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1 ACIONAMENTO REMOTO DE CIRCUITOS ELÉTRICOS ATRAVÉS DO APARELHO TELEFÔNICO Felipe Chagas Barreto Lins1 Jener Toscano Lins e Silva2 RESUMO: Nos dias de hoje, o acionamento remoto de circuitos elétricos por telefone é de grande importância onde o tempo é cada vez mais valioso. Em muitos casos, a falta deste tipo de equipamento resulta em gastos desnecessários. Neste artigo apresentamos um projeto para a ativação e desativação de circuitos elétricos com apenas uma ligação. Para o desenvolvimento deste circuito, será necessário embasamento teórico sobre telefonia fixa. Antes da implementação do protótipo, cada componente eletrônico será estudado para o entendimento do seu funcionamento. Palavras-chave: Acionamento remoto; Circuitos elétricos; Telefone. ABSTRACT: Nowadays, the remote triggering of electric circuits by phone is extremely useful where time is increasingly valuable. In many cases, the lack of such equipment results in unnecessary expenses. In this article we present a project for the activation and deactivation of electrical circuits with only one call. For the development of this circuit will require theoretical basis on fixed telephony. Before the implementation of the prototype, each electronic component will be studied for the understanding of its functioning. Keywords: Remote Trigger; Electrical Circuits; Phone. 1 2 Graduando em Engenharia Eletrônica na UPE – Escola Politécnica de Pernambuco. Mestre em Engenharia Eletrônica na UFPE. 2 INTRODUÇÃO Atualmente, a mobilidade é imprescindível para vários tipos de aplicações, como o acionamento de dispositivos eletro-eletrônicos por telefone. Além da facilidade de poder controlá-los à distância, podem-se também agregar valores relacionados à segurança, praticidade e agilidade. A versatilidade de ser possível ativar ou desativar qualquer tipo de equipamento, seja elétrico ou eletrônico, abrange uma enorme gama de aplicações, como por exemplo, a automação predial, responsável pelo controle de todo um edifício. Este tipo de gerenciamento gera para os proprietários segurança, conforto, praticidade, economia e valorização do imóvel. A motivação para a elaboração deste trabalho foi justamente a escassez de material acadêmico sobre acionamento de equipamentos à distância por telefone. Existem várias maneiras de se acionar dispositivos eletro-eletrônicos à distância, são algumas: via linha telefônica fixa, móvel e rádio transceptor. Se for escolhida a linha telefônica, seja ela fixa ou móvel, pode-se efetuar uma ligação para o número do telefone, e com uma simples digitação no teclado, será acionado qualquer dispositivo previamente conectado ao sistema. O rádio transceptor geralmente é utilizado quando não existe telefone no local onde é necessário gerenciar os equipamentos, um exemplo disso é a reinicialização a distância de provedores de internet sem fio que geralmente são instalados em edifícios e morros, este último com um acesso mais difícil. Independente da forma escolhida para o gerenciamento remoto de dispositivos, este tipo de sistema fará com que problemas com viagens, gastos desnecessários de tempo e dinheiro sejam eliminados. Neste trabalho, será abordado o acionamento por telefone. Objetivos Este trabalho propõe a confecção de uma placa destinada a acionar/desacionar equipamentos à distância facilitando muitas situações que hoje são bastante complicadas de se resolver. Quando determinado usuário ligar para uma linha telefônica, esta estará conectada ao circuito onde o mesmo se encarregará de ligar/desligar determinado dispositivo eletro/eletrônico quando houver um comando do emissor. 3 Metodologia utilizada Para o desenvolvimento deste projeto, será necessário embasamento teórico sobre telefonia móvel e fixa. Da mesma forma, a utilização de softwares será primordial para simulação e elaboração do projeto do circuito integrado antes de ser iniciada a prática do projeto. Será necessária a compra de componentes como resistores, capacitores, diodos, transistores e circuitos integrados para a confecção do protótipo. A placa de circuito será montada e testada no laboratório da POLI - Escola Politécnica de Pernambuco. COMUNICAÇÃO TELEFÔNICA Em uma comunicação telefônica é necessário conhecimento do som, da voz e da audição. O emissor telefônico converte as ondas sonoras da voz em impulsos elétricos que são transmitidos através das linhas de fios até o receptor do telefone distante. Por outro lado, o receptor deve conter estes impulsos elétricos de ondas sonoras capazes de serem reconhecidas pelo ouvinte. Além disso, devem ser considerados os ruídos ambientais que podem penetrar no emissor ou interferir na audição do ouvinte. As interfaces entre o usuário e o sistema de transmissão são os aparelhos terminais, ou seja, os aparelhos telefônicos. Eles representam as fontes e receptores da informação a ser processada que, no caso da rede telefônica, é basicamente a voz. Portanto, a telefonia tem por finalidade a transmissão da voz humana, que é transformada em energia elétrica e, após sua devida amplificação é conduzida por meio de linhas físicas ao ponto de destino, onde é novamente transformada em energia sonora [1]. Contudo, em todo o processo de comunicação podem existir os ruídos que são compostos de ondas como muitos tipos de freqüências e envolvem mudanças aleatórias na freqüência ou amplitude. O som é medido pela sua freqüência (alta ou baixa) e intensidade (intensidade de som). Na prática, o ruído são ondas sonoras indesejáveis que é necessário evitar para que não ocorram imperfeições na transmissão. Aparelho Telefônico Eletrônico No telefone eletrônico as funções de conversação, sinalização e toque são realizadas por intermédio de circuitos eletrônicos de estado sólido. Foi justamente o desenvolvimento de componentes eletrônicos de estado sólido, e posteriormente o desenvolvimento dos circuitos 4 integrados que possibilitaram a implantação do telefone totalmente eletrônico a partir de 1970. Além destas funções básicas, o telefone eletrônico ainda pode apresentar outras facilidades como a memorização de dígitos, teclas para serviços especiais, circuitos de amplificação e recepção, de viva-voz, de toque diferenciado e outros, abrindo desta forma o caminho para o telefone digital [1]. O Sistema DTMF O DTMF é um sistema de sinalização muito utilizado em telefonia no mundo todo. Para representá-lo, são utilizadas duas freqüências para cada dígito do teclado telefônico, onde estes sinais são transmitidos no próprio canal da linha telefônica, fazendo com que a faixa do conteúdo freqüencial siga o padrão de voz. Antes do surgimento do DTMF, o padrão utilizado era a discagem por pulso. O número telefônico era associado a uma série de clicks (interrupções) que eram enviados pela linha. Cada interrupção significava o estabelecimento e a quebra de ligação entre dois pontos. Este tipo de sinalização se mostrou bastante ineficiente, principalmente, no que se diz respeito a ligações de longas distâncias (Discagem Direta à Distância - DDD e Discagem Direta Internacional - DDI) pelo fato de ser necessária a intervenção de um operador. A discagem por pulso também não conseguiu acompanhar a evolução dos equipamentos utilizados na telefonia, por ser um sistema lento, ao contrário do DTMF, que se comporta de forma bastante rápida. O DTMF foi desenvolvido no Bell Labs com o intuito de conectar usuários muito distantes um do outro. Na década de 50, a discagem por pulso e o comutador eletromecânico – crossbar foi descontinuado e com o desenvolvimento do DTMF, ficava cada vez mais claro que os sistemas telefônicos iriam se basear neste tipo de sinalização. Nos anos 60, o DTMF também ficou conhecido vulgarmente como Touch Tone. No teclado DTMF existem dezesseis teclas, porém contém apenas oito freqüências. Todos os dígitos de uma mesma linha (baixas freqüências) ou coluna (altas freqüências) possuem a mesma freqüência. Quando uma tecla é pressionada, obtém-se a combinação única de duas freqüências. Para se chegar à definição da disposição do teclado DTMF foram testados dezoito tipos de layout. Um deles foi a configuração do teclado de uma máquina calculadora com o número um no canto inferior esquerdo, porém poucas pessoas as utilizavam nesta época. 5 O que definiu a disposição do teclado foi justamente a ordem numérica, da esquerda para direita, ficando as letras A, B, C e D dispostas na coluna do lado direito e de cima para baixo, respectivamente. Prevendo a total interação entre telefonia e computadores foram adicionadas ao teclado as letras (A, B, C e D) e os símbolos libra (#) e estrela (*). As letras eram utilizadas por militares norte-americanos antes de uma ligação para definir a ordem de prioridade das chamadas realizadas [2]. A figura 1 mostra o teclado DTMF que é composto por quatro linhas e quatro colunas. As linhas contêm freqüências baixas e as colunas, altas freqüências. Ao pressionar qualquer tecla é realizada uma combinação única de duas freqüências. A disposição destas foi projetada para que siga a razão 21/19. Se for dividido 770 Hz, contido na 2ª linha, por 697 Hz, presente na 1ª linha, obtém-se um valor aproximado correspondente a 21/19. A diferença entre quaisquer duas freqüências não é igual a nenhuma das freqüências, bem como a soma de quaisquer duas freqüências não é igual a nenhuma das freqüências. As freqüências foram inicialmente concebidas com uma relação de 21/19, que é ligeiramente inferior a um tom inteiro. Nenhuma das oito freqüências é múltipla da outra evitando assim possíveis harmônicos e freqüências que podem ser emitidos por nossa própria voz. 697 Hz 1 2 3 A 770 Hz 4 5 6 B 852 Hz 7 8 9 C 941 Hz * 0 # D 1209 Hz 1336 Hz 1477 Hz 1633Hz Figura 1 – Teclado DTMF. 6 A tabela 3.1 mostra os valores binários da saída digital e o valor correspondente em decimal para cada dígito pressionado pelo usuário, bem como as dezesseis combinações de todas as freqüências presentes no teclado DTMF. Tabela 1 – Freqüências DTMF. Saída Digital Tecla 1 2 3 4 5 6 7 8 9 0 * # A B C D D3 D2 D1 D0 Valor Decimal 0 0 0 0 0 0 0 1 1 1 1 1 1 1 1 0 0 0 0 1 1 1 1 0 0 0 0 1 1 1 1 0 0 1 1 0 0 1 1 0 0 1 1 0 0 1 1 0 1 0 1 0 1 0 1 0 1 0 1 0 1 0 1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 0 Baixa Freqüência (Hz) 697 697 697 770 770 770 852 852 852 941 941 941 697 770 852 941 Alta Freqüência (Hz) 1209 1336 1477 1209 1336 1477 1209 1336 1477 1336 1209 1477 1633 1633 1633 1633 A ITU – International Telecommunication Union é uma das organizações que fornece normas e sugestões para a utilização do DTMF. Variação de uma freqüência, duração mínima de um tom e pausa mínima entre dois tons são parâmetros definidos pela ITU [3]. IMPLEMENTAÇÃO PRÁTICA O laboratório de eletrônica da Escola Politécnica de Pernambuco será usado como local de estudo e montagem do circuito em Protoboard. Descrição do Cenário Atual A linha telefônica tem um grande papel no processo de comunicação, sem ela não se teria como efetuar uma discagem e, consequentemente não seria possível a comunicação com outra pessoa ou equipamento. 7 Tomando com base a automação industrial em geral, pode-se ligar uma máquina que precisa operar durante toda a noite já que, nos dias de hoje, uma madrugada sem operação das máquinas de uma determinada indústria resulta num enorme prejuízo para os empresários. Outro bom exemplo seria a reinicialização à distância de um servidor de Internet, de banco de dados ou de arquivos. Caso ocorra a falta de energia numa sala de servidores, não será preciso o deslocamento de um funcionário ao local para a reativação da máquina responsável por esta atividade, evitando assim o gasto de tempo e dinheiro. Um exemplo bem claro disso é um hotel que possui um servidor de Internet no qual os hóspedes precisam ter o acesso vinte e quatro horas por dia. Neste caso, seria necessária apenas uma ligação e acionar novamente a máquina responsável por esse servidor. Saindo um pouco do âmbito industrial e empresarial, consegue-se também ter a facilidade de controlar qualquer tipo de equipamento à distância que estiver em nossas casas. Pode-se dar como exemplo o acionamento de um ar-condicionado quando uma pessoa ainda estiver a quilômetros de distância. Assim, quando chegar a sua residência, o ambiente já estará devidamente resfriado. Solução O cenário descrito nos parágrafos anteriores mostra as dificuldades e as conseqüências decorrentes da falta de um protótipo que ativem dispositivos remotamente. Para a resolução deste tipo de situação, será utilizado um circuito que terá a incumbência de minimizar bastante o prejuízo que uma determinada máquina ocasiona quando fica desligada. Indústrias e fábricas serão diretamente beneficiadas, tendo em vista que a produção não pode parar [4]. A figura 2 mostra, através de diagrama de fluxo, todo o processo que ocorrerá no receptor. Ao efetuar uma ligação, o sinal de Ring chegará ao receptor, onde existirá uma parte do circuito responsável pelo atendimento automático [5]. Feito isso, o usuário digitará uma tecla (Tom DTMF), onde o sinal será convertido em sinais digitais pelo circuito integrado MT8870. Finalmente, o demultiplexador HEF4514BP 4X16 [6] acionará a saída correspondente ao dígito pressionado pelo emissor. 8 Início Sinal de ring Atendimento Automático após três toques Número digitado Conversão e demultiplexação Sinal Controlador Equipamento Ligado/Desligado Fim EMBED CorelDRAW.Graphic.14 Figura 2 – Diagrama de Fluxo do Processo de Acionamento de um Equipamento. Inicialmente, será necessário o atendimento automático de uma ligação recebida pelo equipamento telefônico. É importante ressaltar que após o falso atendimento, a alimentação do restante do projeto será feita pela própria linha telefônica através de um regulador de tensão LM7805[7]. Para a confecção da placa de circuito, será utilizado como principal componente o circuito integrado MT8870, bastante popular e muito usado em circuitos de telefonia. Este CI tem como primordial função a demodulação do sinal DTMF e a conversão em sinais digitais compostos por quatro bits (nibble). Para alimentação deste chip será preciso uma tensão contínua de 5V. A figura 3 mostra o circuito integrado MT8870, responsável pela demodulação e conversão de um sinal DTMF [8]. 9 Figura 3 – Circuito Integrado MT 8870. O demultiplexador HEF4514BP 4X16, mostrado na figura 4, receberá nas entradas A0, A1, A2 e A3 os sinais que estão virão do MT 8870. O demultiplexador seleciona apenas uma saída (de Q0 a Q15) de acordo com os dados de entrada. Esta saída será a responsável por ativar o equipamento conectado à mesma. A entrada E habilita as entradas do demultiplexador. Veja que este pino tem a entrada barrada, podendo habilitá-lo conectando-o ao terra. O pino EL habilita, quando em nível alto, a utilização do CI [13]. Figura 4 – Circuito Integrado HEF4514BP 4X16. O Flip-Flop 74LS74 [9] receberá um sinal digital do HEF4514BP 4X16, que funcionará como clock. A saída do Flip-Flop irá, dependendo do seu estado atual, para nível alto ou nível baixo. A figura 5 mostra o 74LS74. O pino 3 será o clock do Flip-Flop. Figura 5 – Circuito Integrado 74LS74 10 A Tabela a seguir mostra a lógica do funcionamento do Flip-Flop HEF 4508BP. Inputs PR CLR CLK D Outputs ___ Q Q L H L H H H L L H H X X X ↑ ↑ X X X H L H L H H L H H L X Q0 L H H L H ___ Q0 A figura 6 mostra o diagrama de blocos do processo de todo o projeto. Além do DTMF Receiver MT8870, serão utilizados na confecção da placa o demultiplexador 74HC/HCT4514, o latch HEF4508B. É possível também que sejam necessários outros componentes ao longo do processo de montagem do protótipo. Atendimento Automático DTMF receiver CM8870 Latch HEF4508B Demultiplexador 74HC/HCT4514 Dispositivo Eletro-Eletrônico Figura 6 – Diagrama de Blocos do Processo de Acionamento de um Equipamento. A figura 7 mostra a montagem de todo o protótipo. Foram realizados diversos testes com este projeto e todos eles com resultados positivos mostrando-se com muita estabilidade e sem aquecimento indevido de nenhum componente. Figura 7 – Placa de Protoboard com todo o circuito montado. 11 CONCLUSÃO Este trabalho mostrou de forma objetiva como implementar um dispositivo para ativar ou desativar um circuito eletrônico. No caso de um circuito de potência será necessário acrescentar um drive afim de que a corrente seja necessária para acionar o circuito em questão. Para evitar ação indevida de pessoas não autorizadas, poderá acrescentar um circuito microcontrolador para fazer tal controle, através de senhas. 12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] DE ALCÂNTARA NETO; Pedro. Telefonia – A Central Telefônica. Recife, 2008. Apostila. [2] BANDEIRA LIMA, Juliano. Decodificações de Sinais DTMF Via Transformada Aritmética de Fourier, Recife – 2004. Dissertação (Pós-Graduação em Engenharia Elétrica) – Universidade Federal de Pernambuco. [3] INTERNATIONAL TELECOMMUNICATION UNION. Agência das Nações Unidas para tecnologias de informação e comunicação. Disponível em http://www.itu.int/net/about/index.aspx. Acesso em: 22 out 2008. [4] ALVES WAYAR, William et. al.. Módulo de Acionamento Remoto Via DTMF, Universidade Tecnológica Federal do Paraná – 2006. [5] ROGERCOM. Pesquisa e Desenvolvimento de Circuitos Eletro-Eletrônicos. Disponível em http://www.rogercom.com/pparalela/Lpt-ID.htm. Acesso em: 05 set 2008. [6] DATASHEETCATALOG. Datasheet para componentes eletrônicos. Disponível em: http://www.datasheetcatalog.org/datasheet/philips/74HCT4514.pdf. Acesso em: 08 nov 2008. [7] DATASHEETCATALOG. Datasheet para componentes eletrônicos. Disponível em: http://www.datasheetcatalog.org/datasheet/fairchild/LM7805.pdf. Acesso em: 06 set 2008. [8] DATASHEETCATALOG. Datasheet para componentes eletrônicos. Disponível em: http://www.datasheetcatalog.org/datasheets/700/268108_DS.pdf. Acesso em: 08 set 2008. [9] DATASHEETCATALOG. Datasheet para componentes eletrônicos. Disponível em: http://www.datasheetcatalog.org/datasheets/70/375703_DS.pdf. Acesso em: 08 nov 2008.
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