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Edição suplementar, n.2
2014
Presidente da Comissão Científica
Italla Maria Pinheiro Bezerra
Conselho Editorial
Milana Drumond Ramos Santana
Ângela Patrícia Linard Carneiro
Érico Luiz Damasceno Barros
Italla Maria Pinheiro Bezerra
Paloma de Sousa Rocha
Wilma José Santana
Comissão Científica
Milana Drumond Ramos Santana
Rosângela Rodrigues dos Santos
Dayse Christina Rodrigues Pereira
Luz
Teresa Maria Siqueira Nascimento
Arrais
Grayce Alencar Albuquerque
Ângela Patrícia Linard Carneiro
Érico Luiz Damasceno Barros
Italla Maria Pinheiro Bezerra
Paloma de Sousa Rocha
Wilma José Santana
Publicação e Marketing
Allen Gomes Vidal
José Lucas Souza Ramos
Sammya Swyanne de Sousa
Ferreira
Edição suplementar de número 2 do ano de
2014, referente aos melhores resumos
expandidos apresentados na VI Semana de
Iniciação Científica da Faculdade de
Juazeiro do Norte.
www.fjn.edu.br/revista
s
EDIÇÃO SUPLEMENTAR DOS MELHORES
RESUMOS EXPANDIDOS APRESENTADOS NA
VI SEMANA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA
FACULDADE DE JUZEIRO DO NORTE.
Revista e-ciência
Número 2
Edição Suplementar,
N.2, DEZ. 2014
ISSN: 2318-492
RESUMOS EXPANDIDOS
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A ATUAÇÃO DA INCUBADORA TECNOLÓGICA DE
EMPREENDIMENTOS POPULARES E SOLIDÁRIOS NA
PROMOÇÃO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DA
REGIÃO DO CARIRI
Josefa Cicera Martins ALVES1; Cicera Keliciane de BARROS1; Maria do Socorro
dos SANTOS1; Maria Raíssa Fernandes GONÇALVES1; Augusto de Oliveira
TAVARES1.
Palavras-chave:
Sustentável.
Incubadora.
Economia
Solidária.
Desenvolvimento
INTRODUÇÃO
A desigualdade social é um problema de nível global, porem aparece de
forma mais intensa nas regiões menos desenvolvidas. A economia solidária
tem sido uma das alternativas trabalhadas no intuído de amenizar os
problemas oriundos dessa desigualdade.
O termo economia solidária como ressalta França Filho “pretende refletir
a realidade de uma outra economia, que se gesta em diferentes partes do
mundo a partir de iniciativas de natureza cooperativista e associativista
oriundas da sociedade civil e dos meios populares” (FRANÇA FILHO, 2014,
p.54). A mesma busca redefinir as relações econômicas por meio da
desconstrução da visão tradicional do econômico que tradicionalmente se
remeta a noção de troca mercantil e busca a reconstrução de uma visão
ampliada do econômico pautada numa perspectiva histórico antropológica
(ibidem, 2014).
Nestes termos podemos compreender que a economia solidária valoriza a
dimensão cooperativa no processo de geração de emprego e renda enquanto
base estratégica para o fortalecimento de uma sociedade voltada ao
desenvolvimento sustentável. Nessa perspectiva a mesma demanda ações
estratégicas, autônomas, criativas e inovadoras, direcionadas ao atendimento
das necessidades sociais de uma forma ampla e abrangente não se
restringindo unicamente ao fator da lucratividade.
1
Universidade Federal do Ceará, UFC – Campus Cariri.
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As incubadoras de empreendimentos solidários desenvolvem trabalhos
com o objetivo de amenizar as desigualdades através do empoderamento dos
atores sociais. Dado a relevância do tema, nos cabe fazer uma análise sobre a
atuação da ITEPS enquanto entidade de apoio e fomento as iniciativas em
economia solidária, que vem sendo desenvolvidas no âmbito comunitário. Para
tanto, iremos discorrer o percurso da Incubadora, suas metodologias adotadas,
os projetos que foram ou que estão sendo incubados e a perspectiva de
desenvolvimento que é adotado.
MÉTODO
Essa pesquisa se classifica segundo os métodos empregados como
pesquisa bibliográfica. Gil (2010) define esse tipo de pesquisa como sendo
aquela elaborada com base em informações já publicadas.
Nesse sentido, pretende-se discorrer sobre a importância da Incubadora
Tecnológica de Empreendimentos Populares e Solidários – ITEPS, para os
empreendimentos incubado, visando o desenvolvimento sustentável da região.
O estudo foi realizado a partir de uma revisão bibliográfica e análise
documental das publicações realizadas sobre os empreendimentos incubados e
sobre a incubadora. Também contamos com a experiências de bolsistas que
desenvolveram trabalhos dentro da ITEPS.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Incubadora Tecnológica de Empreendimentos Populares e Solidários foi
criada no ano de 2009 na Universidade Federal do Ceará – Campos Cariri,
(atual Universidade Federal do Cariri após a sanção da lei nº 12.826, de 5 de
junho de 2013).
A economia solidária é um dos conceitos norteadores das ações da
ITEPS, fazendo assim parte da metodologia. Para França Filho (2007), a
economia solidária enquanto metodologia de intervenção pode ser conceituada
como uma tecnologia social, uma ferramenta para a geração de trabalho e
renda, na perspectiva do desenvolvimento de territórios em situação de
vulnerabilidade social. Assim, a ITEPS desenvolve seus trabalhos com base em
uma atuação promotora do empoderamento social, em que as comunidades
percebem em si a capacidade de mudança através dos potenciais intrínsecos à
comunidade.
A abordagem sobre economia solidária nos remete discorrer sobre a
gestão social enquanto forma de gestão a ser desenvolvida nos espaços
incubados, bem como a importância da mesma. Considerando que esta
proporcionar uma gestão verticalizada, descentralizada e coletiva esta traz
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para estes espaços tal como ressalta Araújo (2014, p. 86) a “prevalecia da
logica humanitária, do interesse público e do social em detrimento dos
interesses privados, individuais e monetário”.
No que compete à metodologia de atuação da ITEPS/UFCA, a sua prática
se estrutura por meio da execução de um processo de três fases - Préincubação, incubação e desincubação – as atividades ocorrem segunda quatro
eixos de atuação: diagnóstico, planejamento, formação e acompanhamento.
A pré incubação como ressalta Cunha (2014) trata-se de um momento
de aproximação entre a incubadora e o empreendimento a ser incubado. A
incubação propriamente dita é considerada a fase principal, pois nela ocorrem
as ações de formação e acompanhamento do grupo. A desincubação
corresponde ao período onde a incubadora finaliza as suas ações de acessória
e o grupo incubado passa a se articular de forma autônoma. Sobre os eixo de
atuação o diagnostico consiste no processo de conhecimento, ocorre o
levantamento de informações acerca do grupo/ e ou território a ser incubado,
bem como as suas demandas. O planejamento consiste na estruturação das
ações a serem desenvolvidas coletivamente, portanto, é importante que seja
elaborado de forma coletiva. A formação consiste no processo de capacitação
do grupo a ser incubado acerca de elementos técnicos e político pertinentes no
processo. O acompanhamento pode ser compreendido enquanto o processo de
assessoramento realizado no dia a dia dos empreendimentos, nesse momento
é colocado em pratica os elementos definido no eixo do planejado.
Desde sua criação a ITEPS acompanha vários grupos, destes alguns
ainda continuam sendo acompanhados, outros já foram plenamente
desincubados. Nesse sentido, abaixo está descrito alguns empreendimentos
que fizeram parte dessa construção conjunta de melhoria da qualidade de vida
de suas comunidades.
1 – Fomento a Economia Solidária e ao Artesanato
O Fomento à Arte e à Economia Solidária na Região do Cariri”, iniciou
suas atividades em 2009, sendo seu objetivo principal o de promover o
desenvolvimento socioeconômico dos artesãos da região do Cariri Cearense
por meio do fomento à comercialização coletiva e cooperada do artesanato
(produzido pelas artesãos em questão) em uma feira ou loja específica. A ideia
do projeto gira em torno dos princípios da Economia Solidária, com a
autogestão, a cooperação e a auto sustentabilidade fomentando um tipo de
comércio mais justo e fortalecendo as relações sociais.
2 – Fomento de uma rede de Economia Solidária a partir do Centro de
Desenvolvimento Comunitário das Timbaúdas e do Banco Comunitário de
Desenvolvimento
O Centro de Desenvolvimento Comunitário das Timbaúbas – CDCT, teve
sua origem a partir de uma Associação de Micro e Pequenos Empreendedores
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do Salesiano – ASMIPESAL. O CDCT foi criado com a finalidade de trazer o
desenvolvimento comunitário para o bairro das Timbaúbas, tal associação era
composta, na ocasião de sua criação, por onze integrantes, entre artesão,
prestadores de serviços e pequenos comerciantes todos em busca de
melhorias para sua comunidade.
A ITEPS iniciou sua parceria com o CDCT em 2010, tendo como objetivo
fomentar o desenvolvimento local e sustentável do bairro das Timbaúbas como
um todo. Nesse processo ocorreu como primeira etapa uma estruturação e
capacitação dos associados juntamente com a mobilização da comunidade
seguido da implantação de um Banco Comunitário e tendo como última etapa a
estruturação de uma rede de Economia Solidária.
3 - Apoio aos Catadores de Resíduos Sólidos
O projeto de apoio aos catadores surgiu a partir da ITEPS, em 2011, com
o objetivo de promover a inclusão socioeconômica dos trabalhadores da cadeia
produtiva da reciclagem da região do Cariri. Inicialmente as propostas giraram
em torno de uma investigação da situação socioeconômica dos catadores; da
ideia de tirar os atravessadores, aumentando assim a lucratividade do catador;
e da possibilidade de capacitar e assessorar tecnicamente as Associações de
Catadores, para que eles pudessem exercer o ideário da Economia Solidária
em suas práticas de trabalho.
Atualmente esse projeto continua sendo acompanhado pela ITEPS, numa
perspectiva mais ampla, através do fomento de uma cooperativa de catadores
em nível regional.
4 - Fomento ao Comércio Justo e Solidário
Em 2012 foi implementado o projeto de apoio aos produtores de
orgânicos da região do cariri, através da articulação entre os atores que fazem
parte do movimento de Economia Solidária, o Poder Público e os produtores de
orgânicos. Para tanto, em sua fase inicial, foi feito o mapeamento desses
produtores, considerando suas peculiaridades de produção e o levantamento
de consumidores para compor um coletivo de compras.
CONCLUSÃO
A Incubadora Tecnológica de Empreendimentos Populares e Solidários ITEPS durante sua trajetória de construção conjunta e dialógica junto as
comunidade da região sul carirense, instigou através da práxis e da reflexão
sobre a ação uma nova forma de promoção do desenvolvimento endógeno e
sustentável.
É notório que os grupos uma vez incubados passam a construir uma
autoimagem diferenciada sobre sua realidade. Ainda assim, entendemos que é
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importante a busca pelo constante aprimoramento das metodologias e das
formas de abordagens empregados pela ITEPS em seu dia a dia.
Vale ressaltar que além das iniciativas aqui explanadas, ainda existem
outros empreendimentos que se encontram em fase inicial e que, portanto,
não foram mencionados neste artigo.
A partir das premissas que norteiam as ações realizadas através da
ITEPS por meio de uma metodologia que contribui para o processo de
fortalecimento da autonomia dos sujeitos, bem como para o desenvolvimento
individual e coletivo dos grupos e/ou territórios incubados, podemos perceber a
contribuição da mesma para o processo de construção de uma sociedade mais
justa e solidária.
REFERÊNCIAS
ARAUJO, Edigilson Tavares de. Gestão social. In: Boullosa, Rosana de Freitas
(org.). Dicionário para a formação em gestão social. Salvador:
CIAGS/UFBA, 2014. P. 85-90.
CUNHA, Eduardo Vivian da. Incubação. In: Boullosa, Rosana de Freitas (org.).
Dicionário para a formação em gestão social. Salvador: CIAGS/UFBA,
2014. P. 95-97.
FRANÇA FILHO, Genauto Carvalho de. Economia Solidária. In: Boullosa,
Rosana de Freitas (org.). Dicionário para a formação em gestão social.
Salvador: CIAGS/UFBA, 2014. P. 54-56.
FRANÇA FILHO, Genauto Carvalho de. Teoria e prática em economia solidária:
problemática, desafios e vocação. Civita - Revista de Ciências Sociais. Porto
Alegre, V. 7, n.1, p. 155-174, jan/jun. 2007.
FRANÇA-FILHO, Genauto Carvalho de. Economia Solidária. In: Boullosa,
Rosana de Freitas (org.). Dicionário para a formação em gestão social.
Salvador: CIAGS/UFBA, 2014. P. 54-56.
GIL, A. C.; Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 5. Ed. São Paulo: Atlas,
2010.
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ANÁLISE FISCAL DO DESEMPENHO ECONÔMICO DAS
PREFEITURAS CEARENSES SEGUNDO INDICADORES
SELECIONADOS
José Jonas Alves Correia1; Dayane Batista da Silva1; Cristiane Sales de Souza1;
Arthur Lima Silva1; Jucilene da Silva1; Paloma Sousa Rocha2.
Palavras-chave: Análise. Prefeituras. Municípios. Indicadores. Econometria.
INTRODUÇÃO
O vigoroso crescimento do mercado tem um novo sentido de balizar a
capacidade do Governo em gerir os gastos públicos. As funções públicas ao
longo do século XX, continuamente ganharam peso e diversificação, resultado
desta evolução que, presentemente, cabem as entidades vinculadas ao Estado
e suas funções básicas no plano econômico, bem como papel dominante nas
atividades de cunho social.
A Lei de Responsabilidade Fiscal veio para estabelecer os princípios e
normas, separando o público do privado, com mecanismo de controle e de
transparência fiscal, além de fundir conceitos como gestão fiscal e
responsabilidade social, como uma nova formatação para apresentar a função
dos gastos públicos.
Há apenas décadas, costumava-se constatar o Estado e a economia
privada apontando o papel que caberia a ambos na vida em sociedade. Assim,
o governo deveria, fundamentalmente, velar pela segurança e defesa dos
cidadãos e de seus direitos de propriedade, garantindo condições para que as
atividades propriamente ditas econômicas se organizassem ao sabor dos
interesses privados. Em suma, o Estado forneceria o arcabouço jurídicoinstitucional e os indivíduos e grupos particulares proveriam a substância
econômica do sistema. (CASTRO, 2011).
Outros estudos denotaram a respeito da política fiscal e crescimento
econômico para a economia brasileira, porém o foco é para elencar o impacto
dos gastos agregados sobre o crescimento ou no impacto somente dos
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investimentos em infraestrutura e não nos efeitos diferenciados da composição
dos gastos sobre o crescimento.
Na concepção de Mazoni (2005), a separação dos gastos em consumo e
investimento, observando que os impactos dos gastos públicos podem ocorrer
de duas formas, diretamente sobre o produto da economia e indiretamente
através do impacto nos investimentos privados. Diante deste contexto, a
questão problema apresentada: Qual o resultado fiscal apresentado pelos
municípios cearenses no período de 2006 a 2010?
Nesse contexto, os estudos urbanos no aspecto geográfico e econômico
tiveram um significativo avanço na pesquisa, em decorrência das
transformações espaciais e alteração na morfologia urbana nas últimas
décadas. Entretanto, outro fator é o limite inerente aos gastos que devem ser
controlados pelos gestores públicos, mediante a imposição da Lei de
Responsabilidade Fiscal, que influenciaram neste avassalador crescimento
estruturais. Em virtude de obter maiores informações, o objetivo geral da
pesquisa é apresentar o resultado fiscal e desempenho econômico das
prefeituras cearenses, por meio de indicadores selecionados.
MÉTODO
No intuito de contribuir para análise do perfil socioeconômico dos
municípios cearenses, optou-se por construir e realizar uma análise
comparativa dos indicadores financeiros dos municípios cearenses. A
metodologia que será abordada contempla uma parte descritiva e outra de
caráter econométrico com uso de dados em painel, desenvolvidos para
mensurar o impacto dos gastos públicos municipais, bem como para expurgar
o efeito fixo de cada município inserido no painel. A fonte dos dados é
proveniente da Secretaria do Tesouro Nacional. Para a análise descritiva foi
utilizado informações para os 25% mais pobres e os 25% mais ricos. Depois
foram calculadas as médias para cada indicador e foi plotado no gráfico para
período selecionado.
A base de dados contém informações para 171 municípios cearenses no
ano de 2006 a 2010. As variáveis utilizadas neste trabalho são: Receitas
Correntes, Receitas Tributárias, Receitas de Transferências Correntes,
Despesas Correntes, Despesas com Saúde, Despesas com Educação e
Despesas em Infraestrutura.
Utilizou-se a metodologia de dados em painel para a estimação do
modelo, pois, a análise trata de uma situação em que há dados temporais
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(time-series) e dados
(WOOLDRIDGE, 2008).
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cruzados
(cross-section)
no
mesmo
modelo
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para a análise dos dados foram construídos quatro indicadores, de
autonomia financeira, de dependência, de gastos sociais e de infraestrutura
para os grupos de municípios que fazem parte dos 25% mais pobres e dos
25% mais ricos, a fim de avaliar a gestão das prefeituras no período
selecionado.
A composição dos indicadores é dada da seguinte maneira: i) Autonomia
Financeira é a relação entre receitas tributárias e despesas correntes; ii)
Dependência é a relação entre transferências correntes e despesas correntes;
iii) Gastos sociais composto da relação entre despesas em educação e saúde
sobre receitas correntes e iv) Infraestrutura construído a partir da relação ente
despesas em infraestrutura sobre receitas correntes.
O indicador autonomia financeira se mostrou superior, em todo o
período, para os municípios que fazem parte dos 25% mais ricos. Isto significa
que os municípios mais ricos possuem uma maior capacidade de geração de
receitas próprias e de deliberar os critérios de alocação de seus gastos do que
os 25% mais pobres.
O indicador autonomia financeira também está atrelado ao indicador de
dependência. Como se pode verificar para os anos compreendidos entre 2006
e 2010, os municípios mais ricos, que possuem uma maior autonomia
financeira são exatamente os que possuem uma menor dependência, ou seja,
relação entre transferências correntes sobre despesas correntes. Os municípios
mais ricos dependem menos das transferências correntes para fazerem face
aos seus gastos correntes.
Quanto ao indicador gastos sociais observou-se que houve uma trajetória
de crescimento muito próximo entre os dois grupos no período de 2006 e
2008. Em 2009 houve um aumento considerável dos gastos em educação e
saúde realizados pelos municípios mais pobres daquele ano. Em média 2009,
os gastos sociais para os municípios 25% mais pobres foram, de R$
12.435.313,57 contra R$ 11.270.724,09 dos 25% mais ricos.
O indicador de infraestrutura apresentou um comportamento oscilatório
entre os grupos, entre o período de 2006 a 2008, os municípios considerados
mais ricos do Estado tiveram uma média de investimento em infraestrutura
superior à média de investimento dos considerados mais pobres. A partir de
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2008, observou-se um processo inverso, os municípios mais pobres passaram
a investir mais em infraestrutura do que os mais ricos.
CONCLUSÃO
O presente trabalho teve como objetivo avaliar a gestão dos prefeitos
cearenses a partir de seus investimentos em áreas sociais e de infraestrutura,
bem como o processo de autonomia e dependência financeira municipal
considerando os balanços das prefeituras entre 2006 e 2010.
Os resultados apontaram que o superávit fiscal, produzido pela relação
entre receitas correntes e despesas correntes, afeta de forma positiva o
cômputo do indicador de autonomia financeira e negativamente o indicador de
dependência financeira. Quanto ao indicador de gastos sociais os estimadores
não se apresentaram significativos, no entanto, obtém-se um efeito indireto
sobre os indicadores que podem ser positivos ou negativos dependendo do
processo de tomada de decisão pelos gestores municipais, quanto à obtenção
de superávits ou déficits, se superávit através da redução das despesas
correntes, que provocam uma redução dos gastos em educação e saúde ou por
meio de déficit por conta do aumento das despesas correntes, proporcionando
um aumento das despesas correntes e um impacto positivo sobre os gastos
sociais correntes e um efeito negativo sobre os gastos sociais subsequentes.
Portanto, há para os gestores municipais um trade-off clássico quanto a
melhor forma de obter receitas e de como deve ser a aplicação mais eficiente
destes recursos, uma vez que essa decisão poderá interferir no desempenho
dos principais indicadores municipais.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei Complementar nº. 101, de 4 maio 2000. Estabelece normas de
finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e
dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil,
Brasília, 05 mai. 2000.
CASTRO, Antonio de Barros de. Introdução à economia: uma abordagem
estruturalista. 38º ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2011.
MAZONI, M.G. Gastos públicos e crescimento econômico no Brasil:
análise dos impactos dos gastos com custeio e investimento. São Paulo:
Dissertação (Mestrado)- FEA/USP, 2005.
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RESUMOS EXPANDIDOS
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WOOLDRIDGE, Jeffery M. Introdução à econometria: uma abordagem
moderna. 4. Ed.São Paulo: Cengage Learning, 2010.
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COMO A GESTÃO DO CONHECIMENTO GERA VALOR PARA AS
ORGANIZAÇÕES
Enemir Moreira Duarte Sobrinho1, Giovanni Sobreira Ferreira1, Lucas Vieira dos
Santos1, Tiago Xavier do Nascimento1, Ângela Patrícia Linard Carneiro2.
Palavras-chave:
Organizações.
Gestão.
Conhecimento.
Valor.
Competitividade.
INTRODUÇAO
Conhecer para viver. Esse aforismo vale para quaisquer âmbitos da
atividade humana, uma vez que toda iniciativa necessita do conhecimento
tanto para ser alicerçada como para ser desenvolvida e reproduzida com
eficácia.
Tal conhecimento caracteriza-se pela dinamicidade e continuidade,
diferenciando-se dos demais recursos, assim como afirmam Probst, Raub e
Romhardt (2002), ao passo que aumenta à medida que é usado. Em meio a
estacontinuidade, é preciso, no entanto, geri-lo adequadamente a fim de fazêlo gerar valor, ao invés de simplesmente desperdiçá-lo.
Dessa forma, mediante o cenário de mudanças contínuas e
multidimensionais, que caracteriza o âmbito organizacional, as atividades
gerenciais devem voltar-se, segundo Takeuchi e Nonaka (2008), para gestão
do conhecimento. Nesse contexto, a gestão empresarial tem como desafio
agregar valor, fazendo-se necessário para tal, convergir o conhecimento para a
organização, conforme afirma Angeloni (2008).
Com o intuito de gerar valor a partirdesse bem intangível, cabe às
organizações, portanto, implementar a gestão do conhecimento, buscando
aproveitá-lo, disseminá-lo e combiná-lo da melhor maneira, propiciando ainda
condiçõespara sua criação, as quais referem-se à intenção,autonomia,
flutuação e caos criativo, redundância, e variedade de requisitos,assim como
discorrem Takeuchi e Nonaka (2008), de modo a prover uma maior efetividade
e eficiência aos processos organizacionais. Sendo assim, cabe questionar:
Como a Gestão do Conhecimento agrega valor para as organizações?
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Destarte, em virtude do que foi mencionado, este estudo visa evidenciar
a importância do conhecimento bem gerido para o desenvolvimento das
organizações, demonstrando como se pode usufruí-lo dentro destas, e
clarificando que a gestão da produtividade deve coadunar-se à gestão do
conhecimento, de modo a despertar nos interessados o desiderato de geri-lo
como fonte de lucro.
MÉTODO
Esta pesquisa, de caráter qualitativo, foi desenvolvida a partir da busca
de explicação fundamentada na observação de algumas das principais
contribuições teóricas existentes sobre o tema em evidência (Gestão do
Conhecimento), relacionando dados e conceitos oriundos dessas fontes
secundárias, para obtenção das devidas conclusões.
Dessa forma, o respectivo estudo consiste em uma pesquisa
bibliográfica, visto que segundo Marconi e Lakatos (2005) esta objetiva,
sobretudo, propiciar o exame acerca de um determinado tema mediante uma
nova abordagem, a fim de obter conclusões inovadoras.
Mediante tal contexto, para a efetivação desta pesquisa, foi considerado
ainda o método dedutivo enquanto método de abordagem, uma vez que
conforme afirmam Marconi e Lakatos (2005), tal método tem como propósito
explicar o conteúdo das premissas, de modo a se fazer inferências decorrentes
de conhecimentos pré-existentes.
Por fim, no que concerne aos procedimentos adotados para a realização
deste estudo, levouse em consideração o método comparativo, ao passo que
se fez uma análise decorrente de similaridades e divergências identificadas em
meio aos dados e conceitos auferidos de fontes diversas acerca da respectiva
problemática.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados foram obtidos mediante investigação bibliográfica,
desenvolvida a partir da análise de dados e conceitos apresentados por
diferentes autores, com o intuito de comparar e, posteriormente, estabelecer
uma compreensão singular em meio aessas diferentes percepções existentes
acerca do mesmo tema: Gestão do Conhecimento e o valor que esta agrega
para as organizações.
Por meio do estudo analíticoefetuado acerca da respectiva problemática,
verificou-se uma concordância parcial por parte dos diferentes contribuintes
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teóricos considerados para tal, ao passo que ambos afirmamque o
conhecimento, em progressão contínua, representa para as organizações a
possibilidade de estabilidade no mercado competitivo, assim como discorre
Angeloni (2008), por exemplo, ao afirmar que o acúmulo de equipamentos e
espaços físicos da organização são inferiores ao conhecimento gerado por esta.
Probst, Raub e Romhardt (2002), concordam com tal assertiva ao afirmarem
que o investimento de uma determinada quantia em ativos de conhecimento é
muito mais lucrativo do que a aplicação de quantia equivalente em bens
tangíveis. Terra (2000), por sua vez, também prioriza o conhecimento em
meio à necessidade permanente de reinvenção, vinculando e condicionando a
estabilidade no mercado competitivo à capacidade da empresa em transformálo em algo relevante, visto que segundo o autor, o conhecimento prepara a
organização para a imprevisibilidade, podendo gerar retornos exponenciais, se
devidamente gerido.
Mediante a pesquisa realizada, pôde-se aferir ainda, em meio às
diferentes fontes consultadas, que a Gestão do Conhecimento, enquanto fonte
de valor, está vinculada ao desenvolvimento da capacidade inovadora, que,
por sua vez, representa uma garantia de vantagem competitiva.
Nesse contexto, Angeloni (2008) ratifica que a vantagem competitiva
pode ser entendida como o resultado da implementação de uma estratégia de
criação de valor, fazendo-se necessário para tanto,prover uma inovação
constante
no
que
concerne
aos
conhecimentos,
tecnologias
e
produtos.Percebe-se também uma consonância de ideias entreTerra (2000) e
Takeuchi e Nonaka (2008), ao definirem o conhecimento como fonte de
vantagem competitiva, enfatizando a importância da inovação em meio a esse
processo de agregação de valor por intermédio da Gestão do Conhecimento.
Quando Takeuchi e Nonaka (2008) afirmam que as inovações do conceito
do produto estão se tornando cada vez mais importantes, pode-se entender,
portanto, que a tarefa de garantir a subsistência daquele no mercado tem se
tornado cada vez mais desafiadora, visto que a complexidade de fazê-la
aumenta no mesmo sentido. Ao citar o processo de inovação, os autores
apontam uma vertente de mercado competitivo para a qual a gestão do
conhecimento é fundamental, bem como enfatizam a sua importância
mediante o processo de formação de valor para a empresa.
Em meio a esse contexto, Probst, Raub e Romhardt (2002), por sua vez,
definem a capacidade de absorver informações, produzir conhecimento a partir
destas e agregá-lo aos produtos que comercializam, como sendo uma
característica das empresas inovadoras. Ainda segundo os autores, esse
processo aumenta o valor do produto e só é possível através de uma gestão
adequada do conhecimento. Takeuchi e Nonaka (2008), por outro lado, ao
discorrerem sobre inovação e valor, segmentam o conhecimento em três
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dimensões, destacando-se a know-what, dimensão na qual se concentra o
conhecimento sobre o valor dos produtos. Tais conceitos, embora
apresentados sob perspectivas diferentes, apresentam similaridade, visto que
a definição categórica feita por Takeuchi e Nonaka (2008), resume-se em
abstrair as devidas informações para se ter o entendimento acerca do valor do
produto para o cliente, de modo a potencializá-lo por meio de uma gestão
adequada do conhecimento, bem como discorrem Probst, Raub e Romhardt
(2002), ao caracterizarem as empresas inovadoras.
Em face aos dados apresentados pôde-se observar, portanto, que apesar
de ser analisada e descrita mediante diferentes aspectosconcorda-se, de forma
geral, que a Gestão do Conhecimento, devidamente implementada, fomenta a
capacidade de inovação, traduzindo-a em geração de valor para as
organizações.
CONCLUSÃO
Diante do que foi observado, pode-se evidenciar que, a fim de agregar
valor aos produtos e serviços, e consequentemente garantir uma estabilidade
no mercado competitivo, as organizações devem investir cada vez mais na
gestão do conhecimento, convergindo-a para a gestão da produtividade, de
modo a desenvolver a capacidade de inovação, mediante as possibilidades
decorrentes da devida utilização e combinação das diversas fontes de
conhecimento.
Todavia, ao contextualizar os conceitos analisados com o cenário
competitivo vigente, inferese que, embora seja legitimada a importância do
conhecimento, devidamente gerido, para o desenvolvimento das organizações,
muitas destas ainda relutam em investir no conhecimento como fonte de lucro.
Portanto, mediante a relevância da gestão do conhecimento em meio ao
processo evolutivo e inovador das empresas, conclui-se que as organizações
que priorizam o conhecimento perante essa necessidade permanente de
reinvenção se sobressaem às demais, ao passo que desenvolvem
características substanciais – as quais permitem sua alavancagem no cenário
competitivo.
REFERÊNCIAS
ANGELONI, Maria Terezinha. Gestão do Conhecimento no Brasil: casos,
experiências e práticas de empresas públicas. 21º Ed. Rio de Janeiro:
Qualitymark, 2008.
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os elementos construtivos do sucesso. 1ª Ed. Porto Alegre: Bookman,
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Porto Alegre: Bookman, 2008.
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DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM EM PACIENTE PRÉESCOLAR COM DIABETES MELITO TIPO I: RELATO DE
EXPERIÊNCIA
Raquel Duarte Pereira1; Samyra Paula Lustoza1; Joseph Dimas de Oliveira1;
Italla Maria Pinheiro Bezerra2.
Palavras-chave: Enfermagem. Diagnósticos. Diabetes melito.
INTRODUÇÃO
O processo de enfermagem encontra-se dividido em cinco etapas, são
elas: Histórico, diagnóstico, planejamento, implementação e avaliação
(SMELTZER, BARE, 2006). A utilização do processo de enfermagem possibilita
uma maior interação profissional – criança permitindo que o mesmo demonstre
seus medos e que o profissional interfira sobre os mesmos de maneira eficaz,
observando e cuidando da criança de acordo com o ambiente em que esta
inserida.
Em relação ao diabetes melito, o processo de enfermagem traz maior
segurança ao profissional, uma vez que a assistência está embasada por
conhecimento técnico - cientifico. Ademais propicia à criança e seus familiares,
uma assistência humanizada (LEITE; SHIMO, 2008).
O Diabetes Melito (DM) está divido em quatro classes clinicas: DM tipo I,
DM tipo II, outros tipos específicos de DM e DM gestacional (SOCIEDADE
BRAS. DE DIABETES, 2009). O Diabetes Melito tipo I caracteriza-se pela
destruição das células beta pancreáticas. Acredita-se que fatores genéticos,
imunológicos e possivelmente ambientais combinados contribuam para a
destruição das células beta (SMELTZER, BARE,2006). O diagnóstico de DM na
infância segue os mesmos critérios utilizados para outras faixas etárias. De
forma geral, quase todos os pacientes são diagnosticados com sintomas
sugestivos associados à glicemia ao acaso maior que 200 mg/dL (11,1
mmol/L) e, em alguns casos, o diagnóstico pode ser realizado a partir de
glicemia de jejum maior ou igual a 126 mg/dL (7 mmol/L) (CALLIARI, MONTE,
2008). A incidência de DM tipo I vem aumentando mundialmente, afetando
crianças em idades cada vez mais precoces.
1
Universidade Regional do Cariri, URCA
2
Docente da Universidade Regional do Cariri, URCA
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Estudos demonstram que o tratamento intensivo do DM tipo I
inquestionavelmente leva à redução das complicações microvasculares do
diabetes, mas que esta intensificação do tratamento necessita efetivo auto
manejo, que requer processo educativo frequente, com adequado suporte
continuado (TSCHIEDEL, 2008).
Considerando a complexidade do quadro clínico dos portadores de
diabetes tipo I, o cuidado integral ao paciente e sua família é um desafio para
a equipe de saúde, que deve ter como objetivo ajudar o paciente a gerenciar
sua vida com diabetes em um processo que vise autonomia e qualidade de
vida (LEAL et al. 2009).
Portanto o estudo se justifica pela relevância epidemiológica do diabetes
melito e pelo impacto que ele pode representar para a criança e seus
familiares destacando queo processo de enfermagem promove um cuidado
individualizado e de qualidade. Objetiva-se neste estudo implementar o
Processo de enfermagem a um pré-escolar diagnosticado com diabetes melito
tipo I.
MÉTODO
Trata-se de um estudo descritivo, qualitativo do tipo relato de
experiência.Segundo Gil (2010), as pesquisas descritivas objetivam descrever
as características de determinada população, podendo também ter por
finalidade a identificação de possíveis relações entre variáveis. O estudo foi
realizado no período de junho de 2012 por acadêmicas do V período de
Graduação em enfermagem na Universidade Regional do Cariri - URCA ,
durante estágio curricular da disciplina de enfermagem no processo de saúde
da criança em hospital referência na cidade de Barbalha – Ceara. Durante o
estagio teve-se contato com pré-escolar do sexo masculino com 3 anos de
idade, portador de Diabetes melito tipo II. Para coleta dos dados utilizou-se
formulário pré-estabelecido pelos docentes da disciplina.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Em área hospitalar durante o estagio teve-se contato com pré-escolar,
em 7° dia de internação hospitalar; sexo masculino; 3 anos; caucasiano. Antes
da internação apresentava afta, glande do pênis com sinais flogísticos, pápulas
purulentas, fimose e tosse além de sede excessiva, polifagia, polaciúria,
nictúria e disúria. Os exames de rotina como glicemia e o de urina tiveram
valores dentro dos parâmetros normais. Como a criança queixava-se de disúria
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e a região do pênis encontrava-se hiperemiada ate a região escrotal, a
cuidadora (mãe) procurou atendimento médico, desta vez o exame de glicemia
mostrou valores alterados, (520 mg/dl), o mesmo foi então encaminhado para
UTI hospitalar da instituição de estágio. Permaneceu na UTI e foi encaminhado
para enfermaria no dia seguinte . Mora com mais sete pessoas, possui sistema
de água, esgoto e eletricidade. Mãe é funcionária pública, ensino médio
incompleto; o pai é fumante, ensino médio incompleto. Pais em união estável.
Não há relato de uso de drogas na família, historia familiar pregressa com avô
e bisavô paternos diabéticos. 4 gestações sendo este o terceiro filho. Gravidez
não planejada. Refere ter realizado acompanhamento pré-natal, bem como
todos os exames solicitados. Gestação de 39 semanas. Nascido com 4.810 Kg;
52 cm; parto cesariano; não refere complicações pré ou pós parto. História
pregressa de internações, uma por resfriado e outra por ingestão voluntaria da
criança de medicação (dexametasona), não apresentou complicações.
Frequenta jardim II e não apresenta dificuldades de aprendizagem e
comunicação. No exame físico verificou-se avaliação do crânio, cabeça e couro
cabeludo, apresentando normocefaleia, ausência de abaulamentos e
proeminências. Quantidade e distribuição de cabelos normais. Ausência de
lesões e seborreia. Dentição de transição completa. Boa acuidade auditiva. Na
verificação pulmonar, sons inalterados, frêmito tátil inalterado e eupnéia (20
mrm). Avaliação cardiovascular com ausência de dor cianose e edema, sons
normofonéticos. Avaliação abdominal com ausência de cicatrizes e manchas,
borborigmos presentes, ausência de dor apalpação. Avaliação genital com
pênis apresentando hiperemia, ausência de edema e petequias. Não há relato
de disúria.
De acordo com o histórico e exame podem-se verificar os seguintes
Diagnósticos de Enfermagem: Risco glicemia instável relacionado a controle de
medicamentos; Medo relacionado a hospitalização e à falta de familiaridade
com procedimentos hospitalares, como, injeções evidenciado por episódios de
choro, apreensão e estado de alerta aumentado; Integridade da pele
prejudicada relacionada a estado metabólico prejudicado evidenciado por
rompimento da superfície da pele; Risco de infecção relacionado a defesas
primarias inadequadas. Assim foi possível observar que, os Diagnósticos de
Enfermagem identificados refletem as complicações trazidas pelo DM. A criança
sente-se insegura por estar em um ambiente desconhecido e não sabe o que
vai acontecer mais adiante além de ter tido mudanças na sua rotina.
O plano de cuidado voltou-se para ações que se adéquem ao estado em
que se apresenta. Paganin et al. 2010 enfatizam a importância da identificação
dos diagnósticos de enfermagem mais prevalentes em determinadas
populações para então poder instituir, com qualidade, as etapas do processo
de enfermagem.
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Ademais é possível que a família participe do planejamento dos cuidados
com o pré-escolar quando estes diagnósticos estão bem estabelecidos. Leal et
al. 2009 em seu estudo afirmam que, quando bem esclarecidos sobre a
doença, crianças, adolescentes e seus familiares acabam criando mecanismos
de adaptação ao diabetes.
Frente a essa situação destaca-se a teoria de adaptação de Callista Roy
que enfatiza que a pessoa sofre uma adaptação para que dessa forma
responda adequadamente às mudanças do meio, e esta adaptação depende da
função dos estímulos aos quais está exposta e do seu nível de adaptação. Roy
em sua teoria conta com quatro elementos: a pessoa o ambiente, a saúde e a
enfermagem, onde a pessoa pode ser entendida como um ser biopsicossocial
em constante exposição a estímulos, os quais desencadeiam mecanismos de
enfrentamento inatos ou adquiridos, conferindo-lhe habilidades para adaptarse às possíveis mudanças (ROY, ANDREWS, 1999).
Neste caso a enfermagem, atua promovendo respostas adaptativas e
minimizando as respostas ineficazes. Interferindo no ambiente, ou seja, nas
circunstâncias, situações e influências que circundam e afetam o
desenvolvimento de comportamento da criança bem como na sua saúde (um
processo e um estado de ser e tornar-se uma pessoa integrada ao meio e
adaptada em relação ao alcance de metas) (ROY, ANDREWS, 1999).
Assim de acordo com a teoria é necessário que o enfermeiro crie
estratégias de adaptação no atendimento à crianças com diabetes melito
atuando nos estímulos focais e contextuais, proporcionando o fortalecimento
de mecanismos de enfrentamento e de respostas adaptativas (MOURA et al.,
2013).
Quando entendem a realidade que estão inseridos e têm uma melhor
compreensão da doença, os indivíduos passam a enfrentá-la de forma
diferenciada tendo uma vida normal e até aderindo a hábitos de vida saudável
com alimentação adequada e prática de exercícios físicos.
CONCLUSÃO
O processo de enfermagem possibilitou uma maior interação com a
criança tornando-a mais ativa no seu processo de cuidar. Assim os
Diagnósticos de Enfermagem permitiram uma assistência direcionada às
queixas. O uso de teorias na enfermagem é importante uma vez que permite
um maior embasamento para o cuidado junto a implementação do processo de
enfermagem que, propicia à criança o contato com estímulos benéficos que
desencadearam mecanismos de enfrentamento como a verbalização de suas
queixas e medos.
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O conhecimento sobre os hábitos de vida, rotina e relacionamentos
familiares da criança além do vinculo, empatia e comunicação foram
ferramentas indispensáveis durante todo o processo, facilitando a
implementação da assistência. Ademais o uso do processo de enfermagem
propicia um elo com a família fazendo com que esta compreenda o processo do
adoecimento tornando-a uma aliada na implementação da assistência.
O ensino superior em enfermagem no Brasil tem demonstrado fortes
vínculos com as transformações políticas e técnicas da área da educação e da
saúde. Neste sentido, repensar a formação nesta área passou a ser uma
exigência tendo em vista os desafios contemporâneos que estão inseridos no
contexto das transformações econômicas, políticas, sociais e culturais
(RENOVATO et al. 2009).
REFERÊNCIAS
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Problemas adaptativos segundo Roy e diagnósticos fundamentados na CIPE em
hipertensos com doenças associadas. Rev. Eletr. Enf. v. 15, n. 2, p. 352-6.
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HÁBITOS ALIMENTARES DE ADOLESCENTES DA CIDADE DE
JUAZEIRO DO NORTE – CE: O CONSUMO DE FRUTAS E
HORTALIÇAS
Ana Kelly Morais dos Santos1; Anna Karllota Estevam Luna; Helder Cardoso
Tavares; Lívia Fernanda Ferreira de Freitas; Halsia Stefane Oliveira2.
Palavras-chave: Hábitos alimentares. Adolescentes. Frutas. Hortaliças
INTRODUÇÃO
Hábitos alimentares saudáveis são imprescindíveis à manutenção da
saúde, crescimento e desenvolvimento adequados do indivíduo, bem como
para a prevenção de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) e obesidade,
agravos à saúde que vêm crescendo também entre a população mais jovem
(NEUTZILING et al., 2010). A adolescência é o período da vida que
compreende indivíduos dos 10 aos 19 anos, considerados vulneráveis do ponto
de vista nutricional, não só pelas escolhas alimentares, mas, também, pelo
aumento das necessidades calóricas, estilo de vida e comportamento de risco
(WHO, 2006). A puberdade é a fase inicial da adolescência, sendo
caracterizada por um período anabólico intenso, com aumento da estatura e do
peso, alterações na composição corporal resultantes do aumento da massa
magra corporal e na quantidade e distribuição da gordura e aumento de muitos
sistemas de órgãos (SHILS et al., 2003).
Estudos sugerem que escolhas alimentares inadequadas, com elevado
consumo de açúcares simples e gorduras trans, elevada densidade energética
e ingestão insuficiente de fibras alimentares estejam relacionadas,
diretamente, com as DCNT (FERREIRA, CHIARA, KUSCHNIR, 2007). Frutas e
hortaliças se encontram entre os alimentos fibrosos cujo consumo está aquém
do recomendado. Segundo dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF)
2008 - 2009 (IBGE, 2010), para a maior parte da população estudada, a
ingestão diária de frutas e hortaliças corresponde a 2,8% das calorias totais,
abaixo da recomendação do Ministério da Saúde. As hortaliças compreendem
as verduras e os legumes. A denominação “verduras” é utilizada quando as
partes comestíveis do vegetal são as folhas, flores, botões e hastes. Em
1
Discentes da Faculdade de Juazeiro do Norte, FJN
2
Nutricionista do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará, campus Crato.
e-ciência, Edição Suplementar n.2, dez. 2014
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relação à denominação “legumes”, esta se refere aos frutos, sementes ou
partes que se desenvolvem na terra. Tanto as frutas quanto as verduras e os
legumes são alimentos fonte de vitaminas, minerais e fibras, devendo ser
ingeridos diariamente (PHILIPPI, JAIME, FERREIRA, 2008). O Ministério da
Saúde recomenda a ingestão de frutas, verduras e legumes como um dos dez
passos para a alimentação saudável do adolescente (BRASIL, 2008b), contudo,
boa parte dos adolescentes não consegue associar os hábitos alimentares
atuais com o desenvolvimento futuro de problemas de saúde (STANG,
LARSON, 2013).
Considerando o que foi exposto acima, foi objetivo desta pesquisa
verificar o consumo alimentar praticado por adolescentes, estudantes de
ensino médio na rede pública e privada do município de Juazeiro do Norte-CE,
no tocante à ingestão semanal de frutas e hortaliças.
MÉTODO
A pesquisa foi realizada com 36 adolescentes, sendo 17 estudantes de
ensino médio de período integral de uma instituição da rede pública e 19, de
ensino médio no turno matutino de uma instituição da rede privada de ensino,
ambas na cidade de Juazeiro do Norte-CE, durante o mês de setembro de
2013. Inicialmente, foram estabelecidos contatos primários com os dirigentes
das instituições de ensino, expostos os objetivos, e explicada a importância da
pesquisa. Para a coleta dos dados foi utilizado o formulário de marcadores do
consumo alimentar do SISVAN (Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional)
para indivíduos com 5 anos de idade ou mais. As respostas possibilitaram a
obtenção de informações sobre o consumo alimentar dos adolescentes
entrevistados durante o período de uma semana, sendo objeto deste estudo as
respostas fornecidas aos itens 1, 2 e 3 do referido formulário, sobre o consumo
alimentar semanal de salada crua, legumes e verduras cozidos e frutas frescas
ou salada de frutas, respectivamente.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram entrevistados 36 adolescentes, sendo 56% do sexo feminino e
44%, masculino, com idades entre 14 e 18 anos. Do total entrevistado, 17
(47,2%) eram estudantes do ensino médio em período integral de uma escola
da rede pública e 19 (52,8%), estudantes do ensino médio, turno matutino, de
uma escola da rede privada, ambas na cidade de Juazeiro do Norte – CE.
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Em relação ao consumo semanal de saladas cruas, apenas 17% dos
estudantes da escola pública referiram tê-las consumido diariamente nos
últimos 7 dias; os alunos da escola privada negaram o consumo diário. Em
oposição, 44% dos estudantes da escola pública e 67% dos alunos da escola
privada afirmaram não ter consumido a salada nos 7 dias anteriores à coleta
dos dados.
O consumo diário de legumes e verduras cozidas foi referido por 6% dos
estudantes da rede pública, enquanto nenhum aluno da escola particular
afirmou ter realizado essa ingestão diária nos últimos 7 dias. Quanto aos que
afirmaram não ter ingerido esses alimentos nos 7 dias anteriores à pesquisa,
50% eram do ensino público e 56% do particular.
A ingestão de frutas frescas ou salada de frutas diariamente nos últimos
7 dias foi referida por 37% dos alunos da rede pública e 40% dos estudantes
da escola particular. O não consumo foi confirmado por 21% dos alunos
entrevistados na escola pública e 10% dos estudantes da rede privada de
ensino.
Os dados analisados são semelhantes aos encontrados por Muniz et al.
(2013), ao pesquisar o consumo de frutas, legumes e verduras entre
adolescentes de escolas públicas no município de Caruaru-PE. Nesta pesquisa,
aproximadamente 10% dos adolescentes informaram nunca consumir frutas e
cerca de 30% referiram nunca consumir verduras e legumes. Nos dois estudos
há evidências de um baixo consumo de frutas, verduras e legumes por parte
de adolescentes, fato já reportado por Gambardella, Frutuoso e Franch (1999),
há mais de uma década, ao estudarem a prática alimentar de adolescentes. Os
dados preocupam à medida que o comportamento alimentar existente na
adolescência tende a se perpetuar na idade adulta (OLIVEIRA, COSTA, LAUS,
2012). Nessa fase da vida, a nutrição adequada exerce um papel fundamental
no crescimento e desenvolvimento adequados do organismo. Estudos sugerem
que o consumo prolongado de frutas e hortaliças abaixo das recomendações
pode interferir negativamente no desenvolvimento de adolescentes, com
redução na capacidade de aprendizagem e na resistência imunológica devido
ao esgotamento das reservas orgânicas de vários micronutrientes (FERREIRA,
CHIARA, KUSCHNIR, 2007). O Guia Alimentar para a população brasileira
recomenda o consumo diário de frutas, verduras e legumes no intuito de
proteger a saúde e reduzir o risco de ocorrência de várias doenças (BRASIL,
2008a).
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CONCLUSÃO
A análise dos dados mostrou um consumo inadequado de frutas,
legumes e verduras, abaixo do recomendado pelo Ministério da Saúde.
A escola é um espaço privilegiado para a construção de conhecimentos,
autonomia, capacidade decisória, bem como para ampliar o acesso à
informação sobre saúde e nutrição. Nesse sentido, a proposta de conhecer com
que frequência os jovens estudantes de ensino médio das referidas instituições
de ensino consomem frutas e hortaliças no decorrer de sete dias possibilitou o
reconhecimento da importância de abordar assuntos relacionados à nutrição
entre os estudantes.
Apesar de todas as possíveis causas para o consumo inadequado de
frutas e hortaliças pelos adolescentes estudados, é papel do profissional de
saúde procurar conhecer essa realidade e buscar mudá-la. Dessa forma,
ressalta-se a importância do Nutricionista como membro da equipe
multidisciplinar para ações de políticas governamentais, bem como, no
trabalho direto com estudantes nas redes públicas e particulares de ensino.
Ações de educação nutricional e a formação de hábitos saudáveis devem ser
promovidas para esta faixa etária vulnerável dos pontos de vista psicossocial e
nutricional. Recomenda-se o desenvolvimento de novas pesquisas relacionadas
ao consumo alimentar de adolescentes como forma de auxiliar na prevenção
de problemas de saúde relacionados à alimentação.
REFERÊNCIAS
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Atenção Básica. Guia alimentar para a população brasileira: promovendo
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Atenção Básica. Protocolos do Sistema de Vigilância Alimentar e
Nutricional – SISVAN na assistência à saúde / Ministério da Saúde,
Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica.– Brasília :
Ministério da Saúde, 2008b
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USO DE PLANTAS MEDICINAIS NA PREVENÇÃO E NO
COMBATE DE DOENÇAS NOS MUNICIPIOS DE CRATO E NOVA
OLINDA- CE
Márcia Jordana Ferreira Macêdo1; Maria Aurea Soares de Oliveira1; Cihelio
Alves Amorim1; Maria Sleyde Fernandes Ferreira Silva1.
Palavras-chave: Plantas medicinais. Conhecimento Tradicional.
INTRODUÇÃO
A utilização de plantas medicinais é uma das mais antigas práticas,
sendo utilizada pelo homem desde os tempos mais remotos, nos primórdios
das civilizações. Desde cedo, o homem ao longo de sua história foi descobrindo
que determinadas plantas exerciam efeitos sobre o organismo, que quando
utilizadas sobre determinadas enfermidades revelavam seu poder curativo,
sendo durante muito tempo principal meio terapêutico para tratamento de
saúde de muitas pessoas (BADKE et al, 2011).
O uso de plantas medicinais em comunidades rurais ainda é bastante
comum, mesmo com os avanços tecnológicos ocorridos, como o incentivo por
medicamentos industrializados. Grande parcela da população rural ainda
recorre a essas ervas como medicina alternativa e seu uso está associado aos
baixos custos, a fácil obtenção ou até mesmo por ser o único recurso
disponível, onde muitos não detêm de um poder de aquisição alto para suprir
suas necessidades com a indústria farmacêutica (SOUZA; PASA, 2013).
O uso de plantas medicinais apesar de vasto e de grande importância
para as populações rurais ou urbanas ainda merece ser valorizada e difundida
pelas novas gerações. Diante de tal percepção essa pesquisa fundamenta-se
no resgate do conhecimento tradicional, bem como no saber botânico da
população, servindo de contribuição para o conhecimento científico a fim de
comprovar sua validade e garantir a segurança para os usuários, já que é
preciso um conhecimento prévio em relação aos seus riscos.
Este trabalho teve como objetivo geral conhecer os motivos que levam a
população ao uso de plantas medicinais na prevenção e no combate de
doenças nos municípios de Crato e Nova Olinda- CE. Nos objetivos específicos
buscou-se traçar o perfil da população que faz uso de plantas medicinais, bem
1
Universidade Regional do Cariri, URCA
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como listar as principais plantas utilizadas na medicina popular e compreender
os resultados esperados pelas pessoas que fazem uso destas.
MÉTODO
A abordagem metodológica adotada foi qualitativa e descritiva. O
presente trabalho envolveu informantes de dois municípios do estado do
Ceará: Crato e Nova Olinda, mais precisamente de dois sítios localizados na
zona rural destes, o sitio Baixio das Palmeiras e o sitio Pedra Branca,
respectivamente. A pesquisa foi realizada no mês de Março de 2014. A
primeira etapa nesse campo de estudo para realização da pesquisa foi um
estudo prévio acerca das duas localidades citadas, com o objetivo de promover
uma sondagem cultural sobre a questão do conhecimento dos moradores a
respeito das ervas medicinais. O critério de seleção dos informantes foi
baseado após a familiarização com as duas localidades a ser estudada, onde
foram aplicados pré-testes para ver a questão do conhecimento dos mesmos
sobre as ervas. As informações sobre o conhecimento dos entrevistados foram
concedidas após a leitura, permissão e assinatura do Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido.
No presente estudo houve a realização de entrevistas semiestruturadas
com a população. As entrevistas foram direcionadas de forma bem clara e
objetiva, abrangendo os seguintes itens: identificação do entrevistado, plantas
medicinais utilizadas e suas aplicações, forma de utilização, parte da planta
utilizada e os motivos que levam ao uso. Fez-se uso de anotações para as
respostas fornecidas.
Foram entrevistados 30 moradores referentes aos dois municípios, em
dia, local e horário previamente acordados com o entrevistado. Foram
direcionadas perguntas abertas a partir de um roteiro preliminar para a
entrevista, a fim que o entrevistado discorresse sobre o tema. O tempo de
duração das entrevistas variou de 15 a 30 minutos. Os dados dessa pesquisa
foram qualitativos e primários. Foram submetidos a uma análise de conteúdo,
no qual foram analisados e confrontados com os autores referentes à temática
em questão. Os dados foram divididos em categorias e subcategorias. A
análise de dados se procedeu em duas etapas. Uma que objetivou situar,
entender e compreender sobre o uso de plantas medicinais, através das
respostas dos informantes que fazem uso destas. Essa etapa envolveu uma
exploração do material. Na segunda etapa, os dados foram organizados e
tabulados com as seguintes informações obtidas: nome da planta medicinal
mais citada pelos informantes, uso popular, formas de utilização, parte do
vegetal utilizada e os motivos que levam ao uso.
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Na apresentação dos dados de pesquisa, os sujeitos serão representados
da seguinte maneira:
 E-1: Entrevistado 1
 E-2: Entrevistado 2 e assim sucessivamente.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram entrevistados 30 moradores, 15 usuários de cada localidade,
sendo em um total de 80% do sexo feminino e 20% do sexo masculino, não
havendo similaridade entre os gêneros usuários de plantas medicinais. Pfeiffer
& Butz (2005) apud Lopes & Lobão (2013) afirmam que a variação do
conhecimento sobre as plantas entre os gêneros está baseada no componente
cultural de cada comunidade, por isso essa divergência.
No que se refere a faixa etária dos entrevistados a idade variou de 20 a
84 anos, assim distribuídas, 56,66% com menos de 60 anos e 43,33% com
idade maior ou igual a 60 anos. De acordo com as informações obtidas,
56,66% dos entrevistados possuem estado civil casado (a), sendo a 20%
solteiro (a) e 23,33% viúvo (a). O grau de instrução varia entre analfabetos
(20%), Ensino Fundamental Incompleto (43,33%), Ensino Médio Completo
(23,33%), e Ensino Médio Incompleto (10%), havendo apenas (3,33%)
registro de curso superior em andamento. A baixa escolaridade dos
informantes pode ser atribuída pelas dificuldades financeiras vivenciadas por
estes (LOPES & LOBÃO, 2013). Quanto à profissão dos usuários variou entre
aposentados (3,33%), agricultores (80%), domésticos (10%) e pedreiros
(6,667%). De acordo com o tempo de vivencia no local, 73,33% dos
entrevistados residem na localidade desde que nasceu, enquanto 26,67% da
população residem na localidade há mais de nove anos.
O fato dos usuários se valerem das ervas para cura ou combate de suas
doenças está nessa forte ligação que eles têm com essas plantas, pelo
conhecimento adquirido, seja com os pais ou avós, até porque é importante
compreender que desde a antiguidade o homem sempre buscou na natureza a
cura para seus males, conhecendo os benefícios dessas ervas e descobrindo
suas utilidades, suas aplicações e até mesmo seus efeitos tóxicos, sendo essa
cultura repassada de geração a geração. Como afirma Santos (2013) a
utilização dessas ervas sempre existiu na história da humanidade, sendo um
hábito bastante comum.
Um fato também bastante notório em ambas as comunidades estudadas,
é a confiança e a segurança no que diz respeito ao uso destas ervas, onde
100% dos usuários asseguram que não existem efeitos colaterais, por se tratar
de um meio natural. Para Oliveira et al (2012) o desconhecimento da
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população sobre a toxicidades dessas plantas podem trazer consequências
sérias a saúde desses usuários, já que existe número cada vez maior de
estudos científicos que comprovam as toxicidades presentes em diversas
plantas de uso medicinal, deixando bastante claro a relevância dos estudos
farmacológicos para a medicina popular. Outro motivo aliado a este está nos
baixos custos, já que os usuários suprem suas necessidades recorrendo a
essas ervas. Souza e Pasa (2013) afirmam que uma grande parcela da
população de comunidades rurais por se não disporem de condições financeiras
para tratamento de saúde, recorrem a essas plantas como um principal meio
de tratamento de eventuais doenças.
Os usuários revelam também a expressiva utilidade dessas plantas, já
que por tê-las cultivadas em sua própria residência há uma maior
acessibilidade e deste modo sua utilização se torna maior em virtude dessa
fácil obtenção, o que garante para eles, segurança por ser um uso natural,
preventivo e curativo de doenças. Oliveira et al (2011, p. 66) “o quintal, além
de ser um espaço que colabora para a subsistência da família, é utilizado para
o cultivo das espécies medicinais [...]”.
Observou-se que a utilização de plantas com finalidades terapêuticas é
diversa, as plantas mais citadas foram: Erva Cidreira, Capim-santo, Hortelã,
Malva do Reino, Aroeira e Malva Corama. Sendo a Malva do Reino e a Erva
Cidreira as mais utilizadas sobre a forma de chá. Borba & Macedo (2006) apud
Oliveira (2011) também relatam o uso preferencial das espécies na forma de
chá. Para Matos (2002) apud Oliveira (2012) a Erva Cidreira tem ações
comprovadas como calmante e antiespasmódica suave, apresentando também
atividade analgésica. Com relação às partes da planta utilizadas, as folhas
foram as mais citadas, em um total de (73,34%), assim como observado em
demais estudos realizados em comunidades rurais (MACÍA et al., 2005;
TOGOLA et al., 2005; BORBA & MACEDO, 2006; LIMA & SANTOS, 2006 apud
OLIVEIRA, 2011). Ficou bastante claro que os problemas de saúde enfrentados
por estes e tratados com as respectivas plantas medicinais já citadas
anteriormente são: gripe, inflamação na garganta, febre, pressão, inflamações
em geral, além de ansiedade.
CONCLUSÃO
As plantas medicinais são de extrema importância para ambas
comunidades, por ser um conhecimento adquirido e repassado de geração a
geração, pela fácil obtenção, pelos baixos custos, segurança e confiança nos
remédios caseiros, onde apesar do desconhecimento de seus efeitos tóxicos,
garante a preferência por essas ervas muito mais que por medicamentos
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sintéticos. As plantas utilizadas pelos entrevistados são diversas e a maioria
delas serve para o tratamento de mais de uma doença, sendo uma prática
comum entre o gênero feminino.
Ficou bastante claro também que o conhecimento popular adquirido vem
desde seus antepassados, sendo este saber repassado para as gerações
futuras, o que é de extrema necessidade para que valorizem e preservem esta
cultura que é tão valiosa, para que essa prática possa se manter viva.
No estudo, a população rural de ambas as comunidades ressaltam a
inexistência de efeitos colaterais dessas ervas, mas é preciso compreender que
assim como determinadas plantas podem promover o alívio ou cura de
enfermidades, há aquelas que merecem um cuidado especial por apresentarem
efeitos adversos à saúde humana. Portanto, é preciso um conhecimento prévio
a respeito de seus riscos e benefícios.
REFERÊNCIAS
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Cotidiano Popular. Esc Anna Nery (impr.)2011 jan-mar; 15 (1):132-139.
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OLIVEIRA, L. S. de. Et al. Plantas Medicinais como Recurso Terapêutico em
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Secundários e Aspectos Farmacológicos. Revista Científica Internacional
Indexada ISSN 1679-9844. Ano 4- Nº 17 Abril/ Junho- 2011.
OLIVEIRA, E. P. de. Et al. Determinação do Efeito Aleopático, índice mitótico e
utilização do Boldo, Capim- Cidreira e Hortelã no Bairro Boa Vista em
Mandaguari (PR). Diálogos & Saberes, Mandaguari, V.8, N.1, 2012.
SOUZA, M. D. de.; PASA, M. G. Levantamento Etnobotânico de Plantas
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Biodiversidade - V.12, N1, 2013.
SANTOS, R. A. O. dos. Utilização de plantas medicinais como estratégias de
enfrentamento das doenças mais comuns no Sul do Estado de Roraima.
Cadernos de Agroecologia – ISSN 2236-7934 – Vol 8, No. 2, Porto
Alegre/RS. Nov 2013.
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CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS DE MÉIS DE ABELHAS
COM INDICATIVOS DE PROPRIEDADES TERAPÊUTICAS
Maria Suiane de Moraes; Mhabell Lima Costa; Ana Caroline Fernandes
Sampaio; Dannaya Julliethy Gomes Quirino; Analha Dyalla Feitosa Lins;
Janeanne Nascimento Silva.
Palavras-chave: Mel. Caracterização. Propriedades. Fisico-quimica.
INTRODUÇÃO
O Brasil tem um grande potencial apícola, devido à sua flora ser bastante
diversificada, por sua extensão territorial e pela variabilidade climática,
possibilitando assim produzir mel o ano todo, se diferenciando dos demais
países que, normalmente, colhem mel uma vez por ano (PEREIRA, 2010).
O mel é uma substância viscosa, aromática e açucarada obtida a partir
do néctar das flores e/ou exsudatos sacarínicos que as abelhas mellíferas
produzem. Além de sua qualidade como alimento, esse produto único é dotado
de inúmeras propriedades terapêuticas, sendo utilizado pela medicina popular
sob diversas formas e associações como fototerápicos. A composição média do
mel, em termos esquemáticos, pode ser resumida em três componentes
principais: açucares, água e diversos (PEREIRA et al., 2002).
As características dos méis dependem de sua origem, sendo
influenciadas pelas condições climáticas e pela matéria-prima utilizada pelas
abelhas. Essa dependência se reflete na cor, no sabor, no odor, na viscosidade
e nas características físico-químicas dos méis, cuja diversidade é tão ampla
quanto às condições em que o mesmo é elaborado (SILVA et al., 2009).
Diante uma flora tão diversificada destaca-se a aroeira-do-sertão
(Myracrodruon urundeuva), amplamente encontrada no cerrado e caatinga
brasileira. Segundo Andrade et al. (2000) é popularmente conhecida por suas
propriedades medicinais como atividade anti inflamatória, cicatrizante e uso
em infecções urinárias e respiratórias. O mel de Aroeira atua no combate à
azia e gastrite, auxilia no tratamento de feridas, queimaduras, abscessos e
edemas.
A importância do mel foi mencionada na Bíblia no antigo testamento,
devido a sua excelência medicinal e a qualidade. Ressalta-se que no Brasil o
seu consumo ainda é bastante baixo quando comprado com países
desenvolvidos. Dessa forma, é necessário um maior incentivo a população no
consumo desse alimento com tantas propriedades nutricionais as quais
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auxiliam no funcionamento do corpo humano. Em pesquisa Cheung e Gerber
(2009), verificaram que os consumidores do mel de abelhas associam o bom
funcionamento do corpo com as propriedades do alimento/medicamento. Entre
as indicações para seu consumo, os participantes da pesquisa mencionaram o
uso do mel para prevenir gripes, para doenças pulmonares, enfim, como
fortificante, para prolongar a vida, associado à riqueza de nutrientes,
principalmente, ao seu poder curativo e estético.
Portanto, o presente trabalho teve como objetivo apresentar as
características físico-químicas de méis com predominância da florada Aroeira,
avaliando a sua qualidade e enfatizando a importância do mesmo na
alimentação.
MÉTODO
A pesquisa foi realizada no Laboratório de Análises Físico-químicas da
Faculdade de Tecnologia CENTEC FATEC Cariri, no Município de Juazeiro do
Norte – CE, em setembro de 2012. Foram coletadas três amostras de méis
com predominância da florada de Aroeira da Região de Parambu-Ce com três
repetições, nas quais foram identificadas como A, B e C e determinadas as
características físico-químicas de cor, umidade e HMF (Hidroximetilfurfural),
seguindo o método proposto pela Association official Analytical Chemists
(AOAC, 1990). Os resultados foram comparados com os limites exigidos pela
legislação vigente. A leitura da cor foi obtida em aparelho digital (Ranna). A
umidade foi determinada com um refratômetro com correção automática de
temperatura. O princípio deste método consiste na determinação do índice de
refração do mel a 20°C que é convertido para o conteúdo de umidade através
de uma tabela de referência, a qual fornece a concentração de umidade. O
Hidroximetilfurfural (HMF) foi realizado pelo método quantitativo, o qual
consiste na verificação do HMF, utilizando-se método espectrofotométrico a
284 e 336 nm.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os requisitos de qualidade físico-química do mel foram estabelecidos pelo
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, na Instrução Normativa nº
11, de 20 de outubro de 2000, a qual constitui o Regulamento de Identidade e
Qualidade do Mel (BRASIL, 2000). Os resultados de cada indicador de
qualidade dos méis foram comparados com os limites exigidos pela legislação
vigente.
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O mel assim como outros produtos alimentícios, possui uma grande
diversidade na sua composição, assim estudos voltados para a sua
caracterização são de extrema importância para a criação de padrões de
qualidade subsidiando a sua melhoria da qualidade, dando garantias do
produto ao consumidor e controlando possíveis fraudes.
A cor do mel está associada à sua origem floral, porém as substâncias
responsáveis pela cor são ainda desconheci¬das. Acredita-se que minerais
estejam entre os fatores responsáveis; entretanto, o armazenamento
prolongado, a luz, as possíveis reações enzimáticas, aquecimento e o processo
de colheita podem escurecer o mel (ALVES et al., 2005). Para o mel estudado
obtivemos valores entre 130 e 150 mm o que significa que as cores destes são
classificadas como âmbar escuro. Em um estudo feito por González (2002)
apud Silva (2006), afirma que o mel escuro possui maior acidez, conteúdo
mineral e são mais ricas em dextrinas enquanto que o de cor clara contém
mais glicose e frutose.
O teor de umidade é uma característica importante para determinara
qualidade do mel. A umidade presente no mel tem influência no sabor,
densidade, cristalização, solubilidade e conservação (OPUCHKEVICH et al.,
2008). As amostras analisadas apresentaram teores médios de 15.43%, para
um intervalo de variação de 14.3 a 16.4%. Esses valores encontram-se dentro
do limite máximo permitido pela legislação vigente, de 20%, estabelecido pelo
Ministério da Agricultura e do Abastecimento (BRASIL, 2000). Em estudos
realizados por Araújo; Silva e Sousa (2006), com méis da cidade do Crato-CE,
verificaram que cerca de 30% apresentaram umidade acima do permitido pela
legislação. .Destaca-se ainda dado obtido por Alves et al. (2011), onde
analisando amostra de mel de aroeira obteve umidade 17% conferindo assim
semelhanças com os obtidos no presente trabalho.
O mel de abelha possui pequena quantidade de HMF, mas com o
armazenamento prolongado à temperatura ambiente elevada, esse teor pode
se elevar, alterando o valor nutricional do produto, por isso, o HMF passou a
ser usado como indicador de aquecimento, envelhecimento, processamento
inadequado ou mesmo adulteração com xaropes. A legislação estabelece um
valor máximo de 60mg de hidroximetilfurfural por 1Kg de mel, para méis de
flores. Comparando com os resultados encontrados nesse trabalho, 3,19, 2,98
e 5,68mg/Kg para as amostras A, B e C, respectivamente, observa-se que
todas encontram-se dentro dos padrões. Em estudos feitos com méis
comercializados no município de Aracati-CE, Santos, Oliveira e Martins (2011)
encontraram índice de reprovação de 42,86% referente a 03 amostras, as
quais estavam com valores acima do permitido.
Levando em conta a avaliação da qualidade através dos parâmetros
físico-químicos, ressalta-se a importância e inclusão do mesmo na
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alimentação. Segundo Silva (2006), as propriedades do mel de abelha têm
proporcionado à incorporação do mesmo em vários produtos alimentícios,
assim como vem sendo ofertado e consumido por diferentes grupos
populacionais tendo em vista, a sua importância terapêutica e fonte natural
adoçante. Uma estratégia que se mostra viável em médio prazo é estimular o
aumento do consumo por meio de campanhas para introdução do mel nas
refeições diárias da população. Onde podemos destacar a iniciativa de algumas
prefeituras na introdução de saches de mel na merenda escolar dos
municípios. Um grande entrave para o incremento do consumo é o fato de o
brasileiro, de forma geral, considerar o mel apenas um medicamento natural
útil para as vias respiratórias (CUNHA, 2006). No entanto, é um alimento rico
em nutrientes. Apresenta grandes quantidades de açúcares e menores de
minerais, ácidos orgânicos, proteínas e vitaminas (EBELING, 2002).
CONCLUSÃO
Conclui-se que as amostras analisadas encontram-se dentro dos padrões
estabelecidos pela legislação vigente evidenciando serem adequadas para o
consumo humano. Entre o principal destaque das características analisadas,
está o baixo teor de umidade encontrado em todas as amostras, fator esse que
potencializa a promoção de uma maior vida de prateleira do produto, uma vez
que propicia condição desfavorável ao crescimento microbiano. Outro resultado
que convém destacar é o baixo teor de HMF das amostras, indicando que o
transporte e o armazenamento do produto estão sendo conduzidos de forma
adequada. Quanto a importância da utilização do mel na alimentação é um
fator que merece maiores incentivos os quais irá estimular o aumento do
consumo per capita em médio prazo e criando a cultura de consumo nas
refeições diárias das famílias. Desta maneira a aceitabilidade por partes das
pessoas será uma consequência.
REFERÊNCIAS
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ADOÇÃO DA FAMÍLIA: ACOMPANHAMENTO E
IMPLEMENTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE
ENFERMAGEM (SAE)
Francisco Leonardo Barros de Lima1; Daiane Virgínia de Melo1; Liane
Evangelista de Alencar1; Yarla Duarte Caetano1; Lídia Samantha Alves de
Brito1; Juliana Alexandra Parente Sa Barreto1.
Palavras-chave: Assistência de Enfermagem. Saúde Comunitária.
INTRODUÇÃO
O Programa Saúde da Família (PSF), atualmente denominado Estratégia
Saúde da Família (ESF), incorpora e reafirma os princípios do Sistema Único de
Saúde (SUS) de universalização, descentralização, integralidade e participação
social (PINTO, 2007).
Ao fazer parte da equipe, o enfermeiro deve preparar-se para atuar,
prestando uma assistência preventiva, em detrimento da curativa, e coletiva
em detrimento da individual (MACHADO, 2007).
A ESF dispõe da utilização da assistência domiciliar à saúde, em
especial, a visita domiciliar, como forma de instrumentalizar os profissionais
para inserção destes na comunidade e conhecimento da realidade de vida, bem
como estabelecer vínculos com a mesma, visando compreender as diferentes
necessidades de saúde das pessoas, preocupando-se com a infraestrutura
existente nas comunidades e o atendimento à saúde das famílias
(GIACOMOZZI; LACERDA, 2006).
É preciso então pensar na formação de enfermeiros questionadores e
participativos, que saibam utilizar os conhecimentos apreendidos na
universidade em prol do bem estar da população. Profissionais com qualidade
formal e política são capazes de estabelecer diálogo entre a diversidade de
saberes com os quais se depara no cotidiano, efetuando um cuidado
emancipatório (MACHADO, 2007).
O processo de enfermagem é um método sistematizado para avaliar o
estado de saúde do cliente, diagnosticar as necessidades de cuidados, formular
um plano de cuidados, implementá-lo e avaliá-lo quanto à sua efetividade
(NANDA, 2010).
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Os autores supracitados acima corroboram que a centralidade na família
é pautada no seu reconhecimento como um lócus privilegiado de proteção,
atenção e cuidado, nos quais seus integrantes necessitam de programas
sócioassistencias que diminuam os riscos de morbimortalidade e de situações
de vulnerabilidades sociais.
Sendo assim, faz-se necessário criar estratégia de mapeamento e
acompanhamento das famílias cadastradas nas unidades básicas de saúde,
levando em consideração a lógica dos ciclos de vida, os estudos
epidemiológicos, as principais medidas de promoção da saúde e prevenção de
doenças e agravos. A família deve ser percebida a partir do seu ambiente físico
e sociocultural, o que proporciona aos profissionais de saúde um lócus
ampliado para a compreensão do processo saúde-doença, que vai além das
práticas curativas habituais, sendo permeado por valores culturais e
subjetivos.
Então, diante do exposto, este estudo objetivou implementar a
Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) à uma família de forma
individual e coletiva através da visita domiciliar.
MÉTODO
O estudo é de caráter descritivo, exploratório com abordagem
qualitativa, pressupondo ainda, uma metodologia participativa que envolva a
família, pactuando responsabilidades e compromissos, metas e objetivos. O
mesmo foi realizado no período de 25 de Abril a 27 de Junho de 2014,
totalizando 10 visitas domiciliares. A pesquisa teve como cenário a residência
de uma família, localizada na cidade de Iguatu - CE.
Importante destacar que o registro do acompanhamento familiar foi feito
de forma sistemática em um formulário reunindo informações de todos os
membros da família, composto de um conjunto de fichas de registro, as quais
englobaram informações geradas a partir de fatos, acontecimentos e situações
sobre a família, vivenciados durante as visitas.
A partir da utilização desse método, foram articuladas e elaboradas
intervenções, traçados diagnósticos, analisando a necessidade de atendimento,
encaminhamento e acompanhamento da família e indivíduos. Posteriormente
foram desenvolvidas atividades sócioeducativas, especificamente voltadas para
a saúde da família, além de proporcionar a interação, apoio, acolhida, reflexão
e participação que visaram o fortalecimento familiar, convivência comunitária e
consequentemente uma melhor qualidade de vida.
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Além disso, foram produzidos relatórios ao final de cada visita domiciliar,
sendo esses importantes instrumentos para o monitoramento e avaliação da
SAE, de modo que ofertam orientações para as práticas educativas em saúde.
O acompanhamento da família foi constituído através de etapas e para
isso utilizou-se um fluxograma, para melhor organizar e executar ações que
fossem significantes para melhoria da vida de todos os membros da família.
Para elaboração do fluxograma foi pensado em seis instrumentos com
finalidades específicas, que na medida de sua aplicação iam fornecendo
paulatinamente um retrato da situação familiar. Foram estes: Ficha de
Identificação da Primeira Visita (Acolhida); Identificação e Caracterização
socioeconômica da família; Diagnóstico Familiar; Avaliação da Família na
Concepção dos Acadêmicos; Plano de Metas; Formulário de Acompanhamento
da
Família.
Utilizou-se
como
recurso
material:
estetoscópio,
esfigmomanômetro, termômetro balança e glicosímetro.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Histórico de enfermagem da família A família é composta por duas
mulheres adultas residentes na cidade de Iguatu – CE, que não possuem grau
de parentesco, sendo apenas amigas. O domicílio é de alvenaria, alugado, com
seis cômodos, ótimas condições de higiene, possui pavimentação,
fornecimento de energia elétrica, abastecimento de água pelo Serviço
Autônomo de Água e Esgoto (SAAE), coleta de lixo e ausência de saneamento
básico.
Segundo os relatos dos membros da família, estes possuem um bom
relacionamento de afetividade, amor, união e respeito entre si. As decisões
familiares sempre são compactuadas e definidas em comum acordo.
No que diz respeito à situação de escolaridade da família, M.H.S.L. possui
o ensino fundamental incompleto e S.V.S. o ensino médio também incompleto,
sendo esta circunstância geradora da instabilidade financeira da família.
No momento M.H.S.L. trabalha como merendeira numa escola de ensino
básico da rede municipal. A mesma possui uma remuneração mensal de um
salário mínimo. Já S.V.S. enfrenta dificuldades financeiras, pois devido ao
curso gestacional gemelar e que apresenta riscos, a mesma não possui
condições físicas para trabalhar. Anteriormente ela era cuidadora de sua mãe,
e tal função deixou de ser exercida com o falecimento desta.
As atividades de lazer da família são bastante escassas e muitas vezes os
membros não compartilham de um lazer coletivo.
A partir da peculiaridade da família, o estudo proporcionou aos
acadêmicos a descentralização em pacientes com alguma patologia, visto que
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a família adotada não possuía nenhum problema de saúde preocupante, sendo
assim se deu um enfoque maior às relações familiares e sociais, bem como na
execução de intervenções simples e resolutivas que melhorassem a vida da
família.
Histórico de enfermagem de S.V.S.
S.V.S, 39 anos, sexo feminino, solteira, negra. Faz uso de ácido fólico
5mg e sulfato ferroso 20 mg. Primípara de gêmeas univitelinas e sem história
anterior de aborto. Relata que a Data da Última Menstruação (DUM) foi
10/12/2013, com a Data Provável do Parto (DPP) 17/09/2014. Realizando
acompanhamento pré-natal na Unidade Básica de Saúde (UBS) de seu bairro e
também no Centro Microrregional de Atenção à saúde Reprodutiva e Sexual
(CEMEAR) a partir do 1° trimestre da gestação, por esta ser de alto risco.
Referiu fazer dieta com base em uma alimentação saudável e balanceada.
Relatou a presença de falta de conforto devido ao aumento do diâmetro
abdominal e dificuldade para realizar a higienização pelo mesmo motivo
explanado. Citou que o sono e repouso se encontram alterados, e ainda, que
as eliminações intestinais encontram-se irregulares com constipação e
urinárias se apresentam dentro do padrão de normalidade.
Exame Físico de S.V.S.
Cliente com EGB, consciente, orientada, colaborativa, normocorada,
hidratada e com ansiedade. Crânio de aspecto normal e sem deformidades.
Couro cabeludo higienizado. Olhos simétricos e bilaterais com mucosas úmidas
e coradas. Nariz sem alterações. Lábios hidratados e sem anormalidades.
Orelhas simétricas e bilaterais com integridade e sonoridade preservadas. Rede
ganglionar normopalpável e sem alterações. AR: tórax com ausência de
alterações patológicas. Respiração pulmonar: auscultados murmúrios
vesiculares sem ruídos adventícios. AC: ritmo cardíaco regular em 2T, bulhas
normofonéticas sem sopros. Abdômen gravídico e indolor à palpação.
Movimentos peristálticos presentes com sons hidroaéreos audíveis. Membros
superiores e inferiores simétricos e sem sinais de edema. SSVV: Peso:
81.800g, P.A: 110 x 90 mmHg, HGT: 86mg/dL, FC: 90bpm , FR:22 ipm, T:
36,6°C.
DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM
Ansiedade relacionada a mudanças no estado de saúde, mudança de
ambiente e a conflitos relacionados à vida familiar e social. Meta: Encorajar a
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gestante a enfrentar as situações de ansiedade. Intervenções: Encorajar a
gestante por meio do diálogo e procurando ouvi-la, a verbalizar seus
sentimentos e preocupações, no momento da interação, até que eles sejam
superados; Levar a gestante a identificar as respostas de como lidar com a
ansiedade e executá-las como desejar; Fornecer orientações sobre o parto e a
cirurgia, no dialogo com a gestante, no momento das visitas; Incentivar a
gestante a permanecer em repouso; Enfatizar a importância do bom
relacionamento com a família, amigos e vizinhos. Resultados obtidos: A
gestante verbaliza menor ansiedade em relação ao curso gestacional, a
cirurgia e ao ambiente.
Manutenção da saúde alterada relacionado ao fator gestacional, e com
isso a necessidade de um cuidado especial. Meta: Manter padrões de saúde
adequado ao momento vivenciado. Intervenções: Observar possíveis
alterações de saúde; Orientar acerca da importância da adesão ao pré-natal;
Estar atento aos fatores de risco e sinais de complicação na gestação;
Resultados obtidos: A gestante relata participar mensalmente das consultas de
pré-natal e de todas as educações em saúdes realizadas nestas, e ainda relata
uma maior preocupação para com sua saúde e seu bem estar.
Conforto alterado relacionado ao estágio avançado da gravidez. Meta:
Manter o conforto necessário nessa fase da gestação. Intervenções: Oferecer
apoio e suporte sempre que possível; Promover técnicas que possibilitem
maior conforto durante alguma atividade e repouso; Identificar padrões de
desconforto; Enfatizar a manter a boa postura e descansar ou repousar quando
necessário. Resultados obtidos: A gestante relata um melhor conforto, e ainda
que não realiza atividades e/ou exercícios físicos que comprometam sua saúde.
Processo familiar alterado relacionado à situação de transição durante a
fase da gestação. Meta: Levar a gestante a enfrentar as situações de
mudanças no estilo de vida e nas relações familiares e sociais. Intervenções:
Encorajar a gestante a verbalizar seus sentimentos, dificuldades e
considerações sobre as mudanças no estilo de vida e nas relações familiares e
sociais até que eles sejam superados; Orientar a gestante quanto à
importância de sua autoestima e da boa convivência com a família e com os
vizinhos. Resultados obtidos: A gestante verbaliza harmonia no para com seus
familiares e vizinhos.
Déficit do autocuidado para banho e higiene relacionado com prejuízo
músculo-esquelético evidenciado por incapacidade de lavar parte inferior do
corpo. Meta: Enfatizar a importância da higiene corporal e íntima na prevenção
de infecções.
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Intervenções: Encorajara gestante a fazer sua higiene corporal e íntima
diariamente, de forma satisfatória a suas necessidades. Resultados obtidos: A
gestante relata realizar diariamente a higiene corporal e íntima de forma
adequada.
Constipação
relacionada
com
motilidade
diminuída
do
trato
gastrintestinal secundária a gravidez, bem como ao uso de sulfato ferroso e
ainda a atividade física insuficiente evidenciado por verbalização de mudanças
no padrão intestinal, dor na passagem das fezes e frequência diminuída. Meta:
Obtenção de eliminações intestinais eficazes. Intervenções: Orientar a
gestante quanto à alimentação equilibrada rica em fibras, e uma maior
ingestão hídrica; estimular a deambulação; observar as características das
eliminações intestinais. Resultados obtidos: A gestante relata uma melhor
condição das suas eliminações intestinais. Conhecimento deficiente relacionado
à gestação de alto risco, devido à falta de acesso a conhecimentos adequados
evidenciado por verbalização de dúvidas e falta de conhecimento sobre
assuntos diversos. Meta: Verbalizar conhecimento sobre o processo gestacional
de alto risco e suas complicações Intervenções: Promover acolhimento
humanizado com a gestante, escutando suas dúvidas; Orientar sobre a
fisiologia da gestação de maneira simplificada; Orientar sobre os cuidados que
a gestação requer; Orientar quanto o reconhecimento sintomatológico de
complicações; enfatizar sobre a importância do acompanhamento em uma
unidade de referencia em pré-natal de alto risco. Resultados obtidos: A
gestante caracterizou a gestação de alto risco e seus principais cuidados.
Integridade da pele prejudicada relacionada com estado metabólico
alterado (gravidez). Meta: A gestante relatará uma melhor hidratação da pela.
Intervenções: Incentivar o autocuidado com a pele (aplicação de óleo de
amêndoas, uso de filtro solar, hidratantes na tentativa de prevenir o melasma
facial e as manchas hipercrômicas nos antebraços e braços. Resultados
obtidos: A gestante apresenta uma maior hidratação da pele evidenciada pela
diminuição do ressecamento desta.
Comportamento de busca de saúde percebido: (na gravidez) evidenciado
por desejo expresso e observado de maior controle sobre as práticas de saúde
e de buscar um nível mais elevado de saúde. Meta: A gestante demonstrará
um maior interesse em cuidar de sua saúde. Intervenções: Orientar sobre a
importância de fazer o controle do peso; Orientar a fazer uso de roupas largas
e leves. Roupa íntima limpa e adequada, inclusive o sutiã. Resultados: A
gestante mostra uma maior preocupação com sua saúde.
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CONCLUSÃO
A perspectiva da adoção da família com enfoque na qualidade da
assistência aos pacientes de forma individual e coletiva proporcionou a atenção
e o cuidado ao ser humano, em todas as suas dimensões.
O enfermeiro da equipe da saúde da família deve-se inserir na
comunidade e fazer uma análise das famílias pertencentes à UBS e do
território onde se inserem para compreensão da rede de relações sociais e
comunitárias e busca de problemas existentes na sua área, procurando
soluções para a superação das fragilidades e desenvolvimento das
potencialidades dos indivíduos através da promoção da saúde.
Com embasamento teórico e prático, o enfermeiro possui plena
qualificação para utilizar a SAE, que propiciará uma maior valorização,
reconhecimento e otimização da assistência de enfermagem, bem como, um
cuidado peculiar e um melhor relacionamento entre profissionais e assistência
holística e humanizada.
Por fim, concluímos que a adoção da família foi bastante significativa por
fomentar o crescimento profissional e humano, e proporcionar a vivência com
a comunidade.
REFERÊNCIAS
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Goiânia: AB; 2003.
GIACOMOZZI, C. M.; LACERDA, M. R.Prática da assistência domiciliar dos
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Florianópolis; 15(4): 645-53, OutDez, 2006.
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enfermeiro no Programa Saúde da Família. RevNursing. 2007; 14(9):45-50.
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Porto Alegre, 13 ed. 2011.
NANDA International. Diagnósticos de Enfermagem da NANDA:
Definições e Classificação 2009 – 2011. Tradução Regina Machado Garcez.
Porto Alegre: Artmed, 2010.
SANTOS, M. R. Atribuições legais do enfermeiro no programa saúde da família:
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enfermeirosdo PSF no município de São Paulo. RevEscEnferm,USP;
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Smeltzer,Suzanne C. Brunner&Suddarth, Tratado de enfermagem médico
cirúrgica,Rio de Janeiro,Guanabara Koogan, 2005.
PINTO, T. R. A estratégia de saúde da família em sua relação com a rede
de serviços e dispositivos substitutivos em saúde mental. 2007. [s.n.].
Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade
Estadual Paulista, Botucatu.
POTTER, P.A; PERRY, A.G. Fundamentos de Enfermagem. 5. ed. Rio de
Janeiro: Guanabara, 2004.
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CONTROLE DE QUALIDADE DE DIETAS ENTERAIS
MANIPULADAS EM UMA UNIDADE HOSPITALAR
Amanda Sobreira de Matos Silva1; Inácia dos Santos Moreira1; Lúcia Emanuele
Barros Teixeira1; Jocy Emanuela Ferreira dos Santos1; Alexsandra Pereira de
Figueiredo Pessoa1; Edna Mori2.
Palavras-chave: Boas práticas. Contaminação. Manipulação. Microbiologia.
INTRODUÇÃO
A Nutrição Enteral (NE) é uma técnica terapêutica amplamente utilizada
para dar suporte nutricional por via oral e constitui uma boa alternativa para a
nutrição parenteral, desde que os pacientes estejam com o funcionamento
digestivo íntegro (KHER et al., 2004).
Tem sido utilizada para a alimentação de pacientes com câncer com o
objetivo de prevenir e tratar a desnutrição, intensificar o efeito do tratamento
antitumoral; reduzir os efeitos adversos da terapia antitumoral; e melhorar a
qualidade de vida (ARENDS et al., 2006). As dietas enterais podem ser
industrializadas (em pó ou líquidas) ou artesanais. Quanto a higienização e/ou
qualidade microbiológica e a composição nutricional, a dieta industrializada
apresenta vantagens sobre a artesanal.
A dieta enteral sofre, durante a sua preparação, uma exposição à várias
situações que podem comprometer sua qualidade sanitária. Uma vez
estabelecido o processo de contaminação microbiana, pode ocorrer o
desenvolvimento de quadros patológicos decorrentes da ingestão de microorganismos potencialmente patogênicos e/ou de suas toxinas (SANTOS, 2004;
GUERRA; ROSA & FUJII 2012).
A contaminação das dietas enterais por bactérias, além de causar
diarréias, pode constituir uma fonte de infecções principalmente em pacientes
idosos e desnutridos. As dietas podem ser contaminadas no preparo e até
mesmo durante sua administração. Portanto, quanto menor a manipulação dos
ingredientes, menor será o risco de contaminação das formulações. Por isso,
as formulações das dietas enterais industrializadas reduzem os riscos de
contaminação bacteriana, enquanto as formulações das dietas enterais
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Discentes da Faculdade de Juazeiro do Norte (FJN)
2
Docente da Faculdade de Juazeiro do Norte (FJN)
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artesanais, aumentam a chance de contaminação, pois a manipulação dos
ingredientes utilizados é maior.
São várias as fontes de contaminação da dieta enteral, entre elas estão o
manipulador, o ambiente de preparo e até mesmo a água, a qual pode veicular
microrganismos como Pseudomonas sp., Enterobacter sp. e coliformes fecais,
onde neste grupo de microrganismo é mais frequente a Escherichia coli.
Nos últimos séculos a dieta enteral tem se tornado um tratamento
valioso tanto em ambientes hospitalar como domiciliar. As dietas altamente
contaminadas com bactérias podem causar infecções graves, contudo há uma
grande necessidade de avaliar microbiologicamente as dietas enterais para
verificar seus pontos de contaminação e “impedir” sua contaminação
principalmente no ambiente hospitalar.
Este trabalho teve como objetivo avaliar a qualidade microbiológica da
alimentação enteral industrializada em pó produzida e administrada em uma
Unidade Hospitalar.
MÉTODO
Foram coletadas três amostras de dietas enterais industrializadas em pó
(Nutrison Soya Multi Fiber, Supra Soy e Nutri Hydrate) – nutricionalmente
completas. Em uma unidade hospitalar da cidade de Barbalha – Ce. As
amostras foram mantidas em recipientes isotérmicos e transportadas para o
Laboratório de Microbiologia de Alimentos da Faculdade de Tecnologia CENTEC
– Cariri. As análises microbiológicas realizadas foram: coliformes a 35ºC,
aeróbios mesófilos, Staphylococcus coagulase positiva e Salmonella.
Para a determinação do NMP/mL de coliformes a 35ºC, utilizou-se, a
técnica de fermentação em tubos múltiplos, usando-se na fase presuntiva o
caldo Lauryl Sulfato Triptose, onde uma alíquota de 1,0 mL, das diluições 10-1,
10-2 e 10-3, foram inoculadas com incubação a 35ºC/48 h.
A contagem padrão em placas de bactérias aeróbias mesófilas foi
realizada a partir das diluições decimais obtidas, onde 1,0 mL foi inoculado em
placas de Petri, em duplicata, sobre a qual se verteu 10-15 mL de Plate Count
Ágar (PCA) previamente fundido e resfriado a ± 45ºC. As placas foram
homogeneizadas com movimentos circulares, deixadas em repouso até a
completa solidificação do meio e em seguida incubadas em sentido invertido, a
37ºC/48 h.
Para a contagem de Staphylococcus coagulase positiva, alíquotas de
0,1mL das diluições decimais foram inoculadas na superfície do Agar BairdParker com incubação a 37ºC/24h.
As colônias típicas foram submetidas aos testes de coagulase, catalase e
coloração de Gram. Para a determinação de Salmonella, as amostras foram
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pesadas e colocadas em água peptonada, incuba-se a 35-37ºC durante 24
horas. Transcorrido o tempo de incubação a amostra é colocada em tubos que
contenham o caldo tetrationato, caldo selenito-cistina e caldo RappaportVassiliadis e incubadas a 42-43°C/24 h.
Após o período de incubação, realiza-se o plaqueamento diferencial
fazendo estrias com alça de níquel nos meios seletivos: Brilliant Green Agar,
XiloseLisina, Hektoen Enteric Agar e Salmonella-Shigella Agar, incuba a 3537°C por 24 horas.
Transcorrido o período de incubação do plaqueamento diferencial, faz-se
a prova bioquímica, transferindo as colônias com o auxílio de agulha de platina
e inoculação por picada e estrias nos tubos inclinados com os seguintes meios:
Agar Lisina Ferro e Agar Tríplice Açúcar Ferro. Incubar a 35-37ºC por 24 horas
e observar se há a ocorrência de reação típica de Salmonella.
Segundo as normas da Amercan Public Health Association – APHA
(2001). Os resultados das análises microbiológicas foram comparadas com os
valores estabelecidos pela Legislação brasileira, regida pela RDC N° 12, 02 de
janeiro de 2001 da ANVISA.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com os resultados obtidos para bactérias aeróbias mesófilas
verificasse resultados dentro padrões exigidos pela ANVISA. Lima et al.
(2005), estudando estas bactérias em dietas enterais, encontrou em um total
de 20 amostras analisadas, 4 (20%) estavam contaminadas por estas
bactérias. Maurício; Genta e Matioli (2005) relataram contaminação por este
microrganismo com valores entre 1,7x10² e 3,9x10².
Na análise microbiológica para contagem de coliformes a 35ºC os
resultados obtidos foram satisfatórios, já que a legislação vigente requer um
padrão de até 3NMP/g, o que evidencia uma higienização adequada dos
manipuladores durante o preparo das dietas enterais (Tabela 1). LIMA et al.
(2005), em seu estudo sobre avaliação da qualidade microbiológica de dietas
enterais, produzidas em sistema aberto, manipuladas em um hospital de
oncologia na cidade de Natal – RN, encontrou em um total de 20 amostras
analisadas, 5 (25%) contaminadas por coliformes a 35ºC . Furlaneto-Maia e
Pangoni (2009) também relataram contaminação por este microrganismo
encontrando valores entre 110 a > 240 NMP/mL em amostras de dietas
enterais artesanais.
Os resultados para as análises de Staphylococcus aureus também não
diferenciaram das demais, as amostras analisadas encontram-se dentro dos
padrões estabelecidos pela legislação que é de 5x10 UFC/ml, sendo
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classificadas como “alimento próprio para o consumo”. Resultados semelhantes
foram relatados por Guerra; Rosa e Fujii (2012).
É importante lembrar que Staphylococcus aureus é um microrganismo
frequentemente responsável por surtos de intoxicações alimentares, estando
presente na cavidade nasal e nas mãos dos seres humano. A partir desse foco,
com a higienização inadequada dos manipuladores e falta na higiene pessoal, o
Staphylococcus pode atingir qualquer superfície, equipamento ou utensílio que
entre em contato de forma direta ou indireta com o homem, o que evidencia o
importante papel do manipulador durante as diferentes etapas de
processamento dos alimentos.
A contagem para Salmonella spp evidenciou que as amostras analisadas
não continham presença dessa bactéria, onde a legislação em vigor estabelece
um padrão de ausência em 25g, sendo classificadas como “produtos aceitáveis
para consumo quanto à análise microbiológica”. Resultados semelhantes foram
relatados por Guerra; Rosa e Fujii (2012). Essa pesquisa corrobora os estudos
realizados por Maurício; Genta e Matioli (2005) os quais verificaram as boas
práticas de preparação e análise microbiológica de dieta enteral em serviço de
nutrição e dietética de hospital privado.
Vale ressaltar que este microrganismo é um forte potencial de risco para
a saúde do consumidor, uma vez que todas as cepas de Salmonella são
consideradas patogênicas ao homem.
CONCLUSÃO
Os resultados obtidos, mostram que as dietas enterais encontram-se em
condições higiênicas sanitárias satisfatórias estando dentro dos padrões
sanitários exigidos pela legislação brasileira para o consumo humano.
Contudo, é de suma importância que o controle microbiológico das dietas
e as boas práticas de fabricação continuem sendo seguidos corretamente a fim
de evitar que o quadro clínico do paciente piore.
REFERÊNCIAS
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the microbiological examination of foods. 4.ed. Washington, DC, 1992.
methods.
ARENDS, J. et al. Espen guidelines on enteral nutrition: Non-surgical oncology.
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alimentos RDC N° 12, 02 de janeiro de 2001. ANVISA, 2001.
FURLANETO-MAIAA, L.; PANGONI, G. Avaliação microbiológica de preparações
artesanais de dietas enteral em uma unidade de alimentação e nutrição.
Revista Unopar Científica Ciências Biológicas e da Saúde, Londrina, v.11,
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GUERRA, L. D. S.; ROSA, O. O.; FUJII, I. A. Avaliação da qualidade
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Alimentos e Nutrição Araraquara, v. 23, n. 2, p. 205-210, 2012.
KHER, S. J. et al. Calidad microbiológica de una fórmula enteral lista para usar.
Revista chilena de infectología, Santiago, v. 21, n. 4, p. 312-316, 2004.
LIMA , A. R. C. et al. Microbiologic evaluation of enteral diets done in hospital.
Acta Cirurgica Brasileira, São Paulo, v.20, p.27-30, 2005.
MAURÍCIO, A. A.; GENTA, T. M. S.; MATIOLI, G. Verificação das boas práticas
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SANTOS, B. H. C. Colorimetria como parâmetro de avaliação da qualidade
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e-ciência, Edição Suplementar n.2, dez. 2014
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PESQUISA DE FRAUDE EM LEITE CRU COMERCIALIZADO
INFORMALMENTE NO MUNICÍPIO DE BARBALHA, CE
Ana Caroline Fernandes Sampaio1; Dannaya Julliethy Gomes Quirino1; Maria
Suiane de Moraes1; Mhabell Lima Costa1; Analha Dyalla Feitosa Lins1;
Janeanne Nascimento Silva2.
Palavras-chave: Leite informal. Fraude. Qualidade. Analises.
INTRODUÇÃO
Por sua composição, o leite é considerado um dos alimentos mais
completos (PIETROWSKI, et al, 2008) em termos nutricionais e fundamentais
para dieta humana, mas pela mesma razão, constitui num excelente substrato
para o desenvolvimento de uma grande diversidade de microrganismos,
inclusive os patogênicos (KORIM e CARMO, 2008). Daí a qualidade do leite ser
uma constante preocupação para técnicos e autoridades ligadas à área de
saúde, principalmente pelo risco de veiculação de microrganismos relacionados
com surtos de doenças de origem alimentar (SILVA, 2008).
A qualidade do leite nos últimos anos vem sendo assunto de grande
importância para todos que compõem a cadeia produtiva do leite, no sentido
de buscar alternativas que contribuam para melhorias em termos de
produtividade e qualidade deste produto, uma vez que o mercado consumidor
encontra-se cada dia mais exigente (ARAÚJO et al, 2012 ). Podendo através de
exames físico-químicos realizados nos laticínios serem identificadas diversas
fraudes (FERNANDES e MARICATO, 2010).
Entende-se por falsificação a adição ou a subtração parcial ou total de
qualquer substância na composição de um produto, visando tirar lucro ilícito
dele, isto é, lesar, enganar, seja por adição de uma matéria qualquer, que não
exista no produto,seja pela subtração de um dos seus elementos, em
condições tais que o mesmo não corresponda ao produto normal (GRADELLA,
2008).
Considera-se fraudado, adulterado ou falsificado o leite que: 1) for
adicionado de água; 2) tiver sofrido subtração de qualquer dos seus
componentes, exceto a gordura nos tipos “C” e “magro”; 3) for adicionado de
1
Discentes da Faculdade de Juazeiro do Norte (FJN)
2
Docentes da Faculdade de Juazeiro do Norte (FJN)
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substâncias conservadoras ou quaisquer elementos estranhos à sua
composição; 4) for de um tipo e se apresentar rotulado como de outro de
categoria superior; 5) estiver cru e for vendido como pasteurizado; 6) for
exposto ao consumo sem as devidas garantias de inviolabilidade (BRASIL,
1997).
Portanto, o objetivo do trabalho foi analisar a qualidade do leite informal
comercializado no município de Barbalha, CE.
MÉTODO
Para realização da pesquisa foram coletadas pela manhã quatro amostras
de leite cru em diferentes pontos comerciais no Município de Barbalha, CE. As
amostras identificadas como A, B, C e D foram coletadas durante duas
semanas no mês de janeiro de 2011 de acordo com a disponibilidade do
produto. Durante a obtenção da amostra foram observadas as condições de
transporte, armazenamento e comercialização (embalagens) do produto. Após
a aquisição, as amostras foram acondicionadas em caixas de material
isotérmico e encaminhadas para a realização das análises no Laboratório de
Análises físico-químicas de Alimentos da Faculdade de Tecnologia CENTEC
FATEC Cariri.
Todas as amostras foram avaliadas quanto aos parâmetros de gordura,
extrato seco desengordurado, proteína, pH, densidade, adição de amido,
presença de cloretos e alcalinos seguindo as técnicas preconizadas e descritas
nos Métodos Analíticos Oficiais para o Controle de Leite e Produtos Lácteos.
Apesar de o leite analisado ser caracterizado como informal, adotou-se
como referencial para análise e interpretação dos resultados os padrões físicoquímicos estabelecidos no Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade do
Leite Cru Refrigerado (BRASIL, 2002).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Do total de amostras analisadas, mais de 50% foram reprovadas em no
mínimo um dos parâmetros analisados.
Em relação a gordura, pode se observar que na primeira semana de
coleta todas as amostras apresentaram resultados abaixo do estabelecido pela
legislação que é de 3%. Isso levaria a suspeitar da adição de água, caso todos
os valores da densidade nas amostras de leite estivessem abaixo de 1,028, o
que não foi observado. Porém, na segunda semana observou-se um aumento
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no teor de gordura. É importante ressaltar que as amostras foram coletadas no
mesmo ponto comercial.
Segundo Santos e Fonseca (2007), se na alimentação não houver entre
as quantidades de concentrado e volumoso, a composição do leite é
diretamente afetada.
Avaliando os valores do ESD nas quatro amostras durante as duas
semanas de coleta, observou-se que todas estavam fora dos padrões (mínimo
8,4%). Mendes et al. (2010) pesquisando o leite comercializado informalmente
no município de Mossoró, RN, encontrou 40,6% de amostra fora dos padrões e
Sousa et al. (2003) analisando o leite de in natura da cidade de Patos, PB,
observou que 46,6% estavam fora do padrão para ESD.
Para a proteína, o valor médio encontrado na primeira semana foi de
1,81% e na segunda semana 2,35%, valores esses inferiores ao preconizado
pelo Regulamento Técnico, cujo teor mínimo estabelecido é de 2,9%.
Observou-se que a média da densidade variou de 1,028 a 1,031 a 15°C,
estando dentro dos limites estabelecidos pela legislação (BRASIL, 2002). Esse
resultado é semelhante ao encontrado por Mendes et al. (2010), que
pesquisando o leite comercializado informalmente no município de Mossoró,
RN, verificaram que todas as médias da densidade estavam de acordo com as
normas da legislação.
Há causas de variações normais da densidade que não afetam a
qualidade, como a composição do leite em relação ao teor de gordura, o valor
protéico e a sua temperatura no momento da determinação. Dentre as causas
anormais de variação da densidade, pode-se destacar a adição de água, que
leva a uma diminuição na densidade do leite. Já o desnate e a adição de amido
fazem a densidade aumentar (AGNESE et al., 2002).
A única suspeita de fraude neste trabalho refere-se a adição de água,
devido aos baixos valores de gordura e proteína, não sendo confirmado pelo
parâmetro densidade. As demais fraudes pesquisadas não foram observadas.
Ferreira et al. (2003) em sua pesquisa na cidade de Sobral, CE, testaram o
produto quanto a presença de sangue, formol, pus, hipoclorito, amido e cloro,
relataram que todas as amostras apresentaram resultados negativos.
CONCLUSÃO
A pesquisa de fraude do leite comercializado informalmente no município
de Barbalha, CE, permitiu constatar que a maioria do leite pesquisado,
apresentou irregularidades, uma vez que, não são seguidas as normas
estabelecidas pela legislação, esse resultado pode estar relacionado ao manejo
alimentar e sanitário. Medidas, como incentivo aos pequenos produtores, para
e-ciência, Edição Suplementar n.2, dez. 2014
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a formação de associações e criações de miniusinas para o beneficiamento do
leite devem ser colocadas em prática, permitindo, assim, a comercialização do
leite para os laticínios existentes em suas cidades.
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DISTURBIOS ALIMENTARES E SEUS EFEITOS SOBRE A
SAÚDE BUCAL
Patricia Alencar Pereira1; Helder Cardoso Tavares1; Jaqueline de Sousa Lima1;
Maria Socorro Oliveira Cavalachy1; Milana Drumond Ramos Santana1.
Palavras-chave: Distúrbios alimentares. Doenças dentárias. Nutrição.
INTRODUÇÃO
Atualmente, no que se refere às mudanças quanto à dieta e ao estilo de
vida contemporâneo, configura-se nas sociedades uma constante preocupação,
em especial por parte das mulheres, com o peso corporal, o que apresenta
diferentes segmentos sociais (DO VALE et al., 2011). A supervalorização da
magreza como padrão de beleza é normalmente associada ao sucesso
profissional e afetivo, e vem contribuindo para o desenvolvimento de distúrbios
alimentares que têm acometido, sobretudo, adolescentes e adultos jovens
(HERPERTZ-DAHLMANN, 2009; DO VALE et al., 2011).
Os distúrbios alimentares dividem-se em dois tipos principais: anorexia
nervosa e bulimia nervosa. A anorexia nervosa é caracterizada por baixo peso
corporal, restrição alimentar e uma autoimagem corporal comprometida. Na
bulimia nervosa ocorre à ingestão de grandes quantidades de alimentos,
principalmente aqueles ricos em carboidratos, em um curto espaço de tempo,
seguida por métodos compensatórios, tais como vômitos auto induzidos e o
uso de laxantes ou diuréticos, em um fenômeno conhecido como episódio
bulímico, sendo que diferentemente da anorexia, o paciente pode não
apresentar perda de peso nos estágios inicias do distúrbio (APA, 2000).
Os transtornos alimentares podem apresentar além de várias alterações
sistêmicas relacionadas ao comprometimento do estado nutricional, alterações
na cavidade bucal. A ocorrência e severidade dependem do tipo e tempo de
duração do transtorno apresentado pelo paciente (AMORAS et al., 2010) . São
inúmeras alterações e complicações bucais ocasionadas pelos distúrbios
alimentares, portanto o cirurgião-dentista torna-se um dos primeiros
profissionais capazes de diagnosticar a anorexia e a bulimia. É necessário que
ele esteja apto a diferenciar os distúrbios alimentares para um diagnóstico
exato e, também, para transmitir confiança ao paciente, a fim de que se
potencialize o atendimento clínico (ANTUNES et al., 2007). Entre os inúmeros
1
Faculdade de Juazeiro do Norte (FJN)
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danos causados, destacam-se as manifestações bucais caracterizadas pela
perimólise, aumento nos índices de cáries, intumescimento das glândulas
salivares, sobretudo a das parótidas, alterações na quantidade e qualidade da
saliva, queilite/mucosite (CALDEIRA et al., 2000). Essas manifestações bucais
são causadas por deficiência de higiene oral, deficiências de vitaminas, pela
ingestão crônica de carboidratos, pela compulsão alimentar, pouca salivação
(xerostomia) e, também, pela acidificação da saliva causada pelos vômitos,
devido ao pH ácido do suco gástrico desses pacientes que regurgitam pelo
menos duas vezes por semana por três meses (SEABRA et al., 2004). Desta
forma, constitui-se objetivo do presente estudo relacionar os distúrbios
alimentares e a saúde bucal, bem como, a contribuição do cirurgião-dentista
para o diagnóstico precoce destes distúrbios.
MÉTODO
Trata-se de um estudo de revisão bibliográfica construído mediante
publicações de artigos em periódicos nacionais e internacionais referentes à
temática saúde bucal e transtornos alimentares.
A estratégia de pesquisa bibliográfica foi desenvolvida através da
consulta em artigos publicados nas revistas indexadas nas seguintes bases de
dados Lilacs e SCIELO, publicados até 2014. Tomando por base os títulos,
foram excluídos os manuscritos não claramente relacionados com o tema da
revisão. Em seguida, todos os títulos selecionados foram submetidos a uma
avaliação final, que considerou os critérios de inclusão. De forma combinada
foram utilizados como critérios de inclusão estudos sobre os distúrbios
alimentares, como bulimia e anorexia, doenças dentárias e nutrição.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A anorexia nervosa é um transtorno alimentar caracterizado pela recusa
do indivíduo em manter um peso adequado a sua estatura, medo intenso de
ganhar peso e uma distorção da imagem corporal, além da negação da própria
condição patológica. Muitos bulímicos apresentam ansiedade, dependência
química e alterações de personalidade. Os episódios bulímicos provocam fortes
sentimentos de vergonha, tristeza e condenação (TEIXEIRA, 2003).
No caso da anorexia nervosa, a doença inicia-se a partir de uma dieta
restritiva e persistente, evitando-se alimentos que levam ao aumento de peso,
como os carboidratos. Fatores estressantes para o paciente e/ou sua família,
entre os quais, perdas, separações, podem servir como desencadeantes da
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doença. O indivíduo passa a viver em função da dieta, do peso e da forma
corporal. O curso da doença caracteriza-se por contínua e importante redução
de peso. A distorção da imagem corporal existe com frequência, mas não em
todos os casos. Quando acontece tal distorção, a pessoa percebe-se gorda,
mesmo apresentando estágios avançados de desnutrição. A ausência de
inquietude com a doença é característica da anorexia nervosa, pois os
pacientes recusam-se a reconhecerem-se como doentes. Considerando-se
estes sintomas, pode-se avaliar a sua influência na saúde e no estado
nutricional dos pacientes anoréxicos (CASTRO, 1995).
Os hábitos alimentares tornam-se secretos, bizarros e ritualizados. Há
episódios de ingestão exagerada de alimentos antes considerados proibidos.
Segue-se a indução do vômito, uso de laxantes e diuréticos ou a prática
excessiva de exercícios com a finalidade de neutralizar tal ingestão, sempre
com o objetivo de alcançar a magreza pretendida. Tais atitudes resultam em
isolamento social progressivo (GIDWANI, 1997).
No que se referem à bulimia nervosa, os critérios de diagnóstico mais
amplamente aceitos incluem episódios recorrentes de consumo alimentar
compulsivo, os chamados episódios bulímicos que se caracterizam pelo ato de
comer repetidas vezes em pequenos intervalos. Há sensação de perda de
controle sobre a própria alimentação, comportamentos recorrentes e
inapropriados de compensação para prevenir o ganho de peso, como vômito
auto induzido, abuso de laxantes e diuréticos, jejum ou dieta restrita e
exercícios vigorosos. Os episódios bulímicos ocorrem em média duas vezes por
semana durante pelo menos três meses e ocorre uma auto avaliação
influenciada pela forma e pesos corporais. A primeira característica clínica é
dada pela descrição de que o paciente ingere compulsivamente, com perda de
controle, grande quantidade de alimento em um curto espaço de tempo, ou às
vezes em um longo ritual de várias horas ou uma noite inteira (WALSH, 1998).
Como meio de combater a autocondenação e mesmo do ostracismo social,
muitos pacientes são dependentes químicos de drogas (álcool, fumo,
antidepressivos, ansiolíticos) que favorecem o processo de erosão dental,
xerostomia e aumento de susceptibilidade à cárie (MOHAN, 2002). As
manifestações clínicas bucais acarretadas pela disfunção salivar, presentes nos
pacientes bulímicos, caracterizam-se pelo aumento da incidência de cáries,
aumento dos níveis de desmineralização, queilite angular e mucosa desprovida
da sua proteção contra traumas e desidratação (COELHO, 2002).
Como o cirurgião-dentista pode ser o primeiro profissional da saúde a
suspeitar da anorexia e bulimia nervosas (BURKE et al., 1996), devido aos
sinais e sintomas de erosão dental resultantes de um ambiente bucal
cronicamente ácido (WISEMAN et al., 1998), há a necessidade de que esteja
preparado para um manejo adequado do paciente.
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O objetivo inicial é a obtenção de sua confiança, gerando
consequentemente um melhor resultado no tratamento odontológico e
possibilitando sua referência para serviços com abordagem multidisciplinar
incluindo profissionais psicoterapeutas, médicos e nutricionistas, além do
próprio cirurgião-dentista (HAZELTON, 1996).
Na anamnese, é importante que o cirurgião-dentista tenha a habilidade
de abordar o assunto de forma que se obtenha a confiança do paciente,
inquirindo sobre os hábitos alimentares a possibilidade de existência de
problemas gastrointestinais, ao invés de dirigir perguntas diretas acerca da
anorexia e bulimia nervosas. Deve-se considerar que esta postura pode de
certa forma, levar a resultados positivos do ponto de vista do tratamento do
transtorno alimentar, pois possibilita a melhora de sua autoestima por meio do
tratamento odontológico do paciente ao longo do tempo, evitando a
deterioração dos dentes (SCHMIDT, 1997). Em razão do uso de
antidepressivos, os pacientes bulímicos estão sujeitos aos efeitos colaterais
decorrentes, e apesar de sua grande utilização, os antidepressivos apresentam
efeitos colaterais importantes, como a xerostomia. A sensação da boca seca
pode ser explicada pela diminuição da produção salivar decorrente da ação
anticolinérgica observada nestes grupos farmacológicos (CABRERA, 2007). A
saliva contém diversas substâncias orgânicas e inorgânicas que contribuem
para a proteção contra as agressões físicas e químicas e para a manutenção da
integridade da mucosa, não somente da cavidade oral como também do tubo
digestivo. Está ainda associada a múltiplas funções em relação ao processo de
digestão, como paladar, mastigação, formação do bolo alimentar, deglutição e
ainda é essencial para a preservação da saúde bucal e orofaríngea (CABRERA,
2007). É possível observar que os alimentos escolhidos pelos bulímicos são
muitas vezes ricos em carboidratos que associados ao quadro de xerostomia,
favorece ainda mais a presença significativa de cárie. Hazelton & Faine (1996)
relatam que a atividade de cárie parece ser similar em toda a população.
Entretanto, em pacientes com lesões de cárie ativas, a velocidade na qual as
novas lesões se desenvolvem dificulta demasiadamente o tratamento. A
prática da regurgitação é mantida em segredo, sendo o diagnóstico feito anos
após o início da doença, muitas vezes, apenas diante de um quadro de
hospitalização (CALDEIRA, 2000). A irritação constante advinda do vômito
ácido causa aumento das papilas linguais, aumento assintomático das
parótidas, xerostomia, irritação da mucosa oral e queilite (PEGORARO, 2001).
Segundo Baratieriet al (2001), o ato de regurgitar provoca problemas
dentais como a erosão intrínseca que é resultado da ação do ácido gástrico que
entra em contato com os dentes causando a desmineralização e dissolução do
esmalte. Rytoma et al, (1998) relatam que nem todos os bulímicos
apresentam erosão dental, e que os fatores associados com a ocorrência e a
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severidade da condição são o tempo de duração da doença e a frequência dos
episódios de vômito e a quantidade de saliva.
CONCLUSÃO
Os distúrbios alimentares de ordem comportamental têm efeitos sobre a
saúde bucal e ocorrem principalmente na população feminina que demonstram
uma constante preocupação com o peso corporal e buscam um ideal de beleza
imposto muitas vezes por a sociedade. As alterações bucais de maior
frequência entre a população com distúrbios alimentares são erosão dental
quase sempre relacionada a episódios de regurgitação, alterações na
quantidade e qualidade da saliva (xerostomia) Faz-se necessário, portanto,
uma abordagem multiprofissional voltada para o tratamento e prevenção no
que se refere a tais transtornos, bem como a necessidade de o profissional
estar familiarizado com os sinais e sintomas das doenças e apto a orientar
esses pacientes por caminhos que contribua para o tratamento dos distúrbios
alimentares.
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A ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A UM LACTENTE COM
PNEUMONIA
Maria Alaíde Ferreira1; Kelle de Lima Rodrigues1; Gleyciane Leandro Silveira1;
Ruth Nobre de Brito1; Francisca Ludgero da Silva1; Jennifer Yohanna Ferreira
de Lima Antão1.
Palavras-chave: Lactente. Pneumonia. Infecção. Enfermagem. Prevenção.
INTRODUÇÃO
Define-se pneumonia como uma infecção aguda do parênquima
pulmonar que compromete a troca gasosa, é uma patologia que merece
destaque especial visto que pode resultar em diversas complicações quando
não há um tratamento adequado, ou o diagnóstico não é feito precocemente.
Na infância, destaca-se como uma das principais causas de morbimortalidade
em todo o mundo.
Para Santos e Galvão (2009), diversos agentes, como bactérias, vírus,
microorganismos atípicos e fungos, podem causar pneumonia, porém os
agentes encontrados são diferentes para cada faixa etária, com isso há
necessidade de identificá-los o mais rápido possível para que se possa orientar
o tratamento específico.
Vários são os fatores de risco que contribuem para o aumento da
incidência e/ou da gravidade das pneumonias em crianças como,
prematuridade, desnutrição, baixo nível socioeconômico, tabagismo passivo e
frequência a creches (SILVA et al., 2004).
Estudos mostram ainda que, crianças com episódios anteriores de
doença respiratória apresentam chance maior de contrair pneumonia. A
hospitalização prévia por pneumonia pode aumentar em três vezes o risco de
um episódio subsequente, assim como um episódio anterior aumentar em até
três vezes o risco de internação por pneumonia (FERRARI; GOYA, 2005).
Ressalta-se que o tema proposto é bastante relevante, visto que trata-se
de uma patologia grave, que propõe uma discussão abrangente,
principalmente no que diz respeito à assistência que esses pacientes recebem
pelo enfermeiro e sua equipe.
Sendo assim, objetivou-se aplicar a Sistematização da Assistência de
Enfermagem (SAE) a um lactente diagnosticado com pneumonia.
1
Faculdade de Juazeiro do Norte (FJN)
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MÉTODO
Trata-se de um estudo de caso realizado por acadêmicas do sétimo
semestre de enfermagem de uma instituição privada. Tendo como sujeito um
lactente com hipótese diagnóstica (HD) de pneumonia atendido em um
hospital de referência da região do Cariri. O estudo de caso é encarado como o
delineamento mais adequado para investigação de um fenômeno
contemporâneo dentro de seu contexto real, onde os limites entre o fenômeno
e o contexto não são claramente percebidos, sendo realizadas análises
empíricas e teóricas (LAKATOS, 2010).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foi realizado exame físico e, a anamnese com a genitora, com intuito de
obter o maior número de informações possíveis sobre o paciente e família para
consequentemente intervir de forma satisfatória. Trata-se de um lactente do
sexo masculino, nasceu dia 08 de Fevereiro de 2013, pré-termo (28 semanas e
03 dias), pesando 1625 kg, por parto vaginal cefálico com intercorrências,
permaneceu em fototerapia por 6 semanas. Deu entrada no serviço de
internamento no dia 02/12/2013, com HD de Pneumonia e Displasia
broncopulmonar. Previamente, recorreu ao serviço de urgência, na companhia
da mãe, com história de febre e falta de ar e apresentando ainda tosse
produtiva. Genitora referiu que o lactente tem uma alimentação com leite
ninho e farinhaços, evacuações (2X ao dia) de cor marrom, sono e repouso
prejudicado. Quanto ao seu crescimento físico: peso atual de 6.100 kg,
calendário vacinal cumprido, de acordo com o Plano Nacional de Vacinação. Ao
exame físico apresenta-se consciente, orientado, acianótico, anictérico,
hipocorado, eupneico (FR: 29 irpm), afebril (Tax: 36,9ºC).
Diante dos dados compilados, processou-se a análise dos mesmos, para
elaboração dos Diagnóstico de Enfermagem utilizou-se da taxonomia NANDA,
para seleção das intervenções de enfermagem pertinentes foi utilizada a
taxonomia NIC e, posteriormente, para elaboração dos respectivos resultados
esperados utilizou-se a taxonomia NOC.
Diante desse contexto, os principais diagnósticos de enfermagem foram:
Padrão respiratório ineficaz evidenciado por alterações na profundidade
respiratória relacionado à síndrome da hipoventilação; Risco de infecção
evidenciado por conhecimento insuficiente para evitar exposição a patógenos
relacionado à exposição ambiental aumentada a patógenos; Hipertermia
evidenciada por aumento na temperatura corporal acima dos parâmetros
normais relacionada a doença; Dor aguda evidenciada por mudanças na
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frequência respiratórias relacionado a agentes lesivos (biológicos); Troca de
gases prejudicada evidenciada por dispneia relacionada a desequilíbrio na
ventilação-perfusão; Débito cardíaco diminuído evidenciada a tosse relacionada
a contratilidade alterada; Amamentação interrompida evidenciada por
separação entre mãe e filho relacionada a doença da criança; Ventilação
espontânea prejudicada evidenciada pelo uso aumentado da musculatura
acessória relacionada à fadiga da musculatura respiratória; Desobstrução
ineficaz das vias aéreas evidenciada por ruídos adventícios respiratórios
relacionado a muco excessivo.
Desse modo, para melhoria das condições de vida desse lactente, o
plano de cuidado voltou-se para ações como: Monitorar frequência, ritmo,
profundidade e esforço nas respirações; Registrar movimentos torácicos,
observando a existência de simetria e uso de músculos acessórios; Auscultar
os sons pulmonares após os tratamentos para registrar os resultados; Lavar as
mãos antes e após cada atividade do cuidado ao paciente; Ensinar ao paciente
e familiar como evitar infecções; Usar técnica asséptica, conforme apropriado;
Iniciar técnicas de relaxamento, conforme apropriado; Posicionar o paciente
para aliviar a dispneia; Realizar fisioterapia do tórax, conforme apropriado.
CONCLUSÃO
Diante de uma patologia tão comum e tão grave, torna-se necessário
que o enfermeiro preste uma atenção de qualidade, visando reduzir riscos e,
principalmente o surgimento de casos novos, já que o foco da enfermagem é
trabalhar na prevenção, com ações que englobem não só o paciente em si,
mas a família de uma forma geral.
REFERÊNCIAS
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A IMPORTÂNCIA DA ASSISTÊNCIA A SAÚDE DA PESSOA
IDOSA NA PROMOÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA
Cícera Luciana da Silva Sobreira1, Rachel de Sá Barreto Luna Callou Cruz1.
Palavras-chave: Idoso. Qualidade de vida.
INTRODUÇÃO
O envelhecimento populacional é hoje algo em bastante evidência no
mundo, fazendo parte da realidade da maioria das sociedades. Observa-se que
mundialmente está ocorrendo um crescimento superior da população idosa
quando comparada aos demais grupos etários. Estima-se que em 2050 exista
no mundo cerca de 02 bilhões de pessoas com mais de 65 anos no mundo, a
maioria em países desenvolvidos. (RODRIGUES; LARA, 2011; BRASIL, 2006).
Na América Latina entre os anos 1980 e 2000 houve um acréscimo de
120% da população que se encontrava na faixa etária dos 20 anos, enquanto
que a população idosa apresentou um aumento de 236% (RODRIGUES; LARA,
2011).
“Em 1900, menos de 1% da população do mundo tinha mais de 65 anos
de idade, enquanto hoje, esse grupo já atinge 6,2%, acreditando-se que no
ano de 2050 os idosos representarão um quinto da população mundial”
(RODRIGUES; LARA, 2011, p. 396).
Para Barbosa et al (2013) são consideradas idosas as pessoas que
possuem mais de 65 anos, sento que esta faixa etária é valida apenas para
pessoas que habitam países desenvolvidos, já em países que se encontram em
desenvolvimento como é o caso do Brasil considera-se idosa a pessoa que
possui 60 anos.
Essa alteração do processo demográfico mundial pode ser explicada pela
ocorrência de algumas mudanças, entre elas podemos citar a diminuição da
natalidade, o aumento da expectativa de vida, os avanços que ocorreram no
campo das pesquisas científicas, o maior acesso aos serviços de saúde e o
controle de algumas doenças (IZAIAS et al, 2014).
Neste sentido, torna-se necessário que os profissionais de saúde possam
promover a pessoa idosa uma maior assistência à saúde capaz de proporcionar
a esta população uma maior qualidade de vida, na medida em que suas
necessidades são mensuradas e levadas em consideração.
1
Faculdade Leão Sampaio (FALS)
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O objetivo deste trabalho é realizar um levantamento teórico acerca da
importância da assistência à saúde focada nas necessidades, como forma de
melhorar a qualidade de vida do idoso.
MÉTODO
Trata-se de uma revisão da literatura nacional, de caráter descritivo e
natureza qualitativa, onde foram analisados artigos científicos disponíveis em
bases de dados confiáveis como SCIELO, LILACS e na Bibioteca Virtual da
Saúde (BVS), e que tinham como tema central a saúde da população idosa.
Assim, a análise foi subdividida em tópicos, como: atenção a saúde do idoso,
qualidade de vida e enfermagem. Para Cervo e Bervian (2002) pesquisa
descritiva é aquela em que o pesquisador apenas descreve seu objeto de
estudo, sem interferir no mesmo. Já para Lakatos e Marconi (2010) a pesquisa
qualitativa é aquela que passa a aferir informações acerca das características
mais intimas do comportamento humano e delas extrai suas interpretações.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Vive-se atualmente numa sociedade que supervaloriza a vitalidade, a
beleza e a juventude, padrões estes impostos pela sociedade, sendo assim a
velhice se constitui numa fase que gera bastante temor no ser humano, tendo
em vista que esta é associada a perda da capacidade vital. Além disso, esta
fase da vida acaba por gerar diversos medos entre eles, o de se torna
dependente e incapaz, em decorrência dos problemas relacionados ao
surgimento de doenças, principalmente as crônico-degenerativas e do medo da
morte (SOUZA; ZAGONEL; MAFTUM, 2007).
Entretanto deve-se compreender que o envelhecimento é um processo
natural em que ocorre de forma progressiva uma redução da capacidade
funcional dos indivíduos (senescência) e que em condições normais não
costuma provocar nenhum problema. No entanto, em condições de sobrecarga
como é o caso de doenças, acidentes e estresse emocional o envelhecimento
pode provocar o surgimento de alguma patologia que necessite de assistência
(senilidade) (BRASIL, 2006).
A maior dificuldade em atender a pessoa idosa é conseguir fazer com que
essa população entenda que apesar das limitações que possam ocorrer, eles
são capazes de viver sua própria vida com muita qualidade. Essa dificuldade de
inserir essa visão de idoso ativo é influenciada pela sociedade, na medida em
que essas pessoas não são reconhecidas e valorizadas no contexto familiar e
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social em que estão inseridas. Assim compreende-se que parte das
dificuldades encontradas pelos idosos é resultante da disseminação de uma
cultura que o desvaloriza e o limita (BRASIL, 2006).
Para Mota, Aguiar e Caldas (2011) outra questão abordada é quanto a
necessidade de quem e como cuidar dos idosos brasileiros, tendo em vista que
a participação de disciplinas voltadas a essa população nos cursos de
graduação do país é pequena. O escasso valor que a sociedade atribui ao idoso
parece influenciar na escolha dos estudantes por se especializar na área, tendo
em vista, que esses estudantes priorizam o status profissional e acreditam que
esta especialização não proporciona isso. Entretanto é importante salientar que
a responsabilidade pelo cuidar do idoso não se restringe somente a geriatras e
gerontólogos, mas que esta deve ser realizada por uma equipe multidisciplinar,
com profissionais dos mais diversos níveis de atenção.
Araújo et al (2014) enfatiza ainda que as consequências do
envelhecimento para os serviços de saúde são altíssimos na medida em que
resultam em um maior custo para estes estabelecimentos, tendo em vista que
essa população tem um maior tempo de hospitalização, elevada frequência de
reinternações e uma recuperação mais lenta e com maiores chances de
invalidez quando comparada as demais faixas etárias, independentemente do
nível de assistência, o que torna imprescindível a realização de medidas
capazes de prevenir a internação do idoso.
Veras (2012) corrobora com esse pensamento, no entanto afirma que o
atual modelo de atenção a saúde se mostra ineficiente e de alto custo,
necessitando, portanto de estruturas criativas e inovadoras. Neste sentido
incentiva a promoção de uma maior capacidade funcional na população idosa,
por acreditar que esta medida é a mais adequada para operacionalizar uma
politica de saúde, assim esta deve ter como objetivo a manutenção de uma
maior capacidade funcional no individuo pelo maior tempo possível.
Araújo et al (2014) também se mostra favorável a implementação de
políticas públicas que busquem medidas alternativas capazes de promover o
envelhecimento ativo e saudável, a manutenção da autonomia e da capacidade
funcional e salienta ainda a valorização do idoso nas redes que promovem
suporte social.
A politica de envelhecimento ativo da Organização Mundial de Saúde
(OMS) enfatiza que envelhecer bem é responsabilidade não somente do
individuo, mas de todo um processo, que deve ser garantido através da
incorporação de politicas públicas e pela sociedade ao longo da vida dos
indivíduos (DAWALIBI; GOULART; PREARO, 2014).
A literatura psicologia e sociológica estabelece que níveis de satisfação
com a vida mais elevados, estão diretamente relacionados com boas condições
de saúde física e mental e com boas relações sociais e que, estas são um
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importante indicador de bem estar e qualidade de vida na população idosa e
adulta (TOMOMITSU; PERRACINI; NERI, 2014).
Prevenindo quedas em idosos Cair para o jovem pode não ser
considerado um grande problema, entretanto para um idoso pode ser motivo
de redução ou até mesmo perda da qualidade de vida. Desta forma as quedas
em idosos podem tornar-se um problema de saúde pública na medida em que
envolvem familiares e profissionais da saúde. O envelhecimento torna o
individuo mais susceptível a quedas, em virtude de alterações funcionais e
estruturais, neste sentido deve-se redobrar a atenção a fim de se evitar a
ocorrência de quedas nessa população (QUEIROZ; LIRA; SASAKI, 2009;
PAULA, 2009).
Segundo Queiroz, Lira, Sasaki (2009) cerca de 30% dos idosos caem
pelo menos uma vez no ano no Brasil, sendo que esta tem uma importância
maior nessa população na medida em que 12% dos idosos que caem evoluem
para óbito.
Além disso, a ocorrência de quedas está relacionada com lesões físicas
como fraturas, maior tempo de hospitalização, declínio da capacidade de
funcional, sofrimentos psíquicos como o medo de cair novamente e restrição
das atividades, bem como ao maior custo dos serviços de saúde e ocorrência
de prejuízos sociais, principalmente a família (LIMA et al, 2013).
A ocorrência desses eventos decorre da existência de alguns riscos nessa
população, entre eles a polifarmácia, o uso de auxiliar de marcha, a existência
de histórico de quedas, o fato de residir sozinho, o próprio medo de cair e a
ocorrência de alterações da marcha e do equilíbrio, sendo que quanto maior a
coexistência desses fatores maior o risco para o idoso (QUEIROZ, LIRA,
SASAKI, 2009).
A identificação precoce e correta dos principais fatores de risco para
quedas possibilita a prevenção desse agravo. Desse modo torna-se
imprescindível a adoção de cuidados direcionados para os idosos, identificando
precocemente suas necessidades para que seja possível manter sua
funcionalidade e prevenir a ocorrência de quedas nessa população (COSTA et
al, 2013; LIMA et al, 2013).
CONCLUSÃO
Conclui-se que a população idosa no Brasil e no mundo cresceu
consideravelmente nos últimos anos. Desta forma faz-se necessário que os
profissionais de saúde tenham uma maior atenção para com a população dessa
faixa etária, tendo em vista que esta na maioria das vezes é afastada pela
sociedade.
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Neste sentido evidencia-se a importância que a incorporação de políticas
públicas exerce na inserção dos idosos na sociedade, bem como nota-se a
necessidade de promover a ideia de envelhecimento ativo, onde busca-se
garantir a manutenção da capacidade funcional desses indivíduos. Outra
medida importante diz respeito à prevenção de quedas em virtude desse ser
um dos principais responsáveis pela ocorrência de óbitos e pela dependência
do idoso, que passará a necessitar de um cuidador, o que influenciará na
dinâmica familiar. Além disso, a ocorrência de quedas aumenta o tempo de
hospitalização o que consequentemente produz mais custos com cuidados
hospitalares.
Portanto a implementação de uma assistência a saúde do idoso capaz de
incorporar as principais necessidade do mesmo é de fundamental importância
no rastreamento precoce de fatores que possam desencadear algum problema
a saúde, o que permitirá aos profissionais de saúde a adoção de medidas que
evitem a ocorrência desses agravos.
REFERÊNCIAS
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INTERVENÇÃO NUTRICIONAL PARA A PREVENÇÃO E/OU
TRATAMENTO DE ÚLCERAS POR PRESSÃO
Cicera Solange Lima Barros1; Maria Socorro Vilar Ângelo1; Paula Georgea de
Sousa Esmeraldo1; Mariana Machado Bueno1.
Palavras-chave: Prevenção. Tratamento. Úlcera por pressão
INTRODUÇÃO
As úlceras de pressão (UP), também conhecidas por úlceras de decúbito
ou escaras, consistem em lesões teciduais ocasionadas por compressão
prolongada dos tecidos moles associadas a uma diminuição da integridade da
pele, causadas principalmente por proeminências ósseas. Essas lesões são
isquêmicas e se não tratadas, podem necrosar. Sua etiologia depende de
fatores extrínsecos, como pressão, força de tração, força de fricção,
maceração/umidade excessiva, e de fatores intrínsecos, como imobilidade,
alterações da sensibilidade, incontinências urinária ou fecal, alterações do
estado de consciência, idade, má perfusão/oxigenação, e, ainda, do estado
nutricional (TEIXEIRA, 2011). Dentre tais fatores, o estado nutricional e a
capacidade funcional merecem destaque entre as principais causas (PERRONE
etat, 2011).
A prevalência de úlcera por pressão entre pacientes adultos
hospitalizados pode variar de 3 a 14% em pacientes de todas as idades
(GOMES, 2010) e de 20-41% em casas de repouso e hospitais para idosos
(PERRONE et al, 2011).
Esta enfermidade é caracterizada por quadro doloroso, associado a
outras complicações, tendo custo emocional e financeiro muito alto. São
fatores de risco para a ocorrência de UP: desnutrição, presença de doenças
crônicas, imobilidade no leito e uso de algumas drogas, como corticoides, entre
outros. Neste sentido, o cuidado nutricional tanto na prevenção como no
tratamento das UP é relevante e tem também impacto no controle das demais
comorbidades (PASSOS, 2011).
O tratamento consiste, basicamente, em cuidados nos curativos, terapia
nutricional e, em casos extremos, cirurgia para remoção do tecido morto
(TEIXEIRA, 2011). Do ponto de vista nutricional, os seguintes fatores devem
ser avaliados como risco para desenvolvimento de UP: anorexia (IMC < 18,5
1
Faculdade de Juazeiro do Norte (FJN)
e-ciência, Edição Suplementar n.2, dez. 2014
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kg/m2), presença de hipoalbuminemia e anemia, alterações imunológicas,
associação com doença gastrointestinal e câncer (PASSOS, 2011). Pacientes
desnutridos são mais vulneráveis ao desenvolvimento de complicações pósoperatórias, com risco de morte, sepse, infecções e aumento do período de
internação hospitalar, fatores esses que denunciam a maior gravidade do
paciente e, portanto, o maior risco para o desenvolvimento de úlcera por
pressão (ABUCHAIM et al, 2010).
Segundo Teixeira (2011), vários estudos sugerem a importância de um
aporte nutricional adequado no tratamento e prevenção de UP. Uma dieta rica
em proteínas, antioxidantes (vitaminas A, C e E) e minerais, como cobre, zinco
e ferro, parecem funcionar no combate e cura das úlceras. Portanto, essa
revisão busca ressaltar a importância da nutrição para a prevenção e melhora
na cicatrização de úlceras por pressão, diminuindo assim o sofrimento dos
pacientes e tempo de permanência hospitalar.
MÉTODO
Trata-se de uma revisão de literatura realizada por meio de
levantamento de dados a partir de livros técnicos e artigos científicos obtidos
nas seguintes bases de dados: PubMed, Coleção ScientificElectronic Library
Online (SciELO) e Google Acadêmico. Foram priorizados artigos publicados nos
últimos cinco anos. O levantamento bibliográfico foi realizado entre os meses
de agosto e setembro de 2014.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As úlceras de pressão são lesões decorrentes da isquemia gerada pela
compressão extrínseca e prolongada da pele, tecidos adjacentes e ossos,
constituindo um problema relevante no cenário de atenção à saúde. As
proeminências ósseas são os locais mais acometidos, e pacientes idosos e
criticamente enfermos são mais afetados (LUZ et al, 2010).
Existe um consenso de que quatro estágios da úlcera são úteis para a
notificação de prevalência e de orientação terapêutica. Essa classificação
descreve o progresso da úlcera: estágio 1 onde apenas uma área avermelhada
aparece na pele até o estágio 4 onde a necrose penetra na pele, gordura,
fáscia, tecidos subcutâneos, músculo e osso. Essa classificação é baseada na
profundidade anatômica ou perda de tecido (SANTOS JUNIOR et al, 2011).
Em sua revisão de literatura, Luz (2010) coloca que um dos aspectos do
tratamento da UP é a nutrição do paciente, sendo que a avaliação do estado
e-ciência, Edição Suplementar n.2, dez. 2014
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nutricional do paciente é de fundamental importância. Pacientes com úlceras
de pressão se encontram em estado catabólico, motivo pelo qual a avaliação e
a melhoria do estado nutricional são fundamentais, tanto no tratamento como
na prevenção das lesões.
Todo paciente com UP deve ser submetido à avaliação nutricional no
início do tratamento e reavaliado quando não se observar melhora na lesão ou
quando o fechamento da úlcera não for obtido. A avaliação global subjetiva é,
em geral, a técnica mais indicada por avaliar alterações da composição
corporal e da ingestão alimentar, além de alterações funcionais do paciente. É
um processo simples, de baixo custo e não invasivo, que pode ser realizado à
beira do leito por diferentes membros da equipe multidisciplinar de terapia
nutricional, desde que treinados para esse fim. (PASSOS, 2011).
Um estudo realizado em um centro de reabilitação com pacientes de
terapia intensiva que apresentavam úlceras por pressão indicou que o
tratamento nutricional possibilitou melhora ou cura dessas úlceras em todos os
casos. A mesma pesquisa concluiu também que os fatores associados à úlcera
por pressão é a variável do IMC, onde pessoas com baixo peso corporal e
proeminências ósseas salientes apresentam risco elevado. Entretanto, as
pessoas que apresentam excesso de gordura corporal também estão mais
propensas a essas úlceras, devido ao fato de que o tecido adiposo é pouco
vascularizado e não é elástico como outros tecidos, tornando-se mais
vulnerável à pressão e propenso a romper-se. (TEIXEIRA, 2011). Serpa et al
(2008) também relata em sua revisão que o peso corpóreo tem sido apontado
como um fator relacionado ao desenvolvimento e gravidade das UP, sendo que
o emagrecimento reduz a camada de gordura espessa e, consequentemente,
reduz a proteção contra a pressão.
A reparação tecidual é diretamente influenciada pelo estado nutricional, e
a deficiência de um único nutriente pode prejudicar todo o processo de
cicatrização da pele. Portanto, indivíduos com UP necessitam de mais calorias,
onde as dietas hiperproteicas podem melhorar a cicatrização em pacientes
desnutridos. O consumo aumentado de vitamina A e E, carotenos e zinco
podem interferir positivamente no processo de cicatrização (ABUCHAIM et al,
2010). O estado nutricional tem sido citado como influente na incidência,
progressão e gravidade da UP e um dos mais importantes fatores de
contribuição para a reparação tecidual e o seu bom estado. Muitos estudos
relatam ser a hipoalbuminemia, a anemia, a linfopenia, a redução do zinco
sérico e do peso corporal, coadjuvantes nos indivíduos com UP. Vários estudos
sugerem que a ingestão de nutrientes, especialmente de proteínas, é
importante na cicatrização de UP. A hipoalbuminemia tem sido descrita como
fator de risco para UP (SAKASHITA e NASCIMENTO, 2011). Um trabalho
realizado com 267 adultos e idosos de ambos os sexos mostrou que os
e-ciência, Edição Suplementar n.2, dez. 2014
RESUMOS EXPANDIDOS
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indivíduos com UP apresentavam significativamente menores níveis de
albumina sérica, contagem de linfócitos, hematócrito, hemoglobina e saturação
de oxigênio (ABUCHAIM et al, 2010).
As restrições alimentares impostas pelo tratamento de comorbidades e
as dificuldades do próprio paciente em aproveitar os nutrientes ingeridos são
fatores de risco para estado nutricional. Especial atenção deve ser dirigida a
enfermos acamados, idosos, doentes com enfermidades gastrointestinais
(especialmente com diarreia) e com câncer.(PASSOS, 2011) A desnutrição
proteico-calórica grave altera a regeneração tissular, a reação inflamatória e a
função imune, tornando os indivíduos mais vulneráveis ao desenvolvimento de
úlceras por pressão (SAKASHITA E NASCIMENTO, 2011).
A terapia nutricional deverá garantir o adequado aporte nutricional para
pacientes com UP. Recomenda-se 30 a 35 kcal/kg/dia, 1,2 a 1,5 g de
proteínas, além de vitaminas e minerais segundo a IDR. Estudo de metaanálise demonstrou que a adição de 250-500 kcal/dia em fórmula
hiperproteica reduziu significativamente em 25% a probabilidade de
desenvolver novas úlceras em pacientes hospitalizados por longo tempo.
(PASSOS, 2011).
Os carboidratos são fontes de energia para leucócitos, proliferação
celular, atividade fagocitária e função fibroblástica. O fornecimento inadequado
desse nutriente leva à degradação muscular, à diminuição do tecido adiposo e
à falha na cicatrização. Um macronutriente de grande importância são os
lipídeos componentes das membranas celulares; além de fontes de energia
celular, são necessários para a síntese de prostaglandinas que regulam o
metabolismo celular, processo inflamatório e vascular. A deficiência de ácidos
graxos essenciais prejudica a cicatrização. (SAKASHITA e NASCIMENTO,
2011).
Pacientes que receberam maior aporte protéico e energético assim como
nutrientes específicos tenderam a desenvolver menos UP e a apresentar
melhor cicatrização (SERPA et al, 2008). A depleção proteica, por sua vez,
inibe a proliferação fibroblástica e prolonga o tempo da fase inflamatória,
diminui a síntese de colágeno, reduz a força tênsil da ferida, limita a
capacidade fagocitária dos leucócitos e aumenta a taxa de infecção da ferida.
Sendo as proteínas nutrientes relacionados com o sistema imunológico e
integrantes dos tecidos corporais, a presença de desnutrição proteica por
deficiência nutricional acarreta lesão de pele e músculo, além de dificultar o
processo de reparação de tecidos lesados (SAKASHITA e NASCIMENTO, 2011).
Em seu estudo, Serpa et al (2008) verificou que os pacientes que
receberam suplemento dietético enriquecido com proteína, arginina, zinco e
antioxidantes apresentaram menor índice de UP em estágio II,
comparativamente ao grupo controle. Mostrou também que a suplementação
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nutricional oral específica resultou em diminuição significativa na área da ferida
e em melhoria das condições das UP em estágios III e IV. Em pacientes sob
estresse, a retenção de nitrogênio e a oferta de micronutrientes são prioritárias
para a cicatrização de UP. A anemia pode contribuir para a formação de UP ao
diminuir a quantidade de oxigênio para osfibroblastos e, com isso, reduzir a
formação de colágeno e aumentar a susceptibilidade do tecido ao
desenvolvimento desse e de outros tipos de lesões. (SERPA et al, 2008).
A utilização de fórmula especializada suplementada com nutrientes
imunomoduladores como ácido eicosapentaenóico (EPA), ácido gamalonolênico (GLA), vitaminas antioxidantes e maior quantidade de proteínas foi
testada em um estudo com 100 pacientes internados em terapia intensiva com
lesão pulmonar e mostrou significativa pela menor ocorrência de novas úlceras
(PASSOS, 2011).
A terapia nutricional só deverá ser interrompida se os pacientes em risco
para UP ou já portadores destas estiverem ingerindo todas as necessidades
nutricionais pela via oral, rotineiramente (PASSOS, 2011).
CONCLUSÃO
As úlceras por pressão são de ocorrência relativamente comum, e, a
presença dessas lesões repercute diretamente na qualidade de vida do
paciente. Dentre os fatores de risco, incluem-se os parâmetros nutricionais
como um importante marcador para a prevenção e/ou tratamento dessas
escaras. Nesse sentido, é preciso assegurar a ingestão de uma dieta
equilibrada, com um adequado aporte de carboidratos, lipídeos e
principalmente de proteínas, sendo este, um nutriente essencial no processo
de cicatrização dos tecidos corporais. É imprescindível também oferecer os
micronutrientes como vitaminas antioxidantes e minerais que também fazem
parte do processo de cicatrização além de melhorar o sistema imunológico e
consequentemente a resposta inflamatória.
O acompanhamento nutricional é fundamental também pela possibilidade
de ser realizado o rastreamento e a avaliação do estado nutricional por meio
de instrumentos válidos e fidedignos, bem como a realização de avaliação
clínica para a identificação dos pacientes em risco de desnutrição.
O tratamento da UP é multiprofissional e interdisciplinar, sendo
fundamental o acompanhamento nutricional.
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REFERÊNCIAS
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2011
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AVALIAÇÃO DA CONTAMINAÇÃO BACTERIANA EM
EQUIPAMENTOS DE ACADEMIAS NO MUNICÍPIO DE
JUAZEIRO DO NORTE-CE
Ronaldo José de Oliveira Júnior1; Maria de Fátima Ribeiro da Silva1; Sâmya
Varlyan Nunes de Alcantara1; Marina Serafim de Lima1; Francisca Vânia dos
Santos Cruz1; Magaly Lima Mota2.
Palavras-chave:
Bacteriana.
Avaliação.
Contaminação.
Academias.
Equipamentos.
INTRODUÇÃO
As infecções microbianas constituem um problema de saúde pública
mundial, gerando aumento na morbidade, na mortalidade e nos custos
assistenciais (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1998).
Vários microrganismos são responsáveis por tal infecção: bactérias,
fungos e vírus, merecendo destaque as bactérias, tendo em vista que o corpo
humano constitui-se de uma ampla microbiota, facilitando a disseminação das
mesmas pelo ambiente e, dessa forma, oportunizando infecções em pessoas,
principalmente aquelas com estado imunológico deprimido (ROCHA et al.,
2010).
As academias de musculação compreendem um potencial risco de
transmissão microbiana ao ser humano, se não for aplicado cuidados básico de
assepsia dos equipamentos e de higienização das mãos dos usuários. (PORTAL
SAÚDE, 2014).
Estas infecções em ambientes com ampla circulação de pessoas podem
ser evitadas com a aplicação de medidas de prevenção. Ações simples, como a
higienização das mãos e o controle de fontes ambientais, apresentam baixo
custo e grande sucesso na prevenção da transmissão de infecções e na
interrupção de surtos em estabelecimentos (SANTOS, 2002).
Diante da problemática criada, o presente estudo visa constatar a
presença de microrganismos mesófilos em equipamentos de academias de
musculação, e, contribuir à população, donos das academias e instrutores de
Ed. Física com orientações pertinente à importância da prática de medidas
1
Discentes da Faculdade de Juazeiro do Norte (FJN)
2
Docente da Faculdade de Juazeiro do Norte (FJN)
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assépticas como principal ferramenta para o controle de infecções microbianas,
durante o desenvolvimento de suas atividades, garantindo assim, um menor
risco de infecções bacterianas cruzadas.
MÉTODO
O presente estudo é de caráter quali-quantitativo, experimental e de
Campo (MARCONI e LAKATOS, 2005). O estudo foi realizado em duas
academias de musculação, denominadas genericamente de X e Y, localizadas
na cidade de Juazeiro do Norte, Ce. A coleta foi realizada em oito
equipamentos diferentes: Banco Scott, Caneleira, Colchonete, Supino reto,
Esteira, Bicicleta, Mesa flexora e Leg 45 os mais usados pelos atletas e que,
mantém maior contato com a superfície corporal dos mesmos totalizando 16
amostras.
Para coleta das amostras, que ocorreu no período vespertino, utilizou-se
swabs estéreis, sendo um swab por equipamento, onde, após colheita dos
microrganismos, os swabs foram armazenados em tubos de ensaio
rosqueados, previamente esterilizados, transportados em uma caixa isotérmica
e conduzidos ao Laboratório de Microbiologia da Faculdade de Juazeiro do
Norte – FJN, para o repique.
A análise foi realizada no laboratório supracitado, onde as amostras
foram semeadas em placas de Petri contendo meio de cultura PCA,
posteriormente foram incubadas a 37ºC por 24 - 48 horas em estufa
bacteriológica.
Após 24 horas realizou-se leitura das placas para contagem de unidades
formadoras de colônias bacterianas. E, após 48 horas coletou-se amostras das
bactérias para elaboração de esfregaços em lâmina de microscopia, seguindo o
método de coloração de Gram, no qual os esfregaços foram levados à leitura
microscópica, usando aumento de 100 vezes, para determinação dos gêneros
bacterianos presentes.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após as análises realizadas foi possível contatar que, em ambas as
academias ocorreram contaminação considerável por bactérias mesófilas,
constatando-se em 94% a contaminação. A academia X apresentou uma
contaminação maior em relação a Y, onde: em 87% dos maquinários ocorreu
um elevado crescimento bacteriano após 24 horas, impossibilitando a
contagem de unidades formadoras de colônias. Somente em 13% (maquinário
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supino reto) ocorreram 11 unidades formadoras de colônias. A academia Y
mostrou um menor potencial de contaminação bacteriano. Dos maquinários
analisados, 50% um número de unidades formadoras de colônias incontáveis.
Contudo, em 38% das amostras apresentaram entre 3 a 12 unidades
formadoras de colônias. E, em 13% da amostra, não se constatou a presença
de bactérias mesófilas.
Por meio dos dados obtidos, observa-se que as academias não investem
em um processo de correta higienização, o que pode trazer sérias
complicações à saúde de seus frequentadores, com a presença de
microrganismos, possibilitando a possibilidade de desenvolverem infecções
cruzadas.
Conforme Torres et al. (2007) a transmissão bacteriana ocorre por
contato interpessoal direto e por contato com objetos contaminados, como
toalhas compartilhadas após o banho, equipamentos atléticos compartilhados
na academia, entre outros. São patógenos transportados através da pele ou do
nariz de portadores assintomáticos.
A higiene é uma prática prioritária a todos os programas de prevenção e
controle de infecções, com princípios e regras que evitam as doenças e
conservam a saúde. São cuidados como asseio corporal, o ambiente e o modo
de viver. Bons hábitos de higiene, além de promoverem a saúde, ajudam na
prevenção de muitas doenças infecto-contagiosas, que geralmente adquiridas
em locais inadequados provenientes de baixos padrões de higiene, uma
simples lavagem das mãos após o uso do banheiro ou ter uma boa higiene
pessoal, são algumas das medidas fundamentais para a diminuição de
infecções causadas por microrganismos patogênicos (FREITAS et al., 2013).
Em relação ao gênero bacteriano detectado após análise dos esfregaços,
constatou-se na academia X a maior frequência de estreptococos Gram
positivos e Gram negativos, cocos Gram positivos e Gram negativos,
estafilococos Gram positivos e Gram negativos, diplobacilos Gram positivos, e
uma menor incidência de estreptobacilos, dos tipos Gram positivas e Gram
negativas. Na academia Y, a prevalência foi principalmente de diplobacilos
Gram positivas e Gram negativas, seguidos por estreptobacilos Gram
positivas; estreptococos Gram negativas; estafilococos Gram positivas. Os
gêneros menos incidentes foram: estreptobacilos e estafilococos Gram
negativas; diplococos e estreptococos Gram positivas; vibriões e diplococos
Gram positivos. Vale ressaltar que, em um maquinário ocorreu à presença de
bactérias esporuladas. Com todos estes gêneros encontrados nos
equipamentos destacamos entre as espécies S. aureus, pois é a mais
frequentemente associado a casos e surtos de intoxicação alimentar, devido à
habilidade de muitas de suas cepas produzirem vários tipos de enterotoxinas
(BORGES et al., 2008).
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É quase impossível se defender dos estafilococos, eles estão por toda
parte e pela extensão do nosso corpo principalmente. Com isso, a transmissão
pessoa-pessoa é inevitável, mas a higiene é necessária para tentar conter uma
eventual proliferação agressiva e anormal dos estafilococos.
A intoxicação alimentar é um problema sério, especialmente a causada
pela endotoxina estafilocócica termoestável. A manipulação sem a higiene
adequada das mãos é substancialmente um fator determinante para a
dissipação dos estafilococos.
Equipamento e utensílios com higienização deficiente têm sido
responsáveis, isoladamente ou associados a outros fatores, por surtos de
doenças de origem alimentar ou por alterações de alimentos processados. Há
relatos de que utensílios e equipamentos contaminados participem do
aparecimento de aproximadamente 16% dos surtos (ANDRADE, et al.2003).
Para controle/desinfecção dos maquinários é recomendado à utilização de
antissépticos eficazes. Nesse estudo, foi observado que as duas academias (X
e Y), não desenvolvem uma conduta eficaz para o controle ou diminuição da
carga bacteriana presente nos equipamentos. A desinfecção é o processo de
destruição de microrganismos, patogênicos ou não, na forma vegetativa,
presentes em objetos inanimados. O álcool está entre os antissépticos mais
seguros, não só por possuir baixíssima toxicidade, mas também pelo seu efeito
microbicida rápido e de fácil aplicação O álcool é classificado como desinfetante
de nível intermediário. Devido à praticidade de uso é encorajada a sua
aplicação na desinfecção de superfícies, mobiliários, equipamentos e
termômetros (SANTOS et al., 2002). Além do álcool etílico, existe também o
isopropílico, excelente antisséptico e desinfetante, devido ao seu custo
reduzido, baixa toxicidade e facilidade de aquisição e aplicação. Em geral, o
álcool isopropílico é considerado mais eficaz contra bactérias, a concentração
recomenda para atingir a maior rapidez microbicida com o álcool isopropilico é
entre 60 e 95%.
Os principais fatores que comprometem a qualidade de desinfetantes e
antissépticos são: matéria prima com concentrações diferentes das indicadas,
o uso de água não purificada para diluição, estocagem em locais de umidade e
temperaturas elevadas, embalagens que não protegem de extravasamentos,
contaminações químicas ou biológicas por contato com o ambiente ou com as
mãos, e rotinas que não cumprem as técnicas de boas praticas na manipulação
destes produtos. O álcool por possuir características microbicidas direcionadas
aos microrganismos mais frequente neste meio, possui fácil aplicabilidade,
baixo custo e reduzida toxicidade (SANTOS et al., 2002).
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CONCLUSÃO
Diante dos resultados obtidos, tem-se como fator preponderante que as
academias X e Y não estão totalmente adequadas no quesito higienização, o
que é bastante preocupante; haja vista grande parte de o maquinário
apresentar alto índice de bactérias Gram-positivas e negativas, além de
esporos bacterianos, o que vem a reforça que não se tem a utilização de
antissépticos adequados e nem tão pouco uma consciência por parte dos
responsáveis para modificar esta conduta.
Além disso, é de fundamental importância conhecer e aplicar a utilização
correta do álcool, para diminuir estas contaminações. Assim, tendo uma visão
mais critica é de fundamental relevância para os frequentadores, donos de
academias e pessoas do meio, uma correta capacitação sobre o tema, a fim de
sanar com possíveis duvidas e deixar evidente a relevância da problemática
desenvolvida por estas bactérias.
REFERÊNCIAS
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A CONTRIBUIÇÃO DA PSICANÁLISE PARA A CLÍNICA
INFANTIL
Yrismara Pereira da Cruz1; Ana Raquel Holanda Barros1; Raul Max Lucas da
Costa1.
Palavras-chave: Infância; Psicanálise; Clínica
INTRODUÇÃO
A análise da produção existente sobre a história da infância permite
afirmar que a preocupação com a criança encontra-se presente somente a
partir do século XIX, tanto no Brasil como em outros lugares do mundo. No
entanto, mesmo a infância constituindo-se em um problema social desde o
século XIX, ainda não foi suficiente para torná-la um problema de investigação
científica (Ariès, 1973).
Durante a Idade Média, antes da escolarização das crianças, estas e os
adultos compartilhavam os mesmos lugares e situações, fossem eles
domésticos, de trabalho ou de festa. Na sociedade medieval não havia a
divisão territorial e de atividades em função da idade dos indivíduos, não havia
o sentimento de infância ou uma representação elaborada dessa fase da vida.
Com isso, a criança relacionava-se muito mais com a comunidade do que com
os próprios pais, a aprendizagem e a socialização não eram realizadas pela
família ou escola e sim pela comunidade (Costa, 2007).
No século XVII surge nas classes dominantes, a primeira concepção real
de infância, a partir da observação dos movimentos de dependência das
crianças muito pequenas. O adulto passou, então, pouco a pouco a preocuparse com a criança, enquanto ser dependente e fraco. Fato este, que ligou este
etapa da vida a ideia de proteção (Levin, 1997).
Neste contexto da construção da infância a psicanálise dá a sua
contribuição onde Freud em 1909 com o caso do pequeno Hans demonstra a
possibilidade de realização da psicanálise com crianças. A discussão desse caso
contribuiu para a inserção da psicanálise com crianças. A primeira
problematizarão nesse contexto acontece com as divergências teóricas entre
Anna Freud e Melanie Klein que mantém divergências entre as questões
técnicas, na questão do que define as condições para a análise com crianças, o
que é análise, qual o lugar do analista, o fim da análise, como a transferência
1
Faculdade Leão Sampaio, FALS
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se apresenta nesse contexto especifico, qual o lugar e a importância dos pais e
diferem fundamentalmente quanto a possível aproximação entre as relações
analítica e educativa nessa pratica clinica (Petri, 2008).
Mediante as discussões feitas no contexto da infância o presente artigo
objetiva apresentar a contribuição da psicanálise dentro do contexto da clinica
infantil a qual será discutido a luz dos seus principais representantes: Anna
Freud, Melanie Klein e Françoise Dolto e consequentemente ira esboçar como a
psicanálise ver a infância.
MÉTODO
O presente artigo sucede-se a partir de um projeto desenvolvido para ser
aplicado no estágio obrigatório em ênfase do curso de psicologia.
Trata-se de uma revisão bibliográfica qualitativa, os dados foram obtidos
a partir da literatura de psicanálise com crianças, e de obras de autores como
Teresinha e Renata Petri que escreve em cima da concepção lacaniana. No
levantamento dos artigos das fonte de dados BVS-PS I e SCIELO notou-se um
vasta produção em cima do tema infância e da psicanálise com crianças a qual
alguns autores podem ser citados como Barbosa C.M, Levin, Ariés, entre
outros.
A partir das pesquisas realizadas, observou-se consonância entre outras
áreas do saber como a pedagogia, sociologia e antropologia que trazem
pesquisas em cima do tema infância. A busca foi realizada por meio da
combinação das seguintes palavras-chave: Infância, Psicanálise, Criança e
Brincar, sendo todos os termos digitados no idioma português. Adicionalmente,
a busca realizou-se nos meses de agosto a setembro de 2014, investigando
publicações do período 2004-2013.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foi através de Rousseau, considerado um dos primeiros pedagogos da
História, que a criança começou a ser vista de maneira diferenciada do que até
então existia. Rousseau propôs uma educação infantil sem juízes, sem prisões
e sem exércitos. Com isso, a partir da Revolução Francesa, em 1789,
modificou-se a função do Estado e, com isso, a responsabilidade para com a
criança e o interesse por ela. Segundo Levin (1997), “os governos começaram
a se preocupar com o bem-estar e com a educação das crianças”.
Dentro desse processo histórico a qual a infância está inserida vale
ressaltar a inserção da clínica infantil na psicanálise, visto que antes a clinica
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estava pautada no adulto e nos seus problemas decorrentes da infância. No
entanto, existe diversos desacordos entre seus representantes no que se
refere as técnicas utilizadas e a visão de sujeito.
Uma das primeiras representantes dessa clinica foi Anna Freud que na
sua visão de psicanálise com crianças propôs uma conjunção entre educação e
psicanálise como condição para tal trabalho, não acreditando ser possível nem
desejável o estabelecimento de uma relação puramente analítica com uma
criança. Partindo da diferença em relação aos adultos, chega á conclusão de
que é parte integrante da análise com crianças o exercício de uma função
educativa. Vale ressaltar, que Anna Freud dá importância central á colaboração
dos pais na análise, responsabilizando-os muitas vezes pela possibilidade ou
impedimento do tratamento (Petri, 2008).
Em contrapartida a Anna Freud, Melanie Klein apresenta uma elaboração
teórica radicalmente oposta, onde ressalta que a análise com crianças em nada
difere da realizada com adultos, observando que não apenas as crianças
podem ser equiparadas aos adultos no que se refere á instancia do
inconsciente, como estão ainda mais susceptíveis á mesma, o que permitiria a
instalação imediata da situação analítica, sem a necessidade de um tratamento
de ensaio. Pressuposto básico que a levou a procurar em toda expressão da
criança um conteúdo simbólico que, através da interpretação, daria acesso
direto ao inconsciente, acreditando ainda que tais expressões na cena analítica
já revelavam em sim mesmas uma estrutura associativa, o que culminou na
chamada terapia do brinquedo (Petri,2008).
Dentro desse contexto foi Melanie Klein a primeira a abordar de forma
sistêmica a condição particular da criança no que se refere ao processo
analítico; com um detalhe importante: ao invés do que fez Freud, que partiu
da psicanálise de adultos para definir a "psicologia da infância", Klein procurou
conferir suas teorias com crianças reais. Mais do que isso, foi dos primeiros
estudiosos a verem a criança como capaz do processo da análise (Barbosa,
2003). Desta forma, muito daquilo que se sabe e se estuda sobre a criança e o
infantil nos dias de hoje dentro da psicanálise é devido a contribuição de Klein
que faz a diferença fundamental entre a clinica da criança e do adulto, com
isso dando espaço para a infância em si.
Com as formulações teóricas de Lacan um novo campo de intervenção
com crianças surgir. Neste contexto destaca-se Françoise Dolto que insere a
criança na estrutura desejate da família, como efeito dessa estrutura Dolto
registra o fato de haver pouca psicanalistas de crianças, visto que a maioria de
psicoterapeutas fazem "psicoterapias de apoio", com isso Dolto reconhecer que
para psicanálise e da maior importância o entendimento da diferença que há
entre a "clinica de crianças" e a " clinica de adultos" (Barbosa, 2003).
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Desta forma, segundo Volnovich, (1991, p.24) apud Petri (2008, p.29) a
criança não seria a criança annafreudiana, aquela que escolhe ou não se tratar,
produto das vicissitudes de seu Ego e de seu desenvolvimento libidinal.
Também, não seria a criança Kleniaana, determinada pela quantidade de
instinto de morte que se faz presente no ciúme e na inveja. A criança na visão
lacaniana é essencialmente inserida na estrutura, efeito da família.
Dentro da clinica lacaniana a infância é dividida em etapas de acordo
com castração, visto que esta é o núcleo organizador de toda a experiência
subjetiva, caracterizando um tempo de fundamental importância, tanto pelas
significações que, partindo dessas bases, serão realizadas, quanto pelo
estabelecimento de uma determinada relação com objetos, de um modo
particular de gozar, que definirão a oposição do sujeito no mundo. Neste
sentido propõem-se a existência de três tempos referenciados pela castração:
um tempo preparatório, anterior ao Édipo; o atravessamento edípico
propriamente dito, implicando a operação de castração; e um pós-edípico,
tomado pela tentativa do sujeito de compreender o que se passou (Petri,
2008).
Neste sentido segundo Petri (2008, p. 65), enquanto analisaste tem-se
(i) a "criança pequena", caracterizada pelo jogo do engodo e das frustrações
que vive com a mãe como Outro primordial; (ii) a "criança edípica", já inserida
na dialética da castração como encruzilhada estrutural do sujeito; e (iii) a "
criança na latência", ocupada em compreender e assimilar a castração á qual
foi submetida.
Desta forma todos os autores citados contribui de forma significante para
a construção da psicanálise com crianças, visto que seus estudos norteiam as
intervenções realizadas na clinica infantil até hoje a qual as técnicas utilizada
por essas autoras se diferenciam e podem ser resumidas da seguinte forma:
Anna Freud utiliza a técnica do desenho, Melanie Klein a técnica do brinquedo
e Françoise Dolto a técnica do desenho, fala e modelagem. Com isso, é
indiscutível a relevância que a psicanálise trouxe para o campo da infância a
qual deu espaço para o sujeito como criança adaptando, criando técnicas para
dá acesso ao inconsciente da criança.
CONCLUSÃO
Enfim, as contribuições trazidas por a psicanálise dentro do contexto
infantil são norteadoras até hoje quando o tema é infância visto que ela foi
uma das primeiras a da espaço a essa clinica. De acordo com os
levantamentos bibliográficos ficou claro como as técnicas trazidas por as
diversas correntes freudianas, klenianas e lacanianas ainda são utilizadas e
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como estas são fundamentais para a clinica infantil. Foi observado também
que a psicanálise com crianças surge praticamente no mesmo contexto de
quando as crianças passam a ser vistas de outra forma por a sociedade com
isso notando a relevância que os estudos psicanalíticos tem quando o assunto
é infância.
Desta forma, o presente artigo cumpri seu objetivo de esboçar a
contribuição da psicanálise dentro do contexto da infância e consequentemente
trás o norte de suas principais teorias e praticas.
REFERÊNCIAS
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e-ciência, Edição Suplementar n.2, dez. 2014

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