Revista Canavieiros

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Revista Canavieiros
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Revista Canavieiros - Agosto de 2016
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Revista Canavieiros - Agosto de 2016
Editorial
A
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A alma do negócio
“Reportagem de Capa” da edição número 122, agosto de 2016, conta o papel dos fornecedores independentes de cana-de-açúcar, que representam cerca
de 54% de toda a matéria-prima produzida no Brasil, total que deve chegar
a 650,75 milhões de toneladas na safra 16/17, segundo a DATAGRO. A reportagem
mostra a importância do produtor dentro da cadeia canavieira e mesmo no agronegócio
brasileiro, já que o setor sucroenergético representou, por exemplo, na safra 2014/15,
PIB Setorial estimado em US$ 107,72 bi, a geração de 613 mil empregos diretos e a
arrecadação de US$ 8,52 bi em impostos agregados.
A revista que circula na Fenasucro & Agrocana 2016, traz um excelente conteúdo
informativo, inclusive com três entrevistados: José Vicente Caixeta Filho (professor
doutor titular do Departamento de Economia, Administração e Sociologia da ESALQ/
USP); Taciany Ferreira Dominghetti (especialista em moscas-dos-estábulos) e Maurício Mendes (presidente do Conselho Curador da FUNDAG – Fundação de Apoio à
Pesquisa Agrícola).
A “Coluna Caipirinha” assinada pelo professor titular da FEA/USP, Marcos Fava Neves, vem acompanhada de dois “Ponto de Vista”: José Osvaldo Bozzo assina o artigo
“Hora de mudar para melhor o setor sucroenergético” e João Guilherme Sabino Ometto
escreve sobre “Logística e transporte precários afetam o agronegócio brasileiro”.
Além das matérias do Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred, o leitor da Canavieiros também vai encontrar uma série de reportagens especiais em nossas editorias
“Destaque”; “Assuntos Legais”, “Informações Climáticas” e “Artigos Técnicos”.
Vale a pena conferir.
Boa leitura!
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A Revista Canavieiros é distribuída gratuitamente
aos cooperados, associados e fornecedores do
Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred.
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Revista Canavieiros - Agosto de 2016
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Ano X - Edição 122 - Agosto de 2016 - Circulação: Mensal
Índice:
Capa - 32
Fornecedor...
a alma do negócio canavieiro
Mesmo sendo o responsável por
54% da produção de cana-de-açúcar brasileira, muitas vezes, o
produtor é tratado como coadjuvante, mas mudanças no segmento devem dar a ele o papel principal novamente
08 - Entrevista
Taciany Ferreira Dominghetti
especialista em moscas-dos-estábulos,
um inseto que vem causando polêmica
E mais:
Entrevista:
José Vicente Caixeta Filho
.....................página 05
Maurício Mendes
.....................página 08
Pontos de Vista:
José Osvaldo Bozzo
.....................página 12
João Guilherme Sabino Ometto
.....................página 14
Diogo Falcão Dalla Vecchia
.....................página 16
Coluna Caipirinha
.....................página 18
Assuntos Legais
.....................página 26
10 - Ponto de Vista
Por José Osvaldo Bozzo
consultor tributarista e sócio da MJC Consultores
Hora de mudar para melhor o setor sucroenergético
17 - Notícias Copercana
- Agronegócios Copercana 2016 agrada participantes
Informações Climáticas
.....................página 42
Novas Técnologias:
Michelin começa a fabricar pneus
agrícolas no Brasil
.....................página 44
Pragas e Doenças:
Cigarrinha das raízes
(Mahanarva fimbriolata)
.....................página 46
Avança o manejo biológico do gorgulho-da-cana
.....................página 50
50 - Pragas e Doenças
Destaques:
Curso da STAB debate os conceitos básicos da fisiologia da cana-de-açúcar
.....................página 54
VI Expam
.....................página 52
Lei exige motores menos poluentes nas
máquinas agrícolas em 2017
.....................página 58
Sertãozinho (SP) é palco da
191ª reunião do Gerhai
.....................página 60
Programa “+Cana 2ª Onda”é lançado
em Guariba (SP)
.....................página 62
Interior paulista sedia seminário sobre
controle de pragas da cana-de-açúcar
.....................página 64
DATAGRO confirma 650,75 milhões de
toneladas na safra 16/17
.....................página 66
Avança o manejo biológico do gorgulho-da-cana
Acompanhamento de Safra
.....................página 68
O Brasil é referência mundial no manejo biológico de pragas da parte aérea da cana-de-açúcar e começa a utilizar fungos e nematóides benéficos para o controle das de solo, como
o gorgulho-da-cana
Cultura
20 - Notícias Canaoeste
- Canaoeste reúne fornecedores de cana em Barretos (SP)
- Fornecedores de cana de Morro Agudo (SP) participam de encontro técnico realizado pela Canaoeste
24 - Notícias Sicoob Cocred
- Balancete Mensal
Revista Canavieiros - Agosto de 2016
Classificados
....................página 71
.....................página 72
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Entrevista I
“A logística pressupõe a integração e
otimização e isso atualmente não é observado
durante o transporte de cargas”
José Vicente Caixeta Filho
A constatação é do professor doutor José Vicente
Caixeta Filho, titular do Departamento de Economia,
Administração e Sociologia da ESALQ/USP (Escola
Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz", da Universidade de São Paulo), sobre o setor considerado
um dos principais gargalos ao desenvolvimento do
Brasil: o de transporte e logística. A infraestrutura
ineficiente do país impacta a competitividade dos
produtos nacionais, dificultando a concorrência global. Prova disto, é que os custos logísticos estão se
tornando cada vez mais expressivos dentro do PIB
(Produto Interno Bruto) do país.
Para mudar este cenário e deslanchar a infraestrutura nacional é preciso um esforço conjunto e regras
claras, entre outras soluções, pontua Caixeta. “Há
necessidade de uma transformação cultural, onde a
educação é imprescindível para a formação de profissionais bem qualificados e preparados para tomarem decisões importantes e adequadas na área logística”, elucida, comentando que o crescimento da
produção agropecuária brasileira também é prejudicado, já que, a precariedade do segmento impede o
seu escoamento. No que tange ao setor sucroenergético, o gargalo está no CCT (corte, carregamento
e transporte) da matéria-prima no campo, mas a cadeia canavieira vem conseguindo transpor alguns problemas,
servindo de exemplos com algumas iniciativas.
Nesta entrevista exclusiva dada a Revista Canavieiros, o profissional aborda outros desafios para melhorar a infraestrutura nacional, como também fala sobre a importância de ter sido o vencedor na categoria “Vida e Obra”,
da 61ª edição do Prêmio Fundação Bunge, um dos mais importantes e respeitados prêmios da área acadêmica
brasileira. A premiação reconhece profissionais e especialistas que desenvolvem obras e trabalhos relevantes nas
áreas das Ciências Agrárias e das Ciências Exatas e Tecnológicas, dentro da qual o professor foi selecionado por
suas pesquisas e produções ligadas ao tema "Infraestrutura de transportes".
“O Prêmio é muito importante porque reconhece o trabalho pioneiro que tem sido feito na ESALQ/USP, relacionado à logística agroindustrial e à infraestrutura de transporte, dentro do ambiente acadêmico da agricultura. Também é um reconhecimento externo importante ao trabalho realizado pelo Grupo ESALQ-LOG (Grupo de
Pesquisa e Extensão em Logística Agroindustrial), o qual coordeno e que atua fortemente no desenvolvimento de
projetos e soluções relacionadas à logística agroindustrial”, afirma o professor, que em sua trajetória, se destaca
pelo pioneirismo da pesquisa na área de Logística Agroindustrial, sendo o maior impulsionador da implantação e
desenvolvimento do ESALQ-LOG. O Grupo possui mais de uma década de estudos sobre Logística, Transportes,
Infraestrutura Modal e Mercado de Fretes.
Caixeta, que foi diretor da ESALQ/USP, entre 2011 e 2015, e é formado em engenharia civil pela EPUSP (Escola
Politécnica da Universidade de São Paulo) e mestre em economia pela Universidade de New England, Austrália,
se junta a um seleto grupo de pouco mais de 180 vencedores, indicados nos 61 anos do prêmio, entre eles, Jorge
Amado, Oscar Niemeyer, Ruth Rocha, Carlos Chagas Filho, Eurípedes Malavolta, Guto Indio da Costa, Adriana
Lisboa e Fernando Abrucio.
O resultado dos vencedores em 2016 foi revelado no dia 22 de julho e a cerimônia oficial da premiação acontece
no dia 23 de novembro, no Palácio dos Bandeirantes, na capital paulista.
Confira a entrevista:
Revista Canavieiros - Agosto de 2016
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Entrevista I
Andréia Vital
Revista Canavieiros: Em sua opinião, atualmente quais são os principais
desafios da logística agroindustrial?
Caixeta Filho: Os principais desafios envolvem os custos de transporte,
armazenamento e expedição de cargas.
Especificamente na logística agroindustrial existe uma predominância na
movimentação de matérias-primas
que, no caso agrícola, têm baixo valor
agregado. Isso impacta diretamente o
valor do transporte e da armazenagem
e, por consequência, acaba elevando o
valor final do produto. Esse é um desafio complicado. Um segmento como o
agroindustrial, que é muito representativo na movimentação de cargas, superando 1 bilhão de toneladas/ano, precisa
ser mais ouvido pelos agentes públicos
e privados para que os gargalos existentes sejam mitigados. É importante ter
tecnologia e infraestrutura mais adequada ao transporte e à armazenagem,
pois os custos são elevados em função
das estruturas defasadas em termos de
tecnologia e de manutenção.
Revista Canavieiros: Uma pesquisa recente da CNI (Confederação
Nacional da Indústria) apontou que o
transporte é o maior entrave à exportação. Como se resolve este problema?
Caixeta Filho: Os problemas citados anteriormente confirmam o que
a pesquisa aponta. Na exportação das
matérias-primas agrícolas existem inúmeras dificuldades, que já são históricas, como a dependência do transporte
rodoviário, onde os agentes até se esforçam para atender à demanda, mas
não conseguem oferecer a qualidade
esperada. O custo rodoviário é elevado
em comparação com os custos ferroviá-
rios e hidroviários e, infelizmente, isso
deve perdurar por um bom tempo, principalmente se observado o cronograma
previsto para as obras que venham envolver outras modalidades de transporte. Na exportação de cargas agrícolas
o porto tem papel fundamental, mas as
dificuldades de desembaraço de carga
nos portos contribuem para o entrave.
Mesmo com alternativas de gestão ou
tecnológicas, as filas portuárias são elevadas e existem custos adicionais. A
logística pressupõe a integração e otimização e isso atualmente não é observado durante o transporte de cargas.
Revista Canavieiros: O senhor declarou uma vez que a estrutura atual
em logística e infraestrutura brasileira
possui um desenho partidário e não de
política pública e que falta uma visão integrada de logística no país. Como mudar este cenário? Há perspectivas para
que isso ocorra em um futuro próximo?
Caixeta Filho: Existe um costume
de tempos no país onde o político está
disposto a investir em algo que incremente sua visibilidade, mas limitado ao
período do seu mandato. Então, nos 4
anos, o político prefere inaugurar 300
km de rodovia do que 50 km de ferrovia. O ponto é: a visão política fica
condicionada à oportunidade de quais
obras podem ser realizadas dentro daquele mandato. Independentemente do
partido no governo, deveria haver um
compromisso com uma agenda estratégica. A construção de uma ferrovia
é uma obra que implica um tempo de
maturação mais longo. Se não é possível fazer no mesmo ritmo das rodovias,
que sejam feitos 20 ou 30 km e que os
sucessores continuem. Isso é pensar a
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médio-longo prazo, com visão estratégica para o país. Deveria haver um
compromisso com uma agenda mínima
estratégica para obras e soluções de logística, sem apelo partidário, mas como
obrigação para quem está no poder.
Revista Canavieiros: Uma logística
mais eficiente é o ideal para atender às
demandas do agronegócio, segmento
que cresce a cada ano. Neste contexto,
quais são as soluções de curto, médio e
longo prazo para o setor de transporte
e logística nacional?
Caixeta Filho: Vamos começar pelo
longo prazo: as soluções implicam uma
transformação cultural, onde a educação é imprescindível para a formação
de profissionais bem qualificados e
preparados para tomarem decisões importantes e adequadas na área logística;
entretanto, o processo de formação de
pessoas normalmente consome longos
períodos de tempo.
A médio prazo é importante que
exista a integração entre os diversos
agentes envolvidos com a logística,
como federações e instituições representativas diversas, que atuando de
forma organizada, associem forças
para embasar solicitações das autoridades públicas e/ou privadas. Sozinho
ninguém resolverá nada.
E a curto prazo é preciso definir um
inventário detalhado, um mapeamento
claro das cadeias logísticas, para que
seja possível planejar ações de manutenção corretiva e preventiva pelos
agentes envolvidos. Com isso, ficaria
muito mais fácil detectar onde estão os
problemas emergenciais.
Revista Canavieiros: O que deve
ser feito para incrementar a eficiência
das atividades logísticas para o setor
sucroenergético, na sua visão?
Caixeta Filho: O setor sucroenergético é um segmento que tem dado
bons exemplos no que diz respeito a
implementos rodoviários robustos e
sofisticados. Isso vale para atividades relacionadas à movimentação do
produto acabado - seja açúcar ou etanol - e armazenagem intermediária e
portuária. Hoje o gargalo está no CCT
(corte, carregamento e transporte) da
matéria-prima no campo. É fundamental ter um planejamento adequado dos
talhões canavieiros para que exista de
fato uma certa lógica de maturação da
cana e para que não exista movimen-
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tação desnecessária de equipamentos.
Minimizar a movimentação logística
no corte e carregamento no campo pode
proporcionar muita eficiência e ganhos
nesse elo da cadeia, inclusive num cenário onde não existe mais queima de
cana e a colheita mecânica já está implementada. O planejamento de CCT é
fundamental para o incremento da eficiência do setor. Por isso, esse será o tema
do 14º Seminário Internacional em Logística Agroindustrial, que acontecerá
no dia 10 de abril de 2017, na sede do
ESALQ-LOG, em Piracicaba.
Revista Canavieiros: É fato que
existe uma deficiência histórica em
relação à armazenagem. Qual é o caminho para solucionar este gargalo? O
Brasil está atrasado em relação à armazenagem e infraestrutura de um modo
geral com relação aos outros países?
Caixeta Filho: Entendo que primeiro existe um problema cultural quando
pensamos na prática de armazenagem.
O produtor de soja, por exemplo, quando colhe já quer movimentar a safra colhida, e esse é um momento onde a demanda pelo transporte está elevada e o
preço do frete também acompanha essa
elevação. A ineficiência da estrutura
de armazenamento acaba impactando
inclusive o transporte. A solução passa
pela compreensão de que as novas áreas
de fronteira têm potencial para receber
novas estruturas de armazenamento, e
que essas estruturas precisam ser acessadas pelos pequenos e médios produtores, que não conseguem fazer investimentos sozinhos, mas que poderiam
participar de uma gestão compartilhada
da estrutura de armazéns. Por outro
lado, já existe uma série de alternativas
baratas e inovadoras, como os silo-bags
(originalmente concebidos para o armazenamento de silagem), ajustados a
diversos tipos de granéis.
Revista Canavieiros: Pode se dizer
que a Lei dos Portos é um impacto positivo no sentido de resolver os gargalos logísticos do país?
Caixeta Filho: Das mudanças estruturais, a Lei da Modernização do Portos
é a que podemos considerar, com certeza, a mais permanente. A modernização
dos portos é um fato irreversível, visto no sul e sudeste, especialmente em
Santos, onde a gestão da mão de obra
portuária avulsa já é uma realidade clara. De qualquer forma, se espera mais
e maiores investimentos em armazenagem nas áreas retroportuárias.
Revista Canavieiros: O setor ferroviário brasileiro entrou em um novo
cenário de ascendência, mas existem
muitos desafios a serem superados
para elevar a movimentação das cargas pelos trilhos, principalmente em
relação ao açúcar e etanol. O que deve
ser feito para resolver esta questão?
Caixeta Filho: Quase que invariavelmente existe uma simpatia pelo
modal ferroviário, mas os investimentos ainda não são suficientes. As atuais concessionárias não estão motivadas para ampliar e estender a malha
ferroviária sob sua responsabilidade.
Estamos muito perto do vencimento
do prazo da concessão inicial e não
se sabe como será a renovação. Nesse período inicial de concessão, vários
trechos foram desativados. Para os novos potenciais investidores, o principal
gargalo é a falta do marco regulatório,
para que as regras do jogo estejam claras. Existe recurso disponível, mas não
há um conjunto de regras que estimule
o investidor, sejam os novos ou mesmo
as atuais concessionárias, por causa
dos altos riscos envolvidos.
Revista Canavieiros: O senhor
acredita que o PPI (Programa de Parcerias e Investimento), criado recentemente pela MP (Medida Provisória)
727/2016, poderá realmente agilizar as
concessões públicas federais? Falando sobre concessões ainda, o modelo
atual não é um entrave ao investimento no setor?
Caixeta Filho: O Programa de Parcerias Público-Privadas é uma alternativa interessante tanto para o setor
público quanto para o setor privado.
Existem inúmeros exemplos de sucesso no exterior, mas no Brasil isso ainda
caminha a passos lentos. Há extrema
dependência do setor público, para a
efetiva realização de obras de infraestrutura, da Lei 8.666/93, que trata de
um sistema licitações onde o menor
preço vence, o que não significa que
haverá garantia de qualidade ou que se
chegará à melhor solução.
Revista Canavieiros: O senhor foi
o vencedor da categoria “Vida e Obra”
da 61ª edição do Prêmio Fundação
Bunge, pelo conjunto de obras voltadas ao Transporte e Logística dentro
da ESALQ, uma área relativamente
recente no escopo da instituição. Qual
a importância dessa premiação?
Caixeta Filho: O Prêmio é muito
importante porque reconhece o trabalho
pioneiro que tem sido feito na ESALQ/
USP, relacionado à logística agroindustrial e à infraestrutura de transporte, dentro do ambiente acadêmico da
agricultura. Também é um reconhecimento externo importante ao trabalho
realizado pelo Grupo ESALQ-LOG, o
qual coordeno e que atua fortemente no
desenvolvimento de projetos e soluções
relacionadas à logística agroindustrial
Revista Canavieiros: Como as pesquisas realizadas pelo ESALQ-LOG
podem contribuir para combater e evitar o apagão logístico?
Caixeta Filho: O setor agroindustrial, em particular a agricultura, tem
batido recordes de produção e isso
não tem sido acompanhado por investimentos em infraestrutura. Então, as
pesquisas do Grupo ESALQ-LOG têm
sinalizado para a caracterização de determinados tipos de investimento com
foco em amenizar esse descompasso,
promovendo o envolvimento com os
mais diversos agentes para contribuir
para a melhoria dessa situação.
Revista Canavieiros: O ESALQ-LOG em conjunto com a Abralog (Associação Brasileira de Logística) realizará o 4º Seminário de Transporte e
Logística, no dia 26 de agosto, durante
a Fenasucro. Qual a importância de se
debater o segmento dentro da principal
feira do setor sucroenergético, uma
cadeia que tem um custo estimado de
R$ 8 bilhões para movimentação e armazenagens, entre outros, nesta safra,
valor que deve crescer ainda mais com
a expansão da produção?
Caixeta Filho: Trata-se de uma valiosa contribuição técnica para ampliar
a qualidade do debate sobre o tema na
principal feira do setor sucroenergético do país. As despesas de transporte
e armazenagem e os custos ligados as
atividades devem crescer com a expansão da fronteira agrícola observada
pelo segmento; por isso, esse fórum,
com o apoio da Fenasucro, passa a
ser uma referência importante para a
busca de soluções de otimização do
setor, liderada por duas instituições
representativas do segmento que são a
Abralog e o Grupo ESALQ-LOG. RC
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Entrevista II
Mosca-dos-estábulos, um inseto que
vem causando polêmica
Taciany Ferreira Dominghetti
Conhecida popularmente por mosca-dos-estábulos, a Stomoxys calcitrans, atualmente vem causando polêmica. O inseto é responsável por causar prejuízos de grande impacto econômico nos setores
pecuário e sucroenergético em alguns estados do Brasil e tem mobilizado usinas e produtores de cana.
Para contribuir com a difusão de conhecimento sobre essa praga, a Revista Canavieiros entrevistou
a especialista em moscas-dos-estábulos, Taciany Ferreira Dominghetti, que desenvolve seu doutorado pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul em parceria com a Embrapa Gado de Corte e
nesta edição explica a origem desse inseto, como ele se reproduz, as formas de prevenção e os prejuízos que ele pode causar. Confira!
Fernanda Clariano
Revista Canavieiros: O que é a
mosca-dos-estábulos?
Taciany: A mosca-dos-estábulos é
um inseto de hábito hematófago, ou
seja, precisa se alimentar de sangue
para sobreviver e reproduzir. Sem especificidade por hospedeiros, os quais
incluem animais silvestres, domésticos e humanos. Essa mosca se adapta
facilmente ao ambiente, estando presente não somente no Brasil, mas em
várias partes do mundo.
Revista Canavieiros: Quando a
mosca-dos-estábulos passou a ter evidência no Brasil?
Taciany: O primeiro registro sobre
a ocorrência de explosões populacionais de S. calcitrans associadas à atividade de usinas de cana-de-açúcar no
Brasil remonta à década de 1970. As
infestações pela mosca-dos-estábulos
ganharam notoriedade a partir de 2008,
com registros de surtos em fazendas
pecuárias próximas a usinas em São
Paulo. Dentre os fatores envolvidos,
destacam-se o aumento das unidades
produtoras de açúcar e álcool, redução gradativa da queima pré-colheita e
utilização da vinhaça como fertilizante
nas lavouras canavieiras. Atualmente, grande parte das usinas realizam
a colheita mecanizada, que resulta no
acúmulo de palha umedecida sobre o
solo, criando extensas áreas de matéria orgânica vegetal em fermentação, substrato de desenvolvimento de
Stomoxys calcitrans. Essa não é uma
praga nova, ela sempre esteve presente nas fazendas pecuárias, no entanto,
devido às mudanças no agroecossiste-
ma, a mosca-dos-estábulos
passou a se desenvolver em
larga escala nas proximidades das usinas. Desta forma
a população basal de Stomoxys calcitrans, mantida nas
fazendas pecuárias no período da entressafra, torna-se a
fonte inicial para a primeira
geração de moscas que, atraídas às áreas canavieiras, darão origem à sua criação em
larga escala. Em seguida, as
moscas-dos-estábulos adultas, retornam às fazendas
em busca de alimentação em
seus hospedeiros, principalmente os bovinos.
Revista
Canavieiros:
Qual a importância econômica para o setor pecuário e
para o setor sucroenergético?
Taciany: No Brasil, prejuízos anuais causados por esta mosca podem atingir valores superiores a
US$ 300 milhões para bovinocultura,
representado por danos que chegam a
15% na perda de ganho de peso e até
60% na perda de produção de leite.
Além dos prejuízos causados ao setor
pecuário, também se tem verificado
prejuízos diretos e indiretos ao setor
sucroenergético. Algumas usinas têm
compreendido a participação nesse
processo e direcionado onerosos investimentos com ações de manejo dos
subprodutos, aquisição de equipamentos e inseticidas. Portanto, em termos
de prejuízo econômico, o problema de
surtos por mosca-dos-estábulos tem
afetado ambos setores produtivos na
tentativa de resolver o problema.
Revista Canavieiros - Agosto de 2016
Revista Canavieiros: Quais são os
locais de reprodução dessa praga e as
medidas de prevenção e controle que
podem ser tomadas?
Taciany: A mosca-dos-estábulos
nas fazendas pecuárias se desenvolve
em qualquer local que tem restos alimentares e dejetos animais (fezes e
urina). De modo geral, qualquer local
na fazenda que tenha matéria orgânica
vegetal em fermentação, é um ambiente favorável para o desenvolvimento
da mosca-dos-estábulos. Nos estabelecimentos pecuários ao mesmo tempo em que se reproduz, também tem
o alimento próximo que são principalmente os bovinos, os equinos e os
cães. Nas usinas os substratos oriundos da produção de açúcar e/ou eta-
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nol, particularmente a torta de filtro e
a palha da cana-de-açúcar misturada à
vinhaça, também se mostram ambientes adequados ao desenvolvimento
desta mosca. As ações de prevenção e
controle, começando pelo estabelecimento pecuário, resumem-se basicamente na higienização das instalações
de manejo do gado, principalmente na
entressafra. É importante também que
se faça a destinação correta deste resíduo, por meio da compostagem. Dessa
forma, elimina-se focos de reprodução
da mosca-dos-estábulos na fazenda e,
consequentemente, redução da população de moscas para serem atraídas para
as áreas da usina após o início da safra.
Para as usinas, dentre as ações de
prevenção e controle destacam-se:
- Áreas canavieiras fertirrigadas:
redução do volume de vinhaça aplicado por hectare, pois a umidade é o
fator limitante de desenvolvimento da
mosca-dos-estábulos. Aplicando um
volume baixo de vinhaça, ela infiltra
rapidamente, seca e elimina um possível foco de reprodução de mosca;
- Torta de filtro: A torta de filtro é
um local onde a mosca-dos-estábulos
também se reproduz em grande quantidade, por isso é interessante que se
faça o revolvimento completo da leira
para eliminar umidade que fica próximo ao solo que é o local em que consegue se desenvolver;
- Canais abertos: é indicada a impermeabilização, evitando a formação de
um gradiente de umidade, que é o local
onde haverá a reprodução da mosca-dos-estábulos. Assim, ao término da utilização dos canais, estes deverão ser fechados ou limpos imediatamente, visando
evitar possíveis locais de reprodução;
- Poças e vazamentos: é muito comum no funcionamento de uma usina, ocorrer vazamentos nas adutoras
e canais, com a formação de poças de
vinhaça. Recomenda-se realizar a secagem mecânica, evitando que fiquem
expostas por mais de três dias nas áreas canavieiras. A aplicação de calcário
para elevar o pH e reduzir a taxa de reprodução da mosca-dos-estábulos tem
sido empregada por algumas usinas, no
entanto, estudos estão em andamento
para comprovar a eficácia desta ação.
Revista Canavieiros: Em termos
de pesquisas, quais são os avanços no
controle das moscas-dos-estábulos?
Taciany: Hoje, após quatro anos
de pesquisa e monitoramento em
uma usina, compreendemos de fato
o que é o problema e conseguimos
entender a dinâmica populacional da
mosca envolvendo as fazendas pecuárias próximas às áreas das usinas.
Temos informações também sobre
o efeito da aspersão de vinhaça na
mudança comportamental da mosca. Estas informações são base para
a elaboração do manejo integrado
da mosca-dos-estábulos, buscando
resultados eficientes. Em relação ao
controle biológico e químico, pesquisas também estão sendo desenvolvidas, demandando maior tempo
para que sejam implementadas corretamente e, assim, com melhor custo/
benefício. Os estudos sobre ações de
prevenção e controle estão em andamento, de modo a buscar maior eficiência e menores prejuízos para os
dois setores envolvidos. RC
RC
Revista Canavieiros - Agosto de 2016
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Entrevista II
“Promover e implementar a
inovação no agronegócio”
Maurício Mendes
Foi o que disse o presidente do Conselho Curador da FUNDAG (Fundação de Apoio à Pesquisa Agrícola), dr. Maurício Mendes, à Revista Canavieiros ao ser questionado sobre qual seria a missão da entidade.
A Fundação foi criada em 1991, e desde então vem dando suporte às instituições de pesquisas e estreitando as relações entre os institutos e a iniciativa privada para o desenvolvimento de novas tecnologias e inovações no agronegócio. Para saber um pouco mais sobre a FUNDAG, confira a entrevista.
Fernanda Clariano
Revista Canavieiros: O que é a
FUNDAG e quais suas atividades?
Maurício Mendes: Somos uma
entidade de personalidade jurídica de
direito privado, sem fins lucrativos,
cuja finalidade é dar suporte e fomentar a formação de recursos humanos e
as atividades de desenvolvimento em
ciência e tecnologia agrícola.
Revista Canavieiros: Qual é a
missão e a visão da FUNDAG?
Maurício Mendes: Nossa missão
poderia se resumir ao nosso nome FUNDAG, como “Apoio à pesquisa agrícola”, mas entendemos que é muito mais
do que isto, ou seja, “Promover e implementar a inovação no agronegócio”.
Nossa visão se baseia numa agricultura
sustentável e agregadora, em um meio
ambiente preservado, envolvendo instituições agrícolas cada vez mais fortes,
considerando nos tornar uma referência
internacional no que nos propomos a
fazer, além de facilitar a integração entre o setor privado e os órgãos públicos.
Propomos-nos ainda a disponibilizar
mecanismos ágeis e eficientes para a
execução de projetos de pesquisa, ensino e inovação tecnológica.
Revista Canavieiros: Qual é o
quadro da FUNDAG hoje? Quem são
os diretores, quantos funcionários e
quem são os parceiros?
Maurício Mendes: Nossa equipe
fixa conta com 19 colaboradores que
são responsáveis pelos departamentos
de Gestão, Secretaria e Comunicação,
Pessoal, Recursos Humanos, Parcerias
Privadas, Parcerias Públicas, Tecnologia da Informação, Contabilidade
e Contratos e Convênios.
Esta equipe é comandada
pelo Conselho Diretor, cujos
membros são os pesquisadores Orivaldo Brunini (diretor presidente), Ronaldo
Severiano Berton (diretor
financeiro) e Renato Ferraz
de Arruda Veiga (diretor administrativo). Há ainda um
Conselho Fiscal, com três
membros, e um Conselho
Curador, composto hoje por
11 membros, sendo cinco da
iniciativa privada e seis pesquisadores ligados aos institutos de pesquisa. Os nossos
parceiros se dividem em entidades públicas e privadas.
Entre as públicas estão as
principais entidades de pesquisa, ensino e extensão do
Agro brasileiro, como IAC,
CATI, EMBRAPA, ESALQ, FEHIDRO, IZ, IB, IF, IBOT, IEA, UNESP,
UFSCAR, USP, UNICAMP, ITAL, entre outros. Entre as entidades privadas
temos parcerias com WWF, Copercana,
Fundecitrus, Syngenta, Basf, entre outras. O setor sucroalcooleiro também
representa grande parcela de parceiros
com cerca de 150 usinas, espalhadas
pelo território nacional e em outros países como México e Peru, por exemplo.
Revista Canavieiros: Recentemente a FUNDAG completou 25 anos.
Fale um pouco sobre a sua história.
Maurício Mendes: A FUNDAG
tem crescido constantemente desde 1991. A equipe, juntamente com
sua diretoria e conselhos, tem se esforçado no sentido de modernizar e
Revista Canavieiros - Agosto de 2016
consolidar os processos de captação
de novos parceiros, assim como tem
visado proporcionar excelência no
atendimento aos coordenadores dos
projetos. Nossa Fundação não deixou
em nenhum momento de se basear em
novas tecnologias e isso foi primordial
para chegarmos onde estamos hoje,
com uma sede nova e própria, com um
site repaginado para contemplar todos
nossos prospects dos setores público
e privado, com legislações mais acessíveis e transparentes e um grupo de
funcionários e diretores apto a encarar
os desafios do agronegócio.
Revista Canavieiros: Qual é o papel da FUNDAG junto as instituições
de pesquisas?
Maurício Mendes: O papel da
11
FUNDAG em suma é diretamente relacionado com a gestão de recursos
para pesquisas e projetos. Viabiliza o
fomento para a formação de recursos
humanos e geração de novas tecnologias científicas. Além disso, desenvolve processos ágeis no sentido de viabilizar a eficiente utilização de recursos
públicos e privados para investimento
em pesquisas.
Revista Canavieiros: Qual a ligação entre a FUNDAG e o IAC?
Maurício Mendes: No início o
IAC foi o start para que a FUNDAG
se lançasse no mercado e graças ao
apoio do instituto muitas pesquisas
foram viabilizadas e foram sucesso no mercado. Hoje ainda
mantemos ligação próxima
com IAC, com o Centro de Cana em
Ribeirão Preto e o Centro de Citricultura em Cordeirópolis, por exemplo,
onde temos projetos que geram tecnologias e recursos importantes. No
entanto, hoje atendemos igualmente a
todos os institutos de pesquisa agrícola, sem distinção. Havendo excelência
em pesquisa podemos apoiar qualquer
entidade pública ou privada de pesquisa em nosso setor.
Revista Canavieiros: De onde vêm
os recursos da FUNDAG?
Maurício Mendes: Os recursos
vêm de fundos como Fapesp,
Cnpq e bancos como BNDES. As empresas e entidades privadas também
são importantes para a
obtenção de recursos e
essenciais para promover
nossos objetivos.
Revista Canavieiros: Quais são os maiores desafios dos centros
de pesquisas hoje?
Maurício Mendes: Nossos desafios
são manter uma captação constante de
recursos. Além disso, queremos diminuir a burocracia para atrair nossos
parceiros. Queremos ser reconhecidos
pelo mercado como uma entidade de
apoio à pesquisa eficiente, transparente e competitiva. O papel do Estado
em prover recursos para pesquisa vai
diminuir mais ainda. Por outro lado,
o setor privado vai aumentar cada vez
mais sua participação.
Revista Canavieiros: O que significa para o senhor estar à presidência
do Conselho Curador da FUNDAG?
Maurício Mendes: Considero um
grande desafio profissional. Tenho a
satisfação de participar de uma equipe de alto nível. Todos no conselho
são expoentes em seus setores, o que
aumenta nossa responsabilidade, pois
sabemos da importância de promover a
pesquisa para o principal setor econômico do país. Nosso papel no Conselho Curador é garantir que a FUNDAG
estará preparada para os desafios que o
tempo nos trará. RC
Revista Canavieiros - Agosto de 2016
12
Ponto de Vista
Hora de mudar para melhor o setor
sucroenergético
Por José Osvaldo Bozzo*
O
s ventos da mudança parecem
soprar na direção correta. As
perspectivas de melhora na
economia, no consumo e na gestão pública de nosso país são alvissareiras e
têm tudo para contribuir para o crescimento e fortalecimento do setor sucroenergético, especialmente por sua
importância na geração de empregos e
na conservação ambiental.
É evidente que ainda é cedo para declararmos que a solução dos problemas
que afetam esse segmento de negócios
está bem encaminhada. Os desafios são
enormes, e há muitas conquistas pendentes para melhorar o cenário para os
empreendedores dedicados ao processamento da cana-de-açúcar.
Mesmo porque, o atual Governo tem
muitas dúvidas em relação a medidas
que poderiam beneficiar profundamente o setor. Este é o caso da volta da incidência da CIDE (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) sobre
os combustíveis de origem fóssil, por
exemplo. Apesar de certas áreas técnicas do Governo considerarem positiva
a possível volta da cobrança da contribuição para ampliar a arrecadação de
recursos, outros setores importantes rechaçam a medida.
Este é o caso do Banco Central, liderado por seu presidente, Ilan Goldfajn,
que afirmou recentemente ser contra a
adoção dessa contribuição, em razão
dos efeitos que a alta dos preços dos
combustíveis teria sobre a inflação no
curto prazo.
A retomada da CIDE seria uma boa
forma de equalizar a diferença de preços entre os combustíveis fósseis e o
etanol, prejudicada pela baixa artificial
de preços da gasolina nos últimos anos,
política praticada pelo Governo da presidente afastada, Dilma Rousseff, junto
à Petrobras para controlar a inflação, o
que provocou desequilíbrios e a grave
crise que hoje se vê em todo o setor
energético do país.
A adoção dessa política imprudente
e errática quase dizimou todo o segmento sucroenergético brasileiro, com
o fechamento de dezenas de usinas e a
decretação de processos de recuperação
judicial em outras tantas.
A retomada da CIDE sobre a gasolina seria uma medida justa para permitir que o setor pudesse recompor suas
margens, honrar seus débitos e seguir
contribuindo com o país em sua jornada dedicada à oferta de uma alternativa
energética renovável, limpa e adequada aos grandes desafios ambientais
que ameaçam o equilíbrio ecológico
essencial à existência da própria raça
humana e de todos os seres que integram os delicados ecossistemas de
nosso planeta.
Nesse sentido, é essencial que os
representantes do segmento sucroenergético, gestores e empresários, além
de boa parcela da sociedade que acredita nos benefícios de nossa tradicional
matriz energética limpa e renovável,
se engajem na luta por condições que
viabilizem os negócios sustentáveis tão
característicos dessa indústria.
Lembremos que há opções de atuação para as empresas do setor. Afinal,
ajustes mínimos permitem que produtores de etanol se dediquem ao processamento da cana-de-açúcar para a
industrialização e venda internacional de açúcar, que hoje é um negócio
mais atrativo que a oferta do combustível renovável.
Revista Canavieiros - Agosto de 2016
José Osvaldo Bozzo
Essa não é, logicamente, a principal
intenção dos players desse mercado. Mas,
caso persistam as condições inadequadas
que hoje só prejudicam os negócios, a
produção de etanol pode, simplesmente,
ser preterida, prejudicando toda uma cadeia que depende de quantidades enormes do produtos para suprir a demanda
crescente pelo combustível renovável.
Este é, portanto, o momento de agir.
A busca de apoios maciços e a demonstração de força política são fatores
essenciais para que o setor sucroenergético seja reconhecido em toda a sua
importância. Aproveitar a maré positiva
é, portanto, o grande desafio a ser encarado e transcendido neste momento.
*José Osvaldo Bozzo ([email protected]) é consultor tributarista e sócio da MJC Consultores. Formado em Direito, iniciou carreira na PwC.
Foi também Sócio da BDO e da KPMG e
professor de Planejamento Tributário na
USP – MBA de Ribeirão Preto.RC
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Revista Canavieiros - Agosto de 2016
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Ponto de Vista
Logística e transportes precários afetam o
agronegócio brasileiro
João Guilherme Sabino Ometto*
T
ransportes precários, segundo o
Banco Mundial, são o problema mais grave para agropecuaristas brasileiros.
A quebra na safra do feijão, em decorrência de questões climáticas, e o consequente aumento de preços da leguminosa somam-se a outro fator preocupante
que afeta o agronegócio brasileiro: a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) revela que a produção de grãos
em nosso país deverá ter queda de cerca
de 5% este ano, em relação a 2015, atingindo 196,5 milhões de toneladas.
As informações da Conab indicam
que o maior recuo, de 10% na comparação com 2015, será na produção de
milho, que alcançará 76 milhões de toneladas. É o menor nível em três anos.
Quanto ao arroz, a colheita deverá passar de 12,44 milhões de toneladas em,
2015, para 10,66 milhões de toneladas
este ano. Por conta da menor produção, as importações de alguns produtos
deverão aumentar significativamente,
principalmente do arroz e do milho,
que devem atingir níveis superiores aos
verificados nos últimos anos.
Embora a quebra na safra do feijão
e o recuo na produção de grãos sejam
atribuídos a causas climáticas, principalmente as associadas ao fenômeno El
Niño, é necessário, para que problemas
mais graves sejam evitados em futuro
próximo, resgatar a confiança dos empresários do agronegócio, que apresenta trajetória clara e muito bem definida
de queda, desde que começou a ser medida, em 2013, pela Fiesp (Federação
das Indústrias do Estado de São Paulo)
e a OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras). Considerando o bom
desempenho do setor nos últimos anos,
essa tendência menos otimista deve-se
à insegurança gerada pela crise político-econômica.
Os números macro não mostram o que
os indicadores de confiança conseguem
captar. Tratam-se das expectativas, embasadas em fatos concretos ou emocionais,
que determinam comportamentos e de-
cisões relativos ao negócio. Observando
os dados com atenção, se, por um lado,
a avaliação do produtor agropecuário
sobre o seu próprio negócio e o setor em
que atua permanece em alta, por outro, o
receio quanto à economia e à política é
grande a ponto de fazê-lo agir como qualquer consumidor assalariado. Sem certeza alguma do que acontecerá, coloca o pé
no freio e reavalia suas compras, nesse
caso o custeio e os investimentos.
Assim, além da retomada do crescimento do PIB, o governo também precisa dar mais atenção a alguns problemas
crônicos que afetam o agronegócio brasileiro. Uma das questões mais graves é
apontada em um novo estudo do BIRD
(Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento), da Embrapa
(Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e do Ministério da Agricultura,
intitulado Revisão Rápida e Integrada
da Gestão de Riscos Agropecuários no
Brasil. Segundo o relatório, na visão dos
próprios agropecuaristas, a precariedade
dos transportes e da logística é o obstáculo mais grave e a demanda menos
atendida pelas políticas públicas.
Razões não faltam para essa preocupação: no ranking 2015-2016 do Fórum
Econômico Global (WEF), dentre 140
nações, nosso país ficou em 123º lugar
em infraestrutura de transporte e 122º
quanto a portos e rodovias. Sessenta por
cento dos produtos agropecuários são
movimentados por estradas no Brasil,
mas apenas 13,5% delas são pavimentadas. A ameaça sempre presente de uma
interrupção dos fretes e a lentidão permanente geram insegurança e reduzem
a competitividade. Os riscos climáticos
são o segundo ponto mais preocupante.
Para mitigar esses dois fatores de
insegurança dos produtores, são necessárias políticas públicas consistentes,
a começar pelo restabelecimento das
parcerias público-privadas no setor de
infraestrutura, mas com critérios mais
atraentes para as empresas e economicamente viáveis. Quanto aos riscos
climáticos, a única solução possível é
ampliar e aperfeiçoar os mecanismos de
Revista Canavieiros - Agosto de 2016
João Guilherme Sabino Ometto
seguro, de modo a oferecer mais proteção e confiança aos agropecuaristas e
estimular os investimentos em aumento
de produção no campo. As duas medidas são absolutamente estratégicas!
Os organismos multilaterais, como
o Banco Mundial, preocupam-se com
o agronegócio brasileiro principalmente porque o vislumbram como uma das
soluções para a segurança alimentar do
Planeta. Afinal, somos um dos maiores
celeiros globais! Para nossos agropecuaristas, apesar de entenderem e se sentirem honrados ante tamanha responsabilidade, a solução dos problemas que
os afetam é essencial para produzirem
mais, criarem empregos, gerarem renda e continuarem contribuindo para o
fortalecimento da economia nacional.
Assim, espera-se que o novo governo
emergente da presente mudança política do país tenha visão mais objetiva e
clara sobre a importância do setor.
*João Guilherme Sabino Ometto,
engenheiro (Escola de Engenharia de
São Carlos - EESC/USP), é vice-presidente do Conselho de Administração
do Grupo São Martinho, vice-presidente da FIESP e Membro da Academia Nacional de Agricultura.RC
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Revista Canavieiros - Agosto de 2016
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Ponto de Vista
Planejamento à moda “Usain Bolt”
definições rápidas
Diogo Falcão Dalla Vecchia*
O
planejamento é o pilar crucial
para o alinhamento das expectativas de todos que participarão diretamente ou indiretamente de um
projeto. É nesta etapa que se moldam os
limites reais entre a qualidade, os prazos e os custos envolvidos.
Há quem diga que o setor sucroenergético, no âmbito de projetos industriais, careça de mais planejamento e,
sem sombra de dúvidas, quanto mais
se planejar melhor. Porém, neste setor
(como em muitos outros), é muito forte a influência de fatores externos, que
acabam por ser o vetor do rumo dos
investimentos (eventos climáticos, variações cambiais, crescimento interno,
mudanças de impostos, etc). Muitas
vezes, o rumo do mercado rapidamente
aponta para uma direção.
Hoje, o assunto produção de açúcar
no Brasil é assustadoramente forte! Em
alguns projetos específicos analisados,
o retorno da implantação de uma fábrica de açúcar convencional se dá por
volta de um a dois anos!
E não adianta postergar: o retorno
do investimento só será o esperado se
as decisões forem tomadas rapidamente. Mas como efetuar uma implantação
deste porte (fábrica de açúcar) em um
espaço tão curto de tempo, com qualidade máxima e sem sofrer com os
altos custos? Muito, mas muito difícil.
Se alguma empresa lhe prometeu tal
feito, desconfie.
Diogo Falcão Dalla
Vecchia
Não me entenda mal, eu acredito que o
empreendimento possa ser realizado, sim,
dentro do custo e com uma certa tranquilidade no prazo. E além disso, no setor, temos uma quantidade enorme de empresas
com competência para fornecer os serviços necessários. Porém, tenha em mente
que um dos grandes responsáveis, senão
o maior, sobre a qualidade do projeto e
seu sucesso, ou não, para um projeto de
uma necessidade tão imediata, é o próprio
time que efetua as contratações: o cliente.
O papel de ver a linha de chegada e
focar em alcançá-la o mais rápido possível deve partir de todos os envolvidos,
mas, principalmente, dos stakeholders
que detêm o poder da definição.
O planejamento à moda "Usain Bolt"
não é uma metodologia; é mais uma tentativa de expressar, em tempos de Olimpíadas, um paralelo entre quem realiza
o feito e algumas situações que ocorrem
com certa frequência em nosso setor.
Usain Bolt é jamaicano, maior velocista recordista mundial em 100 e 200
metros rasos. A linha de chegada é o
objetivo e ele a busca no menor tempo
possível. Quem já acompanhou alguma
prova em que ele participou, certamente viu o que ele faz e do jeito que faz,
até parece fácil.
Em projetos que demandam extrema
rapidez e agilidade, assim como Bolt
em suas corridas, somos testados ao limite. O estresse nessas situações é praticamente inevitável. Muitas vezes, perdemos tempo precioso com discussões
Revista Canavieiros - Agosto de 2016
inoportunas. Imagine se Bolt, no meio
de sua corrida, parasse para amarrar o
seu tênis? Com certeza seu objetivo não
seria alcançado.
Os projetos de demanda rápida e
que têm potencial de insucesso, normalmente, agregam algumas características em comum, como:
• Escopo de trabalho mal definido.
Aquela primeira reunião que alguém
faz a pergunta fatal: Isto está incluso?
• Burocracia demais para aprovação.
Aquela lista de 30 copiados no e-mail
ou aquela reunião com 20 pessoas com
horas de duração em que metade do
tempo é usada para alinhar as demandas
pessoais. Entram também na burocracia
as exigências excessivas por padrões
sem influência no conteúdo;
• Divergência entre objetivos a serem alcançados: O gerente industrial
sendo avaliado pelo aumento de moagem e o gerente de processos pelas
perdas reduzidas;
• Distanciamento do objetivo, alta
quantidade de solicitações por opções
e estudos, criando uma certa incoerência com o objetivo de atender o prazo.
• Busca por soluções inovadoras
sem comprovação técnica. Apesar
de ser um entusiasta de novas tecnologias, sei que o convencional tem o
seu valor, principalmente neste tipo
de situação;
• Aproveitar o empreendimento
para realizar melhorias secundárias.
Será que o retorno do investimento
será o mesmo?
Obviamente, não há nenhuma regra
definitiva que levará ao sucesso ou não
17
de um projeto, mas podemos listar alguns fatores que potencializam o risco
do insucesso, como os mencionados
acima, e nós, por muitas vezes, esbarramos em alguns empreendimentos. Se
hoje o aumento da produção de açúcar
é o foco, nos próximos anos e safras
poderá ser o etanol, a energia e outros.
Traçar metas de curtíssimo prazo
ajuda a orientar e a evitar que as definições saiam do rumo esperado. Precisamos, nos próximos anos, aprimorar a
condução de projetos com prazo escasso sem se desprender da qualidade, da
segurança e do retorno do investimento. Uma opção para isso é tornar mais
pragmáticos e menos burocratizados os
caminhos até a tomada de decisão.
A linha de chegada está logo ali.
*Gerente de Novos negócios e sócio
na Reunion Engenharia RC
Notícias Copercana
Agronegócios Copercana 2016 agrada participantes
Quem visitou aprovou a feira que disponibilizou novidades em insumos, equipamentos e serviços
A 12ª edição do Agronegócios Copercana realizada no mês de junho, em
Sertãozinho (SP), superou todas as expectativas em termos de volume de negócios e de visitação. O evento de máquinas, equipamentos e agroquímicos,
voltado especialmente para cooperados
do Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred, recebeu mais de cinco mil
visitantes de várias regiões do país.
Um deles foi o empresário e cooperado de São José do Rio Preto-SP, Osmair
Guareschi, que conferiu tudo de perto e
ficou muito satisfeito. “Eu participo de
muitas feiras pelo Brasil onde procuro
bons negócios, mas acima de tudo, busco bom atendimento, bom ambiente e
isso eu encontrei no Agronegócios Copercana. É uma feira muito bem organizada e só tem a crescer, pois oferece
José Geraldo (Coopercitrus), Pedro Esrael Bighetti e Osmair Guareschi
oportunidades para o cooperado adquirir
produtos com boas condições de pagamento e preços”, afirmou o empresário,
ao dar os parabéns aos organizadores
em conversa com o diretor da Copercana, Pedro Esrael Bighetti. Como tradicionalmente ocorre, no próximo ano,
o Agronegócios Copercana trará outras
novidades para os agricultores. “Disponibilizar as novas tecnologias e inovações para contribuir com o produtor
faz parte de nossa cultura cooperativa,
vale a pena conferir”, afirma Bighetti,
ressaltando que a edição de 2017 já tem
data marcada para acontecer: entre os
dias 27 a 30 de junho de 2017. RC
Revista Canavieiros - Agosto de 2016
18
Coluna Caipirinha
Caipirinha
Confiança e investimentos voltam ao Brasil
O que acontece com nosso Agro?
Em agosto sai a estimativa do
USDA (Departamento de Agricultura
dos Estados Unidos) para a safra norte-americana de milho e soja. Como
o clima vem sendo bom, e os ratings
muito positivos, é de se esperar a apresentação de números bem próximos
dos recordes produtivos.
A grande notícia do mês foi a
abertura do mercado norte-americano
para exportações de carne bovina in
natura do Brasil. Apesar da quantidade
ainda ser modesta (60.000 toneladas/
ano), o fato deste mercado ser aberto
ajuda muito na abertura de outros mercados que usam os EUA como parâmetro, e mesmo com carga tributária de
pouco mais de 20% no que exceder as
60 mil toneladas, temos condições de
colocar produtos de maneira crescente.
Recente estimativa da ABIOVE
(Associação Brasileira das Indústrias
de Óleos Vegetais) coloca que o Brasil
deve exportar neste ano praticamente
US$ 26 bilhões em soja.
Relatório 11 (agosto) da CONAB
(Companhia Nacional de Abastecimento) desta safra mostra uma área plantada de 58,2 milhões de hectares, 0,6%
(328 mil hectares) a mais que na safra
2014/15. A soja puxou os números, aumentando cerca de 1,2 milhão de hectares (total de 33,2 milhões de hectares).
O milho, safra principal, teve redução
de 12,2% na área (5,4 milhões de hectares) e o safrinha aumentou 10,2% atingindo 10,5 milhões de hectares.
Devemos alcançar 188,1 milhões
de toneladas de grãos, 9,5% menor que
as 207,8 milhões colhidas em 2014/15.
O clima nos ajudou a perder quase 20
milhões de toneladas. Que pena, temos
preços, mas não temos produtos para
vender na quantidade que queríamos.
O que acontece com nossa cana?
Relatório da UNICA (União da
Indústria da Cana-de-açúcar) da safra
2016/17 até o final da primeira quinzena de julho mostra moagem de 261,4
milhões de toneladas, 16% acima da
safra anterior. A cana destinada para
açúcar está em 44,21% contra 40,15%
no ano passado. A quantidade de ATR
está ligeiramente acima (0,63%), com
133,25 kg/t. Mas em SP, o ATR está
menor (130,51).
Temos que monitorar de perto
os preços do petróleo. O recente recuo
para US$ 44/barril atua negativamente
nos preços do açúcar. Somado à valorização do Real, voltam as pressões para
redução dos preços da gasolina, impactando o etanol e o açúcar. Se bem que
abre espaço para a volta da CIDE (Contribuição de Intervenção no Domínio
Econômico) na gasolina, sem impactar
o preço final.
De acordo com a FG/Agro, em
agosto a margem de grupos muito eficientes estava ao redor de R$ 55/ton de
cana processada para o açúcar e R$ 20
para o etanol, sem se considerar o capital investido. Açúcar daria um faturamento de R$ 170/tonelada equivalente,
e o etanol R$ 120.
Desempenho operacional da Odebrecht melhorou 23% na safra 2015/16,
mas o custo financeiro impactou para
um prejuízo de R$ 1,9 bilhão no ano.
Projeta moer 31 milhões de toneladas
em 2016/17. É mais um caso onde a
operação é drenada pelo financeiro.
A Nova Fronteira (joint venture
entre São Martinho e Petrobrás) registrou lucro líquido de R$ 148,2 milhões
em 2015/16. O lucro operacional aumentou quase 80% e as despesas financeiras 6,5%.
Abengoa Brasil registrou prejuízo de R$ 162,9 milhões em 2015/16,
15% maior que o de 2014/15. Custos
aumentaram e piorou a situação operacional em mais de 58%, que deu prejuízo de R$ 140 milhões. Despesas financeiras aumentaram 67%, quase R$ 390
milhões, corroendo fortemente a receita
total de R$ 673 milhões. A dívida chega
a R$ 949 milhões, quase 33% acima do
ano anterior.
São Martinho deu lucro de R$
39,7 milhões no primeiro trimestre
da safra 2016/17, 26% acima do ano
passado. A receita aumentou 50%, e o
Ebitda também perto disto.
Neste mês tive interessante reunião com um investidor em novos usos
para a cana-de-açúcar e seus produtos
derivados, compartilho aqui:
Revista Canavieiros - Agosto de 2016
Marcos Fava Neves*
- Sacaria de plástico biodegradável
para big bags de fertilizantes, Brasil
40.000 ton/ano, EUA 250.000 ton/ano
em plástico;
- Sacos de rafia biodegradável para
utilização em mercado de sementes, entre outros;
- Tubetes biodegradáveis (indústria
de papel e celulose, indústria da cana –
mudas);
- Plástico rígido biodegradável (ex:
tampinhas de Coca-Cola usariam 1,2
mi ton de açúcar ano);
- Inversão do açúcar – utilização de
enzima que permite quase 100% de inversão, produto sem os resíduos que a
inversão ácida deixa;
- Biocontrole de pragas e biofertilizantes (economia de 30% a 40% no uso
destes insumos comparados à forma
tradicional);
- 1 tonelada de cana = 65kg de plástico (R$ 8/kg ) e 15 kg de proteínas (R$
3/Kg) totalizando receitas de R$ 565
/ ton de cana;
- Custo de produção de 1 Kg de
biopolímero e 235 gramas de proteína
equivalente a 2,45 x o custo industrial
da produção de 1 Kg de açúcar + valor
de venda de 2 Kg de açúcar VHP.
O que acontece com nosso açúcar?
Relatório da UNICA da safra
2016/17 até o final da primeira quinzena de julho mostra que a produção de
açúcar já alcançou 13,81 milhões de
toneladas e está 30% acima da safra anterior. Com o tempo seco o rendimento
está sendo excelente.
19
Vendas de açúcar bruto e refinado
de janeiro a julho de 2016 chegaram a
15,415 milhões de toneladas, 22% acima de 2015. As receitas cresceram 17%,
chegando a quase US$ 5 bilhões. O preço médio foi de US$ 323/tonelada.
Perspectivas de preços ao redor
de 20 cents/libra peso nos próximos dois
anos. Valorização do real deve compensar um pouco as elevações de preços devido aos deficits previstos.
Usinas investem para ampliar a
capacidade de produção de açúcar aumentando seu poder de decisão de alocação do caldo.
Alguns grupos também estão segurando a moagem para permitir um
mix açucareiro maior.
A Datagro elevou a perspectiva
de deficit no mercado de açúcar de 7,1
para 8,9 milhões de toneladas no ciclo
2016/17 (outubro a setembro). Para
2015/16, o deficit será de 7,72 milhões
de toneladas, o que dá um deficit acumulado em dois anos de mais de 16,5
milhões de toneladas.
Relatório da FAO/ONU recém
divulgado aponta redução dos estoques
mundiais de açúcar de 45% hoje para
39% em 2025.
Usinas já fixando a produção de
2017/18, a um preço médio, segundo a
Archer, de R$ 1.509/tonelada com quase 2 milhões de toneladas fixadas. Este
movimento deve continuar avançando
com este patamar de preços. Nesta safra
o preço médio ficou em R$ 1267/ton. A
São Martinho travou 150 mil toneladas
a 19 cents/libra peso.
Acaba de sair uma estimativa que
a safra do principal estado produtor da
Índia, Maharashtra, terá quebra de produção de 40% na safra que começa em
outubro, devendo forçar a Índia a importar. Deve perder quase 3,5 milhões de toneladas com quase 40 usinas ficando sem
cana para moer. Mais uma boa notícia:
estão doces as perspectivas do açúcar!!!
O que acontece com nosso etanol?
Em termos de consumo de combustíveis automotivos, o Brasil é o quarto mercado do mundo (em 2015 foi de 2
milhões de barris por dia, algo próximo
a 116 bilhões de litros). Mais de 70%
são fósseis e temos uma dependência
de 350 mil barris/dia. De acordo com
a ANP (Agência Nacional do Petróleo,
Gás Natural e Biocombustíveis) teremos
deficit de mais de 1 milhão de barris por
dia a partir de 2026. A opção será a de
importar ou investir para produzir internamente. Para importar, será preciso
grande investimento em infraestrutura
de recebimento nos portos e de transporte para dentro do país, além da formação de estoques. É lógico que nós somos
pela produção interna, e de etanol.
Por ser um imposto que causa inflação, a volta da CIDE na gasolina tem
este fator pesando contra, a menos que
seja aplicada caso os preços do petróleo
e da gasolina caiam.
Estamos importando etanol dos
EUA para abastecer o Nordeste. Isto
causa arrepios em muitos, mas não em
mim. Quem quer vender também pode
comprar. Isto é comércio, algo que deve
sempre ser bilateral.
Algumas estimativas apontam
para um preço do barril do petróleo
começando a subir novamente, pois
a demanda vem surpreendendo, apesar dos estoques de gasolina elevados.
Apontam para US$ 50 a 70 o barril neste final de ano. Mas nada que incentive
novos investimentos das petrolíferas. Já
o Morgan Stanley projeta números ao
redor de US$ 40, sendo a média para
2016 de US$ 42 e de 2017 de US$ 51/
barril. Talvez um número médio de
US$ 45 neste ano e US$ 55 no próximo
possa ser o que adotaremos.
O compromisso do Brasil na COP
21 em Paris foi colocado e nos leva a 50
bilhões de litros de etanol. O Governo
também trabalha com o número de 54
bilhões de litros, 75% a mais que a atual
safra (28 bilhões). A EPE (Empresa de
Pesquisa Energética) calculou quanto
seria necessário, baseando-se num critério de adição de 27% na gasolina, e a
participação do etanol nos veículos de
ciclo Otto chegaria a 45% em 2030. O
consumo de anidro aumentaria 40,8%
(7,6 bilhões de litros de gasolina equivalente em 2014 para 10,7 bilhões de
litros em 2030). Já o hidratado cresceria
145%, passando de 9,3 bilhões de litros
para 22,8 bilhões. O total seria de 33,5
bilhões de litros em gasolina equivalente. Para isto se necessita de 1,074 bilhão de toneladas de cana (47% a mais
que hoje) e destinando mais cana para
etanol. Neste momento, cerca de 51 bilhões de litros seriam de etanol de primeira geração e os outros 3 bilhões de
segunda geração.
Ainda segundo a EPE, em 2030
seriam demandados 41,8 bilhões de litros de gasolina, sendo que nossa capacidade atual é de 29 bilhões de litros.
12,8 bilhões de litros teriam que ser importados. Precisamos divulgar estes números para que a sociedade se mobilize
para um novo ciclo de investimentos.
Desde o início da safra o Brasil
exportou quase 450 milhões de litros de
etanol, 121% a mais que ano passado,
trazendo uma receita de US$ 207 milhões. Parte importante tem ido à Califórnia. Nos últimos 12 meses os embarques foram de 2,4 bilhões de litros.
Neste mês o açúcar nos dá melhores notícias que o etanol, apesar do imenso potencial deste, como vimos acima.
Quem é o homenageado do mês?
Todos os meses nossa coluna traz
uma singela homenagem a alguém que
sempre contribui com o agronegócio e
com a cana. Neste mês o homenageado
é o Roberto Cestari, aguerrido líder setorial com o qual eu tenho o privilégio de
debater e discutir há mais de cinco anos,
seja em Guariba como em Orindiúva,
sempre com uma mesma visão setorial e
de inclusão social pelo coletivismo.
Haja Limão
Com 59 votos favoráveis e 21
contrários o Brasil, na madrugada de 10
de agosto, deu um passo praticamente
definitivo para se livrar de Dilma Rousseff e do lulopetismo, um triste período
de nossa história, onde uma visão equivocada de mundo aliada a um desrespeito sem precedentes com o patrimônio
público, atrasou o país em uma geração,
pelo menos. O Brasil já segura, faltando apenas colocar no pescoço sua mais
importante medalha de ouro, que trará
de volta a confiança, os investimentos, o
crescimento com geração e distribuição
de renda e a inclusão social sustentável.
Resgatará os valores de nossa sociedade,
a nossa gana individual de esforço, trabalho e mérito que formará uma contagiante onda coletiva visando deixar um
país muito melhor para nossos filhos.
Acordo com uma sensação incrível de
leveza, consciente do infinito trabalho de
reconstrução pela frente, mas agora com
imensa, imensa vontade de trabalhar.
Marcos Fava Neves é Professor Titular
da FEA/USP, Campus de Ribeirão Preto.
Em 2013 foi Professor Visitante Internacional da Purdue University (EUA) e
desde 2006 é Professor Visitante Internacional da Universidade de Buenos Aires e
Membro do Conselho da Orplana. RC
Revista Canavieiros - Agosto de 2016
20
Notícias Canaoeste
Canaoeste reúne fornecedores de cana
em Barretos (SP)
Mais de 100 participantes lotaram a sala Montana no Barretos Country Hotel
Fernanda Clariano
A
cidade de Barretos (SP) é muito conhecida por sediar uma
das maiores festas de rodeio.
A economia do município é baseada
principalmente na produção de carne,
citrus, borracha, grãos e mais recentemente na cana-de-açúcar, que vem
ganhando espaço.
Dada sua representatividade e a importância que a cidade representa para
a Canaoeste (Associação dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de
São Paulo), Barretos foi escolhida para
sediar o início do ciclo de encontros
técnicos do segundo semestre de 2016.
A reunião aconteceu no dia 20 de
julho, na sala Montana, no Barretos
Country Hotel, e contou com a presença dos diretores e equipe técnica da entidade. Também prestigiaram o evento
o diretor da Copercana, Pedro Esrael
Bighetti; o veterinário da Copercana,
Gustavo Lopes; Representantes do Sindicato Rural de Barretos e mais de 100
pessoas entre associados e convidados.
Hoje a Canaoeste abrange 80 municípios com 12 escritórios regionais
contando com Sertãozinho que é a
matriz e o encontro técnico tem percorrido todas as áreas de abrangência
da associação.
O objetivo é apresentar aos associados o novo modelo proposto pela
entidade, bem como mostrar a sua representatividade no âmbito político,
ambiental e econômico do setor de um
modo geral. Outro ponto é promover
maior interação com os fornecedores e
por meio de palestras técnicas, mostrar
uma visão geral sobre os derivados da
cana, incluindo preços, deficit, oferta
e demanda, manejo e produtos, podendo assim colaborar com o produtor em
suas tomadas de decisões.
Manoel Ortolan, presidente da Canaoeste, falou sobre a entidade, a importância do
associativismo e o trabalho que vem sendo desenvolvido em Barretos
Em noite bastante concorrida, os
participantes acompanharam, durante a
abertura, a explanação do presidente da
Canaoeste, Manoel Ortolan, que fez um
traçado sobre a entidade, a importância
do associativismo e o trabalho que vem
sendo desenvolvido em Barretos. “A Canaoeste e a Copercana começaram um
trabalho na região de Barretos há poucos anos e tentam no dia a dia se firmar
nessa região. Em um primeiro momento, estamos retomando as atividades da
Associação no município com um time
novo, pronto para atender os fornece-
dores em suas necessidades”, afirmou
Ortolan que também enfatizou o fato
de poder contar com o apoio do Sindicato Rural e com um grande número de
participantes. “Tivemos nessa reunião o
apoio do Sindicato Rural de Barretos, na
pessoa do presidente, Ciro Ferreira Pena,
que não esteve presente, mas que enviou
um representante. O Sindicato é forte na
região de Barretos e nos ajudou muito
convocando as pessoas a participar e,
com isso, fomos surpreendidos pelo número de participantes que prestigiaram a
reunião”, afirmou.
Conteúdo técnico
As perspectivas do mercado mundial
de açúcar e seus reflexos na produção
brasileira da commodity assim como informações atuais sobre o futuro para o
etanol, pontuando demandas e desafios
foram os assuntos discutidos pelo gestor
corporativo da Canaoeste, Almir Torcato.
“Mais do que apresentar a parte econômica do nosso setor sucroalcooleiro, do
mercado do açúcar e do etanol, essa reunião é uma prestação de contas aos associados que estiveram presentes e até então
não conheciam todo o trabalho que é feito
dentro da associação e para o setor como
Revista Canavieiros - Agosto de 2016
Almir Torcato
um todo. A Canaoeste está à disposição
do associado. Participar dessa empreitada, dessa nova Canaoeste, dessa nova vi-
21
são, é uma satisfação muito grande para
mim, como gestor desse projeto, que é
maravilhoso”, destacou Torcato
Dr. Carlos Alberto Azânia, pesquisador
do IAC e professor
Já o pesquisador do IAC e professor,
dr. Carlos Alberto Azânia, ministrou
palestra sobre “Manejo de plantas daninhas na cultura de cana-de-açúcar”,
onde abordou a questão da importância
do manejo citando a necessidade de se
fazer o controle com aplicações de herbicidas, evitando-se, assim, o aumento
do banco de sementes das plantas daninhas. O pesquisador também contextualizou desde os prejuízos que as plantas
daninhas causam, as melhores formas
de controle, como escolher um herbicida
em função da sua época de aplicação, em
função das suas características químicas,
da identificação das plantas daninhas e
as maneiras mais eficazes de aplicar herbicidas de modo que se tenha controles
mais eficazes. De acordo com o pesquisador, o manejo inadequado pode trazer
ineficácia no controle e as perdas por
plantas daninhas podem atingir até 85%
de prejuízo para o canavial.
A programação da noite terminou
com a apresentação das soluções tecnológicas da DuPont para o controle de
plantas daninhas feita pelo assistente
técnico da multinacional, Danilo Cobacho, que destacou o portfólio da empresa dando ênfase ao herbicida Front.
Depoimentos
“Estou muito feliz em poder contribuir com os fornecedores de Barretos
por meio do meu trabalho, que é dar
suporte de campo agronômico, desde
o plantio até a colheita, com todas as
técnicas de melhorias, produtividade e
redução de custo. Um evento como este
encontro é para agregar conhecimento e
poder ver que os fornecedores de Barretos aderiram e mostraram interesse e
isso é muito gratificante”, disse o técnico agrícola responsável pela filial de
Barretos, Giovanni César Mossin.
mais satisfeito. O produtor que contribui com a associação quer ver resultados para se sentir satisfeito e hoje estou
vendo uma Canaoeste empenhada em
atender o produtor e isso é gratificante”, comentou o associado da cidade de
Colina, Oscar Barcellos Neto.
Cássio Davi de Albuquerque
Furtado, associado
Giovanni César Mossin, técnico agrícola
responsável pela filial de Barretos
“A Canaoeste está de parabéns por
esse novo modelo, pois tem aproximado mais a associação junto ao associado
e isso também é importante. O trabalho
técnico que vem sendo realizado é muito bom e a cada dia que passa estou
Oscar Barcellos Neto,
associado da cidade de Colina
“Hoje há um trabalho bastante interessante desenvolvido pelo técnico
agrícola da Canaoeste, Giovanni Mossin, e pelo agrônomo da Copercana,
Anézio Meloni Neto, que tem dado um
grande suporte na área de compras e
no campo. Essa reestruturação da Canaoeste vem ao encontro das minhas
expectativas”, afirmou o associado
Cássio Davi de Albuquerque Furtado.
Pedro Antônio Abdalla, associado de
Barretos e Severínia
“Achei muito bom o conteúdo apresentado, principalmente do Manoel
Ortolan, explanando sobre a nova Associação e as palestras técnicas também
foram muito boas. Essa reestruturação
está dando sinais de que tem tudo para
ser um sucesso, eu acredito que irá trazer muito mais benefícios”, observou o
associado de Barretos e Severínia, Pedro Antônio Abdalla. RC
Equipe da Canaoeste Revista Canavieiros - Agosto de 2016
22
Notícias Canaoeste
Fornecedores de cana de Morro Agudo
(SP) participam de encontro técnico
realizado pela Canaoeste
Fernanda Clariano
C
erca de 100 fornecedores de
cana da cidade de Morro Agudo
(SP) e da região se reuniram no
dia 3 de agosto, no Royal Mix, para o
encontro técnico realizado pela Canaoeste e Copercana, em parceria com a
Dow AgroSciences e o Sindicato Rural
de Morro Agudo.
O presidente da Associação, Manoel Ortolan, abriu a reunião explanando
sobre o associativismo e reforçou a importância da participação dos associados no sentido de fortalecer e manter a
representatividade da entidade.
“Estamos realizando uma série de
reuniões pelas cidades onde há filiais
da Canaoeste e também da Copercana,
buscando maior aproximação dos associados. Uma entidade para ser forte e ter
representatividade precisa de uma diretoria atuante, mas acima de tudo necessita da presença dos fornecedores e dos
associados junto a ela para se sustentar.
Não existe associação eficiente com
bons resultados, se há o ‘divórcio’ entre
a diretoria e produtor”, afirmou Ortolan.
Reunião técnica de Morro Agudo atraiu cerca de 100 fornecedores de cana
ca. “Abordei a situação do mercado de
cana, açúcar e etanol e foi uma reunião
bastante proveitosa. O resultado também
foi positivo e surpreendente pela presença, acredito que isso seja fruto do trabalho
dos agrônomos da região”, disse.
Um dos maiores especialistas na área
de defensivos agrícolas, o consultor e
sócio-diretor da Consult Agro, Weber
Valério, ministrou importante e enriquecedora palestra onde abordou o tema
“Gestão sobre manejo integrado de plantas daninhas em cana-de-açúcar”.
“Precisamos aproveitar oportunidades
como essa para informar aos produtores
que manejar plantas daninhas atualmente
se tornou muito mais complexo do que
num passado recente. Nós não queimamos mais, o fogo era um agente controlador de plantas daninhas, lógico que
Manoel Ortolan,
presidente da Associação
Em seguida, o gestor corporativo da
entidade, Almir Torcato, falou sobre
as perspectivas da safra canavieira de
2016/17, dando ênfase à parte econômiRevista Canavieiros - Agosto de 2016
Weber Valério, consultor e
sócio-diretor da Consult Agro
temos outros benefícios de não queimar,
mas para a planta daninha o controle ficou muito mais complexo. A palhada estendida no canavial mudou o microclima
do solo. Estamos hoje com quebra de dormência e surgimento de plantas daninhas
que até então, quando queimávamos,
não existiam que são plantas daninhas
23
de sementes grandes e, controlá-las com
herbicidas, com controle químico, é extremamente difícil”, garantiu o consultor
que também pontuou que apenas o controle químico no manejo de plantas daninhas não basta. “Precisamos fazer um
controle cultural, tratar bem do canavial
para que este possa sombrear e fechar o
mais rápido possível e, aí sim, não deixar
a planta daninha germinar. É interessante e necessário adubar bem, controlar
pragas, evitar pisoteio de colheita, não
falhar o canavial porque onde tem falha
tem insolação, onde tem insolação germina planta daninha. Outro controle que
costumo frisar bastante é o preventivo.
Hoje, a colhedora é a principal disseminadora dessas plantas daninhas de difícil
controle, por isso é preciso fazer a assepsia, limpeza dessas máquinas para não
levar essas plantas de onde tem para onde
não tem”, contextualizou Valério.
A Dow AgroSciences, grande parceira no encontro, encerrou a programação
Os agrônomos são os porta-vozes
da Associação e estão constantemente
trabalhando, ouvindo os produtores e
buscando trazer soluções que visam
melhorias e produtividade no campo.
O engenheiro agrônomo responsável
destacando as soluções tecnológicas da
multinacional. Na ocasião, apresentou
seu principal produto com alta seletividade para a cultura de cana, o herbicida
Coact, que possui tecnologia altamente
eficiente no controle de plantas daninhas com folhas largas e estreitas em
pré-emergência.
De acordo com o gerente de Vendas da Região CDA da Dow AgroSciences, Gastão Fernando de Luca
Junior, “a parceria com a Canaoeste
é importante, pois sabemos que por
meio dos serviços oferecidos por ela,
os nossos produtos serão aplicados de
acordo com as recomendações indicadas pela empresa. A união de produtos altamente tecnológicos com as
boas práticas no campo traz um melhor resultado em todo o processo do
cultivo, além de proporcionar a redução de custos e promover a sustentabilidade no negócio”.
O público participou e aprovou
Neto Prado, associado de Morro Agudo
Gerson Volpon, associado de Morro Agudo
“Essa reunião atendeu às minhas
expectativas, é muito bom poder se
informar e, por meio dessa reunião, a
Canaoeste está nos dando essa grande
oportunidade. A palestra do consultor
Weber Valério foi muito interessante e
importante para o nosso dia a dia. Eu
também gostaria de ressaltar que estou
muito feliz com o trabalho que a Canaoeste desenvolve aqui em Morro Agudo,
sempre que solicitei um agrônomo ele
esteve presente me orientando e dando
assistência. Estou sempre em contato
com eles”, disse o associado de Morro
Agudo, Neto Prado.
“Essa é uma nova realidade da associação e o que o Manoel Ortolan nos
apresentou foi muito interessante. Pude
perceber que a Canaoeste está procurando acompanhar a realidade do país,
do momento e estar mais próxima dos
seus associados e isso é muito importante. Outro ponto que me chamou a
atenção foi a palestra do Weber Valério,
pois ele falou sobre o manejo dos herbicidas de uma forma de fácil entendimento. Essa reunião me agradou muito
e atendeu plenamente às minhas expectativas”, destacou o associado de Morro
Agudo, Gerson Oswaldo Volpon. RC
pela cidade de Morro Agudo é Antônio Cussiol, que trabalha na Canaoeste há seis anos, prestando assistência
técnica agronômica aos fornecedores
associados. “É muito importante, uma
grande satisfação praticar a extensão
rural levando o conhecimento que
sai dos institutos de pesquisas até o
produtor. Poder contar com a presença dos fornecedores da cidade nessa
reunião é prova de que eles estão interessados em buscar novas tecnologias
e novos conhecimentos, isso é gratificante”, pontuou Cussiol.
Revista Canavieiros - Agosto de 2016
24
Notícias Sicoob Cocred
Balancete Mensal - (prazos segregados)
Cooperativa De Crédito Dos Produtores Rurais e Empresários do
Interior Paulista - Balancete Mensal (Prazos Segregados)
- Junho/2016 - “valores em milhares de reais”
Sertãozinho/SP, 30 de Junho de 2016.
Revista Canavieiros - Agosto de 2016
25
Revista Canavieiros - Agosto de 2016
26
Assuntos Legais
Transporte de cana-de-açúcar
Obrigatoriedade de Enlonamento
O
transporte de cargas em vias
públicas de produtos sólidos
a granel através de caminhões com carrocerias abertas vem
sendo regulamentado ao longo dos
tempos para trazer maior segurança aos demais usuários, evitando-se
que referidas cargas caiam e tragam
acidentes. Neste contexto, inclui-se o
transporte da cana-de-açúcar.
Em 2013 foi publicada a Resolução Contran nº 441, de 28 de maio de
2013, autorizando o transporte de cargas deste tipo somente por caminhões
com (i) carrocerias laterais fechadas,
(ii) com o enlonamento ou dispositivo
similar das cargas e, desde que, (iii)
a carga não exceda os limites da carroceria.
Diante da necessidade de um prazo para possibilitar a adequação da
maioria dos veículos canavieiros ao
cumprimento destas obrigações, o
Contran editou em 2014 a Resolução
449, de 28 de agosto, fixando o prazo final para 1º de setembro de 2016,
conforme se vê: “Art. 2º. Acrescentar
o art. 1º-A na Resolução CONTRAN
nº 441/2013, com a seguinte redação:
“Art. 1º–A. Para os veículos utilizados
no transporte de cana-de-açúcar, o uso
de lona ou dispositivo similar de que
trata o § 1º do art. 1º será exigido a
partir do dia 1º de setembro de 2016. ”
Ao desrespeitar referida norma, o
transportador fica sujeito às penalidades dispostas nos artigos 230, IX e
X, 231, IV e 235, todos do Código de
Trânsito Brasileiro, que caracterizam
a infração como grave, determinando
pena de multa e retenção do veículo
para regularização.
Prevê, ainda em caso de derramamento da carga em via pública, o enquadramento do artigo 231. II, do Código de Transito Brasileiro, que fixa a
Juliano Bortoloti
Advogado da Canaoeste
infração como gravíssima, com penalidade de multa e retenção do veículo
para regularização
Portanto, a partir de 1º de Setembro de 2016, os veículos que transportarem cana-de-açúcar nas vias públicas devem se adequar às regras acima
expostas para evitar as penalidades
previstas na legislação nacional. RC
Enlonamento de cana será obrigatório
a partir de 1º de setembro de 2016
Revista Canavieiros - Agosto de 2016
27
Untitled-1 1
16/08/2016 10:16:10
Revista Canavieiros - Agosto de 2016
28
O que é o atendimento ambiental?
P
rezados leitores, muito se fala de
atendimento ambiental em casos
de infrações ambientais rurais.
Pretendo aqui elucidar os pontos mais
importantes deste procedimento prévio
que o estado de São Paulo adota, a meu
ver, de forma muito racional.
Pois bem, em 04 de abril de 2014,
foi promulgado o Decreto Lei nº
60.342, pela Assembleia Legislativa
do Estado de São Paulo, e que dispõe
sobre o "procedimento para imposição
de penalidades, no âmbito do Sistema
Estadual de Administração da Qualidade Ambiental, Proteção, Controle e
Desenvolvimento do Meio Ambiente e
Uso Adequado dos Recursos Naturais –
SEAQUE –, e dá outras providências".
Tal Decreto Legislativo foi o responsável por instituir no mundo jurídico a figura do Atendimento Ambiental,
previsto em seu artigo 3º e seguintes,
que, em suma, consubstancia-se em
uma espécie de audiência de conciliação em sede administrativa que poderá ocasionar o cancelamento do auto
de infração lavrado, sua consolidação
(manutenção), sua retificação, majoração, minoração ou manutenção do valor da multa aplicado ou, ainda, o comprometimento de adoção de medidas
para a reparação do dano ambiental
mediante TCRA – Termo de Compromisso de Recuperação Ambiental.
Com a regulamentação do Decreto
Legislativo retro citado pela Secretaria do Meio Ambiente através da
Resolução SMA nº 48/2014, o Atendimento Ambiental passou a ser procedimento obrigatório a ser realizado
após a lavratura de Auto de Infração
pelo cometimento de crimes contra o
meio ambiente.
A partir de então, quando o Autuado recebe a notificação acerca da
lavratura de auto de infração pelo cometimento de delito contra o meio ambiente, seja pessoalmente, por Correio
mediante Carta Registrada com Aviso
de Recebimento – A.R. – ou, quando
frustradas as duas alternativas anteriores, através de edital, tudo nos moldes
do artigo 6º do Decreto em questão,
em dita notificação, devendo constar a
data, a hora e o local para ser realizado
o Atendimento Ambiental.
A Resolução SMA nº 48/2014, em
seu artigo 80, elucida o que vem a ser o
Atendimento Ambiental e assim dispõe:
O Atendimento Ambiental é o
momento processual instituído pelo
Decreto Estadual nº 60.342, de 04 de
Diego Henrique Rossaneis
Advogado
abril de 2014, onde serão consolidadas as infrações e penalidades cabíveis, impostas por meio do Auto de
Infração Ambiental e mediante análise dos fatos descritos pela autoridade autuante, além da propositura
de adoção imediata de medidas visando à finalização do procedimento
administrativo.
Via de regra, conforme aludido no
artigo 9º, do Decreto 60.342/2014,
"o Atendimento Ambiental será realizado na presença de, no mínimo, 1
(um) representante da Coordenadoria
de Fiscalização Ambiental e 1 (um)
da Polícia Militar Ambiental", juntamente com o Autuado, acompanhado/
representado, ou não, por procurador
devidamente constituído mediante instrumento de procuração.
A maneira tal qual será conduzido
o Atendimento Ambiental e as implicações jurídicas que o mesmo poderá
ocasionar no Auto de Infração lavrado
estão descritas entre os incisos I a VI,
do artigo 82, da Resolução SMA nº
48/2014, bem como no artigo 8º, do Decreto Lei em questão, que assim dispõe:
Artigo 8º – No Atendimento Ambiental serão consolidadas as infrações e as penalidades cabíveis, bem
como propostas as medidas para a
regularização da atividade objeto da
autuação, observadas as circunstân-
Revista Canavieiros - Agosto de 2016
29
cias agravantes e atenuantes a que se
referem a Lei federal nº 9.605, de 12
de fevereiro de 1998, e o Decreto federal nº 6.514, de 22 de julho de 2008,
na forma estabelecida em resolução
do Secretário do Meio Ambiente.
Parágrafo único – A consolidação
das infrações e das penalidades a que
alude o “caput” deste artigo ocorrerá
de forma motivada, após prévia análise do Auto de Infração Ambiental, e
não estará vinculada às sanções aplicadas pelo agente autuante, inclusive
no tocante ao valor da multa, que poderá ser reduzido, mantido ou majorado, respeitados os limites legais.
Importante consignar que, conforme o
parágrafo único do artigo retro aludido, a
consolidação das infrações e das penalidades aplicadas ao autuado* só pode ser
realizada de forma motivada/fundamentada, ou seja, após terem sido analisadas
todas as provas eventualmente produzidas pelo autuado em sua defesa.
Registre-se ainda, por oportuno, que
a penalidade de multa aplicada no Auto
de Infração poderá ser reduzida mediante aplicação das atenuantes previstas no artigo 83, da Resolução SMA nº
48/2014, e, mesmo após a consolidação
(manutenção) da autuação administrativa, os abatimentos do valor da multa
aplicados durante o Atendimento Ambiental serão mantidos, podendo esta
ser parcelada em até 12 (doze) vezes.
Encerrado o Atendimento Ambiental, o membro da CFA – Coordenadoria
de Fiscalização Ambiental –, juntamente com o representante da Polícia Militar Ambiental, de maneira motivada,
dará o veredito acerca da autuação administrativa, podendo, em suma, cancelar ou consolidar (manter) o Auto de
Infração lavrado.
Caso seja mantido o Auto de Infração lavrado, o Autuado terá o prazo
de 20 (vinte) dias, contados a partir
do primeiro dia útil subsequente à
data da intimação da decisão tomada
no Atendimento Ambiental, que, via
de regra, é realizada no próprio ato,
para, querendo, interpor o competente Recurso Administrativo, por força
do contido no artigo 13 e seguintes do
Decreto nº 60.342/2014.
Por fim, é importante consignar que
existem duas instâncias administrativas
capazes de serem provocadas através de
competente Recurso para a revisão da
decisão tomada durante o Atendimento
Ambiental realizado, conforme contido
no artigo 16 e no §1º do artigo 17, ambos
do Decreto Legislativo nº 60.342/2014.
*Aquele que foi objeto de autuação
administrativa por cometimento de
infração contra o meio ambiente (queima em geral, supressão de vegetação
nativa em APP e/ou Reserva Legal
etc.).
Diego Henrique Rossaneis
Advogado RC
Revista Canavieiros - Agosto de 2016
30
Assuntos Legais
As Proliferação das Espécies Arbóreas
Exóticas Invasoras
P
rezados leitores, trago-lhes outro
assunto de suma importância.
Neste mês, vamos falar sobre a
proliferação das espécies arbóreas exóticas invasoras.
Nos dias de hoje, há uma crescente
circulação de espécies arbóreas, saindo de seus ambientes naturais e se dirigindo para outros, e é daí que surgiu
a variação nos nomes, EXÓTICA ou
INTRODUZIDA. Trata-se de qualquer
espécie arbórea vinda de um ambiente
diferente do seu natural. Isso ocorre naturalmente com a ação do homem.
De acordo com a Convenção sobre
Diversidade Biológica, uma espécie
invasora é “uma espécie introduzida
que avança, sem assistência humana, e
ameaça habitats naturais ou seminaturais fora do seu território de origem”.
Porém, devemos levar em consideração que, na maioria dos casos, a espécie, quando exótica ou introduzida, gera
impactos ambientais, econômicos e sociais (sem levar em consideração a fase
de latência: período necessário para que
uma espécie, sob determinadas condições, se adapte, passe a reproduzir e a
disseminar-se).
Por que realizar a introdução de
uma espécie arbórea em um ambiente que não é o seu natural?
A resposta é simples: fonte de alimento (tamarindeiro), celulose (eucaliptos),
Foto 1 - Vista da Essência Arbórea Exótica Leucena
madeira (Acácia Negra), tanino e medicamentos, pelo seu uso ornamental etc.
Quando a espécie arbórea exótica ou
invasora é introduzida em um determinado ambiente, ou pela ação do homem
ou da natureza, essa espécie pode afetar seriamente todo o sistema, levando
à extinção de espécies nativas (perda
da biodiversidade), além de modificar/
descaracterizar a estrutura dos ecossistemas à sua volta, criando um ambiente
relativamente homogêneo.
Posso suprimir (cortar) Espécies
Arbóreas Exóticas ou Invasoras da
minha propriedade rural?
Desde que a árvore NÃO esteja dentro da faixa de domínio da Área de Preservação Permanente e/ou em sua Reserva Legal instituída ou que não faça
parte de um Remanescente Florestal,
você pode realizar a supressão da vegetação sem autorização, porém é sempre
bom prevenir e realizar o registro fotográfico da árvore, registrando tronco,
folhas, frutos e flores, a fim de, caso
surja um possível problema, conseguir
identificar a espécie que foi suprimida.
Caso a árvore exótica ou invasora esteja
dentro da Área de Preservação Permanente e/ou Reserva Legal, esta somente
deverá ser removida com a devida autorização do órgão ambiental competente.
Uma espécie exótica invasora que
se prolifera sem algum controle é popularmente conhecida como Leucena
(Leucaena leucocephala). Nativa do
México e da América Central, foi muito utilizada como fonte de forragem e
lenha devido ao seu crescimento rápido, fixadora de nitrogênio e tolerante à
seca. É de grande rusticidade das condições adversas do solo - vide foto 01.
Atualmente, ocorre na maior parte
das áreas tropicais e subtropicais, sendo
possível constatar a presença das leucenas principalmente em áreas degradadas
e em beiras de estradas. Dentro de áreas
de cultivos, formam densos remanescentes em pouco tempo, devido ao seu
rápido crescimento e à sua capacidade
de multiplicação, que se faz exclusiva-
Revista Canavieiros - Agosto de 2016
Fábio de Camargo Soldera
engenheiro agrônomo da Canaoeste
Foto 2 - Sementeira da Leucena
mente por sementes (foto 02), as quais
são produzidas em grande quantidade e
germinam com muita facilidade, sendo
consideradas planta daninha em pastagens. Diante destas características, a sua
erradicação é de difícil controle, pois as
plantas rebrotam vigorosamente após o
corte. Portanto, devemos sempre analisar a espécie da árvore antes de realizar
algum plantio, verificando se a árvore é
nativa ou exótica invasora, uma vez que
determinadas espécies exóticas podem
se multiplicar a ponto de se tornarem um
problema, destruindo reflorestamento,
pastagens etc., e, quando for constatada
a existência de espécie exótica invasora
em sua propriedade, é necessário bem
observar a árvore para ela não virar um
problema devido à sua multiplicação
descontrolada, realizando, caso necessário, sua erradicação, lembrando que
devemos levar em consideração a localização da espécie dentro da propriedade,
como informado anteriormente.RC
31
Revista Canavieiros - Agosto de 2016
32
Reportagem de Capa
Fornecedor...
a alma do negócio canavieiro
Mesmo sendo o responsável por 54% da produção de cana-de-açúcar brasileira, muitas vezes, o produtor
é tratado como coadjuvante, mas mudanças no segmento devem dar a ele o papel principal novamente
Andréia Vital
O
canto do galo corta o horizonte,
anunciando o novo dia, quando se inicia a rotina na vida do
engenheiro agrônomo Pedro Carvalho
Wiezel. Ou o contrário, quando a noite
passa a ser dia, e o trabalho no campo
segue pela madrugada afora, acompanhando a colheita da cana-de-açúcar e
as diversas etapas que a atividade exige,
inclusive as que dão “dor de cabeça”,
como quebra de maquinário ou dificuldades com tráfego de caminhões.
Produtor de cana-de-açúcar da região de Santa Rosa de Viterbo-SP, o
moço de 26 anos faz parte da terceira
geração de uma família tradicional na
lida com a lavoura canavieira e herdou
o apreço pelo campo desde menino, estando à frente do negócio há cinco anos,
antes mesmo de terminar a faculdade.
“O setor enfrenta muitas dificuldades
e a crise funcionou como um pé no
freio para muitos produtores, mas os
investimentos feitos ao longo do tempo não justificam a transição para ou-
tros ramos. Continuamos a apostar na
cana-de-açúcar”, afirmou ele, que é o
responsável pela produção de 100 mil
toneladas da matéria-prima entregue
para usinas da região.
A realidade do dia a dia do engenheiro agrônomo é bem parecida com a de
grande parte de agricultores que têm a
cultura como meio de vida. Wiezel faz
parte de um contingente de fornecedores
que representam cerca de 54% de toda a
cana-de-açúcar produzida no Brasil, total que deve chegar a 650,75 milhões de
toneladas na safra 16/17, segundo a DATAGRO, fato que mostra a importância
do produtor dentro da cadeia canavieira
e mesmo no agronegócio brasileiro, já
que o setor sucroenergético representou,
por exemplo, na safra 14/15, PIB Setorial estimado em US$ 107,72 bi, a geração de 613 mil empregos diretos e a
arrecadação de US$ 8,52 bi em impostos
agregados, segundo a Markestrat (Centro de Pesquisas e Projetos em Marketing e Estratégia da USP).
Revista Canavieiros - Agosto de 2016
Pedro Carvalho Wiezel, engenheiro agrônomo
“O papel do produtor de cana-de-açúcar dentro do setor sucroenergético
tem uma relevância enorme e isso deve
se intensificar em um futuro próximo,
já que estamos no início de uma transformação imposta pela escala de produção e o crescimento do segmento,
33
que passou por diversas mudanças nos
últimos tempos”, pontua Celso Albano
de Carvalho, gestor executivo da ORPLANA. A organização representa 17
mil produtores do Centro-Sul do país,
responsáveis por cerca de 71,3 milhões
de toneladas na safra atual.
Segundo ele, existe um processo
de migração das usinas para desempenhar o seu papel meramente industrial e transferir todo seu ativo de
produção, no caso a lavoura, para o
fornecedor, visando, assim, à maior
eficiência no processo. “São Paulo,
o principal estado produtor de cana-de-açúcar, enfrentou as alterações
ocorridas nos últimos tempos com a
implantação da mecanização e novas
mudanças devem ocorrer, já que está
chegando o fim do prazo para o término das queimadas no estado. Será
outro aprendizado que usinas e fornecedores deverão ter, por isso eu vejo
a necessidade desta transformação,
com cada um fazendo muito bem a
sua atividade”, explicou Albano.
Marcos Fava Neves,
prof. titular da FEA/USP
Celso Albano de Carvalho, gestor
executivo da ORPLANA
Opinião compartilhada com Marcos
Fava Neves, prof. titular da FEA/USP.
“O mundo caminha para a especialização em relações de contratos entre os
elos e agentes da cadeia produtiva, então,
na minha leitura, a produção de cana é
função do produtor de cana e este produtor de cana é integrado à usina”, afirmou,
completando “eu gosto deste modelo, no
qual a usina fica mais leve, delega para
produtores especializados um alto grau
de confiança, de integração, planejamento conjunto e foca nas suas atividades industriais e desenvolvimento de mercado,
deixando toda a parte de produção com
o fornecedor”, justificou o especialista.
Diante das mudanças, a necessidade de uma nova associação
É fato que, no mundo globalizado,
quem fica parado é atropelado pelas
mudanças que chegam em vários setores da vida. A inércia resulta em desaparecimento do mercado até mesmo
para empresas já conceituadas. Foi com
este propósito - de evitar um fim certeiro - que a Canaoeste (Associação
dos Plantadores de Cana do Oeste do
Manoel Ortolan, presidente da Canaoeste
Estado de São Paulo) entrou em um
processo de reestruturação no final de
2015. “É preciso se adequar, evoluir.
Se a agricultura está evoluindo, nós, na
parte de assistência, temos que evoluir,
como ocorreu com as máquinas, com os
produtos, e as pessoas também têm que
acompanhar essa trajetória. Se a cooperativa, a associação ficar ‘paradona’ no
tempo, daqui a pouco estamos fechando
a porta. Então, ou nós vamos atender a
essa nova demanda que surgiu com as
mudanças que vem atravessando o setor
ou nós saímos fora”, pontuou o presidente da associação, Manoel Ortolan.
produção de cana-de-açúcar e colocar
essa cana na esteira da usina, ou vender
a sua cana para a usina, e este trabalho
está começando através das multinacionais, que têm manifestado interesse em
transferir áreas que vinham arrendando
de produtores para quem tem vontade, quem tem ambição de crescer, de
ter a sua estrutura própria e, para isso,
ele precisará ter de 100 mil toneladas
para cima”, esclareceu, afirmando que
essa prática irrigaria economica e socialmente a região onde ficam as terras,
já que, para a atividade, seria preciso a
aquisição de maquinários, insumos etc.
De acordo com ele, dentro dessa
nova postura, o produtor de cana deve
ser chamado de produtor integrado
de cana. “Quando as multinacionais
aportaram aqui, as usinas, geralmente,
tinham de 50% a 70% das canas e o
restante era completado por produtores, agora isso também vem mudando”,
explicou, afirmando que, sem dúvida,
o melhor negócio seria a indústria cuidar da indústria e o produtor cuidar da
“Não tenha dúvida de que a situação dos pequenos vai passar por mais
transformação daqui para a frente. É só
pensar no que eram as regiões de Sertãozinho, Ribeirão Preto, Piracicaba,
Jaú, há 50, 60 anos, locais tradicionais
no cultivo da cana, onde ocorreu uma
verdadeira reforma agrária, com a divisão das propriedades com a chegada
das novas gerações. Isso mudou o perfil
das lavouras, que antes ocupavam fa-
Revista Canavieiros - Agosto de 2016
34
Reportagem de Capa
zendas de 500 hectares e hoje se limitam a poucos hectares. É o quadro que
temos hoje”, lembra.
Porém, Ortolan ressalta que isso
foi possível até antes da mecanização.
“Quando se queimava a cana, era possível para o produtor fazer a safra inteira, mesmo pequena, mas agora mudou
muito, ficando praticamente inviável
ao produtor pequeno ter mão de obra e
atender a todas as legalidades que a atividade exige”, ressaltou, completando
que, com a mecanização, a agricultura
entra na fase de escala, necessitando
ter áreas para viabilizar o seu negócio.
“Se não, você vai tocando a vida como
muitos estão fazendo hoje, até acabar o
seu negócio, pois o trator quebra, você
não consegue arrumar ou trocar por um
mais novo e vai caminhando assim, e o
que vem vindo de encontro a isso são os
produtores mais bem preparados, mais
bem estruturados, que, com o apoio da
própria usina, começam arrendando
essas áreas, comprando mais áreas, e o
pequeno vai saindo da atividade; é um
processo natural, eu acho que não tem
outro caminho”, diz o executivo, ressaltando que uma maneira de se manter no
negócio é unir forças, formar grupos,
consórcio, cooperativas para se trabalhar em conjunto e, com isso, ter escala.
“Essa mudança toda afeta a Canaoeste, por isso que a entidade vem fazendo
a sua reestruturação, exatamente para
fazer frente a essa nova fase. Nós temos
que preparar os nossos técnicos para um
outro tipo de serviço, não simplesmente o assistencialismo puro e simples. O
agrônomo ensinava a pessoa a regular
uma plantadora, um pulverizador, a ficar
no plantio de cana contando gema para
ver se estava bom (sic), são coisas que
vão ficando para trás. Com a tecnologia
de hoje, o computador que há no trator,
nas máquinas faz isso sozinho, então,
temos que preparar também os técnicos
para uma nova fase, em que, talvez, a
nossa principal atuação será na gestão
de propriedades, formação de gestores.
É pegar esses produtores, ou talvez os filhos, e trabalhar mais essa área, onde há
uma boa gestão”, finaliza.
Relacionamento com o produtor de cana intensificado
As mudanças também podem ser
percebidas no relacionamento entre
produtores e compradores da matéria-prima, no caso, as usinas. Com este
contexto, de estreitar o relacionamento
com seus fornecedores, a Raízen, que
controla 24 usinas no país, criou o Programa Cultivar, que vem há três anos,
contribuindo para a redução de custos,
especialização em boas práticas agrícolas e otimização da produtividade e da
qualidade da lavoura.
O programa foi estruturado em cinco pilares, envolvendo a parte de contribuição de compras, desenvolvimento
de fornecedores, reconhecimento de desempenho e linhas de crédito e serviços,
proporcionando, assim, conhecimento
para os produtores melhorarem sua produção, além das vantagens para adquirirem insumos e equipamentos e conseguirem linhas de crédito diferenciadas.
Cerca de 50% da cana movimentada na companhia, prevista nesta safra
em torno de 64 milhões de toneladas,
é comprada de fornecedores de cana.
“Desse total, 74% vêm dos 284 fornecedores que participam do programa
Cultivar nesta terceira etapa da iniciativa e representam, em hectares, cerca
de 400 mil”, afirma José Carlos Carramate, diretor de negócios agrícolas
da Raízen, explicando que existe um
mix com grandes e pequenos fornecedores e que o mesmo acontece em
relação às etapas da produção, sendo
que alguns entregam a cana na esteira
e, em outros casos, a usina é responsável por todo o processo ou somente
parte dele, como o CCT (Corte, Carregamento e Transporte).
O diretor destaca também que treinamentos sobre temas relacionados à área
agrícola, gestão empresarial e sustentabilidade, além de convênio com instituições de ensino, como a FGV (Fundação Getúlio Vargas), para curso focado
na gestão empresarial de fazendas canavieiras, são os benefícios oferecidos
aos fornecedores filiados ao programa.
Além disso, todos os anos são incluídas novidades, como a tecnologia
GeoCana, que monitora remotamente
as plantações dos participantes através
do uso de drones, possibilitando, assim,
a identificação de falhas na formação
dos canaviais, pragas etc.
Revista Canavieiros - Agosto de 2016
José Carlos Carramate, diretor de
negócios agrícolas da Raízen
O processo realizado pelos fornecedores é acompanhado por meio de
um RVE (Relatório de Visita Estruturada) e, posteriormente, auditado em
relação às questões de sustentabilidade
e, segundo o diretor, os fornecedores
que alcançam os melhores índices, por
exemplo, de produtividade e qualidade
da colheita são premiados por sua atuação com viagens internacionais.
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A parceria passa a ser além do negócio,
diz o diretor, gerando satisfação e resultados
positivos para ambas as partes, com ganhos
de eficiência. Prova disso é que a empresa
encerrou o primeiro trimestre da safra 16/17
com um aumento de R$ 471 milhões no
EBITDA, ajustado quando comparado ao
mesmo período do ano anterior, representando um crescimento de 55%.
“Um programa como este é inovador e caracteriza que a operação de
relacionamento entre uma indústria
de usina de cana e o fornecedor de
cana não existe somente através da
compra, de um contrato, de uma manifestação comercial. Este programa
adiciona muito valor na divisão de
conhecimento de valores, no apoio
à operação de fornecedores, proporcionando melhores resultados de performance, e isso vale também para os
pequenos produtores, que encontram
mais dificuldades de acesso ao mercado. Portanto, é uma plataforma de
difusão tecnológica e de conhecimento e estamos muito satisfeitos com o
resultado”, concluiu.
Plantando parcerias
Outro item que passa a fazer parte
da agenda anual das usinas é o encontro com fornecedores e parceiros da
região onde as unidades estão instaladas. Como no caso do Grupo Viralcool,
controlador de três usinas no Estado de
São Paulo, uma das empresas que aposta nesta iniciativa para fidelizar ainda
mais seus fornecedores.
Durante evento realizado em junho,
em Viradouro-SP, onde fica uma de suas
usinas, com a participação de produtores, parceiros e empresários, o presidente do Grupo, Antonio Eduardo Tonielo,
ressaltou a importância dos fornecedores
e a satisfação em realizar o encontro, que
está em sua 4ª edição, momento no qual
são pontuadas informações relevantes
sobre a usina, sendo também momento
de atualização e descontração.
“Desta vez contamos com uma palestra do prof. Marcos Fava Neves, que nos
deu um norte sobre o agronegócio, este
que é um setor que garante reservas para
Antonio Eduardo Tonielo,
presidente do Grupo Tonielo
o nosso país. Os produtos que lidamos,
como o amendoim, a soja, o milho, o
açúcar e etanol, estão com bom preço,
então chegou a hora de o produtor parar de sofrer, tentar pagar as suas contas,
pelo menos ter condições melhores”,
afirmou Tonielo, que também é presidente da Copercana e do Sicoob Cocred.
Na ocasião, Manoel Ortolan, presidente da Canaoeste, também deu seu recado, comentando sobre a reformulação
da entidade, iniciativa necessária diante
de tantas mudanças no setor sucroenergético e que tem como objetivo melhorar a comunicação e fortalecer a associação para melhor defender os direitos
dos fornecedores de cana-de-açúcar.
A companhia, que iniciou sua safra
em 1986, com aproximadamente 500
funcionários, processando 240 mil toneladas de cana-de-açúcar e 32 milhões
de litros de aguardente, hoje, mais de
30 anos depois, conta com 1.843 funcionários, e, tem a previsão de moer,
nesta safra, em torno de 2,6 milhões de
toneladas de cana, cerca de 10% a mais
do que foi processado na temporada
passada. Além disso, pretende produzir
3,8 milhões de sacos de açúcar; 80 mil
m3 de etanol; 105 mil MW/h de energia
e 2 mil toneladas de leveduras.
Cerca de 70% da matéria-prima movimentada pela usina vem de 600 fornecedores de cana, muitos deles parceiros
de longa data, como Clarindo Dandaro,
de Sertãozinho-SP, que fornece para a
usina em torno de 4 mil toneladas de
cana, há cerca de 30 décadas; João An-
Clarindo Dandaro,
produtor de Sertãozinho
Revista Canavieiros - Agosto de 2016
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Reportagem de Capa
Paulo Fernando Beato Drugovish,
produtor em Morro Agudo-SP
Marcos Fava Neves, Fábio, Luis Carlos, Valter,
Renato, Antonio Eduardo, Renata e Rodrigo Tonielo
tonio Geraldo e Dorival Aparecido de
Souza, de Viradouro-SP, fornecedores
de 1.300 toneladas há 10 anos e Paulo
Fernando Beato Drugovish, com propriedade em Morro Agudo-SP, de onde
saem em torno de 12 mil toneladas para
a usina. Parceiros como Alberto Borges
e seus filhos, Marcelo e Alberto Borges Junior, de Sertãozinho-SP, também
marcaram presença no evento. Eles
arrendam terras em Viradouro e Bebedouro para a Viralcool-SP. Representantes da Copercana, como o diretor
Pedro Esrael Bighetti, e da Canaoeste,
como o gestor corporativo, Almir Torcato e o engenheiro agrônomo Antônio
Leandro Pagotto, também estiveram
no encontro.
Antonio Eduardo Tonielo, Manoel Ortolan e
Pedro Esrael Bighetti
Conciliando culturas
A vinda de multinacionais para o
setor sucroenergético brasileiro causou
certo atrito de culturas, inicialmente,
fato que, ao longo dos anos, vai ficando
cada vez mais distante, já que muitas
companhias investiram em programas
de relacionamento com os principais
atores de suas atividades, os fornecedores de cana.
Alberto Borges e seus filhos, Marcelo e Alberto
Borges Junior, de Sertãozinho-SP
Dorival Aparecido de Souza e João Antonio
Geraldo, produtores de Viradouro-SP
É o caso da Biosev, controlada pela
Louis Dreyfus Company Holdings, que
iniciou sua atuação na indústria de açúcar-etanol em 2000, com a aquisição de sua
primeira unidade no Brasil, a Cresciumal,
em Leme-SP. Atualmente, a companhia
tem 11 unidades em operação, localizadas
em cinco polos agroindustriais: Ribeirão
Preto, Mato Grosso do Sul, Nordeste,
Leme e Lagoa da Prata.
Anualmente, a Biosev reúne seus fornecedores e parceiros agrícolas para debater questões sobre a empresa e o setor
sucroenergético. O primeiro encontro de
2016, aconteceu em junho, em Ribeirão
Preto-SP, com a presença de cerca de
300 fornecedores das unidades Santa
Elisa, Vale do Rosário, MB e Continental. Na ocasião, o presidente da empresa,
Rui Chammas, reforçou a relevância de
Revista Canavieiros - Agosto de 2016
Rui Chammas, presidente da Biosev
manter um bom relacionamento com todos os elos da cadeia produtiva.
“Estamos em uma cadeia; não existe
usina sozinha. Somos nós, os fornecedores de cana, os fazendeiros que arrendam
a terra, que são nossos parceiros; temos
nossos fornecedores de insumos, os nossos colaboradores, pois, se queremos um
negócio sustentável que dure, é preciso
trabalhar todas as dimensões”, disse o
presidente, que apresentou os resultados da empresa e reforçou a importância
dos fornecedores e parceiros de cana-de-açúcar para a companhia. Durante
37
Revista Canavieiros - Agosto de 2016
38
Reportagem de Capa
o evento, o presidente da DATAGRO,
Plínio Nastari, apresentou uma análise
do mercado, passando por safra, preços,
tecnologia e outros temas relevantes.
“Realizamos esse tipo de encontro
desde 2010 e ele já está no calendário dos
nossos fornecedores e parceiros de cana”,
explicou Walter Becker, diretor de Originação da Biosev. “O evento é mais uma
oportunidade para reforçarmos nosso relacionamento com todos eles, falar sobre
o setor, a empresa e relembrarmos todas
as boas histórias desses anos de parceria”, afirma o executivo. Segundo ele, o
evento faz parte do programa Mais Cana
Biosev, que tem o objetivo de aumentar
a produtividade e o relacionamento entre a companhia, os fornecedores e parceiros agrícolas. Entre as ações do Mais
Cana, está a transferência de tecnologia
agrícola, com palestras técnicas e orientações agronômicas, repasse de cereais,
concessão de crédito para renovação dos
canaviais, fornecimento de insumos, entre outras iniciativas.
Ao todo, a empresa tem cerca de
1.200 fornecedores, que representaram
um terço da matéria-prima movimentada pelas suas unidades na safra 15/16,
que chegou a 31 milhões de toneladas.
A companhia projeta para a próxima
safra, a moagem entre 30,5 e 33,5 milhões de toneladas de cana de açúcar;
ATR Cana entre 129kg/ton e 133 kg/
ton e ATR Total entre 3,93 milhões de
toneladas e 4,46 milhões de toneladas.
Os produtores da região de Leme-SP
também já tiveram seu evento anual, em
Enrico Biancheri,
diretor comercial de originação de cana
Ricardo Lopes,
diretor agrícola da Biosev
julho, quando o diretor comercial de originação de cana, Enrico Biancheri, apresentou dados de mercado e os resultados
da companhia. “Temos hoje perto de 165
parceiros, que arrendam terra para a gente; perto de 130 fornecedores, chegando
à marca, este ano, de quase 900 mil toneladas de cana vinda de fornecimento, ou
seja, mais de 40% da cana de Leme vem
de fornecedores”, contou o executivo,
pontuando que a parceria com os produtores é vital para a companhia.
implantação de um Centro de Tecnologia e Inovação, na unidade Santa Elisa,
em Sertãozinho-SP. “O local terá como
objetivo prospectar e desenvolver soluções de tecnologia, inovação e sustentabilidade para o negócio da cana-de-açúcar, produzindo e disseminando o
conhecimento para todas as unidades,
contribuindo de forma decisiva para
que a Biosev seja líder do setor”, disse. O encontro contou ainda com a
palestra Manejo Varietal, apresentada
“Queremos trabalhar cada vez mais
junto aos nossos fornecedores, apresentando para eles as novas tecnologias que
estão sendo utilizadas, os novos varietais,
falar das iniciativas que já acontecem na
usina e queremos que os fornecedores
participem e implementem as iniciativas
no seu próprio campo”, afirmou.
Walter Becker, diretor de
originação da Biosev
Já Ricardo Lopes, diretor agrícola
da Biosev, falou sobre as prioridades
agrícolas, manejo, projetos e melhorias
que vêm ocorrendo nas unidades, reforçando a atitude da empresa de levar
as inovações aos produtores, citando a
Revista Canavieiros - Agosto de 2016
Gustavo Nogueira, gerente de
desenvolvimento agrícola da Biosev
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Revista Canavieiros - Agosto de 2016
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Reportagem de Capa
pelo engenheiro agrônomo e gerente
de desenvolvimento agrícola da Biosev,
Gustavo Nogueira. “O sucesso de nossa
atividade passa pela diversificação varietal”, concluiu o profissional.
Diego Hernandez Viel, produtor
Carlos Rossolem, fornecedor da Biosev
Para os produtores Diego Hernandez
Viel e Carlos Rossolem, fornecedores da
Biosev na região de Leme-SP, o evento
promovido pela empresa é uma prova de
que a companhia se preocupa com a atividade em si e com o bom relacionamento entre usinas e fornecedores e creditam
à usina o aumento da produtividade de
suas lavouras, devido ao apoio recebido.
Recuperando o protagonismo
“O fornecedor, o produtor de cana, é
o elo fundamental de toda a cadeia produtiva que se estrutura no setor sucroenergético, essa que fica cada vez mais
complexa, mais sofisticada, mas a base,
o fundamento é o produtor, o fornecedor de cana”, destacou o secretário de
Agricultura e Abastecimento do Estado
de São Paulo, Arnaldo Jardim, ao participar do lançamento da terceira etapa
do projeto Caminhos da Cana em Ribeirão Preto - SP, uma expedição que roda
as regiões canavieiras disseminando as
externalidades do setor sucroenergético, alinhando demandas dos produtores
locais para propor soluções e melhorar
as condições da categoria.
Jardim pontua que o fornecedor de
cana, diante do cenário atual, ficou restringindo a sua capacidade de ação e de
influência e isso teve graves danos para
toda a cadeia produtiva. “Nós vivemos
um momento em que as associações se
enfraqueceram e hoje eu sinto uma retomada da importância das associações;
gosto muito do que vejo na ORPLANA,
que é uma revitalização da entidade e
seu fortalecimento”, diz o secretário,
afirmando que, com esse novo perfil, a
entidade contribui para ajudar o produtor
a voltar a crescer, com avanço na produtividade e melhor gestão de seu negócio.
Arnaldo Jardim, secretário de Agricultura
e Abastecimento do Estado de São Paulo
Revista Canavieiros - Agosto de 2016
Ênio Fernandes Júnior da CNA
Ações e iniciativas através da secretaria, como intensificação da implantação
do sistema de MPB (mudas pré-brotadas),
foram pontuadas pelo titular da pasta, a
favor da recuperação do fornecedor canavieiro. “O produtor tem que recuperar o
seu protagonismo dentro da atividade, ter
um papel crescente, decisivo, voltar a ter a
sua função original, de produtor agrícola,
que cuida da sua terra, que forma um conceito sobre a terra e que pode, inclusive,
impulsionar o avanço da produtividade.
É disso que nós precisamos hoje. O setor
sucroenergético depende da recuperação
do protagonismo e do papel do plantador
de cana”, elucida.
A importância do produtor independente de cana-de-açúcar para a recuperação do setor também é reconhecida pela
CNA (Confederação Nacional da Agricultura). “Este empresário tem um vínculo histórico com a atividade, com a sua região e com a terra. Ele não investe porque
41
o momento da cadeia de cana-de-açúcar é
positivo ou negativo, ele investe por que
acredita na terra, ama a sua atividade”,
ressaltou o presidente da Comissão Nacional de Cana-de-açúcar da CNA, Ênio
Fernandes Júnior. Ele lembra, ainda, que
o produtor promove o desenvolvimento
local, a distribuição de renda e traz riqueza e prosperidade ao interior do Brasil.
“Grandes grupos transnacionais investem em suas atividades, mas repatriam parte dos seus lucros às suas sedes de origens, o que é perfeitamente
legítimo. Já o produtor independente de
cana-de-açúcar tem sua sede de origem
na região de sua produção; este sim é
e continuará sendo o principal fator de
desenvolvimento do Brasil. Mesmo sem
apoio, concorrendo com grupos que têm
acesso a recursos financeiros e tecnológicos mais competitivos do que ele,
mantém sua persistência, sua resiliência.
Esta é a sua principal virtude, para a sorte de sua região e do Brasil”, diz.
“O know how dos produtores na atividade canavieira foi essencial, se pensarmos nesta mudança de comando que
ocorreu nas usinas, com a entrada de
capital estrangeiro, com habilidade com
culturas anuais, mas sem facilidade de
entender como funciona o sistema de
produção de uma cultura semi-perene
como é a cana; então, para estes, principalmente do ponto de vista de fornecimento de matéria-prima, o produtor
desempenha um papel indiscutivelmen-
Mônika Bergamaschi, presidente do Ibisa
te importante”, concorda Mônika Bergamaschi, presidente do Ibisa (Instituto
Brasileiro para Inovação e Sustentabilidade no Agronegócio) e ex-secretária
da Agricultura do estado de São Paulo.
Revista Canavieiros - Agosto de 2016
42
Informações Climáticas
Chuvas de julho de 2016 & previsões
para (final de) agosto até outubro
Quadro 1: Chuvas anotadas durante o mês de julho de 2016.
Engº Agrônomo Oswaldo Alonso
Consultor
A média histórica de julho é 21mm e as chuvas de julho de 2015 foram 13mm. Até o final de
julho esta região, exceto Descalvado-Ciiagro IAC
e Jaboticabal-UnespFCAV, está há 51 dias sem
chuvas significativas (acima de 1mm).
E
m mapas A1-2, para o Estado de
São Paulo, as chuvas de julho de
2016 concentraram-se apenas na
região Sudoeste e, ainda assim, abaixo
das normais climáticas; enquanto que,
as de julho de 2015, distribuíram-se de
modo decrescente do Sudoeste ao Nordeste do Estado.
Os artigos mensais de Informações
Climáticas contam com as anotações diárias de chuvas dos escritórios regionais e
que são condensados em Viradouro. Estes
dados são disponibilizados diariamente
no site Canaoeste e, as suas médias mensais e respectivas normais climáticas, são
também expostas no Quadro 2.
sal de janeiro de 2013 (1.002mm), que
foi bem superior à respectiva normal
climática (918mm). Nota-se, também,
que estas médias mensais de chuvas,
ao longo de 2013 e as de 2016, ficaram
quase “empatadas”. Observa-se, ainda,
que as chuvas de janeiro a julho foram
mais expressivas (quase 100mm a mais)
que nos anos 2014 a 2016.
Os dados do Quadro 2 mostram, no
destaque do canto inferior direito, as diferenças observadas entre a média men-
No Centro-Sul do Brasil - mapas B12, exceto para o estado de São Paulo,
que já foi apresentado e discutido acima, mostra as distribuições das chuvas
nos meses desses dois anos. O mapa
das chuvas de julho de 2016 indica que
em toda área sucroenergética da Região
Centro-Sul, as chuvas foram nulas e
ficaram ainda abaixo das normais climáticas no Sul, PR e Sudoeste-SP. Já
Mapa A1
Mapa A2
Fonte: SOMAR Meteorologia, elaboração Canaoeste
Revista Canavieiros - Agosto de 2016
o mapa de julho de 2015 mostrava um
gradiente decrescente de chuvas da região Sul para o Centro-Oeste, ressaltando-se as volumosas chuvas observadas
no PR e Sul do MS.
Para planejamentos próximo-futuros, a Canaoeste resume o prognóstico
de consenso entre o Instituto Nacional
de Meteorologia e o Instituto Nacional
de Pesquisas Espaciais para os meses de
(final) agosto a outubro de 2016, como
descrito a seguir e ilustrado no Mapa 3:
• Nestes meses, as temperaturas tendem a ser acima das respectivas normais climáticas em toda Região Centro-Sul do Brasil;
• Pelo consenso INMET-CPTEC/
INPE, o início deste período, climatologicamente, considera-se como de
estiagem na maior parte das regiões Sudeste e Centro-Oeste. No decorrer deste
período, as chuvas poderão apresentar
grande variabilidade de distribuição na
região Sul do Brasil, o que reduz o grau
de previsibilidade para esta região;
• Tendo-se como referência o Centro de Cana-IAC, as médias históricas
de +de 50 anos de chuvas em Ribeirão
Preto e municípios próximos são de
20mm em agosto, de 55mm em setembro e de 125mm em outubro.
Análise dos fenômenos
El Niño e La Niña:
O Oceano Pacífico, na faixa do
Equador, está passando por lento período de transição. Depois de um forte El
43
Mapa 3 - Elaboração Canaoeste do Prognóstico de
Consenso entre INMET-CPTEC/INPE para (final)
agosto a outubro de 2016
Quadro 2:- Chuvas mensais de janeiro a julho, de 2013 a 2016 e
as respectivas médias mensais e normais climáticas.
Com esta tendência de clima menos
chuvoso, os solos só não ficarão com
menores níveis de água armazenada,
se tiverem cobertura por palhada pós-colheita. Entretanto, como há possibilidade de entradas de massas polares, esta
umidade, mesmo que baixa, mas boa
condutora de calor (no caso, de frio), os
solos não terão calor latente suficiente
para contrapor a eventuais períodos com
temperaturas mínimas mais acentuadas.
OBS: Médias mensais correspondem às médias das chuvas observadas e
assinaladas em vermelho; Normais climáticas ou médias históricas, correspondem
à média de (+)10 anos dos locais (1 a11).
Mapa B1
Mapa B2
Fonte: SOMAR Meteorologia, elaboração Canaoeste
Niño no início de 2016, o fenômeno La
Niña mostra-se fraco para o próximo
período chuvoso brasileiro.
De acordo com estudo da Universidade de Columbia, publicado em julho,
estamos sob transição ou neutralidade climática e, o fenômeno La Niña,
tornar-se-á mais evidente no decorrer
de setembro, estendendo-se de meados
de verão até abril de 2017. Sua interferência na região Sul do Brasil, entretanto, poderá trazer maiores riscos de
estiagem no próximo verão, mas nada
que impeça ocorrências de bloqueios
atmosféricos e chuvas intensas.
Para todo Brasil, os efeitos desse fenômeno serão sentidos durante o próximo período de chuva - primavera e
verão. Em todo o país o inverno ainda
segue com condições típicas, ou seja,
com predomínio de tempo seco e com
rápidos eventos de chuvas, associados
à passagem de frentes frias.
Segundo a SOMAR Meteorologia:
1. Já em agosto e setembro, o fenômeno La Niña se fará sentir, prevendo-se que serão meses com chuvas, no
máximo, próximas das normais climáticas regionais.
2. Chuvas, mesmo, a partir de outubro.
A Canaoeste relembra ainda que, sob
baixas temperaturas, canaviais sob palhada, associadas a períodos com frio mais
intensos e longos intervalos de dias secos,
poderão apresentar muitas falhas e lento
desenvolvimento inicial de soqueiras.
Implicações semelhantes poderão ocorrer em plantios de inverno sem irrigação,
não uso de estimulantes de brotação ou de
proteção contra doenças de solo. De setembro em diante, as áreas já colhidas e
canaviais adjacentes colhidos ou a colher
ficarão mais expostos a incêndios.
Estes prognósticos serão revisados
nas edições seguintes da Revista Canavieiros. Fatos climáticos relevantes
serão noticiados em
www.canaoeste.com.br e
www.revistacanavieiros.com.br.
Persistindo dúvidas, consultem os
técnicos mais próximos ou através do
Fale Conosco Canaoeste. RC
Revista Canavieiros - Agosto de 2016
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Novas Tecnologias
Michelin começa a fabricar pneus
agrícolas no Brasil
Multinacional francesa faz aporte de R$ 100 milhões em unidade no Rio de Janeiro,
primeira, fora da Europa, a produzir produtos específicos com tecnologia Ultraflex
Andréia Vital
D
esde junho, a unidade da Michelin, no Rio de Janeiro, começou a produção de pneus
para a agricultura. A fábrica é a primeira
fora da Europa a produzir a linha indicada para todos os segmentos do agronegócio com a tecnologia Ultraflex,
que possibilita ao pneu trabalhar sob
baixa pressão, compactando menos o
solo, obtendo, assim, melhor rendimento, além de preservar o meio ambiente
e economizar combustível. As outras
unidades voltadas à produção agrícola
ficam na Espanha, França e Polônia.
"Ao iniciar a fabricação de pneus
agrícolas na América do Sul, a Michelin tem o objetivo de contribuir para
o desenvolvimento de uma produção
agrícola com a preservação máxima do
solo”, disse Nour Bouhassoun, presidente da Michelin na América do Sul,
à imprensa, durante apresentação da
unidade industrial, que recebeu aporte de R$ 100 milhões em adequações
para produzir 40 mil pneus por ano,
em 20 diferentes dimensões. O valor
faz parte de um plano de expansão da
multinacional, que já investiu no Brasil, nos últimos cinco anos, 1,5 bilhão
de euros. “Acreditamos no potencial do
país e confiamos que a crise econômica
é passageira, por isso, continuamos a
apostar aqui, onde estabelecemos raízes
há mais de 35 anos”, disse o executivo.
Pneus agrícolas são fabricados na
Unidade do Rio de Janeiro
lidade e está realizando grandes esforços
para a redução da pegada ambiental em
suas unidades industriais, como a de Campo Grande, no Rio de Janeiro, uma das
maiores que eles têm. “No Brasil, um dos
nossos compromissos é reduzir em cerca
de 40% nossa pegada ambiental, graças ao
aumento em 25% da eficiência em nossos
sites industriais até 2020”, explicou.
Com a nova linha de produção, a
empresa tem como meta consolidar sua
liderança no mercado radial, principalmente no Brasil e na América do Sul,
onde há a maior demanda de diversos
setores do agronegócio. “Hoje, apenas
Bouhassoun ressaltou ainda, que a Michelin é comprometida com a sustentabiNour Bouhassoun,
presidente da Michelin na
América do Sul
Emmanuel Ladent, diretor mundial da
Divisão Agrícola da empresa
Revista Canavieiros - Agosto de 2016
cerca de 6% dos pneus agrícolas vendidos no Brasil são radiais, enquanto que,
na Europa, esse número chega a 87%”,
afirmou na ocasião, Emmanuel Ladent,
diretor mundial da Divisão Agrícola da
empresa, pontuando que isso pode mudar, já que a radialização dos pneus agrícolas é uma das principais alavancas de
desenvolvimento do setor, oferecendo
ao agricultor um produto de alta durabilidade, capaz de reduzir a compactação
do solo e gastos com combustível.
De acordo com Christian Mendonça, diretor de Comércio e Marketing de
Pneus Agrícolas da Michelin América
do Sul, a companhia vem ganhando
market share, sendo líder no mercado
de reposição, detendo 63% da participação e 26% do mercado total. “As
máquinas novas não vêm com a tecnologia radial, pois o governo oferece
o Finame (financiamento de máquinas
e equipamentos) como incentivo para
aquisição de máquinas novas, e uma das
exigências do BNDES (Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social) para a liberação do crédito é que
60% desse equipamento tenha conteúdo
nacional”, explicou, afirmando que, a
partir de agora, com a linha de produção
45
Christian Mendonça, diretor de Comércio
e Marketing de Pneus Agrícolas da
Michelin América do Sul
no Brasil, as fabricantes de máquinas poderão optar pelos pneus radiais.
“A Michelin já tem parceria com a
CNH (Case e New Holland), John Deere e AGCO (Challenger, Fendt, GSI,
Massey Ferguson e Valtra), que usam
os pneus radiais em seus equipamentos.
Com a fabricação nacional, podemos
atender não só o mercado de reposição,
mas aumentar a participação do mercado total”, afirmou.
Tecnologia avançada
Os impactos da última tecnologia da
empresa foram tema de estudo realizado pela universidade britânica Harper
Adams, que constatou o aumento de produtividade de uma lavoura em 4%, quando
todas as máquinas envolvidas na produção
têm os pneus radiais comuns substituídos
por pneus com a tecnologia Ultraflex IF
(Increased Flexion) e VF (Very High Flexion). Os resultados do estudo foram apresentados pelo professor da universidade,
Peter Mills, durante a inauguração da linha
de produtos específicos para o agronegócio, no Rio de Janeiro.
"Se trouxermos este estudo para a realidade brasileira, podemos dizer que um
produtor de soja de dois mil hectares consegue uma produtividade média de 3.120
kg/ha (52 sacas/ha). Com este aumento
Professor Peter Mills
de 4% na sua produtividade, considerando o preço da saca de 60 kg de soja a R$
80,00, há um ganho real de mais de R$
320 mil por safra", afirmou Mendonça.
Segundo ele, alguns ensaios já foram realizados em Mato Grosso e no interior de
São Paulo, a fim de se atestarem os benefícios da tecnologia em solos brasileiros,
e novos estudos devem acontecer ainda
neste e no próximo ano.
Depoimentos de empresas como
a usina Ferrari, que usa pneus radiais
desde 2010, conseguindo reduzir seus
gastos com o produto, em 55%, comprovam que a cadeia canavieira também já vem fazendo uso da radialização. “O setor sucroenergético é muito
importante para nós. Hoje fizemos o
primeiro faturamento desta fábrica e
foi justamente para o segmento", contou ele, afirmando que o lote de pneus
agrícolas foi adquirido pela empresa
Antoniosi, de Matão-SP. RC
Revista Canavieiros - Agosto de 2016
46
Pragas e Doenças
Cigarrinha das raízes (Mahanarva fimbriolata)
Inimiga da produtividade agrícola e industrial da cana-de-açúcar
Antônio Pagotto – Agrônomo da Canaoeste de Viradouro com a coordenação de Alessandra Durigan - Gestora Técnica da Canaoeste
A
tualmente, as cigarrinhas estão
presentes em diversas regiões
canavieiras do Brasil, causando danos expressivos à produtividade e
à qualidade da matéria-prima. Essa praga tornou-se importante para a cultura
da cana-de-açúcar na região Centro-Sul do Brasil devido à expansão das
áreas de colheita de cana sem queima,
que deixa sobre o solo uma camada de
palha que proporciona condições ideais
para a sobrevivência das ninfas.
Antônio Pagotto, Agrônomo de Viradouro
Alessandra Durigan, gestora técnica da Canaoeste
Aumentar a produtividade e reduzir
custos são prioridades das unidades
industriais e do produtor de cana-de-açúcar; nesse cenário, o controle eficiente das cigarrinhas se faz necessário. Pesquisas recentes indicam que a
praga pode causar significativas perdas
de produção e reduzir a qualidade tecnológica da matéria-prima destinada ao
processamento industrial.
Várias medidas podem ser tomadas
no combate às cigarrinhas: monitoramento das populações no canavial,
aprimoramento de novas técnicas de
manejo, conhecimento da dinâmica de
aplicação de produtos e da tecnologia
de aplicação.
O clima apresenta grande influência
na dinâmica populacional. No período seco, pela ausência de umidade do
solo, os ovos ficam em diapausa. Com
o início das chuvas, na primavera, pelo
aumento da umidade e da temperatura,
ocorre a eclosão dos ovos, aumentando
o número de indivíduos. Portanto, no
período de outubro a março, devemos
nos atentar aos levantamentos de campo, com o objetivo de monitorar as populações e ter subsídios (informações)
para a tomada de decisão.
O ciclo biológico da cigarrinha das
raízes apresenta duração média de 60
dias, o que possibilita a presença de,
aproximadamente, três gerações da praga a cada safra.
Prejuízos econômicos
As perdas no campo podem ser altas, de 20% a 60%, sem contar os prejuízos na produção industrial, devido
à redução do teor de sacarose da cana.
As ninfas causam os maiores danos e
vivem cerca de 30 a 40 dias. Perfuram
as raízes para sugar água e nutrientes e
provocam um desequilíbrio fisiológico
na planta, uma vez que essas raízes se
deterioram e impedem o fluxo da água
e dos nutrientes, ocasionando sintomas
típicos como morte de perfilhos, rachadura dos colmos, colmos mais finos e
secos, brotações laterais, entre outros.
Os adultos injetam toxinas ao sugarem
as seivas das folhas e causam necrose dos tecidos, comprometendo todo o
processo de fotossíntese da planta. Em
situações críticas, de ataque severo, as
plantas podem secar por inteiro e o canavial fica com aspecto de queimado.
Os canaviais colhidos no final de safra
Revista Canavieiros - Agosto de 2016
Canavial com ataque severo de cigarrinhas.
Foto: Wilson Novaretti.
possuem uma sensibilidade maior à
praga, ou seja, poucas ninfas por metro causam danos mais severos. Já os
canaviais colhidos no início de safra,
por estarem mais desenvolvidos, toleram uma quantidade maior de ninfas
por metro e, portanto, os danos serão
47
menores. Segundo Dinardo-Miranda
et al. (1999), os danos são severos para
a maioria das variedades cultivadas,
principalmente nas colheitas de meio
e fim de safra.
Na cultura de cana-de-açúcar,
trabalhos demonstram reduções significativas na produção de colmos
e de açúcar total recuperável (ATR)
em áreas atacadas por cigarrinhas.
Dinardo-Miranda et al. (2001), avaliando a eficiência de inseticidas no
controle de cigarrinhas obtiveram redução de 30 ton/ha de colmos e 2,4
ton ATR/ha, em áreas infestadas pelo
inseto em relação a áreas não atacadas. Em ensaio semelhante, revelaram perdas da ordem de 14 ton/ha de
colmo e 3,7 ton ATR/ha.
Os efeitos diretos do ataque do inseto podem ser observados pela redução
na produtividade (ton/ha) e pelo prejuízo às características tecnológicas
como Brix, Pol e pH (Madaleno et al.,
2008). A cigarrinha das raízes pode
provocar perdas diretas pelo dano às
plantas, como a redução de massa de
colmos com consequente aumento na
fibra (Mutton & Mutton, 2005).
Controle da Praga
Diversos tipos de controle têm sido
utilizados para reduzir a população de
cigarrinhas. Dentre os aplicados, destacam-se o controle biológico, com o
uso do fungo Metarhizium anisopliae,
e o controle químico com inseticidas.
Outras alternativas de controle da praga
são: retirada da palha da linha da cana-de-açúcar para a entrelinha ou retirada total do resíduo. A palha protege as
ninfas da ação de fatores ambientais
que causam dessecação, pois preserva
a umidade e reduz a temperatura diurna
elevada. Nessa proteção, as ninfas produzem espuma característica, indicando
a localização do inseto na área afetada.
O monitoramento da cigarrinha das
raízes é imprescindível para decidir-se
sobre a estratégia de controle, uma vez
que a detecção da primeira geração permite alcançar resultados mais eficientes.
A eficiência do controle está ligada diretamente aos levantamentos de campo e
à agilidade na tomada de decisão. É de
extrema importância que as populações
sejam detectadas e monitoradas no momento certo; desta forma, os resultados
Fonte: R&D Syngenta
Insectshow 2016
serão positivos. Quanto maior o período
de convivência da praga com a planta,
maiores serão os danos em produtividade e qualidade da matéria-prima.
populações maiores da mesma, provavelmente porque as plantas estão mais
desenvolvidas e com vários entrenós
quando do seu ataque.
O NDE (nível de dano econômico)
dessa praga é considerado de aproximadamente 3 ninfas por metro para
canaviais colhidos no final de safra e
de 10 a 12 ninfas por metro para aqueles canaviais colhidos no início de safra. Isso porque os canaviais colhidos
no início de safra (até julho) suportam
A retirada ou afastamento da palha,
como método de controle cultural, é uma
questão de opção e manejo, mas têm-se
observado resultados favoráveis em relação à diminuição das populações, por
manter as linhas de cana mais secas, devido à maior incidência dos raios solares
e à menor umidade sobre elas.
Revista Canavieiros - Agosto de 2016
48
Pragas e Doenças
Controle Biológico com o fungo Metarhizium anisopliae
O Controle Biológico vem se destacando como método de controle das
cigarrinhas em canaviais com baixa infestação por não ser agressivo ao meio
ambiente e de menor custo que o controle químico.
O fungo Metarhizium anisopliae
é um dos mais eficazes controladores
biológicos das espécies de cigarrinhas
que ocorrem na agricultura. Esse fun-
go é produzido em arroz, sob condições excelentes de assepsia, obedecendo a um rigoroso controle de qualidade
para garantir grande eficiência de germinação e virulência no campo.
O controle biológico tem conseguido excelentes resultados no controle de cigarrinha das raízes quando o
fungo é aplicado nas condições ideais
para o seu desenvolvimento.
Iniciam-se as aplicações com jato dirigido quando o NDE (nível de dano econômico) atingir 1 ninfa por metro linear.
Condições ideais para a aplicação:
• Tardes nubladas ou à noite;
• Umidade relativa maior que 70% e
temperatura inferior a 26 °C;
• Se líquido (arroz lavado), o volume
de calda deve ser: 40 l/há em aplicações
aéreas e 200 l/ha em aplicações terrestres;
• pH da calda: ácido (ideal entre 5 e 6).
O Controle Químico
O corte da soqueira, visando ao controle da praga Sphenophorus levis, dependendo da época e do produto utilizado,
tem-se mostrado eficiente no controle das
primeiras gerações de cigarrinhas.
Existem, no mercado, produtos químicos eficazes para o controle da cigarrinha das raízes: Ethiprole, Imidacloprido,
Thiametoxam e Thiametoxam+Lambda-Cialotrina. As melhores aplicações são
obtidas com o uso de pingentes no sistema 70/30, ou seja, 70% da calda aplicada
nas folhas e 30% da mesma aplicada na
base (colo) das touceiras, mas também
podemos fazer a aplicação dos produtos
com uniportes e aviões (área total).
Considerações Finais
Apesar de os produtores conhecerem essa praga, ainda encontram muitas dificuldades para realizar um controle eficiente. A sua
rápida adaptação e proliferação tem causado problemas nas lavouras, comprometendo, muitas vezes, a rentabilidade. O controle de
cigarrinhas pode ser realizado utilizando-se métodos físicos, culturais, biológicos e químicos, sendo que o manejo integrado é o
mais recomendado. O controle biológico para baixas populações
é uma ferramenta segura porque preserva a população de inimigos
naturais e reduz os impactos negativos ao meio ambiente. Com o
controle químico em situações de altas infestações, será possível
conviver com a cigarrinha das raízes, obtendo matéria-prima de
qualidade para a indústria sucroalcooleira.
Para o controle químico, devemos consultar um engenheiro
agrônomo e utilizar apenas produtos com registro no Ministério da
Agricultura e Pecuária para a cultura e praga em questão.
Lembramos que a Canaoeste possui uma equipe treinada e capacitada para o monitoramento e levantamento de pragas no campo,
com o objetivo de melhor atender os produtores associados. Consulte nossa equipe técnica para mais informações e esclarecimentos
de dúvidas.
Revista Canavieiros - Agosto de 2016
Fonte: R&D Syngenta/Insectshow 2016
Literatura Consultada
DINARDO-MIRANDA, L. L.; FIGUEIREDO, P.;
LANDELL, M. G. A.; FERREIRA, J. M. G.; CARVALHO, P. A. M. Danos causados pelas cigarrinhas-das-raízes
(Mahanarva fimbriolata) a diversos genótipos de cana-de-açúcar. STAB Açúcar, Álcool e Subprodutos, v.17, n.5,
p.48-52, 1999.
DINARDO-MIRANDA, L. L.; MOSSIM, G. C.; DURIGAN, A. M. P. R.; BARBOSA, V. Controle químico de
cigarrinha das raízes em cana-de-açúcar. STAB – Açúcar,
Álcool e Subprodutos. Piracicaba, v.19, n.4, p. 20-23, 2001.
MADALENO, L. L.; RAVANELI, G. C.; PRESOTTI,
L. E.; MUTTON, M. A.; FENANDES,
O. A.; MUTTON, M. J. R. Influence of Mahanarva
fimbriolata (Stål) (Hemiptera:
Cercopidae) injury on the quality of cane juice. Neotropical Entomology, Londrina, v.
37, n. 1, p.68-73, 2008.
MUTTON, M. J. R.; MUTTON, M. A. Identificação de
perdas de açúcares no setor agrícola. STAB Açúcar, Álcool
e Subprodutos, Piracicaba, v. 23, n. 4, p. 42-46, 2005.RC
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Revista Canavieiros - Agosto de 2016
50
Pragas e Doenças II
Avança o manejo biológico do gorgulho-da-cana
O Brasil é referência mundial no manejo biológico de pragas da parte aérea da cana-de-açúcar e começa
a utilizar fungos e nematóides benéficos para o controle das pragas de solo, como o gorgulho-da-cana
Alexandre de Sene Pinto*
O gorgulho-da-cana ou bicudo-da-cana (Sphenophorus levis) é uma das
principais pragas regionais da cana-de-açúcar. Foi constatado pela primeira
vez no Brasil na década de 1970 e, hoje,
causa prejuízos em 53 municípios do
Estado de São Paulo, além de regiões
dos Estados do Paraná, Minas Gerais e
Santa Catarina. Esse aumento na distribuição da praga se deve, principalmente, ao descuido no transporte de mudas
infestadas de uma região para outra,
pois o inseto tem uma baixa taxa de dispersão (até 300m em toda sua vida).
Os danos na cultura são causados
pelas larvas que se alimentam na base
das plantas, devido à construção de galerias à medida que se desenvolvem,
causando a morte das touceiras. Em
alguns locais do Estado de São Paulo
chegam a atingir 50% a 60% de perfilhos, ocasionando perdas de 20 a 30 toneladas de cana-de-açúcar por hectare.
As larvas do gorgulho-da-cana podem
ser confundidas com outros insetos, especialmente com as do gorgulho-rajado
(Metamasius hemipterus), que não tem
importância econômica para a cultura.
O gorgulho-da-cana tem preferência
por solos claros, argilosos e com boa
umidade. Parece que a aplicação excessiva de vinhaça aumenta a ocorrência
dessa praga, tal como acontece com a
broca-da-cana (Diatraea saccharalis).
O clima influencia na população do
gorgulho, sendo que em todas as fases
eles são mais ativos durante os meses
quentes e úmidos e diminuem a sua atividade nos meses frios e secos.
Ocorrem dois picos da praga durante o ano. Os picos de larvas ocorrem entre os meses de maio e julho e
entre novembro e dezembro. Os picos
de adultos, entre os meses de outubro
e novembro e entre fevereiro e março,
sendo esse último o maior deles.
O ciclo do gorgulho-da-cana pode
variar entre 58 e 307 dias, com média
de 173,3 dias (27ºC). Os adultos quase
sempre são encontrados abaixo do nível
do solo, têm hábito noturno, são pouco
ágeis e quando se sentem ameaçados
fingem de mortos. As fêmeas põem os
seus ovos na base das brotações, podendo ser abaixo ou ao nível do solo.
O método de controle mais utilizado no manejo de S. levis é a destruição
mecânica das soqueiras no período
de plantio (momento da reforma do
canavial), procurando-se expor ao
máximo as larvas aos seus predadores
e ao secamento dos rizomas.
Existem alguns inseticidas registrados
para o controle do gorgulho-da-cana, sendo eles lambdacialotrina + tiametoxam,
Larvas de besouros de solo. A. Migdolus;
B. Gorgulho-da-cana, Sphenophorus levis; C.
Besouro-rajado, Metamasius hemipterus; D. Coró.
Revista Canavieiros - Agosto de 2016
Alexandre de Sene Pinto
imidacloprido, alfacipermetrina + fipronil
e bifentrina + carbosulfano. Assim como
na destruição das soqueiras, esta técnica é
utilizada no plantio, procurando-se evitar
o ataque da praga na cana-planta.
Todos os inseticidas registrados para
o gorgulho são bastante tóxicos e pouco seletivos para inimigos naturais, especialmente para formigas predadoras
– as mais importantes reguladoras naturais de populações da broca-da-cana
e de cigarrinhas. Portanto, o uso destes
produtos em cana-soca compromete
o equilíbrio do agroecossistema canavieiro e tem causado o aumento das
áreas-problema com a broca-da-cana,
exigindo maiores cuidados.
Flutuação populacional do gorgulho-da-cana no Estado de São Paulo.
51
Ciclo de vida do gorgulho-da-cana (27ºC)
Impacto de alguns inseticidas nas populações de formigas predadoras em solo
Outro produto registrado é o nematóide entomopatogênico Steinernema puertoricense, com resultados muito bons
para o controle do gorgulho e de outras
pragas, mas a disponibilidade deste no
mercado ainda é bastante limitada. A eficácia do nematóide no controle de larvas
do gorgulho é superior a 80%, mas no
controle de adultos muitas vezes precisa da associação de inseticidas. Pode ser
aplicado junto com tiametoxam.
Algumas usinas, junto com o G.bio
(Grupo de Pesquisa e Extensão em
Controle Biológico, sediado no Centro
Universitário Moura Lacerda, em Ribeirão Preto-SP), têm trabalhado, desde
2011, com fungos entomopatogênicos
no controle do gorgulho.
O fungo Beauveria bassiana sempre
foi o mais indicado para o controle do
gorgulho-da-cana. A recomendação era
a aplicação na forma de pasta do fungo
(água + conídios) em iscas de tolete de
cana partido ao meio, 150-200 iscas por
hectare, com eficácia superior a 90% de
controle de adultos, sendo uma prática
bastante trabalhosa.
Para o controle de adultos que iniciarão a revoada, o uso de B. bassiana aplicado na forma líquida ou granulada (500g
conídios por hectare) é bastante eficaz,
com controle superior a 80% já após 30
dias da aplicação. Entretanto, para o controle de larvas, o fungo B. bassiana tem
mostrado eficácia inferior a 80% até 100
dias após a aplicação, na forma líquida ou
granulada (450g por hectare).
Por outro lado, o fungo Metarhizium
anisopliae, comumente utilizado para o
Eficácia de fungos no controle de larvas do gorgulho-da-cana
controle de cigarrinhas na cana-de-açúcar, tem mostrado excelentes resultados
no controle de larvas de S. levis, quando
aplicado com cortador de soqueiras na
forma líquida (250g por hectare) ou na
forma granulada (450g por hectare).
O gorgulho-da-cana, após ser infectado por algum dos fungos, fica inquieto, perde seus movimentos e para de se
alimentar, chegando à morte. Quando os
insetos são colonizados pelo fungo M.
anisopliae, os mesmos ficam duros e uma
massa pulverulenta de conídios recobre o
seu corpo e ganha uma coloração que varia entre a verde-clara e escura, acinzentada ou esbranquiçada com pontos verdes.
No caso de B. bassiana, os insetos ficam
cobertos por uma massa esbranquiçada.
A escolha dos isolados dos fungos
para o controle eficaz do gorgulho-da-cana é bastante importante, visto que
cada um é mais adequado para cada região de ocorrência da praga.
O manejo de pragas da parte aérea
na cultura da cana-de-açúcar é realizado, predominantemente, com produtos
biológicos, sendo referência mundial.
O mesmo não acontece com as pragas de solo, onde o controle químico
é quase exclusivo. Com o avanço das
pesquisas com resultados semelhantes
aos destacados nesse texto, em pouco
tempo será possível manejar todas as
pragas de solo de forma biológica, com
a aplicação ocasional de inseticidas seletivos aos inimigos naturais constantes
nesse agroecossistema.
*Engenheiro agrônomo e doutor em
Entomologia, tem mais de 300 trabalhos científicos, 15 livros e 30 capítulos
no Brasil e no exterior. Ministra mais
de 100 palestras por ano pelo mundo.
Ganhador de vários prêmios de inovação tecnológica no mundo e consultor
no manejo de pragas de várias usinas
no Brasil e na Colômbia. Atualmente,
é professor do Centro Universitário
Moura Lacerda, diretor de P&D e
sócio da Bug Agentes Biológicos e diretor e sócio da Occasio. RC
Revista Canavieiros - Agosto de 2016
52
Revista Canavieiros - Agosto de 2016
53
Revista Canavieiros - Agosto de 2016
54
Destaque I
Curso da STAB debate os conceitos básicos da
fisiologia da cana-de-açúcar
Especialistas abordaram temas relevantes para ajudar no aumento da produtividade da cultura
Andréia Vital
“
Cana-de-Açúcar: Fisiologia e Manejo - Prof. João Domingos Rodrigues" foi o tema do curso realizado pela STAB (Sociedade dos Técnicos
Açucareiros e Alcooleiros do Brasil)
Regional Sul, no dia 13 de julho, em
Piracicaba-SP. Na oportunidade, foram
debatidos temas ligados à fisiologia vegetal, como o desenvolvimento da cana,
a importância da água no crescimento
da cultura, fotossíntese, respiração e
biorreguladores, entre outros. Profissionais ligados à cadeia canavieira de várias localidades participaram do evento.
Variedade, luminosidade, temperatura, umidade, maturadores e nutrientes são fatores que afetam a maturação
da cana-de-açúcar, portanto um manejo
nutricional adequado é indicado, já que
eleva o potencial produtivo da cana, afirmou o prof. dr. da FCA/UNESP Botu-
Prof. Dr. Carlos Alexandre Crusciol
Dr. João Domingos Rodrigues
catu, Carlos Alexandre Crusciol, durante
sua palestra. “Tendo em vista o grau de
intemperização dos solos brasileiros e
a deficiência generalizada de nutrientes
e, principalmente, de micronutrientes,
a reposição nutricional torna-se prática
indispensável para garantir o processo
produtivo”, explicou ele, lembrando que
o desequilíbrio nutricional nem sempre
afeta a produtividade de colmos, mas limita o acúmulo de sacarose.
O professor titular em Fisiologia
Vegetal, do Depto. de Botânica da IB/
UNESP Botucatu), dr. João Domingos
Rodrigues, que deu nome ao curso realizado e foi homenageado no início das
atividades do dia, falou sobre biorreguladores em cana-de-açúcar, na ocasião.
Segundo ele, para melhorar as respostas da fisiologia da
planta, principalmente as relativas à
fotossíntese e à produtividade, uma das
formas é minimizar
o estresse, com utilização de reguladores vegetais ou
biorreguladores.
Revista Canavieiros - Agosto de 2016
Prof. Dr. Paulo Alexandre
Monteiro de Figueiredo
Dados apresentados mostraram que
na cana, os biorreguladores induzem a
formação de novos brotos, estimulam
o crescimento radicular e a formação
e o crescimento de novos perfilhos, resultando na precocidade de maturação,
nos incrementos no teor de sacarose e
no aumento de rendimento. "O biorregulador promove o equilíbrio hormonal
adequado para a máxima expressão de
potencial genético da planta, permitindo que ela reaja de maneira eficiente às
condições adversas do clima, produzindo mais", ensina.
Já “Fisiologia da Produção da Cana-de-Açúcar” foi o tema da palestra do
prof. dr. Paulo Alexandre Monteiro de
Figueiredo, da UNESP/Dracena. Segundo ele, é possível conseguir produtividades mais altas na cana, mas existe um
conjunto de fatores que leva a este aumento de produtividade. “Conhecendo a
fenologia da cana, ou seja, conhecendo
a curva de crescimento da planta, para
saber em qual momento nós vamos intervir e como vamos intervir”, afirmou.
O especialista destacou a importância da
fase de estabelecimento neste contexto.
“É nesta fase que não pode acontecer a
55
competição com plantas daninhas; é aí
que o stand tem que aparecer de forma
plena, é nesta fase que as plantas têm
que encontrar as condições e os espaçamentos adequados, e assim por diante,
então a fase de estabelecimento encontrada por este canavial vai nos indicar a
produtividade industrial”, definiu.
Lançamento do livro Fisiologia
aplicada à cana-de-açúcar
José Paulo Stupiello, presidente da STAB
Professor Marcos Silveira Bernardes
O professor Marcos Silveira Bernardes, da ESALQ/USP (Escola Superior de
Agricultura Luiz de Queiroz – Universidade de São Paulo) falou sobre fotossíntese e modelagem da cana-de-açúcar. “É
possível estabelecer uma relação matemática, com parâmetros quantitativos de
tolerância, exigência ou resposta de variedades de cana aos tipos e nível de fertilidade de solo”, explicou ele, ao abordar
modelos matemáticos que ajudam a entender os processos e a comparação entre
a produtividade real e a simulada através
de modelo de matemática do solo.
Ao apresentar a palestra "Cana na
Indústria: Problemas e Soluções", José
Paulo Stupiello, presidente da STAB
Nacional, abordou os efeitos dos componentes naturais da matéria-prima nos
processos industriais, como ácidos orgânicos, polissacarídeos, amido, compostos fenólicos e oligossacarídeos.
Segundo ele, alguns problemas que
ocorrem durante os processamentos
não são solucionados por falta de conhecimento do comportamento dos
elementos constituintes da cana. “O conhecimento da fisiologia é fundamental
para entender a cana”, concluiu.
Na ocasião, também foi feito o lançamento do livro Fisiologia aplicada à
cana-de-açúcar, de Paulo R.C. Castro,
da ESALQ/USP. O especialista foi mediador dos painéis e também apresentou
a palestra “Cana-de-açúcar: relações
hídricas e estresse”, ressaltando a relevância do equilíbrio hídrico da planta
para sua manutenção e para manter e
aumentar a produtividade da cana nas
condições tropicais.
Raffaella Rossetto,
secretária-tesoureira da STAB
O evento foi considerado muito positivo pela pesquisadora Raffaella Rossetto, secretária-tesoureira da STAB.
“Embora o assunto seja básico, foi abordado pelos diversos palestrantes de uma
forma muito aplicada, com as práticas
que podem ser feitas para aumentar a
fotossíntese e para diminuir as perdas
no processo fotossintético. Foi bastante interessante porque não só apresentou toda a parte básica dos conceitos
e estudos de fisiologia, como também
abordou muito a parte prática e aplicada
do que se pode fazer, na prática, para
implementar estes conceitos básicos da
fisiologia da cana”, afirmou. RC
Revista Canavieiros - Agosto de 2016
56
Destaque II
VI Expam
Exposição Agropecuária da Alta Mogiana
Realizada em Ituverava, no interior de São Paulo, a feira vem se consolidando
pautada pelas direções do agronegócio nacional
Fernanda Clariano
O
Sindicato Rural de Ituverava
promoveu no mês de julho a
6ª Expam (Exposição Agropecuária da Alta Mogiana), um dos maiores eventos voltados ao produtor rural
da região. A feira aconteceu no Parque
Permanente de Exposições, em Ituverava SP, e contou com exposição e julgamento bovino da raça Nelore, tendo os
mais renomados criadores e melhores
exemplares da raça, avaliadas em mais
de R$ 1 milhão; exposição da raça Senepol e equinos da raça Paint Horse,
com prova dos três tambores; feira de
touros com a participação e supervisão
da ABCZ – Pró – Genética; feira de máquinas, veículos e implementos agrícolas; palestras técnicas; demonstrações
de campo e linhas de crédito bancário.
Voltada para pecuarista, agricultores, empresários, profissionais da área,
representantes de máquinas agrícolas,
veículos, estudantes e também para o
público geral, a feira agrega todos os
segmentos do agronegócio. Nesta edição, o evento reuniu 56 expositores e,
em número de animais, foram expostos
aproximadamente 330 animais da raça
Nelore, 30 da raça Senepol e 35 equinos da raça Paint Horse em posição. Ao
menos 25 animais participaram da prova dos três tambores.
De acordo com o presidente da feira, Gustavo Ribeiro Rocha Chavaglia,
o volume de negócios gerados durante
a feira foi na ordem de R$ 3 milhões,
superando as expectativas. “É um orgulho estar à frente do Sindicato Rural de
Ituverava neste evento, que a cada ano
se supera e se mantém fiel ao seu objetivo que é fomentar o desenvolvimento econômico através do agronegócio.
O produtor rural vem se recuperando
de dois anos climáticos terríveis e isso
reflete também na feira junto às empresas de revendas e com isso, tivemos a
melhor e maior de todas as edições, nos
permitindo um balanço positivo”, ressaltou Chavaglia.
Luis Carlos Iamaguti, Sueli Mine, Gustavo Chavaglia,
Manoel Ortolan, Almir Torcato e João Maciel
Revista Canavieiros - Agosto de 2016
Gustavo Ribeiro Rocha Chavaglia,
presidente da feira
O presidente da Canaoeste, Manoel
Carlos de Azevedo Ortolan, o diretor
secretário da Copercana, Pedro Esrael
Bighetti, o gestor operacional da Canaoeste, Almir Torcato, o veterinário da
Copercana, Gustavo Leal Lopes bem
como agrônomos da Copercana e da
Canaoeste, prestigiaram a feira.
A Canaoeste e a Copercana, com o
apoio das empresas Arysta LifeScience e Mosaic, realizaram durante a VI
Expam palestras técnicas sobre, manejo de solos para altas produtividades e
portfólio Arysta para cana-de-açúcar.
O evento reuniu cerca de 120 pessoas
(cooperados e agricultores da região)
no parque de exposição. RC
57
Revista Canavieiros - Agosto de 2016
58
Destaque III
Lei exige motores menos poluentes nas
máquinas agrícolas em 2017
Nova regulamentação, que limita emissão, começa a valer a partir de 1º de janeiro do próximo ano
O
s fabricantes de máquinas
agrícolas se antecipam à nova
legislação de emissões de
poluentes e colocam à disposição do
mercado equipamentos mais eficientes
e que agridem menos o meio ambiente. Isso para atender à Lei denominada PROCONVE MAR-1
(Máquinas Agrícolas e Rodoviárias - Fase 1), que entra
em vigor em 1º de janeiro de
2017 e estabelece, a partir
de critérios técnicos, um
limite máximo de emissão
de poluentes às máquinas
agrícolas e de construção (rodoviária) novas, nacionais e importadas com potência igual ou maior de
75 kW. Portanto, equipamentos com
essa potência (igual ou maior de 75kW)
não poderão emitir mais do que 5,0 g/
kWh de CO (monóxido de carbono),
4,0 g/kWh de HC + NOx (hidrocarbonetos e óxidos de nitrogênio) e 0,3 g/
kWh de MP (material particulado).
res. Para os veículos leves e pesados,
a fase 1 do programa começou a valer
a partir de 1989. A segunda etapa, de
acordo com a Resolução CONAMA 433/2011, se inicia com o
PROCONVE MAR-1.
Similar à norte-americana Tier 3 ou
à europeia Stage IIIA, a lei faz parte do
PROCONVE (Programa de Controle da
Poluição do Ar por Veículos Automotores), criado em 1986 pelo CONAMA
(Conselho Nacional do Meio Ambiente), que estabeleceu diretrizes, prazos
e padrões legais de emissão para diferentes categorias de veículos automoto-
Para atender aos limites
da legislação, novas tecnologias devem ser empregadas,
tais como: controle eletrônico de injeção; recirculação
do gás de escapamento ou
EGR (Exhaust Gas Recirculation), em inglês; redução catalítica seletiva ou SCR
(Selective Catalityc Reduction), em
inglês. De acordo com a ANFAVEA
(Associação Nacional dos Fabricantes
de Veículos Automotores), se comparada com motores não certificados ou não
regulamentados, a redução da poluição
de material particulado da fase MAR-1
pode chegar a 85% e a de NOx (óxidos
de nitrogênio) até 75%.
Ilustraçlões: Divulgação Anfavea
Andréia Vital
Empresas engajadas na nova legislação
A FPT Industrial, responsável pelos
motores à diesel de todos os produtos
do Grupo CNH Industrial, já possui
uma linha que atende às novas exigências. A companhia é a produtora com
maior quantidade de motores homologados em conformidade com a legislação MAR-I no mercado sul-americano. O lançamento oficial do portfólio
Tier 3 da empresa foi apresentado na
Agrishow deste ano.
Marco Aurélio Rangel, presidente da
FPT Industrial para a América Latina,
afirmando que os outros 19 devem ser
homologados até o final do ano.
“Levamos para a feira, toda a linha
de produtos que já atendem as novas
normas de emissões. Dentro do projeto, a FTP desenvolveu 49 motores
de todas as famílias de propulsores
que são específicos para utilização
no mercado agrícola e de construção,
sendo que a companhia já conseguiu
a validação de 30 motores em conformidade com a nova legislação”, disse
Os novos motores menos poluentes
da marca já podem ser encontrados na
nova linha de colheitadeiras e tratores
da CNH Industrial, além de máquinas
de construção, geradores e sistemas
de irrigação de diversos fabricantes.
Como por exemplo, a linha Axial-Flow
Série 130, da Case IH, composta pelas
colheitadeiras AF4130 e AF5130, que
são equipadas com o motor BEF6, e os
Segundo o executivo, o processo de
desenvolvimento e testes dos motores
menos poluentes envolveu mais de 12
meses de trabalho conjunto da equipe
de engenheiros do Centro Técnico da
FPT e clientes.
Revista Canavieiros - Agosto de 2016
Marco Aurélio Rangel, presidente da
FPT Industrial para a América Latina
modelos AF6130 e AF7130, equipados
com o Cursor-9, já homologados para
atender à norma PROCONVE/MAR-I
no mercado brasileiro.
As máquinas da New Holland
também têm motores FPT Industrial,
como também nos tratores Landforce
59
e Landpower, da Landini, empresa do
Grupo Argo Tractors, destinados ao
mercado brasileiro. A Jimenez Irrigação, empresa que atua principalmente
no mercado nacional de sistemas de
bombeamento e geração de energia,
como a Stemac, o Grupo Bambozzi e a
Lintec também equipam grande parte
de seus geradores com os motores da
FPT Industrial.
Cronograma da nova legislação MAR-1
A fase MAR-1 entrou em vigor de
forma escalonada. Para as máquinas
de construção lançadas no mercado de
potência igual ou superior a 37 kW (50
cv) até 560 kW (761 cv), iniciou-se em
2015. Já para todos os modelos com potência igual ou superior a 19 kW (25 cv)
até 560 kW (761 cv), começa a partir de
1º de janeiro de 2017.
Para máquinas agrícolas, a legislação começa a valer no dia 1º de janeiro de 2017, para todos os modelos
com potência igual ou superior a 75
kW (101 cv) até 560 kW (761 cv), e
em 2019, para todos os modelos com
potência igual ou superior a 19 kW
(25 cv) até 75 kW (101 cv).
Brasil tem laboratório de controle de emissões focado em máquinas agrícolas
A mudança vem sendo adotada
por outras empresas também, como a
AGCO, detentora das marcas Massey
Ferguson e Valtra, que implantou um
laboratório de controle de emissões,
dentro de sua planta em Mogi das
Cruzes-SP, onde produz motores e tratores. O projeto, o primeiro dentro de
uma fábrica de máquinas agrícolas, no
Brasil, conta com tecnologia de ponta,
proporcionando autonomia para o grupo desenvolver e homologar motores
que irão atender aos níveis de emissão
MAR-1. A Investe SP, ligada à secretaria de Desenvolvimento Econômico,
Ciência, Tecnologia e Inovação, foi
parceira na implantação do laboratório.
Segundo Ricardo Huhtula, diretor
da AGCO Power o projeto fomenta a
sustentabilidade e diminui a emissão
de Óxido de Nitrogênio (NOx) dos
motores, colaborando com o meio ambiente através de ações sustentáveis.
“O investimento num laboratório deste
porte consolida a importância de reflexão sobre o tema e reforça a posição do
grupo em contribuir com a evolução do
controle de emissões, além de gerar autonomia para a linha de montagem, uma
vez que faz o teste e homologa o motor dentro da própria fábrica”, explica
Huhtala, que dá mais detalhes sobre o
investimento, nesta entrevista exclusiva
à Canavieiros. Confira:
Revista Canavieiros: No ano passado, a AGCO anunciou o investimento
de R$ 35 milhões para a implantação
do 1º laboratório de controle de emissões. Este laboratório já está em funcionamento? Ele tem o conceito de prestar
serviços a outras empresas ou atenderá
somente à demanda do Grupo AGCO?
Ricardo Huhtala: As obras foram
concluídas recentemente e o laboratório está aguardando a certificação da
Cetesb (Companhia de Tecnologia de
Saneamento Ambiental) para iniciar a
operação comercial. O escopo inicial
do laboratório é dar suporte aos projetos da AGCO, mas temos capacidade
para prestar serviços para terceiros.
Revista Canavieiros: A implantação de um laboratório de controle de
emissões dentro de uma fábrica de máquinas agrícolas no Brasil é pioneira.
Qual a importância deste fato e o que
trará de benefícios para o grupo?
Huhtala: A AGCO é pioneira neste
tipo de trabalho no Brasil, pois outros
laboratórios existentes são mais focados na prestação de serviços ou desenvolvimento de motores para ciclos
rodoviários.
Revista Canavieiros: Quais são as atividades executadas no laboratório? Ele
terá capacidade também para realizar
testes em diferentes níveis de emissão?
Huhtala: A principal atividade está
voltada à certificação dos motores
AGCO Power, para que estejam de acordo com a legislação brasileira MAR-1,
equivalente ao nível europeu Tier 3.
Revista Canavieiros: O que muda
nos equipamentos para atender aos
novos limites de emissões? Esta tecnologia exige maior precisão e controle
dos processos e da manutenção?
Huhtala: A mudança básica está na
estratégia de combustão de cada motor.
Cada fabricante escolherá um modelo
de tecnologia mais apropriado para redução das emissões de gases, mas, em
termos de manutenção e controle, nosso produto não demandará nenhum tipo
especial de cuidado.
Revista Canavieiros: Com relação
ao combustível, é necessária alteração
para atender aos limites de emissões?
Huhtala: Os produtos da AGCO
estão aptos para serem aplicados com
Ricardo Huhtala, diretor da AGCO Power
o atual diesel S500, não havendo qualquer necessidade de adaptação.
Revista Canavieiros: Todos os produtos desenvolvidos pela marca estão
adequados para a nova legislação?
Huhtala: A partir de 1º de janeiro
de 2017, as aplicações acima de 75 kW
deverão atender à norma MAR-1. Estamos nos adequando para atender a esta
nova certificação.
Revista Canavieiros: Qual é a data
limite para a compra de um equipamento não certificado?
Huhtala: A data limite está voltada
somente para a fabricação. Até 31 de
dezembro deste ano, ainda poderão ser
montadas máquinas com potência acima
de 75 kW (não emissionadas), como dito
anteriormente. Depois disso, para esta
faixa de potência, somente motores que
atendam à norma poderão ser fabricados.
Revista Canavieiros: Haverá adicional de preço das máquinas em relação aos anteriores?
Huhtala: O preço do produto é ligado
ao seu valor agregado, devido às novas
tecnologias, que exigem altos investimentos em processos de pesquisa e desenvolvimento. Hoje, os empreendedores rurais querem produzir mais, melhor
e em menos tempo, com máquinas cada
vez mais eficientes e econômicas. RC
Revista Canavieiros - Agosto de 2016
60
Destaque IV
Sertãozinho (SP) é palco da
191ª reunião do Gerhai
Prestes a comemorar 30 anos de fundação, o Gerhai (Grupo de Estudos em Recursos
Humanos na Agroindústria) reúne profissionais para mais uma reunião
Fernanda Clariano
C
riado para agregar as unidades
produtoras e fortalecer os laços
de cooperação e integração por
meio da realização de reuniões periódicas e contatos constantes entre os
associados, o Gerhai (Grupo de Estudos em Recursos Humanos na Agroindústria) vem proporcionando a troca de
informações e experiências em todos
os assuntos relacionados a recursos humanos, além da atualização e o desenvolvimento do trabalho em todo o setor
agrícola, industrial e administrativo. No
mês de julho, o grupo se reuniu no Centro Empresarial Zanini, em Sertãozinho
(SP), para sua 191ª reunião.
Na abertura, o presidente do Gerhai e
gerente de Recursos Humanos da Usina
Estiva Bioenergia de Novo Horizonte
(SP), Luiz Haroldo Doro, falou sobre a
sua satisfação em poder vivenciar todo
o crescimento do grupo que em outubro
deste ano comemora 30 anos. “Estou
há 20 anos no Gerhai e pela quinta vez
sou presidente, conheço o histórico e a
dificuldade deste grupo que irá comemorar três décadas. Desde a sua fundação temos quase 150 unidades ou mais
participando. Hoje, em termos de administração de recursos humanos, este é
um dos maiores grupos onde se adquire
maior conhecimento, pois todos os participantes trazem alguma informação,
experiência que o outro não tem e essa
Luiz Haroldo Doro, presidente do Gerhai
Reuniões periódicas proporcionam
trocas de informações e experiências
troca é fundamental. Além da união, as
palestras são muito bem organizadas e
realmente fazem crescer o RH de qualquer unidade”, afirmou Doro.
tivas – Quais os ganhos? Quais as perdas? Quais as oportunidades?”
Durante a reunião, a psicóloga da
UNESP/Assis e mestranda da FMRP-USP, facilitadora em Programa de Lideranças, Emanoela Toledo, explanou
sobre o tema “A Crise e suas perspec-
A programação contou ainda com
a palestra “A inteligência emocional
aplicada no ambiente de trabalho”, ministrada pela consultora em desenvolvimento de pessoas e coaching de alta
performance, Sandra Schiavetto. A profissional mostrou algumas estatísticas
sobre a necessidade de se cuidar da inteligência emocional e apresentou algumas ferramentas que podem auxiliar de
forma simples no dia a dia. De acordo
com ela, o índice de adoecimento psíquico é alto e é também uma das causas
que mais traz afastamento de trabalho.
“Hoje o QI (quociente de inteligência)
não é o mais importante e as empresas
estão cada vez mais investindo no desenvolvimento de pessoas porque elas
Emanoela Toledo, psicóloga da UNESP/Assis
e mestranda da FMRP-USP, facilitadora em
Programa de Lideranças
Sandra Schia vetto, coaching de alta performance
Iniciando as atividades do dia, o consultor empresarial e um dos fundadores
do Gerhai, José Darciso Rui, apresentou informações atualizadas sobre as
negociações coletivas encaminhadas
pela UNICA (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), que foi seguida de um
bate-papo onde os participantes compartilharam experiências vivenciadas
em suas empresas.
Revista Canavieiros - Agosto de 2016
61
Fenasucro & Agrocana 2016
entendem também que a inteligência
emocional tem um papel fundamental”,
disse Sandra.
José Darciso Rui, diretor executivo do Gerhai
Carlos Casarotto, diretor da Casarotto
Desenvolvimento Humano e Organizacional,
consultor empresarial, coaching e facilitador
em Programa de Lideranças
Já o diretor da Casarotto Desenvolvimento Humano e Organizacional, consultor empresarial, coaching e facilitador em Programa de Lideranças, Carlos
Casarotto, discorreu o tema: Feedback
em 5 passos – formando equipes e gerando resultados. Segundo Casarotto,
o feedback mais eficiente é a melhor
ferramenta de gestão de pessoas que
existe. “Muitos não sabem exatamente
como lidar com o feedback que é um
processo de melhoria que vem para corrigir os desvios, pois é uma ferramenta
efetiva de desenvolvimento de pessoas”, ressaltou Casarotto.
O diretor executivo do Gerhai, José
Darciso Rui, finalizou a reunião agradecendo a participação dos associados
ao Grupo e ao CEISE Br. “O Gerhai
só existe há 30 anos porque é formado
por companhias que acreditam no potencial da cadeia produtiva da cana-de-açúcar”, concluiu.
A Reed Alcântara Machado, organizadora da 24ª Fenasucro & Agrocana (Feira Internacional de Tecnologia
Sucroenergética) esteve representada
pela coordenadora de marketing Tatiana Rassini, que fez uma rápida
apresentação sobre a feira deste ano,
além das novidades em tecnologias,
terá 200 horas de eventos simultâneos de conteúdo para toda a cadeia
produtiva da cana-de-açúcar. Dentre
as novidades, o Pato a Jato, carro
movido a etanol que faz 400km com
1 litro de etanol. A 24ª Fenasucro
acontece de 23 a 26 de agosto, em
Sertãozinho (SP). RC
Revista Canavieiros - Agosto de 2016
62
Destaque V
Programa “+Cana 2ª Onda” é lançado em
Guariba (SP)
Conduzido por meio da parceria entre o IAC, Socicana e Coplana,
o projeto vem ganhando a confiança dos cooperados
Fernanda Clariano com informações da assessoria
L
ançado em março de 2015, o
programa “+ Cana, Mais Produtividade no Canavial” é um
projeto que visa a redução de custos e o
aumento da produtividade de cana-de-açúcar por meio do incentivo à produção de mudas, uma prática que era comum, mas que se perdeu ao longo dos
anos, e ao mesmo tempo tenta manter o
produtor competitivo na atividade.
O projeto vem sendo conduzido por
meio da parceria entre o IAC (Instituto
Agronômico), a Socicana (Associação
dos Fornecedores de Cana de Guariba) e a Coplana (Cooperativa Agroindustrial), que trabalham no sentido de
promover o crescimento sustentável e o
aprimoramento tecnológico e vem ganhando a confiança dos cooperados.
No primeiro passo ou a “1ª onda”,
como é chamado, aconteceu a implantação dos Polos Regionais de MPB (mudas pré-brotadas). O programa levou
alguns produtores de cana a se tornarem
polos de produção de MPBs, e conscientizou o fornecedor quanto à importância de montar viveiros para produzir
mudas de qualidade, com sanidade e
pureza varietal. Para isso, o produtor
contou com o apoio de uma equipe técnica do IAC que forneceu todo o suporte e assistência.
O lançamento da “2ª onda” do programa “+ Cana, Mais Produtividade no
Canavial” aconteceu no dia 27 de julho
no auditório da Socicana, em Guariba
(SP). Na ocasião, foram apresentados
os resultados técnicos e econômicos da
primeira fase do programa.
Estiveram presentes produtores de
cana, associados e cooperados, convidados, além de diversas lideranças, entre elas, o presidente da Coplana, José
Antônio Rossato Junior; o vice-presi-
Lançamento da 2ª onda do programa + Cana, Mais Produtividade reuniu produtores de cana,
associados e cooperados no auditório da Socicana
dente da Coplana e presidente da Socicana, Bruno Rangel Geraldo Martins;
o diretor geral do IAC, Sérgio Carbonell; o diretor do Centro de Cana IAC,
Marcos Landell; o pesquisador do IAC,
Mauro Xavier; o coordenador nacional
da RIDESA, Hermann Hoffmann, e o
assessor Fábio Pádua, que representou
o secretário da Agricultura do Estado
de São Paulo, Arnaldo Jardim.
graças a parceria entre o IAC, a Socicana e a Coplana, o projeto + Cana está
apresentando resultados. O IAC vem ao
encontro de preencher a lacuna que é o
desenvolvimento de tecnologia, nós somos como entidades, somos difusores,
a ponte entre a entidade de pesquisa, no
caso o IAC, e o produtor rural que está
na base esperando por essa tecnologia”,
concluiu Rossato.
José Antonio Rossato Junior,
presidente da Coplana
Bruno Rangel Geraldo, presidente da Socicana
e vice-presidente da Coplana
Na abertura do evento, o presidente
da Coplana, ressaltou a importância do
projeto +Cana, que segundo ele é ousado e inovador. “A nossa missão é auxiliar o desenvolvimento sustentável e tecnológico dos cooperados e o projeto “+
Cana, Mais Produtividade no Canavial”
é ousado e veio para somar. A quebra de
paradigmas, o estar aberto às inovações,
à sensibilidade de rever estratégia dentro da propriedade tem que acontecer e
O presidente da Socicana e vice-presidente da Coplana destacou a
aproximação entre produtor e institutos de pesquisa. “Esse projeto
representa um resgate do produtor
de cana-de-açúcar a sua atividade.
Costumamos dizer que esse projeto
foi uma forma de colocar o produtor
outra vez em contato com a sua produção, no contato com o desenvolvimento da sua muda para melhoria do
Revista Canavieiros - Agosto de 2016
63
seu canavial, para melhoria da sua
produtividade e também uma forma
de aproximar o produtor aos institutos de pesquisas. Por muito tempo o
produtor ficou trancado dentro da sua
propriedade e não estava atento às tecnologias que os nossos parceiros, tanto
universidades quanto institutos de pesquisas, desenvolvam. Essa é uma forma também de aproximar a academia
do produtor de cana”, comentou.
Produtores de cana, associados e cooperados, convidados, além
de diversas lideranças prestigiaram o evento
Sérgio Augusto Morais Carbonell,
diretor geral do IAC
Para o diretor geral do IAC, Sérgio
Augusto Morais Carbonell, o projeto
vem coroar todo o trabalho que o Instituto Agronômico tem realizado desde a
sua criação em 1987. “O Instituto Agronômico este ano completou 129 anos de
trabalhos relacionados à pesquisa agrícola e, projetos como esse, aproximam
a geração da tecnologia. A aplicação
ou a adoção dele tem tudo a ver com a
nossa instituição, que tem um objetivo
final importantíssimo, que é melhorar
a qualidade de vida dos nossos usuá-
rios, que demandam a nossa tecnologia.
Esse projeto traduz tudo isso, a geração,
a adoção e a aplicação e a melhoria de
vida dos nossos agricultores”, afirmou
Carbonell, que ainda ressaltou “eu gostaria de agradecer a confiança que a
Coplana teve nas tecnologias do IAC e
à Socicana em colocar toda a estrutura
e organizar os produtores que acreditam nessa tecnologia, que é um modelo
novo de plantar e de produzir cana. Isso
traz uma grande satisfação ao nosso
grupo de pesquisa”.
Já o pesquisador e diretor do Centro
de Cana IAC, de Ribeirão Preto, Marcos Landell, garantiu que a pesquisa
só tem sentido quando adotada. “Estou
completando 34 anos de pesquisa no
IAC e garanto que não tem sentido desenvolver projetos e pesquisas, publicar
trabalhos se isso não é adotado. Nesses
últimos dez anos especialmente, tudo o
que nós geramos de informação, Procuramos multiplicar nas condições do
produtor. Tanto a Coplana quanto a Socicana tiveram a sensibilidade de perceber que havia uma tecnologia ainda nas
Área externa
Marcos Landell, pesquisador e diretor do
Centro de Cana IAC, de Ribeirão Preto
prateleiras, com potencial grande de ser
levado a seu produtor. Este projeto foi
uma proposta corajosa que acabou nos
inspirando a tocá-lo em frente e logo
tivemos um envolvimento grande da
nossa equipe, coordenada pelo colega
Mauro Xavier, que se dedicou muito
a este projeto e, com isso, passamos a
gerar uma série de resultados importantes”, contextualizou Landell.
A primeira fase do projeto teve grande aprovação. Produtores dos polos já
constituidos, destacaram a realização
de viveiros.
“Eu planto cana há 30 anos e posso
dizer que cresci muito como produtor
junto a esse projeto + Cana, sem dúvida
vale muito a pena. Eu acho que todos
deveriam pensar com carinho nessa empreitada”, Rogério Consoni Bonacorsi,
de Ribeirão Preto (SP).
“O que me chamou bastante a atenção foi o resgate do conceito de se fazer
viveiros, para mim é o ponto alto do
projeto. Só tenho a agradecer essa iniciativa fantástica da Coplana e da Socicana junto ao IAC”. Renato Trevizoli,
de Jaboticabal (SP).
“Quero parabenizar a Coplana, a Socicana e o IAC, por meio do pesquisador
Mauro Xavier, pelo apoio e o conhecimento que nos deram nesses meses. É
muito importante para o produtor poder
produzir uma muda sadia e aumentar sua
produtividade. Agradeço a todos os envolvidos neste projeto”, Sérgio Pavani,
de José Bonifácio (SP). RC
Revista Canavieiros - Agosto de 2016
64
Destaque V
Interior paulista sedia seminário sobre controle
de pragas da cana-de-açúcar
Principal espaço para discussão das pragas incidentes em cana-de-açúcar do país,
o 12º Insectshow reuniu mais de 600 profissionais
Fernanda Clariano com informações da assessoria
R
esponsáveis pela maior parte
das perdas nos canaviais brasileiros, os nematóides, sphenophorus levis, cigarrinha-das-raízes e
a broca-da-cana, tiram o sono de qualquer produtor.
O principal evento em discussão e
difusão de informações sobre o controle
dessas pragas, o Insectshow (Seminário sobre Controle de Pragas de Cana)
aconteceu no mês de julho, no Centro
de Convenções, em Ribeirão Preto, no
interior de São Paulo e contou com
mais de 600 profissionais, dentre eles
executivos de usinas, especialistas da
área agrícola, pesquisadores, empresas,
produtores de cana e agrônomos, que se
reuniram para atualização das melhores
práticas e procedimentos para o controle das pragas da cana-de-açúcar e conhecer os cases de sucesso observados
nas usinas com controle químico, biológico e cultural que garantem a sanidade
dos canaviais e, consequentemente, o
aumento da produtividade.
A 12ª edição do seminário abordou
temas de grande relevância, como a
influência da retirada (integral ou parcial) da palha dos canaviais mecanizados; o risco de aumento da infestação
de Diatraea saccharalis, popularmente
conhecida como broca-da-cana-de-açúcar por conta das variações climáticas; gestão avançada de controle de
pragas em grandes lavouras; sistemas
de pulverização para controle de pragas
em cana-de-açúcar; além de novidades
por parte dos fabricantes de defensivos
agrícolas e outros assuntos.
O evento também foi palco para a
consolidação de metodologias de controles de pragas e novas técnicas de procedimento que estão levando as empresas a gastarem menos e obterem melhor
resultado e o lançamento de produtos
como um software desenvolvido por
uma multinacional, que promete revolucionar o manejo de pragas e doenças
da cana por meio da análise de dados,
Dib Nunes, diretor do grupo IDEA
e organizador do evento
Revista Canavieiros - Agosto de 2016
proporcionando uma visão ilimitada do
canavial e de seus lucros.
Segundo o diretor do grupo IDEA e
organizador do evento, Dib Nunes, houve
uma evolução tecnológica muito grande
nas empresas no controle de pragas e
também de doenças, porém o setor passou por uma crise muito grande e nem
todas as empresas puderam aplicar o que
está disponível no mercado. “Com a recuperação de preços e com a melhoria de
condições nas usinas, a gente já pode perceber que as empresas e os profissionais
estão voltando a investir, a se reciclar e a
atualizar os seus conhecimentos”.
Agrônomos da Copercana e Canaoeste e participaram do seminário
65
Homenagem
Durante a abertura do 12º Insectshow,
uma homenagem póstuma foi prestada
ao nematologista Wilson Roberto Trevisan Novaretti, que faleceu em outubro
do ano passado. Participaram da homenagem sua esposa, Ana Novaretti, e sua
filha Tânia Purens Novaretti.
“Não poderíamos deixar de homenageá-lo. O Novaretti foi um grande
pesquisador, possuía uma personalidade marcante, persistente, sempre preocupado em passar conhecimentos a
todos, além de fantástico pesquisador.
Ele mudou conceitos, nos deu grande
Homenagem
contribuição no controle de pragas da
cana-de-açúcar, era um especialista em
controle de nematóides e deixou uma
legião de seguidores. Infelizmente se
foi precocemente, mas será lembrado
por muito tempo”, afirmou Dib Nunes.
Alguns dos temas discutidos
As perspectivas de novos surtos de
Diatraea saccharalis em cana, bem
como a influência do clima nas populações da broca-da-cana foram temas
discorridos pelo diretor da Consultoria
Global Cana, José Francisco Garcia. De
acordo com Garcia, a temperatura é um
dos fatores abióticos mais importantes
para o desenvolvimento de pragas. “Se
tivéssemos várias semanas com temperaturas extremamente baixas, a mortalidade de broca-da-cana seria alta, mas
isso não acontece no Brasil, pois possui
picos variados de temperaturas”.
José Francisco Garcia, diretor da
Consultoria Global Cana
O nematologista e consultor Newton
Macedo, em sua explanação sobre “Atualização do manejo e controle de nematóides com rotação de culturas” destacou
por que é difícil controlar os nematóides,
elencando alguns fatores, dentre eles
a difícil detecção do agente, extremamente adaptado ao ambiente; danos facilmente confundidos com deficiências
nutricionais e fisiológicas de outras ori-
Newton Macedo, nematologista e consultor
Consultor Enrico de Beni Arrigoni
gens, e deficit hídrico; poucas opções de
produtos eficientes; elevados custos dos
produtos; práticas de difícil operação,
especialmente em soqueira; nematóides
não são detectados na indústria.
goni ressaltou a falta de recursos humanos, principalmente equipes de campo
suficientes para monitoramento; a falta
de recursos de equipamentos e insumos
para aplicação de métodos de controle; a
falta de conhecimento específico em relação às pragas e variáveis que merecem
maior atenção; e preocupação maior
com redução de custos do que com a redução de perdas ou desperdícios.
O consultor Enrico de Beni Arrigoni falou sobre a “Gestão avançada do
controle de pragas em grandes lavouras de cana-de-açúcar”, onde pontuou
as principais facilidades e dificuldades
enfrentadas pelas usinas no controle de
pragas, além dos fatores que devem ser
lembrados na gestão.
Dentre as principais facilidades destacou que existem informações suficientes para tomar decisões corretas na
adoção de medidas de monitoramento e
controle da maioria das pragas; há no
mercado profissionais que conhecem
os problemas e apresentam as soluções,
além da disponibilidade de métodos de
controle para as principais pragas.
Como principais dificuldades, Arri-
Entre os fatores que devem ser lembrados na gestão, destacou o potencial
de reprodução da praga e fator chave
de controle; potencial médio da praga
de gerar perdas; métodos de monitoramento; critérios de definição de níveis
populacionais de controle; métodos de
controle disponíveis; custos de monitoramento; custos de controle; elaboração
de relatórios de gerenciamento; comparar os resultados obtidos (histórico);
focar em áreas sujeitas a maiores perdas
para cada praga; definir as alterações
manejo e pontos de melhorias (PDCA)
e manter banco de dados. RC
Revista Canavieiros - Agosto de 2016
66
Destaque VI
DATAGRO confirma 650,75 milhões de
toneladas na safra 16/17
Deficit mundial de açúcar será de 8.890 milhões de toneladas, diz consultoria
Andréia Vital
A
s usinas do Brasil devem processar 650,75 milhões de toneladas na safra 16/17 estimou o
presidente da DATAGRO, Plínio Nastari, no dia 9 de agosto, durante conferência com jornalistas. Deste total, 597.25
da matéria-prima vem do Centro-Sul
e 53.50 do Nordeste. Já a produção de
açúcar deverá ser de 37.400 milhões de
toneladas, sendo 34.100 no CS e 3.3
milhões de toneladas no Nordeste. E
o etanol ficará com produção total de
28.036 bilhões de litros, sendo 26.097
produzidos no CS e 1.939 no NE.
O presidente da DATAGRO afirmou
que as chuvas entre o final de maio e
início de junho evitaram maiores perdas, mas não foram suficientes para reverter o quadro dos canaviais a serem
colhidos especialmente no terço final da
safra. A adversidade climática tem prejudicado também o planejamento das
operações de plantio, sendo que muitas
usinas recorreram à cana de inverno
para compensar o atraso no plantio de
cana de 18 meses.
“Percebe-se menor renovação do
plantio, sendo que o índice de renovação dos canaviais deverá ser mais uma
vez baixo, ficando em torno de 10 a
11%”, disse ele, explicando ainda que
a falta de investimento em defensivos
Plínio Nastari, presidente da DATAGRO
aumentou os índices de infestações nos
canaviais, principalmente nas lavouras
de fornecedores de cana. “Este fato
tem impactado a qualidade de cana a
ser colhida e a recentemente plantada”,
constatou.
A condição climática no Centro-Sul
do país também foi apontada como um
dos fatores para indicar um deficit no
mercado mundial de açúcar maior que
o esperado, chegando a 8.890 milhões
de toneladas na safra 2016/17, que começa em outubro/setembro, contra 7,71
milhões de toneladas divulgadas anteriormente. Além do clima adverso, as
incertezas em outras regiões consumidoras e produtoras, como China, Tailândia, Índia e Paquistão também fizeram a consultoria rever seus números.
Inclusive, para a safra atual (2015/16),
que se encerra em setembro, Nastari
apontou deficit maior do que o divulgado anteriormente, chegando a 7,72 milhões de toneladas, contra 6,21 milhões
de toneladas da projeção anterior.
Sobre o etanol, os dados apresentados mostram que no final da primeira
quinzena de julho, os estoques de etanol anidro somaram 1.727 bilhão de li-
Revista Canavieiros - Agosto de 2016
tros na região Centro-Sul, um aumento
de 17,5% sobre os estoques observados
há um ano. Já no caso do etanol hidratado, totalizaram 2,0 bilhões de litros ao
final da 1ª quinzena de julho, representando uma queda de 6,5%, em um ano.
“Apesar da melhora dos estoques os
preços do etanol seguem em alta, mesmo assim, foi mais competitivo do que
a gasolina nos estados de São Paulo,
Mato Grosso, Minas Gerais e Paraná,
na última semana de julho”, disse.RC
67
Revista Canavieiros - Agosto de 2016
68
Safra
Acompanhamento da safra 2016/2017
S
ão apresentados a seguir os dados obtidos
até a segunda quinzena de julho, referentes à safra 2016/2017, em comparação
com os da safra 2015/2016, no mesmo período.
Na Tabela 1, encontra-se o ATR médio acu-
mulado (kg/tonelada) do início da safra até a
segunda quinzena de julho desta safra, em comparação com o obtido na 2015/2016, sendo que
o ATR da safra 2016/2017 está 3,93 kg acima do
obtido na 2015/2016 no mesmo período.
Tabela 1 – ATR (kg/t) médio da cana entregue pelos
fornecedores de cana da Canaoeste das safras 2015/2016 e 2016/2017
Tabela 2 – Qualidade da cana entregue pelos fornecedores de cana da Canaoeste,
até a segunda quinzena de julho, da safra 2015/2016.
Thiago de Andrade Silva
Gerente de Planejamento, Controle,
Topografia e T.I. da Canaoeste
O Gráfico 1 contém o comportamento do BRIX do caldo da safra 2016/2017
em comparação com a safra 2015/2016.
Tabela 3 – Qualidade da cana entregue pelos fornecedores de cana da Canaoeste,
até a segunda quinzena de julho, da safra 2016/2017
O BRIX do caldo da safra 2016/2017
ficou bem acima em relação ao da
2015/2016 durante todo o período, com
menor acentuação na segunda quinzena
de julho. Na média, o BRIX do caldo
obtido nesta safra está 3,3% superior ao
da safra 2015/2016.
O Gráfico 2 contém o comportamento da POL do caldo na safra 2016/2017
em comparação com a 2015/2016.
Gráfico 1 – BRIX do caldo obtido nas safras 2016/2017 e 2015/2016
Pode-se observar que a POL do caldo apresentou o mesmo comportamento do BRIX do caldo, sendo que na
média, nesta safra de 2016/2017, a POL
do caldo está 3,6% superior à da safra
2015/2016.
O Gráfico 3 contém o comportamento da Pureza do caldo na safra
2016/2017 em comparação com a
2015/2016.
A Pureza do caldo da safra
2016/2017 está acima da obtida na safra 2015/2016 durante todo o período,
com maior acentuação na 2ª quinzena
de abril.
O Gráfico 4 contém o comportamento da Fibra da cana na safra 2016/2017
As tabelas 2 e 3 contêm detalhes da qualidade tecnológica da matéria-prima nas em comparação com a 2015/2016.
safras 2015/2016 e 2016/2017.
Revista Canavieiros - Agosto de 2016
69
Gráfico 2 – POL do caldo obtida nas safras 2016/2017 e 2015/2016
A Fibra da cana na safra 2016/2017 ficou
acima daquela obtida na 2015/2016 durante
todo o período, ficando, na média, 1,1% superior à observada na safra 2015/2016.
O Gráfico 5 contém o comportamento da POL da cana na safra 2016/2017
em comparação com a 2015/2016.
Gráfico 3 – Pureza do caldo obtida nas safras 2016/2017 e 2015/2016
A POL da cana na safra 2016/2017 ficou muito acima da obtida na 2015/2016
durante todo o período, com menor acentuação no mês de junho e na primeira
quinzena de julho, e pouco acima na segunda quinzena de julho, ficando, nesta
safra, 3,4% superior à da safra 2015/2016.
O Gráfico 6 contém o comportamento do ATR na safra 2016/2017 em
comparação com a 2015/2016.
Gráfico 4 – Comparativo da fibra da cana
O ATR, expresso em kg/t de cana na
safra 2016/2017 ficou muito acima do
obtido na 2015/2016 durante todo o período apresentando, com menor acentuação no mês de junho, portanto um
comportamento semelhante ao da POL
da cana, tendo em vista que a mesma
participa com 90% do ATR. Na média,
o teor de ATR desta safra está 3,1% superior ao da safra anterior.
O Gráfico 7 contém o comportamento do volume de precipitação pluviométrica registrado na safra 2016/2017 em
comparação com a 2015/2016.
A precipitação pluviométrica média
observada nos meses de janeiro, março
e abril de 2016 ficaram muito abaixo da
obtida em 2015, pouco abaixo nos me-
Revista Canavieiros - Agosto de 2016
70
Safra
Gráfico 5 – POL da cana obtida nas safras 2016/2017 e 2015/2016
ses de fevereiro, maio e julho e muito
acima no mês de junho.
O Gráfico 8 contém o comportamento da precipitação pluviométrica acumulada por trimestre na safra 2016/2017 em
comparação com a 2015/2016.
Em 2016, observa-se um volume de
chuva muito abaixo no primeiro trimestre, pouco acima no segundo trimestre
e pouco abaixo no terceiro trimestre, se
comparado aos volumes médios de 2015.
Gráfico 6 – ATR obtido nas safras 2016/2017 e 2015/2016
Gráfico 7 – Precipitação pluviométrica (mm de chuva) registrada em 2015 e 2016
Gráfico 8 – Precipitação pluviométrica (mm de chuva) por trimestre, em 2015 e 2016
Revista Canavieiros - Agosto de 2016
Observa-se uma oscilação constante na produtividade, em alguns casos maior e em outros casos menor,
em relação à produtividade da safra
2015/2016. Com a estiagem de julho,
o teor de ATR continua se mantendo
superior, porém com menor diferença
em relação ao mesmo período da safra
2015/2016. Nas áreas de abrangência
da Canaoeste, observou-se também
moderada intensidade de florescimento
em algumas regiões. Levando em conta
todo o cenário, até a segunda quinzena
de julho, o ATR médio ficou 3,93 kg
acima do obtido na safra 2015/2016.RC
71
Cultivando
a Língua Portuguesa
Biblioteca “General Álvaro
Tavares Carmo”
Fisiologia Aplicada
à Cana-de-Açúcar
Esta coluna tem a intenção de maneira didática, esclarecer algumas
dúvidas a respeito do português.
...bem assim: naturalmente. Alma exposta e coração aberto, porém com
filtros. Foi com a maturidade que entendi o que significam filtrarmos pessoas
e energias. Uma vez a lição aprendida verifiquei que a água corre límpida
e naturalmente no rio do nosso dia a dia. Os pensamentos se edificam e se
fortalecem também. O resultado? Bem-estar com a vida, amigo. Tente.
Renata Carone Sborgia - Direitos Autorais Reservados
Renata Sborgia
1) Maria não gostou do evento. Disse que o pessoal não tinha “nada a haver” com ela.
Realmente, não tem nada a ver com ela e com a Língua Portuguesa a escrita
errada!
O correto é: nada a ver (significa: ter relação com)
Ex.: Isto não tem nada a ver comigo.
OBS.: Haver: ter ou existir.
Ex.: Não temos informações sobre o local contaminado, mas pode haver mais
casos.
2) Pedro trabalhou muito para preparar o texto do discurso, “sobre tudo”
na argumentação.
Pedro precisa se preparar melhor sobretudo na Língua Portuguesa!
O correto é: sobretudo (escrita junta)
OBS.: Sobre tudo (escrita separada): significa: em relação a tudo, a respeito
de todas as coisas.
Ex.: Conversamos sobre tudo e sobre todos.
3) O político falou durante três horas “cerca de” seu interessante projeto
para a cidade.
Desinteressante o projeto com a escrita errada!
O correto é: acerca de (significa: a respeito de, sobre)
Obs.: Cerca de (escrita separada e sem o A): significa: aproximadamente - distância, quantidade.
Ex.: Corremos cerca de dois quilômetros pela praia.
Coluna mensal
* Advogada, Profa. de Português, Consultora e Revisora, Mestra USP/RP, Especialista em Língua
Portuguesa, Pós-Graduada pela FGV/RJ, com MBA em Direito e Gestão Educacional, autora de
vários livros como a Gramática Português Sem Segredos (Ed. Madras), em co-autoria.
“Este livro é destinado aos produtores de
cana-de-açúcar e aos interessados em conhecer o comportamento e o funcionamento
da planta em condições de cultivo, para se
estabelecer e controlar, com o manejo adequado, o comportamento ideal e a produtividade do canavial de forma racional, sustentável e econômica.”
(Trecho extraído do prefácio do livro)
Referência:
ROBERTO DE CAMARGO E CASTRO,
Paulo. STAB: Fisiologia aplicada à Cana-de-Açúcar. Piracicaba: STAB, 2016.
Os interessados em conhecer as sugestões
de leitura da Revista Canavieiros podem
procurar a Biblioteca da Canaoeste.
[email protected]
www.facebook.com/BibliotecaCanaoeste
Fone: (16) 3524-2453
Rua Frederico Ozanan, nº842
Sertãozinho-SP
Revista Canavieiros - Agosto de 2016
72
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Revista Canavieiros - Agosto de 2016
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azul, 04 pneus novos, motor Perkins,
em bom estado, com carroceria de madeira, diesel.
Tratar com a empresa Limpsert, pelo
telefone (16) 3945-9335.
VENDE-SE
Amarok, com ar-condicionado, direção hidráulica, vidros elétricos, alarme,
trava elétrica 2012/2012, cor prata, cabine dupla, 4 portas, diesel.
Tratar com Fernando, pelos telefones
(14) 9 9677-9396 ou (14) 3441-1722.
VENDEM-SE
- Fazenda no município de Buritizeiro com área de 715 hectares, toda cercada, 200 ha para desmate, 300 ha formados, 2 córregos e 1 barragem, casa,
curral, energia elétrica a 400 metros
(aguardando instalação), propriedade a
6 km de Buritizeiro (Rio São Francisco). Valor R$ 4.500.000,00;
- Sítio em Buritizeiro com área de
76,68 hectares, formado, casa e curral,
energia elétrica, cercada a 18 km de
Buritizeiro (Rio São Francisco) valor
R$ 250.000,00.
Tratar com Sérgio, pelos telefones
(16) 9 9323-9643 (Claro), (38) 9 98493140 (Vivo) e (16) 3761-5490.
VENDEM-SE
-Fazenda localizada no município de
São Roque de Minas, com área de 82,7
hectares, contendo: Casa antiga grande, energia elétrica, queijeira, curral
coberto, aproximadamente 20.000 pés
de café em produção, água por gravidade, 3 cachoeiras dentro da propriedade,
vista panorâmica do parque da serra da
canastra;
- Eliminador de soqueira usado e em
bom estado.
Tratar com José Antônio
(16) 9 9177-0129.
VENDEM-SE
- Palanques de Aroeira;
- Madeiramento, Vigas, Pranchas,
Tábuas, Porteiras, Moirões e Costaneiras até 3m.
Tratar com Edvaldo, pelos telefones
(16) 9 9172-4419 (16) 3954-5934 ou
[email protected]
VENDEM-SE
10º Grande Encontro sobre
75
VARIEDADES DE
CANA-DE-AÇÚCAR
Revista Canavieiros - Agosto de 2016
76
- Kombi/09, branca, flex, STD, 9
passageiros, único dono 135.000km,
perfeito estado de conservação;
- Camioneta Silverado 97/98, prata, banco de couro, diesel, único dono,
bom estado de conservação;
- F.4000 91/92, prata, segundo dono,
MWM, funilaria, pintura e carroceria
reformadas, mecânica em ordem.
Tratar com Mauro Bueno, pelos telefones (16) 3729-2790 ou
(16) 9 8124-1333.
PROCURAM-SE
Glebas de Cerrado em pé, no Estado
de São Paulo, para reposição ambiental. Não pode ser mata. Área total da
procura: Cinco mil hectares, podendo
ser composta por várias áreas menores.
Documentação atualizada, com: CCIR/
CAR/Certificação de (Georreferenciamento), mapa do perímetro da área em
KMZ e Autocad/Bioma:/vegetação.
Valor por hectare, condição de pagamento e opção de venda.
Tratar com Ricardo Pereira, pelo e-mail e telefone – ricardo@fabricacivil.
com.br – (16) 9 8121-1298.
VENDE-SE
Chácara com 2.242 m², na região de
Ribeirão Preto, casa com 3 quartos, 1
sala de estar e 1 sala de jantar, cozinha,
1 banheiro interno e 1 externo, área externa com piscina, murada e com pomar.
Tratar com Alcides ou Patrícia, pelos telefones (16) 9 9123-5702 ou 9 9631-8879.
VENDE-SE
Sítio em Cajuru, 3 alqueires formados em pasto, 2 casas, represa e outras
benfeitorias.
Tratar com Carlos pelo telefone
(16) 9 9264-4470.
VENDE-SE
Sítio com 13 alqueires, localizado
na Vicinal Vitor Gaia Puoli - Km 2, em
Descalvado-SP, em área de expansão
urbana, com nascente, rio, energia elétrica, rede de esgoto e asfalto.
Tratar com o proprietário - Gustavo F. Mantovani, pelos telefones:
(19) 3583- 4173 e (19) 9 9767-3990.
VENDEM-SE
- Bomba de alta pressão 3”, saída de
2 adaptada com carrinho e motor acoplado, R$ 2.000,00;
- Torre para antena com 25 metros;
- Carroceria de ferro de 8 metros
para plantio e transporte de cana inteira,
marca Galego, 2008;
- 2 rolos compactadores para adaptar
em escalificador (sem uso) R$ 1.000,00,
Civemasa;
- 2 pneus seminovos ref, 18-4-38 –
12 lonas Pirelli com 2 rodas seminovas
(aro e disco) 18-4-38;
- 2 pneus seminovos ref. 14-9-28 –
10 lonas Pirelli com 2 rodas seminovas
(aro e disco) 14-9-28;
- Propriedade agrícola com 51 alqueires paulista, com 48 alqueires
plantado em cana-de-açúcar sendo a
maioria de 2º corte, totalmente plana
na melhor região de Frutal, próximo a
2.000 metros do bim do Cutrale e 11 km
de asfalto e 2 km de terra até a cidade de
Frutal-MG, com as devidas benfeitorias
e distância de 29 km da Usina Coruripe
e 17 km até a Usina Frutal;
- Propriedade agrícola de 58 alqueires paulista com 47 alqueires plantados
em cana-de-açúcar sendo a maioria de
2º e 3º corte, a 2 km do asfalto ótima
localização e excelentes benfeitorias na
região de Frutal-MG, com distância de
25 km da Usina Coruripe e 40 km da
Usina Cerradão;
Em ambas as propriedades aceita-se permuta com áreas maiores ou
menores;
- Camionete D-10, cabine dupla, ano
e modelo 1984, marrom com bege, turbinada, direção hidráulica, em bom estado de conservação.
Tratar com Marcus ou Nelson, pelos
telefones (17) 3281-5120, (17) 9 81581010 ou (17) 9 8158-0999.
VENDE-SE
Hilux 2013, prata, cabine dupla, automática, flex, segundo dono.
Tratar com Alexandre Moré, pelo telefone (18) 9.9716-4562
VENDEM-SE
- S10 tornado, 2009, prata, cabine
dupla, diesel 4x4;
- D20, 1992, vinho, turbo de fábrica;
- D20, 1987, branca e bege, motor
Revista Canavieiros - Agosto de 2016
com 1000 km;
- Montana Sport, 2012, prata;
- F250 XLT, 2003, preta;
- Uno 2012, Vivace, preto;
- F4000 1989, cinza, carroceria madeira;
- Trator MF 50x1973, MB 1313, carroceria truck, 1979, vermelho, motor zerado;
- Saveiro 1991, álcool, prata, motor
com 1000 km;
- Gol 2000, álcool, prata.
Tratar com: Diogo (19) 9 92136928, Daniel (19) 9 9208-3676 e Pedro
(19) 9 9280-9392.
VENDEM-SE
- Caminhão VW 26310, ano 2004 - canavieiro 6x4, cana picada - Rodoviária;
- Carreta de dois eixos, cana picada
– Rondon.
Tratar com João, pelos telefones:
(17) 3281-1359 ou (17) 9 9736-3118.
VENDE-SE
Área de mata fechada para reserva
ambiental de 64 hectares, Guatapará/
Pradópolis -SP, R$ 33.000,00 o hectare.
Tratar pelo telefone: (16) 9 9992-1910.
VENDE-SE
Gleba de terras sem benfeitorias (30
alqueires), boas águas, arrendamento
de cana com Usina ABENGOA (Pirassununga). Localizada no município de
Tambaú-SP (Fazenda família Sobreira).
Tratar com proprietário, em Ribeirão
Preto, pelos telefones: (16) 3630-2281
ou (16) 3635-5440.
VENDEM-SE
- Transformador trifásico de 15
KWA, preço R$ 2.400,00;
- Transformador trifásico de 30
KWA, preço R$ 2.600,00.
Tratar com Chico Rodrigues pelos
telefones: (16) 9 9247-9056 ou (16)
3947-3725 ou (16) 3947-4414.
ALUGA-SE
Estrutura de confinamento com capacidade para 650 cabeças com: 1 vagão forrageiro + 1 carreta 4 rodas + 1
carreta 2 rodas, 1 ensiladeira JF90, 1
trator 292 + 1 trator Ford 5610, 1 misturador de ração, 3 silos trincheiras de
porte médio, sendo uma grande possibi-
77
lidade de área para produção de silagem
com irrigação ao redor de 30 ha, Jaboticabal–SP, a 2 km da cidade.
Tratar com Luiz Hamilton Montans,
pelo telefone (16) 9 8125-0184.
VENDEM-SE
- Sítio Arlindo - município de Olímpia, área de 12 alqueires, casa de sede,
área de churrasco (100 m²), casa de
funcionário reformada, pomar e árvores
ao redor da sede, 4 alqueires de mata
nativa de médio/grande porte, terras
de "bacuri" (indicador de terras muito
férteis). Rede elétrica nova, divisa com
fazenda Baculerê, distância de 25 Km
de Olímpia;
- Carreta tipo Been, cor laranja, para
8 toneladas, muito prática e resistente,
se auto carrega e descarrega em caminhões. Tempo de descarregamento 23
minutos, trabalha com baixa velocidade
na esteira, mas grande eficiência.
Tratar com David, pelo telefone:
(17) 9 8115-6239.
VENDEM-SE ou PERMUTAM-SE
- BEZERROS, crias de inseminação
artificial, filhos de touros como Wildman THOR (3/4-Alta), GARIMPO
Boss (3/4-Alta), CHARMOSO Wildman Tannus (3/4-Alta), IMPERADOR
BAXTER (5/8-Alta), AXXOR Avalon
(5/8-Alta), Gillette JORDAN (Ho/Semex), Gillette JERRICK (Ho/Semex),
Willsey KESWICK (Ho/Semex), STEADY (Ho/Semex), ARISTEU (3/4-Semex), para serem, quando adultos, reprodutores em gados leiteiros.
Em caso de PERMUTA, aceitamos
novilhas e/ou vacas.
Tratar com Marina e Ailton, pelos telefones: (17) 9 9656-3637 e
(16) 99134-8033 - Marina
(17) 9 9656-2210 – Ailton.
VENDEM-SE
- Fazenda com 48 alqueirões, no Município de Carneirinho - MG, localizada muito próxima da rodovia asfaltada.
Ótimo aproveitamento para plantio de
cana, seringueira e/ou pastagens. Preço:
R$ 70.000,00/alqueirão;
- Imóvel sobradado em Ribeirão Preto - SP, localizado na Av. Plínio de Castro
Prado, com salão e WC privativos, saca-
da, 03 dormitórios, sendo 01 suíte, armários embutidos, banheiro social, sala, sala
de jantar, jardim de inverno, cozinha com
armários, área de serviço, quarto com estante em alvenaria, WC, despensa, varanda coberta, ótima área externa.
Excelente ponto comercial. Área
construída: 270 m².
Tratar com Marina e Ailton, pelos telefones: (17) 9 9656-3637 e (16)
99134-8033 - Marina (17) 9 9656-2210
– Ailton.
VENDE-SE
Destilaria completa com capacidade
para 150.000 litros de etanol hidratado
por dia. Composta por preparo de cana
com picador, nivelador, desfibrador, turbina e esteira de 48”; 4 ternos de moenda 20 x 36 com turbina e 2 planetários
TGM; caldeira; destilaria; trocadores
de calor; tratamento de caldo e Gerador
2000 KVA, enfim, Destilaria completa
a ser realocada. Na última safra obteve uma moagem de aproximadamente
350.000 toneladas. Preço a combinar.
Localizada no município de Tambaú-SP.
Tratar com Edson, pelos telefones e/
ou e-mail (19) 9 9381-3391 / 9 93813513 / 9 9219-4414, e-mail: edson@
camilloferrari.com.br.
VENDEM-SE
- Motor de 75CV com bomba KSB
100/6 revisada e sem uso;
- Chave de partida ''a óleo";
- Transformador de 75 KVA;
- Postes duplos T de cimento;
- Chaves de alta, para raios, cabo e etc.
Tratar com Francisco, pelo telefone
(17) 9 8145-5664.
VENDEM-SE ou ARRENDAM-SE
- Destilaria de cachaça e álcool, completa, (10.000 litros de cachaça por dia);
- Esteira de cana inteira, picador com
22 facas, esteira de cana picada, dois
ternos 15x20, esteira de bagaço. Peneira
Johnson, cush-cush. Caldeira de 113 m²;
- Máquina a vapor de 220 HP (toca
os ternos e o picador);
- Seis dornas de fermentação de
10.000 litros cada;
- Destilaria de bandeja/calota A e B
de 600 mm de diâmetro com trocador
de calor;
- Dois tonéis de madeira amendoim
com capacidade de 50.000 litros cada;
Valor Total R$ 600.000,00. Estudo
troca por imóvel.
Localização: Laranjal Paulista.
Tratar com Adriano, pelos contatos:
[email protected] ou (15) 9 97059901. Veja vídeo em: www.youtube.
com/watch?v=_mzWp3PCavA.
VENDE-SE
Ordenhadeira mecânica completa
com 4 unidades, Usinox.
Obs: também funciona quando ligada no trator.
Tratar com José Augusto, pelo telefone (16) 9 9996-2647.
VENDE-SE OU ALUGA-SE
Salão medindo 11,00 metros de
frente por 42,00 metros de fundo, 462
metros, possui cobertura metálica com
368,10 metros, localizado à Rua Carlos
Gomes, 1872, Centro, Sertãozinho-SP.
Preço a combinar.
Tratar com César pelo telefone
(16) 9 9197-7086.
VENDEM-SE
- Sítio em Cravinhos, área 15 alqueires com 12 de cana-de-açúcar.
Sem benfeitoria, 2 km do asfalto;
- Imóvel comercial (PRÉDIO), localização: Ribeirão Preto / Av.João Fiusa.
Alugado Por R$ 48.000,00, valor
R$ 10.000.000,00;
- Imóvel Comercial (PRÉDIO), localização: Ribeirão Preto / Centro.
Excelente para Agência Bancária área construída: 800m², valor R$
4.500.000,00;
- Casa Condomínio Colina Verde /
Ribeirão Preto, área total: 3.500m², área
construída: 1.500m², 4 suítes + 1 apto
de hospedes anexado a casa, 8 vagas de
garagem, valor R$ 5.800.000,00;
- Sítio em Dumont, 8 alqueires, beira
do asfalto, terra vermelha, sem benfeitoria, área limpa, R$ 1.350.000,00;
- Área total de 12 alqueires sendo: 7
alqueires em eucalipto idade 4 anos, 3
alqueires em pasto, curral, pocilga, galinheiro, horta, casa sede com 5 suítes,
piscina aquecida, salão de festa completo, 2 casas de caseiro, represa com
variedades de peixe, córrego na divi-
Revista Canavieiros - Agosto de 2016
78
sa, poço artesiano, localizado no Município de Cajuru-SP, 3 km do asfalto,
R$ 2.500.000,00, aceita permuta em Ribeirão Preto-SP, estuda prazo.
- Fazenda em Andradina – SP, área
total: 508 alqueires, área em cana: 400
alqueires, arrendamento: 47 toneladas
por alqueire, pagamento mensal.
10 km da usina Cosan, reserva: 20%,
R$ 35.000,00.
Tratar com Miguel ou Paulo, pelos
telefones (16) 9 9312-1441,
(16) 3911-9970 ou (16) 9 9290-0243.
VENDEM-SE
-Trator 292 MF, traçado, 2007;
-Caminhão Mercedes 1113 truck,
todo revisado, 73, vermelho.
Tratar com Saulo Gomes, pelo telefone (17) 9 9117-0767.
VENDEM-SE
- Colheitadeira Case A7700, ano
2009, 7700, esteira, motor Cummins
M11, Autotrac, máquina utilizada na
última safra. Valor: R$ 128.000,00;
- Colheitadeira Case A8800, ano
2011, esteira, máquina na colheita de
cana funcionando 100%, rolos preenchidos. Valor: R$ 270.000,00;
- Colheitadeira Case A7700, ano
2007, série 770678, motor Scania novo,
máquina revisada e trabalhando. Valor:
R$ 118.000,00;
- Colheitadeira Case 8800, ano 2010,
motor refeito em julho de 2014, máquina revisada e pronta para trabalhar. Valor: R$ 250.000,00;
- Transbordo de 10 toneladas, 2006 e
2007, R$ 20.000,00;
- Transbordo de 8,5 toneladas, ano
2002, R$ 15.000,00.
Tratar com Marcelo, pelos telefones
(16) 9 8104-8104 ou 9 9239-2664.
- VW 15180 / 09 comboio de lubrificação e abastecimento;
- VW 17180 / 08 Hincol, H31000;
- VW 15180 / 07 pipa bombeiro;
- VW 12140 / 96 oficina móvel, Gascom;
- MB 2318 / 94 pipa bombeiro;
- MB 2318 / 94 basculante;
- MB 2831 / 12 basculante;
- MB 1725 / 06 comboio;
- MB 1725 / 06 abastecedor;
- MB 2220 / 90 pipa bombeiro;
- MB 2013 / 81 Masal MS12000;
- MB 1513 / 76 toco chassi;
- MB 1113 / 69 toco chassi;
- MB 1418 / 00 toco 4x4;
- F.Cargo 1719 / 13 toco chassi;
- F.Cargo 2628 / 07 basculante;
- F.Cargo 2626 / 05 pipa bombeiro;
- F12000 / 95 pipa bombeiro;
- F14000 / 90 pipa bombeiro;
- Prancha Facchini 2008 3 eixos;
- Reboque tanque fibra, 16.000 litros;
- Tanque fibra 36.000 litros;
- Tanque 14.000 litros pipa bombeiro;
- Borracharia Gascom;
- Basculante truck 14m³;
- Basculante toco 5m³;
- Munck Hincol H 43000 / 12;
- Munck Masal MS 12000 / 07;
- Munck Hincol H 4000 / 11;
- Munck 640-18 / 90;
- Carroceria de ferro, ¾.
Tratar com Alexandre, pelos telefones: (16) 3945-1250 / 9 9766-9243
(Oi) / 9 9240-2323 Claro, whatsApp /
78133866 id 96*81149 Nextel.
VENDEM-SE
-Trator Massey Ferguson, 290 4x2,
1986, 3 alavancas e comando;
- Trator Valtra BH, 180 4x4, com Hiflow, 2012, 4.714 horas;
- Trator New Holland, 7630 4x4, 1991;
VENDEM-SE
- VW 17190 / 13 comboio, Gascom;
- VW 31320 / 12 chassi;
- VW 31320 / 11 pipa bombeiro, Gascom;
- VW 31320 / 10 pipa bombeiro, Gascom;
- VW 26260/09 betoneira;
- Colhedeira Massey Ferguson,
3640, 1987, com plataforma de soja e
milho;
- Caminhão Ford F600, Toco, 1978,
com prancha;
- Carreta Bitrem, marca Rondon, 2005;
- Tanque Bombeiro, 8mil litros, com
bomba ksb;
- Tanque de água 3.500 litros;
- Pulverizador Jacto Condor, 600 litros, M12;
- Carreta Plantio de cana de 1 eixo;
- Enleirador duplo com pistão nas rodas;
- Plantadeira Jumil JM 2980, 7 linhas plantio direto;
- Sulcador 2 Linhas, com pistão, DMB;
- Grade Niveladora 20x20, transporte no hidráulico;
- Eliminador de soqueira, DMB, 2012;
- Subsolador de arrasto, de 5 hastes;
- Carpideira 5 linhas;
- Arado Aivecas e Ikeda de 3 hastes;
- Adubador Aéreo;
- Kit's de Amendoin;
- Arado 3 Bacia;
- Plaina Traseira Baldan, lâmina 2m;
- Plantadeira Semeato, 3 linhas,
plantio convencional;
- Grade Intermediária, 18x28, espaçamento entre discos de 270mm, marca Tatu;
- Grade Niveladora 28x20, controle
remoto, marca Tatu;
- Grade Aradora 16x32, espaçamento entre discos de 360mm, marca Civemasa, 2014;
- Roçadeira 1.80m, marca Tatu;
- Grade Niveladora 36x20, arrasto
com transporte no hidráulico.
Tratar com Waldemar pelos telefones: (16) 3042-2008/ 9 9326-0920.
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(16) 3946-3300 - Ramal: 2208
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