eixo fundamental do sucesso do governo Lula: o modelo econômico e social. Formou uma equipe mais homogênea, que cuida e desenvolve esse eixo central para consolidá-lo e projetá-lo para o futuro. A crise não veio daí. Veio de não ter tirado lições da crise de 2005 em relação a fragilidades na equipe, que permite uma nova ofensiva da mídia opositora, explorando essas fragilidades, mesmo em um marco inquestionavelmente mais favorável ao governo. Recompor a equipe nos pontos em que se revelou débil, retomar o debate e a coordenação política para enfrentar os desdobramentos da aprovação do Código Florestal na Câmara e enfrentar outros problemas pendentes – é o caminho para superar a crise e o governo sair mais forte. Isso permitirá abrir caminho para voltar a mobilizar os setores que mais são afetados pela crise: a militância de esquerda, os movimentos sociais, a juventude, os artistas e intelectuais – mais sensíveis aos problemas que o governo enfrenta. Retomar uma coordenação politica consciente desses problemas, manter uma presença do discurso do governo presente e forte em relação aos problemas a enfrentar, aliando flexibilidade com consciência clara dos objetivos estratégicos centrais. E não voltar a incorrer nos erros que levaram a desgastes desnecessários do governo – desnecessários e superáveis, porque não provem das politicas centrais do governo, mas a escolhas de equipe e incapacidade, até aqui, de enfrentar grandes debates, de que o do Código Florestal é um deles. O governo Lula soube sair da crise, tornando-se mais forte. Isso faz parte da herança recebida. O governo deve tirar as lições daquela experiência, se quer repetir o caminho virtuoso pelo qual Lula saiu da crise pelas escolhas fundamentais que fez naquele momento. Seu governo nunca mais foi o mesmo. O da Dilma pode retomar, da sua maneira, a mesma forma de sair do círculo vicioso da crise para se tornar mais forte. Altamiroborges.blogspot.com _____________________________________________________________________ Marcelo Tas ameaça blogueira Por Rogério Tomas, no blog Conexão Brasília-Maranhão: O CQC tem algumas pouquíssimas coisas interessantes. A maior parte é dispensável e desprezível. A exemplo do programa, o seu apresentador, Marcelo Tas, não se define entre jornalista ou comediante, o que é uma opção legítima, porém comodamente cínica, já que apenas se ―adequa‖ à necessidade de unir a credibilidade do jornalismo e o entretenimento do humor que o mercado da TV lhe demanda. Ou seja, digam o que quiser, mas ele não passa de uma engrenagem para mover o sistema que lhe remunera muito bem e garante a exposição necessária para abarcar o seu ego gigantesco. O careca da Band também já mostrou ser um sujeito invejoso que não tem pudor de mentir publicamente, como já escrevi antes: A lógica do Marcelo Tas: ―atire primeiro, pergunte depois‖ - 01/11/2010 Para atacar Lula, Marcelo Tas mente sem pudor - 14/09/2010 A última peça dele é ameaçar uma blogueira de processo judicial pelo fato de ela ter criticado o seu programa por outra bizarrice daquelas que geram indignação em muita gente. A bizarrice da vez, a exemplo de quase todas as outras, se encaixa naquela categoria que os cínicos usam como escudo para dizerem e defenderem as maiores imbelicidades: a dos ―politicamente incorretos‖, que, segundo os cínicos, é uma reação à ―patrulha‖ da turma do ―politicamente correto‖, porque, afinal de contas, para estes cínicos, humor é só para fazer rir e não tem problema nenhum contar piadas racistas, machistas e preconceituosas em geral. O desprezo ao ―politicamente correto‖ é a desculpa que os canalhas usam para poder destilar todo tipo de preconceito. A blogueira em questão é a Lola Aronovich, que tive o prazer de conhecer no I Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas, em agosto do ano passado, em São Paulo (SP). O Tas escreveu à Lola, por e-mail, o seguinte: ―Você vai aprender através de um processo por calúnia e difamação a ser mais responsável com o que publica, esta troca de e-mails documenta a minha tentativa de dialogo com voce antes de tomar o caminho da Justiça‖. Como se vê, o jornalista cede fácil o lugar para o pop star que não atura mortais lhe criticando. Fortíssimo candidato ao Troféu Corvo 2011! Ou seja, ele, a celebridade, pode mentir ao dizer que o Lula queria ―extirpar a oposição‖ (quando ele se referia, num discurso público, precisamente ao Democratas/PFL/PDS/Arena) e a Lola não pode criticá-lo porque isso é ―calúnia‖? Ressalto que defendo convictamente a ideia de que qualquer pessoa tem todo o direito de buscar na Justiça a reparação do que considera violação dos seus direitos. Entretanto, paciência para cinismo tem limite. Portanto, Marcelo Tas, vá para o raio que o parta com a sua hipocrisia! Toda a solidariedade à Lola diante dessa truculenta tentativa de intimidação travestida de indignação. E desde já indico o Marcelo Tas ao Troféu Corvo 2011, a ser definido no II Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas, que acontecerá em Brasília, de 17 a 19 de junho próximo. O texto que gerou a ameaça do Tas é esse: ***** 01/06/2011 CQC Anti-amamentação, vai pra pqp E o texto onde ela relata a ameaça é esse: 02/06/2011 Liberdade relativa: Marcelo Tas quer me processar E muita gente na web já tem manifestado apoio à Lola. Destaco a Maria Frô e o pessoal do Mobiliza BR: Marcelo Tas ameaçou a blogueira Lola (@lolaescreva) de processo devido a um texto no qual ela analisa um programa do CQC comentando a amamentação em público. Após ser ameaçada, Lola não se intimidou e escreveu mais este post aqui. Hoje o Comunique-se deu voz a Tas e sequer fez uma pergunta a Lola, como ela relata aqui. Um jornalismo bastante ‗imparcial‘ este como podemos notar. Em minha opinião a ameaça de Tas em processar Lola faz parte da mesma estratégia que a Folha usou contra o blog da Falha e contra o Arles. Na prática tal estratégia impede, nega aos alvos de processos o poder de se expressar livremente. (Maria Frô – Toda nossa solidariedade à blogueira Lola que está peitando Marcelo Tas) ***** Custe o que custar é o nome do programa do Marcelo Tas. E é mais ou menos o modo como ele e sua trupe agem para tentar fazer humor e arrancar o riso, já que ali falta um pouco de talento e muito de bom senso. Custe o que custar, eles vão diminuindo pessoas, vomintando preconceitos e abusando dos lugares comum, na incasável busca pelo riso. Tem gente que gosta. Eu estou no grupo dos que não gostam e, logo, não assistem. Mas toda terça-feira, acordo com um friozinho na barriga imaginando qual foi a pataquada da última noite. Fiquei sabendo pela blogosfera, mais especificamente pelo blog Escreva, Lola, Escreva, da oposição de Rafinha Bastos – aquele que abraça estuprador – em relação ao mamaço, movimento realizado por mães que querem ter o direito de amamentar os filhos quando eles sentirem fome, sem serem obrigadas a se constranger por serem mães. (Mobiliza BR – Marcelo Tas quer calar, custe o que custar. Blogcidadania.com.br ______________________________________________________________ Palocci, a „psolização‟ do PT e o poder da direita midiática Acompanhei, passo a passo, o surgimento das redes sociais no Brasil. Egresso de uma época em que, para a esquerda, era dificílimo fazer política por falta do que sobrava à direita, isto é, os meios de se comunicar com a sociedade, cheguei a acreditar em que o acesso que agora a mesma esquerda tinha à comunicação deixaria a direita fora do poder por muito tempo. O inacreditável caso Palocci mostra que me enganei. Nem a esquerda tendo agora meios de se comunicar – como os blogs, o Orkut, o Facebook, o Twitter e congêneres –, mostra-se capaz de superar a sua deficiência histórica que a ditadura militar tão bem detectou: esquerdistas só se unem na cadeia, ou seja, exclusivamente em situações-limite. A mais nova crise política no governo federal petista, depois de oito anos de crises da mesmíssima natureza e desencadeadas exatamente da mesma forma, apesar de feita de puro vento foi vitaminada pelo moralismo de salão de setores da esquerda, pela luta por espaço dentro do PT e porque a direita ainda é infinitamente mais poderosa na comunicação. O Brasil conseguiu um feito extraordinário durante o governo Lula. Feito que está na origem da volta dos mesmos ataques virulentos ao governo Dilma que foram desfechados contra o governo de seu antecessor. Lula promoveu uma incrível distribuição de renda em curto espaço de tempo e, vendo que Dilma pretendia seguirlhe os passos, a direita voltou ao ataque. Entre 2003 e 2010, em meros oito anos, o governo Lula diminuiu a concentração de renda a nível inferior àquele em que estava antes da ditadura militar, que fez a desigualdade subir meteoricamente, razão pela qual o golpe de 1964 foi dado, ou seja, para tornar os ricos mais ricos e os pobres, mais pobres. A distribuição de renda deveria ser o objetivo de toda a esquerda, a mais radical ou a mais de centro, mas a natureza contestadora é, ao mesmo tempo, a benção e a maldição da esquerda. Não basta que o índice de Gini tenha caído de 0,583 em 2003 para 0,530 em 2010, mostrando o caráter inclusivo do governo Lula. Certa esquerda despreza os anseios do povo em prol dos seus dogmas pseudo moralistas que, em verdade, constituem recusa em aceitar o fato de que vivemos em um país capitalista. Desprovidos do entendimento de que não é possível promover uma revolução socialista só por chegar ao poder porque a sociedade brasileira, em maioria, é conservadora, o PT, que remou unido para conquistar a Presidência da República, sofreu defecções no primeiro mandato de Lula que deram origem àqueles que, por não terem perspectiva de poder, decidiram se travestir de grilos falantes da política nacional. O PSOL nasceu, acima de tudo, da liderança limitada e tresloucada de Heloisa Helena dentro do PT. Por suas posições intransigentes, HH viu-se quase isolada no partido e saiu atirando em Lula, por quem desenvolveu um nível de rancor que envolveu outros petistas que a acompanharam. Eleitoralmente, o projeto de HH e outros petistas que dividiram seu projeto de discordar de tudo e de todos e de não se compor com ninguém materializou o fracasso previsível. O PSOL tem três deputados federais, hoje. E só aparece quando se une à direita para atacar o governo petista. Por isso, toda vez que a direita midiática inventa um escândalo o PSOL está entre os primeiros a colaborar. De uns tempos para cá, depois que Heloisa Helena sucumbiu eleitoralmente e foi praticamente esquecida, os psolistas passaram a usar as redes sociais para como que se infiltrarem na poderosa máquina de redes sociais que apoiava o governo Lula, muitas vezes afetando um apoio de fachada para, ao primeiro escândalo forjado, começar a vender seus dogmas éticos. O caso Palocci exibe um processo de ―psolização‖ do PT, com união de psolistas legítimos a petistas ―arrependidos‖ que passaram a entoar contra o chefe da Casa Civil bordões moralistas que foram se tornando viscerais nesses ―cristãos novos‖, empurrando-os para a posição irracional de, como o PSOL sempre fez, fazerem coro com a direita midiática. Lendo os colunistas da grande imprensa de direita e os comentários e posts nas redes sociais, neste momento, fica difícil discernir quem é o autor dos discursos moralistas cheios de frases feitas que dispensam não só provas contra Palocci, mas um só mísero indício contra ele. Não se sabe mais quem é quem. Alguns dos ―psolizados‖ dão como razão para derrubar Palocci até o argumento espantoso de que ele não é suficientemente de esquerda. Como a mídia, não sabem do que é acusado. Citam enriquecimento ilícito e, quando questionados, recorrem a Augusto Nunes, Reinaldo Azevedo, Eliane Cantanhêde, Merval Pereira e outros ―filósofos‖ da reação brasileira. Citam o argumento da ―mulher de Cesar‖, de que Palocci teria que parecer honesto e, como não lhes parece honesto, deve cair. Citam a condenação ―política‖, que dispensaria provas e indícios, o que não passa de sintoma ditatorial. Citam o caso do caseiro Francenildo, endossando uma das farsas mais escandalosas que a política brasileira testemunhou. Não faltaram petistas arrependidos – ou ―psolizados‖ – aludindo ao ―pobre caseiro‖. Sempre seguindo a liderança do que a própria esquerda batizou como Partido da Imprensa Golpista (PIG), misturaram o caso dele com o do patrimônio de Palocci. Agora havia que derrubá-lo por um caso que a Justiça julgou que nada tinha que ver com o ministro. Aliás, o fato de que Francenildo Costa não processa Palocci, mas só a revista Época pela quebra de seu sigilo, ou o fato de que recebeu em sua conta bancária 40 mil reais uma semana antes de acusar Palocci, em 2005, e de ter se reunido com o DEM, uma semana antes, ou de o pai ―generoso‖ ser filiado ao mesmo DEM, nada disso levanta suspeita nessa esquerda. No começo da nova ofensiva da direita midiática, esta colheu uma das denúncias contra Palocci na questão do caseiro que a Justiça rejeitara e tratou de enfiar nas cabeças ―psolizadas‖ de parte do PT. E petistas descontentes com as sinecuras que o governo de seu partido lhes disponibilizara ―colocaram pilha‖ nessa armação. A Caixa Econômica teria dito, na investigação da violação de sigilo do ―pobre caseiro‖, que fora o gabinete de Palocci, então ministro da Fazenda, que requisitara o estrato da conta da suposta vítima de quebra de sigilo bancário. A mídia tratou de apresentar isso como novidade, mas a Justiça já recebera a denuncia e a desprezara, negando o indiciamento de Palocci. Outra empulhação é a cobrança dos nomes das empresas às quais Palocci prestou serviço. Tais nomes estão disponíveis há muito tempo na internet, desde os primeiros movimentos do ataque ao ministro. Neste domingo, semanas após o início do escândalo, vários colunistas do PIG e petistas arrependidos e ―psolizados‖ continuam batendo na tecla do nome das empresas às quais Palocci prestou serviços. A coluna de Eliane Cantanhêde pode sintetizar o discurso daqueles que tanto de boa quanto de má fé insistem no que já veio a público faz tempo. Vejam: —– FOLHA DE SÃO PAULO 5 de junho de 2011 ELIANE CANTANHÊDE Vão-se os dedos, ficam os anéis BRASÍLIA - Não faz o menor sentido Antonio Palocci, chefe da Casa Civil pelo menos até o fechamento desta edição, demorar três semanas para dizer o que disse aos brasileiros em entrevistas à Folha e à Rede Globo: que a Projeto, sua empresa de um empregado só, é legal e declarou seus ganhos à Receita. Isso ele poderia ter dito no primeiro dia depois que a Folha publicou a reportagem sobre a multiplicação do patrimônio dele por 20, incluindo um apartamento de R$ 6,6 milhões que ele pagou praticamente ―cash‖. Ou quando a mesma Folha informou que o faturamento da empresa fora de R$ 20 milhões no ano eleitoral. Ou, ainda, quando acrescentou que, ao receber metade disso, já era chefe da transição e virtual primeiroministro. O principal continua soterrado por interrogações. Quem pagou? Por que pagou? Que consultoria mágica era essa? O resto dos recursos foi aplicado, doado ou está debaixo do colchão? Ou seja: de onde veio e para onde foi o dinheiro? Isso tudo sem falar que apartamentos, histórias mal contadas e dinheiros estranhos continuam se amontoando com a quebra do sigilo do caseiro Francenildo, que relatou a presença de Palocci numa casa esquisita onde rolavam malas de dinheiro e uma gente heterodoxa de Ribeirão Preto. Como Palocci está no topo da pirâmide do governo, ao desabar deve arrastar Luiz Sérgio, das Relações Institucionais, e toda a coordenação política, facilitando uma rearrumação no Planalto que pode se espalhar pelo Congresso. Dilma tem uma crise, mas também a chance de um freio de arrumação. Quanto a Palocci, não tem do que reclamar. Foi abandonado pelo PT, pelo governo e pela própria Dilma, mas manteve a fidelidade à clientela e está livre para simplesmente voltar à Projeto e às suas ―consultorias‖. Bom negócio. No caso dele, como eu disse ontem na Rádio Folha, vão-se os dedos, ficam os anéis. E que anéis! —– É muita desfaçatez. Todos sabem quem são as empresas às quais Palocci prestou serviço. Aliás, farto dessa hipocrisia, o blogueiro Mello reproduziu o nome dessas empresas e, ao fim, convidou a grande mídia a ir para cima delas, cobrando as explicações que Palocci não pode dar por força de contratos, mas que disse que as empresas, se procuradas, poderiam dar. Os clientes de Palocci estão entre as maiores e mais eminentes empresas do país. Seria impossível esconder que prestou serviço a elas e foi por isso que a lista de seus nomes veio a público faz tempo. Vejam a relação: Itaú Unibanco Pão de Açúcar Íbis LG Samsung Claro-Embratel TIM Oi Sadia Holding Embraer Holding Dafra Hyundai Naval Halliburton Volkswagen Gol Toyota Azul Vinícola Aurora Siemens Royal Transatlântico Ao fim da lista, o blogueiro Mello aponta o óbvio ululante, mas que ninguém parece enxergar: vão todos, a manada enfurecida e irracional, a imprensa golpista e a oposição midiática para cima dessas empresas e cobrem explicações delas, pois não existe corrupto sem corruptor. Alguém acredita que a Folha ou a Globo ou o Estadão ou a Veja ou mesmo os políticos que essas empresas financiam com doações de campanha questionarão uma só entre elas? Jamais, meus caros. Até porque, cobrar informação que já vazaram faz tempo ajuda a sustentar a estratégia da direita e a irracionalidade da esquerda. Enquanto isso, a mídia vai tratando de insuflar os inocentes úteis espalhando versões sobre Dilma, por exemplo, já estar escolhendo o substituto de Palocci ou estar ―consultando Lula‖ sobre o que fazer. A verdade, porém, é que Dilma não só já manifestou confiança no ministro como Lula já lhe disse que, se ele cair, o governo estará fadado a ―se arrastar‖ até 2014. Vale, finalmente, citar o argumento mais inacreditável das mentes ―psolizadas‖ de pessoas sérias, mas desumanamente ingênuas: se Palocci não cair, a mídia não deixará Dilma em paz. Como se a queda de Palocci interrompesse um processo de bombardeio e sabotagem que permeou todo o governo Lula e que já mostra que continuará neste governo. O caso do ―livro que ensina errado‖, das obras da Copa que a direita já adivinhou que não ficarão prontas a tempo e muito mais que vem sendo atirado contra o governo Dilma mostram que, vendo que os gestos de boa vontade da presidente nas primeiras semanas de governo não significavam rendição, essa mesma direita midiática voltou ao ataque. A queda de Palocci não mudaria nada. A mídia continuaria inventando ―escândalos‖ como fez durante todo o governo Lula, dia após dia, semana após semana, um mês após o outro… Tudo isso mostra, por fim, um fato que muitos já não enxergavam e que, agora, tornase escandalosamente gritante: o poder de manipulação da direita midiática é imenso, gigantesco, capaz até de levar gente politizada, inteligente e honesta a embarcar em uma farsa inaceitável no Estado Democrático de Direito, que exige que Palocci prove que não fez nada errado. As cobranças de informações de Palocci escondem, escandalosamente, o fato de que ele já as havia fornecido à Controladoria Geral da União e ao Ministério Público Federal antes de entrar no governo. Essas instituições já haviam analisado contratos, nomes de empresas e deram sinal verde. E agora estão recebendo os dados de novo e deverão dar o mesmo parecer. No entanto, a direita midiática e os petistas ―psolizados‖ e arrependidos fazem questão de ignorar esse fato, simplesmente fazendo o jogo do desentendido, cobrando que venha a público aquilo que Palocci, sem anuência de seus clientes, não pode dizer simplesmente porque se comprometeu por escrito, o que não impede que tais empresas dêem informações. Mas quem vai cobrar as empresas supracitadas? A Folha, a Veja, o Estadão, a Globo? Podem esperar sentados, que de pé cansa. Nem o PIG, nem a manada útil farão isso. Porque o objetivo não é esclarecer nada, é confundir. A direita por jogada política e a esquerda por uma irracionalidade que lhe é característica desde sempre. PS: é sempre bom reiterar o que já escrevi diversas vezes nos posts que tenho publicado sobre o caso Palocci. Apóio a postura de amigos jornalistas que estão simplesmente usando para Palocci o critério que usaram para tucanos e demos ou quaisquer outros. Julgo que o papel do jornalismo é esse mesmo, desde que use o mesmo peso e a mesma medida para todos os lados. O texto se refere à militância. Tijolaco.com _____________________________________________________________________ Racistas picham estátua de Zumbi Do jornal O Dia: “A estátua de Zumbi dos Palmares, na Avenida Presidente Vargas, Centro do Rio, próximo à Marquês de Sapucaí, na madrugada deste sábado. No local, os vândalos picharam dizeres racistas, como “invasores malditos macacos” e “fora safados africanos”, e inseriram na base a figura de uma suástica. A cabeça do monumento recebeu tinta branca. Segundo o secretário Municipal de Conservação Pública, Carlos Roberto Osório, o ato dos agressores é intolerável. “É inadmissível ter esse tipo de atitude no Rio. Não foi apenas uma simples pichação, mas um ato de racismo, com objetivo claro de vandalizar uma pessoa importante para o movimento negro. Não vamos tolerar uma agressão dessas a esse herói da nação”, disse Osório.” O monumento a Zumbi, uma iniciativa de Darcy Ribeiro e Brizola, reproduz, em escala gigante, uma peça de bronze, do Benin. Depois, dizem que não há racismo no Brasil. Osamigosdopresidentelula.blogspot _____________________________________________________________________ Folha adota "padrão Veja" de jornalismo O jornal Folha de S.Paulo, está fazendo campanha acirrada contra o governo Dilma. Os colunistas que agora vociferam contra Palocci, faz o mesmo que a Folha faz sistematicamente, desde que Lula tomou posse no Planalto em janeiro de 2003. A edição deste domingo estampa na sua primeira página mais uma hipocrisia, mas, o leitor que assina, lê o puro jornalismo marrom nas páginas do jornal Leiam com atenção a notinha e comentem onde está o erro Empresas ajudaram a financiar campanhas de Dilma e do PT As duas consultorias que mais ganharam da União no ano passado colaboraram financeiramente com a campanha de Dilma Rousseff e com o PT nacional.Primeira colocada no ranking, a STE Serviços financiou em R$ 200 mil o comitê financeiro do PT para presidente e doou R$ 60 mil para o diretório nacional do PR, da coligação de Dilma. A Concremat, por sua vez, doou R$ 2,91 milhões para partidos e comitês. Desse montante, 45,5% foram repassados para os diretórios nacionais do PT e do PMDB.As duas empresas contribuíram também com outros partidos e candidatos.As duas atuam na área de engenharia, elaborando projetos e supervisionando obras públicas e privadas em segmentos como transporte, saneamento e energia. Resumindo: Em outras palavras, a própria Folha diz que não há nada de irregular. Na realidade, o que a Folha fez foi um ataque gratuito ao governo Dilma "Doações foram feitas a todos os partidos políticos" A STE informou que atua com engenharia consultiva há 38 anos, tem 700 colaboradores e as "doações, legais e devidamente contabilizadas, foram feitas a praticamente todos os partidos políticos,independentemente de estarem ou não no governo".Por meio da assessoria de imprensa, a Concremat informou que o valor pago pela União por consultorias representou menos de 6% da receita da empresa -R$ 507,6 milhões em 2010. A Concremat afirmou também que "as doações não foram influenciadas por qualquer relação com o governo federal".E completou que elas "se basearam em critérios como representatividade e apoio à priorização dos investimentos em infraestrutura". Do jeito que a coisa vai, a Folha ainda chama seu ex-repórter, Márcio Aith, assessor do José Serra, de volta para ampliar o leque de opções na sua campanha contra governo. O modelo de Veja está fazendo escola.