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Capítulo 1
A singularidade da Bíblia
ESBOÇO DO CAPÍTULO
Introdução
Singular na continuidade
Singular na circulação
Singular em traduções
Singular em sobrevivência
Ao tempo
À perseguição
À crítica
Singular nos ensinos
Profecia
História
Caráter
Singular na influência sobre a literatura
Singular na influência sobre a civilização
Uma conclusão coerente
INTRODUÇÃO
Várias e várias vezes, como um disco riscado, muita gente me pergunta:
“Não me diga que você lê a Bíblia!” Alguns me questionam: “Por quê, se a
Bíblia é apenas mais um livro; você devia ler… ”, então eles vão mencionar
alguns de seus livros favoritos.
Há os que possuem um exemplar da Bíblia na biblioteca. Estes me dizem
com orgulho que a Bíblia está lá na estante deles, ao lado de outras “grandes obras”, como Odisseia, de Homero, Romeu e Julieta, de Shakespeare,
Orgulho e preconceito, de Jane Austen, entre outras. A Bíblia deles talvez
esteja empoeirada, ainda sem uso, mas eles a consideram um dos clássicos.
Outros fazem comentários degradantes sobre a Bíblia, com atitude de escárnio diante da ideia de que alguém possa levar a Bíblia tão a sério a ponto
de lê-la. Para essas pessoas, ter um exemplar da Bíblia na biblioteca é sinal de
ignorância.
84 Novas evidências
As perguntas e observações que mencionei me incomodavam na época
em que eu, ainda não cristão, tentava refutar a Bíblia como Palavra de Deus
para a humanidade. Por fim, cheguei à conclusão de que não passavam de
frases batidas de homens e mulheres tendenciosos, preconceituosos ou simplesmente sem instrução.
A Bíblia devia figurar sozinha na prateleira mais alta de toda estante. Ela
é “singular”. Isso mesmo! Os conceitos com que andei às voltas para descrever a Bíblia se resumem na palavra “singular”.
Parece que o dicionário tinha em mente esse “Livro dos livros” quando
registrou a definição de “singular”: “1. pertencente ou relativo a um só; […];
único. 2. […] que não tem igual nem semelhante”.1
O professor M. Montiero-Williams, ex-professor de sânscrito em Boden,
defendia esse ponto de vista. Depois de passar 42 anos estudando livros
orientais, ele os comparou com a Bíblia e disse: “Empilhe-os no lado esquerdo da sua escrivaninha, se quiser, mas coloque a Bíblia Sagrada no lado
direito, sozinha, e com um espaço entre ela e a pilha, pois […] existe entre
a Bíblia e os livros do Oriente chamados sagrados uma brecha que os separa
completamente, sem esperança e para sempre […] um verdadeiro abismo,
que não pode ser transposto por nenhuma ciência do pensamento religioso”
(Collett, AAB, p. 314-315).
A Bíblia permanece sozinha entre todos os outros livros. Ela é singular,
sem “igual nem semelhante”, em todos os sentidos a seguir (além de muitos
outros):
1A. SINGULAR NA CONTINUIDADE
A Bíblia é o único livro que foi
1. Escrito durante um período de cerca de 1.500 anos.
2. Escrito por mais de 40 autores de todas as condições de vida, entre
eles reis, líderes militares, camponeses, filósofos, pescadores, cobradores de impostos, poetas, músicos, estadistas, letrados, pastores de
ovelhas e boiadeiros. Por exemplo:
Moisés, líder político e juiz, formado nas universidades do Egito;
1
[NR] Definições extraídas do Michaellis – Moderno dicionário da língua portuguesa, Editora
Melhoramentos, versão on-line do portal Uol.
A singularidade da Bíblia 85
Davi, rei, poeta, músico, pastor e guerreiro;
Amós, boiadeiro;
Josué, general;
Neemias, copeiro de um rei pagão;
Daniel, primeiro-ministro;
Salomão, rei e filósofo;
Lucas, médico e historiador;
Pedro, pescador;
Mateus, cobrador de impostos;
Paulo, rabino;
Marcos, secretário de Pedro.
3. Escrito em lugares diversos:
por Moisés, no deserto;
por Jeremias, numa masmorra;
por Daniel, numa encosta e num palácio;
por Paulo, dentro da prisão;
por Lucas, em viagem;
por João, no exílio na ilha de Patmos.
4. Escrito em momentos diferentes:
Davi, em tempos de guerra e sacrifício;
Salomão, em tempos de paz e prosperidade.
5. Escrito em estados de espírito diferentes:
alguns escreveram no auge da alegria;
outros, das profundezas da angústia e do desespero;
alguns, em tempos de certeza e convicção;
outros, em dias de confusão e dúvida.
6. Escrito em três continentes:
Ásia
África
Europa.
7. Escrito em três línguas:
Hebraico, a língua dos israelitas e praticamente de todo o Antigo
Testamento. Em 2Reis 18.26-28 e Neemias 13.24, o hebraico é cha-
86 Novas evidências
mado de “a língua de Judá” e em
Isaías 19.18, “a língua de Canaã”.
Na Bíblia encontrei
orientação para o meu
pensamento íntimo,
canção para a minha
alegria genuína, apoio
para a minha dor secreta
e súplica para a minha
vergonha e fragilidade.
O hebraico é uma língua pictórica,
em que o passado não é apenas narrado, mas retratado verbalmente.
Uma paisagem não é apresentada
pura e simplesmente, mas se transforma num panorama móvel. O curso dos acontecimentos é reencenado
diante dos olhos da mente. (Notem
— SAMUEL TAYLOR COLERIDGE
o uso frequente de “vede”, um hePOETA E CRÍTICO LITERÁRIO INGLÊS
braísmo transportado para o Novo
Testamento.) Expressões hebraicas comuns como “levantou-se e foi”, “abriu os lábios e disse”, “ergueu os
olhos e viu” e “ergueu a voz e chorou” ilustram a força imagética da língua
(Dockery, FBI, p. 214).
Aramaico, a “língua comum” do Oriente Médio até os dias de
Alexandre, o Grande (século VI ao século IV a.C.) (Albright, AP, p.
218). Do capítulo 2 ao capítulo 7 de Daniel, e a maior parte de Esdras
4 até o capítulo 7 estão em aramaico, assim como declarações ocasionais do Novo Testamento, com mais notabilidade o brado de Jesus na
cruz, Eli, Eli, lamá sabactâni, que significa Meu Deus, meu Deus, por
que me abandonaste? (Mt 27.46).
Do ponto de vista linguístico, o aramaico é bem próximo do hebraico, a estrutura das duas línguas é semelhante. Os textos aramaicos da Bíblia foram
escritos com os mesmos caracteres empregados no hebraico. Ao contrário do
hebraico, o aramaico usa um vocabulário mais extenso, que inclui muitas
palavras emprestadas de outras línguas, e um grande número de conectivos.
Também tem um sistema elaborado de tempos verbais, criados com o uso
de particípios com pronomes ou com várias formas do verbo “ser”. Embora
o aramaico seja menos melodioso e menos poético que o hebraico, é provavelmente superior a este como veículo de expressão precisa.
Talvez o aramaico tenha a mais longa história de existência contínua conhecida. Era a língua do período patriarcal e ainda é falado por algumas
A singularidade da Bíblia 87
pessoas hoje em dia. O aramaico e seu cognato, o siríaco, se desenvolveram
em muitos dialetos em lugares e períodos diferentes. Caracterizado pela simplicidade, clareza e precisão, adaptou-se com facilidade às várias necessidades da vida cotidiana. Servia igualmente bem como língua de intelectuais,
aprendizes, advogados e comerciantes. Alguns se referem ao aramaico como
o equivalente semítico do inglês (Dockery, FBI, p. 221).
Grego, a língua que abrange quase todo o Novo Testamento. Era a
língua internacional falada no tempo de Cristo, da mesma forma que
está acontecendo com o inglês no mundo atual.
A escrita grega se baseava num alfabeto provavelmente emprestado dos fenícios e adaptado ao sistema fonético e à direção de escrita dos gregos. O
grego primeiramente era escrito da direita para a esquerda, como as línguas
semíticas do Oriente, passou depois para um padrão de vai e vem e, por fim,
da esquerda para a direita.
As conquistas de Alexandre, o Grande, estimularam a expansão da língua e
da cultura gregas. Os dialetos regionais foram substituídos em grande parte
pelo grego “helenista” ou “coiné” (comum). […] O dialeto coiné acrescentou muitas expressões vernáculas ao grego ático, tornando-o, assim, mais
cosmopolita. A simplificação da gramática também serviu para melhor
adaptação a uma cultura de âmbito mundial. A nova língua, refletindo a fala
simples e popular, tornou-se a língua comum do comércio e da diplomacia.
A língua grega perdeu muito de sua elegância e de sua nuance refinada em
consequência da evolução do clássico para o coiné. Contudo, manteve suas
características típicas de pujança, beleza, clareza e capacidade retórica lógica.
É digno de nota que o Apóstolo Paulo tenha escrito sua carta aos cristãos
de Roma na língua grega, não em latim. O Império Romano nessa época
era um mundo grego no aspecto cultural, exceto nos negócios de governo.
O vocabulário do Novo Testamento grego é rico e suficiente para comunicar exatamente aquilo que o autor deseja expressar. Por exemplo, o Novo
Testamento usou duas palavras diferentes para “amor” (para dois tipos de
amor), duas palavras para “outro” (outro do mesmo e outro de um tipo
diferente) e algumas palavras para vários tipos de conhecimento. É significativo que algumas palavras tenham sido omitidas, como eros (um terceiro
88 Novas evidências
tipo de amor), e outras palavras comumente empregadas na cultura helenística da época (Dockery, FBI, p. 224-225, 227).
8. Escrito numa grande variedade de estilos literários, entre eles:
poesia,
narrativa histórica,
cânticos,
romance,
tratado didático,
correspondência pessoal,
memórias,
sátira,
biografia,
autobiografia,
jurídico,
profecia,
parábola e
alegoria.
9. A Bíblia trata de centenas de assuntos controversos, assuntos que geram opiniões opostas quando são mencionados ou discutidos. Os autores bíblicos trataram centenas de temas polêmicos (por exemplo,
casamento, divórcio e recasamento, homossexualismo, adultério, obediência às autoridades, falar a verdade ou mentir, desenvolvimento de
caráter, criação de filhos, a natureza e a revelação de Deus). Ainda assim, de Gênesis a Apocalipse, esses escritores trataram desses assuntos
com um grau incrível de harmonia.
10. Apesar da diversidade, a Bíblia apresenta o desenrolar de uma história única: Deus redimindo seres humanos. Norman Geisler e William
Nix dizem isso da seguinte forma: “O ‘paraíso perdido’ de Gênesis
passa a ser o ‘paraíso reconquistado’ de Apocalipse. Enquanto o portão da árvore da vida está fechado em Gênesis, no Apocalipse ele está
aberto para sempre” (Geisler/Nix, GIB [ed. 1986], p. 28). O fio unificador é a salvação do pecado e da condenação para uma vida eterna
A singularidade da Bíblia 89
de completa transformação e bem-aventurança na presença do único
Deus misericordioso e santo.
11. Por fim, e mais importante, dentre todas as pessoas mencionadas na
Bíblia, a personagem principal em toda ela é o único Deus vivo e verdadeiro que se fez conhecer por meio de Jesus Cristo.
Pense primeiro no Antigo Testamento: a Lei fornece o “alicerce para
Cristo”, os livros históricos mostram “a preparação” para Cristo, as
obras poéticas aspiram por Cristo, e as profecias revelam a “expectativa” por Cristo. No Novo Testamento, os “Evangelhos […] registram
a manifestação histórica de Cristo, Atos relata a divulgação de Cristo,
as epístolas dão a interpretação da pessoa de Cristo e em Apocalipse
encontra-se a consumação de todas as coisas em Cristo” (Geisler/Nix,
GIB, edição de 1986, p. 29). De capa a capa, a Bíblia é cristocêntrica.
Portanto, embora contenha muitos livros de muitos autores, a Bíblia
demonstra em sua continuidade que é também um único livro. Como
observa F. F. Bruce: “Qualquer parte do corpo humano só pode ser
explicada em relação ao corpo todo. Qualquer parte da Bíblia só pode
ser devidamente explicada em relação à Bíblia toda” (Bruce, BP, p. 89).
Cada livro é como um capítulo no livro único que chamamos de Bíblia.
Bruce conclui:
À primeira vista, a Bíblia parece uma coletânea de literatura, sobretudo
judaica. Se investigarmos as circunstâncias em que os vários documentos
bíblicos foram escritos, descobriremos que foram escritos em intervalos
que cobrem um período de aproximadamente 1.400 anos. Seus autores
escreveram em vários lugares: da Itália, no Ocidente, à Mesopotâmia e
possivelmente, Pérsia, no Oriente. Os próprios escritores constituíram
um grupo heterogêneo, separados não somente por centenas de anos e
centenas de quilômetros, mas também pertencentes a classes sociais bem
diferentes. Entre eles houve reis, boiadeiros, soldados, legisladores, pescadores, estadistas, cortesãos, sacerdotes e profetas, um rabino que também
fabricava tendas e um médico gentio, para não falar de outros a respeito
dos quais não se sabe nada além dos escritos que deixaram. Os próprios
escritos pertencem a uma grande variedade de gêneros literários. Entre
eles história, direito (civil, penal, ético, ritual, sanitário), poesia religiosa,
90 Novas evidências
tratados didáticos, poesia lírica, parábolas e alegorias, biografias, correspondência pessoal, memórias e diários pessoais, além dos gêneros caracteristicamente bíblicos de profecia e apocalíptica.
Por tudo isso, a Bíblia não é simplesmente uma antologia; existe uma unidade que mantém esse todo ligado. Uma antologia é compilada por um
antologista, mas nenhum antologista compilou a Bíblia (Bruce, BP, p. 88).
Compare os livros da Bíblia com a compilação de clássicos ocidentais
chamada Os grandes livros do mundo ocidental. Os grandes livros contém seleções de mais de 450 obras de quase 100 autores, cobrindo um período de
cerca de 25 séculos: Homero, Platão, Aristóteles, Plotino, Agostinho, Tomás
de Aquino, Dante, Hobbes, Espinosa, Calvino, Rousseau, Shakespeare,
Hume, Kant, Darwin, Tolstoi, Whitehead e Joyce, para mencionar apenas
alguns. Embora todos esses indivíduos façam parte da tradição do pensamento ocidental, quase sempre demonstram uma diversidade incrível de
pontos de vista sobre praticamente todos os assuntos. E ainda que suas opiniões tenham alguns pontos em comum, também revelam várias posições
e perspectivas conflituosas e contraditórias. Na verdade, em geral eles desviam o foco para criticar e refutar as principais ideias propostas por seus
antecessores.
Certo dia, um representante dos Grandes livros do mundo ocidental veio
à minha casa, procurando recrutar vendedores para a série. Ele abriu um
cartaz que falava da série e passou cinco minutos nos falando dela, a mim e à
minha esposa. Depois, nós passamos uma hora e meia lhe falando da Bíblia,
que apresentamos como o maior livro de todos os tempos.
Eu desafiei o representante a separar apenas dez autores da série Grandes
livros, todos da mesma classe social, geração, do mesmo lugar, mesmo estado
de espírito, continente, mesma língua, e tratando todos do mesmo assunto
controverso. Em seguida perguntei: “Esses autores concordam entre si?”
Ele parou um instante e respondeu: “Não”.
“Então, o que você tem aí?”, repliquei.
A resposta foi imediata: “Uma miscelânea”.
Dois dias depois, esse representante entregou a vida a Cristo.
A singularidade da Bíblia 91
A singularidade da Bíblia, conforme se demonstrou anteriormente, não
prova que ela é inspirada. No entanto, incita qualquer um que procura sinceramente a verdade a analisar a sério essa singularidade em relação à continuidade da Bíblia. Aquele representante dos Grandes livros deu esse passo e,
fazendo isso, descobriu o Salvador apresentado na Bíblia.
2A. SINGULAR NA CIRCULAÇÃO
Não é incomum ouvirmos falar de livros que chegaram à lista dos mais
vendidos por terem vendido algumas centenas de milhares de exemplares. É
muito mais raro depararmos com livros que venderam mais de um milhão
de unidades e, mais raro ainda, encontrar livros que passaram da marca
dos dez milhões. Por isso, é estarrecedor descobrir que o número de Bíblias
vendidas chega a bilhões. É isso mesmo, bilhões! Foram produzidos mais
exemplares de porções da Bíblia, bem como dela toda, do que qualquer outro livro na história. Alguns dirão que, em determinado mês ou ano, outro
livro vendeu mais. Contudo, nenhum outro livro nem sequer chega perto
de comparar-se às Escrituras no que diz respeito à circulação total.
De acordo com o Relatório de distribuição das Escrituras em 1988, das
Sociedades Bíblicas Unidas, somente nesse ano, as organizações participantes foram responsáveis pela distribuição de 20,8 milhões de Bíblias completas e mais 20,1 milhões de Novos Testamentos. Se forem incluídas porções
das Escrituras (isto é, livros completos da Bíblia) e seleções (pequenos extratos sobre temas específicos), a distribuição total de exemplares ou porções
em 1998 chega a inacreditáveis 585 milhões – e esse número contempla
apenas as Bíblias distribuídas pelas Sociedades Bíblicas Unidas!
Dizendo de outra forma, se você fizesse uma fila de todas as pessoas que
receberam Bíblias ou seleções das Escrituras em 1998 e desse uma Bíblia a
cada uma dessas pessoas a cada cinco segundos, levaria mais de 92 anos para
fazer o que as Sociedades Bíblicas Unidas fizeram só em 1998.
Como afirma Cambridge History of the Bible [História da Bíblia de
Cambridge]: “Nenhum outro livro chegou perto dessa circulação ininterrupta” (Greenslade, CHB, p. 479).
Os críticos estão certos: “Isso não prova que a Bíblia é a Palavra de Deus”.
Demonstra, porém, que a Bíblia é um livro singular.
92 Novas evidências
3A. SINGULAR EM TRADUÇÕES
O número de traduções da Bíblia é tão impressionante quanto o número
de vendas. A maioria dos livros jamais é traduzida para outra língua. Dos
que são traduzidos, a maior parte é publicada em duas ou três línguas, no
máximo. Bem poucos livros chegam a ser traduzidos em mais de dez idiomas. De acordo com as Sociedades Bíblicas Unidas, a Bíblia (ou porções
dela) foi traduzida para mais de 2.200 línguas! Ainda que essas sejam apenas cerca de um terço das 6.500 línguas conhecidas do mundo, representam o principal veículo de comunicação para bem mais de 90 por cento
da população mundial (www.biblesociety.org). No mundo todo, nenhum
outro livro na história foi mais traduzido, retraduzido e mais parafraseado
do que a Bíblia.
Bíblia
Testamentos
Porções
Porções do
novo leitor
Seleções
Seleções do
novo leitor
África
2.436.187
541.915
1.325.206
1.494.911
4.024.764
350.092
Américas
9.869.916
12.743.263
7.074.311
6.277.936
315.468.625
25.120.757
Ásia-Pacífico
6.213.113
5.368.429
9.007.281
8.262.462
151.042.342
9.765.191
Europa/
2.232.299
Oriente Médio
1.463.020
1.973.054
495.301
2.197.975
275.358
472.733.706
35.511.398
Total 1998
20.751.515 20.116.627
19.379.852 16.530.610
A Bíblia foi um dos primeiros grandes livros a ser traduzido. Por volta de
250 a.C., o Antigo Testamento hebraico foi traduzido para o grego e recebeu o nome de Septuaginta (Unger, UBD, p. 1147). A obra a princípio foi
produzida para judeus de fala grega que viviam em Alexandria e não sabiam
mais ler em hebraico.
Desde então, os tradutores têm vertido as Escrituras, o Antigo e o Novo
Testamentos, tanto para línguas que têm alfabeto quanto para línguas ágrafas. Só o grupo Wycliffe Bible Translators tem mais de 6 mil pessoas trabalhando com mais de 850 línguas em 50 países a fim de produzir traduções
novas ou revisadas da Bíblia (Barnes, OCB, p. 823). Dessas, 468 línguas
estão recebendo tradução pela primeira vez. De acordo com Ted Bergman,
A singularidade da Bíblia 93
do Summer Institute of Linguistics, nesse ritmo a Bíblia deverá estar disponível para quase todos os grupos de línguas entre os anos 2007 e 2022. Isso
significa que estamos a menos de uma geração de testemunhar o primeiro
texto universalmente traduzido do mundo!
Nenhum outro livro da história chega perto da Bíblia em atividade de
tradução.
4A. SINGULAR EM SOBREVIVÊNCIA
1B. Ao tempo
Apesar de escritas originariamente em materiais perecíveis e de ser copiadas
e recopiadas durante centenas de anos antes da invenção da imprensa, as
Escrituras nunca enfraqueceram no estilo nem na precisão, tampouco correram risco de extinguir-se. Comparada com outros escritos antigos, a Bíblia
tem mais evidências manuscritas a apoiá-la do que dez obras quaisquer da
literatura clássica juntas (ver o capítulo 3).
John Warwick Montgomery observa que “ser cético em relação ao texto
resultante dos livros do Novo Testamento é deixar que toda a antiguidade
clássica caia na obscuridade, pois nenhum documento do período antigo
está tão bem atestado no aspecto bibliológico quanto o Novo Testamento”
(Montgomery, HC, edição de 1971, p. 29). Do mesmo modo, Bruce
Metzger, professor de Princeton e um dos principais críticos textuais do
mundo, comenta que, ao contrário do que ocorre com outros textos antigos, “o crítico textual do Novo Testamento fica desconcertado diante da
riqueza de material à sua disposição” (Metzger, TNT, p. 34).
Bernard Ramm fala da precisão e da quantidade dos manuscritos bíblicos: “Os judeus os preservaram como a nenhum outro manuscrito. Com
a massorá (parva, magna e finalis) eles observaram atentamente cada letra,
cada sílaba, cada palavra e cada parágrafo. Na cultura judaica havia classes
especiais de homens cuja única responsabilidade era preservar e transmitir
esses documentos com fidelidade praticamente perfeita – eram os escribas,
doutores da lei e massoretas. Quem já contou as sílabas e as palavras de
Platão, de Aristóteles, Cícero ou de Sêneca?” (Ramm, PCE, edição de 1953,
p. 230-231).
94 Novas evidências
John Lea, em The Greatest Book of the World [O maior livro do mundo],
compara a Bíblia com os escritos de Shakespeare:
Num artigo para o North American Review, um escritor fez algumas comparações
interessantes entre os escritos de Shakespeare e as Escrituras. Essas comparações
demonstram que foi dedicado um cuidado muito maior nos manuscritos bíblicos do que em outros escritos, mesmo quando havia muito mais oportunidade
de preservar o texto correto por meio de cópias impressas do que quando todas
tinham de ser feitas à mão. O escritor disse: “Parece estranho que o texto de
Shakespeare, que existe há menos de 208 anos, seja bem mais duvidoso e mais
corrompido do que o do Novo Testamento, com mais de dezoito séculos, em
quase quinze deles existindo somente em manuscritos. […] À exceção de dez a
vinte, pode-se dizer que o texto de todos os versículos do Novo Testamento está
tão bem estabelecido pelo consenso geral dos estudiosos que qualquer discussão
quanto às suas leituras provavelmente diga respeito à interpretação das palavras,
não a nenhuma dúvida acerca das palavras em si. Porém, em cada uma das 37
peças de Shakespeare há talvez uma centena de leituras alternativas ainda em
discussão, grande parte das quais afeta consideravelmente o sentido das passagens em que ocorrem” (Lea, GBW, p. 15).
2B. À perseguição
A Bíblia resistiu a cruéis ataques de seus inimigos. Muitos tentaram queimá-la, proibi-la, e declará-la “ilegal, desde os dias dos imperadores romanos até
os países atuais de regime comunista” (Ramm, PCE, edição de 1953, p. 232).
Voltaire, o famoso cético francês falecido em 1778, afirmara que dentro de cem anos o
cristianismo seria varrido da existência e passaria a fazer parte do passado.
Não mais que cinquenta anos depois do falecimento dele, a Sociedade Bíblica de Genebra usou a imprensa e a casa de Voltaire para produzir grandes quantidades de Bíblias.
— Geisler e Nix
No ano 303, o imperador romano Diocleciano publicou um edito que
impedia os cristãos de adorar e ordenava destruir suas Escrituras. “Foi publicada em todos os lugares uma carta imperial ordenando que as igrejas fossem
arrasadas e as Escrituras destruídas no fogo. Proclamava que os que tivessem
A singularidade da Bíblia 95
cargos elevados perdessem todos os direitos civis, enquanto os membros de
suas famílias ou servos, caso insistissem em professar o cristianismo, seriam
privados da liberdade” (Greenslade, CHB, p. 476).
A ironia histórica desse acontecimento é registrada por Eusébio, o historiador eclesiástico do quarto século. Eusébio escreveu que 25 anos depois
do edito de Diocleciano o imperador Constantino emitiu um edito ordenando que se preparassem, à custa do governo, 50 exemplares das Escrituras
(Eusébio, EH, VII, 2, 259).
Muitos séculos depois, Voltaire, o famoso cético francês falecido em 1778, afirmara que dentro de cem anos o cristianismo seria varrido da existência e passaria
a fazer parte do passado. Mas o que aconteceu? Voltaire agora é história, enquanto a circulação da Bíblia continua crescendo em quase todas as partes do mundo,
levando bênçãos aonde chega. A Catedral Anglicana de Zanzibar, por exemplo,
foi edificada no lugar do antigo mercado de escravos, e a Mesa da Comunhão
fica onde estava o tronco em que eles eram chicoteados! O mundo está cheio
de casos desse tipo. […] Como alguém disse com propriedade: “Tentar deter
a circulação da Bíblia seria equivalente a procurar deter com os ombros a roda
incandescente do Sol e parar seu curso ardente” (Collett, AAB, p. 63).
A respeito do prognóstico de Voltaire sobre a extinção do cristianismo
e da Bíblia dentro de um século, Geisler e Nix chamam a atenção para o
fato de que “não mais que cinquenta anos depois do falecimento dele, a
Sociedade Bíblica de Genebra usou a imprensa e a casa de Voltaire para produzir grandes quantidades de Bíblias” (Geisler/Nix, GIB, edição de 1968,
p. 123-124).
Os inimigos da Bíblia vêm e vão, mas ela permanece. Jesus estava certo ao
dizer: Passará o céu e a terra, porém as minhas palavras não passarão (Mc 13.31).
3B. À crítica
H. L. Hastings ilustra vigorosamente o modo singular pelo qual a Bíblia
tem sobrevivido a ataques de pagãos e céticos:
Durante dezoito séculos, os céticos têm refutado e procurado destituir a autoridade desse livro, contudo ele permanece ainda hoje firme como uma rocha. Sua
circulação aumenta, e hoje ele é mais amado, mais estimado e mais lido do que
nunca. Com todos os seus ataques, os céticos causam a esse livro o mesmo abalo
96 Novas evidências
que um homem com um martelinho causaria às pirâmides do Egito. Quando
um monarca francês propôs a perseguição dos cristãos em seus domínios, um
velho estadista e guerreiro lhe disse: “Majestade, a igreja de Deus é uma bigorna
que tem acabado com muitos martelos”. Dessa forma, os martelos dos incrédulos têm batido nesse livro há séculos, mas esses martelos se estragam, e a bigorna
permanece. Se esse não fosse o livro de Deus, os homens já o teriam destruído
faz tempo. Imperadores e papas, reis e sacerdotes, príncipes e governantes, todos tentaram; eles morreram, mas o livro vive ainda hoje (Lea, GBW, p. 17-18).
Bernard Ramm acrescenta:
Mais de mil vezes, o sino dobrou anunciando a morte da Bíblia, o cortejo
funéreo se formou, escreveu-se o epitáfio, e foi lido o rito fúnebre. Por algum
motivo, entretanto, o cadáver jamais se aquieta.
Nenhum outro livro foi tão fatiado, apunhalado, investigado, esquadrinhado,
nem tão aviltado. Qual livro de filosofia, religião, psicologia ou de literatura,
clássica ou moderna, foi sujeito a tamanho ataque em massa quanto a Bíblia?
Com tanto veneno e tanto ceticismo; tanto rigor e tanta erudição; contra cada
capítulo, cada linha e cada princípio?
Não obstante, a Bíblia é amada, lida e estudada por milhões (Ramm, PCE,
edição de 1953, p. 232-233).
Os estudiosos da Bíblia antes concordavam com os “resultados comprovados da alta crítica”. Mas os resultados da alta crítica não são mais tão
comprovados como acreditávamos. Vejamos o exemplo da “hipótese documentária”. Um dos motivos para a criação dessa hipótese – além dos diferentes nomes usados para Deus em Gênesis – foi que o Pentateuco não poderia
ter sido escrito por Moisés, pois os “resultados comprovados da alta crítica”
haviam demonstrado que a escrita ainda não existia na época de Moisés ou,
se existia, era muito pouco usada. Conclui-se, portanto, que sua autoria era
mais recente. A mente dos críticos começou a trabalhar, elaborando a teoria
de que quatro autores, chamados de J, E, P e D, compilaram o Pentateuco.
Esses críticos formularam grandes estruturas de crítica literária, chegando ao
ponto de atribuir as partes de um único versículo a três autores diferentes!
(ver a Parte Dois deste livro para conhecer uma análise profunda da hipótese
documentária.)
A singularidade da Bíblia 97
Depois alguns indivíduos descobriram a “estela negra” (Unger, UBD, p.
444). A estela, ou monólito, continha caracteres cuneiformes com as leis
detalhadas de Hamurábi. Será que essa estela era pós-mosaica? Não! Era
pré-mosaica. E não somente isso, mas precedia os escritos de Moisés em
pelo menos três séculos (Unger, UBD, p. 444). Surpreendentemente, o objeto antecede Moisés, que se acreditava ter sido um homem primitivo, sem
alfabeto.
Que ironia da história! Ainda se ensina a hipótese documentária, mas
ficou demonstrado que muito de sua base original (“os resultados comprovados da alta crítica”) é falso.
Os “resultados comprovados da alta crítica” concluíram que os hititas
não existiram nos dias de Abraão, pelo fato de não haver outro registro de
sua existência além do Antigo Testamento. Seriam mito. Erraram de novo!
Pesquisas arqueológicas descobriram recentemente evidências que revelam
mais de mil e duzentos anos de civilização hitita.
Earl Radmacher, presidente aposentado do Western Conservative
Baptist Seminary, cita Nelson Glueck, ex-presidente do Jewish Theological
Seminary da Hebrew Union College de Cincinnati e um dos três maiores
arqueólogos: “Eu o ouvi [Glueck] no Templo Emanuel, em Dallas, e ele
chegou a corar ao dizer: ‘Tenho sido acusado de ensinar a inspiração verbal e
plenária das Escrituras. Quero que fique claro que nunca ensinei isso. Eu só
disse que, em toda a minha investigação arqueológica, nunca encontrei nem
um artefato da antiguidade sequer que contradissesse alguma declaração da
Palavra de Deus’.” (Radmacher, PC, p. 50).
Robert Dick Wilson, homem fluente em mais de 45 línguas e dialetos,
concluiu após uma vida toda de estudo do Antigo Testamento: “Posso
acrescentar que o resultado dos meus 45 anos de estudo da Bíblia conduziu-me o tempo todo a uma fé segura de que no Antigo Testamento
temos um relato verdadeiramente histórico da história do povo de Israel”
(Wilson, WB, p. 42).
A Bíblia é singular na capacidade de enfrentar seus críticos. Não há nenhum outro livro em toda a literatura semelhante a ela. Alguém que busque
a verdade sem dúvida levará em consideração um livro com esses atributos.
98 Novas evidências
5A. SINGULAR NOS ENSINOS
1B. Profecia
Wilbur Smith, que reuniu uma biblioteca pessoal de 25 mil volumes, conclui
que:
Outros livros alegam
inspiração divina, como
o Alcorão, o Livro de
Mórmon, e partes dos
Vedas [hindu]. Nenhum
deles, contudo, contém
profecia preditiva.
Não importa o que se pense da autoridade desse livro que chamamos de Bíblia
— NORMAN GEISLER E WILLIAM NIX
nem da mensagem nele apresentada, a
concordância universal é que, em muitas
maneiras, ele é o volume mais notável já produzido nos últimos cinco mil anos
de escrita pela raça humana.
A Bíblia é a única obra produzida por homens, ou por um grupo de homens,
em que se pode encontrar uma grande quantidade de profecias relativas a nações em particular, a Israel, a todas as pessoas da terra, a cidades específicas e à
vinda daquele que seria o Messias. O mundo antigo tinha muitos artifícios diferentes para determinar o futuro, conhecidos como augúrios ou adivinhações,
mas não se encontra nem em todo o espectro da literatura grega e latina, embora empreguem as palavras profeta e profecia, nenhuma predição específica sobre
um grande acontecimento histórico a se realizar num futuro distante, tampouco profecia alguma sobre um Salvador que surgiria na raça humana. […]
O islamismo não pode indicar nenhuma profecia sobre a vinda de Maomé pronunciada centenas de anos antes do seu nascimento. Nem os fundadores de
qualquer seita deste país podem identificar texto algum que prenuncie especificamente o surgimento de nenhuma delas (Smith, IB, p. 9-10).
Geisler e Nix concordam. Em A general introduction to the Bible [Introdução
geral à Bíblia] – um modelo de autoridade por direito próprio –, eles escrevem:
De acordo com Deuteronômio 18, um profeta seria falso se suas predições nunca se cumprissem. Nenhuma profecia bíblica incondicional sobre acontecimentos até os dias de hoje ficou sem cumprimento. Centenas de predições, algumas
proferidas centenas de anos antes, cumpriram-se literalmente. A época (Dn 9), a
cidade (Mq 5.2) e a natureza (Is 7.14) do nascimento de Cristo foram prenunciadas no Antigo Testamento, assim como dezenas de outros pontos relativos à
A singularidade da Bíblia 99
vida dele, a morte e a ressurreição (ver Is 53). Muitas outras profecias se cumpriram, entre elas a destruição de Edom (Ob 1), a maldição da Babilônia (Is 13),
a destruição de Tiro (Ez 26) e de Nínive (Na 1–3), e o retorno de Israel à terra
(Is 11.11). Outros livros alegam inspiração divina, como o Alcorão, o Livro de
Mórmon e partes dos Vedas [hindu]. Nenhum deles, contudo, contém profecia
preditiva. Por conseguinte, a profecia cumprida é um forte indicativo da autoridade divina exclusiva da Bíblia (Geisler/Nix, GIB, edição de 1986, p. 196).
2B. História
O texto de 1Samuel a 2Crônicas apresenta aproximadamente cinco séculos da história de Israel. A obra Cambridge ancient History (vol. 1, p. 222)
afirma: “Os israelitas sem dúvida têm talento para a construção histórica, e
o Antigo Testamento incorpora o escrito histórico mais antigo que existe”.
O ilustre arqueólogo professor William Albright começa seu clássico ensaio The Biblical Period [O período bíblico] com estas observações:
A tradição nacional hebraica supera todas as outras no retrato nítido de suas
origens tribais e familiares. É inútil procurar algo comparável no Egito, na
Babilônia, na Assíria, na Fenícia, na Grécia e em Roma. Não há nada semelhante na tradição dos povos germânicos. Nem Índia nem China produziram nada
parecido, uma vez que suas lembranças históricas mais antigas são depósitos
literários de tradição dinástica distorcida, sem sinal algum do vaqueiro nem do
camponês por trás do semideus ou do rei com quem começam seus registros.
Não existe nos mais antigos escritos históricos da Índia (os puranas) nem nos
mais antigos historiadores gregos nenhum indício de que os indo-arianos e os
helenos foram nômades que imigraram do norte para o lugar onde passaram
a residir. Os assírios, de fato, lembravam-se vagamente de que seus primeiros
governantes, cujos nomes recordavam sem nenhuma referência a seus feitos,
habitaram em tendas, mas o lugar de onde vieram fora há muito esquecido
(Finkelstein, JTHCR, p. 3).
Quanto à confiabilidade da “Tabela das Nações” de Gênesis 10, Albright
conclui: “Ela continua sendo única na literatura antiga, sem nenhum equivalente, mesmo entre os gregos. […] ‘A Tabela das Nações’ continua sendo
um documento extraordinariamente preciso” (Albright, RDBL, p. 70-72).
100 Novas evidências
3B. Caráter
Lewis S. Chafer, fundador e ex-presidente do Seminário Teológico de Dallas,
disse: “A Bíblia não é o tipo de livro que o homem escreveria se fosse capaz,
nem seria capaz de escrever, se quisesse”.
A Bíblia trata de modo muito franco o pecado de seus personagens,
mesmo quando esses pecados mancham a reputação do povo escolhido de
Deus, de seus líderes e dos próprios autores bíblicos. Por exemplo:
•
Os pecados dos patriarcas são mencionados (Gn 12.11-13; 49.5-7);
•
Os pecados do povo são denunciados (Dt 9.24);
• Os adultério do rei Davi com Bate-Seba e sua subsequente tentativa
de encobri-lo são revelados (2Sm 11‒12);
• Os evangelistas retratam seus próprios erros, bem como os dos Apóstolos
(Mt 8.10-26; 26.31-56; Mc 6.52; 8.18; Lc 8.24,25; 9.40-45; Jo 10.6;
16.32); e
• A desordem dentro da igreja é exposta (1Co 1.11; 15.12; 2Co 2.4).
A Bíblia como livro se concentra na realidade, não em fantasia. Apresenta
o bom e o mau, o certo e o errado, o melhor e o pior, a esperança e o desânimo, a alegria e o sofrimento da vida. Não poderia ser de outro modo,
pois seu autor supremo é Deus, e não há criatura que não seja manifesta na
sua presença; pelo contrário, todas as coisas estão descobertas e patentes aos olhos
daquele a quem temos de prestar contas (Hb 4.13).
6A. SINGULAR NA INFLUÊNCIA SOBRE A LITERATURA
Cleland B. McAfee escreve em The greatest english classic [O maior clássico
inglês]: “Se todas as Bíblias de uma cidade importante do mundo fossem destruídas, o Livro poderia ter todas as suas partes essenciais restauradas a partir
de citações presentes nas estantes das bibliotecas públicas dessa cidade. Há
obras, de quase todos os grandes autores literários, dedicadas especialmente a
demonstrar quanto a Bíblia os influenciou” (McAfee, GEC, p. 134).
Gabriel Sivan escreve: “Nenhum outro documento de posse da humanidade oferece tanto ao leitor – ensinamentos éticos e religiosos, poesia magnífica,
um programa social e um código jurídico, interpretação da história, e todas as
A singularidade da Bíblia 101
alegrias, tristezas e esperanças que brotam dos homens e que os profetas e líderes de Israel expressaram com inigualável vigor e emoção” (Sivan, BC, p. XIII).
Obra inspirada, a Bíblia também é fonte de inspiração. Seu impacto é inigualável, seja
no plano social e ético, seja no plano da criação literária. […] Os personagens bíblicos
são impressionantes, seus dramas são atemporais, os triunfos e derrotas são esmagadores. Cada choro nos emociona, cada clamor nos trespassa. Textos de outra época, os
poemas bíblicos são em si eternos. Eles nos chamam a atenção coletiva e individualmente, através e além dos séculos.
— Elie Wiesel, Romancista, Prêmio Nobel da Paz
A respeito da Bíblia hebraica, ele acrescenta:
Desde a aurora da civilização, nenhum livro inspirou tantas realizações criativas
entre escritores quanto o “Antigo” Testamento, a Bíblia hebraica. Na poesia,
no teatro e na ficção, sua influência literária é incomparável. O poeta alemão
Heinrich Heine comentou em 1830 sua importância com termos líricos:
“Levante e poente, promessa e cumprimento, nascimento e morte, o inteiro
drama da humanidade, tudo está neste livro. […] É o livro dos Livros, a Bíblia”.
Com percepções variáveis e inalterável coerência, escritores de quase todas as
terras e culturas têm encontrado na Bíblia, por mais de mil anos, um rico depósito de motivos e personagens. Esses escritores têm reelaborado e reinterpretado
esses elementos na representação de temas eternos, como, por exemplo, Deus e
o homem, o conflito entre o bem e o mal, amor, ciúmes e a luta do ser humano
pela liberdade, pela verdade e pela justiça (Sivan, BC, p. 218).
Susan Gallagher e Roger Lundin reconhecem: “A Bíblia é um dos documentos mais importantes da história da civilização, não somente pela
condição de Sagradas Escrituras inspiradas, mas também pela influência
onipresente no pensamento ocidental. Como visão de mundo predominante por no mínimo catorze séculos, o cristianismo e seu magnífico texto
fundamental desempenharam um papel importante na formação da cultura ocidental. Por conseguinte, muitos textos literários, mesmo em nossa era pós-cristã, quase sempre se valem-se da Bíblia e da tradição cristã”
(Gallagher/Lundin, LTEF, p. 120).
102 Novas evidências
Elie Wiesel, o célebre romancista e ganhador do Prêmio Nobel da Paz,
observa: “Obra inspirada, a Bíblia também é fonte de inspiração. Seu impacto é inigualável, seja no plano social e ético, seja no plano da criação
literária. […] Os personagens bíblicos são impressionantes, seus dramas são
atemporais, os triunfos e derrotas são esmagadores. Cada choro nos emociona, cada clamor nos trespassa. Textos de outra época, os poemas bíblicos
são em si eternos. Eles nos chamam a atenção coletiva e individualmente,
através e além dos séculos” (Em Epilogue of Liptzen [Epílogo de Liptzen],
BTWL, p. 293).
Harold Fisch, professor emérito da Bar-Ilan University, assinala: “A
Bíblia permeou a literatura do mundo ocidental num grau que não se pode
mensurar facilmente. Mais do que qualquer outro corpo de escritos, antigo
ou moderno, ela tem oferecido aos escritores da Idade Média em diante um
depósito de símbolos, conceitos e formas de perceber a realidade. Essa influência pode ser reconhecida não apenas em textos que tratam diretamente
de personagens ou tópicos bíblicos, mas também numa vasta quantidade de
poemas, peças e outros escritos que não são abertamente bíblicos no tema,
mas testemunham a favor de uma visão bíblica da humanidade e do mundo” (Fisch, HCBD, p. 136).
No seu clássico Anatomia da crítica, o crítico mundialmente renomado
Northrop Frye observou que “a literatura ocidental foi mais influenciada
pela Bíblia do que por qualquer outro livro” (Frye, AC, p. 14).
Vinte e cinco anos depois, Frye escreveu: “Logo compreendi que o estudante de literatura inglesa que não conhece a Bíblia não entende muito do
que se passa naquilo que lê: o mais consciencioso aluno sempre interpretará
equivocadamente as inferências e mesmo o significado” (Frye, GC, p. xii).
O historiador Philip Schaff (em The Person of Christ [A Pessoa de Cristo],
American Tract Society, 1913) refere-se de modo clássico à singularidade da
Bíblia e do Salvador:
Esse Jesus de Nazaré, sem dinheiro nem armas, conquistou milhões de pessoas a
mais que Alexandre, César, Maomé e Napoleão; sem ciência nem saber, lançou
mais luz sobre as coisas humanas e divinas do que todos os filósofos e intelectuais juntos; sem a eloquência das escolas, ele disse palavras de vida como nunca
A singularidade da Bíblia 103
haviam sido ditas antes, nem depois, e produziu efeitos que vão além do alcance
do orador ou do poeta; sem escrever uma linha sequer, ele moveu mais penas
e forneceu temas para mais sermões, orações, discussões, volumes de erudição,
obras de arte e canções de louvor do que toda uma multidão de grandes homens, dos tempos antigos e modernos.
Bernard Ramm acrescenta:
As complexidades dos estudos bibliográficos não têm correspondentes em nenhuma outra ciência nem departamento do conhecimento humano. Desde os
Pais apostólicos, a partir de 95 d.C., até os tempos modernos, há um caudaloso
rio de literatura inspirada pela Bíblia – dicionários bíblicos, enciclopédias bíblicas, léxicos bíblicos e atlas bíblicos. Isso só para começar. Em seguida, aleatoriamente, podemos mencionar as vastas bibliografias sobre teologia, educação
religiosa, hinologia, missiologia, línguas bíblicas, história da igreja, biografia
religiosa, obras devocionais, comentários, filosofia da religião, evidências, apologética, e assim por diante. O número é interminável. […]
Nenhum outro livro em toda a história humana inspirou a produção de tantas
obras quanto a Bíblia (Ramm, PCE, edição de 1953, p. 239).
7A. SINGULAR NA INFLUÊNCIA SOBRE A CIVILIZAÇÃO
A Bíblia também é singular no impacto sobre a civilização. Geisler e Nix
afirmam sucintamente:
A influência da Bíblia e de seu ensino no mundo ocidental é clara para todos os
que estudam a história. O papel influente do Ocidente no curso dos acontecimentos mundiais é igualmente claro. A civilização foi mais influenciada pelas
Escrituras judaico-cristãs do que por qualquer outro livro ou série de livros no
mundo. De fato, nenhuma grande obra moral ou religiosa do mundo excede
a profundeza da moralidade no princípio do amor cristão, e nenhuma tem
conceito espiritual mais sublime do que a perspectiva bíblica de Deus. A Bíblia
apresenta os ideais mais nobres conhecidos do homem, ideais que moldaram a
civilização (Geisler, GIB, edição de 1986, p. 196-197).
Grady Davis, na Nova Enciclopédia Britânica, escreve: “A Bíblia levou
seu conceito de Deus, do universo e da humanidade para as principais línguas ocidentais e, dessa forma, para os processos intelectuais do homem
104 Novas evidências
ocidental” (Davis, EB, p. 904). Afirma também: “Desde a invenção da imprensa (metade do século XV), a Bíblia passou a ser mais do que a tradução
de uma obra literária oriental antiga. Ela não parece um livro estrangeiro, e
tem sido a fonte e o árbitro mais acessível, mais conhecido e mais fidedigno
de ideais intelectuais, morais e espirituais do Ocidente” (Davis, EB, p. 905).
Gabriel Sivan observa: “A Bíblia deu forças ao que luta pela liberdade,
um novo coração ao perseguido, um projeto para o reformador social e inspiração para o escritor e o artista” (Sivan, BC, p. 491).
O filósofo francês Jean-Jacques Rousseau exclamou: “Vede as obras dos
nossos filósofos; com todo o estilo pomposo, como são tacanhas e desprezíveis em comparação com as Escrituras! É possível que um livro tão simples e
ao mesmo tempo tão sublime seja simplesmente obra de homens?”
Kenneth L. Woodward assinala na revista Newsweek que depois de “dois
mil anos […] os próprios séculos são contados a partir do nascimento de
Jesus de Nazaré. No fim deste ano, os calendários da Índia e da China, bem
como os da Europa, da América e do Oriente Médio, registrarão a alvorada
do terceiro milênio” (Woodward, 2000 Years of Jesus, Newsweek, 29 de março de 1999, p. 52).
8A. UMA CONCLUSÃO COERENTE
As evidências apresentadas anteriormente não provam que a Bíblia é a
Palavra de Deus. Para mim, entretanto, indicam com clareza que ela é extraordinariamente superior a todos os outros livros.
Um professor certa vez comentou comigo: “Se você for uma pessoa inteligente e estiver procurando a verdade, vai ler o livro que atraiu mais atenção
do que qualquer outro”. A Bíblia sem dúvida atende aos requisitos desse livro.
Conforme observou certa vez Theodore Roosevelt: “O conhecimento
profundo da Bíblia vale mais do que a educação universitária”.

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