Revista Canavieiros
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1 Revista Canavieiros - Agosto de 2016 2 Revista Canavieiros - Agosto de 2016 Editorial A 3 A alma do negócio “Reportagem de Capa” da edição número 122, agosto de 2016, conta o papel dos fornecedores independentes de cana-de-açúcar, que representam cerca de 54% de toda a matéria-prima produzida no Brasil, total que deve chegar a 650,75 milhões de toneladas na safra 16/17, segundo a DATAGRO. A reportagem mostra a importância do produtor dentro da cadeia canavieira e mesmo no agronegócio brasileiro, já que o setor sucroenergético representou, por exemplo, na safra 2014/15, PIB Setorial estimado em US$ 107,72 bi, a geração de 613 mil empregos diretos e a arrecadação de US$ 8,52 bi em impostos agregados. A revista que circula na Fenasucro & Agrocana 2016, traz um excelente conteúdo informativo, inclusive com três entrevistados: José Vicente Caixeta Filho (professor doutor titular do Departamento de Economia, Administração e Sociologia da ESALQ/ USP); Taciany Ferreira Dominghetti (especialista em moscas-dos-estábulos) e Maurício Mendes (presidente do Conselho Curador da FUNDAG – Fundação de Apoio à Pesquisa Agrícola). A “Coluna Caipirinha” assinada pelo professor titular da FEA/USP, Marcos Fava Neves, vem acompanhada de dois “Ponto de Vista”: José Osvaldo Bozzo assina o artigo “Hora de mudar para melhor o setor sucroenergético” e João Guilherme Sabino Ometto escreve sobre “Logística e transporte precários afetam o agronegócio brasileiro”. Além das matérias do Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred, o leitor da Canavieiros também vai encontrar uma série de reportagens especiais em nossas editorias “Destaque”; “Assuntos Legais”, “Informações Climáticas” e “Artigos Técnicos”. Vale a pena conferir. Boa leitura! Conselho Editorial RC Expediente: Conselho Editorial: Antonio Eduardo Tonielo Augusto César Strini Paixão Clóvis Aparecido Vanzella Manoel Carlos de Azevedo Ortolan Manoel Sérgio Sicchieri Oscar Bisson Editora: Carla Rossini - MTb 39.788 RC Projeto gráfico e Diagramação: Rafael H. Mermejo Equipe de redação e fotos: Andréia Vital, Fernanda Clariano e Rafael H. Mermejo A Revista Canavieiros é distribuída gratuitamente aos cooperados, associados e fornecedores do Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred. As matérias assinadas e informes publicitários são de responsabilidade de seus autores. A reprodução parcial desta revista é autorizada, desde que citada a fonte. Comercial e Publicidade: Marília F. Palaveri (16) 3946-3300 - Ramal: 2208 [email protected] Impressão: São Francisco Gráfica e Editora Revisão: Viviane Alves Tiragem DESTA EDIçÃO: 22.500 exemplares ISSN: 1982-1530 Endereço da Redação: A/C Revista Canavieiros Rua Augusto Zanini, 1591 Sertãozinho – SP - CEP:- 14.170-550 Fone: (16) 3946.3300 - (ramal 2008) [email protected] Boa leitura! Conselho Editorial www.revistacanavieiros.com.br www.twitter.com/canavieiros www.facebook.com/RevistaCanavieiros Revista Canavieiros - Agosto de 2016 4 Ano X - Edição 122 - Agosto de 2016 - Circulação: Mensal Índice: Capa - 32 Fornecedor... a alma do negócio canavieiro Mesmo sendo o responsável por 54% da produção de cana-de-açúcar brasileira, muitas vezes, o produtor é tratado como coadjuvante, mas mudanças no segmento devem dar a ele o papel principal novamente 08 - Entrevista Taciany Ferreira Dominghetti especialista em moscas-dos-estábulos, um inseto que vem causando polêmica E mais: Entrevista: José Vicente Caixeta Filho .....................página 05 Maurício Mendes .....................página 08 Pontos de Vista: José Osvaldo Bozzo .....................página 12 João Guilherme Sabino Ometto .....................página 14 Diogo Falcão Dalla Vecchia .....................página 16 Coluna Caipirinha .....................página 18 Assuntos Legais .....................página 26 10 - Ponto de Vista Por José Osvaldo Bozzo consultor tributarista e sócio da MJC Consultores Hora de mudar para melhor o setor sucroenergético 17 - Notícias Copercana - Agronegócios Copercana 2016 agrada participantes Informações Climáticas .....................página 42 Novas Técnologias: Michelin começa a fabricar pneus agrícolas no Brasil .....................página 44 Pragas e Doenças: Cigarrinha das raízes (Mahanarva fimbriolata) .....................página 46 Avança o manejo biológico do gorgulho-da-cana .....................página 50 50 - Pragas e Doenças Destaques: Curso da STAB debate os conceitos básicos da fisiologia da cana-de-açúcar .....................página 54 VI Expam .....................página 52 Lei exige motores menos poluentes nas máquinas agrícolas em 2017 .....................página 58 Sertãozinho (SP) é palco da 191ª reunião do Gerhai .....................página 60 Programa “+Cana 2ª Onda”é lançado em Guariba (SP) .....................página 62 Interior paulista sedia seminário sobre controle de pragas da cana-de-açúcar .....................página 64 DATAGRO confirma 650,75 milhões de toneladas na safra 16/17 .....................página 66 Avança o manejo biológico do gorgulho-da-cana Acompanhamento de Safra .....................página 68 O Brasil é referência mundial no manejo biológico de pragas da parte aérea da cana-de-açúcar e começa a utilizar fungos e nematóides benéficos para o controle das de solo, como o gorgulho-da-cana Cultura 20 - Notícias Canaoeste - Canaoeste reúne fornecedores de cana em Barretos (SP) - Fornecedores de cana de Morro Agudo (SP) participam de encontro técnico realizado pela Canaoeste 24 - Notícias Sicoob Cocred - Balancete Mensal Revista Canavieiros - Agosto de 2016 Classificados ....................página 71 .....................página 72 5 Entrevista I “A logística pressupõe a integração e otimização e isso atualmente não é observado durante o transporte de cargas” José Vicente Caixeta Filho A constatação é do professor doutor José Vicente Caixeta Filho, titular do Departamento de Economia, Administração e Sociologia da ESALQ/USP (Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz", da Universidade de São Paulo), sobre o setor considerado um dos principais gargalos ao desenvolvimento do Brasil: o de transporte e logística. A infraestrutura ineficiente do país impacta a competitividade dos produtos nacionais, dificultando a concorrência global. Prova disto, é que os custos logísticos estão se tornando cada vez mais expressivos dentro do PIB (Produto Interno Bruto) do país. Para mudar este cenário e deslanchar a infraestrutura nacional é preciso um esforço conjunto e regras claras, entre outras soluções, pontua Caixeta. “Há necessidade de uma transformação cultural, onde a educação é imprescindível para a formação de profissionais bem qualificados e preparados para tomarem decisões importantes e adequadas na área logística”, elucida, comentando que o crescimento da produção agropecuária brasileira também é prejudicado, já que, a precariedade do segmento impede o seu escoamento. No que tange ao setor sucroenergético, o gargalo está no CCT (corte, carregamento e transporte) da matéria-prima no campo, mas a cadeia canavieira vem conseguindo transpor alguns problemas, servindo de exemplos com algumas iniciativas. Nesta entrevista exclusiva dada a Revista Canavieiros, o profissional aborda outros desafios para melhorar a infraestrutura nacional, como também fala sobre a importância de ter sido o vencedor na categoria “Vida e Obra”, da 61ª edição do Prêmio Fundação Bunge, um dos mais importantes e respeitados prêmios da área acadêmica brasileira. A premiação reconhece profissionais e especialistas que desenvolvem obras e trabalhos relevantes nas áreas das Ciências Agrárias e das Ciências Exatas e Tecnológicas, dentro da qual o professor foi selecionado por suas pesquisas e produções ligadas ao tema "Infraestrutura de transportes". “O Prêmio é muito importante porque reconhece o trabalho pioneiro que tem sido feito na ESALQ/USP, relacionado à logística agroindustrial e à infraestrutura de transporte, dentro do ambiente acadêmico da agricultura. Também é um reconhecimento externo importante ao trabalho realizado pelo Grupo ESALQ-LOG (Grupo de Pesquisa e Extensão em Logística Agroindustrial), o qual coordeno e que atua fortemente no desenvolvimento de projetos e soluções relacionadas à logística agroindustrial”, afirma o professor, que em sua trajetória, se destaca pelo pioneirismo da pesquisa na área de Logística Agroindustrial, sendo o maior impulsionador da implantação e desenvolvimento do ESALQ-LOG. O Grupo possui mais de uma década de estudos sobre Logística, Transportes, Infraestrutura Modal e Mercado de Fretes. Caixeta, que foi diretor da ESALQ/USP, entre 2011 e 2015, e é formado em engenharia civil pela EPUSP (Escola Politécnica da Universidade de São Paulo) e mestre em economia pela Universidade de New England, Austrália, se junta a um seleto grupo de pouco mais de 180 vencedores, indicados nos 61 anos do prêmio, entre eles, Jorge Amado, Oscar Niemeyer, Ruth Rocha, Carlos Chagas Filho, Eurípedes Malavolta, Guto Indio da Costa, Adriana Lisboa e Fernando Abrucio. O resultado dos vencedores em 2016 foi revelado no dia 22 de julho e a cerimônia oficial da premiação acontece no dia 23 de novembro, no Palácio dos Bandeirantes, na capital paulista. Confira a entrevista: Revista Canavieiros - Agosto de 2016 6 Entrevista I Andréia Vital Revista Canavieiros: Em sua opinião, atualmente quais são os principais desafios da logística agroindustrial? Caixeta Filho: Os principais desafios envolvem os custos de transporte, armazenamento e expedição de cargas. Especificamente na logística agroindustrial existe uma predominância na movimentação de matérias-primas que, no caso agrícola, têm baixo valor agregado. Isso impacta diretamente o valor do transporte e da armazenagem e, por consequência, acaba elevando o valor final do produto. Esse é um desafio complicado. Um segmento como o agroindustrial, que é muito representativo na movimentação de cargas, superando 1 bilhão de toneladas/ano, precisa ser mais ouvido pelos agentes públicos e privados para que os gargalos existentes sejam mitigados. É importante ter tecnologia e infraestrutura mais adequada ao transporte e à armazenagem, pois os custos são elevados em função das estruturas defasadas em termos de tecnologia e de manutenção. Revista Canavieiros: Uma pesquisa recente da CNI (Confederação Nacional da Indústria) apontou que o transporte é o maior entrave à exportação. Como se resolve este problema? Caixeta Filho: Os problemas citados anteriormente confirmam o que a pesquisa aponta. Na exportação das matérias-primas agrícolas existem inúmeras dificuldades, que já são históricas, como a dependência do transporte rodoviário, onde os agentes até se esforçam para atender à demanda, mas não conseguem oferecer a qualidade esperada. O custo rodoviário é elevado em comparação com os custos ferroviá- rios e hidroviários e, infelizmente, isso deve perdurar por um bom tempo, principalmente se observado o cronograma previsto para as obras que venham envolver outras modalidades de transporte. Na exportação de cargas agrícolas o porto tem papel fundamental, mas as dificuldades de desembaraço de carga nos portos contribuem para o entrave. Mesmo com alternativas de gestão ou tecnológicas, as filas portuárias são elevadas e existem custos adicionais. A logística pressupõe a integração e otimização e isso atualmente não é observado durante o transporte de cargas. Revista Canavieiros: O senhor declarou uma vez que a estrutura atual em logística e infraestrutura brasileira possui um desenho partidário e não de política pública e que falta uma visão integrada de logística no país. Como mudar este cenário? Há perspectivas para que isso ocorra em um futuro próximo? Caixeta Filho: Existe um costume de tempos no país onde o político está disposto a investir em algo que incremente sua visibilidade, mas limitado ao período do seu mandato. Então, nos 4 anos, o político prefere inaugurar 300 km de rodovia do que 50 km de ferrovia. O ponto é: a visão política fica condicionada à oportunidade de quais obras podem ser realizadas dentro daquele mandato. Independentemente do partido no governo, deveria haver um compromisso com uma agenda estratégica. A construção de uma ferrovia é uma obra que implica um tempo de maturação mais longo. Se não é possível fazer no mesmo ritmo das rodovias, que sejam feitos 20 ou 30 km e que os sucessores continuem. Isso é pensar a Revista Canavieiros - Agosto de 2016 médio-longo prazo, com visão estratégica para o país. Deveria haver um compromisso com uma agenda mínima estratégica para obras e soluções de logística, sem apelo partidário, mas como obrigação para quem está no poder. Revista Canavieiros: Uma logística mais eficiente é o ideal para atender às demandas do agronegócio, segmento que cresce a cada ano. Neste contexto, quais são as soluções de curto, médio e longo prazo para o setor de transporte e logística nacional? Caixeta Filho: Vamos começar pelo longo prazo: as soluções implicam uma transformação cultural, onde a educação é imprescindível para a formação de profissionais bem qualificados e preparados para tomarem decisões importantes e adequadas na área logística; entretanto, o processo de formação de pessoas normalmente consome longos períodos de tempo. A médio prazo é importante que exista a integração entre os diversos agentes envolvidos com a logística, como federações e instituições representativas diversas, que atuando de forma organizada, associem forças para embasar solicitações das autoridades públicas e/ou privadas. Sozinho ninguém resolverá nada. E a curto prazo é preciso definir um inventário detalhado, um mapeamento claro das cadeias logísticas, para que seja possível planejar ações de manutenção corretiva e preventiva pelos agentes envolvidos. Com isso, ficaria muito mais fácil detectar onde estão os problemas emergenciais. Revista Canavieiros: O que deve ser feito para incrementar a eficiência das atividades logísticas para o setor sucroenergético, na sua visão? Caixeta Filho: O setor sucroenergético é um segmento que tem dado bons exemplos no que diz respeito a implementos rodoviários robustos e sofisticados. Isso vale para atividades relacionadas à movimentação do produto acabado - seja açúcar ou etanol - e armazenagem intermediária e portuária. Hoje o gargalo está no CCT (corte, carregamento e transporte) da matéria-prima no campo. É fundamental ter um planejamento adequado dos talhões canavieiros para que exista de fato uma certa lógica de maturação da cana e para que não exista movimen- 7 tação desnecessária de equipamentos. Minimizar a movimentação logística no corte e carregamento no campo pode proporcionar muita eficiência e ganhos nesse elo da cadeia, inclusive num cenário onde não existe mais queima de cana e a colheita mecânica já está implementada. O planejamento de CCT é fundamental para o incremento da eficiência do setor. Por isso, esse será o tema do 14º Seminário Internacional em Logística Agroindustrial, que acontecerá no dia 10 de abril de 2017, na sede do ESALQ-LOG, em Piracicaba. Revista Canavieiros: É fato que existe uma deficiência histórica em relação à armazenagem. Qual é o caminho para solucionar este gargalo? O Brasil está atrasado em relação à armazenagem e infraestrutura de um modo geral com relação aos outros países? Caixeta Filho: Entendo que primeiro existe um problema cultural quando pensamos na prática de armazenagem. O produtor de soja, por exemplo, quando colhe já quer movimentar a safra colhida, e esse é um momento onde a demanda pelo transporte está elevada e o preço do frete também acompanha essa elevação. A ineficiência da estrutura de armazenamento acaba impactando inclusive o transporte. A solução passa pela compreensão de que as novas áreas de fronteira têm potencial para receber novas estruturas de armazenamento, e que essas estruturas precisam ser acessadas pelos pequenos e médios produtores, que não conseguem fazer investimentos sozinhos, mas que poderiam participar de uma gestão compartilhada da estrutura de armazéns. Por outro lado, já existe uma série de alternativas baratas e inovadoras, como os silo-bags (originalmente concebidos para o armazenamento de silagem), ajustados a diversos tipos de granéis. Revista Canavieiros: Pode se dizer que a Lei dos Portos é um impacto positivo no sentido de resolver os gargalos logísticos do país? Caixeta Filho: Das mudanças estruturais, a Lei da Modernização do Portos é a que podemos considerar, com certeza, a mais permanente. A modernização dos portos é um fato irreversível, visto no sul e sudeste, especialmente em Santos, onde a gestão da mão de obra portuária avulsa já é uma realidade clara. De qualquer forma, se espera mais e maiores investimentos em armazenagem nas áreas retroportuárias. Revista Canavieiros: O setor ferroviário brasileiro entrou em um novo cenário de ascendência, mas existem muitos desafios a serem superados para elevar a movimentação das cargas pelos trilhos, principalmente em relação ao açúcar e etanol. O que deve ser feito para resolver esta questão? Caixeta Filho: Quase que invariavelmente existe uma simpatia pelo modal ferroviário, mas os investimentos ainda não são suficientes. As atuais concessionárias não estão motivadas para ampliar e estender a malha ferroviária sob sua responsabilidade. Estamos muito perto do vencimento do prazo da concessão inicial e não se sabe como será a renovação. Nesse período inicial de concessão, vários trechos foram desativados. Para os novos potenciais investidores, o principal gargalo é a falta do marco regulatório, para que as regras do jogo estejam claras. Existe recurso disponível, mas não há um conjunto de regras que estimule o investidor, sejam os novos ou mesmo as atuais concessionárias, por causa dos altos riscos envolvidos. Revista Canavieiros: O senhor acredita que o PPI (Programa de Parcerias e Investimento), criado recentemente pela MP (Medida Provisória) 727/2016, poderá realmente agilizar as concessões públicas federais? Falando sobre concessões ainda, o modelo atual não é um entrave ao investimento no setor? Caixeta Filho: O Programa de Parcerias Público-Privadas é uma alternativa interessante tanto para o setor público quanto para o setor privado. Existem inúmeros exemplos de sucesso no exterior, mas no Brasil isso ainda caminha a passos lentos. Há extrema dependência do setor público, para a efetiva realização de obras de infraestrutura, da Lei 8.666/93, que trata de um sistema licitações onde o menor preço vence, o que não significa que haverá garantia de qualidade ou que se chegará à melhor solução. Revista Canavieiros: O senhor foi o vencedor da categoria “Vida e Obra” da 61ª edição do Prêmio Fundação Bunge, pelo conjunto de obras voltadas ao Transporte e Logística dentro da ESALQ, uma área relativamente recente no escopo da instituição. Qual a importância dessa premiação? Caixeta Filho: O Prêmio é muito importante porque reconhece o trabalho pioneiro que tem sido feito na ESALQ/ USP, relacionado à logística agroindustrial e à infraestrutura de transporte, dentro do ambiente acadêmico da agricultura. Também é um reconhecimento externo importante ao trabalho realizado pelo Grupo ESALQ-LOG, o qual coordeno e que atua fortemente no desenvolvimento de projetos e soluções relacionadas à logística agroindustrial Revista Canavieiros: Como as pesquisas realizadas pelo ESALQ-LOG podem contribuir para combater e evitar o apagão logístico? Caixeta Filho: O setor agroindustrial, em particular a agricultura, tem batido recordes de produção e isso não tem sido acompanhado por investimentos em infraestrutura. Então, as pesquisas do Grupo ESALQ-LOG têm sinalizado para a caracterização de determinados tipos de investimento com foco em amenizar esse descompasso, promovendo o envolvimento com os mais diversos agentes para contribuir para a melhoria dessa situação. Revista Canavieiros: O ESALQ-LOG em conjunto com a Abralog (Associação Brasileira de Logística) realizará o 4º Seminário de Transporte e Logística, no dia 26 de agosto, durante a Fenasucro. Qual a importância de se debater o segmento dentro da principal feira do setor sucroenergético, uma cadeia que tem um custo estimado de R$ 8 bilhões para movimentação e armazenagens, entre outros, nesta safra, valor que deve crescer ainda mais com a expansão da produção? Caixeta Filho: Trata-se de uma valiosa contribuição técnica para ampliar a qualidade do debate sobre o tema na principal feira do setor sucroenergético do país. As despesas de transporte e armazenagem e os custos ligados as atividades devem crescer com a expansão da fronteira agrícola observada pelo segmento; por isso, esse fórum, com o apoio da Fenasucro, passa a ser uma referência importante para a busca de soluções de otimização do setor, liderada por duas instituições representativas do segmento que são a Abralog e o Grupo ESALQ-LOG. RC Revista Canavieiros - Agosto de 2016 8 Entrevista II Mosca-dos-estábulos, um inseto que vem causando polêmica Taciany Ferreira Dominghetti Conhecida popularmente por mosca-dos-estábulos, a Stomoxys calcitrans, atualmente vem causando polêmica. O inseto é responsável por causar prejuízos de grande impacto econômico nos setores pecuário e sucroenergético em alguns estados do Brasil e tem mobilizado usinas e produtores de cana. Para contribuir com a difusão de conhecimento sobre essa praga, a Revista Canavieiros entrevistou a especialista em moscas-dos-estábulos, Taciany Ferreira Dominghetti, que desenvolve seu doutorado pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul em parceria com a Embrapa Gado de Corte e nesta edição explica a origem desse inseto, como ele se reproduz, as formas de prevenção e os prejuízos que ele pode causar. Confira! Fernanda Clariano Revista Canavieiros: O que é a mosca-dos-estábulos? Taciany: A mosca-dos-estábulos é um inseto de hábito hematófago, ou seja, precisa se alimentar de sangue para sobreviver e reproduzir. Sem especificidade por hospedeiros, os quais incluem animais silvestres, domésticos e humanos. Essa mosca se adapta facilmente ao ambiente, estando presente não somente no Brasil, mas em várias partes do mundo. Revista Canavieiros: Quando a mosca-dos-estábulos passou a ter evidência no Brasil? Taciany: O primeiro registro sobre a ocorrência de explosões populacionais de S. calcitrans associadas à atividade de usinas de cana-de-açúcar no Brasil remonta à década de 1970. As infestações pela mosca-dos-estábulos ganharam notoriedade a partir de 2008, com registros de surtos em fazendas pecuárias próximas a usinas em São Paulo. Dentre os fatores envolvidos, destacam-se o aumento das unidades produtoras de açúcar e álcool, redução gradativa da queima pré-colheita e utilização da vinhaça como fertilizante nas lavouras canavieiras. Atualmente, grande parte das usinas realizam a colheita mecanizada, que resulta no acúmulo de palha umedecida sobre o solo, criando extensas áreas de matéria orgânica vegetal em fermentação, substrato de desenvolvimento de Stomoxys calcitrans. Essa não é uma praga nova, ela sempre esteve presente nas fazendas pecuárias, no entanto, devido às mudanças no agroecossiste- ma, a mosca-dos-estábulos passou a se desenvolver em larga escala nas proximidades das usinas. Desta forma a população basal de Stomoxys calcitrans, mantida nas fazendas pecuárias no período da entressafra, torna-se a fonte inicial para a primeira geração de moscas que, atraídas às áreas canavieiras, darão origem à sua criação em larga escala. Em seguida, as moscas-dos-estábulos adultas, retornam às fazendas em busca de alimentação em seus hospedeiros, principalmente os bovinos. Revista Canavieiros: Qual a importância econômica para o setor pecuário e para o setor sucroenergético? Taciany: No Brasil, prejuízos anuais causados por esta mosca podem atingir valores superiores a US$ 300 milhões para bovinocultura, representado por danos que chegam a 15% na perda de ganho de peso e até 60% na perda de produção de leite. Além dos prejuízos causados ao setor pecuário, também se tem verificado prejuízos diretos e indiretos ao setor sucroenergético. Algumas usinas têm compreendido a participação nesse processo e direcionado onerosos investimentos com ações de manejo dos subprodutos, aquisição de equipamentos e inseticidas. Portanto, em termos de prejuízo econômico, o problema de surtos por mosca-dos-estábulos tem afetado ambos setores produtivos na tentativa de resolver o problema. Revista Canavieiros - Agosto de 2016 Revista Canavieiros: Quais são os locais de reprodução dessa praga e as medidas de prevenção e controle que podem ser tomadas? Taciany: A mosca-dos-estábulos nas fazendas pecuárias se desenvolve em qualquer local que tem restos alimentares e dejetos animais (fezes e urina). De modo geral, qualquer local na fazenda que tenha matéria orgânica vegetal em fermentação, é um ambiente favorável para o desenvolvimento da mosca-dos-estábulos. Nos estabelecimentos pecuários ao mesmo tempo em que se reproduz, também tem o alimento próximo que são principalmente os bovinos, os equinos e os cães. Nas usinas os substratos oriundos da produção de açúcar e/ou eta- 9 nol, particularmente a torta de filtro e a palha da cana-de-açúcar misturada à vinhaça, também se mostram ambientes adequados ao desenvolvimento desta mosca. As ações de prevenção e controle, começando pelo estabelecimento pecuário, resumem-se basicamente na higienização das instalações de manejo do gado, principalmente na entressafra. É importante também que se faça a destinação correta deste resíduo, por meio da compostagem. Dessa forma, elimina-se focos de reprodução da mosca-dos-estábulos na fazenda e, consequentemente, redução da população de moscas para serem atraídas para as áreas da usina após o início da safra. Para as usinas, dentre as ações de prevenção e controle destacam-se: - Áreas canavieiras fertirrigadas: redução do volume de vinhaça aplicado por hectare, pois a umidade é o fator limitante de desenvolvimento da mosca-dos-estábulos. Aplicando um volume baixo de vinhaça, ela infiltra rapidamente, seca e elimina um possível foco de reprodução de mosca; - Torta de filtro: A torta de filtro é um local onde a mosca-dos-estábulos também se reproduz em grande quantidade, por isso é interessante que se faça o revolvimento completo da leira para eliminar umidade que fica próximo ao solo que é o local em que consegue se desenvolver; - Canais abertos: é indicada a impermeabilização, evitando a formação de um gradiente de umidade, que é o local onde haverá a reprodução da mosca-dos-estábulos. Assim, ao término da utilização dos canais, estes deverão ser fechados ou limpos imediatamente, visando evitar possíveis locais de reprodução; - Poças e vazamentos: é muito comum no funcionamento de uma usina, ocorrer vazamentos nas adutoras e canais, com a formação de poças de vinhaça. Recomenda-se realizar a secagem mecânica, evitando que fiquem expostas por mais de três dias nas áreas canavieiras. A aplicação de calcário para elevar o pH e reduzir a taxa de reprodução da mosca-dos-estábulos tem sido empregada por algumas usinas, no entanto, estudos estão em andamento para comprovar a eficácia desta ação. Revista Canavieiros: Em termos de pesquisas, quais são os avanços no controle das moscas-dos-estábulos? Taciany: Hoje, após quatro anos de pesquisa e monitoramento em uma usina, compreendemos de fato o que é o problema e conseguimos entender a dinâmica populacional da mosca envolvendo as fazendas pecuárias próximas às áreas das usinas. Temos informações também sobre o efeito da aspersão de vinhaça na mudança comportamental da mosca. Estas informações são base para a elaboração do manejo integrado da mosca-dos-estábulos, buscando resultados eficientes. Em relação ao controle biológico e químico, pesquisas também estão sendo desenvolvidas, demandando maior tempo para que sejam implementadas corretamente e, assim, com melhor custo/ benefício. Os estudos sobre ações de prevenção e controle estão em andamento, de modo a buscar maior eficiência e menores prejuízos para os dois setores envolvidos. RC RC Revista Canavieiros - Agosto de 2016 10 Entrevista II “Promover e implementar a inovação no agronegócio” Maurício Mendes Foi o que disse o presidente do Conselho Curador da FUNDAG (Fundação de Apoio à Pesquisa Agrícola), dr. Maurício Mendes, à Revista Canavieiros ao ser questionado sobre qual seria a missão da entidade. A Fundação foi criada em 1991, e desde então vem dando suporte às instituições de pesquisas e estreitando as relações entre os institutos e a iniciativa privada para o desenvolvimento de novas tecnologias e inovações no agronegócio. Para saber um pouco mais sobre a FUNDAG, confira a entrevista. Fernanda Clariano Revista Canavieiros: O que é a FUNDAG e quais suas atividades? Maurício Mendes: Somos uma entidade de personalidade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, cuja finalidade é dar suporte e fomentar a formação de recursos humanos e as atividades de desenvolvimento em ciência e tecnologia agrícola. Revista Canavieiros: Qual é a missão e a visão da FUNDAG? Maurício Mendes: Nossa missão poderia se resumir ao nosso nome FUNDAG, como “Apoio à pesquisa agrícola”, mas entendemos que é muito mais do que isto, ou seja, “Promover e implementar a inovação no agronegócio”. Nossa visão se baseia numa agricultura sustentável e agregadora, em um meio ambiente preservado, envolvendo instituições agrícolas cada vez mais fortes, considerando nos tornar uma referência internacional no que nos propomos a fazer, além de facilitar a integração entre o setor privado e os órgãos públicos. Propomos-nos ainda a disponibilizar mecanismos ágeis e eficientes para a execução de projetos de pesquisa, ensino e inovação tecnológica. Revista Canavieiros: Qual é o quadro da FUNDAG hoje? Quem são os diretores, quantos funcionários e quem são os parceiros? Maurício Mendes: Nossa equipe fixa conta com 19 colaboradores que são responsáveis pelos departamentos de Gestão, Secretaria e Comunicação, Pessoal, Recursos Humanos, Parcerias Privadas, Parcerias Públicas, Tecnologia da Informação, Contabilidade e Contratos e Convênios. Esta equipe é comandada pelo Conselho Diretor, cujos membros são os pesquisadores Orivaldo Brunini (diretor presidente), Ronaldo Severiano Berton (diretor financeiro) e Renato Ferraz de Arruda Veiga (diretor administrativo). Há ainda um Conselho Fiscal, com três membros, e um Conselho Curador, composto hoje por 11 membros, sendo cinco da iniciativa privada e seis pesquisadores ligados aos institutos de pesquisa. Os nossos parceiros se dividem em entidades públicas e privadas. Entre as públicas estão as principais entidades de pesquisa, ensino e extensão do Agro brasileiro, como IAC, CATI, EMBRAPA, ESALQ, FEHIDRO, IZ, IB, IF, IBOT, IEA, UNESP, UFSCAR, USP, UNICAMP, ITAL, entre outros. Entre as entidades privadas temos parcerias com WWF, Copercana, Fundecitrus, Syngenta, Basf, entre outras. O setor sucroalcooleiro também representa grande parcela de parceiros com cerca de 150 usinas, espalhadas pelo território nacional e em outros países como México e Peru, por exemplo. Revista Canavieiros: Recentemente a FUNDAG completou 25 anos. Fale um pouco sobre a sua história. Maurício Mendes: A FUNDAG tem crescido constantemente desde 1991. A equipe, juntamente com sua diretoria e conselhos, tem se esforçado no sentido de modernizar e Revista Canavieiros - Agosto de 2016 consolidar os processos de captação de novos parceiros, assim como tem visado proporcionar excelência no atendimento aos coordenadores dos projetos. Nossa Fundação não deixou em nenhum momento de se basear em novas tecnologias e isso foi primordial para chegarmos onde estamos hoje, com uma sede nova e própria, com um site repaginado para contemplar todos nossos prospects dos setores público e privado, com legislações mais acessíveis e transparentes e um grupo de funcionários e diretores apto a encarar os desafios do agronegócio. Revista Canavieiros: Qual é o papel da FUNDAG junto as instituições de pesquisas? Maurício Mendes: O papel da 11 FUNDAG em suma é diretamente relacionado com a gestão de recursos para pesquisas e projetos. Viabiliza o fomento para a formação de recursos humanos e geração de novas tecnologias científicas. Além disso, desenvolve processos ágeis no sentido de viabilizar a eficiente utilização de recursos públicos e privados para investimento em pesquisas. Revista Canavieiros: Qual a ligação entre a FUNDAG e o IAC? Maurício Mendes: No início o IAC foi o start para que a FUNDAG se lançasse no mercado e graças ao apoio do instituto muitas pesquisas foram viabilizadas e foram sucesso no mercado. Hoje ainda mantemos ligação próxima com IAC, com o Centro de Cana em Ribeirão Preto e o Centro de Citricultura em Cordeirópolis, por exemplo, onde temos projetos que geram tecnologias e recursos importantes. No entanto, hoje atendemos igualmente a todos os institutos de pesquisa agrícola, sem distinção. Havendo excelência em pesquisa podemos apoiar qualquer entidade pública ou privada de pesquisa em nosso setor. Revista Canavieiros: De onde vêm os recursos da FUNDAG? Maurício Mendes: Os recursos vêm de fundos como Fapesp, Cnpq e bancos como BNDES. As empresas e entidades privadas também são importantes para a obtenção de recursos e essenciais para promover nossos objetivos. Revista Canavieiros: Quais são os maiores desafios dos centros de pesquisas hoje? Maurício Mendes: Nossos desafios são manter uma captação constante de recursos. Além disso, queremos diminuir a burocracia para atrair nossos parceiros. Queremos ser reconhecidos pelo mercado como uma entidade de apoio à pesquisa eficiente, transparente e competitiva. O papel do Estado em prover recursos para pesquisa vai diminuir mais ainda. Por outro lado, o setor privado vai aumentar cada vez mais sua participação. Revista Canavieiros: O que significa para o senhor estar à presidência do Conselho Curador da FUNDAG? Maurício Mendes: Considero um grande desafio profissional. Tenho a satisfação de participar de uma equipe de alto nível. Todos no conselho são expoentes em seus setores, o que aumenta nossa responsabilidade, pois sabemos da importância de promover a pesquisa para o principal setor econômico do país. Nosso papel no Conselho Curador é garantir que a FUNDAG estará preparada para os desafios que o tempo nos trará. RC Revista Canavieiros - Agosto de 2016 12 Ponto de Vista Hora de mudar para melhor o setor sucroenergético Por José Osvaldo Bozzo* O s ventos da mudança parecem soprar na direção correta. As perspectivas de melhora na economia, no consumo e na gestão pública de nosso país são alvissareiras e têm tudo para contribuir para o crescimento e fortalecimento do setor sucroenergético, especialmente por sua importância na geração de empregos e na conservação ambiental. É evidente que ainda é cedo para declararmos que a solução dos problemas que afetam esse segmento de negócios está bem encaminhada. Os desafios são enormes, e há muitas conquistas pendentes para melhorar o cenário para os empreendedores dedicados ao processamento da cana-de-açúcar. Mesmo porque, o atual Governo tem muitas dúvidas em relação a medidas que poderiam beneficiar profundamente o setor. Este é o caso da volta da incidência da CIDE (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) sobre os combustíveis de origem fóssil, por exemplo. Apesar de certas áreas técnicas do Governo considerarem positiva a possível volta da cobrança da contribuição para ampliar a arrecadação de recursos, outros setores importantes rechaçam a medida. Este é o caso do Banco Central, liderado por seu presidente, Ilan Goldfajn, que afirmou recentemente ser contra a adoção dessa contribuição, em razão dos efeitos que a alta dos preços dos combustíveis teria sobre a inflação no curto prazo. A retomada da CIDE seria uma boa forma de equalizar a diferença de preços entre os combustíveis fósseis e o etanol, prejudicada pela baixa artificial de preços da gasolina nos últimos anos, política praticada pelo Governo da presidente afastada, Dilma Rousseff, junto à Petrobras para controlar a inflação, o que provocou desequilíbrios e a grave crise que hoje se vê em todo o setor energético do país. A adoção dessa política imprudente e errática quase dizimou todo o segmento sucroenergético brasileiro, com o fechamento de dezenas de usinas e a decretação de processos de recuperação judicial em outras tantas. A retomada da CIDE sobre a gasolina seria uma medida justa para permitir que o setor pudesse recompor suas margens, honrar seus débitos e seguir contribuindo com o país em sua jornada dedicada à oferta de uma alternativa energética renovável, limpa e adequada aos grandes desafios ambientais que ameaçam o equilíbrio ecológico essencial à existência da própria raça humana e de todos os seres que integram os delicados ecossistemas de nosso planeta. Nesse sentido, é essencial que os representantes do segmento sucroenergético, gestores e empresários, além de boa parcela da sociedade que acredita nos benefícios de nossa tradicional matriz energética limpa e renovável, se engajem na luta por condições que viabilizem os negócios sustentáveis tão característicos dessa indústria. Lembremos que há opções de atuação para as empresas do setor. Afinal, ajustes mínimos permitem que produtores de etanol se dediquem ao processamento da cana-de-açúcar para a industrialização e venda internacional de açúcar, que hoje é um negócio mais atrativo que a oferta do combustível renovável. Revista Canavieiros - Agosto de 2016 José Osvaldo Bozzo Essa não é, logicamente, a principal intenção dos players desse mercado. Mas, caso persistam as condições inadequadas que hoje só prejudicam os negócios, a produção de etanol pode, simplesmente, ser preterida, prejudicando toda uma cadeia que depende de quantidades enormes do produtos para suprir a demanda crescente pelo combustível renovável. Este é, portanto, o momento de agir. A busca de apoios maciços e a demonstração de força política são fatores essenciais para que o setor sucroenergético seja reconhecido em toda a sua importância. Aproveitar a maré positiva é, portanto, o grande desafio a ser encarado e transcendido neste momento. *José Osvaldo Bozzo ([email protected]) é consultor tributarista e sócio da MJC Consultores. Formado em Direito, iniciou carreira na PwC. Foi também Sócio da BDO e da KPMG e professor de Planejamento Tributário na USP – MBA de Ribeirão Preto.RC 13 Revista Canavieiros - Agosto de 2016 14 Ponto de Vista Logística e transportes precários afetam o agronegócio brasileiro João Guilherme Sabino Ometto* T ransportes precários, segundo o Banco Mundial, são o problema mais grave para agropecuaristas brasileiros. A quebra na safra do feijão, em decorrência de questões climáticas, e o consequente aumento de preços da leguminosa somam-se a outro fator preocupante que afeta o agronegócio brasileiro: a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) revela que a produção de grãos em nosso país deverá ter queda de cerca de 5% este ano, em relação a 2015, atingindo 196,5 milhões de toneladas. As informações da Conab indicam que o maior recuo, de 10% na comparação com 2015, será na produção de milho, que alcançará 76 milhões de toneladas. É o menor nível em três anos. Quanto ao arroz, a colheita deverá passar de 12,44 milhões de toneladas em, 2015, para 10,66 milhões de toneladas este ano. Por conta da menor produção, as importações de alguns produtos deverão aumentar significativamente, principalmente do arroz e do milho, que devem atingir níveis superiores aos verificados nos últimos anos. Embora a quebra na safra do feijão e o recuo na produção de grãos sejam atribuídos a causas climáticas, principalmente as associadas ao fenômeno El Niño, é necessário, para que problemas mais graves sejam evitados em futuro próximo, resgatar a confiança dos empresários do agronegócio, que apresenta trajetória clara e muito bem definida de queda, desde que começou a ser medida, em 2013, pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e a OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras). Considerando o bom desempenho do setor nos últimos anos, essa tendência menos otimista deve-se à insegurança gerada pela crise político-econômica. Os números macro não mostram o que os indicadores de confiança conseguem captar. Tratam-se das expectativas, embasadas em fatos concretos ou emocionais, que determinam comportamentos e de- cisões relativos ao negócio. Observando os dados com atenção, se, por um lado, a avaliação do produtor agropecuário sobre o seu próprio negócio e o setor em que atua permanece em alta, por outro, o receio quanto à economia e à política é grande a ponto de fazê-lo agir como qualquer consumidor assalariado. Sem certeza alguma do que acontecerá, coloca o pé no freio e reavalia suas compras, nesse caso o custeio e os investimentos. Assim, além da retomada do crescimento do PIB, o governo também precisa dar mais atenção a alguns problemas crônicos que afetam o agronegócio brasileiro. Uma das questões mais graves é apontada em um novo estudo do BIRD (Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento), da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e do Ministério da Agricultura, intitulado Revisão Rápida e Integrada da Gestão de Riscos Agropecuários no Brasil. Segundo o relatório, na visão dos próprios agropecuaristas, a precariedade dos transportes e da logística é o obstáculo mais grave e a demanda menos atendida pelas políticas públicas. Razões não faltam para essa preocupação: no ranking 2015-2016 do Fórum Econômico Global (WEF), dentre 140 nações, nosso país ficou em 123º lugar em infraestrutura de transporte e 122º quanto a portos e rodovias. Sessenta por cento dos produtos agropecuários são movimentados por estradas no Brasil, mas apenas 13,5% delas são pavimentadas. A ameaça sempre presente de uma interrupção dos fretes e a lentidão permanente geram insegurança e reduzem a competitividade. Os riscos climáticos são o segundo ponto mais preocupante. Para mitigar esses dois fatores de insegurança dos produtores, são necessárias políticas públicas consistentes, a começar pelo restabelecimento das parcerias público-privadas no setor de infraestrutura, mas com critérios mais atraentes para as empresas e economicamente viáveis. Quanto aos riscos climáticos, a única solução possível é ampliar e aperfeiçoar os mecanismos de Revista Canavieiros - Agosto de 2016 João Guilherme Sabino Ometto seguro, de modo a oferecer mais proteção e confiança aos agropecuaristas e estimular os investimentos em aumento de produção no campo. As duas medidas são absolutamente estratégicas! Os organismos multilaterais, como o Banco Mundial, preocupam-se com o agronegócio brasileiro principalmente porque o vislumbram como uma das soluções para a segurança alimentar do Planeta. Afinal, somos um dos maiores celeiros globais! Para nossos agropecuaristas, apesar de entenderem e se sentirem honrados ante tamanha responsabilidade, a solução dos problemas que os afetam é essencial para produzirem mais, criarem empregos, gerarem renda e continuarem contribuindo para o fortalecimento da economia nacional. Assim, espera-se que o novo governo emergente da presente mudança política do país tenha visão mais objetiva e clara sobre a importância do setor. *João Guilherme Sabino Ometto, engenheiro (Escola de Engenharia de São Carlos - EESC/USP), é vice-presidente do Conselho de Administração do Grupo São Martinho, vice-presidente da FIESP e Membro da Academia Nacional de Agricultura.RC 15 Revista Canavieiros - Agosto de 2016 16 Ponto de Vista Planejamento à moda “Usain Bolt” definições rápidas Diogo Falcão Dalla Vecchia* O planejamento é o pilar crucial para o alinhamento das expectativas de todos que participarão diretamente ou indiretamente de um projeto. É nesta etapa que se moldam os limites reais entre a qualidade, os prazos e os custos envolvidos. Há quem diga que o setor sucroenergético, no âmbito de projetos industriais, careça de mais planejamento e, sem sombra de dúvidas, quanto mais se planejar melhor. Porém, neste setor (como em muitos outros), é muito forte a influência de fatores externos, que acabam por ser o vetor do rumo dos investimentos (eventos climáticos, variações cambiais, crescimento interno, mudanças de impostos, etc). Muitas vezes, o rumo do mercado rapidamente aponta para uma direção. Hoje, o assunto produção de açúcar no Brasil é assustadoramente forte! Em alguns projetos específicos analisados, o retorno da implantação de uma fábrica de açúcar convencional se dá por volta de um a dois anos! E não adianta postergar: o retorno do investimento só será o esperado se as decisões forem tomadas rapidamente. Mas como efetuar uma implantação deste porte (fábrica de açúcar) em um espaço tão curto de tempo, com qualidade máxima e sem sofrer com os altos custos? Muito, mas muito difícil. Se alguma empresa lhe prometeu tal feito, desconfie. Diogo Falcão Dalla Vecchia Não me entenda mal, eu acredito que o empreendimento possa ser realizado, sim, dentro do custo e com uma certa tranquilidade no prazo. E além disso, no setor, temos uma quantidade enorme de empresas com competência para fornecer os serviços necessários. Porém, tenha em mente que um dos grandes responsáveis, senão o maior, sobre a qualidade do projeto e seu sucesso, ou não, para um projeto de uma necessidade tão imediata, é o próprio time que efetua as contratações: o cliente. O papel de ver a linha de chegada e focar em alcançá-la o mais rápido possível deve partir de todos os envolvidos, mas, principalmente, dos stakeholders que detêm o poder da definição. O planejamento à moda "Usain Bolt" não é uma metodologia; é mais uma tentativa de expressar, em tempos de Olimpíadas, um paralelo entre quem realiza o feito e algumas situações que ocorrem com certa frequência em nosso setor. Usain Bolt é jamaicano, maior velocista recordista mundial em 100 e 200 metros rasos. A linha de chegada é o objetivo e ele a busca no menor tempo possível. Quem já acompanhou alguma prova em que ele participou, certamente viu o que ele faz e do jeito que faz, até parece fácil. Em projetos que demandam extrema rapidez e agilidade, assim como Bolt em suas corridas, somos testados ao limite. O estresse nessas situações é praticamente inevitável. Muitas vezes, perdemos tempo precioso com discussões Revista Canavieiros - Agosto de 2016 inoportunas. Imagine se Bolt, no meio de sua corrida, parasse para amarrar o seu tênis? Com certeza seu objetivo não seria alcançado. Os projetos de demanda rápida e que têm potencial de insucesso, normalmente, agregam algumas características em comum, como: • Escopo de trabalho mal definido. Aquela primeira reunião que alguém faz a pergunta fatal: Isto está incluso? • Burocracia demais para aprovação. Aquela lista de 30 copiados no e-mail ou aquela reunião com 20 pessoas com horas de duração em que metade do tempo é usada para alinhar as demandas pessoais. Entram também na burocracia as exigências excessivas por padrões sem influência no conteúdo; • Divergência entre objetivos a serem alcançados: O gerente industrial sendo avaliado pelo aumento de moagem e o gerente de processos pelas perdas reduzidas; • Distanciamento do objetivo, alta quantidade de solicitações por opções e estudos, criando uma certa incoerência com o objetivo de atender o prazo. • Busca por soluções inovadoras sem comprovação técnica. Apesar de ser um entusiasta de novas tecnologias, sei que o convencional tem o seu valor, principalmente neste tipo de situação; • Aproveitar o empreendimento para realizar melhorias secundárias. Será que o retorno do investimento será o mesmo? Obviamente, não há nenhuma regra definitiva que levará ao sucesso ou não 17 de um projeto, mas podemos listar alguns fatores que potencializam o risco do insucesso, como os mencionados acima, e nós, por muitas vezes, esbarramos em alguns empreendimentos. Se hoje o aumento da produção de açúcar é o foco, nos próximos anos e safras poderá ser o etanol, a energia e outros. Traçar metas de curtíssimo prazo ajuda a orientar e a evitar que as definições saiam do rumo esperado. Precisamos, nos próximos anos, aprimorar a condução de projetos com prazo escasso sem se desprender da qualidade, da segurança e do retorno do investimento. Uma opção para isso é tornar mais pragmáticos e menos burocratizados os caminhos até a tomada de decisão. A linha de chegada está logo ali. *Gerente de Novos negócios e sócio na Reunion Engenharia RC Notícias Copercana Agronegócios Copercana 2016 agrada participantes Quem visitou aprovou a feira que disponibilizou novidades em insumos, equipamentos e serviços A 12ª edição do Agronegócios Copercana realizada no mês de junho, em Sertãozinho (SP), superou todas as expectativas em termos de volume de negócios e de visitação. O evento de máquinas, equipamentos e agroquímicos, voltado especialmente para cooperados do Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred, recebeu mais de cinco mil visitantes de várias regiões do país. Um deles foi o empresário e cooperado de São José do Rio Preto-SP, Osmair Guareschi, que conferiu tudo de perto e ficou muito satisfeito. “Eu participo de muitas feiras pelo Brasil onde procuro bons negócios, mas acima de tudo, busco bom atendimento, bom ambiente e isso eu encontrei no Agronegócios Copercana. É uma feira muito bem organizada e só tem a crescer, pois oferece José Geraldo (Coopercitrus), Pedro Esrael Bighetti e Osmair Guareschi oportunidades para o cooperado adquirir produtos com boas condições de pagamento e preços”, afirmou o empresário, ao dar os parabéns aos organizadores em conversa com o diretor da Copercana, Pedro Esrael Bighetti. Como tradicionalmente ocorre, no próximo ano, o Agronegócios Copercana trará outras novidades para os agricultores. “Disponibilizar as novas tecnologias e inovações para contribuir com o produtor faz parte de nossa cultura cooperativa, vale a pena conferir”, afirma Bighetti, ressaltando que a edição de 2017 já tem data marcada para acontecer: entre os dias 27 a 30 de junho de 2017. RC Revista Canavieiros - Agosto de 2016 18 Coluna Caipirinha Caipirinha Confiança e investimentos voltam ao Brasil O que acontece com nosso Agro? Em agosto sai a estimativa do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) para a safra norte-americana de milho e soja. Como o clima vem sendo bom, e os ratings muito positivos, é de se esperar a apresentação de números bem próximos dos recordes produtivos. A grande notícia do mês foi a abertura do mercado norte-americano para exportações de carne bovina in natura do Brasil. Apesar da quantidade ainda ser modesta (60.000 toneladas/ ano), o fato deste mercado ser aberto ajuda muito na abertura de outros mercados que usam os EUA como parâmetro, e mesmo com carga tributária de pouco mais de 20% no que exceder as 60 mil toneladas, temos condições de colocar produtos de maneira crescente. Recente estimativa da ABIOVE (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais) coloca que o Brasil deve exportar neste ano praticamente US$ 26 bilhões em soja. Relatório 11 (agosto) da CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento) desta safra mostra uma área plantada de 58,2 milhões de hectares, 0,6% (328 mil hectares) a mais que na safra 2014/15. A soja puxou os números, aumentando cerca de 1,2 milhão de hectares (total de 33,2 milhões de hectares). O milho, safra principal, teve redução de 12,2% na área (5,4 milhões de hectares) e o safrinha aumentou 10,2% atingindo 10,5 milhões de hectares. Devemos alcançar 188,1 milhões de toneladas de grãos, 9,5% menor que as 207,8 milhões colhidas em 2014/15. O clima nos ajudou a perder quase 20 milhões de toneladas. Que pena, temos preços, mas não temos produtos para vender na quantidade que queríamos. O que acontece com nossa cana? Relatório da UNICA (União da Indústria da Cana-de-açúcar) da safra 2016/17 até o final da primeira quinzena de julho mostra moagem de 261,4 milhões de toneladas, 16% acima da safra anterior. A cana destinada para açúcar está em 44,21% contra 40,15% no ano passado. A quantidade de ATR está ligeiramente acima (0,63%), com 133,25 kg/t. Mas em SP, o ATR está menor (130,51). Temos que monitorar de perto os preços do petróleo. O recente recuo para US$ 44/barril atua negativamente nos preços do açúcar. Somado à valorização do Real, voltam as pressões para redução dos preços da gasolina, impactando o etanol e o açúcar. Se bem que abre espaço para a volta da CIDE (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) na gasolina, sem impactar o preço final. De acordo com a FG/Agro, em agosto a margem de grupos muito eficientes estava ao redor de R$ 55/ton de cana processada para o açúcar e R$ 20 para o etanol, sem se considerar o capital investido. Açúcar daria um faturamento de R$ 170/tonelada equivalente, e o etanol R$ 120. Desempenho operacional da Odebrecht melhorou 23% na safra 2015/16, mas o custo financeiro impactou para um prejuízo de R$ 1,9 bilhão no ano. Projeta moer 31 milhões de toneladas em 2016/17. É mais um caso onde a operação é drenada pelo financeiro. A Nova Fronteira (joint venture entre São Martinho e Petrobrás) registrou lucro líquido de R$ 148,2 milhões em 2015/16. O lucro operacional aumentou quase 80% e as despesas financeiras 6,5%. Abengoa Brasil registrou prejuízo de R$ 162,9 milhões em 2015/16, 15% maior que o de 2014/15. Custos aumentaram e piorou a situação operacional em mais de 58%, que deu prejuízo de R$ 140 milhões. Despesas financeiras aumentaram 67%, quase R$ 390 milhões, corroendo fortemente a receita total de R$ 673 milhões. A dívida chega a R$ 949 milhões, quase 33% acima do ano anterior. São Martinho deu lucro de R$ 39,7 milhões no primeiro trimestre da safra 2016/17, 26% acima do ano passado. A receita aumentou 50%, e o Ebitda também perto disto. Neste mês tive interessante reunião com um investidor em novos usos para a cana-de-açúcar e seus produtos derivados, compartilho aqui: Revista Canavieiros - Agosto de 2016 Marcos Fava Neves* - Sacaria de plástico biodegradável para big bags de fertilizantes, Brasil 40.000 ton/ano, EUA 250.000 ton/ano em plástico; - Sacos de rafia biodegradável para utilização em mercado de sementes, entre outros; - Tubetes biodegradáveis (indústria de papel e celulose, indústria da cana – mudas); - Plástico rígido biodegradável (ex: tampinhas de Coca-Cola usariam 1,2 mi ton de açúcar ano); - Inversão do açúcar – utilização de enzima que permite quase 100% de inversão, produto sem os resíduos que a inversão ácida deixa; - Biocontrole de pragas e biofertilizantes (economia de 30% a 40% no uso destes insumos comparados à forma tradicional); - 1 tonelada de cana = 65kg de plástico (R$ 8/kg ) e 15 kg de proteínas (R$ 3/Kg) totalizando receitas de R$ 565 / ton de cana; - Custo de produção de 1 Kg de biopolímero e 235 gramas de proteína equivalente a 2,45 x o custo industrial da produção de 1 Kg de açúcar + valor de venda de 2 Kg de açúcar VHP. O que acontece com nosso açúcar? Relatório da UNICA da safra 2016/17 até o final da primeira quinzena de julho mostra que a produção de açúcar já alcançou 13,81 milhões de toneladas e está 30% acima da safra anterior. Com o tempo seco o rendimento está sendo excelente. 19 Vendas de açúcar bruto e refinado de janeiro a julho de 2016 chegaram a 15,415 milhões de toneladas, 22% acima de 2015. As receitas cresceram 17%, chegando a quase US$ 5 bilhões. O preço médio foi de US$ 323/tonelada. Perspectivas de preços ao redor de 20 cents/libra peso nos próximos dois anos. Valorização do real deve compensar um pouco as elevações de preços devido aos deficits previstos. Usinas investem para ampliar a capacidade de produção de açúcar aumentando seu poder de decisão de alocação do caldo. Alguns grupos também estão segurando a moagem para permitir um mix açucareiro maior. A Datagro elevou a perspectiva de deficit no mercado de açúcar de 7,1 para 8,9 milhões de toneladas no ciclo 2016/17 (outubro a setembro). Para 2015/16, o deficit será de 7,72 milhões de toneladas, o que dá um deficit acumulado em dois anos de mais de 16,5 milhões de toneladas. Relatório da FAO/ONU recém divulgado aponta redução dos estoques mundiais de açúcar de 45% hoje para 39% em 2025. Usinas já fixando a produção de 2017/18, a um preço médio, segundo a Archer, de R$ 1.509/tonelada com quase 2 milhões de toneladas fixadas. Este movimento deve continuar avançando com este patamar de preços. Nesta safra o preço médio ficou em R$ 1267/ton. A São Martinho travou 150 mil toneladas a 19 cents/libra peso. Acaba de sair uma estimativa que a safra do principal estado produtor da Índia, Maharashtra, terá quebra de produção de 40% na safra que começa em outubro, devendo forçar a Índia a importar. Deve perder quase 3,5 milhões de toneladas com quase 40 usinas ficando sem cana para moer. Mais uma boa notícia: estão doces as perspectivas do açúcar!!! O que acontece com nosso etanol? Em termos de consumo de combustíveis automotivos, o Brasil é o quarto mercado do mundo (em 2015 foi de 2 milhões de barris por dia, algo próximo a 116 bilhões de litros). Mais de 70% são fósseis e temos uma dependência de 350 mil barris/dia. De acordo com a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) teremos deficit de mais de 1 milhão de barris por dia a partir de 2026. A opção será a de importar ou investir para produzir internamente. Para importar, será preciso grande investimento em infraestrutura de recebimento nos portos e de transporte para dentro do país, além da formação de estoques. É lógico que nós somos pela produção interna, e de etanol. Por ser um imposto que causa inflação, a volta da CIDE na gasolina tem este fator pesando contra, a menos que seja aplicada caso os preços do petróleo e da gasolina caiam. Estamos importando etanol dos EUA para abastecer o Nordeste. Isto causa arrepios em muitos, mas não em mim. Quem quer vender também pode comprar. Isto é comércio, algo que deve sempre ser bilateral. Algumas estimativas apontam para um preço do barril do petróleo começando a subir novamente, pois a demanda vem surpreendendo, apesar dos estoques de gasolina elevados. Apontam para US$ 50 a 70 o barril neste final de ano. Mas nada que incentive novos investimentos das petrolíferas. Já o Morgan Stanley projeta números ao redor de US$ 40, sendo a média para 2016 de US$ 42 e de 2017 de US$ 51/ barril. Talvez um número médio de US$ 45 neste ano e US$ 55 no próximo possa ser o que adotaremos. O compromisso do Brasil na COP 21 em Paris foi colocado e nos leva a 50 bilhões de litros de etanol. O Governo também trabalha com o número de 54 bilhões de litros, 75% a mais que a atual safra (28 bilhões). A EPE (Empresa de Pesquisa Energética) calculou quanto seria necessário, baseando-se num critério de adição de 27% na gasolina, e a participação do etanol nos veículos de ciclo Otto chegaria a 45% em 2030. O consumo de anidro aumentaria 40,8% (7,6 bilhões de litros de gasolina equivalente em 2014 para 10,7 bilhões de litros em 2030). Já o hidratado cresceria 145%, passando de 9,3 bilhões de litros para 22,8 bilhões. O total seria de 33,5 bilhões de litros em gasolina equivalente. Para isto se necessita de 1,074 bilhão de toneladas de cana (47% a mais que hoje) e destinando mais cana para etanol. Neste momento, cerca de 51 bilhões de litros seriam de etanol de primeira geração e os outros 3 bilhões de segunda geração. Ainda segundo a EPE, em 2030 seriam demandados 41,8 bilhões de litros de gasolina, sendo que nossa capacidade atual é de 29 bilhões de litros. 12,8 bilhões de litros teriam que ser importados. Precisamos divulgar estes números para que a sociedade se mobilize para um novo ciclo de investimentos. Desde o início da safra o Brasil exportou quase 450 milhões de litros de etanol, 121% a mais que ano passado, trazendo uma receita de US$ 207 milhões. Parte importante tem ido à Califórnia. Nos últimos 12 meses os embarques foram de 2,4 bilhões de litros. Neste mês o açúcar nos dá melhores notícias que o etanol, apesar do imenso potencial deste, como vimos acima. Quem é o homenageado do mês? Todos os meses nossa coluna traz uma singela homenagem a alguém que sempre contribui com o agronegócio e com a cana. Neste mês o homenageado é o Roberto Cestari, aguerrido líder setorial com o qual eu tenho o privilégio de debater e discutir há mais de cinco anos, seja em Guariba como em Orindiúva, sempre com uma mesma visão setorial e de inclusão social pelo coletivismo. Haja Limão Com 59 votos favoráveis e 21 contrários o Brasil, na madrugada de 10 de agosto, deu um passo praticamente definitivo para se livrar de Dilma Rousseff e do lulopetismo, um triste período de nossa história, onde uma visão equivocada de mundo aliada a um desrespeito sem precedentes com o patrimônio público, atrasou o país em uma geração, pelo menos. O Brasil já segura, faltando apenas colocar no pescoço sua mais importante medalha de ouro, que trará de volta a confiança, os investimentos, o crescimento com geração e distribuição de renda e a inclusão social sustentável. Resgatará os valores de nossa sociedade, a nossa gana individual de esforço, trabalho e mérito que formará uma contagiante onda coletiva visando deixar um país muito melhor para nossos filhos. Acordo com uma sensação incrível de leveza, consciente do infinito trabalho de reconstrução pela frente, mas agora com imensa, imensa vontade de trabalhar. Marcos Fava Neves é Professor Titular da FEA/USP, Campus de Ribeirão Preto. Em 2013 foi Professor Visitante Internacional da Purdue University (EUA) e desde 2006 é Professor Visitante Internacional da Universidade de Buenos Aires e Membro do Conselho da Orplana. RC Revista Canavieiros - Agosto de 2016 20 Notícias Canaoeste Canaoeste reúne fornecedores de cana em Barretos (SP) Mais de 100 participantes lotaram a sala Montana no Barretos Country Hotel Fernanda Clariano A cidade de Barretos (SP) é muito conhecida por sediar uma das maiores festas de rodeio. A economia do município é baseada principalmente na produção de carne, citrus, borracha, grãos e mais recentemente na cana-de-açúcar, que vem ganhando espaço. Dada sua representatividade e a importância que a cidade representa para a Canaoeste (Associação dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de São Paulo), Barretos foi escolhida para sediar o início do ciclo de encontros técnicos do segundo semestre de 2016. A reunião aconteceu no dia 20 de julho, na sala Montana, no Barretos Country Hotel, e contou com a presença dos diretores e equipe técnica da entidade. Também prestigiaram o evento o diretor da Copercana, Pedro Esrael Bighetti; o veterinário da Copercana, Gustavo Lopes; Representantes do Sindicato Rural de Barretos e mais de 100 pessoas entre associados e convidados. Hoje a Canaoeste abrange 80 municípios com 12 escritórios regionais contando com Sertãozinho que é a matriz e o encontro técnico tem percorrido todas as áreas de abrangência da associação. O objetivo é apresentar aos associados o novo modelo proposto pela entidade, bem como mostrar a sua representatividade no âmbito político, ambiental e econômico do setor de um modo geral. Outro ponto é promover maior interação com os fornecedores e por meio de palestras técnicas, mostrar uma visão geral sobre os derivados da cana, incluindo preços, deficit, oferta e demanda, manejo e produtos, podendo assim colaborar com o produtor em suas tomadas de decisões. Manoel Ortolan, presidente da Canaoeste, falou sobre a entidade, a importância do associativismo e o trabalho que vem sendo desenvolvido em Barretos Em noite bastante concorrida, os participantes acompanharam, durante a abertura, a explanação do presidente da Canaoeste, Manoel Ortolan, que fez um traçado sobre a entidade, a importância do associativismo e o trabalho que vem sendo desenvolvido em Barretos. “A Canaoeste e a Copercana começaram um trabalho na região de Barretos há poucos anos e tentam no dia a dia se firmar nessa região. Em um primeiro momento, estamos retomando as atividades da Associação no município com um time novo, pronto para atender os fornece- dores em suas necessidades”, afirmou Ortolan que também enfatizou o fato de poder contar com o apoio do Sindicato Rural e com um grande número de participantes. “Tivemos nessa reunião o apoio do Sindicato Rural de Barretos, na pessoa do presidente, Ciro Ferreira Pena, que não esteve presente, mas que enviou um representante. O Sindicato é forte na região de Barretos e nos ajudou muito convocando as pessoas a participar e, com isso, fomos surpreendidos pelo número de participantes que prestigiaram a reunião”, afirmou. Conteúdo técnico As perspectivas do mercado mundial de açúcar e seus reflexos na produção brasileira da commodity assim como informações atuais sobre o futuro para o etanol, pontuando demandas e desafios foram os assuntos discutidos pelo gestor corporativo da Canaoeste, Almir Torcato. “Mais do que apresentar a parte econômica do nosso setor sucroalcooleiro, do mercado do açúcar e do etanol, essa reunião é uma prestação de contas aos associados que estiveram presentes e até então não conheciam todo o trabalho que é feito dentro da associação e para o setor como Revista Canavieiros - Agosto de 2016 Almir Torcato um todo. A Canaoeste está à disposição do associado. Participar dessa empreitada, dessa nova Canaoeste, dessa nova vi- 21 são, é uma satisfação muito grande para mim, como gestor desse projeto, que é maravilhoso”, destacou Torcato Dr. Carlos Alberto Azânia, pesquisador do IAC e professor Já o pesquisador do IAC e professor, dr. Carlos Alberto Azânia, ministrou palestra sobre “Manejo de plantas daninhas na cultura de cana-de-açúcar”, onde abordou a questão da importância do manejo citando a necessidade de se fazer o controle com aplicações de herbicidas, evitando-se, assim, o aumento do banco de sementes das plantas daninhas. O pesquisador também contextualizou desde os prejuízos que as plantas daninhas causam, as melhores formas de controle, como escolher um herbicida em função da sua época de aplicação, em função das suas características químicas, da identificação das plantas daninhas e as maneiras mais eficazes de aplicar herbicidas de modo que se tenha controles mais eficazes. De acordo com o pesquisador, o manejo inadequado pode trazer ineficácia no controle e as perdas por plantas daninhas podem atingir até 85% de prejuízo para o canavial. A programação da noite terminou com a apresentação das soluções tecnológicas da DuPont para o controle de plantas daninhas feita pelo assistente técnico da multinacional, Danilo Cobacho, que destacou o portfólio da empresa dando ênfase ao herbicida Front. Depoimentos “Estou muito feliz em poder contribuir com os fornecedores de Barretos por meio do meu trabalho, que é dar suporte de campo agronômico, desde o plantio até a colheita, com todas as técnicas de melhorias, produtividade e redução de custo. Um evento como este encontro é para agregar conhecimento e poder ver que os fornecedores de Barretos aderiram e mostraram interesse e isso é muito gratificante”, disse o técnico agrícola responsável pela filial de Barretos, Giovanni César Mossin. mais satisfeito. O produtor que contribui com a associação quer ver resultados para se sentir satisfeito e hoje estou vendo uma Canaoeste empenhada em atender o produtor e isso é gratificante”, comentou o associado da cidade de Colina, Oscar Barcellos Neto. Cássio Davi de Albuquerque Furtado, associado Giovanni César Mossin, técnico agrícola responsável pela filial de Barretos “A Canaoeste está de parabéns por esse novo modelo, pois tem aproximado mais a associação junto ao associado e isso também é importante. O trabalho técnico que vem sendo realizado é muito bom e a cada dia que passa estou Oscar Barcellos Neto, associado da cidade de Colina “Hoje há um trabalho bastante interessante desenvolvido pelo técnico agrícola da Canaoeste, Giovanni Mossin, e pelo agrônomo da Copercana, Anézio Meloni Neto, que tem dado um grande suporte na área de compras e no campo. Essa reestruturação da Canaoeste vem ao encontro das minhas expectativas”, afirmou o associado Cássio Davi de Albuquerque Furtado. Pedro Antônio Abdalla, associado de Barretos e Severínia “Achei muito bom o conteúdo apresentado, principalmente do Manoel Ortolan, explanando sobre a nova Associação e as palestras técnicas também foram muito boas. Essa reestruturação está dando sinais de que tem tudo para ser um sucesso, eu acredito que irá trazer muito mais benefícios”, observou o associado de Barretos e Severínia, Pedro Antônio Abdalla. RC Equipe da Canaoeste Revista Canavieiros - Agosto de 2016 22 Notícias Canaoeste Fornecedores de cana de Morro Agudo (SP) participam de encontro técnico realizado pela Canaoeste Fernanda Clariano C erca de 100 fornecedores de cana da cidade de Morro Agudo (SP) e da região se reuniram no dia 3 de agosto, no Royal Mix, para o encontro técnico realizado pela Canaoeste e Copercana, em parceria com a Dow AgroSciences e o Sindicato Rural de Morro Agudo. O presidente da Associação, Manoel Ortolan, abriu a reunião explanando sobre o associativismo e reforçou a importância da participação dos associados no sentido de fortalecer e manter a representatividade da entidade. “Estamos realizando uma série de reuniões pelas cidades onde há filiais da Canaoeste e também da Copercana, buscando maior aproximação dos associados. Uma entidade para ser forte e ter representatividade precisa de uma diretoria atuante, mas acima de tudo necessita da presença dos fornecedores e dos associados junto a ela para se sustentar. Não existe associação eficiente com bons resultados, se há o ‘divórcio’ entre a diretoria e produtor”, afirmou Ortolan. Reunião técnica de Morro Agudo atraiu cerca de 100 fornecedores de cana ca. “Abordei a situação do mercado de cana, açúcar e etanol e foi uma reunião bastante proveitosa. O resultado também foi positivo e surpreendente pela presença, acredito que isso seja fruto do trabalho dos agrônomos da região”, disse. Um dos maiores especialistas na área de defensivos agrícolas, o consultor e sócio-diretor da Consult Agro, Weber Valério, ministrou importante e enriquecedora palestra onde abordou o tema “Gestão sobre manejo integrado de plantas daninhas em cana-de-açúcar”. “Precisamos aproveitar oportunidades como essa para informar aos produtores que manejar plantas daninhas atualmente se tornou muito mais complexo do que num passado recente. Nós não queimamos mais, o fogo era um agente controlador de plantas daninhas, lógico que Manoel Ortolan, presidente da Associação Em seguida, o gestor corporativo da entidade, Almir Torcato, falou sobre as perspectivas da safra canavieira de 2016/17, dando ênfase à parte econômiRevista Canavieiros - Agosto de 2016 Weber Valério, consultor e sócio-diretor da Consult Agro temos outros benefícios de não queimar, mas para a planta daninha o controle ficou muito mais complexo. A palhada estendida no canavial mudou o microclima do solo. Estamos hoje com quebra de dormência e surgimento de plantas daninhas que até então, quando queimávamos, não existiam que são plantas daninhas 23 de sementes grandes e, controlá-las com herbicidas, com controle químico, é extremamente difícil”, garantiu o consultor que também pontuou que apenas o controle químico no manejo de plantas daninhas não basta. “Precisamos fazer um controle cultural, tratar bem do canavial para que este possa sombrear e fechar o mais rápido possível e, aí sim, não deixar a planta daninha germinar. É interessante e necessário adubar bem, controlar pragas, evitar pisoteio de colheita, não falhar o canavial porque onde tem falha tem insolação, onde tem insolação germina planta daninha. Outro controle que costumo frisar bastante é o preventivo. Hoje, a colhedora é a principal disseminadora dessas plantas daninhas de difícil controle, por isso é preciso fazer a assepsia, limpeza dessas máquinas para não levar essas plantas de onde tem para onde não tem”, contextualizou Valério. A Dow AgroSciences, grande parceira no encontro, encerrou a programação Os agrônomos são os porta-vozes da Associação e estão constantemente trabalhando, ouvindo os produtores e buscando trazer soluções que visam melhorias e produtividade no campo. O engenheiro agrônomo responsável destacando as soluções tecnológicas da multinacional. Na ocasião, apresentou seu principal produto com alta seletividade para a cultura de cana, o herbicida Coact, que possui tecnologia altamente eficiente no controle de plantas daninhas com folhas largas e estreitas em pré-emergência. De acordo com o gerente de Vendas da Região CDA da Dow AgroSciences, Gastão Fernando de Luca Junior, “a parceria com a Canaoeste é importante, pois sabemos que por meio dos serviços oferecidos por ela, os nossos produtos serão aplicados de acordo com as recomendações indicadas pela empresa. A união de produtos altamente tecnológicos com as boas práticas no campo traz um melhor resultado em todo o processo do cultivo, além de proporcionar a redução de custos e promover a sustentabilidade no negócio”. O público participou e aprovou Neto Prado, associado de Morro Agudo Gerson Volpon, associado de Morro Agudo “Essa reunião atendeu às minhas expectativas, é muito bom poder se informar e, por meio dessa reunião, a Canaoeste está nos dando essa grande oportunidade. A palestra do consultor Weber Valério foi muito interessante e importante para o nosso dia a dia. Eu também gostaria de ressaltar que estou muito feliz com o trabalho que a Canaoeste desenvolve aqui em Morro Agudo, sempre que solicitei um agrônomo ele esteve presente me orientando e dando assistência. Estou sempre em contato com eles”, disse o associado de Morro Agudo, Neto Prado. “Essa é uma nova realidade da associação e o que o Manoel Ortolan nos apresentou foi muito interessante. Pude perceber que a Canaoeste está procurando acompanhar a realidade do país, do momento e estar mais próxima dos seus associados e isso é muito importante. Outro ponto que me chamou a atenção foi a palestra do Weber Valério, pois ele falou sobre o manejo dos herbicidas de uma forma de fácil entendimento. Essa reunião me agradou muito e atendeu plenamente às minhas expectativas”, destacou o associado de Morro Agudo, Gerson Oswaldo Volpon. RC pela cidade de Morro Agudo é Antônio Cussiol, que trabalha na Canaoeste há seis anos, prestando assistência técnica agronômica aos fornecedores associados. “É muito importante, uma grande satisfação praticar a extensão rural levando o conhecimento que sai dos institutos de pesquisas até o produtor. Poder contar com a presença dos fornecedores da cidade nessa reunião é prova de que eles estão interessados em buscar novas tecnologias e novos conhecimentos, isso é gratificante”, pontuou Cussiol. Revista Canavieiros - Agosto de 2016 24 Notícias Sicoob Cocred Balancete Mensal - (prazos segregados) Cooperativa De Crédito Dos Produtores Rurais e Empresários do Interior Paulista - Balancete Mensal (Prazos Segregados) - Junho/2016 - “valores em milhares de reais” Sertãozinho/SP, 30 de Junho de 2016. Revista Canavieiros - Agosto de 2016 25 Revista Canavieiros - Agosto de 2016 26 Assuntos Legais Transporte de cana-de-açúcar Obrigatoriedade de Enlonamento O transporte de cargas em vias públicas de produtos sólidos a granel através de caminhões com carrocerias abertas vem sendo regulamentado ao longo dos tempos para trazer maior segurança aos demais usuários, evitando-se que referidas cargas caiam e tragam acidentes. Neste contexto, inclui-se o transporte da cana-de-açúcar. Em 2013 foi publicada a Resolução Contran nº 441, de 28 de maio de 2013, autorizando o transporte de cargas deste tipo somente por caminhões com (i) carrocerias laterais fechadas, (ii) com o enlonamento ou dispositivo similar das cargas e, desde que, (iii) a carga não exceda os limites da carroceria. Diante da necessidade de um prazo para possibilitar a adequação da maioria dos veículos canavieiros ao cumprimento destas obrigações, o Contran editou em 2014 a Resolução 449, de 28 de agosto, fixando o prazo final para 1º de setembro de 2016, conforme se vê: “Art. 2º. Acrescentar o art. 1º-A na Resolução CONTRAN nº 441/2013, com a seguinte redação: “Art. 1º–A. Para os veículos utilizados no transporte de cana-de-açúcar, o uso de lona ou dispositivo similar de que trata o § 1º do art. 1º será exigido a partir do dia 1º de setembro de 2016. ” Ao desrespeitar referida norma, o transportador fica sujeito às penalidades dispostas nos artigos 230, IX e X, 231, IV e 235, todos do Código de Trânsito Brasileiro, que caracterizam a infração como grave, determinando pena de multa e retenção do veículo para regularização. Prevê, ainda em caso de derramamento da carga em via pública, o enquadramento do artigo 231. II, do Código de Transito Brasileiro, que fixa a Juliano Bortoloti Advogado da Canaoeste infração como gravíssima, com penalidade de multa e retenção do veículo para regularização Portanto, a partir de 1º de Setembro de 2016, os veículos que transportarem cana-de-açúcar nas vias públicas devem se adequar às regras acima expostas para evitar as penalidades previstas na legislação nacional. RC Enlonamento de cana será obrigatório a partir de 1º de setembro de 2016 Revista Canavieiros - Agosto de 2016 27 Untitled-1 1 16/08/2016 10:16:10 Revista Canavieiros - Agosto de 2016 28 O que é o atendimento ambiental? P rezados leitores, muito se fala de atendimento ambiental em casos de infrações ambientais rurais. Pretendo aqui elucidar os pontos mais importantes deste procedimento prévio que o estado de São Paulo adota, a meu ver, de forma muito racional. Pois bem, em 04 de abril de 2014, foi promulgado o Decreto Lei nº 60.342, pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, e que dispõe sobre o "procedimento para imposição de penalidades, no âmbito do Sistema Estadual de Administração da Qualidade Ambiental, Proteção, Controle e Desenvolvimento do Meio Ambiente e Uso Adequado dos Recursos Naturais – SEAQUE –, e dá outras providências". Tal Decreto Legislativo foi o responsável por instituir no mundo jurídico a figura do Atendimento Ambiental, previsto em seu artigo 3º e seguintes, que, em suma, consubstancia-se em uma espécie de audiência de conciliação em sede administrativa que poderá ocasionar o cancelamento do auto de infração lavrado, sua consolidação (manutenção), sua retificação, majoração, minoração ou manutenção do valor da multa aplicado ou, ainda, o comprometimento de adoção de medidas para a reparação do dano ambiental mediante TCRA – Termo de Compromisso de Recuperação Ambiental. Com a regulamentação do Decreto Legislativo retro citado pela Secretaria do Meio Ambiente através da Resolução SMA nº 48/2014, o Atendimento Ambiental passou a ser procedimento obrigatório a ser realizado após a lavratura de Auto de Infração pelo cometimento de crimes contra o meio ambiente. A partir de então, quando o Autuado recebe a notificação acerca da lavratura de auto de infração pelo cometimento de delito contra o meio ambiente, seja pessoalmente, por Correio mediante Carta Registrada com Aviso de Recebimento – A.R. – ou, quando frustradas as duas alternativas anteriores, através de edital, tudo nos moldes do artigo 6º do Decreto em questão, em dita notificação, devendo constar a data, a hora e o local para ser realizado o Atendimento Ambiental. A Resolução SMA nº 48/2014, em seu artigo 80, elucida o que vem a ser o Atendimento Ambiental e assim dispõe: O Atendimento Ambiental é o momento processual instituído pelo Decreto Estadual nº 60.342, de 04 de Diego Henrique Rossaneis Advogado abril de 2014, onde serão consolidadas as infrações e penalidades cabíveis, impostas por meio do Auto de Infração Ambiental e mediante análise dos fatos descritos pela autoridade autuante, além da propositura de adoção imediata de medidas visando à finalização do procedimento administrativo. Via de regra, conforme aludido no artigo 9º, do Decreto 60.342/2014, "o Atendimento Ambiental será realizado na presença de, no mínimo, 1 (um) representante da Coordenadoria de Fiscalização Ambiental e 1 (um) da Polícia Militar Ambiental", juntamente com o Autuado, acompanhado/ representado, ou não, por procurador devidamente constituído mediante instrumento de procuração. A maneira tal qual será conduzido o Atendimento Ambiental e as implicações jurídicas que o mesmo poderá ocasionar no Auto de Infração lavrado estão descritas entre os incisos I a VI, do artigo 82, da Resolução SMA nº 48/2014, bem como no artigo 8º, do Decreto Lei em questão, que assim dispõe: Artigo 8º – No Atendimento Ambiental serão consolidadas as infrações e as penalidades cabíveis, bem como propostas as medidas para a regularização da atividade objeto da autuação, observadas as circunstân- Revista Canavieiros - Agosto de 2016 29 cias agravantes e atenuantes a que se referem a Lei federal nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, e o Decreto federal nº 6.514, de 22 de julho de 2008, na forma estabelecida em resolução do Secretário do Meio Ambiente. Parágrafo único – A consolidação das infrações e das penalidades a que alude o “caput” deste artigo ocorrerá de forma motivada, após prévia análise do Auto de Infração Ambiental, e não estará vinculada às sanções aplicadas pelo agente autuante, inclusive no tocante ao valor da multa, que poderá ser reduzido, mantido ou majorado, respeitados os limites legais. Importante consignar que, conforme o parágrafo único do artigo retro aludido, a consolidação das infrações e das penalidades aplicadas ao autuado* só pode ser realizada de forma motivada/fundamentada, ou seja, após terem sido analisadas todas as provas eventualmente produzidas pelo autuado em sua defesa. Registre-se ainda, por oportuno, que a penalidade de multa aplicada no Auto de Infração poderá ser reduzida mediante aplicação das atenuantes previstas no artigo 83, da Resolução SMA nº 48/2014, e, mesmo após a consolidação (manutenção) da autuação administrativa, os abatimentos do valor da multa aplicados durante o Atendimento Ambiental serão mantidos, podendo esta ser parcelada em até 12 (doze) vezes. Encerrado o Atendimento Ambiental, o membro da CFA – Coordenadoria de Fiscalização Ambiental –, juntamente com o representante da Polícia Militar Ambiental, de maneira motivada, dará o veredito acerca da autuação administrativa, podendo, em suma, cancelar ou consolidar (manter) o Auto de Infração lavrado. Caso seja mantido o Auto de Infração lavrado, o Autuado terá o prazo de 20 (vinte) dias, contados a partir do primeiro dia útil subsequente à data da intimação da decisão tomada no Atendimento Ambiental, que, via de regra, é realizada no próprio ato, para, querendo, interpor o competente Recurso Administrativo, por força do contido no artigo 13 e seguintes do Decreto nº 60.342/2014. Por fim, é importante consignar que existem duas instâncias administrativas capazes de serem provocadas através de competente Recurso para a revisão da decisão tomada durante o Atendimento Ambiental realizado, conforme contido no artigo 16 e no §1º do artigo 17, ambos do Decreto Legislativo nº 60.342/2014. *Aquele que foi objeto de autuação administrativa por cometimento de infração contra o meio ambiente (queima em geral, supressão de vegetação nativa em APP e/ou Reserva Legal etc.). Diego Henrique Rossaneis Advogado RC Revista Canavieiros - Agosto de 2016 30 Assuntos Legais As Proliferação das Espécies Arbóreas Exóticas Invasoras P rezados leitores, trago-lhes outro assunto de suma importância. Neste mês, vamos falar sobre a proliferação das espécies arbóreas exóticas invasoras. Nos dias de hoje, há uma crescente circulação de espécies arbóreas, saindo de seus ambientes naturais e se dirigindo para outros, e é daí que surgiu a variação nos nomes, EXÓTICA ou INTRODUZIDA. Trata-se de qualquer espécie arbórea vinda de um ambiente diferente do seu natural. Isso ocorre naturalmente com a ação do homem. De acordo com a Convenção sobre Diversidade Biológica, uma espécie invasora é “uma espécie introduzida que avança, sem assistência humana, e ameaça habitats naturais ou seminaturais fora do seu território de origem”. Porém, devemos levar em consideração que, na maioria dos casos, a espécie, quando exótica ou introduzida, gera impactos ambientais, econômicos e sociais (sem levar em consideração a fase de latência: período necessário para que uma espécie, sob determinadas condições, se adapte, passe a reproduzir e a disseminar-se). Por que realizar a introdução de uma espécie arbórea em um ambiente que não é o seu natural? A resposta é simples: fonte de alimento (tamarindeiro), celulose (eucaliptos), Foto 1 - Vista da Essência Arbórea Exótica Leucena madeira (Acácia Negra), tanino e medicamentos, pelo seu uso ornamental etc. Quando a espécie arbórea exótica ou invasora é introduzida em um determinado ambiente, ou pela ação do homem ou da natureza, essa espécie pode afetar seriamente todo o sistema, levando à extinção de espécies nativas (perda da biodiversidade), além de modificar/ descaracterizar a estrutura dos ecossistemas à sua volta, criando um ambiente relativamente homogêneo. Posso suprimir (cortar) Espécies Arbóreas Exóticas ou Invasoras da minha propriedade rural? Desde que a árvore NÃO esteja dentro da faixa de domínio da Área de Preservação Permanente e/ou em sua Reserva Legal instituída ou que não faça parte de um Remanescente Florestal, você pode realizar a supressão da vegetação sem autorização, porém é sempre bom prevenir e realizar o registro fotográfico da árvore, registrando tronco, folhas, frutos e flores, a fim de, caso surja um possível problema, conseguir identificar a espécie que foi suprimida. Caso a árvore exótica ou invasora esteja dentro da Área de Preservação Permanente e/ou Reserva Legal, esta somente deverá ser removida com a devida autorização do órgão ambiental competente. Uma espécie exótica invasora que se prolifera sem algum controle é popularmente conhecida como Leucena (Leucaena leucocephala). Nativa do México e da América Central, foi muito utilizada como fonte de forragem e lenha devido ao seu crescimento rápido, fixadora de nitrogênio e tolerante à seca. É de grande rusticidade das condições adversas do solo - vide foto 01. Atualmente, ocorre na maior parte das áreas tropicais e subtropicais, sendo possível constatar a presença das leucenas principalmente em áreas degradadas e em beiras de estradas. Dentro de áreas de cultivos, formam densos remanescentes em pouco tempo, devido ao seu rápido crescimento e à sua capacidade de multiplicação, que se faz exclusiva- Revista Canavieiros - Agosto de 2016 Fábio de Camargo Soldera engenheiro agrônomo da Canaoeste Foto 2 - Sementeira da Leucena mente por sementes (foto 02), as quais são produzidas em grande quantidade e germinam com muita facilidade, sendo consideradas planta daninha em pastagens. Diante destas características, a sua erradicação é de difícil controle, pois as plantas rebrotam vigorosamente após o corte. Portanto, devemos sempre analisar a espécie da árvore antes de realizar algum plantio, verificando se a árvore é nativa ou exótica invasora, uma vez que determinadas espécies exóticas podem se multiplicar a ponto de se tornarem um problema, destruindo reflorestamento, pastagens etc., e, quando for constatada a existência de espécie exótica invasora em sua propriedade, é necessário bem observar a árvore para ela não virar um problema devido à sua multiplicação descontrolada, realizando, caso necessário, sua erradicação, lembrando que devemos levar em consideração a localização da espécie dentro da propriedade, como informado anteriormente.RC 31 Revista Canavieiros - Agosto de 2016 32 Reportagem de Capa Fornecedor... a alma do negócio canavieiro Mesmo sendo o responsável por 54% da produção de cana-de-açúcar brasileira, muitas vezes, o produtor é tratado como coadjuvante, mas mudanças no segmento devem dar a ele o papel principal novamente Andréia Vital O canto do galo corta o horizonte, anunciando o novo dia, quando se inicia a rotina na vida do engenheiro agrônomo Pedro Carvalho Wiezel. Ou o contrário, quando a noite passa a ser dia, e o trabalho no campo segue pela madrugada afora, acompanhando a colheita da cana-de-açúcar e as diversas etapas que a atividade exige, inclusive as que dão “dor de cabeça”, como quebra de maquinário ou dificuldades com tráfego de caminhões. Produtor de cana-de-açúcar da região de Santa Rosa de Viterbo-SP, o moço de 26 anos faz parte da terceira geração de uma família tradicional na lida com a lavoura canavieira e herdou o apreço pelo campo desde menino, estando à frente do negócio há cinco anos, antes mesmo de terminar a faculdade. “O setor enfrenta muitas dificuldades e a crise funcionou como um pé no freio para muitos produtores, mas os investimentos feitos ao longo do tempo não justificam a transição para ou- tros ramos. Continuamos a apostar na cana-de-açúcar”, afirmou ele, que é o responsável pela produção de 100 mil toneladas da matéria-prima entregue para usinas da região. A realidade do dia a dia do engenheiro agrônomo é bem parecida com a de grande parte de agricultores que têm a cultura como meio de vida. Wiezel faz parte de um contingente de fornecedores que representam cerca de 54% de toda a cana-de-açúcar produzida no Brasil, total que deve chegar a 650,75 milhões de toneladas na safra 16/17, segundo a DATAGRO, fato que mostra a importância do produtor dentro da cadeia canavieira e mesmo no agronegócio brasileiro, já que o setor sucroenergético representou, por exemplo, na safra 14/15, PIB Setorial estimado em US$ 107,72 bi, a geração de 613 mil empregos diretos e a arrecadação de US$ 8,52 bi em impostos agregados, segundo a Markestrat (Centro de Pesquisas e Projetos em Marketing e Estratégia da USP). Revista Canavieiros - Agosto de 2016 Pedro Carvalho Wiezel, engenheiro agrônomo “O papel do produtor de cana-de-açúcar dentro do setor sucroenergético tem uma relevância enorme e isso deve se intensificar em um futuro próximo, já que estamos no início de uma transformação imposta pela escala de produção e o crescimento do segmento, 33 que passou por diversas mudanças nos últimos tempos”, pontua Celso Albano de Carvalho, gestor executivo da ORPLANA. A organização representa 17 mil produtores do Centro-Sul do país, responsáveis por cerca de 71,3 milhões de toneladas na safra atual. Segundo ele, existe um processo de migração das usinas para desempenhar o seu papel meramente industrial e transferir todo seu ativo de produção, no caso a lavoura, para o fornecedor, visando, assim, à maior eficiência no processo. “São Paulo, o principal estado produtor de cana-de-açúcar, enfrentou as alterações ocorridas nos últimos tempos com a implantação da mecanização e novas mudanças devem ocorrer, já que está chegando o fim do prazo para o término das queimadas no estado. Será outro aprendizado que usinas e fornecedores deverão ter, por isso eu vejo a necessidade desta transformação, com cada um fazendo muito bem a sua atividade”, explicou Albano. Marcos Fava Neves, prof. titular da FEA/USP Celso Albano de Carvalho, gestor executivo da ORPLANA Opinião compartilhada com Marcos Fava Neves, prof. titular da FEA/USP. “O mundo caminha para a especialização em relações de contratos entre os elos e agentes da cadeia produtiva, então, na minha leitura, a produção de cana é função do produtor de cana e este produtor de cana é integrado à usina”, afirmou, completando “eu gosto deste modelo, no qual a usina fica mais leve, delega para produtores especializados um alto grau de confiança, de integração, planejamento conjunto e foca nas suas atividades industriais e desenvolvimento de mercado, deixando toda a parte de produção com o fornecedor”, justificou o especialista. Diante das mudanças, a necessidade de uma nova associação É fato que, no mundo globalizado, quem fica parado é atropelado pelas mudanças que chegam em vários setores da vida. A inércia resulta em desaparecimento do mercado até mesmo para empresas já conceituadas. Foi com este propósito - de evitar um fim certeiro - que a Canaoeste (Associação dos Plantadores de Cana do Oeste do Manoel Ortolan, presidente da Canaoeste Estado de São Paulo) entrou em um processo de reestruturação no final de 2015. “É preciso se adequar, evoluir. Se a agricultura está evoluindo, nós, na parte de assistência, temos que evoluir, como ocorreu com as máquinas, com os produtos, e as pessoas também têm que acompanhar essa trajetória. Se a cooperativa, a associação ficar ‘paradona’ no tempo, daqui a pouco estamos fechando a porta. Então, ou nós vamos atender a essa nova demanda que surgiu com as mudanças que vem atravessando o setor ou nós saímos fora”, pontuou o presidente da associação, Manoel Ortolan. produção de cana-de-açúcar e colocar essa cana na esteira da usina, ou vender a sua cana para a usina, e este trabalho está começando através das multinacionais, que têm manifestado interesse em transferir áreas que vinham arrendando de produtores para quem tem vontade, quem tem ambição de crescer, de ter a sua estrutura própria e, para isso, ele precisará ter de 100 mil toneladas para cima”, esclareceu, afirmando que essa prática irrigaria economica e socialmente a região onde ficam as terras, já que, para a atividade, seria preciso a aquisição de maquinários, insumos etc. De acordo com ele, dentro dessa nova postura, o produtor de cana deve ser chamado de produtor integrado de cana. “Quando as multinacionais aportaram aqui, as usinas, geralmente, tinham de 50% a 70% das canas e o restante era completado por produtores, agora isso também vem mudando”, explicou, afirmando que, sem dúvida, o melhor negócio seria a indústria cuidar da indústria e o produtor cuidar da “Não tenha dúvida de que a situação dos pequenos vai passar por mais transformação daqui para a frente. É só pensar no que eram as regiões de Sertãozinho, Ribeirão Preto, Piracicaba, Jaú, há 50, 60 anos, locais tradicionais no cultivo da cana, onde ocorreu uma verdadeira reforma agrária, com a divisão das propriedades com a chegada das novas gerações. Isso mudou o perfil das lavouras, que antes ocupavam fa- Revista Canavieiros - Agosto de 2016 34 Reportagem de Capa zendas de 500 hectares e hoje se limitam a poucos hectares. É o quadro que temos hoje”, lembra. Porém, Ortolan ressalta que isso foi possível até antes da mecanização. “Quando se queimava a cana, era possível para o produtor fazer a safra inteira, mesmo pequena, mas agora mudou muito, ficando praticamente inviável ao produtor pequeno ter mão de obra e atender a todas as legalidades que a atividade exige”, ressaltou, completando que, com a mecanização, a agricultura entra na fase de escala, necessitando ter áreas para viabilizar o seu negócio. “Se não, você vai tocando a vida como muitos estão fazendo hoje, até acabar o seu negócio, pois o trator quebra, você não consegue arrumar ou trocar por um mais novo e vai caminhando assim, e o que vem vindo de encontro a isso são os produtores mais bem preparados, mais bem estruturados, que, com o apoio da própria usina, começam arrendando essas áreas, comprando mais áreas, e o pequeno vai saindo da atividade; é um processo natural, eu acho que não tem outro caminho”, diz o executivo, ressaltando que uma maneira de se manter no negócio é unir forças, formar grupos, consórcio, cooperativas para se trabalhar em conjunto e, com isso, ter escala. “Essa mudança toda afeta a Canaoeste, por isso que a entidade vem fazendo a sua reestruturação, exatamente para fazer frente a essa nova fase. Nós temos que preparar os nossos técnicos para um outro tipo de serviço, não simplesmente o assistencialismo puro e simples. O agrônomo ensinava a pessoa a regular uma plantadora, um pulverizador, a ficar no plantio de cana contando gema para ver se estava bom (sic), são coisas que vão ficando para trás. Com a tecnologia de hoje, o computador que há no trator, nas máquinas faz isso sozinho, então, temos que preparar também os técnicos para uma nova fase, em que, talvez, a nossa principal atuação será na gestão de propriedades, formação de gestores. É pegar esses produtores, ou talvez os filhos, e trabalhar mais essa área, onde há uma boa gestão”, finaliza. Relacionamento com o produtor de cana intensificado As mudanças também podem ser percebidas no relacionamento entre produtores e compradores da matéria-prima, no caso, as usinas. Com este contexto, de estreitar o relacionamento com seus fornecedores, a Raízen, que controla 24 usinas no país, criou o Programa Cultivar, que vem há três anos, contribuindo para a redução de custos, especialização em boas práticas agrícolas e otimização da produtividade e da qualidade da lavoura. O programa foi estruturado em cinco pilares, envolvendo a parte de contribuição de compras, desenvolvimento de fornecedores, reconhecimento de desempenho e linhas de crédito e serviços, proporcionando, assim, conhecimento para os produtores melhorarem sua produção, além das vantagens para adquirirem insumos e equipamentos e conseguirem linhas de crédito diferenciadas. Cerca de 50% da cana movimentada na companhia, prevista nesta safra em torno de 64 milhões de toneladas, é comprada de fornecedores de cana. “Desse total, 74% vêm dos 284 fornecedores que participam do programa Cultivar nesta terceira etapa da iniciativa e representam, em hectares, cerca de 400 mil”, afirma José Carlos Carramate, diretor de negócios agrícolas da Raízen, explicando que existe um mix com grandes e pequenos fornecedores e que o mesmo acontece em relação às etapas da produção, sendo que alguns entregam a cana na esteira e, em outros casos, a usina é responsável por todo o processo ou somente parte dele, como o CCT (Corte, Carregamento e Transporte). O diretor destaca também que treinamentos sobre temas relacionados à área agrícola, gestão empresarial e sustentabilidade, além de convênio com instituições de ensino, como a FGV (Fundação Getúlio Vargas), para curso focado na gestão empresarial de fazendas canavieiras, são os benefícios oferecidos aos fornecedores filiados ao programa. Além disso, todos os anos são incluídas novidades, como a tecnologia GeoCana, que monitora remotamente as plantações dos participantes através do uso de drones, possibilitando, assim, a identificação de falhas na formação dos canaviais, pragas etc. Revista Canavieiros - Agosto de 2016 José Carlos Carramate, diretor de negócios agrícolas da Raízen O processo realizado pelos fornecedores é acompanhado por meio de um RVE (Relatório de Visita Estruturada) e, posteriormente, auditado em relação às questões de sustentabilidade e, segundo o diretor, os fornecedores que alcançam os melhores índices, por exemplo, de produtividade e qualidade da colheita são premiados por sua atuação com viagens internacionais. 35 A parceria passa a ser além do negócio, diz o diretor, gerando satisfação e resultados positivos para ambas as partes, com ganhos de eficiência. Prova disso é que a empresa encerrou o primeiro trimestre da safra 16/17 com um aumento de R$ 471 milhões no EBITDA, ajustado quando comparado ao mesmo período do ano anterior, representando um crescimento de 55%. “Um programa como este é inovador e caracteriza que a operação de relacionamento entre uma indústria de usina de cana e o fornecedor de cana não existe somente através da compra, de um contrato, de uma manifestação comercial. Este programa adiciona muito valor na divisão de conhecimento de valores, no apoio à operação de fornecedores, proporcionando melhores resultados de performance, e isso vale também para os pequenos produtores, que encontram mais dificuldades de acesso ao mercado. Portanto, é uma plataforma de difusão tecnológica e de conhecimento e estamos muito satisfeitos com o resultado”, concluiu. Plantando parcerias Outro item que passa a fazer parte da agenda anual das usinas é o encontro com fornecedores e parceiros da região onde as unidades estão instaladas. Como no caso do Grupo Viralcool, controlador de três usinas no Estado de São Paulo, uma das empresas que aposta nesta iniciativa para fidelizar ainda mais seus fornecedores. Durante evento realizado em junho, em Viradouro-SP, onde fica uma de suas usinas, com a participação de produtores, parceiros e empresários, o presidente do Grupo, Antonio Eduardo Tonielo, ressaltou a importância dos fornecedores e a satisfação em realizar o encontro, que está em sua 4ª edição, momento no qual são pontuadas informações relevantes sobre a usina, sendo também momento de atualização e descontração. “Desta vez contamos com uma palestra do prof. Marcos Fava Neves, que nos deu um norte sobre o agronegócio, este que é um setor que garante reservas para Antonio Eduardo Tonielo, presidente do Grupo Tonielo o nosso país. Os produtos que lidamos, como o amendoim, a soja, o milho, o açúcar e etanol, estão com bom preço, então chegou a hora de o produtor parar de sofrer, tentar pagar as suas contas, pelo menos ter condições melhores”, afirmou Tonielo, que também é presidente da Copercana e do Sicoob Cocred. Na ocasião, Manoel Ortolan, presidente da Canaoeste, também deu seu recado, comentando sobre a reformulação da entidade, iniciativa necessária diante de tantas mudanças no setor sucroenergético e que tem como objetivo melhorar a comunicação e fortalecer a associação para melhor defender os direitos dos fornecedores de cana-de-açúcar. A companhia, que iniciou sua safra em 1986, com aproximadamente 500 funcionários, processando 240 mil toneladas de cana-de-açúcar e 32 milhões de litros de aguardente, hoje, mais de 30 anos depois, conta com 1.843 funcionários, e, tem a previsão de moer, nesta safra, em torno de 2,6 milhões de toneladas de cana, cerca de 10% a mais do que foi processado na temporada passada. Além disso, pretende produzir 3,8 milhões de sacos de açúcar; 80 mil m3 de etanol; 105 mil MW/h de energia e 2 mil toneladas de leveduras. Cerca de 70% da matéria-prima movimentada pela usina vem de 600 fornecedores de cana, muitos deles parceiros de longa data, como Clarindo Dandaro, de Sertãozinho-SP, que fornece para a usina em torno de 4 mil toneladas de cana, há cerca de 30 décadas; João An- Clarindo Dandaro, produtor de Sertãozinho Revista Canavieiros - Agosto de 2016 36 Reportagem de Capa Paulo Fernando Beato Drugovish, produtor em Morro Agudo-SP Marcos Fava Neves, Fábio, Luis Carlos, Valter, Renato, Antonio Eduardo, Renata e Rodrigo Tonielo tonio Geraldo e Dorival Aparecido de Souza, de Viradouro-SP, fornecedores de 1.300 toneladas há 10 anos e Paulo Fernando Beato Drugovish, com propriedade em Morro Agudo-SP, de onde saem em torno de 12 mil toneladas para a usina. Parceiros como Alberto Borges e seus filhos, Marcelo e Alberto Borges Junior, de Sertãozinho-SP, também marcaram presença no evento. Eles arrendam terras em Viradouro e Bebedouro para a Viralcool-SP. Representantes da Copercana, como o diretor Pedro Esrael Bighetti, e da Canaoeste, como o gestor corporativo, Almir Torcato e o engenheiro agrônomo Antônio Leandro Pagotto, também estiveram no encontro. Antonio Eduardo Tonielo, Manoel Ortolan e Pedro Esrael Bighetti Conciliando culturas A vinda de multinacionais para o setor sucroenergético brasileiro causou certo atrito de culturas, inicialmente, fato que, ao longo dos anos, vai ficando cada vez mais distante, já que muitas companhias investiram em programas de relacionamento com os principais atores de suas atividades, os fornecedores de cana. Alberto Borges e seus filhos, Marcelo e Alberto Borges Junior, de Sertãozinho-SP Dorival Aparecido de Souza e João Antonio Geraldo, produtores de Viradouro-SP É o caso da Biosev, controlada pela Louis Dreyfus Company Holdings, que iniciou sua atuação na indústria de açúcar-etanol em 2000, com a aquisição de sua primeira unidade no Brasil, a Cresciumal, em Leme-SP. Atualmente, a companhia tem 11 unidades em operação, localizadas em cinco polos agroindustriais: Ribeirão Preto, Mato Grosso do Sul, Nordeste, Leme e Lagoa da Prata. Anualmente, a Biosev reúne seus fornecedores e parceiros agrícolas para debater questões sobre a empresa e o setor sucroenergético. O primeiro encontro de 2016, aconteceu em junho, em Ribeirão Preto-SP, com a presença de cerca de 300 fornecedores das unidades Santa Elisa, Vale do Rosário, MB e Continental. Na ocasião, o presidente da empresa, Rui Chammas, reforçou a relevância de Revista Canavieiros - Agosto de 2016 Rui Chammas, presidente da Biosev manter um bom relacionamento com todos os elos da cadeia produtiva. “Estamos em uma cadeia; não existe usina sozinha. Somos nós, os fornecedores de cana, os fazendeiros que arrendam a terra, que são nossos parceiros; temos nossos fornecedores de insumos, os nossos colaboradores, pois, se queremos um negócio sustentável que dure, é preciso trabalhar todas as dimensões”, disse o presidente, que apresentou os resultados da empresa e reforçou a importância dos fornecedores e parceiros de cana-de-açúcar para a companhia. Durante 37 Revista Canavieiros - Agosto de 2016 38 Reportagem de Capa o evento, o presidente da DATAGRO, Plínio Nastari, apresentou uma análise do mercado, passando por safra, preços, tecnologia e outros temas relevantes. “Realizamos esse tipo de encontro desde 2010 e ele já está no calendário dos nossos fornecedores e parceiros de cana”, explicou Walter Becker, diretor de Originação da Biosev. “O evento é mais uma oportunidade para reforçarmos nosso relacionamento com todos eles, falar sobre o setor, a empresa e relembrarmos todas as boas histórias desses anos de parceria”, afirma o executivo. Segundo ele, o evento faz parte do programa Mais Cana Biosev, que tem o objetivo de aumentar a produtividade e o relacionamento entre a companhia, os fornecedores e parceiros agrícolas. Entre as ações do Mais Cana, está a transferência de tecnologia agrícola, com palestras técnicas e orientações agronômicas, repasse de cereais, concessão de crédito para renovação dos canaviais, fornecimento de insumos, entre outras iniciativas. Ao todo, a empresa tem cerca de 1.200 fornecedores, que representaram um terço da matéria-prima movimentada pelas suas unidades na safra 15/16, que chegou a 31 milhões de toneladas. A companhia projeta para a próxima safra, a moagem entre 30,5 e 33,5 milhões de toneladas de cana de açúcar; ATR Cana entre 129kg/ton e 133 kg/ ton e ATR Total entre 3,93 milhões de toneladas e 4,46 milhões de toneladas. Os produtores da região de Leme-SP também já tiveram seu evento anual, em Enrico Biancheri, diretor comercial de originação de cana Ricardo Lopes, diretor agrícola da Biosev julho, quando o diretor comercial de originação de cana, Enrico Biancheri, apresentou dados de mercado e os resultados da companhia. “Temos hoje perto de 165 parceiros, que arrendam terra para a gente; perto de 130 fornecedores, chegando à marca, este ano, de quase 900 mil toneladas de cana vinda de fornecimento, ou seja, mais de 40% da cana de Leme vem de fornecedores”, contou o executivo, pontuando que a parceria com os produtores é vital para a companhia. implantação de um Centro de Tecnologia e Inovação, na unidade Santa Elisa, em Sertãozinho-SP. “O local terá como objetivo prospectar e desenvolver soluções de tecnologia, inovação e sustentabilidade para o negócio da cana-de-açúcar, produzindo e disseminando o conhecimento para todas as unidades, contribuindo de forma decisiva para que a Biosev seja líder do setor”, disse. O encontro contou ainda com a palestra Manejo Varietal, apresentada “Queremos trabalhar cada vez mais junto aos nossos fornecedores, apresentando para eles as novas tecnologias que estão sendo utilizadas, os novos varietais, falar das iniciativas que já acontecem na usina e queremos que os fornecedores participem e implementem as iniciativas no seu próprio campo”, afirmou. Walter Becker, diretor de originação da Biosev Já Ricardo Lopes, diretor agrícola da Biosev, falou sobre as prioridades agrícolas, manejo, projetos e melhorias que vêm ocorrendo nas unidades, reforçando a atitude da empresa de levar as inovações aos produtores, citando a Revista Canavieiros - Agosto de 2016 Gustavo Nogueira, gerente de desenvolvimento agrícola da Biosev 39 Revista Canavieiros - Agosto de 2016 40 Reportagem de Capa pelo engenheiro agrônomo e gerente de desenvolvimento agrícola da Biosev, Gustavo Nogueira. “O sucesso de nossa atividade passa pela diversificação varietal”, concluiu o profissional. Diego Hernandez Viel, produtor Carlos Rossolem, fornecedor da Biosev Para os produtores Diego Hernandez Viel e Carlos Rossolem, fornecedores da Biosev na região de Leme-SP, o evento promovido pela empresa é uma prova de que a companhia se preocupa com a atividade em si e com o bom relacionamento entre usinas e fornecedores e creditam à usina o aumento da produtividade de suas lavouras, devido ao apoio recebido. Recuperando o protagonismo “O fornecedor, o produtor de cana, é o elo fundamental de toda a cadeia produtiva que se estrutura no setor sucroenergético, essa que fica cada vez mais complexa, mais sofisticada, mas a base, o fundamento é o produtor, o fornecedor de cana”, destacou o secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Arnaldo Jardim, ao participar do lançamento da terceira etapa do projeto Caminhos da Cana em Ribeirão Preto - SP, uma expedição que roda as regiões canavieiras disseminando as externalidades do setor sucroenergético, alinhando demandas dos produtores locais para propor soluções e melhorar as condições da categoria. Jardim pontua que o fornecedor de cana, diante do cenário atual, ficou restringindo a sua capacidade de ação e de influência e isso teve graves danos para toda a cadeia produtiva. “Nós vivemos um momento em que as associações se enfraqueceram e hoje eu sinto uma retomada da importância das associações; gosto muito do que vejo na ORPLANA, que é uma revitalização da entidade e seu fortalecimento”, diz o secretário, afirmando que, com esse novo perfil, a entidade contribui para ajudar o produtor a voltar a crescer, com avanço na produtividade e melhor gestão de seu negócio. Arnaldo Jardim, secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo Revista Canavieiros - Agosto de 2016 Ênio Fernandes Júnior da CNA Ações e iniciativas através da secretaria, como intensificação da implantação do sistema de MPB (mudas pré-brotadas), foram pontuadas pelo titular da pasta, a favor da recuperação do fornecedor canavieiro. “O produtor tem que recuperar o seu protagonismo dentro da atividade, ter um papel crescente, decisivo, voltar a ter a sua função original, de produtor agrícola, que cuida da sua terra, que forma um conceito sobre a terra e que pode, inclusive, impulsionar o avanço da produtividade. É disso que nós precisamos hoje. O setor sucroenergético depende da recuperação do protagonismo e do papel do plantador de cana”, elucida. A importância do produtor independente de cana-de-açúcar para a recuperação do setor também é reconhecida pela CNA (Confederação Nacional da Agricultura). “Este empresário tem um vínculo histórico com a atividade, com a sua região e com a terra. Ele não investe porque 41 o momento da cadeia de cana-de-açúcar é positivo ou negativo, ele investe por que acredita na terra, ama a sua atividade”, ressaltou o presidente da Comissão Nacional de Cana-de-açúcar da CNA, Ênio Fernandes Júnior. Ele lembra, ainda, que o produtor promove o desenvolvimento local, a distribuição de renda e traz riqueza e prosperidade ao interior do Brasil. “Grandes grupos transnacionais investem em suas atividades, mas repatriam parte dos seus lucros às suas sedes de origens, o que é perfeitamente legítimo. Já o produtor independente de cana-de-açúcar tem sua sede de origem na região de sua produção; este sim é e continuará sendo o principal fator de desenvolvimento do Brasil. Mesmo sem apoio, concorrendo com grupos que têm acesso a recursos financeiros e tecnológicos mais competitivos do que ele, mantém sua persistência, sua resiliência. Esta é a sua principal virtude, para a sorte de sua região e do Brasil”, diz. “O know how dos produtores na atividade canavieira foi essencial, se pensarmos nesta mudança de comando que ocorreu nas usinas, com a entrada de capital estrangeiro, com habilidade com culturas anuais, mas sem facilidade de entender como funciona o sistema de produção de uma cultura semi-perene como é a cana; então, para estes, principalmente do ponto de vista de fornecimento de matéria-prima, o produtor desempenha um papel indiscutivelmen- Mônika Bergamaschi, presidente do Ibisa te importante”, concorda Mônika Bergamaschi, presidente do Ibisa (Instituto Brasileiro para Inovação e Sustentabilidade no Agronegócio) e ex-secretária da Agricultura do estado de São Paulo. Revista Canavieiros - Agosto de 2016 42 Informações Climáticas Chuvas de julho de 2016 & previsões para (final de) agosto até outubro Quadro 1: Chuvas anotadas durante o mês de julho de 2016. Engº Agrônomo Oswaldo Alonso Consultor A média histórica de julho é 21mm e as chuvas de julho de 2015 foram 13mm. Até o final de julho esta região, exceto Descalvado-Ciiagro IAC e Jaboticabal-UnespFCAV, está há 51 dias sem chuvas significativas (acima de 1mm). E m mapas A1-2, para o Estado de São Paulo, as chuvas de julho de 2016 concentraram-se apenas na região Sudoeste e, ainda assim, abaixo das normais climáticas; enquanto que, as de julho de 2015, distribuíram-se de modo decrescente do Sudoeste ao Nordeste do Estado. Os artigos mensais de Informações Climáticas contam com as anotações diárias de chuvas dos escritórios regionais e que são condensados em Viradouro. Estes dados são disponibilizados diariamente no site Canaoeste e, as suas médias mensais e respectivas normais climáticas, são também expostas no Quadro 2. sal de janeiro de 2013 (1.002mm), que foi bem superior à respectiva normal climática (918mm). Nota-se, também, que estas médias mensais de chuvas, ao longo de 2013 e as de 2016, ficaram quase “empatadas”. Observa-se, ainda, que as chuvas de janeiro a julho foram mais expressivas (quase 100mm a mais) que nos anos 2014 a 2016. Os dados do Quadro 2 mostram, no destaque do canto inferior direito, as diferenças observadas entre a média men- No Centro-Sul do Brasil - mapas B12, exceto para o estado de São Paulo, que já foi apresentado e discutido acima, mostra as distribuições das chuvas nos meses desses dois anos. O mapa das chuvas de julho de 2016 indica que em toda área sucroenergética da Região Centro-Sul, as chuvas foram nulas e ficaram ainda abaixo das normais climáticas no Sul, PR e Sudoeste-SP. Já Mapa A1 Mapa A2 Fonte: SOMAR Meteorologia, elaboração Canaoeste Revista Canavieiros - Agosto de 2016 o mapa de julho de 2015 mostrava um gradiente decrescente de chuvas da região Sul para o Centro-Oeste, ressaltando-se as volumosas chuvas observadas no PR e Sul do MS. Para planejamentos próximo-futuros, a Canaoeste resume o prognóstico de consenso entre o Instituto Nacional de Meteorologia e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais para os meses de (final) agosto a outubro de 2016, como descrito a seguir e ilustrado no Mapa 3: • Nestes meses, as temperaturas tendem a ser acima das respectivas normais climáticas em toda Região Centro-Sul do Brasil; • Pelo consenso INMET-CPTEC/ INPE, o início deste período, climatologicamente, considera-se como de estiagem na maior parte das regiões Sudeste e Centro-Oeste. No decorrer deste período, as chuvas poderão apresentar grande variabilidade de distribuição na região Sul do Brasil, o que reduz o grau de previsibilidade para esta região; • Tendo-se como referência o Centro de Cana-IAC, as médias históricas de +de 50 anos de chuvas em Ribeirão Preto e municípios próximos são de 20mm em agosto, de 55mm em setembro e de 125mm em outubro. Análise dos fenômenos El Niño e La Niña: O Oceano Pacífico, na faixa do Equador, está passando por lento período de transição. Depois de um forte El 43 Mapa 3 - Elaboração Canaoeste do Prognóstico de Consenso entre INMET-CPTEC/INPE para (final) agosto a outubro de 2016 Quadro 2:- Chuvas mensais de janeiro a julho, de 2013 a 2016 e as respectivas médias mensais e normais climáticas. Com esta tendência de clima menos chuvoso, os solos só não ficarão com menores níveis de água armazenada, se tiverem cobertura por palhada pós-colheita. Entretanto, como há possibilidade de entradas de massas polares, esta umidade, mesmo que baixa, mas boa condutora de calor (no caso, de frio), os solos não terão calor latente suficiente para contrapor a eventuais períodos com temperaturas mínimas mais acentuadas. OBS: Médias mensais correspondem às médias das chuvas observadas e assinaladas em vermelho; Normais climáticas ou médias históricas, correspondem à média de (+)10 anos dos locais (1 a11). Mapa B1 Mapa B2 Fonte: SOMAR Meteorologia, elaboração Canaoeste Niño no início de 2016, o fenômeno La Niña mostra-se fraco para o próximo período chuvoso brasileiro. De acordo com estudo da Universidade de Columbia, publicado em julho, estamos sob transição ou neutralidade climática e, o fenômeno La Niña, tornar-se-á mais evidente no decorrer de setembro, estendendo-se de meados de verão até abril de 2017. Sua interferência na região Sul do Brasil, entretanto, poderá trazer maiores riscos de estiagem no próximo verão, mas nada que impeça ocorrências de bloqueios atmosféricos e chuvas intensas. Para todo Brasil, os efeitos desse fenômeno serão sentidos durante o próximo período de chuva - primavera e verão. Em todo o país o inverno ainda segue com condições típicas, ou seja, com predomínio de tempo seco e com rápidos eventos de chuvas, associados à passagem de frentes frias. Segundo a SOMAR Meteorologia: 1. Já em agosto e setembro, o fenômeno La Niña se fará sentir, prevendo-se que serão meses com chuvas, no máximo, próximas das normais climáticas regionais. 2. Chuvas, mesmo, a partir de outubro. A Canaoeste relembra ainda que, sob baixas temperaturas, canaviais sob palhada, associadas a períodos com frio mais intensos e longos intervalos de dias secos, poderão apresentar muitas falhas e lento desenvolvimento inicial de soqueiras. Implicações semelhantes poderão ocorrer em plantios de inverno sem irrigação, não uso de estimulantes de brotação ou de proteção contra doenças de solo. De setembro em diante, as áreas já colhidas e canaviais adjacentes colhidos ou a colher ficarão mais expostos a incêndios. Estes prognósticos serão revisados nas edições seguintes da Revista Canavieiros. Fatos climáticos relevantes serão noticiados em www.canaoeste.com.br e www.revistacanavieiros.com.br. Persistindo dúvidas, consultem os técnicos mais próximos ou através do Fale Conosco Canaoeste. RC Revista Canavieiros - Agosto de 2016 44 Novas Tecnologias Michelin começa a fabricar pneus agrícolas no Brasil Multinacional francesa faz aporte de R$ 100 milhões em unidade no Rio de Janeiro, primeira, fora da Europa, a produzir produtos específicos com tecnologia Ultraflex Andréia Vital D esde junho, a unidade da Michelin, no Rio de Janeiro, começou a produção de pneus para a agricultura. A fábrica é a primeira fora da Europa a produzir a linha indicada para todos os segmentos do agronegócio com a tecnologia Ultraflex, que possibilita ao pneu trabalhar sob baixa pressão, compactando menos o solo, obtendo, assim, melhor rendimento, além de preservar o meio ambiente e economizar combustível. As outras unidades voltadas à produção agrícola ficam na Espanha, França e Polônia. "Ao iniciar a fabricação de pneus agrícolas na América do Sul, a Michelin tem o objetivo de contribuir para o desenvolvimento de uma produção agrícola com a preservação máxima do solo”, disse Nour Bouhassoun, presidente da Michelin na América do Sul, à imprensa, durante apresentação da unidade industrial, que recebeu aporte de R$ 100 milhões em adequações para produzir 40 mil pneus por ano, em 20 diferentes dimensões. O valor faz parte de um plano de expansão da multinacional, que já investiu no Brasil, nos últimos cinco anos, 1,5 bilhão de euros. “Acreditamos no potencial do país e confiamos que a crise econômica é passageira, por isso, continuamos a apostar aqui, onde estabelecemos raízes há mais de 35 anos”, disse o executivo. Pneus agrícolas são fabricados na Unidade do Rio de Janeiro lidade e está realizando grandes esforços para a redução da pegada ambiental em suas unidades industriais, como a de Campo Grande, no Rio de Janeiro, uma das maiores que eles têm. “No Brasil, um dos nossos compromissos é reduzir em cerca de 40% nossa pegada ambiental, graças ao aumento em 25% da eficiência em nossos sites industriais até 2020”, explicou. Com a nova linha de produção, a empresa tem como meta consolidar sua liderança no mercado radial, principalmente no Brasil e na América do Sul, onde há a maior demanda de diversos setores do agronegócio. “Hoje, apenas Bouhassoun ressaltou ainda, que a Michelin é comprometida com a sustentabiNour Bouhassoun, presidente da Michelin na América do Sul Emmanuel Ladent, diretor mundial da Divisão Agrícola da empresa Revista Canavieiros - Agosto de 2016 cerca de 6% dos pneus agrícolas vendidos no Brasil são radiais, enquanto que, na Europa, esse número chega a 87%”, afirmou na ocasião, Emmanuel Ladent, diretor mundial da Divisão Agrícola da empresa, pontuando que isso pode mudar, já que a radialização dos pneus agrícolas é uma das principais alavancas de desenvolvimento do setor, oferecendo ao agricultor um produto de alta durabilidade, capaz de reduzir a compactação do solo e gastos com combustível. De acordo com Christian Mendonça, diretor de Comércio e Marketing de Pneus Agrícolas da Michelin América do Sul, a companhia vem ganhando market share, sendo líder no mercado de reposição, detendo 63% da participação e 26% do mercado total. “As máquinas novas não vêm com a tecnologia radial, pois o governo oferece o Finame (financiamento de máquinas e equipamentos) como incentivo para aquisição de máquinas novas, e uma das exigências do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para a liberação do crédito é que 60% desse equipamento tenha conteúdo nacional”, explicou, afirmando que, a partir de agora, com a linha de produção 45 Christian Mendonça, diretor de Comércio e Marketing de Pneus Agrícolas da Michelin América do Sul no Brasil, as fabricantes de máquinas poderão optar pelos pneus radiais. “A Michelin já tem parceria com a CNH (Case e New Holland), John Deere e AGCO (Challenger, Fendt, GSI, Massey Ferguson e Valtra), que usam os pneus radiais em seus equipamentos. Com a fabricação nacional, podemos atender não só o mercado de reposição, mas aumentar a participação do mercado total”, afirmou. Tecnologia avançada Os impactos da última tecnologia da empresa foram tema de estudo realizado pela universidade britânica Harper Adams, que constatou o aumento de produtividade de uma lavoura em 4%, quando todas as máquinas envolvidas na produção têm os pneus radiais comuns substituídos por pneus com a tecnologia Ultraflex IF (Increased Flexion) e VF (Very High Flexion). Os resultados do estudo foram apresentados pelo professor da universidade, Peter Mills, durante a inauguração da linha de produtos específicos para o agronegócio, no Rio de Janeiro. "Se trouxermos este estudo para a realidade brasileira, podemos dizer que um produtor de soja de dois mil hectares consegue uma produtividade média de 3.120 kg/ha (52 sacas/ha). Com este aumento Professor Peter Mills de 4% na sua produtividade, considerando o preço da saca de 60 kg de soja a R$ 80,00, há um ganho real de mais de R$ 320 mil por safra", afirmou Mendonça. Segundo ele, alguns ensaios já foram realizados em Mato Grosso e no interior de São Paulo, a fim de se atestarem os benefícios da tecnologia em solos brasileiros, e novos estudos devem acontecer ainda neste e no próximo ano. Depoimentos de empresas como a usina Ferrari, que usa pneus radiais desde 2010, conseguindo reduzir seus gastos com o produto, em 55%, comprovam que a cadeia canavieira também já vem fazendo uso da radialização. “O setor sucroenergético é muito importante para nós. Hoje fizemos o primeiro faturamento desta fábrica e foi justamente para o segmento", contou ele, afirmando que o lote de pneus agrícolas foi adquirido pela empresa Antoniosi, de Matão-SP. RC Revista Canavieiros - Agosto de 2016 46 Pragas e Doenças Cigarrinha das raízes (Mahanarva fimbriolata) Inimiga da produtividade agrícola e industrial da cana-de-açúcar Antônio Pagotto – Agrônomo da Canaoeste de Viradouro com a coordenação de Alessandra Durigan - Gestora Técnica da Canaoeste A tualmente, as cigarrinhas estão presentes em diversas regiões canavieiras do Brasil, causando danos expressivos à produtividade e à qualidade da matéria-prima. Essa praga tornou-se importante para a cultura da cana-de-açúcar na região Centro-Sul do Brasil devido à expansão das áreas de colheita de cana sem queima, que deixa sobre o solo uma camada de palha que proporciona condições ideais para a sobrevivência das ninfas. Antônio Pagotto, Agrônomo de Viradouro Alessandra Durigan, gestora técnica da Canaoeste Aumentar a produtividade e reduzir custos são prioridades das unidades industriais e do produtor de cana-de-açúcar; nesse cenário, o controle eficiente das cigarrinhas se faz necessário. Pesquisas recentes indicam que a praga pode causar significativas perdas de produção e reduzir a qualidade tecnológica da matéria-prima destinada ao processamento industrial. Várias medidas podem ser tomadas no combate às cigarrinhas: monitoramento das populações no canavial, aprimoramento de novas técnicas de manejo, conhecimento da dinâmica de aplicação de produtos e da tecnologia de aplicação. O clima apresenta grande influência na dinâmica populacional. No período seco, pela ausência de umidade do solo, os ovos ficam em diapausa. Com o início das chuvas, na primavera, pelo aumento da umidade e da temperatura, ocorre a eclosão dos ovos, aumentando o número de indivíduos. Portanto, no período de outubro a março, devemos nos atentar aos levantamentos de campo, com o objetivo de monitorar as populações e ter subsídios (informações) para a tomada de decisão. O ciclo biológico da cigarrinha das raízes apresenta duração média de 60 dias, o que possibilita a presença de, aproximadamente, três gerações da praga a cada safra. Prejuízos econômicos As perdas no campo podem ser altas, de 20% a 60%, sem contar os prejuízos na produção industrial, devido à redução do teor de sacarose da cana. As ninfas causam os maiores danos e vivem cerca de 30 a 40 dias. Perfuram as raízes para sugar água e nutrientes e provocam um desequilíbrio fisiológico na planta, uma vez que essas raízes se deterioram e impedem o fluxo da água e dos nutrientes, ocasionando sintomas típicos como morte de perfilhos, rachadura dos colmos, colmos mais finos e secos, brotações laterais, entre outros. Os adultos injetam toxinas ao sugarem as seivas das folhas e causam necrose dos tecidos, comprometendo todo o processo de fotossíntese da planta. Em situações críticas, de ataque severo, as plantas podem secar por inteiro e o canavial fica com aspecto de queimado. Os canaviais colhidos no final de safra Revista Canavieiros - Agosto de 2016 Canavial com ataque severo de cigarrinhas. Foto: Wilson Novaretti. possuem uma sensibilidade maior à praga, ou seja, poucas ninfas por metro causam danos mais severos. Já os canaviais colhidos no início de safra, por estarem mais desenvolvidos, toleram uma quantidade maior de ninfas por metro e, portanto, os danos serão 47 menores. Segundo Dinardo-Miranda et al. (1999), os danos são severos para a maioria das variedades cultivadas, principalmente nas colheitas de meio e fim de safra. Na cultura de cana-de-açúcar, trabalhos demonstram reduções significativas na produção de colmos e de açúcar total recuperável (ATR) em áreas atacadas por cigarrinhas. Dinardo-Miranda et al. (2001), avaliando a eficiência de inseticidas no controle de cigarrinhas obtiveram redução de 30 ton/ha de colmos e 2,4 ton ATR/ha, em áreas infestadas pelo inseto em relação a áreas não atacadas. Em ensaio semelhante, revelaram perdas da ordem de 14 ton/ha de colmo e 3,7 ton ATR/ha. Os efeitos diretos do ataque do inseto podem ser observados pela redução na produtividade (ton/ha) e pelo prejuízo às características tecnológicas como Brix, Pol e pH (Madaleno et al., 2008). A cigarrinha das raízes pode provocar perdas diretas pelo dano às plantas, como a redução de massa de colmos com consequente aumento na fibra (Mutton & Mutton, 2005). Controle da Praga Diversos tipos de controle têm sido utilizados para reduzir a população de cigarrinhas. Dentre os aplicados, destacam-se o controle biológico, com o uso do fungo Metarhizium anisopliae, e o controle químico com inseticidas. Outras alternativas de controle da praga são: retirada da palha da linha da cana-de-açúcar para a entrelinha ou retirada total do resíduo. A palha protege as ninfas da ação de fatores ambientais que causam dessecação, pois preserva a umidade e reduz a temperatura diurna elevada. Nessa proteção, as ninfas produzem espuma característica, indicando a localização do inseto na área afetada. O monitoramento da cigarrinha das raízes é imprescindível para decidir-se sobre a estratégia de controle, uma vez que a detecção da primeira geração permite alcançar resultados mais eficientes. A eficiência do controle está ligada diretamente aos levantamentos de campo e à agilidade na tomada de decisão. É de extrema importância que as populações sejam detectadas e monitoradas no momento certo; desta forma, os resultados Fonte: R&D Syngenta Insectshow 2016 serão positivos. Quanto maior o período de convivência da praga com a planta, maiores serão os danos em produtividade e qualidade da matéria-prima. populações maiores da mesma, provavelmente porque as plantas estão mais desenvolvidas e com vários entrenós quando do seu ataque. O NDE (nível de dano econômico) dessa praga é considerado de aproximadamente 3 ninfas por metro para canaviais colhidos no final de safra e de 10 a 12 ninfas por metro para aqueles canaviais colhidos no início de safra. Isso porque os canaviais colhidos no início de safra (até julho) suportam A retirada ou afastamento da palha, como método de controle cultural, é uma questão de opção e manejo, mas têm-se observado resultados favoráveis em relação à diminuição das populações, por manter as linhas de cana mais secas, devido à maior incidência dos raios solares e à menor umidade sobre elas. Revista Canavieiros - Agosto de 2016 48 Pragas e Doenças Controle Biológico com o fungo Metarhizium anisopliae O Controle Biológico vem se destacando como método de controle das cigarrinhas em canaviais com baixa infestação por não ser agressivo ao meio ambiente e de menor custo que o controle químico. O fungo Metarhizium anisopliae é um dos mais eficazes controladores biológicos das espécies de cigarrinhas que ocorrem na agricultura. Esse fun- go é produzido em arroz, sob condições excelentes de assepsia, obedecendo a um rigoroso controle de qualidade para garantir grande eficiência de germinação e virulência no campo. O controle biológico tem conseguido excelentes resultados no controle de cigarrinha das raízes quando o fungo é aplicado nas condições ideais para o seu desenvolvimento. Iniciam-se as aplicações com jato dirigido quando o NDE (nível de dano econômico) atingir 1 ninfa por metro linear. Condições ideais para a aplicação: • Tardes nubladas ou à noite; • Umidade relativa maior que 70% e temperatura inferior a 26 °C; • Se líquido (arroz lavado), o volume de calda deve ser: 40 l/há em aplicações aéreas e 200 l/ha em aplicações terrestres; • pH da calda: ácido (ideal entre 5 e 6). O Controle Químico O corte da soqueira, visando ao controle da praga Sphenophorus levis, dependendo da época e do produto utilizado, tem-se mostrado eficiente no controle das primeiras gerações de cigarrinhas. Existem, no mercado, produtos químicos eficazes para o controle da cigarrinha das raízes: Ethiprole, Imidacloprido, Thiametoxam e Thiametoxam+Lambda-Cialotrina. As melhores aplicações são obtidas com o uso de pingentes no sistema 70/30, ou seja, 70% da calda aplicada nas folhas e 30% da mesma aplicada na base (colo) das touceiras, mas também podemos fazer a aplicação dos produtos com uniportes e aviões (área total). Considerações Finais Apesar de os produtores conhecerem essa praga, ainda encontram muitas dificuldades para realizar um controle eficiente. A sua rápida adaptação e proliferação tem causado problemas nas lavouras, comprometendo, muitas vezes, a rentabilidade. O controle de cigarrinhas pode ser realizado utilizando-se métodos físicos, culturais, biológicos e químicos, sendo que o manejo integrado é o mais recomendado. O controle biológico para baixas populações é uma ferramenta segura porque preserva a população de inimigos naturais e reduz os impactos negativos ao meio ambiente. Com o controle químico em situações de altas infestações, será possível conviver com a cigarrinha das raízes, obtendo matéria-prima de qualidade para a indústria sucroalcooleira. Para o controle químico, devemos consultar um engenheiro agrônomo e utilizar apenas produtos com registro no Ministério da Agricultura e Pecuária para a cultura e praga em questão. Lembramos que a Canaoeste possui uma equipe treinada e capacitada para o monitoramento e levantamento de pragas no campo, com o objetivo de melhor atender os produtores associados. Consulte nossa equipe técnica para mais informações e esclarecimentos de dúvidas. Revista Canavieiros - Agosto de 2016 Fonte: R&D Syngenta/Insectshow 2016 Literatura Consultada DINARDO-MIRANDA, L. L.; FIGUEIREDO, P.; LANDELL, M. G. A.; FERREIRA, J. M. G.; CARVALHO, P. A. M. Danos causados pelas cigarrinhas-das-raízes (Mahanarva fimbriolata) a diversos genótipos de cana-de-açúcar. STAB Açúcar, Álcool e Subprodutos, v.17, n.5, p.48-52, 1999. DINARDO-MIRANDA, L. L.; MOSSIM, G. C.; DURIGAN, A. M. P. R.; BARBOSA, V. Controle químico de cigarrinha das raízes em cana-de-açúcar. STAB – Açúcar, Álcool e Subprodutos. Piracicaba, v.19, n.4, p. 20-23, 2001. MADALENO, L. L.; RAVANELI, G. C.; PRESOTTI, L. E.; MUTTON, M. A.; FENANDES, O. A.; MUTTON, M. J. R. Influence of Mahanarva fimbriolata (Stål) (Hemiptera: Cercopidae) injury on the quality of cane juice. Neotropical Entomology, Londrina, v. 37, n. 1, p.68-73, 2008. MUTTON, M. J. R.; MUTTON, M. A. Identificação de perdas de açúcares no setor agrícola. STAB Açúcar, Álcool e Subprodutos, Piracicaba, v. 23, n. 4, p. 42-46, 2005.RC 49 Revista Canavieiros - Agosto de 2016 50 Pragas e Doenças II Avança o manejo biológico do gorgulho-da-cana O Brasil é referência mundial no manejo biológico de pragas da parte aérea da cana-de-açúcar e começa a utilizar fungos e nematóides benéficos para o controle das pragas de solo, como o gorgulho-da-cana Alexandre de Sene Pinto* O gorgulho-da-cana ou bicudo-da-cana (Sphenophorus levis) é uma das principais pragas regionais da cana-de-açúcar. Foi constatado pela primeira vez no Brasil na década de 1970 e, hoje, causa prejuízos em 53 municípios do Estado de São Paulo, além de regiões dos Estados do Paraná, Minas Gerais e Santa Catarina. Esse aumento na distribuição da praga se deve, principalmente, ao descuido no transporte de mudas infestadas de uma região para outra, pois o inseto tem uma baixa taxa de dispersão (até 300m em toda sua vida). Os danos na cultura são causados pelas larvas que se alimentam na base das plantas, devido à construção de galerias à medida que se desenvolvem, causando a morte das touceiras. Em alguns locais do Estado de São Paulo chegam a atingir 50% a 60% de perfilhos, ocasionando perdas de 20 a 30 toneladas de cana-de-açúcar por hectare. As larvas do gorgulho-da-cana podem ser confundidas com outros insetos, especialmente com as do gorgulho-rajado (Metamasius hemipterus), que não tem importância econômica para a cultura. O gorgulho-da-cana tem preferência por solos claros, argilosos e com boa umidade. Parece que a aplicação excessiva de vinhaça aumenta a ocorrência dessa praga, tal como acontece com a broca-da-cana (Diatraea saccharalis). O clima influencia na população do gorgulho, sendo que em todas as fases eles são mais ativos durante os meses quentes e úmidos e diminuem a sua atividade nos meses frios e secos. Ocorrem dois picos da praga durante o ano. Os picos de larvas ocorrem entre os meses de maio e julho e entre novembro e dezembro. Os picos de adultos, entre os meses de outubro e novembro e entre fevereiro e março, sendo esse último o maior deles. O ciclo do gorgulho-da-cana pode variar entre 58 e 307 dias, com média de 173,3 dias (27ºC). Os adultos quase sempre são encontrados abaixo do nível do solo, têm hábito noturno, são pouco ágeis e quando se sentem ameaçados fingem de mortos. As fêmeas põem os seus ovos na base das brotações, podendo ser abaixo ou ao nível do solo. O método de controle mais utilizado no manejo de S. levis é a destruição mecânica das soqueiras no período de plantio (momento da reforma do canavial), procurando-se expor ao máximo as larvas aos seus predadores e ao secamento dos rizomas. Existem alguns inseticidas registrados para o controle do gorgulho-da-cana, sendo eles lambdacialotrina + tiametoxam, Larvas de besouros de solo. A. Migdolus; B. Gorgulho-da-cana, Sphenophorus levis; C. Besouro-rajado, Metamasius hemipterus; D. Coró. Revista Canavieiros - Agosto de 2016 Alexandre de Sene Pinto imidacloprido, alfacipermetrina + fipronil e bifentrina + carbosulfano. Assim como na destruição das soqueiras, esta técnica é utilizada no plantio, procurando-se evitar o ataque da praga na cana-planta. Todos os inseticidas registrados para o gorgulho são bastante tóxicos e pouco seletivos para inimigos naturais, especialmente para formigas predadoras – as mais importantes reguladoras naturais de populações da broca-da-cana e de cigarrinhas. Portanto, o uso destes produtos em cana-soca compromete o equilíbrio do agroecossistema canavieiro e tem causado o aumento das áreas-problema com a broca-da-cana, exigindo maiores cuidados. Flutuação populacional do gorgulho-da-cana no Estado de São Paulo. 51 Ciclo de vida do gorgulho-da-cana (27ºC) Impacto de alguns inseticidas nas populações de formigas predadoras em solo Outro produto registrado é o nematóide entomopatogênico Steinernema puertoricense, com resultados muito bons para o controle do gorgulho e de outras pragas, mas a disponibilidade deste no mercado ainda é bastante limitada. A eficácia do nematóide no controle de larvas do gorgulho é superior a 80%, mas no controle de adultos muitas vezes precisa da associação de inseticidas. Pode ser aplicado junto com tiametoxam. Algumas usinas, junto com o G.bio (Grupo de Pesquisa e Extensão em Controle Biológico, sediado no Centro Universitário Moura Lacerda, em Ribeirão Preto-SP), têm trabalhado, desde 2011, com fungos entomopatogênicos no controle do gorgulho. O fungo Beauveria bassiana sempre foi o mais indicado para o controle do gorgulho-da-cana. A recomendação era a aplicação na forma de pasta do fungo (água + conídios) em iscas de tolete de cana partido ao meio, 150-200 iscas por hectare, com eficácia superior a 90% de controle de adultos, sendo uma prática bastante trabalhosa. Para o controle de adultos que iniciarão a revoada, o uso de B. bassiana aplicado na forma líquida ou granulada (500g conídios por hectare) é bastante eficaz, com controle superior a 80% já após 30 dias da aplicação. Entretanto, para o controle de larvas, o fungo B. bassiana tem mostrado eficácia inferior a 80% até 100 dias após a aplicação, na forma líquida ou granulada (450g por hectare). Por outro lado, o fungo Metarhizium anisopliae, comumente utilizado para o Eficácia de fungos no controle de larvas do gorgulho-da-cana controle de cigarrinhas na cana-de-açúcar, tem mostrado excelentes resultados no controle de larvas de S. levis, quando aplicado com cortador de soqueiras na forma líquida (250g por hectare) ou na forma granulada (450g por hectare). O gorgulho-da-cana, após ser infectado por algum dos fungos, fica inquieto, perde seus movimentos e para de se alimentar, chegando à morte. Quando os insetos são colonizados pelo fungo M. anisopliae, os mesmos ficam duros e uma massa pulverulenta de conídios recobre o seu corpo e ganha uma coloração que varia entre a verde-clara e escura, acinzentada ou esbranquiçada com pontos verdes. No caso de B. bassiana, os insetos ficam cobertos por uma massa esbranquiçada. A escolha dos isolados dos fungos para o controle eficaz do gorgulho-da-cana é bastante importante, visto que cada um é mais adequado para cada região de ocorrência da praga. O manejo de pragas da parte aérea na cultura da cana-de-açúcar é realizado, predominantemente, com produtos biológicos, sendo referência mundial. O mesmo não acontece com as pragas de solo, onde o controle químico é quase exclusivo. Com o avanço das pesquisas com resultados semelhantes aos destacados nesse texto, em pouco tempo será possível manejar todas as pragas de solo de forma biológica, com a aplicação ocasional de inseticidas seletivos aos inimigos naturais constantes nesse agroecossistema. *Engenheiro agrônomo e doutor em Entomologia, tem mais de 300 trabalhos científicos, 15 livros e 30 capítulos no Brasil e no exterior. Ministra mais de 100 palestras por ano pelo mundo. Ganhador de vários prêmios de inovação tecnológica no mundo e consultor no manejo de pragas de várias usinas no Brasil e na Colômbia. Atualmente, é professor do Centro Universitário Moura Lacerda, diretor de P&D e sócio da Bug Agentes Biológicos e diretor e sócio da Occasio. RC Revista Canavieiros - Agosto de 2016 52 Revista Canavieiros - Agosto de 2016 53 Revista Canavieiros - Agosto de 2016 54 Destaque I Curso da STAB debate os conceitos básicos da fisiologia da cana-de-açúcar Especialistas abordaram temas relevantes para ajudar no aumento da produtividade da cultura Andréia Vital “ Cana-de-Açúcar: Fisiologia e Manejo - Prof. João Domingos Rodrigues" foi o tema do curso realizado pela STAB (Sociedade dos Técnicos Açucareiros e Alcooleiros do Brasil) Regional Sul, no dia 13 de julho, em Piracicaba-SP. Na oportunidade, foram debatidos temas ligados à fisiologia vegetal, como o desenvolvimento da cana, a importância da água no crescimento da cultura, fotossíntese, respiração e biorreguladores, entre outros. Profissionais ligados à cadeia canavieira de várias localidades participaram do evento. Variedade, luminosidade, temperatura, umidade, maturadores e nutrientes são fatores que afetam a maturação da cana-de-açúcar, portanto um manejo nutricional adequado é indicado, já que eleva o potencial produtivo da cana, afirmou o prof. dr. da FCA/UNESP Botu- Prof. Dr. Carlos Alexandre Crusciol Dr. João Domingos Rodrigues catu, Carlos Alexandre Crusciol, durante sua palestra. “Tendo em vista o grau de intemperização dos solos brasileiros e a deficiência generalizada de nutrientes e, principalmente, de micronutrientes, a reposição nutricional torna-se prática indispensável para garantir o processo produtivo”, explicou ele, lembrando que o desequilíbrio nutricional nem sempre afeta a produtividade de colmos, mas limita o acúmulo de sacarose. O professor titular em Fisiologia Vegetal, do Depto. de Botânica da IB/ UNESP Botucatu), dr. João Domingos Rodrigues, que deu nome ao curso realizado e foi homenageado no início das atividades do dia, falou sobre biorreguladores em cana-de-açúcar, na ocasião. Segundo ele, para melhorar as respostas da fisiologia da planta, principalmente as relativas à fotossíntese e à produtividade, uma das formas é minimizar o estresse, com utilização de reguladores vegetais ou biorreguladores. Revista Canavieiros - Agosto de 2016 Prof. Dr. Paulo Alexandre Monteiro de Figueiredo Dados apresentados mostraram que na cana, os biorreguladores induzem a formação de novos brotos, estimulam o crescimento radicular e a formação e o crescimento de novos perfilhos, resultando na precocidade de maturação, nos incrementos no teor de sacarose e no aumento de rendimento. "O biorregulador promove o equilíbrio hormonal adequado para a máxima expressão de potencial genético da planta, permitindo que ela reaja de maneira eficiente às condições adversas do clima, produzindo mais", ensina. Já “Fisiologia da Produção da Cana-de-Açúcar” foi o tema da palestra do prof. dr. Paulo Alexandre Monteiro de Figueiredo, da UNESP/Dracena. Segundo ele, é possível conseguir produtividades mais altas na cana, mas existe um conjunto de fatores que leva a este aumento de produtividade. “Conhecendo a fenologia da cana, ou seja, conhecendo a curva de crescimento da planta, para saber em qual momento nós vamos intervir e como vamos intervir”, afirmou. O especialista destacou a importância da fase de estabelecimento neste contexto. “É nesta fase que não pode acontecer a 55 competição com plantas daninhas; é aí que o stand tem que aparecer de forma plena, é nesta fase que as plantas têm que encontrar as condições e os espaçamentos adequados, e assim por diante, então a fase de estabelecimento encontrada por este canavial vai nos indicar a produtividade industrial”, definiu. Lançamento do livro Fisiologia aplicada à cana-de-açúcar José Paulo Stupiello, presidente da STAB Professor Marcos Silveira Bernardes O professor Marcos Silveira Bernardes, da ESALQ/USP (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz – Universidade de São Paulo) falou sobre fotossíntese e modelagem da cana-de-açúcar. “É possível estabelecer uma relação matemática, com parâmetros quantitativos de tolerância, exigência ou resposta de variedades de cana aos tipos e nível de fertilidade de solo”, explicou ele, ao abordar modelos matemáticos que ajudam a entender os processos e a comparação entre a produtividade real e a simulada através de modelo de matemática do solo. Ao apresentar a palestra "Cana na Indústria: Problemas e Soluções", José Paulo Stupiello, presidente da STAB Nacional, abordou os efeitos dos componentes naturais da matéria-prima nos processos industriais, como ácidos orgânicos, polissacarídeos, amido, compostos fenólicos e oligossacarídeos. Segundo ele, alguns problemas que ocorrem durante os processamentos não são solucionados por falta de conhecimento do comportamento dos elementos constituintes da cana. “O conhecimento da fisiologia é fundamental para entender a cana”, concluiu. Na ocasião, também foi feito o lançamento do livro Fisiologia aplicada à cana-de-açúcar, de Paulo R.C. Castro, da ESALQ/USP. O especialista foi mediador dos painéis e também apresentou a palestra “Cana-de-açúcar: relações hídricas e estresse”, ressaltando a relevância do equilíbrio hídrico da planta para sua manutenção e para manter e aumentar a produtividade da cana nas condições tropicais. Raffaella Rossetto, secretária-tesoureira da STAB O evento foi considerado muito positivo pela pesquisadora Raffaella Rossetto, secretária-tesoureira da STAB. “Embora o assunto seja básico, foi abordado pelos diversos palestrantes de uma forma muito aplicada, com as práticas que podem ser feitas para aumentar a fotossíntese e para diminuir as perdas no processo fotossintético. Foi bastante interessante porque não só apresentou toda a parte básica dos conceitos e estudos de fisiologia, como também abordou muito a parte prática e aplicada do que se pode fazer, na prática, para implementar estes conceitos básicos da fisiologia da cana”, afirmou. RC Revista Canavieiros - Agosto de 2016 56 Destaque II VI Expam Exposição Agropecuária da Alta Mogiana Realizada em Ituverava, no interior de São Paulo, a feira vem se consolidando pautada pelas direções do agronegócio nacional Fernanda Clariano O Sindicato Rural de Ituverava promoveu no mês de julho a 6ª Expam (Exposição Agropecuária da Alta Mogiana), um dos maiores eventos voltados ao produtor rural da região. A feira aconteceu no Parque Permanente de Exposições, em Ituverava SP, e contou com exposição e julgamento bovino da raça Nelore, tendo os mais renomados criadores e melhores exemplares da raça, avaliadas em mais de R$ 1 milhão; exposição da raça Senepol e equinos da raça Paint Horse, com prova dos três tambores; feira de touros com a participação e supervisão da ABCZ – Pró – Genética; feira de máquinas, veículos e implementos agrícolas; palestras técnicas; demonstrações de campo e linhas de crédito bancário. Voltada para pecuarista, agricultores, empresários, profissionais da área, representantes de máquinas agrícolas, veículos, estudantes e também para o público geral, a feira agrega todos os segmentos do agronegócio. Nesta edição, o evento reuniu 56 expositores e, em número de animais, foram expostos aproximadamente 330 animais da raça Nelore, 30 da raça Senepol e 35 equinos da raça Paint Horse em posição. Ao menos 25 animais participaram da prova dos três tambores. De acordo com o presidente da feira, Gustavo Ribeiro Rocha Chavaglia, o volume de negócios gerados durante a feira foi na ordem de R$ 3 milhões, superando as expectativas. “É um orgulho estar à frente do Sindicato Rural de Ituverava neste evento, que a cada ano se supera e se mantém fiel ao seu objetivo que é fomentar o desenvolvimento econômico através do agronegócio. O produtor rural vem se recuperando de dois anos climáticos terríveis e isso reflete também na feira junto às empresas de revendas e com isso, tivemos a melhor e maior de todas as edições, nos permitindo um balanço positivo”, ressaltou Chavaglia. Luis Carlos Iamaguti, Sueli Mine, Gustavo Chavaglia, Manoel Ortolan, Almir Torcato e João Maciel Revista Canavieiros - Agosto de 2016 Gustavo Ribeiro Rocha Chavaglia, presidente da feira O presidente da Canaoeste, Manoel Carlos de Azevedo Ortolan, o diretor secretário da Copercana, Pedro Esrael Bighetti, o gestor operacional da Canaoeste, Almir Torcato, o veterinário da Copercana, Gustavo Leal Lopes bem como agrônomos da Copercana e da Canaoeste, prestigiaram a feira. A Canaoeste e a Copercana, com o apoio das empresas Arysta LifeScience e Mosaic, realizaram durante a VI Expam palestras técnicas sobre, manejo de solos para altas produtividades e portfólio Arysta para cana-de-açúcar. O evento reuniu cerca de 120 pessoas (cooperados e agricultores da região) no parque de exposição. RC 57 Revista Canavieiros - Agosto de 2016 58 Destaque III Lei exige motores menos poluentes nas máquinas agrícolas em 2017 Nova regulamentação, que limita emissão, começa a valer a partir de 1º de janeiro do próximo ano O s fabricantes de máquinas agrícolas se antecipam à nova legislação de emissões de poluentes e colocam à disposição do mercado equipamentos mais eficientes e que agridem menos o meio ambiente. Isso para atender à Lei denominada PROCONVE MAR-1 (Máquinas Agrícolas e Rodoviárias - Fase 1), que entra em vigor em 1º de janeiro de 2017 e estabelece, a partir de critérios técnicos, um limite máximo de emissão de poluentes às máquinas agrícolas e de construção (rodoviária) novas, nacionais e importadas com potência igual ou maior de 75 kW. Portanto, equipamentos com essa potência (igual ou maior de 75kW) não poderão emitir mais do que 5,0 g/ kWh de CO (monóxido de carbono), 4,0 g/kWh de HC + NOx (hidrocarbonetos e óxidos de nitrogênio) e 0,3 g/ kWh de MP (material particulado). res. Para os veículos leves e pesados, a fase 1 do programa começou a valer a partir de 1989. A segunda etapa, de acordo com a Resolução CONAMA 433/2011, se inicia com o PROCONVE MAR-1. Similar à norte-americana Tier 3 ou à europeia Stage IIIA, a lei faz parte do PROCONVE (Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores), criado em 1986 pelo CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente), que estabeleceu diretrizes, prazos e padrões legais de emissão para diferentes categorias de veículos automoto- Para atender aos limites da legislação, novas tecnologias devem ser empregadas, tais como: controle eletrônico de injeção; recirculação do gás de escapamento ou EGR (Exhaust Gas Recirculation), em inglês; redução catalítica seletiva ou SCR (Selective Catalityc Reduction), em inglês. De acordo com a ANFAVEA (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), se comparada com motores não certificados ou não regulamentados, a redução da poluição de material particulado da fase MAR-1 pode chegar a 85% e a de NOx (óxidos de nitrogênio) até 75%. Ilustraçlões: Divulgação Anfavea Andréia Vital Empresas engajadas na nova legislação A FPT Industrial, responsável pelos motores à diesel de todos os produtos do Grupo CNH Industrial, já possui uma linha que atende às novas exigências. A companhia é a produtora com maior quantidade de motores homologados em conformidade com a legislação MAR-I no mercado sul-americano. O lançamento oficial do portfólio Tier 3 da empresa foi apresentado na Agrishow deste ano. Marco Aurélio Rangel, presidente da FPT Industrial para a América Latina, afirmando que os outros 19 devem ser homologados até o final do ano. “Levamos para a feira, toda a linha de produtos que já atendem as novas normas de emissões. Dentro do projeto, a FTP desenvolveu 49 motores de todas as famílias de propulsores que são específicos para utilização no mercado agrícola e de construção, sendo que a companhia já conseguiu a validação de 30 motores em conformidade com a nova legislação”, disse Os novos motores menos poluentes da marca já podem ser encontrados na nova linha de colheitadeiras e tratores da CNH Industrial, além de máquinas de construção, geradores e sistemas de irrigação de diversos fabricantes. Como por exemplo, a linha Axial-Flow Série 130, da Case IH, composta pelas colheitadeiras AF4130 e AF5130, que são equipadas com o motor BEF6, e os Segundo o executivo, o processo de desenvolvimento e testes dos motores menos poluentes envolveu mais de 12 meses de trabalho conjunto da equipe de engenheiros do Centro Técnico da FPT e clientes. Revista Canavieiros - Agosto de 2016 Marco Aurélio Rangel, presidente da FPT Industrial para a América Latina modelos AF6130 e AF7130, equipados com o Cursor-9, já homologados para atender à norma PROCONVE/MAR-I no mercado brasileiro. As máquinas da New Holland também têm motores FPT Industrial, como também nos tratores Landforce 59 e Landpower, da Landini, empresa do Grupo Argo Tractors, destinados ao mercado brasileiro. A Jimenez Irrigação, empresa que atua principalmente no mercado nacional de sistemas de bombeamento e geração de energia, como a Stemac, o Grupo Bambozzi e a Lintec também equipam grande parte de seus geradores com os motores da FPT Industrial. Cronograma da nova legislação MAR-1 A fase MAR-1 entrou em vigor de forma escalonada. Para as máquinas de construção lançadas no mercado de potência igual ou superior a 37 kW (50 cv) até 560 kW (761 cv), iniciou-se em 2015. Já para todos os modelos com potência igual ou superior a 19 kW (25 cv) até 560 kW (761 cv), começa a partir de 1º de janeiro de 2017. Para máquinas agrícolas, a legislação começa a valer no dia 1º de janeiro de 2017, para todos os modelos com potência igual ou superior a 75 kW (101 cv) até 560 kW (761 cv), e em 2019, para todos os modelos com potência igual ou superior a 19 kW (25 cv) até 75 kW (101 cv). Brasil tem laboratório de controle de emissões focado em máquinas agrícolas A mudança vem sendo adotada por outras empresas também, como a AGCO, detentora das marcas Massey Ferguson e Valtra, que implantou um laboratório de controle de emissões, dentro de sua planta em Mogi das Cruzes-SP, onde produz motores e tratores. O projeto, o primeiro dentro de uma fábrica de máquinas agrícolas, no Brasil, conta com tecnologia de ponta, proporcionando autonomia para o grupo desenvolver e homologar motores que irão atender aos níveis de emissão MAR-1. A Investe SP, ligada à secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação, foi parceira na implantação do laboratório. Segundo Ricardo Huhtula, diretor da AGCO Power o projeto fomenta a sustentabilidade e diminui a emissão de Óxido de Nitrogênio (NOx) dos motores, colaborando com o meio ambiente através de ações sustentáveis. “O investimento num laboratório deste porte consolida a importância de reflexão sobre o tema e reforça a posição do grupo em contribuir com a evolução do controle de emissões, além de gerar autonomia para a linha de montagem, uma vez que faz o teste e homologa o motor dentro da própria fábrica”, explica Huhtala, que dá mais detalhes sobre o investimento, nesta entrevista exclusiva à Canavieiros. Confira: Revista Canavieiros: No ano passado, a AGCO anunciou o investimento de R$ 35 milhões para a implantação do 1º laboratório de controle de emissões. Este laboratório já está em funcionamento? Ele tem o conceito de prestar serviços a outras empresas ou atenderá somente à demanda do Grupo AGCO? Ricardo Huhtala: As obras foram concluídas recentemente e o laboratório está aguardando a certificação da Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental) para iniciar a operação comercial. O escopo inicial do laboratório é dar suporte aos projetos da AGCO, mas temos capacidade para prestar serviços para terceiros. Revista Canavieiros: A implantação de um laboratório de controle de emissões dentro de uma fábrica de máquinas agrícolas no Brasil é pioneira. Qual a importância deste fato e o que trará de benefícios para o grupo? Huhtala: A AGCO é pioneira neste tipo de trabalho no Brasil, pois outros laboratórios existentes são mais focados na prestação de serviços ou desenvolvimento de motores para ciclos rodoviários. Revista Canavieiros: Quais são as atividades executadas no laboratório? Ele terá capacidade também para realizar testes em diferentes níveis de emissão? Huhtala: A principal atividade está voltada à certificação dos motores AGCO Power, para que estejam de acordo com a legislação brasileira MAR-1, equivalente ao nível europeu Tier 3. Revista Canavieiros: O que muda nos equipamentos para atender aos novos limites de emissões? Esta tecnologia exige maior precisão e controle dos processos e da manutenção? Huhtala: A mudança básica está na estratégia de combustão de cada motor. Cada fabricante escolherá um modelo de tecnologia mais apropriado para redução das emissões de gases, mas, em termos de manutenção e controle, nosso produto não demandará nenhum tipo especial de cuidado. Revista Canavieiros: Com relação ao combustível, é necessária alteração para atender aos limites de emissões? Huhtala: Os produtos da AGCO estão aptos para serem aplicados com Ricardo Huhtala, diretor da AGCO Power o atual diesel S500, não havendo qualquer necessidade de adaptação. Revista Canavieiros: Todos os produtos desenvolvidos pela marca estão adequados para a nova legislação? Huhtala: A partir de 1º de janeiro de 2017, as aplicações acima de 75 kW deverão atender à norma MAR-1. Estamos nos adequando para atender a esta nova certificação. Revista Canavieiros: Qual é a data limite para a compra de um equipamento não certificado? Huhtala: A data limite está voltada somente para a fabricação. Até 31 de dezembro deste ano, ainda poderão ser montadas máquinas com potência acima de 75 kW (não emissionadas), como dito anteriormente. Depois disso, para esta faixa de potência, somente motores que atendam à norma poderão ser fabricados. Revista Canavieiros: Haverá adicional de preço das máquinas em relação aos anteriores? Huhtala: O preço do produto é ligado ao seu valor agregado, devido às novas tecnologias, que exigem altos investimentos em processos de pesquisa e desenvolvimento. Hoje, os empreendedores rurais querem produzir mais, melhor e em menos tempo, com máquinas cada vez mais eficientes e econômicas. RC Revista Canavieiros - Agosto de 2016 60 Destaque IV Sertãozinho (SP) é palco da 191ª reunião do Gerhai Prestes a comemorar 30 anos de fundação, o Gerhai (Grupo de Estudos em Recursos Humanos na Agroindústria) reúne profissionais para mais uma reunião Fernanda Clariano C riado para agregar as unidades produtoras e fortalecer os laços de cooperação e integração por meio da realização de reuniões periódicas e contatos constantes entre os associados, o Gerhai (Grupo de Estudos em Recursos Humanos na Agroindústria) vem proporcionando a troca de informações e experiências em todos os assuntos relacionados a recursos humanos, além da atualização e o desenvolvimento do trabalho em todo o setor agrícola, industrial e administrativo. No mês de julho, o grupo se reuniu no Centro Empresarial Zanini, em Sertãozinho (SP), para sua 191ª reunião. Na abertura, o presidente do Gerhai e gerente de Recursos Humanos da Usina Estiva Bioenergia de Novo Horizonte (SP), Luiz Haroldo Doro, falou sobre a sua satisfação em poder vivenciar todo o crescimento do grupo que em outubro deste ano comemora 30 anos. “Estou há 20 anos no Gerhai e pela quinta vez sou presidente, conheço o histórico e a dificuldade deste grupo que irá comemorar três décadas. Desde a sua fundação temos quase 150 unidades ou mais participando. Hoje, em termos de administração de recursos humanos, este é um dos maiores grupos onde se adquire maior conhecimento, pois todos os participantes trazem alguma informação, experiência que o outro não tem e essa Luiz Haroldo Doro, presidente do Gerhai Reuniões periódicas proporcionam trocas de informações e experiências troca é fundamental. Além da união, as palestras são muito bem organizadas e realmente fazem crescer o RH de qualquer unidade”, afirmou Doro. tivas – Quais os ganhos? Quais as perdas? Quais as oportunidades?” Durante a reunião, a psicóloga da UNESP/Assis e mestranda da FMRP-USP, facilitadora em Programa de Lideranças, Emanoela Toledo, explanou sobre o tema “A Crise e suas perspec- A programação contou ainda com a palestra “A inteligência emocional aplicada no ambiente de trabalho”, ministrada pela consultora em desenvolvimento de pessoas e coaching de alta performance, Sandra Schiavetto. A profissional mostrou algumas estatísticas sobre a necessidade de se cuidar da inteligência emocional e apresentou algumas ferramentas que podem auxiliar de forma simples no dia a dia. De acordo com ela, o índice de adoecimento psíquico é alto e é também uma das causas que mais traz afastamento de trabalho. “Hoje o QI (quociente de inteligência) não é o mais importante e as empresas estão cada vez mais investindo no desenvolvimento de pessoas porque elas Emanoela Toledo, psicóloga da UNESP/Assis e mestranda da FMRP-USP, facilitadora em Programa de Lideranças Sandra Schia vetto, coaching de alta performance Iniciando as atividades do dia, o consultor empresarial e um dos fundadores do Gerhai, José Darciso Rui, apresentou informações atualizadas sobre as negociações coletivas encaminhadas pela UNICA (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), que foi seguida de um bate-papo onde os participantes compartilharam experiências vivenciadas em suas empresas. Revista Canavieiros - Agosto de 2016 61 Fenasucro & Agrocana 2016 entendem também que a inteligência emocional tem um papel fundamental”, disse Sandra. José Darciso Rui, diretor executivo do Gerhai Carlos Casarotto, diretor da Casarotto Desenvolvimento Humano e Organizacional, consultor empresarial, coaching e facilitador em Programa de Lideranças Já o diretor da Casarotto Desenvolvimento Humano e Organizacional, consultor empresarial, coaching e facilitador em Programa de Lideranças, Carlos Casarotto, discorreu o tema: Feedback em 5 passos – formando equipes e gerando resultados. Segundo Casarotto, o feedback mais eficiente é a melhor ferramenta de gestão de pessoas que existe. “Muitos não sabem exatamente como lidar com o feedback que é um processo de melhoria que vem para corrigir os desvios, pois é uma ferramenta efetiva de desenvolvimento de pessoas”, ressaltou Casarotto. O diretor executivo do Gerhai, José Darciso Rui, finalizou a reunião agradecendo a participação dos associados ao Grupo e ao CEISE Br. “O Gerhai só existe há 30 anos porque é formado por companhias que acreditam no potencial da cadeia produtiva da cana-de-açúcar”, concluiu. A Reed Alcântara Machado, organizadora da 24ª Fenasucro & Agrocana (Feira Internacional de Tecnologia Sucroenergética) esteve representada pela coordenadora de marketing Tatiana Rassini, que fez uma rápida apresentação sobre a feira deste ano, além das novidades em tecnologias, terá 200 horas de eventos simultâneos de conteúdo para toda a cadeia produtiva da cana-de-açúcar. Dentre as novidades, o Pato a Jato, carro movido a etanol que faz 400km com 1 litro de etanol. A 24ª Fenasucro acontece de 23 a 26 de agosto, em Sertãozinho (SP). RC Revista Canavieiros - Agosto de 2016 62 Destaque V Programa “+Cana 2ª Onda” é lançado em Guariba (SP) Conduzido por meio da parceria entre o IAC, Socicana e Coplana, o projeto vem ganhando a confiança dos cooperados Fernanda Clariano com informações da assessoria L ançado em março de 2015, o programa “+ Cana, Mais Produtividade no Canavial” é um projeto que visa a redução de custos e o aumento da produtividade de cana-de-açúcar por meio do incentivo à produção de mudas, uma prática que era comum, mas que se perdeu ao longo dos anos, e ao mesmo tempo tenta manter o produtor competitivo na atividade. O projeto vem sendo conduzido por meio da parceria entre o IAC (Instituto Agronômico), a Socicana (Associação dos Fornecedores de Cana de Guariba) e a Coplana (Cooperativa Agroindustrial), que trabalham no sentido de promover o crescimento sustentável e o aprimoramento tecnológico e vem ganhando a confiança dos cooperados. No primeiro passo ou a “1ª onda”, como é chamado, aconteceu a implantação dos Polos Regionais de MPB (mudas pré-brotadas). O programa levou alguns produtores de cana a se tornarem polos de produção de MPBs, e conscientizou o fornecedor quanto à importância de montar viveiros para produzir mudas de qualidade, com sanidade e pureza varietal. Para isso, o produtor contou com o apoio de uma equipe técnica do IAC que forneceu todo o suporte e assistência. O lançamento da “2ª onda” do programa “+ Cana, Mais Produtividade no Canavial” aconteceu no dia 27 de julho no auditório da Socicana, em Guariba (SP). Na ocasião, foram apresentados os resultados técnicos e econômicos da primeira fase do programa. Estiveram presentes produtores de cana, associados e cooperados, convidados, além de diversas lideranças, entre elas, o presidente da Coplana, José Antônio Rossato Junior; o vice-presi- Lançamento da 2ª onda do programa + Cana, Mais Produtividade reuniu produtores de cana, associados e cooperados no auditório da Socicana dente da Coplana e presidente da Socicana, Bruno Rangel Geraldo Martins; o diretor geral do IAC, Sérgio Carbonell; o diretor do Centro de Cana IAC, Marcos Landell; o pesquisador do IAC, Mauro Xavier; o coordenador nacional da RIDESA, Hermann Hoffmann, e o assessor Fábio Pádua, que representou o secretário da Agricultura do Estado de São Paulo, Arnaldo Jardim. graças a parceria entre o IAC, a Socicana e a Coplana, o projeto + Cana está apresentando resultados. O IAC vem ao encontro de preencher a lacuna que é o desenvolvimento de tecnologia, nós somos como entidades, somos difusores, a ponte entre a entidade de pesquisa, no caso o IAC, e o produtor rural que está na base esperando por essa tecnologia”, concluiu Rossato. José Antonio Rossato Junior, presidente da Coplana Bruno Rangel Geraldo, presidente da Socicana e vice-presidente da Coplana Na abertura do evento, o presidente da Coplana, ressaltou a importância do projeto +Cana, que segundo ele é ousado e inovador. “A nossa missão é auxiliar o desenvolvimento sustentável e tecnológico dos cooperados e o projeto “+ Cana, Mais Produtividade no Canavial” é ousado e veio para somar. A quebra de paradigmas, o estar aberto às inovações, à sensibilidade de rever estratégia dentro da propriedade tem que acontecer e O presidente da Socicana e vice-presidente da Coplana destacou a aproximação entre produtor e institutos de pesquisa. “Esse projeto representa um resgate do produtor de cana-de-açúcar a sua atividade. Costumamos dizer que esse projeto foi uma forma de colocar o produtor outra vez em contato com a sua produção, no contato com o desenvolvimento da sua muda para melhoria do Revista Canavieiros - Agosto de 2016 63 seu canavial, para melhoria da sua produtividade e também uma forma de aproximar o produtor aos institutos de pesquisas. Por muito tempo o produtor ficou trancado dentro da sua propriedade e não estava atento às tecnologias que os nossos parceiros, tanto universidades quanto institutos de pesquisas, desenvolvam. Essa é uma forma também de aproximar a academia do produtor de cana”, comentou. Produtores de cana, associados e cooperados, convidados, além de diversas lideranças prestigiaram o evento Sérgio Augusto Morais Carbonell, diretor geral do IAC Para o diretor geral do IAC, Sérgio Augusto Morais Carbonell, o projeto vem coroar todo o trabalho que o Instituto Agronômico tem realizado desde a sua criação em 1987. “O Instituto Agronômico este ano completou 129 anos de trabalhos relacionados à pesquisa agrícola e, projetos como esse, aproximam a geração da tecnologia. A aplicação ou a adoção dele tem tudo a ver com a nossa instituição, que tem um objetivo final importantíssimo, que é melhorar a qualidade de vida dos nossos usuá- rios, que demandam a nossa tecnologia. Esse projeto traduz tudo isso, a geração, a adoção e a aplicação e a melhoria de vida dos nossos agricultores”, afirmou Carbonell, que ainda ressaltou “eu gostaria de agradecer a confiança que a Coplana teve nas tecnologias do IAC e à Socicana em colocar toda a estrutura e organizar os produtores que acreditam nessa tecnologia, que é um modelo novo de plantar e de produzir cana. Isso traz uma grande satisfação ao nosso grupo de pesquisa”. Já o pesquisador e diretor do Centro de Cana IAC, de Ribeirão Preto, Marcos Landell, garantiu que a pesquisa só tem sentido quando adotada. “Estou completando 34 anos de pesquisa no IAC e garanto que não tem sentido desenvolver projetos e pesquisas, publicar trabalhos se isso não é adotado. Nesses últimos dez anos especialmente, tudo o que nós geramos de informação, Procuramos multiplicar nas condições do produtor. Tanto a Coplana quanto a Socicana tiveram a sensibilidade de perceber que havia uma tecnologia ainda nas Área externa Marcos Landell, pesquisador e diretor do Centro de Cana IAC, de Ribeirão Preto prateleiras, com potencial grande de ser levado a seu produtor. Este projeto foi uma proposta corajosa que acabou nos inspirando a tocá-lo em frente e logo tivemos um envolvimento grande da nossa equipe, coordenada pelo colega Mauro Xavier, que se dedicou muito a este projeto e, com isso, passamos a gerar uma série de resultados importantes”, contextualizou Landell. A primeira fase do projeto teve grande aprovação. Produtores dos polos já constituidos, destacaram a realização de viveiros. “Eu planto cana há 30 anos e posso dizer que cresci muito como produtor junto a esse projeto + Cana, sem dúvida vale muito a pena. Eu acho que todos deveriam pensar com carinho nessa empreitada”, Rogério Consoni Bonacorsi, de Ribeirão Preto (SP). “O que me chamou bastante a atenção foi o resgate do conceito de se fazer viveiros, para mim é o ponto alto do projeto. Só tenho a agradecer essa iniciativa fantástica da Coplana e da Socicana junto ao IAC”. Renato Trevizoli, de Jaboticabal (SP). “Quero parabenizar a Coplana, a Socicana e o IAC, por meio do pesquisador Mauro Xavier, pelo apoio e o conhecimento que nos deram nesses meses. É muito importante para o produtor poder produzir uma muda sadia e aumentar sua produtividade. Agradeço a todos os envolvidos neste projeto”, Sérgio Pavani, de José Bonifácio (SP). RC Revista Canavieiros - Agosto de 2016 64 Destaque V Interior paulista sedia seminário sobre controle de pragas da cana-de-açúcar Principal espaço para discussão das pragas incidentes em cana-de-açúcar do país, o 12º Insectshow reuniu mais de 600 profissionais Fernanda Clariano com informações da assessoria R esponsáveis pela maior parte das perdas nos canaviais brasileiros, os nematóides, sphenophorus levis, cigarrinha-das-raízes e a broca-da-cana, tiram o sono de qualquer produtor. O principal evento em discussão e difusão de informações sobre o controle dessas pragas, o Insectshow (Seminário sobre Controle de Pragas de Cana) aconteceu no mês de julho, no Centro de Convenções, em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo e contou com mais de 600 profissionais, dentre eles executivos de usinas, especialistas da área agrícola, pesquisadores, empresas, produtores de cana e agrônomos, que se reuniram para atualização das melhores práticas e procedimentos para o controle das pragas da cana-de-açúcar e conhecer os cases de sucesso observados nas usinas com controle químico, biológico e cultural que garantem a sanidade dos canaviais e, consequentemente, o aumento da produtividade. A 12ª edição do seminário abordou temas de grande relevância, como a influência da retirada (integral ou parcial) da palha dos canaviais mecanizados; o risco de aumento da infestação de Diatraea saccharalis, popularmente conhecida como broca-da-cana-de-açúcar por conta das variações climáticas; gestão avançada de controle de pragas em grandes lavouras; sistemas de pulverização para controle de pragas em cana-de-açúcar; além de novidades por parte dos fabricantes de defensivos agrícolas e outros assuntos. O evento também foi palco para a consolidação de metodologias de controles de pragas e novas técnicas de procedimento que estão levando as empresas a gastarem menos e obterem melhor resultado e o lançamento de produtos como um software desenvolvido por uma multinacional, que promete revolucionar o manejo de pragas e doenças da cana por meio da análise de dados, Dib Nunes, diretor do grupo IDEA e organizador do evento Revista Canavieiros - Agosto de 2016 proporcionando uma visão ilimitada do canavial e de seus lucros. Segundo o diretor do grupo IDEA e organizador do evento, Dib Nunes, houve uma evolução tecnológica muito grande nas empresas no controle de pragas e também de doenças, porém o setor passou por uma crise muito grande e nem todas as empresas puderam aplicar o que está disponível no mercado. “Com a recuperação de preços e com a melhoria de condições nas usinas, a gente já pode perceber que as empresas e os profissionais estão voltando a investir, a se reciclar e a atualizar os seus conhecimentos”. Agrônomos da Copercana e Canaoeste e participaram do seminário 65 Homenagem Durante a abertura do 12º Insectshow, uma homenagem póstuma foi prestada ao nematologista Wilson Roberto Trevisan Novaretti, que faleceu em outubro do ano passado. Participaram da homenagem sua esposa, Ana Novaretti, e sua filha Tânia Purens Novaretti. “Não poderíamos deixar de homenageá-lo. O Novaretti foi um grande pesquisador, possuía uma personalidade marcante, persistente, sempre preocupado em passar conhecimentos a todos, além de fantástico pesquisador. Ele mudou conceitos, nos deu grande Homenagem contribuição no controle de pragas da cana-de-açúcar, era um especialista em controle de nematóides e deixou uma legião de seguidores. Infelizmente se foi precocemente, mas será lembrado por muito tempo”, afirmou Dib Nunes. Alguns dos temas discutidos As perspectivas de novos surtos de Diatraea saccharalis em cana, bem como a influência do clima nas populações da broca-da-cana foram temas discorridos pelo diretor da Consultoria Global Cana, José Francisco Garcia. De acordo com Garcia, a temperatura é um dos fatores abióticos mais importantes para o desenvolvimento de pragas. “Se tivéssemos várias semanas com temperaturas extremamente baixas, a mortalidade de broca-da-cana seria alta, mas isso não acontece no Brasil, pois possui picos variados de temperaturas”. José Francisco Garcia, diretor da Consultoria Global Cana O nematologista e consultor Newton Macedo, em sua explanação sobre “Atualização do manejo e controle de nematóides com rotação de culturas” destacou por que é difícil controlar os nematóides, elencando alguns fatores, dentre eles a difícil detecção do agente, extremamente adaptado ao ambiente; danos facilmente confundidos com deficiências nutricionais e fisiológicas de outras ori- Newton Macedo, nematologista e consultor Consultor Enrico de Beni Arrigoni gens, e deficit hídrico; poucas opções de produtos eficientes; elevados custos dos produtos; práticas de difícil operação, especialmente em soqueira; nematóides não são detectados na indústria. goni ressaltou a falta de recursos humanos, principalmente equipes de campo suficientes para monitoramento; a falta de recursos de equipamentos e insumos para aplicação de métodos de controle; a falta de conhecimento específico em relação às pragas e variáveis que merecem maior atenção; e preocupação maior com redução de custos do que com a redução de perdas ou desperdícios. O consultor Enrico de Beni Arrigoni falou sobre a “Gestão avançada do controle de pragas em grandes lavouras de cana-de-açúcar”, onde pontuou as principais facilidades e dificuldades enfrentadas pelas usinas no controle de pragas, além dos fatores que devem ser lembrados na gestão. Dentre as principais facilidades destacou que existem informações suficientes para tomar decisões corretas na adoção de medidas de monitoramento e controle da maioria das pragas; há no mercado profissionais que conhecem os problemas e apresentam as soluções, além da disponibilidade de métodos de controle para as principais pragas. Como principais dificuldades, Arri- Entre os fatores que devem ser lembrados na gestão, destacou o potencial de reprodução da praga e fator chave de controle; potencial médio da praga de gerar perdas; métodos de monitoramento; critérios de definição de níveis populacionais de controle; métodos de controle disponíveis; custos de monitoramento; custos de controle; elaboração de relatórios de gerenciamento; comparar os resultados obtidos (histórico); focar em áreas sujeitas a maiores perdas para cada praga; definir as alterações manejo e pontos de melhorias (PDCA) e manter banco de dados. RC Revista Canavieiros - Agosto de 2016 66 Destaque VI DATAGRO confirma 650,75 milhões de toneladas na safra 16/17 Deficit mundial de açúcar será de 8.890 milhões de toneladas, diz consultoria Andréia Vital A s usinas do Brasil devem processar 650,75 milhões de toneladas na safra 16/17 estimou o presidente da DATAGRO, Plínio Nastari, no dia 9 de agosto, durante conferência com jornalistas. Deste total, 597.25 da matéria-prima vem do Centro-Sul e 53.50 do Nordeste. Já a produção de açúcar deverá ser de 37.400 milhões de toneladas, sendo 34.100 no CS e 3.3 milhões de toneladas no Nordeste. E o etanol ficará com produção total de 28.036 bilhões de litros, sendo 26.097 produzidos no CS e 1.939 no NE. O presidente da DATAGRO afirmou que as chuvas entre o final de maio e início de junho evitaram maiores perdas, mas não foram suficientes para reverter o quadro dos canaviais a serem colhidos especialmente no terço final da safra. A adversidade climática tem prejudicado também o planejamento das operações de plantio, sendo que muitas usinas recorreram à cana de inverno para compensar o atraso no plantio de cana de 18 meses. “Percebe-se menor renovação do plantio, sendo que o índice de renovação dos canaviais deverá ser mais uma vez baixo, ficando em torno de 10 a 11%”, disse ele, explicando ainda que a falta de investimento em defensivos Plínio Nastari, presidente da DATAGRO aumentou os índices de infestações nos canaviais, principalmente nas lavouras de fornecedores de cana. “Este fato tem impactado a qualidade de cana a ser colhida e a recentemente plantada”, constatou. A condição climática no Centro-Sul do país também foi apontada como um dos fatores para indicar um deficit no mercado mundial de açúcar maior que o esperado, chegando a 8.890 milhões de toneladas na safra 2016/17, que começa em outubro/setembro, contra 7,71 milhões de toneladas divulgadas anteriormente. Além do clima adverso, as incertezas em outras regiões consumidoras e produtoras, como China, Tailândia, Índia e Paquistão também fizeram a consultoria rever seus números. Inclusive, para a safra atual (2015/16), que se encerra em setembro, Nastari apontou deficit maior do que o divulgado anteriormente, chegando a 7,72 milhões de toneladas, contra 6,21 milhões de toneladas da projeção anterior. Sobre o etanol, os dados apresentados mostram que no final da primeira quinzena de julho, os estoques de etanol anidro somaram 1.727 bilhão de li- Revista Canavieiros - Agosto de 2016 tros na região Centro-Sul, um aumento de 17,5% sobre os estoques observados há um ano. Já no caso do etanol hidratado, totalizaram 2,0 bilhões de litros ao final da 1ª quinzena de julho, representando uma queda de 6,5%, em um ano. “Apesar da melhora dos estoques os preços do etanol seguem em alta, mesmo assim, foi mais competitivo do que a gasolina nos estados de São Paulo, Mato Grosso, Minas Gerais e Paraná, na última semana de julho”, disse.RC 67 Revista Canavieiros - Agosto de 2016 68 Safra Acompanhamento da safra 2016/2017 S ão apresentados a seguir os dados obtidos até a segunda quinzena de julho, referentes à safra 2016/2017, em comparação com os da safra 2015/2016, no mesmo período. Na Tabela 1, encontra-se o ATR médio acu- mulado (kg/tonelada) do início da safra até a segunda quinzena de julho desta safra, em comparação com o obtido na 2015/2016, sendo que o ATR da safra 2016/2017 está 3,93 kg acima do obtido na 2015/2016 no mesmo período. Tabela 1 – ATR (kg/t) médio da cana entregue pelos fornecedores de cana da Canaoeste das safras 2015/2016 e 2016/2017 Tabela 2 – Qualidade da cana entregue pelos fornecedores de cana da Canaoeste, até a segunda quinzena de julho, da safra 2015/2016. Thiago de Andrade Silva Gerente de Planejamento, Controle, Topografia e T.I. da Canaoeste O Gráfico 1 contém o comportamento do BRIX do caldo da safra 2016/2017 em comparação com a safra 2015/2016. Tabela 3 – Qualidade da cana entregue pelos fornecedores de cana da Canaoeste, até a segunda quinzena de julho, da safra 2016/2017 O BRIX do caldo da safra 2016/2017 ficou bem acima em relação ao da 2015/2016 durante todo o período, com menor acentuação na segunda quinzena de julho. Na média, o BRIX do caldo obtido nesta safra está 3,3% superior ao da safra 2015/2016. O Gráfico 2 contém o comportamento da POL do caldo na safra 2016/2017 em comparação com a 2015/2016. Gráfico 1 – BRIX do caldo obtido nas safras 2016/2017 e 2015/2016 Pode-se observar que a POL do caldo apresentou o mesmo comportamento do BRIX do caldo, sendo que na média, nesta safra de 2016/2017, a POL do caldo está 3,6% superior à da safra 2015/2016. O Gráfico 3 contém o comportamento da Pureza do caldo na safra 2016/2017 em comparação com a 2015/2016. A Pureza do caldo da safra 2016/2017 está acima da obtida na safra 2015/2016 durante todo o período, com maior acentuação na 2ª quinzena de abril. O Gráfico 4 contém o comportamento da Fibra da cana na safra 2016/2017 As tabelas 2 e 3 contêm detalhes da qualidade tecnológica da matéria-prima nas em comparação com a 2015/2016. safras 2015/2016 e 2016/2017. Revista Canavieiros - Agosto de 2016 69 Gráfico 2 – POL do caldo obtida nas safras 2016/2017 e 2015/2016 A Fibra da cana na safra 2016/2017 ficou acima daquela obtida na 2015/2016 durante todo o período, ficando, na média, 1,1% superior à observada na safra 2015/2016. O Gráfico 5 contém o comportamento da POL da cana na safra 2016/2017 em comparação com a 2015/2016. Gráfico 3 – Pureza do caldo obtida nas safras 2016/2017 e 2015/2016 A POL da cana na safra 2016/2017 ficou muito acima da obtida na 2015/2016 durante todo o período, com menor acentuação no mês de junho e na primeira quinzena de julho, e pouco acima na segunda quinzena de julho, ficando, nesta safra, 3,4% superior à da safra 2015/2016. O Gráfico 6 contém o comportamento do ATR na safra 2016/2017 em comparação com a 2015/2016. Gráfico 4 – Comparativo da fibra da cana O ATR, expresso em kg/t de cana na safra 2016/2017 ficou muito acima do obtido na 2015/2016 durante todo o período apresentando, com menor acentuação no mês de junho, portanto um comportamento semelhante ao da POL da cana, tendo em vista que a mesma participa com 90% do ATR. Na média, o teor de ATR desta safra está 3,1% superior ao da safra anterior. O Gráfico 7 contém o comportamento do volume de precipitação pluviométrica registrado na safra 2016/2017 em comparação com a 2015/2016. A precipitação pluviométrica média observada nos meses de janeiro, março e abril de 2016 ficaram muito abaixo da obtida em 2015, pouco abaixo nos me- Revista Canavieiros - Agosto de 2016 70 Safra Gráfico 5 – POL da cana obtida nas safras 2016/2017 e 2015/2016 ses de fevereiro, maio e julho e muito acima no mês de junho. O Gráfico 8 contém o comportamento da precipitação pluviométrica acumulada por trimestre na safra 2016/2017 em comparação com a 2015/2016. Em 2016, observa-se um volume de chuva muito abaixo no primeiro trimestre, pouco acima no segundo trimestre e pouco abaixo no terceiro trimestre, se comparado aos volumes médios de 2015. Gráfico 6 – ATR obtido nas safras 2016/2017 e 2015/2016 Gráfico 7 – Precipitação pluviométrica (mm de chuva) registrada em 2015 e 2016 Gráfico 8 – Precipitação pluviométrica (mm de chuva) por trimestre, em 2015 e 2016 Revista Canavieiros - Agosto de 2016 Observa-se uma oscilação constante na produtividade, em alguns casos maior e em outros casos menor, em relação à produtividade da safra 2015/2016. Com a estiagem de julho, o teor de ATR continua se mantendo superior, porém com menor diferença em relação ao mesmo período da safra 2015/2016. Nas áreas de abrangência da Canaoeste, observou-se também moderada intensidade de florescimento em algumas regiões. Levando em conta todo o cenário, até a segunda quinzena de julho, o ATR médio ficou 3,93 kg acima do obtido na safra 2015/2016.RC 71 Cultivando a Língua Portuguesa Biblioteca “General Álvaro Tavares Carmo” Fisiologia Aplicada à Cana-de-Açúcar Esta coluna tem a intenção de maneira didática, esclarecer algumas dúvidas a respeito do português. ...bem assim: naturalmente. Alma exposta e coração aberto, porém com filtros. Foi com a maturidade que entendi o que significam filtrarmos pessoas e energias. Uma vez a lição aprendida verifiquei que a água corre límpida e naturalmente no rio do nosso dia a dia. Os pensamentos se edificam e se fortalecem também. O resultado? Bem-estar com a vida, amigo. Tente. Renata Carone Sborgia - Direitos Autorais Reservados Renata Sborgia 1) Maria não gostou do evento. Disse que o pessoal não tinha “nada a haver” com ela. Realmente, não tem nada a ver com ela e com a Língua Portuguesa a escrita errada! O correto é: nada a ver (significa: ter relação com) Ex.: Isto não tem nada a ver comigo. OBS.: Haver: ter ou existir. Ex.: Não temos informações sobre o local contaminado, mas pode haver mais casos. 2) Pedro trabalhou muito para preparar o texto do discurso, “sobre tudo” na argumentação. Pedro precisa se preparar melhor sobretudo na Língua Portuguesa! O correto é: sobretudo (escrita junta) OBS.: Sobre tudo (escrita separada): significa: em relação a tudo, a respeito de todas as coisas. Ex.: Conversamos sobre tudo e sobre todos. 3) O político falou durante três horas “cerca de” seu interessante projeto para a cidade. Desinteressante o projeto com a escrita errada! O correto é: acerca de (significa: a respeito de, sobre) Obs.: Cerca de (escrita separada e sem o A): significa: aproximadamente - distância, quantidade. Ex.: Corremos cerca de dois quilômetros pela praia. Coluna mensal * Advogada, Profa. de Português, Consultora e Revisora, Mestra USP/RP, Especialista em Língua Portuguesa, Pós-Graduada pela FGV/RJ, com MBA em Direito e Gestão Educacional, autora de vários livros como a Gramática Português Sem Segredos (Ed. Madras), em co-autoria. “Este livro é destinado aos produtores de cana-de-açúcar e aos interessados em conhecer o comportamento e o funcionamento da planta em condições de cultivo, para se estabelecer e controlar, com o manejo adequado, o comportamento ideal e a produtividade do canavial de forma racional, sustentável e econômica.” (Trecho extraído do prefácio do livro) Referência: ROBERTO DE CAMARGO E CASTRO, Paulo. STAB: Fisiologia aplicada à Cana-de-Açúcar. Piracicaba: STAB, 2016. Os interessados em conhecer as sugestões de leitura da Revista Canavieiros podem procurar a Biblioteca da Canaoeste. [email protected] www.facebook.com/BibliotecaCanaoeste Fone: (16) 3524-2453 Rua Frederico Ozanan, nº842 Sertãozinho-SP Revista Canavieiros - Agosto de 2016 72 VENDEM-SE - Fazenda São Tomé, lugar denominado Furquilha e Água Amarela, lugar ora denominado São Tomé III, com área total de 45 alqueires e 1.720 braças quadradas, em Rio Verde-GO; - Fazenda São Tomé, lugar denominado São Paulo, com área total de 36 alqueires e 2.270 braças quadradas, em Rio Verde-GO. Tratar com Deusmar Júnior (Patrimônio) pelo telefone (16) 3946-3300, Ramal 2182. VENDE-SE - Trator New Holland TT 4030, 2012 com 3000 horas, traçado. Tratar com Raul César pelos telefones (34) 9 9935- 7184 ou 9 9972-3073 VENDE-SE OU PERMUTA-SE - Fazenda 2.105 hectares, Bonópolis - GO (toda formada) Geo/Car em dia, 1600 hectares próprio para agricultura, plaina, boa de água, 4 km margem GO 443, vários secadores/recepção de grãos (50 km). A região é nova na agricultura (1 milhão de sacas de soja), mas está em plena expansão e é própria para integração lavoura/pecuária. Tratar/fotos com Maria José (16) 9 9776-1763 – Whats (16) 9 8220-9761. VENDEM-SE - Peugeot 207 prata, 2012, única dona, 30.000km completo, com rádio original, modelo 207 XR Sport 1.4; - Golf 2.0, verde, 2000 modelo 2001 completo 80.000 km. Tratar com Stela ou Raony pelos telefones (16) 9 9212-6353 ou 9 9112-3368. VENDEM-SE - Fábrica de ração para grande confinamento de bovinos e/ou de vacas leiteiras, em regular estado de funcionamento, R$ 22.500,00; - Transformador trifásico de 15 kva, R$ 2.200,00; - Forrageira com motor elétrico em bom estado de conservação e funcionamento, R$ 2.000,00. Tratar com Ademar Ferreira de Paula pelo telefone (16) 9 9203-2115 ou [email protected]. VENDE-SE - Fazenda com 348 hectares, sendo 140 hectares em cana-de-açúcar e 208 hectares de mata fechada para reserva ambiental. Preço a combinar. Tratar pelo telefone: (16) 9 9992-1910. VENDEM-SE - 22 hectares de reserva cerrado pronto para averbação, com cadastro ambiental rural, laudo do bioma cerrado, terminando o gel, localização Cajuru – SP, R$ 16.000,00 por hectare; - Sítio de 11,5 alqueire, localização Cajuru-SP/Cássia dos Coqueiros-SP, topografia plaina, montado casa, curral, energia, rica em água, 3 represas, ordenha montada, pronto para pecuária, R$ 1.100,000,00. Tratar com Paulo ou Murilo pelo telefone (16) 9 9139-6207. VENDE-SE - Trator Valmet 85, ID, 1981, motor MWM, R$ 20.000,00. O trator está em Santa Cruz da Esperança - SP, próximo a Cajuru. Tratar com Alex pelo telefone (16) 99136-6858 VENDE-SE - Plantadora de grãos Jumil 2800, 8 linhas, plantio convencional, R$ 6.000,00. Tratar com André pelo telefone (16) 9 9614-4488. VENDEM-SE -Varredura de adubo (08-10-10), excelente qualidade e com menos impurezas, produto + frete, pagamento à vista. Revista Canavieiros - Agosto de 2016 Aplica-se com esparramadeira; - Prédio comercial em área nobre, Av. Independência, Alto da Boa Vista, Ribeirão Preto, alugado para comércio, 700 m² AC, R$ 3.850.000,00, aceito imóveis como permuta. Particular para particular. Descarto corretores. Tratar com Paulo (16) 9 9609-4546 ou 9 9395-1262. VENDE-SE -Ford Ranger, 2010, modelo XL, diesel, cabine dupla, branca em bom estado de conservação e 93.000 km, R$ 46.000,00. Tratar com Gilberto Bonacin pelos telefones: (16) 3954-1633 ou (16) 9 8155-8381. VENDE-SE Silverado 6cc, diesel, preta, ar-condicionado, direção hidráulica, trava elétrica e alarme, acompanha dois jogos de rodas, sendo um aro 20pol e outra aro 15pol. Documentos de 2016 pagos. Tratar com Waldemar ou Ciro, pelos telefones e e-mail (17) 9 8102-1947 ou (17) 9 9143-8385, [email protected] VENDE-SE Apartamento no empreendimento Les Alpes da construtora Copema, em Ribeirão Preto, no bairro Saint Gerárd. Área de 140 m², 3 suítes e 2 vagas na garagem. Tratar pelo telefone (16) 99630-1148 com Tatiana. VENDE-SE Área de mata fechada, três alqueires e uma quarta, Estado de Minas Gerais, entre São Tomás de Aquino e Capetinga, bairro dos Pereiras. Valor a combinar. Tratar Janaína Oliveira Andrade (35) 3543-2007 ou José Antônio Oliveira (35) 99833-8727. VENDE-SE - Trator Valtra BM 110, ano de fabri- 73 Revista Canavieiros - Agosto de 2016 74 cação 2012, com 1.855 horas, seminovo. Tratar com Vandir Júnior pelo telefone (16) 9 9747-7111. VENDEM-SE - Ovinos, liquidação de Plantel, criador há 15 anos: Ovelhas, borregas, filhotes e reprodutores. Tratar com Paulo Geraldo Pimenta, pelos telefones (16) 3818-2410 (escritório) ou (16) 9 8131-5959. VENDE-SE - Colhedora de grãos MF 3640, série 300.000, peneira longa, 1987, revisada para safra 16, bomba injetora com garantia plataforma de soja 14 pés. Valor R$ 27.000,00. Tratar com Antonio Carlos Cussiol, pelo telefone (16) 9 9606-9977. VENDEM-SE - Fazenda com 5.400 hectares, sendo 2.800 hectares plantados em eucaliptos com altitude de 900 metros, localizada em Arcos-MG; - Fazenda com 1.122 hectares, sendo 750 hectares plantados em eucaliptos, localizada em Itapeva-SP; - Fazenda com 664 hectares, sendo 535 hectares plantados em eucaliptos, localizada em Itapeva-SP. Tratar com Arnaldo, pelo telefone (16) 9 9351-1818. VENDEM-SE - Conjunto completo de equipamento para combate a incêndio, R$ 35.000,00; - Patrol - máquina moto niveladora, marca Dresser, modelo 205-c, 1988, revisada, pneus novos, motor novo cummins, em bom estado, R$ 80.000,00; - Caminhão Volks 31260, 2006, com carroceria e carreta reboque Facchini de 2 eixos para cana inteira, em bom estado. Tratar com Marcos Aurélio Pinatti, pelos telefones (17) 3275-3693 ou (17) 9 9123-1061. VENDEM-SE - Sítio de 14 alqueires, com APP e Reserva Legal formadas, excelente para gado (leite e corte) e piscicultura (2 minas com 1 milhão de litros/dia, rio ao fundo e um córrego em um dos lados), em Descalvado/SP; - Caminhonete C-10, ano 71, bom estado de conservação, gasolina. Tratar com Luciano, pelo telefone (19) 9 9828-3088. VENDE-SE Tanque de Expansão de 1.200 litros. Tratar com Milton Garcia Alves, pelos telefones (16) 3761-2078 ou (16) 9 9127-8649. VENDE-SE Terreno de 2.000 metros em excelente localização. Ótimo para chácara. Tratar com Antonio Celso Magro, pelo telefone: (16) 9 9211- 1916. VENDEM-SE - 01 bazuca com capacidade de 6.000 Kg, Maschietto - R$ 5.000,00; - 01 Pá carregadeira, modelo 938 GII, ano 2006, série 0938 GERTB, em bom estado de conservação. R$ 120.000,00; - 01 conjunto de irrigação completo com fertirrigação, filtro de areia e gotejador Uniram Flex 2,31 x 0,70m com +\30 mil metros, sem uso. R$ 52.000,00; - 01 lote grande de aroeira com diversas bitolas e comprimentos, R$ 35.000,00; - 01 Compressor, modelo ACC115, motor 115 HP/84KW, pressão de trabalho 06 BAR, Fad 350 pés cúbicos por minuto, peso 1950 Kg, acoplado com carreta. R$ 95.000,00. Tratar com Furtunato, pelos telefones (16) 3242-8540 – 9 9703-3491 ou [email protected] Prazo a combinar. VENDEM-SE - Trator Valmet ID 65; - Motoniveladora Caterpillar 140H, 2009; - Motoniveladora Caterpillar 12M, 2008; - Adubadeira de disco com controle hidráulico – DMB, 2015. Tratar com Wilson, pelo telefone (17) 9 9739-2000 - Viradouro SP. VENDEM-SE - 01 Corsa Wind 1.0, ano 2002, cor branca, pneus em bom estado, 04 portas álcool; - 01 Perua Kombi, ano 1995, cor branca, motor em bom estado, pneus em bom estado, gasolina; - 01 Caminhão D60, ano 1971, toco, Revista Canavieiros - Agosto de 2016 azul, 04 pneus novos, motor Perkins, em bom estado, com carroceria de madeira, diesel. Tratar com a empresa Limpsert, pelo telefone (16) 3945-9335. VENDE-SE Amarok, com ar-condicionado, direção hidráulica, vidros elétricos, alarme, trava elétrica 2012/2012, cor prata, cabine dupla, 4 portas, diesel. Tratar com Fernando, pelos telefones (14) 9 9677-9396 ou (14) 3441-1722. VENDEM-SE - Fazenda no município de Buritizeiro com área de 715 hectares, toda cercada, 200 ha para desmate, 300 ha formados, 2 córregos e 1 barragem, casa, curral, energia elétrica a 400 metros (aguardando instalação), propriedade a 6 km de Buritizeiro (Rio São Francisco). Valor R$ 4.500.000,00; - Sítio em Buritizeiro com área de 76,68 hectares, formado, casa e curral, energia elétrica, cercada a 18 km de Buritizeiro (Rio São Francisco) valor R$ 250.000,00. Tratar com Sérgio, pelos telefones (16) 9 9323-9643 (Claro), (38) 9 98493140 (Vivo) e (16) 3761-5490. VENDEM-SE -Fazenda localizada no município de São Roque de Minas, com área de 82,7 hectares, contendo: Casa antiga grande, energia elétrica, queijeira, curral coberto, aproximadamente 20.000 pés de café em produção, água por gravidade, 3 cachoeiras dentro da propriedade, vista panorâmica do parque da serra da canastra; - Eliminador de soqueira usado e em bom estado. Tratar com José Antônio (16) 9 9177-0129. VENDEM-SE - Palanques de Aroeira; - Madeiramento, Vigas, Pranchas, Tábuas, Porteiras, Moirões e Costaneiras até 3m. Tratar com Edvaldo, pelos telefones (16) 9 9172-4419 (16) 3954-5934 ou [email protected] VENDEM-SE 10º Grande Encontro sobre 75 VARIEDADES DE CANA-DE-AÇÚCAR Revista Canavieiros - Agosto de 2016 76 - Kombi/09, branca, flex, STD, 9 passageiros, único dono 135.000km, perfeito estado de conservação; - Camioneta Silverado 97/98, prata, banco de couro, diesel, único dono, bom estado de conservação; - F.4000 91/92, prata, segundo dono, MWM, funilaria, pintura e carroceria reformadas, mecânica em ordem. Tratar com Mauro Bueno, pelos telefones (16) 3729-2790 ou (16) 9 8124-1333. PROCURAM-SE Glebas de Cerrado em pé, no Estado de São Paulo, para reposição ambiental. Não pode ser mata. Área total da procura: Cinco mil hectares, podendo ser composta por várias áreas menores. Documentação atualizada, com: CCIR/ CAR/Certificação de (Georreferenciamento), mapa do perímetro da área em KMZ e Autocad/Bioma:/vegetação. Valor por hectare, condição de pagamento e opção de venda. Tratar com Ricardo Pereira, pelo e-mail e telefone – ricardo@fabricacivil. com.br – (16) 9 8121-1298. VENDE-SE Chácara com 2.242 m², na região de Ribeirão Preto, casa com 3 quartos, 1 sala de estar e 1 sala de jantar, cozinha, 1 banheiro interno e 1 externo, área externa com piscina, murada e com pomar. Tratar com Alcides ou Patrícia, pelos telefones (16) 9 9123-5702 ou 9 9631-8879. VENDE-SE Sítio em Cajuru, 3 alqueires formados em pasto, 2 casas, represa e outras benfeitorias. Tratar com Carlos pelo telefone (16) 9 9264-4470. VENDE-SE Sítio com 13 alqueires, localizado na Vicinal Vitor Gaia Puoli - Km 2, em Descalvado-SP, em área de expansão urbana, com nascente, rio, energia elétrica, rede de esgoto e asfalto. Tratar com o proprietário - Gustavo F. Mantovani, pelos telefones: (19) 3583- 4173 e (19) 9 9767-3990. VENDEM-SE - Bomba de alta pressão 3”, saída de 2 adaptada com carrinho e motor acoplado, R$ 2.000,00; - Torre para antena com 25 metros; - Carroceria de ferro de 8 metros para plantio e transporte de cana inteira, marca Galego, 2008; - 2 rolos compactadores para adaptar em escalificador (sem uso) R$ 1.000,00, Civemasa; - 2 pneus seminovos ref, 18-4-38 – 12 lonas Pirelli com 2 rodas seminovas (aro e disco) 18-4-38; - 2 pneus seminovos ref. 14-9-28 – 10 lonas Pirelli com 2 rodas seminovas (aro e disco) 14-9-28; - Propriedade agrícola com 51 alqueires paulista, com 48 alqueires plantado em cana-de-açúcar sendo a maioria de 2º corte, totalmente plana na melhor região de Frutal, próximo a 2.000 metros do bim do Cutrale e 11 km de asfalto e 2 km de terra até a cidade de Frutal-MG, com as devidas benfeitorias e distância de 29 km da Usina Coruripe e 17 km até a Usina Frutal; - Propriedade agrícola de 58 alqueires paulista com 47 alqueires plantados em cana-de-açúcar sendo a maioria de 2º e 3º corte, a 2 km do asfalto ótima localização e excelentes benfeitorias na região de Frutal-MG, com distância de 25 km da Usina Coruripe e 40 km da Usina Cerradão; Em ambas as propriedades aceita-se permuta com áreas maiores ou menores; - Camionete D-10, cabine dupla, ano e modelo 1984, marrom com bege, turbinada, direção hidráulica, em bom estado de conservação. Tratar com Marcus ou Nelson, pelos telefones (17) 3281-5120, (17) 9 81581010 ou (17) 9 8158-0999. VENDE-SE Hilux 2013, prata, cabine dupla, automática, flex, segundo dono. Tratar com Alexandre Moré, pelo telefone (18) 9.9716-4562 VENDEM-SE - S10 tornado, 2009, prata, cabine dupla, diesel 4x4; - D20, 1992, vinho, turbo de fábrica; - D20, 1987, branca e bege, motor Revista Canavieiros - Agosto de 2016 com 1000 km; - Montana Sport, 2012, prata; - F250 XLT, 2003, preta; - Uno 2012, Vivace, preto; - F4000 1989, cinza, carroceria madeira; - Trator MF 50x1973, MB 1313, carroceria truck, 1979, vermelho, motor zerado; - Saveiro 1991, álcool, prata, motor com 1000 km; - Gol 2000, álcool, prata. Tratar com: Diogo (19) 9 92136928, Daniel (19) 9 9208-3676 e Pedro (19) 9 9280-9392. VENDEM-SE - Caminhão VW 26310, ano 2004 - canavieiro 6x4, cana picada - Rodoviária; - Carreta de dois eixos, cana picada – Rondon. Tratar com João, pelos telefones: (17) 3281-1359 ou (17) 9 9736-3118. VENDE-SE Área de mata fechada para reserva ambiental de 64 hectares, Guatapará/ Pradópolis -SP, R$ 33.000,00 o hectare. Tratar pelo telefone: (16) 9 9992-1910. VENDE-SE Gleba de terras sem benfeitorias (30 alqueires), boas águas, arrendamento de cana com Usina ABENGOA (Pirassununga). Localizada no município de Tambaú-SP (Fazenda família Sobreira). Tratar com proprietário, em Ribeirão Preto, pelos telefones: (16) 3630-2281 ou (16) 3635-5440. VENDEM-SE - Transformador trifásico de 15 KWA, preço R$ 2.400,00; - Transformador trifásico de 30 KWA, preço R$ 2.600,00. Tratar com Chico Rodrigues pelos telefones: (16) 9 9247-9056 ou (16) 3947-3725 ou (16) 3947-4414. ALUGA-SE Estrutura de confinamento com capacidade para 650 cabeças com: 1 vagão forrageiro + 1 carreta 4 rodas + 1 carreta 2 rodas, 1 ensiladeira JF90, 1 trator 292 + 1 trator Ford 5610, 1 misturador de ração, 3 silos trincheiras de porte médio, sendo uma grande possibi- 77 lidade de área para produção de silagem com irrigação ao redor de 30 ha, Jaboticabal–SP, a 2 km da cidade. Tratar com Luiz Hamilton Montans, pelo telefone (16) 9 8125-0184. VENDEM-SE - Sítio Arlindo - município de Olímpia, área de 12 alqueires, casa de sede, área de churrasco (100 m²), casa de funcionário reformada, pomar e árvores ao redor da sede, 4 alqueires de mata nativa de médio/grande porte, terras de "bacuri" (indicador de terras muito férteis). Rede elétrica nova, divisa com fazenda Baculerê, distância de 25 Km de Olímpia; - Carreta tipo Been, cor laranja, para 8 toneladas, muito prática e resistente, se auto carrega e descarrega em caminhões. Tempo de descarregamento 23 minutos, trabalha com baixa velocidade na esteira, mas grande eficiência. Tratar com David, pelo telefone: (17) 9 8115-6239. VENDEM-SE ou PERMUTAM-SE - BEZERROS, crias de inseminação artificial, filhos de touros como Wildman THOR (3/4-Alta), GARIMPO Boss (3/4-Alta), CHARMOSO Wildman Tannus (3/4-Alta), IMPERADOR BAXTER (5/8-Alta), AXXOR Avalon (5/8-Alta), Gillette JORDAN (Ho/Semex), Gillette JERRICK (Ho/Semex), Willsey KESWICK (Ho/Semex), STEADY (Ho/Semex), ARISTEU (3/4-Semex), para serem, quando adultos, reprodutores em gados leiteiros. Em caso de PERMUTA, aceitamos novilhas e/ou vacas. Tratar com Marina e Ailton, pelos telefones: (17) 9 9656-3637 e (16) 99134-8033 - Marina (17) 9 9656-2210 – Ailton. VENDEM-SE - Fazenda com 48 alqueirões, no Município de Carneirinho - MG, localizada muito próxima da rodovia asfaltada. Ótimo aproveitamento para plantio de cana, seringueira e/ou pastagens. Preço: R$ 70.000,00/alqueirão; - Imóvel sobradado em Ribeirão Preto - SP, localizado na Av. Plínio de Castro Prado, com salão e WC privativos, saca- da, 03 dormitórios, sendo 01 suíte, armários embutidos, banheiro social, sala, sala de jantar, jardim de inverno, cozinha com armários, área de serviço, quarto com estante em alvenaria, WC, despensa, varanda coberta, ótima área externa. Excelente ponto comercial. Área construída: 270 m². Tratar com Marina e Ailton, pelos telefones: (17) 9 9656-3637 e (16) 99134-8033 - Marina (17) 9 9656-2210 – Ailton. VENDE-SE Destilaria completa com capacidade para 150.000 litros de etanol hidratado por dia. Composta por preparo de cana com picador, nivelador, desfibrador, turbina e esteira de 48”; 4 ternos de moenda 20 x 36 com turbina e 2 planetários TGM; caldeira; destilaria; trocadores de calor; tratamento de caldo e Gerador 2000 KVA, enfim, Destilaria completa a ser realocada. Na última safra obteve uma moagem de aproximadamente 350.000 toneladas. Preço a combinar. Localizada no município de Tambaú-SP. Tratar com Edson, pelos telefones e/ ou e-mail (19) 9 9381-3391 / 9 93813513 / 9 9219-4414, e-mail: edson@ camilloferrari.com.br. VENDEM-SE - Motor de 75CV com bomba KSB 100/6 revisada e sem uso; - Chave de partida ''a óleo"; - Transformador de 75 KVA; - Postes duplos T de cimento; - Chaves de alta, para raios, cabo e etc. Tratar com Francisco, pelo telefone (17) 9 8145-5664. VENDEM-SE ou ARRENDAM-SE - Destilaria de cachaça e álcool, completa, (10.000 litros de cachaça por dia); - Esteira de cana inteira, picador com 22 facas, esteira de cana picada, dois ternos 15x20, esteira de bagaço. Peneira Johnson, cush-cush. Caldeira de 113 m²; - Máquina a vapor de 220 HP (toca os ternos e o picador); - Seis dornas de fermentação de 10.000 litros cada; - Destilaria de bandeja/calota A e B de 600 mm de diâmetro com trocador de calor; - Dois tonéis de madeira amendoim com capacidade de 50.000 litros cada; Valor Total R$ 600.000,00. Estudo troca por imóvel. Localização: Laranjal Paulista. Tratar com Adriano, pelos contatos: [email protected] ou (15) 9 97059901. Veja vídeo em: www.youtube. com/watch?v=_mzWp3PCavA. VENDE-SE Ordenhadeira mecânica completa com 4 unidades, Usinox. Obs: também funciona quando ligada no trator. Tratar com José Augusto, pelo telefone (16) 9 9996-2647. VENDE-SE OU ALUGA-SE Salão medindo 11,00 metros de frente por 42,00 metros de fundo, 462 metros, possui cobertura metálica com 368,10 metros, localizado à Rua Carlos Gomes, 1872, Centro, Sertãozinho-SP. Preço a combinar. Tratar com César pelo telefone (16) 9 9197-7086. VENDEM-SE - Sítio em Cravinhos, área 15 alqueires com 12 de cana-de-açúcar. Sem benfeitoria, 2 km do asfalto; - Imóvel comercial (PRÉDIO), localização: Ribeirão Preto / Av.João Fiusa. Alugado Por R$ 48.000,00, valor R$ 10.000.000,00; - Imóvel Comercial (PRÉDIO), localização: Ribeirão Preto / Centro. Excelente para Agência Bancária área construída: 800m², valor R$ 4.500.000,00; - Casa Condomínio Colina Verde / Ribeirão Preto, área total: 3.500m², área construída: 1.500m², 4 suítes + 1 apto de hospedes anexado a casa, 8 vagas de garagem, valor R$ 5.800.000,00; - Sítio em Dumont, 8 alqueires, beira do asfalto, terra vermelha, sem benfeitoria, área limpa, R$ 1.350.000,00; - Área total de 12 alqueires sendo: 7 alqueires em eucalipto idade 4 anos, 3 alqueires em pasto, curral, pocilga, galinheiro, horta, casa sede com 5 suítes, piscina aquecida, salão de festa completo, 2 casas de caseiro, represa com variedades de peixe, córrego na divi- Revista Canavieiros - Agosto de 2016 78 sa, poço artesiano, localizado no Município de Cajuru-SP, 3 km do asfalto, R$ 2.500.000,00, aceita permuta em Ribeirão Preto-SP, estuda prazo. - Fazenda em Andradina – SP, área total: 508 alqueires, área em cana: 400 alqueires, arrendamento: 47 toneladas por alqueire, pagamento mensal. 10 km da usina Cosan, reserva: 20%, R$ 35.000,00. Tratar com Miguel ou Paulo, pelos telefones (16) 9 9312-1441, (16) 3911-9970 ou (16) 9 9290-0243. VENDEM-SE -Trator 292 MF, traçado, 2007; -Caminhão Mercedes 1113 truck, todo revisado, 73, vermelho. Tratar com Saulo Gomes, pelo telefone (17) 9 9117-0767. VENDEM-SE - Colheitadeira Case A7700, ano 2009, 7700, esteira, motor Cummins M11, Autotrac, máquina utilizada na última safra. Valor: R$ 128.000,00; - Colheitadeira Case A8800, ano 2011, esteira, máquina na colheita de cana funcionando 100%, rolos preenchidos. Valor: R$ 270.000,00; - Colheitadeira Case A7700, ano 2007, série 770678, motor Scania novo, máquina revisada e trabalhando. Valor: R$ 118.000,00; - Colheitadeira Case 8800, ano 2010, motor refeito em julho de 2014, máquina revisada e pronta para trabalhar. Valor: R$ 250.000,00; - Transbordo de 10 toneladas, 2006 e 2007, R$ 20.000,00; - Transbordo de 8,5 toneladas, ano 2002, R$ 15.000,00. 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Tratar com Waldemar pelos telefones: (16) 3042-2008/ 9 9326-0920. Anuncie na Canavieiros (16) 3946-3300 - Ramal: 2208 [email protected] - A Revista Canavieiros não se responsabiliza pelos anúncios constantes em nosso Classificados, que são de responsabilidade exclusiva de cada anunciante. Cabe ao consumidor assegurar-se de que o negócio é idôneo antes de realizar qualquer transação. - A Revista Canavieiros não realiza intermediação das vendas e compras, trocas ou qualquer tipo de transação feita pelos leitores, tratando-se de serviço exclusivamente de disponibilização de mídia para divulgação. A transação é feita diretamente entre as partes interessadas. Revista Canavieiros - Agosto de 2016 79 Revista Canavieiros - Agosto de 2016 80 Revista Canavieiros - Agosto de 2016