MASAAKI HATSUMI: O Mestre Ninja MASAAKI HATSUMI: O Mestre

Transcrição

MASAAKI HATSUMI: O Mestre Ninja MASAAKI HATSUMI: O Mestre
ANO XVII - Nº 196 BIS BIMENSAL
A REVISTA MAIS INTERNACIONAL DAS ARTES MARCIAIS • KERAMBIT • SHAOLIN HUNG GAR. GUNG GEE FOOK FU KUEN • HAPKIDO
ANO XVII - Nº 196 BIS BIMENSAL
MASAAKI HATSUMI:
O Mestre Ninja
JOSE ALDO:
“OSCAR” 2010
DE MMA
U.F.C. RÍO:
Voltando pela
porta da frente
EL KERAMBIT:
Uma “faca” letal
O Mestre Sewer, 8ºDan Shaolin Hung Gar Kung Fu e
sucessor oficial do Grão Mestre Chiu Chi Ling, 10ºDan,
apresenta-nos nesta ocasião a principal Forma do estilo
original, assim como a explicação de todas as suas técnicas
e aplicações. A Gung Gee Fook Fu Kuen é uma das mais
antigas Formas de punho de Shaolin e foi transmitida pelo
último abade do mosteiro, Chi Sim, a um de seus
melhores alunos; Hung Hee Gung. Sem
dúvida é uma Forma de obrigado
conhecimento para todos aqueles
incondicionais de Shaolin do Sul,
posto que incorpora toda a
bagagem antiga que trata da
respiração, a saúde e as
técnicas de luta. A prática
desta extensa e intensa
Forma desenvolve a parte
física dos estudantes e
permite-lhes realizar um
substancial progresso,
posto que é também a
base do Chi Sao, do
Boneco de Madeira, dos
exercícios
de
endurecimento e do Shaolin
Qi Gong. Este trabalho
contém também um resumo
da Forma executado pelo Dr.
Chiu Chi Ling.
REF.: • SEWER4
Todos os DVD’s produzidos por Budo
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DVD-5, formato MPEG-2 multiplexado
(nunca VCD, DivX, o similares) e a
impressão das capas segue as mais
restritas exigências de qualidade (tipo de
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nossos produtos é comercializado através
de webs de leilões online. Se este DVD
não cumpre estas exigências e/o a capa e
a serigrafia não coincidem com a que aqui
mostramos, trata-se de uma cópia pirata.
Basta um CliC
para estar no melhor
que em Artes Marciais
existe no teu idioMA…
RIAL
COMO SER FELIZ, SEM ALCANÇAR A ESTUPIDEZ
“Se tu não és feliz, não és sábio, nem és nada (sic)”
Gato Pérez. (Rumba)
A
felicidade sempre se tem
identificado
com
o
ignorante. Mas, como se
pode
ser
feliz
na
ignorância? O ignorante é
feliz até que a sua incompetência o
situa perante a natural consequência de
ser ignorante; mais cedo que tarde,
iniludivelmente, a sua ignorância fá-lo-á
errar, confundir-se, mal interpretar, ler
desacertadamente, escolher mal o
momento,
enganar-se
e
indefectivelmente sofrerá por isso e
pelas consequências que isso
provoque.
A identificação da felicidade com o
ignorante tem entretanto um sentido
realista, quando visto de uma
perspectiva diferente. Toda a felicidade
do ignorante diz respeito ao facto de
olhar sem acritude e com benevolência,
tanto a si mesmo, como à vida. O olhar
da criança, a sorte do novato,
acontecem porque, vazios de intenção,
por vezes, só temos que Ser. Sem
intenção, a fluidez acontece e tudo se
conjura para que o positivo aconteça.
Sem prejuízos, sem culpas, não nos
agarramos a nada e nada se agarra a
nós. Mas esse estado de bem-estar não
é eter no e é bem sabido que aqui
estamos para aprender, para
melhorarmos ou pelo menos, segundo
os menos entusiastas, para crescer,
para Ser.
Um querido amigo afirma que a
felicidade é um estado natural que no
entanto não pode ser forçado. Acontece
de maneira natural uma vez que nada o
impede, em certa maneira é o estado
natural do homem, mas claro está,
quando o homem está nesse estado!
Porque o homem muda, vive ciclos,
sobe e desce, entra e sai, com o
mesmo rigor que se sucedem as luas,
as estações, com a mesma certeza que
ao sol nascente seguirá o ocaso.
A felicidade não pode ser perseguida,
nem temos de correr na frente dela! O
próprio empenho na sua consecução,
faz-se precisamente essa corrida
incoerente;
fugimos
do
que
procuramos, porque não há maneira de
2
concebe-lo. A felicidade chega e
quando nos amarramos a ela asfixiamola; se não vem, conjuramo-la
perseguindo seus muitos sucedâneos…
Literalmente, uma corrida doida! o
medo atrás, empurrando…, a
insatisfação na frente, puxando…
Por vezes, a felicidade está tão perto
que basta largar amarras e o vento nos
levará até ela. Deixar-se ir… E deixar ir!
Que tanto nos amarramos como nos
amarram quando nos amarramos.
Que grande engano! Desde crianças
nos ensinam a sermos tendo, na
conquista, na consecução, mas
ninguém nos inicia no mistério de Ser.
Quanto mal se faz assim aos melhores.
Os que não encaixam no molde, serão
os que abram as portas que para todos
estiverem fechadas. Não há grande
homem que não tenha sentido a dor da
sua diferença e que tenha feito dessa
dor o motor do seu proveito, o incentivo
da sua criatividade. No entanto, tal
coisa não deve tor nar-se rancor,
vingança, nem sequer em dor
permanente.
A
grandeza
do
verdadeiramente grande está em
dissolver esse sentimento com a
naturalidade com que uma criança
esquece a sua zanga… Isto é porque o
mundo está cheio de coisas
interessantes por descobrir.
A dor em excesso asfixia a
curiosidade, a graça e todo empenho
por simplesmente ser. A depressão
acontece
então
como
uma
consequência natural do cansaço e da
tortura, enquistando a pessoa em seu
rancor, na sua prevenção frente ao
outro; fechando-se na negatividade as
suas águas apodrecem como as de um
lago artificial que não renova suas
fontes.
Quantas vezes esquecemos o mais
simples! Cansados de enfrentar a
complicação que é viver nestes dias
devido à multiplicidade das armadilhas,
abutres e rapaces várias, nos perdemos
nos detalhes. Se alguma coisa te
queima deves largá-la! Não agarrar-te
com mais força a isso! Quantas vezes o
mau conhecido é melhor que o bom por
conhecer… O medo…, sempre o medo!
Não. Nunca é fácil. Falar é uma coisa;
contar isso, bem…, mesmo perceber,
mas nunca, nunca é fácil em primeira
pessoa. Apanhados nos detalhes,
perdidos na abundância de explicações,
esquecemos de abrir a mão e largar.
Nos esquecemos que é preciso
esquecer, não por termos de ser bons…
mas porque não é bom atar-se ao que é
negativo; pior ainda, carregar com isso;
o mais horrível, procurar vingança.
Inútil, fútil e miserável… ruminar as
culpas. Não! Não se tem de perdoar!
Não há nada que perdoar! O erro não é
senão o preâmbulo do acerto, adequar
o momento é um passo em busca da
harmonia, mais um passo no caminho
do que viemos fazer.
O pior dos cenários é criar uma rotina
com tudo isso, morder-se a cauda
como uma serpente, dando voltas sobre
a mesma coisa. Chega uma altura em
que é melhor sentir a dor, porque nos
convencemos de que assim estamos
melhor preparados para suportar ou
antecipar-nos à próxima dor. Como
somos absurdos!
Largar, deixar ir, só se consegue
abrindo-se à novidade com a
curiosidade de uma criança, que
esquece depressa, porque não se
aferra, há muito mais que saborear no
banquete. A mesa está servida! Tudo o
que há sobre a toalha de mesa é
precioso, rico, variado… Nunca
havemos de saber tudo, nunca
experimentaremos tudo, mas… e se
tentarmos? A criança experimenta e
diverte-se, porque experimentar é
divertido, não tanto pelo facto em si
mas pelo espírito que anima a
experiência. Experimentar, não como
prova de si mesmo, não para prevalecer
sobre outros, experimentar porque é
natural, é a obrigação, porque tudo é
uma dádiva se sabemos vê-la como tal.
As obrigações, o que é obrigatório,
matam as dádivas, porque lhes tiram a
surpresa, a consecução não satisfaz
porque está prevista… e sem surpresa
não há adrenalina, não há oxitóxina,
nem endorfinas que valham.
Editorial
A Arte de ser adulto é um paradoxo e como tudo vê-se em seu oposto: O ser
como crianças. Ser como crianças sendo adultos, não significa ser estúpido e agir
irresponsavelmente. Ser como uma criança é voltar a entrar em contacto com a
nossa inocência, com a nossa curiosidade, mas sem nos atarmos a nada negativo,
sem aderir-nos ao passado, sem fragmentar o presente em mil razões, sem afobarnos com um amanhã que ainda não chegou e que pode mudar completamente a
cada instante. Não existe nenhum caminho feliz (que não à felicidade!) que não
passe por este princípio, por esta atitude… Todo o resto serão sucedâneos,
substitutivos para entreter, para estar mais e mais perdidos.
Voltar a entrar em contacto com o nosso interior tem a ver com essa criança
primordial que há em todos nós, que brinca porque esse é seu trabalho.
Não dando espaço a essa criança, o homem se
apaga e não encontra o Yin de que precisa para
expressar seu Yang; sem óleo a maquinaria aquece,
seca e a planta murcha prematuramente.
Nunca é tarde para rir com essa criança e se
preciso for, porque não, para também chorar com ela;
porque o pranto da criança é saudável e libertador,
intenso, mas curto, porque não se empenha na dor.
Deixem a criança vir ao de cima cada dia um pouco,
porque a sua companhia faz-nos melhores, nos
reconforta e põe-nos a bem com a vida.
Tirem um gosto! Brincar por brincar e de vez em
quando, que seja brincar a uma coisa nova.
Abandonem-se aos sonhos, sem outro propósito que
vagabundear entre os vossos desejos. Quem sabe
alguma coisa boa surja e surpreenda! Sejam
preguiçosos sem serem displicentes. Conscientemente
quebrem as rotinas, porque asfixiam toda criatividade e
mantêm as cadeias das mentiras que criamos. De vez
em quando pratiquem o “não fazer” com intensa fruição
e absoluta luxúria. Conheçam um estranho, mas também
vejam com outros olhos um conhecido. Façam alguma
coisa apenas por fazer, sem admitir intenção nem
motivo algum. Riam de tudo, mas acima de tudo de
vocês mesmos, sem bom humor, o melhor da vida…
não vale nada. Levamos a vida tão a sério que
somos capazes de justificar as nossas próprias
armadilhas. O bom humor derriba as muralhas da
nossa importância pessoal e faz-nos simples. E
acima de tudo, sigam o que o vosso coração
manda. mantendo-o aberto, porque mesmo que
possa ser ferido, um só instante a seu lado, vale
mais que uma vida sem ele.
Estamos aqui para viver! o resto são opiniões…,
isso é uma certeza. Transformar essa acção, em si
mesma sagrada por extraordinária, em um inferno,
é o maior dos pecados. Todos caímos, mordemos
o pó, sofremos a derrota em algum momento. O
guerreiro é aquele que se levanta e continua. Se
fica preso na sua dor, se torna denso, pesado e
morboso. Realmente não é preciso lutar contra ele,
só se tem que recomeçar e o nosso começo foi
exactamente igual para todos; de alguma nova
maneira, temos de tornar a ser criança.
Alfredo Tucci é Director Gerente de
BUDO INTERNATIONAL PUBLISHING CO.
e-mail: [email protected]
3
KERAMBIT
WUSHU
Hu Jianqiang foi duas
vezes campeão do mundo
de formas de Wushu, é
actor, coreógrafo e estrela
do cinema internacional.
Nesta
entrevista
convidamos Hu a partilhar
com os nossos leitores
seus conhecimentos de
Wushu, por ele tão
arduamente adquiridos.
p. 56
p. 50
Fazendo praticamente impossível de desarmar a quem
porta o Kerambit, ele é sem
dúvida, uma das armas brancas mais letais.
Apresentamos neste artigo as origens e natureza de uma arma devastadora, com um desenho anatómico e um funcionamento perfeito.
WEC & UFC
PRIDE
UFC RIO
Na década dos anos 90, Johil
de Oliveira era considerado um
dos melhores do mundo na sua categoria,
mas um acidente no Pride mudou a sua
vida. Agora, com 41 anos, Johil se
aposentou e a Revista Cinturão Negro faz
esta homenagem a este autêntico exemplo
de guerreiro nos ringues e na vida.
p. 60
Ver o UFC no Rio de Janeiro,
p. 22 berço do Vale-Tudo, é como
assistir à sua volta em triunfo…, o
que acontecerá a 27 de Agosto deste ano 2011!
“CINTURÃO NEGRO”
é uma publicação de:
BUDO INTERNATIONAL PUBLISHING CO.
Central internacional:
C/ Andrés Mellado, 42 – 28015. MADRID.
Tel. (34) 91 897 83 40. Fax. (34) 91 899 33 19
p. 25
Em 2009 José
Aldo ganhava o
cinturão
de
campeão do mundo do WEC.
Este ano, após vencer oito
adversários e ganhar ambos
títulos WEC e UFC, Aldo
recebeu o Óscar ao melhor
lutador de 2010…
CINTURAO NEGRO NO MUNDO
"Budo International" é um grupo Editor Internacional no âmbito das Artes Marciais, que
conta com as melhores empresas especializadas nessa área de todo o mundo, sendo, a
nível mundial, o único grupo editor a publicar revistas especializadas em Artes Marciais
em sete idiomas, chegando a mais de 55 países em três continentes.
Alguns destes países são: Portugal, Espanha, Itália, França, Alemanha, Reino
Unido, Estado Unidos da América, Canadá, Suíça, Luxemburgo, Bélgica, Holanda,
Croácia, Argentina, Brasil, Chile, Uruguai, México, Peru, Bolívia, Marrocos,
Venezuela, Senegal, etc.
HAPKIDO
p. 06
Se ainda não aconteceu em todos os
países da Europa, está em processo
de acontecer: as práticas coreanas
unidas em redor da mais potente Federação das
mesmas, a Federação de Taekwondo.
GUNG GEE FOOK FU KUEN
La forma “Gung
Gee Fook Fu Kuen”
contiene el verdadero
conocimiento
Shaolín. Primera y
principal forma del
original Shaolín Hung
Gar Kung Fu, es una
de las más antiguas
de las que contienen
conocimientos
añejos y técnicas del
verdadero Kung Fu
de Shaolín del Sur.
p. 12
NINJUTSU
Sem dúvida alguma, o
Mestre Masaaki Hatsumi é
alma indiscutível do
Ninjutsu no Japão e no
mundo. Antes de finalizar
este ano ele festejará 80
anos de idade e este é um
bom
momento
para
recordar sua história e
opiniões, através de antigas
declarações.
p. 28
Presidente: Estanislao Cortés. Conselheiro Delegado e único Gerente: Alfredo Tucci. Direcção de Arte: Alfredo Tucci. Chefe de Produção:
Marga López-Beltrán García. E-mail: [email protected]. Chefe de Produção de Vídeos: Javier Estévez. Chefe de Distribuição e
Material: Fernando Castillejo Sacristán. Administração: José Luis Martínez. Tradutores: Brigitte de le Court, Cristian Nani, Celina Von Stromberg.
Publicidade: Tel. (34) 91 897 83 40. Colunistas: Don Wilson, Yoshimitsu Yamada, Cass Magda, Antonio Espinós, Jim Wagner, Coronel Sanchís,
Marco de Cesaris, Lilla Distéfano, Maurizio Maltese, Bob Dubljanin, Marc Denny, Salvador Herraiz, Shi de Yang, Sri Dinesh, Carlos Zerpa,
Omar Martínez, Manu, Patrick Levet, Mike Anderson, Boulahfa Mimoum, Víctor Gutiérrez, Franco Vacirca, Bill Newman, José Mª Pujadas,
Paolo Cangelosi, Emilio Alpanseque, Huang Aguilar, Sueyoshi Akeshi, Marcelo Pires, Angel García, Juan Díaz. Fotógrafos: Carlos Contreras,
Alfredo Tucci. Impressão: SERGRAPH. Amado Nervo, 11 - Local 4. MADRID. Distribui: MIDESA PORTUGAL – Distribuição de Publicações,
S.A. Rua da República da Coreia, 34. Ranholas, Sintra. Depósito Legal: M-7541-1989
Artes da Coreia
“A Arte Marcial Coreana finalmente organizada e
sistematizada em um programa coerente de
aprendizagem e com a garantia e
o reconhecimento oficial de
uma Federação nacional,
líder a nível internacional”
Presidente da Federação Espanhola de Taekwondo
6
Director Técnico de Hapkido da Federação Espanhola de Taekwondo
Programa oficial de Hapkido até Faixa Preta, da Federação Espanhola de Taekwondo
S
e ainda não aconteceu em todos os países da Europa,
está em processo de acontecer: as práticas coreanas
unidas em redor da mais potente Federação das
mesmas, a Federação de Taekwondo.
Na Espanha já aconteceu, com garantias de primeira
categoria, como seja o Conselho Superior dos
Desportos do Estado Espanhol; o Hapkido foi integrado
oficialmente como actividade com regras, no seio da Federação
Espanhola de Taekwondo.
Para além das considerações políticas e de organização desta
novidade, existe um trabalho muito bem organizado nesta Arte
Marcial no seio da Federação de Taekwondo, faz bastante tempo.
A Espanha recebeu muitos coreanos nas décadas de 60 e 70 do
passado século. Sem dúvida é a isto devido que se tivessem
estabelecido as bases que levaram esta arte Marcial a encontrar
numerosos adeptos e um altíssimo nível neste país. Foram os
estudantes espanhóis daqueles Mestres, hoje em dia eles próprios
Mestres e especialmente a diligente gestão do actual presidente
Jesus Castelhanos, (distinguido também como Vice-presidente
europeu e presidente da Federação Ibero-Americana), que
permitiu uma época de grandes conquistas na área desportiva e
de organização. Hoje, as equipas espanholas estão
internacionalmente reconhecidas como as melhores, sempre em
pugna com os coreanos, os quais sem dúvida não querem largar
“o controlo” de uma arte, por mais que possam sentir-se doridos
em seu orgulho nacional. Mas assim não deveria ser e muito pelo
contrário, posto que ela se tornou Universal, não só como
desporto mas também como prática de formação para muitos
milhares de jovens.
O Hapkido fica assim tutelado por uma Federação séria, que já
começou a organizar os detalhes técnicos com claridade e
sistematicamente. Para isso organizou a produção deste primeiro
DVD com o programa oficial até Faixa Preta. O programa inclui
todos os aspectos técnicos indispensáveis no estudo desta arte
marcial, que abrange das quedas aos pontapés, até as mais
intrincadas projecções.
Este trabalho precede a aparição de um livro acerca desta
matéria, que virá esclarecer os estudantes de tudo quanto
necessário com respeito à aprendizagem deste estilo tão completo.
Ambos trabalhos foram realizados sob a supervisão do presidente
Jesus Castelhanos e dirigidos pelo actual director técnico da
Federação Espanhola Afonso Rubio, destacado Mestre da Arte e
em posse de uma longa trajectória na mesma, contando com a
colaboração de seus mais destacados Mestres.
Budo International sente enorme prazer em ter feito este trabalho
e ter contado com gente de tão alto nível técnico.
7
Artes da Coreia
Hapkido
O Hapkido, arte marcial com origem na
Coreia e ligado à prática do Taekwondo,
vem sendo praticado na Espanha desde
1968, quando o mestre Kim Jae Won se
instalou em Madrid, tendo sido relegado o
Hapkido a uma prática paralela, para dar
maior relevo ao Taekwondo como desporto.
Em termos mais prosaicos, o Hapkido
constitui um método sistemático e
pedagógico de ensino de técnicas de
Defesa Pessoal e de Luta. Entretanto, o
Hapkido é também um bom meio de
transmitir valores como a humildade, a
superação própria, a perseverança, procurar
ter uma boa saúde, a amizade, a fidelidade
e o compromisso.
Como Arte Marcial eminentemente de
auto-defesa, junta e fusiona em um só
método de ensino, o melhor da tradição
marcial coreana: o Tae Kyum (base
tradicional do Taekwondo moderno), o Kuk
Sul Won (defesa pessoal dinâmica
coreana) e a luta Syrum (muito popular
na Coreia e muito similar à Luta
Canária). Assim, o HAPKIDO compila
em um só método educativo o melhor
de estilos muito variados, que
trabalham do combate na longa e
média distância baseado em punhos e
pontapés (TKD, Karaté,...), até os
baseados na luta corpo a corpo na
curta distância (Judo, Syrum, etc.).
O pai do Hapkido, tal como hoje é
conhecido, foi o mestre Choi Yong Sul
8
(1904-1987). Nas décadas de cinquenta e
sessenta, o Hapkido e o Taekwondo surgem
como escolas e são adoptados como
métodos de ensino de luta nos corpos
policiais e militares da sociedade coreana.
A expansão no Ocidente do Taekwondo e
do Hapkido é fundamentalmente devida à
presença de tropas das Nações Unidas e a
terem sido adoptados pelas unidades dos
exércitos estado-unidenses como métodos
de ensino da luta corpo a corpo das tropas
coreanas, como duas disciplinas
complementares.
A denominação Taekwondo é adoptada
em 1957 por mestres de diferentes escolas
de artes marciais coreanas. Nessa época, o
Taekwondo fez possível a síntese numa
escola única do essencial dos estilos de luta
coreanos baseados no combate à distância,
usando batimentos de braços e pernas,
para finalmente se tornar o herdeiro do Tae
Kyum tradicional.
No entanto, a sua consolidação
institucional como arte de luta foi na Coreia
muito mais modesta que a do Taekwondo.
Tal é assim que a denominação e a criação
de uma escola oficial de Hapkido foi devida
à tarefa empreendida pelo aluno mais
avantajado, o mestre Ji Jan Jae. Em 1959, o
mestre Ji fundou o Hapkido tal como hoje é
conhecido, e dois anos depois, em 1961 foi
contratado pelo governo da Coreia do Sul
para dirigir a instrução em técnicas de luta
das Forças de Segurança Presidenciais, o
que realiza até 1979.
Hoje em dia, o Hapkido e o Taekwondo
partilham no estado coreano estatutos
muito parecidos e apesar das diferenças
existentes nestas disciplinas, as práticas do
Hapkido e do TKD se desenvolvem de
maneira integrada e complementar (convém
não esquecer que ambas são herdeiras
legítimas do Tae Kyum tradicional). Assim
sendo, mestres e monitores se formam
simultaneamente em ambas disciplinas e
ministram seus conhecimentos em paralelo.
Sendo o Taekwondo e o Hapkido as
disciplinas marciais coreanas com mais difusão
no mundo, entretanto, a prática do Taekwondo
se desenvolveu mais rapidamente como disciplina desportiva olímpica,
enquanto que a difusão do Hapkido foi mais lenta, devido por uma parte
ao grande êxito do Taekwondo e por outra parte à condição institucional
da sua origem. Talvez a maior diferença destas disciplinas resida em
que a prática do TKD foi orientada numa direcção predominantemente
competitiva (e daí a sua evolução como desporto de competição) e a
prática do Hapkido manteve mais intacta a sua bagagem marcial.
Convém não esquecer que o TKD e o Hapkido foram
introduzidos na Espanha pelos mesmos mestres, os quais
partilham sua condição de versados e instrutores de
ambas disciplinas, mas que em um determinado
momento optaram por se dedicar mais à difusão do
TKD, sem dúvida devido a que o seu carácter
competitivo abria incalculáveis ocasiões de
desenvolvimento na sociedade local, também
altamente competitiva.
Características do Hapkido
O Hapkido é uma Arte Marcial completíssima. Suas
criativas projecções granjearam-lhe o respeito dos
estudantes de outros estilos logo que foi dado a
conhecer, mas este aspecto é só uma parte da riqueza do
mesmo. Além das secções técnicas dedicadas à defesa
pessoal, o Hapkido conta com uma enorme bagagem
técnica, na qual se inclui um enorme arsenal em todas
as distâncias.
Esta riqueza técnica fica patente neste trabalho
realizado, onde as técnicas necessárias para a sua correcta
aprendizagem até Faixa Preta, ficaram devidamente em ordem.
Uma das características diferenciadoras do Hapkido é a
inteligência no uso da força frente a qualquer circunstância, e a
capacidade de usar suas técnicas para aproveitar a força do
atacante, sem se deter em considerações ou limites no que diz
respeito ao tipo de técnicas que se devem de utilizar, o que permite
combinar adequada e indistintamente, técnicas de batimento, salto,
projecção ao chão, chaves, etc. Isto é devido a que na sua origem
como arte de combate, não estabeleceu marcos restringidos para
a sua evolução, se bem a sistematização da sua aprendizagem
nos dias de hoje, permite aos estudantes aprender esta Arte
sem correr perigo.
As possibilidades do Hapkido como sistema de defesa
pessoal fez dele um estilo potente e sempre respeitado
no ambiente Marcial em todo o mundo. Organizar seus
conteúdos foi uma árdua tarefa, mas o resultado
facilitará que a sua expansão seja ainda muito maior a
partir de agora.
“O Hapkido
é uma Arte Marcial
completíssima,
suas criativas
projecções
granjearam-lhe o
respeito dos estudantes de
outros estilos desde que foi dado a conhecer,
mas este aspecto só é uma parte da riqueza
do mesmo”
“As possibilidades do
Hapkido como sistema
de defesa pessoal fez
dele um estilo potente
e sempre respeitado
no ambiente Marcial
em todo o mundo”
9
Artes da Coreia
“Quando um estudante
já penetrou
profundamente no
Taekwondo,
é difícil abstrair-se da
possibilidade de estudar
Hapkido”
10
Reportagem
Sua prática permite aos estudantes do
Taekwondo que assim desejarem, completar
a sua aprendizagem com tudo quanto
necessário, especialmente no que diz
respeito à defesa pessoal. A flexibilidade e a
preparação que o Taekwondo proporciona
aos estudantes é uma base magnífica para
aprofundar neste estilo; o uso das pernas e
braços em técnicas de batimento se
complementa assim com outras em que o
contacto se orienta para projecções,
luxações e complexos controlos, que fazem
mais ricos os conhecimentos de qualquer
estudante de Artes Marciais.
Quando um estudante já penetrou
profundamente no Taekwondo, é difícil
abstrair-se da possibilidade de estudar
Hapkido. Possuindo uma mesma raiz
cultural, os estudantes de Taekwondo terão
muito facilitado o processo e gozarão dele
intensamente.
Há no entanto quem resolve dedicar-se
em exclusiva ao Hapkido, mas é mais
habitual o caso contrário. As pessoas
tomam contacto com ele através do seu
treino em Taekwondo e observando uma
aula do mesmo sentem-se atraídas pela
sua força e especial estética, de onde
dimanam um sentido de firmeza e um
po der pleno s de do mínio . O s is tema
o rg aniz ado para a s ua co rrect a
aprendizagem é a base deste DVD, um
trabalho muito meditado para cumprir um
propósito, a correcta e completa formação
dos estudantes e a criação de uma guia
s ó lida para que o s Mes t res po s s am
realiz ar adequadamente a s ua t arefa
didáctica.
Reconhecimento na Espanha
do Hapkido como disciplina
associada à Federação
Espanhola de Taekwondo
Depois de muitos anos de deambular
em tentativas de consolidar-se como
Disciplina Associada dentro da Federação
Espanhola de Taekwondo, o Hapkido é
hoje uma realidade reconhecida pelo
Conselho Superior dos Desportos. Devido
em grande parte, ao intenso esforço e
constante interesse por parte do actual
Presidente da FET, Sr. Jesus Castelhanos,
que teve como objectivo no início da sua
presidência poder abrir o Departamento
Nacional de Hapkido, como Disciplina
A s s o ciada no s eio da F ederação
Espanhola de Taekwondo.
Muitas foram as tentativas, muitos os
documentos, os trabalhos realizados, os
projectos de Regulamentos, Modificação
nos Estatutos, para finalmente conseguir ser
uma realidade. Durante 2008, teve lugar o 1º
Campeonato da Espanha de Hapkido,
sendo muito bem recebido e onde foi
possível gozar das excelências, efectividade
e beleza desta Disciplina.
Em 2009 realizou-se o 2º Campeonato da
Espanha de Hapkido, também tendo dado
início os exames oficiais de faixas pretas,
com diplomas oficiais, os cursos de árbitros
que pontuam, cursos de formação e cursos
de reciclagem e actualização.
Em 2010 o ano encerrou com a 3ª edição
do Campeonato da Espanha, com um
excelente nível e sendo muito bem recebido
por parte das secções regionais.
A modo de esclarecimento e perante
dúvidas que oferecem determinadas
Associações, este é o texto recebido pelo
Conselho Superior dos Desportos:
“…Existe o reconhecimento do Hapkido
por este Organismo, como uma
Especialidade Desportiva integrada na
Federação Espanhola de Taekwondo,
entidade esta inscrita no Registo de
Associações Desportivas deste Conselho
Superior dos Desportos, e que é a única
entidade que tem delegadas em exclusiva
as funções públicas de tipo administrativo
que se contemplam na Lei do Desporto, tal
como aparece em seus estatutos
publicados no BOE (Boletim Oficial do
Estado).
Portanto, até à data, no âmbito desportivo
só serão válidas e gozarão do
reconhecimento oficial as actuações que
acerca do Hapkido leve a termo a dita
Federação Espanhola de Taekwondo.”
Também juntamos referência da cópia do
escrito com registo de saída do Conselho
Superior dos Desportos número 08.02.07
002008, onde o Exmo Sr. Ramón Barba
Sánchez, Secretário da Comissão Directiva
do Conselho Superior dos Desportos, nos
informa da aprovação da inclusão do
Hapkido como disciplina associada, nos
Estatutos desta Federação Espanhola de
Taekwondo.
11
“O GM Chiu Chi Ling mostra-nos
as partes dessa forma no seu
novo DVD de instrução da Gung
Gee Fook Fu Kuen e indica os
pontos mais importantes para
levar a efeito o processo da
aprendizagem”
12
“Também tem exercícios
físicos intensivos de
endurecimento,
como por exemplo Sam Seng,
que se incluem no
Gung Gee, forjando
assim o corpo do aluno.
Não é de estranhar que os
lutadores de Hung Gar
sempre tenham sido temidos
por seus antebraços e tíbias
duros como aço!”
Silenciosamente, o tigre rastreia na mata. O
luar mal ilumina o seu caminho, mas mesmo
assim, o tigre encontrará a sua vítima,
deslizando-se intrépido e letal.
Antigamente, na montanha Ling Nam no Sul da
China, não se conhecia nada mais perigoso e forte
que o tigre do bosque de bambu.
Havia monges guerreiros que aprendiam luta
nos mosteiros, a quem e mestres
ensinavam técnicas: “Gung Gee Fook
Fu Kuen!” exclamava o abade Chi
Sim Sum Si (também conhecido
como Ji Sim), enquanto
obser vava como os seus
alunos executavam a forma
“O punho que vence o
tigre”. Ele dizia: “Vocês
vão ser tão fortes que
serão capazes de vencer
inclusivamente o que de
mais perigoso e forte
há, o tigr e!”. O suor
escorria nas caras dos
alunos, e seus braços e
pernas tremiam devido a
tanto esforço. “Nenhum
de vocês será jamais um
verdadeiro guerreiro
Shaolim
se
não
dominarem esta forma”.
Provavelmente, poucos
daqueles alunos que tão
arduamente treinavam,
sabiam quanta razão tinha
o seu abade, o último
abade de Shaolim do Sul…
13
O “Gung Gee Fook Fu Kuen”
contém o verdadeiro
conhecimento Shaolim
A primeira e principal forma do original
Shaolim Hung Gar Kung Fu, a Gung Gee Fook
Fu Kuen é uma das formas de punho mais
antigas de todas as que contêm
conhecimentos e técnicas do verdadeiro Kung
Fu de Shaolim do Sul. Nos nossos dias, essa
forma que o abade Chi Sim Sum Si ensinava
pessoalmente, tem fama quase legendária de
ser por definição, a forma do Hung Gar. É uma
das mais famosas no mundo, depois da
conhecida forma Tigre-Grou. O treino
construtivo do Kung Fu fortalece todos os
praticantes, mas o Gung Gee Fook Fu Kuen é
como um limiar que tem de ser ultrapassado
para chegar a ser um autêntico lutador. Por
tanto, não é de estranhar que seja a primeira e
principal forma do famoso sistema Hung Gar!
Um dos elementos fixos dos que constituem
o Gung Gee Fook Fu Kuen é o trabalho com a
14
energia interna, denominado Qi Gong. Como é
sabido, o Hung Gar Qi Gong já existe nas
formas precedentes, mas só com o Gung Gee
Fook Fu Kuen o aluno se enfrenta
conscientemente a ele. Graças ao Qi Gong o
aluno aprende muito melhor, como nunca antes
fizera, a canalizar a sua energia e a utilizar a sua
força acertadamente. Isso aumenta a qualidade
de vida do praticante, também treinando em
grande medida o seu espírito guerreiro, devido
a que também se eleva nele o nível energético
necessário ao guerreiro!
Nos treinos, a Gung Gee Fook Fu Kuen é a
forma mais comprida (mais de 300 movimentos)
e por isso também constitui um novo desafio
somado. À semelhança do que acontece com a
forma Sai Pin Tai Ma, Posição do Cavaleiro do
Hung Gar Kuen, exige muita capacidade de
resistência e força mental. Situa-nos frente a
frente com limites internos e externos e ajudanos a superá-los! Também tem exercícios
físicos intensivos de endurecimento, como por
exemplo Sam Seng, que se incluem no Gung
Gee, forjando assim o corpo do aluno. Não é de
estranhar que os lutadores de Hung Gar sempre
tenham sido temidos por seus antebraços e
tíbias duros como aço!
“Logo a partir do primeiro momento
sentimos que a forma Gung Gee Fook Fu Kuen
é muito especial, é como se chegássemos a
um novo patamar da aprendizagem.
Actualmente, esta forma é uma parte fixa do
meu treino!” - diz R. Gisler, um destacado
aluno suíço, praticante de Hung Gar.
Quanto mais se pratica a forma, mais
experiência adquire o aluno, devido aos
princípios inerentes no Hung Gar: O Pá Kua é
o trabalho dos passos na luta. O Yam e Yeung
(Yin Yang) e Yeung (Yin Yang) que são parte da
aprendizagem da gestão da energia e do
princípio fundamental do Shaolim Kung Fu
original. Boxing-Sutras e as 12 pontes do
Hung Gar… Tudo isto e muito mais, forma
parte da Gung Gee Fook Fu Kuen!
Se pensarmos que os monges do famoso
mosteiro de Shaolim quiseram depositar numa
Kung Fu
15
Reportagem
forma a maior quantidade possível das suas
experiências, podemos então falar da Gung
Gee Fook Fu Kuen.
Desde que o Kung Fu original e correcto
abandonou o mosteiro de Shaolim, só se
modificou uma coisa na forma e isso foi
devido nem mais nem menos que ao herói do
povo Chinês, Wong Fei Hung. Como grande
lutador de Hung Gar e médico famoso, Wong
Fei Hung é considerado um herói e foi ele
quem somou à forma mais movimentos e
criou uma primeira parte instrutiva, que veio
complementar o resto da forma com um
conhecimento elementar do Hung Gar. Essa
primeira parte, denominada Gung Gee,
facilitava o acesso às formas avançadas do
Kung Fu de Shaolim do Sul, como acontece
com a Fook Fo Kuen, segunda parte da forma
actual, que encontramos em todos os
sistemas do Kung Fu realmente provenientes
do Shaolim do Sul.
Também para mestres experientes, a Gung
Gee Fook Fu Kuen é de grande importância
mesmo após ter aprendido outras formas
principais e por isso é regularmente praticada
inclusivamente pelo Grão Mestre Dr. Chiu Chi
Ling. Transmitida directamente através da
árvore genealógica da família Hung, a Chiu
Chi Ling foi ensinada desde os começos, no
Gung Gee Fook Fu Kuen. Seu pai e Sifu, o
Grão Mestre Chiu Kow (1895-1995) dava
grande importância ao facto de que seu filho
levasse a sério a sua formação. “Em criança,
nem sempre tinha vontade de treinar Gung
Gee Fook Fu Kuen oito horas por dia” - diznos sorrindo o Grão Mestre Chiu Chi Ling “Conservo em meu corpo muitas cicatrizes
dessa época em que o meu pai me tinha de
16
'convencer' para que eu treinasse a Gung Gee
Fook Fu Kuen. Mas hoje eu agradeço a meu
pai por cada uma da suas lições!”
O GM Chiu Chi Ling mostra-nos as partes
dessa forma no seu novo DVD de instrução da
Gung Gee Fook Fu Kuen e indica os pontos
mais importantes para levar a efeito o
processo da aprendizagem.
O GM Chiu Chi Ling, 10º Dan, gravou esta
parte do DVD, em Amesterdão, antes de um
seminário especialmente preparado pelo
Mestre Martín Sewer, para os praticantes do
verdadeiro Hung Gar.
Mas onde se poderia aprender esta forma
com a qualidade de Shaolim? Uma arte que é
tão antiga e provada, deve ser um segredo
bem guardado - poderão pensar algumas
pessoas.
Segredo? Tudo pelo contrário! Como uma
das cinco artes marciais mais famosas da
China, (Hung, Lau, Choy, Li e Mok) o Hung
Gar Kung Fu e com ela a forma Gung Gee
Fook Fu Kuen são tudo menos um segredo. E
no entanto, aoenas quem as procura poderá
encontrá-las… Hoje, não há melhor lugar que
o bastião actual do Shaolim Hung Gar Kung
Fu original, que está na maravilhosa Suíça;
estamos falando do sucessor do estilo das
famílias Chiu Hung Gar Kung Fu por
designação do GM Chiu Chi Ling, o Mestre
Martín Sewer.
“Nenhum aluno da Escola de KUNG FU
MARTIN SEWER pode continuar a sua
formação sem ter aprendido a parte da
primeira forma principal. Esta proporciona ao
aluno muitos instrumentos importantes para
desenvolver as suas capacidades. Também
para a prática com o Boneco de Madeira essa
é uma forma iniludível” - diz o Mestre Dr.
Martín Sewer, a quem poucas semanas atrás,
em Amesterdão, lhe foi concedido por seu
Mestre o 8º Dan (Tuan, Duan, Grado de
mestria), em presença de muitos grandes
Mestres do Kung Fu chinês.
Para este aluno a quem o Grão Mestre Dr.
Chiu Chi Ling, 10º Dan, concedeu o mais alto
grão do mundo como aluno, a forma Gung
Gee Fook Fu Kuen é um programa obrigatório
para a formação na KUNG FU SCHULE
MARTIN SEWER. Incluindo a graduação em
qualquer nível!
Faz décadas que Sifu Martín Sewer vem
seguindo seu Mestre e treina com ele
regularmente. Ele gosta de dizer: “Nunca
poderei esquecer quando fui aprender a Gung
Gee Fook Fu Kuen na antiga escola do meu
Sifu, na Pak Hoi Street, de Hong Kong…”
Fica bem esclarecido que hoje é e de certo
também no futuro será a Gung Gee Fook Fu
Kuen uma das formas básicas e fundamentais
na formação dos que praticam o Hung Gar.
A Comunidade Internacional do Hung Gar
esperava por este novo DVD de instrução da
KUNG FU SCHULE MARTIN SEWER.
Apresentado por Sifu Martín Sewer, 8º Dan
e o seu melhor aluno Sifu Fadri Canal, 3º
Dan, também inclui as explicações do GM
Chiu Chi Ling, 10º Dan, tudo o qual faz deste
novo DVD de instrução Gung Gee Fook Fu
Kuen, um trabalho imprescindível para todo
aluno de Hung Gar que realmente queira
aprender.
Talvez o tigre já não seja a coisa mais forte
que hoje se conhece, mas de certeza, a forma
Gung Gee Fook Fu Kuen despertará o tigre. O
tigre que está em ti!
17
Reflexão
Tribalismo Marcial
Embora estejamos inseridos numa realidade onde mais facilidades existem para a
busca do conhecimento e informações, nos emerge claramente a noção de que
enfrentamos algumas dificuldades no que chamamos civilização marcial em prol da
busca da razoabilidade, e se não da igualdade, pelo menos da liberdade de
escolha. Seríamos nós frutos de uma geração marcial que ainda não se recuperou
de todo do choque inicial de seus nascimentos e manifestações artísticas
combativas? - da transição da sociedade marcial tribal, com sua submissão às
forças mágicas e míticas, embebidas em lendas e obscuras quanto à
realidades factuais, uma sociedade fechada em versões, para a era marcial
aberta, que põe em liberdade as faculdades críticas e criativas do homem? O
choque dessa transição é um dos factores que possibilitaram o surgimento
dos movimentos reaccionários que procuram, contra ou ao menos sem
fazer bom uso da intelectualidade, impregnados por um sentimentalismo
possessivo, derrubar uma civilização marcial e retornar ao tribalismo
mais primitivo.
Vemos no cenário marcial uma luta velada entre duas mentalidades
que discutem o novo destino do quadro das artes. De um lado um
determinismo actuante na defesa de versões que foram
transmitidas sob um aspecto imutável de uma realidade; de
outro, a busca pela liberdade da criação e adaptação dessas
mesmas artes, puras ou mescladas, que nascem numa era
contemporânea quase isenta dos legados de liberdade
conquistados pelo processo de civilização das
sociedades políticas e sociais - restringida pela opinião
pública parcial e baseada no senso comum -, e
portanto asfixiada pela contraposição de um conjunto
frouxamente relacionado de conceitos que se
impõem em nossa atmosfera marcial.
Não há espaço hoje para a criação, segundo as
formulações, ainda que inconscientes, dos mais
radicais, e que ao parecer esquecem que também
são frutos desse mesmo processo ocorrido há não
muito tempo atrás. Acordemo-nos que não se
trata de substituir os antigos sistemas tradicionais
ou mais modernos por um novo totalmente
detentor de qualquer verdade, mas apenas de
que o processo de criação, do novo, é natural e
deve ser visto como uma consequência da
capacidade e inteligência humana, como
qualquer outro aspecto da evolução.
A selecção natural do meio
ambiente nunca foi tão
agressiva
quanto
a
selecção
natural
exercida pelo próprio
homem quando este
possui o intento de
exterminar uma
18
“Nem
mesmo
para olhar
sem desprezo
para todos
aqueles que
criativamente
descobrem novos
meios e teorias
para as artes
combativas,
actualizando-as
para a
necessidade
contemporânea”
“Vemos no cenário marcial uma
luta velada entre duas
mentalidades que discutem o novo
destino do quadro das artes”
outra arte - se assim podemos chamá-la, “natural”, quando esta é idealizada através da
manipulação da opinião pública, com a movimentação clara da massa de alunos e praticantes
contra outros pertencentes a outras escolas e estilos. E se relativamente fosse compreensível
esse processo contra culturas ou artes diferentes, no caso de se supor uma guerra entre
duas tribos, menos compreensível ainda é o entendimento desse fato dentro de uma
mesma arte, numa correnteza de críticas ao comportamento moral ou técnico de um
profissional da mesma categoria.
Atingimos um nível de tribalismo marcial onde o que deveria ser analisado
cuidadosamente e respeitado é repassado numa onda de difamação com atitudes
mascaradas e tidas como pacíficas, dentro do direito de opinião, e portanto
vagamente discutidas. Aprofundar-se em um determinado assunto requer tempo e
pesquisa, e se antigamente qualquer nova teoria científica era apresentada aos
mais conhecedores da época, para que os novos conceitos fossem discutidos
abertamente e esclarecidos, e quando postos em dúvida, assumidamente
questionados ou rebatidos com amplas noções de consequências, hoje
ninguém aparenta dedicar tempo para análises antes de qualquer afirmação.
Mais importante é participar de uma discussão, mesmo que as palavras não
sejam melhores que o silêncio.
Não questionamos aqui qualquer favoritismo quanto à divisão histórica
dos períodos dos nascimentos das artes, tradicionais ou modernas. O
tribalismo aqui tratado mais se enquadra com a classe de
comportamento que vemos hoje nesse cenário marcial. Há sem
dúvida alguma muitos valores numa sociedade tribal, caracterizada
pela estabilidade e pela rigidez, porém não esqueçamos que essa
mesma sociedade é determinada por tabus sociais e religiosos; onde
cada um tem seu lugar marcado no conjunto da estrutura social,
sente que esse lugar é o adequado, “natural”, e que lhe foi destinado
pelas forças que regem o mundo. A sociedade democrática, por outro
lado, é marcada pela confrontação do indivíduo com seus problemas
pessoais. Dessa forma essa confrontação é normal e deve ser
enxergada como tal, sem a necessidade do colectivismo de opiniões
ou manipulação de toda e qualquer forma de pensamento que não a
do mestre ou professor, erroneamente divinizado ou visto como tal.
Ao buscar respostas na história das artes e seus fundadores,
lembremos que todas as descrições de fatos, mesmo as científicas, são
altamente selectivas, sempre dependentes de teorias. “Dadas a infinita
riqueza e a variedade dos possíveis aspectos e suas possibilidades, uma
descrição dependerá em larga medida de nosso ponto de vista, de
nossos interesses, que são como uma regra relacionada com a teoria ou
hipótese que desejamos testar; mas também dependerá dos fatos
descritos. Na história, não menos que na ciência, não podemos esquivarnos a de nosso ponto de vista, e a crença de que pudéssemos fazê-lo nos
levaria ao auto-engano e à falta de cuidado crítico. A história difere da
física ou ciências exactas, cujo “ponto de vista” é habitualmente apresentado
19
Reflexão
como uma teoria que pode ser corroborada pela busca de fatos
novos.” – Karl Popper (Sociedade Aberta e seus Inimigos).
Na história, os factos à nossa disposição são muitas vezes
limitados, não podem ser repetidos e foram colectados de acordo
com um determinado ponto de vista, registados pelas versões dos
vencedores, que altera em profundidade palavras como revolução,
rebelião, traição e aperfeiçoamento, as quais muitas vezes são
utilizadas como adjectivos que designam a moral de profissionais
de artes alheias ou simplesmente seguidores de outras linhas.
Analisando friamente os mitos ou versões que explicam as
histórias das artes marciais, dificilmente veríamos
qualquer significado que não poético ou valorado por
ser um tipo de manifestação cultural. Não há
uma história de uma arte marcial em si, mas
uma infinidade de histórias de todas as
espécies de aspectos técnicos e
míticos; somadas, não constituem a
história da arte em sua verdade ou essência absoluta. No entanto,
podemos interpretá-la, para resolver os problemas de cunho
político de nossa época, onde neste quadro há uma luta pela poder
e supremacia marcial.
O futuro ou perspectiva depende de nós mesmos, e nós não
dependemos de qualquer necessidade histórica para respeitar o
legado que cada arte carrega, seja ela antiga ou não, nem mesmo
para olhar sem desprezo para todos aqueles que criativamente
descobrem novos meios e teorias para as artes combativas,
actualizando-as para a necessidade contemporânea. A verdade
marcial da qual muitos se crêem donos, não é a soma de todas as
coisas, mas a totalidade de todas as mudanças, uma
engenhosa mistura de especulação e aguda observação dos
fatos e eficiências técnicas, imbuídas ou desprovidas
de filosofia, mas que exercem com
responsabilidade seus direitos de liberdade
de expressão.
“A verdade marcial
da qual muitos se crêem donos,
não é a soma de todas as coisas,
mas a totalidade
de todas as mudanças,
uma engenhosa mistura de
especulação e aguda
observação dos fatos
e eficiências técnicas,
imbuídas ou desprovidas de
filosofia, mas que exercem
com responsabilidade
seus direitos de liberdade
de expressão”
20
PrEÇO:
35,00€
c/u
O Hapkido constitui um método sistemático e
pedagógico de ensino de técnicas de Defesa Pessoal
e de Luta. Como Arte Marcial ele recebe e fusiona o
melhor da tradição coreana do Tae Kyum (base
tradicional do Taekwondo moderno), do Kuk Sul Won
e da luta Syrum. Assim sendo, compila o melhor dos
estilos que trabalham o combate na longa e média
distância, baseado em punhos e pontapés, assim
como a luta corpo a corpo na curta distância.
Este primeiro DVD, que apresenta o programa
oficial até Faixa Preta, tem a garantia da Federação
Espanhola de Taekwondo e a supervisão do Director
Técnico do Departamento Nacional de Hapkido o Sr.
Alfonso Rubio, com a colaboração de seus mais
destacados Mestres.
Um trabalho muito meditado para poder cumprir
seu propósito: a correcta e completa formação dos
estudantes e a criação de uma guia sólida para que
os Mestres possam realizar adequadamente seu
trabalho didáctico.
REF.: • SEWER4
REF.: • KERAM1
REF.: • HAPFET1
Novidades DVD´s de Artes Marciais
NOVIDADES
DO MÊ S!!!
O facto de praticamente ser impossível de
desarmar quem porta um Kerambit Indonésio, faz
dele uma arma tremendamente eficaz e letal, que
nos proporciona um ponto de vista diferente da
utilização das armas brancas. Seu duplo gume e seu
anel de retenção permitem descobrir as infinitas
possibilidades que o tornam uma faca táctica por
natureza. Entretanto, para compreender a sua
utilização necessitaremos um método que nos
permita perceber a essência da arma. Este é o
objectivo deste DVD. Durante a aprendizagem
descobrimos as infinitas combinações, dependendo
da nossa percepção e base marcial, para assim
incorporá-las ao nosso treino à mão nua e
desenvolver as nossas próprias técnicas. Neste
trabalho se mostram as diferentes maneiras de
agarre, variações, aplicações, ângulos de ataque e
exercícios para alcançar fluidez e destreza em seu
manuseio.
O Mestre Sewer, 8ºDan Shaolin Hung Gar Kung Fu e sucessor oficial do Grão Mestre
Chiu Chi Ling, 10ºDan, apresenta-nos nesta ocasião a principal Forma do estilo
original, assim como a explicação de todas as suas técnicas e aplicações. A Gung
Gee Fook Fu Kuen é uma das mais antigas Formas de punho de Shaolin e foi
transmitida pelo último abade do mosteiro, Chi Sim, a um de seus melhores
alunos; Hung Hee Gung. Sem dúvida é uma Forma de obrigado conhecimento
para todos aqueles incondicionais de Shaolin do Sul, posto que incorpora
toda a bagagem antiga que trata da respiração, a saúde e as técnicas de
luta. A prática desta extensa e intensa Forma desenvolve a parte física dos
estudantes e permite-lhes realizar um substancial progresso, posto que é
também a base do Chi Sao, do Boneco de Madeira, dos exercícios de
endurecimento e do Shaolin Qi Gong. Este trabalho contém também um
resumo da Forma executado pelo Dr. Chiu Chi Ling.
Todos os DVD’s produzidos por Budo International são
realizados em suporte DVD-5, formato MPEG-2
multiplexado (nunca VCD, DivX, o similares) e a
impressão das capas segue as mais restritas exigências
de qualidade (tipo de papel e impressão). Também,
nenhum dos nossos produtos é comercializado através
de webs de leilões online. Se este DVD não cumpre
estas exigências e/o a capa e a serigrafia não coincidem
com a que aqui mostramos, trata-se de uma cópia
pirata.
PEDIDOS:
CINTURAO NEGRO
Andrés Mellado, 42
28015 - Madrid
Tel.: (0034) 91 549 98 37
Fax: (0034) 91 544 63 24
E-mail: [email protected]
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UFC Rio: Voltando
pela porta da frente
Durante anos os brasileiros
sonharam com o dia em que o
maior evento de MMA do mundo
chegaria ao Brasil, passando a
ter uma edição no berço do ValeTudo, o Rio de Janeiro. No dia 15
de Dezembro de 2010 este sonho
foi realizado com toda a pompa e
circunstância, em pleno palácio
da Cidade, residência oficial do
Prefeito do Rio, Eduardo Paes.
Ao Lado de Dana White, Lorenzo
Fertitta,
Anderson
Silva,
Maurício Shogun, José Aldo,
Royce Gracie e Vítor Belfort, o
Prefeito Paes anunciou que a
partir do dia 27 de Agosto de
2011, o UFC passa a fazer parte
do calendário oficial da cidade.
Quem entrou no mundo das lutas nas
últimas duas décadas se acostumou a invejar
as histórias dos precursores do Desporto.
Nomes como Hélio Gracie, Carlson Gracie
João Alberto Barreto…, que sempre nos
contavam “casos” dos tempos em que os
ídolos da luta eram tratados como heróis pela
imprensa brasileira.
Depois do fatídico dia em que João Alberto
quebrou o braço de um lutador ao vivo na
extinta TV Continental, em 1953, a história
mudou e a imprensa passou a tratar aqueles
desafios difundidos pela família Gracie, como
caso de polícia.
Foram necessárias quase seis décadas
para que o Vale-Tudo ganhasse o mundo por
intermédio da família Gracie, fosse
remodelado
pelos
americanos
e
reapresentado em sua terra natal com um
novo nome MMA, ou melhor, UFC.
“Depois de anunciar os jogos Olímpicos e a
Copa do Mundo de futebol, é com muito
prazer que anunciamos a chegada do UFC ao
Rio de Janeiro”. O anúncio foi feito pelo
presidente do evento Dana White. A seu lado
o dono do evento Lorenzo Fertitta, Royce
Gracie (filho do homem que começou tudo há
quase oito décadas) e o Prefeito do Rio,
Eduardo Paes. “Gostaríamos de agradecer ao
Prefeito Eduardo Paes e a todos no Rio, por
abraçarem o UFC que além de ser um esporte
fantástico, por onde passa causa um impacto
económico na ordem de 15 a 50 milhões de
dólares americanos”, vibrou Dana White,
garantindo que a epidemia daquelas três
letras mágicas não foi à toa que contaminou
quase todo o mundo. “Vamos receber 13 mil
pessoas na arena HSBC e cada uma vai
'contagiar' mais 10 ou 15 pessoas, e aí vai
começar o que eu chamo o vírus que vai
espalhar por todo o país. É assim que
funcionou em todos os países em já que
estivemos e não tenho dúvidas que no Brasil,
país que iniciou tudo, não será diferente”.
Homenagem póstuma
a Hélio Gracie
Uma das atracções da colectiva foi Royce
Gracie. Apresentado por Dana White como
pai do UFC, o campeão do UFC 1,2 e 4 fez
questão de enfatizar à imprensa a importância
de seu pai na história do esporte.
“O Rio foi onde tudo começou. Há 75 anos,
meu pai criou esse tipo de evento e de show,
para saber qual o melhor estilo de luta. Sem o
Gracie Jiu-Jitsu e sem a família Gracie não
haveria o UFC. Eles sabem que o Rio é o
berço deste esporte e por isso estão tão
excitados em trazer o evento de volta para
cá”, disse Royce Gracie ao PVT, garantindo
que está negociando para fazer sua
Texto e fotos:
Marcelo Alonso
22
despedida aqui. “Meu pai fez sua última luta
aos 53 anos, eu estou com 44”, disse Royce,
sem querer, no entanto, definir em
percentagem a sua chance de estar presente
no UFC RIO.
O apoio do Prefeito
O discurso de Eduardo Paes, Prefeito do
Rio de Janeiro, foi o ponto alto da conferência
de imprensa, afinal de contas, até pouco
tempo atrás o esporte era proibido na cidade,
facto que o próprio Prefeito fez questão de
lembrar. “É importante nós destacarmos que
no passado, o Rio teve problemas com aquilo
que se convencionou chamar Vale-Tudo. Isso
daqui não tem nada a ver com o Vale-Tudo,
pois é um esporte com regras, organização,
clareza e muito profissionalismo. É assim que
é conduzido o UFC”, explicou Paes a
imprensa.
O Prefeito também fez questão de deixar
claro que foi ele quem fez o convite a Dana.
“Eu fui procurar o Dana para que nós
pudéssemos trazer o UFC para cá e confesso
que não tinha ideia da dimensão desse evento
e do impacto que ele podia gerar na nossa
cidade. É impressionante a quantidade de
pessoas que desde que começou a circular a
notícia, se aproximaram e me disseram que
era uma óptima iniciativa minha a vinda do
UFC para a cidade. A cidade do Rio é uma
porta que se abriu para o mundo, graças à
família Gracie, e ela será novamente a porta
para o UFC voltar para o Brasil”, disse Paes.
Após receber um cinturão do UFC de
presente de Dana, Paes também enfatizou o
impacto económico que o show americano
pode gerar para a cidade. “Como o UFC é
transmitido para 147 países, certamente
também serão mostradas imagens da cidade.
Não é qualquer lugar que tem uma paisagem
e natureza tão bonitas como o Rio de Janeiro;
tenho a certeza que a cidade vai encher, os
hotéis ficarão ocupados e transformaremos
isto em mais um evento no calendário de
nossa cidade. Logo depois disso, terá o
"Rock in Rio" e o “Festival de Cinema”.
Gostaria de agradecer muito ao Dana e ao
Lorenzo e dizer que a cidade está de portas
abertas, pronta para ajudar e colaborar para
fazermos mais um grande evento. Foi um
grande prazer e bem vindos ao Rio de
Janeiro!”, finalizou o Prefeito.
O Palco
Com capacidade para receber até 18 mil
pessoas, a HSBC Arena na Barra da Tijuca já
foi testada e aprovada em diversos eventos,
como o mundial de Judo, o Campeonato
Panamericano e mega shows como Roberto
Carlos e Scorpions. Segundo Dana, os
ingressos começarão a ser vendidos a partir
de Maio, quando finalmente será revelada o
card final e os valores das entradas. De
acordo com o empresário, os brasileiros não
terão motivos para se assustar com os
valores. “Fazemos eventos no mundo todo e
sempre colocamos os ingressos de acordo
com a realidade de cada país”.
“Ring Girls” Brasileiras
Logo após a colectiva de imprensa Dana
White revelou, numa entrevista exclusiva ao
Canal Combate, que poderá utilizar pela
primeira vez “ring girls” locais numa edição
do UFC. “O Brasil tem as mulheres mais
sensuais do mundo, é claro que cogitamos a
ideia de usar garotas locais para o UFC Rio”.
A declaração do empresário foi publicada na
coluna “Gente Boa” de Joaquim Ferreira dos
Santos de “O Globo”, foi reproduzida no
fórum do Portal do Vale-Tudo e gerou muitas
páginas de debate. De acordo com a opinião
dos fãs, a brasileira musa escolhida para
desfilar com a placa entre os rounds seria a
Panicat Juliana Salimeni.
Capa da revista Playboy em 2009, Juju foi
eleita a mulher mais sexy do mundo pela
revista VIP em 2010. Para quem não lembra,
a beldade começou sua carreira como “ring
Royce Gracie na entrevista com os Meios de comunicação.
O Arena HSBC, cenário do UFC RIO no dia 27 de Agosto.
O Prefeito Eduardo Paes com Royce.
23
girl” do evento MO Team League, o IFL brasileiro, que em três
edições confrontou equipes de Minotouro, Rizzo, Wanderlei e
Bustamante.
Em 2010, já consagrada, Juju voltou a fazer uma aparição
no Shooto Brazil 18, em Brasília. Uma outra beldade muito
lembrada pelos amigos do fórum do PVT foi Babi Rossi, sua
coleguinha do programa Pânico, da Rede TV. Sem dúvida
alguma seria uma bela homenagem de Dana White ao público
brasileiro, o problema seria o mundo do MMA ficar mal
acostumado…
Card dos Sonhos
“Nós temos 36 lutadores brasileiros em contrato com o
UFC, sendo três deles campeões e um deles o maior “Pound
for Pound” da actualidade. Vocês podem ficar tranquilos que
terão seus grandes ídolos lutando no Rio”. A afirmação de
Dana White ao responder perguntas semelhantes de
jornalistas diferentes na conferência de imprensa, deixou
muita gente sonhando com o card do evento de Agosto.
Apesar de todos saberem que não existe a possibilidade de
juntar todos os grandes lutadores brasileiros do UFC no
mesmo evento, primeiro porque seriam necessários três
eventos, segundo porque tamanha reunião de estrelas
prejudicaria a formação de cards em eventos subsequentes..., mas
como sonhar não custa nada, o Portal do Vale-Tudo toma a liberdade
de dar uma forcinha para Dana White.
O Palácio da Cidade recebeu mais de 200 jornalistas no dia do
anuncio do UFC RIO.
Juju Panicat, capa da Playboy, poderá ser Ring Girl no UFC RIO.
Dona Vera, esposa de Hélio e mãe de Royce.
Belfort, Anderson, Aldo, Shogun e Royce, os maiores ídolos
brasileiros, no lançamento do UFC RIO.
24
Quando era criança e vivia numa comunidade
pobre de Manaus, o menino José Aldo impressionou
sua mãe com uma frase que parecia ambiciosa para
sua realidade. “Quando eu crescer, vou trazer água
do mar do Rio de Janeiro para a senhora”. Dona
Rocilene sorriu, afinal de contas nada mais normal
para uma criança do que sonhar acordada...
Em 2009 José Aldo voltou a Manaus e ensinou
sua mãe a nunca duvidar do sonho de uma criança,
transformando aquele sorriso incrédulo dela em
lágrimas de felicidade ao lhe entregar um pote com
água do mar e outro com conchinhas. No ombro do
filho estava o cinturão de campeão do mundo do
WEC, o segundo maior evento do mundo.
Mas a capacidade de realizar sonho de Júnior
ainda não havia chegado ao fim. Este ano, após
vencer 8 oponentes e unificar os títulos do WEC e
UFC, Aldo deu outro susto em Dona Rocilene ao
chegar em Manaus com o Óscar de melhor lutador
do ano de 2010.
Texto e Fotos: Marcelo Alonso
Fotos: UFC
Óscar do MMA
Foi uma emoção muito grande.
Desde o início, eu sempre procurei
dar o melhor de mim e fazer o meu
melhor, sem passar por cima de
ninguém. Graças a Deus deu tudo
certo, este ano foi óptimo. O
trabalho foi coroado com o Óscar,
por isso tenho que agradecer muito
ao meu treinador André Pederneiras
e às pessoas que me ajudam nos
treinos. Sou muito grato por esse
prémio, que não é só meu, é de
todos da minha equipe, da minha
esposa e de todos que sempre me
deram força.
UFC Rio
As expectativas são as melhores.
Estava mais do que merecido
termos essa edição aqui. A gente vai
lá fora e luta de igual para igual com
todo mundo, então era a hora. É um
reconhecimento a todo mundo que
faz esse trabalho e esta vinda ao
Brasil é um reconhecimento disso.
O sonho de ver o mar
Desde criança eu sempre sonhei
em ver o mar. Falei para minha mãe
que iria ao Rio de Janeiro e seria
jogador de futebol, acabei vindo
mas me tornando um lutador. Na
primeira vez que vim ao Rio, vim
com meu irmão, e nós levamos a
água do mar para ela, para provar
que a gente tinha visto o mar. Levei
também umas conchinhas. O facto
de eu ganhar um cinturão de
campeão mundial foi uma emoção
muito grande para a minha mãe. Um
garotinho que há algum tempo não
tinha nada e hoje é campeão do
mundo... Isso deixa qualquer mãe
orgulhosa. Minha família toda sente
muito orgulho por mim.
Onde tudo começou
A primeira arte marcial que
pratiquei em Manaus foi a Capoeira,
depois passei a treinar Jiu-Jitsu com
o professor Márcio Pontes (Nova
União). Na sequência fui treinar no
Nonato, que era a matriz da Nova
União em Manaus, onde conheci o
Loro. Desde então comecei a treinar
com ele. Nessa época ele estava
lutando no Shooto no Japão e me
trouxe para morar na academia..
Evolução em pé
Eu sempre tive facilidade na
trocação em pé. Já tinha um bom
jogo e quando cheguei ao Rio via os
treinos de Muay Thai e queria
participar. Falei com o Pedro Rizzo e
ele me deixou começar a treinar.
Como eu morava na academia havia
25
26
essa facilidade. Eu ficava de domingo a
domingo na academia. Sábado e domingo à
tarde já não tinha mais ninguém na
academia, então eu ficava sozinho, batia
saco e fazia umas sessões de treino, sempre
tentando melhorar a execução dos golpes,
fazendo muita repetição. Eu só saia para
almoçar. Isso me ajudou muito na parte em
pé e nessa evolução.
Inspiração no ídolo
Quando eu cheguei, na academia
treinávamos MMA e todos só queriam
derrubar para lutar no chão. Eu não gostava
disso e queria ser que nem o Pedro Rizzo.
Eu o via como uma inspiração, gostava do
jogo dele e queria ser como ele. Um cara
como ele me treinando era a melhor coisa.
Na época ele era meu ídolo e eu treinava
com ele. Hoje em dia ele continua sendo, eu
sempre me inspirei nele. O jogo em pé,
trocação e os low kicks, tudo vem através
dele, que me amoldou e me deu muitos
conselhos.
Vida na comunidade
Em Manaus eu morava em um bairro
pobre chamado Alvorada Três. Logo que
cheguei ao Rio e fui lutar com o Hudson no
Shooto, eu morava na academia, mas na
semana da luta o Marlon passou a me levar
para dormir na casa dele, lá no Morro Santo
Amaro. Com o tempo passei a morar na
casa dele e passado um tempo, na casa do
Hacran Dias, que também mora na mesma
comunidade. Depois eu aluguei uma casa no
morro e moramos eu e minha namorada. No
início eu não me adaptei muito a morar em
um lugar dominado pelo tráfico. Para mim
tudo aquilo era novo. A primeira vez que eu
vi uma arma fiquei um pouco traumatizado.
Quando ouvia tiroteio à noite, achava aquilo
uma loucura. Depois me acostumei, tudo é
uma questão adaptação. Eu me adaptei bem
e graças a Deus, deu tudo certo. Nunca
ninguém mexeu comigo e não fizeram nada
contra mim.
Dificuldades
Teve uma época em que eu morava na
academia e tinha de treinar Boxe com o
Giovane em Copacabana. Tinha um rapaz
que morava na academia que já faleceu,
nós o chamávamos de Sabará, que teve
um dia que ele me deu uma paçoca e
disse que aquilo era meu café da manhã.
Eu treinava Boxe sem comer nada; não
t i n h a d i n h e i ro , e n t ã o s ó a l m o ç a v a e
jantava. Cheguei a ter que voltar para
Manaus por causa de dinheiro, mas o
Dedé me mandou a
passagem para eu
voltar para o Rio. Se não fosse isso talvez
tivesse tido que abandonar o sonho de ser
lutador.
Gratidão
Algumas
pessoas
foram
muito
importantes na minha vida e estou muito
grato a elas. Primeiro meu pai que me
apoiou para ser lutador, mesmo não tendo
condições e trabalhando como ajudante de
pedreiro. Depois o Loro que me trouxe para
cá e abriu as portas e depois o Dedé que
me ajuda até hoje.
Treino com Anderson
Eu já treinei com ele; é um grande atleta
e aprendi muito estando com ele. Nós
treinamos tanto em pé quanto no chão. Ele
me ensinou bastante coisa em pé e tem
uma técnica muito boa. Fui a casa dele e
saímos, jogamos futebol, videogame.
Muit as pes s o as falam que ele é
prepotente, mas falam isso porque não o
conhecem. A partir do momento que você
o conhece e conversa com ele, reconhece
s eu bo m co ração . Ele é uma ó pt ima
pes s o a e me s into ho nrado de s er
comparado com ele.
27
Reportagem
28
Grandes Mestres
Sem dúvida, a indiscutível alma do Ninjutsu no Japão e em todo o mundo é o Mestre Masaaki
Hatsumi, que no fim deste ano contará 80 anos de idade. É um bom momento para rever a sua
história e opiniões através das suas antigas conversas com o infatigável viageiro pelas terras
japonesas… e por todo o mundo, Salvador Herráiz, Mestre de Karaté, mas sempre
interessado pelo curioso mundo do Shinobi. Sensei Herráiz conheceu Hatsumi faz tempo e
sempre sentiu por ele um enorme respeito como Mestre de uma arte onde nem tudo o que
luz é oiro.
Texto: Salvador Herraiz, 7º Dan de Karaté
Noda Shi, Japão
MASAAKI HATSUMI: O MESTRE NINJA
C
onheçamos a origem do
Ninjutsu actual, essa arte
dos
completíssima
guerreiros invisíveis que com
todo género de truques,
técnicas e armas, enganos,
estratégias, venenos…, levavam a cabo
suas missões por vezes mercenárias, mas
geralmente em benefício do povo, ao qual
eles pertenciam. Poderíamos dizer que
frequentemente estavam enfrentados aos
temíveis Samurai. Especialistas em fazer
sabotagens, foram muito temidos na Idade
Média do Japão, por sua rapidez, eficácia,
oportunidade,
conhecimentos
e
perigosidade… Sua missão era contra da
opressão militar, ainda que por vezes
alguns exerciam qualquer outro tipo de
missão.
Nos meados do Século XIX, os
Tokugawa, que tinham governado durante
200 anos, passam o seu poder ao
Imperador, o que supõe o fim dos
Samurais, por ser nesses momentos
objectivo prioritário abrir o Japão ao
exterior e ao desenvolvimento cultural.
Desaparecem junto com os Samurais,
que tinham existido durante mais de 700
anos, os guerreiros secretos Ninjas, estes
com uma história de quase 900 anos.
Surgem novas versões de luta mais
culturais. Aparecem Jigoro Kano com seu
Judo, Morihei Ueshiba com o Aikido,
Gichin Funakoshi com o Karaté. Os
Ninjas continuam existindo na
clandestinidade (aliás, como sempre tinha
sido), enquanto essas outras artes
avançavam em popularidade.
Um dos principais Ninjas, TAKAKAGE
MATSUTARO ISHITANI, 26º Grão Mestre
de Kuki Shinden Ryu Happo Hihen, estilo
especializado nas armas secretas e que
fora criado por IZUMO KANJA
YOSHITERU, recusou dedicar-se ao
ensino massivo, o momento em que a
corrente mais procurada era o movimento
Zen e o aspecto desportivo da luta. Ele
não aceitava isto e ficou relegado a
pequenos trabalhos que lhe permitiram
continuar na sua linha. Assim sendo, ele
se dedicava a missões de segurança nas
fábricas da Família Takamatsu, em Kobe,
de maneira clandestina e sem ensinar a
sua arte.
Ishitani estava disposto a destruir as
suas armas e conhecimentos antes de
morrer, para evitar que a informação do seu
estilo caísse em mãos inadequadas, mas o
filho do proprietário das fábricas onde
trabalhava, começou a se interessar pelas
suas técnicas de uma maneira séria.
TOSHITSUGU TAKAMATSU, que assim
se chamava, nascera em 1888 e tinha
praticado artes marciais da escola
Shinden Fudo Ryu e depois também com
seu avô, SHINRYUKEN MASAMITSU
TODA (supervisor dos professores de
espada na Escola do Governo do Shogun
dos Tokugawa) a arte denominada Koto
Ryu Koppojitsu.
Com 13 anos de idade já era um bom
conhecedor da arte e obtém o título de
mestre de Shinden Fudo Ryu Dankentai
Jutsu. Toda, o seu avô era o 32º Grão
Mestre de Togakure Ryu Ninkutsu. Após
finalizar a escola começa a estudar Takagi
Yoshin Ryu Jutaijutsu, com o 15º Soke
Mizuta Yoshitaro Tadafusa. Depois, na
fábrica familiar de Kobe conheceria o
Mestre Ishitani Matsutaro, responsável
pela segurança na fábrica, com quem
aprenderia Kukishinden Ryu Happo
Bikenjutsu, Hontai Takagi Yoshin Ryu,
Gikan Ryu Koppojutsu e Muso Shinden
Ryu. Ishitani ensina-lhe segredos da sua
arte que incluem:
• TAIJUTSU: Combate sem armas.
• HICHOJUTSU: Técnicas de saltos
e acrobacias.
• NAWANAGE: Descidas em corda.
• KOPPOJUTSU: Técnicas de partir
ossos.
• JUTAIJUTSU: Luta corpo a corpo.
• YARIJUTSU: Técnicas de lança.
• NAGINATA JUTSU: Lança curva.
• BOUJUTSU, JOJUTSU e
HANMBOJUTSU: Técnicas de pau
• SENBAN NAGE: Lançamentos de
“shuriken” (armas arrojadiças).
• TOKENJITSU: Técnicas de armas
brancas.
• KAJUTSU: Técnicas de Fogo
e explosivos.
• SUIJUTSU: Técnicas na água.
• CHIKU JO GUNRYAKU HEIHO:
Tácticas militares, estratégia.
• ONSHINJUTSU: Arte da
invisibilidade (camuflagem).
• HENSOJUTSU: Arte dos disfarces.
• HIKE: Espada secreta. Espada (Ken),
folhas curtas (kodachi) e técnicas
perante espada (jutte).
Takamatsu
também
continua treinando com seu
avô Toda, em Tokagure ryu.
Ishitani dá-lhe o título de 27º
Grão Mestre de Kuki. Parece
que o Ninjitsu é uma arte
completíssima
mas
desconhecida, ou o que é
pior…, em alguns casos mal
conhecida. Takamatsu,
que depois da invasão
japonesa de princípios
de século XX tinha
partido para a China
(onde por sua destreza
foi conhecido como
Moko no Tora
ou o “Tigre da
Mongólia”) volta ao Japão nos anos 20,
dedicando-se a ser hospedeiro. Em
1957 começa a ensinar de maneira
exclusiva a Masaaki Hatsumi, quem por
isso foi afortunado. Em 1972,
Takamtaus falece aos 85 anos de
idade.
Masaaki Hatsumi, o nosso
protagonista de hoje, nasceu a 2 de
Dezembro de 1931 em Noda Shi e foi o
herdeiro técnico do Mestre
Takamatsu. Hatsumi encabeça
indiscutivelmente o Ninjitsu
mundial e faz já muitos anos
que a ele se deve a
abertura desta arte
ao exterior e a nível
popular, segundo ele
mesmo
confessava:
“Devido a que a grande
riqueza cultural do Ninjitsu não
pode permanecer em segredo”.
Hatsumi é actualmente a
cabeça visível de várias tradições
Ninjas e goza de total
credibilidade neste Mundo do
Ninjtsu, por sua seriedade.
Seus mais de 50 anos de
prática e estudo são suas
credenciais, o que é de
agradecer numa arte que,
por desgraça, contou nos
seus inícios no exterior do
Japão com muitos
assuntos escuros e
falta de seriedade por
parte de muitos de seus pretensos
“mestres”, frequentemente faltos de
29
Grandes Mestres
“Masaaki Hatsumi já
tem 79 anos de idade e goza do
sossego e da sabedoria que são o
prémio dos anos de prática,
paciência e estudo”
preparação e que aproveitavam o
geral desconhecimento da arte.
Após a morte de Takamatsu,
Hatsumi não ensinou Ninjutsu até
passados 10 anos, fazendo-o então
já de maneira popular em todo o
Mundo e dedicado ao seu dojo de
Noda. Faz uns vinte anos, a TV
japonesa começou a emitir capítulos
que tratavam do Ninjutsu,
protagonizados pelos filhos de
Hatsumi.
Esta
série,
com
espectaculares vestimentas e que tive
ocasião de ver no Japão, intitulava-se
“Jiraija”, como se intitulava uma
exposição de pintura de Hatsumi.
O meu primeiro contacto directo
com Masaaki Hatsumi foi em 1988,
faz já 23 anos!!!, quando
amavelmente me deu as boasvindas na minha segunda viagem
- Mestre, como foram seus
inícios no Budo antes de conhecer
Takamatsu Senseo, do quem é seu
principal aluno?
- Bem, com 7 anos comecei a
treinar Kendo, com 10 Judo, no ano
seguinte Karatedo e ginástica, com
12 anos pratiquei também futebol
no Liceu, junto com o Judo.
Depois, já na Universidade
dediquei-me ao Judo. Também me
interessei pelo Kobudo, as antigas
técnicas do combate medieval.
- Como foi então o contacto com
Takamatsu Sensei?
- Eu não estava satisfeito com o
que praticara e tinha podido ver
antes de conhecer Takamatsu
Sensei, assim sendo, fiz-me
discípulo seu.
- E… o que pensa dele?
O MESTRE NINJA
ao
Japão,
inclusivamente
convidando-me para assistir a uma
exposição dos seus quadros.
Depois estivemos em contacto por
carta durante algum tempo. Apesar
de eu estar entregue em corpo e
alma ao Karaté, sempre senti muita
curiosidade pelo legendário e
inquietante mundo do Ninjutsu
original. Mais tarde, em 1994 e por
ocasião de eu ter obtido o 5º Dan
de Karaté, Masaaki Hatsumi me
ofereceu um dos seus belos
quadros, onde representa um dos
seus
motivos
preferidos:
Bodhidarma Daruma, o monge
hinduísta do Budismo Zen,
introdutor das artes marciais na
China e que hoje em dia é um
símbolo no Japão. Hatsumi gosta
de
oferecer
quadros
que
representam Daruma.
Depois, após vários anos sem
contacto com ele e numa outra
viagem minha ao Japão, resolvi um
dia ir visitá-lo na sua casa na
cidade de Noda, no Nordeste de
Tóquio. Rememoramos aí o que
tempo atrás me tinha contado.
30
- Tive-o em grande estima e sinto
muito orgulho em ser seu sucessor.
É o meu Mestre para toda a vida.
Hatsumi, 5º Dan de Karaté Shito
Ryu, ensinou Judo aos soldados
americanos da ocupação que
seguiu à Guerra e seu “vício” são as
Artes Marciais, o Teatro e a Pintura.
Hatsumi treinou com Takamatsu,
em Kasiwabana, no Oeste de Iga, e
herdou o título de Grão Mestre nas
Nove Tradições Guerreiras.
- Mestre Hatsumi, quanto tempo
treinou com Takamatsu?
- Foram 15 anos, até o seu
falecimento. Lembro-me sempre do
que me ensinava e repito os
exercícios. Agora, quando já
passados 40 anos desde que
comecei a estudar com ele,
começo a compreender as suas
palavras, uma por uma.
- E especialmente dele, que
recordações tem?
- Ah! as recordações dele nem
cabem aqui. São infinitas… Não se
podem traduzir em palavras…
“Hatsumi Sensei mora numa
casa grande perto do templo
de Atago, que parece um
autêntico museu
cheio de quadros,
prémios e recordações de
suas incontáveis viagens
mundo afora”
Hatsumi Sensei mora numa casa grande perto do templo de
Atago, que parece um autêntico museu cheio de quadros, prémios
e recordações de suas incontáveis viagens mundo afora. Desta
vez é Inverno e enquanto esperamos a chegada do mestre
aproveito o tempo, junto com minha mulher e meu filho pequeno,
numa típica taverna japonesa, sita na mesma rua. Mais tarde, já
com Hatsumi Sensei, o mestre tem o detalhe de oferecer-nos
umas figurinhas por ele talhadas em madeira e gravadas, que
assina ali mesmo na nossa frente.
- Hatsumi Sensei, o Senhor também pinta. Fale-nos disso, por
favor.
- Salvador, és meu convidado para assistir á galeria “Nagai”
onde os meus quadros estão expostos. Gosto muito de Picasso.
Nas artes marciais há muita gente, mas à semelhança do que
acontece na pintura…, um génio como era Picasso, rara vez
aparece…
- Tenho entendido que foi amigo do escritor Yukio Mishima, que
em 1970 se suicidou com “Harakiri”, alegando ser devido à
decadência capitalista da qual o Japão era objecto. Não é assim?
- Efectivamente, eu conheci Mishima. Éramos amigos.
- E quais as recordações de dele tem?
- Bem, sempre falávamos de literatura. Conheci-o porque sou
presidente do Clube de Escritores.
- Mestre Hatsumi, o que é o mais importante no Ninjutsu?
- O mais importante é sentir, viver o que se faz, e fazer bem o
que fizamos. Tem de se chegar a ser um homem, uma pessoa.
Nas artes marciais podemos ser fortes ou débeis… A velocidade
ou a força por vezes pode ser um poder positivo, mas outras pode
ser um defeito e ser causa de fracasso. O tigre e o urso são fortes,
mas por isso os homens os matam. Para compreender tudo isto é
preciso analisar muito bem a maneira de pensar nas artes
marciais.
Na pagina precedente, Masaaki
Hatsumi na sua casa com
Salvador Herráiz em 2006.
Por cima, a porta do dojo do
Mestre, o Bushinden.
Ao centro, vista exterior da casa
de Hatsumi sensei.
Em baixo, interior do dojo.
31
Grandes Mestres
“… seu ‘vício’ são
as Artes Marciais,
o Teatro e a Pintura”
- Mestre, que outros Mestres da sua categoria há hoje?
- Sou o único sobrevivente em todo o mundo, dos que
recebemos ensinança de Takamatsu Sensei. Por isso, se
alguém diz que recebeu ensinança dele…, é mentira.
Masaaki Hatsumi já tem 79 anos de idade e goza do
sossego e da sabedoria que são o prémio dos anos de
prática, paciência e estudo.
Perto da sua casa (e antigo dojo) se encontra o lugar
onde oferece suas ensinanças de Ninjutsu, um dojo, o
Bushinden, cheio de interessantes desenhos e fotografias,
mas onde principalmente há muitas armas.
Hatsumi também dá aulas no Budokan de Ayase (que
nada tem a ver com o famoso Nippon Budokan de Tóquio)
mas este lugar, o Bushinden é o dojo do Mestre.
Acima à direita, desenho representando Bodhidarma (Daruma)
realizado por Masaaki Hatsumi, oferecido a Salvador Herráiz por
ocasião deste ter obtido o 5º Dan de Karaté, em 1994.
Em baixo à esquerda, Masaaki Hatsumi em 1987.
À direita, Takamatsu Toshitsugu sensei e um muito jovem Hatsumi
Masaaki, durante uns treinos, e o monumento ao seu Ninjutsu.
Em baixo, no centro, Hatsumi e seus filhos vestidos para a série
de TV Jiraija, em 1988.
32
O facto de praticamente ser impossível de desarmar quem
porta um Kerambit Indonésio, faz dele uma arma
tremendamente eficaz e letal, que nos proporciona um ponto
de vista diferente da utilização das armas brancas. Seu
duplo gume e seu anel de retenção permitem descobrir as
infinitas possibilidades que o tornam uma faca táctica por
natureza. Entretanto, para compreender a sua
utilização necessitaremos um método que
nos permita perceber a essência da
arma. Este é o objectivo deste DVD.
Durante
a
aprendizagem
descobrimos
as
infinitas
combinações, dependendo da
nossa percepção e base
marcial,
para
assim
incorporá-las ao nosso treino
à mão nua e desenvolver as
nossas próprias técnicas.
Neste trabalho se mostram
as diferentes maneiras de
agarre,
variações,
aplicações, ângulos de
ataque e exercícios para
alcançar fluidez e destreza
em seu manuseio.
REF.: • KERAM1
Todos os DVD’s produzidos por Budo
International são realizados em suporte
DVD-5, formato MPEG-2 multiplexado
(nunca VCD, DivX, o similares) e a
impressão das capas segue as mais
restritas exigências de qualidade (tipo de
papel e impressão). Também, nenhum dos
nossos produtos é comercializado através
de webs de leilões online. Se este DVD
não cumpre estas exigências e/o a capa e
a serigrafia não coincidem com a que aqui
mostramos, trata-se de uma cópia pirata.
Estudo das Formas tradicionais
de cotovelo no Muay Boran
T
oda a gente sabe que o Muay Thai é uma das Artes
Marciais que mais aprofundou no estudo das técnicas de
cotovelo, fazendo de seus praticantes autênticos
especialistas no emprego desta poderosa arma natural.
Os cotovelos de um Nak Muay são "afiados" como
lâminas ou punções, para poder provocar feridas
importantes no corpo do adversário e cada atleta é capaz de utilizar
eficazmente seus cotovelos como armas de ataque e escudos
defensivos, com independência da sua própria estrutura física. Os
cotovelos se utilizam em todos os aspectos da acção de ataque e de
defesa para bater, mas também para parar, para enganar, para desviar,
para esmagar. Neste sentido, normalmente o cotovelo não consta só
da protuberância óssea que denominamos "ponta" do cotovelo, mas
também de uma parte do antebraço.
De entre os muitos sistemas de treino utilizados pelos Mestres Thai
para adestrar seus discípulos no emprego das técnicas de cotovelo, o
mais conhecido consta de bater repetidamente em utensílios
adequados, entre os quais os mais importantes são os sacos
pesados, os Paos e os Focus Gloves. Mas o treino com impacto
apenas é uma parte da preparação necessária para chegar a ser um
versado na arte do emprego dos cotovelos, o resto do treino também
tem de ser realizado:
a) ensaiando os ataques com um parceiro durante a prática da luta
corpo a corpo;
b) executando sequências pré-estabelecidas de técnicas de
cotovelo a sós.
Na realidade, esta última modalidade de facto desapareceu das
metodologias hoje utilizadas pelos Kru Muay e só algumas escolas
tradicionais, como a do Mestre Sane Tubtimtong, continuam
adestrando regularmente seus seguidores no emprego dos cotovelos
em combate, através da prática constante das Formas Ram Muay. De
maneira análoga, desde sempre os programas técnicos da Academia
Internacional de Muay Boran conferem grande importância ao estudo
e à prática dessas formas e recentemente, muitos seminários tem sido
dedicados a aprofundar nesta matéria.
Agora, analisemos em detalhe os vários métodos de treino que
utilizam as Formas de cotovelo, recordando que a aprendizagem das
sequências tem de seguir uma rígida progressão, começando pelas
séries elementares, antes de poder passar à prática das mais complexas
com ataques múltiplos. Os exercícios básicos servem para ensinar o
estudante a automatizar o emprego das cotoveladas seguindo as oito
principais trajectórias de ataque; esses exercícios também introduzem a
importância de utilizar um movimento de rotação das ancas em redor do
eixo central do corpo, para transmitir aos braços a energia que vem da
terra, através de uma forte e rápida torção das ancas. Tudo isso se pode
conseguir só devido a uma perfeita coordenação entre os movimentos
das pernas e o resto do corpo. Como acontece com todos os exercícios,
também a execução destas sequências terá de ser nos primeiros
momentos lenta e finalizar pelo estudo dos detalhes de cada batimento,
sendo sucessivamente veloz e fluida, e finalmente explosiva e com
"intenção". Nesta última fase, visualizar o adversário e seus movimentos
é essencial para a correcta execução da sequência.
Além das claras vantagens de ordem técnico (a correcta
aprendizagem das acções de defesa e ataque), os exercícios para os
cotovelos também aumentam a flexibilidade dos músculos dos
ombros, a parte alta das costas e a zona média da mesma. Possuir
músculos flexíveis nestas áreas é fundamental para conseguir
cotoveladas realmente demolidoras. Uma cotovelada não pode contar
com a articulação do pulso para gerar potência, como por exemplo
acontece com um soco explosivo numa cadeia cinética muito mais
longa. A soltura do movimento do ombro se torna um elemento
decisivo para aplicar correctamente uma cotovelada; manter os
ombros sem contracção durante a execução do batimento é um
elemento essencial que sempre consideramos quando executamos
estes ataques, e a justa "descontracção" se consegue com uma
constante e correcta prática das Formas de cotovelo básicas.
34
A prática das sequências básicas também serve para preparar as
zonas anteriormente ditas, para a execução das Formas mais
avançadas, que pela intrínseca dificuldade das técnicas que as
constituem, exigem uma elevada "soltura" de ombros e costas.
Progredindo em seu nível técnico, o aluno será iniciado na prática
das Formas de cotovelo superiores, as quais combinam outras armas
naturais com os cotoveladas. A dificuldade a superar nesta fase,
consiste em adquirir uma certa espontaneidade nos movimentos das
formas, para conseguir imprimir uma grande aceleração nas duas
armas empregadas ao mesmo tempo (por exemplo cotovelo e joelho),
sem "carregar" excessivamente as acções, fazendo os ataques
imprevisíveis e portanto praticamente impossíveis de parar. A energia
necessária será imprimida por uma contracção explosiva dos
músculos de per nas e tronco, projectando com decisão e
incisivamente as armas do Nak Muay contra o adversário.
O estudo das Formas básicas e avançadas de cotovelo foi e
continua a ser um complemento indispensável para conseguir uma
técnica sem fissuras e umas dotes físicas inacreditáveis. Só
combinando a prática dos exercícios com o treino ao impacto e o
estudo das varias acções com parceiro nas sessões de grappling, será
possível alcançar um nível de excelência no emprego marcial de uma
das mais eficazes armas naturais à disposição dos praticantes das
Artes de combate.
35
Com motivo do 100º aniversário natalício de Imi
Lichtenfeld, Yaron Lichtenstein, máximo grau mundial de
Krav Maga e diplomado 9º Dan pelo próprio Imi, decidiu
empreender um extenso projecto em memória do criador:
mostrar e imortalizar o programa oficial original de Cinturão
Azul, tal como aparece no manual publicado
por Imi em 1971, numa série de 6 DVDs.
Todo o âmago do sistema, tanto em
seu aspecto físico como mental,
aparece no programa de
Cinturão Azul ao máximo nível
que um estudante possa
alcançar.
De entre outras muitas
técnicas, neste 2º DVD e
com a ajuda de seu filho
Rotem, o Grão Mestre
Yaron
trata
especialmente uma das
favoritas de Imi, o
“Footwork” para os
pontapés no Krav Maga.
Também se mostram
diversas maneiras de
fortalecer as zonas do corpo
empregadas para os socos e
outros batimentos.
REF.: • YARON3
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las carátulas sigue las más estrictas
exigencias de calidad (tipo de papel e
impresión). Asimismo ninguno de nuestros
productos es comercializado a través de
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no cumple estos requisitos, y/o la carátula
y la serigrafía no coinciden con la que aquí
mostramos, se trata de una copia pirata.
PrEÇO:
35,00€
c/u
REF.: • SALVA7
Neste DVD o Mestre Sueyoshi Akeshi entra em
profundidade no estudo do Yari, e mais
especificamente do So-Jutsu, mediante 10 trabalhos
com parceiro e Kihon. Se bem a dificuldade comum a
todos estes movimentos reside no controlo da
distância, devido ao tamanho da arma, em mãos do
Mestre Akeshi é facilmente superada pela sua
habilidade habitual.
Também são apresentados neste trabalho os
Kumidashi Hiden, executados com o Fokuro-Shinai,
posto que sem dúvida é a arma mais aconselhável
para o estudo deste grupo de 10 trabalhos. A
velocidade aplicada nos movimentos necessita de
uma intensa atenção por parte de ambos praticantes,
posto que o risco de acidentes é constante.
Entretanto, com o emprego do Fokuro Shinai se
minimizam os ditos riscos.
NOVIDADES
DO MÊ S!!!
REF.: • YARON3
REF.: • IAIDO6
Novidades DVD´s de Artes Marciais
Com motivo do 100º aniversário natalício de Imi
Lichtenfeld, Yaron Lichtenstein, máximo grau
mundial de Krav Maga e diplomado 9º Dan pelo
próprio Imi, decidiu empreender um extenso projecto
em memória do criador: mostrar e imortalizar o
programa oficial original de Cinturão Azul, tal como
aparece no manual publicado por Imi em 1971, numa
série de 6 DVDs. Todo o âmago do sistema, tanto em
seu aspecto físico como mental, aparece no
programa de Cinturão Azul ao máximo nível que um
estudante possa alcançar.
De entre outras muitas técnicas, neste 2º DVD e
com a ajuda de seu filho Rotem, o Grão Mestre Yaron
trata especialmente uma das favoritas de Imi, o
“Footwork” para os pontapés no Krav Maga. Também
se mostram diversas maneiras de fortalecer as zonas
do corpo empregadas para os socos e outros
batimentos.
Um combate real de rua é completamente diferente da competição. Temos de
compreender que uma luta real nunca é justa e por isso não interessa de onde
provém a técnica nem seu nome, apenas interessa se é útil, efectiva e fatal. Com
esta base, Salvatore Oliva, Instrutor de Tácticas Defensivas Policiais e Militares,
empreende este extenso trabalho que tem como centro o Trapping, a distância
curta mais comum nos confrontos de rua. Pela sua mão analisamos os 4
Princípios do Trapping do O.P.F.-System: avançar sem limite, permanecer
colado ao adversário exercendo pressões, a aplicação do reflexo instintivo,
energia elástica, fluidez, força elástica e finalizar o combate, que nos
permitirão ser fulminantes, tanto a mãos nuas como com armas, como a
faca ou a pistola. Um sistema de combate extremamente agressivo,
directo e efectivo, considerado por muitos como a Evolução da Tradição.
Todos os DVD’s produzidos por Budo International são
realizados em suporte DVD-5, formato MPEG-2
multiplexado (nunca VCD, DivX, o similares) e a impressão
das capas segue as mais restritas exigências de qualidade
(tipo de papel e impressão). Também, nenhum dos nossos
produtos é comercializado através de webs de leilões
online. Se este DVD não cumpre estas exigências e/o a
capa e a serigrafia não coincidem com a que aqui
mostramos, trata-se de uma cópia pirata.
PEDIDOS:
CINTURAO NEGRO
Andrés Mellado, 42
28015 - Madrid
Tel.: (0034) 91 549 98 37
Fax: (0034) 91 544 63 24
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Weng Chun
As dez sabedorias do Weng
Chun Kung Fu - 1ª Parte
O Weng Chun Kung Fu (Siu Lam Sim
Weng Chun Kung Fu/Shaolin Zishan Young
Chun Quan) é uma antiga arte marcial,
física e medicinal chinesa, que contém
conhecimentos dos famosos mosteiros
Shaolin do Norte e Shaolin do Sul.
Também inclui e combina as efectivas
Artes Marciais do Qigong e do Chan (Zen).
Esta antiga Arte Marcial Chinesa foi
transmitida de Mestre em Mestre. O último
Grão Maestro chinês, o Grão Mestre Wai
Yan de Hong Kong transmitiu a sua
herança ao estudante ocidental Andreas
Hoffmann. A doutrina das dez sabedorias,
que descrive extensamente o que deve
aprender um estudante de Artes Marciais e
como transitar com sucesso os caminhos
do guerreiro, para encontrar a eterna
Primavera (weng chun significa eterna
Primavera) é uma das tradições do Shaolin
Weng Chun.
Primeira sabedoria: SIK conhecimento/sabedoria
Tudo começa com a primeira sabedoria
denominada
SIK,
que
significa
conhecimento e sabedoria.
A pessoa que começa a treinar Kung Fu
adquire os primeiros conhecimentos que
são: como dar socos, pontapés, derribar e
começar a aprender acerca da tradição
Shaolin. Não devemos esquecer que até
um lutador profissional precisa do SIK.
Portanto, tem que saber como fortalecer o
corpo (GING), saber o motivo de lhe
baterem nos combates, e a maneira de
evitar ser derribado. De um ponto de vista
espiritual, na Filosofia Chan é a ignorância
- o contrario de SIK- e causa de todas as
emoções que nos fazem sofrer, como o
ódio, a ira, o medo, etc. Neste aspecto,
SIK significa perceber e utilizar a relação
com qualquer outro ser humano.
Segunda sabedoria: DAM coragem/audácia/firmeza
O treino do Weng Chun Kung Fu
desenvolve a firmeza e a coragem, que
são a segunda sabedoria denominada
DAM.
Se um guerreiro se torna brinquedo de
seu próprio medo ou de outras paixões,
como a cobiça, os ciúmes ou o ódio,
nunca será capaz de vencer em um
combate contra um adversário de
categoria. O DAM fará que o guerreiro seja
capaz de permanecer inamovível de si
38
mesmo, o que ajudá-lo-á a tomar a
decisão para fazer o que é
correcto
no
momento
adequado. Neste caso é
importante para ele, saber
que seu oponente
deveria ser a sua maior
fonte
de
poder,
sempre que saiba
comunicar com ele.
Uma vez, eu estava
bloqueado em um
combate e o meu
Grão Mestre Wai
Yan me disse: “HOI
TSCHUNG SAT LOI
CHUM”, que significa que todo opo nen te nos mostra
suas debilidades, só
temos que descobrilas. A força do opo nente também é a sua
debilidade - temos de
usá-la.
Eu fiz alguns “combates de
pátio” em Hong Kong, para a
família do Weng Chun. Não havia
muitas regras regias naqueles
combates, eu nem sequer sabia contra
quem teria de lutar. Os mestres mandavam
seus melhores estudantes para que
lutassem entre eles; quando os combates
acabavam, serviam-nos uma refeição onde
partilhávamos experiências. Apesar da
intensidade daqueles combates, eu nunca
tive medo, porque sentia que era parte da
antiga família do Weng Chun. Os
guerreiros espirituais Chan não têm medo
porque conhecem a natureza de suas
mentes, que são como o espaço. O
espaço não é material, portanto não pode
ser destruído.
Terceira sabedoria:
HEI/QI - energia
Para se fazer inquebrantável, o lutador
tem que concentrar-se em seu QI e focar
seus pensamentos na zona baixa do
abdómen: JAM HEI/QI DANTIEN (deixa
que o QI se movimente à parte baixa do
abdómen), para guiar-nos na terceira
sabedoria denominada HEI/QI.
Trabalhando conscientemente com o
nosso QI, adquirimos coragem, potência,
saúde, rapidez, etc. O QI dos órgãos
internos está ligado com as extremidades.
É o alimento e o poder legado por nossos
pais, a nossa respiração alimenta o nosso
Being QI. O conhecimento do Yin e o
Yang, que se ensina como FU MO - o
princípio da mãe e do pai - em Weng
Chun, é muito importante para usar o QI.
Actividade e repouso, tensão e relaxação
etc. Têm de estar ligados um com o outro.
Se nós conhecemos ambos e usamo-los
nos nossos combates, o nosso QI estará
em equilíbrio. Nós aprendemos o
significado mais profundo do QI mediante
o estudo dos meridianos e dos pontos de
Acupunctura do corpo. A doutrina Budista
e Taoista chinesa dos Cinco Elementos
pode ser transmitida e treinada mediante
as Artes Marciais. Só se o QI fluir em
suficiente quantidade, com o ritmo
correcto e em equilíbrio, só então o grande
poder GING pode ser alcançado pelo
lutador.
Quarta sabedoria:
GING - poder
Para um guerreiro, o GING (poder) é
essencial. Todo sistema de Artes Marciais
trata de ensinar maneiras de desenvolver o
poder.
O poder GING do Weng Chun significa
aprender uma estrutura física e mental
inteligente, que permita ao lutador lidar
com os desafios de combate e da vida, de
uma maneira rápida, segura e flexível.
Desenvolvendo o conhecimento para utilizar todo o
corpo, o praticante de Weng Chun aprende a
coordenação de todas as suas articulações,
músculos, e força mental. Aprender a focá-las em
um ponto é essencial. Da perspectiva do Chan
Budista, o poder GING existe em todo lado e não
precisa de grande trabalho para ser desenvolvido,
pelo contrário, ele pode evoluir sem esforço,
mediante exercícios.
Aqui temos algumas ferramentas do Weng
Chun para trabalhar o corpo:
• Usa tuas ancas e cintura em seis direcções
(para cima, para baixo, atrás, em frente, esquerda
e direita), esta é a ferramenta essencial para
gerar poder GING conhecido como YIU GING.
• Usa o poder de bombear (TUN: absorver,
TUO: largar, FOUT: flutuar, subir, CHUM:
afundar-se, WUN: círculo).
• Usa o poder impulsivo, explosivo
denominado TUN GING.
• Aprende a usar o teu peito, esterno,
omoplata e caixa torácica em seis direcções.
• Usa os Cinco Elementos do Budismo Chan
para os exercícios de poder GING:
Terra: lento, forte, simples
Água: fluir, contactar, escutar
Fogo: explodir, elevar-se
Vento: selvagem, inesperado, como um
tornado.
Espaço: combina todas as energias e
aparece e desaparece
• Usa os anéis de fogo do Weng Chun, os
paus compridos, boneco de madeira e as facas
duplas pesadas para intensificar os exercícios
de poder GING.
Quinta sabedoria:
SAN/SHEN - espírito
O lema do Chan “Mente pura coração esperto”,
descreve o acesso ao SHEN. Se somos capazes
de termos bem esclarecidos os pensamentos e os
sentimentos, o nosso coração e a nossa natureza,
com os quais nós enchemos a nossa existência
com poder, simpatia, conhecimento e energia,
estarão espertos. No Weng Chun descrevemos o
SHEN em três passos:
• Primeiro: um lutador necessita concentração,
o poder da sua mente, que se denomina Yee.
• Segundo: depois tem que unir isso com o
poder de suas emoções, a mente emocional,
denominada XIN e
• Terceiro e último passo: tem de transformar
isto no espírito denominado SHEN, que tem as
poderosas qualidades naturais de um guerreiro.
Associação Internacional de Weng Chun
Kung Fu
Grão Mestre Andreas Hoffmann
www.weng-chun.com
39
Pontos Vitais: Primeiros Socorros
Cãibras nos pés e
nos músculos
42
Isto poderia parecer
agora uma coisa estranha
no momento de treinar
Kyusho,
mas
foi
realmente importante e
um problema, posto que
o Kyusho é causa de
todo tipo de cãibras
musculares. O motivo é
simples; quando aplicado
apropriadamente,
o
Kyusho causa uma
rápida
constrição
muscular, que por vezes
provoca nós e cãibras
musculares. O motivo
de chamarmos a isto
cãibras nos pés é que essa
foi a primeira zona em que se
SP-6 (baço-6), ataques contra os
tendões do tornozelo, inclusi vamente pontapés aos nervos da
pantorrilha e a tíbia. Era um nível
esgotante, no qual por vezes se
desidratavam os participantes nas
prolongadas sessões de treino. O
processo de desidratação também
pode causar cãibras nos pés e nos
músculos, de maneira que se
juntarmos os ataques aos nervos
com a desidratação, o desgaste
físico fazia necessário achar uma
solução para poder continuar.
A primeira vez que provocamos
uma cãibra severa que precisou de
uma reanimação imediata foi com
um pontapé ao ponto conhecido
como BL-55 (bexiga 55), que se
encontra no meio do músculo da
pantorrilha. A reacção física era
uma intensa dor que obrigava a
manifestou
o
problema, quando
treinávamos em um
determinado nível do
programa de estudos.
O nível do Kyusho
onde isto sucedia é
aquele em que se
aprendem
os
derribamentos Kyusho e
inclui muitos ataques à
zona baixa das per nas.
Também
acções
de
varrimento contra o ponto
quem a padecia se inclinar-se para
a frente e que o pé empurrasse
para baixo, até ficar bloqueado no
sítio. Isto acontecia porque os
músculos da pantorrilha se faziam
um nó, assim como os do extremo
do pé (devido à constrição destes
grupos musculares).
A outra zona que trabalhávamos
da mesma maneira, era a zona em
que se causava a dor mais
intensa, que não era outra que a
zona da planta do pé. Os
músculos da zona central da
planta do pé estavam extre mamente tensos, mas era
realmente assombroso que nessa
zona se formasse um nó muscular
(sentia-se como uma protube rância dura), justamente por cima
do ponto K-1 (rim 1).
O ponto mais importante para
que se surja este cãibra muscular
é um ponto que está na planta do
pé, chamado K-1 (rim 1). Este
ponto está situado justamente no
centro da planta do pé e atrás do
metatarso. Quando se larga este
pon to pressionando e friccio nando, tal como se mostra no
DVD, é possível eliminar o
bloqueio do pé causado pela dor.
Depois se bate para baixo no
meridiano (ao longo do Ramo
Médio Crural do nervo da Safena),
ao longo da parte atrás da tíbia,
até a parte traseira do músculo do
tornozelo, fora do ponto K-1.
Aplicamos pressão imedia tamente e depois largamos. Isto
faz que o nó se relaxe instan taneamente. Depois de pressionar
e largar várias vezes, o nó muscular se relaxa comple tamente,
assim como os músculos do pé e
o peito da perna da pessoa em
questão. Quando desco brirmos isto, começamos a
perceber
que
este
método de primeiros
socorros nos estava
indicando as chaves
universais
para
eliminar determinado
tipo de Dores e
disfunções, sempre
que se fizesse este
tratamento imediatamente.
Quando um artista marcial
sente esta intensa reacção numa
das suas técnicas, a primeira coisa
que deve fazer é tentar outra vez.
Assim se obtiveram os mesmos
resultados dando um potente
pontapé a outros indivíduos no
ponto BL-55 e os mesmos
primeiros socorros tiveram os
mesmos resultados positivos.
Tanto os ataques como o método
de primeiros socorros se tornaram
uma das partes favoritas do
programa de estudos do Kyusho.
No entanto, quando começamos a
usá-lo com maior frequência e
com mais gente, descobrimos
algo inacreditável. Descobrimos
que dando um batimento directo
no ponto BL-55, os resultados
eram os mesmos, mas se
batíamos um pouco mais perto da
parte de dentro do pé do receptor, o
arco do pé sofria uma cãibra. Claro está
que isto nos levou a novas experiências
e por isso descobrimos que batendo
ligeiramente neste ponto no outro pé do
receptor, os músculos do lado de fora
do pé padeciam uma cãibra.
Desta maneira começamos a fazer
muitos mais ataques às pernas variando
as direcções e provocando muitos mais
tipos de cãibras, não só no pé como
também ao longo de toda a perna. Em
cada prova notávamos que se
pressionávamos e largávamos a zona
com mais nós e mais tensa,
conseguíamos relaxar a zona. Mas
também notamos que durante uma
sessão de umas duas horas, podíamos
provocar muitas cãibras e nós
musculares que apesar de que podiam
ser curados imediatamente, voltavam a
aparecer mais tarde, ao longo do dia ou
da noite. Isto estava causando uma
série de transtornos funcionais, assim
como do sono. Por conseguinte,
percebemos que não tínhamos
encontrado um remédio completamente
efectivo. Era preciso encontrar um
método que pudéssemos usar como
primeiro socorro e que também tivesse
um efeito que durasse mais tempo.
Desta vez a pesquisa não nos levou
muito tempo, visto que encontramos os
resultados nas lições já aprendidas e
nos elementos chave nas aplicações
dos primeiros socorros. Chegamos
rapidamente à conclusão de que os
nervos implicados não se situavam só
numa localização muito específica, mas
que estavam numa zona mais ampla,
para além da zona do nó muscular.
Este ponto de vista não só serviu
como primeiros socorros no treino de
Kyusho, para problemas causados pelos
nossos ataques, como também para
todo género de cãibras nos pés e nas
pernas, independentemente da sua
causa. Isto tem sido utilizado com
grande êxito, inclusivamente para ajudar
a quem padece o síndrome RLS
(Síndrome de pernas cansadas). Este
síndrome é uma alteração neurológica
que se caracteriza pelas cãibras,
inchações, peso, e outras sensações
desagradáveis nas pernas, por vezes
chega a ser insuportável e faz-se
urgente a sua eliminação. Os sintomas
surgem principalmente na cama,
quando a pessoa se encontra relaxada
descansando, e podem aumentar
durante a noite. Mexer as pernas alivia a
incomodidade. Frequentemente são
denominadas Parestesia (sensações
anormais) ou Disestesia (sensações
anormais desagradáveis); as sensações
vão em aumento, passam da
incomodidade
à
irritação
e
inclusivamente à dor. Podemos então
oferecer uma solução para estes casos,
que vão além das cãibras nos pés. A
ideia é estudar como os nervos
interferem nos músculos, o que por sua
vez interfere nos nervos e em outras
estruturas internas e externas, de tal
maneira que pode chegar a prejudicar a
saúde…
Tudo faz parte do estudo da condição
humana. Nós chamamos a isto
Kyusho…, Pontos Vitais!
43
44
45
Um Stainway Boston feito à mã o. Um
instrumento precioso, como nenhum outro.
A minha mã e me obrigava a aprender, apesar das
minhas choradeiras. Mas dou graç as a Deus, porque
me tem levado a conquistar garotas mais vezes das
que posso lembrar-me.
Entã o a
estrela do Kung Fu
sabe realmente tocar?
Aposto
que saber tocar
realmente ajuda muito
com as garotas.
Bem…
Nã o me posso
queixar.
A ESTRELA DO KUNG-FU - Apresentação Especial
"Inspirado na vida de Sifu Vicent Lyn" - História e Argumento por Matt Stevens
Ilustrado por Chase Conley
Diálogos por Jaymes Reed
Olá Vincet.
É um prazer finalmente
poder falar com o meu
protagonista.
(Continuação)
48
PEDIDOS:
CINTURÃO NEGRO
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49
Defesa Pessoal
O Kerambit: “Arma Letal”
50
Reportagem
Fazendo praticamente impossível de desarmar a
quem porta o Kerambit, ele é sem dúvida, uma das
armas brancas mais letais. Com origem em Java, esta
arma depressa se estendeu pelo Sudeste Asiático.
Suas técnicas tradicionais são provenientes desta zona
y actualmente muitos especialistas se têm mostrado
inter essados nelas. A primeira vez que vi um
Kerambit foi nas mãos do Mestre Tony Montana
e achei assombrosa a velocidade por ele
desenvolvida em seu uso. Parecia
praticamente impossível defender-
se de semelhante coisa. No último "Hall of Fame",
muitos Mestres internacionais tiveram ocasião de
assistir ao seu trabalho, tanto no seminário por ele
ministrado, como na demonstração que durante o
jantar de gala r ealizaram os seus alunos. Todos
concluímos que era realmente extraordinário.
Tony Montana leva muitos anos estudando diversas
artes de defesa, a filosofia do JKD impregna a sua visão
de conjunto, se bem seu eclectismo não se circunscreve só
a esta influência. Habilidoso à vez que reflexivo, Tony
junta a tais virtudes duas condições essenciais para
ensinar bem e assim o faz. O DVD que hoje
apresentamos é uma boa demonstração disso.
Alfredo Tucci
51
Defesa Pessoal
O
Kerambit é uma arma com
origem na Indonésia, muito
pouco
conhecida
mas
extremamente letal. Com ela
tenho trabalhado para que
fazer possível aprender seu
uso partindo de um método estruturado
básico, que funciona levando-nos do mais
simples ao mais complexo, e que permitirá
aumentar em pouco tempo, as habilidades
com técnicas cada vez mais intensas e
rápidas.
Queremos apresentar neste artigo a
origem e natureza de uma arma
devastadora, com um desenho anatómico e
um funcionamento perfeito.
Para perceber seu protocolo técnico, seus
mecanismos, é preciso seguir um método
que nos familiarize com o funcionamento de
uma arma tão especial. No DVD que hoje
apresentamos podemos ver os ângulos,
aplicações e variações possíveis do
Kerambit. Isto permite ao estudante
descobrir as infinitas combinações em
função da própria percepção pessoal e
bases marciais.
Finalmente,
vai
ser
a
nossa
personalidade, a nossa atitude frente à
arma, que dará esse toque pessoal no seu
manuseio.
No nosso treino devemos experimentar as
mais variadas condições para assim poder
marcar a diferença em função da arma do
adversário: Kerambit contra faca,
contra pau, contra mão nua, um
Kerambit em cada mão, duas
facas, etc…
História e conceitos básicos
do Kerambit
Contam que após a morte do rei, os seus
súbditos acreditavam que o seu espírito
permanecera na selva e se transformara no
espírito de um tigre. Na selva Oeste de Java
se utiliza o termo Harimau, que é genérico
da palavra Bahasay, para o tigre.
Outro termo utilizado é Pac Macan, ou
Grande Tigre.
Tem a sua origem nos inícios do Século
XI, em Java, Malásia, e ulteriormente nas
Filipinas. Está inspirada na garra de um
tigre. Originalmente foi um instrumento
agrícola destinado à ceifa do arroz. Era
considerada uma arma feminina; as
mulheres acostumavam a levá-las no
cabelo.
Arma curva de duplo
gume, com um anel onde
inicialmente se situa o
dedo indicador. Numa
das suas variantes de
agarre é possível
inverter a arma e situar
o dedo mínimo no anel,
para que assim o gume
fique virado para
cima.
“O Kerambit tem
sua origem nos
inícios do Século XI
em Java, na Malásia
e posteriormente
nas Filipinas”
A folha de grande tamanho, na Indonésia
era conhecida como Kuku Macan, ou garra
de Pamacan (garra de tigre).
Posteriormente, para dar à arma maior
maneabilidade, o seu tamanho foi reduzido;
este é o caso da versão filipina da arma;
tendo o gume mais pequeno, provoca
cortes menos profundos, conse quentemente variando as zonas de
ataque; os objectivos são os
testículos, os olhos, os bíceps, as
artérias, os pulsos, a parte
interna da perna, ou o tendão
de Aquiles, entre outros.
A extremamente afiada
ponta se espeta na carne
para depois desgarrar
músculos, tendões, artérias etc... Seu feitio em
curva nos permite
prender articulações
“O seu duplo gume e o
anel de retenção fazem
dela uma tal arma que é
praticamente impossível
que seu portador seja
desarmado”
52
1.
2.
3.
4.
5.
6.
Retracção Céu.
Retracção Terra.
Extensão.
Transição e mudança.
Recolhemos com a outra mão.
Retracção mão oposta.
e com movimentos circulares, horizontais, descendentes e
ascendentes, desequilibrar e cortar o adversário com uma fluidez e
rapidez inusuais.
Alguns modelos de Kerambit podem ter pontas ou
esporões na parte dianteira ou na traseira,
ocasionalmente destinados a injectar algum
veneno (veneno de serpentes, aranhas,
escorpiões…) cuja acção é instantânea na
corrente sanguínea.
Existe uma variedade de Kerambit
Ocidental onde observamos que só tem
gume na parte interior. Também podemos
encontrar um modelo com folha que se
recolhe, com um só gume na parte
interna, mais fácil de camuflar que o
Kerambit com a folha estendida.
O anel, além de facilitar seu agarre,
impossibilita que o adversário possa tentar
o desarme, que é um dos problemas
da faca; perder a arma não é o único problema, o pior é que nas
mãos do inimigo para ser usada contra nós. O anel de retenção nos
permite também bater e fazer pressão nos osso, músculos, e
certamente, atacar os pontos de pressão (Kyusho) incidindo sobre o
sistema nervoso; ao mesmo tempo que fazemos pressão,
podemos no mesmo movimento cortar ou desgarrar.
De destacar o movimento de extensão do Kerambit, um
movimento que imita o gesto de defesa do felino, a alerta
quando o tigre mostra as suas garras.
Os movimentos em círculo aumentam a energia cinética
e fazem do Kerambit uma arma devastadora, provocando
com o seu ataque lacerações, cortes e desgarros, fazendo
dela um faca táctica extraordinária.
Tecnicamente, assistindo a seu manuseio é possível
observar que os movimentos estão muito
bem definidos e coorde nados,
apesar de parecerem simples
e não muito extensos, é
na sua execução e
“Na defesa pessoal,
o Kerambit é de uma
contundência
avassaladora”
53
O Kerambit: “Arma Letal”
54
Defesa Pessoal
estratégia onde teremos
de prestar muita atenção.
Nesse instante, quando
conhecemos o protocolo
técni co,
devemos
desenvolver o nosso
próprio método de treino
em função do nosso
estilo ou sistema (Kenpo,
Tai Chi, Karaté, Kung fu,
Kali, JKD…) ainda que
seja
verdade
que
inicialmente a arma
nasce no seio do Silat e
nas Artes Marciais
Filipinas.
Formas de
agarre e
variações
• Se situa o dedo
indicador no interior do anel de retenção.
• Se situa o dedo mínimo no interior do anel de retenção.
• A palma da mão pode estar virada para cima.
• A palma da mão pode estar virada para baixo.
• A direcção do corte pode ser horizontal ou vertical.
• O movimento do corte pode ser ascendente ou descendente.
• Com o anel de retenção se pode bater e fazer pressão sobre as
articulações e os pontos de pressão.
Movimentos básicos
Três são os movimentos básicos do Kerambit:
• HACKING: Interceptamos com a parte externa do gume.
• SLASHING: Cortamos com um movimento rápido e contínuo.
• THRUSTING: Espetamos a ponta do Kerambit, empurrando,
para depois desgarrar.
A combinação destes três movimentos fazem do Kerambit uma
arma devastadora.
Recomendo o uso do Kerambit em madeira, alumínio ou plástico,
para o primeiro e o segundo nível, para depois, com um melhor
conhecimento da arma, utilizar o Kerambit de duplo gume, e aos
poucos ir tomando consciência do seu perigo.
Método
Em palavras de um Grande Mestre e filósofo: “Utiliza o não
caminho como caminho, e o não limite como limite”. Não pretendo
pontificar nem impor limitações à arma e muito menos ao
estudante, mas sim dar umas pautas e um método para poder
facilitar a aprendizagem; vamos pois “programar”, para depois
“desprogramar”.
Gostaria de destacar claramente uma questão imprescindível
para diferenciar o método de treino a seguir. Por um lado temos a
defesa pessoal, que no caso do Kerambit, poderíamos dizer que é
de uma contundência avassaladora. O seu duplo gume e o anel de
retenção fazem dela uma tal arma que é praticamente impossível
que seu portador seja desarmado. Com movimentos e mudanças
de ritmo, provocaremos múltiplos cortes em décimas de segundo.
Por outro lado, devemos ter em consideração a parte técnica e
mais tradicional, onde por meio de exercícios muito fluidos
conseguiremos velocidade, domínio e destreza em seu manuseio.
Mas acima de tudo é uma questão de atitude mental, ela irá
proporcionar em grande medida a nossa evolução pessoal e nos
aproximará com respeito e humildade à perfeição do movimento.
O eterno desencontro da tradição e da evolução continua
marcando os nossos treinos; suponho que de alguma maneira
temos que voltar a inventar-nos para finalmente, reencontrar-nos e
nesse processo crescemos e nos definimos posicionando-nos nas
nossas convicções herdadas e adquiridas, em ocasiões ancorandonos na segurança que nos proporciona a tradição, ou na liberdade
que nos proporciona a evolução. Que frágil é a linha divisória de
ambos aspectos, tão vulneráveis e complementares um do outro.
Mas para aprender esta maravilhosa e letal arma apenas precisam
um Kerambit e logicamente, mais adiante um parceiro. Assim
sendo, de vocês depende. Coragem e comecem a treinar!
Irão descobrir que é uma arma tão desconhecida quanto
apaixonante.
“Quando aprendidas as notas, só nos resta criar a nossa própria
harmonia”
Quero agradecer a colaboração dos instrutores Luís Ayala,
Damián Martín, Joan Pons, Pere Palou e Martín Blanco. Graças a
eles o caminho faz-se mais fácil.
55
56
Hu Jianqiang foi duas vezes
campeão do mundo de formas de
Wushu, actor, coreógrafo e
estrela de cinema internacional.
Nascido em Hangzhou em 1958,
foi escolhido para interpretar o
papel de um dos atletas de
Wushu nos filmes que trataram
acerca do “Templo Shaolim”, uma
famosa trilogia realizada na China
e que apresentou o Wushu ao
mundo na década de oitenta.
Hoje, passados mais de vinte e
cinco anos, a sua paixão pela arte
e a sua dedicação ao trabalho
duro permanecem nele com a
mesma intensidade. Nesta
entrevista convidamos Hu a
partilhar com os nossos leitores
os seus conhecimentos de Wushu,
esse Wushu que a ele tanto
custou conseguir.
Texto: Emilio Alpanseque
Fotos: Dean Royal & www.wushucenter.com
O Macaco rouba o espectáculo
Uma entrevista com Jianqiang, o extraordinário atleta de Wushu Hu
Cinturão Negro: Mestre Hu, como entrou
em contacto com o Wushu?
Mestre Hu Jianqiang: Em criança eu
praticava ginástica no Instituto dos Desportos
da província de Zhejiang, em Hangzhou. Em
1971, o treinador da equipa de Wushu pensou
que seria bom que eu praticasse Wushu,
devido à minha potência do género explosivo e
capacidade para aprender. Assim foi como
comecei a fazer Wushu. Nunca antes tinha
feito Wushu; só sabia que tinha a ver com usar
paus e espadas e isso levou-me a tentar.
Naqueles tempos, o Wushu não era
absolutamente uma profissão habitual na
China, mas eu me comprometi e passei a ser
membro da equipa profissional; o Wushu
formava parte da minha vida do dia-a-dia. Não
pensei muito, era muito novo, contava apenas
11 anos; praticava dia e noite, praticava cada
vez mais.
C.N.: Quais foram as maiores conquistas
na sua carreira como competidor?
M.H.: Fui chamado para a equipa nacional
de Wushu da China quando contava catorze
anos. Depois, durante os seguintes dez anos
ganhei numerosos títulos individuais e viajei
por mais de trinta países. Devido a que sou
um artista marcial profissional e conto com
uma longa experiência em artes Marciais,
cheguei a dominar a maioria das armas e
também a conhecer muitos sistemas
regionais, mas as minhas especialidades em
competição eram Nanquan (Boxe do Sul),
Ditangquan (Boxe no chão), Gunshu
(Pau), Daoshu (Espada comprida), Hougun
(Pau do Macaco) e Duilian (Exibição com
parceiro). Fui campeão Nacional de Wushu
em 1981 e 1982.
57
C.N.: Sente actualmente, que tem de ir
mais além nos seus estudos de Wushu?
M.H.: A prática do Wushu não tem fim.
Co nfo rme prat icamo s mais , v amo s
percebendo que temo s de melho rar. A
melho ra não s ó tem de s er no nív el de
apresentação e execução, como também no
nível espiritual e de compreensão. Com o
tempo aumenta a experiência e as sensações
fazem-se cada vez melhores. O Wushu pode
ser praticado a vida toda; o nosso nível
melho ra s e co ntinuamo s prat icando . A
melhora tem a ver com a prática e a idade.
Um jovem habitualmente não pensa muito no
que está praticando, não sabe aprender
observando os outros, só sabe praticar e
praticar. Mas com a idade, aprendemos a
observar e a estudar o melhor do Wushu de
outras pessoas. Portanto, não só melhorará a
prática do nosso Wushu, como também as
habilidades de pensar e observar. Três anos
s ão melh ores que um, dez ano s s ão
melh ores que três , qu an to mais t empo
melhor. P ens o qu e eu ain da es to u
melhorando.
C.N.: O que o tem mantido motivado
durante todos estes anos?
M.H.: A minha motivação para praticar
Wushu? (Ri) O Wushu é a minha vida! A prática
do Wushu é propriamente a minha motivação.
É estupendo para a saúde, para me fortalecer
e além de tudo o mais, tenho a
responsabilidade de promove-lo. Por exemplo,
eu moro nos Estados Unidos e o meu trabalho
é promover a cultura chinesa nesse país!
58
Mantenho o estilo atraente: na apresentação
que os meus estudantes fizeram no Torneio
Internacional de Wushu de Los Angeles, eu fiz
absolutamente toda a coreografia para eles. Se
os movimentos são bons serão aceites e se
mantêm, caso contrário, são modificados.
Agora dedico muito tempo a este género de
trabalho e sempre penso muito na maneira de
melhorar tudo.
C.N.: Pode falar-nos da rotina do Pau de
Macaco que faz nas demonstrações?
M.H.: O Estilo do Macaco é um estilo de
Wushu que utiliza movimentos típicos de um
macaco como parte da técnica, incluindo
saltos, rotações, pontapés e socos nas pernas
e nas virilhas do oponente, além de elementos
de imitação, como olhar em redor com
nervosismo, coçar a cabeça, apanhar frutas ou
insectos imaginários. O Pau de Macaco
combina técnicas de pau do Shaolim do Norte
com o estilo de Boxe do Macaco; é importante
manter um equilíbrio entre ambos, não pode
haver muito Boxe de Macaco ou muito Pau. As
formas do Macaco são cómicas e
habitualmente têm muito sucesso nos torneios
de artes marciais. Eu aprendi a minha rotina
com Wang Jinbao, um famoso campeão dos
anos sessenta e setenta.
C.N.: A rotina imitava o mítico
personagem Sun Wukong, o Rei Macaco,
como se ele tivesse reencarnado?
M.H.: O parecido físico é importante, mas
ainda mais importantes é a ligação espiritual.
O Boxe do Macaco, à semelhança de outros
estilos de imitação do Wushu, são de
natureza xamânica. Os praticantes entram em
contacto com o espírito de um animal e fazem
que esse espírito se expresse através do seu
corpo. São usados muitos simbolismos nesta
forma, como por exemplo, o macaco
abandona a gruta, o macaco sobe à árvore, o
macaco observa o luar, o macaco rouba a
fruta, etc., assim como muitos movimentos
para elevar o nível da técnica. Mas também
se podem encontrar em cada movimento do
macaco tácticas e técnicas ocultas para a
defesa pessoal, como socos, intercepções,
agarres, pontapés, além de todas as técnicas
com o pau. A essência deste estilo é muito
tradicional.
C.N.: Qual é a sua sensação em geral,
acerca do estado actual do Wushu?
M.H.: Não estou muito interessado nesse
aspecto, o que realmente me preocupa é que
os novos parâmetros da competição Wushu
não estão indo na boa direcção; pelo menos
essa é a minha opinião. Não estou de acordo
co m as mudanças do no v o Wus hu. A
tendência se inclinou pela parte ginástica. Eu
g o s to do Wus hu t radicio nal. A s no v as
técnicas exigem que os pontapés em salto,
como o pontapé frontal em salto, o pontapé
em rotação, etc., se executem separados do
resto das técnicas. Os atletas fazem longas
pausas antes de executar seus saltos; não há
uma grande diferença com uma simples
cambalhota. As novas formas são bonitas,
mas não dev eriam s er as s im. É bo m
ocasionalmente fazer bonitas posições nas
Grandes Mestres
formas, mas não na forma completa com técnicas
de salto, provavelmente seria melhor chamar a
isso treino de ginástica que não treino de Wushu.
O Wushu tem a sua própria alma, seu próprio
espírito e significado, mas o novo Wushu não
parece Wus hu, mais parece g inás t ica o u
acrobacias. Além disto, com tanto salto e tanta
rotação, o público em geral não pode praticá-lo,
só os profissionais podem faze-lo. Assim é
impossível de o levar até o público em geral.
Muita gente se pode magoar com as novas
mudanças. Poderá desaparecer uma das funções
principais do Wushu, que é melhorar a saúde e a
condição física.
C.N.: De que se precisa para compreender o
espírito do Wushu?
M.H.: Isso dependerá muito de como os
treinadores ensinem aos seus estudantes. Se os
estudantes não forem bem ensinados, então
ninguém conseguirá. O espírito do Wushu, a meu
entender, pode ser muitas coisas, que vão do
temperamento da nossa aparência externa quando
estamos em acção, até o processo mais íntimo da
nosso ser humano. A acção no Wushu requer que o
praticante tenha uma atitude marcial em cada
movimento, além de pôr atenção nas descrições
físicas, como mover-se tão rapidamente como o
vento, estar firme como uma montanha, flutuar
como uma folha, trepar como um macaco, dobrarse como um arco, girar como uma roda, e muitos
outros. Tem de se dar atenção aos aspectos
morais, respeitar o mestre, cuidar dos colegas, etc.
Tudo isso tem a ver com o espírito do Wushu.
C.N.: Estes aspectos culturais do Wushu são
muito interessantes…
M.H.: Sim, a minha mulher Zong Jianmei e eu
sabemos que a nossa experiência nas Artes
Marciais chines as po de s er ut iliz ada para
incentivar o intercâmbio cultural e por isso
fundamos o Centro de Intercâmbio Cultural em
Zhejiang, na China, para que gente de todo o
mundo possa ir lá e aprender Wushu, aprender o
idioma Chinês, e outras coisas. Até agora tem
s ido um êxito fantás tico para nó s , t emo s
organizado muitos viagens culturais à China,
trouxemos delegações de atletas chineses aos
Estados Unidos, para que morassem com famílias
americanas, temos organizado torneios de Artes
Marciais Chinesas, seminários e muitas outras
coisas que favorecem o intercâmbio cultural. O
êxito do centro supera a cada ano as nossas
próprias expectativas. Estamos trabalhando
também no programa After-School All-Stars
(Estrelas depois da escola). Trabalhamos com
este programa especialmente na zona de Los
Angeles, ensinando Wushu e Chinês Mandarim
aos estudantes problemáticos das escolas da
cidade, tudo patrocinado pela estrela da NBA,
Kobe Bryant.
C.N.: Deseja fazer um último comentário aos
nossos leitores?
M.H.: Espero que pratiquem cada vez mais
Wushu, espero que o Wushu seja conhecido e
praticado em todo o mundo, e desejo que o espírito
Wushu possa ser transmitido de geração em
geração. Praticar Wushu é uma actividade para
toda a vida. Tem de se ser aplicado, humilde e
tentar alcançar metas cada vez mais altas!
C.N.: Estamos muito gratos por nos ter
concedido um precioso tempo da sua agenda e
ter feito possível esta entrevista.
M.H.: Não têm nada que agradecer, sempre é um
prazer.
59
Entrevista
Depois de ser considerado um dos melhores
do mundo até 80kg nos anos 90, Johil de
Oliveira faria sua estreia no Pride, mas um
acidente minutos antes da sua luta mudou
totalmente sua vida. O lutador foi queimado em
plena passarela do evento japonês, ficou dois
meses internado, e mesmo assim voltou a lutar.
Se não bastasse isso, Johil acabou cego de um
olho devido a um acidente de carro e, mais uma
vez, não foi isso que o fez abandonar os
ringues. Aos 41 anos de idade, Johil acaba de
se aposentar e a Revista Cinturão Negro
presta uma homenagem a este verdadeiro
exemplo de guerreiro dos ringues e da vida.
Cinturão Negro: O que você anda fazendo ultimamente?
Johil de Oliveira: Eu estou trabalhando com adestramento de
cães. Fiz uns cursos em São Paulo, fiz-me profissional e esse
está sendo meu trabalho. Estou encerrando a carreira, pois não
estou tendo mais oportunidades de lutar. Apesar de ter 41 anos,
quero mostrar que ainda tenho muito para oferecer ao esporte.
C.N.: Seu nome é uma homenagem ao seu pai e ao seu
antigo treinador da Budokan, o João Ricardo. Não é
mesmo?
J.O.: É isso mesmo. O meu pai e o João Ricardo tinham uma
academia no centro do Rio e a academia se chamava Jo-Hil.
Era Jo de João e Hil de Hilbernon, que é o nome do meu pai.
Foi daí que surgiu o meu nome. Eu aprendi tudo com o Leitão,
João Ricardo e meu pai, mas também com o Luiz Alves. Com
ele foi mais a parte em pé, mas ele também treinava luta livre
Um herói dos ringues
60
Texto e Fotos: Marcelo Alonso & Gleidson Venga
Grandes Lutadores
connosco. Nós pegamos a
graduação e a faixa preta mais ou
menos na mesma época. Foi por
volta de 1989.
C.N.: Você lembra qual foi o
seu primeiro Vale-Tudo?
J.O.: Foi na Ilha dos Pescadores,
no Rio. Lutei e ganhei com menos
de um minuto, apesar de estar
muito nervoso, pois era o meu
primeiro Vale-Tudo. Eu era muito
novo e ganhei muito bem. O meu
adversário era muito mais forte do
que eu e muito mais pesado, mas
eu ganhei finalizando-o.
C.N.: Seu principal adversário
em sua carreira foi o Pelé?
J.O.: Foi sim, fizemos duas lutas.
Tive duas lutas com ele e foram as
mais difíceis para mim. A que fiz
com o Darrel Gohlar foi também
uma luta muito difícil, mas a maior
rivalidade foi com o Pelé.
C.N.: Nós fizemos uma
entrevista com o Pelé e ele disse
que passou um pouco do ponto
na primeira luta entre vocês, foi
muito violenta. O que você achou
dessa luta?
J.O.: Eu entrei como reserva
nessa luta e não estava preparado
para o evento. O cara que lutaria
com o Pelé na semifinal se
machucou e quem entrou fui eu. Fui
lutar com o Pelé e foi uma
pancadaria só. Eu dei 93 cabe çadas em 30 minutos. Foram
praticamente três cabeçadas por
minuto. Ficamos ambos bastante
machucados. Eu me magoei muito,
mas acho que ele ficou muito mais
magoado que eu.
C.N.: O que você acha das
antigas regras do Vale-Tudo?
J.O.: Eu preferia as antigas. Por
exemplo, meu forte é a cabeçada e
eu hoje não posso dar cabeçadas.
Muita coisa que naquela época se
podia hoje não
se pode. Você
tem de se adaptar as novas
regras e isso me
prejudicou
bastante. Eu
estava acos tumado a lutas
de 30 minutos
e de repente
vinham lutas de
cinco. Se pegava um cara mais
pesado
que
bota va para o
chão e não conseguia sair, acabava a luta e
você perdia sem
levar um soco. Perdi umas quatro
lutas assim; não saí machucado nem
nada, mas foi justamente pelo tempo
ter sido curto. Para o esporte hoje
realmente é outra coisa, para o
espectáculo hoje o esporte não é tão
violenta como era antigamente. Mas
se eu tivesse de escolher qual ValeTudo lutar, eu escolheria o de antes.
C.N.: Você também venceu
vários torneios. Eram até três
lutas na mesma noite e hoje em
dia é quase impossível isso
acontecer. Como era aquilo?
J.O.: Cheguei a fazer treze lutas
em um ano. Em um torneio,
dificilmente a pessoa conseguia
chegar à segunda luta inteiro. Trinta
minutos de luta sem nada, sem luvas
e valendo tudo, você acabava todo
arrebentado. Você já ia para outra
fase quebrado e mastigado. Se você
pegasse uma luta mais dura do que
o outro oponente, ele teria muito
mais chances do que você. Apesar
disso, eu sempre me dei bem nesse
esquema de três lutas.
C.N.: Os treinos também eram
diferentes?
J.O.: Eram sim. Hoje mudou
bastante, o treino está mais moderno.
Tirando o soco na cara, valia tudo
também, valia até cabeçada nos
meus treinos, só não valia soco
porque senão você não conseguiria
lutar. O treino era tão pesado quanto
o Vale-Tudo. Chegavam a ser mais
pesados os treinos do que na própria
hora da luta.
C.N.: Outra coisa que falamos
na conversa com o Pelé foi a
lembrança dele dos tempos do
IVC. Ele disse que era o cheiro de
sangue, que ficava dias cheirando
sangue e que era muito forte. E
qual a sua principal lembrança
destes tempos?
J.O.: Isso é coisa que
impressionava muito. É engraçado
mas eu gostava de lutar com
sangue, quanto mais sangue
tivesse em meu rosto mais vontade
eu tinha para continuar. Eu ia para
cima e isso é um facto mesmo. O
sangue me motivava a lutar mais
ainda. Se eu terminasse uma luta
sem sangue não tinha graça.
C.N.: Como foi aquela sua
famosa luta contra o Darrel
Gohlar?
J.O.: Foi uma luta que eu busquei
fazer mais a parte em pé. Por ele
ser excepcional em Wrestling, era
difícil botar ele para o chão. Eu
tinha mais técnica que ele na parte
de chão, só que para derrubar um
wrestler é muito difícil. Eu fui um
dos primeiros lutadores naquela
61
Entrevista
época a vencer um wrestler. Até então
ninguém tinha vencido. Tem sempre alguém
que vai achar que a luta não foi minha, mas
se todo mundo ver a luta realmente, durante
os trinta minutos eu fiz muito mais coisa do
que ele. Não dá para botar só dez minutos
de luta porque a luta foi de trinta minutos. A
única coisa que ele fez foi no final me botar
para o chão e um pouquinho no começo. O
resto da luta foi toda em pé. Foram vários
chutes e socos na cara. Eu dominei
completamente o ringue em pé.
C.N.: Nessa época, a Budokan era uma
das principais equipes de Vale-Tudo.
Tinha você, o The Pedro, Ebenezer, o
Marcelo Aguiar, entre outros. Como eram
esses treinos entre tantos cascasgrossas?
J.O.: Essa foi uma das melhores épocas
da minha vida. Foi onde realmente tudo
começou. Os treinos lá eram para cascagrossa mesmo. Tinha sábados que as
pessoas iam para ver os treinos e quando
começavam a subir a escada desciam na
mesma hora. Ali a porrada era a sério. Tinha
de ser valente, não bastava ser lutador, ali
assustava.
C.N.: Qual era a sua relação com a
outra parte da Luta-Livre, como o Eugénio
Tadeu e o Hugo Duarte?
J.O.: O pessoal do Cromado, eles até iam
lá para treinar connosco. Mas na época nem
havia muito contacto. Hoje mudou bastante,
mas antigamente era cada um no seu canto,
cada um queria ter sua equipe, mas
connosco não havia esse problema, nossa
academia não queria briga com ninguém.
Enquanto isso as outras equipes se
achavam melhor e diziam coisas. Acabou
que a Budokan se tornou realmente a melhor
equipe de Vale-Tudo.
C.N.: Na década de 80 e início dos anos
90 havia aquela rivalidade entre Jiu-Jitsu
e Luta-Livre, com briga nas ruas e tudo
mais. Você participou de algum episódio
desses?
J.O.: Não. Eu nunca misturei as coisas.
Naquela época existia muita rivalidade. Nós
não podíamos falar do Jiu-Jitsu, e eu não
gostava do que muitos lutadores falavam
sobre uma arte marcial ser melhor do que a
outra. Eu acho que não existe arte marcial
melhor, mas sim melhor lutador. Não existe a
melhor luta, mas sim o lutador mais bem
preparado. Naquela época havia muita
guerra. Na época daquelas lutas todas,
brigas de rua, briga entre o Eugénio e o
Renzo, e onde rolava aquela porrada toda,
eu não participava. Inclusive eu não fui
naquele evento do Eugénio contra o Renzo.
Eu sabia que ia ter porrada e sempre fiquei
de fora. Você pode ver que meu nome nunca
esteve ligado a isso. Você nunca leu uma
matéria de que eu fui pego brigando na rua.
Eu sou profissional mesmo. Luta tem de
realmente ser no ringue. Lá você tem de
mostrar o que você é. Na rua é fácil; você
bater no cara que não sabe nada é a coisa
mais fácil que tem.
62
C.N.: Como foi aquele seu incidente no
Pride, onde seu corpo ficou queimado?
J.O.: Foi no Pride 9. Eu ia lutar com o Matt
Serra, aluno do Renzo Gracie. Eu estava no
tablado e o que me disseram foi que depois
que eu passasse no tablado eles apertariam
o botão de um desses lança-chamas. Muita
gente pensa que foram fogos de artifício,
mas foi mesmo fogo. Era um lança-chamas
que quando eu estivesse no meio, eles
apertariam o botão e o fogo todo sairia do
meio do palanque. Só que eles apertaram o
botão errado quando eu estava lá no
palanque e eu fiquei queimado em
praticamente 70% do meu corpo. A parte da
frente ficou toda queimada pelo fogo. Foi
uma coisa complicada e que ficou muito
feio. O primeiro a me ajudar foi o Renzo
Gracie, que estava lá porque eu iria lutar
com o aluno dele. Ele foi o primeiro a me
socorrer. O Libório também estava lá e me
ajudou. Foi o pessoal do Jiu-Jitsu, para você
ver. Naquele momento, vendo o cara
queimado, você esquece tudo e vai ajudar o
ser humano.
C.N.: E como foi a assistência que o
Pride te deu? Você foi indemnizado?
J.O.: Fui realmente indemnizado, mas não
foi aquilo que eu imaginava. Na época que
isto aconteceu, eu estava deitado sem
praticamente poder me mexer. Estava todo
queimado. O presidente da organização veio
logo em seguida com uma indemnização,
mas se eu lutava, por exemplo, por mil
dólares, ele veio me oferecer 100 mil
dólares. Eu não consegui entender o porquê
daquele dinheiro, então eu aceitei. Muita
gente acha que eu ganhei 500 mil dólares ou
um milhão, e eu realmente poderia ter
ganho, mas não tive uma pessoa forte o meu
lado que dissesse que resolveria aquilo para
mim. Fui eu que tive que resolver tudo. Eu
estava em uma situação em que nem podia
falar e só usava códigos. Eu apenas olhava o
que estava escrito e o tradutor falava
comigo. Ele dizia que estavam me
oferecendo tanto por eu ter me machucado
e na hora eu só pensava em uma coisa. Se
eu tinha ido lutar por 500 dólares e o cara
estava me oferecendo 150 mil dólares, então
eu tinha de aceitar.
C.N.: Como foi sua recuperação?
J.O.: Fiquei um ano parado sem lutar e
até hoje eu tenho problemas relativos
àquilo que aconteceu. Quando eu faço
barba, meu rosto fica todo empolado e
ainda tenho algumas cicatrizes desse
acidente. Demorei muito a me recuperar.
Quando ia lutar e tinha todos aqueles
fogos, eu me assustava e já entrava com
medo. Uma coisa que eu achei que
também não foi feito direito comigo, foi o
que o Pride fez na época. Assim que eu
voltei, eles fizeram um contrato comigo de
três lutas e disseram que seriam lutas
fáceis para eu ganhar. Disseram que minha
bolsa seria de 40 mil dólares e que eu
ganharia no total 120 mil dólares. Eu disse
na época que nunca havia escolhido
adversário. Eu nunca escolhi e até hoje não
escolho. Nunca em minha vida eu falei que
só lutaria se fosse com determinada
pessoa. Por isso achei aquela proposta
estranha. Eles me dariam três molezas para
ganhar um dinheiro fácil…, mas não teve
nada de moleza. A primeira luta foi com o
Carlos Newton, que na época estava
arrebentando todo mundo. Eu fiz um lutão
com ele e considero ter sido uma das
minhas melhores lutas. Perdi essa luta por
pontos. Depois lutei com o Nino Schembri,
já cego, já que havia feito um transplante
de córnea. Lutei sem condições. Como era
por contrato, eu lutava por dinheiro. Tinha
de lutar, então lutei de qualquer jeito. Perdi
essa luta. Na última eu lutei com o Daiju
Takase, que finalizou o Anderson Silva. Eu
fui melhor do que ele, mas deram a vitória a
ele. Ali praticamente ficou encerrada a
minha carreira lá fora.
C.N.: Quando foi o acidente de carro
que te deixou cego?
J.O.: O acidente de carro foi em 96 ou 97.
Eu tinha um caco de vidro no olho que
nenhum médico conseguira tirar e nem eu
sabia que tinha. Nos treinos da Budokan, um
aluno treinando comigo acabou me
acertando na esgrima e meteu o dedo
dentro do meu olho. Quando ele fez isso,
tinha um caco de vidro que apareceu não sei
de onde e furou a membrana do olho e foi aí
que eu perdi a visão. Foi em 98 ou 99 que eu
perdi a visão.
C.N.: Voltando a falar do Pelé, você tem
algum tipo de contacto ou relação com
ele? Vocês se falam?
J.O.: Não, infelizmente eu não tenho mais
contacto com o Pelé. Eu moro em um lugar
afastado de tudo e é no meio do mato, mas
até queria ter esse contacto. Eu acho o Pelé
um excelente profissional e lutador, mas
naquela época realmente tinha muita rixa. O
Pelé queria me bater em qualquer canto.
C.N.: Vocês tiveram um problema no
aeroporto. Como foi isso?
J.O.: Foi depois da minha primeira vitória,
quando tinha marcado uma revanche. Eu
aceitei lutar com ele novamente e quando
ele me encontrou no aeroporto, ele queria
brigar comigo lá mesmo. Nós quase fomos
expulsos do aeroporto e o piloto não podia
levantar voo. Foi uma guerra. Naquela época
ele realmente me odiava, não podia nem me
ver. Ele ficou realmente muito magoado e
aquilo o marcou. Imagina você ver sua foto
estampada no jornal e em revistas do mundo
todo, com a cara toda arrebentada. Apesar
disso, quando eu fiquei queimado, ele me
ligou para o hospital onde eu estava e falou
comigo me desejando melhoras. Eu não
tenho o que falar do Pelé. Ele foi um grande
adversário e valorizou minha carreira tanto
quanto eu valorizei a dele. Um levantou o
outro, então eu só tenho a agradecer por ter
lutado com ele e ter tido essa oportunidade.
Está tudo empatado, 1 a 1. Ninguém foi
desleal com o outro e a luta durou uma hora.
Foi 30 minutos e depois mais 30. Foi
realmente uma coisa espectacular.
Grandes Lutadores
C.N.: Qual foi o melhor e pior momento da sua carreira?
J.O.: O meu pior momento foi quando eu sofri o acidente no Japão. Ali realmente
mudou muito a minha vida. Eu fiquei no Japão muito machucado e sozinho quase
dois meses. Fiquei sem amigos, sem família e sem nada. Quanto ao melhor
momento, eu prefiro colocar as principais lutas que eu fiz. Foi a vitória contra o
Pelé, que realmente me marcou. Ele já tinha vencido Macaco e nesse dia ele
venceu Macaco novamente. Eu já era conhecido, mas o Pelé tinha ganho do
Macaco. Eu sempre queria lutar com Macaco, mas nunca conseguia. Ele lutou
duas vezes e ganhou ambas, então aquela luta com o Pelé foi muito marcante.
C.N.: Quem você acha que é o melhor lutador do mundo actualmente?
J.O.: Gosto muito de ver o Georges St Pierre lutar. Também gosto muito do BJ
Penn. Dos brasileiros gosto do Anderson Silva, do Minotauro e do Shogun, ele é
espectacular, a maneira dele lutar e ser agressivo são incríveis.
C.N.: Na Luta-Livre actualmente, a equipe do Cromado é a que mais se
destaca. Como você vê esse esporte hoje?
J.O.: Melhorou bastante. Hoje o Cromado faz um excelente trabalho. A Budokan
nem tanto, pois ela não cresceu tanto. Na época os melhores lutadores eram da
Budokan, todos eram bons lutadores. O Marcelo era campeão do IVC, estava eu
que fui campeão no Japão, o Pedro Rizzo treinava connosco e o Ruas também.
Nós tínhamos a melhor equipe de Vale-Tudo da época, a nossa equipe era
realmente imbatível. Muita gente foi
saindo e a Budokan foi
praticamente acabando, ainda tem
Luta-Livre mas não tem o nome
que tinha antigamente.
C.N.: Como é sua rotina de
treinos hoje em dia? Com quem
você treina?
J.O.: Agora eu treino com o Marcelo Aguiar. Não é em
nenhuma academia, treino no canil. O Marcelo tem um
canil que se chama Canil Aguiar e eu treino lá. Fica em
Pendotiba, Niterói. Só lá está ele para me treinar e ele
treina só comigo. Tem algumas pessoas que vão me
ajudar nos treinos, mas não é a mesma coisa que treinar
numa equipe onde há 15 pessoas para treinar com você
e ajudar. Eu treino tipo homem das cavernas. Se eu
tivesse um patrocínio para treinar, poderia treinar em
qualquer lugar. Acho que o atleta merece uma ajuda de
custo e um patrocínio para poder treinar e se dedicar
somente ao esporte. Isso comigo nunca ocorreu, eu
nunca tive patrocínio, sempre tive de trabalhar e
misturar com o esporte. Eu acho que poderia ter ido
muito mais longe. Fiquei quase três anos como número
um do mundo na época, então eu já cheguei ao topo do
mundo. Também sei que hoje com 40 anos poderia estar
no topo, isso lutando na minha categoria, que é até
70kg. Poderia estar lutando com todo esse pessoal que
tem aí na frente. Eu não fico abaixo de
nenhum deles; bem treinado não sou inferior
a nenhum deles.
C.N.: Qual balanço que você faz de toda
sua carreira?
J.O.: Espero que as pessoas se lembrem de
mim pelo guerreiro que fui nos ringues e pelo
espírito de luta, aquilo de nunca entregar uma
luta e de sempre lutar até o fim. Eu sou
advogado e trabalho hoje como adestrador de
cães, mas amo o Vale-Tudo. É difícil pensar
que um dia vou ter de parar de lutar, mas um
dia terei de parar. Estou há praticamente um
ano sem lutar, mas continuo com aquela
vontade de lutar… Sonho com luta, me vejo
lutando e fazendo tudo o que a isso diz
respeito. Ainda não consigo perceber que isto
está chegando ao fim. Eu queria fazer
algumas lutas antes de encerrar a carreira,
queria ainda fazer umas duas lutas para o
pessoal poder ver novamente o Johil lutando.
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LA ESENCIA
DEL KUNG-FU
AUTOR: Paolo Cangelosi
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GUERRA
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EL GUERRERO
CONSCIENTE
AUTOR: Alfredo Tucci
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ENCRUCIJADAS GUERREROS
DEL SIGLO XXI
AUTOR: Alfredo Tucci
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AUTOR: Bruce Lee y
M. Uyehara
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IAIDO: EL ARTE JAPONES
DE DESENVAINAR
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Autor: OHTSUKA
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LA SABIDURIA DE
LOS MAESTROS
AUTOR: J.Mª Fraguas
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LOS CUARENTA
Y SIETE SAMURAI
AUTOR: John Allin
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ROMPIMIENTOS
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AUTOR: Kazuo Nomura
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JUDO:TÉCNICAS DE LOS
CAMPEONES DE COMBATE
AUTOR: Roy Inman
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EL ESPÍRITU DEL JUDO
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Funakoshi
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Richard Kim
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KARATE JUTSU
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LA FAMILIA GRACIE Y LA
LEYENDAS
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DEL VALE-TUDO
DE LA KATANA JAPONESA
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AUTOR: Marcelo Alonso
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EL CAMINO DE LA LIBEFORMAS Y
EL COMBATE EFECTIVO, TÉCRACIÓN
APLICACIONES
NICAS INTER.-ESTILOS
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AUTOR: Paolo Cangelosi AUTORES: Samart Payakaroon
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LLEVAS DENTRO
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SAGRADO
AUTOR: Alfredo Tucci
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DEL GUERRERO CON EL
ESPÍRITU
AUTOR: Alfredo Tucci
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ESTRUCTURADA
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EL PLACER SEXUAL
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CUERPOS DE SEGURIDAD
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WT- RE-EVOLUTION
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PUNTOS VITALES
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Y PROFESIONAL
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AUTOR: Sargento
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KARATE-DO
AUTOR: Ohtsuka Hironori
Preço: Edición numerada
encadernación lujo - PREÇO:150€
O Hapkido constitui um método sistemático e pedagógico
de ensino de técnicas de Defesa Pessoal e de Luta. Como
Arte Marcial ele recebe e fusiona o melhor da tradição
coreana do Tae Kyum (base tradicional do Taekwondo
moderno), do Kuk Sul Won e da luta Syrum. Assim sendo,
compila o melhor dos estilos que trabalham o combate na
longa e média distância, baseado em punhos e
pontapés, assim como a luta corpo a corpo
na curta distância.
Este primeiro DVD, que apresenta o
programa oficial até Faixa Preta,
tem a garantia da Federação
Espanhola de Taekwondo e a
supervisão
do
Director
Técnico do Departamento
Nacional de Hapkido o Sr.
Alfonso Rubio, com a
colaboração de seus mais
destacados Mestres.
Um
trabalho
muito
meditado para poder
cumprir seu propósito: a
correcta
e
completa
formação dos estudantes e
a criação de uma guia sólida
para que os Mestres possam
realizar adequadamente seu
trabalho didáctico.
REF.: • HAPFET1
Todos os DVD’s produzidos por Budo
International são realizados em suporte
DVD-5, formato MPEG-2 multiplexado
(nunca VCD, DivX, o similares) e a
impressão das capas segue as mais
restritas exigências de qualidade (tipo de
papel e impressão). Também, nenhum dos
nossos produtos é comercializado através
de webs de leilões online. Se este DVD
não cumpre estas exigências e/o a capa e
a serigrafia não coincidem com a que aqui
mostramos, trata-se de uma cópia pirata.

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