Repórteres de Palmo e Meio - Biblioteca Municipal de Torres Vedras
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Repórteres de Palmo e Meio - Biblioteca Municipal de Torres Vedras
F -X C h a n ge F -X C h a n ge W N O y bu k lic tr ac No passado dia 9 de Janeiro, as técnicas do Serviço Educativo da BMTV, transformaram a turma 43A da EB1 Torres Vedras, da Professora Clarisse Verino em "Repórteres de Palmo e Meio", assinalando os 90 anos de Carnaval organizado nesta cidade. Os entrevistados desta sessão foram o Eng. António Miranda, antigo rei do Carnaval e atual Chanceler da Real Confraria do Carnaval, bem como o Sr. José Ramos, que noutros tempos foi o maquilhador oficial da realeza. ENTREVISTA A ANTÓNIO MIRANDA E A muito de Carnaval e que saibam o que era o Carnaval de Torres Vedras e o que represenJOSÉ RAMOS – TURMA 43 A ta esta festa para a nossa cidade. Que saiSabemos que foi um dos Reis do Carna- bam falar publicamente, tenham resistência física para aguentar tantos dias, quase sem val. dormir e que saibam comportar-se. É muito Quando e porquê subiu ao trono? A.M. – Fui substituir o Bruno Brandão de importante que entre os Reis haja laços de Melo, que tinha uma empresa onde se amizade e gostos em comum. faziam os carros alegóricos, por isso nos dias de Corso já estava muito cansado, porque Quais são as responsabilidades dos Reis além de os executar, durante esses dias de Carnaval? fazia a manutenção dos mesmos, razão pela A.M. – As responsabilidades são imensas, qual acabou por desistir de ser Rei, porque primeiro porque são o “rosto” do nosso Carnaval, depois porque na sexta-feira à noite, não conseguia descansar o suficiente. aquando da chegada dos monarcas, há uma cerimónia simbólica, que é a entrega das Quem foi a sua extremosa esposa? A.M. – Eu só tive uma Rainha, cujo Chaves da Cidade, pelo Presidente da “casamento” durou cerca de dez anos. A Câmara aos Reis, dando-lhes a competência pessoa que fazia o papel de Rainha era um e a responsabilidade de “governarem a cidaamigo meu, que já estava no “trono”, chama- de”, durante os dias de Carnaval. do Alfredo Manuel dos Reis, também conhecido por Mima. palmente os jovens, que se deitam tarde e dormem durante o dia. Achamos que esse nível etário faz falta aos Corsos e lhes daria uma maior alegria. Como se sente ao ver o seu filho a ocupar o seu lugar de Rei? A.M. – Sinto-me orgulhoso e em simultâneo preocupado, porque é preciso ter juízo e ser responsável. Sente saudades? A.M. – Não, saudades não. Deixei de ser Rei porque achei que com cinquenta anos, já era desgastante para mim e que seria melhor “apostar” numa pessoa mais nova. Além disso a “minha Rainha” também queria abandonar o trono e eu com uma Rainha de 30 anos não fazia sentido porque, como já atrás referi, é preciso que as pessoas que encarnam essas personagens sejam amigas e da mes- Foi sempre fiel à sua Rainha? A.M. – Sim, sempre!!!! Tem a certeza? Atenção, que temos provas em contrário. A.M. – Que provas? A seu tempo o saberá…. A.M. – És muito atrevido! Como surgiram as figuras do Rei e da Rainha de Carnaval? J.R.- Surgiram há muitos anos, em 1923, nesse ano apenas havia o Rei, que era o Brito. Mas, um Rei sem Rainha não lhe agradou, então na 3ª feira de Entrudo, num baile que se realizou no Clube Artístico e Comercial (Grémio), os amigos resolveram arranjarlhe uma “esposa”. Então elegeram, entre os membros da Guarda Real, Jaime Alves, tornando-se esse elemento a primeira Rainha de Carnaval, que reinaria no ano seguinte. Têm, igualmente, que saber representar uma festa que é das mais importantes da nossa cidade, “o Carnaval mais português de Portugal”, dando entrevistas, indo a programas de diferentes canais televisivos, fazendo propaganda deste evento, não só a nível nacional E porque é que foram e continuam a ser como internacionalmente, através da RTP Internacional. dois homens? J.R.- Porque nessa época as mulheres não podiam sair mascaradas. A sociedade ainda Como recorda o Carnaval de outros temnão aceitava que uma senhora se expuses- pos? se, em público, dessa maneira, Por isso, teve J.R.- O Carnaval era diferente, era uma festa de ser um homem a representar o papel de para a família e para os amigos, em que Rainha, o que se tornou tradição e ainda hoje todos participavam, mascarados ou não, nos é uma das caraterísticas do nosso Carnaval. “assaltos”, festas dos clubes e nas Batalhas de Flores, atirando cocotes e pregando partiQuais são os critérios atuais para esco- das uns aos outros. Hoje, devido a haver Corsos noturnos e às discotecas estarem lher o Rei e Rainha de Carnaval? A.M. – Neste momento, os critérios são defi- abertas durante todas as noites, há uma nidos pelos elementos da Confraria de Car- camada da população que não vai aos Cornaval. Terão de ser pessoas que gostem sos de domingo e terça à tarde, são princi- ma idade, para poderem fazer longos reinados. Neste momento é Chanceler da Confraria. O que é a Confraria do Carnaval? A.M. – A Confraria do Carnaval é formada por um grupo de elementos, conhecedores da história do Carnaval, alguns são antigos “carolas”, que já faziam parte da Comissão de Organização do Carnaval, antes de esta ser da competência da Câmara Municipal e da Promotorres. Têm como responsabilidade fazer manter a tradição deste Carnaval, que é tão específico em relação aos outros, devido à sua antiguidade, faz noventa anos este ano e à caraterística da inter - ação entre figurantes e público. É também do âmbito das suas competências a organização das cerimónias da “Chegada dos Reis” e do “Enterro do Entrudo”. .c Repórteres de Palmo e Meio C om k lic C .c re . . k e r- s o ft w a w w ac ww ww tr om to to bu y N O W ! PD ! PD k e r- s o ft w a re F -X C h a n ge F -X C h a n ge W N O y bu Quadra Ministros, Matrafonas, Rei e Rainha, Reciclem os fatos com frenesim, Rufarão os tambores e adivinhem… Nunca foi vista folia assim! Alunos e professores do 43 A Nota - No final da entrevista foi mostrado ao ex Rei de Carnaval, um conjunto de fotografias, as quais provavam a “infidelidade” do monarca, visto ter tido, num Carnaval, como “real esposa” um grande folião, Jorge Guibarra, que fazia parte do Grupo de Ministros que sempre acompanhava suas Altezas, tendo esse facto como causa o Mima estar doente e por isso ter sido substituído à última hora. Ficha técnica: Fotografia: Isabel Raminhos Imagem: Sara Rodrigues Edição: Ivo Antunes k lic ac .c om to .c Qual foi, até ao momento, o melhor Carnaval das vossas vidas? J.R.- Foram todos! A.M. – No espaço dos dez anos, em que fui Rei, choveu em dois Carnavais, esses foram sem dúvida os menos agradáveis, porque as ruas estavam quase desertas, as pessoas não saiam de casa devido à chuva e nós ainda demos uma volta ao Corso, mas estávamos a estragar os fatos e recolhemo-nos. Todos os outros, mesmo com frio, foram muito bons, é gratificante ver as pessoas a brincar nas ruas apinhadas de gente. São anos que nunca esquecerei, por ter vestido o traje de Rei e ocupado o trono do “Reino da Folia”. C k C lic k e r- s o ft w a O que é, para si, o Carnaval? J.R.- É um evento muito importante, desde muito novo que me ensinaram a gostar do Carnaval, mascarando-me, devia ter a vossa idade. Este Carnaval é para todos nós muito especial, para mim em particular porque fiz, durante muitos anos, parte da Comissão de Organização do Carnaval, numa altura em que tudo era feito por “carolas” e os lucros revertiam a favor do Lar de S. José. Éramos um grupo de amigos que envidavam esforços para que a festa do Carnaval fosse sempre diferente, de qualidade, sem ter de contratar artistas brasileiros, foi sempre feito com a “prata da casa”, com esforço, carinho e dedicação de muitos torrienses, que nos ajudavam, sendo o suporte logístico suportado pela Câmara Municipal. Por isso, ainda hoje temos muito orgulho em dizer e em defender o nosso lema que é “ O Carnaval de Torres é o mais português de Portugal”. tr . . O que é que se tem de fazer para pertencer e à rConfraria do Carnaval? A.M. – Só podem pertencer à Confraria pessoas maiores de dezoito anos. Têm de demonstrar vontade de dar continuidade à tradição carnavalesca, propondo-se para serem elementos, pedindo a um Confrade que seja seu proponente. Se a direção da Confraria concordar, essa pessoa integra o grupo, estando um ano à experiência e chamando-se Projeto de Confrade, se der provas que conhece e põe em prática o que está no “Livro das Usanças” e que será um bom impulsionador do espírito do Carnaval de Torres Vedras, é admitido, passando a usar o respetivo traje e tomando o nome de Confrade. O grau mais alto da confraria é o de Chanceler. w w ac ww ww tr om to bu y N O W ! PD ! PD k e r- s o ft w a re F -X C h a n ge F -X C h a n ge W N O y bu k lic tr ac No passado dia 25 de Janeiro, as técnicas do Serviço Educativo da BMTV, transformaram a turma do 4ºB da EB1 Padre Francisco Soares, da Professora Lurdes Geraldes em "Repórteres de Palmo e Meio", assinalando os 90 anos de Carnaval organizado nesta cidade. Os entrevistados desta sessão foram os confrades Paula Perdigão e Carlos Daniel, da Real Confraria do Carnaval. Entrevista com a turma do 4ºB da Profes- tínhamos os bailes das coletividades, porque sora Lurdes Geraldes, da EB1 Padre Fran- cada uma tinha o seu serão de Carnaval. Há cisco Soares ainda uma referência mais antiga, há registos de em 1914 haver pequenos corsos, pequeQuando foram inventados os carros ale- nas manifestações de Carnaval nas ruas, góricos, onde se fazem e como? mas não de forma organizada. Carlos Daniel – Os carros alegóricos não Assim, em 1923 um grupo de amigos, Leonel começaram como os conhecemos agora, Trindade, Amílcar Guerreiro, Edmundo Carnieram carros rurais feitos de madeira e puxa- de e Jaime Alves, decidiram organizar um dos por bois. Carnaval com “pompa e circunstância” e surEm 1930 temos o aparecimento de pequenos ge assim o primeiro Rei do Carnaval, intitulacarros com algumas alegorias, que podem do Rei Carnaval I. O deste ano chama-se D. ser sátiras, fantasiosas. Aparecem também Koelhone Esfolado IntéaoTutano e a Rainha carros feitos pelas famílias mais abastadas, é a Dona Pinguinhas de Meigas Falinhas. como a família Hipólito, bem como algumas Estes nomes devem-se ao facto de aqui em empresas, por exemplo o Chagas. Torres Vedras, se evidenciarem coisas da As associações recreativas e as Juntas de terra, sátira social do que se passa no país e Freguesia foram também convidadas a fazer no mundo. os seus próprios carros e recebiam um sub- A antiga Comissão começa a perder o sentisídio da Câmara Municipal, para os poderem do, a perder o poder e em 2004/2005 o Dr. construir. Com o aparecimento da época Jorge Ralha, antigo Vereador da Cultura da automóvel começaram a surgir os primeiros Câmara Municipal, mais outros membros da carros montados em cima de carros grandes antiga Comissão começam então a pensar ou atrelados, com estruturas em ferro e em criar uma confraria, neste caso que madeira. Outras associações como o Gré- defensa o interesses e as tradições do Carmio, a Tuna e o Operário, faziam também os naval – a Real Confraria do Carnaval de Torseus próprios carros para participar no desfi- res Vedras. le. Os das empresas aproveitavam para fazer publicidade, tal como os Armazéns do Chia- Há quanto tempo pertence à Confraria? do. Carlos Daniel - Eu sou a aquisição mais Desde há 20 anos para cá, é a Gulliver, que recente. Sou o mais novo confrade em teré uma empresa torriense, que faz os carros e mos de idade e de entrada para a Confraria, os cabeçudos, com materiais como esferovi- mas desde os 10 anos que estudo a história te ou fibra de vidro. Outra empresa que tam- do Carnaval. Estou na Confraria por gosto e bém os faz é a Impacto Visual. não recebo dinheiro e como membro da Confraria pago quotas. Estou na Confraria por Como surgiu a ideia da Confraria? amor ao Carnaval, para manter acesas as Carlos Daniel – Antes de haver a Confraria, tradições deste. havia uma Comissão de Festas de Torres Paula Perdigão – Eu estou na Confraria há Vedras. Em 1923, o Carnaval foi organizado 2 anos, porque gosto muito do Carnaval e e na rua pela primeira vez, mas antes disso convidaram-me para eu pertencer. Com mui- to gosto aceitei o convite que me foi feito. Mas isto só foi possível quando a Confraria abriu as suas portas a novos membros, porque sentiram a necessidade de dar continuidade ao seu trabalho. Antigamente a Confraria só tinha uma mulher, que já vinha da antiga Comissão, agora já há mais mulheres e ainda bem! São vocês que organizam o concurso do Carnaval? Carlos Daniel – Não. A Confraria organiza a Chegada dos Reis, o Enterro do Entrudo na quarta-feira de cinzas, inicia o corso diurno e finaliza o mesmo com uma volta apeada. No entanto, um dos prémios atribuído aos grupos de mascarados é dado pela Real Confraria, que também dá o seu apoio na credenciação dos grupos. Já fizeram parte de algum grupo de mascarados? Carlos Daniel – Eu fiz parte do grupo dos Ministros e Matrafonas, que pertencem à corte. Paula Perdigão – Eu já fiz parte de um grupo luso-francês, através da associação de intercâmbio, da qual eu faço parte da direção e convidámos uma banda francesa de Villeneuve D’Ornon, que fica perto de Bordéus a vir participar no nosso Carnaval e agora de dois em dois anos eles vêm e gostam muito, acharam muito confuso porque o Carnaval deles é muito simples e aqui é uma confusão. Este ano eles não vêm, talvez para o próximo. O que o levou a pertencer à Confraria? Carlos Daniel – Como já disse, eu pertenci à corte dos Reis, num grupo que se chama Ministros e Matrafonas e no ano passado .c Repórteres de Palmo e Meio C om k lic C .c re . . k e r- s o ft w a w w ac ww ww tr om to to bu y N O W ! PD ! PD k e r- s o ft w a re F -X C h a n ge F -X C h a n ge W N O y Porque é que não são as escolas que escolhem o tema? Carlos Daniel – A decisão cabe à Promotorres e à Confraria, no entanto qualquer pessoa pode sugerir temas para o Carnaval. Vocês como turma podem enviar uma carta à Promotorres com propostas para o Carnaval de 2014. Quadra O carnaval Das várias festas do ano Eu sou louca pelo Natal Mas a que me divirto É sem duvida o Carnaval Fiz uma mascara com alça Com sacos de plásticos Danço até que os sapatos rebentem E depois continue descalça Embora seja no inverno E com um frio de rachar Seja de saias ou de calças Vou-me sempre mascarar Adoro aquele ritmo Da música brasileira Com pinturas na cara E na cabeça uma cabeleira Milhares de torrienses na rua Que bela foto ou paisagem Ainda mais porque este ano O tema é a reciclagem Há quanto tempo existem cabeçudos? Carlos Daniel – Os cabeçudos existem desde o início do Carnaval de Torres e antigamente não eram como este que conhecemos hoje, haviam os Gigantones que chegavam até ao 3º andar dos prédios. Há também uma tradição associada aos cabeçudos, que são os “Zés Pereiras”, que vêm de Amarante e Podence desde há muitos anos, criou-se uma amizade que dura até hoje. Os cabeçudos antigamente eram feitos com pasta de papel, agora são feitos com esferovite e fibra de vidro. Quem é que escolheu o tema deste ano? Carlos Daniel – Foi a Promotorres em conjunto com a Real Confraria. Este ano a Promotorres decidiu que o tema seria a Reciclagem, visto o Carnaval fazer 90 anos e as pessoas já terem muitas máscaras em casa. Tem também uma vertente ecológica e económica por k lic Eva Monção, poetisa do 4ºB Ficha técnica: Fotografia: Ana Gonçalves Imagem: Sara Rodrigues Edição: Ivo Antunes ac .c tr om to bu .c k e r- s o ft w a O que são as matrafonas? Carlos Daniel – Cá está, mais uma tradição de Torres Vedras. Os homens vestem-se de mulheres literalmente, põem cabeleiras, maquilham-se, vestem roupas femininas, até vestem soutiens com meias lá dentro para parecer que têm peito. Esta tradição surge porque as senhoras não podiam sair de casa para brincar ao Carnaval, viam os desfiles da janela ou das varandas. Então uma vez, um grupo muito grande de rapazes que vinham de Runa, decidiram vir para o Carnaval vestidos de mulher. É assim que as matrafonas chegam ao Carnaval de Torres, por volta de 1912. Só em 1924 é que surge a primeira Rainha, também ela um homem vestido de mulher. Esta é uma tradição que dura até aos dias de hoje, porque rapaz que seja torriense tem de se vestir pelo menos uma vez de matrafona. Por isso, eu desde os meus oito anos que sou matrafona também. Paula Perdigão – Na nossa sociedade, ao longo da História temos situações parecidas, por exemplo no teatro chinês, tradicionalmente os homens é que encarnavam os papéis de mulheres, porque era proibido haver atrizes. E este fenómeno das matrafonas é um exemplo disso. C k lic C causa da crise. . . convidaram-me para pertencer à Confraria e e eu rdesde logo aceitei. Paula Perdigão – Este menino é muito jeitoso e sabe muito sobre o Carnaval e pensámos “Este é bom para nós!” w w ac ww ww tr om to bu y N O W ! PD ! PD k e r- s o ft w a re F -X C h a n ge F -X C h a n ge W N O y bu k lic tr ac No passado dia 30 de Janeiro, as técnicas do Serviço Educativo da BMTV, transformaram a turma do 2ºA da EB1 Padre Francisco Soares, da Professora Diana Machado em "Repórteres de Palmo e Meio", assinalando os 90 anos de Carnaval organizado nesta cidade. Os entrevistados desta sessão foram os confrades Paula Perdigão e Carlos Daniel, da Real Confraria do Carnaval. Entrevista com a turma do 2ºA da Profes- O que é a Confraria do Carnaval? sora Diana Machado, da EB1 Padre Fran- Paula Perdigão – Antes de haver a Confraria, havia uma Comissão de Festas de Torres cisco Soares. Vedras. Uma Confraria é uma associação e a nossa defende as tradições do Carnaval. O que representa para si o Carnaval? Paula Perdigão – Para mim é alegria, brin- Colaboramos com a Promotorres, que é a cadeira, conviver com os amigos, é ter cora- empresa que organiza o Carnaval, ou seja a gem de fazer aquilo que não fazemos o resto Comissão do Carnaval transformou-se na do ano e esquecermo-nos das nossas chati- Real Confraria e é por isso que temos este traje cor de vinho, com barrete. ces. Como recorda o Carnaval de outros tempos? Carlos Daniel – Eu só tenho 19 anos, por isso as minhas memórias não são muito diferentes das vossas. Mas estudo o Carnaval desde os 10 anos e sei que ele era muito diferente, começou em 1923 de forma organizada; os carros eram diferentes; os cabeçudos; os Reis, porque eram outros; as pessoas mascaravam-se de outra maneira, não havia tanta oferta nas lojas de artigos de Carnaval, as pessoas faziam os seus fatos em casa ou usavam roupas que já não vestissem, as senhoras não podiam sair à rua e por isso não brincavam ao Carnaval. Também haviam uma coisa que se atirava durante os corsos, o “cocote”, que depois foi substituído pelos cubos. Adam, enquanto personagem do Carnaval, este ano chama-se Dona Pinguinhas de Meigas Falinhas. Quais são as responsabilidades dos Reis do Carnaval? Carlos Daniel – As responsabilidades são governar o Carnaval durante os seis dias e O que faz um Rei? Carlos Daniel – O Rei governa, é o senhor que manda. E durante os seis dias do Carnaval é o Rei que toma conta da cidade com a Rainha, porque o Senhor Presidente da Câmara vai de férias (risos). Governar é mandar, é gerir, é organizar. O que tem que se fazer para pertencer à Confraria? Carlos Daniel – Tem que se ter 18 anos. As pessoas não são escolhidas, podem proporse à direção da Confraria, que é a Cúria Régia, e depois são aceites ou não. Durante algum tempo (um ano e dois Carnavais) têm que "prestar provas", isto é, têm que mostrar que têm condições para fazer parte. Durante esse tempo, não têm farda, apenas uma faixa que diz "Projeto de Confrade". Acompanham os confrades para se inteirarem das Qual foi a vossa máscara preferida? Paula Perdigão – Tive uma muito divertida, tarefas. E é trabalho voluntário, não se recedevia ter uns 16/17 anos e combinei com um be nada. grupo de amigas vestirmo-nos de freiras grávidas. E quando estávamos a fazer as más- Quais são os critérios para a seleção dos caras em minha casa ouvimos um barulho e Reis? a casa estremeceu, logo pensamos que era Carlos Daniel – Os Reis são dois homens, logo a Rainha é uma matrafona, que é um um castigo divino. Carlos Daniel – A minha máscara preferida homem mascarado de mulher. Têm que gostar muito de Carnaval, não podem ser carrané de matrafona. cudos e têm que ser simpáticos. E muito importante, têm de ser da terra, porque todos Como vivem o Carnaval? Paula Perdigão – Vivemos com muita ale- os Reis até então foram sempre torrienses, gria, muita folia e euforia. Como pertencemos não vamos buscar Reis fora. à Confraria também vivemos com alguma responsabilidade, porque organizamos a Como se chama os Reis? Chegada dos Reis, o Enterro do Entrudo, Carlos Daniel – O Rei como pessoa chamase Ricardo Miranda. Enquanto Rei chama-se, abrimos e encerramos o corso. Carlos Daniel – Eu faço minhas as palavras este ano, D. Koelhone Esfolado IntéaoTutano. da Paula (risos). A Rainha, como pessoa chama-se Pedro promove-lo nas televisões, rádios, revistas, de forma a trazer cada vez mais visitantes ao nosso Carnaval que é o “mais português de Portugal”. Pensa que o nosso Rei tem sido um bom governante? Carlos Daniel – Penso que sim. Paula Perdigão – É simpático e tem desenvolvido um bom trabalho. O Castelo de Torres Vedras é dos Reis do Carnaval? Carlos Daniel – Não. Este Castelo foi dos Reis de Portugal. Quantas vezes já se mascarou? Carlos Daniel – Já me mascarei tantas que nem me lembro, porque me mascaro desde muito pequeno. Quantos Reis do Carnaval já existiram? Carlos Daniel – Reis oficiais já houveram nove, quanto às Rainhas foram sete. Num todo houve oito casais reais. Porque não quer dizer que todos os anos haja novos reis, alguns são reinados longos. Os atuais Reis já reinam desde 2007, portanto já vão para o sexto Carnaval. Ficha técnica: Fotografia: Ana Gonçalves Imagem: Sara Rodrigues Edição: Ivo Antunes .c Repórteres de Palmo e Meio C om k lic C .c re . . k e r- s o ft w a w w ac ww ww tr om to to bu y N O W ! PD ! PD k e r- s o ft w a re F -X C h a n ge F -X C h a n ge W N O y bu k lic tr ac No passado dia 25 de Janeiro as técnicas do Serviço Educativo da BMTV, transformaram a turma do 3ªA da EB1/J.I. da Conquinha, da Professora Conceição dos Santos em “Repórteres de Palmo e Meio”, assinalando os 90 anos de Carnaval organizado nesta cidade. Os entrevistados desta sessão foram os confrades Arq. Natalina Luis, Carlos Daniel e Paula Perdigão, da Real Confraria do Carnaval- Entrevista realizada pelos alunos do 3º A 3º A: De todas as mascaras que já usaao confrade Carlos e às confreiras Natali- ram, qual a de que gostaram mais? Paula: Eu não sei se devia dizer... A mais na e Paula Perdigão. divertida foi de freira grávida. Eu tinha aí uns 3º A: Desde quando é que se mascaram? dezasseis, dezassete anos e com umas amiPaula: Eu mascaro-me desde o útero da gas, resolvemos juntar-nos. Tínhamos uns minha mãe. A minha mãe já era carnavales- grandes ombros e, na altura usavam-se ca, a minha avó também e então eu acho aqueles grandes saltos, como os de agora, e então nós parecíamos uns homens. Tínhaque já nasci mascarada.... Natalina: Comecei a vir para o Carnaval de mos um padre que, também era uma rapariTorres, pelos meus quinze anos. Eu morava ga, e tínhamos um piassaba para benzer e em Campelos e naquela altura não havia tan- um penico e até fizemos hóstias. Os nossos ta mobilidade, nem havia a tradição nas fre- crucifixos eram feitos de rolha, o cordão era guesias, de vir para cá. Por lá mascarava-me de rolha e o crucifixo também. E teve tamcom os meus colegas de Escola. Nos últimos bém uma história engraçada, Nós íamos vinte anos, tem sido todos os dias de Carna- para minha casa, todas fazer aquilo, e quando estávamos lá, sentimos um grande baruval. Carlos: Eu, desde sempre. Não tenho uma lho. Até hoje não sei se foi um camião ou um memória de desde quando é que me masca- tremor de terra. Sei que as minhas amigas, ro. Desde bebé que os pais me mascaravam, que eram mais católicas que eu, acharam portanto acontece o mesmo que com a Pau- que era castigo divino. la, mascaro-me desde o ventre da minha Natalina: A máscara que eu gostei mais, era mãe. Máscaras a meu gosto... para aí desde uma máscara que ninguém adivinhava, era os meus cinco anos que comecei a escolher. simples mas muito divertida, que era ovo Eu entrei na primeira edição do Corso Esco- estrelado. A mais divertida em termos de lar (1994), foi quando me estreei também execução foi no ano em que nos mascarámos de galinhas. Uma de nós era o tratador com a Escola. Paula: Sim, porque nós quando somos crian- de galinhas, com uma barriga enorme e ças, nem sempre gostamos das máscaras durante a noite, de vez em quando atirava que levamos. Eu lembro-me de um ano em milho para o chão e nós atirávamo-nos para que a minha mãe me mascarou de preta. Eu o chão. Acabámos a noite um bocado "doridas" e sujas. não queria ser preta, chorei muito! Carlos: Eu como sigo muito as tradições do 3º A: Já alguma vez andaram num carro Carnaval de Torres, a minha máscara preferide Carnaval? da é matrafona. Carlos: Já. Havia a tradição no Carnaval de Torres de haver um carro infantil, para as 3º A: Quando é que o Carnaval se tornou crianças. Também costumava tentar trepar tradição em Torres Vedras? para o carro dos Reis, gostava da realeza do Carlos: A tradição em Torres Vedras já é de Carnaval de Torres. Já andei depois tam- há muito tempo. Nós temos uma data oficial, dai que estejamos aqui convosco no âmbito bém, a convite noutros carros alegóricos. Natalina: Eu também já andei mascarada de das comemorações do nonagésimo Carnaval mexicano. Já foi aí há uns cinco anos, mas a de Torres. Assim, o Carnaval, de uma forma instituída e com um rei, existe desde 1923, única vez. Paula: Eu, de vez em quando, lá pulava para mas já antes havia a tradição de brincar ao um carro... Carnaval. Há memórias desde 1574, em que houve uma petição ao rei para "Correr o galo", brincadeira da época. Esta é a notícia mais antiga do Carnaval de Torres. Claro que não é o Carnaval com o conhecemos hoje em dia. Nos anos 50 também houve um rejuvenescimento do Carnaval, em que saem à rua carros alegóricos. Por volta de 1800, também já havia os bailes de Carnaval nas coletividades. Foram uma tradição do Carnaval de Torres que acabou em 2005, passando o Carnaval a fazer-se nas ruas. 3º A: Porque é que deixou de haver cocotes e passou a haver cubos de esponja? Paula: Os cocotes desfaziam-se muito e tinham um material que sujava muito e fazia comichão, quase que tínhamos que nos despir para sacudir tudo aquilo. Também era um perigo se ia para os olhos. Quando eram atirados com muita violência, também podiam magoar. Então surgiu a ideia de uma alternativa o cubo que podia levar publicidade. Mas... pode ser que o cocote volte. 3º A: O que é a Confraria do Carnaval? Carlos: Antes da Confraria, havia a Comissão das Festas de Torres Vedras. Organizava a Festa das Vindimas, o Carnaval de Torres, a Feira de S. Pedro e o Bale das Chitas. Depois, devido às exigências da lei, surgiu a PROMOTORRES que vem organizar e realizar todas as tarefas financeiras dessas Festas, deixando a pouco e pouco de fazer sentido essa Comissão. Então para que essas pessoas não caíssem no esquecimento e não se perdesse todo o seu saber, surge a Confraria para que continuassem e preservassem a tradição do Carnaval de Torres. Presentemente "abriram as portas" a gente mais jovem para que haja um rejuvenescimento. A Confraria colabora com a PROMOTORRES. 3º A: Como se escolhem as pessoas que pertencem à Confraria? Natalina: As pessoas não são escolhidas, podem propor-se à direção da Confraria. Durante algum tempo (um ano e dois Carna- .c Repórteres de Palmo e Meio C om k lic C .c re . . k e r- s o ft w a w w ac ww ww tr om to to bu y N O W ! PD ! PD k e r- s o ft w a re F -X C h a n ge F -X C h a n ge W N O y bu A farda é cor de vinho, portanto temos ao pescoço um penico para é para beber vinho. A cor foi escolhida devido a sermos uma região produtora de vinho. A Confraria homenageia assim a região. Temos a capa e um barrete, porque estamos na região saloia. 3º A: O que fazem os Confrades? Natalina: Há dois momentos em que a Confraria participa ativamente, sendo sua a conceção desses momentos: a chegada dos Reis que marca o início do carnaval e no fim, o Enterro do Entrudo. Paula: A Confraria atribui um dos prémios aos grupos de mascarados que participam no Carnaval. É ainda a Confraria que abre e encerra os Corsos. 3º A: Por que é que existem os cabeçudos? Carlos: Os cabeçudos são uma tradição do norte do país. Foram trazidos para o nosso Carnaval. Em 1923 já havia cabeçudos e ficaram na tradição. Começaram depois a ser fabricados aqui, inicialmente eram produzidos em pasta de papel, agora são em fibra de vidro, muito mais leves. 3º A: Como é que se escolhem os Reis? Carlos: Em Torres Vedras são sempre dois homens. O Rei surge em 1923, a Rainha, um ano depois. Já tivemos vários Reis. A primeira Rainha foi aquela que mais anos reinou 22 anos. Os anteriores Reis reinaram vários anos: a Rainha "Mima" durante 20 anos, o Rei Miranda, 18 anos. Costumam ser reinados longos. Os Reis vão abdicando do trono, porque querem dar o lugar a outros, por razões de saúde, ou porque estão cansados. É uma tarefa árdua porque têm que ir às Escolas, dão entrevistas, vão à televisão... Durante os dias de Carnaval, têm que se levantar cedo para se vestirem e maquilharem e às vezes deitam-se tarde, têm que ir para o Corso... Então, quando esses Reis abdicaram, a Confraria pediulhes que ajudassem a escolher os novos Reis, QUADRA O Carnaval em Torres Vedras tem máscaras e diversão. Há um Rei e uma Rainha, matrafonas e muito trapalhão. Vamos sempre no Desfile, onde brincamos com alegria. Reciclagem será o tema, Grande, vai ser a nossa folia. Ficha técnica: Fotografia: Ana Gonçalves Imagem: Sara Rodrigues Edição: Ivo Antunes ac om k lic tr .c .c to 3º A: Obrigada e bom Carnaval! 3º A: O que é que representa a farda? Paula: nnn Natalina: nnn Carlos: O brasão da Confraria, tem um penico, sobre ele uma coroa e por baixo, dois piassabas em cruz. O Carnaval de Torres é uma monarquia, mas foi criado por republicanos (opositores da monarquia). Então o brasão representa a sátira que o Carnaval de Torres faz. Brinca-se com a monarquia (que só faz porcaria). Os republicanos (os piassabas), limpam essa porcaria. 3º A: No Carnaval de verão, a Confraria também participa? Carlos: Sim, mas não usamos a farda, vestimos apenas uns blusões para irmos de uma forma mais desportiva. A farda é uma coisa mais séria formal. C k lic C fazendo a continuação do reinado. Foi ainda dada oportunidade aos Grupos de Mascarados de indicarem dois nomes e um dos grupos Os Fidalgos indicaram os nomes dos atuais Reis. A Confraria, que é quem escolhe os Reis (e também lhes dá o nome), falou com eles que aceitaram. Assim, o Rei Ricardo e a Rainha Pedro, reinam desde 2007. . . vais) têm que "prestar provas", isto é, têm que re mostrar que têm condições para fazer parte. Durante esse tempo, não têm farda, apenas uma faixa que diz "Projeto de Confrade". Acompanham os confrades para se inteirarem das tarefas. Carlos: Funciona como uma Associação, pois também se pagam quotas. Paula: E é trabalho voluntário, não se recebe nada. k e r- s o ft w a w w ac ww ww tr om to bu y N O W ! PD ! PD k e r- s o ft w a re F -X C h a n ge F -X C h a n ge W N O y bu k lic tr ac .c Repórteres de Palmo e Meio C om k lic C .c re . . k e r- s o ft w a w w ac ww ww tr k e r- s o ft w a No passado dia 16 de Janeiro, as técnicas do Serviço Educativo da BMTV, transformaram a turma do 4ºB da EB1/J.I. da Conquinha, da Professora Rita Sequeira em "Repórteres de Palmo e Meio", assinalando os 90 anos de Carnaval organizado nesta cidade. Os entrevistados desta sessão foram o Dr. Jorge Ralha e a Arq. Natalina Luís, Confrades da Real Confraria do Carnaval. Entrevista realizada pelo 4º B da EB1/JI ção de pessoas que se juntam para defender Conquinha uma causa. J.R. - Esta Confraria do Carnaval, foi a priEntrevistados: Professor Jorge Ralha e meira a ser criada em Portugal. Arquiteta Natalina Luís 6- Que papel desempenha na Confraria 1- O que representa para si o Carnaval? Real do Carnaval? Jorge Ralha - O Carnaval para mim significa uma festa, divertimento, voltar aos nossos antepassados. Natalina – O Carnaval para mim significa alegria, diversão e folia. J.R.- Sim, já estive mascarado de matrafona. Não gostei muito devido aos collants e à cabeleira. 11- Quais são as músicas tradicionais do Carnaval? J.R.- A música mais tradicional no carnaval J.R. -Atualmente sou confrade, mas já fui o era o “toca a andar”. primeiro chanceler mor. N. - As músicas brasileiras também fazem N. - Sou confrade. parte. 7- O que se tem de fazer para pertencer à 12- Porque é que em Torres Vedras ainda Confraria Real do Carnaval? não existe um Museu do Carnaval? 2- Como recorda o Carnaval de outros tempos? N. – Para se pertencer à Confraria é preciso ser convidado por um confrade. Depois a J.R. – Eu, recordo o Carnaval de outros tem- pessoa fica em projeto durante dois anos. pos com saudade. J.R. – Se ficar provado, durante os dois anos, N.- Juntava-me com os amigos e participáva- que a pessoa gosta do Carnaval passará a mos no corso do dia e no corso da noite e ser confrade. íamos aos bares. Havia sempre alguém que costurava os nossos fatos. Hoje sou eu que 8- Quando começou a participar no Carnaos costura porque entretanto aprendi. val? J.R.- É uma ânsia! Existe um espaço, o antigo matador municipal e um projeto para o espaço mas, ainda não se concretizou. N.- Com a crise que o país atravessa ainda não foi possível a concretização deste projeto. Quadra 3- Como vive o Carnaval? J.R.- Eu, comecei a participar no Carnaval quando tinha 6 anos, ia com o meu avô á J.R. e N. – Agora, fazemos parte da Confraria estação de comboios esperar os reis do Care vivemos bem o Carnaval, desde a chegada naval. dos reis até ao julgamento. 9- Qual é o papel dos confrades ao longo 4- Qual a máscara ou o personagem que do desfile? mais gostou de usar ou de interpretar? J.R. – Os confrades fazem a abertura do corJ.R.- A máscara que mais gostei de usar foi so e acompanham os reis ao carro. “A máscara”. N.- No final vão buscar os reis ao corso, N. – A máscara que mais gostei de usar foi acompanham-nos e vão dar uma volta pelas “ovo estrelado” ruas ver o Carnaval. 5- O que é a Confraria do Carnaval? O rei será Homem. E o tema Reciclagem. E a rainha? Matrafona! Girinha ou feiona? 10- Alguma vez esteve mascarado de matrafona? Gostou? Marta Monteiro 4º B N. - A Confraria do Carnaval é uma associaCoordenado por: Ficha técnica: Fotografia: Ana Gonçalves Imagem: Sara Rodrigues Edição: Ivo Antunes om to to bu y N O W ! PD ! PD re F -X C h a n ge F -X C h a n ge W N O y bu k lic tr ac .c Repórteres de Palmo e Meio C om k lic C .c re . . k e r- s o ft w a w w ac ww ww tr k e r- s o ft w a No passado dia 9 de Janeiro, as técnicas do Serviço Educativo da BMTV, transformaram a turma do 4ºA da EB1/J.I. da Conquinha, da Professora Ana Paradela em "Repórteres de Palmo e Meio", assinalando os 90 anos de Carnaval organizado nesta cidade. Os entrevistados desta sessão foram o Rei do Carnaval, Ricardo Miranda e a Gracinda, Confreira da Real Confraria do Carnaval. Entrevista da turma 4ºA, da Professora Reciclagem. Este tema foi selecionado no fim do Carnaval de 2012, porque quando acaba Ana Paradela um Carnaval começasse a pensar logo no próximo. O que é a Confraria do Carnaval? Ricardo – A Confraria é constituída por pes- Vocês também precisam de saber qual é o soas que já participaram no Carnaval. E aju- tema, para prepararem a vossa máscara. dam a preparar o mesmo dos próximos anos. O que é um folião? Ricardo – Foliões somos todos. Folião é Há quanto anos existe a Confraria? Gracinda – A confraria existe desde o início quem gosta de brincar, de se divertir no Cardo Carnaval organizado, embora não tivesse naval, não há uma definição específica. este nome, uma vez que era organizado pelos comerciantes locais. As receitas obti- Há quanto tempo é folião? Ricardo – Desde que me lembro, porque os das eram para fins beneméritos. A Real Confraria do Carnaval, como tal, tem meus pais sempre gostaram muito de Carnaval e mascararam-me desde bebé. cerca de 10 anos. Que personagem desempenha enquanto folião? Gracinda – O Ricardo desempenha as funções de Rei, mas quando não é Rei, mascara-se de outras coisas normalmente relacionada com o tema, mas anda muito bem disfarçado e é uma forma dele se divertir. Eu mascaro-me do que me apetece, quando O que se tem que fazer para pertencer à não estou a desempenhar funções de Confreira. Confraria? Ricardo e Gracinda – Ter mais de 18 anos, ter muita experiência, vivência e gostar muito O que representa para si o Carnaval? do Carnaval. Mas, ninguém entra por si só na Ricardo – O Carnaval é uma festa, onde nos Confraria, tem de ser nomeado por um Con- podemos divertir com os amigos, brincar de frade e mostrar que está à altura de defender, maneira diferente. É uma altura que nos transmitir e preservar as tradições do Carna- podemos mascarar do que nos apetecer: val “mais português de Portugal”, que é o cowboys, índios, princesas, dragões, girafas… coisa que não podemos fazer noutra nosso. altura do ano. Que papel desempenha na Confraria? Ricardo – Somos os dois membros da Con- Como recorda o Carnaval de outros temfraria, embora eu tenha um papel especial. pos? Gracinda – O Ricardo tem um passado históSou o Rei do Carnaval. Gracinda – Não sou o Rei, nem a Rainha, rico muito presente, já que viveu sempre o porque não sou um homem. Sou das mais Carnaval muito intensamente. Estou envolvirecentes Confreiras da Confraria e executo da no Carnaval há oito ou dez anos, embora seja natural de Torres, sempre vivi na aldeia, as tarefas que me peçam. por isso tinha uma aproximação ao Carnaval Com quanta antecedência começam a pre- diferente. Sempre vi o Carnaval como uma época em que os homens se vestiam de forparar o Carnaval? Ricardo e Gracinda – Os carros estão a ser ma andrajosa, com coisas na cabeça e muito preparados à cerca de um mês ou dois. Mas mal pintados. É assim que recordo o Carnao Carnaval não são só os carros, o tema já val de outros tempos, diferente do de agora. tem que estar escolhido, que este ano é a Quantas pessoas pertencem à Confraria? Ricardo – Inicialmente pertenciam à Real Confraria cerca de 40 pessoas. Actualmente já são cerca de 60 e vai aumentando, porque é sempre precisa ajuda para organizar o Carnaval e há pessoas, infelizmente, que vão saindo, ou seja há sempre uma renovação. Como vive o Carnaval? Ricardo – Vivo de duas maneiras, a parte oficial, das televisões, entrevistas, maquilhagens e depois dispo o fato de Rei, mascarome com os meus amigos e vou para a brincadeira. Qual foi a máscara que mais gostou de usar? Ricardo – A máscara que mais gosto de usar é de matrafona. Todos os anos dispo-me de Rei e visto-me de matrafona com os meus amigos, mas é claro que é um orgulho ser o Rei do Carnaval. É uma responsabilidade. Mas o que eu gosto mais é de ser matrafona. Como é que se escolhem o Rei e a Rainha do Carnaval? Ricardo – Eu fui escolhido, talvez, porque o meu foi Rei durante 10 anos. Também sou parecido com ele e gosto de Carnaval. Com a Rainha não aconteceu o mesmo, não houve aquela suposta “sucessão”. A anterior Rainha, reinou durante 20 anos e foi escolhido outra para o lugar. Mas, são sempre escolhidos através de uma votação pela Real Confraria. O que gosta mais no Carnaval? Ricardo – Gosto da música, até é engraçado, porque no resto do ano não oiço música de Carnaval. Gosto do convívio com os amigos, de dançar e ver as máscara das outras pessoas. Como surgiu a ideia das matrafonas? Ricardo – O Carnaval começou à muitos anos e as mulheres nessa altura não brincavam ao Carnaval. As mulheres assistiam ao Carnaval das janelas e varandas, e os homens é que desfilavam. Como não haviam mulheres no desfile, os homens começaram a vestir-se de mulheres, para o corsos ter homens e mulheres. Foi assim que apareceram as matrafonas e tornou-se tradição. Qual vai ser a máscara deste ano? Ricardo – A minha já sabem. É de Rei. A segunda máscara ainda é segredo. Gracinda – A minha máscara oficial é a da Confraria. A outra ainda não sei. Ficha técnica: Fotografia: Ana Gonçalves Imagem: Sara Rodrigues Edição: Ivo Antunes om to to bu y N O W ! PD ! PD re F -X C h a n ge F -X C h a n ge W N O y bu k lic tr ac .c Repórteres de Palmo e Meio C om k lic C .c re . . k e r- s o ft w a w w ac ww ww tr k e r- s o ft w a No passado dia 11 de Janeiro, as técnicas do Serviço Educativo da BMTV, transformaram a turma do 2ºB da EB1 Torres Vedras, da Professora Joaquina Mira em "Repórteres de Palmo e Meio", assinalando os 90 anos de Carnaval organizado nesta cidade. Os entrevistados desta sessão foram os confrades Clara Ramos e Carlos Daniel, da Real Confraria do Carnaval de Torres Vedras. Entrevista da turma do 2º ano, da Profes- temos bancadas, nem baias a separar o corsora Joaquina Mira so do público. E também não tem a presença de actores estrangeiros, nem escolas de Quando começou a festejar-se o Carnaval Samba. de Torres Vedras? Clara Ramos – Começou a festejar-se o Car- Como vive o Carnaval? naval organizado em 1923. Carlos Daniel – É uma época do ano que me diz muito, pois estou todo o ano à espera que Quem foi a primeira Rainha do Carnaval? chegue o Carnaval e vivo de uma forma extaCarlos Daniel – A primeira Rainha do Carna- siante, porque o Carnaval em Torres são seis val foi um senhor que se chamava Jaime dias, fora os preparativos. Começo logo na Alves, porque as Rainhas do Carnaval de quinta à noite com um frenesim e a sentir borTorres são homens. boletas no estômago. Na sexta venho ver o desfile dos meninos e aproveito para dar um O que representa para si o Carnaval? pezinho de dança com os cabeçudos. Clara Ramos – Para mim representa alegria, brincadeira. O Carnaval numa perspetiva De que são feitos os cabeçudos? mais longa foi mostrar Torres Vedras ao resto Clara Ramos – Antigamente eram feitos de do país e até a algumas partes do mundo, pasta de papel e com a evolução dos mateincluindo já ter sido visto nas televisões chi- riais passaram a ser feitos em fibra de vidro, nesas. que é um material bastante mais leve, para Carlos Daniel – Em relação à Confraria, não quem anda com os cabeçudos às costas. podemos descartar as tradições, e existem O nome “Cabeçudos” surge pelo facto de muitos fenómenos que vocês vão descobrir eles terem cabeças grandes. Agora já não há ao longo dos tempos. “Gigantones” e mesmo os cabeçudos já não são tão grandes, porque antigamente alguns Como recorda o Carnaval de outros tem- chegavam ao 3º andar. A acompanhar os pos? cabeçudos vêm sempre os “Zés Pereiras”, Clara Ramos – Eu recordo o Carnaval desde que vêm do Norte do país, mais propriamente a vossa idade. Porque sou filha de um dos de Amarante e Podence. elementos que iniciou o Carnaval organizado. Recordo com muita alegria, muita brincadei- Qual é a máscara ou personagem que ra, mas também com muita responsabilidade. mais gostou de interpretar? O meu pai fazia a maquilhagem dos Reis e Clara Ramos – Eu já me vesti de tanta coisa, eu sempre o acompanhei, desde muito nova, porque como vos disse, comecei muito nova, até que lhe segui as pisadas. Assim, eu fiz pertencia aos carros alegóricos, que eram durante muitos anos a maquilhagem da feitos pelas firmas de Torres Vedras, que os Rainha, mais que do Rei. preparavam e só apareciam no dia do corso. Mascarava-me sempre, fiz de figurante nos Uma das máscaras que eu recordo é de lavacarros alegóricos e mais tarde a trabalhar. Na deira, porque o carro onde eu ia, tinha a imavossa idade, brincava muito na rua, porque o gem de um rio, um monte e um moinho do nosso Carnaval é “o mais português de Por- Oeste. Mas existem outras máscaras que eu tugal”, já que todos participam na festa, não vesti e de que gostei muito, porque pertencia om to to bu y N O W ! PD ! PD alguns grupos, como vocês vêm agora, só que não desfilávamos, mas fazíamos festas. Esta roupa que trazemos vestida (traje da Real Confraria), não é considerada uma máscara, é uma farda que nos identifica como um grupo, que é a Real Confraria do Carnaval de Torres, que muito me satisfaz. Como são confeccionados os carros alegóricos? Clara Ramos – Antigamente eram confeccionados por populares, que queriam ver as suas firmas representadas no nosso Carnaval. Lembro-me agora de um dos nomes mais sonantes “Os Armazéns do Chiado”, agora são feitos por artistas. Os carros levam imensas caricaturas de pessoas conhecidas da imprensa, da televisão e até do estrangeiro. Os materiais utilizados nos carros, são a esferovite, a fibra de vidro Carlos Daniel – Quanto a mim, a máscara de que mais gosto é a de “Matrafona”, normalmente sem barba. O que é a Confraria do Carnaval? Carlos Daniel – Antigamente havia um grupo de pessoas que organizavam o Carnaval do princípio ao fim, era chamada a Comissão do Carnaval. Hoje em dia existe a Promotorres, que é uma empresa da Câmara Municipal, que organiza todo o evento, à exceção da chegada dos Reis, na sexta-feira à noite, bem como o enterro do Entrudo, na quarta-feira de cinzas, à noite. Cabe à Confraria manter o legado histórico e as tradições, para que estas não se percam e vocês continuem a manter vivo o Carnaval de Torres. Que papel representa na Confraria? Carlos Daniel – Eu sou ainda um Confrade muito novo. Clara Ramos – Na Confraria decidimos dar re F -X C h a n ge F -X C h a n ge W N O y bu Quadra Este ano no Carnaval Vou procurar alegria No desfile de Torres Vedras Encontrarei muita folia O Rei, a Rainha e as Matrafonas Divertidas se vão mascarar Usando a Reciclagem Para no Carnaval desfilar Alunos e professores do 2ºB Ficha técnica: Fotografia: Isabel Raminhos Imagem: Sara Rodrigues Edição: Ivo Antunes k lic ac .c om to .c O que é ser “Matrafona”? Carlos Daniel – Para além de pertencer à Confraria, também pertenci a outro grupo, o dos “Ministros e Matrafonas”, que fazem parte da corte que acompanha os Reis. Matrafona é um homem que se veste de mulher. Esta ideia surgiu porque antigamente as mulheres não podiam brincar ao Carnaval. As mulheres assistiam das janelas e varandas, e os homens é que desfilavam. Como não haviam mulheres no desfile, os homens começaram a vestir-se de mulheres. Foi assim que apareceram as matrafonas, que se tornaram tradição do Carnaval de Torres Vedras. C k C lic k e r- s o ft w a Quantos confrades há e o que tem que se fazer para ser confrade? Clara Ramos e Carlos Daniel – Começamos por ser 23, e agora estamos muito próximo dos 60 confrades. Para se pertencer à Confraria tem que trabalhar para o Carnaval, ter espírito carnavalesco e manter as tradições do nosso Carnaval, que é o “mais português de Portugal”. Para além disso, só a partir de uma certa idade é que se pode entrar, que são os 18 anos e não se é logo Confrade, mas sim Projeto de Confrade. tr . . nomes às pessoas, que a representam, re assim o presidente tem o nome de Chanceler-Mor; o vice-presidente é o Sombra; há uma pessoa que gosta de receber os convidados e está em todo o lado, que é o FazTudo; o tesoureiro é o Conta-Notas e o secretário ou vogal, que era o papel que eu representava, e eu não achava graça nenhuma e intitulei-me de Consoante. w w ac ww ww tr om to bu y N O W ! PD ! PD k e r- s o ft w a re F -X C h a n ge F -X C h a n ge W N O y bu k lic tr ac .c Repórteres de Palmo e Meio C om k lic C .c re . . k e r- s o ft w a w w ac ww ww tr k e r- s o ft w a No passado dia 16 de Janeiro, as técnicas do Serviço Educativo da BMTV, transformaram a turma do 3º e 4ºB da EB1 do Ameal, da Professora Dulce Cotrim em "Repórteres de Palmo e Meio", assinalando os 90 anos de Carnaval organizado nesta cidade. Os entrevistados desta sessão foram o Eng. António Miranda, actual Chanceler da Real Confraria do Carnaval e antigo Rei, bem como o Dr. Jorge Ralha, confrade. Entrevista à turma do 3º e 4ºB, da Profes- como os balões de água, que para além de sora Dulce Cotrim molharem, aleijam mesmo. Isso depois passou e hoje, penso que, o Carnaval conseguiu O que representa para si o Carnaval? ultrapassar todos esses obstáculos. É uma Jorge Ralha - O Carnaval em geral é uma festa composta por vários carros alegóricos, época em que se pode fazer quase tudo, é o Trio Elétrico, as bandinhas que desfilam no uma altura de grande liberdade, onde as pes- meio dos Ministros e Matrafonas. soas podem satirizar. As pessoas podem rir, As coisas mudaram, mas mantemos ainda a podem vestir outra personalidade, outra tradição, que é única na Europa, que é o facmaneira de ser. to de a Rainha ser um homem, tradição esta O Carnaval faz parte do calendário religioso, que tentamos manter a todo o custo. como uma época onde são permitidos alguns excessos, nomeadamente comer carne, por- Porque é que o Rei e a Rainha só podem que tal como o nome indica vale comer carne ser homens? (Carne + Vale). Jorge Ralha e António Miranda – Como já Há muitos tipos de Carnavais, há Carnavais foi dito anteriormente, as mulheres não partimediterrânicos que têm carros alegóricos, tal cipavam no Carnaval, sobretudo as jovens, como Torres Vedras, e Nice também tem, que tinham que permanecer em casa, este que foi o Carnaval que inspirou o nosso Car- aspecto só começou a mudar por volta dos naval de Torres. O de Veneza é um bocadi- anos 50/60. nho diferente e os espanhóis não têm Carna- Como as mulheres não podiam sair, surgiram val. as matrafonas, que são homens vestidos de mulher. Estes iam aos baús e às caixas das Como recorda o Carnaval de outros tem- mulheres lá de casa e sacavam tudo o que pos? desse para fazer uma figura, mais ou menos, António Miranda – Antigamente as mulheres ridícula, mantinham as pernas peludas, os não participavam no Carnaval. Depois come- sapatos de homem, com bigode e barba. çaram a ser convidadas para participar nos O mesmo aconteceu com os Reis. Arranjacarros alegóricos e atirar os cocotes às pes- ram um homem com coragem para se vestir soas. de mulher para se tornar Rainha, que foi a Passamos por várias fases, umas mais boni- casa buscar umas vestes para tal efeito. tas do que outras. Nos anos 60/70 o Carnaval passou por algumas dificuldades, porque Como vive o Carnaval? vinham pessoas de fora que não se sabiam António Miranda – O Carnaval vive-se com divertir e ainda hoje subsistem algumas coi- muita intensidade, começa na sexta-feira com sas que são inconvenientes para o Carnaval, o corso escolar, depois à noite há o espetá- om to to bu y N O W ! PD ! PD culo da “Chegada dos Reis”. No domingo e na terça-feira há o corso diurno, no sábado um corso noturno e segunda-feira à noite, o corso trapalhão. Para terminar, existe outro espetáculo, muito giro e cheio de crítica, que é o “Enterro do Entrudo”, no qual o Rei é enforcado porque se portou mal. Qual a máscara ou personagem que mais gostaram de usar ou interpretar? Jorge Ralha – A máscara que eu mais gostei de usar foi de um filme, muito conhecido chamado “A Máscara”, onde a personagem é toda verde e até levava um queixo falso. António Miranda – Antes de ser convidado para ser Rei, que o fui durante 10 anos, pertenci a um grupo de mascarados, que éramos cerca de 40. No qual havia uma tradição de os homens se vestirem de mulheres (matrafonas) e as mulheres vestiam-se de homens, mas já me vesti de muitas coisas, de borboleta, de galinha, de grega, tive muitas máscaras interessantes, porque havia uma certa criatividade e para o Carnaval é preciso ter muita imaginação. O “bichinho” do Carnaval não é só aquilo que se vê, é os bastidores, é o convívio entre as pessoas que muitas vezes por razões várias estão longe e nessa altura vivem intensamente as amizades, aproximando-as. É a azáfama dos preparativos de última hora. O que é a Confraria do Carnaval? Jorge Ralha – O Carnaval de Torres desde que foi organizado tinha uma comissão de re F -X C h a n ge F -X C h a n ge W N O y to bu k e r- s o ft w a Quais são os critérios para se escolher o Rei e a Rainha? Jorge Ralha – Antigamente, não havia um critério definido, as pessoas da comissão escolhiam o Rei e a Rainha, em primeiro lugar por: as verem andar no corso, por serem foliões e terem comportamentos aceites por todos. Quanto à Rainha, tinha que ter um rosto, que após a caracterização se parecesse mais feminino, é por isso que a Rainha não é uma matrafona. Os últimos Reis, a Confraria decidiu que fosse feita uma consulta pública junto dos grupos de mascarados. Os eleitos tinham que fazer um texto com humor. António Miranda – A escolha dos Reis é da responsabilidade da Confraria, mas estes têm Como se tornou Rei? António Miranda – Eu pertencia a um grupo de mascarados que corria todos os bailes das coletividades e a comissão do Carnaval propôs o meu nome para Rei, e eu com todo o gosto aceitei. Tive uma grande ajuda da Rainha, que já tinha dado cabo de dois Reis e já andava nestas andanças à algum tempo e acabou por se criar uma O que se tem que grande amizade, porque fazer para pertencer para se passar as três à Confraria? horas e meia em cima do António Miranda – Nós temos um estatuto, o chamado Livro de que prestar provas, caso contrário se não carro só com a Rainha, temos que ter uma Usanças, porque havia uma questão que pre- cumprirem o seu desempenho, serão nomea- grande cumplicidade e companheirismo, senão seria uma chatice. cisava de ficar bem definida, relativamente dos outros. aos critérios de admissão. Alguns dos requisitos são: ter mais de 18 anos; ser proposto por Quais são as responsabilidades do Rei e Quem escolhe o tema do Carnaval? Jorge Ralha – O tema é escolhido pela um ou dois confrades; durante um ano ou da Rainha? dois Carnavais é chamado de projeto de con- António Miranda – São muitas as responsa- comissão organizadora (Promotorres) e a frade; e depois será avaliado pela Comissão, bilidades. São duas figuras que representam Confraria. na Assembleia Geral da Confraria, tendo em o Carnaval de Torres, ou seja qualquer televiconta as suas ações, comportamentos e as são que apareça por aí, além de se dirigir à suas características próprias, só depois da entidade organizadora que é a Promotorres Comissão decidir é que passa efectivamente ou até mesmo ao Presidente da Câmara o Dr. Carlos Miguel, dirigem-se também aos a confrade e poderá então usar as vestes. Reis, que são as figuras mais representativas do nosso Carnaval. O que é e o que faz um Chanceler? Jorge Ralha – Como todas as organizações, Na Chegada dos Reis o Presidente da Câmaa Confraria não é diferente e é composta por ra faz um discurso e entrega simbolicamente uma direção. Mas nós não achamos piada a chave da cidade, que antes era feita em nenhuma uma organização de Carnaval usar esferovite e agora é em madeira leve, aos os vulgares nomes de Presidente, Vice- Reis, para que estes reinem durante 6 dias. Presidente, Tesoureiro, Secretária e Vogais, então fomos aos tempos da Monarquia (mas Há quantos anos pertencem à Confraria? atenção, a nossa Confraria é a organização Jorge Ralha e António Miranda – Desde monárquica mais republicana que pode que ela foi fundada, há cerca de 10 anos. A haver) buscar nomes: o Chanceler- Mor, que Confraria foi fundada no dia do feriado muniera o principal funcionário do Rei, uma espé- cipal (11 de Novembro). cie de Primeiro- Ministro; o Sombra é o VicePresidente; o Faz-Tudo é o Secretário e trata Participam em todos os dias do Carnaval? do protocolo, dos assuntos a tratar e está em António Miranda – Sim, claro! A Confraria Ficha técnica: todo o lado; o Conta-Notas, é o Tesoureiro e tem funções a desenvolver, nomeadamente Fotografia: Ana Gonçalves no sábado à noite, cinco dos nossos elemen- Imagem: Sara Rodrigues os Vogais são Consoantes. E à Assembleia Geral da Confraria dá-se o tos dão a volta ao corsos para escolher qual Edição: Ivo Antunes om k lic Quem é que faz os carros alegóricos? Jorge Ralha - A sua evolução foi variando ao longo dos tempos, a única coisa que se manteve é que sempre foram feitos em Torres e por gentes de Torres Vedras. Atualmente os carros são feitos por uma empresa torriense, que já tem dado provas não só a nível dos carros de Carnaval, mas também noutros eventos, como o Rock n’ Rio, que é a Gulliver. Esta empresa começou por fazer pranchas de surf e com os mesmos materiais constrói os carros alegóricos, para além da esferovite e do poliuretano expandido. Os moldes já são feitos em computador. .c .c o grupo de mascarados vencedor, pela Contr re ac k e r- s o ft w a fraria. Isso dá trabalho, tem que ser feito com critério. Todos nós estamos destacados para várias coisas, inclusivamente quando os Reis descem do carro, fazem o percurso a pé acompanhados por alguns elementos da Confraria. Jorge Ralha – Eu não aguento… (risos) C k lic C nome de Cortes. . . pessoas responsáveis pela sua organização. re Estas pessoas eram nomeadamente comerciantes e não havia um envolvimento da autarquia. Esse Carnaval era feito para fins de beneficência, para fazer o bem, com o dinheiro que se angariava durante o Carnaval era depois distribuído por algumas instituições de Torres: Lar de S. José, denominado antigamente por asilo, Colónia Balnear da Física. Actualmente é organizado por uma empresa municipal chamada Promotorres, em parceria com a Câmara Municipal. No entanto surgiu a ideia de se criar uma associação com os antigos organizadores do Carnaval e chamaramlhe Real Confraria do Carnaval. O símbolo da nossa Confraria é um penico, dois piaçabas e uma coroa. Se calhar vocês já ouviram falar de outras confrarias: do bacalhau, do azeito, do queijo da serra, onde cada uma delas tem um traje próprio e práticas próprias. A nossa é dar pareceres, aconselhar e defender as tradições do Carnaval. António Miranda – A Confraria é uma organização de identidade de pensar o Carnaval, de dar ideias, zelar pelas tradições do Carnaval de Torres. Além disso, temos dois espectáculos da nossa inteira responsabilidade, que são: a Chegada dos Reis e o Enterro do Entrudo. w w ac ww ww tr om to bu y N O W ! PD ! PD F -X C h a n ge F -X C h a n ge W N O y bu k lic tr ac .c Repórteres de Palmo e Meio C om k lic C .c re . . k e r- s o ft w a w w ac ww ww tr k e r- s o ft w a No passado dia 23 de Janeiro, as técnicas d o S e r v i ç o E d u c a t i v o da BMTV, transformaram a turma do 3º ano da EB1 da Ponte do Rol, da Professora Agostinha Gonçalves em "Repórteres de Palmo e Meio", assinalando os 90 anos de Carnaval organizado nesta cidade. Os entrevistados desta sessão foram os confrades Francisco Caseiro e Carlos Bernardes, da Real Confraria do Carnaval. Entrevista à turma do 3º ano, da Prof. cidade Agostinha Gonçalves da EB1 de Ponte do aos Reis, Rol porque nestes O que é a Confraria? Francisco Caseiro – Antes existia uma dias Comissão do Carnaval, que foi extinta e este são passou a ser organizado pela Promotorres, eles que com a ajuda da Confraria. A Confraria é uma associação que defende o governam a Carnaval de Torres e as suas tradições. cidade. No O que é um confrade? Francisco Caseiro – Um confrade é um ele- sábado e na segunda temos a folia à noite, outros anos decidiu-se que o tema seria “A mento dessa organização, chamada Real no domingo e terça-feira há o corso diurno. E Reciclagem”. Confraria do Carnaval e colabora nas ativida- na quarta ainda há Carnaval, com o Enterro Quanto tempo demora os preparativos do Entrudo. des do Carnaval. para o Carnaval? Quais as tradições do Carnaval de Torres Antes de existirem os cubos, havia outra Francisco Caseiro – Há já muitos meses que se anda a trabalhar nisso, talvez à 2 ou 3 tradição. Qual era? Vedras? meses. Mas quando acaba um Carnaval, já Francisco Caseiro – Uma das tradições Francisco Caseiro – Eram os “cocotes”. se está a pensar no próximo. mais importantes do nosso Carnaval é que as pessoas não são meras espectadoras, são O que é um “cocote” e de que eram feiparticipante ativos na festa, vêm, mas tam- tos? bém se estão a divertir enquanto que há Francisco Caseiro – Os “cocotes” eram feioutros Carnavais do nosso país, em que as tos com papel e lá dentro levavam grainha de pessoas estão quietas a ver passar o corso. uva, e eram feitos pelos meninos na escola ou à noite, ao serão, antes do Carnaval. TamPorque é que os homens se vestem de bém chegaram a ter outras coisas dentro, como serradura e pequenas aparas de borramulheres? Francisco Caseiro – O nosso Carnaval é cha. muito antigo, já vem desde 1923, organizado. E nessa altura a sociedade era muito fechada Costuma vir algum político ou actor e não via com bons olhos as mulheres virem conhecido ao Carnaval de Torres? para a rua brincar ao Carnaval. Como só Francisco Caseiro – Essa é uma das filosohavia homens, alguns deles começaram-se a fias do nosso Carnaval, não convidar essas vestir de mulheres. Mas felizmente isso aca- personalidades para o nosso Carnaval, porbou, agora todos podem brincar ao Carnaval. que isso é contra as tradições do Carnaval de Torres. É feito apenas com pessoas cá da terra, não se convidam artistas. Porque é que a Rainha é um homem? Francisco Caseiro – É pela mesma razão. Quadra Como não havia nenhuma menina/mulher Qual foi a máscara que gostaram mais de para fazer de Rainha, porque os pais ou os vestir? Adoramos pregar partidas maridos não gostavam, teve que se arranjar Francisco Caseiro – Depende da altura e da Neste Carnaval, época. Todas as máscaras que eu vesti é um homem para fazer o papel de Rainha. Para pequenos e graúdos, porque gostei delas, senão não as vestia, Qual é o dia mais importante do Carnaval? escolhia outras. Ninguém leva a mal. Francisco Caseiro – Despendo do gosto de cada um. Mas para mim, o dia mais importan- Quem é que escolhe o tema do Carnaval? Alunos do 3PR de Ponte do Rol te é a sexta-feira, que é quando vocês desfi- Francisco Caseiro – São várias pessoas lam e este ano já são cerca de 9000 alunos. que se juntam, da Promotorres e da ConfraA chegada dos Reis também é importante, ria. Cada um dá a sua ideia e depois escolheacontece na sexta-feira à noite, que é quando se a melhor. Este ano como estamos em crio Presidente da Câmara entrega a chave da se e de forma a aproveitar materiais de Ficha técnica: Fotografia: Ana Gonçalves Imagem: Sara Rodrigues Edição: Ivo Antunes om to to bu y N O W ! PD ! PD re F -X C h a n ge F -X C h a n ge W N O y bu k lic tr ac No passado dia 18 de Janeiro, as técnicas do Serviço Educativo da BMTV, transformaram a turma do 3º e 4º ano da EB1 de São Domingos de Carmões, do Professor Bruno Paulos em "Repórteres de Palmo e Meio", assinalando os 90 anos de Carnaval organizado nesta cidade. Os entrevistados desta sessão foram os confrades António Cruz e Dora Cruz, da Real Confraria do Carnaval. Entrevista à turma do 3º e 4º ano de São nunca esquecendo as tradições do Carnaval. Domingos de Carmões, do Professor Bru- António Cruz – Tem uma Direcção própria, no Paulos que se chama Cúria Régia. O Presidente é o Chanceler- Mor, que era o principal funcionário do Rei, uma espécie de Primeiro-Ministro; O que é a Confraria do Carnaval? o Sombra é o Vice-Presidente; o Faz-Tudo é António Cruz – As Confrarias em geral têm o Secretário e trata do protocolo, dos assuna função de representar e zelar por alguma tos a tratar e está em todo o lado; o Contacoisa. A nossa Confraria, do Carnaval de Notas, é o Tesoureiro e os Vogais são ConTorres Vedras, em particular, representa o soantes. Carnaval no nosso país ou até mesmo no mundo. Se formos convidados para aparecer O que é ser Sombra da Confraria? na televisão e formos devidamente trajados António Cruz – O Sombra é o Vicejá nos conhecem e sabem que o Carnaval de Presidente, ou seja anda sempre atrás do Torres está presente. Presidente, que neste caso é o ChancelerA Confraria foi criada por mim e por outros Mor. fundadores e era a antiga Comissão do Carnaval, que organizava o Carnaval. Atualmen- O que faz um Confrade? te o Carnaval é organizado por uma empre- António Cruz – Profissionalmente sou sa, que é a Promotorres e pela Câmara mecânico de automóveis. Na Confraria, eu e Municipal, responsável pela logística do mais 4 colegas gerimos a Confraria porque recinto do corso. somos da Direção. As pessoas que são conAs principais funções da Confraria são man- frades e que não pertençam ao Orgão Diretiter a tradição, porque é o “mais português de vo só têm os afazeres que nós os encarregaPortugal”, é evitar que venham artistas mos de fazer. estrangeiros. Dora – Nesta altura do Carnaval é o que Organizamos também a Chegada dos Reis, houver para fazer: ir às escolas, ir à televio Enterro do Entrudo, damos entrevistas, são, aos desfiles, vamos fazer no sábado a vamos à televisão e colaboramos em tudo o inauguração do monumento do Carnaval, e que é necessário, inclusivé os cursos diurnos cada um tem de ajudar. e noturnos. Dora – O papel da Confraria, é defender e manter as raízes do Carnaval. Há quantos anos estão na Confraria? Dora – Eu estou há quatro anos, mas o Cruz Como funciona a Confraria do Carnaval? está desde o início, é Confrade Fundador. Dora – Como já foi dito, a Confraria surgiu de Até algum tempo o grupo da Confraria era um grupo de amigos que em tempos fizeram muito restrito, mas agora fizemos estatutos e parte da Comissão do Carnaval. já aceitamos quem quiser ser confrade, mas Para pertencer à Confraria é necessário ter com algumas limitações. Propõe-se, nós mais de 18 anos; o pagamento de quotas; aceitamos e compra a farda e é confrade, temos uma sede; e há um período de entro- mas antes tem que passar por projeto de nização que é quando se recebem as insíg- confrade, durante um ano ou dois Carnavais. nias. A Confraria funciona como um convívio, António Cruz – Ninguém é confrade só por- que quer, tem que ser aceite pela Confraria, e ter um passado carnavalesco, ao longo da sua vida tem que ter dado provas de que é aficionado pelo Carnaval. Como surge o Carnaval de Torres? Dora – Segundo a nossa pesquisa, já desde mil quinhentos e tal já havia as primeiras brincadeiras de Carnaval. Depois, mais tarde, já no séc. XIX, já há relatos de grupos que brincavam ao Carnaval, as “cegadas”, era assim que se chamavam. O Carnaval é um período que antecede a Quaresma e na qual não se pode comer carne. Assim, no Carnaval pode-se comer carne, abusar na comida, bebida e na brincadeira. Em 1923, faz agora 90 anos, surgiu o primeiro Carnaval organizado e a primeira Rainha, que era um homem, porque nessa altura as mulheres não podiam sair de casa, nem brincar ao Carnaval, porque era feio. Era vedado às mulheres, por isso os homens que participavam no desfile começaram a vestir-se com as roupas das mães, das irmãs e das filhas, para que houvesse presença feminina no Carnaval. Assim surgiram as matrafonas, umas mulheres muito mal arranjadas, vestidas de qualquer maneira. António Cruz – Como se cometiam muito excessos, as pessoas mascaravam-se para não serem reconhecidas na sociedade. O Carnaval de agora é muito diferente de antigamente? Dora – Se era!!! (risos) António Cruz – No meu tempo, os carros alegóricos eram mais pequenos e feitos com outros materiais, com jornal, farinha e água, numa técnica de pasta de papel. Hoje são feitos de forma diferente, com fibras e esferovite. Antigamente eram puxados por juntas de bois, hoje já é tudo mecanizado, são .c Repórteres de Palmo e Meio C om k lic C .c re . . k e r- s o ft w a w w ac ww ww tr om to to bu y N O W ! PD ! PD k e r- s o ft w a re F -X C h a n ge F -X C h a n ge W N O y Qual foi o fato que mais gostaram de usar? Dora – Quando eu era pequenina não havia fatinhos como agora, eram as mães que mandavam fazer. Depois assim grandes, tínhamos um grupo de amigos e fazíamos “assaltos”, que era uma festa, onde um amigo disponibilizava uma casa e levávamos as nossas comidinhas. Uma vez, com esse grupo de amigos, mascaramo-nos de ciganos. O meu marido emprestou uma carrinha, falamos com um senhor para nos emprestar uma carroça e levávamos um cão preso e alguidares pendurados e fomos fazer um “assalto” à Carvoeira. Foi muito engraçado e toda a gente pensava que éramos ciganos a sério. Antes havia muitos eventos antes do Carnaval, um deles era o Rally Trapalhão, em que íamos para Lisboa mascarados, ia-se de comboio, que era de graça e cada um levava o farnel. Juntavam-se nas ruas de Lisboa, no Terreiro do Paço a promover o Carnaval de Torres Vedras, havia sempre bandinhas. Outra vez fomos a Lisboa mascarados de árabes com uns amigos, éramos os Reis do Petróleo e foi numa altura em que uns árabes k lic Quem é que escolhe o tema do Carnaval? E já sabem o tema do próximo ano? António Cruz – Normalmente o tema é escolhido pela Promotorres, porque é a empresa organizadora do Carnaval e por nós (Confraria). O tema tem que ter a ver com a atualidade. O tema deste ano, em particular, tem a ver com a crise, nós próprios, devido à crise, temos que reciclar e reutilizar as coisas. Quadra O Carnaval é diversão O de Torres é o melhor Matrafona ou folião Vamos entrar na reinação. Reciclagem é o tema Para no corso participar Festa em forma de poema Com o Rei e a Rainha a orientar. Carmões na festa vai entrar De Careto Tradicional Vamos divertir-nos e brincar Sem ninguém levar a mal. 3º e 4º ano de São Domingos de Carmões Ficha técnica: Fotografia: Ana Gonçalves Imagem: Sara Rodrigues Edição: Ivo Antunes ac .c tr om to bu Quando é que começaram a brincar ao Carnaval? Dora – Eu brinco ao Carnaval desde muito nova, porque a minha família era muito foliona e eu ia sempre com o meu pai, essencialmente com o meu pai e não com a minha mãe. Fazíamos “cocotes” em casa e o meu pai levava um saquinho para brincar cheio de papelinhos. Um dia cheguei a casa toda encharcada e com a boca cheia de papelinhos. Depois fiz parte de alguns grupos e de alguns carros. De maneira que há cinquenta e tal anos que me mascaro e brinco ao Carnaval. O Cruz também começou cedo, mas eu fui desde pequenina. Sempre fui muito carnavaleira e fico muito feliz de ver os meninos a mascararem-se e a formarem grupos de Carnaval, para nunca deixarmos morrer a tradição. António Cruz – Eu já brinco há tanto tempo que não me lembro, mas é de certeza há mais de 60 anos. C k lic C .c Quem é que imagina os carros alegóricos? António Cruz – Antigamente os carros eram construídos por grupos de amigos. Mais tarde o nosso Carnaval começou a ter uma projeção maior e tornou-se necessário uma maior organização na confeção dos carros. Assim, é aberto, todos os anos, um concurso a criativos, pessoas que sabem fazer desenhos de carros que imaginam e desenham os carros de acordo com aquilo que nós queremos. Este ano, como o tema é “A Reciclagem”, pediu-se que pensassem em carros de acordo com este tema e aproveitando alguns elementos de carros de outros anos. Todos os anos aparecem imensas pessoas a concorrer e depois nós selecionamos aqueles que têm mais a ver com o tema. Outro aspeto a ter em conta é o custo, alguns são muito caros. Juntamos o útil ao agradável, os carros têm ser bonitos e vistosos, e que as pessoas quando olhem identifiquem o que ele contém. Quem toma esta decisão é a Promotorres em parceria com a Confraria. vieram cá tratar de negócios e até pensavam que nós éramos desses. . . puxados por tratores ou os próprios carros têm re motor, aproveita-se a parte de baixo de camiões e constrói-se o carro em cima desta base. As bandas de música e os grupos de animação também são diferentes. Hoje é tudo muito mais organizado, antigamente não, não havia programa definido. k e r- s o ft w a w w ac ww ww tr om to bu y N O W ! PD ! PD k e r- s o ft w a re F -X C h a n ge F -X C h a n ge W N O y bu k lic tr ac No passado dia 23 de Janeiro, as técnicas do Serviço Educativo da BMTV, transformaram a turma do 2ºB da EB1 Padre Francisco Soares, da Professora Luísa Tavares em "Repórteres de Palmo e Meio", assinalando os 90 anos de Carnaval organizado nesta cidade. Os entrevistados desta sessão foram a confreira Clara Ramos e o ChancelerMor, da Real Confraria do Carnaval e antigo Rei, o Eng. António Miranda. Entrevista à turma do 2ºB, da Professora ções do Carnaval de Torres, que é o “mais Luísa Tavares, da EB1 Padre Francisco português de Portugal”. A Confraria tem uma Soares incumbência de organizar a Chegada dos Reis, na sexta-feira à noite, no Largo do MerO que é que o levou a gostar tanto do Car- cado Municipal, bem como o Enterro do naval? Entrudo, na quarta-feira à noite ao pé do TriAntónio Miranda – Primeiro porque sou tor- bunal. riense, logo gosto muito do Carnaval e depois por características próprias minhas, Qual foi o fato que mais gostou de usar? gosto de me divertir. António Miranda – O fato que mas gostei, foi sem dúvida o de Rei. Mas antes de ser Como é que era o Carnaval antigamente? Rei pertencia a um grupo de amigos e masClara Ramos – O Carnaval organizado carava-me sempre com eles, e foram muitas começou em 1923 e este ano assinala-se os as máscaras que vesti: de galinha, de grega, 90 anos do Carnaval. e até de anjinho. Este Carnaval que vem à rua é muito diferente do Carnaval de antigamente, as pessoas Porque é que os homens se vestem de mascaravam-se de igual modo, mas em mulheres? menor número, os carros eram mais peque- Clara Ramos – As senhoras antigamente nos, havia muitos bailes em colectividades e não podiam vir à rua, e então os homens associações, onde se faziam concursos de resolveram fazer uma sátira (brincadeira), mascarados e haviam “assaltos”, que eram a porque as senhoras ficavam de “castigo” em brincar, sem pistolas. casa e não se podiam mascarar. Assim em António Miranda – Em 1923 também foi a substituição das mulheres, os homens pasprimeira vez que apareceram os Reis e devi- saram a vestir-se de matrafonas e é por essa do à época, as mulheres e as meninas não razão que também a Rainha do nosso Carparticipavam no Carnaval, assistiam da jane- naval é um homem. la. Quem é que inventou o Carnaval? O que é um Confrade? António Miranda – Na Confraria temos um António Miranda – Um confrade é um ele- professor de história que era a pessoa indimento que pertence à Real Confraria do Car- cada para te responder, mas ele não está cá naval de Torres, que sucedeu à antiga e eu vou tentar. Comissão do Carnaval. Esta passou a orga- O Carnaval vem do tempo dos romanos e o nização do Carnaval para a Câmara Munici- nosso tem a origem em Nice, na França. pal/ Promotorres. O termo Carnaval surge da junção de duas Alguns membros da antiga comissão e palavras carne+vale e este, é um período outros elementos fundaram então a Real que antecede à Quaresma que é um tempo Confraria do Carnaval, que zela pelas tradi- de reflexão religiosa, durante o Carnaval quase tudo é permitido, nomeadamente alguns exageros. No Carnaval as pessoas vinham à rua fazer a sátira, onde o mote eram as pessoas mais abastadas, pessoas que fizeram coisas que não deviam e eram criticadas na praça pública. Era uma altura que não era o “vale tudo”, mas quase tudo era permitido. Porque é que não podem convidar pessoas de fora de Torres para o Carnaval? Clara Ramos – Porque o nosso Carnaval é “o mais português de Portugal”, e é essa tradição que pretendemos manter. Não queremos ter ninguém como nos outros Carnavais, é um Carnaval mais espontâneo e participativo, em que todos fazem parte. António Miranda – Mas todas as pessoa que não são de cá são bem vindas e podem participar livremente no nosso Carnaval, não fazem parte das figuras de topo, não serão nem reis nem rainhas. Porquê que há cabeçudos no Carnaval? António Miranda – Essa é outra das tradições do nosso Carnaval. Os cabeçudos normalmente têm uma cabeça que também é uma sátira a algumas figuras. Os cabeçudos estão desde há muitos anos ligados a outro grande grupo: o dos Zés Pereiras, normalmente chegam à frente dos cabeçudos vindos do norte do país. Quem são as pessoas que estão mascaradas de cabeçudos? Clara Ramos e António Miranda – São homens de boa constituição física, capazes de suportar o peso dos cabeçudos e são Ficha técnica: Fotografia: Ana Gonçalves Imagem: Sara Rodrigues Edição: Ivo Antunes .c Repórteres de Palmo e Meio C om k lic C .c re . . k e r- s o ft w a w w ac ww ww tr om to to bu y N O W ! PD ! PD k e r- s o ft w a re F -X C h a n ge F -X C h a n ge W N O y bu Qual a foi o Carnaval que mais gostou de fazer? Clara Ramos – Foi quando comecei a participar nos carros alegóricos, era ainda muito nova. Nós pertencíamos a um carro, vestíamonos de acordo com o mesmo e desde aí nunca mais parei, foi um bichinho que entrou. O que tem de se fazer para ser o Rei do Carnaval? António Miranda - Não tem de se fazer muito. Tem de ser escolhido pela Confraria, é outra das funções da Confraria. Só pode ser homem e aceitar com muita responsabilidade. Quadra De Torres Vedras É o melhor Carnaval É o mais português De todo o Portugal! Vivam o Rei e a Rainha Que são grandes foliões De todos os mascarados São os mais brincalhões ! Gostamos do Carnaval E nele vamos desfilar Somos uma turma Sempre pronta a reinar ! Também há cabeçudos Neste nosso Carnaval Todos pulam e brincam E ninguém leva a mal! Ficha técnica: Fotografia: Ana Gonçalves Imagem: Sara Rodrigues Edição: Ivo Antunes k lic ac .c om to .c Foram ao Carnaval de Verão em Santa Cruz? Clara Ramos – Eu não fui. António Miranda – O Carnaval de Verão é mais um encontro de Carnavais dos vários pontos do país, é mais considerada uma festa de verão. Já se pensou retirar o nome a este evento de Carnaval, mas isso ia diminuir o número de pessoas que iam a Santa Cruz, e este é o melhor dia de verão para os comerciantes e gentes da restauração. Antigamente ainda iam dois ou três carros, incluindo o dos Reis, mas depois de terem feito as obras, nenhum carro lá consegue passar, assim perdeu-se mais esta tradição do nosso Carnaval, mas entendo que sendo Santa Cruz uma terra do nosso concelho também tem alguma vida nesta altura do ano. Qual foi o ano em que o senhor foi Rei? António Miranda – Eu interrompi o meu reinado há cinco anos, e reinei durante dez anos. A minha antiga rainha ex Augusta era uma rainha muito fogosa e quando eu fui Rei ela já tinha dado cabo de dois Reis, eu tive sorte em resistir!!! tr . . re C k lic C pagos por fazer esse trabalho. k e r- s o ft w a w w ac ww ww tr om to bu y N O W ! PD ! PD k e r- s o ft w a re