relatório do trabalho de campo

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relatório do trabalho de campo
Universidade Federal do ABC
Bacharelado de Ciências e Humanidades – BC&H
Identidade e Cultura – Prof. Dr.ª Ana Dietrich
RELATÓRIO DO TRABALHO DE CAMPO:
TEMPLO BUDISTA- BRASIL SOKA GAKKAI INTERNACIONAL
DARIANE SOUZA - 21057415
FERNANDA SILVA - 21084915
FRANCISCO LEÃO - 21061715
MARCELA CARDOSO – 21077915
MARCELO CAMARGO – 21051715
MICHEL RAMOS – 21078915
PALOMA TREVISAN – 21084215
PAULA MENDONÇA – 21063715
RAQUEL IZQUIERDO – 21012115
São Bernardo do Campo – SP
2015
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SUMÁRIO
1. ESCOLHA DO EVENTO....................................................................................... 3
2. IDA AO EVENTO .................................................................................................. 4
3. O EVENTO ........................................................................................................... 9
3.1.
A LOCALIZAÇÃO DO EVENTO ........................................................................................ 9
3.2.
DURAÇÃO E OBSERVAÇÕES DO EVENTO ................................................................. 9
3.3.
SOBRE A HISTÓRIA (O QUE APRENDEMOS NO DIA DO EVENTO).................... 13
4. RELAÇÃO COM IDENTIDADE E CULTURA ..................................................... 18
5. SAÍDA DO EVENTO – EMENDA COM OUTRO EVENTO ................................. 20
6. SENSAÇÕES DO DIA SEGUINTE ..................................................................... 24
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 27
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1. ESCOLHA DO EVENTO
Evento escolhido: Visita a Templo Budista – Brasil Soka Gakkai Internacional.
Dentre as diversas opções escolhidas pelos demais grupos, foi notada a falta de uma
atividade que colocasse o tema religioso em pauta, esta foi uma das razões que
motivou nossa equipe a prosseguir neste tema, juntamente com nossa curiosidade
sobre o assunto, vista a pouca disseminação desta linha religiosa em nosso meio. A
religião se mostra ao longo da história como grande motivadora, definidora e
construtora de normas de conduta e comportamento, forjando assim traços culturais
que definem a identidade e a forma como seus seguidores interpretam e reagem às
situações de seu dia a dia. Em nosso país se consolida como majoritária a religião
cristã, representada em suas diversas vertentes, mas tendo no Catolicismo Romano
sua grande maioria. Também temos outras linhas religiosas em nossa terra mãe, e
vimos no Budismo a oportunidade de conhecer e termos um primeiro contato com esta
diferente linha de pensamento que, apesar de tratar as questões espirituais e
materiais de uma forma diferente, busca de forma similar o mesmo objetivo: orientar
seus discípulos a uma vida virtuosa e repleta de bem viver, respeitando a seu próximo
e seu entorno para chegar a este fim.
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2. IDA AO EVENTO
Para chegar a Sede Central da Associação Brasil Sokka Gakkai, visto que todos os
membros desconheciam onde era exatamente o local, combinamos de nos encontrar
na estação Vergueiro da Linha 1- Azul do Metrô de São Paulo, no dia 21 de junho,
domingo, ás 13h. Tivemos a sorte de ter a companhia de um amigo de um dos
integrantes do grupo que frequentava este templo e que se comprometeu a nos levar
e apresentar quase todo local. Da estação Vergueiro até a Rua Tamandaré, onde fica
o templo, caminhamos por aproximadamente 10 minutos e durante o caminho, foi
possível observar a grande quantidade de lanchonetes e bancas, todas bastante
movimentadas, e a ausência de prédios e estabelecimentos residenciais. Embora
houvesse uma expressiva quantidade de gente, a maior parte do movimento dava-se
através de veículos como carros e ônibus, poucos eram os que optavam por se
locomover andando.
Figura 1- Estação Vergueiro
Fonte: Arquivo Pessoal
O local tem um astral positivo e uma energia leve, marcado pela grande quantidade
de árvores nas calçadas e pela diversidade de público, que, atraídos pela tradição do
bairro e por sua característica feirinha, comparece em grande número. Havia homens
e mulheres, jovens e idosos, familiares e amigos, mas o que destoava do clima alegre
era a presença de moradores de rua que, ao somente se aproximarem das pessoas
para pedirem comida ou dinheiro, eram recebidos com receio ou na maioria das vezes
ignorados. Por ser o bairro de São Paulo com a maior concentração de orientais e
seus descendentes, foi com esse pessoal que nos deparamos durante todo o caminho
até a sede.
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Figura 2- Caminho até o templo
Fonte: Arquivo Pessoal
O fluxo de pessoas diminuía conforme nos afastávamos das avenidas e nos
aproximávamos do nosso destino final, os bares e bancas davam lugar às casas e o
barulho da movimentação diminuía. Chegamos ao templo por volta das 13:30h.
A seguir o relato pessoal de cada integrante sobre o percurso feito até a estação
Vergueiro:
2.1.
Dariane Souza
Saí de casa ás 10h20 me precavendo de qualquer atraso já que nunca havia
ido até a Estação Vergueiro, local de encontro estabelecido pelo grupo.
Peguei o ônibus municipal de São Bernardo até o Terminal Metropolitano
de ônibus Ferrazópolis e de lá o Trólebus que me deixou no Terminal
Metropolitano de ônibus Jabaquara. Por fim, peguei o Metrô da Linha 1Azul que me deixou em menos de 15 minutos na estação ponto de encontro.
Durante o trajeto de ida, pareceu-me que as dúvidas sobre a vertente
religiosa que estávamos prestes a observar eclodiam ferozmente, creio eu
que pelo fato da ansiedade de encarar algo que não é comum à minha
realidade. O dia parecia mais agitado, bem como as pessoas, o tempo da
viagem parecia mais duradouro, e os passageiros estavam mais
impacientes do que o comum. Chega a ser cômico a presença dessa
sensação, porque tive a oportunidade de tentar entender o que iríamos
examinar, mas percebi pelas sensações do dia seguinte, que a inquietação
vinha de mim mesma. Quando todo grupo já estava presente no ponto de
encontro, tivemos que aguardar a chegada do nosso guia pelo templo, e
todos se mostravam completamente dispostos a encarar aquele evento que
era atípico, e acredito que isso, por fim, veio me acalmar. Durante o trajeto
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que fizemos da parada Vergueiro até a Sede Central da Associação Brasil
Soka Gakkai, todos mostraram-se empolgados e fiquei feliz ao saber que o
pequeno nervosismo não estava presente somente em mim.
2.2.
Fernanda Silva
O ponto de encontro foi a estação Vergueiro do metrô, localizada na linha
azul, no meu caso em especifico, foi feito em sua totalidade no transporte
público, partindo de Itaquaquecetuba, região do Alto Tietê. Saindo da
estação de Itaquaquecetuba localizada na linha Safira da CPTM, até a
estação Tatuapé do metrô, onde foi feita a transferência para linha
Vermelha, prosseguindo até a Sé, onde é feita a integração para a linha azul
que levava até o destino.
Com relação ao público presente, se tratava em sua maior parte de famílias,
em particular na parte da CPTM, haviam muitos comerciantes ambulantes
no vagão, que vendiam desde alimentos à gramaticas de bolso. Outro
aspecto interessante, é que como se tratava de um final de semana, o
percurso demorou mais do que o normal, mas nenhum dos passageiros
pareciam incomodados.
2.3.
Francisco Leão
No meu caso, o processo de ida ao evento se deu de forma rápida e
tranquila, devido ao fato de que eu moro na Vila Mariana, bairro vizinho da
Liberdade, onde se localiza o Templo que foi visitado. O grupo combinou de
se encontrar na catraca da estação Vergueiro do metrô, que é a que fica
mais próxima do local que seria visitado, o meu trajeto até lá foi simples,
pegando um ônibus que passa no ponto em frente de casa que vai direto
até a estação Vergueiro, o percurso durou de 18 a 20 minutos e foi gasto
apenas R$3,50 de condução. Por ser um domingo, a linha de ônibus que
utilizei estava praticamente vazia, e as poucas pessoas que estavam nela
era possível notar que estavam utilizando o transporte público mais como
uma forma de locomoção entre atividades de lazer do que como locomoção
entre atividades profissionais ou acadêmicas, algo que é mais comum
durante os dias úteis da semana. E no trajeto da estação de metrô até o
Templo, que durou cerca de 10 minutos andando, não há como não notar a
quantidade de descendentes de Japoneses, Chineses, Coreanos, entre
outras nacionalidades, que aumenta consideravelmente em relação a
outros bairros da cidade.
2.4.
Marcela Cardoso
Era um domingo de sol, acordei por volta das 9hs00, após tomar café e me
arrumar, estava um pouco ansiosa e agradecida por não estar chovendo.
Sai de casa e peguei o trem na Estação Terminal Grajaú às 11h20min. No
caminho fiz diversas (e cansativas) baldeações da CPTM passando nas
linhas: 9-Esmeralda, 4-Amarela, 2-Verde e 3-azul. Apesar de ser domingo
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o trem estava cheio, muitos risos, gargalhadas e “selfies”, grupos formados
por jovens, casais, e famílias com crianças. Mas, também tinha aqueles que
provavelmente estavam indo trabalhar, alguns com uniformes outros
vestidos formalmente, muitos fones de ouvido e cansaço. O percurso durou
em torno de 1h30min. Cheguei à Estação Vergueiro às 12h50min e
aguardei o restante do grupo chegar, conforme tinha sido combinado.
2.5.
Marcelo Camargo
O ponto de encontro do grupo foi a estação Vergueiro do Metrô/SP. Em sua
totalidade o trajeto foi feito por meio de transporte coletivo (linhas de ônibus
e metrô). No caso especifico deste que escreve, a partir de São Bernardo
do campo, região do ABC. Seguindo via ônibus até a estação Saúde do
metrô e então até o ponto de encontro. Este percurso durou algo em torno
de uma hora e correu tranquilamente. Parte disso por se tratar de um final
de semana onde a demanda de transporte coletivo é normalmente menor
que em dias úteis. Quanto ao público presente, em sua maioria pessoas
seguindo sozinhas – como este – e pequenos grupos de jovens e familiares.
Todos de bom humor e com muitos sorrisos e diversão durante o trajeto. Os
componentes do grupo, vindos de diferentes regiões, mantiveram contato
via aplicativo de mensagens instantâneas em seus telemóveis até o ponto
de encontro, a partir de onde seguiram todos juntos a pé até o destino final.
2.6.
Michel Ramos
Saí de casa às 12h20min, peguei o metrô na estação Vila Prudente que
estava vazio pois, era domingo. Desci na estação Ana Rosa e embarquei
na Linha 1-Azul, sentido Tucuruvi e desci no ponto de encontro: Vergueiro,
às 12h50min. Lá, esperei junto com alguns integrantes que já haviam
chegado, o resto do pessoal para podermos prosseguir ao templo. Todo o
trajeto foi feito a pé e demorou cerca de 10 minutos.
2.7.
Paloma Trevisan
Saí de casa ás 10h40min da manhã. Minha mãe se ofereceu para me
acompanhar até a estação de trem de Santo André, o trajeto não durou nem
cerca de 20 minutos devido ao fato de não haver trânsito e de lá embarquei
no trem sentido Brás descendo em Tamanduateí. Observei ali o comércio
ilegal dentro do trem, mesmo com propagandas que pediam aos
passageiros para não incentivar este comércio comprando os produtos
destes vendedores muitos o faziam. Havia combinado de encontrar com a
Paula na estação Tamanduateí ao meio dia. para que pudéssemos ir juntas
a estação Vergueiro. Quando me encontrei com ela embarcamos na Linha
1- Azul do metrô sentido Tucuruvi e descemos na Vergueiro. Havia poucas
pessoas no vagão em que estávamos, não havia nada diferente do nosso
atual cotidiano, todas estavam entretidas com os seus celulares ou
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acompanhadas de seus parceiros. Chegamos um pouco adiantadas e não
demorou muito para todos estarem ali e partimos em direção ao templo. A
caminhada durou quase 10 minutos, o dia estava claro e não muito frio
graças ao sol que tinha resolvido aparecer.
2.8.
Paula Mendonça
Havia combinado com a Paloma de nos encontrarmos ao meio dia na
estação Tamanduateí para irmos juntas até a estação Vergueiro e para que
ficasse mais fácil para mim, que não sabia chegar lá. Sai atrasada de casa,
por volta das 11h30min. Meu pai me levou de carro até a estação, e por ser
próximo à casa dele, pegamos apenas a Avenida do Estado, onde havia
uns bares à beira rua pouco movimentados e alguns meninos andando de
bicicleta. Cheguei às 12h20min. Por ser um domingo, havia pouco fluxo no
metrô e as pessoas que ali estavam eram em grande maioria casais jovens
ou grupos pequenos de amigos. O clima era descontraído. Mesmo com o
meu atraso, chegamos ao local combinado antes do horário e nos
encontramos com alguns integrantes do grupo que já tinham chegado.
2.9.
Raquel Izquierdo
No dia 21 de junho de 2015, por volta do meio dia, saí da minha casa e me
dirigi ao metrô Jabaquara para chegar à estação Vergueiro para encontrar
o pessoal do grupo. Nesse trajeto me deparei com e cenário habitual da
região, comércios, trânsito, pessoas caminhando no parque ou indo
aproveitar o seu fim de semana. Nós nos encontramos no metrô Vergueiro
às 13 horas e de lá fomos caminhando até o templo. Esse trajeto do metro
ao local durou era de 5 a 10 minutos. No dia foi possível perceber pessoas
passeando em um belo domingo de sol e, principalmente, a forte presença
de orientais na região.
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3. O EVENTO
3.1.
A LOCALIZAÇÃO DO EVENTO
Tínhamos como objetivo a Sede Central da associação Brasil Soka Gakkai, localizada
no Bairro da Liberdade em São Paulo/capital na Rua Tamandaré. O bairro é conhecido
por sua população oriental, tendo como rua principal a Av. Galvão Bueno, onde se
localiza a maior parte dos comércios, sendo o local que possui a maior concentração
de turistas, que visitam esse bairro. Porém na nossa visita vimos não só a avenida
principal, como também a parte mais afastada do centro, onde se encontra a parte
residencial e também o templo budista. Foi interessante notar a transformação do
bairro nos poucos quilômetros que caminhamos.
A região possui uma configuração de área urbana, um misto entre áreas residenciais
e comerciais e grande fluxo de indivíduos de todos os tipos no que diz respeito a
diversidade de segmentos sociais em geral, como é típico na região devido à
localização próxima ao centro urbano do município e às atrações locais emblemáticas
(a culinária é um exemplo notável na região).
Figura 3- Sede da Associação BSGI
Endereço e contato da Sede Central da
BSGI:
R. Tamandaré, 1007, Bairro Liberdade;
São Paulo - SP - 01525-001
Fone: (11) 3274-1800
Fonte: Arquivo Pessoal.
3.2.
DURAÇÃO E OBSERVAÇÕES DO EVENTO
Fomos recepcionados pelos discípulos da Sede de forma muito amigável e estes
ficaram surpresos e felizes em receber um grupo de estudantes interessados em
conhecer as atividades e a filosofia da associação. Apesar da agenda já determinada
para a data que aparentemente não contemplava uma “visita surpresa”, tivemos a
oportunidade de conhecer as instalações e nos foi designado um acompanhante para
monitorar e orientar nossa visita que durou cerca de duas horas e meia. Durante este
período fomos apresentados ao trabalho da Associação que além de promover o
humanismo e a manutenção da paz entre seus associados e seu entorno por meio da
filosofia humanística do Budismo, também trabalham para desenvolver a
conscientização social de seus associados e desenvolvem projetos como as escolas
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e universidades financiadas pela associação. Uma escola deste projeto existe no
Brasil. Uma Observação especial pode ser dada à chegada de grupos de diversos
núcleos da Associação vindos de outros municípios do Estado às quais pudemos
presenciar ao chegarmos.
Figura 4- Colaboradoras do Templo
Fonte: Acervo Pessoal
Diferente do que tínhamos em mente (em relação à apresentação pessoal) os
associados, bem como os discípulos/colaboradores na associação, vestiam trajes
habituais ocidentais padronizados (predominantemente ternos masculinos e
femininos) lembrando os padrões corporativos a que estamos habituados e não os
“hábitos” (trajes) orientais que somos condicionados a esperar e associamos ao
Budismo. Tivemos também explicações neste sentido que indicavam a capacidade de
adaptação da associação às regiões em que se inserem e o respeito aos costumes
de cada nação em que fixam suas filiais. Também ficou clara a orientação desta, onde
tentam aproximar a filosofia budista o máximo possível da realidade e do dia a dia da
sociedade moderna, adaptando sua disciplina de forma a minimizar os choques
culturais.
Fomos convidados a ver uma breve exposição sobre Daisuku Ikeda, o terceiro e atual
presidente da Soka Gakkai. A exposição tinha vários quadros com fotos e informações
dos feitos do presidente durante os seus 58 anos de estadia na liderança da
organização. Havia fotos dele com presidentes de todo o mundo e uma coleção de
livros de sua autoria. Havia quadros gigantescos com fotos que ele mesmo tirou e
doou para a BSGI. Infelizmente nessa exposição não pudemos tirar uma foto se quer.
Notamos de certa forma, que quando os guias falavam dele e dos outros presidentes
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e seus feitos ambos carregavam na voz um certo tom de quase idolatria. E até que é
compreensível essa idolatria, já que aqueles líderes foram os grandes responsáveis
por estruturar e propagar a religião que eles cultuam por todo o mundo através da
organização Sokka Gakkai.
Figura 5- Monumento em Gratidão ao Mestre Ikeda
Fonte: Acervo Pessoal
Visitamos algumas salas onde são organizados os “cultos” da religião, todas muito
bem organizadas e limpas. Todos ficarão decepcionados por não ter naquele dia um
desses “cultos” para participar, mas pudemos aprender muito com os guias que nos
apresentaram uma nova visão da religião budista.
Figura 6- Visão do altar de uma das salas
Fonte: Acervo Pessoal
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Quanto as pessoas que ali frequentavam, havia desde orientais até afrodescendentes.
Não vimos uma criança no dia, mas sabemos que muitas famílias levam suas crianças
para participar das atividades que ali são realizadas pela organização. Um de nossos
guias frequenta aquele templo desde pequeno e ali desenvolveu suas diversas
habilidades musicais.
Ficamos encantados com a grandiosidade do local e sua arquitetura, ao redor havia
gramados, jardins, pequenas e grandes árvores muito bem cuidadas. Mas a verdade
é que não esperávamos que a aparência do local fosse semelhante à de um prédio
executivo. Por mais que houvesse esta semelhança o prédio do templo transbordava
calma e jamais poderia ser comparado a um prédio executivo nesse quesito.
Figura 7- Fachada da Associação BSGI
Fonte: Acervo Pessoal
Figura 9
Figura 8
Fonte: Acervo Pessoal
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3.3.
SOBRE A HISTÓRIA (O QUE APRENDEMOS NO DIA DO EVENTO)
O Budismo originou-se nos fins do Período Bramânico na Índia, que se estendeu
aproximadamente entre os séculos IX e III antes de Cristo. Buda não é o nome de
uma pessoa, mas um título: significa "aquele que sabe a verdade" ou "aquele que
despertou", aplicado a alguém que atingiu um nível superior de entendimento. Dessa
forma, houve vários budas na história do budismo. De todos, o primeiro, Sidarta
Gautama, é considerado o mais brilhante e também o fundador do budismo, no século
6 a.C., isto é, há mais de 2.600 anos.
Sabe-se que o príncipe Sidarta ("aquele que realiza todos os desejos") nasceu em
Lumbini, região localizada nas planícies de Terai, no norte da Índia, território hoje
pertencente ao Nepal. Era filho dos reis da dinastia Sakia. Sua mãe, a rainha Maya,
morreu sete dias após o parto.
O reino dos Sakia era apenas uma pequena tribo que estava ameaçada de ficar sob
o governo das potências vizinhas. Por isso, esperava-se que Sidarta se tornasse um
líder político e guerreiro. Mas o jovem príncipe logo demonstrou uma tendência à
meditação, ao pensamento filosófico e espiritual. Preocupado, seu pai, o rei Sudoana,
tentou afastá-lo desse caminho. Providenciou para que Sidarta se casasse cedo e
vivesse rodeado de luxo, afastado dos problemas da população. Também deu-lhe
treinamento especial em literatura e artes marciais.
Foi em vão. Tudo isso só fortaleceu a convicção do príncipe de que a vida só podia
oferecer vaidade e sofrimento. Ao atravessar a cidade ele teve contato com a
realidade da velhice, da doença, da miséria e da morte. Sidarta entrou em profunda
crise existencial: toda sua vida lhe pareceu uma mentira. Com isso, aos 29 anos,
deixou seu palácio e título, e iniciou sua busca para atingir a iluminação, para
desvendar o problema do sofrimento humano.
Em suas andanças, havia encontrado um monge que vivia de esmolas e observara
que apesar da situação miserável, ele tinha um olhar sereno. Assim, juntou-se a um
grupo de brâmanes (sacerdotes da religião hindu) dedicados a uma vida ascética, isto
é, feita de orações, privações, muita disciplina e mortificações. Mortificar-se é castigar
o corpo com jejuns, provocar o próprio sofrimento físico e mental, torturar-se como
meio de inibir certos desejos.
Sidarta passou seis anos aprendendo tudo que esses religiosos tinham para lhe
ensinar. E percebeu que mortificar-se era inútil: levar o organismo a limites extremos
de dor e privação não conduzia à compreensão da vida para atingir a libertação do
sofrimento. Essa situação era o extremo oposto do que ele já havia experimentado,
ao viver entre excesso de prazeres na corte de seu pai. Foi assim que o místico
chegou ao conceito de Caminho do Meio, a busca de uma forma de vida equilibrada,
com disciplina suficiente para evitar esses extremos de prazer e dor, pois ambos
impediam a clareza de pensamento.
Os brâmanes ficaram escandalizados com esse conceito e o abandonaram. Sozinho,
ele prosseguiu e procurou conhecer a si mesmo. Diz a lenda que Sidarta se sentou
para meditar sob uma figueira, a árvore Bodhi. Ali, conheceu a dúvida sobre o sucesso
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de sua empreitada, ao ser questionado pelo demônio chamado Mara, que simboliza o
mundo das aparências e é representado em muitas ilustrações na forma de uma cobra
naja.
Diz a lenda que Mara ofereceu o nirvana a Sidarta, o estado permanente e definitivo
de beatitude, felicidade e conhecimento. Essa era a meta suprema do homem
religioso, obtida através de disciplina ascética e meditação. A oferta foi tentadora, mas
Sidarta percebeu que isso o levaria a se distanciar do mundo e o impediria de passar
seus ensinamentos adiante.
E não era essa sua intenção: ele estava ligado a todos os homens, todos eram seus
irmãos e irmãs que precisavam de orientação para viver melhor. Assim Sidarta se
transformou, por volta dos 40 anos, no Buda, o iluminado. Começou na cidade de
Benares (hoje Varanasi, na Índia) a ensinar o darma, isto é, o caminho para o
amadurecimento e a libertação de boa parte do sofrimento na vida terrestre. A essa
altura, o número de seguidores (discípulos) do budismo já havia crescido bastante,
incluindo seu filho e sua esposa. Continuou suas pregações na região norte da Índia
por mais 40 anos, até sua morte, convertendo numerosas pessoas e combatendo os
brâmanes.
Buda sempre enfatizou que ele não era um deus e que a capacidade de se tornar um
buda pertencia ao ser humano, porque este possui grande potencial para a sabedoria
e a iluminação, os objetivos do budismo. De acordo com a tradição, suas últimas
palavras foram: "Tudo passa. Apliquem-se em buscar a salvação".
No decorrer de sua existência, a crença budista subdividiu-se em duas correntes: o
Budismo Theravada, mais próximo da origem dos ensinamentos budistas (prega um
único caminho para a redenção: esforço e disciplina), e o Budismo Mahayana
(predominante, por exemplo, em países como o Butão, país sob regime monárquico
constitucional, e na Coréia do Sul), do qual geraram-se doutrinas como a Bodhisattva
e o Zen-Budismo, esta última possuindo foco de concentração no Japão (embora
neste último país predomine a religião xintoísta). O Budismo, de modo geral, é
organizado sob um sistema monástico.
Ao final do século XIX houve maior difusão do budismo no Ocidente, principalmente
através de organizações internacionais e dos imigrantes japoneses e chineses, na
Europa e na América. Sociedades budistas que começaram a se organizar em
diversos países, desde o início do século XX, tiveram um retrocesso devido à Segunda
Guerra Mundial. Durante as décadas de cinquenta e sessenta, houve uma
pluralização de manifestações budistas no Ocidente, no Brasil, a data é marcada pela
chegada da organização não governamental Soka Gokkai que tem como filosofia o
Budismo de Nichiren.
MAS O QUE É O BUDISMO DE NICHIREN?
O Budismo de Nichiren Daishonin fundamenta-se na afirmação de que todas as
pessoas têm o potencial de atingir a iluminação.
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Esta é uma ideia do Budismo Mahayana, uma das duas principais divisões do
Budismo. Surgiu na Índia após a morte de Sakyamuni, através de um movimento de
popularização dos ensinos do Buda. Seus discípulos não se isolaram da sociedade
como alguns grupos budistas anteriores. Ao invés disso, lutaram para a propagação
em meio ao povo e para auxiliar as outras pessoas no caminho da iluminação.
Portanto, Mahayana é caracterizado pelo espírito de benevolência e altruísmo. O
Budismo Mahayana foi introduzido na China, onde deu origem a várias seitas. Nitiren
Daishonin definiu a lei universal como Nam-myoho-rengue-kyo, uma fórmula que
representa o fundamento do Sutra de Lótus e é conhecida como Daimoku. Além disso,
ele deu concreção à lei, inscrevendo-a num pergaminho - Gohonzon - para que as
pessoas pudessem colocar a essência da sabedoria budista em prática e desta forma
atingir a iluminação. No tratado intitulado "O Verdadeiro Objeto de Adoração", ele
concluiu que crendo e orando Nam-myoho-rengue-kyo ao Gohonzon, que é a
cristalização da lei universal, revelar-se-á a natureza de Buda inerente em todos os
indivíduos.
“Sem o corpo não pode haver sombra. Analogamente, sem a vida, o ambiente
não pode existir, embora a vida seja sustentada pelo seu ambiente.” (Nichiren
Daishonin)
Todos os fenômenos estão sob a infalível lei de causa e efeito. Conseqüentemente, o
estado de vida de um ser - seu destino, em outras palavras é a consequência de todas
as causas prévias. Através da oração do Nam-myoho-rengue-kyo, a pessoa está
criando a causa suprema, que pode compensar os efeitos negativos do passado. A
iluminação não é mística nem transcendental como muitos supõem. Antes, é uma
condição de máxima sabedoria, vitalidade e boa sorte, na qual o indivíduo pode moldar
o seu próprio destino,encontrando plenitude nas atividades diárias e entendendo a
missão de sua vida.
SOKA GOKKAI
Enfatizando o Humanismo como a sua principal bandeira de luta, a instituição baseia
toda a sua filosofia de atuação em ações que o promovam e o valorizem.
“O que importa é deixarmos de lado motivos egoísticos,
empenhando-nos para proteger e melhorar não só a nossa vida,
mas também a dos outros. Beneficiando os outros, estamos
beneficiando a nós mesmos.”
(Tsunesaburo Makiguchi)
A organização Soka Kyoiku Gakka, que significa “sociedade para criação de valor”, foi
criada em 1930 pelo educador Tsunessaburo Makiguti e o jovem professor Josei Toda
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ka Gakkai, ambos inconformados com os rumos da Educação no país e repletos de
convicções e ideais. Soka Kyoiku Gakkai foi estruturada de forma gradativa e
começou a atuar efetivamente em 1937 como uma organização composta por
educadores que simpatizavam com o sistema educacional Soka (criação de valores).
Mais tarde, passou a incorporar pessoas de outras áreas (de todas as classes e
profissões) e se tornou uma organização de leigos praticantes do Budismo Nichiren e
formou um movimento popular no Japão. Makiguti foi o primeiro presidente da
organização, foi preso durante a 2ª Guerra Mundial pelo governo Japonês e faleceu
no confinamento. Porém seu legado foi preservado pelo discípulo, Josei Toda, e
passado para Daisaku Ikeda.
A partir de 1960, Soka Gakkai (reestruturada por Ikeda e renomeada apenas como
Soka Gakkai) expandiu para outros países e em 1975 foi fundada a Soka Gakkai
Internacional (GSI), com a finalidade de unir os esforços do crescente número de
membros. Inspirada pelo espírito pacifista da Carta Magna das Nações Unidas, a SGI
trabalha para fortalecê-la e apoiá-la em suas atividades relacionadas à paz, como por
exemplo, promoveu campanhas para angariar fundos no apoio às atividades
humanitárias das Nações Unidas para os refugiados a Ásia, África e dos Bálcãs.
Com base no humanismo budista, os integrantes da SGI procuram contribuir para a
prosperidade social em seus respectivos países, promovendo diversos eventos nas
áreas de cultura, educação, meio ambiente, os quais têm sido alvo de reconhecimento
público.
SOKA GAKKAI NO BRASIL
No Brasil, a fundação aconteceu em outubro de 1960 por Daisaku Ikeda, com cerca
de 200 associados, quase todos imigrantes japoneses. A entidade é a representante
da organização não governamental Soka Gakkai Internacional – SGI, em terras
brasileiras. Hoje, passadas mais de seis décadas, a Associação Brasil SGI – BSGI
conta com mais de 60 mil famílias, ou cerca de 200 mil associados, cada um voluntaria
e anonimamente, vem contribuindo para a promoção do Humanismo e para a
construção de uma cultura de paz em terras brasileiras. Educação e cultura são dois
temas fundamentais que direcionam as ações sociais, como o Projeto “Makiguti em
Ação”, o Curso de Alfabetização para Jovens e Adultos, Instituto Soka do Brasil,
Centro de Pesquisas Ecológicas da Amazônia (CEPEAM) e a Orquestra Filarmônica
do Humanismo Ikeda (OFBHI).
E QUEM É DAISAKU IKEDA?
Daisaku Ikeda é um budista filósofo, promotor da paz, educador, escritor e poeta . Ele
é o terceiro presidente da Soka Gakkai organização budista e o presidente fundador
da Soka Gakkai International ( SGI ), que está entre as maiores e mais diversificadas
organizações budistas
do mundo , visando promover uma filosofia de
desenvolvimento do caráter e compromisso social para paz. É considerado por muitos
um “mestre” e incentivou a difusão do budismo no Ocidente.
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Daisuku Ikeda
O claro clamor aos jovens é para que se realize uma
verdadeira revolução – a revolução interior – uma
revolução na qual todos participem, que se faça dentro da
paz e que mude o próprio indivíduo.
(Daisaku Ikeda)
Ikeda nasceu em 2 de janeiro de 1928, na cidade de Tóquio,
Japão. Na juventude viveu os horrores da Segunda Guerra
Mundial. Em 1947, ao conhecer Jossei Toda, segundo
presidente da Soka Gakkai, identificou-se de imediato com
a filosofia humanística do Budismo Nitiren e tornando-se seu
discípulo. Desde então tem se dedicado ao diálogo com
Fonte: http://goo.gl/PskxCH
eminentes pensadores, líderes de diversos campos e
principalmente com os jovens – os promotores dos ideais de paz, cultura e educação
da SGI. Em 1975, Daisaku Ikeda foi nomeado presidente da Soka Gakkai
Internacional (SGI), que atualmente é formada por doze milhõres de membros em 192
países e territorios. Ele também é sócio correspondente, desde 1992, da Academia
Brasileira de Letras (ABL), na qual ocupa a cadeira de número 14.
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4. RELAÇÃO COM IDENTIDADE E CULTURA
Nos tempos atuais, a religião é uma das poucas coisas que pode conservar de modo
menos corrente a identidade dos indivíduos. Após a visita ao templo budista, podemos
observar que as pessoas que lá se encontravam, mesmo que em meio ao tão
conturbado cenário em que o mundo vive hoje, onde pode-se observar a perca de
valores pelo fato de tudo se dar de modo inconstante e veloz, apresentavam uma
condição em semelhante: a preservação da sua individualidade por uma associação
intrínseca com a religião.
Fomos instruídos de que o budismo não representa somente a prática de princípios
ou a doutrinação do homem, mas é também uma representação do estado de espírito,
ou seja, da própria identidade do praticante. E de tal maneira, mesmo que haja
influências externas, a religião pode ser utilizada como um meio para atingir um certo
ponto de equilíbrio.
"As identidades flutuam no ar, algumas de nossa própria escolha, mas outras
infladas e lançadas pelas pessoas em nossa volta, e é preciso estar em alerta
constante para defender as primeiras em relação às últimas. Há uma grande
probabilidade de desentendimento, e o resultado da negociação permanece
eternamente pendente" (BAUMAN, 2005, p.19)
Podemos relacionar nossa visita ao Templo Budista com os estudos de Petrônio
Domingues sobre o papel da cultura popular e erudita, e como elas podem se
comunicar sofrendo fusões culturais, através das suas zonas de fronteiras. Segundo
Peter Burke, o budismo, por ser uma religião, é uma “prática bicultural”, pois ela é
praticada tanto pelas camadas populares quanto pela elite. Burke propõe que seria
mais favorável estudar as interações entre ambos os domínios culturais, ao invés de
procurar estabelecer o que as separam. Com isso, as culturas se enriquecem e se
complementam, uma vez que não há uma linha de separação entre a religião popular
e a religião da elite, porque ambas as culturas são muito dependentes dos conceitos
da organização religiosa propriamente dita.
“O pressuposto de que não é possível separar cultura popular e de elite de
maneira fixa, congelada e polarizada, ganha cada vez mais espaço na
produção do conhecimento histórico, de modo que os pesquisadores têm se
convencido de que ambas as formas culturais se comunicam e, sobretudo,
são polissêmicas, mutantes, forjadas por mediações, atualizadas e
reatualizadas em cada contingência histórica específica.”(DOMINGUES,
2011, p.416)
Além disso, é possível fazer uma associação do texto com a história do budismo, pois
o primeiro Buda registrado na história é conhecido como Sidarta Gautama –
Sakyamuni, um príncipe que nunca havia tido interação com o resto da sociedade. Ele
queria buscar respostas para os sofrimentos básicos da vida: nascer, envelhecer,
adoentar e morrer. Quando finalmente saiu de seu palácio e descobriu as respostas,
iluminou-se e despertou para a essência da vida: todas as pessoas são, também,
budas. Daí em diante, ensinou e propagou suas ideias com toda a sociedade e a
compilação de seu ensinamento e exemplo de vida tornou-se o budismo. Logo, um
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príncipe que passou toda sua vida conhecendo somente a cultura erudita, ao
presenciar as desigualdades e as mazelas da sociedade, cria e difunde ensinamentos
budistas para todos os demais, tanto populares quanto pessoas da elite.
Principalmente para a população popular, porque o budismo é uma das religiões com
mais adeptos em todo o mundo. Sendo assim, percebemos a fusão entre os dois
domínios culturais.
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5. SAÍDA DO EVENTO – EMENDA COM OUTRO EVENTO
Ao sair do templo por volta das 16h, resolvemos ir comer algo em algum dos muitos
restaurantes que existiam no bairro. Seguimos a sugestão de nossa colega Fernanda
que nos apresentou ao Lucky Restaurante.
Figura 11 - O Grupo no Restaurante Lucky
Fonte: Acervo Pessoal
5.1.
Dariane Souza
Depois da visita ao templo, que durou aproximadamente duas horas (13h –
15h), decidimos estender a nossa tarde juntos com um almoço. Pelo fato de
estarmos na Liberdade, nada mais coerente do que almoçar uma comida
tradicional de tal lugar, e desta maneira fomos a um restaurante chinês. As
comida, companhia e conversa tornaram a tarde ainda mais agradável.
Após a refeição, nos deslocamos para onde seria mais conveniente a cada
efetuar o trajeto de volta.
Transporte e custos:
- Refeição no Restaurante Lucky: R$10,20
- Metrô linha azul (São Joaquim – Jabaquara): R$3,50
- Trólebus partindo do Terminal Metropolitano de ônibus Jabaquara até o
Terminal Metropolitano de ônibus Ferrazópolis: R$3,70
- Ônibus municipal do Terminal Metropolitano de ônibus Ferrazópolis até o
destino final: R$3,55
Custo total na volta: R$20,90
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Saída: 18h10
Chegada ao destino final: 20h04
5.2.
Fernanda Silva
Ao fim de nossa visita, estávamos relativamente próximos à região central
do bairro da Liberdade, então foi proposto que visitássemos essa parte.
Como já conhecia bem o local, sugeri um restaurante de comida oriental
que ficava na parte mais afastada e não tão lotada do bairro. Lá
conseguimos compartilhar nossas experiências com relação à visita e
discutir assuntos diversos. O custo de todo passeio foi de R$14,00.
5.3.
Francisco Leão
Saímos do Templo as 15:10, e como havíamos combinado antes fomos em
direção a praça da Liberdade para comer algo, o trajeto a pé durou cerca
de 25 minutos até o restaurante, onde fizemos uma refeição típica da
cultural oriental, comendo Yakissoba e Frango Xadrez. Ficamos cerca de
02 horas no restaurante, saindo de lá as 17:40, e convenientemente em
frente ao restaurante tinha um ponto que passava um ônibus que ia direto
para a Vila Mariana, bairro onde moro, então aproveitei pra pegar o ônibus
lá mesmo, me despedindo do grupo e seguindo o resto do caminho sozinho,
trajeto que durou cerca de 20 minutos e me custou R$3,50, assim como o
de ida. Fui direto para casa e cheguei por volta das 18:05, me sentindo
absolutamente bem, sem nenhum cansaço, e de certa forma feliz, pois tinha
acabado de estar com pessoas que trazem uma mensagem de paz e
humanismo, coisa que no mundo atual não é tão comum, e isso me admirou
muito.
5.4.
Marcela Cardoso
Na volta fiz o mesmo caminho que o da ida, mas no sentido inverso, o trem
estava cheio e eu estava cansada demais, acabei tirando um cochilo entre
as estações. Cheguei em casa às 19h00, tomei banho, comi, etc. Depois,
fui ler um texto para a aula do dia seguinte. Fui dormir no começo da
madrugada.
5.5.
Marcelo Camargo
Próximo de 15h30 encerramos nossa visita e então seguimos a um local
para um pequeno lanche e discutirmos nossas impressões e outros
assuntos diversos. Este na verdade se tornou uma refeição e tanto graças
à sugestão de uma de nossas colegas do grupo que bem conhecia o bairro.
Como estávamos no bairro da Liberdade nada mais propicio do que uma
refeição que refletisse a cultura da região, assim decidimos pela comida
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típica dos imigrantes que ali se fixaram e fomos a um restaurante
especializado em culinária oriental. Após, seguimos todos ao metrô e lá nos
despedimos em direção a nossos destinos.
5.6.
Michel Ramos
Saindo do templo, fomos almoçar por volta das 16h. Nada mais sugestivo
que comida oriental já que estávamos no local adequado. Eu comi, frangoxadrez e “estava uma delícia!”. A conta foi dividida e para cada um deu cerca
de R$11,00. Quem indicou o local foi a Fernanda. Na volta, às 18h00min
peguei o metrô na estação Liberdade, no sentido Jabaquara, desci na
estação Ana Rosa, sentido Vila Prudente (o metrô desta vez, estava um
pouco mais cheio), cheguei a casa às 18h45min, cansado, mas, satisfeito!
5.7.
Paloma Trevisan
Quando terminamos nossa visita ao templo, fomos a um restaurante do
bairro comer nada mais nada menos que comida oriental. A comida estava
maravilhosa! Ali discutimos sobre as nossas impressões do templo e sobre
as coisas corriqueiras da nossa nova vida estudantil. No final da refeição
todos se direcionaram ao seu caminho de volta. Eu fiz todo o caminho
contrário da minha ida, só que agora acompanhada de várias pessoas. O
metrô estava cheio, mas não lotado. Ao chegar em Santo André peguei um
ônibus e cheguei em casa ás 19:30h. Tive um gasto de aproximadamente
R$15,00.
5.8.
Paula Mendonça
No caminho da volta, havia menos pessoas na rua, já que a feirinha
tradicional da região acabara. Ainda assim, era possível perceber uma
movimentação agitada e expressiva de jovens e adultos em
estabelecimentos comerciais próximos. Ao chegarmos ao metrô, o volume
de gente era muito maior do que o de mais cedo, tanto é que seguimos em
pé até o Tamanduateí. De lá, continuei com a Paloma de trem até a estação
de São Caetano, onde peguei um ônibus para casa.
Custos:
-Transporte: ida e volta: R$10,50
-Almoço: R$10,00
-Custo total: R$20,50
5.9.
Raquel Izquierdo
Após a ida ao templo, por volta das 16 horas, fomos ao bairro da liberdade
para almoçar. Depois disso, fomos embora e pegamos o metrô, quando
cheguei a casa, estava bem cansada, pois andamos muito e também tive
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um dia anterior exaustivo. Não tivemos custos para entrar no templo,
somente quando fomos almoçar na liberdade. Como não havia nenhum
valor para entrar no templo, gastamos somente com o transporte utilizado e
com o almoço (por volta de 11 reais por pessoa) após a visita ao templo.
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6. SENSAÇÕES DO DIA SEGUINTE
6.1.
Dariane Souza
No dia posterior a visita, com a mente descansada, pude refletir melhor
sobre o que havia vivenciado. Percebi que o budismo não é somente uma
vertente religiosa que procura passar seus ensinamentos aos seus
discípulos, mas também trata-se de um estado de espírito que contempla e
tem o objetivo de manter o amor e a caridade como alimento ao estado de
buda existente dentro de cada pessoa.
6.2.
De tal forma, a partir do Sutra de Lótus, utilizado pela BSGI, que conduz ao
pensamento de sintonização da vida do próprio ser com o Universo, concluo
que o budismo como nos foi apresentado deseja despertar o senso de
humanidade de forma cada vez mais abrangente, para que assim possa
haver harmonia entre as pessoas e o mundo que as circunda.
Fernanda Silva
Mesmo com o cansaço, a sensação do ganho de um novo conhecimento
compensava e apesar da frustação de não ter acompanhado um cerimonia
no templo, pude sair de lá com vários preconceitos quebrados que eu tinha
com relação ao budismo e também com o pensamento de que mesmo não
sendo adepta da religião, muitos conceitos que ouvi na visita podem ser
utilizados daqui para frente.
6.3.
Francisco Leão
No dia seguinte pude perceber algo incomum em relação ao dias normais,
era uma segunda feira, e normalmente as pessoas julgam esse dia como
algo chato ou cansativo por ser o primeiro dia da semana e o dia seguinte
do domingo, o último dia do fim de semana, mas ao contrário do que
normalmente acontece, eu me senti fisicamente e mentalmente renovado
depois daquele dia de visita que trouxe consigo uma mensagem de paz,
que me fez acreditar novamente na capacidade do ser humano de cuidar
do meio ambiente, de se importar com o próximo e principalmente me
mostrar que eles tem esperança de que um dia os seres humanos possam
viver um para o outro e não cada um apenas para si, e de tudo que foi falado
e visto, isso foi o que me marcou mais.
6.4.
Marcela Cardoso
No dia seguinte eu estava muito cansada e sem disposição, pois, não havia
descansado nada no fim de semana. Acordei um pouco tarde e acabei
chegando atrasada para a aula. Ao longo do dia, surgiram algumas
reflexões sobre os ensinamentos do dia anterior, principalmente sobre todos
termos um Buda dentro de nós e alcançar a paz interior, aparentemente,
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tão longe da selva de pedras, principalmente quando se tem que pegar o
ônibus lotado às 5h da manhã.
6.5.
Marcelo Camargo
Admito que cansaço não foi uma das sensações que experimentei neste
evento, tampouco no dia seguinte. A ideia de conhecer, refletir e fazer
associações entre diferentes linhas de pensamento se mostrou estimulante
e venceu a esperada fadiga que poderia acometer-me. Minha preocupação
estava em como transcrever esse raciocínio de forma clara e objetiva.
Também ficou a vontade de conhecer as outras escolas (linhas) budistas
para analisar a posição desta que visitamos com mais propriedade.
Também considero retornar à Liberdade para um passeio com mais tempo
pelo bairro pois deixamos muitas possibilidades de interação (alheias ao
objetivo principal) para outra oportunidade…
6.6.
Michel Ramos
Pude refletir melhor... E chego a uma conclusão: apesar do budismo, nesse
caso o “budismo flor de lótus”, a despeito de não ser uma religião adepta ao
simbolismo, ela tem uma espécie de adoração ao seu “líder religioso”.
Podemos perceber durante a visita quanto ele foi citado pelos os
orientadores que nos acompanhavam. E também percebemos pelas fotos
expostas e até tiramos algumas fotos, apesar de sermos orientado a não
fazer essa prática, confesso que isto me causou certo incomodo, mas no
geral foi ótimo! Sempre é bom aprender e conhecer sobre outras culturas.
Para quem que igualmente contempla a religião, aprendi que eles têm
hábitos e costumes diferentes não só na prática da mesma, mas no seu dia
a dia também. Entendi que não se trata de apenas uma religião e sim um
estilo de vida.
6.7.
Paloma Trevisan
No dia seguinte, só parei para pensar na experiência do dia anterior depois
da primeira aula de segunda-feira. Foi realmente gratificante ir conhecer o
templo e aprender pelo menos um pouco daquela religião. Me livrei
daqueles pré-conceitos que não faziam o menor sentido e os substitui por
curiosidade. Quero voltar lá novamente e poder cultivar experiências das
quais não pude naquele dia.
6.8.
Paula Mendonça
Apesar de o passeio ter sido divertido, confesso que o sentimento que me
marcou no dia seguinte foi o de decepção, porque fui cheia de expectativas,
esperando ter um contato mais expressivo com a religião e com suas
práticas e costumes. Além disso, tive um interesse e uma curiosidade
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despertados para conhecer mais regiões tradicionais da cidade de São
Paulo que ainda não tive a oportunidade.
6.9.
Raquel Izquierdo
No dia seguinte, pude refletir sobre a questão dos estereótipos
desenvolvidos pela sociedade sobre o budismo, uma vez que antes de ir ao
templo, achava que os budistas eram completamente diferentes do que
pude presenciar no dia anterior. Pois, tanto os praticantes quanto os
funcionários, seguiam instruções rígidas desde a sua vestimenta até o seu
comportamento. Entretanto, certas ideias pré-concebidas sobre a religião
foram reforçadas, como sua filosofia do amor ao próximo (na concepção do
“budismo flor de lótus”).
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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DOMINGUES, Petrônio. CULTURA POPULAR: As construções de um conceito
na produção historiográfica. São Paulo: História, v. 30, n. 2. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/his/v30n2/a19v30n2.pdf>. Acesso em: 01/07/201
BAUMAN, Zygmunt. IDENTIDADE: Entrevista a Benedetto Vecchi. Rio De Janeiro:
Jorge
Zahar
Editor
Ltda.,
2005.
Disponível
em:
https://identidadesculturas.files.wordpress.com/2011/05/bauman-zygmuntidentidade.pdf. Acesso em: 01/07/2015
DAISHONIN, Nitiren. AS ESCRITURAS DE NITIREN DAISHONIN. 2015.
Disponível em: http://www.maisbelashistoriasbudistas.com/goshos/corpotext.htm.
Acesso em: 07/07/2015
Daisuku Ikeda. 2015. Disponível em: http://www.daisakuikeda.org/. Acesso em:
07/07/2015
Dictionary
of
Buddhism.
2015.
Disponível
http://www.nichirenlibrary.org/en/dic/toc/. Acesso em: 07/07/2015
em:
Buddhist Lineage. 2015. Disponível em: http://www.sgi.org/about-us/buddhistlineage/. Acesso em: 07/07/2015
Buda. 2015. Disponível em: http://educacao.uol.com.br/biografias/buda.jhtm.
Acesso em: 03/07/2015
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