música, pintura e dramatização como estratégia lúdica de educação
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música, pintura e dramatização como estratégia lúdica de educação
0 UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE SAÚDE DE NOVA FRIBURGO CURSO DE ODONTOLOGIA KAMILLA JÚLIA S. R. DE CAMPOS MATHEUS VIANA DUARTE MÚSICA, PINTURA E DRAMATIZAÇÃO COMO ESTRATÉGIA LÚDICA DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE BUCAL DE PACIENTES COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL NOVA FRIBURGO 2016 1 KAMILLA JÚLIA S. R. DE CAMPOS MATHEUS VIANA DUARTE MÚSICA, PINTURA E DRAMATIZAÇÃO COMO ESTRATÉGIA LÚDICA DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE BUCAL DE PACIENTES COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL Monografia apresentada ao Curso de Odontologia do Instituto de Saúde de Nova Friburgo da Universidade Federal Fluminense como Conclusão de Curso. Orientador: Profa. Dra. FLÁVIA MAIA SILVEIRA Coorientador: Pra. Dra. ANDRÉA VIDEIRA ASSAF Nova Friburgo 2016 Trabalho de 2 C198m Campos, Kamilla Júlia S. R. de Música, pintura e dramatização com estratégia lúdica de educação em saúde bucal de pacientes com deficiência intelectual. / Kamilla Júlia S. R. de Campos ; Matheus Viana Duarte ; Profᵃ. Drᵃ. Flávia Maia Silveira, orientadora ; Profᵃ. Drᵃ. Andréa Videira Assaf, coorientadora. -- Nova Friburgo, RJ: [s.n.], 2016. 103f.; il. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Odontologia) – Universidade Federal Fluminense, Instituto de Saúde de Nova Friburgo, 2016. 1. Saúde bucal. 2. Deficiência intelectual. 3. Música. I. Duarte, Matheus Viana. II. Silveira, Flávia Maia, Orientadora. III. Assaf, Andréa Videira, Coorientadora. IV. Título. CDD M617.602 3 KAMILLA JÚLIA S. R. DE CAMPOS MATHEUS VIANA DUARTE MÚSICA, PINTURA E DRAMATIZAÇÃO COMO ESTRATÉGIA LÚDICA DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE BUCAL DE PACIENTES COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL Monografia apresentada ao Curso de Odontologia do Instituto de Saúde de Nova Friburgo da Universidade Federal Fluminense como Conclusão de Curso. Aprovada em: 23 / 03 / 2016 BANCA EXAMINADORA Prof. Dra. Flávia Maia Silveira. Instituição: Universidade Federal Fluminense. Prof. Dra. Andréa Videira Assaf. Instituição: Universidade Federal Fluminense. Prof. Dra. Carolina de Fátima Soares Pinto. Instituição: Universidade Federal Fluminense. Nova Friburgo 2016 Trabalho de 4 DEDICATÓRIA Dedicamos esse trabalho primeiramente à Deus; à nossa orientadora Profa. Dra. FLÁVIA MAIA SILVEIRA, que nos ensinou a arte de amar e cuidar das pessoas, sempre se dedicando ao máximo e nos servindo de exemplo de pessoa e profissional; a nossos pais pelo amor incondicional; a todos os escolares de onde desenvolvemos o nosso projeto, assim como os funcionários que sempre nos acolheram com carinho e a todas as pessoas com algum grau de deficiência. 5 AGRADECIMENTOS Agradecemos primeiro a Deus por nos permitir percorrer longos caminhos até chegarmos aqui. A nossos pais pelos ensinamentos que nos foram transmitidos, pelo amor que nos foi oferecido e apoio que nos deram em momentos difíceis. A todos os nossos mestres pelos ensinamentos e amigos pelo companheirismo. 6 “ [...] É preciso Como se não Porque se você amar as houvesse parar pra Na verdade não há [...]” Renato Russo. pessoas amanhã pensar 7 RESUMO O lúdico é uma atividade que promove prazer e entretenimento para as pessoas envolvidas e pode contribuir para promoção de saúde, pelo potencial motivador e incorporador de conhecimento, cultura, sociabilidade e criatividade. O presente estudo quali-quantitativo de intervenção avaliou uma proposta de educação em saúde bucal para pessoas com deficiência intelectual, desenvolvendo e utilizando atividades lúdicas, de música pintura e dramatização como estratégia de ação. A amostra aleatória foi constituída de 48 escolares com deficiência intelectual de uma Instituição educacional de Nova Friburgo, que atende esse público-alvo. A amostra foi dividida entre o grupo controle (G1) e grupo experimental (G2). O G1 recebeu escovação supervisionada (ES) e palestras. O G2 recebeu ES e ações lúdicas de música, pintura e dramatização. Os dados foram obtidos por diário de campo, entrevista, IBV-Índice de Biofilme Visível (0 a 5) e IS-Índice de sangramento antes (A1), após a última intervenção educativa (A2) e em mais 6 reavaliações a cada 15 dias (A3 a A8). Foram utilizados os testes de Wilcoxon e Mann-Whitney para os dados quantitativos e análise de conteúdo, para os qualitativos. Observou-se para o G1: Mediana (Me) do IBV em A1 = 4 e em A8= 4. Para o G2: Me de IBV em A1= 4 e em A8=1, redução estatisticamente significativa (p<0,05). No G2 houve redução do IBV em 100% e de IS em 76,9%, dos indivíduos, enquanto no G1 foi de 30,7% e 46,2%, respectivamente. A análise qualitativa mostrou melhora no G2 para: uso do fio dental como aprendizado e motivação. Verificou-se que o grupo controle apresentou diferença estatística significativa no índice de biofilme visível na avaliação inicial e final, mas não sustentou os resultados ao longo do tempo, diferente do grupo experimental que também mostrou redução estatisticamente significativa no índice de biofilme visível entre a avaliação inicial e final, porém sustentou os resultados ao longo do tempo do estudo. Na avaliação do índice de sangramento gengival, comparando-se os dois grupos, inicialmente não apresentavam diferença estatística significativa, o que difere da avaliação final onde o grupo experimental apresentou diferença estatisticamente significativa em relação ao grupo controle. O material didático pedagógico lúdico de música, pintura e dramatização foi efetivo como ferramenta metodológica para a obtenção de resultados significativos positivos no controle do biofilme visível e sangramento gengival, promovendo também melhora na aquisição de conhecimento, produção de vínculo, motivação, autopercepção e autocuidado dos indivíduos com deficiência intelectual participantes do estudo. Assim, conclui-se que a proposta experimental demonstrou melhores resultados no controle de biofilme dental e saúde gengival e favoreceu o vínculo entre participantes e equipe executora, o aprendizado, a motivação e a produção e uso de estratégias lúdicas para educação em saúde. Palavras chave: autopercepção. deficiência intelectual, música, educação, saúde bucal, 8 ABSTRACT The playful is an activity that promotes pleasure and entertainment to the involved people and can contribute to the promotion of health, thru the motivator and incorporator potential of knowledge, culture, sociability and creativity. This study quali-quantitative of intervention evaluated a proposal of education of oral health to people with intellectual disability, developing and using playful activities, with music, painting and dramatization as an action strategy. The random sample was made of 48 students with intellectual disability of an educational institution in the city of Nova Friburgo, which attends this target people. The sample was divided between the control group (G1) and the experimental group (G2). The G1 received supervised brushing (SB) and lectures. The G2 received SB and playful actions with music, painting and dramatization. The data were obtained thru field diary, interview, VBIVisible Biofilm Index (0 to 5) and BI-Bleeding Index before (A1), after the last educational intervention (A2) and in 6 more revaluations every 15 days (A3 to A8). There were used the Wilcoxon and Mann-Whitney tests to the quantitative data, and content analysis, to the qualitative ones. It was observed to the G1: Median (Me) of VBI in A1 = 4 and in A8 = 4. To G2: Me of VBI in A1 = 4 and in A8 = 1, which was a significant statistically reduction (p<0,05). In G2 there was a reduction of 100% of the VBI and 76,9% of BI, from individuals, while in G1 it was of 30,7% and 46,2%, respectively. The qualitative analysis showed improvement in G2 to: use of floss as a learning; motivation; creation and use of 10 musical copyright compositions and 4 parodies, 4 of dramatizat09ion, and 4 of painting. It was found that the control group presented significant statistical difference in VBI at the initial and final evaluations, but does not maintained the results over time, differently from the experimental group, that also showed significant statistical reduction of the VBI between the initial and the final evaluation, however maintained the results throughout the study period. In the evaluation of the gingival bleeding index, comparing both groups, initially they did not show significant statistical difference, which differs from the final evaluation where the experimental group showed significant statistical difference between the control group. The playful courseware of music, panting and dramatization was effective as a methodological tool to obtain significant positive results controlling the visible biofilm and the gingival bleeding, also promoting the improvement on the acquisition of knowledge, bond production, motivation, self-perception and self-care of individuals with intellectual disability, who participate of the study. Therefore, it is concluded that the experimental proposal has demonstrated better results on the control of dental biofilm and gingival health and favored the bond between the participants and the executor team, the learning, the motivation and the production and the use of playful strategies to education in health. Key words: Intellectual Disability, music, education, oral health, self concept 9 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 - Média do índice CPO-d e seus componentes, segundo grupo de estudo.........................................................................................................................38 Gráfico 2 - Média e mediana de idade em anos, segundo o grupo de estudo...........39 10 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Média do Índice de Biofilme Visível, em função do tempo e do grupo de estudo.........................................................................................................................40 Tabela 2 - Média do Índice de sangramento, em função do tempo e do grupo de estudo.........................................................................................................................41 11 LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Análise qualitativa, segundo dimensões de análise e por grupo de estudo.........................................................................................................................42 Quadro 2 – Análise da produção e utilização de material didático-pedagógico.........43 Quadro 3 – Associação entre música autoral e tema abordado...........................43-44 Quadro 4 – Associação entre paródia, tema abordado, música original e seu intérprete....................................................................................................................44 12 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1. Confecção da gengiva do macro-modelo....................................................45 Figura 1.2. Confecção dos dentes do macro-modelo.................................................46 Figura 1.3. Aparência externa dos dentes do macro-modelo.....................................46 Figura1.4. Aparência interna do dente do macro-modelo..........................................47 Figura 2. Momento da encenação..............................................................................48 Figura 3. Participante removendo a vareta no momento da atividade.......................50 Figura 3.2. Participante mostrando o que aprendeu sobre uma escovação adequada....................................................................................................................50 Figura 3.3. Reforçando o tema com a música............................................................51 Figura 4. Participante demonstrando como se usa o fio dental.................................53 Figura 4.2. Momento de entusiasmo durante a música.............................................53 Figura 4.3. Personagens da atividade teatral.............................................................54 Figura 4.4. Momento final das atividades do dia........................................................55 Figura 5. Treinando os movimentos finos da escovação...........................................56 Figura 6. Desenho pontilhado para atividade de coordenação motora................56-57 Figura 7. Momento da encenação com os fantoches.................................................59 13 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................... ..........15 2 REVISÃO DA LITERATURA ..................................................................... ..........18 2.1 Deficiência intelectual...........................................................................................18 2.2 Educação em saúde bucal...................................................................................19 2.3 O uso das atividades lúdicas como estratégia de ação ......................................21 2.4 Controle do biofilme dental...................................................................................24 3 MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................... ..........26 3.1 Aspectos Éticos ...................................................................................................26 3.2 Tipo de estudo........ .............................................................................................26 3.3 Local de realização...............................................................................................27 3.4 Amostra ...............................................................................................................28 3.4.1 Critérios de Inclusão .........................................................................................28 3.4.2 Critérios de Exclusão ........................................................................................28 3.4.3 Procedimento de Randomização .....................................................................29 3.5 Coletas de dados ..................................................................................... ..........29 3.5.1 Dados sociais e de saúde .................................................................................29 3.5.2 Exames bucais ...................................................................................................30 3.5.2.1 Exame dentário................................................................................................30 3.5.2.2 Índice de biofilme visível .................................................................................31 3.5.2.3 Índice periodontal comunitário ........................................................................31 3.5.2.4 Uso e necessidade de prótese e traumatismo dentário ..................................32 3.5.3 Dados sobre a proposta de intervenção ............................................................32 3.6 Plano de intervenção .............................................................................................32 3.6.1 Descrição das atividades desenvolvidas para os grupos controle e experimental ......................................................................................................................................34 3.6.1.1 Atividades desenvolvidas para o grupo controle.............................................34 3.6.1.2 Atividades desenvolvidas para o grupo experimental .....................................34 3.7 Análise de dados ...................................................................................................35 4 RESULTADOS ............................................................................................ ..........37 14 4.1 Resultados clínicos ..............................................................................................37 4.2 Resultados das atividades educativas.................................................................41 4.2.1Descrição das atividades produzidas com material lúdico.................................44 5 DISCUSSÃO ............................................................................................... ..........61 6 CONCLUSÃO ............................................................................................. ..........65 REFERÊNCIAS .............................................................................................. ..........67 ANEXOS ........................................................................................................ ..........73 Anexo A – Folha de aprovação do Comitê de Ética………………………......………..74 Anexo B – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido………………..……………75 Anexo C – Ficha de identificação e caracterização socioeconômica.........................77 Anexo D – Ficha de Exame Clínico............................................................................78 Anexo E – Ficha de Exame Clínico............................................................................79 Anexo F - Diário de campo.........................................................................................80 Anexo G - Entrevista para os escolares.....................................................................82 Anexos H a U – Letras e cifras de músicas produzidas...................................83 a 103 15 1INTRODUÇÃO Cerca de 10% da população mundial vive com uma deficiência (ONU, 2013). Há fatores que têm contribuído para o aumento de pessoas com deficiência e sua marginalização como a fome, a pobreza, programas inadequados de assistência social, saúde, educação, formação profissional, emprego, a contaminação do meio ambiente, o crescimento e envelhecimento populacional, a violência urbana e outros fatores indiretos. No Brasil, a combinação de um ou mais de tais fatores, mostra que a proporção de pessoas com deficiência é mais alta nos estratos mais pobres da sociedade (COHEN, 2006). O presente estudo, dentro do amplo contexto de deficiência, teve como público-alvo os pacientes com deficiência intelectual que, de acordo com Teddé (2012) é uma deficiência onde ocorre déficits cognitivos concomitantes ao funcionamento adaptativo em pelo menos duas áreas da comunicação, que podem ser áreas do cuidado pessoal, vida doméstica, habilidades sociais ou interpessoais, independência, comunicação, uso de recursos comunitários, habilidades acadêmicas, lazer, trabalho, saúde ou segurança. Para o atendimento odontológico de pacientes com deficiência intelectual não se faz necessária grande diferença técnica, profissionais super especializados e materiais de alta tecnologia, mas sim uma abordagem integral, consolidação de vínculo e desenvolvimento do plano de tratamento adequado e, principalmente, acessível à realidade em que o paciente e a família se enquadram (ALVES, 2015). Pessoas com deficiência intelectual necessitam de maior cuidado para a aquisição de conhecimento, que pelo método tradicional, utilizando de palestras e orientações como estratégia de educação em saúde bucal, torna-se dificultada devido a diminuição do foco de atenção dos educandos nos temas abordados, pela necessidade latente de movimentação e interação, o que gera diminuição da aprendizagem (NASCIMENTO e NETO, 2006). 16 Teddé (2012) afirma que uma das deficiências mais comuns de serem encontradas em crianças e jovens é a deficiência intelectual, caracterizada pela diminuição no desenvolvimento cognitivo, ou seja, apresentando quociente de inteligência abaixo do esperado para a respectiva idade da criança, jovem ou adulto, o que pode vir a acarretar muitas das vezes no desenvolvimento mais lento na fala, no desenvolvimento neuropsicomotor e em demais habilidades. Esse quadro de deficiência atinge em torno de 1% da população jovem. Para que se possa potencializar e desenvolver uma melhor comunicação e expressão às pessoas com deficiência intelectual, o lúdico como ferramenta de ensino – educação pode ser utilizado, pois integra esse indivíduo em âmbito social e contribui para promoção de saúde, pelo potencial motivador e incorporador de conhecimento (DUARTE et al., 2015) . De acordo com Kishimoto (1994), o lúdico é um “instrumento” de desenvolvimento da linguagem, comunicação e da imaginação, como uma forma de expressão de qualidades espontâneas ou naturais da criança, um momento para analisar a criança, que expressa através dele sua natureza psicológica e suas inclinações. Malaquias e Ribeiro (2013) relatam que as atividades lúdicas contribuem como exercícios úteis para o ensino e aprendizagem, sendo os jogos e brincadeiras mecanismos de ensino indispensáveis para que haja maior foco e atenção durante o noviciado, proporcionando assim maior prazer e divertimento no ato de aprender, de forma que o conteúdo pedagógico possa ser inserido de modo mais tranquilo e prazeroso. Uma das vias de ensino pelo método lúdico de aprendizagem pode ser a música, que de acordo com Aguiar et al. (2010), utilizando de seus instrumentos, sonoridade, compasso, arranjos, balanço, melodia e harmonia contribui para a promoção da comunicabilidade, facilita os primeiros contatos de amizade e convivência, facilita a expressão, de forma a atender às necessidades física, mental, cognitiva e social, favorece o processo de adaptação ambiental, inclusão social, acomodamento, habituação e condicionamento comportamental. Aguiar et al. (2010) relataram ainda que a inclusão da música no processo de ensino e aprendizagem tem a proposta de gerar um maior estímulo das percepções rítmica e sonora, memorização, auxílio e incentivo para o desenvolvimento e 17 aperfeiçoamento da coordenação motora durante as atividades de vida diária, contribuindo para autopercepção, autocuidado e autoavaliação correlacionados a saúde bucal. Estudos que relacionam a arte aplicada na área da saúde, suas relações e inter-relações com o comportamento humano têm sido mais investigados. Os resultados alcançados apontam para a utilização dos segmentos artísticos como recursos auxiliares favoráveis na terapêutica do tratamento e na inclusão do paciente ao contexto de assistência (AGUIAR, 2010). Neste contexto, torna-se relevante desenvolver e analisar os efeitos de um estudo que promova a saúde bucal de pessoas com deficiência intelectual, através de atividades lúdicas como estratégia de educação em saúde bucal. A pesquisa desenvolvida teve como objetivo geral implantar uma proposta de educação em saúde bucal que utiliza como estratégia de ação, para pessoas com necessidades especiais, atividades lúdicas de música, pintura e dramatização. E como objetivos específicos: - planejar e realizar atividades lúdicas de educação em saúde bucal, comparando-as com atividades tradicionais; - descrever as atividades lúdicas produzidas; - estimular o autocuidado com autonomia e autopercepção; melhorar as condições de higiene bucal e saúde gengival. 18 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 Deficiência Intelectual De acordo com Tédde (2012), a palavra deficiência é oriunda do latim deficientia, termo usado para definir a ausência ou a disfunção de uma estrutura psíquica, fisiológica ou anatômica. A classificação internacional de deficiências, incapacidades e desvantagens (PORTUGAL, 1989) define deficiência como perda ou anormalidade de alguma estrutura ou função psicológica, anatômica ou fisiológica, de duração temporária ou permanente. Inclui-se nesse termo o fato de uma anomalia, defeito, ausência ou perda de um membro, órgão, tecido ou qualquer outra estrutura do corpo, incluindo as funções mentais. De acordo com a Unicef, as principais causas das deficiências no Brasil são decorrentes da nutrição inadequada de mães e crianças, doenças infecciosas, acidentes e ocorrências de acontecimentos anormais nas fases pré-natais e pósnatais (HONORA e FRIZANCO, 2008). Tédde (2012) relata que o primeiro impasse para falar sobre deficiência intelectual é a maneira com que se deve classificá-la. Relata também que a deficiência intelectual já fora apresentada com várias nomeações como retardo mental, excepcional, retardo deficiente, entre outros. O termo “deficiência mental “ foi substituído por deficiência intelectual no ano de 2004, por orientação da Organização das Nações Unidas (ONU), para que não houvesse equívoco com “doença mental”, esse que é um estado patológico de pessoas que possuem o intelecto igual da média, mas que, devido a algum problema acabam sem usá-lo, mesmo que temporariamente, em sua capacidade plena (BRASIL, 2007. 19 Pan (2008) afirma que, caso alguém fique sem saber como nomear o “outro”, a melhor maneira é chamá-lo pelo seu nome. Relata ainda sobre a evolução do conceito “deficiência intelectual” especialmente pela versão dos modelos da Association on Intellectual and Development al Disabilities (AAIDD) e Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF), que considera a pessoa com deficiência intelectual como alguém que apresenta uma forma particular e dinâmica de pensamento e com possibilidades sempre abertas para seu desenvolvimento. De acordo com a Associação Americana de Deficiência Intelectual (AAMR) e pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV), a deficiência intelectual manifesta-se antes dos 18 anos e é descrita como o funcionamento intelectual consideravelmente abaixo da média, junto com limitações na comunicação e autocuidado, funcionalidade acadêmica, trabalho, habilidades sociais, lazer e segurança (FIERRO, 2004). Segundo o Censo IBGE (2012), a deficiência intelectual acomete 2,6 milhões de pessoas no Brasil, o que corresponde a 1,4% da população, 1,5% para homens e 1,2% para mulheres, atingindo 1% da população jovem. Segundo Tédde (2012), para que se possa considerar o diagnóstico da deficiência intelectual é necessário haver falhas tanto na questão cognitiva da criança/ adulto quanto na questão adaptativa. Caso haja incapacidades em apenas em uma das questões não se considera como deficiência intelectual. 2.2 Educação em saúde bucal Souza et al. (2005) afirmam que houve ampliação do conceito de saúde para além da inexistência de doença e que existe uma variedade de estratégias de educação voltadas à saúde, que podem ser agrupadas em dois modelos: educação em saúde tradicional e problematizadora. A educação em saúde tradicional, também chamada de preventiva, segue a antiga proposta de saúde pública que objetiva a prevenção das enfermidades, com abordagem educativa na mudança de comportamento individual. Já o modelo de educação em saúde problematizadora tem como principal objetivo promover a saúde, que propõe intervir na causa do problema para solucioná-lo, não usando assim o modelo curativista. Para que se 20 possa atingir tal objetivo, deve-se promover a reflexão e a conscientização crítica, estimulando e buscando a identificação coletiva das origens, podendo desenvolver planos de ação para a transformação da realidade, estimulando a consciência crítica e o exercício da sua autonomia frente as decisões de saúde. Seguindo este raciocínio, para que se possa aderir ao modelo de educação em saúde problematizadora, faz-se necessário ter um estado de poder, ou seja, de obter as ferramentas necessárias para que se possa mover a própria vida na direção que deseja que ela se mova, definindo assim o empoderamento. Neste sentido, ele está associado diretamente ao conceito de autonomia (TEIXEIRA, 2002). Para Bertoldi (2012) autonomia significa autogoverno, autodeterminação para que a pessoa possa tomar decisões que afetem diretamente sua vida, saúde, integridade físico-psíquica e relações pessoais, ou seja, refere-se à capacidade do ser humano de poder decidir o que é “bom”, aquilo que é seu “bem-estar”. Educação empoderada ou educação de empoderamento (empowermenteducation) é uma efetiva educação saudável e um modelo preventivo que se focaliza na ação grupal e no diálogo direto dos alvos comunitários, almejando aumentar a credibilidade das pessoas em sua capacidade em mudar suas próprias vidas (WALLERSTEIN e BERNSTEIN, 1998). Neste sentido, empoderamento se insere no campo da Promoção da Saúde como uma estratégia de ganho de saúde, na medida em que se reconhece que a sua ausência se constitui como um fator de risco para o adoecimento (TEIXEIRA, 2002). A educação destina-se a formar a consciência e a autonomia. Requer a escuta ativa e o diálogo aberto e igual, já que o objetivo final da educação não é apenas uma compreensão da informação, mas incentivar as pessoas a definir os seus próprios problemas, encontrar as soluções para si e lidar com eles de forma eficaz (TADDEO, 2012). Como estratégia para melhora na qualidade de vida, a atenção em saúde deve intervir nos fatores estruturais dos processos de saúde-doença bucal, caracterizando uma prática voltada para a resolução integral dos problemas de saúde bucal. Essa ação implica em atuar concomitantemente em todos os determinantes do processo saúde-doença. Recomenda-se, ainda, que as ações de saúde bucal sejam partes de programas integrais de saúde, percebendo as inter- 21 relações da saúde bucal com a saúde geral e entendendo o indivíduo integrado à família, ao domicílio e a comunidade (BARROS, 2007). Segundo Reis et al. (2010), a promoção de saúde ultrapassa a dimensão técnica da prática odontológica, sendo a saúde bucal parte integrante às demais práticas de saúde coletiva. Como alternativa de inclusão frente à sociedade perante a educação, os educadores podem lançar mão de estratégias de ação, utilizando o lúdico como metodologia de ensino, pois viabiliza a construção do conhecimento de forma atrativa e prazerosa, garantindo a motivação, visto que cada vez mais enfrenta-se a dificuldade de manter o foco de atenção dos educandos (OLIVEIRA e STOLTZ, 2010). 2.3 O uso das atividades lúdicas como estratégia de ação "as atividades lúdicas funcionam como exercícios necessários e úteis a vida. E as brincadeiras e jogos são elementos indispensáveis para que haja uma aprendizagem com divertimento, que proporcione o prazer no ato de aprender. E que facilite as práticas pedagógicas em sala de aula (SALOMÃO e MARTINI, 2007, p. 16)." Campos (2005) afirma que a atividade lúdica nas suas mais variadas formas contribui no processo ensino-aprendizagem e também no desenvolvimento psicomotor. Além disso, desenvolve habilidades do pensamento, obtenção e organização de dados. Segundo Brancher e Chenet (2005) é possível trabalhar com educação em saúde bucal para pessoas com deficiência intelectual através do lúdico. Essa metodologia é capaz de proporcionar o conhecimento sobre a importância de uma saúde bucal adequada e boa higienização, de maneira prazerosa e eficaz. O dinamismo das atividades proporciona também desenvolvimento da coordenação motora, o que ajuda na autonomia no processo de higienização mecânica. O lúdico é uma atividade inerente ao ser humano e através da qual pode-se construir uma aprendizagem significativa, onde o educando desenvolve o interesse pelas atividades propostas. A coletividade na execução dessas, proporciona 22 crescimento intelectual e desenvolvimento físico o que leva a construção da autonomia do ser humano (BRANCHER e CHENET, 2005) A ludicidade possibilita trabalhar com novas maneiras de ministrar o conteúdo programático em saúde bucal, fugindo do método tradicional ao qual são implantadas aulas e palestras que tornam-se massantes aos educandos. A atenção mantida pelos alunos em sala de aula se associa a seus interesses, as atividades dinâmicas e motivadoras como a música, pintura e dramatização facilitam a interação entre todos os participantes, fazem com que o divertimento tenha papel fundamental no processo educativo e no desenvolvimento afetivo e cognitivo dos que deles participam (BRANCHER e CHENET,2005 ). Antunes et al. (2007) consideraram em sua pesquisa que a arte, envolvendo a pintura pode ser utilizada como atividades escolares com a função de desenvolver e aprimorar a capacidade de expressão, generalização e desenvolvimento na área motora da pessoa com deficiência intelectual, sendo estas suas grandes dificuldades. As pessoas com deficiência intelectual, como qualquer outra pessoa, têm necessidade de expressar seus sentimentos de modo individual, singular e incomum (BEDIN e BINOTTO, 2012). Segundo Bedin e Binotto (2012), as atividades artísticas quando bem elaboradas e encaminhadas, melhoram a autoestima, desenvolvimento afetivo e facilitam a capacidade de se relacionar, melhorar e de se adequar frente à sociedade. Lev Vygotsky foi um pensador de extrema importância em sua área, pioneiro na noção de que o desenvolvimento intelectual das crianças ocorre em função das interações sociais com o desenvolvimento, e condições um processo de cultural vida. Esse e teórico tem argumenta que para todo o funcionamento humano têm origem e se transforma nas relações sociais. Devido a esse pensamento, recusa a ideia de determinar limites para com alguma deficiência. Quando uma pessoa pinta, desenha ou cria uma escultura, ela organiza espaços, define formas e escreve sua história, articulando o sentir e o pensar por meio da construção visual. (Idem, 2012). Oliveira e Stoltz (2010) relatam o estímulo das percepções sensoriais e regiões do cérebro que são envolvidas durante as atividades artísticas, explicando 23 que a música necessita de atenção, esforço e exercício intenso, seja para tocar algum instrumento ou para cantar. O teatro, utiliza a organização espacial, memorização, atenção, linguagem verbal e corporal. Cria-se uma espécie de diálogo entre ator e plateia. Há um aprendizado de uma linguagem própria que expressa o sentimento de quem assiste, seja por meio dos aplausos, bocejo, sorrisos e gargalhadas. Faz-se necessário que tanto o ator quanto a plateia aprendam a organizar as informações transmitidas no espetáculo para que possam se comunicar e dar sentido a peça. O teatro é extremamente motivador para afetar aspectos emocionais, motor, a crianças cognitivo e e social. adolescentes É por preciso atenção, memorização, percepção e compreensão textual, sendo necessária uma grande capacidade de jogo com as palavras para que possam ser articuladas e improvisadas, trabalhando a expressividade e a imaginação, além de implicar respeito às regras, respeito ao outro, trocas de pontos de vista e decisões conjuntas, divisão de tarefas (OLIVEIRA E STOLTZ, 2010). Assim como o teatro é motivador por afetar aspectos emocionais, o desenho pode ser utilizado para a representação da realidade. Desenhar, pintar ou construir constitui um processo complexo em que a criança reúne diversos elementos de sua experiência, para formar um novo e significativo todo (LOWENFELD e MAILLET, 1977). De acordo com Lowenfeld E Maillet, (1997), além da arte ser capaz de desenvolver a auto-percepção, é considerada um meio importante para o desenvolvimento social, intelectual, emocional, estético e perceptual. A música é um outro segmento da arte que na vida do ser humano é tão importante como real e concreta, por ser um elemento que auxilia no bem estar das pessoas. No contexto escolar a música tem a finalidade de ampliar e facilitar a aprendizagem do educando, pois ensina o indivíduo a ouvir e a escutar de maneira ativa e refletida (ONGARO, SILVA e RICCI, 2006). O primeiro passo para que a criança aprenda a escutar bem consiste em permitir que ela faça experiências sonoras com as qualidades do som como o timbre, a altura e a intensidade, depois disso, estará em posição de escuta (DUCORNEAU, 1984). A expressão musical desempenha importante papel na vida recreativa de toda criança, ao mesmo tempo em que desenvolve sua criatividade, 24 promove a autodisciplina e desperta a consciência rítmica e estética. A música também cria um terreno favorável para a imaginação quando desperta as faculdades criadoras de cada um. A educação pela música proporciona uma educação profunda e total (ONGARO, SILVA e RICCI, 2006). A arte estimula e desenvolve mecanismos para o indivíduo comunicar-se e expressar-se no meio em que vive. Dessa forma, presume-se a importância da arte no ensino-aprendizagem de pessoas com deficiência intelectual e como essa pode contribuir para a aquisição de conhecimento relacionado à educação em saúde bucal. 2.4 Controle do biofilme dental O biofilme dental desempenha uma importante função no desenvolvimento e progressão tanto da doença cárie dentária quanto da doença periodontal. Desta forma, a efetiva remoção mecânica do biofilme é indispensável no controle e manutenção da saúde bucal ( LEITES, PINTO e SOUSA , 2006). Em pacientes com atraso no desenvolvimento neuropsicomotor, a cárie dentária pode causar sérios inconvenientes, assim como para seus familiares. Em muitos destes pacientes, pela dificuldade em expressar o que sentem, a presença de sintomatologia dolorosa em decorrência da lesão cariosa pode demorar a ser notada. Também, dependendo do grau de dependência física e emocional que o paciente com deficiência intelectual tem de seus pais ou responsáveis, pode haver um fator dificultador para a ida a sessões de tratamentos de saúde necessários (SGAVIOLI, 2006). A maior incidência e prevalência de lesões cariosas em pessoas com deficiência intelectual não pode ser atribuída a anomalias específicas, e sim à associação de vários fatores como dieta inadequada com elevado consumo de carboidratos e alimentos pastosos, higiene bucal deficiente e tonicidade anormal da língua e estruturas adjacentes (PETERSEN, 2003). A promoção de saúde tem como modelo de abordagem o diagnóstico integral das enfermidades, onde se realiza um levantamento dos riscos e das atividades das doenças e em seguida dos sinais clínicos. Baseando-se nessas questões prepara-se um protocolo de procedimentos para limitar as enfermidades, 25 atuando sobre os fatores etiológicos, levando-se em conta o contexto em que esses se encontram inseridos (MOLINA, CABRAL e FRENCKEN, 2009). 26 3 MATERIAL E MÉTODOS 3.1 Aspectos éticos O estudo foi aprovado em comitê de ética, CEP CMM/HUAP nº 061/09, CAAE nº 0045.0.258.000-09. (anexo A). Os procedimentos foram iniciados após serem esclarecidos e autorizados pelos participantes e seus responsáveis legais, através da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE (anexo B). Os benefícios do estudo foram a melhora na condição bucal dos indivíduos, educação em saúde e tratamento odontológico para as necessidades individuais de cada caso. Esse tratamento odontológico foi realizado nos participantes com deficiência intelectual, com necessidades odontológicas acumuladas observadas durante o diagnóstico clínico inicial. Os procedimentos foram realizados respeitando-se o plano de tratamento sugerido no diagnóstico e executados pelos pesquisadores da equipe e graduandos de Odontologia aptos a executarem os procedimentos planejados para cada caso, sob supervisão dos professores. O atendimento era realizado na própria instituição, no equipamento odontológico móvel, salvo quando era preciso realizar algum procedimento mais complexo. Nesta situação, o participante era encaminhado para a clínica da faculdade de odontologia da UFF na disciplina de Trabalho de Campo Supervisionado IV (TCS VI), que é uma disciplina obrigatória do oitavo período de graduação, na qual é realizado o atendimento a pessoas com deficiência. 3.2 Tipo de estudo Este é um estudo longitudinal e, segundo Tobar e Yalour (2001), uma pesquisa de intervenção. 27 A pesquisa de intervenção tem como principal objetivo interferir na realidade estudada para modificá-la, não se satisfazendo somente em dar explicações. Há o compromisso de propor soluções e executá-las efetivamente e participativamente (TOBAR & YALOUR, 2001). Desta forma, aplica-se aos propósitos desta pesquisa, que surgem a partir da necessidade de promover a saúde bucal dos participantes. Diante da abrangência das proposições do estudo, optou-se pela abordagem quanti-qualitativa, na qual além de dados quantitativos também foi utilizada a metodologia qualitativa, entendida, segundo Minayo (1994), como sendo “capaz de incorporar o significado e a intencionalidade como inerentes aos atos, às relações e às estruturas sociais”. A pesquisa qualitativa se preocupa com um universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, abordando um espaço mais profundo das relações dos processos e dos fenômenos que não podem ser perceptíveis e captáveis em equações, médias e estatísticas. Entretanto, o conjunto de dados qualitativos e quantitativos não se opõe, ao contrário, se complementa (BARDIN, 1979; MINAYO, 1994). 3.3 Local de realização Este estudo foi realizado na Associação Friburguense de Amigos e Pais Educandos, AFAPE, na cidade de Nova Friburgo no estado do Rio de Janeiro, Brasil, no período entre março a dezembro de 2014. A cidade de Nova Friburgo está localizada na Região Serrana do Rio de Janeiro, com área total de 933,4 km² correspondente a 13,46 % da área serrana. O município possui uma população de 182.016 (IBGE, 2013). A população geral da faixa etária aproximada deste estudo (10-29 anos) é de 55.991 habitantes, correspondendo a 30,16% da população total. No Município existem instituições não governamentais, sem fins lucrativos, de atendimento psicossocial à pessoas com deficiências e seus familiares, nas áreas de saúde, educação e ajustamento social, como a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Nova Friburgo – a APAE, Associação Friburguense dos Amigos e País do Educando - a AFAPE, Escola Estadual Municipalizada de Educação Especial Neusa Goulart Brizola - NEUSA BRIZOLA e a Associação Pestalozzi. 28 A Instituição AFAPE foi selecionada, porque era a única instituição que ainda não recebia atenção à saúde bucal pela Faculdade de Odontologia da UFF, portanto seus escolares ainda não haviam sido examinados, tratados ou participado de ações de educação em saúde bucal. 3.4 Amostra A população total com DI no Município é 2442 indivíduos (IBGE, 2012). Entretanto, não há dados sobre o número de indivíduos na faixa etária do estudo. A amostra não probabilística consistiu de 48 indivíduos entre 16 e 48 anos de ambos os sexos. Devido às variabilidades nas classificações disponíveis de faixas etárias (adolescente, jovem, adulto-jovem, adulto), e principalmente à diversidade dos parâmetros biológicos e psicossociais que ocorrem, principalmente em pessoas com deficiência intelectual, a faixa etária escolhida para este estudo foi de 16 a 48 anos de idade, por conveniência, já que era a idade dos escolares atendidos em turmas regulares na Instituição. A amostra de 48 escolares foi dividida em Gupo I (grupo controle) e Grupo II (grupo experimental). Para a formação de grupos, esses indivíduos foram sorteados de forma aleatória por um procedimento de randomização. 3.4.1 Critérios de inclusão Os critérios de inclusão foram: - Indivíduos com laudo ou parecer médico comprobatório de DI; - Idade entre 16 e 48 anos; - Ambos os sexos. 3.4.2 Critérios de exclusão Como critérios de exclusão, considerou-se: - Não ser aluno da AFAPE, a não assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) pelos responsáveis, autorizando a sua participação na pesquisa; - Recusa do próprio escolar a participar do estudo; - Indivíduos incapacitados de comparecer ao local da realização da pesquisa no período de sua realização. 29 3.4.3 Procedimento de randomização A randomização foi realizada por meio da geração de uma sequência numérica distribuída em “controle” e “intervenção” no programa Microsoft Office Excel, que foi mantida em sigilo até o momento em que a ficha de identificação do participante, previamente numerada, for preenchida. Então, uma vez determinado o número de identificação daquele paciente, a sequência numérica produzida pelo programa Microsoft Office Excel foi consultada e determinou se aquele indivíduo seria do grupo “controle” ou “intervenção”. 3.5 Coleta de dados Os responsáveis dos escolares, tanto do grupo controle quanto do intervenção, inicialmente foram orientados sobre a pesquisa e cuidados para a saúde bucal, assinaram o TCLE e depois foi realizada a coleta de dados baseline, onde continham dados sociais (anexo, de saúde, exames bucais e entrevistas. Neste momento foram realizados os primeiros exames bucais (E1) e de acordo com as necessidades diagnosticadas de cada um foi oferecida a atenção em saúde bucal, que consistia em ações de prevenção/proteção, recuperação e reabilitação desses indivíduos. Após o término da realização da proposta de intervenção foram realizados exames bucais finais (E2) e entrevista. O acompanhamento longitudinal da higiene bucal e saúde gengival foi realizado após 15, 30, 45, 60, 75, 90 dias para reavaliações clínicas para identificação do tempo de sustentação do aprendizado teórico-prático obtido através das duas estratégias pedagógicas distintas entre os grupos. Durante todo o desenvolvimento do estudo foram coletados dados sobre a proposta de intervenção relacionados ao planejamento e desenvolvimento das atividades de educação em saúde realizadas. 3.5.1 Dados sociais e de saúde 30 As entrevistas com os responsáveis foram realizadas no início do estudo e conduzidas por um entrevistador treinado, em um ambiente reservado, sendo aplicado o questionários para avaliação socioeconômica, psicossocial e acesso a serviços odontológicos, baseado no instrumento proposto pela Pesquisa Nacional de Saúde Bucal (SB Brasil) (BRASIL, 2010), do qual foram utilizadas a primeira e a segunda parte do questionário (Identificação e Caracterização socioeconômica) que correspondem a questões relacionadas ao responsável pelo paciente e ao seu núcleo familiar (anexo C). 3.5.2 Exames bucais A avaliação clínica foi realizada observando-se os seguintes agravos em saúde bucal: biofilme dentário, cárie dentária, condição periodontal, uso e necessidade de prótese dentária e traumatismo dentário. Os exames foram realizados na AFAPE em equipamento odontológico móvel, que foi instalado na Instituição durante o desenvolvimento do estudo, sob luz artificial e executados por um examinador previamente calibrado e auxiliados por alunos da graduação, devidamente treinados. Os valores obtidos foram registrados por um anotador em fichas de exame (Anexos D e E). Para o exame bucal foram utilizados espelhos planos e sondas periodontais preconizadas pela Organização Mundial de Saúde - OMS (OMS, 1999), a qual apresenta um extremo arredondado de 0,5 milímetros (WHO, 1997). Os exames foram realizados conforme metodologia preconizada pela OMS (1999). 3.5.2.1 Exame dentário As superfícies dos dentes presentes foram examinadas após uma profilaxia com pasta profilática e escova e taça de borracha adaptadas em baixa rotação. Foram utilizados espelho plano e sonda milimetrada. O exame foi realizado após secagem e iluminação da superfície dentária. Os critérios e os códigos para cárie dentária (anexo D) foram aqueles com base nas recomendações da OMS, incluindo-se uma adaptação, com o registro de 31 lesões iniciais, ativas e com superfície intacta (uma adaptação dos critérios de acordo com Nyvad et al. (1999), Fyffe et al. (2000). 3.5.2.2 Índice de biofilme visível A qualidade e quantidade inicial do biofilme visível nas superfícies dos dentes foram avaliadas, pelo mesmo profissional, antes de sua remoção através da profilaxia dentária, de acordo com o índice (anexo D) proposto por RIBEIRO (2000). A representação clínica dos diferentes escores deste índice é a seguinte: 0: Ausência de biofilme visível; 1: Biofilme fino somente em dentes anteriores ou posteriores; 2: Biofilme fino, difuso e facilmente removido, distribuído em dentes anteriores e posteriores; 3: Biofilme espesso e firmemente aderido somente em dentes anteriores ou posteriores; 4: Biofilme espesso e firmemente aderido em dentes anteriores e fino em posteriores ou biofilme espesso e firmemente aderido em dentes posteriores e fino em anteriores; 5: Biofilme espesso e firmemente aderido em dentes posteriores e anteriores. Essa avaliação foi realizada por meio da secagem da superfície dental. O biofilme foi considerado espesso se mesmo sem secar a superfície, ele puder ser clinicamente visível. O biofilme foi classificado como fino, quando somente após a secagem ele pode ser visualizado. Para avaliar a resistência à remoção do biofilme, um único movimento esfregatório lateral com a gaze foi empregado, observando-se a facilidade ou não de sua remoção. 3.5.2.3 Índice periodontal comunitário O exame foi realizado com uma sonda periodontal estéril com extremidade esférica de 5mm, preconizada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e foi utilizado o Índice Periodontal Comunitário (IPC), no qual a condição de saúde 32 periodontal é estabelecida em função do sangramento gengival, da presença de cálculos e bolsas (anexo E). A dentição é dividida em seis sextantes e os dentes Índices a serem examinados são: 17,16/11/26-27/36-37/31/46-47. Embora nos sextantes posteriores haja dois dentes-índices, só uma nota foi atribuída, sendo codificada a situação mais grave. Quando inexistirem dentes para exame, só um elemento estiver presente ou na presença de qualquer número de dentes indicados para extração, o sextante foi anotado com um “X” (PINTO, 2000). 3.5.2.4 Uso e necessidade de prótese e traumatismo dentário A inclusão da avaliação do uso e da necessidade de prótese e do traumatismo dentário nos indivíduos foi realizada para subsidiar o planejamento do tratamento odontológico, a partir da análise das necessidades individuais. Utilizou-se a metodologia proposta pelo SB Brasil 2010 (BRASIL, 2010) para a realização dos exames (anexo E). 3.5.3 Dados sobre a proposta de intervenção Durante todo o período de desenvolvimento do estudo foram coletados dados sobre a proposta de intervenção, através da utilização do diário de campo (anexo E) que periodicamente era atualizado com informações sobre as atividades realizadas na proposta, sobre acontecimentos cotidianos de alguma relevância e sobre os principais dados sociais e clínicos, processados no banco de dados do estudo. Ao final da proposta de intervenção, após a 8 a semana de atividades educativas, foi realizada uma entrevista (anexo F) com os participantes para que fosse analisada a percepção sobre a proposta, bem como a aquisição de conteúdo sobre as temáticas abordadas. 3.6 Plano de intervenção O plano de intervenção para ambos os grupos constou de ações educativas semanais com duração total de oito semanas, sendo realizadas atividades de 33 escovação supervisionada em todas elas e a cada duas semanas, atividades de educação em saúde com conteúdos temáticos específicos, nas quais eram abordados temas sobre saúde geral e bucal, discutindo-se como estas se relacionam. Assim, as propostas para discussão das temáticas foram realizadas em quatro semanas, desenvolvidas quinzenalmente. Na abordagem dos temas era fundamental estimular o entendimento de que a boca é parte integrante do corpo e que as doenças bucais têm uma direta influência na qualidade de vida. Houve a discussão sobre as doenças bucais mais comuns, suas causas, consequências e como preveni-las com uma alimentação saudável, higienização adequada, controle do biofilme e fatores de risco comuns entre boca, mente, corpo e qualidade de vida. Os indivíduos foram estimulados a desenvolver hábitos saudáveis, através do autocuidado, autonomia e autopercepção. A seleção de temas realizados foi uma adaptação de temas sugeridos por Barros (2007) e Zanin (2007) para educação em saúde bucal, sendo os seguintes: 1ª Temática – Saúde geral e saúde bucal: a relação entre saúde, saúde bucal, qualidade de vida e cidadania; boca como parte integrante do corpo, abordando a importância da saúde bucal; componentes e funções gerais da boca e sua importância. 2ª Temática - As doenças bucais mais comuns, suas causas e consequências. 3ª Temática - Como prevenir doenças bucais e gerais: alimentação saudável, higiene adequada, controle de biofilme e fatores de risco comuns entre boca, mente, corpo e qualidade de vida; estímulo à hábitos saudáveis através do autocuidado, autonomia e autopercepção. 4ª Temática – Abordagem resumida sobre os principais tópicos dos temas anteriores e ênfase no reforço sobre medidas preventivas. Dessa forma, as temáticas abordadas eram as mesmas para ambos os grupos. Entretanto, a estratégia educativa foi diferente entre os grupos, sendo realizadas atividades educativas tradicionais para o grupo controle e estratégias lúdicas para o grupo experimental, para o qual todos os temas foram abordados através da música, dramatização e pintura. 34 As atividades educativas quinzenais utilizadas para a abordagem das temáticas propostas para ambos os grupos tinham duração de 60 minutos. Ao encerramento dessas atividades era realizada a escovação supervisionada. Nas semanas que não havia a abordagem temática, era realizada somente a escovação supervisionada. Esta estratégia foi planejada para que quinzenalmente os participantes pudessem ter mais atenção, motivação e tempo para a execução desse importante procedimento. 3.6.1 Descrição das atividades desenvolvidas para os grupos controle e experimental 3.6.1.1 Atividades desenvolvidas para o grupo controle Os integrantes deste grupo participaram de atividades educativas tradicionais e no momento da escovação supervisionada eram organizados em duas filas para serem direcionados aos banheiros masculino e feminino, nos quais tinham acesso à pia e espelho para receber instruções individuais sobre a escovação, a importância e a forma de uso do fio dental e os problemas gerados pelas principais doenças bucais oriundas da má higienização ou ausência dela. Durante esse momento eram observadas as principais dificuldades ou limitações para a realização desse processo de higienização e todas eram registradas no diário de campo para auxílio de reforço da instrução e para gerar dados para uma análise qualitativa. 3.6.1.2 Atividades desenvolvidas para o grupo experimental Todas as atividades educativas foram desenvolvidas abordando temas relacionados a conceitos de promoção de saúde bucal e geral. Foram elaboradas para que brincadeiras e dinâmicas, através do teatro, música e pintura pudessem difundir conhecimento de forma eficaz e prazerosa. O desenvolvimento das estratégias didático-pedagógicas problematizadoras considerou características e demandas dos escolares, estimulando também o envolvimento dos professores da Instituição. As atividades planejadas e executadas precisavam abordar todos os temas propostos, através da música (paródias e composições originais), pintura em papel e 35 corporal e dramatização nas atividades desenvolvidas. Assim, objetivou-se proporcionar: trocas de conhecimento e experiências; disseminação de informações; estímulo ao autocuidado e esclarecimento de dúvidas sobre os conteúdos propostos; dinâmicas de relaxamento; memorização; exteriorização das emoções; desenvolvimento da coordenação motora e capacidade cognitiva; interatividade e entretenimento. As atividades eram elaboradas para que não apenas eles atuassem, mas para que os indivíduos participantes interagissem e fizessem com que o desfecho de todas as apresentações dependessem deles. Dessa maneira havia uma participação de todos, tornando o momento mais dinâmico, também sendo útil como instrumento de avaliação do conteúdo absorvido. As atividades de escovação supervisionada foram realizadas da mesma forma como descrito para o grupo controle. 3.7 Análise de dados Os dados obtidos através do preenchimento dos questionários e da realização dos exames foram tabulados e foi realizada uma análise exploratória dos resultados utilizando-se a planilha eletrônica Excel (Microsoft). Os dados foram compilados e foi realizada a análise descritiva e analítica dos dados coletados. A avaliação entre os grupos de estudo, antes e após a intervenção foi realizada pelo teste de Mann Whitney e pelo teste de Wilcoxon, com uma diferença entre si de menos de 5% (p<0,05), em função dos grupos e diferentes tempos em relação ao tempo inicial. Na análise qualitativa utilizou-se a Análise de Conteúdo (MINAYO, 1994; BARDIN,1979). O tratamento e análise das entrevistas e diário de campo foram obtidos através da análise temática, procurando, a partir dos valores e dos modelos de comportamento presentes no discurso, analisar e discutir os efeitos da proposta. Esta fase da pesquisa foi desdobrada em pré-análise, exploração do material e tratamento dos resultados obtidos e interpretação (BARDIN,1979). Na pré-análise foram escolhidos os materiais a serem analisados e elaborados os indicadores que orientaram a interpretação final. A exploração do material foi uma fase de codificação e transformação dos dados, objetivando 36 alcançar o núcleo de sua compreensão. A partir desta etapa foram identificadas as dimensões a serem utilizadas para a análise qualitativa do estudo. Dessa forma, foram utilizadas as seguintes dimensões de análise: 1) Motivação dos participantes; 2) Satisfação dos participantes; 3) Aprendizado dos participantes; 4) Planejamento, produção e utilização de material didático-pedagógico lúdico; 5) Produção de vínculo entre participantes e pesquisadores. 37 4 RESULTADOS Para facilitar a compreensão das análises, os resultados serão apresentados em sequência da seguinte forma: resultados clínicos e resultados sobre as atividades educativas (dimensões de análise, quantidade e descrição de produção de material lúdico). 4.1 Resultados Clínicos Avaliando a média do Índice CPO-D (Dentes Cariados, Perdidos e Obturados), obteve-se para o Grupo Controle uma média de 1,11 para dentes cariados, 0,78 para perdidos e 3,89 para obturados, com média geral CPO-D de 5,78 (gráfico 1). Para o Grupo Experimental, obteve-se a media de 5 para dentes cariados, 3,08 para perdidos e 5,33 para obturados, obtendo a média CPO-D de 13,67. 38 Média do índice CPO-D e seus componentes, segundo grupo de estudo 13,67 14 Grupo Controle 12 Grupo Experimental 10 8 6 5,78 5 3,08 4 2 1,11 3,89 0,78 0 C P O CPO-D Gráfico 1 – Média do índice CPO-d e seus componentes, segundo grupo de estudo. O gráfico 2 refere-se à média e mediana de idade em anos, segundo o grupo de estudo, na qual o grupo controle (G I) apresenta Média de 22,2 e mediana de 25. Já o Grupo Experimental (G II) apresenta Média de 25,7 e mediana de 24. 39 Média e mediana de idade em anos, segundo grupo de estudo 25,7 26 25 25 24 24 GI 23 22,2 GII 22 21 20 Média Mediana Gráfico 2 - Média e mediana de idade em anos, segundo o grupo de estudo. Com o objetivo de avaliar a efetividade do programa preventivo-educativo proposto, utilizou-se como parâmetros de comparação das condições de higiene bucal, o índice de biofilme visível e o índice de sangramento gengival, nos diferentes tempos propostos: avaliação inicial, 15, 30, 45, 60 e 90 dias , descritos nas tabelas 1 e 2, respectivamente. 40 Tabela 1 – Média do Índice de Biofilme Visível, em função do tempo e do grupo de estudo. De acordo com a tabela 1, analisando separadamente cada grupo, pode-se verificar que o grupo controle apresentou diferença estatisticamente significante no índice de biofilme visível na avaliação inicial e final, porém não houve sustentação dos resultados ao longo do tempo. Já o grupo experimental mostrou redução estatisticamente significante entre a avaliação inicial e final, e sustentou os resultados ao longo do tempo durante os 15, 30, 45, 60, 75 e 90 dias. Avaliando os resultados do grupo Controle em relação ao Experimental, verificou-se que o grupo experimental apresentou diferença estatisticamente significante ao final das atividades e se manteve ao final das atividades durante 60, 75 e 90 dias. 41 Tabela 2 - Média do Índice de sangramento, em função do tempo e do grupo de estudo. A tabela 2 apresenta a média do Índice de Sangramento em função do tempo e do grupo de estudo. Analisando separadamente cada grupo, pode-se verificar que o Grupo Controle não obteve resultado significativo ao final da atividade e após 15, 30, 45, 60, 75 e 90 dias. Já o grupo Experimental apresentou diferença estatística significativa ao final das atividades propostas e manteve os resultados após 15 dias. Avaliando os resultados do grupo Controle em relação ao Experimental, inicialmente não apresentavam diferença estatística, diferente da avaliação final onde o grupo Experimental apresentou diferença estatisticamente significativa em relação ao grupo controle. 4.2 Resultados das atividades educativas 42 Observou-se, através da análise qualitativa por dimensões de análise (quadro 1), que ambos os grupos mostraram-se motivados. Entretanto, o grupo experimental apresentou uma motivação mais intensa e constante durante as atividades. Todos os participantes apresentaram satisfação com a proposta. Com relação à aquisição de conhecimento, somente o grupo experimental demonstrou ter adquiridos novos conteúdos através do plano de intervenção. Entretanto, o grupo controle demonstrou ter reforçado o conteúdo previamente conhecido, que foi a importância da escovação dentária. Os principais conteúdos novos adquiridos pelo grupo experimental foram a importância do uso do fio dental e da alimentação saudável. Houve a produção de vínculo em ambos os grupos, mas o grupo experimental desenvolveu um vínculo mais fortalecido entre participante- pesquisadores. ANÁLISE QUALITATIVA Dimensões de Percepção dos escolares Percepção dos escolares análise Grupo Experimental Grupo Controle Motivação SIM - maior SIM – menor Satisfação SIM SIM Conhecimento SIM NÃO Temas de maior Uso de fio dental e alimentação aprendizado ou reforço saudável Escovação dentária Vínculo SIM - maior SIM - menor "aprendi demais. Escovar os dentes de trás e usar o fio dental todos os dias." “gostei de tudo. Aprendi muita coisa” “o que mais gostei foi do teatro, do palhaço”. “fico com vergonha da sujeira do dente”. “gostei de tudo”. “aprendi a cuidar bem dos “Foi legal” Fragmentos entrevista da “Tem que escovar os dentes” “Escovar” “Escovar todo dia” dentes, usar fio e escovar sempre”. Quadro 1 – Análise qualitativa, segundo dimensões de análise e por grupo de estudo 43 O quadro 2 apresenta a análise da produção e utilização de material didáticopedagógico. O estudo planejou, produziu e utilizou nas atividades de educação em saúde, quatro atividades de dramatização, quatro atividades de pintura, dez composições musicais originais e quatro composições de paródias. As atividades foram descritas em anexo, assim como foram apresentadas as letras e cifras das composições musicais (anexos H ao U). ANÁLISE DA PRODUÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO-PEDAGÓGICO LÚDICO TIPO DE MATERIAl LÚDICO QUANTIDADE Dramatização 4 Atividades de pintura 4 Composição musical original 10 Composição musical de paródias 4 Quadro 2 – Análise da produção e utilização de material didático-pedagógico As músicas foram compostas para atender ao planejamento das atividades propostas e aos temas em questão. O quadro 3 apresenta a relação entre as músicas autorais e os temas abordados. O quadro 4 apresenta a mesma relação para as composições musicais de paródias, acrescentando-se a identificação do título da composição original e seu intérprete. Músicas autorais Temas abordados Palhaço Apaixonado Com o acúmulo do biofilme ocorre o risco de cárie e problemas gengivais. Eu sou tão diferente Mostra que cada pessoa é diferente da outra, faz um paralelo entre as diferentes habilidades que cada um possui com a ideia de que uma necessidade especial é uma diferença natural do ser humano. Eu não escovo os meus dentes Mostra que o cotidiano e as tarefas diárias podem fazer com que o indivíduo perca o interesse na dedicação à saúde bucal. O fio dental é esquisito Dificuldades do uso do fio dental. 44 Tomar banho é muito chato Higienização corporal. A minha boca tem um bafo Mal hálito causado pelo cuidado da saúde oral deficiente ou inexistente, cárie dentária e gengivite. Quando eu me cuido bem Relaciona higiene oral e corporal satisfatórias com uma boa relação social. Na festa junina Fala sobre a ingestão de doces e a necessidade de uma boa higienização após se alimentar. Dança da escova, da pasta e do fio dental Uso da escova, da pasta e do fio dental para um resultado efetivo na higienização bucal. Escovando sem parar Fala sobre qual a forma mais adequada de uma boa escovação e a importância de escovar todos os dentes em todas as faces. Quadro 3 – Associação entre música autoral e tema abordado. Temas Alerta para o uso do fio dental, escova de dentes e para a quantidade de pasta que se deve usar. Orientações para uma alimentação saudável. Relação açúcar cárie. Principais horários em que se deve escovar os dentes. Paródias Escovas Poderosas Explosão de Nutrientes Música original/Intérprete Show das poderosas – Annita Meteoro- Luan Santana No Escurinho Flagra – Rita Lee do cinema Família Eh, Família Ah Família – Titãs Quadro 4 – Associação entre paródia, tema abordado, música original e seu intérprete. 4.2.1 Descrição das atividades produzidas com material lúdico ATIVIDADE 1- Dinâmica com macro-modelo e paródia musical. Os objetivos desta atividade foram: Mostrar para o grupo experimental que a boca tem diferentes partes, dentes, gengiva, ossos, saliva, língua e que cada uma 45 dessas partes desempenha um importante papel na mastigação, fala, e na estética do rosto. Cada dente, seja decíduo ou permanente, tem uma anatomia e uma função e preservá-los é de grande importância. Atividades desenvolvidas: Cientes da dificuldade que os indivíduos têm de entender e visualizar as estruturas bucais, foi criado um macro modelo para que eles pudessem ver as faces do dente, sua composição interna e externa, pontos de contato, regiões de retenção alimentar e para que pudessem manusear esse modelo e usa-lo para praticar o uso do fio dental e escova de dentes (Figura1). Todos sentaram em posição de círculo e o macro-modelo foi colocado no meio da roda. Um objeto foi disposto para que passasse de mão-em-mão enquanto uma paródia musical, com letra de tema sobre cuidado bucal (ANEXO H), era tocada no violão e cantada. Quando a música cessava, quem estivesse com o objeto na mão, tinha que se direcionar ao modelo e mostrar para os colegas como se passa o fio dental e como se escova os dentes. Esse processo se repetia até que todos os componentes da roda participassem. Figura 1. Confecção da gengiva do macro-modelo. 46 Figura 1.2. Confecção dos dentes do macro-modelo. Figura 1.3. Aparência externa dos dentes do macro-modelo. 47 Figura 1.4. Aparência interna do dente do macro-modelo. ATIVIDADE 2 – Teatro do palhaço Os objetivos desta atividades foram: Mostrar para os participantes que um cuidado com a saúde bucal e corporal está diretamente ligado com o bem estar do seu corpo e também com a relação social com o próximo. Atividades desenvolvidas: Foi desenvolvida uma atividade teatral onde o locutor apresenta a vida de um palhaço que se apaixona por uma palhacinha, porém, ele não é correspondido inicialmente por que seus hábitos de higiene bucal e corporal são péssimos e isso faz com que a palhacinha não queira aproximação. Toda a cena desenvolvida pelos palhaços é muda, eles trabalham muita expressão facial e corporal. Durante a encenação o palhaço faz várias tentativas de conquistar a palhacinha com presentes, mas suas expectativas são frustradas por que o que mais ela quer é que ele cuide do seu corpo e de sua boca. No decorrer da apresentação o locutor pede ajuda para a plateia para que ela o ajude dando conselhos sobre o que o palhaço deve fazer. Antes de iniciar a atividade, foi entregue a eles objetos como pasta de dente, escovas, fio dental, shampoo, 48 sabonete e no momento em que eles participavam com suas opiniões eles entregavam para o palhaço e o explicava como usar e o porquê do uso de cada objeto. Ao final, o palhaço segue os conselhos dados pela plateia e consegue conquistar o coração da palhacinha (Figura 2). Quando acaba a encenação teatral é ensinado aos participantes uma música escrita com o tema da peça (ANEXO I), isso faz com que o tema seja abordado novamente atingindo outros sentidos e fixando mais uma vez os ensinamentos abordados. Figura 2. Momento da encenação. ATIVIDADE 3 – Jogo de varetas gigante Os objetivos desta atividade foram: avaliar de forma divertida e prazerosa os conhecimentos sobre saúde bucal e geral dos integrantes do grupo experimental. Essa atividade, não somente avalia os conhecimentos, mas faz também com que os temas desenvolvidos sejam mais uma vez fixados na memória e instiga os 49 participantes à busca de respostas para que possam fazer pontuação no jogo e vencer a atividade proposta. Atividades desenvolvidas: Foi confeccionado um jogo de pega-varetas com cano de PVC de aproximadamente um metro e meio, cada vara, e foram encapadas com uma camada plástica adesiva colorida. Cada vareta obtinha uma numeração que fazia referência à uma pergunta específica de saúde bucal e geral nas fichas de perguntas. Essas varetas eram dispostas de forma a se equilibrarem e apoiarem umas sobre as outras no chão, para que cada vareta que fosse removida corresse o risco de movimentar uma outra vareta do jogo. Os participantes foram divididos em dois grupos, grupo A e grupo B, e a cada rodada, um representante de cada grupo removia uma vareta e respondia a pergunta referente à numeração, se ao remover a vareta, alguma outra se movesse, o outro grupo pontuava, se não movesse nenhuma outra vareta no momento de remover alguma, o próprio grupo pontuava (Figura 3). Quando o participante não sabia responder a pergunta, o seu grupo poderia ajudar na elaboração da resposta, nesse momento os participantes desenvolviam habilidades de trabalho em grupo e discutiam o tema abordado fazendo com que o conhecimento fosse fixado de forma divertida. Ao final da atividade proposta, com os participantes ainda dispostos em círculo, uma música escrita para a atividade era tocada e cantada para que novamente o tema fosse abordado e fixado (ANEXO J). Essa atividade ajudou muito para que através das questões em que os participantes tiveram mais dificuldades em responder, outras atividades fossem desenvolvidas trabalhando de forma mais pontuada o tema em questão. 50 Figura 3. Participante removendo a vareta no momento da atividade. Figura 3.2. Participante mostrando o que aprendeu sobre uma escovação adequada. 51 Figura 3.3. Reforçando o tema com a música. ATIVIDADE 4 – Teatro “O Dono do Circo” Os objetivos desta atividade foram: Criar uma concepção, aos participantes da atividade, de que a ausência de cuidado ou um cuidado negligenciado com a saúde bucal e saúde geral traz malefícios ao corpo e também na convivência social. Mostrar que esses cuidados devem ser executados diariamente com a mesma atenção e critério e não somente quando se detecta alguma alteração da normalidade. Atividades desenvolvidas: A peça teatral se inicia com uma integrante do grupo preparando os participantes para o momento da apresentação. É perguntado se eles gostam de circo e de todas as atrações e em seguida ficam sabendo que vão ter uma apresentação circense diferente do tradicional. É anunciada então a entrada do dono do circo. O personagem se apresenta caracterizado como “dono do circo” e ele apresenta as atrações que o seu circo oferece, porém, uma delas é mais que especial, por que se trata de uma palhaça muito esperta com o seu cavalo de fogo. Ele anuncia sua atração com muita alegria ao som de uma escaleta (instrumento de 52 sopro). A palhacinha entra com seu cavalo-de-pau e chuvas de confete e anima os participantes com seu jeito engraçado e espontâneo. Durante a narrativa da palhacinha ela diz que o circo era muito bom, mas que ultimamente as pessoas não têm ido com muita frequência, por causa de alguns ocorridos e conta para a plateia que o dono do circo não tem hábitos de higiene satisfatórios. A palhaça pergunta ao dono do circo se ele tem escovado seus dentes com frequência e ele responde cantando uma música e tocando seu violão (ANEXO L), dizendo que tem muita preguiça de escovar seus dentes e que não há muito tempo para isso, já que tem um circo para cuidar. Em seguida, a palhaça pergunta a ele se tem feito o uso do fio dental com frequência, novamente ele responde em forma de música (ANEXO M) que não tem muita habilidade para isso, que usa muito raramente, em alguns dentes, de forma rápida e desordenada. A palhaça pergunta se ele tem cuidado do seu corpo, tomando banho. Ele responde cantando e tocando que banho não é algo que muito lhe agrada (ANEXO N). Por fim, o dono do circo desabafa seus problemas em uma música (ANEXO O), conta todo o problema que foi gerado por esses cuidados negligenciados com sua boca e corpo e relaciona essa má higiene com a ausência de pessoas na plateia do seu circo, que não aguentam mais o mal cheiro, em seguida, pede ajuda a todos para ensiná-lo o que deve ser feito para mudar essa situação (Figura 4). Todos os participantes falam e ensinam para o dono do circo a importância dos cuidados com a saúde bucal e corporal e que se ele mudar seus péssimos hábitos o seu circo voltará a fazer sucesso novamente. No final da participação dos indivíduos na discussão sobre a solução do problema, o dono do circo canta e toca mais uma música para que todos ouçam tudo o que ele aprendeu e o quanto esses cuidados são importantes para sua saúde e para o bom convívio com o próximo (ANEXO P). 53 Figura 4. Participante demonstrando como se usa o fio dental. Figura 4.2. Momento de entusiasmo durante a música. 54 Figura 4.3. Personagens da atividade teatral. 55 Figura 4.4. Momento final das atividades do dia. ATIVIDADE 5 – Pintura Coordenada Os objetivos desta atividade foram: Fazer com que os integrantes desenvolvessem uma habilidade manual para motricidade fina e treinar o controle dos movimentos circulares para que pudessem associar esses movimentos no momento da escovação, sabendo que na boca há regiões que requerem posições e movimentos com a escova para que uma boa higienização bucal seja realizada. Atividades desenvolvidas: Uma folha de cartolina foi dividida em três partes iguais, nelas foram impressos desenhos pontilhados de formas variadas para que os integrantes do grupo experimental desenhassem por cima desses pontilhados em um traço único, fazendo movimentos apenas com os pulsos nas regiões de contornos. De acordo com que pintavam esses pontilhados a figura ia se formando e a cada etapa era exigida mais atenção e movimentos cada vez mais finos (Figura 5). 56 Após concluir essa atividade, foi pedido aos integrantes que repetissem esses movimentos com as mãos, porém simulando uma escovação dentária (Figura 6). Então foi demonstrado, utilizando macromodelos, que na boca existem regiões entre os dentes e a gengiva que requerem tais movimentos durante a escovação, para que o biofilme seja removido de forma satisfatória. Ao término de toda orientação foram tocadas e cantadas músicas compostas com letras de educação em saúde bucal e geral (ANEXO J, K, Q e R). Figura 5. Treinando os movimentos finos da escovação. 57 Figura 6. Desenho pontilhado para atividade de coordenação motora. 58 ATIVIDADE 6 – Teatro com Fantoche Os objetivos desta atividade foram: Mostrar de forma lúdica que o biofilme dental depositado na superfície dentária tem uma progressão no seu desenvolvimento e pode gerar outros problemas como a cárie dentária e problemas gengivais, caso não se intervenha diariamente, através da higiene bucal. Atividades desenvolvidas: Foram escolhidos dois personagens, um fantoche de menino, que se chamava Lico, que foi confeccionado com luva felpuda de limpeza; e uma prótese total superior e inferior, que se chamava Senhor Placa. Lico era um menino muito esperto e risonho, porém não se preocupava muito com a sua alimentação e higiene bucal. Lico se apresenta para a plateia e conta tudo sobre a sua vida e o que ele gosta de fazer. Ele também tem curiosidade sobre o que algumas pessoas da plateia se identificam mais e começa a interagir com todos. Durante a apresentação surge o personagem Senhor Placa e ele afirma que mora na boca de Lico e se alimenta de resto de comida e bebida que ficam entre os dentes dele. Ele diz que a missão dele é destruir todos os dentes de Lico e afirma que ele vai cumprir a missão. Lico não se conforma com tal situação e pede ajuda da plateia para se livrar desse incômodo de conviver com o Senhor Placa. Nesse momento, todos da plateia se empolgam e começam a dizer quais são as principais armas de combate para resolver esse problema, gritam que Lico deve escovar seus dentes após as refeições e usar o fio dental diariamente. O personagem sai de cena e rapidamente vai executar o que lhe foi ensinado e o Senhor Placa não resiste e acaba sumindo do espetáculo (figura 7). O personagem principal agora está muito mais feliz em mostrar seus dentes limpos e saudáveis e canta uma música para todos sobre o que aprendeu (ANEXO S). 59 Figura 7. Momento da encenação com os fantoches. ATIVIDADE 7 – Teatro do Cinema Os objetivos desta atividade foram: Mostrar que todos devem e podem se divertir, que podem se alimentar fora e dentro de casa com alimentos e doces que gostam, porém, se não fizerem uma boa higienização para eliminar o que ficou aderido ao dente, consequências graves podem ocorrer à integridade da saúde bucal. Atividades desenvolvidas: Essa encenação mostra o cotidiano de dois irmãos palhaços curtindo um final de semana. Eles entram em cena como se estivessem na sala de estar e sentam no sofá para pensar de que maneira vão aproveitar o dia livre deles. O irmão tem uma ótima ideia de ir ao cinema e convida sua irmã. Ela aceita o convite no mesmo instante e eles vão juntos para o cinema. Eles levantam, dão uma volta pela sala cantarolando e sentam novamente para representar que chegaram ao cinema. A irmã pergunta para o palhaço se ele gosta de pipoca, ele afirma que gosta e nesse momento surge a dúvida: “Será que podemos comer fora de casa?” A plateia nessa hora é instigada a dar a sua opinião e após a discussão, o palhaço traz a pipoca. Após comerem um pouco de pipoca, o 60 palhaço pega o violão e canta uma paródia musical (ANEXO T). Depois da música cantada e tocada os palhaços dão mais uma volta no cenário e retornam para casa. Chegando em casa, eles sentam no sofá e têm a ideia de ficar assistindo TV o dia todo comendo biscoito, guloseimas, tomando achocolatado e tudo que tem para comer, sem se preocupar com a higiene bucal. O palhaço novamente pega o violão e tem a ideia de cantar uma música da situação em que estão vivendo (ANEXO U). Após esse momento chegou a hora de dormir. Quando deitam os dois dão um grito: -“Aaai que dooor!” Acaba a encenação, os personagens tiram a peruca e conversam com a plateia para que ela diga onde estão os erros cometidos pelos personagens durante a peça, o que eles deveriam fazer e o porquê da dor de dente sentida por eles. Nesse momento é fixado novamente o conhecimento sobre o cuidado com a higiene bucal e é ensinado a relação entre dieta, cárie e saúde. 61 5 DISCUSSÃO A odontologia cirúrgico-restauradora, totalmente fundamentada na assistência odontológica, não vinha mostrando resultados satisfatórios em relação às melhorias nos níveis de saúde bucal da população. Ciente disso, a odontologia passou a se estruturar nos conceitos de promoção de saúde, procurando cada vez mais conhecer e controlar os fatores etiológicos e moduladores da doença cárie e periodontal (ARTUN E THYLSTRUP, 1986; NEWBRUM, 1992). Aproximadamente 75% das lesões cariosas estão concentradas em cerca 25% da população, essas que são classificadas como populações de alto risco à cárie (HAUSEN et al., 2000; SPLIETH et al., 2004; VANOBBERGEN, 2004). SEGUNDO (POWELL et al., 1998; VANOBBERGEN, 2004) a identificação destes grupos é de extrema importância para que ações de promoção e prevenção sejam planejadas de forma direcionada. Os resultados deste estudo mostram que o programa de Educação em Saúde bucal com atividades lúdicas foi capaz de promover uma redução estatisticamente significativa nas condições de higiene bucal do grupo Experimental após o final das atividades e se manteve durante 15, 30, 45, 60, 75 e 90 dias. Contrapondo-se com o grupo controle que apresentou melhora apenas ao final das atividades, não se mantendo no decorrer de 90 dias. A avaliação da tabela 1, mostra resultados estatísticos significativos de redução do Índice de Biofilme visível para o grupo experimental ao final da atividade e após 60, 75 e 90 dias, quando comparados os dois grupos, controle e experimental. Estes resultados corroboram com estudos anteriores que mostraram resultados satisfatórios de programas de educação em saúde bucal na redução do índice de biofilme visível (SOUZA, 2004; WILLIFORD et al., 1967; CARVALHO et al., 1991; FABRE et al., 1998; EKSTRAND et al.,2000; SILVEIRA et al., 2002; CAMARGO e MENEZES, 2003; MALTZ et al., 2003). O público-alvo desses 62 trabalhos não foi o mesmo e nem a utilização da estratégia metodológica lúdica, pois não foram encontrados estudos semelhantes sobre esses aspectos com indivíduos com deficiência intelectual. Entretanto, através do estudo o grupo experimental recebeu atividades lúdicas diferenciadas do grupo controle com a hipótese de que a metodologia tradicional não atinge os mesmos resultados satisfatórios e que esses são reduzidos a médio prazo, o que foi observado. Ao comparar o CPO-D médio de 13,67 dos participantes do grupo experimental com os resultados obtidos do Levantamento Epidemiológico das Condições de Saúde Bucal do SB Brasil (2010), percebe-se que estes escolares estão distantes de atingir condições de saúde desejáveis. O mesmo ocorre com o estudo de Hernandez (1983), onde o CPO-D para pessoas com deficiência intelectual foi de 13,58. No atual estudo o grupo experimental teve como média de idade 25,7 anos, visto que a maioria dos integrantes do grupo experimental têm aproximadamente 20 anos de idade, porém alguns integrantes tem idade acima de 30 anos e um deles com 48 anos. Essa faixa etária dificulta a comparação com os grupos etários de 15 a 19 anos e de 35 a 44 anos avaliados no SB Brasil do ano de 2010 (BRASIL, 2011). De qualquer forma, pode-se inferir que a média CPO-d desse estudo é alta, visto que no levantamento Nacional foram observados que o índice do CPO-D para a Cidade do Rio de Janeiro, região Sudeste foi de 3,04 para o grupo etário de 15 a 19 anos, um índice bem abaixo do encontrado no estudo, principalmente considerando que os resultados do SB Brasil não são de indivíduos com deficiência intelectual, que geralmente apresentam condições de saúde bucal piores do que as da população em geral. No grupo etário seguinte, 35 a 44 anos, avaliado pelo SB Brasil o CPO-D médio encontrado foi 15,45, o que mostra que, apesar da média ser maior do que a observada neste estudo, a diferença é pequena para uma faixa etária tão diferente e, por isso, seria esperada uma media menor para o índice. Segundo Hernandez (1983), as pessoas com deficiência intelectual no Brasil, apresentam um perfil de saúde bucal aproximado com os encontrados em outros países, em que alguns pesquisadores verificaram altas taxas de prevalência para a doença cárie, falta de tratamento conservador e higiene bucal precária. Essas informações também respaldam os altos índices do CPO-D citados acima e sugerir que, com uma precariedade na higiene bucal, também ocorra uma pior condição gengival. 63 Em relação ao Índice de sangramento gengival, o grupo experimental apresentou melhora estatística significativa ao final das atividades propostas, mantendo os resultados após 15 dias. Diferente do grupo controle que não apresentou melhora significativa em nenhum momento. Comparando o grupo controle com o grupo experimental, ao final das atividades propostas, o grupo experimental apresentou melhora significativa. Esses resultados, corroboram com estudos anteriores que, mesmo que não abordem o público-alvo de pessoas com deficiência intelectual, sugerem que programas de educação em saúde bucal são eficazes para melhorar as condições de saúde bucal (WILLIFORD et al., 1967; GISSELSSON et al., 1983; MATHIESEN et al., 1996; GOMES FILHO et al., 1999; SILVEIRA et al., 2002; MALTZ et al., 2003). Os resultados desses estudos mostram que com a diminuição do índice de biofilme visível, o índice de sangramento por sua vez é reduzido, visto que esses estão diretamente relacionados. Entretanto, para que esses resultados se mantenham a longo prazo é necessária uma abordagem da motivação do indivíduo em realizar a higiene bucal rotineiramente. Diante de tais resultados pode-se observar que utilizar o lúdico como estratégia de ação é fundamental para que o conhecimento seja absorvido de forma eficaz e prazerosa, contudo a escovação supervisionada não deve ser negligenciada, pois é através dessa motivação que o indivíduo supera as suas limitações motoras no momento em que são colocadas em prática os movimentos da escovação e utilização do fio dental. Por isso o instrutor deve orientar e demonstrar que todas as faces dentais devem ser higienizadas adequadamente para que seja removido o biofilme dentário e os índices de saúde bucal tenham redução em sua média. Segundo Hartwig et al. (2015), o maior acometimento de doenças bucais em pacientes com necessidades especiais pode se relacionar à grande dificuldade que estas pessoas encontram para realizar a higiene bucal, geralmente relacionada a uma alteração motora e/ou algum déficit intelectual, reforçando mais uma vez a valorização da escovação supervisionada durante o programa de intervenção. Em relação aos dados qualitativos, pôde-se observar que o grupo experimental apresentou melhores resultados no que se refere ao aprendizado do conteúdo ministrado, quando se compara com os dados obtidos pelo grupo controle. Ao analisar as respostas dos indivíduos do grupo experimental, nota-se um maior 64 conteúdo absorvido e a percepção de que tais conhecimentos devem ser reproduzidos no seu dia-a-dia. O grupo controle também apresentou alguma melhora, visto que a presença dos graduandos na instituição mudou a rotina desses indivíduos e os fez sentirem motivados a corresponderem as expectativas geradas, sendo justificada também pela criação de vínculo entre os educandos e os educadores. Segundo Toassi e Petry (2002), a motivação direta é a maneira mais eficiente para modificar o comportamento do paciente e levá-lo a exercer um controle satisfatório do biofilme dental. Orrico et al. (2004) e Carvalho e Araújo (2004) sugerem que sejam criados programas educacionais preventivos nas instituições para que os indivíduos com necessidades especiais recebam motivação para higienização bucal para que se possa gerar autonomia e autopercepção. Esse trabalho mostra que a metodologia lúdica pode sim ser um programa educacional eficaz capaz de cumprir com os objetivos preventivos e esse modelo pode ser uma grande ferramenta de uso nas instituições. Segundo Souza et al. (2015), existem vários métodos pedagógicos para facilitar a transmissão e entendimento do conhecimento, porém as atividades lúdicas, uso de macro modelos, música e teatro proporcionam interatividade entre os integrantes de um grupo e facilitam a difusão de conhecimento, favorecendo sua construção e criando motivação. Quando isso ocorre, o indivíduo muda de comportamento pelo desenvolvimento de consciência crítica para compreender as causas reais da doença e preveni-las. Esse processo motivacional deve ser contínuo, amadurecido e enriquecido com mensagens que incentivem a mudança de comportamento e conquista de um hábito mais saudável. Um ponto importante que deve ser ressaltado é que são escassos os trabalhos presentes na literatura voltados à metodologia lúdica de educação em saúde para pacientes com deficiência intelectual, dificultando assim uma análise mais criteriosa dos resultados deste trabalho com os apresentados na literatura científica. Portanto, são necessários mais estudos desenvolvidos com tal metodologia e grupo populacional. 65 6 CONCLUSÃO O controle do biofilme visível foi observado ao final do estudo nos dois grupos avaliados. Entretanto, essa melhora não se sustentou ao longo do período de avaliações do estudo para o grupo controle. O índice de sangramento gengival somente foi reduzido no grupo experimental, que obteve uma melhora significativa após as atividades propostas, sustentando os resultados durante 15 dias. Ao considerar a análise entre os grupos, houve redução estatística significativa no índice de biofilme visível do grupo experimental em relação ao controle ao final das atividades e após 60, 75 e 90 dias. Em relação ao índice de sangramento gengival, houve redução estatisticamente significativa ao final das atividades propostas. Os presentes dados fornecem a informação de que a educação continuada e frequente com a metodologia lúdica obteve resultados melhores e capazes de promover melhoria efetiva nas condições de higiene bucal dos participantes, quando comparada à metodologia tradicional. A proposta de intervenção com o material didático-pedagógico lúdico desenvolvido, através da música, pintura e dramatização para as atividades propostas de educação em saúde, permitiu planejar e utilizar uma metodologia de ensino mais adequada que a do método tradicional de aulas e palestras, sendo efetivo como ferramenta metodológica mais prazerosa, motivacional e estimuladora de aquisição de conhecimento e de produção de vínculo entre participantes e equipe executora. Dessa forma, contribuiu para a obtenção de resultados significativos no 66 controle de índice de biofilme visível e sangramento gengival, o que demonstra uma melhora na autopercepção e autocuidado, assim como uma melhora nas condições de higiene bucal e saúde gengival desses indivíduos participantes. Diante do exposto, a proposta experimental demonstrou melhores resultados no controle de biofilme dental e saúde gengival e favoreceu o aprendizado, a motivação e a produção e uso de estratégias lúdicas para educação em saúde. 67 REFERÊNCIAS AGUIAR, S. M. H. C. A.; SANTOS, M. J. P.; SILVA,V.C. A música associada às necessidades terapêuticas de pacientes com deficiência. Re v. Ciênc. Ext. v.6, n.2, p.125, 2010. ALVES, Nayara Silva. Saúde Bucal e qualidade de vida em pessoas com deficiência intelectual: um estudo transversal e relato de caso. Nova Friburgo. 2015. 72fls. 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Responsável legal: _________________________ O(A) Sr.(ª) e seu(sua) filho(a) estão sendo convidados(as) a participar do projeto de pesquisa “Saúde bucal e sua influência na qualidade de vida de pessoas com deficiência intelectual”, de responsabilidade da pesquisadora Flávia Maia Silveira. Sua participação é importante, porém, você não deve participar contra a sua vontade. Após ser esclarecido sobre as informações abaixo descritas, no caso de aceitar fazer parte do estudo, assine ao final deste documento que tem duas vias, ficando uma via com você e a outra com a Pesquisadora Responsável. O objetivo desta pesquisa é promover a saúde da boca de pessoas com deficiência intelectual. Também será possível saber como a saúde da boca interfere no seu dia-a-dia e na sua qualidade de vida. A pesquisa usará uma entrevista com perguntas sobre a sua saúde; um questionário sobre a influência da saúde da boca no seu dia-a-dia, que será preenchido por você e um exame odontológico, que mostrará as condições de saúde dos seus dentes, gengivas, se você está escovando os dentes de forma satisfatória e se você tem alguma ferida ou problema na língua, bochecha, lábios ou palato (“céu da boca”). Caso seja constatada necessidade de tratamento odontológico, você será orientada sobre o tratamento que será feito, também como parte desta pesquisa. Não há previsão de riscos e será feito o possível para que você não se sinta desconfortável durante sua participação. Os participantes entrarão em um programa para a melhoria da saúde da boca, sendo acompanhados por um dentista da equipe da pesquisa ou um aluno da Faculdade preparado para atender o grupo. Será possível receber respostas ou esclarecimentos a qualquer dúvida sobre os procedimentos, benefícios e outros assuntos relacionados com a pesquisa ou tratamento individual. As informações sobre você ou seu dependente só interessam a vocês. Nos resultados da pesquisa ninguém saberá seu nome, será mantido o segredo das informações sobre você. Você pode se recusar a responder a qualquer pergunta caso lhe traga algum tipo de constrangimento. Você pode, a qualquer momento, retirar o seu consentimento e desistir de fazer parte dessa pesquisa, sem que isto traga prejuízo à continuação do tratamento. Serão dadas informações atualizadas durante o estudo, mesmo que isto possa afetar sua vontade de continuar dele participando. Caso não queira participar da pesquisa, você ou seu dependente não sofrerão nenhum tipo de prejuízo. As informações coletadas são específicas para esta pesquisa, sendo que os 76 resultados serão divulgados através de artigos científicos e apresentações orais e escritas em congressos de saúde. Agradeço a colaboração. Eu, __________________________________________, RG nº _____________________ declaro ter sido informado e concordo em participar, como voluntário, do projeto de pesquisa acima descrito. Ou Eu, __________________________________________, RG nº _______________________, responsável legal por ____________________________________, RG nº _____________________ declaro ter sido informado e concordo com a sua participação, como voluntário, no projeto de pesquisa acima descrito. Nova Friburgo, _____ de ____________ de _______ _______________________________ __________________________________ Nome e assinatura do paciente ou seu responsável legal obter o consentimento ________________________________ Testemunha Nome e assinatura do responsável por _______________________________ Testemunha 77 Avaliação utilização de serviços ANEXO C – Ficha de Identificação esocioeconômica, Caracterização Socioeconômica odontológicos, morbidade bucal referida e autopercepção de saúde bucal Identificação e Caracterização Socioeconômica CARACTERI ZAÇÃO SOCI OECONÔMI CA DA FAMÍ LI A 1 2 Quantas pessoas, incluindo o sr(a), residem nesta casa? Marcar 99 para “não sabe / não respondeu” Quantos cômodos estão servindo permanentemente de dormitório para os moradores deste domicilio? Marcar 99 para “não sabe / não respondeu” 1 1 1 1 1 1 Quantos bens tem em sua residência? 3 Considerar como bens: televisão, geladeira, aparelho de som, micro-ondas, telefone, telefone celular, máquina de lavar roupa, máquina de lavar louça, micro-computador, e número de carros. Varia de 0 a 11 bens. Marcar 99 para “não sabe / não respondeu” No mês passado, quanto receberam, em reais, juntas, todas as pessoas que moram na sua casa incluindo salários, bolsa família, pensão, aluguel, soldo, aposentadoria ou outros rendimentos? 4 1 -Até 250; 2 -De 251 a 500; 3-De 501 a 1.500; 4-De 1.501 a 2.500; 5 -De 2.501 a 4.500; 6 -De 4.501 a 9.500; 7-Mais de 9.500; 9 -Não sabe/não respondeu 1 ESCOLARI DADE, MORBI DADE BUCAL REFERI DA E USO DE SERVI ÇOS 5 6 Até que série o sr(a) estudou? Fazer a conversão e anotar o total de anos estudados com aproveitamento (sem reprovação). Marcar 99 para “não sabe / não respondeu” O sr(a) acha que necessita de tratamento dentário atualmente? Nos últimos 6 meses o sr(a) teve dor de dente? 8 Aponte na linha ao lado o quanto foi esta dor 1 (um) significa muito pouca dor e 10 (dez) uma dor muito forte 9 Alguma vez na vida o sr(a) já foi ao consultório do dentista? 11 12 13 1 1 0 -Não; 1 -Sim; 9 -Não sabe / Não respondeu 7 10 1 1 0 -Não; 1 -Sim; 8 -Não se aplica; 9 -Não sabe / Não respondeu 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 -Não; 1 -Sim; 9 -Não sabe / Não respondeu Quando o sr(a) consultou o dentista pela última vez? 1 -Menos de um ano; 2-Um a dois anos; 3 -Três anos ou mais; 8 -Não se aplica; 9 -Não sabe / Não respondeu Onde foi a sua última consulta? 1 -Serviço público; 2 -Serviço particular; 3 -Plano de Saúde ou Convênios; 4-Outros; 8 -Não se aplica; 9 -Não sabe / Não respondeu Qual o motivo da sua última consulta? 1 -Revisão, prevenção ou check-up; 2 -Dor; 3 -Extração; 4 -Tratamento; 5 -Outros; 8 -Não se aplica; 9 -Não sabe / Não respondeu O que o sr(a) achou do tratamento na última consulta? 1 -Muito Bom; 2 -Bom; 3 -Regular; 4 -Ruim; 5 -Muito Ruim; 8 -Não se aplica; 9-Não sabe / Não respondeu 1 1 1 1 1 1 1 AUTOPERCEPÇÃO E I MPACTOS EM SAÚDE BUCAL 14 15 16 Com relação aos seus dentes/boca o sr(a) está: 1 -Muito satisfeito; 2 -Satisfeito; 3 -Nem satisfeito nem insatisfeito; 4 -Insatisfeito; 5-Muito insatisfeito; 9-Não sabe / Não respondeu O sr(a) considera que necessita usar prótese total (dentadura) ou trocar a que está usando atualmente? 0 -Não; 1 -Sim; 9 -Não sabe / Não respondeu 1 1 Algumas pessoas têm problemas que podem ter sido causados pelos dentes. Das situações abaixo, quais se aplicam a(o) sr(a), nos últimos seis meses? 0 -Não; 1 -Sim; 9 -Não sabe / Não respondeu 16.1. Teve dificuldade para comer por causa dos dentes ou sentiu dor nos dentes ao tomar líquidos gelados ou quentes? 1 16.5. Deixou de praticar esportes por causa dos seus de ntes? 1 16.2. Os seus dentes o incomodaram ao escovar? 1 16.6. Teve dificuldade para falar por causa dos seus de ntes? 1 16.3. Os seus dentes o deixaram nervoso (a) ou irritado (a)? 1 16.7. Os seus dentes o fizeram sentir vergonha de sorrir ou falar? 1 16.4. De ixou de sair, se divertir, ir a festas, passeios por causa dos seus dentes? 1 16.8. Os seus dentes atrapalharam para estudar / trabalhar ou fazer ta refas da escola / trabalho? 1 16.9. Deixou de dormir ou dormiu mal por causa dos seus de ntes? 1 78 ANEXO D – Ficha de Exame Clínico Ficha de Exame Clínico Examinador: Nome: Data de nascimento: Sexo: NE: CÁRIE DENTÁRIA Data da realização do exame: Idade: Cor/raça: Inscrição: 79 ANEXO E – Ficha de Exame clínico CONDIÇÃO PERIODONTAL - CPI Critérios e valores para a classificação de dentes fluoróticos de acordo com o Índice de Dean 80 ANEXO F – Diário de campo DIÁRIO DE CAMPO DADOS DE IDENTIFICAÇÃO: - Data: ____/____/_____ - Hora início: ____________ Hora término: ________________________________ - Orientadora: Flávia Maia Silveira - Projeto: __________________________________________________________ - Local: ____________________________________________________________ - Relator: __________________________________________________________ - Atividade/Situações vivenciada (identificação):_____________________________ -Detalhamento dos atores envolvidos no processo (resguardando o sigilo): _______ Relato da experiência O Diário de Campo é composto pelo registro de notas descritivas e analíticas referentes às vivências vinculadas à tutoria, leituras, campo da pesquisa e outras experiências. Notas Descritivas: Notas descritivasdizem respeito ao registro das informações referentes aos acontecimentos, na seqüência em que ocorrem, podendo ser registradas ao vivo e/ou imediatamente após, e complementadas posteriormente. - Retrato dos sujeitos (aparência, maneira de vestir, modo de falar e agir, particularidades dos indivíduos; incluir fotos): ___________________________________________________ - As visões de mundo do observado (grau de religiosidade, valores, elementos culturais ligados ao processo de trabalho, de saúde ...): ____________________________________ - Reconstrução do diálogo (palavras, gestos, expressões faciais, pronuncias):___________ - Descrição espaço físico (desenho espaço, mobília): __________________________ - Comportamento do observador (aspectos que possam interferir na coleta de dados): ____ - Descrição de atividades (detalhamento corporal): _____________________________ - Relatos de acontecimentos (forma como aconteceram e natureza das ações): _________ Notas analíticas: As notas analíticas correspondem às reflexões pessoais: idéias, percepções e sentimentos surgidos durante a ação, nos contatos formais e informais, registradas – ao vivo ou mais imediatamente possível – em forma de breves lembretes e posteriormente através de anotações mais elaboradas. - Relato pessoal do observador (sobre os material descritivo, envolve especulações, problemas, sentimentos, ideias, palpites, impressões e preconceitos): _____________________ - Relato sobre a análise (especulações e conexões do que emerge, pensamentos que ocorrem, reflexões): ________________________________________________________________________ - Relato sobre o método (discussão sobre metodologia): _________________________ -Relato sobre conflitos e dilemas éticos (preocupações que surgem, valores e responsabilidades): ______________________________________________________ - Ponto de vista do observador (estudo dos pressupostos acerca dos sujeitos e do meio): __ - Pontos de clarificação (explicações de situações confusas): ______________________ Discussão da experiência - Registrar o planejamento em seu processo: previsão de tarefas, agenda, avaliação do cumprimento das metas alcançadas e redefinição das metas não cumpridas: ___ 81 - Produção do conhecimento (registro de fatos e situações observados, depoimento dos sujeitos envolvidos, sentimentos pessoais e subsídios da literatura) : ___________________________ - Análise dos procedimentos técnicos: _____________________________________ - Questionamentos críticos quanto à realidade social e/ou institucional suscitada pela atividade: ___________________________________________________________ - Problematização da realidade e prática com argumentos teóricos: _____________ - Outros dados considerados relevantes para o aluno: ________________________ - Apontamento de dúvidas: _____________________________________________ Apontamento de destaques para: - Aprofundar através de leituras: ________________________________________ - Buscar informações no campo da vivência: _______________________________ - Discutir com a equipe. Principais de pontos e conclusões da discussão: ________ 82 ANEXO G – Entrevista para os escolares ENTREVISTA PARA OS ESCOLARES NOME:_________________________________ DATA: ________INSTITUIÇÃO: _____ Motivação Você está participando das atividades? ( ) SIM ( ) NÃO. COMO? ____________________ Sabe os dias que as atividades acontecem? ( ) SIM ( ) NÃO Fica esperando chegar os dias das atividades? ( ) SIM ( ) NÃO Participa e dá opiniões e sugestões para as atividades? ( ) SIM ( ) NÃO. Como? _______ Conhecimentos e percepções sobre saúde bucal O que é ter saúde? _________________________________________________________ Você tem saúde? __________________________________________________________ O que você já sabia sobre a saúde da boca? _____________________________________ O que você aprendeu? _______________________________________________________ Quais são as principais doenças da boca? _______________________________________ Como fazemos para evitar as doenças da boca?___________________________________ Você faz o que é preciso para evitar as doenças da boca? Se não, Por quê?_____________ Como deve ser uma alimentação saudável?_______________________________________ Você tem uma alimentação saudável?___________________________________________ Que outros hábitos não são bons para a saúde? ___________________________________ Você tem hábitos que não são bons para a saúde? Se sim, Quais? ____________________ PRODUÇÃO DO CUIDADO Humanização e Vínculo Você sabe o nome dos dentistas e alunos da Faculdade que fazem as atividades? _______ Você ficou à vontade para tirar as dúvidas com quem estava fazendo a atividade? ________ Os dentistas e alunos da Faculdade deram atenção a você e te trataram com carinho? Se não, como trataram e quando? _________________________________________________ Respeito (educação e atitudes respeitosas) e solidariedade Os dentistas e alunos da Faculdade ajudavam vocês quando tinham dificuldade? ________ Você ajudava seus colegas quando eles tinham dificuldade? ________________________ Os dentistas e alunos da Faculdade trataram você com respeito e educação? Se não, como trataram e quando? _________________________________________________________ Inclusão Seus amigos participaram das atividades junto com você? ___________________________ As atividades facilitaram a participação de todos os colegas? _________________________ Alguém não participou ou participou pouco? Por quê? ______________________________ Satisfação Você gostou das atividades? Por quê? __________________________________________ O que você mais gostou? _____________________________________________________ Você ficava feliz durante as atividades? __________________________________________ Você achou alguma coisa chata ou não gostou de alguma coisa? O que? _______________ Você quer dar alguma sugestão ou ideia para uma próxima atividade? _________________ 83 ANEXO H – Letra e cifra de música produzida Paródia da música Show das Poderosas da cantora Annita Autor: Matheus Duarte Tom: D# Maior ESCOVAS PODEROSAS (Cm / Gm) Prepara, que agora é hora Das escovas poderosas Que escovam, que limpam As bocas mal cheirosas E tiram o bafo de comida gostosa Que fica agarradinha e não solta Prepara Quando eu me alimento eu sei o que fazer Eu uso o fio dental e uso pra valer Meu exército é pesado, a gente têm poder Passa o fio, poe a pasta na escova e vai (Ab / Fm / Gm / Cm / Ab / Fm / Dm / Gm) Poe a pasta, pra não ficar arranhando Pouca pasta pra não ficar babando Escovo todos os dentes e em todos os cantos Limpo minha boca toda E fico rindo atoa. 84 ANEXO I – Letra e cifra de música produzida Música do teatro do palhaço Autor: Matheus Duarte Tom: G Maior PALHAÇO APAIXONADO (GM / CM / Em / D/F# / GM) Ilê ile iii i Lê i lê aaaa Essa história é de um palhaço Que um dia se apaixonou Por uma palhacinha que pra ele nem olhou Ele fez muito sacrifício mas ela ignorou Tinha algo errado e ela observou Ilê ile iii i Lê i lê aaaa O palhaço nos diverte, nos faz rir e gargalhar Mas do seu próprio sorriso ele não soube cuidar Não cortava a unha do dedinho e do dedão Só comia muito doce, não queria arroz e feijão Ele não escovava o dente e não usava o fio dental E por isso o palhacinho se deu muito mal Ilê ile iii i Lê i lê aaaa Por não cuidar, o biofilme começou a acumular E ele corria o risco de a cárie iniciar Com o tempo a gengiva começou até sangrar E a sua boca ficou com um cheiro de matar 85 Ilê ile iii i Lê i lê aaaa Os seus amigos ensinaram uma boa alimentação À cuidar do seu sorriso, do seu corpo e cabelão E agora com boa imagem e um belo sorrisão A palhacinha entregou seu coração Ilê ile iii i Lê i lê aaaa 86 ANEXO J – Letra e cifra de música produzida Música da atividade de pega-varetas Autor: Matheus Duarte Tom: A Maior EU SOU TÃO DIFERENTE (AM / F#m) Eu sou tão diferente Isso é normal Ser diferente é algo tão natural (se repete a cada passagem de estrofe) (BM / C#m / DM / C#m / BM / EM / AM) Nem todos sabem desenhar Nem todos vão saber correr Mas todos têm um dom E você pode crer Mas existe algo em comum Que todos devem fazer O se cuidar É igual pra mim e pra você Talvez, até eu cante mal E seja ruim no futebol Mas tenho o dom de amar E cuidar de você Não se entristeça ou sinta mal Se ouvir que você não é capaz Mentira! Você é E basta você crer. 87 ANEXO K – Letra e cifra de música produzida Escovando sem parar Tom: GM Autor: Matheus Duarte (GM / Em / CM / DM) Lá, lá, lá, láá Lá, lá, lá, láá Hoje eu acordei bem cedo E o meu dente fui lavar Escovando direitinho Para ele não estragar A minha mãe me ensinou E eu nunca vou me esquecer Que cuidando dos meus dentes Lindo sorriso eu vou ter Lá, lá, lá, láá Lá, lá, lá, láá Na hora do almoço Como o arroz com o feijão Depois escovo os meus dentinhos E lá atrás o meu dentão Eu não posso ter um bafo Após a refeição 88 Nem rir pro meu colega Com uma casca de feijão Lá, lá, lá, láá Lá, lá, lá, láá Se de tarde tem o lanche Eu não posso esquecer Que limpando direitinho Saúde eu vou ter Como eu fiz no almoço Vou fazer no meu jantar Escovando com carinho Sem machucar ou apertar Vou pegar a minha escova E um trenzinho imitar Na parte que eu mastigo Em “tique-taque” vou passar Pra frente e pra traz Sem esquecer nenhum lugar E na parte do sorriso Em movimento circular Lá, lá, lá, láá Lá, lá, lá, láá Na hora de dormir 89 Alguém pode me falar? Vou pegar a minha escova E o meu dente vou ..... ESCOVAAAARRRR!!! 90 ANEXO L – Letra e cifra de música produzida Música do Teatro “O dono do Circo” Autor: Matheus Duarte Tom: A Maior EU NÃO ESCOVO OS MEUS DENTES (AM / DM / EM / AM) Eu não escovo os meus dentes Por que eu tenho preguiça Eu já sou muito bonito E levo vida de artista Eu tenho muitos afazeres E animais para cuidar Eu tomo conta desse circo Com os dentes não vou me preocupar. 91 ANEXO M – Letra e cifra de música produzida Música do Teatro “O dono do Circo” Autor: Matheus Duarte Tom: A Maior O FIO DENTAL É ESQUISITO (AM / DM / EM / AM) O fio dental é esquisito Não sei colocar entre meus dedos Ninguém nunca me ensinou E isso me deixa em desespero Eu o uso quase nunca E quando uso é rapidinho Passando só em alguns dentes Só em um cantinho. 92 ANEXO N – Letra e cifra de música produzida Música do Teatro “O dono do Circo” Autor: Matheus Duarte Tom: A Maior TOMAR BANHO É MUITO CHATO (AM / DM / EM / AM) Tomar banho é muito chato Leva toda a sujeira Que fica entre os meus dedos Me causando a frieira Aquela espuma me irrita Descendo da minha cabeleira Gosto de ter o meu cheirinho E coçar minhas coceiras. 93 ANEXO O – Letra e cifra de música produzida Música do Teatro “O dono do Circo” Autor: Matheus Duarte Tom: A Maior A MINHA BOCA TEM UM BAFO (AM / DM / EM / AM) A minha boca tem um bafo Muito insuportável Quando eu sinto esse cheiro Eu até quase desmaio Por não escovar esses meus dentes E não usar o fio dental Eu tenho muitas cáries E sangramento gengival Eu tenho cheiro de cecê Por detestar tomar banho Ninguem mais vem ao meu circo Por que o cheiro é estranho Eu disse o cheiro é dos macacos Mas ninguém acreditou O que eu faço por favor, para mudar o que hoje sou? 94 ANEXO P – Letra e cifra de música produzida Música do Teatro “O dono do Circo” Autor: Matheus Duarte Tom: A Maior QUANDO EU ME CUIDO BEM (AM / DM / EM / AM) Com vocês eu aprendi E agora vou executar Vou cuidar da minha boca E meu banho vou tomar Quando eu me cuido bem Meu circo enche de montão Fico cheio de saúde E não afasto mais a multidão 95 ANEXO Q – Letra e cifra de música produzida Autor: Matheus Duarte Tom: B Maior NA FESTA JUNINA (BM9 / F#m / G#m / EM) Na festa junina tem farra da boa Tem “arraiá” dos “bom” Tem muita canjica, tem muita pipoca Tem muito rojão Durante a festa eu como de tudo até me fartar Eu como paçoca, eu como pipoca até “os piriá” Será que na festa eu posso pegar tudo o que é de comer? Eu digo que pode, mas depois de tudo tem algo a fazer Eu digo: Eu posso, eu posso, eu posso Eu posso, eu posso, eu posso comer Depois da comilança meu dente está sujo de doce e bombom Tem de pé-de-moleque, jujuba, pastel, suco a salsichão Entre os espaços dos dentes Existe um lugar muito especial Onde a comida agarra tendo que tirar com o fio dental Então eu... Passo, eu passo, eu passo, eu passo, eu passo o fio dental (2x) Pra completar eu não posso esquecer também o que a escova faz Escova os dentes da frente e vou escovando até os lá de trás. 96 Então eu... Escova, escovo, escovo, escovo, escovo os dentes de trás (2x) Hoje, aqui, nós aprendemos que cada um dos dentes tem a sua função Que temos que cuidar de todos Da mesma maneira com a mesma atenção Os da frente que são incisivos corto coisas moles e puxa o mingau Os do lado, cortam coisas duras e o lá de trás tritura total Então eu... Cuido, eu cuido, eu cuido, eu cuido, de todos de forma igual (2x) 97 ANEXO R – Letra e cifra de música produzida EXPLOSÃO DE NUTRIENTES Paródia musical da música Meteoro de Luan Santana Autor: Matheus Duarte Tom: GM (GM / DM / Em / CM) Te dei arroz, te dei feijão Pra uma boa alimentação Salada como à vontade Tomate e pimentão Explosão de nutrientes Que não dá pra acreditar Ahh! Como é bom poder jantar O cardápio eu refiz e sou mais feliz Comida mais saudável é o que eu sempre quis Exagerar no doce não é pra mim E a dor de barriga teve fim (GM9 / Em / CM / DM) Se for doce, sim eu como Só não vou exagerar Por que eu me preocupo Com o meu bem-estar. 98 ANEXO S – Letra e cifra de música produzida DANÇA DA ESCOVA, PASTA E FIO DENTAL Música do Teatro de Fantoches Autor: Matheus Duarte Tom: EM (EM / BM / AM / BM / EM / BM) (solo da corneta de pet) Vou convidar você para dançar Uma dança legal Que é a dança da escova, da pasta e do fio dental (solo da corneta de pet) Eu sou o lico e o que eu aprendi é sensacional Que o momento em que eu limpo a minha boca É uma hora especial (solo da corneta de pet) Então escova, escova, escova Escova o dente Pra ficar limpo, branco e cheirosinho Então escova, escova, escova Pra ficar bem legal 99 Pra tirar o bafo E também tirar restinho de comida Tem que escovar e também passar o fio dental (solo da corneta de pet) 100 ANEXO T – Letra e cifra de música produzida NO ESCURINHO DO CINEMA Paródia musical da música Flagra, de Rita Lee Autor: Matheus Duarte Tom: AM (AM / C#M 7 / DM / EM / E5+) Introdução (AM / C#M / DM / Dm / EM) No escurinho do cinema Chupando bala de anis Perto de um grande problema Longe de um final feliz. (C#m / F#m / C#m / F#m / BM7 / CM7 / C#M7 / DM7 / EM) E de repente a bala grudou O açúcar logo ali agarrou Se não limpar pode dar cárie (cruziss) A bala, a bala, a baaaalaaaaa. (AM / C#M 7 / DM / EM / E5+) Depois disso vem a pipoca Tudo fica mais feliz Copo duplo de coca-cola Com muito gelo eu pediiii (C#m / F#m / C#m / F#m / BM7 / CM7 / C#M7 / DM7 / EM) E de repente o filme acabou 101 A comida e a bebida acabou Acenderam as luzes (cruzis) Vamos embora, embora, emboooraa. 102 ANEXO U – Letra e cifra de música produzida FAMÍLIA EH, FAMÍLIA AH Paródia musical da música Família, dos Titãs Autor: Matheus Duarte Tom: AM (AM / DM / GM / AM / DM / GM / AM / GM / DM / GM) Família Família Papai, mamãe, titia Família Família Acorda cedo todo dia Família ê, família ah, amília. Quando acordo logo cedo O dente tenho que escovar Mas as vezes estou com pressa E deixo isso passar Corro logo pro café E começo me alimentar Pego as coisas e vou pra aula E deixo tudo isso pra lá. Família.... Quando eu chego da minha aula O franqguinho tá cheirando 103 Corro logo pra minha mesa A barriga está roncando Como tudo o que eu gosto Não deixo prato sobrando Depois deito no sofá Quinze minutos tô roncando Família... Quando acordo pela tardinha Algo tenho pra fazer Pego pacote de biscoito E todinho pra beber Nada como comer de tarde Deitado no meu sofá Despreguiçando as minhas pernas O meu bracinho e lombar Família... Quando chego de noitinha A janta vou esquentar Aproveitando do almoço Pra poder não desperdiçar Como tudo de gostoso Desde que acordo até deitar Minha vida é só comer Não tenho que me preocupar. Família...