2ª Série – 2014 LÍNGUA PORTUGUESA – LITERATURA LÍNGUA

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2ª Série – 2014 LÍNGUA PORTUGUESA – LITERATURA LÍNGUA
2ª Série – 2014 LÍNGUA PORTUGUESA – LITERATURA
LÍNGUA PORTUGUESA – Questões de 01 a 20
Leia o e responda às questões 1 a 6.
Linguagem e Sociedade
A linguagem é um sistema organizado de símbolos a serviço das sociedades
humanas. Esse sistema é amplo, complexo, extenso e possui propriedades
particulares que possibilitam a codificação, a estruturação das informações
sensoriais, a captação e a transmissão de sentidos, que favorecem a interação entre
os homens.
A linguagem humana faz parte da riqueza de representações, da complexidade
de interações e da capacidade de criar, que diferencia o ser humano dos outros
animais.
Os animais têm "linguagens" específicas, sistemas de comunicação com
finalidades predefinidas. As abelhas, por exemplo, comunicam-se por meio de uma
dança. Quando uma abelha deseja comunicar a localização de uma fonte de
alimento, ela descreve com precisão onde está o alimento, através de movimentos
semelhantes a uma coreografia. A resposta a essa dança não é original e
imprevisível, ao contrário, é invariável porque gera sempre a mesma conduta: a
busca do alimento indicado.
As baleias também têm sua "linguagem", produzem, ao menos, dois tipos de
sons: os que intervêm em seu sistema de ecolocalização, funcionando como uma
espécie de sonar biológico, e as vocalizações, as conhecidas canções das baleias,
que parecem ser um meio de comunicação entre os membros da mesma espécie.
Inúmeros estudos com animais em cativeiro e selvagens têm mostrado que esses
mamíferos marinhos são capazes de comunicação com qualquer outro usando uma
"linguagem". Embora essa forma de linguagem não possa ser comparada com a
linguagem humana, é um sistema articulado de comunicação, no qual cada som é
modulado em tons e frequências que são repetidos constantemente durante atos
específicos e situações particulares.
Animais domésticos se comunicam com os seus donos. Podemos dizer que os
cachorros emitem sons que nos permitem identificar sentimentos como medo, raiva
e dor. Um cão abana o rabo, demonstrando satisfação; rosna, expressando ameaça.
Os animais têm modos de se expressar; entretanto, a natureza dessa
comunicação não se compara à utilizada pelo homem. A "linguagem" animal possui
características bem distintas da linguagem humana, Em linhas gerais, trata-se de
uma forma de adaptação à situação concreta, relacionada a uma forma fixa de
resposta a determinado estímulo.
A linguagem está no limiar do universo humano porque caracteriza o homem e
o distingue do animal. O homem tem a capacidade de ultrapassar os limites da vida
animal ao entrar no mundo do símbolo. A natureza da comunicação animal não se
compara à revolução que a linguagem humana provoca na relação do homem com
o mundo.
A diferença entre a linguagem humana e a "linguagem" do animal está no fato
de que este não conhece o símbolo, mas somente o índice. O índice está relacionado
de forma fixa e única com a coisa a que se refere. Por exemplo, as frases com que
adestramos o cachorro devem ser sempre as mesmas, pois são índices, isto é,
indicam alguma coisa muito específica.
A linguagem humana é uma manifestação cultural; relaciona-se com padrões
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GABARITO 1
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de comportamentos, crenças, conhecimentos, realizações, costumes que podem ser
transmitidos de geração a geração. O homem imprime sentido às linguagens que
cria. Ele cria palavras, gestos, símbolos, enfim, formas de expressar suas ideias.
A linguagem é atividade. É forma de ação, ação entre indivíduos, orientada para
uma finalidade, é lugar de interação que possibilita aos membros de uma sociedade
a prática dos mais diversos tipos de atos, que vão exigir dos semelhantes reações
e/ou comportamentos, levando ao estabelecimento de vínculos e compromissos
anteriormente inexistentes.
KOCH, Ingedore Villaça. A interação peLa Linguagem.
3.ed. São Paulo: Contexto, 1997. p. 9. (Fragmento)
A linguagem humana envolve a representação simbólica de conceitos e diversos
tipos de relações entre eles. Está em toda parte; sem ela, as sociedades não seriam
o que são. Por meio da representação simbólica e abstrata, o homem dá sentido ao
mundo, distancia-se da experiência vivida e é capaz de compreender o mundo e nele
agir.
Desde que nascemos, estamos mergulhados no mundo da linguagem.
Crescemos imersos em um universo de sons, de gestos e sinais, por meio dos quais
passamos a interagir com tudo o que nos cerca. Nosso pensamento, a forma de
entendermos as coisas, começa, então, a ter por primordiais as palavras, a
linguagem, o nome das coisas existentes no mundo.
A linguagem "impregna nossos pensamentos, é intermediária em nossas
relações com os outros, e se insinua até em nossos sonhos. O volume esmagador
de conhecimentos humanos é guardado e transmitido pela linguagem. A linguagem
é, de tal modo, onipresente que a aceitamos e sabemos que sem ela a sociedade,
tal como a conhecemos, seria impossível."
LANGACKER, Ronald. A Linguagem e sua estrutura.
Petrópolis: Vozes, 1972. p. 11. (Fragmento)
A linguagem e o pensamento se misturam à medida que a capacidade de
comunicação simbólica se desenvolve. Uma criança, com cerca de dois anos de
idade, começa a usar o idioma para se comunicar. Seu conhecimento sobre o
mundo, antes pautado em experiências sensoriais e motoras, torna-se lentamente
mais e mais simbólico. A partir de então, a criança não precisa mais aprender tudo
por meio de suas próprias experiências – ela pode aprender por meio da linguagem.
O mundo que resulta do pensar e do agir humanos não pode ser chamado de
natural, pois se encontra transformado e ampliado por nós. Portanto, as diferenças
entre pessoa e animal não são apenas de grau, porque, enquanto o animal
permanece mergulhado na natureza, nós somos capazes de transformá-la, tornando
possível a cultura.
ARANHA, Mª Lúcia; MARTINS, M. a Helena P. Filosofando: introdução à filosofia.
São Paulo: Moderna, 2003. p. 32-34. (Fragmento)
Quando nos comunicamos sem utilizar palavras, dizemos que a linguagem é
não verbal. Denomina-se linguagem verbal aquela que se organiza em forma de
palavras, sejam elas faladas ou escritas. A linguagem verbal é tão importante quanto
a não verbal, e esta não é uma dimensão meramente complementar do processo de
interação verbal. Ambas são maneiras de expressar essa faculdade humana, que é
a linguagem.
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GABARITO 1
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1)
A linguagem humana é um sistema
a)
b)
c)
d)
2)
Depreende-se do texto que a linguagem
a)
b)
c)
d)
3)
atípico.
intrincado.
restrito.
fechado.
das abelhas é criativa.
das baleias é abstrata.
dos cães é exclusiva.
dos humanos é simbólica.
Acerca da linguagem humana, assinale as alternativas na qual as afirmações
estão CORRETAS.
I. Trata-se de uma atividade orientada para um propósito a ser compreendido.
II. Permite ao homem codificar e categorizar elementos existentes no mundo.
III. É essencialmente constituída de índices, favorecendo as manifestações
culturais.
IV. Relaciona-se, de forma fixa, por meio da palavra, com a coisa a que esta
se refere.
a)
b)
c)
d)
4)
I, II, III e IV.
I, II e III apenas.
I e II, apenas.
II e IV, apenas.
Assinale a alternativa correspondente às afirmativas CORRETAS acerca da
linguagem humana.
I.
II.
III.
IV.
Envolve representação simbólica e abstrata de conceitos.
Permite que o homem perceba o mundo em que ele habita.
Possibilita a formulação de um número restrito de enunciados.
Caracteriza-se por ser universal, convencional, versátil e flexível.
a)
b)
c)
d)
I, II, III e IV.
I, II e III apenas.
II, III e IV apenas.
I, II e IV, apenas.
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GABARITO 1
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5)
De acordo com o texto, a linguagem animal
a)
b)
c)
d)
6)
é um sistema inespecífico e não estruturado de comunicação.
apresenta finalidades nem sempre compreensíveis, mas originais.
atende a um conjunto restrito de propósitos e a situações específicas.
tem formas articuladas e convencionais de expressão universal.
Ao se referir à linguagem dos animais, empregaram-se aspas:
Os animais têm "linguagens" específicas, sistemas de comunicação com
finalidades predefinidas.
As baleias também têm sua "linguagem", com a finalidade de ...
Inúmeros estudos com animais em cativeiro e selvagens têm mostrado que
esses mamíferos marinhos são capazes de comunicação com qualquer outro
usando uma "linguagem".
A "linguagem" animal possui características bem distintas das da linguagem
humana.
Essas aspas foram empregadas com a finalidade de
a)
b)
c)
d)
7)
destacar o uso relativo do termo linguagem.
introduzir a transcrição da palavra linguagem.
indicar que se trata de uma citação textual.
sugerir o emprego irônico do termo.
Leia e responda:
Inteligência olfativa
Luciana Vicária
Como o cheiro chega ao cérebro
1. O aroma da flor é feito de moléculas que se desprendem dela e chegam ao
nariz suspensas no ar.
2. As moléculas são captadas por uma estrutura chamada bulbo olfativo e
transformadas em sinais elétricos.
3. O cheiro é primeiro codificado em uma região nobre do cérebro, sede da
linguagem, o córtex, de onde segue para estruturas primitivas, que
comandam a memória.
VICÁRIA Luciana. Revista Época, edição 417,11 maio 2006. Disponível em:
<http://revistaepoca.globo.com/epoca>. Acesso em: 29 abro 2009.
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GABARITO 1
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As ideias apresentadas nos itens 1, 2 e 3 foram reescritas em parágrafos.
Identifique a alternativa em que a reescrita altera o sentido das informações
textuais desse quadro.
a)
b)
c)
d)
O aroma da flor é feito de moléculas captadas por uma estrutura chamada
bulbo olfativo e transformadas em sinais elétricos. O primeiro, codificado
em uma região nobre do cérebro,.é o cheiro que, do córtex, segue para
estruturas primitivas, que comandam a memória.
As moléculas que se desprendem da flor chegam ao nariz; suspensas no
ar, elas são captadas pelo bulbo olfativo. O cheiro é codificado no cerebro
no mesmo local que é sede da linguagem e segue para estruturas que
comandam a memória.
A flor é feita de moléculas cujo aroma chega ao nariz suspenso no ar onde
é captado pelo bulbo olfativo e transformado em sinais elétricos. Ao chegar
ao córtex, sede da linguagem, o cheiro segue para estruturas comandadas
pela memória primitiva.
As moléculas do aroma da flor são transformadas em sinais elétricos depois
de serem captadas por uma estrutura denominada bulbo olfativo.
Primeiramente, o cheiro é codificado em uma região do cérebro que é a
sede da linguagem, de onde segue adiante.
Leia o e responda às questões 8 a 10.
O caldo de cana e a crise
Parece que a atual crise econômica tem mesmo proporções maiores do que as
que presenciei nestes quarenta e tantos anos de profissão. Por força do ofício, leio
mais jornais e revistas do que gostaria. E isso me afasta da leitura prazerosa dos
livros empilhados sobre o criado-mudo, que visito à noite, antes de dormir. Lê-los é
um ótimo remédio contra os infortúnios dos noticiários e da vida.
O último destes encontros, por sinal, foi com Ostra feliz não faz pérola, do amigo
querido Rubem Alves. Imperdível. Nele li um texto que me lembrou de uma historinha
que conheço há muito tempo. Tempos, talvez, de outra crise econômica "de
proporções inéditas". A história é a seguinte. Um pequeno sitiante resolveu melhorar
seu orçamento vendendo caldo de cana na beira da estrada. O negócio prosperou,
e ele foi incrementando seu modesto empreendimento. Colocou mesas e cadeiras à
sombra de frondosas árvores, passou a fritar pastéis, ampliou a capacidade de
atendimento, investiu em placas de sinalização, contratou funcionários.
O negócio ia muito bem até que o filho, que saíra da roça para estudar economia,
foi visitá-lo. Percebendo a alienação do pai diante da crise que o País atravessava,
deu-lhe uma tremenda bronca. Não era hora de investir, porque as bolsas, as
montadoras, os bancos, os fundos de investimento...
Desenxavido, o pequeno comerciante deu razão ao filho. Afinal de contas, ele
tinha estudado, lia jornais, era o orgulho da família. Tratou de tomar as providências
que a crise exigia. Retirou as placas, dispensou os ajudantes, recolheu mesas e
cadeiras e ficou esperando a tormenta passar. E não deu outra: os clientes não
apareceram mais. O sitiante então concluiu que de fato havia uma baita crise no
País.
A moral dessa história é um ditado popular: a chuva molha mais quem está
parado do que quem está correndo.
Nós, por aqui, trataremos de apertar o passo.
ANDREATO, Elifas. O caldo de cana e a crise. In: ANDREATO, Elifas; ROCHA, João. Brasil: Almanaque de Cultura
Popular.
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8)
Nesse texto, o narrador afirma que
a)
b)
c)
d)
9)
trabalha há mais de 40 anos como repórter.
prefere ler bons livros a ler jornais e revistas.
se encontrou com seu amigo Rubem Alves.
acredita que é bom afastar-se dos noticiários.
Os termos destacados referem-se exclusivamente à personagem "sitiante",
EXCETO
a)
b)
c)
d)
"e ele foi incrementando seu [...] empreendimento."
"a chuva molha mais quem está parado."
"deu-lhe uma tremenda bronca."
"o pequeno comerciante deu razão."
10) De acordo com o texto, os dois termos, no contexto do editorial, referem-se entre
si, mantêm uma correspondência referencial em
a)
b)
c)
d)
"visito à noite"(1º parágrafo) e "encontros"(2º parágrafo).
"negócio" (2º parágrafo) e "fundos de investimento"(3º parágrafo).
"estudar economia" (3º parágrafo) e "alienação"(3º parágrafo).
"ajudantes" (4º parágrafo) e "clientes"(4º parágrafo).
Leia o texto e responda às questões 11 e 12.
A formiga e o cigarro
Dizem que a nossa amiga e heroína, a já conhecida Formiga, porque estava
entediada com a vida, resolveu dar uma saída. Enquanto caminhava, ia percebendo
uma agitação a distância, e, ao ouvir um grito, ela se ligou: "Isso aí é rock’ n’ roll!".
Animada e serelepe, rápida como uma lebre, a Formiga entrou no bar que tocava
esse tal de rock’ n’ roll. Acendeu um cigarro e comprou uma bebida, para que
pudesse curtir o show.
Tudo estava bem, até a chegada do Bicho Grilo, um antigo conhecido. O Bicho
Grilo era indesejável, pois tinha o péssimo hábito de serrar cigarro, e foi o que ele
fez, e escolheu a Formiga para ser a bola da vez:
_Ei, Formiga?! Que bom ter te encontrado. Você poderia me ceder um cigarro?
_ Não vai dar. Esse era o último do maço...
_ Então deixa pra mim esse aí que tá no fim.
_ Não vai ser possível, o cigarro tá muito caro, por conta do imposto.
_ Eu me contentaria com um trago, para sentir o gosto...
_ Já disse que não... Agora vaza!
_ Poderia, pelo menos, assoprar a fumaça na minha cara?
Fragmento do texto de Paulo Vereda adaptado para o teatro. Disponível em:
<http://ditospelomaldito.blogspot.com> Acesso em: 18 fev. 2011.
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11) Com base em sua leitura, identifique a alternativa CORRETA.
a)
b)
c)
d)
A Formiga demonstra ser mais viciada em cigarro do que o Bicho Grilo.
O Bicho Grilo não demonstra estar incomodado com o elevado custo do
cigarro.
A Formiga precisou fumar e comprar bebida para poder desfrutar do show.
A inconveniência do Bicho Grilo estava no fato de que tinha hábito de partir
cigarros.
12) Observe o primeiro período do texto: "Dizem que a nossa amiga e heroína, a já
conhecida Formiga, porque estava entediada com a vida, resolveu dar uma
saída." A relação de coesão indicada pelo trecho destacado é de
a)
b)
c)
d)
causa.
consequência.
condição.
intensidade.
Leia o texto e responda às questões 13 a 15.
No pais dos decibéis
Será que o baixo crescimento da economia não seria o resultado do excesso de
barulho?
Ao fazer as malas para o Brasil, após quinze anos na Suíça e nos Estados
Unidos, assaltava-me o temor de um choque cultural. Como a Batalha de Itararé, o
choque não ocorreu, foi ajustamento instantâneo. Mas houve uma exceção: o
choque dos decibéis.
Eu vinha de uma Suíça onde em muitos edifícios é proibido tomar banho e puxar
a descarga após as 10 horas da noite. Os ônibus são silenciosos, e aviões
barulhentos não pousam lá.
Os cachorros não latem, e as crianças não berram. É proibido cortar grama aos
domingos, por causa do barulho das máquinas. Lá eclodiu um célebre processo
judicial contra os cincerros das vaquinhas que incomodavam um vizinho. Fiquei malacostumado, adquiri hábitos alienados.
Aqui estou, depositado no país dos decibéis. Ônibus e caminhões urram dentro
da lei dos 88 decibéis máximos, quando na Europa a norma é 74 - sendo a escala
de decibéis logarítmica, o volume de som é muitas vezes maior!
Muitos urram fora da lei. Uivam motos sem silenciosos. Os pneus cantam nas
curvas. A cachorrada da vizinhança tem cordas vocais de aço-molibdênio. As igrejas
e os cultos confundem decibéis com fé.
A obra-prima da agressão sonora são uns automóveis cujos porta-malas se
abrem revelando uma bateria de alto-falantes, terrível usina de decibéis. Felizmente,
algumas cidades turísticas estão comprando decibelímetros, para não perder
clientes antiquados como eu.
As salas de aula não têm tratamento acústico. Parece até que foram planejadas
para maximizar a refletância ambiente - as piores são as dos Cieps. A norma da
ABNT para salas de aula estipula um máximo de 40 a 50 decibéis, mas o nível de
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ruído atinge 75 em casos comprovados.
O ruído impede a atenção ou mesmo impede de ouvir o professor. Em quantos
pontos faz cair o rendimento dos alunos brasileiros?
Nos restaurantes, a barulheira não está no cardápio, mas é parte do serviço. É
como se o objetivo de manter uma conversação relaxada e inteligente fosse coisa
subversiva, a ser impedida pelas múltiplas ressonâncias amplificadas pelas
superfícies lisas e paralelas. Um proprietário experiente disse que restaurante
silencioso espanta clientes.
Parece que o choque de gerações se concentra nos decibéis. Na música, são o
sonho de consumo, indo muito além dos níveis máximos das normas de saúde
ocupacional. E, diante dos que reclamam, a polícia candidamente confessa não
saber bem o que fazer nem qual unidade cuida do assunto. Ou, então, vai
inspecionar no dia seguinte ao da festa. O que menos me incomoda é a música das
boates, apesar de ensurdecedora. É que, após uma experiência traumatizante,
aprendi minha lição. Não entro nelas em hipótese nenhuma. Se lá dentro estivesse,
de bom grado pagaria para sair.
Segundo os padrões da Organização Mundial da Saúde (OMS), 65 decibéis
marcam o limiar do que faz mal à saúde dependendo do tempo de exposição.
Verificou-se que ruído excessivo aumenta a adrenalina, provoca alta de pressão,
stress, insônia e - em Berlim - aumenta em 20% a probabilidade de infarto.
Nos Estados Unidos, 10 milhões de pessoas perderam a audição - ou parte dela
- por excesso de ruído e parece que os números aumentam. Lá, o seguro-saúde é
mais caro para quem trabalha em lugares barulhentos. Entre nós, quantos milhões
convivem com muito mais decibéis do que a lei permite em fábricas? Uma banda de
rock emite tantos malditos decibéis quanto uma turbina de avião - 130 decibéis.
O ruído nas ruas, nas escolas e nos hospitais costuma estar acima do máximo
da OMS. Será possível aprender em salas de aula tão ruidosas?
Por que ignorar os males que faz à saúde? Será que o baixo crescimento da
economia não seria o resultado do excesso de barulho? A sociedade não estaria
sendo anestesiada ou hipnotizada por uma forma sinistra de conspiração sonora?
Manifesto a minha revolta auditiva contra um povo que confunde alegria com
barulho. Parece que música alta libera hormônios, dando um "barato". Que seja. Mas
o prazer de uns poucos não pode ser à custa do incômodo de outros. O som que me
incomoda invadiu ilegalmente a minha privacidade. Temos o direito ao silêncio.
CASTRO, Claudio de Moura. Veja. ed. 1941, ano
39, n. 4, p.18. São Paulo: Abril, fev. 2006.
13) É CORRETO afirmar que o objetivo principal do texto é
a)
b)
c)
d)
8
denunciar várias razões pelas quais, no Brasil, há muito barulho.
informar algumas desvantagens do excesso de ruídos no Brasil.
provocar irritação devido à intensidade dos sons no Brasil.
revelar impressões pessoais a respeito do excesso de barulho no Brasil.
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14) É CORRETO afirmar que
a)
b)
c)
d)
no 13º parágrafo, o autor faz comparações que reforçam os aspectos
apresentados no 12º parágrafo.
no 14º parágrafo, o autor lança várias perguntas bem elaboradas e
responde a praticamente todas elas.
no 15º parágrafo, o autor parte de uma afirmativa incisiva, seguida de novas
perguntas instigantes.
no 16º parágrafo, o autor responde à questão feita no parágrafo anterior e
introduz um novo argumento.
15) No trecho “ônibus e caminhões urram”, o autor utiliza um recurso denominado
personificação. Assinale a alternativa em que se evidencia o mesmo recurso
empregado nesse trecho.
a)
b)
c)
d)
A barulheira não está no cardápio.
Uivam motos sem silenciosos.
A cachorrada da vizinhança tem cordas vocais de aço.
As salas de aula não têm tratamento acústico.
16) Leia:
Eu também já fui brasileiro
Moreno como vocês.
Ponteei viola, guiei forde
E aprendi na mesa dos bares
Que o nacionalismo é uma virtude.
Mas há uma hora em que os bares se fecham
E todas as virtudes se negam.
ANDRADE, Carlos Drummond de.
Assinale a alternativa que apresenta conjunção com sentido equivalente ao mas
(sexto verso).
a)
b)
c)
d)
Anda que anda até que desanda.
Não só venceu mas também convenceu.
Mas que beleza, Dona Creuza.
Atirou-se do vigésimo andar e não se feriu.
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17) Leia o texto de Moacyr Scliar para responder à questão.
A casa das ilusões perdidas
Quando ela anunciou que estava grávida, a primeira reação dele foi de
desagrado, logo seguida de franca irritação. Que coisa, disse, você não podia tomar
cuidado, engravidar logo agora que estou desempregado, numa pior, você não tem
cabeça mesmo, não sei o que vi em você, já deveria ter trocado de mulher havia
muito tempo. Ela, naturalmente, chorou, chorou muito. Disse que ele tinha razão, que
aquilo fora uma irresponsabilidade, mas mesmo assim queria ter o filho. Sempre
sonhara com isso, com a maternidade - e agora que o sonho estava prestes a se
realizar, não deixaria que ele se desfizesse.
- Por favor, suplicou. - Eu faço tudo que você quiser, eu dou um jeito de arranjar
trabalho, eu sustento o nenê, mas, por favor, me deixe ser mãe.
Ele disse que ia pensar. Ao fim de três dias daria a resposta. E sumiu.
Voltou, não ao cabo de três dias, mas de três meses. Àquela altura ela já estava
com uma barriga avantajada que tornava impossível o aborto; ao vê-lo, esqueceu a
desconsideração, esqueceu tudo - estava certa de que ele vinha com a mensagem
que tanto esperava, você pode ter o nenê, eu ajudo você a criá-lo.
Estava errada. Ele vinha, sim, dizer-lhe que podia dar à luz a criança; mas não
para ficar com ela. Já tinha feito o negócio: trocariam o recém-nascido por uma casa.
A casa que não tinham e que agora seria o lar deles, o lar onde - agora ele prometia
- ficariam para sempre.
Ela ficou desesperada. De novo caiu em prantos, de novo implorou. Ele se
mostrou irredutível. E ela, como sempre, cedeu.
Entregue a criança, foram visitar a casa. Era uma modesta construção num
bairro popular. Mas era o lar prometido e ela ficou extasiada. Ali mesmo, contudo,
fez uma declaração:
- Nós vamos encher esta casa de crianças. Quatro ou cinco, no mínimo.
Ele não disse nada, mas ficou pensando. Quatro ou cinco casas, aquilo era um
bom começo.
SCLIAR, Moacyr. Folha de S.Paulo, 14 jun. 1999.
No texto, há muitas retomadas pronominais, basicamente expressas pelos
pronomes ele e ela. Isso não gera ambiguidade principalmente porque:
a)
b)
c)
d)
se alternam os pronomes com sinônimos.
as referências dos pronomes são muito restritas.
as formas verbais estão todas no mesmo tempo.
todos os pronomes poderiam ser omitidos.
18) Indique a alternativa em que a preposição “de” foi empregada conforme as
exigências da variedade padrão da língua.
a)
b)
c)
d)
10
Certas pessoas acreditam de que sorrir tira-Ihes a seriedade e
credibilidade.
Este ano o Natal vai cair de domingo .
Pela natural arrogância de que somos dotados, julgamos que somos hábeis
para entender a complexidade do relacionamento humano.
Em alguns calendários não dá de ver as fases da Lua.
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19) Assinale a alternativa cuja conjunção apresenta ideia de oposição.
a)
b)
c)
d)
Não achou os documentos e nem as fotocópias.
Queria estar atento à palestra e o sono chegou.
Não só aprecio medicina como também a Odontologia.
Escutei o réu e lhe dei razão.
20) Considerando-se o fragmento "(...) nessa questão de engenharia genética, que
promete ser a questão do novo milênio", o artigo definido a indica que:
a)
b)
c)
d)
a questão da engenharia genética será apenas uma das questões do novo
milênio.
a questão da engenharia genética apresenta ironias implícitas.
a questão da engenharia genética será a principal questão do novo milênio.
a questão da engenharia genética é a única questão do novo milênio
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LITERATURA – Questões de 21 a 40
21) Leia o texto seguinte.
Reinvenção
A vida só é possível
reinventada.
Anda o sol pelas campinas
e passeia a mão dourada pelas águas, pelas folhas...
Ah! tudo bolhas
que vêm de fundas piscinas
de ilusionismo... ─ mais nada.
Mas a vida, a vida, a vida
a vida só é possível
reinventada. [...]
(Cecília Meireles)
Podemos dizer que, nesse trecho de um poema de Cecília Meireles,
encontramos traços de seu estilo:
a)
b)
c)
d)
sempre marcado pelo momento histórico.
ligado ao vanguardismo da geração de 22.
inspirado em temas genuinamente brasileiros.
vinculado à estética simbolista.
Leia o fragmento do romance Menino de Engenho, de José Lins do Rego, e
responda às questões 22 a 25.
Meu avô me levava sempre em suas visitas de corregedor às terras de seu
engenho. Ia ver de perto os seus moradores, dar uma visita de senhor nos seus
campos. O velho José Paulino gostava de percorrer a sua propriedade, de andála canto por canto, entrar pelas suas matas, olhar as suas nascentes, saber das
precisões de seu povo, dar os seus gritos de chefe, ouvir queixas e implantar a
ordem. Andávamos muito nessas suas visitas de patriarca.
22) (VUNESP) Sobre Menino de Engenho, é correto afirmar que
a)
b)
c)
d)
12
integra o conjunto de romances regionalistas brasileiros da primeira metade
do século XX.
se destaca pela narrativa maravilhosa, voltada pata a investigação
psicológica das personagens.
foi a primeira obra em prosa a se voltar para os problemas sociais do
Nordeste brasileiro.
inicia, ao lado de Os Sertões, de Euclides da Cunha, o modernismo na
prosa brasileira.
GABARITO 1
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23) (VUNESP) A repetição do pronome possessivo - seu(s), sua(s) - ao longo do
texto serve ao intuito de
a)
b)
c)
d)
chamar atenção para o tamanho do engenho.
aproximar José Paulino dos habitantes do engenho.
revelar o amor de José Paulino por sua terra.
ressaltar a soberania do senhor de Engenho.
24) (VUNESP) O paralelismo estabelecido entre as estruturas visitas de corregedor
e visitas de patriarca chama a atenção para
a)
b)
c)
d)
o afeto e a bondade com que o senhor de engenho trata seu povo.
a necessidade da presença do senhor de engenho para o estabelecimento
da ordem.
a espontaneidade e a alegria com que eram realizadas as visitas.
a mistura entre as esferas pública e privada na figura do senhor de
engenho.
25) Baseado na leitura do romance de José Lins do Rego e na análise do trecho
acima, assinale a alternativa verdadeira
a)
b)
c)
d)
Nesta passagem, o autor põe em cena um típico coronel nordestino,
exercendo de várias formas o seu poder de mando.
Expressões como “meu avô me levava” e “andávamos” indicam tratar-se de
uma narração em terceira pessoa.
O uso abundante de pronomes possessivos, nesta passagem do romance,
desmente o patriarcalismo do coronel José Paulino.
Esta passagem mostra que o velho coronel era autoritário com seus
dependentes, deixando de considerar suas necessidades.
26) Leia o poema de Cecília Meireles, constante nos livros Viagem (1939) e Vaga
Música (1942):
Retrato
Eu não tinha este rosto de hoje,
Assim calmo, assim triste, assim magro,
Nem estes olhos tão vazios,
Nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
Tão paradas e frias e mortas;
Eu não tinha este coração
Que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
Tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida
a minha face?
Cecília Meireles, C. Obra poética. Volume 4. Biblioteca luso-brasileira: Série brasileira. Companhia J. Aguilar Editora. 1958. p 10.
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Considerando-se os poemas, é INCORRETO afirmar que:
a)
b)
c)
d)
o primeiro poema revela um eu lírico consciente de sua condição humana.
os dois poemas buscam representar a inexorabilidade do tempo, uma das
marcas da poética ceciliana.
os dois poemas expressam a vontade do eu lírico de recuperar a juventude
perdida, através da palavra poética.
o primeiro poema dialoga com o segundo poema através da paráfrase.
27) Leia o poema abaixo, de Cecília Meireles:
DISCURSO
E aqui estou, cantando.
Um poeta é sempre irmão do vento e da água:
deixa seu ritmo por onde passa.
Venho de longe e vou para longe:
mas procurei pelo chão os sinais do meu caminho
e não vi nada, porque as ervas cresceram e as serpentes andaram.
Também procurei no céu a indicação de uma trajetória,
mas houve sempre muitas nuvens.
E suicidaram-se os operários de Babel.
Pois aqui estou, cantando.
Se eu nem sei onde estou,
como posso esperar que algum ouvido me escute?
Ah! Se eu nem sei quem sou,
como posso esperar que venha alguém gostar de mim?
(MEIRELES, Cecília. Discurso. In: Poesia completa. 4. ed. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1993. p.111.)
De acordo com o poema, é correto afirmar que:
a)
b)
c)
d)
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a autora prende-se aos modelos clássicos formais da construção poética
através dos versos livres.
o eu lírico se apresenta passivo e inerte diante de uma busca incansável de
seu destino.
os versos “Um poeta é sempre irmão de vento e da água: / deixa seu ritmo
por onde passa.” expressam uma concepção racionalista de ser poeta.
o suicídio dos operários de Babel simboliza a interrupção da comunicação
entre os homens, fato este que reforça as incertezas do eu lírico frente ao
seu destino.
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28) O soneto abaixo é um dos mais conhecidos da obra de Vinicius de Moraes. Leiao atentamente e responda a questão.
Soneto de separação
De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez o drama.
De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
(Vinícius de Moraes - Antologia Poética)
A partir do “Soneto de Separação”, pode-se afirmar que a poesia de Vinicius de
Moraes revela
a)
b)
c)
d)
engajamento social.
distanciamento do cotidiano.
tendências formais classicizantes.
transcendência mítica e idealizada.
29) (UFAM) Reproduzem-se abaixo alguns trechos do romance Menino de
Engenho, de José Lins do Rego, os quais são relacionados, em seguida, a
personagens da obra a que correspondem. Assinale a opção em que a
correspondência NÃO ESTÁ CORRETA.
a)
b)
c)
d)
Ninguém lhe tocava num capão de mato, que era mesmo que arrancar um
pedaço de seu corpo. Podiam roubam as mandiocas que plantava pelas
chãs, mas não lhe bulissem nas matas. Ele mesmo, quando queria fazer
qualquer obra, mandava comprar madeira nos outros engenhos – José
Paulino.
Mas ele pouco se importava comigo. Eu mesmo gostava de ouvir o bateboca imundo. Pelo caminho, o moleque continuava nas suas lições, falando
de mulheres e de doenças do mundo – Zé Guedes.
Pequenina e toda engelhada, tão leve que uma ventania poderia carregála, andava léguas e léguas a pé, de engenho a engenho, como uma edição
viva das Mil e Uma Noites – Tia Maria.
Mas nós, quando o víamos passar com as suas cestas de ovos, fugíamos
da estrada com medo. Diziam também que ele comia fígado de menino e
que tomava banho com sangue de criança de peito – José Cutia.
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30) Texto para a questão.
Mãos dadas
Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,
a vida presente.
Carlos Drummond de Andrade
Todas as alternativas seguintes correspondem a uma leitura possível do poema
drummondiano, EXCETO:
a)
b)
c)
d)
O poema revela-nos um eu lírico que, ignorando o passado e o futuro, opta
por conhecer a realidade de seu próprio tempo.
O poeta renuncia ao isolamento voluntário e reafirma sua solidariedade aos
companheiros, dos quais não pretende mais se afastar.
O autor de “Mãos dadas” quer unir-se a seus semelhantes para libertar-se
do passado, do presente, e do futuro de um mundo caduco que o sufoca.
O poeta busca a convivência com os outros homens à sua volta, não
pretendendo, pois, entregar-se aos devaneios e à solidão.
31) (ITA) O romance Menino de Engenho, de José Lins do Rego, é uma das obras
mais importantes surgidas no Modernismo dos anos 30, que, como se sabe, foi
marcado por uma ficção de forte cunho social. Sobre esse livro, é INCORRETO
afirmar que:
a)
b)
c)
d)
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Ele mostra a dura vida do menino Carlos no pobre e árido interior
nordestino.
Ele registra a vida do menino Carlos, que passa a morar na fazenda do avô
após ficar órfão de mãe.
A vida de Carlos na fazenda do avô o coloca em contato direto com a
natureza e com a desigualdade social.
Ele descreve em detalhes a vida de um engenho na Paraíba, onde se
produzem derivados de cana-de-açúcar.
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32) Leia o trecho para responder a questão.
Mais do que a mais garrida a minha pátria tem
Uma quentura, um querer bem, um bem
Um “libertas quae sera tamen”*
Que um dia traduzi num exame escrito:
“Liberta que serás também”
E repito!
(Vinícius de Moraes, “Pátria minha”, Antologia poética.)
*A frase em latim traduz-se, comumente, por “liberdade ainda que tardia”.
Considere as seguintes afirmações:
I.
O diálogo com outros textos (intertextualidade) é procedimento central na
composição da estrofe.
II. O espírito de contradição manifesto nos versos indica que o amor da
pátria que eles expressam não é oficial nem conformista.
III. O apego do eu lírico à tradição da poesia clássica patenteia-se na escolha
de um verso latino como núcleo da estrofe.
Está CORRETO o que se afirma em
a)
b)
c)
d)
I, apenas.
II, apenas.
I e II, apenas.
II e III, apenas.
33) Leia a poesia de Carlos Drummond de Andrade.
Quadrilha
João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim
que amava Lili que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos,
Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre,
Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e
Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.
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Analise as afirmações em relação à poesia.
I.
Drummond foi um poeta que explorou a estética da repetição, como se
percebe em relação aos nomes dos personagens e à recorrência do
pronome “que” na poesia “Quadrilha”.
II. Segundo o poema, o amor não é correspondido e não tem nada a ver com
casamento, pois a única que não amava ninguém é a que se casa.
III. A métrica livre, os versos brancos e o tom humorístico, presentes em
“Quadrilha” são traços da Primeira Geração Modernista, da qual Drummond
fez parte.
Estão CORRETAS as informações presentes em:
a)
b)
c)
d)
I, II e III.
I e II apenas.
II apenas.
II e III apenas.
34) (Enem)
A velha Totonha de quando em vez batia no engenho. E era um
acontecimento para a meninada... Que talento ela possuía para contar as suas
histórias, com um jeito admirável de falar em nome de todos os personagens, sem
nenhum dente na boca, e com uma voz que dava todos os tons às palavras!
Havia sempre rei e rainha, nos seus contos, e forca e adivinhações. E muito da
vida, com as suas maldades e as suas grandezas, a gente encontrava naqueles
heróis e naqueles intrigantes, que eram sempre castigados com mortes horríveis! O
que fazia a velha Totonha mais curiosa era a cor local que ela punha nos seus
descritivos. Quando ela queria pintar um reino era como se estivesse falando dum
engenho fabuloso. Os rios e florestas por onde andavam os seus personagens se
pareciam muito com a Paraíba e a Mata do Rolo. O seu Barba-Azul era um senhor
de engenho de Pernambuco.
José Lins do Rego. Menino de Engenho. Rio de Janeiro:José Olympio, 1980, p. 49-51 (com adaptações).
Na construção da personagem “velha Totonha”, é possível identificar traços que
revelam marcas do processo de colonização e de civilização do país.
Considerando o texto acima, infere-se que a velha Totonha
a)
b)
c)
d)
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compõe, em suas histórias, narrativas épicas e realistas da história do país
colonizado, livres da influência de temas e modelos não representativos da
realidade nacional.
retrata, na constituição do espaço dos contos, a civilização urbana européia
em concomitância com a representação literária de engenhos, rios e
florestas do Brasil.
aproxima-se, ao incluir elementos fabulosos nos contos, do próprio
romancista, o qual pretende retratar a realidade brasileira de forma tão
grandiosa quanto a européia.
imprime marcas da realidade local a suas narrativas, que têm como modelo
e origem as fontes da literatura e da cultura européia universalizada.
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Leia o texto, para responder às questões de números 35 a 37.
O Santa Fé ficava encravado no engenho do meu avô. As terras do Santa
Rosa andavam léguas e léguas de norte a sul. O velho Paulino tinha este gosto:
o de perder a vista nos seus domínios.
Gostava de descansar os olhos em horizontes que fossem seus. Tudo o
que tinha era para comprar terras e mais terras. Herdara o Santa Rosa pequeno,
e fizera dele um reino, rompendo os seus limites para compra de propriedades
anexas. Acompanhava o Paraíba com as várzeas extensas e entrava de
caatinga a dentro. Ia encontrar as divisas de Pernambuco nos tabuleiros de
Pedra de Fogo. Tinha mais de três léguas, de estrema a estrema. [...].
Tinha para mais de quatro mil almas debaixo de sua proteção. Senhor
feudal ele foi, mas os seus párias não traziam a servidão como um ultraje. O
Santa Fé, porém, resistira a essa fome de latifúndio. [...] O Santa Rosa crescera
a seu lado, fora ganhar outras posses contornando as suas encostas. Ele não
aumentara um palmo nem um palmo diminuíra. Os seus marcos de pedra
estavam ali nos mesmos lugares de que falavam os papéis. Não se sentiam,
porém, rivais o Santa Fé e o Santa Rosa. Era como se fossem dois irmãos muito
amigos, que tivessem recebido de Deus uma proteção de mais ou uma proteção
de menos. Coitado do Santa Fé! Já o conheci de fogo morto. Uma desolação de
fim de vida, de ruína, que dá à paisagem rural uma melancolia de cemitério
abandonado. [...] Ao lado da prosperidade e da riqueza do meu avô, eu vira ruir,
até no prestígio de sua autoridade, aquele simpático velhinho que era o Coronel
Lula de Holanda, com o seu Santa Fé caindo aos pedaços. Todo barbado, como
aqueles velhos dos álbuns de retratos antigos, sempre que saía de casa era de
cabriolé e de casimira preta. A sua vida parecia um mistério. Não plantava um
pé de cana e não pedia um tostão emprestado a ninguém.
(José Lins do Rego, Menino de Engenho)
35) É CORRETO afirmar que esse fragmento é, predominantemente,
a)
b)
c)
d)
descritivo, privilegiando fatos que desencadearam ações das personagens.
descritivo, centrando-se nos aspectos psicológicos que marcam as ações
e reações das personagens.
descritivo, com foco na composição do cenário e na relação com ele
estabelecida pelas personagens.
narrativo, relatando as principais mudanças envolvendo as relações
conflituosas entre as personagens.
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36) Considere as seguintes afirmações sobre esse texto.
I.
De cunho memorialista, o texto tem como personagens, além do próprio
narrador, seu avô Paulino e o Coronel Lula de Holanda.
II. Apesar de o narrador assumir a locução do texto em 1ª pessoa, sua
perspectiva é objetiva, pois
ele não expressa suas emoções ou
sentimentos.
III. O texto apresenta o contraste entre a decadência do engenho Santa Fé e
a prosperidade do Santa Rosa.
IV. A caracterização do engenho Santa Fé e de seu proprietário, Coronel Lula
de Holanda, apresenta um paralelismo centrado na idéia de inatividade.
São CORRETAS apenas as afirmações
a)
b)
c)
d)
I e III.
II e III.
I, II e III.
I, III e IV.
37) À vista das características do fragmento, é CORRETO concluir que a obra
inscreve-se no
a)
b)
c)
d)
Realismo, compondo um retrato da decadência de valores escravocratas,
com fundamento na análise psicológica do homem.
Naturalismo, tratando o meio hostil da perspectiva determinista, como
responsável pela falência das instituições e valores humanos.
Regionalismo de 30, destacando em sua temática tensões
socioeconômicas do nordeste do país.
Pré-Modernismo, centrando sua temática na concentração do poder
conhecida como “política do café-com-leite”.
38) (IMED) Leia o fragmento de “A flor e a náusea”, escrito por Carlos Drummond
de Andrade.
A flor e a náusea
Uma flor nasceu na rua!
Passem de longe, bondes, ônibus,
rio de aço do tráfego.
Uma flor ainda desbotada
ilude a polícia, rompe o asfalto.
Façam completo silêncio, paralisem os negócios,
garanto que uma flor nasceu.
[...]
É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.
ANDRADE, Carlos Drummond de. A rosa do povo. 28 ed. Rio de Janeiro: Record, 2004.
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Dada as afirmações:
I.
O fragmento exemplifica a figura de linguagem denominada aliteração,
como em: “É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto [...].”
II. O nascimento da flor pode ser considerado uma metáfora para a
possibilidade de existência de vida em condições adversas: “Furou o
asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.”
III. O fragmento constitui-se de características realistas, o que justifica
Drummond ser considerado o maior representante do Realismo no Brasil.
Está CORRETO o que se afirma em:
a)
b)
c)
d)
I e II.
II e III.
I e III.
I, II e III.
39) Compare o poema narrativo de Jorge de Lima, “O grande desastre aéreo de
ontem”, com o quadro Guernica, de Pablo Picasso.
Texto I
Vejo sangue no ar, vejo o piloto que levava uma flor para a noiva, abraçado com
a hélice. E o violinista em que a morte acentuou a palidez, despenhar-se com
sua cabeleira negra e seus estradivários. Há mãos e pernas de dançarinas
arremessadas na explosão. Corpos irreconhecíveis identificados pelo Grande
Reconhecedor. Vejo sangue no ar, vejo chuva de sangue caindo nas nuvens
batizadas pelo sangue dos poetas mártires. Vejo a nadadora belíssima, no seu
último salto de banhista, mais rápida porque vem sem vida. Vejo três meninas
caindo rápidas, enfunadas, como se dançassem ainda. E vejo a louca abraçada
ao ramalhete de rosas que ela pensou ser o paraquedas, e a prima-dona com a
longa cauda de lantejoulas riscando o céu como um cometa. E o sino que ia
para uma capela do oeste, vir dobrando finados pelos pobres mortos. Presumo
que a moça adormecida na cabine ainda vem dormindo, tão tranquila e cega! Ó
amigos, o paralítico vem com extrema rapidez, vem como uma estrela cadente,
vem com as pernas do vento. Chove sangue sobre as nuvens de Deus. E há
poetas míopes que pensam que é o arrebol.
(LIMA, Jorge de. “Poesia”. Nossos Clássicos 26. Rio de Janeiro: Agir, 1963. p. 64-65.)
arrebol: vermelhidão do pôr-do-sol.
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Texto II
Assinale a alternativa CORRETA:
a)
b)
c)
d)
Tanto o poeta quanto o pintor acalentam esperanças ingênuas quanto à
superação das tragédias do cotidiano no mundo moderno.
Ambos os artistas revelam conformismo diante dos acontecimentos
trágicos, representados pelo desastre aéreo e pela guerra.
A quebra das figuras no quadro e a enumeração rápida das figuras no
poema evidenciam uma opção estética que se pauta pela harmonia
figurativa na pintura e pela linearidade discursiva no texto literário.
Cada uma das duas obras retrata, com linguagem distinta, o assombro dos
artistas diante de realidades trágicas do mundo moderno.
40) Leia com atenção o seguinte fragmento do “Poema Dialético”, de Murilo
Mendes, para responder a esta questão:
Todas as formas ainda se encontram em esboço,
Tudo vive em transformação:
Mas o universo marcha
Para a arquitetura perfeita.
Retiremos das árvores profanas
A vasta lira antiga:
Sua secreta música
Pertence ao ouvido e ao coração de todos.
Cada novo poeta que nasce
Acrescenta-lhe uma corda.
(MENDES, Murilo. “O menino experimental: antologia”.
Org. Affonso Romano de Sant'Anna. São Paulo: Summus, 1979. p. 103.
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Assinale a alternativa que NÃO CORRESPONDE a uma possível leitura do
poema:
a)
b)
c)
d)
O poeta, unindo tradição e modernidade, tem como matéria poética o
universo, em seu estado de constante transformação.
Para se atingir a “arquitetura perfeita”, o poeta só deve se inspirar nos
princípios da poética clássica, restringindo-se às influências da “vasta lira
antiga”.
O eu poético defende a universalidade da poesia, sempre aberta às
tendências do passado, do presente e do futuro.
O poeta manifesta-se atento à tendência transformadora das coisas e dos
seres, em direção à “arquitetura perfeita”.
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