Jornal Umbandista Português

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Jornal Umbandista Português
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Jornal Umbandista Português
5600 9101
1 0 0 0 6
Distribuição Gratuita | Setembro | Outubro | 2010 | Nº 006
Barracão de Xangô
O Diamante
Inauguração da nova sede
Em busca da felicidade
Pai Ortiz Belo de Souza
Fundador da Ordem Iniciática dos Portais de Libertação
02 |
Fundamento
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09 | 10 | 2010
Índice
Palavra do Dirigente
Palavra do Dirigente
02
«Palavras de EXÚ»
Histórias da ATUPO
«O Diamante»
02
03
Reportagem
04
«A Escrita Mágica!»
05
Entrevista
06
Pai Ortiz Belo de Souza
«Fundador da Ordem Iniciática dos
Portais de Libertação.»
Umbanda no Mundo
07
«Inauguração da nova sede do
Barracão de Xangô»
07
Uma Lenda
«Orixalá cria o Mundo
Obatalá cria o Homem»
Doutrina de Umbanda
«A Família de Santo»
08
Ponto Cantado
08
«Vou fazer um pedido a Oxalá»
Sem folha não há Orixá
«A Camomila»
08
Saudações a todos!
Tivemos no mês passado uma festa em homenagem a Exu! Fez-me lembrar como estas entidades
ainda hoje, com tanta informação, são mal compreendidas. Mas reparamos que a própria comunidade
umbandista acaba por cometer erros, desde continuarem usando imagens de Exus e Pombas Giras que
provocam ainda mais essa falta de compreensão, filmes no Youtube com giras de “Exus” que mais
parecem verdadeiros filmes de terror ou desfiles de moda...Vamos cultuar a força de nossos queridos
Exus e Pomba Giras na sua essência divina e no que eles têm para nos passar, e não no seu aspecto
exterior! Afinal, a nossa religião trabalha o nosso Ser interior! Deixo um texto que recebi por mail e
escrito por autor desconhecido:
Palavras de EXÚ
“ Muitos dizem para nossos cavalos que Exú precisa de “um agrado” para que possa ajudar e dar
caminho material.
Porque não perguntam a nós, quando estamos incorporados em nossos cavalos?
Como esses que fazem tal afirmação podem saber o que quer ou precisa a entidade do seu irmão
de terreiro?
Nós é que falamos aos nossos cavalos o que precisamos e o que não precisamos, pois esse é um
trabalho entre médium e entidade.
Procuramos nossa evolução para alcançarmos a Luz Maior e para isso precisamos cumprir nossa
tarefa no astral e em terra ,quando trabalhamos com nossos escolhidos.
Permitam, chefes de terreiro, zeladores, comandantes que façamos o que nos foi incumbido, mas
para que isso aconteça, precisamos de médiuns sérios, que nos respeitem e nos deixem trabalhar
dentro das leis que regem a Umbanda!
Precisamos de médiuns inteiros, que não nos usem para falar coisas sem fundamentos ou fiquem a
devanear em nome de Exú.
Cavalos, aquietem seus corpos e suas mentes para que possamos, por seu intermédio, passar as
mensagens e assim realizar nosso verdadeiro trabalho dentro da Umbanda.
Não se preocupem com nomes, que tipo de marafo ou “roupa” que iremos usar, pois isso
acontecerá dentro do tempo correto, mas lembrem-se de sentir no âmago de seus corações a vibração
que emitimos, pois se não souberem a diferença vibratória entre um Exú da lei de Umbanda e um
Kiumba se fazendo passar por um, então ainda não estão preparados para o real e verdadeiro
trabalho.”
Um Exú trabalhando para alcançar a Luz Maior
Pai Cláudio d´Oxalá
Nota aos nossos leitores!
Depois de uma pausa involuntária de
alguns meses, eis-nos de volta com uma
nova imagem, um novo grafismo e cheios
de energia para continuar a divulgar a
nossa querida Umbanda e acreditando que
a partilha do conhecimento é essencial ao
crescimento de todos nós!
Agradecemos a todos os que nos
apoiam nesta nossa caminhada!
Ficha Técnica
Fundamento
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Cláudio Ferreira
Mary Nogueira
Leonel Lusquinhos
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Revisão
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Edição Gráfica e
Fotografia
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Bernardo Cruz
Miguel Faria
Fernando Silva
Contacto
[email protected]
Histórias da A.T.U.P.O.
O Diamante
«Se virmos a felicidade como um diamante, até que ponto a nossa felicidade é
dependente de encontrar um diamante perfeito?»
P
orque será que muitos de nós, quando
questionados pelos nossos queridos guias
quanto àquilo que precisamos, respondemos que
queremos ser felizes? O que é isso da Felicidade,
como podemos ser felizes? Será que felicidade para
mim é o mesmo que para ti ou para ele? Será a felicidade algo que possa ser conquistado, ou, será, por
outro lado, um estado de espírito?
Será que, para sermos felizes, temos que ter
tudo conforme nós queremos ou ambicionamos, ou
será tudo isto uma ilusão e ser feliz é tão simples
quanto viver com tudo aquilo que temos... vitórias,
derrotas, conquistas e perdas, sempre ambicionando ser um pouco melhor, seja no trabalho, família e
amigos, sociedade, etc... Ou, por outro lado, devemos nunca nos contentarmos com aquilo que
temos e sermos ambiciosos?
Há pouco tempo atrás, alguém muito querido, o
nosso amado Pai, o Baiano Pé-de-Vento, disse: “Se
virmos a felicidade como um diamante, até que
ponto a nossa felicidade é dependente de encontrar um diamante perfeito? Porque muitos de nós
passam grande parte da vida em busca do brilho e
perfeição do diamante? Não terá o diamante a
mesma origem que todas as outras pedras? Não
tem ele, em bruto, o mesmo aspecto que as outras
pedras? Já repararam que o diamante só brilha
porque tem uma fonte de luz (neste caso, o Sol)?
Porquê então procurar a perfeição se, muitas vezes,
ela advém do trabalho de outra pessoa? E o brilho,
ele só existe quando tem luz, pois, sem ela, torna-se
baço e sem cor, significando que depende mais
uma vez de terceiros.”
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006
«muitas vezes podemos encontrar o nosso
diamante onde menos esperamos»
“Era uma vez dois rapazes, Moa e Alli, de uma
aldeia distante, em África, terra de grandes
riquezas naturais! Estes dois jovens estavam na
idade de participar do rito de passagem, que os
tornaria “aos olhos da aldeia” em adultos e
capazes de constituir uma família. Eles estavam
bastante entusiasmados, eram jovens guerreiros
que se preparavam para as maiores provas
físicas e adversidades! Chegou por fim o grande
dia e o Xamã disse-lhes que teriam 7 dias, por sua
conta e risco, para procurar e trazer uma
daquelas pedras magníficas que o branco tanto
procurava nas suas terras. Eles sabiam de um
lugar, a quatro dias de viagem, onde poderiam
e n c o n t r a r o “ D i a m a n t e ”, m a s n u n c a
conseguiriam chegar a tempo à aldeia, a não ser
que fosse em corrida, sem tempo para descansar
e caçar. Então, Moa e Alli começaram suas
jornadas, que lhes trariam a hipótese de escolher
uma boa mulher, ter o seu canto, poder caçar
sozinhos e assim poderem constituir e sustentar
uma família. No primeiro dia, andaram muito,
quase não pararam para comer e descansar. A
meio do segundo dia, Alli parou para descansar e
comer alguma coisa. Por sua vez, Moa recusou-se
a parar, queria alcançar a sua “felicidade” o mais
rapidamente possivel, além de que, se
estivessem sempre a parar, nunca conseguiriam
cumprir a tarefa a tempo. Assim, despediu-se do
amigo e continuou. Alli ficou muito triste e
pensativo, pois acreditava que não conseguiria
acabar o ritual com sucesso. No entanto,
precisava alimentar-se para aguentar a
caminhada. Enquanto comia, deliciava-se a olhar
para tudo à sua volta e acreditava que vivia no
sítio mais bonito do mundo, observou umas
plantas muito raras e utilizadas para curar
doenças de pele; viu também umas pedras
brancas bastantes sujas mas que, depois de
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lavadas, ficariam lindas numa fita de couro
pendurada ao pescoço. Então, pegou e guardou
algumas. Continuou a caminhar, parando
sempre que possível para descansar um pouco e
conhecer locais novos, magníficos para caçar,
pois um dia mais tarde poderia vir a precisar.
Moa continuou a sua caminhada sem parar.
Enquanto andava, também comia, já que poderia
fazer as duas coisas ao mesmo tempo e sonhava
com o dia em que traria a pedra para a aldeia e o
ritual ficaria cumprido. Aí, seria muito feliz, pois
poderia ter o que sempre sonhou. No inicio do
terceiro dia, Moa estava, apesar de esgotado,
muito animado, pois faltava muito pouco para
chegar ao local das pedras. No entanto, precisava
de acelerar o passo. Nessa noite, Alli não dormiu,
pois sabia que nunca iria conseguir chegar a
tempo de levar a pedra para a aldeia, apesar de
estar apenas a um pouco mais de metade do
caminho. De manhã, quando o sol nasceu, teve a
certeza de que tinha que voltar para aldeia mas,
apesar de não ter a tarefa cumprida, estava feliz,
pois tinha encontrado locais magníficos, com
fartura de caça e observado coisas que não sabia
existirem na sua linda terra. Talvez ainda não
fosse tempo de casar e viver sozinho e além disso
encontrara uma série de preciosidades, umas
quantas pedras muito bonitas que, depois de
trabalhadas, iriam fazer as delícias das mulheres
da aldeia, um local bem preparado para acolher a
sua familia, onde a caça nunca iria faltar. No
sétimo dia, a aldeia estava em furor, os
preparativos para o ritual estavam quase
prontos, esperando a chegada dos seus dois
guerreiros. Quando o sol já ia alto, viram o Alli
chegar. Trazia alguns animais a tiracolo, para
serem cozinhados para a festa. O Xamã
cumprimentou-o e ele pediu-lhe desculpa pela
decepção que lhe iria causar, mas não tinha
conseguido terminar a busca. Ficaram aguardar
a chegada de Moa, que aconteceu quando a Lua já
ia alta. Este estava bastante cansado, mas vinha
entusiasmado. Quando o Xamã os chamou, toda
a aldeia estava atenta. O Xamã pediu para eles
entregarem as pedras pedidas para o ritual. Moa
retirou algumas, pois, segundo ele, não tinha
bem a certeza de qual se tratava já que eram
todas semelhantes. O Alli disse que não tinha
nada para apresentar, pois não conseguiu chegar
ao local. O Xamã confirmou a entrega do
diamante de Moa e que poderia tomar parte do
rito de passagem. Além disso, perguntou a
ambos o que tinham “ganho” com aquela tarefa.
O Moa falou e chegou à conclusão que nada tinha
ganho a não ser trazer o diamante a tempo para a
aldeia pois nada se interpôs à sua viagem. Então,
o Xamã elogiou a sua persistência e
concentração para alcançar o objectivo. Depois
perguntou a Alli, e ele respondeu que, além de ter
visto locais magníficos para viver, também
conheceu sítios onde a caça abundava e
encontrou plantas curativas, assim como umas
bonitas pedras pelo caminho, que tinha trazido
para as mulheres da aldeia se enfeitarem. O
Xamã riu quando as viu e disse: “ - tu também
podes fazer o ritual, pois cumpriste a tua tarefa!
Estas pedras também são diamantes, embora
não pareçam, pois estão misturadas com outras,
sujas e não trabalhadas! O mais importante,
nesta tarefa, como em tudo na nossa vida, é
conseguir procurar melhorar e ser feliz, sem, no
entanto, deixar de prestar atenção ao que nos
rodeia e dar valor àquilo que já temos, pois
muitas vezes podemos encontrar o nosso
diamante onde menos esperamos, e o brilho e a
perfeição poderão ser alcançados com algum
trabalho e dedicação.”
Assim como nos ensina a história, muitas
vezes perdemos muito tempo e energia à
procura do mais difícil e mais belo, e, quando o
conseguimos alcançar, nem sequer o sabemos
distinguir do restante. Por outro lado, se
prestarmos atenção à nossa volta, podemos
encontrar o nosso diamante ali mesmo,
pertinho, e tudo o que temos de fazer é trabalhálo e lapidá-lo para que ele possa reflectir, em
pleno, a luz do sol. Pois ele só irá brilhar, se tiver
luz para o fazer ficar mais bonito. Sem Sol, é mais
uma pedra, tão comum como todas as outras.
Para o nosso diamante brilhar, depende do nosso
trabalho (lapidar) e do nosso amor (luz) para
que ele se torne uma das coisas mais belas deste
mundo.
Por isso peço-vos:
Olhem em volta, continuem a procurar
melhorar mas sem deixar de ver e apreciar
aquilo que já têm, procurem trabalhar as pedras
do vosso caminho para que elas possam brilhar e
assim reflectir a luz do universo. Não se deixem
cegar pelo brilho do diamante perfeito, sem
pensar no que ele sofreu para chegar até ali;
quantas vezes teve de ser partido, lavado e
trabalhado. Assim é com a felicidade! Não
deixem de procurá-la nunca, mas não se
esqueçam do que já têm para poderem ser felizes
e, que, bem trabalhado (lapidação) e muito
amado (sol) poderá transformar-se no mais
perfeito diamante do universo! M.F.
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Reportagem
N
A Escrita
ligação da escrita com os Deuses e com os seus
rituais. Os faraós eram considerados Deuses
vivos. Acreditava-se que estes governantes eram
filhos directos do Deus Osíris, portanto agiam
como intermediários entre os Deuses e a população Egípcia. Ainda em vida, o Faraó começava a
construir a sua pirâmide, devendo preparar o
túmulo para o seu corpo. Este povo, acreditando
na vida após a morte, utilizava a pirâmide para
guardar, em segurança, o corpo mumificado do
Faraó e os seus tesouros. No sarcófago era colocado também o livro dos mortos, onde constavam
todas as acções positivas que o Faraó fez em vida.
Esta espécie de biografia era importante, pois os
Egípcios acreditavam que Osíris (Deus dos mortos) iria utilizá-la no seu julgamento final. A escrita foi, neste e noutros aspectos, de importância
fundamental para este povo, permitindo a divulgação de ideias e uma comunicação elaborada e
eficaz. Existiam duas formas principais de escrita:
as escritas demóticas (mais simplificadas e usadas para assuntos do quotidiano) e a hieroglífica
(mais complexa e formada por desenhos e símbolos). As outras formas de escrita gravavam textos
mais vulgares; os hieróglifos, tais como as diferentes esculturas e monumentos, aspiravam à eternidade. Os templos, as colunas e os obeliscos Egípcios, são livros abertos para quem os saiba ler. A
Escrita Hieroglífica deriva da composição de duas
palavras gregas – hiero «sagrado», e glyfus «escrita», traduzindo-se livremente como “inscrição
sagrada”. Apenas os sacerdotes, membros da
realeza, altos cargos, e escribas conheciam a arte
de ler e escrever esses sinais "sagrados". Esta
escrita constitui, provavelmente, o mais antigo
sistema organizado de escrita no mundo, e era
vocacionada, principalmente, para inscrições
formais nas paredes de templos e túmulos.
Outra civilização que utilizava a escrita hieroglífica era a civilização Maia. Além de constituir
uma forma de comunicação entre os Maias, a
escrita também tinha um vínculo religioso. Estes
acreditavam que a escrita era um presente dos
deuses e, por isso, deveria ser ensinada a uma
parcela privilegiada da população. De um modo
geral, utilizavam diferentes materiais para o registo de alguma informação, tais como pedras, madeira, papel e cerâmica. O sistema de escrita Maia
(geralmente chamada hieroglífica por uma vaga
semelhança com a escrita do antigo Egipto, com o
qual não se relaciona) era uma combinação de
símbolos fonéticos e ideogramas.
Outro ponto fundamental demonstrativo da
importância da escrita é a história do povo Hebreu
na qual os Dez Mandamentos ou o Decálogo, nome
dado ao conjunto de leis que, segundo a Bíblia,
teriam sido originalmente escritas por Deus em
tábuas de pedra e entregues ao profeta Moisés (as
Tábuas da Lei). Foram várias as civilizações em
que, ao longo da sua história, a escrita representou um papel importante no seu crescimento e
principalmente como meio de ligação ao Divino.
A escrita sagrada dos Druidas – a escrita Rúnica - não se sabe exactamente como surgiu ou como
foi criada; no entanto, existem registos de descobertas arqueológicas que datam de 1.300 a.C. As
descobertas que mais se destacaram abrangem
um período que se estende de 200 a.C até o final da
Idade Média, desde a Islândia até a Roménia, do
Báltico ao Mediterrâneo. Os Druidas dominavam
quase todas as áreas do conhecimento humano.
Cultivavam a música, a poesia, tinham notáveis
conhecimentos de medicina
natural, de fitoterapia, de
agricultura e astronomia, e
possuíam um avançado
sistema filosófico muito
semelhante ao dos neoplatônicos. O povo celta
tinha uma tradição eminentemente oral, não
fazendo uso da escrita
para transmitir seus
conhecimentos fundamentais, embora possuíssem a escrita Rúnica.
As Runas eram identificadas como símbolos sagrados gravados ou talhados em metal, osso, pedra e couro. Mesmo não
usando a escrita para gravar seus conhecimentos,
eles possuíam suficiente sabedoria a ponto de
influenciarem outros povos e assim marcar profundamente a literatura da época, criando uma
espécie de aura de mistério e misticismo que
perdura até hoje.
Também devido a esse facto as Runas - consistindo em símbolos com palavras que os denominam, e sons equivalentes – passaram a ser utilizadas para propósitos mágicos, em jeito de codificação de evocações magísticas, conhecidas apenas
por alguns. As combinações alfanuméricas, devidamente utilizadas, serviam diversos trabalhos,
das curas às maldições. Dentro da perspectiva
mitológico/sagrada, o surgimento das Runas é
atribuído à Odin, a divindade máxima do panteão
nórdico. À semelhança de como muitos xamãs
Apoios
a sua origem, o Homem utilizou a escrita
e o desenho como meio de expressão e
de comunicação para consigo e com os
seus semelhantes. Actos de admiração, valentia,
luta, transformação, caça, louvação... Todos estes
aspectos o Homem transformava em algo visível
para que pudesse cultuar seus actos ou cultuar os
seus Deuses. Através deste tipo de representação,
trocava mensagens, passava ideias e transmitia os
seus desejos, as suas necessidades e os seus temores.
A origem da escrita surgiu assim no início da
nossa caminhada – a pré-história.
Ao longo dos tempos, a escrita foi-se desenvolvendo e transformando mediante o crescimento
de cada povo, de cada ser. A escrita manteve a sua
forma de meio de comunicação e expressão de
conhecimento ao longo dos séculos, pois nos seus
inícios a escrita teve uma conexão com o mágico, o
espiritual, com os Deuses e com o Divino. A escrita
usada pelos sírios, hebreus e persas, surgiu ligada
às necessidades de contabilização dos seus templos. Era uma escrita ideográfica, na qual o objecto
representado expressava uma ideia. Os sumérios
e mais tarde, os babilónicos e os assírios fizeram
uso extensivo da escrita cuneiforme ( foi desenvolvida pelos sumérios e é a designação geral
dada a certos tipos de escrita feitas com auxílio de
objectos em formato de cunha. Fonte: Wikipédia).
Mais tarde, os sacerdotes e escribas começaram a utilizar uma escrita convencional, que não
tinha nenhuma relação com o objecto representado. As convenções eram conhecidas pelos encarregados da linguagem culta, que procuraram
representar os sons da fala humana, isto é, cada
sinal representando um som. Surgia assim a escrita fonética, que pelo menos no segundo milénio
a.C., já era utilizada nos registos de textos religiosos e rituais mágicos.
A civilização Egípcia teve um grande poder na
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Mágica
A Escrita Mágica na Umbanda
O ponto riscado
O ponto riscado possui grande significado na
liturgia Umbandista. O seu significado expande-se
além das suas propriedades magísticas, na sua
consagração há muito como “escrita mágica
sagrada simbólica” (Saraceni, R.)
Os pontos riscados, como símbolos magísticos, podem também evocar sinais expressos
numa representação orientada para um determinado propósito ou para a própria trajectória
humana, sendo muitas vezes usada a pemba*,
pelos guias, por para poder riscar os seus pontos
ou símbolos espirituais. São espaços cuja função é
dada e orientada pela entidade. É também através
do ponto riscado que os Caboclos, Pretos-Velhos
ou Exus contam a sua história, a sua origem e
passagens do mundo material e astral, e também
no qual manifestam a sua identidade, diferenciada das demais, sendo o próprio estandarte da
entidade.
cachaça), fundanga (pólvora) etc. Também é utilizado somente o gesto, sem matéria adicional, na
intenção pretendida.
Muitos dos símbolos sagrados são do conhecimento comum, como a Cruz, a Estrela de David ou
de seis pontas, que os Umbandistas reconhecem
como a estrela do equilíbrio, na força da justiça de
Deus incorporada no Orixá Xangô, entre outros.
Outros desses símbolos mágicos, activados no
plano material, são desconhecidos e ainda carecem de classificação. No seio da comunidade
Umbandista, as divergências de opiniões mantêm
discussão prolongada sobre este tema. Vários
dirigentes e autores, sem consenso na sua abordagem, diferem na leitura desses mesmos símbolos,
catalogando e fazendo triagens próprias. Outrossim, a reprodução de símbolos e grafias idênticas
encontram-se em diversas casas, países, até
mesmo religiões. Certo é que, na transversalidade
da Umbanda, se reconhecem símbolos riscados
indicando mistérios que são propriedade ou
capacidade de determinada entidade. Será ponderado não admitir conhecimento absoluto sobre o
tema, também na perspectiva de uma aprendizagem contínua...
"Usem bem os símbolos. Usem-nos mais e
mais, e descobrir-se-ão num estágio onde já não
precisarão deles. A mente humana consegue
alcançar qualquer ponto do Universo imediatamente."
Mikao Usui V.C. / F.C.
Compreendendo-o deste modo, o ponto riscado é um dos mais vigorosos meios magísticos
utilizados na Umbanda, consistindo na sua base
de um conjunto de símbolos feitos com pemba e
agrupados de forma a movimentar energias e a
criar campos de forças, ou como base de sustentação de alguns trabalhos. A variedade de funções
que é sua propriedade é vasta; os pontos de descarrego tão sobejamente conhecidos; os pontos
de firmeza, etc.
Os pontos riscados com Pemba representam
uma grafia de projecção astral; de símbolos que se *pemba – espécie de pequeno giz calcário em
revestem de poder mágico, que a força do Orixá formato oval fabricado com diversos componenlhes confere. Criam genericamente uma espécie tes
de campo energético, onde o instrumento utilizado pela entidade, a Pemba, manipula as forças da
Natureza na afinidade com a entidade, na sua
identificação e domínios, na prossecução do efeito
desejado (dependendo também claramente do
merecimento do consulente e do médium). São
códigos vinculados ao mundo espiritual, no
campo de acção de determinada falange de entidades. Quando são desenhados sem conhecimento de causa, acabam por “não projectar a sua grafia
luminosa” (Lima, C.) e não passam de sinais inócuos, porque têm que ser movimentados pelo pensamento, assim como não basta ver um ponto num
livro para riscá-lo sem o devido conhecimento, e
sem as devidas consequências.
Para um ponto riscado, além da Pemba,
podem ser usadas outras substâncias, dependendo do trabalho a realizar, como a marafa (pinga ou
Apoios
ainda fazem nos dias de hoje, Odin submeteu-se a
uma experiência de "retorno da morte", para
alcançar uma espécie de "iluminação". Este estado
de transcendência (por vezes conquistado por
acaso em acidentes ou doenças que conduzem o
indivíduo ao um limite da sua existência), na maioria das práticas xamânicas, rituais, transes profundos, ou danças sagradas é conduzido de forma
categórica. Eram utilizadas nos processos oraculares, às práticas talismânicas e à manipulação de
forças naturais e sobrenaturais. São inúmeros os
registos arqueológicos de Runas cravadas em
armas, batentes de portas e chifres utilizados
como cálices, entre tantos outros objectos, o que
confirma a fé dos povos setentrionais na protecção que estes símbolos ofereciam. Lendas e testemunhos históricos dos primeiros romanos em
terras nórdicas revelam o uso destes vinte e quatro símbolos, na predição do futuro e nas tentativas, nem sempre felizes, de alterá-lo.
Outro método que utiliza a escrita e os
símbolos como pontos magísticos,
com origem no Oriente, é o Reiki.
Segundo os ensinamento s d o s m e s t re s , o
Homem mantinha os
seus canais de circulação
de energia intactos, e os
seus instintos básicos de
sobrevivência de forma
genuína, o que gerava
um estado de felicidade e
harmonia pleno. Com o desenvolvimento, fomos desligando a
nossa ligação às origens e ficámos individualistas, enfraquecendo assim os canais de ligação
com o Cosmo. Os símbolos do Reiki, em unificação,
correspondendo aos cinco níveis da mente, permitiriam alcançar o caminho da iluminação,
conhecido pelos budistas, por Nirvana. O uso
original desses yantras (símbolos) não foi vocacionado originalmente para a cura material, mas
para conduzir à iluminação da ajuda ao próximo.
No entanto, associados esses símbolos a mantras
(preces) e a mudras (na mimetização dos símbolos) foram descobertas novas potencialidades no
que respeita à canalização de energia.
A “Escrita Mágica”, de um modo geral, povoou
desde tempos imemoriais praticamente todas as
civilizações, mais ou menos eruditas. Este facto
levou também a que alguns desses símbolos perdurassem até aos dias de hoje, sendo mesmo
utilizados de forma corrente...
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Entrevista
Pai Ortiz Belo de Souza
Fundador da Ordem Iniciática dos Portais de Libertação
l Pai Ortiz, fale-nos um pouco sobre o seu
percurso espiritual e do momento em que
desenvolve a Ordem Iniciática dos Portais da
Libertação.
Iníciei a minha vida espiritual muito cedo; ainda
quando criança, frequentando cultos dos terreiros
de Umbanda. O meu contacto com a mediunidade
vem desde essa época, sendo que por volta dos dez
anos realizei a minha primeira psicografia. Em
relação á Ordem dos Portais da Libertação, esse
traballho foi-me transmitido de forma canalizada
(mediunicamente) em meados de 1999 e durante o
ano de 2000. Desde então, o seu desenvolvimento e
exposição tem sido feito através de informações
que são passadas pelos Mestres dos Portais. A
apresentação dos portais ao público foi feita,
inicialmente, em 2003 através das iniciações para
outras pessoas em formato de curso iniciático e, só
depois, avançamos para a sua divulgação ao
público em geral, de forma a permitir que outras
pessoas, fora do campo religioso, tivessem acesso
ao conhecimento dos mesmos. Pois a Ordem dos
Portais, não se centra na religião mas sim no “ser”
religioso, ou seja, todos podem fazer a sua iniciação
na ordem, independentemente da sua religião ou
crença.
l E o que são “Os Portais de Libertação”?
Os Portais de Libertação pressupõem uma
passagem, ou seja uma mudança de um ambiente
para outro, actuam em aberturas dimensionais
que, possibilitam as actuações nos diversos
campos espirituais, em suas muitas dimensões, no
meio humano, quer seja no físico ou no espiritual. A
relação que temos com os portais dimensionais é
muito mais próxima do que imaginamos, pois,
quando qualquer "ser" entra em contacto com o
Divino, seja através de orações, rituais, evocações,
estamos interagindo directamente com os portais
dimensionais, que servem de passagens para
outras realidades da existência. Como? Em
qualquer acção mental. Quando nos fixamos em um
propósito firme, um desejo especial, seja material
ou espiritual, entramos em contacto com as forças
dimensionais em tempo real, e movimentaPois, são
muitos os momentos em que interagimos com
estes portais dimensionais.mos suas forças, que
por seu tempo, nos enviam as energias magnéticas
poderosíssimas transformando as nossas
intenções em realidade. Convém referir que existe
uma Teoria de Génese do Mistério Portais de
Libertação,onde se explica a utilização dos
elementos básicos que permitem fazer a sustentação da passagem pelos portais dimensionais que
são os cristais, as pedras e os metais. As pedras e os
cristais são “amálgamas de poderes da criação”, ou
seja, são o elemento principal por ser o único que
está em todo o universo. Trabalhamos ainda com
ervas, que são agentes importantes para reabilitar
vibrações, sejam das pessoas ou mesmo de um
ambiente e,que através de banhos ou queimas,
libertam os seus poderes curadores que, em
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conjunto com os Mistérios dos Mestres e Guardiões
dos Portais, actuam em diversas situações e, com o
Poder ígneo, através das velas, potencializando o
Poder de cada portal e liberando os simbolos
sagrados dos mesmos, através da chama que
ultrapassa as dimensões e planos espirituais.
l Além deste trabalho, é também dirigente
espiritual de um templo de umbanda “A
Ordem dos filhos de Aruanda” que além do
atendimento espiritual, tem também como
objectivo difundir os ensinamentos dos
portais. Quer comentar?
Na Ordem dos filhos de Aruanda, todos os filhos
da casa têm a sua iniciação nos portais, pois
permite ajudar no seu lado mediùnico, fortalecendo o médium em termos espirituais. Como? Nos
mecanismos utilizados nos Portais de Libertação,
as actuações são mediúnicas, e não só o poder
mental actua quando direccionado, mas, todas as
forças do iniciado nos mistérios dos Portais. Seus
guias, seus mestres dos Portais, seus Guardiões,
enfim, todas as forças permitidas, são utilizadas de
forma segura e salutar. Quanto mais nos doamos
actuando nos trabalhos dos Portais, mais nos
iluminamos, pelas forças do Amor ao próximo,
sejam aos irmãos encarnados ou desencarnados.
Pois, neste mistério, tudo é espelhado, o que
pedimos para o próximo, recebemos imediatamente em nossas vidas, desta forma, os iniciados estão
sempre se beneficiando, sobretudo, porque os
"grandes mestres", que actuam neste trabalho,
jamais permitirão que ele venha a ser utilizado de
forma deturpada. Gostava de comentar uma
situação que tem acontecido com muita frequência,
que é o seguinte: muitas pessoas após a sua
iniciação nos portais acabam por enveredar pela
Umbanda, bem como existem pessoas que já
haviam frequentado a umbanda que, entretanto,
deixaram, e que após a sua iniciação nos portais,
retomam a religião.
l Ainda em relação á Ordem Iniciática dos
Portais de Libertação, após os graus adquiridos mediante cursos e consagrações, existe
uma hierarquia á qual dão seguimento os
iniciados, tornando-se Cavaleiro da Ordem e,
por sua vez o acesso aos Portais da Espada.
Sim, dentro do nosso trabalho possuimos uma
hierarquia que foi passada pelos Mestres sustentadores dos Mistérios. O trabalho é dividido em três
níveis, que chamamos de módulos, sendo que todos
os formados nos diversos níveis atingem o Grau de
Cavaleiros da Ordem.
Módulo I - Cavaleiro da Ordem - Servidor da Luz
Módulo II - Cavaleiro da Ordem – Sub-Regente
Módulo III – Cavaleiro da Ordem – Regente
Degrau Máximo no Grau de Regente – Regente
Mestre.
O Grau de Regente dá a condição de utilização
dos símbolos do mistério na sua totalidade. Ainda
dentro do Grau de Regente temos: Regentes
Ministrantes e Regentes Mestres, Graus de
especialização que são passados pelo RegenteAbsoluto. Ainda não temos nenhum regente
Mestre, que é aquele que forma outros regentes,
talvez no próximo ano forme um Regente Mestre.
Regente – Absoluto: só existe um, que é o codificador do Mistério.
Em relação á Ordem da Espada, a abertura dos
mistérios das espadas é permitido pelos mestres
espirituais dos Portais de Libertação. Que
outorgam seus iniciados, na utilização deste poder,
que está em cada ser, através dos seres espadados
que nos acompanham. Nos portais de libertação, a
espada é um simbolo de “pura libertação”, através
das vibrações espadadas que tem o seu campo de
acção nos portais. A espada fisica, para nós é
encarada como um elemento de cura (aço/metal),
que já havia falado antes, quando abordei os
elementos básicos dos portais.
l O seu trabalho, juntamente com a publicação
de vários livros, permitiu sua expansão,
inclusivamente em Portugal.
Exacto, neste momento temos um templo em
Leiria, onde realizamos um trabalho de atendimento voluntário. Existem também alguns terapeutas
que se utilizam das terapias dos portais de
libertação nos seus atendimentos. Os responsáveis
pela divulgação e expansão dos portais na Europa
são os regentes Heldney Cals e Santiago Jr.
l Entretanto, já foi publicado um outro livro
seu, “ Simbolos, Vórtices e Chaves” quer falarnos um pouco sobre o conteúdo do mesmo?
Este livro, que foi lançado no dia 21 de Abril,
referencia que tudo o que existe está ligado á
simbologia. Os simbolos existem desde o inicio da
criação, ou seja, tudo o que pensamos, falamos,
gesticulamos é transformado em simbolos. Como
tal, somos bombardeados diariamente por vários
simbolos, sejam de ordem positiva ou negativa.
Este livro traz elementos fundamentais para anular
aspectos negativos em relação aos simbolos
projectados por ódio, trabalhos de magias
trevosas, por vibrações emocionais distorcidas, etc.
Digamos que são ferramentas importantes para os
trabalhos dos portais de libertação. Gostava de
fazer uma observação, que é algo que me têm
questionado acerca dos simbolos, que tem a ver
com facto de não utilizar os simbolos antigos e a
explicação é que os mesmos têm que ser actualizados, ou seja, modificados conforme a realidade e as
vibrações que se vivenciam no momento em que
estamos inseridos. Os simbolos antigos adequavam-se á realidade e vibrações da época.
l Para terminar, gostaria de deixar uma
mensagem para os leitores do nosso Jornal?
Gostava de aconselhar as pessoas a estudarem e a
lerem, acerca da espiritualidade, pois o conhecimento é a base para a nossa evolução espiritual.
P.F.
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Fundamento | 07
Jornal Umbandista Português
006
Umbanda no Mundo
N
o passado dia 27 de Março de 2010, foi inaugurado o novo espaço
de Culto Umbandista do “Barracão de Xangô” , dirigido por Pai
Nuno de Xangô e já com alguns anos de vida. O “BARRACÃO de
Xangô” presenteou-nos com um espaço acolhedor e com condições bem
melhores para todos os umbandistas do sul de Portugal, mais
concretamente os próximos de Lagoa, Algarve, onde este espaço se situa .
Neste trabalho fizeram-se representar vários Templos sediados em
Portugal, nomeadamente:
Mãe Mónica de Oxumaré do Terreiro
de Umbanda e Candomblé
Mameto Dan Ejò Mogere;
Pai Jomar de Ogum do Ilê Asé Omim
Ogun;
Pai Paulo de Iemanjá do Ilê Asé
Omim Ogun;
Pai Cláudio de Oxalá da ATUPO
(Templo de Umbanda Pai Oxalá);
Padrinho Paulo da ATUPO (Templo
de Umbanda Pai Oxalá);
Padrinho Bernardo da ATUPO
(Templo de Umbanda Pai Oxalá);
Pai Arnaldo do Ilê Axé Olibuxedo;
Huanderson de Quebra-Pedras
(Padrinho de Jurema) do Ilê Axé
Olibuxedo.
Foi um trabalho muito bonito com
Inauguração da nova sede do
Barracão de Xangô
uma energia contagiante, onde a
presença dos Caboclos, Baianos e
Marujos contagiou a todos com boa
disposição e alegria, criando assim a
bênção perfeita a uma casa que
esperemos que continue, por muitos
e muitos anos, com o axé que possui.
Resta-nos agradecer a Pai Nuno de
Xangô e seus Filhos que nos
receberam com especial carinho,
simpatia e amizade, e desejar as
maiores felicidades ao Barracão de
Xangô.
Que Oxalá vos guie sempre pelo
c a m i n h o d o A m o r, Ve r d a d e ,
Humildade e Caridade.
S ã o o s Vo t o s d o J O R N A L
FUNDAMENTO!
Salve a UMBANDA! Axé! L.C.
«Foi um trabalho muito bonito com
uma energia contagiante»
Orixalá cria o Mundo | Obatalá cria o Homem
Orixalá cria o Mundo
No começo, o mundo era todo pantanoso e cheio de água, um lugar inóspito, sem nenhuma serventia. Acima dele havia o céu o Orum, onde viviam Olorum e todos os Orixás, que às vezes desciam para brincar nos pântanos insalubres. Desciam por teias de aranhas penduradas no vazio. Ainda não havia
terra firme, nem o homem existia. Um dia Olorum chamou à sua presença
Oxalá, o grande orixá. Disse-lhe que queria criar terra firme lá em baixo e
pediu-lhe que realizasse tal tarefa. Para a missão, deu-lhe uma concha marinha com terra, uma pomba e uma galinha com pés de cinco dedos. Oxalá desceu ao pântano e depositou a terra da concha. Sobre a terra pôs a pomba e a
galinha e ambas começaram a ciscar. Foram assim espalhando a terra que
viera na concha até que terra firme se formou em toda a parte. Oxalá voltou a
Olorum e relatou-lhe o sucedido. Olorum enviou um camaleão para inspeccionar a obra de Oxalá e ele não pode
andar sobre o solo que ainda não
era firme. O camaleão voltou dizendo que a terra era ampla mas ainda
não suficientemente seca. Numa
segunda viagem o camaleão trouxe
a notícia de que a Terra era ampla e
suficientemente sólida, podendo-se
agora viver em sua superfície.
O lugar mais tarde foi chamado
de Ifé, que quer dizer ampla morada. Depois Olorum mandou Oxalá
de volta a Terra para plantar árvores e dar alimentos e riquezas ao
homem. E veio a chuva para regar
as árvores. Foi assim que tudo começou. Foi ali, em Ifé, durante uma
semana de quatro dias que Orixá
Nlá criou o mundo e tudo o que
existe nele.
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Uma Lenda
Obatalá cria o Homem
(…) Mas a missão não estava ainda completa e Oludumare deu outra dádiva a Obatalá: a criação de todos os seres vivos que habitariam a Terra. E assim
Obatalá criou todos os seres vivos e criou o homem e criou a mulher. Obatalá
modelou em barro os seres humanos e o sopro de Olodumare os animou.
O mundo agora se completara. E todos louvaram Obatalá.
In "Mitologia dos Orixás"de Reginaldo Prandi, Ed. Companhia das Letras.
Esta lenda narra a história da criação do mundo e da humanidade: Olorum ( que é o Ser Supremo, Deus) incumbe a Oxalá a responsabilidade de
criar a Terra. Depois da sua formação, estando ela pronta e em condições de
acolher a vida humana, Oxalá recebe de Olorum (ou Olodumare) a tarefa
sublime de criar o homem, a mulher, a humanidade. Oxalá é por isso o Orixá
responsável pela existência de todos os seres do céu e da terra, é o Pai da
humanidade. É o Pai Maior, Criador e Pacificador, detentor da Luz espiritual,
é a energia que cuida de todos os seres do planeta, de todos os homens.
Oxalá é também a Luz Divina que irradia os seus raios sobre todos os
Orixás. A sua cor é o branco, representando a pureza, a paz e no branco se
inserem todas as cores, todos os raios todos os Orixás, que a Ele estão ligados. Não nos esqueçamos que o Seu principal atributo é a Fé, a Fé que nos liga
ao Ser Supremo, ao Divino Criador. Então, o que seria de nós sem a Fé? O que
seria do Amor sem a Fé? O que seria da Justiça sem a Fé? É ela que, ao vibrar
em cada um de nós, nos permite evoluir, crescer espiritualmente, para que
tenhamos êxito naquilo que queremos, naquilo que precisamos e para o qual
lutamos. E que melhor exemplo de Fé do que Jesus Cristo, que se despojou
dos seus bens, curou os doentes, estendeu a mão aos desamparados e venceu a morte? Por isso a Sua imagem está presente em todos os Templos de
Umbanda e está associada a Oxalá. É a mesma energia, a centelha divina que
existe em cada um de nós, estimulando a busca espiritual, através da religiosidade, da caridade e de amor ao próximo e por tudo aquilo que Oxalá criou,
num acto de Inspiração e de Fé! M.N.
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08 |
Fundamento
09 | 10 | 2010
Doutrina de Umbanda
A Família-de-Santo
Q
uando os negros africanos foram
levados para o Brasil para viverem
como escravos nas fazendas dos
senhores brancos, foram privados,
não só da sua liberdade, mas também das
suas raízes familiares, culturais e
religiosas. A luta pela sobrevivência numa
terra estranha, aliada à falta dos laços
familiares e à necessidade de preservar a
sua cultura, levou à integração de negros
oriundos de diferentes etnias e regiões da
África e, consequentemente, à fusão de
culturas e cultos religiosos. Nasciam
assim nas senzalas os primeiros cultos
afro-brasileiros e com eles o conceito de
família-de-Santo – a recriação da família
p e rd i d a , t ã o i m p o r t a n t e p a ra a
conservação dos costumes e valores das
culturas africanas.
A Umbanda herdou da sua raiz africana
este conceito de família e é fundamental
que todos os filhos-de-Santo
compreendam a importância do mesmo.
Para que uma corrente mediúnica possa
realizar, com sucesso, a missão que lhe foi
confiada pelos Orixás, é necessário que
existam sentimentos de amor, união e
fraternidade entre os seus elementos. É
essencial que todos se respeitem, sejam
verdadeiros e honestos e sejam capazes
de estender a mão ao irmão que está mais
fraco e necessita de auxílio. Como diz o
ditado “A união faz a força”! Por isso, se
todos zelarem pela união da corrente,
dificilmente surgirão elos fracos por onde
ela se possa quebrar. Mas a família-deSanto não é apenas importante dentro do
Templo de Umbanda. Aos olhos dos
Orixás, somos todos irmãos e só uma
família, na qual vibrem sentimentos de
amor e união, poderá reflectir, tanto
dentro como fora do Templo, os
ensinamentos dos Guias espirituais e do
nosso amado mestre Jesus!
Que Oxalá abençoe a todos e à nossa
amada Umbanda! B.C.
Ponto Cantado
Eu vou fazer um pedido a Oxalá,
Nossa Sr.ª entregue ao meu redentor
Peça que mande mais um pouco de amor
P'ra cobrir esse seu mundo que está chorando de dor
A natureza pede p'ra sobreviver
Quem sente sede compra água p'ra beber
Quem sente fome não tem mais o que comer
Seu nome é chamado em vão, ninguém sabe no que crê
Diga que a cachoeira de Oxum secou
Que as pedreiras de Xangô já foi quebrada
Que os passarinhos não tem mais onde morar
Pois, a mata de Oxóssi já foi toda derrubada
Diga que a fé já não é mais infinita
Na caridade as almas não acreditam
Que os Orixás é usado p'ra riqueza
Diga que não tem valor a força da natureza
Pai tem piedade desses pobres filhos seus
Que quer ser dono do reino dos Orixás
Dono da terra, mata, rios e cachoeira
Mas tudo isso aqui é seu, ninguém foi aí comprar
Sem folha não há Orixá
Mestre Pedro
A Camomila
Nesta 6ª edição do nosso jornal, a planta eleita é já bastante conhecida por todos, comum e de fácil acesso, uma vez que pode ser
encontrada em vários locais. Trata-se da Camomila. Cientificamente denominada de Matricaria chamomilla L., a camomila tem como origem
provável a Europa e América do Norte, onde é bastante comum nos jardins públicos, bermas dos caminhos e terrenos baldios.
É uma das ervas mais antigas da humanidade que, devido ao seu intenso aroma, sempre despertou os povos para a descoberta das suas
propriedades. Os antigos egípcios utilizavam o chá proveniente das flores para tratar uma doença semelhante à malária. Também era
utilizada pelos gregos e romanos devido às suas propriedades medicinais, cosméticas, ornamentais e aromáticas.
CARACTERÍSTICAS: A camomila é uma planta herbácea, com caule erecto e ramificado. As folhas são verdes, lisas na parte superior e
recortadas em segmentos afilados. As flores são do tipo capitulo, bastante semelhantes às margaridas, apresentando centro amarelo e corola
simples de pétalas brancas. A floração ocorre principalmente no período de primavera/verão.
CULTIVO: deve ser cultivada a sol pleno, em solos férteis, bem drenados, desenvolvendo-se melhor em climas amenos, não tolerando o
calor excessivo e possuindo grande capacidade de propagação.
MEIOS DE UTILIZAÇÃO:
l Uso Interno: Chá
l Uso Externo: Banho, produtos de cosmética e óleos.
INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS: a camomila está indicada para as seguintes situações: problemas digestivos, enjoos, prisão de ventre,
flatulência, gastrites, insónias, reumatismo, dores musculares, inflamações da pele, queimaduras, cólicas, nervosismo, ansiedade, nevralgias
e diarreia.
PROPRIEDADES TERAPÊUTICAS: anti-inflamatória; anti-séptica; sedativa; anti-espasmódica; anti-alérgica; digestiva; laxante;
cicatrizante; antibiótica e anti-oxidante.
CONTRA INDICAÇÕES: não deve ser utilizada por quem se encontrara a realizar tratamento de radioterapia, uma vez que, como tem
propriedades anti-oxidantes, impede a acção da radiação nas células malignas. L.L.
Fontes:
http://www.chi.pt/Extras/plantas_medicinais/camomila.htm | http://pt.wikipedia.org/wiki/Camomila-vulgar | http://www.floresnaweb.com/dicionario.php?id=66
http://www.jardimdeflores.com.br/ERVAS/A01camomila.html | http://www.astral.oxigenio.com/jardim_aromatico/jardim_camomila.htm
www.umbanda.pt
www.atupo.com