Abrigos - Mundo Maranatha

Transcrição

Abrigos - Mundo Maranatha
Introdução
(Cortesia de los Scouts de México e Escoteiros de Portugal, com adaptações para o
Brasil)
A função principal dos abrigos é nos proteger dos perigos do meio ambiente. Um calor
extremo pode produzir uma síncope (desidratação, insolação); ao contrário, o excesso
de frio produz hipotermias e congelamentos. Nas zonas pantanosas e de Mata fechada
(Mata Atlântica por ex) podemos ser “devorados” por mosquitos e se dormimos
molhado até os ossos podemos pegar uma pneumonia, além do incomodo e da
ausência de descanso.
Um bom Abrigo, além de nos proteger dos elementos anteriores, proporciona
comodidade, segurança e firmeza psicológica.
O tipo de abrigo que construímos dependerá de nossas necessidades, do tempo que
vamos permanecer no local e dos materiais e ferramentas dos quais dispomos. Sempre
deveríamos incluir no nosso equipamento pelo menos um bom canivete, uma faca
mateira e uma lona plástica de 2x2 metros ou similar que ocupa e pesa pouco e nos
proporciona uma área impermeável. Se o peso não importar, também podemos incluir
um machado.
Localização
Evidentemente buscaremos, na medida do possível, um lugar seco e ao abrigo do
vento, longe de águas paradas ou pântanos para evitar que os mosquitos nos
devorem, no entanto, uma fonte ou um pequeno curso de água por perto seria ideal.
É aconselhável, para minimizar os riscos, fugir das margens dos rios, pois podemos ser
surpreendidos por uma “Cabeça d’agua”, que é um aumento repentino das águas do
rio determinado por chuvas que ocorrem em seu curso ou na cabeceira (que às vezes
está longe de nós), mesmo em tempo ensolarado, ou por pode haver a ruptura de uma
barragem formada de maneira natural causada pela acumulação de ramos. O mesmo
pode se dizer dos leitos secos dos rios, que com uma tempestade podem converter-se
em torrentes, antes que nos demos conta.
Também se aconselha não acampar em baixo de árvores pelo risco de que nos caia um
galho encima. Reconhecemos que muitos de nós ignoramos esta norma com
frequência, pois as árvores protegem do sol. Se decidir fazer isso, preste atenção para
que não tenha galhos secos acima de seu acampamento que ponham em risco você e
sua patrulha. Evite também os lugares com perigo de desprendimento de rochas
(cavernas em particular).
É importante prestar atenção aos arredores para só nos darmos conta, uma vez
terminada nossa construção, de que temos um formigueiro ou um ninho de
marimbondos como vizinhos.
Tipos de abrigos
Veículo:
Se nos encontramos em uma situação de sobrevivência real por haver sofrido um
acidente e nosso veículo ainda está habitável, pode-se constituir um bom refúgio. Ao
contrário, prestemos atenção ao material que levamos dentro e que poderá nos servir.
Os jornais são um bom isolante; se dispusermos deles utilizemo-los para cobrir as
janelas e protegermo-nos melhor do frio. Se necessitarmos fazer fogo e não dispomos
de machados nem fósforos podemos empapar com gasolina um pedaço de tecido, de
papel, de esponja dos assentos, etc. e fazer fagulhas sobre eles cruzando os terminais
da bateria. Se queimarmos o óleo do motor, conseguiremos uma fumaça negra e
densa excelente para fazer sinais.
Abrigos naturais:
São refúgios cuja construção requer pouco ou nenhum esforço de nossa parte. Se
improvisam em fendas e espaços ocos de rochas, tocas e cavernas, formações do
terreno e da vegetação. Uma fenda em uma parede rochosa que nos proteja da chuva
e do vento e não ofereça riscos de desabamento é o ideal. Só teremos que nos
preocupar em construir um piso seco e confortável.
Abrigos improvisados:
São os que construímos com os materiais que encontramos n a natureza ou que
levamos em nossa bagagem.
Abrigo com uma lona plástica
Se dispomos de una lona plástica suficientemente
grande podemos improvisar um abrigo tendo uma
corda entre duas árvores e colocando aa lona como
uma tenda de campanha clássica. Nos extremos
envolveremos umas pedras que prenderemos com
forquilhas de madeira ou as amarraremos e
firmaremos com cordas e espeques improvisados com
galhos resistentes ou mesmo bambú. Se cavarmos
uma valeta ao redor, evitaremos que inunde pela água
em caso de chuva.
Refugio com um bote salva-vidas
Um bote salva-vidas voltado de lado e elevado por uma
lateral com ajuda de uns troncos se constitui em um abrigo
excelente.
Abrigo meia água
É provavelmente o mais clássico dos abrigos de
sobrevivência. Utiliza uma trave de madeira, mas
se utilizamos uma ou duas árvores como colunas
pouparemos muito trabalho e o abrigo ganhará
em solidez. Em climas frios utilizaremos uma
fogueira para nos aquecer com um refletor de
troncos detrás para aproveitar melhor o calor.
Para isso é importante ter em conta a direção do
vento se não quisermos terminar defumados. O
teto é coberto de material vegetal. Em algumas
regiões é fácil encontrar grandes folhas com as
quais podemos construir um teto impermeável
(bananeira, coqueiro, costela de Adão. etc)
encaixando-as como telhas. Também podemos
improvisar telhas com cascas de árvores, ou um
teto de folhas secas e palha, se for
suficientemente grosso, também nos proporciona
certa impermeabilidade.
Refugio com uma árvore caída:
Temos que cortar alguns galhos para fazer um “oco”
na copa caída. É um abrigo acolhedor e, se a árvore for
frondosa, nos protegerá do vento, mas não da chuva.
Abrigo com suporte de galhos em forma de A
É outro abrigo clássico e que oferece maior
proteção que o “meia água”. Se constrói com uma
armação de troncos que adotam a forma de uma
barraca canadense tradicional ou de um “A”. Se
cobre com uma capa de folhas grandes ao modo
de telhas, e por cima destas uma capa de folhas
secas ou palha, galhos que não perfurem as
telhas para evitar que o vento nos levante o teto.
Abrigo
de
tronco
É um tipo de abrigo apropriado para passar curtos períodos de
tempo por não ser muito cômodo, a não ser que o tronco possua
um grande diâmetro. Consiste em uma grade de cobertura que
se faz apoiando uma série de galhos sobre um tronco caído e
cobrindo-a com os materiais indicados anteriormente.
O chão do abrigo
É uma parte fundamental do nosso refúgio. Deve ser macio, seco, horizontal e quente
(exceto no deserto, que deverá ser fresco). Isto será conseguido escolhendo bem a
localização (fugir de zonas com umidade), tirando os paus e pedras que possam estar
no solo, e isolando bem o chão com folhas secas, palha, roupas, etc.
Abrigos para condições especiais
Desertos (semi-áridos)
A função do abrigo no deserto é proteger-nos do
sol e do calor. Outros fatores importantes são as
tempestades de areia (raras no Brasil) e as, em
alguns casos, frias temperaturas noturnas.
Recomenda-se enterrar na areia para minimizar
as perdas de água e proteger-se do sol. Também
podemos cobrir-nos com uma lona se
dispusermos dela.
Para construir o abrigo escolha as horas mais
frescas do dia, ao amanhecer ou ao entardecer.
A temperatura tende a ser vários graus mais
baixa a uns centímetros abaixo do solo, para isso
escavaremos uma vala que cobriremos com uma
lona ou o material que disponhamos e que nos
ofereça sombra.
Zonas frias e de montanha
Quando o frio se aproxima de valores extremos, o abrigo se converte em um elemento
do qual dependerá nossa sobrevivência, e sua construção passa a ser a principal
prioridade.
Não devemos esquecer que o vento agrava os efeitos negativos do frio.
O propósito fundamental do abrigo em zonas frias é reter nosso calor e o produzido
por outras fontes de calor que possamos implementar. Para isso é necessário que não
haja correntes de ar e que o abrigo não seja grande em excesso. Um abrigo pequeno é
mais quente e da menos trabalho que um grande.
Gruta
de
neve
Depois do Iglú, provavelmente seja o melhor abrigo
para zonas frias. Necessita-se uma pá ou outro utensílio
improvisado (um prato, um pau...) com que cavar onde
haja neve amontoada. Deve escavar-se uma gruta
pequena (quanto maior mais difícil será de esquentar)
com o piso a uns 40 cm acima do nível do solo e, se
desejar, também podemos construir uma plataforma
para cozinhar com uma pequena chaminé 30 cm mais
alta.
Não devemos esquecer de construir uma chaminé de
ventilação na parte superior e outro no bloco de gelo ou
neve compactada que sirva de porta. A pá deve ser
guardada dentro, pois, pode ser necessário a
utilizaremos para sair pela manhã. Acendendo uma
simples vela no interior deste abrigo conseguiremos que
a temperatura aumente vários graus.
Trincheira
Se não existe suficiente neve para escavar uma gruta,
se pode fazer uma trincheira e cobri-la com blocos de
neve compactada ou o material que se tenha a mão.
No Brasil, as condições de neve são muito raras, e mais raras ainda situações onde
nevascas cheguem a ponto de possibilitar a construção dos abrigos descritos acima.
No entanto, nas regiões de montanha, o frio intenso é tão ou mais perigoso que as
nevascas, pois além das baixas temperaturas temos sempre a companhia do vento e
de muita umidade. É muito importante considerar que um abrigo feito em alta
montanha leve em conta dois aspectos: Proteção dos ventos e lenha seca para o
fogo, que deve ser mantido aceso com uma fogueira refletora como nos exs. acima
ou feita com uma parede de pedras que possibilite que o calor seja direcionado para o
interior do abrigo. Roupas secas, sempre que possível são fundamentais. BP sempre
lembrava de um ditado: “Pés quentes e cabeça fria...”
Selva tropical
Devido a grande abundância de insetos, todos que se disponham a atravessar uma
floresta devem incluir em sua bagagem uma tela mosquiteira. Uma lona plástica é leve
e isola do solo. Se não dispomos dela talvez tenhamos material com o qual improvisála (pano de para-quedas, uma manta, etc.) Uma pequena lona sobre nosso saco de
dormir e o solo nos protegerá da chuva. O abrigo com suporte de galhos em forma de
A é muito indicado para nos proteger da chuva.
Um ponto importante a se lembrar quando formos construir um abrigo em floresta
(Mata Atlântica e Floresta Amazônica em especial) é o cuidado com as cobras. Na Mata
Atlântica, solo com folhagem úmida, galhos em decomposição e pedras são habitats
preferidos de jararacas, jararacuçus e urutus. Sempre que for limpar o solo para a
construção do abrigo, atente para estas áreas e faça a limpeza com galhos, com seu
bastão ou com a pá.
Na região do semi-árido e de serrado, galhos secos, pedras amontoadas e cupinzeiros
abandonados são os principais esconderijos de cascavéis.
Plataforma com tela mosquiteira
Este abrigo nos isola do solo e nos protege de insetos.
Se incluirmos uma lona plástica sobre a parte superior
nos protegerá também da chuva. O piso da plataforma
cobriremos com folhas de palmeira ou outra matéria
vegetal.
Podemos utilizar a nossa tradicional rede amarrada entre duas árvores com uma corda
fazendo às vezes de uma trave entre as extremidades da rede, que receberá a tela
mosquiteira e/ou a lona plástica para nos proteger da chuva.
Abrigo de pára-quedas
Faz-se abrindo um pára quedas (ou qualquer outro material parecido) sobre uma corda
ou trepadeira esticada entre duas árvores.
Abrigo Mongol
À volta de um tronco de uma árvore, a cerca de 2metros de altura amarram-se várias
espias que se estendem obliquamente para estacas colocadas no chão a cerca de 2
metros da árvore e com aproximadamente 50 cm de altura. Imaginem como se fosse
um guarda-chuva gigante, em que o tronco é o suporte central e as várias espias de
sisal grosso são as varetas. As varetas estendem-se até à ponta das estacas.
Perpendicularmente às "varetas" passam-se várias linhas de sisal espaçadas cerca de
50 cm entre si. À altura das estacas cobre-se com uma faixa de tecido impermeável. A
restante cobertura pode ser feita com lonas plásticas.
Abrigo do Índios Navajos ou abrigo subterrâneo
Escava-se no solo um buraco retangular ou quadrado, com cerca de um metro de
profundidade. Escoram-se as paredes com troncos presos por estacas e faz-se uma
rampa de acesso. Criam-se cerca de três estacas de cada lado (na parte de fora,
afastados cerca de 50 cm do limite do buraco) para suportarem um tronco que servirá
de apoio às varas do telhado. O telhado é constituído por diversas varas flexíveis que
atravessam o abrigo de lado a lado, formando uma cobertura curva. Cobre-se a
estrutura com folhas, oleados, panos de tenda… Não se esqueça de fazer um
respirador!! Este abrigo é desaconselhado a épocas de chuva, porque inunda sempre!
O Alpendre
Quando utilizar este abrigo é importante que
esteja estrategicamente localizado onde possa
fazer uma fogueira suficientemente grande para
espalhar calor de forma uniforme por todo o
abrigo. Uma técnica que pode utilizar para
concentrar o calor é refletir a fogueira para o
abrigo empilhando troncos verdes no lado da
fogueira oposto à entrada do abrigo. Pedras
grandes também podem substituir os troncos.
Abrigo Oca
É construído com madeiras flexíveis atados
formando uma armação que pode ser coberta com
panos de barraca (o velho sobre teto da velha
barraca que não usamos mais...) ou lonas. Não há
nenhum desenho específico para este abrigo, mas
geralmente tem espaço para uma pessoa e
respectivo material. Coloque a porta perpendicular
aos ventos dominantes e feche as partes inferiores
do abrigo com terra (cavando uma valeta) ou
pedras, para que não se levantem com o vento.
Este abrigo, pode ser feito com nosso bom e velho
“Bambu”, (uma vantagem que nós escoteiros do
Brasil temos em relação aos escoteiros do
Hemisfério Norte). Note que muitas vezes,
dependendo da grossura do bambu, podemos
cortá-lo ao meio, o que dará mais flexibilidade às
hastes e diminuirá o número de bambus a serem
utilizados. Numa condição de sobrevivência, ,
podemos substituir a lona por “varais” de folhas
que serão sobrepostos no formato de telhas.
Teepee
Com certeza vocês já viram nos filmes ou
desenhos animados as tendas utilizadas pelos
índios norte americanos. São os Teepees. É uma
tenda cônica feita com um pára quedas ou com
lonas ou outros panos. É fácil de construir e
especialmente adequada contra o tempo úmido e
os insetos. Devido ao seu grande espaço útil,
pode-se cozinhar, comer e dormir sem se ter de
sair de dentro do abrigo. São necessárias uma
série de varas com cerca de 4 metros de
comprimento, competência para a Amarra de Tripé
(Quadripé ou Quinqüipé ou seria Pentapé???).
Lembre-se que para fazer a amarra com mais de
três pés você deve alternar as varas colocando as
pontas a serem amarradas numa distância que
permita que elas se remontem e com as
extremidades opostas invertidas (veja ao lado).
Em breve traremos novas propostas e sugestões para estas e outras artes mateiras.
SAPS.
Ch. Ricardo – Tropa Sênior Marechal Rondon