O que esperar do transporte em meio a crise Renovação em

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O que esperar do transporte em meio a crise Renovação em
Edição 201 - 5 de novembro 2015
“Mobilidade inteligente se conquista com ônibus inteligente”
www.revistaautobus.com.br
Marcopolo de olho no mercado
A encarroçadora gaúcha Marcopolo está disposta a adquirir a empresa Neobus,
também fabricante de carroçarias para ônibus localizada na mesma cidade de
Caxias do Sul, RS. O Conselho de Administração da Marcopolo aprovou a assinatura de uma carta de intenções, não vinculante, que tem por objetivo estabelecer as bases e os princípios para uma potencial incorporação da L&M, controladora direta da San Marino Ônibus Ltda. (Neobus).
A Marcopolo informou que as duas companhias continuarão a atuar de maneira independente nos mercados nacional e internacional, em termos de produtos,
rede de comercialização e serviços. “A gestão das empresas continuará separada, como ocorre atualmente, e como acontece com a unidade de negócio Volare,
que tem linha de produtos, rede de representantes/concessionárias própria e
não vinculadas à Marcopolo Ônibus. Além disso, obteremos importantes sinergias nas áreas administrativas, operacional e de suprimentos”, explicou Francisco
Gomes Neto, CEO da Marcopolo.
Por meio da Operação, a totalidade das quotas da Neobus detidas pela L&M,
que é titular de uma participação de 55% no capital total e votante da Neobus,
passará a ser detida pela Marcopolo, que, nesta data, já detém uma participação
minoritária de 45% do capital votante e total da Neobus.
E por falar em negócios, a empresa alcançou receita líquida consolidada de R$
1,952 bilhão nos primeiros nove meses de 2015 contra R$ 2,465 bilhões registrados no mesmo período do ano passado, com queda de 20,8%. As unidades
externas foram as responsáveis pelos números positivos. Cresceram 31,2% e
reduziram a perda de 43,9% gerada no mercado brasileiro. Este desempenho
demonstra a flexibilidade da companhia, seja por meio de exportações ou decorrente da estratégia de internacionalização já adotada há muitos anos, frente
às atuais adversidades econômicas do País.
O que esperar do transporte em meio a crise
A Fepasc – Federação das Empresas de Transporte de Passageiros dos Estados
do Paraná e Santa Catarina – realizou recentemente um debate com o tema
“Tendências 2016”. O evento, que acontece na Casa do Cliente Volvo, abordou
em cinco painéis assuntos como Tendências da Indústria Fornecedora do Transporte de Passageiros, Tendências do Modelo de Negócio, Novas Tecnologias e
Marco Regulatório, Ambiente Político, Estratégias Governamentais, Custeio do
Transporte Público e Tendências e Cenário Macroeconômico, Financiamento dos
Transportes Públicos e Tributação.
A atual situação econômica brasileira não favorece em nada o desempenho de
muitos setores, sendo que o transporte depende em muito de condições positivas do comércio, da indústria e do segmento de serviços. A produção brasileira
de ônibus tem sido uma das grandes prejudicadas neste momento de crédito
difícil, divida pública em ebulição, mercado estacionado e incertezas quanto ao
futuro. “Os juros saltaram de 2,5% ao ano para 13%. Sem contar o desequilíbrio cambial e aumento geral de preços dos insumos básicos, como energia e
combustível. Isso impacta diretamente na operação de qualquer indústria, ocasionando uma queda de mais de 50% nos índices de produção”, disse Edson Tomiello, presidente da encarroçadora gaúcha Neobus.
O executivo ainda lembrou de outra dificuldade no setor de produção de ônibus, que é a despadronização das carroçarias promovida pelas prefeituras brasileiras. “Cada uma quer definir seu próprio produto. Ou seja, precisamos desenvolver um ônibus para cada cidade. Assim, não há escala, o que tira a competitividade das indústrias. Se não arrumarmos isso logo e ajustarmos a economia, taxa de juros e câmbio, teremos muitas dificuldades para recuperar o setor”, destacou.
Para o presidente da Volvo Bus Latin America, Luis Carlos Pimenta, a forte carga tributária, bem diferente de outros países da América Latina, e o modelo de
negócios, proporcionam uma maior dificuldade e tiram a eficiência do sistema
brasileiro. Felipe Busnardo Gulin, presidente da Fepasc, ressaltou a importância
do evento e de se ouvir todos os envolvidos com a cadeia do transporte público.
“Estamos preocupados com o atual momento. Chamamos os parceiros de negócio para rediscutir o formato de negócio. Afinal, empresa de ônibus com dificuldades financeiras, ou quebrada, não consegue comprar insumos, como pneus,
combustível, chassi e ônibus”, comentou.
Além da situação econômica do Brasil, o evento paranaense também tratou de
outros assuntos, como a priorização dos serviços de ônibus urbanos para se alcançar maior velocidade e melhores condições operacionais. Luis Antônio Lindau, diretor da WRI Brasil Cidades Sustentáveis, observou que as cidades registram cada vez mais congestionamentos, o que acaba aumentando a necessidade
da frota de ônibus, elevando o custo do sistema de transporte e, por consequência, afastando usuários. “Precisamos tirar os ônibus dos congestionamentos e
restringir o espaço destinado a estacionamentos nos centros urbanos e também
implementar o pedágio urbano, que deveria ter outro nome - taxação do congestionamento”, falou Lindau.
Gulin, da Fepasc, ressaltou a questão das gratuidades nos serviços, explicando
que se alguém não paga a tarifa, outra pessoa está pagando. “É preciso rever
esse modelo. Infelizmente, os contratos não são respeitados e as empresas enfrentam dificuldades por causa da falta do equilíbrio econômico e financeiro”,
comentou.
Foto - Divulgação
Renovação em Guarulhos
As operadoras de ônibus urbanos de Guarulhos, SP, promoveram importantes
melhorias no sistema de transporte público da cidade. Segundo a Guarupass,
(Associação das Concessionárias de Transporte Urbano de Passageiros de Guarulhos e Região), as medidas fazem parte de uma campanha extensa de reestruturação da entidade, visando a modernização, economia, segurança e conforto para os passageiros.
Foram introduzidos 50 novos ônibus na operação, sendo 20 unidades da versão articulada, além do sistema de bilhetagem eletrônica que oferece a integração dos serviços por meio do Bilhete Único. Com ele, o passageiro paga uma única passagem e utiliza a conexão entre os veículos por até duas horas. Outro
detalhe, com o objetivo de eliminar fraudes e aumentar a segurança dos passageiros, é a adoção pela entidade da moderna tecnologia de identificação dos usuários por meio da biometria facial. O sistema permite o reconhecimento das
pessoas que possuem os cartões gratuitos (bilhete sênior, bilhetinho, especial,
gratuidade e escolar).
Com os novos ônibus, segundo a associação, será possível melhorar a qualidade do ar, pois os novos modelos unem a tecnologia Euro 5, que utiliza o Arla 32,
até então não presente na região, ao biodiesel. Foram investidos cerca de R$ 22
milhões na renovação da frota.
Imagens - Divulgação
Plano de saúde próprio
Uma das características da encarroçadora gaúcha
Marcopolo é saber valorizar o ser humano por meio
de ações que contribuem com o bem-estar das pessoas, principalmente aquelas que são seus colaboradores.
Como diferencial, todos os seus funcionários e
seus dependentes e ex-colaboradores aposentados
passarão a ser atendidos exclusivamente pelo MarcoSaúde, modelo de gestão compartilhada em saúde lançado em 2012 e que se consolidou pelo padrão de excelência no atendimento médico diferenciado.
O MarcoSaúde possui atendimento credenciado
em mais de 50 especialidades na região de Caxias
do Sul (RS) e cidades vizinhas, disponibilizado a 15
mil vidas - colaboradores e seus dependentes.
A Marcopolo destaca que seu plano de saúde tem
foco no bem-estar e na qualidade de vida, por intermédio da prevenção, do atendimento integral e
do conceito do “médico da família”, que pode aprofundar o conhecimento do seu paciente e de suas
necessidades.
Por caminhos eletrificados
As cidades que buscam se enquadrar como economias de baixo carbono devem levar em consideração a alteração em muitos aspectos de suas estruturas,
dentre elas, o segmento de transporte público. Não é mais possível pensar em
equilíbrio ambiental sem a oferta de conceitos que promovam uma redução nos
impactos negativos causados pela poluição veicular.
Na conferência da COP21, que será realizada em Paris no final deste ano, um
dos objetivos na plataforma de ações para reduzir os altos índices de CO² emitidos será a promoção de matrizes energéticas limpas nos sistemas de transporte, com maior expressão nas áreas urbanas. Some-se a isso o aspecto da ineficiência energética dos veículos diante de uma mobilidade urbana extremamente
comprometida em muitos lugares, proporcionando efeitos colaterais de grande
prejuízo ao ambiente.
Um convite à onda verde de trações tem sido propagado pelos quatro cantos
do planeta Terra. Em muitos lugares, a resposta foi um sim, com ideias sendo
desenvolvidas e colocadas em operação no segmento de ônibus urbanos, com
exemplos muito bem significativos na adoção de tecnologias inovadoras. A propulsão elétrica tem sido um destaque dentre o segmento alternativo.
Veja o caso da empresa suíça ABB, referência mundial em tecnologias de energia e automação, que anunciou recentemente o lançamento de um sistema automatizado de recarga rápida para ônibus, que segundo ela, é uma solução prática fabricada em conformidade com normas internacionais, garantindo total
segurança, conformidade regulatória e um amplo suporte industrial automotivo.
O transporte público de Luxemburgo será o primeiro a utilizar essa tecnologia
integrando ônibus elétricos Volvo e quatro carregadores automáticos.
De acordo com a multinacional, sua solução está baseada no ‘pantógrafo’ - um
conceito mecânico de qualidade comprovada para interconexão de fontes de
alimentação aos trens, bondes e ônibus. Quando o ônibus chega ao ponto de
parada para recarga, a comunicação sem fio será estabelecida entre o veículo e
o carregador, sendo que um pantógrafo especial invertido descerá automaticamente. O sistema tem potência variada de recarga com 150 kW, 300 kW ou 450
kW, de acordo com o tipo da rota e capacidade de passageiros a serem transportados.
Estação de recarga rápida de energia
Foto - ABB
Representando um importante passo para o desenvolvimento mundial de ônibus elétricos, o projeto com tração limpa para o transporte urbano da fabricante
holandesa VDL Bus & Coach foi revelado oficialmente à cidade alemã de Colônia.
O seu modelo de ônibus Citea SLFA Electric, na versão articulada, conta com
motor elétrico movido 100% a baterias de lítio. A sua concepção funciona da
seguinte maneira: as baterias podem ser recarregadas em infraestrutura específica localizada junto aos pontos de embarque e desembarque de passageiros
ao longo do trajeto de operação, por meio de pantógrafo com um tempo que varia entre 5 e 10 minutos, ou a noite na garagem do operador.
Tal conceito inovador de ônibus fará parte do transporte público de Colônia
com uma rota exclusiva e totalmente elétrica a ser operada pela Kölner Verkehrs-Betriebe (KVB). Ao todo serão oito unidades do veículo, enfatizados pela
VDL como uma qualidade superior para os serviços urbanos, pois possuem visual moderno, são congruentes com o ambiente onde serão utilizados (nenhuma
poluição local ou ruído), proporcionam fácil acesso em função do piso baixo e
contam com ampla área envidraçada promovendo um interior harmonioso.
Fotos - VDL Bus & Coach
Desenvolvido pela fabricante turca Bozankaya, o Tram Bus elétrico foi reconhecido recentemente no Workshop Internacional de Trólebus, organizado pela
UITP (União Internacional de Transportes Públicos) e realizado na cidade de
Malatya, Turquia, como uma opção viável e atrativa em termos de transporte
público urbano. O veículo, um trólebus biarticulado utilizado no sistema de
transporte coletivo de Malatya, é a mais nova geração de ônibus com apelo sustentável, capaz de promover uma eficiente operação, muito similar ao sistema
de bondes.
Fotos - Bozankaya
No México, Metrobus terá ônibus com dois
pavimentos
De acordo com informações da revista
mexicana Via Libre, o sistema de corredores exclusivos da Cidade do México,
Metrobus, terá dentro em breve, ônibus
com dois pavimentos. Um protocolo de
intenções foi assinado por autoridades
mexicanas, inglesas e transportadores.
A Línea 7, como será chamado o novo
corredor a ser implantado na capital, contará com 90 unidades dos veículos produzidos pela fabricante inglesa Alexander
Dennis, que terão propulsores a diesel
Euro 6, sendo os primeiros em atender a
norma europeia na América Latina, e piso
baixo.
O novo corredor mexicano terá 15 quilômetros de extensão. Trata-se de algo
bem inusitado, afinal, o transporte de
massa urbano na banda de cá do Planeta
sempre utilizou veículos com apenas um
pavimento, com um ou mais módulos de
carroçarias.
Foto - Revista Via Libre
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Editor - Antonio Ferro
Jornalista responsável - Luiz Neto - MTB 30420/134/59-SP
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