Júnia Nunes de Paula Stief ANÁLISE DAS
Transcrição
Júnia Nunes de Paula Stief ANÁLISE DAS
Júnia Nunes de Paula Stief ANÁLISE DAS DEFORMAÇÕES, POR EXTENSOMETRIA, EM CONCRETO ARMADO CONVENCIONAL E COM AGREGADOS DE ESCÓRIA DE ACIARIA. Dissertação de Mestrado Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação em Engenharia Civil do CEFET-MG como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Engenharia Civil Orientador: Prof. Doutor Nilton da Silva Maia. Co-Orientador: Prof. Doutor Ricardo André Fiorotti Peixoto. Belo Horizonte, 22 de maio de 2009 Stief, Júnia Nunes de Paula Análise das deformações, por extensometria, em concreto armado convencional e com escória de aciaria / Júnia Nunes de Paula Stief. Belo Horizonte, 2009. 135p. Dissertação (Mestrado) – Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais. Departamento de Engenharia Civil, 2009. Orientador: Nilton da Silva Maia 1. Extensometria 2. Concreto armado 3. Escória (metalurgia); 4. Comportamento Mecânico 5.Impacto Ambiental – Avaliação I CEFET-MG/DEC/PPGEC II Título Júnia Nunes de Paula Análise das deformações, por extensometria, em concreto armado convencional e com agregados de escória da aciaria. Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação em Engenharia Civil do CEFET-MG como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Engenharia Civil Prof. Doutor Nilton da Silva Maia. Orientador Departamento de Engenharia Civil, CEFET-MG Prof. Doutor Ricardo André Fiorotti Peixoto. Co-Orientador Departamento de Engenharia Civil, CEFET-MG Prof. Doutor Tanius Rodrigues Mansur. Centro de Desenvolvimento de Tecnologia Nuclear, MG Prof. Doutor Cláudio José Martins Departamento de Engenharia Civil, CEFEBelo Horizonte, 22 de maio de 2009 IV Ao meu filho Gustavo de Paula Stief, o maior motivo para vencer, e sem dúvida, o maior presente de Deus. V AGRADECIMENTOS Agradeço a todos que contribuíram para a realização deste trabalho e em especial: Ao meu orientador, Prof. Nilton da Silva Maia, pelo apoio, presença, exemplo, modelo de profissional e ética; Ao meu co-orientador Prof. Ricardo André Fiorotti Peixoto, pelo conhecimento e disposição em ajudar; Aos professores do PPGEC do CEFET-MG, em especial o Prof. Marcelo Greco e Prof. Conrado de Souza Rodrigues; Aos companheiros do curso de mestrado: Dayse, Suzana, Flávia, Hugo, Eduardo, João Maurício, Isaías, Ivone e Ronaldo; Ao Mateus e Janaína, sem os quais não teria conseguido realizar os ensaios, pela amizade e carinho; Ao Leandro, pelo auxílio inestimável; Aos bolsistas de iniciação científica, Kerry Aline, Thiago, Douglas, Stefan, Jonathan e Henrique; Ao meu pai ,(quanta saudade!), estrela guia da minha vida; À minha mãe, melhor exemplo de ser humano que poderia ter; Ao meu marido Leo, companheiro para o que der e vier; Ao meu filho Gustavo, que me deu coragem para seguir; À minha irmã Patrícia, amiga em qualquer situação; À Laika, pela companhia constante ao meu lado; Ao CEFET-MG pela oportunidade e bolsa de estudos concedida. VI SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 1 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 5 2.1 Sistemas de monitoramento 5 2.1.1 Introdução 5 2.1.2 Tipo de sensores 7 2.1.3 Avaliação do comportamento estrutural 14 2.1.4 Utilização da extensometria no concreto estrutural 15 2.1.5 Deformações e tensõesl 16 2.2 Concreto Armado 24 2.2.1 História 24 2.2.2 Viabilidade do concreto armado 26 2.2.3 Estudo do material concreto 27 2.3 Estudo do Aço 2.3.1 Diagrama característico 2.4 Escória de Aciaria 35 35 36 2.4.1 Introdução 36 2.4.1 Utilização da escória como agregado na 40 Construção Civil 2.5 Planejamento de experimentos e análise estatística dos dados 43 2.5.1 Modelo de variância de efeitos fixos 44 2.5.2 Critério de Chauvenet 48 3.METODOLOGIA 3.1 Caracterização física dos materiais 49 49 3.1.1 Caracterização física do cimento 49 3.1.2 Caracterização física dos agregados 50 3.2 Propriedades mecânicas do concreto 51 3.2.1 Dosagem do concreto 52 3.2.2 Consistência do concreto 53 3.2.3 Moldagem e cura dos corpos-de-prova 53 3.2.4 Resistência à compressão e resistência à tração 53 VII 3.2.5 Determinação do módulo de elasticidade 54 3.3 Deformações em vigas de concreto armado convencional e com 57 agregados de escória 57 3.3.1 Determinação do modelo físico 57 3.3.2 Instrumentação das vigas 59 3.3.3 Ensaio das vigas de concreto convencional e com escória 62 3.4 Análise do impacto ambiental do concreto com escória 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES 4.1 Características dos materiais 65 66 66 4.1.1 Granulometria 66 4.1.2 Massa Específica 70 4.1.3 Massa Unitária 70 4.1.4 Teor de umidade 71 4.1.5 Material Pulverulento 72 4.1.6 Consistência do concreto 73 4.2 Propriedades Mecânicas do concreto convencional e com agregados de 74 escória de aciaria 4.2.1 Resistência à compressão 74 4.2.2 Resistência à tração 74 4.2.3 Determinação do módulo de elasticidade 75 4.3 Ensaio das vigas 87 4.3.1 Vigas de concreto convencional 87 4.3.2 Vigas de concreto com escória da aciaria 98 4.3.3 Análise comparativa das vigas de concreto 109 4.3.4 Observações complementares dos ensaios 115 4.4 Análise do impacto ambiental 116 5. CONCLUSÕES 117 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÀFICAS 120 Apêndice 1 126 Apêndice 2 129 Anexo 1 131 VIII LISTA DE FIGURAS Figura 1: Extensômetro de resistência elétrica 11 Figura 2: Strain gage biaxial e triaxial 11 Figura 3: Sensor LVDT de deslocamento linear 13 Figura 4: Sensor de temperatura 14 Figura 5: Sensor de inclinação 14 Figura 6: Pontos para análise das tensões principais em vigas 19 Figura 7: Determinação das tensões principais pelo Círculo de Mohr 19 Figura 8: Fissuras em vigas na iminência de ruptura 21 Figura 9: Distribuição normal dos resultados 32 Figura 10: Módulo de Elasticidade tangente inicial 33 Figura 11: Módulo de deformação secante 34 Figura 12: Gráfico tensão-deformação do aço 36 Figura 13; Representação esquemática da produção do ferro-gusa 37 Figura 14: Difratograma de raioX de escória de aciaria “in natura” 39 Figura 15: Ensaio dos corpos-de-prova 54 Figura 16: Esquema de ligação à 4 fios 55 Figura 17: Strain gages dos corpos de prova 56 Figura 18: Corpos de prova instrumentados 57 Figura 19: Projeto das vigas 59 Figura 20: Instrumentação das vigas 60 Figura 21: Strain gage do aço 61 Figura 22: Medida do referencial em repouso das barras 61 de aço instrumentadas Figura 23: Vigas instrumentadas e prontas para ensaio 62 Figura 24: Formas das vigas 62 Figura 25: Aspectos da viga durante a concretagem 63 Figura 26: Ensaio das vigas 63 Figura 27: Granulometria da areia natural 66 Figura 28: Granulometria da brita 0 66 Figura 29: Granulometria da brita 1 67 Figura 30: Granulometria da escória 0-4,8mm 68 Figura 31: Granulometria da escória 9,6-12,5mm 68 Figura 32: Granulometria da escória 12,5-25mm 69 IX Figura 33: Massa específica dos agregados. 70 Figura 34: Massa unitária dos agregados 71 Figura 35: Teor de umidade 71 Figura 36: Material pulverulento dos agregados miúdos 72 Figura 37: Slump do concreto 73 Figura 38: Consistência do concreto – slump 73 Figura 39: Resistência à compressão 74 Figura 40: Resistência à tração por compressão diametral 75 Figura 41: Gráfico tensão –deformação do CC13 – clipe gage 76 Figura 42: Gráfico tensão –deformação do CC13 – strain gage 77 Figura 43: Gráfico deformação –tempo CC14 77 Figura 44: Gráfico tensão – deformação – clipe gage – CC14 78 Figura 45: Gráfico tensão – deformação - strain gage – CC14 78 Figura 46: Gráfico tensão – deformação – clipe gage – CC15 79 Figura 47: Gráfico tensão – deformação – strain gage – CC15 79 Figura 48: Gráfico tensão – deformação - clipe gage – CE13 81 Figura 49: Gráfico tensão – deformação – strain gage – CE13 82 Figura 50: Gráfico tensão – deformação - clipe gage – CE14 82 Figura 51: Gráfico tensão – deformação – strain gage – CE14 83 Figura 52: Gráfico tensão – deformação – CE15 84 Figura 53: Gráfico comparativo de módulo de elasticidade 86 Figura 54: Deformação dos strain gages das vigas 87 de concreto convencional Figura 55: Força x deformação dos strain gages das vigas de CC 88 Figura 56: Strain gage do concreto – VC1 90 Figura 57: Fase linear do concreto VC1 91 Figura 58: Strain gage do aço- VC1 91 Figura 59: Strain gage do concreto – VC2 92 Figura 60: Fase linear do concreto- VC2 92 Figura 61: Strain gage do aço – VC2 93 Figura 62: SG do concreto – VC3 93 Figura 63: Comportamento do aço – VC3 94 Figura 64: Fase linear – VC3 94 Figura 65: Strain gage do concreto – VC4 95 Figura 66: Comparativo entre aço e concreto - VC4 95 Figura 67: Comparativo das cargas máximas das vigas em CC 96 X Figura 68: Comparativo das deformações do concreto na fase linear 97 Figura 69: Comparativo das deformações do aço nas vigas em CC 98 Figura 70: Deformação dos strain gages no ensaio de flexão das VE 99 Figura 71: Força x deformação das VE 100 Figura 72: SG do concreto – VE1 100 Figura 73: Patologias apresentadas – VE1 101 Figura 74: SG do aço – VE1 101 Figura 75: Strain gage do concreto – VE2 102 Figura 76: Deformação do aço – VE2 103 Figura 77: Fase linear do aço – VE2 103 Figura 78: Strain gage da VE3 104 Figura 79:Concreto – VE4 105 Figura 80: Deformação do aço – VE4 105 Figura 81:VE4 – fase linear do aço 107 Figura 82: Comparativo entre cargas da fase linear nas vigas VE 107 Figura 83: Deformação máxima da fase linear - VE 108 Figura 84: Deformação máxima do aço nas vigas VE 109 Figura 85: Gráfico de resíduos x média 112 Figura 86: Gráfico de resíduos x ordem de coleta de dados 113 Figura 87: Probabilidade normal 114 Figura 88: Detalhe dos apoios 115 Figura 89: Aspectos das fissuras nas vigas VC e VE 116 Figura 90: Esquema das vigas 127 XI LISTA DE TABELAS Tabela 1: Tipos de aço para Concreto Armado 35 Tabela 2: Substituição potencial de materiais primários por secundários 41 Tabela 3: Apresentação de dados 45 Tabela 4: Tabela de análise de variância 46 Tabela 5: Estimação de parâmetros para análise de variância 47 Tabela 6 : Propriedades físicas e químicas do CPV ARI-RS 50 Tabela 7: Traço do concreto convencional e com escória de aciaria 53 Tabela 8: Módulo de finura e diâmetro máximo do agregado 69 Tabela 9: Módulo de Elasticidade EMIC- CC 80 Tabela 10 : Módulo de Elasticidade do concreto convencional – strain gages 80 Tabela 11: Módulo de Elasticidade do concreto com escória – Emic 84 Tabela 12: Módulo de Elasticidade do concreto com escória – strain gages 85 Tabela 13: Posição dos strain gages nas vigas de concreto convencional 87 Tabela 14:Posição dos strain-gages nas vigas de concreto com escória 98 Tabela 15: Apresentação dos dados do estudo 111 Tabela 16: Análise de variância para as deformações máximas fase linear 111 Tabela 17: Valores experimentais para as VE 129 Tabela 18: Valores experimentais para as VC 130 XII LISTA DE EQUAÇÕES Equação 1: Variação da resistência elétrica 9 Equação 2: Deformação linear 17 Equação 3: Relação entre tensão e deformação 17 Equação 4: Coeficiente de Poisson 17 Equação 5: Tensão tangencial 18 Equação 6: Deformação transversal 18 Equação 7: Tensão principal em vigas – ponto 1 20 Equação 8: Tensão principal em vigas – ponto 2 20 Equação 9: Tangente do ângulo entre plano e tensão 20 Equação 10: Tensão normal no ponto 1 20 Equação 11: Tensão normal no ponto 2 20 Equação 12: Tangente do ângulo entre tensão normal e plano 20 Equação 13: Tensão normal de tração 20 Equação 14: Tensão normal de compressão 21 Equação 15: Tangente do ângulo entre tensões e plano 21 Equação 16: Deformação segundo o eixo y 22 Equação 17: Tensão segundo eixo x para extensômetro uniaxial 22 Equação 18: Tensão segundo eixo y para extensômetro uniaxial 22 Equação 19: Tensão segundo eixo x para extensômetro biaxial 22 Equação 20: Tensão segundo eixo y para extensômetro biaxial 22 Equação 21: Deformação em um ponto qualquer 23 Equação 22: Deformação máxima em ponto qualquer 23 Equação 23: Deformação mínima em ponto qualquer 23 Equação 24: Tensão máxima 23 Equação 25: Tensão mínima 24 Equação 26: Orientação das deformações 24 Equação 27: Resistência característica do concreto à compressão 31 Equação 28: Módulo de Elasticidade tangente inicial 33 Equação 29: Módulo de Elasticidade secante 33 Equação 30: Efeito dos tratamentos 45 Equação 31: Soma dos quadrados total 45 XIII Equação 32: Soma dos quadrados entre tratamentos 46 Equação 33: Soma dos quadrados dos resíduos 46 Equação 34: Quadrado médio entre tratamentos 46 Equação 35: Quadrado médio entre resíduos 46 Equação 36: Resíduos 47 Equação 37: Relação entre deformação e variação de resistência elétrica 63 Equação 38: Tensão normal 64 XIV LISTA DE SÍMBOLOS R : resistência elétrica em ohm R : variação da resistência elétrica K sg : variação da sensibilidade do extensômetro L: unidade de comprimento ΔL: variação do comprimento ε: deformação linear ou deformação específica σ: tensão E: módulo de elasticidade εt: deformação transversal : coeficiente de Poisson : tensão tangencial : deformação elástica de cisalhamento G : módulo de cisalhamento 1 : tensão principal de tração em vigas 2 : tensão principal de compressão em vigas x : tensão normal segundo eixo x y : tensão normal segundo eixo y xy : tensão tangencial α: inclinação do plano no qual as tensões tangenciais são nulas e as tensões normas alcançam seu máximo e mínimo x : deformação segundo eixo x y : deformação segundo eixo y : deformação segundo eixo qualquer : ângulo entre a deformação principal máxima e o eixo onde se vai medir a deformação max : deformação máxima min : deformação mínima max : tensão máxima atuante min : tensão mínima atuante XV fc : resistência à compressão simples do concreto fcm: resistência média à compressão do concreto fck: resistência característica do concreto à compressão s: desvio padrão Eci : módulo de elasticidade tangente inicial E cs : módulo de elasticidade secante fct: resistência à tração do concreto Gc: módulo de elasticidade transversal fyk: resistência característica do aço ao escoamento fstk: resistência à tração do aço εuk :deformação última do aço k: níveis de fatores considerados no modelo de variância de efeitos fixos i : desvios da média global i : média do i-ésimo tratamento : média H 0 : hipótese zero H 1 : hipótese um SQT : soma dos quadrados total SQE : soma dos quadrados entre tratamentos SQR : soma dos quadrados dos resíduos QME : quadrado médio entre tratamentos QMR : quadrado médio residual F : coeficiente da distribuição de Fischer V 2 : variância t : coeficiente da distribuição t de Student eij : resíduos estatísticos xi : média estatística M : momento fletor I : momento de inércia da seção, em relação ao seu centro de gravidade XVI LISTA DE ABREVIATURAS ACI: American Code Institute ASTM: American Society for Testing and Materials SG: strain gage Kyowa: fabricante de extensômetros µd: micro deformação ERE: Extensômetro de resistência elétrica CC: corpo-de-prova de concreto convencional CE: corpo-de-prova de concreto com escória VC: viga de concreto convencional VE: viga de concreto com escória CV: coeficiente de variação XVII RESUMO Esta pesquisa estudou a viabilidade da utilização de resíduos da indústria siderúrgica como agregado para concreto estrutural em substituição ao agregado natural por meio do estudo comparativo das deformações em vigas de concreto armado com agregados naturais e com agregados de escória de aciaria, por extensometria. Foram verificadas as propriedades mecânicas, resistência à compressão e resistência à tração, do concreto convencional e de escória de aciaria, com limite de resistência previsto de 30MPa aos 28 dias. O módulo de elasticidade dos concretos convencional e com escória foi obtido por meio de duas técnicas de instrumentação, strain gage e clipe gage. Os resultados obtidos foram comparados e concluiu-se que ambos foram satisfatórios. O uso da técnica da extensometria mostrou-se adequada à análise pioneira do comportamento de concreto armado com agregados de escória de aciaria . A comparação permitiu a avaliação do desempenho em serviço de vigas de concreto com escória submetida à flexão e apontou para a possibilidade de utilização deste tipo de agregado no concreto estrutural. Palavras chave: Aquisição de sinais; comportamento mecânico; concreto armado, escória de aciaria; extensometria; reciclagem. XVIII ABSTRACT This research studied the feasibility of using waste from the steel industry as aggregate for structural concrete to replace the natural aggregate by means of the comparative study of deformations of reinforced concrete beams with natural aggregates and steel slag aggregates for strain gages measurements. The mechanical properties had been verified through compression strength and tensile strength tests of conventional concrete and steel slag concrete, with resistance of 30MPa at 28 days. The modulus of elasticity of conventional and steel slag concrete was obtained by means of two instrumentation techniques, strain gage and clip gage. The gotten results had been compared and concluded that both had been satisfactory. The use of the strain gage measurement revealed adequate to the pioneering analysis of the behavior of reinforced concrete with steel slag aggregates. The comparison allowed the evaluation of the performance in service of concrete beams with slag submitted to bending and pointed with respect to the possibility of using this kind of aggregate in structural concrete. Keywords: Acquisition of signals; mechanical behavior, reinforced concrete; steel slag; strain gages measurements; waste. XIX Não se preocupe em entender; viver ultrapassa todo o entendimento.” (Clarice Lispector) “Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina” (Willian Shakespeare) 1 1 INTRODUÇÃO O Estado de Minas Gerais possui uma das maiores concentrações de usinas siderúrgicas do país. A siderurgia está entre as indústrias que têm em seu processo de produção uma fonte de elevados impactos ambientais já que, além de movimentar grandes volumes de matérias-prima e energia, é responsável pela geração de uma expressiva quantidade de resíduos (POLESE, 2006). Pesquisas vêem sendo desenvolvidas no intuito de encontrar aplicações para os rejeitos industriais ao invés de simplesmente descartá-los, pois o descarte destes resíduos acarreta gasto energético no transporte do material e dificuldade para o controle das áreas para depósito, além de sofrer crescente pressão social para sua diminuição (ALVES, 2007). Evidenciou-se nos últimos anos que uma conservação dos recursos minerais, energéticos e ambientais é imprescindível. A adoção da reciclagem por parte de uma empresa ajuda a preservar os recursos naturais, reduz a destruição da paisagem, contribui para a melhoria da saúde e segurança da população em geral e de seus trabalhadores, prolonga o ciclo de vida dos materiais e com isso diminui o consumo de recursos naturais não renováveis, conservando o meio ambiente e evitando a exaustão de certas reservas naturais (ALVES, 2007). A indústria da construção civil é responsável por 50% do consumo dos recursos naturais do planeta (JOHN, 2000). A aplicação de resíduos na construção civil é um fato consagrado, tendo em vista as tendências de sustentabilidade idealizada mundialmente (HENDRIKS et al, 2000). 2 A construção civil apresenta-se como uma das melhores alternativas para utilização de milhões de toneladas deste subproduto siderúrgico em diversas aplicações: na fabricação de cimento Portland, como agregados para concreto, em subleitos de rodovias ou lastros ferroviários (POLESE, 2006). O concreto é o material estrutural dominante hoje em dia nas construções. Levando-se em conta que 70% do concreto são constituídos por agregados, é pertinente a preocupação com a extração das reservas naturais (MEHTA; MONTEIRO, 2005). Os projetistas de estruturas geralmente avaliam e selecionam materiais com base nas suas propriedades de engenharia e custos. Atualmente, cada vez mais, tem-se levado em consideração propriedades ecológicas; por exemplo, a devastação ou o desmatamento necessário para obter as matérias-primas, o consumo de energia e água e a poluição, bem como os resíduos do processo de fabricação (MEHTA; MONTEIRO, 2005). Antigamente, os materiais inseriam-se na construção de estruturas sem que houvesse comprovação científica da sua segurança e eficácia: era o chamado Método Indutivo (FIGUEIREDO, 2006). Atualmente não se pode pensar em inserir um material de importância primária em uma estrutura, como são os agregados para concreto armado, sem que sejam realizados estudos que garantam a segurança e durabilidade das estruturas. A extensometria é uma técnica experimental, utilizada para determinação das propriedades mecânicas tanto para materiais consolidados no mercado como para novos materiais (MAIA, 1998). A extensometria permite medir as deformações reais em serviço para as estruturas de interesse. Por meio desta técnica é possível aprimorar os modelos físicos e matemáticos que permitem descrever o comportamento das estruturas reais em operação. O desenvolvimento econômico de diversos países tem promovido o aparecimento de novas necessidades e sido impulsionador de sociedades cada vez mais exigentes e menos tolerantes. No mundo desenvolvido, gigantescos programas de construção estão sendo planejados e desenvolvidos, e não 3 apenas construções novas, mas também a restauração ou substituição de estruturas já existentes (FIGUEIREDO, 2006). As estruturas atuais, destinadas a serem usadas por um grande número de pessoas, são maiores, mais complexas e muitas vezes usadas sob cargas extremas e em condições severas (FIGUEIREDO, 2006). Nos últimos quinze anos, o monitoramento de estruturas de Engenharia Civil tem sido uma área bastante ativa ao redor do mundo, apresentando aplicações e resultados que têm demonstrado o potencial do monitoramento para detectar ou mesmo prever falhas estruturais, com importantes reflexos na segurança e no aumento da vida útil das estruturas monitoradas (ASSIS, 2007). No cenário internacional, a importância do monitoramento das estruturas é um fato consolidado (ASSIS, 2007). Nos Estados Unidos desde a ocorrência do terremoto de Northirdge em 1994 e no Japão do terremoto de Kobe em 1995, tem havido um aumento substancial de estruturas a serem monitoradas (FRASER, 2006). Na Europa, o problema da deterioração da infra-estrutura civil decorre do fato que boa parte dela já estar envelhecida, sendo reconhecida, que sua reconstrução demanda custos muito superiores ao de um programa criterioso de manutenção de edificações. Na Coréia do Sul após vários colapsos de pontes, como a New Haengiu Bridge em 1995, precipitados pela construção desenfreada de infra-estruturas adjacente a um abrupto desenvolvimento econômico impulsionou o governo a exigir a instalação de sistemas de monitoramento especialmente em pontes suspensas, como o objetivo de evitar novos desastres tanto durante a fase construtiva quanto durante sua entrada em serviço (CHANG, 2006) Hoje o caminho para a inovação é mais forte do nunca. A descoberta de novas tecnologias em diversas áreas científicas e a facilidade de utilização e interpretação das mesmas tem desencadeado uma disseminação transversal destas nas diferentes áreas de investigação. Em conseqüência, e no caso do monitoramento de estruturas na Engenharia Civil, têm surgido novas expectativas e necessidades (FIGUEIREDO, 2006). 4 Aliar a utilização de resíduos à competência para monitoramento de estruturas é contribuir para integrar novos materiais à construção civil e prolongar o seu ciclo de vida. O objetivo geral desta pesquisa é comparar a deformação entre vigas em concreto armado convencional e viga em concreto armado com escória de aciaria, por extensometria, e verificar a viabilidade da utilização de rejeitos da indústria siderúrgica como agregado para o concreto armado estrutural em substituição ao agregado natural. Os objetivos específicos são: obter os parâmetros de resistência à compressão para o concreto com agregados de aciaria e agregados naturais, obter os parâmetros de resistência à tração para o concreto com agregados de aciaria e agregados naturais, obter o módulo de elasticidade para o concreto com agregado de escória de aciaria e agregados naturais, segundo as técnicas de instrumentação do strain gage e clipe gage, comparar os valores de módulo de elasticidade obtidos pelas duas técnicas, comparar os resultados teóricos e experimentais, consolidar a infra-estrutura laboratorial necessária para a realização de estudos envolvendo a monitoração e análise de estruturas de concreto para desenvolver a linha de pesquisa no mestrado em engenharia civil do CEFET-MG como passo inicial para avaliação da integridade estrutural de estruturas de concreto armado, adquirir competência para monitoramento de estruturas. O desafio é compreender o comportamento de novos materiais quando submetidos aos carregamentos reais e sua resposta ao longo do tempo. 5 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 Sistemas de monitoramento 2.1.1 Introdução Segundo MAIA (1998), a análise experimental de tensões constitui-se no emprego de técnicas experimentais para medir deformações, deslocamentos ou tensões atuantes em estruturas sujeitas a diversos tipos de carregamentos, estáticos ou dinâmicos. Essas técnicas podem ser divididas em dois grupos: “Campo Global”: são aquelas que permitem medir (geralmente com menor resolução) a distribuição de deformações e tensões numa grande área da estrutura. Dentre estas se destacam a foto elasticidade, a técnica de Moiré entre outras, “Pontuais”: são utilizadas para estudar pontos específicos da estrutura. A principal delas é a extensometria, que utiliza extensômetros de resistência elétrica (strain gage) para medir deformações. A extensometria baseia-se na variação da resistência elétrica de um condutor quando deformado. Durante os ensaios, os extensômetros devem estar perfeitamente colados à superfície da estrutura, para que as deformações lhe sejam transmitidas sem atenuações. Monitorar uma estrutura significa medir, avaliar e registrar sob forma gráfica, visual ou digital uma ou mais variáveis que descrevem o comportamento estrutural. O uso da monitoração, tendo em vista o acompanhamento do comportamento estrutural (Structural Health Monitoring), é atualmente um campo emergente da Engenharia Civil, que por meio do emprego de sensores e equipamentos nãodestrutivos, aliados à análise das características do sistema estrutural observado, possibilita avaliar de forma periódica ou contínua a integridade e a 6 segurança das estruturas monitoradas (ASSIS; 2007; SONDHI, 2006; THAKKAR, 2006). O conceito de Structural Health Monitoring é definido como uma leitura contínua e automática do comportamento da estrutura e com capacidade de fornecer informações fiáveis acerca da sua integridade. (FIGUEIREDO, 2006). Dentre os principais objetivos da monitoração de estruturas ressaltam-se: (FERNANDES e SANTOS, 1992 citado por FIGUEIREDO , 2006): verificar as hipóteses que serviram de base à constituição do modelo teórico considerado no projeto, no que tange tanto às teorias referentes ao comportamento estrutural quanto ao estudo e quantificação das ações, controlar a segurança estrutural, detectando, em tempo oportuno, eventuais deficiências de funcionamento, obter informações e experiências referentes à resposta estrutural decorrentes da utilização de novas técnicas de execução, do uso de novos materiais, da imposição de um acelerado ritmo de construção, da produção de obras mais otimizadas e da crescente agressividade do meio exterior. Nos sistemas de monitoração, o acompanhamento do comportamento das estruturas ao longo do tempo é realizado por meio da medição de grandezas como a deformação, o deslocamento linear ou angular, a temperatura, a umidade relativa e a força entre outras. Um sistema de monitoração completo é formado pelos subsistemas: rede de sensores, aquisição de dados, comunicação, tratamento de dados, avaliação e gestão dos resultados. 7 O reconhecimento das limitações das inspeções visuais na caracterização da integridade estrutural, do uso de novas tipologias estruturais e de novos processos construtivos tem implementado o uso de um sistema de monitoramento. O uso do monitoramento tem contribuído de forma expressiva no aprofundamento do conhecimento do comportamento estrutural e no refinamento das metodologias de dimensionamento. 2.1.2 Tipos de sensores Na Engenharia Civil, as principais grandezas de interesse são a deformação, o deslocamento, a temperatura, a umidade e a força. Os instrumentos de medição utilizados são os sensores e transdutores que constituem a rede sensora. Sensores são dispositivos que sofrem mudança de comportamento ou das suas propriedades quando sujeitos a ação de uma grandeza física ou química, podendo fornecer direta ou indiretamente um sinal indicativo da grandeza. Os sensores para medir grandezas têm sido usados há décadas para análise estrutural exclusivamente experimental ou, mais recentemente, integrados em sistemas para monitorar estruturas. Os sensores podem ser considerados elementos de um sistema linear que transformam informação de resposta estrutural x(t), como deslocamento ou temperatura, numa informação elétrica de saída y(t), tal como a variação elétrica de tensão ou de corrente. O sensor possui uma sensibilidade que determina a escala entre a entrada e a saída da função (FIGUEIREDO, 2006). O transdutor é um dispositivo, em geral eletromecânico, que faz corresponder, segundo uma determinada lei ou função de transferência, uma grandeza de saída a uma grandeza de entrada. 8 O sistema de aquisição de dados captura os sinais dos sensores e atua convertendo os sinais elétricos (analógicos) em sinais digitais que poderão ser armazenados e analisados em um computador. O subsistema de comunicação transporta os dados do subsistema de aquisição de dados até o computador, o que normalmente é feito por meio de cabos. O tratamento dos dados deve ser de fácil utilização, e possuir ferramentas de visualização e manipulação estatística de resultados que possibilitem realizar o tratamento da informação. A avaliação e gestão dos dados de forma inteligente devem contribuir para o conhecimento do comportamento da estrutura. 2.1.2.1 Sensores de deformação Dentre as diversas técnicas utilizadas para análise experimental de tensões provavelmente, a mais utilizada atualmente diz respeitos à utilização de extensômetros de resistência elétrica (strain gages) para obtenção de deformações e consequentemente, tensões atuantes em uma estrutura (DALLY; RILLEY, 1995). Esta técnica é muito utilizada devido aos resultados obtidos, versatilidade e uma razoável relação custo/benefício. Pode ser utilizada em laboratório ou em campo. Trata-se de um método quantitativo, superficial, pontual e que pode ser utilizado em aplicações estáticas ou dinâmicas. Segundo MAIA (1998) além do custo, uma grande vantagem dos extensômetros de resistência elétrica é poderem ser instalados em equipamentos que trabalham sob condições operacionais reais. Portanto, as deformações medidas são as verdadeiras deformações atuantes durante o funcionamento da estrutura. 9 Os extensômetros mais utilizados atualmente são extensômetros de resistência elétrica e os extensômetros de fibra ótica para longas distâncias (FIGUEIREDO, 2006). a. Extensômetros Elétricos O cientista inglês Robert Hooke, em 1678, verificou experimentalmente que os materiais apresentavam deformações proporcionais às tensões, fenômeno formulado pela Lei de Hooke. O pesquisador Charles Wheatstone, em 1843, verificou o efeito da mudança da resistência elétrica em um condutor submetido a um esforço externo. O principio do trabalho de Wheatstone foi desenvolvido por William Thompson e apresentado à Royal Society of London em 1856 no trabalho de pesquisa intitulado “The Eletrodynamic Qualities of Metals” (HOFFMANN, 1989). O funcionamento dos extensômetros de resistência elétrica (sensores elétricos) baseia-se no princípio de que a resistência elétrica de um condutor varia quando o mesmo é deformado pela ação de fenômenos mecânicos ou efeitos de variação de temperatura. Para materiais isotrópicos e em regime linear, a variação de resistência elétrica traduz-se pela Equação 1. dR dl ou K sg R L dR K sg R (1) sendo R a resistência elétrica inicial, dR a variação da resistência elétrica, L o comprimento inicial, dl a variação do comprimento e a deformação. A relação de proporcionalidade entre a variação de resistência elétrica e extensão é dada pelo gage factor Ksg. 10 Posteriormente, após o advento do amplificador inventado por Lee De Forest (1873-1961), foi que as pesquisas avançaram de forma significativa (ASSIS, 2007). Os extensômetros elétricos de resistência colados (eletrical bonded strain gages) mais próximos dos atuais foram desenvolvidos nos anos 30, por cientistas trabalhando isolados e simultaneamente em diferentes cidades. Foram eles, Edward Simmons e Clark na Califórnia e A.V. De Forest e Arthur Rudge em Massachussets (ALMEIDA, 1996). O Professor Rudge investigava o comportamento de reservatórios elevados resistentes a sismos em um terremoto, e para tal fim construiu um modelo reduzido em uma plataforma vibratória. Após várias tentativas frustradas de medir as deformações nas paredes do reservatório, ele trabalhou no desenvolvimento de alternativas. Rudge fixou finos fios metálicos em uma base de papel, adicionando terminais de conexão. No teste de um protótipo as medições encontradas foram comparadas com os obtidos com os dispositivos convencionais onde foi encontrada uma relação linear entre as deformações dos sensores convencionais e os valores apresentados pelo protótipo quando comprimido e tracionado, e os resultados foram reproduzidos, surgiu o extensômetro elétrico de resistência (ERE), ou strain gage. O invento foi patenteado em 1944 no Registro de Patentes dos Estados Unidos (ASSIS, 2007; HOFFMANN, 1989; KEIL, 1988; LEUCKERT, 2000;). Em um extensômetro elétrico, o fio condutor é representado pela malha constituída por uma liga metálica conforme Figura 1. 11 Figura 1: Extensômetro de resistência elétrica (Hoffmann, 1989). As grades são constituídas por ligas de cobre-níquel, níquel-cromo ou ferrocromo-alumínio, com geometria que visa à maximização de sua resistência elétrica. Os strain gages são confeccionados com geometrias diversas, de modo a viabilizar a medição de deformações em mais de uma direção. As técnicas de fabricação de circuitos impressos são usadas na confecção dessas lâminas, que podem ter configurações variadas e intrincadas conforme Figura 2. (a) (b) Figura 2: Strain gage biaxial e triaxial, tipo roseta (www.hbm.com.br; www.omega.com (acessado em 22/04/2009) Na medição de deformação por extensômetros de resistência elétrica, assumese que a deformação do objeto em estudo é transferida sem perdas para o 12 extensômetro. Na maioria dos casos apenas a superfície do objeto pode ser monitorada, o que exigirá que haja boa aderência entre este e o sensor, que pode ser obtida por meio de um tratamento superficial e emprego de adesivo adequado, o qual adicionalmente poderá funcionar como isolante térmico (Doebelin 1990 citado por ASSIS, 2007). Na medição de medições de deformações em regiões internas de interesse é necessário que os extensômetros sejam introduzidos durante o processo construtivo da peça, sendo necessária a devida proteção do extensômetro, que normalmente se consegue mediante encapsulamento, geralmente utilizando-se materiais poliméricos (ASSIS, 2007). . b. Extensômetros de fibra ótica Os sensores em fibra ótica, na sua forma mais simples, têm seu princípio de funcionamento baseado nas alterações físicas ou ambientais que provocam variações na fase, na intensidade, no comprimento de ondas ou na polarização da luz propagada através de uma fibra ótica, a partir das quais é possível extrair informações acerca dos parâmetros a medir. Estas características das fibras óticas permitem a medição, entre outras, da deformação mecânica, da temperatura, do nível do pH do concreto fresco ou da umidade no interior da massa do concreto (FELIX, 2002; FIGUEIREDO, 2006). Inicialmente, a instrumentação por fibra ótica era utilizada apenas em laminados da indústria aeroespacial, sendo posteriormente transferidos com sucesso para o monitoramento de estruturas civis (CLARK et al.; 2001 citado por MOSER et al;.; 2006). Conforme Choquet,, (2000 citado por MOSER et al, 2006), a instrumentação por fibra ótica tem oferecido excelente vantagem na comparação com sistemas tradicionais. Dentre elas o tamanho reduzido, a não condutividade, a resposta rápida, resistência à corrosão, a imunidade contra interferências eletromagnéticas e freqüência de rádio. Outra característica é que a medição utiliza técnica altamente sensível possibilitando medições precisas, absolutas e perfeitamente lineares sem a necessidade de meios de estabilização. Os 13 sensores de fibra ótica são utilizados no caso de longas distâncias entre o local a ser monitorada e o sistema de aquisição de dados. 2.1.2.2 Sensores de deslocamento Os sensores de deslocamento mais utilizados são os transdutores LVTD (Linear Variable Differential Transformer) onde o deslocamento é obtido, de forma indireta, por meio da variação de uma corrente induzida num solenóide pelo deslocamento de um núcleo magnético no seu interior. Esses transdutores apresentam boa estabilidade a longo prazo, grande sensibilidade e resposta tanto a leituras dinâmicas como estáticas (ALMEIDA, 2004). A figura 3 apresenta um sensor tipo LVDT para deslocamento linear. Figura 3: Sensor LVDT para deslocamento linear (www.epn-online.com, acesso em 23/04/2009) 2.1.2.3 Sensores de temperatura Os sensores correntes no monitoramento estrutural são os termopares (thermocouples) e os detectores de temperatura resistivos (RTD-Resistance Temperature Detector). Os termopares, apresentados na Figura 4, consistem de dois fios de diferentes metais, ligados numa das pontas, que produzem uma pequena variação de tensão elétrica a uma dada temperatura. O RTD é um sensor baseado no princípio de aumento da resistência de um metal com a temperatura. Os metais mais usados são a platina, o cobre e o níquel. 14 Figura 4: Sensor de temperatura do tipo termopar (www.aliatron.com, acesso em 20/05/2008) 2.1.2.4 Sensores de inclinação Os sensores de inclinação, ou inclinômetros, medem a inclinação em relação a um plano horizontal, segundo uma direção (uniaxial) ou duas direções perpendiculares (biaxial). Usualmente a sua ligação ao sistema de aquisição de dados é feita em circuito de ponte de Wheatstone e a inclinação é obtida por meio da relação linear entre o sinal de saída da ponte e a sua inclinação em relação ao plano horizontal. A Figura 5 apresenta um sensor de inclinação. Figura 5: Sensor de inclinação (www.treffer.com.br, acesso em 20/05/2008). 2.1.3 Avaliação do comportamento estrutural Segundo Figueiredo (2006), a instalação de sensores e de sistemas automáticos de aquisição de dados é só o início do monitoramento estrutural. A interpretação dos dados recolhidos é a razão da existência do sistema de monitoramento. 15 As ações e propriedades dos materiais avaliados no comportamento de uma estrutura são quase sempre afetadas por incertezas. As fontes de incerteza são (FIGUEIREDO, 2006): incertezas na magnitude dos esforços aplicados, dispersão estatística das propriedades mecânicas dos materiais, incertezas introduzidas pelas variações dimensionais das peças e elementos estruturais defeitos de execução, por exemplo, em peças de concreto armado. Estes defeitos introduzem incertezas nas dimensões das peças, no posicionamento das armaduras e na resistência exata do concreto, incertezas inerentes aos métodos de cálculos, pois geralmente os métodos são baseados em hipóteses simplificadoras e pressupostos, tais como linearidade da relação tensão-deformação e manutenção da geometria inicial das estruturas, sendo que com o tempo estes pressupostos podem não permanecerem válidos devido à degradação dos materiais. 2.1.4 Utilização da extensometria no concreto estrutural. A extensometria tem sido utilizada no estudo das propriedades das estruturas desde longa data. a. Comportamento do concreto armado convencional Wastein (1941) analisou a distribuição da aderência ao longo das barras, em estruturas de concreto armado, com o auxílio de extensômetros mecânicos. McHenry e Walker (1948) descreveram um método para medir a tensão ao longo de barras de aço em elementos de concreto armado obtidos com o auxílio de medidores elétricos. Os resultados da distribuição das tensões ao longo das 16 barras de aço de vigas, antes e depois da fissuração puderam ser comparados com resultados obtidos pelos métodos convencionais. (SANTOS; 2005). Santos (2005) realizou em estudo sobre aderência concreto – aço por meio do estudo de 18 vigas de concreto armado instrumentadas por extensômetros e uma viga de referência. Os modelos foram comparados para análise do modelo proposto. b. Utilização de novos materiais para concreto estrutural; Lopes (2005) estudou o efeito da substituição parcial de armaduras de flexão por fibras de aço em vigas de concreto com utilização da extensometria. Tavares (2007) realizou uma análise teórica e experimental de vigas de concreto armado com barras não metálicas de GFRP (glass fiber polymer – polímero reforçado com fibra de vidro). Na analise foram realizados ensaios em vigas de concreto armado submetidas à flexão simples, com armadura convencional e com GRFP com uso de strain gages. c. Comportamento de estruturas em operação; Assis (2007) monitorou e analisou os resultados obtidos na Ponte sobre o Rio Sorraia, Ponte sobre o Rio Pinhão, fundo da estação do metrô de Alto Pinheiros e propôs um sistema de visualização e tratamento dos dados provenientes de monitorização de estruturas em concreto armado e protendido. 2.1.5 Deformações e tensões Um extensômetro elétrico fornece a deformação da peça em que está colado, na direção em que está fixado. Para se conhecer o estado de deformação, num ponto qualquer, o importante é determinar as deformações principais bem como sua orientação segundo eixos pré-determinados. De posse dessas informações, 17 e usando convenientemente as relações entre tensões e deformações, convertem-se em tensões as deformações obtidas, ficando finalmente determinado o estado real de solicitação da estrutura, no ponto considerado (MAIA, 1998). 2.1.5.1 Deformações causadas por tensões normais Uma barra submetida a uma força de tração atuando no centro de gravidade de sua seção transversal irá sofrer um alongamento definido como diferença entre seu comprimento final e comprimento inicial. A deformação linear ou específica ( ) é uma grandeza adimensional definida como alongamento ( l ) por unidade de comprimento ( l ) conforme Equação 2 (DALLY; RILLEY, 1991). l l (2) De acordo com a Lei de Hooke, no regime linear elástico a tensão é proporcional à deformação. A relação entre tensão e deformação é o módulo de elasticidade do material conforme Equação 2.3. .E (3) sendo a tensão, a deformação e E o módulo de elasticidade. O coeficiente de Poisson () é definido como a relação entre a deformação específica transversal e a deformação linear do material de acordo com Equação 4. t (4) As deformações que causam mudanças nos ângulos retos iniciais entre as linhas imaginárias de um corpo são denominadas deformação cisalhante ou tangencial. Como o material segue a Lei de Hooke tem-se que a tensão tangencial ( ) é 18 proporcional à deformação elástica de cisalhamento ( ), sendo G o módulo de cisalhamento, conforme a Equação 5. G (5) Pode-se relacionar o módulo de deformação transversal ( G ) com o módulo de deformação longitudinal ( E ) e o coeficiente de Poisson conforme a Equação 6. G E 21 (6) 2.5.1.2 Tensões principais em uma viga de concreto armado Em uma viga fletida, sob a ação de momento fletor variável, também atuam forças cortantes, e em toda a altura de uma seção transversal retangular surgem tensões, chamadas de principais, de tração e compressão ( 1 e 2 , respectivamente), inclinadas em relação ao eixo da peça. As tensões principais podem ser decompostas nas componentes x (tensão normal segundo x), y (tensão normal segundo y) e xy (tensão tangencial); em vigas, normalmente as tensões y têm um valor muito pequeno, com importância apenas em pontos de introdução de cargas concentradas, podendo, portanto, ser desprezadas em geral. Assim, na seqüência, o valor de y será sempre considerado nulo (CARVALHO; FIGUEIREDO, 2007). Em um elemento solicitado por tensões normais e tangenciais sempre é possível encontrar um plano com uma inclinação α no qual as tensões tangenciais são nulas e as normais alcançam seus valores máximo e mínimo, que são as tensões principais. As tensões principais podem ser determinadas em qualquer ponto de qualquer seção da peça, analiticamente ou por meio do Círculo de Mohr. 19 A Figura 6 apresenta uma viga sujeita à flexão simples, da qual se deseja obter as tensões principais em dois pontos, sendo um ponto na região comprimida (ponto1) e outro na linha neutra (ponto 2) . Figura 6: Pontos para análise das tensões principais de uma viga (Carvalho e Figueiredo.,2007). Dos pontos 1 e 2 podem-se retirar dois elementos infinitesimais, em que atuam tensões normais e tangenciais . Pelo círculo de Mohr determinam-se as tensões principais 1 e 2 e suas inclinações em relação ao eixo da viga para os pontos 1 e 2 (Figura 7). Figura 7: Determinação das tensões principais pelo círculo de Mohr (Carvalho e Figueiredo, 2007). 20 Para os pontos situados no centro de gravidade só há tensão de cisalhamento e a tensão de tração ocorrerá a 45°. Para os pontos em que há compressão, acima da linha neutra, a tensão principal ocorrerá a um ângulo inferior a 45°. Para um estado duplo de tensões em vigas, segundo Mohr, as tensões principais podem ser determinadas analiticamente pelas Equações 7 e 8. x y 1 2 2 x y 2 x y 2 x y 2 2 xy 2 2 xy 2 (7) (8) Em acordo com a figura 7 tem-se, conforme Equação 9. tg 2 2 xy x y (9) Como em vigas pode-se fazer y =0 (só há valores de tensões normais verticais apreciáveis em que atuam cargas externas de alta intensidade), e, fazendo xy = , tem-se as Equações 10, 11 e 12. 2 x x 2 2 2 (10) x 2 x 2 2 2 2 (11) 1 tg 2 2 x (12) Na linha neutra e abaixo, o concreto não contribui para a resistência às tensões normais de tração, que são equilibradas apenas pela armadura longitudinal, e, portanto x =0, que nas equações anteriores resulta nas as Equações 13, 14 e 15. 1 2 (13) 21 2 2 (14) tg 2 2 90º 45º (15) Pode-se concluir que: na linha neutra, as tensões principais 1 (tração) e 2 (compressão) estão inclinadas a 45° em relação ao eixo da viga e são iguais, em intensidade, às tensões tangenciais , principalmente próximo aos apoios, em que a força cortante é maior, as fissuras no concreto são perpendiculares à direção da tensão principal de tração, as tensões principais de tração 1 devem ser resistidas por uma armadura de cisalhamento que atravesse as fissuras, As tensões principais de compressão 2 são resistidas pelo concreto comprimido localizado entre as fissuras, Para vigas submetidas à flexão pura as tensões são de tração e de compressão. A Figura 8 apresenta os tipos de fissuras em vigas biapoiadas. a) Viga próxima do colapso e fissuras que ocorrem b) Cisalhamento c) Cisalhamento e flexão d) Flexão Figura 8: Viga na iminência de ruptura e tipos de fissuras que podem ocorrer (Carvalho e Figueiredo, 2007). 22 2.1.5 3 Medidas com extensômetros de resistência elétrica a. Utilização de um extensômetro uniaxial O estado de deformação e consequentemente de tensão, com a utilização de um extensômetro só é possível em casos muito particulares. O mais expressivo destes casos, é o de tração ou compressão numa barra sujeita a carregamento axial (MAIA, 1998). Se x é a medida obtida utilizando-se um extensômetro tem-se de acordo com as Equações 16, 17 e 18. y x (16) x E x (17) y 0 (18) b. Utilização de dois extensômetros Utilizam-se dois extensômetros quando as direções das tensões principais num estado plano de tensão são conhecidas, como por exemplo, num reservatório cilíndrico submetido à pressão interna (MAIA, 1998). Os extensômetros devem ser colados perpendicularmente. Se εx e εy são os valores obtidos para deformação temos de acordo com as Equações 19 e 20. x E x y 1 2 (19) y E y x 1 2 (20) 23 c. Utilização de rosetas De forma geral, o estado de deformação ao qual está sujeito um ponto da estrutura nem sempre é conhecido. Para determinação do estado de deformação e consequentemente de tensões a que está submetido um ponto qualquer da estrutura utiliza-se a Equação 21 (MAIA, 1998). x x y x y cos 2 y sen 2 2 2 2 (21) Para a determinação de εx, εy e x y , é necessário e suficiente calcular três deformações longitudinais εψ , segundo três direções principais ψ1, ψ2 e ψ3 . Sendo x e y dois eixos arbitrários que passam por um ponto O para o qual se quer determinar εx, εy e x y . Aplicando-se a equação 21 para ψ1, ψ2 e ψ3, tem-se três equações e três incógnitas, as quais resolvidas fornecerão εx, εy e x y . εx, εy são dados em microdeformações (µm/m) e x y em radianos. Determinados εx, εy e x y , determina-se, em seguida εmax e εmin de acordo com as Equações 22 e 23. max min x y 2 x y 2 x y 2 xy 2 (22) 2 y xy 2 x 2 2 (23) De posse de εmax e εmin determina-se σmax e σmin conforme as Equações 24 e 25. max E max min 1 2 (24) min E min max 1 2 (25) A orientação das deformações principais é obtida pela Equação 26. 24 tg 2 p xy x y (26) As principais rosetas são: a roseta retangular ou estrela e roseta eqüiangular ou roseta delta. A roseta estrela é aquela em que ψ1=0, ψ2=45° e ψ3=90°. A roseta delta é aquela em que ψ1=0, ψ2=60° e ψ3=120°. 2.2 Concreto Armado 2.2.1 História O emprego do concreto é bem antigo. Através dos tempos evoluiu com o desenvolvimento das civilizações e tem sido utilizado para os mais diversos tipos de construção. Na maioria das obras de nossa sociedade ele foi testado e aprovado como um dos materiais dos mais versáteis e confiáveis (EFFITING, 2004) Em 2500 a.C os egípcios construíram sua primeira pirâmide, Gisé, parcialmente em concreto. Os gregos e romanos usavam calcário calcinado e aprenderam a misturar cal, água, areia e pedra fragmentada, tijolos ou telhas. Deve-se aos romanos o desenvolvimento do uso do concreto em construções civis em grande escala e concreto em sistemas de drenagem e água Por volta de 1763, James Parker, acidentalmente preparou uma mistura de rochas vulcânicas e cal criando um novo tipo de cimento. Louis Vicat, de origem francesa, descobriu o cimento hidráulico ao realizar experimentos com materiais para construção da ponte sobre o rio Dordogne em 25 Souillac. França. Em 1824 surge o cimento Portland, patenteado por Joseph Aspdim, Reino Unido, o qual foi obtido pela queima de rochas calcária com carvão, formando desse modo um produto de cimento altamente calcinado. A partir do Cimento Portland o concreto foi utilizado com maior freqüência. O cimento Portland é constituído principalmente de calcário, como rocha calcária ou gesso, e alumina e sílica, encontrados com argilas e xistos. O concreto é a mistura de agregados graúdos e miúdos, aglomerantes e água. Para melhorar as propriedades a este podem ser adicionados aditivos. A utilização de concreto armado pode ser encontrada na “Encyclopedia of cottage, far and village architeture”, publicada na Inglaterra me 1830. Em 1870 foi construída a primeira ponte com concreto armado, no Reino Unido, com vão livre de 16,5 metros. O engenheiro alemão Dochring, reconheceu a utilidade do concreto protendido em 1920. Até o início da década de 60, os projetistas projetavam estruturas baseadas em concretos com resistência à compressão que variava de 15 a 20MPa. Na primeira norma brasileira de concreto, no Regulamento para as Construções em 1931, a resistência máxima à compressão (fck) estava limitada em 12MPa, que na época era expressa em termos de limite de resistência concreto à compressão para fins de dimensionamento, ou seja, fcd de 8MPa. Esse contexto também limitava a maior resistência média de produção do concreto como máxima viável em f28< 26MPa. Hoje em dia, é possível projetar e construir com tranqüilidade no Brasil estruturas com fcd de 36MPa, ou seja f’c de 50MPa o que corresponde a uma resistência media à compressão , aos 28 dias, acima de 60MPa. A utilização criteriosa dos agregados, do cimento somado ao surgimento dos aditivos redutores de água, e um rigoroso controle de produção do concreto 26 possibilitou nas últimas décadas do século XX o surgimento do concreto de alto desempenho. Concretos com resistências superiores a 60MPa foram produzidos na década de 80, e atualmente, concretos acima de 100MPa estão na capacidade de produção (EFFITING, 2004). 2.2.2 Viabilidade do concreto armado De acordo com Silva (2005), o material concreto armado é viabilizado pelo conjunto das três propriedades abaixo descritas. a. Aderência aço – concreto A aderência aço-concreto talvez seja a mais importante das propriedades do concreto armado. Ela é responsável pela transferência das tensões de tração não absorvidas pelo concreto para as barras da armadura, garantindo assim o perfeito funcionamento conjunto dos dois materiais. b. Coeficiente de dilatação térmica O coeficiente de dilatação térmica do aço e do concreto apresenta valores muito próximos (αconc = 1,0 x 10 -5°C e α aço = 1,2 x 10 -5°C). Esta propriedade garante que para variações normais de temperatura, exceto a situação de incêndio, não haverá acréscimo de tensão capaz de comprometer a perfeita aderência açoconcreto. c. Proteção da armadura contra corrosão A proteção da armadura contra a corrosão está intimamente relacionada com a durabilidade do concreto armado. Ela acontece de duas formas distintas: a proteção física e a proteção química. A proteção física é garantida quando se atende aos requisitos de cobrimento mínimo preconizado pela NBR 6118/2003 que protege de forma direta as armaduras contra intempéries. A proteção 27 química ocorre devido à presença da cal no processo químico de produção do concreto, que envolve a barra de aço dentro com concreto, que cria uma camada passivadora cujo pH se situa acima de 13, o que propicia condições inibidoras da corrosão. 2.2.3 Estudo do material concreto 2.2.3.1 Conceito e classificação Mehta e Monteiro (2005) definem concreto como um material poroso que consiste essencialmente de um meio contínuo aglomerante, dentro do qual estão mergulhadas partículas ou fragmentos de agregados. No concreto de cimento hidráulico, o meio aglomerante é formado por uma mistura de cimento hidráulico e água. O concreto é obtido por meio da mistura adequada de cimento, agregado fino, agregado graúdo e água. Em algumas situações são incorporados produtos químicos ou outros componentes, como micro sílica, polímeros, escórias de altoforno e outros. As adições têm a finalidade de melhorar algumas propriedades, tais como: aumentar a trabalhabilidade e a resistência e retardar a velocidade das reações químicas que ocorrem no concreto. Os concretos quanto a sua resistência à compressão aos 28 dias podem ser classificados em: a. concreto de baixa resistência: resistência à compressão menor que 20MPa; b. concreto de resistência moderada: resistência à compressão de 20 a 40MPa; c. concreto de alta resistência: resistência à compressão acima de 40MPa. O concreto de resistência moderada é o concreto normal usado na maioria das estruturas. O concreto de alta resistência é usado para aplicações especiais. 28 2.2.3.2 Componentes do concreto a. Cimento Portland O cimento é um aglomerante hidráulico obtido por meio da moagem do clínquer, material resultante da calcinação de materiais calcários e argilosos como o gesso. É permitida a adição de outros materiais como escórias de alto forno, pozolanas e material carbonático. (NEVILLE, 1982). O cimento Portland anidro só adquire a propriedade adesiva necessária para aglomerar os agregados miúdos e graúdos quando misturado à água. A reação química do cimento com a água, chamada de hidratação do cimento, gera produtos que possuem características de pega e endurecimento. b. Agregados Agregado é um material sem forma ou volume definido, de custo relativamente baixo, geralmente inerte, com dimensões e propriedades adequadas para a produção de argamassas e concreto. Os agregados são ditos inertes por não sofrerem, em tese, reações químicas quando presentes nas argamassas e concretos (BAUER, 2000). Devido à crescente compreensão do papel desempenhado pelos agregados na determinação de muitas propriedades do concreto, este ponto de vista tradicional, dos agregados como materiais inertes estão sendo seriamente questionados(MEHTA; MONTEIRO, 1994). Embora não participe das reações químicas de endurecimentos dos concretos, os agregados têm grande influência em suas propriedades entre as quais, estão: retração, resistência à abrasão, módulo de deformação, condutibilidade térmica e resistência ao fogo. Dentre as características dos agregados importantes para a Tecnologia do concreto estão: porosidade, composição granulométrica, absorção de água, forma e textura superficial das partículas, resistência à compressão, módulo de deformação e substâncias nocivas. 29 Os agregados de minerais naturais representam 90% dos agregados usados na produção do concreto. Os agregados provenientes de rejeitos industriais, tais como escória de alto forno, escória de aciaria, cinza volante, concreto reciclado e rejeitos selecionados de resíduos urbanos, apresentam grande potencial de utilização e têm sido objeto de estudos (MEHTA; MONTEIRO, 2005). Segundo Mehta e Monteiro (2005) o conhecimento de certas características dos agregados (massa específica, composição granulométrica e teor de umidade) é uma exigência para a dosagem dos concretos. A porosidade ou a massa específica, a composição granulométrica, a forma e textura superficial dos agregados determinam as propriedades do concreto fresco. Além da porosidade, a composição mineralógica do agregado afeta a sua resistência à compressão, dureza, módulo de elasticidade e sanidade, que por sua vez influenciam várias propriedades do concreto endurecido que contém o agregado. 2.2.3.3 Concreto fresco As principais propriedades do concreto fresco são consistência, trabalhabilidade e homogeneidade. a. Consistência A consistência é definida pela ACI (American Code Institute) como “a relação mobilidade ou facilidade de o concreto ou argamassa escoar” e pela ASTM (American Society for Testing and Materials) como a “resistência de um material não newtoniano à deformação” (BAUER, 2000). Essa propriedade corresponde a maior ou menor capacidade que o concreto fresco tem de se deformar; está relacionada ao processo de transporte, lançamento e adensamento do concreto e varia, em geral, com a quantidade de água empregada, granulometria dos agregados e pela presença de produtos químicos específicos. A determinação da consistência é realizada pelo abatimento do tronco de cone (slump) regulamentada pela NBR 7223/1996. b. Trabalhabilidade 30 A trabalhabilidade do concreto é definida pela ASTM, como a propriedade que determina o esforço necessário para manipular uma quantidade de concreto fresco com perda mínima de energia (MEHTA; MONTEIRO; 2005). A trabalhabilidade é composta por dois componentes principais que são a fluidez e a coesão. Ela é uma das características básica que deve ser atendida em tecnologia de concreto e depende da granulometria dos materiais sólidos, da incorporação de aditivos e, principalmente do fator água-cimento. c. Homogeneidade A distribuição dos agregados graúdos dentro da massa de concreto é um fator importante de interferência na qualidade do concreto. Quanto mais uniformes ou regulares os agregado graúdos se apresentarem dispersos na massa, melhor será a qualidade do concreto, principalmente quanto à permeabilidade e à proteção proporcionada à armadura. d. Adensamento O adensamento do concreto interfere sensivelmente na qualidade das estruturas. Consiste na mistura adequada dos componentes evitando bolhas de ar, vazios e segregação de materiais fazendo com que o concreto preencha todos os recantos das formas. O processo mais simples e usual é a vibração mecânica. e. Início do endurecimento (pega) do concreto Define-se o início da pega quando a consistência do concreto não permite mais sua trabalhabilidade. f. Cura do concreto O termo cura do concreto trata dos procedimentos destinados a promover a hidratação do cimento, consistindo do controle do tempo, temperatura e condições de umidade, imediatamente após a colocação do concreto nas formas (MEHTA; MONTEIRO, 2005). 31 A água usada na mistura do concreto não é totalmente empregada nas reações químicas, mas parte dela serve para controlar o calor gerado na reação (exotérmica) de hidratação. A relação tempo - resistência supõe condições de cura úmida e temperatura normal. Para um dado fator água - cimento quanto maior o período de cura úmida maior a resistência. A cura do concreto tem importância preponderante nas características de resistências.A cura do concreto em água permite a progressiva formação de gel na parte do cimento, tornando-o mais resistente e reduz a retração da peça na fase em que o concreto tem pouca resistência, fato este fundamental para evitar fissuras de retração, que podem comprometer a impermeabilidade de todo o conjunto (BAUER, 2000). 2.2.3.4 Concreto endurecido As principais propriedades mecânicas do concreto são: resistência à compressão e resistência à tração. Essas propriedades são determinadas a partir de ensaios, executados em condições específicas. No estágio atual de desenvolvimento de cálculo de estruturas de concreto armado, considera-se como aproximação razoável que a resistência do concreto para diversos tipos de solicitação seja função de sua resistência à compressão. a. Resistência à compressão Segundo Pinheiro. (2004) a resistência à compressão simples, denominada fc, é a característica mecânica mais importante. Seu valor é estimado em um lote de concreto no qual são preparados e moldados corpos-de-prova para ensaio. Para um número grande de corpos-de-prova é construída a Curva de Distribuição Normal ou Curva de Gauss, para a resistência do concreto à compressão. Nesta curva são encontrados os valores de fcm, resistência media do concreto à compressão e fck, resistência característica do concreto à compressão, que são de fundamental importância.O valor fcm é a média aritmética dos valores de fc para o conjunto de corpos-de-prova ensaiado, e é utilizado na determinação da resistência característica, fck, por meio da Equação 27. f ck f cm 1,65s (27) 32 sendo s o desvio padrão. A Figura 9 apresenta a distribuição normal de resistências. Figura 9: Distribuição normal dos resultados (Carvalho e Figueiredo, 2007). As classes de resistência do concreto são definidas em função do fck. b. Resistência à tração Em estruturas de concreto maciço, tais como barragens, é impraticável o uso de barras de aço. Portanto, uma estimativa confiável da resistência à tração do concreto é necessária, especialmente para se avaliar a segurança da barragem sob cargas sísmicas. (MEHTA; MONTEIRO, 2005). Existem três tipos de ensaio para se obter a resistência à tração: por flexotração, compressão-diametral (tração indireta) ou Lobo Carneiro e tração direta. c. Módulo de Elasticidade O conhecimento da relação entre tensão e deformação é de fundamental importância no projeto de estruturas de concreto. O módulo de elasticidade longitudinal para um ponto qualquer do diagrama σ – ε (tensão x deformação) é obtido pela derivada dσ/dε no ponto considerado, que representa a inclinação da tangente à curva no ponto. O valor do módulo tangente na origem tem grande interesse, uma vez que as tensões de serviço na estrutura não devem superar a 40% da tensão de ruptura do concreto, e neste 33 trecho inicial o diagrama σ-ε é praticamente linear. De acordo com a NBR 6118/2003 o módulo de elasticidade ou módulo de deformação tangente inicial é dado pela Equação 28. E ci 5600 f ck (28) com E ci e f ck dados em MPa. A Figura 10 apresenta o gráfico do módulo de elasticidade tangente. Figura 10: Módulo de Elasticidade tangente inicial (Pinheiro, 2004). O módulo de elasticidade secante a ser utilizado nas análises elásticas de projeto, principalmente para determinação dos esforços solicitantes e verificação dos estados limites de serviço deve ser calculado por meio da Equação 29. Ecs 0,85E ci (29) A norma NBR 8522/2003 define o módulo de deformação secante Ecs como “o valor numérico do coeficiente angular da reta secante ao diagrama tensãodeformação específica, passando pelos seus pontos A e B correspondentes, respectivamente, à tensão de 0,5MPa e à tensão considerada no ensaio”, conforme a Figura 11 . 34 Figura 11: Módulo de deformação secante (NBR 8522/2003). d. Coeficiente de Poisson e módulo de elasticidade transversal A relação entre a deformação transversal e a longitudinal é denominada coeficiente de Poisson e indicada pela letra . Para tensões de compressão menores que 0,5 fc e de tração menores que fct pode ser adotado =0,2. O coeficiente de Poisson geralmente não é necessário para a maioria dos cálculos em projeto de concreto; entretanto, ele é necessário para a análise estrutural de túneis, barragens em arco e outras estruturas estaticamente indeterminadas (MEHTA; MONTEIRO, 2005). O módulo de elasticidade transversal pode ser considerado Gc=0,4.Ecs (MEHTA; MONTEIRO, 2005). 2.2.3.5 Fatores que influem nas propriedades do concreto Segundo Pinheiro (2004) os principais fatores que influem nas propriedades do concreto são: tipo e quantidade de cimento, qualidade da água e relação água-cimento, tipos de agregados, granulometria e relação agregado-cimento; presença de aditivos e adições, procedimento e duração da mistura, condições e duração de transporte e de lançamento, condições de adensamento e cura, forma e dimensões do corpo-de-prova, 35 tipo e duração do carregamento, idade do concreto, umidade e temperatura. 2.3 Estudo do aço O aço é um produto siderúrgico obtido por via líquida, com teor de carbono inferior a 2%. Os aços utilizados nas estruturas de concreto apresentam teor de carbono entre 0,4% e 0,6%. Esses aços são encontrados comercialmente na forma de barras ou fios, devendo satisfazer as prescrições da norma (MORAIS; REGO, 2005). Os tipos de aço normalizados pela NBR 7480/1996 são definidos em função da sua resistência característica ao escoamento (fyk) e de sua classe A ou B conforme Tabela 1. Tabela 1 Tipos de aço para concreto armado. Tipo Classe fyk(MPa) CA-25 A 250 CA-50 A ou B 500 CA-60 B 600 2.3.1 Diagrama característico Os valores característicos da resistência ao escoamento fyk, da resistência à tração fstk e da deformação última de ruptura εuk, no diagrama de σ x ε do aço, são obtidos de ensaios de tração realizados segundo a NBR 6152/1992. O valor de fyk para os aços sem patamar de escoamento é o valor da tensão correspondente à deformação permanente de 0,2%. Admite-se um comportamento na compressão análogo ao na tração. Na parte correspondente à tração, o alongamento é limitado em 1%, ou seja, ao valor que caracteriza o estado limite de deformação plástica excessiva. Na parte correspondente à compressão, o encurtamento limitado em 0,35%, porque o concreto comprimido solidário à armadura sofre ruptura com encurtamentos não superiores a 0,35% conforme Figura 12. 36 Figura 12: Gráfico tensão – deformação do aço (Carvalho e Figueiredo, 2007). Na falta de ensaio ou valores fornecidos pelos fabricantes, o valor do módulo de elasticidade do aço pode ser admitido igual a 210GPa. 2.4 Escória de aciaria 2.4.1 Introdução A escória de aciaria é um subproduto siderúrgico formado por óxidos básicos, resultantes da agregação de elementos que não estarão presentes na composição do aço. Os tipos e quantidades dos óxidos presentes na escória de aciaria dependem do tipo de matéria prima utilizada, do tipo do aço que se pretende obter, e até mesmo do tipo de forno e de seu revestimento (NASCIMENTO, 2007). Há dois processos para fabricar aço que são o processo de oxigênio básico e o processo do arco elétrico. O processo do oxigênio básico é usado para refinar o lingote de ferro, enquanto o processo do arco elétrico é usado para produzir aço a partir de sobras. 37 No caso da transformação do ferro gusa, o processo é feito a partir do sopro do oxigênio um conversor LD (conversor Linz-Donawitz), onde não é necessária uma fonte de calor externo, devido à oxidação do carbono, silício e ferro, que geram energia suficiente para o processo; este é o processo mais utilizado no Brasil, e a escória de aciaria formada neste caso, também é denominada escória de conversor. (MASUERO, 2001). A Figura 13 representa o circuito da geração de resíduos na aciaria elétrica (FEA) e na aciaria à oxigênio (LD). Figura 13: Representação esquemática da produção de ferro-gusa e processos de produção do aço, com suas respectivas etapas de geração de escória (MASUERO, 2001). Após a saída do forno a escória é resfriada e britada. Após britagem, por meio de correias rolantes, a escória é separada por bitolas. No processo este resíduo passa por um eletroímã que separa a escória rica em ferro que poderá voltar para o forno. Existem basicamente três métodos de resfriamento da escória: ao ar, controlado com água e brusco com água ou ar. O primeiro é mais utilizado em escórias de aciaria, e o último para escórias de alto – forno. Ao ser resfriada, a escória sofre um choque térmico, uma fragmentação dos seus blocos, gerando um material denominado escória bruta de aciaria cuja granulometria varia entre 0 e 500mm. Conforme POLESE (2007) a Companhia Siderúrgica de Tubarão experimenta vários processos de resfriamento, tais como: resfriamento ultra- 38 lento, resfriamento lento, rápido e ultra-rápido. A escória separada por bitolas tem outras utilizações, como a indústria da construção civil ou como fertilizante e como corretivo de solo. Independentemente do método da produção, o método de tratamento da escória fresca é também importante para a qualidade e a composição da escória final (HENDRIKS et al, 2000). As características químicas e mineralógicas das escórias é um assunto complexo, considerando-se a própria matéria – prima, os diferentes processos de produção, de resfriamento e de cura da escória, o que, evidentemente, redunda numa composição química e mineralógica diferentes. De um modo geral, as características físicas e mecânicas típicas das escórias de aciaria se apresentam na elevada massa específica, grande dureza (6-7 na escala de Mohs), forma angular, média absorção de água (menor que 3%), boa resistência a abrasão (com um índice de Abrasão Los Angeles de 20-25), boas características de sanidade (menor que 12%) e elevado Índice de Suporte Califórnia (CBR até 300%). A diferença principal é a massa específica que é de 3,3 g/cm3 para escória LD e 3,5g/cm3 para escória FEA. Essa característica é muito importante para o uso em construções rodoviárias, hidráulicas, estabilização de encostas e berços de rios (GUMIERI, 2002). Os principais componentes são CaO (parcialmente, como cal livre), SiO2 e FeO/FeO3. Masuero (2001) usou a difração de raio X para estudo de uma amostra de escória de aciaria resfriada onde foram identificados diversos minerais como a wustita, a hematita e a larnita. A existência de silicatos de cálcio não hidratados, em especial a larnita, indica um fraco potencial para atividade hidráulica (MACHADO, 2000). A Figura 14 apresenta o difratograma de raio-X de uma escória de aciaria. 39 Figura 14: Difratograma de raios X de uma escória de aciaria in natura (Masuero, 2001). A escória de aço tem o grau de intertravamento do agregado e pode apresentar o fenômeno de expansão como resultado de: conversão do silicato β-dicálcio em silicato γ-dicálcio, hidratação de cal livre, oxidação de ferro livre. Existem vários parâmetros que influenciam na expansão das escórias de aciaria, os quais podem ser citados: a umidade, a temperatura, o tamanho dos graus, as impurezas orgânicas entre outros (MACHADO, 2000). Várias tecnologias e pesquisas encontram-se em andamento para estabilização das escórias para serem utilizadas em diferentes aplicações. Segundo Cincotto (1989) as escórias de aciaria retêm parte da cal virgem empregada para retirar os elementos fósforo, enxofre e silício do processo de refino de ferro-gusa para a produção de aço, a qual exposta ao ar pode apresentar expansão por hidratação. Albuquerque (2004) sugere em seu trabalho que o tratamento da escória consiste em armazená-la a céu aberto por períodos variáveis de 4 a 6 meses, irrigando periodicamente as pilhas, podendo assim o material ser empregado em diversas aplicações na construção civil. Masuero (2004) realizou um estudo experimental com escória de aciaria elétrica e verificou que o processo de resfriamento brusco mostrou-se adequado para 40 solucionar o problema de expansão apresentado pelo material. A utilização da técnica de resfriamento por parte da indústria siderúrgica é extremamente favorável tanto do ponto de vista ambiental, pelo fato de não necessitar de grandes áreas de descarte para o resíduo, viabilizando seu uso, como no âmbito social, utilizando um material substitutivo ao cimento, tornando-se uma alternativa de material de construção de custo inferior e de igual qualidade. 2.4.2 Utilização da escória como agregado na construção civil . Segundo Hendriks et al., (2000), reutilização e reciclagem não são fenômenos novos, rejeitos de materiais começaram a ser usados em construções na Holanda em 1920. Durante esse período, entulho e escória eram processados como agregados no então chamado concreto de brita, usado para a construção de edifícios residenciais, embora em escala limitada. Rejeitos de materiais eram também reutilizados em outros países. Em Avesta (Suécia), por exemplo, ainda há um forno de rocha de escória de aço que data de 1874. Os agregados artificiais possuem massa específica diferente dos agregados naturais. Os de massa específica mais elevada são utilizados cada vez mais em diversos países, por exemplo, como no Reino Unido, porque está sendo observada uma falta cada vez mais acentuada de agregados naturais utilizáveis para concreto. O uso de agregados artificiais é um passo natural para a solução desse problema, sendo os mesmos obtidos de detritos, que é uma solução conveniente (BAUER, 2000). Matérias-primas primárias são materiais naturais, de origem mineral ou vegetal, que devem ser processados antes de serem utilizadas. Matérias-primas secundárias são aquelas recuperadas, reutilizáveis. Os materiais são coletados, separados, classificados, preparados ou tratados e finalmente processados. A tabela 2 apresenta segundo Hendriks et al. (2000), a substituição de materiais primários por secundários na construção civil. 41 Tabela 2.: Substituição potencial de materiais primários por secundários. Materiais primários Materiais secundários Areia Areia peneirada Areia reciclada peneirada Cinzas combustíveis pulverizadas Escórias de incineradores de entulhos Areia de escória de alto-forno Areia de escória fosfórica Escória de LD fino Areia de concreto e Areia peneirada alvenaria Areia reciclada misturada Areia de tijolos Areia peneirada calcários Brita Concreto granulado Alvenaria granulada Granulado misto Agregado artificial Escória de alto-forno Escória de incineradores de entulho Escória fosfórica Escória de aciaria LD Rocha natural triturada Concreto granulado Alvenaria granulada Granulado misto Escória de alto-forno Escória fosfórica Escória LD Fonte: Hendriks et al. 2000 Na Holanda, toda a escória de aço produzida é reutilizada em construções de engenharia hidráulica e na construção de estradas, e em último caso também em bases ou em aterros. Isso resulta em uma economia das matérias-primas de 400 mil toneladas de areia de aterro e 100 mil toneladas de asfalto de engenharia hidráulica (HENDRIKS, 2000). Grandes quantidades de escória de aço são também comercializadas na Bélgica e na Alemanha. 42 A utilização de resíduos para fins diversos deve necessariamente ser acompanhada de uma avaliação dos problemas ambientais que este processo pode acarretar. Os resíduos são classificados em função de seus riscos potenciais ao meio-ambiente e à saúde pública. A periculosidade de um resíduo é função das propriedades físicas, químicas ou infecto-contagiosas que possam apresentar (OLIVEIRA; HOLANDA., 2004). Neste contexto, concreto contendo agregados de escória de aciaria está sujeito à legislação ambiental na qual é imperativa a análise do impacto ambiental causado pela incorporação do resíduo. As análises de risco ambiental causada pela utilização de resíduos sólidos da siderurgia no concreto baseiam-se no risco da utilização e descarte final do concreto. A preocupação está relacionada à possibilidade de lixiviação e diluição em meio líquido de elementos poluentes como metais pesados ou substâncias tóxicas no meio ambiente (MANSO; 2006). Segundo Peavy (1985), citado por OLIVEIRA E HOLANDA (2004), um resíduo que é totalmente incorporado na forma de produto final perde sua identidade como resíduo. Lima (1999) realizou na Espanha um estudo da utilização da escória de aciaria de forno elétrico como agregado miúdo e graúdo para concreto. Os resultados apresentaram melhor desempenho, quanto às resistências mecânicas, dos concretos de escória em relação aos agregados convencionais. Foram realizados ensaios de durabilidade, ataque por sulfatos, carbonatação, ataques da água do mar e reação álcali-agregados. A escória de aciaria apresentou bom desempenho frente aos ensaios. Moura (2000) em seu estudo “Uso de Escória de cobre como adição e como agregado miúdo para concreto” concluiu que a utilização da escória de cobre como parte do agregado miúdo, até 40% em volume, proporciona melhor desempenho quanto às propriedades mecânicas. Silva (2001) investigou o desempenho do concreto produzido com agregado graúdo de escória de ferro-cromo e verificou que a relação água-cimento e a idade exercem efeitos significativos na resistência do concreto a compressão. 43 Machado et al. (2002) estudou o emprego das escórias de aciaria como agregados na construção civil e verificou que a expansibilidade da escória está diretamente ligada ao tamanho dos grãos. O tempo de estabilização está relacionado com o tamanho das partes de escória expostas à umidade e ao CO2 na pilha de estocagem. Manso et al. (2006) verificou que durabilidade do concreto com escória é aceitável e menor que a durabilidade do concreto convencional. O estudo do desempenho ambiental foi realizado por meio do ensaio de lixiviação e comprovado que os efeitos de alguns elementos tóxicos presentes ficaram encapsulados no concreto. Nascimento (2007) verificou o potencial para uso da escória proveniente da reciclagem do aço em concreto de cimento Portland, em substituição total aos agregados convencionais (areia e brita) em concretos não estruturais e conclui que estatisticamente o desempenho dos dois concretos foi igual. 2.5 Planejamento de Experimentos e análise estatística dos dados Uma abordagem científica deve ser utilizada para o planejamento de um experimento. Esta abordagem é identificada por meio do termo planejamento estatístico de experimentos, que se refere ao procedimento de planejar um experimento de forma que dados apropriados sejam coletados em tempo e custos mínimos. A análise destes dados por meio de técnicas estatísticas resultará em conclusões confiáveis. É importante destacar que a utilização das técnicas estatísticas é a única abordagem objetiva de análise, quando o problema envolve dados que estão sujeitos a erros experimentais (WERKEMA E AGUIAR; 1996). Portanto, há dois aspectos em qualquer estudo experimental: planejamento do experimento e a análise estatística dos dados. Os princípios básicos do planejamento de experimentos são: réplica, aleatorização e formação de blocos. As réplicas são repetições do experimento feitas sob as mesmas condições experimentais. A realização de réplicas é importante pelos seguintes motivos: as réplicas permitem a obtenção de uma estimativa da variabilidade do erro experimental, 44 por meio da escolha adequada do número de réplicas é possível detectar com a precisão desejada, quaisquer efeitos produzidos pelas diferente condições experimentais que sejam consideradas significantes do ponto de vista prático. A aleatorização é uma técnica de planejamento experimental puramente estatística em que a seqüência dos ensaios e a escolha dos produtos ou parâmetros que serão utilizados nesses ensaios também é aleatória. Blocagem é uma técnica para garantir a homogeneidade do material utilizado, para uma maior precisão, reduzindo a influência de variáveis incontrolávies( fonte perturbadoras). Os planejamentos experimentais são classificados em: completamente aleatorizado com um único fator: apropriado quando somente um fator experimental está sendo estudado, fatorial: quando vários fatores devem ser estudados em dois ou mais níveis e as interações entre os fatores é importante, fatorial 2R em blocos: quando o número de ensaios necessários para o planejamento com R fatores em dois níveis possíveis é muito grande para que sejam realizados sob condições homogêneas, fatorial 2R fracionado: quando o número de fatores é grande, blocos aleatorizados: quando existem fatores perturbadores emprega-se a divisão em blocos ou grupos homogêneos, quadrados latinos: quando é suposta a ausência de interação, superfícies de resposta: fornece mapas empíricos ou gráficos de contorno. No trabalho foi utilizado o planejamento com um único fator, por ter sido avaliado o efeito do tipo de agregado, natural ou de escória de aciaria, no comportamento mecânico de vigas de concreto armado. 2.5.1 O Modelo de Variância de Efeitos Fixos No modelo de efeitos fixos são testadas hipóteses sobre as médias dos tratamentos e as conclusões obtidas são aplicáveis somente aos níveis do fator 45 considerado na análise. Os k níveis são especificados “a priori” pelo experimentador. O objetivo do estudo é avaliar se o fator que está sendo considerado exerce ou não algum efeito significativo sobre a variável resposta de interesse (MONTGOMERY et al; 2001). 2.5.1.1 Análise estatística. No modelo de efeitos fixos, os efeitos dos tratamentos ( i ) são definidos como desvios da média global, conforme Equação 30. i i (30) onde i é a média do í-ésimo tratamento e 1 k i . k i 1 O objetivo do estudo realizado é verificar se as médias 1 2 ....... k são iguais ou não, o que é equivalente a testar se os efeitos dos tratamentos (os i ) são iguais a zero ou não. Este teste pode ser expresso por: H 0 : 1 2 ...... k 0 H 1 : i 0 para pelo menos um í. O procedimento para testar as hipóteses acima é a análise de variância. A Tabela 3 apresenta a forma de apresentação dos dados na análise de variância com um único fator. Tabela .3: Apresentação dos dados. Tratamento (nível) Observações Totais Média 1 x11 x 22 ..............x1n x1 x1 2 x 21 x 22 ............x 2 n x2 x2 . ...................... k x k 1 x k 2. ..........xkn . . xk xk 46 As Equações 31, 32 e 33 apresentam as fórmulas para cálculo das somas de quadrados total, entre tratamentos e residual. k n SQT xij2 i 1 j 1 x kn 2 (31) x2i x2 n kn (32) SQR SQT SQE (33) k SQE i 1 As Equações 34 e 35 apresentam as fórmulas dos quadrados médios entre tratamentos e residual. QME SQE k 1 (34) QMR SQR k (n 1) (35) A Tabela 4 apresenta a análise de variância para um fator. Tabela 4: Tabela de Análise de Variância para um Fator. Fonte de variação Soma dos quadrados Graus de Quadrado liberdade Médio Entre tratamentos SQE k-1 QME Residual SQR k(n-1) QMR Total SQT kn-1 F0 F0=QME/QMR A regra de decisão para amostra de mesmo tamanho é: se F0 >Fα(k-1, k(n-1)) concluir, com 100(1-α)% de confiança, que as médias dos tratamentos são diferentes, ou se p-valor = P[(F(k-1), k(n-1))≥F0 ] < α concluir, com 100(1-α)% de confiança, que as médias dos tratamentos são diferentes. Nas expressões acima Fα(k-1, k(n-1)) é o 100(1-α)º percentil da distribuição de Fischer com r-1 graus de liberdade para o numerador e k(n-1) graus de liberdade para o denominador. 47 Para construir intervalos de confiança para a média i do i-ésimo tratamento e para as diferenças i j com i≠j devem ser utilizadas as expressões constantes na Tabela 5. Tabela 5: Estimação dos parâmetros para análise de variância de um fator. Estimação pontual: Estimação por intervalo: ˆ x... Média ˆi i xi x i : xi t / 2,k ( n 1) ̂ i xi QMR n i j xi x j , para i≠j. Vˆ 2 QMR Diferença entre médias: ( xi x j ) t / 2,k ( n 1) 2QMR n Nas expressões acima é a média geral de todos os tratamentos ou níveis, i é o efeito do i-ésimo tratamento, i é a média do i-ésimo tratamento, V 2 é a variância do componente do erro aleatório do modelo, t / 2,k ( n1) é o 100(1 / 2)º percentil da distribuição t de Student com k(n-1) graus de liberdade e o símbolo (٨) representa a estimativa do parâmetro de interesse. 2.5.1.2 Verificação da adequação do modelo O modelo de análise de variância assume que as observações são independentes com distribuição normal de mesma variância em cada tratamento. A validade destas suposições deve ser verificada por meio da análise dos resíduos. Um resíduo é definido como a diferença entre uma observação e a média do tratamento correspondente de acordo com a Equação 36. eij xij xi (36) A verificação da adequação do modelo de análise de variância deve ser feita por meio do estudo dos seguintes gráficos: gráficos de resíduos contra ordem de coleta das observações, gráficos de resíduos contra média x i , gráfico de probabilidade normal. 48 2.5.2 Critério de Chauvenet Ao realizar-se uma seqüência de n medições de um mesmo objeto, é possível a ocorrência de alguns resultados estranhamente fora da distribuição estatística esperada. Esses resultados anômalos podem afetar sensivelmente a média e comprometer a exatidão do processo. É razoável, portanto, algum critério para descarte dos mesmos. O critério de Chauvenet é um dos métodos mais simples e mais usados para definir os resultados que devem ser desprezados. Para uma seqüência de n medições que estatisticamente seguem o comportamento comum da distribuição normal pode-se rejeitar resultados cujas probabilidades sejam menores que 1/(2n). Isto significa que resultados considerados “bons” estão dentro de uma faixa cuja probabilidade [1-1/(2n)] Os valores aceitáveis estão dentro da faixa (média ± c. desvio), sendo o coeficiente C encontrado em tabela própria de acordo com o número de medições. 49 3 METODOLOGIA 3.1 Caracterização física dos materiais Esta etapa do procedimento experimental teve por objetivo a caracterização física dos materiais. Nesta fase do procedimento experimental foram utilizados os materiais: Cimento CPV-ARI-RS, Areia lavada grossa natural, Brita 0 calcária, Brita 1 calcária, Escória granulada de aciaria, Água da rede de abastecimento do CEFET-MG (COPASA-MG). As amostras foram recebidas no Laboratório de Ensaios de Materiais de Construção do CEFET-MG onde foram identificadas e armazenadas. Em seguida foi realizada a redução da amostra de campo para os ensaios, por procedimento de acordo com a NBR NM 27/00. Cada amostra foi acondicionada em vidro transparente e devidamente identificada, afim de compor banco de amostras. As amostras para os ensaios foram identificadas como: amostra 53: escória granulada (0 - 4,8)mm, amostra 54: escória granulada (4,8 - 9,5)mm, amostra 55: escória granulada (9,6 – 12,5)mm, amostra 56: escória granulada (12,5 – 25)mm, amostra 57: areia grossa lavada, amostra 58: brita 0, amostra 59: brita 1. 3.1.1 Caracterização física do cimento O cimento Portland utilizado na fabricação do concreto experimental foi o CPV, denominado também como ARI-RS (resistente a sulfatos). Esse cimento é 50 fabricado com adição de escória, em teores superiores a 20%. A escolha do cimento deveu-se a sua característica básica alta resistência inicial. As propriedades físicas e químicas do cimento utilizado foram fornecidas pelo fabricante conforme Tabela 6. Tabela 6 : Propriedades físicas e químicas do cimento CPV ARI–RS Propriedades Peneira 0,40 mm (%) 2 Blaine cm /g a/c Início de pega (min.) Fim de pega (min.) Resistência à compressão 1 dia (MPa) Resistência à compressão 3 dias (MPa) Resistência à compressão 7 dias (MPa) Resistência à compressão 28 dias (MPa) CO2 (%) PF 500ºC (%) PF 1000ºC Resíduos Insolúveis (%) SO3 (%) Fornecido pela Holcim Brasil Fev/2008. Valor/Média 3,26 4485 29,7 161 211 20,0 35,1 43,3 53,3 2,77 0,63 3,82 0,81 2,45 Limite de Norma ≤6 ≥ 3000 ≥ 60 ≤ 600 ≥ 11 ≥ 24 ≥ 34 ≤3 ≤ 4,5 ≤ 1,5 ≤4,5 3.1.2 Caracterização física dos agregados Para caracterização física dos agregados foram realizados os ensaios de granulometria, massa específica, massa unitária, material pulverulento e teor de umidade. Em todos os ensaios foram atendidas as prescrições estabelecidas pelas normalizações da ABNT. 3.1.2.1 Granulometria A composição granulométrica foi obtida pelo ensaio de peneiramento do agregado, onde foram verificadas as porcentagens, em massa, retidas acumuladas, em um conjunto de peneiras padronizadas conforme a NBR 7217/1987. 51 3.1.2.2 Massa Específica A massa específica do agregado miúdo natural e escória de aciaria foram determinadas de acordo com o método prescrito pela NBR 9776/1987, por meio do frasco de Chapmann. Para os agregados graúdos, natural e escória de aciaria, a massa específica foi determinada pelo método prescrito pela NBR 9937/1987. 3.1.2.3 Massa Unitária A massa unitária dos agregados natural e escória de aciaria foi determinada de acordo com a NBR 7251/1982. 3.1.2.4 Teor de umidade O teor de umidade foi determinado segundo prescrições indicadas à NBR 6467/1987. 3.1.2.5 Teor de materiais pulverulentos O teor de materiais pulverulento foi obtido para os agregados miúdos (areia e escória de aciaria (0-4,8)mm, de acordo com a NBR 7211/1987. 3.2 Propriedades mecânicas do concreto Esta etapa do procedimento experimental teve por objetivo a comparação das propriedades mecânicas do concreto convencional e com escória de aciaria para fabricação do concreto com características estruturais em seu estado fresco e endurecido. 52 As propriedades mecânicas de resistência à compressão e resistência à tração foram comparadas aos 3, 7 e 28 dias. Aos 28 dias, os corpos-de-prova foram instrumentados com extensômetros elétricos de resistência, strain gage e clipe gage, para determinação do módulo de elasticidade do concreto convencional e com escória de aciaria. 3.2.1 Dosagem do concreto Para a produção dos concretos convencional e de escória de aciaria foram produzidas dosagens de C30 adaptadas dos traços de referência estudados desde 2006 pelos pesquisadores do Grupo RECICLOS – CNPq/CEFET-MG. O fator água – cimento foi determinado para atendimento às prescrições da NBR 6118/2003, segundo tipo de concreto e sua utilização. Os agregados de escória de aciaria utilizados para a produção do traço experimental foram segregados granulometricamente, em atendimento às faixas granulométricas indicada pelas NBR 7217/1987 para agregados miúdos e graúdos. Os agregados naturais, foram classificados granulometricamente, mas conservaram suas características, conforme obtidos no mercado local (Belo Horizonte). O proporcionamento em massa para o concreto natural e concreto com escória de aciaria, com resistência prevista de 30MPa aos 30 dias apresenta-se na Tabela 7. 53 Tabela 7: Traço do concreto convencional e concreto com escória de aciaria. C30 Cimento Peso (kg) Escória Escória Escória (0-4.8)mm (9,512,5)mm (12,5-25)mm (areia) (brita 0) (brita 1) Fator a/c Natural 1 2 0,44 2,26 0,6 Escória de 1 2,65 1,49 1,49 0,6 aciaria 3.2.2 Consistência do concreto A determinação da consistência do concreto fresco foi procedida segundo ensaio de abatimento pelo tronco de cone, denominado slump, NBR NM 67/1998. 3.2.3 Moldagem e cura dos corpos-de-prova A moldagem e cura dos 48 corpos-de-prova (concreto convencional e concreto com escória de aciaria) seguiram as recomendações da NBR 5738/1994. Os equipamentos utilizados nesta etapa foram: balança com resolução de 0,02 kg, bureta com capacidade de 1000ml e resolução de 1 ml, mesa vibratória para adensamento do concreto, moldes cilíndricos metálicos de 10 x 20cm. Os corpos-de-prova foram desmoldados em 24 horas e a cura foi submersa. 3.2.4 Resistência à compressão e resistência à tração por compressão diametral Aos 3, 7 e 28 dias foram realizados os ensaios de resistência á compressão e resistência à tração por compressão diametral nos corpos-de-prova de concreto convencional e reciclado. Os corpos-de-prova foram ensaiados na Máquina EMIC 200tf do Laboratório de 54 Comportamento Mecânico do Departamento de Engenharia Civil do CEFETMG. Os corpos-de-prova, após capeamento com enxofre, foram ensaiados conforme a NBR 5739/1994 para resistência à compressão e conforme a NBR 7222/1994 para tração por compressão diametral. A Figura 15 apresenta o ensaio de compressão e o ensaio de tração por compressão diametral dos corpos-de-prova. (a) Ensaio de compressão. Figura 15: Ensaio dos corpos-de-prova. (b) Ensaio de tração. 3.2.5 Determinação do módulo de elasticidade Aos 28 dias os corpos-de-prova, em número de 3 para cada tipo de concreto, foram instrumentados com strain gages e clipe gage para determinação do módulo de elasticidade. O strain gage utilizado nos corpos-de-prova de concreto convencional e de concreto com escória de aciaria foram do tipo KC-80-120-A1-11, ksg=2,13, 84mm da marca Kyowa para concreto. Para a instalação dos strain gages os corpos-de-prova foram limpos e sua imperfeições corrigidas com massa plástica. Após 24 horas, o excesso de massa plástica foi lixado e as superfícies limpas com acetona PA. Os strain gages foram colados com cola à base de cianocrilato. A posição de colagem foi definida em função do parâmetro a ser estudado. 55 Para determinação do módulo de elasticidade foram afixados dois strain gages em posições verticais diametralmente opostas Após o tempo de cura do adesivo de 24 horas, os corpos-de-prova foram capeados com enxofre. Foi realizada a ligação a 4 fios nos terminais dos strain gages colados aos corpos-de-prova. A figura 16 apresenta o esquema da ligação a 4 fios do sistema de aquisição de dados. Figura 16: Esquema da ligação 4fios Optou-se pela medição das deformações a partir da leitura direta da variação da resistência utilizando-se o método a 4 fios. Segundo Feijó et al. (1996), em um dos pares de fios aplica-se uma corrente constante (independente das resistências associadas e de suas variações, desde que a potência do gerador seja suficiente). No outro par lê-se a variação de resistência diretamente nos terminais do sensor. Como a resistência interna do voltímetro é muito alta (da ordem de MΩ), este par também fica independente das resistências dos fios e das suas variações,cujos valores são sempre muito menor que a do aparelho medidor. O sistema de medição independe das resistências do cabeamento e dos contatos. Os corpos-de-prova de concreto convencional foram identificados como CC13, CC14 e CC15. Os corpos-de-prova de concreto com escória foram identificados como CE13, CE14 e CE15. 56 Os strain gages foram identificados pelo canal a que estavam ligados no aparelho de aquisição de dados da marca HP 34970A. Os strain gages colados longitudinalmente foram identificados com numeração ímpar a partir do canal 101 e aqueles colados horizontalmente com números pares a partir do canal 102. A Figura 17 apresenta o esquema da colagem dos strain gages nos corpos de prova e os corpos de prova prontos para o ensaio. (a) Esquema de colagem dos SG (b) Corpos de prova com strain gage. Figura 17: Corpos-de-prova com strain gages O sistema foi configurado para medir a variação da resistência elétrica dos strain gages por meio do sistema de aquisição de dados HP 34970A. Os strain gages, em repouso, de todos os corpos-de-prova foram ligados ao aparelho de aquisição de sinais para estabilização e obtenção da leitura inicial da resistência. Antes de cada ensaio foi verificada a condição dos strain gages, da solda e dos cabos. O clipe gage utilizado foi o modelo EEDA (EMIC) dotado de sensores eletrônicos localizados em seu núcleo. O acessório EEDA visa à medição de deformações em materiais de pequenos alongamentos, como o concreto e a madeira. Os dados do clipe gage foram processados por software especializado. O corpo-de-prova instrumentado com os dois tipos de técnica e pronto para o ensaio é apresentado na Figura 18. 57 Figura 18: Corpo-de-prova pronto instrumentado. 3.2.5.1 Tratamento dos dados obtidos Para cada um dos corpos-de-prova de concreto convencional e concreto com escória foram traçados gráficos de σ x ε para os valores obtidos pelo clipe gage da máquina EMIC e por cada um dos strain gages instalados. A partir da curva σ x ε traçou-se a tangente à curva do ponto 0,5 até 30% da tensão máxima encontrando-se assim a equação da reta tangente e o módulo tangente inicial denominado de Eci. Nos gráficos adotou-se a denominação “emic” para os dados provenientes do clipe gage e os números dos canais para os strain gages. Para os valores encontrados foi calculado a média, o desvio – padrão e o coeficiente de variação. Os limites de confiança foram obtidos pelo critério de Chauvenet. 3.3 Deformações nas vigas de concreto armado convencional e de concreto armado com escória de aciaria 3.3.1 Determinação do modelo físico As dimensões do modelo físico empregado na pesquisa basearam-se na possibilidade de realização dos ensaios na máquina EMIC, 200tf, disponível no 58 Laboratório de Comportamento Mecânico do Departamento de Engenharia Civil do CEFET-MG. As vigas foram dimensionadas adotando-se duas barras, aço CA50-A, de 10mm na zona tracionada, aço CA50-A, definindo-se assim sua capacidade resistente. Foram colocados estribos de 5mm a cada 10cm do ponto de aplicação da força até cada borda externa, exceto no vão entre as duas cargas aplicadas. Na parte superior da viga foram colocadas duas barras de 5mm. Para atender as prescrições normativas indicadas pela NBR 6118/2003, ancoragem do aço, houve a necessidade da colocação de balanços laterais com 20cm de comprimento. A escolha preliminar do diâmetro da armadura atendeu às especificidades do procedimento de fixação dos strain gages. Foram construídas 4 vigas de concreto armado convencional e 4 vigas de concreto com escória de aciaria. Essas vigas foram dimensionadas para resistir aos mesmos esforços tendo sido armadas de forma idêntica. O projeto das vigas apresenta-se na Figura 19 a seguir. 59 2 x Ø5,0 mm 30 Ø5,0 mm c/10 2 x Ø10,0 mm 12 20 15 15 F 20 15 15 20 15 20 F 15 Figura 19: Projeto das vigas. As vigas foram submetidas à flexão. 3.3.2 Instrumentação das vigas As vigas foram instrumentadas em seu ponto central, em ambos os lados, no concreto e no aço conforme apresentado na Figura 20. 60 Figura 20: Esquema ilustrativo de instrumentação das vigas No concreto foram colados strain gages na face superior da viga para medida da deformação por compressão máxima. No aço foram colados strain gages nas barras de 10mm, em posição correspondente ao strain gage do concreto, para medir a deformação por tração. Em uma barra de cada um dos tipos de vigas, concreto convencional e concreto com escória de aciaria, foram colados dois strain gages, sendo um na face superior da barra e outro na face inferior.O objetivo da colagem foi a verificação da existência de diferenças significativa entre as medidas obtidas em cada face para a mesma posição. As armaduras foram instrumentadas em seu vão central por strain gages da marca Kyowa, tipo KFG-5-120-C1-11, específico para o aço, com ksg=2,10 e comprimento de 5mm. A armadura foi instrumentada com strain gages nas posições definidas e protegidas contra umidade. A Figura 21 apresenta o detalhe do strain gage colado à barra de aço e o strain gage com a proteção contra umidade já aplicada. 61 (a) Strain gage das barras. Figura 21: Strain gages do aço (b) Strain gage com proteção. Os strain gages em repouso de todas as barras foram ligados ao aparelho de aquisição de sinais para estabilização e obtenção da leitura inicial da resistência por um período de 24 horas conforme Figura 22. Os strain gages foram identificados com o número do canal do sistema de aquisição de dados em que estavam ligados. Figura 22: Medida do referencial em repouso das barras de aço. O sistema foi configurado para medir a variação da resistência elétrica dos strain gages por meio do sistema de aquisição de dados HP 34970A. Utilizou-se o programa Bench link para leitura e armazenamento dos dados no computador Para preparo e instrumentação do concreto das vigas utilizou-se os procedimentos e materiais já citados no subitem 3.2.5. As vigas de concreto com escória foram identificadas por VE1, VE2, VE3 e VE4 e as de concreto convencional por VC1, VC2, VC3 e VC4. As vigas VE1 e VC1 foram aquelas que continham uma das barras tracionadas instrumentadas dos dois lados. 62 A Figura 23 apresenta as vigas instrumentadas e prontas para ensaio. Figura 23: Vigas instrumentadas e prontas para ensaio. 3.3.3 Ensaio das vigas de concreto convencional e com escória de aciaria As formas foram confeccionadas e as vigas moldadas no Laboratório de Materiais de Construção Civil do CEFET-MG. Para que não ocorresse abertura das formas durante a vibração, foram colocados tirantes com parafusos nas formas de madeira conforme apresentado na Figura 24. Figura 24: Formas das vigas. O concreto convencional e com escória de aciaria foi misturado em betoneira com capacidade para 300 litros e adensado. 63 As vigas foram monitoradas durante todo o processo de carregamento para registro de possíveis eventualidades. A Figura 25 apresenta aspectos da viga durante a concretagem e a cura. (a) Concretagem das vigas . (b) Cura das vigas. Figura 25: Aspectos das vigas durante a concretagem. A Figura 26 apresenta detalhes da execução do ensaio das vigas. (a) Vista de topo da viga Figura 26: Ensaio das vigas. (b) Vista lateral da viga 3.3.4.1 Tratamento dos dados A partir dos dados obtidos para variação de resistência elétrica de cada um dos extensômetros calculou-se a deformação a partir da Equação 37. R Rk sg sendo, a deformação; R a diferença entre a resistência lida e a resistência inicial [ohm]; R a resistência inicial [ohm]; k sg o gage factor do strain gage. (37) 64 Com as deformações calculadas e com o módulo de elasticidade determinado no ensaio foi possível determinar as tensões para cada ponto. A tensão e deformação prevista foram calculadas de acordo com a Equação 38 da resistência dos materiais para a fase linear. M .y I (38) sendo, a tensão normal; M o momento fletor; I o momento de inércia da seção, em relação ao seu centro de gravidade; y a distância do centro de gravidade da seção ao ponto considerado. Apesar da viga ensaiada apresentar comportamento de viga - parede, a Teoria de vigas de Timoshenko permite o seu cálculo como elemento de barra na fase linear com resultados muito próximos dos obtidos pelo cálculo como elemento de placa. Para análise dos resultados experimentais obtidos para tipo de concreto, convencional e com agregados de escória de aciaria, foram comparadas as deformações experimentais com a prevista para a fase linear em todas as vigas. Como não existe uma norma específica para utilização do concreto armado com escória, para a avaliação de seu desempenho na fase linear, foi utilizada a comparação de suas deformações máximas nesta fase com as deformações máximas obtidas para o concreto convencional. Foi utilizada a estatística para análise das deformações das vigas em cada fase. Para cada par de strain gages do concreto e do aço, foi calculada a média, desvio-padrão e coeficiente de variação. Os valores dos limites máximos e mínimos foram encontrados segundo o critério de Chauvenet. Para verificar se existiam diferenças entre as médias da deformação máxima da fase linear destes dois tipos de concreto foi utilizada a técnica estatística de Análise de Variância. Foi utilizado o modelo de variância de efeitos fixos. 65 3.4 Análise do impacto ambiental do concreto com agregados de escória de aciaria. Os ensaios foram realizados em amostra de concreto com agregados de escória de aciaria e, para efeito de comparação, em amostra de concreto com agregados naturais. As amostras dos dois tipos de concreto foram obtidas pela trituração de corposde-prova executados na mesma betonada dos concretos das vigas. A amostra de concreto com escória foi identificada como amostra 4 e de concreto convencional como amostra 5. Foi realizada por empresa contratada uma análise física, química e orgânica. Os ensaios foram de caracterização da amostra bruta, de lixiviação e de solubilização de acordo com: NBR - 10.004: 2004 - Classificação de Resíduos Sólidos, NBR - 10.005: 2004 - Ensaio de Lixiviação, NBR - 10.006: 2004 - Ensaio de Solubilização, NBR - 10.007: 2004 - Amostragem dos Resíduos Sólidos, Métodos do Standard Methods of Water and Wastewater - 20a Edição/SW 846 – EPA. 66 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 Caracterização dos materiais 4.1.1 Granulometria Nos ensaios para determinação granulométrica dos agregados naturais e da escória de aciaria foram obtidos os resultados apresentados nas Figuras 27, 28, 29, 30, 31 e 32. 0% 100% 10% 90% 20% 80% 30% 70% 40% 60% 50% 50% 60% 40% 70% 30% 80% 20% 90% 10% 100% 0% 0,1 1 10 Diâmetro partículas (mm) Zona ótima Figura 27: Granulometria da areia natural. Zona utilizável Amostra 57 Passante Retida Areia Natural 67 0% 100% 10% 90% 20% 80% 30% 70% 40% 60% 50% 50% 60% 40% 70% 30% 80% 20% 90% 10% 100% 1 4,75 / 12,5 0% 100 10 Diâmetro partículas (mm) 9,5 / 25 19 / 31,5 25 / 50 Passante Retida Brita 0 37,5 / 75 Amostra 58 Figura 28: Granulometria da brita 0. Brita 1 0% 100% 10% 90% 1/4 80% 30% 70% 40% 60% 50% 50% 60% 40% 70% 30% 80% 20% 90% 10% 100% Passante Retida 20% 0% 1 10 100 Diâmetro partículas (mm) 4,75 / 12,5 4,75 / 12,5 25 / 50 9,5 / 25 9,5 / 25 25 / 50 19 / 31,5 9,5 / 25 37,5 / 75 25 / 50 19 / 31,5 37,5 / 75 Amostra 59 19 / 31,5 4,75 / 12,5 Figura 29: Granulometria da brita 1. A granulometria dos agregados naturais, areia, brita 0 e brita 1 permaneceram dentro dos limites aceitáveis. 68 0% 100% 10% 90% 20% 80% 30% 70% 40% 60% 50% 50% 60% 40% 70% 30% 80% 20% 90% 10% 100% Passante Retida Escória 0-4,8mm 0% 0,1 1 10 Diâmetro partículas (mm) Zona ótima Zona utilizável Amostra 53 Figura 30: Granulometria da escória (0-4,8)mm. A granulometria da escória de aciaria de diâmetro (0-4,8)mm ficou um pouco acima do limite superior para agregados finos. 0% 100% 10% 90% 20% 80% 30% 70% 40% 60% 50% 50% 60% 40% 70% 30% 80% 20% 90% 10% 100% Passante Retida Escória 9,6-12,5mm 0% 1 10 100 Diâmetro partículas (mm) 4,75 / 12,5 9,5 / 25 19 / 31,5 25 / 50 37,5 / 75 Amostra 55 Figura 31: Granulometria da escória 9,6-12,5mm. A granulometria da escória 9,6-12,5mm ficou abaixo do limite mínimo aceitável . 69 Escória 12,5-25mm Retida 10% 90% 20% 80% 30% 70% 40% 60% 50% 50% 60% 40% 70% 30% 80% 20% 90% 10% 0% 100 100% 1 10 Diâmetro partículas (mm) 4,75 / 12,5 9,5 / 25 19 / 31,5 25 / 50 Passante 100% 0% 37,5 / 75 Amostra 37 Figura 32: Granulometria da escória 12,5-25mm. A granulometria da escória de aciaria 12,5-25mm ficou acima do limite superior aceitável. Os dados relativos ao módulo de finura e diâmetro máximo são apresentados na Tabela 8. Tabela 8: Módulo de finura e diâmetro máximo dos agregados Areia Escória Brita 0 (0 – 4,8)mm Escória Brita 1 (9,5- 12,5)mm Escória (12,5-25)mm Módulo de finura 2,71 3,40 5,81 6,81 7,06 7,54 Diâmetro 4,80 4,80 9,50 12,50 25,00 25,00 Máximo O módulo de finura da escória de aciaria foi superior ao módulo de finura dos agregados naturais em todas as granulometrias. O diâmetro máximo apresentado pelos agregados artificiais foram iguais para a escória (0-4,8)mm e (12,5-25)mm e superior para o diâmetro (9,5-12,5)mm. 70 4.1.2 Massa Específica A Figura 33 apresenta os resultados dos ensaios de massa específica para todos os tipos de agregados. Massa específica dos agregados 3,50 Massa específica (g/cm3) 3,00 2,50 Areia Escória 0-4,8 Brita 0 Escória 9,5-12,5 Brita 1 Escória 12,5-25 2,00 1,50 1,00 0,50 0,00 Areia Escória 04,8 Brita 0 Escória 9,512,5 Brita 1 Escória 12,5-25 Figura 33: Massa específica dos agregados. Pode-se observar que a massa específica da escória de aciaria foi superior à massa específica dos agregados naturais para todas as faixas granulométricas. 4.1.3 Massa Unitária A Figura 34 apresenta os resultados da massa unitária dos agregados naturais e de escória de aciaria. 71 Massa unitária dos agregados 2,00 1,80 Massa unitária [kg/dm3] 1,60 1,40 Areia Escória 0-4,8 Brita 0 Escória 9,5-12,5 Brita 1 Escória 12,5-25 1,20 1,00 0,80 0,60 0,40 0,20 0,00 Areia Escória 04,8 Brita 0 Escória 9,512,5 Brita 1 Escória 12,5-25 Figura 34: Massa unitária dos agregados. A massa unitária dos agregados de escória foi superior à massa unitária dos agregados naturais para todas as faixas granulométricas. 4.1.4 Teor de umidade A Figura 35 apresenta teor de umidade das amostras dos agregados ensaiadas. Teor de umidade dos agregados 12 Teor de umidade [%] 10 8 Areia Escória 0-4,8 Brita 0 Escória 9,5-12,5 Brita 1 Escória 12,5-25 6 4 2 0 Areia Escória 0-4,8 Brita 0 Escória 9,512,5 Figura 35: Teor de umidade dos agregados. Brita 1 Escória 12,525 72 Os agregados naturais apresentaram um teor de umidade inferior ao teor de umidade apresentado pelos agregados de escória de aciaria em todas as faixas granulométricas. 4.1.5 Material pulverulento A Figura 36 apresenta a porcentagem de material pulverulento encontradas nas amostras de agregados miúdos da areia natural e escória 0-4,8mm. Material pulverulento - agregados miúdos 10 9 Material pulverulento[%] 8 7 6 Areia Escória 0-4,8 5 4 3 2 1 0 Areia Escória 0-4,8 Figura 36: Material pulverulento dos agregados miúdos. A presença desse material é limitada, pela norma NBR 7211/2004, para agregados naturais miúdos, em 3% em massa do agregado, para concreto submetido a desgaste superficial, e 5% em concretos protegidos do desgaste superficial (SBRIGHI, 2005). A presença excessiva dessas partículas pode afetar a trabalhabilidade e provocar fissuração no concreto aumentando o consumo de água por metro cúbico (SBRIGHI, 2005). O agregado fino de escória de aciaria apresentou um teor de material pulverulento de 9% e a areia de 0,4%. 73 4.1.6 Consistência do concreto A Figura 37 apresenta o slump do concreto convencional e do concreto com escória cujos valores constam no gráfico da Figura 38. (a) Slump do concreto com escória. Figura37: Consistência do concreto. (b) Slump do concreto convencional. Consistência dos concretos - slump 18 Abatimento do tronco de cone[cm] 16 14 12 10 Convencional Escória 8 6 4 2 0 Convencional Escória Tipo de concreto Figura 38: Slump do concreto O concreto convencional apresentou slump 80% superior ao slump do concreto com escória, portanto, a trabalhabilidade do concreto com escória é menor que a trabalhabilidade do concreto convencional. 74 4.2 Propriedades Mecânicas do concreto convencional e com agregados de escória de aciaria 4.2.1 Resistência à compressão A Figura 39 apresenta os resultados dos ensaios de resistência à compressão para o concreto convencional e com escória aos 3, 7 e 28 dias. Resistência à compressão 50 45 Tensão [MPa] 40 35 30 concreto convencional concreto com escória 25 20 15 10 5 0 3 dias 7 dias 28 dias Idade do concreto Figura 39: Resistência à compressão. O concreto com agregados de escória apresentou resistência à compressão superior em 3%, 10% e 20% ao concreto convencional aos 3, 7 e 28 dias 4.2.2 Resistência à tração A Figura 40 apresenta os resultados dos ensaios de resistência à tração por compressão diametral aos 3, 7 e 28 dias. 75 Resistência à tração por compressão diametral 7 6 Tensão [MPa] 5 4 concreto convencional concreto com escória 3 2 1 0 3 dias 7 dias 28 dias Idade do concreto Figura 40: Resistência à tração por compressão diametral. Os valores de resistência à tração apresentados pelo concreto com escória foi superior em 23%, 11%, 6% ao apresentado pelo concreto convencional aos 3, 7 e 28 dias. Nota-se que a diferença entre as resistências tendeu a diminuir com o tempo. 4.2.3 Determinação do Módulo de Elasticidade 4.2.3.1 Concreto convencional CC13 A Figura 41 apresenta a relação entre tensão e deformação obtida pelo clipe gage da máquina EMIC. 76 CC13 40 35 30 Tensão [MPa] 25 20 Emic Eci Regressão não-linear 15 10 5 2 Y =-0,65547+39905,70941 X-1,14066E7 X 0 Y =0,32151+31429,64125 X -5 0,000 0,001 0,002 0,003 Deformação [def] Figura 41: Gráfico de tensão x deformação do CC13- clipe gage (EMIC) A Figura 42 apresenta os valores de tensão e deformação obtidos pelo strain gage ligado ao canal 101 e os valores obtidos pelo strain gage do canal 103. CC13 40 35 35 30 30 25 25 Tensão[MPa] Tensão[MPa] CC13 40 20 101V Regressão não-linear ____ Eci 15 10 103V Regressão não-linear ____ Eci Regressão linear 15 10 5 5 Y =-8,19838+27496,56923 X 2 0 -5 0,0000 20 Y =-10,95739+37110,5638 X-7,37288E6 X 0,0005 0,0010 0,0015 0,0020 0,0025 Y =-18,83115+41147,92998 X-7,8097E6 X Y =-12,80682+26635,21145 X 0 -5 0,0005 0,0010 Deformação[def] (a) canal 101 2 0,0015 0,0020 0,0025 0,0030 Deformação[def] (b) canal 102 Figura 42: Curva Tensão x deformação dos strain gages do CC13. Pode-se observar pelos gráficos acima que o clipe gage da máquina e os strain gages verticais apresentaram o mesmo comportamento. Na fase linear do concreto, foi traçada a tangente à curva e a partir da equação da reta obtida determinaram-se os módulos de elasticidade. 77 Os níveis de tensão medidos pelos dois tipos de instrumentos foram de aproximadamente 35MPa. CC14 A Figura 43 apresenta o comportamento da deformação no tempo do clipe gage e dos strain gages do corpo-de-prova CC14. CC14 0,0004 0,0002 0,0000 -0,0002 Deformação [def] -0,0004 -0,0006 -0,0008 -0,0010 -0,0012 -0,0014 105V 106H emic 107V -0,0016 -0,0018 -0,0020 -0,0022 -0,0024 -0,0026 0 20 40 60 80 Tempo [s] Figura 43: Gráfico de deformação x tempo CC14. Observa-se na figura 4.16 que os dois strain gages verticais (103 e 105) e a leitura da máquina apresentaram comportamento compatível com o esforço de compressão. O strain gage horizontal 106 apresentou leitura compatível com o esforço de tração. Pode-se ressaltar que o SG horizontal 106, dentre os corpos-de-prova instrumentados, foi o único com variação de resistência compatível com o ensaio. O fato deveu-se à dificuldade encontrada na colagem do strain gage que se revelou muito extenso para a aplicação da pressão necessária à sua perfeita fixação. A presença de bolhas impediu a leitura correta. A Figura 44 apresenta o gráfico de tensão x deformação do corpo-de-prova CC14 a partir dos valores obtidos pelo clipe gage da máquina EMIC. 78 CC14 40 35 Tensão [MPa] 30 25 20 Emic Regressão não - linear ____ Eci 15 10 Y =0,99357+29473,25317 X 2 Y =0,18983+36639,46288 X-1,01062E7 X 5 0 0,000 0,001 0,002 Deformação [def] Figura 44: Gráfico Tensão x deformação- clipe gage –Emic A Figura 45 apresenta o gráfico de tensão x deformação para os strain gages 107 e 105. CC14 CC14 35 35 30 30 25 107H Regressão não-linear Eci -Regressão linear 20 15 Tensão [MPa] Tensão [MPa] 25 20 105V Eci regressão linear Regressão não-linear 15 10 10 5 Y =0,31458+34352,08416 X 5 2 Y =0,32925+34012,84511 X-8,58356E6 X 0 0,000 Y =-0,09856+32088,09022 X 0 Y =-0,47242+38892,2251 X-6,98018E6 X 0,002 0,0000 Deformação [def] (a) Canal 107 2 -5 0,001 0,0005 0,0010 Deformação [def] (b) Canal 105 Figura 45: Gráfico de tensão x deformação dos SG do CC14. Pela análise da figura 45, referente aos strain gages 105 e 107, verifica-se que ambos foram capazes de avaliar a tensão no corpo-de-prova e apresentaram 5% de diferença para o valor do módulo de elasticidade avaliado. Como somente o strain gage horizontal 106 apresentou leitura compatível não foi possível a determinação do coeficiente de Poisson. 79 CC15 A Figura 46 apresenta a relação entre tensão e deformação para o CC15 de acordo com a leitura do clipe gage da máquina. CC15 45 40 35 Tensão [MPa] 30 25 Emic Regressão não-linear Eci 20 15 10 Y =-16,84954+25142,46496 X Eci 5 0 0,000 2 Y =-19,81357+32828,23649 X-4,55495E6 X 0,002 0,004 0,006 Deformação [def] Figura 46: Gráfico Tensão x deformação –CC15 – clipe gage- Emic. A Figura 47 apresenta os gráficos de tensão x deformação para os strain gages verticais do CC15. CC15 CC15 40 40 35 35 30 Tensão [MPa] Tensão [MPa] 30 25 20 201V Regressão não-linear _____Eci - regressão linear 15 25 203V Regressão não-linear _____Eci 20 15 10 10 Y =2,5705+25924,23067 X Y =-0,22647+13690,50333 X 5 0 0,000 2 5 Y =-0,74514+18041,66019 X-208753,00266 X 0,001 0,002 0 0,000 0,001 2 0,002 Deformação [def] Deformação [def] (a) Canal 201 Y =2,62791+29084,4057 X-6,23182E6 X (b) Canal 203 Figura 47: Gráfico de tensão x deformação dos SG do CC15. Observa-se pela Figura 47-a que o SG do canal 201 não realizou leituras compatíveis. Durante o ensaio foi constatado mau contato em seu terminal o que deve ter causado o problema. 80 Pode-se observar que os valores encontrados pelo clipe gage e pelo strain gage203 são iguais. Análise dos resultados para o concreto convencional A Tabela 9 apresenta um resumo dos resultados para módulo de elasticidade tangente inicial (Eci) obtidos pelo ensaio com a máquina Emic para o concreto convencional. . Tabela 9: Módulo de Elasticidade CC –Emic. EMIC CC Eci 13 31429 14 29473 15 25142 Média 28681 Desvio 3217 CV 11% A Tabela 10 apresenta os resultados para módulo de elasticidade tangente inicial (Eci) obtidos pelo ensaio com os extensômetros verticais colados aos corpos-de-prova de concreto convencional . Tabela 10: Módulo de Elasticidade (Eci) – Strain gages.- CC Eci- "Strain-gage" Corpos de prova CC13 Canal 101 CC14 103 105 CC15 107 201 203 Eci 27496 26635 32088 34352 Sem leitura 48824 Média 27065 33220 Desvio 609 1600 CV 2% 5% Tratamento das médias Média 30143 desvio 2638 CV 9% 81 O valor do módulo de elasticidade encontrado pelos strain gages foi 5% superior ao valor encontrado pela máquina no concreto convencional. O valor teórico para o módulo de elasticidade de acordo com as equações 27 e 28 foi de 32GPa, 11% superior ao valor apresentado pela máquina e 6% superior ao valor apresentado pelos strain gages. 4.2.3.2 Concreto com escória de aciaria CE13 A Figura 48 apresenta o gráfico de tensão x deformação obtido pela leitura do clipe gage da máquina Emic para o corpo-de-prova CE13. CE13 40 35 30 Tensão[MPa] 25 20 Em ic Regressão não-linear ____ Eci regressão linear 15 10 5 Y =0,29196+37847,13306 X 0 Y =-0,18341+43855,97299 X-1,36182E 7 X 2 -5 0,0000 0,0004 0,0008 0,0012 0,0016 Deformação[def] Figura 48: Gráfico tensão x deformação – CE13 – clipe gage - Emic A Figura 49 apresenta os valores obtidos pelo ensaio com os strain gages verticais colados ao CE13. 82 CE13 40 35 35 30 30 25 25 Tensão[MPa] Tensão[MPa] CE13 40 20 205V Regressão não-linear ____ Eci 15 10 5 20 207 V Regressão não-linear ____ Eci 15 10 5 Y =0,04698+29091,88378 X 0 Y =0,08289+31092,34358 X 0 2 Y =0,0774+29885,05772 X-5,21404E6 X -5 2 Y =-0,20121+35994,03709 X-6,22887E6 X -5 0,0000 0,0004 0,0008 0,0012 0,0016 0,0000 0,0004 Deformação[def] 0,0008 0,0012 0,0016 Deformação[def] (a) Canal 205 (b) Canal 207 Figura 49: Tensão x Deformação dos SG do CE13. Pelas figuras 48 e 49 pode-se notar que, neste caso, a leitura apresentada pela máquina foi superior em aos valores apresentados pelos extensômetros.Os valores encontrados pelo ensaio com os strain gages diferem em 5%. CE14 A Figura 50 apresenta os resultados encontrados para o ensaio efetuado pelo clipe gage da máquina para o CE14. CE14 50 Tensão [MPa] 40 30 Emic Regressão não-linear ____Eci 20 10 Y =0,70599+34275,41586 X 2 Y =0,18357+38669,72355 X-7,77407E6 X 0 0,000 0,001 0,002 Deformação [def] Figura 50: Gráfico Tensão x deformação – CE14 – clipe gage - Emic 83 A Figura 51 apresenta os resultados obtidos pelo strain gage do canal 301 para o ensaio do CE14. O SG do canal 303 não efetuou leitura compatível. Antes do ensaio não foram notadas quaisquer alteração no extensômetro. CE14 50 Tensão [MPa] 40 30 301V Regressão não-linear ____ Eci 20 10 Y =0,61383+34775,83813 X 2 Y =0,19106+40159,81459 X-8,05706E6 X 0 0,000 0,001 0,002 Deformação [def] Figura 51: Tensão x deformação – SG301 Observa-se pelos resultados que o valor do módulo de elasticidade encontrado pelos dois métodos de avaliação foi de aproximadamente 34GPa. CE15 Para o CE 15 optou-se por apresentar o resultado conjunto da máquina e dos dois strain gages verticais, conforme Figura 52. 84 CE15 50 Tensão [MPa] 40 Emic 307V 305V 30 Eci (emic)= 35722,34 MPa Eci (305)=32450 MPa Eci (307)=35988,45 MPa 20 10 2 Y =3,17005+42295,04757 X-1,03112E7 X 2 Y =-22,14911+35992,99598 X-3,29909E6 X (307) 2 Y =-0,0913+36916,6434 X-7,06041E6 X (Emic) 0 0,000 0,001 0,002 0,003 0,004 0,005 Deformação [def] Figura 52: Gráfico Tensão x deformação –CE15. Pela Figura 52 pode-se perceber o comportamento semelhante dos dois tipos de instrumentos nas medidas efetuadas . Observa-se que o módulo de elasticidade tangente inicial encontrado pela máquina e pelo strain gage 307 foi 35GPa e 6% superior ao valor avaliado pelo strain gage 305. Análise dos resultados para o concreto com escória. A Tabela 11 apresenta os valores obtidos no ensaio dos corpos-de-prova de concreto com escória para módulo de elasticidade tangente inicial (Eci) na máquina Emic. Tabela 11: Módulo de Elasticidade CE-Emic. EMIC CE Eci 13 37847 14 34427 15 35722 Média 35999 Desvio 1727 CV 5% 85 A Tabela 12 apresenta os resultados para o módulo de elasticidade tangente inicial obtido pelo ensaio com os extensômetros verticais. Tabela 12: Módulo de elasticidade (Eci) – Strain gage.- CE Eci - Strain gage CE Canais Eci 13 205 14 207 301 29885,07 31092,34 34775,83 15 303 --- 305 307 32450,34 35988,45 Média 30488,71 34219,40 Desvio 853,67 2501,82 Coef.Variação 0,03 0,07 Tratamento das médias Eci médio 32354,05 Desvio 2638,00 Coef.variação 0,08 Aplicando-se a Equação (27) e (28) para encontrar o módulo de elasticidade tangente inicial teórico para o concreto com escória obtém-se o valor de 32GPa. O valor teórico foi 9% inferior ao valor apresentado pela máquina e 2% inferior ao valor apresentado pelos strain gages. O valor do módulo de elasticidade apresentado pela máquina foi 9% superior ao valor apresentado pelos strain gages. Análise comparativa entre os resultados encontrados para o concreto convencional e com escória de aciaria. A Figura 53 apresenta um gráfico comparativo entre os valores teórico e valores encontrados experimentalmente para o concreto convencional e com escória pelos dois tipos de instrumentação. 86 Módulo de Elasticidade 45000 40000 35000 Eci [MPa] 30000 25000 CC CE 20000 15000 10000 5000 0 Teórico Emic SG Figura 53: Gráfico comparativo dos módulos de elasticidade. Os valores encontrados para o módulo de elasticidade tangente inicial para o concreto convencional foram inferiores ao valor teórico pelas duas técnicas. Para o concreto com escória os valores apresentados pelas duas técnicas foram superiores ao valor teórico. Nota-se que o valor previsto para o concreto com escória foi calculado de acordo com a NBR 6118/2003, norma para concreto armado convencional, e foi aproximadamente igual ao valor previsto para o concreto convencional. Deve-se ressaltar que a inexistência de uma norma reguladora para o concreto com agregados de escória pode levar a conclusão inexata quanto ao valor teórico esperado. O valor do módulo de elasticidade apresentado pela máquina para o concreto convencional foi 12% inferior ao valor apresentado pelo concreto com escória. O valor do módulo de elasticidade apresentado pelos strain gages para o concreto convencional foi 7% inferior ao valor apresentado para o concreto com escória. Nos ensaios realizados pela máquina foi encontrado um módulo de elasticidade para o concreto convencional menor do que o encontrado pelos strain gages , tendo ocorrido o contrário para o concreto com escória. 87 4.3 Ensaio das vigas 4.3.1 Vigas em concreto armado convencional A Tabela 13 apresenta a posição dos strain gages colados no concreto e o correspondente do aço para as vigas em concreto convencional. Tabela 13: Posição dos SG nas vigas em concreto convencional. Strain gage VC1 VC2 VC3 VC4 Concreto 101 102 103 104 105 106 107 108 Aço 202 203 204 205 206 207 208 101 102 A Figura 54 apresenta a deformação dos strain gages ao longo do ensaio de flexão para as vigas VC1, VC2, VC3 e VC4. VIGAS EM CONCRETO CONVENCIONAL 0,0025 0,0020 Deformação [def] 0,0015 0,0010 0,0005 0,0000 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 18 15 16 17 -0,0005 19 20 21 1 VC1 VC1 VC1 VC1 VC1 VC2 VC2 VC2 VC2 VC3 VC3 VC3 VC3 VC4 VC4 VC4 VC4 -0,0010 0 50 100 150 200 Tempo [s] Figura 54: Deformação dos strain gages durante ensaio de flexão das vigas de concreto convencional. A variação da resistência dos strain gages corresponde ao tipo de solicitação esperado para as posições onde foram colados. Os canais 101 e 102 perceberam os esforços de compressão, os demais perceberam os esforços de tração. Nesta viga foram colados os strain gages 202 e 204 de forma a observar a diferença no nível de deformações entre a superfície superior e inferior da barra de aço submetida à tração. 88 A figura 54 acima demonstra que os extensômetros colados ao concreto das vigas e os extensômetros colados ao aço representaram a variação de resistência elétrica compatível com a deformação esperada em todos os casos. Os extensômetros fixados ao concreto apresentaram diminuição da resistência elétrica até o ponto de carga máxima, o que representa esforço de compressão. Os extensômetros fixados ao aço apresentaram aumento da resistência elétrica até o ponto de carga máxima, o que representa esforço de tração. Observa-se que após a deformação máxima ocorrida quando da ruptura da viga e final do ensaio as deformações diminuem até se estabilizarem em valores compatíveis com as tensões residuais atuantes nos pontos de colagem dos extensômetros. Em cada uma das vigas (VC1, VC2, VC3 e VC4), a curva de deformação no tempo apresenta a mesma forma e a mesma variação para cada par de extensômetos colados no concreto e para os extensômetros do aço. A viga VC1 apresentou deformações máximas maiores que as demais vigas, tanto para compressão quanto para tração. O comportamento do concreto e do aço até a ruptura é apresentado na Figura 55 para as vigas em concreto convencional. VIGAS EM CONCRETO CONVENCIONAL SG do aço VIGAS EM CONCRETO CONVENCIONAL SG do concreto 101-VC1 103-VC2 105-VC3 107-VC4 teórico 102-VC1 104-VC2 106-VC3 108-VC4 Força [kN] 80 60 40 20 100 B 201-VC1 202-VC1 205-VC2 207-VC3 101-VC4 203-VC1 206-VC2 208-VC3 102-VC4 80 Força [kN] 100 60 40 A 20 0 0 -0,0008 -0,0004 Deformação [def] 0,0000 -0,0005 0,0000 0,0005 0,0010 0,0015 0,0020 0,0025 Deformação [def] (a) Concreto. (b) Aço. Figura 55: Gráfico de Força x Deformação dos strain gages do concreto e do aço das vigas em concreto convencional. 89 A curva teórica para a fase linear foi obtida de acordo com a teoria da Resistência dos Materiais. Pode-se observar que os extensômetros do concreto apresentaram deformações compatíveis com a solicitação de compressão e os do aço com a solicitação de tração. A linha pontilhada A, apresentada na figura 55, representa o final da fase linear e a linha B o ponto de aplicação da força máxima. Os pontos próximos à 30kN da viga VC1 (canal 202 – superior), da viga VC1 (canal 204 – inferior), da viga VC2 (canal 205), da viga VC3 (canal 207) representam o ponto em que o aço alcança a deformação εs=10º/00 que é a deformação prevista para o aço ao final da fase linear. As curvas dos canais 202 e 204 cujos strain gages do aço estão colocados na mesma barra, sendo, o primeiro em sua face superior e o segundo em sua fase inferior, apresentaram diferença de 5% entre suas medições. Todos os strain gages colados ao aço apresentaram deformações máximas compatíveis com o cálculo teórico, εs=0,0016 = 1600 microdeformações. As deformações máximas apresentadas pelo aço representam uma tensão máxima próxima do valor nominal máximo para o aço CA-50A de 500MPa. 4.3.1.1 Viga em concreto convencional 1 – VC1 A Figura 56 apresenta o comportamento dos strain gages colados ao concreto na viga VC1 e a Figura 57 o comportamento na fase linear. 90 VC1 - CONCRETO 100 Rompimento lado par 60 Fissuras de cisalhamento VC1 102 Final da fase elástica 40 canal 101 canal 102 20 2 VC1 0 -0,0012 -0,0010 -0,0008 -0,0006 -0,0004 -0,0002 1 0,0000 Deformação [def] (a) Gráfico VC1 Figura 56: SG do concreto – VC1. (b) Detalhes das fissuras VC1 - CONCRETO Fase linear 40 35 canal 101 canal 102 teórico 30 25 Força [kN] Força [kN] 80 20 15 10 5 0 -0,00014 -0,00012 -0,00010 -0,00008 -0,00006 -0,00004 -0,00002 0,00000 Deformação [def] Figura 57: Fase linear do concreto VC1. A figura 56 demonstra que os extensômetros colados em lados opostos do concreto apresentaram o mesmo comportamento. As linhas tracejadas da figura 56-a representam o final da fase linear, o ponto de abertura das fissuras de cisalhamento e o ponto de rompimento da viga ilustrado conforme figura 56-b. Os números 1 e 2 representam a ordem de aparecimento das fissuras durante o ensaio. O final da fase linear ficou bem definido pelo gráfico da Figura 57. Os valores encontrados para o final da fase linear foram compatíveis com os valores calculados teoricamente pelas equações da Resistência dos Materiais. 91 Pode-se observar que a viga rompeu no seu lado de strain gage par. A Figura 58 apresenta o comportamento do aço durante o ensaio da viga. VC1 - AÇO Fase linear VC1 - AÇO 40 100 35 30 25 60 Força [kN] Força [kN] 80 40 canal 202 canal 203 canal 204 20 canal 202 canal 203 canal 204 teórico 15 10 5 0 -0,0005 20 0 0,0000 0,0005 0,0010 0,0015 0,0020 0,0025 -0,00010 Deformação [def] (a) Comportamento do aço – VC1 -0,00005 0,00000 0,00005 0,00010 0,00015 0,00020 Deformação [def] (b) Fase linear do aço – VC1 Figura 58: Strain gage do aço – VC1. Observa-se na figura 58-a a similaridade do comportamento do aço durante o ensaio. A curva do canal 202 apresenta, em seu final, o ponto em que a barra perdeu aderência com o concreto. Na fase linear houve uma diferença de 11% entre as deformações apresentadas pela barra na face superior e inferior. 4.3.1.2 Viga em concreto convencional 2 – VC2 A Figura 59-a apresenta o comportamento da viga VC2 durante o ensaio de flexão para os SG colados ao concreto e a Figura 59-b a ordem de abertura das fissuras. 92 VC2 VC2 - CONCRETO 100 80 Força [kN] 60 2 40 1 canal 103 canal 104 20 104 0 -0,0006 -0,0005 -0,0004 -0,0003 -0,0002 -0,0001 0,0000 Deformação [def] (a) Strain gages do concreto. (b) Fissuras. Figura 59: Strain gages do concreto – VC2. Observa-se que o comportamento da viga VC2 foi semelhante ao comportamento da viga VC1 cuja deformação máxima no concreto foi maior em seu lado correspondente ao strain gage ímpar. A Figura 60 apresenta o comportamento do concreto da viga na fase linear e aspectos do deslocamento do apoio detectado durante o ensaio. VC2 - CONCRETO Fase linear 40 Força [kN] 30 20 10 canal 103 canal 104 teórico 0 -0,00012 -0,00008 -0,00004 0,00000 Deformação [def] (a) Gráfico da fase linear. (b) Deslocamento do apoio. Figura 60: Fase linear do concreto da viga VC2. A oscilação da das medidas na fase linear parece ser devida ao deslocamento do apoio observado durante o ensaio. A Figura 61 apresenta o comportamento do aço da viga VC2 e a perda de aderência do aço representada na curva do canal 205. 93 VC2 - AÇO 100 80 Força [kN] 60 40 canal 205 canal 206 20 0 0,0000 0,0004 0,0008 0,0012 0,0016 0,0020 Deformação [def] (a) Gráfico. Figura 61: Strain gages do aço- VC2. (b) Detalhe da perda de aderência. 4.3.1.3 Viga de concreto convencional 3 – VC3 A Figura 62-a apresenta a deformação do concreto com a carga aplicada durante o ensaio da viga VC3 a 62-b a ilustração do comportamento da curva. VC3 - CONCRETO 106 120 100 Força [kN] 80 60 40 20 canal 105 canal 106 0 -0,0008 -0,0006 -0,0004 -0,0002 0,0000 Deformação [def] (a) Gráfico VC3 Figura 62: Strain Gage do concreto- VC3. (b) Ordem de aparecimento das fissuras Observa-se na figura 62-a que a curva apresentou após sua fase linear um comportamento diverso das demais vigas com aumento de deformação sem o respectivo aumento da carga aplicada. De acordo com a Figura 63, que representa o comportamento do aço durante o ensaio, pode-se observar o mesmo comportamento da curva após a fase linear VC3 94 VC3 - AÇO 100 80 Força [kN] 60 40 20 canal 207 canal 208 0 0,0000 0,0005 0,0010 0,0015 0,0020 0,0025 Deformação [def] Figura 63: Comportamento do aço – VC3. A Figura 64 apresenta a fase linear do concreto e do aço da viga VC3. VC3 - AÇO Fase linear 40 40 35 35 30 30 25 25 20 Força [kN] Força [kN] VC3 - CONCRETO Fase linear 15 10 5 0 -5 -0,00012 20 15 canal 207 canal 208 teórico 10 canal 105 canal 106 teórico 5 0 -0,00008 -0,00004 0,00000 -5 -0,0002 Deformação [def] (a) Concreto. Figura 64: Fase linear da VC3. 0,0000 0,0002 0,0004 0,0006 Deformação [def] (b) Aço. Durante o ensaio da viga VC3 ocorreu o rompimento de um dos apoios, o que pode ser a causa do comportamento da curva após a fase linear. 4.3.1.4 Viga de concreto convencional 4 – VC4 A Figura 65 apresenta a deformação dos SG colados ao concreto da viga e seu aspecto após o ensaio. 95 VC4 - CONCRETO VC4 100 Força [kN] 80 60 107 40 2 20 1 canal 107 canal 108 3 0 -0,0006 -0,0004 -0,0002 0,0000 Deformação [def] (a) Gráfico Força x deformação Figura 65: SG do concreto – VC4. (b) Aspecto da viga Observa-se que o comportamento da viga VC4 foi similar ao comportamento das demais vigas de concreto. O lado do canal par rompeu com deformações menores que o lado do canal impar. A Figura 66 apresenta a comparação entre os comportamentos do concreto e do aço durante o ensaio da viga VC4. VC4 - AÇO 100 100 80 80 60 60 Força [kN] Força [kN] VC4 - CONCRETO 40 20 40 canal 101 canal 102 20 canal 107 canal 108 0 0 -0,0006 -0,0004 -0,0002 Deformação [def] 0,0000 -0,0005 0,0000 0,0005 0,0010 0,0015 0,0020 Deformação [def] (a) Concreto. (b) Aço. Figura 66: Comparativo entre o comportamento do concreto e do aço da VC4. Observa-se na figura 66 a compatibilidade do comportamento do concreto e do aço durante o ensaio. 96 4.3.1.5 Análise comparativa das vigas em concreto convencional O Apêndice 2 apresenta a tabela com os valores encontrados para a carga máxima, deformação máxima, carga da fase linear, deformação máxima da fase linear, para as vigas em concreto convencional em cada um dos lados estudados. Para cada um dos fatores foi encontrado a média, o desvio padrão, o coeficiente de variação e, pelo critério de Chauvenet, o intervalo de valores aceitáveis. A Figura 67 apresenta uma comparação entre os valores experimentais encontrados para a carga máxima da fase linear,e a média dos valores Vigas em concreto convencional 45 40 35 VC1 VC2 VC3 VC4 média teórico Força [kN] 30 25 20 15 10 5 0 VC1 VC2 VC3 VC4 média teórico Figura 67: Comparativo das cargas máximas da fase linear das vigas em concreto convencional. Todos os valores encontrados estavam dentro dos limites aceitáveis O coeficiente de variação das cargas máximas aplicadas na fase linear foi de 7%. A média das cargas máximas da fase linear das vigas de concreto convencional foi 32kN. 97 A Figura 68 apresenta o gráfico comparativo para as deformações máximas da fase linear das vigas em concreto convencional. Vigas em concreto convencional- deformação máxima da fase linear 0,00000 VC1 VC2 VC3 VC4 média teórico Deformação [def] -0,00002 -0,00004 -0,00006 -0,00008 VC1 VC2 VC3 VC4 média teórico -0,00010 -0,00012 -0,00014 Figura 68: Gráfico comparativo das deformações máximas do concreto na fase linear. A média das deformações máximas da fase linear da viga de concreto convencional foi 15% inferior à deformação teórica. A deformação da viga VC1, que foi a maior obtida, foi 10% superior ao valor teórico e 57% superior ao valor médio. A viga VC3 foi inferior em 63% ao valor médio e em 70% ao valor previsto o que confirma o seu comportamento atípico já destacado acima. A Figura 69 apresenta o gráfico comparativo entre as deformações experimentais máximas do aço. 98 Vigas em concreto convencional. Aço 0,00020 0,00018 Deformação [def] 0,00016 0,00014 VC1 VC2 VC3 VC4 média 0,00012 0,00010 0,00008 0,00006 0,00004 0,00002 0,00000 VC1 VC2 VC3 VC4 média Figura 69: Gráfico comparativo dos valores das deformações máximas do aço das vigas em concreto convencional. A maior deformação do aço foi superior à menor deformação em 8%. As vigas VC1 e VC2 apresentaram deformações máximas iguais. O coeficiente de variação da deformação máxima do aço foi de 4%. 4.3.2 Vigas em concreto armado com escória de aciaria A Tabela 14 apresenta a posição dos strain gages do concreto e seus correspondentes no aço das vigas de concreto armado com escória. Tabela 14: Posição dos SG das vigas em concreto com escória de aciaria. SG VE1 VE2 VE3 VE4 Concreto 202 203 204 205 206 207 208 301 Aço 101 102 104 105 106 107 108 201 103 99 A Figura 70 apresenta o comportamento dos strain gages das vigas em concreto armado com escória durante a realização dos ensaios. VIGAS EM CONCRETO COM ESCÓRIA DE ACIARIA 0,0020 Deformação [def] 0,0015 0,0010 0,0005 0,0000 -0,0005 15 46 52 57 63 64 68 71 73 74 130 131 141 147 152 912 14 16 17 19 20 25 26 27 32 36 37 40 41 42 45 47 51 58 62 65 66 67 69 70 72 77 78 79 84 88 89 92 93 97 98 101 102 106 107 111 114 115 116 119 120 121 124 125 126 134 135 136 137 140 142 143 146 148 151 153 156 157 123456710 13 21 28 31 33 35 38 44 48 49 54 56 59 60 75 80 83 87 94 96 100 103 105 108 110 112 113 117 118 122 123 127 129 133 138 139 144 145 150 154 158 160 162 163 168 811 18 22 23 24 29 30 34 39 43 50 53 55 61 76 81 82 85 86 90 91 95 99 104 109 128 132 149 155 159 161 164 166 167 165 169 171 172 173 170 174 175 176 177 178 179 180 181 182 183 184 185 186 187 188 189 190 280 302 286 290 297 301 191 276 279 281 282 285 287 291 292 293 296 298 303 305 270 271 272 274 275 277 283 284 288 289 294 295 299 300 304 192 260 269 273 278 256 261 265 266 268 257 264 267 193 255 258 259 262 263 254 253 194 252 251 250 195 247 248 249 246 196 245 242 243 244 241 197 240 227 231 228 229 230 232 239 233 235 236 238 198 234 237 226 199 200 201 202 203 219 220 218 221 204 217 222 225 223 224 205 216 206 207 208 209 210 211 213 212 214 215 0 100 200 300 1 400 VE1-101 VE1-102 VE1-103 VE1-202 VE1-203 VE2-104 VE2-105 VE2-204 VE2-205 VE3-106 VE3-107 VE3-206 VE3-207 VE4-108 VE4-201 VE4-208 VE4-301 500 Tempo [s] Figura 70: Deformação dos strain gages durante ensaio de flexão das vigas em concreto com escória de aciaria. A figura 70 acima demonstra que os extensômetros colados ao concreto das vigas e os extensômetros colados ao aço apresentaram deformação compatível com o ensaio de flexão realizado. Os extensômetros fixados ao concreto apresentaram diminuição da resistência elétrica até o ponto de carga máxima, o que representa esforço de compressão. Os extensômetros fixados ao aço apresentaram aumento da resistência elétrica até o ponto de carga máxima, o que representa esforço de tração. Em cada uma das vigas (VE1, VE2, VE3 e VE4), a curva de deformação no tempo apresenta a mesma forma e a mesma variação para cada par de extensômetros colados no concreto e para os extensômetros do aço. Observa-se que, após a deformação máxima ocorrida quando da ruptura da viga e final do ensaio, as deformações diminuem até se estabilizarem em valores compatíveis com as tensões residuais atuantes nos pontos de colagem dos extensômetros. 100 A Figura 71 apresenta o comportamento dos strain gages colados no concreto e no aço das vigas em concreto com escória de aciaria. VIGAS EM CONCRETO DE ESCÓRIA DE ACIARIA SG do aço VIGAS EM CONCRETO COM ESCÓRIA DE ACIARIA SG do concreto 80 80 202 204 206 208 teórico 203 205 207 301 40 20 Força [kN] Força [kN] 101-VE1 103-VE1 105-VE2 107-VE3 201-VE4 teorico 102-VE1 104-VE2 106-VE3 108-VE$ 60 60 40 20 0 0 -0,0006 -0,0004 -0,0002 -0,0005 0,0000 0,0000 0,0005 0,0010 0,0015 0,0020 Deformação [def] Deformação [def] (a) Concreto (b) Aço Figura 71: Gráfico de Força x Deformação das vigas em concreto com escória de aciaria. As curvas apresentadas demonstram a compatibilidade do comportamento do concreto e do aço nas vigas ensaiadas. 4.3.2.1 Vigas de concreto de escória 1 – VE1 A Figura 72 apresenta o comportamento dos strain gages colados ao concreto da viga VE1 e os detalhes de abertura das fissuras. VE1 - CONCRETO 80 VE1 203 Força [kN] 60 3 40 2 20 1 canal 202 canal 203 0 -0,0006 -0,0004 -0,0002 0,0000 Deformação [def] Figura 72: Strain gages do concreto: VE1 Pode-se observar a similaridade do comportamento dos dois lados da viga até o ponto próximo à 50kN. A partir deste ponto, que representa o momento de 101 abertura da fissura de cisalhamento nos apoios, um lado passa a deformar-se mais que o outro repetindo o comportamento já observado para as vigas em concreto convencional. Pela figura 72, observa-se o comportamento não uniforme entre os dois lados da viga e o descolamento de alguns pedaços do concreto junto aos apoios. Os pedaços que descolaram apresentaram algumas patologias que estão representadas na Figura 73. Apesar do estudo das patologias do concreto com escória de aciaria não fazer parte do escopo deste trabalho, achou-se pertinente apresentá-las para que possam ser objeto de trabalhos futuros. Figura 73: Patologias apresentadas pela viga VE1. A Figura 74 apresenta a deformação do aço na viga VE1. VE1 - AÇO 80 Força [kN] 60 40 canal 101 canal 102 canal 103 20 0 -0,0005 0,0000 0,0005 0,0010 0,0015 0,0020 Deform ação [def] . Figura 74: Strain gage do aço VE1. A figura 74 acima demonstra a igualdade do comportamento dos strain gages colados na barra de aço de VE1. 102 Pode-se observar que o canal 103 colado na face inferior apresentou uma deformação superior em 5% àquela apresentada pelo canal 101 colado à face superior. O ponto final da fase elástica encontra-se definido nas 3 curvas. 4.3.2.2 Viga de concreto com escória – VE2 A Figura 75 apresenta as deformações do concreto na viga VE2 e a fase linear. VE2 - CONCRETO Fase linear VE2 -CONCRETO 80 30 70 25 60 20 Força [kN] Força [kN] 50 40 30 20 canal 204 canal 205 10 15 10 5 0 canal 204 canal 205 teórica 0 -10 -0,0006 -0,0005 -0,0004 -0,0003 -0,0002 -0,0001 0,0000 Deformação [def] (a) Concreto. Figura 75: Strain gage do concreto VE2. -0,00014 -0,00012 -0,00010 -0,00008 -0,00006 -0,00004 -0,00002 0,00000 Deformação [def] (b) Fase linear. Em sua fase linear as deformações iniciais apresentaram oscilações de deformação até o ponto próximo a 15kN quando se estabilizaram com um comportamento coerente com a curva teórica. A deformação máxima nesta fase foi de -88 µd e -97 µd para os canais 204 e 205 respectivamente. A deformação prevista era de -124 µd. Após a fase linear o concreto comporta-se de maneira regular nos dois lados até o ponto de abertura das fissuras de cisalhamento quando um lado passa a deformar-se mais que o outro. As Figuras 76 e 77 apresentam a deformação do aço para a viga VE2 e sua fase linear. 103 VE2 - AÇO 80 70 60 Força [kN] 50 40 30 canal 104 canal 105 20 10 0 -10 0,0000 0,0005 0,0010 0,0015 0,0020 Deformação [def] Figura 76: Deformação do aço na VE2 VE2 - AÇO Fase linear 30 25 Força [kN] 20 15 10 canal 104 canal 105 teórico 5 0 -0,00008 -0,00004 0,00000 0,00004 0,00008 0,00012 Deformação [def] Figura 77: Fase linear do aço – VE2. O canal 105 do aço apresentou a mesma oscilação do seu correspondente no concreto o que pode indicar problemas ocorridos durante o início do ensaio. O comportamento do aço foi similar para as duas barras. A deformação apresentada pelo lado ímpar foi superior à deformação apresentada pelo lado par, como já constatado pela viga VE1. 104 4.3.2.3 Viga de concreto com escória 3 – VE3 A Figura 78 apresenta o comportamento do concreto comprimido da viga VE3 e do aço tracionado durante ensaio de flexão. VE3 - CONCRETO VE3 - AÇO 80 80 Ruptura 60 Fissura de cisalhamento 40 20 -0,0005 -0,0004 40 canal 106 canal 107 20 canal 206 canal 207 Fase linear 0 -0,0006 Força [kN] Força [kN] 60 -0,0003 -0,0002 -0,0001 0,0000 0 -0,0005 0,0000 Deformação [def] (a) Concreto. Figura 78: Strain gages da VE3. 0,0005 0,0010 0,0015 0,0020 Deformação [def] (b) Aço. A figura 78 demonstra a compatibilidade entre o comportamento do concreto e do aço durante ensaio da viga VE3. A deformação da fase linear foi compatível com o cálculo teórico. Os valores das deformações máximas da fase linear ficaram muito próximos do valor previsto. A diferença entre as deformações nos lados persistiu nesta viga, tendo o canal par deformado menos que o canal impar. 4.3.2.4 Viga de concreto com escória 4 – VE4 A Figura 79 apresenta a deformação do concreto durante o ensaio da viga VE4. 105 VE 4 - CONCRETO VE4 208 80 70 60 40 30 20 10 VE4 canal 208 canal 301 0 -10 -0,0006 301 -0,0005 -0,0004 -0,0003 -0,0002 -0,0001 0,0000 Deformação [def] Figura 79: Concreto-VE4. A deformação máxima foi inferior do lado par do concreto persistindo o comportamento apresentado pelas vigas ensaiadas anteriormente. As Figuras 80 e 81 apresentam o comportamento do aço no ensaio de flexão da viga VE4. VE4 - AÇO 80 70 60 50 Força [kN] Força [kN] 50 40 30 20 canal 107 canal 108 10 0 -10 0,0000 0,0005 0,0010 Deformação [def] Figura 80: Deformação do aço – VE4 0,0015 0,0020 106 VE4 - AÇO Fase linear 30 25 Força [kN] 20 15 canal 107 canal 108 teórico 10 5 0,0000 0,0001 0,0002 0,0003 0,0004 0,0005 Deformação [def] Figura 81: VE4 – fase linear do aço. Pela figura 81 pode-se observar que a fase linear do aço foi inferior àquela prevista teoricamente. O comportamento dos strain gage do aço foi quase idêntico para as duas barras tracionadas. 4.3.2.5 Análise comparativa das vigas de concreto com escória A Figura 82 apresenta o comparativo entre os valores das cargas máximas da fase linear para as vigas VE1, VE2, VE3 e VE4 além do valor médio e teórico. 107 Vigas em concreto com escória 40 35 Força [kN] 30 25 VE1 VE2 VE3 VE4 média teórico 20 15 10 5 0 VE1 VE2 VE3 VE4 média teórico Figura 82: Gráfico comparativo entre cargas máximas da fase linear - VE. A maior carga da fase linear, apresentada pela viga VE2, foi 28% superior à menor carga, 12% superior à carga média e 8 % inferior à carga teórica. A carga média foi 18% inferior à carga teórica. As cargas máximas apresentaram um coeficiente de variação de 7% estando todos os valores dentro dos limites aceitáveis, com 90% de confiança, segundo o critério de Chauvenet. A Figura 83 apresenta as deformações máximas experimentais da fase linear e a média das deformações. 108 Vigas em concreto com escória- deformação máxima da fase linear 0,00000 -0,00002 VE1 VE2 VE3 VE4 média teórico Deformação [def] -0,00004 -0,00006 -0,00008 -0,00010 -0,00012 VE1 VE2 VE3 VE4 média teórico -0,00014 -0,00016 -0,00018 Figura 83: Gráfico das deformações máximas da fase linear do concreto das vigas com escória Os valores encontrados pelas deformações máximas da fase elástica estão dentro dos limites aceitáveis pelo critério de Chauvenet com índice de confiança de 90%. A média das deformações máximas da fase elástica foi 7% superior à deformação prevista. O deslocamento observado em um dos apoios pode explicar o comportamento irregular das medições da fase elástica da viga e a diferença de comportamento entre os lados da viga apresentada durante o ensaio. A Figura 84 apresenta a comparação entre os valores da deformação máxima do aço no ensaio das vigas com escória. 109 Vigas em concreto com escória Aço. 0,00250 Deformação [def] 0,00200 VE1 VE2 VE3 VE4 média 0,00150 0,00100 0,00050 0,00000 VE1 VE2 VE3 VE4 média Figura 84: Deformação máxima do aço nas vigas com escória. A deformação máxima atingida pelo aço apresentou um coeficiente de variação de 7%. As deformações máximas atingidas pelo aço na VE1 e VE2 foram iguais e superiores em 17% à menor deformação atingida pela VE4. 4.3.3 Análise comparativa entre os comportamentos da viga de concreto convencional e concreto com escória de aciaria De acordo com as figuras 68 e 83, de deformação máxima do concreto na fase linear para as vigas em concreto convencional e concreto com escória de aciaria, pode-se observar que os valores encontrados pareciam ser variáveis para ambos os tipos de concreto. Para verificar se existiam diferenças realmente significativa para a média destes dois tipos de concreto foi utilizada a técnica estatística de Análise de Variância. O objetivo era testar hipóteses apropriadas sobre o efeito do tipo de agregado na deformação da fase linear e para isso foi necessário supor que os componentes do erro εij eram variáveis aleatórias independentes e identicamente distribuídas, com distribuição normal com média zero e variância constante. 110 Considerou-se que as variáveis εij resultaram de erro de medição, de efeitos exercidos na resposta por variáveis influentes não incluídas no estudo e de flutuações provocadas por causas de variação aleatórias do processo considerado. O modelo escolhido para análise foi o modelo de análise de variância para um fator, porque estava sendo investigado o efeito de um único fator, tipo de agregado, sobre a variável resposta de interesse, a deformação. No modelo de efeitos fixos são testadas hipóteses sobre as médias dos tipos de concreto e as conclusões obtidas são aplicáveis somente aos níveis do fator considerado na análise. O fator analisado é a deformação máxima da fase elástica para dois tipos de concreto com 4 réplicas para cada tipo. 4.3.3.1 Análise de variância de efeitos fixos No modelo de efeitos fixos, os efeitos dos agregados são definidos como desvios da média global de acordo com a equação 30. O objetivo do estudo foi verificar se as médias das deformações máximas da fase elástica (VC1), (VC2),..... (VE4) foram iguais ou não, o que é equivalente a testar se os efeitos dos tipos de agregados (os i) foram iguais a zero ou não. As hipóteses foram: H0: cc= ce H1: i≠0 para pelo menos um i A Tabela 15 apresenta os dados do estudo . 111 Tabela 15: Apresentação dos dados Tamanho Observações Totais Médias (nível) CE -0,00005 -0,00009 -0,000130 -0,000150 -0,00041 -0,00010 CC -0,00011 -0,00048 -0,000027 -0,000104 -0,00029 -0,00007 ∑ -0,00070 -0,00017 A Tabela 16 apresenta a análise de variância para as deformações da fase elástica das vigas de concreto convencional e com escória. Tabela 16: Tabela de análise de variância para as deformações da fase elástica. Fonte de Soma de Graus de Quadrado Fo variação Quadrados Liberdade médio Entre concretos 1,74E-09 1 1,74E-09 Residual 1,05E-08 6 1,75E-09 Total 1,22E-08 7 1,75E-09 0,99552 De acordo com a tabela de Fischer F0,05(1,6)=5,99. Como F0 < F0,05(1,6), pode-se concluir com 95% de confiança que as médias das deformações máximas da fase elástica para os dois tipos de concreto não foram diferentes. a. Estimação dos parâmetros do ensaio Deformação média-fase linear das vigas ensaiadas: µ=xmedio= -0,000086 Deformação média- fase linear das vigas para cada tipo de concreto: µce=xce= -0,00010 µcc =xcc= -0,00007 µce-µcc = -0,00003 Intervalos de confiança para 95%para a diferença entre as deformações da fase elástica das vigas: [0,0001477,-0,000207]. Como o intervalo contém o zero, pode-se concluir com 95% de confiança que a média das deformações máximas da fase linear das vigas de concreto 112 convencional não foi maior do que a média das deformações máximas da fase linear das vigas de concreto com escória. Intervalos de confiança de 95% para os valores médios das deformações máximas para cada tipo de concreto. O valor de t de Student para t 2,5%,6 foi de 2,447. O intervalo de confiança encontrado para o concreto com escória foi (-0, 00007, 0,00014) e para viga de concreto convencional o intervalo encontrado foi (- 0, 000047, - 0,00010). Os resultados obtidos para os intervalos de confiança demonstraram que os resultados foram satisfatórios, posto que, ambos os intervalos contêm o valor previsto para a deformação média das vigas ensaiadas. No modelo de efeitos fixos são testadas hipóteses sobre as médias das deforações dos dois tipos de concreto e as conclusões obtidas são aplicáveis somente aos níveis do fator considerado. b. Verificação da adequação do modelo A Figura 85 apresenta o gráfico de resíduos contra a média Gráfico de Resíduos contra média 6,00E-05 4,00E-05 Resíduos 2,00E-05 0,00E+00 0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 3,50 -2,00E-05 -4,00E-05 -6,00E-05 Médias Figura 85: Gráfico de resíduos x média. 4,00 4,50 Resíduos CC Resíduos CE 113 Analisando a figura 85, foi possível notar que as faixas de dispersão dos resíduos em cada média (tipo de concreto) tinham comprimentos aproximadamente iguais, o que indicou que a suposição de igualdade das variâncias poderia ser considerada válida. A Figura 86 apresenta o gráfico de resíduos associado às observações. Resíduos contra a ordem de coleta de dados 0,000060 Ordem de coleta 0,000040 0,000020 0,000000 0 2 4 6 8 10 concreto com escória concreto convencional -0,000020 -0,000040 -0,000060 Resíduos Figura 86: Gráfico de resíduos contra ordem de coleta de dados. Observando a Figura 86, não se notou quaisquer configurações especiais que revelassem uma associação dos resíduos com a ordem de coleta das observações, o que indicou que a suposição da independência não parecia ter sido violada. A Figura 87 apresenta o gráfico de probabilidade normal. 114 Probabilidade Normal 1,2 1 Probabilidade 0,8 Resíduos Linear (Resíduos) 0,6 0,4 y = 8790,7x + 0,5714 2 R = 0,9457 0,2 -0,000060 -0,000040 -0,000020 0 0,000000 0,000020 0,000040 0,000060 Resíduos Figura 87: Gráfico de probabilidade normal. Em relação ao gráfico de probabilidade normal foi possível notar que os pontos centrais estavam localizados, de forma aproximada, ao longo de uma reta, o que estava indicando que os componentes de erro do modelo seguiram uma distribuição normal. Para confirmar esta indicação foi realizado o teste de avaliação da normalidade baseado no coeficiente de correlação linear (0,9457), tendo sido possível concluir que a hipótese de normalidade não foi rejeitada pelos dados amostrais. Portanto, como não foram encontrados indícios de falta de adequação do modelo e das suposições a ele associadas, as conclusões obtidas por meio dos testes realizados puderam ser consideradas válidas. Conclui-se com 95% de confiança, pela análise estatística efetuada, que as médias deformações máximas apresentadas pelas vigas de concreto convencional e de concreto com escória em sua fase linear não apresentam diferença. 115 4.3.4 Observações complementares dos ensaios das vigas de concreto convencional e concreto de escória de aciaria No ensaio das vigas de concreto com escória percebeu-se que um lado do apoio apresentava deslocamento horizontal. Durante o ensaio da segunda viga de concreto convencional o apoio citado rompeu-se e precisou ser reparado. As duas últimas vigas de concreto convencional foram ensaiadas quatro dias após as primeiras. A Figura 88 apresenta detalhe de deslocamento e do rompimento de um dos apoios. (a) Deslocamento do apoio Figura 88: Detalhe do apoio. (b) Rompimento do apoio O deslocamento apresentado pelo apoio pode explicar a diferença de deformação entre os lados das vigas e as oscilações presentes na fase linear de várias delas. Essas oscilações parecem ser devidas à acomodação do apoio no início dos ensaios. Observa-se que o tipo e a ordem de aparecimento das fissuras nas vigas de concreto convencional e concreto com escória de aciaria foi semelhante conforme Figura 89. 116 Figura 89: Aspectos das fissuras das vigas em concreto convencional e em concreto com escória de aciaria. 4.4 Análise do impacto ambiental do concreto convencional e com escória de aciaria. De acordo com os ensaios realizados a amostra de concreto com escória foi classificada como CLASSE IIA, resíduo não inerte. De acordo com os ensaios realizados a amostra de concreto convencional foi classificada como CLASSE IIA, resíduo não inerte. Pode-se concluir que do ponto de vista da classificação dos resíduos, ambos foram classificados como CLASSE IIA, resíduo não inerte. O Anexo I apresenta os relatórios para os ensaios realizados. 117 5 CONCLUSÕES O concreto com agregados de escória apresentou resistência à compressão superior ao concreto convencional em 3% aos 3 dias, 10% aos 7 dias e 20% aos 28 dias. Aos 56 dias a resistência do concreto convencional foi superior 3% à resistência do concreto com escória que permaneceu no patamar indicado aos 28 dias. Os valores de resistência à tração por compressão diametral apresentados pelo concreto com escória foram superiores aos valores apresentados pelo concreto convencional em 23% aos 3 dias, 11% aos 7 dias e 6% aos 28 dias. O valor do módulo de elasticidade medido, pelo processo disponível na máquina universal de ensaios, para o concreto convencional foi 12% inferior ao valor apresentado pelo concreto com escória. O valor do módulo de elasticidade, apresentado pela técnica de medição de deformações por strain gages, para o concreto convencional foi 7% inferior ao valor apresentado para o concreto com escória. Para o concreto convencional os valores encontrados para o módulo de elasticidade tangente inicial foram inferiores ao valor previsto pelas duas técnicas. Para o concreto com escória os valores apresentados pelas duas técnicas foram superiores ao valor teórico. A média das cargas máximas das vigas de concreto convencional foi 16% inferior ao valor previsto. A média das deformações máximas da fase linear da viga de concreto convencional foi 15% inferior à deformação teórica. A maior deformação alcançada pelo aço foi superior à menor deformação em 8% nas vigas de concreto convencional. 118 Nas vigas de concreto convencional os strain gages colocados na mesma barra de aço apresentaram diferença de 10% entre suas medições. A média das cargas máximas da fase linear foi 18% inferior à carga prevista para o concreto com escória. A média das deformações máximas da fase elástica foi 7% superior à deformação prevista para as vigas de concreto com escória. As deformações máximas atingidas pelo aço na VE1 e VE2 foram iguais e superiores em 17% à menor deformação atingida pela VE4. Nas vigas de concreto com escória os strain gages colados em faces opostas na barra apresentaram diferença de 5% entre suas medições. As cargas máximas obtidas experimentalmente para as vigas de concreto convencional e com escória apresentaram um coeficiente de variação de 10% . Pelo tratamento estatístico dado às médias das deformações máximas obtidas experimentalmente para a fase linear das vigas de concreto convencional e com escória, pode-se concluir com 95% de confiança que as médias das deformações não foram diferentes. O coeficiente de variação entre as deformações máximas do aço nos dois tipos de vigas foi 8%. As vigas de concreto com escória não apresentaram comportamento diferente das vigas de concreto convencional do ponto de vista estrutural (fissuração, deformação da fase elástica e carga máxima). Os resultados obtidos nos ensaios das vigas sugerem a possibilidade do uso do concreto armado com substituição total dos agregados naturais por agregados de escória de aciaria. 119 5.1 Sugestões para trabalhos futuros. estudar a recuperação em trincas em concreto armado com escória, com utilização das vigas já ensaiadas, instrumentar outros tipos de estruturas de concreto armado com escória, como blocos, lajes e pilares, e avaliar o desempenho, avaliar a influência do tipo de cura do concreto armado convencional e reciclado no desempenho da estrutura por meio de extensometria, estudar a durabilidade das estruturas de concreto armado com escória de aciaria, estudar a retração e fluência no concreto armado com escória convencional e com escória de aciaria por extensometria, verificar o efeito causado nas armaduras de aço com a utilização da escória como agregado ao longo do tempo. 120 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 7251. Agregado em estado solto – Determinação da massa unitária. Rio de Janeiro, 1982. NBR 6467. Agregados - Determinação do inchamento dos agregados miúdos, Rio de Janeiro, 1987. NBR 7219 - Agregados - Determinação do teor de materiais pulverulentos Rio de Janeiro, 1987. NBR 9776. Agregados – Determinação da massa específica dos agregados miúdos por meio do frasco de Chapmann. Rio de Janeiro, 1987. NBR 5738. Moldagem e cura dos corpos-de-prova cilíndricos. Rio de Janeiro, 1994. NBR 5739. Ensaio de compressão de corpos-de-prova cilíndricos. Rio de Janeiro, 1994. NBR 7222. Argamassa e concreto – Determinação da resistência à tração por compressão diametral de corpos-de-prova cilíndricos. Rio de Janeiro, 1994. NBR 7480. Barras e fios de aço destinados a armaduras de Concreto Armado. Rio de Janeiro, 1994. NBR NM 67. Concreto – Determinação de consistência pelo abatimento do tronco de cone. Rio de Janeiro, 1998. NBR NM 27. Agregados – Redução de amostras de campo para ensaios de laboratório. Rio de Janeiro, 2000. NBR 6118. Projetos de estruturas de Concreto Armado. Rio de Janeiro, 2003. NBR 8522. Concreto – Determinação dos módulos estáticos de elasticidade e deformação e da curva tensão-deformação. Rio de Janeiro, 2003. NBR 7211. Agregados para concreto – Especificações. Rio de Janeiro, 2004. NBR 10004. Classificação de resíduos sólidos. Rio de Janeiro, 2004. NBR 10005. Ensaio de Lixiviação. Rio de Janeiro, 2004. NBR 10006. Ensaio de solubilização. Rio de Janeiro, 2004. 121 NBR 10007. Amostragem de resíduos sólidos. Rio de Janeiro, 2004. ALVES, O. J.; Processo de reciclagem da escória de aciaria e do resíduo do granito visando a produção de lã mineral. Dissertação. Universidade Federal de Ouro Preto, 2007. ASSIS, W.; Sistemas computacionais de apoio a monitorização de estruturas. Tese. Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, 2007. BAUER, F.; Materiais de Construção, volume 1, LTC, 1982. CARVALHO, R.; FIGUEIREDO, J.; Concreto Armado, Calculo e detalhamento de estruturas usuais. EdUFSCAR. São Carlos,2007. CHANG, S. P.; Aplication of the Structural Health Monitoring System to the Long Span Cable Supported Bridges. IABMAS, volume 1, Portugal, 2006. CLARK, P. et al.; Modern Fibre Optics Sensor. Smart Materials Bulletin; p.8-11, June, 2001. CHOQUET, P. citado por MOSER et al.; New generation of Fabry-Perot fiber optics sensor for monitoring of structures. In: SPIE CONFERENCE ON SMART STRUCTURES AND MATERIALS. Newsport Beach, USA,2000. Instrumentação por fibra ótica em Barragens no Brasil. Estudo de caso pioneiro UHE Fundão. In: III SIMPÓSIO BRASILEIRO DE INSTRUMENTAÇÃO DE BARRAGENS, São Paulo, 2006. CINCOTTO, M .A.; Utilização de subprodutos e resíduos na construção civil. IPT. Tecnologia das edificações, PINI, 1989. DALLY, J .M; RILLEY, W. F.; Experimental Stress Analysis. Ed.Mac Graw-Hill, 1991. EFFITING, C.; Análise da fratura aplicada aos materiais dúcteis e frágeis. Dissertação, Universidade do Estado de Santa Catarina, Joinville, 2004. 122 FELIX, C. M.; Monitoração e análise do comportamento de obras de arte. Tese. Faculdade de Engenharia do Porto, Porto, Portugal, 2005. FERNANDES E SANTOS; Pontes atirantadas do Guadiana e do Arade. Laboratório Nacional de Engenharia Civil, LNEC, Lisboa, Portugal, 2006. FIGUEIREDO, E. J.; Monitorização e avaliação do comportamento de obras de arte. Dissertação, Faculdade de Engenharia do Porto, Porto, Portugal, 2006. FIGUEIREDO, E. P.; Inspeção e Diagnóstico de Estruturas de Concreto com Problemas de Resistência, Fissuras e Deformações. Concreto – Ensino, Pesquisa e Realizações. Editora Ibracon, São Paulo, 2005, p-1005. FRASER, M. D.; Development and Implementation of an Integrated Framework for Structural Health. PhD, dissertation. University of California, San Diego, 2006. FREITAS, A. S; Contribuição ao estudo do desempenho do concreto produzido com agregado graúdo de escória de ferro-cromo. Dissertação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2001. GUMIERI, P.; Estudo da viabilidade técnica da utilização da escória de aciaria do processo LD como adição ao cimento Portland. Tese, PPGEC, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2002. HENDRIKS, Ch. F.; NIJKERK, A, A.; VAN KOPPEN, A, E.; O ciclo da construção.Fundação Universidade de Brasília, Editora UnB, Brasília, 2007. JOHN, V. M.; Reciclagem de resíduos na construção civil. Tese Livre Docência. Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2000. KEIL, S.; On the Strain Gage´s 50th Jubilee. A review of its evolution and of 33 years strain gages production and Darmstadt. Reports in Aplied Measurements, volume 4, p-39-48, 1988. LIMA, L.; Horminoges con escorias de horno eléctrico como aridos: Propiedades, durabilidad y comportamiento ambiental. Tese. Universitat Politécnica de Catalunya. Barcelona, Espanha, 1999. 123 LOPES, M.; Substituição parcial de armaduras de flexão por fibras de carbono em vigas de concreto. Dissertação, COPPE, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2005. MACHADO, A. T.; Estudo comparativo dos métodos de ensaio para avaliação da expansibilidade das escórias de aciaria. Dissertação, Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2000. MACHADO, A. T; GOMES, A, O; CARDOSO, R, J, C; CRUZ, E, B; O uso da escória de aciaria como agregado na construção civil. XI ENTAC- Foz do Iguaçu, 2002. MAC HENRY, D.; WALKER, W.T.; Laboratory Measurement of stress distribution en reinforced concrete. ACI Journal, volume 44, p 1041-1051,1948. MAIA, N. S.; Estudo analítico – experimental de tensões em um desaerador de uma usina termelétrica. Dissertação, Universidade Federal de Minas Gerais, 1998. MANSO, J. M; POLANCO, J, A.; LOZAÑEZ, M.; GONZÁLEZ, X, J.; Durability of concrete made in EAF slag as aggregate. Elsevier, Cement & Concrete Composites, 28, p 528-531,2008. MASUERO, A. B.; Estabilização das escórias de aciaria com vistas a sua utilização como substituição ao cimento. Tese, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2001. MASUERO, A. B; DAL MOLIN, D. C. C.; VILELA, A. C .F.; Estabilização e viabilidade técnica da utilização das escórias de aciaria elétrica. Revista Ambiente Construído v.4, n.2 p57-81, abril/junho, Porto Alegre, 2004. MEHTA, K.; MONTEIRO, P.; Concreto – Estruturas, propriedades e materiais. Ed, IBRACON, 2005. MONTGOMERY, D. C; RUNGER, G, C; HUBELE, N, F; Estatística aplicada à Engenharia. Editora LTD, Rio de Janeiro, 2004. 124 MORAIS, N. R.; REGO, H. R. M.; Aços para concreto armado. Concreto – Ensino, Pesquisa e Realizações. Editora Ibracon, São Paulo, 2005, p-233. MOSER, D, E; SOARES, M, A; MARQUES FILHO, J; AUFLEGER, M; Instrumentação por fibra ótica em Barragens no Brasil. Estudo de caso pioneiro UHE Fundão. In: III SIMPÓSIO BRASILEIRO DE INSTRUMENTAÇÃO DE BARRAGENS, São Paulo, 2006. MOURA, A.; Utilização de escória de cobre como adição e como agregado miúdo para concreto. Dissertação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2000. NASCIMENTO, K.; Utilização da escória proveniente da reciclagem do aço em concreto de cimento Portland. Dissertação. EESãoCarlos, Instituto de Física, Instituto de Química, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2007. NEVILLE, A. M.; Propriedades do concreto. Editora PINI, 1997. OLIVEIRA, G. E; HOLANDA, J, N, F; Análise do impacto ambiental causado pela utilização de resíduos sólidos do setor siderúrgico em cerâmica vermelha. Cerâmica 50-p185-189,2004. PEARVRY (1985) citado por OLIVEIRA E HOLANDA (2004); Environmental Engineering. Editora Mac Graw-Hill, New York, 1985. Análise do impacto ambiental causado pela utilização de resíduos sólidos do setor siderúrgico em cerâmica vermelha. Revista Cerâmica 50-p185-189, Campos, RJ,2004. PINHEIRO, L.; Propriedades Mecânicas do concreto. Apostila, Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, 2004. POLESE, M.; Estudo da expansibilidade e da microestrutura da escória de aciaria LD e EAF. Dissertação, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, 2006. PORTNOI, M; Extensometria: História, usos e aparelhos. Disponível em http//locksmith.orcieweb.com/academia.files/extensometria. 29/09/2007. Acesso em 125 SANTOS, D.; Efeitos do concreto de alto desempenho na aderência concretoaço. Dissertação, Unicamp, Campinas, 2005. SBRIGHI, C. N; Agregados para concreto. Concreto, Ensino, pesquisa e realizações. Editora Ibracon, São Paulo, 2005. SILVA, A. F,; Contribuição ao estudo do desempenho do concreto produzido com agregado graúdo de ferro-cromo. Dissertação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2001. SILVA, N,A; Concreto Armado I. Apostila, Escola de Engenharia da UFMG, Departamento de Engenharia de Estruturas, Belo Horizonte, 2005. SONDHI, J. S.; Bridge condition monitoring issues for railways bridges. Advances in Bridge Engineering, p337-390, 2006. TAVARES, D.; Análise teórica e experimental de vigas de concreto armado com barras não metálicas de GFRP. Dissertação, Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, 2006. THAKKAR, S. K.; Structural damage identification and health monitoring and damage identification of Bridges. Advanced in Bridge Engineering, March ,2006. WASTEIN, F; Bond stress in concrete pull-out specimens. ACI Journal, volume 38, 1941. WERKEMA, M. C.; AGUIAR, S; Planejamento e Análise de Experimentos;Como identificar as principais variáveis influentes em um processo. Fundação Christiano Otoni, Escola de Engenharia da UFMG, 1996. www.aliatron.com. Acesso em 20/05/2008. www.hbm.com.br. Acesso em 15/03/2009. www.omega.com. Acesso em 03/04/2009. www.treffer.com Acesso em 20/05/2008. 126 APENDICE 1 1-Cálculo das vigas de Concreto Armado. Dados; Seção transversal: 12 x 30 cm. Aço CA- 50 A. fy = 500 MPa. Es= 210000 MPa. fc= 27 MPa Armadura: 2 barras de aço de Φ 10 mm - As = 1,57 cm2 2 barras de aço de Φ. 5 mm - As= 0,392cm2. Estribos: Φ 5 mm. d= 27 cm. A viga foi calculada como elemento de barra, o que é validado pela teoria de vigas de Timoshenko para vigas de grande altura, para a fase linear. O esquema da viga é apresentado na Figura 90. Figura 90: Esquema da viga. Pelo esquema apresentado na Figura 110 tem-se: Rc Rs 0 (I). Rc (bw .x. f c ) / 2 Rc .zc Rs .zs M r (II) 127 Rs As . s 1 zc d ( ).x 3 De (I) tem-se : (bw .x. f c ) / 2 As.. s x ( z. As . s ) (bw . f c ) Hipótese: Ruptura no início do escoamento da armadura de aço. c 0,0035 Adotando s f y 500MPa ( tensão de escoamento). c y 0,10 tem-se que : x ( 2. As . s ) /(bw . f c ) x (2.1,57.500) /(12.27) 4,84cm c 0,10 4,84 27 4,84 c 0,0021 0,0035 Momento resistente (Mr): (II) M r Rc . zc (( 270.12.4, 28) / 2).(27.4,84 / 3) 128 M r 1795kN Momento máximo: M max 15.F 1795 15.F F 119,96kN . Fmaquina 2 F 239kN Carga de fissuração: t M .y I 3 bh 12.303 I 27000cm3 12 12 W I 1800cm3 y t 1,2 f ct M r t .W (momento fletor de fissuração). f ct 0,9. f ctsp ( tração simples) Para o concreto convencional : M r 568kN .cm Fr 38kN Para o concreto com escória: M r 477kN Fr 32kN 129 APENDICE 2 A Tabela 17 apresenta os valores experimentais, média, desvio padrão, coeficiente de variação e limites de Chauvenet para as vigas de concreto com escória de aciaria. Tabela 17: Valores para as vigas de concreto com escória de aciaria F máxima Canal par [kN] Canal impar Média εc max Canal par Canal impar Média Ffase linear Canal par [kN] Canal impar Concreto Média εfase linear Canal par Canal impar Média Fcisalhamento Canal par [kN] Canal impar Média εcisalhamento Canal par Canal impar Média F max [kN] εs max Aço Ffase linear [kN] εfase linear Canal par Canal impar Média Canal par Canal impar Média Canal par Canal impar Média Canal par Canal impar Média Vigas de concreto com escória de aciaria VE1 VE2 VE3 VE4 82,76 75,28 77,82 72,22 82,76 75,46 77,82 71,01 82,76 75,37 77,82 71,62 -0,00044 -0,00039 -0,00047 -0,00038 -0,00055 -0,00057 -0,00052 -0,00050 -0,00050 -0,00048 -0,00050 -0,00044 23,13 29,64 26,34 26,7 23,13 29,64 26,34 26,7 23,13 29,64 26,34 26,7 -0,00006 -0,00009 -0,00012 -0,00018 -0,00004 -0,00009 -0,00013 -0,00011 -0,00005 -0,00009 -0,00013 -0,00015 55,65 45,32 41,31 35,43 55,65 45,32 41,32 35,42 55,65 45,32 41,32 35,43 -0,00005 -0,00025 -0,00007 -0,00026 -0,00005 -0,00025 -0,00005 -0,00017 -0,00005 -0,00025 -0,00006 -0,00022 82,76 82,76 82,76 0,00210 0,00190 0,00200 17,49 17,40 17,45 0,00005 0,00011 0,00008 73,10 73,10 73,10 0,00210 0,00190 0,00200 17,49 17,48 17,49 0,00013 0,00010 0,00011 82,14 82,14 82,14 0,00210 0,00180 0,00195 18,37 18,37 18,37 0,00012 0,00013 0,00013 73,77 73,77 73,77 0,00180 0,00160 0,00170 18,89 18,80 18,85 0,00012 0,00016 0,00014 Média Desvio CV Chauvenet L.superior L.inferior n=4 C=1,54 0,0607 84,0848 69,69774 76,8913 4,67111 -0,0005 0,00003 -0,0544 26,4525 2,66290 0,1007 -0,00010 0,00004 -0,4178 44,4275 8,51418 0,1916 -0,0001 0,00010 -0,7219 77,9425 5,21814 0,0669 0,0019 0,00014 0,0751 18,0363 0,68773 0,0381 0,0001 0,00003 0,2228 A Tabela 18 apresenta os valores experimentais, média, desvio padrão, coeficiente de variação e limites de Chauvenet para as vigas de concreto convencional. -0,0004 -0,00052 30,5534 22,35164 0,0000 -0,00017 57,5393 31,31566 0,0000 -0,00030 85,9784 69,90657 0,0021 0,00169 19,0954 16,97715 0,0002 0,00008 130 Tabela 18: Valores para as vigas de concreto convencional. F máxima Canal par [kN] Canal impar Média εc max Canal par Canal impar Média Ffase linear Canal par [kN] Canal impar Concreto Média εfase linear Canal par Canal impar Média Fcisalhamento Canal par [kN] Canal impar Média εcisalhamento Canal par Canal impar Média F max [kN] εs max Aço Ffase linear [kN] εfase linear Canal par Canal impar Média Canal par Canal impar Média Canal par Canal impar Média Canal par Canal impar Média Vigas de concreto convencional VC1 VC2 VC3 96,47 83,60 97,65 96,46 83,60 96,05 96,47 83,60 96,85 -0,00120 -0,00057 -0,00071 -0,00100 -0,00050 -0,00050 -0,00110 -0,00054 -0,00061 38,59 34,98 34,32 38,59 34,98 34,32 38,00 34,98 34,32 -0,00011 -0,00003 -0,00003 -0,00011 -0,00007 -0,00003 -0,00011 -0,00005 -0,00003 59,90 57,49 57,71 59,90 57,49 57,71 59,90 57,49 57,71 -0,00040 -0,00022 -0,00025 -0,00037 -0,00023 -0,00028 -0,00039 -0,00023 -0,00027 96,46 96,46 96,46 0,00140 0,00230 0,00185 31,80 31,80 31,80 0,00010 0,00013 0,00012 83,42 83,42 83,42 0,00180 0,00190 0,00185 24,00 24,00 24,00 0,00018 0,00017 0,00018 88,42 88,42 88,42 0,00190 0,00210 0,00200 34,00 34,00 34,00 0,00010 0,00005 0,00008 VC4 94,17 94,17 94,17 -0,00060 -0,00050 -0,00055 26,41 26,41 26,41 -0,00010 -0,00011 -0,00010 50,64 50,64 50,64 -0,00050 -0,00041 -0,00046 92,22 92,22 92,22 0,00200 0,00190 0,00195 26,40 26,40 26,40 0,00015 0,00011 0,00013 Média Desvio CV C. Chauvenet n=4 C=1,54 L.superior L.inferior 102,3617 83,18077 92,7713 6,22758 0,07 -0,0007 0,00027 -0,39 -0,0003 -0,00111 33,4275 4,94503 0,15 41,0428 25,81216 -0,00007 0,00004 -0,57 0,0000 -0,00014 56,4350 4,01360 0,07 62,6159 50,25406 -0,0003 0,00011 -0,32 -0,0002 -0,00050 90,1300 5,54933 0,06 98,6760 81,58403 0,0019 0,00008 0,04 0,0020 0,00180 29,0500 4,64004 0,16 36,1957 21,90433 0,0001 0,00004 0,33 0,0002 0,00006 131 ANEXO 1 Apresentam-se cópias dos ensaios da Amostra Bruta, lixiviação, solubilização e conclusão para o concreto com escória de aciaria e concreto convencional. A amostra de escória de aciaria é identificada como 4 e a amostra de concreto convencional como 5. 132 133 134 135